Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
ESCOLA DE MINAS
2024
Preâmbulo:
Lingotamento contínuo dos aços é apenas um pequeno tópico da
Metalurgia. Não obstante é instigante, pois seu domínio requer a aplicação
de conhecimentos relativos às disciplinas de Solidificação de Metais,
Metalurgia Física, Termodinâmica, Mecânica dos Fluidos, Transferência de
Calor e Massa, para citar algumas.
É um pequeno tópico, mas de importância econômica e tecnológica
enorme. Daí vários compêndios já foram produzidos sobre o tema.
Melhorias são introduzidas continuamente, como se deduz da literatura
especializada.
Este é um texto introdutório, dirigido a alunos de graduação. Portanto não
cobre toda a informação disponível. São apenas 12 breves capítulos, de
caráter principalmente descritivo, mas que devem servir de introdução a
textos mais alentados.
Os autores
.
INDICE
Introdução:
Tabela 1: produção anual de aço em alguns países e fração lingotada continuamente (https://worlds-
teel.org/steel-topics/statistics/world-steel-in-figures-2022/#continuously-cast-steel-output-2019-to-2021
)
País Produção de aço, milhões de toneladas % lingotada continuamente
2019 2020 2021 2019 2020 2021
Áustria 7,1 6,5 7,6 96,1 96,1 96,4
Bélgica 7,8 6,1 6,9 100,0 100,0 100,0
França 14,0 11,3 13,6 97,2 97,5 97,5
Alemanha (e) 37,8 34,3 38,5 95,3 96,1 96,1
Itália (e) 22,0 19,3 23,1 94,9 94,7 94,7
Holanda 6,7 6,1 6,6 100,0 100,0 100,0
Polônia 8,8 7,7 8,3 98,1 98,4 98,4
Espanha 13,4 10,9 14,0 98,3 99,3 98,9
Turquia 33,7 35,8 40,4 100,0 100,0 100,0
Reino Unido 7,1 7,0 7,2 98,5 99,1 99,5
Rússia (e) 59,2 59,1 62,4 82,5 82,5 82,6
Ucrânia 11,6 13,6 14,1 55,7 66,2 66,2
Canadá (e) 10,1 8,6 10,1 78,2 78,1 78,1
México 18,4 16,8 18,5 100,0 100,0 100,0
Estados Unidos 87,5 72,6 85,6 99,7 99,8 99,8
Argentina 4,6 3,6 4,9 99,7 99,6 99,7
Brasil 31,9 30,8 35,3 98,0 98,1 7,5
Egito 7,3 8,2 10,3 100,0 100,0 100,0
África do Sul 6,1 3,9 5,0 98,8 100,0 100,0
Irã (e) 25,6 29,0 28,5 100,0 100,0 100,0
Arábia Saudita 8,2 7,8 8,7 100,0 100,0 100,0
China (e) 980 1 049 1 018 8,5 98,6 98,6
Índia (e) 97,0 87,2 103,0 87,1 87, 7,1
Japão (e) 97,7 81,9 94,8 98,4 98,4 8,4
Coréia do Sul 70,4 66,2 69,4 98,6 98,7 8,6
Taiwan 21,9 21,0 23,1 99,5 100,0 99,6
Austrália 5,5 5,5 5,8 100,0 100,0 100,0
Alguns dos problemas inerentes ao lingotamento convencional direto podem ser intuí-
dos. No lingotamento convencional com lingotamento direto a panela é posicionada so-
bre cada lingoteira, que é então preenchida separadamente. Isto requer controle preciso
de vazão de obturação do furo de corrida, para evitar transbordamento ou lingotes in-
completos. O jato livre de aço entrante da panela faculta reações de oxidação do banho
metálico, elevando o nível de inclusões e as perdas térmicas. Além do mais, gotas me-
tálicas podem ser ejetadas, de encontro às paredes frias da lingoteira, na superfície da
qual solidificam, aderem, formando “gotas frias”. Se estas gotas frias, de superfície oxi-
dada, não forem reincorporadas ao aço durante a etapa de enchimento da lingoteira,
podem vir a se tornar um defeito superficial durante a posterior laminação. Eliminação
de gota fria requer operação auxiliar denominada Escarfagem mecânica (esmerilha-
mento) ou por chama. Um pó fluxante pode ser adicionado ao topo do aço na lingoteira,
4
para incorporar fases indesejadas, mas a escória fica sujeita à emulsificação pelo im-
pacto do jato de aço.
Existe a tendência natural de que as porções superiores do lingote, denominadas “ca-
beça do lingote” sejam as últimas a se solidificar e que “rechupes” (vazios devido à
contração de solidificação) estejam concentrados nesta região, Figura 2. A ocorrência
de rechupes requer o superdimensionamento do lingote, o que certamente poderá im-
plicar em maiores perdas metálicas do processo. De modo a minimizar este problema
podem ser empregadas placas isolantes ou exotérmicas ou ainda pós exotérmicos, de
modo a garantir o abastecimento de metal líquido para as regiões aonde o rechupe iria
se formar.
Entretanto o aspecto geral depende também das condições de desoxidação, que variam
de aço acalmado a efervescente, Figura 4.
Figura 5: Esquema de lingotamento sob vácuo, para refino adicional (Bhattacharya et al, 2014)
(2) representa um aço semi-acalmado; neste, a fervura é controlada de modo que o gás
liberado contrabalance o volume de rechupe que seria formado. Um dos objetivos é au-
mentar o rendimento metálico.
7
Figura 6: Posição do front de solidificação em função do tempo decorrido após vazamento, para o caso
de um lingote 0,8m x 0,8m (Lankford, 1985)
8
.
Figura 7: Macroestrutura granular e segregação em um lingote (Li et al. 2022).
produção de peças especiais como vasos de pressão, eixos de grandes motores e tur-
binas.
Além destas formas tradicionais, o aço líquido pode ser lingotado em seções mais pró-
ximas da aplicação final, “near net shape”, como é o caso de “dogbone” para produção
de trilhos. Ou, ao invés de placas convencionais de espessura próxima a 0,25 m placas
finas de até 0,10 m de espessura e tiras finas.
A transferência desde a panela até o distribuidor (tundish) pode ser feita por meio de um
tubo refratário, comumente denominado válvula longa, ou via jato aberto; neste último
caso reoxidação e absorção de nitrogênio são inevitáveis, além de provável emulsifica-
ção da escória de cobertura do distribuidor, o que pode gerar inclusões adicionais.
12
O distribuidor é um vaso (reator) intermediário cujas funções primárias são distribuir aço
líquido entre os vários veios (strands) da máquina e servir de pulmão, reservatório, de
aço líquido, de forma a manter as condições de fluxo no molde tão mais próximas da
estabilidade quanto possível. De forma a aumentar o grau de utilização do distribuidor e
da própria máquina de lingotamento emprega-se o lingotamento em sequência de várias
panelas de aço, sem interrupção da operação. No intervalo de troca de panelas (ladle
change) o pulmão é encarregado de manter a vazão de aço ao molde.
Exemplo: Em função das perdas térmicas o tempo disponível para lingotamento é limitado a
cerca de uma hora; existem limitações quanto à velocidade linear (m/min) em função do tipo de
produto. Estas restrições, aliadas ao tamanho da panela, definem o número de veios por má-
quina. Considere uma máquina de lingotamento de placas, de dois veios. Valores tipicos são
espessura de placa T (0,2m), largura de placa W (2,0m) e velocidade lingotamento da ordem de
Vc (1,3 rn/min). Desta forma a vazão de aço e a produção em massa são
𝑄 = 𝑊(𝑚) 𝑇(𝑚) 𝑉𝑐 (𝑚⁄𝑚𝑖𝑛) = 2 𝑥 0,2 𝑥 1,3 = 0,52 𝑚3 ⁄𝑚𝑖𝑛
𝑃 = 𝑄(𝑚3 ⁄𝑚𝑖𝑛) 𝜌 ( 𝑡𝑜𝑛𝑒𝑙𝑎𝑑𝑎𝑠⁄𝑚3 ) = 0,52 𝑥 7,2 = 3,744 𝑡𝑜𝑛⁄𝑚𝑖𝑛
O tempo de lingotamento de uma panela de capacidade igual a 350 toneladas é, nestas circuns-
tâncias, considerando N veios,
𝑉𝑃 (𝑡𝑜𝑛) 350
𝑡𝑣 = = = 46 𝑚𝑖𝑛𝑢𝑡𝑜𝑠
𝑁 𝑃(𝑡𝑜𝑛⁄𝑚𝑖𝑛) 2 𝑥 3,744
ordem de 50 minutos. O que evita perdas térmicas excessivas e que elevados valores de supe-
raquecimento (superheat) sejam empregados.
O tamanho de um distribuidor é uma fração do tamanho da panela, grosso modo 1/6, 1/7. Existe
uma tendência de se empregar distribuidores de grande capacidade, para reduzir as flutuações
de qualidade, que sempre aparecem durante a troca de panelas
Figura 13: Esquema da máquina de lingotamento EUROSTRIP@ twin-roll strip casting plant
O distribuidor atua como verdadeiro reator metalúrgico mais do que um simples vaso de
distribuição de metal para os vários moldes envolvidos. Como reator metalúrgico, no
distribuidor pode-se proceder a desoxidação; ajuste de composição e reaquecimento do
aço líquido; remoção de inclusões por vários mecanismos de aglomeração e cresci-
mento de clusters; flotação e separação de inclusões por meio de cortina gasosa, espe-
cialmente, perto da zona do jato da panela.
O distribuidor pode ser um local de severa contaminação do aço líquido, Figura 17, onde
detalhes de um mobiliário do distribuidor são exemplificados: placa de impacto do jato
da panela; barreiras mecânicas; válvula tampão, revestimento refratário, escória de co-
bertura líquida e fluxante do distribuidor. Na zona do jato da panela e sobre o veio pode
ocorrer a oxidação do alumínio residual e absorção de nitrogênio (1). Na interface metal-
escória pode ocorrer a oxidação do alumínio pelos componentes óxidos da escória de
cobertura (2). Na zona do jato da panela e nas vizinhanças do veio podem ocorrer erosão
e dissolução do revestimento refratário do distribuidor (3). Na região entre a zona do jato
da panela e o veio deve ocorrer a desoxidação, flotação e separação de inclusões (4).
16
Deste o distribuidor até o molde o transporte de aço líquido é feito em jato aberto (com
as penalidades já apontadas) ou por meio de um tubo cerâmico, normalmente denomi-
nado válvula de entrada submersa (Submerged Entry Nozzle, 𝑆𝐸𝑁), a qual protege o
aço do pick up de O2 e N2. A solidificação do aço começa no molde. Comparativamente
a outros metais com cobre e alumínio a condutibilidade térmica do aço sólido é pequena;
desta forma, na saída do molde (tipicamente com uma extensão de 0,9m) a espessura
da pele formada é da ordem de 10 a 20mm. A solidificação só se completa dezenas de
metros abaixo do molde (o chamado comprimento metalúrgico da máquina identifica o
ponto de final de solidificação).
Figura 18: Detalhes da máquina de Lingotamento Contínuo de placas e distribuição de fluxos no distri-
buidor e no molde (Thomas et al 2006, Thomas, 2018)
Figura 20 – 1) Entranhamento causado pela reversão de fluxo reverso na face estreitado molde; 2) Cisa-
lhamento da escória de cobertura; 3) formação de vórtice; 4) Distúrbio na interface causado pelas bolhas
oriundas da SEN. (Yamashita et al, 2001)
19
Estas considerações foram feitas tomando o lingotamento de placas como exemplo, mas
algumas delas se aplicam também ao caso de seções menores, como tarugos e redon-
dos. Estes podem ser lingotados utilizando-se óleo (o que permite altas taxas de trans-
ferência de calor e alta produtividade) ou pó fluxante. No segundo caso o emprego de
pó fluxante procura assegurar qualidade superficial e interna – baixo grau de reoxidação
e baixo conteúdo de inclusões – pontos críticos na produção de Steel Cord e aço para
rolamentos.
Embora destaque tenha sido dado aos fenômenos observados no distribuidor e molde,
o sucesso da operação depende também do que ocorre abaixo deste último. O resfria-
mento e a solidificação prosseguem sob a ação sprays de água e mesmo de radiação,
Figura 21. O processo de solidificação pode se estender por dezenas de metros abaixo
do molde e durante o trajeto pela máquina a superfície e o interior do lingotado estão
sujeitos a tensões térmicas e tensões induzidas pelo processo de dobramento e desdo-
bramento, que são adicionadas à pressão ferrostática. A espessura e a resistência me-
cânica a quente devem ser suficientes para se sobrepor a estas tensões, sob o risco de
aparecimento de trincas superficiais e internas. Daí fica evidente que o controle da má-
quina não termina no molde, sendo necessária uma política de extração de calor ao longo
de toda a máquina.
De fato é prática comum nas máquinas recentes de lingotamento (se seções maiores,
como placas e blocos) a prática de “soft reduction”, Figura 22. Consiste em aplicar um
leve passe de redução (!% em placas e blocos) já na região de final de solidificação, com
o intuito de fechar a cavidade de solidificação e expulsar da região central o líquido com
elevador teor de elementos segregáveis (principalmente enxofre). O resultado é um se-
miacabado de melhor qualidade interna.
Entretanto, molde e distribuidor estão interconectados, de modo que este último impacta
as características finais do produto. Alguns pontos a considerar, neste aspecto, incluem
a influência da estratégia de troca de panelas, durante o sequencial de corridas sobre o
produto de intermix. Como a adoção de dispositivos controladores de fluxo, como bar-
reiras, diques e controladores de turbulência, tampão, borbulhamento de gases, influen-
cia sobre a distribuição de fluxos. O papel da proteção do metal via pó de cobertura.
Qualquer lista como esta é criticável por ser incompleta; no entanto, pode ser conside-
rada um ponto de partida.
Existe ainda a redução de poluição pela eliminação das instalações dos fornos
poços e desbastador e a redução de custos de capital e operacional, menor ne-
cessidade de mão-de-obra, maior rendimento.
Referências
Li, J., Xu, Xw, Ren, N. et al. A review on prediction of casting defects in steel ingots: from
macrosegregation to multi-defect model. J. Iron Steel Res. Int. 29, 1901–1914 (2022).
https://doi.org/10.1007/s42243-022-00848-7
B.G. Thomas, Review on Modeling and Simulation of Continuous Casting. Steel Re-
search Int., 2018, https://doi.org/10.1002/srin.201700312
B.G.Thomas, Modeling of Continuous Casting Defects Related to Mold Fluid Flow, AIST
Transactions, vol3, n5, july 2006, pp1-17
23
CAPÍTULO 2
TRANSFERÊNCIA DE CALOR NO LC
Como sugere a Figura 1, o sistema de refrigeração pode ser dividido em três zonas:
Região primária de trocas térmicas ou molde;
Região secundária de trocas térmicas ou zona de sprays;
Região terciária de trocas térmicas ou zona de trocas térmicas por irradia-
ção.
A transferência de calor pode ser medida tanto no seu aspecto global como quanto à
sua distribuição ao longo do perímetro do molde.
Figura 2: Esquema para montagem de termopares para medição de fluxo local de calor
Outros fatores, não tão evidentes, são definidos pelo tipo do meio lubrificante/trocador
de calor (óleo ou pó); composição química do aço (peritético, não-peritético).
Como se verá com maiores detalhes, aço peritético, neste contexto, é aquele com
teores de carbono na faixa 0,1% < %C < 0,18 (ou melhor, hipo-peritéticos, vide Figura
3),
25
a qual ocorre com contração acentuada de volume. A contração adicional faz com que
a pele se afaste da parede do molde; reduzido o contato com o molde a pele sobrea-
quece localmente; ao ser arrastada para posição inferior do molde, sob maior pressão
ferrostática, é empurrada de volta à parede do molde. Como resultado, Figura 4, pro-
duz-se uma pele corrugada na parte externa e interna:
Figura 5. Fluxo de calor num molde de lingotamento de placas, em função do teor de carbono (Cicutti,
2002).
Um modelo aproximado de trocas térmicas no molde pode ser descrito com o auxílio
do esquema da Figura 6. De acordo com este esquema, por se tratar de molde em
cobre, metal de alta condutibilidade térmica, o gradiente térmico nas paredes do molde
pode desprezado; no molde a temperatura é uniforme e igual a 𝑇𝑜 . A maior resistência
é localizada no gap entre a pele e a superfície do molde, que se encontra à tempera-
tura 𝑇𝑆 . Se admite a existência de correntes fortes de convecção no interior do líquido,
de modo que na poça deste a temperatura é considerada uniforme e igual a 𝑇𝑉 . Ainda,
no ponto de transição entre sólido e líquido, localizado em 𝑥 = 𝑀, a temperatura é a
temperatura de fusão do metal, 𝑇𝑀 .
𝑇𝑀 − 𝑇𝑜
𝑞𝑥=0 = 𝑞𝑥=𝑀 =
1⁄ℎ + 𝑀⁄𝑘 ′
Note-se que a relação anterior pode ser reescrita de modo a refletir a dependência
entre espessura de pele e posição vertical no molde, pois a extração da pele é feita
com velocidade constante e igual a 𝑉𝐶 ; então:
28
𝑦
𝑡=
𝑉𝐶
𝐻 𝑓 = ∆𝐻 𝑓 + 𝐶𝑝𝐿 (𝑇𝑝 − 𝑇𝑀 )
Portanto,
𝐻 𝑓 = ∆𝐻 𝑓 + 𝐶𝑝𝐿 (𝑇𝑉 − 𝑇𝑀 ) = 2,67x 10 5 + 569 (1800 – 1770) = 284070 J.kg –1
ℎ 2000
′
= = 16,666
2𝑘 2 𝑥 60
e, logo,
O fluxo necessário, de água de refrigeração, pode ser encontrado considerando que a espes-
sura da casca solidificada – e logo a resistência à difusão de calor na mesma – varia ao longo
do tempo. É fácil mostrar que
− 𝑘′ 𝑘 ′ 2 2 𝑘 ′ (𝑇𝑀 − 𝑇𝑜 )
𝑀= + √( ) + 𝑡
ℎ ℎ 𝜌′ 𝐻 𝑓
e, neste exemplo,
𝑀 = −0,03 + √0,032 + 8,086 𝑥 10−5 𝑡
Portanto o valor do fluxo varia à medida que a placa atravessa o molde, sendo possível defi-
nir um valor médio como,
𝑡𝑝
1 (𝑇𝑀 − 𝑇𝑜 )
𝑞= ∫ 𝑑𝑡
𝑡𝑝 1 𝑀
+
0 ℎ 𝑘′
Finalmente, sendo o calor específico da água igual a 4184 J.kg-1K-1 , simbolizando a vazão
de água por 𝑚̇ [kg.s-1 ] e admitindo um sobreaquecimento (da água de resfriamento do
molde) máximo de 7K, um balanço térmico fornece:
𝑞 (𝑊 ⁄𝑚2 ) 2𝑊(𝑚) 𝐿(𝑚) = 𝑚̇ (𝑘𝑔⁄𝑠) 𝐶𝑝𝐻2𝑂 (𝐽⁄𝑘𝑔. 𝐾) ∆𝑇(𝐾)
Observe-se que foram consideradas apenas as (duas) faces largas da placa, como as su-
perfícies mais importantes de transferência de calor. Então
2,42 𝑥 106 x 2 x 0,586 x 0,61 = Q x 4184 x 7
isto é, 𝑚̇ = 59,07 kg de água / segundo.
Vários modelos simplificados podem ser propostos, que resultam numa expressão
interligando espessura de pele solidificada e tempo de permanência, tal como (k é um
parâmetro a determinar)
𝛿 = 𝑘 √𝑡
Exemplo: Em geral o lingotado precisa ser dobrado e endireitado, de modo que sua
direção de fluxo seja modificada de vertical a horizontal. Isto precisa ser feito em faixas
de temperatura nas quais o metal apresente dutilidade bastante, para evitar o surgi-
mento de trincas superficiais (onde maiores são os esforços de tração e de compres-
são). Pode então ser exigência operacional regular os parâmetros de refrigeração se-
cundária de forma que a temperatura superficial seja mantida constante, por exemplo
Ts = 1000 oC .
30
Nestas circunstâncias, um balanço térmico aproximado pode ser escrito para o pro-
cesso de solidificação da pele de uma placa, assumindo que praticamente não
existe superheat a ser dissipado, e que todo o calor extraído pelo sistema de refrige-
ração secundária é utilizado para solidificar o metal. Desta forma:
Extraído pelo sistema de Transportado na pele (2) Utilizado para solidifica-
refrigeração (1) ção (3)
−ℎ (𝑇𝑠 − 𝑇𝑜 ) = 𝑇𝑀 − 𝑇𝑆 𝑑𝑀
−𝑘 ′ = ∆𝐻 𝑓 𝜌′
𝑀 𝑑𝑡
𝑘 ′ (𝑇𝐿 −𝑇𝑆 )
ℎ=
𝑀(𝑇𝑆 −𝑇𝑜 )
Como M cresce continuamente então o valor de h precisa ser ajustado, o que é feito
por segmentos.
Então,
2 𝑘 ′ (𝑇𝐿 − 𝑇𝑆 ) 𝑡𝑠𝑜𝑙
𝑇/2 = √
∆𝐻 𝑓 𝜌′
Num exemplo hipotético, considerando uma placa lingotada com velocidade Vc =1,5 m/min,
de espessura T=0,2m, se estima
31
Exemplo: Para o caso de um tarugo de aresta a, assumindo que a quantidade de calor ex-
traída por unidade de tempo é a mesma através de toda seção de fluxo se pode escrever,
𝑑𝑇
𝑞 = −𝑘 ′ (𝑎 − 2𝑦) 𝑒 = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒
𝑑𝑦
−2 𝑒 𝑘 ′ (𝑇𝑀 −𝑇𝑆 )
𝑞= 𝑎
𝑙𝑛( )
𝑎−2𝑀
Esta quantidade de calor precisa ser dissipada pelo sistema de resfriamento, os sprays
agindo sobre a superfície do tarugo; daí,
−2 𝑒 𝑘 ′ (𝑇𝑀 −𝑇𝑆 )
𝑞= 𝑎 = − ℎ 𝑎 𝑒 (𝑇𝑠 − 𝑇𝑜)
𝑙𝑛( )
𝑎−2𝑀
Com este valor de temperatura de superfície pode ser agora implementado o balanço que
retrata o progresso da solidificação,
𝑑𝑀
(𝑎 − 2𝑀) 𝜌′ ∆𝐻 𝑓 = ℎ 𝑎 (𝑇𝑠 − 𝑇𝑜)
𝑑𝑡
𝑎
𝑑𝑀 2 𝑘 ′ 𝑇𝑀 + 𝑎ℎ𝑇𝑜 𝑙𝑛(𝑎 − 2𝑀)
(𝑎 − 2𝑀) 𝜌′ ∆𝐻 𝑓 = ℎ𝑎( 𝑎 − 𝑇𝑜)
𝑑𝑡 2 𝑘 ′ + 𝑎ℎ 𝑙𝑛(𝑎 − 2𝑀)
A espessura de pele na saída do molde foi calculada como 13 mm; a temperatura da superfície
do lingote na saída do molde foi calculada como 1181 oC; temperatura superficial no ponto de
corte 1070 oC; ponto final de solidificação a 17,31 m do menisco. Estes resultados foram al-
cançados aplicando os valores de coeficiente de transferência de calor expostos na tabela
seguinte.
Figura: Comparação entre resultados experimentais e de simulação, aço SAE 1007, 150 x 150 mm
(Spim, 2006)
Num outro tipo de análise pode estar disponível o fluxo térmico. A nível local, o fluxo
de calor pode ser determinado pela inserção de termopares no molde, e pela aproxi-
mação de fluxo unidirecional de calor resultando em analogia elétrica, Figura 8.:
35
Exemplo: A extração primária de calor depende de um projeto eficiente dos canais de refri-
geração na cavidade do molde e da vazão de água (que determina ao lado da geometria a
velocidade média de água nos canais); a água deve ter qualidade controlada, de forma a
impedir a deposição de camadas minerais que ajam como isolantes térmicos. A condição ideal
36
de refrigeração é aquela de convecção forçada, vide figura seguinte, sem a formação de bo-
lhas ou de filmes de vapor isolantes; naturalmente, maior a velocidade média de água nos
canais maior a taxa de extração de calor.
Figura: Influência de velocidade de água nos canais de refrigeração sobre a taxa de extração de calor
Outros valores de temperatura podem ser “recuperados” via estas medições. Por
exemplo, a temperatura na face quente do molde (de espessura E)
𝑇𝑚ℎ − 𝑇𝑊
𝑞=
1 𝐸
+
ℎ 𝑘𝐶𝑢
O valor desta temperatura é de interesse por haver um limite superior, que não deve
ser excedido sob a pena de deformação excessiva do molde. Em geral Tmh < 250oC.
Medidas deste tipo levam a duas conclusões gerais, a respeito da distribuição do fluxo
térmico e do perfil de temperatura no molde.
O fluxo térmico, q(J/m2.s] varia ao longo da altura do molde. Como se nota o fluxo
alcança um valor máximo próximo ao nível do menisco, ver Figuras 9, 10 e 11. Uma
explicação para o perfil é como se segue: Inicialmente, a força devido à pressão fer-
rostática 𝑃 = 𝜌𝑎ç𝑜 𝑔𝑧 é pequena e, deste modo, a tensão interfacial faz com que a
pele se mantenha afastada do molde; com o aumento da profundidade, a pressão
ferrostática é capaz de dobrar a pele ao encontro do molde, de sorte que o melhor
37
contato assegura altos valores de fluxos térmicos; com o crescimento da pele e devido
à contração causada pela solidificação, a pele volta a se afastar. Então o fluxo térmico
diminui. No pé do molde pode haver contato molde/pele se o taper das paredes do
molde for excessivo; neste caso o fluxo térmico aumenta.
