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Z I O N I N T E R N A T I O N A L U N I V E R S I T Y

Português
BraZILS
N Í V E L A 2

UNIDADE I

Profº Fernando tremoço


UNIDADE I
CAPÍTULO 1
SOCIOCULTURAL
- Literatura Brasileira ................................................................... 06
- Quinhentismo ............................................................................... 06
- Barroco ........................................................................................... 10
- Arcadismo ..................................................................................... 12

LÉXICO
- Tipos de alimento ........................................................................ 14
- Utensílios à mesa ........................................................................ 19
- Partes de uma refeição ............................................................. 20

COMUNICATIVO
- Cultura que a gente come .............................................................................. 21
- Culinária nas regiões do Brasil ..................................................................... 22
- Fazer pedidos em um restaurante ............................................................. 23
- Opinando sobre comida .................................................................................. 26

GRAMÁTICA
- Recapitulando sobre verbos ................................................... 27
- Pretérito perfeito ....................................................................... 28
- Conjugação dos verbos regulares no Pretérito Perfeito
do indicativo .................................................................................. 32
- Conjugação dos verbos irregulares no Pretérito Perfeito
do indicativo .................................................................................. 33
- Construindo frases com as expressões ................................ 35
- Heterogenéricos ......................................................................... 36
ÍNDICE

- Que tal praticarmos um pouco?............................................. 40

- Os fonemas [e] [ɛ] [i] [ẽ] [ẽj] ..................................................... 41


- Vambora (música) ...................................................................... 43

TEXTO NARRATIVO
- Aprendendo sobre o texto narrativo ..................................... 44
- Os personagens e o foco narrativo ....................................... 45
- Os tipos de discurso .................................................................. 46
- O tempo, o espaço e o enredo ................................................ 47

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UNIDADE I
CAPÍTULO 2
SOCIOCULTURAL
- Romantismo ................................................................................... 50
- Realismo - Naturalismo ............................................................... 52
- Parnasianismo ............................................................................... 55

COMUNICATIVO
- Expressando elementos em ordem ............................................................ 57
- Expressando preferência .................................................................................. 59
- Que tal praticarmos um pouco? ................................................................... 60

GRAMÁTICA
- Verbo Preferir ............................................................................. 62
- Numeral - Números cardinais (centenas) ............................ 63
- Numeral - Números Ordinais .................................................. 64
- Recapitulando sobre Adjetivos .............................................. 65
- Comparativos ............................................................................. 65
- Tão e Tanto .................................................................................. 66
- Superlativo Relativo X Superlativo Absoluto ...................... 67
- Que tal praticarmos um pouco? ............................................ 69
- Pretérito Imperfeito X Pretérito Perfeito ............................. 70

LÉXICO
- Tipos de embalagem e sustentabilidade ............................... 72
- Que tal praticarmos um pouco? .............................................. 74
- Tipos de prato no Brasil ............................................................. 75
- Formas de pagamento ............................................................... 76
ÍNDICE

- Os fonemas [t] [d] [ʧ] [ʤ] ......................................................... 77


- Debaixo d’água (música) ......................................................... 78

TEXTO DESCRITIVO
- Narração e Denúncia ................................................................ 80
- Totonha ........................................................................................ 80
- Que tal praticarmos um pouco? ............................................ 82

INTERPRETAÇÃO DE TEXTO
- Bugio-marrom ............................................................................. 83

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UNIDADE I
CAPÍTULO 3
SOCIOCULTURAL
- Simbolismo ...................................................................................... 86
- Pré-modernismo / Impressionismo ........................................... 88
- Que tal praticarmos um pouco? ................................................ 91
- Modernismo .................................................................................... 93

LÉXICO
- Verbos e expressões usados em receitas ............................ 103
- Expressões idiomáticas relacionadas a alimentos ........... 104

COMUNICATIVO
- Compreender e produzir receitas ............................................................... 107
- Que tal praticarmos um pouco? ................................................................. 110

GRAMÁTICA
- Conjunções coordenativas ..................................................... 112
- Orações coordenadas Sindéticas e Assindéticas ............. 115
- Que tal praticarmos um pouco? ........................................... 118
- Números ordinais e números fracionários ......................... 120
- Que tal praticarmos um pouco? ........................................... 121
- Flexão de número dos substantivos .................................... 125
- Que tal praticarmos um pouco? ........................................... 127

TEXTO DESCRITIVO
- Narração e Denúncia - Na escuridão miserável ............... 130
ÍNDICE

INTERPRETAÇÃO DE TEXTO
- Questionário sobre “Na escuridão miserável” .................. 133

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UNIDADE I

Capítulo 1
SOCIOCULTURAL

Literatura Brasileira
A literatura brasileira tem sua história dividida em duas grandes eras, que
acompanham a evolução política e econômica do país: a Era Colonial e a Era
Nacional, separadas por um período de transição, que corresponde à
emancipação política do Brasil. As eras apresentam subdivisões chamadas
escolas literárias ou estilos de época.

A Era Colonial abrange o Quinhentismo (de 1500, ano do descobrimento, a


1601), o Seiscentismo ou Barroco (de 1601 a 1768), o Setecentismo ou
Arcadismo (de 1768 a 1836).

A Era Nacional, por sua vez, envolve o Romantismo (de 1836 a 1881), o
Realismo-Naturalismo e o Parnasianismo (de 1881 a 1893), o Simbolismo (de
1893 a 1922), o Pré-Modernismo (de 1902 a 1922) e o Modernismo (de 1922 a
1945). A partir daí, o que está em estudo é a contemporaneidade da literatura
brasileira.

Quinhentismo

Entende-se por Quinhentismo as manifestações literárias ocorridas no Brasil


durante o século XVI tinham como objetivo descrever a nova terra e converter
os índios ao catolicismo.

A história da literatura brasileira apresenta como marco inicial a carta de Pero


Vaz de Caminha ao rei dom Manuel (1469-1521), de 1500, na qual se
relatavam o descobrimento do Brasil e as primeiras impressões do novo
território. Enquanto a Europa vivia intensamente o período renascentista, a
produção literária no território recém-descoberto ainda estava impregnada dos
valores literários medievais.

As manifestações ocorridas se prenderam, basicamente, à descrição da terra


e do índio, ou a textos escritos pelos viajantes, jesuítas e missionários que
aqui estiveram.

06
SOCIOCULTURAL

LITERATURA INFORMATIVA

A Carta de Caminha inaugurou o que se convencionou chamar de Literatura


Informativa sobre o Brasil. Literatura que também era conhecida como
literatura dos viajantes ou literatura dos cronistas. Tendo em vista as Grandes
Navegações, empenha-se em fazer um levantamento da “terra nova”, de sua
floresta e fauna, de seus habitantes e costumes, que se apresentaram muito
diferentes dos europeus. Por isso ela era uma uma literatura meramente
descritiva e, como tal, sem grande valor literário. A principal característica da
carta é a exaltação da terra, resultante do assombro do europeu diante do
exotismo e da exuberância de um mundo tropical. Com relação à linguagem, o
louvor à terra transparece no uso exagerado de adjetivos.

Fragmentos da Carta de Caminha

Carta a el-Rei Dom Manuel sobre o achamento do Brasil

Senhor, posto que o capitão-mor desta vossa frota, e assim os outros


capitães escrevam a Vossa Alteza a nova do achamento desta Vossa terra
nova, que se ora nesta navegação achou, não deixarei de também dar disso
minha conta. (...)

