512 Lixiviação bacteriano de minérios 513

(31) TORMA, A.E. (1986). Biohydrometallurgy as an emerging technology.

Biotechnology and Bioengineering Symposium, n°.16, 49-63.
(32) KARAVAIKO, G.I. (1988). Microorganisms and their significance
for biogeotechnology of metais. In: United Nations Environment Program
/URSS Cornission for UNE?. Biogeotechnology of Metais: Manual. Moscou,
Centre for International Projects GKNT, 10-46.
(33) DOMIC, E.M. (1983). TL Leaching Pratice: cost of operation and process
requirements. In: Proceedings of AIME Animal Meeting, Atlanta, 15p. E
(34) URENHA, L.C. (1991). Metodologia para pesquisas de lixiviação
bacteriana. Escola Politécnica. /USP, São Paulo, 177p. (Dissertação de Mestrado.)
Rafael Almudi Villen
(35) VAISBICH, S.; PINTO, M. L. M. & BORZANI, W. (1979). Lixiviação
bacteriano de rejeito de minério de cobre de Camaquã pela ação de bactéria
isolada do próprio rejeita Rev. Bras. Tecnol., 10:289-302.
(36) GARCIA Jr., O. (1984). Processo combinado bacteriano /químico de
lixiviação estática de minério contendo sulfetos e valores recuperáveis de
elementos metálicos. Patente de Invenção NQ 8402983 (INPI-MIC).
(37) ANDRADE, T. R. (1984). Lixiviação bacteriano de minério de cobre de
baixo teor. Universidade Federal do Rio de Janeiro, 82 pp. (Dissertação de 23.1 - introdução
Mestrado.) O objetivo de um processamento industrial é a transformação de matérias-
(38) MARQUES, M. S. (1988). Lixiviação bacteriana uma alternativa para a primas em produtos. Como decorrência desse processamento, além do produto
recuperação de metais. In: Anais do XIII Encontro Nacional de cuja fabricação é intencional, são gerados outros materiais de maneira não-
Tratamento de Minérios e Hidrometalurgia, São Paulo-SI', 26 a 29/09 /1988, 17 intencional, alguns dos quais tem valor comercial e outros que são totalmente
pp.
indesejáveis. Estes últimos são os resíduos industriais, aos quais é necessário dar-
(39) GARCIA Jr., O.; SILVA, L. L. (1991). Differences in growth and irou lhes um destino, pois não podem ser acumulados indefinidamente nos locais onde
oxidation arnong Thiobacillus ferrooxidans cultures in the presence of some toxic são gerados.
metais. Biotechnol. Letters, 13: 567-570.
A água é uma das formas de transporte desses resíduos: lavagem de
(40) GARCIA Jr., O.; NOVO, M. T. M. (1991). Leaching of a Brazilian copper ore
equipamentos, pisos e produtos; águas de processo, tendo substâncias indesejáveis
by Thiobacillus ferrooxidans in acid and ferric sulfate solutions. In: Proceedings of
em suspensão ou em solução; as águas de refrigeração e aquecimento, etc.
XVII International Mineral Processing Congress, Dresden Alemanha, 23 a 28
/09/1991, Vol. 5: 81 90. -
As descargas dessas águas residuárias nas redes coletoras de esgotos
municipais podem provocar a corrosão dos coletores, problemas de saúde nos
trabalhadores responsáveis pela manutenção e toxidez ou sobrecarga aos processos
biológicos de tratamento. Deve-se ainda considerar que a disposição dessas águas
no solo pode provocar, em determinadas situações, a contaminação do lençol freático
ou o acúmulo de produtos tóxicos em plantas e animais. Se lançados em cursos de
água, esses efluentes podem provocar, dependendo da quantidade em que são
dispostos e de sua composição físico-química, a destruição da vida aqúática
originalmente ali existente.
Os componentes ou as características das águas residuárias qúe provocam
poluição em águas naturais, quando nelas lançadas sem adequado tratamento são
principalmente os seguintes:
a) matéria orgânica que ao ser degradada reduz o nível de oxigênio dissolvido
na água, podendo ocasionar a mortandade de peixes e a formação de ambientes
malcheirosos;

