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FAJOPA - FACULDADE JOÃO PAULO II

CURSO DE TEOLOGIA

MUDANÇAS NO RITUAL BATISMAL E AS


CONSEQUÊNCIAS ATUAIS

CARLOS ROBERTO GOMES

SANTA CRUZ DO RIO PARDO-SP


2020
CARLOS ROBERTO GOMES

MUDANÇAS NO RITUAL BATISMAL E AS


CONSEQUÊNCIAS ATUAIS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado a


Faculdade João Paulo II como requisito para
obtenção do Título de Bacharel em Teologia, sob
orientação do Prof. Pe.XX.

SANTA CRUZ DO RIO PARDO


2020
CARLOS ROBERTO FOMES

MUDANÇAS NO RITUAL BATISMAL E SUAS CONSEQUENCIAS ATUAIS

( ) Orientador: _____________________________________________________________

( ) Leitor: _________________________________________________________________

Nota: ________

Observações: ______________________________________________________________
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Santa Cruz do Rio Pardo, ............ de ............................ de 2020.

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Assinatura
AGRADECIMENTO

Agradeço a Deus a oportunidade de me aprofundar na riqueza que a Igreja tem para as

famílias; à minha esposa, companheira desta jornada, que me ajuda viver nesta que é

conhecida como a célula mater da sociedade; aos meus pais, que me transmitiram valores,

com palavras e exemplos e à Comunidade da Paróquia São Benedito, em especial, ao padre

David Antonio da Silva, pelo acompanhamento nos estudos e membros da CERS –

Comunidade Evangelizadora para a Reconciliação e Serviço (dos MSP).


“Quem pode fazer puro aquele que foi concebido de imunda semente? Quem
senão tu, que és só (puro)?”
Jó XIV,4 (Vulgata)
RESUMO

À margem do rio Jordão, João Batista prega a conversão dos pecados como meio para se
receber o reino de Deus que está próximo. Jesus entra na água, como todo o povo, para ser
batizado. Para os judeus, o batismo era um rito penitencial; por isso, aproximavam-se dele
confessando seus pecados. Entretanto, o que Jesus recebe não é só um batismo de penitência;
a manifestação, do Pai e do Espírito Santo dão-lhe um significado preciso. Jesus é proclamado
"filho bem-amado" e sobre ele desce o Espírito que o investe da missão de profeta (anúncio
da mensagem da salvação), sacerdote (o único sacrifício agradável ao Pai), rei (messias
esperado como salvador).
Tem início, então, a missão de Jesus Cristo, mostrar ao homem o combate entre as forças do
bem contra as forças do mal. O homem decaído, é elevado à condição de filho de Deus. A
felicidade natural rejeitada pelo proto homem, viver no paraíso – é agora ampliado ao máximo
- o homem é convidado à felicidade eterna com Deus. Não, sem antes, combater o mau em
todas as situações e realidade vividas.
O pecado nos debilita, nos afastando cada vez mais de Deus Amor, e nos levando a busca do
prazer-dor. Em busca do prazer (felicidade efêmera) o homem se escraviza, perdendo a
liberdade de escolher fazer o melhor bem.
É preciso “arrancar” o homem da escravidão do pecado, das “garras” diabólicas da velha
serpente, Satanás, que não deseja que o homem conheça a Deus, e quer que o homem ignore
sua própria existência entre nós.
“e conhecerereis a verdade, e a verdade vos tornará livres (do pecado)”. Jo VIII, 32
(Vulgata)
O amor do Pai e do Filho, o Espírito Santo, agora se nos é derramado nos dando a força
necessária para nos livrarmoss da escravidão do pecado, e viver já aqui na terra o imenso
amor de Deus.
Uma vez experimentado este Amor, Ele impulsiona a anunciar a Boa Nova, a cumprir a
missão de todo batizado, para que todos conheçam Cristo Jesus e encontrem a verdadeira
felicidade.

Palavras-chave: Batismo. Rito, Oração. Missão.


ABSTRACT

On the banks of the Jordan River, John the Baptist preaches the conversion of sins as a means
of receiving the kingdom of God that is at hand. Jesus enters the water, like all the people, to
be baptized. For Jews, baptism was a penitential rite; therefore, they approached him
confessing their sins. However, what Jesus receives is not just a baptism of penance; the
manifestation of the Father and the Holy Spirit give it a precise meaning. Jesus is proclaimed
"beloved son" and the Spirit descends on him who invests him with the mission of a prophet
(announcement of the message of salvation), a priest (the only sacrifice pleasing to the
Father), a king (a messiah expected as a savior).
Then begins the mission of Jesus Christ, to show man the struggle between the forces of good
against the forces of evil. Fallen man is elevated to the condition of a son of God. The natural
happiness rejected by the proto-man, living in paradise - is now extended to the maximum -
man is invited to eternal happiness with God. No, without first, fighting the bad in all
situations and reality lived.
Sin weakens us, moving us further away from God Love, and leading us to seek pleasure-
pain. In search of pleasure (ephemeral happiness) man enslaves himself, losing the freedom to
choose to do the best good.
It is necessary to "pull" man out of the bondage of sin, from the diabolic "claws" of the old
serpent, Satan, who does not want man to know God, and wants man to ignore his own
existence among us.

Keywords: Baptism. Rite. Prayer. Mission.


Lista de Abreviaturas

CNBB – Confederação Nacional dos Bispos do Brasil


CDC – Código do Direito Canônico
CIC – Catecismo da Igreja Católica
CL – Exostação Apostólica Christifideles Laici
DAp – Documento de Aparecida, Conclusões da Conferência de Aparecida
Dz - Dezinger
DSI - Compêndio da Doutrina Social da Igreja
EG – Exortação Apostólica Evangelii Gaudium
FC - Exortação Apostólica Familiaris Consortio
GE – Gaudium Spes - Constituição Dogmática Gaudium et Spes
MECE – Ministro Extraordinário da Comunhão Eucarística
NM - Carta Apostólica Novo Millennio Ineunte
RH – Carta Encíclica Redemptor Humanis
RICA – Ritual de Iniciação Cristã de Adultos
Conteúdo
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 9
2 O BATISMO E SEUS MUITOS RITOS ................................................................... 11
2.1 O Batismo fora da Igreja Católica ............................................................................. 11
2.1.1 - Wicca .......................................................................................................................... 12
2.1.2 – Umbanda e Candomblé ............................................................................................ 13
2.2 – Ritos de batismos cristãos ....................................................................................... 14
2.2.1 - Denominações Cristãs ............................................................................................... 15
2.2.2 – Igreja Ortodoxa ........................................................................................................ 17
2.2.2.1 Igreja Ortodoxa Grega de Antioquia, ou Baṭriyarkiyya Anṭākiyya wa-Sāʾir
al-Mashriq li'l-Rūm al-Urthūdhuks ..................................................................................... 17
2.2.2.2 Igreja Ortodoxa Russa, ou Russkaya Pravoslavnaya Tserkov ........................ 18
2.2.2.3 Igreja Ortodoxa Polonesa, ou Polski Autokefaliczny Kościół Prawosławny .. 19
2.3 Os vários ritos de Batismo da Igreja Católica Apostólica Romana ........................ 19
2.3.1 – Batismo Intimista...................................................................................................... 19
2.3.2 – Rito Batismal pós Reforma de Paulo VI ................................................................. 21
2.3.2.1 – Batismo de crianças........................................................................................... 21
2.3.2.2 – Batismo de adultos. ........................................................................................... 23
2.3.3 – Ritual Batismal Extraordinário de Rito Romano.................................................. 24
2.3.4 – Rito Batismal na Idade Média ................................................................................. 31
2.3.5 – Rito Batismal na Igreja Primitiva ........................................................................... 35
2.4 Questões sobre o Batismo............................................................................................ 41
3 CONTEXTUALIZAÇÃO ........................................................................................... 48
4 A MISSÃO .................................................................................................................... 50
4.1 O pecado de não colaborar com Deus ........................................................................ 50
4.2 A missão do batizado - Cultivar o Batismo ............................................................... 52
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 53
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 56
9

1 INTRODUÇÃO

A Segunda pessoa da Santíssima Santidade, que veio a nós, Se encarnando nos


trouxe a boa nova, por meio de Jesus Cristo descobrimos que podemos nos libertar das garras
satânicas do pecado.
Certo é que alguma das Tres Pessoas da Santíssima Trindade teria que Se encarnar.
Tão grande ofensa, a de virar as costas Àquele que nos fez para amá-lO, não poderia jamais
ser reparada pela humanidade decaída, mesmo todas gerações de todos os tempos juntas, não
poderiam reparar tamanha ofensa.
São João nos conta em seu livro do Apocalipse, no capítulo XII versículo 4, que a
terça parte dos anjos foi precipitada juntamente com o a velha serpente, e nos alerta sobre
nossa vida aqui, pois: “Ai da terra e do mar, porque o demônio desceu a vós com grande ira,
sabendo que lhe resta pouco tempo (para perder as almas).
Pela não escuta da Palavra de Deus, o homem incorre em pecado, uma invenção
angélica, que desconhecemos sua real extensão e magnitude, em ofensa ao Deus de Amor.
O salário do pecado é a morte, nos explica São Paulo em sua epístola aos Romanos.
O que significa que estamos privados da verdadeira vida, da vida eterna, da eterna felicidade
em/com Deus. Vemos ainda, nesta mesma epístola, em seu capítulo 5, versículo 12, que "Por
isso, como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim a
morte passou a todo o gênero humano, porque todos pecaram..."
O Catecismo nos ensina ainda:
391. Por detrás da opção de desobediência dos nossos primeiros pais, há uma
voz sedutora, oposta a Deus (266), a qual, por inveja, os faz cair na morte
(267). A Escritura e a Tradição da Igreja vêem neste ser um anjo decaído,
chamado Satanás ou Diabo (268). Segundo o ensinamento da Igreja, ele foi
primeiro um anjo bom, criado por Deus. «Diabolus enim et alii daemones a
Deo quidem natura creati sunt boni, sed ipsi per se facti sunt mali – De facto,
o Diabo e os outros demónios foram por Deus criados naturalmente bons;
mas eles, por si, é que se fizeram maus» (269). (CIC 391).

O Concilio Vaticano II aborda satanás e seus demônios, aproximadamente 18 vezes,


no mínimo.
Não se pode desprezar a existência de causas externas que levam o homem a se
afastar de Deus, mesmo depois de ter dado início a uma caminhada de fé.
O Catecismo da Igreja Católica afirma em suas primeiras páginas que Deus sempre
está próximo do homem; convida-o a O conhecer e amar, unir-se à Ele, à Igreja e participar de
Sua vida bem-aventurada.
10

Deus, infinitamente perfeito e bem-aventurado em Si mesmo, num desígnio


de pura bondade, criou livremente o homem para o tornar participante da sua
vida bem-aventurada. Por isso, sempre e em toda a parte, Ele está próximo
do homem. Chama-o e ajuda-o a procurá-Lo, a conhecê-Lo e a amá-Lo com
todas as suas forças. Convoca todos os homens, dispersos pelo pecado, para
a unidade da sua família que é a Igreja. Para tal, enviou o seu Filho como
Redentor e Salvador na plenitude dos tempos. N'Ele e por Ele, chama os
homens a tornarem-se, no Espírito Santo, seus filhos adotivos e, portanto,
herdeiros da sua vida bem-aventurada (CIC, 1993, n.1).
O padre Paulo Ricardo, em seu site que contém um texto entitulado “A obra da
redenção de Cristo na Igreja2”, nos diz:
O Verbo de Deus se fez carne para, rasgando o "véu do templo (...) em duas
partes de alto a baixo" (Cf. Mt 27, 51), "abrir os olhos aos cegos, para tirar
do cárcere os prisioneiros e da prisão aqueles que vivem nas trevas" (Cf. Is
42, 7). Pe. PAULO RICARDO
Como chegar à Deus? Ele nos envia a Graça Santificante, graça suficiente que nos
leva à procura de Deus.
Como nos manter no caminho que leva à Deus? Ele nos oferece a Graça Atual.
Nos resta então, dar nossa resposta afirmativamente ao grande amor de Deus. O que
se inicia obedecendo ao mandato de Cristo, o evangelho. Em seguida, como adesão ao
evangelho, aceitamos o batismo, como “a porta do amor”, nos introduzindo na vida da graça e
prontos à recepção dos demais sacramentos.
É justamente sobre o batismo que se quer apresentar neste trabalho, a força que sai
de Cristo, suficiente para nos livrar das garras demoníacas, porém, a ação demoníaca cada vez
mais sentida pelos crentes, faz com que o homem velho renasça em cada tentação.
Possuindo nossa alma, tres grandes inimigos, conforme São João da Cruz, sendo eles:
o diabo, o mundo e a carne, se torna difícil para o homem, sua caminhada em santidade, rumo
à Cidade de Deus.
Para uma caminhada, há que se conhecer o destino. Conhecendo o destino há que se
escolher a estrada. Escolhendo a estrada, pode-se melhor escolher o transporte, ou forma de
chegar ao destino. Há que se escolher bem o transporte, não o mais confortável, não o mais
rápido, não o mais robusto, mas, de acordo com o percurso a se seguir e o destino a ser
alcançado.
Veremos ao longo deste trabalho, que o rito batismal, se nos apresentará como o
meio transporte, responsável para que os crentes cheguem o mais fácil e o mais rápido
possível e desejável à Cidade de Deus, meta de cada ser na cidade dos homens.
11

2 O BATISMO E SEUS MUITOS RITOS

Antes de entrarmos propriamente no tema do Batismo e seus muitos ritos, há que se


especificar o que é rito.
Podemos encontrar na internet a definição de rito, qual seja:
O termo rito tem vários sentidos. Rito é um pouco diferente de ritual, dando
continuidade ao mito. No sentido mais geral, é uma sucessão de palavras e
atos que, repetida, compõe uma cerimônia. Apesar de seguir um padrão, o
rito não é mecanizado, pois pode atualizar um mito, mantendo ensinamentos
ancestrais e sagrados. Wikipédia 2020
Dado que se apresenta neste trabalho de conclusão do curso de Teologia, nada mais
apropriado, que buscar a definição em documentos católicos. No caso encontramos:
Chama-se rito ao conjunto de fórmulas e cerimônias que a Igreja usa para
prestar a Deus o culto que lhe é devido.
O rito pode ser de instituição divina e de instituição eclesiástica.
O de instituição divina chama-se essencial porque constitui a essência
mesma do Sacrifício e dos Sacramentos; o de instituição eclesiástica é
chamado também acidental e tem como fim desenvolver e aclarar os ritos
essenciais.
Os ritos acidentais formaram-se sob a influência de factores climatéricos e
históricos e podem até desaparecer; na Igreja são muitos e variados.
Podemos dividi-los em dois grupos: orientais e ocidentais. Nos orientais,
temos o rito grego, siríaco, maronita, russo, eslavo, búlgaro, romeno, copta e
abissínio. Nos ocidentais podemos distinguir o romano, o milanês, o
galicano, o moçárabe, o céltico e, em Portugal, o bracarense que foi
restaurado pela bula de 14 de Maio de 1919.
No ocidente o rito predominante é o Romano. Dos outros ritos ocidentais
nenhum existe na sua pureza primitiva; têm sofrido de tal modo a influência
do rito romano que já pouco se encontra da sua primeira forma. Podem, no
entanto, encontrar-se vestígios da sua existência na liturgia de algumas
Ordens religiosas e na de algumas regiões. (LOURENÇO, José. 1945 pg.
211 2 212)
Há ainda que se dizer que, o batismo tal como o conhecemos, somente é aplicado em
religiões e seitas. Muitas vezes se confunde um ritual de iniciação com Batismo.
Far-se-á uma rápida abordagem sobre os vários ritos de batismo, em várias seitas e
religiões, sem contudo nos esquecer que o alvo é o rito batismal adotado na Igreja Católica
Apostólica Romana, logo, as demais serão abordadas sem grande aprofundamento.
Com isso feito, podemos agora discorrer sobre os diversos ritos utilizados no
Batismo, em que abordaremos eventualmente, ora o batismo de crianças, ora o batismo de
adultos.

2.1 O Batismo fora da Igreja Católica


O conceito de batismo tem sua justificação de acordo coma crença, logo, as diversas
seitas e religiões, imprimem um rito conforme em quê acredita introduzir, aquele que quer
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fazer parte e está sendo aceito como integrante.