E assim seguimos nosso caminho, por este mar, de longo, até terça-feira d’
oitavas de Páscoa, que foram 21 dias d’Abril, que topamos alguns sinais de
terra (...) E à quarta-feira seguinte, pela manhã, topamos aves, a que chamam
fura-buchos. Neste mesmo dia, a horas de véspera, houvemos vista de terra,
isto é, primeiramente d’um grande monte, mui alto e redondo, e d’outras serras
mais baixas ao sul dele e de terra chã com grandes arvoredos, ao qual monte
alto o capitão pôs o nome o Monte Pascoal e à terra A Terra de Vera Cruz. (...)

E dali houvemos vista d’homens, que andavam pela praia, de 7 ou 8, segundo


os navios pequenos disseram, por chegaram primeiro. (...) A feição deles é
serem pardos, maneira d'avermelhados, de bons rostos e bons narizes, bem
feitos. Andam nus, sem nenhuma cobertura, nem estimam nenhuma cousa
cobrir nem mostrar suas vergonhas. E estão acerca disso com tanta inocência
como têm em mostrar o rosto. (...)

Ali andavam entre eles três ou quatro moças, bem moças e bem gentis, com
cabelos muito pretos, compridos, pelas espáduas; e suas vergonhas tão altas
e

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SOCIOCULTURAL

e tão çarradinhas e tão limpas das cabeleiras que de as nós muito bem
olharmos não tínhamos nenhuma vergonha. (...)

E uma daquelas moças era toda tinta, de fundo a cima, daquela tintura, a
qual, certo, era tão bem feita e tão redonda e sua vergonha, que ela não tinha,
tão graciosa, que a muitas mulheres de nossa terra, vendo-lhes tais feições,
fizera vergonha, por não terem a sua como ela. (...)

O capitão, quando eles vieram, estava assentado em uma cadeira e uma


alcatifa aos pés por estrado, e bem vestido, com um colar d'ouro mui grande
ao pescoço. (...) Um deles, porém, pôs olho no colar do capitão e começou
d'acenar com a mão para a terra e despois para o colar, como que nos dizia
que havia em terra ouro. E também viu um castiçal de prata e assim mesmo
acenava para a terra e então para o castiçal, como que havia também prata.
(...)

Até agora não pudemos saber se há ouro ou prata nela, ou outra coisa de
metal, ou ferro; nem lha vimos. Contudo a terra em si é de muito bons ares
frescos e temperados como os de Entre-Douro-e-Minho, porque neste tempo
d'agora assim os achávamos como os de lá. Águas são muitas; infinitas. Em
tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo; por
causa das águas que tem! Porém, o melhor fruto que dela se pode tirar
parece-me que será salvar esta gente. E esta deve ser a principal semente
que Vossa Alteza em ela deve lançar. (...)

capitão-mor: trata-se de Pedro Álvares Cabral.


conta: relato.
oitavas de Páscoa: semana que vai desde o domingo de Páscoa
até o domingo seguinte.
horas de véspera: final da tarde.
chã: plana.
cousa: coisa.
vergonhas: órgãos sexuais.
çarradinhas: alguns historiadores consideram "saradinhas", isto é,
sem doenças, e outros consideram "cerradinhas", isto é, densas.
tinta: tingida.
alcatifa: tapete, que cobre ou se estende.
Entre-Douro-e-Minho: antiga província de Portugal.

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SOCIOCULTURAL

Os principais documentos que compõem a Literatura Informativa:

Carta do descobrimento (Pero Vaz de Caminha): foi escrita no ano de


1500 e publicada pela primeira vez em 1817.
Tratado da terra do Brasil (Pero de Magalhães Gândavo): foi escrito por
volta de 1570 e impresso pela primeira vez em 1826.
História da Província de Santa Cruz, a que vulgarmente chamamos
Brasil (Pero de Magalhães Gândavo): foi editado em 1576.
Diálogo sobre a conversão dos gentios (Padre Manuel da Nóbrega): foi
escrito em 1557 e impresso em 1880.
Tratado descritivo do Brasil (Gabriel Soares de Sousa): escrito em 1587
e impresso por volta de 1839.

LITERATURA JESUÍTICA

Como consequência da contrarreforma, em 1549, chegaram os primeiros


padres jesuítas ao Brasil. Com a missão de catequizar os índios e de instalar o
ensino público no país, fundaram os primeiros colégios, que foram, durante
muito tempo, a única atividade intelectual existente na colônia.

Esteticamente falando, os jesuítas foram responsáveis pela melhor produção


literária do Quinhentismo brasileiro. Além da poesia de devoção, cultivaram o
teatro de caráter pedagógico, inspirado em passagens bíblicas, e produziram
documentos que informavam aos superiores na Europa o andamento dos
trabalhos. O instrumento mais utilizado para atingir os objetivos pretendidos
pelos jesuítas (moralizar os costumes dos brancos colonos e catequizar os
índios) foi o teatro. Para isso, os jesuítas chegaram a aprender a língua tupi,
fazendo uso dela como veículo de expressão. Os índios não eram apenas
espectadores das peças teatrais, mas também atores, dançarinos e cantores.

Os principais jesuítas responsáveis pela produção literária da época foram o


padre Manuel da Nóbrega, o missionário Fernão Cardim e o padre José de
Anchieta.

José de Anchieta

Nascido em 1534 na ilha de Tenerife, Canárias, o padre da Companhia de


Jesus veio para o Brasil em 1553 e fundou, no ano seguinte, um colégio na
região da então cidade de São Paulo.

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SOCIOCULTURAL

região da então cidade de São Paulo.


Faleceu na atual cidade de Anchieta, litoral
do Espírito Santo, em 1597. Ficou conhecido
como o grande piahy ("supremo pajé
branco"), Anchieta (1534 - 1597) deixou
como legado a primeira gramática do tupi-
guarani, verdadeira cartilha para o ensino da
língua dos nativos (Arte da gramática da
língua mais usada na costa do Brasil).
Destacou-se por suas poesias e autos, nos
quais misturava a moral religiosa católica
aos costumes dos indígenas.

Barroco

O período do Barroco, ou Seiscentismo, é constituído pelas primeiras


manifestações literárias genuinamente brasileiras ocorridas no Brasil Colônia,
embora diretamente influenciadas pelo barroco europeu. O termo denomina
genericamente todas as manifestações artísticas dos anos 1600 e início dos
anos 1700. Além da literatura, estende-se à música, pintura, escultura e
arquitetura da época.

O estilo barroco nasceu em decorrência da crise do Renascimento,


ocasionada, principalmente, pelas fortes divergências religiosas e imposições
do catolicismo e pelas dificuldades econômicas decorrentes do declínio do
comércio com o Oriente. Todo o rebuscamento presente na arte e literatura
barroca é reflexo dos conflitos dualistas entre o terreno e o celestial, o homem
(antropocentrismo) e Deus (teocentrismo), o pecado e o perdão, a
religiosidade medieval e o paganismo presente no período renascentista.

A arte da contrarreforma: A ideologia do Barroco é fornecida pela


Contrarreforma. Em nenhuma outra época se produziu tamanha
quantidade de igrejas, capelas, estátuas de santos e monumentos
sepulcrais. As obras de arte deviam falar aos fiéis com a maior eficácia
possível, mas em momento algum iriam até eles. A arte barroca tinha
que convencer, conquistar e impor admiração.

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SOCIOCULTURAL

Conflito entre corpo e alma: A tensão de elementos contrários causa


no artista uma profunda angústia: após arrojar-se nos prazeres mais
radicais, ele se sente culpado e busca o perdão divino. Assim, ora
ajoelha-se diante de Deus, ora celebra as delícias da vida.

A passagem do tempo: O homem barroco assume consciência


integral no que se refere à fugacidade da vida humana (efemeridade):
o tempo, veloz e avassalador, tudo destrói em sua passagem. Por
outro lado, diante das coisas transitórias (instabilidade), surge a
contradição: vivê-las, antes que terminem, ou renunciar ao passageiro
e entregar-se à eternidade?

