Você está na página 1de 151

EsFCEx

1. A Organização do Espaço Brasileiro. ............................................................................... 1


a. A integração brasileira ao processo de internacionalização da economia; o
desenvolvimento econômico e social; e os indicadores sociais do Brasil. .............................. 10
b. O processo de industrialização brasileira, os fatores de localização e as suas
repercussões: econômicas, ambientais e urbanas. ................................................................ 16
c. A rede de transportes brasileira e sua estrutura e evolução. .......................................... 22
d. A questão urbana brasileira: processos e estruturas. .................................................... 30
e. A agropecuária, a estrutura fundiária e problemas sociais rurais no Brasil, dinâmica das
fronteiras agrícolas e sua expansão para o Centro-Oeste e para a Amazônia. ...................... 38
f. A população brasileira: evolução, estrutura e dinâmica................................................... 45
g. A distribuição dos efetivos demográficos e os movimentos migratórios internos: reflexos
sociais e espaciais. ................................................................................................................ 53
2. A Questão Regional no Brasil a. A regionalização do país: sua justificativa socioeconômica
e critérios adotados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE); as regiões e as
políticas públicas para fins de planejamento. b. As regiões brasileiras: especializações
territoriais, produtivas e características sociais e econômicas. .............................................. 59
3. O Espaço Natural Brasileiro: seu aproveitamento econômico e o meio ambiente. a.
Geomorfologia do território brasileiro: O território brasileiro e a placa sul-americana; as bases
geológicas do Brasil; as feições do relevo; os domínios naturais e as classificações do relevo
brasileiro................................................................................................................................. 90
b. A questão ambiental no Brasil........................................................................................ 98
c. Os recursos minerais ................................................................................................... 117
d. As fontes de energia e os recursos hídricos. ................................................................ 124
e. A biosfera e os climas do Brasil. .................................................................................. 131

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos1164.342.657-51


Olá Concurseiro, tudo bem?

Sabemos que estudar para concurso público não é tarefa fácil, mas acreditamos na sua
dedicação e por isso elaboramos nossa apostila com todo cuidado e nos exatos termos do
edital, para que você não estude assuntos desnecessários e nem perca tempo buscando
conteúdos faltantes. Somando sua dedicação aos nossos cuidados, esperamos que você
tenha uma ótima experiência de estudo e que consiga a tão almejada aprovação.

Pensando em auxiliar seus estudos e aprimorar nosso material, disponibilizamos o e-mail


professores@maxieduca.com.br para que possa mandar suas dúvidas, sugestões ou
questionamentos sobre o conteúdo da apostila. Todos e-mails que chegam até nós, passam
por uma triagem e são direcionados aos tutores da matéria em questão. Para o maior
aproveitamento do Sistema de Atendimento ao Concurseiro (SAC) liste os seguintes itens:

01. Apostila (concurso e cargo);


02. Disciplina (matéria);
03. Número da página onde se encontra a dúvida; e
04. Qual a dúvida.

Caso existam dúvidas em disciplinas diferentes, por favor, encaminhar em e-mails separados,
pois facilita e agiliza o processo de envio para o tutor responsável, lembrando que teremos até
cinco dias úteis para respondê-lo (a).

Não esqueça de mandar um feedback e nos contar quando for aprovado!

Bons estudos e conte sempre conosco!

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos2164.342.657-51


1. A Organização do Espaço Brasileiro.

A cartografia da formação territorial brasileira revela, em diferentes períodos, os processos que


levaram o Brasil a chegar até a forma territorial e as divisões internas atuais. Desde 1500, o país passou
por diversas conformações territoriais, fruto de diferentes organizações políticas e administrativas.
Observe o mapa.

Brasil: Capitanias Hereditárias (1534-1536)

A doação de uma capitania era feita por meio de dois documentos: a Carta de Doação e a Carta Foral.
Pela primeira, o donatário recebia a posse da terra, podendo transmiti-la para seus filhos, mas não vendê-
la. Recebia também uma sesmaria de dez léguas da costa na extensão de toda a capitania. Devia fundar
vilas, construir engenhos, nomear funcionários e aplicar a justiça, podendo até decretar a pena de morte
para escravos, índios e homens livres. Adquiria alguns direitos: isenção de taxas, venda de escravos
índios e recebimento de parte das rendas devidas à Coroa.
A Carta Foral tratava, principalmente, dos tributos a serem pagos pelos colonos. Definia ainda, o que
pertencia à Coroa e ao donatário. Se descobertos metais e pedras preciosas, 20% seriam da Coroa e, ao
donatário, caberiam 10% dos produtos do solo. A Coroa detinha o monopólio do comércio do pau-brasil
e de especiarias. O donatário podia doar sesmarias aos cristãos que pudessem colonizá-las e defendê-
las, tornando-se assim colonos.
O modelo de colonização adotado por Portugal baseava-se na grande propriedade rural voltada para
a exportação. Dois fatores influíram nesta decisão: a existência de abundantes terras férteis no litoral
brasileiro e o comércio altamente lucrativo do açúcar na Europa.
Num primeiro momento os portugueses lançaram mão do trabalho escravo do índio e, depois, do negro
africano. A colonização iniciou-se, então, apoiada no seguinte tripé: a grande propriedade rural, a
monocultura de produto agrícola de larga aceitação no mercado europeu e o trabalho escravo.
As dificuldades iniciais eram muitas. Bem maiores do que os donatários podiam calcular. Era difícil a
adaptação às condições climáticas e a um tipo de vida totalmente diferente do da Europa. Além disso, o
alto custo do investimento não trazia retorno imediato. Alguns donatários nem chegaram a tomar posse
das terras, deixando-as abandonadas.

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


1
A cartografia da formação territorial do Brasil

Com a chegada de Cristóvão Colombo na América, em 1492, o território americano passou a ser
cobiçado pelos principais países europeus. Em 1494, após anos de negociação mediada pela Igreja
Católica, Portugal e Espanha assinaram o Tratado de Tordesilhas, que repartia as novas terras entre
esses dois países. Observe o mapa a seguir.

Brasil: o Tratado de Tordesilhas

Definiu-se que as terras situadas a leste da linha de Tordesilhas seriam de posse de Portugal e aquelas
localizadas a oeste seriam de propriedade espanhola. Contudo, a existência do Tratado não garantiu na
prática a posse dos territórios na América. Primeiro porque esses territórios não estavam vazios, ou seja,
encontravam-se ocupados por diferentes grupos indígenas. Os portugueses e espanhóis teriam de
conquistar suas terras, o que envolveu muitas batalhas. Em segundo lugar, outros Estados (como França,
Inglaterra e Holanda) não reconheciam a legitimidade do tratado nem o direito de Portugal e Espanha
sobre essas terras e também as disputavam.
No caso português, a ocupação de suas terras na América ocorreu de fato a partir de 1530. Até então,
Portugal limitou-se a criar postos de comércio no litoral para a comercialização de pau-brasil – as feitorias.
Porém, devido a constantes invasões de piratas e expedições estrangeiras, o rei viu-se obrigado a ocupar
o território para garantir o seu domínio.
Foi a partir de então que começaram as primeiras expedições de exploração e colonização do litoral
brasileiro e de algumas regiões no interior mais próximas. Ao longo do século XVI, a exploração e o
povoamento da colônia pouco avançaram em direção ao seu interior. No século XVII, o desenvolvimento
da economia açucareira e de algumas atividades voltadas para abastecer o pequeno mercado interno
proporcionou a exploração e ocupação de novos territórios – uma vez que era necessário espaço para
desenvolvê-las. Observe o mapa a seguir.

Brasil: povoamento no século XVI

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


2
A exploração e a ocupação de novas terras na Colônia acompanharam o processo de desenvolvimento
da economia local, conforme é possível observar o mapa anterior. É importante ressaltar que o
desenvolvimento econômico e as consequentes possibilidades de enriquecimento serviam de estímulo
para promover o povoamento da Colônia.
É possível notar ainda que, no século XVII, a maior parte de cidades e vilas ainda se concentrava no
litoral. Porém, graças às atividades como a pecuária e a procura pelas chamadas drogas do sertão, ervas
encontradas na região amazônica, foi possível conhecer e ocupar novos territórios no continente –
ultrapassando, inclusive, os limites da Linha de Tordesilhas.
Porém, ainda havia uma grande parcela de terras a leste de Tordesilhas que não tinha sido explorada
pelos portugueses. Por mais que, segundo o tratado, pertencessem à Portugal, na prática esses territórios
ainda eram controlados por indígenas. Portanto, para serem conquistados, eles deveriam ser explorados
e ocupados.
A exploração desses territórios deu-se a partir do século XVII, por meio das entradas e bandeiras. As
entradas eram expedições oficiais de exploração do território da Colônia, financiados pela Coroa
Portuguesa. Já as bandeiras, apesar de também possuírem um caráter exploratório, eram expedições
particulares, movidas por interesses econômicos e comandadas por homens conhecidos como
bandeirantes.

As Bandeiras e os Bandeirantes

Grande parte das bandeiras originou-se das vilas de São Vicente e São Paulo. Devido às dificuldades
econômicas enfrentadas no sul da Colônia, muitos homens viram-se forçados a explorar novos territórios
em busca de riquezas minerais (como ouro e prata) e de escravos indígenas para vender. Outra atividade
comum era a captura de escravos negros fugitivos.
Os comandantes dessas expedições, os bandeirantes, foram responsáveis pela exploração de grande
parte do atual território brasileiro. Apesar das contribuições dadas ao processo de expansão do território
brasileiro, as ações dos bandeirantes são alvo de controvérsia. Não devemos esquecer que eles foram
responsáveis pela escravização e morte de diversos povos indígenas. Observe o mapa a seguir, que
mostra as principais bandeiras dos séculos XVII e XVIII.

Brasil: principais bandeiras (séculos XVII e XVIII)

Atlas histórico escolar. Rio de Janeiro: FAE, 1991

Observando o mapa, é possível notar que as bandeiras que partiam de São Paulo tinham como direção
o interior da Colônia, ultrapassando os limites do Tratado de Tordesilhas. Essas expedições foram
responsáveis pela exploração de áreas e a criação de vilas nas regiões Sul, Centro-Oeste e Norte do país
– que até então haviam sido nada ou pouco exploradas.
É importante ressaltar que, entre 1580 e 1640, Portugal permaneceu sob domínio espanhol, época
conhecida como a União Ibérica. Assim, durante todo esse período, o Tratado de Tordesilhas passou a
ser invalidado de fato, o que facilitou a exploração e ocupação de territórios além de seus limites por parte
dos bandeirantes.
Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51
3
Foi apenas em 1750 que Portugal e Espanha assinaram um tratado que substituía o de Tordesilhas.
Ambos os países reconheciam que os limites estabelecidos em Tordesilhas não foram historicamente
respeitados. Assim, naquele ano foi assinado o Tratado de Madri, que teve como objetivo regularizar a
fronteira entre suas colônias.
Segundo os termos do Tratado de Madri, as fronteiras das colônias deveriam ser estabelecidas como
base na lógica de Uti Possidetis, expressão em latim que significa que quem ocupa determinado território
tem a posse sobre ele. O mapa a seguir mostra como ficou a fronteira brasileira após o Tratado de Madri.

O território brasileiro após o Tratado de Madri (1750)

Repare como o território brasileiro se expandiu para além dos imites do Tratado de Tordesilhas –
aproximando-se, inclusive, de seus limites atuais.
Pode-se dizer que a expansão territorial do Brasil ocorreu graças à ação exploratória dos bandeirantes,
que foram responsáveis por explorar e povoar essas novas áreas e garantir a posse delas no Tratado de
Madri, em 1750.
Apesar do novo tratado, ele não significava o fim das questões referentes a territórios e fronteiras na
região. Até o fim do período colonial, o Uruguai e parte do Rio Grande do Sul foram disputados entre
Brasil e Espanha.

A Organização Política e Administrativa do Brasil

Em 1621, durante a União Ibérica, o rei Felipe III decretou a separação da Colônia portuguesa em dois
estados: Estado do Maranhão, com capital em São Luís, e o Estado do Brasil, com capital no Rio de
Janeiro. Cada um desses Estados encontrava-se dividido em várias capitanias, conforme representa o
mapa que mostra a divisão das capitanias em 1709. Nesse ano, o Estado do Maranhão era composto
pelas capitanias do Grão-Pará e do Maranhão, tendo sua capital transferida para a cidade de Belém. Em
1763, foi a vez de mudar a capital do Estado do Brasil, passando de Salvador para o Rio de Janeiro. Em
1774, a Coroa portuguesa decretou a reunificação da Colônia, que permaneceu assim até a sua
independência.
Observe e compare os mapas das divisões territoriais do Brasil em 1709 e em 1822, ano da
independência do país.

Divisão Territorial do Brasil (1709) - São Paulo no seu Máximo


A partir de 1709, o Brasil já estava dividido em sete estados. Onde hoje abrange parte da Amazônia,
no Norte do país, localizava-se a província do Grão-Pará. Abaixo, na área que pertence atualmente a
Rondônia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Minas Gerais, Goiás, São Paulo e parte do
Paraná, era dominada pelo Estado de São Paulo. O estado do Nordeste era ocupado apenas por
Maranhão, Pernambuco e Bahia. Na região Sul, apenas a província de São Pedro. A Sudeste, o Rio de
Janeiro.

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


4
Divisão territorial do Brasil (1822)

Em 1822, ano da independência brasileira, o território brasileiro configurava-se assim:

Brasil em 1822

Observe que, em 1822, os limites do território brasileiro assemelhavam-se aos atuais. Nesse caso,
deve-se destacar a região da Cisplatina, que na época pertencia ao Brasil. Pouco tempo depois, a
Cisplatina tornou-se independente do Brasil e passou a se chamar Uruguai.

1823: Províncias Imperiais

No ano de 1823, um ano após a Declaração da Independência, foram acrescentados ainda mais
territórios. O Brasil ganhou os estados do Rio Grande do Norte, Pernambuco, Paraíba, Alagoas, Ceará e
Piauí. No Sul, houve o acréscimo do estado de Santa Catarina e da Província da Cisplatina, o atual
Uruguai.

Divisão territorial do Brasil (1889)

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


5
Na época da independência, a divisão político-administrativa brasileira era baseada em províncias, e
não em estados, como hoje em dia. Repare como as diversas províncias existentes em 1822, assim como
suas fronteiras, deram origem a muitos estados atuais.
Até o fim do Império e a formação da República, em 1889, o território brasileiro sofreu algumas
pequenas modificações. Da mesma forma, alguns territórios deixaram de pertencer a algumas províncias
e foram incorporados a outras, como mostra o mapa acima.
Com a instauração da República, a divisão político-administrativa brasileira, que antes compunha
várias províncias, passou a se basear em estados. Dessa forma, o Brasil tornou-se uma República
Federativa, composta por diferentes unidades.
Desde 1889 foram criados alguns estados novos, bem como uma nova divisão político-administrativa:
os territórios federais. Esses territórios integravam diretamente a União, sem pertencer a nenhum
estado. Em 1988, os territórios federais existentes foram extintos e suas áreas foram incorporadas a
estados vizinhos.

As Unidades Federativas do Brasil

As unidades federativas são entidades político-administrativas e territoriais vinculadas ao Estado


Nacional – no caso brasileiro, à República Federativa.
Elas possuem autonomia no que diz respeito à eleição de seus governantes, à criação de determinadas
leis e à cobrança de impostos.
Atualmente, o Estado brasileiro é composto por 27 unidades federativas: 26 estados e o Distrito
Federal, onde se localiza Brasília, a capital do país.
O estado é composto por diversos municípios. Todos os estados possuem um governador e uma
assembleia legislativa que são responsáveis por gerir e regular as políticas dentro de seu território.

O Brasil no Mundo: Localização e Extensão

Posição Geográfica e Noções Cartográficas do Brasil


Os pontos extremos do Brasil são: setentrional – nascente do Rio Ailã, no Monte Caburaí (em Roraima,
fronteira com a Guiana); meridional: Arroio Chuí (no Rio Grande do Sul, fronteira com o Uruguai); oriental:
Ponta do Seixas (na Paraíba); ocidental: a nascente do Rio Moa, na Serra do Divisor ou Contamana (no
Acre, na fronteira com o Peru).

O gigantismo do território brasileiro se confirma pelos 15.719 quilômetros de fronteiras que o Brasil
possui com quase todos os países da América do Sul (exceto Chile e Equador), bem como pelos 7.367
quilômetros de costa atlântica.
Cerca de 90% de seu território se encontra entre a Linha do Equador e o Trópico de Capricórnio, e que
o predomínio das terras nas baixas latitudes confere ao Brasil características típicas de um país tropical.
A expressiva amplitude longitudinal do Brasil explica a adoção de diferentes fusos horários.

A Posição Latitudinal do Brasil e suas Implicações


A latitude corresponde ao ângulo formado pela distância de um lado paralelo em relação à Linha do
Equador.
A variação latitudinal implica mudanças da obliquidade, isto é, da inclinação com a qual os raios solares
incidem sobre a superfície terrestre.
No território brasileiro, dadas as suas grandes dimensões, essa mudança da inclinação da incidência
solar é relativamente perceptível.
O extremo sul do Brasil recebe raios oblíquos, que implicam temperaturas médias anuais mais baixas
e, consequentemente, climas mais amenos em comparação àqueles dominantes na maior parte do país.
Quanto a extensão latitudinal do Brasil e a localização espacial do extremo sul, essa porção do território
brasileiro está situada ao sul do Trópico de Capricórnio, o que implica obliquidade maior. Por isso, é
dominada pelo clima zonal temperado, cujas temperaturas médias estão entre as mais baixa registradas
no país.

A Posição Longitudinal do Brasil e suas Implicações


A longitude corresponde ao ângulo formado pela distância de um ponto qualquer da superfície
terrestre em relação ao meridiano de Greenwich, que, divide a Terra em dois hemisférios: o Ocidental e
o Oriental.

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


6
A longitude varia de zero a 180 graus a partir do Meridiano de Greenwich, tanto para o leste, como
para oeste. O território brasileiro se localiza integralmente no Hemisfério Ocidental.

Fronteiras Marítimas do Brasil

Nas últimas décadas do século XX, uma nova fronteira chamou a atenção da sociedade e do governo
brasileiro: e as águas do Oceano Atlântico que banham nosso território.
Isso tem um motivo: a tecnologia desenvolvida durante a Segunda Guerra Mundial criou navios mais
rápidos que os anteriores e com maior capacidade de carga, que podem viajar a grandes distâncias,
explorando economicamente as águas longe de seus territórios de origem. Gigantescos navios frigoríficos
japoneses e europeus, por exemplo, passaram a dispor de recursos que lhes permitem explorar, até a
exaustão, os cardumes que se deslocam em alto-mar.
Essa acelerada evolução tecnológica trouxe novas perspectivas às nações, que passaram a considerar
o mar não só uma via de transportes ou fonte de alimentos, mas um grande gerador de riquezas e
matérias-primas. Assim, os mares e oceanos tornaram-se estratégicos, e muitos países passaram a tentar
incorporar áreas marítimas aos seus territórios.
Depois da Segunda Guerra Mundial, a ONU patrocinou diversas reuniões sobre os limites marinhos.
Elas ficaram conhecidas como Conferências das Nações Unidas sobre o Direito do Mar. Nessa época,
muitos defendiam que os recursos dos fundos marinhos, situados além das jurisdições nacionais, fossem
considerados patrimônio comum da humanidade. Dessa maneira, passou a ser necessário determinar os
limites marítimos de cada Estado costeiro.
Enquanto ocorriam essas negociações, o Brasil adotou, em 1970, para resguardar os interesses
econômicos do país e por razões de segurança nacional, o limite de 200 milhas náuticas (cerca de 370
quilômetros) para exploração das águas territoriais brasileiras.
Nessas águas – cerca de 2 milhões de quilômetros quadrados de superfície aquática – somente navios
brasileiros e de empresas estrangeiras com autorização do governo brasileiro poderiam exercer alguma
atividade. Navios estrangeiros sem licença pagariam multas e seriam apreendidos.
Em 1982, na Jamaica, foi assinada a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (CNUDM).
Foi nessa convenção que os limites marítimos dos países foram definidos, da seguinte forma:

* mar territorial: compreende a faixa de 12 milhas marítimas (cerca de 22 quilômetros) de largura,


medidas a partir do litoral e das ilhas brasileiras. Nesse espaço marítimo, o Estado costeiro tem total
controle sobre as águas, o espaço aéreo e o fundo do mar;

* zona contígua: delimitada por 12 milhas além do limite do mar territorial. Essa faixa é importante,
pois se trata de uma área de segurança, onde os países podem fiscalizar todas as embarcações que nela
navegarem;

* zona econômica exclusiva: área que se estende até 200 milhas além do mar territorial. Pela
convenção da ONU, os Estados costeiros têm o direito de explorar e a obrigação de conservar os recursos
(sejam eles minerais ou pesqueiros) que se encontram em toda essa região. Desde o início da década
de 1980, o Brasil vem realizando estudos para identificar o potencial de pesca no Oceano Atlântico e zelar
pela manutenção dele;

* plataforma continental: conforme a convenção de 1982, corresponde ao leito e ao subsolo das


áreas submarinas que se estendem além do seu mar territorial.

Os países que tiverem intenção de ampliar sua atuação para além das 200 milhas devem apresentar
um relatório para a Convenção da ONU, provando que a plataforma continental se prolonga para além de
200 milhas.
Para cumprir essa determinação, o governo brasileiro criou, na década de 1980, o projeto
Levantamento da Plataforma Continental (Leplac). Cientistas, militares e técnicos da Petrobras
participaram dessa empreitada, e o relatório em 2013 já havia sido praticamente todo aprovado pela
comissão da ONU. Assim, o Brasil controlaria a área de 4,5 milhões de quilômetros quadrados no mar, o
que praticamente equivale, em extensão territorial, a uma nova Amazônia. Foi por isso que muitos
passaram a chamar essa região de Amazônia Azul.
Nessa área ocorre quase 80% da exploração petrolífera brasileira. Muitos especialistas afirmam que
em um futuro próximo será possível explorar outros minerais que existem no fundo do mar.

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


7
Por esse tratado, o Brasil também é responsável, por exemplo, por operações de resgate em uma área
muito maior que a Amazônia Azul. Trata-se de uma nova fronteira que ainda precisa ser muito estudada
e conhecida.

A Divisão Regional do IBGE

Os primeiros estudos de divisão regional datam de 1941 e foram realizados sob a coordenação do
engenheiro, geógrafo e professor Fábio Macedo Soares Guimarães (1906-1979). Ao avaliar as diversas
propostas de divisão regional que já existiam naquela época, esse trabalho visava a elaborar uma única
divisão regional do Brasil para a divulgação de dados estatísticos sobre a realidade socioespacial de
nosso país.
Foi assim que, em 1942, surgiu a primeira divisão regional do IBGE, que levava em conta sobretudo
as características naturais. Era constituída por cinco grandes regiões: Norte, Nordeste, Leste, Sul e
Centro-Oeste. A região Nordeste foi subdividida em Nordeste Ocidental e Nordeste Oriental. Por sua vez,
a região Leste foi subdividida em Leste Setentrional e Leste Meridional.
Em 1945, o IBGE divulgou uma nova divisão regional do Brasil, levando em consideração, agora, sub-
regiões denominadas zonas fisiográficas, baseadas no quadro físico do território, com vistas ao
agrupamento de dados estatísticos municipais, em unidades espaciais de dimensão mais reduzida que
as das unidades da federação.
Desde então, uma sucessão de divisões regionais foi proposta pelo IBGE.
Ressalta-se que, em todas as divisões regionais propostas pelo IBGE, há um aspecto importante em
comum: os limites das regiões coincidem com os limites estaduais.
Evidentemente, essas divisões regionais não levam em conta as especificidades naturais do nosso
país. O norte de Minas Gerais, por exemplo, apesar de abrigar paisagens naturais típicas do Sertão
nordestino, integra a região Sudeste.

Lista do Estados e Capitais por região

Região Norte
Acre – Capital: Rio Branco.
Amapá – Capital: Macapá.
Amazonas – Capital: Manaus.
Pará – Capital: Belém.
Rondônia – Capital: Porto Velho.
Roraima – Capital: Boa Vista.
Tocantins – Capital: Palmas.

Região Nordeste
Alagoas – Capital: Maceió.
Bahia – Capital: Salvador.
Ceará – Capital: Fortaleza.
Maranhão – Capital: São Luís.
Paraíba – Capital: João Pessoa.
Pernambuco – Capital: Recife.
Piauí – Capital: Teresina.
Rio Grande do Norte – Capital: Natal.
Sergipe – Capital: Aracaju.

Região Centro-Oeste
Goiás – Capital: Goiânia.
Mato Grosso – Capital: Cuiabá.
Mato Grosso do Sul – Capital: Campo Grande.
Distrito Federal – Capital: Brasília.

Região Sudeste
Espírito Santo – Capital: Vitória.
Minas Gerais – Capital: Belo Horizonte.
São Paulo – Capital: São Paulo.
Rio de Janeiro – Capital: Rio de Janeiro.

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


8
Região Sul
Paraná – Capital: Curitiba.
Rio Grande do Sul – Capital: Porto Alegre.
Santa Catarina – Capital: Florianópolis.

Questões

01. (Instituto Rio Branco – Diplomata – CESPE) Julgue (C ou E) o próximo item, relativo à formação
histórica do território brasileiro.
A formação histórica do território brasileiro iniciou-se com a assinatura do Tratado de Madri, que
determinou, por meio da criação de uma linha imaginária, o primeiro limite territorial da colônia portuguesa
nas Américas.
(....) Certo (....) Errado

02. (TJ/SC – Analista Administrativo – TJ/SC) Sobre o território brasileiro, sua localização geográfica
e sua organização política-territorial, todas as alternativas estão corretas, EXCETO:
(A) O Brasil é uma república federativa formada por 27 unidades sendo, 26 estados e um Distrito
Federal.
(B) A divisão política do território brasileiro tem mudado no decorrer do tempo, assim até a Constituição
de 1988 existia no Brasil a denominação de Território Federal.
(C) Os Territórios Federais eram divisões internas do país administradas diretamente pelo governo
federal.
(D) Na divisão política-administrativa do Brasil, em 1988 é extinto o Território Federal de Fernando de
Noronha, que passa a fazer parte do Estado de Pernambuco.
(E) O Brasil ocupa a porção centro-ocidental da América do Sul, portanto, apresenta fronteiras com
quase todos os países sul-americanos exceto, o Chile e Equador.

03. (DPE/SP – Oficial de Defensoria Pública – FCC) O Estado Brasileiro organiza-se, política e
administrativamente, sob a forma de
(A) confederação democrática.
(B) república parlamentarista.
(C) república federativa.
(D) federação parlamentarista.
(E) confederação parlamentarista.

04. (IF/PI – Assistente em Administração – FUNRIO) A organização político-administrativa da


República Federativa do Brasil compreende
(A) a União e os Estados, somente.
(B) a União, os Estados e o Distrito Federal, somente.
(C) a União e o Distrito Federal, somente.
(D) os Estado, o Distrito Federal e os Municípios, somente.
(E) a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios.

Gabarito

01. Errado / 02.E / 03.C/ 04.E

Comentários

01. Resposta: Errado


A colonização foi um dos processos que definiram a formação populacional brasileira.
A partir do século XV, os europeus – especialmente os portugueses, seguidos dos espanhóis –
iniciaram a expansão marítima que os levou à conquista de terras até então desconhecidas – na África,
na Ásia e na América.

02. Resposta: E
O Brasil é considerado um país continental, se encaixa entre os cinco maiores países do mundo. Ocupa
a porção centro-oriental do continente, fazendo fronteira com quase todos os países sul-americanos
(exceção do Chile e do Equador).

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


9
03. Resposta: C
A organização do Estado Brasileiro segue a seguinte fórmula: A forma de Estado é a Federação. A
forma de governo é a República. O sistema de governo é o Presidencialismo e o Regime de Governo é a
Democracia.
Portanto, a organização do Estado política e administrativamente é na forma da República Federativa.

04. Resposta: E
Artigo 18, CF/88: A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil compreende
a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta Constituição.

a. A integração brasileira ao processo de internacionalização da economia; o


desenvolvimento econômico e social; e os indicadores sociais do Brasil.

ECONOMIA BRASILEIRA APÓS A ABERTURA POLÍTICA1

A Abertura Comercial, a Privatização e As Concessões de Serviços

Ao longo da década de 1980, a ciranda financeira e as altas taxas de inflação, com a consequente
perda do poder de compra dos salários, levaram a um período de estagnação na produção industrial e ao
baixo crescimento econômico (o PIB brasileiro cresceu em média 2,7% nos anos 1980). A necessidade
de controlar a inflação e ajustar as contas externas levou os governos, tanto o do general João Baptista
Figueiredo (1979-1985) quanto o de José Sarney (1985-1989), a se preocupar com ajustes de curto prazo
na política econômica. Essa prioridade significou uma década inteira sem planejamento econômico de
longo prazo, o que levou a uma queda de 5% na participação da produção industrial no PIB brasileiro.
Por causa da alta inflação, os preços eram remarcados diariamente e, por isso, as pessoas geralmente
faziam suas comprar assim que recebiam o salário.
A política econômica do governo de Sarney desenvolveu um incipiente processo de privatização de
empresas estatais (dezessete, ao todo), começando a retirar o Estado do setor produtivo para concentrar
sua ação na fiscalização e na regulamentação.
No governo seguinte, de Fernando Collor de Mello (1990-1992), o primeiro presidente eleito pela
população após o fim da ditadura, foi criado o Plano Collor, que, além do confisco dos depósitos bancários
em dinheiro (superiores a 50 mil cruzeiros2), se apoiava em outros três pontos:
→ Privatização de empresas estatais;
→ Eliminação dos monopólios do Estado em telecomunicações e petróleo e fim da discriminação ao
capital estrangeiro;
→ Abertura da economia ao ingresso de produtos e serviços importados.
Essas medidas tiveram continuidade durante os governos de Itamar Franco (que sucedeu a Fernando
Collor) e de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002).
A abertura do mercado brasileiro aos bens de consumo e de capital exerceu grande influência no
processo de industrialização do Brasil. A compra no exterior de máquinas e equipamentos industriais de
última geração possibilitou modernizar o parque industrial e aumentar a produtividade, mas, por outro
lado, acarretou o desemprego estrutural.
No setor de bens de consumo, a entrada de produtos importados de países que aplicavam elevados
subsídios às exportações e pagavam baixíssimos salários (com destaque para a China, nos setores de
calçados, têxteis e de brinquedos) provocou a falência de muitas indústrias nacionais, contribuindo para
elevar ainda mais o desemprego. De outro lado, a concorrência com mercadorias importadas fez a
qualidade de muitos produtos nacionais melhorar e levou a uma significativa redução dos preços.
A abertura econômica propiciou um aumento no número de empresas multinacionais e uma
diversificação de marcas, além de uma dispersão espacial das fábricas (por exemplo, até então existiam
indústrias automobilísticas apenas em São Paulo e Minas Gerais).
A privatização de empresas estatais e a concessão de exploração dos serviços de transporte, energia
e telecomunicações a empresas privadas nacionais e estrangeiras apresentaram aspectos positivos e
negativos, dependendo da forma como foram realizadas as transferências e dos problemas relacionados
à administração e à fiscalização. A maioria das empresas privatizadas, quando eram estatais, dependia

1
NE, Eustáquio de. Geografia geral e do Brasil. Volume único. Eustáquio de Sene, João Carlos Moreira. 6ª edição. São Paulo: Ática, 2018.
2 Cerca de R$ 3.238,79 em valores de abril de 2018, usando o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) como indexador.

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


10
de recursos do governo e não pagava diversos tipos de impostos. Ao privatizá-las, os governos federal,
estaduais e municipais passavam a arrecadar impostos. Por exemplo, no setor siderúrgico, a única estatal
lucrativa era a Usiminas, que, estrategicamente, foi a primeira a ir a leilão, para que os investidores
acreditassem na disposição de reforma estrutural do Estado brasileiro.
Na indústria automobilística, embora num primeiro momento tenha havido grande redução no número
de trabalhadores por unidade fabril, verificou-se significativo aumento no número de instalações
industriais, com a entrada de novas fábricas, que até então não produziam no Brasil (Honda, Toyota,
Renault, Peugeot, entre outras), e novos investimentos de outras empresas, que já estavam instaladas
antes da abertura às importações, como a construção de uma nova fábrica da Ford em Camaçari (BA).
Segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), em 2017, além
dos automóveis de passeio, a indústria automobilística brasileira produziu 728.091 veículos comerciais
leves, 28.220 caminhões e 9.102 ônibus, totalizando 766.013 veículos. O aumento no volume de
produção indicado na década de 1990 foi acompanhado por uma redução no número de empregos, que
se recuperou somente a partir de 2010. Isso se explica pela modernização da linha de produção e pelo
fato de as montadoras que se instalaram recentemente já empregarem tecnologia de ponta. A abertura
comercial obrigou as indústrias a buscar uma melhor relação qualidade-preço para seus produtos.
Entre 2014 e 2016, o país entrou em recessão, com PIB negativo, juros, inflação e taxas de
desemprego em alta.
Nos setores de transportes e telecomunicações, além de as empresas serem deficitárias, os sistemas
estavam sucateados e o Estado tinha baixa capacidade de investimento para recuperá-los. As rodovias
estavam malconservadas e uma linha telefônica era considerada um patrimônio pessoal, chegando a
custar 5 mil reais (praticamente 5 mil dólares) no mercado paralelo em 1995. Além disso, as tarifas
públicas, como energia elétrica, telefonia, pedágios, etc., estavam muito defasadas. Esses valores eram
estabelecidos segundo conveniências políticas e manipulados para que não pressionassem as taxas de
inflação.
Com a privatização e a concessão de exploração dos serviços públicos, esses setores receberam
investimentos privados, expandiram-se e passaram a operar em condições melhores que anteriormente,
à custa de aumento nas tarifas.
O aumento no preço dos pedágios, do pulso telefônico ou da energia elétrica obedece às condições
estabelecidas nos contratos de concessão. Para aumentar os preços, as empresas concessionárias
devem cumprir metas de investimento, comprovar aumento de custos ou registrar em contrato que o
reajuste estará atrelado a algum índice de inflação. Em alguns casos, até o percentual de lucro que as
empresas podem obter está estabelecido em contrato.
Na década de 1990, os governos eram acusados pelos partidos de oposição de vender o patrimônio
do Estado e abandonar a infraestrutura nas mãos da iniciativa privada, com prejuízo para a população.
Daquela época até os dias atuais, o Estado continua comandando os setores concedidos e privatizados
por meio de agências reguladoras: Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Agência Nacional de
Telecomunicações (Anatel), Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP),
Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), entre outras.
O setor de energia elétrica, entretanto, constitui um dos casos de má gestão, tanto por parte do governo
quanto das empresas concessionárias. Em 2001, foi imposto um racionamento à população e, em 2009
e 2012, ocorreram colapsos no abastecimento que deixaram grande parte dos países sem energia elétrica
por algumas horas (episódios conhecidos como “apagões”).
Outro caso são as empresas de telefonia, que apesar de promoverem uma grande expansão no
serviço, garantindo acesso quase universalizado à população, não mostraram melhorias técnicas e de
atendimento ao consumidor, prestando serviços com qualidade inferior aos prestados por empresas
semelhantes nos países desenvolvidos. Não é raro os sistemas dessas empesas entrarem em pane e
ocorrer desrespeito às normas legais de atendimento ao cliente. Em razão disso, as regências
reguladoras lavram multas, ou até proíbem a expansão do atendimento.
Outro fator problemático é que, geralmente, os salários dos trabalhadores não são indexados, ou seja,
não acompanham a inflação, fazendo com que os reajustes das tarifas, ano a ano, comprometam cada
vez mais os orçamentos familiares.
A forte expansão no setor de telefonia, no período de 1997 a 2017, demandou investimentos estimados
em mais de 20 bilhões de dólares. Como havia interesse do setor privado em investir e o governo não
possuía recursos ou preferia dar outro destino ao dinheiro, optou-se por privatizar o setor para atrair
investimentos.
Uma das principais críticas ao processo de privatização e concessão refere-se ao destino dado ao
dinheiro arrecadado pelo governo nos leilões, direcionado ao pagamento de juros da dívida interna, sem
amortização do montante principal, e à desnacionalização provocada por esse processo.

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


11
Até 1998 o sistema de telefonia brasileiro era monopólio do Estado; a partir daí, porém, passou a
receber investimentos do setor privado o que ampliou bastante a disponibilidade de linhas telefônicas
fixas e móveis.
As privatizações e a abertura da economia brasileira possibilitaram o ingresso do capital estrangeiro
em setores produtivos anteriormente dominados pelo Estado e por empresas de capital privado nacional.
Assim, a partir de 1990, foram obtidos superávits à custa de maior desnacionalização da economia. Isso
fez a economia brasileira reduzir sua dependência do capital especulativo, o que a tornou mais sólida e
mais bem estruturada, mas aumentou a saída de dólares na forma de remessa de lucros e pagamento
de royalties às matrizes das empresas que se instalaram no país. Em contrapartida, a acelerada
modernização de alguns setores da economia fez aumentar a competitividade da nossa produção agrícola
e industrial no mercado internacional, embora o Brasil ainda tenha uma economia muito fechada do ponto
de vista comercial quando comparada à de outros países.
A partir de 2015, a China tornou-se um grande investidor de infraestrutura e outros setores na
economia brasileira. Um exemplo disso é a usina hidrelétrica de Campos Novos no rio Canoas, em Santa
Catarina. Essa usina pertence à CPFL, antiga empresa estatal comprada por empresa chinesa.

Estrutura e Distribuição da Indústria Brasileira

Em 2015, a indústria de transformação era responsável por 10% do PIB brasileiro. Segundo o IBGE
(Pesquisa Industrial Anual, de Empresas), as atividades mais importantes nesse ano foram:
→ 20% na fabricação de produtos alimentícios e bebidas;
→ 10% de derivados de petróleo e biocombustíveis;
→ 10% de produtos químicos e farmacêuticos;
→ 8% na metalurgia e produtos de metal;
→ 7% em máquinas e equipamentos e materiais elétricos;
→ 6% na fabricação de veículos automotores;
→ 2% em informática, eletrônicos e ópticos.
Seguindo tendência mundial, o parque industrial se modernizou e ganhou impulso com a instalação de
diversos tecnopolos espalhados pelo país. Há parques tecnológicos em todas as regiões, somando 94
(em 2015: 28 em operação, 28 em fase de implantação e 38 em fase de projeto). Os principais estão
localizados em:
Sudeste: São Paulo, Campinas e São José dos Campos (SP); Santa Rita do Sapucaí e Viçosa (MG)
e Rio de Janeiro (RJ);
Nordeste: Recife (PE); Fortaleza (CE); Campina Grande (PB) e Aracaju (SE);
Sul: Porto Alegre (RS); Florianópolis (SC) e Cascavel (PR);
Centro-Oeste: Brasília (DF);
Norte: Manaus (AM) e Belém (PA).

Alguns aspectos positivos da dinâmica atual da indústria brasileira se destacam:


Grande potencial de expansão do mercado interno, com desconcentração de produção e consumo;
Aumento na produtividade;
Melhora da qualidade dos produtos.

A indústria ainda enfrenta, porém, vários problemas que aumentam os custos e dificultam a maior
participação no mercado externo, como:
Preço elevado da energia elétrica;
Flutuação cambial: quando o dólar está alto em relação ao real, isso favorece as exportações de
produtos industrializados, porque os exportadores recebem mais, em reais, por unidade vendida; porém,
encarece as importações de máquinas e equipamentos para as indústrias. Quando o dólar está baixo,
acontece o contrário: isso encarece as exportações, mas barateia as importações;
Problemas de logística, como deficiências e altos preços nos transportes, com predomínio do
rodoviário;
Baixo investimento público e privado em desenvolvimento tecnológico;
Insuficiente qualificação da força de trabalho;
Elevada carga tributária (todos os impostos pagos aos governos municipais, estaduais e federal);
Barreiras tarifárias e não tarifárias impostas por outros países à importação de produtos brasileiros.

Esses problemas explicam, em parte, a redução da participação percentual do setor industrial na


composição do PIB a partir da metade da década passada.

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


12
Brasil: número de empregos por gênero de indústrias (mercado formal) – 2006/2015
Discriminação 2006 2011 2015
Indústria extrativa 183.188 232.588 228.997
mineral
Indústria da construção 1.438.713 2.810.712 2.853.635
civil
Indústrias de 6.253.684 7.681.193 8.263.436
transformação
Industria (total) 7.875.585 11.161.199 11.346.118

A abertura econômica do país na década de 1990 facilitou a entrada de muitos produtos importados,
forçando as empresas nacionais a se modernizar e incorporar novas tecnologias ao processo produtivo
para concorrer com as empresas estrangeiras.
Apesar da modernização, continua havendo aumento no contingente de trabalhadores na indústria da
maior parte dos gêneros. Porém, esse aumento não acompanhou o ritmo de ingresso de mão de obra no
mercado de trabalho.
A associação entre pesquisa tecnológica e empresas públicas e privadas atrai investimentos
produtivos para todos os setores da economia.

Desconcentração da Atividade Industrial


Em função de fatores históricos e de novos investimentos em infraestrutura, o parque industrial
brasileiro vem se desconcentrando e apresenta maior dispersão espacial dos estabelecimentos industriais
em regiões historicamente marginalizadas. A tabela a seguir revela a redução da participação do Sudeste
e o aumento das demais regiões no valor da produção industrial. Observe no mapa abaixo a concentração
do parque industrial.

Brasil: Distribuição Regional do Valor da Transformação Industrial – 1970-2015. Participação


(%)
Região 1970 1980 2000 2010 2015
Sudeste 80,7 72,6 66,1 61,0 58,0
Sul 12,0 15,8 18,2 18,2 19,8
Nordeste 5,7 8,0 8,9 9,3 10,4
Norte e 1,6 3,6 6,8 11,5 11,8
Centro-Oeste

Desde o início do século XX até a década de 1930, o eixo São Paulo-Rio de Janeiro abrangeu mais
da metade do valor da produção industrial brasileira; mas mesmo assim a organização espacial das
atividades econômicas era dispersa. As atividades econômicas regionais progrediam de forma quase
totalmente autônoma. As atividades da região Sudeste, onde se desenvolvia o ciclo do café, quase não
interferiam nas atividades econômicas que se fortaleciam no Nordeste (cana, tabaco, cacau e algodão)
ou no Sul (carne, indústria têxtil e pequenas agroindústrias de origem familiar) nem sofriam interferência
dessas atividades. As indústrias de bens de consumo, a maioria ligada aos setores alimentício e têxtil,
escoavam a maior parte da sua produção apenas em escala regional. Somente um pequeno volume era
destinado a outras regiões, não havendo significativa competição entre as empresas instaladas nas
diferentes regiões do país, consideradas até então arquipélagos econômicos regionais.
Embora ainda haja grande concentração industrial no Sudeste e no Sul do país, atualmente o parque
industrial está se dispersando e já há várias localidades interioranas nas regiões Norte, Centro-Oeste e
Nordeste que apresentam mais de cem empresas industriais.
A crise do café e o impulso à industrialização, comandado pelo Sudeste, alteraram esse quadro. Os
mercados regionais se integraram mais fortemente, comandados pelo centro econômico mais dinâmico
do país, o eixo São Paulo-Rio de Janeiro, interligando os arquipélagos econômicos regionais. A
participação de produtos industriais do Sudeste nas demais regiões do país aumentou, o que levou muitas
indústrias, principalmente nordestinas, à falência.
Além do fator histórico, as atividades industriais tenderam a se concentrar no Sudeste por causa de
dois outros motivos:
→ A complementaridade industrial: as indústrias de autopeças tendem a se localizar próximo às
automobilísticas; as petroquímicas, próximo às refinarias; etc.;

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


13
→ A concentração de investimentos públicos no setor de infraestrutura industrial: o governo gasta
menos concentrando investimentos em determinada região, em vez de distribuí-los pelo território
nacional, sobretudo no início do processo de industrialização, quando os recursos eram mais escassos.
A primeira grande ação governamental para dispersar o parque industrial aconteceu em 1968, com a
criação da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) e do polo industrial naquela cidade,
o que promoveu grande crescimento econômico. Em seguida, estabeleceram-se os Planos Nacionais de
Desenvolvimento dos governos Médici (1969-1974) e Geisel (1974-1979), e começaram a ser
inauguradas as primeiras usinas hidrelétricas nas regiões Norte e Nordeste. Quando o governo passou a
atender ao menos parte das necessidades de infraestrutura das regiões historicamente marginalizadas,
começou a haver um processo de dispersão do parque industrial pelo território, não apenas em escala
nacional, mas regional.
Não só as indústrias se deslocaram, como também a mão de obra. Os donos das indústrias passaram
a buscar mão de obra mais barata e lugares onde os sindicatos não eram tão atuantes.
Seguindo uma tendência já verificada em países desenvolvidos e mesmo no estado de São Paulo, o
mais equipado do país quanto à infraestrutura, tem ocorrido um processo de deslocamento das indústrias
em direção às cidades médias em todas as regiões do país, como as que receberam a instalação dos
parques tecnológicos. O desenvolvimento da informática e a modernização da infraestrutura de produção
de energia, transporte e telecomunicação criaram condições de especialização produtiva por intermédio
da integração regional. Nas regiões, buscam-se, atualmente, a especialização em poucos setores da
atividade econômica e a aquisição, em outros mercados (do Brasil ou do exterior), dos bens de consumo
que atendam ao cotidiano da população.

Estrutura e Distribuição Espacial do Comércio e dos Serviços

Desde o final do século XIX, as atividades terciárias (comércio e serviços) concentram a maior
participação no PIB e no número de empregos no país, porque é nelas que circulam todos os bens
produzidos nas atividades primárias e secundárias e são prestados os diversos tipos de serviços a
pessoas e empresas de todos os setores.
As empresas que exercem as atividades de comércio e serviços possuem grande diversidade e
complexidade em termos de tamanho, qualidade, produtividade, número de empregados, faturamento,
etc.
No Brasil, segundo o Atlas Nacional de Comércio e Serviços (IBGE, 2013), em 2011, 99% das
empresas que exerciam atividades terciárias eram micro oi pequenas, envolvendo ramos de atividade
que atuam em pequena escala, como salões de beleza, oficinas de costura, pequeno comércio,
manutenção de equipamentos domésticos, entre outros. No total, as micro e pequenas empresas
ocuparam, naquele ano, 51,6% da mão de obra do setor, o que significa dizer que 1% das empresas que
exerciam atividades terciárias era de médio e grande portes e ocupava 48,4% da mão de obra. Na maioria
das empresas que exercem atividades terciárias, como alguns comércios e prestação de serviços, vigora
o uso intensivo de mão de obra familiar e contratada em atividades nas quais há dificuldade de
substituição de pessoas por “máquinas”.
Alguns setores de comércio e serviços podem ser automatizados, substituindo trabalhadores por
computadores, câmeras de monitoramento, etc., o que reduz a quantidade de empregos. Isso já acontece,
há algum tempo, por exemplo, em bancos e empresas de segurança, entre outros.
Observe a tabela abaixo e perceba que, em 2015, 84,3% das empresas brasileiras atuavam em
comércio ou serviços, empregando 70,6% do pessoal ocupado no Brasil.

Brasil: empresas e pessoal ocupado por setor em 2015


Setores Empresas (em%) Pessoal ocupado (em%)
Comércio 44,0 29,3
Serviços 40,3 41,3
Construção Civil 5,4 7,1
Indústria 9,5 21,1
Demais 0,8 1,2
Total 100,0 100,0

A distribuição espacial das atividades terciárias segue o padrão da distribuição da população pelo
território, com concentração espacial no Centro-Sul do país e nas regiões de economia mais dinâmica.
Segundo o Atlas Nacional de Comércio e Serviços, em 2011, as regiões Sudeste e Sul concentravam:

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


14
81,1% da receita bruta de prestação de serviços;
81,3% do valor dos salários, retiradas e outras remunerações;
60,3% do pessoal ocupado.
Ainda segundo esse documento, a receita bruta do comércio brasileiro se concentrava no comércio
por atacado nas regiões Norte (47,7%), Sudeste (44,4%) e Centro-Oeste (42,6%). Já o comércio varejista
obteve maior representação na Região Nordeste (48,2%). Na Região Sul, o comércio por atacado (42,8%)
e o varejista (42,7%) obtiveram percentuais praticamente equivalentes. No entanto, naquele ano, o
comércio varejista foi responsável pelo maior número de pessoas ocupadas em todo o Brasil.
O rendimento médio do trabalho também apresentava diferença em sua distribuição espacial. A região
Sudeste apresentava a maior média, com 2 salários mínimos, acima da média brasileira, que foi de 1,8,
enquanto as regiões Nordeste e Centro-Oeste ficaram abaixo (1,4 e 1,7, respectivamente).
É interessante destacar que algumas empresas de prestação de serviços que não demandam
presença física próxima ao cliente, como telecomunicação e tele atendimento, embora apresentem
pequena participação percentual no conjunto total das atividades terciárias, estão se instalando em
municípios de regiões distantes das quais se originaram.
O comércio atacadista de alimentos está concentrado espacialmente nos médios e grandes centros
urbanos e abastece tanto a população em geral como os varejistas espalhados por diversos bairros e
outros municípios, onde só há comércio de pequeno e médio portes.

Questões

01. (GasBrasiliano – Economista Júnior – IESES/2017) A abertura da economia brasileira à


concorrência internacional nos anos 90 resultou em vários aspectos, EXCETO:
(A) Redução de tarifas de importação.
(B) Introdução de inovações tecnológicas na economia nacional.
(C) Redução da produtividade da economia nacional.
(D) Aumento da competitividade na economia nacional.

02. (IBGE – Tecnologista – FGV) O gráfico 1 apresenta a dispersão geográfica das multinacionais
brasileiras no mundo. O gráfico 2 apresenta a década da primeira internacionalização das empresas
brasileiras.

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


15
Entre os fatores que explicam a dinâmica de internacionalização das empresas brasileiras nas últimas
décadas, está:
(A) a abertura econômica para as empresas brasileiras atuarem no mercado regional sul-americano
na década de 1970;
(B) a assinatura de tratados de livre comércio do Mercosul com outros blocos econômicos, como o
NAFTA e a União Europeia;
(C) as políticas protecionistas, que restringem a entrada de produtos estrangeiros, mas incentivam a
internacionalização das empresas nacionais;
(D) a criação de linhas de crédito voltadas especificamente para a internacionalização produtiva de
empresas brasileiras desde a década de 1980;
(E) a abertura da economia brasileira, a partir da década de 1990, criou condições para a
internacionalização das empresas brasileiras.

Gabarito

01.C / 02.E

Comentários

01. Resposta: C
Alguns aspectos positivos da dinâmica atual da indústria brasileira se destacam:
Grande potencial de expansão do mercado interno, com desconcentração de produção e consumo;
Aumento na produtividade;
Melhora da qualidade dos produtos.

02. Resposta: E
A abertura econômica do país na década de 1990 facilitou a entrada de muitos produtos importados,
forçando as empresas nacionais a se modernizar e incorporar novas tecnologias ao processo produtivo
para concorrer com as empresas estrangeiras.

b. O processo de industrialização brasileira, os fatores de localização e as suas


repercussões: econômicas, ambientais e urbanas.

A INDUSTRIALIZAÇÃO BRASILEIRA3

No início do século XX era necessária uma grande quantidade de trabalhadores nas linhas de produção
e as indústrias impulsionaram grandes transformações no espaço geográfico. Como por exemplo, o
aumento dos fluxos migratórios, de produtos e de serviços, a construção de moradias, o surgimento de
novos bairros, o investimento em transportes coletivos, etc.
Para entendermos o atual estágio de desenvolvimento econômico brasileiro, é necessário conhecer o
contexto histórico do processo de industrialização e de desenvolvimento das atividades terciárias no país.
Desde o período colonial, o desenvolvimento econômico brasileiro, e consequentemente a
industrialização, foram comandados por grupos e setores que pressionaram os governos a atender a seus
interesses políticos e econômicos.
Assim, só é possível entender as etapas da industrialização brasileira se for analisada a conjuntura
econômica (brasileira e mundial) e política de cada momento histórico.
Como exemplo, podemos citar os investimentos em infraestrutura de energia, transportes e
comunicações, que impulsionaram diversos setores da economia. Entretanto, a construção de grandes
usinas hidrelétricas sempre envolve questões socioambientais, como inundações de pequeno ou grande
porte e deslocamento de povos indígenas e de moradores locais.

3 SENE, Eustáquio de. Geografia geral e do Brasil. Volume único. Eustáquio de Sene, João Carlos Moreira. 6ª edição. São Paulo: Ática, 2018.

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


16
Origens da Industrialização

A industrialização brasileira teve início, embora de forma incipiente, na segunda metade do século XIX,
período em que se destacaram importantes empreendedores, como o barão de Mauá, no eixo São Paulo-
Rio de Janeiro, e Delmiro Gouveia, em Pernambuco.
Foi principalmente a partir da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) que o país passou por um
significativo desenvolvimento industrial e maior diversificação do parque fabril, pois, em virtude do conflito
na Europa, houve redução da entrada de mercadorias estrangeiras no Brasil. Observe a tabela abaixo.

Brasil: estabelecimentos industriais existentes em 1920, de acordo com a data de fundação


das empresas
Data de fundação Número de estabelecimentos Valor da produção (%)
Até 1884 388 8,7
1885-1889 248 8,3
1890-1894 452 9,3
1895-1899 472 4,7
1900-1904 1080 7,5
1905-1909 1358 12,3
1910-1914 3135 21,3
1915-1919 5936 26,3
Data desconhecida* 267 1,6
*Corresponde a estabelecimentos industriais existentes em 1920 cuja data de fundação era desconhecida ou não informada.

Em 1919, período posterior à Primeira Guerra Mundial, as fábricas brasileiras eram responsáveis por
70% da população industrial nacional e produziam tecidos, roupas, alimentos e bebidas (indústrias de
bens de consumo não duráveis, com predomínio de investimentos de capital privado nacional). No início
da Segunda Guerra Mundial (1939), essa porcentagem caiu para 58%, porque houve ingresso de
empresas estrangeiras em setores como aço, máquinas e material elétrico.
Apesar da importância dos setores industrial e agrícola na economia brasileira, as atividades terciárias
(como o comércio e os serviços) apresentavam índices de crescimento econômico superiores. Isso
porque é no comércio e nos serviços que circula toda a produção agrária e industrial.
A agricultura cafeeira, principal atividade econômica nacional até então, exigia a construção de uma
eficiente rede de transportes. Assim, as ferrovias foram se desenvolvendo no país para escoar a produção
do interior para os portos. Também se estabeleceram s]um sistema bancário integrado à economia
mundial e um comércio para atender às crescentes necessidades nas cidades.
Nessa época, as indústrias utilizavam muitos trabalhadores nas linhas de produção e impulsionaram
importantes transformações, como o desenvolvimento de transportes coletivos.
Embora tenha passado por importantes períodos de crescimento, como o da Primeira Guerra, a
industrialização brasileira sofreu seu maior impulso apenas a partir de 1929, com a crise econômica
mundial decorrente da quebra da Bolsa de Valores de Nova York. Na região Sudeste do Brasil,
principalmente, essa crise se refletiu na redução do volume de exportações de café e na perda da
importância dessa atividade no cenário econômico, contribuindo para a diversificação da produção
agrícola brasileira.
Outro acontecimento que contribuiu para o desenvolvimento industrial brasileiro foi a Revolução de
1930, que tirou a oligarquia4 agroexportadora paulista do poder e criou novas possibilidades político-
administrativas em favor da industrialização, ema vez que o grupo que tomou o poder com Getúlio Vargas
era nacionalista e favorável a tornar o Brasil um país industrial. Apesar disso, a agricultura continuou
responsável pela maior parte das exportações brasileiras até a década de 1970.
A partir da crise de 1929, as atividades industriais passaram a apresentar índices de crescimento
superiores aos das atividades agrícolas. O colapso econômico mundial diminuiu a entrada de mercadorias
estrangeiras que poderiam competir com as nacionais incentivando o desenvolvimento industrial nacional.
É importante destacar que o cultivo do café permitiu o acúmulo de capitais que serviram para dinamizar
e impulsionar a atividade industrial. Os barões do café, que residiam nos centros urbanos, sobretudo na
cidade de São Paulo, aplicavam enorme quantidade de capital no sistema financeiro, para cuidar da
comercialização da produção nos bancos e investir na Bolsa de Valores. Parte desse capital aplicado
ficou disponível para montar indústrias e investir em infraestrutura. Todas as ferrovias, construídas, com
a finalidade principal de escoar a produção cafeeira para o porto de Santos, interligavam-se na capital

4 Oligarquia é um regime político sob o controle de um pequeno grupo de pessoas pertencentes a um partido, classe ou família. O poder é exercido somente
por pessoas desse pequeno grupo.

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


17
paulista e constituíam um eficiente sistema de transporte. Havia também grande disponibilidade de mão
de obra imigrante que foi liberada dos cafezais pela crise ou que já residia nas cidades, além de
significativa produção de energia elétrica.
A associação desses fatores favoreceu o processo de industrialização, que passou a crescer
notadamente na cidade de São Paulo, onde havia maior disponibilidade de capitais, trabalhadores
qualificados e uma infraestrutura básica, mas também em algumas regiões dos estados do Rio de Janeiro,
Rio Grande do Sul e Minas Gerais.
Na instalação de novas indústrias predominava, com raras exceções, o capital de origem nacional,
acumulado em atividades agroexportadoras. A política industrial comandada pelo governo federal era a
de substituir as importações, visando à obtenção de um superávit cada vez maior na balança comercial
e no balanço de pagamentos, para permitir um aumento nos investimentos nos setores de energia e
transportes.

O Governo Vargas e a Política de “Substituição de Importações”

Getúlio Vargas governou o país pela primeira vez de 1930 a 1945. Tomou posse com a Revolução de
1930, caracterizada pelo aspecto modernizador. Até então, o mundo capitalista acreditava no liberalismo
econômico, ou seja, que as forças do mercado deveriam agir livremente para promover maior
desenvolvimento e crescimento econômico. Com a crise, iniciou-se um período em que o Estado passou
a intervir diretamente na economia para evitar novos sobressaltos do mercado.
De 1930 a 1956, a industrialização no país caracterizou-se por uma estratégia governamental de
criação de indústrias estatais nos setores de bens intermediários e de infraestrutura de transportes e
energia. A Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) foi uma das importantes indústrias que se destacaram
no período, na extração de minerais. Outras de grande destaque foram a Petrobras, para extração de
petróleo e petroquímica; a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN); a Fábrica Nacional de Motores (FNM),
que, além de caminhões e automóveis, fabricava máquinas e motores; e também a Companha
Hidrelétrica do São Francisco (Chesf), para produção de energia hidrelétrica.
Foi necessário um investimento inicial muito elevado para o desenvolvimento desses setores
industriais e para a infraestrutura estratégica. Entretanto, por dar retorno a logo prazo, esse investimento
não interessava ao capital privado, seja nacional, seja estrangeiro. Por isso, o próprio governo o assumiu.
A ação do Estado foi decisiva para impulsionar e diversificar os investimentos no parque industrial do
país, combatendo os principais obstáculos ao crescimento econômico e fornecendo, a preços mais
baixos, os bens intermediários e os serviços de que os industriais privados necessitavam. Era uma política
de caráter nacionalista.
Embora a expressão substituição de importações possa ser utilizada desde que a primeira fábrica
foi instalada no país, foi o governo de Getúlio Vargas que iniciou a adoção de medidas cambiais e fiscais
que caracterizaram uma política industrial voltada à produção interna de mercadorias.
As duas principais medidas adotadas foram a desvalorização da moeda nacional (réis até 1942 e, em
seguida, cruzeiro) em relação ao dólar, o que tornava o produto importado mais caro (desestimulando as
importações), e a introdução de leis e tributos que restringiam, e às vezes proibiam, a importação de bens
de consumo e de produção que pudessem ser fabricados internamente.
Em 1934, Getúlio Vargas promulgou uma nova Constituição, que incluiu a regulamentação das
relações de trabalho, como a criação do salário mínimo, as férias anuais e o descanso semanal
remunerado, o que garantiu o apoio da classe trabalhadora. Com base no apoio popular, Vargas aprovou
uma nova Constituição em 1937, que o manteve no poder como ditador até ser deposto, ao fim da
Segunda Guerra, em 1945, período que ficou conhecido como Estado Novo.
A intervenção do Estado possibilitou um forte crescimento da produção industrial, com exceção do
período da Segunda Guerra. Durante os seis anos desse conflito, em razão da carência de indústrias de
base e das dificuldades de importação, o crescimento industrial brasileiro foi de 5,4%, uma média inferior
a 1% ao ano. Veja a tabela abaixo.