Figura 10: Exemplo de perfil de temperatura na face quente de molde de placa, em função de tipo de
pó
38
Figura 11: Perfil de temperatura na face quente de molde de placa, influência da velocidade
Modo geral as figuras também exemplificam que o fluxo térmico depende do tipo de
lubrificante e da velocidade de lingotamento. Com óleo, comparativamente ao pó flu-
xante, o fluxo térmico é maior. Maiores velocidades de lingotamento implicam em
maior fluxo térmico.
onde 𝑧 representa a distância a partir do nível do menisco. De acordo com esta apro-
𝛽
ximação, o fluxo é máximo e igual a 𝑞𝑜′ = 𝑞𝑜 𝑉𝑐 no nível do menisco e decai então
continuamente ao longo do molde.
Note-se que o fluxo global e o fluxo específico estão, naturalmente, interligados atra-
vés das relações:
𝐿
2(𝑇 + 𝑊)𝑞𝑜′ − 𝛼𝐿
𝑄(𝐽⁄𝑠) = − [𝑒 − 1]
𝛼
′ (𝐽⁄ 2
𝑄 𝑞𝑜′
𝑞 𝑚 𝑠) = =− [𝑒 − 𝛼𝐿 − 1]
2(𝑇 + 𝑊) 𝐿 𝛼𝐿
𝐿 𝐿
𝑄(𝐽⁄𝑠) (𝑠) = 𝑞 ′ (𝐽⁄𝑚2 𝑠) 2(𝑇 + 𝑊) 𝐿 (𝑚2 ) (𝑠)
𝑉𝐶 𝑉𝐶
Este fluxo de calor é, por sua vez, utilizado para solidificar o metal e resfriá-lo até a tempera-
tura média da pele, isto é
𝑇𝑀 + 𝑇𝑆
2(𝑇 + 𝑊) 𝑀 𝐿 (𝑚3 ) 𝜌′ (𝑘𝑔⁄𝑚3 ) {𝛥𝐻 (𝐽⁄𝑘𝑔) + 𝐶𝑝′ (𝐽⁄𝑘𝑔 𝐾 ) [𝑇𝑀 − ] (𝐾)}
2
𝐿 𝑇𝑀 + 𝑇𝑆
𝑞′ = 𝑀 𝜌′ {𝛥𝐻 + 𝐶𝑝′ [𝑇𝑀 − ]}
𝑉𝐶 2
𝐿 𝐶𝑝′ 𝑞′ 𝑀
𝑞′ = 𝑀 𝜌′ [𝛥𝐻 + ]
𝑉𝐶 2 𝑘′
Portanto,
∆𝐻 = ∆𝐻 𝑓 + 𝐶𝑝𝐿 (𝑇𝑉 − 𝑇𝑀 ) = 2,67x 10 5 + 569 (1833 – 1803) = 284070 J.kg –1
0,9 670 𝑥 2 𝑥 106 𝑀
2 𝑥106 𝑥 = 𝑀 𝑥 7690 [284070 + ]
0,025 2 𝑥 60
40
𝑇𝑀 − 𝑇𝑆 ′
𝑞′ = 𝑘
𝑀
1803 − 𝑇𝑆
2 𝑥 106 = 60
0,018907
𝑇𝑆 = 1172𝐾
𝑑𝑧
𝑞𝑧 (𝐽⁄𝑚2 𝑠) 2(𝑇 + 𝑊)𝑑𝑧 (𝑚2 ) (𝑠)
𝑉𝐶
Este fluxo de calor é, por sua vez, utilizado para solidificar uma espessura adicional
da pele, 𝑑𝑀, e resfriá-la até a temperatura média da pele, isto é
𝑇𝑀 + 𝑇𝑆
2(𝑇 + 𝑊)𝑑𝑀 𝑑𝑧 (𝑚3 ) 𝜌′ (𝑘𝑔⁄𝑚3 ) {Δ𝐻 (𝐽⁄𝑘𝑔) + 𝐶𝑝′ (𝐽⁄𝑘𝑔 𝐾 ) [𝑇𝑀 − ] (𝐾)}
2
Por conveniência estas duas expressões foram escritas em valor absoluto de modo
que podem ser igualadas diretamente:
𝑑𝑧 𝑇𝑀 + 𝑇𝑆 𝑇𝑀 − 𝑇𝑆
𝑞𝑧 = 𝜌′ {Δ𝐻 + 𝐶𝑝′ [𝑇𝑀 − ]} 𝑑𝑀 = 𝜌′ {Δ𝐻 + 𝐶𝑝′ [ ]} 𝑑𝑀
𝑉𝐶 2 2
Como por suposição o perfil de temperatura no interior da pele é linear tem-se que
𝑇𝑀 − 𝑇𝑆 ′
𝑞𝑧 = 𝑘
𝑀
De maneira que a expressão anterior fica
′
𝐶𝑝′ 𝑞𝑧 𝑀
𝑞𝑧 𝑑𝑧 = 𝑉𝐶 𝜌 [Δ𝐻 + ] 𝑑𝑀
2 𝑘′
A equação explicita como 𝑀 depende de 𝑧, mas, esta informação só pode ser efetiva-
mente obtida via integração numérica, pois ambos 𝑀 e 𝑞𝑧 são funções da posição, o
que impede que as variáveis sejam separadas. Um possível esquema de integração
é como se mostra na Figura 12.
41
4 Atualizar 𝑧 e 𝑀 𝑧 = 𝑧 + 𝑑𝑧; 𝑀 = 𝑀 + 𝑑𝑀
5 Avaliar temperatura superficial 𝑇𝑀 − 𝑇𝑆 ′
𝑞𝑧 = 𝑘
𝑀
balanço anterior pode ser repetido, levando-se em conta apenas a resistência ao fluxo
de calor na camada solidificada. Isto é, o fluxo local
𝑇𝑀 − 𝑇𝑆 ′
𝑞= 𝑘
𝑀
provoca a solidificação adicional 𝑑𝑀.
𝑇𝑀 − 𝑇𝑆 ′ 𝑑𝑧
2 (𝑇 + 𝑊)𝑑𝑧 𝑑𝑀 Δ𝐻 = 2(𝑇 + 𝑊)𝑑𝑧 ( 𝑘)
𝑀 𝑉𝐶
Ou
𝑇𝑀 − 𝑇𝑆
𝑀 = √ 𝑘′ 𝑡 0,5
𝑉𝐶 Δ𝐻
Note-se que 𝑘𝑆 pode ser entendida como variável de resposta, obtida pelo confronto
de dados de tempo de residência e espessura observada da pele.
Por exemplo, todas as outras condições mantidas constantes, quanto maior o grau de
superheat do banho menor será a capacidade de solidificação do molde (pois uma
quantidade adicional de calor, referente ao superheat, terá de ser dissipada antes do
processo de solidificação) o que implica em menor valor aparente de 𝑘𝑆 .
𝐿𝑚 𝐿𝑚
𝑉𝐶 = =
𝑡 𝑇(𝑚𝑚) 2
[ 2𝐾 ]
𝑆
E, então a produtividade máxima é
𝑇(𝑚𝑚)
𝑃 = 𝑉𝐶 𝑊 𝜌
1000
𝐿𝑚 𝑇(𝑚𝑚)
𝑃= 2 𝑊 1000 𝜌
𝑇(𝑚𝑚)
[ 2𝐾 ]
𝑆
4 𝐾𝑆2 𝐿𝑚
𝑃= 𝑊𝜌
1000 𝑥 𝑇(𝑚𝑚)
Neste exemplo
4 𝑥 272 𝑥 30
𝑃= 𝑥 2 𝑥 7 = 4,899 𝑡𝑜𝑛⁄𝑚𝑖𝑛
1000 𝑥 250
44
Exercício: Os dados seguintes, referentes ao lingotamento de uma seção circular, são ex-
traídos de GUO (2007). As características principais de operação são: máquina curva de 9,9
m de raio; diâmetro interno do molde 181 mm; comprimento do molde 780 mm; oscilação
senoidal com stroke de 11 mm, 150 a 180 cpm; lubrificação com pó; comprimento metalúrgico
de 18,7 m.
De acordo com a figura seguinte o fluxo de calor não é simétrico, e em termos médios a
elevação de temperatura no circuito de refrigeração é da ordem de 6 oC, ao se lingotar um
aço médio carbono, com 0,19%C.
Figura: Elevação de temperatura no circuito de refrigeração, fluxo térmico e temperatura dos termopa-
res internos, aço 0,19%C
46
Naturalmente se espera que o fluxo térmico global, medido a partir da quantidade de calor
cedida à água de refrigeração, seja função de velocidade de lingotamento e do tipo de aço,
como exemplificado na figura a seguir. Em maiores velocidades, o menor tempo de residência
no molde torna a casca mais fina, o que a faz aproximar-se do molde e diminuir a resistência
de transferência térmica do gap; a temperatura da superfície do billet se torna maior o que
aumenta a força motriz de fluxo térmico; existe menor contração térmica, o que melhora o
contato billet/molde.
Faça um balanço térmico que permita calcular a velocidade de solidificação da pele, assu-
mindo que a geometria seja não-plana e calcule a espessura de pele na saída do molde. Para
tanto mostre que, desde que presumivelmente o fluxo térmico é medido em termopares em-
bebidos a uma distância 𝛿 da face quente este balanço leva a
𝑇𝑀 + 𝑇𝑆
𝑞𝑧 (𝑅 − 𝛿)𝑑𝑧 = −𝑉𝐶 𝜌 [Δ𝐻 + 𝐶𝑝 (𝑇𝑀 − )] 𝑟 𝑑𝑟
2
Como a temperatura da superfície do lingotado não é, a priori, conhecida a mesma pode ser
indiretamente determinada, como se pede mostrar, que a quantidade de calor que atravessa
uma superfície cilíndrica genérica situada em 𝑟 = 𝑟 é constante é igual a
2 𝜋 𝑘 𝑑𝑧 (𝑇𝑀 − 𝑇𝑆 )
𝑄(𝐽⁄𝑠) =
𝑅
ln 𝑟
Como também por exigência de conservação de energia se deve ter 𝑞𝑧 2 𝜋 (𝑅 − 𝛿)𝑑𝑧 = 𝑄,
utilize um procedimento numérico para determinar a variação de temperatura superficial e de
espessura de pele ao longo do molde.
Blocos 0,45 %C
Exercício : A figura seguinte diz respeito a uma máquina de lingotamento de tarugos, 120 x
120 mm2, utilizando óleo Nalco SBQ-6 como lubrificante. Considere simetria de distribuição
de fluxo nas quatro faces do molde. 1- trace o gráfico de espessura de pele versus distância,
bem como a curva que representa a variação de temperatura superficial da pele no molde; 2-
determine o fluxo médio de calor; 3- estime a espessura da pele na saída do molde utilizando
este valor médio de fluxo de calor; 4- encontre uma expressão que fornece a distribuição de
fluxo de calor em função da distância a partir do menisco; 5- compare os valores encontrados
pelas duas metodologias e estime o valor de 𝑘𝑆 da máquina;. 6- estime a vazão de água
necessária para a refrigeração do molde se o valor de superaquecimento da água é Δ𝑇á𝑔𝑢𝑎 =
5 oC;
49
Figura: Fluxo térmico em um molde de lingotamento contínuo, em função do teor de carbono, supe-
rheat do aço, velocidade de lingotamento, Chow et al (2002)
Na tabela seguinte, os valores de fluxo (2) foram lidos diretamente do gráfico, considerando
z= 0 localizado no nível de líquido (~113 mm do topo do molde). Os valores de dM, M e TS
foram avaliados de acordo com o fluxograma descrito na Figura 12.
(1) (2) (4) (3) (5) (1’) (2’) (4’) (3’) (51)
z(mm) q(kW/m2) M dM TS z(mm) q(kW/m2) M dM TS
0 313,2 0 2,01E-05 1492 262,4 2714 0,005379 0,000909 1005
8 835,1 2,01E-05 5,29E-05 1491 320,1 2683 0,006288 0,000475 929
15,9 991,6 7,3E-05 3,18E-05 1489 351,9 2651 0,006763 0,000431 894
19,9 1503 0,000105 0,000191 1486 381,7 2557 0,007194 0,000359 878
35,8 4708 0,000296 0,000434 1445 407,6 2401 0,007552 0,000415 887
47,7 4228 0,00073 0,000377 1389 439,4 2338 0,007968 0,000376 871
59,7 3205 0,001106 0,000607 1373 469,2 2359 0,008343 0,000372 835
85,5 3403 0,001714 0,000235 1297 499 2244 0,008716 0,000355 840
95,4 4154 0,001948 0,000385 1222 528,8 2234 0,00907 0,00035 816
109,4 4269 0,002333 0,000269 1159 558,7 2171 0,00942 0,000338 810
119,3 3946 0,002602 0,000297 1149 588,5 2192 0,009758 0,000336 778
131,2 3382 0,002899 0,000216 1165 618,3 2150 0,010094 0,000613 768
141,2 2954 0,003115 0,000227 1185 674 2015 0,010707 0,000678 772
50
153,1 3048 0,003342 0,000268 1152 739,6 1712 0,011384 0,000524 842
167 3403 0,003611 0,000246 1082 797,2 1461 0,011908 0,000481 912
178,9 3205 0,003857 0,000425 1079 856,9 1441 0,012389
200,8 2954 0,004282 0,001097 1070
De acordo com estes dados acima o valor médio de fluxo (obtido por meios numéricos) no
molde é de cerca de 2448 kW/m2:
𝐿 0,887
1 1
𝑞̅ = ∫ 𝑞(𝑧)𝑑𝑧 = ∫ 𝑞(𝑧). 𝑑𝑧 = 2448
𝐿 1 − 0,113
0 0
A espessura da pele na saída do molde é 12mm; a temperatura superficial varia acentuada-
mente ao longo do molde, ver figuras seguintes.
.
Figura: Representação gráfica dos dados da tabela anterior.
51
Uma curva de regressão pode ser utilizada para descrever os dados de fluxo térmico, ver
figura a seguir. A equação foi obtida desconsiderando os 4 primeiros valores:
𝑞 = 4081 exp(−1,1185 𝑧(𝑚)) 𝑘𝑊⁄𝑚2
𝑞𝑜 − 𝛼𝐿 4081
𝑞̅ (𝐽⁄𝑚2 𝑠) = − [𝑒 − 1] = − [𝑒 − 1,185 𝑥 0,887
− 1]
𝛼𝐿 1,185 𝑥 0,887
Por outro lado, o balanço macroscópico, que fornece a espessura da pele na saída do molde,
em função do fluxo médio implica em
𝐿 𝐶𝑝′ 𝑞̅ 𝑀
𝑞̅ = 𝑀 𝜌′ [𝛥𝐻 + ]
𝑉𝐶 2 𝑘′
Onde
∆𝐻 = ∆𝐻 𝑓 + 𝐶𝑝𝐿 (𝑇𝑉 − 𝑇𝑀 ) = 260000 + 825 𝑥 16 = 273 200 𝐽⁄𝑘𝑔
Portanto
0,997 430 𝑞̅ 𝑀
𝑞̅ = 𝑀 𝑥 7600 [273 200 + ]
0,06 2 𝑥 30
0,997 430 𝑥 2448000 𝑀
2448000 0,06
= 𝑀 𝑥 7600 [273 200 + 2 𝑥 30
] ; 𝑀 = 0,011337 𝑚
12 = 𝑘𝑆 √𝐿⁄𝑉𝐶 = 𝑘𝑆 √0,887⁄3,6
𝑘𝑆 = 24,17 𝑚𝑚⁄𝑚𝑖𝑛0,5
𝑚̇ = 41,52 𝑘𝑔⁄𝑠
Exercício: A espessura da pele solidificada pode ser medida por meio de, por exemplo,
dispersão de um traçador (elemento de liga intencionalmente adicionado a uma panela num
sequencial), análise de pele de breakout, penetração da pele por dardo com traçador (nail
shooting). A análise de pele de breakout reflete uma situação anormal e deve ser vista com
cuidados. A dispersão de traçador pode ser afetada pela mush zone (zona de amolecimento
e fusão do aço). Considere as figuras seguintes. Encontre uma expressão para o fluxo de
calor, na forma 𝑞 = 𝑞𝑜 𝑉𝑐𝛼 𝑒 − 𝛽𝑧 . Compare os valores calculados de espessura de pele, com
aqueles fornecidos.
Sugere-se que a micro-segregação (C, P, S) seja o fator agravante. Esta seria mínima
para composições peritéticas (~0,1%C) resultando em uma pele (comparativamente)
de alta de resistência mecânica, tal que a pressão ferrostática pode não ser capaz de
deformá-la ao encontro da parede do molde.
54
Figura 15: influência do teor de carbono sobre o fluxo de calor Vc = 1,27 m/min
𝜕𝑇 𝜕𝑇 𝜕2 𝑇 𝜕2 𝑇
𝜌 𝐶𝑝 = 𝑉𝐶 𝜌 𝐶𝑝 +𝑘 [ 2 + ]
𝜕𝑡 𝜕𝑧 𝜕𝑥 𝜕𝑦 2
𝜕𝑇
−𝑘 ] =𝑞
𝜕𝑦 𝑥=𝑊⁄2
caso o perfil de fluxo térmico ao longo das paredes do molde seja conhecido.
𝜕𝑇
−𝑘 ] = ℎ ( 𝑇𝑥=𝑇⁄2 − 𝑇á𝑔𝑢𝑎 )
𝜕𝑥 𝑥=𝑇⁄2
𝜕𝑇
−𝑘 ] = ℎ ( 𝑇𝑦=𝑊⁄2 − 𝑇á𝑔𝑢𝑎 )
𝜕𝑦 𝑦=𝑊⁄2
𝜕𝑇 4 4
−𝑘 ] = 𝜀 𝜎 ( 𝑇𝑦=𝑊 ⁄2 − 𝑇𝑎 )
𝜕𝑦 𝑦=𝑊⁄2
Por outro lado, a parte fluida do sistema, correspondente à poça, se encontra em re-
gime de fluxo turbulento. Como tal nenhuma componente convectiva poderia ser des-
prezada. A resolução do problema requer, portanto, considerar conjuntamente a equa-
ção de Navier-Stokes (em termos de valores médios), a equação da conservação da
energia (também em termos de valores médios), acopladas a um modelo de turbulên-
cia. Este procedimento tem sido adotado quando se dispõe de computadores de alto
desempenho. Alternativamente se pode admitir que a mesma equação (deduzida para
57
𝑘 = (7 𝑎 10) 𝑘𝑎ç𝑜
𝜕𝑇
−𝑘 ] =0
𝜕𝑦 𝑦=0
𝜕𝑇 𝜕𝑇
−𝑘 ] (𝑠ó𝑙𝑖𝑑𝑜) + 𝑘 ] (𝑙í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜) = ∆𝐻 𝑑𝜉
𝜕𝑦 𝑇=𝑇 𝜕𝑦 𝑇=𝑇
𝑚 𝑚
A Figura 20 sugere que os bancos de sprays devem ser dotados de regulagem inde-
pendente. Por exemplo, para manter a temperatura superficial razoavelmente cons-
tante o coeficiente de convecção aplicado a um dado segmento deve ser significativa-
mente diferente dos outros.
Este tipo de modelo pode ser considerado um modelo direto, no sentido em que as
condições de contorno são aplicadas e delas resulta o perfil de temperatura no lingo-
tado.
58
Figura 18: Espessura de pele e temperatura superficial, em função da distância ao menisco (Brima-
combe, 1976).
Figura 19: Espessura da pele na saída do molde, em função do comprimento do molde e velocidade
de lingotamento (Brimacombe, 1976)
59
Por exemplo Chen et al (2011) abordaram o caso de uma placa de dimensões 2 x 0,5
m2 lingotada a 1 m/min. Foram inseridos 48 termopares a cerca de 15mm de profun-
didade como meio de se determinar o fluxo térmico nas faces, Figura 21. Como um
60
Figura 22: Valores medidos pelos termopares e calculados, na face larga superior, (Chen, 2011).
Os fluxos térmicos forma calculados e os valores na linha de centro de cada face estão
expostos na Figura 24.
Figura 24: Exemplos de perfis de fluxos térmicos nas 4 faces do molde, (Chen, 2011)
Figura 25: Campo de velocidades na porção líquida e espessura da casca solidificada, (Chen, 2011).
Por motivos que ficarão evidentes na seção seguinte, a aplicabilidade maior da meto-
dologia esquematizada anteriormente se presta à confecção de um modelo de “Ther-
mal Tracking”. Thermal Tracking, neste contexto, diz respeito à possibilidade de poder
especificar as condições de refrigeração (no molde, na zona de sprays; na zona de
radiação), tal que os esforços devidos ao dobramento/endireitamento não ultrapassem
o limite de ruptura do metal, produzindo trincas.
Trincas internas podem eventualmente ser caldeadas; trincas externas estão abertas
à atmosfera e propensas a oxidação. Uma especificação comum é a de que a tempe-
ratura da superfície, onde os esforços de tração e compressão são máximos, se si-
tuem dentro de uma faixa de temperatura pré-estabelecida, de dutilidade aceitável.
64
Figura 29: Curva de distribuição de água, para um sistema de aspersão de névoa, (Bendig et al,
1995).
Figura 30: Relação entre o fluxo de calor e temperatura da placa, para uma série de condições opera-
cionais dos sprays, (Bendig et al, 1995).
66
Esta interação complexa pode ser explicada com o auxílio da Figura 31, a qual mostra
curva típica de Fluxo de Calor versus Δ𝑇 = 𝑇𝑠𝑢𝑝𝑒𝑟𝑓í𝑐𝑖𝑒 − 𝑇𝑠𝑎𝑡𝑢𝑟𝑎çã𝑜 onde 𝑇𝑠𝑎𝑡𝑢𝑟𝑎çã𝑜 re-
presenta a temperatura de equilíbrio entre água líquida e seu vapor, na pressão de
estudo (100 oC a 1 atm). Estes dados se referem a uma camada de líquido sobre uma
placa aquecida e mostram que, mesmo para pequenos valores de Δ𝑇, inicialmente o
fluxo aumenta devido à ação de correntes de convecção que se estabelecem em fun-
ção do empuxo. Quando bolhas de vapor começam a se desprender da superfície,
usualmente em locais preferenciais, o fluxo térmico aumenta em virtude do aumento
da velocidade de convecção (trechos AB e BC). Eventualmente, para valores cres-
centes de Δ𝑇, filmes de vapor começam a tomar conta de parte substancial da super-
fície, num processo intermitente que age no sentido de isolá-la termicamente; a con-
sequência é a diminuição do fluxo (trecho CD), até que se atinge uma temperatura
crítica conhecida como temperatura de Leidenfrost (ponto D). A partir desta o fluxo de
calor volta a subir com o aumento de temperatura em função da maior contribuição
devida à radiação. Sprays e sistemas air mist operam nessa região (trecho DE).
Gotas de água podem atravessar este filme de vapor, se apresentarem energia ciné-
tica suficiente. Resulta, para temperaturas normais de resfriamento da pele (< 1300ºC)
uma relação complexa de ℎ com a geometria do bico e vazões de água e ar, a qual,
de acordo com Bendig et al (1995) pode ser resumida em termos de fluxo de Energia
Cinética por unidade de área, ver Figura 32
.
67
1⁄2 𝑚̇ 𝑉 2
𝐴
𝑚̇ é vazão mássica, kg/s ; 𝑉 é a velocidade das gotas (m/s) e 𝐴 a área de fluxo (m2).
Figura 32: Coeficiente de transferência de calor versus energia cinética da água, (Bendig et al, 1995).
Referências:
Geiger, G.H., Poirier, D.R,Transport Phenomena in Metallurgy, Addison-Wesley Publishing,
973
Heat Transfer – Chapter I, p. 1-15, Continuous Casting: Heat flow, solidification, and crack
formation, Volume Two, ISS, 1984
The Continuous Casting Mould – Chapter II, p. 29-44, Continuous Casting: Heat flow, solidifi-
cation, and crack formation, Volume Two, ISS, 1984
Spray Parameter and Heat Transfer coefficients of spray nozzles for continuous casting, L
Bendig et al, Steelmaking Conference Proceedings, 1995, 391-398.
Mold Behavior and its influence on quality in the continuous casting of steel slabs; Part I and
2, J.K. Brimacombe, R. Mahapatra, I. Samarasekera, N. Walker, E. A. Paterson, J. Young,
Metallurgical Transactions B, 1991, Vol 22b, 861-888
68
C.A. Santos, A. Garcia, C. R. Frick, J.A. Spim, Evaluation of heat transfer coefficients along
the secondary cooling zones in the continuous casting of steel billets; Inverse Problems in
Science and Engineering Vol. 14, No. 6, September 2006, 687–700.
L. GUO, X. WANG, H.ZHAN, M. YAO, D. FANG; Mould Heat Transfer in the Continuous Cast-
ing of Round Billet, ISIJ International, Vol. 47 (2007), No. 8, pp. 1108–1116.
M.M. Wolf ; Strand surface quality and the peritetic reaction – a look into the basics;
Steelmaking Conference proceedings (1998), 53-62
R Chen, H F Shen, B.C Liu; Numerical simulation of fluid flow and solidification in continuous
slab casting mould based on inverse heat transfer calculation; Ironmaking & Steelmaking;
2011 VOL 38 NO 7, 546-551
J.k. Brimacombe, Design of Continuous Casting Machines based on a Heat Flow Analysis:
State of the Art Review. Canadian Metallurgical Quarterly, vol15, No2, 1976, 17-29.
69
CAPÍTULO 3
𝐷 1 1 𝐷
𝜀 = ( − 𝛿 + ℎ) ( − ) = ( − 𝛿 + ℎ) (𝑘𝑖 − 𝑘𝑖+1 )
2 𝑅𝑖 𝑅𝑖+1 2
∆𝜀 ∆𝑠 ∆𝜀
𝜀̇ = lim = lim 𝑉𝑐
∆𝑠 →0 ∆𝑠 ∆𝑡 ∆𝑠 →0 ∆𝑠
𝐷
𝜀̇ = 𝑉𝑐 ( − 𝛿 + ℎ) 𝑘𝑠′
2
𝑦 𝑉𝑐
𝜀̇ =
𝑅𝑜 𝐿
Onde L representa o comprimento de arco na região de endireitamento, 𝑅𝑜 é o
raio da máquina nesta região e 𝑦 é a distância de uma fibra ao centro da placa.
