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Resíduos das estações de tratamento de água (ETA)

Múccio Wellington Paiva 1

Renato Luis Tame Parreira 2

Resumo: No rol das grandes questões mundiais da atualidade está a sustentabilidade


ambiental. Entre suas principais propostas figura o tratamento e adequada alocação dos
resíduos industriais. Um desafio a enfrentar nesta área refere-se ao lodo oriundo das
estações de tratamento de água (ETAs), comumente lançado nos cursos d’água pelas
empresas de saneamento. O crescimento da consciência ecológica e o surgimento de leis
reguladoras dos descartes de resíduos, constituem oportunidade para implementação
de novas tecnologias de tratamento, desidratação e secagem do lodo das ETAs. O
aumento do consumo de água potável elevou a produção de resíduos, requerendo maior
quantidade de produtos químicos na potabilização da água. O lodo é constituído por
substâncias com potencial poluidor, é de difícil manejo e reaproveitamento. Este artigo
mostrará, à luz da bibliografia, a experiência da Unidade de Tratamento de Resíduos
(UTR) Rio Manso, pertencente à COPASA, no trato do lodo da ETA.

Palavras-chave: Lodo. Desidratação. Resíduo. Ambiental.

1
Pós-graduado em Gestão Ambiental pelo Centro Universitário Claretiano – SP.
E-mail: <muccio.paiva@copasa.com.br>.
2
Doutor em Química pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (USP). Docente no
Centro Universitário Claretiano de Batatais – SP. E-mail: <rtame77@yahoo.com.br>.

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1. INTRODUÇÃO

A sustentabilidade ambiental entrou definitivamente na pauta das


grandes discussões mundiais. Entendida como o conjunto de medidas
e ações capazes de prover sustento para a humanidade e alavancar o
desenvolvimento econômico, levando em consideração a preservação
do ecossistema, tem como premissas a exploração racional dos recursos
naturais, o uso de fontes de energia limpas e renováveis e a redução dos
níveis de poluição ambiental, entre outros.
À medida que se propaga a conscientização de que é necessário
preservar o meio ambiente como forma de assegurar a continuidade de
existência da própria humanidade, cresce também a certeza de que o
rol de ações ideais não é composto apenas por atitudes de grande porte.
Muito pelo contrário, é necessário analisar todos os níveis dos processos
produtivos e de consumo, sob a ótica da sustentabilidade ambiental. A
exploração da matéria-prima, a logística, a produção, a comercialização,
o consumo e os descartes de resíduos em todas estas fases são alvos do
“pensar ambiental” e estão sujeitos a terem seus fluxos alterados ou
interrompidos, seja por força de algum ordenamento jurídico, seja por
pressão da sociedade.
Neste contexto, os efluentes originários das empresas do setor de
saneamento, antes lançados nos corpos hídricos sem qualquer avaliação
quanto ao seu potencial poluidor, passaram a ser objetos de estudos cujo
objetivo é minimizar a possibilidade de ocorrência de impacto ambiental.
Dentre os rejeitos das empresas de saneamento está o lodo oriundos das
ETAs (Estações de Tratamento de Água), um composto capaz de provocar
poluição por conter, principalmente, os elementos químicos usados na
potabilização da água. A literatura propõe que o correto descarte deste
resíduo deve ser precedido de sua desidratação e que quanto maior for sua
secagem melhor será seu processamento e manejo.
O presente artigo buscará mostrar as alternativas testadas pela ETA
Rio Manso, uma unidade da COPASA (Cia. de Saneamento de Minas

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Gerais), no tratamento e destinação adequados do lodo que produz.
Apontará as principais dificuldades encontradas e enumerará sugestões
de melhoria.

2. METODOLOGIA

Este é um trabalho formal, exploratório e bibliográfico. Tem por


escopo apresentar, de forma sintética, a metodologia utilizada pela
COPASA (Cia de Saneamento de Minas Gerais), mais especificamente
pela ETA Rio Manso, no trato e destinação final do lodo oriundo do
tratamento de água, além apontar as principais dificuldades encontradas.
A fonte de informações, relativas à COPASA, advém de um trabalho
que coligiu diversos estudos apresentados durante um encontro técnico
realizado pela empresa no mês de abril de 2010. Convém ressaltar que o
presente artigo se restringirá à análise do estudo que abordou, na ocasião
do Encontro Técnico 2010 – COPASA – Compartilhando Conhecimento,
o tratamento dos rejeitos da ETA Rio Manso. O documento contém o
histórico da Unidade de Tratamento de Resíduos da citada ETA.