514 Tratamento biológico de efluentes
b) compostos tóxicos, como metais pesados, cianetos, sulfatos etc. que
causam inibição às atividades vitais da microfauna, microflora e peixes;
c) sais inorgânicos de cálcio e magnésio, principalmente, que
aumentam a dureza da água, prejudicando a sua posterior utilização
industrial;
d) nutrientes (nitrogênio e fósforo, por exemplo) que podem
provocar o crescimento indesejável de algas (eutrofização);
e) microrganismos patogênicos;
f)temperatura elevada, que pode provocar o aumento na temperatura dos
cursos de água acima do nível letal para os peixes, ou acelerar as reações
bioquímicas, de forma a aumentar o grau local de desoxigenação;
g) pH excessivamente alto ou baixo, que pode provocar efeitos tóxicos
locais na fauna e na flora;
h) materiais grosseiros, óleos e graxas, espumas, corantes, etc. que
deterioram a aparência da água e influem negativamente na capacidade de
reoxigenação natural dos cursos de água.
23.2 Abordagem dos problemas de resíduos industriais
— Na medida do possível, deve-se reutilizar a água oriunda de determinadas
Ao nos defrontarmos com um problema de resíduo industrial, face a sua
complexidade, devemos procurar fazer a abordagem do modo mais geral possível,
para que a solução a ser adotada, tanto no caso de indústrias já instaladas como no
caso daquelas que estão sendo projetadas ou construídas, seja a mais econômica e
eficiente possível para a indústria e a menos prejudicial para a população e o
ecossistema em geral.
As etapas abaixo devem ser seguidas, da forma mais completa possível, para
a escolha da solução mais adequada para o tratamento e disposição de um resíduo
líquido industrial.
23.2.1 Avaliação da Situação
Para que se possa ter uma visão ampla do problema, é conveniente conhecer,
ao menos em linhas gerais, os processos de fabricação envolvidos na indústria em
estudo ou em seu projeto.
A determinação ou avaliação das características ficas dos resíduos é fundamental.
Assim, entre outras, deve-se conhecer de cada resíduo:
 teor de matéria orgânica
n teor de sólidos em suspensão
 concentração de substâncias tóxicas.
A consulta à legislação, na forma como ela se aplica à região onde se localiza
a indústria, juntamente com o exame dos possíveis corpos de água ou redes -de
esgoto disponíveis para a descarga dos resíduos tratados, fornecerão uma visãõ
ampla da situação_
Abordagem dos problemas de resíduos inclustnals 5 15
Deve-se levar em conta, ainda, as possíveis futuras ampliações da indústria,
de forma a não subdimensionar as quantidades de resíduos a serem tratados du -
rante a vida útil dos sistemas de tratamento e disposição.
23.2.2 — Minimização da carga poluidora
Uma vez avaliada a situação, o próximo passo é tentar reduzir ao mínimo
possível a quantidade e a carga poluidora dos resíduos, através de modificações
nos processos de fabricação que, evidentemente, não interfiram significativamente
na qualidade ou custo dos produtos finais.
Na realidade, muitos resíduos podem ser considerados como matéria-prima
para o obtenção de subprodutos de interesse comercial, principalmente quando se
considera que a recuperação desses subprodutos vai reduzir o tamanho, o custo e a
complexidade dos sistemas de tratamento.
O tratamento centralizado é desejável, sempre que aplicável, para se
economizar em mão-de-obra e custo de instalações.
Normalmente, porém, é mais conveniente segregar despejos concentrados,
de vazão relativamente pequena, para o tratamento ou disposição em separado.
etapas do processamento industrial em procedimentos que não exigem água pura,
tais como: resfriamento, lavagem, etc. Pode-se então usar essas águas várias vezes
e retirar periodicamente apenas uma parcela para envio ao sistema de tratamento,
substituindo-a por água limpa. Muitas vezes ocorre, com esse simples procedimento,
uma diminuição substancial da quantidade de resíduo a ser tratado, sem nenhum
inconveniente para o processamento industrial.
23.2.3 Determinação da forma de disposição final dos resíduos.
—
Neste ponto, deve-se examinar cada uma das formas de disposição final dos
resíduos possíveis para a situação, determinando, através da legislação existente, o
nível máximo de impurezas permitido em cada uma delas. Dentre as possíveis
formas de disposição pode-se citar:
 em corpos de água;
 na rede pública de esgotos;
 no solo;
 no mar;
 em poços profundos.
Em geral, as duas primeiras formas de disposição são as mais acessíveis.
A disposição no solo, quando não provocar problemas de contaminação do
lençol freático ou do próprio solo é, sem dúvida, a solução mais interessante, pois
atua como irrigação do solo ou como fertilizante, desde que respeitadas as taxas de
aplicação adequadas para os tipos de terreno e cultura.
 516 Tratamento biológico de efluentes Abordagem dos problemas de resíduos i ndustriais 5 17