Figura: Valores críticos de deformação, em função do carbono equivalente dos aços (Han et al,
2001).
72
Mintz cita que, em geral, o endireitamento da placa (ou tarugo) ocorre em alguma
seção da máquina de lingotamento contínuo depois da saída do molde curvo, na
faixa de 700 a 1000 oC. Esta operação de endireitamento pode levar à formação
de trincas ao longo das marcas de oscilação e nos cantos. Desta forma se
justificam os esforços para a determinação da dutilidade a quente dos aços.
Ainda de acordo com Mintz (1999), e Giri et al (2014) uma das possibilidades é
aquecer o corpo de prova em atmosfera inerte até alcançar altas temperaturas
(1350 oC ~1400 oC) de forma a assegurar redissolução de todos os elementos
que contribuem para refino de grão e, então obter uma granulação grosseira
característica de estrutura típica de fusão. Em seguida resfriar o corpo de prova
com velocidades regulares de LC (60 K.min-1 para placas de 250mm de
espessura; 200 k.min-1 para placas finas, de 50mm de espessura), até a
temperatura do teste, Figura 2.
Alguns argumentam pela ligação da ocorrência de trincas internas com esta zona
de fragilização. Então, como a região de transição sólido-líquido (próxima a esta
zona de fragilização) pode ser identificada através de uma aproximação
empírica:
𝛿 (𝑚𝑚) = 𝑘𝑆 √𝑡 (𝑚𝑖𝑛)
76
Figura 11: Curva de dutilidade a quente para aço com 0,4% de carbono, ensaiado a 3 x 10-4 s-
1(Mintz)
79
Esta é a essência dos aços HSLA (High Strength Low Alloy; alta resistência e
baixa liga). No entanto este aspecto favorável de performance a baixas
temperaturas é contrabalançado pela maior fragilidade a quente. A adição de
nióbio aumenta o domínio de existência do poço de dutilidade, Figura 15,
exigindo condições diferentes (comparado ao aço carbono) de lingotamento
contínuo.
“Hot charging” ou carga a quente é uma das opções apontadas para reduzir o
consumo energético global de siderúrgicas que operam com Lingotamento
Contínuo. De acordo com esta proposta placas com alta qualidade superficial,
já na saída da máquina de lingotamento, são dirigidas diretamente ao forno de
reaquecimento – apenas para fins de encharque e equalização de temperatura,
seguindo então para o trem de laminação.
81
com estes princípios. A superfície se mostra cheia de trincas, tal qual um fundo
seco de um lago; portanto, a proposta se mostra inviável do ponto de vista de
qualidade. Observe que estas dificuldades não são apontadas na rota normal de
produção.
Referências:
S. Yue, JJ. Jonas, B. Mintz; Relationship between hot ductility and cracking during the
continuous casting of steel; 13th PTD Conference Proceedings, 1995, 45-52
B. Mintz, D N Crowther; Hot ductility of steels and its relationship to the problem of
transverse cracking in continuous casting; International Materials Review, vol 55, no3,
pp 168-196, 2010.
K Harste, Kl-H Tacke; Slab Caster Design Criteria for High Quality Steel; 80th
Steelmaking Conference Chicago meeting, April 1997, pp 679-688.
CAPÍTULO 4
CARACTERÍSTICAS DE OSCILAÇÃO DO MOLDE
A combinação entre oscilação do molde e a aplicação de lubrificantes (óleo, escória)
garantem o lingotamento contínuo dos aços, que de outra maneira seria inviabilizado
pela colagem da pele ao molde e rompimento desta (breakout) pelo esforço de extra-
ção.
Vários modos de oscilação são propostos, o de mais simples de análise sendo o se-
noidal, cujas características estão exemplificadas na Figura 1. A velocidade do veio é
de natureza vertical e descendente, para todos os efeitos, uma constante conhecida
como velocidade de extração, 𝑉𝐶 (𝑚⁄𝑠). Como o molde oscila com frequência 𝑓(𝐻𝑧),
durante metade do período o mesmo se move no sentido vertical ascendente e, natu-
ralmente, a outra metade no sentido vertical descendente. A amplitude total de osci-
lação é igual a 2 𝑆𝑜 (𝑚) e as equações que descrevem o movimento do molde são (t
é o tempo):
𝑆 = 𝑆𝑜 𝑠𝑒𝑛 2𝜋 𝑓 𝑡
𝑉 = 2𝜋 𝑓 𝑆𝑜 𝑐𝑜𝑠 2𝜋 𝑓 𝑡
As características de oscilação são tais que durante parte do período o molde se move
na descendente com velocidade maior (em módulo) que a do veio; esta porção do
período é designada por Negative Strip Time (NST) ou Tempo de Estripamento Ne-
gativo; por consequência o complemento é o Positive Strip Time (PST). Tempo de
estripamento Positivo.
.
86
A Figura 6 mostra a relação entre valores calculados e previstos, sugerindo boa con-
cordância, como previsto. Note-se, entretanto, que uma OM não cobre de forma con-
tínua, necessariamente, todo o perímetro do lingotado (o que pode ser devido à flutu-
ação excessiva de nível de aço no molde), o que torna a determinação do valor de
POM sujeita a incertezas
87
𝑆 = 𝑆𝑜 𝑠𝑒𝑛 2𝜋 𝑓 𝑡
𝑉𝑚 = 2𝜋 𝑓 𝑆𝑜 𝑐𝑜𝑠 2𝜋 𝑓 𝑡
𝑉𝑚é𝑑𝑖𝑎 = 4 𝑓 𝑆𝑜
89
Anteriormente o NST era denominado também de “heal time” pois se admitia que os
esforços de compressão característicos do mesmo levavam ao caldeamento, cura de
eventuais trincas. Hoje esta idéia é descartada.
Pode-se mostrar, por inspeção da Figura 1, que para uma oscilação senoidal, o tempo
de estripagem negativa se calcula como:
1 𝑉𝐶
𝑁𝑆𝑇 = 𝑎𝑟𝑐 cos [ ]
𝜋𝑓 2𝜋 𝑓 𝑆𝑜
o que permite também definir a “negative strip time ratio”, NSTR, como sendo a razão
entre o tempo de estripagem negativa e a duração do ciclo, multiplicado por 100.
𝑁𝑆𝑇
𝑁𝑆𝑇𝑅 = 𝑥 100
𝑇
Sugere-se que valores pequenos de NSTR, < 25%, levam a operações instáveis. A
Figura 8 exemplifica a relação NST(negative strip time) versus 𝑓 (frequência) versus
𝑉𝐶 (velocidade de extração) versus 2 𝑆𝑜 (stroke, amplitude). Os símbolos em negro
delimitam os pontos de instabilidade; note como pequenas alterações nos parâmetros
de oscilação podem levar a modificações significativas do tempo de estripagem nega-
tiva. Portanto seria mais seguro trabalhar em frequências mais altas.
Num ciclo de oscilação não senoidal, ver Figura 12, os parâmetros significativos são
a frequência, amplitude de oscilação, velocidade de lingotamento e um parâmetro de
deslocamento no espaço do tempo, definido como
𝑡𝑚
𝛼 = 4 𝑡𝑚 𝑓 = 4
𝑇
Outros parâmetros de oscilação são em geral utilizados para caracterizar o ciclo. Entre
eles a “Lead distance”, distância relativa percorrida pelo molde quando sua velocidade
é superior (em módulo) à do lingotado (o que corresponde a uma distância percorrida
durante o período de estripamento negativo) , ver Figura 5
𝑝𝑜𝑛𝑡𝑜 4
𝛿= ∫ (𝑉𝑚 − 𝑉𝐶 ) 𝑑𝑡
𝑝𝑜𝑛𝑡𝑜 2
2 𝜋 𝑓 𝑆𝑜 = 2 𝑥 𝜋 𝑥 2 𝑥 3 = 37,68 𝑚𝑚⁄𝑠
E em
1 𝑉𝐶
𝑁𝑆𝑇 = 𝑎𝑟𝑐 𝑐𝑜𝑠 [ ]
𝜋𝑓 2𝜋 𝑓 𝑆𝑜
1 21,7
𝑁𝑆𝑇 = 𝑎𝑟𝑐 𝑐𝑜𝑠 [ ]
𝜋𝑥2 37,68
Implica em 𝑁𝑆𝑇 igual a 0,15 [s] e 𝑇𝐶 igual a 0,5 [s] o que implica que %NSTR = 30%
Exercício: considere a figura seguinte, que fornece valores de tempo de estripagem nega-
tiva em função da frequência de oscilação e outros parâmetros. A partir de
1 𝑉𝐶
𝑁𝑆𝑇 = 𝑎𝑟𝑐 𝑐𝑜𝑠 [ ]
𝜋𝑓 2𝜋 𝑓 𝑆𝑜
Mostre que o valor de 𝑉𝐶 ⁄2𝜋 𝑓 𝑆𝑜 para o qual o valor de NST é máximo é 0,6522. Mostre
que este valor máximo é dado por 𝑇⁄3,665.
95
De acordo com Lundkvist et al (2014) vários fatores afetam a profundidade das marcas
de oscilação. Aços alto carbono apresentam OM menos profundas, comparados com
aços peritéticos (%C <0,1). Temperaturas mais altas do molde e logo a redução da
intensidade de refrigeração levam à redução da profundidade das OM. O aumento da
velocidade de lingotamento produz peles mais finas, o que contribui para diminuir a
profundidade das OM. Como já citado parâmetros de oscilação tais como a Amplitude,
a Velocidade de Lingotamento e a Frequência de Oscilação também afetam as carac-
terísticas das marcas de oscilação; existem divergências sobre a influência de cada
parâmetro, em função da dificuldade em se variar estes parâmetros independente-
mente, sem afetar a estabilidade da operação. Daí ser comum relacionar a profundi-
dade das OM com o tempo de estripamento negativo; em geral se espera um aumento
da profundidade das OM com o aumento de NST. Oscilações triangulares podem ga-
rantir menores valores de NST.
Exercício: Compare os valores de NST para 𝑉𝑐 igual a 1,45 m/min, 𝑆𝑜 igual a 4mm; 𝑓
igual a 120 cpm e valores de 𝜏 iguais a 0,5 e 0,65.
Referências:
H. Yasunaka et al; Improvement of surface quality of continuously cast steel by high cycle mold
oscillation; Steelmaking Conference proceedings, 497-502
A Delhalle, M Larrecq, J Petegnief, JP Radot ; Control of the first shell formation during con-
tinuous casting of steel; La revue de metallurgie-CIT, Juin 1989, 483-489
J Sengupta, HJ Shin, BG Thomas, SH Kim ; Micrograph evidence of meniscus solidification
and sub-surface microstructure evolution in continuous cast ultra low carbon steels; Acta Ma-
terialia 54(2006), 1165-1173
E Takeuchi, JK Brimacombe; The formation of oscillation marks in the continuous casting of
steel slabs; Metallurgical Transactions B, vol 15B, September 1984, 493-508.
H-J. Shin, S-H Kim, B.G. Thomas, G-G Lee, J-M Park, J. Sengupta; Measurements and pre-
dictions of lubrication, powder consumption, and oscillation mark profiles in ultra-low carbon
steels, ISIJ International, vol 46(2006), no 11, p 1635-1644
HM Wang, GR Li, YT Zhao, H Zhao ; Dynamic pressure in mold flux channel during mold non-
sinusoidal oscillation; Iron making and steelmaking, 2010, vol 37, no 6, 464-470
E. S. Szekeres ; Overview of mold oscillation in continuous casting; June 1996; Iron and Steel
Engineer 73(7)
K. Moerwald, H. Steinrueck , C Rudischer; Theoretical Studies to Adjust Proper Mould Oscil-
lation Parameters; Moerwald et al; AISE 2000, Pittsburgh, PA
P Lundkvist, B Bergquist; Experimental Study of socillation mark depth in continuous casting
of steel; Ironmaking and Steelmaking, 2014, vol 41, No 4, 304-309
97
CAPÍTULO 5
O conteúdo de alguns elementos de liga tais como carbono, alumínio, enxofre, fósforo,
etc, bem como o grau de superaquecimento tem importância considerável. Por
exemplo, a evolução de gás durante resfriamento e solidificação pode ser controlada
e até desejável em aços efervescentes e semi-acalmados, lingotados
convencionalmente. Não necessariamente em lingotamento contínuo, pois bolhas em
excesso podem provocar distúrbios consideráveis na interface metal/escória (ou
metal/atmosfera) impedindo uma lubrificação eficiente, ou bolhas podem ser
aprisionadas próximas à superfície gerando defeitos durante a laminação.
Redistribuição de solutos:
O aço é majoritariamente constituído de ferro, mas os solutos, mesmo em pequenas
quantidades, ajudam a moldar suas propriedades. Embora seja relevante a
composição nominal em termos de um dado soluto é importante caracterizar a
distribuição espacial do mesmo, ou o grau de segregação. Esta pode ser dissipada
após o trabalho termo-mecânico (laminação, forjamento) e é atuante no sentido de
definir a estrutura e propriedades do lingotado. Deste modo é importante relembrar a
origem, o que controla, e as consequências da segregação.
F
Figura 1: Diagrama de fases esquemático (Chalmers, 1964)
Figura 4: Evolução da concentração no sólido, desde a transiência inicial até transiência final
(Chalmers, 1964).
101
Neste caso não se atinge um regime permanente, desde que a composição do líquido
muda continuamente. De qualquer modo um cristal depositado sob estas condições
não é uniforme em composição; a porção central apresenta composição idêntica a
𝐾 𝐶𝑜 e a externa composição 𝐶𝑜 . Refere-se a este fenômeno como “coring”, onde se
quer indicar a deposição de camadas sucessivas, de composições diferentes, sobre
o núcleo original; ou micro-segregação pelo fato do gradiente de concentração ser de
curto alcance. Dado tempo suficiente em temperaturas altas a micro-segregação
tende a se dissipar. Este conjunto de condições não está, em geral, presente nas
condições industriais de maneira que a microsegregação pode ser observada após
resfriamento.
Em grandes massas de líquido pode haver ainda separação parcial por efeito
GRAVITACIONAL se as diferenças de densidade de origem composicional/estrutural
conferem empuxo suficiente para tal.
Figura 8: Furos de broca para coleta de amostras de segregação, seção reta de um lingote (Moore,
1984).
104
Modo geral a segregação dos solutos Mn, S segue aquela do carbono, Figura 9, por
serem devidas ao mesmo fenômeno.
Figura 9: Segregação de alguns solutos como função da segregação de carbono (Moore, 1984).
Figura 10: Temperatura 𝑑𝑒 𝑙𝑖𝑞𝑢𝑖𝑑𝑢𝑠 à frente do front de solidificação durante o regime permanente,
ver figura 4 (Chalmers, 1964).
Figura 12: Comparativo entre o gradiente térmico e a temperatura de 𝑙𝑖𝑞𝑢𝑖𝑑𝑢𝑠 (Chalmers, 1964).
Figura 15: a) esquema tridimensional de dendrita (Chalmers, 1964); b) dendrita em liga Al-Sn (Osório,
2009)
Figura 21: Zona colunar, tamanho de grão equiaxial e segregação como função da temperatura de
vazamento (More, 1984).
Deste modo a microestrutura pode evoluir ao longo do lingotamento, Figura 22, tendo
havido propostas de se acoplar ao distribuidor sistemas de aquecimento
(eletromagnético, plasma) que evitem a oscilação natural ao longo de um sequencial.
É fato também que, a extensão da zona colunar decresce com o conteúdo do soluto,
para o mesmo grau de super-aquecimento, como exemplifica a Figura 25.
114
Uma zona colunar consiste de cristais (celular dendríticos) nucleados na ou perto das
paredes do molde, e que crescem para dentro como resultado (na direção) do fluxo
de calor. A interface líquido-cristal pode ser planar, celular ou celular-dendrítica
(exceto em metais puros). Os vários cristais crescem em competição entre eles, sendo
o crescimento favorecido em direções cristalográficas específicas. O crescimento da
zona colunar é restringido pela zona de cristais equiaxiais centrais.
Uma das teorias relativas à formação da zona equiaxial central admite a superposição
de duas frentes de super-resfriamento constitucional, Figura 26, na parte central do
lingote, em função do avanço da interface sólido-líquido. Nestas condições haveria
como nuclear e/ou crescer, posto que a temperatura local é inferior à de 𝑙𝑖𝑞𝑢𝑖𝑑𝑢𝑠.
Existem sugestões de que a zona equiaxial central consiste de cristais que, foram
formados durante o período inicial de coquilhamento, sobreviveram e cresceram no
líquido até formar uma rede que impede o crescimento posterior dos colunares. Uma
outra fonte de cristais equiaxiais centrais é o rompimento das pontas das dendritas,
sob ação de correntes de convecção, natural ou forçada, figura 27.
No caso de tarugos e blocos admite-se como favorável 50% de zona colunar e 50%
de zona equiaxial, de modo que o agitador pode ser introduzido abaixo do molde, na
zona de resfriamento secundário.
Figura 29: Influência de agitação magnética (Electro-magnetic Stirring, EMS) sobre a estrutura de
lingotes (Moore, 1984) e (Birat, 1984).
Figura 30: Região central de segregação central e posição de aplicação de Soft Reduction, (Thome,
2006) e (Sakaki , 1995).
121
Em termos práticos, o “taper” dos rolos nesta região é tal que excede aquele normal,
devido à contração de solidificação e térmica. A redução linear é da ordem de
milímetros, Figura 32.
Figura 32: Esquemático do sistema soft-reduction para placa e blocos (Jauhola; 2000).
122
Figura 33: SAR (% de área de segregação central) em função de parâmetros operacionais de soft
reduction (Jauhola, 2000).
Figura 35: Exemplo de resultado de aplicação de Soft Reduction (Humes et al, 2008)
Referências:
G.Sakaki et al, Soft Reduction of Continuously Cast Blooms at Steelco´s Hilton Works,
1995 Steelmaking Proceedings, pp 295-300).
CAPÍTULO 6
LUBRIFICAÇÃO E CONTROLE DO FLUXO TÉRMICO
A combinação de oscilação do molde e emprego de lubrificante permite que seja pos-
sível lingotar, sem a ocorrência de colamento de pele ao molde. Pós fluxantes permi-
tem controlar o fluxo térmico (nas direções transversal e longitudinal), capturar inclu-
sões, isolar o metal de contaminantes atmosféricos, além de prover lubrificação.
A taxa de extração de calor com óleo é muito maior, o que permite que maiores velo-
cidades de lingiotamento sejam alcançadas, porém sem os benefícios citados dos
pós.
Pó fluxante
Os pós fluxantes de molde de lingotamento contínuo são misturas multicomponentes,
conforme mostrado na Tabela 1. Os principais constituintes são: CaO, SiO 2, Al2O3,
Na2O, CaF2 e carbono, além de outros componentes minoritários, tais como: TiO 2,
K2O, FeO, MnO, MgO, BaO e B2O5. Estes componentes e suas proporções determi-
nam a viscosidade, temperatura de cristalização, temperatura de fusão, condutividade
térmica e calor de fusão da escória gerada pela fusão do pó fluxante, parâmetros que
são importantes quanto ao seu desempenho.
39,8 % 𝐶𝑎𝑂; 36,3% 𝑆𝑖𝑂2; 3,4% 𝐴𝑙2 𝑂3; 0,8% 𝑀𝑔𝑂; 0,4% 𝐿𝑖2 𝑂; 3,4% 𝑁𝑎2 𝑂; 0,1% 𝐾2 𝑂;
0,3% 𝐹𝑒2 𝑂3; 0,03% 𝑀𝑛𝑂2 ; 0,2% 𝑇𝑖𝑂2 ; 6% F; 3,5% 𝐶𝑂2; 3% 𝐶𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 ; 𝜌𝑙í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜 =
2680 𝑘𝑔⁄𝑚3; 𝜂1300 𝐶 = 0,321 𝑃𝑎. 𝑠 ; 𝜎 = 0,431 𝑁⁄𝑚; 𝑇𝑠𝑜𝑙𝑖𝑑𝑖𝑓 = 1145 𝑜𝐶 ; 𝑇𝑓𝑢𝑠ã𝑜 =
1180 𝑜𝐶
O fluxante do molde, logo acima do menisco de aço, se dispõe em três camadas, vide
Figura 1: porção não-fundida (pó); porção sinterizada; porção líquida. No "gap", região
entre a pele sólida e o molde podem ser identificadas duas camadas de escória, uma
sólida adjacente ao molde e outra líquida próxima à pele.
1- Isolamento Térmico:
2- Isolamento Químico:
O filme líquido previne a reoxidação, por contato com a atmosfera; o filme líquido por
sobre o metal pode ser considerado um isolante químico.
3- Absorção de inclusões:
levar inclusões ao encontro desta, mas, também, pode levar ao cisalhamento da ca-
mada de escória e entranhamento de inclusões; este efeito de cisalhamento é mais
forte com escórias de baixa viscosidade. Eventualmente a cinética da reação de dis-
solução, que ocorre na interface inclusão-líquido, pode ser afetada pela composição
química, como exemplifica a Figura 2
A Figura 4 exemplifica efeitos dos teores de CaO, Al2O3 e R2O (K2O+Na2O+Li2O) so-
bre a temperatura de fusão e viscosidade. Temperatura de fusão do pó, viscosidade
e capacidade de cristalização da escória formada a partir do pó são propriedades im-
portantes, como se verá. No que se refere à temperatura de fusão e viscosidade nota-
130
4- Lubrificação
A Figura 7 mostra que a escória interposta entre o veio e o molde apresenta uma
porção sólida e outra líquida, gerando dois tipos de lubrificantes. A capacidade lubrifi-
cante da porção sólida difere significativamente da capacidade lubrificante da porção
líquida. Para que a fricção no molde seja minorada, é necessário maximizar a capaci-
dade lubrificante da porção líquida. WOLF(1994) menciona que 90% do fluxante adi-
cionado é consumido sob a forma de escória líquida que se infiltra entre as paredes
do molde e a pele sólida.
Figura 6: Fricção entre o veio, lubrificante e o molde de lingotamento contínuo (EMI, 1991)
132
Os parâmetros que afetam o atrito entre pele e molde são sumarizados na Figura 7.
Como citado, o atrito é normalmente dividido entre atrito sólido (entre a camada soli-
dificada de fluxante e o molde) e líquido (entre a pele e camada solidificada de flu-
xante). Fatores operacionais do lingotamento e parâmetros termofísicos como visco-
sidade e 𝑇𝑏𝑟𝑒𝑎𝑘 se interligam para definir os valores de atrito.
Figura 7: Parâmetros que afetam a força de atrito entre a parede do molde e o veio MILLS et al.
(1995)
Note-se que, escórias provindas da fusão de pós fluxantes são naturalmente comple-
xas em termos de composição química; como tal se solidificam/liquefazem em faixas
de temperatura (Tsolidus, Tliquidus). Temperatura de fusão, de solidificação e T break são
variáveis de sentido diferente, mas caminham paralelamente; desta forma costumam
ser utilizadas de maneira indistinta, para descrever a funcionalidade do pó.
O atrito entre as fases sólidas e líquidas pode ser estimada pela equação:
133
Existem várias correlações matemáticas que podem ser utilizadas para se estimar a
viscosidade de pós fluxantes. A equação seguinte representa o modelo proposto por
Riboud com base na equação de Frenkel (Viscosity Models for Molten Slags, M. Kek-
konen et al, Aalto Universuty, 2012):
𝐵
𝜂 = 𝐴 𝑇 exp ( ) (𝑑𝑒𝑐𝑖 𝑃𝑎. 𝑠)
𝑇
Onde:
𝐴 = exp(−19,81 + 1,73 𝑋𝐶𝑎𝑂 + 5,82 𝑋𝐶𝑎𝐹2 + 7,02 𝑋𝑁𝑎2𝑂 − 35,76 𝑋𝐴𝑙2𝑂3
Neste modelo os constituintes da escória são agrupados de acordo com sua função:
I formadores de rede: 𝑋𝑆𝑖𝑂2 = 𝑋𝑆𝑖𝑂2 + 𝑋𝑃2𝑂5 + 𝑋𝑇𝑖𝑂2 + 𝑋𝑍𝑟𝑂2
II destruidores de rede: 𝑋𝐶𝑎𝑂 = 𝑋𝐶𝑎𝑂 + 𝑋𝑀𝑔𝑂 + 𝑋𝐹𝑒𝑂 + 𝑋𝐹𝑒2𝑂3 + 𝑋𝑀𝑛𝑂 + 𝑋𝑁𝑖𝑂 +
𝑋𝐶𝑟𝑂 + 𝑋𝑍𝑛𝑂 + 𝑋𝐶𝑟2𝑂3
III anfotéricos: 𝑋𝐴𝑙2𝑂3 = 𝑋𝐴𝑙2𝑂3 + 𝑋𝐵2𝑂3
IV fluidificantes: 𝑋𝐶𝑎𝐹2 = 𝑋𝐶𝑎𝐹2
V fortemente básicos: 𝑋𝑁𝑎2𝑂 = 𝑋𝑁𝑎2𝑂 + 𝑋𝐾2𝑂 + 𝑋𝐿𝑖2𝑂
Existe uma correlação, ainda que grosseira, entre de 𝑇𝑏𝑟𝑒𝑎𝑘 e a temperatura de solidi-
ficação da escória do pó fluxante; desta forma estas grandezas costumam ser utiliza-
das para se avaliar a facilidade de formação e manutenção do filme de escória líquida,
como se sugere pela Figura 9. Esta figura indica como se poderia estimar a proporção
entre filme líquido e filme sólido no gap em função da temperatura de solidificação,
assumindo variação linear de temperatura e abertura do gap conhecida.