Brasil: taxas de crescimento da produção industrial (em %) – 1939/1945


Metalúrgicas 9,1
Material de transporte -11,0
Óleos vegetais 6,7
Têxteis 6,2
Calçados 7,8
Bebida e fumo 7,6

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


18
Total 5,4
Observe que houve um significativo crescimento na produção interna em diversos setores que
sofreram restrições durante a guerra, mas o setor de transportes, cuja expansão não poderia ocorrer sem
a importação de veículos, máquinas e equipamentos, sofreu forte redução.

Política Econômica e Industrialização Brasileira do Pós-Guerra à Ditadura Militar

O final da Segunda Guerra levou muitos países ao enfrentamento dos problemas que aconteceram
durante os anos do conflito e que prejudicaram o desenvolvimento de muitas atividades econômicas.
No caso brasileiro, entre o final da Segunda Guerra e o início da ditadura militar (1946-1964), houve
alternância de diretrizes na política econômica e de estratégias de desenvolvimento ao longo dos
governos que se sucederam nesse período: Dutra, retorno de Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek, Jânio
Quadros e João Goulart.
Políticas Econômicas

O Governo Dutra (1946-1951)


O general Eurico Gaspar Dutra assumiu a presidência em 1946 e instituiu o Plano Salte, destinando
investimentos ao setores de saúde, alimentação, transportes, energia e educação.
No decorrer do governo Dutra, as reservas de capital acumuladas durante a Segunda Guerra foram
utilizadas com:
a) importação de máquinas e equipamentos para as indústrias têxteis e mecânicas;
b) reequipamento do sistema de transportes;
c) incremento da extração de minerais metálicos, não metálicos e energéticos.
Houve também abertura à importação de bens de consumo, o que contrariava os interesses da
indústria nacional.
Os empresários nacionais defendiam a reserva de mercado.

O Retorno de Getúlio e da Política Nacionalista (1951-1954)


Em 1951, Getúlio Vargas retornou à presidência eleito pelo povo e retomou seu projeto nacionalista:
a) investiu em setores que impulsionaram o crescimento econômico, como sistemas de transportes,
comunicações, produção de energia elétrica e petróleo, e restringiu a importação de bens de consumo;
b) dedicou-se à criação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, o BNDES
(1952) e da Petrobras (1953).
O projeto nacionalista de Getúlio acabou sendo derrotado pelos liberais, que argumentavam que:
a) com a economia fechada ao capital estrangeiro, a modernização e a expansão do parque
industrial nacional tornavam-se dependentes do resultado da exportação de produtos primários;
b) qualquer crise ou queda de preço desses produtos, particularmente do café, resultava em crise
na modernização e na expansão do parque industrial.
Em 1954, em meio à séria crise política, Vargas suicidou-se. Café Filho, seu vice-presidente,
assumiu o poder, permanecendo até 1956.

Juscelino Kubitschek e o Plano de Metas (1956-1961)


Durante o governo de JK foi implantado o Plano de Metas, com as seguintes estratégias:
a) investir em agricultura, saúde, educação, energia, transportes, mineração e construção civil para
atrair investimentos estrangeiros;
b) fazer o país crescer “50 anos em 5”;
c) transferir a capital federal do Rio de Janeiro (litoral) para Brasília (centro do país), buscando
promover a ocupação do interior do território;
d) direcionar 73% dos investimentos aos setores de energia e transportes;
e) facilitar o ingresso de capital estrangeiro, principalmente nos setores automobilístico, químico-
farmacêutico e de eletrodomésticos.
O parque industrial brasileiro passou a contar com significativa produção de bens de consumo
duráveis, o que deu continuidade à política de substituição de importações.
Ao longo do governo JK consolidou-se o tripé da produção industrial nacional, formado pelas
indústrias:
a) de bens de consumo não duráveis, com amplo predomínio do capital privado nacional;
b) de bens intermediários e bens de capital, que contaram com investimento estatal nos governos
de Getúlio Vargas;

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


19
c) de bens de consumo duráveis, com forte participação de capital estrangeiro.
Com a concentração do parque industrial no Sudeste, as migrações internas intensificaram-se e os
maiores centros urbanos registram crescimento desordenado.
O crescimento econômico acelerado e o aumento da dívida externa provocaram o aumento da
inflação.
A partir de 1959 foram criados diversos órgãos de planejamento com a estratégia de descentralizar
investimentos produtivos por todas as regiões do país.

O Governo João Goulart e a Tentativa de Reformas (1961-1964)


João Goulart, conhecido como Jango, então vice-presidente, assumiu a Presidência do Brasil após
a renúncia do presidente Jânio Quadros, empossado poucos meses antes.
A renúncia de Jânio agravou os problemas econômicos herdados do governo JK, como a elevada
dívida externa e a inflação.
A posse de Jango, em 7 de setembro de 1961, ocorreu após a instauração do parlamentarismo, que
reduziu os poderes do chefe do Executivo (presidente).
Durante o período parlamentarista do governo João Goulart (até início de 1963), a inflação e o
desemprego aumentaram, e as taxas de crescimento reduziram-se.
Em 6 de janeiro de 1963 houve o retorno ao presidencialismo e foram encaminhadas as reformas
de base, com as seguintes diretrizes:
a) reforma dos sistemas tributário, bancário eleitoral;
b) regulamentação dos investimentos estrangeiros e da remessa de lucros ao exterior;
c) reforma agrária;
d) maiores investimentos em educação e saúde.
Tal política foi tachada de comunista pelos setores mais conservadores da sociedade civil e militar,
criando as condições para o golpe de 31 de março de 1964.

O Período Militar

Em 1º de abril de 1964, após um golpe de Estado que tirou João Goulart do poder, teve início no país
o regime militar, com uma estrutura de governo ditatorial. O Brasil apresentava o 43º PIB do mundo
capitalista e uma dívida externa de 3,7 bilhões de dólares. Em 1985, ao término do regime, o Brasil
apresentava o 9º PIB do mundo capitalista e sua dívida externa era de aproximadamente 95 bilhões de
dólares, ou seja, o país cresceu muito, mas à custa de um pesado endividamento.
O parque industrial se desenvolveu de uma forma bastante significativa, e a infraestrutura nos setores
de energia, transportes e telecomunicações se modernizou. No entanto, embora os indicadores
econômicos tenham evoluído positivamente, a desigualdade social aprofundou-se muito nesse período,
concentrando a renda nos estratos mais ricos da sociedade. Segundo o IBGE e o Banco Mundial, em
1960 os 20% mais ricos da sociedade brasileira dispunham de 54% da renda nacional; em 1970 passaram
a contar com 62% e em 1989, com 67,5%.
Entre 1968 e 1973, período conhecido como “milagre econômico”, a economia brasileira desenvolveu-
se em ritmo acelerado.
Houve um crescimento acelerado anual do PIB brasileiro entre 1967 e 1975. Esse ritmo de crescimento
foi sustentado por investimentos governamentais em infraestrutura, como energia, transporte e
telecomunicações. No entanto, várias obras tinham necessidade, rentabilidade ou eficiência
questionáveis, como as rodovias Transamazônica e Perimetral Norte e o acordo nuclear entre Brasil e
Alemanha. Além disso, muitos investimentos foram feitos graças à captação de recursos no exterior, com
taxa de juros flutuantes, o que levou a dívida externa.
Quanto à construção da rodovia Transamazônica, a mesma foi construída numa época em que não
existia preocupação com a sustentabilidade ambiental e sem planejamento eficiente para a promoção do
crescimento econômico com justiça social, um dos eixos do desenvolvimento sustentável.
O capital estrangeiro entrou em setores como o de telecomunicações, a extração de minerais metálicos
(projetos Carajás, Trombetas e Jari), a expansão das áreas agrícolas (monoculturas de exportação), as
indústrias química e farmacêutica e a fabricação de bens de capital (máquinas e equipamentos) utilizados
pelas indústrias de bens de consumo.
Como o aumento dos preços dos produtos (inflação) não era integralmente repassado aos salários, a
taxa de lucro dos empresários foi ampliada com a diminuição do poder aquisitivo dos trabalhadores.
Aumentava-se, assim, a taxa de reinvestimento dos lucros em setores que gerariam empregos,

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


20
principalmente para os trabalhadores qualificados, mas as pessoas pobres eram excluídas, o que deu
continuidade ao processo histórico de concentração da renda nacional.
Nesse contexto, pessoas de classe média com qualificação profissional viram seu poder de compra
ampliado, quer pela elevação dos salários em cargos que exigiam formação técnica e superior, quer pela
ampliação do sistema de crédito bancário, permitindo maior financiamento de consumo. Enquanto isso,
trabalhadores sem qualificação tiveram seu poder de compra diminuído e ainda foram prejudicados com
a degradação dos serviços públicos, sobretudo os de educação e saúde.
No final da década de 1970, os Estados Unidos promoveram a elevação das taxas de juros no mercado
internacional, reduzindo os investimentos destinados aos países em desenvolvimento. Além de sofrer
essa redução, a economia brasileira teve de arcar com o pagamento crescente dos juros da dívida
externa.
Diante dessa nova realidade, a saída encontrada pelo governo para honrar os compromissos da dívida
pode ser sintetizada na frase: “Exportar é o que importa”. Porém, em um país em desenvolvimento como
o Brasil, que quase não investia em tecnologia, era muito difícil tornar seus produtos internacionalmente
competitivos.
A frase do então ministro da Fazenda Antônio Delfim Netto, em resposta à inquietação dos
trabalhadores ao ver seus salários arrochados, ficou famosa: “É necessário fazer o bolo crescer para
depois reparti-lo”. O bolo (a economia) cresceu, o Brasil chegou a ser a 9ª maior economia do mundo
capitalista no início da década de 1980. No entanto, a renda permaneceu muito concentrada. Segundo o
Censo Demográfico de 1980, naquele ano 33,3% da população recebia até 1 salário mínimo e detinha
7,1% da renda nacional, enquanto 1,7% ganhava mais de 10 salários mínimos e detinha 34,3% da renda.
As soluções encontradas, apesar de favorecerem a venda de produtos no mercado externo, foram
desastrosas para o mercado interno:
→ Redução do poder de compra dos assalariados, conhecida como “arrocho salarial”, para combater
o aumento dos preços;
→ Subsídios fiscais para exportação (cobrava-se menos imposto por um produto exportado do que por
um similar vendido no mercado interno);
→ Negligência com o ambiente, levando a diversas agressões ao meio natural;
→ Desvalorização cambial, ou seja, a valorização do dólar em relação ao cruzeiro (moeda da época)
facilitava as exportações e dificultava as importações.
Assim se explica o aparente paradoxo: a economia cresce, mas o povo empobrece.
Na busca de um maior superávit na balança comercial, o governo aumentou os impostos de importação
não apenas para bens de consumo, como também para os bens de capital e intermediários. A
consequência dessa medida foi a redução da competitividade do parque industrial brasileiro diante do
exterior ao longo dos anos 1980. Os industriais não tinham como importar novas máquinas, pois eram
caras, o que afetou a produtividade e a qualidade dos produtos. Com isso, as indústrias, com raras
exceções, foram perdendo competitividade no mercado internacional e as mercadorias comercializadas
internamente tornaram-se caras e tecnologicamente defasadas em relação às estrangeiras.
Os efeitos negativos dessa política se agravaram com a crise mundial, iniciada em 1979. As taxas de
juros da dívida externa atingiram, em 1982, o recorde histórico de14% ao ano. Durante toda a década de
1980 e início da de 1990, a economia brasileira passou por um período em que se alternavam anos de
recessão e outros de baixo crescimento, conhecido como ciranda financeira, na qual o governo imitia
títulos públicos para captar o dinheiro depositado pela população nos bancos. Como as taxas de juros
oferecidas internamente eram muito altas, muitos empresários deixavam de investir no setor produtivo, o
que geraria empregos e estimularia a economia aumentado o PIB, para investir no mercado financeiro.
Na época, essa “ciranda” criava a necessidade de emissão de moeda em excesso, o que levou os índices
de inflação.
O período dos governos militares no Brasil caracterizou-se pela apropriação do poder público por
agentes que desviaram os interesses do Estado para as necessidades empresariais. As carências da
população ficaram em segundo plano; as prioridades foram o crescimento do PIB e do superávit da
balança comercial. O objetivo de qualquer governo é aumentar a produção econômica; o problema é
saber como atingi-lo sem comprometer os investimentos em serviços públicos, que possibilitam a
melhoria da qualidade de vida das pessoas.
Apesar do exposto, durante esse período, o processo de industrialização e de urbanização continuou
avançando, resultando em significativa melhora nos índices de natalidade, mortalidade e expectativa de
vida. Esse fato deve-se, sobretudo, ao intenso êxodo rural, já que nas cidades havia mais acesso a
saneamento básico, a atendimento médico-hospitalar, a remédios e a programas de vacinação em postos
de saúde, o que garantiu uma melhora da qualidade de vida de muitas pessoas que migraram para os
centros urbanos.

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


21
Em 1984, a campanha por eleições diretas para presidente contou com a realização de comícios
simultâneos em todas as capitais e grandes cidades brasileiras, reunindo milhões de pessoas.
O fim do período militar ocorreu em 1985, depois de várias manifestações populares a favor das
eleições diretas para presidente da República. Os problemas econômicos herdados do regime militar
foram agravados no governo que se seguiu, o de José Sarney, e só foram enfrentados efetivamente nos
anos de 1990.

Questão

01. (Enem) Os textos abaixo relacionam-se a momentos distintos da nossa história.


“A integração regional é um instrumento fundamental para que um número cada vez maior de países
possa melhorar a sua inserção num mundo globalizado, já que eleva o seu nível de competitividade,
aumenta as trocas comerciais, permite o aumento da produtividade, cria condições para um maior
crescimento econômico e favorece o aprofundamento dos processos democráticos. A integração regional
e a globalização surgem assim como processos complementares e vantajosos.” (Declaração de Porto, VIII Cimeira
Ibero-Americana, Porto, Portugal, 17 e 18 de outubro de 1998)
“Um considerável número de mercadorias passou a ser produzido no Brasil, substituindo o que não
era possível ou era muito caro importar. Foi assim que a crise econômica mundial e o encarecimento das
importações levaram o governo Vargas a criar as bases para o crescimento industrial brasileiro.” (POMAR,
Wladimir. Era Vargas – a modernização conservadora)
É correto afirmar que as políticas econômicas mencionadas nos textos são:
(A) opostas, pois, no primeiro texto, o centro das preocupações são as exportações e, no segundo, as
importações.
(B) semelhantes, uma vez que ambos demonstram uma tendência protecionista.
(C) diferentes, porque, para o primeiro texto, a questão central é a integração regional e, para o
segundo, a política de substituição de importações.
(D) semelhantes, porque consideram a integração regional necessária ao desenvolvimento econômico.
(E) opostas, pois, para o primeiro texto, a globalização impede o aprofundamento democrático e, para
o segundo, a globalização é geradora da crise econômica.

Gabarito

01.C

Comentário

01. Resposta: C
O primeiro texto destaca a importância da integração regional entre os países e a globalização como
processos complementares e vantajosos, que criam condições para um crescimento econômico mais
intenso e valorização da democracia. Já o segundo texto destaca a importância da política de substituição
de importações para dinamizar o processo de industrialização brasileira, no contexto da crise econômica
que se iniciou em 1929.

c. A rede de transportes brasileira e sua estrutura e evolução.

ESTRUTURAS DOS TRANSPORTES E COMUNICAÇÕES5

Os Transportes no Brasil

O desenvolvimento econômico dos países relaciona-se ao seu sistema de transportes. Quanto mais
desenvolvido, diversificado e eficiente o sistema de transportes, maiores são as possibilidades de
circulação rápida de pessoas e mercadorias, o que implica maiores ganhos para produtores e
consumidores. Por outro lado, um sistema de transportes pouco eficiente acaba por dificultar a circulação
de pessoas e mercadorias em países mais pobres, que, por sua vez, incide e aumenta suas dificuldades
econômicas.
5
MARTINI, Alice de. Geografia. Alice de Martini; Rogata Soares Del Gaudio. 3ª edição. São Paulo: IBEP, 2013.

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


22
Brasil – Redes de Transportes – IBGE/2014

http://atlasescolar.ibge.gov.br/images/atlas/mapas_brasil/brasil_redes_de_transporte.pdf.

http://atlasescolar.ibge.gov.br/images/atlas/mapas_brasil/brasil_redes_de_transporte.pdf.

Tipos de Transportes Utilizados no Brasil

Brasil – Evolução das Redes Ferroviária e Rodoviária - IBGE

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


23
http://atlasescolar.ibge.gov.br/images/atlas/mapas_brasil/brasil_evolucao_das_redes_ferroviaria_e_rodoviaria.pdf.

Transporte Ferroviário

O transporte ferroviário no Brasil começou a se expandir durante o Segundo Império, no final do século
XIX, associado à expansão do café. Esse tipo de transporte é, em geral, 50% mais barato que o transporte
rodoviário.
Uma característica importante da malha ferroviária brasileira é sua pequena conectividade, ou seja,
em geral, as ferrovias brasileiras foram construídas interligando as áreas produtoras aos portos, para
facilitar a exportação das mercadorias.
O maior adensamento dessa rede dessa rede de transporte também coincide com a principal região
brasileira produtora de café no início do século XX: o estado de São Paulo.
Mesmo ferrovias construídas recentemente mantêm essa característica de não se integrarem umas às
outras, lingando apenas as áreas produtoras aos portos.
A partir de 1996, as ferrovias brasileiras, sob o controle da Rede Ferroviária Federal (RFFSA), foram
privatizadas.

Transporte Rodoviário

As rodovias constituem o principal meio de transporte utilizado no Brasil, correspondendo a 60,5% de


toda movimentação de cargas, apesar de seus elevados custos de manutenção.
A implantação das rodovias teve por objetivo integrar rapidamente o vasto território brasileiro, com o
intuito de consolidar o mercado consumidor interno, base para o modelo de industrialização adotado em
nosso país (substituição de importações).
Atualmente, são inúmeros os problemas enfrentados pelos trabalhadores do transporte rodoviário:
roubos constantes de carga, violência, estradas mal conservadas e mal sinalizadas, baixo preço do frete,
etc.
Os prejuízos, às vezes, também são elevados e estão associados às longas distâncias a serem
percorridas, ao péssimo estado de conservação das vias que, por sua vez, geram aumento do consumo
de óleo diesel, gastos com consertos dos veículos danificados em função de buracos e elevado número
de acidentes.
De acordo com o DNIT – Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes, a situação da malha
rodoviária federal brasileira em relação ao seu estado de conservação, em abril de 2003, era a seguinte:

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


24
A partir da década de 1990, o governo federal começou a fazer uma série de licitações com o objetivo
de estabelecer concessões para que a iniciativa privada explorasse e mantivesse as rodovias federais.

A segunda etapa de concessões abrangeu 680,6 Km, composto de um lote:

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


25
Transporte Hidroviário

Brasil – Principais Hidrovias

O transporte hidroviário é o que apresenta menores custos, desde que existam condições favoráveis
à sua implantação, como rios potencialmente navegáveis, relevo mais ou menos plano e condições de
navegabilidade nos rios. Caso essas condições não existam, é possível estabelecer a navegação a partir
da construção de eclusas, como em Jupiá (SP) e Bom Retiro (RS).
O Brasil possui cerca de 42.000 Km de rios navegáveis, localizados, sobretudo, na Região Norte.
São vantagens do transporte hidroviário: transportar grandes volumes a grandes distâncias; preservar
o meio ambiente; implantação e frete mais baratos que os de outros meios de transportes.

Bacias Hidrográficas Brasileiras

Principais Hidrovias Brasileiras

Hidrovia do Madeira
Localizada no Corredor Oeste-Norte, é navegável numa extensão de aproximadamente 1.056 Km,
entre Porto Velho e sua foz, no Rio Amazonas, permitindo, mesmo na época de estiagem, a navegação
de grandes comboios, com até 28.000 toneladas. Atualmente transporta cerca de 2 milhões de toneladas
ao ano.

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


26
Hidrovia do Guamá-Capim
Localizada no Corredor Araguaia-Tocantins, transportando principalmente minérios. Hoje observa-se
a formação de relevantes polos agropecuários, especialmente na região de Paragominas.

Hidrovia do São Francisco


Localizada no Corredor São Francisco, o Rio São Francisco é totalmente navegável em 1.371 Km,
entre Pirapora (MG) e Juazeiro (BA) / Petrolina (PE), para a profundidade de projeto de 1,5 m, quando da
ocorrência do período crítico de estiagem (agosto a novembro). A partir da implantação do sistema
multimodal, o escoamento da produção agrícola do oeste da Bahia, com foco na cidade de Barreiras,
banhada por um dos seus principais afluentes, o Rio Grande, é realizado por rodovia até a cidade de
Ibotirama, na margem do São Francisco, descendo o rio pelo transporte hidroviário até Juazeiro/Petrolina,
e deste, por ferrovia, para o Porto de Aratu (BA). No quilômetro 42 acima de Juazeiro/Petrolina situa-se
a barragem de Sobradinho, cuja transposição é realizada através de eclusa. A movimentação anual fica
em torno de 60.000 toneladas por ano.

Hidrovia Tietê-Paraná
Localizada nos Corredores Transmetropolitano do Mercosul e do Sudoeste, a hidrovia Tietê-Paraná
permite a navegação numa extensão de1.100 Km entre Conchas, no rio Tietê (SP), e São Simão (GO),
no rio Paranaíba, até Itaipu, atingindo 2.400 Km de via navegável. Ela já movimenta mais de um milhão
de toneladas de grãos/ano, a uma distância média de 700 Km. Se computarmos as cargas de pequena
distância como areia, cascalho e cana-de-açúcar, a movimentação no rio Tietê aproxima-se de dois
milhões de toneladas.

Hidrovia do Paraguai
Localizada no Corredor do Sudoeste, essa hidrovia compõe um sistema de transporte fluvial de
utilização tradicional, em condições naturais, que conecta o interior da América do Sul com os portos de
águas profundas no curso inferior do Rio Paraná e no Rio da Prata. Com 3.442 Km de extensão, desde
Cáceres até o seu final, no estuário do rio da Prata, proporciona acesso e serve como artéria de transporte
para grandes áreas no interior do continente. As principais cargas transportadas no trecho brasileiro são:
minério de ferro, minério de manganês e soja. Os fluxos de carga na hidrovia vêm crescendo nos últimos
anos, respondendo à expectativa de interação comercial na região. No território brasileiro, a hidrovia
percorre 1.278 Km e tem como principais portos: Cáceres, Corumbá e Ladário, além de três terminais
privados com expressiva movimentação de carga. Entre 1998 e 2000, foram movimentadas mais de seis
milhões de toneladas de cargas no trecho brasileiro.

Fazem parte das Hidrovias do Sul as Lagoas dos Patos e Mirim, o canal de São Gonçalo, que liga o
Rio Jacuí a seu afluente, o Taquari e uma série de rios menores, como Caí, Sinos e Gravataí, que
constituem o estuário do Guaíba. O Rio Jacuí foi canalizado com a construção das barragens eclusadas,
compreendo uma extensão de300 Km, para calados de 2,5 m. No rio Taquari foi implantada a barragem
eclusada de Bom Retiro do Sul, que vence um desnível máximo de 12,50 m, dando acesso ao Porto
Fluvial de estrela, para embarcações de 2,5 m de calado.

Hidrovias do Tocantins-Araguaia e do Tapajós


Importantíssimas para a viabilização da produção agrícola da região Centro-oeste, que será
encaminhada aos portos do Norte do país, com grandes reduções de custos.

As hidrovias, apesar de apresentarem um impacto ambiental menor que outros meios de transporte,
também afetam o meio ambiente.
Os principais impactos ambientais das hidrovias são de três ordens: impactos gerados a partir da
implantação das obras, impactos resultantes das operações e impactos nas áreas de influência
indireta (sobretudo nas áreas de mananciais).

Impactos Quando da Implantação das Obras Necessárias


A área de influência direta é, de fato, o próprio leito do rio, que é o local onde se efetuam as principais
intervenções necessárias. Uma pequena faixa de margem é utilizada para implantação da sinalização, de
forma pontual. As principais obras e de maior impacto são as dragagens de implantação e os
derrocamentos.

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


27
Impactos quando da operação

1. Dragagem de manutenção: feita com menores volumes e monitorada ambientalmente;

2. Risco de acidentes com cargas perigosas: exigência de casco duplo para embarcações, para
aprimorar as possibilidades de derramamento e aplicação de planos de emergência;

3. Contaminação de águas por lançamento de dejetos: programas de educação ambiental e


controle sanitário do sistema de coleta das embarcações.

Impactos na área de influência indireta


O impacto na área de influência indireta de uma infraestrutura de transporte é preocupação que
inquieta a maioria dos ambientalistas. Estudos já comprovaram que o grande degradador dos recursos
d’água é o mau uso da área de bacia de contribuição de manancial e não o seu uso como hidrovia. O
controle é de responsabilidade da implantação de uma Política Institucional de Racionamento e
Gerenciamento do Uso da Água. A dragagem tem por objetivo garantir uma profundidade mínima, para
que as embarcações possam circular sem agarrar no fundo do canal. Essa via imaginária possui uma
largura que varia de acordo com o tamanho da embarcação, e situa-se normalmente nos locais onde o
rio é mais fundo, pois quase sempre coincide com seu canal natural.

Sobre a hidrovia do Paraguai, há uma grande polêmica, uma vez que a realização de obras como o
aprofundamento do leito dos rios poderia afetar o Rio Paraguai e seus afluentes, alterando as condições
ecológicas do Pantanal Mato-grossense, considerado patrimônio ecológico da humanidade.
Apesar de os rios dessa bacia serem de planície e naturalmente navegáveis, há ao longo de seus
leitos bancos de areia e rochas, que tornam a navegação perigosa e atrasam a movimentação das cargas.
O projeto de aprofundamento do leito dos rios previa a dragagem dos bancos de areia e a detonação das
rochas, desimpedindo o fluxo das águas e aumento sua velocidade de escoamento.
Porém, muitos grupos ambientalistas posicionaram-se contrariamente ao projeto, pois isso significaria
a drenagem do Pantanal e o comprometimento do seu ecossistema.

Corredores de Exportação

Corredores de exportação são sistemas de circulação de mercadorias que integram hidrovias,


rodovias e principalmente ferrovias e portos equiparados para exportação de determinados produtos.

No início do século XXI, o Brasil se estabeleceu como um dos maiores provedores de soja do mundo.
Em plena região amazônica, o arco do desmatamento funcionou como uma frente de expansão agrícola
em que milhares de quilômetros quadrados de florestas e cerrados deram lugar ás pastagens e à cultura
da soja. Desse modo, o Brasil entrou no segundo milênio incorporando vastas extensões de terras ao
imenso espaço econômico internacional, mantendo um modelo econômico agrário-exportador que, acima
de tudo, sustentou os pagamentos da dívida externa aos credores internacionais.
O intenso desmatamento da Amazônia foi concentrado em dois estados: Mato Grosso e Rondônia. No
primeiro, a área plantada de soja cresceu em 400% nos últimos dez anos.

O crescimento dessas novas regiões produtoras está apenas no seu início, pois, justamente nos
últimos anos, a iniciativa provada, juntamente com o Estado brasileiro, tem criado condições para o
escoamento dessas imensas safras agrícolas. O estabelecimento do corredor de exportação Madeira-
Amazonas, baseado no transporte dos grãos pelos citados rios amazônicos, proporcionou aos
agricultores do Norte e do Centro-Oeste do Brasil uma diminuição do custo do frete que se aproxima dos
50%. E, com o custo de transporte reduzido quase pela metade, a soja das novas regiões produtoras do
Brasil se tornou altamente competitiva (mais barata) no mercado internacional.
Uma das razões do baixo custo e eficiência do corredor Madeira-Amazonas é justamente o
aproveitamento do transporte fluvial, o mais competitivo que se conhece atualmente. Nesse contexto, os
produtos agrícolas de grande parte do Mato Grosso, estado do Tocantins e Rondônia, são transportados
por via terrestre até Porto Velho (RO), seguindo daí por embarcações até o porto flutuante de Itacoatiara
(AM) e, daí, para o mercado internacional.
A existência de portos bem equiparados e especializados é uma das características fundamentais da
implementação dos chamados corredores de exportação. Abaixo, veremos a relação dos principais
corredores de exportação do Brasil, juntamente com os principais produtos vendidos.

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


28
Entre todos esses corredores de exportação, o ligado ao porto de Santos é o que teve um grande papel
histórico vinculado tanto ao ciclo do café como ao processo de industrialização da década de 1950
(implantação da indústria automobilística na atual região metropolitana de São Paulo).
Na década de 1970, com um forte investimento do Estado, surgiram e se desenvolveram outros
corredores de exportação, ligados ao comércio de produtos agrários (porto de Paranaguá) ou de minérios
brutos e semi-industrilizados, como no caso do porto de Tubarão, no Espírito Santo.
O estabelecimento do porto de Itaqui, também como um exportador de produtos agrários, bem como
a instalação do porto flutuante de Itacoatiara, estão ligados à recente expansão do agronegócio em novas
áreas do Norte e Centro-oeste do Brasil.

Corredor de exportação/ Principais produtos escoados

Transporte Aéreo6

Implantado no Brasil em 1927, o transporte aéreo é realizado por companhias particulares sob o
controle do Ministério da Aeronáutica no que diz respeito ao equipamento utilizado, abertura de novas
linhas, etc.
A rede brasileira, que cresceu muito até a década de 1980, sofreu as consequências da crise mundial
que afetou o setor nos primeiros anos da década de 1990.
Há dez anos, o Brasil vive uma verdadeira revolução no setor da aviação. Antes privilégio de poucos,
voar hoje é uma realidade para a grande maioria da população. Prova disso é que entre 2004 e 2014, o
desenvolvimento expressivo do transporte aéreo no país levou à redução de 48% do custo da passagem
aérea doméstica. A média anual de crescimento do setor foi três vezes o crescimento médio do PIB –
Produto Interno Bruto – para o mesmo período (3,4%). Paralelamente, o número de passageiros cresceu
170%, alcançando 117 milhões em 2014.
E a qualidade do serviço também melhorou. O índice de atrasos nos aeroportos brasileiros, por
exemplo, caiu 62% de 2007 a 2014, passando de 29,84% para 11,3%. Nesse mesmo período, a demanda
de passageiros cresceu 88%.
Nessa democratização do transporte aéreo, três fatores passaram a influenciar na escolha da forma
de viajar dos brasileiros: custo, tempo e conforto.
A infraestrutura aeroportuária também está passando por melhorias significativas. Entre 2011 e 2015,
foram investidos R$ 15,6 bilhões no setor.

6
http://www.aviacao.gov.br/obrasilquevoa/cenario-da-aviacao-brasileira.php.

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


29
Questões

01. (TRT/8R – Analista – CESPE) A respeito da infraestrutura rodoviária brasileira e suas implicações
para o setor rodoviário nacional, assinale a opção correta.
(A) A flexibilização das rotas e a possibilidade de movimentação de pequenos volumes são algumas
das vantagens apresentadas pelo transporte de cargas rodoviário, se comparado aos demais tipos de
transporte de carga.
(B) A utilização do transporte rodoviário como meio de transporte complementar é inviabilizada devido
ao elevado custo de transposição de carga que o transporte rodoviário apresenta.
(C) O estado de conservação do pavimento das rodovias gera pouco impacto no custo total do
transporte de cargas rodoviário.
(D) O Brasil possui uma das malhas rodoviárias mais extensas do mundo, sendo grande parte dela
pavimentada.
(E) Em comparação com as rodovias de pavimento flexível, as rodovias de pavimento rígido acarretam
maior custo de manutenção, menor segurança e maior consumo de combustível pelos veículos.

02. (IPEA – Técnico – CESPE) Com relação à matriz brasileira de transportes e aos sistemas de
transporte, julgue os próximos itens.
Na competição entre os sistemas rodoviário e ferroviário de transportes, a ferrovia no Brasil perde
espaço no transporte a longas distâncias, mesmo apresentando condições econômicas mais
competitivas.
(....) Certo (....) Errado

Gabarito

01.A / 02.Certo

Comentários
01. Resposta: A
As principais vantagens do modal de transporte rodoviário:
Acessibilidade, pois conseguem chegar em quase todos os lugares do território brasileiro;
Facilidade para contratar ou organizar o transporte;
Flexibilidade em organizar a rota;
Pouca burocracia quanto à documentação necessária para o transporte;
Maior investimento do governo na infraestrutura das rodovias se comparada aos outros modais.

As principais desvantagens do modal de transporte rodoviário:


Alto custo de frete, por causa do impacto direto que pedágios e alto valor do combustível geram;
Baixa capacidade de carga;
Menor distância alcançada com relação ao tempo utilizado para o transporte;
Maiores chances da carga ser extraviada, por causa de roubos e acidentes.

02. Resposta: Certo


Apesar de o transporte ferroviário possuir custo variável baixo (Lembrando custo fixo é o referente à
implantação → este é elevado; No entanto, para o transporte de mercadorias, importa o custo variável →
este é baixo, de fato), o transporte rodoviário é o mais utilizado, pelo fato de ter maior flexibilidade.

d. A questão urbana brasileira: processos e estruturas.

CIDADES E URBANIZAÇÃO BRASILEIRA7

A fundação de Brasília, em 1960, e a abertura de rodovias integrando a nova capital ao restante do


país provocaram significativas alterações nos fluxos migratórios e na urbanização brasileira. Os

7 SENE, Eustáquio de. Geografia geral e do Brasil. Volume único. Eustáquio de Sene, João Carlos Moreira. 6ª edição. São Paulo: Ática, 2018.

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


30
municípios já existentes cresceram, outros foram inaugurados e, consequentemente, houve reflexos na
malha municipal brasileira.

O que consideramos Cidade?

No mundo, atualmente, há cidades de diferentes tamanhos, densidades demográficas e condições


socioeconômicas. Em algumas, apenas uma função urbana recebe destaque, enquanto em outras são
desenvolvidas múltiplas atividades. Muitas se estruturaram há séculos, outras começaram a se
desenvolver há poucos anos ou décadas. Há ainda cidades que apresentam grande desigualdade social
e aquelas nas quais as desigualdades são menos acentuadas. Todos esses aspectos se refletem na
organização do espaço e são visíveis nas paisagens urbanas.
Dependendo do país ou da região em que se localiza, uma pequena aglomeração de alguns milhares
de habitantes pode apresentar grande diversidade de funções urbanas ou, simplesmente, constituir uma
concentração de residências rurais. Por exemplo, na Amazônia, onde a densidade demográfica é muito
baixa, um pequeno povoado pode contar com diversos serviços, como posto de saúde, escola e serviço
bancário, enquanto no inteiro do Estado de São Paulo, onde a rede urbana é bastante densa, o distrito
de um município de pequeno porte pode se constituir apenas como local de moradia de trabalhadores
rurais, com comércio de produtos básicos, sem apresentar outras funções urbanas. Quanto à população,
uma cidade localizada em regiões pioneiras pode ter muito menos habitantes que uma vila rural de um
município muito populoso localizado em uma região de ocupação mais antiga.
Na maioria dos países, tanto desenvolvidos como em desenvolvimento, a classificação de uma
aglomeração humana como zona urbana ou cidade costuma considerar algumas variáveis básicas:
densidade demográfica, número de habitantes, localização e existência de equipamentos urbanos, como
comércio variado, escolas, atendimento médico, correio e serviços bancários. No Brasil, o IBGE considera
população urbana as pessoas que residem no interior do perímetro urbano de cada município, e
população rural as que residem fora desse perímetro.
Entretanto, as autoridades administrativas de alguns municípios utilizam as atribuições que a lei lhes
garante e determinam um perímetro urbano bem mais amplo do que a área efetivamente urbanizada.
Dessa forma, muitas chácaras, sítios ou fazendas, inegavelmente áreas rurais, acabam registradas como
parte do perímetro urbano e são taxados com o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), e não com o
Imposto Territorial Rural (ITR). Com o IPTU, o governo dos municípios obtém ima arrecadação muito
superior à que obteria com o ITR.
Em 2017, 94,5% dos municípios brasileiros tinham até 100 mil habitantes e abrigavam 43,5% da
população do país; neles, as diversas atividade rurais ocupavam grande parte dos trabalhadores e
comandavam o modo de vida das pessoas.
Já que todos os municípios, independente de sua extensão territorial e população, têm,
obrigatoriamente, uma zona estabelecida como urbana, algumas aglomerações cercadas por florestas,
pastagens e áreas de cultivo são classificadas como áreas “urbanas”. Segundo esse critério, o estado do
Amapá e de Mato Grosso têm índices de urbanização equivalentes ao da região Sudeste. Portanto, como
não há um critério uniforme, a comparação dos dados estatísticos de população urbana e rural entre o
Brasil e outros países fica comprometida.
Alguns estados com grau de urbanização maior (acima de 70%) localizam-se em regiões de floresta,
de expansão agrícola ou reservas indígenas e ecológicas (principalmente na região Norte do país), nas
quais as atividades rurais, como agropecuária e extrativismo, são dominantes. Por exemplo, segundo o
IBGE, o Amapá, que em 2017 possuía apenas 797 mil habitantes distribuídos em 16 municípios, sendo
474 mil habitantes em Macapá, apresenta índices de urbanização igual ao de outros estados do Centro-
Sul.

População Urbana e Rural

A metodologia utilizada na definição das populações urbana e rural resulta em distorções. É


inquestionável, entretanto, que os índices de população urbana tenham aumentado em quase todo o país
em razão da migração rural-urbana, embora atualmente ela seja menos intensa do que nas décadas
anteriores.
Até meados dos anos 1960, a população brasileira era predominantemente rural. Entre as décadas de
1950 e 1980, milhões de pessoas migraram para as regiões metropolitanas e capitais de estados. Esse
processo provocou crescimento desordenado, segregação espacial e aumento das desigualdades nas
grandes cidades, mas também melhoria em vários indicadores sociais, como a redução da natalidade e

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


31
dos índices de mortalidade infantil, além do aumento na expectativa de vida e nas taxas de escolarização.
Veja a tabela a seguir.

Brasil: Índice de Urbanização por Região (%)


Região 1950 1970 2015
Sudeste 44,5 72,7 93,1
Centro-Oeste 24,4 48,0 89,8
Sul 29,5 44,3 85,6
Norte 31,5 45,1 75,0
Nordeste 26,4 41,8 73,1
Brasil 36,2 55,9 84,7

Observe que o Centro-Oeste apresenta o segundo maior índice de urbanização entre as regiões
brasileiras. Isso se explica por dois fatores: toda a população do Distrito Federal (cerca de 3 milhões de
habitantes em 2017) mora dentro do perímetro urbano de Brasília, que é o único aglomerado urbano
dessa unidade da Federação; e houve a abertura de rodovias e a expansão das fronteiras agrícolas com
pecuária e a agricultura mecanizada (que usam pouca mão de obra), o que promoveu o crescimento
urbano nas cidades já existentes e o surgimento de outras.
Atualmente, a distinção entre população urbana e rural torou-se mais complexa, pois é considerável o
número de pessoas que trabalham em atividades rurais e residem nas cidades, assim como moradores
da área rural que trabalham no meio urbano.
São inúmeras as cidades que surgiram e cresceram em regiões do país que têm a agroindústria como
propulsora das atividades econômicas secundárias e terciárias. Ao mesmo tempo, vem aumentando e se
diversificando o número de atividades econômicas secundárias e terciárias instaladas na zona rural, que,
assim, se torna cada vez mais integrada à cidade.

A Rede Urbana Brasileira

Nas primeiras décadas da colonização foram fundadas várias vilas no Brasil. Em 1549, foi fundada
Salvador, a capital do Brasil até 1763, quando a sede foi transferida para o Rio de Janeiro. As demais
vilas da Colônia, assim que atingiam certo nível de desenvolvimento, recebiam título de cidade. A partir
da República, as vilas passaram a ser chamadas de cidades, e seu território (perímetro urbano e zona
rural) passou a ser designado município.
Ao longo da história da ocupação do território brasileiro, houve grande concentração de cidades na
faixa litorânea, em razão do processo de colonização do tipo agrário-exportador.
Durante o auge da atividade mineradora, ocorreu um intenso processo de urbanização e uma
efervescência cultural em Minas Gerais, além da ocupação de Goiás e Mato Grosso. Mas, com a
decadência da mineração, essas regiões, mais distantes do litoral, perderam população. A forte migração
para a então província de São Paulo, onde se iniciava a cafeicultura, possibilitou o desenvolvimento de
várias cidades, como Taubaté, Bragança Paulista e Campinas.
Além da cidade, os municípios podem conter outros núcleos urbanos, chamados distritos, que são
subdivisões administrativas. Em alguns casos, esses distritos crescem e se tornam maiores que a cidade,
incentivando movimentos de emancipação. Entretanto, muitos desses novos municípios não têm
arrecadação suficiente para manter as despesas inerentes, como Prefeitura, Câmara Municipal e serviços
públicos.
Considerando a viabilidade financeira dos novos municípios, ou seja, a relação entre receitas e
despesas, conclui-se que nem sempre há condições para sua autonomia econômica. Assim, muitos
municípios acabam deficitários, dependentes do auxílio estadual e federal.
Porém, para a população local, a criação de um novo município costuma parecer uma grande
conquista, pois, em geral, sente-se marginalizada e reivindica mais atenção e investimentos. A partir de
2001, essas emancipações diminuíram muito porque a Lei de Responsabilidade Fiscal estabeleceu certa
autonomia econômica aos distritos e regulamentou as condições de repasse de verbas entre as esferas
de governo.
O Brasil tinha em 1960, 2766 municípios; em 1980, 3991; em 2000, 5507; em 2010, 5565 e em 2017,
5570.
O processo de urbanização e estruturação da rede urbana brasileira pode ser dividido em quatro
etapas.

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


32
Brasil: Integração Regional
Até a década de 1930 as migrações e o processo de urbanização se organizavam predominantemente
em escala regional, com as respectivas metrópoles funcionando como polos de atividades secundárias e
terciárias. As atividades econômicas, que impulsionam a urbanização, desenvolviam-se de forma
independente e esparsa pelo território nacional. A integração econômica entre São Paulo (região
cafeeira), Zona da Mata nordestina (cana-de-açúcar, cacau e tabaco), Meio-Norte (algodão, pecuária e
extrativismo vegetal) e região Sul (pecuária e policultura) era muito restrita. Com a modernização da
economia, as regiões Sul e Sudeste formaram um mercado único que, posteriormente, incorporou o
Nordeste e, mais arde, o Norte e o Centro-Oeste.
A partir da década de 1930, à medida que a infraestrutura de transportes e telecomunicações se
expandia pelo país, o mercado se unificava, mas a tendência à concentração das atividades urbano-
industriais na região Sudeste fez com que a atração populacional ultrapassasse a escala regional,
alcançando o país como um todo. Os dois grandes polos industriais do Sudeste, São Paulo e Rio de
Janeiro, passaram a atrair um enorme contingente de mão de obra das regiões que não acompanharam
o mesmo ritmo de crescimento econômico e se tornaram metrópoles nacionais. Foi particularmente
intenso o afluxo de mineiros e nordestinos para as duas metrópoles, que, por não atenderem às
demandas de investimento em infraestrutura, tornaram-se centros urbanos com diversos problemas em
setores como moradia e transportes.
Entre as décadas de 1950 e 1980 ocorreram intenso êxodo rural e migração inter-regional, com forte
aumento da população metropolitana no Sudeste, Nordeste e Sul. Nesse período, o aspecto mais
marcante da estruturação da rede urbana brasileira foi a concentração progressiva e acentuada da
população em grades cidades, como São Paulo, Rio de Janeiro e outras capitais que cresciam
velozmente.
Da década de 1980 aos dias atuais observa-se que o maior crescimento tende a ocorrer nas
metrópoles regionais e cidades médias, com predomínio da migração urbana-urbana-deslocamento de
população das cidades pequenas para as médias e retorno de moradores das cidades de São Paulo e
Rio de Janeiro para as cidades médias, tanto da região metropolitana quanto para outras mais distantes,
até de outros estados.

A Integração Econômica

A mudança na direção dos fluxos migratórios e na estrutura da rede urbana é resultado de uma
contínua e crescente reestruturação e integração dos espaços urbano e rural. Isso resulta da dispersão
espacial das atividades econômicas, intensificada a partir dos anos 1980, e da formação de novos centros
regionais, que alteraram o padrão hegemônico das metrópoles na rede urbana do país. As metrópoles
não perderam a sua primazia, mas os centros urbanos regionais não metropolitanos assumiram algumas
funções até então desempenhadas apenas por elas.
Com novas funções, muitos desses centros urbanos geraram vários dos problemas da maioria das
grandes cidades que cresceram sem planejamento.

Principais Problemas Urbanos


Moradia
A especulação imobiliária tem tornado o solo urbano cada vez mais caro, excluindo a população de
baixa renda das áreas com melhor infraestrutura, porque são as mais valorizadas. Assim, grande parte
da população se instala em assentamentos irregulares, como encostas de morros e várzeas de rios,
muitos deles consideradas áreas de risco para estabelecer moradia.

Trânsito
A necessidade de percorrer grandes distâncias diariamente no percurso casa-trabalho-casa, em
função da distribuição desigual de empregos pela cidade, e a falta de um transporte público eficiente
geram um número elevado de automóveis particulares nas vias públicas. Além disso, a verticalização 8
característica dos grandes centros urbanos, alternativa encontrada para o adensamento9, quando feita
sem planejamento, influencia diretamente o aumento do transito de automóveis.
O aumento da concentração de poluentes na atmosfera nos centros urbanos é causado pelo
lançamento de partículas geradas, sobretudo, pela queima dos combustíveis dos veículos. Doenças

8 Verticalização é um processo urbanístico que ocorre em metrópoles e consiste na construção de grandes e inúmeros edifícios, o que acaba, inevitavelmente,
dificultando a circulação de ar, devido à diminuição do espaço físico plano para construção. Ademais, é decorrente a formação de ilhas de calor nesses locais.
9 Fenômeno associado ao crescimento populacional das cidades, que resulta no uso intensivo do espaço urbano. Aglomeração de pessoas em um espaço
pequeno.

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


33
cardíacas e respiratórias têm sido associadas à presença de partículas poluentes nos pulmões e na
corrente sanguínea dos habitantes dos grandes centros urbanos, segundo a Organização Mundial da
Saúde.

Violência
A violência em geral é maior nos grandes centros urbanos, onde a desigualdade social é mais
acentuada.
Na tentativa de diminuir a sensação de insegurança, proliferam os condomínios residenciais fechados
e o setor privado de segurança. Fora dos condomínios residenciais, a busca por segurança incentiva a
procura por prédios para moradia, o que contribui para a verticalização dos grandes centros urbanos.
O crescimento do número de shopping centers nos grandes centros materializa o desejo de espaços
mais seguros para o lazer e as compras.

As Regiões Metropolitanas Brasileiras

As regiões metropolitanas brasileiras foram criadas por lei aprovada no Congresso Nacional em 1973,
que as definiu como “um conjunto de municípios contíguos e integrados socioeconomicamente a uma
cidade central, com serviços públicos e infraestrutura comum”, que deveriam ser reconhecidas pelo IBGE.
A Constituição de 1988 permitiu a estadualização do reconhecimento legal das metrópoles, conforme
o artigo 25, §3º: “Os Estados poderão, mediante lei complementar, instituir regiões metropolitanas,
aglomerações urbanas e microrregiões, constituídas por agrupamentos de municípios limítrofes, para
integrar a organização, o planejamento e a execução de funções públicas de interesse comum”.

As Regiões Integradas de Desenvolvimento (Rides) também são regiões metropolitanas, mas os


municípios que as integram situam-se em mais de uma unidade da Federação e, por causa disso, são
criadas por lei federal.
Em 2017, de acordo com a Empresa Paulista de Planejamento Metropolitano (Emplasa), havia 74
regiões metropolitanas no país, abrigando 115,9 milhões de pessoas, 55,9% da população brasileira.
Veja a tabela a seguir, na qual estão listadas as quinze maiores regiões metropolitanas (incluída a
Ride do Distrito Federal).

Brasil: Maiores Regiões Metropolitanas e Rides - 2017


Região Metropolitana População
São Paulo 21.391.624
Rio de Janeiro 12.377.305
Belo Horizonte 5.314.930
Ride DF e entorno 4.373.841
Porto Alegre 4.293.050
Fortaleza 4.051.744
Salvador 4.015.205
Recife 3.965.699
Curitiba 3.572.326
Campinas 3.168.019
Vale do Paraíba e Litoral 2.497.857
Norte
Goiânia 2.493.792
Manaus 2.488.336
Belém 2.441.761
Sorocaba 2.088.321

Na tabela acima estão listadas regiões metropolitanas reconhecidas por lei estadual que trata-se do
reconhecimento legal como conjunto de cidades conturbadas com infraestrutura comum.
À medida que as cidades vão se expandindo horizontalmente, ocorre a conturbação, ou seja, elas se
tornam contínuas e integradas. Embora com administrações diferentes, espacialmente é como se fossem
uma única cidade. Portanto, os problemas de infraestrutura urbana passam a ser comuns ao conjunto de
municípios que formam a região metropolitana.
Das 74 regiões metropolitanas existentes em 2017, duas, São Paulo e Ri ode Janeiro, são
consideradas metrópoles nacionais, pelo fato de polarizarem o país inteiro. Ambas também são

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


34
consideradas cidades globais por estarem mais fortemente integradas aos fluxos mundiais. É nessas
cidades, sobretudo em São Paulo, que estão as sedes dos grandes bancos e das indústrias do país,
alguns dos centros de pesquisa mais avançados, as Bolsas de Valores e mercadorias, os grandes grupos
de comunicação, os hospitais de referência, etc.
A conturbação entre duas ou mais metrópoles não significa que as malhas urbanas sejam contínuas;
ela envolve plena integração socioeconômica, com intensidade de fluxos entre os municípios, mesmo
com a presença de zona rural entre eles.

Hierarquia e Influência dos Centros Urbanos no Brasil - Mobilidade

Dentro da rede urbana, as cidades são os nós dos sistemas de produção e distribuição de mercadorias
e da prestação de serviços diversos, que se organizam segundo níveis hierárquicos distribuídos de forma
desigual pelo território.
Por exemplo, o Centro-Sul do país possui uma rede urbana com grande número de metrópoles,
capitais regionais e centros sub-regionais bastante articulados entre si. Já na Amazônia, as cidades são
esparsas e bem menos articuladas, o que leva centros menores a exercerem o mesmo nível de
importância na hierarquia urbana regional que outros maiores localizados no Centro-Sul.
Outro fator importante que devemos considerar ao analisar os fluxos no interior de uma rede urbana é
a condição de acesso proporcionada pelos diferentes níveis de renda da população. Um morador rico de
uma cidade pequena consegue estabelecer muito mais conexões econômicas e socioculturais que um
morador pobre de uma grande metrópole. A mobilidade das pessoas entre as cidades da rede urbana
depende de seu nível de renda.
Segundo o IBGE, as regiões de influência das cidades brasileiras são delimitadas principalmente pelo
fluxo de consumidores que utilizam o comércio e os serviços públicos e privados no interior da rede
urbana. Ao realizar o levantamento para a elaboração do mapa da rede urbana, investigou-se a
organização dos meios de transporte entre os municípios e os principais destinos das pessoas que
buscam produtos e serviços.
O IBGE classificou as cidades em cinco níveis:

Metrópoles – os doze principais centros urbanos do país, divididos em três subníveis, segundo o
tamanho e o poder de polarização:
a) Grande metrópole nacional – São Paulo, a maior metrópole do país (21,2 milhões de habitantes,
em 2016), com poder de polarização em escala nacional;
b) Metrópole nacional – Rio de Janeiro e Brasília (12,3 milhões e 4,3 milhões de habitantes,
respectivamente, em 2016), que também estendem seu poder de polarização em escala nacional, mas
com um nível de influência menor que o de São Paulo;
c) Metrópole – Belo Horizonte, Porto Alegre, Fortaleza, Salvador, Recife, Curitiba, Campinas e
Manaus, com população variando de 2,6 (Manaus) a 5,9 milhões de habitantes (Belo Horizonte), são
regiões metropolitanas que têm poder de polarização em escala regional.

Capital regional – Neste nível de polarização existem setenta municípios com influência regional. É
subdividido em três níveis:
a) Capital regional A – engloba 11 cidades, com média de 955 mil habitantes;
b) Capital regional B – 20 cidades, com média de 435 mil habitantes;
c) Capital regional C – 39 cidades, com média de 250 mil habitantes.

Centro sub-regional – Engloba 169 municípios com serviços menos complexos e área de polarização
mais reduzida. É subdividido em:
a) Centro sub-regional A – 85 cidades, com média de 95 mil habitantes;
b) Centro sub-regional B – 79 cidades, com média de 71 mil habitantes.

Centro de zona – São 556 cidades de menor porte que dispõem apenas de serviços elementares e
estendem seu poder de polarização somente às cidades vizinhas. Subdivide-se em:
a) Centro de zona A – 192 cidades, com média de 45 mil habitantes;
b) Centro de zona B – 364 cidades, com média de 23 mil habitantes.

Centro local – as demais 4.473 cidades brasileiras, com média de 8.133 habitantes e cujos serviços
atendem somente à população local, não polarizam nenhum município, sendo apenas polarizadas por
outros.

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


35
Plano Diretor e Estatuto da Cidade

Em 10 de julho de 2001, foi sancionado o Estatuto da Cidade, documento que regulamentou itens de
política urbana que constam da Constituição de 1988. O estatuto fornece as principais diretrizes a serem
aplicadas nos municípios, por exemplo: regularização da posse dos terrenos e imóveis, sobretudo em
áreas de risco que tiverem ocupação irregular; organização das relações entre a cidade e o campo;
garantia de preservação e recuperação ambiental, entre outras.
Segundo o Estatuto da Cidade, é obrigatório que determinados municípios elaborem um Plano
Diretor, que é um conjunto de leis que estabelecem as diretrizes para o desenvolvimento socioeconômico
e a preservação ambiental, regulamentando o uso e a ocupação do território municipal, especialmente o
solo urbano. O Plano Diretor é obrigatório para municípios que apresentam uma ou mais das seguintes
características:
Abriga mais de 20 mil habitantes;
Integra regiões metropolitanas e aglomerações urbanas;
Integra áreas de especial interesse turístico;
Insere-se na área de influência de empreendimentos ou atividades com significativo impacto ambiental
de âmbito regional ou nacional;
É um local onde o poder público municipal quer exigir o aproveitamento adequado do solo urbano sob
pena de parcelamento, desapropriação ou progressividade do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU).
Os planos são elaborados pelo governo municipal – por uma equipe de profissionais qualificados, como
geógrafos, arquitetos, urbanistas, engenheiros, advogados e outros. Geralmente se iniciam com um perfil
geográfico e socioeconômico do município. Em seguida, apresenta-se uma proposta de desenvolvimento,
com atenção especial para o meio ambiente.
A parte final, e mais extensa, detalha as diretrizes definidas para cada setor da administração púbica,
ou seja, habitação, transporte, educação, saúde, saneamento básico, etc., assim como as normas
técnicas para ocupação e uso do solo, conhecidas como Lei de Zoneamento.
Assim, o Plano Diretor pode alterar ou manter a forma dominante de organização espacial e, portanto,
interfere no dia a dia de todos os cidadãos. Por exemplo, uma alteração na Lei de Zoneamento pode
valorizar ou desvalorizar os imóveis e alterar a qualidade de vida em determinado bairro.
Outro exemplo prático de planejamento urbano constante no Plano Diretor é o controle dos polos
geradores de tráfego, uma vez que os congestionamentos são um sério problema para os moradores das
grandes e médias cidades. Para isso, tem colaborado bastante a difusão dos Sistemas de Informações
Geográficas (SIGs).
Os SIGs permitem coletar, armazenar e processar, com grande rapidez, uma infinidade de dados
georreferenciados fundamentais e mostrá-los por meio de plantas e mapas, gráficos e tabelas, o que
facilita muito a intervenção dos profissionais envolvidos com o planejamento urbano.
Antes de ser elaborado pela Prefeitura (Poder Executivo) e aprovado pela Câmara Municipal (Poder
Legislativo), o Plano Diretor deve contar com a “cooperação das associações representativas no
planejamento municipal”. A participação da comunidade na elaboração desse documento passou a ser
uma exigência constitucional que prevê, ainda, projetos de iniciativa popular (geralmente na forma de
abaixo-assinado), que podem ser apresentados desde que contem com participação de 5% do eleitorado,
conforme inciso XIII do artigo 29 da Constituição.
Além de um Plano Diretor bem-estruturado, é importante que o poder público e os cidadãos respeitem
as regras estabelecidas, colaborando, assim, para que os problemas das cidades sejam minimizados.
Entretanto, o planejamento das ações governamentais e a sua execução demandam um processo
composto de várias fases, e algumas (como preparar uma licitação ou aprovar o orçamento no Legislativo)
dificilmente podem ser organizadas pela população.
Como o encaminhamento dessas fases exige uma ação administrativa complexa, na prática a
participação popular no planejamento e na execução de intervenções urbanas só se concretiza quando a
pressão popular e a vontade dos governantes convergem nessa direção.

Aplicações do Plano Diretor


Cada Plano Diretor trata de realidades particulares dos diversos municípios, mas maioria deles
apresenta as seguintes aplicações práticas:

Lei do Perímetro Urbano – Estabelece os limites da área considerada perímetro urbano, em cujo
interior é arrecadado o IPTU.

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


36
Lei do Parcelamento do Solo Urbano – A principal atribuição dessa lei é estabelecer o tamanho
mínimo dos lotes urbanos, o que acaba determinado o grau de adensamento de um bairro ou zona da
cidade. Por exemplo, num bairro onde o lote mínimo tenha área de 200 m², a ocupação será mais densa
que em outro onde ele tenha 500 m².

Lei de Zoneamento (uso e ocupação do solo urbano) – Estabelece as zonas do município nas quais
a ocupação será estritamente residencial ou mista (residencial e comercial), as áreas em que ficará o
distrito industrial, quais serão as condições de funcionamento de bares e casas noturnas e muitas outras
especificações que podem manter ou alterar profundamente as características dos bairros.

Código de Edificações – Estabelece as áreas de recuo nos terrenos (quantos metros do terreno
deverão ficar desocupados na sua parte frontal, nos fundos e nas laterais), normas de segurança (contra
incêndio, largura das escadarias, etc.) e outras regulamentações criadas por tipo de construção e
finalidade de uso, como escola, estádio, residência, comércio, etc.

Leis Ambientais – Regulamentam a forma de coleta e destino final do lixo residencial, industrial e
hospitalar e a preservação das áreas verdes: controlam a emissão de poluentes atmosféricos, normatizam
ações voltadas para a preservação ambiental;

Plano do Sistema Viário e dos Transportes Coletivos – Regulamenta o trajeto das linhas de ônibus
e estabelece estratégias que facilitem ao máximo o fluxo de pessoas pela cidade por meio da abertura de
novas avenidas, corredores de ônibus, investimentos em trens urbanos e metrô, etc.

