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VITÓRIA
2017
ANA LUIZA DE CASTRO
VITÓRIA
2017
(Biblioteca Nilo Peçanha do Instituto Federal do Espírito Santo)
81 f. : il. ; 30 cm
CDD: 620.11
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
INSTITUTO FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA METALÚRGICA E DE
MATERIAIS
Aos meus pais, Fia e Antônio, pela confiança, apoio e amor incondicional.
Ao Prof. Dr. Leonardo Gontijo, que por vezes se fez pai e amigo. Pelos ensinamentos
que extrapolam a física, por sua confiança e por sua contribuição na minha formação
profissional e pelo trabalho de orientação.
Aos amigos de mestrado, em especial Maria e Letícia, por terem compartilhado comigo
todos os desafios que surgiram durante o mestrado.
RESUMO
ABSTRACT
Titanium nitride films were grown on glass substrate using plasma cathodic cage
discharge.In order to improve this method, we investigate the conditions under which
the physical properties of the formed coatings can be enhanced. The influence of the
total nitrogen and hydrogen flux on the rate of deposition, morphology and physical
properties of the formed films was analyzed. The films were grown in a gaseous
atmosphere of N2 and H2, with a fixed partial flow of 20% N2 and 80% H2, at a
temperature of 240°C, for three hours of treatment and at a working pressure of 0.97
Torr . Thus, a series of depositions with different total flows of N2 and H2 in the gas
mixture were carried out. The characterization by X - ray diffraction and by grazing
incidence showed a predominantly amorphous nature of the films formed. It was also
verified that the higher the flow applied, greater the density of defects and the greater
the roughness of the deposited films. It was observed that the higher the applied flux,
the higher the concentration of charge carriers, which favor the decrease of the
resistivity of the films. In addition, it has been observed that rougher films imply a
lower transmittance of the films, which may be associated with the visible light
scattering effects that are intensified with increasing film surface roughness.
1 INTRODUÇÃO .................................................................................... 9
2 OBJETIVOS ...................................................................................... 11
2.1 OBJETIVO GERAL............................................................................ 11
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................. 11
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................. 12
3.1 FORMAÇÃO DOS FILMES ............................................................... 12
3.2 O ELEMENTO TI ............................................................................... 13
3.3 O COMPOSTO TIN ........................................................................... 14
3.4 PROCESSOS DE DEPOSIÇÃO DE FILMES FINOS ........................ 16
3.4.1 Deposição por evaporação ............................................................. 17
3.4.1.1 Deposição assistida por feixe de íons ............................................... 17
3.4.1.2 Evaporação Resistiva ........................................................................ 20
3.4.2 Deposição por sputtering ............................................................... 20
3.4.3 Deposição por sputtering reativo .................................................. 22
3.4.3.1 Deposição por plasma com uso de gaiola catódica .......................... 22
3.4.3.1.1 Nitretação em Tela Ativa (ASPN) ...................................................... 23
3.4.3.1.2 Desenvolvimento da Gaiola Catódica ................................................ 25
3.4.3.1.3 Nitretação DC x Nitretação em gaiola catódica ................................. 28
3.4.3.1.4 Desenvolvimento da técnica utilizando gaiola catódica ..................... 31
3.5 PLASMA ............................................................................................ 34
3.6 O EFEITO DO CATODO OCO .......................................................... 35
3.7 A INFLUÊNCIA DA VARIAÇÃO DO FLUXO ..................................... 37
3.8 PROPRIEDADES ESTRUTURAIS .................................................... 37
3.8.1 Microscopia Confocal ..................................................................... 38
3.8.2 Difratometria de Raios-X................................................................. 38
3.8.3 Difratometria de Raios-X em ângulo rasante ................................ 39
3.8.4 Reflectometria.................................................................................. 39
3.9 PROPRIEDADES ÓPTICAS ............................................................. 41
3.9.1 Transmitância .................................................................................. 42
3.10 PROPRIEDADES ELÉTRICAS ......................................................... 43
3.10.1 O Efeito Hall ..................................................................................... 43
3.10.2 Resistividade ................................................................................... 44
3.10.3 Portadores de carga e mobilidade ................................................. 44
4 MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................ 46
4.1 DEPOSIÇÃO DOS FILMES .............................................................. 47
4.1.1 Substratos e Gaiolas ....................................................................... 47
4.1.2 Equipamento de deposição ............................................................ 50
4.2 CARACTERIZAÇÃO ESTRUTURAL................................................. 52
4.2.1 Microscopia Confocal ..................................................................... 52
4.2.2 Difração de Raios-X (DRX) .............................................................. 53
4.2.3 MEV e EDS ....................................................................................... 53
4.3 CARACTERIZAÇÃO ELÉTRICA ....................................................... 54
4.4 CARACTERIZAÇÃO ÓTICA ............................................................. 54
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................ 56
5.1 CARACTERIZAÇÃO SUPERFICIAL ................................................. 56
5.2 MEDIÇÃO DAS ESPESSURAS POR REFLETOMETRIA ................ 61
5.3 ESTRUTURA DOS FILMES FORMADOS ........................................ 62
5.4 CARACTERIZAÇÃO SUPERFICIAL POR MEV ............................... 65
5.5 PROPRIEDADES ELÉTRICAS POR EFEITO HALL......................... 70
5.6 TRANSMITÂNCIA ............................................................................. 73
6 CONCLUSÕES ................................................................................. 76
7 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ............................... 78
REFERÊNCIAS ................................................................................ 79
9
1 INTRODUÇÃO
Neste trabalho, a técnica escolhida foi a de deposição por plasma com uso de gaiola
catódica. Este método consiste no bombardeio de íons nas paredes internas de
gaiolas catódicas fabricadas no metal em que se deseja depositar. Os substratos
são posicionados dentro das gaiolas, em potencial suspenso, onde o filme será
formado.
