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Sabemos que estudar para concurso público não é tarefa fácil, mas acreditamos na sua
dedicação e por isso elaboramos nossa apostila com todo cuidado e nos exatos termos do
edital, para que você não estude assuntos desnecessários e nem perca tempo buscando
conteúdos faltantes. Somando sua dedicação aos nossos cuidados, esperamos que você
tenha uma ótima experiência de estudo e que consiga a tão almejada aprovação.
Caso existam dúvidas em disciplinas diferentes, por favor, encaminhar em e-mails separados,
pois facilita e agiliza o processo de envio para o tutor responsável, lembrando que teremos até
cinco dias úteis para respondê-lo (a).
A doação de uma capitania era feita por meio de dois documentos: a Carta de Doação e a Carta Foral.
Pela primeira, o donatário recebia a posse da terra, podendo transmiti-la para seus filhos, mas não vendê-
la. Recebia também uma sesmaria de dez léguas da costa na extensão de toda a capitania. Devia fundar
vilas, construir engenhos, nomear funcionários e aplicar a justiça, podendo até decretar a pena de morte
para escravos, índios e homens livres. Adquiria alguns direitos: isenção de taxas, venda de escravos
índios e recebimento de parte das rendas devidas à Coroa.
A Carta Foral tratava, principalmente, dos tributos a serem pagos pelos colonos. Definia ainda, o que
pertencia à Coroa e ao donatário. Se descobertos metais e pedras preciosas, 20% seriam da Coroa e, ao
donatário, caberiam 10% dos produtos do solo. A Coroa detinha o monopólio do comércio do pau-brasil
e de especiarias. O donatário podia doar sesmarias aos cristãos que pudessem colonizá-las e defendê-
las, tornando-se assim colonos.
O modelo de colonização adotado por Portugal baseava-se na grande propriedade rural voltada para
a exportação. Dois fatores influíram nesta decisão: a existência de abundantes terras férteis no litoral
brasileiro e o comércio altamente lucrativo do açúcar na Europa.
Num primeiro momento os portugueses lançaram mão do trabalho escravo do índio e, depois, do negro
africano. A colonização iniciou-se, então, apoiada no seguinte tripé: a grande propriedade rural, a
monocultura de produto agrícola de larga aceitação no mercado europeu e o trabalho escravo.
As dificuldades iniciais eram muitas. Bem maiores do que os donatários podiam calcular. Era difícil a
adaptação às condições climáticas e a um tipo de vida totalmente diferente do da Europa. Além disso, o
alto custo do investimento não trazia retorno imediato. Alguns donatários nem chegaram a tomar posse
das terras, deixando-as abandonadas.
Com a chegada de Cristóvão Colombo na América, em 1492, o território americano passou a ser
cobiçado pelos principais países europeus. Em 1494, após anos de negociação mediada pela Igreja
Católica, Portugal e Espanha assinaram o Tratado de Tordesilhas, que repartia as novas terras entre
esses dois países. Observe o mapa a seguir.
Definiu-se que as terras situadas a leste da linha de Tordesilhas seriam de posse de Portugal e aquelas
localizadas a oeste seriam de propriedade espanhola. Contudo, a existência do Tratado não garantiu na
prática a posse dos territórios na América. Primeiro porque esses territórios não estavam vazios, ou seja,
encontravam-se ocupados por diferentes grupos indígenas. Os portugueses e espanhóis teriam de
conquistar suas terras, o que envolveu muitas batalhas. Em segundo lugar, outros Estados (como França,
Inglaterra e Holanda) não reconheciam a legitimidade do tratado nem o direito de Portugal e Espanha
sobre essas terras e também as disputavam.
No caso português, a ocupação de suas terras na América ocorreu de fato a partir de 1530. Até então,
Portugal limitou-se a criar postos de comércio no litoral para a comercialização de pau-brasil – as feitorias.
Porém, devido a constantes invasões de piratas e expedições estrangeiras, o rei viu-se obrigado a ocupar
o território para garantir o seu domínio.
Foi a partir de então que começaram as primeiras expedições de exploração e colonização do litoral
brasileiro e de algumas regiões no interior mais próximas. Ao longo do século XVI, a exploração e o
povoamento da colônia pouco avançaram em direção ao seu interior. No século XVII, o desenvolvimento
da economia açucareira e de algumas atividades voltadas para abastecer o pequeno mercado interno
proporcionou a exploração e ocupação de novos territórios – uma vez que era necessário espaço para
desenvolvê-las. Observe o mapa a seguir.
As Bandeiras e os Bandeirantes
Grande parte das bandeiras originou-se das vilas de São Vicente e São Paulo. Devido às dificuldades
econômicas enfrentadas no sul da Colônia, muitos homens viram-se forçados a explorar novos territórios
em busca de riquezas minerais (como ouro e prata) e de escravos indígenas para vender. Outra atividade
comum era a captura de escravos negros fugitivos.
Os comandantes dessas expedições, os bandeirantes, foram responsáveis pela exploração de grande
parte do atual território brasileiro. Apesar das contribuições dadas ao processo de expansão do território
brasileiro, as ações dos bandeirantes são alvo de controvérsia. Não devemos esquecer que eles foram
responsáveis pela escravização e morte de diversos povos indígenas. Observe o mapa a seguir, que
mostra as principais bandeiras dos séculos XVII e XVIII.
Observando o mapa, é possível notar que as bandeiras que partiam de São Paulo tinham como direção
o interior da Colônia, ultrapassando os limites do Tratado de Tordesilhas. Essas expedições foram
responsáveis pela exploração de áreas e a criação de vilas nas regiões Sul, Centro-Oeste e Norte do país
– que até então haviam sido nada ou pouco exploradas.
É importante ressaltar que, entre 1580 e 1640, Portugal permaneceu sob domínio espanhol, época
conhecida como a União Ibérica. Assim, durante todo esse período, o Tratado de Tordesilhas passou a
ser invalidado de fato, o que facilitou a exploração e ocupação de territórios além de seus limites por parte
dos bandeirantes.
Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51
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Foi apenas em 1750 que Portugal e Espanha assinaram um tratado que substituía o de Tordesilhas.
Ambos os países reconheciam que os limites estabelecidos em Tordesilhas não foram historicamente
respeitados. Assim, naquele ano foi assinado o Tratado de Madri, que teve como objetivo regularizar a
fronteira entre suas colônias.
Segundo os termos do Tratado de Madri, as fronteiras das colônias deveriam ser estabelecidas como
base na lógica de Uti Possidetis, expressão em latim que significa que quem ocupa determinado território
tem a posse sobre ele. O mapa a seguir mostra como ficou a fronteira brasileira após o Tratado de Madri.
Repare como o território brasileiro se expandiu para além dos imites do Tratado de Tordesilhas –
aproximando-se, inclusive, de seus limites atuais.
Pode-se dizer que a expansão territorial do Brasil ocorreu graças à ação exploratória dos bandeirantes,
que foram responsáveis por explorar e povoar essas novas áreas e garantir a posse delas no Tratado de
Madri, em 1750.
Apesar do novo tratado, ele não significava o fim das questões referentes a territórios e fronteiras na
região. Até o fim do período colonial, o Uruguai e parte do Rio Grande do Sul foram disputados entre
Brasil e Espanha.
Em 1621, durante a União Ibérica, o rei Felipe III decretou a separação da Colônia portuguesa em dois
estados: Estado do Maranhão, com capital em São Luís, e o Estado do Brasil, com capital no Rio de
Janeiro. Cada um desses Estados encontrava-se dividido em várias capitanias, conforme representa o
mapa que mostra a divisão das capitanias em 1709. Nesse ano, o Estado do Maranhão era composto
pelas capitanias do Grão-Pará e do Maranhão, tendo sua capital transferida para a cidade de Belém. Em
1763, foi a vez de mudar a capital do Estado do Brasil, passando de Salvador para o Rio de Janeiro. Em
1774, a Coroa portuguesa decretou a reunificação da Colônia, que permaneceu assim até a sua
independência.
Observe e compare os mapas das divisões territoriais do Brasil em 1709 e em 1822, ano da
independência do país.
Brasil em 1822
Observe que, em 1822, os limites do território brasileiro assemelhavam-se aos atuais. Nesse caso,
deve-se destacar a região da Cisplatina, que na época pertencia ao Brasil. Pouco tempo depois, a
Cisplatina tornou-se independente do Brasil e passou a se chamar Uruguai.
No ano de 1823, um ano após a Declaração da Independência, foram acrescentados ainda mais
territórios. O Brasil ganhou os estados do Rio Grande do Norte, Pernambuco, Paraíba, Alagoas, Ceará e
Piauí. No Sul, houve o acréscimo do estado de Santa Catarina e da Província da Cisplatina, o atual
Uruguai.
O gigantismo do território brasileiro se confirma pelos 15.719 quilômetros de fronteiras que o Brasil
possui com quase todos os países da América do Sul (exceto Chile e Equador), bem como pelos 7.367
quilômetros de costa atlântica.
Cerca de 90% de seu território se encontra entre a Linha do Equador e o Trópico de Capricórnio, e que
o predomínio das terras nas baixas latitudes confere ao Brasil características típicas de um país tropical.
A expressiva amplitude longitudinal do Brasil explica a adoção de diferentes fusos horários.
Nas últimas décadas do século XX, uma nova fronteira chamou a atenção da sociedade e do governo
brasileiro: e as águas do Oceano Atlântico que banham nosso território.
Isso tem um motivo: a tecnologia desenvolvida durante a Segunda Guerra Mundial criou navios mais
rápidos que os anteriores e com maior capacidade de carga, que podem viajar a grandes distâncias,
explorando economicamente as águas longe de seus territórios de origem. Gigantescos navios frigoríficos
japoneses e europeus, por exemplo, passaram a dispor de recursos que lhes permitem explorar, até a
exaustão, os cardumes que se deslocam em alto-mar.
Essa acelerada evolução tecnológica trouxe novas perspectivas às nações, que passaram a considerar
o mar não só uma via de transportes ou fonte de alimentos, mas um grande gerador de riquezas e
matérias-primas. Assim, os mares e oceanos tornaram-se estratégicos, e muitos países passaram a tentar
incorporar áreas marítimas aos seus territórios.
Depois da Segunda Guerra Mundial, a ONU patrocinou diversas reuniões sobre os limites marinhos.
Elas ficaram conhecidas como Conferências das Nações Unidas sobre o Direito do Mar. Nessa época,
muitos defendiam que os recursos dos fundos marinhos, situados além das jurisdições nacionais, fossem
considerados patrimônio comum da humanidade. Dessa maneira, passou a ser necessário determinar os
limites marítimos de cada Estado costeiro.
Enquanto ocorriam essas negociações, o Brasil adotou, em 1970, para resguardar os interesses
econômicos do país e por razões de segurança nacional, o limite de 200 milhas náuticas (cerca de 370
quilômetros) para exploração das águas territoriais brasileiras.
Nessas águas – cerca de 2 milhões de quilômetros quadrados de superfície aquática – somente navios
brasileiros e de empresas estrangeiras com autorização do governo brasileiro poderiam exercer alguma
atividade. Navios estrangeiros sem licença pagariam multas e seriam apreendidos.
Em 1982, na Jamaica, foi assinada a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (CNUDM).
Foi nessa convenção que os limites marítimos dos países foram definidos, da seguinte forma:
* zona contígua: delimitada por 12 milhas além do limite do mar territorial. Essa faixa é importante,
pois se trata de uma área de segurança, onde os países podem fiscalizar todas as embarcações que nela
navegarem;
* zona econômica exclusiva: área que se estende até 200 milhas além do mar territorial. Pela
convenção da ONU, os Estados costeiros têm o direito de explorar e a obrigação de conservar os recursos
(sejam eles minerais ou pesqueiros) que se encontram em toda essa região. Desde o início da década
de 1980, o Brasil vem realizando estudos para identificar o potencial de pesca no Oceano Atlântico e zelar
pela manutenção dele;
Os países que tiverem intenção de ampliar sua atuação para além das 200 milhas devem apresentar
um relatório para a Convenção da ONU, provando que a plataforma continental se prolonga para além de
200 milhas.
Para cumprir essa determinação, o governo brasileiro criou, na década de 1980, o projeto
Levantamento da Plataforma Continental (Leplac). Cientistas, militares e técnicos da Petrobras
participaram dessa empreitada, e o relatório em 2013 já havia sido praticamente todo aprovado pela
comissão da ONU. Assim, o Brasil controlaria a área de 4,5 milhões de quilômetros quadrados no mar, o
que praticamente equivale, em extensão territorial, a uma nova Amazônia. Foi por isso que muitos
passaram a chamar essa região de Amazônia Azul.
Nessa área ocorre quase 80% da exploração petrolífera brasileira. Muitos especialistas afirmam que
em um futuro próximo será possível explorar outros minerais que existem no fundo do mar.
Os primeiros estudos de divisão regional datam de 1941 e foram realizados sob a coordenação do
engenheiro, geógrafo e professor Fábio Macedo Soares Guimarães (1906-1979). Ao avaliar as diversas
propostas de divisão regional que já existiam naquela época, esse trabalho visava a elaborar uma única
divisão regional do Brasil para a divulgação de dados estatísticos sobre a realidade socioespacial de
nosso país.
Foi assim que, em 1942, surgiu a primeira divisão regional do IBGE, que levava em conta sobretudo
as características naturais. Era constituída por cinco grandes regiões: Norte, Nordeste, Leste, Sul e
Centro-Oeste. A região Nordeste foi subdividida em Nordeste Ocidental e Nordeste Oriental. Por sua vez,
a região Leste foi subdividida em Leste Setentrional e Leste Meridional.
Em 1945, o IBGE divulgou uma nova divisão regional do Brasil, levando em consideração, agora, sub-
regiões denominadas zonas fisiográficas, baseadas no quadro físico do território, com vistas ao
agrupamento de dados estatísticos municipais, em unidades espaciais de dimensão mais reduzida que
as das unidades da federação.
Desde então, uma sucessão de divisões regionais foi proposta pelo IBGE.
Ressalta-se que, em todas as divisões regionais propostas pelo IBGE, há um aspecto importante em
comum: os limites das regiões coincidem com os limites estaduais.
Evidentemente, essas divisões regionais não levam em conta as especificidades naturais do nosso
país. O norte de Minas Gerais, por exemplo, apesar de abrigar paisagens naturais típicas do Sertão
nordestino, integra a região Sudeste.
Região Norte
Acre – Capital: Rio Branco.
Amapá – Capital: Macapá.
Amazonas – Capital: Manaus.
Pará – Capital: Belém.
Rondônia – Capital: Porto Velho.
Roraima – Capital: Boa Vista.
Tocantins – Capital: Palmas.
Região Nordeste
Alagoas – Capital: Maceió.
Bahia – Capital: Salvador.
Ceará – Capital: Fortaleza.
Maranhão – Capital: São Luís.
Paraíba – Capital: João Pessoa.
Pernambuco – Capital: Recife.
Piauí – Capital: Teresina.
Rio Grande do Norte – Capital: Natal.
Sergipe – Capital: Aracaju.
Região Centro-Oeste
Goiás – Capital: Goiânia.
Mato Grosso – Capital: Cuiabá.
Mato Grosso do Sul – Capital: Campo Grande.
Distrito Federal – Capital: Brasília.
Região Sudeste
Espírito Santo – Capital: Vitória.
Minas Gerais – Capital: Belo Horizonte.
São Paulo – Capital: São Paulo.
Rio de Janeiro – Capital: Rio de Janeiro.
Questões
01. (Instituto Rio Branco – Diplomata – CESPE) Julgue (C ou E) o próximo item, relativo à formação
histórica do território brasileiro.
A formação histórica do território brasileiro iniciou-se com a assinatura do Tratado de Madri, que
determinou, por meio da criação de uma linha imaginária, o primeiro limite territorial da colônia portuguesa
nas Américas.
(....) Certo (....) Errado
02. (TJ/SC – Analista Administrativo – TJ/SC) Sobre o território brasileiro, sua localização geográfica
e sua organização política-territorial, todas as alternativas estão corretas, EXCETO:
(A) O Brasil é uma república federativa formada por 27 unidades sendo, 26 estados e um Distrito
Federal.
(B) A divisão política do território brasileiro tem mudado no decorrer do tempo, assim até a Constituição
de 1988 existia no Brasil a denominação de Território Federal.
(C) Os Territórios Federais eram divisões internas do país administradas diretamente pelo governo
federal.
(D) Na divisão política-administrativa do Brasil, em 1988 é extinto o Território Federal de Fernando de
Noronha, que passa a fazer parte do Estado de Pernambuco.
(E) O Brasil ocupa a porção centro-ocidental da América do Sul, portanto, apresenta fronteiras com
quase todos os países sul-americanos exceto, o Chile e Equador.
03. (DPE/SP – Oficial de Defensoria Pública – FCC) O Estado Brasileiro organiza-se, política e
administrativamente, sob a forma de
(A) confederação democrática.
(B) república parlamentarista.
(C) república federativa.
(D) federação parlamentarista.
(E) confederação parlamentarista.
Gabarito
Comentários
02. Resposta: E
O Brasil é considerado um país continental, se encaixa entre os cinco maiores países do mundo. Ocupa
a porção centro-oriental do continente, fazendo fronteira com quase todos os países sul-americanos
(exceção do Chile e do Equador).
04. Resposta: E
Artigo 18, CF/88: A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil compreende
a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta Constituição.
Ao longo da década de 1980, a ciranda financeira e as altas taxas de inflação, com a consequente
perda do poder de compra dos salários, levaram a um período de estagnação na produção industrial e ao
baixo crescimento econômico (o PIB brasileiro cresceu em média 2,7% nos anos 1980). A necessidade
de controlar a inflação e ajustar as contas externas levou os governos, tanto o do general João Baptista
Figueiredo (1979-1985) quanto o de José Sarney (1985-1989), a se preocupar com ajustes de curto prazo
na política econômica. Essa prioridade significou uma década inteira sem planejamento econômico de
longo prazo, o que levou a uma queda de 5% na participação da produção industrial no PIB brasileiro.
Por causa da alta inflação, os preços eram remarcados diariamente e, por isso, as pessoas geralmente
faziam suas comprar assim que recebiam o salário.
A política econômica do governo de Sarney desenvolveu um incipiente processo de privatização de
empresas estatais (dezessete, ao todo), começando a retirar o Estado do setor produtivo para concentrar
sua ação na fiscalização e na regulamentação.
No governo seguinte, de Fernando Collor de Mello (1990-1992), o primeiro presidente eleito pela
população após o fim da ditadura, foi criado o Plano Collor, que, além do confisco dos depósitos bancários
em dinheiro (superiores a 50 mil cruzeiros2), se apoiava em outros três pontos:
→ Privatização de empresas estatais;
→ Eliminação dos monopólios do Estado em telecomunicações e petróleo e fim da discriminação ao
capital estrangeiro;
→ Abertura da economia ao ingresso de produtos e serviços importados.
Essas medidas tiveram continuidade durante os governos de Itamar Franco (que sucedeu a Fernando
Collor) e de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002).
A abertura do mercado brasileiro aos bens de consumo e de capital exerceu grande influência no
processo de industrialização do Brasil. A compra no exterior de máquinas e equipamentos industriais de
última geração possibilitou modernizar o parque industrial e aumentar a produtividade, mas, por outro
lado, acarretou o desemprego estrutural.
No setor de bens de consumo, a entrada de produtos importados de países que aplicavam elevados
subsídios às exportações e pagavam baixíssimos salários (com destaque para a China, nos setores de
calçados, têxteis e de brinquedos) provocou a falência de muitas indústrias nacionais, contribuindo para
elevar ainda mais o desemprego. De outro lado, a concorrência com mercadorias importadas fez a
qualidade de muitos produtos nacionais melhorar e levou a uma significativa redução dos preços.
A abertura econômica propiciou um aumento no número de empresas multinacionais e uma
diversificação de marcas, além de uma dispersão espacial das fábricas (por exemplo, até então existiam
indústrias automobilísticas apenas em São Paulo e Minas Gerais).
A privatização de empresas estatais e a concessão de exploração dos serviços de transporte, energia
e telecomunicações a empresas privadas nacionais e estrangeiras apresentaram aspectos positivos e
negativos, dependendo da forma como foram realizadas as transferências e dos problemas relacionados
à administração e à fiscalização. A maioria das empresas privatizadas, quando eram estatais, dependia
1
NE, Eustáquio de. Geografia geral e do Brasil. Volume único. Eustáquio de Sene, João Carlos Moreira. 6ª edição. São Paulo: Ática, 2018.
2 Cerca de R$ 3.238,79 em valores de abril de 2018, usando o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) como indexador.
Em 2015, a indústria de transformação era responsável por 10% do PIB brasileiro. Segundo o IBGE
(Pesquisa Industrial Anual, de Empresas), as atividades mais importantes nesse ano foram:
→ 20% na fabricação de produtos alimentícios e bebidas;
→ 10% de derivados de petróleo e biocombustíveis;
→ 10% de produtos químicos e farmacêuticos;
→ 8% na metalurgia e produtos de metal;
→ 7% em máquinas e equipamentos e materiais elétricos;
→ 6% na fabricação de veículos automotores;
→ 2% em informática, eletrônicos e ópticos.
Seguindo tendência mundial, o parque industrial se modernizou e ganhou impulso com a instalação de
diversos tecnopolos espalhados pelo país. Há parques tecnológicos em todas as regiões, somando 94
(em 2015: 28 em operação, 28 em fase de implantação e 38 em fase de projeto). Os principais estão
localizados em:
Sudeste: São Paulo, Campinas e São José dos Campos (SP); Santa Rita do Sapucaí e Viçosa (MG)
e Rio de Janeiro (RJ);
Nordeste: Recife (PE); Fortaleza (CE); Campina Grande (PB) e Aracaju (SE);
Sul: Porto Alegre (RS); Florianópolis (SC) e Cascavel (PR);
Centro-Oeste: Brasília (DF);
Norte: Manaus (AM) e Belém (PA).
A indústria ainda enfrenta, porém, vários problemas que aumentam os custos e dificultam a maior
participação no mercado externo, como:
Preço elevado da energia elétrica;
Flutuação cambial: quando o dólar está alto em relação ao real, isso favorece as exportações de
produtos industrializados, porque os exportadores recebem mais, em reais, por unidade vendida; porém,
encarece as importações de máquinas e equipamentos para as indústrias. Quando o dólar está baixo,
acontece o contrário: isso encarece as exportações, mas barateia as importações;
Problemas de logística, como deficiências e altos preços nos transportes, com predomínio do
rodoviário;
Baixo investimento público e privado em desenvolvimento tecnológico;
Insuficiente qualificação da força de trabalho;
Elevada carga tributária (todos os impostos pagos aos governos municipais, estaduais e federal);
Barreiras tarifárias e não tarifárias impostas por outros países à importação de produtos brasileiros.
A abertura econômica do país na década de 1990 facilitou a entrada de muitos produtos importados,
forçando as empresas nacionais a se modernizar e incorporar novas tecnologias ao processo produtivo
para concorrer com as empresas estrangeiras.
Apesar da modernização, continua havendo aumento no contingente de trabalhadores na indústria da
maior parte dos gêneros. Porém, esse aumento não acompanhou o ritmo de ingresso de mão de obra no
mercado de trabalho.
A associação entre pesquisa tecnológica e empresas públicas e privadas atrai investimentos
produtivos para todos os setores da economia.
Desde o início do século XX até a década de 1930, o eixo São Paulo-Rio de Janeiro abrangeu mais
da metade do valor da produção industrial brasileira; mas mesmo assim a organização espacial das
atividades econômicas era dispersa. As atividades econômicas regionais progrediam de forma quase
totalmente autônoma. As atividades da região Sudeste, onde se desenvolvia o ciclo do café, quase não
interferiam nas atividades econômicas que se fortaleciam no Nordeste (cana, tabaco, cacau e algodão)
ou no Sul (carne, indústria têxtil e pequenas agroindústrias de origem familiar) nem sofriam interferência
dessas atividades. As indústrias de bens de consumo, a maioria ligada aos setores alimentício e têxtil,
escoavam a maior parte da sua produção apenas em escala regional. Somente um pequeno volume era
destinado a outras regiões, não havendo significativa competição entre as empresas instaladas nas
diferentes regiões do país, consideradas até então arquipélagos econômicos regionais.
Embora ainda haja grande concentração industrial no Sudeste e no Sul do país, atualmente o parque
industrial está se dispersando e já há várias localidades interioranas nas regiões Norte, Centro-Oeste e
Nordeste que apresentam mais de cem empresas industriais.
A crise do café e o impulso à industrialização, comandado pelo Sudeste, alteraram esse quadro. Os
mercados regionais se integraram mais fortemente, comandados pelo centro econômico mais dinâmico
do país, o eixo São Paulo-Rio de Janeiro, interligando os arquipélagos econômicos regionais. A
participação de produtos industriais do Sudeste nas demais regiões do país aumentou, o que levou muitas
indústrias, principalmente nordestinas, à falência.
Além do fator histórico, as atividades industriais tenderam a se concentrar no Sudeste por causa de
dois outros motivos:
→ A complementaridade industrial: as indústrias de autopeças tendem a se localizar próximo às
automobilísticas; as petroquímicas, próximo às refinarias; etc.;
Desde o final do século XIX, as atividades terciárias (comércio e serviços) concentram a maior
participação no PIB e no número de empregos no país, porque é nelas que circulam todos os bens
produzidos nas atividades primárias e secundárias e são prestados os diversos tipos de serviços a
pessoas e empresas de todos os setores.
As empresas que exercem as atividades de comércio e serviços possuem grande diversidade e
complexidade em termos de tamanho, qualidade, produtividade, número de empregados, faturamento,
etc.
No Brasil, segundo o Atlas Nacional de Comércio e Serviços (IBGE, 2013), em 2011, 99% das
empresas que exerciam atividades terciárias eram micro oi pequenas, envolvendo ramos de atividade
que atuam em pequena escala, como salões de beleza, oficinas de costura, pequeno comércio,
manutenção de equipamentos domésticos, entre outros. No total, as micro e pequenas empresas
ocuparam, naquele ano, 51,6% da mão de obra do setor, o que significa dizer que 1% das empresas que
exerciam atividades terciárias era de médio e grande portes e ocupava 48,4% da mão de obra. Na maioria
das empresas que exercem atividades terciárias, como alguns comércios e prestação de serviços, vigora
o uso intensivo de mão de obra familiar e contratada em atividades nas quais há dificuldade de
substituição de pessoas por “máquinas”.
Alguns setores de comércio e serviços podem ser automatizados, substituindo trabalhadores por
computadores, câmeras de monitoramento, etc., o que reduz a quantidade de empregos. Isso já acontece,
há algum tempo, por exemplo, em bancos e empresas de segurança, entre outros.
Observe a tabela abaixo e perceba que, em 2015, 84,3% das empresas brasileiras atuavam em
comércio ou serviços, empregando 70,6% do pessoal ocupado no Brasil.
A distribuição espacial das atividades terciárias segue o padrão da distribuição da população pelo
território, com concentração espacial no Centro-Sul do país e nas regiões de economia mais dinâmica.
Segundo o Atlas Nacional de Comércio e Serviços, em 2011, as regiões Sudeste e Sul concentravam:
Questões
02. (IBGE – Tecnologista – FGV) O gráfico 1 apresenta a dispersão geográfica das multinacionais
brasileiras no mundo. O gráfico 2 apresenta a década da primeira internacionalização das empresas
brasileiras.
Gabarito
01.C / 02.E
Comentários
01. Resposta: C
Alguns aspectos positivos da dinâmica atual da indústria brasileira se destacam:
Grande potencial de expansão do mercado interno, com desconcentração de produção e consumo;
Aumento na produtividade;
Melhora da qualidade dos produtos.
02. Resposta: E
A abertura econômica do país na década de 1990 facilitou a entrada de muitos produtos importados,
forçando as empresas nacionais a se modernizar e incorporar novas tecnologias ao processo produtivo
para concorrer com as empresas estrangeiras.
A INDUSTRIALIZAÇÃO BRASILEIRA3
No início do século XX era necessária uma grande quantidade de trabalhadores nas linhas de produção
e as indústrias impulsionaram grandes transformações no espaço geográfico. Como por exemplo, o
aumento dos fluxos migratórios, de produtos e de serviços, a construção de moradias, o surgimento de
novos bairros, o investimento em transportes coletivos, etc.
Para entendermos o atual estágio de desenvolvimento econômico brasileiro, é necessário conhecer o
contexto histórico do processo de industrialização e de desenvolvimento das atividades terciárias no país.
Desde o período colonial, o desenvolvimento econômico brasileiro, e consequentemente a
industrialização, foram comandados por grupos e setores que pressionaram os governos a atender a seus
interesses políticos e econômicos.
Assim, só é possível entender as etapas da industrialização brasileira se for analisada a conjuntura
econômica (brasileira e mundial) e política de cada momento histórico.
Como exemplo, podemos citar os investimentos em infraestrutura de energia, transportes e
comunicações, que impulsionaram diversos setores da economia. Entretanto, a construção de grandes
usinas hidrelétricas sempre envolve questões socioambientais, como inundações de pequeno ou grande
porte e deslocamento de povos indígenas e de moradores locais.
3 SENE, Eustáquio de. Geografia geral e do Brasil. Volume único. Eustáquio de Sene, João Carlos Moreira. 6ª edição. São Paulo: Ática, 2018.
A industrialização brasileira teve início, embora de forma incipiente, na segunda metade do século XIX,
período em que se destacaram importantes empreendedores, como o barão de Mauá, no eixo São Paulo-
Rio de Janeiro, e Delmiro Gouveia, em Pernambuco.
Foi principalmente a partir da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) que o país passou por um
significativo desenvolvimento industrial e maior diversificação do parque fabril, pois, em virtude do conflito
na Europa, houve redução da entrada de mercadorias estrangeiras no Brasil. Observe a tabela abaixo.
Em 1919, período posterior à Primeira Guerra Mundial, as fábricas brasileiras eram responsáveis por
70% da população industrial nacional e produziam tecidos, roupas, alimentos e bebidas (indústrias de
bens de consumo não duráveis, com predomínio de investimentos de capital privado nacional). No início
da Segunda Guerra Mundial (1939), essa porcentagem caiu para 58%, porque houve ingresso de
empresas estrangeiras em setores como aço, máquinas e material elétrico.
Apesar da importância dos setores industrial e agrícola na economia brasileira, as atividades terciárias
(como o comércio e os serviços) apresentavam índices de crescimento econômico superiores. Isso
porque é no comércio e nos serviços que circula toda a produção agrária e industrial.
A agricultura cafeeira, principal atividade econômica nacional até então, exigia a construção de uma
eficiente rede de transportes. Assim, as ferrovias foram se desenvolvendo no país para escoar a produção
do interior para os portos. Também se estabeleceram s]um sistema bancário integrado à economia
mundial e um comércio para atender às crescentes necessidades nas cidades.
Nessa época, as indústrias utilizavam muitos trabalhadores nas linhas de produção e impulsionaram
importantes transformações, como o desenvolvimento de transportes coletivos.
