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eISSN 2179-426X

10.26843/rencima.v12n1a12

Estado de conhecimento sobre a abordagem documental do didático


em pesquisas na Língua Portuguesa

Adriana de Oliveira Dias1


Chrystian Bastos de Almeida2
Celina Aparecida Almeida Pereira Abar3

Resumo: Esse estudo tem como objetivo apresentar um estado de conhecimento de


pesquisas publicadas na Língua Portuguesa, no contexto da abordagem documental do
didático na concepção de Gueudet e Trouche (2009). A tarefa de selecionar, modificar e
adequar ou criar um recurso caracteriza-se como uma construção documental do professor.
A abordagem documental do didático (DAD) estuda os processos que possibilitam o
desenvolvimento de documentos para o ensino, analisando a ação do professor por meio
de seus esquemas mobilizados. Analisar a atividade dos professores através do trabalho
de documentação requer levar em consideração a variedade de recursos que compõem e
são produzidos na sua prática docente e a variedade de interações, sejam elas coletivas,
institucionais e sociais, que podem influenciar em suas escolhas. Esses aspectos foram
considerados na análise de quinze pesquisas selecionadas, por meio de cinco categorias
previamente determinadas e que permitiram uma melhor compreensão das etapas
percorridas no contexto da DAD.
Palavras-chave: Gênese Documental. Estado do Conhecimento. Recursos Docentes.

State of knowledge on the documental approach to didactics in


Portuguese Language research
Abstract: This study aims to present a state of knowledge of research published in
Portuguese Language, in the context of the documental approach of the didactic in the
conception of Gueudet and Trouche (2009). The task of selecting, modifying, and adapting
or creating a resource is characterized as a documental construction of the teacher. The
didactic documentary approach (DAD) studies the processes that enable the development
of documents for teaching, analyzing the teacher's action through his mobilized schemes.
Analyzing the activity of teachers through documentation work requires taking into account
the variety of resources that compose and are produced in their teaching practice and the
variety of interactions, whether they are collective, institutional and social, that can influence
their choices. These aspects were considered in the analysis of fifteen selected studies,
through five previously determined categories that allowed a better understanding of the
steps taken in the context of DAD.
Keywords: Documentary Genesis. State of Knowledge. Teaching Resources.

1 Doutoranda em Educação Matemática (PUC-SP). Professora da Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT),
campus Alto Araguaia. Mato Grosso, Brasil.  adrianadias@unemat.br https://orcid.org/0000-0002-9415-9500
2 Doutorando em Educação Matemática (PUC-SP). Professor da Secretaria da Educação do Estado da Bahia (SEE-BA).

Bahia, Brasil.  chrystian.bastos.irara@gmail.com https://orcid.org/0000-0002-5062-0836


3 Doutora em Matemática. Professora do Programa de Estudos Pós-Graduados em Educação Matemática da Pontifícia

Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). São Paulo, Brasil.  abarcaap@pucsp.br https://orcid.org/0000-
0002-6685-9956

Recebido em 03/11/2020 | Aceito em 06/12/2020 | Publicado em 12/02/2021


Estado del conocimiento sobre el enfoque documental de la didáctica
en investigaciones en Idioma Portugués
Resumen: Este estudio tiene como objetivo presentar un estado de conocimiento de
investigaciones publicadas en Idioma Portugués, en el contexto del enfoque documental de
la didáctica en la concepción de Gueudet y Trouche (2009). La tarea de seleccionar,
modificar y adaptar o crear un recurso se caracteriza como una construcción documental
del docente. El enfoque documental didáctico (DAD) estudia los procesos que posibilitan la
elaboración de documentos para la docencia, analizando la acción del docente a través de
sus esquemas movilizados. Analizar la actividad de los docentes a través del trabajo de
documentación requiere tener en cuenta la variedad de recursos que componen y se
producen en su práctica docente y la variedad de interacciones, ya sean colectivas,
institucionales y sociales, que pueden influir en sus elecciones. Estos aspectos fueron
considerados en el análisis de quince estudios seleccionados, a través de cinco categorías
previamente determinadas que permitieron comprender mejor los pasos dados en el
contexto del DAD.
Palabras clave: Génesis documental. Estado del conocimiento. Recursos didácticos.

Introdução

O professor, em sua prática docente, deve estar alinhado com o currículo e a


metodologia de ensino da escola e no desenvolvimento de suas atividades, assim, ele
utiliza inúmeros recursos, que podem ser livros didáticos, softwares, materiais concretos,
pesquisa na internet, instrumentos de medida, laboratoriais, dentre outros. Segundo
Bellemain e Trouche (p. 116, 2019), os trabalhos de Adler (2000) propõem uma ampla
noção de recursos, como tudo o que reabastece a atividade do professor, aparecem
particularmente produtivos e são amplamente reconhecidos internacionalmente.
A tarefa de selecionar, modificar e adequar ou criar um recurso caracteriza-se como
o trabalho documental do professor. A abordagem documental do didático estuda os
processos que possibilitam a construção de documentos para o ensino, analisando a ação
do professor por meio dos esquemas mobilizados.
A DAD foi introduzida por Ghislaine Gueudet e Luc Trouche (GUEUDET; TROUCHE,
2009), e foi desenvolvida em trabalhos conjuntos com Birgit Pepin (GUEUDET; PEPIN;
TROUCHE, 2012).
Essa abordagem considera a diversidade de recursos que podem ser incorporados
no trabalho documental do professor, o qual consiste em um coletivo de práticas em que o
professor realiza consideráveis mudanças de forma contínua e em conjunto com os
esquemas de utilização, o que leva à obtenção de um documento. O processo de
elaboração do documento (incluindo o aprendizado do professor envolvido) foi cunhado
como gênese documental (GUEUDET; TROUCHE, 2009).

2 REnCiMa, São Paulo, v. 12, n. 1, p. 1-25, jan./mar. 2021


Neste artigo optamos por analisar trabalhos publicados em língua portuguesa para
lançarmos um olhar, como um estudo inicial, ao que tem sido produzido a respeito dessa
teoria e pretende-se que seja estendido para pesquisas em outros idiomas. Para seleção
dos artigos, procuramos definir as palavras-chave e, para facilitar essa busca, produzimos
um organograma de nossa compreensão sobre o tema apresentado. Com isso, fomos
guiados pela questão: como a Abordagem Documental do Didático tem-se apresentado em
estudos publicados na língua portuguesa?
Compreendemos a importância em considerar a DAD como perspectiva teórica ou
teoria para caracterizar as ações da prática docente.
A opção pelo estudo tem como guia o Estado de Conhecimento, que segundo
Morosini e Fernandes (2014),

[...] é identificação, registro, categorização que levem à reflexão e síntese


sobre a produção científica de uma determinada área, em um determinado
espaço de tempo, congregando periódicos, teses, dissertações e livros
sobre uma temática específica (MOROSINI; FERNANDES, 2014, p. 155).