23.2.4 – Determinação do Grau de Tratamento Necessário

Para cada forma de disposição final possível de ser usada em determinada
Tratamento Tratamento Tratamento Tratamento
situação, e de acordo com os respectivos níveis de impurezas permitidos, haverá preliminar primário secundário terciário
um grau de tratamento necessário para atingir os objetivos propostos.
Peneiramento
O grau ótimo do tratamento dependerá de muitos fatores, especialmente dos
Esgoto '" Lodo
custos relativos do tratamento. Os graus de tratamento podem ser:
bru Remoç
 Tratamento primário — o tratamento primário promove a remoção -"1"- -

física de resíduos sólidos em suspensão facilmente removíveis por

Sedimentação
01M•
Tanque de
Filtro
Efluent

sedimentação ou flotação. O ajuste de pH ou de temperatura também aeração

fazem parte desse tipo de tratamento.
Lodo
Retorno Resíduo
n Tratamento secundário — quando é necessária, além do tratamento de Iodo de odo
primário, a remoção da matéria orgânica dissolvida e de uma parcela maior
de sólidos em suspensão de forma a se obter um efluente de baixa
concentração de matéria orgânica, praticamente isento de sólidos em
suspensão, com pH neutro e temperatura ambiente. É nessa etapa,
principalmente, que os processos biológicos de tratamento se aplicam. Figura 23.1 — Diagrama de tratamento de esgoto.

 Tratamento terciário — quando é necessário, além dos tratamentos

primário e secundário, remover substâncias que passaram por estes A Fig. 23.1 mostra o diagrama esquemático de um tratamento convencional
processos, tais como nutrientes (N e P), que podem causar eutrofização dos de esgoto.
corpos de água, bem como outros compostos específicos, tais como metais
pesados. 23.2.6 — Seleção dos Processos de Tratamento Adequados.
A Tabela 23.1 mostra algumas das formas possíveis de tratamento de águas Uma vez definido todo o conjunto de variáveis que interferem na solução do
residuárias. problema, deve-se analisar os processos de tratamento disponíveis.
Pode-se recorrer a processos físicos, físico-químicos e biológicos. Os métodos
Tabela 23.1 Formas de tratamento.
físicos são utilizados nas operações do tratamento primário ou em operações
—

Tratamento primário Tratamento secundário auxiliares, como a decantação, remoção de óleos e gorduras, etc.
Tratamento terciário
Gradeamento Lagoas Troca iónica Quando a matéria orgânica é o principal poluente, os processos biológicos
são geralmente os mais adequados para o tratamento secundário, principalmente
Câmara de areia Lodos ativados Carvão ativado pela sua relativa simplicidade, pela sua elevada eficiência e pelo custo global mais
Sedimentação primária Digestão anaeróbia Filtração baixo que o dos processos físico-químicos.
Os processos físico-químicas são mais aplicados geralmente para o tratamento
Flotação Filtro biológico Coagulação
terciário, ou quando os compostos orgânicos e inorgânicos não forem facilmente
biodegradáveis. Empregam-se também processos físico-químicos como a coagulação
Em qualquer um dos graus de tratamento citados podem ser formados lodos e a floculação para a remoção do material coloidal, para neutralizações, etc.
que ainda contêm boa parte das impurezas removidas dos despejos, necessitando, Em qualquer dos processos, devido às possíveis variações de vazão e
portanto, serem tratados posteriormente. Quando são utilizados processos de concentração (durante o dia e de dia para dia), é prática comum prever tanques de
aeração prolongada, ou anaeróbios, para o tratamento de despejos, formam-se lodos equalização para diminuir flutuações mais bruscas.
já estabilizados, que podem passar diretamente para a desidratação (em leitos de A Fig. 23.2 mostra de forma esquemática os principais passos a serem seguidos
secagem ou por meios mecânicos) e depois para a disposição final: incineração, para a abordagem dos problemas de resíduos industriais.
aplicação na lavoura, aterro, etc.
 S 18 Tratamento biológico de efluentes para autoconstrução e reprodução, e oxidando ❑ restante através da respiração,
aproveitando sua energia e restituindo ao meio elementos na forma de subprodutos

_
do seu metabolismo.
Conhecimento Alteração nos Dessa forma, C, N, P, etc. que faziam parte das moléculas orgânicas do resíduo

Seleção dos rocessos de tratamento adequados

dos processos processos de No solo
de fabricação fabricação são devolvidas ao meio (água, ar, solo) na forma de compostos mais simples, tais
como: gás carbônico, nitratos, fosfatos, etc.

g
o
e) Há, pois, uma decomposição ou biodegradação desses compostos orgânicos_
o
Caracterização
E Recuperação .
.-' Em corpos Face ao anteriormente exposto, verifica-se que somente são suscetíveis ao
Avaliação da situação

de
-

O
1
dos resíduos subprodutos d'água tratamento biológico aqueles resíduos que são biodegradáveis, ou seja, para que

'
75
2

-o
0 -0 -

o um resíduo possa ser decomposto por atividade microbiana é necessário que .ele

5
a
ao

co
o- -oo a sirva de alimento a algum tipo de microrganismo que possua as enzimas necessárias
a a

o O à sua decomposição.

