Você está na página 1de 2

APOSTA EPISTÊMICA

Para Miñoso, o feminismo decolonial é antes de tudo uma APOSTA EPISTÊMICA. que propõe
a experiência de mulheres, mulheres negras e de cor como base válida para produção de
conhecimento. Como ela mesma diz: "a experiência como forma efetiva de construção de
saber".

Ela também vai recuperar as críticas realizadas ao pensamento feminista clássico que está,
segundo ela, "concentrado na crítica ao androcentrismo e à pretensão de objetividade no
método científico" e criticar o universalismo da categoria mulher apontando que aquilo que
é tido como teoria feminista clássica é apenas um ponto de vista e um ponto de vista de um
lugar que é um lugar de privilégio "de mulheres brancas que acessaram uma formação
universitária graças aos seus privilégio de classe e raça".

E isso é um questão porque, segundo a Yuderkys, "explicar o mundo e os acontecimentos a


partir somente do ponto de vista de quem é privilegiado nos dá um entendimento parcial e
distorcido, o que pode ser resolvido graças ao olhar e à experiência dupla de quem ocupa um
lugar subalterno".

A EXPERIÊNCIA COMO FONTE DE CONHECIMENTO

E aí ela vai se valer de autores que defendem a experiência como fonte de conhecimento e que
vão considerar o olhar de agentes subalternizados como fundamentais para entender ou dar
pista do funcionamento da matriz dominante. Isso porque, segundo Yurderkys, são pontos de
vista que "nos permitem um olhar de baixo para cima e essa perspectiva nos permite ter um
olhar mais amplo, completo e menos distorcido do social".

se considerarmos a teoria do ponto de vista, "daí pode surgir uma crítica mais radical e
comprometida com a transformação social, à medida que se evidencia aquilo que é ocultado
pelos esquemas de poder e, no caso dos países do Sul global, o colonialismo internalizado."

A Yuderkys chega a conclusão, então, de que a base da pirâmide é ocupada pela mulher
subalternizada, que "na América Latina é indígena e afrodescendente, camponesa,
desterritorializada ou pobre".

Enquanto pensadora, ela está produzindo o ponto de vista dela a partir da própria experiência
no feminismo na América Latina, "partindo dessa experiência de ser descendente de um povo
desumanizado, submetido à servidão e à negação de si mesmo, que tentarei responder às
perguntas que coloco ao feminismo regional?".
SUJEITA PRODUZIDA ENTRE MUNDOS

Yuderkys propõe que a resposta para essas perguntas que ela fez lá no começo é dada por
UMA SUJEITA PRODUZIDA ENTRE MUNDOS - e as experiências dela - "essa que sempre
será habitada pelo bairro de gente negra e empobrecida de onde veio; essa que viu o mundo
dos brancos ricos na televisão, no cinema, no padrão, no grupo de meninas brancas-mestiças
de classe alta que zombavam dela na escola" (tudo isso é experiência)

Você também pode gostar