Questões

01. (Enem) Subindo morros, margeando córregos ou penduradas em palafitas, as favelas fazem parte
da paisagem de um terço dos municípios do país, abrigando mais de 10 milhões de pessoas, segundo
dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). MARTINS, A. R. A favela como um espaço da cidade. Disponível
em: http://www.revistaescola.abril.com.br. Acesso em: 31 jul. 2010.
A situação das favelas no país reporta a graves problemas de desordenamento territorial. Nesse
sentido, uma característica comum a esses espaços tem sido
(A) o planejamento para a implantação de infraestruturas urbanas necessárias para atender as
necessidades básicas dos moradores.
(B) a organização de associações de moradores interessadas na melhoria do espaço urbano e
financiadas pelo poder público.
(C) a presença de ações referentes à educação ambiental com consequente preservação dos espaços
naturais circundantes.
(D) a ocupação de áreas de risco suscetíveis a enchentes ou desmoronamentos com consequentes
perdas materiais e humanas.
(E) o isolamento socioeconômico dos moradores ocupantes desses espaços com a resultante
multiplicação de políticas que tentam reverter esse quadro.

02. (Enem) Em um debate sobre o futuro do setor de transporte de uma grande cidade brasileira com
trânsito intenso, foi apresentado um conjunto de propostas. Entre as propostas reproduzidas a seguir,
aquela que atende, ao mesmo tempo, à implicações sociais e ambientais presentes nesse setor é
(A) proibir o uso de combustíveis produzidos a partir de recursos naturais.
(B) promover a substituição de veículos a diesel por veículos a gasolina.
(C) incentivar a substituição do transporte individual por transportes coletivos.
(D) aumentar a importação de diesel para substituir os veículos a álcool.
(E) diminuir o uso de combustíveis voláteis devido ao perigo que representam.

Gabarito

01.D / 02.C

Comentários

01. Resposta: D

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


37
As aglomerações de moradias subnormais são construídas em terrenos públicos e particulares
invadidos. Como as áreas de risco suscetíveis a enchentes e a desmoronamentos geralmente estão
desocupadas, tornam-se alvo de invasão e construção de moradias para a população que não tem acesso
aos programas habitacionais do poder público.

02. Resposta: C
A substituição do transporte individual por coletivo reduz a quantidade de veículos em circulação e,
portanto, reduz os congestionamentos.

e. A agropecuária, a estrutura fundiária e problemas sociais rurais no Brasil,


dinâmica das fronteiras agrícolas e sua expansão para o Centro-Oeste e para a
Amazônia.

AGROPECUÁRIA10

Agropecuária é a denominação dada para as atividades que usam o solo com fins econômicos e que
são voltadas à produção agrícola associada à criação de animais.

Distribuição e Função Social da Terra no Brasil

No Brasil, a distribuição de terras é considerada historicamente desigual. Uma das características mais
marcantes das áreas de produção agropecuária é a concentração da propriedade de terras, também
chamada de concentração fundiária. Isso significa que há grandes propriedades de terra, conhecidas
como latifúndios, concentradas nas mãos de poucos indivíduos.
As propriedades rurais brasileiras apresentam não só tamanhos diferentes, mas também distintas
formas de organização do trabalho. Como a agricultura familiar, aquela em que a mão de obra
predominante é composta por integrantes da família proprietária da terra. Geralmente trata-se de
pequenas propriedades onde é praticado o policultivo, ou seja, o cultivo de diferentes espécies.
Já nas grandes propriedades, onde se pratica o agronegócio11, a mão de obra é contratada, e a
produção, altamente mecanizada. Além disso, uma característica marcante é o monocultivo, ou seja, o
cultivo de uma única espécie.
Embora as propriedades sejam menores, em termos gerais, na agricultura familiar trabalham mais
pessoas do que na agricultura não familiar.
Existem estabelecimentos rurais de propriedade familiar que vendem sua produção para grandes
empresas agrícolas. No entanto, é a agricultura familiar que produz uma parcela significativa dos
alimentos consumidos no Brasil.
Pode-se dizer que a agricultura familiar garante o abastecimento de produtos básicos. Estes, porém,
não geram muita renda aos produtores, motivo pelo qual não são cultivados pelos empresários do
agronegócio.
Os grandes latifúndios são destinados à produção em larga escala de mercadorias destinadas
principalmente ao mercado externo, como soja, algodão, milho e cana-de-açúcar.

Condições de Trabalho no Campo

Estrutura Agrária Brasileira


A propriedade de terras é uma questão importante no Brasil desde o período colonial. Devido ao papel
da agricultura em nossa economia, é por meio da terra que historicamente se produziu e acumulou
riquezas no país. Até hoje, é da agricultura e da pecuária que vem grande parte de nosso Produto Interno
Bruto (PIB).

Sesmarias no Período Colonial


O primeiro mecanismo oficial de distribuição de terras no território brasileiro foi o sistema de doação
de sesmarias, enormes parcelas de terra que eram concedidas pela Coroa Portuguesa ou pelo

10
FURQUIM Junior, Laercio. Geografia cidadã. 1ª edição. São Paulo: Editora AJS, 2015.
11
Agronegócio é a denominação das atividades comerciais e industriais que envolvem a produção de alimentos em larga escala, desde o cultivo na propriedade
rural até a chegada aos consumidores.

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


38
governador-geral, visando promover a colonização de terras e implantar o sistema de plantation na
colônia. As sesmarias vigoraram no Brasil até 1822, ano de sua independência.
Obviamente, essa concessão de terras abrangia apenas as pessoas nobres ou ricas – que possuíam
algum tipo de relação com a Coroa portuguesa e teriam condições de desenvolver economicamente suas
propriedades. Nesse caso, as doações de sesmarias correspondiam às áreas produtivas e já exploradas
no litoral ou próximas dessa região.
Ao receber uma sesmaria na Colônia e produzir em suas terras, o proprietário tinha o direito de posse
por toda a vida, repassando-as para seus herdeiros depois da sua morte. Nesse contexto, a Colônia
assistia à formação de uma elite, composta por famílias que concentravam em suas mãos as maiores
terras e, consequentemente, a riqueza local oriunda da exportação do açúcar que produziam.
Apesar da necessidade de concessão por parte da Coroa ou do governador-geral para obtenção de
sesmarias, essa não era a única forma de se conseguir a posse de terras na Colônia. Devido à abundância
de áreas inexploradas no território e ao baixo número de habitantes europeus na Colônia, as terras do
interior não possuíam valor comercial.
Outro aspecto referente à propriedade de terras nesse período diz respeito à mão de obra disponível.
Para produzir em grande escala, era necessário o uso intenso de trabalhadores – os africanos
escravizados. Os maiores proprietários rurais eram aqueles que possuíam maior número de escravos.
Por isso, na condição de mais ricos da colônia, os maiores proprietários de terra eram aqueles que podiam
comprar mais escravos.
As pessoas que penetravam no interior do território e se mostravam dispostas a enfrentar indígenas e
a desbravar as áreas virgens podiam ocupar um pedaço de terra, no qual podiam produzir a fim de
conseguir a sua posse. Mesmo assim, apesar de ter a posse não contestada da terra, esses colonos não
possuíam a propriedade legal, uma vez que ela só era obtida por meio de uma concessão oficial.
A partir daí, surgiu no Brasil a figura do posseiro – pessoa que ocupa uma área territorial para obter a
sua posse, mas sem ter a sua propriedade. Geralmente, os posseiros eram colonos que não possuíam
capital para comprar escravos e, por isso, tinham uma produção de pequena escala voltada para a
subsistência ou para o abastecimento do mercado interno. Dessa forma, no período colonial, coexistiam
grandes latifúndios de famílias ricas ligadas ao poder local e pequenas propriedades pertencentes aos
camponeses locais.

Surgimento do Trabalho Assalariado e a Lei de Terras


No dia 4 de setembro de 1850 foi assinada a Lei Eusébio de Queirós, que proibia o tráfico de escravos
no Brasil. Apesar de não ter surtido efeito prático imediato, a Lei Eusébio de Queirós foi um marco no
processo de abolição da escravidão no país. Ao criar uma perspectiva de término desse tipo de relação
de trabalho, ela estimulou o surgimento do trabalho assalariado no território brasileiro.
Nesse contexto, a Lei de Terras foi assinada no mesmo mês. Mesmo com a independência do Brasil
e a formação do Estado brasileiro, em 1822, não houve nenhuma política de regulamentação das
propriedades rurais até a criação da Lei de Terras em 1850. Até então, deu-se continuidade ao processo
de obtenção de terras por meio da posse, sem a sua devida documentação.
Além de propor a regularização das propriedades não documentadas no país, a Lei de Terras buscou
criar uma política para regulamentar a apropriação das terras não exploradas. Com ela, estabeleceu-se
que as terras não exploradas passariam a pertencer ao Estado e só poderiam ser adquiridas por meio da
compra – e não mais pela ocupação e exploração do território.
Segundo a Lei de Terras, para realizar esse processo, os posseiros deveriam legalizar as suas terras
em cartórios localizados nas cidades, os quais, na época, eram de difícil acesso para a população rural,
pois não havia facilidades de deslocamentos como hoje em dia. Além disso, a maioria deles não possuía
recursos para pagar taxas de registro e oficializar sua propriedade.
Os proprietários não legalizados (os posseiros) deveriam registra-las em cartórios para regularizar a
sua documentação. Caso contrário, a propriedade da terra não seria reconhecida. Ao definir a compra
como a única forma de obtenção de terras, o Estado excluiu a possibilidade da população pobre como
posseiros, ex. escravos, tornar-se proprietário rural.
Em contrapartida, favorecia a minoria rica do país, que se via em condições de adquirir as maiores e
melhores terras. Isso resultou no monopólio das terras nas mãos de uma minoria a abundância de
trabalhadores livres necessária para substituir futuramente os escravos.
Além de alto número de terras ocupadas sem registro legal, suas demarcações eram feitas de modo
impreciso. Os limites das propriedades, eram, muitas vezes, vagamente definidos por elementos naturais
como rios, quedas d’agua ou morros. Esse cenário foi agravado pelo início de um intenso processo de
apropriação ilegal de terras no país denominado grilagem de terra.

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


39
Muitos apropriaram-se das facilidades políticas e dos conhecimentos legais que possuíam para
registrar terras que não lhes pertenciam – fossem elas ocupadas por posseiros, indígenas ou de
propriedade do Estado. Em um contexto no qual a grande maioria da população era analfabeta, os únicos
aptos a produzir tais documentos eram os integrantes da minoria letrada do país.
Em muitos casos, essas terras não foram incorporadas com fins produtivos. Ao se apropriarem delas,
os grileiros tinham como objetivo esperar a sua valorização para, posteriormente, vendê-las a um preço
alto. Devido ao seu caráter excludente com relação à distribuição de terras, a Lei de Terras resultou em
uma estrutura fundiária extremamente desigual e que se perpetua até os dias de hoje no Brasil.

Movimentos Sociais e a Reforma Agrária

A má distribuição de terras foi responsável por uma série de problemas nas zonas rurais brasileiras. A
difusão do processo de grilagem resultou na expulsão forçada de diversos posseiros de suas terras.
Naturalmente, os posseiros não costumavam aceitar passivamente a expulsão das terras que
ocupavam há anos, ou mesmo há gerações. Os conflitos envolvendo a disputa por terras costumavam
ser resolvidos por meio da intimidação e, principalmente, da violência física.
Outro aspecto relacionado à concentração fundiária no Brasil diz respeito à pobreza no campo. Esse
fenômeno é consequência da existência de uma massa de trabalhadores rurais conhecidos como sem-
terra, que, para sobreviver, dependem de trabalhos com salários significativamente baixos.
Além desse fator, as condições de vida do trabalhador rural são agravadas pelo desenvolvimento
tecnológico no campo. O uso cada vez maior de máquinas reduz a necessidade de contratação de muitos
trabalhadores, o que aumenta o desemprego no campo.

Debate sobre a reforma agrária no Brasil


Os problemas envolvendo a má distribuição de terras motivaram o debate sobre a necessidade ou não
de se fazer uma reforma agrária no país.

Reforma agrária consiste em uma proposta de mudança na política de distribuição de terras, feita
com o objetivo de diminuir ou acabar com a concentração fundiária – e assim reduzir os impactos sociais
negativos acarretados por ela.

A questão da reforma agrária é abordada na atual Constituição brasileira, de 1988. Nela, afirma-se que
as propriedades rurais que não cumprem sua função social, por serem improdutivas, devem ser
desapropriadas pelo Estado e distribuídas para trabalhadores sem-terra.
Com isso espera-se que haja diminuição da desigualdade social no campo e o aumento da
produtividade agrícola no país.
De fato, a concentração de terras pode acarretar em uma menor produtividade, já que, devido às suas
condições econômicas e ao tamanho de suas terras, os pequenos agricultores veem-se obrigados a
produzir o máximo em suas propriedades de modo a garantir a maior renda possível. Em contrapartida,
muitos dos grandes produtores se dão ao luxo de não produzir em toda a área de suas propriedades.
Devido ao caráter mercadológico que a propriedade fundiária adquiriu após a Lei de Terras,
desenvolveu-se no país uma prática de especulação, por meio da qual grandes proprietários mantêm
vastas áreas improdutivas, com o intuito de revende-las quando estiverem valorizadas.
Ao garantir maior produtividade agrícola, a reforma agrária também implicaria no aumento da oferta de
alimentos no país e, com isso, poderia provocar uma diminuição do preço desses produtos. Enquanto a
produção dos latifúndios é voltada para o mercado externo, são os pequenos produtores os responsáveis
pela maior parte do abastecimento de alimentos no mercado interno nacional.

Polêmicas da Reforma Agrária


A vida e a economia no campo brasileiro carregam uma série de contradições. Por um lado, a produção
agrícola para exportação apresenta um alto grau de desenvolvimento tecnológico e uso de mecanização.
Essa atividade também possui grande participação na economia brasileira, sendo responsável por boa
parte das exportações.
Porém, é nas zonas rurais que se encontram as regiões mais pobres do país, onde as condições de
trabalho são as piores. Da mesma forma, existem muitos pequenos produtores que não têm condições
financeiras de desfrutar do desenvolvimento tecnológico nas suas produções, contrastando com os
grandes produtores.

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


40
A proposta de reforma agrária implica uma distribuição mais justa das terras que, espera-se, resultar
em um número maior de pessoas empregadas no campo. Como consequência, haveria uma diminuição
significativa do êxodo rural12.
Mesmo assim, apesar do alto número de terras improdutivas no país, pouco se fez pela reforma agrária
ao longo da História brasileira. Obviamente, mesmo com os benefícios sociais que seriam alcançados, as
políticas de distribuição de terras prejudicariam os interesses econômicos de diversos grupos.
Não se pode esquecer de que a exportação agrícola baseada no cultivo em latifúndios ainda é
responsável pela maior parte da economia brasileira. Por isso, alguns grupos defendem que a distribuição
de terras seria prejudicial ao país, pois diminuiria a arrecadação obtida por meio da economia
agroexportadora.
Outra questão polêmica envolvendo a reforma agrária diz respeito aos critérios de classificação do que
seriam terras improdutivas ou que produzem abaixo de sua capacidade. No caso da pecuária, por
exemplo, os defensores da reforma agrária argumentam que existem muitas terras subaproveitadas. De
fato, existe no Brasil um número alto de fazendas em que uma cabeça de gado ocupa, em média, uma
área maior do que um minifúndio ou uma pequena propriedade. Por outro lado, os proprietários alegam
que estão produzindo no local e, por isso, não deveriam perder sua terra.
No Brasil, a desigualdade social no campo está diretamente relacionada à concentração fundiária e,
assim como em outros lugares do mundo, tal desigualdade provocou uma série de mobilizações sociais.
O principal movimento social organizado de camponeses no mundo é a Via Campesina. Essa
organização internacional, criada em 1993, é composta por mais de 170 movimentos sociais ligados à
terra de países da América, Ásia, Europa e África. Entre os seus integrantes estão milhões de
trabalhadores rurais sem-terra, pequenos e médios proprietários, indígenas e migrantes que se opõem
ao agronegócio vigente em muitos países pobres ou emergentes.
Eles defendem o incentivo ao pequeno produtor e a distribuição de terras, de modo a atingir um modelo
de produção socialmente mais justo e menos impactante ao meio ambiente.
No Brasil, os movimentos sociais de luta pela terra foram historicamente combatidos tanto pelo Estado
como pelos grandes proprietários de terra. Esses movimentos abrangem tanto comunidades indígenas
como posseiros e trabalhadores rurais sem terra. Ao longo da história, as disputas por terra no país foram
marcadas pela violência e pela apropriação à força dos territórios.
Alguns dos primeiros expoentes dessa luta no Brasil foram as Ligas Camponesas, criadas pelo Partido
Comunista Brasileiro (PCB). Elas tiveram uma atuação política intensa ao Nordeste durante as décadas
de 1950 e 1960, período em que muitas de suas lideranças foram assassinadas. Com o governo militar
(1964 -1985) a perseguição contra as Ligas Camponesas se intensificou e suas atividades rapidamente
se extinguiram.
Porém, apesar do fim das Ligas Camponesas, a luta pela terra continuou durante o período da ditadura
militar. Nos anos 1970, os principais conflitos ocorreram na Amazônia, entre posseiros, indígenas e
grileiros. Eles se deram, em grande parte, devido às políticas do Estado brasileiro de incentivo ao
desenvolvimento da agropecuária na região, o que motivou o interesse de grandes empreendedores
sobre as terras locais.
Nessa época foram criadas importantes organizações sociais vinculadas à Igreja Católica, como a
Comissão Pastoral da Terra (CPT) e o Conselho Indigenista Missionário (CIMI) – a primeira ligada aos
colonos e posseiros, e a segunda, aos indígenas.
Hoje em dia, a principal organização de camponeses do Brasil é o Movimento dos Trabalhadores
Rurais Sem Terra (MST). Esse movimento social foi criado na década de 1980 e tem como principal
bandeira a luta pela reforma agrária no país.
A principal forma de ação do MST é a ocupação de terras. Essa prática costuma ocorrer em latifúndios
considerados improdutivos ou com histórico de grilagem. Por isso, essas práticas costumam ser mais
intensas na região Norte do país, onde os índices de grilagem e terras improdutivas são maiores.
Ao ocupar as terras, os integrantes do MST constroem acampamentos nas propriedades, podendo se
estabelecer lá por anos até conseguirem sua posse por meio do Estado ou serem expulsos pelos
proprietários.
Além das ocupações, o MST promove outros tipos de ações, como marchas, ocupações de prédios
públicos, acampamentos em cidades e manifestações. Por ser a sede do poder político brasileiro, Brasília
é geralmente escolhida para sediar esses atos.
As ações políticas do MST são alvo de muitas críticas por parte de diversos setores da sociedade
brasileira. A maior parte delas diz respeito às ocupações de terras que o movimento alega serem

12
Êxodo rural é o termo pelo qual se designa a migração do campo por seus habitantes, que, em busca de melhores condições de vida, se transferem de
regiões consideradas de menos condições de sustentabilidade a outras, podendo ocorrer de áreas rurais para centros urbanos.

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


41
improdutivas, condição tal negada pelos proprietários. Por isso, é comum os opositores do movimento
chamarem esses atos de invasões e não de ocupações.
A maior parte dos conflitos relacionados ao MST envolve os proprietários que tiveram suas terras
ocupadas, ou invadidas, e o Estado na busca da garantia e da defesa do direito à propriedade provada.
Esses conflitos costumam ser violentos e muitas vezes resultam em mortes.
Se, por um lado, os movimentos sociais estruturam organizações para reivindicarem seus direitos,
assim o fazem também os fazendeiros, chamados de ruralistas. Desde 1985 eles organizam-se na União
Democrática Ruralista (UDR), associação de fazendeiros que luta pelos direitos da propriedade privada
no campo. As entidades dos movimentos sociais e a UDR opõem-se declaradamente, pois seus objetivos
são conflitantes.

Interdependência entre Campo e Cidade

Muitas vezes, cidade e campo são concebidos como lugares opostos. Assim, a cidade seria o espaço
do desenvolvimento, das tecnologias e da modernização, onde se encontram as infraestruturas mais
modernas e as condições de vida são melhores. Em contrapartida, o campo muitas vezes é idealizado
como um lugar pouco desenvolvido, onde as infraestruturas e as tecnologias são menos avançadas e as
condições de vida são piores.
Porém, no campo, coexistem a riqueza e a pobreza, bem como a modernização associada ao
desenvolvimento tecnológico. O mesmo ocorre nas cidades, onde é possível notar uma grande
desigualdade social que se reflete nas condições de vida da população e nos tipos de serviços acessíveis
a ela.
Historicamente, zonas urbanas e zonas rurais sempre se relacionaram de alguma forma. Por serem
locais de prática do comércio, é nas cidades que se comercializa a produção agrícola do campo. Por outro
lado, elas dependem das regiões rurais para abastece-las com alimentos e outros tipos de produtos
agrícolas indispensáveis à vida e ao dia a dia das pessoas. Das zonas rurais são obtidas as matérias-
primas utilizadas na fabricação de produtos que são consumidos principalmente pela população urbana.

Áreas Produtivas e as Questões Ambientais

Se, por um lado, a estrutura da produção agropecuária moderna envolve o uso de máquinas e técnicas
com avançadas tecnologias, por outro implica em sérias questões ambientais. O modelo atual explora os
recursos naturais de tal forma que muitas vezes leva-os ao esgotamento.
O desmatamento é uma prática muito comum para a realização da agropecuária. A retirada da
cobertura vegetal resulta em inúmeras consequências: redução da biodiversidade, erosão e redução dos
nutrientes do solo, assoreamento dos corpos hídricos, entre outros.
No caso da pecuária, além da retirada da cobertura vegetal e de sua substituição por pastagens, o
pisoteio do rebanho de animais provoca a compactação dos solos, o que dificulta a infiltração de água no
terreno.
Além do desmatamento, em algumas áreas também é comum a utilização de queimadas, o que pode
trazer inúmeros danos, como a perda de fertilidade do solo.
Outro agravante muito discutido é a utilização de insumos químicos – fertilizantes, inseticidas e
herbicidas, conhecidos como agrotóxicos -, que causam contaminação do solo e das águas.
Os insumos são conduzidos pelas águas da chuva: uma parte penetra no solo, atinge o lençol freático
e o contamina, e outra parte é levada até os mananciais.
Desde 2008, o Brasil é o país que mais usa agrotóxicos no planeta.

Sistemas Agroflorestais
Com o crescimento dos danos ambientais provocados pelo modelo agrícola atual, muitas pessoas vêm
buscando criar e resgatar alternativas de produção de alimentos de forma a gerar menos impactos ao
meio ambiente. Uma dessas alternativas é chamada de agroflorestal.
Um Sistema Agroflorestal, também chamado de SAF, é um tipo de uso da terra no qual se resgata a
forma ancestral de cultivo, combinando árvores com cultivos agrícolas e/ou animais.
A agrofloresta busca utilizar ao máximo todos os recursos naturais disponíveis no local, sem recorrer
a agentes externos, como insumos químicos. Assim, torna-se um sistema extremamente benéfico ao meio
ambiente, além de muito mais barato para o agricultor, já que elimina os gastos com insumos químicos.

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


42
Expansão da Fronteira Agrícola
O conceito de fronteira agrícola é utilizado para designar as áreas limítrofes entre o chamado meio
natural e o local onde se praticam atividades agropecuárias.
A tendência dessas áreas é a de se expandir constantemente, acompanhando o ritmo da produção
agrícola.
A expansão da fronteira agrícola traz uma série de mudanças no espaço geográfico, implicando uma
nova organização espacial. São ampliadas infraestruturas de transporte, comunicação e geração de
energia, o que eleva a concentração populacional e impulsiona o desenvolvimento econômico das regiões
em questão.
No Brasil, a partir da década de 1960, houve o avanço da fronteira agrícola para a Região Centro-
Oeste, estimulados pelos projetos do governo federal de ocupação e desenvolvimento do interior do país.
Nesse período, foram oferecidos diversos incentivos, como créditos agrícolas e vendas de lotes de
terra a preços baixos, com o objetivo de atrair agricultores do Sul, Sudeste e Nordeste para a região.
Atualmente, a fronteira agrícola expande-se em direção à Amazônia.
A expansão traz sérios danos ambientais, como o desmatamento e poluição dos solos e dos rios. Além
disso, como a expansão da fronteira agrícola geralmente é baseada na mecanização e na utilização de
insumos químicos, o que agrava o problema da questão fundiária, já que pequenos proprietários rurais
são obrigados a vender suas terras por não terem condições de arcar com os custos da produção.

Revolução Verde
A partir dos anos 1960, o espaço agrícola brasileiro passou por intensas mudanças, ligadas
principalmente à implantação de novas tecnologias na agropecuária. Essas transformações estão ligadas
a um processo mundial, conhecido como Revolução Verde.
A Revolução Verde iniciou-se na década de 1950, nos Estados Unidos, e consistia na aplicação da
ciência ao desenvolvimento de técnicas agrícolas com o objetivo de aumentar a produtividade da
agricultura e da pecuária.
Nas décadas seguintes, esse conjunto de mudanças foi implantado em vários países, inclusive no
Brasil, com o objetivo de erradicar a fome por meio do aumento na produção de alimentos.
A indústria química desenvolveu os agrotóxicos. Os laboratórios de genética criaram sementes
padronizadas e mais resistentes a doenças, pragas e aos próprios agrotóxicos. A indústria mecânica
desenvolveu tratores, colheitadeiras e outros equipamentos para o plantio, a colheita e a criação de
animais.
Esse conjunto de transformações tinha como objetivo aproximar a agricultura de um padrão industrial
de produção. Portanto, uma das propostas da Revolução Verde era a adoção do mesmo padrão de cultivo
em todos os lugares do mundo, desconsiderando as variações locais das condições naturais, como o
clima ou a fertilidade natural do solo, e as necessidades e possibilidades dos agricultores.
A adoção de monoculturas, largas propriedades de terra destinadas ao cultivo de uma única espécie,
foi outra medida imposta pela Revolução Verde, já que a eficiência dos insumos químicos e do maquinário
dependia da uniformidade do cultivo.
No Brasil, a implantação da Revolução Verde foi estimulada por meio de políticas públicas que
promoviam o financiamento e a assistência técnica aos produtores rurais, oferecendo créditos e
subsídios. Houve um significativo aumento na produção, maior até que o aumento na área plantada. Isso
porque os cultivos tornaram-se mais produtivos.
No entanto, tal processo foi feito às custas de danos ao meio ambiente e de aumento de desemprego
no campo, já que muitos trabalhadores foram substituídos por máquinas.
Esse processo de modernização da agricultura não se deu de forma uniforme e igualitária ao longo do
território brasileiro. Além disso, gerou desemprego e concentração de renda, beneficiando somente os
grandes produtores.

Transgênicos, biotecnologia e agroindústria


Nas áreas onde se implantaram as técnicas agrícolas consideradas modernas, observou-se a
concentração de indústrias de equipamentos agrícolas e de agrotóxicos e também de estabelecimentos
comerciais. Além disso, houve a rápida instalação e expansão das chamadas agroindústrias, que têm
como objetivo transformar gêneros agrícolas e pecuários em produtos industrializados. Por isso,
geralmente, estão localizadas nas proximidades dos lugares onde se produz tais gêneros, o que reduz
significativamente o custo com transporte da matéria-prima.
Com o desenvolvimento e avanço da ciência, novas técnicas foram criadas e incorporadas às práticas
agrícolas. Uma das mais polêmicas é a biotecnologia, o desenvolvimento de técnicas voltadas à

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


43
adaptação ou ao aprimoramento de características de organismos vivos, animais e vegetais, visando
torna-los mais produtivos.
Por meio dessas técnicas é possível, por exemplo, cultivar plantas de clima temperado em lugares de
clima tropical, acelerar o ritmo de crescimento de plantas e animais, aumentar o tempo entre o
amadurecimento e a deterioração das frutas, entre tantas outras mudanças.
Em meados da década de 1990, surgiu um novo ramo dentro da biotecnologia, ligado à pesquisa dos
genes dos organismos, o qual gerou um dos campos mais controversos da agricultura moderna: a
produção e manipulação de transgênicos.
Eles são gerados por meio de técnicas que possibilitam a introdução de um gene ou de um grupo de
genes em um organismo. Esses genes podem ser de outra variedade, espécie, gênero, ou até mesmo de
até mesmo de outro reino.
Como por exemplo, a utilização de sementes transgênicas que está atrelada a um pacote tecnológico
que envolve a utilização de maquinários, agroquímicos e monocultura associada a grandes propriedades.
Os agricultores ficam condenados a utilizar esse pacote tecnológico no momento em que adquirem a
semente transgênica, justamente para garantir a sua produtividade.
Essas sementes modificadas são programadas para não se reproduzirem depois de determinada
geração, o que obriga o produtor a adquiri novas sementes constantemente. Além disso, os laboratórios
que desenvolvem tais técnicas fazem parte de grandes conglomerados agroindustriais que se fortalecem
a cada dia. Muitas vezes, os fabricantes de sementes transgênicas são os mesmos que fabricam
agrotóxicos e fertilizantes.
Não existem estudos conclusivos sobre os impactos dos transgênicos na saúde humana. Depois de
fortes pressões exercidas por movimentos sociais que lutam contra a difusão dos transgênicos, o governo
federal criou uma lei que obriga as agroindústrias a identificar as embalagens dos alimentos que contêm
transgênicos com um símbolo.

Questões

01. (IPERON/RO – Tecnologia da Informação – UERR/2018) O processo denominado de expansão


da fronteira agrícola possui diferentes fases históricas de ocorrência. Atualmente, a expansão da fronteira
agrícola promove diversas consequências, com maior ou menor impacto. Entre as alternativas a seguir,
a que melhor apresenta a principal consequência da expansão da fronteira agrícola é:
(A) ampliação das unidades de conservação ambiental para mais de 70% do território.
(B) diminuição das áreas agrícolas e aumento das áreas urbano-industriais.
(C) degradação ambiental com desmatamento das vegetações naturais.
(D) manutenção permanente das paisagens naturais da floresta amazônica.
(E) substituição da floresta amazônica pelas espécies típicas do cerrado.

02. (IF/MT – Professor de Geografia – UFMT) Sobre a Geografia Agrária, assinale a afirmativa
INCORRETA.
(A) Dentre os agentes que compõem a questão agrária no Brasil, estão os latifundiários, os agricultores
familiares/camponeses.
(B) A Lei de Terras de 1850 possibilitou que o processo de acesso à terra no Brasil fosse facilitado
para os nativos do país.
(C) Dentro dos estudos da geografia agrária na geografia brasileira, muitos se concentram no
Paradigma da Questão Agrária (PQA) e no Paradigma do Capitalismo Agrário (PCA).
(D) A política fundiária brasileira assume que a função social da terra é produzir, portanto, se um
estabelecimento não cumprir essa função, poderá ser desapropriado.

03. (UNESP – Assistente em Engenharia Ambiental – VUNESP) O uso de agrotóxicos, sem dúvida,
foi um dos fatores que contribuiu para o aumento da produção agropecuária por meio do controle de
pragas e doenças. Hoje, porém, discute-se como aumentar a produção agropecuária orgânica, pois o uso
de agrotóxicos
(A) é uma tecnologia ultrapassada, somente utilizada em países subdesenvolvidos.
(B) sempre intoxica os seres humanos que utilizam produtos dessa cadeia alimentar.
(C) pode contribuir para contaminação ambiental em larga escala.
(D) estimula o desenvolvimento de outras metodologias mais caras para produção de alimentos.
(E) melhora a qualidade do solo e garante o aumento no número de empregos nas áreas rurais.

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


44
Gabarito

01.C / 02.B / 03.C

Comentários

01. Resposta: C
A expansão traz sérios danos ambientais, como o desmatamento e poluição dos solos e dos rios.

02. Resposta: B
Através da Lei de Terras a terra se transformava em uma mercadoria de alto custo, acessível a uma
pequena parte da população brasileira. Com isso, pessoas com condição financeira inferior, como ex
escravos, imigrantes e trabalhadores livres, tinham grandes dificuldades em obter um lote, legitimando o
desmando e a ampliação de terras dos grandes proprietários.

03. Resposta: C
Um agravante muito discutido é a utilização de agrotóxicos, que causam contaminação do solo e das
águas. Os mesmos são conduzidos pelas águas da chuva: uma parte penetra no solo, atinge o lençol
freático e o contamina, e outra parte é levada até os mananciais.

f. A população brasileira: evolução, estrutura e dinâmica.

ASPECTOS DA POPULAÇÃO BRASILEIRA13

A população do Brasil foi formada após a ocupação portuguesa, principalmente de povos nativos ou
indígenas, africanos e europeus. Nesse período, a maior parte dos africanos tinha origem etnolinguística
banto e ioruba, enquanto os europeus eram oriundos especialmente de Portugal, mas, em menor número,
também da França, dos Países Baixos, do Reino Unido, entre outros.
Desde meados do século XIX até os dias atuais, a população brasileira teve influência de variados
povos que imigraram em épocas diferentes para o país em busca de melhores condições de vida. São
exemplos os europeus, como italianos, espanhóis, alemães e poloneses; os asiáticos vindos do Japão,
da Coreia do Sul e de países do Oriente Médio; os latino-americanos vindos principalmente da Bolívia,
do Chile e do Haiti; além dos africanos de distintas nacionalidades, como moçambicanos, guineenses,
angolanos e cabo-verdianos.

Primeiros Habitantes

A quantidade de indígenas que ocupava o que é hoje o território brasileiro antes da chegada dos
portugueses ainda não é consenso entre os pesquisadores. As etnias com maiores populações e que
ocupavam as maiores extensões territoriais eram a jê e a tupi-guarani.
É inquestionável, entretanto, que, de 1500 aos dias atuais, os indígenas sofreram intenso genocídio.
No passado, as causas principais foram as doenças trazidas pelos europeus, para as quais os nativos
não tinham imunidade, e os conflitos com os colonizadores. Havia ainda as guerras entre diferentes
nações indígenas, que se intensificavam quando alguns grupos fugiam das regiões ocupadas pelos
europeus em direção a terras de outros povos, ou quando alguns grupos se aliavam militarmente a
portugueses, franceses e holandeses para lutar contra nações inimigas. Muitos povos também sofreram
etnocídio14, pois passaram a adotar hábitos dos colonizadores, como falar outra língua, professar uma
nova religião e alterar o próprio modo de vida, como a vestimenta e a alimentação.
De acordo com a Funai e o Censo demográfico do IBGE, em 2010, a população de origem indígena
estava reduzida a 817 mil indivíduos (0,4% da população total do país), distribuídos entre 505 terras
indígenas e algumas áreas urbanas e concentrados principalmente nas regiões Norte e Centro-Oeste.
Essas estimativas revelaram também que há pelo menos 107 referências de grupos isolados, isto é, que
não estabeleceram contanto com a sociedade brasileira.

13 SENE, Eustáquio de. Geografia geral e do Brasil. Volume único. Eustáquio de Sene, João Carlos Moreira. 6ª edição. São Paulo: Ática, 2018.
14 Etnocídio é a destruição da cultura de um povo.

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


45
Somente a partir da metade do século passado verificou-se uma tendência de aumento desse
contingente, principalmente em razão da demarcação de terras indígenas que em 2018 ocupavam 12,5%
do território brasileiro.
A Constituição Federal assegura aos indígenas o direito à terra: “Art. 231. São reconhecidos aos índios
sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos originários sobre as terras
que tradicionalmente ocupam, competindo à União demarca-las, proteger e fazer respeitar todos os seus
bens”. Apesar disso, a invasão de terras indígenas é uma realidade que esses povos continuam
enfrentando até os dias atuais.
Em 2010, 39% dos indígenas viviam em áreas urbanas e 61%, na zona rural. A taxa de crescimento
da população indígena, de 3,5% ao ano, era bem superior à média da população não indígena, de 0,8%.
Entre as 305 etnias existentes no país, os Yanomami ocupavam a terra indígena mais populosa, com
25,7 mil habitantes, distribuídos entre os estados do Amazonas e de Roraima. A etnia ticuna (AM) é a
mais numerosa, com 46 mil pessoas distribuídas por várias terras esparsas, seguida dos Guarani Kaiowá
(MS), com 43 mil membros. Os grupos indígenas isolados não foram contabilizados no Censo 2010 em
razão da política de preservação cultural.

Povos Indígenas: Condições de Vida

Brasil: Terras Indígenas 2017/2018

http://brasildebate.com.br/demarcacao-e-disputa-pelas-terras-indigenas/

A criação de parques e terras indígenas, onde ficam asseguradas as condições de vida em


comunidade dos povos nativos, constitui o reconhecimento do direito de existência de culturas distintas,
com valores e costumes próprios. O princípio que embasa a demarcação dessas terras é o fato de que
os indígenas foram os primeiros habitantes desse território.
Esse tipo de garantia é importante por causa da visão de mundo de diversas nações indígenas. A terra
é considerada a base do grupo por ser o lugar onde reproduzem a cultura, desenvolvem sua organização
social e jazem seus ancestrais.

Formação da População Brasileira

Desde o século XVI, início da colonização, os portugueses foram se fixando no Brasil. Entre 1532 e
1850, os africanos foram trazidos forçadamente para o território brasileiro. Depois de 1870, a imigração
de europeus, asiáticos e latino-americanos foi ampliada e, com isso, o país foi sendo povoado e novas
famílias se formaram. Os descendentes de todos esses povos compõem o povo brasileiro atual.

Como a População Brasileira se Identifica

Segundo o IBGE, o percentual de pessoas que se consideram brancas tem caído e o número das que
se consideram pretas caiu de 1950 a 1980 e voltou a aumentar em 2010. Já a auto identificação como
parda está crescendo desde a década de 1950. Isso pode indicar que o processo de aceitação e de

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


46
valorização da identificação afrodescendente da população brasileira tem se ampliado nas últimas
décadas.
Os dados levantados pelo IBGE refletem a forma como as pessoas se identificam. Nem sempre os
pardos se declararam como tal, havendo muitos que se declaravam como brancos. Além disso, o Censo
2010 foi o primeiro a oferecer a opção “indígena” como auto identificador. Existem ainda muitas pessoas
que, por particularidades culturais, não se identificam com nenhuma das cindo opções oferecidas para
enquadramento da resposta (branca, preta, amarela, parda e indígena).
A espécie humana é única, não existem raças. O conceito de raça (além do de cor, que seria expressão
fenotípica de um indivíduo), como aparece nas pesquisas e relatórios do IBGE, não tem embasamento
biológico; ele corresponde a uma construção social ao longo da história.

Imigração Internacional (Forçada e Livre)

Como a Coroa portuguesa não fazia registros oficiais do tráfico de pessoas escravizadas, não existem
dados precisos sobre o número de africanos que ingressaram no Brasil, quais foram os anos de maior
fluxo, por qual porto entraram e de que lugar da África vieram. Segundo estimativas, ingressaram no país
pelo menos 4 milhões de africanos entre 1550 e 1850, a maioria proveniente do golfo de Benin e das
regiões que atualmente compreendem os territórios de Angola (ao sul do continente, costa ocidental) e
Moçambique (também ao sul, costa oriental).
A participação brasileira no total de escravizados por destino mundial é muito grande, o mesmo
ocorrendo com o Rio de Janeiro e São Paulo em relação à quantidade de escravizados para o Brasil.
Entre as correntes migratórias livres a mais importante foi a portuguesa, que se estendeu até os anos
1980 e voltou a acontecer depois da crise econômica mundial iniciada em 2008, com a vinda de
profissionais qualificados em busca de empego. Além de serem numericamente mais significativos, os
imigrantes portugueses espalharam-se por todo o território nacional.
Até 1883, a segunda maior corrente de imigrantes livres foi a italiana, que nessa época se dirigiu aos
cafezais do Sudeste; a terceira, a alemã, que se concentrou no Sul, em colônias; e a quarta, a espanhola,
que se dirigiu a várias cidades do Sudeste e Sul do país. A partir de 1850, a expansão dos cafezais pelo
Sudeste e a necessidade de efetiva colonização da região Sul levaram o governo brasileiro a criar
medidas de incentivo à vinda de imigrantes europeus para substituir a mão de obra escravizada. Algumas
das medidas adotadas e divulgadas na Europa foram o financiamento da passagem e a suposta garantia
de emprego, com moradia, alimentação e pagamento anual de salários.
Embora atraente, essa propaganda governamental revelou-se enganosa e escondia uma realidade
perversa: a escravidão por dívida. A saída do imigrante da fazenda somente seria permitida quando a
dívida fosse quitada. Como não tinha condições de pagar o que devia, ele ficava aprisionado no latifúndio,
vigiado por capangas. Essa prática, de escravidão por dívida, é comum até hoje em vários estados do
Brasil, sobretudo na região Norte.
Além dos cafezais da região Sudeste, outra grande área de atração de imigrantes europeus, com
destaque para portugueses, italianos e alemães, foi o Sul do país. Nessa região, os imigrantes ganhavam
a propriedade da terra, onde fundaram colônias de povoamento.
Os espanhóis não fundaram colônias; em vez disso espalharam-se pelos grandes centros urbanos de
todo o Centro-Sul brasileiro, principalmente nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro.
Em 1908, aportou em Santos a primeira embarcação trazendo colonos japoneses. O destino de quase
todos foram as lavouras de café do oeste do estado de São Paulo e do norte do Paraná; alguns se
instalaram no vale do Ribeira (SP) e ao redor de Belém (PA). Da década de 1980 até 2008/2009, porém,
alguns descendentes de japoneses passaram a fazer o caminho inverso de seus ancestrais, emigrando
em direção ao Japão como trabalhadores, e a ocupar postos de trabalho menos procurados por cidadãos
japoneses, geralmente em linhas de produção industrial. Essas pessoas são conhecidas como
decasséguis (do japonês deru, “sair”, e kasegu, “para trabalhar”). Com a crise econômica mundial que se
iniciou em 2008 e o aumento do desemprego no Japão, esse fluxo se estagnou, e muitos decasséguis
retornaram ao Brasil.
As correntes imigratórias de menor expressão numérica incluem judeus, espalhados pelo Brasil e
oriundos de diversos países, principalmente europeus; árabes, sírios e libaneses, também distribuídos
pelo país; chineses e coreanos, mais concentrados em São Paulo; eslavos, sobretudo poloneses, lituanos
e russos, mais concentrados em Curitiba e outras cidades paranaenses. Há também sul-americanos, com
argentinos, uruguaios, paraguaios, bolivianos, venezuelanos e chilenos, a maioria na Grande São Paulo;
e haitianos e pessoas de vários países africanos, com destaque para Angola, Cabo Verde e Nigéria.

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


47
Migração (Movimentos Internos)

Segundo dados do IBGE, em 2015, 38% dos habitantes do Brasil não eram naturais do município em
que moravam, e cerca de 15% deles não eram procedentes da unidade da federação em que viviam.
Esses dados revelam que predominam os movimentos migratórios dentro do estado de origem.
Atualmente há um crescimento dos fluxos urbano-urbano e intrametropolitano, isto é, aumenta o número
de pessoas que migram de uma cidade para outra no mesmo estado ou em determinada região
metropolitana em busca de melhores condições de vida. Analisando a história brasileira, percebemos
que, desde o século XVI, os movimentos migratórios estão associados a fatores econômicos. Quando o
ciclo da cana-de-açúcar no Nordeste decaiu, por exemplo, se intensificou o do ouro em Minas Gerais, e
muitas pessoas foram atraídas para este estado. Esses grandes deslocamentos provocam um intenso
processo de urbanização na nova centralidade econômica do país.
Mais tarde, com o ciclo do café e o processo de industrialização, o eixo São Paulo-Rio de Janeiro se
tornou o grande polo de atração de migrantes, que saíam da região de origem em busca de emprego ou
de melhores salários. Somente a partir da década de 1970, por causa do processo de desconcentração
da atividade industrial e da criação de políticas públicas de incentivo à ocupação das regiões Norte e
Centro-Oeste, a migração para o Sudeste começou a apresentar significativa queda.
Se determinada região do país começa a receber investimentos produtivos, públicos ou privados, que
aumentam a oferta de emprego, em pouco tempo ela se torna polo de atração de pessoas. É o que
acontece atualmente com os municípios de médio porte em vária regiões do país.
Municípios médios e grandes do interior do Estado de São Paulo, como Campinas, Ribeirão Preto,
São José dos Campos, Sorocaba e São José do Rio Preto, e alguns menores apresentam índices de
crescimento econômico maiores do que os da capital, o que gera atração populacional. Isso de deve ao
desenvolvimento dos sistemas de transporte, energia e telecomunicações.

Emigração

Os movimentos de população sempre estão associados a fatores de repulsão e de atração e, muitas


vezes, os emigrantes saem contrariados de seu país de origem. A partir da década de 1980, o fluxo
imigratório do Brasil começou a se tornar negativo, ou seja, o número de emigrantes tornou-se maior do
que o de imigrantes.
Do início da década de 1980 até a crise mundial que começou em 2008, muitos brasileiros se mudaram
para Estados Unidos, Japão e países da Europa (sobretudo Portugal, Reino Unido, Espanha e França),
entre outros destinos, em busca de melhores condições de vida. Os principais motivos para a evasão
eram os salários muito baixos pagos no Brasil, comparados aos desses países, e os índices elevados de
desemprego e subemprego no país.
Enquanto perdurou a crise econômica mundial iniciada em 2008, o Brasil passou a receber muitos
imigrantes de países latino-americanos, com destaque para a Bolívia, Peru e Paraguai. Além disso, muitos
brasileiros que moravam no exterior voltaram para o país. Dessa forma, naqueles anos, o Brasil deixou
de ser um país onde predominava a emigração e passou a receber imigrantes em maior número, mesmo
durante o período recessivo entre 2014 e 2017 e a crise econômica que se seguiu a ele.
Há também um grande número de brasileiros estabelecidos no Paraguai, quase todos produtores
rurais que para ali se dirigiram em busca de terras baratas e de uma carga tributária menor do que a
brasileira.

Aspectos da População Brasileira

Nas últimas décadas o Brasil vem passando por significativas mudanças estruturais em sua
composição demográfica, com uma tendência ao envelhecimento populacional. Isso ocorre, sobretudo,
em razão da redução da taxa de fecundidade e do aumento da expectativa de vida. Essas transformações
que provocam grandes impactos na sociedade e economia.

Crescimento Vegetativo da População Brasileira

A sociedade brasileira vem passando por expressivas mudanças em seu perfil demográfico. Até a
década de 1990, as taxas de fecundidade eram altas, o que contribuía para que a maior parte da
população brasileira fosse jovem. Nos últimos anos, a quantidade de filhos por mulher diminuiu de forma
expressiva gerando reflexos diretos no crescimento populacional.

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


48
Segundo os Indicadores de desenvolvimento sustentável 2017 do IBGE, em 2016 a taxa de
fecundidade da mulher brasileira era de 1,7%, inferior aos 2,1% considerados pela ONU como nível de
reposição. Essa é a média de filhos por mulher necessária para manter a população estável.
Essa redução do número de filhos por mulher é consequência de uma série de fatores, como
urbanização, desenvolvimento de métodos contraceptivos, melhoria de índices de educação, adoção de
políticas públicas visando o planejamento familiar, maior ingresso das mulheres no mercado de trabalho,
e mudanças nos valores socioculturais, com destaque para a emancipação feminina.
Entre 1950 e 1980, a população brasileira cresceu em média 2,8% ao ano, índice que projetava sua
duplicação a cada 25 anos. Já de 2010 para 2015, o crescimento populacional caiu para 0,8% ao ano, e
a projeção para a população duplicar aumentou para 87 anos.
Da década de 1940 para a de 2010, o número médio de filhos por mulher diminuiu de 6,2 para 1,8.
Paralelamente à redução acentuada da natalidade, a esperança de vida ao nascer tem aumentado.
Esse aumento se dá em razão da melhoria das condições de vida da população e dos avanços na área
da medicina e da saúde pública. Assim, por causa desse movimento paralelo, o Brasil encontra-se em
um período de transição demográfica, que se intensificou a partir dos anos 1980.
O número de crianças no total da população brasileira tem diminuído, enquanto o de jovens, adultos e
idosos tem aumentado, em consequência da redução da fecundidade e do aumento da esperança de
vida. Nas próximas décadas, o número de idosos continuará crescendo, enquanto o de crianças e jovens
cairá.
Essas alterações na composição etária da população indicam que o Brasil ingressou num período
especial conhecido como janela ou bônus demográfico.
Ele ocorre quando há predomínio de adultos no conjunto total da população em relação a crianças (0
a 14 anos) e idosos (65 anos ou mais). Isso aumenta o número de pessoas em idade produtiva e diminui
a quantidade de dependentes, favorecendo o desenvolvimento econômico.
Entretanto, o país não está aproveitando esse período de bônus demográfico de forma eficiente.
Setores de saúde pública e educação básica, por exemplo, que poderiam criar condições estruturais
melhores para o crescimento econômico, recebem poucos investimentos. O mesmo ocorre em setores
de infraestrutura, como o de transportes. Estima-se que o percentual de brasileiros em idade produtiva
deva aumentar até por volta de 2020 e depois comece a diminuir.
O crescimento vegetativo no Brasil vem diminuindo, especialmente por causa do menor número de
nascimentos. Em termos percentuais, a taxa de mortalidade brasileira já atingiu um patamar equivalente
ao de países desenvolvidos, próximo a 6‰. Isso significa que seis habitantes morrem a cada grupo de
mil ao ano. Segundo as projeções, a partir de 2042 a população brasileira deverá parar de crescer e
passará a sofrer redução, porque o número de óbitos provavelmente será maior do que o de nascimentos.
Conhecer essas mudanças no comportamento demográfico possibilita aos governos estabelecer
planos de investimentos em áreas essenciais, como educação, saúde e previdência social, adequados
ao perfil populacional. Por exemplo, saber que a população idosa vai aumentar expressivamente em
relação à PEA leva à necessidade de o governo monitorar as regras da previdência social, uma vez que
haverá menos trabalhadores contribuindo e um número maior de pessoas utilizando o sistema
previdenciário (aposentados e pensionista). Além disso, o crescimento da população com idade acima de
60 anos exige, cada vez mais, maiores investimentos no sistema de saúde, pois em geral os idosos
requerem mais cuidados médicos.

Esperança de Vida e Mortalidade Infantil


A esperança de vida ao nascer e a taxa de mortalidade infantil são importantes indicadores da
qualidade de vida da população de um país. Essas taxas podem revelar como está a qualidade do ensino,
do saneamento básico e dos serviços de saúde, como campanhas de vacinação, atenção ao pré-natal,
aleitamento materno e nutrição, entre outros.

Brasil: Esperança de Vida ao Nascer - 2016


Regiões Total (em anos)
Norte 72,2
Nordeste 73,1
Sudeste 77,5
Sul 77,8
Centro-Oeste 75,1
Brasil 75,7

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


49
É importante observar que, no Brasil, os contrastes regionais são muito acentuados. Em 2016, na
região Sul, a expectativa de vida ao nascer era 4,7 anos maior do que na região Nordeste. Embora tenha
caído de 115% para 13% entre 1970 e 2016, a mortalidade infantil no Brasil ainda é alta se comparada
com a de outros países com nível de desenvolvimento semelhante. Segundo o Banco Mundial, em 2015,
na Argentina essa taxa era de 11% e no Chile, 7%. Com relação aos países desenvolvidos, a distância é
ainda maior: Luxemburgo e Japão, 2%. Nesses países, os fatores da mortalidade infantil independem de
políticas de infraestrutura social; já no caso do Brasil, o percentual de mortes associadas à carência de
serviços públicos essenciais ainda é elevado.
Apesar da grande queda no índice de mortalidade infantil nas regiões Nordeste e Norte, elas continuam
a apresentar as maiores taxas do país.
Os avanços nos serviços públicos de saúde contribuíram para a diminuição da mortalidade infantil. Um
exemplo disso é a campanha de vacinação contra a poliomielite.

Estrutura da População Brasileira

O aumento da esperança de vida da população brasileira ao nascer e a queda das taxas de natalidade
e mortalidade vêm provocando mudanças na pirâmide etária. Está ocorrendo um significativo
estreitamento em sua base, que corresponde aos mais jovens, e o alargamento do meio para o topo, por
causa do aumento da participação percentual de adultos e idosos.
Quanto à distribuição da população brasileira por gênero, o país se enquadra nos padrões mundiais,
nascem cerca de 105 homens para cada 100 mulheres. No entanto, a taxa de mortalidade infantil e juvenil
masculina é mais elevada, e a expectativa de vida dos homens é mais baixa do que das mulheres.
Em razão disso, é comum as pirâmides etárias apresentarem uma parcela ligeiramente maior de
população feminina. Segundo o IBGE, em 2015, o Brasil tinha 99,4 milhões de homens (48,5%) e 105,5
milhões de mulheres (51,5%).

Mortalidade de Jovens e Adultos


Um aspecto demográfico da população brasileira que se torna cada vez mais preocupante é o aumento
das mortes de adolescentes e adultos jovens do sexo masculino por causas violentas, como assassinatos
e acidentes automobilísticos decorrentes de excesso de velocidade, imprudência ou uso de drogas. Isso
provoca impactos na distribuição etária da população e na proporção entre os sexos, além de trazer
implicações socioeconômicas, com a diminuição da qualidade de vida da população em geral (em
decorrência da insegurança generalizada) e o aumento de gastos com prevenção e coibição da violência,
vigilância à venda de drogas, entre outros.
Segundo o IBGE, se não ocorressem mortes prematuras da população masculina, a esperança de
vida média dos brasileiros seria maior em dois ou três anos. O predomínio de mulheres na população
total vem aumentado. Em 2000, havia 98,7 homens para cada grupo de 100 mulheres. Em 2010, esse
índice reduziu para 97,9 homens para cada grupo de 100 mulheres.

PEA15 e Distribuição de Renda no Brasil

Relativo à distribuição da população economicamente ativa no Brasil em 2015, observou-se que 13,9%
da PEA trabalha na agropecuária. Embora esse número venha diminuindo em razão da modernização e
da mecanização do campo em algumas localidades, as atividades agrícolas também são praticadas de
forma tradicional e ocupam significativa mão de obra nas regiões mais pobres do país.
O setor industrial brasileiro, incluindo a construção civil, absorve 21,6% da PEA, número comparável
ao de países desenvolvidos. Após a abertura econômica, iniciada na década de 1990, o parque industrial
brasileiro se modernizou e algumas empresas ganharam projeção internacional.
O setor terciário, embora ocupe mais da metade da PEA no Brasil, apresenta os maiores níveis de
subemprego, uma vez que muitos dos trabalhadores exercem atividades informais, sem garantia de
direitos trabalhistas, além de não contribuírem para a previdência social.
No Brasil, 64,5% da PEA exercem atividades terciárias, somando-se serviços, comércio e manutenção.
No setor formal de serviços (como escolas, hospitais, repartições públicas, transportes, etc.), as
condições de trabalho e o nível de renda são muito variáveis: há instituições avançadas administrativa e
tecnologicamente, ao lado de outras bastante tradicionais. Por exemplo, ao compararmos o ensino
oferecido em escolas públicas, percebemos diferenças significativas de qualidade entre as unidades.
Essa discrepância ocorre também no setor da saúde.

15 PEA refere-se à população economicamente ativa.

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


50
O comércio ambulante é uma atividade informal, pois não são recolhidos impostos e os trabalhadores
não usufruem de direitos trabalhistas.

Participação das Mulheres


Quanto à composição da PEA por gênero, é possível notar certa desproporção: em 2015, 43% dos
trabalhadores eram do sexo feminino. Nos países desenvolvidos, essa participação é mais igualitária,
com índices próximos aos 50%.
O aumento da participação feminina na PEA ganhou impulso com os movimentos feministas a partir
da década de 1970, que passaram a reivindicar igualdade de gênero no mercado de trabalho, nas
atividades políticas e em outras esferas da vida social. Além disso, muitas mulheres passaram a prover
o sustento da família, inserindo-se cada vez mais no mercado de trabalho formal.
O percentual de mulheres que são empregadas com baixa remuneração é mais alto do que o de
homens.
Apesar de, no Brasil, as mulheres apresentarem médias mais elevadas de anos de estudo em relação
aos homens, ainda hoje muitas vezes elas recebem salários menores. Em 2015, as trabalhadoras
recebiam, em média, 76,1% dos rendimentos dos trabalhadores do sexo masculino. Além disso, há
predominância feminina em empregos de menor qualificação e salários mais baixos, como o trabalho
doméstico e a operação de telemarketing.
Nas sociedades em que a democracia está mais consolidada, e a cidadania, mais desenvolvida, existe
maior igualdade de oportunidades de trabalho entre homens e mulheres. A redução da discriminação por
gênero é um importante fator de combate à pobreza.

Participação dos Afrodescendentes


Para a avaliação do nível de desenvolvimento de um país, não basta considerar o crescimento
econômico. É fundamental ponderar também como se dá a distribuição das riquezas entre sua população.
Segundo o IBGE, em 2015, as pessoas que se declaravam pretas ou pardas recebiam cerca de 59%
a menos do que aquelas que se classificavam como brancas, revelando uma grave distinção social entre
grupos de cor ou raça no país, além da falta de equidade entre gênero.
Embora as desigualdades entre gêneros e entre cor ou raça tenham sido reduzidas desde a década
de 1970, elas ainda são muito acentuadas, e combatê-las é uma das ações fundamentais para diminuir
a pobreza no país.
A diferença na taxa de frequência escolar dos adolescentes brancos e pretos ou pardos caiu cerca de
6,4% para 3,1% entre 2004 e 2015. E a melhora do índice foi crescente para todas as cores ou raças da
população brasileira.

IDH do Brasil

Segundo o Relatório de Desenvolvimento Humano 2016, publicado pelo Pnud em 2015, o Brasil
possuía um índice de Desenvolvimento Humano elevado, ocupando a 79ª posição mundial. O país
mantém o nível elevado de desenvolvimento humano desde 2005.
Das três variáveis consideradas no cálculo do IDH (educação, renda e longevidade), a que apresentou
maior contribuição para a melhora do índice brasileiro, nas últimas décadas, foi a educação. Em
contrapartida, a renda foi a variável que menos contribuiu nesse período. No item longevidade, que
permite avaliar as condições gerais de saúde da população, os avanços também foram bastante
significativos.
Apesar de ter apresentado o maior avanço nas últimas décadas, o índice de educação é o mais baixo
dos três, o único que se localiza abaixo de 0,700%. Em 2010, era de 0,637%, na faixa de médio
desenvolvimento humano.

Avanços na Educação
De acordo com os dados do Relatório de Desenvolvimento Humano 2016 em comparação aos dados
de 1990, observa-se que:
→ Entre 1990 e 2015, a taxa de alfabetização da população com 15 anos ou mais de idade aumentou
de 82% para 92,6%;
→ No mesmo período, a esperança de vida ao nascer cresceu de 67,6 para 77,5 anos;
→ A renda per capita subiu de US$ (PPC) 7349 para US$ (PPC) 14145;
→ De 1990 a 2015, a taxa de matrícula no Ensino Fundamental de crianças entre 7 e 14 anos
aumentou de 86% para 98%.

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


51
Questões

01. (AFAP – Assistente Administrativo – FCC/2019) Criado pelo Programa das Nações Unidas para
o Desenvolvimento (Pnud), o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é atualizado anualmente, visando
permitir o conhecimento sobre as condições de vida das nações avaliadas. Este índice possui uma
variação de 0 até 1, sendo que quanto mais próximo for de 1 a avaliação do país, melhor classificado ele
será no IDH, ou seja, melhores condições de vida aquela população terá.
Analise o IDH do Brasil mostrado na tabela abaixo.

Os dados apresentados e os conhecimentos sobre o contexto socioeconômico brasileiro indicam


(A) os elevados déficits em setores de importância socioeconômica, como é o caso da Previdência.
(B) que, atualmente, o país tem apresentado significativa redução das desigualdades sociais.
(C) que as condições de vida da população brasileira tiveram reduzida evolução.
(D) o esforço do governo para manter políticas públicas destinadas às crianças e jovens.
(E) a posição do Brasil como o país de maior IDH da América do Sul, superando a Argentina.