?
Consulta à ,o Em poços ' Tratamento
legislação c. profundos -
o secundário
o

.
> «e
O n5 Medida da quantidade de matéria orgânica

o O
Reuso o É
Futuras
Segregação
ou junçao
Na rede
pública de
ampliações
de resíduos
Figura 23.2 — Abordagem do tratamento e disposição de resíduos industriais.
23.3 — Processos biológicos de tratamento de resíduos
23.3.1 — Conceitos e medidas
Dos processos de minimização de cargas poluidoras apenas parte dos
processos de tratamento dos resíduos cabe no escopo do presente capítulo: os
processos biológicos de estabilização ou degradação dos poluentes acessíveis ao
metabolismo dos seres vivos, especialmente ao dos microrganismos. A seguir são
apresentados alguns conceitos e medidas de parâmetros necessários para a
compreensão do assunto:
Biodegraciação
Os fenômenos biológicos compreendem duas atividades básicas interdepen-
dentes entre si: a. síntese de compostos orgânicos e a biodegradação destes
compostos.
A biodegradação, ou decomposição, é um processo biológico de nutrição e
respiração. A nutrição tem como finalidade a obtenção de matéria orgânica para a
estruturação de organismos e a obtenção de energia molecular para a realização
das atividades biológicas normais.
A respiração é o processo de oxidação através do qual são liberadas as energias
contidas nas moléculas orgânicas. Os microrganismos utilizam a matéria orgânica
constituinte de um resíduo sólido ou liquido, utilizando uma pequena parte dela
8
if, Visto que a matéria orgânica que está presente nas águas residuárias se
15
C
Tratamento
dos lodos
encontra na forma de uma infinidade de compostos não é possível a medida direta
de sua concentração. Para avaliar o conteúdo da matéria orgânica utilizam-se então
esgoto gerados
medidas indiretas, tais como a DBO (Demanda Bioquímica de Oxigênio), a DQO
(Demanda Química de Oxigênio) e o COT (Carbono Orgânico Total).
A DBO, por definição, é a quantidade de oxigênio requerida pela unidade de
volume de um resíduo, para a estabilização biológica da matéria orgânica
biodegradável (normalmente determinada após 5 dias de incubação a 20°C), através
de organismos vivos ou de suas enzimas.
A DBO é, pois, um parâmetro que indica a presença de maior ou menor
quantidade de substâncias ávidas por oxigênio na massa líquida. O meio aquático,
sendo um ambiente naturalmente pobre em oxigênio, dada a sua baixa solubilidade,
além de seu acesso ao interior da massa liquida ser extremamente lento dificultando
a sua renovação, faz com que uni excessivo fornecimento de matéria orgânica ao
meio (na forma de resíduos biodegradáveis) leve a um rápido decréscimo das
concentrações de oxigênio, pondo em risco toda a vida aeróbia no meio aquático,
desde os peixes até os microrganismos. Esse é, aliás, o aspecto básico mais importante
relacionado com a poluição do meio aquático: o fato dos maiores danos serem
provocados não pela introdução de elementos nocivos ou tóxicos, mas sim pelo
excesso de matéria orgânica. A DBO é expressa em miligramas de oxigênio
consumido por litro de água residuária. A inoculação para o ensaio de DBO é feita
quase sempre por meio de urna pequena quantidade de esgoto doméstico decantado.
A Tab. 23.2 mostra uma relação de valores aproximados da DBO para diversos
efluentes
A DQO é, por definição, a quantidade de oxigênio necessária para a oxidação
da matéria orgânica da amostra através de dicromato de potássio em meio ácido na
presença de catalisadores.
Processos biológicos de tratamento de resíduos 51 9
 ;:„
Tratamento biológico aeróbio
520 Tratamento biológico de efluentes 521

Tabela 23.2 — DBO de vários tipos de efluentes. 23.3

.2 -
Efluente DBO (mg/1)
Proc
Esgoto doméstico 350 ess
Vinhaça de usinas de álcool (melaço) 10.000-25.000 os
biol
Produção de leveduras 3.000-14.000
ógic
Resíduos de fábrica de antibióticos 5.000-30.000 os
Cervejarias 2000 [-