Forma tumultuosa: O estilo barroco apresenta forma conturbada,


decorrente da tensão causada pela oposição entre os princípios
renascentistas e a ética cristã. Daí a frequente utilização de antíteses,
paradoxos e inversões, estabelecendo uma forma contraditória,
dilemática. Além disso, a utilização de interrogações revela as
incertezas do homem barroco frente ao seu período e a inversão de
frases a sua tentativa na conciliação dos elementos opostos.

Cultismo e conceptismo: O cultismo é o uso de linguagem rebuscada,


culta, extravagante, repleta de jogos de palavras e do emprego abusivo
de figuras de estilo, como da metáfora e da hipérbole. Já o
conceptismo ocorre principalmente na prosa e é marcado pelo jogo de
ideias, de conceitos, seguindo um raciocínio lógico, nacionalista, que
utiliza uma retórica aprimorada. A organização da frase obedece a uma
ordem rigorosa, com o intuito de convencer e ensinar.

O Barroco foi introduzido no Brasil por intermédio dos jesuítas. A princípio, no


final do século XVI, tratava-se de um movimento apenas destinado à
catequização. A partir do século XVII, o movimento passa a se expandir para
os centros de produção açucareira, especialmente na Bahia, por meio das
igrejas. Assim, a função da igreja era ensinar o caminho da religiosidade e da
moral a uma população que vivia desregradamente.

Nos séculos XVII e XVIII, não se tinha ainda condições para a formação de
uma consciência literária brasileira. A vida social no país era organizada em
função de pequenos núcleos econômicos, não existindo efetivamente um
público leitor para as obras literárias, o que só viria a ocorrer no século XIX.
Po

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SOCIOCULTURAL

Por isso, fala-se apenas em autores brasileiros com características barrocas,


influenciados por fontes estrangeiras (portuguesa e espanhola), mas que não
chegaram a constituir um movimento propriamente dito. Nesse contexto,
merecem destaque a poesia de Gregório de Matos Guerra e a prosa do padre
Antônio Vieira representada pelos seus sermões. Didaticamente, o Barroco
brasileiro tem seu marco inicial em 1601, com a publicação do poema épico
Prosopopeia, de Bento Teixeira.

Gregório de Matos Guerra nasceu em Salvador (BA) e morreu em Recife


(PE). Estudou no colégio dos jesuítas e formou-se em Direito em Coimbra
(Portugal). Recebeu o apelido de Boca do Inferno, graças a sua irreverente
obra satírica. Firmou-se como o primeiro poeta brasileiro: cultivou a poesia
lírica, satírica, erótica e religiosa. O que se conhece de sua obra é fruto de
inúmeras pesquisas, pois Gregório não publicou seus poemas em vida. Por
essa razão, há dúvidas quanto à autenticidade de muitos textos que lhe são
atribuídos.

Padre Antônio Vieira nasceu em Lisboa, em 1608, e morreu na Bahia, em


1697. Com sete anos de idade, veio para o Brasil e entrou para a Companhia
de Jesus. Por defender posições favoráveis aos índios e aos judeus, foi
condenado à prisão pela Inquisição, onde ficou por dois anos. É o responsável
pelo desenvolvimento da prosa no período do barroco, ficou conhecido por
seus sermões polêmicos em que critica, entre outras coisas, o despotismo dos
colonos portugueses, a influência negativa que o Protestantismo exerceria na
colônia, os pregadores que não cumpriam com seu ofício de catequizar e
evangelizar (seus adversários católicos) e a própria Inquisição.

Arcadismo
O Arcadismo, conhecido como Setecentismo ou Neoclassicismo, é o
movimento que compreende a produção literária brasileira na segunda metade
do século XVIII. O nome faz referência à Arcádia, região do sul da Grécia.
Com isso se pode observar, logo de início, as referências à mitologia grega
que perpassa o movimento. O período é caracterizado por profundas
mudanças no contexto histórico mundial, tais como a ascensão do Iluminismo,
que pressupunha o racionalismo, o progresso e as ciências. Na América do
Norte, ocorreu a Independência dos Estados Unidos, em 1776, abrindo
caminho para vários movimentos de independência ao longo de toda a
América

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SOCIOCULTURAL

América, como foi o caso do Brasil, que presenciou inúmeras revoluções e


inconfidências até a chegada da Família Real em 1808.

O movimento tem características reformistas, já que seu intuito era o de trazer


novos ares às artes e ao ensino, aos hábitos e atitudes da época. A
aristocracia em declínio viu sua riqueza esvair-se e dar lugar a uma nova
organização econômica liderada pelo pensamento burguês. Os textos do
Arcadismo foram influenciados pela cultura francesa devido aos
acontecimentos movidos pela burguesia que sacudiram toda a Europa (e o
mundo Ocidental).

De acordo com o crítico Alfredo Bosi (2006), houve dois momentos do


Arcadismo no Brasil:

Poético: retorno à tradição clássica com a utilização dos seus modelos, e


valorização da natureza e da mitologia.
Ideológico: influenciados pela filosofia presente no Iluminismo, que traduz
a crítica da burguesia culta aos abusos da nobreza e do clero.

O uso de expressões em latim era comum no neoclassicismo. Elas estavam


associadas ao estilo de vida simples e bucólico.

Inutilia truncat: "cortar o inútil", referência aos excessos cometidos pelas


obras do barroco. No arcadismo, os poetas primavam pela simplicidade.
Fugere urbem: "fugir da cidade", do escritor clássico Horácio;
Locus amoenus: "lugar ameno", um refúgio ameno em detrimento dos
centros urbanos monárquicos;
Carpe diem: "aproveitar a vida", o pastor, ciente da efemeridade do
tempo, convida sua amada a aproveitar o momento presente.

Cabe ressaltar, no entanto, que os membros da Arcádia eram todos burgueses


e habitantes dos centros urbanos. Por isso, a eles é atribuído um fingimento
poético, isto é, a simulação de sentimentos fictícios. Os principais autores
desse período são Cláudio Manoel da Costa, Tomás Antônio Gonzaga,
Basílio da Gama e Santa Rita Durão. No Brasil, o ano convencionado para o
início do Arcadismo é 1768, quando houve a publicação de Obras do poeta
Cláudio Manoel da Costa.

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LÉXICO

Tipos de alimento

Nesse momento é importante você pesquisar imagens relacionadas aos


nomes dos alimentos para que isso esteja fixo em sua mente… vamos lá!

amora caju figo kiwi maçã pêra


FRUTAS

acerola coco goiaba laranja maracujá pinha


ameixa cupuaçu graviola limão morango pêssego
banana cacau jaca mamão melancia tangerina
carambola ciriguela jabuticaba manga melão uva

abóbora batata-doce chuchu milho quiabo


LEGUMES

abobrinha beterraba inhame nabo rabanete


aipim berinjela jiló palmito tomate
alho cebola maxixe pimentão
batata cenoura mandioca pepino

VERDURAS MASSAS

açafrão brócolis repolho espaguete rondeli


acelga chicória rúcula linguine ravioli
agrião coentro salsa macarronese penne
alface couve salsão lasanha canelone
alho-poró couve-flor tomilho pizza

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LÉXICO

bovina bife pescoço sardinha


caprina lula carne moída namorado
CARNES

suína coxa picanha salmão


carnes de aves sobrecoxa linguiça frutos do mar
peixe pé carré caranguejo
peito de frango

arroz milho canjica lentilha


GRÃOS

aveia feijões soja chia


café quinoa grão de bico sagu
cevada ervilha pinhão trigo

Frutas, verduras e legumes conseguimos comprar tanto no supermercado, no


setor de hortifruti, ou em um sacolão.