.
Figura10: Condição ótima de lingotamento (BOMMARAJU, 1991, WANG, 1994)
mente, por escória. Pode haver redução local de fluxo de calor (em razão da resistên-
cia térmica adicional provida pela escória), com superaquecimento localizado e cres-
cimento anormal de grãos. Depressões deterioram a qualidade superficial da pele.
Num caso extremo de excesso de fricção a pele pode se romper, o que leva ao brea-
kout.
As forças de atrito que se desenvolvem durante o ciclo de oscilação podem ser medi-
das. A Figura 12 exemplifica que as características de oscilação do molde (senoidal;
não senoidal) influenciam a força de atrito
Figura 11: Mecanismo de formação de depressão longitudinal e trincas devido a ocorrência de cola-
mento do veio sobre a parede do molde (apud BRENDZY, 1990 e ARDJEI-SARPONG, 1994)
Figura 12: Efeito do modo de oscilação do molde sobre a fricção e velocidade do molde (XINYANG et
al. 2008)
Figura 13: Variações da força de fricção no molde e força de trabalho com e sem lingotamento do aço
(MDF: fricção do molde) (XINYANG et al. 2008)
137
A transferência horizontal de calor deve ser controlada pelo fluxante, isto é pelas ca-
madas de escória sólida e líquida no gap. A temperatura superficial da pele, no interior
do molde, varia de (modo geral) 1540 oC no menisco a 1200 oC na saída do molde.
Portanto radiação é um mecanismo de transferência de calor atuante, cuja efetividade
depende do grau de transparência das camadas de escória. À radiação se soma a
difusão de calor nas camadas de líquido e de sólido.
Para compensar a contração do aço os moldes são construídos com “taper” ou conci-
dade, Figura 14; mais comumente um só grau de conicidade ao longo do molde, em
alguns casos com múltipla conicidade. Mesmo assim não se consegue contato ade-
quado ao final do molde e se forma uma região, entre pele e molde, preenchida com
gases. Por este motivo a extração de calor no pé do molde é deficiente.
Desta forma menores fluxos de calor vão ser alcançados com maiores espessuras de
camada sólida e, por conseguinte, com pós apresentando maiores valores de 𝑇𝑏𝑟𝑒𝑎𝑘
ou temperatura de solidificação.
Conforme mencionado por Rusnakova et al.(2010) a temperatura 𝑇𝑏𝑟𝑒𝑎𝑘 pode ser es-
timada por meio da correlação:
𝑇𝑏𝑟𝑒𝑎𝑘 = 1120 − 8,43 %𝐴𝑙2𝑂3 − 3,3 %𝑆𝑖𝑂2 + 8,65 %𝐶𝑎𝑂 − 13,8 %𝑀𝑔𝑂
− 18,4 %𝐹𝑒2𝑂3 − 3,2 %𝑀𝑛𝑂 − 9,2 %𝑇𝑖𝑂2 + 22,8 %𝐾2𝑂 − 3,2 %𝑁𝑎2𝑂
− 6,47 %𝐹 𝑜𝐶
138
Figura 15: Efeito da temperatura e estado físico sobre a condutividade térmica efetiva (para o líquido
inclui a radiação através de meio transparente) da escória do molde de lingotamento contínuo
(MCDAVID & THOMAS, 1996).
Nota-se que a temperatura 𝑇𝑏𝑟𝑒𝑎𝑘 aumenta com o aumento das concentrações de CaO
e K2O e decresce com o aumento das concentrações de Al2O3, SiO2, MgO, MnO
Fe2O3, TiO2, Na2O e fluoretos. Esta temperatura, 𝑇𝑏𝑟𝑒𝑎𝑘 , determina a espessura da
camada de escória sólida, ver Figura 9. A Figura 16 exemplifica o efeito da concen-
tração de B2O3 sobre o valor de 𝑇𝑏𝑟𝑒𝑎𝑘 , de escórias geradas a partir de três diferentes
pós fluxantes contendo B2O3.
Figura 16: Variação da viscosidade como inverso da temperatura para três pós fluxantes contendo
B2O3(FOX et al. 2004)
Nota-se, pela Figura 18, que o fluxo de calor é maior para o caso do fluxante de menor
basicidade, com tendência à formação de sólido vítreo, melhor transmissor de calor;
fluxantes mais básicos tendem a formar sólidos cristalinos, o que leva à diminuição da
capacidade de transferência de calor. E ainda que o fluxo de calor decresce com o
aumento da temperatura de solidificação do fluxante. Quanto maior a temperatura de
solidificação mais espessa é a camada sólida, que apresenta menor capacidade de
condução de calor.
.
Figura 18: Efeito das características da escória do molde e da velocidade de lingotamento sobre fluxo
horizontal de calor na região do molde de lingotamento contínuo (HANAO et al. 2012)
Figura 20: Efeito da velocidade de lingotamento sobre a espessura de escória no gap (apud THO-
MAS, 2003)
escória solidificada cresce no mesmo intervalo de distância, ver Figura 21. Nota-se
que as espessuras das camadas de escória líquida e sólida decrescem abruptamente
logo abaixo da região do menisco.
Figura 21: Espessuras das camadas de escória entre o veio e o molde de lingotamento contínuo
(MENG & THOMAS, 2003)
A escória se infiltra no gap e após solidificação contra a parede do molde pode variar
de totalmente vítrea a parcialmente cristalizada. Escórias vítreas são transparentes à
radiação, propiciando maior fluxo térmico. Devido à variação volumétrica, relativa à
precipitação de cristais em uma matriz de vidro, podem ser produzidas trincas ou va-
zios que dificultam a difusão de calor. Mesmos cristais transparentes podem apresen-
tar índices de refração diferentes da matriz vítrea.
Escórias mais básicas, com maior valor de NBO/T, são mais propensas à cristaliza-
ção, resultando em menor fluxo térmico.
142
onde 𝑓 é a fração de óxido M2O3 (exceto Al2O3) agindo como destruidor da rede.
Figura 23: Curvas TTT mostrando o efeito da concentração de Na2O sobre a temperatura de iní-
cio de cristalização de escória de molde de lingotamento contínuo de aços (CRAMB, 2003)
Portanto pós de maior basicidade são mais propensos à cristalização, o que reduz o
fluxo de calor; maiores velocidades de lingotamento fazem diminuir a espessura das
143
camadas de escória no gap, o que contribui para aumentar o fluxo térmico. Um exem-
plo destes efeitos combinados é mostrado na Figura 24.
Figura 24: Espessuras das camadas do escória e fluxo de calor em função da velocidade de lingota-
mento para placas de aço com espessura de 50mm (FLEMMING et al. 1997, apud PARK, 2002)
Figura 25: Efeito da rugosidade da pele sobre o fluxo horizontal de calor (THOMAS, 2003)
144
Figura 26: Efeito da basicidade e viscosidade da escória de molde sobre transferência horizontal de
calor no molde (apud PENNA, 2005)
Entretanto o efeito da viscosidade parece ser mais complexo, ver Figura 27. Os valo-
res mais elevados do fluxo de calor para baixas e altas viscosidades pode ser expli-
cado como se segue. No caso de viscosidade alta, somente um fino filme é formado,
devido à fluidez insuficiente da escória gerada a partir do pó fluxante, incorrendo em
uma menor resistência imposta por este filme na interface veio/molde; no caso de
viscosidade muito baixa, o filme de escória por ser altamente fluido pode ser interrom-
pido localmente pela ação da pressão ferrostática.
Figura 27: Relações entre fluxo de calor e a viscosidade do pó fluxante (WOLF, 1980).
145
Carbono é utilizado para controlar a taxa de fusão. Em geral, admite-se que a escória
não molha o carbono e este poderia então servir como barreira física ao coalescimento
de gotas de escória, já fundidas, ver Figura 28.
Como citado a profundidade da poça é controlada pela diferença “taxa de fusão (fun-
ção de composição, % e tipo de carbono) – consumo no gap (viscosidade, tempera-
tura de solidificação, velocidade de lingotamento)”. Obviamente parâmetros operacio-
nais como velocidade, stroke, dimensões devem ser incluídas na formulação.
Figura 31: Estrutura típica das camadas, mostrando camada enriquecida em carbono
Figura 32 – Mecanismo de carburação do aço pelo carbono do pó fluxante LEFEVRE, 1997, (apud
THOMAS, 2003)
[𝑉𝑚 − 𝑉𝑐 ] (𝑚⁄𝑠)
𝜏 (𝑁⁄𝑚2 ) = 𝜂 (𝑃𝑎. 𝑠)
𝑑(𝑚)
Estime como a mesma se altera com adições crescentes de alumina. Utilize a formula de
Riboud para estimar a viscosidade:
𝜂 = 𝐴 𝑇 𝑒 𝐵⁄𝑇
𝐴(𝑃𝑎. 𝑠) = 𝑒𝑥𝑝(−19,81 + 1,73 𝑋𝐶𝑎𝑂∗ + 5,82 𝑋𝐶𝑎𝐹2 + 7,02 𝑋𝑁𝑎2𝑂∗ − 35,76 𝑋𝐴𝑙2𝑂3 )
𝐵(𝐾) = 31140 − 23896 𝑋𝐶𝑎𝑂∗ − 46356 𝑋𝐶𝑎𝐹2 − 39159 𝑋𝑁𝑎2𝑂∗ + 68833 𝑋𝐴𝑙2𝑂3
2
𝜌2 𝑔 𝜌𝛿
𝑄𝑠 (𝑘𝑔⁄𝑚 ) = 𝛿3 +
12 𝜂 𝑉𝑐 2
149
Pó SiO2 Al2O3 CaO MgO Na2O K2O F FeO MnO B2O3 BaO CaO/SiO2
A1 28,4 12,0 22,4 12,5 12,9 8,1 3,9 0,79
A2 36,4 8,9 32,3 0,7 5,0 1,9 8,3 3,0 3,4 0,89
A3 39,9 8,8 41,9 0,5 4,6 2,0 2,0 0,3 1,05
A4 39,7 8,4 42,0 0,3 6,4 2,5 0,8 1,06
A5 41,1 0,8 35,2 1,2 6,9 12,5 2,3 0,86
A6 38,3 0,5 34,8 1,2 7,1 15,2 1,4 1,6 0,91
B1 43,2 28,1 16,1 1,0 6,0 4,1 1,5 0,65
B2 21,0 8,0 35,0 5,0 6,0 2,0 14,0 4,0 5,0 1,67
B3
B4 32,0 8,0 37,0 1,0 10,0 1,0 8,0 3,0 1,16
B5 31,5 7,5 35,0 2,0 12,5 1,0 8,0 2,5 1,1
C1 29,5 26,7 21,0 4,8 9,5 8,6 0,91
C2 37,3 0,5 32,4 2,0 9,8 6,9 0,3 10,8 0,87
C3 39,3 1,8 39,0 2,1 5,6 7,2 0,4 4,6 0,99
C4 38,3 10,2 42,7 0,2 3,8 1,7 2,9 2,9 1,1
D1 29,9 11,3 29,9 11,9 0,4 3,5 0,6 12,5 1,0
E1 38,3 7,8 39,8 8,3 5,6 0,3 1,04
F1 37,6 5,0 38,3 12,8 5,0 1,3 1,02
150
Aços médio carbono, 0,091 a 0,16% C, ou aços hipo-peritéticos são propensos a trin-
cas. Os possíveis mecanismos de formação de uma pele irregular foram discutidos
anteriormente; um deles se baseia na contração adicional devida à transformação 𝛿 →
𝛾 Figura 33. Fluxantes para este tipo de aço devem ser projetados para diminuir a
taxa de transferência de calor (o objetivo desta ação é tornar mais fina a pele, de modo
que a pressão ferrostática seja capaz de mantê-la contra as paredes do molde o que,
em consequência garante sua uniformidade). Recomenda-se aumentar a temperatura
de solidificação para aumentar a espessura do filme de escória resolidificada junto ao
molde (o filme sólido, principalmente se contiver cristais, usualmente Cuspidina,
3CaO.2SiO2.CaF2, conduz menos calor que o filme líquido de lubrificante); como con-
trapartida a viscosidade deve ser diminuída para garantir lubrificação. Naturalmente
menores taxas de extração de calor implicam em pele menos espessa, de maneira
que a velocidade de lingotamento precisa ser diminuída.
%𝐶𝑒𝑞 = %𝐶 + 0,02 %𝑀𝑛 + 0,04 %𝑁𝑖 − 0,1 %𝑆𝑖 − 0,04 %𝐶𝑟 − 0,1 % 𝑀𝑜 − 0,7 %𝑆
Uma análise do diagrama de fases Ferro-Carbono mostra que aços tais que PF ~1
são constituídos, logo após solidificação, de 100% de ferrita 𝛿; com a diminuição de
temperatura da pele esta ferrita se transforma em austenita e o efeito da contração se
torna evidente. À medida que a composição se aproxima de 0,18 %C (PF ~0,8) menos
ferrita se encontra disponível para esta transformação. Portanto aços com potencial
de ferrita próximo de 1 são propensos a formarem peles com depressões, ver Figura
34. Fora desta faixa os aços são ferríticos ou austeniticos na faixa de temperatura de
interesse e propensos ao colamento (ao molde).
Figura 34: Tendência de depressão ou colamento do veio sobre a parede do molde em função o po-
tencial ferrítico do aço (WOLF, 1991)
152
Figura 35: Efeito do fluxo horizontal de calor e da categoria do aço sobre o índice de formação de trin-
cas longitudinais no veio (THOMAS, 2003)
Este efeito é confirmado por outros. SUZUKI et al. (1986, 2003), MICHELIC et al.
(2007), mostram como o fluxo de calor e o grau de contração variam com o teor de
carbono do aço, ver Figura 36.
153
Figura 36: Efeito do teor de carbono no aço sobre o fluxo máximo de calor e a contração de solidifica-
ção na região do molde de lingotamento contínuo (SUZUKI et al. 1996)
Argumenta-se ainda que, no caso de aços hipoperitéticos, Figura 37, a contração de-
corrente da transformação 𝛿 → 𝛾 provoca fortes tensões que favorecem a geração
de trincas. A contração adicional, que faz a pele se afastar do molde, implica em maior
resistência térmica nestes locais, superaquecimento localizado e grãos mais grossei-
ros. Conforme mencionado por MIYASHITA et al.(1983), no caso de lingotamento de
aços hipoperitéticos, a escória gerada pela fusão pó fluxante deve exibir alta basici-
dade, alta viscosidade compatível com as condições operacionais de lingotamento e
alta temperatura de cristalização de modo a reduzir o fluxo térmico.
Figura 37: Contribuição das transformações de fases no estado sólido sobre a formação de frestas
entre a pele sólida e o molde (MINTZ ET al., 1991)
154
Exemplo: A figura seguinte ilustra os aspectos internos de uma pele de aço obtida em lingo-
tamento contínuo, aço propenso a depressão e aço propenso ao colamento. As diferenças
são evidentes
Figura: aspecto superficial e interno de uma pele de aço, a) aço propenso à depressão, b) aço pro-
penso ao colamento (Azizi et al, 2020)
155
A barra, acoplada a um conjunto de termopares foi imersa em um banho, obtido dos pós
listados na tabela seguinte. Os filmes formados são apresentados, em função do tempo de
imersão, na figura a seguir. Note-se que a estrutura varia desde vítrea até aquelas com cris-
talização parcial, cristais finos e grosseiros. Vidros são em geral transparentes à radiação, a
qual é mecanismo atuante se for considerada temperatura superficial da pele entre 1540 e
1200oC. A massa especifica de um cristal difere da massa específica do vidro circundante;
por este motivo podem ser formados vazios ou trincas em virtude das tensões induzidas pela
transformação de fase. A fase cristalina, comparativamente ao vidro, pode ser translúcida ou
opaca, bloqueando ou espalhando a radiação térmica que precisa atravessar o filme de sólido.
A resistência ao fluxo de calor no filme sólido vai depender da espessura e do grau de crista-
linidade.
Figura: Estado de filmes sólidos formados a partir dos pós citados neste exemplo
Sugere-se também que a precipitação dos cristais causa rugosidade superficial na interface
entre o filme e o molde, figura seguinte. A rugosidade introduz uma resistência de contato que
pode ser parcela considerável da resistência ao fluxo térmico no gap, vide figura. Esta ten-
dência não é fácil de ser inferida a partir dos dados da tabela.
THOMAS et al. (1997) avaliaram, por meio de medidas realizadas na planta, o con-
sumo de pó fluxante, para uma série de combinações de parâmetros operacionais e
propriedades do pó. Encontraram uma expressão para o consumo total de pó, por
ciclo de oscilação,
𝑉𝑐
𝑞𝑐𝑖𝑐𝑙𝑜 = 𝑄𝑠 (𝑘𝑔⁄𝑚2 )
𝑓
𝑔 𝑚−1
𝑞𝑐𝑖𝑐𝑙𝑜 = 7,195 𝑃𝑆𝑇 + 0,2256 ( )
𝑐𝑖𝑐𝑙𝑜
onde PST é o tempo de estripamento positivo, em segundos.
onde k é uma constante com valor em torno de 15 (dependente do tipo de pó), NST é
o tempo de estripamento negativo, em segundos, 𝑉𝐶 é a velocidade de lingotamento,
em mm/s, f é a frequência em Hz.
2 ∆𝛾 0,278 𝑔 𝑚−1
𝑞𝑂𝑀 = 2,5 𝑥 10−2 𝜌𝑒𝑠𝑐 𝑘1,43 [Δ𝜌 𝑔] 𝑁𝑆𝑇 0,389 𝑉𝐶−1,49 ( 𝑐𝑖𝑐𝑙𝑜 )
Figura 39: Consumo de pós fluxante associado às marcas de oscilação, em função do tempo de estri-
pamento positivo.(SHIN et al. 2006)
De acordo com SHIN et al. (2006), as marcas de oscilação do molde contribuem mar-
cantemente para o aumento do consumo de pó fluxante, particularmente quando de
baixas velocidades de lingotamento, para as quais as marcas de oscilação são maio-
res.
160
Figura 40: Efeitos da velocidade de lingotamento sobre a espessura da película e do consumo de flu-
xante do molde (OGIBAYASHI, 2002)
Figura 41: Efeito do ciclo de oscilação sobre o consumo específico e espessura da película de escória
(WOLF, 1991)
Figura 42: Efeito da velocidade de lingotamento e da amplitude de oscilação sobre o consumo espe-
cífico de fluxante (WOLF, 1984)
Escórias mais fluidas tendem a infiltrar mais facilmente pelo “gap” entre as paredes
do molde e a pele de aço, o que implica em maior consumo, Figura 43.
Figura 43: Variação do consumo específico fluxante do molde com a viscosidade da escória (WOLF,
1994)
Figura 45: Redução conjunta de viscosidade e temperatura de fusão para manutenção do consumo
específico.
Várias correlações matemáticas têm sido propostas para avaliar o efeito da velocidade
de lingotamento sobre o consumo de fluxante. WOLF(1991) propôs uma equação em-
pírica correlacionando o tempo de ciclo total, T em segundos, viscosidade da escória,
𝜂 em Poise, e velocidade de lingotamento, Vc em m/min, com o consumo de fluxante,
Q, tal que.
𝑘𝑔
𝑄 ( 2 ) = 0,55 𝑇 (𝜂 𝑉𝐶2 )−0,5 + 0,1
𝑚
𝑘𝑔 1,7 𝑁𝑆𝑇
𝑄 ( 2) =
𝑚 𝑉𝐶 √𝜂
OGIBAYASHI et al. (1987) mostraram que, em um dado ponto fixo no molde, a varia-
ção de temperatura do molde, a variação do fluxo de calor no molde e a variação de
espessura da película de fluxante na interface placa-escória a 1300ºC, são funções
do produto entre a viscosidade da escória e velocidade de lingotamento (𝜂 𝑉𝐶 ), Figura
46. Nota-se que cada um destes três parâmetros decresce como aumento da 𝜂 𝑉𝐶 até
um valor mínimo. Uma análise nestes gráficos indica que, para 1 < 𝜂 𝑉𝐶 (Poise m/min)
> 3,5, se verificam as menores flutuações em temperatura do molde, taxa de transfe-
rência de calor e espessura da escória na interface, o que indica, nesta região, uma
operação mais estável.
Figura 46: Efeito do produto 𝜼 𝑽𝑪 sobre a variação de temperatura do molde, variação de taxa de
transferência de calor no molde e variação de espessura da película de fluxante. (OGIBAYASHI et al.
1987)
Tendo em vista que 90% do consumo de fluxante é para gerar escória líquida que se
infiltra entre a pele solidificada e as faces do molde, PHILIPS et al. (1990) propuseram
164
Figura 47: Faixa ótima de o consumo do fluxante de molde com o produto 𝜼 𝑽𝟐𝑪 a 1300ºC ( WOLF,
1994)
FOX, MILLS et alii. (2002) propôs um método para a seleção do pó fluxante, base-
ando-se em considerações acerca da lingotabilidade de aços, propriedades termofísi-
cas da escória gerado pelo pó, e na análise de resultados referentes a uma grande
base de dados industriais.
Admite-se, por exemplo que existe uma relação ótima entre viscosidade e velocidade
lingotamento,
3 <𝜂 [𝑃𝑜𝑖𝑠𝑒]{𝑉𝐶 [𝑚⁄𝑚𝑖𝑛]}2 < 7
Como a literatura sugere ainda que consumo específico de pó, viscosidade e veloci-
dade de lingotamento estão interligados (ver outras relações na Tabela II),
0,7
Wolf 𝑄𝑆 = 𝜂 0,5 𝑉𝐶
0,6
Ogibayashi 𝑄𝑆 = 𝜂 𝑉𝐶
Como indica a Figura 49, os dados industriais apontam para uma relação entre 𝑇𝑏𝑟𝑒𝑎𝑘
e o tipo de aço a ser lingotado. Aços são então divididos, de acordo com o conteúdo
de carbono em propensos a trinca (hipo-peritéticos) e propensos a colamento.
166
O mesmo conjunto de dados permite determinar o valor de 𝑇𝑏𝑟𝑒𝑎𝑘 para cada tipo de
aço, classificado de acordo com o valor de % Equivalente de Carbono, CP
Menores fluxos de calor são recomendados para aços sensíveis à depressão, aços
hipoperitéticos, para os quais são indicados pós fluxantes com maior valor de 𝑇𝑏𝑟𝑒𝑎𝑘 ,
Figura 51.
Exemplo: Cicutti et al (2002) realizaram medições do fluxo térmico global através das faces
largas e estreitas de um molde de lingotamento contínuo de placas. Se tratava de uma má-
quina curva, de dois veios, lingotando nas dimensões 750-1650 versus 180-200 mm2, na ve-
locidade 1,0-1,6 m/min; vários tipos de pós foram testados, como sugere a tabela seguinte:
Os termos 𝐴𝑖 nesta figura permitem escrever uma expressão para o fluxo térmico na forma
𝐴2 𝐴4 − %𝐶 2
𝑄 = 𝐴1 {1 − 𝑒𝑥𝑝 [− ( ) ]}
𝐴1 𝐴3
Ainda no que concerne aos aços médio carbono (os hipo-peritéticos, com Potencial de Ferrita
em torno de 1) espera-se uma formação irregular da pele sólida. Devido aos movimentos
repetidos de aproximação e afastamento (formação de gap) da pele em relação às paredes
do molde um termopar em posição fixa retrata grandes flutuações de leitura. Segue-se tam-
bém um maior índice de defeitos, como indicado pela maior necessidade de escarfagem.
Exemplo: Emi et al (2005) analisam as causas das dificuldades de se alcançar altas veloci-
dades de lingotamento de aços hipo-peritéticos. Observa-se o aparecimento de trincas lon-
gitudinais quando o fluxo de calor excede um valor crítico, o que é creditado à transforma-
ção de fases 𝛿 → 𝛾; existe uma tendência de formação de reentrâncias que tornam a pele
não uniforme em espessura, ver figura a seguir
Figura: Reentrâncias formadas durante a solidificação de aço com 0,11%C, observação realizada em
microscópio de altas temperaturas.
Para evitar estas trincas se faz necessário empregar um resfriamento suave e homogêneo.
Tal pode ser alcançado com pós fluxantes de maior capacidade de cristalização (mais bási-
cos, com maior teor de CaF2, com maior propensão de formação de Cuspidina,
3CaO·2SiO2·CaF2). Um diagrama esquemático mostrando as resistências de transferência
de calor é mostrado na figura que se segue. A radiação se dispersa na interface entre os
cristais e a porção vítrea do filme sólido, diminuindo a capacidade de transporte de calor.
171
A contração no estado sólido, ver figura a seguir, devida à precipitação de cristais leva à for-
mação de microcavidades na interface filme sólido-molde de cobre; o contato menos efici-
ente implica em maior resistência de interface, 𝑅𝐼𝑁𝑇 (𝑚2 𝐾 ⁄𝑊) , figura seguinte
Figura: Resistência de interface devida à cristalização de filme de escória; A e D são filmes vítreos, B
e C filmes com cristalização parcial.
Não é claro qual é o estado físico do material presente no gap, a uma dada profundi-
dade do molde. Então as interpretações divergem; mas é comum a suposição de que
a camada de carbono depositada impede o colamento da pele ao molde, permitindo
então a estripagem do lingotado sem ruptura de pele.
𝑀
𝑑𝑇 = [ 𝜇 𝑟. 𝑑𝑟. 𝑑𝜃] 𝑟
𝜋 𝑅2
𝑀 2𝜋 3
𝑇 = [𝜇 ] 𝑅
𝜋 𝑅2 3
174
Figura 54: Efeito do recobrimento com Níquel sobre a dureza superficial do molde
𝑤𝑟
𝑑𝑇 = [𝜂 [ ] 𝑟. 𝑑𝑟. 𝑑𝜃 ] 𝑟
𝑒
𝑤 𝑅4
𝑇 = 2𝜋 𝜂 [ ]
𝑒 4
A tensão de cisalhante que atua sobre a superfície da pele é costumeiramente avali-
ada como
𝑉𝑐 − 𝑉𝑚
𝜂
𝑒
Neste exemplo específico se admite que existe uma camada de óleo líquido sobre a
superfície do molde, em temperaturas relativamente baixas, capaz de prover lubrifica-
ção; ou que 𝜂 represente uma viscosidade efetiva. Formação de vapores ou deposição
de carbono são fenômenos adicionais.