O composto, objeto deste estudo, foi o TiN, pois apresenta boa condutividade
elétrica, estabilidade química e térmica em uma ampla faixa de temperaturas
(HUANG, 2002), ajuda a melhorar a resistência ao desgaste de diferentes ligas
metálicas (YOKOTA, 2005), possui baixa resistividade e é rígido. Em função dessas
inúmeras características, tem sido amplamente aplicado como filmes finos em
10
Dessa forma, o presente trabalho tem por objetivo ampliar o conhecimento desta
técnica, investigando a influência do fluxo total dos gases sobre as propriedades
físicas dos filmes formados. Foram depositados filmes de nitreto de titânio sobre
substrato de vidro, variando-se o fluxo total de N2 + H2, porém, mantendo fixa a
proporção de 20% N2 e 80% H2 na atmosfera. As deposições ocorreram durante três
horas, a uma temperatura de 240 °C e a uma pressão de trabalho de 0,97 Torr.
Três gaiolas catódicas (duas cilíndricas e uma piramidal) foram utilizadas em cada
ensaio, ao mesmo tempo. Todas as gaiolas catódicas e tampas foram fabricadas em
titânio comercialmente puro de Grau II, exceto a tampa da gaiola catódica piramidal,
que foi fabricada em aço 1020, cujo objetivo foi verificar a influência da incorporação
de outros elementos sobre as propriedades físicas dos filmes formados.
Como substratos, foram usadas lâminas de vidro, pois são inertes, permitindo assim,
uma análise individual do filme formado, tornam possíveis a análise das propriedade
óticas e são fáceis de serem preparadas.
2 OBJETIVOS
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Em termos gerais, filme fino é uma camada que possui uma pequena espessura em
relação às demais dimensões, de um determinado material depositado sobre um
substrato, normalmente com espessura igual ou menor que 1 μm e de grande razão
área/volume e são definidos pela relação entre a espessura do filme e a espessura
do substrato (BOTTONI, 2014). A espessura, a estrutura atômica e a composição
química devem ser uniformes, com baixa densidade de defeitos e mínima
contaminação por partículas (TATSCH, 2006).
Filmes finos podem ser formados a partir da solidificação de um vapor, ou seja, pela
deposição de átomos e moléculas sobre um substrato. Esse vapor comumente é
originado a partir da evaporação térmica e/ou evaporação do material de origem
através de irradiação de espécies energéticas (DAUDT et al., 2012).
13
3.2 O ELEMENTO TI
Ti puro pode alcançar resistência à tração de até 740 MPa. A excelente relação
resistência/peso das ligas de Ti, combinada com sua rigidez e suas propriedades
mecânicas a alta temperatura são fatores importantes que conduziram, a partir da
década de 1950, à sua ampla (e crescente) aplicação na indústria aeroespacial,
apesar dos custos relativamente altos para sua obtenção.
Diferentes nitretos de Ti, com composições químicas distintas podem ser formados
dependendo da quantidade de átomos de nitrogênio presentes. Esses nitretos
possuem diferentes fases com estruturas cristalinas diferentes, tais como a fase TiN
cúbica de face centrada com o nitrogênio nos sítios octaédricos, a fase ɛ-TiN
tetragonal, a fase δ-Ti2N cúbica e a fase ɛ-Ti2N tetragonal (BOTTONI, 2014).