As carnes, bovinas, suínas e aves, podemos comprar no supermercado ou em


um açougue.

É possível comprar carne de frango e ovos em algum aviário.

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LÉXICO

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LÉXICO

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LÉXICO

Curiosidade:

Você sabia que a laranja, a maçã, o mamão, o morango e


a jaca são exemplos de frutas que não são brasileiras? A
Índia é terra da laranja e da jaca, já a maçã é da região
da Eurásia. O mamão veio do México e o morango teve
origem tanto nos EUA, quanto no Chile. A banana possui
registros da Indochina, Índia, Malásia e Filipinas. A uva
também é originária de vários locais como a Ásia, Europa
e América do Norte.

Além dessas frutas estrangeiras que são muito


consumidas do Brasil, o país possui deliciosas frutas
nativas como o abacaxi, o cacau, caju, o coco da Bahia, a
goiaba, a jabuticaba e o maracujá.

Há uma variedade enorme de frutos brasileiros ainda


pouco conhecidos. Dentre eles, a goiaba e a jabuticaba são representantes
famosos de uma grande família, as Myrtáceas. Dela também fazem parte a
pitanga, o araçá e a uvaia, que também são populares. Há ainda o cambuçá, a
guabiroba, a grumixama, o cambuci e o guabijú, bem menos conhecidos.

Dentre as 20 frutas mais consumidas no Brasil, apenas três são nativas:


abacaxi, goiaba e maracujá. Aquelas que não pertencem ao país são: abacate,
banana, caqui, coco, figo, laranja, limão, mamão, manga, marmelo, maçã,
melancia, melão, pêra, pêssego, tangerina e uva

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LÉXICO

Utensílios à mesa

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LÉXICO

Partes de uma refeição


Uma refeição pode ter até 10 fases se considerarmos as etapas do Café e
Licores digestivos. Veja como:

1. Entrada fria (ou sopa/caldo quente no inverno);


2. Primeiro prato (massas ou outro a base de carboidratos, como risotos);
3. Segundo prato (carnes acompanhadas de legumes e/ou saladas);
4. Peixes (opcional servir junto com a carne) com acompanhamento;
5. Queijos com frutas secas e/ou geleias;
6. Sorbet (para preparar o paladar para a sobremesa);
7. Sobremesa doce (tortas, mousses, frutas em calda, pudim etc);
8. Frutas;
9. Café;
10. Licores digestivos.

Preparar uma refeição especial é um ato de carinho, ainda mais quando


iremos reunir em torno da mesa pessoas que amamos e que são significativas
em nossas vidas. Nesses momentos vale a pena montar um menu diferente e
que surpreenda a todos.

Uma refeição especial tem seu quê de ritualístico, por exemplo, um jantar à
moda francesa inclui diferentes etapas: aperitivo; entrada; prato principal com
carne ou peixe e acompanhamento; queijos; sobremesa e um digestivo, que
pode ser chá ou café. Todas essas etapas são acompanhadas de um bom
vinho, claro.

Um jantar à italiana, por sua vez, começa no antepasto, passa por dois pratos
principais: uma “pasta”, isto é, uma massa italiana ou risoto, e algum preparo
com carnes, até chegar na sobremesa. Esse estilo italiano está mais próximo
do tipo de refeição que costumamos fazer no Brasil e, por isso, pode ser uma
boa opção para que seus convidados fiquem mais à vontade.

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COMUNICATIVO

CULTURA QUE A GENTE


COME!
Ouça o áudio, acompanhando a leitura do texto:

No programa Brasil Repórter de hoje vamos falar sobre as origens dos hábitos
alimentares dos brasileiros. Por que comemos feijão? E mandioca? De onde
vem o mate?

A culinária, assim como outros aspectos culturais do Brasil, vem


principalmente da mistura da cultura indígena, africana e europeia. Dessa
forma, para se compreenderem os hábitos alimentares dos brasileiros e suas
diferenças regionais, é preciso conhecer a história do Brasil e a formação do
povo brasileiro. Entre os alimentos de origem indígena, por exemplo, podemos
citar: a mandioca, o mate, o guaraná, o açaí e o cupuaçu. Além de pratos
como o tacacá e a maniçoba.

Da cultura africana, adquirimos o hábito de comer o feijão preto, o dendê, o


inhame, o quiabo, o leite de coco, a pimenta malagueta, a banana e o
amendoim. Além disso, várias comidas das divindades africanas foram
incorporadas ao nosso cardápio, como o acará, o caçá, o mungunzá, o xinxim
de galinha, entre outros.

Dos portugueses, incorporamos o consumo do açúcar e aprendemos a


preparar sobremesas sofisticadas. O trigo, também de origem europeia, trouxe
para a nossa culinária os pães, bolos e biscoitos. Os portugueses ainda
introduziram no Brasil o vinho, o azeite de oliva e as frituras.

Mais recentemente, no início do século XX, tivemos a influência dos italianos,


árabes e japoneses na gastronomia brasileira.

Acompanhe nosso programa para descobrir um pouco mais.

Cultura que a gente come!

Agora reflita… você tinha noção de que a culinária brasileira, assim como sua
cultura e formação do idioma, é o resultado da mistura de diversos povos e
etnias?

21
COMUNICATIVO

CULINÁRIA NAS
REGIÕES DO BRASIL
REGIÃO NORTE REGIÃO NORDESTE
A região norte tem forte influência indígena misturada à A culinária nordestina tem uma grande influência
influência europeia, principalmente portuguesa. As suas africana pela presença dos escravizados no ciclo da
raízes amazônicas fazem a culinária do norte diferente cana. No litoral, tem maior consumo de peixes e frutos
da culinária das outras regiões do Brasil. do mar e no sertão (interior nordestino) tem maior
Os principais ingredientes são: mandioca, cupuaçu, consumo de carne de sol e raízes.
açaí, pirarucu, urucum (açafrão brasileiro), jambu, Os principais ingredientes são: azeite de dendê,
guaraná, tucunaré e castanha do Pará. mandioca, leite de coco, gengibre, milho, camarão e
Os pratos típicos dessa região são: pato no tucupi, caranguejo.
caruru, tacacá e maniçoba Os pratos típicos dessa região são: acarajé, vatapá,
caranguejada, buchada, paçoca, tapioca, sarapatel,
cuscuz, cocada.

REGIÃO SUDESTE
Até o século XIX, existiu a influência
portuguesa, africana e indígena, com
alimentos simples como o arroz e o feijão,
vegetais e raízes. No estado do Espírito
Santo o consumo de peixes e frutos do mar
é maior. Após a chegada de imigrantes
REGIÃO CENTRO-OESTE japoneses, libaneses, italianos, sírios e
Existe, na região, um grande consumo espanhóis, a diversidade gastronômica
de carnes bonina, caprina e suína, com aumentou, principalmente no estado de
influência da imigração portuguesa, São Paulo.
africana, italiana e síria. A presença Os principais ingredientes são: arroz,
indígena aumentou o consumo de feijão, ovo, carnes, massas, palmito,
raízes. Com a grande diversidade da mandioca, banana, batatas, polvilho.
fauna do Pantanal, há também o Os pratos típicos são: tutu de feijão,
consumo de carnes exóticas e peixes virado à paulista, moqueca capixaba,
da região. No estado do Mato Grosso feijoada, picadinho paulista e pão de
do Sul, existe forte influência da queijo.
culinária latino-americana,
principalmente nos ensopados de REGIÃO SUL
peixe. A mistura étnica dessa região tem grande influência europeia,
Principais ingredientes: pequi, principalmente da cozinha italiana e alemã. O prato principal é o
mandioca, carne seca, erva-mate, churrasco gaúcho. Também se consome muita polenta, frango e
milho. massas. O estado do Paraná tem forte influência indígena, da qual vem
Pratos típicos: arroz com pequi, o consumo do chimarrão.
picadinho com quiabo, sopa paraguaia, Principais ingredientes: carne bovina, farinha de milho, erva-mate.
empadão goiano, caldo de piranha, Pratos típicos: barreado, churrasco, galeto, sopa de capeletti, arroz
vaca atolada. carreteiro, sopa catarinense.

