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DIÁLOGO MAÇÔNICO – Nº 046

200 Anos do GOB

E começou o ano de 2022. Ano que no âmbito da Maçonaria brasileira,


especificamente do Grande Oriente do Brasil (GOB), é de suma importância, pois
essa Obediência, por muitos considerada a Obediência Mãe da Maçonaria
Simbólica no Brasil, completará 200 anos desde a fundação ocorrida no dia 17 de
junho de 1822.

Desde o fim do passado ano de 2021 houve quem escrevesse sobre o fato e será
um ano de intensas comemorações, de acordo com o que foi estabelecido pelo
Poder Executivo do GOB.

O primeiro evento, por iniciativa do GOB, foi a celebração dos 200 Anos do Fico
do, então, Príncipe Regente, D. Pedro I, ocorrido no Palácio do Lavradio no dia 09
de janeiro de 2022. Pelo ocorrido na rememoração daquela efeméride, não temos
dúvidas de que as solenidades serão marcantes, vibrantes e relembradas à altura
de evento tão ímpar como este, os 200 Anos do GOB, mesmo assim, em nossa
opinião, não poderíamos deixar de fazer esse registro em nossas singelas peças
de arquitetura, denominadas DIÁLOGOS MAÇÔNICOS.

Contudo, podemos afirmar que antes mesmo desse evento do GOB: “os 200 anos
do Fico”, muito bem planejado e coordenado pelo GOB/RJ, em parceria com o
Poder Central do GOB, tivemos um evento marcante em Brasília/DF, que foi o
lançamento do “Programa Bicentenário da Independência”, do Instituto Sagres1,
ocorrido no dia 16 de dezembro, no Teatro Pedro Calmon, no Quartel-General do
Exército (QGEx), no Setor Militar Urbano (SMU), que tem a parceria do GOB neste
e em outros eventos que ocorrerão no decorrer de 2022.

Como não poderia deixar de ocorrer o Soberano Irmão Múcio Bonifácio


Guimarães, Grão-Mestre Geral do GOB, e o Eminente Irmão Reginaldo Gusmão
de Albuquerque, Grão-Mestre Distrital, foram convidados para o lançamento do
citado programa, mas ambos estavam comprometidos com uma solenidade
maçônica, no Oriente de Petrolina/PE, razão pela qual, o Soberano Irmão Múcio
nos nomeou para representá-lo no evento do Instituto Sagres.2

O evento do Instituto Sagres foi muito objetivo, tendo se pronunciado poucas


autoridades, não havendo previsão de fala por parte do GOB, mas estávamos
preparados se fossemos convocados para tal desiderato.

1
O Instituto Sagres – Política e Gestão Estratégica Aplicadas promove estudos e pesquisas,
consultorias, palestras, eventos, cursos e capacitação em suas áreas de conhecimento, com
destaque para: Planejamento Estratégico, Desdobramento e Alinhamento da Estratégia,
Prospectiva Estratégica, Inteligência Estratégica e Dinâmicas Governantes. (https://sagres.org.br/)
2
O Poderoso Irmão Valtir de Sousa, Secretário de Comunicação do GODF, publicou matéria de
sua lavra sobre o evento, disponível no site do GODF no seguinte endereço:
https://www.godf.org.br/grao-mestre-distrital-adjunto-representa-o-gob-no-lancamento-do-programa-
bicentenario-da-independencia/
Em síntese, tínhamos intenção de dizer que a fundação do Grande Oriente do
Brasil, primeira Obediência Maçônica, com jurisdição nacional, se dera em
17/06/1822, quando a campanha pela independência do Brasil se tornou mais
intensa, por isso, não por acaso, esse fato ocorreu no mesmo ano em que foi
promulgada a Declaração de Independência do Brasil, levada a efeito, como de
conhecimento geral, no dia 07/09/1822.

Iríamos relembrar que, por essa razão, nossa instituição está vivendo também
um momento histórico, pois está completando 200 anos, são dois séculos. O
Grande Oriente do Brasil está em todas as Unidades da Federação e, segundo
consta, é a mais antiga instituição do terceiro setor do Brasil, salientando, ainda,
que a abertura das celebrações desse importante momento seria, como realmente
o foi, no dia 9 de janeiro de 2022 no Palácio Maçônico do Lavradio, ou seja, no
Dia do Fico.

Deve-se destacar que antes da data acima existiam Lojas Maçônicas no Brasil,
mas não havia uma Obediência, esta foi fundada por três Lojas do Rio de Janeiro
– a Commercio e Artes na Idade do Ouro e mais a União e Tranquilidade e a
Esperança de Niterói, resultantes da divisão da primeira – O Grande Oriente
Brasileiro teve, como seus primeiros mandatários José Bonifácio de Andrada e
Silva, ministro do Reino e de Estrangeiros e Joaquim Gonçalves Ledo, Primeiro
Vigilante.

A 4 de outubro do mesmo ano, já após a declaração de independência de 7 de


setembro, José Bonifácio foi substituído pelo então príncipe regente e, logo
depois, Imperador D. Pedro I (Irmão Guatimozim).

