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O MODELO BIOMÉDICO X O MODELO BIOPSICOSSOCIAL NA

EXPLICAÇÃO DA DEPRESSÃO

Autora: Soraya Rodrigues de Aragão


Orientador: Prof. Dr. Osterne Nonato Maia Filho, PHD

THE BIOMEDICAL MODEL X THE BIOSYCHOSOCIAL MODEL IN


EXPLAINING DEPRESSION

Author: Soraya Rodrigues de Aragão

Advisor: Prof. Dr. Osterne Nonato Maia Filho, PHD

Resumo: Objetiva-se colocar através satisfatórias aos anseios de ordem


de pesquisas e achados, as psicológica. O Modelo biopsicossocial
contribuições advindas dos Modelos ou modelo sistêmico é aquele que
Biomédico em contraponto ao privilegia a visão integral do sujeito nas
Biopsicossocial no tocante à dimensões física, psicológica e social
explicação e tratamento do fenômeno e a prevenção em vez do tratamento,
da depressão, abordando a Psicologia se contrapondo, portanto, ao modelo
Analítico-comportamental como biomédico. A Psicologia Analítico-
representante deste último modelo. O comportamental explica os transtornos
modelo biomédico clássico apresentou psiquiátricos através da intervenção de
desde sua origem, uma visão modelos interativos e experimentais
mecanicista, organicista e reducionista vendo o sujeito único em sua
acerca da doença psicológica, levando interrelação com o ambiente (interno e
em conta somente os aspectos externo) e sua história
biológicos, mensuráveis e comportamental, através da tríplice
quantificáveis, objetivando, desta contingência (filogenético,
forma, padronizar e catalogar a ontogenético e cultural), mostrando-
etiologia das doenças. O modelo se, deste modo mais adequada para
biomédico vigente é inspirado nesse explicar e tratar a depressão numa
molde e constitui o alicerce conceitual perspectiva interativa e sistêmica.
da moderna medicina científica. No
decorrer dos tempos, o foco de
interesse da Medicina passou de uma Palavras-Chave: Atendimento
abordagem biográfica à nosográfica; Educacional Especializado, Sala de
no entanto, não oferece respostas
Recursos, professores, ensino Descartes introduziu a rigorosa
regular. separação de mente e corpo, a par da
idéia de que o corpo é uma máquina
que pode ser completamente
1. Introdução entendida em termos da organização e
O presente artigo pretende do funcionamento de suas peças. De
desenvolver uma discussão e levantar acordo com este modelo, uma pessoa
questionamentos acerca dos saudável seria como um relógio bem
pressupostos epistemológicos e construído e em perfeitas condições
práticos no tocante aos dois principais mecânicas; uma pessoa doente, um
modelos vigentes no sistema de relógio cujas peças não estão
saúde: o biomédico e o funcionando apropriadamente. As
biopsicossocial; este último levando principais características do modelo
em conta a abordagem da Psicologia biomédico, assim como muitos
Analítico-comportamental na aspectos da prática médica atual,
explicação e tratamento da depressão. podem ter sua causa primeira nessa
A finalidade deste estudo se justifica metáfora cartesiana (Capra, 1982).
pelas discussões frequentes acerca da Ainda de acordo com Capra (1982), ao
efetividade dos dois modelos no concentrar-se em partes cada vez
processo saúde-doença, e sua menores do corpo, a medicina
relevância reside no fato de encontrar moderna perde freqüentemente de
um modelo mais eficiente que explique vista o paciente como ser humano.
especificamente a depressão de modo Essa divisão é talvez a mais séria
contextualizado, levando em conta o abordagem biomédica. Para começar,
indivíduo não somente no aspecto a definição de saúde dada pela
fisiológico, mas também psicológico, Organização Mundial de Saúde
social e cultural em uma visão (OMS), no preâmbulo de seu estatuto
sistêmica e interativa. Para a poderá ser útil: “A saúde é um estado
realização deste estudo, foi utilizada de completo bem estar físico, mental e
como metodologia a revisão social, e não meramente a ausência de
bibliográfica visto que esta se mostrou doenças ou enfermidades.” Observa-
mais adequada para a pesquisa em se que a OMS ressalta a saúde de
questão, de modo que através desta modo interrelacional e não somente no