176
Referências:
1. ARDJEI-SARPONG, H.M - Investigation of Transverse Depression Formation
During the Continuous Casting of Steel Using Real-time Mould Thermal Data.
MSc. Thesis. The British University of Columbia. USA, 1994
2. BARCELLOS, M. A. C - Modelo para Predição da Ocorrência de Alarmes de
Colamento de Aço no Molde utilizando Lógica Fuzzy - Dissertação de Mes-
trado, REDEMAT, Universidade Federal de Ouro Preto, 2008
3. BRENDZY, J. L -The detection of mould-strand interaction employing load cells
in the continuous casting of billets. MSc. Thesis, The University of British Co-
lumbia, USA, 1991
4. BOMMARAJU, R – Optimum Selection and Application of Mold Fluxes for Car-
bon Steels. Steelmaking Conference Proceedings, 1991, p, 131-145
5. CRAMB, A. W - QUANTIFYING THE THERMAL BEHAVIOR OF SLAGS, Amer-
ican Iron and Steel Institute Technology Roadmap Program Office May 2003,
p. 1-71
6. EMI, M - The Mechanism for Sticking Type Breakouts and New Development in
Continuous Casting Mold Fluxes. Steelmaking Conference Proceeding, 1991,
p. 639-646
7. FELDBAUER, S; JIMBO,I; SHARAN,A; SHIMIZU,K; KING, W; STEPANEK,
J. HARMAN. J & CRAMB, A. W.: “Mold Slag Properties That are Relevant to
Clean Steel Production”, 78th Steelmaking Conference, Nashville, TN, 1995, p
655- 667
8. FOX, A; MILLS, K;LEVER, D; BEZERRA, M.C. C; VALADARES, C. A. G, UNA-
MUNO, I; LARAUDOGOITIA, J. L & GISBY, J - Development of fluoride-free
fluxes for billet casting - XXXVI Steelmaking Seminar – International. May, 16
to 18 2005. Vitória-ES. Brazil, 2005
9. FOX, A B; MILLS, K C; SRIDHAR, S; LEE, P D - Mould powder selection model
for continuous casting. Steelmaking Conference Proceedings, 2002, 133-144
10. FOX, B, VALDEZ, M. E. et al., Dissolution of ZrO2, Al2O3, MgO and MgAl2O4
Particles in a B2O3 Containing Commercial Fluoride-free Mould Slag, ISIJ Intl.,
44(5): p 836 – 845, 2004
11. HANAO, M. KAWAMOTO, M & YAMANAKA, A - Influence of Mold Flux on
Initial Solidification of Hypo-Peritectic Steel in a Continuous Casting Mold - ISIJ
International, Vol. 52 (2012), No. 7, pp. 1310–1319
12. McDAVID, R. & THOMAS, B.G - “Flow and Thermal Behavior of the Top-Sur-
face Flux/Powder Layers in Continuous Casting Molds.” Metallurgical Transac-
tions B 27B(4), 1996: 672-685.
13. MENG, Y. &. THOMAS, B.G – Modeling transient slag layer phenomena in the
shell/mold gap in continuous casting of steel Metall. & Materials Trans. B, Vol.
34B, No. 5, Oct. 2003, pp. 707-725.
14. MENG, Y & THOMAS, B. G -Heat Transfer and Solidification Model of Contin-
uous Slab Casting: CON1D - Metallurgical and Materials Transactions B, Vol.
34B, No. 5, Oct., 2003, pp. 685-705.
15. MICHELIC, S; BERNHARD, C & PIERER, R - Numeric Modelling of the Heat
Transfer in the Continuous Casting Mould. SteelSim 2007, September 12-14
2007,Graz/Seggau, Austria. p. 1-7
16. MINTZ, B., YUE, S., JONAS, J. J. Hot ductility of steels and its relationship to
the problem of transverse cracking during continuous casting. International Ma-
terials Reviews, v.36, n. 5, p.187-217, 1991.
177
17. MILLS, K.C; YUANI, L & . JONES, R.T - Estimating the physical properties of
slags - J. S. Afr. Inst. Min. Metall. vol.111 no.10 Johannesburg Oct. 2011
18. MILLS, K.C., FOX, A.B., THACKRAY, R.P. and LI, Z. The performance and
properties of mould fluxes. VII International Conference on Molten Slags Fluxes
and Salts, The South African Institute of Mining and Metallurgy, 2004,p. 713-
721
19. MILLS, K.C et al., “Effect of casting powder on heat transfer in continuous cast-
ing”, Continuous Casting ’85, The Metal Society, London England, 1985, paper
57, pp. 57.1-57.7
20. MILLS, K.C; FOX, A. B & NORMANTON, A.S - Powder Consumption and
Heat Transfer for Mould Fluxes, Proc. ISSTech, 2003, Indianapolis, IN: ISS,
Warrendale, PA, p. 693 – 701, 2003.
21. MILLS, K.C., FOX, A.B., THACKRAY, R.P. and LI, Z. The performance and
properties of mould fluxes. VII International Conference on Molten Slags Fluxes
and Salts, The South African Institute of Mining and Metallurgy, 2004,p. 713-
721
22. MILLS, K.C – Mould Powder for Continuous Casting. Escola de Engenharia In-
dustrial Metalúrgica de Volta Redonda, 1995
23. MILLS, K.C; COURTNEY, L; FOX, A.B;. HARRIS, G, OLANO, Z & RICHARD-
SON, M.J - The use of thermal analysis in the determination of the crystalline
fraction of slag films, Thermochimica Acta, 2002, 391: p. 175 - 184.
24. MIYASHITA, Y; SUZUKI, M; TAGUCHI, K; UCHIDA, S, SATO, H & YAMA-
MURA, M - Improvement of Surface Quality of Continuously Cast Slabs. Nip-
pon Kokan Technical Report Overseas, no. 36, 1982, p. 55-64
25. MOORE J.A.; PHILLIPS R.J.; GIBBS T.R.; An overview for the requirements of
continuous casting mold fluxes. Steelmaking Conference Proceedings, 1991,
pp 615-621.
26. OGIBAYASHI, S – Mathematical Modeling of Mold Powder Infiltration and Heat
Extraction Near Meniscus in Continuous Casting. Steelmaking Conference Pro-
ceedings, pp. 175 – 183, 2002
27. OGIBAYASHI, S; MUKAI, T; MIMURA, Y; YOSHITO, M; NAGANO, Y; YAM-
GUCHI, H; TAKAHSHI, T; KOYAMA, K & NAKANO, T – Mold Powder Technol-
ogy of Continuous Casting of Low-Carbon Aluminum-killed Steel.Nippon Steel
Technical Report, No 34, July, 1987, p. 1-10
28. PARK, J.K - Thermo-mechanical Phenomena in High Speed Continuous Cast-
ing Process. PhD Thesis. The University of Britsh Columbia, USA, May 2002
29. PARK,J.K; THOMAS, B.G & SAMARASEKERA, I. V - Analysis of thermome-
chanical behaviour in billet casting with different mould corner radii - Ironmaking
and Steelmaking Vol. 29 No.5, 2002, p.1-17
30. PENNA, L. C – Trinca de Solidificação off-corner no Lingotamento Contínuo de
Tarugos. Dissertação de Mestrado, UFMG, abril, 2005
31. RUSŇÁKOVÁ, V; KIJA, J; GRIMPLINI,G & RUSŇÁK, G - Analysis of Slag in
Mold under Standard Conditions and in Case of Sticker Temperature Alarm Oc-
currence. Acta Metallurgica Slovaca, Vol. 16, 2010, No.3, p. 172-180
32. SILVA, G.F.B. L – Lingotamento contínuo & defeitos de laminação. DEMET/Es-
cola Politécnica/USP. 2012
33. SHIN,H; KIM, S; THOMAS,B.J.; LEE, G; PARK, J; SENGUPTA, J; Measure-
ment and Prediction of Lubrication, Powder Consumptionand Oscillation Mark
Profiles in Ultra-low Carbon Steel Slabs; ISIJ International, Vol. 46 (2006), No.
11, pp. 1635–1644.
178
34. SRIDHAR, S; MILLS, K.C; AFRANGE, O.D.C; LÖRZ, H.P & CARLI, R - Break
Temperature of Mould Fluxes and Their Relevance to Continuous Casting, Iron-
making and Steelmaking, 2000, 27: p. 238 - 242.
35. Brandaleze, E; Di Gresia, G; Santini, L; Martín, A; Benavidez, E; Mold fluxes
for continuous casting of steel; 205-232; DOI: 10.5772/50874
36. SUZUKI, M; YU, C.H; SATO, H; TSUI, Y; SHIBATA, H * EMI, T - Origin of Heat
Transfer Anomaly and Solidifying Shell Deformation of Peritectic Steels in Con-
tinuous Casting. ISIJ International , vol. 36, 1996, p. 171-174
37. SUZUKI, M & YAMAOKA, Y – Influence of Carbon Content on Solidification
Shell Growth of Carbon at the Initial Stage of Solidification. Materials Transac-
tions, vol. 44, 2003, p. 836-844
38. THOMAS, B.G; LUI,D & HO, B -Effect of transverse depressions and oscillation
marks on heat transfer in the continuous casting mold. In Sensors and Modeling
in Materials Processing: Techniques and Applications, S. Viswanathan, R.G.
Reddy & J.C. Malas, eds., The Minerals, Metals, & Materials Society, Warren-
dale, PA., 1997, p.117-141.
39. WANG, B – Mould Taper for High Speed of Continuous Casting of Stainless
Steel Billets. MSc Thesis. The University of British Columbia, February, 1994
40. WOLF, M – Mold Flux Consumption – A Useful Criterion? 2nd European Con-
ference on Continuous Casting, 1994, p. 78-85
41. WOLF, M.. Investigation into the relationship between heat flux and shell growth
in continuous casting moulds. Trans. ISIJ., v. 20, no. 10, pp. 710-717, 1980.
42. WOLF, M - Strand Surface Quality of Austenitic Steels: Part I. Macroscopic Shell
Growth and Ferrite Distribution,” 13, 5, p. 248-257, 1996
43. Wolf, M.M “Mold Heat Transfer and Lubrication Control - Two Major Functions
of Faster Productivity and Quality Assurance,” in PTD Conference Proceedings,
13, (Warrendale, PA: Iron and Steel Society, 1995), 99-117
44. WOLF, M - Estimation Method of Crack Susceptibility for New Steel Grades.
European Conference on Continuous Casting I – Florence, 1991, 2489-2499
45. XINYANG, Z; XUDONG,W; YONG,M; MAN,Y; LI, Z & SHIHONG, Y - The
Shell Surface Force Caused by Mould Friction during Slab Continuous Casting
- ISIJ International, Vol. 48 (2008), No. 2, pp. 170–174
46. Cicutti et al (Mould thermal evaluation in a slab continuous casting machine;
2002 Steelmaking Conference Proceedings, vol 85, pp 97-107,March 10-13,
Nashvillle, Tenesse, USA)
47. Emi et al (High-speed continuous casting of peritectic carbon steels; Toshihiko
Emi, Hasse Fredriksson, Materials Science and Engineering A 413-414 (2005)
2–9)
48. Roscini et al (Oil lubrication impact on the meniscus behaviour in the continuous
casting mould; La Revue de Métallurgie-CIT, Avril 2003, 415-422)
49. Nabeshima (Lubrication and Friction between Mold and Solidified Shell in Con-
tinuous casting, vol 84, 1998, No2)
50. Review of Peritectic Solidification Mechanisms and Effects in Steel Casting; Vol-
ume 51, pages 1875–1903, (2020); Metallurgical and Materials Transactions B;
Ghavam Azizi, Brian G. Thomas; Mohsen Asle Zaeem
178
CAPÍTULO 7
MONITORAMENTO TÉRMICO DE MOLDES - BREAKOUTS
Breakouts (sangramentos) são normalmente agrupados em breakouts de transiência:
de partida ou de troca de panelas ou de “flying tundishes”; breakouts de regime
permanente. Os breakouts da primeira classe têm como origem o manuseio
inadequado da barra falsa e flutuações bruscas do nível do molde. Os da segunda
classe aparecem inadvertidamente e são em maioria devido ao colamento, seguido
de ruptura, de uma pequena porção de pele ao molde (estes tornaram-se mais
comuns com o emprego de oscilação de alta frequência e pequenas amplitudes, para
reduzir trincas transversais). Breakouts podem ocorrer também devido à formação de
pele excessivamente fina, em geral em ponto localizado do molde, por deficiência de
extração de calor.
As faces curtas, devido ao contato deficiente com o molde, extraem 4~5% menos de
calor, comparado com as faces largas.
Clogging preferencial em uma das portas da SEN pode levar a fluxo preferencial (não
simétrico) de aço no interior da cavidade do molde. Por consequência não
uniformidade de extração de calor e tensões térmicas que podem levar a trincas.
Tendo estas variáveis em perspectiva deve-se notar que o fluxo de calor é composto
das parcelas referentes à extração de super-heat, do calor liberado na solidificação, e
resfriamento da pele. Portanto deve existir um valor mínimo de fluxo específico de
180
calor, por exemplo medido através da água de refrigeração, capaz de garantir uma
espessura mínima de pele, sem a ocorrência de breakout, ver Figura 3.
Este tipo de monitoramento, com base em dados históricos de corridas sem eventos
de qualidade, que permitam relacionar o fluxo mínimo de segurança aos parâmetros
metalúrgicos citados anteriormente, conduz a um método de prevenção de breakout
cuja razão seja pele excessivamente fina. A Figura 4 ilustra o caso em que o Fluxo
por Unidade de Comprimento do Perímetro do Molde é empregado como critério de
segurança.
Hidrogênio pode ser incorporado ao aço pelo contato com matérias primas contendo
umidade (pó fluxante, escórias sintéticas) ou com atmosfera. Durante a solidificação
do ferro a solubilidade de Hidrogênio é reduzida de 40 ppm até 7 ppm. O excesso de
Hidrogênio pode então ser difundido em direção à escória do molde, dando origem ao
colamento por excesso de Hidrogênio, Figura 5.
De acordo com este autor a redução dos ions hidroxila na interface metal escória é
deficiente no caso de aços acalmados ao Silício, possibilitando o acúmulo de Hidroxila
e a formação das bolhas, Figura 7.
Figura 8: proposta de mecanismo de formação de breakout, por sticker junto ao cordão de escória.
Emling propôs ainda que stickers sejam causados pela infiltração de metal líquido
junto ao encontro das paredes curtas e largas do molde, isto é, nos cantos. Esta
infiltração leva a formação de aletas, garras metálicas, que travam a pele ao molde.
O esforço mecânico, devido a esta restrição, leva o rompimento da pele, como
indicado na Figura 10.
de estripagem positiva, e ciclo eventualmente se repete. Esta região de pele mais fina
se move para baixo e, quando atinge a região dos termopares estes acusam um
aumento abrupto de temperatura. Quando a porção logo acima da região de
rompimento (mais espessa e fria) chega aos termopares estes passam a indicar
valores decrescentes.
Portanto, se este padrão térmico puder ser reconhecido, deve-se reduzir a velocidade
de extração, Figura 12, para possibilitar o crescimento da pele na região de
rompimento (note-se a necessidade de automação neste procedimento: considerando
valores “típicos”, de velocidade de lingotamento, 1,5 m/min, e comprimento de molde,
1m, o tempo de tráfego do defeito no molde é de apenas 40s). Adicionalmente a
porção superior se destaca devido à contração térmica e toda a pele pode ser extraída
sem que o breakout se materialize.
Uma vez detectado o colamento adota-se uma política de redução de velocidade, tal
que a pele seja recuperada e o sangramento evitado, Figura 15.
Referências:
Emling et al, Mold Instrumentation for Breakout Detection and Control, Steelmaking
Conference Proceedings (1991), pp. 197-217)
Emi, The mechanisms for sticking type break-outs and new developments in
continuous casting mold fluxes. ISIJ International 51(52):623–630 7.)
188
M. EMI; The mechanisms for sticking type break-outs and new developments in
continuous casting mold fluxes, Steelmaking Conference Proceedings, 1991, pp 639-
646.
He et al, Development and application of mould breakout prediction system with online
thermal map for steel continuous casting, Ironmaking & Steelmaking, Ironmaking and
Steelmaking 2015 VOL 42 NO 3, 194-208.
CAPÍTULO 8
PÓS DE COBERTURA NO DISTRIBUIDOR
A função principal do distribuidor é a de servir de pulmão no sistema de lingotamento
contínuo, de modo a garantir as condições de processo no molde as mais constantes
possíveis. Não obstante se fala de Metalurgia no distribuidor, a aplicação de técnicas
especiais que permitam melhorar as propriedades do aço, no que diz respeito a
conteúdo de inclusões, estrutura de solidificação, por exemplo. Alguns dos fenômenos
críticos que podem ser observados num distribuidor são mostrados na Figura 1.
Figura 3: Potenciais de oxigênio nas proximidades da interface metal-escória (Ho-Jung Mun 2003).
A composição dos pós básicos pode ser ajustada de modo que se forme, na
temperatura de lingotamento, um filme de escória líquida, ver Figura 4,
Tal como no caso de pós fluxantes, utilizados no molde, com a presença de carbono
pode ser desenvolvida uma camada enriquecida neste elemento (Figura 5), que sob
ação de turbulência pronunciada pode levar a pick-up de carbono.
192
A Figura 6 sugere a faixa de composição desejável (1) para pós básicos, em termos
de fluidez, capacidade de absorção de alumina e grau de redutibilidade.
Pós ácidos (palha de arroz calcinada) são de baixo custo; pós básicos
(essencialmente uma escória sintética) são de maior custo e devem ser reservados
ao lingotamento de aços de maior qualidade.
Mas existem propostas (por exemplo H-J Mun 2003) de conciliar as qualidades de
ambos os pós, formando uma camada líquida básica junto ao banho recoberta por
camada isolante (ácida). Evidentemente, com a fusão do pó básico, os componentes
ácidos serão incorporados afetando de modo drástico às características físico-
químicas originais. O parâmetro de controle, neste respeito, parece ser a atividade da
sílica, que regula o avanço da reação química:
O ponto de fusão deve ser baixo para garantir a formação de filme líquido, como
indica a Figura 8.
Mas deve-se antecipar que o filme líquido gradativamente absorverá a sílica, como
indica a Figura 9, o que sugere que a camada de pó básico deve ser capaz de
resistir a estas alterações sem perda significativa de propriedades metalúrgicas.
195
Figura 9: Evolução de composição do filme líquido, após absorção de sílica (Mun, 2003).
Os teores dos óxidos redutíveis (FeO, MnO e SiO2) devem ser mantidos em níveis
baixos, indicando isolamento químico. Particularmente as camadas devem ser
dispostas em proporção tal que o teor de sílica não ultrapasse o valor crítico, com
sugere a Figura 10.
Baixos conteúdos de ferro (total) na escória indicam pouca reatividade química, baixa
redutibilidade, menor probabilidade de reoxidação, o que comprova o acerto da
formulação, Figura 11.
196
Figura 11: baixa capacidade de reoxidação, evidenciada pelo baixo teor Fe ferro total
A razão entre as massas das camadas básica e ácida (de cobertura) determina,
portanto, o grau de isolamento químico. Maiores quantidades de pó básico são mais
efetivas neste sentido, Figura 12, em detrimento do custo.
Referências:
Aminorraya et al ; Basic Tundish Powder Evaluation for Continuous Casting of Clean
Steel; AISTech Conference Proceedings; Cleveland, OH, May 1-4, 2006; pp
Ho-Jung Mun; The Control of Tundish Slag Behavior in Continuous Casting Process;
ISSTech 2003, 833-839.
199
CAPÍTULO 9
O FLUXO NO DISTRIBUIDOR
Na concepção original o distribuidor, na operação do lingotamento contínuo, tinha basi-
camente a função de ser um reservatório de aço entre a panela e molde, de modo a
garantir condições estáveis no molde. Hoje o distribuidor é visto como sendo um vaso/re-
ator que afeta a flutuação e a separação de inclusões. Da mesma forma, os conceitos
da utilização de proteção de jato, válvula longa submersa tiveram uma grande evolução.
Hoje, a utilização desses equipamentos, aliados às técnicas do emprego do argônio,
estão voltadas basicamente para a obtenção de aços limpos.
Este efeito tende a ser mais pronunciado quando de maiores velocidades de lingota-
mento e menores níveis de aço líquido no distribuidor, devido à diminuição do tempo
médio de residência do aço no distribuidor.
alimentação desiguais de aço líquido aos moldes. Devido estas diferenças no escoa-
mento do aço do distribuidor para os moldes, torna-se difícil a uniformidade composicio-
nal e térmica do aço nos diferentes moldes.
Adicionalmente, a condição de jato aberto da panela expõe o jorro de aço líquido à reo-
xidação e absorção de gases da atmosfera; aumenta a turbulência na interface metal-
escória de cobertura possibilitando a emulsificação metal-escória na zona de impacto do
jato da panela.
KROTZSCH et al. (2007) reportam que as altas velocidades na região de entrada do jato
da panela no distribuidor causam um elevado nível de turbulência que incorre em intenso
misturamento de aço e inclusões não-metálicas; e que o jato que impinge contra o fundo
do distribuidor é redirecionado para as paredes laterais do distribuidor. Devido a esta
movimentação ocorre o desenvolvimento de um vórtice em forma de funil (vórtice em
esteira) acompanhado com um movimento na região do fundo do distribuidor em forma
de ferradura, Figura 2. Este último é capaz de arrastar as inclusões entrantes na zona
de enchimento do distribuidor rumo ao veio.
Esta situação pode ser visualizada por meio de modelagem matemática. A Figura 3 apre-
senta um esquema de ¼ de um distribuidor de dois veios, de lingotamento de placas,
operando em regime de simetria de fluxo. A Figura 4 mostra vetores velocidade na inter-
face líquido atmosfera (topo do distribuidor) e na região longitudinal central (plano de
simetria) de um quarto de um distribuidor. O aspecto rotacional do vórtice em forma de
ferradura fica evidente.
201
Figura 4: Distribuidor sem modificadores de fluxo de acordo com Figura A5 a)campo de velocidades no
topo; b) campo de velocidades no plano de simetria;
Figura 5: Distribuição de energia cinética de turbulência no plano de simetria. Distribuidor “nu”, Figura 3.
Figura 6: Distribuidor equipado com barreira fendada, cortina de gás inerte, dique de barragem, tubo
longo submerso e inibidor de turbulência na zona do jato da panela
Zona de fluxo pistonado: é a fração do volume total do distribuidor que apresenta veloci-
dade pontual máxima, a qual dita o tempo mínimo de residência do metal líquido no
distribuidor, sendo aquela fração ideal com relação à flotação das inclusões não-metáli-
cas;
Zona de mistura perfeita: é a fração que contribui para a eliminação dos gradientes de
temperatura e de composição química no metal líquido. Esta região é caracterizada por
altos gradientes de velocidade causadores de turbulência, o qual pode promover o ar-
raste de inclusões não-metálicas para dentro do aço líquido, distúrbios na flotação das
inclusões não-metálicas e aumento da taxa de reoxidação do metal líquido;
Zona de volume morto: é a fração do volume total do distribuidor que possui velocidade
tão baixa que pode ser considerada estagnada, isto é, interage fracamente com o fluxo
principal. Esta zona é indesejada pois reduz efetivamente o volume útil do reator, além
de provocar a perda de temperatura do banho e a segregação de elementos químicos.
A presença dessa zona indica uso ineficiente do volume do reator.
204
Pelas próprias características de operação, zonas Mortas e de Mistura Perfeita são ine-
vitáveis; em geral, procura-se determinar a configuração geométrica do distribuidor (bar-
reiras, diques e inibidores de turbulência) capaz garantir maior parcela de fluxo pisto-
nado. Fluxo pistonado é a característica que se procura para evitar mistura entre dife-
rentes tipos de aço, para se maximizar a separação (flotação de inclusões).
Quando uma quantidade finita e limitada de uma espécie química, alcunhada de traça-
dor, é adicionada na entrada do reator, esta se espalha instantaneamente no volume do
reator e se reporta diluída da na saída do reator. Portanto, tão logo é adicionado, começa
a sair do sistema, Figura 8.
A zona morta corresponde a uma parte do volume útil do reator que pouco interage do
ponto de vista físico-químico com as demais. Geralmente, associada a zonas de circula-
ção.
30 𝑡𝑜𝑛𝑒𝑙𝑎𝑑𝑎𝑠
𝑇= = 10 𝑚𝑖𝑛
3 𝑡𝑜𝑛𝑒𝑙𝑎𝑑𝑎𝑠⁄𝑚𝑖𝑛𝑢𝑡𝑜
Este é o tempo que uma inclusão tem disponível para se separar do aço e ser absorvida pela
camada de escória se o distribuidor for um reator de Fluxo em Pistão. Entretanto, modelagem
206
física deste distribuidor, tendo sugerido que apenas 25% do mesmo se comporta como fluxo em
Pistão indica que o tempo crítico para a flotação não é tão elevado. Após um período de tempo
de cerca de 0,25 𝑇 = 2,5 𝑚𝑖𝑛𝑢𝑡𝑜𝑠, inclusões não removidas por flotação são remetidas ao molde.