Curiosidade: A mandioca recebe diferentes nomes em diferentes regiões do Brasil. A


mandioca é chamada de aipim no Rio de Janeiro e de macaxeira na região nordeste.

22
COMUNICATIVO

FAZER PEDIDOS EM UM
RESTAURANTE
Essa será uma tarefa que vai exigir honestidade, ok? Primeiramente, ouça o
áudio sem acompanhar a leitura do diálogo. Depois, leia o diálogo em voz alta,
sem estar ouvindo o áudio e anote suas dificuldades. Após ter feito isso, ouça
o áudio e acompanhe a leitura do diálogo, e depois leia mais uma vez
atentamente.

Garçom: Boa noite! Mesa para quantas pessoas?


Cliente: Duas pessoas.
Garçom: O que vão querer?
Cliente: Vamos querer uma picanha. Qual é o acompanhamento?
Garçom: Temos opção de batata assada, fritas ou arroz com ervas.
Cliente: Vamos querer o arroz com ervas.
Garçom: E a carne? Mal passada? Bem passada…
Cliente: Ao ponto, por favor.
Garçom: Algo mais?
Cliente: Vamos querer também uma salada americana com molho de iogurte.
Garçom: E para beber?
Cliente: Vamos querer uma cerveja agora e uma água com gás quando
chegar a comida.
Garçom: Querem uma sobremesa?
Cliente: Não. Apenas um café e a conta, por favor.
Garçom: Como preferem pagar? Com dinheiro ou cartão?
Cliente: Com cartão.
Garçom: Débito ou crédito?
Cliente: Débito.
Garçom: Posso incluir o serviço?
Cliente: Pode, sim.
Garçom: Muito obrigado, boa noite!

23
COMUNICATIVO

ALTERNATIVAS PARA ALGUMAS FRASES

O que vão querer? - Do que gostariam (seria mais polido)


Qual é o acompanhamento? - O que vem de acompanhamento?
Algo mais? - Mais alguma coisa?/ Gostariam de mais alguma coisa?
E para beber? - Alguma bebida? / Gostariam de algo para beber?
Como preferem pagar? Com dinheiro ou cartão? - Qual será a forma de
pagamento? Dinheiro ou cartão?
Posso incluir o serviço? - Nesse caso ele está falando dos 10% não
obrigatórios, é como se fosse uma gorjeta.

FRASES QUE O GARÇOM FRASES QUE O CLIENTE PODERÁ


PODERÁ DIZER DIZER

Do que vocês gostariam?


Eu vou querer…
Já escolheram?
Eu gostaria de …
Eu recomendo…
O que você me recomenda?
O que desejam beber?
Serve quantas pessoas?
E como sobremesa?
Para beber, eu quero…
Desejam um café?
Um café, por favor.
Mesa para quantos?
Vocês aceitam cartão?
Algo mais?
Sem açúcar / sem pimenta.
A porção serve até ____ pessoas
Bem passado/ mal passado/ ao ponto
Qual a forma de pagamento?
Poderia embalar para viagem?
Débito ou crédito?
Gostariam de ver o cardápio?
Qual o ponto da carne?

24
COMUNICATIVO

Agora me conte… Para você, o que é mais importante em um restaurante? O


que te faz querer conhecer um restaurante. Exemplos: o ambiente, a comida,
a localização, o preço, a crítica.

Curiosidade

Uma pesquisa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística),


sobre os hábitos alimentares dos brasileiros, identificou quais são os
alimentos mais consumidos por eles.

Vejamos:

Em primeiro lugar é o cafezinho! Os brasileiros tomam um cafezinho


várias vezes ao dia. O segundo lugar vai para o feijão; o terceiro lugar é
o arroz, o quarto lugar são os sucos; e o quinto lugar ficou para o
refrigerante. Em sétimo lugar está o pão; em oitavo lugar a sopa; em
nono lugar as aves; e em décimo lugar o macarrão.

E você saberia nos dizer quais são os alimentos mais consumidos em


seu país, ou em sua região? Que tal fazer uma lista?

1. ____________________________
2. ____________________________
3. ____________________________
4. ____________________________
5. ____________________________
6. ____________________________
7. ____________________________
8. ____________________________
9. ____________________________
10. ____________________________

25
COMUNICATIVO

OPINANDO SOBRE A COMIDA


Quando recebemos um convite para almoçar ou jantar na casa de uma
pessoa, é importante sermos educados e saber como elogiar ou dar uma
sugestão para quem preparou a refeição.

Vejamos algumas opções:

A comida está ótima/ está uma delícia/ está deliciosa/ está maravilhosa.
Nossa que delícia!
Que prato lindo!
O tempero está muito bom.

Para dizer que não gostou, é importante saber o tom e a entonação para não
parecer rude.

Poderia me passar o sal?


Huuum, ficou um pouquinho salgado.
Está um pouco doce para meu paladar, mas está gostoso.
Uaaah está muito quente.
Ficou um pouquinho apimentado.

Se você estiver em um restaurante, pode comentar um pouco mais


abertamente.

Não gostei muito do sabor/ do tempero/ da textura.


Está muito apimentado/ salgado/ azedo/ doce

ACEITAR OU RECUSAR
Nesses encontros na casa dos amigos, podemos ou não aceitar comer / beber
mais.

- Você aceita um pouco mais?


- Sim, por favor! Está uma delícia.
- Não, obrigada (o). Estou satisfeita (o).

- Você quer mais?


- Sim, mais um pouco, por favor! Isso está muito bom.
- Não, obrigada (o). Estou satisfeita (o).

26
GRAMÁTICA

Recapitulando
Verbo é a palavra que indica ação, praticada ou sofrida pelo sujeito, fato, de
que o sujeito participa ativamente, estado ou qualidade do sujeito, ou ainda
fenômeno da natureza.

Há 3 conjugações verbais
1. verbos terminados em AR
2. verbos terminados em ER
3. verbos terminados em IR

Há 3 modos verbais na língua portuguesa


Indicativo: O modo indicativo, em geral, expressa atitudes de certeza, e
possui 12 tempos verbais:

Presente simples
Presente continuado
Pretérito imperfeito
Pretérito perfeito simples
Pretérito perfeito composto
Pretérito mais-que-perfeito simples
Pretérito mais-que-perfeito composto
Futuro próximo/ imediato
Futuro do presente simples
Futuro do presente composto
Futuro do pretérito simples
Futuro do pretérito composto

Subjuntivo: O modo subjuntivo expressa atitudes de dúvida, incerteza,


hipóteses, e desejo. Ele possui 6 tempos verbais:

Presente
Pretérito imperfeito simples
Pretérito perfeito composto
Pretérito mais-que-perfeito composto
Futuro
Futuro composto

Imperativo: O modo imperativo expressa atitude de ordem, pedido,


conselho e solicitação.