2.1.1 - Wicca
Vivemos tempos ultramodernos, em um tempo de grandes mudanças, com perda de
referenciais e aumento crescente do individualismo e do relativismo; um tempo de
desorientação e crise, um tempo líquido onde tudo se escorre.
Sendo o homem um ser social, há que se encontrar na sociedade, e se identificar
socialmente a um grupo específico. E isto se faz quando se introduz em um grupo social, ou
um grupo religioso.
O homem sempre buscou explicar o que não consegue entender, sempre buscou
desvelar o que encontra velado, descobrir o encoberto, um olho no passado e um no futuro.
Assim, passa a buscar descobrir os mistérios, a magia, o esotérico.
É nese contexto que sugem seitas de magias e bruxarias, o Wicca, por exemplo.
Wicca – Uma seita politeísta, incentivada por maçons e rosacruzenses
(possivelmente em 1939), na pessoa de Gerald Brosseau Gardner (1884-1964), cuja crença se
baseia na existência de diversos deuses, se baseia em crenças pré-cristãs e práticas da europa
ocidental no que concerne às crenças no sobrenatural e em princípios físicos e espirituais,
masculinos e femininos. Bastante difundida entre jovens adolescentes, principalmente entre as
jovens estudantes de classe média. Logo que uma criança nasce, em um seio de seguidores
Wicca, ela é ungida com óleos sagrados e dons mágicos, que lhes são dados como um
presente à criança que se espera, seja mais uma seguidora Wicca, se for menina, que pertença
a uma “covens” (agregação de bruxas – a palavra pode designar também uma reunião de
bruxos), e se for um menino, que pertença aos “crafts” (artesãos, numa tradução literal).
Na seita denominada Wicca, o batismo não compromete a criança, ou seja, não a
obriga a seguir a seita, visto que isto ela decidirá mais tarde, quando tiver mais idade, assim
diz seus seguidores.
O ritual de batismo, acontece com a invocação de deuses que irão transmitir beleza,
saúde e proteção à criança.
Já no ritual para adultos, geralmente realizados na fase da lua cheia, existe uma
variada gama a se seguir: No individualismo, após um ano e um dia de estudos, o iniciante
está pronto para se engajar em um grupo que o iniciará em um rito apropriado. Em grupo (ou
covens), os iniciantes se reunem em locais de pouca luz, à luz de velas na maioria das vezes,
para fazerem seus estudos e troca de experiências.
O Rito consiste no uso de diversas ferramentas mágicas, velas, insensos, um cálice
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que simboliza a vulva da deusa tríplice e uma faca, chamada athame, que simboliza o falo do
deus cornífero; não podendo faltar um círculo, que pode conter o desenho de um pentagrama
com um altar ao centro que pode ser de diversos tamanhos.
Não raro os ritos de iniciação de adultos envolvem práticas sensuais e até a prática
direta de relações sexuais, dos iniciados entre si, ou com os iniciadores, porém, é mais comum
a simbolização da prática sexual com o uso da athame e do cálice.
A iniciação ou batismo tem por finalidade ensinar o uso de poderes mágicos para
proveito próprio e defesa espiritual pessoal.

2.1.2 – Umbanda e Candomblé


Na Umbanda, como no Candomblé, o batismo é visto mais como uma forma de
iniciação.
Sendo que no Candomblé, que é afro-brasileira, derivado de cultos africanos, existe o
ritual chamado de ÌKÓMOJÁDE, que consiste na visitação de um babalowô da comunidade, à
criança com 7 ou 9 dias, conforme o sexo ou se gêmeos no 8º dia. Neste ritual o babalowô
insere líquidos e comidas na boca da criança, as que ela não puder engolir, sua mãe o fará. A
finalidade principal do batismo (ou iniciação) é de afastar do batizado, todos os males.
Os ingredientes são: água, pimenta, terra, o ogbi e o orogbô (as duas sementes que
simbolizam os laços de amizade e a longevidade, respectivamente), o sal, o mel ou cana de
açúcar, axeite de dendê e o peixe.
Após a ingestão por parte da criança e da mãe, acontece a récita de ofós, então toda a
comunidade dança e canta em homenagem ao iniciado e louvor aos Orixás, deuses africanos
ligados às famílias e clãs.
Assim como no Candomblé, a Umbanda, religião monoteísta a afro-brasileira surgida
em 1908, fundada por Zélio Fernandino de Moraes, também cultua os Orixás, que passam de
200, muitos deles, os da Umbanda mantém uma equivalência com os santos da Igreja católica.
Tanto no Candomblé, quanto na Umbanda, não é comum o batismo de assistentes e
frequentadores, mas, sim o batismo daqueles que são chamados “filho de fé”. Aqui se deve
enfatizar que o “batismo” não é propriamente aplicado a membros da assistência e
frequentadores, mas, sim, àqueles que execerão atividades aplicáveis à comunidade.
Na Umbanda, o batismo é uma apresentação às divindidas cultuadas, para que essas
divindades protejam seus protegidos, seus espíritos encarnados.
Os padrinhos são partes importantes nos rituais de batismo no Candomblé ou na
Umbanda, se bem que os especialistas em Candomblé, negam o nome de batismo, por
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insistidamente negarem o simbolismo de renascimento, pois sua credulidade reside na


reencarnação, algo muito parecido com o Espiritismo, o que aliás, fora do continente Africano,
a mistura do Candomblé com o Espiritismo Kardecista é muito forte. Visto que a Umbanda
surgiu no Brasil por volta de 1928, este recebeu fortes influências do Espiritismo e
Catolicismo. Daí seu rito e “ingredientes” em muito se relacionam aos “sacramentais” da
Igreja Católica.
No ritual de batismo na Umbanda, são admitidos até 2 casais de padrinhos para a
criança ou o adulto, em se falando de padrinhos encarnados, pois existe a figura dos
“Padrinhos Espirituais”, enquanto os primeiros assumem a responsabilidade de orientar o
afilhado juntamente com o sacerdote, os segundos, tomam o amparo, o Orixá Cabeça (de
frente) juntamente com o Orixá Juntó (Adjunto).
No ritual existe a matéria e a forma, quais sejam:
Matéria: As matérias são apresentadas durante o ritual e proferidas a forma em cada matéria.
Pemba Branca – representa o grande Oxalá;
Incenso – representa Iansã;
Sal – representa Ogum;
Fogo ( a vela do batismo) – representa Xangô;
Óleo – representa Oxóssi;
Água – representa Iemanjá, Oxum e Nanã
Forma: O oferecimento ou consagração a determinada entidade Orixá, termina dizendo:
E Finalmente a Obaluâe a bondade e o carinho dos teus velhos espíritos
venha a doutrinar esse filho no caminho do bem e da responsabilidade
com ele pedimos aos padrinhos que intercedam sempre em tudo o que
achares errados em seu filho no decorrer dessa nova caminhada. SARAVÁ
Obaluâe. (Rejane de Xangô. Umbanda-Candomblé – Batismo)

Os rituais, tanto do Candomblé, quanto da Umbanda, não têm sofrido variações ao


longo dos tempos, porém, é grande a queixa de miscigenações no conteúdo do culto aos
orixás. Muitos reclamam que surgiram muitos novos conceitos e interpretações no lugar do
conhecimento herdados dos “velhos na roça”.

2.2 – Ritos de batismos cristãos


Na atualidade, não há consenso entre os cristãos quanto ao ritual batismal.
Muitos são os ritos, pois, várias são as interpretações acerca da finalidade do batismo.
Existem denominações cristãs, que apelam à fé, como elemento mais que necessário
para a ocorrência do batismo, logo, não admitem o batismo sendo ministrado às crianças.
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Entre as inúmeras denominações cristãs, as chamadas “históricas”, como a Metodista


(surgiu em 1739 fundada pelos irmãos John e Charles Wesley), Episcopalina (conjunto de
igrejas protestantes com governo episcopalino), Luterana (em 1521 pela excomunhão de
Martinho Lutero) e Anglicana (surgiu em 1534, mas alegam terem origem celta no séc. VI),
por exemplo, mantém um ritual parecido ao adotado pela Igreja Católica, seja Ortodoxa ou
Romana.
As denominações cristãs históricas não aceitam os 7 sacramentos, mas aceitam o
sacramento do batismo como importante ritual necessário à salvação da alma, por isto
apresenta ritual comum, O que difere em muito, das denominações cristãs, que acreditam que
o batismo não tem a qualidade de purificação ou justificação, mas sim, como explicitação da
crença, da fé, aqui mencionamos as denominações mais atuais, tanto de cunho pentecostal,
como neopentecostalista.
Poderemos ver logo adiante, os rituais de batismo se apresentam por imerção nas
águas, ou por ablução ou espargimento, ou seja, pode ser por mergulho do batizzando em
águas, ou por borrifamento ou derramamento de água sobre o batizando.
Há que se compreender que, atualmente, a imensa maioria cristã, já não crê no
batismo como necessário à salvação, e sim um ritual de iniciação à fé cristã, inclusive
católicos que estão impondo transformações no significado batismal, com consequente
alteração no ritual.
O ritual quando não bem compreendido, dá permição à mudanças rituais, como
exemplo, o que está ocorrendo em meio à pandemia imposto por um vírus que causa a doença
COVID-19, pois, o humano é mais importante que o sagrado, o que acontece ao corpo é mais
importante do que o que acontece à alma, como veremos adiante no ritual intimista. Vejamos:

2.2.1 - Denominações Cristãs


As denominações cristãs mais antigas, chamadas de “históricas”, apresentam um
batismo com ritual carregado de sacralidade. Aquelas que derivam da “reforma protestante”
em 1516, como a Luterana e a Calvinista, ou ainda, os Anglicanos, são as mais conservadoras
no sentido do ritual de batismo, podemos ainda incluir os Batistas, Metodistas, Adventistas, e
outros. Estas denominações não aceitam o batismo de crianças, justamente por entenderem
que o batismo é uma ordenança de Jesus Cristo: “ E disse-lhes Jesus: Ide por todo o mundo,
pregai o Evangelho a toda criatura 16. O que crê e for batizado, será salvo; o que, porém, não
crer será condenado. ( Mc 16, 15-16) Pode-se abstrair daí, que a criança não pode crer, logo,
segundo estes, não pode ser batizada.
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As novas denominações cristãs, para diferenciar das históricas, apresentam maior


dificuldade em aceitar o batismo infantil, por duas razões ao menos:
1) Considerar essencial para a salvação, uma conversão, uma mudança no modo de
vida, do “paganismo” ao “cristianismo”, ou seja, é necessária uma experiência de
conversão para a salvação da alma, livrando-a da danação eterna.
2) Prática de uma teologia sacramental desvinculada da graça da Igreja. O batismo é
visto como um selo de justiça que vem pela fé.

Tem se tornado bastante comum a dessacralização do batismo, ou seja, o batismo


passa a ser interpretado, apenas como uma adesão a esta ou àquela denominação. O batismo é
interpretado como uma aceitação a Jesus Cristo como seu único salvador.

Havendo a dessacralização do batismo, já existem algumas denominações que


defendem o batismo entre crianças, alegando que não apenas a conversão é necessária para a
salvação, mas, também agradar a Deus.

Entre as novas denominações, por sua crença na finalidade do batismo, os rituais se


alternam entre imersão e asperção, porém, muitas delas com inculturação. Haja visto que a
denominação chamada Bola de Neve Church ( fundada em 1999 por Rinaldo Luiz de Seixas
Pereira) leva seus candidatos a integrantes desta denominação, até um parque aquático, e lá
são imersos em água, após descerem por um toboágua, até prancha de surfe já foi utilizado
para o batismo.

Existem algumas denominações, poucas, que batizam em nome da S.S. Trindade,


como existem algumas denominações, a maioria, que batizam em nome de Jesus, algumas por
entender que Jesus representa a Santíssima Trintade, sendo assim, ao batizar em nome do
Senhor Jesus, segundo estes, é o mesmo que batizar em nome da S.S. Trindade, outras por
utilizar das palavras de Pedro: “Pedro então disse-lhes: Fazei penitência, e cada um de vós
seja batizado em nome de Jesus Cristo, para remissão de vossos pecados, e receberereis o dom
do Espírito Santo (At 2,38). E mais recentemente, algumas das novas denominações não
fazem uso de nenhuma palavra, tão somente: “Eu te batizo”.

Podemos perceber que não há consenso entre as diversas denominações cristãs.


Algumas batizam em nome de Jesus, outras em nome da Santíssima Trindade, outras nem
fazem menção à Deus. Algumas batizam por imersão, fazendo uso de textos bíblicos, outras
batizam por imerção, fazendo alusão a textos bíblicos. Algumas batizam apenas adultos, a
17

maioria, já há algumas poucas denominações defendendo o batismo infantil. Algumas


possuem ritual definido, outras rituais inculturados, e outras rituais sem regras claras.

É consenso entre as novas denominações cristãs que o batismo não salva, mas,
acompanha a salvação.

2.2.2 – Igreja Ortodoxa


Surgida apartir do grande cisma em 1054, é autodenominada como uma comunhão
de igrejas cristãs autocéfalas. Conforme a wikipedia.org, autocefalia é o estado segundo o
qual o bispo cabeça de uma igreja não se reporta a nenhum outro bispo superior que tenha
autoridade sobre outras igrejas. Ainda que hajam diferenças teológicas, em diversos aspectos,
a Igreja ortodoxa se assemelha à Igreja Católica, preservando os 7 sacramentos (tomados
emprestados dos catecismos católico romano), incluindo aí, o sacramento do batismo. De
maneira geral, a Igreja Ortodoxa preserva quase que totalitariamente, o rito Bizantino.
Vejamos singularidades e um pouco do seu rito batismal:

2.2.2.1 Igreja Ortodoxa Grega de Antioquia, ou Baṭriyarkiyya Anṭākiyya wa-Sāʾir al-


Mashriq li'l-Rūm al-Urthūdhuks

Os pais devem ser batizados na Igreja Ortodoxa ou na Católica Romana, existe a


mesma exigência para com os padrinhos.

São aceitos padrinhos menores de 18 anos. No caso de batismo de criança, os pais e


padrinhos devem “comungar” no lugar da criança. Os pais ou os padrinhos devem levar uma
toalha branca grande para o ritual.

Normalmente a água é aquecida. A água é tornada benta com um crucifixo


mergulhado 3 vezes na água, invocando a Santíssima Trindade. O batismo ocorre juntamente
com o Crisma e a Eucaristia.

O sacerdote recebe a criança e pergunta o seu nome. A criança é despida de suas


vestes. A criança é mantida suspensa, dentro da pia batismal, então derrama-se 3 porções de
água, a cada derramamento invoca-se cada uma das Pessoas da Santíssima Trindade, e todos
os presentes respondem a cada derramamento: “amém”.

Em seguida a criança é envolta na toalha branca, quando então se lhe é cortada 3


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mechas de cabelo, simbolizando que se confia à Deus o destino da criança batizada. Após, é
com uma espátula, colocado mel na boca da criança, simbolizando a doçura da essencia de
Cristo.

Na sequência é utilizado óleo crismal, faz-se o sinal da cruz por tres vezes, em cada
uma se diz: “Sede dom do Espírito Santo”, uma na fronte, uma no braço direito e uma no
braço esquerdo. Seguem-se os cantos, enquanto a criança é vestida com vestes brancas que
simbolizam a pureza (adquirida) na alma. Os pais e padrinhos beijam, então, o Livro Sagrado.

Finalmente, acontece uma pequena procissão incensada dentro da capela,


apresentando assim, a criança batizada à toda a Igreja. Nesta procissão, o pai e o padrinho,
cada um carrega uma vela acesa, iluminando o caminho da criança, enquanto o sacerdote vai
adiante com orações insensando o caminho.

No ritual se inclui a récita do Credo Niceno e a renúncia a satanás.

2.2.2.2 Igreja Ortodoxa Russa, ou Russkaya Pravoslavnaya Tserkov

Após o grande cisma ocorrido em 1054, com o tempo surgiram diferenças na forma
de realizar o sacramento do batismo entre a Igreja Ortodoxa e a Igreja Católica. A Igreja
Ortodoxa Russa adotou rito no batismo, muito parecido com o rito visto anteriormente, o da
Igreja Ortodoxa Grega de Antioquia. Vejamos algumas características:
O batismo pode ocorrer em crianças apartir do oitavo dia de nascimento, bastando os
pais e padrinhos se responsabilizarem pela educação da criança no espírito da fé cristã.
O batismo na tradição ortodoxa russa se faz com 3 submerções completas em uma
pia, já com a água benta, em nome da Santíssima Trindade a cada submerção, com a
finalidade de simbolizar a morte e o renascimento de Jesus Cristo.
Igualmente, a Crisma ocorre em seguida ao batismo, onde os pais irão comungar em
lugar da criança, estando devidamente preparados.
A récita do Credo Niceno, da renúncia às obras de satanás, é seguida pela vestidura
de roupas brancas no batizando e uma vela branca é acesa.
O batismo de adultos, geralmente ocorre em rio, em local devidamente preparado,
onde o adulto faz tres imerções, em cada uma, traça sobre si o sinal da cruz, na fronte, no
ventre, no ombro direito e no ombro esquerdo.
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2.2.2.3 Igreja Ortodoxa Polonesa, ou Polski Autokefaliczny Kościół Prawosławny

Uma curiosidade sobre a Igreja Ortodoxa Polonesa é que em 1948, quando os


comunistas tomaram o governo da Polônia, o metropolita de Varsóvia foi deposto por causa
de sua oposição ao novo regime. Mas neste mesmo ano, o Patriarca de Moscou reconheceu a
Autocefalia da Igreja Ortodoxa da Polônia.
Hoje, a Igreja da Polônia é liderada pelo Arcebispo Metropolitano de Varsóvia e de
Toda a Polônia e inclui seis eparquias (dioceses): Varsóvia e Bielsk, Bialystok e Gdansk, Lodz
e Poznan, Wroclaw e Szczecin, Lublin e Chelm, e Przemysl e Nowy Sacz, além de uma
unidade fora da Polnia que é a Eparquia do Brasil . A maioria dos cristãos ortodoxos estão
localizados no leste da Polônia, onde o Eslavo antigo é a língua litúrgica. Mas existem
algumas paróquias, espalhadas por toda a Polônia, onde o polonês é utilizado durante os
serviços. Nas últimas décadas os crentes ortodoxos também voltaram à região Lemko, que faz
parte da Eparquia de Przemysl e Nowy Sacz. O eslavo antigo é geralmente utilizado como
língua litúrgica na área Lemko. Estima-se que há cerca de um milhão de Ortodoxos na
Polônia.
O rito na Igreja Ortodoxa Polonesa para o batismo em muito se aproxima das demais
ortodoxas já citadas. Podemos citar apenas como diferença, que a água batismal depois de ter
sido insensada, recebe o óleo crismal antes de submergir a criança por tres vezes. No mais,
segue o mesmo rito, terminando com uma pequena procissão com cânticos dentro da capela,
para assim, apresentar o neófito à assembleia.