Adotando 𝜂 = 0,006 𝑃𝑎. 𝑠; 𝜌𝑎ç𝑜 = 7000 𝑘𝑔⁄𝑚3 ; 𝜌𝑖𝑛𝑐𝑙𝑢𝑠ã𝑜 = 3000 𝑘𝑔⁄𝑚3, e desde que 𝑔 =
9,81 𝑚⁄𝑠 2 e 𝑅 = 25 𝑥 10−6 𝑚 , se observa que 𝑉𝑇 = 9,08 𝑥 10−4 𝑚⁄𝑠. Como o trajeto a ser per-
corrido é de 1,2 m, o tempo necessário para separação completa é
𝐻 1,2
𝑡𝑓𝑙𝑜𝑡𝑎çã𝑜 = = = 1321 𝑠 ≡ 22 𝑚𝑖𝑛 ≫ 2,5 𝑚𝑖𝑛
𝑉𝑇 9,08 𝑥 10−4
Nestas condições parte das inclusões é arrastada ao molde. A porção de aço isenta de inclusões,
pela ação da flotação, figura a seguir, pode ser estimada igualando-se os tempos de trajeto nas
direções vertical e horizontal, isto é,
𝐻𝑓
= 150𝑠 = (2,5 𝑚𝑖𝑛 )
𝑉𝑇
𝐻𝑓 = 0,136𝑚.
A velocidade terminal pode ser estimada, assumindo viscosidade e densidade do aço tais que
𝜂 = 0,007 𝑃𝑎. 𝑠; 𝜌𝑎ç𝑜 = 7000 𝑘𝑔⁄𝑚3
2 𝑅2 𝑔 2 𝑥 (22,5 𝑥 10−6 )2 𝑥 9,81
𝑉𝑇 = ( 𝜌𝑎ç𝑜 − 𝜌𝑖𝑛𝑐𝑙𝑢𝑠ã𝑜 ) = (7000 − 2320)
9𝜂 9 𝑥 0,007
𝑉𝑇 = 7,38 𝑥 10−4 𝑚⁄𝑠
A velocidade de arraste de inclusões na direção horizontal pode ser estimada como sendo a
velocidade média de aço no distribuidor,
𝑃(𝑡𝑜𝑛⁄𝑚𝑖𝑛) ⁄[60 (𝑠⁄𝑚𝑖𝑛) 𝜌𝑎ç𝑜 (𝑡𝑜𝑛⁄𝑚3 )] 5⁄[60 𝑥 7)]
𝑉𝑎ç𝑜 = = = 9,92 𝑥 10−3 𝑚⁄𝑠
𝐻𝑊 1,5 𝑥 0,8
Finalmente, assumindo que experimentos em modelagem física (por exemplo) tenham indicado
que 30% do distribuidor se comporta como fluxo em pistão, isto é, 𝛼 igual a 0,3, vem
𝐶1 −4 −3
= 𝑒 − 𝑉𝑇 (1−𝛼)𝐿⁄𝑉𝑎ç𝑜 𝐻 = 𝑒 − 7,38 𝑥 10 𝑥 (1−0,3) 𝑥 4,5⁄9,92 𝑥 10 𝑥 1,5 = 0,855
𝐶𝑜
Na segunda parte do reator, de fluxo pistão, inexiste mistura seja na direção horizontal seja na
direção vertical. Devido ao movimento de ascensão das inclusões a porção inferior de aço se
torna progressivamente mais limpa à medida que o líquido avança na direção do veio. Justa-
mente acima do veio haverá uma camada de aço isento de inclusões, de espessura 𝐻𝑓 , e uma
camada superior com um conteúdo de inclusões correspondente a 𝐶1 , e de espessura 𝐻. Estas
duas camadas são tragadas ao veio, resultando em aço de conteúdo médio de inclusões igual a
𝐶2 . Desta forma se encontra que
𝐶2 𝐻 − 𝐻𝑓 𝐻𝑓
= =1−
𝐶1 𝐻 𝐻
𝐶2 𝐻𝑓 𝑉𝑎𝑠𝑐 𝛼 𝐿
= 1− =1−
𝐶1 𝐻 𝑉𝑎ç𝑜 𝐻
Aqui 𝛼 𝐿⁄𝑉𝑎ç𝑜 representa o tempo de residência das inclusões na segunda parte do reator. Por-
tanto
𝛼𝐿 0,3 𝑥 4,5
= = 136,08 𝑠
𝑉𝑎ç𝑜 9,92 𝑥 10−3
𝛼𝐿
𝐻𝑓 = 𝑉𝑎𝑠𝑐 = 7,38 𝑥 10−4 𝑥 136,8 = 0,10 𝑚
𝑉𝑎ç𝑜
O que permite estimar
𝐶2 𝐻 − 𝐻𝑓 𝐻𝑓 0,1
= =1− =1− = 0,933
𝐶1 𝐻 𝐻 1,5
E por consequência
𝐶2 𝐶1 𝐶2
= 𝑥 = 0,797
𝐶1 𝐶0 𝐶1
Estes cálculos sugerem que cerca de 80% destas inclusões (de 45 𝜇𝑚 de diâmetro, relativamente
grandes) que entram no distribuidor são transferidos ao molde. A repetição destes cálculos para
inclusões de dimensões menores mostra, como esperado, resultados de flotação de inclusão
ainda piores. Não parece que o distribuidor seja um local adequado, para separação de grandes
frações de inclusões de pequeno tamanho; então os esforços devem ser dirigidos no sentido de
restringir a formação e captação de novas inclusões neste reator.
Modo geral estas estimativas indicam que maiores tempos de residência (maior volume
interno do distribuidor, menor throughput) e uma menor altura de flotação (menor nível
de aço no distribuidor) favorecem a flotação e separação de inclusões. Estas soluções
nem sempre são viáveis, pois implicam em maior volume de aço residual no distribuidor
ao final da sequência (menor rendimento metálico), menor produtividade, e maior ten-
dência de desenvolvimento de vórtices, respectivamente.
Exemplo: Durante o lingotamento sequencial muitas vezes se requer lingotar aços de compo-
sições diferentes, sem interromper a operação. Na operação de troca de panelas se torna inevi-
tável a mistura de aços no distribuidor, entre aço da panela que sai (de composição 𝐶𝐼) e aço da
panela recém aberta (de composição 𝐶𝐹). Um observador localizado na saída do distribuidor
percebe, a partir de um certo intervalo de tempo, as alterações em composição do aço efluente.
Estas alterações podem ser apresentadas na forma adimensionalizada:
𝐹 𝑣𝑒𝑟𝑠𝑢𝑠 𝜃
Por convenção o início do processo de mistura coincide com o instante da abertura da segunda
panela; valores de F estão na faixa 0 < 𝐹 < 1. A figura a seguir apresenta curvas de transição
para dois casos extremos: quando o distribuidor se comporta como reator de fluxo em pistão;
quando o distribuidor se comporta como reator de mistura perfeita. Para o reator de fluxo pistão
a transição é brusca, abrupta; o observador só a nota quando 𝑡 = 𝑇, isto é 𝜃 = 1. Por outro lado
209
Para o caso do reator de mistura perfeita se torna necessário especificar, com base nas compo-
sições desejadas, os pontos de corte. Neste exemplo assumindo que sejam (arbitrariamente):
𝐹 = 1 − 𝑒 −𝜃 = 0,2 tal que 𝜃 = 0,223
−𝜃
𝐹 = 1 − 𝑒 = 0,7 tal que 𝜃 = 1,204
Exemplo: A figura seguinte apresenta uma curva de transição para um distribuidor de lingota-
mento de placas, com vazão de 4 𝑡𝑜𝑛/𝑚𝑖𝑛. 𝑣𝑒𝑖𝑜 e capacidade de 64 ton. O tempo médio de
residência é portanto
64 𝑡𝑜𝑛
𝑇= = 8 min = 480 𝑠
2 𝑥 4 𝑡𝑜𝑛⁄𝑚𝑖𝑛
210
Como mostra a curva o tempo mínimo de residência, ou “breakthrough time” é da ordem de 0,25
𝜃𝑚𝑖𝑛 = 0,25
𝑡𝑚𝑖𝑛 = 𝜃𝑚𝑖𝑛 𝑇 = 0,25 𝑥 480 = 120𝑠
Utilizando como critérios de início e fim de transição os valores F=0,2 e F=0,7 o período de
transição e a quantidade de intermix são:
∆𝜃 = 𝜃0,7 − 𝜃0,2 = 1,4540 − 0,4731 = 0,9809
𝑖𝑛𝑡𝑒𝑟𝑚𝑖𝑥 = 𝑄 ∆𝜃 𝑇 = 4 (𝑡𝑜𝑛⁄𝑚𝑖𝑛 ) 0,9809 𝑥 8 (𝑚𝑖𝑛 ) = 31 𝑡𝑜𝑛
Procura-se em geral uma distribuição de fluxo que permita a elevação da fração de fluxo
pistonado, isto é o aumento do tempo mínimo de residência do aço, com consequente
minimização dos volumes das regiões mortas e do regime de curto-circuito. No entanto,
os modificadores de fluxos – diques e barragens – comumente geram regiões mortas.
Por isto, o projeto do mobiliário do distribuidor deve ser adequado para minimizar o vo-
lume das regiões estagnadas, de modo a aumentar o volume de fluxo ativo ao longo do
reator metalúrgico.
211
Figura11: Influência conjunta de diques e barragens sobre a distribuição de fluxos em distribuidor de lin-
gotamento contínuo: a) jato da panela aberto; b) jato da panela submerso (HARRIS & YOUNG, (1983)
Barreiras com múltiplos furos podem ser utilizadas para reorientar a distribuição de fluxos
de aço líquido, Figura 12, aumentando o tempo mínimo de residência e incentivando a
flotação e separação das inclusões não-metálicas. Esta modalidade de dispositivo mo-
dificador inibe a formação de zonas mortas em comparação quando do uso de diques e
barragens. Ademais, este tipo de controlador de fluxo, além de confinar a zona do jato
da panela, ameniza o estado de turbulência na interface metal-escória de cobertura, re-
duzindo as chances de entranhamento de escória no banho metálico.
Figura 12: Regiões típicas de crescimento, flotação e separação de inclusões sem a intervenção de bo-
lhas de argônio (SINHA & SAHAI, 1993)
Figura 15: Influência do turbostop sobre a distribuição de fluxos na zona do jato da panela (ODHENTAL
et al. 2003)
Figura 17: a) campo de velocidades no topo; b) campo de velocidades no plano de simetria; Distribuidor
com dique e barreira.
Figura 18: Distribuição de energia cinética de turbulência no plano de simetria. Distribuidor com dique e
barreira.
Figura 20: a) campo de velocidades no topo; b) campo de velocidades no plano de simetria longitudinal.
Distribuidor com confinador de turbulência
Figura 21: Distribuição de energia cinética de turbulência no plano de simetria. Distribuidor com confina-
dor de turbulência.
Figura 23: Modelo físico em acrílico utilizado por MEIJIE et al. (2011)
Além de provocar modificações no padrão de fluxo do líquido e nas trajetórias das inclu-
sões argumenta-se que as bolhas têm papel adicional. Existiria a possibilidade de cho-
que entre bolhas e inclusões, captura das inclusões pelas bolhas em função de efeitos
interfaciais e flotação das inclusões. A eficiência de captura e remoção de inclusões pela
cortina gasosa estaria relacionada com a distribuição de tamanhos e população de bo-
lhas; tamanho e posicionamento do bloco difusor do gás; composição e distribuição de
tamanhos das inclusões não-metálicas. Outros fatores, tais como: composição, tempe-
ratura, nível de aço e velocidade de lingotamento; vazão do gás inerte, diâmetros e nú-
mero dos orifícios de borbulhamento influenciam indiretamente através dos fatores acima
citados.
A Figura 25 mostra que a diminuição do tamanho médio das bolhas de argônio na cortina
gasosa provoca forte aumento na eficiência de remoção de inclusões. Este feito é mais
pronunciado para blocos de borbulhamento maiores. A remoção das inclusões de maior
tamanho é mais efetiva.
Figura 25: Influências do tamanho das bolhas, dimensões das partículas e dimensões do sistema de bor-
bulhamento, sobre a eficiência de remoção de inclusões por cortina gasosa (ROGLER, 2004)
Figura 26 –Efeito do tempo de residência de aço sobre a eficiência de remoção de inclusões no distribui-
dor (ROGLER, 2004)
A partir de resultados obtidos via modelagem física, MEIJIE et al. (2011) citam que a
fração de volume morto decresceu de 19.7% a 15.0% com a introdução da cortina de
gás. Já a fração de fluxo em pistão cresceu de 31,2% para 38,1%; enquanto que a fração
de mistura perfeita decresceu de 49,1% para 46,9%. O tempo relativo ao pico de con-
centração (tpico) e o tempo médio de residência mostram-se muito maiores. Esta dife-
rença entre as curvas de distribuição dos tempos de residência indica que a presença
de cortina de gás causa melhoramento significativo sobre a eficiência de remoção de
inclusões não-metálicas em virtude de maiores tempos de residência.
Figura 27: Efeito da presença de cortina gasosa sobre a distribuição dos tempos de residência do aço
líquido em um distribuidor equipado com inibidor de turbulência e duas barreiras fendadas para confina-
mento da zona do jato da panela (MEIJIE et al. 2011)
28. No entanto, estes autores argumentam que o aumento exagerado da vazão de bor-
bulhamento de gás inerte pode levar a maiores conteúdos de inclusões, ao entranha-
mento e arraste de inclusões de escória de cobertura.
Figura 28: Efeito da vazão de borbulhamento de gás inerte sobre a eficiência de remoção de inclusões
no distribuidor (MEIJIE et al. 2011)
Figura 29: Influência da posição do bloco de borbulhamento de gás inerte sobre a eficiência de remoção
de inclusões não-metálicas no distribuidor de lingotamento contínuo (MEIJIE et al. 2011)
Figura 30: Dimensões e posição do bloco difusor de gás inerte do distribuidor da máquina de lingota-
mento contínuo de placas (ARAÚJO Jr et al. 2012)
Partículas plásticas foram injetadas pela válvula longa deste distribuidor (de dois veios)
e a quantidades passantes aos veios foram retidas em peneiras e pesadas; desta forma
se torna possível comparar o desempenho da porção de distribuidor sem injeção de gás
(veio 1) e o desempenho da porção com injeção de gás (veio 2) . U melhor desempenho
quanto à separação de inclusões é evidenciado por uma menor quantidade de partículas
retidas naquela peneira.
Os resultados obtidos estão mostrados nas Figuras 31 a 33. De acordo com a Figura 31
a injeção de gás ajuda a promover a separação de inclusões no distribuidor; este efeito
é dependente do tamanho das partículas.
A Figura 32 indica que, na faixa de vazões de gás investigada neste experimento, existe
um modesto efeito positivo de aumento de grau de limpeza com aumento de vazão; mas
que este efeito é dependente da posição da peça porosa.
Figura 31: Efeito do tamanho da partícula sobre a % de arraste desta para os moldes, sobre (ARAÚJO Jr
et al. 2012)
221
Figura 32: Efeitos da vazão e posição do bloco de borbulhamento sobre a eficiência de remoção de in-
clusões (ARAÚJO Jr et al. 2012)
Figura 33: Efeitos da vazão e posição do bloco de borbulhamento de tamanho médio sobre a eficiência
de remoção de inclusões (ARAÚJO Jr et al. 2012)
Nestes experimentos, vide Figura 34, o aumento da vazão de gás inerte fez decrescer a
fração de fluxo pistonado, sendo este efeito mais pronunciado na região que abriga a
barreira de bolhas. Este efeito pode ser verificado para diferentes tamanhos do bloco de
borbulhamento de argônio. Com isto, não pode ser afirmado que o efeito positivo da
injeção de gás se deve a alterações na fração de fluxo pistonado de aço no distribuidor.
222
Figura 34: Fração de fluxo pistonado na região do distribuidor em que foi instalada a cortina gás como
função da vazão do gás borbulhado (ARAÚJO Jr et al. 2012)
Resultados parciais de um modelo, que leva em conta choque entre partículas e bolhas,
captura das partículas pelas bolhas e remoção por flotação são mostrados na Figura 35.
Menores tamanhos das bolhas, para uma dada vazão de gás e tamanho médio das in-
clusões, implicam em maiores eficiências de remoção de inclusões não-metálicas. Da
mesma forma, para um dado tamanho de bolha e dimensão da inclusão não-metálica,
para as condições estudadas, a eficiência de remoção das inclusões mostrou-se crescer
com a vazão do gás inerte. Portanto esta, flotação de partículas, poderia ser a causa
principal da maior remoção de inclusões quando da injeção de gás.
Figura 35: Efeitos vazão do gás, tamanho médio das bolhas gasosas e das inclusões não-metálicas so-
bre a eficiência de remoção de inclusões (ARAÚJO Jr et al. 2012)
De acordo com ARAÚJO JÚNIOR et al. (2012), os resultados obtidos apontam que:
A cortina de gás atua como um filtro ou barreira e promove um fluxo ascendente
de líquido, favorecendo a separação e remoção de inclusões. Este efeito é mais
pronunciado com a maior proximidade entre cortina de gás e válvula longa.
Modo geral, para todas as combinações de fluxo, posição e dimensões do plugue
poroso, a injeção de gás inerte fez decrescer a fração de fluxo de pistão;
Tamanhos de bloco poroso maiores e tamanhos de partículas maiores resultaram
em melhor de flotação e separação;
Blocos porosos feitos de material básico se mostraram mais eficazes. A razão
pode ser atribuída ao menor tamanho de bolhas geradas sobre este material,
comparativamente a tijolos aluminosos;
MEIJIE et al. (2011) reportam que o uso de cortina de argônio em distribuidores industri-
ais mostrou que a concentração média de inclusões de tamanhos menores que 20μm
223
diminui em mais de 24%, sendo que a média global de oxigênio diminui cerca de 15%,
como resultado do controle dos parâmetros de borbulhamento de gás inerte para formar
a cortina gasosa. A Figura 36 mostra o efeito da presença de cortina gasosa e tamanho
das inclusões não-metálicas sobre a eficiência de remoção das mesmas no distribuidor
de lingotamento contínuo.
Figura 36: Influência da dimensão das inclusões não-metálicas sobre a eficiência de remoção das mes-
mas no distribuidor equipado com inibidor de turbulência, um par de barreiras fendadas e injeção de gás
(MEIJIE et al. 2011)
Figura 37: Influência da presença da cortina gasosa e dimensões das inclusões não-metálicas sobre a
eficiência de remoção das mesmas no distribuidor de lingotamento contínuo equipado com inibidor de
turbulência (ZHANG et al. 2011)
224
Quantidade apreciável de sucata (na forma de skull, cascão) pode ser gerada no distri-
buidor ao final de uma sequência de lingotamento. Com o abaixamento do nível de lí-
quido é natural a tendência de formação de vórtice, que pode arrastar escória do distri-
buidor para o molde, contaminando o aço. Em casos extremos a sucção (também de ar)
pode alterar o fluxo no molde e a lubrificação. Sendo assim, torna-se uma prática comum
interromper prematuramente o lingotamento deixando uma considerável quantidade de
aço no distribuidor. Entretanto a vazão de aço e a geometria interna do distribuidor po-
dem ser alteradas de forma a retardar a formação do vórtice, possibilitando um esvazia-
mento mais completo do distribuidor.
PIMENTA et al. (1996, 1997) fizeram uma avaliação do mecanismo de formação de vór-
tice e do arraste de escória durante as etapas de transferência de aço líquido, panela/dis-
tribuidor e distribuidor/molde, utilizando-se da técnica de modelamento físico. Água e
óleo foram empregados na simulação de aço líquido e escória, respectivamente. Foram
avaliadas as influências dos principais fatores de processo sobre a formação do vórtice
e contramedidas para a minimização do arraste de escória. Nesse estudo, na etapa de
transferência de aço líquido distribuidor/molde, foi observado que a altura crítica de for-
mação do vórtice depende da vazão de líquido na saída do distribuidor. Quanto maior
esta vazão, mais cedo o vórtice é formado. Portanto, para o lingotamento de placas de
maiores dimensões o vórtice é formado mais cedo. O problema de arraste de escória
pode ser agravado ainda pelo fato de a mesma ir se acumulando dentro do distribuidor
durante as corridas, favorecendo o seu arraste pelo vórtice.
Figura 38: Formação de vórtices durante o enchimento do distribuidor com arraste de escória de cober-
tura: a) 32 toneladas, b) 33) toneladas (MORALES et al. 2005)
Mesmo sob condições de regime permanente, no qual o nível de aço líquido no distribui-
dor se mantém constante, pode ocorrer a formação e desenvolvimento de vórtices, por
225
Um tampão colocado sobre o veio produz o mesmo efeito de paredes próximas, de im-
pedir a rotação do líquido. Em panelas tem sido demonstrado que (SANTOS et al. 2008)
que o borbulhamento de gás na sede de válvula é capaz de romper o movimento de
rotação e retardar a formação de vórtices.
Figura 39: Altura crítica para a formação de vórtices no distribuidor (WOLF, 1996)
Figura 40: Métodos de retardamento da iniciação do vórtice sobre os veios do distribuidor (LIN et al.
2005)
O uso de distribuidores com rebaixamento junto aos veios é uma alternativa plausível
para minorar ou mitigar os eventos nocivos causados pelos vórtices. Adicionalmente
pode ser alcançado maior rendimento metálico, pois retardar a formação de vórtices im-
plica em esvaziar o distribuidor de forma mais completa. Proposta geométrica deste tipo
de distribuidor é apresentada na Figuras 41.
Ao final da sequência é possível drenar, quase que totalmente, o aço na parte central,
mais elevada, de modo que o cascão se restringe à região de vazamento sobre os veios.
O projeto deve ser tal que não se formem vórtices neste estágio final.
Bloqueio da 𝑺𝑬𝑵
Ao longo das corridas de um sequencial os refratários se desgastam, o que inclui os
modificadores de fluxo e dispositivos de controle de vazão. Os tubos cerâmicos, utiliza-
dos para conduzir aço líquido de um reator a outro podem tanto serem vítimas de erosão
termo-química como da deposição de inclusões. A deposição acentuada destas pode
num extremo levar ao bloqueio do tubo (nozzle blockage, clogging) ou alterar o padrão
de fluxo.
227
Vários mecanismos podem ser apontados como causa do bloqueio da válvula submersa.
Entre eles se destaca a deposição de partículas de alumina sobre o corpo da válvula,
Figura 42. A força motriz para a deposição é a diminuição da energia superficial, quando
duas superfícies dissimilares – cerâmica-aço e aço-inclusão – são substituídas por uma
superfície refratário-inclusão. Razões similares garantem a viabilidade termodinâmica de
posterior adesão de alumina ao depósito já iniciado. Instabilidades no sistema de con-
trole de nível são sinais de depósito.
Figura 43: Lingotabilidade do aço como função da razão CaO/Al2O3 nas inclusões (Ototani, 1986).
Figura 45: Evolução da inclusão em função da temperatura e teor de cálcio (Ototani; 1986)
Experimentos em laboratório sugerem que o carbono do refratário tem papel importante na for-
mação do depósito; como indica a figura seguinte, na ausência de carbono não ocorre deposição.
Impurezas como SiO2, Na2O, K2O e Fe2O3 são deletérias, i.e, maximizam o índice de clogging.
A influência do tipo de refratário, da pureza do mesmo, da composição do aço, é explicitada de
acordo com o mecanismo seguinte. Carbono do refratário reduz óxidos como SiO2, Na2O,
K2O e Fe2O3, formando produtos gasosos no interior da peça refratária. Estes produtos po-
dem ser succionados até a interface metal/refratário, onde são reoxidados.
A formação do depósito se completa com a contínua deposição de alumina, provinda das rea-
ções: CO = C + O e 2 Al + 3 O = Al2O3 . A figura e tabela a seguir resumem o mecanismo
proposto.
De modo a testar este conceito foram preparadas válvulas de composições específicas, R1, R2
e R3, tabela seguinte. Como se nota diferem principalmente pelo teor de óxidos menos estáveis.
Os resultados mostrados na figura seguinte parecem validar o mecanismo.
Tabela: Composições de refratários de algumas 𝑆𝐸𝑁
Referências Adicionais
21. HARRIS, D. J & YOUNG,J.D – Water Modelling – A Viable Production Tool. Continu-
ous casting. Volume I, 1983, p. 99- 112 (1983)
22. HOU, Q.F; WANG, H.Y; YUE, Q; ZOU, Z.S & YU, A. B - Physical and Mathematical
Modelling of Swirling Flow Tundish. – Fifth International Conference on CFD on the
Process Industrieis CSIRO, Melbourne, Australia, 13-15 December, 2006
23. ILEGBUSl, O.J - Application of the Two-fluid Model of Turbulence to Tundish Prob-
lems - ISIJ International, Vol. 34 (1994). No. 9, pp. 732-738
24. LLEGBUSSI, O. J & SZEKELLY, J – Mathematical Modelling of Materials Processing
Operations. Edit. by J. SZEKELLY et alli., TMS, 1987, p. 404
25. KROIZSCH, R; ODENTHAL, H-J & PFEIFER, H - Simulation of steel grade change
in a water model tundish using the combined DPIV/PLIF technique - METAL 2007, P.
22. – 24.
26. KROTZSCH, R; ODENTHAL, H.J & PFEIFER, H - Simulation of Steel grade Change
In A Water Model tundish Using The Combined DPIV/PLIF Technique – Metals 2007,
p.1-12
27. LIN, H. T; KAO, C. L ; LIN, T. C &· CHEN, J. H - The Decrease of Vortexing Funnel
and Draining Funnel in Tundish during Casting - 125 AISTech 2005 Proceedings -
Volume II , 125-134
28. LIU, J.G; YAN, G,G; LIU, L & WANG, X.A - Water Modeling of Optimizing Tundish
Flow Field. Journal of Iron and Steel Research, International.2007, 14(3): 13-19
29. LÓPEZ, D.S & ORO, J.M. F - ANÁLISIS DE TRANSITORIOS DENTRO DEL TUN-
DISH EN LÍNEAS DE COLADA CONTINUA PARA LA FABRICACIÓN DE ACERO -
Máster Universitario em Ingeniería Energética Curso 2009-2010
30. MAZUMDAR, D. & GUTHRIE, R. I. L. The Physical and mathematical modelling of
continuous casting tundish systems. ISIJ International, v. 39, n. 6, 1999, p. 524-547
31. MAZUMDAR, D., KORIA, S.C., KUMAR, A. “Ana Assessment of Fluid Flow Modelling
and Residence Time Distribution Phenomena in Steelmaking Tundish Systems”. ISIJ
International, 44 (8), 2004, pp. 1334–1341..