02. (ABIN – Oficial de Inteligência – CESPE/2018) Acerca dos movimentos migratórios internos, da
estrutura etária da população brasileira e da evolução de seu crescimento no século XX, julgue o item a
seguir.
A dinâmica da estrutura etária da população brasileira tende ao equilíbrio quanto à quantidade de
crianças, jovens, adultos e idosos: a população de idosos com maior expectativa de vida cresce tanto
quanto a população em idade infantil e jovem.
(....) Certo (....) Errado

03. (IFB – Professor de Geografia – IFB/2017) Há cerca de 50 anos, apenas 15% dos postos de
trabalho no Brasil eram ocupados por mulheres. Atualmente, elas representam mais de 43% da
População Economicamente Ativa (PEA). Esse dado mostra que o contingente de mulheres responsáveis
pela renda familiar aumentou significativamente nas últimas décadas. A redução do tempo de convivência
familiar em razão da permanência no trabalho, além dos altos custos com alimentação, saúde, lazer e
educação; e os programas de planejamento familiar desenvolvidos pelo Estado por meio do Ministério da
Saúde, fizeram com que ocorresse na dinâmica demográfica brasileira:
(A) um aumento da expectativa de vida;
(B) a queda gradual da taxa de natalidade;
(C) o predomínio da população idosa;
(D) a queda das taxas de mortalidade;
(E) um aumento na renda per capita.

Gabarito

01.C / 02.Errado / 03.B

Comentários

01. Resposta: C
Apesar de ter apresentado o maior avanço nas últimas décadas, o índice de educação é o mais baixo
dos três, o único que se localiza abaixo de 0,700%. Em 2010, era de 0,637%, na faixa de médio
desenvolvimento humano.

02. Resposta: Errado


Nas próximas décadas, o número de idosos continuará crescendo, enquanto o de crianças e jovens
cairá.

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


52
03. Resposta: B
A redução do número de filhos por mulher é consequência de uma série de fatores, como urbanização,
desenvolvimento de métodos contraceptivos, melhoria de índices de educação, adoção de políticas
públicas visando o planejamento familiar, maior ingresso das mulheres no mercado de trabalho, e
mudanças nos valores socioculturais, com destaque para a emancipação feminina.

g. A distribuição dos efetivos demográficos e os movimentos migratórios


internos: reflexos sociais e espaciais.

MOVIMENTOS POPULACIONAIS16

Movimentos Migratórios

Movimentos migratórios referem-se aos diversos tipos de migração, a qual, por sua vez, é entendida
como os deslocamentos de determinada população de um lugar para outro. Portanto, qualquer migração
possui dois movimentos: o de saída de um lugar e o de entrada em outro.
As migrações são muito variadas. Podem ocorrer dentro do mesmo território ou de um país para outro.
Quando são realizadas dentro do mesmo país, são chamadas de migrações internas. Quando ocorrem
de um país para outro, são chamadas de migrações externas. Observe a imagem a seguir:

Migrantes nordestinos no Terminal Rodoviário do Tietê. Este é um grande fluxo de migração interna que existe no Brasil. São Paulo, SP, 2010.

As migrações externas são caracterizadas por dois movimentos: emigração e imigração.


O movimento de entrada de estrangeiros em um país é chamado de imigração. O movimento de saída
de indivíduos de um país é chamado de emigração.
Por exemplo, imagine que uma família está se mudando da Colômbia para o Equador. Em seu país de
origem, a Colômbia, eles são considerados emigrantes. Já no país de destino, o Equador, eles são
considerados imigrantes. Observe a imagem a seguir:

Família de imigrantes espanhóis, São Paulo, cerca de 1890.

Por que as Pessoas Migram?


As migrações podem acontecer de forma forçada ou espontânea. A migração forçada é aquela em que
a pessoa não migra por vontade própria, como foi o caso dos africanos que vieram para cá escravizados
durante o período colonial. A ocorrência de fenômenos naturais, como grandes terremotos, tsunamis,
16
FURQUIM JUNIOR, Laercio. Geografia cidadã. 1ª edição. São Paulo: Editora AJS, 2015.

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


53
explosões vulcânicas ou inundações, por exemplo, também pode provocar a migração forçada. Grandes
guerras e perseguições políticas ou religiosas também são motivos que levam as pessoas a saírem de
seu lugar de origem.
A migração espontânea ocorre quando as pessoas migram por vontade própria. Ou seja, decidem
deslocar-se de um lugar a outro em busca de melhores condições de vida.
No entanto, devemos perceber que essa migração espontânea está baseada em um movimento de
expulsão e atração. Ou seja, de alguma maneira, as pessoas sentem-se repelidas por um lugar e atraídas
por outro.
As condições econômicas e sociais de um país podem fazer que uma pessoa decida buscar melhores
condições de vida em outro. A falta de emprego, a escassez de terras para os agricultores, a precarização
das condições de trabalho, a mecanização da produção e outros processos similares são fatores que
muitas vezes dificultam a vida do trabalhador, levando-o a se mudar.

Migração Temporária e Migração Pendular


A migração temporária é o deslocamento populacional que ocorre por determinado período. Por
exemplo, no caso da construção de uma grande obra de engenharia, milhares de pessoas são atraídas
para um lugar onde antes não havia oportunidades de emprego. Quando a construção terminar, essas
pessoas retornarão ao seu lugar de origem ou irão procurar emprego em outros lugares.
Outro exemplo de migração temporária é a que acontece em determinados períodos do ano, como na
época da colheita de certos produtos agrícolas, que atrai pessoas de diferentes regiões para trabalhar
durante esse período.
Já a chamada migração pendular consiste no movimento diário da população que se desloca de um
lugar a outro para estudar ou trabalhar. Geralmente, ocorre entre municípios vizinhos.

Imigração no Brasil
Com o processo de colonização, iniciou-se um período de atração de diferentes povos para as novas
terras. Uma boa parte da atual população brasileira é formada por imigrantes e seus descendentes.
Os primeiros a chegar aqui foram os portugueses, seguidos pelos africanos trazidos na condição de
escravos. Séculos depois, com o fim da escravidão, muitos outros imigrantes vindos da Europa e da Ásia
estabeleceram-se no Brasil, principalmente a partir de meados do século XIX, para substituir a mão de
obra escrava.
Estudaremos a seguir alguns dos povos que vieram para o Brasil em períodos específicos. São
milhares de pessoas que saíram de seus países de origem e vieram para cá, influenciando a cultura e os
hábitos do povo brasileiro.
Além deles, muitos outros povos vieram para o Brasil, como os libaneses, os poloneses e os russos,
porém em quantidades menores e durante períodos mais curtos.

Portugueses
Os portugueses foram os colonizadores das terras que vieram a se tornar o Brasil. Sua entrada foi
constante e contínua durante todo o período colonial. A migração dos portugueses trouxe sérios impactos
para os povos indígenas que já habitavam aqui. Eles foram perseguidos, mortos e escravizados. Houve
também uma intensa imigração portuguesa para o Brasil entre os anos de 1881 e 1967.

Africanos

Gravura que retrata o embarque de escravos em um navio negreiro.


Negros no fundo do porão de navio, Johann Moritz Rugendas, Brasil, séc. XIX.

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


54
Entre os séculos XVI e XIX, de 2 a 4 milhões de africanos foram forçados a vir para o Brasil na condição
de escravos. Eles pertenciam a diferentes povos, principalmente da região da África Central, cada um
com costumes, língua e fisionomia diferentes. Contudo, as culturas desses povos não só influenciaram
um a outro, mas também todos os demais que viviam na Colônia, como os próprios portugueses e até os
indígenas.
Todas essas pessoas que vieram para cá sofreram com as duras condições de vida, trabalhando em
situações precárias - isso para dizer o mínimo - e privadas de sua liberdade. Desenvolveram diferentes
tipos de trabalho, ligados principalmente à agricultura.

Alemães

Tradicional festa alemã em Blumenau (SC), 2013

Os alemães começaram a chegar ao Brasil de forma expressiva em meados do século XIX. O primeiro
grupo de imigrantes alemães chegou ao Brasil em 1824, mas o período mais intenso de imigração ocorreu
entre 1848 e 1933.
A grande maioria desses imigrantes estabeleceu-se nas serras dos estados do Sul do Brasil, formando
as chamadas colônias, onde preservavam os hábitos e sua terra natal, inclusive muitas vezes sem falar
o português.
Dedicaram-se principalmente à agricultura e à criação de animais.

Italianos
Os imigrantes italianos chegaram ao Brasil após os alemães. Assim como eles, vieram em busca de
promessas de uma vida melhor, fugindo das duras situações em que viviam na Europa. Dirigiram-se
principalmente para os estados de São Paulo - a fim de trabalhar nas lavouras de café e, posteriormente,
nas indústrias paulistas - e do Rio Grande do Sul, onde também formaram colônias. Observe a imagem
a seguir.

Embarque de italianos para o Brasil, Itália, 1910

Japoneses
A imigração maciça de japoneses teve início no século XX. Em 1908, aportou em Santos o primeiro
navio de imigrantes japoneses, chamado Kasato Maru. A grande maioria deles estabeleceu-se no estado
de São Paulo, trabalhando nas lavouras de café e, posteriormente, no cultivo de hortaliças e frutas.
Observe a imagem a seguir.

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


55
Imagem do Kasato Maru, navio que trouxe os primeiros imigrantes japoneses ao Brasil. Santos, 1908

Migração Interna
No Brasil, há uma grande mobilidade da população de região para região. Isso significa que existem
milhares de pessoas que não moram no lugar em que nasceram. De acordo com dados do Censo de
2010, a cada 100 brasileiros, 37 não nasceram no município onde estão estabelecidos atualmente.

Êxodo Rural
O processo de urbanização no Brasil teve início no século XX, a partir do processo de industrialização,
que atraiu milhares de pessoas da área rural em direção à urbana. Esse deslocamento do campo para a
cidade é chamado de êxodo rural. Atualmente, mais de 80% da população brasileira vive em áreas
urbanas. Observe o gráfico a seguir, que mostra a taxa de urbanização brasileira entre 1940 e 2010.

Fonte: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E Estatística, [s.d.] apud GOBBI,


Leonardo Delfim. Urbanização brasileira. Globo. com, [s.d.]. Educação. Geografia.

No gráfico acima, podemos observar progressivamente, os anos 1940, 1950, 1960, 1970, 1980, 1991,
2000, 2010. A parte cinza representa a população urbana, e a parte verde, a população rural.

O êxodo rural está ligado a um movimento tanto de expulsão dessa população do campo quanto de
atração pela cidade. As condições de vida para a população rural tornaram-se cada vez mais difíceis, já
que muitos trabalhadores perderam seus empregos e suas terras com a modernização da agricultura - a
mão de obra de muitos trabalhadores do campo foi substituída por máquinas e tratores sofisticados.
Por outro lado, as cidades surgem como uma grande oportunidade de melhoria de vida, ainda que
muitas vezes isso não aconteça na prática. Na maioria dos casos, esses migrantes são obrigados a
enfrentar situações muito precárias.

Fluxos Migratórios Inter-Regionais


A migração inter-regional, ou seja, entre as diferentes regiões do Brasil, começou a ser estudada com
mais precisão a partir do estabelecimento da regionalização brasileira, em meados da década de 1930.
A grande disparidade entre as regiões estimulou a continuidade de um fluxo regular de migrantes em
diferentes períodos do século XX.

Décadas de 1930-1940
O principal fluxo inter-regional estabeleceu-se do Nordeste para o Sudeste. Milhares de migrantes
dirigiram-se ao Sudeste em busca de melhores condições de vida, fugindo das secas que assolavam a
região Nordeste.

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


56
Décadas de 1950-1970
Nesse período foram realizadas grandes obras de integração regional, como a construção da nova
capital do país, Brasília, inaugurada em 1960 no governo do presidente Juscelino Kubitschek (1956-
1961), e da Rodovia Transamazônica no início da década de 1970 durante o período militar, sob o governo
do general e presidente Emílio Garrastazu Médici (1969-1974). A construção de Brasília atraiu migrantes
de todas as partes do Brasil para a região Centro-Oeste. A rodovia, por sua vez, estabeleceu um fluxo de
trabalhadores do Nordeste para o Norte que se dirigiram principalmente às áreas de extração do látex
para a fabricação de borracha nos chamados seringais.

Décadas de 1970-1990
O fluxo entre Nordeste e Sudeste se manteve. Além disso, muitos migrantes do Sul dirigiram-se para
outras áreas da região Norte, como o Acre, e também para o Centro-Oeste, graças ao auxílio do governo,
que estimulava esse Fluxo por meio do oferecimento de facilidades, como pequenos lotes de terra. Na
década de 1990 intensificaram-se os fluxos no interior do país e inicia-se uma corrente de migração do
Sudeste para o Nordeste.
Observe abaixo os mapas que demonstram os principais fluxos migratórios entre os períodos de 1950
a 1990.

Fonte: Disponível em: <http://www.padogeo.com/atividade-migracoes.htrnl>

A Migração Atual
Nos últimos anos, houve uma profunda mudança no padrão das migrações internas brasileiras. As
regiões ainda apresentam muita disparidade entre si. No entanto, a saída de migrantes da região Nordeste
em direção ao Sudeste diminuiu significativamente.
Isso se deve principalmente à redução das ofertas de emprego nas indústrias e no setor de serviços
no Sudeste e também à recente industrialização do Nordeste. Além disso, muitos migrantes estão votando
para as suas regiões de origem, em um movimento conhecido como migração de retorno.
Entre os grupos de imigrantes que se dirigem atualmente ao Brasil, podemos destacar os haitianos e
os bolivianos. O Haiti sofre historicamente com a pobreza e a miséria.
Em 2010, um terremoto dizimou o país, o que afetou a vida de milhões de habitantes e deixou milhares
de mortos. Isso contribuiu para a decisão de vários cidadãos de buscar no Brasil trabalho e melhores
condições de vida. A maioria dos haitianos entra no Brasil pelo estado do Acre, de onde se dirige para as
demais regiões do país.
Os bolivianos, por sua vez, também migram para o Brasil em busca de melhores condições de vida e
ofertas de emprego. Como a Bolívia faz fronteira com o nosso país, o caminho mais comum é entrar pela
cidade de Assis Brasil, também localizada no Acre.
É importante destacar que esses imigrantes muitas vezes entram de foram ilegal no Brasil. Com isso,
acabam tendo maiores dificuldade para arranjar emprego e bons salários, sendo obrigados, muitas vezes,
a trabalhar em troca de salários muito baixos ou até em condições mais precárias, semelhantes à
escravidão.

Questões

01. (DER/CE – Geografia – UECE/CEV) Sobre as migrações internas no Brasil, é correto afirmar que
(A) houve um fluxo de nordestinos para o Sudeste, atraídos pela expansão industrial, e para a
Amazônia, atraídos pelos projetos agropecuários, minerais e industriais.

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


57
(B) o maior fluxo migratório interno se deu dos estados da região Norte para a região Sul do Brasil,
devido à expansão da soja e da cana-de-açúcar.
(C) os movimentos migratórios internos ocorreram numa escala muito pequena e de forma isolada nas
regiões metropolitanas das grandes metrópoles do Sudeste.
(D) ocorreram apenas nas décadas de 1940 e 1950 do Nordeste para o Sudeste por causa das secas
que castigavam a região.

02. (IF/SP – Professor de Geografia – FUNDEP) Analise este gráfico:

Brasil e regiões: participação relativa das regiões no total populacional do país


(1960 – 2000)

Considerando-se que, no Brasil, a quase totalidade dos movimentos migratórios ocorridos em sua
história estiveram relacionados com condições socioeconômicas, a região brasileira que tem sido lugar
de partida de grandes movimentos migratórios é
(A) o Centro-Oeste.
(B) o Nordeste.
(C) o Norte.
(D) o Sul.

03. (IBGE – Pesquisa e Mapeamento – CESGRANRIO) No Brasil, durante muito tempo, as migrações
internas, do Norte para o Sul e do mundo rural para as cidades, constituíram uma tentativa de resposta
individual à extrema pobreza de algumas regiões. Fator de diversificação do tecido social e de
desenvolvimento de associações e ONG, essa mobilidade contribuiu para a riqueza do Sul, assim como
para a expansão das favelas urbanas. A esses efeitos devem-se acrescentar, hoje, fluxos populacionais
mais diversificados. DURAND, M-F. et al. Atlas da mundialização. São Paulo: Saraiva, 2009. p. 130. Adaptado.
Na atual realidade brasileira, ocorre um novo e recente fluxo populacional denominado
(A) movimento pendular
(B) êxodo rural
(C) migração de retorno
(D) transumância
(E) transmigração

Gabarito

01.A / 02.B / 03.C

Comentários

01. Resposta: A
O café foi mais um fator importante como atrativo da região sudeste. O ciclo da borracha na Amazônia
e a criação da Zona Franca de Manaus também podem ser citados como complementos.

02. Resposta: B
O gráfico pode confundir o candidato(a). Note que a questão pede pela região que tem sido lugar de
partida, logo a região Nordeste.

03. Resposta: C

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


58
A migração de retorno: é o deslocamento de pessoas para sua região de origem, após ter migrado. É
o que ocorreu na região Nordeste a partir dos anos 1980, com a melhora da economia local. Na Região
Metropolitana de São Paulo, 60% dos que deixaram a região entre 2000 e 2010, eram migrantes de
retorno

2. A Questão Regional no Brasil a. A regionalização do país: sua justificativa


socioeconômica e critérios adotados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE); as regiões e as políticas públicas para fins de planejamento.

AS REGIONALIZAÇÕES DO TERRITÓRIO BRASILEIRO17

A regionalização pode ser entendida como a divisão de um território em áreas que apresentam
características semelhantes, de acordo com um critério preestabelecido pelo grupo de pessoas
responsáveis por tal definição: aspectos naturais, econômicos, políticos e culturais, entre tantos outros.
Portanto, regionalizar significa identificar determinado espaço como uma unidade que o distingue dos
demais lugares o seu redor.
A divisão de um território em regiões auxilia no planejamento das atividades do poder público, tanto
nas questões sociais quanto econômicas, já que permite conhecer melhor aquela porção territorial.
O governo e as entidades privadas podem executar projetos regionais, considerando o número de
habitantes de cada região, as condições de vida de sua população, as áreas com infraestrutura precária
de abastecimento de água, esgoto tratado, energia elétrica, entre outros.

Os Critérios de Divisão Regional do Território

O Brasil é um país muito extenso e variado. Cada lugar apresenta suas particularidades e existem
muitos contrastes sociais, naturais e econômicos.
Como cada região diferencia-se das demais com base em suas características próprias, a escolha do
critério de regionalização é muito importante.
Um dos critérios utilizados para regionalizar o espaço pode ser relacionado a aspectos naturais, como
clima, relevo, hidrografia, vegetação, etc.
A regionalização também pode ser feita com base em aspectos sociais, econômicos ou culturais. Cada
um apresenta uma série de possibilidades: regiões demográficas, uso do solo e regiões industrializadas,
entre outras.

As Regiões Geoeconômicas
A fim de compreender melhor as diferenças econômicas e sociais do território brasileiro, na década de
1960, surgiu uma proposta de regionalização que dividiu o espaço em regiões geoeconômicas, criada
pelo geógrafo Pedro Geiger.
Nessa regionalização, o critério utilizado foi o nível de desenvolvimento, características semelhantes
foram agrupadas dentro da mesma região. De acordo com esse critério, o Brasil está dividido em três
grandes regiões: Amazônia, Nordeste e Centro-Sul, como pode observar-se no mapa a seguir.

17
FURQUIM Junior, Laercio. Geografia cidadã. 1ª edição. São Paulo: Editora AJS, 2015.
TERRA, Lygia. Conexões: estudos de geografia geral e do Brasil – Lygia Terra; Regina Araújo; Raul Borges Guimarães. 2ª edição. São Paulo: Moderna, 2013.

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


59
Brasil: regiões geoeconômicas

http://www.geografia.seed.pr.gov.br/modules/galeria/uploads/5/normal_brasilgeoeconomico.jpg

Os limites da Amazônia correspondem à área de cobertura original da Floresta Amazônica. Essa


região é caracterizada pelo baixo índice de ocupação humana e pelo extrativismo vegetal e mineral.
Nas últimas décadas, a Amazônia vem sofrendo com o desmatamento de boa parte de sua cobertura
original para a implantação de atividades agropecuárias, como o cultivo de soja e a criação de gado.
A região Nordeste é tradicionalmente caracterizada pela grande desigualdade socioeconômica.
Historicamente, essa região é marcada pela presença de uma forte elite composta basicamente por
grandes proprietários de terra, que dominam também o cenário político local.

A região Centro-Sul é marcada pela concentração industrial e urbana. Além disso, apresenta elevada
concentração populacional e a maior quantidade e diversidade de atividades econômicas.

Essa proposta de divisão possibilita a identificação de desigualdades socioeconômicas e de diferentes


graus de desenvolvimento econômico do território nacional.
Seus limites territoriais não coincidem com os dos estados. Assim, partes do mesmo estado que
apresentam distintos graus de desenvolvimento podem ser colocadas em regiões diferentes. Porém,
esses limites não são imutáveis: caso as atividades econômicas, as quais influenciam as áreas do
território, passem por alguma modificação, a configuração geoeconômica também pode mudar.

Outras Propostas de Regionalização

Regionalização do Brasil por Roberto Lobato Corrêa

http://www.geografia.fflch.usp.br/graduacao/apoio/Apoio/Apoio_Rita/flg386/2s2016/Regionalizacoes_do_Brasil.pdf

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


60
Outro geógrafo, chamado Roberto Lobato Corrêa, também fez uma proposta de regionalização que
dividia o território em três: Amazônia, Centro-Sul e Nordeste.
No entanto, em sua proposta ele respeitava os limites territoriais dos estados, diferentemente da
proposta das regiões geoeconômicas que acabamos de observar acima.

Regionalização do Brasil por Milton Santos

http://www.geografia.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=1551&evento=5
Os geógrafos Milton Santos e Maria Laura Silveira propuseram outra regionalização para o Brasil, que
divide o território em quatro regiões: Amazônia, Nordeste, Centro-Oeste e Concentrada.
Essa divisão foi feita com base no grau de desenvolvimento científico, técnico e informacional de cada
lugar e sua influência na desigualdade territorial do país.
A região Concentrada apresenta os níveis mais altos de concentração de técnicas, meios de
comunicação e população, além de altos índices produtivos.
Já a região Centro-Oeste caracteriza-se pela agricultura moderna, com elevado consumo de insumos
químicos e utilização de tecnologia agrícola de ponta.
A região Nordeste apresenta uma área de povoamento antigo, agricultura com baixos níveis de
mecanização e núcleos urbanos menos desenvolvidos do que no restante do país. Por fim, a Amazônia,
que foi a última região a ampliar suas vias de comunicação e acesso, possui algumas áreas de agricultura
moderna.

As Regiões do Brasil ao Longo do Tempo

Os estudos da Divisão Regional do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) tiveram início
em 1941. O objetivo principal deste trabalho foi o de sistematizar as várias divisões regionais que vinham
sendo propostas, de forma que fosse organizada uma única divisão regional do Brasil para a divulgação
das estatísticas brasileiras.
A proposta de regionalização de 1940 apresentava o território dividido em cinco grandes regiões:
Norte, Nordeste, Este (Leste), Sul e Centro. Essa divisão era baseada em critérios tanto físicos como
socioeconômicos.

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


61
Regionalização do Brasil → década de 1940

http://www.geografia.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=1557&evento=5

IBGE e a Proposta de Regionalização


O IBGE surgiu em 1934 com a função de auxiliar o planejamento territorial e a integração nacional do
país. Consequentemente, a proposta de regionalização criada pelo IBGE baseava-se na assistência à
elaboração de políticas públicas e na tomada de decisões no que se refere ao planejamento territorial,
por meio do estudo das estruturas espaciais presentes no território brasileiro. Observe a regionalização
do IBGE de 1940 no mapa acima.

Regionalização do Brasil → década de 1950

http://www.geografia.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=1558&evento=5

Na década de 1950, uma nova regionalização foi proposta, a qual levava em consideração as
mudanças no território brasileiro durante aqueles anos.
Foram criados os territórios federais de Fernando de Noronha, Amapá, Rio Branco, Guaporé, Ponta
Porã e Iguaçu – esses dois últimos posteriormente extintos.
Note também que a denominação das regiões foi alterada e que alguns estados, como Minas Gerais,
mudaram de região.

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


62
Regionalização do Brasil → década de 1960

http://www.geografia.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=1560&evento=5

Na década de 1960, houve a inauguração da nova capital federal, Brasília. Além disso, o Território de
Guaporé passou a se chamar Território de Rondônia e foi criado o estado da Guanabara. Observe o mapa
a seguir.

Regionalização do Brasil → década de 1970

http://www.geografia.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=1561&evento=5

Na década de 1970, o Brasil ganha o desenho regional atual. É criada a região Sudeste, que abriga
os Estados de São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro.
O Acre é elevado à categoria de estado e o Território Federal do Rio Branco recebe o nome de
Território Federal de Roraima.

A regionalização da década de 1980 mantém os mesmos limites regionais. No entanto, ocorre a fusão
dos Estados da Guanabara e do Rio de Janeiro e a criação do estado do Mato Grosso do Sul.
A mudança nas regionalizações ao longo dos anos é fruto do processo de transformação espacial
como resultado das ações do ser humano na natureza.
Assim, reflete a organização da produção em função do desenvolvimento industrial.

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


63
Regionalização do Brasil → década de 1980

http://www.geografia.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=1562&evento=5

A Regionalização Oficial do Brasil Atual

A regionalização oficial do Brasil é a de 1990 e apresenta as modificações instituídas com a criação


da Constituição de 1988.
Os territórios de Roraima e Amapá são elevados à categoria de estado (o território de Rondônia já
havia sofrido essa mudança em 1981); é criado o estado de Tocantins; e é extinto o Território Federal de
Fernando de Noronha, que passa a ser incorporado ao estado de Pernambuco.
Regionalização oficial do Brasil atual

http://alunosonline.uol.com.br/geografia/regionalizacao-brasil.html

É importante refletir sobre a regionalização atual proposta pelo IBGE, já que ela não apresenta uma
solução definitiva para a compreensão dos fenômenos do território brasileiro.
A produção do espaço é um processo complexo, resultado da interação de diferentes fatores e não
pode ser encaixada dentro de uma categoria única e específica.
A atual divisão regional obedece aos limites dos estados brasileiros, mas não necessariamente aos
limites naturais e humanos das paisagens, os quais, muitas vezes, não são tão evidentes.
É o caso, por exemplo, do Maranhão. Grande parte de seu território apresenta características naturais
comuns à região Norte, principalmente devido à presença da Floresta Amazônica. Além disso, o estado
apresenta fortes marcas culturais que também remetem ao Norte, como a tradicional festa do Boi-Bumbá.
No entanto, segundo a regionalização oficial, o Maranhão faz parte da região Nordeste.

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


64
Região e Planejamento

A divisão do território brasileiro em regiões definidas pelo IBGE teve como objetivo facilitar a
implantação de políticas públicas que estimulassem o desenvolvimento de cada região.
Um dos aspectos marcantes do espaço geográfico brasileiro é a disparidade regional. Isso significa
que as diferentes regiões possuem níveis distintos de desenvolvimento. Uma das principais causas dessa
disparidade é a concentração da industrialização no Centro-Sul do país.
Para promover o desenvolvimento de regiões consideradas socioeconomicamente estagnadas, o
governo brasileiro empreendeu um programa federal baseado na criação de instituições locais fincadas
nesse objetivo, como é o caso da Superintendência para o Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) e da
Superintendência para o Desenvolvimento da Amazônia (Sudam).
É o que veremos abaixo.

O Estado Brasileiro e o Planejamento Regional


No século XX, a concentração espacial das indústrias na região Sudeste impactou de maneira negativa
as estruturas produtivas de outras regiões brasileiras.
Para promover a desconcentração da economia, foram criadas políticas de integração e de
desenvolvimento regional.

Território e Políticas Públicas

Por meio das políticas de desenvolvimento regional, propunha-se a implantação de infraestruturas nas
regiões menos desenvolvidas, com a finalidade de atrair investimentos e aumentar a oferta de empregos.

O desenvolvimento industrial iniciado na década de 1930 transformou, ao mesmo tempo, a economia


e a geografia do Brasil.
No plano da economia, o modelo agroexportador foi, aos poucos, sendo substituído pelo modelo
urbano e industrial que vigora no país até hoje. No plano da geografia, as diferentes regiões brasileiras
passaram a se articular de maneira cada vez mais intensa, de forma a prover tanto a matéria-prima quanto
a força de trabalho necessárias à produção industrial fortemente concentrada na Região Sudeste.
Esse novo contexto de industrialização e de integração nacional tornou, evidente a desigualdade de
desenvolvimento entre as regiões brasileiras. O crescimento da economia da Região Sudeste contrastava
vivamente com a estagnação da economia nordestina. No Nordeste, diante do desemprego resultante do
declínio das atividades nas lavouras de cana-de-açúcar e nas indústrias têxteis, dos baixos salários e da
concentração de terras nas mãos de poucos, muitos optaram por tentar a vida em outras regiões do país.
A Região Nordeste transformou-se em grande fornecedora de mão de obra para os principais centros
urbanos e industriais do país. São Paulo tornou-se o principal destino dos migrantes nordestinos: na
década de 1940, eles foram responsáveis por cerca de 60 do incremento populacional ocorrido na cidade.
Para combater a desigualdade, o governo federal lançou políticas de desenvolvimento regional. Por
meio delas, esperava-se promover a desconcentração da economia, atraindo investimentos e ampliando
a oferta de empregos nas regiões menos desenvolvidas. As regiões selecionadas receberiam
infraestrutura (energia, estradas, portos) e incentivos fiscais, ou seja, o governo passaria a isentar ou
cobrar menos impostos dos empresários que lá implantassem novos negócios.
Em meados da década de 1950, começaram a ser implementadas as agências de desenvolvimento
regional, órgãos federais que tinham o objetivo de centralizar e implementar essas políticas. A
Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), a primeira delas, entrou em funcionamento
em 1959. A Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam) foi criada em 1966. Sudene e
Sudam foram as mais importantes agências implantadas no Brasil.

O Estado e a Valorização da Amazônia

Para a valorização da economia regional da Amazônia e sua conexão aos centros mais dinâmicos do
território brasileiro, o governo federal priorizou a construção de estradas e a implantação de projetos
industriais (zona franca), minerais e de colonização.

A Integração Nacional
O propósito de integrar a Amazônia ao conjunto da economia nacional já estava na agenda do governo
federal na década de 1940, mas foi apenas na década de 1950 que as políticas de planejamento
começaram a atuar de fato na região.

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


65
Em 1953, nasceu a Superintendência do Plano de Valorização Econômica da Amazônia (SPVEA),
um órgão federal encarregado de valorizar a economia regional e conectá-la aos centros mais dinâmicos
do território brasileiro. A área de atuação da SPVEA recebeu o nome de Amazônia Brasileira, uma região
de planejamento.
Na época, o processo de industrialização demandava a criação de um mercado interno de dimensões
nacionais, o que exigia grandes transformações no território. A construção de estradas que
possibilitassem o intercâmbio de mercadorias e pessoas entre as diversas regiões brasileiras era
considerada uma tarefa prioritária para o governo federal. Uma nova capital, Brasília, estava sendo
construída em um planalto situado no Brasil central, até então pouco integrado.
Por meio de Brasília, pretendia-se integrar não apenas o Centro-Oeste mas também a Amazônia,
escassamente povoada e detentora de imensos potenciais. O planejamento e a execução da Rodovia
Belém-Brasília, por meio da qual o sistema viário brasileiro alcançou a Amazônia pela primeira vez, contou
com a colaboração da SPVEA.

Sudam: A Devastação Planejada


A política de planejamento regional voltada para a Amazônia ganhou novos contornos após o golpe
de 1960, quando os destinos do país passaram a ser comandados pela ditadura militar. Em 1966, a
SPVEA foi extinta e substituída por outro órgão, a Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia
(Sudam), cuja área de atuação recebeu o nome de Amazônia Legal. No ano seguinte, foi criada a
Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa).

A Indústria na Amazônia
A implantação de complexos industriais figurava entre as prioridades do projeto de valorização
econômica da Amazônia concebido pelos militares.
Como vimos, a Sudam foi criada em 1966. No ano seguinte, seria a vez da Superintendência da Zona
Franca de Manaus (Suframa). Com ela, Manaus foi transformada em zona franca. Essa nova condição
significou para Manaus a isenção de taxas de importação das máquinas e matérias-primas necessárias
à produção industrial, bem como dos impostos de exportação das mercadorias industrializadas. Com
esses incentivos, indústrias transnacionais e nacionais foram atraídas para a cidade, e Manaus
transformou-se em um polo industrial importante, principalmente no setor de bens de consumo duráveis
(televisores, aparelhos portáteis e eletrodomésticos).
Atualmente, o polo industrial instalado em Manaus dinamiza boa parte da economia regional e
emprega diretamente cerca de 85 mil pessoas. A indústria local, no entanto, depende da manutenção da
zona franca. As mercadorias produzidas em Manaus viajam milhares de quilômetros até chegar aos
principais centros de consumo do país e incorporam em seu custo o preço desse transporte.
Na década de 1970, teve início o processo de crescimento industrial de Belém. Nesse caso,
predominam as indústrias de transformação mineral, em especial a siderurgia do ferro e do alumínio,
atraídas pela presença de matérias-primas e da energia proveniente da Usina Hidrelétrica de Tucuruí.
Uma das siderúrgicas mais importantes do setor de produção de alumínio está instalada no Porto de
Barcarena, situado nos arredores de Belém.

A Amazônia Legal

https://n.i.uol.com.br/licaodecasa/ensfundamental/geografia/mapa_amazonia_legal.gif

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


66
Na visão dos militares, a Amazônia era um imenso vazio demográfico que precisava ser conquistado
e explorado, de forma a transformar seu enorme potencial natural em riquezas que iriam financiar o
desenvolvimento do país. Para isso, eles propunham integrar a Amazônia implantando grandes projetos
minerais, industriais e agropecuários.
A população local, em grande parte concentrada nas margens dos rios e dos igarapés e vivendo do
cultivo de pequenos lotes de terra, foi praticamente desconsiderada nos novos planos do governo para a
região.
A Sudam foi criada para ser uma espécie de intermediária entre o governo e os empresários no
processo de valorização econômica da Amazônia. Além disso, o órgão também deveria formular projetos
de atração de migrantes, para promover o povoamento e consolidar um mercado de trabalho regional.
Muitos desses migrantes, a maior parte de origem nordestina, acabaram por se fixar nas periferias das
cidades amazônicas, que conheceram um crescimento explosivo a partir da década de 1870.
A Transamazônica, rodovia que corta a região no sentido latitudinal, foi planejada para ligar o
Amazonas à Paraíba e viabilizar o assentamento dos migrantes recém-chegados e representar uma rota
para os novos investimentos - ou, nas palavras do próprio governo, “a pista da mina de ouro”.
A Transamazônica não cumpriu o papel almejado por seus planejadores. Encravada no meio da
floresta e desconectada da rede viária nacional, a estrada não foi capaz de dinamizar os fluxos regionais
e acabou por se tornar um imenso atoleiro.

Nessas condições, os dois mais importantes eixos de penetração para a Amazônia passaram a ser as
rodovias Belém-Brasília e Brasília-Acre. Em suas margens, foi implantada a maior parte dos projetos
minerais e agropecuários incentivados pela Sudam. Não por acaso, esses eixos apresentam a maior taxa
de desmatamento e de degradação ambiental. Além disso, também são palcos de violentos conflitos, já
que posseiros, fazendeiros e madeireiros disputam a posse da terra valorizada pela presença das
estradas.
O eixo da Belém-Brasília se estende até a Serra dos Carajás, onde se encontra a maior reserva de
minério de ferro do mundo. O ferro de Carajás, em exploração desde a década de 1970 pela Companhia
Vale do Rio Doce (privatizada em 1997), é escoado pela Estrada de Ferro Carajás, até o Complexo
Portuário de São Luís, no Maranhão. Nas margens da rodovia e da ferrovia, a floresta equatorial já foi
quase toda derrubada. Em seu lugar, surgiram núcleos urbanos e os mais diversos empreendimentos.

No outro extremo da Amazônia, o principal eixo de ocupação foi a Rodovia Brasília-Acre. O estado de
Rondônia, atravessado por esse eixo, foi alvo de um grande projeto de colonização e recebeu milhares
de migrantes, vindos especialmente das regiões Nordeste e Sul. Atualmente, Rondônia figura entre os
estados mais devastados da região.
A herança da Sudam permanece na realidade amazônica: está presente tanto na destruição do modo
de vida tradicional das populações ribeirinhas e indígenas quanto na grande mancha de devastação
ambiental produzida pelos empreendimentos aprovados pelo órgão. Definitivamente, esse modo
predatório de ocupação está em descompasso com os parâmetros atuais de valorização do patrimônio
ambiental amazônico, sobretudo no que se refere à enorme biodiversidade da formação florestal e à
presença de imensos reservatórios de água doce.

Planejamento Estatal e a Economia Nordestina

As políticas públicas para o desenvolvimento do Nordeste, implantadas pela Sudene, consideraram o


seu conjunto e não suas sub-regiões separadamente.
Garantiram a disponibilidade de energia e realizaram investimentos industriais, em especial no setor
petroquímico.

As Sub-Regiões Nordestinas
O Nordeste pode ser dividido em quatro sub-regiões: a Zona da Mata, o Agreste, o Sertão e o Meio-
Norte. Cada uma delas apresenta características naturais e econômicas particulares.

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


67
http://4.bp.blogspot.com/-a-BvOFZXprs/T8gu5KVAYAI/AAAAAAAAABM/WlZjI0_lOic/s1600/Meio+norte.jpg

A Zona da Mata, quente e úmida, foi transformada pela implantação de grandes propriedades
produtoras de cana-de-açúcar, ainda nos primeiros tempos de colonização. Os senhores de engenho,
também conhecidos como barões do açúcar, continuaram a dominar a economia e a política após a
independência. Em meados do século XIX, a economia açucareira entrou em crise, devido à concorrência
exercida pelo açúcar produzido nas Antilhas. Mais tarde, a produção de açúcar com técnicas mais
modernas na Região Sudeste, em especial no estado de São Paulo, deu continuidade ao longo período
de crise econômica no Nordeste. Atualmente, a Zona da Mata é uma região de economia dinâmica,
concentrando grande parte da população e os maiores polos industriais do Nordeste;

O Agreste, situado entre a Zona da Mata úmida e o Sertão semiárido, é tradicionalmente ocupado por
pequenas propriedades, dedicadas ao cultivo de subsistência e ao abastecimento alimentar dos
engenhos e cidades da Zona da Mata. Nessa sub-região, o padrão técnico rudimentar que caracteriza a
maior parte dos estabelecimentos agrícolas resulta em baixa produtividade e em expressiva pobreza rural;

O Sertão, dominado pelo clima semiárido, conheceu um primeiro movimento de valorização ainda
durante a colonização, quando se transformou em espaço da pecuária extensiva, produzindo carne para
os mercados da Zona da Mata. Depois, grandes latifúndios, de propriedade dos coronéis do sertão (nome
pelo qual ficaram conhecidos os proprietários das grandes fazendas sertanejas), passaram a dominar a
paisagem. Em meados do século XIX, o cultivo de algodão tornou-se uma atividade econômica de
importância significativa no Sertão, em grande parte devido à crise na produção algodoeira dos Estados
Unidos decorrente da Guerra de Secessão. Durante muito tempo, o gado e o algodão iriam dividir o
espaço sertanejo;

O Meio-Norte, situado na transição entre o Sertão semiárido e a Amazônia equatorial, foi durante a
maior parte de sua história uma sub-região praticamente marginal no contexto da economia nordestina.
A pecuária extensiva, prolongamento da criação de gado sertaneja, e o extrativismo, em especial das
palmeiras babaçu e carnaúba, eram as atividades de maior destaque no Meio-Norte.
Em momentos históricos diferentes, duas sub-regiões nordestinas - Sertão e Zona da Mata - já haviam
sido objeto de programas governamentais de ajuda e de incentivo econômico muito antes da existência
da Sudene. Em ambos os casos, porém, as elites sub-regionais foram as principais beneficiadas.

Programas Pioneiros: Sertão


No caso do Sertão, desde o período imperial existiram políticas de combate à seca e, principalmente,
aos seus efeitos. Em 1881, após um período de estiagem que causou a morte de milhares de pessoas e
de uma parcela considerável do gado, o imperador mandou construir um grande açude em Quixadá, no
Ceará, visando reservar água e evitar futuras catástrofes.
Nos primeiros decênios da República, essas políticas cresceram e tornaram-se institucionais. Em
1909, foi criada uma Inspetoria Federal de Obras Contra as Secas (Ifocs), com o objetivo de espalhar
açudes em todo o Sertão, além de construir estradas para facilitar o escoamento e a comercialização dos
produtos sertanejos.
Em 1945, a Ifocs passou a se chamar Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs),
mas sua linha de atuação continuou a mesma. Entretanto, além dos açudes, das barragens e das
estradas, o Dnocs passou a organizar também frentes de trabalho. Quando ocorriam as secas, a
população carente era recrutada para trabalhar nas obras federais, e, assim, ganhava um meio de
sobrevivência, mesmo que muito precário.

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


68
Na maior parte dos casos, os açudes e as estradas construídos pelos sertanejos pobres acabavam
por tornar ainda mais valiosas as terras dos coronéis, nas quais (ou nas proximidades delas) as obras
eram realizadas. Além disso, os coronéis não precisavam se preocupar com a sobrevivência de seus
trabalhadores durante a estiagem, já que o Estado cuidava disso. Quando as chuvas voltavam, era só
aproveitar as melhorias de suas terras e recrutar de volta os trabalhadores. Desse modo, o governo
ajudava a enriquecer os que já eram ricos e mantinha os pobres - a maioria da população - no limite da
sobrevivência.

Programas Pioneiros: Zona da Mata


Os “barões do açúcar” da Zona da Mata também receberam auxílio do governo, ainda que de forma
indireta. Na década de 1930, a agricultura canavieira paulista começou a se modernizar, ampliando sua
base técnica, e passou a ameaçar a economia açucareira nordestina.
Nesse contexto, o governo criou o Instituto do Açúcar e do Álcool (IAA), com o objetivo de
estabelecer cotas de produção de açúcar entre os estados brasileiros e garantir um preço mínimo para o
produto. Assim, o IAA reservava uma parcela do mercado açucareiro aos produtores da Zona da Mata
nordestina, além de garantir preços compatíveis com seus custos de produção relativamente elevados.
Durante longos decênios, o IAA ajudou a garantir a presença do açúcar nordestino no mercado
brasileiro, fornecendo-lhe condições de sobrevivência. Em longo prazo, porém, a estratégia revelou-se
ineficiente: protegidos pelas cotas e pelos preços governamentais, os produtores nordestinos investiram
pouco em modernização, e desde 1990, quando o IAA foi extinto, vêm perdendo parcelas crescentes do
mercado para os produtores paulistas.

A Sudene e a Industrialização do Nordeste


A criação da Sudene modificou inteiramente a direção das políticas públicas de desenvolvimento do
Nordeste. Em primeiro lugar, essas políticas ganharam uma nova dimensão: não era uma ou outra sub-
região, mas o conjunto do Nordeste que seria alvo do planejamento estatal. A lei que criou a Sudene
delimitou também a área de atuação do órgão, que não coincide exatamente com a Região Nordeste
definida pelo IBGE, já que incluiu o norte de Minas Gerais. Em 1998, parte do Espírito Santo também
entrou para essa “região de planejamento”.
Em segundo lugar, por estarem baseados em uma nova visão acerca dos problemas regionais, os
planos da Sudene foram orientados para outra direção.
Já estudamos que, até então, a intervenção governamental nos assuntos nordestinos tinha se
destinado, sobretudo, a solucionar os problemas do campo, beneficiando os grandes proprietários da
terra e reforçando a concentração fundiária tanto no Sertão quanto na Zona da Mata. A Sudene trouxe
uma nova prioridade: de acordo com o diagnóstico de seus fundadores, o maior problema do Nordeste
não era a falta de chuvas ou a baixa competitividade da produção açucareira, mas a falta de indústrias
modernas, capazes de dinamizar a economia como um todo. A solução, portanto, estava no incentivo à
industrialização.
Para tanto, era preciso primeiro garantir a disponibilidade de energia. Essa tarefa ficou a cargo das
Centrais Hidrelétricas do Rio São Francisco (Chesf), que transformou a Bacia do São Francisco em
uma importante produtora de energia de origem hídrica.
O governo federal também tomou para si a tarefa de realizar investimentos industriais, em especial no
setor petroquímico. A criação do Polo Petroquímico de Camaçari, o principal complexo industrial
nordestino, nasceu das políticas levadas a efeito pela Sudene. A Refinaria Landulfo Alves, de
propriedade da Petrobras, abastece as empresas públicas e privadas que operam no polo.
Além disso, foram concedidos financiamentos públicos e incentivos fiscais aos conglomerados
industriais que implantassem fábricas na região. O setor de bens intermediários (tais como produtos
químicos e metalúrgicos) foi o principal beneficiário, pois acreditava-se que ele seria capaz de dinamizar
a economia regional e gerar mercado para o setor de bens de consumo (tais como alimentos e
vestuário). Desse modo, esse setor também acabaria por implantar-se no Nordeste. Devido aos
incentivos, diversos grupos empresariais inauguraram unidades produtivas no Nordeste.
Com a Sudene, a economia industrial chegou às capitais nordestinas, em especial a Recife e Salvador.
Mas sabe-se hoje que isso não bastou para eliminar as desigualdades entre o Nordeste e o Sudeste e/ou
para melhorar a qualidade de vida da população regional. O Nordeste brasileiro ainda espera por políticas
capazes de gerar crescimento econômico com inclusão social.

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


69
Questões

01. (SEDF – Professor de Geografia – CESPE/2017) No atual período histórico, caracterizado pela
forte internacionalização do modo de produção capitalista, importantes transformações de ordem técnica,
política e econômica têm promovido intensa reestruturação produtiva e regional do Brasil e do mundo. A
intensificação do poder das empresas transnacionais sobre o espaço mundial é uma dessas
manifestações. Iná Elias de Castro. Política pública e conflito no espaço urbano. In: GEOgraphia, ano 18, n.º 36, 2016 (com adaptações).
Considerando esse texto, julgue o item a seguir.
A divisão regional do Brasil em cinco macrorregiões de planejamento é uma referência para o ensino
de geografia atualmente. Entretanto, para a compreensão das dinâmicas atuais de uso e reorganização
do território nacional, é necessário abordar as novas regionalizações, como a divisão por complexos
regionais (Amazônia, Nordeste e Centro-Sul) e a divisão em quatro regiões (Concentrada, Centro-Oeste,
Amazônia e Nordeste).
(....) Certo (....) Errado

02. (Prefeitura de Sobral/CE – Agente Administrativo – UVA/2017) Entre as últimas alterações da


divisão regional oficial do Brasil, podem-se destacar:
(A) a extinção dos territórios federais e a criação do Distrito Federal.
(B) a criação de Fernando de Noronha e a do território de Roraima.
(C) a extinção do Distrito Federal e a criação do território federal de Tocantins.
(D) a extinção dos territórios e a criação do Estado de Tocantins.

03. (SEDF – Professor de Geografia – CESPE/2017) Com relação aos processos de regionalização
no Brasil e no mundo, julgue o item subsequente.
Décadas depois da implementação do primeiro órgão responsável pelos estudos de planejamento
macrorregional no Brasil, a SUDENE, os principais problemas e disparidades regionais do país persistem.
(....) Certo (....) Errado

Gabarito

01.Certo / 02.D / 03.Certo

Comentários

01. Resposta: Certo


A atual divisão regional obedece aos limites dos estados brasileiros, mas não necessariamente aos
limites naturais e humanos das paisagens, os quais, muitas vezes, não são tão evidentes.

02. Resposta: D
Com as mudanças da Constituição de 1988, ficou definida a divisão brasileira que permanece até os
dias atuais. O estado do Tocantins foi criado a partir da divisão de Goiás e incorporado à região Norte;
Roraima, Amapá e Rondônia tornaram-se estados autônomos; Fernando de Noronha deixou de ser
federal e foi incorporado a Pernambuco.

03. Resposta: Certo


Um dos aspectos marcantes do espaço geográfico brasileiro é a disparidade regional. Isso significa
que as diferentes regiões ainda possuem níveis distintos de desenvolvimento. Uma das principais causas
dessa disparidade é a persistente concentração da industrialização no Centro-Sul do país.

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


70
b. As regiões brasileiras: especializações territoriais, produtivas e
características sociais e econômicas.

REGIÕES BRASILEIRAS18

Introdução

O que é Região?
Provavelmente, você já ouviu alguém referir-se a algum lugar como região. Esse termo aparece
bastante em nosso cotidiano.
Para a Geografia, região é um conceito muito importante e que vem sendo debatido há muitos anos.
Podemos entender região como uma área de determinado território onde se localizam lugares com
características semelhantes, levando em consideração a combinação entre elementos naturais, a
economia e aspectos sociais.
Abaixo seguem as 5 regiões brasileiras e seus principais aspectos:

Região Nordeste

O Nordeste apresenta pontos de elevado dinamismo econômico, tanto no campo quanto nas cidades.
Porém, a elevada concentração fundiária e a persistência de graves problemas sociais representam um
entrave ao desenvolvimento regional.

Obstáculos e Perspectivas
Apesar de não se destacar em grande parte dos indicadores econômicos e sociais, a Região Nordeste
passa por um processo de integração econômica com as outras regiões do país e com o mundo,
apresentando alternativas para o desenvolvimento em diferentes setores.
Se comparados o índice de desenvolvimento humano do Brasil com o dos estados do Nordeste,
observamos que todos eles, apresentam IDH menor que a média nacional, o que evidencia a defasagem
social dessa região em relação ao Brasil.
Entre os estados nordestinos, a Bahia conta com a maior participação no PIB brasileiro. Sua economia
é diversificada e produz riqueza com atividades da agropecuária, da indústria e de serviços.

Ocupação Territorial
A ocupação do Nordeste ocorreu paralelamente à implantação de atividades econômicas, como a
produção de cana-de-açúcar nas áreas litorâneas e, posteriormente, a agricultura de subsistência no
Agreste e a pecuária do Sertão.
A Região Nordeste é formada por nove estados: Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte,
Paraíba, Pernambuco (incluindo o Distrito Estadual de Fernando de Noronha), Alagoas, Sergipe e Bahia.
Com área de 1.554.257 km², equivalente a 18,25% do país, concentrava, em 2011, 27,77 da população
brasileira, ou seja, 54.226.000 habitantes à época.
Durante os séculos XVI e XVII, a produção de açúcar para exportação sustentou a economia colonial,
baseada no latifúndio monocultor e no sistema escravista. A cana-de-açúcar desenvolveu-se bem nos
solos de massapé presentes no litoral dos atuais estados de Pernambuco e Bahia.
Entre as atividades complementares implementadas na América portuguesa estavam os cultivos de
subsistência e a pecuária. A criação de gado, inicialmente feita na Zona da Mata (litoral), foi empurrada
para o interior (Sertão) de Pernambuco, para o Vale do Rio São Francisco e para os estados do Piauí, do
Ceará e do Maranhão, promovendo a ocupação efetiva dessas áreas.
Nos séculos XVIII e XIX, a descoberta de minerais preciosos no interior do país e a transferência da
capital de Salvador para o Rio de Janeiro (1763), entre outros fatores, acentuaram o declínio da produção
de açúcar e aumentaram os problemas econômicos e sociais da região.
As grandes propriedades rurais sempre foram controladas por latifundiários ou coronéis, como ficaram
conhecidos os grandes fazendeiros nordestinos. Ainda no século XX, a débil economia regional sob o
domínio do coronelismo acentuou a extrema pobreza da população nordestina, em especial a do

18 TERRA, Lygia. Conexões: estudos de geografia geral e do Brasil – Lygia Terra; Regina Araújo; Raul Borges Guimarães. 2ª edição. São Paulo: Moderna,
2013.

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


71
sertanejo, habitante das vastas áreas de caatinga. Para a maioria dessa população, castigada pelo
precário desenvolvimento econômico, não restou outra opção senão migrar para outras regiões do país.

O Nordeste Atual: Economia, Recursos Naturais e População


A implantação de polos industriais e de agricultura modernizada vem transformando a economia
nordestina. Porém, apesar dos avanços econômicos, o Nordeste ainda figura abaixo da média nacional
no que diz respeito ao desenvolvimento humano e à qualidade de vida.
A economia nordestina mostrou-se mais dinâmica desde as últimas décadas do século XX. Entre as
razões desse dinamismo estão o desenvolvimento industrial e o avanço dos setores agrário e de serviços.
Com a criação da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) em 1959, o setor
secundário ou industrial do Nordeste recebeu a maior parte dos investimentos. Como consequência,
houve a montagem de importantes e modernos centros industriais. No entanto, apenas uma parcela muito
reduzida da população nordestina foi beneficiada, já que as indústrias se concentraram principalmente
em três estados (Bahia, Pernambuco e Ceará), particularmente nas capitais, com destaque para as de
transformação e de confecções.
Com a política de desconcentração industrial, a partir da década de 1990, os governos estaduais da
Região Nordeste têm investido em infraestrutura e oferecido vantagens, como incentivos fiscais visando
atrair indústrias para seus territórios. Entretanto, a implantação de uma indústria, em geral bastante
automatizada, abre poucos postos de trabalho, quase sempre mais qualificados, além de contribuir com
impostos reduzidos. Assim, apenas algumas empresas transnacionais ou de capital nacional acabam
sendo as mais beneficiadas.
Quanto ao setor agrícola, destacam-se duas importantes monoculturas cultivadas na Zona da Mata;
a cana-de-açúcar, especialmente em Alagoas e Pernambuco, e o cacau, no sul da Bahia.
No Meio-Norte, além da agricultura tradicional (cana, soja, mandioca, arroz) e do extrativismo
vegetal (babaçu, carnaúba), têm crescido as plantações de soja no sul dos estados do Maranhão e do
Piauí – cultivo que se estende até o sertão, chegando ao oeste da Bahia.
No Sertão, caracterizado pelo clima semiárido, solos pedregosos e vegetação de caatinga, subsiste a
agricultura tradicional cultivada nos vales mais úmidos e nas encostas e pés de serras. Milho, arroz, feijão,
mandioca, algodão e cana-de-açúcar são as principais culturas.
A fruticultura irrigada do Nordeste adquire cada vez mais importância não apenas no mercado
interno, mas também para a exportação. É desenvolvida no Vale do Rio São Francisco (uva, manga), no
Vale do Rio Açu no Rio Grande do Norte (melão, manga) e no Sertão do Ceará (acerola, melão). A maior
região produtora de melão no país localiza-se no polo Açu/Mossoró, no Rio Grande do Norte, e o polo
Petrolina/Juazeiro firmou-se como grande exportador de manga, banana, coco, uva, goiaba, melão e
pinha.
Mão de obra barata e disponível, preços atrativos das terras e a localização da Região Nordeste em
relação à Europa e aos Estados Unidos (reduzindo o tempo e o custo de transporte) conferem vantagens
à fruticultura na região. O desenvolvimento de tecnologias (criação de variedades de frutas, produção
integrada, produção de mudas sadias, entre outras) e o aperfeiçoamento de técnicas de irrigação foram
essenciais para o crescimento da atividade.
Na pecuária predomina a criação de animais de pequeno porte como asininos (jumentos, mulas e
burros), caprinos (cabras), ovinos (ovelhas) e suínos (porcos). A criação de bovinos (bois),
tradicionalmente desenvolvida no Sertão de forma extensiva, vem crescendo também em áreas do
Agreste próximas ao Sertão, com solos de baixa fertilidade e pouca umidade, e em áreas do Maranhão.
A pecuária leiteira, na modalidade extensiva e voltada para o abastecimento da Zona da Mata, é praticada
no Agreste.
No Agreste ainda se desenvolve a policultura comercial para o abastecimento da Zona da Mata, em
médias e pequenas propriedades. É praticada em solos férteis com boas condições de umidade, na
fronteira com a Zona da Mata.
O turismo desenvolvido a partir das potencialidades naturais é outra atividade econômica de grande
importância para a região.

Turismo Garante Expansão Regional


“No ranking das dez cidades mais visitadas do Brasil por estrangeiros em 2008, o Nordeste emplacou
três capitais. Salvador, Recife e Fortaleza ocuparam o terceiro, o sexto e sétimo postos, respectivamente,
na escolha dos visitantes internacionais. À sua maneira, com sol, praias e características culturais
diferenciadas, a região contribuiu para que o país se tornasse o sétimo maior destino mundial dos turistas
estrangeiros no ano de 2012 – e o mais movimentado ponto de desembarque de visitantes com origem
na América Latina, desbancando o México. [...] A multiplicação dos voos regulares entre capitais como

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


72
Salvador e Recife – no ano 2000 havia apenas uma linha regular – e diferentes pontos da Europa e dos
Estados Unidos contribuiu de maneira decisiva para o incremento do fluxo de turistas estrangeiros. Os
desembarques internacionais na região cresceram 11,9% em 2008 em relação ao ano anterior. O maior
volume de chegadas de estrangeiros teve um reflexo direto na elevação das taxas de emprego no setor
de turismo na região, com um aumento de 5,7% no mesmo período”. (ROCHA, M.; DAMIANI, M. Turismo garante expansão
regional. O Estado de São Paulo, São Paulo, 10 dezembro 2009).

O Nordeste conta com diversos parques nacionais, entre eles o da Serra da Capivara (PI), com grande
concentração de sítios arqueológicos e pinturas rupestres, o Parque Nacional Marinho de Fernando de
Noronha (Distrito Estadual de Pernambuco) e o Parque Nacional da Chapada Diamantina (BA). Entre os
eventos culturais que atraem turistas estão o carnaval (com destaque para Salvador, Olinda e Recife), as
festas juninas (Caruaru, Campina Grande, etc.), as danças e comidas típicas e o artesanato (rendas,
cerâmicas) da região.
A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), ligada à ONU,
instituiu uma lista de sítios e monumentos de valor excepcional e de interesse universal, que integram o
Patrimônio Mundial, Cultural e Natural da Humanidade. O objetivo é a preservação desses sítios para
as gerações futuras. A Região Nordeste abriga grande número de Patrimônios Culturais e Naturais da
Humanidade, como o centro histórico de Olinda (PE), de São Luís (MA) e de Salvador (BA), com o
Pelourinho, além dos sítios arqueológicos de São Raimundo Nonato no Parque Nacional da Capivara
(PI).
Em relação aos recursos naturais, o Rio Grande do Norte se sobressai como o maior produtor de sal
marinho do país. Destacam-se também o petróleo e o gás natural, extraídos no Ceará, Sergipe, Rio
Grande do Norte e na Bahia.

Indicadores Sociais e Urbanização


A Região Nordeste ainda responde pelos índices de qualidade de vida mais baixos do país. Problemas
sociais como elevadas taxas de mortalidade infantil e de analfabetismo, baixos salários, grande
concentração de renda e terras também alcançaram números que superam os de outras regiões.
Em 2009, 6,8% das crianças de 7 a 14 anos de idade não sabiam ler e escrever no país. No Nordeste,
esse percentual chegava a 11,8%. A média de anos de estudo da população de 15 anos ou mais de
idade, naquele mesmo ano, era mais baixa no Nordeste, de 6,3 anos, enquanto no Sudeste chegava a
8,2 anos. Cerca de 36,3% dos núcleos familiares nordestinos tinham rendimento de até meio salário
mínimo per capita, contra apenas 12,2% no Sudeste.
De povoamento antigo, a Zona da Mata continua sendo a sub-região mais importante do Nordeste,
concentrando seis capitais e a maior parte da população. Salvador e Recife são as principais cidades,
destacando-se ainda como áreas industriais.