Embora tenha passado por importantes períodos de crescimento, como o da Primeira Guerra, a
industrialização brasileira sofreu seu maior impulso apenas a partir de 1929, com a crise econômica
mundial decorrente da quebra da Bolsa de Valores de Nova York. Na região Sudeste do Brasil,
principalmente, essa crise se refletiu na redução do volume de exportações de café e na perda da
importância dessa atividade no cenário econômico, contribuindo para a diversificação da produção
agrícola brasileira.
Outro acontecimento que contribuiu para o desenvolvimento industrial brasileiro foi a Revolução de
1930, que tirou a oligarquia4 agroexportadora paulista do poder e criou novas possibilidades político-
administrativas em favor da industrialização, ema vez que o grupo que tomou o poder com Getúlio Vargas
era nacionalista e favorável a tornar o Brasil um país industrial. Apesar disso, a agricultura continuou
responsável pela maior parte das exportações brasileiras até a década de 1970.
A partir da crise de 1929, as atividades industriais passaram a apresentar índices de crescimento
superiores aos das atividades agrícolas. O colapso econômico mundial diminuiu a entrada de mercadorias
estrangeiras que poderiam competir com as nacionais incentivando o desenvolvimento industrial nacional.
É importante destacar que o cultivo do café permitiu o acúmulo de capitais que serviram para dinamizar
e impulsionar a atividade industrial. Os barões do café, que residiam nos centros urbanos, sobretudo na
cidade de São Paulo, aplicavam enorme quantidade de capital no sistema financeiro, para cuidar da
comercialização da produção nos bancos e investir na Bolsa de Valores. Parte desse capital aplicado
ficou disponível para montar indústrias e investir em infraestrutura. Todas as ferrovias, construídas, com
a finalidade principal de escoar a produção cafeeira para o porto de Santos, interligavam-se na capital
4 Oligarquia é um regime político sob o controle de um pequeno grupo de pessoas pertencentes a um partido, classe ou família. O poder é exercido somente
por pessoas desse pequeno grupo.
Getúlio Vargas governou o país pela primeira vez de 1930 a 1945. Tomou posse com a Revolução de
1930, caracterizada pelo aspecto modernizador. Até então, o mundo capitalista acreditava no liberalismo
econômico, ou seja, que as forças do mercado deveriam agir livremente para promover maior
desenvolvimento e crescimento econômico. Com a crise, iniciou-se um período em que o Estado passou
a intervir diretamente na economia para evitar novos sobressaltos do mercado.
De 1930 a 1956, a industrialização no país caracterizou-se por uma estratégia governamental de
criação de indústrias estatais nos setores de bens intermediários e de infraestrutura de transportes e
energia. A Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) foi uma das importantes indústrias que se destacaram
no período, na extração de minerais. Outras de grande destaque foram a Petrobras, para extração de
petróleo e petroquímica; a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN); a Fábrica Nacional de Motores (FNM),
que, além de caminhões e automóveis, fabricava máquinas e motores; e também a Companha
Hidrelétrica do São Francisco (Chesf), para produção de energia hidrelétrica.
Foi necessário um investimento inicial muito elevado para o desenvolvimento desses setores
industriais e para a infraestrutura estratégica. Entretanto, por dar retorno a logo prazo, esse investimento
não interessava ao capital privado, seja nacional, seja estrangeiro. Por isso, o próprio governo o assumiu.
A ação do Estado foi decisiva para impulsionar e diversificar os investimentos no parque industrial do
país, combatendo os principais obstáculos ao crescimento econômico e fornecendo, a preços mais
baixos, os bens intermediários e os serviços de que os industriais privados necessitavam. Era uma política
de caráter nacionalista.
Embora a expressão substituição de importações possa ser utilizada desde que a primeira fábrica
foi instalada no país, foi o governo de Getúlio Vargas que iniciou a adoção de medidas cambiais e fiscais
que caracterizaram uma política industrial voltada à produção interna de mercadorias.
As duas principais medidas adotadas foram a desvalorização da moeda nacional (réis até 1942 e, em
seguida, cruzeiro) em relação ao dólar, o que tornava o produto importado mais caro (desestimulando as
importações), e a introdução de leis e tributos que restringiam, e às vezes proibiam, a importação de bens
de consumo e de produção que pudessem ser fabricados internamente.
Em 1934, Getúlio Vargas promulgou uma nova Constituição, que incluiu a regulamentação das
relações de trabalho, como a criação do salário mínimo, as férias anuais e o descanso semanal
remunerado, o que garantiu o apoio da classe trabalhadora. Com base no apoio popular, Vargas aprovou
uma nova Constituição em 1937, que o manteve no poder como ditador até ser deposto, ao fim da
Segunda Guerra, em 1945, período que ficou conhecido como Estado Novo.
A intervenção do Estado possibilitou um forte crescimento da produção industrial, com exceção do
período da Segunda Guerra. Durante os seis anos desse conflito, em razão da carência de indústrias de
base e das dificuldades de importação, o crescimento industrial brasileiro foi de 5,4%, uma média inferior
a 1% ao ano. Veja a tabela abaixo.
O final da Segunda Guerra levou muitos países ao enfrentamento dos problemas que aconteceram
durante os anos do conflito e que prejudicaram o desenvolvimento de muitas atividades econômicas.
No caso brasileiro, entre o final da Segunda Guerra e o início da ditadura militar (1946-1964), houve
alternância de diretrizes na política econômica e de estratégias de desenvolvimento ao longo dos
governos que se sucederam nesse período: Dutra, retorno de Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek, Jânio
Quadros e João Goulart.
Políticas Econômicas
O Período Militar
Em 1º de abril de 1964, após um golpe de Estado que tirou João Goulart do poder, teve início no país
o regime militar, com uma estrutura de governo ditatorial. O Brasil apresentava o 43º PIB do mundo
capitalista e uma dívida externa de 3,7 bilhões de dólares. Em 1985, ao término do regime, o Brasil
apresentava o 9º PIB do mundo capitalista e sua dívida externa era de aproximadamente 95 bilhões de
dólares, ou seja, o país cresceu muito, mas à custa de um pesado endividamento.
O parque industrial se desenvolveu de uma forma bastante significativa, e a infraestrutura nos setores
de energia, transportes e telecomunicações se modernizou. No entanto, embora os indicadores
econômicos tenham evoluído positivamente, a desigualdade social aprofundou-se muito nesse período,
concentrando a renda nos estratos mais ricos da sociedade. Segundo o IBGE e o Banco Mundial, em
1960 os 20% mais ricos da sociedade brasileira dispunham de 54% da renda nacional; em 1970 passaram
a contar com 62% e em 1989, com 67,5%.
Entre 1968 e 1973, período conhecido como “milagre econômico”, a economia brasileira desenvolveu-
se em ritmo acelerado.
Houve um crescimento acelerado anual do PIB brasileiro entre 1967 e 1975. Esse ritmo de crescimento
foi sustentado por investimentos governamentais em infraestrutura, como energia, transporte e
telecomunicações. No entanto, várias obras tinham necessidade, rentabilidade ou eficiência
questionáveis, como as rodovias Transamazônica e Perimetral Norte e o acordo nuclear entre Brasil e
Alemanha. Além disso, muitos investimentos foram feitos graças à captação de recursos no exterior, com
taxa de juros flutuantes, o que levou a dívida externa.
Quanto à construção da rodovia Transamazônica, a mesma foi construída numa época em que não
existia preocupação com a sustentabilidade ambiental e sem planejamento eficiente para a promoção do
crescimento econômico com justiça social, um dos eixos do desenvolvimento sustentável.
O capital estrangeiro entrou em setores como o de telecomunicações, a extração de minerais metálicos
(projetos Carajás, Trombetas e Jari), a expansão das áreas agrícolas (monoculturas de exportação), as
indústrias química e farmacêutica e a fabricação de bens de capital (máquinas e equipamentos) utilizados
pelas indústrias de bens de consumo.
Como o aumento dos preços dos produtos (inflação) não era integralmente repassado aos salários, a
taxa de lucro dos empresários foi ampliada com a diminuição do poder aquisitivo dos trabalhadores.
Aumentava-se, assim, a taxa de reinvestimento dos lucros em setores que gerariam empregos,
Questão
Gabarito
01.C
Comentário
01. Resposta: C
O primeiro texto destaca a importância da integração regional entre os países e a globalização como
processos complementares e vantajosos, que criam condições para um crescimento econômico mais
intenso e valorização da democracia. Já o segundo texto destaca a importância da política de substituição
de importações para dinamizar o processo de industrialização brasileira, no contexto da crise econômica
que se iniciou em 1929.
Os Transportes no Brasil
O desenvolvimento econômico dos países relaciona-se ao seu sistema de transportes. Quanto mais
desenvolvido, diversificado e eficiente o sistema de transportes, maiores são as possibilidades de
circulação rápida de pessoas e mercadorias, o que implica maiores ganhos para produtores e
consumidores. Por outro lado, um sistema de transportes pouco eficiente acaba por dificultar a circulação
de pessoas e mercadorias em países mais pobres, que, por sua vez, incide e aumenta suas dificuldades
econômicas.
5
MARTINI, Alice de. Geografia. Alice de Martini; Rogata Soares Del Gaudio. 3ª edição. São Paulo: IBEP, 2013.
http://atlasescolar.ibge.gov.br/images/atlas/mapas_brasil/brasil_redes_de_transporte.pdf.
http://atlasescolar.ibge.gov.br/images/atlas/mapas_brasil/brasil_redes_de_transporte.pdf.
Transporte Ferroviário
O transporte ferroviário no Brasil começou a se expandir durante o Segundo Império, no final do século
XIX, associado à expansão do café. Esse tipo de transporte é, em geral, 50% mais barato que o transporte
rodoviário.
Uma característica importante da malha ferroviária brasileira é sua pequena conectividade, ou seja,
em geral, as ferrovias brasileiras foram construídas interligando as áreas produtoras aos portos, para
facilitar a exportação das mercadorias.
O maior adensamento dessa rede dessa rede de transporte também coincide com a principal região
brasileira produtora de café no início do século XX: o estado de São Paulo.
Mesmo ferrovias construídas recentemente mantêm essa característica de não se integrarem umas às
outras, lingando apenas as áreas produtoras aos portos.
A partir de 1996, as ferrovias brasileiras, sob o controle da Rede Ferroviária Federal (RFFSA), foram
privatizadas.
Transporte Rodoviário
O transporte hidroviário é o que apresenta menores custos, desde que existam condições favoráveis
à sua implantação, como rios potencialmente navegáveis, relevo mais ou menos plano e condições de
navegabilidade nos rios. Caso essas condições não existam, é possível estabelecer a navegação a partir
da construção de eclusas, como em Jupiá (SP) e Bom Retiro (RS).
O Brasil possui cerca de 42.000 Km de rios navegáveis, localizados, sobretudo, na Região Norte.
São vantagens do transporte hidroviário: transportar grandes volumes a grandes distâncias; preservar
o meio ambiente; implantação e frete mais baratos que os de outros meios de transportes.
Hidrovia do Madeira
Localizada no Corredor Oeste-Norte, é navegável numa extensão de aproximadamente 1.056 Km,
entre Porto Velho e sua foz, no Rio Amazonas, permitindo, mesmo na época de estiagem, a navegação
de grandes comboios, com até 28.000 toneladas. Atualmente transporta cerca de 2 milhões de toneladas
ao ano.
Hidrovia Tietê-Paraná
Localizada nos Corredores Transmetropolitano do Mercosul e do Sudoeste, a hidrovia Tietê-Paraná
permite a navegação numa extensão de1.100 Km entre Conchas, no rio Tietê (SP), e São Simão (GO),
no rio Paranaíba, até Itaipu, atingindo 2.400 Km de via navegável. Ela já movimenta mais de um milhão
de toneladas de grãos/ano, a uma distância média de 700 Km. Se computarmos as cargas de pequena
distância como areia, cascalho e cana-de-açúcar, a movimentação no rio Tietê aproxima-se de dois
milhões de toneladas.
Hidrovia do Paraguai
Localizada no Corredor do Sudoeste, essa hidrovia compõe um sistema de transporte fluvial de
utilização tradicional, em condições naturais, que conecta o interior da América do Sul com os portos de
águas profundas no curso inferior do Rio Paraná e no Rio da Prata. Com 3.442 Km de extensão, desde
Cáceres até o seu final, no estuário do rio da Prata, proporciona acesso e serve como artéria de transporte
para grandes áreas no interior do continente. As principais cargas transportadas no trecho brasileiro são:
minério de ferro, minério de manganês e soja. Os fluxos de carga na hidrovia vêm crescendo nos últimos
anos, respondendo à expectativa de interação comercial na região. No território brasileiro, a hidrovia
percorre 1.278 Km e tem como principais portos: Cáceres, Corumbá e Ladário, além de três terminais
privados com expressiva movimentação de carga. Entre 1998 e 2000, foram movimentadas mais de seis
milhões de toneladas de cargas no trecho brasileiro.
Fazem parte das Hidrovias do Sul as Lagoas dos Patos e Mirim, o canal de São Gonçalo, que liga o
Rio Jacuí a seu afluente, o Taquari e uma série de rios menores, como Caí, Sinos e Gravataí, que
constituem o estuário do Guaíba. O Rio Jacuí foi canalizado com a construção das barragens eclusadas,
compreendo uma extensão de300 Km, para calados de 2,5 m. No rio Taquari foi implantada a barragem
eclusada de Bom Retiro do Sul, que vence um desnível máximo de 12,50 m, dando acesso ao Porto
Fluvial de estrela, para embarcações de 2,5 m de calado.
As hidrovias, apesar de apresentarem um impacto ambiental menor que outros meios de transporte,
também afetam o meio ambiente.
Os principais impactos ambientais das hidrovias são de três ordens: impactos gerados a partir da
implantação das obras, impactos resultantes das operações e impactos nas áreas de influência
indireta (sobretudo nas áreas de mananciais).
2. Risco de acidentes com cargas perigosas: exigência de casco duplo para embarcações, para
aprimorar as possibilidades de derramamento e aplicação de planos de emergência;
Sobre a hidrovia do Paraguai, há uma grande polêmica, uma vez que a realização de obras como o
aprofundamento do leito dos rios poderia afetar o Rio Paraguai e seus afluentes, alterando as condições
ecológicas do Pantanal Mato-grossense, considerado patrimônio ecológico da humanidade.
Apesar de os rios dessa bacia serem de planície e naturalmente navegáveis, há ao longo de seus
leitos bancos de areia e rochas, que tornam a navegação perigosa e atrasam a movimentação das cargas.
O projeto de aprofundamento do leito dos rios previa a dragagem dos bancos de areia e a detonação das
rochas, desimpedindo o fluxo das águas e aumento sua velocidade de escoamento.
Porém, muitos grupos ambientalistas posicionaram-se contrariamente ao projeto, pois isso significaria
a drenagem do Pantanal e o comprometimento do seu ecossistema.
Corredores de Exportação
No início do século XXI, o Brasil se estabeleceu como um dos maiores provedores de soja do mundo.
Em plena região amazônica, o arco do desmatamento funcionou como uma frente de expansão agrícola
em que milhares de quilômetros quadrados de florestas e cerrados deram lugar ás pastagens e à cultura
da soja. Desse modo, o Brasil entrou no segundo milênio incorporando vastas extensões de terras ao
imenso espaço econômico internacional, mantendo um modelo econômico agrário-exportador que, acima
de tudo, sustentou os pagamentos da dívida externa aos credores internacionais.
O intenso desmatamento da Amazônia foi concentrado em dois estados: Mato Grosso e Rondônia. No
primeiro, a área plantada de soja cresceu em 400% nos últimos dez anos.
O crescimento dessas novas regiões produtoras está apenas no seu início, pois, justamente nos
últimos anos, a iniciativa provada, juntamente com o Estado brasileiro, tem criado condições para o
escoamento dessas imensas safras agrícolas. O estabelecimento do corredor de exportação Madeira-
Amazonas, baseado no transporte dos grãos pelos citados rios amazônicos, proporcionou aos
agricultores do Norte e do Centro-Oeste do Brasil uma diminuição do custo do frete que se aproxima dos
50%. E, com o custo de transporte reduzido quase pela metade, a soja das novas regiões produtoras do
Brasil se tornou altamente competitiva (mais barata) no mercado internacional.
Uma das razões do baixo custo e eficiência do corredor Madeira-Amazonas é justamente o
aproveitamento do transporte fluvial, o mais competitivo que se conhece atualmente. Nesse contexto, os
produtos agrícolas de grande parte do Mato Grosso, estado do Tocantins e Rondônia, são transportados
por via terrestre até Porto Velho (RO), seguindo daí por embarcações até o porto flutuante de Itacoatiara
(AM) e, daí, para o mercado internacional.
A existência de portos bem equiparados e especializados é uma das características fundamentais da
implementação dos chamados corredores de exportação. Abaixo, veremos a relação dos principais
corredores de exportação do Brasil, juntamente com os principais produtos vendidos.
Transporte Aéreo6
Implantado no Brasil em 1927, o transporte aéreo é realizado por companhias particulares sob o
controle do Ministério da Aeronáutica no que diz respeito ao equipamento utilizado, abertura de novas
linhas, etc.
A rede brasileira, que cresceu muito até a década de 1980, sofreu as consequências da crise mundial
que afetou o setor nos primeiros anos da década de 1990.
Há dez anos, o Brasil vive uma verdadeira revolução no setor da aviação. Antes privilégio de poucos,
voar hoje é uma realidade para a grande maioria da população. Prova disso é que entre 2004 e 2014, o
desenvolvimento expressivo do transporte aéreo no país levou à redução de 48% do custo da passagem
aérea doméstica. A média anual de crescimento do setor foi três vezes o crescimento médio do PIB –
Produto Interno Bruto – para o mesmo período (3,4%). Paralelamente, o número de passageiros cresceu
170%, alcançando 117 milhões em 2014.
E a qualidade do serviço também melhorou. O índice de atrasos nos aeroportos brasileiros, por
exemplo, caiu 62% de 2007 a 2014, passando de 29,84% para 11,3%. Nesse mesmo período, a demanda
de passageiros cresceu 88%.
Nessa democratização do transporte aéreo, três fatores passaram a influenciar na escolha da forma
de viajar dos brasileiros: custo, tempo e conforto.
A infraestrutura aeroportuária também está passando por melhorias significativas. Entre 2011 e 2015,
foram investidos R$ 15,6 bilhões no setor.
6
http://www.aviacao.gov.br/obrasilquevoa/cenario-da-aviacao-brasileira.php.
01. (TRT/8R – Analista – CESPE) A respeito da infraestrutura rodoviária brasileira e suas implicações
para o setor rodoviário nacional, assinale a opção correta.
(A) A flexibilização das rotas e a possibilidade de movimentação de pequenos volumes são algumas
das vantagens apresentadas pelo transporte de cargas rodoviário, se comparado aos demais tipos de
transporte de carga.
(B) A utilização do transporte rodoviário como meio de transporte complementar é inviabilizada devido
ao elevado custo de transposição de carga que o transporte rodoviário apresenta.
(C) O estado de conservação do pavimento das rodovias gera pouco impacto no custo total do
transporte de cargas rodoviário.
(D) O Brasil possui uma das malhas rodoviárias mais extensas do mundo, sendo grande parte dela
pavimentada.
(E) Em comparação com as rodovias de pavimento flexível, as rodovias de pavimento rígido acarretam
maior custo de manutenção, menor segurança e maior consumo de combustível pelos veículos.
02. (IPEA – Técnico – CESPE) Com relação à matriz brasileira de transportes e aos sistemas de
transporte, julgue os próximos itens.
Na competição entre os sistemas rodoviário e ferroviário de transportes, a ferrovia no Brasil perde
espaço no transporte a longas distâncias, mesmo apresentando condições econômicas mais
competitivas.
(....) Certo (....) Errado
Gabarito
01.A / 02.Certo
Comentários
01. Resposta: A
As principais vantagens do modal de transporte rodoviário:
Acessibilidade, pois conseguem chegar em quase todos os lugares do território brasileiro;
Facilidade para contratar ou organizar o transporte;
Flexibilidade em organizar a rota;
Pouca burocracia quanto à documentação necessária para o transporte;
Maior investimento do governo na infraestrutura das rodovias se comparada aos outros modais.
7 SENE, Eustáquio de. Geografia geral e do Brasil. Volume único. Eustáquio de Sene, João Carlos Moreira. 6ª edição. São Paulo: Ática, 2018.
Observe que o Centro-Oeste apresenta o segundo maior índice de urbanização entre as regiões
brasileiras. Isso se explica por dois fatores: toda a população do Distrito Federal (cerca de 3 milhões de
habitantes em 2017) mora dentro do perímetro urbano de Brasília, que é o único aglomerado urbano
dessa unidade da Federação; e houve a abertura de rodovias e a expansão das fronteiras agrícolas com
pecuária e a agricultura mecanizada (que usam pouca mão de obra), o que promoveu o crescimento
urbano nas cidades já existentes e o surgimento de outras.
Atualmente, a distinção entre população urbana e rural torou-se mais complexa, pois é considerável o
número de pessoas que trabalham em atividades rurais e residem nas cidades, assim como moradores
da área rural que trabalham no meio urbano.
São inúmeras as cidades que surgiram e cresceram em regiões do país que têm a agroindústria como
propulsora das atividades econômicas secundárias e terciárias. Ao mesmo tempo, vem aumentando e se
diversificando o número de atividades econômicas secundárias e terciárias instaladas na zona rural, que,
assim, se torna cada vez mais integrada à cidade.
Nas primeiras décadas da colonização foram fundadas várias vilas no Brasil. Em 1549, foi fundada
Salvador, a capital do Brasil até 1763, quando a sede foi transferida para o Rio de Janeiro. As demais
vilas da Colônia, assim que atingiam certo nível de desenvolvimento, recebiam título de cidade. A partir
da República, as vilas passaram a ser chamadas de cidades, e seu território (perímetro urbano e zona
rural) passou a ser designado município.
Ao longo da história da ocupação do território brasileiro, houve grande concentração de cidades na
faixa litorânea, em razão do processo de colonização do tipo agrário-exportador.
Durante o auge da atividade mineradora, ocorreu um intenso processo de urbanização e uma
efervescência cultural em Minas Gerais, além da ocupação de Goiás e Mato Grosso. Mas, com a
decadência da mineração, essas regiões, mais distantes do litoral, perderam população. A forte migração
para a então província de São Paulo, onde se iniciava a cafeicultura, possibilitou o desenvolvimento de
várias cidades, como Taubaté, Bragança Paulista e Campinas.
Além da cidade, os municípios podem conter outros núcleos urbanos, chamados distritos, que são
subdivisões administrativas. Em alguns casos, esses distritos crescem e se tornam maiores que a cidade,
incentivando movimentos de emancipação. Entretanto, muitos desses novos municípios não têm
arrecadação suficiente para manter as despesas inerentes, como Prefeitura, Câmara Municipal e serviços
públicos.
Considerando a viabilidade financeira dos novos municípios, ou seja, a relação entre receitas e
despesas, conclui-se que nem sempre há condições para sua autonomia econômica. Assim, muitos
municípios acabam deficitários, dependentes do auxílio estadual e federal.
Porém, para a população local, a criação de um novo município costuma parecer uma grande
conquista, pois, em geral, sente-se marginalizada e reivindica mais atenção e investimentos. A partir de
2001, essas emancipações diminuíram muito porque a Lei de Responsabilidade Fiscal estabeleceu certa
autonomia econômica aos distritos e regulamentou as condições de repasse de verbas entre as esferas
de governo.
O Brasil tinha em 1960, 2766 municípios; em 1980, 3991; em 2000, 5507; em 2010, 5565 e em 2017,
5570.
O processo de urbanização e estruturação da rede urbana brasileira pode ser dividido em quatro
etapas.
A Integração Econômica
A mudança na direção dos fluxos migratórios e na estrutura da rede urbana é resultado de uma
contínua e crescente reestruturação e integração dos espaços urbano e rural. Isso resulta da dispersão
espacial das atividades econômicas, intensificada a partir dos anos 1980, e da formação de novos centros
regionais, que alteraram o padrão hegemônico das metrópoles na rede urbana do país. As metrópoles
não perderam a sua primazia, mas os centros urbanos regionais não metropolitanos assumiram algumas
funções até então desempenhadas apenas por elas.
Com novas funções, muitos desses centros urbanos geraram vários dos problemas da maioria das
grandes cidades que cresceram sem planejamento.
Trânsito
A necessidade de percorrer grandes distâncias diariamente no percurso casa-trabalho-casa, em
função da distribuição desigual de empregos pela cidade, e a falta de um transporte público eficiente
geram um número elevado de automóveis particulares nas vias públicas. Além disso, a verticalização 8
característica dos grandes centros urbanos, alternativa encontrada para o adensamento9, quando feita
sem planejamento, influencia diretamente o aumento do transito de automóveis.
O aumento da concentração de poluentes na atmosfera nos centros urbanos é causado pelo
lançamento de partículas geradas, sobretudo, pela queima dos combustíveis dos veículos. Doenças
8 Verticalização é um processo urbanístico que ocorre em metrópoles e consiste na construção de grandes e inúmeros edifícios, o que acaba, inevitavelmente,
dificultando a circulação de ar, devido à diminuição do espaço físico plano para construção. Ademais, é decorrente a formação de ilhas de calor nesses locais.
9 Fenômeno associado ao crescimento populacional das cidades, que resulta no uso intensivo do espaço urbano. Aglomeração de pessoas em um espaço
pequeno.
Violência
A violência em geral é maior nos grandes centros urbanos, onde a desigualdade social é mais
acentuada.
Na tentativa de diminuir a sensação de insegurança, proliferam os condomínios residenciais fechados
e o setor privado de segurança. Fora dos condomínios residenciais, a busca por segurança incentiva a
procura por prédios para moradia, o que contribui para a verticalização dos grandes centros urbanos.
O crescimento do número de shopping centers nos grandes centros materializa o desejo de espaços
mais seguros para o lazer e as compras.
As regiões metropolitanas brasileiras foram criadas por lei aprovada no Congresso Nacional em 1973,
que as definiu como “um conjunto de municípios contíguos e integrados socioeconomicamente a uma
cidade central, com serviços públicos e infraestrutura comum”, que deveriam ser reconhecidas pelo IBGE.
A Constituição de 1988 permitiu a estadualização do reconhecimento legal das metrópoles, conforme
o artigo 25, §3º: “Os Estados poderão, mediante lei complementar, instituir regiões metropolitanas,
aglomerações urbanas e microrregiões, constituídas por agrupamentos de municípios limítrofes, para
integrar a organização, o planejamento e a execução de funções públicas de interesse comum”.
Na tabela acima estão listadas regiões metropolitanas reconhecidas por lei estadual que trata-se do
reconhecimento legal como conjunto de cidades conturbadas com infraestrutura comum.
À medida que as cidades vão se expandindo horizontalmente, ocorre a conturbação, ou seja, elas se
tornam contínuas e integradas. Embora com administrações diferentes, espacialmente é como se fossem
uma única cidade. Portanto, os problemas de infraestrutura urbana passam a ser comuns ao conjunto de
municípios que formam a região metropolitana.
Das 74 regiões metropolitanas existentes em 2017, duas, São Paulo e Ri ode Janeiro, são
consideradas metrópoles nacionais, pelo fato de polarizarem o país inteiro. Ambas também são
Dentro da rede urbana, as cidades são os nós dos sistemas de produção e distribuição de mercadorias
e da prestação de serviços diversos, que se organizam segundo níveis hierárquicos distribuídos de forma
desigual pelo território.
Por exemplo, o Centro-Sul do país possui uma rede urbana com grande número de metrópoles,
capitais regionais e centros sub-regionais bastante articulados entre si. Já na Amazônia, as cidades são
esparsas e bem menos articuladas, o que leva centros menores a exercerem o mesmo nível de
importância na hierarquia urbana regional que outros maiores localizados no Centro-Sul.
Outro fator importante que devemos considerar ao analisar os fluxos no interior de uma rede urbana é
a condição de acesso proporcionada pelos diferentes níveis de renda da população. Um morador rico de
uma cidade pequena consegue estabelecer muito mais conexões econômicas e socioculturais que um
morador pobre de uma grande metrópole. A mobilidade das pessoas entre as cidades da rede urbana
depende de seu nível de renda.
Segundo o IBGE, as regiões de influência das cidades brasileiras são delimitadas principalmente pelo
fluxo de consumidores que utilizam o comércio e os serviços públicos e privados no interior da rede
urbana. Ao realizar o levantamento para a elaboração do mapa da rede urbana, investigou-se a
organização dos meios de transporte entre os municípios e os principais destinos das pessoas que
buscam produtos e serviços.
O IBGE classificou as cidades em cinco níveis:
Metrópoles – os doze principais centros urbanos do país, divididos em três subníveis, segundo o
tamanho e o poder de polarização:
a) Grande metrópole nacional – São Paulo, a maior metrópole do país (21,2 milhões de habitantes,
em 2016), com poder de polarização em escala nacional;
b) Metrópole nacional – Rio de Janeiro e Brasília (12,3 milhões e 4,3 milhões de habitantes,
respectivamente, em 2016), que também estendem seu poder de polarização em escala nacional, mas
com um nível de influência menor que o de São Paulo;
c) Metrópole – Belo Horizonte, Porto Alegre, Fortaleza, Salvador, Recife, Curitiba, Campinas e
Manaus, com população variando de 2,6 (Manaus) a 5,9 milhões de habitantes (Belo Horizonte), são
regiões metropolitanas que têm poder de polarização em escala regional.
Capital regional – Neste nível de polarização existem setenta municípios com influência regional. É
subdividido em três níveis:
a) Capital regional A – engloba 11 cidades, com média de 955 mil habitantes;
b) Capital regional B – 20 cidades, com média de 435 mil habitantes;
c) Capital regional C – 39 cidades, com média de 250 mil habitantes.
Centro sub-regional – Engloba 169 municípios com serviços menos complexos e área de polarização
mais reduzida. É subdividido em:
a) Centro sub-regional A – 85 cidades, com média de 95 mil habitantes;
b) Centro sub-regional B – 79 cidades, com média de 71 mil habitantes.
Centro de zona – São 556 cidades de menor porte que dispõem apenas de serviços elementares e
estendem seu poder de polarização somente às cidades vizinhas. Subdivide-se em:
a) Centro de zona A – 192 cidades, com média de 45 mil habitantes;
b) Centro de zona B – 364 cidades, com média de 23 mil habitantes.
Centro local – as demais 4.473 cidades brasileiras, com média de 8.133 habitantes e cujos serviços
atendem somente à população local, não polarizam nenhum município, sendo apenas polarizadas por
outros.
Em 10 de julho de 2001, foi sancionado o Estatuto da Cidade, documento que regulamentou itens de
política urbana que constam da Constituição de 1988. O estatuto fornece as principais diretrizes a serem
aplicadas nos municípios, por exemplo: regularização da posse dos terrenos e imóveis, sobretudo em
áreas de risco que tiverem ocupação irregular; organização das relações entre a cidade e o campo;
garantia de preservação e recuperação ambiental, entre outras.