Nos próximos itens o estudo será apresentado em cada um de seus passos: sobre
a metodologia utilizada; sobre a perspectiva teórica DAD; sobre as pesquisas selecionadas
e a análise dos trabalhos identificados que permitiram melhor compreensão das etapas de
um trabalho documental.

Estado do Conhecimento

A construção do Estado de Conhecimento permite um mapeamento das


contribuições já realizadas, concedendo-nos o respaldo de fontes de pesquisa, mostrando-
nos subtópicos que podem ser aprofundados, além de nos permitir verificar lacunas
consideráveis sobre o tema de investigação. Segundo Ferreira (2002) esse tipo de
pesquisa traz o desafio de mapear e de discutir uma certa produção acadêmica em
diferentes campos do conhecimento, com o objetivo de responder que aspectos vêm sendo
destacados e privilegiados em diferentes épocas e lugares, de que forma e em que
condições têm sido produzidas dissertações de mestrado, teses de doutorado, publicações
em periódicos e comunicações em anais de congressos e de seminários.
Por se constituírem pesquisas de levantamento e de avaliação do conhecimento
sobre determinado tema, um estudo do Estado do Conhecimento não se restringe a
identificar a produção, mas analisá-la, categorizá-la e revelar os múltiplos enfoques e
perspectivas.

3 REnCiMa, São Paulo, v. 12, n. 1, p. 1-25, jan./mar. 2021


Para a realização de uma pesquisa deste tipo são seguidos alguns procedimentos
(ROMANOWSKI; ENS, 2006) e (MOROSINI; FERNANDES, 2014):
1. Definição das palavras-chave para direcionar as buscas a serem realizadas.
2. Definição dos bancos de pesquisas: teses e dissertações catalogadas, publicações
de periódicos de referência nacional e/ou trabalhos apresentados em congressos.
3. Estabelecimento de critérios para a seleção do material que compõe o corpus do
Estado do Conhecimento.
Segundo Romanowski e Ens (2006) o material escolhido, que pode se tratar de
estudos convalidados constitui o corpus de estudo nos estados do conhecimento.
4. Leitura das publicações com elaboração de síntese preliminar, considerando o tema,
os objetivos, as problemáticas, metodologias, conclusões e a relação entre o
pesquisador e a área.
Em um primeiro momento, constroem-se tabelas identificando o número do trabalho
em seu veículo de publicação, autor, instituição de origem, título do trabalho, palavras-
chave, questões e objetivos de pesquisa, metodologia e resumo. Posteriormente, criam-se
arquivos compondo um banco de dados com os textos completos que abordam a temática
(MOROSINI; FERNANDES, 2014, p. 156).
5. Proposição de possíveis categorias, a partir da análise de conteúdo, sob as quais o
fenômeno passa a ser analisado.
Para isso será necessário examinar aspectos como, por exemplo, as ênfases e
temas abordados nas pesquisas, os referenciais teóricos que subsidiaram as investigações,
as sugestões e proposições apresentadas pelos pesquisadores e a contribuição dos
professores/pesquisadores na resolução da problemática analisada.
6. Análise e elaboração das conclusões.
Esses estudos são justificados por possibilitarem uma visão geral do que vem sendo
produzido na área e uma ordenação que permite aos interessados perceberem a evolução
das pesquisas, bem como suas características e foco, além de identificar as lacunas ainda
existentes (ROMANOWSKI; ENS, 2006, p. 41).
As pesquisas denominadas Estado do Conhecimento têm um papel importante na
sistematização do conhecimento divulgado e possibilitam ao pesquisador uma análise do
que já foi feito e o que ainda há por fazer.

Abordagem documental do didático

A abordagem documental do didático (DAD) estuda os processos que possibilitam a

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construção de documentos para o ensino, analisando o trabalho do professor por meio dos
esquemas mobilizados durante essa ação. Nesse processo, os recursos são
transformados, adaptados e integrados, obtendo-se um novo recurso. A gênese
documental pode ser expressa, de uma maneira bem elementar, pela seguinte expressão:
Documento = recurso + esquema de utilização. O vocábulo recurso, nesse sentido, é
entendido de forma ampla, envolvendo tudo o que impulsiona a prática do professor e seu
aperfeiçoamento profissional, como uma apostila, as diretrizes curriculares, uma
calculadora, um aplicativo, materiais elaborados pelos alunos ou outro professor etc.
Gueudet e Trouche (2015) destacam:

A abordagem teórica que propomos e chamamos de abordagem


documental da didática, se alimenta de vários quadros teóricos, alguns
usuais em educação matemática (a teoria das situações – BROUSSEAU,
1998 - a Teoria Antropológica do Didático – CHEVALLARD, 2002 - ou teoria
conceitual VERGNAUD, 1996), outros já bem estabelecidos em estudos
sobre a inclusão de instrumentos em Didática (RABARDEL teoria
ergonômica - 1995), outras abordagens, finalmente, mais diretamente
relacionadas ao nosso propósito, no campo da engenharia documental
(PEDAUQUE, 2006, 2007) (GUEUDET; TROUCHE, 2015, p. 6).

Ao longo de sua atividade, o professor pode enriquecer seus esquemas, integrando


novas regras de ações, construir novos esquemas: o esquema oferece de fato um modelo
para analisar a aprendizagem. Sobre o conceito de esquema, Bellemain e Trouche (2019)
consideram que:

Um esquema é definido por Vergnaud (2009) como uma entidade composta


por quatro componentes: objetivos, regras de ação, tomada de informação
e controle, invariantes operatórios e inferências em situação. Os invariantes
operatórios são os componentes epistêmicos dos esquemas, compostos por
conhecimentos, muitas vezes implícitos, que resultam da atividade e, ao
mesmo tempo, orientam a ação. Isto significa que o esquema se desenvolve
durante a realização repetida de uma determinada tarefa (BELLEMAIN;
TROUCHE, 2019, p. 108).