27
GRAMÁTICA

Pretérito perfeito
Pretérito Perfeito Simples

Toda vez que queremos descrever uma situação, ou um fato, ocorrida no


passado, temos a necessidade de recorrer aos tempos pretéritos (passados).
O pretérito perfeito marca as ações ou eventos pontuais ocorridos no passado.
Geralmente é usado com alguns marcadores de tempo como: ontem,
anteontem, esta manhã, semana passada, mês passado, ano passado, três
anos atrás, mês retrasado etc.

O pretérito perfeito simples não é o pretérito perfeito do espanhol, mas sim o


pretérito indefinido, pois conta uma ação ocorrida em um tempo passado.

Exemplos:

Eu fui à praia ontem.


Ela gostou de conhecer você.
A gente esteve em Brasília na semana passada.

VERBO GOSTAR PRESENTE PRETÉRITO PERFEITO

Eu gosto de gostei de
Você gosta de gostou de
Ele gosta de gostou de
Ela gosta de gostou de
A gente gosta de gostou de
Nós gostamos de gostamos de
Vocês gostam de gostaram de
Eles gostam de gostaram de
Elas gostam de gostaram de

28
GRAMÁTICA

VERBO VER PRESENTE PRETÉRITO PERFEITO

Eu vejo vi
Você vê viu
Ele vê viu
Ela vê viu
A gente vê viu
Nós vemos vimos
Vocês veem viram
Eles veem viram
Elas veem viram

VERBO TER PRESENTE PRETÉRITO PERFEITO

Eu tenho tive
Você tem teve
Ele tem teve
Ela tem teve
A gente tem teve
Nós temos tivemos
Vocês têm tiveram
Eles têm tiveram
Elas têm tiveram

VERBO FAZER PRESENTE PRETÉRITO PERFEITO

Eu faço fiz
Você faz fez
Ele faz fez
Ela faz fez
A gente faz fez
Nós fazemos fizemos
Vocês fazem fizeram
Eles fazem fizeram
Elas fazem fizeram

29
GRAMÁTICA

VERBO VIR PRESENTE PRETÉRITO PERFEITO

Eu venho vim
Você vem veio
Ele vem veio
Ela vem veio
A gente vem veio
Nós vimos viemos
Vocês vêm vieram
Eles vêm vieram
Elas vêm vieram

VERBO ESTAR PRESENTE PRETÉRITO PERFEITO

Eu estou estive
Você está esteve
Ele está esteve
Ela está esteve
A gente está esteve
Nós estamos estivemos
Vocês estam estiveram
Eles estam estiveram
Elas estam estiveram

30
GRAMÁTICA

ATENÇÃO!
Os verbos SER e IR possuem a mesma
forma de conjugação no pretérito
perfeito. Nesse caso, é preciso saber
como diferenciá-los pelo contexto. Um
irá indicar um estado, uma profissão,
uma característica e o outro vai trazer a
noção de locomoção.

VERBO SER PRESENTE PRETÉRITO PERFEITO

Eu sou fui
Você é foi
Ele é foi
Ela é foi
A gente é foi
Nós somos fomos
Vocês são foram
Eles são foram
Elas são foram

VERBO IR PRESENTE PRETÉRITO PERFEITO

Eu vou fui
Você vai foi
Ele vai foi
Ela vai foi
A gente vai foi
Nós vamos fomos
Vocês vão foram
Eles vão foram
Elas vão foram

31
GRAMÁTICA

Vejamos:

Meu pai foi um grande motorista. Ele foi convidado para ser o coordenador
de uma empresa de logística e por isso a gente foi morar em São Paulo.

Eu fui ao teatro com Felipe. Você não o conhece. Ele foi meu colega de
trabalho na outra empresa.

Fui diretor de uma grande empresa por muitos anos. Depois eu fui para os
Estados Unidos liderar uma equipe. Ano passado eu fui para o Rio de
Janeiro e decidi abrir meu próprio negócio.

Conjugação do Pretérito Perfeito


do Indicativo de Verbos Regulares
Para os verbos da 1ª conjugação: AR
Pronome Formação Conjugação

Eu radical + ei morei

Ele/Ela/Você radical + ou comprou

Nós radical + amos/ámos andamos

Eles/Elas/Vocês radical + aram pagaram

Para os verbos da 2ª conjugação: ER

Pronome Formação Conjugação

Eu radical + i comi

Ele/Ela/Você radical + eu atendeu

Nós radical + emos entendemos

Eles/Elas/Vocês radical + eram prometeram

Para os verbos da 3ª conjugação: IR

Pronome Formação Conjugação

Eu radical + i fugi

Ele/Ela/Você radical + iu abriu

Nós radical + imos partimos

Eles/Elas/Vocês radical + iram consumiram

32
GRAMÁTICA

Conjugação do Pretérito Perfeito


do Indicativo de Verbos Irregulares

Alguns verbos mudam seu radical quando conjugados no pretérito perfeito,


são os verbos irregulares.

Verbo Pentear:

Pronome Conjugação
*Verbos que se
Eu penteei conjugam igual ao verbo
Ele/Ela/Você penteou PENTEAR: frear,
saborear, bloquear,
Nós penteamos
passear, grampear.
Eles/Elas/Vocês pentearam

Verbo Caber:

Pronome Conjugação
*Verbo que se
Eu coube
conjuga da
Ele/Ela/Você coube
mesma forma que
Nós coubemos CABER: saber,
couberam
haver.
Eles/Elas/Vocês

Verbo Poder:

Pronome Conjugação

Eu pude

Ele/Ela/Você pôde

Nós pudemos

Eles/Elas/Vocês puderam

33
GRAMÁTICA

Verbo Pôr:

Pronome Conjugação

Eu pus

Ele/Ela/Você pôs

Nós pusemos

Eles/Elas/Vocês puseram

Verbo Dizer:

Pronome Conjugação
*Verbos que se
Eu disse conjugam da mesma
Ele/Ela/Você disse forma que PRODUZIR:
conduzir, induzir,
Nós dissemos
deduzir, seduzir.
Eles/Elas/Vocês disseram

Verbo Fazer:

Pronome Conjugação
*Verbos que se
Eu fiz
conjugam da mesma
Ele/Ela/Você fez forma que DORMIR:
Nós fizemos cobrir, encobrir, engolir,
tossir.
Eles/Elas/Vocês fizeram

Verbo Trazer:

Pronome Conjugação
*Verbos que se
Eu trouxe
conjugam da mesma
Ele/Ela/Você trouxe forma que SUBIR:
Nós trouxemos consumir, sumir, cuspir,
fugir.
Eles/Elas/Vocês trouxeram

34
GRAMÁTICA

Construindo frases
com as expressões: aqui - lá - ali;
ao fundo, ao final de; onde+ter

aqui:

Eu vou por aqui.


Minhas chaves estavam aqui.
Esse aqui é o meu lugar.
Eu nunca estive aqui antes.
Você já veio aqui?

lá:

Não vai dar para ir lá.


Eu vim por aqui, você foi por lá.
Te encontro lá as 7.
Passa lá em casa.
Vamos lá no mercado.

ali:

Ele foi por ali.


É logo ali.
Bora ali comigo.
O Júlio foi ali e já volta.

ao fundo:

Eu escolhi a mesa ao fundo.


Ele chegou ao fundo do posso.
O presente estava no fundo do pacote

ao final:

Siga em frente e vire ao final da rua.


Ao final do dia, tudo o que você precisa é de uma boa taça de vinho.

35
GRAMÁTICA

onde + ter:

Você sabe onde tem uma academia por aqui?


Onde será que tem um hospital nessa rua?
Ele foi na cidade onde tem fantasmas.
Ele voltou ao estado onde tinha sido criado.

Em português brasileiro, aqui faz, em geral, referência ao local onde está o


falante.