Segundo o Estatuto da Cidade, é obrigatório que determinados municípios elaborem um Plano
Diretor, que é um conjunto de leis que estabelecem as diretrizes para o desenvolvimento socioeconômico
e a preservação ambiental, regulamentando o uso e a ocupação do território municipal, especialmente o
solo urbano. O Plano Diretor é obrigatório para municípios que apresentam uma ou mais das seguintes
características:
Abriga mais de 20 mil habitantes;
Integra regiões metropolitanas e aglomerações urbanas;
Integra áreas de especial interesse turístico;
Insere-se na área de influência de empreendimentos ou atividades com significativo impacto ambiental
de âmbito regional ou nacional;
É um local onde o poder público municipal quer exigir o aproveitamento adequado do solo urbano sob
pena de parcelamento, desapropriação ou progressividade do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU).
Os planos são elaborados pelo governo municipal – por uma equipe de profissionais qualificados, como
geógrafos, arquitetos, urbanistas, engenheiros, advogados e outros. Geralmente se iniciam com um perfil
geográfico e socioeconômico do município. Em seguida, apresenta-se uma proposta de desenvolvimento,
com atenção especial para o meio ambiente.
A parte final, e mais extensa, detalha as diretrizes definidas para cada setor da administração púbica,
ou seja, habitação, transporte, educação, saúde, saneamento básico, etc., assim como as normas
técnicas para ocupação e uso do solo, conhecidas como Lei de Zoneamento.
Assim, o Plano Diretor pode alterar ou manter a forma dominante de organização espacial e, portanto,
interfere no dia a dia de todos os cidadãos. Por exemplo, uma alteração na Lei de Zoneamento pode
valorizar ou desvalorizar os imóveis e alterar a qualidade de vida em determinado bairro.
Outro exemplo prático de planejamento urbano constante no Plano Diretor é o controle dos polos
geradores de tráfego, uma vez que os congestionamentos são um sério problema para os moradores das
grandes e médias cidades. Para isso, tem colaborado bastante a difusão dos Sistemas de Informações
Geográficas (SIGs).
Os SIGs permitem coletar, armazenar e processar, com grande rapidez, uma infinidade de dados
georreferenciados fundamentais e mostrá-los por meio de plantas e mapas, gráficos e tabelas, o que
facilita muito a intervenção dos profissionais envolvidos com o planejamento urbano.
Antes de ser elaborado pela Prefeitura (Poder Executivo) e aprovado pela Câmara Municipal (Poder
Legislativo), o Plano Diretor deve contar com a “cooperação das associações representativas no
planejamento municipal”. A participação da comunidade na elaboração desse documento passou a ser
uma exigência constitucional que prevê, ainda, projetos de iniciativa popular (geralmente na forma de
abaixo-assinado), que podem ser apresentados desde que contem com participação de 5% do eleitorado,
conforme inciso XIII do artigo 29 da Constituição.
Além de um Plano Diretor bem-estruturado, é importante que o poder público e os cidadãos respeitem
as regras estabelecidas, colaborando, assim, para que os problemas das cidades sejam minimizados.
Entretanto, o planejamento das ações governamentais e a sua execução demandam um processo
composto de várias fases, e algumas (como preparar uma licitação ou aprovar o orçamento no Legislativo)
dificilmente podem ser organizadas pela população.
Como o encaminhamento dessas fases exige uma ação administrativa complexa, na prática a
participação popular no planejamento e na execução de intervenções urbanas só se concretiza quando a
pressão popular e a vontade dos governantes convergem nessa direção.
Lei do Perímetro Urbano – Estabelece os limites da área considerada perímetro urbano, em cujo
interior é arrecadado o IPTU.
Lei de Zoneamento (uso e ocupação do solo urbano) – Estabelece as zonas do município nas quais
a ocupação será estritamente residencial ou mista (residencial e comercial), as áreas em que ficará o
distrito industrial, quais serão as condições de funcionamento de bares e casas noturnas e muitas outras
especificações que podem manter ou alterar profundamente as características dos bairros.
Código de Edificações – Estabelece as áreas de recuo nos terrenos (quantos metros do terreno
deverão ficar desocupados na sua parte frontal, nos fundos e nas laterais), normas de segurança (contra
incêndio, largura das escadarias, etc.) e outras regulamentações criadas por tipo de construção e
finalidade de uso, como escola, estádio, residência, comércio, etc.
Leis Ambientais – Regulamentam a forma de coleta e destino final do lixo residencial, industrial e
hospitalar e a preservação das áreas verdes: controlam a emissão de poluentes atmosféricos, normatizam
ações voltadas para a preservação ambiental;
Plano do Sistema Viário e dos Transportes Coletivos – Regulamenta o trajeto das linhas de ônibus
e estabelece estratégias que facilitem ao máximo o fluxo de pessoas pela cidade por meio da abertura de
novas avenidas, corredores de ônibus, investimentos em trens urbanos e metrô, etc.
Questões
01. (Enem) Subindo morros, margeando córregos ou penduradas em palafitas, as favelas fazem parte
da paisagem de um terço dos municípios do país, abrigando mais de 10 milhões de pessoas, segundo
dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). MARTINS, A. R. A favela como um espaço da cidade. Disponível
em: http://www.revistaescola.abril.com.br. Acesso em: 31 jul. 2010.
A situação das favelas no país reporta a graves problemas de desordenamento territorial. Nesse
sentido, uma característica comum a esses espaços tem sido
(A) o planejamento para a implantação de infraestruturas urbanas necessárias para atender as
necessidades básicas dos moradores.
(B) a organização de associações de moradores interessadas na melhoria do espaço urbano e
financiadas pelo poder público.
(C) a presença de ações referentes à educação ambiental com consequente preservação dos espaços
naturais circundantes.
(D) a ocupação de áreas de risco suscetíveis a enchentes ou desmoronamentos com consequentes
perdas materiais e humanas.
(E) o isolamento socioeconômico dos moradores ocupantes desses espaços com a resultante
multiplicação de políticas que tentam reverter esse quadro.
02. (Enem) Em um debate sobre o futuro do setor de transporte de uma grande cidade brasileira com
trânsito intenso, foi apresentado um conjunto de propostas. Entre as propostas reproduzidas a seguir,
aquela que atende, ao mesmo tempo, à implicações sociais e ambientais presentes nesse setor é
(A) proibir o uso de combustíveis produzidos a partir de recursos naturais.
(B) promover a substituição de veículos a diesel por veículos a gasolina.
(C) incentivar a substituição do transporte individual por transportes coletivos.
(D) aumentar a importação de diesel para substituir os veículos a álcool.
(E) diminuir o uso de combustíveis voláteis devido ao perigo que representam.
Gabarito
01.D / 02.C
Comentários
01. Resposta: D
02. Resposta: C
A substituição do transporte individual por coletivo reduz a quantidade de veículos em circulação e,
portanto, reduz os congestionamentos.
AGROPECUÁRIA10
Agropecuária é a denominação dada para as atividades que usam o solo com fins econômicos e que
são voltadas à produção agrícola associada à criação de animais.
No Brasil, a distribuição de terras é considerada historicamente desigual. Uma das características mais
marcantes das áreas de produção agropecuária é a concentração da propriedade de terras, também
chamada de concentração fundiária. Isso significa que há grandes propriedades de terra, conhecidas
como latifúndios, concentradas nas mãos de poucos indivíduos.
As propriedades rurais brasileiras apresentam não só tamanhos diferentes, mas também distintas
formas de organização do trabalho. Como a agricultura familiar, aquela em que a mão de obra
predominante é composta por integrantes da família proprietária da terra. Geralmente trata-se de
pequenas propriedades onde é praticado o policultivo, ou seja, o cultivo de diferentes espécies.
Já nas grandes propriedades, onde se pratica o agronegócio11, a mão de obra é contratada, e a
produção, altamente mecanizada. Além disso, uma característica marcante é o monocultivo, ou seja, o
cultivo de uma única espécie.
Embora as propriedades sejam menores, em termos gerais, na agricultura familiar trabalham mais
pessoas do que na agricultura não familiar.
Existem estabelecimentos rurais de propriedade familiar que vendem sua produção para grandes
empresas agrícolas. No entanto, é a agricultura familiar que produz uma parcela significativa dos
alimentos consumidos no Brasil.
Pode-se dizer que a agricultura familiar garante o abastecimento de produtos básicos. Estes, porém,
não geram muita renda aos produtores, motivo pelo qual não são cultivados pelos empresários do
agronegócio.
Os grandes latifúndios são destinados à produção em larga escala de mercadorias destinadas
principalmente ao mercado externo, como soja, algodão, milho e cana-de-açúcar.
10
FURQUIM Junior, Laercio. Geografia cidadã. 1ª edição. São Paulo: Editora AJS, 2015.
11
Agronegócio é a denominação das atividades comerciais e industriais que envolvem a produção de alimentos em larga escala, desde o cultivo na propriedade
rural até a chegada aos consumidores.
A má distribuição de terras foi responsável por uma série de problemas nas zonas rurais brasileiras. A
difusão do processo de grilagem resultou na expulsão forçada de diversos posseiros de suas terras.
Naturalmente, os posseiros não costumavam aceitar passivamente a expulsão das terras que
ocupavam há anos, ou mesmo há gerações. Os conflitos envolvendo a disputa por terras costumavam
ser resolvidos por meio da intimidação e, principalmente, da violência física.
Outro aspecto relacionado à concentração fundiária no Brasil diz respeito à pobreza no campo. Esse
fenômeno é consequência da existência de uma massa de trabalhadores rurais conhecidos como sem-
terra, que, para sobreviver, dependem de trabalhos com salários significativamente baixos.
Além desse fator, as condições de vida do trabalhador rural são agravadas pelo desenvolvimento
tecnológico no campo. O uso cada vez maior de máquinas reduz a necessidade de contratação de muitos
trabalhadores, o que aumenta o desemprego no campo.
Reforma agrária consiste em uma proposta de mudança na política de distribuição de terras, feita
com o objetivo de diminuir ou acabar com a concentração fundiária – e assim reduzir os impactos sociais
negativos acarretados por ela.
A questão da reforma agrária é abordada na atual Constituição brasileira, de 1988. Nela, afirma-se que
as propriedades rurais que não cumprem sua função social, por serem improdutivas, devem ser
desapropriadas pelo Estado e distribuídas para trabalhadores sem-terra.
Com isso espera-se que haja diminuição da desigualdade social no campo e o aumento da
produtividade agrícola no país.
De fato, a concentração de terras pode acarretar em uma menor produtividade, já que, devido às suas
condições econômicas e ao tamanho de suas terras, os pequenos agricultores veem-se obrigados a
produzir o máximo em suas propriedades de modo a garantir a maior renda possível. Em contrapartida,
muitos dos grandes produtores se dão ao luxo de não produzir em toda a área de suas propriedades.
Devido ao caráter mercadológico que a propriedade fundiária adquiriu após a Lei de Terras,
desenvolveu-se no país uma prática de especulação, por meio da qual grandes proprietários mantêm
vastas áreas improdutivas, com o intuito de revende-las quando estiverem valorizadas.
Ao garantir maior produtividade agrícola, a reforma agrária também implicaria no aumento da oferta de
alimentos no país e, com isso, poderia provocar uma diminuição do preço desses produtos. Enquanto a
produção dos latifúndios é voltada para o mercado externo, são os pequenos produtores os responsáveis
pela maior parte do abastecimento de alimentos no mercado interno nacional.
12
Êxodo rural é o termo pelo qual se designa a migração do campo por seus habitantes, que, em busca de melhores condições de vida, se transferem de
regiões consideradas de menos condições de sustentabilidade a outras, podendo ocorrer de áreas rurais para centros urbanos.
Muitas vezes, cidade e campo são concebidos como lugares opostos. Assim, a cidade seria o espaço
do desenvolvimento, das tecnologias e da modernização, onde se encontram as infraestruturas mais
modernas e as condições de vida são melhores. Em contrapartida, o campo muitas vezes é idealizado
como um lugar pouco desenvolvido, onde as infraestruturas e as tecnologias são menos avançadas e as
condições de vida são piores.
Porém, no campo, coexistem a riqueza e a pobreza, bem como a modernização associada ao
desenvolvimento tecnológico. O mesmo ocorre nas cidades, onde é possível notar uma grande
desigualdade social que se reflete nas condições de vida da população e nos tipos de serviços acessíveis
a ela.
Historicamente, zonas urbanas e zonas rurais sempre se relacionaram de alguma forma. Por serem
locais de prática do comércio, é nas cidades que se comercializa a produção agrícola do campo. Por outro
lado, elas dependem das regiões rurais para abastece-las com alimentos e outros tipos de produtos
agrícolas indispensáveis à vida e ao dia a dia das pessoas. Das zonas rurais são obtidas as matérias-
primas utilizadas na fabricação de produtos que são consumidos principalmente pela população urbana.
Se, por um lado, a estrutura da produção agropecuária moderna envolve o uso de máquinas e técnicas
com avançadas tecnologias, por outro implica em sérias questões ambientais. O modelo atual explora os
recursos naturais de tal forma que muitas vezes leva-os ao esgotamento.
O desmatamento é uma prática muito comum para a realização da agropecuária. A retirada da
cobertura vegetal resulta em inúmeras consequências: redução da biodiversidade, erosão e redução dos
nutrientes do solo, assoreamento dos corpos hídricos, entre outros.
No caso da pecuária, além da retirada da cobertura vegetal e de sua substituição por pastagens, o
pisoteio do rebanho de animais provoca a compactação dos solos, o que dificulta a infiltração de água no
terreno.
Além do desmatamento, em algumas áreas também é comum a utilização de queimadas, o que pode
trazer inúmeros danos, como a perda de fertilidade do solo.
Outro agravante muito discutido é a utilização de insumos químicos – fertilizantes, inseticidas e
herbicidas, conhecidos como agrotóxicos -, que causam contaminação do solo e das águas.
Os insumos são conduzidos pelas águas da chuva: uma parte penetra no solo, atinge o lençol freático
e o contamina, e outra parte é levada até os mananciais.
Desde 2008, o Brasil é o país que mais usa agrotóxicos no planeta.
Sistemas Agroflorestais
Com o crescimento dos danos ambientais provocados pelo modelo agrícola atual, muitas pessoas vêm
buscando criar e resgatar alternativas de produção de alimentos de forma a gerar menos impactos ao
meio ambiente. Uma dessas alternativas é chamada de agroflorestal.
Um Sistema Agroflorestal, também chamado de SAF, é um tipo de uso da terra no qual se resgata a
forma ancestral de cultivo, combinando árvores com cultivos agrícolas e/ou animais.
A agrofloresta busca utilizar ao máximo todos os recursos naturais disponíveis no local, sem recorrer
a agentes externos, como insumos químicos. Assim, torna-se um sistema extremamente benéfico ao meio
ambiente, além de muito mais barato para o agricultor, já que elimina os gastos com insumos químicos.
Revolução Verde
A partir dos anos 1960, o espaço agrícola brasileiro passou por intensas mudanças, ligadas
principalmente à implantação de novas tecnologias na agropecuária. Essas transformações estão ligadas
a um processo mundial, conhecido como Revolução Verde.
A Revolução Verde iniciou-se na década de 1950, nos Estados Unidos, e consistia na aplicação da
ciência ao desenvolvimento de técnicas agrícolas com o objetivo de aumentar a produtividade da
agricultura e da pecuária.
Nas décadas seguintes, esse conjunto de mudanças foi implantado em vários países, inclusive no
Brasil, com o objetivo de erradicar a fome por meio do aumento na produção de alimentos.
A indústria química desenvolveu os agrotóxicos. Os laboratórios de genética criaram sementes
padronizadas e mais resistentes a doenças, pragas e aos próprios agrotóxicos. A indústria mecânica
desenvolveu tratores, colheitadeiras e outros equipamentos para o plantio, a colheita e a criação de
animais.
Esse conjunto de transformações tinha como objetivo aproximar a agricultura de um padrão industrial
de produção. Portanto, uma das propostas da Revolução Verde era a adoção do mesmo padrão de cultivo
em todos os lugares do mundo, desconsiderando as variações locais das condições naturais, como o
clima ou a fertilidade natural do solo, e as necessidades e possibilidades dos agricultores.
A adoção de monoculturas, largas propriedades de terra destinadas ao cultivo de uma única espécie,
foi outra medida imposta pela Revolução Verde, já que a eficiência dos insumos químicos e do maquinário
dependia da uniformidade do cultivo.
No Brasil, a implantação da Revolução Verde foi estimulada por meio de políticas públicas que
promoviam o financiamento e a assistência técnica aos produtores rurais, oferecendo créditos e
subsídios. Houve um significativo aumento na produção, maior até que o aumento na área plantada. Isso
porque os cultivos tornaram-se mais produtivos.
No entanto, tal processo foi feito às custas de danos ao meio ambiente e de aumento de desemprego
no campo, já que muitos trabalhadores foram substituídos por máquinas.
Esse processo de modernização da agricultura não se deu de forma uniforme e igualitária ao longo do
território brasileiro. Além disso, gerou desemprego e concentração de renda, beneficiando somente os
grandes produtores.
Questões
02. (IF/MT – Professor de Geografia – UFMT) Sobre a Geografia Agrária, assinale a afirmativa
INCORRETA.
(A) Dentre os agentes que compõem a questão agrária no Brasil, estão os latifundiários, os agricultores
familiares/camponeses.
(B) A Lei de Terras de 1850 possibilitou que o processo de acesso à terra no Brasil fosse facilitado
para os nativos do país.
(C) Dentro dos estudos da geografia agrária na geografia brasileira, muitos se concentram no
Paradigma da Questão Agrária (PQA) e no Paradigma do Capitalismo Agrário (PCA).
(D) A política fundiária brasileira assume que a função social da terra é produzir, portanto, se um
estabelecimento não cumprir essa função, poderá ser desapropriado.
03. (UNESP – Assistente em Engenharia Ambiental – VUNESP) O uso de agrotóxicos, sem dúvida,
foi um dos fatores que contribuiu para o aumento da produção agropecuária por meio do controle de
pragas e doenças. Hoje, porém, discute-se como aumentar a produção agropecuária orgânica, pois o uso
de agrotóxicos
(A) é uma tecnologia ultrapassada, somente utilizada em países subdesenvolvidos.
(B) sempre intoxica os seres humanos que utilizam produtos dessa cadeia alimentar.
(C) pode contribuir para contaminação ambiental em larga escala.
(D) estimula o desenvolvimento de outras metodologias mais caras para produção de alimentos.
(E) melhora a qualidade do solo e garante o aumento no número de empregos nas áreas rurais.
Comentários
01. Resposta: C
A expansão traz sérios danos ambientais, como o desmatamento e poluição dos solos e dos rios.
02. Resposta: B
Através da Lei de Terras a terra se transformava em uma mercadoria de alto custo, acessível a uma
pequena parte da população brasileira. Com isso, pessoas com condição financeira inferior, como ex
escravos, imigrantes e trabalhadores livres, tinham grandes dificuldades em obter um lote, legitimando o
desmando e a ampliação de terras dos grandes proprietários.
03. Resposta: C
Um agravante muito discutido é a utilização de agrotóxicos, que causam contaminação do solo e das
águas. Os mesmos são conduzidos pelas águas da chuva: uma parte penetra no solo, atinge o lençol
freático e o contamina, e outra parte é levada até os mananciais.
A população do Brasil foi formada após a ocupação portuguesa, principalmente de povos nativos ou
indígenas, africanos e europeus. Nesse período, a maior parte dos africanos tinha origem etnolinguística
banto e ioruba, enquanto os europeus eram oriundos especialmente de Portugal, mas, em menor número,
também da França, dos Países Baixos, do Reino Unido, entre outros.
Desde meados do século XIX até os dias atuais, a população brasileira teve influência de variados
povos que imigraram em épocas diferentes para o país em busca de melhores condições de vida. São
exemplos os europeus, como italianos, espanhóis, alemães e poloneses; os asiáticos vindos do Japão,
da Coreia do Sul e de países do Oriente Médio; os latino-americanos vindos principalmente da Bolívia,
do Chile e do Haiti; além dos africanos de distintas nacionalidades, como moçambicanos, guineenses,
angolanos e cabo-verdianos.
Primeiros Habitantes
A quantidade de indígenas que ocupava o que é hoje o território brasileiro antes da chegada dos
portugueses ainda não é consenso entre os pesquisadores. As etnias com maiores populações e que
ocupavam as maiores extensões territoriais eram a jê e a tupi-guarani.
É inquestionável, entretanto, que, de 1500 aos dias atuais, os indígenas sofreram intenso genocídio.
No passado, as causas principais foram as doenças trazidas pelos europeus, para as quais os nativos
não tinham imunidade, e os conflitos com os colonizadores. Havia ainda as guerras entre diferentes
nações indígenas, que se intensificavam quando alguns grupos fugiam das regiões ocupadas pelos
europeus em direção a terras de outros povos, ou quando alguns grupos se aliavam militarmente a
portugueses, franceses e holandeses para lutar contra nações inimigas. Muitos povos também sofreram
etnocídio14, pois passaram a adotar hábitos dos colonizadores, como falar outra língua, professar uma
nova religião e alterar o próprio modo de vida, como a vestimenta e a alimentação.
De acordo com a Funai e o Censo demográfico do IBGE, em 2010, a população de origem indígena
estava reduzida a 817 mil indivíduos (0,4% da população total do país), distribuídos entre 505 terras
indígenas e algumas áreas urbanas e concentrados principalmente nas regiões Norte e Centro-Oeste.
Essas estimativas revelaram também que há pelo menos 107 referências de grupos isolados, isto é, que
não estabeleceram contanto com a sociedade brasileira.
13 SENE, Eustáquio de. Geografia geral e do Brasil. Volume único. Eustáquio de Sene, João Carlos Moreira. 6ª edição. São Paulo: Ática, 2018.
14 Etnocídio é a destruição da cultura de um povo.
http://brasildebate.com.br/demarcacao-e-disputa-pelas-terras-indigenas/
Desde o século XVI, início da colonização, os portugueses foram se fixando no Brasil. Entre 1532 e
1850, os africanos foram trazidos forçadamente para o território brasileiro. Depois de 1870, a imigração
de europeus, asiáticos e latino-americanos foi ampliada e, com isso, o país foi sendo povoado e novas
famílias se formaram. Os descendentes de todos esses povos compõem o povo brasileiro atual.
Segundo o IBGE, o percentual de pessoas que se consideram brancas tem caído e o número das que
se consideram pretas caiu de 1950 a 1980 e voltou a aumentar em 2010. Já a auto identificação como
parda está crescendo desde a década de 1950. Isso pode indicar que o processo de aceitação e de
Como a Coroa portuguesa não fazia registros oficiais do tráfico de pessoas escravizadas, não existem
dados precisos sobre o número de africanos que ingressaram no Brasil, quais foram os anos de maior
fluxo, por qual porto entraram e de que lugar da África vieram. Segundo estimativas, ingressaram no país
pelo menos 4 milhões de africanos entre 1550 e 1850, a maioria proveniente do golfo de Benin e das
regiões que atualmente compreendem os territórios de Angola (ao sul do continente, costa ocidental) e
Moçambique (também ao sul, costa oriental).
A participação brasileira no total de escravizados por destino mundial é muito grande, o mesmo
ocorrendo com o Rio de Janeiro e São Paulo em relação à quantidade de escravizados para o Brasil.
Entre as correntes migratórias livres a mais importante foi a portuguesa, que se estendeu até os anos
1980 e voltou a acontecer depois da crise econômica mundial iniciada em 2008, com a vinda de
profissionais qualificados em busca de empego. Além de serem numericamente mais significativos, os
imigrantes portugueses espalharam-se por todo o território nacional.
Até 1883, a segunda maior corrente de imigrantes livres foi a italiana, que nessa época se dirigiu aos
cafezais do Sudeste; a terceira, a alemã, que se concentrou no Sul, em colônias; e a quarta, a espanhola,
que se dirigiu a várias cidades do Sudeste e Sul do país. A partir de 1850, a expansão dos cafezais pelo
Sudeste e a necessidade de efetiva colonização da região Sul levaram o governo brasileiro a criar
medidas de incentivo à vinda de imigrantes europeus para substituir a mão de obra escravizada. Algumas
das medidas adotadas e divulgadas na Europa foram o financiamento da passagem e a suposta garantia
de emprego, com moradia, alimentação e pagamento anual de salários.
Embora atraente, essa propaganda governamental revelou-se enganosa e escondia uma realidade
perversa: a escravidão por dívida. A saída do imigrante da fazenda somente seria permitida quando a
dívida fosse quitada. Como não tinha condições de pagar o que devia, ele ficava aprisionado no latifúndio,
vigiado por capangas. Essa prática, de escravidão por dívida, é comum até hoje em vários estados do
Brasil, sobretudo na região Norte.
Além dos cafezais da região Sudeste, outra grande área de atração de imigrantes europeus, com
destaque para portugueses, italianos e alemães, foi o Sul do país. Nessa região, os imigrantes ganhavam
a propriedade da terra, onde fundaram colônias de povoamento.
Os espanhóis não fundaram colônias; em vez disso espalharam-se pelos grandes centros urbanos de
todo o Centro-Sul brasileiro, principalmente nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro.
Em 1908, aportou em Santos a primeira embarcação trazendo colonos japoneses. O destino de quase
todos foram as lavouras de café do oeste do estado de São Paulo e do norte do Paraná; alguns se
instalaram no vale do Ribeira (SP) e ao redor de Belém (PA). Da década de 1980 até 2008/2009, porém,
alguns descendentes de japoneses passaram a fazer o caminho inverso de seus ancestrais, emigrando
em direção ao Japão como trabalhadores, e a ocupar postos de trabalho menos procurados por cidadãos
japoneses, geralmente em linhas de produção industrial. Essas pessoas são conhecidas como
decasséguis (do japonês deru, “sair”, e kasegu, “para trabalhar”). Com a crise econômica mundial que se
iniciou em 2008 e o aumento do desemprego no Japão, esse fluxo se estagnou, e muitos decasséguis
retornaram ao Brasil.
As correntes imigratórias de menor expressão numérica incluem judeus, espalhados pelo Brasil e
oriundos de diversos países, principalmente europeus; árabes, sírios e libaneses, também distribuídos
pelo país; chineses e coreanos, mais concentrados em São Paulo; eslavos, sobretudo poloneses, lituanos
e russos, mais concentrados em Curitiba e outras cidades paranaenses. Há também sul-americanos, com
argentinos, uruguaios, paraguaios, bolivianos, venezuelanos e chilenos, a maioria na Grande São Paulo;
e haitianos e pessoas de vários países africanos, com destaque para Angola, Cabo Verde e Nigéria.
Segundo dados do IBGE, em 2015, 38% dos habitantes do Brasil não eram naturais do município em
que moravam, e cerca de 15% deles não eram procedentes da unidade da federação em que viviam.
Esses dados revelam que predominam os movimentos migratórios dentro do estado de origem.
Atualmente há um crescimento dos fluxos urbano-urbano e intrametropolitano, isto é, aumenta o número
de pessoas que migram de uma cidade para outra no mesmo estado ou em determinada região
metropolitana em busca de melhores condições de vida. Analisando a história brasileira, percebemos
que, desde o século XVI, os movimentos migratórios estão associados a fatores econômicos. Quando o
ciclo da cana-de-açúcar no Nordeste decaiu, por exemplo, se intensificou o do ouro em Minas Gerais, e
muitas pessoas foram atraídas para este estado. Esses grandes deslocamentos provocam um intenso
processo de urbanização na nova centralidade econômica do país.
Mais tarde, com o ciclo do café e o processo de industrialização, o eixo São Paulo-Rio de Janeiro se
tornou o grande polo de atração de migrantes, que saíam da região de origem em busca de emprego ou
de melhores salários. Somente a partir da década de 1970, por causa do processo de desconcentração
da atividade industrial e da criação de políticas públicas de incentivo à ocupação das regiões Norte e
Centro-Oeste, a migração para o Sudeste começou a apresentar significativa queda.
Se determinada região do país começa a receber investimentos produtivos, públicos ou privados, que
aumentam a oferta de emprego, em pouco tempo ela se torna polo de atração de pessoas. É o que
acontece atualmente com os municípios de médio porte em vária regiões do país.
Municípios médios e grandes do interior do Estado de São Paulo, como Campinas, Ribeirão Preto,
São José dos Campos, Sorocaba e São José do Rio Preto, e alguns menores apresentam índices de
crescimento econômico maiores do que os da capital, o que gera atração populacional. Isso de deve ao
desenvolvimento dos sistemas de transporte, energia e telecomunicações.
Emigração
Nas últimas décadas o Brasil vem passando por significativas mudanças estruturais em sua
composição demográfica, com uma tendência ao envelhecimento populacional. Isso ocorre, sobretudo,
em razão da redução da taxa de fecundidade e do aumento da expectativa de vida. Essas transformações
que provocam grandes impactos na sociedade e economia.
A sociedade brasileira vem passando por expressivas mudanças em seu perfil demográfico. Até a
década de 1990, as taxas de fecundidade eram altas, o que contribuía para que a maior parte da
população brasileira fosse jovem. Nos últimos anos, a quantidade de filhos por mulher diminuiu de forma
expressiva gerando reflexos diretos no crescimento populacional.
O aumento da esperança de vida da população brasileira ao nascer e a queda das taxas de natalidade
e mortalidade vêm provocando mudanças na pirâmide etária. Está ocorrendo um significativo
estreitamento em sua base, que corresponde aos mais jovens, e o alargamento do meio para o topo, por
causa do aumento da participação percentual de adultos e idosos.
Quanto à distribuição da população brasileira por gênero, o país se enquadra nos padrões mundiais,
nascem cerca de 105 homens para cada 100 mulheres. No entanto, a taxa de mortalidade infantil e juvenil
masculina é mais elevada, e a expectativa de vida dos homens é mais baixa do que das mulheres.
Em razão disso, é comum as pirâmides etárias apresentarem uma parcela ligeiramente maior de
população feminina. Segundo o IBGE, em 2015, o Brasil tinha 99,4 milhões de homens (48,5%) e 105,5
milhões de mulheres (51,5%).
Relativo à distribuição da população economicamente ativa no Brasil em 2015, observou-se que 13,9%
da PEA trabalha na agropecuária. Embora esse número venha diminuindo em razão da modernização e
da mecanização do campo em algumas localidades, as atividades agrícolas também são praticadas de
forma tradicional e ocupam significativa mão de obra nas regiões mais pobres do país.
O setor industrial brasileiro, incluindo a construção civil, absorve 21,6% da PEA, número comparável
ao de países desenvolvidos. Após a abertura econômica, iniciada na década de 1990, o parque industrial
brasileiro se modernizou e algumas empresas ganharam projeção internacional.
O setor terciário, embora ocupe mais da metade da PEA no Brasil, apresenta os maiores níveis de
subemprego, uma vez que muitos dos trabalhadores exercem atividades informais, sem garantia de
direitos trabalhistas, além de não contribuírem para a previdência social.
No Brasil, 64,5% da PEA exercem atividades terciárias, somando-se serviços, comércio e manutenção.
