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Atuação do Psicólogo na
Prática Hospitalar
O papel do psicólogo na
prática hospitalar
Bloco 1
Edmundo Rinolino Magalhães Flores
Algumas transformações ocorridas no século XX, no Brasil

Políticas: presidencialismo e Constituição.

Industrialização: atividades econômicas e trabalho.

Urbanização: migração do campo para a cidade.

Tecnologias em saúde: aumento da expectativa de vida.


Algumas transformações ocorridas no século XX, no Brasil

Condições de vida: saneamento, eletricidade, internet etc.

Saúde: hábitos alimentares, exercício físico, tabagismo e álcool.

Mudanças nas taxas de morbidade e de mortalidade.


Gráfico 1 – Evolução da proporção de mortalidade no Brasil, entre
1930-2005, segundo principais grupos de causas

Fonte: Boccolini (2016, p. 9).


Tabela 1 – Prevalência de doenças crônicas autorrelatadas por
indivíduos e a respectiva prevalência de limitações causadas por
elas no Brasil, em 2013

Fonte: Boccolini (2016, 11).


Gráfico 2 – Frequência acumulada de doenças crônicas com
diagnóstico médico autorrelatado no Brasil, em 2013, por faixa
etária

Fonte: Boccolini (2016, p. 12).


Exposição a fatores de risco associados à doenças crônicas não
transmissíveis e dos agravos à saúde (GIOVANELLA et al., 2012)
Figura 1 - Ilustração de cigarro semelhante a
uma barra de carregamento de arquivos

• Tabagismo.
• Consumo de álcool.
• Sedentarismo.
• Sobrepeso.

Fonte: cyano66/iStock.com.
Determinantes e condicionantes em saúde e doença (GIOVANELLA
et al., 2012)

Biológico – baseado na
estrutura orgânica do Social – baseado nas
corpo humano e em suas relações sociais.
funcionalidades.

Psicológico – baseado na
dinâmica dos processos
mentais, pensamento,
sentimentos e
comportamentos.
Determinantes e condicionantes em saúde e doença

Figura 2 – Ilustração de meio ambiente urbano, com possíveis áreas de influência em


saúde, conforme seu conceito ampliado

Fonte: Art-Y/iStock.com.
Para refletir um pouco...

Observe a sequência abaixo e tente exemplificá-la na sua vizinhança ou em


sua casa.

Diversos determinantes e condicionantes em saúde.

Diversas intensidades e magnitudes geradas.

Diversos resultados possíveis na saúde dos indivíduos e da população.


O papel do psicólogo na
prática hospitalar
Bloco 2
Edmundo Rinolino Magalhães Flores
O que são sistemas de saúde? (GIOVANELLA et al., 2012)

Estruturas públicas ou privadas.

Consideram as relações políticas, econômicas e institucionais


referentes à saúde.

Têm organização, regras e serviços próprios.

Tentam solucionar problemas relativos à saúde.


Modelos de proteção social

Assistência Social – Capacidade de autorregulação do mercado.


Valores: liberdade, individualismo e igualdade de oportunidades.

Seguro Social – Contratos de cobertura de grupos ocupacionais.


Princípios da solidariedade.

Seguridade Social – Todos têm direitos ao mínimo estabelecido,


universal, independente de contribuições anteriores.
Componentes do sistema de saúde (GIOVANELLA et al., 2012)

Figura 3 – Ilustração considerando alguns


• Cobertura componentes tecnológicos do sistema de saúde
populacional e
de serviços.
• Financiamento.
• Recursos
Humanos.
• Rede de serviços.
Fonte: metamorworks/iStock.com.
Componentes do sistema de saúde (GIOVANELLA et al., 2012)
Figura 4 – Ilustração considerando alguns
componentes organizacionais do sistema de saúde

• Insumos.
• Tecnologia e
conhecimento.
• Organizações.

