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Módulo de Aperfeiçoamento de

Ar Livre e
Padrões de Acampamento

Diretoria de Métodos Educativos


Equipe Regional de Gestão de Adultos
Equipe Regional de Imagem e Comunicação
Revisado a partir do antigo manual elaborado pela UEB/MG, por:
Ch IM André Luiz Correa Gomes
Ch IM Fernando Antônio Lucas Camargo – RMG
Ch IM Miguel Augusto Najar de Moraes – RMG
Ch IM Carlos Magno Torres – RMG
Ch IM Alisson João da Silva – RMG
Ch IM Luiz Carlos de Melo – RMG
Ch IM Luciano Cordeiro de Loyola

Revisão de conteúdo e diagramação: Dezembro/2017

Ricardo Machado – Coordenador Regional de Imagem e Comunicação


Rodrigo Luís Duarte Martins – Diretor Regional de Métodos Educativos

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Módulo de Aperfeiçoamento de
Ar Livre e Padrões de Acampamento

1. OBJETIVO:

Proporcionar aos membros adultos do Movimento Escoteiro


conhecimentos que lhes permitam conduzir atividades Escoteiras empregando as
técnicas de campismo, enfatizando sua aplicação pedagógica.

2. PROBLEMA:

As atividades ao ar livre, extra-sede, são das principais ferramentas


pedagógicas do Escotismo, constituindo-se em fator de atração para os jovens,
por invocar o seu espírito aventureiro. Entretanto, deve-se ter em mente que não
são meros momentos recreativos, menos ainda ocasiões de “desfrutar da
natureza” deixando um rastro de danos. Há, ainda, potenciais riscos que devem
ser alvo de consideração desde o primeiro momento do planejamento.

3. DADOS DISPONÍVEIS:

O Brasil, por sua diversidade de terrenos, propicia numerosas


possibilidades para atividades de campo com os jovens, tirando-os da “zona de
conforto” da cidade e possibilitando-lhes construir suas soluções para as
situações-problema que o meio natural apresenta.
Atividades de campo: jornadas; acampamentos; acantonamentos;
bivaques; excursões ciclísticas; montanhismo; canionismo; canoísmo;
espeleologia; rapel; práticas de orientação; percurso de trilhas a pé; atividades
aquáticas; observação da natureza; levantamentos ambientais; ações de
conservacionismo; e outras.

4. CONTEÚDO DO MÓDULO:

O Módulo Técnico de Ar Livre e Padrões de acampamento (MT-PA) deve


ser ministrado em campo, com a prática da montagem do acampamento,
construção de pioneirias e confecção da alimentação (inclusive cozinha mateira)
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pelos cursantes. Mais do que simplesmente executar as tarefas para “sentir a
dificuldade pela qual o jovem passa”, o adulto deve ter a visão da aplicação
pedagógica daqueles saberes. Sem entender os objetivos educacionais
alcançados por meio da prática do campismo, o adulto não será mais que um
recreador ou um “treinador de mateiros”.
Convém que o adulto, ao comparecer para frequentar o Módulo,
saiba, minimamente: montar uma barraca; fazer amarra quadrada e de tripé;
montar e acender uma fogueira simples.
Para além da visão geral dos cursos sequenciais do Esquema da Insígnia
de Madeira, o Módulo Técnico de Ar Livre e Padrões de acampamento (MT-PA)
tem as seguintes Unidades Didáticas:

UD 1: Coordenação de atividades: Antes, durante e depois; Programação,


Segurança, Saúde, Alimentação (40 min).

UD 2: Excursões e pernoites: excursão, acantonamento, acampamento, jornada,


bivaque; definições e peculiaridades (30 min).

UD 3: Segurança: informações; deslocamento; local de campo; atividades (60


min).

UD 4: Cardápios: balanceamento, quantidades, economia; comida mateira;


reflexos educacionais (75 min).

UD 5: Escotismo, ecologia e vida ao ar livre: preservação ambiental e


sustentabilidade no planejamento e execução de atividades (20 min).

UD 6: Equipamento: material individual e coletivo (30 min).

UD 7: A inspeção de campo: papel pedagógico da inspeção de campo (30 min).

UD 8: Técnica de campo: seleção do local; montagem de campo; o campo de


Patrulha; pioneirias e artimanhas (150 min).

UD 9: Nós, amarras e pioneirias: principais nós e amarras usados em campo;


planejamento de uso de pioneirias; aplicação pedagógica (30 min).

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UD 10: Material de campo e ferramentas: ferramentas de sapa, de corte e
outras; uso, segurança e conservação (50 min).

UD 10: Fogueiras, lampiões e fogareiros: como e quando usar; tipos de


fogueiras; tipos de lampiões e fogareiros e modo de usar; procedimentos de
segurança (50 min).

UD 12: Sanitarismo: saúde e higiene no campo; previsão e destinação de


resíduos (30 min).

UD 13: A “casa” no campo: planejamento de campo, barracas e abrigos; como


fazer e seus objetivos educacionais (30 min).

UD 14: Por que praticar atividades de ar livre e observar padrões de


acampamento: como e por quê (30 min).

CARGA HORÁRIA TOTAL: 1080 min ou 18 h/a

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QUADRO-HORÁRIO DO MÓDULO DE APERFEIÇOAMENTO DE AR LIVRE E
PADRÕES DE ACAMPAMENTO

HORÁRIO DURAÇÃO CONTEÚDO


T.U.D. T.O.A.T.
08:00 00:40 Abertura – Boas-vindas - Objetivos do curso - Trocar de roupa
08:40 00:20 UD 5: Escotismo, ecologia e viver ao ar livre
09:00 00:50 UD 10: Material de campo e ferramentas de corte
09:50 00:20 Intervalo – Lanche
10:10 00:50 UD 11: Fogueiras, fogareiros e lampiões
11:00 01:00 UD 13: Planejamento de campo, barracas e abrigos
12:00 01:00 Almoço (equipe apoio)
13:00 01:00 UD 3: Segurança
14:00 00:30 UD 6: Equipamento - Material individual e coletivo
14:30 00:40 UD 9: Nós, amarras e pioneirias
15:10 00:20 Intervalo
15:30 02:30 UD 8: Técnica de campismo: Montagem de campo pelas Patrulhas
18:00 02:00 Arriamento - Jantar (fogão suspenso)
20:00 00:30 UD 2: Excursão, Acantonamento, Acampamento, Jornada, Bivaque
20:30 00:30 Prep Fogo de Conselho
21:00 01:00 Fogo de Conselho
22:00 Avisos finais – silêncio

HORÁRIO DURAÇÃO CONTEÚDO


T.U.D. T.O.A.T.
06:30 01:30 Alvorada - Higiene pessoal - Café (fogão suspenso)
08:00 00:15 Bandeira – Espiritualidade
08:15 00:45 UD 7: Inspeção de campo - Preparação da moranga recheada
09:00 01:00 UD 4: Planejamento de cardápios
10:00 00:20 Intervalo
10:20 00:40 UD 1: Coordenação de atividades
11:00 00:30 UD 12: Sanitarismo em campo
11:30 02:30 UD 4: Almoço - comida mateira
14:00 01:00 Desmonte de campo
UD 14: Discussão dirigida: como e por que observar padrões de
15:00 00:30 acampamento
15:30 00:30 Agradecimentos - Arriamento – Encerramento
16:00 00:20 Lanche
16:20 Debandar

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UNIDADE DIDÁTICA 1:
COORDENAÇÃO DE ATIVIDADES

1. INTRODUÇÃO
O Programa de Jovens, ao substituir o Programa Escoteiro, não retira do
Escotismo suas cores, sabor e magia, que sempre foram o atrativo para os
beneficiários do Movimento. Pelo contrário, enfatiza que técnicas mateiras,
contato com a natureza, aventuras, deliciosas conversas em torno da fogueira,
acampamentos debaixo de chuva e tantas coisas que nos são tão caras –
continuam presentes na vida do Escoteiro, pois a atividade ao ar livre é uma das
ferramentas mais características de uma criação genial já centenária e cuja
existência tem sido benéfica para vários milhões de jovens em todo o mundo.
Geralmente, são as atividades de campo que fornecem o material para
os “causos” que se contará nas conversas ao pé do fogo, ou mesmo aos filhos e
netos, ou que se recordará nos reencontros dos velhos amigos. É um anedotário
rico, porque não nasce de situações sempre parecidas como em trabalhos
escolares, nem de uma convivência fugaz como a de uma colônia de férias.
As atividades de campo fortalecerão os laços de amizade e consolidarão
atitudes de busca de solução de problemas, de determinação e de cooperação. E
o Movimento Escoteiro é capaz de proporcioná-las de uma forma muito própria,
diferindo do “lazer outdoor” dos demais mortais. Quem tem a vivência Escoteira
traz consigo para o campo todo um processo de treinamento, todo um período
de convívio com os que vão partilhar o mesmo espaço e com os seus “irmãos
mais velhos”. E o escopo deste Módulo é justamente praticar as técnicas de
campismo, entendendo como e por que elas são usadas como ferramentas
pedagógicas.

2. Tipos de atividades ao Ar Livre

As principais atividades ao Ar Livre praticadas no Escotismo são:

• Excursões (T)
• Acampamentos volantes e bivaques (S/P)
• Pernoites (E/S/P)
• Atividades de Mergulho (S/P)
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• Acantonamentos (T)
• Escalada (S/P)
• Acampamentos (E/S/P)
• Travessias (S/P)
• Grandes Jogos (T)
• Etc.
• Jornadas (E/S/P)

Legenda: T = todos E = Ramo Escoteiro S = Ramo Sênior P = Ramo Pioneiro

3. O que é necessário para realizá-las

A criatividade ao planejarmos uma atividade de Ar Livre não tem limite.


Porém, existem alguns preparativos e precauções importantes, que estão
divididos em três etapas de execução:

I – ANTES II – DURANTE III – DEPOIS

A Chefia é responsável por cada uma destas etapas e, consequentemente,


por tudo o que acontecer (de certo ou errado) durante a atividade – tanto os
adultos diretamente envolvidos quanto o Diretor-Presidente da Unidade
Escoteira Local (solidariamente responsável por ter dado fiança da capacidade
dos adultos para conduzirem a atividade).

I –ANTES

 Estabelecer os objetivos de desenvolvimento que se


pretende alcançar.
 Avaliar os recursos humanos.
 Avaliar recursos materiais.
 Planejamento.
 Visita ao local.
 Reconhecimento do terreno.
 Realização de percursos.
 Programação.

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 Autorizações.

a) Estabelecer os objetivos:
Uma atividade Escoteira não é uma atividade meramente recreativa. É
uma aventura que o jovem, a equipe ou a Seção desenvolve em contato com a
natureza. Não é apenas um exercício físico, mas principalmente uma
oportunidade de se desenvolver em vários aspectos como cultura, história,
observação, consciência ecológica, sociabilidade, respeito mútuo e outros.
Portanto, para selecionar uma atividade de ar livre, não se deve pensar em
simplesmente “arrancar os jovens da sede e dar-lhes uma imersão na vida de
campo”. Cada tipo de atividade enfatizará alguns atributos nas diversas áreas de
desenvolvimento, e em todas as áreas há a oportunidade de conquistar objetivos.
A aplicação de determinados conhecimentos e técnicas, a exigências de certas
capacidades físicas e destrezas e a construção e/ou consolidação de
comportamentos e atitudes desejáveis têm uma grande oportunidade em um
evento “fora de casa”, no qual cada um e a coletividade (Patrulha/Tropa) terão de
valer-se de suas próprias capacidades para enfrentar variados desafios. Assim,
sempre devemos ter em mente: nenhuma atividade é um fim em si mesma; ela só
é selecionada e montada para atender a objetivos pedagógicos definidos. Fora
dessa condição, seremos recreadores, e não educadores. Sobre os objetivos
educacionais, tratamos mais adiante neste manual.

b) Planejamento:
Sabendo-se os objetivos que se pretende alcançar e quais as
possibilidades de chegar a eles na atividade, deve-se planejar, considerando
elementos como: efetivo participante (jovens e adultos) e suas características,
duração necessária e possível para a atividade, locais possíveis de recebê-la e suas
condições de uso, tipo de transporte e acomodação, custeio... Tenha-se em
mente que quanto mais longo for o deslocamento, ou quanto melhor for a
infraestrutura do local, maior tende a ser o custo da atividade – o que não
significa que a Seção só acampe no quintal da casa de alguém, para que o
deslocamento e a ocupação do “campo” tenham o custo mais baixo possível; do
mesmo modo, não é o caso de servir caviar no lanche da tarde, mas também não
se deve passar somente à base de macarrão instantâneo e água da torneira. Ao
planejar, deve-se definir também se a atividade será de Patrulha, de Seção, de
Ramo (caso o Ramo tenha mais de uma Seção) ou inter-Ramos. Quando o Ramo

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tem mais de uma Seção, fazer atividades de Ramo ajuda a fomentar a coesão e
reduzir o risco de uma eventual “rivalidade” entre as Seções. Quanto a atividades
inter-Ramos, sabendo que os interesses e capacidades dos jovens são diferentes
de acordo com o estágio em que se encontram (idade cronológica e psicológica),
uma atividade congregando dois ou mais Ramos deverá ter momentos em que
as atividades sejam comuns, ou em que as possibilidades de um compensem as
limitações do outro. Fazer atividades entre Ramos vizinhos de vez em quando é
um fator de integração grupal, e os jovens do Ramo mais novo têm um “gostinho
do que os espera”, enquanto os do Ramo mais velho têm a percepção da
“relevância de servir de guia para os mais novos”. Cabe ressaltar que essas
atividades inter-Ramos devem ocorrer de vez em quando, do contrário os mais
jovens não verão “nada de novo” quando passarem para o próximo Ramo.

c) Escolha e reconhecimento do local:


Seja qual for a atividade, devemos antecipadamente conhecer o local
onde ela será desenvolvida. Todos os detalhes devem ser conhecidos pela chefia,
para que não haja surpresas desagradáveis. Ao planejar a atividade e ao
reconhecer o local, deve-se fazer o wargaming, ou seja, levantar as hipóteses de
problemas para adotar ações preventivas e/ou preparar os meios para executar
ações corretivas. Ao visitar o local, identificar suas características, possibilidades
e limitações/fatores de risco; se possível, fazer um esboço, de modo a, em reunião
com os envolvidos (Chefia, Corte de Honra), esquematizar a ocupação do campo.
Mesmo que não seja a primeira vez que se acampa naquele lugar, podem ter
havido alterações que venham a afetar o andamento da atividade pretendida,
desde uma obra nova ou uma alteração no curso do rio até uma migração de
abelhas.
“Devemos contar sempre com o imprevisto, portanto, devemos supor tudo
o que pode acontecer de errado, estando Sempre Alerta !” B-P.

d) O que devemos observar durante o reconhecimento:


Socorro médico: identificar e ter à mão endereço e telefone de hospitais,
médicos e farmácias próximos.
Propriedades privadas: a atravessar ou onde estacionar; contatos com
proprietários, autorização, regras de uso, etc.
Clima e vegetação: como o lugar pode ficar sob condições adversas de
tempo (informações com os habitantes ajudam muito); árvores que possam
desprender galhos ou folhas pesadas.

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Abrigos: grutas, celeiros, estábulos, galpões, chalés etc. e situações em
que possam ser empregados – e a quem pedir autorização.
Transportes: verifique quais os meios de transporte existentes, custos,
horários e veículo para casos de emergência.
Percurso a ser seguido: anotar distâncias; tempo gasto; pontos de apoio,
etc. e avaliar o nível de dificuldade para o acesso de carros de passeio e ônibus;
deve-se caracterizar não apenas o percurso entre o ponto de origem/retorno e o
local da atividade, mas também entre este e o ponto de apoio mais próximo
(hospital, posto policial, guarnição de Bombeiros...). Se houver trajetos a serem
feitos pelos jovens aplicando técnicas Escoteiras, fazer o percurso antes para
estimar corretamente distâncias e características, pontos críticos e locais para as
paradas e tarefas.
Água potável: verifique se há e qual a abundância. Verificar, ainda, se
nenhuma instalação do acampamento tem potencial para contaminar a água.
Segurança: observe a vizinhança; procure saber se o local é frequentado
e por que tipo de pessoas, se já houve ocorrência de furtos ou atos violentos.
Topografia: conformação do terreno, identificando rios e lagos,
coletores de águas, baixadas, áreas sujeitas a desmoronamentos, rotas de acesso
e de escape, tipo de vegetação, corredores de vento.
Solo: verifique se o solo é permeável. Evite acampar sobre barro. Areia
não dá segurança às construções. Solos muito compactados ou pedregosos
tornam difícil a escavação e a fixação de estacas.
Animais ferozes e peçonhentos, ou os ditos domésticos pouco
amigáveis, como cães ou bovinos. Colônias de insetos, como enxus (abelhas,
vespas, marimbondos) e formigueiros.
Comunicação: localize um telefone para contatos (público ou não);
considere as possibilidades e limitações do telefone celular (verificar quais
empresas têm antenas na região) e/ou de equipamentos de rádio (há algum
radioamador/operador de faixa do cidadão disponível?).
Abastecimento: verifique se perto do local da atividade existem
mercados, mercearias etc., e faça um levantamento de preços. Isso pode
simplificar a logística, no que concerne a peso, volume ou perecibilidade de
gêneros alimentícios a transportar (eventualmente, nas costas dos participantes)
– desde que os gastos não se façam absurdamente maiores do que comprando
os gêneros na cidade de origem.
Material natural para uso: madeira para lenha, mourões ou bambu para
pioneirias (se for o caso).

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Regulamentos do local (especialmente no caso de parques, campos de
instrução militar ou clubes), da Região Escoteira, etc.
Atrativos: represas, rios, piscinas, praias, locais turísticos ou históricos,
fábricas, plantações, eventos culturais, etc.
Data da Realização: Quando é feita a vistoria prévia do local, muitas
vezes o que será encontrado na data da atividade não coincidirá com o que foi
visto. É possível, dependendo da ocasião, ocorrerem comícios ou festas religiosas
com carreatas, ou os caminhos serem utilizados por trilheiros com seus jipes,
motos e outros veículos, ou os postos de saúde não funcionarem nos finais de
semana, entre outras coisas. Ou seja, deve-se tomar cuidados específicos quanto
a estas eventualidades. Deve-se considerar, ainda, a época do ano; as
possibilidades do terreno na estação seca não serão as mesmas na época das
águas, considerando não só a chuva como também as tempestades elétricas.

e) Recursos materiais e humanos:


Os seguintes questionamentos devem ser feitos e respondidos, antes de
realizarmos a nossa esperada atividade:
1) P - Temos adultos qualificados na chefia para executar tal atividade?
R - Se não temos adultos qualificados, devemos buscar a colaboração de
especialistas: guias, professores, mergulhadores profissionais, etc.
2) P- Nossos jovens realmente estão preparados para participar?
R - Se os jovens são inexperientes, devemos propiciar oportunidades ao
longo das nossas reuniões: capacitação nas técnicas Escoteiras, palestras,
avaliações, treinamento etc.
3) P - O nosso equipamento é apropriado e está em boas condições?
R - Jamais podemos partir para uma atividade sem que todo o material
geral e individual a ser usado seja checado. Os jovens devem estar bem
equipados e preparados para o uso correto deste equipamento. A definição do
equipamento individual e coletivo depende do tipo da atividade, do local em que
será realizada, da época do ano e das tarefas que se pretende cumprir.
4) P - Estamos cientes das reais condições físicas de cada um de nossos
jovens?
R - Jamais podemos levar um jovem para uma atividade, sem que
saibamos as suas condições de saúde. Na ficha de autorização devem constar,
descritas pelo responsável: as restrições físicas momentâneas, medicamentos que
devem ser tomados, vacina antitetânica, se sabe nadar, telefones para contato,
etc. Isso porque, apesar de ele poder ter um estado geral saudável (conforme a

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ficha médica), na época específica da atividade ele pode estar enfraquecido: um
resfriado, um braço quebrado...

f) Programação:
À luz dos objetivos, do planejamento, das informações colhidas na visita
ao local e do conhecimento dos recursos materiais e humanos necessários e
disponíveis, deve fazer-se a programação. É preciso atribuir tempo suficiente para
alimentação e repouso, e sempre estar atento à hidratação dos participantes. A
programação deve ser atraente, dosada adequadamente nos vários tipos e
intensidades de desafio que proporá aos jovens, e contribuir para que eles
atinjam os objetivos da atividade.

g) Autorização:
Expressa, por escrito e assinada pelo responsável legal devidamente
identificado. Sem ela, não se leva o jovem à atividade. Uma autorização assinada
pela avó, tio ou vizinho “em nome do” responsável legal não é válida. Deve-se,
tanto quanto possível, usar um formulário de autorização no qual o responsável
legal declara ter sido cientificado dos dados da atividade e suas condições de
execução e autorizando expressamente a participação do jovem na mesma. É
importante que essa autorização seja recebida até uma semana antes do evento,
pois se for usado ônibus ou van é necessário apresentar aos órgãos de
fiscalização o manifesto de embarque – e não pode haver inclusão de novos
passageiros após a liberação do manifesto de embarque. Todos os participantes
membros do Movimento Escoteiro devem estar em dia com o registro junto
à Associação Escoteira; é preciso que quem esteja encarregado da atividade se
assegure dessa condição. A exceção quanto ao registro Escoteiro se faz, claro,
com relação aos eventuais especialistas convidados/contratados, que não têm
necessariamente vínculo com o Escotismo, mas essa participação tem de estar
bem definida – tanto quanto possível, documentalmente.

II – DURANTE

• Mantenha os jovens ocupados com atividades atraentes,


interessantes e equilibradas – o que não é sinônimo de cansá-los nem de
assoberbá-los com atividades; um dos objetivos é a convivência; além disso,

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o cansaço pode impedir a consecução de objetivos importantes
(PROGRAMAÇÃO);
• Observe os horários de dormir (PROGRAMAÇÃO);
• Mantenha os jovens bem alimentados; (NUTRIÇÃO);
• Zele pela higiene de todos, pela higiene dos locais da atividade, pela
higiene na alimentação e trate de todos os ferimentos, por menores que
sejam; (SAÚDE);
• Zele pela segurança de todos no uso de ferramentas e na aplicação
das atividades; (SEGURANÇA).

PROGRAMAÇÃO + NUTRIÇÃO + SAÚDE + SEGURANÇA = SUCESSO DA ATIVIDADE

III – DEPOIS

• Observe se o local está mais limpo e arrumado do que antes;


• Faça os agradecimentos aos colaboradores presentes;
• Exija limpeza e organização de todo o material usado;
• Preste contas;
• Envie cartas de agradecimento (se for o caso);
• Avalie a atividade junto: aos jovens, à Corte de Honra e à Chefia;

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UNIDADE DIDÁTICA 2:
EXCURSÕES E PERNOITES

1. INTRODUÇÃO

Ao se planejar uma excursão ou pernoite, tal atividade deverá atender a


um determinado objetivo da Seção e/ou estar de acordo com o planejamento da
Seção desenvolvido na ocasião. Nunca é demais lembrar que toda atividade
extra-sede deve ter autorização expressa, por escrito, do responsável legal pelo
jovem como condição para que ele participe.

2. EXCURSÃO

Toda caminhada onde há um estreito contato com a natureza. Não


podemos considerar uma excursão Escoteira apenas como uma caminhada, onde
não há uma programação prévia ou sem o contato com a natureza, o que ocorre
num passeio, por exemplo.
Podemos classificar as excursões como sendo:
De Seção - realizadas periodicamente sob a direção da Chefia da Seção.
Têm duração de um dia. Ocorrem nos arredores da cidade em locais propícios a
um contato com a natureza.
De Patrulha (Ramos Escoteiro e Sênior) - são sempre diurnas e realizadas
sob a direção do Monitor, com autorização do Chefe da Tropa. Ocorrem em locais
próximos de fácil acesso.

3. PASSEIO E/OU VISITA

Toda atividade em que não há o contato direto com a natureza. Ex. ida a
um museu, ida ao zoológico, visita a outro Grupo Escoteiro, etc.
Como no caso das excursões, o passeio pode ser:
De Seção - realizadas periodicamente sob a direção da Chefia da Seção.
Têm duração de até um dia. Ocorrem geralmente na cidade, em locais que
tenham algum atrativo cultural, ou sejam propícios à prática de jogos que
atendam aos objetivos propostos, ou possibilitem confraternização.

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De Patrulha (Ramos Escoteiro e Sênior) - realizados sob a direção do
Monitor, com autorização do Chefe da Tropa. Ocorrem em locais próximos de
fácil acesso.

4. PERNOITE

Tem as mesmas características de uma excursão, sendo a sua principal


diferença a dormida ao ar livre ou em abrigos naturais ou barraca e uma
programação mais ampla (somente para Escoteiros, Seniores e Pioneiros). Não
podemos considerar um pernoite a dormida numa casa de campo, por exemplo
(nesse caso, trata-se de um acantonamento).

5. PERIODICIDADE

onvém que as excursões/pernoites de Tropa ocorram normalmente a


cada 2 meses sem considerar as visitas, atividades de Área e Regionais, etc. Ao
serem previstas e feita sua programação, deve-se sempre considerar quais os
objetivos educacionais que se pretende alcançar com elas.

6. A PROGRAMAÇÃO DE UMA EXCURSÃO

Características
Normalmente se inicia de manhã e termina ao entardecer (EXCURSÃO)
ou termina no outro dia (PERNOITE). O trajeto a pé a ser percorrido deve ser de
acordo com o nível de desenvolvimento dos jovens e o Ramo ao qual eles
pertencem.
Deve ter um planejamento prévio pela Chefia, podendo ter a participação
da Corte de Honra em determinadas ocasiões, dando sugestões de locais assim
como podendo sugerir as atividades a desenvolver.
Como podemos observar, uma excursão ou pernoite deve ser
programada de forma diferente de uma reunião rotineira de sede, numa
sequência de jogos e atividades, sem que haja a rigidez dos horários pré-
determinados.

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As excursões são ótimas oportunidades para a aplicação de jogos,
grandes jogos, desenvolvimento de especialidades (ex.: Lides Campeiras,
Rastreamento, Técnicas de Sapa), Trabalhos Manuais com materiais naturais, etc.

Observações:

 O local deve ser explorado ao máximo.


 A excursão é uma oportunidade de aplicação e aprendizagem de habilidades
que requeiram ar livre para serem desenvolvidas.
 Os Escotistas que participarão da atividade deverão ter conhecimento da área
e/ou ter em mãos cópias dos mapas da região. É por eles que a equipe de adultos
envolvida saberá informar onde está uma patrulha, ou quais estradas percorrer a
fim de fazer um acompanhamento distante e zelar pela segurança dos jovens.
 É comum posicionar Escotistas em alguns pontos do itinerário, de modo que
um Escotista informe quando a patrulha passou por determinado ponto e que
outro Escotista aguarde a chegada desta patrulha em outro ponto (são os
chamados pontos de controle).
 Recomenda-se que a equipe circule por toda a região no mesmo dia da
semana que ocorrerá a atividade. É bastante comum que algumas estradas sejam
utilizadas nos finais de semana por jipeiros que fazem suas atividades off road.
Ou que em determinado local, haja aglomeração de pessoas por conta de alguma
festa, ou jogo de futebol. Estas possibilidades não devem ser descartadas, pois
interferem na execução da atividade e podem, mesmo, trazer algum potencial de
risco.

7. PREPARAÇÃO

Os jovens deverão receber uma orientação prévia em relação a


alimentação, calçado, vestuário e material individual adequados para a ocasião:
estação quente, chuvosa, fria, ventosa, seca; deslocamento a pé ou motorizado;
como serão as refeições e a dormida; locais e horários de encontro e de liberação;
e outras informações úteis.
As Patrulhas à medida que vão se amadurecendo, vão se tornando aptas
a fazerem excursões de Patrulhas, previamente planejadas e com aprovação da
Corte de Honra e da Chefia.

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EXCURSÃO PARA LOBINHOS

1. INTRODUÇÃO

Ao se planejar uma Excursão de Lobinhos, deve-se levar em conta que


esta deverá estar adequada ao planejamento da Alcateia e dele constar
expressamente, sendo um dos meios para se alcançar determinado objetivo na
ocasião.

2. EXCURSÃO DE LOBINHOS

Pode-se entender uma excursão de Lobinhos como sendo toda atividade


externa em que não haja pernoite e na qual as atividades proporcionem um
estreito contato com a natureza.
Convém lembrar que os Lobinhos não realizam bivaques, pernoites,
jornadas etc., uma vez que estas são atividades específicas dos Ramos Escoteiro
e Sênior.
Vale também destacar, novamente, a diferença entre Excursão e Passeio.
A excursão pressupõe um estreito contato com a natureza. No passeio,
ao contrário, este contato não está presente, uma vez que o tipo de atividade
desenvolvido é outro. Podemos citar como passeios as visitas a museus,
Planetário, estádio de esportes, dentre outros.