16
O TiN por ser condutor, inerte quimicamente e termicamente em uma ampla faixa de
temperaturas (HUANG, 2002), por melhorar a resistência ao desgaste de diferentes
ligas metálicas (YOKOTA, 2005), possuir baixa resistividade e ser rígido, tem sido
amplamente aplicado como filme fino em ferramentas, com objetivo de aumentar sua
vida útil e em circuitos integrados, como adequada barreira difusional
(KROCKENBERGER, 2012).
Vários são os métodos para deposição por plasma. Eles são distribuídos em
diferentes famílias que podem estar associados com a energia das partículas,
17
DEPOSIÇÃO POR
PLASMA
P. V. D C. V. D
POLIMERIZAÇÃO
EVAPORAÇÃO SPUTTERING PECVD
POR PLASMA
E os que saem:
Reflexão na superfície;
Pulverização (sputtering), ou seja, átomos que são arrancados do filme pelo
efeito do impacto dos átomos ou íons que chegam;
Dessorção, ou seja, saída de átomos que tinham ficado ligados fracamente no
interior (absorção) ou a superfície (adsorção) do filme, mas conseguem sair;
Segregação: expulsão de espécies produzidas por processos químicos e de
difusão dentro de filme.
Nesta técnica, o bombardeamento de uma superfície sólida (alvo) pode ser realizado
em vácuo e em plasma de baixa pressão, onde as partículas arrancadas sofrem
pouca ou nenhuma colisão no espaço entre o alvo e o substrato. O alvo do
sputtering pode ser um elemento, uma mistura, uma liga ou um composto. O
material é vaporizado com a composição do volume do alvo (DAUDT et al., 2012).
a) Ejeção de átomos,
b) Emissão de elétrons secundários,
c) Elevação de temperatura,
d) Criação de defeitos na rede cristalina do catodo,
e) Deposição de nitretos, adsorção e a difusão.
Como vantagens deste processo, podemos citar: permite uma deposição uniforme
sobre grandes áreas pela utilização de alvos de diâmetro grande, controle preciso da
espessura pelo controle dos parâmetros de processo, controle das propriedades dos
filmes como cobertura de degrau e estrutura de grão, limpeza da superfície da
amostra por sputtering antes da deposição sem exposição ao ambiente, deposição
de multi-camadas com a utilização de alvos múltiplos, não produz raios X.
Entretanto, as desvantagens são: alto custo do equipamento, a taxa de deposição
22
de alguns materiais pode ser bastante baixa, alguns materiais degradam pelo
bombardeamento de alta energia, como o processo é efetuado em pressões maiores
que as utilizadas em evaporações, pode ocorrer incorporação de impurezas ao filme
depositado (TATSCH, 2006).
Quando se deseja depositar uma substância composta como TiO2 ou TiN pode-se
utilizar um alvo confeccionado com a composição dessa substância. No entanto, a
força de ligação entre os elementos diferentes é alta, aumentando a energia
necessária para que haja sputtering. Assim, há uma diminuição no rendimento do
plasma e o filme é formado com uma taxa de deposição menor. Uma alternativa
para aumentar a eficiência do sputtering é utilizar uma substancia pura no alvo e
colocar o elemento químico faltante no gás (DAUDT et al., 2012).
Nesta técnica, o filme formado é constituído pelos átomos arrancados do alvo com a
incorporação dos átomos do gás reativo (DAUDT et al., 2012). Com esse processo é
possível a deposição de diversos filmes de compostos como óxidos, nitretos,
carbetos, com altas taxas de deposição, estequiometria controlada e a temperatura
inferior a 300°C (SILVA, 2014).
Neste novo sistema, o potencial catódico é aplicado na tela metálica que envolve os
componentes a serem tratados e que permanecem em potencial flutuante. Esta
configuração permite que o plasma seja formado na superfície da tela de metal em
vez de na superfície das peças. O plasma aquece a tela e a radiação da tela fornece
o calor que leva as peças à temperatura desejada (C. X. LI, 2010).
24
Além de eliminar os problemas, a utilização da tela ativa permite tratar uma grande
variedade de materiais, tais como: aço carbono, aços de baixa liga, aços ferramenta
e aços inoxidáveis, bem como materiais poliméricos e aços com superfícies
oxidadas (C. X. LI, 2010).