Tanto ali quanto lá são utilizados para indicar uma coisa, pessoa ou lugar
distantes do falante e do seu interlocutor. Contudo, lá indica uma distância
maior.

A expressão “onde + ter” é bastante usada em contextos de viagem quando


se quer saber sobre um lugar específico. Em uma explicação mais extensa
seria algo como:

Você saberia me dizer onde eu poderia encontrar o estabelecimento X?

Heterogenéricos
Em geral, as palavras do português e do espanhol cujas origens são comuns
têm o mesmo gênero nas duas línguas. Há, entretanto, algumas exceções.

O trecho a seguir, por exemplo, contém uma palavra que é feminina em


português, mas masculina em espanhol. Qual? Circule-a.

“Quando cheguei à casa onde me


hospedei, as meninas que me
receberam (duas brasileiras e uma
colombiana) me perguntaram como
tinha sido a viagem”.

36
GRAMÁTICA

Quadro Contrastivo

As palavras do espanhol e português têm, em geral, o mesmo gênero. As


principais exceções você encontra no quadro a seguir. Registre outras à
medida que encontrá-las.

PORTUGUÊS ESPANHOL
Masculinas- O “a” é a primeira letra Femininas- La “a” es la primera
do alfabeto- O “k, w e y” foram letra del alfabeto.- La “k,w e y”
Letras do alfabeto incorporados ao alfabeto do fueron incorporadas al alfabeto
português a partir do último acordo portugués a partir del último
ortográfico acuerdo ortográfico.
Femininos- Na segunda-feira, eu Masculino-El lunes, tengo clase
Dias da semana tenho aula de português- O curso de español.- El curso será los
será às terças e quintas martes y jueves.
a aguardente el aguardente
a tequila el tequila
Bebidas o leite la leche

o mel la miel
Comidas o sal la sal

o nariz la nariz
Corpo humano o sangue la sangre

a cor el color
Algumas palavras
a dor el dolor
terminadas em - OR

a paisagem el paisaje
a passagem el pasaje
a viagem el viaje
Palavras terminadas
em - AGEM a bagagem el equipaje
(português)/ AJE a linguagem el lenguaje
(espanhol)

37
GRAMÁTICA

PORTUGUÊS ESPANHOL
o legume la legumbre
Palavras terminadas o costume la costumbre
em - UME
(português)/ UMBRE
(espanhol)

o alarme la alarma
a análise el análisis
a árvore el árbol
o cárcere la cárcel
o computador la computadora
o creme la crema
a equipe el equipo
a origem el origen
a ponte el puente
o sinal la señal
Outras palavras
o riso la risa
o sorriso la sonrisa
o protesto la protesta
o massacre la masacre

Em espanhol, quando um substantivo feminino começa com “a” ou “ha”


tônicos, o artigo definido empregado é “el”, para evitar cacofonia. Em
português, não existe semelhante regra, de forma que o artigo “a” é utilizado
também antes de palavras femininas começadas por a tônico.

38
GRAMÁTICA

PORTUGUÊS ESPANHOL

a água tratada el agua tratada

a águia rápida el águila rápida

a alba inspiradora el alba inspiradora

a alma pura el alma pura

a área extensa el área extensa

a arte brasileira el arte brasileño

a ave exótica el ave exótica

39
ATIVIDADES

Que tal praticarmos um


pouco?
1- Traduza a frase abaixo para o espanhol:

“Como é possível alguém errar na hora de calcular a área de um


reservatório?”

2- Traduza as frases a seguir para o português.

Hay que tener mucho coraje para hacerse un piercing en la nariz.

¿Sabés cuál es el maquillaje que ella usa?

Para mí, la peor parte de un viaje es hacer y deshacer el equipaje.

El fin de semana pasado, dos equipos de natación de mi ciudad


participaron en torneos nacionales.

Mi computadora no funciona más.

El agua es el principal componente del cuerpo humano.

40
FONÉTICA

FONÉTICA
Os fonemas [e] [ɛ] [i] [ẽ] [ẽj]

Vamos relembrar os fonemas [e] [ɛ] [i], e vamos falar sobre outros fonemas que a
letra “e” pode assumir…

Entre os sons que a letra “e” pode assumir, estão o [e] (mais fechado) e o [ɛ]
(mais aberto). A letra “e” pode ter som de [i] no português.

Vejamos…

[ɛ] [i] [e] [ẽ] [ẽj]

chimpanzé identidade bebê lembrança dancem


café contente você embarque amem
pé dente ipê dente cantem
Pelé liberdade dendê crente também
ela gente ele ente bem
aquela pele aquele gente benzinho
boné cidade elementar vende bagagem
fé ponte êxito empoderar hífen
pede mate êxodo duzentos abdômen
sério criatividade lemos ciência pólen
festa abelha trem
ferro bebo mente
época patê

Para pronunciar bem as palavras como cantem, dancem, bem e também, você
não deve juntar os lábios (diferente do que ocorre quando se pronuncia a letra
m da palavra mesa). Os encontros -am, -em e -om em fim de palavra indicam
um ditongo nasal, em que o m não é pronunciado, mas nasaliza a vogal que o
precede.

Muitos verbos irregulares de 3ª conjugação também apresentam o fenômeno


da alternância vocálica, no presente do indicativo do modo indicativo e em
outros tempos.

41
FONÉTICA

3ª conjugação (IR) - Verbos que possuem a letra e na penúltima sílaba do infinitivo


Alternância vocálica: [i]/ [ɛ] / [e]

PREFERIR FERIR SERVIR DIVERTIR-SE

Eu prefiro firo sirvo me divirto

Você/ Ele/ Ela/ A


prefere [ɛ] fere [ɛ] serve [ɛ] se diverte [ɛ]
gente

Nós preferimos [e] ferimos [e] servimos [e] nos divertimos

Vocês/ Eles/ Elas preferem [ɛ] ferem [ɛ] servem [ɛ] se divertem

3ª conjugação (IR) - Verbos que possuem a letra e na penúltima sílaba do infinitivo


Alternância vocálica: [i]/ [ɛ] / [e]

SUGERIR VESTIR- SE SEGUIR CONSEGUIR

Eu sugiro me visto sigo

Você/ Ele/ Ela/ A


sugere [ɛ] se veste [ɛ] segue [ɛ]
gente

Nós sugerimos [e] nos vestimos [e] seguimos [e]

Vocês/ Eles/ Elas sugerem [ɛ] se vestem [ɛ] seguem [ɛ]

3ª conjugação (IR) - Verbos que possuem a letra e na penúltima sílaba do infinitivo


Alternância vocálica: [i]/ [e]

AGREDIR PROGREDIR REGREDIR PREVENIR

Eu agrido progrido regrido previno

Você/ Ele/ Ela/ A


agride progride regride previne
gente

Nós agredimos progredimos regredimos prevenimos

Vocês/ Eles/ Elas agridem progridem regridem previnem

42
FONÉTICA

Vambora
Adriana Calcanhotto

Entre por essa porta agora


E diga que me adora
Você tem meia hora
Pra mudar a minha vida
Vem, vambora
Que o que você demora
É o que o tempo leva

Ainda tem o seu perfume pela casa


Ainda tem você na sala
Porque meu coração dispara
Quando tem o seu cheiro
Dentro de um livro
Dentro da Noite Veloz

Ainda tem o seu perfume pela casa


Ainda tem você na sala
Porque meu coração dispara
Quando tem o seu cheiro
Dentro de um livro
Na Cinza das Horas

43
TEXTO NARRATIVO

Texto narrativo
O tipo textual “narrativo” caracteriza-se por descrever as ações do mundo de
acordo com os objetivos dos diferentes protagonistas: contar, recordar,
noticiar... É por isso que a narração não discorre sobre uma história; ela é uma
história. O texto narrativo é o relato de um acontecimento em que atuam
personagens. Gramaticalmente, percebe-se o predomínio de verbos do
passado, além de advérbios, conjunções temporais e a reprodução do
discurso do outro.