foi possível perscrutar a história dos aspecto biofisiológico.
dois modelos, bem como sua atuação
na saúde. Sendo assim, foi realizada O modelo biopsicossocial permite que
pesquisa em virtude da necessidade a doença seja vista como um resultado
da compreensão do advento de cada da interação de mecanismos celulares,
modelo dentro do contexto histórico- teciduais, organísmicos, interpessoais
cultural e de suas propostas no tocante e ambientais (Fava & Sonino, 2008).
ao complexo saúde-doença. Observamos neste discurso a
apresentação do ser humano
O modelo biomédico está firmemente considerado de modo contextualizado
assente no pensamento cartesiano. em todos os aspectos inerentes ao seu
espaço vital, ou seja: orgânico, Verifica-se que como a depressão
psicológico, cultural e socioeconômico apresenta múltiplas variáveis
em que cada aspecto influencia de instaladoras e mantenedoras, o
modo dinâmico no outro. estreito modelo biomédico só é capaz
de explicá-la no viés biofisiológico. No
Ainda de acordo com Fava & Sonino
tocante aos aspectos psicossociais e
(2008) Engel identificou o modelo
comportamentais o que seria utilizado
biopsicossocial como uma estrutura
como terapêutica, já que a depressão
conceitual mais completa (adequada)
não apresenta apenas uma única
para orientar os clínicos no seu
variável, ou seja, a fisiológica? Será
trabalho diário com os pacientes. Ele
que o modelo biomédico apresenta-se
considerou que a transição do estreito
capaz de dar conta de estratégias
modelo biomédico para o
efetivas acerca do manejo da
biopsicossocial era o maior desafio
depressão em todos os seus
para a medicina nos anos setenta.
aspectos?
A multiplicidade de componentes
relativos ao tratamento analítico-
comportamental da depressão, 2. Desenvolvimento
verificada nas publicações
selecionadas reflete a complexidade
A depressão, juntamente com outras
da depressão enquanto fenômeno do
doenças chamadas de “as novas
qual podem participar diversas
patologias”, ganhou status de efeito
variáveis, tanto no que se refere à sua
colateral da pós-modernidade, e com
instalação quanto à sua manutenção.
isso cresceu o número de trabalhos
A escolha entre os diversos conjuntos
sobre essa problemática. Entretanto,
de procedimentos parece depender
embora esteja fortemente relacionada
dos tipos de relações envolvidas em
ao problema de nossa época, essa
cada ocorrência. Por outro lado, à
forma de sofrimento psíquico, já existe
quantidade de medidas interventivas
há muito tempo. A relação entre
encontradas deveriam corresponder
sofrimento psíquico e contexto
evidências experimentais respaldando
histórico é, portanto, absolutamente
sua aplicabilidade (Ferreira, 2010).
pertinente, embora a busca da
Campos (2010) relata que a incidência compreensão dos fenômenos
da depressão chega a 10% em psíquicos que cercam a depressão já
pessoas que recebem atendimento ocorra há mais de dois milênios; e a
médico geral e atinge 15% das contemporaneidade não foi a primeira
pessoas internadas em hospital geral. vítima da depressão. Já houve
As causas são controversas; há diversas épocas no passado em que
hipóteses que atribuem estas ela se tornou predominante (Teixeira,
diferenças a fatores genéticos, 2005).
hormonais, efeitos do parto,
Ainda de acordo com Teixeira (2005),
estressores psicossociais diferentes
Melancolia é o termo mais antigo para
para homens e mulheres e modelos
a patologia dos humores tristes.
comportamentais (Demetrio, 1997).
Entretanto, nem sempre esteve no curador profissional, o médico-
domínio do campo psiquiátrico, feiticeiro. Nas sociedades simples, o
psicanalítico ou filosófico. O termo e homem com poderes misteriosos,
suas diferentes formas de uso estão como prever vitória na guerra, fazer
relacionados com sua história: é muito plantações crescerem, provocar chuva
antigo, anterior ao advento das ou sol tinha também a função de curar
ciências modernas. Suas origens doentes mentais. Os indivíduos que
remontam à Grécia antiga, alguns viviam (ou vivem) em sociedades
séculos antes de Cristo, época em que simples visualizavam a doença mental