No setor formal de serviços (como escolas, hospitais, repartições públicas, transportes, etc.), as
condições de trabalho e o nível de renda são muito variáveis: há instituições avançadas administrativa e
tecnologicamente, ao lado de outras bastante tradicionais. Por exemplo, ao compararmos o ensino
oferecido em escolas públicas, percebemos diferenças significativas de qualidade entre as unidades.
Essa discrepância ocorre também no setor da saúde.
IDH do Brasil
Segundo o Relatório de Desenvolvimento Humano 2016, publicado pelo Pnud em 2015, o Brasil
possuía um índice de Desenvolvimento Humano elevado, ocupando a 79ª posição mundial. O país
mantém o nível elevado de desenvolvimento humano desde 2005.
Das três variáveis consideradas no cálculo do IDH (educação, renda e longevidade), a que apresentou
maior contribuição para a melhora do índice brasileiro, nas últimas décadas, foi a educação. Em
contrapartida, a renda foi a variável que menos contribuiu nesse período. No item longevidade, que
permite avaliar as condições gerais de saúde da população, os avanços também foram bastante
significativos.
Apesar de ter apresentado o maior avanço nas últimas décadas, o índice de educação é o mais baixo
dos três, o único que se localiza abaixo de 0,700%. Em 2010, era de 0,637%, na faixa de médio
desenvolvimento humano.
Avanços na Educação
De acordo com os dados do Relatório de Desenvolvimento Humano 2016 em comparação aos dados
de 1990, observa-se que:
→ Entre 1990 e 2015, a taxa de alfabetização da população com 15 anos ou mais de idade aumentou
de 82% para 92,6%;
→ No mesmo período, a esperança de vida ao nascer cresceu de 67,6 para 77,5 anos;
→ A renda per capita subiu de US$ (PPC) 7349 para US$ (PPC) 14145;
→ De 1990 a 2015, a taxa de matrícula no Ensino Fundamental de crianças entre 7 e 14 anos
aumentou de 86% para 98%.
01. (AFAP – Assistente Administrativo – FCC/2019) Criado pelo Programa das Nações Unidas para
o Desenvolvimento (Pnud), o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é atualizado anualmente, visando
permitir o conhecimento sobre as condições de vida das nações avaliadas. Este índice possui uma
variação de 0 até 1, sendo que quanto mais próximo for de 1 a avaliação do país, melhor classificado ele
será no IDH, ou seja, melhores condições de vida aquela população terá.
Analise o IDH do Brasil mostrado na tabela abaixo.
02. (ABIN – Oficial de Inteligência – CESPE/2018) Acerca dos movimentos migratórios internos, da
estrutura etária da população brasileira e da evolução de seu crescimento no século XX, julgue o item a
seguir.
A dinâmica da estrutura etária da população brasileira tende ao equilíbrio quanto à quantidade de
crianças, jovens, adultos e idosos: a população de idosos com maior expectativa de vida cresce tanto
quanto a população em idade infantil e jovem.
(....) Certo (....) Errado
03. (IFB – Professor de Geografia – IFB/2017) Há cerca de 50 anos, apenas 15% dos postos de
trabalho no Brasil eram ocupados por mulheres. Atualmente, elas representam mais de 43% da
População Economicamente Ativa (PEA). Esse dado mostra que o contingente de mulheres responsáveis
pela renda familiar aumentou significativamente nas últimas décadas. A redução do tempo de convivência
familiar em razão da permanência no trabalho, além dos altos custos com alimentação, saúde, lazer e
educação; e os programas de planejamento familiar desenvolvidos pelo Estado por meio do Ministério da
Saúde, fizeram com que ocorresse na dinâmica demográfica brasileira:
(A) um aumento da expectativa de vida;
(B) a queda gradual da taxa de natalidade;
(C) o predomínio da população idosa;
(D) a queda das taxas de mortalidade;
(E) um aumento na renda per capita.
Gabarito
Comentários
01. Resposta: C
Apesar de ter apresentado o maior avanço nas últimas décadas, o índice de educação é o mais baixo
dos três, o único que se localiza abaixo de 0,700%. Em 2010, era de 0,637%, na faixa de médio
desenvolvimento humano.
MOVIMENTOS POPULACIONAIS16
Movimentos Migratórios
Movimentos migratórios referem-se aos diversos tipos de migração, a qual, por sua vez, é entendida
como os deslocamentos de determinada população de um lugar para outro. Portanto, qualquer migração
possui dois movimentos: o de saída de um lugar e o de entrada em outro.
As migrações são muito variadas. Podem ocorrer dentro do mesmo território ou de um país para outro.
Quando são realizadas dentro do mesmo país, são chamadas de migrações internas. Quando ocorrem
de um país para outro, são chamadas de migrações externas. Observe a imagem a seguir:
Migrantes nordestinos no Terminal Rodoviário do Tietê. Este é um grande fluxo de migração interna que existe no Brasil. São Paulo, SP, 2010.
Imigração no Brasil
Com o processo de colonização, iniciou-se um período de atração de diferentes povos para as novas
terras. Uma boa parte da atual população brasileira é formada por imigrantes e seus descendentes.
Os primeiros a chegar aqui foram os portugueses, seguidos pelos africanos trazidos na condição de
escravos. Séculos depois, com o fim da escravidão, muitos outros imigrantes vindos da Europa e da Ásia
estabeleceram-se no Brasil, principalmente a partir de meados do século XIX, para substituir a mão de
obra escrava.
Estudaremos a seguir alguns dos povos que vieram para o Brasil em períodos específicos. São
milhares de pessoas que saíram de seus países de origem e vieram para cá, influenciando a cultura e os
hábitos do povo brasileiro.
Além deles, muitos outros povos vieram para o Brasil, como os libaneses, os poloneses e os russos,
porém em quantidades menores e durante períodos mais curtos.
Portugueses
Os portugueses foram os colonizadores das terras que vieram a se tornar o Brasil. Sua entrada foi
constante e contínua durante todo o período colonial. A migração dos portugueses trouxe sérios impactos
para os povos indígenas que já habitavam aqui. Eles foram perseguidos, mortos e escravizados. Houve
também uma intensa imigração portuguesa para o Brasil entre os anos de 1881 e 1967.
Africanos
Alemães
Os alemães começaram a chegar ao Brasil de forma expressiva em meados do século XIX. O primeiro
grupo de imigrantes alemães chegou ao Brasil em 1824, mas o período mais intenso de imigração ocorreu
entre 1848 e 1933.
A grande maioria desses imigrantes estabeleceu-se nas serras dos estados do Sul do Brasil, formando
as chamadas colônias, onde preservavam os hábitos e sua terra natal, inclusive muitas vezes sem falar
o português.
Dedicaram-se principalmente à agricultura e à criação de animais.
Italianos
Os imigrantes italianos chegaram ao Brasil após os alemães. Assim como eles, vieram em busca de
promessas de uma vida melhor, fugindo das duras situações em que viviam na Europa. Dirigiram-se
principalmente para os estados de São Paulo - a fim de trabalhar nas lavouras de café e, posteriormente,
nas indústrias paulistas - e do Rio Grande do Sul, onde também formaram colônias. Observe a imagem
a seguir.
Japoneses
A imigração maciça de japoneses teve início no século XX. Em 1908, aportou em Santos o primeiro
navio de imigrantes japoneses, chamado Kasato Maru. A grande maioria deles estabeleceu-se no estado
de São Paulo, trabalhando nas lavouras de café e, posteriormente, no cultivo de hortaliças e frutas.
Observe a imagem a seguir.
Migração Interna
No Brasil, há uma grande mobilidade da população de região para região. Isso significa que existem
milhares de pessoas que não moram no lugar em que nasceram. De acordo com dados do Censo de
2010, a cada 100 brasileiros, 37 não nasceram no município onde estão estabelecidos atualmente.
Êxodo Rural
O processo de urbanização no Brasil teve início no século XX, a partir do processo de industrialização,
que atraiu milhares de pessoas da área rural em direção à urbana. Esse deslocamento do campo para a
cidade é chamado de êxodo rural. Atualmente, mais de 80% da população brasileira vive em áreas
urbanas. Observe o gráfico a seguir, que mostra a taxa de urbanização brasileira entre 1940 e 2010.
No gráfico acima, podemos observar progressivamente, os anos 1940, 1950, 1960, 1970, 1980, 1991,
2000, 2010. A parte cinza representa a população urbana, e a parte verde, a população rural.
O êxodo rural está ligado a um movimento tanto de expulsão dessa população do campo quanto de
atração pela cidade. As condições de vida para a população rural tornaram-se cada vez mais difíceis, já
que muitos trabalhadores perderam seus empregos e suas terras com a modernização da agricultura - a
mão de obra de muitos trabalhadores do campo foi substituída por máquinas e tratores sofisticados.
Por outro lado, as cidades surgem como uma grande oportunidade de melhoria de vida, ainda que
muitas vezes isso não aconteça na prática. Na maioria dos casos, esses migrantes são obrigados a
enfrentar situações muito precárias.
Décadas de 1930-1940
O principal fluxo inter-regional estabeleceu-se do Nordeste para o Sudeste. Milhares de migrantes
dirigiram-se ao Sudeste em busca de melhores condições de vida, fugindo das secas que assolavam a
região Nordeste.
Décadas de 1970-1990
O fluxo entre Nordeste e Sudeste se manteve. Além disso, muitos migrantes do Sul dirigiram-se para
outras áreas da região Norte, como o Acre, e também para o Centro-Oeste, graças ao auxílio do governo,
que estimulava esse Fluxo por meio do oferecimento de facilidades, como pequenos lotes de terra. Na
década de 1990 intensificaram-se os fluxos no interior do país e inicia-se uma corrente de migração do
Sudeste para o Nordeste.
Observe abaixo os mapas que demonstram os principais fluxos migratórios entre os períodos de 1950
a 1990.
A Migração Atual
Nos últimos anos, houve uma profunda mudança no padrão das migrações internas brasileiras. As
regiões ainda apresentam muita disparidade entre si. No entanto, a saída de migrantes da região Nordeste
em direção ao Sudeste diminuiu significativamente.
Isso se deve principalmente à redução das ofertas de emprego nas indústrias e no setor de serviços
no Sudeste e também à recente industrialização do Nordeste. Além disso, muitos migrantes estão votando
para as suas regiões de origem, em um movimento conhecido como migração de retorno.
Entre os grupos de imigrantes que se dirigem atualmente ao Brasil, podemos destacar os haitianos e
os bolivianos. O Haiti sofre historicamente com a pobreza e a miséria.
Em 2010, um terremoto dizimou o país, o que afetou a vida de milhões de habitantes e deixou milhares
de mortos. Isso contribuiu para a decisão de vários cidadãos de buscar no Brasil trabalho e melhores
condições de vida. A maioria dos haitianos entra no Brasil pelo estado do Acre, de onde se dirige para as
demais regiões do país.
Os bolivianos, por sua vez, também migram para o Brasil em busca de melhores condições de vida e
ofertas de emprego. Como a Bolívia faz fronteira com o nosso país, o caminho mais comum é entrar pela
cidade de Assis Brasil, também localizada no Acre.
É importante destacar que esses imigrantes muitas vezes entram de foram ilegal no Brasil. Com isso,
acabam tendo maiores dificuldade para arranjar emprego e bons salários, sendo obrigados, muitas vezes,
a trabalhar em troca de salários muito baixos ou até em condições mais precárias, semelhantes à
escravidão.
Questões
01. (DER/CE – Geografia – UECE/CEV) Sobre as migrações internas no Brasil, é correto afirmar que
(A) houve um fluxo de nordestinos para o Sudeste, atraídos pela expansão industrial, e para a
Amazônia, atraídos pelos projetos agropecuários, minerais e industriais.
Considerando-se que, no Brasil, a quase totalidade dos movimentos migratórios ocorridos em sua
história estiveram relacionados com condições socioeconômicas, a região brasileira que tem sido lugar
de partida de grandes movimentos migratórios é
(A) o Centro-Oeste.
(B) o Nordeste.
(C) o Norte.
(D) o Sul.
03. (IBGE – Pesquisa e Mapeamento – CESGRANRIO) No Brasil, durante muito tempo, as migrações
internas, do Norte para o Sul e do mundo rural para as cidades, constituíram uma tentativa de resposta
individual à extrema pobreza de algumas regiões. Fator de diversificação do tecido social e de
desenvolvimento de associações e ONG, essa mobilidade contribuiu para a riqueza do Sul, assim como
para a expansão das favelas urbanas. A esses efeitos devem-se acrescentar, hoje, fluxos populacionais
mais diversificados. DURAND, M-F. et al. Atlas da mundialização. São Paulo: Saraiva, 2009. p. 130. Adaptado.
Na atual realidade brasileira, ocorre um novo e recente fluxo populacional denominado
(A) movimento pendular
(B) êxodo rural
(C) migração de retorno
(D) transumância
(E) transmigração
Gabarito
Comentários
01. Resposta: A
O café foi mais um fator importante como atrativo da região sudeste. O ciclo da borracha na Amazônia
e a criação da Zona Franca de Manaus também podem ser citados como complementos.
02. Resposta: B
O gráfico pode confundir o candidato(a). Note que a questão pede pela região que tem sido lugar de
partida, logo a região Nordeste.
03. Resposta: C
A regionalização pode ser entendida como a divisão de um território em áreas que apresentam
características semelhantes, de acordo com um critério preestabelecido pelo grupo de pessoas
responsáveis por tal definição: aspectos naturais, econômicos, políticos e culturais, entre tantos outros.
Portanto, regionalizar significa identificar determinado espaço como uma unidade que o distingue dos
demais lugares o seu redor.
A divisão de um território em regiões auxilia no planejamento das atividades do poder público, tanto
nas questões sociais quanto econômicas, já que permite conhecer melhor aquela porção territorial.
O governo e as entidades privadas podem executar projetos regionais, considerando o número de
habitantes de cada região, as condições de vida de sua população, as áreas com infraestrutura precária
de abastecimento de água, esgoto tratado, energia elétrica, entre outros.
O Brasil é um país muito extenso e variado. Cada lugar apresenta suas particularidades e existem
muitos contrastes sociais, naturais e econômicos.
Como cada região diferencia-se das demais com base em suas características próprias, a escolha do
critério de regionalização é muito importante.
Um dos critérios utilizados para regionalizar o espaço pode ser relacionado a aspectos naturais, como
clima, relevo, hidrografia, vegetação, etc.
A regionalização também pode ser feita com base em aspectos sociais, econômicos ou culturais. Cada
um apresenta uma série de possibilidades: regiões demográficas, uso do solo e regiões industrializadas,
entre outras.
As Regiões Geoeconômicas
A fim de compreender melhor as diferenças econômicas e sociais do território brasileiro, na década de
1960, surgiu uma proposta de regionalização que dividiu o espaço em regiões geoeconômicas, criada
pelo geógrafo Pedro Geiger.
Nessa regionalização, o critério utilizado foi o nível de desenvolvimento, características semelhantes
foram agrupadas dentro da mesma região. De acordo com esse critério, o Brasil está dividido em três
grandes regiões: Amazônia, Nordeste e Centro-Sul, como pode observar-se no mapa a seguir.
17
FURQUIM Junior, Laercio. Geografia cidadã. 1ª edição. São Paulo: Editora AJS, 2015.
TERRA, Lygia. Conexões: estudos de geografia geral e do Brasil – Lygia Terra; Regina Araújo; Raul Borges Guimarães. 2ª edição. São Paulo: Moderna, 2013.
http://www.geografia.seed.pr.gov.br/modules/galeria/uploads/5/normal_brasilgeoeconomico.jpg
A região Centro-Sul é marcada pela concentração industrial e urbana. Além disso, apresenta elevada
concentração populacional e a maior quantidade e diversidade de atividades econômicas.
http://www.geografia.fflch.usp.br/graduacao/apoio/Apoio/Apoio_Rita/flg386/2s2016/Regionalizacoes_do_Brasil.pdf
http://www.geografia.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=1551&evento=5
Os geógrafos Milton Santos e Maria Laura Silveira propuseram outra regionalização para o Brasil, que
divide o território em quatro regiões: Amazônia, Nordeste, Centro-Oeste e Concentrada.
Essa divisão foi feita com base no grau de desenvolvimento científico, técnico e informacional de cada
lugar e sua influência na desigualdade territorial do país.
A região Concentrada apresenta os níveis mais altos de concentração de técnicas, meios de
comunicação e população, além de altos índices produtivos.
Já a região Centro-Oeste caracteriza-se pela agricultura moderna, com elevado consumo de insumos
químicos e utilização de tecnologia agrícola de ponta.
A região Nordeste apresenta uma área de povoamento antigo, agricultura com baixos níveis de
mecanização e núcleos urbanos menos desenvolvidos do que no restante do país. Por fim, a Amazônia,
que foi a última região a ampliar suas vias de comunicação e acesso, possui algumas áreas de agricultura
moderna.
Os estudos da Divisão Regional do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) tiveram início
em 1941. O objetivo principal deste trabalho foi o de sistematizar as várias divisões regionais que vinham
sendo propostas, de forma que fosse organizada uma única divisão regional do Brasil para a divulgação
das estatísticas brasileiras.
A proposta de regionalização de 1940 apresentava o território dividido em cinco grandes regiões:
Norte, Nordeste, Este (Leste), Sul e Centro. Essa divisão era baseada em critérios tanto físicos como
socioeconômicos.
http://www.geografia.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=1557&evento=5
http://www.geografia.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=1558&evento=5
Na década de 1950, uma nova regionalização foi proposta, a qual levava em consideração as
mudanças no território brasileiro durante aqueles anos.
Foram criados os territórios federais de Fernando de Noronha, Amapá, Rio Branco, Guaporé, Ponta
Porã e Iguaçu – esses dois últimos posteriormente extintos.
Note também que a denominação das regiões foi alterada e que alguns estados, como Minas Gerais,
mudaram de região.
http://www.geografia.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=1560&evento=5
Na década de 1960, houve a inauguração da nova capital federal, Brasília. Além disso, o Território de
Guaporé passou a se chamar Território de Rondônia e foi criado o estado da Guanabara. Observe o mapa
a seguir.
http://www.geografia.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=1561&evento=5
Na década de 1970, o Brasil ganha o desenho regional atual. É criada a região Sudeste, que abriga
os Estados de São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro.
O Acre é elevado à categoria de estado e o Território Federal do Rio Branco recebe o nome de
Território Federal de Roraima.
A regionalização da década de 1980 mantém os mesmos limites regionais. No entanto, ocorre a fusão
dos Estados da Guanabara e do Rio de Janeiro e a criação do estado do Mato Grosso do Sul.
A mudança nas regionalizações ao longo dos anos é fruto do processo de transformação espacial
como resultado das ações do ser humano na natureza.
Assim, reflete a organização da produção em função do desenvolvimento industrial.
http://www.geografia.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=1562&evento=5
http://alunosonline.uol.com.br/geografia/regionalizacao-brasil.html
É importante refletir sobre a regionalização atual proposta pelo IBGE, já que ela não apresenta uma
solução definitiva para a compreensão dos fenômenos do território brasileiro.
A produção do espaço é um processo complexo, resultado da interação de diferentes fatores e não
pode ser encaixada dentro de uma categoria única e específica.
A atual divisão regional obedece aos limites dos estados brasileiros, mas não necessariamente aos
limites naturais e humanos das paisagens, os quais, muitas vezes, não são tão evidentes.
É o caso, por exemplo, do Maranhão. Grande parte de seu território apresenta características naturais
comuns à região Norte, principalmente devido à presença da Floresta Amazônica. Além disso, o estado
apresenta fortes marcas culturais que também remetem ao Norte, como a tradicional festa do Boi-Bumbá.
No entanto, segundo a regionalização oficial, o Maranhão faz parte da região Nordeste.
A divisão do território brasileiro em regiões definidas pelo IBGE teve como objetivo facilitar a
implantação de políticas públicas que estimulassem o desenvolvimento de cada região.
Um dos aspectos marcantes do espaço geográfico brasileiro é a disparidade regional. Isso significa
que as diferentes regiões possuem níveis distintos de desenvolvimento. Uma das principais causas dessa
disparidade é a concentração da industrialização no Centro-Sul do país.
Para promover o desenvolvimento de regiões consideradas socioeconomicamente estagnadas, o
governo brasileiro empreendeu um programa federal baseado na criação de instituições locais fincadas
nesse objetivo, como é o caso da Superintendência para o Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) e da
Superintendência para o Desenvolvimento da Amazônia (Sudam).
É o que veremos abaixo.
Por meio das políticas de desenvolvimento regional, propunha-se a implantação de infraestruturas nas
regiões menos desenvolvidas, com a finalidade de atrair investimentos e aumentar a oferta de empregos.
Para a valorização da economia regional da Amazônia e sua conexão aos centros mais dinâmicos do
território brasileiro, o governo federal priorizou a construção de estradas e a implantação de projetos
industriais (zona franca), minerais e de colonização.
A Integração Nacional
O propósito de integrar a Amazônia ao conjunto da economia nacional já estava na agenda do governo
federal na década de 1940, mas foi apenas na década de 1950 que as políticas de planejamento
começaram a atuar de fato na região.
A Indústria na Amazônia
A implantação de complexos industriais figurava entre as prioridades do projeto de valorização
econômica da Amazônia concebido pelos militares.
Como vimos, a Sudam foi criada em 1966. No ano seguinte, seria a vez da Superintendência da Zona
Franca de Manaus (Suframa). Com ela, Manaus foi transformada em zona franca. Essa nova condição
significou para Manaus a isenção de taxas de importação das máquinas e matérias-primas necessárias
à produção industrial, bem como dos impostos de exportação das mercadorias industrializadas. Com
esses incentivos, indústrias transnacionais e nacionais foram atraídas para a cidade, e Manaus
transformou-se em um polo industrial importante, principalmente no setor de bens de consumo duráveis
(televisores, aparelhos portáteis e eletrodomésticos).
Atualmente, o polo industrial instalado em Manaus dinamiza boa parte da economia regional e
emprega diretamente cerca de 85 mil pessoas. A indústria local, no entanto, depende da manutenção da
zona franca. As mercadorias produzidas em Manaus viajam milhares de quilômetros até chegar aos
principais centros de consumo do país e incorporam em seu custo o preço desse transporte.
Na década de 1970, teve início o processo de crescimento industrial de Belém. Nesse caso,
predominam as indústrias de transformação mineral, em especial a siderurgia do ferro e do alumínio,
atraídas pela presença de matérias-primas e da energia proveniente da Usina Hidrelétrica de Tucuruí.
Uma das siderúrgicas mais importantes do setor de produção de alumínio está instalada no Porto de
Barcarena, situado nos arredores de Belém.
A Amazônia Legal
https://n.i.uol.com.br/licaodecasa/ensfundamental/geografia/mapa_amazonia_legal.gif
Nessas condições, os dois mais importantes eixos de penetração para a Amazônia passaram a ser as
rodovias Belém-Brasília e Brasília-Acre. Em suas margens, foi implantada a maior parte dos projetos
minerais e agropecuários incentivados pela Sudam. Não por acaso, esses eixos apresentam a maior taxa
de desmatamento e de degradação ambiental. Além disso, também são palcos de violentos conflitos, já
que posseiros, fazendeiros e madeireiros disputam a posse da terra valorizada pela presença das
estradas.
O eixo da Belém-Brasília se estende até a Serra dos Carajás, onde se encontra a maior reserva de
minério de ferro do mundo. O ferro de Carajás, em exploração desde a década de 1970 pela Companhia
Vale do Rio Doce (privatizada em 1997), é escoado pela Estrada de Ferro Carajás, até o Complexo
Portuário de São Luís, no Maranhão. Nas margens da rodovia e da ferrovia, a floresta equatorial já foi
quase toda derrubada. Em seu lugar, surgiram núcleos urbanos e os mais diversos empreendimentos.
No outro extremo da Amazônia, o principal eixo de ocupação foi a Rodovia Brasília-Acre. O estado de
Rondônia, atravessado por esse eixo, foi alvo de um grande projeto de colonização e recebeu milhares
de migrantes, vindos especialmente das regiões Nordeste e Sul. Atualmente, Rondônia figura entre os
estados mais devastados da região.
A herança da Sudam permanece na realidade amazônica: está presente tanto na destruição do modo
de vida tradicional das populações ribeirinhas e indígenas quanto na grande mancha de devastação
ambiental produzida pelos empreendimentos aprovados pelo órgão. Definitivamente, esse modo
predatório de ocupação está em descompasso com os parâmetros atuais de valorização do patrimônio
ambiental amazônico, sobretudo no que se refere à enorme biodiversidade da formação florestal e à
presença de imensos reservatórios de água doce.
As Sub-Regiões Nordestinas
O Nordeste pode ser dividido em quatro sub-regiões: a Zona da Mata, o Agreste, o Sertão e o Meio-
Norte. Cada uma delas apresenta características naturais e econômicas particulares.
A Zona da Mata, quente e úmida, foi transformada pela implantação de grandes propriedades
produtoras de cana-de-açúcar, ainda nos primeiros tempos de colonização. Os senhores de engenho,
também conhecidos como barões do açúcar, continuaram a dominar a economia e a política após a
independência. Em meados do século XIX, a economia açucareira entrou em crise, devido à concorrência
exercida pelo açúcar produzido nas Antilhas. Mais tarde, a produção de açúcar com técnicas mais
modernas na Região Sudeste, em especial no estado de São Paulo, deu continuidade ao longo período
de crise econômica no Nordeste. Atualmente, a Zona da Mata é uma região de economia dinâmica,
concentrando grande parte da população e os maiores polos industriais do Nordeste;
O Agreste, situado entre a Zona da Mata úmida e o Sertão semiárido, é tradicionalmente ocupado por
pequenas propriedades, dedicadas ao cultivo de subsistência e ao abastecimento alimentar dos
engenhos e cidades da Zona da Mata. Nessa sub-região, o padrão técnico rudimentar que caracteriza a
maior parte dos estabelecimentos agrícolas resulta em baixa produtividade e em expressiva pobreza rural;
O Sertão, dominado pelo clima semiárido, conheceu um primeiro movimento de valorização ainda
durante a colonização, quando se transformou em espaço da pecuária extensiva, produzindo carne para
os mercados da Zona da Mata. Depois, grandes latifúndios, de propriedade dos coronéis do sertão (nome
pelo qual ficaram conhecidos os proprietários das grandes fazendas sertanejas), passaram a dominar a
paisagem. Em meados do século XIX, o cultivo de algodão tornou-se uma atividade econômica de
importância significativa no Sertão, em grande parte devido à crise na produção algodoeira dos Estados
Unidos decorrente da Guerra de Secessão. Durante muito tempo, o gado e o algodão iriam dividir o
espaço sertanejo;
O Meio-Norte, situado na transição entre o Sertão semiárido e a Amazônia equatorial, foi durante a
maior parte de sua história uma sub-região praticamente marginal no contexto da economia nordestina.
A pecuária extensiva, prolongamento da criação de gado sertaneja, e o extrativismo, em especial das
palmeiras babaçu e carnaúba, eram as atividades de maior destaque no Meio-Norte.
Em momentos históricos diferentes, duas sub-regiões nordestinas - Sertão e Zona da Mata - já haviam
sido objeto de programas governamentais de ajuda e de incentivo econômico muito antes da existência
da Sudene. Em ambos os casos, porém, as elites sub-regionais foram as principais beneficiadas.
01. (SEDF – Professor de Geografia – CESPE/2017) No atual período histórico, caracterizado pela
forte internacionalização do modo de produção capitalista, importantes transformações de ordem técnica,
política e econômica têm promovido intensa reestruturação produtiva e regional do Brasil e do mundo. A
intensificação do poder das empresas transnacionais sobre o espaço mundial é uma dessas
manifestações. Iná Elias de Castro. Política pública e conflito no espaço urbano. In: GEOgraphia, ano 18, n.º 36, 2016 (com adaptações).
Considerando esse texto, julgue o item a seguir.
A divisão regional do Brasil em cinco macrorregiões de planejamento é uma referência para o ensino
de geografia atualmente. Entretanto, para a compreensão das dinâmicas atuais de uso e reorganização
do território nacional, é necessário abordar as novas regionalizações, como a divisão por complexos
regionais (Amazônia, Nordeste e Centro-Sul) e a divisão em quatro regiões (Concentrada, Centro-Oeste,
Amazônia e Nordeste).
(....) Certo (....) Errado
03. (SEDF – Professor de Geografia – CESPE/2017) Com relação aos processos de regionalização
no Brasil e no mundo, julgue o item subsequente.
Décadas depois da implementação do primeiro órgão responsável pelos estudos de planejamento
macrorregional no Brasil, a SUDENE, os principais problemas e disparidades regionais do país persistem.
(....) Certo (....) Errado
Gabarito
Comentários
02. Resposta: D
Com as mudanças da Constituição de 1988, ficou definida a divisão brasileira que permanece até os
dias atuais. O estado do Tocantins foi criado a partir da divisão de Goiás e incorporado à região Norte;
Roraima, Amapá e Rondônia tornaram-se estados autônomos; Fernando de Noronha deixou de ser
federal e foi incorporado a Pernambuco.
REGIÕES BRASILEIRAS18
Introdução
O que é Região?
Provavelmente, você já ouviu alguém referir-se a algum lugar como região. Esse termo aparece
bastante em nosso cotidiano.
Para a Geografia, região é um conceito muito importante e que vem sendo debatido há muitos anos.
Podemos entender região como uma área de determinado território onde se localizam lugares com
características semelhantes, levando em consideração a combinação entre elementos naturais, a
economia e aspectos sociais.
Abaixo seguem as 5 regiões brasileiras e seus principais aspectos:
Região Nordeste
O Nordeste apresenta pontos de elevado dinamismo econômico, tanto no campo quanto nas cidades.
Porém, a elevada concentração fundiária e a persistência de graves problemas sociais representam um
entrave ao desenvolvimento regional.
Obstáculos e Perspectivas
Apesar de não se destacar em grande parte dos indicadores econômicos e sociais, a Região Nordeste
passa por um processo de integração econômica com as outras regiões do país e com o mundo,
apresentando alternativas para o desenvolvimento em diferentes setores.
Se comparados o índice de desenvolvimento humano do Brasil com o dos estados do Nordeste,
observamos que todos eles, apresentam IDH menor que a média nacional, o que evidencia a defasagem
social dessa região em relação ao Brasil.
Entre os estados nordestinos, a Bahia conta com a maior participação no PIB brasileiro. Sua economia
é diversificada e produz riqueza com atividades da agropecuária, da indústria e de serviços.
Ocupação Territorial
A ocupação do Nordeste ocorreu paralelamente à implantação de atividades econômicas, como a
produção de cana-de-açúcar nas áreas litorâneas e, posteriormente, a agricultura de subsistência no
Agreste e a pecuária do Sertão.
A Região Nordeste é formada por nove estados: Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte,
Paraíba, Pernambuco (incluindo o Distrito Estadual de Fernando de Noronha), Alagoas, Sergipe e Bahia.
Com área de 1.554.257 km², equivalente a 18,25% do país, concentrava, em 2011, 27,77 da população
brasileira, ou seja, 54.226.000 habitantes à época.