3. CARACTERÍSTICAS DE UMA EXCURSÃO DE LOBINHOS

Normalmente uma Excursão inicia-se pela manhã na Sede ou em outro


lugar estabelecido, terminando ao entardecer.
As excursões são realizadas preferencialmente de dois em dois meses,
conforme o planejamento da Alcateia, não sendo consideradas como tais, as
atividades regionais e Distritais.
Deve contar com a participação de Escotistas na proporção de 1 para
cada 6 crianças ou, na falta destes, de uma Equipe de Apoio.

4. INGREDIENTES DE UMA EXCURSÃO DE LOBINHOS


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Para realizarmos uma Excursão de Lobinhos, devemos dispor dos
seguintes ingredientes:

a) Local
O local deve ser:

 Amplo, arborizado e que permita um percurso a pé (realizado em


uniforme de campo);
 Seguro;
 Com Recursos naturais (cavernas, rios, cachoeiras, etc.);
 Condizente com a capacidade física dos Lobinhos;
 Com água potável;
 Com atrativos que despertem o interesse das crianças.

b) Programação
A excursão não é uma maxi-reunião de Alcateia. Seu planejamento deve
incluir as etapas que apresentem dificuldade de serem realizadas na Sede (Ex.:
percorrer uma rota simples marcada com sinais de pista, acender um fogo, etc.).
Devem ser desenvolvidas atividades das Áreas de Interesse,
principalmente a de Meio Ambiente. É de suma importância que sejam planejadas
atividades em que haja o contato com a Natureza.
Ao planejar a excursão, os atrativos do local devem ser explorados ao
máximo, bem como o tempo de duração da atividade.

c) Material
Deve ser adequado e suficiente para as atividades e incluir a Caixa de
Primeiros Socorros, que é indispensável.

d) Refeições
Devem acontecer em horário preestabelecido, devendo haver um lanche
pela manhã e outro à tarde (dependendo da programação), além do almoço.

19
e) Equipe de Apoio
Dependendo do local onde a Excursão será realizada, é conveniente a
utilização de uma Equipe de Apoio, com um veículo para o caso de emergências,
transporte e guarda de material, além de auxílio nas atividades.

ACANTONAMENTOS

1. POR QUE ACANTONAR?

Ao se planejar um Acantonamento, deve-se levar em conta que este é


considerado a atividade clímax da Alcateia.
Por meio do Acantonamento o contato com a natureza pode ser
praticado mais intensamente, e o conhecimento do jovem torna-se muito mais
fácil. Nos 2, 3 ou 4 dias em que ele estará com a Alcateia, sua verdadeira
personalidade, com qualidades e defeitos virá a tona, fazendo com que se
apresente como realmente é.
Os acantonamentos são realizados normalmente em sítios, fazendas, casas
de campo, pousadas, casas de praia, etc. Possuem duração de 2 a 4 dias e as
atividades voltam-se para o contato com a natureza visando despertar o interesse e
a imaginação das crianças. Sua periodicidade é semestral, obedecendo ao
planejamento anual da Alcateia.
O acantonamento pode ser feito nos Ramos maiores, tendo como
condicionantes o local e os objetivos da atividade. Se vai ser desenvolvida, por
exemplo, uma atividade de levantamento de dados , na qual o tempo de
montagem de campo prejudicaria aquele da atividade-fim, é melhor acantonar.
Ou, por outra abordagem, se o pouso ao ar livre (acampado ou bivacado) é
vulnerável a visitas indesejadas, é melhor acantonar.

2. O QUE DEVEMOS LEVAR EM CONTA ANTES DE ACANTONAR?

Como já visto em sessão anterior, as atividades seguem o trinômio:

ANTES – DURANTE – DEPOIS

20
O Acantonamento, pertencendo à categoria das atividades ao ar livre,
não poderia ser diferente. Para que o Acantonamento seja uma atividade de
sucesso, devemos levar em conta dois fatores primordiais que são: a
programação e a alimentação.
De nada adiantará uma excelente programação aliada a uma alimentação
pobre, assim como, uma alimentação rica e variada, de nada valerá se estiver
atrelada a uma programação repetitiva e sem atrativos.
É preciso que os Escotistas tenham em mente que o Acantonamento se
destina ao alcance de um objetivo, estipulado previamente no planejamento anual.
Ele não é uma simples atividade de recreação, na qual os Lobinhos irão brincar e
se divertir. Ele possui características que o tornam uma atividade Escoteira, e como
tal deve ser entendido.
Também é bom lembrar, que nos Acantonamentos não existem
torneios de eficiência, sendo, contudo, possível a utilização de matilhas de
serviço.

ACAMPAMENTOS

1. O ACAMPAMENTO

Acampamento é a atividade extra-sede na qual se dorme em barracas.


Pode ser feito por todos os Ramos, observando-se a progressividade quanto ao
nível técnico exigido dos participantes.
A programação para o Acampamento deverá ser bem variada e divertida,
de modo que ao final de cada dia, todos estarão cansados o bastante para uma
boa noite de sono. As atividades deverão prever: tempos livres para banhos,
atividades de Patrulha (Ramos Escoteiro/Sênior) e ocasiões em que os jovens
possam aproveitar os recursos de lazer oferecidos pelo local. Normalmente o dia
de um acampamento é dividido em 3 períodos de atividades:

• MANHÃ • TARDE •NOITE

O dia num acampamento sempre começa e termina de uma maneira


formal e organizada (inspeção, Bandeira, oração, reflexão, Cadeia da Fraternidade

21
etc.), e essa preservação dos marcos simbólicos é de grande importância para
manter o clima Escoteiro da atividade.
A programação de um Acampamento não deverá ser como a de uma
Reunião de Seção. Existirão períodos de jogos e outros dos mais diversos tipos
de atividades.
É muito importante que o jovem retorne do campo com algo a mais na
sua vida Escoteira, além do largo sorriso e as lembranças da atividade. Ele deverá
ter aprendido coisas úteis e ter se beneficiado com as experiências vividas durante
os dias que passou longe de casa, em contato com a natureza e convivendo com
seus companheiros de Patrulha.
Os passos do planejamento: 2 a 3 meses antes, providenciar o local e ter
todas as informações usuais da vistoria prévia; 1 mês antes, traçar a programação
com os Escotistas do Ramo e a Corte de Honra, levando-se em conta o local
definido anteriormente e com tempo suficiente para providenciar o material a ser
utilizado; 21 dias, ou antes disso, solicitar autorização da Diretoria do Grupo; 15
dias antes, entregar a autorização aos pais e, de preferência, realizar reunião com
os mesmos apresentando a programação e objetivos do acampamento; 07 dias
antes, recolher as autorizações e ajustar o manifesto de embarque (no caso de
ônibus fretado ou van). Deverá haver uma programação alternativa para dias de
chuva, para ser utilizada caso seja necessário. Esta deverá ser bastante equilibrada
visando principalmente o Espírito Escoteiro e de união uma vez que as condições
climáticas adversas tendem a criar problemas de atrito entre os jovens devido ao
seu confinamento em espaços restritos e a situações nas quais seu material e eles
estejam sujeitos a se molhar.
Muitas vezes é mais sensato levantar acampamento no caso de chuva
constante do que permanecer nestas condições.
No Ramo Lobinho, o acampamento só costuma diferir do
acantonamento pelo fato de os Lobinhos se alojarem em barracas. É etapa da sua
progressão montar uma barraca e nela pernoitar. Não lhes será exigida a técnica
de campismo desenvolvida a partir do Ramo Escoteiro, nem caberá a eles
atribuição de cozinhar ou de mobiliar o campo; não há separação de “campos de
Matilha”, há apenas o acampamento da Alcateia; não há inspeção de campo
como nos outros Ramos, mas eles devem aprender a montar sua mochila e
manter seu material em boa ordem.
No Ramo Escoteiro, devido à idade dos jovens, à progressividade e ao
importante papel que a alimentação desempenha, deve-se dar preferência a que
as refeições sejam preparadas em fogareiros a gás. A utilização de fogão à lenha,

22
bem como fogareiros de cartucho, será eventual e como uma atividade ou etapa
específica a ser cumprida. Não como rotina.
No Ramo Sênior, a preparação da comida em fogão à lenha pode ser
mais usual, o que dá um grau de dificuldade a mais (desafio), inerente ao Ramo;
os fogareiros de cartucho, mais facilmente transportáveis, são uma opção
interessante para atividades em que não se possa usar lenha; as espiriteiras
(usando álcool em tabletes ou em gel) são outra possibilidade, se a alimentação
for feita individualmente.
Convém lembrar que o uso de lenha para cozinhar deve ser alvo de sérias
ponderações, pois é proibido nos parques e áreas de preservação ambiental.
Mesmo num acampamento em propriedade particular e com autorização do
responsável, só deve ocorrer se contribuir para alcançar objetivos da
atividade; deve-se avaliar se o tempo, trabalho e recursos empenhados atendem
ao que se propôs. A mesma consideração deve ser tomada no que se refere às
pioneirias.

2. OS INGREDIENTES

Para o sucesso de um acampamento, tudo depende da Programação da


atividade. Antes de fazer o programa, todos os detalhes devem ser verificados
para evitar que haja erros ou falhas que não poderão ser solucionados no seu
desenrolar.

O que deve constar de um programa de acampamento:


 O Adestramento Progressivo
 Atividades físicas (jogos, competições de força, esportes etc.)
 Inspiração (momentos de reflexão)
 Observação da natureza
 Treinos de observação
 Habilidades manuais e mateiras
 Tempos livres

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JORNADAS E BIVAQUES

1. BIVAQUE E JORNADA

A jornada e o bivaque diferem do acampamento, para começar, pela sua


forma. Trata-se de atividades que se caracterizam pela mobilidade (em
contraposição às instalações fixas ou ponto central dos acampamentos e
acantonamentos). Por isso, sua logística e seu planejamento são diferentes.
Jornada é uma atividade externa que compreende o período de um dia,
usualmente com um pernoite acampado ou bivacado.
Bivaque é a modalidade de pouso em campo no qual não se usam
barracas, mas sim abrigos construídos pelos participantes. Esses abrigos podem
ser construídos com recursos naturais (galhos, folhas, bambu) e/ou com materiais
trazidos pelas pessoas (lona, poncho, rede).
Os jogos deverão ser aplicáveis ao deslocamento (por exemplo, de
observação da natureza ou de sinais de pista) e sem que demandem um esforço
adicional muito maior (afinal, caminhar carregando uma mochila com
equipamento já é suficientemente desgastante). Podem ser aplicados nos alto-
horários ou no horário de arrumação para o pernoite; pode, ainda, ser usado o
sistema de carta-prego, com os jovens executando atividades previamente
estabelecidas durante o trajeto.
Os jovens usarão suas barracas (opção no caso da jornada) ou
construirão seus abrigos improvisados (bivaque – incluindo a possibilidade do
uso de redes), praticando assim suas habilidades e, muito mais, exercitando a
iniciativa, a rusticidade, a frugalidade e o espírito de equipe. Melhor ainda se for
possível prover tempo e lugar para banho. Ao programar uma jornada ou
bivaque, deve-se tomar em conta que:

• O começo e o término da atividade devem, tanto quanto possível, ser


formalmente marcados, de ordem a reavivar os marcos simbólicos – não é uma
“ida ao campo” qualquer, e sim uma atividade Escoteira.
• As horas mais quentes do dia não são recomendáveis para deslocamento
(insolação, desidratação).
• A chegada ao local de pouso deve ser em condições tais que permitam aos
jovens fazer uma avaliação do local e selecionar os pontos em que construirão
seus abrigos, reabastecerão cantis, cozinharão e cuidarão da higiene. Ou seja,

24
com luminosidade suficiente e sem que os participantes estejam fisicamente
esgotados.
• A ocupação do local de pouso deve ser de tal modo que ninguém fique
completamente isolado; é recomendável que o perímetro seja ocupado pelos
mais experientes.
• O uso de lenha para cozinhar só deve ocorrer se for autorizado pelos
responsáveis pelo local. Pode ser usado o fogareiro de cartucho ou (já que o peso
e volume do material são altamente relevantes) fogareiros do tipo espiriteira –
mas não conte com espiriteiras para produzir um grande volume de calor que
permita fazer batatas fritas (no máximo, um macarrão instantâneo ou uma sopa
individual).
• É mandatório que cada jovem leve consigo um apito, pois caso se perca, ou
ocorra algum incidente, poderá chamar a atenção de seus companheiros. O
apito é equipamento de segurança individual, indispensável em qualquer ida
ao campo. Com o advento dos telefones celulares, o costume de levar o apito foi
caindo em desuso; mas cabe lembrar que bateria de celular acaba e há pontos
do terreno em que ele fica inoperante, e o apito só depende do fôlego do seu
portador.

2. UMA ATIVIDADE MARCANTE

Uma jornada ou bivaque deve ser marcante, e não apenas um cansativo


percurso a pé. Podemos usá-la para o cumprimento de etapas pelos jovens, levá-
los a um lugar memorável pela sua beleza, história ou outra peculiaridade, ou
colocá-los em uma atividade totalmente diferente do que lhes é usual (uma visita
a um parque marinho, por exemplo).

25
UNIDADE DIDÁTICA 3:
SEGURANÇA
Em qualquer atividade na sede ou ao ar livre, todos os participantes
estarão sujeitos aos riscos naturais decorrentes da exposição a uma situação
habitualmente diversa daquela que caracteriza suas rotinas de vida: insetos,
terreno irregular e pedras soltas, espinhos, muito sol ou chuva em excesso,
manuseio de ferramentas, são apenas alguns exemplos dos riscos a que
usualmente se expõem os participantes de uma atividade externa. Nada disso
deve ser empecilho para a realização de uma atividade Escoteira! A exposição a
tais riscos faz parte do tempero que atrai os jovens às atividades Escoteiras.
Como disse B-P, o jovem não é feito de louça, e a rusticidade e resiliência
construídas nas atividades de campo ajudam a torná-lo mais apto para encarar
diversos tipos de desafio de seu cotidiano. Isto não significa, entretanto, que
possamos ser descuidados: todo cuidado é pouco! Expor os jovens aos riscos,
sem que tenhamos nos cercado dos mínimos cuidados (por imperícia,
imprudência ou negligência), é um perigo desnecessário. Cabe ao Escotista,
portanto, tomar todas as medidas preventivas para minimizar as probabilidades
de acidentes.
Alguns materiais e ações devem ser tomados como procedimentos de
padrão mínimo; um exemplo é a bebida alcoólica: NÃO HÁ LUGAR para bebida
alcoólica em nenhuma espécie de atividade Escoteira, especialmente em campo;
primeiro, pela exposição do jovem a algo que pode trazer dano à sua saúde (isso
configura crime); segundo, porque o seu uso compromete a percepção, a
coordenação e os reflexos da pessoa, que não se pode dar ao luxo de deixar de
contar com todos os seus recursos numa situação como uma atividade Escoteira,
à qual o risco é inerente. Outro exemplo é a necessidade de ninguém ir a lugar
nenhum em campo sozinho; sempre deve haver pelo menos uma dupla. E o
equipamento individual obrigatório para qualquer atividade deve
compreender: ÁGUA, APITO, AGASALHO e DOCUMENTOS.

“Na mochila da chefia não há espaço para a imprevidência!”

1. ATOS INSEGUROS E CONDIÇÕES INSEGURAS

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Na maioria das vezes, os acidentes não ocorrem por acaso; apesar de
poderem ser provocados por condições adversas inesperadas, não poucas vezes
resultam de falta de previsão e planejamento pelos Escotistas; no momento
propício, constitui-se a cadeia de eventos que resulta no acidente, geralmente
associado a algum dano. Da distração na hora de colocar o equipamento até o
descumprimento das orientações de segurança, passando pela falta de
informação dos horários dos ônibus, são muitas as formas de iniciar o processo
de um acidente.
Um exemplo bem atual é dado pelas possibilidades oferecidas pelos
modernos aparelhos de telefonia celular: se antes apenas serviam como um
telefone sem fio, atualmente fazem fotografias, filmagens, propiciam contato
instantâneo com o mundo inteiro pelas redes sociais, têm joguinhos para
entreter... Todas essas possibilidades fazem esses aparelhos, especialmente nas
mãos dos jovens, conterem fatores de risco: o jovem, entretido com o joguinho
ou com as mensagens instantâneas, não presta atenção no itinerário, nas
orientações de segurança ou na colocação do seu equipamento; preocupado
com o custo do aparelho e o dano que este possa sofrer, descuida-se da sua
própria proteção; no afã de tirar uma selfie “de fazer inveja aos outros”, expõe-se
a uma condição de risco; com a gana de dar difusão imediata à foto/filmagem
que fez, pode expor a si e aos demais de forma indevida. “Quem precisa de
transmissão instantânea de informação é empresa de jornalismo e equipe de
pronto-socorro”.

Atos Inseguros e/ou Condições Inseguras

a) Ato inseguro
É toda ação que tem como resultado um acidente. Suas causas podem
ser:
 Falta de capacitação técnica dos jovens ou dos Escotistas
 Falta de habilidade motora (manual ou de coordenação)
 Negligência ou imprudência
 Distração
 Cansaço
 Outros

b) Condições inseguras
Consideramos como condições inseguras, situações nas quais
encontramos:
 Equipamentos defeituosos, inadequados ou em quantidade insuficiente

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 Locais inseguros
 Falta de equipamento de 1º Socorros
 Alimentação inadequada
 Improvisação de equipamento ou procedimentos
 Falta de correta avaliação de risco pelos Escotistas

ATOS INSEGUROS + CONDIÇÕES INSEGURAS = ACIDENTE

2. O QUE LEVAR PARA O CAMPO

a) O tipo de material que levamos para o campo vai depender do tipo de


atividade a ser desenvolvida. O acampamento, sem dúvida nenhuma, é a
atividade que necessita de uma maior quantidade de material. Porém não há
necessidade de levarmos coisas que não sabemos se vão ter utilidade ou não.
“Seu conforto é seu peso”: cada item de conforto que for levado é um peso
adicional na mochila – o que mostra a importância de sermos criteriosos na
escolha do que vamos levar.
No caso do Ramo Escoteiro, devemos ter um cuidado maior pois,
normalmente, os jovens acabam indo para o acampamento sem ter total
conhecimento e domínio do seu material. Portanto é importantíssimo que haja
um bom treinamento antes do acampamento, para que não ocorram surpresas
desagradáveis no que diz respeito à segurança dos jovens.

b) Alguns cuidados que devemos ter ao prepararmos o material:


 Os monitores deverão ter uma lista de todo o material necessário para o seu controle
ou do almoxarife da patrulha;
 Tudo que será usado deverá ser revisado e testado antes da atividade;
 As patrulhas e a chefia deverão ter o seu material separado e identificado.
 O saco do tipo marinheiro com alças é o mais indicado para transportar o material;
 Ferramentas deverão estar protegidas com bainhas e as de corte, devidamente
afiadas;
 Todo cuidado com vidros de lampião é pouco;
 O barato sai caro (mas nem sempre o mais caro é o melhor)!

c) Observações:
 No Ramo Escoteiro, deve-se evitar que os jovens carreguem nas costas o
seu material de campo por longas distâncias; a Chefia deve providenciar
transporte até o ponto mais próximo possível do local da atividade.

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 No Ramo Sênior também não é aconselhável; caso não haja alternativa,
todo o material deve ser equitativamente/proporcionalmente distribuído por
todos os elementos. No caso de acampamentos volantes, escaladas e travessias,
o material deverá ser leve e de pequeno volume – pois será levado às costas.
 Sempre que possível, o material usado no campo, dos espeques às
panelas, deve ser guardado em condições de ser posto em uso imediatamente.
 Após a atividade, todo o material deve ser limpo e no caso das barracas e
lonas em geral, jamais podem ser guardadas molhadas; se o forem, rapidamente
estarão estragadas e impróprias para uso devido ao mofo e à eventual ferrugem
em partes metálicas.

3. MATERIAL DE CAMPO (MATERIAL DE PATRULHA )

COZINHA:
1 Galão de 10 litros
1 Toldo 5m X 3m
1 Conjunto de panelas do tipo pioneiro grande
1 Escorredor de arroz
Colher de pau
Colher de arroz
Abridor de latas e garrafas
1 Fogareiro de duas bocas com botijão/cartucho cheio
Pano de prato
Toalha de mesa
Tábua de carne plástica
Faca de serra e comum

CAMPO:
1 Toldo 3m x4m
Lata pequena de graxa
2 Barracas de 4 pessoas
Pedra de amolar
1 Lampião com botijão/cartucho cheio
Lona plástica para forrar o chão
1 Machadinha com bainha
Bate espeque (marreta pequena)
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2 Facões médios
2 Sacos de marinheiro
1 Pá
1 Rolo de sisal simples (1kg)
1 Serrote tipo poda
Fita métrica ou metro

Para o Ramo Sênior podemos acrescentar ou substituir por:


Bacia
2 barracas de 3 ou 4 pessoas*
Grelha
2 fogareiros a cartucho de uma boca
Balde com bica
1 lampião de cartucho*
Tina

4. ESTOJO DE 1º SOCORROS BÁSICO.

Atualmente, os estojos de primeiros socorros não podem conter


medicamentos; devem levar tão somente material que permita limpar ferimentos,
fazer curativos, imobilizar membros afetados e fazer remoção de corpos
estranhos que não demandem ações mais complexas.

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UNIDADE DIDÁTICA 4:
CARDÁPIOS E COMIDA MATEIRA

1. UMA BOA ALIMENTAÇÃO É FUNDAMENTAL

“A Organização Mundial de Saúde considera como NUTRIÇÃO o


conjunto de processos por meio dos quais o organismo vivo recolhe e transforma
as substâncias sólidas e líquidas exteriores de que precisa para a sua manutenção,
desenvolvimento orgânico normal e produção de energia.”
Um dos aspectos vitais para o sucesso de qualquer atividade é a boa
alimentação, pois o espírito e o humor de qualquer atividade são reflexos, além
do programa desenvolvido, da alimentação.
De nada adiantará desenvolvermos um programa rico e variado, se a
alimentação for fraca, de mau gosto e inadequada.
Devemos ter em mente que as refeições necessitam ser balanceadas,
acompanhando o ritmo da atividade e adequadas ao clima.
Cabe ao responsável pelo cardápio elaborar uma dieta que promova a
boa nutrição do jovem em atividade, fazendo com que ele sinta prazer em
preparar os alimentos e se alimentar. Esse prazer refere-se a dois atos que
envolvem ingestão de alimentos, mas que, segundo Luís da Câmara Cascudo, têm
ligeira diferença: comer e alimentar-se/nutrir-se.
Alimentar-se ou nutrir-se tem a ver com o suprimento recomendado de
determinados tipos de carboidratos, gorduras, proteínas, vitaminas e sais
minerais para o organismo: determinado pela fisiologia e orientado pela ciência.
Comer é culturalmente orientado, socialmente validado e condicionado pelo
prazer de ingerir algo saboroso em companhia de quem se gosta. É preciso
alcançar o equilíbrio entre necessidade e prazer. Deve-se levar em conta, ainda,
que as condições em campo são bem diferentes daquelas em casa/na sede,
trazendo imperativos próprios quanto à conservação, acondicionamento,
durabilidade, preparo da comida e produção de resíduos.
Dependendo dos objetivos e das características da atividade, há várias
opções a considerar:

 Cozinha:
 Central;
 por Patrulha;

31
 ração individual.
 Cardápio:
 Único;
 Individualizado (por Patrulha ou por pessoa).
 Tipo de alimentação:
 Mateira;
 Convencional (feita na lenha ou no gás);
 Semi-pronta, pronta ou liofilizada.

No caso de descentralização do cardápio, as Patrulhas devem submetê-


lo à apreciação da Chefia, para evitar cair na tentação do trinômio feijoada em
lata (almoço), sopa de pacote (jantar) e barra de cereais (desjejum), tendo como
alternativa o macarrão instantâneo para o almoço ou jantar, com o leite
condensado (lata ou embalagem longa-vida) como sobremesa – sem falar nos
biscoitos para todos os lanches.

2. CARDÁPIOS

Considerações na elaboração de um cardápio:


 Balanceamento dos grupos de nutrientes;
 Adequação das refeições ao horário correspondente (por
exemplo, barrinha de cereais no almoço e feijoada no jantar não são boas
escolhas);
 Mantimentos perecíveis (os de mortalidade mais rápida
devem ser usados primeiro);
 Variedade;
 Condições locais e características da atividade;
 Qualidade;
 Tempo e complexidade de preparo;
 Quantidade;
 Nível de adestramento dos executantes;
 Simplicidade;
 Resíduos produzidos e seu destino.

Importante: As Patrulhas devem ir para um acampamento sabendo o


que vai ser preparado e como preparar! Para isso, devem ter treinado em casa ou
na sede.
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3. ALIMENTAÇÃO INDICADA PARA UMA EXCURSÃO / PERNOITE

Devido ao grande esforço físico exercido numa Excursão ou Pernoite, a


alimentação deve ser leve e energética, atendendo às necessidades de cada
jovem.

Sugestões:
 Sanduíches (presunto ou carne assada com queijo, requeijão, geleia
etc.; no caso do presunto e de queijos frescos, prever consumo na
primeira etapa do dia; quanto mais sequinha estiver a carne, maior a
sua durabilidade);
 Chocolates, mariola ou rapadura (esta é mais aconselhável, por ser
menos sujeita ao derretimento);
 Achocolatados;
 Biscoitos;
 Frutas;
 Sementes (amendoim, castanhas etc.);
 Frutas secas;
 Barra de cereais.

No caso do Pernoite, podemos acrescentar pratos quentes, tais como


sopas e macarrões semi-prontos (somente pela questão de peso, volume e
tempo/condição de preparo; convém serem enriquecidos com vegetais e/ou
carne).

Porções individuais dos diversos gêneros, por refeição, para cálculo

GÊNERO QUANTIDADE OBS


Abóbora 100 g
Achocolatado em pó 10 g
Açúcar 50 g
Alho-e-sal (tempero) 5g
Arroz 100 g
Azeitona 10 g
Batata 100 g
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Biscoito 75 g
Café 10 g
Carne 125 g
Cebola 50 g
Cenoura 75 g
Chá 10 g
Chocolate 50 g
Detergente 1 frasco Para 3 dias (Patrulha)
Doce 75 g
Esponja de aço 1 unidade Por dia (Patrulha)
Farinha de trigo 80 g
Farinha de milho 40 g
Farinha de mandioca 50 g
Feijão 50 g
Fósforo 1 caixa Para 3 dias (Patrulha)
Frango 150 g
Fubá 25 g
Laranja 2 unidades
Leite em pó 100 g
Limão 2 unidades
Lingüiça 80 g
Macarrão 100 g
Maçã 2 unidades
Mamão 200 g
Manteiga ou margarina 25 g
Óleo de cozinha 25 g
Ovos 2 unidades
Papel higiênico 1 rolo Por dia (Patrulha)
Pimentão 25 g
Purê de tomate 50 g
Queijo ralado 25 g
Queijo 75 g
Refresco 50 g Para 1 litro de água
Repolho 75 g
Sabão em barra 1 unidade Para 3 dias (Patrulha)
Sal 10 g
Salsicha 100 g
Tomate 75 g
Vinagre 5g

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Exemplo de uma tabela de itens para um cardápio (aqui, considerando já ter
sido levantado o local com melhor preço para o item)

GÊNERO UNID PREÇO R$ LOCAL QUANT/PES VEZES QUANT $ TOTAL


Arroz Pct 1 kg 1,37 Sup Céu Azul 100 g 2 2 pct 2,74
Batata Kg 0,80 Sacolão Jajá 100 g 1 800 g 0,64
Beterraba Kg 0,45 Hortileste 75 g 2 1,2 kg 0,54
Biscoito doce Pct 500 g 2,15 Sustento 1 pct 2,15
Biscoito salgado Pct 500 g 2,85 Sustento 1 pct 2,85
Cenoura Kg 0,65 Sacolão Jajá 75 g 2 1,2 kg 0,78
Carne (lagarto) Kg 7,60 Açougue Tilu 125 g 1 1 kg 7,60
Cebola Kg 0,49 Sacolão Jajá 50 g 1 400 g 0, 20
Chá mate Cx 15 sachês 1,85 Sup Grotas 1 sachê 1 1 cx 1,85
Doce de leite Lata 800 g 7,53 Sup Céu Azul 50 g 2 1 lata 7,53
Espaguete Pct 500 g 2,70 Sustento 100 g 1 2 pct 5,40
Farinha de rosca Pct 200 g 1,50 Sustento
Farinha mandioca Pct 500 g 1,80 Sup Grotas
Feijão preto Kg 3,50 Sup Céu Azul 50 g 1 400 g 1,40
Filé de frango Kg 8,80 Sustento 150 g 1 1,2 kg 10,56
Goiabada Pct 500 g 3,40 Hortileste 75 g 1 1 pct 3,40
Leite Litro 1,55 Sustento 250 ml 1 2l 3,10
Linguiça Kg 4,50 Açougue Tilu 80 g 1 640 g 2,88
Maçã Unid (120 g) 2,95/kg Hortileste 240 g 1 1,92 kg 5,67
Maionese Pote 250 g 2,35 Sustento 2 1 2,35
Molho de tomate Lata 350 g 2,49 Sup Grotas 50 g 1 2 latas 4,98
Nescau Pote 250 g 2,15 Sup Grotas 1 1 pote 2,15
Ovos Dúzia 2,80 Hortileste 1 1 dz 2,80
Pão de forma Pct 500 g 2,38 Sup Céu Azul 1 pct 2,38
Requeijão Pote 250 g 2,98 Sup Grotas 1 1 pote 2,98
Tempero Pote 200 g 2,18 Sacolão Jajá 5g 3 15 g Já temos
Seleta de legumes Lata 300 g 2,37 Sustento 2 2 latas 4,74
Refresco Pct 50 g (1 l) 0,67 Sup Céu Azul 3 6 pct 4,02
Tomate Kg 2,48 Sacolão Jajá 75 g (1 unidade) 2 1,2 kg 2,98
TOTAL GERAL - RATEIO (6 MEMBROS) 88,67

OBSERVAÇÃO: Muitas vezes, leva-se um frasco de 500 ml de detergente,


outro de 900 ml de óleo, um pote de 200 ou 500 g de tempero, um pacote de 1
kg de sal e outro de açúcar para uma atividade de dois ou três dias. Isso significa
gasto extra, peso extra e desperdício (além de os sacos de sal ou açúcar serem
facilmente furáveis). Se a Patrulha combinar trazer esse material de casa, não pesa
para ninguém e não acontece desperdício, pois é apenas uma fração do que a
família normalmente consome. O óleo e o detergente podem ser acondicionados
em garrafinhas PET pequenas, das de refrigerante (“caçulinha”, 180 ml). O sal,
num desses saleiros plásticos do tipo usado em bares e restaurantes, que deve
acomodar uns 50 gramas, mais que suficiente para a atividade; o tempero pronto,
também numa embalagem plástica pequena, com tampa de pressão ou
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rosqueável; e o açúcar, num pote hermético plástico pouco maior (tamanho 200
a 300 ml), de preferência com tampa rosqueável. Dessa forma, leva-se apenas a
quantidade necessária dos produtos e reduz-se o risco de vazamentos e
contaminações.
Quando se for cozinhar usando lenha, é de muito bom alvitre
envolver a parte de fora da panela com barro ou detergente; fazendo isso, o
carbono da queima da madeira vai aderir a essa camada protetora, e não à panela.
Fica muito mais fácil remover apenas a camada exterior do que arear a panela
para retirar o carbono aderido.