arte, tragédia e Filosofia encontravam- como uma possessão demoníaca ou a
se nas obras de arte, nos escritos manifestação do descontentamento
literários trágicos, nos textos da antiga dos deuses, em que os doentes eram
filosofia de Aristóteles e nas produções vítimas do castigo divino. Os
da pré-história médica, e resistiu tratamentos provinham da magia, da
fortemente até meados do século XIX, invocação de poderes celestiais e do
período em que foi substituída pela exorcismo de demônios, utilizando-se
depressão (Scliar, 2003). de castigos físicos e outras punições.
Entretanto, neste mesmo período, já
Nos primórdios da Medicina,
prevaleciam os pensamentos mágico- surgiam práticas terapêuticas que
podemos considerar modernas, como:
religiosos. Segundo historiadores, no
ouvir música suave, atividades
Egito, Índia, Mesopotâmia e China,
recreativas e passeios (Cataldo Neto,
onde idéias embrionárias sobre a
Annes & Becker, 2003). Esta época se
doença mental germinaram, as causas
caracteriza pelo domínio do
eram quase sempre devido a
pensamento mágico, na qual toda
problemas espirituais. O tratamento
enfermidade é explicada pela crença
consistia provalentemente na retirada
imaginária e culto ao sobrenatural.
dos espíritos através de rituais; quando
não, o sofrimento era aliviado por meio Pode-se dizer que a relação da
sociedade com o doente era ambígua,
de massagens e, algumas vezes,
pois se de um lado havia um
através de atos cirúrgicos, como
sentimento de respeito com o enfermo,
abertura do crânio para liberar os
intitulando-o como mensageiro de
fluidos. Interessante que a trepanação
foi também largamente utilizada, aqui Deus, de outro prevalecia certo temor
e o pensamento de que este podia ser
onde hoje é a América Latina, pelos
portador de um espírito malévolo
ancestrais dos incas (Pontes, 1995).
(Gauer, Marini, Dias & Dias, Drago,
Segundo Cataldo Neto, Annes e Vieira, Calvetti, 1986).
Becker (2003), a história das
O modelo biomédico ou mecanicista,
profissões relacionadas com a saúde
hoje predominante, tem suas raízes
mental começa com a tentativa do
históricas vinculadas ao contexto do
homem primitivo em aliviar o
Renascimento e de toda a revolução
sofrimento do outro. A história do
profissional de saúde mental começa artístico-cultural que ocorre nessa
época, associada, igualmente, ao
assim, com a história do primeiro
projeto expansionista das duas fundamental é uma alteração do humor
metrópoles de então- Portugal e ou do afeto, no sentido de uma
Espanha - cuja consecução vai depressão (com ou sem ansidade
demandar o surgimento de associada) ou de uma relação. A
instrumentos técnicos que viabilizem alteração do humor em geral se
as grandes navegações na tentativa, acompanha de uma modificação do
como se sabe, entre os fatores que nível global de atividade, e a maioria
prioritariamente estimularam o dos outros sintomas são secundários a
mencionado empreendimento, de estas alterações do humor e da
reatar o intercâmbio comercial com as atividade, facilmente compreensíveis
Índias, a partir da tomada de no contexto destas alterações. A
Constantinopla pelos turcos, em 1453 maioria destes transtornos tende a ser
(Barros, 2002). recorrentes e a ocorrência dos
episódios individuais pode estar
A maior mudança na história da
medicina ocidental ocorreu com a frequentemente relacionados com
situações ou fatos estressantes. Os
revolução cartesiana. Antes de
episódios depressivos estão
Descartes, a maioria dos terapeutas
agrupados na Categoria F-32.
atentava para a interação de corpo e
alma, e tratava seus pacientes no De acordo com o DSM-V (2015), a
contexto de seu meio ambiente social depressão está classificada dentre os
e espiritual. Assim como sua visão de Transtornos do Humor. Este
mundo com o correr do tempo, o diagnóstico é caracterizado pela
mesmo aconteceu com suas presença dos seguintes sintomas:
concepções de doença e seus humor deprimido; interesse ou prazer
métodos de tratamento, mas eles acentuadamente diminuído pelas
costumavam considerar o paciente atividades; perda ou ganho
como um todo. A filosofia de Descartes significativo de peso, diminuição ou