Durante os séculos XVI e XVII, a produção de açúcar para exportação sustentou a economia colonial,
baseada no latifúndio monocultor e no sistema escravista. A cana-de-açúcar desenvolveu-se bem nos
solos de massapé presentes no litoral dos atuais estados de Pernambuco e Bahia.
Entre as atividades complementares implementadas na América portuguesa estavam os cultivos de
subsistência e a pecuária. A criação de gado, inicialmente feita na Zona da Mata (litoral), foi empurrada
para o interior (Sertão) de Pernambuco, para o Vale do Rio São Francisco e para os estados do Piauí, do
Ceará e do Maranhão, promovendo a ocupação efetiva dessas áreas.
Nos séculos XVIII e XIX, a descoberta de minerais preciosos no interior do país e a transferência da
capital de Salvador para o Rio de Janeiro (1763), entre outros fatores, acentuaram o declínio da produção
de açúcar e aumentaram os problemas econômicos e sociais da região.
As grandes propriedades rurais sempre foram controladas por latifundiários ou coronéis, como ficaram
conhecidos os grandes fazendeiros nordestinos. Ainda no século XX, a débil economia regional sob o
domínio do coronelismo acentuou a extrema pobreza da população nordestina, em especial a do
18 TERRA, Lygia. Conexões: estudos de geografia geral e do Brasil – Lygia Terra; Regina Araújo; Raul Borges Guimarães. 2ª edição. São Paulo: Moderna,
2013.
O Nordeste conta com diversos parques nacionais, entre eles o da Serra da Capivara (PI), com grande
concentração de sítios arqueológicos e pinturas rupestres, o Parque Nacional Marinho de Fernando de
Noronha (Distrito Estadual de Pernambuco) e o Parque Nacional da Chapada Diamantina (BA). Entre os
eventos culturais que atraem turistas estão o carnaval (com destaque para Salvador, Olinda e Recife), as
festas juninas (Caruaru, Campina Grande, etc.), as danças e comidas típicas e o artesanato (rendas,
cerâmicas) da região.
A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), ligada à ONU,
instituiu uma lista de sítios e monumentos de valor excepcional e de interesse universal, que integram o
Patrimônio Mundial, Cultural e Natural da Humanidade. O objetivo é a preservação desses sítios para
as gerações futuras. A Região Nordeste abriga grande número de Patrimônios Culturais e Naturais da
Humanidade, como o centro histórico de Olinda (PE), de São Luís (MA) e de Salvador (BA), com o
Pelourinho, além dos sítios arqueológicos de São Raimundo Nonato no Parque Nacional da Capivara
(PI).
Em relação aos recursos naturais, o Rio Grande do Norte se sobressai como o maior produtor de sal
marinho do país. Destacam-se também o petróleo e o gás natural, extraídos no Ceará, Sergipe, Rio
Grande do Norte e na Bahia.
As Sub-Regiões Geoeconômicas
Considerando os aspectos econômicos, é possível identificar sete sub-regiões no Nordeste brasileiro.
Em cada uma delas, existem polos de intensa modernização, que convivem com as atividades
econômicas tradicionais:
Litoral - concentra cerca da metade da maior parte da população e abriga os três maiores polos
urbano-industriais nordestinos: Salvador, Recife e Fortaleza. Na Grande Salvador, o destaque é o Polo
Petroquímico de Camaçari, principal complexo industrial do Nordeste, que integra o refino de petróleo, a
petroquímica básica e intermediária e a produção de resinas. A Grande Recife, por sua vez, abriga o
Porto Digital, principal polo tecnológico do Nordeste, e o Complexo Industrial-Portuário de Suape,
instalado na década de 1970, com cerca de 100 empresas e no qual se encontram em implantação uma
refinaria de petróleo, uma siderúrgica e um grande estaleiro. Em Fortaleza, destacam-se as indústrias
intensivas em mão de obra, tais como a têxtil e a de calçados, e o Complexo Industrial e Portuário do
Pecém, inaugurado em 2002 e concebido para receber indústrias de base tais como a Companhia
Siderúrgica do Pecém, um consórcio entre a brasileira Vale e duas empresas coreanas, em implantação.
Sertão - embora haja a predominância da pecuária e da agricultura tradicionais, abriga polos industriais
modernos, tais como o setor calçadista em Sobral e Crato, no Sertão cearense, e o polo gesseiro do
Araripe, no Sertão pernambucano.
São Francisco - destaque para as práticas de fruticultura irrigada, especialmente nos polos geminados
de Petrolina (PE) e Juazeiro (BA).
Região Sudeste
Grande parte do território da Região Sudeste é dominada por formações planálticas, com destaque
para os Planaltos e Serras do Atlântico Leste-Sudeste, constituídos pelos cinturões orogênicos, e
os Planaltos da Bacia Sedimentar no Paraná.
O surguimento da Placa Tectônica Sul-Americana, entre o final do Período Cretáceo e o início do
Paleógeno, movimentou antigas linhas de falha e provocou a formação de escarpas acentuadas com
elevadas altitudes, como as da Serra da Mantiqueira e da Serra do Mar. Assim, com exceção dos picos
do Maciço das Guianas, no extremo norte do país, é no Espírito Santo, Rio de Janeiro e Minas Gerais
que se encontram os pontos mais altos do Brasil. Em 2004, o IBGE, em parceria com o Instituto Militar de
Engenharia (IME), revisou as altitudes desses pontos, utilizando recursos mais modernos de sistema de
navegação e posicionamento por satélites.
A Serra do Espinhaço corta Minas Gerais desde as proximidades de Belo Horizonte até o Vale do
Rio São Francisco, podendo ser subdividida em dois compartimentos de planaltos: o planalto meridional
e o planalto setentrional, ricos em minérios (ferro, bauxita, ouro). Em 2005, a Unesco reconheceu esse
Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51
74
conjunto de planaltos da Serra do Espinhaço como Reserva da Biosfera, pela diversidade ambienta e
histórica do local. Além de integrar pontos culturais importantes como Congonhas, Ouro Preto e
Diamantina, é o divisor de águas entre as bacias hidrográficas do São Francisco, Doce e Jequitinhonha,
e apresenta a biodiversidade florística mas risca dos campos rupestres do planeta.
A superfície do Planalto Atlântico foi bastante desgastada pelos processos erosivos, formando um
relevo dominante de morros com topos convexos, denominados mares de morros. Entre os Planaltos e
as Chapadas da Bacia Sedimentar do Paraná e o Planalto Atlântico, encontram-se as depressões
periféricas, superfícies bastante erodidas entre o Paleógeno e o Quaternário (há cerca de 70 milhões de
anos). Nesses compartimentos do relevo da Região Sudeste, os terrenos apresentam altitudes menores,
sendo delimitados pelos Planaltos Sedimentares da Bacia do Paraná por escarpas denominadas frentes
de cuestas.
Do norte do Espírito Santo ao sul do Estado de São Paulo, há um conjunto diversificado de ambientes
costeiros. Nesse trecho do litoral brasileiro, de formação cenozoica, existem inúmeras restingas, baías
e ilhas costeiras. Entre as primeiras, destacam-se as de Marambaia e Cabo Frio, ambas localizadas no
litoral do Rio de Janeiro. Entre as baías, as mais conhecidas são as de Guanabara (RJ), Parati (RJ),
Vitória (ES), Angra dos Reis (RJ) e Santos (SP).
O clima tropical predomina na Região Sudeste. No oeste paulista, parte do Triângulo Mineiro e na
porção centro-norte de Minas Gerais, o padrão climático tropical apresenta duas estações bem
demarcadas, com o verão muito chuvoso e o inverno seco. Na faixa litorânea, o volume e a frequência
das chuvas são maiores. Ao contrário, no norte de Minas Gerais, as chuvas são escassas e irregulares.
O clima tropical de altitude abrange as regiões serranas de São Paulo, Rio de Janeiro e sul de Minas
Gerais. Por fim, o clima subtropical ocorre no extremo meridional do território paulista, ao sul do Trópico
de Capricórnio.
Originalmente, a mata tropical era a cobertura de vegetação dominante no Sudeste, refletindo o
padrão climático regional. Na depressão periférica e nas regiões mineiras com a estação seca mais
acentuada, predominavam os cerrados. Tanto a Mata Atlântica como o Cerrado foram amplamente
devastados no processo de formação territorial da Região Sudeste.
Região Norte
Desafios Estratégicos
O desenvolvimento socioeconômico da Região Norte é uma questão nacional estratégica que se
relaciona com a exploração dos recursos da Amazônia brasileira. A região, que conta com mais de 15,8
http://www.inpe.br/noticias/arquivos/imagens/img02_291116.jpg.
A Conquista da Amazônia
Colonizada inicialmente pelos espanhóis e cobiçada por ingleses, franceses e holandeses, a bacia
amazônica foi ocupada pelos portugueses, o que garantiu a posse ao Império brasileiro.
Com cerca de 7,8 milhões de km² que abrangem oito países - Brasil, Peru, Bolívia, Equador, Colômbia,
Venezuela, Guiana e Suriname - e a Guiana Francesa, a Amazônia Internacional é uma região natural
formada pela floresta equatorial e por seus ecossistemas associados. A maior parte dessa área, marcada
pelos climas quentes e úmidos, está assentada no interior da bacia fluvial amazônica.
Com exceção da Guiana Francesa, departamento da França, os outros países firmaram em 1978 o
Tratado de Cooperação Amazônica (TCA), cujas metas são a cooperação científica, a preservação
ambiental, o uso racional dos recursos hídricos e o desenvolvimento regional. O Brasil ocupa um papel
de destaque nas políticas do TCA, pois abriga mais de 64% região.
No sentido político, porém, a Amazônia começou a se configurar antes mesmo da independência
desses países, quando a região passou a ser explorada pelas Coroas de Espanha e de Portugal.
Amazônia Internacional
http://2.bp.blogspot.com/-pqRZs_1PEjo/VqZlvt5749I/AAAAAAAACnI/acPXCXEwenE/s1600/amazonia-legal-brasileira-regiao-norte-2.jpg.
A Ocupação Portuguesa
Nos termos do Tratado de Tordesilhas (1494), grande parte da Bacia Amazônica pertencia à Coroa
espanhola. Em 1541, uma expedição comandada pelo espanhol Gonzalo Pizarro, irmão do conquistador
do Império Inca, Francisco Pizarro, partiu de Quito em busca dos lugares lendários que supostamente
havia nessas terras florestadas: o "País da Canela", onde a especiaria brotava em abundância, e o "EI
Dorado", com suas enormes jazidas de ouro.
Ninguém sabe ao certo quantas pessoas integraram essa expedição, mas estima-se que ela contava
com algumas centenas de soldados espanhóis e milhares de indígenas, muitos dos quais padeceram de
fome e de frio na travessia da Cordilheira dos Andes.
Em algum ponto da viagem, quando os expedicionários já estavam bastante debilitados, Gonzalo
encarregou um grupo, liderado por seu primo Francisco de Orellana, de seguir pelo rio em busca de
alimentos.
Entretanto, em vez de retornar com as provisões, o grupo de Orellana prosseguiu no curso do rio que
hoje chamamos de Amazonas, viajando nove meses até alcançar a foz, em agosto de 1542.
O diário de viagem do frei Gaspar de Carvajal, um dos integrantes do grupo, é o primeiro relato de uma
jornada completa pelo Rio Amazonas, dos Andes até o Oceano Atlântico. Apesar de seu valor histórico,
o diário não é um documento confiável, já que o frei se esforça em ressaltar os percalços enfrentados
durante a viagem para justificar o descumprimento da ordem de regressar o mais rápido possível, levando
alimentos para a expedição de Pizarro. A descrição do terrível combate travado com as guerreiras
amazonas, que lutavam com a força comparada à de muitos homens e exerciam o poder sobre diversas
tribos indígenas, reforça o caráter fantasioso do documento.
Nos anos seguintes, diversas outras expedições comandadas pelos espanhóis percorreram trechos
da Bacia Amazônica, sempre animadas pela busca de tesouros. Porém, o interesse pela região logo seria
ofuscado pela descoberta das imensas jazidas de prata na região de Potosí (atual Bolívia), que atraiu
grande parte dos exploradores e aventureiros espanhóis.
Enquanto isso, franceses, ingleses e holandeses, inimigos tradicionais dos espanhóis, estabeleciam
feitorias no baixo curso do Rio Amazonas.
Durante a União Ibérica (1580-1640), período no qual Portugal e Espanha formaram uma única
monarquia, os portugueses começaram a se estabelecer na foz do Amazonas. No início do século XVII,
as expedições pelo Amazonas tornaram-se oficiais. Partiam da foz e eram organizadas para expulsar
holandeses e ingleses, senhores de muitas feitorias ao longo do curso dos rios, e impedir o contrabando
de produtos nativos, como madeira e pescado.
Os focos de calor marcam a ocorrência das queimadas que abrem os terrenos para as atividades
agropastoris ou minerais, resultando em um arco de devastação dos ecossistemas amazônicos.
As políticas voltadas para a conquista integraram a Amazônia às dinâmicas territoriais nacionais. Esse
processo se realizou por meio de dois vetores.
Um primeiro vetor estruturou-se originalmente na década de 1960, em torno do eixo viário da Belém-
Brasília. Nas décadas seguintes, a exploração dos minérios da Serra de Carajás, a implantação da E. F.
Carajás e do Porto de Itaqui e a construção da hidrelétrica de Tucuruí reforçaram esse vetor, estendendo-
o até São Luís (MA).
Uma vasta mancha de povoamento, nucleada por áreas de intensa modificação das paisagens
naturais, desdobrou-se de sul a norte no estado de Tocantins e avançou pelas porções meridional e
oriental do Pará e por todo o oeste maranhense.
Um segundo vetor estruturou-se a partir da década de 1970, em torno do segmento sul da Cuiabá-
Santarém (BR-163) e da Brasília-Acre (BR-364). Portanto, a integração viária com o Centro-Oeste
ocorre através de Rondônia, até Rio Branco, no Acre. Ao longo desse eixo aparecem as principais áreas
de desflorestamento, associadas à expansão da fronteira agrícola.
No norte de Mato Grosso e em Rondônia, a colonização agrícola impulsionada por migrantes do
Centro-Sul originou dezenas de novos núcleos urbanos. Ao mesmo tempo, a criação e consolidação da
Zona Franca de Manaus (ZFM) transformava a capital amazonense em importante centro industrial e
reforçava seus vínculos externos com os capitais e mercados do Centro-Sul.
Os Impactos da BR-319
"Se por um lado a construção e a pavimentação de estradas na Amazônia geram benefícios na forma
de redução de custos de transportes, por outro lado impulsionam o desmatamento, os conflitos sociais e
a ilegalidade. A eficiência econômica e os efeitos diversos dos projetos precisam ser identificados e
instrumentos que garantam uma distribuição mais equânime de custos e benefícios entre os atores
afetados precisam ser implantados.
Neste estudo, utilizamos a análise custo-benefício para avaliar a eficiência econômica do projeto de
recuperação do principal segmento da Rodovia BR-319, localizado entre os quilômetros 250,00 e 655,70,
no estado do Amazonas, de forma a contribuir com a discussão dessas questões. Este trecho encontra-
se fortemente deteriorado e virtualmente intransitável desde 1986.
Planeja-se sua recuperação dentro do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do Governo
Federal.
Desmatamento causado pelo garimpo de diamantes na reserva indígena Roosevelt, em Vilhena (RO, 2007)
Transporte de carga na BR-155, no trecho que liga Marabá e Eldorado dos Carajás (PA, 2013)
Região Sul
Diversificação Econômica
http://files.planetagaia.webnode.com/200000586-08de109d58/mapa-regiao-sul.jpg.
Grande parte dos rios da Região Sul pertence à Bacia Platina, formada pelos rios Paraná, Paraguai
e Uruguai e afluentes. O Rio Uruguai nasce em território brasileiro, da fusão dos rios Canoas (SC) e
Pelotas (RS), e serve de divisa entre Santa Catarina e Rio Grande do Sul, Brasil e Argentina, e Uruguai
e Argentina, desaguando no Estuário do Prata. O Rio Paraná, segunda maior bacia fluvial em área e
potencial hidrelétrico do Brasil, oferece condições de navegabilidade. A Hidrovia Tietê-Paraná tornou-se
um importante sistema de transporte, aproximando o Brasil dos seus parceiros do Mercosul.
Outro problema ambiental que ocorre em áreas do sudoeste do Rio Grande do Sul é o processo de
arenização dos solos, ou seja, o aumento dos depósitos arenosos, dificultando a fixação da vegetação.
Em área subtropical úmida, onde o processo ocorre, a água e os ventos têm importante papel na
mobilidade dos sedimentos.
Ocupação Territorial
Iniciada pelos portugueses no século XVII, a colonização da Região Sul ganhou impulso no século
XIX, quando de estabeleceram os principais núcleos de povoamento fundados pr imigrantes europeus.
O território que hoje pertence aos estados da Região Sul inicialmente não fazia parte da América
portuguesa, tendo ficado fora dos limites estabelecidos pelo Tratado de Tordesilhas. Expedições
exploradoras haviam percorrido a costa no século XVI, mas somente no século XVII começaram as
atividades colonizadoras na região.
Com o domínio espanhol sobre Portugal (1580-1640), o Tratado de Tordesilhas perdeu sua validade,
uma vez que todas as terras pertenciam ao monarca espanhol. Colonos portugueses então se
estabeleceram em territórios espanhóis, adquirindo para Portugal soberania sobre essas áreas. Jesuítas
ultrapassaram a linha de Tordesilhas ao sul, fundando missões em áreas da campanha gaúcha, onde
índios aldeados criavam gado - trazido dos territórios que formaram o Uruguai e a Argentina - e plantavam
erva-mate. Outros povoados também foram fundados, como o de Nossa Senhora do Desterro, atual
Florianópolis.
Ainda no século XVII, os bandeirantes pau listas iniciaram o apresamento dos índios aldeados nas
missões - que se destinavam à sua proteção e catequese - para vendê-las às capitanias luso-espanholas,
produtoras de açúcar.
Com a expulsão dos holandeses do Nordeste (1654), o tráfico negreiro voltou a abastecer os
engenhos. No entanto, quando o domínio espanhol chegou ao fim, as missões estavam praticamente
destruí das; o gado, solto, começou a se reproduzir nos campos do sul. Tropeiros paulistas, índios
aldeados e pessoas errantes passaram então a se dedicar à caça do gado selvagem e ao comércio de
couro.
Com a descoberta de ouro e o desenvolvimento das minas gerais durante o século XVIII, os tropeiros
desenvolveram um novo negócio: caçavam os animais, reuniam estes em currais e os transportavam até
as áreas mineradoras.
À Coroa portuguesa, porém, interessava garantir a posse das terras do sul. Para isso, na metade do
século XVIII, Portugal enviou casais de açorianos ao território do atual Rio Grande do Sul e de Santa
Catarina, especialmente para a faixa litorânea, com o objetivo de povoar a região. Lotes de terras também
foram doados a tropeiros, que, além de se fixar na área, deram início à criação do gado em grandes
estâncias - atividade que se transformaria numa das mais importantes do atual Rio Grande do Sul.
No século XIX, surgiram diversos núcleos de povoamento na Região Sul. Em 1808, famílias de
açorianos fundaram a cidade de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Os primeiros imigrantes alemães se
dirigiram para a atual cidade de São Leopoldo, no vale do Rio dos Sinos, em 1824. Os italianos chegaram
a partir de 1875 e foram assentados em Caxias do Sul, Bento Gonçalves e Garibaldi.
Em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, os alemães formaram colônias de povoamento baseadas
no cultivo de trigo e da policultura, ao passo que os italianos dedicaram-se ao cultivo da uva. No Paraná,
imigrantes eslavos voltaram-se para o extrativismo de madeira. Estavam lançadas as raízes de uma
economia rural diversificada, baseada na policultura e no trabalho familiar.
Agropecuária
Em 2012, o Paraná respondia por 19.1 da produção agrícola nacional; o Rio Grande do Sul estava em
terceiro lugar, com 12.1, e Santa Catarina, em nono lugar, com 3,6. No que diz respeito à produção de
cereais, leguminosas e oleaginosas, o Sul perde apenas para o Centro-Oeste.
Na Região Sul, a produção agropecuária pode estar associada à indústria: é o caso da cultura da uva
à fabricação de vinhos, do cultivo do milho à criação de frangos e porcos ou da pecuária leiteira às usinas
de leite e fábricas de laticínios.
A modernização da agropecuária tem provocado mudanças na estrutura agrária em toda a Região Sul,
com o aumento da concentração fundiária e dos movimentos de luta pela terra, a partir da década de
1980. Pequenos proprietários e trabalhadores rurais perderam suas terras e trabalho, tendo como
consequência o aumento de boias-frias e de migrações para as cidades, para outras regiões ou mesmo
para outros países, como o Paraguai.
Nas pastagens naturais da Região Sul desenvolve-se a pecuária extensiva de corte, geralmente em
grandes propriedades e com poucos trabalhadores.
Indústria e Tecnologia
Os ramos industriais na Região Sul evoluíram inicialmente graças às matérias-primas fornecidas pela
agropecuária - couro e calçados (pecuária), móveis (pinho), têxteis (algodão) e bebidas (uva, mate).
O maior centro industrial da Região Sul é Porto Alegre. Bastante diversificado, conta com indústrias
alimentícias, de fiação e tecelagem, de produtos minerais não metálicos, siderúrgicas, mecânicas, de
material eletrônico, químicas, de couros e de bebidas. Rio Grande, Pelotas e Caxias do Sul destacam-se
nos setores de alimentos, tecidos, móveis e calçados. O complexo metal mecânico desenvolveu-se em
Gravataí, Canoas, Guaíba e Cachoeirinha. São Leopoldo e Novo Hamburgo são importantes pelos da
cadeia produtiva de artigos de couro. Em São Leopoldo está se formando um importante polo de
informática. A indústria automobilística ganhou força com a instalação de uma grande fábrica em Gravataí,
na Grande Porto Alegre, em 2000.
No Rio Grande do Sul, as aglomerações industriais se caracterizam por empresas que inovam e
diferenciam produtos, ou seja, a dinâmica industrial nessa região é influenciada por empresas de maior
conteúdo tecnológico.
Pequenas e médias empresas têm se destacado na busca de alternativas competitivas.
Turismo e Integração
Com paisagens variadas e os invernos mais rigorosos do país, a Região Sul atrai grande número de
turistas. Cidades com características europeias, como Canela e Gramado, ou centros produtores de
vinho, como Bento 'Gonçalves e Caxias do Sul, são lugares procurados pela culinária e atrativos culturais
no Rio Grande do Sul.
Durante o verão, os litorais de Santa Catarina e do Paraná recebem muitos turistas estrangeiros.
Tradições e festas típicas são eventos que tornam concorridos lugares como Blumenau, onde se realiza,
em outubro, a festa da cerveja, chamada Oktoberfest, de origem alemã.
No Rio Grande do Sul, as ruínas das povoações jesuítas do século XVII, em São Borja e São Migue
das Missões, foram transformadas pela Unesco em patrimônio da humanidade. Em Ponta Grossa, no
Paraná, o Parque Estadual de Vila Velha apresenta interessantes formações rochosas esculpidas pela
erosão causada pelas chuvas e pelos ventos.
Todos os estados da Região Sul contam com zonas de fronteira, ou seja, faixas territoriais localizadas
de cada lado de um limite internacional. Nas zonas de fronteira desenvolveram-se diversas cidades
cortadas por limites internacionais. Essas cidades-gêmeas geralmente apresentam grande fluxo de
pessoas e mercadorias e integração econômica e cultural.
Oktoberfest em Blumenau (SC, 2010). A festa teve origem em Munique (Alemanha) no início do século XIX, e hoje é celebrada também em diversos municípios de
Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina.
Região Centro-Oeste
O Pantanal
A planície do Pantanal Mato-Grossense e a do Rio Guaporé localizam-se a oeste da região. O
Pantanal é uma planícies sujeita a inundações sazonais, em decorrência da pequena declividade de seu
relevo e do padrão de drenagem da bacia do Rio Paraguai. A vegetação é mista (cerrados, florestas,
campos, charcos inundáveis e ambientes aquáticos), e mais de mil espécies animais, incluindo cerca de
650 tipos de aves aquáticas, vivem na região.
No Pantanal, a expansão da agropecuária e as queimadas acarretaram a supressão de parte da
vegetação e a contaminação dos corpos d’água por agrotóxicos. Além disso, o pantanal recebe os rejeitos
da atividade mineradora de exploração de diamantes e de ouro, especialmente o mercúrio, altamente
poluente. Diversos programas e políticas ambientais têm sido desenvolvidos pelo governo federal para
proteger o bioma, prevendo o manejo correto de bacias hidrográficas, saneamento e apoio ao produtor.
A Floresta Amazônica se estende pela metade norte do estado do Mato Grosso, e se encontra bastante
ameaçada por desmatamentos e queimadas. A expansão da fronteira agropecuária nessa área, para
plantio ou criação de gado, atinge áreas de conservação ambiental e provoca erosão e assoreamento
nos rios.
Os Centros Urbanos
A rede urbana do Centro-Oeste desenvolveu-se de maneira linear, seguindo as rodovias de integração
e as ferrovias que ligam à Região Sudeste.
Brasília, metrópole nacional, Goiânia, metrópole, assim como Campo Grande e Cuiabá, capitais
regionais, situam-se sobre os grandes eixos viários. As cidades que exibem forte crescimento – como
Dourados (MS), Rondonópolis (MT) e Anápolis (GO) – estão também situadas nesses eixos.
A Cidade-Capital
Brasília representa um caso especial, entre as grandes cidades brasileiras. Não simplesmente por ser
uma cidade planejada: Belo Horizonte, fundada em 1897, e Goiânia, fundada em 1933, constituem outros
exemplos de cidades planejadas no Brasil. A singularidade de Brasília reside na finalidade específica que
orientou seu planejamento urbano – a criação de uma cidade-capital, condição que determinou a
expansão demográfica e econômica da região.
O Plano Piloto constitui o cerne da nova capital. É ele que está submetido ao plano urbanístico, com
seu rígido sistema de aprovação de plantas destinado a conservar as características originais da cidade.
Ideologicamente, esse plano, de autoria de Lúcio Costa, vinculava-se à tradição de pensamento
urbanístico do francês Le Corbusier e da escola arquitetônica da Carta de Atenas, cujos princípios
remontam ao IV Congresso de Arquitetura Moderna, realizado em 1933. A cidade deveria ser, a um só
tempo, funcional e harmônica: uma engrenagem de residências, consumo e trabalho. Para isso, os
planejadores deveriam dispor da capacidade de organizar o espaço de forma absoluta, excluindo as
incertezas e os conflitos inerentes ao desenvolvimento espontâneo das aglomerações urbanas. A ordem
seria um produto da autoridade e do saber urbanístico.
A base espacial do plano urbanístico reside na segregação funcional. No interior do Plano Piloto,
definiram-se as áreas reservadas às diferentes funções urbanas – administração pública, residências,
comércio local e central, etc.
Um eixo viário retilíneo, chamado Eixo Monumental, foi implantado e reservado aos palácios e edifícios
destinados aos órgãos de poder político, à administração e às embaixadas. Esse eixo é cortado por um
outro, arqueado, chamado Eixo Rodoviário, destinado à circulação expressa. Com 13 quilômetros de
extensão e cinco pistas sem cruzamentos, ele separa a circulação municipal da circulação local. Juntos,
os dois eixos têm o formato de asas de avião.
Ao longo do Eixo Rodoviário alinham-se as superquadras, destinadas à moradia. Nessas áreas
encontram-se escolas, igrejas e espaços de comércio local. Esses serviços localizam-se no interior dos
conjuntos de superquadras, direcionado a circulação de pessoas para dentro e não para as ruas. O
comércio de grande porte foi alocado em uma zona separada, no cruzamento entre os dois grandes eixos
da cidade. Todo o sistema de zoneamento e circulação da cidade prioriza o automóvel, a circulação
expressa.
Concebida por Oscar Niemeyer, a arquitetura da capital é coerente com o plano urbanístico, visando
reforçar simbolicamente a função de sede dos órgãos de poder político, que constitui a razão de ser de
Brasília.
01. (PGE/RO – Técnico da Procuradoria – FGV) O desenvolvimento econômico da região norte pode
ser entendido a partir da criação de um projeto ferroviário para interligar a região amazônica entre o final
do século XIX e a primeira metade do século XX. No entanto, com o advento do regime militar brasileiro,
nos anos 60 do século XX, o projeto ferroviário foi abandonado em razão da prioridade dada pelo regime
militar ao transporte:
(A) pluvial na região norte;
(B) naval pelo litoral da região norte;
(C) aéreo na região norte;
(D) misto aéreo e pluvial da região norte;
(E) rodoviário da região norte.
02. (PGE/RO – Técnico da Procuradoria – FGV) “A sensação térmica pode chegar a 38º C neste
sábado (5) na capital de Rondônia. De acordo com o Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam), o tempo
deve ser firme em todo o estado no final de semana”.
A previsão é de céu claro sem chuvas em todo o centro sul. Já nas demais regiões, incluindo Porto
Velho, céu claro a parcialmente nublado com pancadas de chuvas e trovoadas em áreas isoladas,
podendo ser acompanhada de rajadas de ventos no período da tarde e noite. (Fonte: http://g1.globo.com/, 05/09/2015.
Acesso em 20/09/2015).
A descrição do tempo apresentada na notícia revela características de temperatura e pluviosidade
comuns na região norte do Brasil, onde predomina o clima:
(A) equatorial, com baixa amplitude térmica anual e estações bem diferenciadas em termos de
precipitação;
(B) tropical úmido, mesotérmico em termos de temperatura e de pluviosidade irregular;
(C) tropical semiúmido, de baixa amplitude térmica anual e duas estações pluviométricas bem
definidas;
(D) equatorial, com pequena variação de temperatura ao longo do ano e total pluviométrico anual
elevado;
(E) tropical, com temperaturas médias elevadas ao longo do ano e precipitação distribuída de forma
irregular ao longo do ano.
03. (Prefeitura de Santana do Jacaré/MG – Psicólogo – Reis & Reis) O Brasil segue, atualmente,
a divisão regional estabelecida em 1970, em quantas regiões se divide o território brasileiro?
(A) 06 regiões;
(B) 05 regiões;
(C) 04 regiões;
(D) 01 região.
05. (CODAR – Motorista – EXATUS/PR) O Brasil é dividido em 5 Regiões Geográficas, estas abrigam
26 Estados e 1 Distrito Federal. Dadas estas informações, assinale a alternativa que apresenta as
Regiões Geográficas Brasileiras que são formadas por apenas 3 Estados?
(A) Apenas, Centro-Oeste.
(B) Centro-Oeste e Sul.
(C) Sul, apenas.
(D) Nenhuma alternativa responde corretamente ao enunciado da questão.
Gabarito
Geomorfologia
http://www.editoradobrasil.com.br/jimboe/galeria/imagens/index.aspx?d=geografia&a=5&u=4&t=mapa
19
SENE, Eustáquio de. Geografia geral e do Brasil. Volume único. Eustáquio de Sene, João Carlos Moreira. 6ª edição. São Paulo: Ática, 2018.