As Sub-Regiões Geoeconômicas
Considerando os aspectos econômicos, é possível identificar sete sub-regiões no Nordeste brasileiro.
Em cada uma delas, existem polos de intensa modernização, que convivem com as atividades
econômicas tradicionais:

Litoral - concentra cerca da metade da maior parte da população e abriga os três maiores polos
urbano-industriais nordestinos: Salvador, Recife e Fortaleza. Na Grande Salvador, o destaque é o Polo
Petroquímico de Camaçari, principal complexo industrial do Nordeste, que integra o refino de petróleo, a
petroquímica básica e intermediária e a produção de resinas. A Grande Recife, por sua vez, abriga o
Porto Digital, principal polo tecnológico do Nordeste, e o Complexo Industrial-Portuário de Suape,
instalado na década de 1970, com cerca de 100 empresas e no qual se encontram em implantação uma
refinaria de petróleo, uma siderúrgica e um grande estaleiro. Em Fortaleza, destacam-se as indústrias
intensivas em mão de obra, tais como a têxtil e a de calçados, e o Complexo Industrial e Portuário do
Pecém, inaugurado em 2002 e concebido para receber indústrias de base tais como a Companhia
Siderúrgica do Pecém, um consórcio entre a brasileira Vale e duas empresas coreanas, em implantação.

Pré-Amazônia - inserida apenas no Maranhão, essa região geoeconômica apresenta predomínio de


atividades agrícolas tradicionais, marcadas pela baixa produtividade. Entretanto, nos últimos anos, a
região vem registrando aumento da área dedicada ao cultivo de grãos, em especial soja e milho, bem
como uma intensa atividade de exploração madeireira.

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


73
Parnaíba - abriga o polo de Teresina, maior aglomeração industrial interiorizada do Nordeste, com
destaque para as indústrias têxtil, de alimentos, de cerâmica e madeireira.

Sertão - embora haja a predominância da pecuária e da agricultura tradicionais, abriga polos industriais
modernos, tais como o setor calçadista em Sobral e Crato, no Sertão cearense, e o polo gesseiro do
Araripe, no Sertão pernambucano.

Agreste - o dinamismo econômico da sub-região vem crescendo com a implantação de indústrias


têxteis, de calçados e de confecções, especialmente em Campina Grande (PB), Caruaru (PE) e Feira de
Santana (BA), e pelo aumento da produtividade das bacias leiteiras, instaladas em Pernambuco e
Alagoas.

São Francisco - destaque para as práticas de fruticultura irrigada, especialmente nos polos geminados
de Petrolina (PE) e Juazeiro (BA).

Cerrado - sub-região de intenso crescimento econômico, devido à implantação da agroindústria da


soja, do milho e do algodão. Alguns de seus centros urbanos, tais como Barreiras (BA), Luis Eduardo
Magalhães (BA) e Balsas (MA), vêm apresentando grande crescimento econômico, graças à instalação
de modernas indústrias de beneficiamento, produzindo principalmente óleo e farelo. A maior parte da
produção destina-se à exportação e é escoada pelas ferrovias Norte-Sul e Carajás até o porto de Itaqui
(MA).

Nordeste: sub-regiões geoeconômicas

Região Sudeste

Grande parte do território da Região Sudeste é dominada por formações planálticas, com destaque
para os Planaltos e Serras do Atlântico Leste-Sudeste, constituídos pelos cinturões orogênicos, e
os Planaltos da Bacia Sedimentar no Paraná.
O surguimento da Placa Tectônica Sul-Americana, entre o final do Período Cretáceo e o início do
Paleógeno, movimentou antigas linhas de falha e provocou a formação de escarpas acentuadas com
elevadas altitudes, como as da Serra da Mantiqueira e da Serra do Mar. Assim, com exceção dos picos
do Maciço das Guianas, no extremo norte do país, é no Espírito Santo, Rio de Janeiro e Minas Gerais
que se encontram os pontos mais altos do Brasil. Em 2004, o IBGE, em parceria com o Instituto Militar de
Engenharia (IME), revisou as altitudes desses pontos, utilizando recursos mais modernos de sistema de
navegação e posicionamento por satélites.
A Serra do Espinhaço corta Minas Gerais desde as proximidades de Belo Horizonte até o Vale do
Rio São Francisco, podendo ser subdividida em dois compartimentos de planaltos: o planalto meridional
e o planalto setentrional, ricos em minérios (ferro, bauxita, ouro). Em 2005, a Unesco reconheceu esse
Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51
74
conjunto de planaltos da Serra do Espinhaço como Reserva da Biosfera, pela diversidade ambienta e
histórica do local. Além de integrar pontos culturais importantes como Congonhas, Ouro Preto e
Diamantina, é o divisor de águas entre as bacias hidrográficas do São Francisco, Doce e Jequitinhonha,
e apresenta a biodiversidade florística mas risca dos campos rupestres do planeta.
A superfície do Planalto Atlântico foi bastante desgastada pelos processos erosivos, formando um
relevo dominante de morros com topos convexos, denominados mares de morros. Entre os Planaltos e
as Chapadas da Bacia Sedimentar do Paraná e o Planalto Atlântico, encontram-se as depressões
periféricas, superfícies bastante erodidas entre o Paleógeno e o Quaternário (há cerca de 70 milhões de
anos). Nesses compartimentos do relevo da Região Sudeste, os terrenos apresentam altitudes menores,
sendo delimitados pelos Planaltos Sedimentares da Bacia do Paraná por escarpas denominadas frentes
de cuestas.
Do norte do Espírito Santo ao sul do Estado de São Paulo, há um conjunto diversificado de ambientes
costeiros. Nesse trecho do litoral brasileiro, de formação cenozoica, existem inúmeras restingas, baías
e ilhas costeiras. Entre as primeiras, destacam-se as de Marambaia e Cabo Frio, ambas localizadas no
litoral do Rio de Janeiro. Entre as baías, as mais conhecidas são as de Guanabara (RJ), Parati (RJ),
Vitória (ES), Angra dos Reis (RJ) e Santos (SP).
O clima tropical predomina na Região Sudeste. No oeste paulista, parte do Triângulo Mineiro e na
porção centro-norte de Minas Gerais, o padrão climático tropical apresenta duas estações bem
demarcadas, com o verão muito chuvoso e o inverno seco. Na faixa litorânea, o volume e a frequência
das chuvas são maiores. Ao contrário, no norte de Minas Gerais, as chuvas são escassas e irregulares.
O clima tropical de altitude abrange as regiões serranas de São Paulo, Rio de Janeiro e sul de Minas
Gerais. Por fim, o clima subtropical ocorre no extremo meridional do território paulista, ao sul do Trópico
de Capricórnio.
Originalmente, a mata tropical era a cobertura de vegetação dominante no Sudeste, refletindo o
padrão climático regional. Na depressão periférica e nas regiões mineiras com a estação seca mais
acentuada, predominavam os cerrados. Tanto a Mata Atlântica como o Cerrado foram amplamente
devastados no processo de formação territorial da Região Sudeste.

População e Dinâmica Espacial


O Sudeste é a região mais populosa do Brasil. Em 2011, contava com mais de 82 milhões de
habitantes, o que representava 42% do total da população brasileira. No entanto, esse contingente
populacional está desigualmente distribuído pelo território. São Paulo concentrava 41,3 milhões, Minas
Gerais, 19,6 milhões e o Rio de Janeiro, quase 16 milhões de pessoas. Entre esses estados mais
populosos, o Rio de Janeiro possuía a maior densidade demográfica (365,23 hab./km²), seguido por São
Paulo (166,25 hab./km²). Ainda que a densidade demográfica média, na época, era de apenas 86,92
habitantes por km², as regiões litorâneas são mais densamente povoadas, podendo atingir 10 mil
habitantes por km² nas maiores cidades.
A partir de 1940, São Paulo tornou-se o estado mais povoado do Brasil. Esse crescimento foi povoado
pelos fluxos internos de migrantes em busca de trabalho, sobretudo do Nordeste. Na década de 1970,
os migrantes foram responsáveis por mais de 40% do crescimento demográfico do estado.
Além disso, houve também grande mobilidade populacional entre os estados da própria região. Entre
2005 e 2010, mais de 500 mil pessoas de Minas Gerais se deslocaram em direção a São Paulo, um
contingente superior aos migrantes da Bahia, que representaram 21% dos fluxos de chegada, cerca de
230 mil pessoas. Apesar do registro de fluxos de regresso de São Paulo para os estados de origem, entre
2005 e 2010 São Paulo registrou saldo migratório positivo, indicando que o território paulista ainda exerce
atração da população migrante. Nesse intervalo, São Paulo foi o Estado que recebeu o maior número de
migrantes (1,1 milhão), seguido do Rio de Janeiro (270 mil). Entretanto, a participação no componente
migratório no crescimento da população do estado vem perdendo intensidade desde a década de 2000.
Entre as regiões brasileiras, a Sudeste foi a primeira a se tornar majoritariamente urbana e é também
a que apresenta a maior taxa de urbanização. Enquanto o cruzamento das curvas de crescimento das
populações rural e urbana no Brasil ocorreu na década de 1960, essa reversão de proporcionalidade no
Sudeste ocorreu já nos anos 1950.

Região Norte

Desafios Estratégicos
O desenvolvimento socioeconômico da Região Norte é uma questão nacional estratégica que se
relaciona com a exploração dos recursos da Amazônia brasileira. A região, que conta com mais de 15,8

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


75
milhões de habitantes, que produzem 5,3% do PIB brasileiro, ainda é defasada em muitos indicadores
sociais.
Referente ao conflito entre o modelo de desenvolvimento econômico da Região Norte e a preservação
ambiental, observa-se que ao mesmo tempo que as atividades agropecuária e mineradora contribuem
para a geração de riqueza na Amazônia, causam degradação ambiental de grandes áreas de floresta.
Quanto à distribuição da população da Região Norte, ela se concentra, sobretudo, nas capitais dos
dois maiores estados da região: Belém e Manaus. A ocupação mais efetiva de Rondônia, de Tocantins e
da porção leste do Pará denota o avanço da atividade agropecuária sobre a Floresta Amazônica.
A região amazônica pertence a sete países, além do Brasil. A construção de diversos eixos rodoviários
garantiu a articulação da região ao território nacional.

Evolução do desmatamento na Amazônia Legal (1988-2016)

http://www.inpe.br/noticias/arquivos/imagens/img02_291116.jpg.

A Conquista da Amazônia
Colonizada inicialmente pelos espanhóis e cobiçada por ingleses, franceses e holandeses, a bacia
amazônica foi ocupada pelos portugueses, o que garantiu a posse ao Império brasileiro.

Com cerca de 7,8 milhões de km² que abrangem oito países - Brasil, Peru, Bolívia, Equador, Colômbia,
Venezuela, Guiana e Suriname - e a Guiana Francesa, a Amazônia Internacional é uma região natural
formada pela floresta equatorial e por seus ecossistemas associados. A maior parte dessa área, marcada
pelos climas quentes e úmidos, está assentada no interior da bacia fluvial amazônica.
Com exceção da Guiana Francesa, departamento da França, os outros países firmaram em 1978 o
Tratado de Cooperação Amazônica (TCA), cujas metas são a cooperação científica, a preservação
ambiental, o uso racional dos recursos hídricos e o desenvolvimento regional. O Brasil ocupa um papel
de destaque nas políticas do TCA, pois abriga mais de 64% região.
No sentido político, porém, a Amazônia começou a se configurar antes mesmo da independência
desses países, quando a região passou a ser explorada pelas Coroas de Espanha e de Portugal.

Amazônia Internacional

http://2.bp.blogspot.com/-pqRZs_1PEjo/VqZlvt5749I/AAAAAAAACnI/acPXCXEwenE/s1600/amazonia-legal-brasileira-regiao-norte-2.jpg.

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


76
Na Amazônia Internacional há outros países com percentual maior de superfície territorial coberta pela
Floresta Amazônica, como o Peru, a Guiana e o Suriname. Porém, o Brasil detém a maior parte do bioma
amazônico.

A Amazônia Internacional – Porção do bioma amazônico em cada país (% da superfície)

A Amazônia Internacional – Repartição do bioma amazônico entre os países (em %)

A Ocupação Portuguesa
Nos termos do Tratado de Tordesilhas (1494), grande parte da Bacia Amazônica pertencia à Coroa
espanhola. Em 1541, uma expedição comandada pelo espanhol Gonzalo Pizarro, irmão do conquistador
do Império Inca, Francisco Pizarro, partiu de Quito em busca dos lugares lendários que supostamente
havia nessas terras florestadas: o "País da Canela", onde a especiaria brotava em abundância, e o "EI
Dorado", com suas enormes jazidas de ouro.
Ninguém sabe ao certo quantas pessoas integraram essa expedição, mas estima-se que ela contava
com algumas centenas de soldados espanhóis e milhares de indígenas, muitos dos quais padeceram de
fome e de frio na travessia da Cordilheira dos Andes.
Em algum ponto da viagem, quando os expedicionários já estavam bastante debilitados, Gonzalo
encarregou um grupo, liderado por seu primo Francisco de Orellana, de seguir pelo rio em busca de
alimentos.
Entretanto, em vez de retornar com as provisões, o grupo de Orellana prosseguiu no curso do rio que
hoje chamamos de Amazonas, viajando nove meses até alcançar a foz, em agosto de 1542.
O diário de viagem do frei Gaspar de Carvajal, um dos integrantes do grupo, é o primeiro relato de uma
jornada completa pelo Rio Amazonas, dos Andes até o Oceano Atlântico. Apesar de seu valor histórico,
o diário não é um documento confiável, já que o frei se esforça em ressaltar os percalços enfrentados
durante a viagem para justificar o descumprimento da ordem de regressar o mais rápido possível, levando
alimentos para a expedição de Pizarro. A descrição do terrível combate travado com as guerreiras
amazonas, que lutavam com a força comparada à de muitos homens e exerciam o poder sobre diversas
tribos indígenas, reforça o caráter fantasioso do documento.
Nos anos seguintes, diversas outras expedições comandadas pelos espanhóis percorreram trechos
da Bacia Amazônica, sempre animadas pela busca de tesouros. Porém, o interesse pela região logo seria
ofuscado pela descoberta das imensas jazidas de prata na região de Potosí (atual Bolívia), que atraiu
grande parte dos exploradores e aventureiros espanhóis.
Enquanto isso, franceses, ingleses e holandeses, inimigos tradicionais dos espanhóis, estabeleciam
feitorias no baixo curso do Rio Amazonas.
Durante a União Ibérica (1580-1640), período no qual Portugal e Espanha formaram uma única
monarquia, os portugueses começaram a se estabelecer na foz do Amazonas. No início do século XVII,
as expedições pelo Amazonas tornaram-se oficiais. Partiam da foz e eram organizadas para expulsar
holandeses e ingleses, senhores de muitas feitorias ao longo do curso dos rios, e impedir o contrabando
de produtos nativos, como madeira e pescado.

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


77
Com o fim da União Ibérica, a Coroa portuguesa intensificou a ocupação militarizada da região,
erguendo uma rede de fortificações lusitanas ao longo da calha central do Rio Amazonas. Entre eles,
destaca-se o Forte de São José do Rio Negro, criado em 1668, em torno do qual surgiu o arraial de Lugar
da Barra, mais tarde elevado à categoria de vila e, depois, de cidade, com o nome de Barra do Rio Negro.
Em 1856, a cidade foi rebatizada e passou a se chamar Manaus, em homenagem aos índios da etnia
manaó.
Para preservar a hegemonia na região, a Coroa ainda estimulou a ação das missões religiosas, que
utilizavam a mão de obra indígena na coleta das "drogas do sertão" e na produção de alimentos.
No entanto, foi em meados do século XVIII que o Império Português de fato consolidou sua soberania
na área, criando o estado do Grão-Pará, com capital em Belém. Na nova estrutura política e
administrativa, o Grão-Pará, marcado pelas baixas densidades demográficas e pelo extrativismo, passou
a ser uma unidade distinta de Estado do Brasil.
Com a independência do Brasil em 1822, o estado do Grão-Pará foi dissolvido e tornou-se parte do
Império Brasileiro, cujo poder administrativo concentrava-se no Rio de Janeiro. No entanto, dada a
precariedade das suas redes de transporte e comunicações, a região permaneceu durante muito tempo
isolada do centro político e econômico do país.

A Conquista da Fronteira Interna


O empreendimento de conquista e incorporação efetiva da vasta porção setentrional do Brasil teve
início após a Revolução de 1930, marcada pela centralização do poder, e prosseguiu nas décadas
seguintes, quando a Amazônia Legal se tornou uma região de planejamento.
As políticas que orientaram essa conquista geraram um conflito entre dois tipos de ocupação do espaço
regional. O povoamento tradicional, em grande parte herdeiro das atividades missionárias, marcado
pelo extrativismo e pela agricultura de excedente, consistiu numa ocupação linear e ribeirinha, assentada
na circulação fluvial e na rede natural de rios e igarapés: a "Amazônia dos rios". O novo povoamento
seguia a trajetória dos eixos de circulação viária, na qual eram implantados núcleos urbanos e projetos
florestais, agropecuários e minerais; é a chamada "Amazônia das estradas".
O conflito entre o modo de ocupação tradicional e o moderno, representado pelos eixos viários,
expressou-se na tensão social que envolveu índios, posseiros e grileiros. Até os dias atuais, as disputas
por terra configuram um "arco de violência" nos municípios da Amazônia Legal.
De outro lado, a conquista da Amazônia resultou na modificação antrópica das paisagens e na
degradação progressiva dos ecossistemas naturais. Um "arco da devastação" demarca as áreas de
ocupação recente do Grande Norte. Nos estados de Tocantins, Pará e Maranhão, a devastação antrópica
atinge formações do Cerrado, da Floresta Amazônica e da Mata dos Cocais. No Mato Grosso e Rondônia,
manifesta-se com intensidade no Cerrado, na Floresta Amazônica e nas largas faixas de transição entre
esses domínios.

Focos de calor na Amazônia – 2000/2010

Os focos de calor marcam a ocorrência das queimadas que abrem os terrenos para as atividades
agropastoris ou minerais, resultando em um arco de devastação dos ecossistemas amazônicos.

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


78
Os Novos Eixos de Integração e a Ocupação do Espaço Amazônico
A construção de rodovias foi fundamental para a inserção da região amazônica nos fluxos e circuitos
econômicos nacionais. Belém e Manaus são os dois centros urbanos que polarizam a rede urbana
regional.

As políticas voltadas para a conquista integraram a Amazônia às dinâmicas territoriais nacionais. Esse
processo se realizou por meio de dois vetores.
Um primeiro vetor estruturou-se originalmente na década de 1960, em torno do eixo viário da Belém-
Brasília. Nas décadas seguintes, a exploração dos minérios da Serra de Carajás, a implantação da E. F.
Carajás e do Porto de Itaqui e a construção da hidrelétrica de Tucuruí reforçaram esse vetor, estendendo-
o até São Luís (MA).
Uma vasta mancha de povoamento, nucleada por áreas de intensa modificação das paisagens
naturais, desdobrou-se de sul a norte no estado de Tocantins e avançou pelas porções meridional e
oriental do Pará e por todo o oeste maranhense.
Um segundo vetor estruturou-se a partir da década de 1970, em torno do segmento sul da Cuiabá-
Santarém (BR-163) e da Brasília-Acre (BR-364). Portanto, a integração viária com o Centro-Oeste
ocorre através de Rondônia, até Rio Branco, no Acre. Ao longo desse eixo aparecem as principais áreas
de desflorestamento, associadas à expansão da fronteira agrícola.
No norte de Mato Grosso e em Rondônia, a colonização agrícola impulsionada por migrantes do
Centro-Sul originou dezenas de novos núcleos urbanos. Ao mesmo tempo, a criação e consolidação da
Zona Franca de Manaus (ZFM) transformava a capital amazonense em importante centro industrial e
reforçava seus vínculos externos com os capitais e mercados do Centro-Sul.

Os Novos Caminhos para Manaus


Na década de 1980, a ocupação intensiva de Roraima foi facilitada pela pavimentação da rodovia
Manaus-Boa Vista (BR-174), que atravessa a fronteira setentrional do país, interligando-se às rodovias
da Venezuela. Ao longo do seu eixo, na porção central de Roraima e nas proximidades de Manaus,
surgiram em poucos anos largas faixas de devastação. A construção dessa estrada e a concomitante
implantação do imenso reservatório da hidrelétrica de Balbina desfiguraram a reserva indígena Waimiri-
Atroari, localizada no vale do Rio Jauaperi, a oriente do Rio Branco. A BR-174 foi a primeira rodovia
pavimentada a alcançar Manaus, que até então só podia ser atingida por via fluvial ou aérea.
O novo eixo destina-se a projetar a influência da ZFM para os países vizinhos. A produção industrial
do enclave amazonense é parcialmente responsável pelo superávit do Brasil nas trocas comerciais
realizadas com a Venezuela e pode impulsionar os fluxos de comércio do país com as economias centro-
americanas.
No entanto, o isolamento físico do enclave de Manaus está sendo rompido em outra direção. O projeto
de pavimentação da Porto Velho-Manaus (BR-319) pretende conectar a metrópole da Amazônia
Ocidental e o vetor de ocupação estabelecido em Rondônia. Com a Hidrovia do Madeira, essa estrada
tem como objetivo consolidar um corredor de exportação para os produtos agrícolas de Rondônia e Mato
Grosso, através do Rio Amazonas.
O eixo em implantação pode acarretar, porém, nova frente de devastação da Floresta Amazônica. A
fronteira agrícola de Rondônia já se moveu até Humaitá, no sudoeste do Amazonas, primeira cidade
alcançada pela pavimentação da BR-319. Em torno da cidade, uma larga mancha de desflorestamento
assinala a abertura da floresta para a exploração da madeira, acompanhada pelo avanço da
agropecuária.

Os Impactos da BR-319
"Se por um lado a construção e a pavimentação de estradas na Amazônia geram benefícios na forma
de redução de custos de transportes, por outro lado impulsionam o desmatamento, os conflitos sociais e
a ilegalidade. A eficiência econômica e os efeitos diversos dos projetos precisam ser identificados e
instrumentos que garantam uma distribuição mais equânime de custos e benefícios entre os atores
afetados precisam ser implantados.
Neste estudo, utilizamos a análise custo-benefício para avaliar a eficiência econômica do projeto de
recuperação do principal segmento da Rodovia BR-319, localizado entre os quilômetros 250,00 e 655,70,
no estado do Amazonas, de forma a contribuir com a discussão dessas questões. Este trecho encontra-
se fortemente deteriorado e virtualmente intransitável desde 1986.
Planeja-se sua recuperação dentro do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do Governo
Federal.

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


79
[...] As obras aqui analisadas, com custo de implantação de cerca de 557 milhões de reais, incluem a
recuperação e a pavimentação da rodovia e a construção de quatro novas pontes entre Manaus e Porto
Velho, o que viabilizará o tráfego continuado entre Manaus e o resto do país.
A análise [...] demonstra que o projeto é inviável economicamente, gerando prejuízos de cerca de 316
milhões de reais, ou 33 centavos de benefícios para cada real de custos, em valores atuais. Isso significa
que para que o projeto alcance viabilidade econômica, os benefícios brutos estimados teriam de ser
multiplicados por três. [...]
Modelagens recentes indicam que o projeto provocará forte desmatamento no Interflúvio Madeira-
Purus, com a perda de importantes recursos naturais ainda em excelente estado de conservação, caso
políticas eficazes de contenção do desmatamento não sejam implantadas. Estimamos que o custo
econômico parcial do desmatamento [...] poderia alcançar aproximadamente 1,9 bilhão de reais, em
valores atuais. Destes, 1,4 bilhão corresponderia ao efeito negativo do projeto sobre as mudanças
climáticas globais, valor muito superior aos benefícios brutos gerados pelo projeto, de 153 milhões de
reais." FLECK. Leonardo C. Eficiência econômica, riscos e custos ambientais da reconstrução da rodovia BR-319. Lagoa Santa: Conservação Estratégica, 2009.
p. 19-20.

Redes Urbanas Regionais


Enquanto a Amazônia se integrava ao Centro-Sul, a rede urbana regional tornava-se mais complexa
e diferenciada. Nesse processo, a influência vasta e difusa de Belém sobre todo o espaço amazônico
desvanecia-se, em razão da emergência de Manaus.
Na última década, configurou-se uma situação de dupla polarização, na qual se desenham esferas
de influência distintas das metrópoles do Amazonas.
Durante a década de 1970, com a fronteira agrícola avançando em Mato Grosso e em Rondônia,
ocorreu o acelerado desenvolvimento de Porto Velho e, em grau menor, dos núcleos instalados junto à
rodovia, como Vilhena, Cacoal, Ji-Paraná e Ariquemes.
Na década seguinte, a fronteira agrícola moveu-se até o sul do Acre, acompanhando o trecho
pavimentado da BR-364. Nas áreas das cidades de Xapuri e Brasileia, as atividades madeireiras
avançaram sobre os seringais, provocando conflitos e impulsionando a organização dos seringueiros.

Cenários Futuros: Entre a Devastação e a Tecnologia


Para romper o ciclo de devastação e desigualdade social será preciso o desenvolvimento de políticas
territoriais que valorizem as comunidades locais e a preservação da biodiversidade.
As políticas territoriais amazônicas implementadas pela ditadura militar nortearam-se pela meta
geopolítica de “conquista” da Amazônia. O planejamento regional elaborado nesse contexto
fundamentou-se num conceito distorcido de desenvolvimento, que estimula a acumulação de capital por
grandes empresas e o uso predatório dos recursos naturais. Os largos e extensos corredores de
devastação ambiental e as vastas manchas de desflorestamento, assim como a poluição de rios e
igarapés pelos subprodutos do garimpo, são resultado das opções de planejamento adotadas nesse
período.
As políticas amazônicas dissociaram a noção de desenvolvimento de seu conteúdo social. A abertura
de rodovias de integração e a implantação de grandes projetos geraram intensos fluxos migratórios para
a Amazônia, além do esvaziamento demográfico de várzeas e igarapés. A exclusão social se materializa
nas periferias das cidades médias, nos povoados miseráveis nascidos junto a empreendimentos minerais
e florestais e no surgimento de populações itinerantes, que vagueiam à procura de escassas
oportunidades de trabalho.
O novo ciclo de obras rodoviárias na Amazônia, especialmente a Cuiabá-Santarém (BR-163) e a
Porto Velho-Manaus (BR-319), visa estabelecer a ligação entre Manaus e Porto Velho, mas ameaçava
reproduzir, em escala ampliada, os desastres sociais e ambientais do ciclo anterior. A alternativa consistia
em redefinir o sentido do planejamento regional, priorizando o desenvolvimento social e a valorização dos
ecossistemas naturais. A geração de empregos e a exploração sustentável dos recursos naturais são as
metas a serem perseguidas por um planejamento regional renovado.

Um Zoneamento Econômico e Ecológico


O planejamento regional da Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam) baseou-
se em estudos de pequena escala, inadequados para a definição das realidades sociais e vocações
ecológicas de áreas de médias e pequenas dimensões. Contudo, um planejamento regional voltado para
o desenvolvimento sustentável não pode abrir mão do reconhecimento dessas áreas e suas
peculiaridades. Atualmente, as imagens de satélite e as técnicas de cartografia computadorizada

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


80
fornecem os meios necessários para a elaboração de estudos em média e grande escala, produzindo um
zoneamento econômico e ecológico do imenso espaço amazônico.
A "conquista" da Amazônia deixou como herança um mosaico complexo, no qual vastas áreas de
paisagens naturais quase intactas intercalam-se com zonas de garimpo, grandes projetos e corredores
de devastação. Um zoneamento econômico e ecológico destina-se a elucidar a organização desse
mosaico, criando bases para a seleção de políticas específicas para cada área.
Um passo inicial consistiria em distinguir os espaços de preservação (reservas indígenas e unidades
de proteção ambiental) dos espaços disponíveis para a valorização econômica, e cartografá-Ios nas
escalas adequadas. Um segundo passo consistiria no planejamento das modalidades de uso do solo, das
instalações de infraestrutura viária e energética e no desenvolvimento urbano dos espaços disponíveis.
O incentivo ao aproveitamento econômico da biodiversidade também pode proporcionar vantagens
econômicas. Os produtos naturais da floresta encontraram novas e sofisticadas aplicações nas indústrias
farmacêutica, de cosméticos e de alimentos. Além disso, as universidades e os institutos científicos da
Amazônia pesquisam técnicas adequadas para o cultivo de espécies como a seringueira e a castanheira.
Esses projetos experimentais sugerem caminhos para a elaboração de modelos agrícolas a serem
implantados em áreas degradadas dos corredores de ocupação.

Desmatamento causado pelo garimpo de diamantes na reserva indígena Roosevelt, em Vilhena (RO, 2007)

Transporte de carga na BR-155, no trecho que liga Marabá e Eldorado dos Carajás (PA, 2013)

Região Sul

Herdeira de uma padrão de colonização baseado em pequenas propriedades voltadas para os


mercados internos, a Região Sul atualmente se destaca na produção industrial e agrícola e apresenta
indicadores sociais acima da média nacional.
Quanto à distribuição populacional, a Região Sul é a mais homogênea do país devido à área reduzida
dessa região e à sua ocupação em pequenas propriedades com produções diversificadas, o que pode
ser relacionado com o processo de ocupação e desenvolvimento de núcleos populacionais no interior dos
estados.
Referente à distribuição de renda, a Região Sul apresenta uma distribuição menos desigual que a
média do Brasil. Enquanto a parcela da população com rendimento mensal de até um salário mínimo é
5,8% menor que a nacional, os percentuais das outras classes de rendimento dessa região são maiores
do que os brasileiros.

Diversificação Econômica

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


81
A diversificação em diferentes setores econômicos acarretou transformações sociais na Região Sul. A
modernização da agricultura e o fortalecimento da agroindústria aceleraram o êxodo rural, aumentando a
migração para outros estrados e a ocupação de áreas urbanas.
Por ser a população bem distribuída no território, a estrutura fundiária é a menos desigual do pais. As
terras parceladas em pequenas propriedades são características da agricultura familiar.
Em 2011, mais de 2,7 milhões de pessoas trabalhavam na indústria, compondo na Região Sul o maior
percentual regional de trabalhadores nessa atividade.
Embora se destaquem as indústrias têxtil e alimentícia na Região Sul, o segundo maior polo industrial
automobilístico brasileiro foi implantado na década de 1990 na Região Metropolitana de Curitiba.

Região Sul: Domínios Naturais


Entre os aspectos naturais da Região Sul destacam-se o clima subtropical, o relevo
predominantemente planáltico e a presença de formações vegetais características, como a Mata das
Araucárias e as pradarias.
A Região Sul é formada pelos estados do Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. A região faz
fronteira com três países sul-americanos: a oeste com Paraguai e Argentina, e ao sul com Uruguai. Em
2011, a população da região chegava a 27.875.000 habitantes, ou seja, 14,27% da população do país.
O clima subtropical predomina na região. No inverno, as baixas temperaturas que ocorrem
principalmente nas áreas serranas e planálticas provocam geadas e até neve. Regiões litorâneas e com
menores altitudes, como os vales dos rios Paraná e Uruguai, apresentam temperaturas elevadas no
verão. No norte do Paraná aparece o clima tropical.
Nos três estados da Região Sul predominam os planaltos recobertos originalmente pela Mata das
Araucárias. Os Planaltos e Chapadas da Bacia do Paraná se estendem a oeste do Paraná até o Rio
Grande do Sul, os Planaltos e Serras do Atlântico Leste-Sudeste, a leste, e o Planalto Sul-Rio-
Grandense, no extremo sul. No centro, aparece a Depressão Periférica da Borda Leste da Bacia do
Paraná, e mais ao sul a Depressão Periférica Sul-Rio-Grandense. No litoral do Rio Grande do Sul
predomina a Planície da Lagoa dos Patos e Mirim.
Ao longo do litoral, os planaltos da Região Sul apresentam escarpas de altitudes mais elevadas: a
Serra do Mar e a Serra Geral. No sudoeste do Rio Grande do Sul destaca-se a Campanha Gaúcha, com
relevo de coxilhas (levemente ondulado) coberto por campos limpos. Essa unidade de relevo é parte
brasileira da vasta planície platina, o Pampa, que abrange também o Uruguai e a Argentina. Nessas
áreas, aprecem os banhados, ecossistemas úmidos ricos em espécies animais e vegetais.

Região Sul – unidades da federação

http://files.planetagaia.webnode.com/200000586-08de109d58/mapa-regiao-sul.jpg.

Grande parte dos rios da Região Sul pertence à Bacia Platina, formada pelos rios Paraná, Paraguai
e Uruguai e afluentes. O Rio Uruguai nasce em território brasileiro, da fusão dos rios Canoas (SC) e
Pelotas (RS), e serve de divisa entre Santa Catarina e Rio Grande do Sul, Brasil e Argentina, e Uruguai
e Argentina, desaguando no Estuário do Prata. O Rio Paraná, segunda maior bacia fluvial em área e
potencial hidrelétrico do Brasil, oferece condições de navegabilidade. A Hidrovia Tietê-Paraná tornou-se
um importante sistema de transporte, aproximando o Brasil dos seus parceiros do Mercosul.
Outro problema ambiental que ocorre em áreas do sudoeste do Rio Grande do Sul é o processo de
arenização dos solos, ou seja, o aumento dos depósitos arenosos, dificultando a fixação da vegetação.
Em área subtropical úmida, onde o processo ocorre, a água e os ventos têm importante papel na
mobilidade dos sedimentos.

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


82
As enxurradas provocam erosão e os ventos dispersam a areia, formando dunas e expandindo o
processo.
A substituição da vegetação nativa dos pampas e pela pecuária extensiva ou agricultura comercial
explica a degradação dos solos na região. A arenização atinge quase 4 mil hectares, em áreas dos
municípios de Alegrete, São Francisco de Assis, Santana do Livramento, Rosário do Sul, Uruguaiana,
Quaraí, Santiago, Itaqui, Maçambará, Manoel Viana, São Borja, Unistalda e Cacequi.
No oeste do estado do Paraná, na fronteira com a Argentina, o Parque Nacional do Iguaçu, criado
em 1934 e tombado pela Unesco como patrimônio da humanidade em 1986. Constitui uma grande reserva
florestal e inclui parte da cabia hidrográfica do Rio Iguaçu, que percorre todo o estado do Paraná, e as
Cataratas do Iguaçu.

Ocupação Territorial
Iniciada pelos portugueses no século XVII, a colonização da Região Sul ganhou impulso no século
XIX, quando de estabeleceram os principais núcleos de povoamento fundados pr imigrantes europeus.
O território que hoje pertence aos estados da Região Sul inicialmente não fazia parte da América
portuguesa, tendo ficado fora dos limites estabelecidos pelo Tratado de Tordesilhas. Expedições
exploradoras haviam percorrido a costa no século XVI, mas somente no século XVII começaram as
atividades colonizadoras na região.
Com o domínio espanhol sobre Portugal (1580-1640), o Tratado de Tordesilhas perdeu sua validade,
uma vez que todas as terras pertenciam ao monarca espanhol. Colonos portugueses então se
estabeleceram em territórios espanhóis, adquirindo para Portugal soberania sobre essas áreas. Jesuítas
ultrapassaram a linha de Tordesilhas ao sul, fundando missões em áreas da campanha gaúcha, onde
índios aldeados criavam gado - trazido dos territórios que formaram o Uruguai e a Argentina - e plantavam
erva-mate. Outros povoados também foram fundados, como o de Nossa Senhora do Desterro, atual
Florianópolis.
Ainda no século XVII, os bandeirantes pau listas iniciaram o apresamento dos índios aldeados nas
missões - que se destinavam à sua proteção e catequese - para vendê-las às capitanias luso-espanholas,
produtoras de açúcar.
Com a expulsão dos holandeses do Nordeste (1654), o tráfico negreiro voltou a abastecer os
engenhos. No entanto, quando o domínio espanhol chegou ao fim, as missões estavam praticamente
destruí das; o gado, solto, começou a se reproduzir nos campos do sul. Tropeiros paulistas, índios
aldeados e pessoas errantes passaram então a se dedicar à caça do gado selvagem e ao comércio de
couro.
Com a descoberta de ouro e o desenvolvimento das minas gerais durante o século XVIII, os tropeiros
desenvolveram um novo negócio: caçavam os animais, reuniam estes em currais e os transportavam até
as áreas mineradoras.
À Coroa portuguesa, porém, interessava garantir a posse das terras do sul. Para isso, na metade do
século XVIII, Portugal enviou casais de açorianos ao território do atual Rio Grande do Sul e de Santa
Catarina, especialmente para a faixa litorânea, com o objetivo de povoar a região. Lotes de terras também
foram doados a tropeiros, que, além de se fixar na área, deram início à criação do gado em grandes
estâncias - atividade que se transformaria numa das mais importantes do atual Rio Grande do Sul.
No século XIX, surgiram diversos núcleos de povoamento na Região Sul. Em 1808, famílias de
açorianos fundaram a cidade de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Os primeiros imigrantes alemães se
dirigiram para a atual cidade de São Leopoldo, no vale do Rio dos Sinos, em 1824. Os italianos chegaram
a partir de 1875 e foram assentados em Caxias do Sul, Bento Gonçalves e Garibaldi.
Em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, os alemães formaram colônias de povoamento baseadas
no cultivo de trigo e da policultura, ao passo que os italianos dedicaram-se ao cultivo da uva. No Paraná,
imigrantes eslavos voltaram-se para o extrativismo de madeira. Estavam lançadas as raízes de uma
economia rural diversificada, baseada na policultura e no trabalho familiar.

Região Sul: Dinâmicas Econômicas


Na Região Sul, os ramos industriais que mais se desenvolveram utilizam como matéria-prima os
produtos da agropecuária. Porto Alegre e Curitiba, porém, destacam-se pela diversidade de seus parques
industriais, que incluem também os setores metalúrgico e automobilístico.
No século XVIII, teve início uma das primeiras e mais importantes atividades econômicas da Região
Sul- a pecuária. Preocupada em garantir a posse das terras na área, evitando o avanço espanhol, a Coroa
portuguesa passou a distribuir lotes de terras aos tropeiros, permitindo que os rebanhos soltos, quase
dizimados pela caça e venda na região mineradora, passassem a ser criados em grandes estâncias, de

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


83
forma extensiva, espalhando-se pelo território do atual Rio Grande do Sul. Formava-se, assim, uma classe
de grandes pecuaristas, que comercializavam charque ou carne-seca.
Na região do atual Paraná, a extração das folhas dos arbustos de erva-mate teve início ainda no século
XVII, e aos poucos se transformou em uma das principais atividades econômicas da Região Sul. Na
segunda metade do século XIX, foi a vez do café. As primeiras fazendas já ocupavam o norte paranaense
quando agricultores mineiros e paulistas levaram mudas para a região.
No século XX, a Região Sul modernizou-se seguindo o contexto brasileiro e mundial, mas de acordo
com características próprias resultantes da base econômica, social e cultural construída durante os
períodos colonial, imperial e republicano, com importantes contribuições dos imigrantes. Nas áreas
urbanas o artesanato familiar evoluiu para a moderna e diversificada atividade industrial. Nas áreas rurais,
as pequenas e médias propriedades familiares se expandiram. Como resultado, a Região Sul apresenta
indicadores sociais favoráveis em relação a outras regiões brasileiras. Em 2010, dados do IBGE
indicavam menor taxa de analfabetismo das pessoas de 15 anos ou mais (5,5%), as menores taxas de
mortalidade infantil (15,10%) e a mais alta esperança de vida ao nascer (75,2 anos). Observe a tabela.

Agropecuária
Em 2012, o Paraná respondia por 19.1 da produção agrícola nacional; o Rio Grande do Sul estava em
terceiro lugar, com 12.1, e Santa Catarina, em nono lugar, com 3,6. No que diz respeito à produção de
cereais, leguminosas e oleaginosas, o Sul perde apenas para o Centro-Oeste.
Na Região Sul, a produção agropecuária pode estar associada à indústria: é o caso da cultura da uva
à fabricação de vinhos, do cultivo do milho à criação de frangos e porcos ou da pecuária leiteira às usinas
de leite e fábricas de laticínios.
A modernização da agropecuária tem provocado mudanças na estrutura agrária em toda a Região Sul,
com o aumento da concentração fundiária e dos movimentos de luta pela terra, a partir da década de
1980. Pequenos proprietários e trabalhadores rurais perderam suas terras e trabalho, tendo como
consequência o aumento de boias-frias e de migrações para as cidades, para outras regiões ou mesmo
para outros países, como o Paraguai.
Nas pastagens naturais da Região Sul desenvolve-se a pecuária extensiva de corte, geralmente em
grandes propriedades e com poucos trabalhadores.

Indústria e Tecnologia
Os ramos industriais na Região Sul evoluíram inicialmente graças às matérias-primas fornecidas pela
agropecuária - couro e calçados (pecuária), móveis (pinho), têxteis (algodão) e bebidas (uva, mate).
O maior centro industrial da Região Sul é Porto Alegre. Bastante diversificado, conta com indústrias
alimentícias, de fiação e tecelagem, de produtos minerais não metálicos, siderúrgicas, mecânicas, de
material eletrônico, químicas, de couros e de bebidas. Rio Grande, Pelotas e Caxias do Sul destacam-se
nos setores de alimentos, tecidos, móveis e calçados. O complexo metal mecânico desenvolveu-se em
Gravataí, Canoas, Guaíba e Cachoeirinha. São Leopoldo e Novo Hamburgo são importantes pelos da
cadeia produtiva de artigos de couro. Em São Leopoldo está se formando um importante polo de
informática. A indústria automobilística ganhou força com a instalação de uma grande fábrica em Gravataí,
na Grande Porto Alegre, em 2000.
No Rio Grande do Sul, as aglomerações industriais se caracterizam por empresas que inovam e
diferenciam produtos, ou seja, a dinâmica industrial nessa região é influenciada por empresas de maior
conteúdo tecnológico.
Pequenas e médias empresas têm se destacado na busca de alternativas competitivas.

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


84
O setor industrial de Santa Catarina também é muito importante; porém, ao contrário das outras
capitais de estado no Brasil, a cidade de Florianópolis não ocupa o primeiro lugar na economia do estado.
Essa posição cabe a Joinville, município mais populoso no norte catarinense, importante polo metal
mecânico, além de centro de serviços. Com grandes empresas dos setores metal mecânico, químico,
plástico e têxtil, tornou-se um dos mais dinâmicos polos industriais do sul do país.
No Vale do Itajaí, onde se situam as cidades de Brusque, Blumenau, Pomerode, entre outras,
estabeleceu-se um dos mais importantes parques têxteis do país, a partir de pequenas unidades fabris
dos imigrantes europeus, sobretudo alemães. Blumenau destaca-se também por desenvolver um polo
tecnológico. No eixo Chapecó-Seara-Concórdia, a produção industrial voltou-se para o setor alimentício
de processamento de produtos suínos e avícolas.
Apresentam ainda índice de industrialização alto os municípios de Criciúma, Lages e Joaçaba. A
estrutura portuária concentra-se nos portos de Itajaí, Imbituba e São Francisco do Sul.
Curitiba é o segundo maior centro industrial da Região Sul, com destaque para os estabelecimentos
do setor mecânico e, mais recentemente, para as indústrias de ponta geradoras de maior valor agregado.
Em 1999, uma importante montadora de carros alemã instalou-se na região de São José dos Pinhais
(área metropolitana de Curitiba); em seguida, estabeleceram-se uma americana e outra francesa,
consolidando um polo automobilístico na região.

Turismo e Integração
Com paisagens variadas e os invernos mais rigorosos do país, a Região Sul atrai grande número de
turistas. Cidades com características europeias, como Canela e Gramado, ou centros produtores de
vinho, como Bento 'Gonçalves e Caxias do Sul, são lugares procurados pela culinária e atrativos culturais
no Rio Grande do Sul.
Durante o verão, os litorais de Santa Catarina e do Paraná recebem muitos turistas estrangeiros.
Tradições e festas típicas são eventos que tornam concorridos lugares como Blumenau, onde se realiza,
em outubro, a festa da cerveja, chamada Oktoberfest, de origem alemã.
No Rio Grande do Sul, as ruínas das povoações jesuítas do século XVII, em São Borja e São Migue
das Missões, foram transformadas pela Unesco em patrimônio da humanidade. Em Ponta Grossa, no
Paraná, o Parque Estadual de Vila Velha apresenta interessantes formações rochosas esculpidas pela
erosão causada pelas chuvas e pelos ventos.
Todos os estados da Região Sul contam com zonas de fronteira, ou seja, faixas territoriais localizadas
de cada lado de um limite internacional. Nas zonas de fronteira desenvolveram-se diversas cidades
cortadas por limites internacionais. Essas cidades-gêmeas geralmente apresentam grande fluxo de
pessoas e mercadorias e integração econômica e cultural.

Oktoberfest em Blumenau (SC, 2010). A festa teve origem em Munique (Alemanha) no início do século XIX, e hoje é celebrada também em diversos municípios de
Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina.

Região Centro-Oeste

O Meio Natural e os Impactos Ambientais


A Região Centro-oeste é formada pelos estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás e pelo
Distrito Federal, ocupando cerca de 18% do território e abrigando pouco mais que 7% da população do
país.
O clima tropical é predominante na Região Centro-oeste, caracterizado por estação bem seca no
inverno e outra chuvosa no verão. O norte da região está’ sob influência do clima equatorial úmido e da
massa equatorial continental.

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


85
No extremo sul da região as frentes frias da massa polar atlântica causam instabilidades no inverno e
queda da temperatura, ocasionando as friagens, quando a temperatura pode cair bastante. No verão, as
temperaturas são mais elevadas, com máximas oscilando entre 30ºC e 40ºC.
O Cerrado predomina na Região Centro-Oeste. Em seu limite oeste, localiza-se o Pantanal, enquanto
o limite norte caracteriza-se pela presença da Floresta Amazônica; ao sul ocorrem remanescentes da
Mata Atlântica.
O Cerrado apresenta grande biodiversidade. Na vegetação, encontram-se formações florestais (mata
ciliar, mata seca e cerradão), formações savânicas (cerrado no sentido restrito, arque de cerrado,
palmeiral e vereda) e campestres (campo sujo, campo limpo e campo rupestre).
Variações do tipo de solo e nas formas de relevo explicam essas diferenças: a mata galeria, por
exemplo, formada por espécies arbóreas, ocorre nas margens de rios, em vales úmidos.
Nas últimas décadas, a expansão rápida e intensiva da agropecuária tem provocado a destruição de
matas ciliares e de reservas permanentes do Cerrado. Na região das nascentes do Rio Araguaia, por
exemplo, a erosão provoca voçorocas (erosões profundas que atingem o lençol freático). O
assoreamento dos rios e a poluição dos aquíferos também são problemas comuns no Cerrado.
Iniciativas importantes do Governo Federal, como o Programa Nacional de Conservação e Uso
Sustentável do Bioma Cerrado e o Programa Cerrado Sustentável buscam promover a conservação,
a recuperação e o manejo sustentável desse bioma, além de incentivar a valorização e o reconhecimento
das populações tradicionais. Entretanto, isso não tem sido suficientes para conter a devastação.
Quatro bacias hidrográficas drenam a Região Centro-oeste: Amazônica (Rio Xingu e afluentes do
Amazonas), do Paraguai, do Tocantins-Araguaia e Platina (rios Paraná e Uruguai).
O relevo do Centro-Oeste é predominantemente planáltico.
Nele, destacam-se os Planaltos e Serras de Goiás-Minas, os Planaltos e Chapadas dos Parecis, os
Planaltos e Chapadas da Bacia do Paraná e as Serras Residuais do Alto Paraguai. Entre os Planaltos,
estão encaixadas depressões como a Marginal sul-amazônica, e do Alto Paraguai-Guaporé e a do
Araguaia.

O Pantanal
A planície do Pantanal Mato-Grossense e a do Rio Guaporé localizam-se a oeste da região. O
Pantanal é uma planícies sujeita a inundações sazonais, em decorrência da pequena declividade de seu
relevo e do padrão de drenagem da bacia do Rio Paraguai. A vegetação é mista (cerrados, florestas,
campos, charcos inundáveis e ambientes aquáticos), e mais de mil espécies animais, incluindo cerca de
650 tipos de aves aquáticas, vivem na região.
No Pantanal, a expansão da agropecuária e as queimadas acarretaram a supressão de parte da
vegetação e a contaminação dos corpos d’água por agrotóxicos. Além disso, o pantanal recebe os rejeitos
da atividade mineradora de exploração de diamantes e de ouro, especialmente o mercúrio, altamente
poluente. Diversos programas e políticas ambientais têm sido desenvolvidos pelo governo federal para
proteger o bioma, prevendo o manejo correto de bacias hidrográficas, saneamento e apoio ao produtor.
A Floresta Amazônica se estende pela metade norte do estado do Mato Grosso, e se encontra bastante
ameaçada por desmatamentos e queimadas. A expansão da fronteira agropecuária nessa área, para
plantio ou criação de gado, atinge áreas de conservação ambiental e provoca erosão e assoreamento
nos rios.

Ocupação Territorial e Dinâmicas Econômicas


Originalmente, os territórios que hoje compõem a Região Centro-Oeste eram habitados por diversos
agrupamentos indígenas, especialmente os bororo. Nos termos do Tratado de Tordesilhas, assinado
em 1494, essas terras pertenceriam à América espanhola. Entretanto, a partir do século XVI, sucessivas
ondas de bandeirantes paulistas se dirigiram para a região com a finalidade de aprisionar e escravizar
indígenas, desbravando o interior do Brasil.
No final do século XVII, estimulados pela descoberta de ouro em Minas Gerais, os bandeirantes
passaram a se aventurar em terras cada vez mais distantes. Subindo o Rio Cuiabá e alcançando o
território bororo, os bandeirantes encontraram ouro e iniciaram a conquista do território que atualmente
corresponde ao Mato Grosso. Enquanto isso, expedições pelo sertão descobriam minas de ouro no
território que hoje compreende o estado de Goiás, onde foi fundada a Vila Boa, embrião da atual cidade
de Goiás.
Em 1726, Rodrigo César de Meneses, capitão-geral de São Paulo, chegou às minas chamadas de
Cuiabá, fundando, no ano seguinte, a Vila Real do Bom Jesus, que já contava com dois portos fluviais.
Deles, partiam as expedições que visavam ao apresamento de indígenas no Pantanal.

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


86
A cidade de Goiás, conhecida como Goiás Velho, foi fundada em 1726 pelo filho do bandeirante
Bartolomeu Bueno da Silva, o Anhanguera. Em 2001 foi reconhecida pela Unesco como Patrimônio
Cultural da Humanidade.
Em 1748, preocupada com a posse dessas terras, a Coroa portuguesa criou a capitania de Mato
Grosso, com sede em Vila Bela da Santíssima Trindade, fundada pelo mineradores às margens do Rio
Guaporé. Posteriormente, a sede da capitania foi transferida para a Vila de Cuiabá. A Capitania de Goiás,
com sede em Vila Bela, também foi criada em 1748.
Em 1750, a assinatura do Tratado de Madri entre Portugal e Espanha legalizou a posse efetiva da
região pelos portugueses. Porém, com a anulação desse tratado, ocorrida em 1761, a Coroa portuguesa
passou a implantar uma rede de fortificações para garantir a posse da margem direta do Rio Guaporé: o
Forte de Conceição foi erguido em 1762 e o Forte de Príncipe da Beira, em 1776. O Tratado de Santo
Idelfonso, firmado pelas coroas ibéricas em 1777, finalmente ratificou a soberania portuguesa sobre o
território das duas capitanias ocidentais.
A partir de então, o povoamento luso-brasileiro passou a avançar na direção do Rio Tocantins,
dizimando os índios caiapó de Goiás, os xavante do Araguaia e, mais tarde, os canoeiro do Tocantins.
Do século XIX em diante, com o declínio da mineração, as províncias de Mato Grosso e de Goiás
conheceram um longo período de decadência econômica e de isolamento. Apenas as atividades agrícolas
de subsistência, como a extração da borracha, a criação de gado e a exploração de erva-mate,
sobreviveram na região.

A Ocupação Moderna do Centro-Oeste


Ao longo do século XX, porém, o isolamento da região foi sendo vencido gradativamente com a
transformação dos estados do Centro-Oeste em área de atração populacional.
A inauguração de Goiânia, em 1933, a Marcha para o Oeste, iniciada por Getúlio Vargas na década
de 1940, a construção de Brasília, assim como as políticas de integração nacional consolidadas pela
ditadura militar na década de 1970, incentivaram a migração para o Centro-Oeste, contribuindo para
acelerar o povoamento da região.
No início do século XX, a abertura da Estrada de Ferro Noroeste Brasil (Bauru-Corumbá) ajudou a
intensificar os fluxos entre o Sudeste e o Centro-Oeste. A ferrovia abriu a fronteira para a pecuária do
Mato Grosso, permitindo o transporte do gado vivo até os frigoríficos de São Paulo e do Rio de Janeiro.
A partir da década de 1960, rodovias como a Belém-Brasília, a Cuiabá-Porto Velho e a Brasília-Acre
transformaram-se em plataforma para a conquista da Amazônia.
Em 1977 o estado de Mato Grosso foi desmembrado, e dois anos depois oficializou-se a criação do
estado de Mato Grosso do Sul.
Goiás, por sua vez, foi desmembrado em 1988, quando se criou o estado de Tocantins, que atualmente
pertence à Região Norte. Em ambos os casos, as justificativas utilizadas para o desmembramento foram
a grande extensão desses estados, as dificuldades de planejamento e de administração.

Cenário Econômico Recente


Na década de 1970, teve início um período de intenso desenvolvimento econômico nos estados do
Centro-Oeste, motivado principalmente pela modernização da agricultura. A mecanização, a
introdução de novas culturas e o desenvolvimento de tecnologias e técnicas como a adubação e correção
dos solos de cerrados impulsionaram a produtividade da agricultura regional, que se tornou altamente
competitiva nos mercados internacionais.
No entanto, essa modernização tem sido responsável por diferentes impactos ambientais, em especial
o desmatamento.
Desde a década de 1980, o incremento da produção agropecuária e os incentivos fiscais atraem
para o Centro-Oeste indústrias ligadas à transformação de matérias-primas de origem animal ou vegetal.
É o caso dos frigoríficos, das empresas de avicultura, do setor sucroalcooleiro e das indústrias que
processam os grãos de soja. Instaladas próximos aos polos produtores, essas indústrias lucraram com a
redução de despesas com fretes.
Sendo assim, o panorama industrial da região é pouco diversificado.
A exceção fica por conta de alguns polos produtivos instalados no eixo Brasília-Goiânia, em especial
em Anápolis, que concentra empresas do setor farmoquímico e farmacêutico.
Nas últimas décadas, o Mato Grosso do Sul foi o estado da região que apresentou maior crescimento
econômico. A agricultura, praticada principalmente na porção leste do estado, beneficiou-se da
proximidade com os grandes mercados consumidores do Sul e do Sudeste. Dados do Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística indicam que somente no estado de Mato Grosso, o crescimento da área
plantada de soja foi de 28,7% entre os anos de 2008 e 2011.

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


87
A expansão dos canaviais para o Centro-Oeste também é fato recente. Os maiores índices de
crescimento da produção de cana-de-açúcar são encontrados em Goiás e Mato Grosso do Sul.
Além do aumento da área cultivada, destaca-se a instalação de usinas na região, o que fortalece a
cadeia agroindustrial sucroalcooleira.
A indústria do turismo também tem apresentado rápido crescimento na Região Centro-Oeste. O
pantanal é a área mais visitada, embora os parques nacionais da Chapada dos Guimarães, em Mato
Grosso, da Chapada dos Veadeiros, em Goiás, e das Esmas, no sudeste goiano, também contribuam
para o aumento do número de turistas, atraídos pelas chapadas, cânions, quedas-d’água, cavernas e
diversos sítios arqueológicos.
No Rio Araguaia, na época da estiagem (junho a setembro), o nível das águas cai formando praias,
tornando a região uma atração turística.
Cidades históricas como Pirenópolis e Goiás, antiga capital goiana, atraem visitantes pelos sobrados
coloniais preservados e pelas igrejas de arquitetura barroca.
Em direção ao sul do estado, a cidade de Caldas Novas recebe em média um milhão de turistas por
ano, em busca de suas fontes de água quente.
Brasília apresenta arquitetura moderna e é considerada Patrimônio da Humanidade.

Os Centros Urbanos
A rede urbana do Centro-Oeste desenvolveu-se de maneira linear, seguindo as rodovias de integração
e as ferrovias que ligam à Região Sudeste.
Brasília, metrópole nacional, Goiânia, metrópole, assim como Campo Grande e Cuiabá, capitais
regionais, situam-se sobre os grandes eixos viários. As cidades que exibem forte crescimento – como
Dourados (MS), Rondonópolis (MT) e Anápolis (GO) – estão também situadas nesses eixos.

A Cidade-Capital
Brasília representa um caso especial, entre as grandes cidades brasileiras. Não simplesmente por ser
uma cidade planejada: Belo Horizonte, fundada em 1897, e Goiânia, fundada em 1933, constituem outros
exemplos de cidades planejadas no Brasil. A singularidade de Brasília reside na finalidade específica que
orientou seu planejamento urbano – a criação de uma cidade-capital, condição que determinou a
expansão demográfica e econômica da região.
O Plano Piloto constitui o cerne da nova capital. É ele que está submetido ao plano urbanístico, com
seu rígido sistema de aprovação de plantas destinado a conservar as características originais da cidade.
Ideologicamente, esse plano, de autoria de Lúcio Costa, vinculava-se à tradição de pensamento
urbanístico do francês Le Corbusier e da escola arquitetônica da Carta de Atenas, cujos princípios
remontam ao IV Congresso de Arquitetura Moderna, realizado em 1933. A cidade deveria ser, a um só
tempo, funcional e harmônica: uma engrenagem de residências, consumo e trabalho. Para isso, os
planejadores deveriam dispor da capacidade de organizar o espaço de forma absoluta, excluindo as
incertezas e os conflitos inerentes ao desenvolvimento espontâneo das aglomerações urbanas. A ordem
seria um produto da autoridade e do saber urbanístico.
A base espacial do plano urbanístico reside na segregação funcional. No interior do Plano Piloto,
definiram-se as áreas reservadas às diferentes funções urbanas – administração pública, residências,
comércio local e central, etc.
Um eixo viário retilíneo, chamado Eixo Monumental, foi implantado e reservado aos palácios e edifícios
destinados aos órgãos de poder político, à administração e às embaixadas. Esse eixo é cortado por um
outro, arqueado, chamado Eixo Rodoviário, destinado à circulação expressa. Com 13 quilômetros de
extensão e cinco pistas sem cruzamentos, ele separa a circulação municipal da circulação local. Juntos,
os dois eixos têm o formato de asas de avião.
Ao longo do Eixo Rodoviário alinham-se as superquadras, destinadas à moradia. Nessas áreas
encontram-se escolas, igrejas e espaços de comércio local. Esses serviços localizam-se no interior dos
conjuntos de superquadras, direcionado a circulação de pessoas para dentro e não para as ruas. O
comércio de grande porte foi alocado em uma zona separada, no cruzamento entre os dois grandes eixos
da cidade. Todo o sistema de zoneamento e circulação da cidade prioriza o automóvel, a circulação
expressa.
Concebida por Oscar Niemeyer, a arquitetura da capital é coerente com o plano urbanístico, visando
reforçar simbolicamente a função de sede dos órgãos de poder político, que constitui a razão de ser de
Brasília.