2.3 Os vários ritos de Batismo da Igreja Católica Apostólica Romana


Iremos agora, verificar o rito do Batismo introduzido e aplicado na Igreja Católica,
do mais atual (Intimista), em tempos de pandemia, aos mais antigos e primitivos.
Devemos nos lembrar que a forma mais aplicada na atualidade, é a forma ordinária
atual, que provém da reforma de 1962 promovida pelo Papa Paulo VI.
A forma estraordinária no rito Romano, ainda é aplicado conforme autorização dada
em algumas dioceses pelos bispos por elas responsáveis, sendo que não são muitas as
dioceses, e menos ainda, as paróquias que se utilizam do Rito Extraordinário Romano. Este
rito, o extraordinário, é o mais antigo, precede a reforma de Paulo VI. Sobre ele, teremos
maiores informações, no momento de abordar o Rito Batismal na Idade Média.

2.3.1 – Batismo Intimista


No momento do desenvolvimento deste Trabalho de Conclusão de Curso, acontece
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uma pandemia por conta de um vírus. Esta pandemia (discutível) provocou diversas mudanças
na vida da sociedade e também da Igreja. O uso de máscaras, o distanciamento social para
evitar aglomerações, medidas de assepsia pessoal, etc., afetou também a rotina na aplicação
dos sacramentos, algo inpensável nos 15 primeiros séculos da Igreja.
Tais mudanças foram bem aceitas por boa parte da população católica atual, que
buscou se adaptar a não participar presencialmente em todas as ocasiões sacramentais,
recorrendo ao uso de tecnologias e consequentemente, de redes sociais, tanto para participar
da vida da Igreja, quanto para junto com familiares e amigos, aderirem à nova forma de
vivenciar e experenciar sua fé.
É neste contexto que surge o Batismo Intimista. O blogue xiquexiquebrasil dá as
dicas:
O blogue explica que neste tipo de celebração, não há o contato físico, mas sim, a
presença virtual de parentes e amigos do casal que iráa pedir o batismo para seu filho (a).
É sugerido que quem queira imitar, deve buscar informações em sua cidade acerca
das medidas que a paróquia está tomando, quanto a aplicação do sacramento do batismo.
Todo o segredo do sucesso desta celebração fica por contaa de um bom planejamento,
que começa até mesmo um mês antes do evento.
Definir o meio de transmissão: É sugerido o uso de redes sociais, as mais conhecidas
preferencialmente, e para a comemoração, o uso de aplicativos próprios para reuniões on line.
Escolha do tema: Aqui, a dica é que se use de temática incorporada, que como
informa o blogue: “Hoje em dia, outras temáticas são incorporadas e combinam muito bem,
como carneirinhos e nuvens”.
Monte um cardápio: Élembrado que não podem faltar determinados itens que
também comporão o cenário para as fotos e filmagens.
Lembrem-se dos itens de batismo: Aqui, é melhor reproduzir o texto, qual seja:
Em todo o rito do batismo são utilizados alguns itens importantes, como a toalha de
batizado, a vela e o terço. Alguns, a própria igreja cede, como a toalha e a vela. Entretanto,
são peças mais simples. Se você quiser algo mais elaborado, não se esqueça de incluir na lista
de coisas a providenciar. (Batismo Intimista, 2020, não paginado)

O blogue ainda sugere que para o dia da celebração, se entreguem ao momento


“cheio de bênçãos”, sem se esquecer de se cuidar sobre as orientações da COVID.
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2.3.2 – Rito Batismal pós Reforma de Paulo VI


A reforma de Paulo VI ocorrida em 1962, imprimiu fortes mudanças no rito utilizado,
até então,nosso próximo assunto.

2.3.2.1 – Batismo de crianças.


Os pais da criança a ser batizada procuram a secretaria paroquial para manifestar o
desejo de batismar seu(s) filho(s), informando a data de nascimento da criança, o nome dos
pais e dos padrinhos e a situação sacramental dos envolvidos, ao que a secretária solicita os
documentos necessários e informa a necessidade de participação, dos pais e dos padrinhos, em
um encontro preparatório em data próxima, com duração que varia de diocese para diocese,
em média de uma a uma hora e meia. A participação neste encontro, confere aos participantes,
pais e padrinhos, um certificado que fará parte da documentação exigida para o batismo. Este
encontro tem por finalidade demostrar a importância do batismo e das responsabilidades dos
padrinhos.
Os pais não necessitam ser casados entre si, nem precisam ser católicos, segundo a
maioria das exigências em cada diocese. Existem dioceses que exigem que os padrinhos
sejam católicos com mais de 16 anos, que possam testemunhar a vivência batismal. É sabido
o caso de algumas dioceses que não fazem mais esta exigência aos padrinhos, que deixa de
assumir a característica de padrinhos, para assumir a característica de testemunhas, logo, os
padrinhos não precisam ser em casal, não precisam ser casados, não precisam ser católicos.
O ritual batismal depende de cada celebrante, o que não pode ser tirado são, o
Evangelho, o rito da luz, promessa batismal e oração dos fiéis. O rito do Éfeta e a acolhida
pode variar ocupando lugar ou deixando de ser aplicada, conforme o celebrante.
O rito batismal em partes:
Saudação: O celebrante, podendo ser o sacerdote ou um diácono, mas, já há dioceses
em que um MECE ministra habitualmente o sacramento do batismo, visto o que consta no
CDC cap. II, cânom 861 §2. (CDC, 2008).
Na missa antes do batismo o padre chama no presbítero as mães com as crianças e
faz a apresentação dizendo o nome delas. Alguns celebrantes costumam levantar a criança e
fazer a apresentação dela à assembleia, mas, são poucas as que fazem isto, alega-se o risco de
o celebrante deixar a criança cair.
O celebrante pergunta aos pais e padrinhos o que querem da Igreja, depois pergunta
aos padrinhos se estão dispostos a colaborar com os pais na missão de educar na fé católica. A
cada pergunta, essas e outras elaboradas, os pais e/ou os padrinhos devem claramente dar suas
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respostas.
Sinal da Cruz. O celebrante faz o sinal da cruz.
O celebrante faz o sinal da cruz na testa da criança e pede para que os pais e
padrinhos o repitam.
A seguir, na Liturgia da Palavra, proclama-se um evangelho, sendo que um dos mais
aconselháveis é o de Jesus Cristo, segundo Mateus, no capítulo XVIII, versículos 19 e 20.
Quando o celebrante é um sacerdote ou diácono, acontece a homilia, pois, a Igreja prescreve
que um MECE não deve fazer homilia.
Oração dos fiéis. É permitido e até mesmo aconselhável que a Oração dos fiéis
tenha sido elaborada esplicitamente para o batismo, não seguindo, então, uma oração comum
já escrita fora da realidade do momento e atée mesmo da vivência paroquial. A cada
invocação, vem a resposta dos participantes, pais e padrinhos, e se for permitido, a assembleia
se houver.
Invocação dos Santos. Faz-se então a invocação dos santos da Igreja, e se inclui o
santo padroeiro da paróquia ou capela, com participação dos pais e padrinhos, bem como da
assembleia se houver.
Oração. Podendo ser elaborada previamente, para todo e qualquer batismo daquela
paróquia ou capela, ou a que o sacerdote intuir.
Unção pré-batismal. Unge-se o peito a criança com o óleo do batismo ou
catecumenos após uma sequência de diálogo entre o celebrante e os pais e padrinhos.
Procissão para o batistério. Não se usa mais.
Oração sobre a água. É feita na pia batismal com a mão na água, em um diálogo
entre o celebrante e os pais e padrinhos, e no final pede-se a Deus a benção para a água.
Promessas do batismo. Nas promessas batismais, acontece primeiramente a
“Renúncia” e depois o “Creio”. Renúncia às ações demoníacas e consequente crença na fé
católica.
Batismo. Na pia batismal, acontece então, propriamente o batismo acompanhado da
matéria e da forma prescrita.
Unção pós batismal. O celebrante profere umas palavras, e então, unge-se a testa da
criança com o óleo do Crisma e explica-se o porque.
Veste batismal. Enquanto a criança é vestida com roupa branca, profere-se algumas
palavras sobre as vestes brancas, a pureza e ação de Cristo.
Rito da Luz. Conduz-se o padrinho até o Cirio pascal entrega-se a ele a vela acesa,
explica-se o significado da vela acesa, dando 3 significados da fé, Luz de Cristo, luz do
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mundo, caminho do bem da qual temos todos que seguir. A vela derretendo significa que
Jesus se desmanchou numa Cruz por nós. Dá-se esses 3 exemplos, pede-se aos pais que
quardem a vela do batismo junto com a lembrança e o certificado, pedir para que o batizando
traga a vela do batismo na celebração da primira Eucaristia, e pedir para acender na
celebração do casamento e se tiver vocação sacerdotal, no dia da sua ordenação.
Éfeta. Não raro acontece a omissão desta parte, onde o celebrante molha com saliva
a ponta dos dedos e passa nos ouvidos e boca da criança, lembrando a ação de Cristo no
episódio em que encontra com um surdo e mudo (Cf. Mc 8, 32-35). A omissão tem sido
justificada pelos que omitem, em que poderia causar escândalo e sugerir falta de higiene tal
ação. E ainda, quando não omitido, em algumas paróquias, é realizado dentro do Rito de Luz.
Neste rito, o celebrante deve lembrar que os pais tem que ensinar a criança a ouvir a Palavra e
proclamar a Palavra, falar de Deus, quando Jesus curava os surdos e mudos não era para ouvir
palavas de baixo calão, e nem falar mal das pessoas alheias, mas sim ouvir e falar de Deus.
Oração do Senhor. Segue-se a Oração do Pai Nosso, após a citação por parte do
clebrante da importância do fato batismal.
Benção. A bênção precede a apresentação da criança à Nossa Senhora Mãe de Deus e
Nossa, a Sempre Virgem Maria. Esta bênção é um ritual prescrito, mas, pode ser intuída pelo
sacerdote no momento, como num diálogo entre o celebrante e os pais e padrinhos e a
assembleia se houver. Acontece então, a Consagração - quando tem madrinha, diz-se também
da obrigação da madrinha que é sempre de interceder batizando em oração, pelo bem estar da
criança; saúde vida espiritual. Ficam todos de frente à uma imagem da Virgem Santíssima e se
houver madrinha de consagração, faz-se a consagração, e conclui-se rezando a Ave Maria
Despedida. O celebrante faz a despedida dos participantes, ao que respondem:
Graças à Deus.

2.3.2.2 – Batismo de adultos.


O batismo de adultos deve ser precedido de uma catequese, com duração de até um
ano. O ideal é que a paróquia siga o RICA - Ritual de Iniciação Cristã, porém, os padrinhos
devem se inscrever para um Encontro de batismo, tal qual o encontro para o batismo de
crianças. Normalmente o batismo ocorre dentro uma Santa Eucaristia, acontecendo a
apresentação do catecúmeno e depois, o rito batismal, que é feito normalmente por
derramamento de água na cabeça. Após o que, o batizando é acolhido como cristão e saudado
pela assembleia. A matéria e a forma são idênticos aos do batismo de crianças. Algumas
paróquias adotam como parte do rito, o catecúmeno, antes de iniciar a celebração Eucarística,
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seguir à frente da procissão de entrada, logo após, se houver, a Cruz Processual.

2.3.3 – Ritual Batismal Extraordinário de Rito Romano


A mim pareceu, depois, de muito pesquisar e ponderar, ser este rito o mais completo,
que além, de conferir a graça necessária à salvação da alma, arranca verdadeiramente o
batizando das garras das potências infernais. Por esta razão, farei inicialmente uma transcrição
literal em português, lembrando que no Ordinário também consta em latim, para depois então,
tecer alguns poucos comentários. Vejamos:

O SACRAMENTO DO BATISMO CONFERIDO A


UMA CRIANÇA
PRIMEIRA PARTE
1. INTERROGATÓRIO
À porta da Igreja:
S. (Nome), que pedes à Igreja de Deus?
P. A fé.
S. Que te alcança a fé?
P. A vida eterna.
S. Se queres entrar na vida eterna, observa os mandamentos: Amarás ao Senhor, teu Deus,
de todo o teu coração, de toda a tua alma, de toda a tua mente e a teu próximo como a ti
mesmo.
2. INSUFLAÇÃO
O sacerdote sopra três vezes, em forma de cruz, sobre o rosto do Batizando:
S. Retira-te dele (dela), espírito imundo, e dá lugar ao Espírito Santo Paráclito.
3. SINAL DA CRUZ
Com o polegar da mão direita, traça o sinal da cruz na fronte e no peito da criança:
S. Recebe o sinal da Cruz na tua fro ⴕ nte e em teu coraⴕção, sê fiel aos celestes preceitos e
sejam tais os teus costumes que já te possas tornar o templo de Deus.
Oremos.
Senhor, ouvi clemente as nossas orações, nós vô-Lo pedimos! Guardai sob vosssa perpétua
proteção este vosso eleito (Nome) (esta vossa eleita (Nome)), marcado (a) com o sinal da
vossa Cruz.
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Fazei que ele (ela) se conserve fiel ao que lhe for ensinado sobre a grandeza da vossa glória e
que, pela observância dos vossos mandamentos, mereça alcançar a glória da regeneração.
Por Cristo Nosso Senhor.
R. Amém.
4. IMPOSIÇÃO DAS MÃOS.
Põe a mão sobre a cabeça da criança, depois mantendo-a estendida, diz:
Oremos.
Onipotente e Eterno Deus, Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, dignai-Vos dirigir Vosso olhar
para este vosso servo (Nome) (esta vossa serva (Nome)) que vos dignastes chamar aos
rudimentos da Fé. Desterrai para longe dele (dela) toda a cegueira do coração; Rompei todas
as correntes com que Satanás o (a) havia prendido. Abri-lhe, Senhor, a porta da vossa
piedade, a fim de que, marcado (a) com o sinal da vossa sabedoria fique livre da infecção de
todas as paixões e animado (a) pelo perfume dos vossos mandamentos, vos sirva em vossa
Igreja alegremente e progrida, cada dia mais. Pelomesmo Cristo, Nosso Senhor.
R. Amém.
5. IMPOSIÇÃO DO SAL.
Benção do sal, caso ele não seja bento. Caso esteja bento, pula-se para a próxima parte
S. Eu te exorcizo, sal, criatura de Deus, em nome do ⴕ Pai todo-poderoso, pelo amor de
Nosso Senhor Jesus ⴕ Cristo e pelo poder do Espírito ⴕ Santo. Eu te exorcizo por Deus ⴕ vivo,
por Deus ⴕverdadeiro, por Deus ⴕ santo, por Deus ⴕ, que te criou para proteção do gênero
humano e ordenou aos seus ministros te consagrassem para os que recebem o dom da Fé, a
fim de que, em nome da Santíssima Trindade, sejas instrumento de salvação e afugentes o
inimigo. E nós também Vos pedimos, Senhor Nosso Deus, que por vosso poder omnipotente
ⴕ santifiqueis este sal, vossa criatura, e o ⴕ abençoeis, para que aqueles que o recebem, nele
encontrem remédio salutar. Em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo que há-de vir julgar os
vivos e os mortos e o mundo pelo fogo.
R. Amém
Põe na boca da criança um pouco de sal benzido – símbolo da sabedoria – para preservar,
pela doutrina evangélica, da corrupção dos vícios e ser obstáculo àsmás paixões.
S. (Nome), recebe o sal da sabedoria, que te seja propício para conseguires a vida eterna.
R. Amém.
S. A paz esteja contigo.
P. E com o teu espírito.
S. Oremos.
Deus de nossos pais, Deus autor de toda a verdade, nós vos rogamos encarecidamente,
volvei vosso olhar de misericórdia para este vosso servo (Nome) (esta vossa serva (Nome))
que pela primeira vez, sente o sabor deste alimento – o sal. Não permitais que ele (ela) sinta
fome por mais tempo, mas saciai-o (a) com o alimento celeste. E ele (ela) seja sempre
fervoroso (a), alegre pela esperança e sempre dedicado ao vosso serviço.
Conduzi-o (a), Senhor, nós vo-Lo pedimos, à fonte do novo nascimento, a fim de que possa
ele (ela) merecer juntamente com os vossos fiéis, os prêmios eternos das vossas promessas.
Por Cristo Nosso Senhor.
R. Amém.
SEGUNDA PARTE
1. EXORCISMO
Ao traçar por três vezes o sinal da cruz sobre a criança o sacerdote diz:
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S. Eu te exorcizo, espírito imundo, em nome do Pai ⴕ , e do Filho ⴕ e do Espirito ⴕ Santo.