A gaiola catódica foi fabricada a partir de uma tela em aço inoxidável austenítico 316
e Araújo (2006) montou-a sobre o porta amostras de um reator de nitretação
convencional DC para nitretar amostras de aços AISI 1020 e AISI 216. Segundo o
autor, as paredes do reator que são fabricadas em aço inoxidável, atuam como
anodo e a gaiola catódica, como catodo, aonde é aplicada uma diferença de
potencial em relação às paredes da câmara.
Figura 9 - Aspecto visual do plasma formado durante a nitretação de aços AISI 1020 e AISI 216
Para compreender melhor os mecanismos que atuam nesta técnica, além das
amostras de aço, amostras de vidro também foram colocadas dentro da gaiola
catódica. Observou-se que as superfícies foram completamente revestidas por uma
camada de nitreto de ferro (Fe3N Fe4N), notando-se ainda a presença de nitreto de
cromo (CrN) que constitui a composição do aço AISI 316, com o qual foi
confeccionada a gaiola. A Figura 10 apresenta o difratograma de raios-X da
superfície de uma amostra de vidro, evidenciando a deposição dos nitretos.
27
A Figura 11 apresenta uma imagem comparativa entre (a) uma amostra recoberta
pela camada e uma amostra de referência e (b) a microscopia eletrônica de
varredura realizada no filme formado.
Figura 11 - (a) aspecto visual comparativo da amostra depositada e uma amostra de referência (b)
MEV do filme depositado sobre o vidro
A partir destes resultados, segundo o autor, foi possível concluir que o mecanismo
de atuação desta técnica é de fato o sputtering do átomo da gaiola, incrementada
pela deposição de compostos que se formam na região do plasma sobre a superfície
dos substratos.
Figura 12 - Superfície do aço SAE 4320 (a) tratado por nitretação convencional e (b) tratado utilizando
gaiola catódica.
Fonte:
SOUSA, 2007
Figura 13 - Difratograma de raios-X das camadas nas lâminas de vidro depositadas em gaiola
catódica em várias condições de tratamento.
Figura 14 - Difratogramas de raios-X das amostras do aço SAE 4320 nitretadas a 450°C
convencionalmente e em gaiola catódica.
De acordo com SOUSA (2007), os resultados mostram que a gaiola funciona como
dispositivo multi-catodo, permitindo deposição e ou tratamento em material
tridimensional, com uma excelente taxa de deposição e o aumento no crescimento
das camadas em superfícies ativadas termicamente e que ainda, fenômenos
indesejados como abertura de arco e efeito de catodo oco, em amostras com furos e
arestas, ocorrerão na gaiola catódica ao invés das superfícies das amostras.
31
Daudt et al., (2012) depositaram filmes finos de nitreto de titânio sobre substrato de
vidro, utilizando gaiolas catódicas fabricadas em titânio comercialmente puro, de
diversas dimensões. O objetivo deste estudo era analisar a influência da variação do
fluxo composto por hidrogênio, nitrogênio e argônio, da quantidade de furos e do
diâmetro dos furos das gaiolas, conforme representado pela Figura 15, nas
propriedades óticas e estruturais dos filmes formados.
Bottoni (2014) depositou filmes finos de nitreto de titânio sobre substrato de vidro,
com o objetivo de analisar as propriedades elétricas e óticas da camada formada a
partir da utilização de duas gaiolas catódicas fabricadas em titânio, sendo uma com
furos nas laterais e outra sem furos nas laterais, porém, ambas com tampas furadas.
A Figura 16 apresenta as gaiolas utilizadas no estudo.
Os resultados obtidos pelos autores mostraram que os filmes das gaiolas sem furos
possuem as maiores transmitâncias e que filmes depositados em uma atmosfera
com maior percentual de nitrogênio, também apresentaram maiores transmitâncias.
Silva (2014) depositou filmes finos de nitreto de titânio sobre substratos de vidro,
utilizando uma gaiola catódica, porém, variando a espessura da tampa em 1 e 10
mm, com o objetivo de analisar as propriedades físicas e eletroquímicas da camada
formada. A Figura 17 apresenta as tampas utilizadas no estudo.
Verbeno (2015) depositou filmes finos de nitreto de titânio sobre substrato de vidro,
utilizando dois tipos de gaiolas catódicas, conforme Figura 18. O objetivo deste
estudo era analisar a influência da proporção do fluxo de gases (N2 e H2) sobre as
propriedades físicas dos filmes formados.