Cânion do rio São Francisco, na divisa entre os estados de Sergipe, Alagoas e Bahia
https://www.modices.com.br/dicas-de-viagem/canions-sao-francisco/
https://www.viajali.com.br/fotos-apaixonantes-patagonia/
Agentes internos, também chamados endógenos, são aqueles impulsionados pela energia contida
no interior do planeta. Esses fenômenos deram origem às grandes formações geológicas existentes na
superfície terrestre e continuam a atuar em suas transformações.
Observe a imagem do Monte Osorno (Chile), originado pelo vulcanismo, um dos agentes internos que
alteram a paisagem terrestre.
https://br.pinterest.com/pin/17592254764573916/
http://somagui.blogspot.com/2015/11/itabira-e-um-retrato-na-parede.html
As forças externas naturais são, portanto, modeladoras e atuam de forma contínua ao longo do tempo
geológico. Ao agirem na superfície da crosta, provocam a erosão e alteram o relevo por meio de suas
três fases: intemperismo, transporte e sedimentação.
20
Topografia é a ciência que estuda todos os acidentes geográficos definindo a sua situação e localização na Terra.
21
Intempérie é o substantivo feminino que significa mau tempo ou tempestade.
https://www.tripadvisor.com.br/LocationPhotoDirectLink-g1056623-d1368438-i95639294-Prainhas_do_Pontal_do_Atalaia-
Arraial_do_Cabo_State_of_Rio_de_Janeiro.html
A erosão é resultado da ação de algum agente, como chuva, vento, geleira, rio ou oceano, que provoca
o transporte de material sólido. Na imagem abaixo, dunas nos Lençóis Maranhenses, em Barreirinhas
(MA), um exemplo de ação do vento (erosão eólica).
https://www.xapuri.info/ecoturismo/dunas-lagos-lencois-maranhenses/
Curvas de Nível
Refere-se à prática que consiste em arar o solo e semeá-lo seguindo as cotas altimétricas do relevo
(curvas de nível ou isoípsas22), o que por si só já reduz a velocidade de escoamento superficial da água
da chuva.
https://www.gedtopografia.com/services/calculo-de-curva-de-nivel/
22
Isoípsa ou ¨ curva de nível¨ é o nome que se dá à uma linha que em um mapa topográfico une os pontos que apresentam a mesma elevação ou cota. A isoípsa
é considerada uma “isolinha”. A representação da isoípsa é indispensável em um mapa topográfico. É muito usada também na agricultura moderna.
Em 1940, foi elaborada uma classificação dos compartimentos do relevo brasileiro considerada até
então a mais coerente com a geomorfologia do nosso território. Seu autor foi o geógrafo e geomorfólogo
Aroldo de Azevedo (1910-1974), que, considerando as cotas altimétricas23, definiu planaltos como
terrenos levemente acidentados, com mais de 200 metros de altitude, e planícies como superfícies
planas, com altitudes inferiores a 200 metros. Essa classificação divide o Brasil em sete unidades de
relevo, com os planaltos ocupando 59% do território e as planícies, os 41% restantes.
Em 1958, Aziz Ab’Sáber (1924-2012) publicou um trabalho propondo alterações nos critérios de
definição dos compartimentos do relevo. A partir de então, foram consideradas as seguintes definições:
Planalto → área em que os processos de erosão superam os de sedimentação.
Planície → área mais ou menos plana em que os processos de sedimentação superam os de erosão,
independentemente das cotas altimétricas.
Essa classificação divide o Brasil em dez compartimentos de relevo, com os planaltos ocupando 75%
do território e as planícies, 25%.
Em 1989, Jurandyr Ross (1947) divulgou a mais recente classificação do relevo brasileiro, com base
nos estudos e classificações anteriores e na análise de imagens de radar obtidas no período de 1970 e
1985 pelo Projeto Radambrasil, que consistiu em um mapeamento complexo e minuciosos do país. Além
dos planaltos e das planícies, foi detalhado mais um tipo de compartimento:
Depressão → relevo aplainado, rebaixado em relação ao seu entorno; nele predominam processos
erosivos.
O território brasileiro possui, ainda, uma grande diversidade de formas e estruturas de relevo, como
serras, escarpas, chapadas, tabuleiros, cuestas24 e muitas outras.
23
Cota altimétrica é o número que exprime a altitude de um ponto em relação ao nível do mar ou a outra superfície de referência.
24
Cuesta é uma forma de relevo em que colinas e montes têm um declive não simétrico, ou seja, suave de um lado e íngreme do outro. A palavra tem origem
no idioma espanhol e significa encosta de uma colina ou monte.
25
O termo litologia pode se referir ao estudo especializado em rochas e suas camadas e que estuda os processos de litificação, ou às categorizações referentes
a esses mesmos processos e aos tempos geológicos em que ocorreram. Litologia está relacionada à rocha que irá formar o solo.
http://www.clebinho.pro.br/wp/?p=9992
Não devemos confundir bacia sedimentar, denominação que se refere à estrutura geológica, com
planície, que se refere à forma do relevo.
A estrutura sedimentar indica a origem, a formação e a composição de parte da crosta, ocorrida ao
longo do tempo geológico. Durante sua formação, enquanto a sedimentação supera os processos
erosivos, a bacia sedimentar é sempre uma planície. No entanto, uma bacia sedimentar que no passado
foi uma planície pode estar atualmente sofrendo um processo de erosão, de desgaste, e, portanto,
corresponder a um planalto ou a uma depressão, com as da Amazônia. Em contrapartida, bacias
sedimentares que hoje ainda estão em processo de formação correspondem a planícies. Um exemplo: a
planície do Pantanal.
Na imagem abaixo pode-se observar um trecho do Pantanal, em Corumbá (MS), durante o período
das cheias. Este é um exemplo típico de planície em formação, uma vez que durante as inundações
anuais ocorre intensa sedimentação.
http://g1.globo.com/mato-grosso-do-sul/noticia/2015/10/decreto-define-criterios-de-uso-sustentavel-do-pantanal-para-o-car.html
Agora observe esse relevo de origem sedimentar que está sofrendo erosão e, portanto, é um planalto
sedimentar, localizado na Chapada dos Guimarães (MT).
Questões
01. (ENEM) Muitos processos erosivos se concentram nas encostas, principalmente aqueles
motivados pela água e pelo vento. No entanto, os reflexos também são sentidos nas áreas de baixada,
onde geralmente há ocupação urbana.
02. (ENEM) As áreas do planalto do cerrado – como a chapada dos Guimarães, a serra de Tapirapuã
e a serra dos Parecis, no Mato Grosso, com altitudes que variam de 400 m a 800 m – são importantes
para a planície pantaneira mato-grossense (com altitude média inferior a 200 m), no que se refere à
manutenção do nível de água, sobretudo durante a estiagem. Nas cheias, a inundação ocorre em função
da alta pluviosidade nas cabeceiras dos rios, do afloramento de lençóis freáticos e da baixa declividade
do relevo, entre outros fatores. Durante a estiagem, a grande biodiversidade é assegurada pelas águas
da calha dos principais rios, cujo volume tem diminuído, principalmente nas cabeceiras. Cabeceiras ameaçadas.
Ciência Hoje. Rio de Janeiro: SBPC. Vol. 42, jun. 2008 (adaptado).
A medida mais eficaz a ser tomada, visando à conservação da planície pantaneira e à preservação de
sua grande biodiversidade, é a conscientização da sociedade e a organização de movimentos sociais que
exijam
(A) a criação de parques ecológicos na área do pantanal mato-grossense.
(B) a proibição da pesca e da caça, que tanto ameaçam a biodiversidade.
(C) o aumento das pastagens na área da planície, para que a cobertura vegetal, composta de
gramíneas, evite a erosão do solo.
(D) o controle do desmatamento e da erosão, principalmente nas nascentes dos rios responsáveis pelo
nível das águas durante o período de cheias.
(E) a construção de barragens, para que o nível das águas dos rios seja mantido, sobretudo na
estiagem, sem prejudicar os ecossistemas.
Gabarito
01.A / 02.D
Comentários
01. Resposta: A
A erosão é um processo constituído por três etapas: intemperismo, transporte e sedimentação. As
partículas das rochas são transportadas pelos agentes erosivos (água das chuvas, rios, ventos e outros)
para as partes mais baixas do relevo e, quando o material sedimenta nos rios, provocam assoreamento
e maior ocorrência de enchentes.
02. Resposta: D
As diferenças de altitude entre a planície do Pantanal e as serras e planaltos que o circundam o tornam
uma área inundável. No tocante ao seu papel na manutenção do nível das águas, tanto no período
chuvoso quanto no de estiagem, as agressões ambientais que acontecem no entorno do Pantanal
causam impacto direito em seu interior, destacando-se a redução no volume de água disponível e o
assoreamento.
1) Caranguejo preso em um copo de plástico no mar na Passagem de Isla Verde, nas Filipinas, em 7
de março de 2019.
2) Algumas vacas atravessando a lagoa seca de Aculeo, em Paine (Chile), em 9 de janeiro de 2019.
3) Poluição causada por veículos em uma rua em Nova Delhi (Índia), em 14 de novembro de 2017.
26
TAMDJIAN, James Onning. Geografia: estudos para compreensão do espaço. 2ª edição. São Paulo: FTD, 2013.
5) Casal junto a seus animais, resgatados de uma inundação em Burgaw, Carolina do Norte (Estados
Unidos), em 17 de setembro de 2018.
10) Vista aérea de uma área desmatada da floresta amazônica, no sudeste do Peru, causada pela
mineração ilegal, em 19 de fevereiro de 2019.
11) Bombeiros tentando apagar um incêndio na aldeia grega de Kineta, em 24 de julho de 2018.
13) Restos mortais de um urso polar morto como resultado da falta de comida devido à mudança
climática, fotografado em julho de 2013, no oeste de Svalbard (Groenlândia).
Feita a análise das fotos acima, podemos concluir que a humanidade está diante de uma terrível crise
ambiental.
O modelo de desenvolvimento econômico calcado no avanço do industrialismo, no consumismo
desenfreado e na exploração cada vez mais intensa dos recursos naturais do planeta tem levado tanto
ao agravamento quanto ao surgimento de novos problemas ambientais.
Diante dos problemas ambientais existentes no passado, os sintomas da crise ambiental
contemporânea adquiriram proporções jamais alcançadas, atingindo, inclusive, as áreas mais remotas e
inóspitas do planeta, como as regiões polares, que já sofrem os efeitos das alterações climáticas
desencadeadas pela intensa poluição atmosférica.
Esse exemplo do derretimento das geleiras polares no Ártico, decorrente do aquecimento atmosférico
global, nos revela também outra face da problemática ambiental contemporânea, em que os problemas
ambientais deixaram de se restringir no âmbito local ou regional para se tornarem questões de ordem
planetária.
Desde a Antiguidade, o ambiente é um tema discutido pelas sociedades. Na Grécia antiga, por
exemplo, os filósofos já debatiam sobre qual era a essência de tudo o que existe no mundo, especialmente
da água, da terra, do fogo e do ar.
As poucas, mas significativas, descobertas feitas por eles levaram-nos a acreditar que a Terra era
perfeitamente harmônica, concebida por algo divino e de extrema inteligência.
Aristóteles (c. 485 a.C-420 a.C.), um dos maiores pensadores gregos, defendia que todas as coisas
na Terra, vivas e não vivas (como as rochas), tinham uma profunda ligação entre si e até mesmo uma
essência comum, sendo úteis para a sobrevivência. Pouco a pouco se desenvolveu a ideia de que a Terra
é um gigantesco ser vivo.
Na Revolução Industrial (séculos XVIII e XIX), o ambiente passou a ser tratado isoladamente, como
se fosse um conjunto de elementos que não tinham nenhuma relação com a sociedade e existiam apenas
para atender às suas necessidades.
Dentro desse contexto histórico, com suas características sociais, econômicas e políticas, os
interesses econômicos privados tomaram-se explícitos e prevaleceram sobre qualquer alerta de
problemas ambientais que poderiam surgir em longo prazo.
De meados do século XIX até os nossos dias, ocorreu um verdadeiro saque aos recursos naturais e
uma destruição de muitos elementos da natureza.
A Sociedade de Consumo
Vivemos em uma sociedade marcada e dominada pela lógica do consumo. Todos os seus
componentes, jovens, adultos e idosos, sejam eles ricos ou pobres, estão inseridos nesse contexto.
Grande parte dos meios de comunicação faz uma ligação entre o consumo e o prazer. São centenas
de milhares de produtos apresentados como necessários para se alcançar a felicidade.
O Desenvolvimento Sustentável
Apesar de relativamente recente, a ideia de desenvolvimento sustentável vem ganhando espaço com
o desenvolvimento das relações internacionais intensificadas pelo aumento das trocas comerciais,
principalmente nos últimos 200 anos.
Depois da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) é que essas preocupações ganharam relevância.
Uma das principais razões para isso foi a tragédia das bombas atômicas de Hiroshima e Nagasaki (1945),
que mataram centenas de milhares de pessoas. Ao deixar um rastro de radioatividade, as bombas
ampliaram muito as ocupações ambientais de uma considerável parcela da população mundial.
Com a criação da ONU, em 1945, as relações internacionais passaram por uma mudança que também
atingiu a questão ambiental. Em 1949 ocorreu a conferência das Nações Unidas para a Conservação e
Utilização dos Recursos (Unscur), em Nova York.
Em 1968, intelectuais, empresários e líderes políticos criaram uma organização voltada ao debate
sobre o futuro da humanidade, o chamado Clube de Roma, que financiava pesquisas para publicação de
relatórios importantes.
Em 1972 eles lançaram o relatório Limites do crescimento, em conjunto com cientistas do
Massachusetts Institute of Technology (MIT). Esse relatório gerou muita polêmica, pois basicamente
afirmava que, se continuassem os ritmos de crescimento da população, da utilização dos recursos
naturais e da poluição, a humanidade correria sérios riscos de sobrevivência no final do século XXI.
Eco 92
Em junho de 1992, a ONU organizou na cidade do Rio de Janeiro a Conferência das Nações Unidas
sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (Cnumad), que ficou conhecida como Cúpula da Terra ou Eco
92.
Entre os objetivos principais dessa conferência, destacaram-se:
→ Examinar a situação ambiental mundial desde 1972 e suas relações com o estilo de
desenvolvimento vigente;
→ Estabelecer mecanismos de transferência de tecnologias não poluentes aos países
subdesenvolvidos;
→ Incorporar critérios ambientais ao processo de desenvolvimento;
→ Prever ameaças ambientais e prestar socorro em casos emergenciais;
→ Reavaliar os organismos da ONU, eventualmente criando novas instituições para implementar as
decisões da conferência.
Abaixo vamos conhecer algumas resoluções e documentos importantes da ECO-92.
A Convenção do Clima
A Convenção do Clima atribuiu aos países desenvolvidos a responsabilidade pelas principais emissões
poluentes, dando a eles os encargos mais importantes no combate às mudanças do clima. Aos países
em desenvolvimento, concedeu-se a prioridade do desenvolvimento social e econômico, mantendo,
porém, a tarefa de controlar suas parcelas de emissões de poluentes na medida em que se
industrializassem. As recomendações da convenção foram:
→ Adotar políticas que promovessem eficiência energética e tecnologias mais limpas;
→ Reduzir as emissões do setor agrícola;
→ Desenvolver programas que protegessem os cidadãos e a economia contra possíveis impactos da
mudança do clima;
→ Apoiar pesquisas sobre o sistema climático;
→ Prestar assistência a outros países em necessidade;
→ Promover a conscientização pública sobre essa questão.
Infelizmente os acordos da Eco 92 ficaram apenas no plano das boas intenções.
27
O ecodesenvolvimento é um conjunto de ideias e procedimentos que dão prioridade ao processo criativo de transformação do meio em que vivemos, porém,
com a ajuda de técnicas ecologicamente corretas e que sejam adequadas a da um dos lugares. São as populações desses lugares que devem se envolver, se
organizar, utilizar os recursos naturais de forma prudente e procurar soluções que em a um futuro digno.
A Agenda 21
Esse documento, assinado pela comunidade internacional durante a Eco 92, assumiu compromissos
para a mudança do padrão de desenvolvimento no século XXI. Ou seja, a Agenda 21 procurou traduzir
em ações o conceito de desenvolvimento sustentável.
O termo "agenda" teve, nesse caso, o sentido de intenções, isto é, de propostas de mudanças, visando
a criar um modelo de civilização pelo qual sejam possíveis a convivência e a simultaneidade do equilíbrio
ambiental com a justiça social entre as nações.
A Agenda 21 buscava:
→ Geração de emprego e de renda;
→ Diminuição das disparidades regionais e interpessoais de renda;
→ Mudança nos padrões de produção e consumo;
→ Construção de cidades sustentáveis;
→ Adoção de novos modelos e instrumentos de gestão.
No entanto, para alcançar essas metas, era preciso mobilizar, além dos governos, todos os segmentos
da sociedade.
Como estava previsto na Convenção do Clima, assinada durante a Eco 92, deveria ocorrer um novo
encontro internacional para se discutir a redução da emissão de gases responsáveis pelo aumento da
temperatura do planeta.
Tal reunião ocorreu em 1997, em Kyoto, no Japão, onde líderes de 160 nações assinaram um
compromisso que ficou conhecido como Protocolo de Kyoto.
Esse documento previa, entre 2008 e 2012, um corte de 5,2% nas emissões dos gases causadores do
efeito estufa, em relação aos níveis de 1990.
Para entrar em vigência, o Protocolo de Kyoto deveria ser ratificado por, no mínimo, 55 governos, que,
se somados, representariam no mínimo 55% das emissões de CO² produzidas pelos países
industrializados. Essa porcentagem foi adotada para que os Estados Unidos, um dos maiores poluidores
do planeta, não pudesse impedir, sozinho, a adoção dessas medidas.
A Rio+10
Em 2002, mais uma vez a ONU tentou estabelecer ações globais para a melhoria da qualidade de
vida. Tal medida ficou conhecida como Rio+10, a Cúpula Mundial sobre o Desenvolvimento Sustentável,
que se realizou em Johanesburgo, na África do Sul. Os principais temas então abordados foram:
Clima e energia: foi estabelecido o uso de energias limpas, mas não foram determinadas as metas.
Por isso, os ambientalistas protestaram, afirmando que o texto permitia a inclusão da energia nuclear, já
que incentivava as energias avançadas;
Subsídio agrícola: segundo muitos críticos, a superficialidade do texto fortaleceu a OMC, controlada
pelos países ricos, e esvaziou o papel mediador da ONU;
Protocolo de Kyoto: desde o protocolo, pouco mudou, pois os países que não haviam assinado até
então, apenas prometeram que estudariam o caso (exceto os Estados Unidos, que até mesmo abandonou
a reunião antes de seu final);
Biodiversidade: decidiu-se reduzir o ritmo de desaparecimento de espécies em extinção e repassar
os recursos obtidos pela exploração de produtos naturais para seus locais de origem;
Água e saneamento: foi decidido que se devia aumentar o número de pessoas com acesso à água
potável. Os críticos afirmaram, porém, que o texto poderia ser mais específico quanto aos procedimentos
conjuntos a serem adotados;
No fim dos anos 1980, aumentou-se a percepção de que as atividades humanas eram cada vez mais
prejudiciais ao clima do planeta. A ONU convocou cientistas do mundo todo para acompanhar esse
processo e, com a colaboração de 130 governos, criou-se o Painel Intergovernamental de Mudanças
Climáticas (IPCC).
O principal papel desse organismo foi o de criar relatórios e documentos para acompanhar a situação
ambiental do planeta e também o de fornecer essas informações para a Convenção do Quadro das
Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, órgão responsável por essas discussões.
Em 2007, o IPCC recebeu, junto com o ex-vice-presidente estadunidense AI Gore, o prêmio Nobel da
paz, pelo trabalho de divulgação e busca de conscientização sobre os riscos das mudanças climáticas.
Veja os principais alertas do IPCC:
→ A temperatura da Terra deve subir entre 1,8ºC e 4ºC, nas próximas décadas, o que aumentaria a
intensidade de tufões e secas, ameaçaria um terço das espécies do planeta e provocaria epidemias e
desnutrição;
→ O derretimento das camadas polares poderia fazer com que os oceanos se elevassem entre 18 e
58 cm até 2100, fazendo desaparecer pequenas ilhas e, assim, obrigando centenas de milhares de
pessoas a aumentar o fluxo dos chamados "refugiados ambientais".
A Conferência de Copenhague
A Rio+20
Em 2012, o Rio de Janeiro foi sede de um evento para marcar o 20º aniversário da Conferência das
Nações Unidas sobre Desenvolvimento do meio Ambiente, realizada em 1992, conhecida como Rio 92.
O encontro foi popularmente chamado de Rio+20.
A meta principal foi fazer um balanço dos últimos anos na busca de um modelo econômico baseado
no desenvolvimento sustentável. Uma das principais resoluções foi transformar o Programa das Nações
Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) numa agência da ONU, como por exemplos, a Organização
Mundial da Saúde (OMS) ou a Organização Mundial do Comércio (OMC), o que lhe daria mais poderes
e recursos.
Um exemplo de avanço na Rio+20 foram acordos para a redução da emissões de gases causadores
de efeito estufa.
Poluição Atmosférica
A poluição do ar consiste no lançamento e acúmulo de partículas sólidas e gases tóxicos que se
concentram na atmosfera terrestre alterando suas características físico-químicas.
De maneira geral, os poluentes atmosféricos podem ser produzidos por fontes primárias ou
secundárias.
Os poluentes primários são aqueles liberados diretamente das fontes de emissão, como os gases que
provém de queimadas em florestas ou da queima de combustíveis fósseis (petróleo e carvão), lançados
do escapamento dos veículos automotores e também das chaminés das fábricas, entre eles, monóxido
de carbono (CO), dióxido de carbono (CO²), dióxido de enxofre (SO²) e metano (CH4).
https://www.todamateria.com.br/inversao-termica/
28
A troposfera é a camada mais baixa da atmosfera terrestre, sendo a região em que vivemos e onde ocorrem os fenômenos meteorológicos.
As Mudanças Climáticas
A humanidade já passou por períodos mais quentes que o atual e por períodos muito frios também.
Dessa forma, muitos podem afirmar que as preocupações com o aquecimento são exageradas e que
a Terra vai passar por períodos de resfriamento tal qual já ocorreu.
Isso não é verdade. O problema está no fato de que se ampliou muito a emissão de CO² na atmosfera
desde o início da Revolução Industrial.
As fábricas e as indústrias usavam e ainda usam carvão mineral para gerar energia. Com o avanço
das tecnologias, o petróleo passou a ser usado também como matéria-prima e fonte de combustíveis para
muitos sistemas de transporte.
Apesar de a emissão de poluentes não ser igual em todos os países e de os mais industrializados
terem responsabilidade maior nesse processo, hoje já é possível afirmar que se trata de um problema
global.
Grandes quantidades de poluição produzidas em um lugar podem atingir outras localidades do planeta,
em função da circulação das massas de ar que transportam esses rejeitos.
https://www.grupoescolar.com/a/b/A6A65.jpg
As temperaturas médias no mundo subiram muito nos últimos 150 anos, e a explicação está no
acúmulo de gases causadores do efeito estufa.
https://www.bbc.com/portuguese/geral-45558884
Na imagem acima, observa-se a Camada de ozônio sobre o Polo Sul, em setembro de 2018. Em roxo
e azul estão as áreas que têm menos ozônio, enquanto em amarelo e vermelho, as que têm mais.
https://alunosonline.uol.com.br/geografia/salinizacao-solo.html
https://pt.wikipedia.org/wiki/Saliniza%C3%A7%C3%A3o
A Organização das Nações Unidas para Alimentação e agricultura estima que, dos 250 milhões de
hectares irrigados em todo o planeta, cerca de metade já tem problemas de salinização, e uma grande
parte é abandonada todo ano por esse motivo. Por isso, a irrigação precisa ser feita com muito cuidado.
Entendemos que a água está cada vez mais escassa em todo o globo. A combinação de fatores
naturais e socioeconômicos como pressão demográfica e uso irracional gera desertificação, salinização
e poluição desenfreada.
O aumento do estresse hídrico já reduziu de forma considerável as reservas hídricas disponíveis no
planeta. Em quase metade das localidades habitadas, já existem problemas de escassez, e cerca de 20
a 30% da população mundial não têm acesso a redes satisfatórias de água e esgoto. Esse quadro fica
ainda mais grave uma vez que a escassez desse recurso se soma a problemas políticos entre povos e
nações.
No Oriente Médio, por exemplo, há inúmeras disputas pela posse da água que se misturam a
rivalidades criadas por décadas de conflitos.
Israelenses e palestinos têm na água um dos maiores pontos de discórdia. Eles disputam as águas
oriundas da nascente do Rio Jordão e do Lago Tiberíades nas proximidades das Colinas de Golã. Além
disso, 90% dos canais de abastecimento de água são controlados por Israel.
Organismos internacionais afirmam que a disponibilidade per capita de água é quatro vezes maior em
Israel do que nos territórios palestinos, fato que potencializa epidemias, queda da produtividade agrícola
e tantos outros problemas.
Outro exemplo de tensão em razão da disputa pela água ocorre entre Síria, Turquia e Iraque. A Turquia
tem um plano de desenvolvimento que inclui a construção de mais de 20 barragens ao longo dos rios
Tigre e Eufrates.
Essas obras de grande porte alteram radicalmente a vazão de água dos rios e ameaçam o
abastecimento de grandes áreas em países vizinhos, como o Iraque e a Síria. Esses países discutem
hoje um estatuto comum para a administração desses rios, visto que não foram poucas as vezes que eles
entraram em alerta para uma possível guerra: um temendo perder o enorme volume de água, fundamental
para seu povo, outro temendo perder as barragens, fundamentais para seu desenvolvimento.
A Chuva Ácida
A atmosfera, como vimos, vem sendo contaminada por compostos químicos como o enxofre e o
nitrogênio, que vão se concentrando no vapor de água e, consequentemente, nas nuvens. Estas, quando
muito carregadas, despejam uma chuva extremamente ácida.
Até a década de 1990, a chuva ácida era comum apenas nos países de industrialização mais antiga,
mas depois, com a expansão mundial do processo industrial, ela passou a ocorrer em grande quantidade
também na Ásia, em países como China, Índia, Tailândia e Coreia do Sul, que hoje são os grandes
responsáveis pela emissão de óxido nitroso (NO) e dióxido de enxofre (SO²).
Grande parte desse problema foi surgindo conforme a produção industrial se expandia. Isso significou
maior uso de termelétricas que geram energia por meio do carvão e do petróleo (combustíveis altamente
poluentes), maior circulação de carros e outros meios de transportes.
Nos últimos anos há incidência de chuva ácida praticamente em todo o mundo. Em alguns lugares
onde não existem atividades industriais poluentes, ela ocorre em razão do deslocamento das massas de
ar vindas de países emissores de poluição.
https://escolakids.uol.com.br/geografia/chuva-acida.htm
http://meioambiente.culturamix.com/recursos-naturais/derretimento-das-calotas-polares
Tudo isso leva a uma situação preocupante. Previsões feitas pela ONU alertam que entre 50 e 100
milhões de pessoas podem abandonar suas casas temporária ou definitivamente por problemas
relacionados a questões ambientais nas próximas décadas, tornando-se refugiados ambientais.
Nesses números estão incluídos grupos humanos, comunidades inteiras que serão levadas a migrar
em razão da poluição das águas, de enchentes, do desgaste dos solos, do fim da disponibilidade de
peixes e da subida do nível dos oceanos.
É certo que essa situação exigirá uma legislação internacional, uma vez que países e regiões inteiras
vão ser evacuados, e os refugiados poderão ser levados em circunstâncias emergenciais a outros países.
A qualidade de vida das gerações atuais e futuras começou a se tornar preocupante, tendo em vista o
estilo de vida e a relação que temos com o meio ambiente, provedor de matérias-primas para a nossa
sobrevivência. Por causa disso, a sustentabilidade hoje é um tema bastante discutido em escolas,
universidades, redes sociais e países de modo geral.
As Construções Alternativas
As paisagens urbanas têm cada vez mais se distanciado da forma original da natureza, de modo que
não proporciona um vínculo entre a dinâmica das cidades e o meio ambiente. Atualmente, 60% dos
resíduos sólidos urbanos provêm da construção civil, o que também provoca grande demanda de
madeira, contribuindo para o desmatamento de áreas de floresta.
Inseridas no pensamento sustentável, as construções alternativas começam a ser disseminadas com
o intuito de minimizar a desarmonia entre o ambiente natural e o construído, reduzindo os impactos
ambientais envolvidos na construção civil.
Essas construções são baseadas em uma arquitetura que considera a necessidade de transformar
sem agredir o ambiente, promovendo a utilização de matérias-primas biodegradáveis e de maneira
proveniente de reservas extrativistas sustentáveis, além do emprego de tecnologias que reduzam o
desperdício de água e energia e que facilitem a reutilização.
Para que essas construções atendam a esses objetivos, os elementos do clima local devem ser sempre
considerados; assim, é possível executar um planejamento voltado à iluminação e ao aquecimento
natural, por exemplo.
A aplicação de coberturas verdes e o uso da energia solar, captada por painéis fotovoltaicos, são
exemplos que se encaixam na construção sustentável. No entanto, pelo fato de exigirem maior
investimento, essas construções não são tão comuns quanto deveriam.
Questões
29
FURQUIM JR, Laercio. Geografia cidadã. 1ª edição: São Paulo, editora AJS, 2015.
03. (PC/RO – Delegado de Polícia Civil – FUNCAB) Em setembro de 2013, os cientistas do Painel
Intergovernamental Sobre Mudanças Climáticas (IPCC) da ONU divulgaram novo relatório sobre
aquecimento global. De acordo com esse relatório:
(A) o aquecimento global retrocedeu significativamente na última década, devido à maior absorção do
calor pelas águas dos oceanos.
(B) os países emergentes, como China e índia, são os mais afetados no mundo pelo aquecimento
global, e, portanto, os principais interessados em reverter esse processo.
(C) o aumento do aquecimento global é um processo natural, que não está relacionado às ações
humanas.
(D) o desmatamento das áreas de floresta, especialmente no Brasil, é a principal causa do
aquecimento global.
(E) as ações humanas estariam intensificando o efeito estufa e provocando aumento do aquecimento
global.
Gabarito
Comentários
01. Resposta: A
Aquecimento global é o processo de aumento da temperatura média dos oceanos e da atmosfera da
Terra causado por massivas emissões de gases que intensificam o efeito estufa, originados de uma série
de atividades humanas (daí o termo antropogênico), especialmente a queima de combustíveis fósseis e
mudanças no uso da terra, como o desmatamento, bem como de várias outras fontes secundárias.
02. Resposta: D
Desenvolvimento sustentável significa obter crescimento econômico necessário, garantindo a
preservação do meio ambiente e o desenvolvimento social para o presente e gerações futuras.