Licor suffitico de fábricas de papel 20.000-45.000 Os processos

Laticínios sem recuperação do soro de leite 30.000 biológicos de
tratamento de
águas
residuárias
(efluentes)
podem
ser
classificados
de uma forma
geral em
aeróbios, nos
quais os
microrganism
os
.
responsáve
is pela
degradaçã
o da
matéria
orgânica
utilizam
oxigênio
livre como
receptor
final de
hidrogênio
e
anaeróbios,
onde é
utilizado o
oxigênio
ligado a
compostos
químicos
 como
receptor
final de
hidrogênio.
Em ambos
os casos,
além
L dos
organismos
estritamente
aeróbios e
anaeróbios
responsáveis
pela
degradação
- da matéria
orgânica,
encontram-
se os
microrgani
smos
facultativo
s, que dão
pre-
ferência à
via
aeróbia
mas que
podem
também
funcionar
em
condições
de
J. anaerobiose,
na ausência de
oxigênio
molecular.
Nós
sistemas
anaeróbios
é obtida
menos
energia a
partir da
conversão
da matéria
orgânica
do que nos
sistemas
 aeróbios,
resultando
daí que o
fator de
con-
versão íl: (Y) de
substrato
em
microrgan
ismos
(SSV) é
bem
menor nos
processos
anaeróbios:
siste
mas
aerób
ios:
Y
0,30
a
0,51
mg
SSV/
mg
DBO
siste
A vantagem da medida da DQO em relação à DBO é a sua maior reprodu -
tiblilidade, facilidade de medida e o pouco tempo dispendido para sua mas
determinação. A desvantagem principal é que a medida da DQO não distingue se a anaer
matéria orgânica é biodegradável ou não. Para esgotos domésticos, facilmente óbios:
biodegradáveis, a relação normalmente encontrada é: Y=
0,032
DQO 2
a 0,27
DBO
mg
Despejos com relação DQO superiores a 2 não são pois facilmente biode- SSV /
DBO mg
gráveis. DBO
O COT representa a concentração total de carbono orgânico da amostra de Como
água residuária, sendo fácil e rapidamente medido através do uso de metódos decorrência,
instrumentais. Um dos problemas do teste é que durante a eliminação os processos
preliminar do carbono inorgânico (exs.: carbonatos, bicarbonatos, CO2) por anaeróbios
acidificação e purga com gás nitrogênio, uma parte da matéria orgânica volátil formam
produtos
finais que
ainda
possuem
 grande
conteúdo
energético,
e que
portanto
podem ser
usados
como fonte
I de energia
(CH4,
álcool, etc).
Porém, a
degradação
obtida é
inferior a
dos
processos
aeróbios,
onde a
matéria
orgânica,
além de ser
utilizada
em maior
grau para a
formação de
novas
células,
ainda é
transformad
a em
produtos
finais não
energéticos
(CO2, H20).
Como
conseqüênci
a, os
processos
anaeróbios,
geralmente,
exigem um
posterior
tratamento
aeróbio
para a
obtenção de
efluentes de
boa
qualidade.
 I As
velocidades de
reação nos
processos
aeróbios são
suficientement
e elevadas, em
temperaturas
ambientes de
15 a 30°C,
sendo que as
bactérias
responsáveis
pelo processo
não são
especialment
e sensíveis a
variações
nessa faixa,
não havendo
:1 portanto
necessidade
de
aquecimento.
Nos
processos
anaeróbios
existe a
necessidade
de
aqueciment
o para se
obter
elevadas
velocidades
de reação,
com
exceção dos
filtros
anaeróbios.
Os
lodos
gerados nos
processos
anaeróbios
geralmente
já estão
estabilizados
,
necessitand
 o apenas
serem
desidratado
s para a
disposição
finai,
enquanto o
mesmo só
ocorre nos
processos
aeróbios de
baixa carga.

Medida da concentração de microrganismos

23.4
Na prática do tratamento de águas residuárias a concentração mássica de
-
microrganismos é normalmente avaliada pela concentração de Sólidos em Suspensão
Trata
Voláteis (SSV) ou Totais (SST).
A determinação inclui as células vivas e mortas, porém não destruídas por ment
lise, mais o material orgânico estocado ou absorvido pelas células, não levando em o
consideração a atividade real das mesmas. São ainda incluidos os sólidos bioló
orgânicos e inorgânicos não celulares em suspensão. gico
aeró
bio
23.4.
1-
Introd
ução
O
mecanismo
dos
processos
aeróbios
pode ser
esquematiza
do como
mostrado na
Fig. 23.3
Em
princípio,
qualquer
despejo que
apresente
urna DBO
maior que
algumas
dezenas de
mg/L pode
ser
purificado
por
tratamento
aeróbio.
G
 522 Tratamento biológico de efluentes Tratamento biológico aerótko