alterou profundamente essa situação. aumento no apetite; insônia ou
Sua rigorosa divisão entre corpo e hipersônia; agitação ou retardo
mente levou os médicos a se psicomotor; fadiga ou perda de
concentrar na máquina corporal e a energia; sensação de inutilidade; culpa
negligenciar os aspectos psicológicos, excessiva ou inadequada; capacidade
sociais e ambientais da doença diminuída para pensar, concentrar-se
(Capra, 1982). Os atuais modelos de ou decidir-se; pensamentos
classificação e catalogação das recorrentes sobre morte e ideação
doenças são originários deste modelo suicida (Campos, 2007).
cartesiano, tais como o CID-10 e o Observamos que o CID-10 apresenta
DSM-V. uma melhor abertura para os fatores
O CID-10 (Classificação Internacional psicossociais em contraponto ao DSM-
de doenças- 10ª Revisão) classifica a IV, visto que aquele relata fatores
depressão dentro dos Transtornos estressantes e contextualização das
Afetivos. Os Transtornos Afetivos são alterações do indivíduo, ou seja,
aqueles em que a perturbação ressalta a questão ambiental como
variável a ser levada em conta no Observa-se que a preocupação com a
processo de doença. relação entre saúde e doença
acompanha a existência humana
É provável que a expressão mais
desde os primórdios de nossa história
acabada das distorções e
conhecida. Descrita em termos de
consequências concretas do modelo
parâmetros físicos e indicadores
biomédico, reducionista, de
biológicos, a concepção da saúde e da
abordagem da saúde e da doença na
doença como um fenômeno
vida dos indivíduos, resida no que se
multidimensional constitui uma
convencionou designar como
proposta relativamente recente (Costa
medicalização (Barros, 2002).
Junior, 2005). Discussões filosóficas
De acordo com Barros (2002), no que em disciplinas de ciências humanas e
respeitam aos medicamentos, ao biológicas, a partir da década de 60 do
hipervalorizar as funções que os século XX, passaram a questionar a
mesmos podem vir a desempenhar, ênfase tradicional na orientação
além da geração de uma dependência biomédica da assistência à saúde e
pela qual se crê que, para todo e apontaram uma necessária ampliação
qualquer problema, da perspectiva social da medicina
independentemente de sua gravidade (Flores & Costa Junior, 2008).
ou nexos causais, haverá uma pílula
O transtorno depressivo é um dos mais
salvadora, deparamo-nos com um
frequentes e incapacitantes problemas
incremento nos custos, tanto
da atualidade, e é considerado um dos
econômicos, quanto, propriamente,
grandes motivos pela busca de
sanitários. O referencial mecanicista,
serviços de saúde em todo o mundo.
reforçando explicações que reduzem o
Caracteriza-se por humor triste,
processo saúde-doença à sua
melancolia, choro fácil, apatia, tédio,
dimensão estritamente biológica,
aborrecimento crônico, irritabilidade
propaga, inclusive pela mídia ou pelos
aumentada, ansiedade, angústia
sites da internet, tanto as "soluções"
desespero, desesperança, fadiga,
que já vieram à luz como as que estão
cansaço, desânimo, diminuição da
prestes a fazê-lo.
vontade, entre outros sintomas. Do
De acordo com Bennet (1987), ponto de vista da Análise do
médicos sensíveis estão insatisfeitos Comportamento, a depressão deve ser
com o referido modelo, não compreendida a partir da análise das
propriamente porque o mesmo não contingências que a mantêm, visto que
responde a muitos dos problemas são nas relações com o ambiente
clínicos e sim, devido ao fato de que se externo que devem ser buscadas as
dão conta das reações psicológicas explicações para o comportamento.
dos seus pacientes e dos problemas Seguindo a perspectiva de que um
socioeconômicos envolvidos na comportamento deve ser estudado nos
doença, mas não veem como termos da sua função, a depressão
incorporar essas informações na poderia ser entendida como uma
formulação diagnóstica e no programa classe de respostas selecionadas e
terapêutico (Barros, 2002).
desenvolvidas ao longo da vida do Descobriu-se que o bem-estar
indivíduo a partir de suas interações psicológico desempenha um papel
com o meio (Campos, 2007). protetor no equilíbrio dinâmico entre
saúde e doença. A necessidade de