4. COMIDA MATEIRA

“Comida mateira” é como se denomina aquela feita com recursos


improvisados, sem o uso de panelas e equipamentos de cozinha.

Exemplos de pratos feitos à moda mateira:


 Ovo no espeto;
 Pão de caçador;
 Kabobs (espetinhos com carne em pedaços e legumes);
 Batata recheada (com ovo, queijo ou linguiça) na brasa;
 Mandioca, batata-doce ou outro tubérculo/legume feito na brasa, com ou
sem uso de papel alumínio;
 Banana ou maçã assada na brasa;
 Ovo frito no papel alumínio;
 Carnes assadas na brasa (no espeto, no papel alumínio ou em folhas);
 Frango assado no barro;
 Pratos assados envoltos em folhas de bananeira ou similar, feitos na brasa;
 Café mateiro;
 Abóbora (moranga) recheada, na brasa.

O modo e o tempo de preparação dos alimentos na técnica mateira


podem ser (quase sempre serão) diferentes daqueles considerados quando se
cozinha em casa, no fogão/forno a gás e usando assadeiras ou panelas. Convém
que, antes de prever algum prato para ser preparado no campo, seja ele testado
em casa (ou na sede); isso permitirá determinar as quantidades, fazer a estimativa

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do tempo de preparo e de cozimento, verificar os cuidados a tomar e prever a
eventual produção de detritos, aos quais deve ser dado destino adequado.

5. REFLEXOS EDUCATIVOS

A montagem de cardápios e a prática da cozinha pelos jovens em suas


equipes permite atingir objetivos educacionais em diversas áreas de
desenvolvimento:

Pesquisa: sobre as características do alimento, tais como origem,


capacidade nutricional, conservação, porção usualmente consumida por pessoa;
se for sobre um prato, além de suas características nutricionais, podem entrar
conhecimentos como lugar de origem, história, forma de preparo, situação típica
de consumo... A “sopa paraguaia”, por exemplo, é muito mais um bolo salgado
de fubá do que uma sopa.

Concentração: para a pesquisa e, mais ainda, para a prática da confecção


do alimento. É preciso ter foco no que se está fazendo. Do contrário, entra o
ingrediente errado, ou na quantidade errada, ou antes da hora, ou passa do
ponto, empelota, queima.

Treinamento dos sentidos:

• olfato (qualidade do alimento, ponto de cozimento, tempero);


• paladar (qualidade do alimento, ponto de cozimento, tempero);
• audição (fervura de líquido ou ruptura de casca);
• visão (a aparência do alimento pode indicar sua qualidade, seu ponto de
cozimento, ou o encharcamento por gordura);
• tato (qualidade do alimento, ponto de cozimento, densidade do caldo).

Lógica e disciplina: ao seguir a receita, se os passos não forem


observados, o alimento vai desandar.

Técnica culinária: obtenção correta da cocção, fritura ou assamento,


obtendo maciez, suculência, crocância, homogeneidade ou separação; recheios e
coberturas; batimentos e misturas; cortes; “macetes” diversos.

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Cuidado consigo e com os outros: os efeitos de um alimento em más
condições ou mal preparado aparecem em curto prazo. Isto envolve também a
quantidade adequada, uma boa apresentação, uma boa condição para serviço e
consumo... É muito melhor do que despejar nos pratos algum OCNI – Objeto
Comestível Não Identificado.

Matemática: exercício de uso de unidades de medida (quilograma, litro);


cálculo das quantidades; cálculo do dinheiro a ser gasto e do seu rateio; cálculo
de distribuição de peso e volume pelas mochilas ou caixas de Patrulha.

Economia: uso judicioso dos recursos, para que o dinheiro não falte, para
que a comida seja suficiente e para que não haja desperdício.

Frugalidade: satisfazer-se com o que seja suficiente e com coisas simples.

Criatividade: inventar outras formas de fazer o alimento ou de apresentar


o prato, tornando-o mais simples de fazer ou mais atraente visualmente, ou com
cheiro mais apetitoso.

Planejamento e organização: da seleção e cálculo do cardápio à


distribuição do material, previsão do tempo de emprego dos alimentos e da
destinação dos resíduos.

Higiene e limpeza: as mais elementares medidas profiláticas contra


infestações e contaminação.

Trabalho em equipe e companheirismo: divisão de tarefas em prol de um


objetivo comum, cooperação. A Patrulha se prepara junta, faz junta, come junta
e permanece junta.

Perseverança: não se desiste com a primeira dificuldade, nem porque o


prato não saiu como se esperava; a prática é que leva à perfeição, e a
perseverança é que leva à consecução dos objetivos em todas as situações.

Cortesia: estar no campo não significa abrir mão dos bons modos à hora
das refeições, nem das outras manifestações, como convidar as pessoas para a
refeição, ou no tratamento quando visitam o campo.

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Consciência como consumidor: selecionar os produtos, verificando
validade, preço e qualidade, checando inclusive se não há prática lesiva pelo
estabelecimento (por exemplo, a embalagem com 1,5 kg do produto ter preço
maior que 1,5 do valor do kg).

Consciência ecológica: produzir o mínimo de resíduos (máximo


aproveitamento dos alimentos, usando, se possível, os talos e cascas) e dar-lhes
destino adequado.

Segurança doméstica: a segurança no uso do material de cozinha, na


manipulação de alimentos e no manejo culinário é aplicável em todos os lugares:
em casa, no campo ou em viagem.

Como vimos, todas as áreas de desenvolvimento podem ser cobertas


pela prática da cozinha, quer seja convencional, quer seja mateira. É um tipo de
aprendizagem cujos conhecimentos, habilidades e atitudes se refletem
diretamente na construção da autonomia do ser humano: assim como ele deixa
de ser dependente de terceiros para providenciar sua comida, ele também pode
se tornar menos dependente de ideias alheias, pré-formatadas, que lhe
poupariam o trabalho de refletir e construir sua própria compreensão.

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UNIDADE DIDÁTICA 5:
ESCOTISMO E ECOLOGIA

1. O ESCOTEIRO É BOM PARA OS ANIMAIS E AS PLANTAS? ATÉ


QUE PONTO?

Para o Movimento Escoteiro, é motivo de orgulho que tenhamos sido


uma das primeiras organizações mundiais a valorizar o meio ambiente,
proporcionando aos jovens, nos diversos níveis, o contato com a natureza.
No entanto, o que observamos hoje é uma certa displicência com relação
aos cuidados que devemos tomar em nossas atividades externas.
Para nossa reflexão: entidades ambientalistas muitas vezes consideram o
Escoteiro um inimigo da natureza, quase tão prejudicial como um turista não
consciente. Por quê? Vale a pena analisar.

2. BOAS INTENÇÕES NEM SEMPRE SIGNIFICAM AÇÕES CORRETAS

Acampamentos
Nossa postura nos acampamentos nem sempre tem sido coerente com
nossos Fundamentos, que estabelecem que o Escotismo valoriza o equilíbrio com
a Natureza. Construímos muitas vezes valetas para barracas que não as
necessitam, fossas desnecessárias e não adotamos atitude correta de
recolhimento dos resíduos.

Pioneirias
O nosso programa, há muito tempo, não mais exige a derrubada de
árvores para demonstrar o bom uso do machado. Mas continuamos solicitando
a construção de pioneirias que muitas vezes são desnecessárias, que absorvem
muito tempo de preparo para um só ou poucos dias, com a intensa utilização de
madeira cada vez mais escassa. Geralmente essa madeira não é reaproveitada. O
mesmo ocorre com bambus que muitas vezes ficam amontoados num local do
campo, como duradoura lembrança de que “os Escoteiros passaram por aqui”.
Cabe ressaltar: deixar o lugar de acampamento limpo significa também
desmontar as pioneirias, guardar ou destruir o sisal usado e dispor os bambus de
maneira arrumada em local determinado para esse fim.
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Fogueiras
Apesar do uso mais intenso de fogareiros, continuamos, em nossos
Fogos de Conselho, usando mais madeira do que seria necessário e não
aproveitamos as sobras.
Nos Parques e Reservas por muitas vezes desobedecemos à primeira
regra que nos é imposta: proibido acender fogueiras! Se a área tiver locais
destinados a fogueiras ou churrasqueiras, devemos usá-los, e não abrir novos.
Essa aplicação indica a distância entre nossa teoria e nossa prática. Temos
que nos conscientizar que o uso abusivo de lenha, assim como do papel,
representa dificuldades crescentes para as próximas gerações. A questão não é
dispor de lenha, mas o custo ecológico da madeira devastada de nossas escassas
florestas, estimulando interesses econômicos.
Devemos usar como lenha a madeira já caída; nada de abater árvores ou
arrancar ramos. Além do descumprimento do 6º artigo da Lei Escoteira, madeira
nova, úmida, é mais difícil de pegar fogo e produz muita fumaça.
O uso da fogueira pode ser limitado por vários motivos: ser um parque
ou área de preservação (espécies nativas em extinção); risco de incêndio,
especialmente na estação seca; escassez de combustível.

3. PROPOSTAS

Em nossas atividades ao ar livre devemos:

 Promover atividades que despertam a consciência ecológica - ensinar aos


jovens a identificar as árvores nativas, suas formas e a melhor maneira de
multiplicar os espécimes vegetais é um bom exemplo;
 Retirar qualquer vestígio de jogos, sinais de pista etc.;
 Em caminhadas, não usar atalhos; usar as trilhas marcadas, além de evitar que
pessoas se percam, reduz a possibilidade de maior impacto ambiental;
 Não abrir valetas; além de desnecessárias para as barracas modernas, elas
podem tornar-se iniciadoras de processos erosivos;
 Tenha no material uma pazinha e um pouco de cal: se for necessário fazer
um “buraco de gato (15 a 20 cm de profundidade)”, ele deve ser soterrado
com a cal ajudando a secar o material lá dentro;

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 Para lavagem de pessoal e de material, usar sabão/detergente biodegradável,
em pequenas quantidades, sempre distante da área de abastecimento.
 Transformar o acampamento num laboratório ecológico onde a busca do
conforto tem como prioridade maior o respeito a natureza;
 Promover e aplicar a coleta seletiva do lixo; levar nosso lixo de volta e recolher
aquele que outros tenham deixado (o fato de não ser nosso não faz deixar
de ser lixo);
 Não deixar que haja vidros ou latas espalhadas no campo, pois podem
provocar incêndios por combustão espontânea (concentração dos raios
solares);
 Evitar enterrar resíduos, pois animais podem desenterrá-los;
 Preservar sítios históricos e arqueológicos, não levando nem danificando
nada do que lá esteja;
 Manter baixos níveis de ruído (não afugentar/estressar a fauna);
 Evitar levar animais domésticos e de montaria/carga (destinação dos dejetos,
possibilidade de ataque à/da fauna local);
 Evitar “abrir trilhas” com veículo (carro/moto), iniciando processos erosivos;
 Buscar inovações para substituir parte das pioneirias - construções pré-
montadas, tais como polos e armações antigas de barracas, tubos de PVC,
bastões de pinus, caixotes multi utilidades etc.;
 Bom Senso e economia de meios! Não há necessidade de construções
faraônicas;
 Participar e promover atividades ecológicas;
 Adaptar as etapas de pioneirias em tarefas de carpintaria e/ou trabalhos
manuais que auxiliem a encontrar soluções para conveniência ecológica e
confortável nas florestas.

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UNIDADE DIDÁTICA 6:
EQUIPAMENTO

1. EQUIPAMENTOS BÁSICOS

Equipamento é o material que nós levamos nos bolsos, na mochila, em


bolsas ou bornais. A lista abaixo foi elaborada considerando as classes da utilidade
dos elementos.
Equipamento de Sobrevivência: reservatório de água, canivete, faca,
apito, tabletes energéticos (rapadura, goiabada, chocolate e similares fazem as
vezes), isqueiro/fósforos, lupa, linhada e anzóis, lanterna, pastilhas de purificação
de água, sacão grosso de plástico.
Equipamento de Orientação: bússola, mapa, escalímetro, GPS.
Suprimentos: água, sal, açúcar, alimentos, condimentos e pilhas.
Material de Primeiros Socorros: material para limpeza de ferimentos,
ataduras, pomadas, talas, pinças.
Material de Transporte: mochila + capa; dependendo da atividade,
dentro da mochila cargueira pode-se levar uma menor, de ataque, para breves
incursões fora do campo principal (por exemplo, ao escalar o Pico da Bandeira,
costuma-se deixar o grosso do material no campo-base e terminar a subida com
uma mochilinha levando só o mínimo: agasalho, água, comida, apito e lanterna),
e/ou uma pochete para material do tipo máquina fotográfica, lanterna e/ou
canivete.
Material de Cozinha: fogareiro + combustível, panelas, talheres, filtro de
água, prato ou marmita.
Equipamento de Segurança: corda, mosquetões (se for escalar), cabo
solteiro, capacete (se for o caso), colete de flutuação (atividades aquáticas), etc.
Material de Higiene: pasta e escova de dentes, desodorante, sabonete,
toalha, papel higiênico.
Vestuário: chapéu, anorak, camiseta, calça, traje de banho, meias, botas,
sandálias, roupa íntima.
Material de abrigo: barraca, lona para toldo, rede, cordões de
estaiamento/amarração.

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2. A MOCHILA

Como arrumar e regular sua mochila


Saber arrumar bem uma mochila é uma arte. Mais do que isso, saber
regular e tê-la perfeitamente ajustada ao corpo é fundamental. Afinal, se a
barraca é sua casa, a mochila é o seu armário: ela faz parte de você e nela você
levará tudo o que for necessário para garantir conforto e segurança em uma
caminhada ou acampamento, principalmente quando a atividade leva vários dias.
Considere que você deve levar seu equipamento todo junto ao corpo.
Projeções laterais ou verticais (geralmente dadas por itens como bastão de
caminhada, estrutura de barraca ou isolante térmico) podem ser empecilhos ao
deslocamento, enganchando-se em galhos ou passagens estreitas, e coisas
balançando soltas transformam-se em massas contundentes, que podem bater
em tudo e todos.
A escolha da mochila, seu tamanho, a arrumação e a regulagem são vitais
para o seu conforto e devem ser tratados com atenção. Não basta encher a
mochila e jogá-la nas costas. Equipamentos mal colocados, espetando as costas,
ou sacolejando e batendo, em pouco tempo tornam-se uma tortura; o mau
ajuste, além do desconforto, pode trazer risco ao provocar um eventual
desequilíbrio durante uma atividade. Um ajuste mal feito colocará todo o peso
nos ombros, ao invés dos quadris, causando sobrecarga em sua coluna. Seguem-
se algumas dicas referentes ao bom uso de sua mochila.

Uma boa arrumação


 Enrole suas roupas – Além de dobrá-las direitinho, enrole-as depois,
uma a uma, para facilitar na hora de acondicioná-las dentro da mochila. Desta
forma, elas ocupam menos espaço e também amassam menos.

 Guarde tudo dentro de saco plástico – Esta dica funciona bem no Brasil
e em lugares úmidos, pois roupa molhada no final do dia é uma situação assaz
desagradável. Pior ainda se isto acontecer com a roupa limpa que deveria estar
seca e quentinha. Não se esqueça de verificar se os sacos não possuem furos,
pois um temporal não perdoa nem mesmo os menorezinhos. E procure separar
em embalagens menores ao invés de usar um grande saco para tudo.
Obviamente, procure retirar o máximo que puder do ar de dentro dos sacos, do
contrário você terá o volume de vários pequenos balões a encher sua mochila.
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 Preencha os cantos – A mochila ideal será montada não apenas por
dentro, mas, também, por fora. Ou seja, é fundamental que você, ao preenchê-la,
cheque pelo lado de fora se alguma parte do tecido está frouxa, sinal de lugar
vazio e, portanto, mau uso da mesma. O ideal é que ela fique totalmente esticada,
com roupas, equipamentos, fogareiro e comidas preenchendo-a inteiramente.

 Conforme o tipo de caminhada, a distribuição do peso e do centro de


gravidade pode variar.

a. Para caminhadas leves, em terrenos suaves e descampados, coloque o


material pesado o mais alto possível e perto das costas, de forma a manter o
centro de gravidade da carga na altura dos ombros.
b. Nas caminhadas médias (terrenos acidentados e trilhas em mata) e
escaladas, situações que exigem passos altos, pulos, agachamentos e balanços
laterais, o centro de gravidade deve ser baixado para a altura do meio das costas
e próximo às mesmas. Uma mochila grande, com centro de gravidade alto, pode
derrubar seu dono durante um agachamento. Além disso, a colocação do material
mais pesado no lugar certo também facilita a operação de colocar e tirar a
mochila sem ajuda.
c. Em caminhadas difíceis (terreno muito acidentado e mata fechada) e
com grandes cargas (expedições de vários dias ou aproximações de grandes
montanhas), pode-se colocar o equipamento pesado no fundo da mochila, o que
permite maior liberdade de movimentos e, consequentemente, menor desgaste
físico durante a jornada. O peso maior repousará sobre os quadris, que o
suportam melhor. O saco de dormir e as roupas, por exemplo, podem ficar no
fundo da mochila ou naquele compartimento separado do resto. Evite colocar
nessa parte, materiais que possam quebrar. E não se esqueça de preencher cada
cantinho do fundo da mochila, pois qualquer espaço pode ser precioso. Do meio
para o final, comece a colocar os materiais de cozinha e/ou de escalada. Materiais
pesados devem ficar encostados às costas, permitindo que a mochila fique com
o centro de gravidade relativamente junto ao corpo, ideal para carregá-la.
Quando pousar a mochila sobre o chão, procure apoiá-la sobre a parte
que fica exposta ou sobre a parte de baixo, não sobre a parte que ficará em
contato com suas costas; do contrário, o orvalho do mato ou a sujeira do chão
irão para suas costas, contribuindo a umidade para baixar sua temperatura

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corporal (podendo chegar a um resfriado ou, no extremo, uma hipotermia) e
causar desconforto.

 Barraca – Se tiver barraca e precisar colocar dentro da mochila, divida-a


em duas e coloque cada parte de um lado da mochila. Ninguém o proibirá de
colocar sua barraca e/ou seu isolante térmico presos horizontalmente à mochila,
mas é bom lembrar que isso só não lhe trará problemas se você trafegar em
terreno aberto. Procure fazer que a largura de sua mochila seja menor ou igual à
dos seus ombros e você correrá menos riscos de emaranhamentos ou
entaladelas.

 Coisas que devem estar à mão – Termine a arrumação de sua mochila


com as comidas que, além de pesadas, deverão ser usadas logo no primeiro dia.
Deixe o lanche do dia, anorak e a água à mão, além de outras coisas que se usam
com muita frequência e em momentos nos quais, geralmente, não temos muito
tempo a perder.

3. COMO REGULAR A MOCHILA EM SEU CORPO

Para regular a mochila muitos fatores são considerados. Elas foram


desenhadas e fabricadas sempre levando em conta a resistência dos materiais em
sintonia com o movimento do corpo. Todas aquelas fitinhas da sua mochila têm
uma razão para existir: foram feitas para proporcionar um ajuste perfeito ao seu
corpo. Os materiais empregados e os sistemas de ajuste devem se adequar à
estrutura física de cada pessoa. O mais importante é o peso estar sempre
apoiando no sentido “para frente” e não inclinado para trás.
As mochilas maiores, chamadas de cargueiras, possuem uma barrigueira
acolchoada, que proporciona um conforto maior e conseguem transferir para os
quadris entre 80% e 90% do peso total. As mochilas menores, chamadas de
ataque, possuem apenas uma fita como barrigueira e sua função é meramente
dar estabilidade. A carga, neste caso, fica mesmo nos ombros.
Ajuste a cargueira quando já estiver cheia e arrumada. Coloque-a nas
costas com as fitas frouxas, ajuste a distância entre o ombro e a barrigueira
(muitas mochilas permitem este ajuste, certifique-se disso na hora da compra) e,
então, coloque a barrigueira e ajuste-a. A mochila cargueira ideal deve ter o
comprimento do seu tronco, do pescoço até o quadril. O meio da barrigueira
deve estar sobre os ossos da bacia e não acima (o que poderia acabar fazendo a
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constrição do estômago). É fundamental que o peso fique na barrigueira e não
nos ombros.
Caso a mochila tenha tiras estabilizadoras na barrigueira aperte-as,
fazendo com que a parte inferior da mochila fique o mais próximo possível do
corpo.
As tiras de estabilização, que ficam em cima, próximo ao ombro, servem
para trazer o peso da mochila e seu centro de gravidade para o mais próximo
possível do corpo. Ajuste-as para otimizar o posicionamento das alças. Para
terrenos muito acidentados, é sugerido usá-las mais justas. Para terrenos mais
fáceis, pode-se deixá-las um pouco mais soltas. Durante a caminhada, verifique
de tempos em tempos os ajustes, pois é comum a mochila ir se “assentando”
conforme o movimento.
A importância de se fazer da mochila uma continuação do seu corpo está
em colocar o centro de gravidade numa situação tal que seja controlável junto
com o corpo. Se houver uma massa ligada a nós, mas afastada, a inércia de
qualquer movimento que ela fizer (por exemplo, um balanço ou pêndulo) será
multiplicada por um efeito de alavanca da própria ligação ao nosso corpo,
podendo desequilibrar-nos em um momento crítico.
Sobre o peso, o ideal é que ele não ultrapasse a 1/3 do seu próprio peso,
especialmente quando a caminhada for por terrenos acidentados. Para quem é
iniciante, ou está fora de forma, é recomendado começar levando apenas 1/5 do
peso em caminhadas mais longas. Ou seja, tenha bom senso e seja realista com
o peso que consegue carregar.

4. COMO ESCOLHER UMA MOCHILA?

As mochilas evoluíram tanto nos últimos anos e existem tantos modelos


à nossa disposição, que compilamos estas Dicas de Uso para facilitar o seu
trabalho, na hora de escolher a que melhor lhe servirá.

Mochilas de Uso Diário


• Procure por mochilas que vão de 10-15 a 35-40 litros.
• Procure uma com vários bolsos. É uma forma de guardar óculos escuros,
câmeras e mapas longe da comida e da água.
• As melhores mochilas são aquelas que possuem um painel nas costas,
para proteger suas costas e deixar algum espaço livre para a ventilação.

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• Mochilas de hidratação são uma alternativa cada vez mais popular para
um dia de caminhada ou pedalada.
• Alças acolchoadas não são muito comuns mas bastante úteis se a
mochila estiver com o peso um pouco acima do indicado.
•Capa de chuva embutida ajuda, mas não impedirá de molhar suas
costas.
•É claro que há a opção de cor, formato etc. Sérgio Beck (1996, p.111)
recomenda que tenha cores discretas, para ser menos destoante do ambiente
(pois, além de incomodar visualmente, afugenta os animais se você porventura
pretende observá-los), mas sem o exagero de usar padrões camuflados (para os
militares e caçadores, o objetivo é não ser visto; não é o seu caso). Mas isso é
com você...

Mochilas de Uso Misto


• Procure por mochilas entre 40 e 60 litros.
• Se você for fazer caminhadas mais longas, procure as maiores. Para
caminhadas curtas, as menores já servirão. Mas lembre-se que, se ela estiver
pesada demais, sua capacidade de distribuição do peso deve ser compatível, ou
seja, não adianta querer colocar uma mochila sem barrigueira cheia de todo o
material de camping necessário para uma noite ao ar livre. Quem vai sofrer é
você!
• Procure mochilas que se ajustem ao seu corpo. Isto quer dizer
barrigueiras que fechem na sua cintura e tenham fita suficiente para apertar ainda
mais (não pode ficar larga! Afinal, é aí que você carregará boa parte do peso; se
a barrigueira estiver frouxa, o peso não irá para os quadris, permanecerá nos
ombros, forçando-os e à sua coluna vertebral). E alças que sejam ajustáveis ou,
então, acompanhem a sua distância entre o ombro e o meio dos quadris, onde
deverá estar sua barrigueira.
• Mochilas com armações internas são mais confortáveis do que as suas
irmãs com armações externas.
• Alças e barrigueira acolchoadas já são importantes.
• Bolsinhos, capa de chuva embutida e fitas para você comprimir e
guardar material são sempre úteis.
• Muitas oferecem saída para mangueira de hidratação e local especial
para o cantil flexível. São cada vez mais usados e sempre muito eficientes, já que
você não precisa parar e desequipar-se para se hidratar.

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Mochilas Cargueiras
• Algo entre 60 e 90 litros é o que você encontrará com este
nome.
• Mais do que a quantidade de equipamento que você
pretende carregar, você precisa saber o que aguenta carregar!
Lembre-se de que uma pessoa acostumada a trilhas e que esteja
bem preparada fisicamente deverá carregar, no máximo, 1/3 de seu
peso. Pouco preparo? Diminua para ¼. Sem preparo ou nenhuma
experiência? 1/5 e não se fala mais nisso!
• Mesmo assim, algumas coisas precisam entrar na mochila, se você
pretende passar uma noite ao ar livre, ou várias. Barraca, saco de dormir, roupas,
comida, fogareiro, panelas etc.
• Procure mochilas que sejam do seu tamanho ou que tenham regulagens
nas costas, para adequar a distância entre os ombros e os quadris.
• Alças, barrigueira e costas acolchoadas são fundamentais. Você
carregará muito peso por longas horas e precisa usar algo confortável.
• Bolsinhos, capa de chuva embutida e fitas para você comprimir e
guardar material do lado de fora são muito importantes.
• Aqui também muitas oferecem saída para mangueira de hidratação e
local especial para o cantil flexível. São cada vez mais usados e sempre muito
eficientes, já que você não precisa parar e desequipar-se para se hidratar.
Entretanto, se forem difíceis de se separar do conjunto principal, isso pode ser
uma desvantagem.

Mais dicas:
• Normalmente, o tecido usado para fazer as mochilas é náilon ou lona
de náilon. Costumam ser tratados para repelir a água, mas não são
impermeabilizados. Cuide-se durante chuvas, pois elas podem encharcar o seu
equipamento.
Ao colocar sua mochila no chão, não coloque para baixo a parte que fica
em contato com as costas, pois você poderá ficar com o frio e a umidade quando
vestir a mochila novamente.
• Procure SEMPRE uma mochila do seu tamanho, que sirva para você ou
que tenha ajustes para fazê-la servir.