03. Resposta: E
No fim dos anos 1980, aumentou-se a percepção de que as atividades humanas eram cada vez mais
prejudiciais ao clima do planeta. A ONU convocou cientistas do mundo todo para acompanhar esse
processo e, com a colaboração de 130 governos, criou-se o Painel Intergovernamental de Mudanças
Climáticas (IPCC).
c. Os recursos minerais
O material de origem depende da classificação genética das rochas. Classificar as rochas significa
usar critérios que permitam agrupá-las segundo características semelhantes.
Uma das principais classificações é a genética, em que as rochas são agrupadas de acordo com o seu
modo de formação na natureza. Sob este aspecto, as rochas dividem-se em três grandes grupos:
- Ígneas ou magmáticas;
- Sedimentares;
- Metamórficas.
A cor das rochas ígneas é muito variável, podendo ser classificadas como:
- Máficas – são as rochas ígneas escuras ricas em minerais contendo magnésio e ferro;
- Félsicas – são claras, mais ricas em minerais, e contêm sílica e alumínio (siálicas), que incluem os
feldspatos e o quartzo ou sílica.
Rochas Sedimentares
Parte das rochas sedimentares é formada a partir da compactação e/ou cimentação de fragmentos
produzidos pela ação dos agentes intempéricos e pedogênese sobre uma rocha preexistente, após serem
transportados pela ação dos ventos, das águas que escoam pela superfície ou pelo gelo, do ponto de
origem até o ponto de deposição. Exemplo:
O metamorfismo pode ser regional, local e dinâmico. O regional ocorre em grandes extensões da
superfície do globo terrestre, em consequência de eventos geológicos de grande porte como, por
exemplo, edificação de cadeias de montanhas.
Dependendo dos valores alcançados pela variação de pressão e temperaturas, têm-se os
metamorfismos regionais de baixo, médio e alto grau.
Muitas rochas metamórficas são reconhecidas graças a sua estrutura de foliação, ou seja, a orientação
preferencial que os minerais placoides assumem, bem como a sua estrutura de camadas dobradas,
devido às deformações que acompanham o metamorfismo regional.
O metamorfismo local restringe-se a domínios de terreno que variam entre centímetros e dezenas de
metros de extensão. O metamorfismo termal ou de contato ocorre quando o aumento de temperatura
predomina.
O metamorfismo dinâmico ocorre quando predomina o aumento de pressão no fenômeno da
transformação das rochas como em zonas de falhas.
Quando a temperatura do metamorfismo ultrapassa um certo limite, determinado pela natureza
química da rocha e pela pressão vigente, frequentemente na faixa de 700 - 800º C, as rochas começam
a se fundir, produzindo novamente um magma.
De modo geral, os solos vêm sendo formados há milhões de anos. São frutos de um processo contínuo
que se iniciou com o processo de decomposição de uma rocha matriz, que também pode ser chamada
de rocha-mãe.
À medida que a rocha matriz vai sofrendo a ação do intemperismo (ação da água, vento e seres vivos),
ocorre a liberação de fragmentos de rocha que, por sua vez, se misturam a outros sedimentos, como
restos de animais e plantas, e, portanto, dão origem a um determinado tipo de solo30.
30
<http://www.universiaenem.com.br/sistema/faces/pagina/publica/conteudo/textohtml.xhtml?redirect=51704978228430979754772414673>
31
IBGE. Manual Técnico de Pedologia. 2ª Edição. Rio de Janeiro. 2007.
Intemperismo
Meteorização ou intemperismo é o processo natural de decomposição ou desintegração de rochas e
solos, e seus minerais constituintes, por ação dos efeitos químicos, físicos e biológicos que resultam da
sua exposição aos agentes externos.
Esses agentes podem ocorrer simultaneamente na natureza e acabam por se complementarem no
processo de formação das rochas. Isso fica demonstrado quando analisamos o efeito da temperatura e
da água nas rochas.
Variações climáticas podem levar ao trincamento das rochas e, por conseguinte, a água irá penetrar
essas trincas atacando quimicamente os minerais. Pode ocorrer também, que o congelamento da água
nas trincas leve ao fissuramento da rocha devido às tensões geradas.
Ressalta-se32 que os processos de intemperismo físico reduzem o tamanho das partículas,
aumentando sua área de superfície e facilitando o trabalho do intemperismo químico. Já os processos
químicos e biológicos podem causar a completa alteração física da rocha e alterar suas propriedades
químicas33.
O Intemperismo físico não altera a composição química da rocha. Os principais tipos são:
- Variações de Temperatura: da física sabemos que todo material varia de volume em função de sua
temperatura. Estas variações de temperatura ocorrem entre o dia e a noite e durante o ano, e sua
intensidade será função do clima local. Acontece que uma rocha é geralmente formada de diferentes tipos
de minerais, cada qual possuindo uma constante de dilatação térmica diferente, o que faz a rocha
deformar de maneira desigual em seu interior, provocando o aparecimento de tensões internas que
tendem a fraturá-la. Mesmo rochas com uma uniformidade de componentes não têm uma arrumação que
permita uma expansão uniforme, pois grãos compridos deformam mais na direção de sua maior
dimensão, tendendo a gerar tensões internas e auxiliar no seu processo de desagregação.
- Repuxo coloidal: é caracterizado pela retração da argila devido à sua diminuição de umidade, o que
em contato com a rocha pode gerar tensões capazes de fraturá-la.
- Ciclos gelo/degelo: as fraturas existentes nas rochas podem se encontrar parcialmente ou
totalmente preenchidas com água. Esta água, em função das condições locais, pode vir a congelar,
expandindo-se e exercendo esforços no sentido de abrir ainda mais as fraturas preexistentes na rocha,
auxiliando no processo de intemperismo (a água aumenta em cerca de 8% o seu volume devido à nova
arrumação das suas moléculas durante a cristalização). Vale ressaltar também que a água transporta
substâncias ativas quimicamente, incluindo sais que ao reagirem com ácidos provocam cristalização com
aumento de volume.
- Alívio de pressões: irá ocorrer em um maciço rochoso sempre que da retirada de material sobre ou
ao lado do maciço, provocando a sua expansão, o que por sua vez, irá contribuir no fraturamento,
estricções e formação de juntas na rocha. Estes processos, isolados ou combinados (caso mais comum)
"fraturam" as rochas continuamente, o que permite a entrada de agentes químicos e biológicos, cujos
efeitos aumentam o fraturamento e tende a reduzir a rocha a blocos cada vez menores.
Por outro lado, o intemperismo químico irá provocar alterações na estrutura química das rochas. A
hidrólise, hidratação (responsável pela expansão da rocha) e carbonatação (principalmente em rochas
calcárias) são os exemplos clássicos de intemperismo químico.
32
MACHADO, S. l. (2002) – “Apostila Mecânica dos Solos” – Universidade Federal da Bahia (UFBA) – Departamento de Geotécnica da Escola Politécnica de
Engenharia.
33
PAULO CÉSAR LODI. Mecânica dos Solos. Volume I. UNESP.
- Hidratação: é a entrada de moléculas de água na estrutura dos minerais. Alguns minerais quando
hidratados (feldspatos, por exemplo) sofrem expansão, levando ao fraturamento da rocha.
Produtos do Intemperismo
O solo é o principal produto resultante da ação do intemperismo, no qual as ações em torno dele como
a erosão também são consequências.
Conforme definição do Instituto de Terras, Cartografia e Geologia do Paraná, o solo é “Produto do
intemperismo físico e químico das rochas, situado na parte superficial do manto de intemperismo.
Constitui-se de material rochoso desintegrado e decomposto35”.
Fatores Pedogenéticos
Os principais fatores ligados à formação dos solos são:
- O relevo na formação dos solos36
A ação do relevo reflete diretamente sobre a dinâmica da água, tanto no sentido vertical (infiltração)
como lateral (escorrimentos superficiais – enxurradas – e dentro do perfil); e indiretamente sobre o clima
dos solos (temperatura e umidade), através da incidência diferenciada da radiação solar, do decréscimo
da temperatura com o aumento das altitudes, e sobre os seres vivos – os tipos de vegetação natural
importantes na formação dos solos.
A água que cai sobre um terreno e não evapora tem apenas dois caminhos: ou penetra no solo ou
escorre pela superfície.
Geralmente, segue concomitantemente ambos os caminhos, com maior ou menor participação de um
ou outro, dependendo das condições do relevo (declividade e comprimento da vertente); da cobertura
vegetal; e de fatores intrínsecos do solo.
Em terrenos declivosos, a quantidade de água que penetra no solo é, em igualdade de incidência de
precipitação pluvial, normalmente menor que nos menos inclinados.
Na coexistência de ambas as situações, compartilhando uma porção da paisagem, as áreas menos
declivosas recebem o acréscimo de água do escoamento superficial e subsuperficial proveniente das
áreas mais altas.
Os solos de relevo íngreme são submetidos ao rejuvenescimento, através dos processos erosivos
naturais e, em geral, apresentam clima mais seco do que aqueles de relevo mais suaves.
Os solos rasos e pouco profundos das vertentes declivosas são naturalmente coabitados por matas
mais secas do que as dos terrenos contíguos menos íngremes.
Disso resultam solos menos profundos e evoluídos do que os situados em condições de relevo mais
suave, onde as condições hídricas determinam ambiente úmido mais duradouro.
Em terrenos aplainados, a eliminação da água pelo escorrimento superficial é diminuta; assim, há um
acentuado fluxo de água através do perfil, favorecendo a lixiviação (extração ou solubilização dos
constituintes químicos de uma rocha, mineral ou solo) em sistema de drenagem livre.
34
PINTO, C. S. (2000). Curso Básico de Mecânica dos Solos em16 Aulas, 247 págs., Oficina de Textos, São Paulo.
35
<http://www.mineropar.pr.gov.br/modules/glossario/conteudo.php?conteudo=S>
36
Geografia Física II / Fernando Moreira da Silva, Marcelo dos Santos Chaves, Zuleide Maria C. Lima. – Natal, RN: EDUFRN, 2009.
- a temperatura;
- a precipitação pluvial
- a deficiência e o excedente hídrico
A latitude influi diretamente nos regimes térmicos regionais. É muito importante no desenvolvimento
dos solos, pois a velocidade das reações químicas que neles se processam é maior e diretamente
proporcional ao aumento da temperatura.
Além da temperatura, a quantidade de água de chuva que atinge, penetre, permaneça ou escorra na
superfície é um fator igualmente importante no processo de formação do solo.
Regiões com farta disponibilidade de água excedente apresentam, normalmente, solos mais evoluídos
do que regiões secas.
O enorme volume de água que flui através dos solos nas regiões úmidas promove a hidratação de
constituintes e favorece a remoção dos cátions liberados dos minerais pela hidrólise, acelerando as
transformações de constituintes e, consequentemente, o processo evolutivo do solo.
Da conjugação de variados regimes de temperatura e umidade, resulta essencialmente a ocorrência
de climas distintos ao longo do território brasileiro e, por conseguinte, de ações formadoras de solo
também diferenciadas.
Entre os baixos platôs amazônicos quentes e úmidos, o sertão nordestino quente e semiárido e os
planaltos sulinos frios e úmidos, há diferenças apreciáveis no que concerne à formação de solos, em
consequência das disparidades de condições pedoclimáticas.
Na região amazônica, a conjunção de alta temperatura e alta precipitação pluvial, ao longo do ano,
favorece a efetivação das reações químicas que se processam nos solos. Por exemplo: solos bastantes
intemperizados, profundos, essencialmente cauliníticos, muito pobres quimicamente, com reações
bastante ácidas.
No Nordeste semiárido, a escassez de umidade contribui para diminuição da velocidade e intensidade
dos processos pedogenéticos, resultando em solos pouco desenvolvidos, rasos ou pouco profundos,
cascalhentos ou pedregosos e/ou com relativa abundância de minerais primários pouco alterados e
minerais de argila de elevada atividade coloidal. Por exemplo: solos pouco lixiviados, quimicamente ricos,
pouco ácidos e ligeiramente alcalinos ou mesmo com altos teores de sais solúveis e de sódio trocáveis.
Nos planaltos sulinos, as baixas temperaturas e a constante umidade favorecem a formação de solos
com espessas camadas superficiais escuras e ricas em M.O (Molibdênio), conferindo-lhes particular
morfologia, além de influenciar mais ativamente os processos de transformações e neoformações. Por
exemplo: solos não muito desenvolvidos, pouco profundos, por vezes pedregosos, quimicamente pobres,
muito lixiviados, de reação bastante ácida e consideravelmente ricos em constituintes orgânicos.
Questões
01. (IGP/SC – Perito Criminal Ambiental – IESES/2017) No tocante à formação dos solos, assinale
a alternativa correta:
(A) O solo é formado a partir de processos internos do planeta Terra, como o vulcanismo e o movimento
das placas tectônicas.
02. (FUNAI – Engenheiro Agrônomo – ESAF/2016) Os solos são um importante recurso natural
renovável suportando a vida e as atividades humanas economicamente, com notável importância nas
práticas agropecuárias com vistas à geração de alimentos. Os solos são formados a partir da
decomposição das rochas de origem, que daí adquirem morfologia variada e oportunizam diferentes
classificações. Considerando pois, a origem, morfologia e classificação dos solos, assinale a opção
correta.
(A) Os termos aluviais e eluviais permitem classificar os solos quanto à origem: aluviais são os solos
formados por rochas encontradas no mesmo local da formação, isto é, a rocha matriz que foi decomposta
e se alterou para a formação do solo e se encontra no mesmo local do solo; enquanto os eluviais são os
solos formados por transporte e sedimentação do material de rochas localizadas em outros lugares,
graças à ação das águas e dos ventos.
(B) O Intemperismo físico, mediado por variações de temperatura, calor ou pelo congelamento de água
em fissuras, não promove alteração na composição da rocha.
(C) A classificação dos solos discrimina os horizontes em um perfil a partir da rocha mãe, ou material
de origem que, por isso, recebe a denominação de horizonte O; a partir deste, em sentido ascendente,
denominam-se outros horizontes numa sequência alfabética sucessiva: A, B, C.
(D) Quanto mais velho é o solo, maior é o tempo de atuação dos fatores de formação e dos processos
resultantes, bem como maior é a relação deste solo com o material de origem.
(E) Todo material de origem animal ou vegetal incorporado ao solo, independente do estado de
decomposição, é caracterizado como matéria orgânica que contribui para melhorar a textura do solo,
aumentar a aeração e a taxa de infiltração via aumento de sua densidade.
Gabarito
01.C / 02.B
Comentários
01. Resposta: C.
Meteorização ou intemperismo é o processo natural de decomposição ou desintegração de rochas e
solos, e seus minerais constituintes, por ação dos efeitos químicos, físicos e biológicos que resultam da
sua exposição aos agentes externos.
02. Resposta: B.
O Intemperismo físico não altera a composição química da rocha.
HIDROGRAFIA DO BRASIL37
A distribuição das reservas de água no planeta é muito desigual. Enquanto em alguns desertos o índice
de chuvas chega próximo de zero, ele supera 3 mil milímetros por ano em algumas regiões tropicais.
Além disso, quase 96% da água está nos oceanos e mares e, portanto, só pode ser utilizada após
dessalinização, processo bastante caro. Em relação à água doce, somente cerca de 1/3 está disponível
na superfície e no subsolo; o restante é constituído por geleiras e neves, portanto, de difícil utilização.
37
SENE, Eustáquio de. Geografia geral e do Brasil. Volume único. Eustáquio de Sene, João Carlos Moreira. 6ª edição. São Paulo: Ática, 2018.
No estudo das águas correntes, paradas, oceânicas e subterrâneas, é importante considerar, de início,
a água que provém da atmosfera. Ao entrar em contato com a superfície, a água das chuvas pode seguir
três caminhos: escoar, infiltrar no solo ou evaporar. Por meio da evaporação, ela retorna à atmosfera. Já
a água que se infiltra no solo e a que escoa pela superfície dirigem-se, pela ação da gravidade, às
depressões ou às partes mais baixas do relevo, alimentando córregos, rios, lagos, oceanos ou aquíferos38.
Nos períodos mais chuvosos, o nível freático39 dos aquíferos se eleva, e, na época de estiagem,
abaixa. Ao cavar um poço, encontra-se água assim que o nível freático é atingido.
Quando o nível freático atinge a superfície, aparecem as nascentes dos rios. Em algumas regiões,
principalmente nas tropicais semiúmidas e nas temperadas, o lençol freático abastece os rios em época
de estiagem (nesse caso, os rios são chamados efluentes). Em outras, como nas regiões semidesérticas,
são os rios que abastecem de água o solo quando chega a época da estiagem (rios influentes).
A água subterrânea é muito importante para a vegetação e para o abastecimento humano. Em regiões
de clima árido e semiárido, ela pode ser o principal recurso hídrico disponível para a população e, às
vezes, o único. Estima-se que metade da população mundial utilize a água subterrânea para suas
necessidades diárias de consumo.
Por exemplo, segundo a Agência Nacional de Águas (ANA), a população da Arábia Saudita, Dinamarca
e Malta é abastecida exclusivamente por águas subterrâneas, enquanto França, Itália, Alemanha, Suíça,
Áustria, Holanda, Marrocos e Rússia têm 70% de seu abastecimento obtido dessa forma. Em diversos
municípios do Brasil, como Ribeirão Preto (SP), Maceió (AL), Mossoró (RN) e Manaus (AM), entre outros,
as águas subterrâneas são amplamente utilizadas.
O aquífero Grande Amazônia é um reservatório de água subterrânea que ocupa áreas do Brasil, do
Equador, da Colômbia e do Peru. Tem uma extensão de 3950000 km² e engloba os aquíferos Solimões,
Içá e Alter do Chão, com uma extensão três vezes maior que o aquífero Guarani e, segundo estimativas,
com mais que o dobro de seu volume de água.
Poços e Fossas
Onde não há saneamento básico (água encanada e sistema de coleta de esgotos), as residências
costumam ser abastecidas com água de poços e o esgoto é despejado em fossas. Os poços são
cavidades circulares construídas para atingir um aquífero, podendo ser cavados manualmente ou por
meio de equipamentos que atinjam grandes profundidades. Quando a água do poço chega à superfície
do solo sem necessidade de bombeamento, esse poço é chamado artesiano.
Podemos encontrar três tipos de fossas: a fossa negra, a fossa seca e a fossa séptica. Das três, a
fossa séptica, graças às suas paredes impermeabilizadas, é a mais salubre, pois é a que oferece menos
risco de poluir os aquíferos. As paredes impermeabilizadas das fossas sépticas evitam a contaminação
dos solos e dos aquíferos, o que só acontece em casos de vazamentos.
A fossa negra é a mais condenável, pois geralmente é aberta a pequenas distâncias (entre 1,5 m e 20
m) dos lençóis freáticos ou dos poços, permitindo a contaminação da água. A fossa seca tem as mesmas
características da fossa negra, mas é construída a uma distância superior a 20 metros em relação ao
lençol freático.
As fossas sépticas constituem um aparelho sanitário por meio do qual os microrganismos presentes
nos desejos humanos transformam a matéria orgânica em substâncias minerais. Essas substâncias
podem, então, entrar em contanto com o solo e com o lençol freático sem o risco de contaminação.
Os poços até podem ser abertos próximos às fossas, mas eles devem ser perfurados em um local do
terreno mais alto, e a distância entre o poço e a fossa deve ser de, no mínimo, 10 m. Quando a fossa é
negra ou seca, ou, ainda, se é uma fossa séptica que apresenta vazamento, a água da chuva infiltra no
solo, atravessa a fossa e depois atinge o poço, poluindo-o.
Os maiores rios são pequenos córregos nas proximidades de suas nascentes. À medida que avançam
para a foz, isto é, de seu alto curso (ou montante) para o baixo curso (ou jusante), vão recebendo água
de seus afluentes. Com isso, ocorre um aumento gradativo no volume de água, aprofundando e/ou
alargando o leito do rio.
38
Aquífero é a zona encharcada do subsolo, ou seja, camada de solo cujos poros encontram-se saturados de água. Os aquíferos podem ser profundos ou mais
próximos da superfície.
39
Lençol freático, também chamado de nível freático, é uma reserva subterrânea de águas provenientes das chuvas que se infiltram entre as fissuras da
superfície.
40
Rede de Drenagem é o traçado dos rios e demais cursos de água sobre o relevo.
Em razão de sal grande extensão territorial e da predominância de climas úmidos, o Brasil possui uma
extensa e densa rede hidrográfica. Os rios brasileiros têm diversos usos, como o abastecimento urbano
e rural, a irrigação, o lazer e a pesca. O transporte fluvial, embora ainda pouco utilizado, vem adquirindo
cada vez mais importância no país, sobretudo na Bacia Platina, onde foi construída a hidrovia Tietê-
Paraná. Em regiões planálticas, nossos rios apresentam um grande potencial hidrelétrico (capacidade de
geração de energia).
http://naturezadabahia.blogspot.com/2011/
41
Estuário é a foz de rio em encontro com o mar aberto, ocorrendo influência das marés e mistura de água salina do oceano com a água doce proveniente do
continente; a foz em estuário é livre, sem formação dos braços que caracterizam os deltas.
https://www.ana.gov.br/aguas-no-brasil/panorama-das-aguas/copy_of_divisoes-hidrograficas
https://www.imgrumweb.com/hashtag/conhecaaamazonia
Bacia do rio Tocantins-Araguaia
No Bico do Papagaio, região que abrange parte dos estados do Tocantins, do Pará e do Maranhão, o
rio Tocantins recebe seu principal afluente, o Araguaia, onde se encontra a ilha do Bananal, a maior ilha
fluvial do mundo. O rio Tocantins é utilizado para escoar parte da produção de grãos (principalmente soja)
das regiões próximas e nele foi construída a usina hidrelétrica de Tucuruí, uma das maiores do país.
Rio Paraná em Foz do Iguaçu (PR). As bacias dos rios Paraná, Paraguai e Uruguai formam a bacia Platina.
Paraguai: Segundo dos grandes rios da bacia Platina, nasce em Mato Grosso, atravessa o relevo
plano do Pantanal e avança pelo Paraguai até encontrar o rio Paraná. O Paraguai e o trecho final do
Paraná formam uma via naturalmente navegável.
Bacia do rio São Francisco: o rio São Francisco nasce na serra da Canastra, em Minas Gerais,
atravessa o sertão semiárido e desemboca no oceano Atlântico, entre os estados de Sergipe e Alagoas.
Tem poucos afluentes e é aproveitado para irrigação e navegação (entre Pirapora-MG e Juazeiro-BA),
além de gear grande quantidade de energia hidrelétrica.
Bacia do rio Parnaíba: como parte dessa bacia está localizada em região de clima semiárido,
apresenta pequena vazão média ao longo do ano. Possui afluentes temporários e, em seu baixo curso,
alguns são perenes.
Bacias atlânticas ou costeiras: o Brasil possui cinco conjuntos, ou agrupamentos de rios, chamados
bacias hidrográficas do Atlântico: Nordeste Ocidental, Nordeste Oriental, Leste, Sudeste e Sul. As bacias
que compõem cada um desses conjuntos não possuem ligação entre si; elas foram agrupadas por sua
localização geográfica ao longo do litoral. O rio principal de cada uma delas tem sua própria bacia
hidrográfica. Por exemplo, as bacias do Sudeste são formadas pelo agrupamento das bacias dos rios
Paraíba do Sul, Doce e Ribeira de Iguape.
Questões
01. (Enem) O Aquífero Guarani se estende por 1,2 milhão de km² e é um dos maiores reservatórios
de águas subterrâneas do mundo. O aquífero é como uma “esponja gigante" de arenito, uma rocha porosa
e absorvente, quase totalmente confinada sob centenas de metros de rochas impermeáveis. Ele é
recarregado nas áreas em que o arenito aflora à superfície, absorvendo água da chuva. Uma pesquisa
realizada em 2002 pela Embrapa apontou cinco pontos de contaminação do aquífero por agrotóxico,
conforme a figura:
02. (Enem) O artigo 1º da Lei Federal nº 9.433/1997 (Lei das Águas) estabelece, entre outros, os
seguintes fundamentos:
I. a água é um bem de domínio público;
II. a água é um recurso natural limitado, dotado de valor econômico;
III. em situações de escassez, os usos prioritários dos recursos hídricos são o consumo humano e a
dessedentação de animais;
IV. a gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso múltiplo das águas.
Considere que um rio nasça em uma fazenda cuja única atividade produtiva seja a lavoura irrigada de
milho e que a companhia de águas do município em que se encontra a fazenda colete água desse rio
para abastecer a cidade. Considere, ainda, que, durante uma estiagem, o volume de água do rio tenha
chegado ao nível crítico, tornando-se insuficiente para garantir o consumo humano e a atividade agrícola
mencionada.
Nessa situação, qual das medidas adiante estaria de acordo com o artigo 1º da Lei das Águas?
(A) Manter a irrigação da lavoura, pois a água do rio pertence ao dono da fazenda.
(B) Interromper a irrigação da lavoura, para se garantir o abastecimento de água para consumo
humano.
(C) Manter o fornecimento de água apenas para aqueles que pagam mais, já que a água é bem dotado
de valor econômico.
(D) Manter o fornecimento de água tanto para a lavoura quanto para o consumo humano, até o
esgotamento do rio.
(E) Interromper o fornecimento de água para a lavoura e para o consumo humano, a fim de que a água
seja transferida para outros rios.
Gabarito
01.E / 02.B
Comentários
01. Resposta: E
O aquífero Guarani estende-se por diferentes províncias e estruturas geológicas. Consequentemente,
suas águas apresentam grande variação de composição química, sendo potáveis em algumas áreas e
impróprias para abastecimento ou irrigação em outras. Além das diferenças naturais em sua composição,
as águas do aquífero podem ser contaminadas pelas aguas das chuvas que nele infiltram, daí a
necessidade de controle das condições ambientais, evitando a contaminação dos solos por atividades
agrícolas, industriais, instalação de lixões e quaisquer outras fontes e polução.
As formações vegetais são tipos de vegetação facilmente identificáveis na paisagem e que ocupam
extensas áreas. É o elemento mais evidente na classificação dos biomas. Estes, por sua vez, são
sistemas em que solo, clima, relevo, fauna e demais elementos da natureza interagem entre si formando
tipos semelhantes de cobertura vegetal, como as Florestas Tropicais, as Florestas Temperadas, as
Pradarias, os Desertos e as Tundras. Em escala planetária, os biomas são unidades que evidenciam
grande homogeneidade nas características de seus elementos.
Assim, há Florestas Tropicais na América, África, Ásia e Oceania que, embora semelhantes, possuem
comunidades ecológicas com exemplares distintos. Alguns desses exemplares são chamados de
endêmicos, ou seja, não ocorrem em nenhuma outra área do mundo. Entre outros fatores, isso se explica
pela separação dos continentes: o afastamento físico fez com que as espécies vivessem evoluções
paralelas, apesar de distintas, processo que é chamado especiação.
As plantas e os animais de um mesmo bioma não estão presentes, necessariamente, em diferentes
regiões do planeta. Exemplo: o chimpanzé é encontrado na Floresta Tropical de Uganda, mas não
compõe a fauna das Florestas Tropicais sul-americanas. Por outro lado, várias espécies endêmicas de
nosso continente não são encontradas nas florestas africanas, como é o caso do mico-leão-dourado,
originário da Mata Atlântica brasileira.
A formação vegetal é o elemento mais evidente na classificação dos ecossistemas e biomas, por isso,
e dependendo da escala utilizada em sua representação, são feitas grandes generalizações.
Os elementos climáticos, em especial a temperatura e a umidade, são determinantes para o tipo de
vegetação de uma área. Eles definem diversas características das plantas, necessárias à adaptação aos
diferentes climas. Com base nessas características é possível classificar as plantas em:
Perenes (do latim perene, “perpétuo, imperecível”): plantas que apresentam folhas durante o ano todo;
Caducifólias, decíduas (do latim deciduus, “que cai, caduco”) ou estacionais: plantas que perdem
as folhas em épocas muito frias ou secas do ano;
Esclerófilas (do grego sklerós, “duro, seco, difícil”): plantas com folhas duras, que têm consistência
de couro (coriáceas);
Xerófilas (do grego xêrós, “seco, descarnado, magro”): plantas adaptadas à aridez;
Higrófilas (do grego hygrós, “úmido, molhado”): plantas, geralmente perenes, adaptadas a muita
umidade;
Tropófilas (do grego tropos, “volta, giro”): plantas adaptadas a uma estação seca e outra úmida;
Aciculifoliadas (do latim acicula, “alfinete, agulhinha”): possuem folhas em forma de agulhas, como
os pinheiros. Quanto menor a superfície das folhas, menos intensa é a transpiração e maior é a retenção
de água pela planta;
Latifoliadas (do latim lato, “lrgo, amplo”): plantas de folhas largas, que permitem intensa transpiração;
são geralmente nativas de regiões muito úmidas.
Os índices termopluviométricos, associados a outros fatores de variação espacial menor e que também
influem no tipo de vegetação, como maior ou menor proximidade de curso de água, os diferentes tipos de
solo, a topografia e as variações de altitude, determinam a existência de diferentes ecossistemas não
contemplados nos mapas-múndi. Todas as formações vegetais têm grande importância para a
preservação dos variados biomas e ecossistemas da Terra.
42
Suprir necessidades de água para contingentes animais.
43 SENE, Eustáquio de. Geografia geral e do Brasil. Volume único. Eustáquio de Sene, João Carlos Moreira. 6ª edição. São Paulo: Ática, 2018.
Tundra
Vegetação rasteira, de ciclo vegetativo extremamente curto. Por encontrar-se em regiões subpolares,
desenvolve-se apenas durante os três meses de verão, nos locais onde ocorre o degelo. Um exemplo
disso é o rio na Groelândia que se forma nessa estação, com o derretimento da neve. As espécies típicas
são os musgos, nas baixadas úmidas, e os líquens, nas porções mais elevadas do terreno, onde o solo
é mais seco, aparecendo raramente pequenos arbustos.
Mediterrânea
Desenvolve-se em regiões de clima mediterrâneo, que apresentam verões quentes e secos e invernos
amenos e chuvosos. É encontrada em pequenas porções da Califórnia (Estados Unidos, onde é
conhecida como Chaparral), do Chile, da África do Sul e da Austrália. As maiores ocorrências estão no
sul da Europa, onde foi largamente desmatada para o cultivo de oliveiras (espécie nativa dessa formação
vegetal) e videiras (nativas da Ásia), e norte da África.
Pradarias
Compostas basicamente de gramíneas, são encontradas principalmente em regiões de clima
temperado continental. Desenvolvem-se na Rússia e Ásia central, nas Grandes Planícies norte-
americanas, nos Pampas argentinos, no Uruguai, na região Sul do Brasil e na Grande Bacia Artesiana
(Austrália). Muito usada como pastagem, essa formação é importante por enriquecer o solo com matéria
orgânica.
Estepes
Nessas formações a vegetação é herbácea, como nas Pradarias, porém mais esparsa e ressecada.
As Estepes desenvolvem-se em uma faixa de transição entre climas tropicais e desérticos, como na região
do Sahel, na África, e entre climas temperados e desérticos, como na Ásia central. Essa vegetação foi
muito degradada por atividades econômicas, como o pastoreio.