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

A redução da geração de resíduos, seu reaproveitamento e destinação


adequada, constituem um dos maiores desafios a serem enfrentados
pelas indústrias modernas, tendo em vista a propagação da consciência
ecológica e o surgimento de leis que regulam as atividades com potencial
para provocar impactos ambientais. Outro fator a se considerar é a pressão
exercida sobre a produção pelo crescimento do consumo, o que só faz
elevar o volume dos resíduos industriais.
Rodrigues e Cavinatto (1997, p.10) afirmam que “no decorrer deste
século, a população mundial dobrou de tamanho, porém a quantidade
de lixo produzido no mesmo período aumentou numa proporção muito

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maior”. Esta afirmação engloba o lixo industrial. No âmbito das indústrias
que integram o setor de saneamento a geração de resíduos com potencial
poluidor decorre, com maior intensidade, das atividades de tratamento da
água e de tratamento do esgoto.
Entre os produtos e serviços oferecidos pela indústria de saneamento
está o fornecimento de água potável à população, um processo que envolve,
basicamente, sua captação, tratamento e distribuição. Considerando a
produção de água, seu tratamento é a etapa em que há riscos de ocorrência
de impactos ao meio ambiente, por produzir resíduos com considerável
concentração de produtos químicos, denominados lodo.
A produção de água própria para o consumo humano é realizada em
ambientes conhecidos como ETAs (Estações de Tratamento de Água). A
CASAN, Companhia Catarinense de Águas e Saneamento, dá a seguinte
definição para ETA: constitui a parte do sistema de abastecimento onde
ocorre o tratamento da água captada na natureza visando a potabilização
para posterior distribuição à população.
O detrito advindo desse processo, o lodo, é produzido nos filtros e
decantadores das ETAs. Segundo Grandin:

O lodo de ETA é constituído de resíduos sólidos orgânicos e inor-


gânicos provenientes da água bruta, tais como: algas, bactérias,
vírus, partículas orgânicas em suspensão, colóides, areias, argila,
siltes, cálcio, magnésio, ferro, manganês, etc. SILVA; BIDONE;
MARQUES (2000) complementam a composição dos lodos com
hidróxidos de alumínio, em grande quantidade, proveniente da
adição de produtos químicos e em alguns casos polímeros condi-
cionantes utilizados no processo (GRANDIN; ALEM SOBRI-
NHO; GARCIA JR.,1993, apud PORTELLA at al, 2003, p. 2).

De acordo com informações contidas no site da Companhia de


Saneamento de Minas Gerais - COPASA, o tratamento da água ocorre
em cinco etapas: oxidação/coagulação, floculação, decantação, filtração e
desinfecção/correção de pH/fluoretação. A coagulação é feita, inicialmente,
com a adição de cloro ou um produto similar à água, o que oxidará os

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metais presentes na água bruta, normalmente o ferro e manganês. Desta
forma estas substâncias se tornarão insolúveis na água e será possível sua
remoção nas próximas etapas do tratamento. O passo seguinte consiste em
adicionar cal à água para otimizar o processo, mantendo seu pH em nível
adequado. A remoção dos resíduos se inicia no tanque de mistura rápida
com a dosagem de sulfato de alumínio ou cloreto férrico. Estes produtos
são coagulantes e têm a função de aglomerar a sujeira formando flocos.
Na floculação, a água, já contendo substâncias coaguladas, se movimenta
de tal maneira dentro dos tanques, fazendo que os flocos se unam uns aos
outros, ganhando peso, volume e consistência. A decantação é a etapa em
que os flocos formados separam-se da água, sedimentando-se pela força da
gravidade, no fundo dos tanques. Em seguida a água, que ainda contém
impurezas não sedimentadas no processo de decantação, passa por filtros
constituídos por areia ou areia e antracito que retêm entre suas camadas a
sujeira restante. Na desinfecção a água recebe cloro como desinfetante, cal
para correção do pH e flúor, cujo objetivo é reduzir a incidência de cárie
dentária. Todo esse processo acontece nas ETAS.