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• Preste atenção nas fitas situadas na parte de cima das alças. Estas fitas
são feitas para aproximar a parte superior da mochila ao seu corpo, para melhorar
o equilíbrio. Estas fitas e a barrigueira são fundamentais para o seu conforto.
• Enchimento das alças, costas e barrigueira feitos com espumas firmes,
densas, apoiam melhor. Espumas de densidades mais suaves acabam sendo mais
macias mas, também, podem ser menos confortáveis depois de longas horas,
além de cederem com o uso, tornando-se nulas.
• A maioria das mochilas cargueiras possui abertura por cima e pela
frente, na parte de baixo, facilitando o acesso aos equipamentos situados no
fundo da mochila. Compartimentos que separam o fundo do resto podem até ser
funcionais, mas não são fundamentais – dependendo da sua forma de usar uma
cargueira, também podem complicar bastante a sua vida, na hora de montá-la,
por criarem dois compartimentos separados, ambos de pequena capacidade.
• Quando for guardar alguma coisa nas laterais das mochilas ou mesmo
na parte da frente, como bastões de caminhada, as varetas da barraca, o isolante
térmico ou mesmo o sobreteto da barraca, tenha certeza de que a fita está bem
firme e que você não corre o risco de perder o equipamento, preso a algum galho
de árvore ou simplesmente cair pelo caminho. Uma sugestão é fazer uma capa
com alças que lhe permitam prender esse material às alças externas da mochila
(desde que não fique balançando e o transforme numa árvore de Natal).
• Armações internas são feitas para transferir o peso da carga.
Normalmente, elas são compostas de duas varetas de alumínio e uma placa
semirrígida de plástico.

5. MANUTENÇÃO DA MOCHILA

Apesar de serem feitas para aguentar cargas pesadas e trabalho duro, de


vez em quando elas também se sujam e precisam de um cuidado especial.
Pensando nisso, decidimos disponibilizar um Dicas de Uso sobre a
manutenção e o armazenamento de mochilas, para que elas durem muito mais,
sem perder a eficiência.
Antes de falar sobre manutenção, vale uma dica sobre como fazê-la se
adaptar ao seu corpo. É bastante comum vermos caminhantes com mochilas
desengonçadas jogadas sobre o corpo, como se esse fosse o melhor jeito de
vesti-las. Sim! Uma mochila é vestida, como vestimos roupas e, quanto mais ela
se adequar ao nosso corpo, melhor será para transportá-la.

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Por isso, quando for colocar a barrigueira, ela deverá estar exatamente
no meio dos seus quadris. Não é na cintura nem onde termina a sua calça – na
verdade, é alguns centímetros para baixo, no meio mesmo do quadril. E as alças
da mochila devem acompanhar esta distância – regule-a para que ela permita
que a barrigueira fique na posição correta.
Mochila regulada? Hora de cuidá-la...

Cuidados de Manutenção:
− Cada vez que usá-la, limpe-a com uma escovinha seca. Não
esqueça que tirou areia, pó, restos de comida etc.
− Se precisar, limpe por dentro com uma esponja úmida e um
sabão neutro. Deixe secá-la totalmente antes de guardar.
− Se a sujeira não for muito pesada, apenas enxágue, com água
fria e uma esponja, dentro de um tanque mas sem sabão. Certifique-se
que a espuma usada nas alças, barrigueira e nas costas são de células
fechadas. Do contrário, encharcá-las poderá fazer com que sequem fora
do formato.
− Nunca coloque sua mochila em máquina de lavar.
− Não lave a seco! A química usada poderá danificar sua
mochila...Os tecidos das mochilas costumam ser cobertos por uma resina
que pode sair. Não a deixe de molho em água com sabão.
− Enxágue sempre e bastante, para não deixar resíduo de
sabão.
− Deixe secar sempre à sombra, pendurada. Nunca use
secadoras.
− Sempre guarde-a em locais secos e arejados. E, de
preferência, longe da luz do sol.
− Não esqueça que tanto o mofo quanto o sol são grandes
inimigos do tecido e poderão danificá-la em pouco tempo.
− Ao levantar uma mochila pesada, pegue-a pelo menos por
dois pontos, para não forçar demais um só.
− Procure não apertar demais as fitas de compressão, para não
causar estresse desnecessário nas costuras.
− "Queimaduras" de sol são prejudiciais também aos tecidos
de suas mochilas. Os raios ultravioletas desbotam e tornam o náilon mais
fraco.

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− Procure sempre usar uma capa de mochila, mesmo que não
esteja chovendo. Ela previne de pequenos rasgos feitos pela vegetação, da
sujeira e até mesmo da chuva! Lembre-se que nenhuma mochila é
impermeável – elas são à prova d’água, no máximo – ou seja, resistem,
dentro de certos limites, a chuvas leves, à neblina e ao orvalho.
− Procure deixar as fivelas fechadas quando não a estiver
usando, para não pisar nelas e, desta forma, quebrá-las.
− Sempre inspecione os pontos de estresse: barrigueira,
estabilizadores e alças. Se isto não estiver funcionando muito bem ou
quebrar no meio do caminho, você não - conseguirá carregar sua mochila!
− Se precisar reparar alguma costura, use linhas extra
resistentes e agulhas grossas. Depois, passe algumas camadas de selante
de costuras Isto irá impermeabilizar e deixará toda a costura mais
resistente. Se as pontas das fitas de náilon estiverem desfiadas, conserte-
as esquentando com um isqueiro ou fósforo.
− Faça uma mochila perfeita: não deixe objetos pontudos nem
cortantes, como fogareiros, facões e espeques da barraca, marcarem o
tecido – nem danificarem o que estiver à sua volta!
− Procure não guardar comida. Dependendo de onde você irá
acampar, pequenos roedores poderão fazer uma visita noturna, atraídos
pelo cheiro que vem de dentro da mochila, e farão quase qualquer coisa
para chegar até lá! Inclusive roer o tecido...

Cuidados com os zíperes:


− Mantenha-o sempre limpo e longe da sujeira.
− De vez em quando, passe silicone.
− Principalmente após usá-la perto do mar ou da maresia,
tenha certeza de limpá-lo muito bem. A maresia e a água salgada corroem
os cursores e destroem o zíper em pouco tempo.
− Mantenha a costura ‘aparada’, com os fios sempre rentes à
peça, para não prender seu zíper...
− Troque-o ou conserte no menor sinal de fraqueza. Afinal,
você não quer ver seus pertences serem espalhados por metros e metros
de trilhas, não?

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6. O SACO DE DORMIR

Mais do que apenas uma cama, o saco de dormir irá protegê-lo durante
uma noite na natureza. Sentir frio no meio da noite ou mesmo morrer de calor a
ponto de não o deixar dormir não significa que você não comprou um bom saco
de dormir, mas, sim, que você pode ter comprado o saco errado.
Por ser um item fundamental, o cuidado na escolha é imprescindível. E,
para isso, você precisa levar em consideração uma série de detalhes e dicas, que
listamos abaixo. Mas, antes disso, é importante que você considere como
pretende usar seu equipamento, em que ocasião e situação etc. Vai acampar
perto do carro? Irá usá-lo em acampamentos selvagens e, portanto, precisará
carregá-lo dentro da mochila? Você só acampa em praias e em lugares quentes?
Precisa de um equipamento ‘multi-funções’, que vire um edredom na casa de
praia ou quer um saco de dormir que suporte temperaturas negativas?
Antes de comprar um saco de dormir, uma boa regra é pensar na noite
mais fria que você deverá enfrentar e, então, desça uns 5 graus centígrados.
Lembre-se que é mais difícil se manter aquecido em um saco de dormir fabricado
para temperaturas mais quentes do que se refrescar em um saco de dormir para
temperaturas mais frias – um zíper totalmente aberto costuma resolver este
problema em questão de segundos.

Detalhes a serem considerados, antes de comprar um saco de dormir:

1 - Formato – existem dois formatos principais de sacos de dormir:


a - Camping – são os retangulares. Costumam
abrir inteiramente, se tornando um edredom. Alguns vêm
com capuz, o que ajuda a proteger a cabeça quando está
mais frio, mas, em geral, são sacos para lugares quentes,
pois a abertura maior deixa escapar o calor com mais
facilidade. Para quem é um pouco claustrofóbico ou se mexe muito durante a
noite, estes modelos são os mais indicados.
b - Múmia – acompanha o formato do corpo e aquece melhor, além de
ser mais leve e compacto. Alguns vêm com fitas compressoras para diminuir o
tamanho quando guardados.

2 - Temperatura – Além do nome, o que difere os modelos é a


temperatura mínima na qual ele permite que você durma confortavelmente
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dentro dele – isto não é uma ciência exata e você só verá efetivamente a diferença
entre sacos do mesmo fabricante. Alguns fatores devem ser levados em
consideração, como o cansaço, a presença de vento, a fome, a umidade e fatores
pessoais, já que existem pessoas calorentas e friorentas (em geral pessoas com
menor pressão sanguínea e menor gordura corporal tendem a sentir mais frio).
As temperaturas indicadas na embalagem do saco de dormir dão uma medida
do conforto, mas é preciso sempre considerar alguma margem, podendo afirmar
que nossas indicações servem para cerca de 80% das pessoas, sempre lembrando
que o uso de um colchonete isolante em conjunto é indispensável, pois o peso
do corpo reduz a eficiência isolante das fibras sobre as quais nos deitamos. Na
embalagem a temperatura é definida como de conforto, tolerância e extrema.
"Conforto" é a temperatura em que o usuário se sentirá bem no saco de dormir
sem o uso de roupas muito pesadas. Tolerância" indica que seria necessário estar
vestido com o mesmo tipo de agasalho que usaria ao ar livre, naquela
temperatura (quando dormimos ou estamos inativos precisamos mais proteção
contra o frio). E "extremo" indica que é necessário o uso de agasalhos extras para
se sentir ainda confortável na temperatura indicada dentro do saco de dormir.
Procure deitar alimentado por uma refeição quente e você terá uma
noite melhor. E, o mais importante, procure ter um saco de dormir um pouco
além do que a temperatura mínima que você pretende enfrentar. Se você usar o
seu saco de dormir envolto por um cobertor ou um saco de alumínio de
emergência, seu isolamento térmico melhora em até 5° C, protegendo-o também
da umidade. Mais detalhes sobre o cobertor de emergência virão adiante.

3 - Colar térmico e capuz – nós perdemos pelo menos 25% do calor


pela cabeça e, para mantê-la aquecida, nossos sacos de dormir possuem capuzes
que fecham o suficiente para permitir-lhe respirar mas não deixam o calor gerado
pelo seu corpo sair. O colar térmico impede que o calor do corpo saia pela
abertura na área do pescoço, mantendo seu corpo aquecido. Vale lembrar aqui
que todos os equipamentos para frio não "fabricam" calor, mas têm a função de
não permitir que o calor produzido pelo próprio corpo se dissipe mantendo,
assim, seu conforto térmico. Estes itens costumam não existir em sacos de dormir
retangulares, mas são fundamentais em sacos que aguentam baixas
temperaturas. De uma forma geral, não temos no Brasil condições climáticas que
demandem esse tipo de acréscimos.

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4 - Costuras quentes – costuras podem ser uma importante forma de se
perder calor, pelos microfuros feitos pela agulha. Assim, os sacos de dormir para
temperaturas mais frias possuem costuras "desencontradas" entre a camada
interna e externa, não permitindo a fuga do ar quente.

5 - Zíper – os zíperes devem ser fáceis de manusear e abrir para os dois


lados. Lembre-se que você poderá ter de manuseá-los com luvas, em noites mais
frias. Os sacos de dormir desenhados para temperaturas mais baixas terão uma
‘aba’ cobrindo o zíper, para não permitir que seu calor saia por ali.

6 - Tecido externo e interno – normalmente, são feitos de


náilon/poliéster (externo) e tactel ou microfibra (interno). O náilon exterior não é
tratado com impermeabilizantes, pois seu corpo transpira muito durante a noite
e este vapor precisa sair de alguma forma, para não condensar dentro do saco e
acabar molhando-o.

7 - Enchimento – é aqui que está a diferença da maioria dos sacos de


dormir. É aqui que se define o quanto um saco de dormir suporta de temperatura.
O ar é o maior isolante que temos e a capacidade das fibras do enchimento
armazenarem ar é o que vai torná-lo mais ou menos quente. As fibras podem ser
naturais (pluma do papo de ganso – duvet ou down – e lã) ou sintéticas. As fibras
sintéticas existem em várias formas e nomes, de acordo com seu fabricante, e
procuram ‘imitar’ o isolamento e a capacidade de compressão que a pena de
ganso oferece. No entanto, a pena de ganso não funciona quando molhada,
demora para secar (e a secagem é a parte mais delicada do uso da pena de ganso)
e a manutenção de um saco de dormir feito com este material é bastante
delicada. Além disso, costuma ter uma vida útil menor que a fibra sintética. Esta,
por sua vez, é mais pesada que a pena, mas continua mantendo o calor mesmo
molhada, seca mais rápido e a manutenção é um pouco mais fácil, mas ainda
assim exige alguns cuidados importantes. A tecnologia que existe por trás das
fibras sintéticas não pára de melhorar, tornando-as cada vez mais próximas da
pena de ganso em peso, capacidade de aquecimento e compressão. Uma das
formas de se medir a espessura das fibras sintéticas é por meio do denier. Um
fio de cabelo tem 20 denier, por exemplo. Quanto maior o número, mais grosso
é o fio. A base para estas pesquisas foi a lã de carneiro e, hoje, as fibras sintéticas
procuram imitá-la. Fibras mais finas que um fio de cabelo e com um, quatro ou
sete furos em cada um destes filamentos. Fibras finíssimas, infinitamente mais

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finas que um fio de cabelo, criando um emaranhado de fios capazes de serem
comprimidos e voltarem ao normal, além de criarem bolsões de ar que as tornam
muito eficientes. Fibras curtas ou longas, formato da fibra, formato e tamanho
dos buracos dentro das fibras. Densidade, peso e espessura. Os fabricantes
conseguem criar e variar bastante nestes quesitos e quem sai ganhando é você!

Cuidados com o saco de dormir


Nestas Dicas de Uso, compilamos algumas dicas valiosas para você cuidar
de seu saco de dormir e tê-lo útil e em pleno funcionamento por muito mais
tempo:
− Escolha com cuidado o lugar em que irá colocar sua barraca e,
consequentemente, seu saco de dormir. Lugares baixos podem ser verdadeiros
bolsões de ar frio. Por outro lado, lugares altos e cumeadas, costumam estar
muito expostos aos ventos. Se possível, procure um lugar que seja protegido do
vento
− Nunca guarde seu saco de dormir comprimido na embalagem, pois
isto fará com que as fibras "se acomodem" e não voltem a se expandir. Este
processo de expansão da fibra, enchendo-a de ar, é o que proporciona a eficácia
do enchimento, já que o ar é o melhor isolante que existe. Alguns modelos
possuem pendurador e você pode deixá-lo no cabide. Outra boa forma de
guardá-lo é dentro de um enorme saco de algodão, longe da poeira e sem
comprimi-lo, mas esta alternativa pode exigir um espaço físico que você não tem.
− Se você tem espaço embaixo da cama e não o está usando, uma boa
solução é guardar o saco de dormir ali. Guarde-o dentro de um protetor de
colchão (você pode mandar fazer, em algodão), para não pegar poeira, e deixe-o
devidamente esticado debaixo de sua cama. Não o transporte fora da mochila.
O lugar do saco de dormir é no fundo da mesma, envolvido em um saco plástico
para não correr o risco de molhar na chuva.
− De manhã, se o tempo estiver bom, coloque o saco de dormir virado do
lado avesso no sol, em cima da barraca ou nas pedras em volta do
acampamento, enquanto toma café da manhã ou começa a arrumar suas coisas
– cuidado para ele não voar! E deixe-o secar um pouco da condensação de seu
corpo durante a noite. Mas cuidado para não o deixar eternamente no sol, que
também é prejudicial para o náilon.
− Ao guardá-lo no saco, soque-o lá dentro. Embrulhar com cuidado é
prejudicial às fibras, que criarão uma espécie de "memória", se acostumando com

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determinada posição. Empurrá-lo desordenadamente para dentro do saco é a
melhor forma de guardá-lo.
− O saco de compressão existe para diminuir o volume original do seu saco
de dormir já comprimido dentro do saco externo. No entanto, não abuse de seu
uso, usando-o apenas na hora de guardá-lo na mochila e diminuindo o "fator
memória" nas fibras
− Um saco de dormir não é nada sem um isolante térmico. A função do
isolante é regularizar o terreno e isolar da umidade do solo, oferecendo conforto
e aumentando a performance do saco de dormir. Guarde o isolante, sempre,
dentro de um saco, mesmo que ele seja transportado fora da mochila. Assim,
manterá o saco de dormir e o isolante limpos e secos
− Se você usar o seu saco de dormir envolto por um cobertor de alumínio
de emergência, seu isolamento térmico melhora em até 5° C. O cobertor de
emergência é um acessório útil e de baixo custo que não deve faltar dentro das
mochilas. Convém lembrar que, se o usarmos, devemos colocá-lo por fora do
saco de dormir. Isso porque, sendo um plástico, ele não permite que a
transpiração evapore, o que nos deixaria encharcados de suor dentro do saco de
dormir – e ao nos desvencilharmos do cobertor de emergência, basta um arzinho
mais frio para nos botar na estrada para a pneumonia. Se ele ficar por fora,
permitirá a gradual troca de calor com o ambiente por intermédio do saco de
dormir, e quando formos sair da “embalagem” não estaremos tão sujeitos ao
choque térmico, pois afastaremos o cobertor aluminizado primeiro, daremos um
tempo e só então deixaremos o saco.
− Beber e comer interfere no sono. Portanto, não se esqueça de comer e
beber ANTES de ir para a cama. Uma comida ou bebida quente irá aquecê-lo mais
do que comidas frias
− Lembre-se que manter a temperatura corporal é mais fácil do que se
deixar esfriar e, depois, ter de se reaquecer. É um cuidado particularmente
importante para prevenir a hipotermia.
− Caminhar em volta do acampamento ou fazer um pouco de
alongamento antes de dormir pode ajudá-lo a começar a noite aquecido.
− Se você é muito friorento e tem dificuldade em se aquecer na hora de
dormir mesmo em casa, invista em um saco de dormir mais quente que o
indicado para as suas necessidades
− Tenha roupas extras confortáveis e secas para vestir durante a noite. E
deixe a roupa úmida usada durante o dia para ser colocada apenas no dia

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seguinte. Lembre-se de não levar roupas apertadas, que possam restringir a
circulação
− Alguns acessórios como gorros, luvas e meias quentes podem fazer uma
tremenda diferença mesmo em noites de verão. E são fundamentais em noites de
inverno.
− Sacos de dormir molhados não funcionam direito. Para ter certeza de
que terá uma cama seca no fim do dia, envolva-o em um saco de lixo sem furo
algum e coloque-o no fundo da mochila.
− Ao chegar em casa, ponha todo o seu material para secar –
principalmente seu saco de dormir.
− NUNCA lave seu saco de dormir a seco

7. MANUTENÇÃO DO SACO DE DORMIR

Um dia, seu saco de dormir precisará ser lavado. Mas, como fazer isso?
Não é tão difícil quanto parece nem tão simples quanto jogá-lo na máquina.
Afinal de contas, as fibras que estão ali dentro e são responsáveis por sua noite
quentinha exigem um certo cuidado. Lembramos que estamos tratando, aqui,
apenas de sacos de dormir feitos com fibras sintéticas – penas de ganso e
sacos feitos com fibras respiráveis exigem cuidados ainda mais especiais.
Veja as dicas que compilamos para você:

Lavagem à Máquina e Secagem:


Quer lavar à máquina? Escolha uma máquina de uso comercial, com
abertura frontal, daquelas que não giram o produto de um lado para o outro,
como as com abertura em cima. Esqueça sua máquina de lavar. Ela não tem
espaço suficiente para o saco de dormir. E esqueça máquinas com abertura na
parte de cima – elas danificam as fibras.
Feche todos os zíperes e velcros e vire ao contrário. Para uma limpeza
melhor, esfregue o capuz, o colar térmico e o pé com uma escovinha, um pouco
de água e sabão de coco antes de colocar na máquina.
Use apenas sabão de coco ou detergente biodegradável suave. O ideal
é usar apenas ½ ou ¼ do sugerido pela máquina de lavar – a quantidade vai
depender da sujeira do saco de dormir, mas nunca coloque mais do que o
especificado acima. Não use, em hipótese alguma, amaciante. Lave com água fria
e apenas no ciclo leve ou delicado. Para melhores resultados, faça funcionar o
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ciclo de enxágue pelo menos mais uma ou duas vezes, sem detergente nem
sabão. Você precisa tirar TODO o sabão do saco de dormir antes de secá-lo
Retire da máquina de lavar com muito cuidado e seque em uma
secadora profissional, imensa, com espaço suficiente para ele virar à vontade lá
dentro, no calor mais fraco que tiver (ou sem calor nenhum, apenas com AR, que
é mais seguro e confiável) – calor em excesso vai destruir o tecido e a capacidade
de aquecimento das fibras. Verifique várias vezes durante a secagem se está
quente demais, pois isso pode danificar o material. Retire assim que estiver
totalmente seco – pode demorar entre duas e cinco horas – e deixe esfriar
esticado.

Lavagem à mão e Secagem:


Este é um método simples e seguro, mas siga rigorosamente as
instruções. Lembre-se: secar bem é um dos segredos da lavagem.
Coloque o saco de dormir em uma banheira limpa, com água fria ou
morna e detergente biodegradável suave ou sabão de coco. “Massageie” o saco
até limpá-lo – entre 12 e 15 minutos. Escove levemente a parte externa, com uma
escova macia, se existir alguma área encardida ou muito suja. Jogue a água da
banheira fora e suavemente esprema o excesso de água. Não torça o saco de
dormir! Encha novamente com água limpa, massageie-o de novo deixando que
a água limpa penetre nas fibras. Drene a água, esprema o excesso e repita esta
operação até a água sair limpa e todo o sabão for retirado. Retire-o
cuidadosamente da banheira – não o faça se ainda estiver muito encharcado – e
coloque em uma superfície reta, em cima de toalhas ou lençóis velhos, para
mantê-lo limpo enquanto seca naturalmente. Não o pendure para secar – isto
pode rasgar as fibras em seu interior. Conforme o saco vai secando, vire-o de
tempos em tempos. Quando estiver praticamente seco, balance-o algumas vezes,
para que as fibras voltem a ficar fofas.

Quando e como fazer? E algumas considerações essenciais


− Lave seu saco de dormir quando ele estiver imundo, fedendo ou perder
uma quantidade razoável do enchimento. Jamais lave seu saco de dormir após
cada viagem! Portanto, para a maioria das pessoas, isso significa lavá-lo uma vez
por ano, talvez a cada dois anos apenas.

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− Antes de ter certeza que precisa lavá-lo, deixe tomar ar e sol para respirar
um pouco e sair o cheiro ruim. Provavelmente, apenas isto basta e você não
precisará lavá-lo tão cedo.
− Não lave a seco.
− A chave para uma boa lavagem/secagem é transferir o saco de dormir
molhado da máquina de lavar para a máquina de secar. No entanto, as costuras
estão propensas a rasgarem quando estão molhadas – tome muito cuidado com
elas e não puxe nem estique parte alguma do saco de dormir. Para facilitar o
trabalho, o ideal é usar a maior máquina de secar que você encontrar. Ela terá
espaço suficiente para o saco de dormir girar lá dentro.
− Prepare-se... um saco de dormir leva de duas a cinco horas na máquina de
secar para secar completamente. Inspecione periodicamente, para ter certeza de
que o tecido não está quente demais (lembre-se, coloque a máquina no menor
calor possível) nem o enchimento está se acumulando, formando bolas. Se
estiver, seque-o naturalmente.
− Cuide dos zíperes. Limpe-os com uma escovinha. Se eles emperram com
facilidade ou não correm como deveriam, procure amaciá-los com silicone em
pasta ou líquido ou mesmo com parafina Se você acampou perto do mar, limpe
os cursores do zíper antes que comecem a oxidar, pingando em seguida algumas
gotas de silicone. Mas, ATENÇÃO: silicone de verdade é transparente e espesso.
Não compre aqueles vendidos para lustrar painéis de carros, que são dissolvidos
e ficam muito fluidos, pois os solventes, corantes e perfumes adicionados podem
piorar as coisas.
− Se você estiver bivacando, isto é, dormindo ao relento, sem barraca,
procure usar um plástico ou qualquer outro tipo de protetor, para que seu saco
de dormir permaneça limpo.
− Um saco interno de algodão ou seda manterá seu saco de dormir limpo
por mais tempo, apesar de aumentar um pouco o peso da mochila.
− Quanto menos você deixar seu saco de dormir comprimido, melhor para
ele. Procure, sempre, deixá-lo secar totalmente depois de usar e antes de guardar.
Lembre-se que ele sempre amanhece úmido com a transpiração de seu corpo.

NÃO'S
− NÃO use máquina de lavar com abertura em cima – o agitador central vai
destruir o enchimento de seu saco de dormir
− NÃO use sabão líquido ou detergente forte.

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− NÃO use secadora caseira
− NÃO pendure seu saco de dormir quando ainda estiver molhado. Estenda-o
apenas, todo esticado, para que seque desta forma.
− NÃO o guarde em um saco pequeno, comprimido
− NÃO seque ao sol – os raios UV prejudicam o náilon
− E, mais uma vez, NÃO LAVE A SECO.

CONSERTA-SE:
− Saco de dormir sujo. Uma empresa especializada em lavagem pode resolver
isso para você
− Zíper quebrado. Reparos profissionais podem ser feitos por empresas
Especializadas.

NÃO SE CONSERTA:
− Perda de enchimento de sacos de dormir sintéticos. Não existe forma de
acrescentar enchimento neste tipo de saco de dormir.
− Enchimento "rasgado" – lavar seu saco de dormir errado ou dentro de sua
máquina de lavar, provavelmente fará com que todo o enchimento se parta e
forme bolas, que poderão se concentrar no pé, por exemplo. Se isso acontecer,
você terá de comprar um saco de dormir novo, pois o seu terá se tornado
completamente inútil para esse fim.

8. MATERIAL DE REFEIÇÃO

Prato
Prato, vasilha ou marmita; com ou sem tampa; em plástico, metal ou
silicone.
Importante é que não seja facilmente quebrável, seja fácil de lavar e sua
capacidade seja compatível com o que o usuário come.
Caneco
Com ou sem um mosquetão para pendurar; com ou sem tampa; em
plástico, metal ou silicone.
Deve ser de difícil quebra, fácil de lavar; a capacidade varia de 200 a 500
ml.
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Talheres
Articulados ou soltos. Em metal, plástico ou silicone.
Devem ser resistentes, fáceis de lavar e em tamanho compatível com o
usuário. Os canivetes com talher demandam um cuidado especial ao lavar a
articulação.

9. O CANTIL

Tipos de cantis e cuidados necessários


Manter-se hidratado é muito importante em uma caminhada,
especialmente se for um dia de muito sol. Justamente por isso, um equipamento
que não pode nunca faltar em uma mochila é o cantil. Seja do mais simples, ao
mais elaborado, o importante é que ele vai garantir que não falte água (ou
bebidas esportivas e água de coco) durante o passeio quando começamos a
sentir sede, nosso equilíbrio hídrico (água) e eletrolítico (sódio e potássio) já foi
afetado. Portanto uma regra simples é beber pequenos goles (cerca de 200 ml) a
cada 40 minutos, antes que a sede apareça.

Modelos de cantis
Vários são os modelos de cantis disponíveis no mercado. Dos
tradicionais, podemos mencionar o “garrafinha (tipo “exército”)”, em alumínio ou
plástico,com capacidade de 0,5 a 1 litro, com ou sem caneco acompanhando,
com porta-cantil a tiracolo, ou adaptável ao cinto ou à mochila.
Outros cantis tradicionais são os redondos, geralmente de maior
capacidade (2 ou 3 litros), mais usualmente transportáveis a tiracolo.
Sacos de água, pequenos odres curvos e flexíveis geralmente levados a
tiracolo e com capacidade em torno de 1 a 1,5 litro podem ser interessantes pela
sua adaptabilidade de formato a vários contornos.
Mais modernamente, há os cantis flexíveis.Feitos geralmente em material
plástico ou silicone, com capacidade de 0,7 a 4 litros, possuem uma mangueira
com válvula que sai da mochila e leva a água até a boca da pessoa.
As próprias garrafinhas do tipo squeeze (300 a 700 ml) ou as PET são
reservatórios úteis; particularmente as últimas têm variados volumes com boa

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resistência mecânica e podem ser facilmente transportadas numa mochila, com
ou sem a adaptação de uma mangueirinha (BECK, 1996, p.131).
Cantis térmicos: esqueça. O volume que ocupam é muito maior que o
que armazenam, para você meramente ter água mais fria por algumas poucas
horas.