O texto narrativo possui algumas características:

Uma narrativa se apoia numa sucessão cronológica de ações.


Os fatos narrativos, normalmente, são identificados pelo uso do pretérito
perfeito do indicativo (algumas vezes, pelo presente do indicativo) ou do
gerúndio e pelo uso do pretérito imperfeito.
A estrutura cronológica da sequência de ações leva obrigatoriamente a um
fim. Caso contrário, será uma simples descrição de ações.
O tempo verbal predominante é o pretérito perfeito do indicativo. Em
algumas passagens, o pretérito imperfeito do indicativo também é utilizado.
O pretérito imperfeito dá ideia de continuidade de ação (no passado), e o
perfeito, de ação acabada.
Quanto ao relevo, o texto se divide em primeiro e segundo plano, dando
informações ao receptor sobre a informação considerada principal e a
considerada secundária. Em português, o relevo é marcado por meio do
tempo verbal, apenas no mundo narrado: o perfeito indica o plano principal
da narrativa, e o imperfeito, o pano de fundo.

O esquema seguinte o ajudará a perceber essas relações:

Sem perspectiva Com perspectiva


Tempos verbais
(segundo Weirich)
tempo-zero Retrospectiva Prospectiva

Pretérito perfeito (com relevo)


Pretérito mais-que- Futuro do
Mundo narrado
perfeito pretérito
Pretérito imperfeito (sem relevo)

44
TEXTO NARRATIVO

Normalmente, um texto narrativo apresenta um ou mais personagens, um


narrador, que pode ou não participar da história, um enredo e dados do
ambiente e do tempo em que os fatos ocorrem.

OS PERSONAGENS

Uma narrativa deve apresentar personagens humanos ou humanizados. Os


personagens são os seres que atuam, que vivem a história. Quando a história
é encenada, os personagens são os atores e atrizes, como acontece nas
novelas

Você já deve ter ouvido falar em protagonista, antagonista, aliados... Existe


certa hierarquia entre os personagens (actantes). Os “actantes principais”, isto
é, os protagonistas e os antagonistas, são os responsáveis pela ação
principal, seja como agentes, seja como pacientes. Os “actantes secundários”
– aliados e oponentes – auxiliam ou contrariam a realização das ações.

Nas novelas e filmes, o antagonista é conhecido, popularmente, como vilão.

Em uma fábula chamada “O gato e o galo”, os personagens são o gato e o


galo. Os dois são protagonistas principais, porém, o gato é o antagonista.
Assim, com base nas ações dos personagens do texto, é possível caracterizar
o gato como um animal de mau caráter, falso e forte, e o galo, como um
animal indefeso.

Em textos narrativos curtos, normalmente o número de personagens é


pequeno. Verificamos a utilização de todos os tipos de personagens em
narrativas longas, como em romances e novelas.

O FOCO NARRATIVO

Toda narrativa possui um narrador, que não deve ser confundido com o autor
do texto. O autor é aquele que escreve. O “narrador” é aquele que coloca a
história em cena, que a organiza. Pode adquirir diversas identidades, segundo
relata uma história real ou fictícia, podendo o próprio autor, sem disfarce,
assumir a narração de uma história, ou passar essa responsabilidade para um
personagem.

45
TEXTO NARRATIVO

Conforme a tradição diz, “narrador de 1ª pessoa” corresponde o papel de


personagem e a NÃO ONISCIÊNCIA narrativa, e do “narrador de 3ª pessoa”
corresponde o papel de observador e a ONISCIÊNCIA narrativa.

Um narrador em 3ª pessoa, onisciente, nos apresenta uma visão mais


distanciada da narrativa. Ele oferece, também, para o leitor, uma série de
informações que o narrador em primeira pessoa, por ser particularizado, não
pode fornecer.

OS TIPOS DE DISCURSO

Um terceiro elemento de um texto narrativo é a presença do discurso, ou seja,


as várias possibilidades de que o narrador dispõe para apresentar a fala dos
personagens.

Quando o narrador apresenta a fala da personagem de modo integral, sem


interferências, diz-se tratar de um “discurso direto”. Para registrá-lo, o narrador
pode fazer uso de um verbo dito ILOCUCIONAL (falar, dizer, perguntar,
retrucar etc.) seguido de dois pontos (:) e de travessão (–) na linha seguinte.
Também é comum a separação da fala das personagens por meio de aspas (“
”) no lugar dos travessões.

O verbo ilocucional é o verbo que tem a função, assim como as marcas


gráficas (aspas e travessão), de indicar que está sendo introduzida a fala de
um personagem.

O narrador pode valer-se também do “discurso indireto”. Nesse caso, em lugar


de apresentar a fala das personagens, tal como ocorre em um diálogo, o
narrador reconstrói, por meio de sua linguagem, o que os personagens teriam
dito.

Pode ocorrer, ainda, o “discurso indireto livre”, em que há a combinação de


diferentes pontos de vista. O narrador insere “falas-pensamento” das
personagens no seu próprio discurso, dificultando a identificação precisa de
quem seria o responsável pelo que está sendo dito (narrador ou personagem).

46
TEXTO NARRATIVO

O TEMPO

O “tempo”, em uma narrativa, pode ser definido como a duração da ação.


Pode ser “cronológico” ou “psicológico”.

O tempo cronológico é submetido a uma série de divisões, servindo como


ponto de referência nos intercâmbios comunicativos. Apresenta os fatos de
acordo com a ordem dos acontecimentos.

Já o tempo psicológico é a maneira pela qual a passagem do tempo é


vivenciada, ou seja, é o tempo que transcorre numa ordem determinada pelo
desejo ou pela imaginação do narrador ou dos seus personagens. Quando a
narrativa volta no tempo por meio das recordações do narrador, tem-se o
flashback.

O ESPAÇO

O “espaço” é o lugar em que a narrativa ocorre. Quando a narrativa é longa,


as ações podem se desenrolar em vários ambientes. Em alguns textos, como
nas fábulas, nem sempre o espaço é especificado de forma explícita. Às
vezes, fica subentendido. Outros textos, como as notícias, precisam indicar o
tempo e o espaço com precisão para dar mais credibilidade, valor de verdade
ao enunciado.

O ENREDO

O enredo é a própria história narrada. “Enredar” significa “tecer”, “entrelaçar os


fatos”.

Os enredos ora se organizam sob o ponto de vista dos personagens, ora sob o
ponto de vista das ações.

Às vezes, não é dada uma solução para o problema apresentado. Os enredos


podem ser desenvolvidos de várias formas. Veremos dois tipos de enredos.

47
TEXTO NARRATIVO

1º ENREDO:

Apresentação de um problema aos personagens.


A busca da solução para o problema.
O encontro da solução.

2º ENREDO:

Situação inicial, em que os personagens e o espaço são apresentados.


Quebra da situação inicial, em que um acontecimento modifica a
situação apresentada.
Estabelecimento de um conflito, em que surge uma situação a ser
resolvida, que quebra a estabilidade de personagens e
acontecimentos.
Desenvolvimento, em que se busca uma solução para o conflito. É o
desenrolar da história.
Clímax, em que o ponto de maior tensão da narrativa se verifica.
Conclusão, em que tudo se reorganiza segundo um novo equilíbrio.

Algumas histórias são interrompidas sem que todas essas fases estejam
presentes no percurso. As fases também podem não ocorrer sempre nessa
ordem.

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