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


88
A Cidade Polinucleada
O plano urbanístico não eliminou a clássica estruturação espacial das grandes cidades brasileiras: o
contraste entre as áreas centrais reservada às classes médias e às elites, de um lado, e as periferias
populares, de outro. No entanto, operou uma transformação radical nesse esquema, abrindo um espaço
vazio entre a área central (o Plano Piloto) e a periferia (as cidades-satélite). O elevado preço dos
terrenos no Plano Piloto empurrou os mais pobres para os núcleos urbanos satélites, que cresceram
como verdadeiras cidades-dormitório.
Embora não estivessem formalmente previstas no plano, as cidades-satélite desenvolveram-se para,
de certa forma, protege-lo, evitando a concentração da pobreza. Dessa maneira, a capital cresceu como
cidade polinucleada: uma única aglomeração urbana dispersa territorialmente em diversos núcleos
separados. Esses núcleos são chamados de regiões administrativas, já que a Constituição impede a
formação de municípios autônomos no Distrito Federal.
A maioria da população ativa que reside nas cidades-satélite trabalha no Plano Piloto e consome horas
diárias em deslocamentos entre o local de moradia e o local de emprego.
A concentração de recursos financeiros no Plano Piloto – que abriga uma elite de políticos, burocratas
da administração pública e diplomatas estrangeiros – dinamiza a economia do Distrito Federal, atraindo
migrantes para as cidades-satélite. Assim, o crescimento demográfico dos núcleos urbanos ao redor é
muito superior ao da área central: em 1960, o Plano Piloto concentrava cerca de metade da população
do Distrito Federal; atualmente essa proporção é inferior a 15%.
Questões

01. (PGE/RO – Técnico da Procuradoria – FGV) O desenvolvimento econômico da região norte pode
ser entendido a partir da criação de um projeto ferroviário para interligar a região amazônica entre o final
do século XIX e a primeira metade do século XX. No entanto, com o advento do regime militar brasileiro,
nos anos 60 do século XX, o projeto ferroviário foi abandonado em razão da prioridade dada pelo regime
militar ao transporte:
(A) pluvial na região norte;
(B) naval pelo litoral da região norte;
(C) aéreo na região norte;
(D) misto aéreo e pluvial da região norte;
(E) rodoviário da região norte.

02. (PGE/RO – Técnico da Procuradoria – FGV) “A sensação térmica pode chegar a 38º C neste
sábado (5) na capital de Rondônia. De acordo com o Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam), o tempo
deve ser firme em todo o estado no final de semana”.
A previsão é de céu claro sem chuvas em todo o centro sul. Já nas demais regiões, incluindo Porto
Velho, céu claro a parcialmente nublado com pancadas de chuvas e trovoadas em áreas isoladas,
podendo ser acompanhada de rajadas de ventos no período da tarde e noite. (Fonte: http://g1.globo.com/, 05/09/2015.
Acesso em 20/09/2015).
A descrição do tempo apresentada na notícia revela características de temperatura e pluviosidade
comuns na região norte do Brasil, onde predomina o clima:
(A) equatorial, com baixa amplitude térmica anual e estações bem diferenciadas em termos de
precipitação;
(B) tropical úmido, mesotérmico em termos de temperatura e de pluviosidade irregular;
(C) tropical semiúmido, de baixa amplitude térmica anual e duas estações pluviométricas bem
definidas;
(D) equatorial, com pequena variação de temperatura ao longo do ano e total pluviométrico anual
elevado;
(E) tropical, com temperaturas médias elevadas ao longo do ano e precipitação distribuída de forma
irregular ao longo do ano.

03. (Prefeitura de Santana do Jacaré/MG – Psicólogo – Reis & Reis) O Brasil segue, atualmente,
a divisão regional estabelecida em 1970, em quantas regiões se divide o território brasileiro?
(A) 06 regiões;
(B) 05 regiões;
(C) 04 regiões;
(D) 01 região.

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


89
04. (MPE/GO – Secretário Auxiliar – MPE/GO) A região Centro-Oeste é uma das cinco regiões do
Brasil definidas pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Sobre ela, é correto afirmar:
(A) É a primeira região do país em superfície territorial.
(B) É formada pelos Estados de Goiás, Tocantins e Mato Grosso.
(C) É formada somente pelos Estados de Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
(D) É formada pelos Estados de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e pelo Distrito Federal.
(E) É formada pelos Estados de Goiás, Tocantins, Minas Gerais e pelo Distrito Federal.

05. (CODAR – Motorista – EXATUS/PR) O Brasil é dividido em 5 Regiões Geográficas, estas abrigam
26 Estados e 1 Distrito Federal. Dadas estas informações, assinale a alternativa que apresenta as
Regiões Geográficas Brasileiras que são formadas por apenas 3 Estados?
(A) Apenas, Centro-Oeste.
(B) Centro-Oeste e Sul.
(C) Sul, apenas.
(D) Nenhuma alternativa responde corretamente ao enunciado da questão.

Gabarito

01.E / 02.D / 03.B / 04.D / 05.B

3. O Espaço Natural Brasileiro: seu aproveitamento econômico e o meio


ambiente. a. Geomorfologia do território brasileiro: O território brasileiro e a
placa sul-americana; As bases geológicas do Brasil; as feições do relevo; os
domínios naturais e as classificações do relevo brasileiro.

ESTRUTURA GEOLÓGICA E FORMAS DE RELEVO19

O relevo influencia as atividades agrícolas, os sistemas de transporte e a malha urbana. Em todos


esses casos se evidenciam a interação entre a sociedade e a natureza e a transformação do meio
ambiente pelo ser humano, também demonstrando como o conhecimento das características do relevo
são indispensáveis ao planejamento das atividades rurais e urbanas.

Geomorfologia

O relevo da superfície terrestre apresenta elevações e depressões de diversas formas e altitudes. É


constituído por rochas e solos de diferentes origens, e inúmeros processos o modificam ao longo do
tempo. A disciplina que estuda a dinâmica das formas do relevo terrestre é a geomorfologia. Observe o
planisfério e as imagens a seguir.
Planisfério físico

http://www.editoradobrasil.com.br/jimboe/galeria/imagens/index.aspx?d=geografia&a=5&u=4&t=mapa

19
SENE, Eustáquio de. Geografia geral e do Brasil. Volume único. Eustáquio de Sene, João Carlos Moreira. 6ª edição. São Paulo: Ática, 2018.

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


90
Os mapas que indicam altitude de relevo são chamados mapas hipsométricos. A hipsometria é a
técnica que representa as diferentes altitudes da superfície por meio de uma variação de cores. Em alguns
mapas, o relevo submarino também é representado em diferentes tonalidades de azul.
A fisionomia da paisagem terrestre é extremamente variada. Abaixo, dois exemplos de formações de
relevo da superfície da Terra.

Cânion do rio São Francisco, na divisa entre os estados de Sergipe, Alagoas e Bahia

https://www.modices.com.br/dicas-de-viagem/canions-sao-francisco/

Região montanhosa na Patagônia

https://www.viajali.com.br/fotos-apaixonantes-patagonia/

O relevo é resultado da atuação de agentes internos e externos na crosta terrestre.

Agentes internos, também chamados endógenos, são aqueles impulsionados pela energia contida
no interior do planeta. Esses fenômenos deram origem às grandes formações geológicas existentes na
superfície terrestre e continuam a atuar em suas transformações.
Observe a imagem do Monte Osorno (Chile), originado pelo vulcanismo, um dos agentes internos que
alteram a paisagem terrestre.

https://br.pinterest.com/pin/17592254764573916/

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


91
Agentes externos, também chamados exógenos, atuam na modelagem da crosta terrestre,
transformando as rochas, erodindo os solos e dando ao relevo o aspecto que apresenta atualmente. Os
principais agentes externos são naturais, a temperatura, o vento, as chuvas, os rios e oceanos, as
geleiras, os microrganismos, a cobertura vegetal, mas há também a ação crescente dos seres humanos.
Entre os agentes externos, destaca-se o ser humano. Mineração, aterramento, desmatamento,
terraplanagem, canalização e represamento são exemplos de ações humanas que alteram diretamente
as formas do relevo, como o que ocorreu com o pico do Cauê, em Itabira, em decorrência de intensa
mineração. Abaixo imagens de como era o pico na década de 1970, e como foi posteriormente
transformado em cratera.

http://somagui.blogspot.com/2015/11/itabira-e-um-retrato-na-parede.html

As forças externas naturais são, portanto, modeladoras e atuam de forma contínua ao longo do tempo
geológico. Ao agirem na superfície da crosta, provocam a erosão e alteram o relevo por meio de suas
três fases: intemperismo, transporte e sedimentação.

Intemperismo → é o processo de desagregação (intemperismo físico) e decomposição (intemperismo


químico) sofrido pelas rochas. O principal fator de intemperismo físico é a variação de temperatura (dia e
noite, verão e inverno), que provoca dilatação e concentração das rochas, fragmentando-as. Já o
intemperismo químico resulta, sobretudo, da ação da água sobre as rochas, provocando, com o passar
do tempo, uma lenta modificação na composição química dos minerais. Ambos os intemperismos atuam
concomitantemente, mas dependendo das características climáticas um pode atuar de maneira mais
intensa que o outro.

Transporte e sedimentação→ o material fragmentado pelo intemperismo está sujeito a erosão.


Nesse processo, as águas e o vento desgastam a camada superficial de solos e rochas, removendo
substâncias que são transportadas para outro local, onde se depositam ou se sedimentam. O relevo se
modifica tanto no local de onde o material foi removido como no local onde ele é depositado, que forma
ambientes de sedimentação: fluvial (rios), glaciário (gelo e neve), eólico (vento), marinho (mares e
oceanos) e lacustre (lagos), entre outros.

A atuação do intemperismo é acentuada ou atenuada conforme características do clima, da


topografia20, da biosfera, dos minerais que compõem as rochas e do tempo de exposição delas às
intempéries21.
Os diferentes minerais apresentam maior ou menor resistência à ação do intemperismo e da erosão.
Em ambientes mais quentes e úmidos, o intemperismo químico é mais intenso, enquanto em ambientes
mais secos predomina o intemperismo físico.
As rochas que compõem os escudos cristalinos, por serem de idades geológicas remotas, sofreram
por mais tempo a ação do intemperismo e da erosão, o que se reflete em suas formas. As altitudes
modestas e as formas arredondadas, como nos montes Apalaches (Estados Unidos), nos alpes
Escandinavos (Suécia e Noruega), na serra do Espinhaço (Brasil) e nos montes Urais (Rússia), mostram
a ação desses processos modeladores nas formas do relevo.
A exposição ao sol aquece as rochas provocando sua dilatação. Com a chuva e a ação das marés, há
queda brusca de temperatura, o que provoca contração e desagregação mecânica de partículas.

20
Topografia é a ciência que estuda todos os acidentes geográficos definindo a sua situação e localização na Terra.
21
Intempérie é o substantivo feminino que significa mau tempo ou tempestade.

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


92
Costão rochoso na ilha do Farol, em Arraial do Cabo (RJ)

https://www.tripadvisor.com.br/LocationPhotoDirectLink-g1056623-d1368438-i95639294-Prainhas_do_Pontal_do_Atalaia-
Arraial_do_Cabo_State_of_Rio_de_Janeiro.html

A erosão é resultado da ação de algum agente, como chuva, vento, geleira, rio ou oceano, que provoca
o transporte de material sólido. Na imagem abaixo, dunas nos Lençóis Maranhenses, em Barreirinhas
(MA), um exemplo de ação do vento (erosão eólica).

https://www.xapuri.info/ecoturismo/dunas-lagos-lencois-maranhenses/

Curvas de Nível
Refere-se à prática que consiste em arar o solo e semeá-lo seguindo as cotas altimétricas do relevo
(curvas de nível ou isoípsas22), o que por si só já reduz a velocidade de escoamento superficial da água
da chuva.

https://www.gedtopografia.com/services/calculo-de-curva-de-nivel/

22
Isoípsa ou ¨ curva de nível¨ é o nome que se dá à uma linha que em um mapa topográfico une os pontos que apresentam a mesma elevação ou cota. A isoípsa
é considerada uma “isolinha”. A representação da isoípsa é indispensável em um mapa topográfico. É muito usada também na agricultura moderna.

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


93
Classificação do Relevo Brasileiro

Em 1940, foi elaborada uma classificação dos compartimentos do relevo brasileiro considerada até
então a mais coerente com a geomorfologia do nosso território. Seu autor foi o geógrafo e geomorfólogo
Aroldo de Azevedo (1910-1974), que, considerando as cotas altimétricas23, definiu planaltos como
terrenos levemente acidentados, com mais de 200 metros de altitude, e planícies como superfícies
planas, com altitudes inferiores a 200 metros. Essa classificação divide o Brasil em sete unidades de
relevo, com os planaltos ocupando 59% do território e as planícies, os 41% restantes.
Em 1958, Aziz Ab’Sáber (1924-2012) publicou um trabalho propondo alterações nos critérios de
definição dos compartimentos do relevo. A partir de então, foram consideradas as seguintes definições:
Planalto → área em que os processos de erosão superam os de sedimentação.
Planície → área mais ou menos plana em que os processos de sedimentação superam os de erosão,
independentemente das cotas altimétricas.
Essa classificação divide o Brasil em dez compartimentos de relevo, com os planaltos ocupando 75%
do território e as planícies, 25%.
Em 1989, Jurandyr Ross (1947) divulgou a mais recente classificação do relevo brasileiro, com base
nos estudos e classificações anteriores e na análise de imagens de radar obtidas no período de 1970 e
1985 pelo Projeto Radambrasil, que consistiu em um mapeamento complexo e minuciosos do país. Além
dos planaltos e das planícies, foi detalhado mais um tipo de compartimento:
Depressão → relevo aplainado, rebaixado em relação ao seu entorno; nele predominam processos
erosivos.
O território brasileiro possui, ainda, uma grande diversidade de formas e estruturas de relevo, como
serras, escarpas, chapadas, tabuleiros, cuestas24 e muitas outras.

Diferença Entre Forma e Estrutura do Relevo Brasileiro


O território brasileiro é formado por estruturas geológicas antigas. Com exceção das bacias de
sedimentação recente, como a do Pantanal Mato-Grossense, parte ocidental da bacia Amazônica e
trechos do litoral nordeste e sul, que são do Terciário e do Quaternário (Cenozoico), o restante das áreas
tem idades geológicas que vão do Paleozoico ao Mesozoico, para as grandes bacias sedimentares, e ao
Pré-Cambriano (Arqueozoico-Proterozoico), para os terrenos cristalinos.
No território brasileiro, as estruturas e as formações litológicas25 são antigas, mas as formas do relevo
são recentes. Estas foram produzidas pelos desgastes erosivos que sempre ocorreram e continuam
ocorrendo, e com isso estão permanentemente sendo reafeiçoadas (mudando de forma). Desse modo,
as formas grandes e pequenas do relevo brasileiro têm como mecanismo genético, de um lado, as
formações litológicas e os arranjos estruturais antigos, de outro, os processos mais recentes associados
à movimentação das placas tectônicas e ao desgaste erosivo de climas anteriores e atuais. Grande parte
das rochas e estruturas que sustentam as formas do relevo brasileiro são anteriores à atual configuração
do continente sul-americano, que passou a ter o seu formato depois da orogênese andina e da abertura
do oceano Atlântico, a partir do Mesozoico.

23
Cota altimétrica é o número que exprime a altitude de um ponto em relação ao nível do mar ou a outra superfície de referência.
24
Cuesta é uma forma de relevo em que colinas e montes têm um declive não simétrico, ou seja, suave de um lado e íngreme do outro. A palavra tem origem
no idioma espanhol e significa encosta de uma colina ou monte.
25
O termo litologia pode se referir ao estudo especializado em rochas e suas camadas e que estuda os processos de litificação, ou às categorizações referentes
a esses mesmos processos e aos tempos geológicos em que ocorreram. Litologia está relacionada à rocha que irá formar o solo.

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


94
Classificação de Jurandyr L. S. Ross

http://www.clebinho.pro.br/wp/?p=9992

Bacia Sedimentar x Planície

Não devemos confundir bacia sedimentar, denominação que se refere à estrutura geológica, com
planície, que se refere à forma do relevo.
A estrutura sedimentar indica a origem, a formação e a composição de parte da crosta, ocorrida ao
longo do tempo geológico. Durante sua formação, enquanto a sedimentação supera os processos
erosivos, a bacia sedimentar é sempre uma planície. No entanto, uma bacia sedimentar que no passado
foi uma planície pode estar atualmente sofrendo um processo de erosão, de desgaste, e, portanto,
corresponder a um planalto ou a uma depressão, com as da Amazônia. Em contrapartida, bacias
sedimentares que hoje ainda estão em processo de formação correspondem a planícies. Um exemplo: a
planície do Pantanal.
Na imagem abaixo pode-se observar um trecho do Pantanal, em Corumbá (MS), durante o período
das cheias. Este é um exemplo típico de planície em formação, uma vez que durante as inundações
anuais ocorre intensa sedimentação.

http://g1.globo.com/mato-grosso-do-sul/noticia/2015/10/decreto-define-criterios-de-uso-sustentavel-do-pantanal-para-o-car.html

Agora observe esse relevo de origem sedimentar que está sofrendo erosão e, portanto, é um planalto
sedimentar, localizado na Chapada dos Guimarães (MT).

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


95
https://viagemeturismo.abril.com.br/cidades/chapada-dos-guimaraes/

Outras Formas do Relevo


Ao estudarmos as formas do relevo brasileiro, encontramos ainda outras categorias:
Escarpa → declive acentuado que aparece em bordas de planalto. Pode ser gerada por um movimento
tectônico, que forma escarpas de falha, ou ser modeladas pelos agentes externos, que geram escarpas
de erosão.
Cuesta → forma de relevo que possui um lado com escarpa abrupta e outro com declive suave. Essa
diferença de inclinação ocorre porque os agentes externos atuaram sobre rochas com resistências
diferentes.
Chapada → tipo de planalto cujo topo é aplainado e as encostas são escarpadas. Também é
conhecido com planalto tabular.
Morro → em sua acepção mais comum é uma pequena elevação de terreno, uma colina. Em sua
classificação dos domínios morfoclimáticos, Ab’Sáber destacou os “mares de morros”.
Montanha → os movimentos orogenéticos (enrugamento, dobra e soerguimento da crosta devido à
ação das forças endógenas) deram origem às grandes cadeias montanhosas do planeta. Os dobramentos
modernos do Cenozoico são o exemplo mais lembrado, pois são as maiores montanhas existentes, como
os Andes e o Himalaia. No Brasil não ocorreram dobramentos modernos, mas sim dobramentos mais
antigos que ao longo do tempo geológico foram modelados pelos processos exógenos, dando origem a
formas rebaixadas e desgastadas (montanhas antigas), como o monte Roraima e as elevações dos
planaltos e serras do Atlântico.
Serra→ esse nome é utilizado para designar um conjunto de formas variadas de relevo, como
dobramentos antigos e recentes, escarpas de planalto e cuestas. Sua definição e uso não são rígidos,
sofrendo variação de uma região para outra do país.
Inselberg → (do alemão, “monte ilha”), saliência no relevo encontrada em regiões de clima árido e
semiárido. Sua estrutura rochosa foi mais resistente à erosão do que o material que estava em seu
entorno.

Questões

01. (ENEM) Muitos processos erosivos se concentram nas encostas, principalmente aqueles
motivados pela água e pelo vento. No entanto, os reflexos também são sentidos nas áreas de baixada,
onde geralmente há ocupação urbana.

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


96
Um exemplo desses reflexos na vida cotidiana de muitas cidades brasileiras é
(A) a maior ocorrência de enchentes, já que os rios assoreados comportam menos água em seus
leitos.
(B) a contaminação da população pelos sedimentos trazidos pelo rio e carregados de matéria orgânica.
(C) o desgaste do solo nas áreas urbanas, causado pela redução do escoamento superficial pluvial na
encosta.
(D) a maior facilidade de captação de água potável para o abastecimento público, já que é maior o
efeito do escoamento sobre a infiltração.
(E) o aumento da incidência de doenças como a amebíase na população urbana, em decorrência do
escoamento de água poluída do topo das encostas.

02. (ENEM) As áreas do planalto do cerrado – como a chapada dos Guimarães, a serra de Tapirapuã
e a serra dos Parecis, no Mato Grosso, com altitudes que variam de 400 m a 800 m – são importantes
para a planície pantaneira mato-grossense (com altitude média inferior a 200 m), no que se refere à
manutenção do nível de água, sobretudo durante a estiagem. Nas cheias, a inundação ocorre em função
da alta pluviosidade nas cabeceiras dos rios, do afloramento de lençóis freáticos e da baixa declividade
do relevo, entre outros fatores. Durante a estiagem, a grande biodiversidade é assegurada pelas águas
da calha dos principais rios, cujo volume tem diminuído, principalmente nas cabeceiras. Cabeceiras ameaçadas.
Ciência Hoje. Rio de Janeiro: SBPC. Vol. 42, jun. 2008 (adaptado).
A medida mais eficaz a ser tomada, visando à conservação da planície pantaneira e à preservação de
sua grande biodiversidade, é a conscientização da sociedade e a organização de movimentos sociais que
exijam
(A) a criação de parques ecológicos na área do pantanal mato-grossense.
(B) a proibição da pesca e da caça, que tanto ameaçam a biodiversidade.
(C) o aumento das pastagens na área da planície, para que a cobertura vegetal, composta de
gramíneas, evite a erosão do solo.
(D) o controle do desmatamento e da erosão, principalmente nas nascentes dos rios responsáveis pelo
nível das águas durante o período de cheias.
(E) a construção de barragens, para que o nível das águas dos rios seja mantido, sobretudo na
estiagem, sem prejudicar os ecossistemas.

Gabarito

01.A / 02.D

Comentários

01. Resposta: A
A erosão é um processo constituído por três etapas: intemperismo, transporte e sedimentação. As
partículas das rochas são transportadas pelos agentes erosivos (água das chuvas, rios, ventos e outros)
para as partes mais baixas do relevo e, quando o material sedimenta nos rios, provocam assoreamento
e maior ocorrência de enchentes.

02. Resposta: D
As diferenças de altitude entre a planície do Pantanal e as serras e planaltos que o circundam o tornam
uma área inundável. No tocante ao seu papel na manutenção do nível das águas, tanto no período
chuvoso quanto no de estiagem, as agressões ambientais que acontecem no entorno do Pantanal
causam impacto direito em seu interior, destacando-se a redução no volume de água disponível e o
assoreamento.

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


97
b. A questão ambiental no Brasil.

QUESTÕES AMBIENTAIS DO PLANETA26

Os Problemas Ambientais: A Degradação Ambiental e seus Impactos

Como introdução ao conteúdo de problemas ambientais mundiais, iniciemos observando a seguinte


manchete:
“As marcas da destruição do planeta - Nações Unidas radiografam em quinze fotos, a saúde da
Terra e advertem que os Estados não estão no caminho certo para cumprir os principais tratados
internacionais sobre meio ambiente”. (https://brasil.elpais.com/brasil/2019/03/13/album/1552476582_773089.html#foto_gal_5)
Vamos observar abaixo as fotos chocantes e suas legendas:

1) Caranguejo preso em um copo de plástico no mar na Passagem de Isla Verde, nas Filipinas, em 7
de março de 2019.

2) Algumas vacas atravessando a lagoa seca de Aculeo, em Paine (Chile), em 9 de janeiro de 2019.

3) Poluição causada por veículos em uma rua em Nova Delhi (Índia), em 14 de novembro de 2017.

26
TAMDJIAN, James Onning. Geografia: estudos para compreensão do espaço. 2ª edição. São Paulo: FTD, 2013.

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


98
4) Cão sobre uma montanha de lixo em Nova Delhi (Índia), em 5 de março de 2019.

5) Casal junto a seus animais, resgatados de uma inundação em Burgaw, Carolina do Norte (Estados
Unidos), em 17 de setembro de 2018.

6) Chaminés de uma refinaria de petróleo no estado de Utah (Estados Unidos), em 10 de dezembro


de 2018.

7) Voluntários limpando a baía de lixo de Lampung em Sumatra, em 21 de fevereiro de 2019.

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


99
8) Edifícios envoltos por uma nuvem de poluição em Seul (Coréia do Sul), em 6 de março de 2019.

9) Grupo de trabalhadores protegendo-se da poluição com máscaras durante uma manifestação em


Seul (Coreia do Sul) em 6 de março de 2016.

10) Vista aérea de uma área desmatada da floresta amazônica, no sudeste do Peru, causada pela
mineração ilegal, em 19 de fevereiro de 2019.

11) Bombeiros tentando apagar um incêndio na aldeia grega de Kineta, em 24 de julho de 2018.

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


100
12) Vista aérea da ponte ferroviária derrubada por um deslizamento de terra após o colapso, em 25 de
janeiro de 2019, de uma barragem em uma mina de minério de ferro em Brumadinho, Minas Gerais.

13) Restos mortais de um urso polar morto como resultado da falta de comida devido à mudança
climática, fotografado em julho de 2013, no oeste de Svalbard (Groenlândia).

14) Vista aérea do desaparecimento do mar de Aral em 2018, no Uzbequistão.

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


101
15) Mergulhadores nadando em uma cama de corais mortos na Ilha Tioman da Malásia, em 2018.

Feita a análise das fotos acima, podemos concluir que a humanidade está diante de uma terrível crise
ambiental.
O modelo de desenvolvimento econômico calcado no avanço do industrialismo, no consumismo
desenfreado e na exploração cada vez mais intensa dos recursos naturais do planeta tem levado tanto
ao agravamento quanto ao surgimento de novos problemas ambientais.
Diante dos problemas ambientais existentes no passado, os sintomas da crise ambiental
contemporânea adquiriram proporções jamais alcançadas, atingindo, inclusive, as áreas mais remotas e
inóspitas do planeta, como as regiões polares, que já sofrem os efeitos das alterações climáticas
desencadeadas pela intensa poluição atmosférica.
Esse exemplo do derretimento das geleiras polares no Ártico, decorrente do aquecimento atmosférico
global, nos revela também outra face da problemática ambiental contemporânea, em que os problemas
ambientais deixaram de se restringir no âmbito local ou regional para se tornarem questões de ordem
planetária.

As Origens dos Problemas Ambientais

Desde a Antiguidade, o ambiente é um tema discutido pelas sociedades. Na Grécia antiga, por
exemplo, os filósofos já debatiam sobre qual era a essência de tudo o que existe no mundo, especialmente
da água, da terra, do fogo e do ar.
As poucas, mas significativas, descobertas feitas por eles levaram-nos a acreditar que a Terra era
perfeitamente harmônica, concebida por algo divino e de extrema inteligência.
Aristóteles (c. 485 a.C-420 a.C.), um dos maiores pensadores gregos, defendia que todas as coisas
na Terra, vivas e não vivas (como as rochas), tinham uma profunda ligação entre si e até mesmo uma
essência comum, sendo úteis para a sobrevivência. Pouco a pouco se desenvolveu a ideia de que a Terra
é um gigantesco ser vivo.
Na Revolução Industrial (séculos XVIII e XIX), o ambiente passou a ser tratado isoladamente, como
se fosse um conjunto de elementos que não tinham nenhuma relação com a sociedade e existiam apenas
para atender às suas necessidades.
Dentro desse contexto histórico, com suas características sociais, econômicas e políticas, os
interesses econômicos privados tomaram-se explícitos e prevaleceram sobre qualquer alerta de
problemas ambientais que poderiam surgir em longo prazo.
De meados do século XIX até os nossos dias, ocorreu um verdadeiro saque aos recursos naturais e
uma destruição de muitos elementos da natureza.

A Sociedade de Consumo
Vivemos em uma sociedade marcada e dominada pela lógica do consumo. Todos os seus
componentes, jovens, adultos e idosos, sejam eles ricos ou pobres, estão inseridos nesse contexto.
Grande parte dos meios de comunicação faz uma ligação entre o consumo e o prazer. São centenas
de milhares de produtos apresentados como necessários para se alcançar a felicidade.

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


102
É cada vez mais comum observarmos que o ato de consumir é colocado como uma das formas que
permite ao cidadão ou ao indivíduo sentir-se inserido na sociedade.
A expansão acelerada do consumismo acarreta alta demanda de energia, minérios, água e tudo o que
é necessário à produção e ao funcionamento dos bens de consumo. Esse padrão vem se difundindo em
todo o globo, por uma espécie de globalização do consumo, que vem crescendo a cada ano.
Extensos estudos feitos pela ONU, por meio do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento,
alertam para a velocidade de utilização dos recursos naturais, que já é muito maior que a capacidade de
regeneração da natureza, uma vez que a reposição de alguns elementos é impossível, pois a escala de
tempo para a sua formação é milhões de vezes maior que a da vida média dos seres humanos.

O Consumo e seus Impactos no Espaço Urbano


O consumo crescente também altera a paisagem urbana. As melhores áreas e as mais centrais, ou
ainda com melhor acessibilidade, normalmente são dominadas pelo setor comercial, gerando uma
hipervalorizarão dos imóveis em seu entorno.
Essa especulação imobiliária nos grandes centros urbanos empurrou e ainda empurra um grande
número de trabalhadores para locais distantes dos seus postos de trabalho. Quanto maiores forem os
deslocamentos, maiores serão os custos de transporte e a poluição gerada.
Um exemplo disso é a produção de veículos, que por sua vez está atrelada à produção de aço,
petróleo, ferramentas e máquinas. Em uma sociedade de consumo, o investimento em transporte deve
se manter vinculado à produção de mercadorias a serem transportadas. Portanto, mais consumo, maior
produção; maior produção, mais transportes; mais transportes, maior emissão de poluentes.
Por fim, a produção de energia deve também acompanhar o crescimento de todas essas atividades
econômicas, o que demanda também maior produção de equipamentos. Note, portanto, que estamos
praticamente em um ciclo vicioso.

O Desenvolvimento Sustentável

Apesar de relativamente recente, a ideia de desenvolvimento sustentável vem ganhando espaço com
o desenvolvimento das relações internacionais intensificadas pelo aumento das trocas comerciais,
principalmente nos últimos 200 anos.
Depois da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) é que essas preocupações ganharam relevância.
Uma das principais razões para isso foi a tragédia das bombas atômicas de Hiroshima e Nagasaki (1945),
que mataram centenas de milhares de pessoas. Ao deixar um rastro de radioatividade, as bombas
ampliaram muito as ocupações ambientais de uma considerável parcela da população mundial.
Com a criação da ONU, em 1945, as relações internacionais passaram por uma mudança que também
atingiu a questão ambiental. Em 1949 ocorreu a conferência das Nações Unidas para a Conservação e
Utilização dos Recursos (Unscur), em Nova York.
Em 1968, intelectuais, empresários e líderes políticos criaram uma organização voltada ao debate
sobre o futuro da humanidade, o chamado Clube de Roma, que financiava pesquisas para publicação de
relatórios importantes.
Em 1972 eles lançaram o relatório Limites do crescimento, em conjunto com cientistas do
Massachusetts Institute of Technology (MIT). Esse relatório gerou muita polêmica, pois basicamente
afirmava que, se continuassem os ritmos de crescimento da população, da utilização dos recursos
naturais e da poluição, a humanidade correria sérios riscos de sobrevivência no final do século XXI.

Um Novo Patamar de Discussões a partir de 1972


Em 1972, a ONU organizou a Conferência de Estocolmo, conhecida também como a Primeira
Conferência Internacional para o Meio Ambiente Humano.
Já se sabia que a economia do planeta consumia um volume cada vez maior de combustíveis fósseis
e recursos não renováveis, lançando bilhões de toneladas de dióxido de carbono na atmosfera, criando
assim, uma grande instabilidade climática.
Era preciso reduzir o impacto das atividades econômicas, mas, para isso, fazia-se necessário reduzir
o consumo e o desperdício. Começava, então, uma corrida para se atingir o desenvolvimento sustentável.
Efetivamente, poucos avanços foram conseguidos ao final desse encontro em 1972. Porém, a
sensibilização das lideranças da comunidade internacional acabou levando a ONU a criar, naquele
período, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, conhecida pela sigla Pnuma.
No entanto, tanto os países em desenvolvimento quanto os muito pobres não estavam interessados
em abrir mão das vantagens do desenvolvimento econômico em nome da preservação ambiental. Assim,

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


103
como havia muitas discussões sem solução, foi adotado um primeiro conceito chamado
“ecodesenvolvimento27”.
Somente em 1987 o Pnuma divulgou o relatório Nosso futuro comum, sendo o primeiro grande
documento científico que apresentou com detalhes as causas dos principais problemas ambientais e
ecológicos.
A grande contribuição desse documento foi a popularização do chamado desenvolvimento
sustentável, como um aperfeiçoamento do ecodesenvolvimento.
Para atingir o desenvolvimento sustentável seria necessário:
→ A implantação de projetos econômicos baseados em tecnologias menos agressivas ao ambiente
como uma forma de ajuda ao combate das instabilidades e do subdesenvolvimento, que representavam
um risco para o equilíbrio ecológico, justamente pela falta de recursos para implementar as mudanças
necessárias;
→ O combate da pobreza humana, uma vez que populações desempregadas e desamparadas tendem
a retirar recursos da natureza de forma descontrolada para sua sobrevivência, incluindo assim, o conceito
de desenvolvimento social;
→ A tomada de decisões sobre os caminhos a serem tomados, com ampla participação da sociedade,
para que fossem revertidos em resultados positivos ao equilíbrio ambiental, incluindo assim, a
democracia.
Assim, definiu-se o conceito de desenvolvimento sustentável:
Desenvolvimento sustentável é aquele que satisfaz as necessidades da geração presente sem
comprometer a capacidade de as gerações futuras satisfazerem as suas próprias necessidades.

Eco 92

Em junho de 1992, a ONU organizou na cidade do Rio de Janeiro a Conferência das Nações Unidas
sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (Cnumad), que ficou conhecida como Cúpula da Terra ou Eco
92.
Entre os objetivos principais dessa conferência, destacaram-se:
→ Examinar a situação ambiental mundial desde 1972 e suas relações com o estilo de
desenvolvimento vigente;
→ Estabelecer mecanismos de transferência de tecnologias não poluentes aos países
subdesenvolvidos;
→ Incorporar critérios ambientais ao processo de desenvolvimento;
→ Prever ameaças ambientais e prestar socorro em casos emergenciais;
→ Reavaliar os organismos da ONU, eventualmente criando novas instituições para implementar as
decisões da conferência.
Abaixo vamos conhecer algumas resoluções e documentos importantes da ECO-92.

A Convenção do Clima
A Convenção do Clima atribuiu aos países desenvolvidos a responsabilidade pelas principais emissões
poluentes, dando a eles os encargos mais importantes no combate às mudanças do clima. Aos países
em desenvolvimento, concedeu-se a prioridade do desenvolvimento social e econômico, mantendo,
porém, a tarefa de controlar suas parcelas de emissões de poluentes na medida em que se
industrializassem. As recomendações da convenção foram:
→ Adotar políticas que promovessem eficiência energética e tecnologias mais limpas;
→ Reduzir as emissões do setor agrícola;
→ Desenvolver programas que protegessem os cidadãos e a economia contra possíveis impactos da
mudança do clima;
→ Apoiar pesquisas sobre o sistema climático;
→ Prestar assistência a outros países em necessidade;
→ Promover a conscientização pública sobre essa questão.
Infelizmente os acordos da Eco 92 ficaram apenas no plano das boas intenções.

27
O ecodesenvolvimento é um conjunto de ideias e procedimentos que dão prioridade ao processo criativo de transformação do meio em que vivemos, porém,
com a ajuda de técnicas ecologicamente corretas e que sejam adequadas a da um dos lugares. São as populações desses lugares que devem se envolver, se
organizar, utilizar os recursos naturais de forma prudente e procurar soluções que em a um futuro digno.

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


104
A Convenção da Biodiversidade
Nessa convenção, estava prevista a transferência de parte dos recursos ou lucros obtidos com a
exploração e comercialização dos recursos naturais para o seu local de origem, que receberia esse
volume de dinheiro para aplicar em programas de preservação e de educação ambiental.
Esse tratado visava a favorecer o diálogo Norte-Sul, ou seja, as relações entre os países desenvolvidos
e as nações em desenvolvimento. Porém, muito pouco foi feito.
A evolução dos estudos genéticos levou a biotecnologia a adquirir a capacidade de alterar e reproduzir
organismos, como plantas e seres vivos em geral. Esse fato dotou os países ricos da possibilidade de
explorar produtos naturais e modificá-los geneticamente, adquirindo o direito de patentear tais espécies.
Isso abriu espaço para a biopirataria.

A Agenda 21
Esse documento, assinado pela comunidade internacional durante a Eco 92, assumiu compromissos
para a mudança do padrão de desenvolvimento no século XXI. Ou seja, a Agenda 21 procurou traduzir
em ações o conceito de desenvolvimento sustentável.
O termo "agenda" teve, nesse caso, o sentido de intenções, isto é, de propostas de mudanças, visando
a criar um modelo de civilização pelo qual sejam possíveis a convivência e a simultaneidade do equilíbrio
ambiental com a justiça social entre as nações.
A Agenda 21 buscava:
→ Geração de emprego e de renda;
→ Diminuição das disparidades regionais e interpessoais de renda;
→ Mudança nos padrões de produção e consumo;
→ Construção de cidades sustentáveis;
→ Adoção de novos modelos e instrumentos de gestão.
No entanto, para alcançar essas metas, era preciso mobilizar, além dos governos, todos os segmentos
da sociedade.

Uma Nova Etapa Pós Eco 92: o Protocolo de Kyoto

Como estava previsto na Convenção do Clima, assinada durante a Eco 92, deveria ocorrer um novo
encontro internacional para se discutir a redução da emissão de gases responsáveis pelo aumento da
temperatura do planeta.
Tal reunião ocorreu em 1997, em Kyoto, no Japão, onde líderes de 160 nações assinaram um
compromisso que ficou conhecido como Protocolo de Kyoto.
Esse documento previa, entre 2008 e 2012, um corte de 5,2% nas emissões dos gases causadores do
efeito estufa, em relação aos níveis de 1990.
Para entrar em vigência, o Protocolo de Kyoto deveria ser ratificado por, no mínimo, 55 governos, que,
se somados, representariam no mínimo 55% das emissões de CO² produzidas pelos países
industrializados. Essa porcentagem foi adotada para que os Estados Unidos, um dos maiores poluidores
do planeta, não pudesse impedir, sozinho, a adoção dessas medidas.

A Rio+10

Em 2002, mais uma vez a ONU tentou estabelecer ações globais para a melhoria da qualidade de
vida. Tal medida ficou conhecida como Rio+10, a Cúpula Mundial sobre o Desenvolvimento Sustentável,
que se realizou em Johanesburgo, na África do Sul. Os principais temas então abordados foram:
Clima e energia: foi estabelecido o uso de energias limpas, mas não foram determinadas as metas.
Por isso, os ambientalistas protestaram, afirmando que o texto permitia a inclusão da energia nuclear, já
que incentivava as energias avançadas;
Subsídio agrícola: segundo muitos críticos, a superficialidade do texto fortaleceu a OMC, controlada
pelos países ricos, e esvaziou o papel mediador da ONU;
Protocolo de Kyoto: desde o protocolo, pouco mudou, pois os países que não haviam assinado até
então, apenas prometeram que estudariam o caso (exceto os Estados Unidos, que até mesmo abandonou
a reunião antes de seu final);
Biodiversidade: decidiu-se reduzir o ritmo de desaparecimento de espécies em extinção e repassar
os recursos obtidos pela exploração de produtos naturais para seus locais de origem;
Água e saneamento: foi decidido que se devia aumentar o número de pessoas com acesso à água
potável. Os críticos afirmaram, porém, que o texto poderia ser mais específico quanto aos procedimentos
conjuntos a serem adotados;

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


105
Transgênicos: foram objeto de polêmica, pois as organizações supranacionais recomendaram que
regiões com fome crônica adotassem esses alimentos. Por outro lado, o mesmo documento dizia que os
países teriam o direito de rejeitar os transgênicos até o surgimento de estudos mais conclusivos;
Pesca e oceano: o tema constituiu a maior conquista da reunião, já que previa a criação de áreas de
proteção marinha e a abolição imediata de qualquer subsídio à atividade pesqueira irregular.

O Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC)

No fim dos anos 1980, aumentou-se a percepção de que as atividades humanas eram cada vez mais
prejudiciais ao clima do planeta. A ONU convocou cientistas do mundo todo para acompanhar esse
processo e, com a colaboração de 130 governos, criou-se o Painel Intergovernamental de Mudanças
Climáticas (IPCC).
O principal papel desse organismo foi o de criar relatórios e documentos para acompanhar a situação
ambiental do planeta e também o de fornecer essas informações para a Convenção do Quadro das
Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, órgão responsável por essas discussões.
Em 2007, o IPCC recebeu, junto com o ex-vice-presidente estadunidense AI Gore, o prêmio Nobel da
paz, pelo trabalho de divulgação e busca de conscientização sobre os riscos das mudanças climáticas.
Veja os principais alertas do IPCC:
→ A temperatura da Terra deve subir entre 1,8ºC e 4ºC, nas próximas décadas, o que aumentaria a
intensidade de tufões e secas, ameaçaria um terço das espécies do planeta e provocaria epidemias e
desnutrição;
→ O derretimento das camadas polares poderia fazer com que os oceanos se elevassem entre 18 e
58 cm até 2100, fazendo desaparecer pequenas ilhas e, assim, obrigando centenas de milhares de
pessoas a aumentar o fluxo dos chamados "refugiados ambientais".

A Conferência de Copenhague

Em dezembro de 2009, realizou-se em Copenhague, Dinamarca, a Cop-15 (Conferência da ONU sobre


Mudanças do Clima), tendo como princípio norteador, as responsabilidades comuns, porém
diferenciadas. Mas o que seria isso?
Os países industrializados, que historicamente foram os primeiros a lançar uma quantidade maior de
CO² e outros gases de efeito estufa na atmosfera, teriam uma responsabilidade maior no corte de
emissões. Acreditava-se que eles fossem assumir plenamente uma meta de 25 a 40% de redução até
2020. Os países emergentes seguiriam o mesmo caminho, mas com outras metas.

A Rio+20

Em 2012, o Rio de Janeiro foi sede de um evento para marcar o 20º aniversário da Conferência das
Nações Unidas sobre Desenvolvimento do meio Ambiente, realizada em 1992, conhecida como Rio 92.
O encontro foi popularmente chamado de Rio+20.
A meta principal foi fazer um balanço dos últimos anos na busca de um modelo econômico baseado
no desenvolvimento sustentável. Uma das principais resoluções foi transformar o Programa das Nações
Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) numa agência da ONU, como por exemplos, a Organização
Mundial da Saúde (OMS) ou a Organização Mundial do Comércio (OMC), o que lhe daria mais poderes
e recursos.
Um exemplo de avanço na Rio+20 foram acordos para a redução da emissões de gases causadores
de efeito estufa.

Os Principais Problemas Ambientais do Planeta

Poluição Atmosférica
A poluição do ar consiste no lançamento e acúmulo de partículas sólidas e gases tóxicos que se
concentram na atmosfera terrestre alterando suas características físico-químicas.
De maneira geral, os poluentes atmosféricos podem ser produzidos por fontes primárias ou
secundárias.
Os poluentes primários são aqueles liberados diretamente das fontes de emissão, como os gases que
provém de queimadas em florestas ou da queima de combustíveis fósseis (petróleo e carvão), lançados
do escapamento dos veículos automotores e também das chaminés das fábricas, entre eles, monóxido
de carbono (CO), dióxido de carbono (CO²), dióxido de enxofre (SO²) e metano (CH4).

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


106
Os poluentes secundários, por sua vez, são aqueles formados na atmosfera a partir de reações
químicas entre poluentes primários e componentes naturais da atmosfera, como o ácido sulfúrico
(H²SO4), ácido nítrico (HNO³) e ozônio (O³). A esses poluentes somam-se ainda materiais particulados
que abrangem um grande conjunto de poluentes formados por poeiras, fumaças, materiais sólidos e
líquidos, que se mantêm suspensos na atmosfera.
Desde o início da Revolução Industrial, em meados do século XVIII, o nível de poluentes na atmosfera
terrestre vem aumentando exponencialmente com o avanço da industrialização, dos meios de transportes
e demais atividades econômicas que se desenvolvem apoiadas na queima de combustíveis fósseis.
Milhares de toneladas de gases poluentes são lançados todos os dias na atmosfera terrestre,
desencadeando uma série de problemas ambientais, com impactos que ocorrem tanto em escalas local
e regional (como o fenômeno das inversões térmicas e das chuvas ácidas) quanto em escala global (como
a diminuição da camada de ozônio e a ocorrência do efeito estufa).
A alta concentração de poluentes no ar forma uma camada de partículas em suspensão, parecida com
uma neblina, conhecida como smog, fazendo com que a visibilidade diminua. Também causa muitos
problemas de saúde, principalmente relacionados ao sistema respiratório e cardiovascular.
Em grandes centros urbanos dos países industrializados, é frequente os níveis de poluição do ar
ultrapassarem os limites estabelecidos pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Esses gases
poluentes são provenientes da queima de florestas e, em especial, de combustíveis fósseis (petróleo e
carvão). Os principais agentes poluidores são os veículos automotores e as indústrias, sobretudo as
termelétricas, siderúrgicas, metalúrgicas, químicas e refinarias de petróleo.
Um exemplo disso é a população chinesa, que é aconselhada constantemente a usar máscara para
sair às ruas, evitar exercícios ao ar livre e, em dias críticos, é alertada a permanecer no interior de suas
casas, devido aos altos níveis de poluição do ar encontrados em diversas províncias do país. Foram
registradas milhares de mortes, principalmente na última década, decorrentes de problemas respiratórios
e cardiovasculares agravados pela poluição do ar.
Inversão Térmica
Em condições normais, o ar presente na Troposfera28 costuma circular em movimentos ascendentes,
o que ocorre em razão das diferenças de temperatura entre o ar mais aquecido e, portanto, mais leve,
nas camadas mais baixas, e o ar mais frio e mais denso, nas camadas mais elevadas.
Em regiões afetadas por intensa poluição atmosférica, como os grandes centros urbanos, a fuligem e
os gases poluentes lançados pelas chaminés das fábricas e pelo escapamento dos veículos automotores
tendem a se dispersar por meio dessas correntes ascendentes.
Em dias mais frios, com baixas temperaturas e pouco vento, típicos do outono e do inverno, a ausência
de corrente de ar dificulta a dispersão dos poluentes atmosféricos. Nessa situação, o ar em contato com
a superfície mais fria também se resfria, ficando aprisionado pela camada de ar mais quente acima, o que
impede a dispersão dos poluentes atmosféricos.

https://www.todamateria.com.br/inversao-termica/

Tem-se, assim, uma inversão da temperatura do ar atmosférico, a chamada inversão térmica,


fenômeno que pode ser observado na forma de uma faixa cinza-alaranjada no horizonte dos grandes
centros urbanos.

28
A troposfera é a camada mais baixa da atmosfera terrestre, sendo a região em que vivemos e onde ocorrem os fenômenos meteorológicos.

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


107
https://www.ecycle.com.br/4175-inversao-termica.html

Com a ausência dos ventos ascendentes, os poluentes atmosféricos deixam de dispersar e


concentram-se próximos à superfície, o que compromete a qualidade do ar e gera problemas de saúde
aos habitantes das grandes cidades.
Quando expostas aos altos índices de poluição, muitas pessoas apresentam sintomas como dores de
cabeça, coceira na garganta e irritação nos olhos, crises alérgicas e pulmonares, problemas que afetam
principalmente crianças e idosos, mais sensíveis à poluição.

As Mudanças Climáticas
A humanidade já passou por períodos mais quentes que o atual e por períodos muito frios também.
Dessa forma, muitos podem afirmar que as preocupações com o aquecimento são exageradas e que
a Terra vai passar por períodos de resfriamento tal qual já ocorreu.
Isso não é verdade. O problema está no fato de que se ampliou muito a emissão de CO² na atmosfera
desde o início da Revolução Industrial.
As fábricas e as indústrias usavam e ainda usam carvão mineral para gerar energia. Com o avanço
das tecnologias, o petróleo passou a ser usado também como matéria-prima e fonte de combustíveis para
muitos sistemas de transporte.
Apesar de a emissão de poluentes não ser igual em todos os países e de os mais industrializados
terem responsabilidade maior nesse processo, hoje já é possível afirmar que se trata de um problema
global.
Grandes quantidades de poluição produzidas em um lugar podem atingir outras localidades do planeta,
em função da circulação das massas de ar que transportam esses rejeitos.

O Desequilíbrio no Efeito Estufa


O principal problema causado pelo CO² e por outros poluentes é o desequilíbrio no efeito estufa.
Efeito estufa é um fenômeno natural, em que alguns gases funcionam como retentores de calor,
condição fundamental para manter a existência de vida no planeta.

https://www.grupoescolar.com/a/b/A6A65.jpg

As temperaturas médias no mundo subiram muito nos últimos 150 anos, e a explicação está no
acúmulo de gases causadores do efeito estufa.

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


108
O metano é outro gás muito agressivo. Sua capacidade de reter calor na atmosfera é 23 vezes maior
que a do gás carbônico. Cerca de 30% das emissões mundiais de metano estão ligadas à pecuária, mas
o metano é liberado também por outras fontes, como a queima de gás natural, de carvão e de material
vegetal e também por campos de arroz inundados, esgotos, aterros e lixões.
Entre os exemplos mais bem-sucedidos de combate à poluição atmosférica podemos citar a
estruturação de áreas urbanas com base na circulação de transporte público e bicicletas ao longo de
corredores e ciclovias, o que contribui para reduzir as emissões provenientes dos automóveis.
Promover o uso de combustíveis alternativos, como o etanol e o biodiesel, que emitem menos gases
poluentes do que a gasolina e o diesel convencional, além do desenvolvimento de carros elétricos,
também podem ser medidas válidas para minimizar a poluição; porém, elas não reduzem a dependência
da população em relação ao automóvel, objetivo que deve estar na agenda de qualquer sociedade
sustentável.

O Buraco na Camada de Ozônio


No final do século XVIII e início do século XIX, o cientista holandês Martin van Marum, descobriu um
gás com cheiro muito forte durante algumas experiências com reações químicas.
Anos depois, o cientista alemão Christian Friedrich Schönbein, chamou esse gás de ozônio, quando
percebeu que ele era liberado nos processos químicos de purificação da água.
Schönbein também notou que esse gás subia pelo ar rapidamente e adquiria uma cor azul bem pálida.
Ele acreditava então que o ozônio existia em grande quantidade nas altas camadas da atmosfera, fato
que veio a ser comprovado por Gordon Miller Bourne Dobson por volta dos anos 1920.
Por meio dessas pesquisas foi possível perceber que a camada de ozônio é um filtro natural para a
Terra. A constituição química do gás detém os raios solares nocivos à saúde humana, portanto, a camada
de ozônio é um dos elementos mais importantes para a manutenção da vida.
A destruição dessa camada tem relação direta com o modo de vida e o modelo produtivo adotado pela
economia mundial nos últimos tempos.
Para refrigerar os alimentos usavam-se, no início do século XX, gases extremamente perigosos, como
a amônia e o enxofre. No final dos anos 1920, Thomas Midgley Jr. descobriu um gás proveniente da
combinação do carbono com o flúor e o cloro, trata-se do clorofluorcarboneto (CFC), depois registrado
pela empresa dona da patente como gás fréon.
Com inúmeras vantagens em relação aos outros gases, o fréon passou a ser usado largamente e
permitiu a popularização das geladeiras domésticas, que eram impensáveis quando se usavam os outros
gases.
As pesquisas também permitiram a fabricação de espumas, produtos de limpeza, sprays e uma
quantidade infinita de derivados desse gás.
Em meados dos anos 1980, descobriu-se a existência de uma falha nessa camada protetora da Terra.
Cientistas britânicos e estadunidenses anunciaram que havia um buraco de milhões de quilômetros
quadrados na atmosfera sobre a Antártida.
As pesquisas apontavam que esse buraco era causado pela emissão de gases fréon, que, quando
sobem às altas camadas, destroem o ozônio e permitem a passagem dos raios solares nocivos à vida. O
problema reside no fato de que esses gases duram na atmosfera entre 20 e 90 anos.

https://www.bbc.com/portuguese/geral-45558884

Na imagem acima, observa-se a Camada de ozônio sobre o Polo Sul, em setembro de 2018. Em roxo
e azul estão as áreas que têm menos ozônio, enquanto em amarelo e vermelho, as que têm mais.

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


109
O buraco está principalmente sobre a Antártica, mas já se notam pequenas falhas também no
Hemisfério Norte. Sabe-se que existe um sistema mundial de circulação de ar que acumula os gases
fréon sobre a Antártica em quantidade máxima justamente nos meses mais frios, quando o ar fica mais
denso e circula somente nas proximidades dessa área. Quando os raios solares mais fortes chegam a
essa região no verão, as reações químicas quebram o ozônio e permitem a passagem dos raios nocivos.
A solução para esse problema está ligada à redução da emissão de gás CFC, fato que já foi registrado
muitas vezes por cientistas credenciados pela ONU. Para se chegar a esse pequeno avanço, foi assinado
em 1987 o Protocolo de Montreal (Canadá), que previa a erradicação gradual da produção de CFC.
Entre 1988 e 1995, o consumo do gás diminuiu quase 80% em escala mundial. Mesmo assim,
especialistas acreditam existir um mercado paralelo e ilegal de CFC que movimenta milhares de toneladas
de gás por ano.
Esse quadro influencia diretamente a saúde humana. Especialistas na área de medicina afirmam que
problemas como casos de catarata e câncer de pele vêm se avolumando em grande escala no planeta.

A Devastação das Florestas


As atividades agropecuárias, a urbanização e a industrialização podem ser caracterizadas de maneira
geral como os processos que iniciaram a devastação das florestas.
Com o desenvolvimento da tecnologia em todos os campos da ação humana, surgiram métodos que
aceleraram o desmatamento e acabaram afetando vastas áreas ricas em biodiversidade.
Como exemplos, podem-se citar extensas áreas florestais da Europa e dos Estados Unidos
praticamente extintas no final do século XIX e início do século XX. Esse processo esteve ligado ao
desenvolvimento e ao avanço das relações capitalistas que se materializavam no território.
Infelizmente esse processo de destruição continua até hoje e de forma cada vez mais preocupante. A
instalação de atividades econômicas sobre áreas praticamente intactas é resultado da expansão da
indústria madeireira, das atividades mineradoras, em especial as ilegais, e da corrida por novas áreas
pela agricultura comercial, fato que ficou conhecido como expansão das fronteiras agrícolas.
A partir dos anos 1980, principalmente, a consciência ecológica levou muitos países, em especial os
mais desenvolvidos, a realizar programas de replantio de espécies nativas, o que possibilitou a
recuperação de antigas áreas devastadas. Em contrapartida, nos países mais pobres e nas nações em
desenvolvimento, essa tragédia natural tem crescido ano a ano.
A atuação de grandes empresas exploradoras que operam em regiões florestais do planeta gera outros
graves problemas. As populações das regiões florestais extremamente pobres viviam dos frutos das
florestas de forma racional, uma vez que o ritmo de exploração das matas permitia a sua regeneração.
Com a chegada das grandes empresas exploradoras, ocorreu uma radical mudança na vida dessas
pessoas.
Desprovidos de áreas para exercer suas atividades, os trabalhadores pobres empregam-se nessas
companhias, recebendo baixíssimos salários. Aqueles que não trabalham nessas empresas acabam
derrubando a mata para vender a madeira de forma ilegal e assim obter recursos para sustentar suas
famílias.
Nos últimos anos as preocupações estão cada vez maiores, pois mapeamentos detalhados mostram
que a devastação põe em risco principalmente as florestas localizadas em regiões úmidas do planeta.
São áreas de mata inundadas ou saturadas de água, como as várzeas dos rios, manguezais, florestas
em áreas costeiras e próximas de grandes bacias hidrográficas.
Na Ásia, a maior parte das terras úmidas florestadas estão ameaçadas pela expansão da agricultura
comercial do arroz e pela exploração de madeira, como no caso da Indonésia, que já perdeu grande parte
de sua cobertura florestal original.
Todos os relatórios e avisos feitos pelos cientistas alertam que essas áreas úmidas devem ser
preservadas, pois ajudam a regular o fluxo e o abastecimento de depósitos subterrâneos de água. Caso
essas regiões entrem em colapso natural, isso pode gerar um efeito desastroso para a sociedade, que
ficaria sem água.
Uma experiência que merece menção é a da Finlândia. Quase 80% do território finlandês é coberto
por florestas, o que é a maior taxa de ocupação florestal da Europa, em razão de as florestas terem sido
consideradas patrimônio ecológico, social, cultural e econômico do país. Nas últimas décadas, as áreas
plantadas vêm superando as áreas cortadas em 20 a 30% anualmente.
Um dos grandes segredos desse sucesso está no replantio de espécies nativas; na Finlândia somente
podem ser replantadas madeiras originais daquela região. Isso permite uma atividade econômica mais
sustentável e não tão agressiva ao solo, ao clima e aos animais que habitam essas matas.

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


110
Os defensores da silvicultura (atividade que se dedica ao manejo e estudo de florestas plantadas)
finlandesa afirmam que a estrutura do replantio é semelhante à das florestas naturais e que os seres
humanos a exploram desde sempre.
Dessa forma, a indústria florestal é um dos maiores setores da economia do país, e a comercialização
de madeira, papel, polpa de papel e outros derivados da celulose chega a representar cerca de 30% de
suas exportações.
Para combater o mercado clandestino de madeira e o desmatamento em todo o mundo, foi criada a
certificação florestal pelo Conselho de Manejo Florestal (FSC), uma entidade ambientalista mundial.
Esse certificado garante ao consumidor final de madeira e de seus derivados que aquele produto é
fruto de um reflorestamento não agressivo ou mesmo de uma exploração sustentável, que preserva e
respeita o ritmo de regeneração da natureza. Já existem milhares de itens e produtos que contam com
essa certificação. Portas, pisos, móveis e até mesmo papel higiênico são certificados para comprovar que
não vieram de uma matéria-prima fruto da devastação.

A Destruição dos Recursos Hídricos


O modelo econômico que vigora em nossos dias é marcado por um consumo crescente de mercadorias
das mais variadas. No entanto, para se produzir nessa larga escala, estamos assistindo a um desenfreado
consumo de água.
Em função desse modelo econômico, o processo de industrialização e de urbanização dá origem a um
volume cada vez maior de esgotos domiciliares, lixo e outros resíduos, que são lançados nos rios e mares
cotidianamente. Isso afeta qualidade das águas, tanto as superficiais quanto as dos aquíferos, em vários
pontos do planeta.

Escassez de Água: Uma Crise Anunciada


Os rios e os lagos, que formam os ecossistemas de água doce, são considerados o meio de vida
natural mais ameaçado do planeta.
Embora ocupem apenas 1% da superfície terrestre, os ecossistemas de água doce abrigam cerca de
40% das espécies de peixes e 12% dos demais animais.
Para se ter uma ideia da diversidade desses ecossistemas, o Rio Amazonas, sozinho, possuiu mais
de 3 mil espécies de peixe.
Todos os estudos feitos recentemente apontam que 34% das espécies de peixes de água doce
encontradas em todo o mundo correm o risco de extinção, ameaçadas, principalmente, pela construção
de represas, canalização dos rios e poluição.
Entre 1950 e os nossos dias atuais, o número de grandes barragens no mundo passou de 5.750 para
mais de 41 mil, fato que alterou radicalmente a dinâmica da vida aquática.
Esse cenário alarmante é agravado pela pequena disponibilidade de água para o consumo humano.
Embora 75% da superfície terrestre seja recoberta por água, os seres humanos só podem usar uma
pequena porção desse volume, porque nem sempre ela é adequada ao consumo.
É o caso da água salgada dos mares e oceanos, que representa cerca de 97% da quantidade total de
água disponível na Terra.
Dos cerca de 3% restantes, apenas um terço é acessível, em rios, lagos, lençóis freáticos superficiais
e na atmosfera. Os outros dois terços são encontrados nas geleiras, calotas polares e lençóis freáticos
muito profundos.
Além de ser um recurso finito, a água é cada vez mais consumida no mundo todo. Ao longo do século
XX, por exemplo, a população mundial cresceu três vezes, enquanto as superfícies irrigadas cresceram
seis vezes e o consumo global, sete vezes.
Esse aumento exponencial do consumo mundial de água está gerando um fenômeno conhecido como
estresse hídrico, isto é, carência de água. Segundo o Banco Mundial, essa situação ocorre quando a
disponibilidade de água não chega a 1.000 metros cúbicos anuais por habitante.

O Mal Uso da Água e a Salinização dos Solos


São consideradas regiões que sofrem com a salinização aquelas que perdem seu rendimento
econômico na agricultura.
Salinização é a concentração de sais, provocada pela evapotranspiração máxima ou intensa,
principalmente em locais de climas tropicais áridos ou semiáridos, onde normalmente existe drenagem
ineficiente.
Os solos apresentam sais em níveis diferenciados. Quando este nível se eleva, chegando a uma
concentração muito alta, pode prejudicar o desenvolvimento de algumas plantas mais sensíveis, ou
mesmo impedir o desenvolvimento de praticamente todas as espécies.