Como limpar seu cantil


Para afastar micro-organismos indesejáveis de seu cantil, seja ele de
modelo mais tradicional ou um moderno cantil flexível, é fundamental ter cuidado
com a limpeza e manutenção deste equipamento, um dos mais úteis e utilizados
acessórios para atividades ao ar livre. Uma primeira regra é básica: após qualquer
atividade, sempre limpe seu cantil, não o guarde com resto de água ou molhado.
Recomendamos o uso apenas de água, sempre lembrando de limpar
com mais atenção a boca ou rosca da abertura. Para os modelos de cantis mais
tradicionais, estilo camelo ou de garrafa (squeeze), pode ser utilizada uma
escova de limpar mamadeira de bebê para a limpeza interna. É indicado,
também, utilizar um pouco de água sanitária diluída, lavando bem em água
corrente após este procedimento, ou usar uma pastilha de clorin 1 diluída em um
litro de água ou, ainda, hydrosteril, na proporção recomendada pelo fabricante.
Para a higiene do tubo do reservatório flexível, especificamente, parte de
mais difícil limpeza, primeiro proceda da mesma forma como descrita acima.
depois, use um barbante com um chumaço de algodão amarrado em uma das
pontas.
Procure passar o barbante pelo tubo amarrando algum item pequeno,
mas que tenha peso na ponta, ou deixe a água correr pelo tubo carregando o fio.
Efetue a limpeza passando o barbante com o chumaço de algodão por dentro do
tubo.
Para secar seu cantil, coloque-o de cabeça para baixo num escorredor
(se for de garrafa e você estiver em casa) ou pendurado à sombra e em local
ventilado, com a tampa aberta. Se o seu cantil for o flexível, procure descolar as
duas faces de vez em quando. Lembramos que o cantil flexível é recomendado
apenas para uso com água e não para outros tipos de bebida.
Algumas dicas podem ser úteis para o caso de emergências. Se você
colocou uma bebida diferente em seu cantil (nunca no cantil flexível) e o gosto
ficou impregnado, lave-o com água quente e sal. Se você está acampando por
vários dias e não está com uma escova para fazer a limpeza adequada de seu

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cantil, você pode usar arroz! Isso mesmo, pode ser um paliativo para limpar
qualquer tipo de cantil ou garrafa térmica. Basta colocar uma colher grande de
arroz cru dentro do cantil, um pouco de água (só para umedecer) e agitar bem,
de forma que ele percorra toda a superfície interna. Depois enxágue com muita
água corrente. Neste caso, só não use água quente porque senão vai virar uma
papa.

Modelos de reservatórios individuais de água

10. O ISOLANTE TÉRMICO

“Cobertores e impermeáveis
Sob o corpo – é o que foi ensinado.
Joãozinho que é muito sabido
Fez o inverso – e ficou resfriado.”
Baden-Powell, “Joãozinho Pata-tenra nº 5”, in: Escotismo para rapazes.

Isolante térmico: por que usar?


Como o próprio nome diz, os isolantes térmicos têm a função de isolar
seu corpo da umidade e baixa temperatura do solo, e são utilizados como uma
espécie de colchão. Eles fazem um par perfeito com os sacos de dormir,
garantindo uma boa e aconchegante noite de sono dentro das barracas de
acampamento, ainda que o chão esteja frio, úmido ou irregular.
Antigamente, quando não havia muitas opções de equipamentos
especializados para acampamento, usava-se jornal ou papelão como isolante
térmico. Depois passou-se a usar colchonetes com enchimento de algodão,

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espuma ou tecido. Estes, no entanto, são grandes, pesados e difíceis de
transportar, especialmente em casos de caminhadas de longa distância, nas quais
toda a bagagem necessária deve ser acomodada na própria mochila (além do
acolchoamento ser semelhante a nada na hora em que você se deita nele). Os
isolantes térmicos modernos vieram substituir esses materiais.
Atualmente existem vários tipos de isolantes no mercado sendo que os
mais comuns são feitos em espuma de EVA (sigla de Etileno Vinil Acetato). Além
de não exalar cheiro algum e serem extremamente leves (geralmente com menos
de meio quilo), esses materiais isolam o corpo tanto do calor quanto do frio que
vem do chão. E ainda protegem o corpo das irregularidades do terreno. Em casos
de emergência, esse tipo de isolante pode até ser usado para imobilizar fraturas.
Existem alguns tipos revestidos com lâminas de alumínio, o que dá mais
resistência ao isolante.
Os isolantes de EVA são facilmente acomodados às tiras das mochilas
cargueiras. Para garantir sua durabilidade a principal dica é não o guardar úmido.
Como ele é guardado enrolado, a umidade pode provocar mofo no material.
Outro tipo de isolante encontrado são os infláveis. São parecidos com
colchões de ar e, além de servir como isolante térmico, proporcionam mais
conforto que os isolantes comuns. Alguns necessitam serem inflados com bomba
de ar manuais ou mesmo com o próprio fôlego. Outros, chamados de auto-
infláveis, possuem uma válvula de sucção de ar que o permite inflar
automaticamente. Estes isolantes são um pouco mais caros que os de EVA, porém
são muito mais confortáveis. E, além disso, podem ser encontrados em tamanho
de solteiro ou casal. Para garantir sua durabilidade, retire bem o ar deles antes de
guardar e evite colocá-los sobre pedras pontudas para garantir que não rasguem.
Entretanto, seu peso e volume os fazem desaconselháveis para longos trajetos a
pé.
Reitere-se: na falta de isolante térmico, papelão ainda é uma boa saída.

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11. LANTERNA

Existem algumas coisas que não saem da mochila por nada deste mundo!
A lanterna é uma delas, mesmo que a sua intenção seja sair às seis da manhã e
voltar ao meio-dia... Por quê? É muito simples: nós nunca sabemos o que a
natureza reservou para nós, apesar de podermos prever muita coisa e, mais
importante ainda, planejar com cuidado tudo que queremos fazer, conhecer e
aproveitar. Planejar é uma coisa, a realidade é outra e, dentro deste planejamento,
um cuidado extremo com a sua segurança e bem-estar deve estar em primeiro
lugar. Assim, anorak, água, lanche e lanterna não saem da mochila por quase
nada deste mundo, e o apito sempre junto ao corpo... Bem, no caso da lanterna,
ela também não deveria sair do carro, nem daquele lugar estratégico dentro da
casa (da cidade ou do campo).

Dicas:
1. Tenha sempre pilhas sobressalentes e cheque a carga da bateria que
está sendo usada. Se possível, use pilhas/baterias recarregáveis.
2. Não guarde as lanternas com as pilhas
3. Verifique sempre o estado da lâmpada reserva.
4. Proteja a sua lanterna da umidade, principalmente se ela for apenas
resistente à água.
5. Se for à prova d'água e molhar, seque-a e limpe-a antes de guardar.
6. As pilhas usadas podem e devem ser recicladas - do contrário, viram
lixo tóxico, extremamente danoso ao meio ambiente. Reciclar é simples e prático
(separe um recipiente em casa para elas e, ao enchê-lo, jogue em lixeiras
apropriadas para a reciclagem). Incentive as pessoas que convivem com você a
fazerem o mesmo.

Tipos de lanternas e lâmpadas:


1. Headlamp (lanterna de cabeça ou frontal) - é a mais indicada para o
praticante de esportes ao ar livre, por deixar as mãos livres, facilitando na hora de
montar a barraca, fazer a comida, escalar e/ou rapelar, andar em trilhas etc.
Lembrete importante: ao usá-la, faça que aponte um pouco para baixo, de modo
a não ofuscar seu companheiro quando você olhar para ele...
2. Lanterna de mão - este todo mundo conhece... São as mais tradicionais
e, caso você queira usá-las em atividades ao ar livre, procure mantê-las por perto
66
com uma fita de segurança. Costumam ser um eficiente backup para as lanternas
de cabeça.
3. Lanternas resistentes à água - praticamente todas são resistentes, pois
se destinam ao uso ao ar livre.
4. Lanternas à prova d'água - algumas o são. Não deixam de ser uma
tranquilidade em uma forte chuva de verão. Mas não são imprescindíveis.
5. Lanternas seladas - são aquelas feitas para lugares confinados com
acúmulo de gás, tendo o perigo de explodir ao utilizar uma lanterna
convencional.
6. Lanternas recarregáveis e autocarregáveis: as recarregáveis permitem
recarregar sua bateria por mantê-las por algumas horas numa tomada de energia
elétrica (e esse procedimento, se a lanterna não for usada, deve ser feito pelo
menos uma vez por mês); as autocarregáveis dispensam pilhas e baterias por se
valerem de dínamos para gerar energia (por ação manual do usuário) e
armazená-la em pequenos acumuladores. Também devem ser recarregadas pelo
menos uma vez por mês, se não forem usadas.
7. Tipos de lâmpadas - standard, halogêneas, xenon (gás), krypton e LED.
Saiba o uso que dará ao seu equipamento e escolha a que melhor se adapta às
suas necessidades, lembrando que algumas iluminam muito melhor, mas
também gastam muito mais pilhas e baterias que o normal.

Em se tratando de lanternas, bastará a você conseguir iluminar o espaço


próximo (dentro da barraca ou onde você vai trabalhar), ou seja, uma distância
de poucos metros. Dificilmente aqueles caros holofotes de mão (que o vendedor
da loja de caça e pesca tenta por todos os meios convencer você a comprar) terão
utilidade maior do que sua enrolatividade pelo volume e peso.
Ao usar a lanterna, tenha o cuidado de apontá-la sempre ligeiramente
para baixo; dessa forma, você não praticará o desagradável ato de ofuscar o
próximo, reproduzindo, em pequena escala, a “guerra do farol alto” das rodovias.
Ao ofuscar, você prejudica a capacidade da pessoa de enxergar numa condição
de luminosidade limitada, o que por si só já é fora dos nossos parâmetros de
normalidade. Esse ofuscamento pode até provocar acidentes. As lanternas de
LED, então, têm um potencial ainda maior de causar danos por sua luz
excessivamente forte.

67
UNIDADE DIDÁTICA 7:
INSPEÇÃO DE CAMPO

A inspeção matinal é uma das ferramentas educativas usadas em


atividades de campo, e é marcante nos cursos para adultos, no Esquema da
Insígnia de Madeira (daí ser chamada inspeção de Gilwell). Serve para verificar a
existência e condição do material individual e coletivo, bem como a adequada
montagem e uso do campo de Patrulha.
Seu uso, em acampamentos com os jovens, tem por objetivo ajudá-los a
manter seu material organizado e em boas condições, bem como identificar a
adequação do tipo e quantidade do material levado para a atividade.
Usa-se, para padronizar a verificação e facilitar a própria conferência do
material pelo jovem, que a disposição seja sobre uma lona, saco de dormir,
cobertor ou isolante, da cabeça para os pés, conforme sugerido na figura.

Exemplo de disposição do material individual para uma inspeção de


campo: sobre o saco de dormir/cobertor/isolante, os itens são postos “da cabeça
para os pés. Roupas íntimas permanecem dentro da sacola a elas destinada, e
pilhas devem ser protegidas do sol.
A inspeção deve ser positiva e bem-feita, com uma atitude cortês para
não ofender ou ferir, escrupulosamente imparcial e progressiva. Deve incentivar
e jamais desencorajar. Os jovens respeitam a justiça e têm um sentimento real de
imparcialidade.
De forma nenhuma se deve despejar coisas de mochilas ou bolsas, revirar
ou confiscar – menos ainda se o interessado estiver ausente. O 9º artigo da Lei
Escoteira trata justamente desse tema, e com muita clareza.
68
Se houver número suficiente de pessoas na equipe, distribua entre elas
partes ou itens da inspeção, por exemplo: Cozinha, barracas e material individual,
inspeção das pessoas (uniforme, aspecto, higiene), refeitório, construções, etc.

1. QUAIS OS OBJETIVOS DA INSPEÇÃO?

As inspeções que realizamos na Tropa, tanto nas reuniões semanais


quanto nas excursões e acampamentos, têm por objetivo estimular o garbo e a
boa ordem, os sentidos de organização, capricho e eficiência. Resumindo, têm o
objetivo de estimular a disciplina consciente.

2. OS TORNEIOS DE EFICIÊNCIA

A forma mais atraente de se efetuar a INSPEÇÃO é por meio do Torneio


de Eficiência entre as patrulhas, ocasião em que a valorização da boa participação
das patrulhas (feita por meio da conquista de bandeirolas de eficiência, padrões,
elogios, distintivos, troféus etc.) é grande estímulo para o aumento da disciplina
consciente da Tropa.

Os Torneios de Eficiência podem ser:


- Em sede - anual; mensal e semanal
- No campo - diário, com um resultado ao final do acampamento

As regras destes torneios devem ser muito bem debatidas em Corte de


Honra. e jamais deverão ser impostas pela Chefia.
Tanto no campo como na sede, o Torneio deve ser estruturado de forma
que cada patrulha tenha a oportunidade de atingir a porcentagem ou padrão
(estipulados pela CH), em cada divulgação de resultados. A progressividade no
nível de exigências é fundamental!
Não permita que o Torneio de Eficiência se torne uma competição
acirrada entre as patrulhas. Este deve ser entendido como um aperfeiçoamento
da equipe e demonstra que a patrulha é EFICIENTE e não melhor que as outras.

69
3. ITENS COBRADOS NA INSPEÇÃO DIÁRIA NO ACAMPAMENTO

APRESENTAÇÃO
traje completo e limpo; higiene; postura
PESSOAL

limpeza de todos os utensílios; toldo seguro e firme;


COZINHA fogão e mesa bem montados; organização e
conservação dos alimentos; fossas

BARRACAS limpas, bem montadas e arejadas

firmeza; amarras corretas e seguras; utilidade de


PIONEIRIAS
acordo com as prioridades para o conforto da
(se houver)
patrulha; criatividade

conservação; limpeza; local apropriado e forma


FERRAMENTAS
adequada de sua guarda

organização; distribuição das roupas em sequência;


AREJAMENTO OU separação das roupas secas e molhadas bem como
BAZAR das roupas limpas e sujas, de acordo com os Padrões
de Acampamento

a Patrulha deve apresentar algo que seja criativo,


como
CRIATIVIDADE
forma de dar as boas-vindas à Chefia e um bom dia.

limpeza; estética; disposição das barracas e pioneirias


CAMPO de acordo com as necessidades de higiene e
segurança

 A cobrança destes itens deve ser feita de forma progressiva, estimulando


as patrulhas a aperfeiçoarem os itens que foram falhos, no decorrer do
acampamento.
 Além destes itens, outros podem ser incluídos à eficiência de campo, de
acordo com sugestões feitas, principalmente, pela Corte de Honra.

70
4. QUAIS SÃO OS PADRÕES ESPERADOS PELA CHEFIA?

• Depende da idade e da experiência dos jovens e dos seus padrões atuais.


Encorajar o progresso lento, começando pelas áreas mais importantes. Se a
Chefia criticar tudo na primeira vez, a patrulha, a patrulha provavelmente
desistirá.
• Os Escoteiros mais novos precisam de maior atenção, mais dicas e
demonstrações.
• Os Escoteiros mais velhos devem ser encorajados a ultrapassar os padrões
que atingiram.

Observações gerais

• A idade e a experiência dos jovens vão determinar com qual regularidade


as inspeções deverão ocorrer.
• Os Escoteiros mais jovens, na maioria das vezes, apreciam a rotina e
gostam mais do aspecto competitivo.
• Os Escoteiros mais velhos, na maioria das vezes, precisam mais de dicas
do que críticas.
• As inspeções não devem ser somente um ritual feito por adultos. Os
tópicos devem ser regularmente discutidos com a Corte de Honra.
• Inspeções regulares nas manhãs do acampamento auxiliam a estabelecer
uma rotina de limpeza e arrumação nos campos de patrulha.
• Inspeções informais feitas pela Chefia e pelos Monitores (estes, em suas
respectivas patrulhas) devem ser estimuladas.

71
5. EFICIÊNCIA DE CAMPO - EXEMPLO DE UMA PLANILHA DE
INSPEÇÃO

DIA

PATRULHA

APRESENTAÇÃO/CRIATIVIDADE

UNIFORME

AREJAMENTO

BARRACAS

TOLDO

PIONEIRIAS

PANELAS

FERRAMENTAS/CANTO DO LENHADOR

FOSSAS

CAMPO

TOTAL

6. EXEMPLO DE UMA LISTA DE MATERIAL INDIVIDUAL

Material Individual para um pernoite


Uniforme completo
Capa de chuva ou poncho impermeável
Casaco
1 conjunto moletom
1 camisa (Escoteiras)
1 bermuda
Boné/gorro
1 toalha de rosto
Saco de dormir
Isolante Térmico
Plástico para forrar chão ( 1mx2m )
Caneca inquebrável
Prato inquebrável/marmita
72
Jogo de talheres individual (garfo, faca e colher)
Cantil
Sacos para embalar o material
Lanterna pequena e pilhas (fora da lanterna)
Apito

OBSERVAÇÕES:

 TODO MATERIAL DEVE ESTAR ENSACADO


 NÃO ESQUECER O LANCHE FRIO PARA O CAFÉ DA MANHÃ
 USAR UMA SÓ MOCHILA PARA LEVAR O MATERIAL

7. EXEMPLO DE UMA LISTA DE MATERIAL INDIVIDUAL PARA UM


ACAMPAMENTO DE 5 DIAS

ACAMPAMENTO DE TROPA

Material Individual
Uniforme completo
Capa de chuva/anorak
Casaco e camisa de manga comprida
1 conjunto moletom
1 calça jeans (velha)
5 camisas (de preferência Escoteiras)
1 bermuda
4 shorts
Sunga de banho ou maiô
6 cuecas/calcinhas
Chinelo de borracha
5 pares de meia
Boné
1 par extra de tênis (velho)
1 toalha de banho
Saco de dormir
73
Isolante térmico
Plástico para forrar chão ( 1mx2m )
Sabonete, escova e pasta de dente, pente, etc.
Protetor solar
Prato e caneca inquebráveis
Talheres
Cantil
Sacos de entulho para ensacar o material
Lanterna pequena e pilhas (fora da lanterna)
Jornal

OBSERVAÇÕES:
 TODO MATERIAL DEVE ESTAR ENSACADO
 NÃO ESQUECER O LANCHE FRIO PARA O 1º DIA
 USAR UMA SÓ MOCHILA PARA LEVAR O MATERIAL

8. EXEMPLO DE UMA LISTA DE MATERIAL INDIVIDUAL PARA UM


ACANTONAMENTO DE 3 DIAS

LISTA DE MATERIAL
Uniforme completo
Roupa de dormir
Calção de banho/maiô
01 par de tênis sobressalente
Sabonete, pasta de dentes, escova de dentes, pente ou escova
Lanterna com pilhas
03 camisetas
01 calça comprida
03 cuecas/calcinhas
03 shorts
Saco de dormir
01 par de chinelos
Talher, prato e caneca inquebráveis
Isolante térmico
Capa de chuva
01 boné extra
74
Agasalho
Pano de prato

OBSERVAÇÕES:
 Marcar todo o material com o nome do seu detentor;
 Acondicionar todo o material em apenas uma mochila, com exceção do
saco de dormir;
 Separar todo o material em sacos plásticos;
 Não enviar material que não esteja mencionado na lista ou que não tenha
sido solicitado pela Chefia.

9. EXEMPLO DE UMA LISTA DE MATERIAL INDIVIDUAL PARA UM


ACAMPAMENTO VOLANTE EM LOCAL FRIO

Uniforme com calça comprida


Mochila
Saco de dormir
Isolante térmico
Lanterna com pilhas de reserva
Cantil
Canivete
Relógio
Xerox dos documentos
Bloco de anotações
Máquina fotográfica
Plástico 2mx2m
Jornal
Prato, talheres, caneca
Sacos de entulho
Material de higiene pessoal
Toalha
Papel higiênico
Gorro e boné
Luvas
Cachecol
75
Calça de moletom
2 bermudas ou shorts
Roupas íntimas
3 pares de meia
3 camisas manga curta
1 camisa de manga comprida de algodão leve (*)
1 casaco de moletom (*)
2 casacos de lã (*)
Calça extra
Anorak
Roupa de banho
Chinelo de borracha

(*) podem ser substituídos por um único casaco forte, que aguente
temperaturas baixas; entretanto, em lugar de um único agasalho poderoso, é
preferível fazer duas ou três camadas de agasalhos mais leves e ir retirando-as à
medida que o calor aumenta, evitando o choque térmico.

SUGESTÕES:
 Espalhe no chão todo o material a ser transportado;
 Leve sacos extras, para roupas sujas ou molhadas;
 As roupas e agasalhos podem ir juntos às costas, prevenindo qualquer
desconforto de objetos rígidos ou pontiagudos que possam incomodar;
 Observe que o centro de gravidade de uma mochila no caso de uma
caminhada deve ser alto, e baixo numa atividade de escalada, portanto guarde
sempre os equipamentos mais pesados juntos às costas, e na altura da mochila
condizente com a atividade;
 Confira a lista de checagem e separe o material em grupos, embalando-os
em sacos plásticos de entulho (grupos grandes), ou tipo ZIPPY (grupos
pequenos), assim como:

1- Alimentos para as refeições


2- Alimentos para comer durante a caminhada
3- Roupas de dormir
4- Agasalho leve para caminhada
5- Abrigo de chuva ou anorak

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6- Agasalhos pesados
7- Bermudas e camisetas (quando for o caso)
8- A parte da barraca que lhe cabe, lembre-se que não há a necessidade de
transportá-la da forma como ela se apresenta acondicionada. Os polos podem
ir na lateral, ao longo do corpo, e o sobreteto e o corpo podem ir dobrados da
melhor forma, junto com jornal e plástico
9- Fogareiro, talheres e panelas
10- Cantil e lanterna
11- Máquina fotográfica (bem protegida), e estojo de primeiros socorros
12- Saco de dormir

Algumas mochilas possuem diversos compartimentos, que podem e


devem ser utilizados para acondicionar os grupos.
Lembre-se: todo o material deve ser acondicionado dentro da mochila,
deixando as mãos livres de pacotes.

10. CHEGANDO DA ATIVIDADE

Por mais cansado que estiver, não deixe de organizar seu equipamento:

 Esvazie a mochila
 Ponha para lavar as roupas usadas e os calçados para secar
 Jogue fora o lixo
 Guarde seu saco de dormir frouxo, sem enrolá-lo
 A barraca e toldo devem ser estendidos para secar completamente antes de
serem guardados
 Os cabos deverão ser postos a secar à sombra

Procure guardar seu equipamento em um só lugar; tanto melhor se


dispuser de um espaço livre dentro de um armário. Se possível, instale um
dispositivo anti-mofo.
É preciso fazer a inspeção de campo todos os dias? Não. A execução de
tais inspeções deve, como toda outra atividade, inserir-se no contexto dos
objetivos. Ela pode ser feita todos os dias – principalmente para avaliar o
progresso dos jovens na arrumação do campo e do seu material pessoal –, como
pode ser feita em dias alternados, como pode ser feita em algum dos dias do
campo (seria sensato, por exemplo, colocar o material exposto e as barracas
77
abertas num dia de chuva torrencial?). Convém que seja feita, pelo menos, no dia
subsequente à primeira noite em campo, preferencialmente de manhã, logo após
a abertura formal do dia, quando os jovens já estão uniformizados, evitando a
correria de “põe uniforme-tira uniforme-põe uniforme”. Fazendo-a nessa ocasião,
já se pode ter uma noção do que precisa ser “afinado” com os jovens quanto à
organização do material e sua suficiência para a atividade.
É desaconselhável pôr o jovem (seja o Monitor ou toda a Patrulha) a
acompanhar a inspeção numa Patrulha que não a sua, primeiro porque ele pode
comparar negativamente sua Patrulha e a outra; segundo porque, sendo o
Monitor o “comandante” da Patrulha, como poderia ele afastar-se de sua equipe
nos momentos em que ela é posta à prova?

78
UNIDADE DIDÁTICA 8:
TÉCNICAS DE CAMPO

1. TÉCNICAS DE CAMPO

A construção de pioneirias e artimanhas de campo é um ótimo meio


para desenvolvermos uma série de aspectos positivos nos jovens, contudo, não
deve ser o principal objetivo. Não deixaremos de realizar o nosso acampamento,
se o local não oferece condições para construção de pioneirias! Devemos
aproveitar ao máximo todos os recursos oferecidos e usar a criatividade. Antes
de colocarmos os nossos jovens para realizar as tradicionais pioneirias, devemos
avaliar os seguintes aspectos:

 Duração do acampamento
 Interesses
 Prioridades
 Objetivos
 Desenvolvimento físico
 Quantidade de bambu ou madeira existente
 Disponibilidade do bambu/madeira para uso em pioneirias
 Destino a dar ao material usado nas pioneirias quando deixarmos o campo

2. O ACAMPAMENTO ESCOTEIRO

O campo de Patrulha: como e por quê.


O campo de patrulha é o espaço geográfico definido ocupado pela
Patrulha, que se sente nele como em “nosso território”, “nossa casa”; é, assim, um
referencial físico para a identidade, para o espírito de Patrulha.
O campo de Patrulha é usualmente delimitado por um cercamento; basta
um cordão de sisal ligando piquetes de bambu para definir o perímetro; podem
ser presos ao cercamento materiais que permitam enxergar mais facilmente a
delimitação do campo, especialmente à noite. Para a entrada, desde uma simples
abertura entre dois piquetes até portais altamente elaborados, com roleta, porta
giratória, porteira, cancela, cortina, porta elevadiça, túnel, campainha...
79
Por que delimitar o campo de Patrulha? Estabelecem-se os limites físicos
e sociais, é a fronteira da casa, do território; é forma de exercitar o respeito ao
espaço que é próprio do outro. É forma de estimular a cortesia: só se entra no
campo de Patrulha ao pedir licença e ser autorizado, ou ao ser convidado, da
mesma forma que não se entra na casa dos outros sem ser autorizado, e ao sair
agradecer a hospitalidade, que, por sua vez, a Patrulha teve de exercitar ao
convidar e acolher “gente de fora” em seu território.
Qual o tamanho de um campo de Patrulha? Dependerá das
condicionantes do terreno e da percepção de necessidade do espaço a ocupar
para organizar o seu uso. Deve ser suficiente para acomodar as barracas, a
cozinha, o canto do lenhador e as instalações consideradas necessárias ao
conforto (mesa, tripé para lampião, etc.) e as áreas de circulação. Quanto maior o
campo, maior o espaço para circular e construir coisas, mas também será maior
o trabalho de manutenção (limpeza, preservação do cercamento) e o
deslocamento entre as instalações. Um campo muito reduzido, por sua vez, traz
riscos pelo amontoamento das instalações: tropeços, fagulhas, lançamento de
materiais, circulação apertada.
Como espaço próprio, o campo de Patrulha tem a cara da Patrulha: no
tamanho, na distribuição dos elementos pelo espaço, na sua arrumação/bagunça,
na acessibilidade, na ornamentação...
Convém que os Chefes estimulem as visitas entre as Patrulhas. Indo de
um campo a outro, elas exercitam a cortesia em visitar e ser visitado, praticam a
sociabilidade e fazem um benchmarking, pegando umas com as outras ideias de
pioneirias, macetes de construção, de uso de materiais ou de cozinha. Mesmo
que haja competição entre as Patrulhas, não podemos nos esquecer que antes
disso “somos todos do mesmo sangue”; essa sociabilidade ajuda a fortalecer o
sentido de identidade grupal e de fraternidade Escoteira.

a) Esquema de campo
A distribuição e organização do acampamento serão de acordo com as
condições do local. Porém nada impede que os jovens planejem como ficará o
campo da Patrulha.
Devemos levar em conta os seguintes aspectos, na ordem de prioridade:
 Organização e segurança
 Harmonia com a natureza
 Condições naturais (vento, sol, solo etc.)
 Estética

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b) Disposição das barracas
Atualmente as barracas têm um desenho apropriado para trabalharem
com o vento (tipo iglu), contudo as barracas canadenses ainda são bastante
usadas (ainda são as mais resistentes para atividades com o Ramo Escoteiro) e
estas, sim, devem ser montadas de acordo com o vento predominante. Sempre
que montar uma barraca do tipo canadense, procure dispô-la a favor do vento
(recebendo o vento pela parte de trás). Geralmente este tipo de preocupação é
mais evidente, quando acampamos em descampados ou regiões próximas à
praia. Evite montar as barracas embaixo de árvores com grandes galhos cuja
queda pode causar acidentes (coqueiros, palmeiras cujas folhas são lenhosas
etc.). Outro fator importante que deve ser observado, é a luminosidade. O ideal é
que a barraca receba os raios solares na parte da manhã, de forma que a porta
deva estar voltada para o sol nascente (leste). Não há a necessidade de fazer
valetas, pois as barracas atualmente são preparadas para preservar seus
ocupantes até certo volume de água das chuvas.

c) Disposição das construções


Conforme o esquema apresentado, as construções deverão estar
dispostas de acordo com o seu uso, nunca se esquecendo da organização e
estética.
No caso dos toldos, devemos observar o vento predominante. O toldo
deve estar montado de forma que receba o vento de frente (ou seja, pela face
exposta, contrária à dos esteios), evitando oferecer resistência à sua passagem –
do contrário, ele servirá como vela e arrancará os esteios e o estaiamento,
levantando voo.