Portanto, plasma pode ser definido como um volume material em que átomos,
radicais, moléculas e formas excitadas e/o ionizadas de tais partículas interagem
física e quimicamente entre si e com elétrons livres. O número de partículas
carregadas positivamente e negativamente é igual, portanto, o plasma é
eletricamente neutro. Num processo artificial, o plasma é formado quando um gás é
submetido a uma diferença de potencial que gera um campo elétrico, provocando a
aceleração de elétrons livres. Esses elétrons ganham energia cinética e colidem com
partículas neutras que cruzam o seu caminho transferindo sua energia. Esse
impacto provoca a liberação de mais elétrons, que novamente são influenciados pelo
campo elétrico e por sua vez colidem com outras partículas, causando a ionização
do gás (BARBOSA, 2011). A Figura 19 representa esquematicamente a região de
potencial elétrico mais baixo, onde ocorrem todos os efeitos do plasma.
35
Figura 19 - Perfil visual do plasma que retrata as regiões da bainha e luminescência catódica
Figura 20 - Exemplos de confinamento de elétrons. (a) Eletrodo em forma de calota. Os elétrons são
focalizados. (b) Eletrodo vazado. Os elétrons secundários são refletidos pelas paredes, aumentando
seu tempo de resistência no plasma
(a) (b)
O fluxo dos gases que compõem a atmosfera é um dos principais parâmetros que
determinam as características dos filmes formados.
𝑛𝜆 = 2𝑑 𝑠𝑒𝑛 𝜃 (1)
então a interferência será de natureza não construtiva, de modo que irá produzir um
feixe de difração com intensidade muito baixa.
3.8.4 Reflectometria
Quando a luz segue de um meio para outro, diferentes fenômenos podem ocorrer.
Uma parte da radiação luminosa pode ser transmitida (transmitância) através do
meio, uma parte será absorvida (absorbância) e uma parte será refletida (refletância)
na interface entre os dois meios. A intensidade do feixe incidente será igual à
intensidade dos feixes absorvidos, transmitidos e refletidos (BOTTONI, 2014).
3.9.1 Transmitância
𝑇 = 𝐼𝑇/𝐼0 (2)
IT = I0 (1-R) e- βl (3)
VH = -RH B I / d (4)
3.10.2 Resistividade
𝜋
𝜌 = (𝑙𝑛 2) . ℎ . 𝑉 / 𝐼 (5)
Onde:
h = espessura do filme;
V = tensão aplicada;
I = corrente elétrica;
𝜋
= fator de correção.
(𝑙𝑛 2)
𝜂 = 1/ 𝑞 µ 𝜌 (6)
𝑉𝐻ℎ
µ= (7)
𝐵𝐼𝜌
4 MATERIAIS E MÉTODOS
Preparação das
amostras
Limpeza em
plasma
Como substratos para deposição dos filmes de nitreto de titânio foram utilizados
lâminas de vidro de borosilicato com as seguintes dimensões: 10 mm de largura, 25
mm de comprimento e 2 mm de espessura. A Tabela 2 apresenta a composição
química do substrato utilizado e a Figura 25 mostra a imagem da lâmina de vidro
antes e depois da deposição do filme.
Figura 26 - Gaiolas utilizadas para deposição dos filmes (a) gaiola baixa – GB (b) gaiola alta – GA (c)
gaiola piramidal - GP.
A Tabela 3 apresenta a composição das três gaiolas e das duas tampas que foram
fabricadas em titânio comercialmente puro de Grau II.
Elemento N Co H Fe O Ti
% 0,03 0,08 0,015 0,30 0,25 Bal.
Fonte: Site Realum Soluções em Titânio e Altas Ligas
Figura 27 - Disposição das gaiolas catódicas dentro do reator, durante uma das deposições de filmes
de nitreto de titânio
A câmara cilíndrica que compõe o reator foi fabricada em aço inoxidável AISI 304
com 70 cm de altura e 50 cm de diâmetro. Possui um sistema de vácuo, que permite
reduzir a pressão de base e controlar manualmente, a vazão dos gases extraídos
pela bomba.
foi de 150°C e para atingi-la, foi necessário ajustar o tempo de duração de cada
pulso elétrico (Ton), de 20 ms para 65 ms. Desta forma, saltos de 5 ms eram dados
de 5 em 5 minutos. Atingida a temperatura, o processo de limpeza foi mantido por
um tempo de 30 min.
Após o processo de limpeza, o fluxo de H2 e N2 foi ajustado conforme planejamento.
Para chegar-se a temperatura de deposição estabelecida de 240°C, foi necessário
novamente ajustar o tempo de duração de cada pulso elétrico (Ton) dando saltos de
5 ms em 5 ms até atingir o valor máximo de 120 ms. Desta forma, houve o
bombardeio das espécies presentes no plasma sobre a superfície das amostras, a
temperatura de deposição foi atingida e foi possível mantê-la constante.