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


111
A salinização do solo pode ser causada pelo mau manejo da irrigação em regiões áridas e semiáridas,
caracterizadas pelos baixos índices pluviométricos e intensa evapotranspiração.
A baixa eficiência da irrigação e a drenagem insuficiente nessas áreas contribuem para a aceleração
do processo de salinização, tornando-as improdutivas em curto espaço de tempo.
Os solos mais sujeitos a esse problema são os que estão em regiões mais secas. Neles, qualquer tipo
de irrigação mal conduzida pode gerar uma forte salinização se não estiver presente um adequado
sistema de drenagem.
Abaixo seguem dois exemplos de solos salinizados.

https://alunosonline.uol.com.br/geografia/salinizacao-solo.html

https://pt.wikipedia.org/wiki/Saliniza%C3%A7%C3%A3o

A Organização das Nações Unidas para Alimentação e agricultura estima que, dos 250 milhões de
hectares irrigados em todo o planeta, cerca de metade já tem problemas de salinização, e uma grande
parte é abandonada todo ano por esse motivo. Por isso, a irrigação precisa ser feita com muito cuidado.
Entendemos que a água está cada vez mais escassa em todo o globo. A combinação de fatores
naturais e socioeconômicos como pressão demográfica e uso irracional gera desertificação, salinização
e poluição desenfreada.
O aumento do estresse hídrico já reduziu de forma considerável as reservas hídricas disponíveis no
planeta. Em quase metade das localidades habitadas, já existem problemas de escassez, e cerca de 20
a 30% da população mundial não têm acesso a redes satisfatórias de água e esgoto. Esse quadro fica
ainda mais grave uma vez que a escassez desse recurso se soma a problemas políticos entre povos e
nações.
No Oriente Médio, por exemplo, há inúmeras disputas pela posse da água que se misturam a
rivalidades criadas por décadas de conflitos.
Israelenses e palestinos têm na água um dos maiores pontos de discórdia. Eles disputam as águas
oriundas da nascente do Rio Jordão e do Lago Tiberíades nas proximidades das Colinas de Golã. Além
disso, 90% dos canais de abastecimento de água são controlados por Israel.
Organismos internacionais afirmam que a disponibilidade per capita de água é quatro vezes maior em
Israel do que nos territórios palestinos, fato que potencializa epidemias, queda da produtividade agrícola
e tantos outros problemas.
Outro exemplo de tensão em razão da disputa pela água ocorre entre Síria, Turquia e Iraque. A Turquia
tem um plano de desenvolvimento que inclui a construção de mais de 20 barragens ao longo dos rios
Tigre e Eufrates.
Essas obras de grande porte alteram radicalmente a vazão de água dos rios e ameaçam o
abastecimento de grandes áreas em países vizinhos, como o Iraque e a Síria. Esses países discutem
hoje um estatuto comum para a administração desses rios, visto que não foram poucas as vezes que eles
entraram em alerta para uma possível guerra: um temendo perder o enorme volume de água, fundamental
para seu povo, outro temendo perder as barragens, fundamentais para seu desenvolvimento.

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


112
A Destruição dos Oceanos
A intensificação do comércio internacional nas últimas décadas tem deixado marcas negativas nos
oceanos.
Nos mares de quase todas as regiões do planeta existem gigantescas manchas de petróleo. Em parte,
essas manchas ocorrem por descaso e pelo uso de equipamentos obsoletos que causam vazamentos.
Além disso, muitos navios petroleiros chegam a lavar seus reservatórios nas costas de países pobres,
especialmente africanos, que não têm sistemas de vigilância eficientes para evitar esse crime.
Outro grave problema é a pesca predatória, que também contribui para o esgotamento dos estoques
de pescados oceânicos. Cerca de 90% das espécies comerciais, ou seja, pescadas, processadas e
vendidas, correm risco iminente de destruição em razão da pesca predatória.
Grandes grupos econômicos ligados direta e indiretamente ao setor alimentício são os responsáveis
por essa destruição. Eles permitem a prática da pesca predatória, que, na busca do lucro imediato, não
respeita, em muitos casos, o período de reprodução das espécies, fato que minimamente garantiria a
reposição dos estoques.
O mar também sofre a partir das terras costeiras. Grupos imobiliários promovem a ocupação irregular
de áreas litorâneas pela construção de casas, condomínios e hotéis em áreas de manguezal, alterando
o equilíbrio ambiental.
É importante lembrar que os oceanos são fundamentais para o equilíbrio ecológico de todo o planeta.
Eles concentram 97% das águas e produzem cerca de um sexto do oxigênio da atmosfera, além de serem
os principais responsáveis pela recomposição dos estoques de água doce, graças à umidade que geram.
Por todos esses fatores, os oceanos são fundamentais para a manutenção das características climáticas
do planeta.

A Degradação dos Solos (Desertificação)


A degradação do solo geralmente é causada pela associação de situações climáticas extremas, como
exemplos, a seca ou o excesso de chuvas, práticas predatórias, como o desmatamento de áreas
florestais, expansão das pastagens, utilização intensiva de agrotóxicos e a mineração descontrolada.
Essas atividades alteram e destroem a cobertura vegetal natural do solo, deixando-o exposto à ação
de ventos e chuvas, que gradualmente desgastam o solo desnudo de vegetação.
Esse processo erosivo pode evoluir, e a rocha bruta, base do solo, chegar a ficar exposta. Quando
isso ocorre, está se iniciando o processo de desertificação.
O manejo agrícola inadequado é um dos grandes responsáveis pela degradação dos solos. Quase
metade das áreas agrícolas do planeta tem algum problema que afeta a sua produção de alimentos.
Esse problema está longe de ser somente ambiental. Ele tem profunda relação com a sociedade e a
economia, uma vez que a perda de grãos com a desertificação chega a mais de 20 milhões de toneladas,
cifra suficientemente grande para atenuar o problema da fome no mundo.
As consequências nefastas da degradação do solo afligem também grandes contingentes
populacionais. Calcula-se que 30 milhões de pessoas morreram, nas últimas décadas, de fome,
ocasionada pelo esgotamento de suas áreas naturais, e mais de 120 milhões realizaram o êxodo rural
nos últimos 50 anos.
As soluções para esse problema passam sempre pela alteração do modelo produtivo ou pela aplicação
de enormes recursos financeiros na recuperação de áreas.
Em 1994 foi assinada a Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação. A principal
decisão foi a aplicação de vastos recursos financeiros para promover a educação ambiental,
principalmente em sociedades agrárias, para que estas sejam reprodutoras das práticas e dos
conhecimentos voltados à conservação dos solos.

Resíduos Sólidos: Recurso e Problema


Diariamente milhões de toneladas de resíduos sólidos são lançadas no ambiente. A prática de
depositar resíduos ao ar livre, lançá-los na água, descartá-los em terrenos baldios e queimar os restos
inaproveitáveis teve início nas civilizações antigas, em que os métodos de lidar com os descartes
consistiam em depositá-los bem longe das moradias.
Essa solução vigorou durante muito tempo e se incorporou à cultura cotidiana de muitas populações.
Hoje é evidente que o crescimento populacional e o aumento do consumo levaram a humanidade a uma
enorme produção de resíduos, que causam graves problemas quando manipulados e depositados de
forma inadequada.
Após a década de 1950, iniciou-se uma mudança de mentalidade em relação ao resíduo sólido, a
princípio nos países mais ricos. Antes visto como desprezível e problemático, gradualmente ele passou
a ser encarado como energia, matéria prima e parte da solução para alguns problemas.

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


113
Atualmente, processos como a reciclagem reduzem o volume de resíduos sólidos descartado e
interferem no processo produtivo, economizando energia, água e matéria-prima, além de reduzir
sensivelmente a poluição da água, do ar e do solo. Mesmo assim, a quantidade de lixo reciclada é muito
pequena perante a total.
Uma das soluções que podem ajudar a solucionar esse problema é a coleta seletiva de lixo, ou seja,
o processo pelo qual se separam os materiais encontrados no lixo. Essa separação é fundamental para
o reaproveitamento dos resíduos, pois a coleta potencializa o reaproveitamento dos materiais. A
reciclagem passou a ser uma obrigação em função do enorme volume de resíduos que a sociedade
produz.

As Consequências das Mudanças Climáticas e Ambientais

A Chuva Ácida
A atmosfera, como vimos, vem sendo contaminada por compostos químicos como o enxofre e o
nitrogênio, que vão se concentrando no vapor de água e, consequentemente, nas nuvens. Estas, quando
muito carregadas, despejam uma chuva extremamente ácida.
Até a década de 1990, a chuva ácida era comum apenas nos países de industrialização mais antiga,
mas depois, com a expansão mundial do processo industrial, ela passou a ocorrer em grande quantidade
também na Ásia, em países como China, Índia, Tailândia e Coreia do Sul, que hoje são os grandes
responsáveis pela emissão de óxido nitroso (NO) e dióxido de enxofre (SO²).
Grande parte desse problema foi surgindo conforme a produção industrial se expandia. Isso significou
maior uso de termelétricas que geram energia por meio do carvão e do petróleo (combustíveis altamente
poluentes), maior circulação de carros e outros meios de transportes.
Nos últimos anos há incidência de chuva ácida praticamente em todo o mundo. Em alguns lugares
onde não existem atividades industriais poluentes, ela ocorre em razão do deslocamento das massas de
ar vindas de países emissores de poluição.

https://escolakids.uol.com.br/geografia/chuva-acida.htm

Entre as consequências da chuva ácida, destacam-se:


→ Alteração da composição do solo e das águas, tanto dos rios quanto dos lençóis freáticos;
→ Destruição da cobertura florestal (No Brasil, isso é visível por exemplo, em trechos das encostas da
Serra do Mar nas proximidades de Cubatão, no litoral de São Paulo, importante polo industrial
petroquímico que já foi conhecido mundialmente pela péssima qualidade do ar);
→ Contaminação das lavouras;
→ Corrosão de edifícios, estátuas e monumentos históricos.
Abaixo, uma imagem de um grande impacto ambiental, com destruição dos galhos e folhas de árvores
de montanhas polonesas, causado pela chuva ácida.

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


114
https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/quimica/o-que-e-chuva-acida.htm

Poluição Atmosférica e Aquecimento Global: O Aumento da Temperatura do Planeta


As razões do aumento da temperatura do planeta ainda geram muitos debates entre os cientistas.
Causas naturais e provocadas pelos seres humanos têm sido propostas para explicar o fenômeno.
A principal evidência do aquecimento vem das medidas de temperatura de estações meteorológicas
em todo o globo desde 1860. Os dados mostram que houve um aumento médio da temperatura durante
o século XX.
Para explicar essas mudanças, os cientistas usam ainda evidências secundárias, como a variação da
cobertura de gelo e neve em certas áreas, o aumento do nível dos mares e das quantidades de chuvas,
entre outras.
Diversas montanhas já perderam enormes áreas geladas e nevadas, e a cobertura de gelo no
Hemisfério Norte na primavera e no verão também diminuiu drasticamente.
O aumento da temperatura global pode levar um ecossistema a graves mudanças, forçando algumas
espécies a sair de seus habitats, invadindo outros ecossistemas, ou potencializando a extinção.
Outra situação que causa grande preocupação é o aumento do nível do mar, de 20 a 30 cm por década.
Algumas ilhas no Oceano Pacífico já sofrem com esse problema.
Deve-se lembrar que a subida dos mares ocorre principalmente por causa da expansão térmica da
água dos oceanos, ou seja, as águas dilatam. No entanto, as preocupações com o futuro incluem também
o derretimento das calotas polares e dos glaciares, que guardam enormes quantidades de água na forma
de gelo. Alguns cientistas afirmam que as mudanças podem ocorrer de forma sutil e mesmo imperceptível.
Na imagem abaixo, um urso polar sofre com o derretimento das calotas polares.

http://meioambiente.culturamix.com/recursos-naturais/derretimento-das-calotas-polares

Tudo isso leva a uma situação preocupante. Previsões feitas pela ONU alertam que entre 50 e 100
milhões de pessoas podem abandonar suas casas temporária ou definitivamente por problemas
relacionados a questões ambientais nas próximas décadas, tornando-se refugiados ambientais.
Nesses números estão incluídos grupos humanos, comunidades inteiras que serão levadas a migrar
em razão da poluição das águas, de enchentes, do desgaste dos solos, do fim da disponibilidade de
peixes e da subida do nível dos oceanos.
É certo que essa situação exigirá uma legislação internacional, uma vez que países e regiões inteiras
vão ser evacuados, e os refugiados poderão ser levados em circunstâncias emergenciais a outros países.

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


115
Sustentabilidade29

A qualidade de vida das gerações atuais e futuras começou a se tornar preocupante, tendo em vista o
estilo de vida e a relação que temos com o meio ambiente, provedor de matérias-primas para a nossa
sobrevivência. Por causa disso, a sustentabilidade hoje é um tema bastante discutido em escolas,
universidades, redes sociais e países de modo geral.

O que é uma Sociedade Sustentável?


A defesa de uma sociedade sustentável baseia-se na ideia de o ser humano estabelecer uma relação
com o espaço que o rodeia de modo que seu estilo de vida não prejudique as futuras gerações. Ou seja,
a sustentabilidade tem como premissa uma exploração do meio ambiente que respeite os limites do
planeta e minimize os efeitos da ação do ser humano.
Atualmente, pensar sobre esses limites é uma tarefa cada vez mais importante e emergencial, pois se
o nível de consumo mundial dos recursos naturais continuar no mesmo patamar, será insustentável sua
manutenção para, consequentemente, usufruto das gerações futuras.
Mesmo garantindo nossa própria sobrevivência, a qualidade de vida de toda a população também deve
ser um motivo de preocupação. Nesse sentido, a própria desigualdade social pode ser considerada
insustentável, pois favorece uns em detrimento de outros.

As Construções Alternativas
As paisagens urbanas têm cada vez mais se distanciado da forma original da natureza, de modo que
não proporciona um vínculo entre a dinâmica das cidades e o meio ambiente. Atualmente, 60% dos
resíduos sólidos urbanos provêm da construção civil, o que também provoca grande demanda de
madeira, contribuindo para o desmatamento de áreas de floresta.
Inseridas no pensamento sustentável, as construções alternativas começam a ser disseminadas com
o intuito de minimizar a desarmonia entre o ambiente natural e o construído, reduzindo os impactos
ambientais envolvidos na construção civil.
Essas construções são baseadas em uma arquitetura que considera a necessidade de transformar
sem agredir o ambiente, promovendo a utilização de matérias-primas biodegradáveis e de maneira
proveniente de reservas extrativistas sustentáveis, além do emprego de tecnologias que reduzam o
desperdício de água e energia e que facilitem a reutilização.
Para que essas construções atendam a esses objetivos, os elementos do clima local devem ser sempre
considerados; assim, é possível executar um planejamento voltado à iluminação e ao aquecimento
natural, por exemplo.
A aplicação de coberturas verdes e o uso da energia solar, captada por painéis fotovoltaicos, são
exemplos que se encaixam na construção sustentável. No entanto, pelo fato de exigirem maior
investimento, essas construções não são tão comuns quanto deveriam.

Questões

01. (Transpetro – Técnico Ambiental Júnior – CESGRANRIO/2018) Conforme o Painel


Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, mais conhecido pelas iniciais em inglês — IPCC, o
aumento da temperatura média global nos últimos anos deve-se principalmente às emissões de Gases
do Efeito Estufa (GEEs), provocadas pelo homem.
A esse aquecimento é dado o nome de
(A) aquecimento global antropogênico
(B) aquecimento global dos mares
(C) aquecimento global primário
(D) aquecimento global devido à variabilidade natural
(E) potencial de aquecimento global

02. (Câmara de Natividade/RJ – Analista Legislativo – IDECAN/2017) “_________________ é


aquele que considera a preservação de recursos naturais e dos ecossistemas, bem como o bem-estar e
a melhoria da qualidade de vida da sociedade em geral, a longo prazo.” Assinale a alternativa que
completa corretamente a afirmativa anterior.
(A) Impacto ambiental
(B) Aquecimento global

29
FURQUIM JR, Laercio. Geografia cidadã. 1ª edição: São Paulo, editora AJS, 2015.

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


116
(C) Novo código florestal
(D) Desenvolvimento sustentável

03. (PC/RO – Delegado de Polícia Civil – FUNCAB) Em setembro de 2013, os cientistas do Painel
Intergovernamental Sobre Mudanças Climáticas (IPCC) da ONU divulgaram novo relatório sobre
aquecimento global. De acordo com esse relatório:
(A) o aquecimento global retrocedeu significativamente na última década, devido à maior absorção do
calor pelas águas dos oceanos.
(B) os países emergentes, como China e índia, são os mais afetados no mundo pelo aquecimento
global, e, portanto, os principais interessados em reverter esse processo.
(C) o aumento do aquecimento global é um processo natural, que não está relacionado às ações
humanas.
(D) o desmatamento das áreas de floresta, especialmente no Brasil, é a principal causa do
aquecimento global.
(E) as ações humanas estariam intensificando o efeito estufa e provocando aumento do aquecimento
global.

Gabarito

01.A / 02.D / 03.E

Comentários

01. Resposta: A
Aquecimento global é o processo de aumento da temperatura média dos oceanos e da atmosfera da
Terra causado por massivas emissões de gases que intensificam o efeito estufa, originados de uma série
de atividades humanas (daí o termo antropogênico), especialmente a queima de combustíveis fósseis e
mudanças no uso da terra, como o desmatamento, bem como de várias outras fontes secundárias.

02. Resposta: D
Desenvolvimento sustentável significa obter crescimento econômico necessário, garantindo a
preservação do meio ambiente e o desenvolvimento social para o presente e gerações futuras.

03. Resposta: E
No fim dos anos 1980, aumentou-se a percepção de que as atividades humanas eram cada vez mais
prejudiciais ao clima do planeta. A ONU convocou cientistas do mundo todo para acompanhar esse
processo e, com a colaboração de 130 governos, criou-se o Painel Intergovernamental de Mudanças
Climáticas (IPCC).

c. Os recursos minerais

Rochas - Material de Origem de Formação dos Solos

O material de origem depende da classificação genética das rochas. Classificar as rochas significa
usar critérios que permitam agrupá-las segundo características semelhantes.
Uma das principais classificações é a genética, em que as rochas são agrupadas de acordo com o seu
modo de formação na natureza. Sob este aspecto, as rochas dividem-se em três grandes grupos:
- Ígneas ou magmáticas;
- Sedimentares;
- Metamórficas.

Rochas Ígneas ou Magmáticas


Resultantes do resfriamento de material rochoso fundido, chamado magma. Exemplo:

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


117
São chamadas de rocha ígnea intrusiva, quando o resfriamento ocorrer no interior do globo terrestre,
e de rocha ígnea extrusiva ou vulcânica, se o magma conseguir chegar à superfície.
Para reconhecer se a rocha é intrusiva ou extrusiva, é necessário avaliar sua textura.
O resfriamento dos magmas intrusivos é lento, dando tempo para que os minerais em formação
cresçam o suficiente para serem facilmente visíveis. Alguns cristais podem chegar a vários centímetros.
O resfriamento dos magmas extrusivos é muito mais rápido. Muitas vezes, não há tempo suficiente
para os cristais crescerem muito. A rocha extrusiva tende a ter, portanto, uma textura de granulação fina.

A cor das rochas ígneas é muito variável, podendo ser classificadas como:
- Máficas – são as rochas ígneas escuras ricas em minerais contendo magnésio e ferro;
- Félsicas – são claras, mais ricas em minerais, e contêm sílica e alumínio (siálicas), que incluem os
feldspatos e o quartzo ou sílica.

Rochas Sedimentares
Parte das rochas sedimentares é formada a partir da compactação e/ou cimentação de fragmentos
produzidos pela ação dos agentes intempéricos e pedogênese sobre uma rocha preexistente, após serem
transportados pela ação dos ventos, das águas que escoam pela superfície ou pelo gelo, do ponto de
origem até o ponto de deposição. Exemplo:

As rochas sedimentares, quanto a sua textura, podem ser classificadas como:


a) Clástica – quando a rocha sedimentar é constituída por partículas preexistentes. A litificação ocorre
em condições geológicas de baixa pressão e baixa temperatura e, por isso, as rochas clásticas não têm,
salvo raras exceções, a mesma consistência dura das rochas ígneas.
b) Químicas ou Não-Clásticas – são formadas pela precipitação dos radicais salinos, que foram
produzidos pelo intemperismo químico e agora se encontram dissolvidos nas águas dos rios, lagos e
mares.
c) Orgânicos – são acúmulos de M.O. (material orgânico) tais como restos de vegetais, conchas de
animais, excrementos de aves etc. que, por compactação, acabam gerando, respectivamente, turfa,
coquina e guano. São pseudorrochas porque as suas partículas não são minerais.

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


118
Rochas Metamórficas
Resultam da transformação de uma rocha preexistente no estado sólido.
O processo geológico de transformação se dá por aumento de pressão e/ou temperatura sobre a rocha
preexistente, sem que o ponto de fusão dos seus minerais seja atingido. Exemplo:

O metamorfismo pode ser regional, local e dinâmico. O regional ocorre em grandes extensões da
superfície do globo terrestre, em consequência de eventos geológicos de grande porte como, por
exemplo, edificação de cadeias de montanhas.
Dependendo dos valores alcançados pela variação de pressão e temperaturas, têm-se os
metamorfismos regionais de baixo, médio e alto grau.
Muitas rochas metamórficas são reconhecidas graças a sua estrutura de foliação, ou seja, a orientação
preferencial que os minerais placoides assumem, bem como a sua estrutura de camadas dobradas,
devido às deformações que acompanham o metamorfismo regional.
O metamorfismo local restringe-se a domínios de terreno que variam entre centímetros e dezenas de
metros de extensão. O metamorfismo termal ou de contato ocorre quando o aumento de temperatura
predomina.
O metamorfismo dinâmico ocorre quando predomina o aumento de pressão no fenômeno da
transformação das rochas como em zonas de falhas.
Quando a temperatura do metamorfismo ultrapassa um certo limite, determinado pela natureza
química da rocha e pela pressão vigente, frequentemente na faixa de 700 - 800º C, as rochas começam
a se fundir, produzindo novamente um magma.

Solos - Gênese e Classificação do Solo

De modo geral, os solos vêm sendo formados há milhões de anos. São frutos de um processo contínuo
que se iniciou com o processo de decomposição de uma rocha matriz, que também pode ser chamada
de rocha-mãe.
À medida que a rocha matriz vai sofrendo a ação do intemperismo (ação da água, vento e seres vivos),
ocorre a liberação de fragmentos de rocha que, por sua vez, se misturam a outros sedimentos, como
restos de animais e plantas, e, portanto, dão origem a um determinado tipo de solo30.

Introdução à Pedologia e seus Conceitos Básicos


As bases da Pedologia, ramo do conhecimento relativamente recente, ou Ciência do Solo como
também é chamada, foram lançadas em 1880 na União Soviética por Dokuchaiev, ao reconhecer que o
solo não era um simples amontoado de materiais não consolidados, em diferentes estágios de alteração,
mas resultava de uma complexa interação de inúmeros fatores genéticos: clima, organismos e topografia,
os quais, agindo durante certo período de tempo sobre o material de origem, produziam o solo31.
A preocupação inicial de Dokuchaiev, de cunho pedológico - explicar a formação dos solos e
estabelecer um sistema de classificação - era, sem dúvida, uma preocupação oportuna em definir uma
nova área de estudo e delimitar lhe o espaço dentro do contexto do campo da Ciência. A expansão dos
estudos pedológicos decorreu, em grande parte, da necessidade de:

30
<http://www.universiaenem.com.br/sistema/faces/pagina/publica/conteudo/textohtml.xhtml?redirect=51704978228430979754772414673>
31
IBGE. Manual Técnico de Pedologia. 2ª Edição. Rio de Janeiro. 2007.

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


119
- corrigir a fertilidade natural dos solos, depauperada ao longo dos anos de exploração agrícola e
agravada pela erosão;
- elevar a fertilidade natural de solos originalmente depauperados;
- neutralizar a acidez do solo;
- agrupar solos apropriados para determinadas culturas;
- preservar os solos contra os perigos da erosão.

Intemperismo
Meteorização ou intemperismo é o processo natural de decomposição ou desintegração de rochas e
solos, e seus minerais constituintes, por ação dos efeitos químicos, físicos e biológicos que resultam da
sua exposição aos agentes externos.
Esses agentes podem ocorrer simultaneamente na natureza e acabam por se complementarem no
processo de formação das rochas. Isso fica demonstrado quando analisamos o efeito da temperatura e
da água nas rochas.
Variações climáticas podem levar ao trincamento das rochas e, por conseguinte, a água irá penetrar
essas trincas atacando quimicamente os minerais. Pode ocorrer também, que o congelamento da água
nas trincas leve ao fissuramento da rocha devido às tensões geradas.
Ressalta-se32 que os processos de intemperismo físico reduzem o tamanho das partículas,
aumentando sua área de superfície e facilitando o trabalho do intemperismo químico. Já os processos
químicos e biológicos podem causar a completa alteração física da rocha e alterar suas propriedades
químicas33.

O Intemperismo físico não altera a composição química da rocha. Os principais tipos são:
- Variações de Temperatura: da física sabemos que todo material varia de volume em função de sua
temperatura. Estas variações de temperatura ocorrem entre o dia e a noite e durante o ano, e sua
intensidade será função do clima local. Acontece que uma rocha é geralmente formada de diferentes tipos
de minerais, cada qual possuindo uma constante de dilatação térmica diferente, o que faz a rocha
deformar de maneira desigual em seu interior, provocando o aparecimento de tensões internas que
tendem a fraturá-la. Mesmo rochas com uma uniformidade de componentes não têm uma arrumação que
permita uma expansão uniforme, pois grãos compridos deformam mais na direção de sua maior
dimensão, tendendo a gerar tensões internas e auxiliar no seu processo de desagregação.
- Repuxo coloidal: é caracterizado pela retração da argila devido à sua diminuição de umidade, o que
em contato com a rocha pode gerar tensões capazes de fraturá-la.
- Ciclos gelo/degelo: as fraturas existentes nas rochas podem se encontrar parcialmente ou
totalmente preenchidas com água. Esta água, em função das condições locais, pode vir a congelar,
expandindo-se e exercendo esforços no sentido de abrir ainda mais as fraturas preexistentes na rocha,
auxiliando no processo de intemperismo (a água aumenta em cerca de 8% o seu volume devido à nova
arrumação das suas moléculas durante a cristalização). Vale ressaltar também que a água transporta
substâncias ativas quimicamente, incluindo sais que ao reagirem com ácidos provocam cristalização com
aumento de volume.

- Alívio de pressões: irá ocorrer em um maciço rochoso sempre que da retirada de material sobre ou
ao lado do maciço, provocando a sua expansão, o que por sua vez, irá contribuir no fraturamento,
estricções e formação de juntas na rocha. Estes processos, isolados ou combinados (caso mais comum)
"fraturam" as rochas continuamente, o que permite a entrada de agentes químicos e biológicos, cujos
efeitos aumentam o fraturamento e tende a reduzir a rocha a blocos cada vez menores.

Por outro lado, o intemperismo químico irá provocar alterações na estrutura química das rochas. A
hidrólise, hidratação (responsável pela expansão da rocha) e carbonatação (principalmente em rochas
calcárias) são os exemplos clássicos de intemperismo químico.

- Hidrólise: dentre os processos de decomposição química do intemperismo, a hidrólise é a que se


reveste de maior importância, porque é o mecanismo que leva a destruição dos silicatos, que são os
compostos químicos mais importantes da litosfera. Em resumo, os minerais na presença dos íons H+
liberados pela água são atacados, reagindo com os mesmos. O H+ penetra nas estruturas cristalinas dos

32
MACHADO, S. l. (2002) – “Apostila Mecânica dos Solos” – Universidade Federal da Bahia (UFBA) – Departamento de Geotécnica da Escola Politécnica de
Engenharia.
33
PAULO CÉSAR LODI. Mecânica dos Solos. Volume I. UNESP.

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


120
minerais desalojando os seus íons originais (Ca++, K+, Na+, etc.) causando um desequilíbrio na estrutura
cristalina do mineral e levando-o a destruição.

- Hidratação: é a entrada de moléculas de água na estrutura dos minerais. Alguns minerais quando
hidratados (feldspatos, por exemplo) sofrem expansão, levando ao fraturamento da rocha.

- Carbonatação: o ácido carbônico é o responsável por este tipo de intemperismo. O intemperismo


por carbonatação é mais acentuado em rochas calcárias por causa da diferença de solubilidade entre o
CaCO3 e o bicarbonato de cálcio formado durante a reação.

O intemperismo biológico é resultante da ação de esforços mecânicos induzidos por raízes de


vegetais, escavação de roedores e, até mesmo, a própria ação humana.
Enfatiza-se34 que o conjunto desses processos ocorre mais frequentemente em climas quentes e que,
consequentemente, os solos serão misturas de partículas pequenas que se diferenciam pelo tamanho e
pela composição química.
Analisando a formação dos solos face aos tipos de intemperismo, verifica-se que os solos resultantes
de intemperismo físico irão apresentar composição química semelhante à da rocha que lhes originou.
Por outro lado, o intemperismo químico irá formar solos mais profundos e mais finos do que os solos
formados onde há predominância do intemperismo físico.

Produtos do Intemperismo
O solo é o principal produto resultante da ação do intemperismo, no qual as ações em torno dele como
a erosão também são consequências.
Conforme definição do Instituto de Terras, Cartografia e Geologia do Paraná, o solo é “Produto do
intemperismo físico e químico das rochas, situado na parte superficial do manto de intemperismo.
Constitui-se de material rochoso desintegrado e decomposto35”.

Fatores Pedogenéticos
Os principais fatores ligados à formação dos solos são:
- O relevo na formação dos solos36

A ação do relevo reflete diretamente sobre a dinâmica da água, tanto no sentido vertical (infiltração)
como lateral (escorrimentos superficiais – enxurradas – e dentro do perfil); e indiretamente sobre o clima
dos solos (temperatura e umidade), através da incidência diferenciada da radiação solar, do decréscimo
da temperatura com o aumento das altitudes, e sobre os seres vivos – os tipos de vegetação natural
importantes na formação dos solos.
A água que cai sobre um terreno e não evapora tem apenas dois caminhos: ou penetra no solo ou
escorre pela superfície.
Geralmente, segue concomitantemente ambos os caminhos, com maior ou menor participação de um
ou outro, dependendo das condições do relevo (declividade e comprimento da vertente); da cobertura
vegetal; e de fatores intrínsecos do solo.
Em terrenos declivosos, a quantidade de água que penetra no solo é, em igualdade de incidência de
precipitação pluvial, normalmente menor que nos menos inclinados.
Na coexistência de ambas as situações, compartilhando uma porção da paisagem, as áreas menos
declivosas recebem o acréscimo de água do escoamento superficial e subsuperficial proveniente das
áreas mais altas.
Os solos de relevo íngreme são submetidos ao rejuvenescimento, através dos processos erosivos
naturais e, em geral, apresentam clima mais seco do que aqueles de relevo mais suaves.
Os solos rasos e pouco profundos das vertentes declivosas são naturalmente coabitados por matas
mais secas do que as dos terrenos contíguos menos íngremes.
Disso resultam solos menos profundos e evoluídos do que os situados em condições de relevo mais
suave, onde as condições hídricas determinam ambiente úmido mais duradouro.
Em terrenos aplainados, a eliminação da água pelo escorrimento superficial é diminuta; assim, há um
acentuado fluxo de água através do perfil, favorecendo a lixiviação (extração ou solubilização dos
constituintes químicos de uma rocha, mineral ou solo) em sistema de drenagem livre.

34
PINTO, C. S. (2000). Curso Básico de Mecânica dos Solos em16 Aulas, 247 págs., Oficina de Textos, São Paulo.
35
<http://www.mineropar.pr.gov.br/modules/glossario/conteudo.php?conteudo=S>
36
Geografia Física II / Fernando Moreira da Silva, Marcelo dos Santos Chaves, Zuleide Maria C. Lima. – Natal, RN: EDUFRN, 2009.

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


121
Nos terrenos de relevo subaplainado ou deprimido, em ambiente de drenagem impedida, determinando
sistema fechado, as condições são ideais para os fenômenos de redução, devido ao prolongado
encharcamento, resultando em solos particulares, denominados hidromórficos.
Outra implicação importante do relevo é sobre a taxa de radiação e, consequentemente, sobre o clima
do solo em diferentes situações de exposição dos terrenos à ação solar.
Em regiões montanhosas, por exemplo, dependendo da orientação das encostas, a variação de
incidência da radiação solar é significativa.

O Clima na Formação dos Solos


O clima constitui um dos mais ativos e importantes fatores de formação do solo.
De seus elementos, destacam-se, em nosso país, pela ação direta na pedogênese:

- a temperatura;
- a precipitação pluvial
- a deficiência e o excedente hídrico

A latitude influi diretamente nos regimes térmicos regionais. É muito importante no desenvolvimento
dos solos, pois a velocidade das reações químicas que neles se processam é maior e diretamente
proporcional ao aumento da temperatura.
Além da temperatura, a quantidade de água de chuva que atinge, penetre, permaneça ou escorra na
superfície é um fator igualmente importante no processo de formação do solo.
Regiões com farta disponibilidade de água excedente apresentam, normalmente, solos mais evoluídos
do que regiões secas.
O enorme volume de água que flui através dos solos nas regiões úmidas promove a hidratação de
constituintes e favorece a remoção dos cátions liberados dos minerais pela hidrólise, acelerando as
transformações de constituintes e, consequentemente, o processo evolutivo do solo.
Da conjugação de variados regimes de temperatura e umidade, resulta essencialmente a ocorrência
de climas distintos ao longo do território brasileiro e, por conseguinte, de ações formadoras de solo
também diferenciadas.
Entre os baixos platôs amazônicos quentes e úmidos, o sertão nordestino quente e semiárido e os
planaltos sulinos frios e úmidos, há diferenças apreciáveis no que concerne à formação de solos, em
consequência das disparidades de condições pedoclimáticas.
Na região amazônica, a conjunção de alta temperatura e alta precipitação pluvial, ao longo do ano,
favorece a efetivação das reações químicas que se processam nos solos. Por exemplo: solos bastantes
intemperizados, profundos, essencialmente cauliníticos, muito pobres quimicamente, com reações
bastante ácidas.
No Nordeste semiárido, a escassez de umidade contribui para diminuição da velocidade e intensidade
dos processos pedogenéticos, resultando em solos pouco desenvolvidos, rasos ou pouco profundos,
cascalhentos ou pedregosos e/ou com relativa abundância de minerais primários pouco alterados e
minerais de argila de elevada atividade coloidal. Por exemplo: solos pouco lixiviados, quimicamente ricos,
pouco ácidos e ligeiramente alcalinos ou mesmo com altos teores de sais solúveis e de sódio trocáveis.
Nos planaltos sulinos, as baixas temperaturas e a constante umidade favorecem a formação de solos
com espessas camadas superficiais escuras e ricas em M.O (Molibdênio), conferindo-lhes particular
morfologia, além de influenciar mais ativamente os processos de transformações e neoformações. Por
exemplo: solos não muito desenvolvidos, pouco profundos, por vezes pedregosos, quimicamente pobres,
muito lixiviados, de reação bastante ácida e consideravelmente ricos em constituintes orgânicos.

Os Organismos na Formação dos Solos


Os organismos – microflora e macroflora, microfauna e macrofauna – pelas suas manifestações de
vida, quer na superfície quer no interior dos solos, atuam como agentes de sua formação.
O homem também faz parte desse contexto, pois, pela sua atuação, pode modificar intensamente as
condições originais do solo.
Dos organismos, sobressai por sua intensa e mais evidente ação como fator pedogenético a
macrofauna.

Qual a importância da cobertura vegetal para o solo?


A cobertura vegetal tem uma ação passiva como agente atenuante do clima; porém, é como agente
ativo na formação do solo que ela se destaca. Sua ação protetora depende de sua estrutura e tipo. Por
exemplo: na Amazônia, a cobertura vegetal é eficaz (protege o solo contra a ação das chuvas).

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


122
Na região de caatinga semiárida do nordeste, o efeito protetor é pouco efetivo na proteção do solo,
resultando em acentuadas enxurradas de forte poder erosivo.
O anteparo da cobertura vegetal exerce efeito atenuador na temperatura da parte mais superficial dos
solos, repercutindo na diminuição da evapotranspiração.
A ação pedológica passiva da cobertura vegetal desempenha ainda outras funções protetoras,
intervindo na fixação de materiais sólidos, como nas dunas ou nas planícies aluviais.
A vegetação tem participação ativa nos processos de TC (condições de drenagem através do tempo)
no material do solo, pela ação do contato direto das raízes com as superfícies coloidais além da relevante
participação no estoque de nutrientes do sistema, os quais retornam aos solos devolvidos pelos resíduos
vegetais.
A ação mais importante da cobertura vegetal ocorre, nos fenômenos de adição, tanto na superfície,
através dos resíduos vegetais aí depositados, como no interior do solo, mediante restos que se
decompõem.
A macrofauna tem importância como agente homogeneizador dos solos. Nessa situação em particular,
são muito citados os efeitos dos cupins, das formigas, dos tatus e de muitos roedores que cavam buracos.
As minhocas, abrindo galerias, melhoram a aeração dos solos. Os micróbios, por sua vez, têm ação
marcante na decomposição dos compostos orgânicos, na fixação de nitrogênio e em processos de
oxidação e/ou redução.
E o homem? Constitui um elemento perturbador da constituição e arranjo das camadas dos solos,
através das modificações que imprime na paisagem, como:
- desmatamento,
- reflorestamento,
- abertura de estradas,
- aplainamento
- escavações,

Ou através de alterações que realiza diretamente no solo, como:


- aplicação de corretivos e fertilizantes,
- arações,
- irrigação,
- drenagem e deposição de restos da sua fauna diária.

O Tempo na Formação dos Solos


Dos fatores de formação, o tempo é o mais passivo: não adiciona, não exporta material nem gera
energia que possa acelerar os fenômenos de intemperismo mecânico e químico, necessário à formação
de um solo
Contudo, o estado do sistema solo não é estático: varia no transcorrer das transformações, transportes,
adições e perdas que têm lugar na sua formação e evolução. O conhecimento da duração do período de
gestação dos solos é, contudo, muito complexo.
A Geomorfologia ensina que, no Brasil, é possível encontrar desde materiais de origem recente até os
mais velhos de que se têm notícias na Terra. Onde são encontrados exemplos de solos de cronologia
recente? Nas planícies aluviais que ainda recebem, através das inundações, adições periódicas de
material.
Onde são encontrados exemplos de solos de cronologia mais antiga? Nos planaltos que constituem
os divisores dos grandes sistemas hidrográficos, como por exemplo o Planalto Central Brasileiro. Seu
início se deu há milhões de anos.
Qual a diferença entre idade e maturidade dos solos? A idade (cronologia) é a medida dos anos
transcorridos desde seu início até determinado momento, enquanto a maturidade (evolução) é expressa
pela evolução sofrida, manifestada por seus atributos em dado momento de sua existência.
Assim, alguns solos podem apresentar idade absoluta relativamente pequena e serem bem mais
maduros que outros com idade absoluta bem maior.

Questões

01. (IGP/SC – Perito Criminal Ambiental – IESES/2017) No tocante à formação dos solos, assinale
a alternativa correta:
(A) O solo é formado a partir de processos internos do planeta Terra, como o vulcanismo e o movimento
das placas tectônicas.

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


123
(B) Os solos se formam com mais facilidade em áreas com pouca ação dos ventos, da chuva, das
variações climáticas e interferência dos seres vivos.
(C) O solo se forma a partir dos processos de intemperismo, que aceleram a decomposição das rochas
de origem.
(D) Os solos do planeta Terra formaram-se há milhares de anos a partir do acúmulo de sedimentos
que caíram no planeta Terra oriundos dos meteoros.

02. (FUNAI – Engenheiro Agrônomo – ESAF/2016) Os solos são um importante recurso natural
renovável suportando a vida e as atividades humanas economicamente, com notável importância nas
práticas agropecuárias com vistas à geração de alimentos. Os solos são formados a partir da
decomposição das rochas de origem, que daí adquirem morfologia variada e oportunizam diferentes
classificações. Considerando pois, a origem, morfologia e classificação dos solos, assinale a opção
correta.
(A) Os termos aluviais e eluviais permitem classificar os solos quanto à origem: aluviais são os solos
formados por rochas encontradas no mesmo local da formação, isto é, a rocha matriz que foi decomposta
e se alterou para a formação do solo e se encontra no mesmo local do solo; enquanto os eluviais são os
solos formados por transporte e sedimentação do material de rochas localizadas em outros lugares,
graças à ação das águas e dos ventos.
(B) O Intemperismo físico, mediado por variações de temperatura, calor ou pelo congelamento de água
em fissuras, não promove alteração na composição da rocha.
(C) A classificação dos solos discrimina os horizontes em um perfil a partir da rocha mãe, ou material
de origem que, por isso, recebe a denominação de horizonte O; a partir deste, em sentido ascendente,
denominam-se outros horizontes numa sequência alfabética sucessiva: A, B, C.
(D) Quanto mais velho é o solo, maior é o tempo de atuação dos fatores de formação e dos processos
resultantes, bem como maior é a relação deste solo com o material de origem.
(E) Todo material de origem animal ou vegetal incorporado ao solo, independente do estado de
decomposição, é caracterizado como matéria orgânica que contribui para melhorar a textura do solo,
aumentar a aeração e a taxa de infiltração via aumento de sua densidade.

Gabarito

01.C / 02.B

Comentários

01. Resposta: C.
Meteorização ou intemperismo é o processo natural de decomposição ou desintegração de rochas e
solos, e seus minerais constituintes, por ação dos efeitos químicos, físicos e biológicos que resultam da
sua exposição aos agentes externos.

02. Resposta: B.
O Intemperismo físico não altera a composição química da rocha.

d. As fontes de energia e os recursos hídricos.

HIDROGRAFIA DO BRASIL37

A distribuição das reservas de água no planeta é muito desigual. Enquanto em alguns desertos o índice
de chuvas chega próximo de zero, ele supera 3 mil milímetros por ano em algumas regiões tropicais.
Além disso, quase 96% da água está nos oceanos e mares e, portanto, só pode ser utilizada após
dessalinização, processo bastante caro. Em relação à água doce, somente cerca de 1/3 está disponível
na superfície e no subsolo; o restante é constituído por geleiras e neves, portanto, de difícil utilização.

37
SENE, Eustáquio de. Geografia geral e do Brasil. Volume único. Eustáquio de Sene, João Carlos Moreira. 6ª edição. São Paulo: Ática, 2018.

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


124
As Águas Subterrâneas

No estudo das águas correntes, paradas, oceânicas e subterrâneas, é importante considerar, de início,
a água que provém da atmosfera. Ao entrar em contato com a superfície, a água das chuvas pode seguir
três caminhos: escoar, infiltrar no solo ou evaporar. Por meio da evaporação, ela retorna à atmosfera. Já
a água que se infiltra no solo e a que escoa pela superfície dirigem-se, pela ação da gravidade, às
depressões ou às partes mais baixas do relevo, alimentando córregos, rios, lagos, oceanos ou aquíferos38.
Nos períodos mais chuvosos, o nível freático39 dos aquíferos se eleva, e, na época de estiagem,
abaixa. Ao cavar um poço, encontra-se água assim que o nível freático é atingido.
Quando o nível freático atinge a superfície, aparecem as nascentes dos rios. Em algumas regiões,
principalmente nas tropicais semiúmidas e nas temperadas, o lençol freático abastece os rios em época
de estiagem (nesse caso, os rios são chamados efluentes). Em outras, como nas regiões semidesérticas,
são os rios que abastecem de água o solo quando chega a época da estiagem (rios influentes).
A água subterrânea é muito importante para a vegetação e para o abastecimento humano. Em regiões
de clima árido e semiárido, ela pode ser o principal recurso hídrico disponível para a população e, às
vezes, o único. Estima-se que metade da população mundial utilize a água subterrânea para suas
necessidades diárias de consumo.
Por exemplo, segundo a Agência Nacional de Águas (ANA), a população da Arábia Saudita, Dinamarca
e Malta é abastecida exclusivamente por águas subterrâneas, enquanto França, Itália, Alemanha, Suíça,
Áustria, Holanda, Marrocos e Rússia têm 70% de seu abastecimento obtido dessa forma. Em diversos
municípios do Brasil, como Ribeirão Preto (SP), Maceió (AL), Mossoró (RN) e Manaus (AM), entre outros,
as águas subterrâneas são amplamente utilizadas.
O aquífero Grande Amazônia é um reservatório de água subterrânea que ocupa áreas do Brasil, do
Equador, da Colômbia e do Peru. Tem uma extensão de 3950000 km² e engloba os aquíferos Solimões,
Içá e Alter do Chão, com uma extensão três vezes maior que o aquífero Guarani e, segundo estimativas,
com mais que o dobro de seu volume de água.

Poços e Fossas
Onde não há saneamento básico (água encanada e sistema de coleta de esgotos), as residências
costumam ser abastecidas com água de poços e o esgoto é despejado em fossas. Os poços são
cavidades circulares construídas para atingir um aquífero, podendo ser cavados manualmente ou por
meio de equipamentos que atinjam grandes profundidades. Quando a água do poço chega à superfície
do solo sem necessidade de bombeamento, esse poço é chamado artesiano.
Podemos encontrar três tipos de fossas: a fossa negra, a fossa seca e a fossa séptica. Das três, a
fossa séptica, graças às suas paredes impermeabilizadas, é a mais salubre, pois é a que oferece menos
risco de poluir os aquíferos. As paredes impermeabilizadas das fossas sépticas evitam a contaminação
dos solos e dos aquíferos, o que só acontece em casos de vazamentos.
A fossa negra é a mais condenável, pois geralmente é aberta a pequenas distâncias (entre 1,5 m e 20
m) dos lençóis freáticos ou dos poços, permitindo a contaminação da água. A fossa seca tem as mesmas
características da fossa negra, mas é construída a uma distância superior a 20 metros em relação ao
lençol freático.
As fossas sépticas constituem um aparelho sanitário por meio do qual os microrganismos presentes
nos desejos humanos transformam a matéria orgânica em substâncias minerais. Essas substâncias
podem, então, entrar em contanto com o solo e com o lençol freático sem o risco de contaminação.
Os poços até podem ser abertos próximos às fossas, mas eles devem ser perfurados em um local do
terreno mais alto, e a distância entre o poço e a fossa deve ser de, no mínimo, 10 m. Quando a fossa é
negra ou seca, ou, ainda, se é uma fossa séptica que apresenta vazamento, a água da chuva infiltra no
solo, atravessa a fossa e depois atinge o poço, poluindo-o.

Redes de Drenagem e Bacias Hidrográficas

Os maiores rios são pequenos córregos nas proximidades de suas nascentes. À medida que avançam
para a foz, isto é, de seu alto curso (ou montante) para o baixo curso (ou jusante), vão recebendo água
de seus afluentes. Com isso, ocorre um aumento gradativo no volume de água, aprofundando e/ou
alargando o leito do rio.

38
Aquífero é a zona encharcada do subsolo, ou seja, camada de solo cujos poros encontram-se saturados de água. Os aquíferos podem ser profundos ou mais
próximos da superfície.
39
Lençol freático, também chamado de nível freático, é uma reserva subterrânea de águas provenientes das chuvas que se infiltram entre as fissuras da
superfície.

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


125
O leito do rio é o trecho recoberto pelas águas, sendo sua largura variável conforme a quantidade de
água existente no canal ao longo do ano. As margens são as partes laterais que demarcam o leito fluvial.
Tomando-se o sentido do escoamento das águas, ou seja, olhando em direção à jusante, distinguimos a
margem direita e a margem esquerda.
A variação na quantidade de água no leito do rio ao longo do ano recebe o nome de regime. Quando
o nível de água do rio está baixo, é a chamada vazante; quando o volume de água é elevado, ocorre a
cheia; e, se as águas subirem muito, alagando áreas no entorno do rio, ocorrem as enchentes.
Se a variação do nível das águas depende exclusivamente da chuva, dizemos que o rio tem regime
pluvial; se depende do derretimento de neve, o regime é nival; se depende de geleiras, é glacial. Muitos
rios apresentam regime misto ou complexo, como no Japão, onde são alimentados pela chuva e pelo
derretimento da neve das montanhas. No Brasil, apenas o rio Solimões-Amazonas tem esse regime, pois
uma pequena quantidade de suas áreas provém do derretimento de neve da cordilheira dos Andes, no
Peru, onde se localiza sua nascente. Todos os demais rios brasileiros possuem regime pluvial simples,
associado aos tipos climáticos regionais.
No período das cheias, a calha de muitos rios não suporta o escoamento de um volume maior de
chuvas e as águas passam a ocupar um leito maior, a várzea, também chamada planície de inundação.
A várzea pertence ao rio tanto quanto suas margens. Portanto, ocupar uma área de várzea significa
construir sobre uma parte integrante do rio onde podem ocorrer inundações periódicas.
As porções mais altas do relevo, sejam regiões serranas, planálticas, sejam simples colinas, funcionam
como divisores de águas, que delimitam as bacias hidrográficas. Por elas converge toda a água das
chuvas que escoa ao longo das vertentes (encostas do relevo) em direção aos seus pontos mais baixos,
os fundos dos vales, onde se localizam os córregos e os rios. Assim, as bacias hidrográficas são
constituídas pelas vertentes e pela rede de rios principais, afluentes e subafluentes, cujo conjunto forma
uma rede de drenagem40.
O volume de água de uma bacia hidrográfica depende dos solos, das rochas e principalmente do clima
da região. Na Amazônia, por exemplo, onde as longas estiagens são raras, os rios de maior porte são
perenes ou caudalosos, o que significa que nunca secam, porque possuem grande volume de água. Em
áreas de clima semiárido, os rios muitas vezes são intermitentes (ou temporários), secando no período
de estiagem.
Há, ainda, principalmente nos desertos, os cursos de água efêmeros, que se formam somente durante
a ocorrência de chuvas; quando as chuvas cessam, tais rios secam rapidamente.
Se um rio atravessa um deserto e é perene, isso indica que chove bastante na região de sua nascente
e em seu alto curso, e que a captação de sus águas ocorre fora da região árida. O rio Nilo, por exemplo,
nasce no lago Vitória, na região equatorial africana, onde chove muito; por esse motivo consegue
atravessar o deserto do Saara e desembocar no mar Mediterrâneo.
No Brasil, o rio São Francisco nasce na serra da Canastra (MG), uma área de clima tropical com
significativa captação de água, que permite ao rio atravessar o Sertão nordestino, onde o clima é
semiárido, e desembocar no oceano Atlântico.
A inter-relação existente entre os elementos da natureza é bastante evidente no interior das bacias
hidrográficas. Qualquer modificação que ocorra nessas bacias, como escorregamentos de terra, sulcos
ou outras formas de erosão nas vertentes, desmatamento, aumento das manchas urbanas, etc., altera a
quantidade de água que se infiltra no subsolo e alimenta os aquíferos, e altera também a quantidade de
sedimentos que são transportados para o leito dos rios. Como resultado, o processo de assoreamento
pode ser intensificado ou reduzido e as superfícies de inundação podem ser ampliadas ou diminuídas.
Outro problema que pode afetar os rios é a contaminação de suas águas por minérios, como aconteceu
com o rio Doce, no município de Mariana (MG), em 2015, por exemplo, após o rompimento de duas
barragens utilizadas para reter rejeitos sólidos e água durante o processo de mineração.
As bacias hidrográficas não são importantes apenas para a irrigação agrícola e o fornecimento de água
potável à população. Os rios de planalto que apresentam grande desnível ao longo de seu curso também
podem ser aproveitados para a produção de hidroeletricidade, com a construção de barragens. Caso se
queira propiciar a navegação nesses rios, é preciso construir eclusas para que as embarcações possam
passar de um nível a outro.
Os rios de planície, bem como os lagos, são facilmente navegáveis, desde que não se formem bancos
de areia em seu leito (comum em áreas onde o solo está exposto à erosão) e não ocorra grande
diminuição do nível das águas. Essas condições desfavoráveis podem impedir a navegação de
embarcações com maior calado (a parte da embarcação que fica abaixo do nível da água).

40
Rede de Drenagem é o traçado dos rios e demais cursos de água sobre o relevo.

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


126
Os lagos são depressões do relevo preenchidas por água. Podem ser temporários ou permanentes e
ter diversas origens: movimentos tectônicos provocado o surgimento de depressões, movimento de
geleiras escavando vales, meandros que ficaram isolados do curso de um rio, pequenas depressões de
várzeas, crateras de vulcões, etc. em regiões de estrutura geológica antiga, como no território brasileiro,
a maioria das depressões já foi preenchida por sedimentos e tornaram-se bacias sedimentares.
Ao fim de um período de glaciação, as depressões escavadas pelo lento movimento das geleiras são
preenchidas pelas águas da chuva e dos rios, formando lagos glaciais, muito comuns no Canadá e nos
países escandinavos.

Bacias Hidrográficas Brasileiras

Em razão de sal grande extensão territorial e da predominância de climas úmidos, o Brasil possui uma
extensa e densa rede hidrográfica. Os rios brasileiros têm diversos usos, como o abastecimento urbano
e rural, a irrigação, o lazer e a pesca. O transporte fluvial, embora ainda pouco utilizado, vem adquirindo
cada vez mais importância no país, sobretudo na Bacia Platina, onde foi construída a hidrovia Tietê-
Paraná. Em regiões planálticas, nossos rios apresentam um grande potencial hidrelétrico (capacidade de
geração de energia).

Características da Hidrografia Brasileira


→ O Brasil não possui lagos tectônicos. Há somente lagos de várzeas (temporários, muito comuns no
Pantanal) e lagunas ou lagoas costeiras (formadas por restingas), além de centenas de represas e açudes
resultantes da construção de barragens.
→ Todos os rios brasileiros, com exceção do Amazonas, possuem regime simples pluvial.
→ Todos os rios do país são exorreicos (do grego exo, “fora”), ou seja, possuem drenagem que se
dirige ao oceano, para fora do continente. Mesmo os rios endorreicos (do grego endo, “dentro”), que
correm para o interior do continente, têm como destino final de suas águas o oceano, com acontece com
o Tietê, o Paranaíba e o Iguaçu, entre outros afluentes do rio Paraná, que desaguam no mar (no estuário41
do rio da Prata, entre o Uruguai e a Argentina). Observe a imagem abaixo da Foz em estuário do rio
Jucuruçu, em Prado (BA). A maioria dos rios brasileiros possui esse tipo de foz, ou seja, deságua
livremente no mar.

http://naturezadabahia.blogspot.com/2011/

→ Considerando-se os rios de maior porte, só encontramos regimes temporários no Sertão nordestino,


onde o clima é semiárido. No restante do país, os grandes rios são perenes.
→ Predominam os rios de planalto, muitos dos quais escoam por áreas de elevado índice
pluviométrico.
→ Em vários pontos do país há corredeiras, cascatas e, em algumas áreas, rios subterrâneos
(atravessando cavernas), o que favorece o turismo. Quedas d’água de grande porte desapareceram nos
últimos cinquenta anos com a construção de represas de hidrelétricas, como as cataratas de Sete
Quedas, no rio Iguaçu, que foram inundadas com a construção da usina de Itaipu.
→ Na região amazônica, os rios têm grande importância como vias de transporte, com destaque aos
rios Solimões/Amazonas, Madeira, Tapajós e Araguaia/Tocantins.

41
Estuário é a foz de rio em encontro com o mar aberto, ocorrendo influência das marés e mistura de água salina do oceano com a água doce proveniente do
continente; a foz em estuário é livre, sem formação dos braços que caracterizam os deltas.

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


127
O mapa abaixo apresenta as principais bacias hidrográficas brasileiras. Elencamos suas
características mais importantes.

Bacias Hidrográficas Brasileiras

https://www.ana.gov.br/aguas-no-brasil/panorama-das-aguas/copy_of_divisoes-hidrograficas

Bacia do rio Amazonas (ou Amazônica)


A maior bacia hidrográfica do planeta. Ocupa mais da metade do território brasileiro e tem suas
vertentes delimitadas pelos divisores de água da cordilheira dos Andes, pelo planalto das Guianas e pelo
planalto Central. Seu rio principal nasce no córrego Apacheta, no Peru, onde o curso de água recebe
ainda outros nomes; passa a ser denominado Solimões da fronteira brasileira até o encontro com o rio
Negro e, a partir daí, recebe o nome de Amazonas. É o rio mais extenso (6.992 km no total, segundo o
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – INPE) e de maior volume de água do planeta. Sua vazão
representa cerca de 18% da água doce que todos os rios do planeta lançam no oceano. Esse fato é
explicado pela presença de afluentes nos dois hemisférios (norte e sul), o que permite dupla captação
das cheias de verão.
Os afluentes de planalto do rio Amazonas possuem o maior potencial hidrelétrico disponível do país,
com destaque aos rios Madeira e Tapajós. Ao atingirem as terras baixas, tornam-se rios navegáveis. O
rio Amazonas, que corre no centro da planície, é inteiramente navegável. Segundo o INPE, em território
brasileiro, da divisa com o Peru até a foz, o rio Amazonas tem um desnível de apenas 1 centímetro por
quilômetro.
Na figura abaixo visualiza-se o encontro das águas dos rios Solimões e Negro, em Manaus (AM). Ao
se juntarem, eles formam o rio Amazonas.

https://www.imgrumweb.com/hashtag/conhecaaamazonia
Bacia do rio Tocantins-Araguaia
No Bico do Papagaio, região que abrange parte dos estados do Tocantins, do Pará e do Maranhão, o
rio Tocantins recebe seu principal afluente, o Araguaia, onde se encontra a ilha do Bananal, a maior ilha
fluvial do mundo. O rio Tocantins é utilizado para escoar parte da produção de grãos (principalmente soja)
das regiões próximas e nele foi construída a usina hidrelétrica de Tucuruí, uma das maiores do país.

Bacias do Paraná, Paraguai e Uruguai


São subdivisões da bacia do rio da Prata (ou Platina), a segunda maior bacia hidrográfica do planeta.
Seus rios mais importantes são:
Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51
128
Paraná: Principal rio da bacia Platina, é formado pelos rios Grande e Paranaíba, na junção dos estados
de São Paulo, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul. Possui o maior potencial hidrelétrico instalado do país.
Cerca de 600 km a jusante, delimita a fronteira entre o Brasil e o Paraguai. Deságua no oceano Atlântico,
no estuário do rio Prata. Observe a imagem abaixo.

Rio Paraná em Foz do Iguaçu (PR). As bacias dos rios Paraná, Paraguai e Uruguai formam a bacia Platina.

Paraguai: Segundo dos grandes rios da bacia Platina, nasce em Mato Grosso, atravessa o relevo
plano do Pantanal e avança pelo Paraguai até encontrar o rio Paraná. O Paraguai e o trecho final do
Paraná formam uma via naturalmente navegável.

Uruguai: Percorre a fronteira Brasil-Argentina e a Uruguai-Argentina até desembocar no rio da Prata.

Bacia do rio São Francisco: o rio São Francisco nasce na serra da Canastra, em Minas Gerais,
atravessa o sertão semiárido e desemboca no oceano Atlântico, entre os estados de Sergipe e Alagoas.
Tem poucos afluentes e é aproveitado para irrigação e navegação (entre Pirapora-MG e Juazeiro-BA),
além de gear grande quantidade de energia hidrelétrica.

Bacia do rio Parnaíba: como parte dessa bacia está localizada em região de clima semiárido,
apresenta pequena vazão média ao longo do ano. Possui afluentes temporários e, em seu baixo curso,
alguns são perenes.

Bacias atlânticas ou costeiras: o Brasil possui cinco conjuntos, ou agrupamentos de rios, chamados
bacias hidrográficas do Atlântico: Nordeste Ocidental, Nordeste Oriental, Leste, Sudeste e Sul. As bacias
que compõem cada um desses conjuntos não possuem ligação entre si; elas foram agrupadas por sua
localização geográfica ao longo do litoral. O rio principal de cada uma delas tem sua própria bacia
hidrográfica. Por exemplo, as bacias do Sudeste são formadas pelo agrupamento das bacias dos rios
Paraíba do Sul, Doce e Ribeira de Iguape.