Observação:
Aliar os fatores estéticos às condições naturais nem sempre é possível.
Cabe aos chefes avaliarem juntamente com os jovens tais condições e quais serão
as prioridades. O mais importante é que os jovens adquiram o costume de
planejar antes e a flexibilidade de mudar este planejamento, de acordo com as
condições naturais.

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d) Outras construções
É importantíssimo que as Patrulhas planejem as pioneirias antes de
montá-las. Num acampamento, basicamente, pensamos no atendimento das
seguintes instalações:

 Canto do lenhador: suportes para as ferramentas, armazenagem da


lenha e das varas das pioneirias;
 Toldo: esteios/suportes existentes;
 Fossas;
 Tripé para lampião;
 Mesa e/ou fogão suspenso.

Pontos importantes a serem considerados, ao realizar os projetos:

 As pioneirias são itens de conforto; assim, deve-se evitar o exagero


de fazer do acampamento uma grande demonstração de engenharia mateira.
 O planejamento e execução devem ser de modo a aproveitar ao
máximo o mínimo de material (o Escoteiro é econômico). Equipamentos podem
ter várias funções – por exemplo, uma caixa de Patrulha pode ser transformada
em armário, banco ou mesa dependendo de sua construção.
 O que se pode fazer do material usado nas pioneirias ao término do
acampamento.
 Avaliar a segurança e funcionalidade das instalações.

82
UNIDADE DIDÁTICA 9:
NÓS, AMARRAS E PIONEIRIAS

1. NÓS E AMARRAS

“Os nós dão segurança e firmeza


A uma ponte ou qualquer construção.
Joãozinho faz frouxas amarras
E faz feio na demonstração.”
Baden-Powell, “Joãozinho Pata-tenra nº 3”, in: Escotismo para rapazes.

Amarra Diagonal: serve para aproximar e unir


duas varas que se encontram formando um ângulo
agudo. É muito utilizada na construção de cavaletes de
ponte, pórticos etc. Para começar usa-se a Volta da
Ribeira apertando fortemente as duas peças, dão-se
três voltas redondas em torno das varas no sentido dos
ângulos, e em seguida, mais três voltas no sentido dos
ângulos suplementares, arrematando-se com um anel de duas ou três voltas
entre as peças (enforcamento) e uma Volta de Fiel para encerrar. Pode-se também
encerrar unindo a ponta final à inicial com um nó direito.

A Amarra Quadrada é usada para unir dois


troncos ou varas mais ou menos em ângulo reto. O cabo
deve medir aproximadamente setenta vezes o diâmetro da
peça mais grossa. Começa-se com uma Volta de Fiel bem
firme ou uma Volta da Ribeira. A ponta que sobra desse
nó, deve ser torcida com o cabo para maior segurança ou
utilizada para terminar a amarra unindo-se a ponta final
com um nó direito. As toras ou varas são rodeadas por três
voltas completas redondas entre as peças (enforcamento) concluindo-se com a
Volta do Fiel na vara oposta ao que se deu o nó de início ou com o nó direito

83
unindo a terminação do sisal à extremidade inicial. A terminação com o nó direito
mostra-se mais interessante porque a volta do fiel precisa ser submetida à tração
para se manter, e na terminação da amarra isso dificilmente ocorrerá.

Amarra de Tripé: Esta amarra é usada para a


construção de Tripés em acampamentos, a fim de segurar
lampiões ou servir como suporte para qualquer outra
finalidade. A amarra de tripé é feita iniciando com uma
Volta da Ribeira ou Volta do Fiel, passando
alternadamente por cima e por baixo de cada uma das três
varas, que devem estar colocadas lado a lado com uma
pequena distância entre elas. Não é necessário o
enforcamento nesta amarra, pois ao ajustar o tripé
girando a vara do meio a amarra já sofre o "enforcamento" sendo suficientemente
presa. Entretanto, em alguns casos o enforcamento pode ser feito, passando
voltas entre as varas e finalizando com uma volta do fiel ou nó direito preso à
extremidade inicial.

Balso pelo seio: Este nó forma uma laçada dupla. É uma


boa cadeira porque é possível sentar-se confortavelmente nele.
Muito útil para subir ou descer uma pessoa ou volume.
Geralmente se faz no meio da corda e é considerado um nó de
salvamento. Nesse caso, lance a corda para a pessoa já com o nó
feito para poder içá-la com segurança.

Volta do salteador: Utilizado para prender uma corda a um objeto, com


uma ponta fixa e outra que quando puxada desata o nó. Diz-se que o nome do
nó é devido a Dick Turpin, famoso salteador (assaltante de
estrada) da Inglaterra do século XVIII, que o usava para
prender o cavalo. Serve para descermos de uma árvore,
escarpa ou barranco, permitindo-nos recuperar a corda. É
um nó extremamente perigoso, deve estar bem feito e
ajustado quando utilizado para descermos com ele. Para
confeccioná-lo, faz-se uma volta redonda com o seio da

84
corda; passa-se dentro dessa alça uma alça feita com uma das pernas da corda,
e traciona-se para que morda; por dentro dessa primeira alça, passa-se outra alça
feita com a outra perna do cabo, e igualmente traciona-se para morder.
Recomenda-se que se façam pelo menos umas quatro mordeduras para o caso
de alguém puxar a perna de corda errada.

Borboleta: Utilizado para fazer uma alça no meio do


cabo. Não corre e nem perde a forma. Muito resistente e
rápido de fazer.

Lais de guia: Utilizado para formar uma alça que não corre. É
um nó para salvamento. Tem a vantagem de poder ser feito utilizando
apenas uma das mãos. Útil quando precisamos usar uma das mãos para
se agarrar num barranco, ou como se estivesse caído dentro de um
buraco com o braço quebrado. Nesse caso o faremos em volta de
nosso tronco para que uma outra pessoa possa nos içar com segurança. Quando
for içar alguém, lance a corda com o Lais de Guia já feito.

Nó de escota: Usa-se para unir dois cabos de


bitolas diferentes ou para fixar um cabo a uma argola.

Volta do fiel: Também conhecido como Nó de


Barqueiro ou Nó de Porco, ou chamado simplesmente de
fiel; este nó é a forma mais rápida de se fixar a corda,
podendo ser reajustado ou desfeito com facilidade. Muito
utilizado para iniciar uma amarra e segurar a corda atada á um poste. Não corre
e é resistente e seguro com um bom arremate de segurança na ponta.
Nó direito: Utilizado para unir dois cabos de
mesmo diâmetro e para finalizar algumas amarras. Não
deve ser utilizado para montanhismo ou rapel a menos
que seja devidamente arrematado.

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Nó em oito: Utilizado para arrematar provisoriamente a ponta
de um cabo. Quando feito em laçada pode ser utilizado na cintura com
um mosquetão em escaladas, ou ainda para colocação de degraus em
escadas de corda.

Prussik: Este é um nó autoblocante, ou seja, sob


tensão ele trava e quando frouxo ele corre facilmente. Em
resgates, ascensões por uma corda fixa ou mesmo em
cabo de aço, o Prussik é muito utilizado e quase sempre
essencial. Pode ser usado para manter tensa uma corda
que será usada como ponte. A corda utilizada para este nó
deve ter aproximadamente a metade do diâmetro da
corda principal, tendo suas pontas emendadas com um pescador duplo.

Catau: Utilizado para reduzir o tamanho de uma corda sem


cortá-la, ou para isolar alguma parte danificada da corda, sem deixá-la
sob tensão. Atua com forte tensão e quando o uso for permanente se
reforça com um cote nos extremos (pois pode soltar-se ao relaxar a
tração na corda).

Nó de pescador (simples ou duplo): Utilizado


para unir linhas de pesca, cordas corrediças, delgadas,
rígidas, cabos metálicos e até cabos de couro.
Amarra Paralela: Serve para unir duas varas colocadas
paralelamente. Pode ser usada para apoiar ou até sustentar o
outro bambu. Faz-se uma argola e dá-se voltas sobre ela e as
duas varas como se estivesse falcaçando, terminando, também
como uma falcaça, passando a ponta do cabo pela argola e
puxando a outra extremidade para apertar. Finaliza-se com um nó direito unindo
as duas extremidades.

86
Volta redonda com cote: Utilizado para prender uma
corda a um bastão. É um nó muito útil, não se desfaz facilmente,
bom para esticar toldos ou barracas.

Volta da ribeira: Utilizado para prender uma corda a um


bastão, tronco, galhos, etc. É necessário manter este nó sob tensão.
É também conhecido como Volta do Enfardador, por ser
frequentemente usado para manter junto um feixe de lenha.

Aselha: É utilizado para fazer uma alça fixa no meio de um


cabo. Difícil de ser desfeito após tensionado, porém muito rápido de
ser feito.

Nó de correr: Serve para fazer uma alça corrediça em uma


corda. Utilizado para fazer rabiola de pipas. Útil para aplicação de
força quanto mais se puxa, mais ele aperta.

Boca de lobo: Este nó parece um Prussik, porém com


apenas uma volta. Serve para fixar um cabo a algo rapidamente.

87
Nó de arnês: É utilizado para fazer uma alça fixa no
meio de uma corda sem utilizar as pontas.

Cadeira de bombeiro: É um nó simples e rápido de atar


quando se precisa subir ou descer uma pessoa de uma árvore,
barranco ou outro ponto. É seguro, porém mais utilizado em
caso de emergência ou quando a altura não oferece grandes
riscos. Para estes casos, existem cadeiras mais elaboradas e
seguras.

2. PIONEIRIAS, ARTIMANHAS DE CAMPO E TÉCNICAS MATEIRAS:


SUA APLICAÇÃO PEDAGÓGICA

O Escotismo, ao propor atividades nas quais os jovens, ao ar livre,


busquem soluções criativas e eficazes para diversos tipos de problemas (não
apenas problemas objetivos, mas também aqueles da convivência), encontrou
inspiração em expedientes de campanha usados desde os celtas aos
bosquímanos, passando pelos ameríndios e pelos combatentes de diversas
épocas e lugares.
Exemplos típicos de recursos para aprimorar o conforto em campo são
as artimanhas de campo e as pioneirias.
A denominação “pioneirias” para as obras feitas usando
predominantemente varas (ou troncos) e cordas foi emprestada dos militares.
Nos exércitos europeus da Revolução Industrial, “pioneiros” era o nome
dado aos combatentes de Engenharia que exerciam as funções de sapador e
pontoneiro, e “pioneiria” o tipo de trabalho por eles executado a fim de prover
rotas para que a tropa trafegasse, fosse lançando pontes, fosse entulhando valas
com faxinas, fosse abrindo estradas.
Por ocasião da campanha contra Prempeh, no atual Gana (1895), Baden-
Powell ficou vivamente impressionado com o trabalho dos pioneiros, construindo
pontes sobre abismos e rios usando troncos e cordas e manobrando aparelhos
de força com essas mesmas matérias-primas. Na sua vida militar na Índia e na
África, familiarizou-se com os pequenos e simples “macetes” que o scout
88
(esclarecedor de Cavalaria) ou o policial podia usar para dar-se um pouco mais
de conforto em campo, sem depender de arrastar consigo os trens de
estacionamento. Tal experiência não tardaria em ser aproveitada no movimento
educacional que viria a fundar.
O ar livre é um dos elementos de programa mais característicos do
Escotismo. A vida mateira, conforme pretendia Baden-Powell, é um meio para
atingir diversos objetivos educacionais que, com pequenas variações histórico-
geográficas, mantêm sua importância, nas diversas áreas de desenvolvimento.
O combate ao sedentarismo resulta em benefícios para a higidez corporal
e psíquica: proporciona estímulos à movimentação, aumento da capacidade
aeróbica, da resistência, da flexibilidade; por diferentes estímulos sensoriais,
aumenta a sensibilidade, abrangência, profundidade e seletividade dos cinco
sentidos; previne a ocorrência da “síndrome do confinamento”, cujo exemplo
clássico era o wire-happy, desenvolvido por prisioneiros de guerra que tivessem
ficado muito tempo nessa condição (passar a achar a situação de confinamento
normal e ter medo do “mundo lá fora”).
As atividades de campo contribuem para o desenvolvimento psíquico,
afetivo, social e do caráter, fomentando no jovem a rusticidade, a independência,
a autodisciplina, a cooperação e a convivência. Intelectualmente, favorecem a
aquisição de conhecimentos e habilidades naturalistas, como a identificação de
espécies vegetais (comestíveis, boas para fogo, boas para construir abrigo,
venenosas, atraentes para bichos, etc.) e as técnicas para manter-se em boas
condições de saúde e conforto em marcha ou em acampamento/bivaque. A
imersão no ambiente mateiro ajuda a despertar a consciência ecológica e a
espiritualidade, pela percepção do ambiente e de seu pertencimento e interação
com ele, bem como pela possibilidade de usar os recursos sem exauri-los e sem
causar dano à natureza.
Particularmente o uso de pioneirias, artimanhas de campo e técnicas
mateiras pode contribuir para o desenvolvimento de habilidades, conhecimentos
e atitudes desejáveis, não para meramente formar mateiros, mas, em verdade,
para oferecer ao jovem mais elementos para conduzir-se autonomamente com
êxito em várias esferas de atuação. Vejamos alguns saberes e atributos que
podem ser despertados.
Os atributos de rusticidade e resiliência possibilitam a superação do
comodismo, a adaptabilidade a circunstâncias adversas e inclinam à frugalidade
– não como muquiranice, mas como moderação da percepção de necessidades

89
(lembrando o velho ditado: rico não é o que tem mais coisas, mas o que tem
menos necessidades).
A limitação dos recursos disponíveis estimula a criatividade: saber tirar o
melhor proveito daquilo que a realidade apresenta, associando conhecimentos
disponíveis para construir soluções para os problemas que surgem. Fomenta a
independência em relação aos “confortos e facilidades da vida moderna” e a
capacidade de “pensar por si próprio”. A inovação se faz presente na concepção
(o que construir), na construção (uso dos recursos e conhecimento disponíveis) e
no uso (descoberta de outras aplicações).
A improvisação traduzida nas artimanhas de campo não significa
abdicação da higiene; muito pelo contrário, a aplicação das técnicas de
sanitarismo em campo contribui para a preservação da saúde, não apenas dos
acampadores (lavatórios e chuveiros), como também para evitar a contaminação
do local (especialmente no caso de mananciais e cursos d’água).
A frugalidade se traduz na economia: ajuda a evitar o desperdício de
alimentos, material, energia e tempo; pode ser verificada pela quantidade de
resíduos deixada no campo – sobras de cozinha, pedaços inúteis de bambu,
madeira ou sisal.
A prática de construção de pioneirias estimula a capacidade de
planejamento para otimizar o emprego do tempo e dos recursos; o jovem
percebe que, quando estabelece um plano e o segue, seu tempo rende mais, seus
recursos são suficientes e seu desgaste é menor. Isto envolve também a
distribuição de tarefas para otimizar o trabalho, aproveitando o que cada um tem
de melhor. Estimula, ainda, um senso de praticidade/utilidade: o jovem passa a
pensar naquilo que é útil construir, e a não ter a construção de pioneiria como
fim em si mesma. Estimula-se o desenvolvimento de uma atitude de busca de
soluções para problemas apresentados pelas condições de campo.
A construção e emprego de artimanhas de campo abre janelas para o
aprimoramento moral pela percepção do bem comum: a obra em campo
beneficia não apenas um indivíduo, mas a coletividade, de sorte a ninguém pesar
sobre o outro.
Pode-se identificar o favorecimento de:
 Percepção espacial: ocupação do espaço, mobilidade, uso da
pioneiria (sem forçamentos ou contorções ou risco de queda do que sobre
ela se colocar), medição da matéria-prima para que seja coletada e usada
sem desperdício, percepção dos ventos para melhor aproveitamento,
seleção de locais de instalação e ancoragem.

90
 Destreza motora em diversos graus de refinamento:
confecção dos nós, escavação, construção de tramas, trançados, falcaças,
construção de maquetes e projetos.
 Aprendizado de noções da física: resistência, vetores de
força, oposição e compensação de esforços, suspensão/sustentação de
cargas, equilíbrio.
 Cooperação: planejamento e trabalho em equipe, valorização
da contribuição de cada um para o benefício de todos.
 Objetividade: para orientar o planejamento; fortalecedora do
moral pela percepção de um resultado útil naquilo que se faz; não fazer
pioneiria “apenas porque é preciso fazer pioneiria”.
 Capacidade de abstração: essencial para o planejamento.
 Desenvolvimento do senso estético: “o nó bonito é o nó
certo”; apresentação agradável do campo e das pioneirias, fortalecendo o
orgulho de ter sido uma obra própria.
 Fortalecimento identitário: experiências vividas em comum;
“histórias para contar aos netos”.
 Construção de uma mentalidade voltada para a segurança:
manuseio seguro das ferramentas; redução de pontas e tropeços;
organização do campo; sustentação de materiais (inclusive do fogão
suspenso); seleção da técnica de construção que proporcione pioneirias
mais firmes, funcionais e seguras.
 Aceitação de ideias alheias, trabalho em equipe. Quando a
Patrulha planeja as artimanhas a construir, a “tempestade de ideias” abre
a oportunidade de todos se manifestarem e apresentarem propostas que
visem à melhoria das condições de trabalho no campo e da apresentação
do mesmo.
 Exercício da liderança: oportunidade para verificar as
manifestações da liderança pelos participantes da atividade, pelo
conhecimento técnico, pela criatividade, pela visão de conjunto e de
futuro, pela atitude.
 Estímulo para a melhoria do ambiente de trabalho e de
moradia, dentro e fora do acampamento: não se conformar com condições
dadas, quando elas podem ser melhoradas; ser ativo na busca do
provimento de uma situação mais confortável.
 Concentração e organização do pensamento: contrariando a
tendência predominante da “atenção difusa”, pela qual se propõe que o

91
indivíduo faça várias coisas ao mesmo tempo (falar ao celular, trocar
mensagens instantâneas, ouvir música, jogar o joguinho eletrônico,
fotografar) e que resulta em não ter havido apreensão cognitiva
significativa nessas demandas simultâneas de atenção. É preciso ter foco
na construção, do contrário a estrutura não atenderá àquilo que se espera
dela, podendo constituir-se até mesmo em fator de risco.
 Consciência ecológica e mentalidade voltada para a
preservação do meio ambiente: no planejamento, avaliar a capacidade de
recuperação do ambiente quanto à fonte de matéria-prima das pioneirias,
reimplantação da cobertura vegetal, preservação do solo, limpeza e/ou
fluxo dos mananciais e cursos d’água, equilíbrio da vida silvestre etc.

A reciclagem de materiais apresenta possibilidades metaforizáveis para o


dia-a-dia. Dentro da ideia de preservação ambiental, uma possibilidade de
trabalho com pioneirias que pretende causar menor dano à natureza é o uso de
materiais pré-fabricados e reutilizáveis como matéria-prima: cabos de vassoura,
mourões/varas de eucalipto, tubos de PVC para as estruturas e tiras de borracha
(de câmara de ar, por exemplo) para fazer as amarras. O material das estruturas
deve estar disponível em vários tamanhos, para atender à variedade de pioneirias
a serem construídas.
Pode-se perceber, assim, que, dentro das atividades de ar livre, aquelas
de criação, construção e emprego de pioneirias e artimanhas de campo e
emprego de técnicas mateiras são fortes aliadas do educador para a consecução
de um amplo espectro de objetivos pedagógicos, em todas as áreas de
desenvolvimento. Contribuem grandemente para o desideratum do Movimento
Escoteiro de ajudar o jovem a ser o agente de seu próprio desenvolvimento

92
UNIDADE DIDÁTICA 10:
FERRAMENTAS, SEU USO E CONSERVAÇÃO

1. CANIVETE E FACA

Um bom canivete pode ser um substituto eficiente da faca, desde que


possua uma lâmina forte e que permaneça firme quando aberto. Lembre-se que
deve ser evitada a ostentação desnecessária da faca e do canivete, que devem ser
levados à cinta, única e exclusivamente quando estiver em uso, caso contrário
deve ser levada nos bolsos da mochila.

Um bom facão é outro instrumento de grande utilidade, podendo


inclusive substituir o machado em serviços mais leves. É importante que seja de
boa qualidade para que tenha a resistência necessária. O uso do facão é serviço
pesado, e caso não tenha a qualidade necessária torna-se muito perigoso. Deve
ser leve, porém sua construção deve ser tal que quando em movimento ganhe a
energia necessária aos cortes a que se destina.

Os melhores modelos são os que têm lâmina com cerca de 4 a 5 cm de


largura. Com relação ao comprimento, vários aspectos devem ser considerados:
• O primeiro aspecto a ser considerado é a estatura de quem o usa.
• Os mais curtos (14”-16”) são mais ágeis para uso em matas fechadas e
densas, porém requerem mais força de quem os usa.

93
• Os mais longos (18”-20”) ganham mais força quando em movimento,
porém não são recomendados para vegetação densa e têm a tendência
de envergar.
A exemplo das facas, os cabos devem ser de boa qualidade, anatômicos
e sem protuberâncias a fim de que não machuquem as mãos.
É sempre preferível que quando fora de uso seja levado em sua bainha.
Quando em uso, certificar-se sempre de que não existem pessoas no raio de
alcance da ferramenta. Quando caminhar, muito cuidado com o equilíbrio, pois
quedas quando se segura facões podem causar sérios acidentes.

A faca é uma ferramenta bastante útil para o Escoteiro e, por isso,


deve ser bem comprada e bem cuidada.
Ao comprar a faca, verifique se o cabo é resistente e se a faca está
bem equilibrada.
Normalmente as facas já são vendidas com bainha. Se a sua não
tiver, deverá arranjar uma o mais depressa possível. Você pode sempre
decorar a bainha da faca com coisas que te identifiquem, como uma
espécie de marca pessoal.
Para verificar se a faca está bem equilibrada, tente equilibrá-la em cima
de um dedo, colocando este no início da lâmina junto ao cabo.
Como entregar a Faca a outra pessoa
Alguns acabam sempre se cortando com facas (e mesmo canivetes) ao
receberem-nas de outra pessoa. O Escoteiro deve saber
como entregar corretamente uma faca, e também ter o
devido cuidado ao recebê-la de outra pessoa. Não há
uma maneira única de entregar a faca. Apenas é preciso
ter cuidado para ninguém se cortar com a lâmina.
Ao dar a faca com a lâmina para frente, a pessoa que a recebe pode-se
cortar,mesmo que vá pegar no cabo. Uma faca deve sempre ser entregue com o
cabo livre para se pegar.

NÃO

Quando a pessoa que recebe puxar a faca, a lâmina desliza sobre os


dedos de quem está entregando, cortando-os de imediato.

94
NÃO

A pessoa que entrega a faca nunca se corta, porque os dedos estão fora
do alcance da lâmina. Por seu lado, a pessoa que a recebe, tem o cabo
completamente livre para pegar, ficando igualmente fora do alcance da lâmina.

SIM

Como cortar um graveto


Para evitar um corte no dedo ou na mão, os movimentos da faca devem
ser sempre feitos para fora do nosso corpo, no sentido oposto à mão com que
seguramos a madeira ou graveto. Assim, a lâmina da faca nunca vem contra nós.

SIM NÃO

Cuidados com a Faca ou Canivete


A faca deve andar sempre na bainha, quando não estiver em uso. No fim
dos acampamentos e atividades, siga sempre os seguintes passos:
1- Limpá-la cuidadosamente de todos os detritos, usando detergente se
for preciso.
2- Secar bem toda a faca, para evitar ferrugem.
3- Afiar a lâmina para ficar pronta para a próxima atividade.
4- Untar a lâmina (e outras partes metálicas) com óleo para proteger da
ferrugem (uma fina camada, por igual, não é para lambrecá-la)..
5- Embrulhá-la com plástico, para conservar o óleo.
6- Guardá-la numa gaveta ou caixa onde ficará em segurança.

95
Enquanto estiver no campo e usando a faca, talvez precise guardá-la e
não tenha a bainha por perto, ou então ter a faca tão suja que não queira guardar
na bainha. Alguns cometem os maiores erros nestas horas, mas você, como bom
Escoteiro, fará o correto.

NUNCA espetar a faca numa árvore viva –


lembre-se, o Escoteiro é bom para os animais e
plantas.

NUNCA espetar a faca na terra - se espetar


a lâmina na terra poderá encontrar uma pedra que
estrague o fio da lâmina. Mesmo espetando em
areia, há sempre prejuízo para o fio da lâmina.

Além disto, você deve ter o cuidado de deixar a faca de maneira que
ninguém se corte na lâmina. Deixar a faca no chão é um dos erros mais comuns
de alguns: Além de apanhar umidade e de alguém poder pisar e parti-la, alguém
descalço ou de chinelos pode cortar-se. Também espetar a faca num cepo pode
ser perigoso, pois alguém pode cortar-se ao passar por ali, além de acabar por
torcer o bico da faca caso seja espetada de ponta.
Nunca esquecer que quando espetar uma faca num cepo é apenas por
alguns minutos ou segundos, e que o local não pode ser frequentado por outras
pessoas, senão alguém se pode cortar.

Não usar a faca (ou canivete) num veículo em movimento, como por
exemplo, num ônibus ou carro. Um solavanco inesperado pode causar um
acidente com a lâmina. No caso de uma freada brusca, a faca pode espetar-se no
seu corpo ou atingir outra pessoa. Quando começar usar a faca, canivete ou

96
machado tenha a preocupação de verificar se tem pessoas próximas de você, que
poderiam vir a ser vítimas de algum deslize da lâmina. Se transportar a faca dentro
da mochila, deve ter cuidado para não enfiá-la à força no meio das coisas, pois o
bico da faca pode furar a bainha e rasgar o material ou mesmo a mochila.

2. MACHADO OU MACHADINHA

A diferença entre o machado e a machadinha está no tamanho.


O machado é grande e usa-se com as duas mãos. A machadinha é bem menor e
basta uma das mãos para manobrá-la. O Escoteiro costuma usar a machadinha.

UTILIZAÇÃO DO MACHADO

O Escoteiro sabe usar o machado e a machadinha corretamente.


A machadinha, usada só com uma mão, requer mais pontaria do que
força. Os golpes com a machadinha são dados pausadamente, calculando sempre
o local do golpe, e sem excesso de força.
O machado, apesar de ser pego com duas mãos, usa-se também
pausadamente, sem força excessiva e apostando sempre na pontaria.

97
A machadinha, por poder ser usada apenas com uma mão, deve ser pega
na ponta do cabo, e não meio do cabo. Tem-se melhor balanço, e é preciso fazer-
se menos força.

Sempre que começamos usar um machado, devemos verificar o seguinte:

- Se a cunha está bem fixa. Mergulhar o machado em água faz inchar a


madeira e assim garantir melhor a fixação do cabo na lâmina.

- Se não há ninguém por perto que possa ser atingido por um golpe.
Para cortar um galho, nunca devemos fazer sobre terra, pois a lâmina
acabará sempre atingindo o solo, estragando o fio. Deve-se sempre apoiar o
galho em cima de um cepo mais grosso.

SIM NÃO
O ponto onde vamos cortar deve estar bem apoiado e o mais fixo
possível. Nunca desferir golpes com o machado sobre um ponto do galho que
esteja sem apoio, pois o efeito será fraco e o galho ao vibrar pode fazer com que

98
o machado salte e atinja o utilizador; ou o próprio pedaço de madeira será
lançado sobre o indivíduo.

SIM NÃO

SIM NÃO
A inclinação do machado é importantíssima para o efeito dos golpes.
Nunca se deve dar os golpes com a lâmina num ângulo de 90º, ou seja, na vertical.
Deve-se inclinar sempre o machado para fazer aproximadamente um ângulo de
60º.

Os golpes devem ser alternados, ora inclinados para a esquerda ora para
a direita.

O machado nunca deve ser usado como martelo, pois não foi para isso
que foi feito.

99
DESBASTAR UM TRONCO

SIM NÃO

Para limpar ou desbastar um galho ou tronco, começa-se pela parte mais


grossa e vai-se avançando em direção à ponta, no sentido de crescimento da
árvore. Se os golpes forem dados no sentido contrário, acabará por rachar o
tronco.

CORTAR UM TRONCO NA VERTICAL

A técnica precisa de duas zonas de golpe: a primeira de um lado, e a


segunda do lado oposto e mais em cima. Esta técnica aplica-se tanto para um
galho, como para um tronco, como para árvores. No caso de uma árvore, esta
cairá para o lado da primeira zona de golpe.

Para cortar uma vara verde, segure pela parte de cima para envergar. Os
golpes devem ser dados com inclinação de 60º e não perpendicularmente à vara.
Vergar a vara aumenta o efeito de corte do machado.