Por motivos que não são relevantes apresentar neste momento, os trabalhos do,
então, Grande Oriente Brasileiro foram suspensos no dia 25 de outubro de 1822
e somente em novembro de 1831, após a abdicação de D. Pedro I – ocorrida a 7
de abril daquele ano – é que os trabalhos maçônicos retomaram com força e vigor,
com a reinstalação da Obediência, sob o título de Grande Oriente do Brasil, que
nunca mais suspendeu as suas atividades.

Pela atuação de homens de alto espírito público, colocados em arcas importantes


da atividade humana, principalmente em segmentos formadores de opinião, como
as Classes Liberais, o Jornalismo e as Forças Armadas – o Exército, mais
especificamente – O Grande Oriente do Brasil iria ter, a partir da metade do século
XIX, atuação marcante em diversas campanhas sociais e cívicas da nação.

Hoje, nossa Obediência está com quase 72 mil obreiros ativos e com mais de 2,8
mil Lojas, também, ativas. Somos a maior Obediência Maçônica do mundo latino
e reconhecida como regular e legítima pela Grande Loja Unida da Inglaterra, de
acordo com os termos do Tratado de 1935, com reconhecimento de mais de 150
Obediências regulares do mundo.
Relevante recordar que a Maçonaria é uma instituição essencialmente filosófica,
filantrópica, educativa e progressista. Não é uma sociedade secreta, mas é
discreta, de forma que suas ações são reservadas apenas àqueles que dela
participam. Podemos afirmar que mesmo sendo discreta a Maçonaria é uma
sociedade universal, cujos membros cultivam o aclassismo, o humanismo, com
base em seus fins supremos que são a Liberdade, a Igualdade e a Fraternidade,
tem em seus princípios, sinteticamente, o aperfeiçoamento moral, intelectual e
social da humanidade.

Interessante, ainda, repisar que a Maçonaria admite, em seu seio, todo homem
que for livre e de bons costumes e que crê na existência de um princípio criador,
denominado em seu meio como o Grande ou Supremo Arquiteto do Universo.
Dessa forma, a Maçonaria não faz distinção de raça, religião, ideário político ou
posição social. Podemos afirmar que é esperado de um candidato, quiçá futuro
Maçom, que possua um espírito filantrópico e de buscar sempre a perfeição.

Dessa forma, o GOB tem como Missão promover a Liberdade, a Igualdade e a


Fraternidade entre os membros da Ordem e da sociedade e estabelece como
valores a: Igualdade de oportunidades; Fraternidade Universal; Transparência;
Ética; Comprometimento; e Inovação.

De modo semelhante, o Grande Oriente do Distrito Federal (GODF) norteia as


ações com base nos seguintes valores: Unidade na diversidade; Liberdade;
Igualdade; Fraternidade; Comprometimento; Moral; Ética; Inovação; Tradição;
Respeito; e Conhecimento.

E a atual gestão do GODF tem o objetivo de implementar uma AÇÃO global,


baseada no princípio da FRATERNIDADE, com vistas a alcançar uma EVOLUÇÃO
que resulte no estreitamento das relações do GODF com os Irmãos, com as Lojas
jurisdicionadas, com a Família Maçônica e com a Sociedade.

Voltando ao “Dia do Fico”, no dia 9 de janeiro de 1822, o Príncipe Regente D.


Pedro resolve ficar no Brasil, contrariando as ordens da Coroa Portuguesa, que
exigiam o seu retorno a Portugal e o retorno do Brasil à condição de colônia, um
retrocesso considerado incabível e impensável pelos brasileiros e pelos
portugueses que lutavam pela Independência do Brasil, pois adotaram essa como
sua Pátria.

Segundo A. Tenório de Albuquerque, in A Maçonaria e a Grandeza do Brasil, 1959,


Editora Espiritualista Ltda3:
"Com razão, pode afirmar-se que 9 de janeiro de 1822, o dia do Fico, marcou o início da
nossa emancipação política. O ato de D. Pedro, rebelando-se contra as Côrtes de Lisboa,
contra os decretos nºs 124 e 125, assinalou, de modo irretorquível, a sua adesão aos
anseios da independentização do Brasil. O gesto de insubmissão do Príncipe Regente
indicou, de maneira incontraditável, a nossa emancipação.”

3
Apud o Sapientíssimo Irmão Hélio Pereira Leite, Grão-Mestre de Honra do GODF e detentor da
Comenda D. Pedro I.
Como de conhecimento, a Maçonaria teve participação relevante no “Fico”, que
representou a abertura da porta para a Independência. Surgiram nas Lojas
Maçônicas, ainda que não organizadas em uma Obediência Nacional, o elemento
coordenador dos esforços desencontrados da população, no sentido de impedir a
partida do príncipe.