Questões

01. (Enem) O Aquífero Guarani se estende por 1,2 milhão de km² e é um dos maiores reservatórios
de águas subterrâneas do mundo. O aquífero é como uma “esponja gigante" de arenito, uma rocha porosa
e absorvente, quase totalmente confinada sob centenas de metros de rochas impermeáveis. Ele é
recarregado nas áreas em que o arenito aflora à superfície, absorvendo água da chuva. Uma pesquisa
realizada em 2002 pela Embrapa apontou cinco pontos de contaminação do aquífero por agrotóxico,
conforme a figura:

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


129
Considerando as consequências socioambientais e respeitando as necessidades econômicas, pode-
se afirmar que, diante do problema apresentado, políticas públicas adequadas deveriam
(A) proibir o uso das águas do aquífero para irrigação.
(B) impedir a atividade agrícola em toda a região do aquífero.
(C) impermeabilizar as áreas onde o arenito aflora.
(D) construir novos reservatórios para a captação da água na região.
(E) controlar a atividade agrícola e agroindustrial nas áreas de recarga.

02. (Enem) O artigo 1º da Lei Federal nº 9.433/1997 (Lei das Águas) estabelece, entre outros, os
seguintes fundamentos:
I. a água é um bem de domínio público;
II. a água é um recurso natural limitado, dotado de valor econômico;
III. em situações de escassez, os usos prioritários dos recursos hídricos são o consumo humano e a
dessedentação de animais;
IV. a gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso múltiplo das águas.
Considere que um rio nasça em uma fazenda cuja única atividade produtiva seja a lavoura irrigada de
milho e que a companhia de águas do município em que se encontra a fazenda colete água desse rio
para abastecer a cidade. Considere, ainda, que, durante uma estiagem, o volume de água do rio tenha
chegado ao nível crítico, tornando-se insuficiente para garantir o consumo humano e a atividade agrícola
mencionada.
Nessa situação, qual das medidas adiante estaria de acordo com o artigo 1º da Lei das Águas?
(A) Manter a irrigação da lavoura, pois a água do rio pertence ao dono da fazenda.
(B) Interromper a irrigação da lavoura, para se garantir o abastecimento de água para consumo
humano.
(C) Manter o fornecimento de água apenas para aqueles que pagam mais, já que a água é bem dotado
de valor econômico.
(D) Manter o fornecimento de água tanto para a lavoura quanto para o consumo humano, até o
esgotamento do rio.
(E) Interromper o fornecimento de água para a lavoura e para o consumo humano, a fim de que a água
seja transferida para outros rios.

Gabarito

01.E / 02.B

Comentários
01. Resposta: E
O aquífero Guarani estende-se por diferentes províncias e estruturas geológicas. Consequentemente,
suas águas apresentam grande variação de composição química, sendo potáveis em algumas áreas e
impróprias para abastecimento ou irrigação em outras. Além das diferenças naturais em sua composição,
as águas do aquífero podem ser contaminadas pelas aguas das chuvas que nele infiltram, daí a
necessidade de controle das condições ambientais, evitando a contaminação dos solos por atividades
agrícolas, industriais, instalação de lixões e quaisquer outras fontes e polução.

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


130
02. Resposta: B
Segundo o inciso III da Lei das Águas, em situações de escassez os usos prioritários dos recursos
hídricos são o consumo humano e a dessedentação42 de animais. Portanto, em caso de estiagem deve-
se priorizar o abastecimento humano em detrimento da produção agrícola.

e. A biosfera e os climas do Brasil.

BIOMAS E FORMAÇÕES VEGETAIS43

As formações vegetais são tipos de vegetação facilmente identificáveis na paisagem e que ocupam
extensas áreas. É o elemento mais evidente na classificação dos biomas. Estes, por sua vez, são
sistemas em que solo, clima, relevo, fauna e demais elementos da natureza interagem entre si formando
tipos semelhantes de cobertura vegetal, como as Florestas Tropicais, as Florestas Temperadas, as
Pradarias, os Desertos e as Tundras. Em escala planetária, os biomas são unidades que evidenciam
grande homogeneidade nas características de seus elementos.
Assim, há Florestas Tropicais na América, África, Ásia e Oceania que, embora semelhantes, possuem
comunidades ecológicas com exemplares distintos. Alguns desses exemplares são chamados de
endêmicos, ou seja, não ocorrem em nenhuma outra área do mundo. Entre outros fatores, isso se explica
pela separação dos continentes: o afastamento físico fez com que as espécies vivessem evoluções
paralelas, apesar de distintas, processo que é chamado especiação.
As plantas e os animais de um mesmo bioma não estão presentes, necessariamente, em diferentes
regiões do planeta. Exemplo: o chimpanzé é encontrado na Floresta Tropical de Uganda, mas não
compõe a fauna das Florestas Tropicais sul-americanas. Por outro lado, várias espécies endêmicas de
nosso continente não são encontradas nas florestas africanas, como é o caso do mico-leão-dourado,
originário da Mata Atlântica brasileira.

Principais Características das Formações Vegetais

A formação vegetal é o elemento mais evidente na classificação dos ecossistemas e biomas, por isso,
e dependendo da escala utilizada em sua representação, são feitas grandes generalizações.
Os elementos climáticos, em especial a temperatura e a umidade, são determinantes para o tipo de
vegetação de uma área. Eles definem diversas características das plantas, necessárias à adaptação aos
diferentes climas. Com base nessas características é possível classificar as plantas em:
Perenes (do latim perene, “perpétuo, imperecível”): plantas que apresentam folhas durante o ano todo;
Caducifólias, decíduas (do latim deciduus, “que cai, caduco”) ou estacionais: plantas que perdem
as folhas em épocas muito frias ou secas do ano;
Esclerófilas (do grego sklerós, “duro, seco, difícil”): plantas com folhas duras, que têm consistência
de couro (coriáceas);
Xerófilas (do grego xêrós, “seco, descarnado, magro”): plantas adaptadas à aridez;
Higrófilas (do grego hygrós, “úmido, molhado”): plantas, geralmente perenes, adaptadas a muita
umidade;
Tropófilas (do grego tropos, “volta, giro”): plantas adaptadas a uma estação seca e outra úmida;
Aciculifoliadas (do latim acicula, “alfinete, agulhinha”): possuem folhas em forma de agulhas, como
os pinheiros. Quanto menor a superfície das folhas, menos intensa é a transpiração e maior é a retenção
de água pela planta;
Latifoliadas (do latim lato, “lrgo, amplo”): plantas de folhas largas, que permitem intensa transpiração;
são geralmente nativas de regiões muito úmidas.
Os índices termopluviométricos, associados a outros fatores de variação espacial menor e que também
influem no tipo de vegetação, como maior ou menor proximidade de curso de água, os diferentes tipos de
solo, a topografia e as variações de altitude, determinam a existência de diferentes ecossistemas não
contemplados nos mapas-múndi. Todas as formações vegetais têm grande importância para a
preservação dos variados biomas e ecossistemas da Terra.

42
Suprir necessidades de água para contingentes animais.
43 SENE, Eustáquio de. Geografia geral e do Brasil. Volume único. Eustáquio de Sene, João Carlos Moreira. 6ª edição. São Paulo: Ática, 2018.

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


131
Cobertura Vegetal Original

Tundra
Vegetação rasteira, de ciclo vegetativo extremamente curto. Por encontrar-se em regiões subpolares,
desenvolve-se apenas durante os três meses de verão, nos locais onde ocorre o degelo. Um exemplo
disso é o rio na Groelândia que se forma nessa estação, com o derretimento da neve. As espécies típicas
são os musgos, nas baixadas úmidas, e os líquens, nas porções mais elevadas do terreno, onde o solo
é mais seco, aparecendo raramente pequenos arbustos.

Floresta Boreal (Taiga)


Formação florestal típica da Zona temperada. Ocorre nas altas latitudes do hemisfério norte, em
regiões de climas temperados continentais, como Canadá, Suécia, Finlândia e Rússia. Neste último país,
cobre mais da metade do território e é conhecida como Taiga. É uma formação bastante homogênea, na
qual predominam coníferas do tipo pinheiro. As coníferas são espécies adaptadas à ocorrência de neve
no inverno; são aciculifoliadas e com árvores em forma de cone, o que facilita o deslizamento da neve
por suas copas. Essa formação florestal foi largamente explorada para ser usada como lenha e para a
fabricação de papel e móveis. Atualmente, a madeira é obtida de árvores cultivadas (silvicultura).

Floresta Subtropical e Temperada


Esta formação florestal caducifólia, típica dos climas temperados e subtropicais, é encontrada em
latitudes mais baixas e sob maior influência da maritimidade. Estendia-se por grandes porções da Europa
centro-ocidental, mas por causa de atividades agropecuárias, atualmente subsiste na Ásia, na América
do Norte e em pequenas extensões da América do Sul e da Oceania. Na Europa, restam apenas
pequenas extensões, com a floresta Negra, na Alemanha, e a floresta de Sherwood, na Inglaterra.

Floresta Equatorial e Tropical


Nas regiões tropicais quentes e úmidas, encontramos florestas que se desenvolvem graças aos
elevados índices pluviométricos. São, por isso, formações higrófilas e latifoliadas, extremamente
heterogêneas, que se localizam em baixas latitudes na América, na África e na Ásia. Nessas regiões
predominam climas tropicais e equatoriais e espécies vegetais de grande e médio portes, como o mogno,
o jacarandá, a castanheira, o cedro, a imbuia e a peroba, além de palmáceas, arbustos, briófitas e
bromélias. As Florestas Tropicais possuem a maior biodiversidade do planeta, com muitas espécies ainda
desconhecidas.

Mediterrânea
Desenvolve-se em regiões de clima mediterrâneo, que apresentam verões quentes e secos e invernos
amenos e chuvosos. É encontrada em pequenas porções da Califórnia (Estados Unidos, onde é
conhecida como Chaparral), do Chile, da África do Sul e da Austrália. As maiores ocorrências estão no
sul da Europa, onde foi largamente desmatada para o cultivo de oliveiras (espécie nativa dessa formação
vegetal) e videiras (nativas da Ásia), e norte da África.

Pradarias
Compostas basicamente de gramíneas, são encontradas principalmente em regiões de clima
temperado continental. Desenvolvem-se na Rússia e Ásia central, nas Grandes Planícies norte-
americanas, nos Pampas argentinos, no Uruguai, na região Sul do Brasil e na Grande Bacia Artesiana
(Austrália). Muito usada como pastagem, essa formação é importante por enriquecer o solo com matéria
orgânica.

Estepes
Nessas formações a vegetação é herbácea, como nas Pradarias, porém mais esparsa e ressecada.
As Estepes desenvolvem-se em uma faixa de transição entre climas tropicais e desérticos, como na região
do Sahel, na África, e entre climas temperados e desérticos, como na Ásia central. Essa vegetação foi
muito degradada por atividades econômicas, como o pastoreio.

Deserto
Bioma cujas espécies vegetais estão adaptadas à escassez de água em regiões de índice
pluviométrico inferior a 250 mm anuais, como nos desertos da América, África, Ásia e Oceania. Apresenta
espécies vegetais xerófilas, destacando-se as cactáceas. Algumas dessas plantas são suculentas

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


132
(armazenam água no caule) e não possuem folhas ou evoluíram para espinhos, reduzindo a perda de
água pela evapotranspiração. No Saara, em lugares em que a água aflora à superfície, surgem os oásis.

Savana
Em regiões onde o índice de chuvas é elevado, porém concentrado em poucos meses do ano, podem
desenvolver-se as Savanas, formação vegetal complexa que apresenta estratos arbóreo, arbustivo e
herbáceo. As Savanas são encontradas em grandes extensões da África, na América do Sul (no Brasil,
corresponde ao domínio dos Cerrados) e em menores porções na Austrália e na Índia. Sua área de
abrangência tem sido muito utilizada para a agricultura e a pecuária, o que acentuou sua devastação,
como tem ocorrido no Brasil central. No continente africano, esse bioma abriga animais de grande porte,
como leões, elefantes, girafas, zebras, antílopes e búfalos.

Vegetação de Altitude
Em regiões montanhosas há uma grande variação altitudinal da vegetação. À medida que aumenta a
altitude e diminui a temperatura, os solos ficam mais rasos e a vegetação, mais esparsa. Nessas
condições, surgem as florestas nas áreas mais baixas e, nas mais altas, os campos de altitude.

A Vegetação e os Impactos do Desmatamento

Impacto ambiental é um desequilíbrio provocado pela ação dos seres humanos sobre o meio ambiente
ou por acidentes naturais, como a erupção de um vulcão (que pode provocar poluição atmosférica), o
choque de um meteoro (destruição de espécies animais e vegetais), um raio (incêndio numa floresta),
etc.
Quando os ecossistemas sofrem impactos ambientais, geralmente a vegetação é o primeiro elemento
a ser atingido, pois é reflexo das condições naturais de solo, relevo e clima do lugar em que ocorre.
Atualmente, todas as formações vegetais, em maior ou menor grau, encontram-se modificadas. Em
muitos casos, sobraram apenas alguns redutos em que a vegetação original é encontrada, nos quais,
embora com pequenas alterações, ainda preserva suas características principais. Essa devastação deve-
se basicamente a interesses econômicos.
A primeira consequência do desmatamento é o comprometimento da biodiversidade, por causa da
diminuição ou, muitas vezes, da extinção de espécies vegetais e animais, muitas delas ainda nem
descobertas e estudadas.
Na Floresta Amazônica, há uma grande quantidade de espécies endêmicas. Parte desse patrimônio
genético é conhecida pelas várias etnias indígenas que ali habitam. No entanto, a maioria dessas
comunidades nativas está sofrendo um processo de integração à sociedade urbano-industrial que tem
levado à perda do patrimônio cultural desses povos, dificultando a preservação dos seus conhecimentos.
Outro ponto importante que afeta os interesses nacionais dos países onde há florestas tropicais, incluindo
o Brasil, é a biopirataria, por meio da qual muitas empresas assumem práticas ilegais para garantir o
direito de explorar, futuramente, uma possível matéria-prima para a indústria farmacêutica e de
cosméticos, entre outras.
No Brasil, os incêndios ou queimadas de florestas, que consomem uma quantidade incalculável de
biomassa44 todos os anos, são provocados para o desenvolvimento de atividades agropecuárias, muitas
vezes em grandes projetos que recebem incentivos governamentais e, portanto, sob o amparo da lei.
Podem também ser resultado de práticas criminosas ou ainda de acidentes, incluindo naturais.
As consequências socioambientais das interferências humanas em regiões de florestas são várias.
Uma das principais é o aumento do processo erosivo, o que leva a um empobrecimento dos solos,
podendo ampliar ou formar áreas desertificadas em regiões de clima árido, semiárido e subúmido.

Biomas e Formações Vegetais do Brasil

Nosso país apresenta grande variedade de ecossistemas. Essa variedade relaciona-se à grande
diversidade da fauna e da flora brasileiras, das quais muitas espécies são nativas do Brasil, como a
jabuticaba, o amendoim, o abacaxi e a castanha-do-pará. No entanto, esses ecossistemas já sofreram
grandes impactos negativos desde o início da colonização, com o desenvolvimento das atividades
econômicas e a consequente ocupação do território, como se pode constatar ao comparar os dois mapas
abaixo.

44 Biomassa é a quantidade total de matéria viva de um ecossistema, geralmente expressa em massa por unidade de área ou de volume.

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


133
Brasil: vegetação nativa

http://www.inf.furb.br/sisga/educacao/ensino/mapaVegetacao.php

Brasil: retratação da vegetação e da cobertura atual45

https://www.nerdprofessor.com.br/mapa-vegetacao-do-brasil/

Características das Formações Vegetais Brasileiras

As principais formações vegetais no território brasileiro são:


Floresta Amazônica (floresta pluvial equatorial): é a maior floresta tropical do mundo, totalizando
cerca de 40% das florestas pluviais tropicais do planeta. No Brasil, ela se estende por 3,7 milhões de km²
e 10% dessa área constitui unidades de conservação. Cerca de 15% da vegetação da Floresta Amazônica
foi desmatada, sobretudo a partir da década de 1970 com a construção de rodovias e a instalação de
atividades mineradoras, garimpeiras, agrícolas e de exploração madeireira. Em razão do predomínio das
planícies e dos planaltos de baixa altitude, a topografia não provoca modificações profundas na fisionomia
da floresta, que apresenta três estratos de vegetação:

45 Em geografia e ecologia, a antropização é a conversão de espaços abertos, paisagens e ambientes naturais pela ação humana.

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


134
→ Caaigapó (do tupi-guarani, “mata molhada”) ou igapó: desenvolveu-se ao longo dos rios, numa
área permanentemente alagada. Em comparação com os outros estratos da floresta é o que possui
menos quantidade de espécies e é constituído por árvores de menor porte, incluindo palmeias e plantas
aquáticas, destacando-se a vitória-régia;
→ Várzea: área sujeita a inundações periódicas, com a vegetação de médio porte raramente
ultrapassando os 20 m de altura, como o pau-mulato e a seringueira. Como se situa entre a matas de
igapó e de terra firme, possui características de ambas;
→ Caaetê (do tupi-guarani, “mata seca”) ou terra firme: área que nunca inunda, na qual se encontra
vegetação de grande porte, com árvores chegando aos 60 m de altura, como a castanheiro-do-pará e o
cedro. O entrelaçamento das copas das árvores forma um dossel que dificulta a penetração da luz,
propiciando um ambiente não exposto ao sol e úmido no interior da floresta.

Mata Atlântica (floresta pluvial tropical): originalmente cobria uma área de 1 milhão de km²,
estendendo-se ao longo do litoral desde o Rio Grande do Norte até o Rio Grande do Sul e alargando-se
para o interior em Minas Gerais e São Paulo. É um dos biomas mais importantes para a preservação da
biodiversidade brasileira e mundial, mas é também o mais ameaçado. Restam apenas 7%de sua área
original e, desses remanescentes, quatro quintos estão localizados em propriedades privadas. As
unidades de conservação abrangendo esse bioma constituem apenas 2%.

Mata de Araucárias ou Mata dos Pinhais (floresta pluvial subtropical): nativa do Brasil, é uma floresta
na qual predomina a araucária (Araucaria angustifolia), também conhecida como pinheiro-do-paraná ou
pinheiro brasileiro, espécie adaptada a climas de temperaturas moderadas a baixas no inverno, solos
férteis e índice pluviométrico superior a 1000 mm anuais. Nesse bioma é comum a ocorrência de erva-
mate, além de grande variedade de espécies valorizadas pela indústria madeireira, como os ipês.
Originariamente, essa floresta dominava vastas extensões dos planaltos da região Sul e pontos altos da
serra da Mantiqueira nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Foi desmatada,
sobretudo, para a retirada de madeira utilizada na fabricação de móveis.

Mata dos Cocais: esta formação vegetal se localiza no estado do Maranhão, encravada entre a
Floresta Amazônica, o Cerrado e a Caatinga, caracterizando-se como mata de transição entre formações
bastante distintas. É constituída por palmeiras, com grande predominância do babaçu e ocorrência
esporádica de carnaúba; desde o período colonial, a região é explorada economicamente pelo
extrativismo de óleo de babaçu e cera de carnaúba. Atualmente, porém, vem sendo desmatada para o
cultivo de grãos destinados à exportação, com destaque para a soja.

Caatinga: vegetação xerófila, adaptada ao clima semiárido do Sertão nordestino, na qual predominam
arbustos caducifólios e espinhosos; ocorreram também cactáceas, como o xique-xique e o mandacaru. A
palavra “caatinga” significa, em tupi-guarani, “mata branca”, cor predominante da vegetação durante a
estação seca. No verão, em razão da ocorrência de chuvas, brotam folhas verdes e flores. Sua área
original era de 740 mil km², mas já teve 50% de sua área devastada e menos de 1% faz parte de unidades
de conservação.

Cerrado: originalmente cobria cerca de 2 milhões de km² do território brasileiro, mas cerca de 40% de
sua área foi desmatada. É constituído por vegetação caducifólia, predominantemente arbustiva, de raízes
profundas, galhos retorcidos e casca grossa (que dificulta a perda de água). Duas das espécies mais
conhecidas são o pequizeiro e o buriti. A vegetação próxima ao solo é composta de gramíneas, que
secam no período de estiagem. É uma formação adaptada ao clima tropical típico, com chuvas
abundantes no verão e inverno seco, desenvolvendo-se, sobretudo, no Centro-Oeste brasileiro e em
porções significativas do estado de Roraima. Nas regiões Sudeste e Nordeste do país aparecem em
manchas isoladas, cercadas por outro tipo de vegetação. Em regiões mais úmidas, essa formação se
torna mais densa e com árvores maiores, caracterizando o chamado “cerradão”.

Pantanal: estende-se, em território brasileiro, por 140 mil km² dos estados de Mato Grosso do Sul e
Mato Grosso, em planícies sujeitas a inundações. No Pantanal há vegetação rasteira, floresta tropical e
até mesmo vegetação típica do Cerrado nas regiões de maior altitude. Por isso caracteriza-se não como
uma formação vegetal, mas como um complexo que agrupa várias formações, com fauna muito rica. Esse
bioma vem sofrendo diversos problemas ambientais, decorrentes principalmente da ocupação em regiões
mais altas, onde nasce a maioria dos rios. A agricultura e a pecuária provocam erosão dos solos,
assoreamento e contaminação dos rios por agrotóxicos.

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


135
Campos Naturais: formações rasteiras ou herbáceas constituídas por gramíneas que atingem até 60
cm de altura. Sua origem pode estar associada a solos rasos ou temperaturas baixas em regiões de
altitude elevada, áreas sujeitas à inundação periódica ou ainda solos arenosos. Os campos mais
expressivos do Brasil localizam-se no Rio Grande do Sul, na chamada Campanha Gaúcha, apropriados
inicialmente como pastagem natural, atualmente são amplamente cultivados tanto dessa forma quanto
para a produção agrícola mecanizada. Destacam-se, ainda, os campos inundáveis da ilha de Marajó (PA)
e do Pantanal (MT e MS), utilizados, respectivamente, para criação de gado bubalino e bovino, além de
manchas isoladas na Amazônia, com destaque ao estado de Roraima, e nas regiões serranas do Sudeste.

Vegetação Litorânea: a restinga e os manguezais são consideradas formações vegetais litorâneas.


A restinga se desenvolve no cordão arenoso formado junto à costa, com predominância da vegetação
rasteira, chamada de pioneira por possibilitar a fixação do solo e permitir a ocupação posterior de arbustos
e algumas árvores. Os manguezais são nichos ecológicos responsáveis pela reprodução de grande
número de espécies de peixes, moluscos e crustáceos. Desenvolvem-se nos estuários, e a vegetação,
arbustiva e arbórea, é halófila (adaptada ao sal da água do mar), podendo apresentar raízes que, durante
a maré baixa, ficam expostas. As principais ameaças à preservação dessas formações vegetais são o
avanço da urbanização, a pesca predatória, a poluição dos estuários e o turismo desordenado,
incentivando a instalação de aterros.

Matas de Galeria (Ciliar) e Capão


Podemos encontrar pequenas formações florestais em meio a outros tipos de vegetação, tai como:
Mata de Galeria ou Mata Ciliar: tipo de formação vegetal que acompanha o curso de rios do Cerrado,
onde é muito frequente, e da Caatinga. Nas áreas próximas às margens dos rios perenes, o solo é
permanentemente úmido, criando condições para o desenvolvimento dessa mata, mais densa do que o
bioma onde está encravada.
Capão: em locais que correspondem a pequenas depressões, com baixos índices de chuvas, o nível
hidrostático (ou lençol freático) aflora ou chega muito próximo à superfície. Aí se desenvolvem os capões,
formações arbóreas geralmente arredondadas em meio à vegetação mais rala ou rasteira.

Domínios Morfoclimáticos

Brasil: Domínios Morfoclimáticos

http://educacao.globo.com/geografia/assunto/geografia-fisica/dominios-morfoclimaticos.html

Em 1965, o geógrafo Aziz Ab’Sáber (1924-2012) estabeleceu uma classificação dos domínios
morfoclimáticos brasileiros, na qual cada domínio corresponde a uma diferente associação das condições
de relevo, clima e vegetação. Assim, por exemplo, o domínio equatorial amazônico é formado por terras
baixas (relevo), florestadas (vegetação) e equatoriais (clima).

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


136
Legislação Ambiental e Unidades de Conservação

A expressão “meio ambiente” envolve todas as dimensões que tornam a vida das pessoas mais
saudáveis e equilibrada, como a qualidade do ar e o conforto acústico. Essa expressão, portanto, engloba
tanto o meio ambiente natural quanto o cultural.
A legislação brasileira relativa ao meio ambiente é ampla e bem elaborada. Os problemas ambientais
que observamos com frequência, amplamente divulgados pelos meios de comunicação, não resultam da
limitação da legislação, mas da ineficiência de ações educativas e de fiscalização.

Histórico das Leis Ambientais Brasileiras


Ao longo dos períodos colonial e imperial de nossa história, foram elaboradas algumas leis voltadas à
proteção do meio ambiente, mas elas tinham abrangência restrita, como a proteção ao pau-brasil e a
algumas espécies animais. Já no período republicano, em 1911, foi criada a primeira reserva florestal do
país, onde atualmente se encontra o estado do Acre; em 1921 foi criado o Serviço Florestal do Brasil, que
hoje é o Instituto do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama); e em 1934 foi aprovada
a primeira versão do Código Florestal.
Durante o período da ditadura militar (1964-1985), foram criados projetos de ocupação humana e
econômica das regiões Norte e Centro-Oeste que provocaram grandes impactos negativos ao meio
ambiente. Esses projetos previam a expansão da agricultura e a criação de gado em áreas de floresta e
a prática de garimpo, mineração e extração de madeira, instituída com a abertura das rodovias de
integração.
Como os impactos, principalmente na Floresta Amazônica, trouxeram repercussão negativa em escala
mundial, em 1974 o governo brasileiro promoveu mudanças de estratégia, implantando ações de proteção
ambiental: combate à erosão, criação das Estações Ecológicas e Áreas de Proteção Ambiental, metas
para o zoneamento industrial e criação da Secretaria Especial do Meio Ambiente.
Em 1979, foi criado o Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), que instituiu, em 1981, a Política
Nacional do Meio Ambiente (PNMA, Lei nº 6.938). Essa lei promoveu um grande avanço ao apresentar
as bases para a proteção ambiental e conceituar expressões como “meio ambiente”, “poluidor”, “poluição”
e “recursos naturais”. A PNMA busca a preservação e a recuperação das áreas ambientalmente
degradadas, visando garantir condições de desenvolvimento social e econômico, e segurança nacional e
a proteção da dignidade da vida humana. A partir de sua publicação se instituiu que o meio ambiente é
um bem público a ser resguardado e protegido, em prol da coletividade.
Em 1986, o Conama publicou uma resolução sobre o tema, em que se destaca a exigência de
elaboração do Estudo de Impacto Ambiental (EIA), de caráter técnico e detalhista, e do seu respectivo
Relatório de Impacto Ambiental (Rima), menos detalhado e acessível aos que não são especialistas na
área. Esses dois documentos são necessários para o licenciamento e a autorização expedidos pelo Ibama
para a realização de qualquer obra ou atividade que provoque impactos ambientais.
Outro grande destaque na evolução do Direito Ambiental Brasileiro foi atingido com a Constituição
Federal de 1988, a primeira de nossa história a dedicar um capítulo ao esse tema e a incorporar o conceito
de desenvolvimento sustentável. Ela estabelece, no artigo 225, que “Todos tem direito ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-
se ao poder público e à coletividade o dever de defende-lo e preservá-lo para as presentes e futuras
gerações”. O parágrafo terceiro desse mesmo artigo estipula que: “As condutas e atividades consideradas
lesivas ao meio ambiente sujeitarão aos infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e
administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados”.
A previsão de sanções penais significa a criminalização das atividades prejudiciais ao meio ambiente,
o que foi regulamentado somente dez anos depois, em 1998, com a Lei nº 9.605. Conhecida como a Lei
dos Crimes Ambientais, ela define os crimes contra a fauna e aflora, além dos relacionados à poluição,
ao ordenamento urbano, ao patrimônio cultural e outros. Quem comete agressões ambientais como
desmatamento, poluição do ar ou de águas, ou falsificação de Relatório de Impacto Ambiental, é punido
com multa, proibição de exercício de certas atividades e até mesmo prisão.

Código Florestal
O Código Florestal foi criado em 1934 e reformulado duas vezes: em 1965 e em 2012 (Lei nº
12.561/12). Neste ano houve muitos embates entre ambientalistas, que queriam ampliar as áreas de
preservação e a obrigação de recompor o que foi desmatado irregularmente, e grandes proprietários, que
queriam autorização para ampliar as áreas de agricultura e pecuária sem recompor os biomas. Esta é
uma das mais importantes leis ambientais do país e estabelece a normas de ocupação e uso do solo em

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


137
todos os biomas brasileiros. Os incisos II e III do artigo 1º, parágrafo 2º, merecem destaque, pois definem
as áreas de preservação e as reservas legais:
Áreas de Preservação Permanente (APPs): só podem ser desmatadas com autorização do Poder
Executivo Federal e em caso de uso para utilidade pública ou interesse social, como a construção de uma
rodovia, por exemplo. São a margens de rios, lagos ou nascentes, várzeas, encostas íngremes, mangues
e outros ambientes. A principal função das APPs é preservar a disponibilidade de água, a paisagem, o
solo e a biodiversidade.
Reservas Legais: em cada um dos sete biomas brasileiros, os proprietários de terras são obrigados
a preservar uma parte da vegetação nativa. Na Amazônia, são obrigados a manter 80% da propriedade
com floresta nativa, índice que cai para 35% no Cerrado localizado dentro da Amazônia a 20% em todas
as demais regiões e biomas do país. É importante notar que o Código Florestal rege apenas as
propriedades que podem ser utilizadas para atividades agrícolas, e não se aplica, portanto, no interior das
unidades de conservação, como os parques e as reservas ecológicas.

As Unidades de Conservação
As unidades de conservação são doze áreas de preservação agrupadas conforme a restrição ao
uso. As unidades classificadas como de restrição total são denominadas Unidades de Proteção Integral,
como o Parque Nacional da Serra dos Órgãos, em Teresópolis, Rio de Janeiro, por exemplo. Aquelas
cujo nível de restrição é menor e têm uso voltado ao desenvolvimento cultural, educacional e recreacional
são denominadas Unidades de Uso Sustentável.

Unidades de Conservação conforme a Restrição ao Uso


Unidades de Proteção Integral Unidades de Uso Sustentável
Estação Ecológica Área de Proteção Ambiental
Reserva Biológica Área de Relevante Interesse Ecológico
Parque Nacional Floresta Nacional
Monumento Natural Reserva Extrativista
Refúgio de Vida Silvestre Reserva de Fauna
Reserva de Desenvolvimento Sustentável
Reserva Particular do Patrimônio Natural

Existem unidades de conservação definidas pela Ibama em todos os biomas brasileiros, inclusive nos
biomas marinhos. Há também unidades de conservação mantidas por estados e até por municípios,
criadas por leis estaduais e municipais.
É importante destacar que a criação de leis, decretos e normas voltados à questão ambiental ao longo
da história brasileira é consequência do aumento da importância do tema no mundo e no Brasil. Essa
evolução deu-se de forma lenta, mas contínua. Esse processo foi influenciado pelas conquistas obtidas
em âmbito internacional nas diversas conferências mundiais voltadas ao meio ambiente, e parte da
sociedade civil brasileira cumpriu um importante papel ao pressionar os governos legisladores em aprovar
leis eficazes e incluir o tema na própria Constituição do país.

Objetivos das Unidades de Conservação


O Código Florestal, como várias outras leis que se seguiram, serviu de base para a criação do Sistema
Nacional de Unidades de Conservação da Natureza, que têm como propósitos:
Contribuir para a manutenção da diversidade biológica e dos recursos genéticos no território nacional
e nas águas jurisdicionais;
Proteger as espécies ameaçadas de extinção no âmbito regional e nacional;
Contribuir para a preservação e a restauração da diversidade de ecossistemas naturais;
Promover o desenvolvimento sustentável a partir dos recursos naturais;
Promover a utilização dos princípios e práticas de conservação da natureza no processo de
desenvolvimento;
Proteger paisagens naturais e pouco alteradas de notável beleza cênica;
Proteger as características relevantes de natureza geológica, geomorfológica, espeleológica,
arqueológica, paleontológica e cultural;
Proteger e recuperar recursos hídricos e edáficos;
Recuperar ou restaurar ecossistemas degradados;
Proporcionar meios e incentivos para atividades de pesquisa científica, estudos e monitoramento
ambiental;

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


138
Valorizar econômica e socialmente a diversidade biológica;
Favorecer condições e promover a educação e interpretação ambiental, a recreação em contato com
a natureza e o turismo ecológico;
Proteger os recursos naturais necessários à subsistência de populações tradicionais, respeitando e
valorizando seu conhecimento e sua cultura e promovendo-as social e economicamente.

Questões

01. (PC/ES – Perito – Instituto AOCP/2019) A respeito da caracterização ambiental dos biomas
brasileiros, é correto afirmar que
(A) as vegetações que mais caracterizam o bioma Mata Atlântica são a floresta ombrófila densa e a
floresta ombrófila aberta.
(B) o bioma pantanal possui formação vegetacional predominante do tipo savana, sendo um mosaico
de campos (31%), cerradão (22%), cerrado (14%), campos inundáveis (7%), floresta semidecídua (4%),
mata de galeria (2,4%) e tapetes de vegetação flutuante (2,4%).
(C) o bioma amazônico é composto por diversidade de formações florestais, como floresta ombrófila
(densa, mista e aberta), mata estacional semidecidual e estacional decidual, manguezais, restingas, entre
outros.
(D) o pampa é o segundo maior bioma do país e se caracteriza como uma formação do tipo savana
tropical, com destacada sazonalidade, apresentando fisionomias que englobam formações florestais,
savânicas e campestres.
(E) o bioma cerrado é um mosaico de arbustos espinhosos e florestas sazonalmente secas e, apesar
de ocupar uma região semiárida, é extremamente heterogêneo.

02. (PC/ES – Perito – Instituto AOCP/2019) Em relação à Legislação Ambiental Brasileira, assinale
a alternativa correta.
(A) Estação ecológica, reserva biológica, parque nacional e reserva de fauna são unidades de
conservação de uso sustentável.
(B) Os animais de quaisquer espécies, em qualquer fase do seu desenvolvimento e que vivem em
ambiente natural ou cativeiro, constituindo a fauna silvestre, bem como seus ninhos, abrigos e criadouros
naturais, são propriedades do Estado, sendo proibida a sua utilização, perseguição, destruição, caça ou
apanha.
(C) Entende-se por Amazônia Legal os Estados do Acre, Pará, Amazonas, Roraima, Rondônia, Amapá
e Mato Grosso.
(D) Considera-se impacto ambiental qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas
do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas
que, direta ou indiretamente, afetam: a saúde, a segurança e o bem-estar da população, as atividades
sociais e econômicas, a biota, as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente e a qualidade dos
recursos ambientais.
(E) São instrumentos da Política Nacional de Recursos Hídricos: o diagnóstico da situação atual dos
recursos hídricos, as prioridades para outorga de direitos de uso de recursos hídricos e as diretrizes e
critérios para a cobrança pelo uso dos recursos hídricos.

03. (ENEM) A Lei Federal nº 9.985/2000, que instituiu o sistema nacional de unidades de conservação,
define dois tipos de áreas protegidas. O primeiro, as unidades de proteção integral, tem por objetivo
preservar a natureza, admitindo-se apenas o uso indireto dos seus recursos naturais, isto é, aquele que
não envolve consumo, coleta, dano ou destruição dos recursos naturais. O segundo, as unidades de uso
sustentável, tem por função compatibilizar a conservação da natureza com o uso sustentável de parcela
dos recursos naturais. Nesse caso, permite-se a exploração do ambiente de maneira a garantir a
perenidade dos recursos ambientais renováveis e dos processos ecológicos, mantendo-se a
biodiversidade e os demais atributos ecológicos, de forma socialmente justa e economicamente viável.
Considerando essas informações, analise a seguinte situação hipotética.
Ao discutir a aplicação de recursos disponíveis para o desenvolvimento de determinada região,
organizações civis, universidade e governo resolveram investir na utilização de uma unidade de proteção
integral, o Parque Nacional do Morro do Pindaré, e de uma unidade de uso sustentável, a Floresta
Nacional do Sabiá. Depois das discussões, a equipe resolveu levar adiante três projetos:
→ o projeto I consiste de pesquisas científicas embasadas exclusivamente na observação de animais;
→ o projeto II inclui a construção de uma escola e de um centro de vivência;

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


139
→ o projeto III promove a organização de uma comunidade extrativista que poderá coletar e explorar
comercialmente frutas e sementes nativas.
Nessa situação hipotética, atendendo-se à lei mencionada acima, é possível desenvolver tanto na
unidade de proteção integral quanto na de uso sustentável:
(A) apenas o projeto I.
(B) apenas o projeto III.
(C) apenas os projetos I e II.
(D) apenas os projetos II e III.
(E) todos os três projetos.

Gabarito

01.B / 02.D / 03.A

Comentário

01. Resposta: B
O Pantanal estende-se em planícies sujeitas a inundações. Há vegetação rasteira, floresta tropical e
até mesmo vegetação típica do Cerrado nas regiões de maior altitude. Por isso caracteriza-se não como
uma formação vegetal, mas como um complexo que agrupa várias formações, com fauna muito rica.

02. Resposta: D
Impacto ambiental é um desequilíbrio provocado pela ação dos seres humanos sobre o meio ambiente
ou por acidentes naturais.

03. Resposta: A
O projeto envolve apenas observação de animais por pequena quantidade de pesquisadores e não
provoca consumo, coleta, dano ou destruição dos recursos naturais, sendo, portanto, o único permitido
em Unidades de Proteção Integral. Os projetos II e III compatibilizam a conservação da natureza com o
uso sustentável de parcela dos recursos naturais, sendo permitidos apenas em Unidades de Usos
Sustentável.

CLIMAS46

Tempo e Clima

Para entender o significado de clima, é importante distingui-lo de tempo atmosférico. O tempo


corresponde a um estado momentâneo da atmosfera numa determinada área da superfície da Terra, que
podem mudar em poucas horas ou mesmo de um instante para o outro por causa de fenômenos como
temperatura, umidade, pressão do ar, ventos e nebulosidade.
Já o clima corresponde ao comportamento do tempo em determinada área durante um período longo,
de pelo menos 30 anos. O clima é o padrão da sucessão dos diferentes tipos de tempo que resultam do
movimento constante da atmosfera.
Quando afirmamos “hoje o dia está quente e úmido”, estamos nos referindo ao tempo. Em
contrapartida, se ouvimos alguém, nos dizer que no noroeste da Amazônia “é quente e úmido o ano
inteiro”, a pessoa está se referindo ao clima da região.
É comum fazermos julgamentos sobre o tempo e clima. Por exemplo, “hoje o tempo está feio” ou “hoje
o tempo está bonito”. Porém, ambos são importantes para a reprodução dos seres vivos e o
desenvolvimento das atividades econômicas, principalmente as agrícolas.
Cada lugar ou região apresenta um clima próprio, porque cada um apresenta um conjunto distinto de
fatores climáticos, ou seja, características que determinam o clima: latitude, altitude, massas de ar,
continentalidade, maritimidade, corretes marítimas, relevo, vegetação e urbanização.
A conjugação desses fatores é responsável pelo comportamento da temperatura, da umidade e da
pressão atmosférica, que são os atributos ou elementos climáticos do local. Entretanto, ainda existe
uma variação considerável de ano para ano. Há, por exemplo, verões mais chuvosos ou menos chuvosos,
invernos rigorosos ou com temperaturas mais amenas.

46
SENE, Eustáquio de. Geografia geral e do Brasil. Volume único. Eustáquio de Sene, João Carlos Moreira. 6ª edição. São Paulo: Ática, 2018.

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


140
Fatores Climáticos

São principais fatores que determinam o clima de um lugar ou de uma região:

Latitude
Por ser esférica, a superfície terrestre é iluminada de diferentes formas pelos raios solares, porque
eles a atingem com inclinações distintas. Essa diferença na intensidade de luz incidente sobre a superfície
faz com que a temperatura média tenda a ser menor quanto mais próximo aos polos. Observe a ilustração
abaixo.

SENE, Eustáquio de. Geografia geral e do Brasil. Volume único. Eustáquio de Sene, João Carlos Moreira. 6ª edição. São Paulo: Ática, 2018, p. 123.

Observe, nas linhas que representam os raios solares, que a área atingida por um mesmo feixe de
raios solares é maior quanto mais nos aproximamos dos polos.
Assim, a variação latitudinal é o principal fator de diferenciação de zonas climáticas, polar, temperada
e tropical. Porém, em cada uma dessas zonas encontramos variados tipos de clima, explicados pelas
diferentes associações entre os demais fatores climáticos.
A grande extensão latitudinal do território brasileiro é um importante fator de diferenciação climática. À
medida em que se aumenta a latitude, diminuem-se as temperaturas médias e aumentam-se a amplitude
térmica anual, que é a diferença entre a maior e a menor temperatura média mensal ao longo do ano.

Altitude
Quanto maior for a altitude, menor será a temperatura média do ar. Isso porque, quanto maior a
altitude, menor a pressão atmosférica, o que torna o ar mais rarefeito, ou seja, há uma menor
concentração de gases, umidade e materiais particulados. Como há menor densidade de gases e
partículas de vapor de água e poeira, diminui a retenção de calor nas camadas mais elevadas da
atmosfera e, em consequência, a temperatura é menor. Além disso, nas maiores altitudes, a área de
superfície que recebe e irradia calor é menor.

Albedo
O tipo de superfície atingida pelos raios solares também exerce influência na diferença da temperatura
atmosférica. O índice de reflexão de uma superfície, o albedo, varia de acordo com sua cor.
Diferentes tipos de superfície refletem diferentes porcentagens da luz solar incidente.
A cor, por sua vez, depende de sua composição química e de seu estado físico. A neve, por ser branca,
reflete até 90% dos raios solares incidentes, enquanto a Floresta Amazônica, por ser verde-escura, reflete
até 20%. Quanto menor o albedo, maior a absorção de raios solares, maior o aquecimento e,
consequentemente, a irradiação de calor.

Massas de Ar
São grandes porções da atmosfera que possuem características comuns de temperatura, umidade e
pressão e podem se estender por milhares de quilômetros. Formam-se quando ao ar permanece estável
Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51
141
por um tempo sobre uma superfície homogênea (o oceano, as calotas polares ou floresta, por exemplo)
e se deslocam por diferença de pressão, levando consigo as condições de temperatura e umidade da
região em que se originaram. Elas se transformam pela interação com outras massas, com as quais
trocam calor e/ou umidade, e são chamadas de:
Oceânicas: são massas de ar úmidas.
Continentais: são massas de ar secas, embora haja também continentais úmidas, como as que se
formam sobre grandes florestas.
Tropicais e equatoriais: são massas de ar quentes.
Temperadas e polares: são massas de ar frias.

Continentalidade e Maritimidade
A maior ou menor proximidade de oceanos e mares exerce forte influência sobre a umidade relativa
do ar e sobre a temperatura. Em áreas que sofrem influência da continentalidade (localização no interior
do continente, distante do litoral), a amplitude térmica diária é maior do que em áreas que sofrem
influência da maritimidade (proximidade de oceanos e mares). Isso ocorre porque a água demora mais
para se aquecer e para se resfriar do que os continentes.

Correntes Marítimas
São grandes volumes de água que se deslocam pelo oceano, quase sempre nas mesmas direções,
como se fossem “rios” dentro do mar. As correntes marítimas são movimentadas pela ação dos ventos e
pela influência da rotação da Terra, que as desloca para oeste, no hemisfério norte, as correntes circulam
no sentido horário, e no hemisfério sul, anti-horário. Diferenciam-se em temperatura, salinidade e direção
das águas do entorno dos continentes. Causam forte influência no clima, principalmente porque alteram
a temperatura atmosférica, e são importantes para a atividade pesqueira: em áreas de encontro de
correntes quentes e frias, aumenta a disponibilidade de plâncton, que serve de alimento para cardumes.
A localização das áreas áridas e semiáridas está condicionada principalmente pela presença de
alguma corrente fria. É comum essas correntes provocarem nevoeiros e chuvas no oceano, fazendo com
que as massas de ar cheguem ao continente sem umidade.
A corrente do Golfo, por exemplo, é quente. Ela impede o congelamento do mar do Norte e ameniza
os rigores climáticos do inverno em toda a fixa ocidental da Europa. A corrente de Humboldt, no hemisfério
sul, e a da Califórnia, no hemisfério norte, são frias. Elas causam queda da temperatura nas áreas
litorâneas, o que provoca condensação do ar e chuvas no oceano, fazendo as massas de ar perderem
umidade e atingirem o continente secas. A imagem abaixo demonstra os efeitos da corrente de Humboldt.

https://exercicios.brasilescola.uol.com.br/exercicios-geografia/exercicios-sobre-fatores-climaticos.htm

Na imagem podemos concluir que:


1 – Em direção ao continente, a massa de ar úmido resfria-se ao passar sobre a corrente marítima de
Humboldt, que é fria (aproximadamente 7ºC ou 8ºC inferior à temperatura média do oceano na mesma
latitude;
2 – Esse resfriamento da massa provoca condensação do vapor e chuvas;
3 – Continuando seu deslocamento, como massa de ar seco, porque descarregou a umidade sobre o
oceano.

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


142
Já as correntes quentes do Brasil (no leste da América do Sul), das Agulhas (no sudeste da África) e
a Leste-Australiana (passa pela costa lesta da Austrália e da Nova Zelândia) estão associadas a massas
de ar quente e úmido, que aumentam a pluviosidade e provocam fortes chuvas de verão no litoral, fato
que se acentua quando há presença de serras no continente, que retêm a umidade vinda do mar.

Vegetação
Os diferentes tipos de cobertura vegetal influenciam diretamente a absorção e irradiação de calor, além
da umidade do ar. Em uma região florestada, as árvores impedem que os raios solares incidam
diretamente sobre o solo, diminuindo a absorção de calor e a temperatura. As plantas, por sua vez, retiram
umidade do solo pelas raízes e a transferem para a atmosfera através das folhas (transpiração),
aumentado a umidade do ar. Isso ajuda a transferir parte da energia solar ao processo de evaporação,
diminuindo a quantidade de energia que aquece a superfície e, consequentemente, o ar. Quando ocorre
um desmatamento de grandes proporções, portanto, há acentuada diminuição da umidade e elevação
significativa das temperaturas médias.

Relevo
Além de a altitude do relevo influenciar o clima, o próprio relevo facilita ou dificulta a circulação das
massas de ar. Na Europa, por exemplo, as planícies existentes no centro do continente facilitam a
penetração das massas de ar oceânicas (ventos do oeste), provocando chuvas e reduzindo a amplitude
térmica anual. Nos Estados Unidos, as cadeias montanhosas do oeste (Serra Nevada, cadeias da Costa)
impedem a passagem das massas de ar vindas do oceano Pacífico, o que explica as chuvas que ocorrem
na vertente voltada para o mar e a aridez no lado oposto.
No Brasil, a disposição longitudinal das serras no centro-sul do país forma um “corredor” que facilita a
circulação da Massa Polar Atlântica e dificulta a circulação da Massa Tropical Atlântica, vinda do oceano.
Não por acaso a vertente da serra do Mar voltada para o Atlântico, em São Paulo, apresenta um dos mais
elevados índices pluviométricos do Brasil. Nessa região predominam as chuvas de relevo.

Atributos ou Elementos do Clima

Os três atributos climáticos mais importantes são a temperatura, a umidade e a pressão atmosférica.

Temperatura
A temperatura é a intensidade de calor existente na atmosfera. O Sol não aquece o ar diretamente.
Seus raios, se não incidirem sobre uma partícula em suspensão (como poeira e vapor de água), atingem
a superfície do planeta, que, depois de aquecida, irradia o calor para a atmosfera.

Umidade
A umidade é a quantidade de vapor de água presente na atmosfera em determinado momento,
resultado do processo de evaporação das águas da superfície terrestre e da transpiração das plantas.
A umidade relativa, expressa em porcentagem, é uma relação entre a quantidade de apor existente
na atmosfera num dado momento (umidade absoluta, expressa em g/m³) e a quantidade de vapor de
água que essa atmosfera comporta. Quando esse limite é atingido, a atmosfera atinge seu ponto de
saturação e ocorre a chuva.
Se ao longo do dia a umidade relativa estiver chegando próximo a 100%, há grande possibilidade de
ocorrer precipitação. Para chover, o vapor de água tem de se condensar, passando do estado gasoso
para o líquido, o que acontece com a queda de temperatura. Em contrapartida, se a umidade relativa for
constante ou estiver diminuindo, dificilmente choverá.
É importante destacar que a capacidade de retenção de vapor de água na atmosfera também está
associada à temperatura. Quando a temperatura está elevada, os gases estão dilatados e aumenta sua
capacidade de retenção de vapor; ao contrário, com temperaturas baixas, os gases ficam mais adensados
e é necessária uma menor quantidade de vapor para atingir o ponto de saturação.
As condições de umidade relativa do ar também são importantes para a saúde e determinam a
sensação de conforto ou desconforto térmico. Nos dias quentes e úmidos, nosso organismo transpira
mais, enquanto nos dias secos se agravam os problemas respiratórios e de irritação de pele.
A precipitação pode ocorrer de várias formas, como a chuva, a neve e o granizo, dependendo das
condições atmosféricas.
A neve é característica de zonas temperadas e frias, quando a temperatura do ar está abaixo de zero.
Quando isso ocorre, o vapor de água contido na atmosfera se congela e os flocos de gelo, formados por
cristais, precipitam-se.

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


143
Já o granizo é constituído de pedrinhas formadas pelo congelamento das gotas de água contidas em
nuvens que atingem elevada altitude, chamadas cúmulos-nimbos, que também estão associadas aos
temporais com a ocorrência de raios. Esse congelamento acontece quando uma nuvem carregada de
gotículas de água encontra uma camada de ar muito fria.
De maneira geral, as maiores médias de precipitação ocorrem nas regiões mais quentes do planeta,
na Zona intertropical.
Os cúmulos-nimbos (do latim cumulus-nimbus, “nuvem carregada de chuva”) atingem uma altitude
aproximada de 10 mil metros, em que a temperatura do ar chega a ser muito baixa, em torno de 50ºC
negativos.

Pressão Atmosférica
A pressão atmosférica é a medida da força exercida pelo peso da coluna de ar contra uma área da
superfície terrestre. Por isso, a pressão atmosférica vai diminuindo com a maior altitude. Além disso,
quanto mais elevada a temperatura, maior a movimentação das moléculas de ar e mais elas se distanciam
umas das outras, como resultado, mais baixo é o número de moléculas em cada metro cúbico de ar e
menor se torna o peso do ar. Portanto, menor a pressão exercida sobre uma superfície. Inversamente,
quanto menor a temperatura, maior é a pressão atmosférica.
Por causa da esfericidade, da inclinação do eixo imaginário e do movimento de translação ao redor do
Sol, nosso planeta não é aquecido uniformemente. Isso condiciona os mecanismos da circulação
atmosférica do globo terrestre, levando à formação de centros de baixa e de alta pressão, que se alteram
continuamente.
Quando o ar é aquecido, ele fica menos denso e sobe, o que diminui a pressão sobre a superfície e
forma uma área de baixa pressão atmosférica, também chamada ciclonal, que é receptora de ventos.
Ao contrário, quando o ar é resfriado, ele fica mais denso e desce, formando uma zona de alta pressão,
ou anticiclonal, que é emissora de ventos. Esse movimento pode ocorrer entre áreas que distam apenas
alguns quilômetros, como o movimento da brisa marítima47, ou em escala regional, como o da Massa
Equatorial Continental, que atua sobre a Amazônia.
Já em escala planetária temos os ventos alísios, que atuam ininterruptamente, se deslocando das
regiões subtropicais e tropicais (alta pressão) para a região equatorial (baixa pressão), e são desviados
para oeste pelo movimento de rotação da Terra. Com esse desvio, formam-se os ventos alísios de
sudeste no hemisfério sul e os ventos alísios de nordeste no hemisfério norte.
Quando ocorre o deslocamento provocado pela extensão de massas de ar quente e,
consequentemente, a formação de frentes quentes, temos uma situação na qual o ar se desloca das
áreas de maior temperatura para as de menor.

Tipos de Clima

As diferentes combinações dos fatores climáticos dão origem a vários tipos de clima. O planisfério
abaixo apresenta uma classificação por grandes regiões do planeta; portanto, não fornece informações
sobre as diferenças encontradas no interior de cada região, como as decorrentes das variações locais de
altitude e de outras características de relevo e dos graus diferenciados de urbanização.

47
Brisa marítima é o vento local que durante o dia sopra do oceano para o continente e, à noite, do continente para o oceano, em razão das diferenças de
retenção de calor dessas duas superfícies.

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


144
https://www.sacratours.com/saiba-a-temperatura-esperada-em-seu-destino/

Clima Polar ou Glacial


Ocorre em regiões de latitudes elevadas, próximas aos círculos polares Ártico e Antártico, onde, por
causa da inclinação do eixo terrestre, os raios solares incidem de forma oblíqua e há grande variação na
duração do dia e da noite, e, consequentemente, na quantidade de radiação absorvida ao longo do ano.
É um clima de baixas temperaturas o ano inteiro, atingindo o máximo 10ºC nos meses de verão.

Clima Temperado
É apenas nas zonas climáticas temperadas e frias desta classificação que encontramos uma definição
clara das quatro estações do ano: primavera, verão, outono e inverno. Há uma nítida distinção entre as
localidades que sofrem influência da maritimidade ou da continentalidade.

Clima Temperado Oceânico


A amplitude térmica é menor e a pluviosidade, maior.

Clima Temperado Continental


As variações de temperatura diária e anual são bastante acentuadas e os índices pluviométricos são
menores.

Clima Mediterrâneo
Regiões que apresentam esse clima têm verões quentes e secos, invernos amenos e chuvosos.

Clima Tropical
As áreas de clima tropical apresentam duas estações bem definidas: inverno, geralmente ameno e
seco, e verão, geralmente quente e chuvoso.

Clima Equatorial
Ocorre na zona climática mais quente do planeta. Caracteriza-se por temperaturas elevadas (médias
mensais em torno de 25ºC), com pequena amplitude térmica anual, já que as variações de duração entre
o dia e a noite e de inclinação de incidência dos raios solares são mínimas. Quanto ao regime das chuvas,
o índice supera os 3000 mm/ano nas áreas mais chuvosas e cai para 1500 mm/ano nas áreas menos
chuvosas.

Clima Subtropical
Característico das regiões localizadas em médias latitudes, como Buenos Aires, por exemplo, nas
quais já começam a se delinear as quatro estações do ano. Tem chuvas abundantes e bem distribuídas,
verões quentes e invernos frios, com significativa amplitude térmica anual.

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


145
Clima Desértico ou Árido
Por causa da falta de umidade, caracteriza-se por elevada amplitude térmica diária e sazonal. Os
índices pluviométricos são inferiores a 250 mm/ano.

Clima Semiárido
Clima de transição, caracterizado por chuvas escassas e mal distribuídas ao longo do ano. Ocorre
tanto em regiões tropicais, onde as temperaturas são elevadas o ano inteiro, quanto em zonas
temperadas, onde os invernos são frios.

Climas no Brasil

Por possuir 92% do território na Zona Intertropical do planeta, grande extensão no sentido norte-sul e
litoral com forte influência das massas de ar oceânicas, o Brasil apresenta predominância de climas
quentes e úmidos. Em apenas 8% do território, ao sul do trópico de Capricórnio, ocorre o clima subtropical,
que apresenta maior variação térmica e estações do ano mais bem definidas.
Como podemos observar nos mapas abaixo, cinco massas de ar atuam no território brasileiro:

Brasil: Massas de Ar no Verão

https://suburbanodigital.blogspot.com/2016/02/mapa-das-massas-de-ar-que-atuam-no-brasil-no-verao.html

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


146
Brasil: Massas de Ar no Inverno

https://suburbanodigital.blogspot.com/2016/02/mapa-das-massas-de-ar-que-atuam-no-brasil-no-inverno.html

Note que as massas de ar equatoriais e tropicais têm sua ação atenuada no inverno em razão do
avanço da Massa Polar Atlântica.

Massa Equatorial Atlântica (mEa): quente e úmida;


Massa Equatorial Continental (mEc): quente e úmida (apesar de continental, é úmida por se originar
na Amazônia);
Massa Tropical Atlântica (mTa): quente e úmida;
Massa Tropical Continental (mTc): quente e seca;
Massa Polar Atlântica (mPa): fria e úmida.

Existem vários mapas de classificação climática, elaborados com diferentes critérios. A classificação
climática representada no mapa a seguir foi elaborada pelo IBGE. Ela foi organizada com base na
medição sistemática da temperatura e nos índices pluviométricos em estações meteorológicas
espalhadas pelo país.

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


147
https://slideplayer.com.br/slide/3796349/

Questões

01. (DPE/AM – Assistente Técnico de Defensoria – FCC/2018) Em virtude do tamanho do território


brasileiro são identificados diversos tipos de climas. O tipo de clima que se caracteriza por temperaturas
elevadas em boa parte do ano, com média de 24 °C, amplitude térmica que oscila entre 5 °C e 6 °C ao
ano e quantidade de chuvas gira em torno de 1.500 mm ao ano, com duas estações bem definidas: uma
seca (maio a setembro) a outra chuvosa (outubro a abril) é o clima
(A) Equatorial
(B) Tropical
(C) Tropical úmido
(D) Semiárido
(E) Subtropical

02. (CRQ/19R/PB – Coordenador Administrativo – Educa/2017) O extenso território brasileiro, a


diversidade de formas de relevo, a altitude e dinâmica das correntes e massas de ar, possibilitam uma
grande diversidade de climas no Brasil.
Dentre as características dos climas do Brasil é CORRETO afirmar que:
I. O Clima Semiárido está presente, principalmente, no sertão nordestino, caracteriza-se pela baixa
umidade e pouquíssima quantidade de chuvas. As temperaturas são altas durante quase todo o ano.
II. Clima Subtropical apresenta médias de temperaturas mais baixas que o clima tropical, ficando entre
15º e 22º C. Este clima é predominante nas partes altas do Planalto Atlântico do Sudeste, estendendo-se
pelo centro de São Paulo, centro-sul de Minas Gerais e pelas regiões serranas do Rio de Janeiro e Espírito
Santo.
III. Clima Equatorial encontra-se na região da Amazônia. As temperaturas são elevadas durante quase
todo o ano. Chuvas em grande quantidade, com índice pluviométrico acima de 2500 mm anuais.
Está(ão) CORRETAS:
(A) I apenas.
(B) I e II apenas.
(C) III apenas.
(D) I e III apenas.
(E) II e III apenas.

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


148
Gabarito

01.B / 02.D

Comentários

01. Resposta: B
O clima tropical influencia grande parte do centro do país, especialmente os estados do Centro-Oeste,
incluindo ainda partes do Maranhão, Piauí, Ceará, Bahia e Minas Gerais. Em geral, as temperaturas são
elevadas em boa parte do ano, com média de 24°C, e a amplitude térmica oscila entre 5°C e 6°C ao ano.
A quantidade de chuvas gira em torno de 1 500 mm ao ano, com duas estações bem definidas: uma seca
(maio a setembro) e outra chuvosa (outubro a abril).

02. Resposta: D
O clima subtropical é o único domínio climático brasileiro que se encontra fora da faixa tropical, ou
seja, localizado ao sul do Trópico de Capricórnio. É possível encontrá-lo no sul do estado de São Paulo
e nos três estados da região sul do país.

Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51


149

Você também pode gostar