lodos ativados
Produtos
filtros biológicos
■
Energia finais lagoas aeróbias
(CO2,H20) Nos lodos ativados, os microrganismos estão em suspensão num meio líquido,
/4. sendo a mistura, geralmente, proporcionada pelo próprio sistema de aeração, sem
c
a
) [
rs
)
-
a necessidade de agitação suplementar. Nos filtros biológicos, os
o microrganismos : se encontram fixados em materiais de suporte.
Resíduo c
orgânico
o
Em todos os casos, porém, os microrganismos responsáveis pelo processo
L são os mesmos. As bactérias são as principais responsáveis pela decomposição da
c
>
c matéria orgânica, enquanto que os protozoários e micrometazoários exercem papel
d
secundário, tal como a clarificação do efluente.
Síntese Células Resíduo
não
degradável 23.4,2 — Lodos ativados
O sistema empregando lodos ativados é o processo biológico mais usado
atualmente para estabilizar a matéria biodegradável de despejos industriais e de
Figura 23.3 — Mecanismo do tratamento biológico aeróbio
esgotos sanitários.
O processo de lodos ativados, como mostrado na Fig. 23.4, pode ser definido
Mesmo quando a medida da D130 acusar valores baixos, devido a existência como um sistema no qual uma massa biológica cresce e flocula, sendo continuamente
de compostos tóxicos no resíduo, pode ser possível o tratamento, utilizando-se recirculada e colocada em contato com a matéria orgânica do despejo líquido na
microrganismos aclimatados àqueles tóxicos. presença de oxigênio puro, ou através de aeradores mecânicos de superfície. O
Um dos requisitos mais importantes para o sucesso do tratamento é a sistema possui uma unidade de aeração seguida por uma unidade de separação
existência, ou a adição, de quantidades de nutrientes (N e P) suficientes para o sólido/liquido, de onde o lodo separado é quase todo retornado ao tanque de
crescimento celular. A relação entre esses nutrientes e a DBO que é considerada aeração, sendo uma pequena parte deste lodo descartada do sistema.
suficiente, é a seguinte:
DBO:N:P 100:5:1
O pH no reator deve estar situado entre 6 e 8 sendo, em geral, desnecessária qualquer
correção se o processo estiver bem balanceado.
Evidentemente, a condição mais importante para o bom andamento de um processo
biológico aeróbio é o fornecimento de oxigênio suficiente para a respiração microbiana (02 > 2 mg
O oxigênio pode ser fornecido através de ar comprimido, de aeradores L__
superficiais, da fotossírttese realizada por algas em lagoas de estabilização, ou por i-
-
c o n v e c ç ã o n a t u r a l n o s f i l t r o s b i o l ó g i c o s . rr.

Processos recentemente desenvolvidos empregam oxigênio puxo, com o que

se obtém um aumento considerável na eficiência de transferência de oxigênio ao
meio líquido e, portanto, uma maior velocidade de reação, além de lodos mais fáceis
de desidratar.
Os principais processos aeróbios aplicáveis ao tratamento de resíduõ - s ..,
industriais são:
Figura 23.4 — Sistema de lodos ativados