Fonte: OstapenkoOlena/iStock.com.
O papel do psicólogo na
prática hospitalar
Bloco 3
Edmundo Rinolino Magalhães Flores
Discussão de um artigo (NUNES et al., 2013)

Figura 5 – Ilustração demonstrando ciência


e tecnologia no cotidiano das pessoas Objetivo: avaliar quais os
métodos de enfrentamento
utilizados pelos pacientes
internados em um hospital
geral, correlacionando os
dados a sintomas ansiosos
e depressivos e às
características gerais da
Fonte: Zerbor/iStock.com.
população pesquisada.
Discussão de um artigo (NUNES et al., 2013)

Estudo transversal.
Participantes Material Procedimentos

• 141 pacientes • Questionário • Cada paciente foi


internados em socioeconômico, entrevistado
um Hospital escala hospitalar individualmente,
Universitário da de ansiedade e e os dados
cidade de depressão e encontrados
Salvador (BA), escala de modos foram analisados
por vários de por meio de
motivos e em enfrentamento programa
várias de problemas. estatístico.
enfermarias.

Fonte: esquema elaborado pelo autor.


Discussão de um artigo (NUNES et al., 2013)

Distribuição socioeconômica da amostra:


57,4% do sexo feminino.

48,36 anos em média.


27,% solteiros, 50,3% convivem com companheiro, 16% separados e
6,4% viúvos.
25% possuía mais de três filhos.

48,9% estavam na capital.

8,5% dos participantes eram analfabetos.

24% tinham o ensino médio completo e 34% incompleto.


Discussão de um artigo (NUNES et al., 2013)

40,4% recebiam algum benefício do INSS, 13,5% estavam


desempregados e 32,6% trabalhavam.

44% recebia até um salário mínimo e 14,9% não tinha renda.

69,5% se diziam católicos e 24,8% evangélicos.

Distribuição clínica da amostra: entre 1 e 152 dias e média de 11


dias de internação.
Discussão de um artigo (NUNES et al., 2013)
Graus de ansiedade e depressão e métodos de enfrentamento em pacientes
internados em um Hospital Universitário da cidade de Salvador (BA), em
2013, observados no estudo.
Tabela 2 – Dados da HAD e EMEP em média e desvio padrão. Dados da HAD
e EMEP em média e desvio padrão

Fonte: Nunes et al. (2013, p. 385).


Discussão de um artigo (NUNES et al., 2013)

36,46% dos pacientes apresentaram maiores índices de ansiedade,


enquanto 12,10% apresentaram sintomas de depressão.

Sintomas de depressão e de ansiedade se mostraram correlacionados


significativamente.

O modo de enfrentamento mais presente foi o de práticas


religiosas/pensamento fantasioso, seguido pelo foco no problema,
depois pelo suporte social e por fim o foco na emoção.
Discussão de um artigo (NUNES et al., 2013)

A ansiedade foi associada à ênfase na experiência emocional no curso


da doença.

A depressão também foi associada ao enfrentamento baseado na


emoção e à prática religiosa/pensamentos fantasiosos.

A depressão se mostrou associada inversamente às estratégias de


enfrentamento foco no problema.
Discussão de um artigo (NUNES et al., 2013)

As pessoas, em geral, possuem


estratégicas de enfretamentos
Sintomas de ansiedade e de
aos eventos adversos em suas
depressão são comuns na
vidas. Diante de uma
sociedade e em hospitalizados.
hospitalização, não seria
diferente.
Discussão de um artigo (NUNES et al., 2013)

A ansiedade foi associada à ênfase na experiência emocional no


curso da doença.

A depressão também foi associada ao enfrentamento baseado na


emoção e à prática religiosa/pensamentos fantasiosos.

A depressão se mostrou associada inversamente às estratégias de


enfrentamento foco no problema.
Teoria em Prática
Bloco 4
Edmundo Rinolino Magalhães Flores
Reflita sobre a seguinte situação

Diversas vezes, o psicólogo é chamado para realizar uma


interconsulta no hospital. Nesses casos, outro profissional
solicita apoio do psicólogo para que o tratamento previsto
seja realizado integralmente. Considere a seguinte
situação: você é chamado para realizar uma interconsulta,
devido à falta de adesão do paciente ao tratamento
proposto pelo médico. Qual o primeiro passo após a
solicitação da interconsulta? E como abordar o paciente
pela primeira vez? Há limites na atuação do psicólogo
frente à tentativa de fazer com o que o paciente adote o
tratamento recomendado? Se sim, qual seria?
Norte para a resolução...