GB100
GA100 100 20 80
GP100
GB150
GA150 150 30 120
GP150
GB200
GA200 200 40 160
GP200
GB250
GA250 250 50 200
GP250
GB300
GA300 300 60 240
GP300
GB350
GA350 350 70 280
GP350
GB400
GA400 400 80 320
GP400
Fonte: Autor, 2017
A difração raios X foi utilizada para se obter informações da estrutura dos filmes
depositados. O equipamento utilizado foi da marca Rigaku, modelo Ultima IV,
pertencente à Universidade Federal do Espírito Santo. A radiação utilizada foi Cu-
kα (λ=0,1542 nm), a 40kV e 30 mA. A varredura (2θ de 10 a 80°) foi feita com
passo 0,02° com tempo de 2 s por passo.
A caracterização elétrica dos filmes foi feita pelo método de efeito Hall, que
determina a resistividade, a mobilidade e a concentração de portadores de carga. O
equipamento utilizado é o medidor por efeito Hall, marca Ecopia, modelo HMS –
3000 com campo magnético de 0,556 T, pertencente ao Laboratorio de Superficie e
Filmes Finos do Ifes. Figura 30 mostra o equipamento de utilizado.
Figura 30 - O equipamento medidor por efeito Hall Ecopia, modelo HMS – 3000
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Figura 32 - Micrografia confocal das amostras (a) GB100 (b) GA100 (c) GP100.
Figura 33 - Micrografia confocal das amostras (a) GB150 (b) GA150 (c) GP150.
Figura 34 - Micrografia confocal das amostras (a) GB200 (b) GA200 (c) GP200.
Figura 35 - Micrografia confocal das amostras (a) GB250 (b) GA250 (c) GP250
Figura 36 - Micrografia confocal das amostras (a) GB300 (b) GA300 (c) GP300
Figura 37 - Micrografia confocal das amostras (a) GB350 (b) GA350 (c) GP350.
Figura 38 - Micrografia confocal das amostras (a) GB400 (b) GA400 (c) GP400
A aparência dos filmes é variada. Existem amostras com aspecto homogêneo, com
diferentes rugosidades, filmes muito irregulares e com alguns defeitos que podem
ser notados, como alguns picos (protuberâncias).
Diante dos resultados dos dois filmes depositados com as gaiolas baixa e piramidal,
sob esse mesmo fluxo total (200 sccm), também, apresentaram uma superfície
bastante homogênea, podemos afirmar, dentre as condições aqui realizadas, que o
fluxo de 200 sccm pode ser aquele que viabiliza um filme de melhor qualidade em
termos da sua distribuição superficial.
Os filmes que foram depositados utilizando o fluxo total de 400 sccm (Figura 38)
apresentaram-se com um aspecto mais rugoso e com maior quantidade de defeitos
quando comparados com os outros filmes de diferentes fluxos. Destaca-se ainda
que esse fluxo produziu o filme de maior espessura proveniente da gaiola baixa
(GB400). Isso nos leva crer que existe uma condição ideal de altura da gaiola
cilíndrica e fluxo total do gás que produzirá um filme com maior taxa de deposição e
menor número de defeitos.
Além disso, percebe-se que os filmes depositados pelas gaiolas, baixa e piramidal,
com fluxos de 150 e 250 sccm, respectivamente, apresentaram um aspecto
irregular, em comparação com os demais filmes.
Podemos observar também que quando foi aplicado um fluxo total de 300 sccm, a
gaiola baixa (GB300) e a gaiola piramidal (GP300) produziram filmes de menor e
maior espessura, respectivamente, quando comparados aos outros filmes das
mesmas gaiolas, porém, em condições de fluxo diferentes. Esses fatos nos indicam
que o fluxo total que promove filmes de melhor qualidade varia em função do tipo de
gaiola, isto é, o melhor fluxo para a gaiola alta e a piramidal são diferentes do da
gaiola baixa.
Uma análise individual das gaiolas e dos fluxos aplicados mostra que: a menor
espessura encontrada para a gaiola baixa foi para um fluxo de 300 sccm e a maior
espessura, para um fluxo de 400 sccm; a menor espessura encontrada para a gaiola
alta foi para um fluxo de 400 sccm e a maior espessura, para um fluxo de 200 sccm;
60
a menor espessura encontrada para a gaiola piramidal foi para um fluxo de 100
sccm e a maior espessura, para um fluxo de 300 sccm.
Figura 39 - Variação das espessuras dos filmes depositados utilizando GB, GA e GP, em relação à
variação do fluxo total aplicado.