Na primeira plana do trabalho de tais oficinas, é tributo de gratidão nacional citar


os seus principais graus, o desembargador José Clemente Pereira, Joaquim
Gonçalves Ledo, o Cônego Januário da Cunha Barbosa, José Joaquim da Rocha,
Domingos Alves Branco..." (Pandiá Calógeras, A Política Exterior do Império, vol.
1, pág. 480).4

É por todos conhecida a famosa frase, que passou para a história como o “Dia do
Fico”, quando D. Pedro anunciou que não voltaria para Lisboa, como as Cortes
portuguesas exigiam, e permaneceria no Brasil: “Se é para o bem de todos e
felicidade geral da nação, estou pronto. Diga ao povo que fico”.

O Sapientíssimo Irmão Hélio Pereira Leite, nos recordou também de alguns


eventos ocorridos por ocasião dos 100 anos do Dia do Fico, ou seja, no dia 9 de
janeiro de 1922, devidamente comemorado, citando o Livro Diário da Cidade
Amada - Rio de Janeiro - 1922, Volume I, de autoria de Antonio Bulhões, Editora
Sextante Artes, 2003, que afirma ter acontecido três importantes solenidades
oficiais, que foram as seguintes:

“A primeira na Igreja do Rosário. Após a missa solene o Prefeito Carlos Sampaio


descerrou placa afixada na fachada do templo, com os dizeres principais seguintes:
"Desta Igreja, onde funcionava o Senado da Câmara, saiu, às 11 horas da manhã de 9
de janeiro de 1822, o préstito que, tendo à frente José Clemente Pereira, foi solicitar ao
Príncipe-Regente D. Pedro que ficasse no Brasil". A Banda de Música do Corpo de
Marinheiros executou o Hino Nacional. Coelho Neto discursou.

A segunda, no antigo Paço, na Praça Quinze de Novembro, para onde o prefeito e sua
comitiva se dirigiram a pé, pouco antes do meio-dia, quando o Presidente da República
Epitácio Pessoa descerrou placa, no saguão do edifício, sob a sétima janela, com os
dizeres seguintes: 'Neste local, a 9 de janeiro de 1822, o Presidente do Senado da
Câmara, José Clemente, comunicou ao povo a resolução do Príncipe-Regente D. Pedro
de ficar no Brasil’. Bandas de música marciais executaram uníssono o Hino Nacional.
Alunos de escolas municipais cantaram os Hinos da Independência, Nacional e da
Bandeira.

A terceira, no Convento de Santo Antônio, às treze horas, quando o Prefeito Carlos


Sampaio descerrou placa, no pátio com os dizeres principais seguintes: "Neste Convento,
na cela de Frei Francisco de Santa Teresa de Jesus Sampaio, se reuniam alguns dos
propugnadores da permanência do Príncipe D. Pedro e da Independência Nacional.”

Encerrando este DIÁLOGO MAÇÔNICO, destacamos primeiro o pronunciamento


do Soberano Irmão Múcio Bonifácio Guimarães, na comemoração dos 200 anos

4
Citando, uma vez mais, o Sapientíssimo Irmão Hélio Pereira Leite.
do Dia do Fico no Palácio do Lavradio, quando ele destacou a importância do papel
do Grande Oriente do Brasil na sociedade passada e o que essa geração de Maçons
deixou como legado em favor da sociedade brasileira; salientou a relevância dos
movimentos sociais e políticos que o GOB tem levado a efeito junto aos Poderes
Constituídos do Brasil e do Terceiro setor, ressaltou a importância da família
Maçônica e da evolução da Maçonaria moderna para os enfrentamentos que se
apresentarão e ao encerrar sua fala conclamou os Maçons do GOB, em particular,
a trabalhar de forma constante e persistente, objetivando a mantença da
harmonia e da fraternidade conquistada pela Maçonaria brasileira sob a liderança
firme, elegante e respeitosa do GOB.

Por fim, apresentamos uma síntese do discurso proferido pelo Eminente Irmão
Aildo Virginio Carolino, Grão-Mestre do GOB/RJ, anfitrião dos “200 Anos do Fico”,
que ressaltou a importância dos Maçons gobianos na história do Brasil e lançou
um questionamento sobre qual deve ser o papel dos Maçons nesse novo tempo,
destacando que é necessário que a Maçonaria contribua efetivamente com uma
sociedade mais justa e fraterna. Ao encerrar, afirmou que o GOB/RJ, vem
construindo uma gestão com união e comprometimento, buscando a valorização
da família Maçônica.

Brasília, 30 de janeiro de 2022.

Autor: Irm∴ Marcos A. P. Noronha – Mestre Instalado.

Observação:
Nossa intenção, ao publicar este DIÁLOGO MAÇÔNICO, foi a de reverenciar este momento ímpar
de nossa Ordem em solo brasileiro, pois não podemos deixar de comemorar todos os dias, neste
ano de 2022, o bicentenário da nossa Obediência: o Grande Oriente do Brasil.

Ainda com relação ao evento do Instituto Sagres que abriu as comemorações do bicentenário da
Independência de nossa Pátria, após o término ocorreu a concessão de uma entrevista para a TV-
GOB, que está disponível, no seguinte link: https://fb.watch/ab75HNnT_d/

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