100
SIM NÃO

RACHAR LENHA

Para rachar lenha, comece cravar a lâmina no tronco (não precisa ser com
muita força), junto a uma das extremidades. Em seguida, vai-se batendo com o
conjunto tronco-machado em cima de um cepo. Aos poucos o machado vai-se
enterrando cada vez mais no tronco, rachando-o ao meio.

FAZER UMA ESTACA

Para afiar uma estaca, devemos apoiá-la em cima de um cepo, e golpeá-


la com pontaria, como na figura. A cada golpe vire um pouco a estaca.

101
Uma estaca deve ter a parte de trás ligeiramente desbastada, como na
figura acima, para evitar que, ao bater nela, se desfaça.

SEGURANÇA

Além de saber manejar corretamente o machado, o Escoteiro deve


igualmente saber tomar todas as medidas de segurança relativamente a esta
ferramenta. Tal como a faca, canivete ou outra ferramenta cortante, o machado
não deve ser deixado caído no chão, encostado a uma árvore e muito menos
cravado no tronco vivo de uma árvore.

O seu manejo deve observar regras de segurança para o utilizador, assim


como para pessoas que se encontrem por perto.

102
Devemos ter todo cuidado ao usar o machado para
que este não atinja sua perna ou braço. Se estiver
segurando com a mão no tronco ou galho que esta sendo
cortado, verifique se a mão não esta ao alcance de nenhum
golpe desviado por acaso.

O mesmo cuidado devemos ter com as pernas,


as quais deverão estar conforme a posição em
que esteja cortando, de modo a que o
machado nunca te atinja a perna, mesmo no
caso de um golpe mal dado e que se desvie.

COMO GUARDAR O MACHADO


O machado deve ficar guardado dentro da respectiva bainha, ou cravado
num cepo ou num suporte próprio montado no campo.

Para cravar o machado num cepo é comum ver pessoas desferirem


grandes golpes sem grandes resultados. A técnica consiste unicamente em

103
espetar a lâmina em bico, e não com o fio todo. Para isso, a lâmina deve ficar
paralela ao cepo.

SIM NÃO NÃO

FABRICAR DE UMA BAINHA


Como a maior parte dos machados não traz bainha, devemos saber fazer
uma com facilidade, para que o machado ande sempre protegido e posa ser
transportado à cintura. O material ideal é o couro. Se não tiver couro, pode usar
qualquer tecido grosso do tipo lona, que não se rompa com facilidade. Para
reforçar podemos fazer duas ou três camadas.
Depois de cortar com o feitio que se indica na figura, abra orifícios para
passar o cinto e para enfiar o cabo do machado. Estes orifícios, no caso de usar
tecido devem ser caseados (do mesmo modo que as casas dos botões nas
camisas), para não se rasgarem. Depois, é só coser com fio grosso, e colocar um
botão. Um sapateiro colocará facilmente um botão de pressão para manter a
bainha devidamente fechada.

TRANSPORTE
O transporte do machado é outro fator importante na segurança.
Quando o transportar na mão, segure-o sempre pela lâmina, e nunca pelo cabo.
Os iniciantes, quando pegam no machado pela primeira vez, costumam andar
com ele segurando no cabo e balanceando-o, arriscando-se a bater com a lâmina
nas pernas ou atingir algum colega. Se o machado for grande poderá levá-lo ao
ombro, mas sempre com o fio da lâmina virado para fora.
104
Quando se passa o machado a outra pessoa, devemos entregá-lo sempre
segurando na lâmina, para que se possa pegar facilmente no cabo.

CONSERVAÇÃO

Para evitar a ferrugem, devemos seguir alguns conselhos:


• Quando regressar de uma atividade, limpe bem o machado,
para tirar toda a sujeira e umidade.
• Para retirar ferrugem, use palha de aço.
• Para conservar o machado sem ferrugem, unte a lâmina com
óleo, e embrulhe com plástico.

AFIAR A LÂMINA

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Para afiar a lâmina podemos usar uma simples pedra de esmeril, que devemos
manter molhada com água ou, melhor ainda, com óleo. Use movimentos
circulares, deslocando para frente. Se a pedra for grande, fixe-a (por exemplo,
num cepo) e imprima ao machado os movimentos circulares (observe a figura).
Se a pedra for pequena, pegue nela com uma das mãos e, tendo cuidado para
não se cortar, ande com ela igualmente em movimentos circulares, mantendo o
machado fixo.

Se a lâmina tiver fissuras, devemos começar usando uma lima para fazê-
las desaparecer, e só depois usar a pedra de esmeril.

Quando estiver desbastando a lâmina do machado, para retirar as


fissuras, tenha cuidado. O fio da lâmina deve ficar com uma forma nem muito
longa nem muito curta. Observe a figura para ver qual é a melhor forma.

106
REPARAÇÃO DO CABO

Se por acidente, ou qualquer


outro motivo, o cabo do machado se
partir, eis uma forma fácil de retirar os
restos da madeira do cabo de dentro
do olhal da lâmina. Cave um pequeno
buraco na terra onde enterrará
ligeiramente a lâmina deixando o olhal de fora.
Depois, faça uma pequena fogueira em pirâmide
por cima, para queimar a madeira. Logo que acabe o fogo,
poderá retirar facilmente os restos de madeira queimada de
dentro do olhal, devemos mergulhar a lâmina em água fria
para que não destempere.
Depois de feito o cabo novo, inseri-lo no olhal e fixá-lo com uma
cunha.

O machado deve ser bem equilibrado. Para testar o equilibro,


coloque o machado sobre o dedo indicador, na zona onde acaba o
cabo e começa a lâmina. Se o machado se equilibrar é porque está em
boas condições de equilíbrio.

Num machado bem alinhado, o gume da lâmina deve estar em linha com
a ponta do cabo.

107
Para evitar que o cabo rache ao bater com a ponta
numa superfície dura, devemos cortar essa mesma ponta.

3. FERRAMENTAS DE SAPA

As ferramentas de sapa são assim chamadas por causa do trabalho do


sapador (especialização militar de Engenharia), que envolvia escavações e
preparação do terreno.


Existem pás de vários modelos e tamanhos, cuja escolha depende do uso
que lhes será dado. Pás de bico ou planas, maiores, demandam veículo para
serem transportadas até próximo do local de acampamento. As pás de sapa,
menores, podem ser facilmente transportadas numa mochila. Há, também, pás
articuladas, que têm a praticidade do tamanho menor e a desvantagem de uma
eventual fragilidade na articulação. Pás articuladas podem ser, ainda
multiferramentas, servindo como enxadas, picaretas ou até para cortar ramos
pouco resistentes.

Cavadeira
Mais conhecidas são a rotativa e a boca-de-lobo. A forma mais correta
de empregá-las é para remover a terra já solta com a alavanca. Meter uma boca-
de-lobo diretamente na terra para soltar é arriscar-se a danificá-la, batendo em
terra dura ou em pedras. A cavadeira é um equipamento de emprego coletivo,
que dificilmente será levada por alguém num longo percurso a pé, presa a uma
mochila, pelo seu peso e tamanho.

Alavanca
A alavanca, com uma de suas extremidades com uma lâmina, permite
soltar, afofar, destacar terra ou leivas (placas de grama com terra) para serem
retiradas. Em caso de necessidade, também para mover alguma carga por uma
curta distância.

108
Enxada
Para afofar a terra, fazer uma valeta ou mesmo retirar leivas, a enxada é
muito interessante, pela largura de sua lâmina. Serve também na capina, para
remover vegetação daninha.

Foice
Para cortar vegetação superficial.

Picareta
Para cavar na terra dura.

Alvião ou chibanca
É uma espécie de enxada de mão, com lâmina menor e cabo mais curto,
para pequena limpeza de vegetação.

4. SUGESTÃO: KIT DE SOBREVIVÊNCIA

O kit de sobrevivência pode ser uma das peças de equipamento mais


úteis. O seu conteúdo pode variar, tendo em atenção o tipo de terreno para onde
vamos, mas existe uma constituição base. O kit é de fácil utilização e não é caro,
pode caber numa caixa de tabaco. É bom criar o hábito de
transportar, "diariamente”, a caixa (que pode caber facilmente
no bolso de um casaco) e de verificar regularmente se o
conteúdo não se deteriorou, dando particular atenção aos
fósforos e aos comprimidos. Para evitar algum barulho,
envolva o conteúdo do kit no algodão, que poderá ser utilizado para atear fogo.
O seu kit de sobrevivência deverá conter os seguintes objetos:

Fósforos, que deverão ser utilizados só em último caso, ou


seja quando outros métodos de fazer fogo falharem;

109
Vela, fonte de luz útil para atear fogo (a cera de sebo pode ser
comida em caso de emergência);

Pederneira, certifique-se de que a sua


pederneira inclui serra - esta combinação permite uma
utilização bastante grande, após acabarem os fósforos.
Lupa, boa para acender o fogo; depende apenas de
radiação solar suficiente

Conjunto de costura, ideal para consertar a sua roupa e outros


materiais;

Comprimidos purificadores de
água, devem ser utilizados sempre que a água que vai
consumir não ofereça confiança e não tem outro método
de purificá-la;

Bússola de pequenas dimensões e preenchida com líquido


(verificar se há fugas com regularidade);

Espelho, pode ser utilizado para sinalização;

Alfinetes de segurança (de fralda): úteis para segurar peças


de roupa, para utilizar como anzóis e para pequenas armadilhas;

Anzóis e linha, o conjunto de pesca deve ter a maior


quantidade de linha possível, deverá também incluir chumbadas;

110
Serra de arame que pode ser usada para cortar
árvores de grande porte (para protegê-la da ferrugem
cubra-a c/ uma folha oleada);
Saco de plástico grande, para transporte
de água e outros materiais, assim como é ótimo
para destilação ao sol (construindo-se alambiques
ou aproveitando a transpiração das plantas);
colocado sobre um buraco, é um eficiente coletor
de orvalho.

Permanganato de potássio, tem várias aplicações desde


antisséptico a uma espécie de antibiótico quando dissolvido em
água;

Arame de latão de ø 1,5 mm, para utilização em


armadilhas para animais, repetitivamente.

111
UNIDADE DIDÁTICA 11:
FOGUEIRAS, LAMPIÕES E FOGAREIROS

Você necessitará do fogo para se aquecer, se manter enxuto, sinalizar,


cozinhar, purificar a água pela fervura e também para se divertir. Não despreze
os conselhos que se seguem, todos baseados em velha experiência e de valor
comprovado. Não faça uma fogueira grande demais. As fogueiras pequenas
exigem menos combustíveis e são mais fáceis de controlar, além do que, o seu
calor pode ser concentrado. No tempo frio, pequenas fogueiras dispostas em
círculo, em volta de um indivíduo, produzem efeito melhor do que uma única
grande fogueira.

1. PREPARAÇÃO DO LOCAL PARA O FOGO

Prepare o local para a sua fogueira com cuidado. Limpe a área e


remova as folhas, raminhos, gravetos, musgo e capim seco, a fim de não
estabelecer um incêndio geral na floresta. Se o chão estiver seco, raspe tudo até
chegar à terra pura. Se a fogueira tiver de ser acesa sobre terra molhada, arme-
a sobre uma plataforma de toras ou de pedras chatas. Preste atenção ao vento,
para verificar a direção em que ele pode carregar as fagulhas (árvores com folhas
secas, capinzal), e previna a ocorrência de fogo que possa ser causado por
fagulhas da sua fogueira.

112
O combustível
A maior parte dos combustíveis não se inflama ao contato direto de um
fósforo aceso. Para iniciar a sua fogueira, você precisará de material facilmente
inflamável.
Eis alguns materiais de fácil ignição: gravetos finos e bem secos; casca de
árvore, bem seca; folhas de palmeira ou de pinheiro; raminhos secos; musgo solto
que se encontra no chão; capim seco e ainda em pé; fetos de samambaias;
pequenos pedaços de pau (rache-os e corte lasquinhas finas e compridas). Todo
o material desta espécie que sobrar deverá ser cuidadosamente resguardado da
umidade.
Um pouco de gasolina facilitará a combustão. Não derrame gasolina ao fogo já
iniciado, mesmo que não se veja chama alguma, ela poderá estar oculta pela
fumaça.
Para lenha, use a madeira de árvores mortas e secas e também galhos secos. E
fácil quebrar e rachar madeira seca, basta bater com ela de encontro a uma rocha
qualquer. Na madeira caída no chão, como por exemplo, um tronco de árvore,
poderá estar seco mesmo que a parte de fora esteja úmida.
Quase em toda parte é possível
encontrar madeira verde que queime,
especialmente quando picada em
pequenos fragmentos. Nas áreas sem
árvores você poderá achar outros
combustíveis naturais, como capim seco,
que poderá ser reunido em pequenos
molhos, o esterco, a gordura animal e às
vezes até o carvão.

Acendendo a fogueira sem fósforos


Em primeiro lugar procure e prepare quaisquer das seguintes espécies de
isca: madeira pulverizada bem seca de casca de árvore ou o miolo retalhado de
folhas de palmeira morta, fios de sisal ou linha de pano desfiado, que também
poderá ser de algodão, barbante ou mesmo de gaze para curativos, raspas de
plantas. Também a paina, penas finas dos pássaros ou ninhos de passarinhos,
ninhos de ratos campestres ou pó de madeira moída pelos insetos com
frequência encontrada sob a casca de árvores mortas. Todo e qualquer material
deverá estar perfeitamente seco. Ele queimará com mais facilidade se for

113
agregado ao mesmo algumas gotas de gasolina. Uma vez preparado o material
de isca, guarde algum para uso futuro em um recipiente hermeticamente
fechado. Acenda-o em local protegido do vento. Experimente os seguintes
métodos:

Pederneira
Este um o método eficaz de fazer fogo sem o auxílio de fósforos. Para isto,
utilize a pederneira (pedra dura). Se você não dispuser de pederneira, veja se
arranja um fragmento de rocha bem dura, com o qual possa produzir faíscas.

Se o fragmento se quebrar ou até deixar riscar com demasiada facilidade


quando atingido pelo aço, jogue-o fora e arranje outro pedaço. Aproxime as
mãos prontas para bater na pederneira, por cima e bem próximas à isca, que
deverá estar perfeitamente seca. Com a lâmina da faca ou um pequeno pedaço
de aço, fira a pederneira em movimentos rápidos, de cima para baixo de modo
que as faíscas produzidas caiam bem ao centro da isca.
Juntando-se à isca umas poucas gotas de gasolina, antes de
deflagrar as faíscas, a ignição da isca será facilitada
Uma vez acesa a isca, abane-a suavemente até surgir uma chama.
Leve então a isca incendiada até o ponto onde deverá ter princípio a fogueira, ou
então vá ajuntando gravetos e pequenas iscas de madeira seca sobre a isca até
que a fogueira pegue definitivamente.

114
Lente
Qualquer lente convexa de uns 5 cm ou
mais de diâmetro pode ser usada, com Sol
brilhante, para concentrar os seus raios sobre a
isca e acendê-la.

Atrito
Muitos são os métodos de produzir fogo
pelo atrito (arco, ranhura ou estria, tira de couro,
etc.). Se o método escolhido for o da ranhura,
corra o pauzinho para cima e para baixo no sulco
(ranhura), acelerando o ritmo até obter fogo na
isca, mas todos esses métodos requerem muita
prática. Se você conhece bem um desses
métodos, não deixe de usá-lo, mas não esqueçam
que a pederneira (pedra dura) e o aço dar-lhe-ão
os mesmos bons resultados, com menos trabalho.

115
Com uma Correia
Você poderá ainda obter fogo
usando uma correia de fibra seca e forte,
esfregando-a com um movimento contínuo
que deverá ser aumentando em ritmo
progressivo. O atrito produzirá o calor
suficiente para a isca pegar fogo.

Bomba de Atrito
Outro método pouco usado é por meio de uma Bomba de Atrito.
Você poderá construir sua Bomba de Atrito em apenas algumas horas de
atividade, certamente você se surpreendera com o resultado, alem de ser uma
ferramenta muito útil nos acampamentos, é uma excelente atividade.
Repare nas fotos que há um peso na ponta da Bomba de Atrito,
quanto maior o peso, maior será o atrito produzido.

Conselhos Úteis
Não desperdice os seus fósforos procurando acender uma fogueira mal
preparada. Não sendo necessário, não acenda fogueiras aqui, ali e acolá,
economize o combustível.
Experimente todos os métodos primitivos de fazer fogo e procure tornar-
se eficiente em pelo menos um deles, antes que se acabem os seus fósforos.
Traga sempre consigo um pouco de material de “isca”, bem resguardado

116
da umidade, dentro de um saquinho impermeável ou de um receptáculo
hermeticamente fechado (potinhos de vitamina C são excelentes para isso, com
pouco peso e volume). Nos dias secos e de sol quente, exponha as iscas aos raios
solares.
Um pouco de carvão vegetal, pulverizado, adicionado à isca, fará com
que pegue fogo com mais rapidez.
Não perca oportunidade de ajuntar iscas
onde quer que encontre.
Mantenha a lenha para a fogueira bem
abrigada da umidade.
Aproveite o calor do fogo já armado para
secar a lenha úmida.
Poupe algumas das suas melhores iscas e
alguma lenha para rapidamente acender nova
fogueira, pela manhã.
Para rachar pedaços mais grossos (ou
pequenas toras) de madeira dura, corte pedaços
em forma de cunha e crave essas cunhas na casca
das toras com uma pedra ou pedaço de pau
pesado (uma clava), a lenha rachada queima com
mais facilidade.
Para que uma fogueira dure a noite toda, ponha toras grandes em cima
de modo que o fogo queime até o miolo da madeira.
Uma vez formada a camada bem rica de brasas vivas, cubra-as levemente
com cinza e por cima da cinza ponha terra seca. Pela manhã o fogo estará ainda
aceso.
O fogo pode ser transportado de um local para outro, sob a forma de
pedaços incendiados de madeira em decomposição, de “palha” de coco, ou de
brasas de bom tamanho. Coloque o material incendiado, ou em brasas, sob a
nova fogueira, e abane ou sopre, até pegar fogo.
Não desperdice material combustível. Utilize somente o que for
necessário para começar e manter acesa a fogueira. Não deixe latas ou
recipientes que foram usados para transportar líquidos combustíveis
destampados, nem perto de fontes de calor: pode haver uma combustão. Da
mesma forma, recipientes que mantêm gases/líquidos sob pressão podem
explodir se submetidos ao calor (aerossóis, tambores/botijões/cartuchos de gás).

117
Não mexa com líquidos combustíveis perto de fogueira ou fonte de calor.
Não tente jogar líquido combustível sobre brasas ou labaredas “para avivar o
fogo”: os vapores desse combustível pegarão fogo e queimarão você, como num
“lança-chamas suicida”; há muitas experiências negativas desse tipo com álcool
em churrasqueiras.
Quando extinguir uma fogueira (por término do Fogo de Conselho ou ao
abandonar o local do acampamento), apague-a cuidadosamente. Elimine as
brasas vivas, faça o rescaldo (ensope com água todo o material combustível) e
enterre a fogueira.
Nos trópicos, a madeira para fazer fogo é abundante. Mesmo que esteja
molhada por fora, o interior estará suficientemente seco (isto em se tratando de
tronco morto) para queimar.
Nas zonas com palmeiras, você poderá arranjar bom material para isca se
fizer uso das fibras dos talos das folhas de palmeira.
O material encontrado dentro dos ninhos de cupim e a própria “casa” dos
mesmos, na parte inferior, constitui um bom material para fogueira.
Folhas verdes, atiradas ao fogo, provocam uma fumaça que muito
contribuirá para manter afastados os mosquitos e também para sinalizar.
A reserva de lenha para o fogo deverá ser guardada sob o abrigo, a fim
de que se conserve o máximo possível seco.
A madeira e o material de isca que sobrarem, se estiverem úmidos,
deverão ser secados junto à fogueira e guardados para uso futuro.
Pedaços de vidro ou lata abandonados podem produzir combustão
espontânea em áreas com mato: o vidro, ao atuar como uma lupa concentrando
os raios solares: a lata, ao servir como refletor ou ao aquecer-se com a radiação.

118
2. TIPOS DE FOGUEIRAS

Fogo Caçador
Um dos melhores para cozinhar. Escolha
dois troncos verdes de cerca de 50 cm de
comprimento e 15 cm de diâmetro cada.
Coloque-os lado a lado, com a abertura mais
larga virada para o vento e a mais estreita
sendo usada para apoiar as panelas.
Mantenha o fogo baixo. Acrescente lenha
quando for necessário. O uso de carvão
também é apropriado. Os troncos verdes
podem ser substituídos por grandes pedras
ou tijolos adequadamente empilhados.
Fogo Estrela
Nada melhor que fazer uma roda de amigos
os redor deste fogo. Ele é de longa duração,
com calor brando. Consome pouco
combustível e não necessário cortar lenha.
Junte alguns troncos ou galhos ecos,
disponha-os em forma de estrela de modo
que todos se encontrem no centro, onde se
acende uma pequena fogueira. À medida
que as pontas vão se queimando, é só
empurrar a lenha mais para o centro.

Fogo de Conselho
Esta montagem e ótima para
iluminar, comece com uma mecha em
seguida comece a colocar os troncos mais
grossos e vá afinando.

119
Fogo em Linha
Esta montagem de fogueira é pouco usada,
pois e difícil iniciar o fogo.

Fogo de Trincheira
Este fogo consome pouca lenha, oferece
menos riscos, não é incomodado pelo vento
e não irradia tanto calor, sendo apropriado
para os dias quentes. Construa uma valeta
mais rasa e larga de um lado, e mais funda e
estreita do outro, para que o vento sopre do
lado mais largo para o mais estreito. Se o
chão for duro, corte as bordas bem retas de
modo que apoiem as panelas ou cruze sobre
a cova alguns galhos bem verdes que
possam apoiá-las. O único inconveniente
deste fogo é ficar ao chão, o que deixa seu
uso desconfortável.
Fogo Refletor
Para as noites frias, prepare este excelente
aquecedor natural: construa uma pequena
murada com troncos verdes para dirigir o
calor em uma só direção. Prepare a fogueira
protegida na muralha. Cuide para que o
vento sopre em direção à muralha e não à
barraca. Uma rocha ou barranco também
podem funcionar como refletor. Neste caso,
verifique se o local é bom para se armar uma
barraca.

120
Fogo em Cone
Características: dá bastante calor e as
chamas sobem como um fio dando muita
iluminação. Como os troncos são
consumidos rapidamente, necessita de
maior manutenção.
A base é um quadrado com 1 a 1,2m de lado,
dispondo-se dentro dele numerosos troncos
colocados em cone.

3. LAMPIÕES E FOGAREIROS

Uso de lampiões
São dois os tipos de lampiões mais usados pelos Escoteiros: a gás e a
querosene. O lampião a gás, devido à facilidade de uso, limpeza e menor risco de
acidente, deve ser o preferido. Mais modernamente, há uma opção ainda mais
interessante, que é o lampião de LED com bateria recarregável.
Para o uso de qualquer tipo de lampião, é muito importante observar as
seguintes regras:

Antes de usar
Verificar na sede as condições do lampião. Conforme o tipo de lampião,
observe o seguinte:

Lampião simples a querosene


Tamanho do pavio ou mecha
• Quantidade de combustível (dependendo do transporte às vezes é melhor
levar vazio, para não derramar)
• Estado do vidro (leve reserva)

Lampião de pressão a querosene


• Estado da "camisa" (tenha sempre algumas de reserva)
• Quantidade de querosene (dependendo do transporte às vezes é
melhor levar vazio, para não derramar)
121
• Quantidade de agulhas
• Reserva de álcool, para acender
• Estado do vidro (leve reserva)

Lampião a gás
• Estado da "camisa" (leve reserva)
• Quantidade de gás no bujão
• Se a rosca do lampião se adapta ao bujão disponível
• Estado do "filtro" ou "vaporizador"
• Estado do vidro (leve reserva)
• Estado dos anéis de borracha de vedação, (se estiverem ressecados,
com rachaduras, troque)

Lampião de LED
• Verificar a integridade dos dispositivos de iluminação e do “vidro”
externo
• Verificar se a bateria está carregada. A bateria deve receber uma
carga de 9 horas, quando descarregar ou se passar um mês sem que o lampião
seja usado.
• Preservar o cabo de alimentação e seus contatos, para a recarga da
bateria.

Durante o uso
• Coloque sempre o lampião em lugar firme e plano
• Se pendurar, verifique antes se a pioneiria ou galho suporta
realmente o peso
• Não coloque onde possa apanhar chuva ou orvalho. Deixe-o sob o
toldo da cozinha, na barraca de intendência ou cubra-o com um plástico depois
que esfriar
• Jamais deixe qualquer lampião apagado dentro da barraca ou no
local em que você estiver dormindo! Há perigo de vazamento, e acidente mortal
• Transporte com cuidado, evitando choques ou pancadas. Se o
lampião estiver aceso ou se foi apagado há pouco, cuidado com onde põe as
mãos, pois pode queimar-se gravemente
• Jamais deixe um lampião aceso dentro da barraca. Pode causar um
incêndio.

122
Acendimento
A maneira de acender um lampião varia de acordo com o tipo, mas
sempre tome as seguintes precauções:
• Que o lampião esteja firme, sem risco de tombar
• Que não haja nada de inflamável por perto (álcool, querosene,
gasolina, plástico etc.)
• Que haja combustível, que a "camisa" ou mecha esteja em perfeito
estado
• Que o lampião esteja bem fixado ao bujão de combustível
Vamos ver agora como se acende cada tipo de lampião.

Querosene simples
Levanta-se o vidro pressionando a alavanca que existe para esse fim,
normalmente próximo a base do vidro. Suspenso o vidro, aproxima-se a chama
do, fósforo ao pavio. Quando acender, baixa-se o vidro, e regula-se a chama, para
| que não escureça o vidro. Para apagar, basta suspender o vidro e soprar.

Querosene a pressão
O processo para acender esse tipo de lampião, varia de acordo com o
seu fabricante. Portanto o melhor é consultar alguém que possua um lampião
igual e que já tenha prática em seu manejo.

A gás
Se a "camisa" estiver em perfeito estado, abra um pouquinho a torneira
de gás e aproxime a chama do fósforo (pela abertura existente) da "camisa" sem
tocá-la. O lampião está aceso. Aumente o fluxo de gás, torcendo o botão da
torneira e terá maior claridade. Para apagar é só fechar a torneira.
Trocar a "camisa"
Remova a parte superior e retire o vidro. Tire a camisa danificada e amarre
no mesmo local uma nova. Aperte o barbante com cuidado para não romper,
Recoloque todas as peças no lugar e fixe a tampa com o parafuso.
Para acender com a "camisa" nova, depois do lampião montado acenda
a "camisa" sem ligar o gás nem tocá-la com o fósforo. Quando ela estiver
queimada, abra um pouquinho a torneira e acenda o lampião conforme já foi
explicado.

Limpeza

123
Qualquer equipamento dura mais e presta melhores serviços se for bem
cuidado. Portanto, mantenha o seu lampião sempre em boa ordem, livre de
sujeira e ferrugem. Verifique sempre o seu estado antes e depois de cada
atividade, reparando ou trocando alguma peça sempre que houver necessidade.
Lembre-se que observar essas regras pode evitar acidentes
desagradáveis.

Uso de fogareiros
Os fogareiros que podem ser usados são a gás e o de querosene a
pressão. As regras de segurança são idênticas às que já foram explicadas para uso
do lampião. Vamos apenas lembrar uma das mais importantes: Em nenhuma
hipótese durma próximo a um fogareiro, mesmo apagado.
Para que os fogareiros possam prestar bons serviços, é indispensável que
sejam mantidos limpos e em ordem. O que foi falado sobre limpeza de lampiões,
também vale para fogareiros.
Assim antes de usá-los verifique sempre o seguinte:

Fogareiro a querosene (pressão)


• Quantidade de combustível
• Quantidade de agulhas
• Álcool para acender

Fogareiro a gás
• Quantidade de combustível
• Se a rosca se adapta ao bujão disponível
• Estado das borrachas de vedação, (troque se estiverem ressecadas,
com rachaduras)

Acendimento
Para acender cada tipo de fogareiro é só ler com atenção as instruções
abaixo:

Fogareiro a querosene (pressão)


• Abra a saída de ar
• Coloque o álcool no queimador e acenda
• Quando o álcool estiver no final, feche a saída de ar e bombeie

124
Pronto, está aceso! Se houver algum problema com a chama pode ser
entupimento, use a agulha. Para apagar e só abrir a saída de ar.

Fogareiro a gás
Fixe muito bem no bujão (se houver vazamento é porque os anéis de
borracha da vedação estão velhos. Troque-os) Abra a torneira do gás e aproxime
o fósforo aceso do queimador
• Se a chama não estiver satisfatória, gire o anel da entrada de ar
• Para apagar é só torcer a torneira em sentido contrário

Sempre é bom lembrar: NUNCA ACENDA FOGAREIROS OU LAMPIÕES


(gás ou líquido combustível) DENTRO DA BARRACA!