r-:
 524 Tratamento biológico de efluentes
A recirculação do lodo se destina a manter no tanque de aeração urna popu -
lação de organismos dimensionada para consumir a quantidade desejada de subs -
tâncias poluentes biodegradáveis (matéria orgânica).
O processo se aplica para esgotos domésticos em mistura ou não com efluentes
industriais, e para despejos industriais orgânicos, especialmente aqueles cuja
concentração de matéria orgânica é menor que 2 g DBO/L. A eficiência na remoção
1 seguir:
de DBO nesse sistema pode superar 95%.
As principais vantagens do processo, de uma forma geral, são:
 excelente qualidade do efluente obtido;
 possibilidade de ampliar, ou abreviar, o tempo de contato entre os
despejos e os microrganismos do meio;
 possibilidade de variar a relação entre a matéria orgânica e a massa
de microrganismos presente;
 não acarretar problema de aparecimento de moscas;
 o lodo resultante pode ser estabilizado no próprio tanque de aeração,
sem a necessidade de fazê-lo em disgestores anaeróbios;
 pequenos volumes de reatores requeridos;
 estabilidade do processo;
 capacidade de absorver o recebimento de cargas de choque e
compostos tóxicos.
Os principais inconvenientes que podem ser apontados são:
 necessidade de controle adequado do processo por pessoal
especializado;
 volume de Iodo resultante elevado, devido ao baixo teor de sólidos;
 consumo elevado de energia.
23.4.2.1 — Microrganismos presentes
As bactérias podem ser consideradas como a base do floco do lodo ativado,
1
tanto estrutural como funcionalmente.
São elas as principais responsáveis pela estabilização da matéria orgânica,
sendo as mais importantes as chamadas formadoras de flocos. Além dessas, ocorrem
as bactérias nitrificadoras (a nitrificação é a oxidação biológica da amônia a nitrato)
e as bactérias filamentosas.
As bactérias filamentosas são necessárias para a formação de um bom floco,
porém, quando presentes em quantidades excessivas, provocam o intumescimento
("bulking"), o que resulta na má decantação do lodo.
Os protozoários, depois das bactérias, são os organismos mais numerosos e
importantes nos lodos ativados. Eles têm a função de clarificar o efluente do processo -
visto que se alimentam de bactérias que não floculam e de pequenas-partículas_de
sólidos em suspensão que não sedimentaram e, portanto, seguiriam com o efluente
do processo_
Tratamento biológico aeróbio 525
23.4.22 — Sedimentação dos flocos biológicos
A separação dos lodos biológicos do efluente no decantados secundário é de
fundamental importância no desempenho do processo de lodos ativados.
O parâmetro mais simples para indicar a condição de sedirnentabilidade do
lodo é o teste do índice Volumétrico de Lodo (IVL), realizado como indicado a
O teste é realizado deixando-se 1 L (V 0) da suspensão, coletada à salda cio
tanque de aeração, decantar numa proveta de 1 L durante 30 minutos. O volume de
lodo decantado após esse período (V30) geralmente forma uma interface bem nítida
com o sobrenadante. O problema mais típico da sedimentação dos lodos ativados é
o intumescimento filamentoso; nestas situações, o IVL é um parâmetro importante
visto que, para Iodos sem nenhum problema de intumescimento, os valores de IVL
encontram-se na faixa de 50 a 150 mi/g. Quando o IVL ultrapassa 200 ml/ g, pode
estar indicando o começo de problemas de intumescimento e, neste caso, o valor do
IVL pode atingir valores extremos de até 800 ml/g em poucos dias.
As formas mais usuais de se tratar lodos com problemas de intumescimento,
dependendo do grau, são:
 aumento da concentração de oxigênio dissolvido (OD) no tanque de
aeração, visto que as bactérias filamentosas se desenvolvem melhor que as
formadoras de flocos em níveis baixos de OD (entre 0,1 e 0,5 mg /1);
 corte no suprimento de OD por algumas horas, considerando que
as bactérias filamentosas resistem menos à ausência total de OD;
 redução da carga orgânica aplicada, já que elevadas cargas
favorecem o fenômeno de ent-umescimento;
 adição de água oxigenada ao tanque de aeração em doses únicas
(250rng /I de tanque) ou contínuas (5 a 200 mg/1 tanque.dia);
 adição de cloro ao lodo de retomo (5 a 60 mg /1).
23.4.2.3 Requisitos para o bom funcionamento do processo
—
Os principais requisitos necessários para o bom funcionamento de um sistema
de lodos ativados são:
n oxigênio dissolvido (OD) no tanque de aeração situado entre 1 e 3
ing/1;
 pH no tanque de aeração entre 6 e 9;
 quantidades adequadas de nutrientes (N e P) em relação à DBO do
despejo a ser tratado;
n ausência de sobrecargas orgânicas ou tóxicas.
23.42.4 — Construção e dimensionamento
Em sua forma mais simples, uma instalação de tratamento por lodos ativados
 526 Tratamento biológico de efluentes Tratamento biológico aeróbio 527

consta de um tanque munido de equipamentos de aeração, contendo ainda um Existem numerosas modificações na concepção orginal do processo de lodos
dispositivo para decantação e recirculação do lodo formado em todo, ou em parte. ativados (sistema convencional - Fig. 23.5). Elas são sucintamente descritas a
seguir:
Tanques de aeração:
Os tanques são em geral retangulares, construídos em concreto. A forma Sistema de Aeração proporcional:
retangular permite a construção de unidades geminadas, com a conseqüente Na entrada do tanque de aeração, onde o consumo de oxigênio é maior,
economia de paredes. A profundidade desses tanques varia entre 3 e 5 metros. existe uma concentração maior de difusores.
Dispositivos de aeração: Sistema com alimentação escalonada:
Podem ser usados dois tipos principais de aeração: a aeração por insuflação e Ele procura homogeneizar o fator de carga ao longo do tanque de aeração,
a aeração por meio de agitadores superficiais. através da introdução da alimentação em vários pontos ao longo do tanque. (Fig.
No processo de aeração por ar difuso, os tanques são dotados de placas ou de 23.6)
"velas" porosas, dispostas junto ao fundo pelas quais sai, dividido em bolhas
Sistema com mistura completa:
pequenas, o ar sob pressão, que é conduzido através de tubulações desde os
Com ele ocorre uma diluição quase completa da alimentação no tanque de
compressores até os difusores. As placas porosas podem eventualmente ser
aeração. É o sistema mais resistente a cargas de choque ou ao lançamento de produtos
substituídas por tubos perfurados.
tóxicos ao sistema (Fig. 23.7).
No processo de aeração superficial, os rotores estão dispostos junto à superfície
do tanque com maior ou menor submergência.
Decantadores:
Nas estações de tratamento, geralmente, são usados decantad ores primários
antecedendo os tanques de aeração, que têm como função reter os sólidos sedi-
mentáveis responsáveis por uma parte da carga orgânica dos despejos industriais e dos
esgotos domésticos. Nesse caso, há uma economia no gasto de energia consumida nos
tanques de aeração.
Parâmetros de dimensionamento:
As cargas orgânicas aplicadas em sistemas de lodos ativados são expressas em
kg de DBO / kg SSTA.•clia (sólidos suspensos no tanque de aeração SSTA) e variam
desde 0,05 kg (casos de aeração prolongada) até 1 ou 2 kg DBO /kg SSTA (lodos Figura 23.5 — Representação esquemática do sistema convencional de lodos ativados
ativados de alta capacidade). Os lodos ativados de capacidade convencional são
dimensionados com taxas próximas de 0,3 kg DEO/kg SSTA.dia.
Quando os tanques de aeração são precedidos de decantadores, estes deverão
ter entre 30 e 60 minutos de tempo de retenção,ao passo que nos decantadores finais
este tempo estará situado entre 2 e 3 h para garantir um efluente o mais límpido
possível.
O tempo de retenção nos tanques de aeração varia entre 4 e 8 horas.
As Figs. de 23.5 a 23.15 mostram algumas variantes do processo de lodos
ativados, sendo:
Qo = vazão de entrada na câmara de aeração Q‘,„ = vazão de saída do
sistema
QT = vazão de recirculação Figura 23.6 — Representação esquemática do sistema de alimentação
 528 Tratamento biológico de efluentes Tratamento biológico aeróbio 529