Andreoli explicita:

Os lodos gerados nos decantadores das ETAs são resultados dos


processos e operação de coagulação/floculação das partículas presentes na
água bruta. Essas partículas sofrem ação de reações químicas e operação
física de formação de flocos que se tornam propícios para a operação de
sedimentação ou flotação. O material removido é retido em tanques por
um certo tempo e disposto, quase sempre, em cursos d’água (ANDREOLI
(Coord.), 2001, p.144).

Barroso e Cordeiro argumentam:

O potencial tóxico dos resíduos de estação de tratamento de água


dependerá de suas características físico-químicas e das condições que este
é disposto. Ainda segundo os mesmos autores a produção de sólidos e

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metais de uma ETA se dá em função das características da água afluente, da
qualidade, tipo e dosagem de coagulante e de outros produtos químicos,
pH de coagulação e o tipo de tecnologia de tratamento (operações e
processos) da água (BARROSO; CORDEIRO; 2001, p. 1).

Driscoll et al (1987, apud BARROSO e CORDEIRO, 2001, p.3)


cita que em diversas pesquisas, níveis elevados de alumínio tem sido
associados a várias doenças neurológicas, tais como mal de Alzheimers,
demência pré-senil e outros.
Já Lamb e Bailey dizem:

Estudando os efeitos agudos e crônicos dos lodos de sulfato de alumí-


nio em espécies que compõem a camada (significativa na alimentação
de peixes) bentônica, verificam que a taxa de mortalidade das espé-
cies aumenta com o aumento das dosagens de lodo. Como agravante,
as descargas de resíduos em corpos d’água estacionários ou de baixa
velocidade, podem desenvolver condições anaeróbias e promover a
ressolubilização de metais presentes no solo e nos resíduos (LAMB
& BAILEY, 1981, apud BARROSO, CORDEIRO, 2001, p. 3).

Muitas são as possibilidades apresentadas pelos especialistas e


teóricos para a reciclagem do lodo oriundo das ETAs. A desidratação do
lodo sedimentado, resultante de processos e tratamentos, é necessária.
Eles têm alto teor de umidade, o que dificulta sua destinação adequada e
aumenta o risco de ocorrência de impacto ambiental.
Referente à importância do teor de sólidos do lodo Souza relata:

Dentre as operações unitárias constituintes de um sistema de


tratamento de resíduos líquidos e sólidos gerados nas ETA’s, o
adensamento de lodos é de extrema importância, pois o suces-
so da desidratação está diretamente relacionado ao teor de só-
lidos do lodo obtido no adensamento. O lodo adensado deve
apresentar um teor de sólidos igual ou maior do que 2,0%, uma
vez que os equipamentos de desidratação existentes no mercado

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exigem este teor mínimo de sólidos para que seu funcionamen-
to ocorra de forma adequada e econômica (SOUZA, 2001, p.1).

4. OS TESTES PARA TRATAMENTO


DO LODO DA ETA RIO MANSO

Algumas das alternativas para desidratação do lodo foram testadas


pela Estação de Tratamento de Água Rio Manso, operada pela COPASA
na região metropolitana de Belo Horizonte.A ETA Rio Mando iniciou
suas atividades em 1991. Hoje é responsável pelo abastecimento e
aproximadamente 30% da região metropolitana de Belo Horizonte com
uma produção média de 3,8 m³/s.
A ETA Rio Manso é do tipo convencional, constituída basicamente
de mistura rápida, floculadores mecanizados, decantadores do tipo piscina
e filtros rápidos, com leito filtrante duplo composto de areia e antracito.
Desde 1997 a ETA Rio Manso possui uma Unidade de Tratamento de
Resíduos (UTR), criada com o objetivo de recuperar e reutilizar as águas
provenientes das descargas e dos decantadores e das lavagens de filtros.
A UTR possui decantadores, chamados de secundários, tipo piscina,
elevatória de lodo decantado, elevatória de água recuperada, adensador,
elevatória de lodo adensado, lagoa de secagem e casa de química. As águas
recuperadas pelos decantadores voltam ao início do processo na ETA.
Conforme menciona Costa (2010) no relatório do ENCONTRO
TÉCNICO COPASA -2010, o lodo da estação é transportado para
a UTR. Depois de sedimentado e acumulado, o lodo é enviado aos
adensadores que também recebem as águas procedentes das descargas
dos decantadores da ETA, nos adensadores o resíduo recebe dosagens de
polímero. As águas recuperadas retornam ao início do tratamento da ETA
e o lodo adensado é direcionado para as lagoas de secagem.
Os primeiros problemas enfrentados no tratamento do resíduo
referem-se à produção de elevado volume de lodo com baixa concentração
de sólidos, o que inviabilizava a secagem e provocava saturação das lagoas.