Neste tipo de pesquisa, segundo Trouche, Gueudet e Pepin (2018) o envolvimento


ativo do professor é uma necessidade prática, pois é ele quem tem acesso ao seu trabalho
de documentação (além da observação direta do pesquisador). O professor é levado a
produzir uma postura reflexiva e a uma atitude introspectiva, analisando constantemente
seu sistema de recursos.
Segundo Trouche, Gueudet e Pepin (2018) no campo do uso da tecnologia, a base
central do DAD foi a abordagem instrumental, que foi desenvolvida por Rabardel (1995).
Nessa abordagem instrumental, destaca-se um processo chamado gênese instrumental

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(que transforma um artefato em um instrumento) constituído por dois mecanismos inter-
relacionados: a instrumentação (o artefato modela a ação) e a instrumentalização (o
artefato é moldado pela ação dos sujeitos).
Na Figura 1 é possível observar uma representação desta abordagem na gênese
documental.
Figura 1: Uma representação da gênese documental

Fonte: Adaptado de Gueudet e Trouche (2015, p. 8)

Analisar a atividade dos professores através do trabalho de documentação requer


levar em consideração a variedade de recursos que compõem e são produzidos por seu
trabalho e a variedade de interações, sejam elas coletivas, institucionais e sociais, que
podem influenciar este trabalho e, também, o tempo para o desenvolvimento de gêneses
documentais.
Em seus estudos, Gueudet e Trouche (2010) desenvolveram para a pesquisa do
trabalho documental dos professores a investigação reflexiva, a qual apresenta os
seguintes princípios essenciais: princípio de longa duração de acompanhamento; princípio
de monitoramento em qualquer lugar; princípio da ampla coleção de recursos materiais
utilizados e produzidos no trabalho documental e princípio do acompanhamento reflexivo
do trabalho documental. Trouche, Gueudet e Pepin (2018) consideraram, depois, um quinto
princípio de confrontação das visões dos professores sobre seu trabalho de documentação
e a materialidade desse trabalho.
Desse modo, investiga-se a ação e o aprimoramento profissional dos docentes,
identificando os fatores de estabilidade e desenvolvimento do trabalho documental no
intervalo considerado. É importante que o investigador leve em conta, ao máximo, o
trabalho do docente, tanto no contexto de sala de aula como em outros contextos (na
residência do docente, nas reuniões com outros professores, na sala de informática etc.).

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Vincula-se o docente à obtenção dos dados da pesquisa, na direção de uma ampla coleta
de dados e acompanhamento em diversos ambientes; também ocorre uma participação
dinâmica do docente, o que promove uma atitude reflexiva, pois ele é incentivado a detalhar
sua própria ação, a compartilhar com os demais.
A análise de uma gênese documental perpassa por uma variedade de conceitos e
mudanças de paradigma, que irão influenciar a prática do professor, mesmo que este não
seja o objetivo primeiro da análise. A consequência é de uma evolução de suas práticas.

A abordagem documental analisa o trabalho dos professores por meio das


gêneses documentais. As diferentes gêneses documentais são a trama do
trabalho documental dos professores. Este trabalho documental é um motor
da evolução dos sistemas de recursos dos professores e um motor do seu
desenvolvimento profissional, via evolução dos seus esquemas
(BELLEMAIN; TROUCHE, 2019, p. 118).

A construção de um documento é algo contínuo e passa por diferentes fases, a


escolha do recurso, sua adaptação, sua utilização e, após análise a posteriori, sua
reformulação, se necessário. Essa construção se dá ao longo de toda carreira docente, os
documentos vão sendo constantemente renovados e apoiados pelo surgimento de novos
recursos, além das mudanças na grade curricular, a metodologia de ensino da instituição,
entre outros fatores. A abordagem documental do didático vem com a perspectiva de
compreensão do trabalho docente, fundamentada na noção de recursos e que se
caracteriza como um trabalho de pesquisa a longo prazo.

Artigos selecionados

As palavras-chave escolhidas para a pesquisa dos artigos foram: abordagem


documental do didático, gênese documental, instrumentação e instrumentalização. Nós,
nos propusemos também a inserir a palavra recurso em conjunto com as demais, por ser
um termo central da teoria.
Como base de dados foram selecionados o portal de Periódicos da Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e o Google Acadêmico para a
pesquisa dos documentos. Foram definidos também critérios para a seleção dos artigos, o
primeiro critério está relacionado a artigos de revistas e periódicos em publicações com
Qualis CAPES A ou B. Consideramos este critério, pois a classificação dos documentos é
feita pelos comitês compostos por consultores de cada área de avaliação, onde seus
membros buscam refletir a importância relativa dos diversos periódicos para uma
determinada área, dando rigor científico à pesquisa. O outro critério será para publicações

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de congresso presentes nos respectivos anais.
Figura 2: Organograma de palavras-chave

Fonte: Elaboração dos Autores

Neste estudo optamos por analisar apenas trabalhos escritos em língua portuguesa
para lançarmos um olhar inicial ao que tem sido produzido a respeito dessa teoria. Para
seleção dos artigos, procuramos encontrar as palavras-chave e, para facilitar essa busca,
produzimos um organograma sobre nossa compreensão sobre o tema apresentado na
Figura 2.
Definidas a base de dados e os critérios, passamos à etapa de pesquisa pelas
palavras-chave e palavras-chave mais recurso. Em uma primeira etapa da pesquisa foram
obtidos quinze resultados, dos quais oito foram encontrados no Google Acadêmico e os
demais no portal de periódicos da CAPES. A segunda etapa consistiu na análise do veículo
de publicação para verificar se atendiam aos critérios propostos.
A verificação do Qualis da CAPES foi realizada na Plataforma Sucupira utilizando a
classificação de periódicos quadriênio 2013-2016. Das quinze publicações
encontradas, cinco são de revistas com Qualis A, nove de revistas com Qualis B em Ensino
e uma publicação pertence a Anais de congresso.

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No Quadro 1 é possível observar título, autores, local, ano de publicação e Qualis
dos textos selecionados, dispostos cronologicamente.

Quadro 1: Artigos selecionados para análise

Título Autores Periódico/Evento Ano

1 Trabalho Documental e Decisões Espíndola, E.; EM TEIA - Revista de


Didáticas do Professor de Trgalová, J. Educação Matemática e 2015
Matemática: um estudo de caso. Tecnológica Iberoamericana
- vol. 6 – n. 3.
Ensino - Qualis B1

2 Da produção coletiva de livros Rocha, K. M.; EM TEIA – Revista de 2015


didáticos digitais aos usos feitos Trouche, L. Educação Matemática e
por professores de matemática: o Tecnológica Iberoamericana
caso do grupo francês Sésamath. - vol. 6 – n. 3.
Ensino - Qualis B1

3 A Gênese Documental na Assis, C. F. C. Anais do I Simpósio Latino- 2016


Formação de Professores de Americano de Didática da
Matemática: Interações entre o Matemática (LADIMA).
Livro Didático e a Geometria Bonito-MS.
Dinâmica.