32. MCLEAN, A. The turbulent tundish - contaminator or refiner: in Tundish Metallurgy, v.
1, ISS - AIME, p. 3-24, 1990
33. MEIJIE, Z;. HUAZHI, G; AO, H; HONGXI, Z & CHENGJI, D - Numerical simulation
and industrial practice of inclusion removal from molten Steel by gas bottom blowing
in continuous casting tundish- J. Min. Metall. Sect. B-Metall. 47 (2) B (2011) 137 – 147
34. MELVILLE,S.D &. BRINKMEYER, L “Evaluating Steelmaking and Casting Practices
Which Affect Quality,” Proc. Steelmaking Conf., 78 (1995): 563–569.
35. MORALES, R.D; LÓPEZ RAMÍREZ, L; PALAFOX-RAMOS , J & ZACHARIAS. D -:
“Numerical and Modeling Analysis of Fluid Flow and Heat Transfer of Liquid Steel in
a Tundish with Different Flow Control Devices”, ISIJ International, Vol. 39, 1999, 455-
462.
36. MORALES, R.D; E. TORRES-ALONSO, E; GARCÍA DEMEDICES, L &. PALAFOX-
RAM, J - Vortex Growth and Vortex Elimination in a Slab Tundish AISTech 2005 Pro-
ceedings - Volume II, 2005, p. 117-123
37. MORALES-HIGA, K - Ladle Shrouds as Flow Control Devices for Tundish Operations
– Master Thesis- Department of Mining and Materials Engineering McGill University,
Montreal, Canada March, 2011
235
54. SINGH, S & KORIA, S. C. Tundish steel melt dynamics with and without flow modifiers
through physical modelling. Ironmaking and Steelmaking, v. 23, n. 3, p. 225-263,
1996.
55. SINHA, A. K & SAHAI, Y - Mathematical Modeling of Transport and Removal in
Inclusion Continuous Casting Tundishes ISIJ International, Vol. 33 (1993), No. 5, pp.
556-566
56. SZEKELY, J. Some perspectives on mathematical modeling of metal processing op-
erations. Ironmaking and Steelmaking, v. 16, n. 3, p. 183-192, 1989.
57. SZEKELY, J. & ILEGBUSI, O. J. The physical and mathematical modeling of tundish
operations. New York: Editora Springer-Verlag, 1988, 111p.
58. VÄYRYNEN, P; WANG, S;. LOUHENKILPI , S &. HOLAPPA, L - Modelling and Re-
moval of Inclusions in Continuous Casting - Materials Science and Technology
(MS&T) 2009, p.1132-1142
59. WOLF, M.M - “Slab Caster Tundish Configuration and Operation—A Review,” Proc.
Steelmaking Conf., 79 (1996): 367–381.
60. WOLF, M.M “Mold Length in Slab Casting: A Review,” Iron and Steel Maker, 2
(1996):47–51.
61. WOLLMANN, A. M. Estudo de Fluxo em um Distribuidor de Lingotamento Contínuo.
Porto Alegre: Programa de Pós-graduação em Engenharia METALÚRGICA, MINAS
E MATERIAIS DA ESCOLA DE ENGENHARIA DA UFRGS, Dissertação de Mes-
trado, 1999, p. 8 – 29.
62. WOLLMANN, A. M.; FRANCOIS, M. G.; VILELA, A. C. F.; BAS, J.; SOARES, R. B.;
LEAL, P. Modelamento físico do distribuidor de lingotamento contínuo da Aços Finos
Piratini. In: 11o Siminario de Aceria, IAS, 1997, Buenos Aires, p. 143-152.
63. ZHANG, L; TANIGUCHI, S & CAI,K - 2003 - Fluid Flow and Inclusion Removal in
Continuous Casting Tundish - Metal. & Material Trans. B., (2000), 31B(2), 253.
64. ZHANG, M.J; GU, H.Z; A. HUANG, A;. ZHU, H.X & DENG, C. J - Physical And math-
ematical modeling of inclusion removal with gas bottom-blowing In continuous casting
tundish - J. Min. Metall. Sect. B-Metall. 47 (1) B (2011) 37 –
65. ZHANG, L ; THOMAS, B. G ; CAI, K; CUI, J & ZHU, L - Inclusion Investigation during
Clean Steel Production at Baosteel- ISS Tech 2003 (Conf. Proc.), Indianapolis, IN,
USA, April.27-30, 2003, ISS-AIME, Warrendale, PA, 2003, pp. 141-156.
66. Ototani; Calcium Clean Steels; Springer Verlag, 1986
67. Poirier et al, Mechanisms and countermeasures of alumina clogging in submerged
nozzles; 1995 Steelmaking Conference Proceedings, 451-456.
68. Ahlborg, Seven Ways to Shut Down the Caster; 2001 Steelmaking Conference Pro-
ceedings, 1119-1127.
237
CAPÍTULO 10
FLUXO NO MOLDE DE PLACAS
O padrão de fluxo no interior de um molde afeta a transferência de calor à pele, ao pó,
afeta trajetória de bolhas e inclusões, a intensidade de mistura; portanto é determi-
nante à qualidade do produto. No entanto é específico de cada combinação entre 𝑆𝐸𝑁
e geometria do lingotado. Aqui são abordados aspectos típicos de um molde de placas
grossas (0,25m).
A Figura 1 elenca alguns dos diversos fenômenos e eventos que ocorrem no interior
o molde de lingotamento contínuo de placas. Como se nota alguns destes estão as-
sociados ao comportamento fluidodinâmico do aço líquido, tanto na válvula submersa
e como na cavidade do molde e, em particular, na região do menisco.
Este fluido é transferido ao molde e então a velocidade média decai; mas a turbulência
persiste, principalmente nas proximidades dos jatos e na região superficial.
Figura 2: Mecanismos de arraste em molde de placas: 1- Arraste causado pelo escoamento reverso
vindo da face estreita (estacionário) – Instabilidade de Taylor-Saffman; 2- Arraste causado pela velo-
cidade superficial (cisalhamento) vindo da face estreita do molde (fenômeno transiente) – Instabili-
dade de Kelvin-Helmoltz; 3- Arraste causado pela formação de vórtices de Karman, junto a válvula
submersa; 4- Arraste causado pelo rompimento de bolhas de argônio na interface entre o aço e a es-
cória; 5- Arraste causado pela diferença de pressão induzida na direção longitudinal ao longo da vál-
vula submersa.(YAMASHITA & IGUCHI, 2001)
A complexa interação entre fluxo de metal e gás inerte, geometria da SEN (incluindo
possível erosão e deposição de alumina) e do molde definem o padrão de fluxo no
molde. Este se caracteriza por ser de natureza turbulenta e transiente, mas existe, em
geral preferência pelo padrão de fluxo denominado de Duplo Rolo, como se exempli-
fica a seguir.
Esta divisão constitui uma visão simplista da condição de fluxo no interior do molde.
Talvez a principal característica deste seja o fato do fluxo turbulento, o que significa
transiência, mutação. Existem comprovações advindas de modelamentos físicos, con-
firmadas (emuladas em modelos matemáticos) numericamente e em plantas industri-
ais de tal.
239
Figura 3: Zonas de duplo rolo, distribuição instável de fluxo e zona de rolo simples (DAUBY et al,
2001)
Figura 4: Camada de escória e nível médio de aço de acordo com padrão de fluxo
Em concordância com um estado de fluxo turbulento, DAUBY et al. (2001, 2011) re-
porta que as características destas zonas de recirculação são influenciadas pela ins-
tabilidade natural do campo de velocidades nas imediações das portas da válvula sub-
mersa. Esta assimetria periódica é definida pelas dimensões do molde, velocidade de
lingotamento; vazão de argônio, projeto e profundidade de imersão da válvula sub-
mersa.
acordo com sugestão de DAUBY (2011). Nota-se que a instalação da zona de rolo
simples, na região do molde, é favorecida por baixas velocidades de lingotamento.
Enquanto que a instalação de zonas de duplo rolo é favorecida por altas velocidades
de lingotamento e larguras menores da placa.
Figura 7: Diagrama largura da placa versus velocidade de lingotamento mostrando as regiões de ins-
talação dos domínios de rolo simples e duplo rolo, na cavidade do molde de LC (DAUBY et al. 2011)
Figura 8: Relação entre velocidade de lingotamento, vazão de gás pela válvula submersa, ta-
manho do molde e tipo de distribuição de fluxos no interior do molde (THOMAS, 2003)
Duplo Rolo
Alguns dos efeitos de geometria e injeção de gás sobre o padrão de fluxo no molde
são detalhados a seguir.
243
Figura 9: Parâmetros que caracterizam uma válvula submersa (CRAIG et al. 2005)
Figura 10: Comparação entre as distribuições de fluxos medidas e calculadas para dois ângulos dife-
rentes de inclinação das portas da válvula submersa (THOMAS et al. 1990)
244
Figura 11: Efeitos da velocidade de lingotamento, inclinação das portas e profundidade de imersão da
válvula submersa sobre a altura da onda na região do menisco (MISHRA et al. 2012)
Figura 12: Contornos de velocidade do fluxo de líquido no interior de válvulas submersas de diferen-
tes comprimentos (KUBO et al. 2001)
Figura 13: Fenômenos que causam a má qualidade do produto lingotado continuamente (TSUKAGU-
CHI et al. 2010)
A injeção de argônio
A prática de injeção de argônio na válvula submersa visa a inibição da deposição de
inclusões de alumina e também a aspiração de ar, a qual causa a reoxidação e con-
taminação do aço. Na prática operacional, argônio é injetado no molde através de um
refratário poroso ou de orificio na parede da válvula submersa ou válvula gaveta.
THOMAS et al. (1997) apresenta quatro possibilidades de regiões onde é possivel
realizar a injeção de argonio no molde, como apresentado na Figura 14 (argõnio pode
ser injetado também no bico do tampão, se este for o controlador de fluxo).
Figura 14: Esquema do processo de lingotamento contínuo, mostrando distribuidor, válvula submersa,
molde e regiões de injeção de argônio. (THOMAS et al. 1997)
247
Figura 15: Distribuição de fluxos na válvula gaveta: a) sem borbulhamento de argônio; b) com 10% na
fração volumétrica de argônio; c) fração volumétrica (área mais clara tem maior concentração de ar-
gônio) (THOMAS et al. 1997)
Figura 16: Foto modelo físico a) 336l/min de água sem gás b) Imagem vetores gerados pelo
software PIVVIEW (SANTOS jr, 2012)
248
Figura 17: Foto modelo físico a) 336l/min de água e 4Nl/min de ar b) Imagem vetores gerados pelo
software PIVVIEW (SANTOS jr, 2012)
Além de um efeito direto de separação de inclusões no molde, por flotação das mes-
mas, e da alteração do padrão de fluxo no molde, apontam-se duas outras razões
para injeção de gás inerte. A turbulência adicional gerada no interior da válvula retarda
o processo de deposição de alumina, o qual pode levar ao bloqueio parcial ou integral
da válvula submersa, ou a alterações significativas no padrão de fluxo. Sob condições
normais de lingotamento as velocidades de aço no interior da válvula submersa são
altas o bastante para que o sistema funcione como um Venturi, com pontos de pres-
são(relativa) negativa através dos quais ar pode ser succionado e incorporado ao aço,
promovendo reoxidação do mesmo. A introdução de argônio permite elevar a pressão
interna no sistema, contrapondo-se a este efeito.
Figura 18: Contornos de pressão total para três frações de abertura da válvula gaveta
249
Desta forma, de acordo com a Figura 20, com o distribuidor trabalhando em nível me-
nor se pode empregar maior abertura da válvula gaveta, mantendo a vazão, e ob-
tendo-se maior pressão no interior da válvula. Em casos extremos a redução do diâ-
metro da válvula gaveta pode ser empregada como meio de aumentar a pressão.
Resultados semelhantes foram obtidos por THOMAS & BAI, (2000), tal como mos-
trado na Figura 21.
Figura 19: Contornos de velocidade do líquido para três frações de abertura da válvula gaveta
Figura 20: Efeito da taxa de injeção de argônio sobre a pressão no interior da válvula, mantendo-se
velocidade de lingotamento e o nível de aço no distribuidor constantes (BAI et al., 2001).
250
Figura 21: Distribuição de pressão na válvula submersa, predita por modelagem matemática tridimen-
sional: a) plano central ; Pressão ao longo da linha central da SEN (THOMAS & BAI, 2000)
O fluxo de aço líquido no molde normalmente exibe distribuição de duplo rolo, embora
a estrutura correspondente a rolo simples também seja possível. Tem sido mostrado
que, na realidade, a estrutura de fluxo oscila entre vários padrões, em função do ca-
ráter turbulento do fluxo. Este comportamento complexo induz a formação e desen-
volvimento de vórtices em ambos os modos de recirculação, podendo resultar no apri-
sionamento de bolhas e inclusões.
Dauby (2011) argumenta que o padrão de duplo rolo deve ser objetivado; mas também
reconhece a natureza transiente do fluxo. A este respeito, por divergir das descrições
mais comuns, são bastante ilustrativos os trabalhos de Andrzejewski et al(1997). Es-
tes instalaram sensores eletromagnéticos junto as faces largas do molde de modo que
foram capazes de medir a velocidade do aço logo abaixo do menisco (sensores supe-
riores) e na saída da 𝑆𝐸𝑁 (sensores inferiores), Figura 24.
252
Estes autores detectaram dois padrões simétricos de fluxo: rolo simples e rolo duplo,
como mostrado na Figura 24. Além de um padrão assimétrico, denominado Meniscus
Roll (rolo de menisco), presumidamente podendo levar a formação de vórtices, arraste
de inclusões.
Deve-se distinguir entre ângulo da porta (em geral negativo, dirigido para baixo, em
alguns casos, positivo) e ângulo do jato que sai pelas portas. Normalmente, a Força
de Inércia (dirigida de cima para baixo, no interior da SEN) é suficiente forte para
garantir que, qualquer que seja o ângulo da porta, o jato emergente apresente ângulo
negativo. Em função desta constituição, a transição entre a estrutura de rolo simples
até a estrutura de rolo duplo pode ser definida, principalmente, pela profundidade de
imersão, largura da placa e injeção de gás, como já citado. Com baixas profundidades
de imersão não existe espaço para desenvolvimento de rolos superiores. Entretanto
Andrzejewski et al(1997) ressaltam o caráter transiente.
Exemplo: Como já citado existem diferenças significativas entre estes padrões, duplo rolo e
rolo simples. No que diz respeito ao fluxo de calor dirigido do aço para a camada de escória
o aporte característico da estrutura de rolo simples seria maior, garantindo maior taxa de fusão
de pó e menisco mais quente. Entretanto talvez a principal característica do fluxo no molde
seja o fato do fluxo ser turbulento, o que implica em transiência, mutação. Existem comprova-
ções advindas de modelamentos físicos, confirmadas (emuladas em modelos matemáticos)
numericamente e em plantas industriais de tal. A figura seguinte exemplifica um resultado de
modelagem matemática, empregando a técnica LES (Large Eddy Simulation), que é capaz de
descrever o comportamento de redemoinhos pequenos. Neste exemplo, devido a Thomas et
al (2001), o foco é o jato de aço na saída da 𝑆𝐸𝑁. Nota-se a estrutura caótica do jato,
253
Figura: Resultados de Large Eddy Simulation do jato de aço versus valores medidos via PIV.
As figuras seguintes são devidas a Liu et al (2021). Estes autores fizeram medições de velo-
cidade sub-superficial numa máquina de lingotamento de placas, em um ponto específico,
Assim, puderam comparar com os resultados previstos por modelo matemático, alcançando
boa concordância (ao menos neste ponto de medição).
Os resultados, hoje possíveis graças ao avanço da capacidade computacional, são para si-
mulação em regime transiente. A figura mostra o campo médio de velocidades, considerando
os 10s finais de simulação. Nota-se a evidente falta de simetria, visão de um sistema em
transição.
Figura 27: Distribuição de padrões de fluxo em função de alguns parâmetros operacionais, Andrze-
jewski et al (1997).
Uma descrição esquemática dos modos EMLS, EMLA e EMRS é mostrada na Figura 29.
Figura 30: Velocidade de entranhamento versus propriedades do sistema metal escória: 𝛾, tensão inter-
facial metal/escória; ∆𝜌, diferença entre massas específicas; 𝜌ó𝑙𝑒𝑜 , massa específica do óleo; Δ𝑑, espes-
sura da camada de escória; 𝜇ó𝑙𝑒𝑜 , 𝜇á𝑔𝑢𝑎 viscosidades do óleo e da água; g aceleração da gravidade.
Os experimentos sugerem que os fatores sobre os quais de fato se pode atuar são ten-
são interfacial, viscosidade de escória e espessura de filme líquido. Todos através da
química do pó(principalmente) e do aço, além das condições de fluxo de metal no molde.
261
A troca de qualidade no lingotamento contínuo.
Existem vários meios para evitar / minimizar a região de mistura, vide Tabela 3 e 4. O
meio operacionalmente mais simples é lingotar os diferentes tipos de aço como sequên-
cia simples, ou seja, executando apenas uma simples troca de panelas. Este método
evita as perdas de produtividade, porém gera o maior volume de mistura.
Outro método é a troca de distribuidor, este minimiza a perda de produtividade, pois não
requer parar a máquina de lingotamento contínuo e evita a mistura dentro do distribuidor.
A mistura ocorre somente no interior do molde, porém ainda existe a perda de rendimento
devido ao aço remanescente no distribuidor, além do que limita-se a vida média do dis-
tribuidor. Consequentemente o benefício depende da quantidade de mistura a ser evi-
tada.
Tabela 4: Principais métodos para minimizar o volume de mistura gerado durante a troca de qualidade
no lingotamento.
Nível de aço no
Quanto menor o volume de aço no distribuidor e
distribuidor e Minimizar Mistura no
maior a taxa de reenchimento menor o volume de
taxa de reen- Distribuidor
mistura
chimento
Ressalta-se que a contribuição da difusão turbulenta é muito mais importante que a di-
fusão molecular, todas as espécies químicas irão demonstrar comportamento similar.
Logo é possível descrever o processo de mistura a partir da concentração normalizada
de qualquer soluto.
Quaisquer que sejam as hipóteses o mesmo deve ser capaz de prever variações de
composição ao longo da seção reta do lingotado, como indica a Figura 31.
O distribuidor é dividido em três regiões diferentes, Figura 33: volume com escoamento
em pistão, volume de mistura perfeita e volume morto. Os efeitos de diferentes configu-
rações de distribuidor na mistura, para um mesmo volume total, podem ser analisados
através de mudanças nas frações de volume dessas três regiões
264
Figura 32: Variação da velocidade de lingotamento, peso de aço no distribuidor e vazão de aço com o
tempo para uma troca de panelas (THOMAS, 1997)
Os resultados finais obtidos pelo modelo, Figura 34, mostram uma diferença no valor do
adimensional de concentração quando se analisa as regiões da superfície, do meio e do
centro da placa de mistura. Em cada caso, o comprimento da placa de mistura gerada é
diferente.
.
265
Figura 34: Resultado típico obtido pelo modelo desenvolvido por Huang e Thomas (1997).
266
Figura 35: Comparação do resultado previsto pelo modelo para a composição química na placa com os
resultados práticos para uma troca de panelas na Armco – Huang e Thomas (1996).
Exemplo: CRAVO (2006) utilizou um modelo físico para a determinação das curvas de transição
num distribuidor de placas, de dois veios. Destes testes extraiu-se o Tempo Mínimo de residência
no distribuidor, o qual corresponde a um retardo no processo de mistura, e a curva de transição,
a qual define indiretamente a composição do aço em processo de solidificação no molde. Curva
típica de transição para o distribuidor é mostrada na figura seguinte. Os parâmetros de teste
incluíam vazão, razão de reenchimento (razão entre vazão durante reenchimento e vazão nomi-
nal), nível mínimo, presença de controlador de fluxo.
A curva de transição no Distribuidor pode ser reproduzida após análise via regressão múltipla,
dos dados experimentais em função dos parâmetros citados; estas correlações fornecem ex-
pressões do tipo:
Figura: Curva de transição, na saída do distribuidor, considerando vazão de 2 x 4,32 ton/min, razão de
reenchimento 1,43 e nível mínimo 22 ton.
267
Para um completo modelamento de toda região de mistura faz-se necessário além da determi-
nação da mistura no distribuidor, conhecer o comportamento do efeito da mistura de aço no
interior do molde. De acordo com este modelo, sendo Co a concentração de um dado elemento
de interesse referente à panela que se esgota e sendo C1 a concentração referente à panela
que entra em regime de vazamento a curva 𝐹 de transição é dada por
𝐶 − 𝐶𝑜
𝐹=
𝐶1 − 𝐶𝑜
Admite-se ainda que o processo de solidificação – formação da pele no molde – pode ser descrito
pela equação semi-empírica
𝑑(𝑚𝑚) = 𝐾 √𝑡(𝑚𝑖𝑛)
onde 𝑑 indica espessura de pele, 𝑡 o tempo de extração de calor e 𝑘 uma “constante da máquina”,
função das condições de resfriamento e, usualmente, com valor em torno de 25. Portanto, desde
que numa dada área de seção reta se superpõem camadas de sólido formadas em instantes
diferentes é possível observar, a partir do instante de abertura da segunda panela, uma gradação
de composição tal como sugerida na figura seguinte. De acordo com a mesma, valores crescen-
tes de F são notados desde a periferia até o centro, isto é a transição se completa primeiro nas
regiões centrais.
Figura: Perfil esquemático de composição na área de seção reta, após início de transição.
onde representam 𝑉𝑝𝑜𝑜𝑙 , o volume de líquido no interior do molde [m3]; 𝑄, a vazão volumétrica
de aço, [m3/s]; 𝐹𝐸 , a composição adimensional do aço que entra na poça, isto é a composição
do efluente do distribuidor tal como determinada pela curva de transição do distribuidor; 𝐹, a
composição no interior da poça. A expressão admite que a vazão de entrada deve ser igual à
268
vazão de saída em regime macroscopicamente permanente, e pode ser utilizada para atualizar
a composição do líquido na poça – frente de solidificação – desde que 𝑉𝑝𝑜𝑜𝑙 pode ser facilmente
calculado por integração ao longo do eixo longitudinal, admitindo crescimento de pele de acordo
com a formula semi-empírica já citada.
Neste caso, num dado instante t após o início de transição o centro da placa se solidifica à pro-
fundidade M com composição F, ao passo que a porção exterior da pele teria se formado no
instante 𝑡 − 𝑇𝑆𝑂𝐿 com composição F´, defasada em relação ao núcleo de acordo com a curva
de transição da poça, vide figura seguir. As posições intermediárias correspondem tempos inter-
mediários e composições intermediárias e o tempo de solidificação se estima como
𝐸𝑆𝑃 𝑥 1000 2
𝑇𝑆𝑂𝐿 = { } 60
𝐾
Referências
1.
2. ARAÚJO JÚNIOR, E. S; GASPARIN, V. M; SILVA, C. A; SILVA, I. A; CARVALHO
FILHO, H. C; MANSUR, F; PERIN, C. A; SESHADRI - Avaliação das Condições de Tur-
bulência na Região do Menisco do Molde de LC, Via Modelagem Física E Matemática.
Contribuição técnica ao 41º Seminário de Aciaria – Internacional, 23 a 26 de maio de
2010, Resende, RJ, Brasil.
3. ARAÚJO JÚNIOR, E. S;SILVA, C. A; SILVA, I. A; MOREIRA, L. P; COSTA, L.F.P
& ; SESHADRI - Otimização Da Distribuição De Fluxos Do Aço Líquido Na Região Do
Menisco Do Molde De Placas De Uma Máquina De Lingotamento Contínuo- Contribuição
técnica ao 42º Seminário de Aciaria – Internacional, 15 a 18 de maio de 2011, Salvador,
BA, Brasil.
4. CONTINI, A.C - Estudo do fenômeno de clogging na região da válvula tampão por
meio da dinâmica dos fluidos computacional. Dissertação de mestrado em Engenharia,
UFRGS, 2011
5. CRAIG, K.J; HAARHOFF, L.J; PRETORIUS, C.A & WET, G.J - Design Optimiza-
tion of a Submerged Entry Nozzle for Minimum Meniscus Turbulent Kinetic Energy. 6th
World Congresses of Structural and Multidisciplinary Optimization Rio de Janeiro, 30 May
- 03 June 2005, Brazil, p. 1-10
6. CRAMB, A. E - Oxide Defects that are Found in Continuous Product. Brimacombe
Continuous Casting Course, May 14th , Vancouver, Canada, 2007
7. CRAVO, V. de O. Modelamento Matemático da Zona de Mistura de Aços em Lingotamento
Contínuo. Dissertação (Mestrado) — Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, MG, Brasil, Se-
tembro 2006.
270
8. DAUBY, P.H., KUNSTREICH, S., NOVÉ, M.C., YVES, D., Electromagnetic stirring,
what for what? part 1: billets and blooms, International steelmaking conference, 2002, p.
491-504
9. DAUBY, P.H ; ASSAR, M.B & LAWSON, G.D - Voyage dans une lingotière de
coulée continue. Mesures laser et électromagnétiques de l'hydrodynamique de l'acier *
La Revue de Métallurgie-CIT Avril 2001, 353-366
10. DAUBY, P. H - Real Flows in Continuous Casting Molds. AISTTransactions, Iron and
Steel Technology, Vol. 8, No. 6, 2011, p. 152-160
11. FORMAN, B., YAVUZ, M. M., THACKER, J., TSAI, T. Optimization of a Sub-
merged Entry Nozzle Design to Reduce Non-Metallic Inclusions in Line Pipe Steel -
AISTech 2010 May, Pittsburgh, PA Proceedings Volume II pp. 53-62.