As linhas guia para os olhos da Figura 39 mostram que a espessura dos filmes
depositados utilizando a gaiola piramidal (GP) tem uma tendência linear de
crescimento em função do fluxo total, até o fluxo de 300 sccm. Depois disso a
espessura decai bruscamente. No caso dessa gaiola, que teve sua tampa feita por
aço 1020, a deposição pode ter sofrido uma influência da maior presença de
espécies oriundas do fluxo maior que reagiram com as espécies arrancadas da
tampa para formação de um filme mais compacto e com numero de defeitos
reduzidos.
61
Com objetivo de buscar medidas mais exatas das espessuras dos filmes e filmes
sem influências do Kepton, um grupo do Laboratório de Plasma do IFES, tem
aplicado uma fina camada de TiO2 sobre o substrato de vidro, ao invés de utilizar fita
Kepton para a formação do degrau, onde é feito a medida da espessura do filme.
Resultados preliminares mostram que o aspecto visual do degrau é mais regular,
com perfil bem definido, e que as incertezas das medidas são menores. Além disso,
essa nova técnica não interfere na espessura dos filmes, nem no seu aspecto visual,
bem diferente do que ocorre com o uso da fita kepton que apresenta uma região
visualmente afetada.
A espessura do filme GB250 obtida por refletividade foi de 33,8 ± 0,5 nm. E o fato
dessa amostra ser a única a apresentar franjas de interferência, se deve ao fato da
espessura do filme ser menor do que a indicada para filmes finos, que é abaixo de
100 nm. Vale ressaltar que a rugosidade dos filmes são fatores importantes para a
formação das franjas de interferência observadas pela refletometria de raios X.
Figura 41 - Difratogramas de raios X dos filmes das amostras GB100, GB250 e GB400
Figura 42 - Difratogramas de raios X em ângulo rasante filmes das amostras GB100, GB250 e GB400
O difratograma dessa amostra mostrou que para um ângulo rasante de 0,5° foram
encontradas Reflexões de Bragg que indicam a existência de fases do tipo Ti2N
(200) e (220) nanocristalinas.
Figura 44 - Imagem obtida por MEV de uma região da amostra GA100 mostrando a face contendo o
filme de nitreto de titânio e a borda do vidro.
Figura 45 - Imagem obtida por MEV de uma região da amostra GA250 mostrando a face contendo o
filme de nitreto de titânio e a borda do vidro.
Figura 46 - Imagem obtida por MEV de uma região da amostra GA400 mostrando a face contendo o
filme de nitreto de titânio e a borda do vidro.
Em todas as figuras, é possível ver uma região que contém o filme (à direita) e uma
linha bem definida que é a fronteira do filme e o substrato de vidro (à esquerda).
A Figura 46 também mostra a região do degrau formado pelo filme que foi
depositado sob uma atmosfera composta por 80 sccm de N 2 e 320 sccm de H2, com
uma ampliação de 2000x. A espessura do filme é de (7 ± 3) x 10 nm e ele apresenta
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Figura 47 - Imagem obtida por MEV com uma ampliação de 3000X de uma região da superfície do
filme GA100.
Figura 48 - Imagem obtida por MEV com uma ampliação de 3000X de uma região da superfície do
filme GA250
Figura 49 - Imagem obtida por MEV com uma ampliação de 1500X de uma região da superfície do
filme GA400
A Figura 47 obtida por MEV mostra que a amostra GA100 filme possui uma maior
quantidade de defeitos, quando comparado com os filmes das Figuras 48 e 49, que
foram depositados sob um fluxo total de 250 e 400 sccm, respectivamente. Esse fato
corrobora com o que é relatado por Daudt et al. (2012), os quais afirmam que com o
acréscimo no fluxo de hidrogênio, ocorre um crescimento mais organizado do filme ,
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Foram realizadas análises em EDS das amostras GA100 GA250 e GA400, mas
devido às baixas espessuras dos filmes, apenas os elementos que compõem o
substrato foram detectados pela sonda.
Tabela 6 - Número de portadores de carga, mobilidade e resistividade dos filmes depositados nas
condições GB100, GA100, GP100, GB250, GA250, GP250, GB400, GA400 e GP400
No que diz respeito à resistividade de filmes de TiN amorfos, em geral foram obtidos
valores da ordem de 103 Ω.cm, embora a amostra GA100 tenha apresentado uma
resistividade de 7,307x108 e as amostras GP100 e GA250 tenham apresentados
resistividades de 1,412x104 e 9,898x104, respectivamente.