141 Rotor de
aeração de eixo
Q,m 0,75 a 1,50 Q o 0,

Figura 23.9 — Representação esquemática do sistema de valo de oxidação

Figura 23.7 — Representação esquemática do sistema de mistura completa

Aerador
mecânico • de
eixo vertical Aihr ____________
‘Wir
00 /Oh _____________

Figura 23.8 — Representação esquemática do sistema de aeração prolongada r = 0,25 a 0,75 0 0

0
Qw .— 0
»,
Sistema de aeração prolongada:
Este sistema opera com grande quantidade de sólidos em suspensão no tanque
de aeração, que é consideravelmente maior que os de capacidade convencional. O
tempo de retenção pode ir de 10h a vários dias. Nesse processo, a quantidade de
lodo gerado é relativamente pequena, o lodo já se encontra estabilizado, não Figura 23.10 — Representação esquemática do sistema carroussel

necessitando pois de posterior digestão, como nas demais variantes dos lodos
ativados. Os valos de oxidação são os mais importantes sistemas que empregam o
conceito de aeração'prolongada (Figs. 23.8, 23.9 e 23.10).
Sistema de estabilização por contato:
Neste sistema o despejo é aerado com o lodo de retomo por um período curto de
tempo (30 a 60 minutos) no tanque de contato, onde ocorre a absorção da matéria
orgânica pelos flocos. O lodo é a seguir separado do efluente tratado no decantador
secundário, sendo encaminhado a um tanque de reaeração, onde é aerado por 3 a
6 horas, voltando uma parte do lodo para o tanque de contato, sendo a outra parte descartada.
(Fig. 23.11)
Processo Kraus:
Indicado para o tratamento de águas residuárias deficientes em nitrogênio. O
sobrenadante dos digestores anaeróbios de lodo, o lodo digerido, e uma parcela do
lodo de retomo são aerados em um tanque de reaeração por 24 horas, onde o
nitrogênio amoniacal é convertido a nitrato, conforme o mostrado na Fig.
23.12 .
Sistema de oxigênio puro:
Utiliza tanques de aeração com mistura completa, fechados e colocados em
série. (Fig. 23.13)
 530 Tratamento biológico de efluentes
Tratamento biológico aeróbio 53 1

Figura 23.11 — Representação esquemática do sistema de estabilização por contato

r Eventualment
Descarga
Sistema de aeração modificada:
de iodo
São recirculadas apenas
!
pequenas
Tanque de quantidades
contato de lodo. (Fig. 23.14)
Sistema de alta capacidade:
Neste sistema Qi.=. 0,25 a 1,00 Qa existe baixo
teor de matéria em suspensão no
tanque, caracterizando __--1 Tanque de reaeração
os Q lodos
ativados de alta
capacidade. (Fig. 23.15)

Figura 23.12 — Representação esquemática do processo Kraus

Figura 23.13 — Representação esquemática do sistema de lodos ativados com oxigênio puro

• •
Descar

final Figura 23.14 — Representação esquemática do sistema de aeração modificada

Tanque de

Q,= 0,5 a 01,00

Tanque
_________ Sobrenadante do
de ____ digestor Lodo digerido

Figura 23.15 — Representação esquemática do sistema de aeração de afta taxa