Deserto
Bioma cujas espécies vegetais estão adaptadas à escassez de água em regiões de índice
pluviométrico inferior a 250 mm anuais, como nos desertos da América, África, Ásia e Oceania. Apresenta
espécies vegetais xerófilas, destacando-se as cactáceas. Algumas dessas plantas são suculentas
Savana
Em regiões onde o índice de chuvas é elevado, porém concentrado em poucos meses do ano, podem
desenvolver-se as Savanas, formação vegetal complexa que apresenta estratos arbóreo, arbustivo e
herbáceo. As Savanas são encontradas em grandes extensões da África, na América do Sul (no Brasil,
corresponde ao domínio dos Cerrados) e em menores porções na Austrália e na Índia. Sua área de
abrangência tem sido muito utilizada para a agricultura e a pecuária, o que acentuou sua devastação,
como tem ocorrido no Brasil central. No continente africano, esse bioma abriga animais de grande porte,
como leões, elefantes, girafas, zebras, antílopes e búfalos.
Vegetação de Altitude
Em regiões montanhosas há uma grande variação altitudinal da vegetação. À medida que aumenta a
altitude e diminui a temperatura, os solos ficam mais rasos e a vegetação, mais esparsa. Nessas
condições, surgem as florestas nas áreas mais baixas e, nas mais altas, os campos de altitude.
Impacto ambiental é um desequilíbrio provocado pela ação dos seres humanos sobre o meio ambiente
ou por acidentes naturais, como a erupção de um vulcão (que pode provocar poluição atmosférica), o
choque de um meteoro (destruição de espécies animais e vegetais), um raio (incêndio numa floresta),
etc.
Quando os ecossistemas sofrem impactos ambientais, geralmente a vegetação é o primeiro elemento
a ser atingido, pois é reflexo das condições naturais de solo, relevo e clima do lugar em que ocorre.
Atualmente, todas as formações vegetais, em maior ou menor grau, encontram-se modificadas. Em
muitos casos, sobraram apenas alguns redutos em que a vegetação original é encontrada, nos quais,
embora com pequenas alterações, ainda preserva suas características principais. Essa devastação deve-
se basicamente a interesses econômicos.
A primeira consequência do desmatamento é o comprometimento da biodiversidade, por causa da
diminuição ou, muitas vezes, da extinção de espécies vegetais e animais, muitas delas ainda nem
descobertas e estudadas.
Na Floresta Amazônica, há uma grande quantidade de espécies endêmicas. Parte desse patrimônio
genético é conhecida pelas várias etnias indígenas que ali habitam. No entanto, a maioria dessas
comunidades nativas está sofrendo um processo de integração à sociedade urbano-industrial que tem
levado à perda do patrimônio cultural desses povos, dificultando a preservação dos seus conhecimentos.
Outro ponto importante que afeta os interesses nacionais dos países onde há florestas tropicais, incluindo
o Brasil, é a biopirataria, por meio da qual muitas empresas assumem práticas ilegais para garantir o
direito de explorar, futuramente, uma possível matéria-prima para a indústria farmacêutica e de
cosméticos, entre outras.
No Brasil, os incêndios ou queimadas de florestas, que consomem uma quantidade incalculável de
biomassa44 todos os anos, são provocados para o desenvolvimento de atividades agropecuárias, muitas
vezes em grandes projetos que recebem incentivos governamentais e, portanto, sob o amparo da lei.
Podem também ser resultado de práticas criminosas ou ainda de acidentes, incluindo naturais.
As consequências socioambientais das interferências humanas em regiões de florestas são várias.
Uma das principais é o aumento do processo erosivo, o que leva a um empobrecimento dos solos,
podendo ampliar ou formar áreas desertificadas em regiões de clima árido, semiárido e subúmido.
Nosso país apresenta grande variedade de ecossistemas. Essa variedade relaciona-se à grande
diversidade da fauna e da flora brasileiras, das quais muitas espécies são nativas do Brasil, como a
jabuticaba, o amendoim, o abacaxi e a castanha-do-pará. No entanto, esses ecossistemas já sofreram
grandes impactos negativos desde o início da colonização, com o desenvolvimento das atividades
econômicas e a consequente ocupação do território, como se pode constatar ao comparar os dois mapas
abaixo.
44 Biomassa é a quantidade total de matéria viva de um ecossistema, geralmente expressa em massa por unidade de área ou de volume.
http://www.inf.furb.br/sisga/educacao/ensino/mapaVegetacao.php
https://www.nerdprofessor.com.br/mapa-vegetacao-do-brasil/
45 Em geografia e ecologia, a antropização é a conversão de espaços abertos, paisagens e ambientes naturais pela ação humana.
Mata Atlântica (floresta pluvial tropical): originalmente cobria uma área de 1 milhão de km²,
estendendo-se ao longo do litoral desde o Rio Grande do Norte até o Rio Grande do Sul e alargando-se
para o interior em Minas Gerais e São Paulo. É um dos biomas mais importantes para a preservação da
biodiversidade brasileira e mundial, mas é também o mais ameaçado. Restam apenas 7%de sua área
original e, desses remanescentes, quatro quintos estão localizados em propriedades privadas. As
unidades de conservação abrangendo esse bioma constituem apenas 2%.
Mata de Araucárias ou Mata dos Pinhais (floresta pluvial subtropical): nativa do Brasil, é uma floresta
na qual predomina a araucária (Araucaria angustifolia), também conhecida como pinheiro-do-paraná ou
pinheiro brasileiro, espécie adaptada a climas de temperaturas moderadas a baixas no inverno, solos
férteis e índice pluviométrico superior a 1000 mm anuais. Nesse bioma é comum a ocorrência de erva-
mate, além de grande variedade de espécies valorizadas pela indústria madeireira, como os ipês.
Originariamente, essa floresta dominava vastas extensões dos planaltos da região Sul e pontos altos da
serra da Mantiqueira nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Foi desmatada,
sobretudo, para a retirada de madeira utilizada na fabricação de móveis.
Mata dos Cocais: esta formação vegetal se localiza no estado do Maranhão, encravada entre a
Floresta Amazônica, o Cerrado e a Caatinga, caracterizando-se como mata de transição entre formações
bastante distintas. É constituída por palmeiras, com grande predominância do babaçu e ocorrência
esporádica de carnaúba; desde o período colonial, a região é explorada economicamente pelo
extrativismo de óleo de babaçu e cera de carnaúba. Atualmente, porém, vem sendo desmatada para o
cultivo de grãos destinados à exportação, com destaque para a soja.
Caatinga: vegetação xerófila, adaptada ao clima semiárido do Sertão nordestino, na qual predominam
arbustos caducifólios e espinhosos; ocorreram também cactáceas, como o xique-xique e o mandacaru. A
palavra “caatinga” significa, em tupi-guarani, “mata branca”, cor predominante da vegetação durante a
estação seca. No verão, em razão da ocorrência de chuvas, brotam folhas verdes e flores. Sua área
original era de 740 mil km², mas já teve 50% de sua área devastada e menos de 1% faz parte de unidades
de conservação.
Cerrado: originalmente cobria cerca de 2 milhões de km² do território brasileiro, mas cerca de 40% de
sua área foi desmatada. É constituído por vegetação caducifólia, predominantemente arbustiva, de raízes
profundas, galhos retorcidos e casca grossa (que dificulta a perda de água). Duas das espécies mais
conhecidas são o pequizeiro e o buriti. A vegetação próxima ao solo é composta de gramíneas, que
secam no período de estiagem. É uma formação adaptada ao clima tropical típico, com chuvas
abundantes no verão e inverno seco, desenvolvendo-se, sobretudo, no Centro-Oeste brasileiro e em
porções significativas do estado de Roraima. Nas regiões Sudeste e Nordeste do país aparecem em
manchas isoladas, cercadas por outro tipo de vegetação. Em regiões mais úmidas, essa formação se
torna mais densa e com árvores maiores, caracterizando o chamado “cerradão”.
Pantanal: estende-se, em território brasileiro, por 140 mil km² dos estados de Mato Grosso do Sul e
Mato Grosso, em planícies sujeitas a inundações. No Pantanal há vegetação rasteira, floresta tropical e
até mesmo vegetação típica do Cerrado nas regiões de maior altitude. Por isso caracteriza-se não como
uma formação vegetal, mas como um complexo que agrupa várias formações, com fauna muito rica. Esse
bioma vem sofrendo diversos problemas ambientais, decorrentes principalmente da ocupação em regiões
mais altas, onde nasce a maioria dos rios. A agricultura e a pecuária provocam erosão dos solos,
assoreamento e contaminação dos rios por agrotóxicos.
Domínios Morfoclimáticos
http://educacao.globo.com/geografia/assunto/geografia-fisica/dominios-morfoclimaticos.html
Em 1965, o geógrafo Aziz Ab’Sáber (1924-2012) estabeleceu uma classificação dos domínios
morfoclimáticos brasileiros, na qual cada domínio corresponde a uma diferente associação das condições
de relevo, clima e vegetação. Assim, por exemplo, o domínio equatorial amazônico é formado por terras
baixas (relevo), florestadas (vegetação) e equatoriais (clima).
A expressão “meio ambiente” envolve todas as dimensões que tornam a vida das pessoas mais
saudáveis e equilibrada, como a qualidade do ar e o conforto acústico. Essa expressão, portanto, engloba
tanto o meio ambiente natural quanto o cultural.
A legislação brasileira relativa ao meio ambiente é ampla e bem elaborada. Os problemas ambientais
que observamos com frequência, amplamente divulgados pelos meios de comunicação, não resultam da
limitação da legislação, mas da ineficiência de ações educativas e de fiscalização.
Código Florestal
O Código Florestal foi criado em 1934 e reformulado duas vezes: em 1965 e em 2012 (Lei nº
12.561/12). Neste ano houve muitos embates entre ambientalistas, que queriam ampliar as áreas de
preservação e a obrigação de recompor o que foi desmatado irregularmente, e grandes proprietários, que
queriam autorização para ampliar as áreas de agricultura e pecuária sem recompor os biomas. Esta é
uma das mais importantes leis ambientais do país e estabelece a normas de ocupação e uso do solo em
As Unidades de Conservação
As unidades de conservação são doze áreas de preservação agrupadas conforme a restrição ao
uso. As unidades classificadas como de restrição total são denominadas Unidades de Proteção Integral,
como o Parque Nacional da Serra dos Órgãos, em Teresópolis, Rio de Janeiro, por exemplo. Aquelas
cujo nível de restrição é menor e têm uso voltado ao desenvolvimento cultural, educacional e recreacional
são denominadas Unidades de Uso Sustentável.
Existem unidades de conservação definidas pela Ibama em todos os biomas brasileiros, inclusive nos
biomas marinhos. Há também unidades de conservação mantidas por estados e até por municípios,
criadas por leis estaduais e municipais.
É importante destacar que a criação de leis, decretos e normas voltados à questão ambiental ao longo
da história brasileira é consequência do aumento da importância do tema no mundo e no Brasil. Essa
evolução deu-se de forma lenta, mas contínua. Esse processo foi influenciado pelas conquistas obtidas
em âmbito internacional nas diversas conferências mundiais voltadas ao meio ambiente, e parte da
sociedade civil brasileira cumpriu um importante papel ao pressionar os governos legisladores em aprovar
leis eficazes e incluir o tema na própria Constituição do país.
Questões
01. (PC/ES – Perito – Instituto AOCP/2019) A respeito da caracterização ambiental dos biomas
brasileiros, é correto afirmar que
(A) as vegetações que mais caracterizam o bioma Mata Atlântica são a floresta ombrófila densa e a
floresta ombrófila aberta.
(B) o bioma pantanal possui formação vegetacional predominante do tipo savana, sendo um mosaico
de campos (31%), cerradão (22%), cerrado (14%), campos inundáveis (7%), floresta semidecídua (4%),
mata de galeria (2,4%) e tapetes de vegetação flutuante (2,4%).
(C) o bioma amazônico é composto por diversidade de formações florestais, como floresta ombrófila
(densa, mista e aberta), mata estacional semidecidual e estacional decidual, manguezais, restingas, entre
outros.
(D) o pampa é o segundo maior bioma do país e se caracteriza como uma formação do tipo savana
tropical, com destacada sazonalidade, apresentando fisionomias que englobam formações florestais,
savânicas e campestres.
(E) o bioma cerrado é um mosaico de arbustos espinhosos e florestas sazonalmente secas e, apesar
de ocupar uma região semiárida, é extremamente heterogêneo.
02. (PC/ES – Perito – Instituto AOCP/2019) Em relação à Legislação Ambiental Brasileira, assinale
a alternativa correta.
(A) Estação ecológica, reserva biológica, parque nacional e reserva de fauna são unidades de
conservação de uso sustentável.
(B) Os animais de quaisquer espécies, em qualquer fase do seu desenvolvimento e que vivem em
ambiente natural ou cativeiro, constituindo a fauna silvestre, bem como seus ninhos, abrigos e criadouros
naturais, são propriedades do Estado, sendo proibida a sua utilização, perseguição, destruição, caça ou
apanha.
(C) Entende-se por Amazônia Legal os Estados do Acre, Pará, Amazonas, Roraima, Rondônia, Amapá
e Mato Grosso.
(D) Considera-se impacto ambiental qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas
do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas
que, direta ou indiretamente, afetam: a saúde, a segurança e o bem-estar da população, as atividades
sociais e econômicas, a biota, as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente e a qualidade dos
recursos ambientais.
(E) São instrumentos da Política Nacional de Recursos Hídricos: o diagnóstico da situação atual dos
recursos hídricos, as prioridades para outorga de direitos de uso de recursos hídricos e as diretrizes e
critérios para a cobrança pelo uso dos recursos hídricos.
03. (ENEM) A Lei Federal nº 9.985/2000, que instituiu o sistema nacional de unidades de conservação,
define dois tipos de áreas protegidas. O primeiro, as unidades de proteção integral, tem por objetivo
preservar a natureza, admitindo-se apenas o uso indireto dos seus recursos naturais, isto é, aquele que
não envolve consumo, coleta, dano ou destruição dos recursos naturais. O segundo, as unidades de uso
sustentável, tem por função compatibilizar a conservação da natureza com o uso sustentável de parcela
dos recursos naturais. Nesse caso, permite-se a exploração do ambiente de maneira a garantir a
perenidade dos recursos ambientais renováveis e dos processos ecológicos, mantendo-se a
biodiversidade e os demais atributos ecológicos, de forma socialmente justa e economicamente viável.
Considerando essas informações, analise a seguinte situação hipotética.
Ao discutir a aplicação de recursos disponíveis para o desenvolvimento de determinada região,
organizações civis, universidade e governo resolveram investir na utilização de uma unidade de proteção
integral, o Parque Nacional do Morro do Pindaré, e de uma unidade de uso sustentável, a Floresta
Nacional do Sabiá. Depois das discussões, a equipe resolveu levar adiante três projetos:
→ o projeto I consiste de pesquisas científicas embasadas exclusivamente na observação de animais;
→ o projeto II inclui a construção de uma escola e de um centro de vivência;
Gabarito
Comentário
01. Resposta: B
O Pantanal estende-se em planícies sujeitas a inundações. Há vegetação rasteira, floresta tropical e
até mesmo vegetação típica do Cerrado nas regiões de maior altitude. Por isso caracteriza-se não como
uma formação vegetal, mas como um complexo que agrupa várias formações, com fauna muito rica.
02. Resposta: D
Impacto ambiental é um desequilíbrio provocado pela ação dos seres humanos sobre o meio ambiente
ou por acidentes naturais.
03. Resposta: A
O projeto envolve apenas observação de animais por pequena quantidade de pesquisadores e não
provoca consumo, coleta, dano ou destruição dos recursos naturais, sendo, portanto, o único permitido
em Unidades de Proteção Integral. Os projetos II e III compatibilizam a conservação da natureza com o
uso sustentável de parcela dos recursos naturais, sendo permitidos apenas em Unidades de Usos
Sustentável.
CLIMAS46
Tempo e Clima
46
SENE, Eustáquio de. Geografia geral e do Brasil. Volume único. Eustáquio de Sene, João Carlos Moreira. 6ª edição. São Paulo: Ática, 2018.
Latitude
Por ser esférica, a superfície terrestre é iluminada de diferentes formas pelos raios solares, porque
eles a atingem com inclinações distintas. Essa diferença na intensidade de luz incidente sobre a superfície
faz com que a temperatura média tenda a ser menor quanto mais próximo aos polos. Observe a ilustração
abaixo.
SENE, Eustáquio de. Geografia geral e do Brasil. Volume único. Eustáquio de Sene, João Carlos Moreira. 6ª edição. São Paulo: Ática, 2018, p. 123.
Observe, nas linhas que representam os raios solares, que a área atingida por um mesmo feixe de
raios solares é maior quanto mais nos aproximamos dos polos.
Assim, a variação latitudinal é o principal fator de diferenciação de zonas climáticas, polar, temperada
e tropical. Porém, em cada uma dessas zonas encontramos variados tipos de clima, explicados pelas
diferentes associações entre os demais fatores climáticos.
A grande extensão latitudinal do território brasileiro é um importante fator de diferenciação climática. À
medida em que se aumenta a latitude, diminuem-se as temperaturas médias e aumentam-se a amplitude
térmica anual, que é a diferença entre a maior e a menor temperatura média mensal ao longo do ano.
Altitude
Quanto maior for a altitude, menor será a temperatura média do ar. Isso porque, quanto maior a
altitude, menor a pressão atmosférica, o que torna o ar mais rarefeito, ou seja, há uma menor
concentração de gases, umidade e materiais particulados. Como há menor densidade de gases e
partículas de vapor de água e poeira, diminui a retenção de calor nas camadas mais elevadas da
atmosfera e, em consequência, a temperatura é menor. Além disso, nas maiores altitudes, a área de
superfície que recebe e irradia calor é menor.
Albedo
O tipo de superfície atingida pelos raios solares também exerce influência na diferença da temperatura
atmosférica. O índice de reflexão de uma superfície, o albedo, varia de acordo com sua cor.
Diferentes tipos de superfície refletem diferentes porcentagens da luz solar incidente.
A cor, por sua vez, depende de sua composição química e de seu estado físico. A neve, por ser branca,
reflete até 90% dos raios solares incidentes, enquanto a Floresta Amazônica, por ser verde-escura, reflete
até 20%. Quanto menor o albedo, maior a absorção de raios solares, maior o aquecimento e,
consequentemente, a irradiação de calor.
Massas de Ar
São grandes porções da atmosfera que possuem características comuns de temperatura, umidade e
pressão e podem se estender por milhares de quilômetros. Formam-se quando ao ar permanece estável
Apostila gerada especialmente para: Anderson Almeida Dos Santos 164.342.657-51
141
por um tempo sobre uma superfície homogênea (o oceano, as calotas polares ou floresta, por exemplo)
e se deslocam por diferença de pressão, levando consigo as condições de temperatura e umidade da
região em que se originaram. Elas se transformam pela interação com outras massas, com as quais
trocam calor e/ou umidade, e são chamadas de:
Oceânicas: são massas de ar úmidas.
Continentais: são massas de ar secas, embora haja também continentais úmidas, como as que se
formam sobre grandes florestas.
Tropicais e equatoriais: são massas de ar quentes.
Temperadas e polares: são massas de ar frias.
Continentalidade e Maritimidade
A maior ou menor proximidade de oceanos e mares exerce forte influência sobre a umidade relativa
do ar e sobre a temperatura. Em áreas que sofrem influência da continentalidade (localização no interior
do continente, distante do litoral), a amplitude térmica diária é maior do que em áreas que sofrem
influência da maritimidade (proximidade de oceanos e mares). Isso ocorre porque a água demora mais
para se aquecer e para se resfriar do que os continentes.
Correntes Marítimas
São grandes volumes de água que se deslocam pelo oceano, quase sempre nas mesmas direções,
como se fossem “rios” dentro do mar. As correntes marítimas são movimentadas pela ação dos ventos e
pela influência da rotação da Terra, que as desloca para oeste, no hemisfério norte, as correntes circulam
no sentido horário, e no hemisfério sul, anti-horário. Diferenciam-se em temperatura, salinidade e direção
das águas do entorno dos continentes. Causam forte influência no clima, principalmente porque alteram
a temperatura atmosférica, e são importantes para a atividade pesqueira: em áreas de encontro de
correntes quentes e frias, aumenta a disponibilidade de plâncton, que serve de alimento para cardumes.
A localização das áreas áridas e semiáridas está condicionada principalmente pela presença de
alguma corrente fria. É comum essas correntes provocarem nevoeiros e chuvas no oceano, fazendo com
que as massas de ar cheguem ao continente sem umidade.
A corrente do Golfo, por exemplo, é quente. Ela impede o congelamento do mar do Norte e ameniza
os rigores climáticos do inverno em toda a fixa ocidental da Europa. A corrente de Humboldt, no hemisfério
sul, e a da Califórnia, no hemisfério norte, são frias. Elas causam queda da temperatura nas áreas
litorâneas, o que provoca condensação do ar e chuvas no oceano, fazendo as massas de ar perderem
umidade e atingirem o continente secas. A imagem abaixo demonstra os efeitos da corrente de Humboldt.
https://exercicios.brasilescola.uol.com.br/exercicios-geografia/exercicios-sobre-fatores-climaticos.htm
Vegetação
Os diferentes tipos de cobertura vegetal influenciam diretamente a absorção e irradiação de calor, além
da umidade do ar. Em uma região florestada, as árvores impedem que os raios solares incidam
diretamente sobre o solo, diminuindo a absorção de calor e a temperatura. As plantas, por sua vez, retiram
umidade do solo pelas raízes e a transferem para a atmosfera através das folhas (transpiração),
aumentado a umidade do ar. Isso ajuda a transferir parte da energia solar ao processo de evaporação,
diminuindo a quantidade de energia que aquece a superfície e, consequentemente, o ar. Quando ocorre
um desmatamento de grandes proporções, portanto, há acentuada diminuição da umidade e elevação
significativa das temperaturas médias.
Relevo
Além de a altitude do relevo influenciar o clima, o próprio relevo facilita ou dificulta a circulação das
massas de ar. Na Europa, por exemplo, as planícies existentes no centro do continente facilitam a
penetração das massas de ar oceânicas (ventos do oeste), provocando chuvas e reduzindo a amplitude
térmica anual. Nos Estados Unidos, as cadeias montanhosas do oeste (Serra Nevada, cadeias da Costa)
impedem a passagem das massas de ar vindas do oceano Pacífico, o que explica as chuvas que ocorrem
na vertente voltada para o mar e a aridez no lado oposto.
No Brasil, a disposição longitudinal das serras no centro-sul do país forma um “corredor” que facilita a
circulação da Massa Polar Atlântica e dificulta a circulação da Massa Tropical Atlântica, vinda do oceano.
Não por acaso a vertente da serra do Mar voltada para o Atlântico, em São Paulo, apresenta um dos mais
elevados índices pluviométricos do Brasil. Nessa região predominam as chuvas de relevo.
Os três atributos climáticos mais importantes são a temperatura, a umidade e a pressão atmosférica.
Temperatura
A temperatura é a intensidade de calor existente na atmosfera. O Sol não aquece o ar diretamente.
Seus raios, se não incidirem sobre uma partícula em suspensão (como poeira e vapor de água), atingem
a superfície do planeta, que, depois de aquecida, irradia o calor para a atmosfera.
Umidade
A umidade é a quantidade de vapor de água presente na atmosfera em determinado momento,
resultado do processo de evaporação das águas da superfície terrestre e da transpiração das plantas.
A umidade relativa, expressa em porcentagem, é uma relação entre a quantidade de apor existente
na atmosfera num dado momento (umidade absoluta, expressa em g/m³) e a quantidade de vapor de
água que essa atmosfera comporta. Quando esse limite é atingido, a atmosfera atinge seu ponto de
saturação e ocorre a chuva.
Se ao longo do dia a umidade relativa estiver chegando próximo a 100%, há grande possibilidade de
ocorrer precipitação. Para chover, o vapor de água tem de se condensar, passando do estado gasoso
para o líquido, o que acontece com a queda de temperatura. Em contrapartida, se a umidade relativa for
constante ou estiver diminuindo, dificilmente choverá.
É importante destacar que a capacidade de retenção de vapor de água na atmosfera também está
associada à temperatura. Quando a temperatura está elevada, os gases estão dilatados e aumenta sua
capacidade de retenção de vapor; ao contrário, com temperaturas baixas, os gases ficam mais adensados
e é necessária uma menor quantidade de vapor para atingir o ponto de saturação.
As condições de umidade relativa do ar também são importantes para a saúde e determinam a
sensação de conforto ou desconforto térmico. Nos dias quentes e úmidos, nosso organismo transpira
mais, enquanto nos dias secos se agravam os problemas respiratórios e de irritação de pele.
A precipitação pode ocorrer de várias formas, como a chuva, a neve e o granizo, dependendo das
condições atmosféricas.
A neve é característica de zonas temperadas e frias, quando a temperatura do ar está abaixo de zero.
Quando isso ocorre, o vapor de água contido na atmosfera se congela e os flocos de gelo, formados por
cristais, precipitam-se.
Pressão Atmosférica
A pressão atmosférica é a medida da força exercida pelo peso da coluna de ar contra uma área da
superfície terrestre. Por isso, a pressão atmosférica vai diminuindo com a maior altitude. Além disso,
quanto mais elevada a temperatura, maior a movimentação das moléculas de ar e mais elas se distanciam
umas das outras, como resultado, mais baixo é o número de moléculas em cada metro cúbico de ar e
menor se torna o peso do ar. Portanto, menor a pressão exercida sobre uma superfície. Inversamente,
quanto menor a temperatura, maior é a pressão atmosférica.
Por causa da esfericidade, da inclinação do eixo imaginário e do movimento de translação ao redor do
Sol, nosso planeta não é aquecido uniformemente. Isso condiciona os mecanismos da circulação
atmosférica do globo terrestre, levando à formação de centros de baixa e de alta pressão, que se alteram
continuamente.
Quando o ar é aquecido, ele fica menos denso e sobe, o que diminui a pressão sobre a superfície e
forma uma área de baixa pressão atmosférica, também chamada ciclonal, que é receptora de ventos.
Ao contrário, quando o ar é resfriado, ele fica mais denso e desce, formando uma zona de alta pressão,
ou anticiclonal, que é emissora de ventos. Esse movimento pode ocorrer entre áreas que distam apenas
alguns quilômetros, como o movimento da brisa marítima47, ou em escala regional, como o da Massa
Equatorial Continental, que atua sobre a Amazônia.
Já em escala planetária temos os ventos alísios, que atuam ininterruptamente, se deslocando das
regiões subtropicais e tropicais (alta pressão) para a região equatorial (baixa pressão), e são desviados
para oeste pelo movimento de rotação da Terra. Com esse desvio, formam-se os ventos alísios de
sudeste no hemisfério sul e os ventos alísios de nordeste no hemisfério norte.
Quando ocorre o deslocamento provocado pela extensão de massas de ar quente e,
consequentemente, a formação de frentes quentes, temos uma situação na qual o ar se desloca das
áreas de maior temperatura para as de menor.
Tipos de Clima
As diferentes combinações dos fatores climáticos dão origem a vários tipos de clima. O planisfério
abaixo apresenta uma classificação por grandes regiões do planeta; portanto, não fornece informações
sobre as diferenças encontradas no interior de cada região, como as decorrentes das variações locais de
altitude e de outras características de relevo e dos graus diferenciados de urbanização.
47
Brisa marítima é o vento local que durante o dia sopra do oceano para o continente e, à noite, do continente para o oceano, em razão das diferenças de
retenção de calor dessas duas superfícies.
Clima Temperado
É apenas nas zonas climáticas temperadas e frias desta classificação que encontramos uma definição
clara das quatro estações do ano: primavera, verão, outono e inverno. Há uma nítida distinção entre as
localidades que sofrem influência da maritimidade ou da continentalidade.
Clima Mediterrâneo
Regiões que apresentam esse clima têm verões quentes e secos, invernos amenos e chuvosos.
Clima Tropical
As áreas de clima tropical apresentam duas estações bem definidas: inverno, geralmente ameno e
seco, e verão, geralmente quente e chuvoso.
Clima Equatorial
Ocorre na zona climática mais quente do planeta. Caracteriza-se por temperaturas elevadas (médias
mensais em torno de 25ºC), com pequena amplitude térmica anual, já que as variações de duração entre
o dia e a noite e de inclinação de incidência dos raios solares são mínimas. Quanto ao regime das chuvas,
o índice supera os 3000 mm/ano nas áreas mais chuvosas e cai para 1500 mm/ano nas áreas menos
chuvosas.
Clima Subtropical
Característico das regiões localizadas em médias latitudes, como Buenos Aires, por exemplo, nas
quais já começam a se delinear as quatro estações do ano. Tem chuvas abundantes e bem distribuídas,
verões quentes e invernos frios, com significativa amplitude térmica anual.
Clima Semiárido
Clima de transição, caracterizado por chuvas escassas e mal distribuídas ao longo do ano. Ocorre
tanto em regiões tropicais, onde as temperaturas são elevadas o ano inteiro, quanto em zonas
temperadas, onde os invernos são frios.
Climas no Brasil
Por possuir 92% do território na Zona Intertropical do planeta, grande extensão no sentido norte-sul e
litoral com forte influência das massas de ar oceânicas, o Brasil apresenta predominância de climas
quentes e úmidos. Em apenas 8% do território, ao sul do trópico de Capricórnio, ocorre o clima subtropical,
que apresenta maior variação térmica e estações do ano mais bem definidas.
Como podemos observar nos mapas abaixo, cinco massas de ar atuam no território brasileiro:
https://suburbanodigital.blogspot.com/2016/02/mapa-das-massas-de-ar-que-atuam-no-brasil-no-verao.html
https://suburbanodigital.blogspot.com/2016/02/mapa-das-massas-de-ar-que-atuam-no-brasil-no-inverno.html
Note que as massas de ar equatoriais e tropicais têm sua ação atenuada no inverno em razão do
avanço da Massa Polar Atlântica.
Existem vários mapas de classificação climática, elaborados com diferentes critérios. A classificação
climática representada no mapa a seguir foi elaborada pelo IBGE. Ela foi organizada com base na
medição sistemática da temperatura e nos índices pluviométricos em estações meteorológicas
espalhadas pelo país.
Questões
01.B / 02.D
Comentários
01. Resposta: B
O clima tropical influencia grande parte do centro do país, especialmente os estados do Centro-Oeste,
incluindo ainda partes do Maranhão, Piauí, Ceará, Bahia e Minas Gerais. Em geral, as temperaturas são
elevadas em boa parte do ano, com média de 24°C, e a amplitude térmica oscila entre 5°C e 6°C ao ano.
A quantidade de chuvas gira em torno de 1 500 mm ao ano, com duas estações bem definidas: uma seca
(maio a setembro) e outra chuvosa (outubro a abril).
02. Resposta: D
O clima subtropical é o único domínio climático brasileiro que se encontra fora da faixa tropical, ou
seja, localizado ao sul do Trópico de Capricórnio. É possível encontrá-lo no sul do estado de São Paulo
e nos três estados da região sul do país.