4 A Integração dos Recursos Livro Alves, E. S.; EMD – Ensino da


Didático e GeoGebra: uma Assis, C. F. C. Matemática em Debate, v.5 2018
análise da tarefa classificação de n.3, p. 342-366.
triângulos na formação inicial do Ensino - Qualis B4
professor de matemática.

5 Decisões didáticas e fatores que Espíndola,E.B.M.; Educ. Matem. Pesq., São 2018
as influenciam no ensino de Luberiaga, E.; Paulo, v.20, n.3, p. 263-279.
razões trigonométricas. Trgalová, J. Ensino - Qualis A2

6 O Ensino de Matemática com Lucena, R.; EMD - Ensino da 2018


Integração de Recursos Digitais: Gitirana, V.; Matemática em Debate, v.5
um olhar sobre aulas à luz da Trouche, L. n.3, p. 238-261.
Orquestração Instrumental. Ensino - Qualis B4

7 Trabalho Coletivo de Professores Lima, I.; Trgalová, EMD - Ensino da 2018


de Matemática: um olhar na J. Matemática em Debate, v.5
perspectiva da gênese n.3, p. 289-304.
documental. Ensino - Qualis B4

8 A Trajetória documental: Uma Rocha, K. M.; EMD - Ensino da 2018


análise da história da integração Trouche, L. Matemática em Debate, v.5
de recursos na prática do n.3, p. 321-341.
professor de Matemática. Ensino - Qualis B4

9 REnCiMa, São Paulo, v. 12, n. 1, p. 1-25, jan./mar. 2021


9 Jogos para o ensino de funções e Espíndola, E. B. EMD - Ensino da 2018
trabalho documental docente. M.; Lira, F. A. L. Matemática em Debate, v.5
n.3, p. 414-437.
Ensino - Qualis B4

10 Abordagem Documental: Xavier Neto, A. EMD - Ensino da 2018


Esquemas de uso no trabalho L.; Silva, M. J. F. Matemática em Debate, v.5
coletivo de professores para o n.3, p. 438-452.
ensino de Sequências Numéricas. Ensino - Qualis B4

11 Abordagem Documental do Machado Júnior, RPEM, Campo Mourão, PR, 2018


Didático e Ensino de Equação do S.R.N.;Espíndola, v.7, n.13, p.270-294, jan.-
1º Grau na Educação de Jovens E.B.M.; Trgalova, jun.
e Adultos. J.; Luberiaga, E. Ensino - Qualis B1

12 Análise combinatória: recursos de Espíndola, E. EMP - Educ. Matem. Pesq., 2019


um professor em diferentes níveis B. M. São Paulo, v.21, n.5, p. 289-
de sua atividade. 299.
Ensino - Qualis A2

13 A construção de atividades para o Xavier Neto, A. EMP - Educ. Matem. Pesq., 2019
ensino de sequências numéricas: L.; Silva, M. J. F.; São Paulo, v.21, n.5, p. 300-
Uma análise pela lente da Trouche, L. 314.
Abordagem Documental do Ensino - Qualis A2
Didático.

14 A integração de recursos digitais Christo, D. dos EMP - Educ. Matem. Pesq., 2019
em práticas de ensino e S.; Igliori, S. B. C. São Paulo, v.21, n.5, p.759-
aprendizagem – uma perspectiva 767.
teórica apresentada no grupo Ensino - Qualis A2
WG4 durante a Conferência
Internacional Re(s)sources 2018
– Lyon, França.

15 Banco Geométrico: Gênese Almeida, M. S.; REVEMAT - Revista 2020


Documental e Orquestração Espíndola, E. B. Eletrônica de Educação
Instrumental. M.; Costa, P. R. Matemática. Florianópolis, v.
B.; Mello, T. L.; 15, n. 1, p. 01-22.
Damascena,J. S. Ensino - Qualis A2

Fonte: Elaboração dos Autores

Realizamos a leitura das publicações selecionadas com o objetivo de elaborar uma


síntese preliminar, considerando o tema, palavras-chave, questões e objetivos de pesquisa,
as problemáticas, metodologias e conclusões. Identificamos os sujeitos de pesquisa, o
público-alvo da aplicação, o conteúdo matemático trabalhado e, também, se o recurso
sofreu adaptações durante sua elaboração e em quais etapas ocorreu. As sínteses
realizadas nos permitiram a proposição de categorias a partir da análise de conteúdo.

10 REnCiMa, São Paulo, v. 12, n. 1, p. 1-25, jan./mar. 2021


Análise dos textos selecionados

Em uma primeira análise sobre as quinze publicações selecionadas, esclarecemos


que os textos de (XAVIER NETO e SILVA, 2018) e de (XAVIER NETO, SILVA e TROUCHE,
2019) se complementam. O mesmo fato ocorreu com os textos de (ASSIS, 2016) e (ALVES
e ASSIS, 2018) e, assim, foi considerado o mais atual em ambos os casos.
A fim de organizar as análises dos textos selecionados e compreender melhor de
que forma vem sendo desenvolvidas as pesquisas, utilizando a Abordagem Documental do
Didático, propomos algumas categorias de análise. As categorias escolhidas foram:
Conteúdo Matemático, Recursos Utilizados, Metodologia de Pesquisa, Construção de
Documentos no Coletivo ou individualmente e Aplicação dos Recursos. Pretendemos com
essas categorias percorrer as principais etapas envolvidas na elaboração do trabalho
documental do professor.

Conteúdo matemático

Sobre a categoria de análise “conteúdo matemático” procuramos registrar quais


temas e quais níveis e modalidades de ensino foram considerados no desenvolvimento das
pesquisas; identificar de que maneira a seleção do recurso está associada com o objeto
matemático, entendendo se essa associação revela ou não alguma tendência no trabalho
do professor; verificar lacunas existentes. O Quadro 2 mostra os conteúdos que foram
destacados em cada um dos artigos analisados:
Observando o Quadro 2, constatamos que apenas o artigo de Lucena, Gitirana e
Trouche (2018) refere-se a uma pesquisa que aborda um conteúdo dos anos iniciais do
Ensino Fundamental “Propriedades das operações de multiplicação e divisão”, porém, a
aplicação ocorreu em uma turma de mestrado. Apenas dois artigos referem-se a pesquisas
que abordam conteúdo dos anos finais do Ensino Fundamental: Alves e Assis (2018) que
aborda “Classificação dos triângulos (lados e ângulos)” no 8º ano do Ensino Fundamental
e Lima e Trgalová (2018) que aborda “Simetria Axial” em uma classe equivalente ao sexto
ano no Brasil.
Quadro 2: Conteúdos destacados em cada um dos artigos analisados

Artigo Conteúdo matemático

(ESPÍNDOLA; TRGALOVÁ, Função Exponencial para o 1º ano do Ensino Médio.


