Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Em plena pandemia alguns movimentos favoreceram a ideia segundo a qual, por meio das
TDIC e com certos automatismos e padrões estabelecidos, a educação dos alunos brasileiros
seria possível sem professor. As tecnologias, tomadas como sinônimo de eficiência,
assumiriam o papel docente, na responsabilidade pela forma e condução das práticas
educacionais, tanto do que se deve aprender quanto no que e como se deve ensinar. Enfim,
a fetichização das TDIC, já presente no campo educacional, e a subvalorização do trabalho
docente, como também antes se constatava (BARRETO, 2017), foram sobremaneira
impulsionadas a partir das urgências consequentes da pandemia. Nesse sentido, essa
pesquisa pretende analisar os efeitos da crise pandêmica sobre o papel e o lugar do professor
na educação face às TDIC. Para tanto, nos debruçaremos sobre políticas de formação inicial e
continuada de professores focalizando-as sob três eixos: primeiro, buscando identificar
nessas políticas quais valores em torno das TDIC têm sido mobilizados; segundo, levantar os
padrões por meio dos quais as TDIC têm sido inseridas na formação docente e o que tem sido
valorizado na relação prática de ensino e TDIC; terceiro, baseados na filosofia crítica da
tecnologia, questionar o eventual desaparecimento do professor ou a eventual recomposição
de seu trabalho na relação TDIC/formação docente/práticas de ensino ou ainda a sua
desprofissionalização. Os objetos iniciais de pesquisa serão cursos de formação continuada
oferecidos pelo Estado do Rio de Janeiro a professores de sua rede. Eles poderão ser
ampliados por outros pesquisadores, mestrandos e doutorandos que se integrem ao projeto
de pesquisa.
Prof. Dr. Felipe da Silva Ponte de Carvalho
O plágio sempre foi uma preocupação das/os docentes, especialmente com as facilidades do
copiar-e-colar da Internet; mas essa preocupação aumentou muito mais com a popularização
de sistemas como ChatGPT (OpenAI), Bing (Microsoft) e BARD (Google), baseados em
Inteligência Artificial Criativa, capazes de produzir textos originais bem elaborados sobre
qualquer assunto. Tornou-se premente discutir a autoria nos cotidianos escolares, ou melhor,
a autoragem, que é o processo de aprendizagem promovido com a autoria. Na presente
pesquisa, objetivo compreender como as/os docentes criam situações de autoragem em
tempo de cibercultura. Para alcançar esse objetivo, foram estabelecidas as seguintes metas:
1) aprofundar e consolidar teorizações sobre autoragem, formação, docência e cibercultura;
2) acompanhar os fenômenos da cibercultura relacionados à autoria que vêm sendo
potencializados pelas tecnologias digitais em rede; 3) criar-desenvolver metodologias e
dispositivos de pesquisa e formação para promover autorias; 4) cartografar diferentes
práticas inventadas para promover situações de autoragem no cotidiano escolar; 5)
compreender os sentidos que as/os docentes atribuem às situações de autoragem criadas; e
6) analisar o que as/os discentes dizem sobre as situações de autoragem experienciadas.
Como abordagem teórico-epistêmico-metodológica, este projeto de pesquisa baseia-se nos
estudos ciberculturais, nas epistemologias da prática e da pesquisa-formação na cibercultura.