Dentre os vários fatores acima
incluir a análise da função na vida
envolvidos, o critério para chegar a um
diária, produtividade, desempenho de
consenso entre tantas posições
papéis sociais, a capacidade
depende da evolução do
intelectual, estabilidade emocional e
conhecimento de diferentes áreas. A
bem-estar, tem emergido como uma
literatura encontrada neste campo,
parte crucial da investigação clínica e
descreve os comportamentos
de assistência ao paciente. Em
apresentados pela pessoa deprimida;
investigações controladas de diversos
contudo, isso não é suficiente para
distúrbios em saúde, o uso de
caracterizar a referida doença com
estratégias psicoterápicas tem
base nos pressupostos da Análise do
Comportamento, os quais privilegiam a resultado na melhoria substancial na
qualidade de vida, na aquisição de
função dos mesmos. Assim, analisar
estratégias de enfrentamento e no
as variáveis presentes no contexto das
tratamento da doença (Fava & Sonino,
pessoas deprimidas, os
comportamentos apresentados por 2008). É neste contexto que apresento
as propostas da Psicologia Analítico-
elas, bem como a funcionalidade
comportamental no tocante à
destes, contribuiria para o
depressão, pois esta oferece
aperfeiçoamento do diagnóstico e para
condições satisfatórias, tanto
programas de intervenção em um
epistemológicas quanto
futuro próximo (Campos, 2007).
psicoterapêuticas de enfrentamento.
Flores & Costa Junior (2008) relatam
O enfoque da depressão, enfatizando
que o desenvolvimento científico da
o aspecto comportamental, deve
Psicologia da saúde enquanto área de
destacar as interações com o meio e
conhecimento e de aplicação da
as influências das histórias
psicologia, conforme concebida por
filogenética, ontogenética e cultural, às
Matarazzo (1980) tem incentivado uma
quais ele está submetido; o início e a
ampliação dos modelos explicativos de
duração da depressão dependem de
diversos transtornos de saúde,
variáveis biológicas, históricas e
especialmente aqueles de natureza
crônica, passando a considerar a comportamentais (Capelari, 2002).
Também vale ressaltar não só as
relação do indivíduo com a doença e a
variáveis geradoras da depressão,
participação de fatores sociais e
mas também as mantenedoras.
psicológicos, além daqueles
biológicos, sobre a etiologia, a Flores & Costa Junior (2008) relata que
manifestação sintomática e a o indivíduo é concebido como um ser
perspectiva de reabilitação (Martins, ativo e capaz de agir sobre o meio, o
2001; Ogden, 1996, Straub, qual, por isso, assume
2002/2005; Zannon, 1991). responsabilidades no processo de
adoecer e tratar a doença (Ogden,
1996; Zannon, 1991). O profissional de persista, já existe uma melhor
saúde é, antes de tudo, um educador aceitação de outros aspectos como
que utiliza técnicas psicológicas para deflagradores e mantenedores das
incentivar o paciente a participar doenças, no caso específico de que
efetivamente das decisões de seu tratamos, a depressão. É bem certo
tratamento (Costa Junior, 2005). que, no tocante a outras patologias,
observa-se verdadeiramente um
Ferster (1973) relata que a depressão
predomínio de fatores genéticos e não
está intimamente ligada à história de
seremos ingênuos em acreditar que
reforçamento do sujeito. Seu
existiria uma equidade do biológico, do
entendimento depende do
psicológico e social no sentido de
conhecimento da relação sujeito-
importância no trato com determinadas
ambiente, ou seja, dos antecedentes e
doenças. O que se defende é que a
das consequências do comportamento
visão de um sujeito único e uma
depressivo e, portanto, da análise
funcional. O repertório de pessoas com proposta terapêutica que não leve em
conta só o biológico. A Psicologia
este quadro é definido como o
Analítico-comportamental através de
resultado de um decréscimo na
sua filosofia e técnicas psicoterápicas
freqüência de certas classes de
comportamentos e um aumento na apresenta esta visão integral do
homem através da tríplice contingência
frequência de outros (Campos, 2007).
(ontogenético, ortogenético e cultural)
e serve como proposta para um
3. Conclusão Modelo de saúde eficaz.