2015)

11 REnCiMa, São Paulo, v. 12, n. 1, p. 1-25, jan./mar. 2021


(ROCHA; TROUCHE, 2015) Sem especificar conteúdo.

(ALVES; ASSIS, 2018) Classificação dos triângulos (lados e ângulos) no 8º ano


do Ensino Fundamental.

(MACHADO JR; ESPÍNDOLA; Equação do 1º grau, na Educação de Jovens e Adultos


TRGALOVA; LUBERIAGA, 2018) no Ensino Médio (EJA - EM).

(LIMA; TRGALOVÁ, 2018) Simetria Axial em uma classe equivalente ao sexto ano
no Brasil.

(LUCENA; GITIRANA; Propriedades das operações de multiplicação e divisão.


TROUCHE, 2018)

(ESPÍNDOLA; LIRA, 2018) Funções polinomiais de 1º e 2º graus no Ensino Médio.

(ROCHA; TROUCHE, 2018) Sem especificar conteúdo.

(ESPINDOLA; LUBERIAGA; Razões Trigonométricas para o 1º ano do Ensino Médio.


TRAGALOVA, 2018)

(ESPÍNDOLA, 2019) Análise combinatória para o 2º ano do Ensino Médio.

(XAVIER NETO; SILVA; Sequências numéricas para o 1º ano do Ensino Médio.


TROUCHE, 2019)

(CHRISTO; IGLIORI, 2019) Sem especificar conteúdo.

(ALMEIDA; ESPÍNDOLA; Poliedros para o 1º ano do Ensino Médio.


COSTA; MELLO; DAMASCENA,
2020)

Fonte: Elaborado dos Autores

A maioria dos trabalhos (cinco artigos) referem-se a pesquisas que abordam


conteúdo do 1º ano do Ensino Médio: Espíndola e Trgalová (2015) que abordam “Função
Exponencial”; Espíndola e Lira (2018) que abordam “Funções polinomiais de 1º e 2º graus”;
Espindola, Luberiaga e Trgalová (2018) que abordam “Razões Trigonométricas”; Xavier
Neto, Silva e Trouche (2019) que abordam “Sequências numéricas”; Almeida et al. (2020)
que abordam “Poliedros”. Há um artigo que se refere a uma pesquisa que traz o conteúdo
do 2º ano do Ensino Médio: Espíndola (2019) que destaca “Análise combinatória” e um
artigo que se refere a uma pesquisa que aborda o conteúdo do Ensino Médio na modalidade
EJA: Machado Jr. et al. (2018) que destacam a “Equação do 1º grau”.
Assim, percebemos que existe uma grande tendência de realização de pesquisas
sobre DAD voltadas para o conteúdo do Ensino Médio, em especial do 1º ano. Por outro

12 REnCiMa, São Paulo, v. 12, n. 1, p. 1-25, jan./mar. 2021


lado, até o momento, percebemos que existem poucas pesquisas voltadas para o conteúdo
dos anos iniciais e finais do Ensino Fundamental e para a modalidade EJA, assim como
não identificamos pesquisas voltadas para o conteúdo de cursos de graduação.
Os artigos não revelam qualquer tendência de se associar o recurso selecionado ao
conteúdo matemático. Espíndola e Trgalová (2015) e Espíndola e Lira (2018) definiram
“Função” como conteúdo matemático, no entanto, selecionaram recursos diferentes: o
primeiro selecionou a matriz curricular do Sistema de Avaliação Educacional de
Pernambuco (Saepe), o currículo de matemática para o Ensino Médio de Pernambuco, a
caderneta eletrônica existente na Erem, o Livro Didático, o Livro Fundamentos da
Matemática Elementar (Coleção Iezzi) e sites com questões de vestibular e do Enem; o
segundo artigo selecionou os jogos Família de Funções e Tiras de Propriedades para
Funções.
Verificamos, também, a existência de lacunas referentes a conteúdos matemáticos
que poderiam ser abordados em trabalhos futuros sobre a Abordagem Documental do
Didático nos diferentes níveis de ensino, como exemplo: Potenciação, Racionalização,
Sistemas Lineares, Probabilidade, Matemática Financeira, Álgebra Linear, Análise etc.

Recursos utilizados

São muitos os fatores que influenciam a escolha de recursos pelo professor, como
por exemplo, o conteúdo a ser ensinado, a habilidade a ser desenvolvida e fatores
institucionais. O conhecimento do professor também influencia em suas escolhas. Se ele
não possui habilidade com recursos digitais, por exemplo, dificilmente um software lhe será
um recurso. Nesta categoria, iremos observar os recursos utilizados nos textos
selecionados.
É possível perceber que o livro didático ainda é o principal recurso para a construção
das atividades dos professores, no entanto, como mostram os artigos analisados, os
professores se utilizam de outros recursos para complementação das atividades propostas.
No artigo (ROCHA; TROUCHE, 2015) os autores analisaram o design de livros
didáticos e recursos digitais produzidos em uma associação de professores franceses,
Sésamath, e sua integração no processo de ensino a partir dos usos feitos por uma
professora do ensino fundamental. Durante o acompanhamento da trajetória documental
da professora constatou-se que ela utilizou três livros didáticos diferentes (incluindo a
projeção do livro didático Sésamath), imagens retiradas da internet, brochuras produzidas
pelo grupo IREM, jogos online, desafios matemáticos propostos pelos alunos e o software