Retira-te deste filho (filha) de Deus N.. Este te ordena, maldito, Aquele que caminhou sobre
os mares e cuja mão poderosa não permitiu que Pedro se perdesse no seio das águas.
Portanto, demônio maldito, reconhece a tua condição de condenado, dá honra a Deus vivo,
a Jesus Cristo seu Filho e ao Espírito Santo, e deixa este filho de Deus (Nome) (esta filha de
Deus (Nome)), porque Jesus Cristo Nosso Senhor nosso Deus dignou-Se chamá-lo às águas
do batismo e à sua graça e bênção.
Traça uma cruz com o polegar sobre a fronte da criança:
S. E este sinal da Santa Cruz ⴕ , que nós traçamos em sua fronte, tu, demônio maldito, nunca
ouses violar. Por Cristo Nosso Senhor.
R. Amém.
Impõe a mão direita sobre a cabeça da criança, depois mantendo-a estendida, diz:
S. Oremos. Senhor Santo, Pai Onipotente, Deus eterno, autor da luz e da verdade, imploro
vossa eterna e justíssima piedade sobre este vosso servo (Nome) (esta vossa serva (Nome))
para que Vos digneis iluminá-lo (-la) com a luz da vossa inteligência. Purificai-o (-a) e
santificai-o (-a). Dai-lhe a verdadeira ciência, a fim de que, tendo se tornado digno (a) da
graça do Batismo, conserve firme esperança, juízo reto e doutrina santa. Por Cristo Nosso
Senhor. R. Amém.
2. ENTRADA NA IGREJA.
O Sacerdote impõe a ponta esquerda da estola sobre a cabeça da criança e a introduz
na Igreja, dizendo:
S. (Nome), entra no templo de Deus para teres parte com Cristo na vida eterna.
R. Amém.
Após entrar na igreja, o padrinho e a madrinha, na entrada da Fonte Batismal, recitam
em nome da criança e em voz alta, com o Sacerdote o Credo e o Pai Nosso.
Creio em Deus Pai, Todo-poderoso, Criador do Céu e da Terra; e em Jesus Cristo, um só
seu Filho, Nosso Senhor, o qual foi concebido do Espírito Santo, nasceu de Maria Virgem;
padeceu sob o poder de Pôncio Pilatos; foi crucificado, morto e sepultado; desceu aos
infernos; ao terceiro dia ressurgiu dos mortos, subiu aos céus; está sentado à direita de Deus
Pai, Todo Poderoso; donde há de vir a julgar os vivos e os mortos; creio no Espírito Santo; na
Santa Igreja Católica; na Comunhão dos Santos; na remissão dos pecados; na ressurreição da
carne; na vida eterna. Amém.
Pai Nosso, que estais nos céus, santificado seja o vosso nome, venha a nós o vosso reino;
seja feita a vossa vontade, assim na terra como no céu; o pão nosso de cada dia nos dai hoje
e perdoai-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores; e não
nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal. Amém.
TERCEIRA PARTE
1. EXORCISMO SOLENE
Antes de adentrar na Pia Batismal, de costas a ela, o Sacerdote ao traçar três vezes o
sinal da cruz sobre a criança diz:
Eu te exorcizo, espírito imundo, qualquer que sejas, em nome do Pai ⴕ onipotente e em
nome de seu Filho Jesus ⴕ Cristo, Nosso Senhor e Juiz e pelo poder do Espírito ⴕ Santo.
Afasta-te desta criatura de Deus (Nome), que Nosso Senhor se dignou chamar ao seu santo
templo, para
que ela mesma se torne um templo de
Deus vivo, e nele habite o Espirito Santo.
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Eu to ordeno por Cristo Nosso Senhor,


que há-de vir julgar os vivos e os mortos e
o mundo pelo fogo. R. Amém.
2. O EFETA
O Sacerdote umedece com saliva da sua própria boca o polegar da mão direita e com ele
toca as orelhas e as narinas do batizando, como fez Nosso Senhor, para curar o surdo-mudo.
Tocando as orelhas diz:
Efeta, quer dizer: abre-te.
Tocando as narinas diz:
Para respirar o perfume de Cristo. E tu, demônio, foge porque está próximo o juízo de Deus.
3. RENÚNCIA A SATANÁS
O padrinho responde em nome da criança:
S. (Nome), renuncias a Satanás?
P. Renuncio.
S. E a todas as suas obras?
P. Renuncio.
S. E a todas as suas seduções?
P. Renuncio.
4. UNÇÃO DO ÓLEO DOS CATECÚMENOS
O Sacerdote, com o polegar direito, faz uma unção em forma de cruz sobre o peito e
nas costas entre os ombros da criança, com o óleo dos catecúmenos:
S. Eu te unjo ⴕ com o óleo da salvação em Jesus Cristo Nosso Senhor, para que possas
alcançar a vida eterna. R. Amém.
Em seguida, o Sacerdote purifica os dedos e os lugares ungidos com algodão (ou algo
semelhante).
5. PROFISSÃO DE FÉ
O Sacerdote remove a estola roxa e coloca a branca. Em seguida, adentra a Pia
Batismal junto com a criança e o(s) padrinho(s) e diz:
S. (Nome), crês em Deus Pai Onipotente, Criador do Céu e da Terra?
P. Creio.
S. Crês em Jesus Cristo, Seu único Filho, Nosso Senhor, que nasceu e morreu por nós?
P. Creio.
S. Crês também no Espírito Santo, na Santa Igreja Católica, na Comunhão dos Santos, na
remissão dos pecados, na ressurreição da carne, na vida eterna?
P. Creio.
QUARTA PARTE
1. O BATISMO
O padrinho responde em nome da criança:
S. (Nome), queres ser batizado (a)?
P. Quero.
Os padrinhos sustentam a criança, e o sacerdote derrama-lhe por três vezes a água
batismal sobre a cabeça, em forma de cruz, com uma concha, porque é em nome da
SS. Trindade que se batiza, segundo a palavra de Jesus: “Ide, ensinai os povos, e
batizai-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo” (Mt 27,19). Ao mesmo
tempo pronuncia a fórmula:
(NOME), EU TE BATIZO EM NOME DO PAI ⴕ, E DO FILHO ⴕ , E DO ESPÍRITO SANTO ⴕ .
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Mergulhada nas águas batismais, a alma “é sepultada com Jesus pelo Batismo em sua
morte, e ressuscita com Ele para uma vida nova” (cfr. Rm 6, 4), diz São Paulo.
Após o Batismo, os padrinhos enxugam a cabeça da criança. A água restante é
derramada sobre a terra.
2. UNÇÃO BATISMAL COM O SANTO CRISMA
O sacerdote unge, com o polegar direito, a cabeça do neófito com o Santo Crisma
porque, diz o Catecismo de Trento, “desde este momento o batizado, unido a Jesus,
seu chefe, faz parte do Seu Corpo como um dos Seus Membros, e toma o nome de
cristão do próprio nome de Cristo, que quer dizer, ungido ou crismado”.
S. Que Deus todo-poderoso, Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, que te fez renascer pela
água e pelo Espírito Santo, e te concedeu o perdão de todos os teus pecados (aqui
unge), te unja ⴕ Ele próprio com o óleo do Crisma da salvação, emCristo Nosso Senhor, para
a vida eterna. R. Amém.
S. A paz esteja contigo.
P. E com teu espírito.
Em seguida, o Sacerdote purifica os dedos e o lugar ungido com algodão (ou algo
semelhante).
3. ENTREGA DA VESTE BRANCA E DA VELA ACESA.
O Sacerdote põe sobre a cabeça do batizado um pano branco – que lembra a veste
branca que os neófitos traziam outrora durante oito dias – símbolo da pureza da alma
lavada do pecado original nas águas batismais.
S. Recebe esta veste cândida que procurarás levar sem mancha até o tribunal de Nosso
Senhor Jesus Cristo de maneira que possa possuir a vida eterna.
R. Amém.
Entrega à criança ou ao padrinho uma vela acesa (símbolo da Fé e da Caridade):
Recebe esta vela acesa, conserva a graça do seu Batismo de modo irrepreensível.
Observa os mandamentos de Deus para que, ao chegar o Senhor, para as núpcias,
possas correr ao encontro d'Ele, juntamente com todos os Santos, na corte celeste e viver
pelos séculos dos séculos. R. Amém.
O Sacerdote termina, dizendo:
S. (Nome), vai em paz e o Senhor esteja contigo. R. Amém.
Pode-se, então, apagar a vela.
Os nomes do batizado, do Sacerdote do batismo, dos pais e dos padrinhos são então
inscritos nos registros da Igreja paroquial.

CONSAGRAÇÃO DA CRIANÇA À
29

NOSSA SENHORA APÓS O BATISMO


Conforme as normas do Concílio Plenário Brasileiro de 1915.
Normalmente o sacerdote é quem faz as orações, consagrando a criança a Nossa
Senhora. Pode-se ter um padrinho e/ou madrinha (espiritual) que segura a criança
enquanto se faz a consagração. A consagração a Nossa Senhora é um ato devocional
facultativo, mas altamente recomendado.
ORAÇÃO INICIAL:
Oremos. Senhor, Pai todo-poderoso, que pelo santo batismo redimistes esta criança
dos laços do pecado original, adornando-a com a graça santificante e tornando-a
membro vivo de Cristo e de sua Igreja e templo vivo do Espírito Santo; nós vos damos
graças por esta grande misericórdia. Conservai-lhe a inocência batismal com toda a
riqueza de graças que acaba de receber. Preservai-a de todos os males do corpo e da
alma. Abençoai seus pais e padrinhos. Concedei, aos que vão guiar esta criança no
caminho da virtude e da piedade, a felicidade eterna. Amém
CONSAGRAÇÃO:
S. O nosso auxílio está no nome do Senhor.
℟. Que fez o céu e a terra.
S. O Senhor esteja convosco.
℟. E com o teu espírito.
Para a mãe:
Oremos. Senhor Jesus Cristo, que vos dignastes dar-nos por Mãe a vossa própria Mãe,
a Santíssima Virgem Maria; volvei vosso olhar, nós vô-Lo pedimos, para esta vossa
serva, que hoje recomenda à especial proteção da Santíssima Virgem Maria seu filho,
purificado (sua filha, purificada) pela água salutar do Batismo consagrando-o (a) ao
serviço da mesma Virgem. Concedei que mãe e filho (a), firmes e estáveis no vosso
amor, perseverando na devoção à vossa Mãe Santíssima, sintam a sua proteção e
mereçam obter, por fim a vida eterna. Por Vós, Jesus Cristo, que viveis e reinais por
todos os séculos. Amém.
Para a criança:
Oremos. Santíssima Virgem Maria, Mãe de Deus e Mãe de misericórdia, à vossa
maternal piedade confio esta criança, a fim de que a protejais nos perigos, fortaleçais
nas adversidades, defendais do inimigo maligno, façais servir a Vosso Filho em
inocência, humildade e paciência, e um dia a recebais benignamente, conduzindo-a à
eterna felicidade.
Dai-lhe uma vida pura! Preparai-lhe um caminho seguro: para que vendo a Jesus,
participe convosco das eternas alegrias.
A oração seguinte é rezada (ou cantada) por todos:
Debaixo da vossa proteção nos refugiamos, ó Santa Mãe de Deus. Não desprezeis as nossas
súplicas em nossas necessidades, mas livrai-nos sempre de todos os perigos, ó Virgem
gloriosa e bendita.
Senhora nossa, Medianeira nossa, Advogada nossa! Com vosso Filho reconciliai-nos; a
Vosso Filho recomendai-nos; a vosso Filho apresentai-nos. Amém.
Faz-se, por fim, a aspersão com água benta.
30

Ainda que transcrito em lingua nativa, o português, não ousei inserir nenhum
comentário, nada acrescentando, nada retirando (exceto as partes a serem proferidas em
latim), por pressentir, ainda que não estava em língua litúrgica apropriada para as coisas
divinas, que seria de minha parte uma profanação ao sagrado.
Tudo o que constou em vermelho, é o que o sacerdote deve saber, e o que está em
negrito, falar.
Percebe-se claramente, que tal ritual é carregado do sagrado, conferindo assim, maior
valor aos sinais visíveis, daquilo que acontece no invisível. Percebe-se que há uma ação
humana, e por trás uma ação divina. Os atos e palavras não são imanentes, mas antes,
transcendentes. Neste rito está contido algumas partes que podem ser expressas em latim, e
assim, vem indicado quais são estas partes, o que aqui omiti intencionalmente.
O Rito fala por si só, apenas para tecer algum comentário, me chamou a atenção para
dois fatos:
1) A primeira parte fora da Igreja, mostrando claramente que o batizando ainda não
faz parte do Corpo Místico de Cristo, acontece um exorcismo pequeno (na
primeira parte) e um novo exorcismo maior (segunda parte);
2) A segunda parte, dentro da Igreja, mostrando ao batizando e aos presentes, que
agora este terá parte com Cristo. Mais um exorcismo (terceira parte desta
segunda parte). O Efeta é praticado integralmente.
O sacerdote insiste na expulsão do príncipe deste mundo sobre a vida do batizando, e
buscando introduzi-lo na Graça.
Torna-se patente a retirada do batizado do mundo e introdução no Corpo Místico de
Cristo
31

Como não perceber que este ritual, apesar de ser mais demorado, confere maior
sacralidade ao Batismo?

2.3.4 – Rito Batismal na Idade Média


Esta parte deste trabalho de conclusão de curso, está quase que totalmente baseada
nos trabalhos da eminente dra. Francisca Pires de Almeida, a qual, por contatos mantidos por
meio de mensagens eletrônicas me enviou dois de seus trabalhos, os quais estão devidamente
referenciados.
O período aqui abrangido alcançara desde meandros do século VI no local que mais
tarde viria a se transformar no Estado de Portugal, até o século XVI.
O sacramento do batismo, generalizadamente, foi aplicado aos adultos. Houve
período em que estes tardavam ainda mais o momento de recepção do sacramento, o que
provocou santos padres a combater tal costume com a célebre frase “Oggi”.
O batismo passou a ser largamente aplicado às crianças por volta do século VIII,
acolhendo novos elementos na sua celebração.
Segundo a dra. Francisca, é certo que já no século VIII o batismo era largamente
ministrado em crianças em seu primeiro ano de vida, justamente no período pascal.
Havendo então, êxito na aplicação às crianças, o ritual foi se moldando ao longo do
período medieval, diferenciando de reino para reino, que apenas no pontificado de Paulo V
que seus elementos fundamentais passaram a ser fixados, surgindo tais fixação no Missal
Romano, que apartir de 1614, embora sendo adotado em todo O Estado de Portugal, permitiu-
se a coexistência de outros manuais litúrgicos, o de Braga (1517) no ano da reforma
protestante, o de Coimbra (1518) e manual de Évora (1528), segundo a autora, esses manuais
estavam em perfeito atendimento à hermenêutica da conitnuidade com a tradição medieval
desde o século XII.
Entre os séculos XI e XII o território protuguês apesar de adotar o modo romanizado
para o batismo (imersão, colocação da mão e do sal), sofre uma reforma litúrgica sob a
influência dos livros vindos da França, com conteúdos galicanos, sendo acrescentado preceses
mais exuberantes, e maior ênfase aos gestos simbólicos.
Dada as semelhanças ente os manuais de Braga e de Coimbra, é possível perceber
que o ritual batismal incluía 3 fases de um ritual de passagem, à maneira do ritual de
passagem porposta por Arnold Van Gennep, quais sejam: Separação, Liminar e Agregação.
Segundo o historiador, o rito de separação iniciava-se com os exorcismos realizados na porta
32

da igreja para afastar o reino de Satanás através da bênção de Deus. A segunda fase acontecia
quando a criança era retirada dos braços de quem a transportava e era levada até ao batistério
para ser submersa na água da fonte batismal. E, na fase final, a da agregação, o sacerdote
colocava a criança nos braços dos padrinhos para a incorporar na comunidade cristã.
Transcreverei aqui, literalmente, para evitar erros e mostrar algumas evidências, sem
que de minha parte sofra influência, vejamos:

1) A primeira etapa ocorria do lado de fora da porta principal da igreja, onde


o sacerdote perguntava aos padrinhos qual o nome a dar à criança. Depois de
nomeada, dava-se então começo aos vários exorcismos. Em primeiro lugar,
realizavam-se na face do bebé as três insuflações, que assumiam a forma de
uma cruz, com o propósito de afastar o diabo. Após os sopros, seguiam-se os
sinais da cruz estendidos às várias partes do corpo: nos olhos para que visse
Deus; nos ouvidos para o ouvir; nas narinas para que usufruísse o seu odor;
no peito, ou melhor, no coração, para que nele acreditasse; e na boca para o
demonstrar através das suas palavras. Depois, o sacerdote colocava a mão
direita sobre a cabeça do pequeno para destruir os laços que o prendiam a
Satanás. Passava-se então à administração do sal, depois de o exorcizar.
Segundo Nicolas Lopez Martinez, as liturgias apelavam aos méritos divinos
para purificar os elementos sacramentais e os afastar do domínio do
demónio. Por isso, os manuais de Braga e de Coimbra exigiam o exorcismo
do sal, pedindo ao Criador que o transformasse num medicamento perfeito
(perfecta medicina) para afugentar o inimigo. Daí que fosse colocado na
boca do recém-nascido. Entre as orações que se seguiam, intercaladas com
mais dois sinais da cruz na testa, finalizava-se a primeira ronda dos
exorcismos com abjurações para amaldiçoar o diabo. Para ultimar a primeira
fase do ritual, o sacerdote orava com os padrinhos o Credo in Deum, o Pater
Noster e o Ave Maria.
2) Ao deixarem o adro da igreja, dava-se lugar à fase liminar, que já ocorria
dentro desta. O manual de Braga exortava a que o sacerdote abrisse com a
sua saliva os sentidos, isto é, as narinas e os ouvidos do recém-nascido com
duas intenções: expulsar o diabo e tornar a criança capaz de ouvir e sentir o
odor de Deus. Depois, seguido pelos padrinhos, levava a criança nos braços
para junto da pia batismal, enquanto entoava a ladainha de Todos os Santos e
o Kyrie eleiso. Aí, benzia e exorcizava a fonte. Ambos os manuais
impunham que o sacerdote revolvesse duas vezes sob a forma de cruz a água
batismal, lançando-a de seguida para fora do bacio. Aconselhavam também a
que o ministro alterasse o seu tom de voz, “asi como quando lee la leçom”,
soprasse sobre a água em forma de cruz e lhe inserisse um círio aceso. E, por
fim, recomendavam que nela derramasse o óleo do crisma e o óleo santo de
per se e só depois os dois conjuntamente. Desta forma, a água batismal
adquiria o poder de santificar: lavaria os vícios (pecado original) e
regeneraria para se exercer o bem. Dirigindo novamente a atenção para o
bebé, o ministro retirava-lhe a roupa e passava às renunciações a Satanás e
às suas obras e pompas, às quais os padrinhos respondiam Abrenuncio.
Colocava, sob a forma de cruz, o óleo dos catecúmenos entre as espáduas e o
peito do menino para que adquirisse vida eterna e, voltava a interrogar os
padrinhos sobre os artigos da fé, questionando-os por três vezes se era
intenção da criança ser batizada. Os padrinhos respondiam afirmativamente
enquanto a tocavam. Deste modo, ficava pronta para ser banhada por três
vezes na fonte batismal com a fórmula Ego te baptizo in nomine patris et filii
33

et spiritus sancti.
3) Assim que emergia da água batismal, dava-se a fase de agregação. O
padre fazia-lhe na cabeça o sinal da cruz com o óleo do crisma, salientando
que tinha sido regenerada pela graça do Espírito Santo. Colocava-lhe o
“capelo” branco para que um dia fosse levada ao tribunal do Senhor e
entregava-lhe a vela acesa na mão direita para que Cristo a encontrasse na
sala da justiça celestial. Despedia-se dos padrinhos e advertia-os para que
ensinassem a fé ao afilhado. Dava-se assim por concluído o ritual do
batismo. (ALMEIDA, FRANCISCA PIRES, 2014, pg. 2 a 4).

A única omissão dada nos textos acima, se referem às anotações típicas do trabalho
da eminente doutora Francisca.

Pelo que aponta a eminente doutora Francisca, o manual de Matheus “emprestou”


aos manuais de Évora, Braga e Coimbra, o rito que pelo que pude constatar, guardada
pouquíssimas diferenças, em muito se assemelha ao rito Romano, retro mencionado em
detalhes, motivo pelo qual, escolhi descrever integralmente apenas o rito descrito no Manual
de Braga, onde já é possível perceber algumas semelhanças, como a recepção fora da Igreja, e
os exorcismos dentro e fora da Igreja e o Efeta.

Ainda, segundo a eminente doutora Francisca, a regulamentação eclesiástica


portuguesa se deu na segunda metade do século XV, por meio de recomendação da
administração do sacramento do batismo entre o nascimento do bebê e o oitavo dia. Isto se
firmou através das constituições sinodais portuguesas para aquele país.

Tais constituições sinodais, já evidenciavam no século XIII, uma restrição à


nomeação de padrinhos, que poderiam exceder ao número de 3 homens ou mulheres,e que
estes, não deveriam contrair matrimônio entre si.

Segundo a autora ainda, as constituições diocesanas da segunda metade do século


XV, traziam em seu bojo, outras limitações, segundo ela mesma, embaraçosas. Os clérigos
não davam bons exemplos ao povo, quando batizavam seus filhos, incorriam em grande
número de padrinhos, com consequente banquete suntuoso. Segundo ela, o arcebispo de
Braga agiu com restrições e comedimento aos clérigos por ocasião do batismo de seus filhos.
Passou-se a coibir o uso de nomes pagãos ao batizandos, e tamém a uma única imersão no
momento batismo, com vistas a maqnter a segurança dos bebês, admitindo a aspersão, que é o
derramamento de água na cabeça e no rosto. A forma encontrada para saber se tais normas
estavam sendo obedecidas, passou-se à obrigatoriedade de registro dos batizados em livro
apropriado.
34

Para os partos complicados, surgiu o “batismo de extrema-necessidade e


condicional”. Referino nas constituições sinodais do século XIII, ganhou força no século XV,
tal modalidade de batismo, dando maior protagonismo às parteiras. Tal batismo era por
aspersão, podendo ser ministrado até mesmo a um membro do corpo do récem-nascido. Tal
regulamento já se percebeu no Manual Litúrgico de Braga de 1562.

A autora se refere também, ao batismo em um contexto social. A autora relata o


acontecimento do batismo de D. Fernando, mártir de Fez, que sua mãe a rainha D. Filipa de
Lencastre, estando muito adoecida e grávida, recebeu a sugestão de abortar, para não por sua
própria vida em risco, ao que ela se negou prontamente, desejando levar sua gravidez até o
fim, e assim, poder batizar seu filho.

Relata ainda, neste contexto, que os príncipes gozavam de bastante flexibilização


quanto aos ritos batismais, modificava-se e enriquecia com a introdução de novos elementos
que correspondiam à condição social do batizando. Segundo a mesma, o objetivo do batismo
entre a realeza era o de destacar o papel real.

Ao ritual de batismo na realeza, não raro incluía o uso de pálio, uso de tochas, e
pocissão. Possivelmente o protocolo seguiu influência da corte inglesa. Os relatos acerca das
cerimônias, dão conta sobre a cerimônia no exterior, sabe-se que o cortejo obedecia a uma
hierarquia, representando a hierarquia social, tendo no topo a familia real; na frente da
procissão seguiam os músicos, os funcionários da Corte (oficiais de cerimônias, da Mesa dos
Reis, da Casa Real ou da Fazenda), e a nobreza que carregava tochas apagadas que, no
regresso já vinham acesas. Em seguida, vinha a fidalguia que carregava as insígnias, sírio,
maçapão, gomil, bacio das ofertas, saleiro e toalha branca. Ao final do cortejo, seguia a
criança a ser batizada, no colo de alguém de extrema confiança da monarquia, acompanhados
pelos padrinhos, todos sob um pálio adornado, sendo que as quatro varas eram seguras pelos
‘maiores’ dos reino.

No que se refere ao ritual no interior, é sabido apenas do ritual de exorcismo, onde o


uso do saleiro desempenhava importante papel, como também o maçapão, utilizado pelo
sacerdote para limpar os dedos do óleo, o que leva a crer, que também os infantes recebiam o
óleo crismal. Sabe-se também que o batismo era por imersão segundo relato de Tomé Pinheiro
da Veiga (1570-1656). Outro detalhe percebido, é que as mães não compareciam ao batismo,
pois, eram consideradas impuras por dar à luz, o que obedeciam por quarenta dias.
35

Dada à importância do relato final da eminente doutora Frncisca, trago na íntegra


seus apontamentos:

Em suma, a afirmação da imperiosa necessidade do batismo para a salvação


feita ao longo da Idade Média e a sua geral antecipação para os primeiros
dias de vida, a crescente vigilância eclesiástica sobre a sua celebração e a
obrigatoriedade do seu registo em livros próprios levaram a que, atingida a
época moderna, a sua celebração se generalizasse. Porta para a admissão na
Igreja e para a salvação eterna, o batismo foi também um ato de integração e,
na sua própria execução, um espelho das hierarquias que configuravam o
corpo social. (ALMEIDA, FRANCISCA PIRES, 2014, pg. 9).

2.3.5 – Rito Batismal na Igreja Primitiva

Não existe com clareza o ritual utilizado para o batismo na Igreja em seus primeiros
séculos. Encontramos muitos relatos, e inclusive instruções sobre o batismo, mas, não
especificamente o ritual utilizado. Vamos então dividir este tópico em duas partes, o batismo
dentro das Sagradas Escrituras e o batismo na Igreja.

2.3.5.1 O batismo nas Sagradas Escrituras


Poderemos encontrar diversos relatos nas Sagradas Escrituras. Comecemos pelos
relatos que dão conta de Jesus batizando e ordenando a batizarem:
Jesus realizou muitos batismos, quem nos relata é o próprio João, o discípulo amado
de Jesus, quando ao narrar o Evangelho, no seu capítulo 3 versículos de 22 a 30: “Depois
disto foi Jesus com seus discípulos para a terra da Judeia; e ali habitava com eles, e batizava”
(Traduzido da Vulgata e anotado).
Por aqui podemos ver que o próprio Jesus batizava, e se torna ilógico crer que Jesus
não batizou seus discípulos, incluindo aí os 12 apóstolos. No versículo seguinte, o 23, já é
relatado que João, o Batista, batizava em Enon, junto a Salim.
O próprio João Batista batizou a Jesus, se bem que Ele não precisava, pois se percebe
claramente o assombro de João Batista ao receber o pedido de batismo feito por Jesus (Mt
3,14).
João Batista aplicava o batismo de conversão, preparando o caminho para a vinda do
Messias (At 19,3), e ele mesmo batizou o Messias (Mt 1,9) abrindo as portas do céu, não João
Batista, mas, o batismo de Jesus.

Tendo sido, Jesus batizado, começa então a ensinar e explicar que tinha autoridade
para tanto ( Mt 28, 18-20. Em Marcos fica claro que Jesus ordenou que batizássem para a
salvação, inclusive informa que os que forem batizados e crerem, expulsarão demônios em
36

Seu nome, além de se imunizarem contra as maldades, e poderão curar, sendo eles mesmos
curados (Mc 16, 17-18), se assim for, entrarão no reino de Deus (Jo 3,5).

Sabenos que Jesus é cem por cento homem, e cem por cento Deus; distinto, mas não
separado, unido, mas, não misturado. Ao batizar seus discípulos, mandou eles mesmos
batizarem, conferindo a eles poder para tal. E começaram a batizar.

Pedro, o príncipe dos apóstolos e primeiro papa batizou mais de tres mil pessoas (At
2,41) de uma só vez em Pentecoste. Cheio do Espírito Santo, Pedro ordenou que se batizasse,
inclusive os filhos dos que fossem batizados (At2, 39).

Outra coluna da Igreja, Paulo também batizou, pois encontramos nas Sagradas
Escrituras ele mesmo afirmando ter batizado a Crispo e Caio e toda a família de Estéfanas
(1Cor 1, 14-16).

Se por um lado, Paulo tenha ministrado poucos batismos, muito ensinou e explicou
sobre o batismo. Ensinou que com o batismo se formaria um só corpo (1Cor 12,13), para
morrer para o pecado e ser ressuscitado (Ro 6, 2-7), para se revestir de Cristo (Gl 3,27), e
ensinando que ninguém deveria receber mais que um só batismo (Ef 4,5).

Somente na Nova Aliança, existem mais de 20 versículos que abordam o batismo,


sua importância e finalidade. Quanto à fórmula e matéria, não deveria haver dúvida, se não as
que criaram os cismáticos apartir de 1517 e alguns hereges que foram combatidos pela
Patrística, lembrando que alguns, foram combatidos pelo próprio Paulo, o que não vem ao
caso neste trabalho, mas, sim quanto à matéria e a fórmula. No início do cristianismo, Pedro
batizava em nome de Jesus para diferir do batismo de João Batista, poré, há que sermos
honestos, não há relato sobre o ritual praticado por Pedro no batismo, o que temos são suas
falas exaltadas sobre o batismo, o que não implica de modo algum que utilizasse na fórmula o
batismo em nome de Jesus. Isto precisa ficar claro, visto que o próprio Jesus ao ordenar que se
fizesse o batismo, o fizésse em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo ( Mt 28,19).

No que se refere à matéria, ou seja, a água, não apenas os hereges e cismáticos põe
em dúvida se deve ser por imersão ou aspersão, mas, encontraremos católicos com esta
dúvida.

Jesus foi batizado no rio Jordão, mas, é claro que João Batista batizava para
conversão e sempre às margens do rio Jordão, local onde pregava.
37

Quando Pedro batizou mais de 3000 pessoas em Pentecostes (At 2, 41), não há relato
que saíram todas as 3000 pessoas com ele em direção a um rio para receberem o batismo, o
que tinham por perto eram os tanques de purificação, muito utilizados pelos judeus naquela
época. Mesmo quando Pedro batizou a família de Cornélio, o centurião, não havia rio
próximo. Sendo Cornélio um homem rico, não deveria faltar água sua casa, logo, Pedro teria
batizado a todos utilizando provavelmente da aspersão (At 10, 47-48).

Filipe também batizou, e em seu relato de batismo ao eunuco, quando este se dirigia
de Jesuralém a Gaza, não deve ter sido por imersão. Ao observarmos o mapa daquela época,
podemos ver claramente que nesta estrada não tinha nenhum rio, o que nos leva a crer que
Filipe se utilizou de aspersão.

Podemos não ter claras informações sobre o ritual, mas, podemos ter certeza que a
fórmula inclui a Santíssima Trindade e por matéria o uso da água limpa, quer por aspersão,
quer por imersão.

2.3.5.2 O batismo na Igreja


Como foi explicado no tópico anterior, não é muito claro como o rito do batismo se
38

desenvolvia nos primeiros séculos do catolicismo, mas, existem documentos e documentários


que dão conta sobre o uso de, primeiramente o Sinal da Cruz, Unção com o óleo, Renúncia a
Satnás, Exorcismo, e Profissão de Fé.

Antigos escritos, dão conta da importância do batismo, com defesa feita claramente,
sob o influxo do Espírito Santo, como diz Barnabé:
“Pesquisemos se o Senhor teve intenção de falar antecipadamente sobre a
água e sobre a cruz. Quanto à água, está escrito que Israel não teria recebido
o batismo que leva à remissão dos pecados, mas que eles próprios teriam
constituído um. Com efeito, diz o profeta: “Pasma, ó céu, e que a terra
trema ainda mais! Pois este povo cometeu mal duplo: eles me abandonaram,
a mim que sou a fonte viva da água, e cavaram para si mesmos uma cisterna
de morte. Por acaso, o Sinai, minha montanha santa, é rocha deserta? Vós
sereis como os passarinhos que voam, quando se lhes tira o ninho.” E o
profeta diz ainda: “Eu marcharei à tua frente, aplainarei as montanhas,
quebrarei as portas de bronze, despedaçarei as trancas de ferro, e te darei
tesouros secretos, escondidos, invisíveis, a fim de que saibam que eu sou o
Senhor Deus. Tu habitarás numa caverna alta de rocha sólida, onde a água
não falta nunca. Vereis o rei em sua glória e vossa alma meditará no temor
do Senhor.’” (Barnabé 11, 1-10)

Ainda que mais comum fosse o batismo de adultos, também se batizavam as crianças
com mais de 8 dias, o próprio Orígenes nos conta:
“A Igreja recebeu dos Apóstolos a tradição do batismo dado mesmo para
crianças. Os apóstolos, aos quais foram confiados os ensinamentos dos
Evangelho de Cristo, sabiam que existe em todos nós as manchas do pecado
inato, que é lavada pela água e pelo Espírito “(Orígenes, 248 dC –
Comentários sobre Romanos 5:9).