125
UNIDADE DIDÁTICA 12:
SANITARISMO

Fossas e latrinas estão em desuso, à luz da doutrina de “não deixar traços”


de nossa passagem por um ambiente natural. Nossa prioridade deve ser o uso
de instalações sanitárias, nas quais é de se presumir que os dejetos receberão o
devido tratamento, e que os nossos detritos sejam mínimos, colocados em
embalagens/contentores adequados e trazidos de volta para receberem a devida
destinação pela coleta de lixo.
Entretanto, como pode acontecer de chegarmos a algum lugar ou
situação em que não nos seja possível dispor de instalações sanitárias ou trazer
de volta os detritos orgânicos, seguem-se algumas orientações.

1. FOSSAS

TIPOS

LÍQUIDOS: tamanho médio 40 x 40 x 40 cm


Forrada com camada de areia, pedras e folhas
Tampa com peneira com galhos e folhas

SÓLIDOS: tamanho médio 40 x 60 x 60 cm


Com tampa para vedar
Colocar sempre uma camada de terra

Resíduos: mínimos e só orgânicos. Plásticos, vidros, embalagens e latas


devem ser levados de volta. Plástico e vidro não são degradáveis, latas demoram
anos para se degradar. Além disso, latas e vidros podem provocar cortes, com
risco de tétano devido à sujeira. Vidros podem concentrar os raios solares e latas
podem aquecer-se, dando chance a um início de incêndio por combustão
espontânea.

LATRINAS: tamanho varia de acordo com o n.º de pessoas e dias. Mais


usualmente, calcula-se uma para 10 pessoas por dois dias.

126
Média 50 cm x 1 m x 80 cm
Masc. e Fem. Separadas

2. LOCALIZAÇÃO

- fazê-la em local afastado (pelo menos 50 m) das fontes de água, trilhas


e local de acampamento; deixar a pá perto; ao usá-la, colocar sempre um pouco
de cal e terra sobre os dejetos; não enterrar nada na latrina a não ser dejetos
humanos.
- cuidar predominância dos ventos, tipo de solo, deve ser de fácil acesso
e ao mesmo tempo reservada com relação ao campo.
- deve ser a primeira a construir.

3. MANUTENÇÃO E HIGIENE

FOSSAS: limpeza, substituição de materiais, etc.


LATRINAS:
- desinfecção (cal ou creolina)
- Limpeza das pioneirias
- tapar parcialmente

FOSSAS
Tampas:
- na liquida fazer uma peneira com galhos e folhas secas
- na sólida com galhos e folhas (mais fechado)
- as tampas podem ser móveis

LATRINAS:
- assento apropriado para masc. e fem., cobertura ventilada.
- é muito importante fazer uma pioneiria para apoiar-se na hora do uso
(bem-feita, segura, higiênica, etc.).
- sempre que possível, dispor de um lavatório perto, para não deixar de
lado a higienização das mãos.

127
UNIDADE DIDÁTICA 13:
A CASA NO CAMPO (BARRACAS E ABRIGOS)

1. BARRACAS

Só quem já acampou sabe o que é dormir em uma habitação de tecido,


que pode ser transportada às costas (como uma tartaruga ou caramujo) e
facilmente montada onde achar mais propício, nela abrigando-se da chuva e do
vento. As barracas vêm-se modernizando, com materiais leves, duráveis e de
pequeno volume, e com modelos variados para diversos tipos de atividade:
daquelas com grande espaço interno, que permitem ficar em pé dentro delas, até
pequenas barracas de montanha nas quais cabem apenas o ocupante e sua
mochila.
Modelos de barracas: iglu com pequeno avancê; de automontagem;
canadense.

Algumas dicas importantes:


• Ao escolher uma barraca, você deve pensar no uso que dará
a ela. Se for usada em jornadas a pé, peso e volume são fatores de
importante consideração. O tamanho tem a ver com o peso, espaço
interno e área para instalação. Barracas para três pessoas pesam mais do
que barracas para duas, mas a carga pode ser distribuída – ou, no caso de
não ser plenamente ocupada, há maior espaço interno. Claro, não há como
dividir o peso se a barraca for usada por apenas uma pessoa.
• Barraca autoportante é aquela cuja estrutura principal é
capaz de se sustentar; é o caso das barracas tipo iglu (domo) e da maior
parte das do tipo canadense (triângulo), e de muitas das barracas de
montanha. Algumas barracas individuais e de montanha, e praticamente
128
todas as barracas denominadas “de emergência” não são autoportantes,
necessitando ser espequeadas ou presas a um suporte para se manterem
montadas.
• Quando se fala em barraca de três ou quatro estações, esta
é uma convenção que define se a barraca é para verão, primavera e outono
– três estações – ou para inverno também – quatro estações, considerando
o inverno como rigoroso, de temperaturas abaixo de zero, ventos fortes e
chuva/neve. Uma de quatro estações é meio exagerada para condições
climáticas brasileiras.
• A ventilação é um item digo de atenção. Nosso corpo
transpira o tempo inteiro e um local com boa ventilação permite adequada
troca de calor com o ambiente. Durante a noite, principalmente se a
barraca estiver com a lotação máxima, a transpiração e a respiração dos
usuários fará com que o vapor dentro da barraca condense; é isto que faz
a parte interna do sobreteto amanhecer molhada.
• Outro item fundamental a se checar são as costuras seladas,
tanto no sobreteto quanto no chão da barraca, protegendo-o de chuvas e
umidade em geral. É por demais incômodo passar uma noite dentro de
uma barraca que vaza, sob um toró. As costuras são o ponto fraco das
barracas e costumam ser seladas pelos fabricantes, de modo a proteger
justamente a parte mais frágil do equipamento: os furos produzidos pela
máquina de costura durante a confecção do material são "fechados" com
uma camada de selador à prova d'água. É de se esperar que você só
precise impermeabilizá-la após algum tempo de uso, ou seja, quando ela
começar a apresentar sinais de desgaste.
• É muito conveniente que você já tenha treinado a montagem
da barraca bem antes de sair com ela para uma atividade, pois você poderá
ter de fazer isso à noite, talvez com chuva, frio e vento – momento que
não é dos melhores para consultar o manual de instruções. Em geral,
barracas leves e compactas costumam ser de fácil montagem, mas
certifique-se que você aprendeu para que serve cada peça antes de sair de
casa.
• O sobreteto cria uma camada de ar importante para o
isolamento, além de proteger da chuva. Assim, uma barraca bem montada
não poderá ter o sobreteto encostando no teto. Os estabilizadores laterais
deverão estar bem esticados,sempre. Há algumas barracas que não têm o
sobreteto, mas apenas um “telhadinho” quadrado que fica acima do

129
respiradouro do teto. Atendem, desde que você só faça suas saídas com
bom tempo. Sob chuvas fortes, haverá apenas uma linha de resistência,
que é a própria barraca.
• Quando desmontar a barraca, faça a conferência de todos os
estais e espeques. A falta de um deles pode prejudicar sua próxima
instalação. Ao dobrar a barraca, sempre procure proteger as partes de filó
(tela, mosquiteiro) e os zíperes. Recolha-a de modo a fazer o menor
volume possível – as barracas modernas vêm com bolsa, portanto, você
deve dobrá-la/enrolá-la de forma a caber dentro da bolsa.
• Para conservar sua “casa de campo", guarde-a sempre seca
e limpa, pois a sujeira pode danificar a qualidade do tecido e das costuras,
e a umidade cria ambiente propício para cultura de mofo, que apodrecerá
o tecido.
• Não deixe que cachorros “demarquem território” sobre sua
barraca. A urina do animal afetará o tecido, comprometendo sua
impermeabilização e durabilidade.
• Ao lavar, deve-se usar água abundante e uma escovinha. Se
não for suficiente, um detergente ou sabão neutro, que deve ser
cuidadosamente removido no enxágue. A secagem deve ser, de
preferência, à sombra.
• A barraca, conquanto feita para ser seu abrigo ao ar livre, não
é de alvenaria, portanto, não a deixe montada ao ar livre por longos
períodos.
• Quando a barraca começar a apresentar desgaste,
principalmente nas costuras ou na impermeabilização, leve-a para costura
em lugar especializado; na impermeabilização, aplique produtos
adequados sobre o tecido e selante nas costuras; dessa forma, você
prolongará a vida do seu equipamento.
• Algumas barracas têm um avanço lateral ou frontal, no qual
se pode deixar o material durante a noite, liberando espaço interno para
os humanos. De todo modo, se for usar esse espaço, lembre-se de forrar
a parte de baixo para não ter surpresas desagradáveis com umidade, chuva
e bichos.
• Jamais acenda um fogareiro, vela ou lampião dentro da
barraca. O náilon é inflamável, e pode tornar seu alojamento numa
armadilha. Além disso, o consumo do oxigênio pelo fogareiro pode
eventualmente levar os que estão no recinto à asfixia.

130
• Para um reparo de emergência no tecido ou nas varetas, fita
adesiva resistente é um bom quebra-galho. E quando voltar à “civilização”,
mande a barraca para reparo no fabricante ou autorizado. Se ela for
mantida em boas condições, você evitará muitas dores de cabeça nas
próximas viagens.

2. MANUTENÇÃO DA BARRACA

Muitas pessoas dão a seus equipamentos apenas o trajeto armário-


atividade-armário, não se importando com o seu estado ao retornar do campo.
Esse é um caminho certo para abreviar a vida útil do equipamento e deixar você
na mão quando precisar dele. Esse desleixo é passível de acontecer com qualquer
material. Seguem-se algumas dicas para proteger seu material, de modo a
permitir que ele continue a proteger você.

NO CAMPO

• Cuidado com o sol – apesar de as barracas serem feitas para


uso ao ar livre, os raios ultravioleta são prejudiciais ao náilon. Procure,
sempre que possível, montá-la em lugares com sombras e, não a deixe
montada indefinidamente no jardim... As barracas têm uma vida útil e se
desgastam; por melhores que sejam, após um certo número de noites de
campo o tecido e as costuras começam a “pedir arrego”.
• Forre o chão – plástico grosso do tamanho da barraca,
estendido entre o seu fundo e o solo ajuda a protegê-la de furos e
diminuirá a sujeira.
• Comida – procure não guardar comida dentro da barraca,
pois alguns animais podem ser atraídos pelo cheiro e danificá-la para
conseguir acessar sua comida.
• Não toque no tecido – pode parecer um pouco exagerado,
mas a gordura de sua pele é corrosiva e pode afetar a impermeabilização
de sua barraca... Portanto, procure não tocar na parte interna, sempre que
isso for possível.
• Fixe-a bem – nunca deixe de prendê-la no chão – nas
barracas autoportantes (cuja estrutura as mantém em pé), podemos sentir-
nos tentados a não espequeá-las, mas isso permite que o vento carregue
131
as barracas ou o sobreteto. E, fixando-as, procure manter os estais sempre
com o mesmo tamanho. Isso irá protegê-la de estresse em determinadas
partes, mais do que outras. Não caia na preguiçosa tentação de afundar o
espeque pisando-o: mais provavelmente você o entortará. Use a
marretinha. Coloque o espeque 45° em relação ao solo, contrapondo-se
ao esforço que sofrerá por parte da barraca.
• Procure não usar sapatos dentro dela – e conserve-a limpa
por mais tempo.
• Um pouco de ventilação – cada pessoa perde cerca de um
copo d'água por noite, entre respiração e transpiração. Para que você não
acorde encharcado pela condensação de sua própria umidade no tecido
da barraca, procure ventilá-la o máximo que puder. Se não estiver
chovendo, esta tarefa se torna ainda mais fácil e você poderá deixar toda
ou boa parte da porta aberta, apenas com o mosquiteiro fechado.

EM CASA/NA SEDE

• Guarde-a em lugar seco e ventilado – se possível, fora do


saco, mas sempre mantendo o conjunto unido. E em hipótese alguma,
guarde sua barraca úmida ou suja. Caso você precise desmontá-la ainda
suja ou úmida, limpe-a e seque-a assim que possível – poucos dias são
suficientes para ela começar a mofar e estragar.
• Aprendendo a montá-la – nunca saia para atividade sem ter
antes montado sua barraca e conferir se o conteúdo está completo.
Montá-la erradamente pode danificá-la seriamente já no primeiro dia de
uso, sem contar com a desagradável descoberta de que o conjunto de
espeques é insuficiente para fixá-la.
• Limpando-a – Não a lave em máquina de lavar nem a seco.
Para limpá-la, use apenas uma esponja e água morna. Se você for limpá-
la inteira, lave-a em uma banheira ou um tanque grande cheio de água
fria. Nunca use água quente, amaciantes, detergentes, sabão em pó ou
qualquer tipo de removedor. Se você quiser ou precisar usar um sabão,
use sempre um biodegradável, que não seja detergente. Seque-a apenas
na sombra – pode ser montando-a em uma sombra (e verifique se, durante
o dia, a sombra permanece em cima da barraca) ou pendurando-a no varal.
Nunca use máquina de secar! Depois de uma lavagem ou limpeza, poderá

132
ser preciso reimpermeabilizá-la. Não deixe para descobrir isso quando for
usá-la de novo.
• Mantenha os zíperes funcionando – os zíperes devem ser
mantidos limpos e longe de partículas que possam emperrá-los. Água
limpa e uma escovinha são suficientes. Sérgio Beck (1996) recomenda, se
eles emperram com facilidade ou não correm como deveriam, amaciá-los
com silicone em pasta ou líquido ou mesmo com parafina. Mas, ATENÇÃO:
não compre aqueles produtos com silicone vendidos para lustrar painéis
de carros, pois os solventes, corantes e perfumes adicionados podem
piorar as coisas.
• Cuidado com as varetas – procure limpá-las e secá-las
sempre depois do uso. E, caso elas não tenham vindo em saco próprio,
faça um para que elas sejam sempre guardadas nele; isso reduzirá o risco
de rasgos ou furos no náilon da barraca, quando você colocar tanto as
varetas quanto os espeques dentro do saco da barraca. Lubrifique as luvas
de encaixe das varetas para que não se oxidem e, principalmente, trate-as
com delicadeza, evitando flexioná-las demais na montagem. Lembre que
as varetas são unidas por um cordão elástico, e zele para que o conjunto
fique sempre unido; não o puxe com força na desmontagem, pois pode
romper esta ligação.
• Cuidado com os espeques – quando retirar os espeques,
limpe-os e seque-os antes de guardar, pois a terra e a umidade podem
produzir neles ferrugem. Desentorte-os, quando for o caso.
• Mofo – além do cheiro ruim (e das crises de espirros se você
for alérgico), se a sua barraca mofar, isto irá destruí-la. O mofo usa a sujeira
como nutriente. Para agravar, ele cresce entranhado no tecido da barraca,
o que também prejudica a impermeabilização. Se você descobrir mofo na
barraca, lave-a imediatamente com água limpa e fria. Depois, passe uma
solução de 1 copo de suco de limão e 1 copo de sal para três litros de água
quente. Use uma esponja para espalhá-lo principalmente nas áreas
afetadas e deixe secar naturalmente, sem enxaguar, nunca usando a luz do
sol diretamente. Verifique se há necessidade de reimpermeabilizar.
• Rasgos e outros problemas similares – se você descobriu o
dano em casa (o que mostra a utilidade de revisar periodicamente sua
barraca), procure consertá-lo o quanto antes. Se o vir durante o uso em
campo, tenha certeza de ter alguns metros de fita adesiva com você, para

133
fazer um reparo de emergência até poder consertá-la de forma mais
definitiva. Depois do conserto, reimpermeabilize a área.
• Verificação final – antes de colocar a barraca na mochila,
tenha certeza de ter feito uma montagem de verificação e conferido se
todas as partes dela estão ali, inteiras, limpas e em ordem. Lembre-se: ao
recolher sua barraca, faça-o sempre como se fosse montá-la em seguida.

3. A LONA E A REDE DE DORMIR

Como foi mencionado anteriormente, um tipo de atividade ao ar livre


que é grandemente desafiador para o jovem é o bivaque. Dois equipamentos
que são de grande valia, não só para construir o local de dormida, mas
também para outras utilidades, são a lona e a rede. Usando uma, outra ou
ambas conforme a situação requeira, podemos melhorar nossa condição de
proteção e conforto em campo.

A LONA
A lona é o tipo de material que pode ser usado SOBRE, SOB ou EM
VOLTA DE algo ou alguém.
Pode ser colocada em volta do material, envelopando-o para
protegê-lo, seja no canto de intendência ou do lenhador num campo de
patrulha, seja na sua acomodação num bagageiro ou numa carroceria aberta.
Pode também ser usada ao redor do corpo, na técnica do “charuto”, na qual
a lona dobrada faz um sanduíche cujo recheio é o acampador. Uma lona de
2m X 3m permite fazer, no mínimo, um “charuto” para a pessoa se abrigar
provisoriamente.

134
Pode ser instalada, ainda, em volta de uma armação, como “parede”
ou “biombo” para chuveiros ou latrinas, ou constituindo uma tenda ao estilo
do tepee dos índios das planícies norte-americanos.
Pode ser colocada sob uma barraca, dando mais uma (ou mais)
camada(s) de isolamento do frio e umidade do solo; uma camada: somente a
lona entre o fundo da barraca e o chão; duas camadas: um colchão de capim,
a lona e a barraca; três camadas: a lona, o colchão de capim, a lona e a barraca
(neste caso, a lona dobrada ao meio fazendo um sanduíche do qual o recheio
é o capim). Ou sob o corpo, com ou sem o colchão de capim por baixo.
Pode, finalmente, ser colocada por cima de coisas ou pessoas para
protegê-las da chuva e do orvalho (sereno), seja colocada em cima das
ferramentas, da lenha ou do acampador, ou acima, suspensa como um toldo
(telhado).

A REDE
A rede de dormir foi uma das mais notáveis contribuições
tecnológicas das Américas Central e do Sul para o mundo.
O leito típico dos ameríndios é fácil de instalar (desde que existam
dois suportes capazes de suportar a tração e posicionados a distância
adequada para deixar a rede em boa altura); permite a quem nela dorme ficar
distante do frio do solo e livre dos parasitas rastejantes. Sua adoção pelos
europeus (primeiramente pelos marinheiros) contribuiu em muito para
melhorar o conforto e a salubridade nos navios, já que, antes dela, o hábito
era dormir no chão duro ou sobre panos, no meio da sujeira que houvesse e
no caminho dos bichos ou da água que eventualmente lavasse o convés.
A rede oferece boa condição de conforto e, se a ela se associa a lona
instalada como um toldo ou telhadinho de duas águas, proporciona boa
proteção contra a chuva. A corda que eventualmente sirva de cumeeira para
o telhadinho pode servir para pendurar a bagagem do usuário, mantendo-a
também fora do chão.
Passada num varão, a rede pode servir como padiola; em caso de
precisão, pode se transformar num saco para levar seus pertences, ou numa
intendência suspensa; em situação de sobrevivência, além de leito uma rede

135
de malhas pode servir para pescar ou para fazer armadilhas para aves ou
pequenos animais.
O transporte da rede é fácil: enrolada, se for de tecido ela ocupa mais
ou menos o mesmo espaço que um cobertor; se for de malhas, menos ainda.
A instalação da rede pode ser feita bastando haver dois suportes, não
obrigatoriamente árvores, postes fincados ou ganchos de parede. Havendo
dois postes (de madeira ou varas de bambu), se colocados com um
estaiamento em oposição ao sentido de tração da rede, conseguirão sustentá-
la.

Rede com suporte em oposição; rede com suporte estaiado; rede de


malha.

Rede de selva; rede de tecido com varandas.

A rede e a lona são, assim, dois equipamentos de abrigo cujas


possibilidades de uso vão bem além da simples capacidade de cobrir ou
acomodar o seu usuário.

136
UNIDADE DIDÁTICA 14:
PORQUE PRATICAR ATIVIDADES DE AR LIVRE
E OBSERVAR PADRÕES DE ACAMPAMENTO

Como foi mencionado anteriormente, a atividade ao ar livre é uma das


ferramentas mais características de um método educativo de eficácia
comprovada por mais de um século. Uma saída a campo apresenta ao jovem
situações-problema para as quais ele próprio terá de apresentar respostas, e
cujos resultados dependerão dessas respostas e se refletirão sobre ele mesmo.
O primeiro benefício de uma atividade ao ar livre é arrancar a pessoa do
tentador sedentarismo da televisão e do computador, colocando o corpo e a
mente em atividade. Além disso, o indivíduo troca a aventura virtual (do
computador) ou “por terceiros (dos filmes)” pela experiência aventureira própria,
de sabor inesquecível, obtendo o conhecimento em primeira mão de caminhos,
pessoas, comidas, cheiros e paisagens.
A existência dos “padrões de acampamento” não tem por objetivo fazer
que todo acampamento Escoteiro seja em forma de ferradura com a abertura em
direção ao sol nascente. Os padrões de acampamento são orientações para que
nosso uso do campo seja, para nós, tão confortável e seguro quanto possível e,
para o local em que nos instalamos, traga o menor impacto possível.

1. OBJETIVOS EDUCACIONAIS

As atividades Escoteiras são meios para ajudar os jovens a superarem


suas eventuais dificuldades como agentes de seu próprio desenvolvimento.
Basicamente, o jovem aprende a cuidar de si mesmo – não no sentido de tornar-
se um egoísta ou individualista, mas sim de preservar sua saúde e seus haveres e
chegar aos destinos estabelecidos sem depender de outrem para fazer as coisas
em seu lugar, sendo o protagonista de sua própria história.
Podem ser destacados como objetivos educacionais alcançáveis em
atividades ao ar livre:

 Vivenciar desafios pessoais: sair de uma “zona de conforto” física ou


psíquica e enfrentar situações novas.

137
 Tomar suas próprias decisões: interpretar a situação por si próprio,
a partir dos seus próprios recursos e conhecimentos, para decidir; assumir o risco
da decisão e a responsabilidade pelos seus resultados, e compreender que toda
decisão implica a possibilidade de certos ganhos e a renúncia a outros.
 Assumir responsabilidades: por si mesmo, pelos membros da
equipe, pelo seu material, pelo material da equipe e pelo funcionamento da
equipe.
 Resolver problemas: desde como se instalar de maneira mais
confortável e segura no campo até um resgate de acidentado. Buscar soluções
em lugar de sentar-se lamentando e dependendo do pensamento, decisão e ação
de terceiros.
 Colocar em prática as técnicas Escoteiras aprendidas: aliadas a
atributos sociais, de caráter e afetivo-emocionais, proverão não apenas melhor
conforto na situação específica da atividade, mas serão metaforizáveis para
situações cotidianas ou, mesmo, aplicáveis em situações de emergência.
 Desenvolver suas potencialidades: nas seis áreas de
desenvolvimento; no físico, pelo próprio exercício de deslocamento a pé e
transporte do material, construção de instalações no campo, equilíbrio e
coordenação motora; intelectualmente, pelo planejamento, observação,
aprendizagem histórica e cultural e estudo da natureza; do caráter, pela
necessidade do cuidado mútuo dos participantes e pela impossibilidade de
fraudar a si mesmo no transporte de equipamento, no deslocamento e no
provimento do próprio conforto e sustento em campo; afetivamente, pelo
controle emocional e ligação com os demais companheiros; socialmente, pela
necessidade de interação convivial, cortesia, conhecimento e respeito mútuo e
apoio e pela conscientização ecológica; espiritualmente, pelo fortalecimento dos
laços grupais e pela apreciação da obra divina na natureza.
 Aceitar limitações físicas: respeitar seus limites quanto a carga,
distâncias a percorrer, velocidade de marcha, dimensões e capacidades corporais
para transpor obstáculos ou executar tarefas, necessidade de repouso,
alimentação, dessedentação e funções orgânicas, não apenas para a própria
preservação como também em benefício da coletividade.
 Orientar forças e impulsos: desenvolver a frugalidade (moderar as
necessidades), a rusticidade (adaptar-se a situações de menor conforto) e
resiliência (capacidade de “voltar ao normal” após uma sobrecarga) física e
psíquica; capacidade de postergar a satisfação imediata individual em prol do
benefício coletivo; definir o objetivo e orientação do esforço.

138
 Desenvolver a espiritualidade por meio da reflexão: perceber na
natureza e no próximo a obra do Criador e perceber-se como parte de um grande
todo.
 Avaliar, enfrentar e administrar riscos: ao transpor trechos críticos
no terreno, ou ante a possibilidade de condições adversas (cheia rio acima, chuva,
nevoeiro, frio), no uso do campo (uso de utensílios e ferramentas, acesso de
animais ou gente), nos trajetos (acidentes, perder-se)...
 Melhorar a concentração e atenção: o moderno aparato
tecnológico favorece a “atenção difusa”, com a execução simultânea de múltiplas
tarefas, sem que haja, entretanto, a concentração para levá-las a termo, ou sem
que a pessoa se valha da observação atenta de elementos que lhe podem servir
de referenciais, ou das mensagens que estão sendo transmitidas/recebidas; é
baixa a retenção das informações tratadas de maneira tão dispersa e simultânea;
as atividades ao ar livre, permitindo a observação da natureza e tendo tarefas que
exigem concentração para serem levadas a termo, são um ótimo treinamento
para o estabelecimento de objetivos e metas e a manutenção do foco em sua
consecução.

As habilidades, conhecimentos e atitudes cujo desenvolvimento as


atividades ao ar livre propiciam muitas vezes mostram sua utilidade nos contextos
mais inusitados. A hipótese de um apagão tecnológico, causada por interrupção
no fornecimento de eletricidade (por desastre natural ou ato humano) ou por
contaminação das redes telefônicas e informáticas, conquanto terrorista, não é
inviável – poderá exigir o uso de recursos “primitivos” de sinalização. Acidentes
os mais variados, em rodovias quando em trechos de escassa ocupação humana,
ou em viagem por locais estranhos são situações críticas que dificilmente se
consegue antecipar. A ocorrência de uma situação de calamidade (deslizamentos,
enchente, maremoto, terremoto) demanda a corajosa tomada e implementação
de decisões com efeitos sobre a sobrevivência própria e alheia – da construção
de abrigos improvisados e uso de técnicas de obtenção de água e alimentos à
transposição de obstáculos e uso de processos de sinalização de baixa tecnologia.
A percepção espacial com seus reflexos no equilíbrio corporal e coordenação de
movimentos, a observação de características do trajeto, a percepção de detalhes,
a memorização dos espaços e dos sons podem fazer a diferença numa situação
prosaica como orientar-se para voltar a casa a partir de um outro bairro até um
caso extremo como um sequestro-relâmpago.

139
ANCORAGEM

140
ABRIGOS E BIVAQUES

141
142
COMIDA MATEIRA

143
144
FERRAMENTAS

145
FOGO

146
HIGIENE

147
LATRINAS

148
MACHADO

149
PONTES

150
PORTAIS

151
152
OBRAS CONSULTADAS
United States Department of Agriculture – Forest Service. Manual FS-520: Leave
no trace! An outdoor ethic. U.S. Government Printing Office, 1994.

União dos Escoteiros do Brasil – Região do Rio de Janeiro. Manual CTAr Livre
UEB/RJ.

União dos Escoteiros do Brasil. Manual Curso Técnico de Padrões de


Acampamento.

União dos Escoteiros do Brasil. Manual Padrões de Acampamento – 1973.

União dos Escoteiros do Brasil. Manual Padrões de Acampamento – 1997.

União dos Escoteiros do Brasil. Manual Pioneiria para a Patrulha – 1982.

União dos Escoteiros do Brasil. Manual A Patrulha vai ao campo – 1982.

União dos Escoteiros do Brasil. Manual O Escoteiro e o machado – 1987.

Site Trilhas & Rumos

Módulo Pioneirias: Chefe DCIM Fernando Antônio Lucas Camargo – UEB/MG

Dicas e Equipamentos: Chefe DCIM André Luiz Corrêa Gomes UEB/MG

BADEN-POWELL, Robert S. S. Escotismo para rapazes. Curitiba: Editora Escoteira,


2006.

BECK, Sérgio F. Convite à aventura. Edição do autor, 1996


(sbeck@netstyle.com.br)

CAMARGO, Fernando Antônio Lucas. Comida de aventura: alimentação em


atividades de campo. Rio de Janeiro: Livre Expressão, 2012.

153
CASCUDO, Luís da Câmara. Rede de dormir: uma pesquisa etnográfica. São Paulo:
Global, 2003.

FEJES, Alexandre. Milagres da cozinha escoteira no acampamento. São Paulo:


Centro de Difusão do Conhecimento Escoteiro Aldo Chioratto, 2004. (disponível
na página da Região Escoteira de São Paulo).

GILCRAFT. Pioneering. London: C. Arthur Pearson, s/d.

MAMEDE, Leonor Aparecida Sabbado. Vida mateira (2 vols.). São Paulo: edição da
autora, 1985.

PAUL, Don. 24+ ways to use your hammock in the Field. Kailua (Hawaii, EUA): Path
Finder Publications, s/d.

154

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