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A resistividade elétrica pode ser influenciada por vários fatores: espessura do filme,
textura, estequiometria elementar, concentrações de impurezas nas camadas e
porosidade (HUANG e HON, 2002). No entanto, a espessura dos filmes depositados
neste trabalho demonstrou não ser um fator determinante na resistividade, tendo em
vista que, dentre as amostras analisadas, algumas delas possuem espessuras
iguais.
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Observa-se que mobilidade dos filmes das gaiolas baixa e piramidal tende a diminuir
com o aumento da concentração do fluxo total de N 2+H2 aplicado e com o aumento
do número de portadores de carga (Figura 49). Uma das possibilidades para esse
fato é sugerida por Rezende (1996), que relata que uma grande densidade de
portadores geralmente implica em alta concentração de defeitos estruturais, como
vacâncias, átomos intersticiais e contornos de grãos.
5.6 TRANSMITÂNCIA
Figura 53 - Perfil de transmitância para os filmes depositados utilizando a gaiola baixa em condições
de fluxo variadas
Figura 54 - Perfil de transmitância para os filmes depositados utilizando a gaiola alta em condições de
fluxo variadas
6 CONCLUSÕES
Com relação ao aspecto visual, a aparência dos filmes é variada. Existem amostras
com aspecto homogêneo, com diferentes rugosidades, filmes muito irregulares e
com alguns defeitos que podem ser notados, como alguns picos (protuberâncias).
Os filmes que foram depositados utilizando o fluxo total de 400 sccm apresentaram-
se com um aspecto mais rugoso e com maior quantidade de defeitos quando
comparados com os outros filmes de diferentes fluxos. Destaca-se ainda que esse
fluxo produziu o filme de maior espessura proveniente da gaiola baixa (GB400). Isso
nos leva crer que existe uma condição ideal de fluxo total de N2 + H2 associado à
gaiola cilíndrica, que produziu um filme com maior taxa de deposição e menor
número de defeitos.
para os filmes das gaiolas alta e piramidal: o aumento do fluxo total de N2 + H2,
implica em um aumento do número de portadores de carga. Porém, o mesmo não
ocorre com a gaiola baixa, que para um fluxo total de N 2 + H2 de 250 sccm, o
número de portadores de carga tende a diminuir. Percebe-se também que altos
valores de concentração de portadores de carga favorecem a diminuição da
resistividade dos filmes. Sobre a mobilidade dos filmes, verifica-se que quando são
utilizadas as gaiolas baixa e piramidal, ela tende a diminuir com o aumento do fluxo
total de N2 + H2 aplicado e com o aumento do número de portadores de carga
Foi possível depositar filmes TiN com transmitâncias variadas dependendo das
condições de deposição. De um modo geral, as maiores transmitâncias na região do
UV-Vis são observadas quando o fluxo total aplicado foi de 150 sccm e as menores
transmitâncias foram observadas quando o fluxo total aplicado foi de 200 e 250
sccm. Além disso, como demonstrado por microscopia confocal, tais amostras
apresentaram um aspecto mais rugoso quando comparadas com o restante.
A deposição por plasma com uso de gaiola catódica mostrou-se ser uma técnica
eficiente para o crescimento de filmes de TiN. Pode-se sugerir a continuidade deste
trabalho nas seguintes perspectivas: (i) utilizar uma tampa de outro metal, com o
objetivo de verificar se é possível formar um filme dopado (ii) focar na utilização da
gaiola piramidal para verificar se de fato, ela promove a formação de filmes de
melhor qualidade.
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REFERÊNCIAS
GUPTA, R. et al. Formation of iron nitride thin films with Al and Ti additives. Journal
of Applied Physics, v. 111, p. 520-529, 2012.
HUANG, H.H.; HON, M.H. Effect of N2 addition on growth and properties of titanium
nitride films obtained by atmospheric pressure chemical vapor deposition. Thin Solid
Films, v. 416, p. 54– 61, 2002.
PANDA, S. et al. Low temperature chemical vapor deposition of titanium nitride Films
from tetrakis (ethylmethylamido) titanium and ammonia. Thin Solid Films, v. 357, p.
125–131, 1999.
SILVA, A. L. V. C.; MEI, P. R. Aços e Ligas Especiais. 3 ed. São Paulo: Blucher,
2010, 646 p.
YAZDANI, A. et al. A new method for deposition of nano sized titanium nitride on
steels. Vacuum, v. 86, p. 131–139, 2011.
YOKOTA, K. et al. Deposition of titanium nitride films onto silicon by an ion beam
assisted deposition method. Thin Solid Films, v. 473, p. 340– 345, 2004.