O batismo de adultos, também acontecia em meio ao combate às heresias surgidas


nos primeiros séculos, como nos relata Tertuliano:
“Bem-aventurado é o nosso sacramento da água, no qual, pela limpeza dos
pecados de nossa cegueira primitiva, somos livres e aceitos para a vida
eterna... [Mas] uma víbora da [Gnóstica] heresia Cainita, nos últimos tempos
conhecida nesta região, tem arrebatado um grande número com a sua
doutrina mais venenosa, fazendo do seu principal objetivo destruir o batismo
o qual está completamente de acordo com a natureza, , de víboras e áspides
... eles mesmos vivem em lugares áridos e sem água (secos). Mas nós,
peixinhos após o exemplo do nosso [Grande] Peixe, Jesus Cristo, somos
nascidos na água, não tendo a segurança em qualquer outro caminho que não
habitando permanentemente na água. Então aquela criatura mais monstruosa,
que não possuía direito de ensinar mesma sã doutrina, sabia muito bem como
matar os peixinhos tirando-lhes fora d’água!” (Tertuliano em Batismo cap. 1)

Para aqueles que diziam que a fé era suficiente para a salvação, Tertuliano não
deixou sem resposta:
“Aqui, então, esses canalhas provocam perguntas. E assim, eles dizem, “O
batismo não é necessário ,para eles a quem a fé é suficiente, pois, além disto,
39

Abraão agradou a Deus por nenhum sacramento de água, mas de fé.” Mas
em todos os casos, é das coisas posteriores que têm uma força probatória, e o
posterior que prevalecer sobre o antecedente. Entendam que, em tempos
passados, houve salvação por meio da fé nua, antes da paixão e ressurreição
do Senhor. Mas agora que a fé foi ampliada e se tornou uma fé que acredita
em seu nascimento, paixão e ressurreição, houve uma ampliação
adicionando o sacramento, isto é, o ato de vedação do batismo; o
revestimento, em algum sentido, da fé que antes estava nua, e que não
poderia existir agora sem o seu direito próprio. Portanto a lei do batismo foi
imposta, e a fórmula prescrita: ‘ide’, ele diz, ‘ensinai as nações, batizando-os
em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo.’ A comparação com esta lei
dessa definição, “A menos que um homem renasça da água e do Espírito,
não devem entrar no reino dos céus," amarrou fé para a necessidade do
batismo.” (Sobre o Batismo, Cap. 13)

O batismo de adultos, geralmente ocorria por ocasião da Páscoa, não sem antes, que
uma pessoa (padrinho) assumisse o compromisso de apresentar o neófito à Igreja (bispo) e
conduzi-lo no caminho da fé, passando-lhe instruções importantíssimas sobre a razão da nossa
fé. A Didaqué, conhecida como Doutrina do Senhor, que teria sido pelos apóstolos, é mais
conhecido com o título de “ Doutrina dos doze apóstolos”, já previa que os candidatos a
seguir o “Caminho” deveriam passar por uma preparação no catecumenato. Segue um trecho
de Cipriano de Cartago, onde explica aos catecúmenos que ainda não tinham sido batizados,
numa clara catequese:
“Você perguntou também, queridíssimo filho, o que eu penso sobre aqueles
que obtém a graça de Deus na doença e na fraqueza, se eles devem ser
contabilizados como cristãos legítimos, para eles não sejam lavados, mas
aspergidos com a água salvifica.” (Epístola 75, 12)
“Pedro também, mostrando isso, estabeleceu que a Igreja é una, e que
somente os que estão na Igreja pode ser batizados; e disse, a semelhando
onde, até mesmo o batismo lhe salvará; provando e atestando que a arca de
Noé era um modelo da única Igreja. Se, então, nesse batismo do mundo,
portanto, expiou e purificou, ele que não estava na arca de Noé, pode ser
salvo pela água, ele que não está na Igreja pois só a ela o batismo é
concedido, pode agora também ser vivificado pelo batismo.” (Epístola 75, 2)
“Também é necessário que deva ser ungir quem é batizado, de modo que,
tendo recebido o crisma, ou seja, a unção, ele pode ser ungido de Deus, e
tem nele a graça de Cristo. Além disso, é a Eucaristia onde os batizados são
ungidos com o óleo santificado no altar. Mas ele não pode santificar a
criatura do óleo, pois não tem nem um altar, nem uma Igreja; também não
pode haver unção espiritual entre os hereges, uma vez que é manifesto que o
óleo não pode ser santificado, nem a Eucaristia celebrada de modo algum
entre eles.” (Epistola 69, 2).

A Didaquè mandava que o candidato, além de passar por uma catequese, fizesse
jejum por um ou dois dias, fosse batizado em nome da Santíssima Trindade. Como matéria do
batismo a Didaque diz o seguinte: se não tens água viva(= água de manancial ou de rio),
batiza com outra água; se não podes fazê-lo com água viva, batiza com outra água; se não
40

podes fazê-lo com água fria, faze-o com água quente. Se não tiveres nem uma nem outra,
derrama água na cabeça três vezes no nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. É o batismo
de infusão hoje o mais comum na Igreja católica romana.

A Tradição Apostólica, rica em ensinamentos advindos diretamente da fonte, nos


garante a força que sai do Cristo para aqueles que desejam deixar a vida de pecados. Santo
Hilário de Poitiers reforçou a força da Santa Tradição:

“Estas não são as nossas próprias conjecturas que nós oferecemos, nem nós
falsamente juntamos qualquer uma dessas coisas, a fim de enganar os
ouvidos dos nossos portadores por perverter o sentido das palavras, mas
retendo a forma de ensino de som que conhecemos e pregamos as coisas que
são verdadeiras. Pois o Apóstolo expõe que esta unidade dos fiéis resulta da
natureza dos sacramentos quando escreve aos Gálatas.O medo como muitos
de vocês que foram batizados em Cristo se revestiram de Cristo. Não há
judeu nem grego, não há escravo nem livre, não há homem nem mulher, pois
todos vós sois um em Cristo Jesus. Que estes são um em meio a tão grande
diversidade de raças, condição e sexo, - é a partir de um acordo de vontade
ou da unidade do sacramento, já que estes têm um só batismo e foram todos
feitos em um Cristo? Qual, portanto, será a concordância de mentes aqui
quando eles são um em que eles se fazem um Cristo através da natureza de
um só batismo?” (Sobre a Trindade Livro 8, 8)

Por volta do quarto século, não faltaram Padres da Igreja, como São Cirilo de
Jerusalém, que assumiram a pessoa de catequistas, ensinando a muitos neófitos, inclusive
sobre o batismo de sangue:

“Se alguém não receber o Batismo, ele não terá salvação; exceto apenas os
Mártires, que mesmo sem a água recebem o reino. Pois, quando o Salvador,
na redenção do mundo pela Sua Cruz, foi perfurado na lateral, Ele derramou
sangue e água; que os homens, vivendo em tempos de paz, pudessem ser
batizados nas águas, e, em tempos de perseguição, em seu próprio sangue.
Pois o martírio também o Salvador costuma chamar um batismo, dizendo:
Podeis beber do copo do rito que eu bebo, e serem batizados com o batismo
com que eu sou batizado? E os Mártires confessam, fazendo um espetáculo
ao mundo, aos anjos e aos homens; e tu logo confessas: - mas ainda não é o
momento para te ouvir isso. Jesus santificou Batismo por ser ele mesmo
batizado. Se o Filho de Deus foi batizado, qual homem de Deus, é ele que
despreza o Batismo? Mas Ele não foi batizado para que Ele pudesse receber
a remissão dos pecados, pois Ele não tinha pecado; mas sendo sem pecado,
Ele foi batizado, para que pudesse dar aos que são batizados uma divina e
excelente graça.” (Leituras Catequéticas III, 10).
“Não sou eu que digo isso, mas o Senhor Jesus Cristo, que tem o poder neste
assunto, porque Ele diz, se alguém não nascer de novo (e acrescenta as
palavras) da água e do Espírito, não pode entrar em o reino de Deus. Nem se
queixa aquele que é batizado com água, mas não foi encontrado digno do
Espírito, recebe a graça de perfeição; nem se um homem é virtuoso em suas
obras, mas não recebe o selo da água, ele entrará no reino dos céus. Um
ditado ousado, mas não meu, pois é Jesus quem vos declarou: e aqui está a
41

prova da declaração da Sagrada Escritura.” (Leituras Catequéticas IV, 4).


“E as manchas do pecado também permanecem no corpo; pois quando um
ferimento foi fundo no corpo, mesmo que tenha havido uma cura, a cicatriz
permanece, por isso, as feridas do pecado da alma e do corpo, e as marcas de
suas cicatrizes permanecem; e elas só serão removidas dos que recebem a
lavagem do Batismo. As feridas do passado, portanto, de alma e corpo, Deus
cura pelo batismo;” (Leituras Catequéticas XVIII, 20).
“E outros textos que tu ouviste antes, em que foi dito sobre o Batismo;
Então, aspergirei água pura sobre vós, e os outros; um novo coração também
vou dar-lhe, e um espírito novo porei dentro de vós; e logo em seguida, E
porei o meu Espírito em vocês. E mais uma vez. A mão do Senhor estava
sobre mim, e ele me levou no Espírito do Senhor.” (Leituras Catequéticas
XVI, 30).

Poder-se-ia, facilmente encher este trabalho com textos vindos da Patrísticas, todos ricos em
ensinamentos sobre o batismo. O Segundo tripé da Santa Igreja Católica, a Santa Tradição, não
esmoreceu nos ensinamentos sobre a necessidade, objetivo e resultados a serem alcançados sobre o
batismo.

É bem sabido que no século VI já estavam consignadas em livro, as fórmulas interrogatórias


breves do simbolo batismal, chamado Sacramentarium Gelasianum, a mesma fórmula praticada em
um período bem mais antigo.

Juntando os ensinamentos contidos nas Sagradas Escrituras, aos ensinamentos e práticas da


Sagrada Tradição, todos aclareados e devidamente iluminados pelo Santo Magistério, formam um
verdadeiro tesouro, uma riqueza sem igual, que nos parece, estão sendo esquecidos e/ou deturpados.

2.4 Questões sobre o Batismo


1) Batismo ou ritual de iniciação?
2) O batismo já existia antes de Jesus?
3) O batismo deveria ser oferecido apenas a adultos que possam compreender e
assentir?
4) O batismo, tem unicamente por matéria, a água?
5) O batismo deve ser por imersão, aspersão, ou tanto faz?
6) O batismo pode ser reiterado?
7) O batismo, em seu ritual pode ser não exclusivamente em nome da Santíssima
Trindade?
8) O ritual pode ser modificado, conforme a mudança nos costumes e culturas?
9) Afinal, para que serve o batismo cristão?

Para responder a essas questões, todo este trabalho está envolvido, porém, para um
breve extrato, trataremos aqui de responder, deixando todo o trabalho como resposta de
42

aprofundamento (sem arrogância), ou meramente, uma resposta extensiva.

Muitas das respostas que aqui serão agora apresentadas, tem por base os grandes,
para não dizer, gigantescos ensinamentos do Aquinate. Vamos às respostas:

1) O batismo também pode ser compreendido como um ritual de iniciação, porém,


seria desonesto, para não dizer, herege, apenas pressupor um ritual, se não, uma
drástica mudança no modo de viver, pensar e agir, uma metamorfose espiritual,
pois, a alma, parte inteligente do “Compositum” se torna aclareada pela Luz
Maravilhosa. Ainda que a mudança e a metamorfose não seja percebida
visivelmente ou imediatamente, é uma semente, que devidamente regada, dará
em seu tempo (de Deus), os frutos que conduzirão ao fim último de todo ser
criado.
2) O então, à época papa Bento XVI, em sua homilia proferida na Capela Sistina,
em 09 de janeiro de 2011, por ocasião da Celebração do batismo de Nosso
Senhor, nos relata:

Embora se chamasse baptismo, ele não tinha o valor sacramental do rito que
hoje celebramos; com efeito, como bem sabeis, é com a sua morte e
ressurreição que Jesus institui os Sacramentos e faz nascer a Igreja. O
baptismo administrado por João era principalmente um acto penitencial,
umgesto que convidava à humildade diante de Deus, para um novo início:
mergulhando na água, o penitente reconhecia que tinha pecado, implorava de
Deus a purificação das próprias culpas e era convidado a mudar os
comportamentos equívocos.(Bento XVI)

3) Certamente o batismo pode e deve ser ofercido às crianças, o mesmo Papa Bento
XVI após o seu relato, descrito na resposta anterior, batizava 21 crianças recem-
nascidas, nos afirma:

Recebendo o Baptismo, estas crianças obtêm como dádiva um selo espiritual


indelével, o «carácter», que assinala para sempre a sua pertença ao Senhor e
que os torna membros vivos do seu Corpo místico, que é a Igreja. Enquanto
começam a fazer parte do Povo de Deus, para estas crianças hoje tem início
um caminho de santidade e de conformação com Jesus, uma realidade que é
inserida neles como a semente de uma árvore maravilhosa, que deve poder
crescer. Por isso, compreendendo a grandeza deste dom, desde os primeiros
séculos houve o cuidado de conferir o Baptismo às crianças recém-nascidas.
Sem dúvida, depois será necessária uma adesão livre e consciente a esta vida
de fé e de amor, e por isso é preciso que, após o Baptismo, eles sejam
educados na fé, instruídos segundo a sabedoria da Sagrada Escritura e os
ensinamentos da Igreja, de tal modo que se desenvolva neles o germe da fé
que hoje recebem, e possam alcançar a plena maturidade cristã. (Bento
XVI).
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4) A resposta será dada totalmente baseada em Santo Tomás de Aquino, o Aquinate:


É a água, a única substância do batismo, pou uma instituição divina, primeiro por
ser o batismo uma regeração à vida espiritual, responde à natureza da água em
um grau especial. Segundo, com vistas aos efeitos batismais, que correspondem
às propriedades da água, sendo limpa, causa a limpeza dos pecados. Terceiro, por
ser aa água apropriada para significar os Mistérios de Cristo, pelos quais, nós
somos justificados.
5) A Didaque, como relatado anteriormente, ensina que o batismo, pode ser feito por
imersão ou por derramamento (aspersão), lembrando que tal documento, já
circulava entre os apóstolos e consequentemente por toda a Igreja Nascente. O
Aquinate responde que água simbolizará a limpeza dos pecados internos,
podendo então, ser, como ele mesmo diz:
“Assim sendo, a limpeza pode ser feita com água, mas não apenas pela
imersão, mas também por aspersão ou infusão”. Todavia, sendo válido
batizar por imersão, pois esta é a forma mais comum, o Batismo pode ser
conferido por simples imersão ou também por derramamento de água, de
acordo com Ez 36,25 : “Derramarei sobre você a água limpa”, como também
o Abençoado Lourenço relatou que assim realizou Batismos. (AQUINO.
Tomaz santo.Suma Teológica, Parte III, Questão 66)
6) Pela importância da resposta, não ouso eu responder, nem aumentar, nem subtrair
qualquer “iota” do que nos informa o Aquinate:
Os Paulianistas e os Catafrígios não usam batizar em nome da
Trindade. Todavia, Gregório escreveu ao Bispo Quírico dizendo:
“Aqueles hereges que não são batizados em nome da Trindade, como
os Bonosianos e Catafrígios” (que são do mesmo pensamento dos
Paulianistas), “então o autor não acredita que Cristo é Deus”
(afirmando que Ele é um mero homem) “além de que os últimos
(Catafrígios), são tão perversos que, como diz Montano, confundem
um mero homem com o Espírito Santo; portanto, todos eles deverão
ser batizados caso venham para a Santa Igreja, pois o batismo que
receberam naquele estado de erros não foi um Batismo verdadeiro,
pois não foi conferido em nome da Trindade.” Por outro lado, como
ficou determinado em De Eclesiam, Dogma XXII: “Aqueles hereges
que foram batizados confessadamente em nome da Trindade, poderão
ser recebidos na Fé Católica como realmente batizados.” (AQUINO.
Tomaz santo. Suma Teológica, Parte III, Questão 66).
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7) A fórmula trinitária, nosé dada por Cristo a seus discípulos segundo Mateus:
Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo (28,19). No ano de 150
aproximadamente S. Justino, mártir afirma em sua apologia que os candidatos
do batismo recebem a lavagem da água no nome do Pai e Senhor do Universo
e no de nosso Salvador Jesus Cristo e no do Espírito Santo.
E temos ainda por defesa da fórmula trinitária, o que nos diz São Gregório de
Nissa (325-386 d.C):
“Desde, então, no caso daqueles que são regenerados da morte para a vida
eterna, é por meio da Santíssima Trindade que o poder vivificante é
concedido a aqueles que, com fé são considerados dignos da graça, e do
mesmo modo a graça é imperfeita, se qualquer um, qualquer que seja, dos
nomes da Santíssima Trindade for omitido no batismo salvifíco- pois o
sacramento da regeneração não é concluído no Filho e o Pai sozinho, sem o
Espírito: nem é a bênção perfeita da vida concedida ao Batismo no Pai e no
Espírito, se o nome do Filho for suprimido: nem é a graça da Ressurreição
que realizou no Pai e no Filho, se o Espírito ser deixado de fora - por isso
descansamos toda a nossa esperança, e a persuasão da salvação de nossas
almas, sobre as três Pessoas, reconhecidas por esses nomes;” (Carta 2 a
Cidade de Sebastia)
E ainda, Santo Ambrósio(339-397) declara que se uma pessoa não for batizada
no nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo não pode obter a remissão dos
pecados. Deixemos por última resposta, a do Aquinate:
Da mesma forma que a água é usada no Batismo, já que ela é mais
comumente empregada para o banho, então, para o propósito de designar as
Três Pessoas na forma do Batismo, estes nomes [Pai, Filho e Espírito Santo]
são escolhidos, pois são geralmente usados em uma linguagem particular
para significar as Pessoas. O sacramento não é válido se for conferido sob
quaisquer outros nomes. (AQUINO. Tomaz santo. Suma Teológica, Parte III,
Questão 66).
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8) No que concerne ao ritual batismal, sabemos que outras religiões e seitas,


seguem um ritual, como vimos na Candomblé, o rito: ÌKÓMOJÁDE, o qual é
seguido por muito tempo, sem nenhuma ou pouca alteração. É sabido que
entre os Cristãos Ortodoxos, é comum a prática de ritual batismal empregando
o uso de areia, para aqueles pagãos em risco de morte. A maior relativização
com relação ao ritual batismal, fica por conta das inúmeras denominações
cristãs, onde até toboáguas faz parte do rito.
Vimos também o desrespeito que algumas seitas empregam no ritual batismal,
em grande parte por uma compreensão equivocada acerca do batismo.
Mesmo em práticas satânicas, se percebe um respeito ao ritual, até mais, que
muitos católicos. O ritual precisa ser obedecido, por incorrer em risco de ser
invalidado, pois já nos dizia Santo Agostinho:
“‘Assim como Cristo"’, diz ele, ‘amou a Igreja e se entregou por ela,
purificando-a com a lavagem da água, pela palavra, para que pudesse
apresentar a ele próprio uma Igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem
qualquer tipo de coisa.’ Purificando-a. Como? ‘Com a lavagem da água pela
Palavra.’ O que é o batismo de Cristo? A lavagem da água pela Palavra. Tire
a água, não é o batismo; tire a Palavra, não é o batismo.” (Comentário ao
Evangelho de João - Tratado XV)
Vejamos então, qual a resposta do Aquinate:

O uso da água no Batismo é uma parte das substâncias do sacramento, mas o


uso do óleo é parte da solenidade.
Como o candidato é primeiramente untado com o Santo Óleo, no peito e nas
costas, como “aquele que luta por Deus” (usando a expressão de Ambrósio
em De Sacram I ), pois era costume entre os lutadores vencedores, untarem-
se a si mesmos. Ou ainda como diz Inocêncio III, em um decreto sobre a
Santa Unção: “O candidato é untado no peito com a finalidade de receber a
dádiva do Espírito Santo para expulsar erros, a ignorância e para o
reconhecimento da verdadeira fé, pois ‘o homem justo vive pela fé’; quando
é untado nas costas o candidato será coberto com a graça do Espírito Santo,
deixará de lado a indiferença e a preguiça, e virá ser ativo em bons trabalhos;
então o sacramento da fé pode purificar os pensamentos de seu coração e
fortalecer seus ombros para a carga do trabalho”.
46

E depois, como diz Rabano (De Sacram III): “Ele é imediatamente untado na
cabeça com o óleo santo, pelo padre que assim procede para fazer um pedido
para que o neófito possa tomar parte no Reino de Cristo, e possa ser
chamado de Cristão depois de Cristo”. Ou, como diz Ambrósio (De Sacram
III), sua cabeça é untada porque “os sentidos de um homem racional estão
em sua cabeça” (Ecl. 2,14: “Os olhos do sábio estão na sua cabeça, mas o
louco anda em trevas; contudo percebi que a mesma coisa lhes sucede a
ambos.”) Para ser astuto, pois, ele deve “estar pronto para satisfazer qualquer
um que perguntar” a ele para dar “uma razão por sua fé” (cf. 1Pd 3,15:
“antes santificai em vossos corações a Cristo como Senhor; e estai sempre
preparados para responder com mansidão e temor a todo aquele que vos
pedir a razão da esperança que há em vós.”) e Inocêncio III, Decreto da
Santa Unção).
Esta veste branca é utilizada não apenas porque seria ilegítimo, para o
neófito, o uso de outras, mas como um sinal da gloriosa ressurreição, pela
qual as pessoas renascem pelo Batismo, e para determinar a pureza da vida,
para a qual a pessoa saltará depois de ser batizada de acordo com Rm 6,4:
“Fomos, pois, sepultados com ele pelo batismo na morte, para que, como
Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim andemos
nós também em novidade de vida”.
Eu respondo que: no Sacramento do Batismo, algo é feito que é essencial ao
Sacramento, e algo é feito que pertence a uma certa solenidade do
Sacramento. Realmente essencial ao Sacramento é tanto a forma que designa
a principal causa do Sacramento, como também o ministro, que é causa
instrumental, e o uso da matéria, chamada lavagem com água, que designa o
principal efeito do Sacramento; mas todas as outras coisas que são
observadas pela Igreja no rito batismal, pertencem a uma certa solenidade do
sacramento, e estas, realmente, são utilizadas em conjunção com o
Sacramento por três razões:
Primeira: para estimular a devoção dos fiéis assim como sua reverência ao
Sacramento. Se nada mais fosse feito que um simples banho com água sem
nenhuma solenidade, muitos iriam facilmente pensar que o Batismo seria
apenas um banho comum.
Segunda: para uma maior instrução de fé, porque o povo simples e iletrado
precisa ser tocado por sinais sensíveis, por exemplo, imagens, figuras etc. E
neste caminho, por meio da cerimônia sacramental, essas pessoas são
instruídas ou impelidas a procurar o significado daqueles sinais sensíveis, e,
consequentemente, além do efeito principal do Sacramento, outras coisas
precisam ser conhecidas sobre o Batismo, e essas coisas são representadas
por sinais externos.
Terceira: porque o poder do demônio é restringido pelas preces, bênçãos, e
impedido pelo efeito sacramental.
9. Para melhor responder a esta questão faremos uso aos Catecismo da Igreja
Católica:
A. Catecismo de São Pio X – No art. 550, para a pergunta sobre quais são
os efeitos do Sacramento do Batismo, a resposta que nos é dada é o que
ensina o Magistério da Igreja, qual seja:
O Sacramento do Batismo confere a primeira graça santificante, que apaga o
pecado original e também o atual, se o há; perdoa toda a pena por eles
devida; imprime o caráter de cristão; faz-nos filhos de Deus, membros da
Igreja e herdeiros do Paraíso, e torna-nos capazes de receber os outros
Sacramentos.
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B. Catecismo de São joão Paulo II – No art. 1213, sobre o sacramento do


batismo nos diz:
1213. O santo Batismo é o fundamento de toda a vida cristã, o pórtico da
vida no Espírito(«vitae spiritualis ianua – porta da vida espiritual») e a porta
que dá acesso aos outros sacramentos. Pelo Baptismo somos libertos do
pecado e regenerados como filhos de Deus: tornamo-nos membros de Cristo
e somos incorporados na Igreja e tornados participantes na sua missão (4).
«Baptismos est sacramentam regeneratiorais per aquam in Verbo – O
Baptismo pode definir-se como o sacramento da regeneração pela água e
pela Palavra» (5).
VI. A necessidade do Baptismo
1257. O próprio Senhor afirma que o Baptismo é necessário para a
salvação (56).
Por isso, ordenou aos seus discípulos que anunciassem o Evangelho e
baptizassem todas as nações (57). O Baptismo é necessário para a
salvação de todos aqueles a quem o Evangelho foi anunciado e que
tiveram a possibilidade de pedir este sacramento (58). A Igreja não
conhece outro meio senão o Baptismo para garantir a entrada na bem-
aventurança eterna. Por isso, tem cuidado em não negligenciar a
missão que recebeu do Senhor de fazer «renascer da água e do
Espírito» todos os que podem ser baptizados. Deus ligou a salvação ao
sacramento do Baptismo; mas Ele próprio não está prisioneiro dos
seus sacramentos.
INCORPORADOS NA IGREJA, CORPO DE CRISTO
1267. O Baptismo faz de nós membros do corpo de Cristo. «Desde
então [...], somos nós membros uns dos outros.» (Ef 4, 25). O
Baptismo incorpora na Igreja. Das fontes baptismais nasce o único
povo de Deus da Nova Aliança, que ultrapassa todos os limites
naturais ou humanos das nações, das culturas, das raças e dos sexos:
«Por isso é que todos nós fomos baptizados num só Espírito, para
formarmos um só corpo» (1 Cor 12, 13).
1268. Os baptizados tornaram-se «pedras vivas» para «a edificação
dum edifício espiritual, para um sacerdócio santo» (1 Pe 2, 5). Pelo
Baptismo, participam no sacerdócio de Cristo, na sua missão profética
e real, são «raça eleita, sacerdócio de reis, nação santa, povo que Deus
tornou seu», para anunciar os louvores d'Aquele que os «chamou das
trevas à sua luz admirável» (1 Pe 2, 9). O Baptismo confere a
participação no sacerdócio comum dos fiéis.
1269. Feito membro da Igreja, o baptizado já não se pertence a si
próprio (69) mas Aquele que morreu e ressuscitou por nós (70). A
partir daí, é chamado a submeterse aos outros (71), a servi-los (72) na
comunhão da Igreja, a ser «obediente e dócil» aos chefes da Igreja (73)
e a considerá-los com respeito e afeição (74). Assim como o Baptismo
é fonte de responsabilidade e deveres, assim também o baptizado goza
de direitos no seio da Igreja: direito a receber os sacramentos, a ser
alimentado com a Palavra de Deus e a ser apoiado com outras ajudas
espirituais da Igreja (75).
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CONTEXTUALIZAÇÃO

Uma ofensa é tão maior, quanto maior for a honra do ofendido. Deus Pai gera na
eternidade o Filho que lhe é igual em tudo, e o ama com amor eterno, e que este Filho igual ao
Pai o ama eternamente, do amor do Pai e do Filho, procede o Espírito Santo, tudo numa só
natureza divina, em 3 pessoas, pela união hipostática. Esse único Deus em tres pessoas, nos
fez por amor, para ama-lo e vivermos numa felicidade aqui na terra, é o que apuramos no
livro do Gênesis capítulo1.
Já o capítulo 2 nos mostra que viveríamos o “jardim das delícias” aqui na terra,
mas, deveríamos ouvir a Palavra de Deus, mais ainda, deveríamos obedecer.
No capítulo 3, podemos atestar que, uma mulher virgem, pura, desposada em
casamento, recebe a visita de um anjo, permite a entrada da perdição, o pecado, a morte, na
história humana. Por esta razão, rejeitamos a felicidade oferecida pelo Criador, caindo em
desobediência passamos a ter enormes dificuldades em amar a Deus, o que é uma gigantesca
ofensa. Ofensa tão grande que nem toda a humanidade reunidade poderia reparar. Torna-se
necessário, então, que o próprio Deus, uma das tres pessoas divinas, tenha que se encarnar e
reparar tamanha ofensa. Se encarnar para que um coração divino em uma natureza humana
pudesse amar e obedecer à Deus, e livremente se oferecer em sacrifício, em reparação, para
levar a humanidade à felicidade eterna com Deus. Deus assume para si uma natureza humana,
pelo que podemos afirmar que, Jesus é verdadeiramente homem e verdadeiramente Deus,
duas naturezas numa pessoa, distintas, mas não separadas, unidas mas sem confusão.
Como dito anteriormente, um anjo anuncia à virgem uma mentira, por ódio a Deus, quer que
vejamos a Deus como um mentiroso, como nosso inimigo. Pela desobediência de Adão e Eva,
perdemos as vestes celestiais, nos tornamos escravos do demônio, escravos do pecado. As
portas do paraíso se fecharam, o homem precisa se reconciliar, se religar a Deus.
Jesus, a segunda pessoa da Santíssima Trindade, Se encarnou para nos reabrir as portas do
paraíso, até então fechadas, com o seu batismo, como nos relata Mateus: “16E depois que
Jesus foi batizado, saiu logo da água; e eis que lhe abriram os céus, e viu o Espírito de Deus
descer como pomba, e vir sobre Ele. 17E eis (que se ouviu) uma voz do céu, que dizia: Este é
meu filho, o amado, no qual pus as minhas complacências. Mt III, 16-17 (Vulgata).
Deus poderia nos salvar de outra forma? Sim, mas, encontrou uma forma bastante
inteligente. Nos salva com a nossa participação.
Jesus ensina o caminho da felicidade, deixa a igreja como dispensária das Graças
de Deus, depois de instituir os sacramentos.
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Fica claro que é o batismo, enquanto sacramento, uma força que sai de Cristo,
para nos unir a Deus em Seu Corpo Místico, e permitir então, que possamos amar a Deus com
todas as nossas forças, com todo o nosso entendimento, e ao próximo, como a nós mesmos.
Mas, não devemos nos esquecer, Satanás não descansa, perdeu a batalha, mas,
deseja levar o maior numero de almas para o inferno. Não entregará facilmente as almas
escravas.
Lembremo-nos que Lúcifer e seus asseclas, as hostes infernais, querem nos por a
perder. E ainda, que Hans Urs von Balthasar se equivocou, e muito, ao afirmar que o inferno
está vazio, pois, não é o que nos ensina o Santo magistério. O inferno tem no mínimo, a terça
parte de miríades e miríades de anjos caídos. Ademais, o livro do Apocalipse, relata em seu
capítulo 20 que no dia do juízo final: 13“E o mar deu os mortos que estavam nele; e a morte e
o inferno deram os mortos que estavam neles; e fez-se juízo de cada um deles segundo as suas
obras. 14E o inferno e a morte (isto é, os ímpios) foram lançados no tanque de fogo. Esta é a
segunda morte. (Ap 20, 13-14). Sendo assim, se por um lado temos cada um de nós, um anjo
custódio, temos miríades de demônios a nos oferecer tentações, com a única finalidade de nos
tornar seus escravos no inferno.
Se os demônios querem nos levar ao inferno, nossa vida aqui sobre a terra é por
demais custosa, uma batalha entre o bem e o mal. Sim, uma batalha espiritual, na qual
carecemos de ajuda e de armas que nos impeça a total derrota. Santo Inácio de Antioquia nos
ensina que:
“Vosso batismo há de permanecer como escudo, a fé como capacete, o amor
como lança, a paciência como armadura. Vossos fundos de reserva são
vossas obras, para receberdes um dia os vencimentos devidos. Sede pois
magnânimos uns com os outros na doçura, como Deus o é convosco. Oxalá
possa alegrar-me convosco sempre.” (Inácio de Antioquia – Carta a
Policarpo Cap VI.)
Precisamos de armas que nos auxiliem nesta batalha espiritual, como bem nos
lembra o apóstolos das gentes:
10
De resto, irmãos, fortalecei-vos no Senhor e no poder de sua virtude.
11
Revesti-vos da armadura de Deus, para que possais resistir às ciladas do
demônio. 12Porque nós não temos que lutar (somente) contra a carne e o
sangue, mas sim contra os principados e potestades (do inferno), contra os
dominadores deste mundo tenebroso, contra os espíritos malignos
(espalhados) pelos ares.( Ef 5, 10-12).
50

4 A MISSÃO
Jesus respondeu, e disse-lhe: Em verdade, em verdade te digo que não pode ver o
reino de Deus, senão aquele que nascer de novo. (Jo 3,3)
Respondeu-lhe Jesus: Em verdade, em verdade te digo que quem não renascer por
meio (do batismo) da água e do Espírito Santo, não pode entrar no Reino de Deus (Jo 3,5).

4.1 O pecado de não colaborar com Deus

Muitas são as pessoas que não buscam a Deus.