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A partir desse ponto foram canalizados os esforços no sentido de se
promover a desidratação do lodo, com a implantação de novas técnicas.
Em 1998 foram realizados testes com filtro de prensa, nele a
desidratação é feita sob alta pressão, a água do lodo é forçada. Os resultados
esperados com o uso do filtro prensa são: a pouca turbidez do filtrado, a alta
concentração de sólidos da torta, e alta captura de sólidos. Na UTR Rio
Manso a produção de torta alcançou concentração entre 28,6% e 48,6%,
com um consumo de polímeros variando de 1,25 e 2,10 kg/ton. de sólidos.
Nos anos de 1999 e 2010 ocorreram testes com a centrífuga. Imhoff
apud Chagas explica o seu funcionamento.

As centrífugas separam os sólidos da água por diferença de força cen-


trífuga. Para que se obtenha uma água razoavelmente limpa, é ne-
cessário conservar no lodo uma porcentagem relativamente elevada
de água, obrigando a uma secagem posterior por outro processo O
lodo molhado é introduzido axialmente e sob a influência da força
centrífuga, os sólidos em suspensão se depositam na parede interna
do tambor. Daí são empurrados pela rosca, que gira a uma velocidade
um pouco maior, para a extremidade de menor diâmetro, onde saem
da camada líquida, sendo então descarregados. O líquido intersticial
sai do tambor pelo lado do diâmetro maior através de um vertedor
em forma de disco (IMHOFF, 1986 apud CHAGAS, 2000, p. 43).

O resultado obtido foi uma torta com concentração de sólido


variando de 18% a 24% e consumo de polímeros de 1,5 a 3,5 kg/ton. de
sólidos.
Em julho de 2009 a COPASA implantou, para testes na UTR Rio
Manso, a prensa tipo parafuso, modelo Contipress. Esta prensa promove
a desidratação mecânica, a descarga da torta é realizada por gravidade
e transporte horizontal automático através de roscas até caçambas
estacionárias externas. O ideal é que torta possua teor mínimo de sólidos
em torno de 20%, podendo chegar no máximo de 25%. A concentração
de sólidos da torta, nestes testes, variou de 15% a 22% e o consumo de
polímero entre 2,0 e 4,0 kg/Ton. de sólidos.

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Ainda em 2009 foram feitos testes utilizando as bacias de contenção
com manta. O processo resultou na produção de torta com concentração
de sólidos variando de 18% a 20%, com consumo de polímero oscilando
de 1,0 a 2,0 kg/ton. de sólidos.
No ano de 2000 UTR Rio Manso também realizou testes com o
objetivo de recuperar o coagulante presente no lodo adensado. Foi possível
recuperar até 95% do coagulante utilizado no processo de potabilização
da água, com um consumo de aproximadamente 0,7 litros de clorídrico
para recuperação de 1,0 litro de coagulante.
Saron e Leite citando Ferreira Filho dizem:

O aumento do intervalo de tempo entre as descargas de uma mes-


ma bomba, é possível aumentar de forma significativa o teor de só-
lidos no lodo descartado. Isto significa que, teoricamente, é possível
trabalhar com períodos de descargas mais curtos, e com um maior
intervalo de tempo entre elas, e desta forma, produzir um menor
volume de lodo ao longo do tempo, com maior teor de sólidos
(FERREIRA FILHO, 1991; apud SARON e LEITE, 2001, p. 4).

A redução do volume do lodo na ETA foi da ordem de 50% em média,


isto ocorreu a partir da realização de estudos que consideram a turbidez
da água bruta e a quantidade de produtos químicos utilizados. Esta análise
reduziu significativamente o número de descargas, consequentemente a
concentração dos sólidos aumentou, já que o intervalo entre as descargas
cresceu.
Outro fator determinante da melhoria de produtividade da UTR
foi uma adaptação no conjunto de motores do adensador. Eles foram
equipados com inversores de frequência que permitiram reduzir a vazão
do lodo e minimizar a formação de fluxo preferencial para a saída de água
clarificada, assim o lodo removido tornou-se mais concentrado.
Dentre todos os métodos e equipamentos testados para a secagem
mecânica do lodo, o filtro de prensa apresentou a melhor concentração de
sólidos. A substituição do cloreto férrico pelo sulfato de alumínio tornou
a recuperação do coagulante economicamente inviável.