13 REnCiMa, São Paulo, v. 12, n. 1, p. 1-25, jan./mar. 2021


GeoGebra. Essa trajetória documental é analisada com mais profundidade no artigo
(ROCHA; TROUCHE, 2019).
Um recurso recorrente foi a utilização de jogos, como no artigo (ALMEIDA et al.,
2020) com um jogo de tabuleiro inspirado no Banco Imobiliário, intitulado Banco
Geométrico. A construção do jogo foi realizada por alunos Bolsistas do Programa
Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID) para o conteúdo de poliedros a ser
trabalhado com uma turma do 1º ano do Ensino Médio. Durante a elaboração do jogo foram
utilizados outros recursos, como sites de pesquisa e softwares para criação do design do
tabuleiro e cartas.
No artigo (ESPÍNDOLA; LIRA, 2018), os pesquisadores fizeram um levantamento de
todos os jogos para matemática apresentados nos livros didáticos aprovados no Programa
Nacional do Livro Didático para o Ensino Médio (PNLDEM) e para quais conteúdos são
destinados. Esses jogos são apresentados a três professores do ensino básico, que
escolhem os jogos Família de Funções e Tiras de Propriedades para Funções como recurso
para construção de uma atividade para trabalhar com o conteúdo de funções polinomiais
de 1º e 2º graus. Os professores jogam, discutem as potencialidades dos jogos e expõem
as adaptações que fariam para utilizá-los como recurso.
No texto (XAVIER NETO; SILVA; TROUCHE, 2019) três professores utilizaram como
recursos o “Soneto da Fidelidade”, de Vinícius de Moraes, um problema retirado do livro
didático e o jogo “corrida aos 20” para a elaboração de uma sequência didática para o
ensino de sequências numéricas em um 1º ano do Ensino Médio. Os professores já traziam,
cada um, seu próprio sistema de recursos e foi perceptível durante a elaboração da
atividade a tendência em querer usar os recursos que já dominavam.
Outros recursos utilizados foram: atividades retiradas da internet, como banco de
questões, atividades propostas ou simulador, como no artigo (MACHADO JÚNIOR et al.,
2018), em que os recursos utilizados por um aluno de Estágio do 9º ano do curso de
matemática para ensinar equação do 1º grau a uma turma da Educação de Jovens e adultos
foram uma ficha de exercícios e uma balança virtual para fazer uma analogia da equação
do 1º grau a uma balança. Nesta pesquisa foram explicitados os recursos-mãe e recursos-
filho, de modo que os recursos-mãe são considerados o conjunto de todos os recursos que
entram na composição de um recurso-filho. Como recursos-mãe podemos citar os sites
pesquisados na internet e, para a construção da ficha de exercícios, buscando selecionar
exercícios com diferentes graus de dificuldade.
No artigo (ESPÍNDOLA; TRGALOVÁ, 2015) um professor utilizou a matriz curricular

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do Sistema de Avaliação Educacional de Pernambuco (SAEPE), o currículo de matemática
para o Ensino Médio de Pernambuco, a caderneta eletrônica existente apenas na Erem, o
Livro Didático, Livro Fundamentos da Matemática Elementar (Coleção Iezzi) e sites com
questões de vestibular e do Enem para elaboração de uma atividade de ensino sobre
Função Exponencial em uma turma do 1º ano do Ensino Médio. Em suas escolhas, o
professor priorizou questões de diferentes níveis aplicadas em vestibulares e no Exame
Nacional do Ensino Médio (ENEM), percebe-se uma preocupação maior por parte do
professor em preparar os alunos para tais exames.
No artigo (ESPINDOLA, 2019), um professor de matemática do Ensino Médio utilizou
a atividade “Táxi e combinatória” retirada do site Matemática e Multimídia da Unicamp para
trabalhar o conteúdo de combinatória com alunos do 2º ano do Ensino Médio. Esse recurso
foi escolhido, segundo o professor, por trabalhar a relação da matemática com outras
disciplinas e sua aplicação no cotidiano, o que vinha ao encontro do que ele buscava
trabalhar em suas aulas.
No artigo (ESPINDOLA; LUBERIAGA; TRAGALOVA, 2018), uma professora utilizou
os recursos: livro didático, consulta na internet para seleção de exercícios e uma música
para ajudar na assimilação dos ângulos notáveis para a construção de uma sequência de
atividades para o conteúdo de razões trigonométricas a ser trabalhada no 1º ano do Ensino
Médio. Observou-se que a professora demonstrou o hábito de registrar os recursos
selecionados (a página de cada exercício no livro didático, o site na internet), o que
evidencia um interesse na construção e organização de seu sistema de recursos.
No artigo (LIMA; TRGALOVÁ, 2018), três professores franceses utilizaram o recurso
“les napperons” — que se trata de uma situação proposta por Peltier (2001) para trabalhar
simetria axial. A atividade foi proposta para ser aplicada ao que equivale ao 6ºano no Brasil.
Em conjunto, os professores fizeram adaptações ao recurso original com o intuito de
atender melhor às necessidades dos alunos nas habilidades a serem desenvolvidas na
atividade planejada. Trazendo aqui a ideia de recurso-mãe original e recurso-filho, já com
as adaptações realizadas pelos professores.
Outro recurso foi a utilização de softwares, como no artigo de (ALVES; ASSIS, 2018),
que abordou o uso articulado dos recursos: livro, texto e software GeoGebra nas ações de
um professor de Licenciatura em Matemática com o tema de classificação de triângulos
quanto aos lados e ângulos para uma turma do Ensino Fundamental 2. Foi construído um
roteiro de atividades a partir de dois problemas retirados do livro didático, com algumas
adaptações, e para auxiliar na sua resolução foi utilizado o software, o que permitiu explorar

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o conteúdo de forma mais dinâmica.
A combinação de recursos analógicos e digitais são apresentados no artigo
(LUCENA; GITIRANA; TROUCHE, 2018) que traz o exemplo de uma orquestração
instrumental de uma professora de mestrado que utilizou papel quadriculado, lápis e lápis
de cor, projetor multimídia, celular e computador para uma aula sobre propriedades das
operações de multiplicação e divisão. A exemplificação da aula é relatada em forma de
história em quadrinhos.

Metodologia de pesquisa

Esta categoria analisa como está ocorrendo o acompanhamento dos sujeitos


envolvidos em um trabalho documental, pois este tipo de pesquisa pode demandar um
longo período de observações e se torna importante compreender como este fato se
relaciona com a escolha de algum tipo de metodologia. O Quadro 3 traz as respectivas
metodologias.
Quadro 3: Metodologia de Pesquisa utilizada

Autor(es) Metodologia

(ESPÍNDOLA; LIRA, 2018) Estudo de Caso

(LUCENA; GITIRANA; TROUCHE, 2018)

(LIMA; TRGALOVÁ, 2018)

(ASSIS, 2016)

(ESPÍNDOLA; TRGALOVÁ, 2015) Decisões Didáticas de Bessot e


colaboradores

(ROCHA; TROUCHE, 2018) Investigação Reflexiva

(MACHADO JR., et al., 2018)

(ESPINDOLA; LUBERIAGA; TRAGALOVA, 2018)

(ALVES; ASSIS, 2018)

(XAVIER NETO; SILVA, 2018)

(XAVIER NETO; SILVA; TROUCHE, 2019)

(ALMEIDA, et al., 2020)

(ESPINDOLA, 2019)

(ROCHA; TROUCHE, 2015)