São pessoas que não vêem, não ouvem, não falam, não andam e não sentem.
Podemos afirmar que vegetam, no que se refere à busca de Deus.
São pessoas, que não vêem as belezas de Deus, pois, acreditam que é ao acaso da natureza, ou
resultado de alguma evolução.
Não enxergam nada, além de si mesmas. Não enxergam a dor, a pobreza. Não enxergam nem
a alegria dos outros, nem a tristeza dos que fracassaram.
Não conseguem enxergar a “luz no fim do túnel”. Não enxerga a esperança que bate à sua
porta.
Não enxergam a ação de Deus no mundo, nos tempos.
Pessoas que não ouvem o seu interior, sua consciência, os gritos da fé, os sons da Palavra, o
sussurro de Deus.
Não ouvem o pedido de socorro da pessoa estranha, não ouvem o choro da pessoa magoada
pelos seus insultos, não ouve o grito do feto abortado.
Ouvem músicas que ofendem à dignidade, ouvem palavras de baixo calão, ouvem ofensas e
mentiras, mas, não ouvem a Palavra de Deus.
Estão ocupadas com os sons do mundo, de sua propaganda enganosa, e o som do dinheiro, do
poder.
Muitas são, as que também não falam. Não falam de Deus, não agradecem a Deus.
Não falam palavras de conforto aos que sofrem. Não sabem falar elogiando, apenas
reclamando, reclamam de tudo e de todos.
Reclamam muito, da vida, da cidade, do bairro, da rua, dos filhos, dos pais, do cônjuge, da
escola, dos hospitais, de Deus.
Falam muito de si mesmas. Estão sempre falando, do óbvio, do que lhes agrada, sobre sua dor,
sobre suas angústias, sobre suas dúvidas.
Falam mal das pessoas próximas, mas não falam de vida, de amor, de dignidade, de Deus.
51

São muitas as pessoas que não andam. Não vão às Missas, não vão aos encontros e palestras
promovidos pela Igreja. Não vão aos Grupos de Oração, não vão ao encontro de seu irmão.
Não dão um passo na direção do verdadeiro amor, de Deus, da fé.
Caminham como zumbis, uma fome exagerada de materialismo, de tecnologia.
Para estas pessoas, apenas a tecnologia pode lhes oferecer tudo de que precisam, andam
consumindo tudo que lhes interessa e que podem adquirir, consomem muitos alimentos,
consomem a alegria dos pobres.
Não há tempo, não há disposição, não há vontade, de nada que seja para Deus.
São pessoas que não sentem a presença de Deus, no irmão que sofre, também não sentem a
alegria de uma vida em comunidade, não sentem compaixão pelos mais fracos, pelos
desamparados, pelos órfãos.
Tais pessoas, sentem apenas amor por si mesmas e um pouco por aquelas que lhes bajulam.
Sentem necessidade de o tempo todo serem felizes. Sentem necessidade de serem agradadas
por todos. Sentem alegria apenas no sucesso que alcançaram, na vida que possuem, nos bens
que adquirem, nos desperdícios que promovem.
Deus fez o mundo em caminhada de perfeição, e convida o homem a colaborar com Seus
planos.
O homem entra em pecado por não querer colaborar com Deus. Por colocar coisas no lugar de
Deus. Por querer ocupar o lugar de Deus.
É preciso mudar tudo isto. É preciso obedecer ao mandato de Jesus, é preciso falar do amor de
Deus.
Tudo o que acima foi descrito, acontece pela batalha em que vivemos e não nos damos conta,
nosso inimigo não tem pele, osso, é invisível, é espiritual, perdeu a batalha, mas não quer
entregar-se, deseja levar a muitos para o inferno, onde poucos crêm que exista, o crêm que
está vazio.
Todo batizado é chamado a ser profeta e santo. Profeta para denunciar o erro. Santo para
mostrar como viver, como chegar ao Deus que nos chama, que nos convida à vida eterna.
É preciso incentivar o batismo, mas,de forma que fique claro que estamos em batalha, somo
presa do inimigo, e precisamos nos libertar.
O batismo tem o poder de nos incluir no Corpo Místico de Cristo, Sua Igreja e Esposa, mas, o
que não vive seu batismo, rapidamente se torna escravo novamente, nos tornamos um
membro débil.
Não colaboramos com Deus quando não aceitamos o batismo como a porta de entrada do
Amor.
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Não colaboramos com Deus quando pertencente ao Seu Corpo Místico, o traímos, nos
deixando seduzir pelo pecado.
Não colaboramos com Deus quando fazemos pouco do que temos que fazer, quando fazemos
mal o que fazemos.
Não basta fazer o bem, é preciso fazer bem feito, já dizia Santo Agostinho.
Este texto acima, foi ele todo retirado do meu blogue pessoal.

4.2 A missão do batizado - Cultivar o Batismo

.A oração – Já nos dizia o então, papa Bento XVI: A oração faz forte a gente fraca.
Sem oração nos enfraquecemos, não conversamos com Deus, não lhe apresentamos nossas
necessidades, não mantemos aberto o canal de comunicação com Aquele que pode nos ajudar.
.A escuta da Palavra – O pecado ocorre pela não escuta da Palavra. Podemos e
devemos celebrar diariamente o Santo Sacrificio, comungar constantemente, nos alimentar
pelo Pão da Palavra e pelo Pão Eucarístico. É o Pão da Palavra que Deus usa para nos falar, a
encontramos no Santo Ofício, nas Santas Eucaristias e também nas Sagradas Escrituras. O
crente precisa conhecer a mais bela Carta de Amor que Deus nos escreveu.
.A vivência e entrega – Tendo orado (falamos com Deus), tendo escutado a Palavra
(Deus nos fala), nos tornamos então, aptos à vivência cristã, dando exemplo de fé, esperança e
caridade. Estamos aptos a evangelizar, se preciso com a Palavra, mas, primordialmente com
nossos exemplos, nossa entrega.
Através do batismo, podemos ascender ao Alto, em busca das coisas do alto.
Através do Batismo, podemos ter acesso à Força Motriz, à força que é Cristo, à força
que sai de Cristo, seus Sacramentos; Eucaristia como alimento para fortificar a alma, e
suportar o combate; a Confirmação dada pelas pelas nossas atitudes se tornam possíveis pela
abertura à ação do Espírito Santo; da Reconciliação após o pecado, para voltarmos candura,
sararmos as feridas causadas pelo pecado; cada sacramento para cada estado de vida, para
cada momento ou situação que se nos apresenta ao longo de nossa curta existência aqui na
terra, enquanto no campo de batalha.
53

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Demos início a este trabalho, com o relato de São João em seu Livro do Apocalipse:
“Ai da terra e do mar, porque o demônio desceu a vós com grande ira, sabendo que lhe resta
pouco tempo (para perder as almas). E isto implica que devemos compreender quão
dificultosa será a tarefa de “não ter outros deuses além de mim”, Não pronunciar o nome de
Deus em vão”, além de “lembrar-se de santificar o dia sabático”, conforme prescrito no Livro
do Êxodo, o que dizer então dos outros sete mandamentos, visto que, os tres primeiros
mandamento nos dizem como devemos nos relacionar com Deus, e o restante, como devemos
nos relacionar uns com os outros.
Foi dito no início deste trabalho, que é preciso arrancar o homem da escravidão do
pecado, das garras diabólicas da velha serpente, Satanás.
Todo este trabalho está assentado nos santos ensinamentos contidos nas Sagradas
Escrituras, relatados pela Santa Tradição Apostólica, e explicada no Santo Magistério.
É o mesmo Magistério da Igreja que nos afirma que a grande obra de redenção
human, foi operada por Jesus Cristo, que do presépio até a Cruz se firma a nossa redenção.
Esta certeza de que o nascimento na gruta está intimamente ligado com a morte na cruz, nos é
dada pelo anjo aos pastores, conforme relato de Lucas no capítulo 2 versículo 11: “nasceu-vos
na cidade de Davi um Salvador, que é o Cristo Senhor”.
Esta obra redendora, aliada ao batismo, nos é relatada no livro do Denzinger:
Esta obra da redenção humana e da glorificação perfeita de Deus,
preludiada pelos divinos portentos no povo da Antiga Aliança,
realizou-a o Cristo Senhor, principalmente pelo mistério pascal da sua
bem-aventurada Paixão, Ressurreição dos ínferos e gloriosa Ascensão,
em que “morrendo destruiu a nossa morte e ressurgindo restaurou a
vida”5. Com efeito, foi do lado de Cristo adormecido na cruz que
brotou o sacramento admirável de toda a Igreja 6. Como ele mesmo
foi enviado pelo Pai, Cristo também enviou os Apóstolos, repletos do
Espírito Santo, não só para que, pregando o Evangelho a toda a
criatura1, anunciassem que o Filho de Deus, pela sua morte e
ressurreição, nos libertara do poder de Satanás2 e da morte e nos
introduzira no Reino do Pai, mas também para que realizassem a obra
de salvação que anunciavam, mediante o sacrifício e os sacramentos,
centro de toda a vida litúrgica.
Pelo batismo, os homens são enxertados no mistério pascal de Cristo:
mortos com ele, sepultados com ele, com ele ressuscitados3; recebem
o espírito de adoção filial “no qual clamamos: Abba,
Pai” [Rm 8,15], e assim se tornam os verdadeiros adoradores que o
Pai procura4. (Dz 4006)
Que maravilha de ensinamentos, possuem o Magistério da Igreja.
54

E se algum crente exitar sobre a existência de Satanás e seus demônios, temos tantos
ensinamentos ques trazem esta certeza.
Para o crente que duvidar sobre a influência nefasta dos demônios, temos o
Catecismo da Igreja, que em diversos números nos relata, vejamos um pouco:
394. A Escritura atesta a influência nefasta daquele que Jesus chama
«o assassino desde o princípio» (Jo 8, 44), e que chegou ao ponto de
tentar desviar Jesus da missão recebida do Pai (272). «Foi para
destruir as obras do Diabo que apareceu o Filho de Deus» (1 Jo 3, 8).
Dessas obras, a mais grave em consequências foi a mentirosa sedução
que induziu o homem a desobedecer a Deus. (CIC 394)
395. No entanto, o poder de Satanás não é infinito. Satanás é uma
simples criatura, poderosa pelo facto de ser puro espírito, mas, de
qualquer modo, criatura: impotente para impedir a edificação do
Reino de Deus. Embora Satanás exerça no mundo a sua acção, por
ódio contra Deus e o seu reinado em Jesus Cristo, e embora a sua
acção cause graves prejuízos – de natureza espiritual e indirectamente,
também, de natureza física – a cada homem e à sociedade, essa acção
é permitida pela divina Providência, que com força e suavidade dirige
a história do homem e do mundo. A permissão divina da actividade
diabólica é um grande mistério. Mas «nós sabemos que tudo concorre
para o bem daqueles que amam a Deus» (Rm8, 28). (CIC 395)

Que alegria saber que trata-se de uma criatura, logo, muito inferior à Deus, mas, não
podemos menosprezar seu campo de ação e sua influência.
O livro do Apocalipse evidencia, pelas sete narrativas da vitória do Cordeiro, que o
bem é mais forte que o mal, e que Deus está no controle de tudo, do início ao fim.
Porém, Deus nos deu o livre arbítrio, e dele, fazemos mal uso, logo, fazemos
escolhas erradas e/ou perigosas, entramos em ações que nos levam a um fim perigoso para a
salvação de nossa alma. As ações possuem uma relação direta com os efeitos.
Daí decorre que nossas ações precisam ser bem feitas, não bastando ser bom, mas
fazer o bem, e bem feito.
Algumas ações, são intrinsecamentes más, outras podem ser intrinsecamente boas,
mas ainda que pareçam boas podem ser inócuoas. Ex. Eu posso, depois de sujar as mãos,
limpar com água. Se eu utilizar água limpa e sabão, terei as mãos mais limpas, que se apenas
usar um pouco de água. O ritual de lavar as mãos com água em abundância e esfregando a
sujeira com sabão, dá mais resultado, que lavar as mãos com um pouco de água apenas.
Ambos os gestos limparam minhas mãos.
Vamos a outro exemplo: Sou convidado a entrar na casa do prefeito. Depois de um
bom banho, coloco roupas limpas e passadas, me dirijo à sua casa. Ao chegar, faço me
anunciar e aguardo por ser atendido.
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Certamente serei melhor recebido, do que se me apresentasse de qualquer jeito, sem


me anunciar adentrar a casa, poderei até ser posto para fora, e com razão.
Ainda nesta linha, as pessoas se tratavam com mais respeito, o que considero
particularmente bom e civilizado. Não raro hoje em dia, apregoam a informalidade em todo e
qualquer lugar, em toda e qualquer situação. Informalidade demasiadamente aplicada.
Bons e velhos costumes estão sendo esquecidos, boas e velhas maneiras de trato às
coisas e pessoas, estão sendo postas de lado, tudo por conta de uma liberdade, que mais se
aproxima da libertinagem.
Perdeu-se o gosto e a admiração pelo belo, bom e valores, que deram lugar ao feio,
ao rápido e aos custos.
O homem moderno tem dificuldades em crer no invisível, no que tange às realidades
espirituais, mas, não tem nenhuma dificuldade em crer no invisível que a ciência lhe apresenta,
nanotecnologia, ciências quânticas, na cosmologia e suas implicações modernas.
O homem moderno não tem dificuldades em aceitar novas tendências
comportamentais, novos modos de agir, ver e julgar. Rapidamente introduz novos ritos em seu
dia a dia. Chegar a promover uma busca insana por novidades, se esquecendo do que já deu
certo, e do custo das novidades que dão erradas.
O ritual de batismo dentro da Igreja Católica se manteve praticamente o mesmo por
mais de 15 séculos, ou seja, recepção e exorcismo fora da Igreja, adentrar a igreja e continuar
os exorcismos e purificação.
O modernismo vem mostrando, equivocadamente, que o rito não tem importância,
serve apenas para exageros desnecessários..... ledo engano.
A velha máxima da Igreja: “lex orandi, lex credendi” acentua a necessidade de se
manter boas práticas, pois, se acredita no que se ora, se acredita no que se faz, se acredita no
que se fala, se acredita no que se pensa.
É possível e saudável, conciliar o antigo com o novo, cultivar bons hábitos e incluir
algumas novas comodidades, num equilíbrio para o corpo e a mente, para a alma e o espírito.
Não é preciso substituir ou alterar, os ritos antigos continham grande sabedoria, que serve ao
homem moderno, sem ser excludentes.
Termino dizendo o que nos diz o evangelista Marcos: Pois que aproveitará ao homem
ganhar o mundo inteiro se perder a sua alma?
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6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Acessos desde outubro de 2020.

A Celebração do Batismo e da Crisma nos primeiros séculos. Prof. Felipe Aquino. Visto
em 09 de janeiro de 2021 https://cleofas.com.br/a-celebracao-do-batismo-e-da-crisma-nos-
primeiros-seculos/

A EXISTÊNCIA do demônio. MP3 Áudio-aula de Pe. Paulo Ricardo. Baixado em


https://padrepauloricardo.org/aulas/o-doutor-angelico-e-sua-importante-reflexao-sobre-a-
acao-demoniaca/exclusivo

ALMEIDA, F.P. Tiempos Modernos - La exaltación de la Dinastía de Braganza en el


bautismo real 2017 Tese de Mestrado .UNIVERSIDADE DO PORTO, Porto, 2017 - com
autorização dada por mensagem eletrônica (e-mail: franciscadalmeida@gmail.com)

ALMEIDA, F.P. de Artigo: O ritual do batismo em Portugal na Baixa Idade Média e nos
inícios do século XVI - Francisca Pires de Almeida - Universidade do Porto, Faculdade de
Letras da Universidade do Porto/ Departamento de Ciências e Técnicas do Património, 4150-
564 Porto, Portugal http://www.scielo.mec.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1646-
740X2014000200006 com autorização dada por mensagem eletrônica (e-mail:
franciscadalmeida@gmail.com)

BATIZADO DO LUCAS (03/11/2013). Batizado de Lucas na Paróquia Ortodoxa de Santa


Catarina, a Grande na cidade do Conde-PB dia 03/11/2013 celebrada por Pe. Emiliano e D.
Ambrósio, Bispo Ortodoxo de Olinda-Recife. (228 segundos). Igreja Polonesa NE.

BENTO XVI, Papa. Homilias. Celebração do batismo do senhor e administração do


batismo a 21 recém-nascidos - 09/01/2011

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Roma – 11/06/2012.

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BEZERRA, Juliana. Wicca. Visto em:


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BÍBLIA SAGRADA – 4 volumes – Traduzido da Vulgata e anotado pelo Pe. Matos Soares –
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Humanitas31-32_artigo60 intro ao Missal Mateus

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57

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NOTA DOUTRINAL sobre a modificação da fórmula sacramental do batismo:


https://press.vatican.va/content/salastampa/it/bollettino/pubblico/2020/08/06/0406/00923.html
#rispostepo visto em 10/10/20 às 19:42hs.

OLIVEIRA, Miguel. LIVROS LITURGICOS DE ÉVORA. batismo na idade media em


Potugal LS_S1_06_Miguel Oliveira em pdf
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RICA – Ritual de Iniciação Cristã de Adultos – CNBB - Editora Paulus 2019


RIBEIRO, Genildison da Silva. A Fé, Elemento Vital no Batismo. Universidade Metodista de
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Rito do batismo antes reforma 1962: RITO DO BATISMO DE UMA CRIANÇA


CONFORME O RITUAL ROMANO LATINO PORTUGUÊS - Aprovado por decreto da
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Rito para batismo de crianças - para uso do CELEBRANTE - Edições Paulinas - impresso em
1970.

RUSSIA BEYOND. Qual a diferença entre batismo ortodoxo russo e o católico. Acesso em:
https://br.rbth.com/estilo-de-vida/81099-diferenca-batismo-catolico-ortodoxo-russo
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TOMÁS DE AQUINO, Santo. Questões sobre o Batismo - Suma Teológica - (12 partes) Parte
III questão 66 - tradução de Dercio Antonio Paganini – visto em:
https://www.veritatis.com.br/questoes-sobre-o-batismo-parte-12-12-sera-o-batismo-de-
sangue-o-mais-excelente-dentre-os-batismos/ visto em 06/12/20 às 23hs

TOMEJE, Babalorixá. Ìkomojade, o batismo no Candomblé. Visto em:


https://blog.ori.net.br/?p=609 20/12/20 às 10hs

TRATADO SOBRE O BATISMO - Tratado sobre o batismo / Santo Agostinho; tradução e


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XANGÔ, Rejane de. Umbanda-Candomblé . Batismo. Visto em:


http://umbanda-candomble.comunidades.net/batismo 12/12/2020

Wikipedia.org. Rito de Passagem (Wicca) – visto em:


https://pt.wikipedia.org/wiki/Ritos_de_Passagem_(Wicca) 12/12/2020

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