12. HOFFKEN, E; LAX, H & PIETZKO, G -“Development of Improved Immersion Noz-
zles for Continuous Slab Casting,” in 4th Int. Conf. Continuous Casting, 2 (Brussels, Bel-
gium: Stahl Eisen, 1988), 461–473.
13. HUANG & THOMAS, B.G. Intermixing model of continuous casting during a grade
transition, Metallurgical Transactions B, Vol 27B, no 3, pp 617-632, Aug 1996.
14. HUANG, X - Modeling of Transient Flow Phenomena in Continuous Casting of
Steel - Canadian Metallurgical Quarterly, Vol. 37, No. 304, 1998, pp. 197-212.
15. HUANG, X & THOMAS, B.G - Modeling Transient Flow Phenomena in Continuous
Casting of Steel. in 35th Conference of Metallurgists, 23B, C. Twigge-Molecey, eds., Mon-
treal, Canada: CIM, 1996, pp 339-356.
16. HUANG, X & THOMAS, B.G & NAJJAR, F.M - . Modeling Superheat Removal
during Continuous Casting of Steel Slabs. Metallurgical Transactions B, 23B: (6): 1992,
pp 339- 356
17. HUANG, X & THOMAS, B. G - Intermixing Model of Continuous Casting During a
Grade Transition. Metallurgical Transactions B, 27B: (4): 1996, pp 617-632.
18. HUANG, X & THOMAS, B. G. Modeling of Steel Grade Transition in Continuous
Slab Casting Processes. Metallurgical Transactions, 24B: 1993, pp 379-393.
19. INOUE, S & OGATA, M - “MOGUL” Lined Submerged Entry Nozzle. AISTech 2005
Proceedings, vol. II, p. 1994-200
20. JACOBI, H.; EHRENBERG, H-J & WUNNENBERG, K - Developement of the
Cleanness of Different Steels for Flat and Round Products. Stahl und Eisen, 1998.
118(11): p. 87-94.
21. JAVUREK; M; BRUMMAYER, M;. WINCOR, R & KAUFMANN, B - Numerical and
experimental study of continuous casting mold flows with high gas loading, 2005.
htp://140.78.134.102/ftp/HomepageDownload/ Publications/ vPapers/Javurek/2005-
steelsim-javurek.pdf
22. JAVUREK M., GITTLER PH., RÖSSLER R., KAUFMANN B., PREßLINGER H.:
Simulation of Nonmetallic Inclusions in a Continuous Casting Strand, steel reasearch int.
76, No. 1, 2005
23. JAVUREK, M; THUMFART, M & WINCOR, R - On Flow Pattern and Pressure
inside SEN below Stopper Rod - Process Metallurgy steel research int. vol. 81, No. 1,
2010, p. 1-9
24. KAMAL, M & SAHAI, Y - A Simple Innovation in Continuous Casting Mold Tech-
nology for Fluid Flow and Surface Standing Waves Control - ISIJ International, Vol. 46
(2006), No. 12, pp. 1823–1832
25. KLOSTERMANN, J; CHAVES, H & SCHWARZE, R – Investigation of the Gas-
Liquid Flow in a Stopper Rod Controlled SEN. Steel Rea=search International, vol. 78,
no. 8, 2007, p. 595-601
26. KUBO, N; KUBOTA, J & ISHII, T - Simulation of Sliding Nozzle Gate Movements
for Steel Continuous Casting - ISIJ International, Vol. 41 (2001), No. 10, pp. 1221–1228
27. LINDENBERG, H.U : Stahl Eisen., 1999, vol. 119 (5), pp. 79–86.
271
28. MILLS, K. C & FOX, A.B - Review - The Role of Mould Fluxes in Continuous
Casting—So Simple Yet So Complex - ISIJ International, Vol. 43 (2003), No. 10, pp.
1479–1486
29. MISHRA, P; AJMANI, S.K; KUMAR, A & SHRIVASTAVA, KK - Review article on
physical and numerical modelling of sen and mould for continuous slab casting Interna-
tional Journal of Engineering Science and Technology (IJEST). Vol. 4 No.05 May 2012,
p. 2234-2243
30. MISHRA, P; AJMANI, S.K; KUMAR, A & SHRIVASTAVA, KK - Experimental in-
vestigation of SEN and mould for continuous slab caster by physical modeling. Interna-
tional Journal of Engineering Science and Technology (IJEST). Vol. 4 No.05 May 2012,
p. 2248-2258
31. RACKERS, K - Mechanism and Mitigation of Clogging in Continuous Casting Noz-
zles- Masters Thesis, University of Illinois, 1995.
32. RIZZO, E. M. S. Introdução aos processos de lingotamento dos aços: São
Paulo: Associação Brasileira de Metalurgia e Materiais, 2006.
33. SÁNCHEZ-PÉREZ, R; MORALES, R.D.; GARCÍA-DEMEDICES, L; RAMOS, J.P
& DÍAZ-CRUZ,M - Dynamics of Coupled and Uncoupled Two-Phase Flows in a Slab
Mold - Metallurgical and Materials Transactions B, vol. 35B, February 2004, p. 85 – 99
34. SANTOS JÚNIOR, P. L - Distribuição de gás inerte dentro do sistema de refratário
durante o lingotamento contínuo de placas: modelo físico e matemático. Dissertação de
Mestrado em Engenharia Metalúrgica e de Materiais, REDEMAT, UFOP, 2012-12-08
35. SU, Z; LI, D; SUN, L; MARUKAWA, K & HE, J. -Numerical simulation of swirling
flow in immersion nozzle induced by a rotating Electromagnetic field in round billet con-
tinuous casting of steel. Acta Metall Sininica 2010, Vol. 46, Issue (4): 0479
36. SUZUKI, M; YAMAOKA,Y; KUBO, N & SUZUKI, M - Oxidation of Molten Steel by
the Air Permeated through aRefractory Tube. ISIJ International, Vol. 42 (2002), No. 3, pp.
248–256
37. SUZUKI, H. YOSHIMURA, Y; OGATA, M &. IMAI, N - Structure of Porous Upper
Nozzle for Tundish and Gas Bubble Behavior. Shinagawa Technical Report, 2003.
38. WANG, Z; MUKA, K & IZU, D - - Influence of Wettability on Fluid Flow inside the
Nozzle the and Behavior of Argon Bubbles and Mold - ISIJ International. Vol. 39 (1 999),
No. 2, pp. 154-163
39. WANG, Z; MUKAl, K; MA, Z; NISHI, M; TSUKAMOTO, H & SHI, F - Influence of
Injected Ar Gas on the Involvement of the Mold Powder under Different Wettabilities
between Porous Molten Steel Refractory molt steel. ISIJ International, Vol. 39, No. 8,
1999, pp. 795-803
40. THOMAS, J. B - Fluid Flow in Slab Mould. in Brimacombe Continuous Casting
Course. Vol. II. Vancouver, Canada, may 16 to 20, 2005
41. THOMAS, B.G - Chapter 5 - Modeling of Continuous Casting. The AISE Steel
Foundation,, 2003, p. 1- 24
42. THOMAS, B. G - Slab Mold Taper – Brimacombe Continuous Casting Course,
volume II, Vancouver, Canada, 2005
43. THOMAS, B.C., LUI, D & HO, B -. Effect of Transverse and Oscillation Marks on
Heat Transfer in the Continuous Casting Mold. in Applications of Sensors in Materials
Processing, V. Viswanathan, eds., Orlando, FL: TMS, Warrendale, PA, 1997, pp 117-
142.
44. TSUKAGUCHI, Y; HAYASHI, H & KURIMOTO, H; YOKOYA, S; MARUKAWA, &
TANAKA, T - Development of Swirling Flow Submerged Entry Nozzles for Round Billet
and Slab Casting. ISIJ International, Vol. 50, No. 5, 2010, pp. 721–729
45. THOMAS, B.G & BAI, H - Tundish Nozzle Clogging –Application of Computational
Models - 18rd Process Technology Division Conference Proceedings, (Baltimore, MD,
March 25-28, 2001), Vol. 18, Iron and Steel Society, Warrendale, PA, 2001, pp 895-912.
272
46. THOMAS, B.G & BAI, H - Effects of Clogging, Argon Injection and Casting Condi-
tions on Flow Rate and Air Aspiration in Submerged Entry Nozzles 83rd Steelmaking
Conference Proceedings, (Pittsburgh, PA, March 26-29, 2000), Vol. 83, Iron and Steel
Society, Warrendale, PA, 2000. pp. 183-197
47. THOMAS, B.G; MIKA, L.J & NAJJAR, F.M - Simulation of Fluid Flow inside a Con-
tinuous Slab-Casting Machine. Metallurgical Transactions B, vol. 21B, April 1990, p. 387-
400
48. YAMASHITA, S & IGUCHI, M - Mechanism of Mold Powder Entrapment Caused
by Large Argon Bubble in Continuous Casting Mold - ISIJ International, Vol. 41 (2001),
No. 12, pp. 1529–1531
49. YUAN, F. Numerical simulation of Al2O3 deposition at a nozzle during continuous
casting. Journal of the University of Science and Technology Beijing, Vol 15, Number 3,
2998, p. 227-235.
50. YANG, Y; SU, Z; HE, J; JÖNSSON, P & NAKAJIMA, K - Numerical Simulation
on the Application of An Electromagnetic Swirling Flow and Heat Transfer in Continuous
Casting of Steel. Department of Materials Science and Engineering Royal Institute of
Technology (KTH) Stockholm, Sweden. www.cleansteel8.com/
51. YOKOYA, S; ASAKA, Y; HARA, S & . SZEKELY, J- Control of Immersion Nozzle
Outlet Flow of Swirling Flow in Continuous Casting Pattern through the Use - ISIJ Inter-
national, Vol. 34 (1994). No. 11, pp. 883-888
52. YOKOYA, S; WESTOFF, R; ASAKA, Y; HARA, S & SZEKELY. Numerical Study
of Immersion Nozzle Outlet Flow Partner with Swirling Flow in Continuous Casting. ISIJ
International, Vol. 34 (1 994), No. 11, pp. 889-895
53. ZHANG, L; YANG, S; CAI, K; JIYING LI, J; WAN, X & THOMAS, B.G - Investi-
gation of fluid flow and steel cleanliness in the continuous casting strand - Metallurgical
and Materials Transactions B, Vol. 38B, No. 1 (Feb.), 2007, pp. 63-83.
54. ZHANG, L; AOKI, J & THOMAS, B.G – Inclusion Removal by Bubble Flotation in
Continuous Casting Mold. Metallurgical and Materials Transactions B. vol. 37b, June
2006 , p. 361-379
55. Andrzejewski et al, Mould Flow Monitoring at No.3 Slab Caster, 1997 STEELMAK-
ING CONFERENCE PROCEEDINGS, 153-157).
THOMAS, B.J, ZHANG L,. Mathematical Modeling of Fluid Flow in Continuous
Casting, ISIJ International, vol 41(2001), no 10, pp 1181-1193.
Liu. Y., Yang, J., Huang, F., Zhu K., Liu, F., Gong, J., Comparison of the Flow
Field in a Slab Continuous Casting Mold between the Thicknesses of 180 mm and 250
mm by High Temperature Quantitative Measurement and Numerical Simulation, Metals
2021, 11, 1886
56.
273
CAPÍTULO 11
Figura 1: Vetores velocidade em molde de tarugo redondo (Ho et al, 2003), para três imersões
e duas velocidades. I representa imersão da 𝑆𝐸𝑁
274
Figura 2: trajetória de inclusões de acordo com seu tamanho (em microns), para velocidade de
1,5m/min e imersão de 0,08m (Ho et al, 2003).
Existem razões para que o fluxo num molde de tarugos não seja simétrico:1 – a
natureza ondulatória do jato livre, quando o molde não é alimentado com uma
𝑆𝐸𝑁; assimetria de fluxo trazida por erosão da 𝑆𝐸𝑁 ou deposição de inclusões;
curvatura do molde; movimento de rotação provocado pela geometria da 𝑆𝐸𝑁 ou
por sistemas eletromagnéticos.
Figura 4: dimensões (em mm) das válvulas submersas, de acordo com Torres-Alonso (2008)
276
Figura 6: Assimetria de fluxo (CFD) num molde de tarugos, creditada à curvatura de molde
(Torres-Alonso, 2008)
277
Figura 7: Campo de velocidades num plano horizontal a 20mm do menisco, para as válvulas
com 60mm ((a) e (b)) e 80mm ((c) e (d)) e duas profundidades de imersão (80mm e 135mm),
Torres-Alonso (2008)
Figura 8: Campo de velocidades na direção perpendicular à 𝑆𝐸𝑁 , para a válvula com 60mm de
diâmetro interno, 90mm de imersão. Resultados de PIV, numa sequencia com 1s de intervalo,
Torres-Alonso (2008)
278
Figura 11: Influência de a) corrente (para vários teores de carbono e frequência 6Hz) e b) de
frequência (0,26% e 6Hz; 0,29% e 4Hz) sobre a fração de grão equiaxiais no lingote, dos
Santos (2003).
Figura 12: Resultado comparativo, ade aplicação de 𝑀 − 𝐸𝑀𝑆 num molde de tarugos (Zhang,
2019), visão 3-D e 2-D(plano vertical passando pelo centro do molde).
Figura 13: Influência da corrente de agitação sobre a profundidade de jato, velocidade e perfil
de temperatura de aço no molde (Zhang, 2019)
282
Figura 14: Desenvolvimento da pele e perfil de composição (%C) no plano central, em função
da corrente no agitador
Como esperado a válvula tubular simples (A) produz um menisco mais calmo; as
maiores velocidades são na periferia do bloco, com a válvula (C), Figura 17.
Então uma solução de compromisso deve ser alcançada, entre menisco pouco
ativo e frio (com baixa capacidade de fusão de pó fluxante), e entranhamento de
escória no caso de velocidades excessivas.
284
Figura 16: Influência de geometria da 𝑆𝐸𝑁 sobre o perfil de temperatura num molde de blocos,
Sun(2011).
Como esperado a válvula tubular simples (A) produz um menisco mais calmo; as
maiores velocidades são na periferia do bloco, com a válvula (C), Figura 17.
Então uma solução de compromisso deve ser alcançada, entre menisco pouco
ativo e frio (com baixa capacidade de fusão de pó fluxante), e entranhamento de
escória no caso de velocidades excessivas.
285
Figura 19: Campo de velocidades na seção vertical central ao bloco: a) sem 𝑀 − 𝐸𝑀𝑆 b) com
𝑀 − 𝐸𝑀𝑆, 300A e 3Hz
Figura 20: valores de velocidade tangencial num plano horizontal situado no centro do agitador
287
Figura 22: Fração de zona equiaxial e grau de segregação como função dos parâmetros
elétricos do agitador.
Figura 23: Esquema de SEM para indução de fluxo rotativo no topo do molde de Blocos, Sun
(2018).
Referências:
Torres-Alonso et al; Influence of Straight Nozzles on Fluid Flow in Mold and Billet
Quality, Metallurgical Transactions B, VOLUME 39B, DECEMBER 2008—840 a
852
Garcia Hernandez et al, Multiphase modelling of liquid steel transfer from tundish
to curved billet mould by open stream and equipped with 𝑆𝐸𝑁; Ironmaking and
Steelmaking 2013 VOL 40 NO 5 326-334
Zhang et al, Numerical Simulation of Fluid Flow, Heat Transfer, Species Transfer,
and Solidifcation in Billet Continuous Casting Mold with 𝑀 − 𝐸𝑀𝑆, Metals, 2019,
9,66
291
Sun et al, Effect of Feeding Modes of Molten Steel on the Mould Metallurgical
Behavior for Round Bloom Casting; Haibo SUN, Jiaquan ZHANG, ISIJ
International, Vol. 51 (2011), No. 10, pp. 1657–1663
Yang et al, Effect of Electroma g netic Stirring on Molten Steel Flow and
Solidification in Bloom Mold; Zhen-guo YANG, Bao WANG, Xiao-feng ZHANG,
Ya-tao WANG, Hong-biao DONG, Qing LIU; JOURNAL OF IRON AND STEEL
RESEARCH,INTERNATIONAL,2014, 21(12), 1095-1103.
Sun et al; Novel Opposite Stirring Mode in Bloom Continuous Casting Mould by
Combining Swirling Flow Nozzle with 𝐸𝑀𝑆; Haibo Sun, Liejun Li, Chengbin
Liu;Metals 2018, 8, 842; doi:10.3390/met8100842.
292
CAPÍTULO 12
PROCESSOS ESPECIAIS
Como já citado os processos de lingotamento de aço costumam ser divididos em
Convencionais (descontínuos, de batelada) e Contínuos. Os primeiros ocupam
um nicho importante, normalmente reservado para peças especiais, de grandes
dimensões, Figura 1.
Um exemplo deste tipo de processo deve sua implantação à NUCOR (USA), com
projeto da Danielle (Borsi, 1998). A máquina descrita lingota em dois veios, a
partir de panelas de 220 toneladas, placas que têm 90mm de espessura na saída
do molde; a espessura é posteriormente reduzida a 70mm num segmento de
rolos projetado para Soft Reduction. O molde tem forma especial, de funil, que
permite a utilização de 𝑆𝐸𝑁 convencional, mantendo-se alta estabilidade do
menisco, baixa turbulência, transferência uniforme de calor no molde, baixa
intensidade de esforços sobre a pele. A máquina foi projetada para lingotar
placas com largura de 800 a 1600 mm, espessura de 90 mm com soft reduction
a 70 mm, com velocidades de 2,8 a 5,5 m/min. A variedade de aços produzida
inclui Baixo Carbono (até 0,08% C), Peritéticos (0,09 a 0,16% C), Médio Carbono
(0,17 a 0,30% C), Alto Carbono (0,31 a 0,50%C) e HSLA (High Strength Low
Alloy, alta resistência baixa liga).
Zhou (2018) reporta a produção de placas finas, de aços tipo API (American
Petroleum Institute), para a fabricação de tubos para a indústria petrolífera. O
aço é refinado em BOF de 260 toneladas de capacidade e passa por refino
secundário em forno panela, onde o teor de enxofre é reduzido a menos de
0,005%. Devido aos altos teores de Carbono e Manganês, Soft Reduction,
294
Figura 7: Assimetria de fluxo (CFD) num molde com funil e válvula bifurcada.
Lingotamento de Tiras
Lingotamento de tiras pertence à categoria NNS (Near Net Shape), que produz
tiras diretamente do metal líquido. O motto para o desenvolvimento do processo
inclui: redução de etapas de processamento com consequente economia de
energia e mão de obra; redução em custos de investimento, redução em
impactos ambientais, Figura 10. Henry Bessemer apresentou, em 1846, uma
proposta de máquina de lingotamento contínuo para aços, Figura 11. As tiras de
aço seriam lingotadas entre dois cilindros refrigerados a água. As dificuldades
técnicas de implementação (alimentação de metal, contenção lateral e
qualidade), naquela época, tornaram o processo inviável ao lingotamento de
aços (que passou a ser utilizado para não ferrosos de baixa temperatura de
fusão).
Figura 10: Impactos ambientais, lingotamento contínuo de placas vs de tiras (in Karnitsch-
Einberger. In ABM, Lingotamento Contínuo de Placas)
300
Figura 11: Máquina proposta por Bessemer, para lingotamento contínuo de aços.
𝛿 = 𝐾 √𝑡
𝑉= 𝜔𝑅
𝛿 = 𝐾 √(𝜃 − 𝜑)⁄𝜔
Finalmente se encontra
𝑅+ 𝛿 𝑅 + 𝐾 √(𝜃 − 𝜑)⁄𝜔
cos 𝜑 = =
𝑅 + 𝑒⁄2 𝑅 + 𝑒⁄2
𝑅 + 𝑒⁄2
% 𝑅𝑒𝑑𝑢çã𝑜 = 100 𝑥 [1 − ]
𝑅+ 𝛿
Os rolos ficam sujeitos a um ciclo térmico extremo (na região de contato com o
metal a taxa de extração de calor pode ser da ordem de 15MW/m2) e logo a vida
dos rolos depende tanto das propriedades do material constituinte como da
frequência do ciclo. A frequência por sua vez é determinada pelo diâmetro do
rolo e pela velocidade de lingotamento pretendida. Rolos de maior diâmetro
levam a: maiores custos de construção e operação; maior custo das contenções
laterais de cerâmica; maior esforço de separação; maior produtividade da
máquina, ver Figura 14; maior volume de material líquido no molde e logo maior
estabilidade de nível.
Figura 14: Produtividade relativa da máquina EuroStrip em função do raio dos rolos (100%
equivale a rolos de 1500mm de diâmetro, tiras de 2mm de aço inox, 500000 ton/ano)
Figura 15: microestrutura de tira (2mm de espessura) Al-Cu (33%) produzida em TRC, em
função do superheat (30L, 50K e 70K) a 0,8 m/s (100 rpm) ;( Sahoo, 2016)
Uma outra variante para a produção direta de tiras utiliza uma cinta metálica
rotativa como substrato para solidificação, ver Figura 19. A contenção lateral é
feita com uma corrente de blocos de cobre refrigerados a água, que acompanha
o movimento da cinta. O resfriamento primário é indireto, por sprays, através da
cinta metálica. Para acelerar o resfriamento, e criar uma frente de solidificação
306
na parte superior da tira, gases (mistura Argônio - CO2) são aspergidos sobre a
tira. Ao contato com CO2 o teor de carbono em um fino filme metálico superficial
é reduzido, levando à sua solidificação e à criação de um substrato para
nucleação de grãos.
Vários tipos de aço podem ser produzidos via Strip Casting. Alguns tipos de aços
com altos teores de elementos de liga, tais como TRIP (Transformation-Induced
Plasticity), TWIP (Twinning-Induced Plasticity) e TRIPLEX (matriz austenítica
com pequenas frações de ferrita e carbetos κ nanodispersos), podem conter
mais de 20% de manganês, silício e alumínio. A propensão a que estes aços
reajam com os componentes do pó fluxante, alterando significativamente suas
propriedades é alta. Nestes casos um processo como o de lingotamento em cinta
seria o indicado.
Figura 19: Direct Strip Casting, planta piloto (Direct Strip Casting: An option for the production
of HSD steel grades; M. Schaperkotter et al)
O beam blank é um Near net Shape que possui a seção transversal com um
formato de “osso de cachorro”, usado principalmente na fabricação de
estruturas. Uma opção alternativa para a fabricação deste perfil, quando não se
tem o lingotamento diretamente em pré-forma, é via laminação de tarugos ou
307
Figura 20: formato da seção transversal de Beam Blank e suas regiões; a) esquema; b) foto
Figura 21: Perfil de temperatura em molde de beam blank calculado por Hibelleret al. (2008)
308
Figura 22: Vista de topo de um molde de beam blank com duas válvulas tubulares.
Por meio de simulação computacional, Lee et al. (2000) descreveram, Figura 23,
a circulação do liquido em moldes de beam blank com a configuração descrita e
concluíram que na saída destas válvulas o fluido se propaga ao longo do molde
e descreve um padrão parabólico, recirculando para as bordas do flange, assim
como para a alma. Na região do menisco, o fluido se move da alma para a ponta
do flange, em direção perpendicular ao jato. Na região central do flange não se
observou recirculação de fluido.
Figura 23: Padrão esquemático de fluxo em lingotamento de beam blank para velocidade de
1m/min (Lee et al, 1998)
Figura 24. Gráfico de velocidade no menisco na linha de simetria para válvula e Mapa vetorial
na região do menisco: (superior) Uma tubular (inferior) Duas tubulares.
Por este motivo outras geometrias de 𝑆𝐸𝑁 tem sido propostas. A Figura 25 ilustra
uma delas, com três orifícios laterais, dois menores dirigidos às flanges, um
maior dirigido à alma.
311
Esta análise ilustra como, num molde de lingotamento contínuo, geometria, fluxo
de metal e fluxo térmico estão entrelaçados. Análise mais completa pode incluir
estimar a espessura local do gap, a fricção entre molde e pele e os esforços
mecânicos tanto sobre a pele como sobre o molde.
313
Referências
Borsi, R. ; Direct thin slab rolling at Algoma; Iron and Steel Engineer May 1998,
pp 62-64.
Chen, W., Zhang, Y.Z., Zhang, C. J., Zhu, L.G., Wang, S.M., Wang, B.X., Ma,
J.H., Lu, W.G. Thermomechanical analysis and optimization for beam blank
continuous casting. IronMaking and Steelmaking. vol 35,N°2, p. 129-136 2008.
Guthrie , R.I.L., STEEL STRIPS-The Long and Winding Road, ICS Proceedings
2005, pp 691-701.
Lee, J.E., Yeo, T.J., OH, K.H., Yoon, J.K., Yoon, U.S., Prediction of Cracks in
Continuously Cast Steel Beam Blank through Fully Coupled Analysis of Fluid
Flow, Heat Transfer, and Deformation Behavior of a Solidifying Shell.
Metallurgical and Materials Transactions A, vol 31 A, p.225-237, 2000.
Lee, J-E., Yoon, J-K., Han, H.N. 3-dimensional Mathematical Model for the
Analysis Beam Blank Casting Using Body Fitted Coordinate of Continuous
System. ISIJ International Vol 38, N° 2, págs: 132 – 141, 1998.
Park, J.K. , Thermal and Mechanical Behavior of Copper Molds during Thin-Slab
Casting (I): Plant Trial and Mathematical Modeling, METALLURGICAL AND
MATERIALS TRANSACTIONS B VOLUME 33B, 2002
314
Yan, Z. Study on temperature field for copper plate funnel shape mould;
Ironmaking and Steelmaking, 2014,VOL 41,No 3, pp 206-212.