Fonte: Elaborado dos Autores

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Os artigos que trazem como metodologia a Investigação reflexiva foram utilizados
em uma perspectiva de o professor trazer mais indícios de seu trabalho, já que não é
possível para o pesquisador acompanhá-lo em todos os lugares onde desenvolve seu
documento. Como o trabalho de acompanhamento costuma ser por um prazo não muito
curto, essa metodologia proporciona uma coleta de dados que coloca professor e
pesquisador em uma relação de confiança e cumplicidade.
O estudo de caso relatado nos artigos traz relatos de acompanhamentos dos
professores durante a construção de seu trabalho documental, avaliando suas escolhas de
recursos, preparação das atividades, aplicação e reflexões. O estudo de caso enfatiza o
conhecimento de uma instância em particular, ou seja, o caso é escolhido porque há
interesse em conhecer o que se passa nessa situação específica.
O artigo (ESPÍNDOLA; TRGALOVÁ, 2015) traz como metodologia as Decisões
Didáticas de Bessot e colaboradores que foram analisadas a partir de uma categorização
ampla, baseada em dois fatores principais: epistêmicos e da história didática (BESSOT et
al., 2013). As decisões didáticas tomadas pelos professores em seu trabalho documental
revelam os fatores decisionais, isto é, aqueles suscetíveis de influenciar o processo de
tomada de decisões didáticas.
Podemos perceber que a metodologia de pesquisa de investigação reflexiva parece
ser uma tendência para análise das ações dos sujeitos pesquisados. Ela tem por objetivos
específicos acompanhar o professor por um longo tempo para que seja possível uma
análise densa de seu trabalho documental e suas implicações no seu desenvolvimento
profissional. Visa um acompanhamento em diversos lugares já que sabemos que o trabalho
do professor não se caracteriza apenas com a sua atuação em sala de aula ou ainda na
escola onde leciona, mas em inúmeros ambientes que frequenta.

Construção de documentos em um coletivo ou individualmente

Nesta categoria de análise, interessou-nos enfatizar quais artigos apresentaram o


trabalho documental de um único professor e quais apresentaram o trabalho documental
de um coletivo, especificados no Quadro 4.
Quadro 4: Documentos Coletivos ou Individuais

Autor(es) Coletivo ou Individual

(ESPÍNDOLA; LIRA, 2018) Coletivo

(LUCENA; GITIRANA; TROUCHE, 2018)

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(LIMA; TRGALOVÁ, 2018)

(XAVIER NETO; SILVA; TROUCHE, 2019)

(ALMEIDA, et al., 2020)

(ESPÍNDOLA; TRGALOVÁ, 2015) Individual

(MACHADO JR. et al., 2018)

(ESPINDOLA; LUBERIAGA; TRAGALOVA,


2018)

(ALVES; ASSIS, 2018)

(ESPINDOLA, 2019)

(ROCHA; TROUCHE, 2018) Individual e Coletivo

(ROCHA; TROUCHE, 2015)


Fonte: Elaborado dos Autores

Na construção documental individual, relatando e analisando as decisões tomadas


pelo professor na escolha de seus recursos, o papel do pesquisador, nesse caso, tem como
fator relevante trazer uma metodologia de pesquisa que propicie a reflexão sobre essas
escolhas, de modo que o professor perceba as deficiências de seu documento e possa
aprimorá-lo.
Na construção de documentos em um coletivo, seja formado por professores já
atuantes ou futuros professores, foi possível identificar o enriquecimento do trabalho
quando construído em um coletivo, a possibilidade de discutir as atividades de trabalhar
com diferentes pontos de vista e a troca de saberes que acontece nesse ambiente
contribuem muito para a formação de cada indivíduo.
Segundo Lima e Trgalová (2018, p. 302), em sua análise sobre o trabalho coletivo:
“o fato de poder utilizar e se beneficiar dos resultados de um trabalho colaborativo,
independente da sua implicação em um determinado momento, foi considerado por todos
os professores como uma força do coletivo”.
O trabalho coletivo é um amplo campo a ser explorado e podemos pensar em que
medida o projeto de pesquisa colaborativo, envolvendo os professores, pode contribuir para
a formação de uma cultura de pesquisa na escola e se o trabalho documental coletivo
contribui para a evolução dos conhecimentos profissionais de cada professor nesse
coletivo.

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Aplicação dos recursos

Uma etapa importante da continuidade e aprimoramento do documento produzido


pelo professor é a utilização do recurso selecionado com seus alunos. Neste momento, ele
irá observar os potenciais da atividade elaborada, também, os resultados esperados não
alcançados, podendo repensar sua atividade produzindo adaptações em seu recurso e
aprimorando seu documento.
Nesta categoria pretendemos analisar quais textos trazem relatos da aplicação em
sala de aula e quais as contribuições advindas do trabalho com os alunos para o
aprimoramento do recurso e, consequentemente, do documento do professor. Dos quinze
artigos analisados, apenas cinco deles relatam a aplicação e as reflexões feitas pelo
professor sobre aspectos positivos e o que poderia ser modificado para melhor
aproveitamento do recurso.
No artigo (MACHADO JÚNIOR et al., 2018), a aplicação ocorreu em uma turma de
Ensino Médio da Educação de Jovens e adultos sobre o conteúdo de equações do 1º grau
em uma escola da rede estadual de Pernambuco. Após a aplicação da atividade de ensino
em sala de aula o pesquisador realizou uma auto confrontação simples com o licenciando
em matemática em fase de estágio que a elaborou. O pesquisador seleciona algumas
cenas significativas e assiste a elas juntamente com o trabalhador, suscitando nele a
descrição do que ele vê no vídeo e propiciando uma relação dialógica com o objeto filmado,
com os sujeitos envolvidos na atividade e com o próprio pesquisador. (BRASILEIRO, 2011,
p.211). A auto confrontação favoreceu, por exemplo, ao estudante de licenciatura verificar
que “gastou” muito tempo nas explicações e pouco tempo na resolução dos exercícios
elaborados para a revisão do conteúdo. Os autores acreditam que, neste momento, o
estudante de licenciatura reconhece o que precisa ser melhorado em sua prática docente,
a partir dos recursos que ele se apropria, elabora, adapta e transforma. Isso promove o seu
desenvolvimento profissional.
No artigo (ALVES; ASSIS, 2018), a construção do recurso foi realizada por uma
licencianda em Matemática para a elaboração de seu TCC. Ela construiu uma sequência
didática para o conteúdo de classificação de triângulos e aplicou a uma sala de 8º ano do
Ensino Fundamental. Em sua análise, após a aplicação da sequência didática, a licencianda
percebeu que os alunos não tiveram curiosidade em saber o porquê dos triângulos estarem
sendo construídos em círculos, pois a empolgação maior estava na utilização do software.
Por outro lado, o GeoGebra propôs uma melhor visualização do objeto estudado,