• O paciente deve ser compreendido de forma integral, como informado na


descrição da situação. E, ainda, não apenas o paciente, como também o médico
que o atendeu. Lembre-se que a interconsulta é um momento solicitado por
outro profissional para que você, como psicólogo, interaja com o paciente em
função de um objetivo. No caso da situação-problema, a falta de adesão ao
tratamento.
• Como sugestão, no primeiro momento, por que não pedir ao médico que lhe
relate mais sobre o paciente e explique sobre a falta de adesão deste ao
tratamento? Nesse caso, tente compreender como médico percebe a situação.
Não tente interpretar nada, por enquanto, somente observe e formule
hipóteses.
Norte para a resolução...

• Após conversar com o médico, converse com o paciente e, se possível, com os


seus familiares. O objetivo, no primeiro momento com eles, também pode ser
apenas observar e levantar hipóteses. Se necessário, faça perguntas abertas e
peça explicações para as respostas dadas. Se as respostas forem muito evasivas,
tente outra abordagem ou até mudar de assunto para entender o que pode
justificar o comportamento evasivo.
• Exemplos de hipóteses que possam surgir no primeiro contato são: medo da
doença, desamparo diante da internação hospitalar, insegurança ocasionada
pela falta de controle da sua vida, desconfiança a respeito do médico, crença na
superação da doença sem o medicamento etc.
Norte para a resolução...

• Somente conhecendo melhor as pessoas envolvidas no processo (paciente,


profissionais, familiares ou quem mais for relevante), assim como os seus
interesses, e formular algumas hipóteses, será possível tentar abordagens mais
objetivas, com interpretações e até intervenções a fim de objetivar sua ação. Um
exemplo seria conversar com o paciente sobre os possíveis efeitos do
tratamento e a possibilidade de ele voltar aos seus hábitos anteriores à doença.
• Uma vez que você tenha um objetivo desenhado, inicie sua abordagem. Não
esqueça de verificar se está funcionando. Perceba que você não está
manipulando o paciente, apenas ajudando-o a compreender melhor sua
situação e desenvolvendo soluções junto com ele.
Dica do Professor
Bloco 5
Edmundo Rinolino Magalhães Flores
Indicação de filme

Década de 1920. Walter Fane (Edward Norton) é um médico de classe


média alta casado com Kitty (Naomi Watts). Eles se casaram pelos
motivos errados, e logo ela teve um caso com outra pessoa. Quando
descobre a infidelidade, Walter se vinga aceitando um emprego em
uma remota vila da China que foi arruinada por uma epidemia fatal.
Kitty parte com ele e a jornada muda o significado do relacionamento
existente entre eles.

O Despertar de uma Paixão. Direção de John Curran. Imagem filmes, 2006 (124 min.)
Referências

BOCCOLINI, Cristiano S. Morbimortalidade por doenças crônicas no Brasil:


situação atual e futura. Rio de Janeiro: Ministério da Saúde/Fundação
Oswaldo Cruz, 2016. Disponível em: https://saudeamanha.fiocruz.br/wp-
content/uploads/2017/11/PJSSaudeAmanha_Texto0022_2016_v05.pdf.
Acesso em: 25 ago. 2020.

GIOVANELLA, Lígia et al. Políticas e sistema de saúde no Brasil. 2. ed. Rio de


Janeiro: Editora Fiocruz/Centro Brasileiro de Estudos de Saúde; 2012.
Referências

NUNES, Samantha et al. Ansiedade, depressão e enfrentamento em


pacientes internados em um hospital geral. Psicologia, saúde e doenças,
Campo Grande, v. 14, n. 3, p. 382-388, 2013. Disponível em:
http://www.scielo.mec.pt/pdf/psd/v14n3/v14n3a02.pdf. Acesso em: 25 ago.
2020.

PAIM, Jairnilson et al. O sistema de saúde brasileiro: história, avanços e


desafios. Lancet, Londres, v. 6736, n. 11, p. 11-31, maio/2011. Disponível em:
http://download.thelancet.com/flatcontentassets/pdfs/brazil/brazilpor1.pdf.
Acesso em: 25 ago. 2020.
Bons estudos!

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