Na revisão bibliográfica realizada,


Sobre o Autor:
observam-se as contribuições de dois
modelos vigentes na saúde e suas
propostas no tocante à visão dos Soraya Rodrigues de Aragão-
processos de saúde e doença. O Psicóloga, Psicotraumatologista,
Modelo Biomédico Clássico leva em Expert em Medicina Psicossomática e
conta somente aspectos Psicologia da Saúde. Escritora e
biofisiológicos e contempla a doença palestrante.Autora dos livros
em decorrência do mau funcionamento Fechamento de Ciclo e Renascimento,
destes aspectos; tem como Supere desilusões amorosas e
pressuposto de organização a pertença a si mesmo e Liberte-se do
classificação e catalogação da Pânico e viva sem medo! Sites:
etiologia das doenças. No entanto, o www.sorayapsicologa.com.
Modelo biopsicossocial já apresenta Contato@sorayapsicologa.com
uma proposta diferente, visto que
visualiza o indivíduo de modo integral
e sistêmico. O que se pode observar Referências:
no discurso médico é que embora o
modelo biomédico clássico ainda www.scielo.com.br; Acesso: 10. Jun.
2011. (BARROS, 2002). Pensando o
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ponto de mutação: a ciência, a 2011. (TEIXEIRA, M. A. R.).
sociedade e a cultura emergente. São Melancolia e depressão: um resgate
Paulo: Cultrix, 1982. Capítulo 5- O histórico e conceitual na Psicanálise e
Modelo Biomédico. na Psiquiatria. Revista de Psicologia
www.ufpa.br; Acesso: 12. Jun. 2011. da UNESP, 4(1), 2005, 41;
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incontrolabilidade na pesquisa
experimental e na terapia
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Dissertação de Mestrado (Programa
de Pós-graduação em Teoria e
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www.bibliotecadigital.puc-
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Dissertação de Mestrado (Mestrado
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comportamental: compreendendo a
cefaléia do tipo tensional;
www.emtr.com.br; Acesso: 14. Jun.
2011. CBREMT- Centro Brasileiro de
Estimulação Magnética Transcraniana
Transtornos Afetivos- Classificação
Internacional de Doenças- Décima
Revisão (CID-10);

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