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contribuindo para que os alunos respondessem as questões com espontaneidade e
coerência. Segundo as autoras houve algumas limitações do software com relação aos
procedimentos para construção de triângulos. Ficaram, então, questões em aberto para
serem repensadas e adaptações a serem feitas nos recursos utilizados, ou buscar recursos
complementares para preencher estas lacunas.
No artigo (ALMEIDA, et al., 2020), a aplicação do recurso para ensino de poliedros,
o jogo Banco Geométrico, foi utilizado com uma turma do 1º ano do Ensino Médio. Após a
aplicação, foi percebido a necessidade de mudanças na estrutura gráfica do jogo, como
adequação do tabuleiro, construção de cédulas ao invés de fichas para simbolizar o dinheiro
e adequações das questões contidas nas cartas de desafio referentes às propriedades dos
poliedros, pois da maneira como haviam sido elaboradas, percebeu-se uma utilização
mecânica da relação de Euler para encontrar as respostas. Foram então criadas dezesseis
combinações diferentes da forma de Euler, com o intuito de que os alunos percebessem
outras configurações para essa mesma relação. Segundo os autores, a aplicação e
posterior reflexão possibilitou uma melhor compreensão sobre limites e possibilidades do
uso do recurso, aprimorando o documento produzido pelo grupo.
No artigo (ESPÍNDOLA; TRGALOVÁ, 2015), um professor que atua no Ensino Médio
com 10 anos de experiência prepara uma proposta didática para o conteúdo de função
exponencial para ser utilizada com uma turma do 1º ano do Ensino Médio. A aplicação em
sala de aula foi gravada e as pesquisadoras selecionaram algumas cenas para assistir
juntamente com o professor, que foi solicitado a comentá-las, de modo a criar uma relação
dialógica com o objeto filmado e provocar a reflexão na perspectiva de uma evolução do
documento sobre função exponencial por ele produzido. Neste caso, o professor retirou
uma questão da ficha de exercícios por julgar que não atendeu às expectativas planejadas.
No artigo (LUCENA; GITIRANA; TROUCHE, 2018), a aplicação ocorre com uma
turma de mestrado sobre o conteúdo de propriedades das operações de multiplicação e
divisão, com o intuito de analisar uma situação de orquestração instrumental. Durante a
reflexão da aula orquestrada, a professora reconhece que não esperava que os grupos
utilizassem um software para elaborar a apresentação de seus trabalhos ao restante da
turma, pois poderia ter lhes disponibilizado tablets ou notebooks ao invés de terem que usar
o celular. Percebeu também que o modo como dividiu os grupos culminou em dois grupos
trabalhando o mesmo tema e chegando às mesmas propriedades, desestimulando um dos
grupos a fazer a apresentação. Essas considerações levaram a melhorias e adaptações
para uma nova aplicação da Orquestração Instrumental.

20 REnCiMa, São Paulo, v. 12, n. 1, p. 1-25, jan./mar. 2021


O trabalho de acompanhamento do professor, a elaboração e aprimoramento de
seus esquemas de recursos e construção de seu trabalho documental é um processo que
demanda acompanhamento a longo prazo. Muitos professores e pesquisadores possuem
apenas um tempo limitado para fazer este acompanhamento, às vezes, o tempo da escrita
de um Trabalho de Conclusão de Curso, uma dissertação, tese ou um artigo de pós-
doutorado, e acreditamos que este fator seja o principal motivo da maioria dos artigos não
apresentarem a aplicação dos recursos selecionados pelos sujeitos de pesquisa.

Considerações Finais

Esse estudo teve como objetivo apresentar um estado de conhecimento de


pesquisas publicadas na língua portuguesa, no contexto da Abordagem Documental do
Didático na concepção de Gueudet e Trouche (2009), que estuda os processos que
possibilitam a construção de documentos para o ensino, analisando o trabalho do professor
por meio dos esquemas mobilizados durante essa ação.
Neste artigo optamos por analisar trabalhos publicados em língua portuguesa para
lançarmos um olhar, como um estudo inicial, ao que tem sido produzido a respeito dessa
teoria e pretendemos que seja estendido para pesquisas em outros idiomas.
A fim de organizar as análises dos quinze textos selecionados e compreender melhor
de que forma vem sendo desenvolvidas as pesquisas utilizando a Abordagem Documental
do Didático, propomos algumas categorias de análise. As categorias escolhidas foram:
Conteúdo Matemático, Recursos Utilizados, Metodologia de Pesquisa, Construção de
Documentos no Coletivo ou individualmente e Aplicação dos Recursos. Com base nessas
categorias percorremos as etapas envolvidas na elaboração do trabalho documental do
professor e alguns aspectos emergiram nas pesquisas selecionadas.
Percebemos que existe uma grande tendência de realização de pesquisas sobre
DAD em conteúdos voltados para o Ensino Médio, em especial do 1º ano. O livro didático
ainda é o principal recurso para a construção das atividades dos professores embora
utilizem outros recursos para complementação das atividades propostas pelo livro.
A metodologia de pesquisa de investigação reflexiva parece ser uma tendência para
análise das ações dos sujeitos pesquisados por permitir acompanhar o professor em seu
trabalho documental e suas implicações no seu desenvolvimento profissional.
Consideramos que o trabalho de pesquisa colaborativo, identificado em alguns dos
estudos selecionados, pode contribuir para a formação de uma cultura de pesquisa na
escola e contribuir para a evolução dos conhecimentos profissionais de cada professor

21 REnCiMa, São Paulo, v. 12, n. 1, p. 1-25, jan./mar. 2021


nesse coletivo.
O trabalho de acompanhamento do professor, a elaboração e aprimoramento de
seus esquemas de recursos e construção de seu trabalho documental é um processo que
demanda acompanhamento a longo prazo e isso pode justificar o fato de que, dos quinze
artigos analisados, apenas cinco deles relatam a aplicação e as reflexões feitas pelo
professor.
Foi possível identificarmos o que já foi feito e o que ainda se pode fazer com base
na perspectiva teórica da DAD. Essa teoria se apresenta como uma nova perspectiva para
a análise do trabalho do professor, focando principalmente no processo de ensino. Diante
do que foi observado no presente estudo, a respeito da abordagem documental, novos
horizontes surgem para pesquisas futuras, com a utilização dos mais variados recursos em
processos coletivos ou individuais, que possam articular as abordagens documental e
instrumental, com outros aportes teóricos e metodologias, para o aprimoramento das
pesquisas.

Agradecimentos

Agradecemos à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES


pelas bolsas cedidas para realização de doutorado (em andamento) no Programa de
Estudos Pós-Graduados em Educação Matemática da PUC-SP.

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