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A tabela abaixo apresenta o desempenho operacional da UTR Rio
Manso entre os anos de 2001 e 2009, em função percentual de sólidos
totais (S. T.) do lodo adensado.

Fonte: RELATÓRIO ENCONTRO TÉCNICO COPASA - 2010.

Os dados apresentados nos permitem verificar a melhoria de


desempenho da UTR Rio Manso, sobretudo em relação ao volume de
resíduos oriundos da descarga do decantador da ETA e percentual de
sólidos totais (S. T.) do lodo adensado.
Os resultados confirmam o que propõe a literatura, o controle da
qualidade da água bruta é fundamental para a redução do volume da
produção de lodo, além de permitir a diminuição da quantidade produtos
químicos utilizados para a potabilização da água.
A forma de desidratação do lodo é um processo que deve ser definido
levando-se em consideração as especificidades da ETA. Ou seja, devem
ser considerados os fatores que determinam o intervalo entre descargas, o
grau de concentração do lodo e o volume e as características dos produtos
químicos utilizados.
As adequações ocorridas no decantador propiciaram aumento da
concentração de sólidos para percentuais muito acima do nível, apontado

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pelos diversos autores, como mínimo aceitável. Isto facilitou o manejo e
secagem do lodo.
Como é requerido pela legislação e endossado pelos diversos autores,
a água retirada do lodo no processo de desidratação retorna para o início
do processo de tratamento da ETA.
O relatório do ENCONTRO TÉCNICO COPASA – 2010
aponta a modificação do fluxograma da UTR como fator capaz de elevar
de 6% para 9% a concentração dos sólidos. O que se propõe é a inserção
de um novo ponto para aplicação de polímero. Estudos de viabilidade
econômica estão sendo realizados.

5. CONCLUSÃO

A adoção de medidas que estejam em harmonia com a sustentabilidade


ambiental não pode se restringir ao mero cumprimento dos ordenamentos
legais. O exemplo do tratamento de resíduos, praticado pelas empresas de
saneamento, e para fins deste estudo, mais especificamente pela COPASA,
mostra que é necessária a constante busca por melhores resultados.
A conscientização acerca do potencial poluidor dos resíduos das
ETAs conduziu a COPASA à montagem da unidade de Tratamento
de Resíduos Rio Manso, onde foram experimentados diversos modelos
de procedimentos para desidratação do lodo advindo da ETA, além da
elaboração de estudos e realização de adaptações que lhe permitiram
melhorar seu desempenho.
A redução da produção de lodo, o aumento de sua concentração, a
reutilização da água da lavagem dos filtros, o melhor aproveitamento das
lagoas de secagem, a não contaminação dos cursos d’água e a destinação
adequada do lodo são alguns dos benefícios alcançados com o tratamento
deste resíduo, que cooperam com a preservação do meio ambiente.
O próximo passo a ser dado refere-se ao aproveitamento do lodo,
como já acontece em alguns países onde o material é usado na produção de
cimento, na fabricação de tijolos, na compostagem, no cultivo comercial

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de grama, entre outros. Por isso este estudo não encerra as pesquisas sobre
o tema, antes propõe outras pesquisas sejam realizadas, por exemplo:
acerca da viabilidade econômica da reciclagem do lodo.

REFERÊNCIAS

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em: 24 out. 2011.

Title: Wastes from water treatment plants.


Authors: Múccio Wellington Paiva; Renato Luis Tame Parreira.

ABSTRACT: In the list of major global issues of today’s environmental


sustainability. Among its main proposals include the allocation of adequate
treatment and industrial waste. One challenge facing this area refers to the
sludge arising from water treatment plants (WTP), commonly released into
water courses for water utilities. The growth of ecological awareness and
the emergence of laws regulating the disposal of waste, provide opportunity
for implementation of new treatment technologies, dewatering and drying
sludge from water treatment plants. Increased consumption of drinking water

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increased the production of waste, requiring greater amounts of chemicals in
water purifiers. The sludge is composed of substances with potential polluter, it
is difficult to manage and reuse. This article will show, in light of the literature,
the experience of Waste Treatment Unit Manso River, belonging to COPASA,
in the treatment of sludge from ETA.
Keywords: Sludge dewatering. Waste. Environmental.

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