As tecnologias digitais em rede vêm modificando todo o tecido social, a vida cotidiana, o
modo como nos relacionamos, pesquisamos, estudamos, produzindo novas e emergentes
práticas culturais e formas de existir, dando sentido e forma à cibercultura, também
denominada sociedade em rede ou sociedade do controle. No presente projeto de pesquisa,
objetivo compreender os processos formativos e subjetivos de produção de diferença no
atual cenário sociotécnico cibercultural. Para alcançar esse objetivo, foram estabelecidas as
seguintes metas: 1) como são produzidas em rede as diferenças de gênero, sexualidade, raça,
classe, formação, território, entre outros marcadores da diferença; 2) Como a produção da
diferença reverbera em nossos processos formativos e subjetivos nos constituindo no que nos
tornamos, dizemos ser e compartilhamos; 3) Com base em processos de subjetivação éticos-
estéticos-políticos, como podemos pensar atos de currículo para o convívio da diferença no
cotidiano escolar. Este projeto de pesquisa se movimenta com base nos princípios ético-
epistemológicos das abordagens discursivo-desconstrucionistas a partir de pesquisa
cibercartográfica, que possibilitam ao pesquisador movimentar-se, intervir e formar-se no
cotidiano pesquisado e com este cotidiano produzir práticas curriculares em rede. As
teorizações, metodologizações e movimentações epistemológicas para esta pesquisa
assumem as ferramentas analíticas empreendidas nos estudos pós-críticos, queer, feministas,
práticas ciberculturais e formação.
Profa. Dra. Jaciara de Sá Carvalho
A mediação pedagógica suportada pelo uso intensivo de tecnologias digitais nos ambientes
virtuais ou mesmo em sala de aula ainda é vista com desconfiança em relação ao seu potencial
para promover o diálogo, a interação e o encontro autêntico entre sujeitos nos processos
educacionais. Sabe-se que as tecnologias digitais revolucionaram a comunicação e
redimensionaram a distância e a presença. Também se reconhece que os processos de
ensino-aprendizado não se limitam ao papel do professor como comunicador, mas avançam
para o diálogo e as diversas formas de mediação, e que a presencialidade dos sujeitos
participantes da experiência de formação não se reduz à proximidade física. Diante disso, este
projeto tem como objetivo geral examinar as possibilidades e os entraves que residem na
aplicação, incorporação e apropriação das tecnologias digitais da informação e da
comunicação (TIDCs) nos processos educacionais. Se a tecnologia não é neutra, mas possui
sua face sombria e iluminada, deve-se avaliar criticamente os riscos e as oportunidades
formativas das diversas práticas pedagógicas dependentes ou condicionadas pelo uso ou
adoção das TIDCs. Assim, objetiva-se investigar as práticas e as possibilidades pedagógicas
viabilizadas por recursos tecnológicos nas relações educacionais e nas experiências de ensino-
aprendizagem em modalidades a distância, blended learning (hibridismo) e presencial. Busca-
se, ainda, conhecer mais profundamente os aspectos limitadores e promotores do diálogo e
da interação nos ambientes virtuais de aprendizagem, sem perder de vista a ambivalência da
tecnologia, as tensões no diálogo e a relação entre interatividade e interação.
O uso acrítico das tecnologias atrela-se à função de mera informação descontextualizada nos
processos educativos, podendo repercutir em apropriações equivocadas e desconectadas.
Diante de diferentes realidades socioeducacionais, é preciso refletir sobre as tecnologias para
além do aspecto técnico utilitário, ampliando o diálogo crítico sobre o seu uso e a
perpetuação das práticas tradicionais do ensino, bem como os limites da prática docente no
que se refere às Tecnologias Digitais da Informação e da Comunicação (TDIC). Este projeto
está centrado no debate sobre a incorporação das TDIC nas práticas pedagógicas, ancorado
nos estudos do campo da Didática e nas possibilidades de iluminar a formação docente. Tem
como objetivo analisar as relações entre as tecnologias digitais e as práticas pedagógicas em
meio às rápidas e às profundas mudanças sociais e culturais da sociedade que se refletem nos
processos de ensino da Educação Básica e do Ensino Superior em suas diferentes
modalidades: presencial, híbrida e a distância. O estudo afasta-se da ideia da neutralidade da
tecnologia, entendo-a como produto da cultura digital, numa perspectiva crítica acerca da
“tecnologia” e, em particular, da “tecnologia educacional”, derivada das discussões de Neil
Selwyn (2017, 2020), que concebe a área como um “emaranhado” de formações discursivas
conflitantes, e postula a necessidade de interrogar seriamente o uso da tecnologia da
educação.
Sub-projeto vinculado: