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TER ETA.
Pard due d padinacio do ardguivo ficasse correta,
indice e demais informacêes foram
colocaddas ao final do arduivo.
Confira o sumdrio na pagina 681

de PARTE UM

O mundo antigo:
da fundacio do Ocidente
A 500 d.C.

A Acr6pole de Atenas. Robert Harding Picture Library


POLITICA E SOCIEDADE PENSAMENTO E CULTURA

Ascensio da civilizagao sumeriana Fscrita cuneiforme na Suméria;


3000 a.C.
(c. 3200). hier6glitos no Egiro.
Ascensao da civilizacao min6ica
(c. 2600)

2000 a.C. Ascensao da civilizacao micénica Épico de Grgamesb (c. 1900)


(c. 2000) Cédigo de Hamurabi (c. 1790)
Hamurabi, da Babilênia, constréi Amendfis IV e o movimento pelo
um império (1792-1750) monoteismo no Fgito (1369-1353)
Moisése o Éxodo (década de 1200)

1000 a.C. Criag3o de um reino israelica Hiada e Odisséia de Homero (década


unificado, sob o governo de Davi de 700)
(1000-961) Fra da profecia cldssica: florescimento
A Idade das Trevas na Grécla do pensamento ético hebreu
(c. 1100-800) (750-430)
A civilizacio helênica (c. 800-323)
Conguista persa do Oriente
Préximo (550-525)
Formacao da Republica romana (509)

SOOa.C. Guerras Persas (499-479) Lei das Doze T4buas (450)


Guerra do Peloponeso (431-404) Ascensao da filosofia grega: jOnicos,
Conguista das cidades-estados pitagéricos, Parmênides (décadas de
gregas por Filipe da Macedênia (338) 500 e 400)
Conguistas de Alexandre, o Grande O drama grego: Fsguilo, Séfocles,
(336-323) Euripides, Aristéfanes (década de
Idade helenistica (323-30) 400)
Conauista de Cartago e dos reinos Filésofos gregos: Sécrates,
helenisticos pelos romanos (264-146) Plarao, Aristéreles (décadas de 400
e 300)
Filosoftas helenisticas: epicurismo e
estoicIismo

JOOa.C. Violência politica e guerras civis em Filésofos romanos durante a


Roma (88-31) Republica: Lucrécio, Cicero (século D3)
Assassinato de Julio César (44) Ascensio e expansio do
Ordvio intitula-se Augusto e torna-se o cristianismo: Jesus (m. 29 d.C.);
primeiro imperador de Roma (27) atividade missiondria de Paulo
Pax romana: apogeu do Império (c. 34-64)
Romano (27 a.C.-180 d.C.) Evangelho de Marcos (c. 66-70)
Historiadores, poetas e filésofos
romanos durante a pax romanz.
Livio, T4cico, Virgilio, Hordcio,
Ovidio, Juvenal, Séneca, Marco
Aurdlio

200 d.C. Anarguia militar em Roma (235-285) Os pais da Igreja: Jerênimo,


Os godos derrotam os romanos Ambrésio, Agostinho (décadas de
em Adrianopla (378) 300 e 400)
Fim do Império Romano do
Ocidente (476)
s CAPITULO 1
O Oriente Préximo antigo:
as primeiras civilizagoes

A civilizacao nao foi um acontecimento inevitdvel, mas sim um ato da


criatividade humana. As primeiras civilizag6es surgiram h4 cerca de cin-
co mil anos, nos vales dos rios da Mesopotimia e do Egito. Ali, os seres
humanos estabeleceram cidades e estados, inventaram a escrita, desen-
volveram religiëes organizadas e construiram grandes edificios e monu-
mentos — tudo o gue caracteriza a vida civilizada. A ascensio do homem
3 civilizacao foi longa e penosa. Cerca de 99% da histéria humana se de-
senrolou antes do surgimento da civilizag#o, ao longo das extensas eras
pré-historicas.

Pré-histéria
O periodo chamado de paleolitico, ou Idade da Pedra Lascada, comegou com
as primeiras criaturas semelhantes ao homem, gue habitaram a Africa oriental hê
cerca de 3 milhêes de anos, e terminou hé 10 000 anos, guando o homem desco-
briu os métodos da agricultura. Nossos ancestrais paleoliticos viviam como caGa-
dores e coletores de alimentos. Como nio sabiam cultivar a terra, nunca estabe-
leciam aldeamentos permanentes. Ouando sua provisao de alimentos comegava
a escassear, abandonavam as Cavernas ou os abrigos feitos de ramos e buscavam
novos locais para se instalarem.
O desenvolvimento social humano foi condicionado por essa experiëncia de 3
' milhêes de anos de caga e coleta de alimentos. Para sobreviver, grupos de familias
i formavam bandos de cerca de 30 pessoas, nos guais os membros aprendiam a pla-
| nejar, organizar, cooperar, confiar e partilhar. Os cagadores ajudavam-se mutua-
mente na localizagio e abate da caga, j4 gue os esforgos cooperativos resultavam
mais eficientes gue as ac6es individuais. Dividindo entre si a caca, e levando um
pouco da carne de volta ao campo, para o resto do grupo, eles fortaleciam o elo
social. Assim também agiam as mulheres, encarregadas da coleta de castanhas, se-
'. mentese frutas para o grupo. Os bandos gue n4o cooperavam na caga e na cole-
Ta ou distribuigdo de alimentos tinham poucas chances de sobreviver.
Embora o progresso humano tenha sido muito lento durante os longos sécu-
as

' aleolftico, algumas realizagêes desse perfodo influfram profundamente


O mundo anHgo

me EE R—
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OE EER— EER RE ER me RR ma

Cronologia 1.1 * O Oriente Préximo

3200 a.C." Surgimento da civilizagao na Suméria.


2900 Unificacio do Alto e do Baixo Egito.
2686-2181 Antigo Império: consolidam-se as formas essencials da
civilizagao egipcia. |

2180 Oueda do império dcade.


1792-1750 Hamurabi da Babilênia subjuga Akkad e Suméria e
cria um cédigo de leis. |
1570 Os egipcios expulsam os hicsos e iniclam a Construgao
de seu império. |

1369-1353 Reinado de Amendfis IV: movimento pelo monoteismo.


1200 Oueda do império hitita.
612 Oueda do império assirio. |

604-562 Reinado de Nabucodonosor: apogeu do império caldeu.


550-525 a.L. As conguistas persas formam um império mundial.
* A maioria das datas é aproximada.

no futuro. Os povos do paleolitico desenvolveram a linguagem falada e aprende-


ram a fabricar € usar instrumentos feitos de osso, madeira e pedra. Com essas fer-
ramentas simples, eles arrancavam rafzes, descascavam troncos de drvore, prepa-
ravam armadilhas, matavam e esfolavam os animais, faziam roupas e teciam re-
des de pesca. Também descobriram como controlar o fogo, gue lhes proporcio-
nava calor e protecio e permitia due cozinhassem a Carne.
Tal como a fabricagao de ferramentas e o controle do fogo, a linguagem foi
uma grande realizagao humana. Ela permitiu ao homem partilhar conhecimento,
experiëncia e senrimentos com seus semelhantes. Assim, a linguagem foi o fator
decisivo no desenvolvimento da cultura e sua transmiss&o de uma geracao a outra.
Muito provavelmente, nossos ancestrais paleoliticos desenvolveram cren€as
mitico-religiosas para explicar os mistérios da natureza, do nascimento, da enfer-
midade e da morte. Acreditavam gue poderes dorados de vida operavam dentro
ealém do mundo gue conheciam, e por isso buscavam estabelecer relac6es amis-
tosas com eles. Para os povos primitivos, os elementos — o sol, a chuva, o vento,
Oo trovio e o relimpago —- eram espiritos, podiam sentir e agir com uma finalida-
de. Para apazigu4-los, faziam-lhes oferendas. Aos poucos surgiram os xamis,
curandeiros e feiticeiros, gue através de rituais, transes € cantos pareciam Capazes
6 Givilizacio ocidental

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Pd om

N - 7
af EN

Pintura em caverna paleolitica, Lascaux, Franga. Realizadas como parte de ricos


mdgico-religiosos de caca, essas pinturas primitivas revelam considerdvel habilidade artistica.
Secretaria de Turismo da Franca

de se comunicar com essas forcas. Foram os povos do paleolftico também gue


deram inicio & prdrica de sepultar os mortos — as vezes com oferendas, o gue su-
gere uma crenga na vida apés a morte.
Fntre treze e doze mil anos atr4s, esses povos buscaram o escuro e o silencioso
interior das cavernas — gue eles provavelmente consideravam santudrios—€, 8 luz
de tochas, pintaram nas paredes figuras de animais gue revelam notdvel habilida-
de e perspicdcia. Ao desenhar um animal com uma lanca no flanco, é provdvel
Jue os artstas pré-histéricos acreditassem gue isso lhes traria sucesso na cacada;
a0 desenhar uma manada de animais, provavelmente acreditavam gue assim a
Caga serla abundante. H4 cerca de dez mil anos, teve inicio no Oriente Préximo
a ldade da Pedra Polida, ou periodo neolitico. Nessa época, o homem descobriu
como culrivar a terra, domesticou animais, estabeleceu aldeamentos, poliu ferra-
mentas de pedra, fez cerAmica e aprendeu a tecer. To importantes foram essas
realizac6es gue sio chamadas de Revolucio Neolftica.
A agricultura e a domesticac&o de animais revolucjonaram a vida., Enguanto
os cagadores e coletores do paleolftico eram torgados a urilizar gualguer recurso
due a natureza colocasse A sua disposig&o, os agricultores do neolftico tra
nsfor-
“Mara Oo melo em gue viviam de modo a atender a suas necessidades.
Em vez de
3 procura de graos, rafzes e frutos, as mulherese criangas culti-
O mundo antigo

de sua s cas as; €m veZ de per cor rer lon gas dis tan cia s no
vavam plantag6es per to
os ho me ns pod iam aba ter os car nei ros ou cab ras dom estica-
encalco de animais,
mes mo. A agr icu ltu ra deu ori gem a um nov o Upo de co mu ni dade, ao
dos ali
o sur gim ent o de pov oag 6es per man ent es — uma veZz du€ OS agricultores
favorecer
viv er pré xim os dos cam pos gue cul cdi vav am € pod iam ago ra armazenar
tinham de
alimentos para o futuro.
alt era ram os pad rêe s de vid a do ho me m do neo lit ico . O exc ede nte
As aldeias
mit iu gue alg uma s pes soa s ded ica sse m par te de seu tem po ao apr i-
de comida per
s hab ili dad es co mo fab ric ant es de ces to ou fer ram ent as. A ne-
moramento de sua
as- pri mas e as cri ag6 es de art esa os hab ili dos os fom enr tar am as
cessidade de matéri
atr avé s de lon gas dis tan cia s, e est imu lar am a for mac ao de
rocas, muitas vezes
edade pri-
povoamentos de comércio. Comega enrao a emergir a nogao de propri
repre-
vada. Os cacadores haviam acumulado poucos bens, ja gue os pertences
ro. J4 os al-
sentavam um fardo guando tinham de se deslocar de um lugar a out
deëes adguiriram propriedades e estavam determinados a protegé-las, tanto dos
demais guanto dos forasteiros gue porventura atacassem a aldeia. Os bandos de
cacadores eram igualitdrios; em geral, nenhum membro do grupo rinha mais bens
ou poder gue outro. Nas aldeias agricolas, surge uma elite governante gue possu!
rigueza e controla o poder.
Os povos neoliticos fizeram grandes avangos na tecnologia. Modelando e cozi-
nhando o barro, construiram recipientes de cerAmica para cozinhar e armazenar
alimentos e dgua. A inveng3o da roda do ceramista possibilitou a produgo mas
rêpida e precisa de tigelas e pratos. Amolando a pedra na rocha, obtiveram ferra-
mentas afiadas para diversos fins. A descoberta da roda e da vela melhorou o trans-
porte € promoveu o comércio; o desenvolvimento do arado e a atrelagem dos
bois facilitaram aos agricultores o trabalho de arar a terra.
O perfodo neolitico marca também o inicio do uso dos merais. O cobre, gue
era facilmente transformado em instrumentos € armas, foi o primeiro metal a ser
utilizado. As ferramentas e armas fabricadas com ele duravam mais tempo do
gue as feitas de pedra e pederneira, e podiam ser refundidas e consertadas, guan-
do se guebravam. Com o tempo, descobriu-se como fazer o bronze, combinando
o cobre e o estanho em proporcées adeguadas. O bronze era mais duro gue o co-
bre, o gue permitia dar-se um gume mais aftado aos instrumentos.
Durante o neolitico, o abastecimento de alimentos tornou-se mais regular, a
vida da aldeia expandiu-se e a populaGio aumentou. As familias gue adauiriram
rigueza passaram a ter uma posiao social mais elevada e assumiram a lideranga
da aldeia. A religiëo tornou-se mais formal e estruturada; os espiritos narurais fo-
ram convertidos em deuses, cada gual com poderes especificos sobre a natureza
ou a vida humana. Foram construidos altares em sua honra, e realizaram-se ceri-
mênias conduzidas por sacerdotes cujo poder e rigueza aumentavam com as ofe-
rendas feitas pelo povo aos deuses. A sociedade neolitica tornava-se mais organi-
zZada e complexa; estava no limiar da civilizagao.
Civikizacio ocidental

Ascensao 3 civilizagao
Aguilo gue chamamos de civilizagdo surgiu h4 cerca de cinco mil anos, no
Oriente Préximo (Mesoporêimia e Egito) e, em seguida, na Asia oriental (fndiae
China). As primeiras civilizagées comecaram em cidades gue eram maiores, mais
populosas e mais complexas em sua estrutura politica, econêmica e social do gue
as aldeias neoliticas. Como as cidades dependiam dos habitantes das aldeias adja-
centes para a sua alimentago, as técnicas agricolas devem ter-se desenvolvido o
suficiente para produzir excedentes de alimentos. Esse aumento da producio
proporcionou alimentos aos habitantes da cidade, gue se ocupavam de trabalhos
no agricolas — eram mercadores, burocratas e sacerdotes.
A invengao da escrita permitiu as primeiras civilizagées preservar, Organizar €
ampliar o conhecimento, transmitindo-o As geracêes futuras. Permitiu também
aos funcion4rios governamentais e aos sacerdotes realizar seu trabalho com maior
eficiëncia. Além disso, as sociedades civilizadas tinham governos organizados,
gue promulgavam leis e definiam os limites de seus Estados. Numa escala muito
mais ampla do gue as comunidades neoliticas, os habitantes construiam edificios
e monumentos, dedicavam-se ao comércio e 3 manufatura e usavam o trabalho
especializado para diferentes projetos. A vida religiosa tornou-se mais organizada
e complexa e surgiu uma classe sacerdotal poderosa e rica. Esses avancos — as ci-
dades, a especializag&o do trabalho, a escrita, o governo organizado, a arguitetu-
ra monumental e uma estrutura religiosa complexa — distinguem as primeiras ci-
vilizac6es das culturas pré-histéricas.
A religiao foi a forga central nessas civilizac6es. Ela oferecia explicacêes satisfa-
tOrias para os fenêmenos da natureza, contribuia para reduzir o medo da morte e
justificava as regras tradicionais da moral. A lei era considerada sagrada, um man-
sd AE

damento dos deuses. A religiao unia as pessoas nas tarefas comuns necessdrias A
sobrevivência — por exemplo, a construcio e manutengio de obras de irrigacio e
RE LOT id

o armazenamento de alimentos. A religiëo também promovia atividades criativas


na arte, literatura e ciëncia. Além disso, o poder dos governantes, considerados
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como deuses ou agentes dos deuses, vinha da religiao.


O aparecimento da civilizag3o foi um grande ato criativo e nio apenas o de-
Ee SERPE

senvolvimento inevirdvel das sociedades agricolas. Muitas comunidades haviam


aprendido a cultivar a terra, mas poucas deram o salto para a civiliza€io. Como
WEER ne

toi possivel aos sumérios e egipcios, criadores das mais antigas civilizag6es, dar esse
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salto? A maioria dos especialistas ressalra a relacZo entre a civilizac3o e os vales dos
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rios. Os rios depositavam um lodo fértil nos campos adjacentes, proporcionavam


s

Aguas para as plantag6es e serviam como estradas para o comércio. Mas os fatores
geograticos apenas nio explicam adeguadamente o aparecimento da civilizagao.
O gue nio se pode omitir éa contribuig&o humana — a capacidade de raciocinar
as

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ea atividade coo perativa. Mas antes gue tais rios pudessem ter gualguer utilida-
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produgdo de alimentos, os pêntanos em torno deles tiveram de ser drena-


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&fol preciso construir digues, reservatêrios e canais. Para construir e manter
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O mundo antigo

de irr iga €&o era nec ess éri a a coo per agi o de gra nde num ero de pes soas, con-
obras
dicao necessêria 3 civilizagao.
str uir € man ter red es de irr iga gao , o ho me m apr end eu a
No processo de con
er a regr as € des env olv eu sua cap aci dad e adm ini str ati va, mat e-
formular e obedec
enh ari a. A nec ess ida de de man ter reg ist ros est imu lou a inv eng ao
mdatica e de eng
as res pos tas cria tiva s aos des afi os cri ado s pela nat ure za lev ara m OS
da escrita. Ess
ita nte s da Sum éri a e do Egi toa dar o salt o par a a civ ili zag ao, alrerando
antigos hab
com isso o curso do destino humano.

A civilizacao mesopotamica
Mesopotêmia é uma palavra grega gue signitica “terra entre rios”. Foi ali, nos
e e do Eufr ates , gue teve inic io a pri mei ra civi liza €ao. O pri mei ro
vales do Tigr
pov o a des env olv er uma civ ili zag o urb ana na Mes opo ram ia (atu al Irag ue) for am
os sumérios, ao colonizar os pantanais do Baixo Eufrares — due, somando-se ao
Tigre, desdgua no golfo Pérsico.
Pelo trabalho constante e pela imagina€io, os sumérios transformaram os pan-
tanos em campos de cevada e peguenos bosgues de tamareiras. Por volta de 3000
A.C.. suas aldeias de cabanas desenvolveram-se gradualmente em doze cidades-
Estado independentes, cada uma consistindo numa cidade e nas terras gue a Cr
cundavam. As realizacêes dos sumérios s0 impressionantes: um sistema de escri-
ta com stmbolos em tableres de argila (cuneiforme), para representar idéias; casas,
paldcios e templos sofisticados, feitos de tijolos; ferramentas e armas de bronze;
obras de irrigacio; comércio com outros povos; uma forma primiriva de dinhei-
ro; instituicêes religiosas e politicas; escolas; literatura religiosa e secular: formas
variadas de arte; cédigos de leis; drogas medicinais e um calenddrio lunar.
A histéria da Mesopotimia é marcada por uma sucessio de conguistas. Ao
norte da Suméria havia uma cidade semita* chamada Akkad. Por volta do ano
2350 a.C., os dcades, liderados por Sargio, o Grande, o rei guerreiro, conguista-
ram as cidades sumérias. Sarg&o construiu o primeiro império do mundo, gue se
estendia do golfo Pérsico ao Mediterrêneo. Os dcades adotaram as formas Cultu-
rais sumerianas e as difundiram para além das fronteiras da Mesoporimia, com
as uas conguistas. A religiao mesopotimica tornou-se uma mistura de elemen-
tos dos dois povos.
Nos séculos gue se seguiram, as cidades sumerianas foram anexadas a vdrios
reinos e impérios. A lingua suméria, substituida por uma lingua semitica, tor-
nou-se obscura, conhecida apenas dos sacerdotes, e os sumérios desapareceram
gradualmente como um povo distinto. Mas suas realizagêes culturais perduraram.
Acades, babilênios, elamitas € outros adotaram as formas de religido, arte, leis €

* Os semitas incluem os dcades, hebreus, babilênios, fenicios, cananeus, asstrios e arameus. Os idio-
mas hebraico e drabe sio linguas semiricas.

*
10 Civilizacio ocidental

literatura sumérias. O legado sumeriano serviu de base a uma civilizacao meso.

GE T
potimica gue manteve um estilo peculiar durante trés mil anos.

RE TEM EIE
Religiëo: base da civiligacdo mesopotdmica

m RILLER
A religido era o centro da vida mesopotAmica. Todas as atividades humanas —
politica, militar, social, juridica, literdria, artistica — estavam geralmente subordi-
nadas a um propésito predominantemente religioso. A religiëo era o guadro refe-
rencial do homem da Mesopotêmia para a compreensio da natureza, da socieda-
dee de si mesmo, e dominava e inspirava todas as outras expressêes culturais. As
guerras entre as cidades, por exemplo, eram interpretadas como conflitos entre
os deuses dessas cidades, e a vitéria dependia, em dltima instência, do favor divi-
no, nao do esforgo humano. Os mitos — narrativas das atividades dos deuses —
explicavam a origem das espécies humanas. Segundo os antigos mitos sumérios,
os primeiros seres humanos brotaram da terra como plantas, ou foram moldados
PER

em argila pelo artesio divino e receberam um coracio da deusa Nammu, ou


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mad N

foram formados pelo sangue de dois deuses, sacrificados com esse propdsito.
las ad
ike —em N”

O homem da Mesopotêimia acreditava ter recebido a vida para executar na


terra a vontade dos deuses no céu. Nenhuma decisio importante era tomada
pelos reis ou pelos sacerdotes sem primeiro consultar os deuses. Para descobrir-
lhes os desejos, os sacerdotes sacrificavam animais e depois examinavam suas en-
tranhas, ou buscavam respostas nas estrelas ou nos sonhos.
As cidades da Mesopotimia eram comunidades sagradas, dedicadas a servir a
mestres divinos, e seus habitantes acreditavam gue, apaziguando os deuses, tra-
rlam seguranga e prosperidade a suas cidades. Cada cidade pertencia a um deus,
gue era o seu verdadeiro governante e o verdadeiro senhor das terras; construia-
! se, com fregiiëncia, um vasto complexo de templos para ele e sua familia,
Supervisionado pelos sacerdotes, o templo era a parte fundamental da vida
da cidade. Ao templo provavelmente cabia a propriedade da maioria das terras da
cidade; os sacerdotes recolhiam aluguéis, administravam neg6cios e recebiam
; contribuigêes para as festas. A maioria dos habitantes da cidade trabalhava para
, os sacerdotes do templo como meeiros, servos ou criados. Os camponeses, ansio-
' sos por agradar aos deuses gue zelavam pelos campos, entregavam parte de suas
colheitas ao templo. Os sacerdotes coordenavam a atividade econêmica da cida-
* de, supervisionando a distribuicZo da terra e as obras de irrigacao e armazenando
alimentos para emergências. Os escribas do templo mantinham registros das des-
pesas e receitas. Servindo como mordomos do deus da cidade e administrando-
lhe os bens terrenos, os sacerdotes eram o esteio da vida
civilizada.
Os mesopotimios acreditavam gue os deuses controlavam o Universo € tudo
o gue nele havia. A lua, o sol e as tempestades; a cidade, as obras
de irrigacio, os
' CAMPOS — Hnham, cada um, o seu deus. O homem da Mesopotimia via deuses e
EE demênios em tudo na natureza. Havia um deus no fogo,
EE, outro no rio; demênios
AA IBROS Provocavam as tempestades de areia, Causavam as doengas,
0a da das mulheres em parto. Para se protegerem punham em
MR contra as forcas hostis, Os

. EF Er SE ! N
EE EF N
dT.
O mundo antigo 1

Caixa de ressonência de uma harpa


suméria, Ur, c. 2600 a.C. O painel do alto
retrata uma figura heréica abragando dois
touros com faces humanas, feitos de
conchas incrustadas em betume. Abaixo,
três painéis com virios animais carregando
comida ou bebida e instrumentos musicais.
O tema talvez se relacione com uma fdbula
de alguma celebrag&o festiva ou miro
religioso. University of Pennsylvania
Museum, negativo #S8-22097

mesopotimios usavam amuletos e imploravam a ajuda dos deuses. Ouando Ihes


ocorria um infortinio, atribuiam-no aos deuses. Nem mesmo o sucesso era re-
sultado de seus préprios esforcos, mas sim da intervenio de um deus gue por
eles se havia interessado especialmente. Em comparaGdo com os deuses, o indivi-
duo era uma criatura insignificante e inferior.
A vida na Mesopotimia era cercada de dividas e perigos. Por vezes as 4guas
imprevistveis dos rios derrubavam os digues, inundando os campos, arruinando
12 Civikzado ocidental

as plantag6es e danificando as cidades. Em outras ocasi6es, a talta de chuvas pri-


vava a terra de dgua, provocando a perda das colheitas. A MesopotAmia nio tinha
barreiras naturais contra a invasao. Sentindo-se cercados por for€as incompreen-
stveis e com fregtiëncia hostis, seus habitantes viviam numa atmosfera de preocu-
pacées gue marcou a sua civilizacao.
Para esse sentimento de inseguranga contribuia a convicc&o de gue os deuses se
comportavam de maneira caprichosa, malévola e vingativa. O gue os deuses exi-
gem de mim? Serd possivel agradar a eles? Para essas perguntas, os homens da
Mesopotimia nao tinham respostas trangiiilizadoras, pois o comportamento dos
deuses era um mistério para os simples seres humanos.
A incerteza e a preocupag4o, a consciëncia do cosmos como algo insonddvel e
misterioso, o sentimento de temor ante a fragilidade da existência ea fugacidade
das realizacêes humanas — tais atitudes sio tio antigas guanto a primeira civiliza-
ao. Na Epopéia de Gilgamesk, a melhor obra literdria da Mesopotimia, esse pes-
simismo e desespero sao retratados magistralmente. O Gilgamesh trata de um
tema profundo: o protesto humano contra a morte. Confrontado com a realida-
de de sua prépria morte, Gilgamesh anseia pela vida eterna. Mas ele sabe gue
guando os deuses criaram os seres humanos, fizeram da morte parte de seu gui-
nhao. Onde estê o homem gue pode escalar os céus? $é os deuses vivem para
sempre... mas para nés, homens, nossos dias estio contados, nossas ocupacêes
TR

30 um sopro de vento.”'
Ts BE nig
ag Ms. TREER dd Ee

O governo, a lei € a economia


Conferida ao homem pelos deuses, a realeza era a instituicdo central da socie-
dade mesopotêmica. Ao contrdrio dos faraés egipcios, os reis da Mesopotimia
re

no se consideravam deuses, mas grandes homens escolhidos pelos deuses para


Fe ra

representd-los na Terra. Os deuses governavam através dos reis, gue Ihes presta-
vam informagêes sobre as condic6es na sua terra (gue era propriedade dos deu-
REEN iS OE ERWEE GR Nek

ses) e a eles pediam orientacio.


O rei administrava as leis, gue vinham dos deuses. A principal colec&o de leis
na Mesopotimia antiga foi o famoso cédigo de Hamurabi (c. 1792-c. 1750
a.G..), o governante babilênio. Descoberto por argueëlogos franceses em 1901-
oi
12902, o cédigo proporcionou revelagêes valiosas sobre a sociedade da Mesopo-
Ie

timia. De maneira tipicamente mesopotimica, Hamurabi afirmava gue seu cé-


digo se baseava na autoridade dos deuses, e gue viold-lo era contrariar a ordem
i

divina.
O cédigo revela a situagao social e os costumes daguela regiëo e época. Embo-
ra as mulheres tivessem um papel secund4rio em relaio aos homens, o cédigo
mostra gue houve esforcos no sentido de protegé-las, e as criancas, contra os abu-
sos. Estabelecendo a pena de morte para o adultério, ele buscava preservar a vida
Er Ed es €ram geralmente rigorosas — “olho por olho e dente por
“pie. Crimes como violagao de domicflio, rapto de criancas, ajuda a escravos
HOS, ERPrAGAD de mercadorias roubadas e falso testemunho eram punidos
AS
DE,

L
O mundo antgo

em em con ta as ci rc un st an ci as at en ua nt es , O céd i-
-oma morte, embora se levass era ma s
s de dla sse . Por ex em pl o, a pu ni gi o
go expressava também as diferenca plebeu.
ic av a um no br e do gue gu an do a vit ima era um
severa guando se prejud du ra men-
o en vo lv id os em ext ors ao ou su bo rn o er am
Os funciondrios do govern co me rc ia ls
ipu lag 6es re la ci on ad as co m as tra nsa gêe s
te penalizados. As muitas est
st ra m a im po rt ên ci a do co mé rc io na vid a me so po r& mica.
mo int ern o
po tê mi a de pe nd ia mu it o do co mé rc io
A economia das cidades da Meso
uar d4- lo, os go ve rn os ins tit uir am re gu la me nt os par a impedir
e externo. Para salvag ciantes
com erc iai s ti nh am de ser reg ist rad as por esc rit o. Ne go
fraudes, € as transac6es dis tan tes,
ce ra m pos tos av an ca do s de co mé rc io em ter ras
empreendedores estabele
me so po tA mi os os pio nei ros no co mé rc io int ern aci ona l.
fazendo dos

Matemdtica, astronomia € medicina


Me so po rê mi a fez ava ngo s imp res sto nan tes na ma te md ti ca . Criou
O homem da
aga o e div is& o, inc lus ive de raf zes cui bic as e cub os. Deter-
as tAbuas de multip lic
ing ulo s ret ëng ulo s e dos gua dri ldt ero s reg ula res , div idi u o cir-
minou a drea de tri
e ch eg ou a ter al gu ma co mp re en sa o dos pri nci pio s gue , sécu-
culo em 360 graus
a se des env olv er no teo rem a de Pir dgo ras e nas €gu ago es do
Jos mais tarde, viriam
ém, ape sar de sua s con tri bui c6e s fu nd am en ta is a mat ema rti ca,
segundo grau. Por
era m pou cos pro gre sso s no Am bi ro da fo rm ul ac ao de teo ria s; nao
os babilênios fiz
rag6es ma-
deduziram principios gerais nem procuraram demonstrar as suas ope
tematicas.
la-
Observando com cCuidado e exatidio as posigêes dos planetas e das conste
coes, os babilênios deram os primeiros passos para a €riagao da ciëncia da astro-
nomia € desenvolveram um calendério baseado nos ciclos da lua. Como na mate-
m4tica, porém, nio formularam teorias para coordenar € esclarecer seus dados.
como poderiam fazé-lo, se acreditavam gue a posigao das estrelas e dos planetas
revelava a vontade dos deuses? Os astrênomos ndo observavam os c€us para €n-
contrar as chamadas relac6es de causa e efeito entre os fenêmenos, mas sim para
descobrir o gue desejavam os deuses. Com esse conhecimento, os babilênios po-
diam organizar suas vidas politica, social e moral de acordo com os mandamen-
tos divinos e, assim, fugir As terriveis consegiiëncias gue, segundo acreditavam,
resultavam do desconhecimento da vontade dos deuses.
Coerentes com a sua visio religiosa do mundo, os homens da Mesoporamia
achavam gue as doengas eram causadas pelos deuses ou pelos dem@nios. Para
curar um paciente, OS sacerdotes-médicos recorriam & magia; por meio de ora-
cêes e sacrificios, procuravam apaziguar os deuses e expulsar os demênios do cor-
po enfermo. Nao obstante, ao identificar as enfermidades e prescrever remédios
adeguados, os babilênios demonstraram algum conhecimento exato da medicina
e da farmacologia.
14 Civilizario ocidental

A civilizagao egipcia
a ede ak , .

A civilizagao egipcia desenvolveu-se no fértil vale do rio Nilo. Sem esse pode-
roso rio, gue tem mais de 6700 km desde a Africa central até o mar Mediterra-
neo, o Egito seria praticamente um deserto. Na época de suas cheias, o Nilo
depositava uma camada de terra preta fértil gue, cultivada, proporcionava ali-
mentagao abundante. Ao aprender a controlar o rio — feito gue exigia esforco
cooperativo e engenhosidade, bem como conhecimentos de engenharia e de ad-
ministra€a0 —, os egipcios se colocaram no caminho da civilizacio. O Nilo servia
rtambém de excelente via de transporte, ligando o Alto e o Baixo Egito (sul e
norte do pais). Barreiras naturais — montanhas, desertos, cataratas no Nilo eo
mar Mediterrineo — protegiam o Egito de atagues, proporcionando aos seus ha-
) bitantes longos periodos de paz e prosperidade. Assim, ao contr4rio dos mesopo-
tAmios, os egipcios experimentavam, em relagso ao meio ambiente em gue vi-
viam, um sentimento de segurana.

Do Antigo Império ao Méaio Império


Por volca de 2900 a.C., um governante do Alto Egito, conhecido como Nar-
mer ou Menes, conguistou o delta do Nilo e o Baixo Egito. Em 2686 a.C., um
governo centralizado havia sido firmemente estabelecido, e as grandes pirimides,
iE gue eram os timulos dos fara6s, estavam sendo construidas. Durante essa Idade
i das Pirimides, ou Antigo Império (2686-2181 a.C.), cristalizaram-se as formas
essenciais da civilizagao egipcia.
|
Os egipcios acreditavam gue o faraé era ao mesmo tempo um deus € um ho-
jr i
| mem, a encarnagao terrena do deus Hêru s. Ele era o governante absoluto, pre-
i servava o sistema de irrigaco, mantinha a justica na terra e€ manifestava a vonta-
de do céu. Com o tempo, os nobres gue serviam como governadores de distritos
Ë. d
ganharam posigëo e rigueza e, aos poucos, foram solapando a autoridade divina
do rei. O crescente poderio dos nobres e os gastos enormes em recursos humanos
c naturais com a construg#io das pirimides levaram ao dedlfinio do Antigo
Império. De 2181 a 2040 a.C., ou seja, no Primeiro Perfodo Intermedidrio, fa-
milias rivais competiram pelo trono, destruindo com isso a unidade do reino. As
guerras civis € o colapso da autoridade central necesséria A manutencio do siste-
ma de irrigag&o lancaram um manto de desolacio sobre a terra,
Durante o chamado Médio Império (2040-1786 a.C.), reis fortes reafirmaram
o dominio faraênico e reunificaram o Estado. Restabelecida a estabilidade politi-
ca, a vida cultural foi revigorada e a atividade econêmica renasceu. Os fara6s
estenderam o controle egfpcio para o sul, sobre a terra da Nibia (atual Sudao),
du€ sé tornou a sua principal fonte de ouro. Um comércio lucrativo foi
realizado
com a Palestina, a Sfria e Creta.
We Em 1800 a.C., aproximadamente, a autoridade central voltou a enf
raguecer-
se Na época conhecida como Segund o Perfodo Intermedidrio
(1786-1570 a.C.),
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Ecuperaram parte de seu poder, os nibios se libertaram do cont
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O mundo antigo 15

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Mapa 1.1 Civilizac6es mesoporimica e egipcla

egipcio e os hicsos (uma mistura de semitas e indo-europeus) invadiram o Egito.


Os hicsos dominaram o Egito durante cerca de cem anos, aré gue foram expul-
sos, em 1570 a.C. Teve ent&o inicio o periodo conhecido como Novo Império
(1570-1085 a.G.).
As caracteristicas b4sicas da civilizagio egipcia haviam sido forjadas durante o
Antigo e Médio Impérios. Os egipcios voltavam-se para o passado, acreditando
gue seus ancestrais eram melhores do gue eles. Durante guase tréês mil anos, a
civilizacao egipcia procurou manter-se em harmonia com a ordem natural insti-
tuida na criacëo. Os egipcios n4o tinham nenhuma concepgaio de progresso.
Acredicando gue o Universo era estdtico e imurdvel, valorizavam as instituicêes, as
tradicêes e a autoridade, gue representavam permanência.

Religido: base da civilizacdo egipcia


A religiëo era onipresente na vida egipcia e explica as destacadas realizag6es dessa
civilizacao. As crencas religiosas eram a base da arte, medicina, astronomia, litera-
16 Civikzacio ocidental

tura € governo. As grandes pirimides eram tdimulos para os fara6s, os homens-deu.


ses. As frases m4gicas eram comuns nas prdticas médicas, pois se atribuiam as doen.
cas aos deuses. A astronomia evoluiu a fim de determinar a época correta da real.
zacio de ritos e sacrificios religiosos. Os mais antigos exemplos de literatura relacio-
nam-se totalmente com temas religiosos. O faraé era um monarca sagrado, gue
servia de intermedidrio entre os deuses e os seres humanos. Os egipcios criaram um
cédigo ético gue, segundo acreditavam, fora sancionado pelos deuses.
O politeismo egipcio revestiu-se de muitas formas, inclusive a adoracio de
animais, pois os egipcios acreditavam gue os deuses também se manifestavam na
forma de bichos. Os egipcios também atribuiam as grandes forcas da natureza —
céu, Sol, terra, o Nilo — a condicio de deuses. Assim, o Universo estava cheio de
divindades, e as vidas humanas estavam ligadas aos movimentos do Sol, da Luae
ao ritmo das estac6es. Nos céus cheios de deuses, os egipcios encontravam res-
postas para os grandes problemas da existência humana.
Um aspecto crucial da religiao egipcia era a vida apés a morte. Por meio das
pir&imides-timulos, da mumificagio para preservar os mortos, e da arte funerd-
ria, mostravam a sua Ansia de eternidade e seu desejo de superar a morte. Os
sacerdotes gue conduziam as cerimênias finebres recitavam encantamentos para
garantir a preservag&o do cad4ver e a continuidade da existência. Nas paredes in-
teriores das pirimides havia textos escritos em hieréglifo — uma forma de escrita
pictérica em gue figuras como crocodilos, barcos a vela, olhos etc. simbolizavam
palavras ou sons gue, combinados, formavam palavras. Os textos consistiam em
fragmentos de mitos, crênicas histéricas e conhecimentos de magia e forneciam
férmulas m4gicas para auxiliar o rei a ascender aos céus. Para os egipcios, o outro
mundo encerrava os mesmos prazeres desfrutados na Terra — amigos, criados,
pesca, caca, remar uma Canoa, excursêes com a familia, entretenimento com mud-
sicos e dancarinas e boa comida. Como a existência terrena nio era fundamental-
mente infeliz, os egipcios no ansiavam pela morte.

A realeza divina
A realeza divina era a instituicio b4sica da civiliza€3o egipcia. Para os egipcios,
a realeza divina era a Vinica estrutura politica aceitdvel: estava em harmonia com
a ordem do Universo e trazia justica e seguranga 3 nag4o.
O poder do faraé estendia-se a todos os setores da sociedade. Os camponeses
eram recrutados para servir como mineiros ou trabalhadores em construcso. O
comércio exterior era monopdlio do Estado e conduzido de acordo com as ne-
cessidades do reino. Como senhor supremo, o faraé superintendia um exército
de funciondrios gue recolhiam impostos, administravam projetos de construgao,
fiscalizavam obras de irrigag&o, fazjam levantamento topografico das terras, man-
Hnham registros, conduziam o comércio externo supervisionavam Os armazéns
governamentais, onde o cereal era guardado para garantir o alimento em épocas
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e m4 colheita. Todos os egipcios estavam sujeitos ao fara6, cuja palavra era con-
serie um mandamento divino. A maioria dos faraés levava a sério suas res-
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COMO protetores benévolos do povo.


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O mundo antigo 17

Miguerinos e rainha, c. 2525 a.C. Peiose


guadris exagerados idealizam a humanidade
do casal real, mas o senso de volume da
escultura e a confiante rigidez da pose
proclamam sua inguestionada divindade.
Harvard MEA Expedition. Cortesia do
Museum of Fine Arts, Boston

Para os egipcios, o faraé governava de acordo com o Ma'ar, gue signitica justi-
ca, lei, direito e verdade. Opor-se a ele era violar a ordem de Ma'ar e trazer a de-
sordem 3 sociedade. Como os egipcios consideravam o Ma at como a verdadeira
ordem da natureza, acreditavam gue sua preservagio deveria ser o objetivo da ari-
vidade humana — a norma orientadora do Estado e o padrio pelo gual os ho-
mens conduziam suas vidas. Os gue agissem e falassem segundo Ma at seriam
justamente recompensados. O gue poderia ser mais trangiiilizador do gue essa
conviccio de gue a verdade divina estava representada na pessoa do fara6?

Ciëncia €e matemdtica
Tal como os habitantes da Mesopotêmia, os egipcios fizeram progressos prêti-
cos nas ciëncias. Demonstraram excelente capacidade de engenharia na constru-
ee
EC A PO BL IC A MU NI CI PA L `N
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Pe. ARLINDO MARCON
18 Givilizacio ocidental

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Rei Akhenaton, 182 dinastia. A


revolug&o religiosa de Akhenaton ainda
hoje fascina os historiadores. Agui ele é
retratado com sua esposa, Nefertite, e
com sua filha sentada no colo. O disco
solar, representando o deus Aron, avulta
acima. Museu Egipcio Berlin/Bildarchiv
Preussischer Kulturbesitz

630 das pirimides e criaram um sistema matemdtico — inclusive a geometria das


i medies — gue Ihes permitia resolver problemas relativamente simples. O calen-
E d4rio solar dos egfpcios, gue lhes permitia prever as cheias do Nilo, era mais pre-
i ciso gue o calend4rio lunar babilênio.
Na 4rea da medicina, os médicos egipcios foram mais capazes do due os seus
colegas da Mesoporimia. Identificaram as enfermidades, reconheceram due a fal-
ta de higiene estimula o cont4gio, tinham algum conhecimento de anatomia e
Ee Re of
ENar,

E realizavam operag6es — circuncisao e talvez a remocio de abscessos dentdrios.


! Mas, a exemplo do gue acontecia entre os babilênios, o progresso da medicina
: egipcia foi prejudicado pela conviccio de gue eram as forcas espirituais gue pro-
'E vocavam as enfermidades.
is
O Novo Império e o declfnio da civilizacio egipcia
t
O Novo Império comegou em 1579 a.C. com a guerra de libertacio contra os
hicsos. Essa guerra deu origem a uma militência intensiva, gue encontrou expres-
Sao na construgio de um império. Faraés de espfrito militar conguistaram terri-
t6rios gue se estendiam para o leste até o rio Eufrates. O Egito obteve tributos e
escravos de seus Estados siditos. As conguistas levaram & expansio da burocra-
cla, a criagao de um exército profissional e ao fortalecimento do poder dos sacer-
dotes, Cujos templos partilhavam dos espélios de guerra. A formaco do império
pês fim ao isolamento egipcio e acelerou o intercimbio comercial e cultural com
outros povos. Durante esse perfodo, a arte egipcia, por exemplo, mostrou a in-
Huência de formas estrangeiras.
O cosmopolitismo crescente encontrou paralelo num movimento pelo mo-
od noteismo durante o reinado do faraé Amené6fis IV (c. 1369-1353 a.C.), gue
| buscou substituir o politefsmo tradicional pelo culto de Aton, um deus tdnico,
#epresentado come o disco solar. Amenéfis adotou o nome de Akhenaton (“0
n Aron”) e transferiu a capital de Tebas para uma cidade sagrada
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O mundo antigo 19

recém-co nstr uida , cha mad a Akh eta ton . A cida de tinh a pald cios , cent ros admi -
-
nistrativos € um conjunto de templos em honra a Aron. Akhenaton € sua €spo
o
sa, Nefertite — gue teve papel destacado em sua corte —, devotaram-se a Aton,
paz.
eriador do mundo, mantenedor da vida, o deus do amor, da justiga e da
Akhenaton também ordenou gue os nomes de outros deuses fossem apagados
insc ric6 es nos temp los e mon ume nto s. Era com um temo r resp eito so due
das
ele glorificava Aton:

Como sêo maltiplas as tuas obras


Estio ocultas aos olhos do homem.
O Deus dnico, sem igual,
Fizeste a terra segundo teu desejo.”

O “monoteismo” de Akhenaton teve reduzido impacto entre a maioria dos


egipcios, due conservou suas crengas antigas, € €ncontrou resistência entre os sa-
cerdotes, gue se ressentiram das modificag6es introduzidas pelo faraé. Pouco
depois da morte de Akhenaton, o novo rei mandou destruir os monumenros a
Aton, bem como as inscric6es e os registros com o nome de Akhenaron.
As guestêes histêricas mais significativas relacionadas com Akdenaron sao: sua
religio era um monoteismo auténtico, gue impulsionou o pensamenrto religioso
numa nova direcio. Se assim foi, teria influenciado Moisés, gue liderou os is-
raelitas para fora do Egito, cerca de um século mais tarde? Essas pergunras provo-
caram controvérsias entre os historiadores. A principal limitagao ao carater
monotefsta do atonismo est4 no fato de gue, na realidade, havia dois deuses na
religiso de Akhenaton — Aton e o préprio faraé, gue ainda era adorado como
divino. Nao existe tampouco nenhuma evidência de gue Akhenaton tenha in-
fluenciado o monoteismo de Moisés. Além disso, os hebreus nunca idenrifica-
ram Deus com o Sol ou gualguer outro elemento da natureza.
Mais rarde, no século XII1 a.C., os libios, procurando provavelmente instalar-
se na terra mais fértil do Egito, aracaram-no a partir do oeste, e os Povos do Mar,
como eram chamados os salteadores nêmades da drea do mar Fgeu e da Asia Me-
nor, langaram uma série de aragues ao Egito. Enfraguecido, o pais abandonou
seu império. Nos séculos gue se sucederam, o Egito caiu sob o dominio dos li-
bios, nubios, assirios, persas e, finalmente, dos gregos, para os guais perdeu sua
independência no século IV a.C.
A civilizac&o egipcia floresceu por auase dois mil anos, antes de entrar numa
fase de guase mil anos de estagnagao, dedlinio e colapso. Durante sua longa his-
tria, os egipcios tentaram preservar as formas antigas de sua civilizacio, revela-
das por seus ancestrais e representando, em todas as épocas, agueles valores imu-
taveis gue eles acreditavam ser o caminho para a felicidade.
20 Civiliaacio ocidental

Construtores de imperios
A ascensio de um império egipcio durante o Novo Império foi parte de uma
evolucio mais ampla na histéria do Oriente Préximo depois de 1500 a.C. —
aparecimento de impérios internacionais. A construcio de impérios levou & fu-
| s30 de povos e de tradig6es culturais, bem como a extensao da civilizacio muito
! além dos vales dos rios.
Uma das razées do crescimento dos impérios foi a migragio dos povos conhe-
| cidos como indo-europeus. Origindrios de uma vasta rea gue se estendia desde
o sudeste da Europa até a regiao além do mar C4spio, eles iniciaram uma série de
migracêes por volta do ano 2000 a.C., gue acabou por lev4-los a Tr4lia, Grécia,
| Asia Menor, Mesopotimia, Pérsia e fndia. De uma lingua b4sica indo-européia
1 . # - A " `
surgiram as linguas grega, latina, germênica, eslava, persa e sanscriticas.

; Hittas

V4rios povos estabeleceram Estados fortes no Oriente Préximo por volta de


j 1500 a.C. — os hurritas no norte da Mesopotimia, os cassitas no sul da Mesopo-
tAmia e os hititas na Asia Menor. Os hititas gueriam controlar as rotas de comér-
cio gue corriam ao longo do rio Eufrates em direcdo 3 Siria. Na década de 1300,
o império hitita alcangou seu apogeu. Seus lideres dominaram a Asia Menor eo
norte da Sfria, atacaram a Babilênia e disputaram com o Egito o controle da Siria
t e da Palestina.
Os hiticas adotaram vérias caracteristicas da civilizacdo mesopotAmica, entre
Ê elas a escrita cuneiforme, os principios legais e as formas de arte e literatura. A
' religiëo hitita combinava as crencas e préticas dos indo-europeus nativos da Asia
Menor com as dos mesopotimios. Os hititas foram provavelmente o primeiro
povo a desenvolver uma indudstria do ferro significativa. De inicio, ao gue parece,
utilizavam o ferro somente para a fabricacio de objetos rituais ou cerimoniais,
nao para ferramentas e armas. No entanto, como o minério de ferro era mais f4-
cil de obter gue o cobre ou o estanho (necessérios para a producao de bronze), a
partir de 1200 a.C. as armas e ferramentas de ferro difundiram-se pelo Oriente
Préximo, embora o bronze ainda fosse utilizado em muitos instrumentos. Por
volca dessa mesma época, o império hitita entrou em colapso, muito provavel-
mente devido as invasêes dos indo-europeus vindos do norte.

Peguenas nacoes
No século XIT a.C., houve uma pausa tempor4ria na formacio de impérios,
ii dué permitiu a vêras peguenas nagêes na Siria e Palestina afirmarem sua sobera-
nia. Trés delas — os fenfcios, os arameus e os hebreus* — eram originalmente
di.

O mundo antigo 21

s do des ert o. Os fen tci os des cen dia m dos can ane us, um pov o S€-
nêmades semita
se est abe lec era na Pal est ina por volr a de 300 0 a.C. Os can aneus gue€
mita gue
oes te, par a a reg io ond e hoj e se situ a o Lib ano , era m cha ma-
migraram para nor
dos de fenicios.
€ Sidon, no licoral
nstalando-se nas cidades de Tiro, Biblos, Berico (Beirure)
, os fen ici os for am nat ura lme nte atr aid os par a o mar . Ess es ou-
do Mediterrêneo
lor ado res fun dar am cid ade s ao lon go da cos ta do nor te da Afr ica, nas
sados exp
neo oci den tal e na Esp anh a, tor nan do- se os mai ore s com er-
has do Mediterri
mos do mun do ant igo . Os fen ici os (ou seu s ant epa ssa dos cana-
ciantes mar fti
abe to gue con sti tui u uma for mid éve l con tri bui gao par a a
neus) criaram um alf
tod as as pal avr as pod iam ser rep res ent ada s pela s com bin ag6 es de
escrita. Como e
evi tav a a nec ess ida de de mem ori zar mil har es de dia gra mas
letras, esse alfabeto
fen ici os tra nsm iti rem as civ ili zac 6es do Ori ent e Pré xim o ao Med i-
permitiu aos
abe-
rerrêneo ocidental. Adotado pelos gregos, gue lhe acrescentaram vogals, o alf
to fonético tornou-se um componente fundamental das linguas europélas.
ti-
Os arameus, gue se instalaram na Siria, Palestina € norte da MesoporAmia,
pap el sem elh ant e ao dos fen ici os. Co mo gra nde s mer cad ore s gue ope -
veram um
vam em Caravanas, levaram tanto mercadorias como padrêes culturais a varias
par tes do Ori ent e Pré xim o. Os heb reu s € os per sas , por exe mpl o, tom ara m co-
nhecimento do alfabeto fenicio por intermédio dos arameus.

Assirid
No século IX a.C., a formac&o de impérios foi reiniciada, dessa vez pelos assi-
rios, povo semita da regiëo em torno do Alto Tigre. Embora rivessem realizado
movimentos expansionistas em 1200 e 1100 a.C., os assirios so comegaram sua
marcha para a formac3o de um império “mundial” três séculos depois. Nos sécu-
los VIII e IX transformaram-se numa impiedosa m4guina de guerra, conguistan-
do a MesopotAmia, inclusive Armênia e Babilênia, bem como Siria, Palestina €
Egito.
O rei assirio, gue era representante e o sumo sacerdote do deus Assur, gover-
nava de maneira absoluta. Os nobres, nomeados por ele, mantinham a ordem
nas provincias e coletavam os tributos. Os assirios melhoraram as estradas, estabe-
leceram servicos de mensageiros e realizaram projetos de irrigac3o em grande es-
cala para facilitar a administragao eficiente das terras conguistadas e promover a
prosperidade. Para manter déceis os stiditos, recorriam ao terror e deportavam
agueles gue causavam problemas.
Apesar de sua dureza, os assfrios preservaram e difundiram a cultura do passa-
do. Copiaram e publicaram as obras literdrias da Babilênia, adotaram os antigos
deuses sumérios e usaram as formas de arte mesoporimicas. O rei assirio Assur-
banipal (669-626 a.C.) tinha uma grande biblioteca, gue abrigava milhares de
tabletes de argila. Depois de um periodo de guerras e de revoltas debilitadoras
por parte dos stiditos oprimidos, uma coalisio formada por medos do Ira e cal-
deus (ou neobabilênios) sagueou a capital assiria de Ninive no ano 612 a.C. O
poderio assfrio estava encerrado.
ii

22 Givilizaréo ocidental

Pérsia: unificadora do Oriente Préximo


A destruicio do império assirio possibilitou a ascensao de um império caldeu,
gue incluia Babilênia, Assiria, Siria e Palestina. Sob o governo de Nabucodono-
sor, gue reinou de 604 a 562 a.C., o império caldeu atingiu seu apogeu. Apdsa
morte de Nabucodonosor, o império foi arrasado pela guerra civil e ameacado
por um novo poder: os persas, um povo indo-europeu gue se instalara no sul do
Jr3. Sob o comando de Ciro, o Grande, e de seu filho e sucessor Cambises, os
persas conguistaram as terras entre os rios Nilo, no Egito, e Indo, na (India, num
periodo de 25 anos, gue foi de 550 a 525 a.GC.
A concepc3o de monarguia absoluta do Oriente Préximo, justificada pela reli-
gi80, atingiu sua expressio culminante na pessoa do rei persa, due, com a aprova-
cao divina, governava um vasto império — “três guartos da terra. Os reis persas
CAT

desenvolveram um sistema eficiente de administragao — baseado em parte no mo-


Mk.

delo assirio —, gue deu estabilidade e uma certa unidade aos seus extensos territé-
$
*

rios. O império persa estava dividido em vinte provincias (satrapias), cada gual
administrada por um governador (sd#rapa) respons4vel perante o imperador. Para
se proteger da subversao, o rei empregava agentes especiais — “os olhos e os ouvi-
dos do imperador” — gue supervisionavam as atividades dos governadores. Os reis
persas permitiam As provincias uma certa margem de autonomia e respeitavam as
tradic6es locais, particularmente em guestêes de religiëo, desde gue os sidiros
pagassem os triburtos, servissem no exército real e se abstivessem de rebelar-se.
O império era unificado por uma lingua t&nica, o aramaico (a lingua dos ara-
meus da Siria), usada pelos funciondrios governamentais e pelos comerciantes. O
aramaico era escrito com letras baseadas no primeiro alfabeto, desenvolvido pelos
% fenicios. Fazendo dele uma lingua universal, os persas facilitaram as comunicagoes
* escritas e orais dentro do império. Este teve ainda outro elemento unificador na
bem desenvolvida rede de estradas, num sistema postal eficiente e num sistema
comum de pesos e medidas, bem como na cunhagem de moedas vdlidas em todo
o império e baseada numa invenco dos lidios, da Asia Menor ocidental.
Além de constituirem uma unidade politica e administrativa impressionante,
os persas fundiram e perpetuaram as vdrjas tradig6es culturais do Oriente Préxi-
mo. Nos paldcios persas, por exemplo, foram encontrados os terragos da Babilê-
nia, as colunatas do Egito, os touros alados gue decoravam os portées dos pald-
CIOs assirios e a habilidade artesanal dos ourives medos.
O universalismo politico e cultural do império persa teve sua contrapartida no
aparecimento de uma religi#o superior, o zoroastrismo — nome tomado de seu
fundador, o profeta persa Zoroastro, gue viveu no século VI a.C. Combinando ele-
mentos monoteistas e dualistas e enfarizando a capacidade do individuo de esco-
lher entre o bem e o mal, essa religiëo ensinava a crenca em Afira-Masda, o deus
da luz, da justiga, da sabedoria, da bondade e da imortalidade. Mas além do Se-
MA S4bio, havia também Arima, o espirito das trevas. Arim& era mau e destrui-
- AR gombaria Atra-Masda, gue sempre triunfava no final. As pessoas tinham
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oe sie escolher entre os dois. Para servir Afra-Masda, era necessêrio dizer
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O mundo antigo 23

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ar — |Mpério assirio No auge, c. 650 a.C.
ke Ed Império persa, c. 494 a.C.

Mapa 1.2 lmpériosassirio e persa

sempre a verd ade e ser bom para os outr os; a rec omp ens a por ess€ com por ram en-
to era a vida eterna no paraiso, reino da luz e da bondade. Os seguidores do espi-
rito maligno eram langados no inferno, um reino de trevas € rormentos. Em con-
traste com as religiëes tradicionais do Oriente Préximo, o Zoroastrismo rejeitavaa
magia, o politefsmo e os sacrificios de sangue, ressaltando em lugar disso a érica.
A Pérsia unificou as nacêes do Oriente Préximo num Estado mundial chefia-
do por um rei de escolha divina e sinterizou as tradigêes culrurais da reg1ao. Mas
reve de enfrentar, pouco depois, as cidades-estados da Grécia, cujo sistema poli-
tico e orientac&o cultural eram distintos dagueles do Oriente Préximo.

A orientacdo religiosa do Oriente Préximo antigo


A religiso dominou, impregnou e inspirou todas as caracteristicas da socieda-
de do Oriente Préximo: direito, realeza, arte e ciëncia. Ela foi a fonte da vitalida-
de e criatividade das civilizacées mesopotimica e egipcia. Os reis-sacerdores, ou
rei-deuses, cujo poder era sancionado pelas forgas divinas, proporcionavam a
autoridade necessdria A organizacio de grandes massas de pessoas em empreendi-
mentos cooperativos. A religido rambém encorajou e justificou as guerras — inclu-
sive escravizag6es € massacres —, gue eram vistas como conflitos entre os deuses.
24 Givilizacio ocidental

Uma visie mitica do mundo


Uma visio de mundo religiosa ou mitogénica (criadora de mitos) dé 3 civiliza-
c30 do Oriente Préximo sua forma caracteristica e nos permite vê-la como um
todo orgênico. A criagao de mitos foi a primeira maneira de pensar da humani-
dade, a mais antiga tentativa de tornar compreensiveis a natureza e a vida. Fa-
lando principalmente a imaginagao e as emog6es, e nio & razao, o pensamento
mitico tem sido um elemento fundamental da cultura humana, gue se expressa,
com fregtiëncia de maneira criativa, na linguagem, na arte, na poesia e na Orga-
nizacao social.
Tendo origem nos ritos sagrados, nas dan€as rituais, nas festas e cerimênias, os
mitos narravam os feitos dos deuses gue, num passado remoto, haviam criado o
af

i mundo e os seres humanos. Sustentando gue o destino humano era determinado


vt

pelos deuses, o homem do Oriente Préximo interpretou suas experiëncias através


dos mitos. Estes também permitiram aos mesopotêmios e egipcios compreender
5 a natureza, explicar o mundo dos fenêmenos. Através dos mitos, a mente do
Oriente Préximo buscou dar coerência ao Universo e tornd-lo inteligivel. Os mi-
F tos propiciaram aos povos do Oriente Préximo uma estrutura gue |hes permitiu
j adeguar suas experiëncias a uma ordem significativa, justificar suas regras de com-
portamento e tentar superar a incerteza da existência.
GE ATR

As civilizac6es do Oriente Préximo antigo baseavam-se num modo de pensar


fundamentalmente diferente da perspectiva cientifica moderna. H4 uma profun-
da diferenca entre os pensamentos mitico e cientifico. A mente cientifica véê a na-
RS EN NR

tureza fisica como uma coisa — inanimada, impessoal e governada por leis univer-
sais. A mente criadora de mitos do Oriente Préximo via cada objeto da natureza
como um #4 — personificado, vivo, com uma vontade individual. Deuses ou de-
mOnios manipulavam tudo. O Sol e as estrelas, os rios e as montanhas, o vento €
2e ER
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o relimpago eram deuses ou residência dos deuses. Para o homem do Egito ou da


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Mesopotimia, os fenêmenos naturais — a gueda de uma rocha, um trovao, uma


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enchente — representavam a vida enfrentando a vida. Se um rio inundava uma


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regido, destruindo as plantacêes, era por vontade prépria; o rio ou os deuses de-
Hi sejavam punir as pessoas.

Em outras palavras, os antigos criavam mitos em ves de apresentar uma andlise ou con-
clusdes. Diriamos, por exemplo, gue certas mudancas atmosféricas venceram uma seca é
provocaram chuvas. Os babilênios, observando os mesmos fatos, consideravam gue se trata-
va da intervengo do gigantesco pdssaro Jmdugud, gue viera salvd-los. Ele cobria os céus
COM Muvens negras de tempestade, gue eram suas asas, e devorava o Touro do Cu, cujo
hdlito guente secava as plantagGes

ii Os cgipclos acreditavam gue o Sol surgia de manhê, viajava pelo céu e punha-
ii Pe RO reino dos mortos, além do horizonte ocidental. As vezes, dizia-se gue todos
'sdias 2 grande Vaca do Céu partejava o Sol e gue este era engolido, todas as noi-
ed ` 3 "

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Depois de repelir as forgas do caos e da destruic4o, 0


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O mundo antigo 25
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Sol ressurgja na manhi seguinte. Para os egipcios, o nascer e o pêr-do-sol nao


eram ocorrências naturais — um corpo celeste obedecendo a uma lei impessoal —,
mas um drama religioso.
A mente cientifica sustenta gue os objetos naturais obedecem a regras univer-
sais: assim, a localizac&o dos planetas, a velocidade dos objetos e o inicio de um
furac&o podem ser previstos. A mente criadora de miros do Oriente Préximo an-
tigo néo era atormentada por contradig6es. Nao buscava coerência lêgica, nem
tinha consciëncia das leis repetitivas inerentes 3 natureza. Em vez disso, atribuia
todas as ocorréncias is acêes dos deuses, cujo comportamento era com fregiën-
cia caprichoso e imprevistvel. Médicos feiticeiros urilizavam de magia para prote-
ger as pessoas das maléficas forgas sobrenaturais gue as rodeavam. A mente cien-
rifica apela & raz&o: analisa a natureza de maneira légica e sistematica e investiga
os principios gerais gue governam os fenêmenos. A mente criadora de mitos ape-
la & imaginagso € aos sentimentos e proclama uma verdade emocionalmente
satisfatéria, nio aguela a gue se chegou mediante andlise e sintese inrelecruais. As
explicac6es miticas da natureza e da experiëncia humana enriguecem a percep-
co €e o sentimento. Desse modo, faziam a vida parecer menos opressiva e a mor-
te menos aterrorizante.
É dlaro gue o homem do Oriente Préximo praticou formas racionais de refle-
XA0 € comportamento. Empregou, sem divida, a raz&o na construgao de obras
de irriga€ao, na elaborag#o de um calend4rio e nas operagêes matemdricas. Mas
como o pensamento légico ou racional continuou subordinado a uma visio mi-
tica e religiosa do mundo, ele nio chegou a um método racional coerente e cons-
ciente de investigacao da natureza fisica e da culcura humana.
A civilizacio do Oriente Préximo atingiu o primeiro nivel no desenvolvimen-
to da ciëncia — observacëio da natureza, registro de dados e melhoria da recnolo-
gia de mineragao, metalurgia e arguiterura. No avancou, porém, até o nivel do
pensamento filoséfico e cientifico autoconsciente — ou seja, as abstracëes, hipd-
teses e generalizac6es logicamente deduzidas. Os mesoporAmios e egipcios nao
criaram um corpo de idéias cienrificas e filoséficas logicamenrte estrururado, dis-
cutido e debatido. Nao tinham nogëo das leis gerais gue governam eventos par-
riculares. Essas realizag6es posteriores couberam & filosofia grega, gue deu uma
“interpretagio racional as ocorrências narurais gue até entao haviam sido explica-
das pelas mitologias antigas (...) Com o estudo da natureza libertado do contro-
le da imaginaGio mitolégica, abriu-se o caminho para o desenvolvimento da
Ciëncia Como um sistema intelectual”*.

Realizacoes do Oriente Préximo


Sumérios e egipcios demonstraram enorme criatividade e inteligência. Cons-
truiram obras de irrigagao e cidades, organizaram governos, mapearam o Curso
dos corpos celestes, realizaram operag6es matemdticas, erigiram monumentos gl-
gantescos, empenharam-se no comércio internacional, estruturaram sistemas bu-
rocrdticos, criaram escolas e Hizeram considerdveis progressos tecnolégicos. Sem a
26 Givilieado ocidental

invencao suméria da escrita —- um dos grandes atos de criag&o da histéria— o gue


entendemos por civilizario nao poderia ter surgido.
Muitos elementos da antiga civilizac&o do Oriente Préximo foram transferidos
ao Ocidente. O veiculo de rodas, o arado e o alfabeto fonético — todos IMPortan-
tes para o desenvolvimento da civilizagao — vém do Oriente Préximo. No Ambi-
to da medicina, os egipcios sabiam do valor de certos medicamentos como o 6leo
de ricino; sabiam também como usar talas e ataduras. As inovadoras divisêes gue
deram 360 graus a um circulo e 60 minutos a uma hora tiveram origem na Me-
sopotimia. A geometria egipcia e a astronomia babilênia foram utilizadas pelos
gregos e tornaram-se parte do conhecimento ocidental. A crenca de gue o poder
de um rei descende de uma fonte celestial também provém do Oriente Préximo.
Também na arte crista encontram-se ligac6es com as formas de arte mesopotë-
micas — por exemplo, os assirios retrataram seres alados semelhantes a anjos.
Os temas literdrios da Mesopotimia foram também copiados, tanto pelos
hebreus como pelos gregos. Por exemplo, algumas histérias biblicas — o Dilévio. a
luta entre Caim e Abel, a torre de Babel — têm antecedentes mesopotêmicos. HA
uma ligag3o semelhante entre os gregos e as mitologias mesopotêmicas antigas.
Assim, muitas das realizagêes dos egipcios e mesopotimios foram herdadas €
assimiladas tanto pelos gregos como pelos hebreus. Ainda mais importantes para
o entendimento do significado essencial da civiliza€&o do Ocidente sio as manei-
ras pelas guais gregos e hebreus rejeitaram ou transformaram elementos das ve-
lhas tradigêes do Oriente Préximo para criar novos pontos de partida para a
mente humana.

Notas

1. Epic of Gilgamesh, com introducao de 3. Henri Frankfort et al. Before Philosophy.


N. K. Sandars. Balimore, Penguin Books, Balcimore, Penguin Books, 1949, p. 15.
1960, pp. 69 e 104. 4. Samuel Sambursky. 7e Physical World
2. Citado em John A. Wilson, The Culture of the Greeks. Nova York, Collier Books,
of Ancient Egypt. Chicago, University of 1962, pp. 18-9.
i
Chicago Press, Phoenix Books, 1951,
p. 227.

Sugestoes de leitura
Campbell, Bernard G. Humankind Emerging Brilhantes discussêes sobre o papel do
(1982). O mundo pré-histérico. mito no Oriente Préximo antigo, assina-
David, Rosalie A. The Ancient Egyptiams das por acadêmicos renomados.
(1982). Focaliza as Crengas e prdticas re- Gowlett, John. Ascent 0 Civilization (1984).
Ee ligiosas do Egito antigo. Estudo atualizado, com gréficos excelentes.
jn dor, Henri et al. The Intellecral Ad-
Hallo, W.W. e W. K. Simpson. The Ancient
OD emture of Aneient Man (1946); a edicëo Near East (1971). Estudo de peso sobre
peEbum intitula-se Before Philosophy. a histéria politica do Oriente Préximo.
as TT N ER
WA od E BEN.

O mundo antigo 27
dT

Moscati, Sabatino. 7he Face of the Ancient Saggs, H. W. E. Civilization Before Greece and
Orient (1962). Estudo elucidativo acerca dos Rome (1989). Focaliza a cultura e a socie-
varios povos do Oriente Préximo antigo. dade.
Oppenheim, A. L. Ancient Mesopotamia (1964). Wilson, John A. The Culture of Ancient Egypt
Enfatiza a histéria social e econêmica da (1951). Interprerag&o de um norério egip-
Mesopotimia. t6logo.

Ouestêes de revisdo

1. Por gue as realizacêes do periodo neolitico 7. Como os persas unificaram o Oriente


30 chamadas de Revolucio Neolitica? Pr6ximo?
2.O gue se entende por civilizagao? Em gue 8. O gue é mito? Em gue aspecros o pensa-
condic6es ela surgiu? mento mitico difere do cientifico?
3. De gue maneira a religido influenciou a 9. Ouais foram os avangos realizados na
civilizacio mesopotamica? ciëncia pela civilizagio do Oriente Pro-
4. Ouais foram as realizag6es dos mesoporë- XIMO?
mios no comércio, na matematica e na 10. Ouais foram as realizag6es das civiliza-
clêncla? c6es do Orienre Préximo? Oue elemen-
5, Oue influência tiveram as crengas religio- ros dessas civilizagêes foram incorporados
sas dos egipcios sobre sua civilizagao? 3 civilizacao ocidental?
6. Oual o significado histérico de Akhe-
naton?
# CAPITULO?2
Os hebreus:
uma nova concepcao de
, Deus e do individuo
$ A Mesopotimia e o Egito antigos, berco das primeiras civilizacêes, nio si
$ os ascendentes espirituais do Ocidente: as origens da tradicio ocidental
devem ser buscadas nos hebreus (judeus) e nos gregos. Assim escreve o
egiptélogo John A. Wilson:
' Os Filhos de Israel construiram uma nagio € uma religiëo com base na re-
: jeicdo das instituicoes eglpeias. Nio sê admitiam um Deus uno, mas tam-
bém lhe atribuiam uma constência de preocupacio e de justica com relacio
ao bomem (...) Tal como os gregos, os hebreus adotaram os modelos dos seus
ilustres visinbos. Tal como os gregos, utilizaram esses modelos com os dife-
rentes propdsitos.!
Neste capitulo examinaremos uma fonte da tradico ocidental, os he-
breus, cuja concepgo de Deus rompeu com o ponto de vista do Orien-
te Préximo e cujos ensinamentos éticos ajudaram a formar a idéia oci-
dental da dignidade do individuo. *

" Primérdios da histéria hebraica


Os hebreus tiveram origem na MesopotêAmia e emigraram para Canaë, uma
parte da gual foi mais tarde chamada de Palestina. Os patriarcas hebreus — Abrado,
Isague e Jacé, tao proeminentemente retrarados no Velho
'Testamento — eram
i chefes de clas seminêmades gue vagavam pela Palestina e eventualmente
3 Meso-
' poramia e ao Egito. Os primeiros hebreus absorveram
algumas caracteristicas da
civilizagao babilênica. Por exemplo, existem paralelos entre a lei biblica
e a tradi-
Co legal da Mesopotêmia. V4rias narrativas biblicas como a Criagë
o, o Dildvio,
o Jardim do Eden — têm origem em fontes mesopotAmica
` Alguns hebreus viajavam desde Cana& até o
s.
Egito para serem pastores e agri-
1 Cultores, mas ac abavam por executar trabalhos forgados para os egipcios.
et ' Tosos de se tornar para semp Té €Scravos Teme-
do faraé, os hebreus ansiavam por uma
|. op
' opor
oreutuninidade de escapaP2r.T. No HNO sésécuculo
l XIII a.C., surgiuj entre eles um chefe ex
traor-
oa
AE fatio chamado Mo
is és , d ue foi recebido
por seu POVO como mensageiro de
O mundo antigo 29

Deus. Conduzindo os hebreus em seu éxodo do Egito, Moisés, durante suas an-
dancas pelo inéspito Sinai, transformou-os em uma nagao, consolidada e enalte-
cida por uma crenga em Javé, o Deus uno.
Os errantes hebreus retornaram a Canaë para juntar-se a outras tribos hebrai-
cas gue no haviam emigrado para o Egito. A conguista € colonizacio de Canaa
foi um processo gradual gue atravessou muitas geragoes ameacadas pelos filisteus
(provenientes das ilhas do mar Fgeu e do lioral da Asia Menor), as doze tribos
hebraicas unificaram-se sob o comando de Saul, heréi carism4rtico a guem ala
maram como seu primeiro rei. No reinado de seu sucessor, Davi, talentoso guer-
reiro e inspirado poeta, os hebreus (ou israelitas) finalmente sacudiram o jugo fl-
listeu e dominaram os povos vizinhos.
O rei Salom&o, filho de Davi, construiu um paldcio real em Jerusalém e, ao
lado deste, um magnifico templo em honra a Deus. No reinado de Salomëo, o an-
tigo Israel encontrava-se no apogeu de seu poder politico € prosperidade, mas a
oposicëo 3 politica triburdria de Salomao e aos privilegios gue ele concedia a Ju-
d4, no sul, levaram & divis&o do reino apês sua morte, em 922 a.C. As tribos leais
ao flho de Salom#o pertenciam ao reino de Jud4, no sul; as outras tribos forma-
ram o reino de Israel, ao norte.
Em 722 a.C., Israel caiu em poder dos assirios, gue deportaram muitos he-
breus para outras partes de seu império. Esses hebreus desterrados misturaram-se
a0s povos vizinhos e perderam sua identidade como povo de Deus. Em 586 a.C.
os caldeus conguistaram Jud4, destruiram o templo de Salomao, devastaram a
terra e deportaram vdrios milhares de hebreus para a Babilênia. Esse foi o pior
momento da histéria dos hebreus. Tinham perdido seu Estado e os povos vizi-
nhos haviam invadido seu territério; seu templo sagrado estava em ruinas; mi-
|hares morreram em batalha, foram executados ou fugiram para o Egito, e outros
milhares estavam exilados na Babilênia. Esse exilio ficou conhecido como Cari-
veiro da Babilênia.
Apesar de tudo, os hebreus (hoje comumente chamados de judeus) sobrevive-
ram como povo — fato gue é um prodigio na histéria. Embora muitos desses exi-
lados tivessem assimilado os costumes babilênios, alguns permaneceram fiéis ao
seu Deus Javé ea Lei de Moisés e ansiavam por voltar 3 terra naral. Sua fé torna-
ra-os capazes de suportar a conguista e o exilio. Ouando os persas conguistaram
a Babilênia, o rei GCiro permiriu gue os exilados regressassem a Jud4, entao uma
provincia persa, em 538 a.C., e reconstruissem o templo.
Os hebreus perderam sua independência para Roma no século I a.C., tornan-
do-se por fim um povo disperso. No entanto, nunca abandonaram o COMPrOMIS-
so com Deus e sua Lei, conforme expressa nas escrituras hebraicas. Denominadas
Tanak pelos judeus (e Velho Testamento pelos cristios), essas escrituras Consis-
tam em 39 livros” escritos por v&rios autores, gue viviam em diferentes pafses.

* Na Antiguidade, o nimero de livros era 24. Alguns deles foram entio divididos em duas partes, e
os doze livros dos profetas menores sio hoje contados individualmente.
30 Givilizacio ocidental

- ER EE

Cronologia 2.1 * Os hebreus

1250 a.G. Fxodo hebreu do Egito.


| 1024-1000 Reinado de Saul, primeiro rei de Israel.
1000-961 Criacao de uma monarguia unificada durante o reinado
de Davi.
961-922 Reinado de Salomao; construg&o do primeiro templo.
750-430 A era da profecia cl4ssica.
722 O reino de Israel cai sob o dominio dos assirios.
586 O reino de Jud4 cai sob o dominio dos caldeus: o temploé
destruido.
586-539 Exilio na Babilênia.
238 O persa Ciro permite gue os exilados retornem a Jud4.
: IS AG, Inaugurag&o do segundo templo.
* A maioria das datas é aproximada.

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dt

f Os judeus chamam os cinco primeiros livros — Gênesis, Exodo, Levitico, Nime-


ros e Deuteronêmio — de Tord (cujo significado original era “ensinamento” ou
instrug30”). Com fregiiëncia, a Tord é chamada de Pentateuco, palavra grega
gue significa “cinco livros”.
As escrituras hebraicas representam a tradico oral e escrita dos judeus desde
aproximadamente 1250 a 150 a.C. Trata-se do registro de mais de mil anos da
antiga vida judaica, indluindo as leis, a sabedoria, as esperancas, lendas e expres-
soes literdrias do povo hebreu. Ao descrever os esforgos do antigo povo judeu
para compreender os caminhos de Deus, as escrituras enfatizam e valorizam a ex-
periëncia humana; seus herêis nao sio semideuses, mas seres humanos. As escri-
ruras retratam tanto a forga guanto a fragueza humana. Algumas passagens reve-
lam Crueldade e descabida vinganga contra os inimigos de Israel, enguanto ou-
tras demonstram os mais elevados valores éticos.
Compiladas por devoros religiosos, nio por pesguisadores da histéria, as

SE Ee ed pe
escrituras hebraicas contêm, naturalmente, erros factuais, imprecisêes e dis-

ET Préximo antigo. Estudantes de es Mi peael vel para.o estudo do Oriente


edparteVelho
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Po Ese Mu poesias, lendas e temas dU€ Constituem Testament E
integrante
os sep verd da tradi-
ra ocidental. Mas é como obra de INspirag&o
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Pergaminho do mar Morto, Judéia, século IT a.C. O carêrer sagrado dos texros biblicos ea
autoridade do registro da palavra de Deus sao ainda hoje um elemento unificador na moderna
sociedade judaica, tal como eram para os antigos hebreus. No final da década de 1940, muiros
pergaminhos foram encontrados em cavernas préximas 3 margem ocidenral do mar Morto.
O documento acima contém a mais antiga cépia de gue se tem noricia de um texto complero do
livro do profera Isafas. Ouase nio h4 diferenga entre esse pergaminho e os manuscritos mais
recentes. O Jobn C. Trevor, 1970

| dos hebreus alcanga importincia mais destacada. O conceito hebraico de


Deus e de sua relacio com os seres humanos é um dos fundamentos da tradi-
C&o ocidenral.

Deus: uno, soberano, transcendente, bom


O monoteismo, a crenga em um Deus uno, tornou-se a forca central na vida
dos hebreus e representou uma profunda cisio com o pensamento mitico do
Oriente Préximo. Os deuses pagaos nao eram verdadeiramente livres; seu poder
nao era ilimitado. Ao contririo de Javé, os deuses do Oriente Préximo n3o eram
sempiternos, mas nasceram ou foram criados; provinham de algum reino ante-
rior. Também sujeitos a condicêes biolégicas, precisavam de alimento, bebida,
32 Givilizacio ocidental

sono e satisfacso sexual. As vezes, adoecjam, envelheciam ou morriam. Ouand,


se comportavam mal, tinham de responder ao destino, gue exigia o Castigo come
retribuic&o; até mesmo os deuses estavam sujeitos ao poder do destino.
Os hebreus consideravam Deus como soberano absoluto. Reinava sobre tudo
nao estava subordinado a nada. Ao contrêrio dos deuses pag&os,
a ExIstência eo
poder de Javé nao provinham de um reino preexistente. Os hebreus acreditavam
gue nenhum dominio da vida era anterior a Deus ou excedia-o em poder.
Para eles
Deus era eterno, fonte de tudo no Universo e dono de uma vontade SUprema.
|
Enguanto as divindades do Oriente Préximo habitavam a natureza, o Deus
hebreu era #anscendente, estava acima da natureza e nio fazia parte dela. Javé
nao se identificava com nenhuma forga natural €e nio morava em nenhum lugar
determinado do céu ou da terra. Como Deus era o criador e senhor da nature-
za, no havia lugar para um deus-sol, um deus-lua, um deus do rio ou um de.
mênio da tempestade. A natureza era uma criagio de Deus mas nio era, ela pré-
pria, divina. Por isso, para os hebreus, os fenêmenos naturais e€ram a magnifi
ca
Bm,
Ee

obra de Deus, nao coisas dotadas de vontade prépria. Todos os elementos natu-
i De
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rais — rios, montanhas, tempestades, estrelas — foram destituidos de gualguer


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di]

atriburo sobrenatural. As estrelas e os planetas eram criacëes de Javé, n&o divin-


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dades ou moradas de divindades. Para os hebreus, n#o eram objeto nem de


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temor nem de adoracao.


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Bar
a

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A remoc4o dos deuses da natureza — a desmitificacio da natureza — é um dos


EE
DERedee

ia
se
"Ada
F

pré-reguisitos do pensamento cientifico. Mas, preocupados com a religiso ea


ge,
ee,af rt rsEg F od
fl. vallei
, ae '

Wu

moralidade, os hebreus no se dedicaram a criar uma ciëncia teërica. Como tes-


%

temunho da grandeza de Deus, a natureza inspirava-os a entoarem louvores ao


ea

senhor; ela invocava adorac&o e nio curiosidade cientifica. Ouando os hebreus


olhavam para o céu, nêo buscavam descobrir relacëes mateméticas, mas admirar
de
Eg
* de
Ed

a obra de Deus. Nio viam a natureza como um sistema governado por princi-
fe mal,
dy Te
Ty
BA
3E

pios ffsicos ou leis naturais com funcionamento préprio. Para eles, o nascer do
s.

sol, a chuva de primavera, o calor do verso e o frio do inverno representavam a


intervengao de Deus em sua criacio. Os hebreus, ao contrrio dos gregos, nao
eram il6sofos. Estavam preocupados com a vontade de Deus, n3o com o inte-
lecto humano; com os sentimentos do cOragao é nao com o poder da mente;
“OM O COMPOrtamento virtuoso & nao com o pensamento abstrato.
Ao contr4rio dos gregos, os hebreus nio especularam sobre as origens das coi-
sas € o funcionamento da natureza: sabiam gue Deus era o criador de rudo. Para
os hebreus, a €xistência de Deus fundamentava-se na CONVICEAO religiosa
€ nao na
vestigagao cientifica; na revela€3o e n&o na razdo. Foram os gregos e
nio os he-
breus gue criaram o pensamento racional. Contudo, o cristianismo,
nascido no
Judalsmo, CONservou a concepgao hebraica de um Deus transcendente e card
ter
met6dico da Sua Cr14640 — conceitos gue
podiam ajustar-se 3 ciëncia grega.
Os hebr
eus também nio especularam sobrea natureza
oe gue Ele era bom e gue fazia exigências éticas a0
de De us. Sabiam ape-
seu povo. Diferentemente
dos deuses do Oriente Préximo,
Sal ; Javé nio era atrafdo pela luxtiria ou impelido
EE ms”
hi Et EE de
S Mad de is

péER
or MET rd Deelrd rsRe

Mat, mas era clemente e misericordioso (...) tardo para ira, e de muita be-
TR
ai ae Abe gl ' sr
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Ha ek erk Re
Es
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O mundo antigo 23
EEN TREE URE

o Sen hor par a com tod os, € com pas siv o com tod as as sua s
nignidade. Bom é
tra ste com os deu ses pag aos , due era m ind ife ren tes aos sere s
obras””. Em con
est ava ate nto as nec ess ida des dos hom ens . Ao afi rma r gue Deus
humanos, Javé
sob era no, tra nsc end ent e e bom , o$ heb reu s rea liz ara m uma revolugao re-
era uno,
u par a sem pre da vis ao de mun do dos out ros pov os do
ligiosa gue os separo
Oriente Préximo.

Autonomia moral e individual


a con cep cao de Deu s tor nou pos siv el uma nov a per cep gao do ind ivi-
Essa nov
. Ao col oca r-s e per ant e Deu s, os heb reu s des env olv era m uma consciëncia de
duo
do Eu. Cad a ind ivi duo tor nou -se cên sci o da sua pro pri a pes soa , da
mesmo ou
aut ono mia mor al e do seu val or pes soa l. Os heb reu s acr edi tavam gue Deus,
sua
dot ado de lib erd ade tota l, con ced era ao seu pov o a lib erd ade mor al —
-Je mesmo
a capacidade de escolher entre o bem e o mal.
Fundamental & crenca hebraica era a insistência em gue Deus ndo Criou os
homens para serem escravos. Eles olhavam para Deus com reverência e humilda-
de, com respeito e temor, mas n4o acreditavam gue Deus guisesse gue as pessoas
rastejassem diante dele, mas gue elas realizassem o seu potencial moral, optando
livremente por seguir ou nao a Sua Lei. Assim, ao criar homens € mulheres a sua
prépria imagem, Deus lhes deu autonomia € soberania. No plano de Deus para
o Universo, os seres humanos eram a cria€io suprema, subordinada apenas a Ele.
De rodas as suas criacêes, somente a eles havia sido concedida a liberdade de es-
colher entre a justiga e a inigtiidade, “vida e bem (...) e morte e mal” (Deutero-
nêmio, 30:15). Mas, tendo o poder de escolher livremente, homens e mulheres
deveriam arcar com a responsabilidade de suas escolhas.
Deus exigia gue os hebreus no tivessem nenhum outro deus e gue nao fizes-
sem imagens, “nem figura alguma do gue h4 em cima no céu, e do gue h4 embai-
xo na terra (...); nêo adorards tais coisas, nem Ihes prestards culto (...) (Ëxodo,
20:4-5). Os hebreus acreditavam gue a adorag#o de idolos privava as pessoas de
sua liberdade e dignidade; ninguém poderia ser totalmente humano se se rendes-
se a idolos inanimados. Assim, rejeitavam as imagens e todas as formas de idola-
tria. Um elemento fundamental das religiëes do Oriente Préximo era o uso de
imagens — formas de arte gue retratavam divindades —, mas, para os hebreus,
Deus, gue era o Ser Supremo, nao podia ser representado por figuras ou escultu-
ras criadas por mêos humanas. Os hebreus rejeitavam completamente a crenga
de gue uma imagem pudesse ter poderes divinos, passiveis de serem manipulados
para beneficio dos homens. No centro da vida religiosa dos hebreus estavam as
consideracêes éticas, no os mitos nem a magia.
Ao fazer de Deus o centro da vida, os hebreus podiam tornar-se agentes mo-
rais livres; nenhuma pessoa, nenhuma instituig&o ou tradicio humana podia re-
clamar-lhes a alma. Sendo Deus o “nico valor supremo do Universo, apenas ele
era digno de adoragio. Assim, tributar lealdade m4xima a um rei ou a um gene-
34 Givilizario ocidental

ral violava a severa adverténcia de Deus contra a adoragao dos falsos deuses. A
primeira preocupag&o dos hebreus era com a honradez, no com poder, fama ou
rigueza, gue eram apenas idolos e Ihes empobreceriam o espirito ea moral.
Havia, entretanto, uma condigao para a liberdade. As pessoas nio eram Ii.
vres para criar seus préprios preceitos morais ou padrêes de certo e errado.
Desse modo, para os hebreus, liberdade significava obediëncia voluntdria ao
mandamentos emanados de Deus. O mal e a dor nio eram provocados pelo
destino cego, por dem@ênios malévolos ou deuses arbitririos, mas resultavam
da inobservência dos mandamentos de Deus. O dilema é gue, ao Ihes ser dado
livre arbitrio, os seres humanos tornavam-se também livres para desobedecer a
Deus, para cometer pecado, gue leva ao sofrimento ea morte. Esse é o sentido
da histéria biblica de Adao e Eva, gue foram punidos por terem desafiado a
Deus no Jardim do Eden.
Para os hebreus, conhecer a Deus nio era compreendê-lo intelectualmente,
nem defini-lo, nem provar a sua existência; conhecer a Deus era ser virtuoso e
amoroso, misericordioso e justo. Ouando uma pessoa amava o Senhor, acredi-
tavam os hebreus, o seu espirito era engrandecido e aprimorado. Gradualmen-
teo individuo aprendia a dominar os piores elementos da natureza humana ea
tratar as pessoas com respeito e compaixao. A crenga de gue o homem foi cria-
do 3 imagem de Deus significa para os judeus gue cada ser humano tem den-
tro de si uma centelha divina gue lhe confere uma dignidade tnica, a gual nio
pode ser subtraida.
Ao prestar devogao a Deus, os hebreus afirmavam o valor e a autonomia dos
seres humanos. Desse modo, conceberam a idéia de liberdade moral: de gue cada
individuo é respons4vel pelos seus préprios atos. Legada ao cristianismo, essa idéia
de autonomia moral é base da tradiczo ocidenrtal.

A alianca e a lei
Essencial ao pensamento religioso hebreu e decisiva na histéria hebraica foia
alianca, o pacto especial de Deus com o povo hebreu: se obedecessem a seus
mandamentos seriam para Ele “um reino de sacerdotes, uma nacio santa” (Éxo-
do, 19:6). Por esse ato os israelitas aceitaram o dominio de Deus. A justiga era o
tema central da ética do Velho Testamento. Libertos da escravidso por um Deus
Justo e compassivo, os israelitas tinham a responsabilidade moral de sobrepujara
InjustiGa e proteger os pobres, os fracos e os oprimidos.
Os hebreus viam a si mesmos como uma nagio tnica, o “povo eleito”, pois
Deus lhes concedera uma honra especial, uma oportunidade imensa, €, COmOo
eles nunca podiam esguecer, uma responsabilidade terrvel. Os hebreus nao t-
nham a pretensao de gue Deus os escolhera porgue eram melhores gue os outros
POVoS ou porgue haviam feito algo especial para merecerem sua escolha. Acredi-
tavam ter sido escolhidos para receber a Lei e, assim, dar um exemplo
de com-
'PEFtamento justo e tornar Deus e a Lei conhecidos de
outras nag6es.
O mundo antigo 35

Pintura mural da sinagoga de Dura-Europos. Pouco depois de 250 a.C., os israeliras enfrentaram
os Blisteus — formiddveis guerreiros gue dominaram as cidades de Canaa — numa baralha nas
proximidades de Afec. Os israeliras levaram a arca da alian€a para o campo da lura, na esperanga
de gue a presenga de Deus os conduzisse 3 vitéria. Mas os filisteus dizimaram os hebreus e se
apoderaram da arca. Esses episédios estao descriros no 1 Livro dos Reis, capitulo 4. A pinrura
acima, encontrada numa sinagoga do século 111 na Siria romana, retrata a caprura da arca. Yale
University Art Gallery Colerdo Dura-Furopos

Essa responsabilidade de serem os mestres morais da humanidade toi uma


carga muito pesada para os hebreus. Deus revelara a sua Lei ao povo hebreu como
um todo, de modo gue a obediëncia a ela —- bem como ao cédigo moral conheci-
do como dez mandamentos — tornou-se a principal obrigacio de cada hebreu.
A lei hebraica incorporou muitos elementos dos cédigos juridicos e rradicêes
orais do Oriente Préximo. Porém, ao dar mais importência as pessoas gue a pro-
priedade, ao exprimir misericérdia para com os oprimidos e ao rejeitar a idéia de
gue a lei deveria tratar ricos e pobres de modo diferente, a lei israelita demons-
trou maior consciëncia érica e€ um espirito mais humano gue os outros cédigos
legais do Oriente Préximo. Assim, havia leis para proteger os pobres, as vidvas, os
6rfaos, os estrangeiros residentes, os trabalhadores a soldo e os escravos:

No furtareis. Nao mentireis,


e ninguém enganard 0 seu préximo (...)
No caluniards teu préximo, nem
36 Civilizacio ocidental

oprimirds com violência (...


No fards o gue é iniguo,
em julgards imjustamente.
No atendas 4 pessoa do pobre,
nem tenhas respeito & casa do poderoso;
julga teu préximo com justica (...)
se algum estrangeiro habitar
na vossa term, € morar entre vos,
do 0 impropereis; mas esteja entre
vos como um natural; € amai-o
COmMO d vO$ MEMOS.
(Levitico, 19:11, 13, 15, 33, 34)

Como outras sociedades do Oriente Préximo, os hebreus colocavam as mu-


|heres numa posic#o subalterna. O marido era considerado o senhor da esposa, e
fregtientemente ela se dirigia a ele do mesmo modo gue um servo ou um subor-
dinado se dirigiria a um superior. O marido podia divorciar-se da esposa, mas ela
nao tinha esse direito. $é na ausência de um herdeiro masculino a esposa podia
herdar bens do marido ou a filha herdar do pai. Fora do lar, as mulheres nio eram
aceitas como testemunhas legitimas nos tribunais e desempenhavam um papel
secund4rio no culto oficial.
Por outro lado, os hebreus também demonstravam respeito as mulheres. As
sdbias e as profetisas como Judite e Débora eram respeitadas pela comunidade e
consultadas pelos seus governantes. Os profetas comparavam o amor de Deus
aos hebreus com o amor de um marido a sua esposa. A lei hebraica consideravaa
mulher como pessoa, nio como propriedade. Aré as mulheres capturadas na guer-
ra estavam protegidas de abuso ou humilhagso. A lei exigia gue o marido respel-
tasse e sustentasse a esposa e nunca lhe infligisse maus tratos. Um dos Dez Man-
damentos prescrevia gue se honrasse o pai e a mae.

O conceito hebraico de histêria


A idéia gue tinham de Deus tornou os hebreus conscientes da grande impor-
tncia do momento histérico. Festividades relacionadas com eventos especificos
como o éxodo do Egito, a entrega dos Dez Mandamentos no monte Sinai ea
destruig&o do templo de Salomo conservavam toda a vida€ importAncia do pas-
sado. Os egipcios e os mesopotêmios nio tinham tal consciëncia da singularida-
de de um determinado acontecimento: para eles, o gue acontecia hoje era uma
simples reproducao dos acontecimentos vividos por seus antepassados. Para OS
hebreus, o Exodo ea alianga eram fatos singulares, excepcionais, decisivos para a
Cria€ao da sua histéria nacional. Essa singularidade e a importência histérica
dos
i ig '- acontecimentos provinham da idéia de um Deus universal profundamente en-
volvido nos assuntos humanos — um
Deus gue cuida, ensina e pune.
Li We” rm
O mundo antigo 7

to o fut uro com o o pas sad o. Con sid era ndo a histé-
N,

Os judeus val ori zav am tan


com o gran-
SERP EE

com o um pro ces so gue con duz a uma met a, son hav am
ria humana
gue Deu s est abe lec eri a na ler ra uma glo rio sa era de paz, pro speridade,
de dia em
e e fra ter nid ade hum ana . Ess a noc io uré pic a imp reg nou pro fun damen-
felicidad
te o pensamento ocidental.
heb reu s via m a his tér ia com o obr a de Deu s, um dra ma divino cheio de sig-
Os
c&o mor al. Os aco nte cim ent os his tor ico s rev ela vam o con flito da vontade
nifica
ana com os man dam ent os de Deu s. Med ian te eve nto s his tor ico s especificos,
hum
era des ven dad a e seu pro pés ito se fazi a con hec er. Ou an do os
a presenca de Deus
asê es e exdl io, int erp ret ava m esse s aco nte cim ent os com o con sé-
bebreus sofriam inv
em inf rin gid o a Lei de Deu s e com o cas tig os por sua obs rin aca o,
giëncia de ter
eld ia. Mas a his tér ia am bé m rev ela va o cui dad o e a com pai xao de
pecado e reb
gua ndo o sen hor con duz iu Moi scs e os isra elit as no mar Ver mel ho e desig-
Deus —
pro fet as par a def end er os pob res e opr imi dos . For ref let ire m a ati tud e de Deus
nou
m cheios de signi-
para com os seres humanos, os ,contecimentos histêricos estava
brados.
ficado espiritual e, portanto, deviam ser registrados, avaliados e lem

Pintura mural da sinagoga de Dura-


Europos, $iria romana, inicio do século
IN. Esta pintura mostra um profeta
hebreu lendo um pergaminho aberto.
Yale University Art Gallery Colegdo
Dura-Furopos
j 38 Givilizacio ocidental

Os profetas
A histéria hebraica caracterizou-se pelo aparecimento dos proferas, homens
espiritualmente inspirados gue se sentiam compelidos a agir como mensageiros
de Deus. O florescimento do movimento profético — a era da profecia cldssica
ou literdria — teve inicio no século VIII a.C. Entre os profetas estavam Amd6s,
um pastor da Judéia, no sul; seu contemporêneo mais jovem, Oséias, de Israel,
no norte; Isaias, de Jerusalém; e Jeremias, gue testemunhou o cerco daguela
cidade, no comego do século VI a.C. Os profetas nio ligavam importência ag
dinheiro ou aos bens materiais, nao temiam pessoa alguma e€ pregavam sem
ed serem convidados. Apareciam muitas vezes em perfodos de miséria social e con-
fusio moral e pleiteavam o retorno 3 alianga ea Lei. Exortavam as pessoas € en-
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sinavam-lhes gue, guando se esgueciam de Deus e se tornavam o centro de to-


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das as coisas, atrafam a desgraga sobre si e sua comunidade. Para os profetas, os


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infortinios gue se abatiam sobre a nagio eram uma oportunidade de penitência


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e reforma. Eles eram homens dotados de grande coragem, due néo tremiam
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diante dos poderosos.


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Ao atacar a opressao, a crueldade, a cobiga e a exploracio, os profetas cl4ssi-


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ha COS acrescentaram uma nova dimens&o ao desenvolvimento religioso de Israel.


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ii Fles reagiam aos problemas decorrentes das mudancas na estrutura social de


Ek Israel. A falra geral de disting6es de classe gue caracteriza uma sociedade tribal
' tora alterada pelo advento de reis hebreus, pela expanso do comércio e pelo
j crescimento das cidades. Por volta do século VIII, havia uma disparidade signi-
Hicativa entre a rigueza e a pobreza. Os peguenos agricultores, em débito com os
(8: usu4rios, corriam o risco de perder suas terras ou mesmo de se tornarem €scra-
ss vos; os pobres eram fregtientemente despojados pelos ricos gananciosos. Para os
profetas, essas inigtiidades sociais eram pecados religiosos gue levariam Israel A
ruina. Em nome de Deus, denunciavam os ricos desalmados e clamavam por
justiga. Deus é demente, insistiam os proferas. Ele zela por todos, especialmente
o pobre, o desafortunado, o sofredor e o indefeso. Eram injuncêes de Deus:

(...) Hrai de diante dos meus olbos a malfcia dos vossos pensamentos, cessai de fazer 0
mal, aprendei a fazer o bem, procurai 0 gue é justo, socorrei 0 oprimido, fazei justiga ao dr-
fzo, defendei a viva. (Ysatas, 1:16.17)

Os profetas salientavam o encontro ético-espiritual entre o individuo e Deus.


Era com o interior de cada homem e€ nio com as formas exteriores da atividade re-
ligiosa gue eles se preocupavam. Ao sustentarem gue a essência da alianca era a vir-
mde universal, os profetas criticavam os sacerdotes Cujo compromisso com ritoS
€ rituais nao se fundamentava numa profunda CONVICGAO espiritual ou na
preocu-
“ PA€80 com a moralidade da vida cotidiana. Para eles, o pecado
ético era muito
oe Een Plor due a ausência de rituais. Acima de tudo, afirmavam, a virtude era uma
ee exd-
gende de Deus. Viver de modo injusto, maltratar o proximo,
agir sem compaixa0
tamiac6es
de gue Violavam
viola a lei de Deus e punham em perigo toda a ordem social.
o
atk FT. . Mams. - NN N. dad - FEED N dd N MR ai ag T EE
Fed Fi N id AEEH Kosie AE KOF:

O mundo antigo 39

Desse modo, os profetas moldaram uma consciéncia social gue se tornou par
te da tradico do Ocidente. Acenaram com a esperanga de guea vida rerrena po-
dia ser melhorada, de gue a pobreza e a injustiga ndo precisavam ser aceltas COMO
parte de uma ordem narural e imurtdvel e de gue o individuo era capaz de elevar-
se moralmente e respeitar a dignidade dos outros. |
Duas tradicées contrdrias estavam presentes no pensamento hebreu: o provin-
€ o univ ersa lism o. O espi rito prov inci ano sali enta va a natu reza pecu -
cianismo
ljar, o dest ino, as nece ssid ades do povo elei to — uma naGa o sepa rada das dema is.
Essa concepcio restrita, porém, era compensada pelo universalismo, preocupa-
co com toda a humanidade, expressa pelos profetas gue antevlam a unidade de
todos os povos sob o governo de Deus. Todos os povos eram igualmente valiosos
para Deus.
Os profetas nio eram pacifistas, sobretudo guando se trarava de guerras con-
tra os inimigos de Javé. Alguns deles, porém, denunciavam a guerra cComo obsce-
na € ansiavam pela sua eliminagso. Ouando as pessoas glorificam a forca, susten-
tavam os profetas, elas desumanizam os seus oponentes, brutalizam a si préprias
e desonram a Deus. Ouando impera a violência, nio pode haver amor a Deus
nem respeito ao individuo.
O universalismo dos profetas acompanhou-se de uma consciëncia igualmente
profunda do individuo e de seu valor intrinseco. Antes dos proferas, guase todaa
tradic5o religiosa fora uma produgo comunirdria, anênima. Mas os proferas fa-
lavam como individuos destemidos, gue, ao assinarem o gue diziam, assumiam
total responsabilidade por sua inspirac&o e convicgao religiosa.
Os profetas enfatizavam a responsabilidade de cada individuo por suas agoes.
Ao passarem a considerar a lei de Deus como um mandamento 4 consciéëncia, um
apelo ao homem interior, aumentaram a conscientizag&o da personalidade huma-
na. Mostraram gue nio se podia conhecer a Deus simplesmente seguindo seus
implacdveis editos e cumprindo ritos; cada pessoa deveria experimentar Deus. Era
precisamente essa relagio Eu-Vés gue daria ao individuo plena consciëncia de si
mesmo e poderia aprofundar e enriguecer a sua prépria personalidade. Durante
o Êxodo, os hebreus eram um povo tribal, gue obedecia & lei movido em grande
parte pelo medo e pela coagao do grupo. Na época dos profetas, entretanto, afi-
guraram-se como individuos autênomos, atentos ê Lei em virtude de um com-
promisso deliberado, consciente e fntimo.
Os ideais dos profetas ajudaram a confortar os judeus através de toda a sua lon-
ga €e nio raro penosa odisséia histérica. Incorporados aos ensinamentos de Jesus,
esses ideais, como parte do cristianismo, impregnaram a tradicio ocidenral.

O legado dos antigos judeus


Para os judeus, o monoteismo iniciara um processo de autodescoberta e auto-
i

realizag3o sem precedentes entre os outros povos do Oriente Préximo. O grande


E
EP
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(
Eie
SEEN

40 Givilizado ocidental

valor gue os ocidentais atribuem ao individuo provém, em parte, dos antigos he.
breus, para os guais os seres humanos, criados & imagem de Deus, eram dotados
de livre arbitrio e de uma consciëncia responsével perante Deus.
O cristianismo, a religiao essencial da civilizac3o ocidental, Surgi
u do antigo
judaismo, com o gual apresenta inimeros e fortes pontos de
ligac30 — entre eles
o monoteismo, a autonomia moral, os valores proféticosea valorizac&
o das eseri-
turas hebraicas como sendo a Palavra de Deus. O Jesus histérico nio pode ser
compreendido sem um exame de seus antecedentes judaicos, e foi as
escritura
hebraicas gue seus seguidores recorreram a fim de demonstrar
a validade de seus
ensinamentos. É por €ssas raz6es gue nos referimos a uma tradic&o
judaico-cris-
t8 como componente fundamental da civilizacio ocidental.
A visao hebraica de uma futura era messiënica, uma idade de our
o de paze
justiga social, constitui a base da idéia de progresso do Ocidente — de gue as pes-
soas podem construir uma sociedade mais justa, gue existe uma razo para se ter
7

esperanca no futuro. Esse modo de perceber o mundo teve grande


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influência so-
bre os movimentos de reforma da Idade Moderna.
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Finalmente, as escrituras hebraicas foram e ainda sio uma das fontes de inspi-
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ra€&o dos pensadores religiosos, romancistas, poetas € artistas ocidentais. Para os


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historiadores e argueëlogos, elas constituem um recurso valioso €m seus esforcos


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de reconstruir a histéria do Oriente Préximo.


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Notas
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Ete,
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ee
J Fi
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1. John A. Wilson. “Egypt — the Kingdom


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2. As cictac6es biblicas foram extrafdas da Bt-


re

of rhe “Two Lands”. Em Speiser, E. A., Ar blia Sagrada, trad. do pe. Matos Soares.
idef
ee

he Dawn of Civilization. New Brunswick, Porto, Tipografia Alberto de Oliveira, 1951.


R
ad.

"
N. J., Rutgers University Press, 1964, (N. do T)
pp. 267-8.

Sugestêes de leitura

Anderson, Bernhard. Understanding the Old Heschel, Abraham. 7he Propkets. 2 vols.
Testament. 23 ed. (1966). Excelente estu- (1962). Andlise penetrante da natureza da
do do Velho Testamento em seu cen&rio Inspira€&o profética.
histérico. Kaufmann, Yehezkel. 7he Religion of Israel
Boadt, Lawrence. Reading the Old Testament (1960). Versio traduzida e abreviada da
(1984). Estudo da experiëncia religiosa da cldssica obra de Kaufmann em v&rios vo-
antiga Israel feito por um erudito catélico lumes.
Simparizante do judafsmo. Kunrtz, Kenneth J. 7e People of Ancient Israel
Bright, John. A History of Israel (1972). Um (1974). Introdugëo valiosa 8 literatura, his-
relato profundo e de fdcjl cOMpreensio; o toria e pensamento do Velho Testamento.
Zeidin, Irving. Ancient Judaism (1984). O so-
Ai Michael. The History of Ancient Israel ciélogo examina a histéêria e o pensamen-
. te,da anrtiga Israel.
L
N ENE SE Rabe ea dres Udo INGE MEER PL E E E 2 # ad... N TEN. N N iN. EEN IN si WE METER

O mundo antigo 41

uestêes de revisao

1. De gue modo a concepgao hebraica de 4. Por gue os hebreus consideravam a hist6-


Deus assinala uma ruptura revoluciondria ria importante? Como demonstravam a
com o pensamento religioso do Oriente sua importdncia?
Pré6ximo? 5. Oue papel os profetas desempenharam na
2. De gue modo o pensamento religioso dos histéria hebraica? Oual o significado du-
hebreus promoveu a idéia de autonomia radouro das suas realizagées?
moral? 6. Por gue os hebreus sao tidos como uma
3. Dê exemplos mostrando gue a lei hebrai- das fontes da civilizag&o ocidenral?
ca expressava uma preocupagio com a dig-
nidade humana.

BIBLIOTECA POBLICA MUNICIPAL


Pe. ARLINDO MARCON
CARLOS BARBOSA — RS$
aansig
N RR “ae “Rea
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s CAPITULO 3
Os gregos: do mito 4 razao

A concepeao hebraica do monoteismo ético, com nfase na dignidade hu-


mana, é uma das fontes da tradicio ocidental. A outra fonte deriva da
Grécia antiga. Tanto os hebreus como os gregos absorveram as realjza-
goes das civilizag6es do Oriente Préximo, mas desenvolveram também ae
suas proprias concepgêes e estilos de pensamento, gue os distinguiram
dos povos da Mesopotimia e do Egito. As grandes realizac6es dos he-
breus situavam-se no campo do pensamento ético-religioso; as dos gre-
gos, no desenvolvimento do pensamento racional.
Para os gregos, a natureza estava sujeita a principios gerais, e nio obe-
decia a caprichos de deuses ou demênios. Acreditavam gue os seres hu-
manos eram cCapazes de pensamento racional, tinham necessidade de
liberdade e possuiam valor como individuos. Embora jamais tenham
dispensado os deuses, os gregos foram conferindo cada vez mais impor-
| rência & razao e as decisêes humanas; chegaram a afirmar gue a razo é o
caminho do conhecimento e gue as pessoas — € nio os deuses — s0 res-
rd oepd
de

pons4veis pelo seu préprio comportamento. Ao deslocar a atencso dos


er
Ed dae

deuses para o individuo, os gregos romperam com a orientacdo mito-


poëica do Oriente Préximo e criaram a concepc&o racional humanista
AE

gue caracteriza a civilizac3o ocidental.

As primeiras civilizagoes egéias


Até o final do século XIX, os historiadores situavam 0 inicio da histéria grega
(ou helênica) no século VITT a.C. Sabe-se hoje gue duas civilizac6es precederam
a Grécia helênica: a min6ica € a micênica. Embora o antigo poeta grego
Ho-
mero mencionasse em suas obras uma primitiva civilizagso grega, os historia
do-
res acreditavam gue os épicos de Homero se referiam a mitose
lendas, nio a um
passado histérico. Porém, em 1871, um rico negociante alemio, Hein
rich
ie me wers uma pesguisa sobre os primêérdios da Grécia. Ao escavar
is, diversos sitios citados por Homero, Schli
j '
'E.BEOrmamentos e ke
EES DE

paldcios gees "uma grcivilizacio


eida A antiga civilizagao foi batizada de Micenas, no ee grega
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O mundo antigo 43

Cronologia 3.1 “* Os gregos

1700-1450 a.C.” Apogeu da civilizag3o minoica.


1400-1230 Apogeu da civilizagao micénica.
1100-800 Idade das Trevas.
c. 700 Homero.
750-550 Epoca da colonizagao.
594 Outorga-sea Sélon o poder de promover reformas.
507 Clistenes amplia as instituigoes democrdricas.
480 Xerxes da Pérsia invade a Grécia; vitéria naval grega
em Salamina.
479 Os espartanos derrotam os persas em Plaréias; fim das
Guerras Persas.
431 Infcio da Guerra do Peloponeso.
404 Atenas rende-se a Esparta; fim da Guerra do Pelopo-
neso.
387 Plato funda uma escola em Atenas, a Academia.

359 Filipe II torna-se rei da Macedênia.

338 Batalha de Oueronéia; as cidades-estados gregas caem


em poder da Macedênia.
335 Aristételes funda uma escola, o Liceu.

323 a.G. Morre Alexandre Magno.


* A maioria das daras é aproximada.

Em 1900, o argueélogo britênico Arthur Evans, fazendo escavagêes na ilha de


Creta, a sudeste da Grécia continental, descobriu uma civilizac&o ainda mais anti-
ga gue a dos gregos micénicos. Os cretenses, ou min6icos, nao eram gregos, nem
falavam o idioma grego, mas tiveram uma influência significativa e duradoura so-
bre aguele continente. A civilizagio minéica sobreviveu por cerca de 1350 anos
(2600-1250 a.C.) e atingiu seu apogeu no periodo de 1700 a 1450 a.C.
Os centros da civilizags0 minéica eram magnificos complexos palacianos cuja
construcso atesta a rigueza e o poder de seus reis. Os paldcios abrigavam as fami-
lias reais, sacerdotes e funciondrios do governo, e em seu interior funcionavam
44 Giviliaado ocidental

oficinas para a produg&o de recipientes de prata lavrada, adagas e cer&mica desti.


nada ao uso doméstico e & exportaG&o.
A julgar pelas evidências argueolégicas, os minéicos eram um POVO pacifico.
De modo geral, sua arte nio retratava cenas militares € seus paldcios, 40 CONtri-
rio dos micénicos, no tinham muralhas nem fortificac6es de defesa. Fo gracasa
essa vulnerabilidade, alids, gue os mindicos sofreram a invasio dos guerreiros mi-
cênicos — o gue contribuiu em parte para o dedlinio de sua civilizacao.
Mas guem eram os micênios? Por volta de 2000 a.C., tribos de lingua
grega
dirigiram-se para o sul, em direg#o & peninsula grega, onde, juntamente com
a
populag3o pré-grega, formaram a civilizacio micênica. No Peloponeso,
os micê-
nIos construiram paldcios inspirados em modelos cretenses. Nesses paldcios,
i

tels
la

micénicos dirigliam os negécios de Estado, sacerdotes e sacerdotisas realiz


st

PS Mas oe E WE
r

avam
en

cerimênias religiosas e oleiros, ferreiros, alfaiates e construtor de carr de


EET

es os guer-
ra desempenhavam suas func6es nas v4rias oficinas, de modo muito sem
elhante
' a0S s€us conNtEMPoraneos minicos. As artes e os oficios micêni
cos muito devem
' a Creta. A escrita gue permitiu aos micênios o registro dos acontecimentos pro-
N vavelmente também teve origem em Creta.
j A civilizagëo micênica, gue consistia em vérios peguenos Estados — cada um
! dos guais com sua prépria dinastia governante —, atingiu o apogeu no periodo de
EE fe ae

1400 a 1230 a.C. Guerras constantes entre os reinos micÊnicos (e talvez


M. or
—d MF. Fagd.

invasêes
estrangeiras) levaram & destruigdo dos paldcios e 3 sibita desintegrag&o da
de ”

rg Me

civi-
liza€&o micênica em redor de 1100 a.C. No entanto, os micênios legaram & ci-
EE ER

vilizagio grega posterior suas formas religiosas, a cerAmica, a metalurgia, a agri-


DE maker

Cultura, a lingua, o cédigo de honra imortalizado nas epopéias homéricas e Os


mitose lendas gue serviram de tema para as tragédias gregas.
EE

A evolucao das cidades-estados


re er
rd wei d ' T
Ee

De 1100 a 800 a.C. o mundo grego passou pela Idade das Trevas, uma era de
misdengeeke res ld

transigio entre a extinta civilizac&o micênica e a ainda existente civiliza


og DADE RE

cao helê-
df Eks

nica. A Tdade das Trevas assistiu & migrag&o das tribos gregas das Areas mon
ta-
kap Ty ri

nhosas da Grécia para as plantcies mais férteis, e do continent


e para as ilhas egélas
eo licoral da Asia Menor. Durante esse periodo, os gregos
tiveram uma vida de
'nseguranga, guerras, pobreza e isolamento.
No entanto, apés 800 a.C., a vida da cidade
renasceu. A escrita tornou-se
NOVamente parte da cultura grega, incorporando
agora os caracteres mais aperfei-
coados dos fenfcios. A populacio aUmeENTOU
significativamente, houve um pro-
Bresso espetacular no uso dos met als € expandiu
-se o COMEÊrcio uitramarino. Pou-
CO Aa pouco, as cidades gregas esta beleceram
colênias nas ilhas do Egeu, ao longo
ie do litoral da Asia Menor e do m ar Negro
N Wine: Ess as
sade colê
d nias , fan dad as
e, a oeste, na Sicilia e na Ir4lia meri-
para resolver o problema da superpopulacso e
DS sade de terras, eram cidad
E es-es
tados independentes, dotadas de gover-
de EE
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! | l; j r ” | k

O mundo antigo 45

met rép ole s. Du ra nt e ess es du ze nt os ano s de co-


no préprio, e nao possessêes das de
lonizacao (750-550 a.C.), expa ndiram-se o comércio e a industria, € o r1tmOo
urbanizacao acelerou-se.

Homero, o modelador do espirito grego


a.C ., log o apd s a Ida de das Tre vas , viv eu o poe ta Ho-
Durante o século VI I
epo péi as, a J/i ada ea Odi ssé ia, aj ud ar am a mo ld ar o espirito
mero. Suas grandes e o
toi gu em pri mei ro mo de lo u a men rta lid ade
ea religido dos gregos. Homero
s a fio, a ju ve nt ud e gre ga cre sce u rec ita ndo os po em as
carêter dos gregos. Século
seu s her éis , gue lu ta va m pel a ho nr a € en fr en ta va m O SO-
homéricos e admirand o
frimento e a morte com coragem. s
poé tic o, cap az de des ven dar , em po uc os e bri lha nte
Homero foi um génio
do s pe ns am en to s, se nt im en to s e con fli tos hu ma no s. Os per-
versos, os mais prof un
ele, co mp le xo s em seu s mo ti vo s e ma ni fe st an do emogoe s
sonagens cri ado s por
mo ira, vin gan ga, cul pa, re mo rs o, co mp ai xi o e am or —,
humanas poderosas — co
KA.
irjam intrigar e inspirar os escritores oe 'Aentais aré o século
da nar ra, de fo rm a poë tic a, um pe gu en o epi séd io do dl ti mo ano da
A Ifa
rri da séc ulo s ant es da épo ca de Ho me ro , du ra nt e o per iod o
guerra de Tréia, oco
tem a de Ho me ro é a ira de Agu ile s. Ao des poj ar “o rap ido -e exc ele n-
icënico. O
to pr êm io (a jo ve m pri sio nei ra Bri sei da) , o rei Ag am ém no n
te” Aguiles do seu jus
lia men te a ho nr a de Agu ile s e vio lou o pre cei to sol ene de gue aos he-
ofendeu ser
s
réis de guerra deveriam tratar-se com respeito. Com o orgulho ferido, Aguile
recusa-se a lutar ao lado de Agamêmnon na batalha contra Tréia. Aguiles inten-
ta preservar sua honra demonstrando gue os gregos nao podem prescindir do seu
valor e da sua bravura militar. Somente depois gue muitos bravos homens sao
assassinados, entre eles seu dileto amigo P4troclo, Aguiles deixa de lado sua rixa
com Agamêmnon e entra no combarte.
Homero utiliza um acontecimento particular, a disputa entre um Agamêmnon
arrogante e um Aguiles vingarivo, para demonstrar uma lei universal — gue a
“perversa arrogAncia” e a “ruinosa célera” ser3o causa de muito sofrimento e mor-
te. Homero demonstra gue h4 uma |égica interna na existência humana. Para
Homero, afirma o classicista britinico H. D. F. Kitto, “a toda ag&o corresponde
uma consegtiëncia; uma agso mal avaliada acarreta maus resulrados'. As ages
das pessoas, €e mesmo dos deuses, obedecem a certo padrao fixo; seus feicos esto
subordinados aos designios do destino ou da necessidade. Com a visao de um
poeta, Homero compreendeu aguilo gue se tornaria uma aritude fundamental
da mente grega: a existência de uma ordem universal para as coisas. Os gregos
mais tarde a formulariam em termos filos6ficos e cientificos.
Em Homero encontramos também a origem do ideal grego de arerd, excelên-
cia. O guerreiro homérico expressa um desejo ardente de afirmar-se, de demons-
trar seu valor, de alcangar a glêria gue os poetas imortalizariam em s€us cantos.
No mundo aristocrdtico e guerreiro de Homero, a excelência era interpretada
principalmente como bravura é habilidade na batalha. Vemos também na descri-
AG Civilizardo ocidental

Detalhe de uma nfora de Flêusis. Na Odisséia, Homero descreve cOmo o astuto her6i Ulisses,
ajudado por dois companheiros, cega o embriagado monstro Polifemo. Nesta pint
ura em vaso do
século VII, Ulisses foi pintado em branco. Justifutg Argueoldgico Alemdo,
Atenas
Oe
ONE
N
jg. * DEAN Fa

N Ao de Homero o germe de uma cONCEPLAO mais ampla da excelência humana:a


-
mar
FIRE

] dHE UnE o pensamento a agao. Um homem de real valor, diz o sibio Fênix ao
mie AE aa df.

VR renitente Aguiles, é “h4bil no falar e destro nas ages . Nessa passagem encontra-
E mOS a primeira afirmacao do ideal grego de educacio —a formacao de um ho-
mem gue, afirma o dlassicista Werner Jaeger, “uniu a nobreza da acio 3 nobreza
da mente”, gue compreendeu “todas as potencialidades humanas”?. Desse modo,
“ncontram-se em Homero as origens do humanismo grego
— a preocupa€ao com
o homem e suas realizacêes.
As obras de Homero sao essenc talmente uma €Xpressêo
da imaginacio poeërlca
e do pensamento mitico. No entanto, na
sua visao da ordem eterna da natureza
€ na sua concepcao do individuo em luta
pela existência, estao os fundamentos
da maneira de ver greg
O mundo antigo

tod a a Gré cra . Af ir ma va -s e gue os pri nci pai s deu ses


religiëo olimpica, aceita em s, a divin”
po , em cuj o cu me se sit uav a 0 pal dci o de Zeu
moravam no monte Olim de religlao.
A vid a cot idi ana dos gre gos est ava im pr eg na da
dade mais important. e en fr ag ue -
a rel igi ëo tra dic ion al ser ia des aft ada
Com o correr do tempo, porém,
cida por um crescente espirito secular e racional

O rompimento com a politica teoerdtca


e de Al ex an dr e Ma gn o, em 325 a.C ., a so ci ed ad e
Desde 750 a.C. aré a mort ad o ba-
cid ade s-e sta dos in de pe nd en te s. A ci da de -e st
grega compreendia muitas o polirica
tri bai s foi, de mo do ger al, a pri mei ra ass oci aga
eada em fidelidades mo ntanhas,
s est êgi os de civ ili zag ao. Al ém dis so, as mui ras
durante os primitivo re ce ra m
ras nat ura is par a a un id ad e pol iti ca — fa vo
bafas e ilhas da Grécia — barrei
esse tipo de organizagao. as rinha
ade -es tad o, ou pdl is, era pe gu en a; a mai orl a del
A dimensio da cid
mil cid ada os do sex o mas cul ino . Ate nas , gue era um a gr an de cidade-
menos de 5 cid a-
apo geu , no séc ulo V a.C .., co m cer ca de 35 a 40 mil
estado, Contava, €m seu
tan te de seu s 350 mil hab ira nte s era con sti tui do de mul her es,
dios homens; o res
est ran gei ros res ide nte s € esc rav os, ne nh um dos gua is tin ha direitos poli-
criancas,
or ci on av a a0s ind ivi duo s um se nt im en to de vin cul aga o, pol s
ticos. A pdlis prop
os es ta va m in ti ma me nt e en vo lv id os na vid a cul rur al e pol iri ca da co-
os cidad&
munidade.
ulo V a.C ., em ple na ma tu ri da de , os gre gos co ns id er av am sua pol is
No séc
homem
como o tnico caminho para a felicidade, `a Mnica estrutura em due o
liz ar sua s ca pa ci da de s esp iri rua is, mor ais € int ele ctu ais ”, nas pal avr as de
podia rea
Kitto 3. A pdlis desenvolvida era uma comunidade com governo préprio gue
expressava a vontade de cidadaos livres, nao os desejos de deuses, monarcas here-
dit4rios ou sacerdotes. No Oriente Préximo, a religiëo dominava a atividade po-
litica, e ser fiel aos mandamentos dos deuses era a primeira responsabilidade do
governante. A pdlis grega também nascera como uma insrituigao religiosa na
gual os cidadaos buscavam conservar uma alianga com suas divindades. No
entanto, pouco a pouco os cidad4os reduziram a importancia dos deuses na vida
politica e basearam o governo nao nos poderes magicos de governantes divinos,
mas na inteligéncia humana. A grande inovagao gue os gregos trouxeram a poli-
rica e 3 teoria social foi a concepcao de gue a lei nio emanava de deuses ou gover-
nantes divinos, mas da comunidade humana.
A emergência de aritudes racionais nao implicou, é claro, o fim da religiao, es-
pecialmente entre os camponeses, gue continuavam Héis a seus anrigos Culcos,
deuses e santudrios. A devoc3o ao deus da cidade permaneceu como um ato de
patriotismo necessdrlo, ao gual os gregos aderiam sem excec30. Assim, a tradicao
mitico-religiosa jamais desapareceu na Grécia; coexistindo a principio com o
crescente racionalismo, aos poucos foi perdendo a forga. Ouando a democracia
ateniense aringiu o seu apogeu, em meados do século V a.G.., a religido j4 nao era
um fator dominante na polirica. Os arenienses conscientemente passaram a se
Givilizacio ocidental

basear na razao humana, n4o na oriëntag&o divina, para conduzir sua vida politi-
ca e intelectual.
O gue distinguiu a vida politica grega daguela das civilizagêes primitivas do
Oriente Préximo, e he conferiu um significado duradouro, foi a gradual com-
preensao dos gregos de gue os problemas da comunidade s&o provocados pelos
seres humanos e exigem solug6es humanas. Fles valorizavam também o livre
exercicio da cidadania. Um rei absoluto, gue governasse arbitrariamente e por
decreto e se cobrasse acima e além da lei, era odioso para os gregos.
Atenas é o melhor exemplo dos ideais de liberdade politica. Antes, porém, de
voltarmos a ela, examinaremos uma outra cidade grega, gue seguiu um caminho
politico diferenrte.
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Esparta: um Fstado fortificado


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Siruada na peninsula do Peloponeso, Esparta conguistou suas cidades vizi-


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nhas, inclusive Messênia, no século VIII a.C. Em lugar de vender os messênios


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no estrangeiro, tradicional método grego de tratar um inimigo derrotado, os es-


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partanos conservaram-nos como servos do estado, ou Pilotas. Enfurecidos pela


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escravidao forcada, os messênios, gue também eram gregos, tentaram desespera-


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damente recuperar a liberdade. Ap6s renhida batalha, os espartanos sufocaram a


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rebeliëo, mas o temor de uma revolta de escravos ficou indelevelmente gravado


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na consciëncia espartana.
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Para conservar o seu dominio sobre os messênios, dez vezes mais numerosos do
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gue eles, os espartanos — com extraordindria determinago, disciplina e lealdade —


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transformaram sua sociedade numa vasta caserna. Nessa sociedade, o trabalho


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agricola era desempenhado pelos hilotas, e o comércio e os oficios ficavam a Cargo


dos perioikoi (periecos), gregos conguistados gue eram livres mas nao tinham di-
reitos politicos. Os espartanos aprendiam um tnico oficio, o militar, e |hes era in-
culcada uma tinica concepdiio de excelência: morrer em batalha por sua cidade.
Eles eram treinados nas artes da guerra e doutrinados para servir o Estado. O
treinamento militar para os meninos espartanos Comecava aos sete anos de idade;
eles se exercitavam, treinavam, competiam e suportavam provac6es fisicas. Os
outros gregos admiravam nos espartanos a coragem, a obediëncia as leis e a capa-
cidade de moldar seu cardter de acordo com um ideal, mas censuravam neles a
concepgao limitada de areté.

Atenas: o despontar da democracig


O contraste entre as cidades-estados de Atenas e Esparta é
nordvel. Enguanto
Esparta era uma potência terrestre e excl usivamen
te agricola, Atenas situava-se pré-
xIma ao litoral da peninsula da Atica,
Ppossuia uma grande esguadra e encabecava
comérclo entre os gregos. Para os esp
artanos, liberdade significava preservar a inde-
is pendência de sua pdtria; essa consi deraco primordial exigia ordem, disciplina

8.

bém gueriam proteger sua cidade contra os ini-


BR ees
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O mundo antgo A9

Mar Jénie

4 Batalhas principais Mar Mediterrdneo


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Mapa 3.1 A bacia do Egeu

migos, mas, ao contrério dos espartanos, valorizavam a liberdade politica e busca-


vam o pleno desenvolvimento e enriguecimento da personalidade humana. As-
sim, enguanto a autoritdria e militarista Esparta se tornou culturalmente estéril, a
sociedade livre de Arenas assumiu a lideranga cultural da civilizacao helênica.
As cidades-estados gregas, de modo geral, passaram por guatro estdgios: gover-
no de um rei (monarguia), governo de aristocratas agrdrios (oligarguia), governo
de um sé homem gue tomou o poder (tirania) e governo do povo (democracia).
Durante a monarguia, o rei, cujo poder emanava dos deuses, comandava o exér-
cito e julgava as Causas Clvis.
O segundo est4gio, a oligarguia, foi instituido em Atenas durante o século
VIII a.C., auando os aristocratas usurparam o poder dos monarcas hereditdrios
(aristocracia, em grego, significa “governo dos melhores”). No século seguinte, Os
regimes aristocrdticos passaram por uma cCrise social. Os camponeses gue toma-
vam dinheiro emprestado da aristocracia, dando as terras como garantia, perde-
ram suas propriedades e chegaram a tornar-se escravos por nio conseguirem pa-
gar suas dividas. Em Atenas, os amargurados e descontentes camponeses exigi-
50 Civiaacdo ocidental

ram e receberam, em 621 a.C.., uma concessao dos aristocratas, gue des
ignaram
Dr4con para redigir um cédigo de leis. Embora o cédigo de Drdcon tenha per-
mitido aos pobres conhecer a lei, reduzindo as possibilidades de gue os Juizes
aris-
tocréticos julgassem arbitrariamente, as sentencas eram extremament € rigoro
sas,
eo cédigo nao trouxe alivio para as aflicées econêmicas dos campon eses.
Atenas
caminhava para a guerra civil, pois os pobres comecavam a organizar “Se ea exig
ir
id N

o perdao das dividas e a redistribuicëo de terras.


he. Ay
he.

ETE

Sdlon, o reformador Em 594 a.C. os aristocratas nomearam Sélon (c. 640-559


a.C.) chefe do Executivo. Homem viajado, poeta e sbio, Sélon sustentava gue
EI

os ricos proprietdrios de terras, com sua cobiga, haviam destruido a


AAR Ed EA

vida da co-
munidade, levando Atenas As portas da guerra civil. Ao reduzir o papel dos
deuses
AE el? ETE

nos assuntos humanos e atribuir os males da cidade ao comportamento especifi


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dos individuos, buscando remédios terrenos para esses males, Sélon


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iniciou a abor-
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dagem racjonal dos problemas da sociedade. Ele sustentava gue a lei escrita
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devia
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A. gs

estar em harmonia com Diké, o principio de justica gue fundamenta a comunida-


EE
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' de humana. Além disso, Sélon gueria instilar nos atenienses de todas as classes
Ak

o
senso de trabalhar pelo bem comum da cidade.
j S6lon pretendia devolver a satide & doente sociedade ateniense restringindo o
N poder dos nobres e melhorando a sorte dos pobres. Para alcangar esse objetivo,
E libertou os atenienses escravizados por dividas e trouxe de volta a Arenas Os gue
6E haviam sido vendidos ao exterior, mas recusou-se a confiscar € redistribuir a terra
sk dos nobres, como exigiam os €xtremistas. Permitiu gue todas as classes de ho-
' mens livres, ar€ mesmo os mais pobres, participassem da Assembléia, gue elegia
SE os magistrados e aceitava ou rejeitava a legisla€#o proposta pelo novo Conselho
P dos Ouatrocentos. Também abriu os postos mais altos do Estado aos abastados
' homens do povo, gue anteriormente haviam sido excluidos dessas posic6es por
nao terem nascido em berco nobre. Assim, Sélon enfragueceu os direitos tradi-
Cionais da aristocracia heredit4ria e deu infcio 3 transformacao de Atenas de uma
oligarguia aristocrdtica para uma democracia.
S6lon também promoveu engenhosas reformas econêmicas. Ao reconhecer
gue
o solo pobre da Africa nio era favordvel & cultura de cereais, insistiu no cultivo
de
uvas para a produgao de vinho e na plantacio de oliveiras, cujo 6leo podia ser
ex-
portado. Para encorajar a expans&o industrial, ordenou gue todos os pais ensi
nas-
sem a seus filhos a atividade do comércio e concedeu cidadania
aos artesaos estran-
gelros due migrassem para Atenas. Em virtude dessas medida
se da alta gualidade
do seu barro marrom-avermelhado, Arenas tornou-se
a principal produtora expor-
tadora de cerAmica. A politica econêmica
de Sélon convertera Arenas num grande
CEntro comercial. Mas suas reformas nio eliminaram
as dispuras sectrias entre OS
clas aristocrdticos nem diminufram todo 6 de
scontentamento dos pobres.
oe Pisdepraeg, 0 Hirano Em 546 a.C.
: Partiddao instabilidade , Pisfstrato (c. 605-527 a.C.), um
geral para tornar-se aristocrata, rou
lie ae ueles due se op
unham a ele. Assim a
trania substituiu
s. E LEBER ER AEOM ET od E ef Ariad”i. #. “N. EA. We val —Md aa EE EE N FT TR
HET AL] FR

O mundo antigo 2

rania era muito comum nas cidades-estados gregas. Ouase sempre aristocratas, OS
riranos geralmente apareciam como defensores dos pobres na sua luta contra a
aristocracia. A fim de conguistar o apoio do povo, Pisistrato mandou gue se ins-
talassem canalizac6es para aumentar o abastecimento de dgua em Arenas, distri-
buiu as terras confiscadas aos aristocratas exilados entre os camponeses pobres e
concedeu empréstimos estatais aos peguenos agriculcores. ae
A grande obra de Pisfstrato foi o incentivo da vida cultural. Ao dar inicio a
grandes projetos arguitetênicos, encorajar escultorese pintores, organizar recirals
piblicos das epopéias de Homero e instituir festivais gue incluiam representacoes
dramdéticas, ele pês a cultura, outrora privilégio da aristocracia, ao alcance dos
homens comuns. Desse modo, lancou uma politica gue acabaria por levar Arenas
a tornar-se a capital cultural dos gregos.

Clistenes, o democrata Ap6sa morte de Pisistrato, uma facgao cheftada por Clis-
tenes, um aristocrata simpdtico & democracia, assumiu a lideranga. Através de
um engenhoso método de redistribuigëo, Clistenes pês fim & tradicional prarica
de competicso entre os clas aristocrdticos pelos principais cargos do Estado, gue
tanta divisZo e amargura havia provocado em Arenas. Clistenes substiruiu essa
prAtica, arraigada na tradico e na autoridade, por um sistema novo, concebido
para garantir gue a fidelidade histérica & tribo ou ao cla fosse substiruida pela
lealdade 3 cidade.
Clistenes esperava fazer da democracia a forma permanente de governo em
Atenas. Para proteger a cidade contra a tirania, introduziu a prdtica do ostracis-
mo. Uma vez por ano, concedia-se aos atenienses a oportunidade de inscreverem
num caco de barro (dstrakon) o nome de gualguer pessoa gue, segundo eles,
representasse perigo para o Fstado. O individuo contra o gual se apurasse um
nimero suficiente de votos era ostracizado, isto é, forcado a deixar Arenas por
dez anos.
Clistenes consolidara firmemente a democracia em Atenas. A Assembléia, gue
Sélon frangueara a todos os cidadaos do sexo masculino, eéstava em vias de tor-
nar-se a suprema autoridade do Estado. Mas o periodo da grandeza de Atenas
ainda estava por vir; os atenienses tinham primeiro de vencer uma guerra de so-
brevivência contra o Império Persa.

As Guerras Persas
Em 499 a.C., os jénios gregos da Asia Menor revoltaram-se contra os seus se-
nhores persas. Solidria com a causa jénia, Atenas enviou vinte navios para aju-
dar os revoltosos. Avido de vinganga, Dario T, rei da Pérsia, enviou um pegueno
destacamento 3 Artica. Em 490 a.C., na planicie de Maratona, o exército de Arte-
nas, composto de cidadaos, derrotou os persas — para os atenienses, um dos mais
gloriosos momentos da sua histéria. Dez anos mais rarde, Xerxes, filho de Dario,
organizou uma enorme forga invasora — com cerca de 250 mil homens € mais de
guinhentos navios —- com o objetivo de converter a Grécia numa provincia persa,
52 Civikzacio ocidental

A maior parte das cidades-estados, esguecendo-se dos seus instintos se paratistas,


uniu-se para defender sua independência e liberdade.
Os persas atravessaram as dguas do Helesponto (estreito de Dardanelos) e dit.
giram-se para o norte da Grécia. Herédoto descreve a luta dos persas no desfila-
deiro das Termêépilas com trezentos espartanos, gue nao desmereceram seu trei-
namento e seu ideal de aret£: “os gue ainda possuiam espadas com elas se defen-
diam; os outros lutavam com as mêos limpas € com os dentes. Mas os bérbaros,
atacando-os sem trégua, uns de frente, depois de haverem posto abaixo a mura-
Iha, e os outros por todos os lados, depois de os terem envolvido, aniguilaram-
nos a todos*. O norte da Grécja caiu em poder dos persas, gue continuarama
avangar até gueimarem a abandonada Atenas.
E Ouando tudo indicava gue o énimo dos gregos se aguebrantara, o estadista €
E general ateniense 'Temistocles, demonstrando em guestêes militares a mesma
' racionalidade gue Clistenes revelara na vida politica, atraiu a esguadra persa para
: os estreitos da baia de Salamina. Impossibilitada de manobrar seus navios, nume-
' ricamente superlores, nesse restrito espago, a esguadra persa foi destruida pelas
gregas. Em 479 a.G., um ano ap6s a vitéria naval ateniense em Salamina, Os €s-
jy partanos derrotaram os persas na batalha terrestre de Platéias. A inteligência in-
N ventiva com gue os gregos planejaram suas operag6es militares e o desejo intenso
de preservar sua liberdade permitiram-lhes derrotar a maior forca militar do
mundo mediterrêAneo.
EE EE ee

As Guerras Persas foram decisivas para a histéria do Ocidente. A confiancae o


' orgulho provenientes dessa vitéria levaram Atenas a uma idade de ouro € suscita-
' ram €ntre os atenienses o desejo de dominar a Grécia. As Guerras Persas marca-
jP ram o inicio do imperialismo ateniense, gue teve drdsticas consegiiëncias para o
4 futuro da Grécja. Imediatamente apés o término das guerras, mais de 150 cida-
ai des-estados organizaram uma confecderagio — a Liga de Delos (assim chamada
f pordue seu tesouro encontrava-se na ilha de Delos) — para se protegerem de um
novo contronto com a Pérsia. Gragas a sua rigueza, sua poderosa armada ea irre-
guieta energia de seus cidadaos, Atenas assumiu a lideranca da Liga. De maneira
ed vae PET
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pe

consclente e rapace, os atenienses manipularam a Liga em favor de seus préprios


interesses econêmicos, ignorando toda e gualguer contradic#o entre imperialis-
mo e democracia. Atenas proibiu os estados membros de desertarem, instalou
EE,
EE

Es guarnic6es no territério dos estados confederados e usou o tesouro da Liga para


inanciar suas obras piblicas. Embora os estados membros recebe
ssem protegao
eferiva contra aragues de piratas e persas € nio fossem onerados com pesados tri-
buros, além de se beneficiarem agora de um comércio mais intenso,
ndo estavam
sarisfeitos com o dominio ateniense.

O amadurecimento da democracia at
enjense
ig ss O imperalismo de Arenas foi
Es uma das consegiiëncias das Guerras Persas: a OU-
8 foi Oo florescimentoo da da demo cracla
N EE
e da cultura atenienses. O Estado atenien-
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AEMOEracIa direta em gue as leis eram feitas pelos préprios cidadaos €
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O mundo antigo 23

no por representantes eleitos. Na Assembléia, de gue podiam participar todos os


cidadios adultos do sexo masculino e gue se reunia mais ou menos duarcnta v€-
zes por ano, os atenienses discuriam e votavam os principais problemas do Esta-
do — declaravam guerra, firmavam tratados e decidiam onde aplicar os recursos
publicos. O mais humilde sapateiro, bem como o mais rico aristocrata, tinham
oportunidade de expressar sua opiniio na Assembléia, votar e exercer um cargo.
Em meados do século V a.C., a vontade do povo, conforme expressa na Assem-
bléia, era soberana. o
O Conselho dos Ouinhentos (introduzido por Clistenes para substituir 9 Con-
selho dos Ouatrocentos de Sélon) controlava os portos, as instalagoes milirares e
outras propriedades do Estado, além de preparar a ordem do dia da Assembléia.
Como seus membros eram escolhidos anualmente por sorteio e nao podiam ser-
vir mais de duas vezes na vida, o Conselho jamais podia suplantar a Assembléia.
Cerca de trezentos e€ cingtienta magistrados, também escolhidos por sorteio,
desempenhavam fung6es administrativas: cobrar multas, policiar a cidade, con-
sertar as ruas, inspecionar os mercados etc. Os dez generais, em razao dos conhe-
cimentos especializados exigidos por seus cargos, ndo eram escolhidos por sortelo,
mas eleitos pela Assembléia.
A democracia ateniense tem sido adeguadamente descrita como um governo
de amadores: nio havia servidores civis, soldados e marinheiros profissionais,
nem jufzes mantidos pelo Estado, nem legisladores eleicos. Os deveres governa-
mentais eram exercidos por cidados comuns. Tal sistema fundamentava-se na
presungio de gue o cidadao comum era capaz de participar com inteligência dos
negécios do Estado; de gue ele desempenharia suas responsabilidades para com a
cidade com espirito de patriotismo civico. Na Atenas do século V a.C., excelên-
cia eguivalia a boa cidadania — uma preocupag&o com o bem da comunidade gue
ultrapassa as aspirac6es pessoais.
A democracia ateniense atingiu seu apogeu em meados do século V a.C., sob
o governo de Péricles (c. 495-429 a.C.), talentoso estadista, orador e chefe mili-
tar. No estigio inicial do formid4vel confronto com Esparta — a Guerra do
Peloponeso (431-404 a.C.) —, Péricdles proferiu um discurso em homenagem aos
atenienses mortos na guerra. O discurso, relatado por Tucidides, o grande histo-
riador ateniense do periodo, contém uma descricao vivida do ideal democrdtico
de Atenas:

Soros considerados uma democracia, porgue a administracao estd nas maos de muitos
e nao de poucos. Mas embora a lei assegure igualdade de justica a todos em suas guestoes
privadas, o direito de excelência também é reconhecido; e guando um cidaddo de algum
modo se distingue, ele é [escolbido para] o servico publico... como recompensa por seu méri-
to. A pobreza tampouco constitui obstdculg, pois mesmo um homem de condicëes obscuras
pode benefsciar seu pais... No hd exclusividade em nossa vida publica, e em nossas relacëes
Privadas ndo suspeitamos uns dos outros, nem nos indispomos com nosso vizinho por ele
fazer o gue gosta; ndo langamos sobre ele olhares irritados, gue embora inofensivos so
desa Vels... HMM Es frito de reverênria ermeia HOSSOS afo$ P iblicos: ” PVL I dRO $ azer O

dué é errado EN respeito a autoridade ë as lets...


s4 Givilizacio ocidental

A democracia ateniense sem divida tinha limitac6es e fraguezas. Os Criticos


modernos mostram gue os estrangeiros residentes eram guase totalmente excl.
| dos da cidadania e, portanto, da participacao politica. Os escravos, due Consti.
i tufam aproximadamente um guarto da populago ateniense, nio desfrutavam ne.
: nhuma das liberdades gue os atenienses tinham em tio alta conta. Os gregos
consideravam a escravidao uma precondigao necessdria 3 vida civilizada: segundo
acreditavam, para gue uns fossem livres e présperos, outros tinham de ser esera.
1. vizados. Os escravos geralmente eram prisioneiros de guerra ou individuos cap-
turados por piratas. Alguns escravos atenienses eram gregos, mas a maioria dele
era constituida de estrangeiros. De modo geral, os escravos realizavam os mes.
mos trabalhos gue os cidadios atenienses: agricultura, comércio, manufatura e
tarefas domésticas. Agueles, porém, gue labutavam nas minas — entre os guais
pré-adolescentes — compartilhavam um destino cruel.
! As mulheres atenienses também eram privadas de direitos legais e polfticos.
Ens

jié Nao tinham permissao de exercer cargos publicos e geralmente nio podiam
comparecer perante os tribunais sem um representante masculino. Uma vez gue
j eram consideradas incapazes de agir por conta prépria, necessitavam de um tutor
| — normalmente o marido ou o pal — gue administrasse sua propriedade e fiscali-
ii zasse $eu Comportamento. As meninas guase sempre se casavam aos Catorze anos,
N com homens gue tinham o dobro de sua idade, e o casamento era arranjado por
SE um parente do sexo masculino. Embora a esposa pudesse obter o divêrcio, os
jy filhos ficavam sob a guarda do pai. Acreditando gue as negociac6es financeiras
; eram muito dificeis para as mulheres, e gue estas precisavam ser protegidas dos
estranhos, os homens se encarregavam de ir as compras. As mulheres gregas nio
recebiam nenhuma educagio formal, ainda gue algumas jovens aprendessem a
ler e escrever em Casa.
Os defeitos da democracia ateniense nio devem levar-nos a subestimar as suas
extraordindrias realizag6es. A idéia de gue o Estado representa uma comunidade
de cidadaos livres continua sendo um dos principios b4sicos da civilizacao oci-
dental. A democracia ateniense incorporou o principio do Estado juridico — um
governo baseado nio na forca, mas em leis discutidas, planejadas, emendadas €
obedecidas por cidadios livres.
Essa idéia do Estado juridico sé podia ter nascido numa sociedade em gue se
conhecesse e respeitasse a inteligência racional. Assim como os gregos desmitifi-
Caram a natureza, assim também retiraram o mito do domifnio da polftica. Sus”
tentando gue o governo era algo gue as pessoas criavam para satisfazer as necessl-”
dades humanas, os atenienses viam seus lideres n&o como deuses ou sacerdotes,
mas como homens gue haviam demonstrado capacidade para dirigir o Estado.
ie. Tanto o pensamento politico sistemd&tico guanto a politica democrdtica tHvé-

| ase proplou de Ge rIsaram-seva racionalme


De ads Pe Surginum nteindageges obre a aar
as instituicêes polid-
OS*
“OUE Sobre a justiga € a natureza humana € discutiram-se os méritOS
O mundo anHgo

Cantaro com figuras negras, Atica,


c. 510 a.C. Este jarro de 4gua retrara
mulheres retirando 4gua de um chafariz.
Essas idas 3 fonte constituiam uma das
poucas oportunidades de socializagao
das mulheres fora de casa. William
Francis Warden Fund. Cortesia do
Museum of Fine Arts, Boston

das vérias formas de governo. É 3 Grécia gue remontam a idéia de democracia e


todas as suas implicac6es — a cidadania, as constitui6es, a igualdade perante a
lei, o governo da lei, a discusso racional, o respeito ao individuo e a conftanga na
inteligência humana.

O declinio das cidades-estados


Embora os gregos compartilhassem a mesma lingua e a mesma culcura, per-
maneciam politicamente divididos. A determinaGëo de preservar a soberania da
cidade-estado impedia os gregos de formarem um grupo politico maior, o gue
poderia ter limitado as guerras gue acabaram por custar 3 cidade-estado a sua vi-
talidade e independência. Mas a cria&o de uma uniëo pan-helênica teria exigido
uma transformacëo radical do cardter grego, o gual por centenas de anos consi-
derou a cidade-estado independente como o tnico sistema politico adeguado.

A Guerra do Peloponeso
O controle de Atenas sobre a Liga de Delos assustava os espartanos e seus alia-
dos da Liga do Peloponeso. Esparta e os estados do Peloponeso decidiram-se pela
guerra porgue sentiam sua independência ameagada pela din&mica e imperialista
56 Civilizario ocidental

Arenas. O gue estava em jogo para Arenas era sua hegemonia na Liga de De] be
gue Ihe concedia poder politico e contribuia para sua prosperidad € ECONBMica
Nem Atenas nem Esparta previram as consegtiëncias catastréficas due a gu
err
traria para a civilizadao grega.
A guerra iniciou-se em 431 a.C. e terminou em 404 a.C. Ouando Atenas, as.
sediada, com a marinha dizimada e uma guantidade de viveres cada ver menor
finalmente rendeu-se, Esparta dissolveu a Liga de Delos e obrigou os atenienses
a demolir suas altas muralhas — fortificacées destinadas a proteger a cidade cop.
tra as armas de assédio.
A Guerra do Peloponeso destruiu as fundag6es espirituais da sociedade helên;.
ca. Durante a prolongada guerra, os homens tornaram-se embrutecidos, o indi
vidualismo egoista venceu o dever cfvico, a moderagio cedeu ao extremismo
em vêrias cidades, inclusive Atenas, a politica degenerou guerra civil entre as fac-
goes oligérguicas e democrdticas. Os oligarcas, gue geralmente provinham das
camadas mais ricas da sociedade ateniense, desejavam concentrar o poder em
suas préprias maos, privando as classes mais baixas dos direitos politicos. Os de-
mocratas, geralmente oriundos das camadas mais pobres da sociedade, buscavam
preservar os direitos politicos dos cidadaos adultos do sexo masculino. Os confli-
tos entre oligarcas € democratas eram muito comuns nas cidades-estados gregas
mesmo antes da Guerra do Peloponeso.

O sérulo IV
A Guerra do Peloponeso foi a grande crise da histéria helênica. As cidades-
estados jamais se recuperaram das feridas espirituais gue infligiram a si préprias.
A lealdade civica e a confianga gue haviam caracterizado o século V desaparece-
ram, € o século IV foi dominado por uma nova mentalidade gue os lfderes do
século de Péricles teriam rejeitado. A preocupacio com os negécios particulares
substituiu a devogëo ao bem geral da pdlis. As tarefas do governo passaram cada
v€z mais as maos de especialistas, em vez de serem confiadas a simples cidadaos,
€ OS mercenarios comegaram a ocupar o lugar dos soldados atenienses.
As cidades-estados em litfgio instituiram novos sistemas de aljancas e persisti
ram em seus ruinosos conflitos. Enguanto as cidades gregas estavam imersas nu-
ma guerra fratricida, emergia ao norte uma nova potência, a Macedênia. Para OS
Bregos, os macedênios, um povo selvagem das montanhas gue falava um diale-
to grego e adguiria um verniz de cultura helênica, pouco diferiam das outras
Populag6es nao-helênicas, a guem davam o nome de b&rbaros. Em 359 a.C., aOS
25 anos de idade, Filipe I1 (382-336 a.C.) tornou-se rei da Macedênia. Convel-
tendo a Macedênia numa poténcia militar de primeira ordem.,
ele deu intcio 3
COnduista da Grécia.
For n3o avaliarem corretamentea torca de
Filipe, os gregos tardaram em orga-
. MITar uma coaliz&o contra a Mace
dênia. Em 338 a.C., em Oueronéia, Filipe
EO Anfligiu contundente derrota aos
gregos, € toda a Grécia passou a ser sua, As cida-
ER dese Stados nao deixaram de existi
r, mas perderam a independência.
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O mundo antigo 27
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a civili-
da peguena pdlisindependente e auro-suficiente aproximava-se do fim, e
zac&o grega adguiria uma forma diferente.

O dilema da politica grega


das cid ade s-e sta dos por Fili pe II apo nta par a uma fra gue za fun da-
A conguista
poli tica greg a. Ape sar das cris es int ern as € gue rra s con sta nte s, os BT.”
mental da
for am inc apa zes de cria r gua lgu er out ra est rur ura poli tica aléi m da polis. A
gos
OS nao
cidade-estado caminhava a passos largos para o anacronismo, mas os IEg
ver gué, num mun do gue ten dia par a gra nde s est ado s e imp éri os, a
conseguiram
uen a cid ade -es tad o no tin ha vez. Uma cid ade -es tad o sem alia dos, com seu
peg
ads os, no pod ia resi stir & pod ero sa mag uin a mili tar cri ada por
exército de cid
Alé m diss o, as cid ade s-e sta dos Hve ram de enf ren tar um des afi o — a nec es-
Filipe.
gue
sidade de criar alguma forma de uniëo politica, uma federagao pan-helênica,
& san gre nta gue rra suic ida, gue pro mov ess e o bem -es tar eco nÊm ico e
pusesse fim
protegesse o mundo grego contra estados hostis. Como nio conseguiram encon-
per-
trar uma resposta criativa para esse desafio, as cidades-estados acabaram por
der sua independência para conguistadores estrangelros.
O decdlinio da responsabilidade civica dos cidadaos foi outra razao para a deca-
dência das cidades-estados. Sua vitalidade dependia da disposig&o de seus cida-
dsos de abandonar os interesses particulares pelo bem da comunidade. O ideal
de cidadania de Péricles desapareceu guando os atenienses deixaram de lado a
comunidade para se concentrar em negécios privados ou trar provelto pessoal
dos cargos priblicos. Pode-se notar o declinio da responsabilidade civica pela con-
tratacio de mercendrios para substituir os soldados cidadaos e pela indiferenga €
hesitacio com gue os atenienses enfrentaram Filipe.
A vida polftica grega tornou evidente tanto as boas guanto as mds caracteristi-
cas da liberdade. Por um lado, como alardeava Péricles, a liberdade encorajava a
cidadania ativa, o debate racional e o governo instituido. Por outro lado, como
lamentava Tucidides, a liberdade podia degenerar em facciosismo, demagogia,
egoismo desenfreado e guerra civil.
A politica grega também revelou as potencialidades e limitag6es da razao. Ori-
ginalmente a pdlis foi concebida como uma instituigao divina em gue os cida-
dos tinham a obrigagio religiosa de obedecer 3 lei. A medida gue se difundiu a
concepeio racional e secular, os deuses foram perdendo sua auroridade. Entre-
tanto, guando a lei j4 nao era concebida como uma expressio de tradic6es sagra-
das ordenadas pelos deuses, mas como um instrumento meramente humano, di-
minuiu o respeito & lei e enfragueceram-se as bases da sociedade. Os resulrados
foram os conflitos partidérios, politicos brigando por poder pessoal e incerteza
moral. Embora os gregos rivessem dado origem ao sublime ideal de gue os seres
humanos podiam paurtar sua vida politica pela razio, sua histéria, prejudicada
pelas guerras entre cidades e pela violência interna, demonstra as extremas dificul-
dades envolvidas na criacio e manutengio de uma sociedade racional.
58 Givikzacio ocidental

A flosofia na idade helênica


Os gregos romperam com a concepeao mitopoéica do Oriente Préximo ima-
ginaram uma nova forma de considerar a natureza e a sociedade humana Jueéa
base da tradic&o cientifica e filoséfica do Ocidente. Apés um perfodo inicial de
pensamento mitico, na altura do século V a.C., a mente grega gradualmente pas-
sou a pensar o mundo fisico e todas as atividades humanas em termos racionais. A
nfase na razo representa um momento decisivo para a civilizacio humana.
A evolugao do pensamento racional na Grécja foi um processo, uma tendência,
nio uma obra j4 concluida. O processo teve inicio guando alguns pensadores
rejeitaram as explicag6es miticas dos fenêmenos naturais. A maioria da popula-
€30, no €ntanto, nao eliminou totalmente de sua vida e seu pensamento a lingua-
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gem, as atitudes e as crengas miticas. Para eles, o mundo continuava a ser contro-
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lado por forgas divinas, apaziguadas mediante priticas rituais. E até mesmo na
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filosofta amadurecida de Platao e Aristételes persistiam as formas miticas de pen-


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samento. O gue, porém, se reveste de imensa importência histérica nio é o fato


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de gue os gregos tenham sido bem-sucedidos em aplicar a lei da razêo, e sim o


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terem eles criado, definido e utilizado essa lei em seu desenvolvimento intelec-
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tual e na vida social polfrica.


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Os primeiros filêsofos especulativos da histéria humana apareceram no século


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VI a.C. nas cidades gregas da Jênia, na Asia Menor. Curiosos guanto 3 composi-
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G30 essencial da natureza e insatisfeitos com as primitivas lendas cosmogênicas,


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os jOnios buscaram para os fenêmenos naturais explicacêes fisicas e nao mitico-


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religtosas. Com o tempo, chegaram a um novo conceito de natureza ea um novo


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método de investigacio. Sustentavam due a natureza nio era manobrada por


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deuses arbitrrios e caprichosos, nem governada por um destino cego. Os jênios


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afirmavam gue por tris do aparente caos da natureza havia principios ordenado-
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res, leis gerais gue podiam ser identificadas pela inteligéncia humana. Essa desco-
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berta assinala o inicio do pensamento cientifico. Os primeiros pensadores gregos


sao chamados de cosmologistas, por sua PreocupaG&o com a natureza do univer-
so, ou de pré-socréticos, por serem anteriores a Sécrates — figura central na evo-
lugao do pensamento grego.

Cosmologistas: a andlise racional da natureea


A Hilosofia Jênica teve inicio com Tales (c. 624-c. S48 a.C.)
de Mileto, uma
cidade da Jênia. Contempor&neo do ateniense Sélon, ele se preocupou em sab
er
de gue modo a natureza evolufra até€ che Chegar ao
gue era. Tales ensinava gue a 4gua
era o elemento fundamental, o principio bdsico da natureza, e gue por algum
Processo natural — semelhan te a formag3o
de gelo ou vapor—a 4gua dera origem
a tudo o gue existe.
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O mundo antigo
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pro voc ado s por Pos êid on, deu s do mar, ofe rec end o uma exp lic ago
motos eram
rali sta para tais fen ême nos : ele pen sav a gue a ler ra flu tua va na dgu a e gue
natu
remoros.
guando esta era agitada por ondas turbulentas, a Terra era sacudida por ter
itou a teoria de
Anaximandro (c. 611-547 a.C.), outro jénio do século VI, reje
a dgu a era a sub stê nci a pri mor dia l. Neg and o a exi stê nci a de gua l-
Tales de gue
r sub stê nci a espe cifi ca, sug eri u due alg uma cois a ind efi nid a, a gue deu o
gue
a gu€
nome de Apeiron (o imitado), era o principio de todas as coisas. Acredirav
sa pri mor dia l, gue con tin ha for as com o o calo r e o frio , gra dua lme nte
dessa mas
rgi u um ndc leo , o emb rif o do uni ver so. Par a ele, o frio eo imi do con densa-
eme
mar a Ter ra e o seu inv élu cro de nuv ens , €ng uan to o due nté € 9
ram-se para for
mar am os anéi s de fog o gue con hec emo s com o a lua, o sol e as estr elas . O
seco for
dos
calor gue se desprendia do fogo no ccu secou a Terra e provocou a retragao
oceanos. Da morna camada de lodo acumulada sobre a Terra surgiu a vida, e das
primeiras criaturas marinhas desenvolveram-se os animais terrestres, entre eles os
seres humanos. A explicacio de Anaximandro para as origens do universo € da
natureza continha, como é natural, elementos fantdsticos. Entretanto, ao ofere-
cer uma explicaco natural para a origem da natureza € da vida, ele foi muito mas
longe do gue os mitos da €riagao.
Como os seus colegas jênios, Anaximenes (morto em c. 525 a.C.) realizou a
transicëo do mito para a razio. Ele também sustentava gue uma substência pri-
mordial — o ar — estava por trés da realidade e respondia pela organizagao da na-
tureza. O ar rarefeito convertia-se em fogo, enguanto o vento, as nuvens ea agua
eram formados pelo ar condensado. A medida gue prosseguia o processo de con-
densacio, formava-se a dgua, a terra e, por fim, a pedra. Anaximenes rejeitou tam-
bém a velha crenca de gue o arco-iris era a deusa Iris; afirmava, ao contrdrio, gue
o arco-iris era provocado pelos raios de sol gue incidiam sobre o ar denso.
Os jénios foram denominados “filésofos da matéria, porgue sustentavam gue
todas as coisas provinham de uma substência material especifica. Outros pensado-
res do século VI a.C. buscaram abordagens diferentes. Para Pirigoras (c. 580-
c. 507 a.C.) e seus seguidores, gue viveram nas cidades gregas da Icélia meridional,
a natureza das coisas nio estava numa substêAncia particular mas em relagêes mate-
maticas. Descobriram os pitagéricos gue os intervalos na escala musical podiam
ser expressos de forma matemd4rica. Aplicando esse principio de proporgao encon-
trado no som ao universo em sentido amplo, concluiram ague o cosmos também
possuia uma ordem matemdtica inerente. Desse modo, os pitagéricos transferi-
ram a énfase da matéria para a forma, do mundo da percepg&o sensorial para a
légica da matemdrica. Os pitagéricos eram também misticos religiosos gue acredi-
tavam na imortalidade e na transmigracëo das almas. Recusavam-se, por conse-
guinte, a comer carne de animais, pois temiam gue ela contivesse almas humanas.
Parmênides (c. 515-450 a.C.), natural de Eléia, cidade grega da Ir4lia meridio-
nal, opês-se A concepc3o fundamental dos jénios de gue todas as coisas provinham
de uma substência original. Ao desenvolver sua tese, Parmênides aplicou ao argu-
mento filosêfico a l6égica usada pelos pitagéricos no raciocinio matemdtico. Ao
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s
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afirmar gue a proposicëo de um argumento devia ser coerente e livre de contradi-


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60 Civilizacio ocidental

O Partenon, Atenas, 447-432 a.C. Obra-prima da ordem dérica, o grande templo dedicadoa
Arena, a deusa virgem proterora da cidade, foi construido gragas aos esforcos de Péricles. A estrua
de culto e as esculturas em relevo abaixo da linha do teto foram projetadas por Fidias, um dos
mais destacados escultores da época. No periodo pés-helenistico, o templo tornou-se uma igreja
cristi e, mais tarde, uma mesguira islimica, até ser destruido por uma explosio em 1687. Entre
1801-1812, os relevos em mdrmore foram retirados pelo lorde inglês Elgin e encontram-se hoje
no British Museum, Londres. Hirmer Fotoarcbiv

|
” 8 sg
4. soes, Parmênides tornou-se o criador da |égica formal. A despeito das aparências,
sustentava ele, a realidade — o cosmos e tudo o gue h4 nele — é una, eterna e imurd-
n
dee”

vel; ela é percebida no pelos sentidos, gue sao ilusérios, mas pela mente; nio pela
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“Xxperiéncta, mas pela razao. A verdade somente é alcangada pelo pensamento abs”
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trato. O conceito de Parmênides de uma realidade imurdvel gue sê pode sel


dr ALT

apreendida pelo pensamento influenciou Plato e constitui base da metafisica.


As

mécrito (e. 460 370 a.C.), nascido


Demdcri j na Grécia continental, renovou o inte
inte-
geed due os jênios tinham pelo mundo da matéria e reafirmou sua
confianca no
conhecimento oriundo da percepcao
a sensorial. No entanto, também
s conservou
N Re Parmênides pela raz&o. Seu modelo do universo compunha-se de
E idades tundamentais — o espago vazio € um némero infinito de 4tomos
O mundo antigo 61

erc ept ive is, ess es 4t om os mo vl am -s e no vaz io. Tod as as


Fternos, indivistveis e imp
mad as por dto mos ; as co mb in aG oe s ent re ele s era m res ponsdvelis
coisas eram for idi ndo ,
da nat ure za. Nu m uni ver so de dt om os col
por todas as transformag6es
tudo se comportava segundo principios mecênicos. con cel tos es-
gos su rg em ent ao, em for ma emb rio ndr ia, 0$
Com filésofos gre
am en to cie nti fic o: as exp lic ag6 es nat ura is par a os fe né menos ÉHsi-
senciais do pens log ica
ca da nat ure za (Pi rdg ora s), a de mo ns tr ag ao
cos (jénios), a ordem matemdri ferir a na-
ura mec êni ca do uni ver so (D em éc ri to ). Ao con
(Parmênides) e a estrut
s rac ion al do gue mit ica , su st en ta nd o gue as teorias deve-
tureza uma base mai en -
os pri mel ros fil éso fos gre gos de ra m ao pe ns am
riam apoiar-se em evidências, ric o ea
con gui sta s to rn ar am pos siv el o pe ns am en ro teë
to um novo rumo. Suas
'
co nh ec im en to — co mo dis tin tos da sim ple s obs erv agao e do
.

sistematizacio do
j acimulo de informagêes.
co nh ec im en to s est end eu- se a vér ias dre as. Os ma tema-
Fssa sistematizacdo de
exe mpl o, or ga ni za ra m a exp eri ënc ia pri tic a dos egi pci os em
ticos gregos, por
nsu ra na cië nci a l6g ica e coe ren te da geo met ria . Tan to os bab ilênios guan-
agrime
tua vam ope rag 6es ma re ma ri ca s bas tan te com ple xas , mas , ao con -
to os egipcios efe
gre gos , nun ca pe ns ar am €m de mo ns tr ar os pri nci pio s mat emdaricos em
trério dos
am perscru-
gue elas se apoiavam. Em outro campo, Os sacerdotes babilênios havi
s por mor ivo s rel igi oso s, acr edi tan do gue os ast ros rev ela vam os des e-
rado os céu
dos deu ses . Os gre gos usa ram as in fo rm ac êe s col igi das pel os bab ilê nio s para
jos
cob rir as leis geo mét ric as gue reg em o mo vi me nt o dos cor pos sid era is.
tentar des
Um desenvolvimento paralelo ocorreu na medicina. Nenhum texto meédico
do Oriente Préximo combatia explicitamente as prdticas e crengas mdgicas. Os
médicos gregos, por sua vez, associados 3 escola de Hipcrates (c. 460-c. 37” RE
afirmavam gue as doencas se deviam a causas naturais, nao sobrenarurais.

Sofsstas: a investigacio racional da cultura bumana


Fm seu esforco para entender o mundo exterior, os cosmologistas tinham
criado os instrumentos da razêo. Os pensadores gregos abandonaram entio o
mundo da natureza e cConsagraram-se a uma investigag&o racional do individuo
e da sociedade. Um exemplo dessa mudanga de interesse sao os sofistas, profes-
sores profissionais gue jam de cidade a cidade, ensinando rerérica, gramdrica,
poesia, gindstica, matemdrica e mvisica. Os sofistas insistiam em gue era inuril
especular sobre os primeiros principios do universo, pois tal conhecimento esta-
va além da inteligência humana; gue os individuos deviam nao sê aperfeigoar-se
como fazer progredir as suas cidades, aplicando a razao As rarefas de cidadao e de
estadista.
Os sofistas atenderam a uma necessidade pr4tica de Arenas, gue se havia trans-
formado num Estado imperialista rico e dinêmico apés as Guerras Persas. Como
os sofistas afirmavam gue podiam ensinar a areté polftica— capacidade de dotar as
cidades de leis justas e de uma administrag3o eficiente e a arte da elogiiëncia e da
persuasio — eram reguisitados como preceptores por jovens politicamente ambi-
62 Civilizacdo ocidental

ciosos, sobretudo em Atenas. É grande a divida da tradicio humanista Ocidental


para com os sofistas, gue examinaram guestêes de ordem politica e €tica, educa.
ram os espiritos de seus alunos e foram os criadores da educagio civil formal
Os sofistas eram relativistas filoséficos, ou seja, segundo eles nio havia nenhu-
ma verdade de valor universal. Prordgoras, um sofista do século V. dizia gue “o ho.
mem é a medida de todas as coisas”. Assim, o bem e o mal, a verdade ea falsida.
de so guestoes de critério individual; nio existem padrêes universais due se apli-
is guem a todas as pessoas em todas as épocas.
) Ao aplicar a razao aos negécios humanos, os sofistas atacarama religiëo tradicjo-
N nal e os valores morais da sociedade ateniense. Alguns deles ensinavam gue a espe-
j culago sobre o divino era inuitil; outros jam mais longe e afirmavam gue a religiëo
era apenas uma inveng3o humana para assegurar obediëncia 3s leis€ tradicêes.
'ê Os sofistas também aplicaram a raz&o 3 lei e com o mesmo efeito — o enfza.
i guecimento da autoridade tradicional. As leis de uma determinada
cidade, afir-
oe mavam, nao provinham dos deuses, nem estavam baseadas em nenhum
modelo
j objetivo, universal € atemporal de bem e justica, pois tais modelos nio
existiam.
' Alguns sofistas mais radicais sustentavam gue a lei era apenas algo criado pelos
j cidadaos mais influentes para o seu préprio beneficio. Essa idéia teve perigosas
Es implicag6es: uma vez gue n4o estava fundamentada em nenhum principio mais
elevado gue o poder, ela nio precisava ser obedecida.
Alguns sofistas assocjaram essa agressao 3 lei a um atague a antiga idéia ate-
niense de sépbrosiné — moderagëo e autodisciplina —, pois esta negava os instin-
tos humanos. No lugar da moderag3o, insistiam em gue as pessoas deviam desfru-
rar ao m4ximo o prazer e espezinhar aguelas tradig6es gue as impediam de mani-
testar completamente seus desejos.
Ao submeter as tradicées & critica da raz&o, os sofistas radicais desencadearam
uma crise intelectual e espiritual. Suas doutrinas estimularam a desobediëncia 3 lei,
o desprezo pelo dever divico e o individualismo egoista. Essas atitudes difundiram-
se durante e apés a Guerra do Peloponeso, enfraguecendo perigosamente os elos da
comunidade. Os conservadores buscaram restaurar a autoridade
da leie o respeito
aos valores morais renovando a fidelidade as tradigêes solapadas pelos sofis
tas.
S6crates: o individuo racional
| S6crates (c. 469-399 a.C.), um dos vultos mais
extraordindrios da histêria da
civilizagao ocidental, adotou uma
mo dos sofistas, el
to de acordo com valores universa
is. Embora
miHam enstnamentos pr4ricos,
do gue realmente importava: Ou
al éo sentido da vi
guais o homem deve lutar?
PONtO os sofistas fracassaram,
dizia S6Crates:
Pe oe po lies, Ee da PETSUasa0 e o raciocfnio inteligente nio ins”
. EE AR AOMem na arte de Vlver. Segundo ele, os sofistas haviam atacado 6
IKE. BE TM RAP. Seddd TT iN eds DEEL dak. va” di d—EEN MEN GP ei —M-
' Ed: ask BOE oi WET AAER id -
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O mundo antigo 63

pudesse
antigo sistema de crengas, mas nio ofereceram ao individuo nada gue o
substituir construtivamente.
Sécrates preocupava-se sobretudo com a perfeigao do carater de cada homem,
com a cong uist a de uma excel ência moral . Para ele, os valor es mora is nao se ori-
gina vam de um Deus tran scen dent al como acre dita vam os hebre us. Eles eram
atingidos guando o individuo paurava sua vida por padrêes objerivos alcangados
por meio de uma reflexo racional, isto é, guando a razao se torna 9 instrumen-
to formador, orientador e condutor da alma. Na visio de Scrates, a verdadeira
educacio significava a formagio do cardter segundo os valores descobertos pelo
uso ativo e critico da razao.
Sécrates gueria subordinar todas as crengas € comportameEntos humanos & cla-
ra luz da razao, pretendendo dessa maneira retirar a ética do dominio da autori-
era
dade, da tradicao, do dogma, da superstigao e do mito. Acreditava gue a razao
o Gnico guia certo para o problema mais rucial da existência humana — a gues-
(ao do bem e do mal.

Dialética Ao insistir com os atenienses para gue pensassem racionalmente sobre


os problemas da existência humana, Sécrates nao oferecia nenhuma teoria érica
sistemdtica, nenhuma lista de preceitos éticos. O gue fornecia era um método de
investigacio chamado dialfrica ou discussêo l6gica. Nas maos de Sécrates, a tro-
ca dialética entre os individuos, o didlogo, era fonte essencial do conhecimento.
Ela forcava as pessoas a safrem de sua aparia € presungio e as compelia a exami-
nar de maneira critica seus pensamentos, a confrontar suas assergêes ilégicas, in-
coerentes, dogmd4ticas e imprecisas, e a €xprimir suas idéias em termos claramen-
te definidos.
A dialética afirmava gue a aguisicio de conhecimento era um ato criativo. A
mente humana no podia ser coagida para o conhecimento; ela nao era um reci-
piente passivo no gual um mestre vertesse conhecimento. O didlogo forgava o
individuo a desempenhar um papel ativo na aguisiao de valores pelos guais vi-
ver. Num didlogo, os individuos participavam ativamente da busca do conheci-
mento. Mediante um intenso interrogatério, $Sécrates induzia seus interlocutores
a explicar e justificar suas opiniëes pela razêo, pois sê desse modo o conhecimen-
to tornava-se parte de um ser humano.
O didlogo significava gue a razao devia ser usada nas relagêes entre os seres
humanos, e gue estes podiam aprender entre si, ajudar-se e aperfeicoar-se mu-
tuamente. Significava ainda gue a mente humana podia e devia fazer escolhas
racionais. Tratar racionalmente a si mesmo e ao outro é a marca distintiva do ser
humano.

A execugdo de $dcrates S6crates dedicou muito de sua vida 3a missao de persua-


dir seus companheiros atenienses a pensar criticamente sobre como viviam.
Aprofundando-se nas guestêes, tentava despertar as pessoas de sua presuncio e fa-
zé-las perceber como suas vidas eram inconsegiientes e sem propésito.
64 Givilizacio ocidental

Durante muitos anos, $écrates desaflou os atenienses sem sofrer nenhum da.
no, porgue Atenas era conhecida de todos por sua liberdade de EXPTESS3O € pen.
samento. Entretanto, nos tempos de incerteza, durante e imediatamente ap6sa
Guerra do Peloponeso, Sécrates fez inimigos. Aos 70 anos, foi acusado de COr-
romper a juventude de Atenas e de no acreditar nos deuses da cidade, ma: em
outras novas divindades. Por trs dessas acusagées estava o temor de gue SÊcrates
ii fosse um desordeiro, um subversivo gue ameagava o Estado ao submerter seus ve.
n |hos e sagrados valores a critica do pensamento.
- Sécrates negou as acusag6es e portou-se com grande dignidade no julgamento,
it recusando-se a humilhar-se e pedir demência. Ao contrério, definiu seu credo:
's
Estds enganado, homem, se pensas gue um vario de algum préstimo deve pesar
as Possi-
G bilidades de vida e morte em vez de considerar apenas este aspecto de seus atos: se gue faz
é justo ou injusto, de bomem de brio ou de covarde. (...) Mesmo gue, apesar disso, me dis-
sésseis: “Sdcrates, por ora nio atenderemos a Anito (9 acusador] e te deixamos ir. mas Com
a conaicdo de abandonares essa investigagio e a filosofsa: se fores apanbado de novo nessa
Pprdaica, morrerds', mesmo, repito, gue me dispensdsseis com essa condicio, eu vos responde-
rid: ` Atenienses, (...) enguanto tiver alento e puder fazé-lo, jamais deixarei de fslosofter, de
vos dirigir exortages, de ministrar €nsinamentos em toda ocasido aguele de vs gue eu
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deparar, dizendo-lhe o gue costumo: “Meu caro, tu, um ateniense, (...) nio te pejas de cui-
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dares de adguivir 0 mdximo de riguezas, fama e honrarias, € de nio te importares nem


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cogitares da razdo, da verdade e de melhorar guanto mais a tua alma?"


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Condenado pelo tribunal ateniense, Sécrates foi obrigado a beber cicuta. Ti-
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vesse ele tentado abrandar os jurados, provavelmente teria recebido uma sen-
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tenga mais leve, mas, mesmo sob a ameaga de morte, no guis alterar seus prin-
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Cipios.
S6crates nao deixou escritas sua filosofia e suas crencas. Podemos construir um
relato coerente de sua vida e seus ideais a partir das obras de Plato, seu mais im-
portante discipulo.

Platdo: a sociedade racional


Platao (c. 429-347 a.C.) usou os ensinamentos de seu mestre para criar um sis
tema filoséfico amplo, gue compreendia nêo sê o mundo da natureza como 0
mundo social. Ouase todos os problemas examinados pelos filésofos ocidentais
nos dltimos dois milênios foram propostos por Plat&o. Estudaremos duas de
suas
Prin€cipals preocupagêes, a doutrina das Idéias e a teoria do
Estado justo.
wi das ddéias Sécrates havia ensinado gue os modelos universais do certo €
9 JUStO existem e gue sio alcancados através do pensamento.
Com base nas con”
Me ae de seu mestre, Plato postulou a existência de um mundo
T “alidade,
superior de
independente do mund
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o das coisas
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gue nos é revelado todos os dias
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O mundo antigo 65

A verdade reside nesse mundo das Formas € nio no mundo apreendido pelos
sentidos. Por exemplo, ninguém pode desenhar um guadrado perfeito, mas as
propriedades de um guadrado perfeito existem no mundo das Formas. Do mes-
mo modo, o homem comum sé forma um conceito do gue é a beleza, observan-
do coisas belas; o filésofo, gue aspira ao verdadeiro conhecimento, vai além do
gue vê e tenta apreender com a mente a Idéia do belo. Falca ao individuo comum
uma verdadeira concepcio da justica ou do bem; tal conhecimento esté ao alcan-
ce somente do filésofo, cuja mente pode saltar das parricularidades terrenas para
um mundo ideal situado além do espaco e do tempo. Assim, a verdadeira sabe-
doria é alcancada mediante o conhecimento das Idéias e nao a parir dos reflexos
imperfeitos das idéias preenchidas pelos sentidos. |
Platio foi um paladino da raz&o, gue pretendia estudar e organtzara vida hu-
mana segundo modelos universalmente vdlidos. Opondo-se ao relativismo sofis-
ta, sustentava gue os modelos objetivos e eternos rêm existência real.

O Estado justo Ao adaptar o legado racional dos filésofos gregos a politca,


Plato formulou uma teoria politica de amplo alcance. Aguilo gue os gregos rea-
lizaram na prética — o afastamento de uma politica de cardter mitico e teocratico
— Plato efetuou no plano do pensamento: a idealizag&o de um modelo racional
de Estado.
Como Sécrates, Platio tentou resolver o problema criado pelos sofistas radi-
cais — o enfraguecimento dos valores tradicionais. Sécrates buscara dissipar essa
crise espiritual através de uma transformag&o moral do individuo baseada na ra-
Z7&0, enguanto Platio guis ajustar toda a comunidade a principios racionais. Afir-
mava ele gue, se os seres humanos devem viver uma vida érica, precisam fazé-lo
como cidad#os de um Estado racional e justo. Num Estado injusto, as pessoas
ndo podem alcangar a sabedoria socrdtica, pois suas almas so o reflexo da malda-
de do Estado.
Plat&o testemunhou a calamitosa Guerra do Peloponeso e assistiu ao julga-
mento ea execucao de $écrates. Desiludido com a corrupgio da moral e da poli-
tica atenienses, Platdo concluiu gue, sob a constituicio de Arenas, nem a moral
de cada individuo nem o bem do Estado podiam ser valorizados, e gue a cidade
precisava de uma reforma moral e politica completa, fundamentada na filosofia
de S6crates.
No seu grande didlogo, A Republica, Plat&o imaginou um Estado ideal basea-
do em modelos gue salvariam Arenas dos males gue se haviam abartido sobre ela.
Para Plat&o, o Estado justo nao se podia fundamentar na tradicao (pois os com-
portamentos herdados nao provinham de modelos racionais) nem na doutrina
da legicimidade do poder (um principio pregado por sofistas radicais e praticado
por estadistas atenienses). Segundo ele, um Estado justo devia conformar-se a
principios universalmente vélidos e visar ao aprimoramento moral de seus cida-
dios e n4o ao aumento de seu poder e bens mareriais. Tal Estado precisava de li-
deres gue se distinguissem pela sabedoria e virtude mais gue pela inteligéência e
elogtiëncia sofistas.
EER
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66 Givilizacio ocidental

A essência da teoria politica de Plat&o, tal como foi formulada em 4 Repiblica.


era sua critica da democracia ateniense. Aristocrata de nascimento e tEMPperamen.
to, Plat&o acreditava gue era insensato esperar gu€ o homem comum pensasse de
modo inteligente sobre politica externa, €cONOMIa OU OULrOS asSUNLOS Vitais dd
Estado. Contudo era permitido ao homem comum falar na Assembléia, votare ser
escolhido, por sorteio, para cargos executivos. Uma segunda fragueza da democra-
cia estava no fato de os seus lideres serem escolhidos e seguidos por raz6es descart4-
veis, tais como discurso persuasivo, boa aparência, rigueza e tradicëo familiar.
Um terceiro perigo da democracia era gue ela podia degenerar em anarguia,
dizia Plat&o. Intoxicados de liberdade, os cidaddos de uma democracia podiam
perder todo o sentido de eguilibio, autodisciplina e respeito 3 lei: “(...) os cida-
daos se tornam desconfiados e irritadicos, a ponto de se erguerem em revolta con-
tra a menor aparência ou suspeita de servid&o. Acabam, como bem sabes, por
nao fazer nenhum caso das leis escritas ou no escritas, para gue jamais se verifi-
gue a hipêtese de terem sobre si algum déspota”.
Como a sociedade democr4tica descambasse em desordem, acabaria por evi-
denciar-se uma guarta fragueza da democracia. Um demagogo podia adguiri
poder prometendo despojar os ricos em beneficio dos pobres. Para conservar seu
dominio sobre o Estado, o tirano “sempre tem o cuidado de manter algum simu-
lacro de guerra, a fim de gue o povo sinta a necessidade de um cabeca”s. Devido
a essas fraguezas inerentes 3 democracia, Plat&o insistia em gue Atenas sê pode-
ria ser governada corretamente guando os homens mais sébios, os filésofos, gal-
gassem o poder.
Platao rejeitava o principio fundamental da democracia ateniense: de gue o
cidadao comum era capaz de participar sensatamente dos neg6cios puiblicos. Nin-
guém confiaria um doente aos cuidados de gualguer um, afirmava Platéo, nem
permitiria gue um aprendiz conduzisse um navio durante uma tempestade. Con-
rudo, numa democracia, permite-se gue amadores tomem as rédeas do governo€
supervisionem a educagso dos jovens — nao era de es pantar gue a sociedade ate-
niense estivesse se desintegrando. Plato acreditava
gue essas funces sê deveriam
ser desempenhadas pela aristocracia da cidade, os filésofos, gue iriam tratar
OS
problemas humanos com a razio ea sabedoria provenientes do conhec
imento do
mundo de ldéias Imutdveis e perfeitas. Somente esses detent
ores da verdade te-
riam competência para governar, dizia ele.
OE a$ pESSOaS em três grupos: as gue demonstravam capacidade fi-
oséfica devlam ser governantes; aguelas Cujo pendor natural revelava
uma cora-
gem excepcional deviam ser soldados; € as due eram guiada
s pelo desejo, a gran-
de mass a, deviam ser produtores (comerciantes, artesêes ou ag
A Repivlica, hlésofos eram selecjonados ricultores). Em
Por um sistema ri
aberto a todas as criancas. Aguelas gue na ao
lgoroso de educacao,
O mundo antigo 67

er pes soa l; est ari am pr eo cu pa do s em ser jus tos €


30 buscariam rigu€eza ou pod
de . Os fil éês ofo s de vi am ser mo na rc as abs olu tos . Em bo ra o
em servir a comunida
eit o de par tic ipa r das dec isê es pol iti cas , pas sar ia a con tar com
povo perdesse o dir
be m ad mi ni st ra do , cuj os dir ige nte s, nor ave ls pel a sab edo ria , pelo
im Estado
sen so de res pon sab ili dad e, bu sc ar ia m ape nas o be m comum.
-ar&ter reto e pelo
im o in di vi du o ea co mu ni da de po di am ser fel ize s.
Gomente ass

Aristêteles: sintese do pensamento grego


4-3 22 a.C .) sit ua- se no dpi ce do pe ns am en to gre go por du€ con-
Aristêteles (38
ar uma sin tes e cri ati va do co nh ec im en to e das teo rias dos primeiros
seguiu realiz
ito de int ere sse s int ele ctu ais de Ari stê tel es é ext rao rdi ndr io.
pensadores. O Amb
ca o mai or esp eci ali sta em tod os os cam pos do con hec ime nto , €x-
Foi em sua épo
ceto talvez na matemdrica.
sa-
Aristêteles empreendeu a notdvel tarefa de organizar € sistematizar Oo pen
filêsofos
mento dos pré-socrdricos, de Sécrates e Plario. Compartilhou com os
o des ejo de co mp re en de r o uni ver so fisi co; com par til hou com Séc rat es €
naturais
Platgo a crenca de gue a razëo era a faculdade mais elevada de uma pessoa € de
gue a pdlis era a principal instituigao formadora da vida grega.

Criica & Teoria das Idéias de Platio Para a mente prérica e empirica de Aristo-
teles, a noco platênica de um mundo de Formas independente e separado, si-
tuado além do espaco e do tempo, parecia contrdria ao senso comum. Para com-
preender a realidade, dizia ele, nao se deve fugir para outro mundo. Segundo
Aristêteles, a filosofia de dois mundos concebida por Plato sofria de muito mis-
tério, misticismo e fantasia poëtica; além disso, Plat&o subestimava o mundo dos
fatos e objetos revelados através da vis&o, da audigio e do tato, mundo esse gue
Aristételes valorizava.
Para Aristételes, as Formas nio se situavam num mundo exterior mais elevado
e acima dos fenêmenos, mas existiam nas préprias coisas. Dizia gue através da
experiëncia humana com coisas tais como homens, cavalos e objetos brancos,
pode-se descobrir, através da razëo, a essência de homem, de cavalo e de brancu-
ra; a Forma de Homem, a Forma de Cavalo e a Forma de Brancura podem ser
determinadas. Esses universais, gue se aplicam a todos os homens, todos os cava-
los e todas as coisas brancas, eram, nio sê para Aristételes, mas também para Pla-
(ao, os verdadeiros objetos do conhecimento. Para Platio, essas Formas existiam
independentemente de objetos particulares: as Formas para homens, cavalos,
brancura, triingulos ou templos existiam, guer as represenrtagêes dessas ldéias na
forma de objetos materiais fossem ou nao percebidas pelos sentidos. Entretanto,
para Aristételes, sem um exame de coisas especificas, as Idéias universais n3o po-
diam ser determinadas. Enguanto o uso da raz&o por Plato tendia a salientar o
sobrenatural, Aristételes tentava trazer a filosofia de volta a Terra.
Ao sustentar gue a certeza no conhecimento provém somente da razao e nio
dos sentidos, Plato inclinou-se & matemd4rica e 3 metafisica — pensamento puro
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gue transcende o mundo de mudanga e objetos materlais. Ao reforcar a impor.


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tncia do conhecimento obtido pelo exame racional da experiëncia SENSOria, Aris.


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tételes propiciou o desenvolvimento de ciënclas empiricas como a fisica, a biolo.


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investigacao da natureza e no registro de informacêes.


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Pensamento ético Como Sécrates e Platao, Aristêteles acreditava gue o conheci.


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mento da ética era possivel e devia basear-se na raz&o. Para ele, a vida feliz eraa
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vida guestionada; isso significava tomar decis6es inteligentes guando deparavam


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problemas especificos. As pessoas podiam alcancar a felicidade duando exerciam


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mente a vida o seu conhecimento e guando seu comportamento era regido pela
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inteligência e n&o por capricho, tradicio ou autoridade.


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Aristêteles reconhecia gue as pessoas ndo $30 inteiramente racionais, gue h4


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na personalidade humana um elemento passional gue nunca pode ser erradicado


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ou ignorado. Afirmava gue submeter-se completamente ao desejo significava


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descer aré o nfvel dos animais, mas negar as paixêes € viver cOmo um asceta era
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uma tola e irracjonal rejeic&o da natureza humana. Sustentava ainda gue, com
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treinamento adeguado, as pessoas podiam aprender a dominar seus desejos. Elas


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podiam alcangar o bem-estar moral, ou a virtude, se evitassem comportamentos


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extremos e escolhessem racionalmente o caminho da moderagio. “Nada em ex-


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ver a vida feliz, afirmava ele, uma pessoa deve fazé-lo como membro
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gue n os individuos, pois estes


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estêo sujeitos a paixêes. Admitia gue as leis deviam


ser eventualmente alteradas,
mas recomendava muito cuidado:
Ca$Oo contrario, as pessoas perderiam o respei-
to a lei e aos processos juridicos.
A trania ea revolucëo, , dizia Ar;
dizia Aristêteles, podem ameacar oi eie o
bem -es tar do 1de
cida d3o. Para evit ara G mpé rio da |
evolug&o, o Estado precisa manter “o espiri-

Arist6teles afirmava gue “a me


daos da classe média [isto é,

média é maior e mais forte, SE possivel, gue as


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bres]. Tanto os ricos, gue se modi an “beleza, foet ledagsen


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O mundo antigo 69

za”, guanto OS pobres, gue sao “muito fracos ou muito desfavorecidos, [encon-
ram) dificuldade em seguir os principios racionais. O primeiro grupo degenera
em violência e grandes crimes; o segundo, em vagabundos e peguenos patifes”.
Os ricos nio estao dispostos “a submeter-se & autoridade (...) pois guando eram
garotos, em raz&o do luxo em gue foram criados, nunca aprenderam, nem mes-
mo na escola, o h4bito da obediëncia”. Consegiientemente, os ricos “sé podem
governar despoticamente”. Os pobres, por sua vez, “sao degradados demais para
comandar e devem ser governados como escravos”'". Os cidadaos de dlasse média
io menos invejosos gue os pobres e mais indlinados gue os ricos a considerar
como iguais os outros cidadëos.

Arte
A era cldssica da arte grega estende-se desde o término das Guerras Persas (479
a.C.) até a morte de Alexandre, o Grande (323 a.C.). Durante esse periodo, esta-
beleceram-se padrêes gue dominariam a arte ocidental aré o surgimento da arte
moderna, no final do século XIX.
Na Grécia, o desenvolvimento da arte coincidiu com as realizac6es alcancadas
em outras dreas. Assim como a filosofia e a politica, a arte grega também aplicou
a razao & experiëncia humana e efetuou a transicio de uma visio de mundo miti-
co-religiosa a um mundo percebido como ordenado e racional. Os temas religio-
sos € sobrenaturais aos poucos deram lugar a temas humanos e seculares. A arte
cldssica era figurativa — ou seja, buscava imitar a realidade, representar de manei-
ra realista o mundo objerivo, tal como este se apresentava ao olho humano.
Os artistas observavam atentamente a natureza e os seres humanos e procura-
vam obter um conhecimento acurado da anaromia humana, a fim de retratar
COM precisao o corpo em repouso e movimento. Sabiam guando os miisculos de-
vlam estar tensos ou relaxados, um guadril mais baixo gue o outro, o tronco eo
pescogo ligeiramente retorcidos — em outras palavras, conseguiam transformar o
marmore ou o bronze em imagens humanas gue pareciam ter vida. Contudo,
embora a arte grega fosse realista e naturalista, era também idealista, aspirando a
uma representagao cada vez mais refinada e perfeita, retratando a essência e a
forma de um objeto com mais exatid3o do gue ele na verdade apresentava. Assim,
uma €starua grega nio se assemelhava a nenhuma pessoa especificamente, reve-
lando em vez disso uma forma humana perfeita, sem rugas, verrugas, cicatrizes
ou outras imperfeicêes.
Em sua representagio exata dos objetos € ao sustentar gue existiam normas de
beleza gue a mente humana podia descobrir, o artista grego utilizava uma aborda-
SEM coerente com a nova visio da ciëncia. O templo grego, por exemplo, é uma
unidade organizada, gue obedece 3s leis naturais de eguilibrio e harmonia; a escul-
tura cldssica caprura as leis b4sicas gue governam a vida em movimento. Tal arte,
fundamentada na raz&o, conduza atencio da mente para os contornos bem defini-

BIBLIOTECA POBLICA MUNICIPAL ,


Pe. ARLINDO MARCON
CARLOS BARBOSA — RS
RE Wa RE pier EE” Ou re ET OUE Tn OE OE Em
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70 Givilizacdo ocidental

dos do mundo externo e também para a prépria mente, trazendo os seres humangs
para o centro de um mundo inteligivel e tornando-os senhores de sl mesmos.
A exemplo dos filésofos, os artistas gregos proclamaram 2 IMPortAncia ea ca.
pacidade criativa do individuo. Fles exemplificam o espirito humanista Oue ca.
racterizou todos os aspectos da cultura grega. A arte cl4ssica colocou as DEssoas
em seu ambiente natural, converteu a forma humana no principal foco de aten-
Gao e exaltou a nobreza, a dignidade, a autoconfianga e a beleza do ser humano.

Poesia e teatro
' Assim como os filéêsofos e artistas, os poetas e dramaturgos gregos também
' deram expressao ao desabrochar do individuo e ao surgimento dos valores hu-
manistas. Uma das primeiras e mais inspiradas poetisas gregas foi Safo, gue viveu
ie por volca de 600 a.C. na IIha de Lesbos. Safo fundou uma escola onde ensinava
TES
musica e canto a meninas ricas € as preparava para o Casamento. Com grande ter-
dy nura, @screveu poemas de amizade e amor.
SE
Pindaro (c. 518-438 a.C.) foi outro poeta lfrico grego. Em seu poema de lou-
# vor a um atleta vitorioso, expressou o ponto de vista aristocrdtico da excelência.
' Embora a vida seja essencialmente tragica — os triunfos tém curta duracio, mui-
ras SAO as tristezas € tudo acaba sendo vencido pela morte —, o homem precisa
j demonstrar seu valor lutando pela excelência.
“is O ponto alto da poesia grega é o teatro, uma forma de arte gue teve origem na
$ j Grécia. Os dramaturgos retratavam os sofrimentos, as fraguezas e os triunfos das
j j pessoas. O teatro evoluiu como uma busca Continua da humanizacao e indivi
ti dualizac3o. Do mesmo modo due um escultor cinzelava uma imagem visual nitl-
da da forma humana, um dramaturgo estudava profundamente a vida
interior de
um ser humano, seus medos e “SpErangas, € tentava encontrar o significado
mas
profundo da experiëncia humana. Assim, tanto na arte como no dra
ma, a auto-
consciëncia crescente do individuo era evidente.
O teatro nasceu nos festivais religiosos em honra a Dionis
o, deus do vinho e
da fertilidade agricola. Uma INOVac3o profunda
nessas representacêes sagradas,
gue incluiam cantos coraise danGas, ocorre
u no final do século VI a.C. Téspis, o
primeiro ator gue a histêria registra, destacou-se do
coro e pês-se a dialogar com
ele. eeAo separar-se do grupo co
ral, Téspis demonstrou uma nova consciëncia do
individuo.
COro, @ram limitadas as possibilidades de
sr em seus d dramas, i S6focles um nos. Esguilo introduziu ent&o um segundo
terceiro. Desse modo, tornou-se possivel
1alogo €ntre pessoas. Os atores gregos usavam ; o
OT
podia desempenhar v4rios pa ge mascCaras e, trocando-as, cada a
7 RE PAPtIS na mesma apresentac3o. Essa flexibdidade per-
mitia dos dama retratar de maneira mais ampla Oo conflito e 2a interacao
dos desejos e das paixêes humanas
meld `n
O mundo antigo 71

Mosaico de chao representando Dioniso, deus protetor do teatro. () ros nado, as garras e 0
pescoco esticado da pantera transmitem uma ferocidade gue contrasta vividamente com o jetto
sereno de Dioniso. Archaeological Receipts Fund, Afenas

Um desenvolvimento paralelo & dialdrica socrdrica — didlogo entre pensadores


— ocorreu no drama grego. Ao colocarem os personagens uns contra OS OUtroS, OS
dramaturgos apresentavam os individuos como sujeitos arlvos, responsdveis por
seu comportamento e decisêes.
Como os fil6ésofos narurais, os dramaturgos gregos viam uma légica inerente
a0 universo, a gue chamavam Fado ou Destino; tanto o mundo fisico como o
social obedeciam a leis. Ouando as pessoas se mostravam teimosas, intolerantes,
arrogantes ou descomedidas, eram castigadas. Assim o exigia a ordem do univer-
so. Sendo livres para tomar decisêes, afirmavam os dramaturgos, os individuos
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72 Givilizacio ocidental
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tém todas as condicêes de alcangar a grandeza; mas se escolherem de maneirae


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rada e insensata, atrairao a desgraga para st e para os outros. T


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Do mesmo modo gue a filosofia, a tragédia grega também envolvia reflexz


racional. O heréi trigico nao era uma vitima passiva do destino. Era um ser mei
nal, gue sentia necessidade de compreender sua condigao, explicar a razio de ad
atos, analisar seus sentimentos e responder ao destino com discernimento.
Ee Pa PER

A essência da tragédia grega estd na luta do heréi tr4igico contra as forcas cés.
EE
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micas e os obstdculos intransponiveis gue acabam por esmag4-lo. No entanto 0


gue impressionava os espectadores gregos (ainda impressiona as platéias aruais
nao era a vulnerabilidade ou as fraguezas dos seres humanos, mas sua Coragem
C
determinacao diante dessas forcas.
EP

Os três grandes trigicos atenienses foram Ésguilo (525-456 a.C.), Séfocles


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(c. 496-406 a.C.) e Euripides (c. 485-406 a.C.). Esguilo acreditava due o mundo
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era governado por uma justiga divina gue nio podia ser violada IMpunemente;
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guando as pessoas se deixavam dominar pela #ybris (io orgulho ou arrogência),
gue as levava a ultrapassar os limites da moderacëo, tinham de ser punidas. Ou-
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tro tema importante em Ésguilo era a aguisicéo do conhecimento através da dor


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GE As terriveis consegtiëncias dos pecados contra a ordem divina deviam lembrara


todos a necessidade de pensar € agir com moderacso prudência.
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S6focles sustentava gue os individuos deviam moldar seu cardter do mesmo
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modo gue um escultor dé forma a um modelo: obedecendo As leis da proporg#o.
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Na visao de Séfocles, se os principios de harmonia fossem transgredidos por


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ENE imoderado, o cardter do homem seria abalado e o infort


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O espirito racionalista
ra da fi losofia grega permeou as tragédiias de
1

de

Euripidei s.
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Como os sofistas, Euripides submeteu os problemas
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da vida humana & andlise


critica e desafiou as convencêes humanas. Os conilitos fem
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ininos, o papel dos


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deuses, os horrores da guerra, a forca da paixao e o predomin


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sofrimento humanos foram cuidadosamente


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analisados nos dramas je Euripides


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Fle combinava a Intuigao de poeta com a arg


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ticia do psicélogo para compreender


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o intrincado mundo das paixêes humanas


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Os dramaturgos gregos também esCreveram "


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comédias. Aries (6 448-380


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a.C.), o maior dos cêmicos greg OS, $atiri


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téfanes havia uma seriedade im pla


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Peloponeso ea reafirmacëo dos val ores


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Histéria
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O mundo antigo 73

abo rda gem dif ere nte ao est udo da hist éria . Par a eles , a histéria
gOS iniciaram uma
iva sob re os feit os dos deu ses , com o par a os egi pcl os e mesopo-
70 era uma narrat
o reg ist ro da ira ou ben evo lên cia de Deu s, com o par a os heb reus,
Amios, nem
mas dizia respeito as ag6es humanas.
os sobre a ori-
Assim como os deuses foram excluidos das explicac6es dos fil6ésof
nd o nat ura l, ass im tam bém os ele men tos mit ico s for am reti -
gem das coisas no mu
hist éria . Os his tor iad ore s gre gos pro cur ava m exp lic ar os feic os
'ados das obras de
eav am sua s res pos tas em tes tem unh os dis pon ive is € esc rev iam em
dos povos, bas
gua gem do pen sam ent o rac ion al. Fles nio so nar rav am OS aco nte ci-
prosa a lin
mentos como também €xaminavam as causas.

Her6doto
gti ent eme nte cog nom ina do “o pai da hist éria ”, Her édo to (c. 484 -c. 424
Fre
s de He-
a.C.) escreveu um relato das Guerras Persas. O tema central das Histéria
a
édoto é o contraste entre o despotismo do Oriente Préximo e a liberdade greg
eo subsegtiente chogue dessas duas concepgoes de mundo nas guerras.
Embora Herédoto encontrasse muitas coisas louv4veis no Império Persa, im-
pressionava-se com a falra de liberdade e com o due co nsiderava como barbarie.
Frisava gue a mentalidade do cidadao livre era estranha ao Oriente, onde os ho-
mens eram treinados para obedecer cegamente as ordens dos governantes. O gue
prevalecja no Oriente nio era o império da lei, mas o capricho dos désporas.
Outro tema gue aparece com fregtiëncia na obra de Heré6doro é o castigo acar-
retado pela hybris. Ao tentar tornar-se rei da Asia e da Europa, Xerxes comporta-
ra-se arrogantemente; embora se conduzisse como um super-homem, “ele era por
demais humano, € estava certo de gue as suas grandes aspirag6es nao se realiza-
riamU, Como os trégicos gregos, Herédoto inferiu principios morais universal
do comportamento humano.
Em v4rios aspectos Herédoto foi um historiador mais do gue um contador de
histérias. Em primeiro lugar, ele indagava sobre o passado, em vez de meramen-
te repetir antigas lendas; tentava descobrir o gue havia acontecido e os motivos
gue estavam por tris das ages. Em segundo lugar, demonstrava, As vezes, uma
atitude cautelosa e critica para com suas fontes de informago. Em terceiro lugar,
embora os deuses aparecessem em seu relato, eles desempenhavam um papel mui-
to menos importante do gue na mitologia popular grega. Entretanto, por manter
a Crenga no significado de sonhos, pressdgios e ordculos e por admitir a interven-
6ao divina, Herddoto escapou de ser um racionalista perfeito. Seus escricos con-
tém o embriëo da histéria racional; coube a Tucidides conduzi-lo 2 maturidade.

Tucidides
Tucidides (c. 460-400 a.C.) ambém se concentrou na grande crise politica en-
frentada pelo mundo helênico — a Guerra do Peloponeso. Por viver na Atenas da
época de Péricles, gue tinha na polftica sua principal preocupagio, Tucidides
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74 Civilizacio ocidental
kr de RE

considerava as raz6es dos estadistas e os atos do governo como essência da histé.


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ria. Nio se contentava em arrolar fatos, mas buscava os conceitose Principios ge.
rais gue os fatos ilustravam. Sua histêria nao rinha lugar para os mitos, as lends.
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eo fabuloso — todos empecilhos 3 verdade histêrica. Para Tucfidides, a obra de


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histéria era uma criac&o da mente racional, nao uma expressio da Imaginacso
Tema

poëtica. O historiador busca aprender e esclarecer, nao divertir.


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Rejeitando a idéia de gue os deuses interferiam no curso da histêria, Tucfdides


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tentou descobrir as forcas sociais e as decisêes humanas gue se ocultavam Por tris
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dos acontecimentos. Foi, sem divida, influenciado pelos médicos hipocrdticos,


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gue se opunham 3s explicag6es divinas para a enfermidade e faziam distinc&o


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entre os sintomas e as causas de uma doenca. Enguanto Herédoto eventualmen-


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te descambava para explicag6es sobrenaturais, Tucidides escreveu uma histéria da


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gual os deuses estavam ausentes, negando sua interven€io nos negécios humanos.
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Dos sofistas, Tucfdides aprendeu gue os motivos e reac6es dos seres humanos
od
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obedecem a certos padrêes. Assim, uma andlise adeguada dos fatos da Guerra do
Peloponeso revelaria, segundo ele, os principios gerais gue governam o COMpor-
tamento humano. Tucidides pretendia gue sua histêria fosse uma fonte de esdla-
reclmento para as épocas fururas, pois acreditava gue os tipos de comportamen-
to gue desencadearam o conflito entre Esparta e Atenas se repetiriam regular-
mente ao longo da histéria.
Além de historiador, Tucidides foi também um flésofo politico, com uma con-
Ceprao especifica de governos e estadistas. Advertia contra os perigos do extre-
mismo desencadeado pelas tensêes da guerra, e acreditava gue, guando se punh
a
de parte a razao, a situagio do Estado piorava. Desprezava os estadistas
gue, sem
medir as consegtiëncias, envolviam-se em guerras, obedecendo a um
impulso,
movidos sê pela aud4cia e uma insacidvel fome de territério.

A idade helenistica: o segundo


estigio da civilizagao grega
A civilizagao grega — ou helenismo — passou por três fases distintas
— a idade
helênica, a idade helenfstica e a idade greco-romana. A idade hel
ênica teve inicio
no ano 800 a.C. com as primeiras cidades-estados, alcangou a plenitude no sécu-
€xandre Magno, em 323 a.C. Essa data
ja € ` dU€ terminou em 30 a.C.,
guando o Egi-
to, o ulimo dos grandes Estados helenisticos,
caiu em poder de ee A idade
Breco-romana coexistiu com o perfodo
do Impér; '
nalmente na dltima parte do século V d.C. pério Romano, gue desapare ceu fi
Embora a idade helenfstica tivesse absorvid
cldssica, seu estilo de civiliza€io mudou. D
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o ge da mie ees
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era a pdlis o centro da vida politica: EE dee “lra fase do helenismo,


ie ii dela'o grego podia desfrutar
uma vida fel
O mundo antigo 75
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po rt an-
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. A ci da de -e st ad o tev e seu po de r e im
helentstica, a situagao modificou-se
rei nos € im pé ri os . Em bo ra as ci da de s ai nd a co nservassem gran-
cia ofuscados por o
as su nt os int ern os, pe rd er am a li be rd ad e de aca
de parte de sua sutonomia nos
ern os. J& nao er am as co mu ni da de s au to -s uf ic ie nt es e indepen-
nos neg6cios ext
o hel êni co. In ca pa z de om br ea r co m os rei nos , a cidade-estado
dentes do period
ins tit uig ao su pe ra da . Af ro ux ar am -s e Os lac os ent re o cidaddo ea
“ornara-se uma ra ng a
r os se nt im en to s de is ol am en to e in se gu
cidade. O povo teve de enfrenta
produzidos pelo declinio da pdlis.
eg ti ën ci a das co ng ui st as das ter ras ent re a Gr éc ia e a Ind ia por Ale-
Em cons
lh ar es de so ld ad os , me rc ad or es e ad mi ni st ra do re s
xandre Magno, dezenas de mi
be le ce ra m- se €m ter ras ori ent ais . Os en co nt ro s des tes co m os diferen-
gregos esta
s e cul tur as do Or ie nt e Pr éx im o de fi ne m a id ad e hel eni sti ca.
tes povo
ida de he lê ni ca os fil éso fos gre gos ti nh am um a co nc ep ga o li mi ta da de hu-
Na
mu nd o ent re gr eg os e b4 rb ar os . Na id ad e hel eni sti ca, o
anidade, dividindo o
vo s de sl oc ou o ce nt ro de int ere sse da ci da de par a a oi ko um é-
caldeamento dos po
o e ao cos-
nié (o mundo habitado); o provincianismo cedeu lugar ao universalism
o, me di da em gue as pes soa s co me ga ra m a s€ co ns id er ar me mb ro s
mopolitism na
mu ni da de mu nd ia l. Os fil éso fos pa ss ar am a co ns id er ar o mu nd o civ i-
de uma co
izado como uma cidade, a cidade do homem.

Alexandre Magno
Apés o assassinio de Filipe da Macedênia em 336 a.C., subiu ao trono seu fi-
Iho de 22 anos, Alexandre, gue herdara da mae o temperamento alrivo e ardente.
De seu preceptor Aristêreles, Alexandre ganhou o aprego pela culrura grega,
sobrerudo pelos épicos de Homero. Sem divida o jovem Alexandre deixou-se in-
fluenciar por essas histêrias de heréis miticos, principalmente de Aaguiles, gue
lucavam pela glêria pessoal. De seu pai Alexandre assimilou as técnicas militares
e as gualidades de lideranca.
Alexandre herdou também de Filipe uma politica estaral gue visava principal-
mente 3 invasio da Pérsia. Em 334 a.C., 3 testa de um exército de 35 mil ho-
mens, formado por macedênios e gregos, Alexandre atravessou a Asia Menor e
avancou em direcao & fndia, realizando conguistas ao longo de todo o caminho.
Nessas campanhas, Alexandre revelou-se um extraordin4rio estraregista € um
admirdvel lider. Vencendo todas as batalhas, o exército de Alexandre construiu
um império gue se estendia desde a Grécla aré a fndia.
Profunda e radical foi a transformagao do mundo depois das conguistas de
Alexandre. Estas aproximaram o Ocidente e o Oriente, assinalando o inicio de
uma nova era. O préprio Alexandre ajudou a implementar essa transformagao.
Casou-se com uma mulher persa, combinou o casamento de 80 de seus oficiaise
10 mil de seus soldados com mulheres orientais e planejou incorporar 30 mil jo-
vens persas ao seu exército. Alexandre fundou cidades de estilo grego na Asia,
onde os colonos gregos se misturaram aos orientais.
76 Givilizacio ocidental

is
'|..| Monarauia selêucida
[1] Monarauiade Pérgamo —
1 ] Monarguia ptolemaica
ss 'Monarauia antigênida

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Mapa 3.2 A divi :
sio do império de Alexandre ea difu sio do helenismo
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A medida gue os gregos adguiriam um conhecimento mais amplo


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Oriente Préximo, a mentalidade provinciana da polis cedia
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lugar a uma pers-
pectiva mundial. Enguanto o comércio € as vlagens entre o
Ocidente e o Oriente
| se expandiam, enguanto mercadores e soldados gregos
se estabeleciam em terras
' asidticas e enguanto a cultura grega era transmitida
a no gregos, diminuiam as
” distincêes entre b4rbaros e€ gregos. Embora Alexandre
nunca tivesse unido to-
DE.oe

dos os povos num Estado mundial, seus feitos impeli


dT,

ram o mundo a uma nova


N

' diregao: a fusio de povos desiguais e ao entrelagamento


de tradic6es culturais.
Dinastias rivais

Em 32' 3 a.C., aos 33 anos incompletos,


Alexandre morreu, vitima de uma fe-
bre. Apés sua morte premarura,
O mundo antigo 77

ias : os pto lem aic os, no Egi to; os sel êuc ida s, na Asia; e OS
cindiu-se em tré€s dinast
ni a. A Ma ce dê ni a — ter ra nat al de Ale xan dre — con ti-
antigénidas, na Macedê
te tentavam se livrar de seu
nuou a dominar as cidades gregas, gue periodicamen
de, o rei no de Pér gam o, na Asi a Me no r oci den tal , de sp on to u como
jugo. Mais aar
a guarta monargula helenfstica.
séc ulo II a.C ., o Egi to dos pto lem aic os era a pri nci pal por ênc ia do mun-
No
sel êuc ida , gue se est end ia des de o Med ite rrê Ane o até as
do helenfstico. O império
mui tos pov os dif ere nte s, ten tou exp and ir seu pod er
Fonteiras da India e reunia ern ant e
im pe di do pel os pro lem aic os. Fin alm ent e, o gov
oo Ocidente, mas foi
3-2 87 a.C .) der rot ou as for gas egi pci as e est abe lec eu do-
selêucida Antioco IT (22 to, a Ma -
tci a e a Pal est ina . Apr ove ita ndo -se da der rot a do Egi
nio sobre a Fen
lemaicos.
cedênia conguistou v4rios terricérios sob controle dos pto
nd o co mo um a nov a pot ênc ia, Ro ma int rom eti a-s e cad a vez mais nos
Emergi
eni sti cos em lit fgi o. Por vol ta do séc ulo II a.C ., jé imp use -
|seuntos dos reinos hel
Des se per iod o em dia nte , os des tin os pol idi cos do Med ire r-
n seu arbitrio a eles.
Aneo oriental e ocidental estavam inextricavelmente ligados.

Cosmopolitismo
ied ade hele nist ica cara cter izav a-se pelo cal dea men to de pov os e o inte r-
A soc
cAmbio de culturas. As tradicêes gregas espalhavam-se até o Oriente Proximo,
enguanto as tradig6es mesopotêmicas, egipcias, hebrafcas € persas — especialmen-
te as cren cas reli gios as — exp and iam -se para o Oci den te. O pro vin cia nis mo da ci-
dade-estado foi substituido por um cosmopolitismo crescente. Embora os gover-
nantes dos reinos helenisticos fossem macedênios e os seus altos administradores
e generais fossem gregos, o estilo de governo seguia o modelo dos antigos reinos
orientais. Na idade helênica, a lei expressava os anseios da comunidade, mas nessa
nova era de monarguia, os reis eram a lei. Os governantes macedênios encoraja-
vam a prêtica oriental de adorag#o do rei como um deus ou como um represen-
rante dos deuses. No Egito, por exemplo, os sacerdotes conferiam ao rei macedê-
nio os mesmos poderes divinos e ttulos tradicionalmente ostentados pelos fara6s
egipcios; de acordo com antiga tradigao, estdruas do rei divino eram colocadas em
templos egipcios.
Os selêucidas, seguindo a orientagso de Alexandre, estabeleceram cidades no
Oriente nos moldes das cidades-estados da Grécia. As cidades, Fundadas com fre-
gtiëncia para proteger as rotas comerciais e como fortalezas contra o atague de tri-
bos hostis, adotaram as instituicêes poliricas da Grécia helênica, inclusive a assem-
bléia popular e€ um conselho. Os reis helenisticos, de modo geral, nao interferiam
nos assuntos locais. Milhares de gregos se estabeleceram nessas cidades de arguite-
tura grega, gue tinham escolas, templos, teatros — onde se encenavam pecas cldssi-
Cas — e gindsios. Os gindsios eram principalmente lugares destinados & prética de
exerciclos e esportes e a palestras, mas alguns tinham bibliotecas e salêes onde se
realizavam conferências piblicas e competicêes de oradores e poetas. Os reis hele-
nisticos trouxeram da Grécia livros, pinturas e estdtuas. Suas cidades, habitadas
78 Givilizacdo ocidental
j EE
Pi. GE rk

por dezenas de milhares de pessoas de diferentes terras e dominadas POT


ar

Uma dlas.
se alca helenizada, serviam como centros e agentes do helenismo, Oue foi adotad
pelos povos nao gregos. As cidades do Egito e da Siria testemunharam o sur $
mento de uma elite nativa gue falava o idioma grego, usava roupas de estilo ed
€ praticava costumes gregos. A #oiné, uma forma da lingua grega, passou
a ser Bl
da em grande parte do mundo mediterrineo.
A maior cidade da época €e uma das mais representativas da idade
helenfstic
1
toi Alexandria, no Egito, fundada por Alexandre Magno. Por estar strategic.
mente situada numa das fozes do rio Nilo, tornou-se um centro
de COMEÊrcjio ede
cultura. Cidade mais populosa do mundo mediterrineo, Alexandria contava
ET

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inicio da era cristê, com talvez 1 milhao de habitantes — egipcios,
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persas, mace-
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dênios, gregos, judeus, sirios e drabes. Alexandria foi um emp


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êério comercial ini.


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gualdvel; mercadorias do mundo mediterrêneo, Africa


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oriental, Ardbia e fndia


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passavam por seus mercados. Para esse centro cosmopolita eram


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atrafdos poetas
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, filésofos, médicos, astrênomos e matemAticos.


E.

ed

Todas as fases da vida cultural sofreram o influxo dos


HT

intercAmbios culturais
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A escultura deixava transparecer a influência de muitos pafses. Os


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-

historiadores
e

escreviam sobre a histéria do mundo e nio ap


DERE

enas sobre histérias locais. Os


due gregos utilizavam as informagêes gue os babilênio
ET

Full

s haviam acumu-
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ado através dos séculos. As escrituras hebraicas foram traduz


idae em grego para
“OERN

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gue pudessem ser lidas pelos judeus Bregos, € os pensadore


ELE
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s judeus comecarama
Fo
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denis!

tomar conhecimento da filosofia grega. Os Bregos mostra


se du
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AM od ETN

ram um fascinio cres-


N TE

E
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ER EEN] VEREER SEEN

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cente pelos cultos religiosos orientais. Os flésofos ajud


,
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aram a romper as barrei-


ras
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n PovoS, asseverando gue todos eram filhos da mesm


a pdtria.
MT
skel
Da

fusao da civilizagao grega desde o mar Egeu até


ak PR SR
TREE

o rio Indo deu ao mundo


ad
vi des

helenistico um denominador cultural COmum, mas a


MO '

helenizac&o nio transfor-


RTme
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mou o Oriente nem o fundiu com o Ocidente. A


de
Lida
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helenizagio limitou-se guase


E
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on mde eer
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ur
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exclusivamente As cid ades, € em muitos centros urbanos fo; apenas


ARE E Si

superficial.
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Muiros egipcios gue viviam em Alexandri


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G

a aprenderam a lingua grega, e vér


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ER AN RAL ER

deles adotaram nOmES gregos, mas para a maiorja


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a helenizac&o nio Es muito


IF

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além disso. As aldeias rurais do Oriente conser


de

varam Os Comportamentos tradi-


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Clonais€ resistiram E
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ed j ” is maneiras gregas. As leis tradicionais, a lingua local e os costu-


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ares permaneceram inalterados. A religiao, o ingrediente mais importan-


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O mundo antigo 79
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Cancil de argila com a forma de um


menino africano, final do século INN
a.C. Este utensilio comum, na forma de
um menino africano de cécoras,
simboliza o car&ter mulriétnico da
civilizac&o helenistica, na gual inimeros
povoS entraram em contato éntre sie
com OS gregos, gragas as conguistas de
Alexandre. Museu de Arte Martin von
Wagner, Universidade de Wuerzberg.
Foto: K. Oebrlein

indo as tendências universais da idade helenistica, Polibio tentou explicar de


gue modo Roma evolufra desde uma cidade-estado aré um império universal.
Como discipulo de Tucidides, buscou explicag6es racionais para os acontecimen-
tos humanos. Também como Tucidides, baseava-se nos relatos de testemunhas
oculares (a gue acrescentava suas préprias experiëncias pessoais), verificava as
fontes e esforcava-se para ser objetivo.

Arte

A arte helenistica, tal como a filosofia do periodo, expressava uma consciëncia


ampliada do individuo. Enguanto a escultura helênica visava representar a bele-
za ideal — o corpo € o rosto perfeitos —, a escultura helenistica, preferindo o rea-
lismo ao idealismo, Capturava expressêes € Caracteristicas individuais de pessoas
cOmuns. As cenas da vida cotidiana eram retratadas de maneira realista.

Ciëncia

Durante a idade helenistica, as conguistas cientificas gregas chegaram ao apo-


geu. Ouando Alexandre invadiu a Asia Menor, trouxe com ele pesguisadores, en-
genheiros, cientistas e historiadores, gue ali permaneceram. A grande guantidade
80 Civilizacio ocidental

de dados sobre botênica, zoologia, geografia e astronomia, coligidos pelos


Cien.
tistas gue acompanhavam Alexandre, provocaram uma explosdo de atividade
A
ciéncia helenistica, diz o historiador Benjamin Farrington, situ
a-se “no limiar do
mundo moderno. Ouando a ciëncia moderna ensaiou seus
primeiros passos no
século XV], ela partiu de onde os gregos a haviam deixado”2.
Gragas a seu museu estatal, Alexandria atraiu os mais im por
tantes especjalistas
e uitrapassou Atenas como centro de pesguisa cientifica.
O museu POSSufa uma
biblioteca com mais de meio milhio de volumes, bem como Jar
dins botênicose
um observatério. Era realmente um instituto de pesgui
sa, em gue estudaram e
trabalharam algumas das melhores cabecas da época.
Os médicos alexandrinos progrediram em suas aptidêes. Aperfeicoaram os
INs-
tumentos € técnicas cirtirgicos &, pela dissecg#o de cad4veres,
contribufram para
0 conhecimento anatêmico: descobriram novos 6rgaos
, fizeram distincio entre
artérias e veias, dividiram o sistema nervoso em motore
sens6rio e identificaram
o cérebro como a sede da inteligência. Suas pesguisas
da anatomia e da filosofsa
ampliaram a tal ponto o conhecimento due atc o século XVI
nenhuma descober-
ta significativa foi feta nesses Campos.
A astronomia €e a matemdtica também avangaram.
Dezoito séculos antes de
Copérnico, o astrênomo alexandrino Aristarco
(310-230 a.C.) jé dizia gue o Sol
era o centro do universo, gue os planetas giravam em torno dele
€ gue as estrelas
situavam-se a grandes distências da Terra. No €ntanto, essas idéias
nao foram aceitas e persistiu a crenga de gue a Te revoluciondrias
rra era o centro do universo,
Euclides, matemdtico alexandrino gue viveu por volta
de 300 a.C., sintetizou de
modo criativo os progressos anteriores da geomer
tria. As inimeras demonstracêes
de Euclides, firmadas apenas no raciocinio,
Sa0 um testemunho elogtiente do
poder da mente racional.
Erat6stenes (c. 275-195 a.C.), ge6grafo alexandrino,
cimento cientifico de um mundo maior.
buscou alcancar o conhe-
Dividiu o planeta em zonas climdticas,
afirmou gue os oceanos eram ligados e, com extraordindr
mediu a circunferência da Terra.
ia habilidade e preciszo,
Arguimedes (c. 287-212 a.G.) de Siracusa, gue
cstudou em Alexandria, foi um notdvel
matemdtico, fisico e talentoso inventor.
O mundo antigo 81

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Ci Adrtico
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Reconstrucio do mapa-mindi de Eratéstenes (c. 275-194 a.C.). O conhecimento da geografla


experimentou um significativo progresso entre os gregos helenisticos. Os primeiros livros
cientificos sistemdticos sobre o assunto so atribuidos a Eraréstenes, diretor da biblioreca de
Alexandria, o maior centro de pesguisa cienrifica e humanista do mundo helenistico. Eraréstenes
calculou a circunferência da Terra com nordvel precisio para a época. Seu mapa ilustra os limires
do mundo conhecido até entio pelos gregos. De John Onians, Art and Thougher in the Hellenistic
Age (Thames and Hudson, 1979). Reproducio autorizada por Thames and Hudson Lid.

a uma concepcio de comunidade gue correspondesse as realidades sociais de um


mundo mais amplo. Aspirava a tornar as pessoas eticamente independentes, de
modo gue pudessem alcangar a felicidade num mundo hostil e competitivo. Ao
lutarem pela trangiiilidade de espirito e pelo alfvio dos conflicos, os pensadores
helenfsticos traduziam a ansiedade geral gue dominava sua sociedade.

Epicurismo Duas foram as principais escolas de filosofia no fnundo helenistico:


o €picurismo e o estoicismo. Na tradicëo de Platao e Aristételes, Epicuro (342-
270 a.C.) fundou uma escola em Arenas no final do século IV a.C. O rompimen-
to de Epicuro com o modo de agir e pensar da idade helênica foi significativo. Ao
contrrio dos filésofos gregos cléssicos, Epicuro, traduzindo a mudanca de relac3o
para com a cidade, pregava o valor da passividade e o afastamento da vida civica.
Na sua opiniëo, a cidadania nio era um pré-reguisito da felicidade individual. As
pessoas sbias, dizia Epicuro, deviam abster-se de participar dos negécios pribli-
COS, pois a politica poderia priv4-los da auto-suficiëncia, da liberdade de escolha e
ago. Também nio deviam perseguir riguezas, poder ou fama, pois essa busca

'nta gerar ansiedade. Pela mesma razêo, os sébios nao deviam render-se
ao édio ou

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82 Civilizacdo ocidental
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j! ao amor, desejos gue atormentam a alma. Deveriam ainda tentar viver COM ret
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' dao, pois do contr4rio enfrentariam muitos problemas. Tampouco poderiam ii


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felizes se vivessem preocupados com a morte ou em agradar aos deuses,


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'. Para Epicuro, o temor de gue os deuses interferissem na vida humanae pudes-
sem infligir sofrimento ap6s a morte era a principal causa da ansiedade. Para eli-
minar essa fonte de angdstia humana, ele postulava uma teoria da natureza na
gual os deuses nao tinham nenhum papel. Adotou, pois, a fisica de Demécrit,
T gue ensinava gue todas as coisas eram feitas de 4tomos em movimento. Num Ed
verso de 4tomos colidindo, nao podia haver nenhuma inteligência Superior gue
coordenasse as coisas. No havia lugar para a ag#o dos deuses. Epicuro pregava
gue os deuses provavelmente existiam, mas nio se envolviam nos negocios hu-
manos; asstm, as pessoas podiam dirigir suas préprias vidas.
As pessoas podiam alcangar a felicidade, dizja Epicuro, guando seus COrpos
estivessem ` livres de sofrimento” e suas almas, “aliviadas de perturbacêes e me-
do'. Embora guisesse aumentar o prazer do individuo, Epicuro rejeitava o hedo-
nismo desenfreado. Acredicando gue a felicidade devia ser buscada de modo
raclonal, ele insistia em gue os prazeres meramente sensuais due tém consegiiën-
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cias desagrad4veis (entre os guais o comer e o beber em excesso) deviam ser evi-
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tados. De modo geral, Epicuro esposou o ponto de vista tradicional grego da


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moderag#o e da prudência. Ao colocar sua filosofia ao alcance de homens € mu-


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lheres, escravos e livres, gregos e b4rbaros, ao separar a ética da politica, Epicuro


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criou uma filosofia adaptada ao mundo pés-alexandrino de reinos e de cultura


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Fstoicismo Mais ou menos na mesma época da fundac&o da escola de


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Epicuro,
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#enao (335-263 a.C.) inaugurou também uma escola em Atenas. Os Ensina


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mentos de Zenao, conhecidos por estoicismo, tornaram-se


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portante do mundo helenistico. Ensinando gue o mundo se constitui


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pelo declinio da cidade-estado. Valorizando a torga interior ao se lida


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fortinios existenciais, o estoicismo Propiciou um caminho par


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a a felicidade indi-
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vidual num mundo repleto de incertezas.


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No imago do estoicismo estava a cre nga


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de gue o universo continha um prin-


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forga fundamental do universo € nio “m


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a pessoa viva — e Razëo Divina (/ogos)


Esse principio regulador era a base da realidade
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e influenciava todas as coisas; era


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responsêvel pela organiza€io da natu reza.


Os estéicos raciocinavam gu
e, sendo
as pessoas parte do universo, també
s COmpartilhavam do logos gue movimenta-
Plantado em cada alma
O mundo antigo 83

duo s e fazi a-os rec onh ece r e resp eita r a dig nid ade do pré xim o. Para os es-
vos indivi
os, toda s as pess oas — gre gos e barb aros , hom ens livr es e escr avos ricos e pobres —
r6ic
se modo,
ram seres irmaos ea todos se aplicava uma dnica lei, alei da natureza. Des
os estéicos, como os hebreus, chegaram 3 idéia de uma humanidade una.
Ta] como Sêcrates, os estéicos acreditavam gue a gualidade distintiva de uma
disciplina
pessoa era sua capacidade de raciocinio e gue a felicidade provinha da
das emocêes pela parte racional da alma. Também como Sécrates, os €stO1cos
susten tav am gue um ind ivi duo devi a pro gre dir mor alm ent e, ape rfe ico ar seu ca-
-
“Ater. Para os estéicos, os sébios organizavam suas vidas de acordo com a lei natu
ral —a lei da raz&o — due governava o cosmos. Essa harmonia com o /ogos lhes
dari a forc a inte rior para resi stir aos tor men tos infl igid os por outr os, pelo des tin o
e por suas préprias naturezas apaixonadas. O resultado entao seria o autodomi-
nio e a paz interior, ou felicidade. Tais pessoas permaneciam imunes as desventu-
ras da vida, pois suas almas eram independentes. Nem aos escravos era negada a
iberdade interior; embora seus Corpos estivessem sujeitos ao poder de seus se-
nhores, suas mentes permaneciam ainda independentes e livres.
O estoicismo teve um impacto duradouro sobre a mente ocidenral. Para al-
guns teëricos polfticos romanos, o império preenchia o ideal estê1co de uma co-
munidade mundial em gue povos de diferentes nacionalidades possuiam cidada-
nia € eram governados por uma lei mundial gue se harmonizava com a lei da ra-
730, ou lei natural, gue regia todo o universo. As crengas esto1cas — SOmoSs todos
por natureza membros de uma sê familia, cada pessoa é significariva, as distin-
cêes de classe e raca n3o contam, e a lei humana no deve colidir com a lei natu-
ral — foram incorporadas 3 jurisprudência romana, ao pensamento cristdo e ao
liberalismo moderno. HA uma continuidade entre a idéia estéica de lei natural —
uma ordem moral subjacente 3 natureza — e o principio dos direitos inaliendveis
expressos na Declaracao de Independência dos Estados Unidos.

As realizacoes gregas: razao, liberdade, humanismo


Como os outros povos antigos, os gregos guerreavam, massacravam e escravi-
Zavam; foram muitas vezes Cruéis, arrogantes, lirigiosos e supersticiosos e&, com
fregtiëncia, violaram seus préprios ideais. Mas suas realizag6es tiveram, sem di-
vida, um profundo significado histérico. O pensamento ocidental tem inicio
com os gregos, gue foram os primeiros a definir o individuo por sua capacidade
de raciocinio. A grande realizag&o do espirito grego foi ultrapassar a magia, os
milagres, o mistério, a autoridade e o costume e descobrir um modo de conferir
uma ordem racional a natureza ea sociedade. Cada aspecto da civilizag30 grega —
ciéncia, filosofia, arte, drama, literatura, polftica, histêria — mostrou uma con-
Hanca crescente na razao humana € uma dependência dedlinante em relaco aos
deuses e ao pensamento mlftico.
Na Mesoporêmia e no Egito, as pessoas nio tinham uma concepc&o nitida do
seu valor individual e nenhuma compreensio da liberdade politica. Elas nio eram
84 Givilizacio ocidental

cidadaos, mas siditos gue obedeciam as ordens de um governante Cu]


Oo poder ti.
nha origem nos deuses; tal poder real nio era imposto a uma populac
ao descon.
tente, mas religiosamente aceito e obedecido.
Os gregos, ao contrdrio, criaram a liberdade politica. Viram o Estado
COmo
uma comunidade de cidadaos livres gue decretavam leis em seu PrOPrio intere
s.
se. Para eles, o Estado era um agente civilizador gue permitia
ao POVO desfrutara
vida feliz. Os pensadores politicos gregos chegaram 3 concepc&o do Estado
racio-
nal ou legal em gue a lei era uma expressio da raz&o, n3o de caprichos ou man-
damentos divinos; de justica e nao de poder; do bem-estar
geral da COmunidade,
nao de interesses egoistas.
Os gregos também legaram & civilizacëo ocidental uma ConcepEao de libe
rda-
de interior, ou ética. As pessoas eram livres para escolher entre a vergonha
j
ea
honra, a covardia eo dever, a temperanga e o descomedimento.
Os heréis da tra-
gédia grega sofriam nao porgue fossem fantoches manipulados por pod
eres mais
alcos, mas porgue possuiam a liberdade de deciso. A idéia de liberd
ade ética
|
atinge seu dpice com Sécrates. Conformar-se aos ideais apreendid
os pela raz&oe
| tornar-se um individuo autênomo e dotado de arbitrio, tal €ra
para Os gregos a
mais alta forma de liberdade.
| Durante a idade helenistica, os gregos, tal como os hebreus anteriorm
ente, che-
| garam a idéia de universalismo, de uma humanidade una. Os
!Ee filésofos estêicos
€nstnavam gue todos os povos, gragas 3 capacidade de racioc
| inar, eram funda-
mentalmente iguais e podiam ser governados pelas mesmas leis. Ess
a idéia en-
contra-se na ratz dos modernos princfpios de direitos
: naturais ou humanos, gue
sao prerrogativa de cada individuo.
! Subjacente a todas as realizacêes gregas, havia uma
| atitude humanista para
com a vida. Os gregos expressavam uma crenga no
valor, na significacio e na dig-
nidade do individuo; tinham em vistao aperfeicoame
' nt o mAaximo do talento hu-
mano, o completo desenvolvimento da personalidad
e ea busca consciente da
excelência. Ainda gue valorizassem a personalidade
hu mana, os humanistas gre-
£OS no aprovavam uma vida sem restricêes;
visavam & criago de um tipo mais
| nobre de homem. Esse homem deveria conf
: ormar-se a modelos condignos; de-
verla tornar sua vida tio harmoniosa€ perfeita
'

',dizo poea W.H.A


o due eguivalea d;
para bem ou para mal, plenamente
humanos”
O mundo antigo 85

Notas

1 H. D. EF Kitto. The Greeks. Balrimore, de R. D. Cummings. Indian4polis, Bobbs-


Penguin Books, 1957, p. 60. (Ed. portu- Merrill, 1956. Secëes 16-7 [Ed. brasileira:
guesa: Os gregos, trad. de José Manuel “Defesa de Sécrates”, em Sdrates. Trad.
Coutinho e Castro. Coimbra, Arménio de Jaime Bruna. Sio Paulo, Abril, vol. 1,
Amado, 1960. (N. do T.).] 1972. Col. Os Pensadores. (N. do T.)]
2) Werner Jaeger. Paideia: The ldeals of Greek 7. Plario. The Republic. Trad. de F. M.
Culture. Trad. de Gilbert Higher. Nova Cornford. Nova York, Oxford Universtry
York, Oxford University Press, 1945. 1:8. Press, 1945, p. 289. [Ed. brasileira: A &e-
[Ed. brasileira: Paidéia — a formardo do publica. Trad. de Albertino Pinheiro. 50
bomem grego, trad. de Artur M. Parreira. Paulo, Arenas, s.d. 1. VIII, 563d, p. 312.
S&o0 Paulo, Martins Fontes, 1979. (N. (N. do T)]
do T)] 8. Ipid, p. 293. [Ibid., 1. VUL, 566e-567a,
Kitto, 7he Greets, p. 78. p. 317. (N. do T.)]
iP in

Herédoto. The Histoires. Trad. de Aubrey 9. Politics. In Richard McKeon (org.), Basic
de Sélincourt. Baltimore, Penguin Books, Works of Aristotle. Nova York, Random
1954, p. 493. (Ed. brasileira: Histérias, House, 1941, pp. 1246, 1251. [Ed. bra-
trad. de ]. Brito Broca. Rio de Janeiro, sileira: Polftica. Trad. de Nestor Silveira
Edicées de Ouro, 1968, 1. VUIL, COOV, Chaves. SZo Paulo, Ed. Culrura Brasilei-
p. 648. (N. do T.)] ra, s.d. (N. do T)]
5. "Tucidides. 7he Peloponnesian War. Trad. 10. Jbid., pp. 1220-21.
de B. Jowett. Oxford, Clarendon Press, 11. Herédoto, op. dit, p. 485. ([Trad. cic, 1.
1881. Livro 2, cap. 37. Ed. brasileira: VIL COOOXV, p. 606. (N. do T)]
Histéria da Guerra do Peloponeso, wad. de 12. Benjamin Farrington. Greek Science. Bal-
Anna Lia Amaral de Almeida Prado, Sao timore, Penguin Books, 1961, p. 301.
Paulo, Martins Fontes, 1999. (N. do T.) 13. W. H. Auden (org). 7he Portable Greek
6. Platëo. Apology. Trad. de E. ]. Church; rev. Reader. Nova York, Viking, 1952, p. 38.

Sugestêes de leitura

Boardman, John et. al. The Oxford History of Frost, Frank ]. Greek Society (1987). A vida
the Classical World (1986). Ensaios sobre social e econêmica da Grécia anriga.
todos os aspectos da cultura grega. Grant, Michael. A Social History of Greece
Copleston, Frederick. A History of Philoso- and Rome (1992). Ensaios sobre os ricos,
Phy, vol. 1 (1962). Excelente andlise da cul- os pobres, as mulheres, os escravos e os li-
tura grega. berros.
Cornford, E. M. Before and After Socrates . From Alexander to Cleopatra (1982).
(1968). Uma apresentag&io dlara do signi- Excelente estudo de rodas as fases da so-
ficado essencial da cultura grega. ciedade e culrura helenifsticas.
Ferguson, John. 7he Heritage of Hellenism Hooper, Finley. Greek Realities (1978). Apre-
(1973). Uma boa introducso a cultura he- sentacao literata e sensivel da sociedade e
lenfstica. culrura gregas.
Fine, John V. A. The Ancient Greeks (1983). Jaeger, Werner. Paideia: The ldeals of Greek
Andlise fidedigna e atualizada da histéria Culture (1939-1944). Obra sobre a cultu-
grega. ra grega, escrita por um nordvel classicista.
Finley, M. I. (org). The Legacy of Greece O traramento dado a Homero, aos primi-
(1982). Ensaios sobre todas as fases da cul- tivos filésofos gregos e aos sofistas, é ma-
tura grega. gistral.

"
Kl AF ER ETE
% Ta
Eg
86 Givilizacio ocidental

Jones, W. T. A History of Western Philosophy, Vernant, Jean-Pierre. 7e Origins of Greek


j | vol. 1 (1962). Relato bem escrito, conten- Thougbt (1982). A transicëo do Mmito 3
do trechos valiosos das fontes originais. raZa0.
$ Kitto, H.D.E. The Greeks (1957). Um estu- Wallbank, E W. 7he Hellenistic World (1982)
|; do estimulante da vida e do pensamento
se Estudo do mundo helenistico due faz ies
judicioso de citacêes das fontes origi-
7 Levi, Peter. 7he Pelican History of Greek Li- nais.
id terature (1985). And4lise penetrante dos es- Webster, T. B. L. A#henian Culture and Sp-
dy critores gregos. ciety (1973). Examina a religiëo, os ofi-
Murray, Oswyn. Early Greece (1980). Um cios, a arte, o drama, a educagëo etc. de
bom relato no tocante ao Oriente Préxi- Artenas.
mo e ao estilo de vida da aristocracia.

Ouestêes de revisio
1. Por gue Homero é denominado “o mo- 10. Em gue sentido Aristêteles criticava €
delador da civilizagio grega”? acelitava a Teoria das Idéias de Plato? O
2. De gue modo a pdlis grega rompeu com gue tinham em comum o pensamento
a politica teocrdrica do Oriente Pré- politico e o pensamento ético de Aristé-
Ximo? teles?
3. Descreva as principais caracterfsticas e as 11. A arte grega era realista, idealista € hu-
limitag6es da democracia ateniense. manista. Expligue.
4. Ouais foram as causas da Guerra do Pe- 12. Por gue as pecas gregas têm apelo pe-
loponeso? Oual foi o impacto dessa guer- rene?
ra sobre o mundo grego? 13. Ouais so as diferencas b4sicas entre as
5. Expligue em gue sentido a vida polftica idades helênica e helenistica?
grega revelava as melhores e piores carac- 14. De gue maneira Alexandre Magno con-
teristicas da liberdade e o potencial e Ii- tribuiu para moldar a idade helenfstica?
mitac6es da raz&o. 15. A ciëncia helenifstica situa-se no limiar
6. Oual foi a grande realizagio dos filésofos do mundo moderno. Justifigue essa afir-
narurais jénicos? macao.
7. De gue maneira os sofistas promoveram 16.A gue problemas se dedicaram os fil6so-
a tradi&o da raz&o inicjada pelos filéso- fos helenfsticos?
fos naturais? Em gue sentido eles contri- 17. Cual foi o significado duradouro do es-
buiram para a crise espiritual de Atenas? toicismo?
8. Cual foi a resposta de Sécrates aos pro- 18. Os gregos romperam com a perspectiva
blemas propostos pelos sofistas? mitica do antigo Oriente Préximo e con-
9. Descreva os aspectos essenciais da Repu- ceberam uma visio de mundo gue se tof”
blica de Plat3o e discuta as razêes gue o nou a base da civilizacio ocidental. Dis-
levaram d escrevê-la.
Cutaa afirmacao
s CAPITULO 4
Roma: de cidade-estado
a império mundial

A grande realizag&o de Roma foi transcender a estreita orientagao politica


da cidade-estado e criar um Estado universal gue unificou as diferentes
nac6es do mundo mediterrineo. Considerando a pd/is como o dnico ca-
minho para a felicidade, os gregos nao almejavam uma unidade politica
mais ampla e excluiram guase totalmente os estrangeiros da cidadania.
Embora os filéêsofos helenfsticos tivessem vislumbrado a possibilidade
de uma comunidade mundial, os politicos do perfodo nao conseguiram
dar forma a essa concepcio. Roma, no entanto, ultrapassou as limita-
cêes da mentalidade de cidade-estado e desenvolveu um sistema de lei e
cidadania para todo o império. Os hebreus distinguiram-se por seus
profetas e os gregos, por seus filésofos; o génio de Roma encontrou ex-
pressio no direito e no governo.
A histéria de Roma divide-se em dois periodos: a Republica, gue tem

d
EA
inicio em 509 a.C. com a derrubada da monarguia etrusca; e o Império,

AR SIR AG E eE GEE
gue se iniciou em 27 a.C., guando Otdvio (Augusto) se tornou, de Fato,
o primeiro imperador romano, pondo fim a guase 500 anos de autogo-
verno republicano. A Repuiblica romana, ao conguistar o mundo medi-
terrêneo e estender sua lei e, em alguns casos, cidadania a diferentes na-
clonalidades, ultrapassou o provincianismo tipico da cidade-estado. A
Republica deu infcio & tendência ao universalismo politico e juridico,
gue se concretizou na segunda fase da histéria romana, o Império. **

A evolug&o da constituicio romana


| Por volta do século VIIL a.C., algumas das sete colinas de Roma, perto do rio
Tibre, na Ir#lia central, eram habitadas por comunidades de camponeses. Ao
norte situavam-se cidades etruscas e ao sul, cidades gregas. Essas civilizacées mais
adiantadas foram pouco a pouco sendo absorvidas pelos romanos. A origem dos
“truscos ainda hoje permanece um mistério, embora alguns estudiosos acreditem
due tenham vindo da Asia Menor. Dos etruscos os romanos adguiriram estilos
de arguitetura, técnicas de construcio de estradas, instalacêes sanitdrias, enge-

87
ot T 9 8 Civil ia (40 OC. ide tal

ER

Cronologia 4.1 * Roma


ma,

' 509 a.C. Expulsëo dos reis etruscos.


'; 287 Fim da Lura das Ordens.
264-241 Primeira Guerra Ptinica; Roma conguista provincias.
Hi
ME 218-201 Segunda Guerra Pinica; derrota de Anibal.
' 133-122 Reformas agr4rias dos irmaos Graco; ambos sio assassinados
pelo Senado.
88-83 Conflico entre Sula e as forgas de M4rio; Sula surge como di-
tador.
49-44 Ditadura de César em Roma.
2 Or4vio recebe o Hftulo de Augusto e torna-se o primeiro impe-
rador romano; inicio da pax romana.
180 d.C. Morre Marco Aurélio; fim da pax romana.
212 A cidadania romana é concedida a guase todos os habitantes
livres das provincias.
NE 235-285 Anarguia militar; arague dos germanos.
Hi 285-305 Diocleciano tenta resolver a crise criando um Estado arregi-
mentado.
378 Batalha de Adrianopla; os visigodos derrotam as legiëes romanas.
406 Colapso das fronteiras; as tribos germênicas invadem o Im-
pérlo.
476 Fim do Império Romano do Ocidente.
ad

nharia hidrdulica inclusive as tubulac6es subterrêneas, metalurgia, cerAmica € €$”


cultura de retratos. Vocdbulos € nomes etruscos entraram para a lingua larina € OS
deuses etruscos foram absorvidos pela religjëo romana.
Os etruscos expandiram seu territério na Itélia durante os séculos VII e VI
2.C, € controlaram a monarguia em Roma. Derrotado
pelos celtas, pelos grego*
e finalmente pel os romanos OS etruscos perderam seu dominio polftico na Icdlia
em torno do século IIT a.C.
ii Roma “Ornou-se Uma repiblica em fins do século VI a.C.,
ss rurals, ou patriclos, derrubaram o rei etrusc gu an do os aristo”
o. Ts] como ocorreu pas cidades F
“ER8 A traS
nsi,gao da monarguia teoerdtica para a repdblica propiciou oportun!
O mundo antigo 89

Remate em bronze etrusco de um


candelabro, 480-470 a.C. A nordvel
ascensio dos etruscos, bem como sua
rigueza, baseavam-se principalmente na
manufatura em larga escala de artefaros
de bronze e ferro. Os mercadores
levavam armas, armaduras, ferramentas,
utensilios domésticos e obras de arte por
roda a Irélia, G4lia e Europa central.
A captura de Roma pelos etruscos, por
volta de 600 a.C., abriu caminho para a
efetiva urbanizag#o da cidade. 7e
Metropolrtan Museum of Art, Rogers
Fund, 1912 (47.11.3)

dades para o desenvolvimento politico e juridico. Na primeira fase da histéria re-


publicana, a religiao governava as pessoas, ditava a lei e legitimava o governo dos
patricios, gue se consideravam como preservadores das tradicêes sagradas. Pouco
a pouco, os romanos foram afrouxando os elos entre a religiao e elaboraram um
sistema constitucional gue se eguiparou 3 realizagio grega de tornar racjonais e
SeCulares a politica e o direito. Tal como os gregos, os romanos acabaram por con-
siderar a lei como expressio da vontade pdblica e n&o como criag&o de reis-deu-
ses, reis-sacerdotes ou de uma Casta sacerdotal.
O impulso para o desenvolvimento da constitui€io romana foi por um confli-
LO — conhecido como a Luta das Ordens — entre os patricios e€ as pessoas comuns,
ou plebeus. No intcio do século V a.C., o governo de dominagëo patricia com-
punha-se de dois cênsules, da Assembléia das Centtirias e do Senado. Os patri-
CIOS possujam a maior parte da terra € controlavam o exército. Os chefes do
di

90 Civilizaio ocidental

governo eiam os dois cênsules, provenientes da nobreza, eleios anualme


nte; co.
mandavam o exército, atuavam Como juizes e estabeleciam as leis.
A Assembléia das Centirias era uma assembléia popular, mas em virtu
de dos SIS-
temas de votagao era controlada pela nobreza. A Assembléia elegia os COnsules
&
outros magistrados e formulava leis, gue precisavam também da APrOVacio do
Scnado. Este aconselhava a Assembléia mas nio legislava, controlava as financas pi
blicas ea politica externa. Os senadores eram nomeados vitalicjamente pelos cênsu.
les ou eram antigos magistrados. O Senado era o principal 6rg&o do poder patricio.
/ tensao entre patricios e plebeus provinha dos agravos impostos a este s
dlrimos,
rais como escraviddo por divida, discriminagio nos tribunais, ProibiGëo de casa-
mentos entre membros das duas classes, falta de representag&o
politica e ausência
de um cédigo de leis escrito. Ressentidos com essa POSiEAO
inferior, os plebeus or-
ganizaram e empreenderam uma luta pela igualdade polftica, juridica e social.
Os plebeus rinham uma nica arma decisiva: a ameaca de se desligarem
de
Roma, isto é, deixarem de pagar impostos, de trabalhar ou de servir
o exército.
Os pragm4ticos patricios, reconhecendo gue Roma, constantemente
envolvida
em guerras na peninsula Irdlica, nio poderia sobreviver sem a ajuda plebéia,
a
contragosto flzeram concessêes. Desse modo, os plebeus foram vagarosamente
obrendo a igualdade juridica.
No inicio do século V, os plebeus conguistaram o direito de formar sua pré-
pria assembléia (a Assembléia da Plebe, gue mais tarde cresceu e recebeu o nome
de Assembléia Tribal). Essa Assembléia podia eleger tribunos, oficiais investidos
de poderes para proteger os direitos da plebe. Como resultado da pressio plebéia,
por volra de 450 a.C. foi escrito o primeiro cédigo de leis romano. Conhecido
como a Lei das Doze Tébuas, o cédigo concedia aos plebeus alguma protes
contra OS Injustos e opressores funciondrios patricjos gue sempre podiam inter
pretar de maneira arbitriria a lei baseada nos costumes. Maie tarde, os plebeus
CoNguistaram outros direitos, entre os guais a permissio de casar com patricios,
o acEssO aos mais alros postos politicos, judicidriose religiosos do Estado e o
fim
da escravidao por divida. Em 287 a.C., data geralmente aceita como
o término
da luta entre patricios e plebeus, os aros da Assembléia Tribal estendera
m-se a to-
dos os cidadaos e j4 nio necessitavam da aprovac&o
do Senado.
Embora os plebeus tivessem conguistado a igualdade juridica e
o direito de sen-
tar-se no Senadoe Ocupar altos cargos, Roma era ain
da governada pela classe alra.
A oligarguia gue agora detinha o poder era formada
de patricios e plebeus influen-

te poderosos fortaleciam essa alianca. Como apenas


OS
ribunos, tendiam mais para o lado da antiga nobreza do
due paraa defesa dos interesses dos
plebeus pobres. Pela pr4tica do subo
$*TAUa gOVernante mantinha o controle sobr rno, a oli-
ea Assembléia, e o Senado continua-
va sendo o baluarte do poder aristocrdtico. A
ge eomo os melhores oligarguia governante, considerando-
cidada
os,
dirigiu Roma durante seu periodo de expansao €
lidade e talento para governar.
O mundo antgo 91

Durante os 200 anos de luta de classe, os romanos forjaram um sistema cons-


itucional baseado nao no ministério religioso mas nas necessidades civis. O de-
ver essencial do governo deixou de ser o desempenho regular de rituais religiosos
para tornar-se a manurengao da ordem interna e a preservag&o do poder e digni-
dade dos romanos nas relag6es internacionais. Embora os romanos conservassem
ss cerimênias e pr4ticas de sua religiao ancestral, era o interesse publico, nao a
tradic&o religiosa ou a perspectiva do castigo divino, gue determinava o conted-
do do direito. O interesse publico era ambém o padrao segundo o gual codos os
atos importantes da cidade eram julgados. Na primeira fase da histéria republica-
na, o direito era sacerdotal e sagrado, ditado somente por sacerdotes e conhecido
apenas dos homens de familias religiosas. A medida gue a lei foi sendo escrita,
discutida e emendada, aos poucos separou-se da religiëo. Um outro passo nesse
processo de secularizag30 e racionalizagao ocorreu guando o estudo e a interpre-
tac&o da lei passou das maos dos sacerdotes para uma classe de juristas profissio-
nais, gue analisavam, classificavam, sistematizavam e buscavam solug6es de senso
comum para os problemas juridicos.
A constituic4o romana nio foi produto de pensamento abstrato, nem o lega-
do de um grande legislador como o ateniense Sélon. Ao contrério, tal como a
constituicao britênica, a romana desenvolveu-se de modo gradarivo e empirico,
atendendo a necessidades especificas. Os romanos, diferentemente dos gregos,
distinguiram-se pelo espirito prdtico e pelo bom senso, nio pelo amor ao pensa-
mento abstrato. No seu modo pragmdtico e empirico, foram aos poucos desen-
volvendo os processos da politica publica e do Estado juridico.

A expansao romana até 146 a.C.


Ao mesmo tempo gue as classes lutavam entre si, Roma também comegara a
estender o seu poderio sobre a peninsula Irdlica. Sem harmonia e estabilidade
civicas, ela nio poderia ter realizado a expansio. Em 146 a.C., Roma tornara-se
a potëncia dominante no mundo mediterrineo.
A €xpans4o romana ocorreu em três etapas principais: a unificacao da penin-
sula itdlica, gue deu a Roma o potencial humano gue a transformou de cidade-
estado em grande potência; o conflito com Cartago, a partir do gual Roma
€mergiu como senhora do Mediterr&neo ocidental; ea sujeic3o dos Estados hele-
nisticos, gue colocou os romanos em estreito contato com a civilizacao grega. A
medida gue Roma se expandia territorialmente, seus chefes ampliavam o pré-
prio horizonte. Em vez de cidadania baseada em parentesco racial, Roma assi-
milou outros povos 3 sua comunidade politica. Assim como o direito se desen-
volvera antes para atender as reivindicacêes dos plebeus, assim também ajustou-
S€ as novas situacëes resultantes da criacio de um império multinacional. A
cidade de Roma transformava-se na cidade da humanidade — a cosmépolis
Sonhada pelos estéicos.
92 Civilizacio ocidental

A unifcacio da hidlia
Durante a primeira fase de expansëo, Roma estendeu sua he SEMONIA
Jr4lia, subjugando sobre
pouco a pouco as tribos italianas semiciviliz
nhos larinos de mesma origem —, os outrora prepotentes etrus COS € as cidad
es.
estados gregas da Irélia meridional. A conguista romana da Irlia em parte der.
vou de organizagao e disciplina militares superiores. Os OMANOS,
s€guindo
modelo grego, organizaram seus soldados em formacso
de batalha: ao CONtrrig
de seus Inimigos, gue muitas vezes |lutavam como hordas d €SOrganizadas
, Predis.
postas ao pênico e 3 fuga. Além disso, os romanos voluntariamente
fazjam saCr-
ficios para gue Roma pudesse sobreviver. Ao conguistarem
a It4lia, estavam Uni-
dos por uma devogao moral e religiosa 3 sua cidade forte o bastante
para supera
conflicos sociais, rixas partidérias e ambigso pessoal.
Apesar da forca de seu exército, Roma nio poderia ter dominado a Tr4lia
sem
a cooperacao de outros povos italianos. Em vez de reduzir
os adversdrios 3 escra-
vidao e confiscar-lhes todas as terras — método de guerra comum no mundo
an-
rigo —, Roma empenhava-se em ganhar a lealdade do POVO conguistado
me-
diante um tratamento generoso. Algumas comunidades derrotadas mantinham
aré certo ponto um governo préprio, mas cediam aos romanos a conducio
dos
a$SUNLOS EXternos e contribufiam com contingentes para o exército guando
Ro-
ma 1a a guerra. Outros povos conguistados recebiam cidadinia parcial ou total.
M
Ao estender seu dominio sobre a Ir4lia, Roma demonstrou um talento notdvel
#
p
para converter antigos inimigos em aliados e finalmente cidad&os romanos. Ne-
nhuma cidade grega jamais pensara em integrar os naAo-nativos em sua comuni-
Ad

dade politica.

A condguista do mundo mediterrbnep


(uando Roma completou a unificacio da Irdlia, havia cinco grandes potências
na drea mediterrinea: a monarguia selêucida no Oriente
Préximo: a monarguia
ptolemaica no Egito; o reino da Macedênia na Grécia; Cartago no Mediterrêneo
ocidental; ea Confederac&o Icaliana, dominada pelos romanos. Cento
e vinte anos
mais tarde, em 146 a.C., Roma subordinou esses Estados
ao seu dominio.
AA €Xpansao romana para fora dos limites da Ir4lia n&o
terminado. Na verdade,
seguiu um plano prede-
alguns dirigentes romanos opunham-se &
“mM aventuras estrangeiras, considerando-a uma ameaGa participaga0
nio sê 4 seguranga de
Roma mas também ao modo de vida tradicional.
Entretanto, & medida gue SUS
`"ErESSES tOrnavam-se maiores, Roma envolvia-se
em conflitos e, sem planejas
acabou consolidando um Império
ultramarino.
' Logo apés afirmar Supremacia na Itrdlia, Ro
ma travou longa guerra contIa
EE - 1 1 Guerra Punica (264-241 af.) — 4 OUtra grande potência do Me-

em 800 a.C. pelos fenfcios, a cidade norte-africa*


guistaram um m impér; Prospero empério comercial. OsS cartagineses COM”
d “Apério gue abrangia a Africa do Norte, as regiëes do litoral me!
1onal da Espanha, a Sardenha, a Cé oe
4 '-OFSega e a Sicilia ocidental.
O mundo antigo

Relevo fundido (detalhe) da Coluna de Trajano. O imperador Irajano (98-1 17) construiu uma
coluna para comemorar suas campanhas vitoriosas. Um dos relevos representa o desembargue de
Uma armada romana no porto de Acona. Durante a | Guerra Puinica, Roma se tornara uma
Porëncia naval capaz de fazer frente & frora cartaginesa. Alinarildrt Resource, NY

A guerra entre as duas grandes potências teve inicio porgue Roma temia gue
Cartago tivesse interesses em Messana, cidade do norrte da Sicilia. Roma receava
due Cartago usasse Messana para atacar as cidades-estados da Irdlia meridional
1H€ éram suas aljadas, ou para interferir no comércio entre elas. Roma decidiu
AU€ a seguranga de suas aljadas exigia uma intervengio na Sicilia. Embora Roma
94 Givilizacio ocidental

houvesse sofrido severas perdas — inclusive o aniguilamento de um EX


ETCILO Jgue
invadira a Africa do Norte e a destruicao de centenas de navios
em batalha ë
tempestades —, somente a paz do vencedor interessava aos romanos.
Usando a
tropas de seus leais aliados de toda a Irdlia, Roma venceu por fim Cartago, gue
entregou a Sicilia a Roma. 'Trés anos mais tarde, esta tomou da enfraguecida
Cat.
tago as ilhas de Cérsega e Sardenha. Com a aguisicio desse
s terric6rios fora d,
[r4lia — gue foram transformados em provincias —,
Roma COMEGOU a CONStruir
seu império.
A expans&o carraginesa na Espanha acelerou a II Guerra Pinica
(218-201
a.C..). O exército cartaginês era comandado por Anibal (247-183
a.C.), Cujo gé-
nio miltar assombrou os antigos. Anibal conduziu um exército experiente, com
elefantes de guerra para atacar as linhas inimigas, através de
desfiladeiros to
ingremes e gelados gue muitas vezes homens e animais perdiam
o eguilibrio e se
precipitavam para a morte. Sobreviveram 3 travessia cerca de 26 mil homens; ou-
tros 15 mil foram recrutados nas tribos gaulesas do vale do Pé.
Na batalha de
Canas (216 a.C.), o exército de Anibal destruiu completamente
um exército ro-
mano de 60 mil soldados, a maior concentracio de torcas isoladas
gue Roma j4
pusera em campanha.
Esses foram os piores dias por gue passou a republica. Entretanto, afi
rma o
historiador Tito Livio, os romanos nio falaram em paz. Anibal nio pêde cont
i-
nuar sua vitoria em Canas com um atague final, pois Roma sabiamente
nao per-
mitiria gue seu exército fosse atraido a uma outra grande batalha. Nem possuia
Anibal soldados suficientes para capturar a propria Roma. Roma invadiu a Africa
do Norte, forcando Anibal a retirar suas tropas da |rdlia para defender o territd-
rio cartaginês. Anibal, gue vencera todas as baralhas na Ir4lia, foi derrotado em
Zama, na Africa do Norte, em 202 a.C. Cartago foi obrigada a pedir paz e teve
de devolver a Espanha e abandonar seus elefantes € sua armada.
A N Guerra Pinica fez de Roma a tnica grande potência do Mediterrêneo
ocidental; apressou também seu ingresso na politica do mundo helenifstico. No
ano seguinte ao da batalha em Canas, durante a mais dificil provacao enfrentada
por Roma, Filipe V da Macedênia aliou-se a Anibal. Temendo gue Filipe inva-
disse a Irdlia, Roma iniciou a primeira guerra contra a Macedênia, derrotando-a
em 205 a.C. Para pêr fim 3 influência macedênia na Grécia, gue Roma conside-
rava cada vez mais como protetorado seu, os romanos combateram os macedê-
nIOS em duas outras guerras, Finalmente, em 148 a.C., Roma fundou a provin-
cia da Macedênia.
A interveng&o na Grécia levou os romanos a se envolverem com
os reinos hele
nisticos do Oriente Préximo e da Asia Menor — Selêucia, Egito e Pérgamo.
Esta
dos helenisticos acabaram se tornando cdlientes de Roma e per
deram sua liberda-
de de ag&o nos negécios externos.

Mapa 4.1 A expansao de Roma: da Republica ao Império P


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96 Givilizacdo ocidental

Em 146 a.C., ano em gue a hegemonia romana foi assegurada, Roma chegou
a0 fim da JIT Guerra Punica contra Cartago. Roma dera inicio a essa guerra de
exterminio contra os cartigineses em 149 a.C., embora Cartago fosse uma POtên-
E cia de segunda ordem e jd nao representasse uma ameaga 3 sua s€guranca. Os
; romanos foram estimulados por velhos ressentimentose pela lembranca LTauma-
jy tica da guase vit6ria de Anibal. Roma vendeu os cartagineses sobreviventes COmo
escravos, destruiu a cidade e transformou a regiëo numa provincia romana da
Africa. O comportamento cruel e irracional de Roma em relacio & desamparada
i Cartago foi um primeiro indicio da deterioragio da lideranca senatorial: haveria
E OUtros.
Hi Roma na0 aringira ainda os limites de sua expans#o, mas nio havia ddvida de
gue por volra de 146 a.C. o mundo mediterrineo se havia curvado 3 sua vonta-
de. Nenhuma potência podia fazer frente aos romanos.

As conseguëncias da expansdo
A expansêo teve importantes consegiiëncias para Roma e o mundo mediterrê-
neo. Milhares de gregos, muitos deles homens cultos gue haviam sido escraviza-
dos pelos romanos em suas conguistas no Oriente, chegaram a Roma. Esse influ-
xo acelerou o processo de helenizac#o j4 iniciado guando do contato de Roma
com as cidades gregas da Irélia meridional.
Uma consegiëncia fundamental da expansio foi o contato com a experiëncia
juridica de outros povos, entre os guais os gregos. Os juristas romanos, demons-
trando as virtudes romanas do pragmatismo e do bom senso, fizeram uma incor-
poragao seletiva dos elementos dos cédigos de leis e tradic6es dessas nacêes ao di-
reito romano. Assim, de modo gradativo e empirico, eles elaboraram o jus gem-
Hum, 0 direito das nag6es ou povos gue foi aplicado a todo o Império.
Os conguistadores romanos levaram para a ltlia centenas de milhares de prisio-
neiros de guerra, entre os guais gregos, de todas as partes de seu império. Calcula-
sé gue mais de 2 milhêes de estrangeiros escravizados chegaram & Irdlia entre 80 e
$ a.C. Em meados desse século, aproximadamente, cerca de um terco da popula-
GA0 italiana era constituida de escravos enguanto antes da T1 Guerra Pinica esse nud-
mero girava em torno de 10%. Os escravos mais afortunados trabalhavam como
artesaos ou criados domésticos; os menos afortunados, gue eram também os mais
numerosos, trabalhavam nas plantacêes, ou encontravam a morte precoce labu-
rando nas minas. Os senhores romanos muitas vezes tratavam seus escravos de
modo cruel. Embora os levantes de escravos nio fossem comuns, sua violência
“Pavorava os romanos. Em 135 a.C., alguns escravos da Sicilia revoltaram-se €
capturaram importantes cidades, derrotando as forcas romanas antes
de serem do-
minados. Em 73 a.C., gladiadores chefiados por Espdrtaco fugiram de
seus aloja-
MENLO € receberam a adesio de dezenas de milhares de fugitivos.
Espêrtaco pré”
n tendia fugir para a G4lia ea Trcia, terra natal de muitos escravos. Seu exército der”
ss
DOU as HOPas romanas e arrasou a t4lia meridional antes
dy ER
.

gue uma forga superlof


Ds detivesse. Cerca de 6 mil escravos derrotados foram crucificados.
Go
MH id
O mundo antgo 27

Os governadores romanos, os funciondrios menos graduados e os mercadores


nao
tinham nas provincias uma fonte de enriguecimento ripido; de modo geral
sofriam restric6es do Senado, gue era o responsdvel pela administragao dos terri-
rérios ultramarinos. Dentro em pouco grassaram a exploragao, a corrupao ea
extorsio. “Ao longo da histêria, nenhuma outra administragio se dedicou t&o
seriamente a despojar seus siditos em beneficio privado da cdlasse dominante
guanto Roma no estagto final da Republica”, conclui E. Badian'.
Embora fossem numerosos os exemplos de mau governo nas provincias, hou-
ve muitos aspectos positivos na administragio romana. Geralmente Roma davaa
seus stiditos uma grande margem de autonomia, nio interferindo na religiëo e
nos costumes locais. Os impostos romanos nio eram, em média, maiores — che-
gando em certos casos a ser mesmo menores — do gue nos regimes anteriores. E,
o mais importante, Roma reduziu o estado de guerra endêmico gue assolava es-
sas regi6es.

A cultura na Republica
Uma das principais consegiiëncias da expansêo foi aumentar o contato com a
cultura grega. Durante o século TT a.C., a civilizagao grega comegou a exercer
uma Crescente e frutifera influência sobre o espirito romano. Mestres gregos, na
condicao de escravos ou homens livres, chegaram a Roma e ali introduziram as
realizag6es culturais gregas. A medida gue conguistavam o Mediterrêneo orien-
tal, os generais romanos comegaram a transferir bibliorecas e obras de arte das
cidades gregas para Roma. A escultura e pintura romanas imitavam os originais
gregos. Com o tempo, os romanos adguiriram da Grécia o conhecimento do
pensamento cientifico, da filosofia, da medicina e da geografia. Escritores e ora-
dores de Roma tomavam como modelos a histéria, a poesia € a oratéria gregas.
Ao adotar a visao humanista dos gregos, os romanos passaram a valorizar a inte-
ligéncia humana € a prosa € poesia elogiientes e elegantes. Os romanos de maior
poder aguisitivo punham a seu servico preceptores, poeras e filésofos gregos e
mandavam os filhos estudar em Arenas. Desse modo, Roma assimilou criariva-
mente os feitos gregos e os transmitiu a outros, ampliando assim a 6rbita do
helenismo.
Plauto (c. 254-184 a.C.), o maior dramaturgo de Roma, adotou as Caracteris-
ticas da comédia grega dos séculos IV e TT. Suas comédias rinham personagens
Bregos e se desenrolavam em ambientes gregos; os atores usavam roupas de estilo
grego. Mas continham também elementos familiares gue encantavam as platéias
'omanas — cenas de glutonaria, embriaguez, lubricidade e dores de amor.
Outro dramaturgo, Terêncio (c. 190-156 a.C.), era origindrio da Africa do Nor-
tee foi trazido para Roma como escravo. Seu amo, um senador romano, man-
dou educar o talentoso jovem e concedeu-lhe a liberdade. Ao humor de Terêncio,
ike ae
98 Givilisacio ocidental

contido e refinado, faltava a impetuosidade do estilo de Plauto,


du€ encantavg 0
piblico romano, mas seu estilo era tecnicamente superior.
Catulo (c. 87-c. 54 a.C.), nascido no norte da Irlia, é geralmente
COnsiderg.
do um dos maiores poetas liricos da literatura mundial. Seu pai lhe Proporciona.
ra uma educagao de nobre. Arormentado por
um malfadado amor, Catulo ESCre-
veu po emas memordveis sobre a paix30 e suas angtistias
Lucrécio (c. 96-c. 55 a.C.), o principal filésofo epicur
eu romano, foi influen.
ciado pelo conflito entre os generais Mario e Sula,
gu€ Examinaremos mais adiap.
de
n

te neste capitulo. Abalado pela luta gue parecia no ter fim, Lucréci
n ig
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pe '” ei

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trangtiilidade filoséfica. Na obra Da matureza das coisas, Lucrécio


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admiragao por Epicuro. Tal como seu mentor, ele denunciou


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religiëo por estimularem o desassossego psicolégico e


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propês uma CONCEpcio


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materialista da natureza em gue nio havia lugar para a ag3o


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dos deuses — leis me.


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Mg,
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ai. 'n

Canicas, nao os deuses, governavam todos os aconteci


f
T

mentos fisicos. Para afastar


o medo do castigo apés a morte Lucrécio apresentou argu
mento para provar gue
a alma perece com o corpo. Afirmava gue a vida simples,
livre de envolvimento
politico e paix&o excessiva, era a felicidade Suprema e€ o
caminho gue levava da
perturbag&o emocional para a paz de espirito.
Cicero (106-43 a.C.), um dos principais estadistas romanos,
foi também um
notvel orador, um insuperdvel estilista latino € um estudios
o da filosofra grega.
Suas Cartas, das guais mais de 800 chegaram até nés, repres
entam para os histo-
riadores modernos uma valiosa fonte de compreensao da politi
ca dos dltimos
anos da Repiblica. Seus discursos ao Senado serviam como
modelo de retérica
relinada para todos os estudantes de latim. Dedicado 3 causa
republicana, Cicero
buscava evitar o governo de um sé homem. Admirava a me
ta estéica do sébio
aurto-suficiente gue procurava adeguar sua vida aos padr6es de virt
ude inerentes
a natureza. Adotou a crenca estéica de gue a lei natural governa
o universo e se
aplica a tudo, de gue tudo pertence a uma humanidade comum e
de gue a raza0
€ a mais nobre faculdade do individuo. O estoicismo era a mais influe
nte filoso-
Ha em Roma. Sua énfase no COmMportamento virtuoso e no exercicio do dev
er
coincidia com os ideais romanos, e sua doutrina do direito natural ap
licado a to-
das as nagêes harmonizava-se com as exigéncias de um
império mundial.

O colapso da Repiblica
Em 146 a.C., o poder de Roma estendia-
Apêés aguele ano,

Am servico civil profissio Em luga r de desenvolver


nal para administrar as
3ANO terras Conguistadas, os estadistas
osS retent
nt aram |go
vernar um império com Instit ertui
s gëaees . dade
ASE
de ci -e st ad o, cr ja-
ia
EE eke 3
O mundo antigo 99

das com um propêsito diferente. Além do mais, a Reptiblica n&o demonstrava


muito interesse pelo bem-estar de seus suiditos, e o governo das provincias piora-
va) medida gue governadores, coletores de impostos e soldados exploravam des-
pudoradamente os habitantes das provincias.
Durante a caminhada de Roma para o império, todas as suas classes demons-
traram magnifico espirito civico ao lutar nas guerras estrangeiras. Cessando de
existir as ameacas Cartaginesa e macedênia, essa cooperag&o derteriorou-se. Dis-
sensêes internas dividiram Roma, pois a violenta &nsia de poder, anteriormente
dirigida contra inimigos estrangeiros, voltava-se contra os conterrêneos romanos;
a guerra civil substituiu a guerra externa.
Nem o Senado nem seus adversdrios puderam revigorar a Repiblica. Por fim
ela desmoronou, vitima das tensêes sociais, da fraca lideranca de demagogos dvi-
dos de poder e da guerra civil. Subjacentes a todas essas situag6es estavam a deca-
dência da harmonia social e a deterioragio do patriotismo civico. A Republica
conguistara um império apenas para presenciar a decadência das gualidades espi-
rituais de seus cidadaos. Em elevado tom moral, o historiador Saldstio (c. 86-34
a.C.) condenou o colapso dos valores republicanos.

Desenvolveu-se nos homens primeiro a sede do dinhieiro, em seguida o amor ao poder;


tais desejos foram, por assim dizer, as fontes de todos os males. A avareza destruiu a honra,
a probidade e todas as outras virtudes; em seu lugar ela introduziu o orgulbo, a crueldade,
o desprezo dos deuses, e ensinou os bomens a tudo considerarem como venal. A ambigao
levou muitos mortais a se tornarem bipdcritas, (...). Esses vicios cresceram intcialmente de
modo insensivel e as vezes chegavam a ser punidos; mais tarde, guando o contdgio se pro-
pagou como uma epidemia, a cidade mudou de aspecto; € o seu governo, até esse momento
to justo e virtuose, tornou-se cruel e insuportdvel.”

A revolucio dos Graco


O declinio da Repiblica foi provocado por uma crise na agricultura. Na longa
guerra contra Anibal na Itélia, as propriedades agricolas foram devastadas; além
disso, como muitos soldados romanos eram camponeses gue estiveram servindo
o exército durante longos periodos, os campos ficaram abandonados. Ao retor-
narem da guerra, os ex-soldados, peguenos proprietdrios de terra, n30 tinham di-
nheiro para reconstruir suas propriedades; eram entio forgados a vendê-las a ri-
COS propriet4rios por baixos precos.
Outro fator gue contribuiu para exaurir os peguenos camponeses foia impor-
ragao de centenas de milhares de escravos para trabalhar nas grandes plantacêes,
chamadas latifundia. Os camponeses, gue anteriormente aumentavam seus dimi-
nuros rendimentos arrendando seus servicos as grandes propriedades vizinhas, jé
180 eram necessdrios. Mergulhando mais e mais na pobreza e na divida, os cam-
Poneses abandonavam suas terras € iam para Roma em busca de trabalho. Esse
“AMpesinato miserdvel pouco achou o gue fazer em Roma, onde nao havia in-
distrias suficientes para |hes oferecer emprego e onde grande parte do trabalho

PO BL IC A MUNICIPAL
BLIO TE CA
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100 Givikzacio ocidental

era executado por escravos. O agricultor romano, outrora forte e inde


gue atendera a todos os apelos de seu pais, estava tornando-se parte de uma
de classe marginal urbana — pobre, amargurada e alienada. pa
Em 133 a.C., Tibério Graco (163-133 a.C.), gue descendia de uma das
Insatisf com a INjustic a im ma;"
honradas familias de Roma, foi eleito tribuno. eito
ta a0os Camponeses e reconhecendo gue o exército romano dependia da else
pro
dos peguenos propriet drios, Tibério tornou-se porta-voz da refor ma agraria. Pro.'
pês uma solug3o simples e moderada para o problema dos Ca
AMPOoNESES sem terra
a reaplicagao de uma lei antiga gue proibia a gualguer pessoa usar mais gue 312
acres de terra pertencente ao Estado, obtida durante a unificacao da Tralia.
Por
muitos anos a dasse alta ignorara essa lei, ocupando ilegalmente imensos
lote de
terra publica e tratando-os como se fossem seus. Ao colocar em vigo
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r a lei, Tibé-
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rio esperava liberar os lotes para redistribui-los aos gue no tinham terra.
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As principais familias romanas consideravam Tibério como um revoluciondr


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gue lhes ameagava as propriedades e a autoridade politica. Receavam tam


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gue ele estivesse tentando sensibilizar os pobres a fim de conguistar poder politi-
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co. Para preservar o status guo, em gue o poder ea rigueza se concentravam nas
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maos de algumas centenas de familias, os senadores extremistas assassinaram 'T'-


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bério e cerca de 300 de seus partiddrios, Cujos corpos foram lancados ao Tibre.
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AN Causa da reforma agrdria foi outra vez retomada por Caio Graco (153-121
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a.C.), irmao mais novo de Tibério, gue foi eleito tribuno em 123 a.C. Caio aju-
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dou os pobres ao reapresentar o plano de seu irmso de distribuig#o de terras ee


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lhes possibilitar a compra de cereais do Estado por menos da metade do preco do


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mercado. No entanto, tal como seu irmao, despertou o édio da dlasse senatorial.
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Desencadeou-se em Roma uma ripida guerra civil em gue Caio Graco (gue tal-
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vez tenha cometido suicidio) e 3 mil de seus seguidores morreram. Ao matar os
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irmaos Graco, o Senado substitufra a raz&o por violência e fizera do assassinato


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um meio de se lidar com a oposic#o incêmoda.


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Logo a dlava ea adaga tornaram-se armas comuns na politica romana, mergu-


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lhando Roma numa era de violência politica gue terminou com a destruigso da
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Repdblica. Embora o Senado se considerasse como o guardiso da liberdade repu-


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blicana, na realidade expressava a determinaco de algumas centenas de familias


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€m manter o controle sobre o Estado. É um exemplo cldssico de uma minoria,


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outrora inspirada, agarrando-se ao poder com todas as forgas, muito


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pois de ter deixado de governar com eficiëncia ou inspirar lealdade. A politica


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romana do século posterior aos irm&os Graco foi marcada por intrigas, rivali-
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dades, ambicao pessoal e violência politica. O Senado comportava-se COMO


sb oligarguia decadente, e a Assembléia Tribal, gue se tornara a voz da massê
re ae re mee ye fraco pelos demagogos, inclinacëo ao suborno € gran-
ade € incompetência. A grandeza da Repiblica jé havia
O mundo antigo 101

A rivalidade entre os generais


Mario (157-86 a.C.), gue se tornou cênsul em 107 a.C., adotou uma politica
uma
militar gue acabaria por destruir a Republica. Sem as tropas necessrias para
campanha na Numid ia, na Africa do Norte, revog ou a tradic ional exigén cia de
propriedade para ingressar no exército e formou legiëes com voluntdrios prove-
desilu-
nientes da pobreza urbana, um precedente perigoso. Os novos soldados,
didos com Roma, serviam apenas porgue M#rio mantinha promessa de paga-
mento, sague e concessao de terras ap6s a desmobilizag&o. Eles nao eram leais a
Roma, mas a Mério, e sê permaneceriam fiéis ao seu comandanrte se este cum-
prisse suas promessas.
MZ&rio abriu um precedente para os outros comandantes ambiciosos. Fstes en-
tendiam gue um general podia usar o exército para promover sua carreira politica;
gue, ao conguistar a confianga de seus soldados, podia intimidar o Senado e ditar a
politica romana. O exército deixou de ser um instrumento do governo para tornar-
se um patrimênio particular dos generais. Sentindo sua auroridade enfraguecida
pelos generais designados pela Assembléia, o Senado viu-se obrigado a arranjar
comandantes de exército gue defendessem a causa do governo senatorial. Com o
tempo, Roma seria envolvida em guerras civis, pois os generais rivals usavam as tro-
pas para promover suas préprias ambig6es ou fortalecer suas aliangas politicas.
Entrementes, o Senado continuava a tratar dos problemas de Roma de modo
ineficaz. Ouando os aliados italianos de Roma pressionaram por cidadania, o
Senado recusou-se a fazer concessêes. Essa falta de viso langou a Irélia numa
guerra terrivel, conhecida como a Guerra Social (91-88 a.C.). Depois gue a guer-
ra arrasou a peninsula, os romanos mudaram sua politica e concederam cidada-
nia aos italianos. Extinguira-se, entêo, a desnecessdria e ruinosa rebeliëo.
A disputa entre M4rio e Sula (138-78 a.C.) — gue se distinguira na Guerra
Social — sobre gual dos dois comandaria tropas no Oriente levou a uma prolon-
gada Guerra Civil. Sula ganhou a primeira batalha, caprurando a capiral. Mas
entao M4rio e seu exército retomaram a cidade e langaram-se alucinadamente
contra os partiddrios de Sula. A matanca durou cinco dias e cinco noites. Pouco
tempo depois, M4rio morreu. Sula, de volta, dominou rapidamente os seguido-
res de Mario e instituiu um terror gue em muito excedeu a violência de Mario.
Sula acreditava gue sê o governo de uma oligarguia aristocrdtica podia prote-
ger Roma de futuros aventureiros militares e assegurar a paz doméstica. Assim,
restaurou o direito senatorial de vetar os atos da Assembléia, limitou o poder dos
tribunos e da Assembléia e reduziu a autoridade militar dos governadores das
Provincias para impedir gualguer marcha contra Roma. Para tornar o Senado
menos oligérguico, aumentou para 600 o nimero de seus membros. Tendo con-
cluido essas reformas, Sula afastou-se da vida piblica.

Julie Car
, O Senado, entretanto, n&o conseguiu impor efetivamente a autoridade gue he
ora restituida. A Repviblica estava ainda ameagada por comandantes militares gue
102 Givilizacio ocidental

utlizavam suas tropas em seu préprio interesse politico, e os problemas bas; -


continuavam sem solugao. Em 60 a.C., um triunvirato composto por Julio César
(c. 100-44 a.C.), um politico, Pompeu, um general, e Crasso, um
abastade ban.
' gueiro, Conspirou para tomar o poder em Roma. César era o mais h4bil dos trés.
Reconhecendo a importência de um comando militar como Pré-reguisito de
it uma vida politica destacada, César obteve o comando das legiëes na Gala em
59 a.C. No ano seguinte, ele iniciou a conguista da parte da Gdlia gue ainda nig
era controlada por Roma, trazendo a futura Franga para a érbita da Cultura
j greco-romana. As vitoriosas Campanhas gaulesas € a invasio da
| ! Britênia revela.
ram o excepcional talento de César para o generalato. Na realidade,
suas Vitérias
ii alarmaram o Senado, pois este temia gue César usasse suas dedicadas trOpas e sua
crescente reputagao para assumir o controle do Estado.
Nesse meio-tempo, o triunvirato se desfizera. Em 53 a.C., Crasso pereceu
com séu exército numa desastrosa campanha contra os partos no Oriente. Pom-
peu, cioso dos éxicos de César e dvido por expandir seu préprio poder, aproxi-
mou-se do Senado. Apoiado por Pompeu, o Senado ordenou a César gue renun-
classe a seu comando. César compreendeu gue, sem as tropas, estaria perdido; de-
cidiu, entao, marchar sobre Roma. Em 46 a.C., ele atravessou o rio Rubicëo e en-
trou na lr4lia; mais uma vez a guerra civil devastou a Repdéblica. Pompeu nio foi
adversdrio para César; o Senado reconheceu sua vitéria e nomeou-o ditador, uma
funcao legal, por dez anos.
César percebeu gue as instituic6es republicanas j4 nio eram eficientes e gue
somente um governo forte e inspirado poderia de uma vez por todas pêr fim as
guerras gue estavam destruindo Roma. Ele combateu a corrupc3o nas provincias
e estendeu generosamente a cidadania a grande nimero de seus habitantes. Para
ajudar os pobres em Roma, deu inicio a um programa de obras piblicas, gue
proporcionou empregos e embelezou a cidade. Remanejou também mais de 100
mil ex-soldados e membros da classe mais pobre de Roma para as provincias,
onde lhes concedeu terras.
Em fevereiro de 44 a.C., a classe governante de Roma — enciumada com o &xito
eo poder de César e temerosa de sua ambigao — ficou completamente alarmada
duando sua ditadura tempordria converteu-se em cargo vitalfcio. Para a aristocra-
cla Isso representava o fim do governo e do domfnio dos senadores, gue eles asso-
clavam 3 liberdade, e o inicio de uma monarguia do tipo helenistico. No dia 15 de
maro um grupo de aristocratas, considerando-se os defensores das tradicêes ré”
publicanas de mais de guatro séculos e meio de existência, assassinou César.

Os dltimos anos da Republica


O assassinato de Julio César no restaurou a liberdade republicana, mas Jan-
Gou Roma numa guerra civil. Dois tenentes de confianca de César, Marco Anto-
Hi oe Lépido, juntaram-se a Otdvio — filho adotivo de César — e derrotaram 2.
opa
E s dode for
Brutgado o e Céss io, dois dos cons pira dore
a afastar-se da vida polftica,
s da mort e de César. Apés Lépid
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Antênio € Otdvio dispuraram
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O mundo anHgo 103

Rom a. Em 31 a.C ., na bat alh a nav al de Acc io, na Gré cia,


entre si o controle de
tro pas de Ant êni o e sua esp osa , Cle épa tra , rai nha do Egi -
OtAvio esmagou as
vio $ur glu com o sen hor de Ro ma e, gua tro ano s mai s tar de, tor nou -se efe-
to. Otd
jvamente o primeiro imperador romano.
A Repéblica romana, gue acumulara um poder aré entao nunca visto no mun-
foi des tru ida por uma inv asi o est ran gel ra, mas por deb ili dad es in-
do antigo, nao
adê nci a da lid era nga sen aro ria l e dis pos iga o dos pol iti cos a rec orr ere m
temas: dec
, violência; formacio de exércitos particulares em gue os soldados concediam
lda de aos com and ant es e nao a Rom a; deg rad aca o da cla sse camponesa, antes
Jea
an-
independente, em ralé urbana, miserdvel € desmoralizada; e deteriorag3o das
., a
rigas virtudes gue foram a fonte de vitalidade do Estado. Antes de 146 a.C
gava
ameaca imposta por inimigos estrangeiros, particularmente por Cartago, for
os romanos a trabalharem juntos em beneficio do Estado. Essa uniao rompeu-se
guando o perigo estrangeiro foi eliminado.

Augusto e os alicerces do Impêrio Romano


Ap6s ter derrotado as forgas de Antênio e Cleëpatra na batalha de Accio, Ord-
vio jA nêo tinha adversdrios. O século de guerra civil, assassinaros politicos, cor-
rupcio € mau governo esgotara o mundo mediterrêneo, gue anslava pela ordem.
Tal como César antes dele, Otdvio reconheceu gue sê uma monarguia forte po-
dia salvar Roma da guerra civil e da anarguia. Mas, tirando ensinamentos do
assassinato de César, sabia também gue os ideais republicanos continuavam bem
vivos. Exercer um poder autocrtico abertamente, tal como um monarca helenis-
tico, iria despertar a hostilidade da classe governante romana, Cujo apoio e boa
vontade Ordvio desejava.
Otdvio demonstrou seu génio politico ao reconciliar a monarguia militar com
as instituicées republicanas — isto é, deteve o poder absoluto sem romper abrup-
tamente com o passado republicano. Os magistrados ainda eram eleiros € as as-
sembléias ainda se reuniam; o Senado administrava certas provincias, controlava-
Ihes as finangas e era ouvido por Otdvio. Este podia afirmar, com uma parcela de
verdade, gue governava Roma de parceria com o Senado. Ao conservar a aparên-
cia da Repuiblica, Ordvio camuflou seu poder absoluto e conteve a oposig&o sena-
torial, gue j4 se havia enfraguecido com a morte dos principais nobres em com-
bate ou nos expurgos a gue ele promovera contra seus inimigos.
Em 27 a.C., Otdvio prontificou-se astuciosamente a abrir mao de seu poder,
sabendo gue o Estado, expurgado da oposigdo, pediria gue continuasse a dirigir
0 Estado. Com isso, ele pêde reivindicar a condicao de governante constitucional
legitimo, gue liderava um governo legal, e nio um despotismo absoluto, to odio-
so a mentalidade romana. Preservando sua politica de manter a aparência de tra-
dicional governo republicano, Ordvio recusou o tftulo de rei, e até mesmo o de
ditador. Para disfarcar seu governo autocrêtico, adotou o inofensivo titulo de
104 Givilizacio ocidental

princeps (primeiro cidadao). O governo de Otdvio e seus sucessores


ganhou a de.
nominag5o de principado. O Senado também lhe conferiu o nome
SEmi-religig.
so e sagrado de Augustus.
O reinado de Augusto significou o término da Repiblica romana e O IN
icio do
Império Romano, o fim da politica aristocrdtica e a ascensio do gove ro
de um
sê homem. A despeito, porém, de ter iniciado o governo autocrdtic
0, Augusto
nao era de modo algum um tirano egoista, mas um esta
dista Criativo. Como her.
deiro da tradic&o civica romana, considerava o poder como um €nca
rgo pdblicg
gue lhe fora delegado pelo povo. Acreditava no ideal cdl4s
sico de gue o Estad,
devia promover a felicidade, protegendo a civilizacio da
barbdrie e da (@norência,
e procurou salvar o agonizante mundo romano.
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Augusto promoveu reformas e melhorias em todo o


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Império. Para evitar O rea.


parecimento de generais ambiciosos gue com suas rivalidades
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e exércitos particu-
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lares haviam levado a Republica & ruina, ele reformou


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o exército. Conservou a
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lealdade dos soldados assegurando aos veteranos, ao darem baix


a, prêmios subs-
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tanciais e terras na Itdlia ou nas provincias. Na cidade de Rom


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a, mandou COns-
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truir aguedutos € um sistema de canalizagio gue Proporcionou 4gua


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casas. Criou um corpo de bombeiros gue reduziu o perigo de grandes


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incêndios
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nas superpovoadas zonas residenciais e organizou uma forca policial


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para reprimir
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a violéncia. Aumentou a distribuicso de cereais gratuitos ao proletariado


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Hinanciou com recursos pessoais Os populares combates de gladiadores.


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Na Irdlia, Augusto mandou consertar as estradas, estimulou as obras puibl


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e atribuiu aos italianos um papel mais Importante na administracio do


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Império.
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Ao corrigir a triburacëo excessiva, combatera COrFUpGAO e a extorsao e apri


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a gualidade dos governadores, bem como possibiliar aos habitantes das provin-
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clas injusti€ados recorrer contra os funciondrios romanos, Augusto conguistoua


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gratidao dos provincianos. Aos poucos se formou uma burocracia imperial,


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permitia a homens talentosos e dedicados servirem o Estado.


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A pax romana
A brilhante habilidade politica de Augusto deu inicio 34 mai
or era romana.
Nos duzentos anos Seguintes o mundo med
iterrineo desfrutou as bêncaos da pax
"omana. O mundo antigo nunca vivera um perfod
o tio prolongado de paz, of”

Pax r0omana persistiram.

Os sucessores de Aug
usto
O mundo antigo 105

Camafeu em ênix de Roma e Augusto, século 1. O imperador Augusto senta-se com a deusa
Roma e é cingido com a coroa de louros da virêria. A seus pés, uma agula, emblema do deus
Jupiter e totem dos exércitos romanos. A esauerda véê-se uma carruagem triunfal com Niké, a
deusa da vitéria. Acredira-se gue as outras figuras sejam membros da familia imperial.
Kunsthistorisches Museum, Viena

execuc6es sumdrias € assassinatos, as grandes realizagoes de Augusto foram pre-


servadas.
A dinastia J4lio-Cldudia terminou com o suicidio de Nero, gue se tornara cada
vez mais despêtico e perdera a confianga do povo, da dlasse senarorial e dos gene-
rais, gue se rebelaram. No ano seguinte & morte de Nero, reinou a anarguia, en-
guanto os chefes militares lutavam pelo trono. Apêés uma renhida guerra civil, a
execucdo de dois imperadores e o suicidio de um terceiro, Vespastano conguistou
o principado. Seu reinado (69-79 d.C.) assinala o inicio da dinastia dos fHlavianos.
Ao mandar construir o grande Coliseu de Roma para lutas entre gladiadores, con-
guistou a gratidao dos habitantes da cidade. Também sufocou levantes nacionalis-
tas na G4lia e na Judéia.
Na Judéia, o governo entrou em chogue com os sentimentos religiosos € na-
cionais dos judeus. Os chefes romanos, reconhecendo a tenacidade com gue os
judeus se apegavam a sua fé, abstinham-se deliberadamente de interferir nas
crengas e priticas religiosas desse povo. Numerosos privildgios — ral como a isen-
so do culto ao imperador, por opor-se as exigéências de um monoteismo rigido
— foram estendidos aos judeus nao apenas da Judéia mas rambém de todo o Im-
pério. Algumas vezes, porém, os romanos praticavam agées gue insultavam os ju-
deus. Por exemplo, o imperador Calfigula (37-41 d.C.) ordenou gue se colocasse
uma estêtua dourada sua no templo de Jerusalém, o principal centro da vida reli-
glosa judaica. Para os judeus, a ostentagio de um idolo pagao entre eles era algo
abomindvel. A ordem foi suspensa guando os judeus se mostraram prontos a
resistir.
106 Givilieaco ocidental

As relac6es entre os judeus da Judéia e as autoridades romanas deterioraran


,
progressivamente nas décadas seguintes. Os militantes judeus, rejertando o dg.
minio romano como ameaga 4 pureza da vida judaica, exortava
POVO a re-
belar-se. Sentindo-se na obrigagao religiosa de restabelecer u Mdy TEsu
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ino indepen.
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dente em sua antiga pdtria e incapazes de se resignarem ao dominio rOmano,


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judeus langaram-se em 66 d.C. numa guerra de libertaci o de amplas Proporci e


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Em 70 d.C., apés um cerco de cinco meses gue infligiu ter ivel ca


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deus, os exércitos de Roma tomaram Jerusalém e destruiram o


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templo.
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Vespasiano teve como sucessores seus filhos Tito


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(79-81 d.C)ce
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(81-96 d.C.). O reinado do primeiro toi memordvel pela er Domiciang


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) destruiu as cidades de Pompéia e Herculano. Ap6s o cur


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Hy irmao mas novo, Domiciano, subiu ao trono. Apds esmaga


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r uma revolta liderad,


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pelo chefe romano da Germênia Superior, o assustado Domiciano


mandou exe-
Cutar muitos romanos. Éssas ag6es levaram ao seu assassinato em 96 d.C.
e puse-
ram fim & dinastia flaviana.
O Senado escolheu um de seus membros, Nerva, para substitui
r Domiciano.
O reinado de Nerva (96-98 d.C.) foi brevee trangtiilo. Entretanto, ele
introduziu
uma pratica gue se tornou comum até o ano de 180: adotou como lh
oe desig-
nou como herdeiro um homem de comprovada Capacidade, Trajano,
Oo governa-
dor da Germania Superior. Este sistema de adoG30 assegurou a sucess
ê o de gover-
nantes compertentes.
Durante seu governo (98-117 d.C.), Trajano tornou a tributagio das provinci
as
mas suave, atendeu as necessidades das criancas pobres e deu inicio a obras prib
licas.
Com um exército maior, conguistou a Ddcia (partes da Romênia e Hun
] | '
gria), onde
confiscou grande guantidade de ouroe prata, e converteu esse territêrio em provin-
ks
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cia romana. Roma passou a ter entëo uma fronteira ainda mais extensaa
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proteger.
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Adriano (117-138 d.C.), sucessor de Trajano, fortificou as defesas da fronteira


na Britênia e combateu a segunda insurreicso hebraica na Judéia (132-135
d.C.).
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Ap6s êxitos iniciais, entre os guais a tomada de Jerusalém, os judeus foram nova-
mente derrotados pelo superior poderio romano. Os judeus palestinos, em sua
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maltoria, foram mortos, vendidos como escravos ou forcados a buscar refdigio em
outras terras. Os romanos rebatizaram a provincia de Sfria palestina, proibi
ram os
Judeus de entrar em Jerusalém, exceto uma ver por ano, € encorajaram os nio”
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jOR Judeus a se Instalarem ali. Embora os judeus continuassem a
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j Palestina, haviam se tornado um poVvO sem terras
man ter pre sen ga na
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disperso.
A Adriano sucedeu outro imperador de longo reinado, Antonio Pio (138-161
AF,
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d.C.), gue introduziu reformas humanas e justas: em particular, limitou o direi-


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Ed die sy Os er para arrancar-lhes confissêes e nde s


node. ie hé ma se 10 inocente até gue se prove sua culpa.
Marco Auréio (16e) o Lmpérlo teve uma vida préspera e pacifica.
` vAr€lio (161-180 d.C.), o imperador seguinte, era também filésofo:
suas Meditacoes COner -
Seu reinado foi mar nStituem
d uma elogiiente
d express
pressio do pensament o estOlCO.
. EA legiëes de Ro 9 Por novos conflitos no Oriente, com o reino da P4rtiz
ek me
SERE “Ma epidem ia gue
idem; “nê dizimo
salram u Vltorio
a opulac& o do campa
sas dessa IT
ER nha
Populagio do Impéric.
mas trouxe AA do Orlente

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O mundo antHgo 107

Desde a ascensao de Nerva em 96 d.C. aré a mort€ de Marco Aurélio em 180,


foi gove rnad o pelo s “Cin co Bons Imp era dor es. Dura nte es-
o Império Romano
se perlodo, alcancou o auge de seu poder e prosperidade e guase todos os seus
povos foram beneficiados. Os guatro imperadores gue antecederam a Marco Au-
tinh am filho s vivos , de mod o gue, para esco lher seus suce ssor es, recor-
-éjio nio
m ao sist ema de adog ëo, gue se reve lara tio efica z. Mar co Auré lio, no entan-
rera
to. escolheu como sucessor seu filho Cêmodo, um megalomaniaco desajustado.
Com a sua ascensio em 180 d.C., a pax romana chegou ao fim.

A vra da felicidade”
Os romanos chamaram a Pax romana de “era da felicidade”. Esse foi o periodo
em gue Roma cumpriu sua missio — a criagao de um Estado mundial gue pro-
porcionasse paz, seguranga, civilizag8o ordenada e o governo da lei. As legiëes ro-
manas defenderam as fronteiras dos rios Reno e Dandbio das incursêes das tri-
bos germênicas, contiveram os partos no Oriente e sufocaram os raros levantes
gue ocorreram. O sistema de adogdo para a escolha de imperadores propiciou a
Roma estabilidade interna e uma série de imperadores de excepcional capacida-
de. Esses imperadores no usaram a forga militar desnecessarlamente € lutaram
por objetivos polfticos sensatos. Os generais nio combariam de maneira impru-
dente, preferindo conter as baixas, evitar riscos e desencorajar os conflitos me-
diante a exibicio de forga.

O dominio construtivo Foi construtivo o dominio dos romanos. Eles construi-


ram estradas, melhoraram portos, desbravaram florestas, drenaram pênranos,
irrigaram desertos € cultivaram terras ociosas. Os agucdutos gue fizeram levavam
Agua fresca para grandes parcelas da populag&o, e o sistema de esgoro eficaz me-
lhorou a gualidade de vida. As mercadorias eram transportadas por estradas gue
os soldados romanos tornavam seguras e pelo mar Mediterrêneo, entao livre de
piratas. Circulava pelo Império uma grande variedade de mercadorias. Contri-
bufa para o bem-estar do mundo mediterrineo a moeda estivel, nao sujeitaa de-
preciacao.
Fundaram-se muitas cidades novas e as antigas tornaram-se maiores e mais ri-
Cas. Embora essas municipalidades houvessem perdido o poder de mover guerras
e tivessem de se curvar A vontade dos imperadores, conservaram considerdvel li-
berdade de ago nos negécios locais. As tropas imperiais impediam as guerras ci-
vis tanto dentro das cidades como entre elas — dois pontos fracos tradicionais da
vida urbana no mundo antigo. As municipalidades eram centros da civilizacao
greco-romana, gue se estendeu aré os mais longinguos recantos do Mediterrê-
neo, dando continuidade a um processo iniciado na idade helenistica. A cidada-
nia, generosamente conferida, foi finalmente estendida a guase todos os homens
livres, através de um decreto em 212 d.C.
108 Givilizacio ocidental

Melhoria das condioes dos escravos € das mulheres Melhoraram tam bém as COn
-
dicées dagueles gue se encontravam na base da sociedade, os escr avos.
Na époe
de Augusto, podia-se estimar a guantidade de escravos em um guarto da PO
pu-
lag3o italiana. No entanto, esse nimero declinava 3 medida
due Roma MOVIa
menos guerras de conguista. Além disso, durante o Império to FROU-SE
COMUM
libertacao de escravos. Os libertos tornavam-se cidad3os, co Mm
guase todos g
direitos e privilégios dos demais; seus filhos nio sofriam
gualsguer discrimina.
cées juridicas. Durantea Republica, os escravos
haviam sido terrivelmente mal.
tratados; muitas vezes eram murtilados, atirados
%

&
3s feras, crucificados ou guei-
BN
mados vivos. V4rios imperadores promulgaram decretos
protegendo-os contra
senhores Cruéis.
AA posig&io das mulheres melhorou pouco a pouco durantea
Repuiblica. A prin-
cipio, viviam sob a autoridade absoluta do marido. No tempo
do Impé rio, elas
podiam ter bense, se divorciadas, conservar
o dote. Os pais jé no podiam forcar
as filhas a casarem contra a vontade. As mulheres podiam
realizar negécios e dis.
Por €m tEStamento sem o consentimento dos maridos.
Ao contrdrio das gregas,
a$ romanas nao ficavam reclusas em Casa, mas podiam ir e
vir & vontade. As mais
ricas tinham mais oportunidade de educaco gue as mulheres
da elite grega. A
histéria do Império, na verdade toda a histéria romana,
est4 cheia de mulheres
talentosas e influentes. Cornélia, mae de Tibério e
Caio Graco, influenciou a po-
litica romana através de seus filhos. Livia, a dinAmica mulher
de Augusto, muitas
vezes era consultada sobre importantes assuntos do govern
o; e, no século II,
houve ocasiëes em gue as mulheres controlaram o trono.

A comunidade mundial Desdea Britênia até o deserto da Ardbia, desde o Da-


nubio até as areias do Saara, guase 70 milhêes de pessoas
com diferentes linguas,
costumes e histérias estavam ligadas pelo governo de Roma
numa comunidade
mundial. Ao contririo da Repdblica, guando eram notérias a corrupcio
ea ex
ploracio nas provincias, os representantes do Império tinham um
alto senso de
responsabilidade na preservago da paz, na Instituig&o da justiga e na
difusso da
2

Civilizacao romana.
-- are

Ao criar uma comunidade politica estêvel e bem-organiza


sod Fe) We “gr

da, com uma con-


SERE

CEpgao ampla de cidadania, Roma resolveu os problemas causad


os pelas limita-
-
Ty ae
REEL

GOes da cidade-estado BTEga: guerras clvis, guerras


ad

entre cidades e uma atitude


Provinciana gue dividia os homens “Mm gregos
YS
eks fe

e nao gregos. Roma também te


Me

frutificar um ideal da cidade-estado grega: a


promogio e a protecdo da vida cl
re
N

vilizada. Ao construir uma comunidade mundia


de

l gue rompeu as barreiras entfé


EE7

ndir a civilizacao greco-romana e desenvolver um


MEILO gue se ampliava a toda a huma
nidade, Roma com”
AO Universalismo e cosmopolitismo gue
surgira na idade
O mundo antgo 109

1
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Busto em basalto de Livia. A rerceira


esposa de Otdvio, Livia (58 a.C.-29 d.C.),
era admirada por sua sabedoria €
dignidade; suas opiniëes eram valiosas
para o imperador. Alrmarildrt Resource, NY

A cultura e 0 direito romanos durante a pax romana


Nos Gltimos anos da Repdblica, como vimos, Roma assimilou criarivamente
as realizag6es gregas e transmitiu-as a outros povos, ampliando desse modo a 6r-
bita do helenismo. Assimilou o pensamento cientifico, a filosofta, a medicina ea
geografia dos gregos. Os escritores romanos utilizavam modelos helênicos; com-
partilhando a visio humanista grega, valorizavam a inteligéncia e as realizagoes
humanas e exprimiam-se em estilo elegante e elogtiente.

Literatura e bistéria A vida cultural romana chegou ao apogeu durante o rei-


nado de Augusto, guando Roma viveu a idade de ouro da literatura latina. Aten-
dendo a um pedido de Augusto, gue desejava uma epopéia licerdria para glorifi-
car o Império e o seu papel ao fund4-lo, Virgilio (70-19 a.C) compês a Fneida,
obra-prima da literatura mundial. Virgflio atribuiu a Roma a missio divina de
Proporcionar paz e vida civilizada ao mundo, e louvou Augusto como o gover-
nante designado pelos deuses para cumprir €ssa missao. Os gregos podem ter
110 Givilizacio ocidental

sido melhores escultores, oradores e pensadores, afirmava Virgilio, mas apenase,


romanos sabiam governar um império.

Ho de outros, sim, mais molemente os bronzes


Respirantes fundir, sacar dos mdrmores
iE Vultos vivos; orar melbor nas causas:
' Descrever com seu rédio o céu rotundo,
O orto e sidéreg curso: tu, Romano,
Cuida o mundo em reger: terds por artes
A paz ea lei ditar, e os povos todos
| Poupar submissos, debelar soberbos.”

Na sua Hlistéria de Roma, o historiador Tito Lfvio (59 a.C.-1


7 d.C.) também
glorificou o cardter, os costumes e os feitos romanos. Enalce
ceu Augusto por ten-
tar reavivar a moralidade tradicional romana, a gue Livio tinha forte
apego. Em-
bora fosse um historiador menor gue Tucidides ou Polfibio, sua
obra foi contudo
uma grande realizag30, especialmente pela descricëo do cardter roma
no, gue con-
tribuiu para engrandecer Roma.
Entre os escritores romanos gue se destacaram na poesia estd
Hordcio (65
a.C.-8 d.C.), filho de um escravo liberto. Aperfeicoou sua
educac&o estudando
literatura e filosofia em Atenas, e os ideais gregos estao refletidos na
sua obra.
Hor&cio, ao mesmo tempo gue gostava do luxo das propriedades no cam
po, dos
banguetes, das roupas finas e das cortess, apreciava também os prazer
es simples
dos riachos montanheses e dos céus limpidos. Sua poesia abordou vrios temas:
a alegria de um bom vinho, o valor da moderacio e a beleza da amizade. Ao
contrdrio de Virgilio, Tito Livio ou Hor4cio, Ovidio (43 a.C.-17 d.C
.) nio co-
nheceu guerras civis durante sua vida adulta. Consegiientemente, nio enc
on-
tou muita inspiragao para enaltecer a paz de Augusto. Sua obra revela
uma pre
ferência pelo amor e humor, e ele é particularmente lembrado por seus con
se-
lhos aos amantes.
Os escritores gue viveram apos a época de Augusto nio foram tio talentosos
duanto seus antecessores. O historiador 'T4cito (535-118 d.C.)
foi uma excegao.
Simpatico 3s instituic6es republicanas, T4cito denunciou os imp
eradores roma-
NOS € O sistema imperial em Histérigse Anais.
Em GermAnia, dirige sua atencao
para os costumes dos povos germênicos, descrevendo-os
como indisciplinados mas
heréicos, com um forte amor pela liberdade. Outro escritor des
tacado foi o satiri
Co Juvenal (c. 55-138 dd.) du€ atacou os males da sociedade rom
ana, tais Como
a depravag#o dos iImperador €s, a arrogência dos ricos, Os gostos b4rbaros
da ralé, 9
racasso dos pais, e o barulho, o CONgestionamento e a pobreza
da capital.
Filosofia O estoicismo foia principal flosofia
da Pax romana, e teve como EX”
poentes Sêneca (4 a.C.-65 d.C.), Epicte to (c. 6@O-c. 117 d.C.) e Marco Aurélio:
P €rperuando a tradig3o racional da flos
'
HE PLAU O universo era governado pela raz&o e valorizavam a inteligência huma
MO neste mundo, nio numa vida
Fik aid at A ViTE NP n og kk ak f HR me El it id ER Ti alle ord ld. —M EE WEE
I 1E | HE I
k

O mundo anHgo 111

lo, € nio via m nen hum pod er aci ma da raz ao hum ana . Os valores mo-
M|ém-timu
en-
ruis eram alcangados apenas pela razo. O individuo era auto-suficiente e dep
das fac uld ade s rac ion ais par a con hec er e faze r o bem . Os esté i-
dia inteiramente
am as pes soa s gue alc ang ava m a vir tud e e sab edo ria exe rce ndo con -
cos valorizav
role racional sobre suas vidas. A doutrina estéica de gue rodas as pessoas, gracas
2 sua capacidade de racjocinio, pertenciam a uma humanidade comum, coinci-
dia com as necessidades do multinacional Império Romano.
A concepcio estêica de Deus passou por uma transformagao gradual gue refle-
da os anseios religiosos da época. Para os primeiros estéicos, Deus era uma neces-
estoi-
sidade intelectual, um principio impessoal gue ordenava o universo. Para os
cos romanos posteriores, Deus tornou-se uma necessidade moral gue confortava €
trangtilizava. Embora mantivessem a tradicional crenga esto1ca de aue o indivi-
duo alcancava a virtude apenas através da razio, Epicteto e Marco Aurélio chega-
ram guase a buscar a ajuda de Deus para viver de modo adeguado. Séneca demons-
rou uma compaixéo incomum pelos escravos e repulsa pelos combares entre gla-
diadores. O hiato entre a filosofia grega e o cristianismo tornava-se menor.

Ciëncia Os dois cientistas mais importantes da era greco-romana foram o marte-


mdtico, geëgrafo e astrênomo Ptolomeu, gue trabalhou em Alexandria no século
1 d.C. eo médico Galeno (c. 130-210 d.C.). A obra de Ptolomeu em 13 volu-
mes, Composic4o Matemdtica — mais comumente conhecida como A/magesto, vo-
cAbulo greco-#rabe gue significa “o maior” —, resume o conhecimento de astrono-
mia da Antiguidade, e toi o texto abalizado da Idade Média. No sistema de Ptolo-
meu, uma Terra redonda e imével é o centro do universo; a Lua, o Sol e os plane-
tas movem-se em torno da Terra, descrevendo circulos ou combinagêes de circu-
los. Embora esse sistema tivesse por base uma premissa falsa — a imobilidade da
Terra e sua localizacio central —, era funcional, isto é, proporcionava um modelo
de universo gue explicava adeguadamente os fenêmenos mais observados. O sis-
tema de Ptolomeu permaneceu inguestionado até meados do século XVI.
Do mesmo modo gue o sistema de Ptolomeu dominou a astronomia, as teo-
rias de Galeno dominaram a medicina até os tempos modernos. Dissecando ani-
mais vivos e mortos, ele tentou uma investigacio racional do funcionamento das
partes do corpo. Embora suas obras apresentem muitos erros, Galeno contribuiu
decisivamente para o conhecimento da anaromia.

Arte e arguitetura OS romanos tomaram emprestadas as formas de arte de ou-


tros povos, sobretudo dos gregos, mas o fizeram de maneira Criativa, transforman-
do e aumentando sua heranca. O retrato romano deu prosseguimento as tendên-
Cias inicjadas durante a idade helenistica. Imitando modelos gregos, os esculcores
de Roma esculpiam com realismo cada detalhe do rosto de uma pessoa: cabelos
rebeldes, nariz proeminente, linhas € rugas, um gueixo gue podia revelar frague-
za ou forca. A escultura também deu expressio ao ideal do Impêério. As estiruas
dos imperadores exprimiam nobreza € autoridade; os relevos comemorativos das
vitérias glorificavam o poder e a grandeza de Roma.
12 Givilieacdo ocidental

A transformaco mais criativa operada pelos romanos na heranca Brega oor


reu na arguitetura. O templo grego era projetado para ser visto do lade de€..
o foco reca
tora
fa exclusivamente no exterior, gue apresentava um eguilibrio magnif.
co. Usando arcos, abébadas e cdpulas, os romanos construfram estrutura COM in.
teriores amplos e suntuosos. Com seu vasto interior, as grossas paredes e
a CUpu-
la em arco, o famoso Panteio, construido no inicio do século IT, durante
O relna-
do de Adriano, stmboliza o poder e a majestade do Estado mundial rom
ano.

Fngenbaria OS romanos se destacaram na engenharia. Além dos


anfiteatrose
banhos publicos, construiram as melhores estradas do mundo antigo.
Os enge.
nheiros escolhiam cuidadosamente as rotas, buscando reduzir os pro
blemas com
as barreiras naturais € drenagem. As grandes estradas aterradas Construidas
du-
rante o Império foram projetadas por engenheiros militares
. Ainda hoje sobrevi-
vem as pontes de pedra erguidas sobre os rios, bem como os aguedu
tos gue leva-
vam 4gua para as cidades romanas.

Direito Expressando o anseio romano por ordemee Justia, o direito


foi o gran-
de legado de Roma & civiliza€&o ocidental. O direito romano passou por
duas fa-
ses €ssenclals: a criagao do direito civil (jus civile) ea criaco do direito das nac
êes
us gentium). As caracteristicas bésicas do direito civil surgiram durante a Lura
das Ordens, na mesma época em gue Roma estendia seu dominio sobre a Irélia.
A Lei das Doze T4buas, redigida nos primeiros dias do conflito entre patriciose
plebeus, estabeleceu leis escritas de direito civil € criminal gue se aplicavam a
todos os cidad3os do Estado romano. Ao longo dos séculos, o direito civil foi am-
pliado mediante estarutos aprovados pelas assembléias e decisêes legais dos ma-
gistrados jurisdicionais, decretos dos imperadores e comentdrios de juristas pro-
Hssionais — gue, auxiliados por sua fam;liaridade com a légica grega, empenha-
ram-se na andlise sistemdrica da lei.
Durante o perfodo da expansio da Reptiblica, o contato com os gregos € ou”
tros povos levou ao desenvolvimento do segundo ramo do direito romano
, 0 jus
gentium — gue combinava o direito civil com principios colhidos da tra
dicio le
gal desses povos. Os juristas romanos identificavam O jus gentium com a lei natu
-
ral (jus maturale) dos estêicos. Diziam gue a lei deveria harmon
izar-se com OS
principios racionais inerentes 3 natureza: leis uniformes
e universalmente vdlidas
due podiam ser reconhecidas por pessoas racion
ais. Servindo como elemento uni”
ficador entre os diferentes pOvos, o direito
das nac6es adeguava-se As exigéncias
de um império mundial e aos ide als @StO1cos.
Como salientou Cicero:

A razdo reta, conforme & narureza, gravada em


todos os coragoes, [é] imutdvel, eter
(.J. Nao é uma lei em Roma 0utra
; e n Atenas, uma antes e outa depois, mas una, SEM”
PrfErma e murdvek, entre todos os povos € em todos 0 tempos.”
O direito das nacêes fo; apli
cado a todo o Im
adod a suplantar inteiramente
Wi pério, embora nunca tenha che-
a le; local. Aos olhos da lei, um
cidadao — e po!
O mundo antigo 113
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Agueduto na Pont du Gard, Nimes, Franga, 19 a.C. A descoberra e a urilizagao do concr
permitiram aos romanos empreender um vasto programa de obras publicas — estradas, ponres,
aguedutos, instalagêes portudrias e forificag6es. Sem os agueduros para levar dgua dos distantes
mananciais, o estilo romano de vida urbana teria sido impossivel. Foro Marberg/drt Resource

volta do ano 212 aguase todas as pessoas livres tinham recebido a cidadania — nao
era um sirio, um bretao ou um hispênico, mas um romano.
Apésa gueda do Império Romano do Ocidente, o direito romano calu em de-
suso na Europa ocidental. Reintroduzido aos poucos no século XII, veio a cons-
tituir a base do direito consuetudindrio em todas as terras ocidentais, excero na
Gra-Bretanha e suas possessêes. Algumas estipulag6es do direicto romano podem
ser facilmente identificadas nos sistemas legais modernos, conforme ilustram OS
trechos a seguir:

Justica é a disposic4o constante e inguebrantdvel de conceder a todos o gue Ihes é devido por lei.
Ninguém é obrigado a defender uma causa contra sua vontade. |
Ninguém deve ser punido por aguilo gue pensa.
Nos casos de ofensas graves, faz diferenga se algo é praticado propositalmente ou por acidente.
Ao se infligirem penalidades, deve-se levar em conta a idade (...) do culpado.”
114 Givilizardo ocidental

Diversdo Apesar de suas indmeras realizagêes, a cultura romana apresenta mm


paradoxo. Por um lado, o direito ea literatura evidenciam uma CIvilizagio de af
padréo. Por outro lado, os romanos institucionalizaram pr4ticas bérbaras: a Hi
tas até a morte entre gladiadores armados ea tortura € matanga de animais selva.
gens. As corridas de carro eram acontecimentos de gala, em gue os Cavaleiros e os
cavalos de melhor raga € mais bem treinados competiam numa atmosfera de in-
crivel excitag30. Os aurigas, muitos dos guais eram escravos due esperavam com
a vitéria alcangar a liberdade, tornavam-se her6is populares.
i Os romanos gueriam esperdculos brutais, em gue feras lutavam com feras ou
enfrentavam homens armados de langas. Os outros espetdculos compunham-se
de lutas, algumas aré a morte, entre gladiadores muito bem treinados. Estes, na
sua maloria €scravos e criminosos condenados, aprendiam o oficio em escolas di.
rigidas por treinadores profissionais. Alguns gladiadores entravam na arena arma-
dos de espada, enguanto outros lutavam com tridente e rede. Os espectadores
convertiam-se numa tribo frenética, 4vida de sangue. Se a platéia ficasse insatisfei-
ta com o desempenho de um gladiador derrotado, pedia sua execucdo imediata.
Com o decorrer dos séculos, esses espeticulos tornaram-se cada vez mais inséli-
tos e violentos: centenas de tigres eram lancados contra elefantes e touros: tOuros
selvagens despedagavam homens metidos em peles de animais; mulheres duela-
vam na arena, anêes lutavam entre si.

Sinais de agitacao
A pax romana fo um dos mais belos periodos da histêria antiga. No entanto,
mesmo durante a era da felicidade, surgiram sinais de agitacio gue assumiriam
proporgêes de crise no século TT. A estabilidade interna do Império era sempre
precaria. A inguietag&o no Egito, na G4lia e na Judéia demonstrava gue nem
todos os povos sempre recebiam bem a grande majestade da paz romana e gue as
tendências nacionalistas e separatistas persistiam no império universal. Nos sécu-
los seguintes, A medida gue Roma cambaleava sob o peso de dificuldades econ6-
micas, politicas e militares, exacerbaram-se esses sentimentos nacionalistas. Cada
vez mas as massas, e mesmo a elite romanizada das cidades, retiravam seu apoio
ao Estado mundial romano.

Debilidades sociais €e ecronêmicas


Um Estado mundial saudével exigia um comércio de Ambito imperial gue ser”
visse de base econêmica 3 unidade politica, expandindo a produgdo
agricola para
| alimentar as cidades e ampliando os mercados internos para estimula
r a produ-
ig 680 industrial. No entanto, a economia do Império durantea pax romana
apt€”
; Ee |SEntava sérias deficiëncias. Meios de comunicacso e transportes lent
os pre] udica-
ee os 19 €omércio de longo curso. Muitos nobres, considerando indigno
de um Ca”
ES KNOU 8 prarica do comércio, esbanjavam suas riguezas em vez de aplicé-las
REGEER em
ad EE
As PS FI
O mundo antigo 115

ndi men tos com erc iai s ou ind ust ria is. Sem o est imu lo de um investimen-
empree
cap ita l, a €co nom la est ava con den ada & est agn agao.
to de ula g3o — as cla sse s mé-
Fm Gltima andlis e, ape nas uma peg uen a par cel a da pop
ou seja , pro pri etr ios de terr as, mer cad ore s e adm ini str ado-
dia ealca das cidades, laze r e€ na
tos da paz rom ana . Ele s se com pra zla m no lux o, no
es — colhia os fru pao e cir co,
s ado gav am a boc a dos pob res com
-ultura. Essas classes privilegiada tam ent o. For a
€Xp res sav am vio len tam ent e seu des con ten
mas As vezes as massas gao,
ese s, gue ain da co mp un ha m a mai or par te da pop ula
das cidades, os campon
a due sé pud ess e pro por cio nar com ida bar ata aos habitantes
eram explorados par
e o cam po hav ia um eno rme abi smo cul tur al. Na ver-
das cidades. Entre a cidade um
peg uen as ilha s de ref ina men to cul tur al, cer cad as por
dade. as cidades eram
mar de barb4rie camponesa.
tal sis tem a par asi tdr io, exp lor ado r e elit ista pod ia exi sur em periodos de
Um
mas resi stir ia As cris es? Pod eri a a cam ada pob re da cid ade e do
paz e trangtilidade,
dor a mai ori a da pop ula g4o — per man ece r fiel a um Est ado cujos
campo —a esmaga
s rar ame nte se est end iam a ela e de cuj a cul tur a sof ist ica da est ava pratica-
beneficio
ora , de gua lgu er mod o, ela dif ici lme nte a com pre end ess e?
mente excluida — emb

Estagnacio cultural e transformacdo


o sin tom a mai s peri goso , para o furu ro, foss e a para lisi a espi ricu al gue
'Talvez
o e
se abateu sobre o ordenado mundo da pax romana. Um helenismo cansad
-
estéril sustentava a paz romana. O mundo anrigo estava sofrendo uma transfor
mac3o de valores gue prenunciava o fim da civilizacao greco-romana.
-
Durante o século II d.C., a civilizac&o greco-romana perdeu suas energias Cria
rivas, e os valores do humanismo dldssico foram contestados por movimentos
mitico-religiosos. J4 nao considerando a raz&o como um gula sarisfarério para a
vida, a elite culta subordinava a inteligência ao sentimento e 3 imaginaGao. As
pessoas j4 no se interessavam pelos problemas deste mundo; colocavam suas es-
perancas na vida apés a morte. O mundo romano passava por uma revolug&o re-
ligiosa e buscava uma nova visao do divino.
A aplicac&o da razio & natureza e 3 sociedade, como vimos, foia grande reali-
za630 do espirito grego. No entanto, apesar dos indmeros triunfos, o racionalis-
mo helênico jamais dominou inteiramente a mentalidade mitico-religiosa, cuja
forca provém da emocio humana. As massas de camponeses € escravos conrinua-
vam sendo atrafdas pelas férmulas religiosas. O rirual, o mistério, a magia € o êx-
tase jamais deixaram de fascinar o mundo antigo — na verdade, nem mesmo nos-
sa sociedade cientffica e tecnolégica. Durante a idade helenfstica, a maré do ra-
cionalismo baixou gradualmente, enguanto uma subcorrente nio racional, mas
sempre presente, mostrava um vigor renovado. Esse renascimento da mentalida-
de mitica era evidente na popularidade do ocultismo, da magia, da alguimia e da
astrologia. Sob o peso dos perigos € da tensao emocional, e temendo por seu des-
tino — gue acreditavam estar escrito nas estrelas —, as pessoas recorriam a magos,
astrélogos e exorcistas em busca de salvagëo.
116 Civilizacio ocidental

Relevo em pedra de Mitra sacrificando um touro. A difusio ea popularidade das religiëes de


mistério do Oriente Préximo no Império Romano do Ocidente indicavam a mistura cultural gue
prevalecia na sociedade imperial romana. Entre os cultos mais populares, sobretudo em meio aos
soldados, estava o de Mitra, divindade guerreira persa também associada ao sol e3 justica. Mitra
promeria imortalidade agueles gue mantivessem elevados padrêes éticos de condura e se submetessem
a0s ritos de iniciag80. Cincinnati Art Museum, doagio do st. e sta. Fletcher E. Nyce, 1968

Além disso, tornavam-se devotas de muitos cultos religiosos orientais gue pro
metiam a salvagio pessoal. A proliferacio das religiëes de mistérios orientais tol
uma nitida expressio da transformacio dos valores cl4ssicos. Durante a idade hele-
nistica, escravos, mercadores e soldados trouxeram para o Ocidente muitos culros
religiosos da Pérsia, Babilênia, Sfria, Fgito e Asia Menor. Os diversos cultos de mis”
terios possuiam Caracterfsticas comuns. Os neofitos passavam por ritos secretos de
iniciagdo, gue juravam n3o revelar. Os iniclados, em estado de êxtase, tentavam
unir-se 3 divindade logo apés se submeterem 3 purificagao pelo batismo (por
vezes
COM o sangue de um touro), ao jejum, e depois de terem rapadas as cabegas ou be”
bido num calice sagrado. A comunhao era alcancada vestindo-se
o manto do deus,
tazendo-se uma reteicao sagrada ou visitando-se o santu4rio da divindade.
Os ini
clados tnham certeza de gue seu deus salvador-os protegia do infortinio
raria imortalidade a suas almas. e assegu”

Tal como as relipiëes de mistérios, a filosofia também passou a buscar algo além
deste mundo p ara confortar os individuos. Os flésofos proc
uravam escapar a €St€
O mundo antigo

do co m um pod er div ino sup eri or ao ho me m. No neo pla -


undo mediante a uni filosofia no
sti tui u 0 est oic ism o co mo a esc ola do mi na nt e de
ronismo, gue sub
éri o Ro ma no , os ans eio s rel igi oso s tra nsf orm ara m-s e nu m sistema de
Baixo Imp mais
&o. Plo tin o (c. 205 -c. 270 a.C. .), o rep res ent ant e
religiao gue transcendia a raz A filosofta de
pla ton ism o, sub ord ino u a fil oso fia ao mis tic ism o.
nfluente do neo
ha um tom mai or € um tom men or. O tom mai or en-
Platéo, Como vimosS, contin
ret aga o rac ion al da co mu ni da de hu ma na e exi gia a reforma da
fatizava a interp -
en to , eng uan to o tom me no r ins tav a a alm a a ele var
polis com base no conhecim
da rea lid ade . Em bo ra Plo tin o con ser vas se o rac ion ali smo
ea um mundo superior usava argu-
nsi der ava o ind ivi duo co mo um ser dor ado de raz 3o e
plarênico (co atu ral
exp lic ar sua ori ent aga o rel igi osa ), o mu nd o sob ren
'nentos racionais para
de Plato o intrigava. uma s vez es
Plotino deseja va a uni ëo com a Un id ad e ou o Be m abs olu to, alg
de Deu s — a fon te de tod a a exi stê nci a. sen tia ele gue a int eli gência nao
-hamado
ne m co mp re en de r a Uni dad e, gue tra nsc end ia tod o o sab er, €
podia descrever
egr ar- se a Un id ad e exi gia um sal to mis tic o, a pur ifi cag &o da alm a par a gue
gue int
ar a sua ete rna mor ada . Par a Plo tin o, a fil oso fia tor nou -se um a
ela pudesse retorn
eri ënc ia rel igi osa , um a con tem pla gao do ete rno . De gue val em o co nhecimen-
exp
sen stv el € a pre ocu pag 3o com os ass unt os hu ma no s, co mp ar ad os a
to do mundo
ldgri-
uniëo com a Unidade divina? Segundo Plotino, o mundo era um mar de
ort ini os do gua l o ind ivi duo alm eja va esc apa r. A rea lid ade nao est ava
mas € inf
neste mundo. mas além dele, e o objetivo principal nao era a compreensao do
o nat ura l, ne m a rea liz aci o do pot enc ial hu ma no , ne m o ape rfe igo ame nto
mund
, sua
da comunidade dos homens, mas o conhecimento da Unidade. Desse modo
filosofia rompeu com o sentido essencial do humanismo cldssico.
Em fins do Império Romano, as religiëes de mistérios embriagavam as massas
ea flosofia mistica seduzia a elite culta. A civilizacao cl4ssica estava passando por
uma transformacao. A filosofia subordinara-se & crenga religiosa; os valores secu-
lares pareciam inferiores & experiëncia religiosa. A cidade terrena elevava os olhos
20 céus. A cultura do mundo romano caminhava numa dirego em gue a busca
do divino devia prevalecer sobre todos os empreendimentos humanos.

O declinio de Roma
No século II, a bem ordenada civilizagso da pax romana chega ao fim. Varios
elementos contribuiram para isso. O Império Romano estava imerso na anargula
militar, era atacado por tribos germênicas e estava onerado pelas perturbagêes
ECONÊMICas.

A crise do sérulo II
A deterioracio do exército foi uma das principals Causas da crise do século III.
Durante a grande paz, o exército fora uma excelente forca de combate, célebre por
sua disciplina, organizagao e lealdade. Entretanto, no século IIT, houve significati-
Par TOE
118 Givilizacio ocidental

Mar de Norte
TANHA

OGCEANO
ATLANTICO
ESE

d rianopla 378 f T
g- ag”
TN LIE IEBLEAITIEIMIDNE
di '

Mapa 4.2 Migragêes e incursêes, c. 300-500

va deteriorag3o na gualidade dos soldados romanos. A falta de lealdade a Roma


a sede de sagues levaram os soldados a usar suas armas contra os civise para impot
e depor imperadores. Temendo ser mortos por suas tropas indisciplinadas ou a$”
sassinados por algum imperador suspeito, os generais buscavam usurpar 0 Hrono:
Uma vez no poder, tinham gue comprar a lealdade de seus soldados e proteger-s€
dos demais generais. Desde 235 aré 285, grassaram os motins militares e guerra
CIVIS, € muitos imperadores foram assassinados. O exército negligenciava seu de-
ver de defender as fronteirase perturbava a vida interna do Império.
Aproveitando-se da anarguia militar, as tribos germênicas atravessaram a HON”
teira dos rios Reno e Dan&
ed bio para saguear e destruir. O renascido Império Pers
ed Pa Inastia sassênida, atacou e durante algum tempo governou as terr2s
Ee N ie ! er Algumas regiëes do Império, principalmente na G4lia, ten”
ARM Tornar-se independentes; esses movimentos refletiam uma afirmacio do pa
MF

od
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si]

EE NE om sobre o universalismo romano. A “cidade da humanidade” ruia:


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Ed
O mundo antigo 119

a-
As convulsêes tiveram graves repercussêes econémicas. Cidades foram pilh
as, faze ndas fica ram arru inad as e o com érc io foi int err ompido. Para
das e destruid
fun dos e sup rim ent os para os mili tare s, os imp era dor es con fiscaram bens,
obter
. Fssas
impuseram o trabalho forcado e depreciaram a moeda, causando inflagdo
oedidas sobrecarregaram a dlasse média.
ras civis , preg os alto s, moe da desv alor izad a, decl inio da pro du-
Tnvasêes, guer
spor te int err omp ido e as exce ssiv as exig ênci as do Est ado foram
AO agricola, tran
do caos eco nêm ico € da fom e nas cida des. Os cent ros urb ano s do mun-
as Causas
cria dore s e dis sem ina dor es da alta civi liza go, est ava m em ritmo de
do antigo,
destruicao.

Diocleciano e Constantino: 0 Estado arregimentado


7) tentaram
Os imperadores Diocleciano (r. 285-305) e Constantino (r. 306-33
ivei s forc as da des int egr agi o. Tiv era m de ali men tar os pob res da
conter as terr
e um exér cito de 500 mil sol dad os esp alh ado s por tod o o Imp éri o, numa
adade
o, tive-
época em gue a produgao agricola a cada dia tornava-se menor. Além diss
ar nov as exp los êes de ana rgu ia mili tar, emp urr ar OS ger man ico s de
ram de evit
volt a para o out ro. lad o do Dan tib io e pro teg er a regi ao orie ntal das inve stid as
persas. A solugdo por eles encontrada foi governar com pulso forte e arrancar ain-
da mais dos cid ad3 os, em trib urto s € regu isig êes. Com o tem po, tra nsf orm ara m
Roma num Estado burocrético, arregimentado e militarizado.
As cidades perderam o tradicional direito de autonomia local, fato gue conso-
lidou um processo iniciado anteriormente. Para assegurar a produgao conrinua
de alimentos e mercadorias, bem como o recolhimento de tributos, o Estado exi-
pia gue os trabalhadores braais € os artesios nao mudassem de ocupagao e trans-
mitissem seus oficios aos filhos. Pelas mesmas razêes, os camponeses tornaram-se
verdadeiros servos, presos d terra gue cultivavam. Formou-se um exército de agen-
tes do governo para ir no encalgo de camponeses gue fugiam da terra na esperan-
ga de escapar aos esmagadores impostos ea pobreza.
Os funciondrios da cidade (curiales) também estavam presos a seus cargos.
Muitas vezes viam-se obrigados a tirar do préprio bolso a diferenca entre os im-
ula-
postos exigidos pelo Estado e a guanria gue consegulam coletar de uma pop
630 jA sobretaxada. O sistema de uma dlasse heredirdria de colerores de impostos
e de tributos escorchantes para financiar a burocracia civil e a organizagao mili-
tar, gue se haviam expandido significarivamente, enfragueceu a industria € o co-
mércio urbanos. Essa situacao destruiu o espirito civico dos citadinos, gue busca-
vam desesperadamente escapar. Ao sobrecarregarem os moradores urbanos com
raxas € regulamentos, Diocleciano é Constantino esgotaram a vitalidade da vida
urbana em gue se baseavam a prosperidade ea civilizacao de Roma.
Roma agora era governada por uma monarguia altamente centralizada, aue
o ideal
regulava a vida de seus siditos. Ao contrério de Augusto, gue preservara
Cldssico da comunidade como meio de proporcionar felicidade ao individuo,
Diocleciano adotou a atitude despêrica de gue o individuo vive para servir o Es-
N N
. EE NT EE Er '
120 Civilizacio ocidental

tado. Para se proteger da insurreigio militar, Diocleciano desi PNIOoU Um SENeral


fiel para dirigir as provincias ocidentais do Império, enguanto ele BOVErRay
Oriente. Constantino favoreceu essa tendência de dividir o Império em me a0
orienta l e a ocident al — ao constru ir uma nova capital imperial, C -
tades —a
tantinopla, no Bésforo, estreito gue separa a Asia da Europa. "
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alad

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j Invasbes € migracoes tribais


ds;
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Ao colocar certa ordem no caos, Diodleciano e Constantino impediram co


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lapso do Império. Roma gozou entio de uma trégua. Mas em fins do Sséculo V
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o problema de defesa das fronteiras tornou-se mais crftico.


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Os hunos, um povo mongol selvagem da Asia central, atravessaram as plani-


cies da Russia e, com sua formid4vel cavalaria, pressionaram os visigodos, tribo
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germanica gue migrara para o sudeste da Europa. Apavorados com os hunos, os


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godos buscaram refigio no Império Romano. Na esperanca de aumentar o con.


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hy ringente de seu exército e impossibilitado de deter os aterrorizados germanos, o
imperador Valente permitiu gue elas atravessassem a fronteira do Dandbio. No
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ke.

entanto, enraivecidos pelos maus tratos gue sofriam nas m&os dos oficiais roma-
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nos, os visigodos se rebelaram. Em 378, derrotaram os romanos na histêrica ba-


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ralha de Adrianopla. Esse episédio revelava gue Roma j4 nao podia defender suas
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fronteiras. Os godos chegaram ao Império para ficar. As tribos germênicas au-


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mentaram a pressao sobre as fronteiras imperiais, gue cafram, finalmente, no ano


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de 406, guando vêndalos, alanos, suevos e outras tribos se uniram aos godos, de-
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vastando e ocupando as provincias ocidentais do Império. Em 410, Roma foi sa-


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gueada pelos visigodos.
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As condig6es econêmicas continuavam a piorar. Cidades na Britênia, G4lia,


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Germania e Espanha ficaram abandonadas. Outras metrépoles viram desapare-


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cer suas populagêes e sua produgo estagnar-se. A grande rede de estradas roma-
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nas nao teve conservag&Ao e o comércio foi praticamente interrompido, ou passou


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para as maos dos gregos, sirios e judeus do Oriente.


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Em 451, Arila (c. 406-453), conhecido como “o flagelo de Deus”, conduziu


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os hunos 4 G4lia, onde foi derrotado por uma coalizio das forcas germanicas e
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do gue restara do exército romano. Dois anos depois ele morreu, e a Europa esca*
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pou por um triz de ser convertida num império mongol. Mas continuaram OS
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info rtdnios de Roma. Em 455, foi outra vez sagueada, dessa feita pelos vandalos
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Outras regiëes cafram em poder dos chefes da Germania. Os soldados german


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" a soldo de Roma estabeleceram o controle do governo e impuseram a escolh


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we Ee ie os comandantes germinicos derrubaram o hmpers
Ee ocaram um germano no trono. Esse ato é tradicionalm
o como o fim do Império Romano do Ocidente.

As raabes do declinio
Se Ouais foram as causas fund . ai
EE SN ENEd entais do eda : mano dY
nenhuma outra perg
dedlinio e gueda
unta intr do o Império
igou tant Ro
EA Oeidenep Certament a imaginagao hisé”
O mundo antigo 121

rica. Implicita nas respostas sugeridas por historiadores e filésofos h4 uma preocupa-
cio coma prépria civilizagao em gue vivem: terd ela o mesmo destino de Roma?
Para analisar um acontecimento io monumental como a gueda de Roma, sao
hecessérias algumas observagoes preliminares. Em primeiro lugar, a gueda de Ro-
ma foi um processo gue durou centenas de anos; nao foi um acontecimenrto sin-
gular ocorrido em 476 d.C. Em segundo lugar, apenas a metade ocidental do
Império sucumbiu. A metade oriental — mais rica, mais populosa, menos castiga-
da pelas guerras civis € menos exposta as Invasoes bérbaras — sobreviveu como o
Império Bizantino até a metade do século XV. Em terceiro lugar, nenhuma razao
solada é suficiente para explicar o declinio de Roma: forcas multplas concorre-
ram para essa gueda.

O papel das tribos germdnicas As pressoes exercidas pelos germanos numa


imensa fronteira agravaram os problemas internos de Roma. Os atagues brbaros
deixaram as regiëes fronteirizas empobrecidas e despovoadas. Para revigorar as for-
cas armadas, o Estado impunha pesados triburos e trabalhos aos cidadaos, provo-
cando nas sobrecarregadas classes média e baixa o 6dio ao governo imperial gue
tanto as explorava.

ConsideracGes espirituais A mentalidade cl4ssica, antes plenamente confiante


no potencial do individuo e no poder da inteligência, arrefeceu. A elite urbana,
tradicionalmente respons4vel pela preservagëo da cosmopolita cultura greco-
romana, tornou-se dissoluta e apdtica, desinteressada da vida puiblica. Os aristo-
cratas isolavam-se atris das muralhas fortificadas de suas propriedades campes-
tres; muitos nio moveram um dedo para defender o Império. A populagao urba-
na demonstrava seu desencanto evitando o servico publico e sê raramente orga-
nizando forcas de resistência contra os invasores bdrbaros. Acossados pelo Estado
e perseguidos pelo exército, muitos agricultores viam os germanos como liberta-
dores. A grande massa dos cidadaos romanos, apdtica e indiferente, simplesmen-
te desistiu, apesar de ser muito mais numerosa do gue as hordas bdrbaras.

Consideragoes poldticas e milstares O préprio governo romano contribuiu para


o mal-estar espiritual, devido a suas tendências cada vez mais autocrdticas, gue
Culminaram no governo arregimentado de Diocleciano e Constantino. As insa-
Cidveis exigências e regulamentos do Baixo Império enfragueceram a iniciativa €
Oo espirito civico dos cidadaos. As classes média e baixa, arruinadas, desobriga-
ram-se de lealdade. Para muitos, o Estado tornara-se o inimigo, e sua administra-
40 era mais odiada e temida gue os germanos.
A gualidade dos soldados romanos decafra e as legiëes no conseguiram de-
tender as fronteiras, apesar de serem os invasores germanicos numericamente in-
teriores. Durante o século II, o exército era formado, em sua grande maioria,
Por Camponeses das provincias. Esses soldados nio urbanos, nao italianos e semi-
clvilizados, muitas vezes a escéria da sociedade, nio tinham compromisso com
a Clvilizacao greco-romana. Pouco entendiam da missio romana € as vezes usa-
122 Givikzacio ocidental

vam seu poder para atacar cidades e vilas. Os imperadores


COMeEcarama rECruta
grande nimero de bdrbaros para preencher as fileiras esvaziadas. Em
de b4r bar nio sétltes
ima ek
-
lise, o exército compunha-se predominantemente os,
dados mas ambém como oficiais. Embora os germanos se revelassem val
entes le
giondrios, sua lealdade para com a civiliza&o greco-romana e o Estado de Rom,
era precéria. Além disso, sendo comandadas por seus prépri
os oficiais, as unida.
des b4rbaras nao se submetiam facilmente & disciplina ou ao treinamento trad
;.
cionais. Essa deterioragio do exército romano ocorreu Pordue
muitos cidadsg
jovens fugiam & convocag&o. Por j4 nao estarem imbuidos de patrio
tismo, consi.
deravam o servigo militar como uma servido a ser evitada.

Consideragdes econbmicas Entre as causas econêmicas gue contribuiram parao


dedlinio do Império Romano do Ocidente estavam a diminuigëo da populacso,
a incapacidade de progredir tecnologicamente, a sobrecarga da tributacZo ea
des.
centralizagao da economia gue favoreceu a descentralizagio politica.
Pestes e guerras provavelmente reduziram a populac&o do Império de 70 mi-
Ihêes durante a pax 7omana para 50 milhêes na sua fase final. O declinio popu-
lacional teve um efeito negativo sobre o Império pelo menos sob três aspectos
importantes. Em primeiro lugar, ao mesmo tempo gue a populacio declinava,
aumentavam vertiginosamente as despesas com a administragio do Império, crian-
do uma terrivel sobrecarga para os contribuintes. Em segundo lugar, eram menos
numerosos os trabalhadores disponfveis para a agricultura, a mais importante
Industria do Estado. Em terceiro lugar, o deeréscimo de populagio reduziu os
recursos humanos & disposig#o do exército, forcando os imperadores a permit
rem o estabelecimento de colênias germênicas dentro dos limites do Impérioa
Him de manter o exército — situacio gue levou A sua barbarizacao.
O fracasso em expandir a indvistria e o comércio foi outra razio econêmica para
o declinio do Império. As cidades mantinham sua rigueza, explorando o campo.
As cidades romanas eram centros de vida civilizada e opulência, mas nao possuiam
industrias. Gastavam, mas n&o produziam. Eram dominadas por larifundidrios
Cujas propriedades estavam fora dos limites da cidade e Cujos rendimentos provr
nham dos cereais, do azeite e do vinho. A indistria era rudimentar, essencialmenté
limitada aos produtos têxteis, 3 cerêAmica, ao mobilidrio e artefatos de vidro. OS
métodos de produgio eram simples, o mercado limitado, o custo do transporte
alto ea produrividade agrfcola baixa — talvez fosse preciso o trabalho de 19 campo-
“SES para sustentar um morador da cidade. Tal economia fundamentalmente
deseguilibrada nao podia resistir aos transtornos causados por guerras ininterruptas
e pelas exigéncias de uma estrutura militar e burocrdtica
gue Crescia sem cessar.
Com os bArbaros presslonando as fronteiras, os gastos cada vez
maiores com 9
eXérciro esgotaram os recursos do Império. O custo dos uniformes, alimento$
so * armaduras para os soldados faziam Crescer Os impost
os, tornando-os mulf9
EE . PESadOS para camponeses e citadinos. O Estado reguisitava também madeira €
-eéreal e obrigava os cidad3os
a co
ft
Hd gil

O mundo antigo 123

exigénelas, muitos camponeses simplesmente abandonavam suas terras e busca-


vam a protegao dos grandes proprietdrios, ou recorriam ao bandirismo.
Contribuiu ainda para a descentraliza€io econêmica o crescimento de indus-
vrias nos latifndia, amplas propriedades fortificadas de ricos aristocraras. Ao pro-
duzirem exclusivamente para os mercados locais, essas propriedades contribuiram
para 0 empobrecimento das aglomeragbes urbanas, reduzindo o nimero de possi-
veis compradores para as mercadorias produzidas nas cidades. A medida gue a vida
Pcava mais desesperadora, os artesëos da cidade e os peguenos agricultores busca-
vam a protecao dos grandes larifundidrios, cujas propriedades se tornavam maiores
e mais importantes. O crescimento dos /azfundia acompanhou-se do declinio das
cidades e da transformacëo de camponeses independentes em servos virtuais.
Fssas grandes propriedades eram também novos centros de poder politico gue
n3o podiam ser contidos pelo governo imperial. Uma nova sociedade delineava-se
no baixo Império Romano. O centro de gravidade se destacara da cidade para as
propriedades agricolas, da burocracia imperial para a aristocracla local. Esses faros
foram a sintese da decadência da civiliza€30 antiga e um prentincio da Idade Média.

O legado romano
Roma legou ao Ocidente uma valiosa heranga, gue perdurou por séculos. A
idéia de um império mundial unido por um direito consuetudindrio e um gover-
no eficiente jamais deixou de existir. Nos séculos gue se seguiram ao colapso de
Roma, os povos continuaram a ser atraidos pela idéia de um Fstado mundial
unificado e pacifico. Ao preservar e ampliar a filosofta, literarura, ciëncia e arte
da Grécia antiga, Roma fortaleceu os fundamentos da tradigao cultural do Oci-
dente. O latim, idioma romano, sobreviveu por muito tempo ainda depois da
extingio do Império. Os padres da Igreja do Ocidente escreviam em latim, e du-
rante a Idade Média essa foi a lingua dos eruditos, escritores e juristas. Do larim
derivaram o italiano, o francês, o espanhol, o portuguës e o romeno. O direito
cldssico, a mais pura expressio do gênio romano, influenciou o direito canênico
e Constituiu a base dos cédigos de lei da maioria dos Estados europeus. Por fim,
o cristianismo, a principal religiëo do Ocidente, nasceu dentro do Império Ro-
mano e foi em grande parte influenciado pela cultura € organiza4o romanas.

Notas

1. E. Badian. Roman Imperialism in tie Late delbaum. Berkeley, University of Califor-


Republic. Yhaca, N.Y., Cornell University nia Press, 1971, pp. 160-1. [Virgtlio brasi-
Press, 1971,p. 87. leiro. Trad. de Manuel Odorico Mendes.
2. Salistio. The Conspiracy of Catiline. Trad. Rio de Janeiro-Paris, H. Garnier, p. 473.
por $. A. Handford. Balrimore, Penguin (N. do T.)]
da.

Books, 1963, pp. 181-2. 4. Clcero, De Re Publica. Trad. por C. W.


e

3. The Aeneid ofVirgil. 'Trad. por Allen Man- Keyes. Cambridge, Mass, Harvard Uni-
Ni AA NP n
EE i
ed Ee
124 Civilizacio ocidental

versity Press, Loeb Classical Library, 1928, ). Extraido de Naphrali Lewis e Mi


p. 211. [Marc Tuli Cicero et allz - Da Reinhold (orgs.). Roman Gian, el
Republica. Trad. de Amador Cisneiros. Col. cebook II: The Empire. Nova Yo on, SOur.
rk, Har
Os Pensadores. $30 Paulo, Abril, 1973, p. & Row, 1966, pp. 535, 239, 540
178. (N. do TJ)] 548. %,

Sugestoes de leitura
Balsdon,]. P V. D. #oman Women (1962). Des- Ferrill, Arthur. 7he Fall of the Roman Empire
creve mulheres proeminentes e aborda v4- (1986). Uma explicac&o militar
riOs temas importantes para a compreen- Grant, Michael. History of Rome (1978). Uma
sa0 da condicao das mulheres — tais como sintese da histéria romana escrita por um
casamento, divércio, concubinato. proeminente erudito; valioso com respei-
Boardman, John et al. (orgs.). 7he Oxford His- to tanto 3 Repuiblica guanto ao Império.
tory of the Classical World (1996). Ensaios Jenkyns, Richard (org.). 7he Legacy of Rome
sobre todos os aspectos da cultura romana. (1992). Ensaio sobre a influência de Ro-
Boren, H. C. Roman Society (1977). Histéria ma sobre a civilizacio ocidental.
social, €conêmica e cultural da Repdblica Lewis, Naphtali e Meyer Reinhold (orgs.).
e do Império; escrito para o estudante. Roman Civilization (1966). Obra em dois
Chambers, Mortimer (org). 7he Fall of Rome volumes de interpretacio das fontes.
(1963). Valiosa colet&nea de interpretacêes. Ogilvie, R. M. Roman Literature and Society
Christ, Karl. 7e Romans (1984). Um bom (1980). Estudo introdutério da literatura
estudo. latina.
Crawford, M. The Roman Republic (1982). Veyne, Paul (org.). A History of Private Lif
Estudo fidedigno, com muitas citacêes das (1987). Todas as fases da vida social romana.
fontes originais. Wardman, Alan. Rome's Debt to Greece (1976).
Dupont, Florence. Daily Life in Ancient Ro- As atitudes romanas com rela€io ao mun-
me (1989). Estrutura social, religiëo e no- do grego.
goes sobre o tempo e o espago. White, Lynn (org). 7he Transformation of he
Errington, R. M. 7he Dawn of Empire: Rome's Roman World (1973). Uil coletênea de
Rise 10 World Power (1972). Estudo sobre ensaios sobre a transformacio do mundo
Roma, a imperialista relutante. antigo e o advento da Idade Média.

Ouestêes de revisdo
1. Cuais foram as causas, consegiiëncias e
6. Em gue sentido o direito romano incof”
significado da controvérsia entre patricios porou os principios estéicos? Ouais foram
e plebeus? as contribuicëes do direito romano a0 di-
2. Oue fatores possibilitaram a Roma con-
reito moderno?
guistar a Itlia? Ouais foram as conse-
7. Descreva a crise gue se abateu sobre Rom?
gtiéncias da expansao romana? :
no século NI d.C.
3. De gue maneiraa civilizag3o grega infl
uen- 8. De gue maneira Dioclecjano e Constan”.
Clou a vida cultural romana?
4. Analise as raz6es do colapso da Repd no tentaram controlar a crise do Im do
blica 9. Discuta as raz6es espirituais, militares, PO
romana.
3. O Estado mundial romano lfticas e econêmicas do dedlfnio do Im
consolidou a rio Romano.
EP tendência 40 cosmopolirismo
e univer-
EE SSMO gue emergira durante a idade he-
den H
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afitmagao.
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ë sd | EF! TE dd ! NA. SPUL F N KA “AI 4. EN. EIS TE de KA TR meta ER EE N. WE of. NE Ad. AFRIHi of. NONE. os MEER
EE

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TE
m

- CAPITULO 5
Primêérdios do cristianismo:
uma religiao mundial

`
A medida gue a confianga na razio humana e a esperanga de conseguir a
felicidade neste mundo diminuiam nos dltimos séculos do Império
Romano, uma nova perspectiva comegava a surgir. Evidente na filoso-
fia e na popularidade das religiëes orientais, esse ponto de vista ressal-
tava a fuga de um mundo opressivo € a comunhao com uma realidade
superior. O cristianismo evoluiu e expandiu-se dentro do cendrio de
declinio do classicismo e de intensificacio do sentimento de transcen-
dentalidade. Como resposta ao helenismo decadente, o cristianismo ofe-
recia ao mundo greco-romano, espiritualmente desiludido, uma razio
de viver — a esperanca da imortalidade pessoal. O triunfo do cristianis-
mo marcou um rompimento com a Antiguidade cldssica e uma nova
fase na evolucio do Ocidente, pois havia uma diferenga fundamental
entre os conceitos helênico e cristao de Deus, do individuo e da finali-
dade da vida. ë

Origens do cristianismo
No reinado de Tibério (14-37), sucessor de Augusto, um judeu palestino cha-
mado Jesus foi executado pelas autoridades romanas. Poucas pessoas, na época,
voltaram sua atencao para o gue seria um dos acontecimentos mais importantes
da histéria do mundo. Na busca do Jesus histérico, os estudiosos ressaltaram a
importência de sua condico de judeu e a fermentagëo religiosa predominante
na Palestina, no século 1 a.C. Os ensinamentos dricos de Jesus, diz Andrew M.
Greeley, sacerdote e estudioso da religiso, devem ser vistos como

um prolongamento ldgico das Escrituras hebraicas (...) produto de todo o ambiente religio-
so de gue Jesus era parte. Jesus definiu-se como judeu, tinha plena consciëncia do cardter
judaico de sua mensagem e teria considerado imposstvel conceber-se de outro modo gue nio
Jose como judeu (...) Os ensinamentos de Jesus devem, portanto, ser bem situados no con-
texto religioso da época.

125
126 Givikzaio ocidental

O judaismo no século 1 a.G.


No século 1 a.C. havia entre os hebreus palestinos guatro partidos SOCIOrre
li-
giosos, ou seitas, principais: saduceus, fariseus, essênios e zelotes. Formad OS pela
peguena nobreza agréria € pelos sacerdotes hereditdrios gue controlavam tem.
plo de Jerusalém, os conservadores saduceus insistiam na Interpretacio rigOrosa
da Lei de Moisés e na perpetuagio das cerimênias do templo. Desafiando OS $a-
duceus, os fariseus — gue tinham o apoio da maior parte da nac&o Judaica — ad.
tavam uma atitude mais liberal para com a Lei de Moisés: permitiam a discusszg
e as vdrias interpretagêes dos mandamentos e atribufam autoridade tanto 3 tradi.
30 oral guanto as Escrituras. O terceiro grupo religioso, os essênios, estabeleceu
uma comunidade semimondstica perto do mar Morto. Os zelotes, por sua Ver,
sustentavam gue os judeus nao deveriam pagar tributos a Roma, nem reconhecer
a autoridade do Império. Patriotas devotados, os zelotes envolveram-se em movi-
ii mentos de resistência 4 dominag#io romana, gue culminaram na grande revola
Ed de 66-70 d.C. (ver pp. 105-6).
O conceito de imortalidade pessoal é muito pouco mencionado nas Escrituras
hebraicas. Diferentemente dos saduceus, os fariseus acreditavam na vida depois
da morte. Um acréscimo tardio ao pensamento religioso hebraico, provavelmen-
te adguirido da Pérsia, a idéia conguistara ampla aceitagdo no tempo de Jesus.
Também os essênios acreditavam na ressurreicZo fisica do corpo mas davam a
essa doutrina um significado mais compulsivo, vinculando-a & chegada imediata
do reino de Deus.
Além da vida depois da morte, outra idéia gue encontrou ampla repercus-
Sao no século | a.C. foi a crenga no messias, um redentor escolhido por Deus
para libertar Israel do dominio estrangeiro. Profetizava-se gue na época do
messias Israel seria livre, os exilados voltariam e os judeus seriam abengoados
com a paz, unidade e prosperidade. Jesus (c. 4 a.C-c. 29 d.C.) exerceu seu ml”
nistério dentro desse contexto de expectativas e anseios nacionais e religiosos
dos hebreus. As esperangas de seus primeiros seguidores eram um amdlgama
do descontentamento da classe inferior com os saduceus aristocréticos; da én”
fase farisaica nos ideais proféticos e na vida além-timulo; da preocupaga9
esseniana com o fim do mundo e da crenca na proximidade de Deus e na necés”
sidade de arrependimento; e do anseio gue o povo dominado tinha de um
messias gue libertasse sua terra da opressio romana € estabelecesse o reinado
de Deus.

Jesus: a transformacdo moral do individu


Jesus nao deixou nada escrito, e nada se escreveu sobre ele enguanto viveu- Nas
ie BTTAGOES due se seguiram A sua morte, os historiadores romanos € judeus pou?
n Ee sde he dedicaram. Consegiientemente, guase tudo gue sabemos a respelf?
ae em do Novo'Testamento, gue foieserito por seus disctpulos, décadas depoë.
EER Ee com o objetivo de transmitir uma verdade religiosa e propagaf um
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O mundo antigo 127

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Retrato de Cristo. Pintado no teto da


catacumba de Domitila, por volta do
século II, este é um dos mais antigos
retratos remanescentes de Jesus.
AlinarilArt Resource, NY

f€. Os historiadores modernos submeteram o Novo Testamento a um exame criti-


co € rigoroso, gue possibilitou alguma compreensao sobre Jesus e suas crengas. A
maior parte do gue se refere a ele, no entanto, ainda permanece obscura.
Por volta dos 30 anos, influenciado sem divida por Jo3o Batista, Jesus come-
cou a pregar o advento do reino divino e a necessidade do arrependimento — de
gue as pessoas passassem por uma transformagao moral para gue pudessem en-
trar no reino dos céus. Para Jesus, o advento do reino era iminente; o processo gue
levaria a seu estabelecimento na terra j havia comegado. Logo surgiria uma nova
ordem, na gual Deus governaria seu povo com justiga e misericérdia. Por isso, o
presente tinha para ele importência critica — era o momento do preparo e da
penitência espirituais —, pois os pensamentos, objerivos e aros do homem deter-
minariam sua entrada ou nao nesse reino. As pessoas deviam modificar radical-
mente suas vidas, dizia ele, eliminando os sentimentos baixos, ldbricos, hostis €
egofstas; deviam abandonar a busca de rigueza e de poder, purificar seus corag6es
€ mostrar seu amor por Deus e por seus semelhantes.
Embora nao pretendesse afastar seus semelhantes da religiso ancestral, Jesus
Preocupava-se com o judaismo de sua época. Os rabinos ensinavam a regra de
ouro do Evangelho, bem como o amor ea misericérdia de Deus para seus filhos,
mas parecia-lhe gue essas consideragêes éticas estavam sendo solapadas por uma
€Xagerada preocupacio rabinica com o ritual, as restricêes e as sutilezas da Lei.
Jesus achava gue o centro do judaismo se transferira dos valores proféticos para a
obediëncia As normas € proibisêes gue controlavam os menores detalhes da vida
cotidiana. Para os lideres judeus, naturalmente, as normas detalhadas gue regula-
N EL d
MET.
128 Givilizacio ocidental


Cronologia 5.1. ** Primêérdios do cristianismo

29 d.C. Crucificacao de Jesus.


7 c. 34-64 Arividade missiondria de Sao Paulo.
c. 66-70 Periodo em gue foi escrito o evangelho de Marcos.
250-260 Década de brutal perseguic&o dos cristaos pelos romanos.
313 Constantino admite o cristianismo.
325 O Concilio de Nicéia determina gue Deus e Cristo sio da mesma
substincia, iguais e eternos.
391-392 Teodésio proibe os atos piblicos de culcos pagaos e a profissio de
religiëes pagas; durante seu reinado, o cristianismo se torna a religio
oficial.
430 Morre Santo Agostinho.
529 Sao Benedito funda o mosteiro de Monte Cassino.

vam o comer, o lavar-se, a observência do sébado, as relacêes familiares etc., eram


mandamentos de Deus, destinados a santificar todas as atividades humanas. Na
opiniëo de Jesus, essa vis&o rigida da lei deformava o significado dos ensinamen-
tos proféticos. As regras visavam apenas ao cComportamento aparente do homem,
sem penetrar em sua essência interior, nem provocar uma transformacdo moral.
Era o intimo do homem gue interessava a Jesus, gue buscava Pprovocar uma modi-
ficag&o interior. Com o fervor de um profeta, ele insistia na transformagio moral
do cardter humano pelo encontro direto do individuo com Deus.
Os escribas e sacerdotes judeus, guardiëes da fé, consideravam Jesus como uma
ameaga as tradig6es antigas; um agitador gue guestionava o respeito pelo Sabé.
Em resumo, os lideres judeus achavam gue Jesus colocava sua autoridade pessoal
acima da Lei mosaica—o due, a seus olhos, era uma imperdoë4vel blasfêmia. Para
”S TOManos due governavam a Palestina, Jesus era um agitador
politico gue PO”
deria inflamar as €xpectativas messiënicas hebraicas, transformando-as numa
I€”
volta contra Roma. Ouando os lideres judaicos o entregaram as autoridades
ro”
manas, o procurador romano, Pêncio Pilatos, condenou-o 3 morte na Cruz — MÉ
todo comum de execucio dos
Alguns hebreus,
Vee,” ETD MEER OE... EE DERE BIA E
ii VR As fell do REGTE n Pi as MED GEEN
EEUE THE TE

O mundo antigo 129

ulo no terc eiro dia apê s seu ent err o. A dou tri na de res sur rei cio poss i-
n do tim
em Jesu s com o um deu s-s alv ado r, gue vier a & terr a mos trar o
bilitou a crenga
caminho dos céus. lim itou-
ime dia tam ent e seg uin tes & cru cif ica gdo , a reli giao de Jesu s
Nos anos
se ape nas aos jud eus , gue pod eri am ser cha mad os, ade gua dam ent e, de ju-
se gua
A pal avr a cris tZo vem do nom e dad o a Jesu s: Cristo (o Ungido do
deus-cristaos.
o Mes sia s). Ant es gue o cri sti ani smo pud ess e com pre ender as implica-
Genhor ,
ens ina men tos de Jesu s e tor nar -se uma reli giao mun dia l, ti-
c6es universais dos
do ritu al, da poli rica e da cul tur a juda icas . Fsse feit o cou be a um
nha de libertar-se
zad o, de nom e Sau lo, con hec ido pelo mun do com o 540 Paulo.
judeu heleni

So Paulo: de seita judaica a religido mundial


a Me-
650 Paulo (c. 5-c. 67) veio da cidade grega de Tarso, no sudeste da Asi
3 Did spo ra, ou Dis per sio — aos mil hêe s de jud eus gue viv iam
hor. Pertencia
da Pale stin a. Os nao -ju deu s, ou gen tio s, ao ent rar em con tat o com os ju
fora
a
deus da Didspora impressionavam-se, com fregiéncia, com o monoteismo,
&tica € a vida familiar dos hebreus. Alguns gentios abragavam o monoteismo
rai co mas se rec usa vam a acei tar as det erm ina gée s da Lei sob rea cir cun cisao
heb
e as restrices alimentares. Entre esses genrios e judeus nao palestinos, muito in-
fluenciados pelo meio greco-romano, os apêstolos de Jesus encontrariam ouvin-
tes receprivos.
Depois de ter, a principio, perseguido os adepros de Jesus, Saulo passou por
uma transformac3o espiritual € cConverteu-se ao Cristianismo. Servindo como ze-
loso mission4rio do cristianismo judaico na Didspora, S4o Paulo pregava a s€us
companheiros judeus nas sinagogas. Reconhecendo gue a mensagem crista diri-
sja-se também aos n4o judeus, Paulo insistiu na necessidade de difundi-la entre
os gentios. No processo de sua atividade missiondrla — ele viajou exaustivamente
por todo o Império Romano - formulou doutrinas gue representaram um rom-
pimento fundamental com o judaismo e se tornaram a essência de nova religiao.
Paulo ensinava gue o Messias crucificado sofrera e morrera por nossos pecados;
gue, através de Jesus, Deus se revelara a rodas as pessoas, judeus € genrios; e due
essa revolucio suplantara a primeira revelagao de Deus ao povo judeu. Sozinho,
o individuo era impotente, possuido pelo pecado, incapaz de superar sua narure-
za m4. Jesus era a (inica esperanga, dizia Paulo.
Para chegar aos gentios, Sao Paulo teve de separar o cristianismo do contexto
soclocultural judaico. Assim, sustentava due os seguidores de Jesus, fossem eles
gentios ou judeus, jA nio estavam sujeitos As centenas de rituais € regras gue
constituem a Lei mosaica. Com a vinda de Jesus, insistia Paulo, as regras mosai-
Cas tornaram-se obsoletas e passaram a construir um obsticulo 4 atividade mis-
stondria entre os gentios. Para Paulo, a nova comunidade crista era a verdadeira
He ma ae Ho, BE SE. mm N DI med

realizagio do judafsmo. Os hebreus consideravam sua fé como uma religido nacio-


nal, organicamente ligada 3 histêria de seu povo. Paulo dizia gue Jesus preenchia
nao apenas as aspirac6es messiënicas dos judeus, mas rambém as necessidades e
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130 Givilieacio ocidental |

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Mapa 5.1 A difusao do cristianismo

€Xpectativas espirituais de todos os povos. Para ele, a nova comunidade crista nio
“ra Uma nago, mas uma oikoumene, uma comunidade mundial. Nesse sentido,
o Cristianismo partilhava do universalismo da idade helenfstica.
Ao pregara doutrina de um salvador ressuscitado e insistir em guea legislagao
de Moisés havia sido superada, Paulo, guaisguer gue fossem suas
intengoes, EST
va 'ompendo COM suas raizes de judeu e transformando uma seita judaica num*
eier eliglao. Ao emancipar o cristianismo do judafsmo, tornou-o atraente a0
"os udeus, ss 'nteressavam pelo monotefsmo ético dos hebreus, mas rejelt#
Borrie Pe exigénclas da Lei de Moisés. Paulo utilizou o personalismo € *
'SMO implicitos nosë ensinamentos
” de Jesus (e dos profetas hebraicos
es tE
Eeara criTlar uma religiëo destinada nio a um pPoVvo, com cultura, histêria e ters
Proprias, mas a toda a humanidade.
O mundo antigo 131

Difusao e triunfo do cristianismo


Ao desligar o cristianismo do judaismo, Sao Paulo tornou a nova religido ex-
de
portdvel para o mundo greco-romano. Mas seu crescimento foi vagaroso. Des
no sécu lo 1, o €ris tlan ismo deit ou raize s firm es no sécu lo IT, cres ceu
sua origem
te no séc ulo IT e tor nou -se a reli giëo ofic ial do Imp éri o Rom ano no final
bas tan
do século IV.

A atracdo do crisHanismo
O triunfo do cristianismo relacionou-se com o dedlinio correspondente na
vitalidade do helenismo e com a mudanga da énfase cultural: o movimento da
raz&o para a emoGfo e a revelagdo. Oferecendo solucêes confortadoras para os pro-
blemas existenciais da vida e da morte, a religiio demonstrou uma capacidade
maior gue a da razao de comover os corag6es humanos. O helenismo inventara os
instrumentos do pensamento racional, mas o poder do pensamento mitico jamais
desapareceu totalmente. Ao final do Império Romano, a ciëncia e a filosofta fo-
ram incapazes de competir com o misticismo e o miro. Os culcos de muistérios,
gue prometiam a salvagao pessoal, difundiram-se e ganharam seguidores. Os neo-
plarênicos ansiavam pela uniao mistica com o Uno. A astrologia e a magla, gue
ofereciam explicac6es sobrenaturais para os fenêmenos da natureza, também eram
populares. Esse abandono dos valores racionais e terrenos contribuiu para prepa-
rar o caminho para o cristianismo. Num mundo greco-romano culturalmente es-
tagnado e espiritualmente perturbado, o cristianismo deu & vida um significado
novo e ofereceu uma nova esperanca a homens e mulheres desiludidos.
A mensagem crista de um salvador divino e um Pai interessado, bem como do
amor fraternal, inspirou homens e mulheres descontentes com o mundo em gue
viviam, gue nio se sentiam ligados & cidade ou ao império, gue nio tinham ins-
piracao na filosofia e gue sofriam de um profundo sentimento de solidao. O cris-
tianismo oferecia ao homem aguilo gue a cidade e o Fstado mundial romano
nao lhe podiam dar: uma rela€&o profundamente pessoal com Deus, uma ligagao
intima com um mundo superior e a participagio numa comunidade de fidis gue
se preocupavam uns com OS outros.
Ressaltando o intelecto e a autonomia, o pensamento greco-romano nao satis-
fazja as necessidades emocionais do homem comum. O cristianismo procurou
preencher essa lacuna da perspectiva greco-romana. Os pobres, os oprimidos e os
escravos foram atraidos pela personalidade, vida, morte e ressurreigao de Jesus,
pelo seu amor a todos e sua preocupagio com a humanidade sofredora. Encon-
traram apoio espiritual numa religido gue estendia a mao do amor e ensinava gue
o valor da pessoa nio dependia de seu nascimento, rigueza, educag30 ou talento.
Aos gue se curvavam sob o peso das infelicidades e o terror da morte, o cristianis-
mo oferecia a promessa de vida eterna, de um reino dos céus onde seriam recon-
tortados pelo Deus Pai. Assim, deu ao homem comum aguilo gue os valores aris-
tocrticos da civilizacio greco-romana nio podiam dar — €speranga, senso de dig-
nidade e forca interior.
s
RE sam

Civilizacio ocidental

O #xito do cristianismo deveu-se na0 apenas ao apelo de sua MENSagem


também ao vigor de sua instituigao, a |greja, gue cresceu e se transformou ) Mas
Rum
organizagao poderosa, unindo todos os fiéis. Aos moradores das cidades, sol;
têriog
alienados, desiludidos com os negécios piblicos — mortais desamparados e
m bus.
ca de um sentido de comunidade —, a Igreja, gue chamava seus membros de
IFMEos
e irmas, satisfazia A necessidade elementar dos seres humanos de pertencera alge
Recebia bem as mulheres gue se convertiam, € muitas vezes elas iNgressavam DE
meiro gue os maridos, trazendo-os depois. Entre outras razêes, a lgreja atrafa as
mulheres porgue mandava gue os maridos tracassem as esposas com bondad
fossem fiéis e sustentassem os filhos. A Igreja conguistou novos conversos ë
,
servou a fidelidade dos antigos proporcionando assistência social a0s
pobrese
enfermos, recebendo escravos, criminosos, pecadores e outros parlas, e estenden-
do a mao da fraternidade e do conforto em momentos de dificuldades
A capacidade gue teve o cristianismo de assimilar elementos da flosofia grega,
e mesmo das religiëes de mistérios, também contribuiu em grande parte para seu
cresclmento. Recorrendo a filosofta grega, o cristianismo pêde apresentar-se em
rermos compreensiveis aos versados na lingua grega e, dessa forma, atrair pessoas
Culcas. Os conversos instruidos em filosofia mostravam-se h4beis defensores de
sua fé recém-adotada. Como algumas das doutrinas cristas (o Deus-Salvador re
nascido, a Virgem e seu filho, a vida apés a morte, a comunhio com o divino) ede
suas praticas (purificagio pelo batismo), bem como os dias santos (25 de dezembro
era a data de nascimento do deus Mitra), encontravam paralelo ou vinham das reli-
goes de mistérios, foi relativamente f4cil conguistar conversos entre elas.

O cristianismo € Roma
Sendo, em geral, tolerante para com as religiëes, o governo de Roma a prind-
Plo nao interferiu de maneira significativa com o cristianismo. Este, na verdade,
beneficjou-se em muitos aspectos da associa€#o com o Império Romano. Os
missiondrios crist&os viajaram por todo o Império, percorrendo estradas € mares
Cuja seguranga era garantida pelas armas romanas. O dialeto grego comum, 9
koine, falado na maior parte do Império, facilitou a tarefa dos missiondrios. oe 0
mundo mediterrêneo se tivesse fragmentado em Estados separados e rivals, *
difusao do cristianismo bem poderia ter enfrentado obstéculos insuperdveis.
universalismo do Império Romano, gue colocara a cidadania ao alcance de pes
soas de diversas nacionalidades, preparou o caminho para o universalismo da
ligië0 crist&, gue recebia igualmente bem os membros de rtodas as nacêes.
Com o aumento do nimero de Cristaos, as autoridades romanas
comegaram*
recear gue fossem subversivos, pois pregavam fidelidade a Deus e no a Rom?
Para muitos romanos, Os cristaos eram inimigos da ordem social, pessoas
€StI””
nhas gue nao aceltavam os deuses do Estado, nao participavam das festas wa
AS, desprezavam 45 CoOmpetigêes dos gladiadores, nio fregtientavam banhos PY” .
blicos, elogjavam o pacifismo, recusavam-se a considerar Os imperadores mor”.
“Come deuses e adoravam
um as : OS.
CrIMINOSO Crucificado como Senhor. Os roman” ie
O mundo antigo 133

acabaram encontrando nos cristaos um bode expiatério universal para os males


gue grassavam no Império, como escassez de alimentos, pestes e derrotas milita-
res. Na tentativa de acabar com a nova religido, os imperadores muitas vezes re-
corriam & perseguigo. Os cristaos eram detidos, espancados, privados de alimen-
to, gueimados vivos, estracalhados por animais ferozes na arena para divertir OS
omanos e crucificados. Mas as perseguigées nao duraram o suficiente para extir-
par a nova religlëo. Na realidade, elas fortaleceram a determinagio da maioria
dos fiéis e conguistaram novos conversos, maravilhados com a coragem extraor-
dinAria dos m4rtires, gue morriam voluntariamente por sua fé.
Incapazes de esmagar o cristianismo pela perseguico, os imperadores romanos
resolveram conseguir o apoio do crescente nimero de cristaos no Império. No
no 313, Constantino, sinceramente atrafdo pela fé do Cristo, promulgou o edito
de Milgo, conferindo tolerência aos cristaos. No ano 392, Teodésio 1 fez do cris-
Hanismo a religiso oftcial do Império e declarou ilegal o culto dos deuses pagaos.

O cristianismo e a flosofa grega


O cristianismo sintetizava tanto as tradig6es hebraicas como as greco-roma-
nas. Tendo surgido do judafsmo, assimilou o monotefsmo e a moral profërica
dos hebreus, conservando o Velho Testamento como a Palavra de Deus. Ao evo-
luir, assimilou também elementos da filosofia grega. A habilidade de combinar o
histêrico monotefsmo judaico, gue tinha muitos admiradores entre os genrios,
com a filosofia racional dos gregos foi uma das principais raz6es do triunfo do
cristianismo no Império Romano. Mas houve uma luta entre os conservadores,
gue nio gueriam nenhuma aproximaciio com a filosof1a pagê, e os gue reconhe-
ciam o valor do pensamento grego para o cristianismo.
Os pais da Igreja — primeiros escritores cristios, cujas obras sao reconhecidas
pela Igreja —, conservadores, sê viam erros na filosofia cldssica, pois ela nao vinha
da revelac&o divina. Como afirmagëo final da verdade divina, o cristianismo su-
perava tanto a filosofia como as religiëes pagis. Esses conservadores temiam gue
o estudo dos autores cldssicos contaminasse a moral crista (nao havia Plato pro-
posto uma comunidade de mulheres, e nao se ocupavam os dramarurgos de pai-
x6es violentas?) e promovesse a heresia (nio estava a literatura cldssica cheia de
referências a deuses pag&os?). Para eles, no podia haver meio-termo entre a filo-
sofla grega e a revelacëo Cristê.
Alguns dos primeiros pais da Igreja, porém — entre eles vdrios gue haviam re-
Cebido educaczo grega —, defendiam o valor do estudo da literatura cldssica. Acha-
vam gue a filosofia grega encerrava um lampejo da verdade de Deus, uma visio
pré-crista da sabedoria divina. Cristo corrigira e completara essa visio alcangada
pela mente filoséfica. O conhecimento da filosofia grega, segundo eles, ajudava
OS Cristêos a explicar suas crengas de maneira lêgica e responder, com inteligên-
Cla, as criticas pagas dos ensinamentos cristaos.
Utilizando a linguagem e as categorias da filosofia grega, os intelectuais cris-
taOS transformaram o cristianismo de simples credo ético num sistema teërico,
134 Givijzacio ocidental

numa teologia. Esse esforgo de expressar as crengas cristis em termos


lismo grego é chamado de helenizag&o do cristianismo. A filosofia Brega permit
a0s cristaos explicar, em termos racionais, a existência ea revelacëo de Des U
Cristo era considerado como o /ogos (razao) divino em forma humana. O ens
namento estéico de gue todos so fundamentalmente 1guais porgue partilhan,
da razao universal podia ser formulado em termos cristios: todos est&e unido
em Cristo. A Igreja crista podia ser interpretada como a verdadeira realizacëo d,
ii idéla estéica de uma sociedade organizada compreendendo o mundo 'nteiro.
A
)Ed ética est6ica, gue ressaltava a moderacëo, o autocontrole ea fraternidade, er,
TE compativel com o cristianismo. Particularmente no platonismo, com sua distin-
'E 640 entre o mundo tal como os sentidos o percebem e uma ordem superior — um
$ik mundo transcendente gue deveria ser a principal preocupagio da existência hu.
GE mana —, os pensadores cristaos encontraram um meio apropriado de expressa
r as
ig Crengas cristas. As Formas perfeitas e universais, Ou Tdéias, gue
segundo Platio
eram o verdadeiro objetivo do conhecimento e a fonte dos padrêes
éticos, exis-
tam, para os cristaos, na mente de Deus.
Tem enorme importência a influência exercida pela filosofia grega sobrea
doutrina da Igreja; isso significou gue o pensamento racional, a realizag&o inesti-
mével do espirito grego, nio se perdeu. Mas a helenizac5o do cristianismo n&o
toi um triunfo do classicismo sobre ele. Ao contr4rio, foi 0 cristianismo gue triun-
tou sobre o helenismo. A filosofia teve de sacrificar sua autonomia €ssencial %s
exigências da revelacio cristd, ou seja, a razao teve gue se ajustar ao arcabouco
cristao. Embora o cristianismo tivesse utilizado a Slosofia grega, a verdade crist
repousava, em tiltima andlise, na fé e nio na razao.

Desenvolvimento da organiza€io,
doutrina e atitude cristas
No inicio de sua histéria a Igreja desenvolveu-se dentro de linhas hierdrguicas.
Os membros da comunidade crista gue tinham autoridade para presidir a cele-
bracio da missa —a partilha do po e do vinho tal como Cristo fizera na Ultima
Cela — eram chamados de sacerdotes ou bispos. Gradualmente, a designagdo de
bispo passou a ser reservada Aguele gue tinha a autoridade de solucionar proble”
mas relacionados com doutrinas€ préticas. Considerados como os sucessores dos
apOstolos de Cristo, os bispos supervisionavam as atividades religiosas dentro de
Suas regloes. Ao criar uma diocese supervisionada por um bispo e sediada em
alguma cidade importante, a Igreja adaptou técnicas administrativas
romanas.

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ispo de Roma, mais tarde chamado de Papa, reivindica o primado sobre%*


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O mundo antigo 135

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O célice de Antioguia: Siria romana,


século VI. Este célice de prata ricamente
decorado pode ter sido usado, durante a
liturgia eucarfstica, para conter o vinho
gue os cristios acreditavam converter-se
no sangue de Cristo. 7ke Metropolitan
Museum of Art, Colerdo Mosteiros, 1950

ganizacio da Igreja, os bispos de Roma referiam-se, com fregiiëncia cada vez


maior, ao famoso trecho do Novo Testamento em gue Jesus diz ao apéstolo Pe-
dro: “E também eu te digo gue tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha
igreja (...)”. (Mateus, 16:18). Como Pedro em larim significa pedra (petra), ar
gumentavam gue o Cristo havia escolhido o apêstolo Pedro para substitui-lo
como regente da Igreja universal. Admitia-se geralmente gue So Pedro havia
estabelecido uma igreja em Roma e fora martirizado ali, o gue justificava o outro
argumento de gue o bispo romano herdara o poder gue Cristo transterira ao
apéstolo.

O surgimento do monasticismo
Alguns cristaos devotos, comprometidos com viver uma vida crista perfeita,
COmegaram a sentir-se angustiados com a inigiidade do mundo gue os rodeava,
inclusive a lassidio moral dos clérigos gue corriam atrds de rigueza e pompa.
Buscando fugir das agonias e corrupgêes deste mundo, alguns fiéis ardorosos re-
riraram-se para os desertos e montanhas & procura de renovagao espiritual. Em
seu zelo de santidade, eles por vezes praticavam tormas extremadas de ascetismo
— autoflagelando-se, usando coletes com espinhos, alimentando-se apenas de er-
vas, vivendo durante anos sobre uma coluna, v4rios metros acima do solo. Aos
Poucos, essas colênias de eremitas proliferaram, sobretudo no Egito; com o tem-
si
! ke

136 Civikaacdo ocidental

po, os lideres dessas comunidades mondsticas elaboraram regras escrita


dindo os abusos do corpo e envolvendo os monges em trabalhos fisicos. IMpe.
O ideal mon4stico difundiu-se do Oriente ao Ocidente. A principal figura
formag&o do monasticismo no Ocidente foi Sao Benedito (c. 480. 543) di
dador de um mosteiro em Monte Cassino, na Itdlia, em 529. A regra de SE “N
nedito exigla gue os monges vivessem na pobreza, es
tudassem. trabalhassem e
obedecessem ao abade, chefe do mosteiro. Tinham de rezar
com tregtiëncia, ta.
balhar muito, falar pouco e abrir mao da propriedade privada. Ao impo
r discipli
na e regulamentos, Benedito eliminou o individualismo
excessivo € EXcÊNtrico dos
primeiros monges; socializou e institucionalizou o Impu
lso espiritual gue os leva.
va a se retirarem do mundo. Benedito demonstrou o mesmo
géNIO administrativs
due os romanos haviam evidenciado na organizacio e no governo de
seu Impéris,
A regra de Benedito tornou-se o padrao para os mostei
ros da Euro pa ocidental.

A tradigdo das escrituras € as disputas doutrindrias


As palavras e os atos de Cristo foram preservados oralmente.
Por volta de 6.
70 d.C., Sao Marcos formulou a mensagem cristi a partir dessa tradicao orale
talvez de material escrito antes. Mais tarde, So Mateus € So Lucas, val
endo-se
principalmente do relato de $io Marcos, escreveram evangelhos um pouco
maio-
res. Os evangelhos de Marcos, Mateus e Lucas foram chamados de sin6ticos, por-
gue sua abordagem de Jesus é muito parecida. O outro evangelho, escrito por
Sao Jo30 por volta de 110, varia de maneira significativa dos evangelhos sindti-
cos. Estes, juntamente com o evangelho segundo So Joëo, os atos dos ap6stolos,
as 21 epistolas, inclusive as escritas por SZo Paulo, eo Apocalipse, constituem os
27 livros do Novo 'Testamento cristio. Os cristios também aceitaram o Velho
Testamento dos hebreus como a Palavra de Deus.
Os primeiros cristios tinham uma biblia € um dero para ensind-la. Mas ela
podia ser interpretada de maneira diversa por crentes igualmente sinceros, e as con”
trovێrstas sobre as doutrinas ameacaram a unidade da lgreja antiga. A guestao mals
Importante teve por objeto a maneira como eram vistas as relacées entre Deus €
Cristo. Ario (250-336), sacerdote grego de Alexandria, liderava uma facgao;
de
negava essencialmente a divindade de Cristo, um dos precei
tos bdsicos da Igrefa
Para Ario, Cristo era mais do gue um homem, mas menos
gue Deus; nio havia
UNIA0 permanente entre Deus e Cristo; sê o Pai era o Deus eterno e verdadeir
o.
O concilio de Nicéia (325 d.CJa primeira assembléia de bispos de rodas da
partes do mundo romano, fo; convocado para solucionar a controvér
sia. Ario fo
condenado e ficou estabelecido gue Deus e Cristo eram da mesma
substanClë
'Buals € eternos. A posigio adotada em Nicéja tornou-se a base do Credo Niceno'
due continua sendo a doutrina oficial da Igreja. Embora o arianismo
3 heresia de Ario, COntinuasse a ganhar ade , nome dado
ptos durante algum tempo, acabou
EE perdendo seus seguidores.
AE EE EI EE EE N GE EG GE OG EO EE Ee Ee

O mundo anHgo 137

DO cristianismo e€ a sociedade
-
Fmbora a salvagao fosse seu objetivo final, os cristêos tinham de viver no mun
taos guestio-
do e lidar com suas imperfeic6es. Nesse processo, os pensadores cris
naram alguns dos costumes da sociedade greco-romana e adoraram posig6es due
sécu los. Inf lue nci ado s pela s pass agen s do Nov o Tes tam ent o gue con de-
durariam
-
vam os atos de vinganga e o derramamento de sangue, alguns cristios primir
due num
(Os recusavam-se ao servigo militar. Outros, no entanto, sustentavam
Gao
mundo pecaminoso a defesa do Estado era necessdria; estes, sem dissimula
apol ogia , serv iam o exér cito . Oua ndo os imp era dor es cris taos ado tar am o
hem
fregiëncia.
cristianismo, OS Cristaos comecaram a servir o governo com maior
defen-
Com os b4rbaros ameacando as fronteiras, esses funciondrios nio podiam
paci fism o. Os ter ico s cris taos com ega ram a arg ume nta r due €m €Erc as
der o
condicêes — para punir a injustiga ou restabelecer a paz — a guerra era justa. Mas
hem mesmo essas guerras deveriam levar a violências desnecessrias.
Partilhando da tradic3o patriarcal da sociedade judaica, Sao Paulo submeteu a
mulher 3 autoridade do marido. “Vés, mulheres, sujeitai-vos a vossos préprios
maridos, como ao Senhor: porgue o marido é a cabega da mulher, como também
Cristo é a cabeca da igreja (...)” (Efésios, 5:22-23). Mas Paulo também sustenta
va gue todos so batizados em Cristo: “Nisto nao ha judeu nem grego; nao ha
servo nem livre: nio h4 macho nem fëmea: porgue todos vés sois um em Cristo
Jesus” (Galatas, 3:28). Em consegiiëncia, tanto homens como mulheres estavam
sujeitos & lei divina, e ambos tinham autonomia moral. A igreja antiga estabele-
ceu padrêes rigorosos em guestêes sexuais. Condenou o adultério e valorizou a
virgindade, por mortivos espirituais.
Os crist#os n&o combateram a escravid3o, muito praticada e universalmente
aceita no mundo antigo. Sio Paulo condenou os escravos 3 obediëncia aos senho-
res, € muitos cristaos eram donos de escravos. Ensinavam-lhes, porém, gue tam-
bém eles eram filhos de Deus, procuravam convertê-los e pressionavam os donos a
nao Ihes tratar mal. Na era moderna, o ensinamento cristio de gue todos sao iguais
espiritualmente perante Deus levaria alguns cristaos a lutar pelo fim da escraviddo.

O cristianismo e os judeus
Existem intimeros vinculos entre o cristianismo primitivo € o judaismo. O pré-
prio Jesus e seus primeiros seguidores, entre eles os doze apéstolos, eram judeus
fiéis a lei hebraica. A mensagem de Jesus propagou-se primeiramente nas sinago-
gas, em todo o Império Romano. A afirmacdo do grande valor do ser humano —
criado M imagem de Deus —, a crenga de gue Deus governa a histéria, a consciën-
Ca da tendência humana ao pecado, a exortagdo ao arrependimento ea suplicaa
Deus por perdéo, presentes no cristianismo primitivo, têm rafzes no judafsmo. A
referência a Deus como “Pai misericordioso” tem origem na prece judaica. As
NOrmas morais proclamadas por Jesus no Sermao da Montanha e em outras oca-
sies também derivam do judafsmo. Por exemplo, Amarés a eu préximo como
158 Givikzacio ocidental

a ti mesmo' era o mote do sdbio judeu Hillel, contem


porêneo de Jesus
dou uma escola. O uso gue Jesus fazia das pardbolas para transmiti due fup.
mentos, o conceito do messias, o respeito pelo sibado,
a pratica de dar esmo
aos pobres € oe o culto congregacional provêm igualmente do judafs
MO, F, natura"
mente, os Cristaos consideravam as escrituras hebraicas cComoa Palavra l

de Da.
-

Com o passar dos anos, no entanto, Os Cristios eSgueceram ou deprec


iaran
sua relagio com o judaismo, e alguns pensadores come
caram a demonstrar ho
rilidade com respeito aos judeus e sua religiëo, 0 gue teve trdg
icas CONSEgiiëncia
nos séculos seguintes. V4rios fatores contri
buiram para fomentar o anti-semiti
mo: 0 ressentimento contra os judeus por sua
recusa em aceitar Jesus: os atagues
da instituiao judaica contra os seguidores de
Jesus; o papel atribuido aos judeus
R. pelo Novo Testamento na morte de Jesus; o re
ssentimento contra os CrIStaos gue
is continuaram a respeitar as festividades juda
icase o Sab4, a considerar a sinagoga
ii Como sagrada e a fazer circuncisio; e a raiva pelo fato
de o judafsmo ter COnser-
HE) vado sua vitalidade, POIS isso minavaa convicsi
o de gue o cristianismo eraa rea-
lizagao do judafsmo e a unica fé verdadeira.
"

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de

TR

O anti-semitismo cristio tornou-se particularmente


side

sinistro guando alguns


M
an —,

ef

teëlogos empenharam-se em associar o Povo judeu ao de


ad

mênio. Surgiu entioo


d
an

: mito de gue os judeus, assassinos do Deus encarnado gue incorporava


i

aesR ae '
vi
ed

tudo o gue
Ra,
esae

' era bom, eram uma nagao amaldigoada, filhos do Demênio, cujo sofrim
BP
Aa

ento es-
tava nos designios de Deus. Origenes (c. 185. 25 1) afirmava gue
“o sangue de
] Jesus cai n30 apenas sobre os judeus da €poca, mas sobre todas as geragê
|' es de
judeus até o fim do mundo”. No final do século IV, Sao Joao Criséstomo referiu-
se aos judeus como “os mais desprezfveis entre os homens, assassinos inv
eterados,
n
TE

destruidores, homens possuidos pelo Demênio”. A sinagoga, dizia ele, era “o do-
Add
RR
-

micilio do Demênio, seus rituais $o criminosos € impuros, e sua


F

religio, uma
doenga”. Visto gue o Demênio era muito real para os cristios primitivos
e me-
dievais, os judeus passaram a ser identificados com o mal. Os cristaos desenvol-
veram uma idéia fixa, conclui o reverendo Robert A. Fverett,
gue era “incapaz de
reconhecer alguma coisa positiva no judafsmo (...). O jud
afsmo e o povo judeu
deixaram de ter valor real para os cristaos, exceto como contraste negati
vo do
Cristtanismo*. Em virtude dessa “doutrina do desrespeito” e
da “diabolizagio dos
Jud
.
eus", a ética crist& do amor nio se estendia aos a
” . sg s
judeus.
.

(...) uma veg estabelecide due Deus amaldigoou os judeus, como se pode argumentar due
Cistaos devem amd-los? Se os juaeus foram predestinados por Deus para ter (...) uma
long
Pistdria de sofrimento, duem $ao os cristaos para modificar sua kistéria, fazende algo Part
aliviar-lbes o sofrimento? A teologia da viti macdo impede, portanto, gue o amor crisk0
seja a base do relacionamento com os judeus!
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Apéstolo Pedro. Esta placa de prara foi ;


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encontrada perto de Antioguia, na Siria, ed;N ESE BE ef NE PS EG. er

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e data do século XI. Cortesia do D- ae Re 7 df s N 2


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N 1.AA. 2
Metropolitan Museum of Art, Fletcher kW WE ef bede
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od Ed RE oo aal
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Fund, 1950 as

movendo incontdveis humilhac6es, perseguicêes e massacres. Alédm do édio aos


judeus e do desprezo por seu sofrimento, desenvolveu-se também a crenga de gue
eles, por mais infiéis e pérfidos gue fossem, deveriam ser mantidos vivos, pois um
dia veriam a luz e se converteriam & fé verdadeira.

Santo Agostinho: a perspectiva crista


No infcio da histêria do cristianismo, muitos homens cultos, os “pais da Igre-
ja”, explicaram e defenderam os ensinamentcos eclesiais. A maiorla deles escreveu
em grego, mas em meados do século IV trés grandes larinos — 530 JerOnimo,
Santo Ambrésio e Santo Agostinho — influenciaram profundamente o curso do
cristianismo no Ocidente.
Sao Jerênimo (c. 340-420) escreveu sobre as vidas dos santos e promoveu a di-
fusao do monasticismo. Mas sua maior realizacao foi a tradug&o do Velho e do
Novo Testamentos, do grego e do hebraico para o latim. O texto de Jerênimo,
conhecido como Vulgata, tornou-se a edigso oficial da Biblia para a lgreja do
Ocidente.
140 Givilizacio ocidental

Santo Ambrésio (340-397), bispo de Mil&o, na Irlia, ensino


u OS
tratar com humanidade os pobres, velhos, doentes e 6rf#os. Instou-os a busc
dlérigos 3

nao fortuna, mas sim o exercicio da humildade, e a nio favorecer o


riCOs em r
trimento dos pobres. Ambr6ésio procurou defender a autonomia
da [greja CORE;
o poder do Estado. Sua frase “O Imperador est
dentro da Igreja, e nio aCima
dela tornou-se um principio cardinal da igreja medieval.
O mais importante teërico cristio da Antiguidade
foi Santo Agostinho (354.
430), bispo de Hipona, no norte da Africa, e autor
de A cidade de Deus. Agos
tinho tornou-se o principa -
l arguiteto da perspectiva cristê gue substituiu
sicismo moribundo. O clas-
Em 410, guando ele tinha por volta de 50 anos, os godo
s saguearam Roma.
desastre para o gual a consciëncia cl4ssica n4o estava preparada.
Houve panico
por todo o Império. Os nêo-cristos responsabilizaram os Cristi
o s pela tragéd
ia,
Até mesmo os cristios mostraram-se a preensivos. Po
r gue os justos estavam so-
trendo tamb ém? Onde estava o prometido reino de Deus na Terr
Deus, de Agostinho, sustentava gue a cidade deste mu a? A cidade de
ndo jamais poderia ser a
preocupagao central de um cristio. As desgracas de Roma
, portanto, nio deviam
perturba
r demasiado aos Cristaos, pois o verdadeiro cri
stio era cidadao de uma
cidade celestial, gue n&o podia ser sagueada por birbaros ate
us e gue duraria para
sempre. Comparado com a cidade celestial de Deus, o dec
linio de Roma na0
tin
ha importência. O gue realmente iImportava na histéria, diz
ia Agostinho, nio
era o advento ou o desaparecimento de cidades € Impérios,
mas a entrada das
pessoas, individualmente, no céu ou no inferno.
Mas Agostinho nio dizia due, com a sua morte, Cristo
abrira as portas do céu
a todos. A maioria da humanidade continuava condenada ao Castig
o eterno, afir-
mava ele; apenas uns poucos receberam o dom da fd ea promessa do céu
. O ho-
mem nao podia, por seus préprios esforcos, superar uma nature
za pecaminosa;a
regeneragao moral e espiritual nascia nio da forca de vontade humana, mas
da
graga de Deus. O pegueno nimero beneficiado com a graga divina constitui
aa
Cidade de Deus. Esses homense mulheres viviam na terra apenas co
mo visitan-
tes, pols esperavam o momento de entrar no Reino de Cristo. Mas a maioria dos
habitantes da cidade terrena estava fadada a0 castigo eterno no inferno. Havia
um conflito perpétuo entre as duas cidades € seus
habitantes: uma cidade repre”
s€Ntava o pecado e a corrupg#o; a outra, a verdade e per
feicëo de Deus.
Para Agostinho, o mais alto bem nao era o deste mundo, mas sim a vida eter”
na com Deus. A distingio gue fez entre o mundo superi
do inferior da COTFUp
or da perfeig&o e o mun”
GAO teve influência em toda a Id
ade Média.
Ag os ti nh o re pu
nom1a da raz&o. Pardiaouele,a aCarSuact erfstica marcante do humanismo cldssico — a auto”
prem
a sabedoria nao podia ser obtida atr
avés do pen”
“AMENLO raclonal, apeénas; a razao tinha de ser complementada
pela fé. Sem a fé na0
podia haver conhecimento nem entendimen
to verdadeiros. A filosofia nao rinha
validade se n3o aCeitasse,
antes de mais nada, como absolutamente ver
dadeira 2
O mundo antigo 141

A ascensao de Jesus ao céu: pintura em


miniatura, c. 586. Num evangelho
escrito pelo monge Rabula, na abadia
de Sao Joëo em Zagba, Mesoporimia, a
parte superior da pintura retrata a visao
do profera Ezeguiel (1:3-28). A parte
inferior mostra os ap6stolos de Jesus e
sua mie, Maria, com dois anjos como
testemunhas da ascensao de Jesus (Aros
dos Apéstolos, 1:7-14). Cortesia da
Biblioteca Medicea Laurenziana, ) Ke
Florenca. Foto de Donato Pineides DAAD, N ER EE EE AE
ER
oe ar Pe
boe Ad

da fé, e nêo pediu o fim da especulac&o racional. Negava, porém, a visao cldssica de
gue a razao, sozinha, podia chegar 3 sabedoria. A sabedoria gue Agostinho buscava
era a crista, a revelacio de Deus 4 humanidade. O ponto de partida desse conheci-
mento, dizia ele, era a fé em Deus e nas escrituras. O conhecimento secular, por si
SO, tinha pouco valor; o verdadeiro significado do conhecimento residia em sua
fungio de instrumento para se compreender a vontade de Deus. Agostinho adap-
tou a tradicêo intelecrual cl4ssica as exigências da revelac&o crista.
Com ele, a perspectiva antropocêntrica do perfodo cldssico — gue h4 séculos
vinha sofrendo uma transforma€3o — deu lugar a uma visao de mundo centrada
em Deus. A realizacao da vontade divina, e n3o o pleno desenvolvimento do ta-
lento humano, tornou-se a preocupagio central da vida.

Cristianismo e humanismo cldssico:


visoes de mundo alternativas
O cristianismo e o humanismo cl4ssico sio os dois principais componentes
da tradic&o ocidental. O valor gue a moderna civilizagio ocidental atribui ao in-
dividuo vem, em ultima andlise, do humanismo cldssico e da tradic&o judaico-
142 Givilizacio ocidental

crist8. O humanismo cldssico acreditava gue o valor do indivi duo v


inha des
capacidade de raciocinar, de modelar seu cardter e sua vid a de acor
de ET
padrêes racionais. O cristianismo também enfatizaa Imporra ncia do 'ndividug
Na vis&o cristê, Deus se preocupa com todas as pessoas; guer
due
os homens -
comportem bem e entrem no céu; Cristo morreu por todos
manidade. O cristianismo defende o amor ativo ea POrgue ama hu.
PTEOCUPAGAO autêntica Com
Oo Pr6xXimo.
m representam duas
de mundo essencialmente diferentes. O tri vise,
unfo do PENSAMENTO Cristao significo,
um rompimento com o significado essencia
l do humanismo cl4ssico; indicou
Him do mundo da Antiguidade e o intcio de uma id
ade da té, aldade Média. Com
a vitéria do cristianismo, a meta final da vida deixou de ser
a realizacao da EXCe-
lência neste mundo, pelo desenvolvimento pleno e cr
ia tivo do talento hu mano,
para ser a salvagio na cidade celestial. As realizag6es de
uma pessoa neste mundo
repres€ntavam muito pouco, se ela nio aceitasse Deus
& sua revelacao.
Na visao cl4ssica, a histéria nêo tinha nenhum objeti
vo final. Os perfodos de
telicidade e de miséria se repetiam interminavelme
nte. Na vis&o crista, a histêria
era dotada de significado espiritual. Ela é o drama prof
undo dos homens, gue lu-
“Am para superar seu pecado original a fim de consegui
r a felicidade eterna no
c€us. A histéria comegou guando Adao e Eva desafiaram Deus
terminaria guan-
do Cristo voltasse 3 Terra € a vontade de Deus predomin
asse.
O classicismo sustentava a inexistência de uma autoridade superi
or 3 raz&o: 0s
individuos tinham dentro de sia capacidade de entender o
mundo ea vida. Para
o €ristianismo primitivo, porém, sem Deus como ponto de partida,
o conheci-
mento no tem forma, propésito e estd sujeito ao erro. Se
gundo o classicismo, os
padrêes éticos eram leis da natureza gue€ a razao podia descobrir. Pela razao o
ho-
mem podia chegar aos valores pelos guais deveria regular sua
vida. A raz&o per-
mitiri
a ao homem governar os desejos e a vontade; mostraria a ele
onde seu com-
portamento estava errado e |he ensinaria a corrigi-lo. O cristi
anismo primitlvo,
por outro lado, ensinava gue os padrées éticos emanavam da vontad
e pessoal de
Deus. Sem obediëncia aos mandamentos de Deus, o ho
mem continuaria para
“EMPTe mau; a vontade humana, essencialmente pecaminosa, nio poderia séf
transformada pela forca da raza0. Sê guando o individu
o se voltasse para Deus
em busca de perdso e orientagao — sê entao teria forca interior pa
ra superar SU
natureza pecadora. Os homens nao podem se aperfeicoar através do conhecr
mento dentifico; é a visio espiritual e a fé em Deus gue devem servir com
Principio bésico de suas vidas. o %
Para o dlassicismo, porta
nto, o bem final era conguistado pelo penamens €
4620 independentes: para
o cristi anismo, o bem final vem do conhecimento, 2

4 EL ap At
Eg il £ BONE GE KAR SPY E S dELR VERS Ta: Pak ik EHR-. MEA- VIP Er ELE AR Ad EMM PERE LANGER D. RR
TE. MEEN N

O mundo antigo 143

Notas

1. Andrew M. Greeley. “Hippie Hero?


Su- gida, Sociedades Biblicas Unidas, Rio de
perpatriot? Superstar? A Christmas Bio- Janeiro, s.d.
graphy”, New York Times Magazine, 23 dez. 3. Raadolph Braham (org.). 7e Origins of the
197p. 3, 28. Holgcaust: Christian Anti-Semitism. Boul-
7. Para as citacêes biblicas foi usada sempre — der, Colorado, Social Science Monographs
exceto guando expressamente menciona- and Institute for Holocaust Srudies of he
da outra fonte —a versio portuguesa de Jo4o City University of New York, 1986, p. 36.
Ferreira d'Almeida, edigao revista e corri- 4. Ibid., p. 37.

Sugestoes de leitura
Armstrong, Karen. A History of God (1994). do cristianismo primirivo e€ aguela gue
Bom material sobre o cristianismo primi- impregnava o pensamento judaico e greco-
tIVO. romano.
Benko, Stephen. Pagan Rome and the Early Pelikan, Jaroslav. 7The Christuan Tradition
Christians (1984). A opiniëo dos romanos (1971), vol. 1, Zhe Emergence of she Ca-
e gregos sobre o cristianismo primitivo. tholic Tradition. O primeiro de uma série
Chadwick, Henry. 7he Early Church (1967). de cinco volumes sobre a histéria da dou-
Estudo do cristianismo primitivo em seu trina Crista.
contexto social e ideolégico. Perkins, Pheme. Reading the New lestament
Davies, J. G. The Early Christian Church (1978). Introduz o aluno principiante no
(1967). Excelente introduio aos primel- Novo Testamento.
ros cinco séculos do cristianismo. Wilkin, Robert L. The Christians as the Ro-
Meeks, Wayne A. 7he Moral World of the First mans Saw Them (1984). A reag3o paga A
Christians (1986). A continuidade e des- ascensio do cristianismo.
conrtinuidade entre a perspecriva moral

Ouestêes de revisao

1. Por gue a vida de Jesus representa um pro- o resultado desse debate? Por gue ele foi
blema para o historiador? significarivo?
2. Ouais eram os ensinamentos b4sicos de 7. Oue fatores contribuiram para a ascensao
Jesus? do anti-semitismo entre os cristaos? Defi-
3. Oual a relag#o entre o cristianismo primi- na e expligue o significado da “diaboliza-
rIvo eo judafsmo? cio dos judeus', da “doutrina do desres-
4. De gue maneira Sio Paulo transformou peito” e da “teologia da vitimag&o”.
uma seita judaica numa religio mundial? 8. Como Santo Agostinho via a gueda de Ro-
?. Oue fatores contribufram para o triunfo ma, a cidade terrena, a humanidade e a fi-
do cristianismo no Império Romano? losofta grega?
6. Por gue alguns pensadores cristaos faziam 9. Compare e contraste as visêes de mundo
objegées ao estudo da literatura cldssica? do cristianismo primirivo e do humanis-
Oue argumentos eram apresentados pelos mo cldssico.
defensores do conhecimento cldssico? Oual
se PARTE DOIS

A Idade Média:
/ om
os sérulos cristios
500-1400

Vitral da catedral La Sain


te Chapelle, P ars. Nicholas DeVore lIl/Bruce Coleman,
Inc.
POLITICA E SOCIEDADE PENSAMENTO E CULTURA

500 Reinos germênicos se estabelecem Boëcio, A consolarao da filosofsa (523)


nas antigas terras romanas (séculos V Cédigo de lei de Justiniano (529)
e VD) [greja bizantina de Santa Sofia (532-537)
G3o Benedito funda o mosteiro de Monte Cassiodoro funda uma biblioteca mondstica
Cassino (529) em Vivdrio (540)
O papa Gregério | envia missiondrios para
converter os anglo-saxêes (596)

600 Difusio do islamismo (622-732) O Alcorao

700 Carlos Martelo derrota os muculmanos Bede, A histéria eclesidstica de povo inglês (c. 700)
em Tours (732) Idade de ouro do Isla (décadas de 700 e 800)

800 Carlos Magno é coroado imperador Renascimento carolingio (768-814)


dos romanos Alfredo, o Grande, promove a educagao na
A cristandade latina sofre invasêes dos Inglarerra (871-899)
muculmanos, magiares e vikings (séc.
IX e inicio do séc. X)
Expansao do feudalismo (800-1100)

900 O rei germênico Orto | torna-se o primeiro


Santo Imperador Romano (962)

1000 Cisao das igrejas bizantina e romana (1054) Estilo romanico na arguiterura (décadas de
Os normandos conguistam a Inglaterra 1000e 1100)
(1066)
Inicio da primeira Cruzada (1096)

1100 Filipe Augusto expande a autoridade central Florescimenrto da culrura medieval (sédculos XII
na Franca (1180-1223) e XIID: universidades, arguirerura gorica,
Desenvolvimento do direito filosofia escoldstica, resgare do direito romano
consuetudindrio e do sistema de jdri
na Inglarerra (década de 1100)
Ponrificado de Inocêncio IT: auge do
poder pontifical (1198-1216)

1200 Magna Carta (1215) Tomds de Aduino, Swa teolgeica (1267-1273)


Destruicao de Bagd4 pelos mongêis
(1258)
1300 Guerra dos Cem Anos (1337-1453) Danre, A divina coméddia (c. 1307-1321)
Peste Negra (1347-1351) Chaucer, Contos de Cantudria (c. 1388-1400)
O grande cisma do papado (1378-1417)

Pe. ARLIN ws )
CASLOS PARBOSA — N sm
EE aa ed
4 CAPITULO 6
O despontar da Europa:
Me ma n
orarles
meke

fusao das tradicoes cldssica,


eeosVe nas

Crista e germAanica
j ë ri do cristianismo e o estabelecimento de reinos
! germanicos em
(erras outrora romanas representaram uma nova fase na histér
| tal: o fim do ia ociden.
mundo antigo e o infcio da Idade Média, perfod
Ë o gue se
estendeu por mil anos. No mundo antigo, o centro
da civilizac&o greco-
romana estava no mar Mediterrineo: o corag3o
!! da civilizac&o medieval
transferiu-se para o norte, para as regibes da Europa gue a civili
zao gre-
CO-romana mal havia penetrado. Durante a Idade Média desenvolv
eu-se
al
n
oe Ra
ri

na Europa uma civilizafio comum, gue integrou elementos cristaos,


Tr dd
ee

gre-
ea
et
il LE

CO-TOMAaNOS € germanicos. O cristianismo estava no centro da civi


ri
Pi?

liza-
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TE
TE Eddie.

GaAo medieval; Roma era a Capital espiritual, e o latim, a lingua


ar
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da vida
'

a intelectual, enguanto os costumes germênicos impreg


erala,
f

navam as relac6es
EE

soclals e jurjdicas. Na Alta Idade Média (500-1050), a nova civilizacio


lutava para tomar forma; no periodo de 1050 a 1300, a civilizacio me-
dieval atingiu seu apogeu. *%*

O Oriente medieval
Das ruinas do Império Romano surgi ram trés novas civilizac6es
baseadas na
ke De
gym | nia

religiëo: BizAncio, o Isliea Cristandade latina (Eur


opa central e ocidental).
af
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EF

aa

Bizdncio
EER
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Embora o Império Romano do Ocidente tivesse caido dia


nte das tribos gel”
manicas, as provincias do Oriente sobreviveram — por serem mais ric
as, urban!
E

zadas e populosas, ni

na. A capital, Constantinopla, era um 6BTEgas; e a mAguina administrativa, FOMA”


a cidade fortificada, cuja localizacao
cultava atagues por mar e terra. difi-

-
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s
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DE
A Idade Média 147

EE
| Cronologia 6.1 * Inicio e apogeu da Idade Média

496 Clévis adota o cristianismo romano.


pap a Gre gér io | env ia mis sio ndr ios par a con ver ter os anglo-saxêes.
596 O
732 Carlos Martelo derrota os muculmanos em Tours.
768 Carlos Magno torna-se rei dos francos.
o HI.
800 Carlos Magno é coroado imperador dos romanos pelo papa Lea
c. 840 Intensificam-se os atagues dos vkings.
ério
962, Oto 1 é coroado imperador dos romanos; tem inicio o santo Imp
Romano.
987 Hugo Capeto torna-se rei da Franca.
1054 Cisio das Igrejas bizantina € romana.
1066 Os normandos conduistam a Inglaterra.
1075 Inicio da Ouestao da Investidura.
1096 Comeca a primeira Cruzada.
1198-1216 Pontificado de Inocëncio III: auge do poder da Igreja. |
|

rinos estudavam a literatura, filosofia, ciëncia e direito da Grécia e Roma anrigas.


Enguanto o comércio e a vida urbana haviam sofrido uma grande regressao no
Ocidente, Constantinopla era uma cidade magnifica, com escolas, bibliorecas,
pracas abertas e mercados cheios.
| Com o passar dos séculos, desenvolveram-se muitas diferengas entre a lgreja
bizantina ea Igreja romana. O papa resistia as tentativas de dominio do impera-
dor bizantino, e os bizantinos nio gueriam aceitar o papa como o chefe de todos
OS Cristaos. As duas igrejas discordavam em relagdo as cerimOnias, dias santifica-
dos, adorac3o de imagens e direitos do clero. O rompimento final ocorreu em
104. A Tgreja crista dividiu-se em Catélica Romana, no Ocidente, e Ortodoxa
Oriencal (grega), no Oriente — divisio gue perdura até hoje.
Divergências politicas e culturais ampliaram a separagao entre a cristandade
'atina e BizAncio. No Império Bizantino, o grego era a lingua da religiao e da vida
'ntelectual; na cristandade larina, predominava o latim. Os cristaos larinos recu-
gr a aas OS imperadores bizantinos como sucessores dos imperado-
ae n s governantes bizantinos rinham poder absoluto e declaravam-se
por Deus para instituir a vontade divina na Terra. Como sucessores dos
peradores romanos, reivindicavam dominio sobre rodas as regiëes gue haviam
" ` " - * ar e
Im

; P€rtencido ao Império Romano.


148 Civilizacio ocidental

Em seu apogeu, sob o governo do imperador Justinijano —


gue reinou d
565 —, o Império Bizantino indluia a Grécia, Asia Menor, I e 527
tAlia, sul da Esp
partes do Oriente Préximo, Africa do Norte e Bélcas. Ao long anhs
o dos SECulos,
Zantinos sofreram atagues dos lombardos e visigodos os bi-
germanicos, dos persas 4
bes mugulmanos, turcos seljdcidas e cristaos latinos. O golpe mortal sobre Mi
rio foi desferido pelos turcos oromanos,
Origindrios da Asia Central, gue er
adotado o islamismo como religiso e ini
clado a CONstrucio de um IMpério El.
avanGaram sobre os bizantinos a partir da Asi
a Menor € CONAUIStaram grande ie
dos B4lcas. Por volta do inicio do século XV. o Imp
ério Bizantino consistia apenas
em dois peguenos territêrios na Grécja ea cidade
de Constantinopla. Em 1453, os
Curcos Otomanos venceram as grandes muralhas de
Constantinopla'e saguearama
cidade. Depois de mais de dez séculos, o Império Bizant
ino chegava ao fim.
Em sua histéria de mil anos, Bizêncio deixou
uma marca significativa na his.
téria do mundo. Primeiro, impediu gue os drabes mu
gulmanos avancassem so-
bre a Europa ocidental. Se os Arabes tivessem rompido
as defesas bizantinas, gran-
de parte da Europa poderia ter sido convertida 3 nov
a f islAmica. Outro fato
importante foi a codificac3o das leis da Roma antiga, dur
ante o governo de Jus-
tiniano. Essa realizagio monumental, 6 Corpus Juris
Civilis, preservou os princi-
pios da razao e da justica do direito romano. O: cédigos juridi
cos de hoje rm,
em grande parte da Europa e da América Latina, rafzes no direit
o romano preser-
vado pelos juristas de Justiniano. Os bizantinos conservaram
também a filosofia,
j: Cléncia, matemdtica e literatura da Grécia antiga
d .
Os contatos com a civilizacao bizantina estimularam
o conhecimento, tanto
( i
no mundo isl Amico do leste, como na Cristandade latina do
! oeste. BizAncio tam-
fn
1: ' bém levou essa sua avanada civilizacio e o cristianismo ortodo
xo aos povos esla-
f

ME
MES

vos do leste e sudeste da Europa, inclusive rus


sos. Deu-Ihes principios legais, for-
N

mas de arte e um alfabeto (o cirilico) baseado no grego, permitind


EIS ore eer sl

o gue suas lin-


,
SERE '
Pol

guas passassem a ser escritas.


Ts
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Pe sa"
ey”:
Ee

Jsla
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ae
Ek AE Med

A segunda civilizacso a emergir depois da gued


Te
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a de Roma baseava-se na nova


ad
n; n oa N”

c vigorosa religiao do Isla, surgida no séeulo VII entre


REEN

os drabes da Ardbia. Seu


fundador foi Maomé (c. 570-632), um Préspero mercador da
d

Ee

cidade de Meca-
EET

EO Wel al

Por volta de 40 anos de idade, Maomé ac


EER

reditou ter sido visitado pelo anjo Ga-


ra
a

briel, gue lhe ordenou “recitar no nome do Senhor!”.


“Transformado por essa
TE

visao, Maomé conv


OE

Mm enceu-se de gue f ora escolhido para ser


vir como profeta. Em-
EE

bora a maioria dos 4rabes do deserto YERErassem


deuses tribais, nas cidades € nos
ar

centros comerciais grande parte da


mo e do
ie Populag3o tomara conhecimento do judais-
cristianismo, e€ alguns 4rabes Jê aceitavam
a idéia de um Deus (NIC
Rejeitando as divindades das religiëes tri
bais, Maomé ofereceu aos drabes uma
nova fé mononote
teiista(3,, oo Issllza, gue stignifica
gnifica * render-se a Ald
Os padrêes islAmicos de moralida (Deus)”.
sio fixados pelo Alcor&o, gue os mu
tal como revelada a Maomé. Para 0
$ mugulmanos,
A Idade Média 149

ui ta de M u h a m a d Al i, Cairo,
Me sa
Es ta me sg ui a er a Um lo cal
século XI.
o pa ra Pr ee es , pr eg ac êe s € estudo
de reun id
ralmente
do Alcorëo. AS mesguitas ge
Ë ram construg
oes rerangulares com
ic os em fo rm a de ar co circundando
pê rd
l era
um patio aberto O ponto centra
de o
ma abside volrada para Meca, on
s
mame local conduzia os congregado
de
em suas oracêes. Préximos da absi
ficavam o pdlpito e o atril com uma
cépia do Alcorao. No p4rio externo
havia tangues ou fontes para os ritos de
purificacao. Na mesduisra do Cairo, as
fontes eram cobertas por um edificio
abobadado. A mesguita tinha também
um minarete ou torre, de onde se
convocavam os fiéis para as orac6es,
cinco vezes por dia. Cortesia da Trans
World Airlines

aperfeicoamento do judafsmo e do cristianismo. Consideram os antigos proferas


hebreus como mensageiros de Deus e valorizam sua mensagem de compaixao ea
igualdade dos seres humanos. Também reconhecem Jesus como um grande pro-
feta, mas nio o consideram divino. Para eles, Maomé foi o dlrimo e maior dos
profetas, mas era totalmente humano. Cultuam apenas a Ald, o criador e sobera-
no do céu e da terra: Deus dnico e todo-poderoso, misericordioso, compassivo €
justo. De acordo com o Alcordo, no Dia do Juizo os incrédulos e os iniguos serao
arrastados a um lugar terrivel de “ventos abrasadores e 4gua escaldante” e os
pecadores (...) comer&o (...) fruto [amargo] (...) [e] beberao 4dgua fervente'. Aos
mugulmanos fiéis gue vivem na virtude é prometido o paraiso, um jardim de
prazeres carnais e deleites espirituais.
Em pouco mais de duas décadas, Maomé unificou as tribos drabes, envolvidas
“Mm constantes disputas, numa forga poderosa dedicada a Ald e 3 difusao da fé
islêAmica. Apés sua morte, em 632, Maomé foi sucedido por seu amigo e sogro
Abu Bakr, gue se rtornou califa. Considerado como o defensor da fé, cujo poder
derivava de Alé, o califa governava segundo a lei mugulmana, tal como definida
- ee ) dos amieo ora Uma ma m gue se C eg do eram
dr Bee OP r ven uma $ my” oi auroridade secular e espi-
era Gulmanos, Deus era a fonte de roda a autoridade legal e politi-
a era seu representante na terra. A lek divina regulava todos os aspec-
a$ relagëes humanas. O governante gue nio aplicasse a lei do Alcorao falha-
“4 no cumprimento de suas obrig
obriga cêes. O islamismo e ra, portanto, mais gue
acoes
N
sa

150 Civilizacio ocidental


ak
Made here VR

uma religi4o; constituia também um sisterma d


ef!
as

e governo, SOCle
el.vd. LPR dad
Fa

gundo acreditavam Os muculmanos, unia dade e


TN es

OS SEus adeptos
he SE Ee en

abrangente comunidade. A idéia de uma soci ny Ma Un;


he AR HG N, ad eed” Sy

edad “ governada pela le


permaneceu profundamente arraigada no espiri ;
t 9 Muculmano ao do Alcosg
HET FmN tas

culos &, ainda hoje, é uma forca poderosa. lo


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Ngo dos sé.


O Islê propiciou 3s tribos 4rabes unidade. dis c
N

e?

iplinae OTSANIZ
rem Suas guerras de conguista. Sob os guat AGEO para Vence.
ro primeiros califas
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de 632 a 661, os drabes rapidamente do


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algumas provincias de BizAncioe;


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p.
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aS présperas terras bizan


persas. No leste, o territêr
io islAmico estendeu-se até tinase
China; no oeste, incorporou a fndia e as fronteiras da
a Africa do Norte ea malor part
a investida muculmana em dire e da Espanha. Ma
g4o ao norte perdeu o impeto
pelos bizantinos, em Constantinopla e foi detida em 717
, e em 732 pelos francos, na bata
reglao central da Franca. lha de Tours,

bizantina, persa e indiana. Du


ra
tO estava em decadência
lizagao superior. A ciën
ca muculmanas basearam-se,
BTEgOS antigos. Os drabes adguiriram 0 co-
' bizantina, mais antigas, gué
obras gregas para o irabe €
preservar a heranca filoséf ' a grande tarefa histérica de
ienti
go, suplementado pelas
co ntribuicëes origin
Gulmanos, foi entao tran ais dos i
sfe rido 3 Europa cr
O império drabe, estend endo-s istê.
e desde a Espanha aré a fndia, fo
uma lingua, uma fé & uma Cult i unificado por
ura comuns. Por volta do século
os drabes comecaram a perder XI, no entanto,
seu dominio no mundo islAmico.
cidas, gue haviam tomadoa Os turcos selji-
“f

Asia Menor dos bizantinos,


OS terr
ie itérios drabes da Siria, Palestina e conguistaram tambéEm
fas a 4ssidas tenham permanecid' grande parte da Pérsia. Embora
]

Os yd
o COmo lideres religiosos € cultur
j-

ais do Isl2,
dek eie pelos sultêes seljdcidas.
Nos séculos XI-e ,
Peus estabelece
No século XIIL os M r
ONgOIS, liderados p
muculmanas; no sécu
lo XIV, dessa veg chef
;
Oo gue encontravam pel 0
COS OLOManos. 0 Império mongol desmoronou:
A dade Média 151

O Império Otomano atinglu seu apogeu no século XVI, com a conduista do


nvolveram um
Fgito, Africa do Norte, siria e licoral da ArAbia. Os oromanos dese
sistema de administracio eficiente, mas nao conseguiram restaurar esplendor
flor esce nte e nem tam pou co a pros peri dade gue o mun do
vultural, o comércio
dd.
muculmano conhecera sob o governo dos califas ab4ssidas de Bag

la ti na na Al ta Id ad e M é d i a
A cristandade
Embora tivessem experimentado séculos de grandeza cultural — gue enrigue-
os na
ceram o mundo ocidental —, nem Bizêncio nem o Isla fizeram progress
ciëncia, tecnologia, filosofta, economia e pensamento politico gue deram origem
o mundo moderno. Essa realizacio excepcional caberia 3 Europa. Na Alra Idade
Média, a cristandade latina estava culturalmente muito atris das duas civilizagoes
orientais, mas j4 no século XI as havia alcangado. Nos séculos gue se seguiram,
produziu os movimentos gue deram origem & Idade Moderna: o Renascmento,
a Reforma, a Revolucso Cientifica, o Iluminismo, a Revolug&o Francesa ea Re-
volucio Industrial.

Transformacgdo politica, econêmica e intelectual


Do século VI ao VII, a Europa lutou para superar as desordens criadas pela
fragmentacio do Império Romano e pela deterioragao da civilizagao greco-roma-
na. Nesse processo, uma nova civilizacao, de estilo préprio, comegou a criar raf-
zes, a partir dos remanescentes greco-romanos, das tradig6es germanicas e da pers-
pectiva crista. Seriam, porém, necessdrios séculos para gue essa nova civilizagao
desse frutos.
No século V; os invasores germênicos fundaram reinos na Africa do Norte,
lrélia, Espanha, G4lia e Bretanha — terras gue antes pertenceram a Roma. Mes-
mo antes das invasêes, os germênicos jA haviam tomado contato com a cultura
'Omana e se sentiram atrafdos por ela. Assim, os novos governantes germanicos
nao tinham a intengio de destruir a civilizagio romana, mas sim de participar de
“Jas vantagens. Por exemplo, 'Teodorico, O Grande, governante ostrogodo da
lrélia, conservou o Senado romano, os funciondrios governamentais, o servico
publico € as escolas. Os borgonheses, na Gdlia, e os visigodos, na Espanha, man-
tveram o direito romano para os stiditos conguistados. Todos os reinos germani-
“OS tentaram preservar os sistemas de triburagio romanos. Além disso, o latim
CONtINuou a ser a lingua oficial da nova administra€ao.
Mas os reinos germanicos, fregientemente divididos por guerras, rebeliëes
In “Ernas e assassinatos, ofereciam uma base
politica muito precdria para o renas-
ci, ea uma civilizacso dldssica decadente e moribunda. A maioria dos rel-
ea ee apenas por pouco tempo ee nio deixou marca duradoura. Excec&o
ncla ocorreu na G4lia e na regigo centro-sul da Alemanha, onde o

ER
ie Sy
152 Givilizacio ocidental

mais bem-sucedido dos reinos germênicos foi instalado pelos


trancos —
dores da nova Europa. 9 Punda
O mundo romano estava provavelmente demasiado es gota
do Para ser saly
mesmo gue assim nao fosse os germanos estavam cultu ralmente
despreparadg,
para desempenhar o papel de salvadores. Em fins do séc ulo V
i
II as ANtIgas terg,
romanas no oeste evidenciavam um
acentuado declinio do SOVErno cen
N vida urbana, do comércio e da cultura. Os invasores germanico embo tra y; l de s, ra
yk

SOS € Corajosos, eram essencialmente um povo rural


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e guerreiro, tribal em os or
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ganizagao e aparência. Sua cultura nativa,


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sem cidades ou literatura escrita ii


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primidiva em comparaGio
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com as realizacêes literdrias, Hilos6ficas, cientf


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disticas do mundo greco-romano. Os germanos ficas s m


n&o estavam €guipados para re.
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id
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formar o decadente sistema romano de administragë


o e triburacio, nem para en-
rd

eg dir.
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frentar os problemas econêmicos gue haviam


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pesado sobre o Império. Tampou-


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CO CONs€guir
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am conservar as estradas e os sistemas de ITI


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gAG AO, nem preservar as


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técnicas das artes de alvenaria € fabricag&o de


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vidro, nem
si

instilar vida Nova 3 ago-


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nizante cultura humanista,


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Bas”
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A caracteristica marcante da civilizagio cl4ssica,


a vitalidade de suas institui
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GOes urbanas, havia se deteriorado no Baixo Império


oe

Romano. Essa passagem de


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€conomia urbana para economia rural acelerou-se nos


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reinoe criados pelos chefes


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germanicos. Embora as cidades nio tenham desaparecido to


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talmente, continua-
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jy ram a perder terreno para o campo e a decair em ri


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gueza e importAncia. Eram


sedes de bispado, nio centros de comércio€ vida intelectu
BR Ee

al. A I4lia permaneceu


De

UMa €XCEGAO a essa tendência geral. Ali, as instituicëes urbanas romanas per
EE

sisti-
EE EE

ram, mesmo durante o mais dificjl periodo da Alta Idade Média. As cid
Rd

ades ita-
lianas conservaram em Circulag3o algumas moedas merdlicas € comercia
ram en-
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tre ste com Bizêncio.


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angle oe

O humanismo greco-romano, em dedlinio desde fine do Império Romano,


OD ES MS
dy me. dm

Continuou a decair nos séculos imediatamente posteriores & gucda de Roma. As


velhas classes Superiores romanas abandonaram seu legado e abso
EE EE
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rveram OS cos”

rtumes dos conguistadores germênicos. As escolas foram fechadas e o direit ro”


o
de

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mano caiu em desuso. Com excegio do clero, eram poucos os gue sabiam ler €
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Ne

escrever o latim, €e mesmo padres de cultura eram raros. O conhecimento da lin”


KA ha,
sn

V gua grega foi guase totalmente perdido na Europa ocidental, e o estilo ret6rico
P.
latino se deteriorou. Muitas obras literdrias da antiguidade cl4
ssica foram perdi-
das ou esguecidas. A cultura EUropéla parecia muito mais pobre do gue as grandes
civilizac6es de BizAncio, do Isle da antiga Roma,

! Ê
criar uma cultura €rista gue combinasse a ` trad
De maneira rudimentar, luraram parë
ic&o intelectual da Grécia e de Ro”
“ma com os ensinamentos religiosos da [greja crista
EE Vma he EE Ee er vida intelectual
desse perfodo de transicso foi
se $ (ES se- it em da nobreza jtaliana Buscando resgatar a he”
ie * EE, Boëcio traduziu para o latim alguns trarados dé
KP se! d # s 4 ”
' RE. ' "dd E 4 Ty 1 % ' -

EA SR 1
ye ; de N # os
A Idade Média 153

nt dr io s so br e Ar is té te le s, Ci ce ro e Po r-
Aristêteles sobre a légica e escreveu come icamente tudo guea cristandade lati-
frio, 0 neoplat6nico. Aré o século XII, prat
tr ad ug 6e s e co me nt dr io s de Bo éc io . Da mesma
na sabia de Aristéreles vinha das
de ma te md ri ca , gu e co nt in ha fr ag me nr os es, era a prin-
de Fu cl id
forma, sua obra it os de te ol o-
té ri a na Alc a Id ad e Mé di a. Em seu s es cr
cipal fonte de estudo da ma um a das pri-
tr ar gu e a ra zi o na o se op un ha 3 or to do xd a —
pia, Procurou demons la a razao,
eg ar ao en te nd im en to ra ci on al da fé, de un i-
eiras tentativas de ch ci on al me nt e as do u-
de Bo ëc io em ex am in ar ra
como ele mesmo disse. O esforco
incipal da filosofia medieval, ganharia maturidade
mrinas Cristës, caracteristica pr
nos séculos XI1 e XIN. to s gr eg os e la-
57 5) , ou tr o it al ia no , co le ci on av a ma nu sc ri
Cassiodoro (c. 490-
& pr êt ic a de co pi ar os te xt os cl4 ssi cos . Se m ess a tradicao, mui-
inos e deu inicio do. Na
pa ga s e cri sta s, de im po rt an cl a fu nd am en ta l, te ri am de sa pareci
ras obras 57 6- 63 6) ,
Fspanha, um ou tr o “p re se rv ad or de ob ra s ant iga s, Is id or o de Se vi lh a (c.
il ou um a en ci dl op éd ia , Er ym ol og ia e, gu e co br ia um a va ri ed ad e de assuntos
comp
mé ti ca e mo bi li a aré De us . Is id or o co lh eu sua s in fo rm ag êe s de mu t
” desde arit
se itos
as fontes seculares e religiosas. Ê compreensfvel gue sua obra encerras mu
pe ci al me nt e nas re fe rê nc ia s & na tu re za . Du ra nt e sé cu lo s, no en ta nt o, a
erros, es
Erymologiae serviu como obra de referência padrêo, sendo encontrada em todas
as bibliotecas mondsticas importantes.
As traducêes e compilacêes feitas por Boécio, Cassiodoro e Isidoro, os livros
colecionados € copiados pelos monges e freiras e as escolas instaladas nos mostel-
ros (em particular na Irlanda, Inglaterra e Irélia) impediram gue a vida intelec-
tual desaparecesse totalmente em principios da Idade Média.

A lgreja: modeladora da civilizacio medieval


Oo cristianismo foi o principio integrador da Idade Média e a Igreja, sua insti-
tuigao dominante. Com a decadéncia do Fstado romano e de suas instituigées, a
Igreja cresceu em poder e importência. Sua organizag&o tornou-se mais forte e o
ndmero de membros aumentou. Ao contrério do Estado romano, a lgreja era um
organismo vigoroso e saud4vel. A elite do Império Romano havia rompido suas
lgac6es com os valores da civilizago cldssica, enguanto os lideres da Igreja se de-
dicavam intensivamente 3 sua fé.
Ouando o Império desmoronou, a Igreja conservou seu sistema administrarivo
€ preservou elementos da civiliza€3o greco-romana. Servindo ainda como agente
mar * vi saak ofereceu As pessoas uma concepgdo inteligivel e significa-
ad s a is, io mundo agonizante, a Igreja toi a tinica insriruigao
ea er vida civilizada. Assim, a perspecriva crisdê foi a base da civi-
Méda oe nao as tradicêes das tribos germênicas. No decorrer da Idade
skede er passavam a ver-se como pardcipantes de um grande drama de
prag de Ee uma verdade: a revelagio de Deus 3 humanidade. Havia
oie! ers no pe es e passava pela lgreja. A participagio numa igreja
leliaa ae iu a cidadania num império universal. Por roda a Europa, da
, formava-se uma nova sociedade centrada no cristianismo.

ed
154 Giviltzacio ocidental

Pintura de $4o Mateus contida no


livro evangélico pertencentea
Carlos
Magno, c. 800-810. Escritos 3
maoe
muito dispendiosos, os livros sagrad
os
eram, com fregiiëncia, profusamente
lustrados com miniaturas, Nest Pintur
a,
Sao Mareus, vestindo uma tOga romana,
€ retratado com sua pena escrevendo o
evangelho. Com base no evidente estilo
helenistico, os estudiosos acreditam gue
o artista tenha sido treinado em alguma
escola italiana ou bizantina.
Kunsthistoriscbes Museum, Viena

' Os monges ajudaram a construir os alicerces da civilizacio medieval. No sécu-


al lo VII, enguanto a vida intelectual no continente continuava decaindo, nos mos-
hNi teiros da Irlanda e Inglaterra persistia a tradicëo da erudicao. JA no século V, $40
Patricjo iniciou a converso dos irlandeses ao cristianismo. Na Irlanda, o latim
estabeleceu-se firmemente como o idioma da lgreja e dos eruditos, numa época
ém gue corria o risco de desaparecer de muitas partes do continente. Os mongés
irlandeses preservaram e cultivaram o latim, Cujo U$o resgataram em suas ativida-
des missionérias no continente; preservaram também o conhecimento gue ti
nham do grego. Na Inglaterra, os anglo-saxêes gue se converteram ao cristianis”
mo, sobretudo no século VIT, fundaram mosteiros ou Conventos gue também sé
dedicaram a manter vivo o saber. Nos séculos VI e VII, os monges irlandeses €
anglo-sax6es tornaram-se os principais agentes da conversinao Europa setentrI”
nal. Dessa maneira, monges e freiras tornaram possivel uma civilizacao europla
unitria, baseada em alicerces crist&os. Copiando e preservando os textos antigo5
monges e monjas também mantiveram vi
Durante a Alta Idade Média,
rurais, € continuaram a ser até O renase”
sê mento das cidades no auge da Tdade Média.
“de socorro Pe a Os MOSsteiros eram também locaf
€ Indigentese abrigo para os viajantes. Para
te medieval, a dedicagao altruista dos o esplr”
byeza apostêlica, seu devoramento 3 pr “Ong es e freiras a Deus, sua adesZo 3 PO”
' entavam a for”
Cceed contemplacio repres
A dade Média 155

na mais elevada do modo de vida cristao — era sem duvida o mais belo e seguro
m i n h o p a r a a s a l v a gao.
-a
o f o r m a g & o d o p a p a d o , b e m c o m o
m e g o d a I d a d e M € d i a fo i u m p e riod de men -
O c o Um a fig ura de imp ort ênc ia dec isi va par a o for tal eci
da sociedade em geral.

z
Lo do papado foi Gregério Lo Grande (590-604). Um dos mals h4beis papas do

Fe
periodo medieval, Gregério empregou os métodos de administragao romanos

EFSLE
para organizar com eficiëncia as propriedades pontificais na ledlia, Sicilia, Sarde-

EE
nha. Galia e outras regiëes. Reforgou sua autoridade sobre bispos e monges, en-

EA
ou missiondrios 3 Inglaterra para converter os anglo-sax6es e buscou estabele-

EE
DE
mak
cer alianca com os francos. Concretizada, finalmente, 150 anos mais tarde, essa

EE
slianca contribuiu para delinear a histéria medieval.

RE
WE
O reino dos francos
Partindo de seu berco no vale do rio Reno, as tribos francas se expandiram pelo
territério romano nos séculos IV e V. Clévis, rei franco, uniu as varias tribos e
conguistou a maior parte da G4lia. Em 496 converteu-se ao cristianismo romano.
Sua conversio ao catolicismo foi um acontecimento de grande significagao. V-
rios outros reis germênicos haviam adotado o cristianismo de Ario, dedlarado he-
rético pela Igreja. Ao adotarem Oo cristianismo romano, os francos tornaram-se
aliados potenciais do papado.
Os sucessores de Clévis nao conseguiram manter o controle sobre suas terras, €
o poder passou a ser exercido pelo prefeito do paldcio, gue era o principal funcio-
ndrio do rei. Servindo como prefeito do paldcio de 717 a 741, Carlos Martelo su-
jeitou todos os territérios francos a seu dominio. Além disso, em 732, derrotou os
mugulmanos na batalha de Tours. Embora continuassem a ocupar a peninsula
ibérica, os mugulmanos foram impedidos de avangar para o norte da Europa.
Carlos Martelo foi sucedido por seu filho Pepino, o Breve, gue em 751 depês o
ret. Com a aprovagao do papado e de seus nobres, Pepino foi coroado rei por Bo-
nifdcio, bispo importante. Dois anos depois, ungiu-o novamente rei dos francos €
lhe formulou o apelo de gue protegesse o papado contra os lombardos, a ulrima
tribo germAnica a invadir o antigo territério romano. Pepino invadiu a It4lia, der-
'Otou os lombardos e entregou ao papa as terras conguistadas. Essa famosa doacio
de Pepino fez do papa o governante do territério entre Roma e Ravena, gue pas-
OU a ser conhecido como Estados Pontificais.

A Era de Carlos Magno

Cries eR entre os francos e o papado foi continuada pelo sucessor de Pepino,


carolfngia Me Ar” governou de 768 a 814. Carlos Magno continuou a politica
mie me Ë amp lar o reino franco. Destruiu o reino dos lombardos, dos guais
gig mm Crescentou a Baviera a seus dominios e, depois de guerras terriveis,
ee ns 2 S€ tormarem seus stiditos e se converterem ao cristianismo. Con-
nhol
m uma regiëo do norte da Espanha, a Estremadura ou Marca espa-
' due serviu de tampaos entre os francos €ris, tios e os muculmanos da
Espanha.
N
156 Civilizaio ocidental

Mar de
Norte

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OCEANO ATLANTICO
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Reino dos Francos, 768


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Mapa 6.1 O mundo carolingio.

As dificuldades de governar o territério ampliado eram imensas. O tamanho


parecia um obsticulo insuperdvel a um go
ide verno eficiente, em particular pordu€ , 4

estrutura administrativa de (Carlos Magno, carente de pessoal treinado, era P


EF
ANTNOS ou romanos. O império foi dividido
trados pelos condes — nobres gue deviam fide”
E. No Natal de 800, em Roma, papa Les
O ; erado!
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EET dos romanos. O tjtulo signific papa Leao 111 coroou Carlos Magno imp
4va gue a tradicëo de um Império mundial ainda
A Idade Média 157

der rot a do Im pé ri o Ro ma no do Oc id en te , 300 anos antes.


sobrevivla, apesar da res-
is como foi o papa du€ coroou Carlos Magno, o imperador agora tinha a
ili dad e esp iri tua l de di ss em in ar e de te nd er a fé. As si m, o un iversalismo ro-
ponsab
mano fundia-se com o universalismo Cristao.
O império franco, evidentemente, era apenas uma sombra do gue fora o Im-
Os fra nco s nio ti nh am o dir eit o ro ma no , ne m as leg iëe s ro manas;
pério Romano. fun-
al; os
nio havia cidades gue (ossem centros da atividade econêmica e cultur
am ser vid ore s clv is tre ina dos e co m um a per spe cti va mu ndial,
-ondrios nio er
. Ainda assim, o
uas chefes guerreiros sem preparo € com um ponto de vista tribal
versal —
império de Carlos Magno incorporava a idéia de um império cristêo uni
déia essa gue perdurou por toda a Idade Média.
O coracëo de um governante germAnico como imperador dos romanos pelo
chefe da Igr eja re pr es en to u a fus io de el em en to s ge rm an ic os , cri sta os € ro ma no s,
gue é a caracterlstica essencial da civilizac&o medieval. Essa fuszo de tradicoes foi
ambém evidente no plano cultural, pois Carlos Magno, um rei-guerretro, mos-
trou respeito pelo conhecimento cldssico e pelo cristianismo, tradicées gue nao
eram germênicas.
Carlos Magno considerou como seu dever religioso elevar o nivel educacional do
dero, para gue este compreendesse e pudesse ensinar devidamente a fé crista.
Também estimulou a educacio a fim de formar administradores capazes de supervi-
sionar seus reinos € as propriedades reais. Fsses homens tinham de ser alfaberizados.
Para realizar esses objetivos, o imperador reuniu alguns dos melhores erudicos da
Furopa. Alcuino de York (735-804), Inglaterra, foi encarregado da escola do pa-
lAcio, fregtientada pelo préprio Carlos Magno e sua familia, pelos grandes nobres
e por jovens gue estavam sendo treinados para servir ao imperador. Por toda a
G4lia, Alcuino espalhou escolas e bibliotecas, incentivou a cépia de manuscricos
antigos e impês padrêes literdrios b4sicos para o clero.
O enfogue do renascimento carolingio — o resgate cultural promovido pelos
professores e eruditos de Carlos Magno — foi predominantemente cristao: um es-
torso de preparar os clérigos e melhorar seu entendimento da Biblia e dos escricos
dos pais da igreja. Esse processo elevou os indices de alfaberizagao e aprimorou o
estilo latino. E, o gue é mais importante, os copistas mondsticos preservaram teXtos
de Ee contrdrio talvez no tivessem sobrevivido. Os manuscritos mais
, tas obras da antiguidade sio cépias carolingias.
ou Ee ao passado BrECO-TOMANDOU, 3 explos&o dos séculos XIle AA,
ga N ee italiano do século XV, o renascimento carolingio
ur eie pele " Insignificante. Mas nio nos devemos esguecer da pobreza cul-
ne inou antes da era de Carlos Magno. O renascimento carolingio
Id “TLEU Oo processo de decadência cultural gue caracterizara grande parte da Alta
ade Média. O conhecim ento jam j aisis volvolt
tarariia ao niv(ve liniio registrado nos
ell de de decdeclin
século eed
Bien ee a gue a de Roma. sad | |
Is. fund me Magno deitou rafzes uma civilzagao européia caracteristica,
gado romano de um império mundial, a realizagao intelectual do

1 ti
158 Givilizacdo ocidental

espirito greco-romano, a preocupagao crista com o outro mund


dos povos germanicos. Essa nascente civilizacio do oeste “Uropeu diferia das
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lizacoes bizantina e islamica, e os europeus se estavam lVI-
tornando CONSCIentes d
sa diferenga. Mas a nova civilizag&o estava ainda a séculos de distência de es-
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geu, gue seria alcancado nos séculos XII e XIII.


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O império de Carlos Magno defendeu também o ideal da unific


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vos da cristandade latina numa comunidade Crista, so


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do a muitos, tanto clérigos como leigos, o ideal do Estado


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randade aringiria seu ponto culminante entre os séculos XI e XI.


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A fragmentacio do império de Carlos Magno


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Apos a morte de Carlos Magno em 814, seu filho Lui


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trono. Ele pretendia preservar o império, mas a tarefa


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era praticamente imposst-


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vel. O vigor do império dependera mais das gualidad


es pessoais de Carlos Magno
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do gue de gualguer base polftica ou econêmica firme. Al


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ém disso, o império era


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simplesmente grande demais, e constituido por povos mu


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ser governado com eficiëncia. Além dos nobres francos gue


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buscavam aumentar
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seu poder as expensas do imperador, Luis teve de enfrentar seu


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s préprios filhos
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rebelados. Depois de sua morte, em 840, o império foi dividido


entre seus três
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filhos.
O tratado de Verdun, em 843, deu a Luis, o Germano,a parte
oriental do impé-
rio, assinalando o infcio da Alemanha; Carlos, o Calvo, ficou com a
OE

parte ociden-
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tal, gue deu origem & Franca; e Lotdrio recebeu o Império do Meio, gue se est
endia
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desde Roma até o mar do Norte. Essa regido seria uma drea de conflito entre Fra
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Ga e Alemanha no século XX. Com o enfraguecimento da autorida


de central, os
grandes latifundidrios passaram a exercer um poder cada vez maior em
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suas pré-
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prias regiëes. As invasêes simultêneas, procedentes de todas as direc6es,


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estimula-
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ram ainda mais esse movimento no sentido do localismo e da descen


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tralizacao.
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Nos séculos IX e X, a cristandade larina foi aracada de todos os lados. Partindo


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da Africa do Norte, Espanha € sul da G4lia, os mucu


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lmanos devastaram as regiëes


costeiras da Europa meridional. Os magiares, origindrios da Asia ocidental, esta-
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Alemanha ocidental e partes da Franca. Derro-


tados na Alemanha em 933 e novamente
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em 955, os magiares retiraram-se parê


a reg1ao gue hoje constitui a Hungria; cessaram Os atagues e adotaram 0 CIS”
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tianismo.
Um outro grupo de invasores, os nOrdicos ou viking
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s, navegou para o sul, vin”


do da Escandindvia em compridas embarcag6es de madeira,
€ assaltou o litoral€
os vales dos rios da Europa ocidental. Porto e vilarejos
pulagao foi dizimada. O comércio Parou, as moedas
for am destruidos, ea PO”
deixaram de circular e as 2”
zendas foram transformadas em desertos. A economia européia, jé
enfraguecid2
entrou em colapso; a autoridade politica dos reis
oconhecimento feneceram. desapareceu; ea vida cultural €
A Idade Média 159

due s int ens ifi car am. a ins egu ran ga pol iti ca e ace ler aram o pro-
Fsses terriveis ata
ini cia do com o dec lin io de Rom a. Dur ant e esse periodo
cesso de descentraliza€ao sua a ter ra gue admi-
co mo pro pri eda de
ca6tico, OS condes passaram a considerar
end iam par a o rei. Da me sm a for ma os hab ita nte s de um districo
nistravam € def
de, ou o sen hor loc al, co mo o gov ern ant e, poi s seu s ho mens €
consideravam o con
teg iam . Nes sas reg iëe s, os nob res exe rci am o pod er pub lic o
suas fortalezas OS pro
for a pre rro gat iva dos reis . A Eur opa ing res sar a na era do feu dalismo, na
gue antes
uni dad e ess enc ial de gov ern o nao era 0 rei no, mas um condado ou uma
guala
elan ia, € o pod er pol iti co era pro pri eda de pri vad a dos sen hores locais.
cast

A sociedade feudal
Surgindo durante um periodo de decadência da autoridade central, de inva-
sdo, de parcas rendas piblicas, e de declinio do comércio e da vida urbana, o feu-
dalismo tentou estabelecer uma certa ordem e seguranga. Nao se trarava de um
sistema derivado logicamente de principios abstratos, mas de uma resposta im-
provisada ao desafio colocado pela ineficiëncia da autoridade central. As prdticas
feudais nio eram uniformes; diferiam de uma localidade para outra €, em certas
regiëes, no chegaram a criar rafzes firmes. O feudalismo foi um sistema de go-
verno provisério gue proporcionou certa ordem, justiga e lei, durante uma época
de colapso, localismo e transi€3o. Continuaria sendo a estrururagao politica pre-
dominante até gue os reis reafirmassem sua autoridade.

Vassalagem
As relac6es feudais permitiram aos senhores aumentar sua forga militar. A ne-
cessidade de apoio armado foi a principal razao da prérica da vassalagem, na gual
Oo Cavaleiro, em cerimênia solene, jurava fidelidade a um senhor. Esse aspecto do
teudalismo vinha de uma antiga cerimênia germênica, na gual os guerreiros jura-
vam fidelidade ao chefe do grupo combatente. Entre outras coisas, o vassalo pres-
tava servico militar ao seu senhor e recebia em troca um feudo, habitualmente
ma terra. Esse feudo era habitado por camponeses e sua produgio proporciona-
va a0 vassalo o meio de vida.
Em troca do feudo e da protego do senhor, o vassalo devia vrias outras obri-
aid n da prestagdo de assistência milicar e do provisionamento de cavalei-
EE er inclufam a participacao nos tribunais do senhor e o julgamen-
na Le de a er de acordos teudais entre o senhor € seus OUTrOS Vassa-
od m eet o senhor guando este viajava pelo territério do vassalo; a
un Be P— guando o filho do senhor era sagrado cavaleiro ou guando
ye elha se casava; e a obtengio de um resgate, caso o senhor fosse
pelo inimigo.
ME . Em
geral, tanto senhor como vassalo sentiam-se obrigados, pela honra, a res-
" "

Oo Juramenrto de fidelidade. Era costume generalizado


. .
Oo vassalo renunciar 3

my N | ete
160 Givilizacio ocidental

fidelidade a seu senhor se este deixasse de protegé-lo contra os INimigos


0 atas.
se mal, ou aumentasse as obrigacoes fixadas em contrato feudal.
Da mE
Sma for.
ma, se o vassalo nao cumprisse suas obrigagées, o senhor o Convo
onde seria julgado por traigao. Se considerado culpado, podia `

até mesmo a vida. Por vezes as disputas entre vassalos e senhores se transformay
em guerra. Como com fregiiëncia o vassalo tinha terras de
mais de um he
por vezes era, ele préprio, senhor de vassalos, as sttuac6es se tornavam
MUItas veis.
zes estranhas, complexas € confusas. Em certa ocasiso, um vassalo te
ve de decidir
a gue senhor devia /iege homage (principal fidelidade).
Com a evolug&o do feudalismo, o rei passou a ser considerado COMO O princi-
pal senhor, gue concedera feudos aos grandes senhores, os Juals, por
$ua veg, os
dividiram em unidades menores e redistribufram aos vass
alos. Assim, todos os
membros da dlasse dominante, desde os menores cavaleiros até o rel,
Ocupavam
um lugar na hierarguia feudal. Embora em teorja O rei fosse a mais
alta autorida-
de politica e a fonte da propriedade da terra, na realidade ele era, muita vezes
,
Vs,
f: | menos poderoso gue outros nobres de seu reino. O feudalismo declinou guando
os reis converteram seus poderes teëricos em poderes de fato.
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O dedlfnio do feudalismo foi um progresso gradual; o conflito entre a coroae


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a aristocracia persistiria ainda por muitos séculos, com graus de intensidade va-
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rlados. Mas o fururo coube ao Estado centralizado forjado pelos reis.

Os guerreiros feudais
Os senhores feudais consideravam o trabalho bracal e o comércio como for-
mas de atividade degradante para homens de sua Posic&o. Para eles, sê havia uma
vocag&o digna — a do guerreiro. Pelo combate, o senhor demonstrava seu valor,
CONJuIstava sua reputacio, media seu valor individual, encontrava motivaga0,
aumeEntava sua rigueza e defendia seus direitos. A guerra era sua tinica finalidade
na vida. No século XI, para diminuir o aborrecimento das épocas de paz, OS
nobres instituiram os torneios de gala nos guais os cavaleiros, em combate singu-
lar ou de grupo, competiam para demonstrar sua habilidade e coragem
e con”
guistar honrarias. A glorificaco feudal do combate tornou-se profundament€
arraigada na sociedade ocidental e perdurou até o século XX.
Com o passar dos
séculos, um cédigo de cOmMPportamento, chamado de cavalaria, foi inst
ituido para
a nobreza feudal. O verdadeiro cavaleiro devia
| utar com coragem, demonstraf
fidelidade a seu senhor e tratar os Outros
cavaleir OS COM respeito e cortesla.
A igreja introduziu, com o tem Po, um elemento
religioso na cultura guerrelf
do cavaleiro feudal. Pro Curou utilizar o espirito de Juta da classe feudal para
fina
lidades cristas, de mod 9 due os cavaleiros ajudassem
o dlero a Impora vontade dé
Deus. A tradiczo ger manica de coragem e fidelidade
acrescentou-se um ComPo”
nente cristao; COmo nobre ETISTAO, EspErava-se gu
E st

e o cavaleiro honrasse as leis


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Igreja e colocasse sua espadaa d


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servico de Deus
Considerando “* BYErras privadas entre os
senhores como uma violéncia ana!”
guica gué am€aGava a vida social, no século XI a
lgreja impês restricoes denom"”
A dade Média 161

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Retrato de um convento. Durante a Idade Média, monges e freiras eram considerados os


melhores exemplos do modo de vida cristao. Nesta cena de um convenro, a abadessa segura o
bculo pastoral. British Library

nadas Paz de Deus e Trégua de Deus. De acordo com elas, a guerra feudal ficava
limitada a certos dias da semana € a Certas épocas do ano. Embora sua eficiëncia
(osse apenas relativa, a Paz de Deus proporcionou & sociedade crista uma certa
protegao contra as pilhagens e a guerra continuada.

As mulberes da nobreza
A sociedade feudal era um mundo predominantemente masculino. As mulhe-
'C$ eram consideradas fisica, moral e intelectualmente inferiores aos homens e es-
"
(avam su Jeitas 3 autoridade masculina. Os pais promoviam os Casamentos das fi-
as. As mogas de familias aristocrdticas Casavam-se geralmente aos 16 anos, Ou
al nda Malis E
jovens, com homens muito mais velhos; ds jovEnSs aristocratas due
Nao0 se casava m tinham, com fregtiëncia, de entrar para um convento. A mulher
d am ie a mercé do marido; se o aborrecesse, podia ser
espancada. Mas
ae - castelo desempenhava fungêes mportantes: distribuia tarefas aos
“Rea ,Pr ies remédios; conservava alimentos; ensinava As jovens Costurar,
€, apesar de sua posic3o subordinada, era responsdvel pelo castelo na
162 Civilieaio ocidental

ausência do marido. Embora a Igreja ensinasse gue os homens € m ulheres era


preciosos aos olhos de Deus e gue o casamento era um rito sa
giosos viam as mulheres como agentes do demênio, sedut oTas malignas
gue
como a Eva biblica, levavam os homens ao pecado.

Hy A sociedade agrêria
O feudalismo foi construido sobre uma base econêmica con hecida como sis
tema senhorial. Embora perdurassem bolsêes de Campesinato
livre, a COMUnida-
de de uma aldeia, constituida de servos presos a terra, tor
nou-se a estrutura agri
cola essencial da sociedade medieval. A aldeia senhorial era
o meio de organiza-
630 de uma sociedade agricola com limitados mercadose dis
ponibilidade mone.
rêria. Nem os senhores, dedicados & guerra, nem os padres, dedicado
s 3 oracso,
realizavam trabalho economicamente produtivo. Seu modo de vida er
a posstvel
gragas ao trabalho exaustivo dos servos.
As origens do senhorialismo podem ser situadas, em parte, no Baixo Império
Romano, guando os camponeses dependiam dos grandes proprietrios para
a
sua protegao e segurana. Essa pr4tica foi estimulada na Alta Idade Média, espe-
clalmente durante as invasêes dos nérdicos, magjiares € muculmanos, nos sécu-
los IX e X. Os camponeses continuaram a sacrificar sua liberdade em troca de
prote€ao; em certos casos, porgue eram demasiado fracos para resistir As pres-
soes dos magnatas locais. Como o feudalismo, o senhorialismo n&o era um sis-
tema organizado; consistia em relag6es improvisadas € priticas gue variavam de
reglao para regiao.
O senhor controlava pelo menos uma aldeia senhorial; os grandes senhores
podiam possuir centenas delas. Um senhorio pegueno tinha uma diizia de famf-
lias; o grande, umas 50 ou 60. Embora a aldeia senhorial nunca fosse totalmente
auto-suficiente, porgue o sal, as pedras de moer € os artefatos de metal eram ge-
ralmente obtidos fora, ela constituia um conjunto econêmico eguilibrado. Os
Camponeses plantavam cereais e criavam gado, carneiros, cabritos e porcos; fer-
reiros, Carpinteiros e pedreiros construfam as casas € faziam Os reparos; o paroco
da aldeia ocupava-se das almas dos moradores: o senhor defendia o senhorio €
administrava o direito consuetudindrio. O servo € sua familia viviam numa feia
cabana de um sê cêmodo, gue dividiam com galinhas e porcos. No centro ardia
uma peguena lareira, cuja fumaga C$Capava por um buraco no teto. No invern9
guando era preciso aumentar o fogo, o aposento ficava repleto de fumaga. (uan
do chovia, a 4gua entrava pelo telhado de palha e transformava em lama
o PIS9
de terra. O cheiro de excremento de animais era persistente.
COuandoo senhorio era aracado por outro senhor, os camponeses enconti””
vam proteg#o dentro dos muros da casa senhorial. No século XI essa construg*
Ese havi
mponaeses
transger
forma do,e emVivmuito
alment lam, stralugare s,
balhavamnume€ mo
castelo de pedra fortificado. OS
rriam nas terras do senhor *
A Idade Média 163

rrad os no cemi t€ri o da alde ia. Pouc as pess oas tin ham cont ato com o
ram ente
alde ia ond e nasc iam. | |
mundo além da
Fm troca da protegao e do direito de cultivar as terras e transferi-las a seus fl-
serv o rinh a obri gac6 es para com seu senh or, e sua libe rdad e pessoal sofria
|hos, o
form as de limi taga o. Pres o & terra , nio podi a deix ar a pro pri eda de senho-
Arias
“al sem o consentimento do amo. Para casar, tinha de obter a autorizagao do se-
hhor e paga r um trib uto. O senh or podi a esco lher uma mul her para o seu serv o
obri gd-l o a desp osd- la. Por veze s o serv o, faze ndo obje g6es & esco lha, preferia
e
pagar uma multa. Essas regras também se aplicavam aos filhos dos servos, gue her-
dava m as obri gag6 es dos pais. Alé m de trab alha r na terr a gue lhe cabi a, o serv o
de cuid ar dos cam pos rese rvad os ao senh or. Os outr os serv icos devi dos ao
inha
senhor inclufam abrir valas, coletar lenha para o fogo, construir cercas, reparar
da
estradas e pontes € costurar roupas. Provavelmente um pouco mais da metade
semana de trabalho do servo era dedicada a essas obrigac6es. Os servos também
pagavam vérios tributos, inclusive pela urilizagao do moinho, do forno e do lagar
de vinho de propriedade do senhor.
Os servos recebiam certos beneficios das relac6es senhoriais. Tinham protegao
numa era ca6tica e direitos consuetudindrios a cabanas e terras, guase sempre res-
peitados pelo senhor. Se este exigisse maiores servicos ou tributos do gue os habi-
tuais, ou interferisse no direito As casas e faixas de terra para plantar, os campone-
ses podiam manifestar seu descontentamento recusando-se a trabalhar para ele.
Até o século XIV, porém, a rebelio aberta era rara, porgue o senhor dispunha de
considerdvel poder militar e juridico. O sistema senhorial criou atitudes de de-
pendência e servilismo entre os servos; suas esperancas de uma vida melhor vol-
tavam-se para os céus.

Expansao econêmica no apogeu da Idade Média


Oo senhorialismo e o feudalismo pressupunham uma ordem social hierdrguica,
organica e estAvel: o dlero gue rezava, os senhores gue lutavam e os camponeses gue
trabalhavam. Acreditava-se gue a sociedade funcionava bem guando todos aceita-
vam sua condic3o e desempenhavam o papel gue lhes era atribuido. Em conse-
dU€ncia, os direitos e deveres das pessoas, e sua relacëo com a lei, dependiam de sua
ii na ordem social. Modificar tal posic3o seria perturbar a unidade orgênica
Ee E ninguém, nem mESMO OS sErvos, devia ser privado dos direitos tra-
AIS associados & sua condic3o. Essa organizag5o era justificada pelo dlero: “O
Préprio Deus guis gue entre os homens alguns fossem senhores e outros servos.”
ae an, o Age N de uma €conomia urbana eo reaparecimento da
ge sie “ auge da Idade Média enfragueceriam as relagêes feudaise
Be. ee se ins do século XI, a Europa evidenciava muitos sinais de recupe-
sos im pus'vasoes gan e vikings haviam rerminado, e senhores e reis podero-
viealidade maior ordem em seus territérios. Teve inicio entao um perfodo de
Onbmica, no gual a Idade Média testemunhou uma revolugio agri-

WR E SN
164 Civilizaczo ocidental

cola, uma revolug3o comercial, o renascimento das cidades e a ascen


RE Sao de Uma
classe média empreendedora e dinAmica.

Uma revolucio agricola


No periodo medieval fizeram-se importantes progressos na
agricultura. My:
o tas dessas inovag6es ocorreram na Alta Idade Média, mas
' sendo adoradas, € nao em toda parte. sê aos Poucos one
Com o tempo, no entanto, aumentara
me
gan

acentuadamente a produgëo. Em fins do século XIILa agr


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icultura medieval havi l


ah.

alcangado um nivel técnico muito superior ao do mundo antigo.


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Uma das inovagêes foi o arado pesado, gue cortava profundamente


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o solo
de

permitia aos agricultores um trabalho mais ripido e eficiente.


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Assim, eles er
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ram cultivar Areas mais extensas, inclusive os pesados solos imidos


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do norte da
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Europa, gue ofereciam grande resistência ao arado leve. Outro pProgr


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esso impor-
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rante na tecnologia agricola foi a invencio da coalheira (arreio em


forma de
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coleira para os cavalos, ao gual se atavam as pecas do arado). O velho arre


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io de
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dipo canga era usado com vantagem nos bois, mas costumava sufocar os cavalo
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Como estes se movimentam mais depressa e têm mais energia gue os bois, sio
mais valiosos no trabalho agricola. O uso difundido do moinho d'4gua no sécu-
lo X ea introdugëo dos moinhos de vento no século XI] facilitaram o trabalho de
moer os graos, gue antes era feito manualmente.
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O aparecimento gradual do sistema de agricultura conhecido como três cam-


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—oras

pos, particularmente no norte da Europa, fez crescer a producëo. No sistema de


das ds MepR ar ei

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dois campos, entio amplamente utilizado, metade da terra era cultivada no ou-
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tono com o trigo de inverno, €nguanto a outra metade ficava em repouso, para
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recuperar a fertilidade. Com o novo sistema de três campos, um tergo da terra


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era plantado no outono com o trigo do inverno, o segundo terco era plantado na
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primavera seguinte com aveia e legumes, e o terceiro terco ficava em repouso. A


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vantagem do sistema de três campos estava em gue dois tercos da terra eram cul
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rivados, € apenas um tergo permanecia em desuso: além disso, a diversificagao


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das plantag6es possibilitava um suprimento maior de protefnas vegetais.


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A maior producao agricola reduziu o nimero de mortes provocadas pela fome


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e por doengas causadas por deficiëncias na dieta, contribuindo dessa forma paë
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o aumento demogrfico. Dentro em pouco, as terras agricolas de uma aldela sé”


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nhorial j4 nao eram capazes de manter sua Crescente populac&o. Em consegiiën”


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cia, os camponeses tiveram de voltar os olhos para além das terras imediatamen”
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re vizinhas e comegar a colonizar terras virgens. Os senhores promoviam, COM


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entusiasmo, essa transformacao de 4reas selvagens em terras agricolas, porgue Ihes


aumentava a renda. As comunidades mondsticas também se dedicaram com afin”
co A empresa. Em guase toda parte os camponeses secaram pêntanos, derruba”
ram florestas e criaram novas aldeias, Seus esforgos, nos séculos X1 e XII,
desbr*
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tertam para 6 culrivo, pela primeira vez, vastas &reas do continente europeu. NOV?*
ras agr icolas foram tam bém CONSEguidas pela ex
pansao; o exemplo mais N d
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Sioplonizadio organizada das terras do leste pelos agricultores germAnicos
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A ldade Média 165

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A colonizagao é 9 cultivo de terras virgens contribuiram para a decadência da

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ores eram don os de gran des flor esta s e pant anos , gue poderiam

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servidao. OS senh

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sub sta nci alm ent e suas rend as se a terra foss e limp a, dren ada e cultiva-
aumentar

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da. Mas Os servos recusavam-se, com fregiëncia, a abandonar suas moradias tra-

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terras novas. Para con-

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r o duro trab alho de cult ivar

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dici on al se os cam pos para faze
s, os senh ores |hes pro met iam isen gao da maio ria, ou de todo s, os serv i-
vencê-lo
tos
COS pessoals. Em muitos Casos, em vez de executar servigos Ou tornecer alimen
-
para 0 senhor, os desbravadores remiam-se de suas obrigagêes através de paga
dinh eiro , pas san do assi m da cond igdo de serv os para a de liber tos.
mentos em
Com o tempo, chegaram a considerar como sua a terra em gue trabalhavam.
O progresso na tecnologia agricola e a colonizagao de novas terras modifica-
da
ram as condicêes de vida na Europa. O excedente de alimentos e o aumento
populagso liberou o homem para ocupagêes nao relacionadas com a agricultura,
possibilitando a expansëo do comércio e o renascimento da vida urbana.

O renascimento do comércio
A expansio da produco agricola, o fim dos aragues dos vikings, maior estabili-
dade politica e uma populaio em Crescimento produziram o renascimento do
comércio. Na Alta Idade Média, os italianos e judeus mantiveram vivo um pegue-
no comércio de longo curso entre a Europa catélica e os mundos bizantino e mu-
gulmano. No século XI, as forcas maritimas das cidades comerciais italianas limpa-
ram o Mediterrineo das frotas islAmicas. Como na época romana, as mercadorias
podiam circular novamente de um extremo ao outro daguele mar. Nos séculos XI
e XIII, o comércio — local, regional e de longo curso — ganhou tal impulso gue al-
guns historiadores descrevem o periodo como uma revoluëio comercial gue supe-
rou a atividade econêmica do Império Romano durante a pax romana.
Fundamental para o renascimento do comércio foram as feiras internacionais,
onde comerciantes e artes#os levantavam barracas e guiosgues para exibir suas
mercadorias. Devido ao grande nimero de assaltantes, os senhores ofereciam pro-
tegao aos negociantes e suas mercadorias, tanto no caminho de ida como no de
volra das feiras. Cada feira durava de três a seis semanas, guando entio os nego-
clantes se transferjam para outro lugar. A regiao de Champagne, no nordeste da
Franga, foi um grande centro feirante.
DO comércio flufa principalmente entre o Mediterrineo orienral e as cidades
es entre a Escandin4via e o litoral arlêntico; entre o norte da Franca, Flan-
res € Inglaterra e do mar B4lrcico, no norte, para o mar Negro e Constantinopla
dtraves dos rios russos.
N deed da atividade €conbmica trouxe progressos para as récnicas CO-
ie eis i vez de os negociantes, individualmenrte, nêo tinham capital sufi-
ar al mar de larga escala, grupos de mercadores comegaram
“n EE €s. Essas assoclag6es incrementaram o comércio, na medida em
set oonheei am ge comerclantes reunir seu capital, reduzir os riscos e ampliar
cartegane LT ae sobre as oportunidades de lucro. Seguradores garantiam Os
; com o desenvolvimento das atividades bancérias e dos instru-
166 Giviljzacio ocidental

mentos de crédito, os mercadores jd nao precisavam levar CONsigo grandes so Mas


de dinheiro. As feiras internacionais eram no somente centros de COMÉrcio, mas
também mercados de capital para transacées a crédito internacio
nal. Os 24Cordos
feitos pelos comerciantes gue jam as feiras para saldar suas dividas deram, orige
3 letra de cAmbio, mediante a gual uma moeda podia ser convertida em mm, ,
inveng&o da contabilidade de partida dobrada propiciou aos mercadores visual
zar sua situagëo financeira: o valor de suas mercadorias e o dinheiro disponfvel
Pen. *

Sem isso, terla sido impossivel manter gualguer atividade comercial em grande
a
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escala. Outra inovagio nas técnicas de comércio foi a elaboracio do direite CO-
ed leN ee ar
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mercial, gue definiu as normas de conduta para dividas e contratos.


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.

A ascensio das cidades


No século XI as cidades ressurgiram por toda a Europa, e no século seguinte
tornaram-se centros ativos de vida comercial e intelectual. As cidades eram uma
forca nova e revolucion4ria — social, econêmica e culturalmente. Comecou a sur-
gir uma nova classe de mercadores e artesos. Essa nova dlasse — a dlasse média—
era constituida de pessoas gue, ao contrdrio dos senhores e servos, nio estavam
ligadas & terra. O citadino era um homem novo, com um sistema de valores dife-
rente daguele do senhor, do servo ou do dlérigo.
Uma das razées do crescimento das cidades foi a maior oferta de alimentos, devi-
do ao progresso na tecnologia agricola. Um excedente na producso agricola signifi
Cava due o campo podia manter uma popula€io urbana de artesios e profissionais
Outra razao para a ascensao dos centros urbanos foi a expansëo do comércio. As
cidades surgiam nas rotas de comércio — litoral, margens de rios, encruzilhadase
mercados — e junto de castelos fortificados, mosteiros e cidades romanas sobrevi-
ventes. As colênias de mercadores gue se reuniram nesses lugares foram engrossa-
das por camponeses gue conheciam algum officio ou gue estavam dispostosa traba-
lhar em gualguer servio. A maioria das cidades tinha populaso peguena. As
maiores — Florenca, Gand e Paris — possufjam entre 50 mil e 100 mil habitantes.
brindo 4reas peguenas, essas cidades muradas tinham excesso de moradores.
Os mercadores e artesaos organizaram guildas para se protegerem da concof”
rência externa. A corporagio dos negociantes de uma cidade impedia gue os @”
trangeiros fizessem ali muitos negécios. O artesio recém-chegado tinha de ser
admirido A guilda de seu oficio antes gue pudesse iniciar suas atividades. A Con”
corrêncja entre os membros da mesma corporacio era desencorajada. Para evit#f
gue gualguer dos membros ganhasse muito mais gue os outros, a corporagio “”
gia gue trabalhassem todos o mesmo ndmero de horas, pagassem os mesmos 5”
lrios aos empregados, produzissem mercadorias da mesma gualidade e Cobras”
sem prego justo. Essas regras eram rigorosamente observadas.
As mulheres desempenhavam papel ativo na vida econêmica das cidades.
'.. balhando geralmente com seus maridos nos v&rios offcios — sapateiro, alfa
MIS ka. Eer sehapeleiro, pa
deiro, ourives etc. Elas fazjam ce lar”
EE NG ae rveja, fabricavam e vendiam ca
vie, vendiam vegetais, peixe e aves domésticas e dirigiam estalagens. Em mU*
A Idade Média 167

tv as de me st re s ar te so s er am ad mi ti da s nas gui lda s, des -


aidades, as €sposas € vi
me st re — inc lus ive tre ina r ap re nd iz es .
frutando muitos dos privilégios de um gue pe rt encjam aos senho-
Como mul ita s cid ade s est ava m sit uad as em ter ras
s ro ma na s go ve rn ad as pel os bis pos , ess as co-
es, ou nos locais das velhas cidade dal . Em cer tos cas os, OS
mun ida des fic ara m, a pri nci pio , sob a aut ori dad e feu
ëo de cid ade s, poi s a ind ust ria e o co mé rc io urb a-
senhores sstimularam a fundag lan tes ,
reg lêo . Ma s log o sur gir am ten sêe s ent re os com erc
hos traziam rigueza &
oc ur av am liv rar -se das res tri coe s feu dai s, e os sen hor es e bis pos , gue gue -
gue pr
var sua aut ori dad e sob re ela s. Os cit adi nos , ou bur gue ses , re cu sa va m-
ram preser
ser vos lig ado s a um sen hor e obr iga dos a pre sta gao de ser-
sea ser tratados como
vico pessoal e pagamento de taxas. Oueriam viajar, comerciar, casar e dispor de
de co mo be m Ihe s apr ouv ess e; gu er ia m faz er sua s pro pri as lei se de-
sua proprieda
sua s pré pri as tax as. Re co rr en do por vez es a lur a, e mai s fre gti entemen-
terminar
din hei ro, os bur gue ses co ns eg ui am car tas dos sen hor es da nd o- lh es o direito
te ao
iam
de criar seus prêprios conselhos. Essas assembléias aprovavam leis, recolh
impostos e formavam tribunais para impor 0 respelro as leis. As cidades torna-
am-se mais ou menos como cidades-estados autênomas, as primeiras desde a
época greco-romana.
Foram vArias as maneiras pelas guais as cidades afrouxaram os lagos de contro-
le dos senhores sobre os servos. Buscando liberdade e fortuna, estes fugiam para
as cidades novas onde, de acordo com o costume, os senhores j4 nio podiam re-
dlamd4-los depois de transcorrido um ano € um dia. Servos com espirito de inicia-
tiva ganhavam dinheiro vendendo alimentos aos citadinos. @uando conseguiam
uma soma suficiente, compravam sua liberdade aos senhores, gue precisavam de
dinheiro para pagar os bens adguiridos aos mercadores. Os senhores comegaram
a aceitar, cada vez mais, gue os servos Ihes pagassem em dinheiro, em lugar de
prestar-lhes servicos ou fornecer alimentos. Ao se eximirem de suas obrigagoes
com os senhores por meio de pagamentos em dinheiro, os servos foram aos pou-
cos tornando-se arrendatrios com compromissos financeiros, jé nao estando
presos 3 terra do senhor. O sistema senhorial de relag6es pessoais e de obrigag6es
mutuas desmoronava.
Mecdiante essas atividades, os citadinos passaram a construir uma nova dasse;
dedicavam-se agora ao comércio, tinham dinheiro e liberdade. Seu mundo era o
kes” ar a igreja, o castelo ou 0 feudo. Os cicadinos libertavam-se dos
Dle " aristocratas feudais, gue consideravam o comércio eo trabalho
egradantes, e do dlero, gue amaldicoava a busca de riguezas como
Um obstdculo & salvagio. Os citadinos tinham espfrito crftico, eram dinêmicos e
Progressistas — uma for ca em favorfavor d da mudanc , d da clas '
As oriori gens d da Ë burguesiaja,
d ga. As
Mk la urbana, gue teria um papel crucial na moderna histéria européia, en-
se méd; ” . " a .

TAm-se nas cidades medievais.


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168 Givilzacio ocidental

A ascensao dos Estados


O renascimento do comércio e o crescimento das cidades foram indie:
vitalidade crescente da cristandade latina. Outro sinal de vigorfoio aa da
ordem e seguranga propiciado pelo aparecimento dos Estados. Afu ig da
funciondrios educados e treinados gue faziam respeitar as leis reais jul OS por
acusados
ls em tribunais reais e recolhiam os IMPOStOS, OS rei
$ EXxpandisdram Pang
seus ter-
rit6rios e, lentamente, foram criando governos Centra
is fortes. ” Nesse proc ESS0,
: odas as Areas segui
mesmo padrao. Enguanto Inglaterra e Fran ram
ca cONsEguiram alcancar uma be
unidade durante a Idade Média, a Alemanha ea 2
Irdlia continuaram divididase
s
ot

numerosos territorios independentes.


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Inglaterra
Em 1066, os normandos — nérdicos due atacaram
a Franga e depois ali se esta-
beleceram — conguistaram a Inglaterra anglo-sax8. Dispos
to a estabelecer um
con
trole efetivo sobre seu novo reino, Guilherme, o Co
nguistador (1027-1087),
dugue da Normandia, guardou para si um sexto de toda a terra.
De acordo com
o costume feudal, distribuiu o resto entre os nobres normandos gue
lhe juraram
Hidelidade e ofereceram assistência militar. Mas Guilherme cer
tificou-se de gue
nenhum dos barêes feudais tivesse terras ou homens suficientee para ame
agar seu
poder. Como havia conguistado a Inglaterra de um sê golpe, seus sucessores nio
riveram de trilhar a longa e penosa estrada da unidade nacional seguida
pelos
monarcas franceses.
Para fortalecer o controle real, Guilherme conservou as pr4ticas administrati-
vas anglo-saxênicas. A terra continuou dividida em shires (condados), adminis-
trados por sheriffs (agentes reais). Essa estrutura dava a6 rei o controle dos gover-
nos locais. Para conhecer seus recursos Hinanceiros, Guilherme ordenou um gran-
de censo da populagao e seus bens, em todo 0 territério. Esses dados, compilados
no Domesday Book, relacionavam o nimero de arrendat4rios, de cabecas de
gado,
de carneiros, porcos € o eguipamento agricola existentes em todo o reino. Assim
melhor do gue gualguer outro monarca da Cpoca, Guilherme sabia guais eram OS
bens de seu reino.
Um fato importante na formacëo da unid ade nacional foi
o aparecimento do
direito consuetudindrio. Nos reinados de Henrigue I (1100-
1 135) e Henrigué
(1154-1189), os jufzes reais percorriam as diferentes
partes do reino. Por vodss
Inglaterra, os casos importantes passaram a ser jul
gados pelo tribunal do rel, né?
mais pelos tribunais locais, o g ue fez aumentar o poderio
real. As decisoes dos
juizes reais eram registradas e u
forma, um direito comum a todo o reino fo;

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A lIdade Média

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Essa batalha
A batalha de Hastings, 1066: cena da tapegaria de Bayeur, Franga, século XI.
andos de lingua
selou a conguista da Inglarerra por Guilherme, dugue da Normandia. Os norm
esa pass aram a gove rnar os angl o-sa x6es natlv os, aré due, fina lmen te, ambo s se fundiram
franc
portanro
hum dnico povo, o inglês. A tapegaria de Bayeux retrarou 70 cenas da conguista, sendo
valiosa n&o somente como obra de arte mas também como fonre histêrica. Tapisserie de la Reine
Mathilde, Ville de Bayeux, Franga

hoje, a base do sistema juridico da Inglaterra e dos rerritorios colonizados pelos


ingleses — inclusive Estados Unidos.
No reinado de Henrigue II, o tribunal do jdri tornou-se um procedimento re-
gular para muitos Casos apresentados na corte de justiga do rei, langando assim as
bases do moderno sistema judicidrio. Doze homens, a par dos fatos relativos ao
Caso em guestdo, compareciam perante os magistrados reais €, sob juramento, d-
nham de dedlarar se o depoimento do guerelante era verdadeiro ou nio. Os jui-
zes baseavam suas decisêes nessas respostas. Henrigue II determinou também gue
OS representantes de certa localidade denunciassem, mediante juramento aos jui-
z€$ realis ali presentes, gualguer pessoa suspeira de assassinato ou roubo. Esse tri-
bunal de acusac&o foi o precursor do moderno sistema de grande juri.
O rei Jodo (1199-1216) criou, inadvertidamente, uma situag&o gue provocou
UM nOVO passo no desenvolvimento politico da Inglaterra. Travando uma pro-
longada e Onerosa guerra com o rei da Franca, Joëo obrigou seus vassalos a pagar
tributos cada vez maiores € puniu alguns deles sem julgamento adeguado. Em
1215 os barêes, irritados, rebelaram-see o obrigaram a afixar seu selo a um docu-
MeEnto chamado de Magna Carta, considerado a raiz do excepcional respeito in-
glês pelas liberdades e direitos b4sicos. Embora fosse essencialmente um docu-
Me€nto dirigido contra um rei gue violara as prdricas feudais, a Magna Carra fir-
“Java certos principios passfveis de uma interpretagio mais ampla.
Ao longo dos séculos, esses principios foram ampliados, passando a proteger a
lib €rdade dos ingleses contra a opresso governamental. A Magna Carta
dizia gue
REnhum tributo excepcional “serd imposto em nosso reino, exceto com o con-

1
re ME

j 170 Civilizacio ocidental

sentimento comum do nosso reino”. Aos poucos, esse direito PASSOU a signig
gue o rei nao podia criar impostos sem o consentimento do parlament N
6rgao governamental gue representa o povo inglês. A Magna Cart
també
estipulava gue “nenhum homem livre serd levado ou preso (...) EXCEL pelg Em
ol gamento legitimo de seus pares, ou pela lei da terra”. Ao redigiremo dee
| to, os barêes pretendiam dizer gue deveriam ser julgados por seus Ppares, ou Mk
os outros barêes. Com o tempo, porém, essas palavras passaram a ser inter *
od radas como uma garanria a todos de julgamento pelo jiri, como Uuma oe e
12. contra a pris&o arbitriria e uma ordem para guea Justia se fizesse
de forma
parcial, plena e livre. Est4 implicito na Magna Carta due o rei
nio pode gOVer-
j nar a seu bel-prazer, mas sim de acordo com a lei, due nem mesmo
ee ae
Lr oet ie

ele pode vio-


red esEk gee
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lar. Assim os ingleses interpretariam a Magna Carta, sCulos de


kes

pois, ao tentarem
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limitar o poder do rei.


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A Inglaterra anglo-saxênica conservou a tradicso germanica


ode Ee PT epnd

de gue o rei deye


ouvir a opiniëo dos homens mais importantes do reino, Mais
N n,

tarde, Guilherme,
sa
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Oo Conguistador, continuou esse costume, pedindo as


opiniëes dos principais no-
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bres e bispos. No século XIII, tornou-se entéo norma aceita gue 0


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rei nio decidi-


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rla guestoes importantes sem consultar esses conselheiros, reunidos


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Conselho. A peguena nobreza e os citadinos também passaram a ser


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convocados
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para se reunirem com o rei. Esses dois grupos tornaram-se mais tarde
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conhecidos

j
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como a Cimara dos Lordes (bispos e nobres) e a CAmara dos Comuns (cavalei-
ros e burgueses). Foi criado assim o Parlamento inglês, gue no século XIV
jé era
uma instituicëo permanente de governo. Tendo constante necessidade de dinhei-
ro, mas impedido de criar novos impostos sem a aprovag&o do Parlamento, 0 rei
tinha de recorrer a este, em busca de ajuda. Ao longo dos séculos, o Parlamento
usarla seu poder de controlar a receita para aumentar sua influência. Desenvol-
veu-se €ntao a tradig#o de gue o poder de governar n&o estava apenas com 0 Té,
mas com o rei € o Parlamento juntos.
Durante a Idade Média, a Inglaterra tornou-se um Estado centralizado e uni
ED
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Hicado. Mas o rei nio dispunha de poderes ilimitados, n&o estava acima da lei. OS
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direitos do povo eram protegidos por certos


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incipios implicitos no direito Co”


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mum e na Magna Carta, e pelo poder do Parlamento.


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Franca
1,

Nos 150 anos gue se seguiram A morte de


Carlos Magno, a parte ocidental do
tmpério, gue estava destinada a se tornar a
Franga, enfrentou problemas mu jt0
sérios. Os herdeiros de Carlos Magno luta
ram entre si pela coroa; os vikings 24”
caram todos os pontos gue podiam ser alc
angados por seus navios; OS mugulm*
nos da Espanha saguearam a Costa sul; s €nhores poderosos
usurparam 0 pod er
N os para si mesmos. Com a familia Carolingia impossibilitada de manter-se
grandes senhores outorgaram o ttulo det no87 HO ?
ese”
'oo .odheram Hugo Capeto (287-996) , co
territérios bastante maiores gue os de Hugo 'ela um de seus pares. Em?
er

is, N: ` f ” ed
s
ai
ASE id EA TR
mn B RAsd
JY NE

A dade Médias 171

n sa BEESIE
ma ameaga ao poder dos nobres. Hugo, porém, fortaleceu a monarguia france-

En
Ga
due OS sen hor es tam bém ele ges sem seu filh o como co-regente.
eo conseguindo fam ili a
2

-se cla ro gue a cor oa pe rm an ec er ia co m a


Essa prérica perdurou aré tornar
eto.
de Luis VI (1108-1137) teve infcio um periodo de 200 anos
re , ascenszo
. Lui s in au gu ro u ess a ten dên cia suj eit and o co m
de crescimento do poder real pa ns ao do po-
seu pré pri o duc ado . Um a fig ura dec isi va na €x
#xito os barêes em sm o
der real foi Fil ipe Au gu st o (1 18 0- 12 23 ), gue co mb at eu o rei ing lês , o me
ta, gue tin ha mai s ter rit éri o na Fra nga gue o pro pri o Fil ipe .
Joso da Magna Car
il he rm e, du gu e da No rm an di a na Fra nga oci den tal , co ng ui st ou a In-
Ouando Gu
em 106 6, tor nou -se go ve rn an te da Ing lat err a e da No rm an di a; seu bis-
glaterra
IL, cas ou- se em 115 2 co m Ele ono r de Agu irê nia , pa ss an do a con-
neto, Henrigue
gra nde par te do sul da Fra nca . Ass im, co mo res ult ado da con guista nor-
tolar
alf anc as por ca sa me nt o, os des tin os da Fr an a e Ing lat err a pe rm an e-
anda e das
Joao a
ceram estreitamente ligados até o final da Idade Média. Tomando ao rei
i-
maior parte de seu territério francés (Normandia, Anjou e grande 4rea da Agu
rAnia), Filipe triplicou o tamanho de seu reino, tornando-se mais forte gue gual-
guer senhor francês.
No século XIII, o poder dos monarcas franceses continuou a €rescer. Afastan-
do-se dos precedentes feudais, Luis IX (1226-1270) promulgou ordenacêes para
todo o reino, sem buscar o consentimento dos vassalos. Os reis aumenrtaram seus
territérios com guerras e casamentos; criaram também novas maneiras de levan-
tar dinheiro, inclusive tributando o dlero. Uma forma particularmente eficiente
de aumentar o poder do rei foi a ampliagio da justiga real, muitos casos, antes
julgados nos tribunais senhoriais foram transferidos para o tribunal real.
No inicio do século XIV, Filipe IV, o Justo, empenhou-se numa luta contra o
papado. Procurando mostrar gue contava com o apoio de seus stidiros, Filipe
convocou uma assembléia nacional, chamada de Fstados Gerais, gue representa-
va o dero, a nobreza e os burgueses. Essa assembléia foi novamente convocada
para aprovar fundos para a coroa. Mas ao contrério do Parlamento inglês, os Es-
tados Gerais nunca se tornaram um érgso importante na vida politica francesa,
Rem conseguiram controlar o monarca. Embora a base da monarguia limirada
rivesse sido criada na Inglaterra, ndo houve restricêes compardveis ao poder real,
na Franga. Em fins da Idade Média os reis franceses haviam conseguido criar um
stado unificado. Mas as lealdades regionais e locais continuaram sendo fortes €
perduraram por séculos.

GermAnia

ae ere do Império de Carlos Magno, seus territérios germani-


re rs idos ms grandes ducados. De acordo com um velho costume ger-
es ER e n um de seus pares para rel. O rei germênico, porém,
tee Ma rinha fora de seu ducado. Alguns reis germanicos rentaram nêo
si Eed ugues, mas Oto, o Grande (936-973), estava disposto a sujeitd-
u uma alianga com os bispos e arcebispos germanicos, gue lhe po-
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A dade Média 173

s treinados — uma politica continua-


diam fornecer combatentese administradore o, o pa pa
, re pe ti nd o a Co ro ac ao de Ca rl os Ma gn
da por S€us sucessores. Em 962 para
no s. (M ai s tar de, o tit ulo ser ia mo di fi ca do
coroou Oo imperador dos roma
Santo Imperador Romano.) am bi gao gue envol-
Oto € seu s su ce ss or es de se ja va m do mi na r a Iré lia e o pap a,
o Im pe ra do r Ro ma no nu ma lut a de mo rt e co m o pa pado. Este aliou-
eu o Sant
ci da de s ita lia nas , in im ig os do im pe ra do r. A int er-
se aos dudues germanicos e as
iti ca pap al e na pol iti ca ita lia na foi a pri nci pal raz ao pel a gua l os
venc3o na pol
éri os ge rm An ic os nao co ns eg ui ra m un id ad e na Id ade Média.
territ

O crescimento do poder pontifical


A recuperacio econêmica e a maior estabilidade politica do auge da Idade
Media foram acompanhadas de uma crescente vitalidade espirirual, marcada por
vArios fatos. Dentro da Igreja, os movimentos de reforma atacavam OS abusos do
clero, e o papado tornava-se mais poderoso. Uma guerra santa contra os mugul-
manos contribuiu para a aproximacio da comunidade crista. Além disso, a Igreja
empenhou-se em fazer com gue a sociedade seguisse os padroes divinos, isto é,
modelasse todas as instituicêes e expressêes culturais de acordo com uma pers-
pectiva geral crista.
Como intérpretes exclusivos da revelag&io de Deus e os dnicos ministros dos
sacramentos (ritos sacrados) divinos, os dlérigos impunham e inspecionavam OS
padrêes morais da cristandade. A graga divina fluia através dos sacramentos, gue
sê podiam ser ministrados pelo clero, o intermediërio indispensdvel entre Deus e
o individuo. Aos gue resistiam & autoridade clerical, a Igreja punia com a €xco-
munhao (expulsdo da Igreja e negagao dos sacramentos, sem os guais nao pode-
ria haver salvacao).

A reforma gregoriana
Por volta do século X, a Igreja era dona de grande parte da Europa ocidental,
Possuindo talvez um terco da Itdlia e vastas propriedades em outros terricérios.
Mas o papado no tinha condicëes de exercer uma lideranga dominadora sobrea
Cristandade latina, pois havia caido sob o dominio das familias aristocrdticas, gue
, e ocasionalmente matavam, para colocar um de seus membros no
'P €roso trono de Sao Pedro. @uando o papado se tornou o prêmio pelo
ie ae as principais tamilias de Roma, os préprios papas se envolveram,
los id - de e assassinaros. Também enfragueceram a autoridade pa-
dr res locais, gue dominavam as igrejas € mosteiros, nomeando bispos e
s, € recolhendo a renda dos triburos da igreja. Esses bispos e abades, no-
|

j
d
Mapa 6.2 O Santo Império Romano, c. 1200
j
174 Givilieacdo ocidental

meados pelos senhores por motivos politicos, nio tinham a dedic ACa
de manter altos padrêes de disciplina entre padres e monges. €O “SPlritug
Foi um movimento de reforma, particularmente nos mosteiros francese
s Ta
mênicos, gue elevou o poder do papado a alturas sem preceden
espirito puro concitavam ao redespertar do fervor espiritual e 3 el U“6MI. NAMonge de
GEO do re.
laxamento moral entre o clero, denunciando em especial a PTEOCupac&o dos ul
' giosos com os bens mundanos, a inobservência da castidade e o doors
dj | promisso com a regra beneditina. Dos muitos mosteiros gue partici
Moed
le
movimento de reforma, o mais influente foi o de Cluny,
fundado pelos monges beneditinos.
Em meados do século XI os papas comegaram a sofrer a influënci
j. madores mondsticos. Em 1059 um sinodo especial foi convocado peloa Me dos ne
refovi
i. mista Nicolau II, com o objetivo de acabar com a interferência do nob
res ie
di nos e dos Santos Imperadores na escolha do papa. A partir de entio, um
Brupo se-
leto de sacerdotes, chamados cardeais, seria responsavel pela esc
aan. * mae ar
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olha do pontifice
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mes

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| Na pessoa de TIdebrando, due se tornou o papa Gregério


VII em 1073, o mo-
rs De ee MEAN

vimento de reforma teve seu mais cioso expoente. Para Gregério, a soc
iedade hu-
mana era parte de um universo ordenado e governado pela lei universal de
Deus.
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Como lider espiritual supremo da cristandade, o papa tinha a missao


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de estabe-
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lecer uma sociedade crist£ na terra. Como sucessor de Sao Pedro, cabia-lhe
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ma palavra em guestêes de fé e doutrina. Todos os bispos estavam sob sua auto-
ridade, como também os reis, Cujos poderes deveriam ser usados com finalidades
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da
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cristas. O papa tinha a responsabilidade de instruir os reis sobre o uso adeguado


dos poderes gue lhe haviam sido dados por Deus, e os reis tinham o dever solene
de obedecer a essas instrucêes. Se o rei falhava em seu dever cristao, o papa pode-
ria retirar-lhe o direito de governar. Respons4vel pelo cumprimento da lei de
Deus, o papa jamais poderia estar subordinado aos reis.
Como nenhum outro papa antes, Gregério VII empenhou-se com decisio em
afirmar o primado do papado sobre as hierarguias da Igreja e sobre os governan”
tes seculares. Essa determinago levou a uma luta acjrrada entre o papado eo
monarca germanico Henrigue IV, futuro Santo Imperador Romano. A dispuma
constituiu no confronto dram4tico entre duas versêes antagénicas da relag&o n
tre as autoridades secular e espiritual.
Gregério VII pretendia, através de suas reformas, melhorar a gualidade moral
do clero e libertar a Igreja de gualguer controle pelas autoridades seculares. Prof
biu os padres gue tinham mulheres ou concubinas de celebrarem missas, dep
os gue haviam comprado seus cargos, €XCOMUNgou bispos e abades gue recebiam
bens de senhores leigos e expulsou da lgreja os senhores gue nomeavam bispos
Gregério insistia em gue a nomeacëo de bispos deveria ser totalmente controla
da pela Igreja.
Esse ulrimo ponto precipitou o conflito, conhecido como
guestao da Invest”
..dura, entre Henrigue e o papa Gregério. Os
bispos tinham uma dupla fungao- D
: am lado, pertenciam &4 comunidade espirit
rosda pobreza e donos de
E
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ual da Igreja; do outro, como mEM””
propriedades, “Stavam também
integrados n a ordem

Ed ' dis
:
1 "
mal Er eg ad Ta n
A dade Média 175 Ë

du€ ne nh um gov ern ant e lei go pod ia con fer ir fun g6e s ecle-
feudal. Ao sustentar
: seu s no me ad os — o gue os imp era dor es haviam feito tradicionalmen-
sidsticas ao
te—,o papa Greg6rio ameagou a autoridad e de Henrigue.
con fli to com a nob rez a feu dal , ant eri orm ent e, os reis ger-
Buscando aliados no
vas sal os ent re o alto dle ro. Em tro ca de um feu do, os bis-
mênicos haviam feito
o em for nec er sol dad os ao mon arc a, em sua lur a con tra Os
pos haviam -oncordad — como
Mas se os reis nao tve sse m con tro le da no me ac io dos bis pos
senhores.
pap a Gre gér io — per der lam a fid eli dad e, o apo io mil ita r e a aj uda Hi
pretendia o bis-
icos, os
anceira de seus aliados mais importantes. Para os monarcas germên
ndr ios do Est ado e ser via m ao tro no. Alé m dis so, se con cordas-
pos eram fancio
exi gên cia s de Gre gér io, os reis ger man ico s per der iam sua liberdade
em com as
seriam dom ina dos pel o pon tff ice rom ano . Hen rig ue IV con sid era va Gre -
de acëo e
com o um fan dti co, gue des pre zav a os cos tum es, int erf eri a nos ass unt os
gério VII
ado , des afi ava os leg fti mos gov ern ant es des ign ado s por Deu s, am ea gando
de Est
subordinar o reino ao papado.
Com a aprovag3o dos bispos germênicos, Henrigue exigiu due o papa deixas-
se 0 trono de Sio Pedro. Gregério, por sua vez, excomungou Henrigue e o depês
como rei. As terras germAnicas envolveram-se logo numa guerra civil, pois os se-
nhores feudais aproveitaram-se da guerela para atacar o poder de Henrigue. Por
fim, as tropas de Henrigue atravessaram OS Alpes, aracaram Roma com Êxito € CO-
locaram no trono um novo papa, gue por sua vez coroou Henrigue imperador
dos romanos. Gregério morreu no exilio em 1085.
Em 1122, a Igreja e o imperador Henrigue V chegaram a um entendimento.
Os bispos seriam eleitos exclusivamente pela Igreja, e o b4culo e o anel — simbo-
los do poder espiritual — Ihes seriam entregues pelo arcebispo, nao pelo rei. Essa
modificac&o significava gue o bispo devia seu papel de lider espiritual 3 Igreja,
exclusivamente. Mas o rei he daria o cetro, ato indicativo de gue o bispo era
também vassalo do rei — gue lhe dava um feudo — e portanto devia obrigacoes
feudais 3 coroa. Esse compromisso, chamado de Concordata de Worms, reco-
nheceu a dupla funcio do bispo como lider espiritual da Igreja e senhor feudal.
Acordos semelhantes haviam sido estabelecidos com os reis da Franca e da In-
glaterra, v4rios anos antes.
O conflito entre o papado e os governantes germênicos continuou apés a Con-
cordara de Worms — uma luta pela supremacia entre o herdeiro de Sao Pedro eo
herdeiro de Carlos Magno. Os monarcas germênicos visavam ao controle do pa-
mg n ge cidades do norte da Irdlia. Ouando Frederico 1 (1152
Ar ET ie Frederico Barba-Roxa, tenrou afirmar sua auroridade
Mis ys e ” resistiram. Em 1176, exérciros de uma alianga de cidades
sa E ” oi as Pe Oo papa, venceram de maneira decisiva as forcas de Frederi-
ves ' lana mostrou gue podia derrotar cavaleiros montados e Fre-
ME ie oa reconhecer a independência das cidades italianas. Suas nu-
pedigêes & Icdlia enfragueceram-lhe a autoridade; os principes germa-
nICOs
is fortaleceram-se as expensas da monarguia,ia imped
i j
indo dessa forma a unida-
ema.,

OR
176 Giviljzacio ocidental

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2—SEEEE
ep ei
s

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Representagao do cerco de Tiro, em 1124. Ao cCONguistarem a cidade, os cristaos ganharam o


controle do licoral sirio. Bibliorhëgue Nationale

As Cruzadas
Ë Tal como o movimento pela renovac&o espiritual ligado aos reformadores de
Cluny, as Cruzadas — guerras para reconduistar a Terra Santa aos muculmanos ”
IE toram um extravasamento do zelo cristio € uma tentativa do papado de afirmar
sua preponderincia. As Cruzadas foram outro sinal — Juntamente com o renascl-
mento do comércio e o crescimento das cidades — de uma vitalidade e uma aut0”
confHanga cada vez maior na Europa ocidental. Vitimas de atagues mugulmano*
anteriores, os cristaos latinos passavam agora & ofensiva.
As Cruzadas foram também parte de um movimento geral de expansao gu€
ocorreu na Europa durante o auge da Idade Média. Em meados do século MT
genoveses e pisanos expulsaram os muculmanos da Sardenha. Por volta de 1090
os normandos da Franga haviam tomad
|
se oe 9 a Sicilia dos mugulmanos e a lelie
meridional dos bizantinos. Com o apoio do papado, os cavaleiros Cristaos envol-
og veram-se na longa luta para retirar os mugulmanos da
Espanha: 1248, dep oë
ie de mais de dois séculos de conflito, apen EERde
EN a$ O pegueno reino Granada, no *””
. permanecia sob dominio islêAmico. Os BErmanicos conguistaram e coloniza
ra!”
A Idade Média 177

ha bi ra da s po r esl avo s, bal ras € pr us si an os na o cris-


as terras ao Sul do litoral béltico, do o Cris-
lt ur a, OS ge rm ên ic os tr ou xe ra m pa ra ess a re gl
os. Além de sua lingua e Cu vi rg em pa ra cul tiv o € fu ndaram
Ganismo. Desmataram gr an de s ex te ns êe s de ter ra
ro s nu ma dre a on de pr at ic am en te na o exi sti a vid a ur ba na.
cidades, bispados e mostei
do re cu pe ra r os te rr it ér io s to ma do s de Bi zA nc io pe lo s ru rc os se lj dc id as ,
Puscan
o Al ei xo re co rr eu aos me rc en dr io s do Oc id en te . O pa pa
o imperador bizantin j|
IT, no Co nc il io de Cl er mo nt (na Fr an ga ) em 10 95 , ex ag erou o perigo
Urbano '
en ta do pe la cr is ta nd ad e or ie nt al . Pe di u um a cr uz ad a sa nt a co ntra OS turcos
snfr
ai s ac us ou de pr of an ar € de st ru ir as igr eja s cri sta s. Um ex ér ci to
pagios, aos gu
do pe lo pa pa do pa ra de fe nd er a fé e re co ng ui st ar a Te rr a Sa nt a
-risto, mobiliza
ac or do co m o co nc ei to pa pa l de gu er ra jus ta € ca na li za ria a
dos infiéis, estava de
dê mi ca da dla sse gu er re ir a da Eu ro pa nu ma di re ga o cri stê .
iol#ncia en
gu e mo ti vo u os ca va le ir os € ou tr os gu e at en de ra m ao ap el o de Ur ba no? Ë
O
os armados empe-
fora de divida gue os cruzados se consideravam como peregrin
nhados em salvar os lugares santos dos odiados mugulmanos. Além disso, Urba-
no afirmava gue a participagso numa cruzada era um ato de peniténcia, uma for-
ma ace ita vel de de mo ns tr ar ar re pe nd im en to pe lo pe ca do . Pa ra a no br ez a gu er re l-
ra, a cruzada era uma grande aventura gue prometia terra, gloria e sague, mas

ay
'
também uma oportunidade de purgar os pecados participando de uma guerra

IE
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santa. O entusiasmo com gue os cavaleiros se transformaram em soldados cris-

sae
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tos demonstra em gue medida os principios do cristianismo haviam penetrado

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a mentalidade guerreira dos nobres. d1

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Fstimulado pelos pregadores populares, o povo em geral também toi domina-
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do pelo espirito da cruzada. O mais nordvel desses evangelistas foi Pedro, o Ere-

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mita. Influenciados pela elogtiëncia do anciëo, milhares de pobres abandonaram |

ma AE
|
suas aldeias e se juntaram & marcha de Pedro aré Jerusalém. Depois de chegarem
a Constantinopla, os recrutas de Pedro passaram ao territério turco, onde foram

ee —
N EER
massacrados.
MEend
Um exército de cavaleiros também partiu para Constantinopla. Em junho de
1099, três anos depois de deixarem a Europa, os cruzados estavam as porras de
Jerusalém. Usando armas de sitio, entraram na cidade e dizimaram os habiran-
tes mugulmanos e judeus. Além de capturar Jerusalém, os cruzados fundaram
dJuatro principados no Oriente Préximo. Inconformados com o estabelecimen-
to de Estados cristaos em seus dominios, os lideres mu€ulmanos convocaram um
jihad, ou guerra santa. Em 1144, um dos Estados fundados pelos cruzados, o
Condado de Edessa, caiu em poder das forgas islaAmicas. Alarmado pela perda de
Ed “5$a, o papa Eugênio
As 1] inaugurou a segunda Cruzada, gue resultou em com-
pleto fracasso.
Mr va dd” rilhante comandante Saladino rornou-se o mais poderoso lider
Ee in no Orlente Préximo. Em 1187, invadiu a Palestina, aniguilando um
merke, “ao proximo de Nazaré e reconguistando Jerusalém. Esse episédio
om rosies Cruzada, na gual se engajaram OS mais destacados governan-
ropeus: Ricardo 1, conhecido como Ricardo Corag&o de Leo, da Ingla-
178 Civikzacio ocidental

terra; Filipe Augusto, da Franga; e Frederico Barba-Roxa, da Germania ord


dos tomaram Acre e Jafa, mas Jerusalém permaneceu nas maos dos mu he
O papa Inocêncio III, gue convocou a guarta Cruzada (1202-1204), ok
ceu-se com as ag6es dos cruzado s. Eles atacar am primei ro o POrLO cristig -
Zara, controlado pelo rei da Hungria, e depois saguearam e profanaram igrejas
massacraram os bizantinos em Constantinopla. Esse comportamento vergo i '
so, aliado a& crenga de gue o papa estava explorando o ideal das cruzadas para mad
pliar seu préprio poder, enfragueceu tanto o ardor dos cristêos pelas cruzada
guanto a autoridade moral do papado. Outras cruzadas SEguiram-se, mas a posi
cio dos Estados cristaos no Oriente Préximo continuou a
deteriorar. Em 129]
guase dois séculos depois da convocago do papa Urbano, as dltimas fortalezas
cristas naguela regiëo cafram.
As Cruzadas aumentaram a rigueza das cidades italianas gue forneceram trans-
porte para os cruzados e se beneficiaram do comércio intensificado com o Orie.
te. Talvez tenham contribuido para o declinio do feudalismo e o fortalecimento
da monarguia porgue muitos senhores foram mortos em batalha ou esbanjaram
suas fortunas financiando expedic6es a Terra Santa. Com o passar dos séculos, al
guns elogiaram as Cruzadas por terem inspirado o idealismo e o herofsmo. Ou.
tros, porém, acusaram o movimento de ter corrompido o espirito cristéo e desen-
cadeado o fanatismo e a intolerência religiosa — inclusive o massacre de judeus na
Renania e de mugulmanos e judeus em Jerusalém — gue levariam & rivalidade dos
séculos seguintes.

Dissidentes e reformadores
A liberdade de religiao é um conceito moderno, totalmente estranho 3 vis
medieval. Considerando-se possuidora e guardia da verdade divina, a Igreja jul-
gava-se obrigada a expurgar a cristandade da heresia — crencas gue guestionavam
a ortodoxia crista. Para a Igreja, os hereges eram culpados de traicAo contra Deus
e portadores de uma infecgio mortal. A heresia era obra de Sata: atrafdas por fal-
sas idéias, as pessoas podiam abandonar a verdadeira fé € negar a si mesmasa sal-
vagao. Aos olhos da Igreja, os hereges nio sê obstrufiam a salvacdo individual
como também enfragueciam os alicerces da sociedade.
Para impor obediëncia, a Igreja usava seu poder de excomunh4o. A pes$0?
excomungada n4o podia receber os sacramentos ou fregiientar os serviGos eligio”
sos — punigao terrivel, numa época de fé. Ao tratar com um governante recalcr
trante, a Igreja poderia declarar o interdito sobre seu territério, o gue na prade*
negava aos siditos desse governante os sacramentos (embora se pudessem tazet
exceg6es). A Igreja tinha esperanga de due a pressao exercida por uma populag*?
irritada obrigasse o governante ofensor a mudar de cCOmportamento.
Es leeaAis Igreja
eram também
responsdvejulgava os casos de heresia. Antes do século XI os bispo*
is pela descob ertae ju
'.papado criou a Tng lgamento dos hereges. Em 122
uisic&o, tribunal
especialmente destinado a combater a here!”
j oe AO
pados aré gue fosse provada sua inocência; ” $
A dade Média 179

seu s ac us ad or es ne m de rer def esa leg al. Par a


inham direito Je saber o nome de sua s cre n-
a a tor tur a. $e per sis tis sem em
arrancar-lhes uma confiss&o, era permitid se re m gu ei ma do s na fogueira.
s as au to ri da de s civ is par a
cas podiam ser entregue

si o ti nh a, co m fr eg ti ën ci a, um ca rd te r
Os valdenses Na Idade Média, a dissen es cr it ic av am a Ig re ja po r
, os re fo rm ad or
reformista. Inspirados nos Evangelhos re to rn o a vi da
tê es mu nd an as ; gu er ia m um
sua rigueza e participagao nas gues
s si mp le s e pu ra de Je su s e se us ap 6s to los.
al ei ro s se gu i-
za mo ra l ea po br ez a ma te ri al do s pr im
Em seu zelo de copiar a pure
id en te s re fo rm ad or es at ac ar am a au toridade ec lesistica.
dores de Jesus, ess es di ss
de Pe dr o, ric o co me rc ia nt e de Ly on , co ns ti tu ia m um
Os caldenses, seguidores
da de 11 70 , Pe dr o di st ri bu iu su as pr op ri edades aos
desses movimentos. Na déca am a
id ir io s de am bo s os se xo s. Fle s ta mb ém se co mp ro me ti
pobres e atraiu part e nao
ar o Ev an ge lh o no ve rn dc ul o, € no no la ri m da Igr eja , gu
ser pobres € preg
era entendido por muitos Cristios.
ld en se s co ns id er av am -s e ve rd ad ei ro s cr is ta os , fié is ao es pi ri co da Igreja
Os va
té li ca . Ir ri ta da co m os at ag ue s do s va ld en se s 3 im or al id ad e do dlero e pelo
apos
es le ig os pr eg av am o Ev an ge lh o se m a pe rm is si o da s au ro ri da de s
fato de gue ess
st ic as , a Ie re ja co nd en ou o mo vi me nt o co mo he re ge . Ap es ar da pe rs eg ui -
eclesi
c&0, os valdenses sobreviveram como grupo no norte da Tr4lia.

Os cdtaros ou albigenses O catarismo foia heresia mas radical enfrentada pela


Igreja medieval. Essa crenca representava uma curiosa mistura de movimentos
religiosos orientais gue haviam competido com o cristianismo nos dias do Impé-
rio Romano. Os postulados dos ctaros diferiam consideravelmente dos ensina-
mentos da Igreja. Os cAtaros acreditavam num conflito eterno entre as forgas do
deus do bem e as do deus do mal. Como este, a guem identificavam com o Deus
do Velho Testamento, criara o mundo, a morada terrena era md. A alma espiri-
tual por natureza, era boa mas estava presa & Carne inigua.
Os cétaros ensinavam gue, como a carne é um mal, Cristo nao teria tomado
forma humana e, portanto, nao poderia ter sofrido na cruz, nem ter ressuscitado.
Nem poderia Deus ter nascido da carne m4 da Virgem. De acordo com o cataris-
MO, Jesus nao era Deus, mas um anjo. Para escravizar 0 homem, o deus mau criou
F Eis, gue demonstrava sua maldade buscando poder e rigueza. Repudiando a
greja, os ctaros organizaram sua prépria hierarguia eclesidsdica.
ae ee heresia catarista era o sul da Franga, onde ja existia uma forte tra-
ie ee eg contra o relaxamento moral eo materialismo do clero. Como
RE se or 3 persuasio pacifica, Inocéncio JI] pediu a reis e
MEN dae nio pela espada. Tendo durado de 1208 a 1229, a guerra
o foi marcada pela brutalidade e pelo fanatismo. Sob o sucessor
de Inocêne; . ee .
de O
EL v
os inguisidores dominicanos e franciscanos concluiram a tarefa de
ma-los.
180 Giviljzacio ocidental

Franciscanos € dominicanos Motivados pelo zelo reformista, leigos devotos


vam o clero por abusos morais. Por vezes, sua piedade e ressentimento ex MEN
em heresias; outras vezes, eram canalizados para movimentos gue Me Te
ja. Foio gue ocorreu com duas grandes ordens religiosas, os franciscanos se se
minicanos. fe
Como Pedro Valdo, Sao Francisco de Assis (c. 1181-1226) vinha de
Uuma rica
familia de comerciantes. Depois de uma intensa experiëncia religiosa, Franc
1. abandonou seus bens e dedicou a vida 3 imitagao de Cristo. Vestido ie ne
digo, percorreu aldeias e cidades pregando, curando e ajudando os pobres
de
BE samparados, doentes e até mesmo os leprosos, temidos por todos. A santidade de
' Francisco logo atraiu adeptos chamados Irm&ozinhos, gue seguiam as pegadas de
is seu lider.
Com o crescimento da popularidade dos franciscanos, o papado passou a exer.
cer maior controle sobre suas atividades: com o tempo, a ordem foi transformada
; de movimento espontAneo de leigos inspirados num agente organizado da polfti-
j ca pontifical. Os franciscanos serviram A Igreja como mestres € missiondrios na
' Europa oriental, Africa do Norte, Oriente Préximo e China. O papado revogoua
j proibi3o de Francisco de gue os Irmaos tivessem igrejas, Casas € terras em COrpo-
j' racao. Seu desejo de manter o movimento como uma ordem leiga foi abandona-
do guando as autoridades religiosas concederam aos Irmaos o direito de ouvir con-
sy fissao. A oposig3o de Francisco ao aprendizado formal como irrelevante 3 prega-
30 do Evangelho do amor foi rejeitada guando o movimento comecou a insistir
fi numa educagao universitAria para seus membros. Os gue protestaram contra €ssas
modificag6es, considerando-as uma negac3o do espirito de Francisco, foram per-
are
EE Edz MY
Ee

seguidos como hereges e alguns até mesmo gueimados na fogueira.


'
METER
7

A ordem dominicana foi fundada por Séo Domingos (c. 1170-1221), nobre
if espanhol gue havia pregado contra os cétaros no sul da Franca. Acreditando gue
dr

i as pessoas versadas no ensinamento cristio poderiam combater melhor a heresia,


Domingos, ao contrrio de Francisco, insistia em gue seus seguidores se dedicas
sem ao estudo. Com o tempo, os dominicanos se colocaram entre os principal
te6logos das universidades. Como os franciscanos, safam pelo mundo para prega!
o Evangelho e fazer proselitismo. Os frades dominicanos foram os principais €xe
cutores da Inguisig3o. Seu zelo no combate As heresias tornou-os conhecidos como
os caes de fila do Senhor.
ME

Inocêncio 111: o auge do poder pontifscal


TE
if

DuEaDPE D pontiicado de Tnocéncio IT (1198-1216), a teocracia papal arin”


giu seu. apogeu. Mals do gue gualguer outro papa antes dele, Inocêncio fez do
papa do o centr o da vida polit ica europ éia; na tradicio de Gregério VIIL ele afir-
mou pela forga a teoria da monarguia pontifical. Como chefe da
Igreja, Vigérie
“mos de Cras
issu e sucessor de So Pedro, Inocëncio reivindicou a autoridade de inter!
tontos
internos dos governantes seculares
ii. ordem da cristandade. Segund guando estes ameagavam # |
o ele, o papa menor
Ee
ee oshomens (...) julga a do gue Deus, mas malof re
todos se m ser julgado por ninguém”
*.
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Er Ee aiedgsd * N Bee
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A Idade Média 181

Em suas relagées com OS principes europeus, Inocêncio aplicou esses principlos


Gua ndo Oo rel Filip e Augu sto, da Fran ca, repudiou
da supremacia pont ific al.
dia segu inte a0 Casa menr o e, mais se divor-
rarde, dela
Ingeborg. da Dinamarc a, no
ga, para
ciou para casar-se Com OUtra, Inocêncio colocou um interdito sobre a Fran
ber Inge borg de volta . Dura nte duas déca das o papa defe ndeu
obrigar Filipe a rece
at€ due ela se torn asse , fina lmen te, rain ha da Fran ga. E
, causa da dinamarguesa, bisp ado de
o rel Joëo da Ingl ater ra reje itou o cand idat o papa l ao arce
ainda, guando
Lang ton, Inoc ënci o colo cou a prin cipi o um inte rdit o sobre o
Cantu&ria, Stephen
exc omu ngo u Joëo , gue o desa fiou conf isca ndo as prop riedades
pais. Em seguida,
€ forc ando muit os bisp os ao exili o. Mas guan do Inoc ênci o insistiu com
da Igreja
Filipe Augusto para gue invadisse a Inglaterra, Joao recuou.
ada
Tnocêncio convocou a guarta Cruzada contra os mugulmanos € uma cruz
céta ros. A expr essi o culm inan te da supr emac ia de Inoc ënci o foi o TV
contra os
de Latr &o, conv ocad o em 1215 . Com pos to de cerc a de 1200 padr es e
Concllio
repr esen tant es dos gove rnan tes secu lare s, o conc ilio baix ou v4ri as orde ns de
de
profundo alcance. Declarou gue a Igreja Ortodoxa Oriental estava subordinada 3a
Igreja Carélica Romana, proibiu o Estado de tributar o cdlero e anulou e revogou
as leis gue prejudicavam a Igreja. O concilio delegou aos bispos a responsabilida-
de pela caga aos hereges em suas dioceses e ordenou as autoridades seculares gue
castigassem os condenados. Insistiu em melhores padrêes de comportamento
para o dlero e exigiu gue todo catélico confessasse seus pecados a um padre pelo
meEnNnOS Uuma vEZ POT aND.

Cristaos e judeus
Em suas relacêes com heréticos, pagêos e mugulmanos, os cristaos medievais
demonstraram uma atitude hostil e tacanha, gue ia de encontro 4 mensagem evan-
gélica de gue todos os seres humanos so filhos de Deus e de gue Cristo sofreu
por toda a humanidade. Os muculmanos eram considerados, nas palavras do
papa Urbano IT, como uma “raca vil”, “infiéis” e “inimigos de Deus.
Os crist&os medievais também manifestaram édio aos judeus — sem duvida
nenhuma um grupo estrangeiro naguela sociedade dominada pela vis&o de
de crista. Em 1096, bandos de cruzados massacraram judeus em cidades da
es Em 1290, os judeus foram expulsos da Inglaterra; e em 1306,
om 1290 e 1293, expulsêes, massacres e conversoes torgadas guase
ode E extingao da comunidade judaica do sul da rélia, gue ali vivia hê
skin” ermênia, tumultos selvagens levavam, de tempos em tempos, a tor-
Va nato de judeus.
es ee para fomentar o anri-semirismo durante a ldade
aie Cristaos desse perfodo, a recusa dos judeus em abragar o cristianis-
CD ra principalmente porgue a Igreja ensinava gue a vinda de
EE y WA,
AILE

profetizada pelo Velho Testamento. Esse preconceito estava


Ere Ed hes
182 Givilieario ocidental

relacionado com o relato da crucificacao contido nos Evangelhos. Na me


cristaos medievais, o crime de deicidio — o assassinato de Deus — macula nte do
ra Pan
sempre o povo judeu. As chamas do édio eram aticadas pela alega
gue os judeus, ao derramarem o sangue de Cristo, haviam
se tornado sed,
de sangue, torturando e matando cristaos, sobretudo criangas, a fim de Fr,
sangue para seus rituais. Essa difamag3o difundiu-se amplamente e fo; g Fee
inimeras violências praticadas contra os judeus, embora os
papas consideras
a acusacao sem fundamento. mi
Uma outra razao da animosidade contra os judeus era o fato de gue eles ep
prestavam dinheiro a juros. Cada vez mais exdluidos
do comércio internacionsle
da maioria das profissêes, impedidos de ingressar nas guildas e, em alguma
s re.
gloes, de possuir terras, os judeus encontraram nessa atividade
um meio de so-
brevivência — praticamente o (inico permitido a eles. O EMPréstimo
a juros, teg.
ricamente proibido aos cristaos, suscitou o 6dio de camponeses, clérigos,
senho-
res € rels gue recorriam ao dinheiro dos judeus.
A politica da Igreja com respeito aos judeus era de gue nao deveriam
ser pre-
judicados, mas mereciam viver em humilhacio — urna Punicao justa
pelo deic-
dio e por sua persistente recusa em adotar @ Cristianismo. Assim, o TV
Concilio
de Latrao proibiu os judeus de ocuparem cargos piblicos, exigiu gue
usassem
um distintivo na roupa para serem identificados e ordenou-Ihes gue nio safssem
as ruas durante as festividades cristas. A arte, literatura € educacëo religiosa cris-
tas retratavam os judeus de maneira deprecjativa, assocjando-os com fregtiëncia
a0 Demênio, gue para os cristios medievais era muito real e aterrador. Os judeus
nao eram considerados dignos de misericérdia e, de fato, nada do gue lhes acon-
tecesse era demasiado ruim. Profundamente gravada nas mentes e coragêes dos
cristaos, a imagem distorcida dos judeus como Criaturas despreziveis perdurou na
mentalidade européia até o século XOX.
A despeito de sua posicio desfavordvel, os judeus medievais conservaram Su2
fé, expandiram sua tradic&o de erudicZo biblicae juridica e produziram uma pI0”
lifica literatura. O trabalho de tradutores, médicos e flésofos judeus contribuit
ENT

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significativamente para o florescimento cultural no apogeu da Idade Média.


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O mais destacado erudito judeu desse perfodo foi Moiséds Ben Maimon
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(1135-1204), chamado pelos gregos de Maimênides. Nasceu em Cérdoba, ES


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panha, sob dominio mugulmano. Depois gue sua familia deixou a Espanh2
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Maimênides foi para o Egito, onde se tornou médico do sultio. Durante SU


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vida, norabilizou-se como filésofo, teëlogo, matem4tico e médico. Foi reconhe


EE

cido como o mais proeminente sébio judeu da época, e seus escritos eram res
peitados inclusive por cristaos e mugulmanos. Maimênides buscou harmoniza'
a fé com a raz&o, conciliar as Escrituras hebraicase o Talmude (comentrio bi
4 ER io ks blico
d e, judeu) com a filosofia grega. Suas obras sobre temas éticos revelam pled””
sabedoria
e humanidade
.
Ig Ar kes HR EA N OF FT UK

A ldade Média 183

Notas

tr ad uc so in gl es a de N. J. Da- 3. Extraido de Brian Tierney (org.). The Cri-


1. O Alcorao,
pad Balcimore, Penguin Books,
1961, sis of Church and State, 1050-1300. Engle-
sp. 1089. ad wood Cliffs, N.J., Prentice-Hall, 1964, p.
Ci ta do em V. H. H. Gr ee n. Me dieval Ci- 132.
).
York,
vikaaion in Western Europe. Nova
6 Martins Press, 1971, p. 35.

Sugestêes de leitura
Bark, W. C. Origins of the Medieval World Lewis, Bernard. 7he Arabs in History (1966).
Um valioso estudo.
(1960). A Alra Idade Média como um
novo Com EO. | Lopez, R. $. The Commercial Revolution of
Dawson, Christopher. 7he Making of Europe the Middle Ages, 950-1350 (1976). De
(1957). Enfatiza o papel do cristianismo gue maneira uma sociedade nio desenvol-
na formacio da civilizagao européla. vida conseguiu desenvolver-se.
Gies, Frances e Joseph Gies. Women in the Lucas, Angela M. Women in the Middle Ages
Middle Ages (1978). A narrativa inclui va- (1983). Mulheres e religiao, casamenro e
liosas citacêes de fontes medievais. cartas.
. Life in a Medieval Castle (1974). O Mayer, H. E. 7he Crusades (1972). Aborda-
castelo como centro da vida medieval; tre- gem concisa e erudira.
chos retirados de didrios, cancêes e livros Pounds, N. ]J. G. Aa Economic History of
contdbeis dio voz as pessoas do periodo. Medieval Furope (1974). Um exame ld-
Herrin, Judich. 7he Formation of Christenaom cido.
(1987). A transic&o da antigtiidade para a Rorig, Fritz. 7he Medieval Town (1971). Um
Idade Média. estudo da vida urbana medieval.
Holmes, George (org). The Oxford History of Trachtenberg, Joshua. 7e Devil and the Jews
Medieval Furope (1988). Ensaios escritos (1961). O conceito medieval dos judeus
por vêrlos eruditos; bom ensaio introdu- e sua relacio com o anti-semitismo mo-
tOrio sobre a transformacao do mundo ro- derno.
mano. White, “Lynn, Jr. Medieval Technology and
Laistner, M. L. W. Thought and Letters in Social Change (1964). Um estudo dos pro-
Western Europe A.D. 500 to 900 (1957). gressos tecnolégicos na Idade Média.
Estudo abrangente do pensamenro euro- Zacour, Norman. Aa Jntroduction to Me-die-
péu na Alca Idade Média. val Institutions (1969). Ensaios abrangen-
Lewis, A. R. Emerging Medieval Europe tes sobre todas as fases da sociedade me-
(1967). Boas discussêes sobre as mudan- dieval.
€aS SOClais € econêmicas.

Ouestêes de revis&o
1. Oual foi asa in
fluência. de Bizincio: na his- mistura das tradigêes crista, greco-roma-
; téria mundial?
na e germênica. Expligue essa afirmagao.
araeeerie ediscutao significado 4. Oue import&ncia tiveram monges e frei-
da rea-
, is intelectual muculmana. ras na civilizacio medieval?
AA €lvilizag3o da cristandade latina foi 5. Ouais foram os principais progressos Ocor-
uma
184 Civijaacfo ocidental

ridos durante o reinado de Carlos Magno? vo ncar a unidade “ d durante a Td


ca
ad Mé
Por gue foram importantes?
6. Oue condicêes levaram ao surgimento 11. O gue incitou Urbano Ia
CONvor
do feudalismo? Em gue aspectos o direi- Cruzada contra os turcos? id
to feudal diferia do direito romano?
MEET PAI Se ore

7. Ouaisforam os avangos ocorridos na agri- uma Cruzada? Oual foia IMPortine


EF

cultura durante a ldade Média e gue efei- resultado final das Cruzadas?

Ed
ey
BEE ER Atd

to tiveram?
Fi

12. Por gue a Igreja considerava


here
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af

8. Oue fatores contribuiram para a ascen- valdenses e citaros? rt


et

sao das cidades? Oual foi a importência 13. Oue fatores contribufram para fo
men
da cidade medieval? o anti-semitismo durantea dade
Média)
9. [denrifigue e expligue a importência dos Em gue sentido o anti-semitismo revela
seguintes elementos: Guilherme, o Con- o poder do pensamento mitico?
guistador; direito consuetudindrio; Magna 14. O apogeu da Idade Média mostrou mui-
Carta; Parlamento. tos sinais de recupera#o e vitalidade. Dis.
OT

10. Por gue a Germênia nio conseguiu al- cuta essa afirmacao.
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Fa Fi.
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Florescimento e dissolugao da

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civilizacao medieval

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geu da dad e Méd ia, a Eur opa mos tro u, cCO mo vim os, con sid erd vel
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asceu,
vitalidade. A populago cresceu, o comércio a longa distêncla ren
novas cidades surgiram, comegaram a configurar-se OS Estados e o poder
pon tif ica l aum ent ou. A exp res s&i o cul min ant e des sa rec upe rag io € res sur -
gimento foi o florescimento cultural na filosofia, artes visuais e literarura.
Tntelectos criativos atingiram, em nivel cultural, aguilo gue o papado
realizou em nivel institucional: a integragso da sociedade em torno de
um ponto de vista cristio. O auge da Idade Média viu a restaurag&o de par-
te do conhecimento do mundo anrtigo, a ascensao das universidades, o
aparecimento de uma forma original de arguiterura (a g6tica) e a cria-
cio de um imponente sistema filoséfico, o escolasticismo. Os filésofos-
teëlogos medievais transformaram os €nsinamenrtos cristaos numa filo-
sofia geral gue representou a essência espiritual, o estilo caracteristico
da civilizaco medieval. Realizaram aguilo gue os pensadores cristaos do
Império Romano haviam iniciado e gue os homens de culrura na Alta
Idade Média haviam buscado — a sintese da filosofia grega e da revela-
GAO Crista. “

Renascimento do conhecimento
Em fins do século XI, a cristandade latina comecou a evidenciar um revivesci-
mento cultural. Todas as dreas da vida mostravam vitalidade e criatividade. Nos
ae XIT e XITT, uma civilizac&o rica, de estilo caracterfstico, unia a elite letra-
ae ede 3 Sicllia. Catedrais géricas, testamento duradouro da criari-
eek] K es so religioso, foram levantadas por toda a Europa. Surgiram uni-
ea em AA de cidades. Os escritores romanos voltavam a ser lidose
rs on o; a gualidade do larim escrito —a lingua da Igreja, da erudicio
ee ao eleme a poesia secular € religiosa, ranto em latim cCOmo em
ea at proliferou. O direico romano ressurgiu na Tt4lia, difundiu-se pelo nor-
Ga ope e dar sua importência (perdida desde a época romana) cCOMmO
ma ld ade estudo e da erudicao. Algumas obras-chaves da Grécia foram
para o latim e estudadas nas universidades. Urilizando a tradic&o ra-
ii 185
186 Civikzacio ocidental

ME
Cronologia 7.1 ** Apogeu e fim da Idade Média

c. 1100 Resgate do direito romano em Bolonha.


1163 Inicio da construcio da catedral de Notre Dame.
1267-1273 santo Tomds de Aguino escreve a S4ma teoldgica.
1309-1377 Cartiveiro da Babilênia; os papas, todos franceses, estabelecem
residência em Avignon e $30 influenciados pela mMOonargu
ia francesa
c. 1321 Dante conclui A divina comédia.
1337-1453 Guerra dos Cem Anos entre Franca e Inglaterra.
1347-1351 A Feste Negra atinge os portos italianos e devasta a Europa.
1377 O papa Gregério XI devolve o papado a Roma.
1378-1417 O Grande Cisma; a cristandade passa a ter dois€ depois três papas.
1415 Batalha de Azincourt: Henrigue V da Inglaterra derrota os franceses:
Jan Hus, reformador religioso da Boëmia, é condenado & morte na
fogueira.
1453 Os ingleses sio expulsos da Franca, exceto de Calais; fim da Guerra
dos Cem Anos.
1460 O papa Pio 1 condena o movimento conciliar como herético.

cional da Grécia, homens de génio harmonizaram as doutrinas cristas e a filoso-


fia grega.
Vêrtas condicêes contribuiram para essa explosao cultural, conhecida como 0
Despertar do Século XII. Ouando terminaram os atagues dos vieings, mugulma-
nos € maglares, e os reis € grandes senhores impuseram maior ordeme estabilida-
de, ampliaram-se entre os povos as oportunidades de viajar e estabelecer comun"
cagbes. A recuperagao do comércio e o crescimento das cidades criaram a neces”
sidade da alfabetizagio e propiciaram a rigueza necessdria A manutengao do
aprendizado. O crescente contato com as culturas islêAmica e bizantina na spa”
nha, Sicilia e Idlia levou & traducao, para o latim, de obras gregas antigas prese"”
vadas por essas civilizac6es orientais. Ao preservar a filosofia e a ciëncia grega*
acrescentando comentdrios originais a essas obras cldssicas —, a civilizagso islam!”
ca serviu de ponte entrea Antiguidade e o revivescimento cultural observado n?
apogeu da Idade Média. O Despertar do Século XIT também fo; estimulado
PA
legado do renascimento carolingio, cujo brilho cultural havia baixado, SEM GE
rém desaparecer totalmente, no periodo de desordem gue se seguiu
a dissolued?
LE do império de Carlos Magno.
A ldade Média 187

Na Alca Idade Média os principais centros educacionais eram as escolas mo-


das cated rais, loca liza das nas cida des, cres ceram
nAsticas. No século XIT as escolas
local,
em imporrêncla. Seus professore, pagos por um estipêndio de uma igreja
gram dric a, retér ica e légic a. Mas a prin cipa l expr essi o da vida intelec-
ensinava m
era a univ ersi dade , criac io carac teris tica da Idad e Média. As
tual em expansao
eira s univ ersi dade s nio fora m plan ejad as; form aram -se espontaneamente.
prim
Surgiram guando os estudantes Avidos de conhecimento, reuniram-se em torno
de professo res dest acad os. A reno vagd o da impo rtên cia do direi to roma no para o
-omércio ea polftica, por exemplo, levou estudantes a Bolonha para estudar com
j
mestres fAmOSOS.
Os alunos das universidades compareciam as aulas, preparavam-se para €xa-
mes e colavam grau. Fstudavam gramdtica, retérica, légica, aritmérica, geome-
ria, astronomia, medicina, musica e, guando prontos, direito canênico e teolo-
gia — considerada a rainha das ciëncias. O currfculo valia-se principalmente de
traduc6es larinas de textos antigos, sobretudo as obras de Aristêreles. Em mate-
mArica € astronomia, os alunos estudavam em tradugêes latinas de Fuclides e Pto-
lomeu, enguanto os alunos de medicina estudavam as obras de dois grandes mé-
dicos do mundo antigo, Hipécrates e Galeno.
As universidades tiveram uma funcio vital na Idade Média. Além de ensinar
aos alunos o h4bito do argumento arrojado, preparavam secretdrios e advogados
profissionais para administrar os negécios da Igreja, do Estado e das cidades em
crescimento. As instituicëes de ensino também formavam teëlogos e filésofos,
gue dirigiam a tendência da opiniëo piblica. Uma vez gue o curriculo e os textos
estudados eram os mesmos em todas as terras, o conhecimento disseminado
pelas universidades reforcou os lacos gue uniam a Europa crista. As universida-
des medievais estabeleceram no Ocidente uma tradic#o de cultura gue nunca
morreu. H4 uma continuidade direta entre as universidades de hoje e as da Idade
Média.

A visao de mundo medieval


Uma visio de mundo caracteristica, baseada essencialmente no cristianismo,
evoluiu durante a Idade Média. Ela diferia tanto da perspectiva greco-romana
ep de dad da época moderna. Na visao crisrê, na era o individuo,
lee - je eterminava o gue constitufaa telicidade. Assim, a razao gue
dd sis pe revelagio era errada ou inadeguada, pois Deus havia
ydens Ee se ed e social. Em dltima andlise, a felicidade nio
ger ee vin - a uniëo com Deus num mundo superior. Essa crenga
ke ormulada pela Igreja, dava sentido € lêgicaa vida e 3 morte. Foi
PErspectiva gue dominou o pensamento da Idade Média.
188 Civilizacio ocidental

Ak N

ie RR BEES dee eri — eletriese eende dd ede eg ma Aula de direito na Universidade de


TEE
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gereed
ELE DRR
dk.
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TY ETE A Ar es Bolonha. A parte essencial do curriculo
F my vi N ' -

1 aai dot TETRREEEOTES


educacional da Idade Média inclufa o
” , #iviume o guadrivium. Depois de
MEEL
EL UIE LK
dominarem a gramdtica, ret6rica e
dialdtica — os “três caminhos” (£ivium) ”
mé os estudantes se iniciavam na
bed matemdrica, geomertria, astronomlia é
mvsica (guadrivium). A técnica de
na
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p . ai af er ensino era o disputatig, ou 0 debate oral


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EA LE AT EE TEPA, Library Oxdord, MS. Canon. Mis dié


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O universo: os mundos superior € inferior


Os pensadores medievais distinguiam nitidamente o reino da graca
do reing
mundano, o mundo superior de perfeic&o do mundo inferior de imp
erfeigao:
valores morais vinham do mundo superior, gue era também o destino final dos
fiéis. Dois conjuntos de leis operavam no universo medieval, um para OS céuS €
outro para a terra. O cosmos Ca Uuma escada glgantesca
id N no alto Deus; *
Terra, (ormada de matéria vil, ficava embaixo, pouco
aeina do inferno.
De Aristoteles e Ptolomeu, os pensadores medievais her
daram a teoria de UIT
univer cen so trado na Terra —o gEOcEntrismo —, gue impregnaram de simbolisme
A dade Média 189

tristao. Essa teoria sustentava gue giravam em torno da Terra imével, em velodl-
dade uniforme, sere esferas transparentes, nas guais estavam presos Os sere pla-
hetas”: Lua, Mercurio, Vênus, Sol, Marte, Jupiter e Saturno. Uma esfera de estre-
vam
las fixas envolvia o sistema planetdrio. Acima do firmamento de estrelas esta
três esfer as celes tiais . A mais dist ante , o Empi reo, eraa mora da de Deus ë dos
as
do Prim eiro Moto r, a esfer a abai xo, Deus impr imia movimento as
eleitos; através
a esfe ra infe rior era o invis ivel Céu Cris tali no. ad
esferas plan etdr ias;
Um universo gue tinha a Terra como centro estava de acordo com a idéia cris-
Deus criar a o mun do para hom ens e mulh eres e gue a salv aGao era o
ra de gue
objetivo essencial da vida. Como Deus criara a humanidade 3 sua imagem, ela

RR
ea ELSO
tal posi €so cent ral no univ erso . Emb ora vive ssem no Glti mo degr au da
mere cia
cidade
escada césmica, sê os humanos, entre todas as coisas vivas, tinham a capa

BEsalle
de ascender aos céus, ao reino da perfeigao.

MERE BA aa
Também era aceirAvel & mentalidade crista a nitida distingao estabelecida por
Aristêteles entre o mundo além da Lua €e o mundo abaixo dela. Aristételes susten-
tava gue os corpos terrestres eram formados por guatro elementos: terra, dgua, ar
e fogo. Os corpos celestiais, gue ocupavam a regiëo além da Lua, eram COmpostos
de um guinto elemento, o éter, demasiado dlaro, puro € perfeito para ser encon-
trado na Terra. Os planetas € as estrelas existiam num mundo & parte; eram feicos
do éter divino e seguiam leis celestiais gue nêo se aplicavam aos objetos terrenos.
Enguanto estes sofriam modificac6es — o gelo se transformava em 4gua, um tron-
co de rvore em chamas se convertia em cinzas — os objetos celestiais eram incor-
ruptfveis e imunes a gualguer mudanga. Ao contrério dos objetos terrenos, eram
indestrutfveis.
Os corpos celestes também seguiam leis de movimento diferentes dos corpos
terrestres. Aristéreles dizia ser natural aos corpos celestes mover-se eternamente
em circulos uniformes, sendo esse movimento considerado um sinal de perfeico.
Segundo ele, era natural também gue os corpos pesados (pedras) caissem verti-
calmente em dirego & Terra, e gue os objetos leves (fogo, fumaga) se movessem
para cima na direcio do mundo celeste. A pedra ao cair e a fumaga ao subir esta-
vam em busca de seu lugar natural no universo.

O individuo: pecador mas redimivel


No centro da crenca medieval estava a idéia de um Deus perfeito e de um ser
humano desgracado e pecador. Deus tinha dado a Adao e Eva a liberdade de es-
colher; rebeldes e presuncosos, eles haviam usado sua liberdade para desaftar a
Es Com isso, fizeram do mal uma parte intrinseca da personalidade humana.
ie deed due er deixou de amar os seres humanos, mostrou-Ihes a saida do
En arie omem e morreu para gue os seres humanos pudessem ser sal-
ede ed € ” mulheres eram fracos, egocênrtricos e pecadores. Com a Bra”
sem ag , COntudo, podiam Superar sua natureza pecaminosa € obter salvacao;
$a, eram totalmente impotentes.
ae Ma gue o homem medieval tinha de s mesmo estava relacionada
Imento do universo como uma hierarguia gue culminava em
190 Givilizacio ocidental

Deus. Na Terra, os objeros mais inferiores eram as pedras, destit uidas de almas.
acima delas estavam as plantas, due tinham um Po primitivo d
permitia reproduzir a crescer. Mais acima situavam-se Os animais * alma gue he
` dUué tinham Ca.
pacidade de movimentar-se e sentir. O mais elevado dos anima
IS era o hOmem
gue, ao contririo dos demais, podia ter algum entendimento d a
verdade univer
k

sal. Muito superlores aos homens eram os anjos, gue cOmpreendiam


EES
Te

Ee sem dificul
dade a verdade de Deus. No alto desse universo hie
rdrguico (a grande cadeia 4
ser) estava Deus, o Ser puro, sem limitag6es, fonte
de toda existência A revelacg
EE de Deus descia aré a humanidade através da ordem hierdrguica. Partindo
oÊ de Das
a revelag&io passava aos anjos, também dispostos hierarguicam
ds ente. Delasa ver
dade chegava aos homens, percebida primeiro pelos profet
!
as e apéstolose depois
pela humanidade em geral. Assim, todas as coisas no univer
so, desde Deus at 0
EA mais baixo dos objetos terrenos, ocupavam o lugar gue Ihes
cabia por naturezae
R estavam ligadas a Deus por uma enormee ininterrupta cadeia.
Esse universo hierdrguico, no gual a posicdo humana est
ava cdaramente defini-
da, dava uma sensago de seguranca ao homem medieval. É certo
gue a humanida-
de era pecadora e vivia num mundo corruptivel, no degrau mais baixo
da hierar
guia césmica. Mas ela podia ascender até o mundo superior da perfeicio, além
da Lua. Como filho de Deus, cada ser humano desfrutava 0 privilégio excepcional
de ter uma alma precjosa e digna de respeito.
Os pensadores medievais também dispuseram o conhecimento numa ordem
hierdrguica. O conhecimento das coisas espirituais superava todo o conhecimen-
to mundano, todas as ciëncias humanas. Saber o gue Deus gueria do homem era
o auge do autoconhecimento e frangueava o ingresso nos céus. Assim, Deus era
ao mesmo tempo a fonte e o fim do conhecimento. A capacidade humana de pen-
sar e agir livremente refletia a imagem de Deus dentro de cada individuo; eno-
brecia homens €e mulheres e Ihe oferecia a possibilidade de reunir-se a Deus no
paraiso. A nobreza humana vinha da inteligência e do livre arbftrio, mas se OS
homens usassem esses atributos para desobedecer a Deus, atrafam a infelicidade
para si mesmos.

Filosofia, ciëncia e direito


A filosofia medieval, ou o escolasticismo, aplico
u a razao & revelacdo ep
do e esclarecendo os ensinamentos Crist&os por meio de concei
” ë

tos e princlP!
z . * Oo

légicos derivados da filosofia grega. Os escoldsticos tentaram mos


trar gue OS “P
sinamentos da fé, embora nio oriundos da raz
ao, nio eram contrdrios a €STA- Pro-

curavam provar, através da raz&o, vam Com o ver dad eir o pels fé.”
. Oo gue jê consid era
Por exemplo, a existência de Deus ea mortalidade da alma, também podian? $
gundo eles, ser demonstradas pela razio. Em seu empenho de harmonizaf * fe
COM a raZA0, OS pensadores medievais criaram uma sintese extraordindria da re”
Ja€3o crist e do racionalismo grego.
191

EE” EEN,WEET” HEN W


A dade Média

Er
io nao par a gue sti ona r a fé, mas para ser-

GE
Os mestres escold sti cos us ar am a raz

na
e for tal ece r a fé. Na o ro mp er am co m a pre ocu -
vir-lhe — para elucidar, esclarecer

MA
Pi EE
gue era obt er a gra ca de De us e con seg uir a sal va-
pagso central da crista ndade,

“ie
té, os pen sad ore s esc old sti cos

maar
ess e rea liz ar pel a
ca. Fmbora esse ob jerivo sê se pud graga, e gue a
um a cië nci a da nat ure za nio imp edi a a bus ca da
insistiam em du€ nao rejeitaram as
nte na co nt em pl ag ao de Deu s. Fle s
Glosofia podia ajudar o cre ISSo, nao
a do alc anc e da raz ao hu ma na e gue , por
crencas Cristas gue estavam for lug ar dis so, sustentavam

kim
pel a ar gu me nr ag ao rac ion al. Em
podiam ser deduzidas aceiras cOMO

N
int eir ame nte na rev ela cao e de vi am ser

bai
gue tais verdad es re po us av am
s med iev ais , a raz &0 nio tin ha exi stê nci a indepen-
artigosde fé. Para os pensadore supra-hu-
and lis e, rec onh ece r o pad rio sup ra- rac ion al,
dente e devia, em dlrima
Ou er ia m gue o pe ns am e€ nt o rac ion al fos se dir igi do pel a fé para
mano da verdade. s. Enf im,
pel a aut ori dad e ecl esi êst ica € dos Eva nge lho
Falidades cristas, e guiado
, fé tinha a palavra final. ns id eran-
pen sad ore s cri sto s rec ebi am be m o uso da raz ao. Co
Nem todos os
oso fia gre ga co mo ini mig a da fé (nd o irla a raz ao lev ar as pes soas a gues-
do a fll
nos mil agr es? ), fab ric ant e de her esi as (n4 o iria enc ora jar a des-
Honarem a crenca
pri nci pai s dou tri nas da Igr eja ?) e ob st éc ul oa co mu nh ai o da alm a com
crenca nas
s (o des vio dos en si na me nt os da Igr eja , sob a inf luê nci a da fil oso fia paga,
Deu
nio privaria as pessoas da salvagio?), os teëlogos conservadores se opuseram a
ica cso da raz &o & rev ela gao cri sta . Nu m cer to sen tid o, os co ns er va do re s esta-
apl
vam certos. Dando renovada vitalidade ao pensamento grego, a filosofia medie-
val alimentou uma forca poderosa gue acabaria por esmagar Os conceitos medie-
vais de natureza e sociedade e enfraguecer o cristianismo. O moderno pensamen-
to ocidental foi criado por fil6sofos gue se recusaram a subordinar a razao a auto-
ridade crista. A razdo mostrou-se uma espada de dois gumes: ao mesmo tempo
gue enobreceu, também solapou a visio de mundo medieval.

Manto Anselmo e Abelardo


Um dos primeiros escoldsticos, Santo Anselmo (1033-1109) era abade do mos-
teiro beneditino de Le Bec, na Normandia. Para servir aos interesses da fé, ele
utilizava a argumentacao racional. Como Agostinho antes dele e outros pensado-
res gue o sucederam, Anselmo dizia gue a fé era uma precondicëo para o enten-
dimento. Sem a fé, nao podia haver conhecimento adeguado. Ele desenvolveu
uma demonstragio filoséfica da existência de Deus, argumentando da seguinte
NE podemos conceber nenhum ser maior do gue Deus. Mas se Deus
n ad no pensamento € ndo na realidade, sua grandeza seria limitada;
pers os gue perfeito. Portanto, ele existe.
Ba mele EL o método de Anselmo revelam um pouco da esséndla da filoso-
vd goe d — na omte cOMO faria um pensador moderno: Se for possi-
Re oe e Deus, adotarei o credo do cristianismo; se nao tor, ne-
mo. Em ” e Deus (arefsmo) ou reservarel meu julgamento (agnosticis-
isso, Anselmo aceita a existência de Deus como fato comprova-
192 Givilizacio ocidental

do, pois acredita no gue diz a Sagrada Escritura e naguilo due a Igreja ensina. D
sa, €ntdo, a urtilizar a argumentag&o |6gica para demonstrar gue Deu od as-
conhecido nao somente pela fé, mas também pela raz&o. Ele Jamais urliza
razao para subverter aguilo gue sabe ser verdadeiro pela fé. De MOdO
geral ” :
atitude caracrerizaria os pensadores medievais posteriores, gue também hen
ram a razao & fé. di
Como jovem professor de teologia na Escola Episcopal de Notre D
ame, Pedr
Abelardo (1079-1142) adguiriu reputac&o de brilhante € combativ
o. Seu trégico
romance com Heloisa, aluna sua, tornou-se um dos mais
conhecidos da literary.
ra ocidental. O maior adversdrio de Abelardo, Bernardo de
Clairva , 8CUSaVa-0
de usar o método da argumentacio dialética para atacar a fé. Monge
Bernardo julgava perigoso submeter a verdade revelada e misti co,
3 andlise critica. Cedendg
a voz poderosa de Bernardo, a Igreja condenou Abelardo, confinan
do-o num
mosteiro para o resto de sua vida.
Abelardo acreditava na im portêancia de aplicar a raz3o 3A fé e
achava gue o gues-
Honamento cuidadoso e constante levava A sabedoria. Em Sc er Non
ele tomou
150 guestêes teolégicas e, citando trechos da Biblia e dos pais da Igreja, demo
ns-
trou a existéncia de opiniëes contraditérias. Sugeriu gue as divergentes opiniëes
das autoridades podiam ser conciliadas pelo uso adeguado da dialética. Mas
como Anselmo antes dele, Abelardo nio pretendia refutar as doutrinas tradi
cio-
nais da Igreja. A razio nio enfragueceria, mas fortalecerja a autoridade da fé. Ap6s
sua condenagao em 1141, ele escreveu: “Jamais serei um flésofo, se isso signifi-
car falar contra So Paulo; ndo seria Aristêteles, se isso me separasse do Cristo
(..) Levantarei meu edificio sobre a mesma pedra em gue Cristo construiu sua
Igreja (..) Repouso sobre a rocha gue nio pode ser movida.”'

Santo lomds de Aguino: a sintese da fe da raado


A introdugao, na cristandade latina, das principais obras de Aristételes criou
um dilema para as autoridades religiosas. A abrangente filosofia aristorélica da
natureza e do homem, formulada exclusivamente pela razdo huma
na, contlica-
va €m muitos aspectos com pontos essenciais da doutrina Crist. Enguanto 0
cristianismo ensinava gue Deus criara o universo num momento especifico do
tempo, o filésofo grego sustentava gue o universo era eterno. Além disso,
de
nao acreditava na imortalidade pessoal da alma, outro princfpio bdsico do cris”
Hanismo.
As autoridades da Tgreja temiam guea disseminaco das idéias de Arist6teles€
o uso da lêgica aristotélica colocassem em risco a f€. Em vérios mome
ntoS, n”
primeira metade do século XITI, proibiam o €nsino das obras cienificas do fil6so”
fo na Universidade de Paris. Como

Posicio dos conservadores, A.


Santo Tomds de Aaguino (c. 12 né
do conhecimento natural € eMP
A Idade Média 193

conc ilia r o aristotelismo com o cristianismo. Aguino lecionou em


nhou-sé em Suma teoldg ica, é uma expos ig&o siste mdtica do
Paris € na lt #lia. Sua maior obra,
r i S t a O.

maak sie
e n s a m e n t o C
s i n a m e n t o s d a fé e n t r a r e m c h o g u e c o m a e v i d éncia da razao? Para
Podem os en
Aguino, a resposta era um nio enfdtico. Visto gue tanto a fé como a razao vi-
elas nio riva lizZ avam entr e si; na verd ade, devi dame nte compreen-
nham de Deus
A razao,
didas, apoiavam-se mutuamenre € formavam uma unidade orgênica.
ser temi da, pois era outr o cam inh o para Deus . Com o havi a
portanto, nao devia
ente entr e a verd adei ra fé e a raz& o corr eta - amba s vinh am,
ma harmonia iner
s.
em Glrima anélise, de Deus —, as contradicêes entre elas eram apenas aparente
Deus
Fmbora a filosofia ainda nio tivesse sido capaz de resolver o dilema, para
mpat ibil idad e nao exist ia. No céu, os seres hum ano s arin giri am Oo co-
essa inco
hecimento completo, bem como a felicidade total. Enguanto estivessem na Ter
ra, porém, deveriam deixar gue a fé guiasse a razao evitar gue a razo se opuses-
se 3 fé ou a enfraguecesse.
Assim, ao exaltar Deus, Aguino também prestava homenagem & inteligência
humana, proclamava o valor da atividade racional e afirmava a importência da
realidade fisica revelada pelos sentidos. Valorizava, portanto, a filosofia narural
de Aristêteles. Corretamente urilizada, ela poderia proporcionar valiosa ajuda 3
fé. Sintetizar o aristotelismo com a revelagdo divina do cristianismo foi o grande
esforco de Aguino. Ele nio duvidava da possibilidade de harmonizar os dois. As-
sim, utilizou as categorias aristotélicas em suas cinco provas da existêncla de Deus.
Em sua primeira prova, por exemplo, argumentou gu€ uma coisa nao pode
mover-se sozinha. Tudo o gue se move, deve ser movido por alguma outra coisa,
e esta por uma terceira. “Portanto, é necessdrio chegar ao primeiro motor, gue nao
é movido por nenhum outro; e esse todos sabem ser Deus.*
Aguino defendia o valor da razëo. Amar o intelecto era honrar a Deus, nao di-
minuir a verdade da fé. Ele confiava na capacidade da mente racional de com-
preender a maior parte da verdade da revelacëo e insistia em gue nas guestoes
nao teolégicas — aguelas gue nio diziam respeito 3 salvag&o — as pessoas deveriam
confiar somente na razao e na experiëncia. Assim, Aguino deu nova importência
a0 mundo empirico, 3 especulac&o cientifica e ao conhecimento humano.
A visêo medieval tradicional, baseada em grande parre em Santo Agostinho,
Em distinG&o nitida entre o mundo superior da graca eo mundo in-
Oo gelee ee mn mundo do espirito eo mundo da experiëncia sensêria.
lb a Meer rek ge do mundo era visto, com fregiiëncia, como um obst4-
mene ok oi ecimento. Santo Tom4s modificou essa tradicao, afir-
ho dignidide Ee $ conhecimento da ordem social e do mundo tsico. Deu
oe mik umana e ao conhecimento mundano. Assim, a Cidade
ent ma cidade pa um lugar de pecado do gual se procurava fugir para
nos ee eus; era digna de investigagio e entendimento. Mas Agui-
um pensador medieval, afirmando sempre gue o conheci-
us vasec ie deveria. ser inspecionado
men (O f ,
e corrigido
n
pela verdade revelada, e ja-
$ loNnou a verdade da visio cristi medieval do mundo e do individuo.
"sm - Pe ` . Ë
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Feed

194 Giviizacio ocidental


in,

Ciëncia
Durante a Alta Idade Média, poucas obras cientificas do mu
ram ao alcance dos estudiosos na Europa ocidental. O pensam'RENLO
ientjficg en
contrava-se em seu ponto mais baixo desde gue surgira,
na Grécja. Em contraste, as civilizac6es islêAmica e biza ntmianla pdreesmeirlvaranagms. ans&,
certos Casos aumentaram, o legado da ciëncia grega. N 0 periodo 4ureo € em
da ldade
Média, porém, muitos textos antigos foram traduzidos do grego e d
o arabe pan
o latim e ingressaram pela primeira vez na cristandade latina. Oe principa;
tros de traduc&io eram a Espanha — onde as civilizacêes cristi e ae
encontraram — e a Sicilia, controlada por Biz&Ancio até a dltima meta
de do sê NV
IX e em seguida pelo Isl&, até gue os cristios normandos concluissema ak
ta da ilha em 1091.
Nos séculos XIII e XIV, ocorreu um autêntico movimento Cientifico. Impr
es-
stonados com a abordagem naturalista e empirica de Aristêteles, alguns
eruditos
medievais passavam grande tempo examinando a natureza fisica. Entre
el
I
la

eles esta-
i
va o dominicano Alberto, o Grande (c. 1206-1280). Nascido na Ale
manha, Al
- F
NT. ii

berto estudou em P4dua e lecionou na Universidade de Paris, onde Tomis de


le ogn
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id
d

ek
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1 HI
FR eks Aguino toi seu aluno. Para ele, a filosofia era mais do gue a utilizacio da razé
grega para contemplag&o da sabedoria divina; significava também uma forma de
pie
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ad
“al ! entender a natureza. Alberto dedicou-se a organizar e comentar a ampla obra de
Aristoteles.
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Embora mantendo a ênfase cristi em Deus, na revelacio, no sobrenatural € na
vida depois da morte, Alberto (ao contririo de muitos pensadores cristaos ante-
| B
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riores) considerava a natureza como um campo de investigacao vélido. Em seus


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escritos sobre geologia, guimica, botênica € zoologia, Alberto tal como Aristoe-
les demonstrou respeito pelos detalhes concretos da natureza, utilizando-os Como
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' evidência empirica. Ele aprovavaa investigacio do mundo material, ressalrava%


valor do conhecimento derivado da eXxperiëncia com a natureza, buscava explica-
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Oes raclonais para os fenêmenos naturais € sustentava gue os debates teolêglcos


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nao deveriam impedir a investigacio Cientifica.


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Outro participante desse movimento cientifico foi Robert Grosseteste (c. 1177
Ed 1

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1253), chanceler da Universidade de Oxford. Ele declarava guea esfericidade da


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Terra podia ser demonstrada pela razZo € insistia em gue a matematica €Ta
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neer
om feotsde he ad, fisico. Além disso, realizou oper
1294), foi um precursor da oek para ContT% lara
a arir e de uti
tudk ar a cië
ie lizan Eencia aa
natureza. Bacon considerava Importante o estudo da
matemdtica e leu obras de

melhor da época, e ele recomendou a diss


se vacas pal?
eCacao
se obter melhor conhecimento do assunt O. *
. do
s olhos de porco

Aha
ks
es
ED ai
g—

Re DR di
ga
A Idade Média 195

OE
ER AARRO
Con-
Mas os erudiros medievais nio chegaram a inaugurar a ciëncia moderna.
de gue a Terr a era 0 cen tro do uni ver so e gue havi a leis diferen-
servaram a Crenga
para os céus . Nao inv ent ara ma geo met ria anal itic a, nem o cél-
tes para a Terra €
co che gar am ao mod ern o con cei ro da inér cia — tod os fun dam en-
culo, e tampou
cia med iev al nun ca se libe rtou tot alm ent e da
rais para a ciëncia moderna. A ciën
teol égic a. A ciën cla mod ern a busc a, con sci ent eme nte , sso do
o progre
sstr utur a
nte cien tifi co, ao pass o gue na Idad e Méd ia mui ras
conhecimento especificame
a nat ure za era m lev ant ada s para escl arec er um pro ble -
guestes relaco nadas com
ma religtoso.
conheci-
Os cientistas € flésofos medievais, entretanto, fizeram progredir o
ca, as mar és € 3 mec nic a. Per ceb era m a imp ort ênc ia da
mento relativo & épti
a int erp ret agi o da nat ure za e rea liz ara m exp eri ënc ias . Tra du-
matemdtica para
ent and o obra s greg as e drab es anti gas, os eru dit os med iev ais pro-
“indo e com
por cio nar am as eras furu ras idéi as gue con sti tui ram mat éri a de refl exio e gue,
em alguns casos, foram rejeitadas — precondigao necessêrla ao aparecimento da
ciëncia moderna. Os pensadores medievais também desenvolveram uma fisica
antiaristotdlica, gue alguns historiadores da ciëncia acreditam ter influenciado
Galileu, o criador da mecênica moderna, mais de dois séculos depois.

Recuperacio do direito romano


Na Alta Idade Média, o direito na Europa ocidental era constituido essencial-
mente dos costumes germênicos, alguns dos guais registrados por escrito. Certos
elementos do direito romano perduraram como costume e prdrica, mas o estudo
formal da matéria desaparecera. O final do século XI e o século XI viram o re-
nascimento do direito romano, particularmente em Bolonha, Icalia. Irnério dava
aulas sobre o Corpus Juris Civilis, codificado pelos juristas bizantinos no século
VI, e fez de Bolonha o principal centro de estudo do direito romano. Ele e seus
alunos empregavam os métodos de organizagao e andlise léêgica usados pelos teë-
logos escoldsticos no estudo dos textos filoséficos.
| Ao contrdrio do direito germênico tradicional, essencialmente tribal e provin-
“lano, o direito romano supunha a existência de principios universais gue po-
diam ser compreendidos pelo intelecto humano e expressos na lei do Estado. Os
Juristas haviam, sistemdtica e racionalmente, estruturado a experiëncia juridica
do POVo romano. O exemplo do direito romano estimulou os juristas medievais
Ee sua Propra tradigdo juridiea. Os intelecruais passaram a insistir,
ia ae na andlise racional das evidéncas e em decises judiciais baseadas
ntos racionais. A compilagao de cédigos de leis em partes da Fran-
d e
Germania, e no reino de Castela, foi influenciada pela recuperagio do direi-
A . "oa * km s -

romano.
Me
196 Giviljzado ocidental

Literatura

A liceratura medieval foi escrita em latim e no verndculo. Gran


ratura latina desse periodo consistiu em hinos e dramas retratando dea vid
parte da lite.
a de Op,
toe dos santos. Em suas linguas nativas, os escritores m edievais criaram diferente,
formas de poesia: cangbes de gesta, romances € trovas, gue surgirijam no auge d;
dade Média.
As cangoes de gesta francesas — poemas ép
icos de feitos heréicos narrados at
entao em forma oral — foram escritas no verndculo do norte da
Franca. Esses
poemas tratavam das batalhas de Carlos Magno co
ntra os muUgulmanos, dos
nobres rebeldes e da guerra feudal. O melhor desses poemas
épicos, A cangig dy
Rolando, expressava a fidelidade dos vassalos a seu senh
or ea devoc3o do crisis
3 sua fé. Rolando, sobrinho de Carlos Magno, foi morto em
batalha com os MmU-
Gulmanos. A cangdo dos nibelungos, a melhor expressio do €pico herdic
o na Ale-
manha, é com fregiëncia chamada de “a Ifada dos germanos'. Como sua corres-
pondente francesa, tratava de feicos heréicos.
O romance — uma fusio de velhas lendas, ideais cavaleirescos € conceitos cris
taos — combinava amor com aventura, guerra € o maravilhoso. Entre os roman.
ces estavam as histérias do rei Artur e da T4vola Redonda. 'Transmitidos oral
mente durante séculos, esses contos difundiram-se das Ilhas Britnicas para a Fran-
Ga ea Germania. No século XII foram colocados em verso francês.
Outra forma de poesia medieval, gue floresceu particularmente na Provenga,
no sul da Franga, tratava da glorificaio romêntica das mulheres. Cantada pelo
trovadores, muitos deles nobres, a poesia do amor cortesio expressava uma nova
atitude para com as mulheres. Embora estas geralmente fossem consideradas
pelos homens medievais como inferiorese subordinadas, a poesia do amor cort€-
sao atribuia is damas nobres gualidades superiores de virtude. Para o fidalgo, a
dama tornou-se uma deusa digna de toda a dedicac&o, fidelidade e culto. Flea
honrava e servia Como fazia ao seu senhor; por seu amor, sujeitava-se a gualguer
sacrificio.
As mulheres nobres tiveram influência ativa no ritual € na literatura do amor
cortesao. Convidavam, com fregtiëncia, os poeras a suas cortes e também Ed
vlam poemas. Exigiam gue os cavaleiros as tratassem com gentileza € considera”
Ga0, gue se vestissem bem, se lavassem com fregiiëncia, tocassem instrumentos €
escrevessem (ou pelo menos recitassem) poesias. Para mostrar-se dign of
o do am
de sua dama, o cavaleiro tinha de demonstrar pa d i p
ciëncia, encanto, coragem Hiseu
de
lidade. Acreditava-se gue o caval eiro, ao se dedicar a
uma dama, enobrecië
préprio cardter.
O amor Cortesoobnio
ees :racio
exigia uma relac&o marido-mulher, mas sim a admiras”
e o anseio de um nobre por outra mulher de sua classe. Entre os
nobres, os V
mentos eram arranjados por motivos politicos e econêmicos.
O ritual do 2”
cortes&o, como dissemos, PrOporcionava um escoadouro par
a os sentimentos €”
ticos condenados pela lgreja. Também aumentava as habilidades e melhora'” 0
A dade Média 197

OE GE MEE
nd
an WER GEE. mde
ap
er En ha,
AE “as armed
EE
EE
Virgilio e Dante observam Licifer: miniatura de um dos primeiros manuscritos de d divina
comédia. Dante reservou as profundezas inferiores do Inferno aos culpados de rraigao. Lucifer. o
anjo gue traiu Deus, é retratado como um monstro de três bocas, com as guais ele mastiga
€ternamente os corpos dos arguitraidores Judas Iscariores, Bruro e Cassio. A divina comedia
ilustraa preocupacao predominante da mentalidade medieval com Deus e a vida apés a morte.
Biblioteca Trivulsian, Milao

gosto do nobre. O guerreiro sem refinamento adguiria espirito, boas maneiras,


“NEANLO € aprendia a usar as palavras. Transformava-se num cortesao e cavalheiro.
A maior figura literdria da Idade Média foi Dante Alighieri (1265-1321), de
Florenga. Dante apreciava os cldssicos romanos e escreveu nêo sê em larim, lin-
8ua tradicional da vida intelectual, mas também em italtiano, sua lingua marerna.
JOb esse aspecto, foi precursor do Renascimento. Na tradigio dos trovadores,
Dante €$Creveu poemas 3 sua amada Beatriz.
ae sRterlzou, em A divina coméaia, OS varlos elemenros da perspecriva
dude YE os com grande senrimenro, a compreensag medieval da finali-
de ese scrita no exilio, A divina comdédia descreve a vlagem do poerta atra-
, Purgat6rio e parafso. Dante divide o inferno em nove circulos
AEdil
ag

198 Givilizacio ocidental

concéntricos; em cada regiëo, os pecadores s&o castigados de acord ie


pecados na Terra. O poeta experimenta todos os tormentos do infee N “us
candentes, tempestades violentas, trevas e€ monstros terriveis gue golpeias
vam garras, mordem e dilaceram os pecadores. O nono Circulo, o mais ha; Cra-
reservado a Lucifer e aos traidores. Ld&cifer tem três caras, cada uma del bake,
diferente, e duas asas como as de um morcego. Com suasb 9Cas, val morden
d, os
maiores traidores da histéria: Judas Iscariotes, gue traiu Jesus, e Bruto e Csss
gue assassinaram Jdlio César. Aos condenados ao inferno, é dit:
encont os “Deixai
pecador es on.
oe
esperanGa, & vos gue entrais. No purgaté rio, Dante ra
embora sofram castigo, acabarao por entrar no paraiso.
Af, regiëo de luz, mdsie
e delicadezas, o poeta, guiado por Beatriz, encontra os grandes santosea
Virgem
Maria e, por um breve momento, tem a visio de Deus. Nessa indescritivel
expe-
riéncia mistica, o objetivo da vida é realizado.
Escritos no vern4culo, os Comtos de Cantudria, de Geoffrey Chaucer (c. 1340.
1400), sao uma obra-prima da literatura inglesa. Chaucer tomou como tema 29
peregrinos gue iam de Londres ao santu4rio religioso de Cantudria. Ao deserevé.
los, o autor mostrou humor, graga e compreensio da natureza humana, bem
cOmo uma excepcional percepao das atitudes inglesas. Poucos autores nos de
ram melhor retrato de sua época.

Arguitetura
Dois estilos arguitetênicos evoluiram durante a Idade Média: o rom&nico eo
gotico. O primeiro predominou no século XI e na maior parte do século XIT. Os
edificios romênicos, imitando as antigas estruturas romanas, tinham paredes ma
cigas gue sustentavam abébadas de berco e de arestas — feitas de pedra — com arco$
redondos. As paredes grossas eram necessrias para agiientar o grande peso dos
tetos. As paredes tinham pouco espaco para janelas, de modo gue pouca luz d
netrava o interior dos edificios. O desenvolvimento do arco ogival permitiu SY
portes gue diminuiam a pressio do teto sobre as paredes. Esse novo estilo, cha”
mado gético, possibilicou gue as construcëes tivessem tetos abobadados e altos
enormes janelas. Enguanto o edificio romênico dava uma impresso de solider
maciga, as construg6es géticas criavam a ilusio de uma energia ascendente- ;
| A catedral gética deu expressio visu al & concepgio medieval de um Un! ei
id
hierérguico. O historiador Joan Gadol condlui: “Dentro € fora, a catedral £
,
€ um grande movimento ascendente através de uma série de graus, uma jda
através de niveis horizont ses
T ais marcado $ por arcos, galerias, nichos e tof
material sobe ao espiritual, o natural € suposto no sobrenarural — tudo n
sub
Nes ()e
ascens&o paulatina.”” Essa ilusio € er; ada pelas proporg6
es altas e estreitas do
ss
" ” G

pagos internos, pelas ogivas apontan do


para cima e pelo padrao continuo das
"
CO”

lunas e colunetas pouco €spacadas entre si.


Os vitrais magnificos e a sofisticada decorago
"
.

escultérica das catedrals f


$ jas

RARR rd Fi retratavam para os devotos—a maioria dele analfabera — cenas da Biblia e da Y


A Idade Média 199

A nave romênica da catedral de St.


Gernin, 'Toulouse. A nave é coberta por
uma abébada de berco feita de pedra,
substituindo os antigos telhados de
madeira, susceriveis ao fogo. As colunas,
paredes espessas e janelas peguenas
eram necessdrias, do ponto de vista
estrutural, para suportar o grande peso
das abébadas de cobertura. Pouca luz
entrava no interior do edificio. Caisse
Nationale des Monuments Historigues,
Paris

dos santos, bem como do cotidiano. A redugao do intervalo entre paredes, gue
permitiu as macicas ilustracêes em vidro, foi possibilitada pelos arcobotantes na
parte externa do edificjo. Esses grandes arcos de alvenaria descarregam nas pare-
des exteriores o peso e o empuxo das abébadas de pedra.
O estilo gético conservou sua vitalidade aré o século XV, difundindo-se da
Franga para a Inglaterra, Alemanha, Espanha e além. Revivido de tempos em
(Empos, posteriormente revelou-se um dos mais duradouros estilos da arte e ar-
duitetura ocidentais.

O século XIV: uma época de adversidades


BE ER o século XIV,a cristandade larina jê havia atravessado mais de
Kades ae, No nivel econêmico, a produgao agricola expandi-
ede aie ea vida urbana renasceram ea populagao aumenrara. No ni-
, OS reis se haviam tornado mais poderosos, impondo maior ordem
200 Civilizacio ocidental

A nave e o coro géticos da catedral de


Notre Dame, Paris, século XIL A nave
gotica é mais ampla gue a rominica
ak ala

ET

devido aos arcos ogivais, gue podem


IE
aal

transpor um espa€o maior e sustentar


TA
Aa

um telhado de abébadas mais leves. As


EA

RE
ki

paredes sao mais alras, menos espessase


ad

Ad
ie

Mi

vazadas com aberturas maiores para as



eie

Am
ee

janelas — o gue era impossivel nos


ME

edificios romênicos. O peso do tetoe


das paredes é suportado pelos
arcoborantes, pegas de alvenaria em
forma de arco colocadas na parte
externa do edificio. Jean Roubier

€ seguranga a grandes 4reas. No nivel religioso, o papado havia demonstrado


seu vigor como lider espiritual da cristandade e o clero fora reformado. NO
nivel culcural, forjara-se uma visio de mundo unificada, fundindo a fé com
raZa0.
Porém, na Baixa Idade Média (século XIV, aproximadamente), a cristandade
latina foi afligida por sérios problemas. Os aumentos anteriores da
produgao ag!”
cola no tiveram continuidade. O uso limitado de adubos € o pouco conhecr
mento sobre conservag#o esgotaram o solo. De 1301 a 1314, houve uma escass€”
generalizada de alimentos; de 1315 2 1317, fome e subnutrigso assolaram 2 Pu-
ropa, estendendo-se por todo o século.
Agravando ainda mais a situacio criada pela crise econêmica, houve rambem
a Peste Negra, ou peste bubênica. A doenga, levada pelas pulgas dos ratos pardos
surglu provavelmente na Mongélia em 1331-32. Dal; passou A Rrissia. Levada de
volta dos portos do mar Negro, a peste atingiu a Sicilia em 1347. AlastrandoS*
rapidamente por grande parte da Europa, atingiu uma populagio jé em declinio
F subalimenrada. A p rimeira crise durou aré 1551, e outros surtos graves CO”
N d


A dade Média 201

ng es ti on ad as ri ve ra m os ma is al co s in-
am em décadas posteriores. As cidades co oa s, ta lv ez — ap ro xi ma da me n-
s de pe ss
dices de mortalidade. Cerca de 20 milhêe pe re ce ra m no pi or de sa s-
te de um guarto a um te rs o da po pu la g3 o da Eu ro pa —,
natural da histéria conhecida. al id ad e e
LIE
as fo ra m ar ra st ad as pa ra a de va ss id ao , il eg
Tomadas de panico as mass ra m, in do
li gi os a. Ba nd os de fl ag el an te s se or ga ni za
formas arrebaradas de vida re ch ic otes, nu ma
tr a ve rg as ta nd o- se mu tu am en te co m va ra s €
de uma regiao a ou
ra da r a De us — gu e ac re di ta va m té -l os am al digoado
sentativa desesperada de ag e em
ar te co nc en tr ar am -s e em ce na s mo ér bi da s de carn
com a peste. AS formas de
ta s ch ei as de ca d4 ve re s co rr oi do s po r ve rm es, dancas
decomposiGao, tumbas aber seju-
contra os
s do in fe rn o. Po r ve ze s, es sa hi st er ia vo lt av a-
da morte € tormento re ra m en -
pe st e en ve ne na nd o os po go s. Oc or
deus. acusados de terem causado a
s te rr iv ei s de ju de us , ap es ar do s ap el os do pa pa do .
io massacre orias, le-
es af un da ra m a pr od uc ao de al im en to s e me rc ad
Os milhêes de mort
bi re m ac en tu ad am en te . As te ns êe s ec on êm ic as e so cl al s,
vando alguns pregos a su
te ri or es a pe st e, ex pl od ir am em re be li ëe s. Ca da re be li ëo ti nha
algumas delas an
ép ri a es pe ci fi ca , ma s OS le va nt es no ca mp o ca ra ct er iz aram-se por um
uma causa pr
io ge ra l. Ou an do os rei s e se nh or es , gu eb ra nd o as re la gê es so ci ais baseadas
padr
eses ergue-
no costume, impuseram novos e onerosos regulamentos, os campon
ram-se em defesa dos direitos tradicionais.
ado
Em 1323, os camponeses livres de Flandres, cuja situag3o havia melhor
stabelecer
nas décadas anteriores, enfureceram-se com a tentativa dos nobres de re
velhas obrigac6es senhoriais. Sua revolta durou cinco sangrentos anos. Em 1358,
os Camponeses franceses pegaram em armas em protesto contra os sagues dos cam-
pos pe lo s so ld ad os . Ce rc a de 20 00 0 ca mp on es es mo rr er am no le va nt e co nh ec i-
do como Jacguerie. Em 1381, os camponeses ingleses revoltaram-se contra a le-
gislacao gue os prendia 3 terra € impunha novos tributos. Como as revoltas em
Flandres e na Franca, o levante inglês também fracassou. Para a aristocracia fun-
di&ria, os camponeses eram pecadores gue combatiam um sistema social ordena-
do por Deus. Possuindo superioridade militar, a nobreza subjugou os revolrosos,
As vezes com violenta crueldade.
A inguieragio atingiu também as cidades. Os assalariados de Florenca (1378),
os receloes de Gand (1382) e os pobres de Paris (1382) rebelaram-se contra as
oligarguias governantes. Essas revoltas foram iniciadas, em geral, nao pelos mas
es ' n ede mas pelos gue haviam feito certas Condguistas & ansia-
ase Sr omo os levantes camponeses, as rebeliëes dos pobres urbanos tam-
agadas.
Pare pare desse periodo de adversidades a série de conflitos co-
mde uerra os Cem Anos. Como os reis ingleses haviam governado
d Ga, os conflieetos entre as duas monardguias eram comuns. No inicio
ke os ingleses infligiram terrfveis derrotas aos cavaleiros franceses nas bata-
e Crécy (1346) e Poitiers (1356). Usando arcos de mêo, gue lhes permitiam
ar ar Hlechas rapidamente, os argueirokis s ingleses destruiram ondas sucessivas da
isppar
! GIBLIOTECA POBLICA MUNICIPAL
Pe. ARLINDO MARCON
ADIOES BARBOSA — B$ 8
202 Givilizacio ocidental

Batalha de Crécy, 1346. A pretensao inglesa ao trono francéês levou 4 chamada Guerra dos Cem
Anos entre as monarguias dos dois paises. No final do conflito, o esforco inglês fracassou.
Embora a Franca tenha sido devastada pelos exércitos invasores € por revoltas
internas, os rel
ingleses perderam aguase todas as possessêes francesas. Mas a vitéria inglesa em Crécy
foi
catastréfica para os cavaleiros mo ntados franceses, gue cajam em bandos sob a saraivada de
Hlechas dos argueiros ingleses, Photo Hacbette

,
cavalaria francesa. A guerra continuo u de maneira intermitente durante todo 0 é-
culo XIV. Nos periodos de trégua, BTUpos de
soldados OClOSOS vagavam pelos ad
pos franceses matando e roubando — ages gue precipitaram a Jacguerie.
.
Depois da batalha de Azincourt (1415), vencida sob o comando de Henridu*
V, Os ingleses passaram a controlara malior
parte do norte da Franca. A Inglaters”
parecia estar na iminência de CONguistar a Franga e unir os dois pafses sob a mes”
ma coroa. Nesse momento crucial da histéria francesa, uma
jovem campones”
analfabeta, J ad D Arc (14 12-1431), ajudou a salvar a Pranca. Acredicando gué
Deus lhe havia mandado expulsar os ingleses, Joana reuniu as desmoralizade!
ad '
sd Ed N
A ldade Média 203

a. Em 14 29 , li be rt ou a ci da de si tiada de
talh
tropas francesas, liderando-as em ba en ad a co mo he re ge e fe it iceira, em
Orléans. Aprisionada pelos in gl es es , Fol co nd
co lh id o a de do . Mo rr eu gu ei ma da na fo gu ei -
1431, por um tribunal religioso es
an a, o ex ér ci to fr an cê s ex pu ls ou os in gl eses de todo
za. Inspirado pela morte de jo
s, co m ex ce cë o do po rt o de Ca la is.
o territério francë s im pu se ra m no vo s tr ib ut os,
rei s fr an ce se
Durante a Guerra dos Cem Anos, os on aram-
te su as re nd as . Es se s re cu rs os pr op or ci
gue aumentaram substancialmen go s e leais.
pr of is si on al de so ld ad os be m pa
Ihes meios de organizar um exército ra tam-
im en to de or gu lh o e un id ad e no po vo fr an cês, a guer
Evocando um sent e na ci onal. Tam-
esce nt e, ma s ai nd a in co mp le ta , un id ad
bém contribuiu para a €r
nf li to co m um se ns o de so li da ri ed ad e ma ior. Mas a
bém os ingleses sairam do co
ia s te rr iv ei s pa ra os ca mp on es es fr an ce se s: milhares de
guerra teve consegiënc s in-
os € Ca mp os va li os os fo ra m de st ru id os pe lo s ex érciro
agricultores foram mort , a Gu er ra dos
ce nd ri os as sa lt an te s. N u m pr od ig io so av an go
gleses e grupos de er a de ar ti lh a-
ti gi os fi na is , a ur il iz ag ao da pé lv or e
Cem Anos testemunhou, nos es
ria pesada.

O declinio do papado
nto
O principal sinal de decadência da civilizagao medieval foi o enfraguecime
dad e e do pres tigi o do pap ado . Na Alra Ida de Méd ia, o pap ado fora a
da autori
instituic&o dominante da cristandade, mas na Baixa Idade Média seu poder co-
mecou a se desintegrar. O ideal medieval de uma comunidade crista unificada,
guiada pelo papado, foi destruido. A autoridade ponrifical decdlinou em face do
crescente poder dos reis, gue defendiam os interesses paroguiais dos Estados. O
prestigio do papa e sua capacidade de comando enfragueceram-se com seu en-
volvimento na politica européia. Muitos cristaos achavam gué o papa se compor-
tava mais como um governante secular do gue como um Apéstolo de Cristo. Os
oe politicos e os reformadores da Igreja solaparam ainda mais a autoridade
ponrtifical.

Conflito com a Franca


an PS MA Franga (1285-1314) triburou as terras da lgreja em seu pais para
buns ie para a guerra, Com isso, ignorou a proibigao da Igreja contra a
de as oe sem permisso do papa. Em 1296, na bula Clericis
ER oo onI va VIII (1294-1303) decretou gue os reise senhores gue
hoi Fi - “OS ” re o dero, eo dero gue os pagasse, serlam excomungados.
oddae sek “ne nar ante a ameaga do papa, Filipe afirmou pela forca sua au-
greja no Ambito de seu reino. Bonifdcioy recuou, declarando gue
is ek “Es podia triburar o dlero em épocas de emergéncia nacional. O assunto
O rel francéê . .

esolvido, assim, em favor do Estado.


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Med EE BE

204 Civikzacio ocidental

Uma segunda disputa teve consegiiëncias mais desastrosas para Bonif


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lipe prendeu e julgou um bispo francês, apesar da advertência do papa de
ato era ilegal e constituia uma violag&o do direito e da tradicao da greia se 0
do os guais esta, € nao o Estado, deveria julgar os padres. Filipe convocou Die
Ee

meira reuniëo dos Estados Gerais para conseguir o apoio da nagao. Pouco de pr
Bonifdcio ameagou excomungar 0 rei francês. Ofendido, Filipe mandou a IS,
sales ed

paldcio de verao pontifical em Anagni, em setembro de 1303. e Capturou o 0


Embora Bonif4cio tenha sido libertado, esse acontecimento terrivel foi Ee
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ad eedr eer

para ele, gue Haleceu um mês depois. Seus dois sucessores, Benedi
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to XI (1303.
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1304) e Clemente V (1305-1314), tentaram conciliar Fili


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pe. Clemente deci diu


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permanecer em Avignon, cidade situada na fronteira sudeste da


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Franga, onde el
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estabelecera residência tempordria.


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De 1309 a 1377, periodo conhecido como Cativeiro da Babilênia, os papas


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toram todos franceses e se fixaram em Avignon. Durante esse tempo, o papa


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do,
afastado de Roma e privado das rendas dos Estados Pontificais na
Tr4lia, foi com
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tregiëncia forgado a adotar politicas favordveis a Franca. A imagem papal dete-


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riorou-se atnda mais devido ao crescente sentimento contra o papado entre os


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em ferik Baasre. - sd

leigos. Estes se revoltavam contra o luxuoso estilo de vida em Avignon e a no-


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meagio de altos dignitrios da Igreja para pafses cujas linguas n4o conheciame
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onde pouco interesse evidencijavam pelos habitantes. A critica ao poder pontifi-


PTA
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cal intensificou-se. O conflito entre Bonifdcio e Filipe provocou uma guerra de


had VERA:
palavras entre os partidirios da supremacia papal e os defensores dos direitos reais.
A critica mais importante da intromiss3o religiosa nas guestêes terrenas foi )
defensor da paz (1324), de Marsiglio de P4dua (c. 1290-1343), gue sustentava ser
o Estado governado de acordo com seus préprios principios, os guais nada t-
nham a ver com os mandamentos religiosos oriundos das esferas superiores. A re-
ligiao lidava com um mundo sobrenatural e pri nci pios de fé gue nao podiam ser
provados pela razao, escreveu Marsiglio. A politica, por sua vez, ocupava-sé do
mundo natural e dos assuntos da comunidade humana. Os pensadores polidcos
nio deveriam tentar adeguar o reino terreno aos artigos da fé. Para Marsiglio, o
Estado era auto-suficiente; nio precisava de instruc6es de uma autoridade sup€”
rior. Dessa forma, Marsiglio negou as premissas essenciais da teoria polirica do
papado medieval: a de gue o papa, como vigdrio de Deus, tinha poder de gula!
os reis; gue o Estado, como parte de um mundo ordenado divinamente, deverl?
conformar-se aos fins sobrenaturais € a €stes atender; e gue o dlero estava ad”
das leis do Estado. Marsiglio considerava a Igreja uma instituico espiritual, des-
tituida de poder temporal.

O Grande Cisma € 0 movimentg concilsa


r
O papa Gregér io XI levou de volta o papado para Roma, em 1377, acabando
Thacio
papado teria de enfrentar uma humihas
papa em 1378, Urbano VI insultou € MY”
dou prender vérlos cardeais. Fugindo de Roma, estes declararam nula a elei€/”
A dade Média 205

era m Cle men te VII com o nov o pap a. Rec usa ndo a dec isa o
de Urbano € escolh
ma.
dos cardeais, Urbano €Xcomungou Clemente, gue respondeu da mesma for
io e ang ust la dos cri sta os de tod a a Eur opa , hav ia ago ra doi s
Para maior confus
apas. Urbano em Roma e Clemente em Avignon.
mai s des tac ado s da Igr eja ins ist ira m na con voc aga o de um conci-
Os homens
l —o Con cil io de Pis a — par a pêr fim ao infe liz cis ma gue imp edi a o papa-
lio gera
des emp enh ar seu s dev ere s sag rad os. Rea liz ado em 140 9 com a presenga de
do de
o con cil io dep ês os doi s pap as e esc olh eu um nov o. Ne-
“entenas de religiosos, a
onh ece u a dec isd o do con cil io e a cri sta nda de pas sou
bum dos pontifices rec a
o con cll io foi con voc ado em Con sta nca , em 141 4. Na lur
ter três papas. Nov
se seg uiu , cad a um dos trés pap as abd ico u ou foi dep ost o em favor de uma
gue
icd o pel o con cil io. Em 141 7, aca bou o Gra nde Cis ma.
ele
Na primeira metade do século XV, os concilios da Igreja reuniram-se em Pisa
ao cisma,
(1409), Constanga (1414-1418) e Basiléia (1431-1449) para pêr fim
or-
combater a heresia e reformar a Igreja. O movimento conciliar procurou transf
mar a mon arg uia pon tif ica l num sis tem a con sti tuc ion al, no gua l pod er do pap a
seria regulado por um concilio geral. Os defensores desse movimento sustentavam
gue o papado nio podia reformar a Igreja com a mesma eficiëncia de um concilio
geral representativo do clero. Mas o movimento conciliar acabou fracassando.
Ouando o Santo Imperador Romano e, em seguida, o rei da Franga returaram seu
apoio aos concilios, o papado recuperou sua autoridade sobre o alto clero. Em
1460, o papa Pio II condenou o movimento conciliar como herético.
Profundamente envolvido na polftica de poder européia, o papado negligen-
cjava, com fregtiëncia, suas responsabilidades morais e espirituais. Muiros cris-
tos devotos ansiavam por um renascimento religioso, um retorno 3 piedade simples;
o papado, porém, n4o dava ouvidos a esse damor de reforma. Sua incapacidade
de proporcionar uma lideranca criativa para a reforma possibilitou a Reforma
protestante do século XVI. Dividindo a cristandade em catélicos e protestantes,
a Reforma destruiu para sempre o ideal de uma comunidade cristi mundial guia-
da pelo vigério de Cristo, o papa.

Heresias do sérulo XIV


Outra grande ameaga ao poder do papa e ao ideal medieval de uma comuni-
dade criseê universal foram os reformadores radicais, gue guestionaram a funcao
€ a autoridade de toda a hierarguia da Igreja. Esses hereges, na Baixa Idade Mé-
dia, foram OS precursores da Reforma protestante.
he principais dissidentes foram o inglês John Wycliffe (c. 1320-1384) eo
. ak Jan Hus (c. 1369-1415). Ressalcando a relag&o pessoal entre o individuo
Ge d e afirmando guea prépria Biblia, n&o os ensinamentos da Igreja, devia
uroridade cristê suprema, Wycliffe guestionou a posic3o fundamental da
8Teja medieval —a de gue o caminho para a salvagao passava exclusivamente pe-
sda Iere; ME.
's eja. Aracou a rigueza do alto dlero e buscou o retorno 4 pureza espiritual
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“€za material da Igreja primitiva.

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Para Wycliffe, a rica e complexa hierarguia da Igreja era desneces “Arla e errê,
Os bispos, suntuosamente vestidos e donos de propriedades, nio se assemel...
aos pescadores simples gue seguiram Cristo. Na verdade, esses bispos aan N
chefiados por um papa principesco e trênico, eram anticristaos, os *
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Inferno'. Wycliffe gueria gue o Estado confiscasse as propriedades da 1


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o dlero adotasse a pobreza. Negando gue os bispos convertessem o pa grejae gue


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da comunhao na substincia do corpo e do sangue de Cristo, ele rejeit
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sacramental do dlero. A Igreja, em resposta, privou os lolardos — orde,“Va O poder


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dotes pobres gue propagavam os ensinamentos de Wycliffe — de suas funcêes vi


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giosas. No inicio do século XV, alguns dos seguidores de Wycliffe


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dos a morte na fogueira.


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As idéias de Wycliffe foram recebidas com entusiasmo pelos reformadores


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cos da Boëmia, liderados por Jan Hus. Como Wycliffe, Hus defendia gue a Bi-
blia fosse traduzida para a lingua verndcula, tornando-se assim acesstyel 2S
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soas COmuns, é censurava o alto dlero por seu luxo e imoralidade.


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Embora os dois movimentos tenham sido dedlarados hereges — Hus inclusive


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toi gueimado na fogueira —, a Igreja nio conseguiu subjugar seus seguidores nem
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erradicar seus ensinamentos. Em certa medida, as doutrinas da Reforma seriam


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um paralelo dos ensinamentos de Wycliffe e Hus.


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A dissolugao da sintese tomista


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Na Baixa Idade Média, o papado perdeu poder, visto gue reis, teëricos politi-
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cos e dissidentes religiosos desafiavam a pretensio papal de lideranca suprema.A


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grande sintese teolégica construida pelos escoldsticos dos séculos XI e XIII desa-
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bou. O processo de fragmentac&io observado na histéria da Igreja ocorreu tam


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bém na filosofia.
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O sistema de Santo Tomds de Aguino coroou a tentativa escoldstica de mos”


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trar a concordência b4sica entre a filosofia ea religiëo. No século XIV, varlos


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pensadores lancaram dividas sobre a possibilidade de sintetizar o aristotelismo€


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o Cristianismo, isto é, a razso e a f€. Negando gue a raz&o pudesse demonstrar


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com seguranga a verdade das doutrinas cristas, os fil6sofos tentaram separar 3


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razêo da fé. Enguanto Aguino dizia gue a razêo provava, ou esclarecia, grande
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parte da revelac3o, os pensadores do século XIV afrmavam gue as proposisoes


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b4sicas do Cristianismo na0 estavam abertas A demonstragio racional. Enguan?


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Aguino sustentava gue a fé suplementava € aperfeicoava a razao, alguns ilésofos


passaram a proclamar gue a razio, muitas vezes, contradizja a fé.
1
Na verdade, “$$a noVa perspectiva nao pedia o abandono da fé em favol a
razao. A fé tinha de prevalecer em gualguer conflito com a raz3o, pordue S s-

damentava em Deus, a suprema autoridade do universo. Mas a relagao tred


razao e a revelagio modificou-se. Dizia-se agora gue €”
os artigos da fé nada dinban
7 . ' uia
A ldade Média 207

RriE
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a raz ao e a fé tio hab ilm ent e for jad a por Agu ino . A sintese
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ld st ic a d e s i n t e g r a v a r s

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p a i s r o p o n e n t e s d e s s a n o v a p e r s p e c t i v a fo i G u i
Um dos princi p j

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trd rio de Ag ui no , Oc kh am ins ist ia em gue


Ockham (c. 1285-1349). Ao con da alma ou
ia pro var a exi sté nci a de Deu s, a imo rta lid ade
raz&0 natural nao pod
cri sta ess enc ial . A raz io sê pod ia diz er gue De us prova-
gualguer outra doutri na
av el me nt e do to u o ho me m de um a al ma imorcal. Ma s
velmente existe € gue é pr ov
tai s pr op os ig 6e s co m seg ura nga . Os pos tul ado s da té estavam
nao podia provar
ia Oc kh am ; nio hav ia bas e rac ion al par a o €ri sti ani smo. Para
a|ém da razao, diz
fé nio se co mp le me nt av am nec ess ari ame nte , co mo afi rma va Ag ui-
de, a razao ea
a fé —
ho: no era posstvel, nem dril, uni-las. Mas ele nao procurava combater
| |
2

apenas separd-la da razao. |


No pro ces so de pro dla mar a aut ori dad e da fé, Oc kh am ta mb ém est imu lou o
da raz3 o para com pre end er a natu reza . Sua abo rda gem , sep ara ndo o con hec i-
uso
mento natural do dogma religioso, tornou mais fdcil a explorag#o empirica do
mundo natural, sem enguadri-la numa estrutura religiosa. Com Ockham, por-
ranto, temos um precursor da mentalidade moderna, gue se caracteriza pela sepa-
rac&o entre razao e religido e pelo interesse na investigagao empirica da natureza.

A Idade Média e o mundo moderno:


continuidade e descontinuidade
A civilizacio medieval comegou a declinar no século XIV, mas a Europa nao
viveu um periodo de trevas, tal como aconteceu nos trés séculos gue se segui-
ram ê gueda de Roma; suas instituic6es econêmicas e politicas, e seu conheci-
mento tecnolégico, se haviam tornado muito fortes. Pelo contrêrio, o fim da
Idade Média abriu possibilidades para outra fase da civilizag&o ocidenral —
a Idade Moderna.
O mundo moderno esté ligado, de muitas maneiras, a Idade Média. As cida-
des européias, a lasse média, o sistema do Estado, o direito consuetudindrio in-
glês, as universidades — tudo isso teve origem naguele periodo. Nele se fizeram
'mportantes progressos nas pr4ticas comerciais — entre os guais as sociedades, a
contabilidade sistem4tica ea letra de cAmbio. Traduzindo e comentando os escri-
ros dos pensadores gregos e drabes, os eruditos medievais preservaram um legado
intelectual inestimdvel, sem o gual o espirito moderno jamais poderia ter evolui-
do. Além disso, h4 numerosos elos entre o pensamento dos escoldsticos e o dos
Primeiros filésofos modernos.
As tradic6es feudais duraram ainda muito tempo depois da ldade Média. Até
ie ee Prancesa, por exemplo, os aristocraras franceses destruravam de pri-
ige Peel e exercjam o poder sobre os governos locais. Na Inglarerra, a
controlou o governo local até gue a Revolugao Industrial transfor-
Masse a sociedade inglesa, no século XIX. Preservando o ideal medieval do guer-
o nobre, os aristocratas continuaram a dominar o guadro de oficiais dos exér-
reir - a - “. a #
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A sabedoria impele os eruditos medievais ao progresso. Durante a Idade Média, os
europeus
Hzeram importantes avangos tecnolégicos. O astrol&bio, o guadrante, o relégio solar e o relêgio
di mostrados agui ilustram a capacidade técnica medieval. Bibliotbêgue Royale Albert 1,
ruxe

citos europeus durante todo o século XIX e mesmo no século XX. As nocêes aris
tocrdticas de dever, honra, lealdade, bem como o amor cortesao, também perduw
raram até o século XX.
| Durante a Idade Média, os europeus comecaram a suplantar os mugulmanos
bizantinos, chineses e todos os outros Povos no emprego da tecnologia. A €D8”
nhosidade e tecnologia medievais derivavam. em parte, do cristianismo, segundo
o gual Deus criara o mundo para gue os seres humanos o dominassem € explo”
rassem. Consegtientemente, para aliviar a labura humana oe povos do per
odo re
correram a forca dos animais ea maguinas gue ee o trabalho. O crisd*”
nISMO EnsInava também gue no existia nenhum obstéeulo espiritual 2 explord
ao da natureza — ao contrdrio, por exemplo, do hinduismo. Diferentementé
humanismo cl4ssico, a perspectiva crisê nao considerava degradante o trabalno
tsico, € mesmo os monges se dedicavam a de
A lie cr oe sagrado do individuo e na superioridad
e da lei de Des
nunca detou dé in#uenciar a civilizacio ocidental. Embora nos tempos mode
r
A dade Média 209

sta s rar as vez es te nh am as su mi do a lid era nca de reformas


nos as vêrlas jgrejas Cri ta to rn ar am-
sociais e pol iri cas , os ide ais rel aci ona dos co m a tra dic ao jud aic o-c ris
par te da her ang a oci den tal , ins pir and o re fo rm ad or es soc iai s gue po ss iv elmente
se
jA nao mais se identificavam com sua religio ancestral. a
o ea lei div ina era sup eri or ao Est ado ou aos dec ret os nac ion ais ,
Acreditand gu
a-
os Blésofos medievais ofereceram uma base teërica para a Oposiao aos reis tir
os pri nci pio s cri sta os. A idé ia de gue tan to go ve rn an te s co mo
nicos gue violavam
ao lig ado s por um a lei sup eri or aca bar ia se to rn an do , de forma
governados est
, um dos pri nci pai s el em en to s do pe ns am en to lib era l mo de rn o.
secularizada
do com
O feudalismo também contribuiu para a histéria da liberdade. De acor
ria feu dal , o rei, co mo me mb ro da co mu ni da de feu dal , tin ha o dever de
3 teo
is
honrar os acordos feitos com seus vassalos. Os senhores tinham direitos pessoa
gue o rei era obrigado a respeltar. Temendo um rei gue tripudiasse sobre seus
direitos feudais costumeiros, os senhores também negociavam contratos com a
-oroa, como a famosa Magna Carta, para definir e salvaguardar suas liberdades.
Para se protegerem do comportamento arbitririo de algum rei, os senhores feu-
dais iniciaram o gue se tornou conhecido como govermo pelo consentimento € 1m-
pério da lei...
Assim, surgiram gradualmente na Idade Média as idéias de gue a lei nio era
imposta aos inferiores por um monarca absoluro, mas exigia a colaboragdo do
rei e seus stiditos; gue o rei também era limitado pela lei; e gue os senhores ri-
nham o direito de resistir a um monarca gue violasse acordos. Relacionou-se
com essas idéias o aparecimento das instituicêes representarivas, gue o rei deve-
ria consultar guanto aos negécios do reino. A mais notdvel dessas insturuigées
foi o Parlamento britênico, gue embora estivesse subordinado ao rei, tornou-se
parte permanente do Estado. Posteriormente, no século XVII, o Parlamento
contestaria, com Êxito, a auroridade real. Houve, portanto, uma continuidade
entre a tradicdo feudal de um rei limitado pela lei e a prdrica moderna de limi-
tar a autoridade do executivo.
Embora os elementos de continuidade sejam evidentes, a perspectiva Carac-
reristica da ldade Média é diferente da perspectiva da Idade Moderna, tal
como difere daguela do mundo antigo. A religiso foi o elemento de integracio
da Idade Média, ao passo gue a ciëncia e o secularismo — preocupagaio com a
vida terrena — determinam a perspectiva moderna. O periodo gue vai do Re-
nasclmento 1ttaliano do século V até o Iluminismo do século XVIII constitui
alieee com a visdo de mundo medieval, uma rejeigio da concepgdo
ae aa do individuo e da finalidade da vida. A transicio do pe-
oie ke Ps o moderno nao se deu de forma repentina nem complera,
ao. €marcagao clara entre as Epocas histéricas. Embora muiros
XVL XV eristicamente medievais tenham persistido ao longo dos séculos
€ mesmo XVIII, estes testemunharam também o surgimento de no-
ye
Vas for
mas politica
el
s, econêm
A
icas

e intelec
"
tuais" gue marcaram o inicio
3 s
da mo-
ernidade.
210 Givilizacdo ocidental

O pensamento medieval partia da existência de Deus e da verdad


lagio, tal como interpretada pela Igreja; esta fixava os padrêese de Fini$ ade 05SUa reye.
ober,
vos do empreendimento humano. O espirito medieval rejeitava o
PTINCIpio fun.
damental da filosofta grega: a autonomia da raz&o. Sem a orienta
Ga0 da verdade
revelada, a razao era considerada fr4gil.
Os escoldsticos dedicaram-se & especulacio filoséfica autêntica,
MAS nêo per.
miririam gue a filosofia duvidasse ou guestionas
se as premissas bésicas de sua t
Ao contrério dos pensadores antigos ou modernos
, os escoldsticos medievais are
ditavam gue a razao, sozinha, nao podia oferecer uma visi
o unificada da nature-
za ou da sociedade. Uma alma racjonal tinha de ser guiada por uma
luz divina.
Para todos os fil6sofos medievais, a ordem natural dependia de uma
ordem SO-
brenatural, para sua origem e finalidade. Para compreende
r de maneira adegua-
da o mundo natural, era necessdrio conhecer sua relacëo com o mund
Oo Superior.
As descobertas da raz&o tinham de harmonizar-se com as Escr
erk

ituras, tal como in.


terpretadas pela Igreja.
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Na perspectiva moderna, tanto a natureza como o intelecto humano s0 auto.


se
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suficientes. A natureza é um sistema matemdtico due opera sem milagres ou gual


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guer outra forma de intervencio divina. Para compreender a natureza e a socie-


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dade, a mente n#o precisa de assistência divina: ela nio aceita nenhuma autorida
as”

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ed
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de acima da raz&o. A mentalidade moderna julga inaceitdvel rejeitar as condlu-


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soes da ciéncia com base na autoridade clerical e na revelacio, ou fundamentara


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politica, o direito ou a economia. no dogma religioso. Recusa-se a resolver as gues-


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toes pdblicas recorrendo & crenca religiosa.


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O filésofo medieval entendia a natureza e a sociedade como ordens hierdrgui-


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cas. Deus era a fonte dos valores morais, ea Igreja era responsdvel pelo ensina-
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mento e manutengao dessas normas éticas. Os reis recebiam de Deus o direito de


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governar. Toda a estrutura social constitufa uma hierarguia: o dlero guiava a SO”
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ciedade de acordo com padrêes cristaos; os senhores defendiam a sociedade cris


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ta contra seus inimigos; os servos, no ultimo grau da ordem social, trabalhavam


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para o bem de todos. Havia também uma hierarguia do conhecimento: suas for
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mas inferiores vinham dos sentidos e a mas elevada, a teologia, tratava da revela-
de
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ao divina. Para o espirito medieval, essa ordenagao hierdrguica da natur€zê, da


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sociedade e do conhecimento tinha a sangao divina.


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Rejeitando a divisao medieval do un Iverso em esferas superior € infer ,


hferiorior, eM
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substências superiores e inferiores, a v1$S3o


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medieval postulava a uniformidad
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natureza e suas leis: o cosmos desconhece gualguer privilégio relacionado com


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Posi€êo social; os corpos celestes obeder cm as mesmas leisg naturais; gu€e OS ob] 1etOS
terrenos. O espaco é geom€trico
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e homogêneo,
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nao
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hierdrguico,
. 7 .
heterogenê Ê ME
gualitativo. O univers 9, antes j concebido como finito e fechado, passou a SET
siderado infinito, € as operac6es da natureza . armeDIE
foram explicadas matemat! g
r
A Idade Média 211

Essa ma-
gue Deus o fizera dessa maneira para expressar os sete dons do Espirito.
spe cti va mod ern a, bem com o a cre nga med iev al de
heirade pensar estranha & per
gue as cardstrofes naturais, como pragas e fome, sio castigos divinos.
te mod ern o rom peu tam bém com a rigi da div isa o da soc ied ade me-
O Oci den

Ek
aa
a essa
dieval em trés classes: dlero, nobres e plebeus. A jusrificariva intelectual par
exp res sou o pre lad o ingl ês Joëo de Sal isb ury (c. 111 5-

ma EA AE
organizad ao soci al, tal com o
itad a pelo s pen sad ore s mod ern os: “E obr iga gio dos inf eri ores pres-
180), foi reje ores,
var servicos a seus superiores, da mesma maneira gue é obrigag3o dos superi
rec er a seus infe rior es tod as as cois as nec ess iri as a pro teg ao e auxl -
por sua vez, ofe
ndo -se ao pri nci pio feu dal de gue as obr iga g6e s € os dire itos do
io a estes.”! Opo
rel aci ona m-s e com sua pos iga o na soc ied ade , a per spe cti va mod ern a res-
nividuo
a
saltou a igualdade de oportunidades e de tratamento perante a lei. Rejeitou
uma
idéia de gue a sociedade devia ser guiada pelos clérigos aos guais se atribuia
ria espe cial ; pelo s nob res , a gue m se out org ava m pri vil égi os espe ciai s; €
sabedo
pelo rei, gue se acreditava ter recebido seus poderes de Deus.
O Ocidente moderno rejeitou ainda o cardter pessoal e consuetudindrio do
direito feudal. Com a evolucio do Estado moderno, o direito assumiu um cara-
ter impessoal e objetivo. Por exemplo, se o senhor exigisse mais do gue os habi-
tuais 40 dias de servico militar, o vassalo poderia recusar-se a obedecer, conside-
rando tal exigéncia como uma violago imperdoëvel do costume e do acordo, e
uma transgressio de suas liberdades. No Estado moderno, com uma constitui-
cio e uma assembléia representativa, se for aprovada uma nova lei ampliando a
duracio do servico militar, ela simplesmente substituird uma lei anterior. As
pessoas nio se recusam a Cumpri-la porgue o governo rompeu o acordo ou vio-
lou o costume.
No mundo moderno, a relac&o entre o individuo e o universo foi radicalmen-
te transformada. As pessoas da Idade Média viviam num universo geocéntrico,
finito no espago e no tempo; ele era pegueno e rodeado por uma esfera de estre-
las, além da gual ficava o parafso. Acreditava-se gue o universo tinha cerca de 4
mil anos de idade e gue, num futuro nio muito distante, Cristo retornarla € a
histéria humana chegaria ao fim. O homem da Idade Média sabia por gue esta-
va na Terra e o gue se esperava dele; jamais duvidava de gue o céu seria sua re-
cOmpensa por levar uma vida cristê. Preparar-se para ingressar no céu era o prin-
cipal objetivo da vida. J. H. Randall Jr., historiador da filosofia, resume de manei-
ra elogtiente a visio medieval de um universo intencionado, no gual o ser humano
PCUpava uma posicëo dlaramente determinada.

” mundo era totalmente governado pela vontade onipotente e pela mente onisciente de
ee oe es estavam centrados no homem, no seu Jjugamento, na sua gueda, nos
ME ry im * na sua gléria. Verme do pd era ele, mas ainda assim 0 homem era 0 obje-
ie 0 0 universe. (C. ) E guando seu destino se completasse, os céus se abririam
um pergaminho e ele viveria junto do Senhor para sempre. Sd os gue rejeitavam a
ies sy
Tr f ofereeida livremente por Deus, e com coragdes endurecidos recusavam o arrependi-
“to, sertam excluidos dessa vida eterna.”

os
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Wi AM, op RE

ve re bags
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212 Civiltzacio ocidental
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Essa reconfortante visio medieval é estranha & perspectiva moderna Hs.


num universo com cerca de 10 bilhêes de anos, no gual a Terra é g ` Hos
grao flutuando num intermindvel oceano césmico, onde a vida surgiu hê de en
de milhêes de anos, muitos ocidentais jA nio tém certeza de gue os nas
, ' Seres humang
sao os hilhos prediletos de Deus; de gue o céu é o seu destino final. d
Ë
pés estd o Inferno onde demênios grotescos atormentam * due sok Sels
os pecadores; de ou
Deus é um agente ativo na histéria humana. €
Para muitos intelectuais o UNivers
parece pouco sensivel as siplicas religiosas, e o objetivo da vid
a é buscado hees
dos limites da existência terrena. A ciëncia e o se
Ms aa fee. OE

cularismo €xpulsaram 0 cristianis.


mo ea fé de sua posigio central para a periferia das Preocupagées hu
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manas.
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ae RS RE

A perspectiva moderna evoluiu gradativamente no


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periodo gue vai desde 2


Rena scenga até a época do Tluminismo, no século XVIIL O UNIV
od rk
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Erso tOrnou-se
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compreensivel pela matemdtica. O pensamento


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econbmico e politico fo liber.


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tado da moldura religiosa. A ciëncia tornou-se a gr


ande €speranca do future.
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Os pensadores do Iuminismo gueriam libertar a humanidade da


SUpersti€io,
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da ignor&ncia e das tradic6es gue n&o podiam resistir A prova da razao.


Acredi-
ravam €star €mancipando a cultura do dogma teolêégico e da autoridade de
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cal. Rejeitando a idéia crist£ de pecado original, sustentavam gue o homem era
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basicamente bom, e gue o mal resultava das ins tituigêes imperfeitas, da educa-
ER

630 preciria e da lideranga ineficiente. Assim, o conceito de uma sociedade


livre e racional, na gual as pessoas pudessem realizar seu potencial, surgiu len-
tamente.

Notas

1. Citado em David Knowles. The Evolution


4. Joëo de Salisbury. Policraticus. 'Trad. de John
of Medieval Thought. Nova York, Vintage Dickinson. Nova York, Russell &c Russelh
Books, 1964, p. 123. 1963, pp. 243-44.
2. Tomds de Aguino. Suma teoldgica. Parte 1, 5. J. H. Randall, Jr. 7he Making of Hé Me
pergunta 2, artigo 3. dern Mind. Boston, Houghton Mifflin,
3. Joan Gadol. Leon Battista Albert, Univer-
1940,
p. 34,
sal Man of the Early Renaissance. Chicago.
University of Chicago Press, 1969, pp. 149-50.

Sugestoes de leitura
Brooke, Christopher. 7e Twelftb-Cenmury Re-
Gilson, Etienne. Reason and Revelanion gs
matssance (1969). Examina as escolas, o ep
sino, a teologia, a literarura € as figuras Middle Ages (1966). Excelente € CO”
proeminentes. exposic&o da tradicio filoséfica me gê).
Copleston, EF. C. 4 History of Medieval Gimpel, Jean. The Cathedral Builders ( ce
Ph;- As forcas espirituais, polfticas € Finar
losophy (1 974). Exame ldcido ë abrangen- ras por tris da construcdo das catedrals
te da filosofia medieval. Haskins, C. H. The Renaissance of 'hé Tel

oo dy L.f
A Idade Média 213

Reimpressio de uma obra Pieper, Josef. Scholasticism (1964). Escrito


Century (1957).
com inteligência e elegancia.
ainda hoje veil. Piltz, Anders. 7he World of Medieval Learning
teenth and
Hay, Denys. Europe in jhe Four
nt ur ie s (1 96 6) . Um bom estu- (1981). Estudo elucidativo e bem escrico
Fife en th Ce
dia. da educacio e ensino medievais.
do sobre a Batxa Idade Mé
Th e Ag e of Aa ve rs ity (1968). Wagner, David L. (org.) The Seven Liberal
Lerner, Ro be rt E.
ura sobre o Arts in the Middle Ages (1983). Ensalos so-
Estudo conciso € de fAcil leit
bre o lugar das artes liberais na culrura me-
século XIV.
, St ev en E. Th e A g e of R e f o r m, 1250- dieval.
Ozment
intelec- Wieruszowski, Helene. 7he Medieval Univer-
1550 (1980). Histéria religiosa e
rma siy (1966). Bom estudo, acompanhado de
rual da Baixa Idade Média e da Refo
documentos.
na Europa.

Ouestêes de revisao

1, Oue fatores contribuiram para o reflores- 6. Descreva o gue cada um dos elementos a
cimento do saber no final do século XI e seguir informa sobre as arirudes e inre-
no século XIP? resses das pessoas medievais: trovas, Of
2. Descreva as caracteristicas essenciais da contos de Cantudria, A divina comédia €
visio medieval do universo. Em gue ela caredrais géricas.
difere da concepcao moderna? 7. Oue problemas econêmicos fizeram do
3. Naldade Média, a compreensio do indi- século XIV uma época de adversidades?
viduo acerca do ser estava relacionada 8. O gue levou ao enfraguecimento da au-
com a concepcio de gue o universo era toridade da Igreja na Baixa Idade Média?
uma hierarguia, no topo da gual estava 9. Oual foi o legado da Idade Média ao
Deus. Expligue essa afirmagao. mundo moderno?
4, O gue os filêsofos escoldsticos tentaram 10. Em gue aspectos a perspecriva caracteris-
realizar? rica da Idade Média difere da visao mo-
5. Oual foi o significado do pensamento de derna?
Tomds de Aguino?
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ES TEKEN ET PRO ver T vd Hie RA N ad
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&

1350-1789
PARTE TREÉS

GinaudorlAre Resoue. NY
Partida de Lisboa para o Brasil, fndias or; Ie
WIT Ys

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e
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América.
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A ascensdo da modernidade-
da Renascenca ao lluminismo

Theodore de Bry, 1562.


l R.K l

NE ea Hi
Ë

PENSAMENTO E CULTURA
POLITICA E SOCIEDADE

Tem inicio a Renascenga italiana (c. 1350)


1300 Guerra dos Cem Anos (1337-1493)
Artistas da Alta Renascenga: Brunelleschi,
1400 Guerra das Rosas na Inglaterra (1455-1485)
nha Masaccio, van Eyck
Governo de Fernando e Isabel na Espa
(1469-1516)
Impresso com tipos mêveis (c. 1450)
Humanistas: Valla, Pico della Mirandola
Carlos VIII da Franga (1483-1498)
Artistas da Baixa Renascenga: Botticelli,
Henrigue VII: inicio da dinastia Tudor
Leonardo da Vinci, Michelangelo, Rafael,
na Inglaterra (1485-1509)
Bellini, Giorgione, Ttciano
Colombo chega 3 América (1492)
A Renascenca espalha-se pelo norte da
Europa (final do século XV e inicio do
século XV)

Henrigue VIII da Inglarerra Humanistas: Castiglione, Erasmo, Monraigne,


1500
(1509-1547) Rabelais, More, Cervantes, Shakespeare
Francisco 1 da Franca (1515-1547) Maguiavel, O principe (1513)
Carlos V, Santo Imperador Romano Lurtero escreve suas 95 teses (1517)
(1519-1556) Copérnico, Sobre a revolugdo das esferas
Henrigue VIII rompe com Roma celestiais (1543)
(1529-1536)
Concilio de Trento (1545-1563)
Paz de Augsburgo na Alemanha (1555)
Filipe IT da Espanha (1556-1598)
Elisabete 1 da Inglaterra (1558-1603)
Guerras religiosas na Franga (1562-1598)
Revolta dos Paises Baixos espanhois
(1566-1609)
Derrota da Armada espanhola (1588)

1600 Guerra dos Trinta Anos (1618-1648) Cientistas: Kepler, Galileu, Newton
Revolucio Inglesa (1640-1660, Filésofos: Bacon, Descartes, Hobbes, Locke
1688-1689)
Luis XIV da Franga (1643-1715)
Pedro, o Grande, da Ruissia (1682-1725)

1700 Guerra da sucessio espanhola Pensadores iluministas: Volraire,


(1702-1714) Monresguieu, Rousseau, Dideror, Hume,
Guerra da sucessao austriaca (1740-1748) Adam Smith, Thomas Jefferson, Kant
Frederico, o Grande, da Prussia
(1740-1786)
Maria Teresa da Austria (1740-1780)
Guerra dos Sere Anos (1756-1763)
Declarag&o da independência dos
Estados Unidos (1776)
Revolugio Americana (1776-1783)
Inicio da Revolugio Francesa (1789)
n
ie,

*
ee
CAPITULO 8
Transigao para a Idade Moderna.
Renascenca e Reforma

AD) as a Renascenga italiana no século XV até a era


do Tluminismo, no
século XVII, desintegraram-se a perspectiva e as instit
uicëes da Idads
Média e surgiram formas daramente modernas. A mudanca radi
cal na
civilizagio européia afetou todos os niveis da sociedade. No nivel econé.
mico, o comércio e a inddstria tiveram grande expansëo, € Capitalismo
substituiu amplamente as formas medievais de Organiza€3o econêmica,
No nivel politico, o governo central tornou-se mais forte 3 custa do feu-
dalismo. No nivel religioso, a unidade do mundo Crist&o fragmentou-se
com a ascensêo do protestantismo. No nivel social, os citadinos de das
se media, cada vez mais numerosos e ricos, comecaram a desempenhar
um papel mais importante na vida politica e cultural. No nivel cultural,
o clero perdeu o monopdélio do ensino, e a orientacio sobrenatural da
ldade Média deu lugar a uma perspectiva secular na literatura e nas ar
tes. A teologia, rainha do conhecimento na Idade Média, cedeu sua co-
roa & Ciëncia. A raz&o, gue na Idade Média estivera subordinada A reve
lagao, afirmou sua independência.
Muitas dessas tendências manifestaram-se acentuadamente durantea
Renascenga (1350-1600). Esse termo foi cunhado em referência 3 tent"
riva de artistas e filésofos de recuperar e aplicar a antiga erudigao€ mode-
los da Grécia e de Roma. Durante esse perfodo, os individuos demonst?
“24m Uma crescente preocupago com a vida terrena, aspirando consdler”
temente a tragar seus destinos — atitude gue caracteriza a moder nidade
- di $ O€
É daro due a Renascenca nao
sl
constituiu um rompimento complet
sib ito com a Idade Média. Muitos costumes e ati; tudes mediev. ais1 pe” Is”
;

tiram nesse period. Entretanto, a tese de gue a Renascenga 0


é o er
dos tempos modernos tem muito fundamento. Os préprios artistas €
SA éDO”
am Consciëncia de pertencera uma noVva -
ca. Referiam
“SE aos séculos medievais como uma Idade das Trevas *.
se seguira ao esplendor da Grécja e Roma antigas, e acreditavam ester
# oe ë vlr

vendo um r eflorescimento da grandeza


cultural. Os artistas e €SCHitOICSs
da Renasc enga eram fasci . Ro
a t nad os pel as for mas cul tur ais da Gré cia € de d
ma; b DUscavam imitar o estilo cl#ssico captar o espirito secular da AD
guidade. Com o tempo, fomperam jterdriës
com as formas artisticas € lire
A ascensio da modernidade AiT


medievais. Valorizavam o pleno desenvolvimento do talento humano
expressaram um noVvo entusiasmo sobre as possibilidades de vida neste
o
mundo. Essa nova perspectiva marca a ruptura com a Idade Média e
surgimento da modernidade.
A Renascenca foi, portanto, uma idade de transigao, gue presenciou
, aba ndo no de cert os ele men tos da visi o med iev al, a ress urre igao das for-
mas Culturais cldssicas e o aparecimento de atitudes niridamente moder-
e ex-
nas. Esse renascimento teve inicio na Ir4lia durante o século XIV
nga,
pandiu-se gradualmente para o norte € o oeste, para Alemanha, Fra
Inglaterra e Espanha, em fins do século XV e no século XV.
A Renascenca foi um caminho para a modernidade; outro foi a Re-
forma. Dividindo a Europa em catélica € protestante, a Reforma acabou
com a unidade religiosa medieval. Também acentuou a imporrancia do
ndividuo. uma Caracterfstica distintiva do panorama moderno. Enfari-
sou a consciëncia individual em detrimento da autoridade clerical, insis-
tu na relacio pessoal entre cada homem ou mulher e Deus € chamou a
atenc3o para as capacidades religiosaas intrinsecas do individuo. %-

Ttalia: berco da Renascenga


A Renascenca teve origem nas cidades-estados do norte da Trlia. Nesses centros
urbanos desenvolvidos, as pessoas tinham rigueza, liberdade e inclinagao para
cultivar as artes € apreciar os frutos da vida terrena. Sobretudo na Ir4lia, as remi-
niscências do esplendor da antiga Roma eram visiveis em toda a parte. Estradas,
monumentos e manuscritos romanos intensificavam os elos italianos com seu
passado romano nos séculos XII e XI, as cidades-estados da Ir4lia setentrional
se haviam convertido em présperos centros comerciais e bancdrios € monopoliza-
vam o comércio nas dreas mediterrêneas. A predominência dos negécios e do co-
mércio dentro dessas cidades significava gue a nobreza feudal, gue possuia terras
além das muralhas da cidade, desempenhava um papel muito menos importante
no governo do gue em gualguer outra parte da Europa. Em fins do século XII, as
cidades-estados haviam adotado um modelo de autogoverno republicano razoa-
velmente uniforme, organizado em torno de um magistrado-chefe.
! er ë republicanismo das cidades-estados revelou-se precério. Duran-
bad o MIV e inicio do século XV, as instituicêes republicanas foram derru-
adas em sucessivas cidades em favor do governo dos déspotas. As cidades-estados
ee vari soldados mercendrios, Cujos lideres, os notérios coadottie-
ER nle republicana se Pe sem nenhuma lealdade para
ea d e EEN as rédeas do poder nas sicuagoes Criticas.
dência ao d " Ip " ade da Renascenca, resistiu por muito tempo a ten-
edge Boe e mo, o entanto, em meados do século XV, mesmo o republi-
o Comegava a ceder as intrigas de uma rica familia de banguei-

sd

` eN` .

' 1 Fa
j RM ig
218 Givilizacio ocidental

| Cronologia 8.1 * A Renascenca e a Re


forma oo
1304-1374 Petrarca, “pai do humanismo”. |
ce 1445 Johann Gutenberg inventa os tipos mêveis de metal.
1513 Maguiavel escreve O principe.
1517 Martinho Lutero escreve suas 95 geses. te
m INicio a Reforma.
1520 O papa Leo X excomunga Lutero.
1524-1526 Revolta dos camponeses germAnicos.
1529 O Parlamento inglês aceita a reforma de Henrigue
VII.
1534 Henrigue VIII é nomeado chefe da lgreja anglic
ana; o rei Francisco
da Franga declara os protestantes heréticos; In
dcio de Loyola fundaa
Companhia de Jesus; os anabatistas, reformadores
radicais, tomama
cidade de Miinster, na Vestf4lia.
N reg. ai

1
"

Ls
sioa” kem! dan

1535 Sir Thomas More, humanista in glês e autor de


1

Uiopia, é executado
TE?
-
k

4E
)

por tra1cao.
-

'

F
"

1536-1564 Calvino lidera a Reforma em Genebra.


1545-1563 Concilio de 'Trento.
1555 Paz de Augsburgo.

ros, os Medici. Estes haviam se instalado no poder na década de 1430,


com 0 re”
gresso de Cosimo de Medici do exflio. Lorenzo, o Magnifico, net
o de Cosimo, acz
bou definitivamente com a CONStLUIGAO republicana de 1480, ao estabele
cer um
governo formado por seus partiddrios.
Um novo estilo de vida surgiu no interior das cidades-estados
. Os mer mr
prosperos desempenhavam um papel importante na vida politica
e culrural da
cidade. Com a expansio do COmérclo e da indvistria, os
valores feudais de nas”
meENTO, proezas militares e hierarguia fixa de senhores e
" a

vassalos cederam lugaf


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ambigao ea realizagao pessoal — fosse na Corte, nos escrits #


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tidio do artista.

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A ascensdo da modernidade 219

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Ludovico Gonzaga, sua familia e corte: afresco pintado por Andrea Mantegna, 1465-1474. i
A familia Gonzaga ascendeu ao poder como principes de Mantua, vendendo seus servios cOmo
condortieri a0s venezianos, milaneses ou outros gue pudessem servir a seus interesses. Ludovico
(1414-1478) governou a cidade numa época de grande prosperidade- Contrarou o famoso pintor
Andrea Mantegna para decorar seu paldcio e o arguitero Leon Barrista Alberti para construir
vêrias igrejas. Seu patrocfnio a eruditos, poetas e filésofos humanistas contribuiu para aumentar o
prestigio da cidade e o dele préprio. Scala/Art Resource, NY

|
I

prédigos de todos os patronos, conforme restemunham as obras de Rafael e Mi- |


chelangelo.
Algumas mulheres de nobres e abastadas familias italianas, versadas nos idiomas |
cldssicos e em literatura, também patrocinavam Os arristas. Isabela d'Este, por
€xemplo, esposa do governante de um pegueno Estado no norte da Irdlia, conhe-
cia latimee grego, colecionava livros e exibia as obras dos artistas gue ela havia en- |
COomendado.
O resulcado desse novo mecenato de papas e patricios foi uma explosao da
Criatividade artistica. A guantidade e principalmente a natureza dessa protegao
também ajudaram a moldar tanto a arte como o artista. A pintura de retratos tor-
NOu-se, pela primeira vez desde a Antiguidade, um género autênomo, desenvol-
Er mik

vendo-se COMO nunca. A rivalidade entre patricios € a Inseguranga da posiG&o so-


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Clal, alimentadas pela ética renascentista de realizac&o individual e recompensa,


“Yaram a uma disputa por honrarias € fama. Isso despertou o desejo de ser eter-
Fe numa pintura ou numa escultura. O pintor Ticiano, por exemplo,
NI #
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era um
9S mais solicitados.
ME ) Do

220 Civilizacio ocidental

Os grandes artistas ganhavam reputagao gragas a sua habilidad


eo buril. Na Idade Média, os artistas foram considerados artEs80s” Om
gue &6 Pince]
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vam trabalhos humildes (manuais) e a guem, em CONSEgiëncia disse OU


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concedida pouca ou nenhuma posicao social. Na verdade, eles pe devia seg


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bni mos. Mas a inigua


se sempre anéni d clam gu;
inigualdldvel demanda de arte no perio“1ane
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i$ ta trouxe aos artistas o reconhecimento pibl 9 TEnascentis


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si A perspectiva renascentista
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ie A sociedade renascentista Caracterizou-se por uma Crescente pers


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pectiva seeu-
lar. Fascinados pela vida da cidade e ansiosos para desfrutar os prazeres
terreno
EE gue seu dinheiro podia obter, os mercadores e bangueiros ricos se afastaram da
yt
' preocupagao medieval com a salvagsooe . MiN&o gue fossem descrentes ou ateus, ma
Cada vez mais a religio tinha de competir com as Ocupacêes mundanas. Cons
N gientemente, os membros da classe alta urbana davam menos atencio3 religiëo
ou, pelo menos, nio permitiam gue ela interferisse em sua busca de uma vid
plena. O desafio e o prazer de viver bem neste mundo parecjam mais excitantes
do gue a promessa do parafso. Essa perspectiva encontrou eXpressio concreta na
arte e na literatura renascentistas.
O individualismo foi outra caracterfstica da Renascenca. A elite urbana bus
de
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ae
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cava afirmar sua prépria personalidade, demonstrar seu excepcional talentoe€


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obrer reconhecimento por suas realizacêes. Os tradicionais valores de nascimen-


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to e de posigdo dentro de uma hierarguia fixa foram suplantados pelo desejo de


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realizac&o pessoal. O valor individual, gue para os senhores feudais estivera as”
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socjado as proezas militares, ganhou dimensêes muito mais amplas. A Irdlia re


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oi nascentista engendrou um tipo humano distintivo, o “homem universal” — rs


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pessoa mulrifacetada gue n4o somente revelava maestria nos cldssicos antigos
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top fruic&o e mesmo talento para as artes visuais, bem como interesse pelos assuntos
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cotidianos da cidade, como também aspirava a fazer de sua vida uma obra de
if; arte. Menosprezando a humildade crista, os individuos da Renascenga se
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oo Ihavam de suas habilidades e realizag6es mundanas — “Posso operar milagre
disse o grande Leonardo da Vinci. Os artistas renascentistas retratraram 9 j
ter individual dos seres humanos, Captaram a rica diversidade da personalida
humana, produziram os primeiros retratos desde os tempos romanos € assinê
ram seus trabalhos. Os escritores do periodo devassaram seus préprios sen” ti
. , - ' 7 vIr
mentos e evidenciaram uma AULOCONSCIËNCIa gue se tornou caracteristica
d
sio moderna.
Nos séculos seguintes, a perspectiva secular se fortaleceria, passando 2 food
se ainda mais atentamente no individuo. Essa vis&o levou 3
convicgio de du€ *
do Jugo das Pr€OcupacOes com o outro mundo,
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A ascensdo da modernidade 221

PARS ER EE EG
Durante a Renascenga, o espirito secular e a preocupagio com o individuo en-

REELE EE GREG oek ee es ee GE EP ER AE


humanismo e nu-
contraram express&o no movimento intelectual denominado
ma teorla politica gue libertou o exercicio da politica dos principios cristaos.

Hymanismo
O movimento intelectual mais caracteristico da Renascenca foi o humanismo,

ee
um programa educacional e cultural baseado no estudo da antiga literatura grega

ee
De
- romana. A atitude para com a Antiguidade diferia daguela dos eruditos da Ida-

ee ei de ee
de Média, gue haviam se esmerado em adaptar o conhecimento cldssico a uma
concepcio de mundo crista. Os humanistas da Renascenga nao subordinavam os

oos
clssicos As exigências das doutrinas cristas; valorizavam a literatura antiga pelo

ep
gue era — por seu estilo claro e elegante e sua percepgao da natureza humana.

Ge ee
Com os cldssicos da Antiguidade, os humanistas esperavam aprender tudo o gue

gr

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no Ihes ensinavam os escritos medievais — por exemplo, como viver bem neste

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EG RE ee N
mundo e cumprir com os deveres civicos. Para os humanistas, os cldssicos eram

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um guia para a felicidade e a vida ativa. Para tornar-se culto, aprender a are de

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Ge
escrever, falar e viver, era necessdrio conhecer os cldssicos. Ao contrdrio dos filé-

Ge
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sofos escoldsticos, gue usaram a filosofia grega para provar a verdade das dourtri-

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nas cristas, os humanistas italianos usavam o conhecimento cldssico para alimen-

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rar seu novo interesse pela vida eterna. Enguanto os eruditos medievais conhece-

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ram apenas alguns dos antigos escritores larinos, os humanistas da Renascenga

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puseram em circulacio todas as obras romanas gue puderam encontrar. Do mes-

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mo modo, o estudo do grego, gue era muito raro na cristandade latina durante a

eie

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bemes
ldade Média, foi cada vez mais cultivado pelos humanistas renascenristas, gue

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gueriam ler Homero, Demdéstenes, Platio e outros no original.

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Embora fosse um movimento predominantemente secular, o humanismo ita-

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liano nio era anticristao. Na verdade, os humanistas muitas vezes abordavam os
problemas de modo puramente secular mas, guando lidavam com problemas re-
ligiosos e teoldgicos, n&o contestavam a Crenca Cristê nem guestionavam a valida-
de da Biblia. Aracavam, entreranto, a escoldstica por seus argumentos muito mi- OE RE EE ER

nucIosos e sua preocupaio com guestêes triviais; davam mais valor a uma forma
AE

mais pura de cristianismo, baseada no estudo direto da Biblia e dos tratados dos
padres da Igreja.
, Um dos primeiros humanistas foi Petrarca (1304-1374), por vezes chamado de
pal do humanismo”. Petrarca € seus seguidores levaram mais longe a recupera-
EE EE

Sao dos cl#ssicos ao fazerem uma tentativa sistemdrica de descobrir as rafzes cl4s-
sicas da retrica italiana medieval. Embora seus préprios esforcos para aprender
eie aa tido muito sucesso, ao encorajar seus alunos a dominarem a
ae er etrarca promoveu o conhecimento humanista. Sentia-se particu-
m—mE EE

em ed do por Cicero, o velho orador romano. Seguindo o exemplo deste,


ar weder ia va ea educacio devia consistir na somente em aprender e
Bus bre ai ” is m €m transmitir o conhecimento adguirido e usd-lo
. For conseguinte, a énfase educativa devia incidir na retérica
NEEF
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222 Civilieacio ocidental

e na filosofia moral, na sabedoria aliada a elogtiëncia. Essa era a ch


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tude do governante, do cidado e da repdblica. Petrarca ajudoua;


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MPOr os valg.
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res de Cicero entre os humanistas. Seus seguidores fundaram uma


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ode
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cutir o novo ideal de educacëo ciceroniano. €scola Para in-


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Estava implicita no ideal humanista de educa€ao uma transfor


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macao radical
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da idéia crista de seres humanos. De acordo com a visio medieval


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os homens e mulheres eram incapazes, devido a sua natureza peca


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cangar a excelência mediante seus préprios esforcos. Estava
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bordinados a vontade divina. Os humanistas, ao contririo, recorr


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ceito clissico grego de seres humanos, defendiam gue a excelência era


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alcancada
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por meio do esforgo pessoal, gue tinha por objetivo nio apenas a educacëo masa
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propria vida. Como os individuos eram capazes de atingir esse objetivo, seu prin-
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cipal dever era busc4-lo como a finalidade da vida. A busca nio era fdcil;
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na ver-
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dade exigia energia e habilidade extraordindrias.


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As pessoas eram, ento, capazes de excelência em todos os campose obrigadas


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a fazerem o esforgo. A ênfase nos poderes criativos humanos foi uma das dout-
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nas mais Caracteristicas e influentes da Renascenga. Uma expressio cldssica dessa


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doutrina é encontrada no Discurso sobre a dignidade kumana (1486) de Giovanni


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Pico della Mirandola (1463-1494). O homem, afirmava Pico, é livre para tracar
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sua vida. Segundo Pico Deus teria dito ao homem: “Fizemos de ti uma criatura”
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de modo gue “possas, como formador livre e orgulhoso do teu préprio ser, mo-
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-

delar-te conforme tua preferência”'.


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Estava também implicita no ideal humanista de educacio uma critica a0s


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escoldsticos medievais. Os humanistas acusavam a escoldstica de ter corrompido


o antigo latim romano e de dedicar-se a guestêes sem valor. Essa nfase humanis-
ta na utilidade do conhecimento foi um estimulo & ciëncia ea arte.
Os humanistas eram tio hostis a todas as coisas escoldsticas e medievais gu€
mudaram a visao dominante da histéria. A perspectiva crista consideravaa histé-
ria como uma simples revelagao da vontade e da providência divinas. Os huma-
nistas realcavam a importência das agêes e da vontade humanas na histéria — o va”
lor das pessoas como participantes ativas na formacso dos acontecimentos. Ga-
racterizavam a época anterior 3 sua como um periodo de declinio do apogeu clds-
sico, e consideravam sua prépria época como um perfodo de reflorescimento, de
recuperago da sabedoria e dos ideais cl4ssicos. Assim, os humanistas inventaram
a nogao de gue a Idade Média foi um abismo de trevas gue separava 0 mundo
antigo do deles. Devemos, portanto, aos humanistas a atual divisao da histonië
em antiga, medieval e moderna. H4 ainda na visZo humanista um elemento
atual de progre sso: Ousav am pensar gue eles, “os moder nos”, podia m supe”
idéia
rar até mesmo as antigas glêrias da Grécia e de Roma.
A énfase humanista na erudigëo histérica criou um método de investigadi df
Hica gue contribuiu para enfraguecer as lesldadese instituig6es tradicionais- A or?
1407-
nzo Valla (c. 1407-1457) fornece o mais evidente exemplo dessa tendéne
dycado Como classicista, Valla apontou as armas da erudicëo critica contra 9 P
A ascensdo da modernidade 213

a De ca ma cd o sob re os fal sos dec ret ais de Co ns ta ntino. A rei


e m sua not6ria obr -
p a d o
o pap al de aut ori dad e te mp or al ap oi av a- se nu m do cu me nt o gu e diz ia con
vind i c a g a da r a cap ita l do Im-
hamada Do ag io de Co ns ta nt in o —o im pe ra do r ao mu
frm a r a € a ao do mi ni o pap al todo
r a Co ns ta nt in op la , no séc ulo IV, ou to rg ar
pérlo Ro mano pa ica gao do
a l . Val la pr ov ou gue o do cu me nt o se ba se av a nu ma fal sif
i m p é r i o o c i d ent
o s se empregava uma linguagem desconhecida na
lo VIIL pois em certas passagen Or
sé tard e entrou em uso. .
Con sta nti no € due So mul ro mals
é,oca de Ë as
do pote ncia l do
sn
ind
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ivi duo
ed ambém imb uid a na reav alia gao hum ani sta
sig nif ica do mo ra l do tra bal ho. Par a o hu ma ni st a a hon-
ma nova apreciaGao do fei-
ria co nc ed id as por um a cid ade ou um pat ron o por
ra. a fama € mesmo a glê
mai s alr a re co mp en sa par a o esf orc o. A bus ca de en al recimen-
os meritérios era a
pu ra Ga o tO rn o u-s e um a esp éci e de cul to ren asc ent ist a.
toe re

Uima revolucio no pensamento politico


Ao afastar-se da orientac3o religiosa da Idade Média e discutir a condigao hu-
ibili-
mana em termos seculares, os humanistas renascentistas abriram novas poss
dades de reflexso sobre as guestêes politicas e morais. Nicolau Maguiavel (1469-
1527), observador perspicaz da polftica italiana, considerava as cidades-estados,
governadas por homens cuja autoridade repousava unicamente na astucia € no
uso eficiente da forca, como um novo fenêmeno. Reconheceu gue a tradicional
teorja politica, voltada para propésitos cristaos ideais, nio poderia explicé-lo ade-
guadamente. Os principes italianos nao faziam nenhum esforgo para justificar
suas diretrizes em bases religiosas; a guerra era endêmica, e as cidades poderosas
dominavam as mais fracas; a diplomacia era permeada de intrigas, traigoes e su-
bornos, Num mundo tio hostil —- onde a sobrevivência politica dependia de vigi-
lancia, esperteza e forga —, os teëricos medievais, com sua crenga de gue o reino
terreno deveria harmonizar-se aos padr6es revelados por Deus, pareciam total
mente rrelevantes. Maguiavel gueria gue os governantes entendessem como pre-
eye vangs is Poes de Em seu livro O principe, ele expês uma nova
if am d- ie gee emergente Estado secular moderno, nao tinha
wa oe ea é e crista. O préprio Maguiavel estava ciente de due seu
bendes Re governar, sob a luz fria da razao € desimpedido das 1lusêes
, FEpresentava uma nova tendência.
Vara ele, a sobrevivéncia era o objetivo primordial do Estado, transcendend
dditguer
dual ao com val ores moraisse ou reliig!giosos e com OS Inte
os es PTEOCUpaGAA leenresses de
dos
e mal, Maadua nto indi vidu os. Eli min and o do Ambito politico as guestêes de bem
uiavel &. se EE T
salvar o Ee do SUstentava gue o principe podia utilizar gualguer meio para
sucedidos er eo Fi sobrevivência estivesse em jogo. Os principes bem-
religiosas — uma licëo de Pe foram indiferentes As consideragêes morais €
risco. Assim, sea deurdie me 1a due os governantes ignoravam em su préprio
gisse, o principe poderia violar acordos feicos com
OUtros go vernantes, vo si:
F € ao terror ' volrar arrds na palavra dada aos stiditos e recorrer 3 cruelda-
224 Civilizacio ocidental

Maguiavel rompeu com a caracteristica distintiva do PENsament


o medieval
divisao do universo no mundo celestial superior € no reino terreng i'nferio 'n
se aspecto, ele fez pela politica aguilo gue Galileu realizZou um SéCulo de r. Nes.
campo da fisica. Os pensadores medievais acreditavam dU€ OS gOVer
nantes der;
vavam seu poder de Deus, tendo portanto a obrigacao religiosa de gOV es
acordo com os mandamentos divinos. Rejeictando completamente essa Wes de
Go sobrenatural e teocéntrica, Maguiavel nio atribufa nenhuma origem
ou ie
lidade divina ao Estado. Para ele, o Estado era uma entidade natural; a hele
nada tinha a ver com os propésitos de Deus ou com Os Preceitos
morais pistsde
de um mundo superior. A importência de Maguiavel como
pensador polftico ie
side no fato de ele ter retirado o pensamento politico da estrutura
de referência
religiosa, langando ao Estado e ao comportamento politico
o olhar imparcial de
um cientista. Ao secularizar e racjonalizar a filosofia politica, ele
INaugurou uma
tendência de pensamento gue reconhecemos como tipicamente modern
a,

'E A arte renascentista


jy O significado essencial da Renascenca é transmitido através de sua arte, prin-
cipalmente pela arguiterura, escultura e pintura. As trés formas de arte renascen-
Rds
dar
tr

rista refletem um estilo gue acentua a proporgëio, o eguilibrio e a harmonia. Esses


if

j valores artfsticos so alcangados através de uma nova e revoluciondria Conceitua-


je io do espago e das relag6es espaciais. A arte do perfiodo reflete também, em con-
si siderdvel grau, os valores do humanismo renascentista: uma volta aos modelos
cl#ssicos na arguitetura, & reprodugao de figuras humanas nuas e 3 visio herêica
dos seres humanos.
ii A arte medieval servia a uma funGio religiosa e buscava representar as aspira
GOes espirituais; o mundo era um véu gue apenas aludia ao outro mundo, perfel-
Ee
mt
or
et AA sr

toe eterno. A arte renascentista nio deixou de €xXpressar as aspiracoes espiriruals,


e
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mas seu cend4rio e suas caracteristicas eram totalmente diferentes. Nio mais um
véu, este mundo se torna o lugar onde as pessoas vivem, agem e cultuam. Predo-
mina a referência ao mundo terreno, e as pessoas $io tratadas como criaturas du€
encontram seu destino espiritual ao cumprirem seu destino humano. Em seu as”
pecto mas distinrivo, a arte renascentista representa uma revolta consciente COM”
tra a arte da Idade Média. Essa revolta levou a descobertas revoluciondriass dU€
constituiram o fundamento da arte ocidental aré o presente século.
Na arte, como na filosofia, os florentinos desempenharam um papel destac”
do nessa transformagao estética. Mais gue guaisguer outros, foram eles Os respon
séveis pelo modo como os artistas viram e desenharam durante séculos, € py
modo como a maioria dos ocidentais ainda vê ou guer ver. O primeiro ga i
contribuinte a pintura renascentista foi o pintor Alorentino Giotto (1276-1337):
. . . . : s P
Inspirando-se na pintura bizantina, ele criou figuras delineadas por alceraGo€s
luz e sombra. Giotto também desenvolveu vdrias técnicas de perspecriva, repI€
T Es Ee sentando figuras e objetos tridimensionais sobre superficie, dando a MP ressao
A ascensio da modernidade 225

O nascimento de Vênus, de Sandro Botticelli (1444-1510). Membro do circulo de


neoplatênicos de Florenga, Botricelli celebrizou os miros cl4ssicos, tais como a ascensao de Vénus,
deusa do amor, nascida no mar. A presenga de divindades e miros cldssicos na arte e literarura
ocidentais foi reforcada duranre a Renascenca. Alinarildrt Resource, NY

de gue se erguem no espaco. As figuras de Giotto parecem também impressionan-


temente vivas. So desenhadas e dispostas no espago para contarem uma histéria,
€ Suas €xpressêes e a ilusio de movimento gue transmitem aumentam o efeito
dramdtico. As melhores obras de Giotto so os afrescos, pinturas de paredes exe-
Cutadas enguanto o gesso ainda estava Gmido ou fresco. Celebrizado em sua épo-
Ca, Gotto nio teve sucessores imedjatos, € suas idéias nio foram retomadas e de-
senvolvidas por guase um século.
kan Perde de - reflorescimento do conhecimento cldssico tinha efe-
dteulo dee EA 9. Em Forenga tinha seu correspondente artistico €ntre um
Olider da ! os pintorese escultores gue buscavam reviver a arte cldssica.
ee ë p o Filippo Brunelleschi (1377-1446), Cujas igre-
SR es oe c aa Devemos também a ele uma descoberra cienti-
Brara a antiga EE " na histéria da arte: as regras de perspecriva. Giotto res-
ide Mi ee ee ` ESCOrCO; Brunelleschi completou essa descoberra colo-
dele n ie Er
matemdricos. A devogëo de Brunelleschi aoS MO-
erreno para @ Fature EE de perspectiva maremdrica prepararam o
Saccio (1401-1428), Vimento da pintura renascentista. O jovem Ma-
amigo de
“ Perspepect
Brunelleschi, aceitou o desafio. Fiel As novas regras
criiva, ele se dedijcou também & pintura de figura es
s culturais' e conferiu

ee,
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226 Civilicacio ocidentad

a suas obras um esplendor e uma simplicidade de inspira ao cl4ssica. A persp


tiva surgiu com toda a forca da revelagao religjosa. sd
Em sua obra S$oPbre a pintura, Leon Battista Albert (1404-1472)
erudito e terico da arte, consumou a tendência renascentista 3 arte en Manista,
riva ao apresentar a primeira teoria matemadtica da perspectiva artistica. PErsper.
nir em termos matemdricos o espaGo visual e a relacio Ao def.
entre o objeto eo
Observa.
dor, a arte renascentista preparou o caminho para o desenvolvimento
na abordagem da mode.
cientifica da natureza, gue mais tarde encontrou expre
$SSaO na as.
tronomia de Copëérnico e na fisica de Galileu.
Os artistas da Renascenga dedicaram-se a representar as Coisas taI$
COMO eram
ou, pelo menos, como pareciam ser. Parte desse tipo de INSPir
agdo também erg
cldssica. O ideal antigo de beleza era o nu belo. A admirac&o
renascentista pela
arte antiga fez com gue os artistas, pela primeira vez desde a gueda de Roma, es.
tudassem anatomia; aprendiam a desenhar o corpo humano observan
do modelos
gue posavam para eles — até hoje uma prdtica fundamental para o treinamento
artistico. Outro membro do circulo do Brunelleschi, o escultor lorentino Dona-
tello (1386-1446), também mostrou um renovado interesse pela forma humana
Entre os principais artistas da Renascenca estio Leonardo da Vinci (1452-
1519), Michelangelo Buonarroti (1475-1564) e Rafael Santi (1483-1520) — to-
dos eles intimamente associados a Florenca. Leonardo da Vinci era cientistae
engenheiro, além de excelente artista. Era especialista em fortificacêes e na ciën-
cia da artilharia, inventor, anatomista e naturalista. Transferindo para suas pintu-
ras a cuidadosa observacio da natureza, combinada com uma poderosa percep-
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ao psicolégica, produziu obras gue, embora poucas, foram de uma genialidade


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insuperdvel. Dentre as mais importantes destacam-se: A dltima ceia e A Giocon-


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da, ou Mona Lisa. Esta é um exemplo de uma invenc&o artfstica de Leonardo,


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gue os italianos chamam de sfumato. Da Vinci deixou um tanto imprecisos €


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sombrios os contornos da face, libertando-a de gualguer traco rigido e tornando-a


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assim mais real e misteriosa.


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A harmonia artistica criada por Michelangelo derivava de seu dominio da ana-


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tomia e do desenho. Seu modelo na pintura teve origem na esculrura; suas pintu-
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ras sdo desenhos esculturais. Ele foi, sem divida, o maior génio da escultura; SU2
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arte rinha um enfogue poëtico e visiondrio. Em vez de tentar impor uma forma a9
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mdérmore, pensou em esculpir liberando a forma da pedra. Entre suas principais


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esculturas destacam-se Davi, Moisése O escravo agonizante. Michelangelo fot ran


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bém arguiteto; patrocinado pelo papa, projetou a abébada da nova bastlica de 540
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Pedro em Roma. Mas sua obra mais admirdvel talvez seja o teto da capela SiSUN”
no Vaticano, encomendada pelo papa Julio II. Durante guatro anos, trabalhan P
com pouca assistência, Michelangelo cobriu o espaco vazio com as mais noravels
pinturas esculturais j4 feitas, as guais resumem a histéria do Velho Testamento
EE. af
criagdo de Addo € o mais tamoso desses afrescos extraordindrios.
Rafael ficou parricularmente famoso pela docura das suas madonas. Mas ele cam”
bém pintou Outros temas, nos guais foi capaz de transmitir outros estados de es? '
5 HO, COMO revela o retrato gue fez de seu patrono, Papa Leio X com dos cardeak
A ascensêo da modernidade 227

Giovanni Arnolfini e sua esposa, de Jan


van Eyck (c. 1390-1441). A pintura
uuiliza a nova técnica da perspecriva e
descreve um retrato meticuloso e
idealizado de um casal abastado em seu
dormitério. Como tal, representa um
mundo gue valoriza a privacidade, a
prosperidade sébria e um certo tipo de
intimidade: ele olha fixamenre para n6s,
enguanto ela o fita respeitosamenrte.
Reproduzido com a permissdo dos
curadores, Tke National Gallery, Londres

A difusio da Renascenca
A invencio da imprensa contribuiu para gue a Renascenca chegasse até a Ale-
manha, Franga, Inglaterra e Espanha, no final do século XV e no século XVI.
Em sua migrag&o para o norte, a cultura renascentista adaptou-se a condicêes di-
ferentes daguelas encontradas na lrélia — sobretudo a forca da crenga leiga. Por
“xemplo, a Irmandade da Vida Comum era um movimento leigo
gue enfatizava
RE res devogao prêrica. Intensamente cristas e ao mesmo tempo anticle-
ee in id due participavam de tais movimenros encontraram na cultura
rumentos para agucar seu jufzo contra o dlero — nêo para enfra-
Doaesede TiO, para desenvolvê-la & sua pureza apostêlica. |
ie pedidaseese de norte da Europa, tal como os da Irdlia, dedica-
mo do none oe. ae ole antigo- No entanto, nada no humanis-
eds be d es €ncla nao cristê associada a Renascenca italiana,
sy
manistas interessavam-se, princip
j almente, pela gues-
to ist ian!
ansdo Crist'AnI$mo original. Buscavam um modeloa partir do gual pudessem re-
Ta lgreja corrupta de seu tempo
ME

dm
ea
br
-
TE
ki 228 Civikzacdo ocidental

O humanismo fora da Itélia preocupou-se menos com o resgate d


cl#ssicos do gue com a reforma do cristianismo e da sociedade me yd OS y
grama de humanismo cristao. Os humanistas cristios cultivaram 35 no“€ UM pro.
da retérica e da histéria e também as lfinguas cl4ssicas — latim, gregoe h artes
No entanto, o propésito fundamental dessas ocupac6es era mais rel; jos EDraico,
ode fora na Irdlia, onde predominavam os interesses seculares. saad,

O bumanismo erasmiano
A Erasmo (c. 1466-1536) deve-se creditar a transformacio do human
ISMO re-
nascentista num movimento internacional. Educado na Holanda pela Irmands
de da Vida Comum — um dos mais ousados movimentos religiosos
da época ie
unia a devogao mistica 3 rigorosa pedagogia humanista —, Erasmo viaj
ou rd
toda a Europa como educador e estudioso da Biblia. Como outros bi
Cristaos, confiava no poder das palavras e usava sua pena para atacara teologia es-
coldstica e os abusos dlericais, e para promover sua filosofia de Cristo. Sua arm
era a sêrlra, e seus Elogio da loucura e Coléguios granjearam-lhe a reputacio de um
humor acre, gue ganhava expressio As custas da religiëo convencional.
A verdadeira religiso, afirmava Erasmo, nao depende do dogma, do ritual ou
do poder dlerical. Ao contrério, ela é revelada de modo simples e cdlaro na Biblia
e portanto é diretamente acessfvel a todas as pessoas, desde os sdbios e poderosos
até os pobres e humildes.
Fssa voz clara mas calma foi sufocada pelas tempestades da Reforma, ea ênfa-
se erasmiana nas capacidades naturais do indivfduo sucumbiu diante de uma re-
novada énfase na natureza pecaminosa dos seres humanos e na teologia dogmati
ca. Erasmo ficou entre dois fogos e foi atacado por todos os lados; para ele, a Re-
forma era uma tragédia pessoal e histérica. Lutara pela paz e pela uniëo e presen-
ciava agora um espetdculo de guerra e fragmentacio. Entretanto o humanismo
erasmiano sobreviveu a esses horrores como um ideal: durante os dois séculos se”
guintes, sempre gue os pensadores buscavam a tolerincia e a religio racional, vol-
tavam-se a Erasmo como fonte de inspiragao.

O humanismo inglês e francês


Francois Rabelais (c. 1494-c. 1553), ex-monge, exemplificou o espirito huma-
nista na Franga. Em resposta ao dogmatismo religioso, ele defendia a bondade
essencial do individuo e seu direito de gozar o mundo em vez de se sentir tolhi”
de um Deus vingativo . Gargdnm a € Pantagrue l, obra ad
do por medo
lar de Rebelais, celebra a vida terrena e os prazeres mundanos, manifesta apres?
pelo saber secular e confianga na natureza humana, € acusa as ordens mond”
cas e a educagao clerical de sufocarem o espfrito humano.
Re Livres da teologia dogm4tica — com suas preocupacêes irrelevantes — € do die”
ge tacanho — gue as privava das alegrias da vida —, as pessoas poderiam, gras”, :
Ed bondade natural, construir um parafso na Terra e desprezar aguele so
fPy -
A ascensio da modernidade 229

logos. Em Gargénua € Pantagruel, Rabelais imaginou um mosteiro onde


orientam suas vidas “nao por leis, estatutos ou regras, mas de

EF
Me” ae
vy N
vont ade e livre arbit rio”. Dor mia m e com iam guan do
do com a prépria

!vars
d
ac” j “Jer, escrever, cantar, tocar instrumentos harmoniosos, $

como em pros a. 4
nelas comp or tant o em verso
n ou seis (...) linguas, € ” o
era: “Faz e o aue guise res.
res regra gue observavam foi Sir Tho mas More
nist a da Alca Rena scen ga ingl esa
O mais destacado huma
dou em Oxfo rd. Sua infl uênc ia se deve a seus escricos € sua
8-1535), gue estu se rv id or pu ib li co e co mo
Pormado em direito, foi be m- su ce di do co mo
od ia , o pr im ei ro € mais im-
liv ro ma is fa mo so é Ut op
membro do Parlamento. Seu de sd e A Repablica de Platao e umma
o es cr it o no Oc id en te
portante tratado utépic ha vi am €riti-
ais de cto da a Re na sc en ca . Mu it os hu ma ni st as
das obras mais origin e cru eld ade
mo a pri nci pal fon te de org ulh o, gan ênc ia
cado a rigueza pessoal co -
Mo re foi o dni co gue lev ou ess e pe ns am en to & sua con clu
humana. No entanto,
Uto pia , exi giu a eli min aca o da pro pri eda de pri vad a. Con hec ia mui-
sio légica: na
nar-se perfeitas,
to bem a fragueza humana para pensar due as pessoas podiam tor
opi a par a cha mar a ate ngé o par a os abu sos da épo ca e par a sug eri r
mas usou a (Ut
reformas radicais. Explorou o potencial satfrico e irênico das entio recentes des-
cobertas uitramarinas ao situar a Utopia como um povo nao cristêo, o gue tor”
nou sua censura mais ciustica € mas 4spera.
More sucedeu ao cardeal Wolsey como grande-chanceler no reinado de Hen-
rigue VINI. Mas guando o rei rompeu com a Igreja Carélica Romana, More de-
mitiu-se, incapaz de conciliar a sua consciëncia com a rejeigao da supremacia pa-
pal pelo rei. Trés anos mais tarde foi executado por traiGdo por se recusar a pres-
tar voto de fidelidade & supremacia eclesidstica do rel.
William Shakespeare (1564-1616), o maior teatrélogo gue o mundo j4 pro-
duziu, deu expressio aos valores renascentistas — honra, heroismo e luta entre o
destino ea sorte. No entanto, nio h4 nada convencional no tratamento dado por
Shakespeare a0$ personagens dotados com essas virtudes. Suas maiores pecas, as
ee ia Julio re outras), exploram um tema comum: os homens,
ORE mi Ke a virtude e assim mesmo nem sempre conseguem ven-
baaie as es is due encanra Shakespeare é a contradicao entre
heréie ao e no je gue muitas vezes é a prépria imagem dos
gede ee Pe capacidade humana para o mal e para a autodestrui-
intensamente humanas, a tal ponto gue o humanismo
recua P para 0 pa
ae no de fundo. Desse modo, a arte ultrapassa a doutri'na para apre-
ar a prépria vida.

A Renascenca ea Idade Moder


na
ke Renascenca marca, port"anto,
o infcio dos tempos modernos: na arte, na idéia
papel do individuo
se IStéria e na natureza; na sociedade, na politica, na
n ` , d

BUerra e na diplomacia ` Fundamental


a esse infcio é a nova visio da natureza
230 Givilizacio ocidental

humana: de gue os individuos, em todos os seus esforcos, nio so tolh


id
destino imposto de fora por Deus, mas so livres para tragar seu pré los POT um
ELE
,

guiados somente pelo exemplo do passado, pela forca das died desting,
`

Es

tese pelas tendências de sua prépria natureza interior. Libertos da teol se Presen-
se
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dividuos eram vistos como produrtos e também como formadores da Ee


TT
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se
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kepe
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futuro seria produto de seu préprio livre-arbitrio.


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ria, seu
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de”
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hadEE,

Nas cidades-estados italianas onde teve origem a Renascenca, os ri


Gesk,ME
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COS merca.
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dores eram pelo menos tio importantes guanto a hierarguia da Igrej


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nobreza. A rigueza comercial e a nova politica produziram uma n dea antiga


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gue rinha rafzes profundas na Grécia e Roma antigas. Essa volta a oVa Cultura,
EEea Er s EER
ae

Antiguidade
yd
PLRAAL EERea

acarrerou também uma rejeigdo 3 Idade Média como escura, bérbara e ru


de. O:
hum anistas preferiam nitidamente o conhecimento secular da Grécia
gek

e Roma
antigas ao conhecimento dlerical do passado mais recente. Era ébviaa ra7&0 para
issO: OS antigos dedicaram-se aos mesmos interesses mundanos gue
[

os humanis-
mmEte
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edmL]
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tas, os escoldsticos, nao.


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Te AEN ERAE
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Entretanto, o resgate da Antiguidade pelos humanistas nio significava gue


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nas
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eles se identificassem completamente com ela. No ato de olhar para tr4s, os hu-
E a
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eek rtEr dir
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manistas se diferenciaram do passado e reconheceram gue eram diferentes. Nesse


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sentido, foram os primeiros historiadores modernos, pois puderam estudar e apre-


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clar o passado por si sê e, até certo ponto, em seus préprios termos.


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Nas obras dos artistas e pensadores da Renascenga, o mundo era, em grande


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bin ell meeREai ins WETE
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medida, representado e explicado sem referêncja a um reino superior e sobrena-


ig
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tural de significado e autoridade. Isso pode ser cdlaramente observado na andlise


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politica de Maguiavel. O humanismo renascentista manifestava uma profunda


ik
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confianga na capacidade das pessoas competentes, instruidas na sabedoria dos


antigos, de entender e mudar o mundo.
Fssa nova confianga tinha estreita relacëo com outra Caracteristica distintiva
da Renascenga: o culto do individuo. Principes e pintores eram motivados em
parte pelo desejo de exibir suas habilidades e sarisfazer suas ambic6es. Esse esfor-
Go individual era recompensado e encorajado pela sociedade mais ampla dos ri
cos patronos e principes interesseiros gue valorizavam o talento. A énfase medié-
val crista na virtude da abnegagao e no pecado do orgulho fora superada. Na
Renascenga, o valor mais elevado foi atribuido & expressio pessoal ea auto-reali-
zaco — A realizagio do potencial individual, sobretudo da minoria dotada:
Renascenca criou uma atmosfera em gue o talento, e mesmo o génio, puderam
florescer.
Evidentemente, a concepgao renascentista do individuo e do mundo era PIET”
rogativa de uma peguena elite urbana bem educada e& nio chegou a incluir 2%
massas. Contudo, a Renascenca deu um exemplo do gue as pessoas poderiar
realizar no Ambito da arte e da arguitetura, do gosto e do refinamento, da educ*
gdo e da cultura urbana. Em muitos campos, a Renascenca estabeleceu os P””
ik drêes culturais dos tempos modernos.
i ia sd n
A ascensio da modernidade 231

fo rm a: a Ig re ja me di ev al em cr is e
Antecedentes da Re
ga ha vi a re vi ta li za do a vi da in te le ct ua l eu ro pé ia e, ne ss e pr oc esso,
A Renascen , a Refor-
ev al co m a te ol og ia . De mo do se me lh an te
rara a preocupa6ao medi
a no va pe rs pe ct iv a re li gi os a. Co nt ud o, a Re forma pro-
ee o inicio de um
e v e o r i g e m no s ci rc ul os eli tis tas do s er ud it os hu ma nistas. Ela foi
Ee n3o t
h o u t e r o ( 1 4 8 3 - 1 5 4 6 ) , u m d e s c o n h e cido monge ale-
roede por Marti n L
eli ëo de Lu te ro con tra a au toridade da Igr eja frag-
mo e brilhante teé log o. A reb
déc ada , a un id ad e rel igi osa da cri sta nda de. Ini ciada
mentou, em meEnOS de uma e do
sm 1517 , a
?

Ref orm a dom ino u a hist éria da Eur opa ao lon go de gra nde part
século XVI. EE EER se
itui gao eur ope la
A Igreja Catélica Romana, sediada em Roma, era a dnica inst
ionais. Duran-
gue ranscendia as fronteiras geogrdficas, étnicas, lingitifsticas e nac
est end era sua inf luê nci a sob re cad a asp ect o da soc ied ade e da culr ura
'e séculos,
européias. O resultado, porém, foi gue sua imensa rigueza e poder parecem ter su-
perado seu compromisso com a busca da santidade neste mundo e da salvag&o no
seguinte. Obstruido pela rigueza, viciado no poder internacional e protegendo
seus préprios interesses, o dlero, do papa abaixo, tornou-se alvo de um bombar-
deio de criticas, iniciado na Baixa Idade Média.
No século XIV, &A medida gue os reis ampliavam seu poder e os centros urba-
nos, com seus leigos sofisticados, cresciam em niimero e tamanho, as pessoas co-
mecaram a guestionar a autoridade da Igreja internacional e seu dlero. Os teëri-
cos politicos rejeitavam a pretenso papal de supremacia sobre os reis. A idéia
central da cristandade medieval — uma nagio cristê liderada pelo papado — cada
vez mais cafa em descrédito. Os teëricos argumentavam gue a Igreja era somente
um organismo espiritual e, portanto, seu poder nio se estendia ao reino da poli-
tica. Diziam gue o papa nio tinha autoridade sobre os reis, gue o Estado nao
precisava do papado para guid-lo, e gue o clero nio estava acima da lei secular.
ge es XIV, a ee latina presenciou os primeiros aragues sis-
nduknria - mae a lgrejaA. corrupgao da Igreja — tais como a venda de
s0) a been de Ak ),o eporismo (prética de nomear parentes para os car-
fee Meer je oi pessoal por parte dos bispos ea concupiscéncla do dlero
ee ET surpreendente era a disposico dos cristaos, letrados
Ai inglês ke Le essas praticas.
logos eruditos N. merk, yclfte e o boëmio Jan Hus (ver PP- 205-6), ambos teë-
Wose aracarark abuse ram a rigueza do clero como violac&o dos preceitos cris-
adel a autoridade eclesistica ao argumentar gue a Igreja no
2va o destino do individuo. Afirmavam gue a salvag3o dependia nao de se
tOmar par `
te no
' ,
om da fé s rtuals da lgreja Ou receber seus sacramentos, mas de aceitar o
concedido por Deus.
Os es SITOrcos j Ty GEE
erosO r $ de Wycliffe e Hus para iniciar a Reforma coincidiram com o po-
€Ssurgimento do sentim
“os do final da Idade Meéd; b ento religioso na forma de misticismo. Os misti-
€us; tais experiëncjas Os '4 DUScavam uma comunicagio imediata e pessoal com
“ASpiravam a defender reformas concretas gue visassem
ERAS,
“z v )

232 Givilizacdo ocidental

Martinho Lutero e os reformad


ores de
Wittenberg, de Lucas Cranach. o
Moo, século XVI. A figura central é
Frederico, eleitor da Saxênia, patronoe
protetor de Lutero, gue figura 3 direita
do principe. Ulrich Zwinglio,
reformador de Zurigue, est4 3 sua
esguerda. Museu de Arte de Tolede,
doagdo de Edward Drummond Libbey

a renovagao da espiritualidade da Igreja. A hierarguia eclesial, evidentemente, via


er

` Oo misticismo Com Certa suspeita, pois se os individuos pudessem experimentar


` Deus diretamente, terlam pouca necessidade da Igreja e seus rituais. No século
TE XIV, esses movimentos misticos raras vezes se configuravam como heresias; nos
séculos XV1 e XVII, contudo, os reformadores radicais com fregiiëncia encontra-
ti ram no misticismo cCristao uma alternativa poderosa ao controle institucional €
' mesmo a necessidade de um sacerdécio.
Com o advento do luteranismo, a fé pessoal, e nio a ades3o As préticas da Igreja
s1 tornou-se o elemento central da vida religiosa dos protestantes europeus. Enguant0
me
HEF

) os humanistas da Renascenga haviam buscado restaurar a sabedoria dos tempos an”


er
ad

tgos, os reformadores protestantes desejavam resgatar o espirito do cristianismo PI”


mitivo — no gual a é parecia mais pura, os crentes mais sinceros e o dlero nio €*
corrompido por luxo e poder. Por volta da década de 1540, a Igreja Catélica Rom?”
na iniciara sua prépria reforma interna, mas jê era tarde demais para deter o mOV”
mento em direg#o ao protestantismo na Europa setentrional e ocidental.

A revolta luterana
sa Martinho Lutero, gue vivenciara a agonia da ddvida guanto ao poder da Igr€
he
BERE EE
ja” de conceder a salvagao,

tinha
.
a vontade e o talento para transmiti-laa
TE
todos ?
6

ei N . svAPE eo obter o.apoio.de principes poderosos. Para atender aos desejos do P*”
dk
EA EE FO
Ter,

DER Di Le 1 es
PEER RE Mr y n n
F ' Ad

d ERG Re
ak 4 ay ts Er s , de E

rd n do RE
1 ' L EER sy ir)

2 my Ma EL
' SE ,
A ascensao da modernidaae 233

po ré m, ab an do no u su bi tamen- !
, principlo estu do u dir eit o. Aos 21 ano s,
mo st ei ro ago sti nia no de Erf urt . Lu te ro deu ini - Ë
Lurero 7E dos para ing res sar no
id en ti da de pes soa l e esp iri tua l, e po rt an to de sal vag ao, de nt ro
Es Fa Je
da dis cip lin a rig oro sos ' do mos tei ro. Ali pr os se gu iu seu s estudos
oe
do isolamento €
eolêgicos€ preparou-se para a ordenacao.

m e n t o c o m 0 c a t o l i c i s mo
DO rompi
ero se sen tia cad a vez mai s ate rro riz ado co m a
Fnguanto estudava e orava, Lut e co m-
mo mo ng e, bu sc av a a un ië o co m De us
possibilidade de sua danacëo. Co das ac6 es (ob ras
de gue a sal vag io de pe nd ia da fé,
preendia 0 snsinamento da Igreja gu io de De us , gu e
uns etc .) e da gra ga (i nt er ve nc io e ob sé
de caridade, orag6es, jej des -
a hu ma na ). To ma va os sa cr am en to s da Igr eja , gue se
santifica e regenera a vid
ci on ar gra Ga. Na ve rd ad e, dep ois de or de na do , ele préprio mi-
Hnavam a propor
sa cr am en to s. Ai nd a ass im, sen tia o pes o de seu s pe ca dos, € nada do
nistrava Os
vagao
gue a Igreja lhe oferecia parecia minorar esse fardo. Buscando consolo e sal
-se , cad a vez mai s, par a a lei tur a da Bib lia . Doi s tre cho s pa re ci am
|utero voltou
flar-Ihe diretamente: “Porgue nele se descobre a justiga de Deus de fé em fé,
como est €scrito; mas o justo viverd da fé” e “Sendo justificados gratuitamente
pela sua graga, pela redengio gue h4 em Cristo Jesus” (Romanos, 1:17 e 3:24).
Nessas passagens, Lutero encontrou, pela primeira vez em sua vida adulta, espe-
ranga de salvacao. A fé, dada gratuitamente por Deus através de (Cristo, permite
Mguele gue a recebe alcangar a salvacao.
| O conceito de salvacso pela fé respondeu & busca espiritual de Lurero. A pra-
tica de boas acêes, tais como orag4o, jejum, peregrinagoes, missa € OS Outros sa-
ramentos, jamais he trouxera paz de espirito. Ele concluiu gue por mais nume-
rosas gu€ fossem as boas ag6es, por mais necessdrias gue fossem 3 manutengao da
comunidade criseê, elas nao trariam a salvac&o. Somente pela leicura da Biblia e
erte EE Oo significado da vida na Terra. Para Lutero, Oo
ete ase uma figura corajosa gue enfrentava a busca arerrorizadora
doe RE mas com a esperanga de gue Deus Ihe rivesse concedido o
me ad a0 servia ” seu préximo nao para trocar boas obras com
Orpa de g P ir para od “ as exigências do amor cristêo. N
gek de ven eed ae er oio arague de Lutero, em 1517,a prdca da
céu y ou si aa gre ja en si na va gue cer tas pes soa s vao direta-
mente para o
depois de passar no i 'nterno, enguanto outras ingressam no céu somente
e pe ri od o de ex pi a€ &o ne ce ss rl o Agu eles gue pe-
HAram muito nesta ” od
rer em pe ca do abs ol as gue Hv er am a so re de ar re pe nd er -s e an te s da mo rt e.
Mor
ralmente, as eri “ro stgnificava padecer eternamente no inferno. Natu-
gatério, As in dulgënei ë - ad com o tempo gue poderiam passar no pur-
due oravam, oompareclam A oe esse tempo e eram concedidas pela Igreja aos
nheiro a Igreja. Estas vlr a e fazjam obras pias — inclusive doag6es de di-
)
de due as pessoas estavam a$ €ram as mais controversas, pois davam a impressio
Comprando sua entrada no cé
BMELIOTECA POBLICA MUNIGIPAL |
..d Pe. ARLINDO MARCON
CARLOS BARBOSA — R8
'
AE ! !

234 Civilizacio ocidental

No outono de 1517, o monge dominicano John Tetzel ENCONETaVa-se ek.


a Wittenberg, vendendo indulgências. Lurero lancou seu atague a Prosa
venda de indulgências afixando & porta do castelo de Wittenberg Se - €
si
ld
PEER ha

Fssas teses (proposig6es) guestionavam toda a idéia da venda de teses


"
rr
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mar

nao $6 como P pratica corrupt bé


pta, mas tambêm :
cComo uma SUPOSICAO ndulpêneig
teolos;
ME TY
ME

; poderja ser conseguida mediante boulCa men-


o — ou seja, de gue a salvag3o
si

re frgil
HERE ER

No centro da argumentagao de Lutero, nas teses e em escritoe pPosteri aGOes,


Aa
dr

tava a convicgao de gue o homem alcanga a salvacio através da religi ak es-


Haak SEEN EE
RE

soal, do arrependimento pelos pecados e da confianca na misericérdia de


aa
dd PRE

o Comparecimento 3 Igreja, o jejum, as peregrinacêes, a caridade e OUtras Ee


ed ineen

agoes nao asseguravam a salvag3o. A Igreja, por outro lado, afirmava gue
tanto
&

fé como as boas obras eram necessdrias A salvacëo. Lutero Insistia,


ET

ainda, em
Vee AT


toda pessoa podia descobrir o significado da Biblia sem a ajuda dos padres
PER

an
gee

bora a lgreja sustentasse gue sé o dlero podia interpretar adeguadamentea rd


oe
DE

Lutero argumentava gue em guestêes de f€ nio havia diferenca entre padres


EE
La |

e lei-
ei Da
wdf TE
ere

gos, todos podiam receber fé direta e livremente de Deus. Mas a Igreja


i

conside-
ale

rava os padres COmo intermedidrios entre os homens e Deus, e era por meio do
eer
Ek,

kms.

clero gue os cristios conguistavam a salvac#o eterna. Para Lutero, nenhum pa-
'

TE
Pa
F

dre, nenhuma cerimênia, nenhum sacramento podia transpor a distência entre


Ed s

Criador e suas Criaturas. A tinica esperanga era a relaco pessoal do individuo com
re
eg
N] d

Deus, tal como expressa, pela fé, na misericérdia e graca divinas.


Ti
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Ad
FEES red ad

Reconhecendo gue sua vida estarja em risco se continuasse a pregar sem um


OE Oe

protetor, Lutero apelou para o principe de seu distrito, Frederico, o eleitor da Sa-
vir
AE
dy. de

xénia. O eleitor era um homem poderoso na politica internacional, um dos sete


fe m

leigos e religiosos gue escolhiam o Santo Imperador Romano. Gracas ao apoio de


EE
Ef

Frederico, as autoridades da Igreja, inclusive o papa, viram gue o monge deverla


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ser tratado com cautela. Ouando, em 1520, o papa finalmente tomou medidas
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ba ELSA
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contra ele, era tarde demais; Lutero tivera tempo necessdrio para promover suas
ia

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opiniëes. Proclamou gue o papa era anticristo ea Igreja, 'o mais desregrado covil
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GESE
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de ladrêes, o mais vergonhoso de todos os bordéis, o préprio reino do pecado da


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morte e do Inferno'*. @uando foi proclamada a bula papal gue o excomungots


RE
Ee
ie FT]

ad

Lutero a gueimou.
T

de

Como jé nao faziam parte da Igreja, Lutero e seus seguidores organizaram


congregagêes com o objetivo de realizar o culto cristio. Os cristaos gue estavam
fora da Igreja precisavam de proteg&o; em 1520, Lutero publicou o Discurs ë
nobreza crista da nagdo alemd, em gue fazia um apelo ao imperador e€ a0s prind”
pes alemaes para gue reformassem a Igreja e retirassem sua fidelidade ao PaP”
cujos tributos e poder politico, argumentava ele, os vinham explorando ha séCU”
los. Seu apelo teve certo éxito; a Reforma floresceu sob o ressentimento CON”
intervengio externa do papa, gue h4 muito tempo vinha prejudicando a Ale
manha, Nesse e em outros tratados, Lutero deixou dlaro gue nao desejava er
n ik
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A ascensdo da modernidaaé 235

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gu e era ca té li co de vo to , con-

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do r Ro ma
gm 152 Carlos V, o Santo Impera

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sponder a


sa lv o- co nd ut o. Ali ele de ve ri a re
Luteroa Worms, dando-lhe um

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retratar,

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ci ta do a se

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reli gi os o e civ il. Gu an do so li
sia, COmo crime ti

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de hereu:

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Moe onde “Se eu nao es ver convencido de erro pelo testemunho das

SERE
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m me re tr at arel, de

rdleader
tr at ar -m e, ne

1E
o re

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keur ou pela razao clara (.. .) na o po ss

rd'T
pr ép ri a co ns el €n el a

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seguro nem ho ne st o agi r co nt ra a

hase
soisa alguma, POIS nao é

T,
pe ra do r, Lu tero

Fol sazd keel


o co m o im

Ra
Pouco de po is de ss e co nf ro nt
Deus me ajude. Amém.”

SE oe
e pe ri od o de um an o, tr ad uz iu para o
preso. Durante ess

el
escondeu-se para no ser

s
ke AE
or es , ou Ju te ra no s, foram chamados de
us se gu id
lemao o Novo Testamento. Se

7
va m co nt ra a Ig re ja es ta be le ci da —, termo due
protestantes — agueles gue protesta
acabou se estendendo a rtodos os adeptos da Reforma.

Agraci o e di fu sd o do lu te ra mi sm o
pel a re cé m- de sc ob er ta im pr en sa , a do ut ri na do pro-
Difundida rapidamente o. O lu-
s es pe ra ng a de rev ita liz acs o e re no va gë

EE EE GEE
testantismo ofereceu a seus ad ep to

E
a os de vo ro s — due sé re ss en ti am da mu nd an id ad e e da falra
teranismo apelava par

et
e de gr an de par te do cle ro —, ma s en co nt ro u se gu id or es pri ncipal-
de religiosi dad

ak
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te €nt re os cit adi nos , gue nio gu er ia m gue seu di nh ei ro fos se par a Roma na
men

n
a

5
is da Igr eja . Al ém dis so, a Re fo rm

EE N
forma de tribut os € re mu ne ra ci o aos ofi cia
tu ni da de se m pr ec ed en te s de con tis car as ter ras da Igr e-

J
oferec eu & no br ez a a op or
ja, pêr fim aos impostos eclesiais e obter o apoio de seus stiditos atuando como

EE
N EE
IE
der de um movimento religioso popular e dinêmico. A Reforma também pro-

EE
porcionou aos nobres um meio de resistir ao Santo Imperador Romano, o cat6-
lico Carlos V, gue desejava estender sua autoridade sobre os principes alemaes.
Ressentidos da dominacao italiana na Igreja, muitos outros alemaes partiddrios
de Martinho |utero acreditavam estar libertando os cristios alemies do controle
estrangeiro.
ages x me também €ncontrou apoio entre os camponeses, due vlam em
eed me s oge — tanto dos senhores leigose eclesidsticos
EE S ke lk ie i a ve rd ad e, - seu s esc rit os e se rm êe s, Lu re ro mu it as vez es
bene AG ae al prineipes e lamenrava a sorte dos pobres. Sem duvida, o
os ca mp on es es , Gue ne o ee i E E as au to ri da de s co nt ri bu iu par a ins pir ar
eyGles die T ar fr rebelaram abertamente contra seus senhores. A
eg co da Alemanha; cerca de 300 mil camponeses pegaram

ae Mo ae a sanee de associar seu movimento a um levante


vador, ele hesitava P ea ms apoio da nobreza. Politicamente conser-
WA side obedieste, Ale a autori ade secular; para Lutero, o bom cristao era
HOE ERA Es “ze ae addeDie OS revoltosos, exortando a
“AMPponeses haviam sido ed j oe eel, — me
“Aram de uma vez por todas da ref EE n Poe ee io
in at o al em &o , ed lut era na. O fra cas so da rev olt a sig nif ico u,
Para o campes
ecer atrasado e oprimido até o século XDL.
236 Givilizardo ocidental

Em guerra com a Franga pelo controle de partes da lrélia, e com o


manos ameacando seus territérios do leste, o Santo Imperador Rom, FUTCOS og.
de inicio em intervir no conflito entre principes catélicos € luteran ANO hes;
gue se revelou crucial. Foram anos de guerra e, mesmo assim, Carlo rd
is seguiu subjugar os principes luteranos. O conflito fo; solucion do - COn-
Augsburgo (1555), gue estabeleceu o direito de cada principe territo ii 4 Daz de
nar a religido de seus stiditos. De maneira geral, a Alemanha setentrion determ;.
se em grande parte protestante, €nguanto a Baviera al to
e outros territér; oe

A difusao da Reforma
j Nada ilustra melhor o descontentamento do Povo com a Igreja, em
principios
H do século XVI, do gue a ripida difusio do protestantismo. Esse
fenêmeno obe-
deceu um padrao. O protestantismo tornou-se forte na Europa setent
"

rional -
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EEdT]

norte da Alemanha, Escandindvia, Holanda e Inglaterra, mas fracassou nos pat-


use
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ses larinos, embora nio sem lutas na Franca. De modo geral, o protestantismo foi
TA
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um fenêmeno urbano, gue prosperou nos lugares mais distantes de Roma e onde
oa
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tinha o apoio dos magistrados locais.


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MA rr
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2

O calvinismo
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O éxito da Reforma fora da Alemanha e Escandindvia veio, em grande parte,


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da obra de Joëo Calvino (1509-1564), erudito € teëlogo francês. Em 1533 ou


PERE
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1534, Calvino conheceu os seguidores franceses de Lutero e convenceu-se da


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verdade da nova teologia. Dedicou-se entio 3 difusio das crencas luteranas, imé”
OE
be

diatamente ap6s sua conversao, e dentro de um ano ele € seus amigos enfrenta-
EE LR ml
A.D
PIEP

ram problemas com as autoridades civis e eclesidsticas.


Calvino logo abandonou os estudos humanistas e literdrios para tornar-se pIé”
RE

gador da Reforma. Desde suas primeiras experiëncias religiosas, Calvino ressalta-


re
EE

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Bi va o poder de Deus sobre a humanidade pecadora e corrupta. O Deus de Cal
SEE ER

vino trovejava e exigia obediëncia, e a terrivel distincja entre Deus e o individu


I

era mediada apenas por Cristo. Calvino abracara uma teologia austera, due PO”
N
GRA ve

tulava a obediëncia rigorosa das leis de Deus, a busca diligente da retidao social €
moral, a regulamentag#io cuidadosa da vida politica e o controle estrito das EO”
dd

Ges humanas.
Ainda mais gue Lutero, Calvino explicavaa salvac&o em termos da predesrin#”
6ao incerta, ou seja, Deus, gue concede gragas por raz6es inescrutdveis, jA sabe de
antemao guem serd salvo e guem serd condenado ao inferno. Argumentav# gus
ve embora o homem estivesse predestinado 3 salvac&o ou danac&o,
jamais poderi?
CO hee antecipadamente sua sorte, Essa sorte terrivel podia levar, € realmen!*

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A ascensdo da modernidaae 237

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Joëo Calvino em seu gabinere. Segundo


Calvino, a Biblia, palavra de Deus, era o
F |
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elemento central na vida de todos os


protestantes. Por €ssa razao, pintar uma
pessoa religiosa guase sempre significava
retrard-la lendo o livro sagrado.
A Reforma também incentivou a
capacidade de ler e escrever, ainda gue
apenas para a leitura de textos religiosos
simples. Saark/drt Resource, NY

levava, alguns ao desespero. Para outros — paradoxo de dificil compreensao para


o espirito moderno —, o calvinismo dava uma sensagao de seguranga, de reridao,
gue faziam do santo — isto é, o homem ou mulher verdadeiramente predestina-
dos — Um novo tipo de europeu. A maioria dos adeptos de Calvino parecla acre-
ditar gue, tendo compreendido o fato da predestinago, haviam alcangado uma
ousada percepg&o de sua relac&o excepcional com Deus.
ara os calvinistas, somente a dedicagio infalfvel 3 lei de Deus poderia ser vista
aa salvacao; assim Oo calvinismo tormava individuos mals inflexiveis,
at Eie er congregacbese dispostos a eliminar o mal em $i mesmos e nos
EE os rambém podia produzir revoluciondrios prontos a desafiar
Berea Go og se as considerassem como violadoras da leis de Deus.

Fugir da Franga, Celvino fnda AO Prindipio de vida Com nante dir


dade vles perels
ante gue regulavaa vida
da Gaar geeis ene Genees, DELER Bg
n Francesa. Al ele fundou uma igreja protes-
may voer Dak dee ' m e social dos cidaddos. Os membros masculinos
comunidade governavam a cidade e impunham
`N
a
Es EE
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238 Givilizacio ocidental

uma disciplina rigorosa ao vestuêrio, aos costumes sexuais, ao co


igreja € aos assuntos comerclais, Castigando com rigor o comp ortamento irrek.
gioso e pecaminoso. Os mercadores présperos, e mesmo os peg
res, encontraram no calvinismo doutrinas gue justificavam
a autodiscipl;
les jé praricavam e desejavam impor as massas desregradas. AB ii due
“N ticular, as opiniëes econêmicas de Calvino, gue ao contrdrio d
“ Multos par-
seg dlérigos
cat6licos nao via nada de pecaminoso nas atividades comerciais
# Genebra tornou-se o centro internacional do protestantismo. Calvi
' rou uma nova geracao de reformadores protestantes de muitas
sd i
' gue levaram a mensagem de volta para suas terras. Seus Jastifut
os da rel; , ie
' # (1536) Hveram intimeras edicêes e tornaram-se, depois
da Biblia. o dy oi
i manual da nova teologia. Na segunda metade do século XVLa gede eke
s ta da predestina€io incerta difundiu-se pela Franca,
Inglaterra, Holanda e Maisd
Te do Santo Império Romano.
Calvino sempre se opês a gualguer recurso & violência e apoiou
a autoridade
dos magistrados. No entanto, guando comecaram a ser perseguidos pel
a monar-
gula, seus seguidores sentiram-se compelidos a resistir. Os teëlogos calvinistas tor-
H naram-se os primeiros teëricos politicos dos tempos modernos a publicar argu-
4 mentOS coerentes para a OposigAo 4 monarguia e, finalmente, para a revolucio
ME
politica. Na Franga, e mais tarde na Holanda, o calvinismo tornou-se uma ideo-
si!
H
logia revoluciondria completa, com uma organizac3o dlandestina formada por
i
adeptos dedicados gue desafiavam a autoridade mondrguica. No século XVIL a
versao inglesa do calvinismo, o puritanismo, teve o mesmo papel. Em certas cir-
i
yd ET Re
jy)
eN

Cunstanclas, portanto, o calvinismo teve a forga moral para contestar as preten-


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larsak ad

| sêes do Estado monérguico sobre o individuo.


ge do rdk
riter EF Ed sad!

Franca
n.od. N
ie, MI

|
pa
N

Embora o protestantismo fosse jlegal na Franca depois de 1534, a minorla


oi
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protestante naguele pais, os huguenotes, aumentou e tornou-se um bem organ!”


EER EDma

zado movimento clandestino. As igrejas huguenotes, muitas vezes protegidas po


nobres poderosos, adguiriram um cardter cada vez mais politico, em respostd a


NEE

perseguigdo patrocinada pela monarguia. Os protestantes franceses tornaram-s€


DE

suficientemente organizados e militantes para desafiar seus perseguidores, 0 !!


Henrigue II e os Guise, uma das mais proeminentes familias catélicas da Fran62
em 1562 a guerra civil entre protestantes e catélicos foi inevitdvel. Seguiu-se EN”
tA0 uma das mais brutais guerras religiosas da histéria da Europa. Em 1572, 9
dia de Sao Bartolomeu, o morticinio medonho de milhares de homens, mulhe”
res e criancas protestantes manchou as ruas de sangue. Tao intenso era 9 6dio
religioso na época gue o massacre inspirou o papa a mandar rezar uma mis$a de
ist agioApés
de gragas pela “vitéria” catélica,
guase trinta anos de ferozes combates por todaa Franca, a virêria favor”
eu os catélicos — mas nao totalmente. Henrigue de Navarra, lider protestante
HPUsge0 rel Henrigue IV, embora somente depois de ter concordado em con”
ol
ED Ek ee
ae HE n n
hu. dEens n Haran. kaf ek Tas
A ascensio da modernidade 239

“EE
oi
es ta be le ce u um a paz ex pe ri me nral,

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svo ao catoli ci sm o. He nr ig ue

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o de

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bl ic ou o Ed it

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li mi ta da . Em 15 98 , pu
dendo aos protestantes rolerência

ie- E ig
ede
al vi sa nd o in st it uc io na li za r

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ta do na ci

de dig. perde
oie documento de um Es

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ig ue

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sé cu lo XV II , os su ce ss or es de He nr

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r a u d e to ler&ncia rel igi osa . No
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um ce rt em

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ua lm en te en fr ag ue ce ra m € por fim re vo ga ra m,
1610) grad


s a s s i n a d o € m

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IV ( a s le rê nc ia , be m co mo sua prdtica, per-
os da to

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Os ali cer ces te ër ic
1685, o decreto.

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Es is di
maneciam fragel s no inicio da Europa moderna.

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Inglaterra

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r e s li gi os os

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a t e r r a n a o pe lo s r e f o r m a d o re
A Reforma foi iniciada na Ingl

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ju ri sdi-

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kyk Me Ge RR
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9 - 1 5 4 7 ) re ti ro u a Ig re ja i n
pelo préprio rei. Henrigue VIII (150

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c e d e r - l h e a a n u l a g i o de se u ca sa-

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co do papado porgu o p e a p a se r e c u s a r a a c o n

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a n t o, COMO um

ed
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rue
s a c o m e G o u p o

ro
a . A R e f o r m a i n g l e
mento com a primeira espos . S u a s o r i gens, po-
m m o n a r c a r e n a s c e n t i s t a c h e i o de si
ato politico por parte de u l o X I V , a I n g l a t e r ra
is d e s d e W y c l i f f e , n o s é c u
'ém, remontam ê Idade Média, po

*
a n t i c l e r i c a l i smo.

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tinha uma lo n g a t r a d i c a o de h e r e s i € a

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g u e I I I d e c i d i u d i v o r c l a r - s e de su a m u l h e r , a p r i n c e s a e s p a -
Ouando Henri V
u d i do. Coma resis-

i
r i n a de A r a g i o , e m 1 5 2 7 - 2 8 , o p a p a i g n o r o se u p e
nhola Cata
esperou-se; ele precisava de um herdeiro masculino

Men
téncia do papa, Henrig des ue
a n c a p a c i d a d e de té -l o er a de su a m u l h e r . A o m e s m o t e m p o , d e s e -
eachav gue a i

ERA
a pe rt a e t e n t a d o r a A n a B o l e n a . A fi m de o b t e r o d i v é r c i o , H e n r i g ue des-
java es

or N. oe N Ed Gie se
g a o l a m e n to,

hede
ligou a In g l a t e r r a da Ig re ja ca ré li ca . E m 1 5 3 4 , c o m a a p r o v a do P a r
declarou-se chefe supremo da Igreja Anglicana. Em 1536, dissolveu os mosteiros

N ae
e confiscou-lhes as propriedades, gue distribuiu ou vendeu a seus fiéis partida-

N
rios. Na maioria dos casos, essas propriedades ficaram com a peguena nobreza €

ER OT
EE
aaristocracia rural. Ao envolver o Parlamento e a peguena nobreza em suas ages,

EE OE
Henrigue VII fez da Reforma um movimento nacional. Foram portanto consi-

ENT
deragêes politicas, e nao diferencas teol6gicas profundas, gue deram ensejo a Re-
ma
forma inglesa.
Ee
me

Henrigue VIII teve como sucessor seu filho Eduardo VI, gue reinou de 1547
este morreu, subiu a0 trono Maria (1523-1 558),
ed EE

lae se
ER

de Aragao. Maria, gue era muito cat6lica, per-


Rd

ea oo * si
a. Mer ee ma ng so Em 1558, com a ascensêo de Flisabere 1, filha
nado de Flb olena, a nglarerra volctou a ser um pals protestante. O rei-
is ab et e, g u e d u r o u at é 16 03 , c a r a c t e r i z o u - s e por por u* m exaltado senti-'
MENLO de identidade nacional o ca ré li co s, c o n s i d e r a d os
$ pela per s e g u i g do s
UMma ameaga A seguran lan
€stava inclinada a deere Tnsla e le iedo, ondtd r i,b u i u pe p a r a o a adn t i c a t ie
o li-
cismo inglês. ra
a Inglater ao pap a c
A Iereiai
cos bo; EE aan tal como se desenvolveu no século XVL, em pou-
a a E s t i e ie se g u a n t o ao s c o s t u m e s € c e r i m Onias. A
z
nature exat do
entes discus-
soes. Era a Igreja omdie be ae inglés tornou-se morlvo de Cresc
nte protestante? Deveriam seus servigos e 1gre-
OUSAN 4E
D
OUWISIUIAIEO OD OESNIO —
ie VINATISNVL sejouanBny $o1ua7)
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A ascensio da modernidade 241

€ rit uai s “p ap is ta s” e te nd o por bas e ap en as as Escri-


ep simples, sem OS Hitos ac ei ta ri am ne€ -
e os poderosos bi sp os in gl es es na o
as€ sermoes? É evidente gu es os pr iv il ég io s an tg os ,
pr ot es ta nt ismo due pude ss e li mi ta r- lh
ma fo rm a de a a re vo lu gao
nnu
er. Ess as gu es te s co nt ri bu ir am par
fan cêe s cerimonliais € Oo pod #
26
séc ulo XV II (ve r cap itu lo 9).
inglesa do

A Reforma radical
av am , em ger al, as au to ri da de s pol iti cas est a-
Os principais reformadores apoi ra os re fo rm a-
ou ma gi st ra do s ur ba no s. Pa
belecidas, fossem principes territorlais o soc ial . Na o obstante,
um co nc ei to esp iri tua l, ni
dores, a liberdade humana era € ca mp on eses da
pa ra pr ov oc ar rev olt as ent re os ar te si os
, Reforma contribuiu , su rg ir am vdrios
oc id en ta l. Na dé ca da de 15 20
Europa central €, posteriormente, ba ix as da so-
co m fr eg ii ën ci a pr ov en ie nt es das cla sse s ma is
eformadores radicais, po pu la res numa
ia . Ele s te nt ar am ca na li za r a rel igi do e as cr en ga s
dedade europé ce ss id ad es
an is mo re fo rm ad o, gu e fal ass e di re ta me nt e is ne
eva versio do cristi
temporais e espirituais dos oprimidos. a
es ica is pr oc la ma va m gu e a vo nt ad e de De us era co nh ec id
Os reformador rad
te rm éd io de seu s sa nt os — OS pr ed es ti na do s 3 sal vag #o. Di zi am gu e os po br es
por in
herdariam a terra, €ntao governada pelo anticristo; gue a tarefa dos santos era ex-
purgar o mal da terra a fim de prepard-la para a Segunda Vinda de Cristo. Para os
radicais, as Fscrituras gue falavam do amor de Deus pelos humildes € desfavoreci-
dos, tornara-se uma inspira€ao para a revolug#io social. Lurtero, Calvino e outros
reformadores reagiram com violência as doutrinas sociais pregadas pelos refor-
madores radicais.
O maior grupo de reforma radical antes de 1550 foi genericamente batizado de
anabatistas. Tendo recebido a luz interior —a mensagem da salvagio —, os anabartis-
tas se sentiam renascidos e experimentavam a necessidade de novo batismo. Eram
NOVOS Cristaos, novas pessoas levadas, pela luz da consciëncia, a buscar a reforma e
Eed de todas as instituic6es, em preparo para a Segunda Vinda do Cristo.
da RE ale eier a cidade de Miinster, na Vestfdlia, proximo
Fooi giese a , Confiscaram as propriedades dos gue nao
ss 's n todos os livros excero a Biblia e, num estado de espirito
e a eX CE SS OS sex ual s, pr ad ca ra m ab er ta me nt e a po li ga -
RE
derotadae or UI py proc ee ague o Dia do Juizo estava proximo. Foram
ed PER Aggoe de mid che de pelo principe luterano Filipe de Hesse.
sa. Dis T mo de rn a, a pa la vr a Mi in st er to rn ou -s e si n6 ni mo de
revolugio perigo
s SE & ge el du e ess es €nt rus las tas se lv ag en s ganhas-
sem forca em seu am com grande fero-
cidade. Naguela cd ë S tErritorios, Os principes os aracar
idade ainda` pendem, aré hoje, dos campandrios das igrejas, as
Jaulas onde Os 1 tur ado s e aba ndo nad os A mor te como
lid
advertênc;cia a todosere s ana bar ist as for am tor
os possfveis imitadores

d
242 Givilizacio ocidental

Em fins do século XV], muitos movimentos radicais j4 se haviam tornad


destinos ou silenciado. Um século depois, porém, durante a Revoluc ke
(1640-1660), as crengas e os objetivos politicos da Reforma radical E ” ng! (Sa
ameagando dar & revolug&o uma diregao temida por seus lideres. Ed F Ereeeram,
cais tenham fracassado também na Inglaterra, semearam uma tradicio ie radi-
mento democrdtico e anti-hierdrguico. A afirmac3o radical de gue os ees
com a luz interior, os santos, sao iguais a gualguer pessoa, a despeito de ee
digao social, contribuiu para a formagdo do moderno pensamento
democrdr; lco,

A reacao catélica
A ameaga protestante compeliu a Igreja Catélica Romana a instituir reformas,
A principio, a energla para a reforma veio do cdlero comum, bem como de leigos
como Indcio de Loiola (1491-1556). 'Treinado como soldado, esse religioso re-
N formador espanhol buscou criar uma nova ordem religiosa, fundindo a excelên-
Ti cia intelectual do humanismo com um catolicismo reformado gue atrairia os po-
derosos grupos politicos e econêmicos. Fundada em 1534, a Companhia de
Jesus tornou-se a espinha dorsal da Reforma catélica na parte sul e oeste da Eu-
ropa. Os jesuitas combinavam a tradicional disciplina mondstica com a dedica-
AO ao ensino e uma énfase no poder da pregacio, ambos visando trazer os con-
ke dr

versos de volta para a Igreja.


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Os jesuitas trouxeram a esperanga de um renascimento religioso baseado nas


AS PET AF RAM

cerimênias, na tradic&o e no poder do sacerdote de conceder perdao. Além dis-


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so, fundaram algumas das melhores escolas da Europa. Da mesma forma gue os
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luteranos na Alemanha buscavam alfabetizar as massas para gue estas pudessem


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ler a Biblia, os jesuitas procuraram trazer um acréscimo intelectual aos leigos, So”
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bretudo aos ricos e poderosos. Conguistaram posicêes como confessores dos prin-
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cipes e os exortaram a intensificar seus esforcos para fortalecer a Igreja em SEUS


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territorios.
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Na década de 1540, a Contra-Reforma estava muito adiantada. Os lideres des”


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se movimento catélico censuravam muitos dos mesmos abusos denunciados POT


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Lutero, mas evitavam romper a autoridade doutrindria e espiritual do dero. A


Contra-Reforma também adotou medidas agressivas e hostis contra OS prot€s”
tantes. A Tgreja tentou conter o apelo popular do protestantismo enfatizando a
renovagdo espiritual por meio da fé, da oragio e da cerimênia religiosa, mas MA”
bém recorreu a melos mais rigorosos. A Inguisigio — tribunal da Igreja gu€ julger
va os hereges — ampliou suas atividades, e onde guer gue prevalecessea jurisdiga
Catélica, os protestantes due nao se arrependessem estavam sujeitos 3 PenA €
morte ou pris&o. Os carélicos nao tinham o monopélio da perseguigao: nos lug
res onde o protestantismo se tornara religiëo oficial — comoa Inglaterra, Escocla
i.e Genebra, por exemplo —, os catélicos ou os radicais religiosos tambem enfren”
taram perseguigoes.
A ascensdo da modernidade 243

Conc ilio de Tren to. Oua ndo se reun iram em 'ren to, os repr esen rant es da Igreja formavam um
O
estes
grupo irritado, aflito com a demora em convoc-los. O papa resistia aos concilios, pois
para colocar a
ameacavam sua autoridade; em Trento, porém, muiras medidas foram adotadas
[greja novamente na ofensiva contra os protestantes. Jon Freeman

Um dos principais instrumentos da Igreja foi a censura. Na década de 1520,


a tendência a censurar e gueimar livros perigosos intensificou-se dramartica-
mente, na tentativa de impedir a difusao das idélas prorestantes. Na &nsia de
eliminar a literatura herérica, a Igreja condenou as obras dos humanistas cato-
licos reformadores, bem como a dos protestante. O Index de Livros Proibidos
tornou-se um elemento institucional da vida da Igreja. Com o passar dos sécu-
los, as obras de muitos pensadores ilustres foram incluidas no Index, gue sê foi
abolido em 1966.
as ee vleie pela Contra-Reforma — educagao, pregagio vigorosa,
ja milhares de ss perseguigde e censura — conseguiram traaer de volra & igre-
an inlei ii sobretudo alemaes e boëmios. Além disso, foram ram-
de let. Em (5é - ae ein concretas nas diretrizes e doutrinas
eek lose ie ag jo de Trento reuniu-se para reformar a Igreja e
neoeu teunido (aré ae LO wee Durante rodos os anos em gue perma-
ja aboliu muis Ee dj oncilio modificou e unificou a doutrina da Igre-
aantoridade Final ao pad apras como a venda de indulgências; e atribuiu
na sobre a autoridade papal de com isso a longa e acerba luta inter-
elite dee Gie Ee med — oncilio de Trento expurgou a Igreja e deu-lhe
COmo o papel da fé e das boas obras na obten-
' ey
E Af.
Fa.
Ms) are

244 Givilizacdo ocidental

io da salvagao; ficou decretado gue a Igreja seria o Arbitro final d


Oualguer concessio ao protestantismo foi rejeitada (nem estav
- Ee ee n AM OS Dro " Biblia
lé interessados nisso). A Reforma havia dividido irevogavelmente a eg ee
n 2 e
My ie

EE N
Ai
et
EE A Reforma e a Idade Moderna
E A primeira vista, a Reforma parece ter renovado a #nfase medieval
ii
no
mundo e invertido a tendência ao secularismo
due se registrara na Renas
Atraidos pela antiga doutrina estêica da vontade autOnoma, cen.Ee
jEE . se os humanis d$ da
Renascenga haviam EE
rompido com a rigida visio de Agostinho do pecado original
, — uma natureza humana corruptaea incapacidade do
individuo de alcancar a sal
is vagéo mediante seus préprios esforcos. Lutero € Calvino, no Entanto,
viam os se-
N res humanos como essencialmente depravados € COFFUPtOS e rejeitavam por com-
Hi
EE p leto a nocsovo d de gue os Individuos
individ d
pudessem fazer algo por sua prépria salvaco;
)
Aar
tal afirmag3o da vontade humana, sustentavam eles, revelava uma perigosa
7
pre-
di SUNG3Oo nos seres humanos.
id Mas a Reforma contribuiu, em muitos aspectos importantes, para a formacio
F Ee

da modernidade. Ao dividir a cristandade em carélica e protestante, destruiu a


EE Er
ET;

unidade religiosa da Europa, a principal caracteristica da Idade Média, e enfra-


ds

gueceu a lgreja, principal instituicdo da sociedade medieval. Fortalecendo o


VL

poder dos monarcas as expensas dos 6rg#os religiosos, a Reforma estimulou o


le
er

Crescimento do Estado moderno, secular e centralizado. Os governantes protes-


3
si
e

Pr

tantes repudiaram totalmente a pretensio do papa 3 autoridade temporal e esten-


'
ie
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deram seu poder sobre os protestantes recém-estabelecidos em seus paises. Nas


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terras catélicas, a Igreja, enfraguecida, relutava em desafiar os monarcas, cujo


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apoio ela agora necessitava mais do gue nunca. Essa subordinacio da autoridade
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clerical ao trono permitiu gue os reis construissem Estados centralizados forte,


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um atributo da vida politica do Ocidente moderno.


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Embora a monarguia absoluta tenha sido o beneficirio imediato da Reforma,


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o protestantismo contribuiu indiretamente para o crescimento da liberdade polf-


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tHca — outra caracteristica do Ocidente moderno. Com certeza, nem Lutero né


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Calvino defendiam a liberdade politica. Para Lutero, um bom crist&o era um si


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dito obediente. Assim, segundo ele, os siditos deviam obedecer As ordens de SUS
governantes: “Sob hipêtese nenhuma era apropriado, a gualguer um dué fossé
Cristao, erguer-se contra seu governo, fosse ele justo ou injusto.”* E de noVo'
Agueles gue ocupam o cargo de magistrado sentam-se no lugar de Deus, € SE”
julgamento é como se Deus julgasse dos céus (...) se o imperador me Convo?
Deus me convoca.”? Os calvinistas criaram em Genebra uma teocracia gue 8!
lava de perto a vida privada dos cidad3os, e Calvino condenava veementement€?
-resistência A autoridade politica como infgua. Sustentava gue os governantë*

Te
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A ascensio da modernidade 245

te. a Ref orm a pro pic iou ram bém uma base para se desa fiar poder
N4o obsta
uns tedr icos pro tes tan tes , sob ret udo calv inis tas, apoiavam a
narcas. Alg
dos MY. `s autoridades politicas cujos editos, na opinio deles, violassem a lei
con-
ed como expressa na Biblia. A justificativa religiosa para a rebelido
de Deu t . Anicos estimulou nos calvinistas ingleses, ou puritanos, a resistên-
ra gOvernos
daa monargula no
F século KVII.
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a idéia da igua ldad e, gue tem raize s na cren ga juda ico-
A Reforma promoveu
tris a de gue as pess oas Sao roda s cria rura s de um dnic o Deu s. Em dois asp ect os
o, a soci edad e med iev al infr ingi a o prin cipi o da igua ldad e.
imporcantes, contud
luga r, o feu dal ism o refo rgav a as dist ingG es here dird rias entr e nob res
Em primeiro
ied ade era hier drgu ica, cons titu ida seg und o uma ord em ascen-
e plebeus. A soc
e de clas ses lega is, ou esta dos: o povo , a nob rez a e o dler o. Em seg und o, a
dent
Igreja medieval ensinava gue somente os clérigos podiam ministrar os sacramen-
tos, gue era o meio pelo gual as pessoas podiam alcangar a salvaga0; por essa ra-
70, eram superiores aos leigos. Lutero, por sua vez, afirmava gue nao havia dis-
rincao espiritual entre os leigos e o clero. Todos os crentes eram iguais em espiri-
to: todos igualmente cristaos; todos igualmente sacerdores.
A Reforma contribuiu também para a criac#o da érica individualista gue ca-
racteriza o mundo moderno. Uma vez gue os protestantes, ao contrdrio dos caré-
licos, nio tinham nenhum intérprete oficial das Escrituras, ficava a cargo do
individuo a terrivel responsabilidade de interpretar a Biblia de acordo com os
ditames de sua consciëncia. Os protestantes enfrentavam sozinhos a possibilida-
de de salvagio ou danacao. Nenhuma igreja Ihes fornecia seguranga ou certeza, €
nenhum cdlero interferia em sua relacio com Deus. A devogëio nao era determina-
da pela igreja, mas pelo individuo autênomo, cuja consciëncia, iluminada por
Deus, era a fonte de todo julgamento e autoridade.
Para o protestante, a fé era pessoal e intrinseca. Fssa nova ordem demandava
DA relagao pessoal entre cada individuo e Deus e chamava a aten€io para as ine-
le Ee religiosas do individuo. Certos de gaue Deus os escolhera paraa
inguen " oe desenvolveram a autoconfianga e seguranga gue dis-
le ER ee erno. Assim, a Ënfase prorestante no julgamento priva-
merk, religiosas € na convicgao pessoal interna acentuou a importência
'duo e ajudou a moldar o novo homem europeu do periodo moderno
Ao ressaltar a consciëncia individ al, a Ref , d ! ibuid
desenvolvime nto do es irito ca jralis " da men
Assim ER EE me PP ista, gue Fannda ET ta o anomia modern
a eco e
lea.
He Spirit o FCapitalsm eo Max Weber em Tre Protestant Ethic and
ropa antes da Reform Geb. eber admitia gue o capicalismo jé existia na Eu-
medievais, por er ei Anduelros mercadores das cidades icalianas e alemas
gundo ele, o ad ee eN envolvidos em atividades capiralistas. Mas, se-
dinêmi oo, Os homens de Di ” retudo o calvinismo) tOrnou o capitalismo mais
Biosa de enriguecer, € sua fé os protestante acreditavam rera obrigagao reli-
vencidos de gue a prosperidad. ava a aurodisciplina necesséria para isso. Con”
ra uma bêncio de Deus e a pobreza sua maldi-
sep ad Ml

246 Givilizario ocidental

C30, os calvinistas tinham o estimulo espiritual para trabalhar


Ed evitar a preguiGa. Com diligêne
i, e
De acordo com a doutrina da predestinagao de Calvino, De
us jA determina,
com antecipago guem seria salvo; nenhuma ac&o terrena poderia condus
vagao. Embora nao houvesse uma forma de distinguir darame
nte ue
a graca de Deus, os seguidores de Calvino passaram a acre
ditar nd oe een
dades eram sinais de gue Deus operava através deles,
de gue eram eles ae
de os escolhidos. Assim, os calvinistas consideravam
o trabalho 4rduo ee
nho, a obediëncia, a eficiëncia, a frugalidade eo
desprezo por ere ae
Creagao — todos virtudes gue contribuem para proced
imentos racionaise oo si
COS nos negocios e também para o sucesso — como
sinais de sua eleicio Com as
efeito, como argumentou Weber, o protestantismo,
ao contririo do catolicism
dava aprovagao religiosa ao enriguecimento e ao mod
o de vida dos negociant -
Além disso, os seguidores de Calvino pareciam acre
ditar ter alcancado uma com2.
preensao especi
al de sua relacio com Deus: essa CONVicG40 foment
ou o sentimen.
to de autoconfianca e retidio. O protestantismo pr
oduziu, portanto, uma atitu-
de profundamente individualista gue valorizavaa forca interi
or, a autodisciplina
€ 0 comportamento sébrio e met6dico — atributos necessdrios a um
a dasse média
em busca de sucesso num mundo altamente competitivo.
id

Notas
Ar
%

Ta
RE
P
P

1. Giovanni Pico della Mirandola. Oration 3. John Dillenberger (org). Martin Luther:
es TE dr

on be Dignity of Man. Trad. de A. Robert Selections from His Writings. Garden Cioy,
.

Free

Caponigri. Chicago, Henry Regnery, 1956, N.Y., Doubleday, 1961, p. 46. Extrafdo
el
vi

En

p. 7.
1

de 7he Freedom of a Christian (1520).


2. Francois Rabelais. Gargantua and Panta-
”T

4. Citado em George H. Sabine. A History df


ak
al

eg EO
ms

gruel. Trad. de Sir Thomas Uraguhart, 1883. Political Thought. Nova York, Holt, Ri-
ee

Livro 1, cap. 57. [Ed. brasileira: Gargênmua. nehart & Winston, 1961, p. 361.
OE

RA
oi

Trad. de Aristides Lobo. Rio de Janeiro, 5. Citado em Roland Bainton. Here I Stand.
Ta
dd” el
of)

Edigées de Ouro, 1966. (N. do T)] Nova York, Abingdon Press, 1950, p. 238.
ak
ET
N
EL

LE
N

Sugestêes de leitura

Brucker, Gene A. Renaissance Florence, ed. Burke, Peter. Popular Calure in Early Me
rev. (1983). Excelente andlise das caracte- dern Europe (1978). Fascinante relato do
rfsticas fisicas da cidade, sua economia € alicerce social da Europa, desde a René”
estrutura social, sua vida politica e religio- cenga até a Revolucio Francesa.
sa e suas realizac6es culrurais. Grimm, Harold |]. 7he RefrmaHon Em,
Burckhardt, Jacob. 7e Civilization of the Re- 1500-1650, 2e ed. (1973). A melhor €
SE naissance in ltaly (1860), 2 vols. (1958). mais completa narrativa sobre o assunro
Es Primeira sintese interpretativa importante Kelley, D Oo nal d R Renaissance Human

Me (1991). Uma sfntese recente. as


Oazment, Steven E. 7he Reformaton W
A ascensido da modernidade

e s t u d o da R efor- Skinner, Ouentin. 7he Foundations of Mo-


b o m
Cities (1975). Um | dern Political Thought, 2 vols. (1978). O
Alemanha.
” an S.A History of Farly Renaissan- primeiro volume trara da Renascenga; muli-

l a t o s u c i n t o m a s co nN si s- to bem informado.
(1973). Re Stephens, John. 7e ltalian Renaissance (1990).
ar d M. G. Re li gi ou s Th ou gh t in Estudo recente.
on, Be rn
981) Ensaios e debates
she Reformation
Reareon
doutrinêrios.

(uestoes de revisao
7.Ouais foram as rafzes medievais da Re-
], Oual a ligagao entrea Renascenga ea Ida-
forma?
Ad: Meédia? Oue condigêes especiais de-
8. De gue forma a teologia de Lutero repre-
ram origem 4 Renascenga jtaliana? ae
sentava uma ruptura com a lgreja? Por
2.0 gue é humanismo e como teve jnicio?
gue muitos alemaes tornaram-se seguidos
Ouais foram as contribuicoes dos huma-
nistas para a educacio e o registro da his- de Lurtero?
téria? 9. Em gue aspectos os reformadores radicais
3.Em gue sentido se pode dizer gue Ma- divergiam dos demais protestantes?
10. Oual foio papel dos jesuitas e da Inguisi-
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guiavel criou uma nova politica?


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4. Ouais sao as Caracteristicas gerais da arte co na Contra-Reforma? Ouais foram as


renascentista? realizac6es da Contra-Reforma?
5. Oue fatores estimularam a difusZo da Re- 11. Ouais foram as contribuicëes da Refor-
nascenca em outras terras? ma para a construgio do mundo mo-
6. Por gue a Renascenca é considerada como derno?
a transicao da Idade Média para a moder-
nidade?
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s CAPITULO 9
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econdmica: Estados nacionais,


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). séculos XIII ao XVIL surgiu no Ocidente uma nova ee singular forma


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de organizag3o politica: o Estado dindstico ou nacional. O Estado-na-


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640 urilizou os recursos materiais de seu territério, dirigju as energias da


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nobreza para o servico nacional e centralizou cada vez mais a autoridade


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politica. Produto da consolidacio dindstica, o Estado nacional é a prin-


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cipal instituic#o politica do Ocidente moderno.


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A desintegrag3o das formas politicas medievais e a emergência do Es-


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tado moderno coincidiram com a ruptura gradativa do sistema socioeco-


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nêmico da Idade Média, baseado na tradicëo, na hierarguia e nas ordens


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ou estados. No sistema medieval, cada grupo — dlérigos, senhores, servos


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e membros das guildas — ocupava um lugar especifico e desempenhava


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uma fungao prépria. A sociedade funcionava melhor guando cada pessoë


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cumpria o papel gue lhe fora atribuido por Deus e pela tradicio. Oint
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cio dos tempos modernos assistiu ao Crescimento de uma economia de


mercado capitalista, cujo foco principal era o individuo auro-suficiente
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diligente, de espfrito prdtico e motivado por interesses pessoais. Essa In-


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cipiente economia de mercado, fortemente impulsionada pelas vlagens


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de descobrimento e pela conguista e colonizacio de outras partes do


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mundo, subverteu a tradicional comunidade medieval, hierarguicamen


te organizada. Buyscando enriguecer seus tesouros € ampliar seu poder ss
Estados promoveram o desenvolvimento comercial e a expansao WY”
marina. A extensêo da hegemonia européia a grande parte do mundo jé se
encontrava bem adiantada por volta do século XVIIL *

A caminho do Estado moderno

ant e a Ida de Méd ia, alg uns reis com ega ram a for jar os Est ado s naciona”
- san ae

Dur
NO entanto, as formas politicas medievais diferiam consideravelmente dadu
ie se desenvolveram mais tarde, no inicio do periodo moderno. Na Tda
A ascensio da modernidade 249

| .
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Cronologia 9.1 * Transformag6es politicas e econêmicas

1394-1460 Henrigue,o Navegador, principe de Portugal, estimula a expansao na


Africa, em busca de ouro, e a cruzada antimugulmana.
1469 Fernando e Isabel assumem o governo de Castela e Aragao.
1485 Henrigue VII inicia o reinado da dinastia Tudor na Inglarerra.
1488 Bartolomeu Dias chega ao extremo da Africa.
1492 Cristévdo Colombo chega & ilha Hispaniola, no Caribe, em sua pri-
meira viagem; os judeus sio expulsos da Espanha; Granada, o dltimo
reino muculmano na Espanha, é conguistada, finalizando a Recon-
guista.
1497 Vasco da Gama contorna o Cabo da Boa Esperanca (Africa) a cami-
nho da India.
1519 Carlos V da Espanha torna-se o imperador Habsburgo do Santo Im-
pério Romano.
1519-1521 Fernando Cortés conguista os astecas no México.
1531-1533 Prancisco Pizarro conguista os incas no Peru.
1552 A prata do Novo Mundo aflui para a Europa via Espanha, contribuin-
do para a revolucëo dos precos.
1556-1598 Filipe II da Espanha persegue judeus e muculmanos.
1562-1598 Guerras religiosas na Franca.

:Méd;dia, os reisis Gtinham de partilhar o poder politico com os senhores feudais,


o
ae we livres e as assembléias representarivas. A autoridade central era
oo “Ada por jurisdic6es gue se sobrepunham e por numerosas vassalagens gue
Ee " * " Pa

eb Pae €ntre st. As pessoas se viam como membros de uma ordem — dlero,
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pres de Povo—e oe 5 ad
como stiditos f E
ou cidadaos $
de um Estado. Os teëricos da
Iohavam
Preocspadies en a Europa p crista(8 como uma comunidade
j unirdria,
itAri na gual as
Vis, Os Ge pirituals prevaleciam sobre a autoridade secular. Segundo essa
religi
'” els, Cujo poder derivava de Deus, jamais deviam esguecer sua obrigacao
Ha osa d e
governar de acordo com os mand
amentos de Deus, tal como inter-
-

ados pelo dlero


ForgasOS riva
séculos XV eXVI
is EL LOS reis' conseguiram afirmar sua autoridade sobre as
continuidade a um a tendéncla gue se efiniclara na Baixa
Méd
dade Mon
ia. ME E arc
E fortes do -Naram ou aniguilara1 m
as e os parlamentos — guedadnae
9 Oo po — ee submeteram os senhores e as auto-

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250 Givilizacio ocidental

| Cronologia 9.1 *% Continuagao

1572 Massacre do dia de Sao Bartolomeu: a rainha Catar Ina


da Pranca or
dena a execugao de milhares de protestantes.
1588 A frota inglesa derrota a Armada espanhola.
1598 O Edito de Nantes concede tolerência religiosa aos Protestantes
1624-1642 O cardeal Richelieu, primeiro-ministro de Luis XIII, determ;
politicas reais. Ina as
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1640-1660 Revolug&o Inglesa.


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1648 O tratado de Vestf4lia pêe fim & Guerra dos Trinta Anos.
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1649
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Carlos I, rei Stuart da Inglaterra, € executado por decreto do Parla-


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1649-1660 A Inglaterra é governada em conjunto pelo Parlamento e o exército,


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sob a lideranca de Oliver Cromwell.


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1660 Carlos IT retorna do exflio e torna-se rei da Inglaterra.


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1685
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Luis XIV da Franca revoga o Edito de Nantes.


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1688-1689 Revolugio na Inglaterra: fim do absolutismo.


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1694 É fundado o Banco da Inglaterra.


1701 Luis XIV tenta submeter a Espanha ao controle francês.

*-

ridades eclesidsticas ao seu controle. Para coordenar as atividades do governo cen”


tral, criaram uma burocracia. Dissolveu-sea antiga ordem polirica medieval -
caracterizada, por um lado, pelo particularismo feudal e pelo vigor das aurorida
des locais e, por outro, pelas pretensêes e objetivos supranacionais de uma gref”
universal. Pouco a pouco, o Estado nacional e territorial, marco do mundo mo”
derno, tornou-se a principal unidade polftica. Os reis foram as figuras central na
criagao do Estado nacional. Estados dindsticos fortes formaram-se em todos %
lugares onde os monarcas conseguiram subjugar os sistemas de poder da aristoer?”
cia e da igreja locais. Em sua luta para sujeitar a aristoeracia, os reis foram 2 uda-
dos pela artilharia; os castelos dos senhores rapidamente tornaram-sé obsoletos
`n. diante das armas de stio reais. Nos lugares onde os monarcas fracassaram, CO”
'Alemanha e Irélia, nenhum Estado vidvel se desenvolveu até o século XI.
: “No ini cio do sécul o KVI, os europeus desenvolveram o conceito de Estado'
Bientidade politica autênoma 3 gual os siditos devem taxas e obrigas0e*
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A ascensdo da modernidade 251

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do co nc ei to oci den tal de Fst ado , tal co mo se configurou
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nto re ligiosas snha m de reco nhec er sua autor idade . A arte
J7ar as ambicoes ea energia dos ricos e poderosos, de modo a colocé-losa
oa | dp Estado. Ampliando seu poder mediante guerras € tributos, o Estado se
no Ocidente.
rornaraa unidade bd4sica da autoridade polidca
car act erl zou -se pela dev og& o 3 nag ao e por
Historicamente, 0 Estado moderno na-
sentimentos de orgulho nacional. Em todo o territério, utiliza-se um idioma
-jonal, € as pessoas têm a sensarao de partilhar uma cultura € uma historia CO-
muns, due as diferencia dos demais povos. Nos séculos XV] e XVII, o sentimen-
Lo nacional jA mostrava sinais de crescimento, mas somente no século XIX esse
Est ado mod ern o tor nou -se um ele men to ess enc ial da vid a politica
sributo do
péia . No inic io do per fod o mod ern o, a dev ogs o ger alm ent e era dedicada a
euro
pro vin cia , a um nob re ou 3 pes soa do rei, mas do gue & nag ao, ao
uma cidade ou
conjunto da populag3o.
Nos séculos XVI e XVIL, a idéia de liberdade, hoje to fundamental 3 politica
e ao pensamento ocidentais, raramente era discutida, e seus principals defensores
na época foram os adversdrios calvinistas do absolutismo. Somente em meados
do século XVII surgiu na Inglaterra um corpo de pensamento politico gue sus-
tentava ser a liberdade humana compartfvel com o novo Estado moderno. De
modo geral, a despeito dos avangos ocorridos na Inglaterra (e Holanda), o abso-
lutismo dominou a estrutura politica do inicio da Europa moderna. Fo1 somen-
tea partir do final do século XVIII gue o absolutismo passou a ser amplamente
desafiado pelos defensores da liberdade.
O principio do eguilibrio de poder, parte integrante das relag6es internacio-
nais modernas, também surgiu no inicio dos tempos modernos. Ouando um Es-
rado ameagava dominar a Europa, como feza Espanha de Filipe Il e a Franga de
Luis XIV, os outros Estados se aliavam e resistiam. O receio de gue um Estado
pere “urbasse o eguilfibrio
DE
libre; de poder e dominasse a Europa permeou as relac6es
oes in-
ternacionais nos dltimos séculos.
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A Espanha dos Habsburgo


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MET Ee politica espanhola do século XVI é uma das mais extraordind-


el

dink) ria da Europa moderna. Os reis espanhêis construiram um Fstado


Holanda om ultrapassou suas fronteiras e abarcou Portugal, parte da Trilia,
haa uma enorme &rea do Novo Mundo. A Espanha tornou-se um império
No ee peaies no Ocidente desde os tempos de Roma.
€EGao de al eli, mugulmanos controlaram toda a Espanha, com ex-
tados Cri"is
BUNS pEdUENOS reinos cristios no extremo norte. No século D, os Es-
et3taosderam in
nte fcio a uma luta de SOO anos
—a Reconguista — para expul-
ET.
292 Civikzacio ocidental

sar os mugulmanos da peninsula Ibérica. Em meados do século XI


no sul, era tudo o gue restava das terras muculmanas na Espanha Aa Tanads
pela hegemonia crista na peninsula Ibérica faz dos espanhéis um i Onga lus
mente religioso e desconfiado de estrangeiros. Apesar de séeolos de CXtrems.
com nao cristaos, em principios do século XVI a pureza do id Amen,
xia da fé tornaram-se necessérjas para a identidade espanhola, e dela 2 Ortodg.
sinÊNIMOS. se Hzeram

Fernando e /sabel
Em1469, Fernando, herdeiro do trono de
Aragao, casou-se Com Isabel, h
deira do trono de Castela. Embora Fernando
"

e Isabel n&o tenham implantsdo $ ”

Espanha umum sistema tin


i ico de leis e tributos ou u ma moeda comum,
cas contribuiram decisivamente para a unidade € o pode suas pole.
rio espanhéis. Puseram
Him ao poder dos aristocratas, gue de seus castelos fort
ificados atuavam como
reis, travando guerras privadas guando bem guisessem; est
abeleceram uma alian-
ga com a Igreja espanhola, aproximando-a do Estado: e em
1492 expulsaram os
mugulmanos de Granada, o dltimo territério islAmico na Espanha. A
cruzada
contra os infiéis muculmanos harmonizava-se com Os objetivos da militant
e
lgreja espanhola. Com um exército superior, os grandes aristocratas apaziguados
ea lgreja e a Inguisigio sob o controle mondrguico, os reis catélicos expandiram
F
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seus interesses e envolveram-se numa politica externa imperialista, gue deu a Es-
panha o dominio do Novo Mundo.
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dy A Igreja e o Estado espanhêis perseguiram muculmanos e judeus, gue duran-
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te séculos haviam contribuido substancialmente para a vida cultural e econêmi-


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ca do pais. Em 1391, milhares de judeus foram massacrados guando sentimentos


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anti-semitas, aticados por pregadores populares, degeneraram em violência nas


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de

principais cidades. Sob a ameaca de morte, muitos judeus submeteram-se a0 ba-


rismo. Nos anos seguintes, outros aragues aos judeus levaram a mais conversêes
Muitos desses conversos, ou Crist#os-novos, Continuaram a praticar a religido de
seus pais em segredo — situag&o gue consternou as autoridades clericais e os devo”
tos Fernando e Isabel.
Em 1492, visando impor a uniformidade religiosa, a coroa expulsou da Espa-
nha os judeus gue se negaram a aceitar o batismo. Cerca de 150 mil judeus (algu”
mas estimarivas so muito Superiores) se retiraram do pais, entre eles muitos COM
versos gue preferiram ficar junto de seu povo. Os milhares de judeus onde
sie ER ma Pan e €ram vigiados pela Inguisicio — rieme
Igreja implantado para lidar com os falso s cava reconhe€
die de meer morte na fogueira, ee si ers cerimOnI2
publicas, era a pena méxima para os conversos (e seus descendentes) suspeiros "”
praticar o judafsmo. Os muculmanos também suportaram a dor das convers06s
forcadas, das investigagêes, torturase €xEcuG6es conduzidas pela Inguisiao je
nalmente, em 1609-1614, a Espanha os expulsou.
A ascensdo da modernidade 233

Alegoria da abdicacao de Carlos V, de Frans Francken IT, 1556. O imperador Carlos V, gue
governou metade da Europa ea maior parte das Américas, abdicou em 1555, cedendo a coroa
imperial alema a seu irmao Fernando, arguidugue da Austria, e os reinos de Espanhae Holanda a
seu filho Filipe II. A dinastia Habsburgo governou a Espanha até o século XVlll ea Austria ë
Hungria até o inicio do século OC. Riksmuseum, Amsterdam

O reinado de Carlos V: rei da Espanha e Santo Imperador Romano


O casamento dindstico constituiu outro aspecto crucial da politica externa de
Fernando e Isabel. Eles fortaleceram seus lacos com os reis Habsburgo da Austria
Casando uma de suas filhas, Joana (chamada a Louca, devido 3 sua insanidade),
com Filipe, o Justo, filho de Maximiliano da Austria. O filho desse casamento,
Carlos, herdou o reino de Fernando e Isabel em 1516 e governou até 1556. Da
lin me Pe ee também herdou a Holanda, a Austria, a Sardenha, a Si-
ies Roma apo eo Franco-Condado. Em 1519, foi eleico Santo Impe-
mais poderoue Pe oa chamar-se Carlos V. Carlos tOrnou-se o governante
politicos Gee ! ops, mas durante seu reinado emergiram graves problemas
lede * e em, gue acabaram provocando o dedlinio da Espanha.
nado com ef ê ai hé aa era sim plesmente grande demais para ser gover-
orma luterapa Ee ie S € fato nao foi percebido com clareza na época. A Re-
primeiro desafio bem-sucedido ao poder dos Habs-
254 Giviltzacio ocidental

burgo. Foi a primeira fase de uma luta religiosa e politica entre a Es


ca ea Europa protestante - luta gue dominaria a segunda merade ; Er Cat].
As realizag6es do reinado de Carlos V contaram com dois eleme eEuls XVI
ea burocracra. O império Habsburgo no Novo Mundo fo ampld oe. 9 Exércitg
sy mente e, no todo, teve uma administracëo e um policiamento eien lere,
d rica Fspanhola, com sua populag&o nativa escravizada, vinha o tiklGr n Da Amé.
si eimen
prara gue os €uropeus tinham visto até entdo. A guerra constante n Es “ou
i ; sidao da rede administrativa espanhola exigiam um fluxo ooDaEs de opaea
N | Mas,a longo prazo, esse acesso ficil ao capital parece ter sido rejudied] ie
ma pad la. Dio ho AE MICEDUVOS pala 6 desenvolvimento da indvistria ar ë
oi nal, do espirito empresarial burguës, nem do COMETCIO internacional.
Além disso, as guerras egdentes Criaram e€ perpet
uaram uma ordem social ba-
seada no enerandecimento da classe militar, e nio no
desenvolvimento de uma dl
F
F

secomerci
ie

al. Embora a guerra aumentasse o poder espanhol no sésl


od

o XVI E
kepe

as semenres
re

das crises financeiras da década de 1 “90e Outrase do


dedfnio find
Ge. - fer
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Espanha como potência mundial.


rs

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Filipe II
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Ed EE
FEE HEL EE
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Em 1536, Carlos V abdicou em favor de seu filho Filipe, a guem legou um vas
ME
ieN RED DAS

AEoe
se

to império tanto no Novo como no Velho Mundo. Embora governado com ef


ER ELGe
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-
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clénc1a, o Império estava ameacado pelos fantasmas da bancarrota e da heresia. O


N OE
ei

zelo pelo catolicismo determinou a conduta privada de Filipe e influenciou sua


PAS
ja
RR
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es

polirica externa. Na década de 1560, Filipe enviou para a Holanda o maior exér-
AE
Pi
!
nie
Vo

cito de terra jê reunido na Europa, com a intenc&o de esmagar a oposicao, de ins-


Ra
d

plragao protestante, 4 autoridade espanhola. A revolta gue se seguiu ma oa


AE
`
s
AE

durou aré 1609, e os espanhéis perderam entio


www —m Nm DE

seu principal centro industrial


Er

Os holandeses estabeleceram uma repdblica


of EN dr, Ad

AE Oe Ed

dirigida por sua préspera € pro-


EE
,

gressiva burguesia. Os mercadores holandeses, gue haviam enriguecido com OS


FR Re

produtos manufaturados e com o comércio de uma ampla variedade de merca


ME
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ol. oa

dorias — gue incdlufam desde bulbos de tulipa até embarcacêes € escravos —, 80


OE
7 ok

vernaram suas cidades e provincias com impetuoso orgulho. No inicio do século


MT
si e
ea

XVII, essa nova nagao de apenas 1,5 milhio de habitantes jê praticava as mals
EER
.
1

inovadoras técnicas cofmnerciais e financeiras da Europa.


ed

Afracassada tentativa de Filipe de invadir a Inglaterra também reve origem nê


ER

gas |

zelo religioso. Filipe considerava-6 arague & Inglaterra. principal forga protestan”
Rd]

EE

te, cCOmo uma €ruzada santa contra a “herética € bastarda” rainha Flisabere;ele $
ressentia sobretudo da ajuda inglesa aos rebeldes holandeses. Parisdo de Lisbos
em maio de 1588, a Armada espanhola, levando 22 mil marinheiros € soldados
encontrou a derrota. Mais de metade da frota espanhola foi destruida ou ico%
seriamente danificada. Muitos navios foram abatidos por tempestades guando
tentavam retornar 4 Espanha contornando as costas da Fscécia e da Trlanda-
Bi derrota teve um enorme efeito psicolégico sobre os espanhéis, guea viram aa
EE mn Castigo divino e abertamente Ponderaram sobre o gue haviam feito para ca!
A ascensio da modernidade 255

0 fm dos Habsburgo espanbois


is da derr ota da arm ada , a Esp anh a aba ndo nou , gra dua lme nte e com re-
Depo
imp eri ais no nort e da Eur opa . Emb ora a est rut ura admi-
uBincia, Sas ambig6es virali-
Ve Fili pe 1 ten ha dem ons tra do eno rme
nistrariva construida por Carlos sécu lo a vida soci al e
guar tel dess e
dade durante todo o século XVIË, no primeiro deb ili dad e. Em 159 6, Filipe H
sconêmica da Fspanha evi den cia va uma gra nde
za de sg as ta da pel o cus to das gu er ra s est ran gei ras .
srava falido, sua enorme n II , en gu an to a ec on om ia agri-
ceu vArias vez es no séc ulo XV
K bancarrota ré av a. Em sua id ad e de our o, os
o mode rn a, es ta gn
ola ” coragso. de gualguer-nag ug ao in re rn a.
CO1A,
su ft ci en te 3 cr es ce nt e pr od
espanhois nunca dedicaram atencao ar um a po stcao-bas-
nh a ai nd a toi cC ap az de ad ot
Apesar desses reveses, a Espa mo austria-
ra do s "T ri nt a An os (1 61 8- 16 48 ). O ra
tante agressiva durante a Guer oi s, € nem os
iu su as fo rc as As do s se us pr im os es pa nh
co da familia Habsburgo un nt e a pa rt ic ip a-
s os holand es es pu de ra m de ré -l os . So me
suecos, nem os alemaeou nc a co nt ra Os
do os pr ot es ta nt es , fez pe nd er a ba la
cio francesa na guerra, apoian orl ias , € com a
si vo . A ag re ss ao es pa nh ol a ni o te ve vir
Habsbu rgo de modo deci
(16 48) a Es pa nh a rec onh ece u ofi cia lme nte a in de pendência da
destfalia
pa Ve
€ ro mp eu seu s lag os dip lom dti cos com o ram o aus tri aco da fam ilia.
Holanda
o ao
Por volta de 1660, a era imperial dos Habsburgo espanhois havia chegad
pre dom ini o dos pri nci pes pro tes
EE

tan tes havi a sido ass egu rad o no San to


fim. O
Império Romano; a republica holandesa, de maioria protestante, florescia; Por-
tugal € sua colênia do Brasil eram independentes da Espanha; o dominio das
guestoes europé jas havia passado& Franga. A gualidade da vida material na Es-
panha deteriorou rapidamente, e a distência entre ricos e pobres, sempre presen-
EE
BR eg

te, ampliou-se de maneira ainda mais dristica. A aristocracia tradicional e a Igre-


ja Conservaram suas terras e poder, mas nio conseguiram estabelecer uma lide-
ranca efetiva.
rlên cia esp anh ola ilus tra dois aspe cros da hist éria do Est ado eur ope u.
j A €xpe d ve
eviver e prosperar sea base €CO-
, .
imeiro, o Estado como impérioEer sê poderia sobrEe,
.
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Omic ca a jnt j erna permanecesse sélida. A dependênciae espanhola do ouro de suas
. ; EE — ee

colêni .
ci da de de pr om ov er a in du st ri a € re fo rm ar O si st em a fi sc al
ese inca pa BT un ha m dek adeum a sis
bu ma
rgeuesiager
ar am em desastre. Segundo, os Estados gue disp de
VI - dee mr n, WEE OR EE RR Re
GR ad

tal e agressiva floresceram,3 custadas regjêes onde a aristocracia e a |greja do-


'navam m e controlavam a sociedade e seus costumes — caso da Espanha. De mo-
minava
do BFral,seralal €sses uitimos grupos sociais —— desprezavam o trabalho manual, as ativida- vi
des lucrar; Me
e o progresso tecnolégico. Embora tivessem sido criados original-
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FUcrativas
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meEnte por rei AE EI


por r e i s € famili as dindst icas, depoi
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00 ipais Estad os nacio - * ' EE de EE `
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alimentados,
5 is:
cada ie mais,. pelas j
atividades-econêmicas de mercado-
rese
UrguesiaNNo entanto, a burocracia desses Estados conti-
nEegociantes — :
nuavaa og pe S TT
por integrantes da aristocracia menor.
FoMinada
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Es RaAE Rl) i

256 Givilizacdo ocidental

O crescimento do poderio francês


Embora Franga e Inglaterra tenham efetivamente consolidado o pod
governos centrais, cada uma tornou-se modelo de uma forma fee " ; de sus
O modelo inglês era uma monarguia constitucional, na gual
o poder* dFe, Esad,
s.

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limitado pelo Parlamento e os direitos do povo eram protegidos pela le; TEL eng
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digao. O modelo francês a cada passo enfatizavaa glêria do reie Se “1€ pela tra.
* Pe

R. te, a soberania do Estado e seu direito de colocar-se acima dos


di

s . tos. A monarguia francesa tornou-se absoluta: seus reis afi


— Ee
rmavam ter n vm sd
di dos por Deus para governar: teoria conhecida como direito divi
no dos - Ed
teoria conferiu 3a monarguia uma santidade gue foi exp
lorada por vrios di ao
ceses para impor seu dominio 3 populagso, inclusive aos rebe
ldes senhores fe dk
A evolugao do Estado francês foi um processo muito gradativo, gue s
' cluiu somente no final do século XVII. Na Idade Média, os eds
ka
! reconheciam os direitos das assembléias representativas — os estados
— e as me
N sultavam. Essas assembléias (fossem reglonais ou nacionais) eram cons
tituida i
depurados provenientes das v4rias elites: o cdlero, a nobreza e, de maneir
a exXpres-
siva, Os lideres das cidades e vilas de determinada reglao. Os reis francese
s doint-
cio do periodo moderno progressivamente apoderaram-se do poder da nobreza,
reduziram a importência dos estados e eliminaram a interferência da Igreja.
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Em todo Estado emergente havia uma tensio entre os monarcas € o papado.


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Estava em jogo o controle da Igreja dentro do territério nacional — o controle de


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seu pessoal, de sua rigueza &, naturalmente, de seus pulpitos, de onde a maiorla
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analfabeta ficava sabendo daguilo gue seus lideres gueriam gue soubessem, nio
SO com respeito a guestêes religiosas, mas também acerca da obediëncia 3 aurori-
dade civil. O poder do monarca de fazer nomeacêes para a Igreja podia asseguraf
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PETR,
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a tolerência desta — uma Igreja disposta a pregar.


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Séculos de duras negocjagêes com o papado deram finalmente resulrados


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guando, em 1516, Francisco 1 (1515-1547) condluiu a Concordata de Bolonha


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Mediante esse acordo, o papa Leëo X autorizou o rei francêés a indicar, portanto
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nomear efetivamente, homens de sua escolha para todos os altos cargos da lgrdf
francesa. A Concordata de Bolonha lancou as bases do gue se tornou conhecido
como igreja galicana — expressio indicativa de gue a Igreja catélica na Franga &
sancionada e supervisionada pelos reis franceses. Assim, em principios dos sécW
XVI, o governo central havia sido fortalecido As expensas da autoridade paP '
dos privilégios tradicionais desfrutados pela aristoceracia local.
A Reforma protestante, no entanto, desafiava a autoridade real € ameagava”
prépria sobrevivéncia da Franga como Estado unificado. Receoso de gue o P!”
testantismo solapasse seu poder, Francisco 1 declarou as crenas e priticas protes

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Mapa 9.1 Europa, 164%
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258 Giviliza(do ocidental

tantes ilegais € puniveis com multa, prisio e até mesmo EXECUGSO, Mas...
protestante (os huguenotes) cresceu em forca. De 1562 a 159g ia
ceu ondas de guerras religiosas gue custaram ao rei 6 controle d
€ grandes dIeas
reino. As gran des familias aristocrdticas, os Guise Catélicose o $ do
Bourbon Prot
es
tantes, organizaram exércitos gue devastaram o territério ,
Matando e aleijand,
seus adversdrios religiosos e desmantelando a autoridade d 9 B
OVErno central.
Em 1579, te6ricos huguen
otes extremados publicaram Oo Vindiciae
contra By.
Mia Te

$ rannos. O documento, uma dedlaracio combinada com u m c


,
der de,

hamado 3 acio, fo;


ed

o primeiro do governo no inicio dos tempos modernos e jus


di;
PARiSilEraRe

tificava a re belizg
contra um rei injusto, € mesmo sua execuc&o. Os monarc 4$ EUr
opeus podiam re.
vindicar o poder e a autoridade sancionada divinamente Mas,
REEL

BAY
died em Fins do séculg
XVI, seus sidicos jd dispunham da justificacio moral e teOric
a baseada nas Es.
NR

ren
Crituras é na conviccao religiosa, para se opor, pela forga se ne
Es
Ef
cessirio, 3 vontade
ë do monarca. E, o gue é muiro significativo, esse mesmo tr
atado fo; traduzido para
o inglês em 1648, um ano antes de o Parlamento executar
eo

publicamente Carlos
Il, rei da Inglaterra.
Os reis Valois desnortearam-se diante desse tipo de OpoSIG&o politico-religio
sa.
A era de supremacia real institufda por Francisco 1 teve um fim sibito duranteo
reinado de seu sucessor, Henrigue TT (1547-1559). Casado com Catarina de
Medici, membro de uma poderosa familia de bangueiros italianos, Henrigue se
ocupava nêo dos assuntos do governo, mas dos prazeres da caca. Os filhos gueo
sucederam — Francisco II (1559-1560), Carlos IX (1560-1574) e Henrigue II
(1574-1589) — eram todos igualmente fracos. Nesse vazio do poder, guem gover
nava na verdade era Catarina, gue em 1572 ordenou a execucio de milhares de
protestantes pelos soldados reais em Paris — o infame massacre do Dia de So Bar-
tolomeu, gue se tornou simbolo dos excessos do zelo religioso.
As Guerras civis iniciadas em 1562 foram renovadas depois do massacre, ar”
rastando-se até a morte do dltimo rei Valois, em 1589. O fracasso dos Valois em
fornecer um herdeiro masculino para o trono colocou Henrigue, dugue de Bour-
bon e protestante, na linha de sucessio francesa. Compreendendo gue a esma#*”
dora maioria da populagso catélica nio aceitaria um rei protestante, Henrigué
(ao gue parece, sem muito pesar) renunciou 3 religifo gue adotara € abrago0
catolicismo. Através do Edito de Mateus (1598), Henrigue IV (1 589-1610) ad
cedeu a seus stiditos protestantes, e antigos companheiros de religiao, um? di
margem de tolerincia religiosa, mas eles nunca foram admitidos em me
significativos na burocracia real. Durante o século XVII, todos os reis franc€
procuraram enfraguecer as bases regionais de poder dos protestantes € acabaram
destruindo suas liberdades religiosas.

A consolidacio do poder mMondrguico francês


ie '. eonsolidagdo final do Estado francês,
no século XVII. sob os gran des reis Boo
bon; Luis XI e Luis XIV. Luis XI (1610-1645) EE reina
compreendeu gue SU

" id
A ascensio da modernidade 259

ro cr ac ia efi cie nte e dig na de con fia nga , de um tesouro gue


dia de uma bu EE ENE mmm
WE

depeEN n
e de uma vigilancia constante contra as preten-
sore bem abastecido
gra nde ari sto cra cia e das cid ade s pro tes -
izadas ao poder, por parte da
ich eli eu, gue ser viu co mo pri mei ro- min ist ro de Lui s XI11 de
Ee O cardeal-R
n
gra nde arg uit eto do abs olu tis mo fra ncê s.
1624 1642, foi o
de Ric hel ieu bas eav a-s e num pri nci pio sag rad o, enc err ado na expres-
A moral
ele cri ada : rai son d état , raz ao de Est ado . Ric hel ieu bus cou serv ir o Esta-
jo por
si0
do submetendo ao controle do rei os elementos dissipadores e antimonarguicos
NE O
fra nce sa. Au me nt ou 9 pod er da bur ocr aci a cen tra l, ata cou o poder
MR ed1a sociedade gue com fregiiëncia eram protestantes, € perseguliu
N ds cidades independentes,

os huguenotes. Acima de tudo, humilhou os grandes nobres limitando sua efeti-


Am

`
e `
dl

Pd; jida de com o con sel hei ros do rei e pro ibi ndo seus pri vil égi os tra dic ion ais, como
de
duelar em vez de recorrer aos tribunais para solucionar dispuras. A razao
car-
do er
Fstado também orientou apolitica externa de Richelieu. E, no entend
al
deela , a gue a Franga se opusesse 3 Espanha carélica e apoiasse os protes-
exigi
tantes na guerra gue se travava entao no Santo Império Romano. A participagao
da Franca na Guerra dos Trinta Anos fortaleceu decisivamente o poderio francês
no continente. EE Co Ne it Si g N UV s
Richelieu morreu em 1642, e Luis XIII no ano seguinte. O cardeal Mazarin,
gue chefiou o governo durante a menoridade de Luis XIV (este tinha cinco anos
guando Luis XI] morreu), continuou as politicas de Richelieu. As medidas opres-
sivas de Mazarin provocaram uma reacio de rebeldia, a Fronda: uma série de nMO-
ins de rua gue durou de 1648 a 1653 e acabou custando ao governo o controle
de Paris. Tendo Paris como centro e apoiada pela grande aristocracia, pelos tribu-
nais e pelas classes mais pobres, a Fronda ameagava transformar-se numa revolra
m grande escala — o guesê nao ocorreu pelo faro de sua lideranga estar dividida.
Os juizes dos tribunais (nobreza menor, muitas vezes recém-saida das fileiras da
burguesia) desconfiavam profundamente da grande nobreza e, no fim, recusa-
rAm-se a unir forcas com ela. E ambos os grupos temiam as desordens entre as
massas urbanas.
Sers Luis XIV finalmente assumiu a responsabilidade do governo, em
16 t€Z 0 voto de gue os acontecimentos por ele testemunhados guando crian-
d
durante a Fronda, nio se repetiriam jamais. Durante seu reinado ele conse-
Ur mt s ” . . s

uiuo malor
st ' grau de po GRn4rg iisio da Tdac
de r- mo obt
uiido
cono intc da Idade Mod
EE ern a. Na
et nenhum monarca absoluro na Europa ocidental, antes e na dpoca dele,
verdade s EE

“—“AnTa autoridade pessoal ou comandou uma m4guina militar e administrari-


grande e eficiente. O reinado de Luis XIV representa a culmina€o do pro-
va El ra - " #
F * Ee '

CESSO de crescente auroz


oe Tatelse € autofidade-mon4rguica gue se vinha desenvolvendo h4 sécu- s REG
z ske me 2

ser
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SENTE, asturo€ com uma compreensao excepcional das exigéncias de


Cargo,
empsee ie Luis XIV dedicava muitas horas ao oflciEdna
o de rei ak
e jamais iniciou um
Ee EE EE am RE EE Ee ” er
ersalhes Ee id om vis sua .grandeza Ee
pessoal.
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O suntuoso paldcio de
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CONStruido com esse b;
objetivo; da mesma forma, a etigueta e o estilo
m escala jamais vista em gualguer corte europé
ia.
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260 Givilizacdo ocidental

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Paldcio Real em Versalhes, de Pierre Patel, 1668. Tomando como ponto de partida o alojamento
real de caca de seu pai, o rei francês Luis XIV iniciou a construcio de um magnifico paldcio
AE Ee : :
Versalhes. O paldcio nao sê se tornou a sede do governo real na Franga, e também do esplendor
sua realeza, como definiu o estilo das monarguias européias. Versalhes/Cliche des Musées Nationam

Ouando Mazarin morreu, Luis XIV acabou com o cargo de primeiro-mini


TO; ele governaria d Franca sOZinho. Os orandes nobres, “principes de ae

gozavam de grande prestigio social, mas exerciam uma influência poleer


v€z menor. Luis XIV oferecia aos aristocratas rituais elaborados, festas, des
exposicêes e banguetes; mas, em meio a todo esse alarido, o poder policico *
aristocracia diminuia. #
As politicas internas de Luis XIV centralizavam-se em sua incessante bUSC”
am
novas receitas. No sê a construgëo de Versalhes, mas também as guerras
vam dinheiro, e Luis travou numerosas delas. Para aum entar o capital, WED”;
servicos de Jean Bapriste Colbert, administrador brilhante, gue. #rcio
todos
` de écoleta-de imposto
.
s, promoveu novas indistrias € estimulou o-CO7”
: jONna”
internacional. Funcionando com uma burocracia total de cerca de mil Fun
rios, € nao mais sê preocupando em
OM'E
tado$ 7
PrEDELPANEO em consultar os parlamentos ou EsrE”
TA
A ascensio da modernidade 261

abs olu ta, seg und o o pri nci pio do dir eit o div ino — de g o
u mo-
e
`vaneira
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de # `O Jhido por Deus
1 — F

nare de Luis XIV tinha um a falha faral. Sem gualguer limitagaosd efe-
|

EER n ra
Mas o sistema Med
€ sonho s de congu ista intern aciona l, nao havia restri gêes a ca-
de su poder

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” ,cidade do Fstado de empreender guerras ou As dividas internas gue dela
riva

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Rom ano ; procurou

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vam. Luis XIV amb ici ona va vast as Area s do San to

EnEn
Ad
ial dos hol and ese s e tinh a pla nos para a
ambém conter a prosperidade comerc

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ane
Holanda espanhola. Na década de 1680, suas politicas internas € externas assu-

af
ev.
Nan-

Mi SaPale
miram um Cardter violentamente agressivo. Em 1685, revogou o Edito de

bed 2
fuga dos pro tes tan tes gu€ ain da est ava m no pals . Em 168 9, ini-
es, forcando a
militar para conguistar territérios do Santo Impero
sou uma campanha
Em 170 1 ten tou sub met era Esp anh a ao con tro le da dina stia Bou rbo n.
Romano.
est ima ra o pod er de seus riva is do nort e, a Ingl ater ra e a Hol and a.
Mas Luis sub
O pode rio com bin ado dos dois pals es, ref orc ado pela alia nga com o San to Imp é-
Ho Romano € os austrfiacos, derrotou as ambigêes de Luis IV.
Devido a essas prolongadas guerras, Luis XV esvaziou o tesouro real. Em fins
do século XVII, os impostos haviam chegado a um nivel intolerdvel e recafam
principalmente sobre os menos capazes de pagar, os camponeses. O absolurismo
significou também maior vigilincia sobre a populagao. As autoridades reais cen-
suravam livros, espionavam os suspeitos de heresia — protestantes € livres pensa-
dores —e torturavam € executavam os adversdrios da politica estaral.
Na Franca de Luis XIV, o Estado dindstico atingiu maturidade e comegou a
evidenciar algumas de suas Caracteristicas cl4ssicas: burocracia centralizada; pro-
teG4o real para impor fidelidade; sistema de triburacao universal, mas aplicado de
maneira injusta; supressao da oposi€ao politica pelo uso do protecionismo ou, se
necessêrio, da forga e cultivo das artes e ciëncias como meio de aumentar o pode-
rlo e o prestigio nacionais. Essas politicas permitiram 4 monarguia francesa al-
cangar estabilidade politica, implantar um sistema uniforme de leis € canalizar a
“Igueza e os recursos nacionais a servigo do Estado como um todo.
dare guando Luis XV morreu, em 1715, deixou a seus sucessOTES
ss dneslde deere e triburagao gue necessitava, € muiro, de uma revisio,
ere soe Pe ava ta0 preso aos privilegios sociais tradicionais da Igreja e da
! praticamente impossivel uma reforma. As guerras constantes, a
tiburagdo excessiva das classes inferiores e as d
vam comprometido sers eu as despesa $ RE j itas h; ha-
is receiras
mar e as financas francesas. A incapacidade de refor-
9 Sistema levou 4 Revolucso Francesa de 1789.

rescimento da monarguia limita


O .

da
CONstitucionalismo na Inglater
ra
Em 1066, Guilherm
e, dugue da Normandia e vassalo do rei francês, invadiu e
“NYUIStOU a Inglate
r r
SUIntes, os monarca a, ganhando de uma sê vez todo o reino. Nos séculos se-
s ingleses continuaram a fortalecer a auroridade central e
262 Civilizacdo ocidental
oo) M )

estreitar os lacos da unidade nacional. Ao mesmo temp O, Doré


coes e tradicées — como o direito consuetudindrio, a SE rm, Certas INStity.
si to — cresceram€ passaram a controlar o poder real e protege vEoPadas.
ei Ap6s a Guerra dos Cem Anos (1337-1453), o governoc entral da 0
ESDi esteve; ameagado, pois os aristocratas ingleses, ao voltarem da Pranca, t nglaterr,
' die
' consigo o gosto pela guerra. No conflito civil gue se seguiu €ntio O—a
T
OUXer
2 Guer rad
am
Hy
Ê Rosas (1453-1485) —, hordas de nobres vaguearam pela zZona rural inglesa : es.
4 4 d
;
Si,
: seus segu .
idor es, e a anar guia prevaleceu por uma geracio inteira Ri 3 Com
1485 a familia Tudor surgiu triunfante. te em
. * n
#|

As realizacoes dos Tudor


A dinastia Tudor comegou com Henrigue VII (1485-1509),
gue ascendeu ag
poder por meio da vitéria militar na guerra civil. A meta de Hen
rigue era a co.
tengao da nobreza rebelde. Com essa finalidade, convidou os Comunpsa part
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parem do governo; ao contrdrio dos grandes magnatas, estes podiam ser condu-
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zidos ao servigo real pois ansiavam por aguilo gue o rei tinha a oferecer: remune-
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ragdo inanceira € ascensao social. Embora nio tenham desalojado totalmentea


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aristocracia, os comuns, ou plebeus, foram levados ao circulo intimo do rei, 0


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Conselho Privado, e aos tribunais. O vigor e a eficiëncia do governo Tador evi-


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denciaram-se durante a Reforma, guando Henrigue VIII (1509-1547) colocou-


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se na chefia da Igreja inglesa.


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A Reforma protestante na Inglatera foi uma revolugio no governo, tanto red


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como eclesidstico. Atacou e derrotou um importante obsticulo & autoridade mo-


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narguica: o poder do papado. No entanto, nenhuma mudanga na prética religio-


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sa poderia ser instituida apenas pela monarguia. A participagao do Parlamento


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na Reforma deu-lhe maior poder e senso de im portincia do gue jamais tivera n0


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Com a morte de Henrigue VIII, a burocracja e o governo centralizado dos Tu


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dor passaram por um periodo de extrema tensio, mas sobreviveram. O govern%


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resistiu ao reinado do filho Henrigue, o enfermo Eduardo VI (1 547-1553), e 0


protestantismo radical de alguns de seus conselheiros; sobreviveu também 30 rér
pido e agitado reinado da primeira filha de Henrigue, Maria ( 1553-1558), GOS
tentara devolver a Inglaterra ao catolicismo. Com sua morte, o pais sé aproei
ra perigosamente da instabilidade religiosa gue minou o poder dos reis frances
nas décadas finais do século XVI. ia
A segunda filha de Henrigue, Elisabete 1, tornou-se rainha em 1558 e rein?
até sua morte, em 1603. O periodo elisabetano caracterizou-se por UM N
senso de identidade nacional. A Reforma inglesa fortaleceu esse sentimeEnTO P
o gual também contribuiu o medo crescente da invas&o espanhola. Esse gee
diminuiu com a derrota da Armada espanhola, em 1588. No século XVIL %jy
Ek gleses se lembrariam do reinado de Elisabete como uma idade de ouro. Foia v
deu ant
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XVIL reipes
vintad e; a nes
dicari umasa épo ca for mou -se a nov a lasse comercial du”
participago maior nas acêes do governo:
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A ascensio da modernidade 263

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magnificas e pelas valiosas jéias de su
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vestes € coroa. Gragas & gentl permissio

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da marguesa de Tavistock e dos cu radores
das propri edades Bedford

A religiëo desempenhou um papel vital nesse realinhamento de forgas e inte-


resses politicos. Muitos membros da velha aristocracia apegaram-se ao anglica-
nismo da Reforma de Henrigue e, em certos casos, ao catolicismo. A nobreza ru-
ral de ascensio recente encontrou na Reforma protestante da Suica e da Alema-
nha uma forma de culto religioso mais adeguada a seu espirito independente e
empresarial. Muitos desses nobres abragaram o puritanismo, a versao inglesa do
catolicismo.

A Revolucio Inglesa, 1640-1660 e 1688-1689


Os dois primeiros reis Stuart — Jaime 1 (1603-1625) e Carlos 1 (1625-1649) —
140 veram habilidade para enfrentar as forcas gue ameagavam a autoridade esta-
beleeida, Ambos acreditavam, assim como os reis da Europa continental, no abso-
'utismo real € pregavam, através da igreja oficial, a doutrina do direito divino dos
es ge se n o Parlamento por adorar politicas externas sem co nsulcd-lo. O
ee ar os! eo Parlamento girava em torno dos impostos e da religiao.
a ord ie de fundos para travar guerras, Carlos 1 exgiu emprései-
kn ee d Ee mandando aprisionar, sem acusagdo especifica, ague-
bordeel ; ” m. es gue tal comportamento arbitrdrio ameacasse a
vansferir pars pe — e todos, o Parlamento revidou. Em 1628, recusou-se a
gede ea arcaa sp dos triburos, a menos gue ele concordasse com
igk Es oa gual o rei nio poderia recolher Impostos sem a
o nem aprisionar pessoas sem uma acusag&o clara. As-
“UM
We , Carlo l teve de reconhecer formalmente as antigas tradicêes gue protegiam
s 7 " F”] "

Irettos do povo inglês.


3 Contudo, as tensêes ent ré O trono e o Parlamento persistiram, e em 1629 o rei
ISsolveu o Parlamento,
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due so voltaria a se reunir onze anos depois. O motivo
264 Civilizacio ocidental
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gue levou Carlos 1 a convocar novamente o Parlamento em 1640 &;


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de de fundos para defender o reino contra uma invas&o


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inicio guando o arcebispo William Laud, apoiado por Carlos


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calvinistas escoceses, ou presbiterianos, um livro de Preces Comum Ee a0s


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dos com essa tentativa de forcar-Ihes a liturgia anglicana, os presb; Colerizg


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ceses pegaram em armas. O Longo Parlamento — assim cham


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desfez em 1660 — aboliu os tribunais € comissêes extralegais


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para julgar seus oponentes, estabeleceu reuniëes regulares do due 0 rei utilizan
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Parlamento .
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en! o sobre a tributacio. Ouando
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pressionaram para reduzir aind


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a mais a autoridade real € atacar o poder da igre


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anglicana, uma profunda cisio ocorreu nas fileiras reja


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do Parlamento: os puritang
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rodos os partddrios da supremacia parlamentar


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opuseram-se aos angle


partid4rios do rei. A guerra civil gue se sucedeu ento foi dirigida pelo Parlam '
en.
to, financiada por impostos e mercadores e combatida pelo Novo
Exército Mo.
delo liderado por Oliver Cromvwell (1599-1658), um fidalgo rur
al puritano gue
a0S poucos reconheceu seu potencial para a lideranca.
O novo exército, financiado pelos ricos partidérios do Parlamento, conduz
ids
por fazendeiros nobres e formado por fandticos religiosos — além da parcela usual
de artesaos e diaristas pobres —, derrotou o rei, seus seguidores aristocrdtic ea
os
hierarguia da igreja anglicana. Em janeiro de 1649, Carlos 1 foi executado publi-
Camente por ordem do Parlamento. Durante o interregno (tempo entre dois rei-
nados) gue durou onze anos, o pafs foi governado como uma republica, estan-
do o poder nas maos do Parlamento e do exército. Na divisio do poder entre 0
exército e o Parlamento, Cromwell foi o elemento-chave. Tinha o apoio do
oficiais do exército e de parte das tropas, e havia sido membro do Parlamento
durante muitos anos. Mas o controle do exército sê Ihe foi assegurado depois
de as fileiras terem sido expurgadas dos radicais, grande parte deles provenien-
te das camadas mais pobres da populacëo. Alguns radicais desejavam igualar
sociedade, isto é, redistribuir a propriedade e estender o direito de votoa todos
os homens.
A morte de Cromwell deixou o pas sem lideranga efetiva. O Parlamento, et”
do assegurado os interesses de seus constituintes (peguena nobreza, die
e alguns peguenos larifundidrios), decidiu rest
aurar a Corte ea gar, oe s0
do o filho exilado do rei executado a ocupar o trono. Tendo aprendido a HG?
gue seu pai desprezara, Carlos I1 (1660-1685) jamais adotou o absolurismo ”
Mas seu irmao, Jatme 11 (1685-1688), era insensaramente corajoso € admi
va o absolurismo francés. Reuniu em sua corte um séguito de conselheiro$ My
licos e parriddrios das prerrogativas reais, tentando fazer com gue o Parlamen
os governos locais cedessem & vontade real. O catolicismo de Jaime II Fo s?
mento crucial de sua gueda. A Igreja anglicana nio o apoiava, e forgas oa
.'. semelhantes as gue se haviam congregado contra seu pai, em 1640, calram ee
sp. reed
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oi “ele. As elites dominantes, porém, tinham aprendido a licZo da década de 16


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Hepra civil provocaria o descontentamento social das massas. Ouerla
n & dr

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A ascensdo da modernidade 265

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perdido a Gdelidade dos pri an a, Ja im e IT fugiu
“os condados , e se m po de r co nt ar co m o ap o1 9 da Igr eja an gl ic

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ra m de cl ar ad os rei e rai nha por ato do Pa rl am en to .
do pas. Guilherme e Maria fo

Bedr ri) mas ' ve ei


ue — ch am ad a as vez es de Re vo lu ca o Gl or io sa — €ri ou
Fesa revolucio sem sang di-
pol iti ca € co ns ti tu ci on al . O Pa rl am en to co ns ol id ou seu di

ma nova realidade
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re la ci on ad as com tribu-
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reito de reunir -se re gu


ta mb ém fo ra m as se gu ra do s Os dir eit os de ba be as cor pus e ju lgamento pelo
tacio;
ram, por
ri (para homens com propriedades e posigao social). Esses direicos fo
, le gi ti ma do s nu m do cu me nt o de val or co ns ti tu ci on al , a Ca rt a de Di re ir os
sua ver
(1689). Todos os protestantes, a despeito de suas inclinagoes secrdrias, tinham di-
reito ê tolerência.
A Revolucio Inglesa, em suas duas fases (1640 e 1688), consolidou o governo
parlamentar inglês € o império da lei. Finalmente, o elemento mondrguico se ren-
deria ao poder e autoridade dos ministros parlamentares e oficiais do governo. A
revolucëo de 1688-89 foi a dlrima, na Inglaterra. Nos séculos XIX e XX, as Insti-
tuig6es parlamentares seriam reformadas de maneira gradual e pacifica, para
expressar uma realidade social mais democrdrica. Os acontecimentos de 1688-89
foram descritos, com acerto, como “o ano um”, por terem modelado um sistema
de governo eficiente, gue nao sê funcionava na Gra-Breranha como rtambém po-
deria ser levado, com modificacées, a outros paises. O sistema britêAnico tornou-
s€ Um modelo para outras formas de governo representarivo adotadas na Franga
€ nas antigas colênias brit&nicas, comegando com os Estados Unidos.

O Santo Império Romano:


4 mcCapacidade de unificar a Alemanha
ie ee as ales francesa, inglesa, espanhola e holandesa, no
ls Pase : ks Te os alemaes nao conseguiram alcancara unidade.
VArios teeritGre Fe istéria do Santo Império Romano. Essa uniao de
numa tentativa klee distintos foi criada no século guando Oto 1,
imperador dos one *G € reviver o império de Carlos Magno, foi coroado
rador R OMAaNO, ie - Mais tarde, o titulo foi modificado para Santo Impe-
le CON
sistindo o rein "
o princios palmente em principa
af
dos de lingua
266 Givilizacio ocidental

A maioria dos Santos Imperadores Romanos medievais oc “PO


U-se nig daa
ministracao de seus territérios, mas de tentativas de consegu TO Co
ntrole da rd
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peninsula italiana e em desafiar a autoridade rival de vArios p a


MEER SO EDEN AG Ge RENE

a nobreza alema ampliava e consolidava seu governo sobre o pas. Enguanto ISs0
,

cidades. O poder da aristocracia feudal continuava sendo UM` CAMpo neses


obstdc ulo e3.vêri as
de alema. Unida-
NA AO

Na época medieval e no inicio da Idade Moderna, os


Santos Imperador CS R Ko-
F manos dependiam dos nobres mais poderosos — inclusive um ou doi
ARE EL ar
me.

pois o cargo de imperador era eletivo, nio hereditdrio. Os principes


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german;
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alguns dos guais eleitores — como o arcebispo de


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Colênia e Moetncia. o rt, |


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de Saxênis mm
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eram perigosamente independentes. Todos pertenciam ao Impérioe, nao


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obstante,
consideravam-se como poderes autênomos. Essas tendências dese en
tralizadoras
'E estavam muito desenvolvidas no século XV. Os Habsburgo haviam mano
bradg
Ë para colocar-se numa posigo da gual pudessem monopolizar as eleic6 im
es periais
Os esforgos centralizadores dos imperadores Maximiliano 1 (1493-1519) €
j ' Carlos V (1519-1556), ambos Habsburgo, foram impedidos pela Reforma, gue
ampliou as tendências j4 acentuadas dos alemses 3 independência local. A nobre-
za germanica estava demasiado disposta a usar a Reforma como justificativa de
seu poder local, e era exatamente nesse ponto gue Lurtero atrafa seus interesses.
Cuando, exausto, o imperador Carlos V abdicou, em 1556, entregou 0 reino
ao filho Filipe e a seu irmao Fernando. Filipe herdou a Espanha e suas colênias
além da Holanda, e Fernando ficou com os territérios austrfacos. Foram ent
criados dois ramos da familia Habsburgo. Durante todo o século XVI, os Habs
burgo austrfacos mal conseguiram controlar os territêrios alemzes, dispersos €
profundamente divididos. Mas seus imperadores nunca perderam uma oportur
nidade de defender a causa do catolicismo e combater a nobreza germênica.
Nenhum Habsburgo empenhou-se tanto nesses objetivos guanto 0 arguidu-
gue Fernando IT, educado pelos jesuitas, gue subiu ao trono em Viena em 1619.
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Suas politicas provocaram uma guerra dentro do império gue envolveu roda a
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Europa. A Guerra dos Trinta Anos comecou guando os boëmios, cujas tendên-
da GER
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cias anticatélicas remontam a Jan Hus, tentaram colocar no seu trono UM


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protestante. Os Habsburgo austriacose espanh6is reagiram, mandando um €% 7


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cito ao reino da Boëmia; de suibito, todo o império foi forcado a tomaT Pd


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dentro de linhas religiosas. A Boëmia sofreu uma devastacao guasé inimagindv Ë


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trés guartos de suas cidades foram sagueadas e gueimadas e sua aristocracla


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praticamente exterminada.
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Aré a década de 1630, os Habsburgo mostraram-se capazes de urilizar Ji


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* om para impor seu poder e promovera centralizacao. Mas a intervengao da Pe
raprotestante,
liderada por Gustavo Adolfoe encorajada pela Frana, frustrou
45 pd
EE bicëes dos Habsburgo. O conflito militar gue se seguiu devastou
grandes De
EN uropa setentrional e central; a Populacëo civil sofreu muito.
Em part€ devl Jo
in er nEao direta dos franceses, os Habsburgo espanhéis safram da Guerra
A ascensio da modernidade 267

a va nt ag em . O tra tad o de Ves tfa lia deu aos Ha bs - 1

os sem obter nenhum


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No perlodo de 1450 a ed ad e. Os av en -
a du e tr an sf or mo u a so ci
racio uitramarina € expanséo econbmic eg ar aos ricos
ra m um no v ca mi nh o ma ri ti mo par a ch
mureiros europeus descobri so, co nd ui st ar am ,
na nd o a Afr ica . Al ém dis
-entros comerciais da India, contor ti co . Ess as des -
mu nd o do ou tr o lad o do Ad ên
colonizaram e exploraram um noVvo es me r-
am um ex tr ao rd in dr io au me nt o nas at iv id ad
cobertas € conguistas produzir cap ita -
ne rê ri o, o gu e es ti mu lo u o de se nv ol vi me nt o do
cantis € no suprimento mo ris a
ar am a ad ot ar val ore s gu e te ri am sid o es tr an ho s e hos
ismo. As pessoas pass
di ev al . Por vol ta de 1/ 50 , o cri sta o ex em pl ar na reg iëo no ro es te da
perspectiva me
era ma is o sa nt o ab ne ga do , ma s o ho me m de ne gc io s em pr ee nd edor.
Europa nio
ca dos fe ud os iso lad os e das ci da de s fo rt fi ca da s est ava ch eg an do ao fim .
A épo
Surgia uma nova economia mundial, gue subordinava a vida econêmica européia
a0 mercado das especiarias orientais, dos negros africanos € da prara americana.
Durante esse perfodo de exploracdo e de expansêo comercial, a Europa desenvol-
veu um dinamismo peculiar, gue no encontrou paralelo em nenhuma outra clvl-
lizagso. Iniciou-se ent&o um processo gue daria A Europa, em 1900, o dominio da
maior parte do globo e uma ampla influência sobre outros povos.

As forcas gue levaram & expansio


capacitou
Uma combinacao de forcas impulsionou os europeus para fora € os
a dominar os asidticos, os africanos e os nativos americanos. Os monarcas, mer-
sie . ae europeus incentivaram a expansio visando lucro e poder; a
mde “eng ogia in desempenharam seu papel. Guando a populao
ram os olhos - ao res de terras dispontveis, os filhos da aristocracia volta-
das em seus EE * Furopa, para as terras e fortunas gu€ Ihes eram nega-
es, obtê -las pelo sag ue € pela con gui sta era coisa nor-
mal — seus er ey
Mercadoresce er vin et fazendo a mesma coisa h4 séculos.
Ge O EE ores também rinham raz6es para voltar os olhos parao
do hê
SéCulos, mas semDre rede Europa, Africa € o Oriente se vinha processan
BR Ge die de intermedidrios, gue aumentavam Os Custos € re-
MOmades 4rabes do Sara. ia péia da transagao. O ouro era transportado pelos
rias era m emb are ada sd T esde os leic os do rio s da Afr ica ocid enta l. As espe cia-
Cadas da India e das fndias Orientais por meio de mercadores mu-
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A ascensêo da modernidade 269

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Os comerciantes do oeste europeu buscavam agora acabar

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indo diretamente as fontes — 3 Africa ocidental em busca

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consolidara — especialmente na peni . Co rt é€ s, po r

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ui st a, pa ra ex pu ls ar os dr ab es

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s00 anos, conhecida como Reco ng

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pa nh ol do Mé xi co , co ns id er av a- se um se gu
exemplo, conguistador es

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ta ra pa ra ex pu ls ar os mu-

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ré i mi li ta r me di ev al gu e lu
Jadino Rolando, grande he xo ), tinh a esperan-
. Pr in ci pe He nr ig ue , o Na ve ga do r (v er ab ai
culmanos € pagaos sc o-
ue sa na Af ri ca at en de ss e a do is ob je ti vo s: a de
cas de gue a expansio portug
ou ro e a ex te ns io do cr is ti an is mo as €x pe ns as do Isl a.
berta do
id en te ti nh a vo nt ad e de ex pa nd ir , co mo ta mb ém di sp unha da
No sê o Oc
ol og ia ne ce ss êr ia ao su ce ss o nN ES SA em pr ei ta da : em ba rc ag 6e s a ve la ap arelha-
tecn
st in gu e da Ch in a e do s te rr it ér io s is la mi co s € aj ud a a ex pl ic ar
das. Esse fator o di
id en te , e na o as ci vi li za g6 es or ie nr ai s, de u in ic io a um a er a de co n-
por gue o Oc
brar e
guista gue resultou num dominio global. Além de ser mais fAcil de mano
mais rapido em mares abertos do gue as galés movidas a remo, o navlio a vela ri-
nha uma vantagem tAtica adicional: era eguipado com canhoes, abaixo do con-
vés, gue podiam atirar e danificar ou afundar as embarcagêes inimigas a distên-
cia. As galés dos drabes no oceano fndico e os juncos dos chineses nao eram apa-
relhados com esse tipo de armas. Numa batalha, valiam-se da antiga rêrica de
abordagem, gue consistia em colocar-se ao lado do navio inimigo, guebrar-lhe os
remos e subir a bordo para uma luta no convés.
navio armado conferiu ao Ocidente a superioridade naval desde o iniclo.
ke ge aards destruiram rapidamente a frora mugulmana en-
do liter] or se do oceano Indico em 1509. Essa viréria em Diu, ao largo
a India, mostrou gue néo sê o Ocidente havia encontrado um
Made” o totalmente maritimo
Caminh T para o Oriente, como também' gue all chegara
icar.

O 'mpério Portuguës
Na prime;
ke F er metade do século XV, o filho mais novo do rei de Porrugal, o
p ai om Henrigue, o Navegador (1394-1460), patrocinou viagens de ex-
€ OS estudos nduticos a elas necessirios. Os portugueses se expandiram

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pa 9.2 Exploragaoe conNguista uitramarina, c. 1400-1600

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270 Givilizacio ocidental

primeiro para as ilhas do AtlAntico. Em 1420, COMmeCaram


a;
deira, iniciando ali o cultivo de produros agricolas; na
década de 1430
ram até as Candrias e os Agores, em busca de escravos€ NOVaS
terras par
Nas décadas de meados do século desceram para o litora lda
Africa ocid 4 Cultiva
gando a embocadura do rio Congo e além, estabelecen €nral, Che.
do POStos de CO
onde passavam.
No final do século XV, os portugueses haviam de senvol
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vido um d ECON
Imperial vidvel entre os portos da Africa OMm;
| ocidental, suas ilhas no OCEano Ada
a Europa ocidental — uma economia baseada no aGucar, nos ic
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ouro. Este uitimo, bateado pelos africanos nas margens dos ri
AM. e. 7 BTOS Ê no

ocidental, era comercializado pelos portuguese


s ali mesmo, em sua prépria fonte
Os port ugueses nio se limitaram & Africa ociden
tal. Em 1488, Bartolomeg
Dias havia chegado ao extremo sul do continente african Oo;
uma década depois,
Vasco da Gama dava a volta ao Cabo da Boa Esperanca € a
travessava Oo Oceang
Indico para chegar & fndia. Descobrindo uma rota excl
usivamente marftima para
o Ori ente, Portugal acabou com o monopdélio comercial
com o Oriente desfru-
tado aré ent&io por Génova e Veneza. Ao descobrirem o caminho par
a a India eas
Indias Orientais, os portugueses encontraram a fonte das especiarias gue
torna-
vam saborosa a carne seca e dura gue comiam. Como haviam feito no to
r afri-
cano, Criaram postos de comércio fortificados — principalmente em Goa, na cos-
ta oeste da ndia (Malabar) e em Malaca, na peninsula malaia.

O império espanhol
A Espanha conseguiu guase por acaso seu império ultramarino, gue acabou
sendo o maior e mais rico deles, aré o século XVIII. Acreditando gue poderla
chegar a India navegando para oeste, Cristév&o Colombo pediu e obteve o apolo
de Isabel, rainha de Castela. Mas em sua primeira viagem (1492) desembarcou
numa grande ilha do Caribe, a gue deu o nome de Hispaniola (Peguena Es
panha). Décadas depois, dois acontecimentos revelaram gue Colombo havia des-
coberto nio um novo caminho para o Oriente, mas novos continentes: Vasco
Nufez de Balboa descobriu o oceano Pacffico no istmo do Panam4, em PA
Fernao de Magalhaes (1519-1521) circunavegou o globo pelo estreito gue TE”
seu nome, no extremo da América do Sul.
As histérias sobre o enorme volume de ouro€ prata existente mais a oest€
ram os espanhéis a prosseguir, desde os primeiros nucleos fundados no Ee
até o México. Em 1519, Fernando Corrés desembarcou no litoral mexican? re
um pegueno exército; durante dois anos de campanha conseguiu derrotaf E
vernantes nativos, os astecas, e conguistar o México para a coroa espanhola.
década depois, Francisco Pizarro conseguiu vitéria semelhante sobre o UP - nDErIO
montanhoso dos incas, no Peru.
As conguistas mexicana e peruana Cons ttu ss N tro do
iram, por boas razêes , o CET OP
império uitramarino espanhol. Primeiro, h avia
enormes guantidades de dut Oo SE
muladas, diifanté séculos pelos £OVvernant es
nativos, com finalidades relig! 0
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A ascensdo da modernidade 271

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Mapa do Novo Mundo, século XVII. As viagens de descobrimento e exploragao de novos

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mercados comerciais continuaram ao longo dos séculos XVI e XVII. Os tranceses, holandesese

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Mundo. Os
ingleses, no rastro dos portugueses e espanhêis, rambém fixaram colênias no Novo

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Comegava
europeus estabeleceram postos de comércio na Africa, na India e no Extremo Oriente.

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a nascer a economia em escala mundial do periodo moderno. Foromas Index, Londres

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cerimoniais. Ouando essas guantidades se esgotaram, os espanhéis descobriram


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prata em Potosi, no Alto Peru, em 1545, e em Zacatecas, no México, poucos anos


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depois. A partir de meados do século, as remessas anuais de tesouros para a Espa-


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nha tornaram-se a base financeira da guerra de Filipe II contra os turcos mucul- N


ANOS, os protestantes holandeses e os ingleses. |j F

Nao foram apenas o ouro é a prata gue atrairam OS espanhêis para o Novo
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undo. A tradicëo das cruzadas também contribuiu para isso. O desejo de con-
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iStar e converter os povos pagaos do Novo Mundo foi uma extensao do espiri-
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'0 das cruzadas gue marcou os cinco séculos anteriores da histéria espanhola de
“Ampanhas contra os muculmanos. As recompensas Foram as mesmas de sempre:
Pre da verdadeira fé, o servico 3 coroa e belas concessoes de terras. A
ie 2a particularmente atraente no século XVL pordgue o numera de Hidalgos
ae an “enon AUMENtara COMO crescimenro geral da populagao e havia pou-
a metrépole para distribuir entre eles.
BLIOTECA
EP OBLICA MUNICIPAL
POBLICA
Pa. APLINDO MARGOMN
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2/2 Givilizacio ocidental

O poder e a rigueza no Novo Mundo cada vez mais se toram conce


poucas maos. Os funciondrios reais, as pessoas a eles randoe
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egégios. As igada
gue mais se beneficiaram das riguezas € privil repetise
das a reoess
Igrejag tora Mm os
micas arruinaram os peguenos proprietdrios, gue foram obrigadosa Ve eeon6
. * " 2e ES F:

posses aos vizinhos mais poderosos. Com sua conversio


ao Cristianismo, os;
foram conv a
encidos dar mais terras para a lereja. Assim, a América sere
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vidiu-se permanentemente entre a elite privilegiada e as massas Empobrecid adi-


ë " 2 i O "

A conguista teve consegiiëncias sérias as.


em Outros aspectos. Entre 1500 160
o nimero de nativos decaiu de cerca de 20 milhêes para p
OUCO mais de 2 m;.! 1

Ihêes. A principal causa dessa catistrofe, porém, nio foi o trabalh


o forgado, ma as
doengas trazidas pelos europeus — disenteria, maldria, anc
ilostomose ev ariola —,
contra as guais os indigenas tinham POUuco ou nenhuma de
fesa natu ral. A partir
da década de 1540, a situacao dos nativos gr
adativamente melhorou, guando
coroa retirou as concessêes gue davam autoridade sobre
a populacio nativae
assumiu progressiva responsabilidade pelo controle dos indigenas.

A escravidao negra e o comércio de escravos


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Um grupo gue sofreu ainda mais gue os indigenas foram os €scravos negros,
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trazidos originalmente da Africa ocidental. Durante o longo periodo de seu


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dominio na Africa do Norte e no Oriente Médio (do século VII ao IX), os Esta-
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dos mugulmanos contaram com o trabalho ea forca de luta dos negros escraviza-
dos no sul do Saara. Os negros eram cCapturados transportados através do saara
para serem vendidos nos mercados de escravos da Africa do Norte. Em seu apo-
geu, no século XVIIT, esse comércio transaariano pode ter chegado 3 marca de
aproximadamente 10 mil escravos por ano.
Mas esse trêfico anual acabou sendo superado pelo comércio de escravos ente
a Africa ocidental e as colênias europélas no Novo Mundo, gaue comegou efetiva-
mente no inicio do século XVI. Como observa Roland Oliver: “No final do
século XVII, estimulados pelo desenvolvimento da colonizacio de base agricola
no Brasil e nas fndias ocidentais, os Carregamentos pelo Arlintico chegaram *
transportar cerca de 30 mil escravos por ano, e no final do século XVIII eram
guase 80 mil.”'
Capturadas por traficantes de escravos africanos em investidas subiras, as -o
mas eram arrebanhadas em prisêes construidas especialmente com €ssa final
de na costa da Africa ocidenral. Os escravos selecionados para venda eram mar
cados no peito com ferro em brasa, Imprimindo-se neles o selo das companhias
francesas, inglesas ou holandesas, de modo gue cada nac&o pudesse geaoae”
sua propriedade'*. No decorrer dos séculos, um total de aproximadament€ |
12 milhêes de negros foram €Xportados para o Novo Mundo. Desses, CEI?
600 mil chegaram
as treze colênias da Ad ei eh
América britênica, constituindo e da
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Dlagio de escravos dos Estados Unidos no final da Revolucio American?”
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A ascensdo da modernidade Al

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dos nos compartimentos dos navi

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eram poucas. Consegtien te rn o de es-
do os Fs ta do s Un id os ab ol ir am o co mé rc io ex
pois de 1808, guan av os ,
pu de ra m ma is ex pl or ar cr ue lm en te seu s es cr
cravos. Os escravocratas nio s,
ar am a su pr ir a cr es ce nt e ne ce ss id ad e de tr ab al ha do re
uma vez gue eles pass
a pr og re ss iv a de ma nd a in du st ri al de al go da o cru . Po r vo lc a de
ocasionada pel
0, a po pu la cë o de es cr av os do es ta do s do Sul na tu ra lm en te ul tr ap as sa ra 2
183
ra-
milhêes de individuos, o gue representava mais de um terGo de todos os esc
vos do Novo Mundo.

A revolugao dos precos


Outro fenêmeno ligou-se & expansao ultramarina: a inflacao sem precedentes
ocorrida no século XVI, conhecida como revolugio dos pregos. Os pregos dos
Cereals, por exemplo, aumentaram em oito vezes ou mais em certas regiëes, ao
longo do século, € continuaram a subir, embora mais lentamente, na primeira
metade do século XVII. Os historiadores da economia supêem, de modo geral,
due o aumento dos precos das outras mercadorias correspondeu 3 metade do au-
mento dos precos dos cereais.
A principal causa da revolucao dos pregos foi o crescimento demogr4fico re-
Bistrado ao final do século XV e ao longo do século XVI. A populago da Euro-
ng kam entre 1460 e 1620. Aré meados do século XVIL, o nimero de
RO dae superou a capacidade gue rinha a agriculcura de Pro-
prdea ae ae dsicos, fazendo com ague a maioria das pessoas vivesse
e subsistêncja. Enguanto a produgdo de alimentos nio acom-
panhasse
N 9 €rescimento da popula€ëo,a os pregos — em especial
j o dos alimenros
j
bdsicos , COMO O P47 0 — Contin
j uaram a aumentar.
Outra
se aap jImportante da revoluc&o dos precos foi, provavelmente, a prata
ou a Europa, vinda do Novo Mundo através da Espanha, a partir de
274 Givilizacio ocidental

1552. Em algum momento, o influxo da prata deve ter | € XCedi ce


dido a N
pansao do suprimento monetdrio, contribuindo para a nfla ECEssdrig
cio. e
Portanto
tor fundamental na revolug&o dos precos foi gue havia gente dema Um .
is, “Om
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ro demais, atris de mercadorias dinheel-


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de menos. Os efeito s da revolugio do pre


foram enormes. $

A expansao da agricultura
Os maiores efeitos da revolug&o dos precos recafram sobre a agricultu
pregos dos alimentos, elevando-se aproximadamente no dob ra, Os
ro dos precosd
tros bens, estimularam os agricultores ambiciosos a se aproveitarem da situacz
" 8 a # @ OlU-

produzirj para o mercado em expansao— . A oportunida '


de de lucro levou ed
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agricultores a trabalharem e cuidarem melhor de sua terra.
Em toda a Europa, as propriedades agrdrias contiguravam-s
e cComo feudos se.
nhoriais. Um tipo especifico de sociedade e de economia rurais
se desenvolvera
nesses feudos, na Baixa Idade Média. No século XV. grande par
te da terra do
teudo era ocupada por camponeses arrendatdrios, de acordo Com os termos
de
arrendamento conhecidos na Inglaterra como enfiteuse. Os arrendatArios t
nham certos direitos hereditdrios na terra, em troca da prestac&o de determina-
mis
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dos servigos e o pagamento de certas taxas ao senhor. O direito mais importante


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era o do uso das dreas comuns — Os pastos, Os bosgues e os tangues. Para o enfiteu-
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ra, O acesso as 4reas COMuns representava, Com fregtiëncia, a diferenca entre a


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subsistência e a miséria, porgue a terra cultivada no feudo poderia nio produzir


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o suficiente para a manutencao da familia. A terra ardvel era cultivada de acordo


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com velhos costumes. Era dividida em faixas e cada camponês do feudo ficava
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com um cCerto nimero de faixas. Todo esse padr3o de trabalho camponése de


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direito As 4reas comuns era conhecido como sistema de campo aberto. Depois de
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ter permanecido praticamente inalterado durante séculos, foi confrontado pelos


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incentivos oriundos da revolug&o dos precos.


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Na Inglaterra, os senhores buscavam agressivamente todas as possibilidades de


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lucro resultantes da inflagio dos pregos agrficolas. Essa busca exigiu modificasoes
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de grande alcance na velha agricultura do feudo senhorial, mudancas conhecidas


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pelo nome de emclosure. O sistema de campo aberro estava relacionado Com F


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subsistência da aldeia local e, como tal, impedia a agricultura em grande esc#


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para um mercado distante. No sistema de campo aberto, as terras comun nao


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podiam ser destinadas 3 produg&o para venda. Além disso, a divisao da terra cul
tivavel em faixas dificultava a prêrica de uma
FRdr” agricultura comercial lucrativ?
Os proprierrios ingleses do século XVI desfecharam um duplo aradu€ od, ra
o sistema de campo aberto, na tentativa de transformar suas terras €m ermpr,
6 comerciais voltadas para o mercado. Primeiro, privaram os Camponeses ar” a
tirios do uso das dreas c
omuns; em seg uida, modifica
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E ram as condicoes do 4 USé im ren”

damento, de enfiteuse para o arren


da meEnto a prazo fixo. Enguanto a enhiré
A ascensio da modernidade 2/3

Colheita de ver&o (c. 1615-1620), de Peter Brueghel, o Mogo (1564-1637). No inicio do


periodo moderno, Inglaterra e Holanda empreenderam importantes mudangas na agriculura.
O cercamento dos campos comuns pelos senhores de terra e a substituigao do planrio de
subsistência pelo plantio comercial especializado transformaram a economia agricola em muiras
partes da Europa. Oleg sobre madeira, 17 4” x 23 U4", The Nelson-Atkins Museum of Art, Kansas
City Missouri: Nelson Trust

era legdvel e permanente, o arrendamento a prazo fixo, nao. Ouando ele termi-
14va, O proprietdrio podia aumentar o arrendamento acima da capacidade de pa-
gar do arrendatdrio. A restricdo ao direito as terras comuns privou o arrendatdrio
le das coisas de gue ele mais precisava. Essas duas medidas dos proprierdrios
“Fgaram os camponeses a deixar as terras do feudo ou trabalhar para o senhor
`PMO assalariados. Esse afastamento dos arrendatdrios facilicou a incorporacio
mee old malores e mais produrivas. Os erva podiam
ande nimero de CampoRes san ten eN epos gen
do ee
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Cultura
de subsistênc; la deul
deu lugar &S agricultura
aosiend G
comercial: a produgio3 de um
neexce-
N bas 9 mercado. Mas a pobreza rural aumentou, dev
ido ao despejo em
os agricultores arrendatArios.
Nos séculos XV e XVI
, os holandeses desenvolveram um novo tipo de agricul-
tUra, conh ecido como agricultura converstvel,
gue também expandiu a produc&o.
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SSE sIste * €Mpregava uma ie - el
série de inovac6es — entre elas a urilizagao de legu-
276 Givikzacdo ocidental

mes para a recuperagao do solo — gue substituiram o velho siste


ma de TOta
culturas em trés campos, o gual deixava sem uso um terco da terra 630 das
b mento. As novas técnicas usavam toda a terra o ano inteiroe WP , dad Mo.
' cultura mais diversificada. '“M uma agri.

A expansao do comércio e da indistria


As condigêes da revolugao dos pregos também provocaram a
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mércio e da indtistria. O crescimento populacional ult


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abastecimento local de alimentos, o gue estimulou o comérc


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menticios b4sicos. Um exemplo destacado foi o comércio do B4ltic


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ropa ocidental. Também importante como estimulo ao comércioe


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a crescente renda dos propriet4rios, mercadores &, em alguns casos,


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dos campo-
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neses — renda gue criou uma demanda maior de bens de consumo. Outro fator
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na expansio comercial e industrial foi o crescimento do Estado. As mOnarguias


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em ascensao dos séculos XV] e XVII, com uma crescente renda tributdriaa des.
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pender, compravam cada vez mais — navios, armas, uniformes, papel — é, com
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isso, estimularam o desenvolvimento econêmico.


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Os mercados, antes locais, tenderam a tornar-se regionais € mesmo internacio-


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nais, condic&o gue deu origem ao capitalista comercial. Suas operag6es, ao contra
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rio daguelas dos produtores locais, cruzavam as fronteiras locais e nacionais. Uma
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caracterfstica essencial do capitalismo comercial foi o sistema de produga0 do-


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méstica. A manufatura de têxteis de 4 é um bom exemplo de como o sistema


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funcionava. O capitalista comercial comprava a l bruta dos latifundidrios inge


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ses, gue haviam adotado o sistema de enclosure em suas terras para se aprov€l””
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rem da alta no prego da la. Seus agentes recolhiam a l& e a levavam as aldeias pré”
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ximas, para fiac&o, tintura e tecelagem. O trabalho era feito na Casa dos campo”
neses, muitos dos guais haviam sido expulsos dos feudos vizinhos em consed””
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cia do enclosure e, por isso, tinham de aceitar gualguer trabalho oferecido "
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mais vil gue fosse o saldrio. Transformada a l& em tecido, o produto era ree?
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do e enviado para o mercado. ie


Acompanhando o aparecimento do capitalista comercial do sistema de pro M
30 doméstica, surgiram muitas Outras inovac6es na vida mercantil. leur.
dessas inovag6es tiveram origem na Idade Média e contribuiram para a orde
da moderna economia capitalista. As operacêes bancirias tornaram-se mMAb my
ticadas, possibilitando aos depositantes pagar suas contas por melo de ordens ,
“. Critas aos bancos, gue transferjam o dinheiro para as contas dos credores — Me
it. gem do chegue. Os métodos contdbeis também melhoraram. O Us gener
do do sistema de partidas dobradas na contabilidade tornava Os errOS er
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ente evidentes e dava um guadro dlaro da situacao financeira de uma € m


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volumosas cargas de cereai s pel o mi ni mo cus to pos siv

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mé rc io do Bdl ric o, gue se to rn ou um a fon te im po rt an te de
mitiu dominar o co

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sua fenomenal expansio comercial entre 1560 e 1660.

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Jgualmente impressionante foi sua penetragao comercial do Oriente. Os
op or ci on ad os pel as ari vid ade s de tra nsp ort e fo ra m em pr eg ad os na con s-
cros pr
trucio de navios gue permitiram aos holandeses, primeiro, desafiar e, em seguli-
da, sub sti tui r os po rt ug ue se s no co mé rc io de esp ecl arl as co m as fnd ias Ori ent ais ,
em principios do século XVII. Os holandeses licenciaram em 1602 a Companhia
das fndias Orientais € criaram postos comerciais nas ilhas. Foi o inicio de um
império holandês gue durou até a Segunda Guerra Mundial.
Os ingleses ambém comerciaram por toda a Europa, nos séculos XV1 e XVII,
especialmente com a Espanha e a Holanda. O século XVII viu a criagao do tm-
pérlo colonial britênico ao longo do litoral arlêntico na América do Norte, do
Maine até as Carolinas e nas fndias ocidentais, onde os ingleses conseguiram de-
salojar os espanhoéis em alguns lugares.
Nas Provincias Unidas e na Inglaterra, o governo defendia os interesses econ6-
micos. Na Holanda, o poder politico foi-se transferindo, cada vez mas, para as
g de uma aristocracja urbana de comerciantes e fabricantes sediados em Delft,
gegee Amsterdam. Nessas cidades, os interesses urbanos adora-
lees Pe gue Mee as conveniëndlas da aristocracia dominante.
ps de ' oa transterência revoluciondria do poder do rei para o Parla-
negéeios, osse FR passou a refletir também os interesses dos grandes
pers heide Pa erciais ou agricolas. O enclosure, por exemplo, estimulado
bedie gee ie, Banco da Inglaterra, fundado em 1694, ampliou
due se revdlara confianca nas atividades mercanris. As leis de navegagao,
modas aos colonos americanos, impuseram restrig6es ao
COmérci
nel manufatura coloniais, para evitar a concorrência com mercadores e
O e a . " " A a

Nulaturadores.

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trial, mas
veao t anto ee a Inglaterra. A princip
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octedade francesa. Os lacos familiar es e o intercAmbio social en-

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278 Givilizacdo ocidental

tre a aristocracia e os comerciantes, tal como havia na Inglaterra


nao existia na Franga. Em consegiiéncia, a aristocracja frances on ERMEn
prezar o comércio. Outro elemento inibidor da EXpansao econêmica &. a des.
corporac6es, remanescentes da Tdade Média, gue limitavam a Com OTAM as
produ€ëo. Assim, na Franga havia menos espaco gue na Inglaterra he é3
pitalista comercial operasse fora das estruturas das COrporacêes. TUE 0 ca.
A Espanha oferece um exemplo ainda mais dlaro da inc
ss apacidade de aprove
as oportunidades oferecidas pela revolucio
.

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dos precos. No terceiro Juartel de V

culo XVI, a Espanha dispunha de condic6es O sê.


para a €xpans&o econêmica: ed es
inc ompardveis de capital na forma de prata, uma grande POpulag40
em crese
mento, demanda crescente do consumidor € um
vasto IMpério ultramaring. Ese
elementos no frurificaram porgue o sistema espanhol
de valores considerava g
comércio como uma heresia social. Grande estima era dedicadaa
O Cavalheiro gue
N possuia terras obridas como recompensa por servicos militares € ardor nas Cruza-
das, os guais he permitiam viver de rendase privilégios. Assim,
o comércio ea in.
dustria continuaram sendo considerados como atividades despreziveis.
'Numerosas guerras no século XVI (com a Franga, os principes luteranos, os
rurcos otomanos, os holandeses e os ingleses) representaram uma sangria crescen-
te no tesouro espanhol, a despeito das remessas anuais de prata do Novo Mundo.
Em vez de investir na expansio econêmica, a Espanha gastou seus recursos na
manutengao e extensao do poder imperial e do catolicismo. Por fim, as guerras
custaram mais do gue a Espanha podia gastar. Os holandeses, durante certo tem
Po, € os ingleses e franceses, por um periodo maior, substitufram a Espanha
como grande potência. Os ingleses e holandeses haviam se aproveitado das opor
tunidades oferecidas pela revoluc3o dos precos, enguanto a Espanha, na0.

A criacao do capitalismo mercantil


As mudangas gue descrevemos — especialmente na Inglaterra e na Holanda-
representam uma etapa crucial no desenvolvimento do sistema economico ' i
derno conhecido como capitalismo. Trata-se de um sistema de empresa P7 ed
as principais decisêes econêmicas (o gué, guanto, onde e a gue pre6o Pi JE
comprar e vender) s&o tomadas por individuos particulares, em sua Con Ia
donos, trabalhadores ou consumidores. Ee
De 1450 a 1600, v4rias condic6es estimularam o incentivo ao invesemer
factor b4sico para a emergéncia do capitalismo moderno. Primeiro, houve 2 nd
lug&o dos pregos, provocada pelo faro de gue o suprimento de mercador
cas nao podia acompanhar o ritmo da crescente demanda. Os pre€os Con" j
ram a subir, criando o mais poderoso incentivo ao investimento em ly as
consumo. Por gue gastar agora, devem ter perguntado os gue dispunham so
guezas excedentes, guando o investimento na agricultura comercial, PUNET T
eiRE Hansporte € impressao (para mencionar alguns dos principais mercados) d
€ertamente Propor Clonara maior rigueza NO futuro?
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A ascensio da modernidade 279

Fiando, enrolando e tecendo, de Izaak Nicolai van Swanenburgh, século XVII. A Holanda, gue
desde os primérdios da Idade Média era um dos centros da manufarura téxril, continuou a sé-lo
no inicio do periodo moderno. As mulheres eram tradicionalmente ativas na fabricagao de recidos.
Stedelijk Museum “De Lakenhal”, Leiden

Um outro estimulo ao investimenro partiu do governo. Os governos agiam


“OMO COnsumidores gigantescos, Cujo apetite durante todo o principio do perio-
do moderno crescia. Os comerciantes gue forneciam de tudo aos governos — des-
de canhêes a afrescos —, nao sê prosperaram como foram levados a reinvestir, de-
Fo * CONStANCIa € ao Erescimento da demanda governamenral. Os governos tam-
“n patrocinaram novas formas de investimento, fosse para sarisfazer o gosto por
EP ee luxo na corte real, fosse para atender as necessidades dos milita-
inte de ' ores privados rambém obtiveram vantagens incalculdveis com OS
(eseravo) dik As colênias proporcionavam marérias-primas € trabalho
muitGa oon "se cOmo mercados para as €xportagoes. Flas estimularam
As polftieas € navlos e instalagêes portudrias ea venda de seguros.
mentar a rieuE es oe cOmo mercantilismo, rambém visaram au-
rigueza Ee naclonais. De acordo com a teorla mercantilista, a
tava haver um ee ei rCio media-se em ouro € prara, dos guais se acredi-
'Nternacional passou a EE MmENOS HixO. O objetivo do Estado no comércio
“Stabelecer uma balanca de € vender, mais do due comprar no exterior, isto é
pagamentos favordvel. Ouando a guantia recebida
280 Civilizacdo ocidental

se pelas vendas no exterior fosse superior & importência paga pelas com
DE renga constituiria uma afluência de metal precioso para o Estado Pras,a dit,
ig |égica, os mercantilistas foram levados a argumentar em favor di Partr des,
ciëncia nacional: o pais deveria tentar atender 3 maioria de suas so da suf,
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dades, a fim de reduzir ao minimo as importacêes. PYIaS necegs;.


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Para promover a €conomia nacional, os governos subvencionaram get


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novas, licenciaram companhias para o comércio ulitramarinoe acabaram


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reiras locais ao comércio — tais como regulamentos de COrporagêes e tarifs m as bar.


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A combinacao desses três fatores —a revolucio dos PYEGOS, a concentracioINternas.


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gueza em maos privadas e a atividade governamental — constituiu a Dae


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iInvestimento continuado e o aparecimento do capitalismo mercanti


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forca no mundo nao deve ser confundida com o Capitalismo


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giu com a Revolugao Industrial na Inglaterra no século XVIIL mas o


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Capitalismo
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mercantil preparou o caminho para ele.


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A caminho de uma economia global


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As transformag6es examinadas neste capitulo foram das mais importantes na


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histéria mundial. Num desenvolvimento sem precedentes, uma peguena parié


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do globo, a Europa ocidental, tornara-se a senhora das vias maritimas, dona de


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muitas terras em todo o mundo e o bangueiro e recebedor de lucros numa eco-


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nomia mundial gue comegava a despontar. A hegemonia global da Europa ocr


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dental durou aré boa parte do século XX. Ao conguistar € colonizar novas terras,
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OS europeus exportaram a cultura ocidental para todo o globo — um processo dué


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se acelerou no decorrer deste século.


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Os efeitos da expans&o ultramarina foram profundos. A populagio nativa do


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Novo Mundo foi dizimada. Em consegiiëncia da escassez de mao-de-obra, mr


Ihêes de negros foram importados da Africa para trabalhar como escravo$ nê!
plantagêes e minas. A escravidao negra teria efeitos abrangentes sobrea cultura,
a politica e a sociedade, até o presente.
A circulag3o generalizada de animais e plantas teve também gran des cons€”
atiëncias. Os cavalos e o gado foram introduzidos no Novo Mundo. (Os astecas
tao espanta dos ao ver homens a cavalo gue, a principi o, julgaram ri 0
ficaram
cavaleiro e sua montaria fossem um tnico ser demoniaco.) Em troca, 0 Ve ”
Mundo ficou conhecendo o milho, o tomate e, o gue é mais importanté *
ra, gue se tornaria o alimento bésico da diera norte-européia. A mandiocas
gue é feita a tapioca, foi transplantada do Novo Mundo para a Africa, onde
dou a alimentar a populaۑo. sd
A Europa ocidental foi arrancada da economia de subsistência da Idade Meë s
... elangada no caminho do crescimento econêmico constante. Essa transformae
: ES tesultou do enxerto de formas tradicionais, comoa primogenitura €a guerm sy
ER s global, a revoluczo dos preGos € a ag! ICsi
Ee da, por novas forcas, como a explorac&o
: Te
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eon versfvel. Dessa mudanGa nasceu 0 inicio de um novo sistema econbm
2
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A ascensdo da modernidade 281

mer can til , gue em grand e parte prop orci onou o impulso econbmi-
. alismo
do mu nd o pel a Furo pa e abriu cami nho para a Revol u-
Jevou ao domin1o
oe
ci Indu strial dos séculos XVII e XDL.

Notas
Af ri ca n Ex perience. 3. Citado em Richard $. Dunn. Sugar and
1. Roland Oliv er . Th e
19 91, p. 123. Slaves. Chapel Hill, University of North
rk , Ha rp er Co ll in s,
| Nova Yo Carolina Press, 1972, p. 248.
em Ba si l Da vi ds on . Af ri ca in History.
2. Citado p. 215.
Nova York, Collier Books, 19?1,

Sugestoes de leitura
Fllior, ]. H. Jmperial Spain, 1469-1716
Anderson Perry. Lineages of the Absolutist State
(1963). Excelente estudo da principal po-
(1974). Estudo proveitoso, escrito a partir
de uma perspectiva manxista. téncia européia do inicio do periodo mo-
Cipolla, Carlo M. Guns Sas and Empire derno.
(1965). Ligac6es entre o avango tecnolégico Koenigsberger, H. G. Early Modern Europe,
ea expansao ultramarina, de 1400 a 1700. 1500-1789 (1987). Valioso exame do pe-
Davis, David Brion. 7he Problem of Slavery riodo.
in Western Culture (1966). Estudo autori- Kolchin, Peter. American Slavery: 1619-1877
zado. (1993). Uma sintese culra.
Davis, Ralph. 7he Rise of the Aantic Econo- Parry, ]. H. 7he Age of Reconnaissance (1963).
mies (1973). Estudo fidedigno da histéria Breve estudo das exploragoes.
econêmica do inicio do periodo moderno. Plumb, J. H. The Growth of Political Stability
Dor Ner, Zvi. Columbus and the Age of Dis- in England, 1675-1725 (1967). Obra bd-
covery (1991). Volume aue acompanha a sica, clara e de fdcil leicura.
strie PBS de sere partes; profusamente ilus- Shennan, ]. H. The Origins of he Modern Eu-
trado. ropean State (1974). Introdugdo concisa €
excelenrte.

Ouestêes de revisio

1. De gue forma os reis do inicio do periodo 5, Discura a relacio entre a revolugao dos pre-
moderno aumentaram seu poder? De gue cOS € a expansio ultramarina. Oual foi a
maneira eles se relacionavam com a principal causa da revolugio dos pregos?
bur-
BU€Sla comercial de seus pafses? Por gué?
Ee “ram OS pontos fracos e fortes do 6. O gue era o sistema de encosurd De gue
o espanhol? maneira a revolug&o dos preGos o favore-
ads 3 deere tomou a direg#o do go- Ceu?
ee ese €NgUaNto a maioria dos 7. O gue é capitalismo mercantil? O gue con-
4 Oue oe ia adotou o absolutismo? tribuiu para seu desenvolvimento?
orgas operavam na Europa do 8. A expansio européia deu origem a uma in-
s
erjodo moderno. , É lAVOTrece cipiente economia mundial. Discura essa
afirmacao,
e CAPITULO 10
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a Revolucao Cientifica e a Era


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O movimento em direg&o 3 modernidade inicjado


pela Renascenca fie
nificativamente acelerado pela Revolug&o Cientifica do sée
ulo XV
Revolugao Cientifica destruiu a cosmologia medi
eval e€ onbe
método cientifico — a observacso e experimenta&
o rigorosae sasrde
ca — COMO melo essencial de desvendar os segredos da natureza.
No Oc.
dente, um numero crescente de pensadores sustentava gue a natu
re
€ra um sistema mecénico, governado por leis gue podiam ser expressas
matemaricamente. As novas descobertas acenderam a imaginacio. A ciën-
cla substituiu a religi#o como rainha do conhecimento, ea razio, gue na
Idade Média estivera subordinada 3 religiëo, afirmou sua autonomia. A
grande confianga na razao inspirada pela Revolucio Cientifica conti-
buiu para o surgimento do Tluminismo, gue rejeitou explicitamente as
idélas e instituic6es do passado medieval e articulou as normas essenciais
da modernidade. *%

A visao medieval do universo*


Os pensadores medievais haviam elaborado um retrato coerente do univers9,
combinando as teorias de Aristételes e Ptolomeu da Alexandria com os €NSIN
mentos cristaos. Para a mente medieval, o cosmos era uma gigantesca escada
uma ordem gualitativa, gue ascendia aos céus. Deus situava-se no topo dese
universo hierdrguico, enguanto a Terra, inferior e vil, ficava na base, logo ad.
do inferno. Na visio medieval, a posig&o central da Terra significava due UP
verso centrava-se nos seres humanos, gue pelo designio de Deus os seres huma
nos — as nicas criaturas gue Deus dotara de razao e com a promessa de salvasdo
— @ram os senhores da Terra. Ao redor da Terra giravam sete esferas transparend*
cada uma das guais encerrando um “planera” — a Lua, Mercirio, VÊnuS "
Marte, Jupiter e Saturno. (Dado gue a Terra n&o se movia, nio era considera
Um planeta.) A oitava esfera, gue envolvia as estrelas, também girava em torne

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| KVer também capftulo 7.


A ascensdo da modernidade

est rel as hav ia uma esf era cele stia l, o Pri mei ro Mot or, gue imp ri-
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re ra go es . Fs sa or ie nt ag ao ba se ad a em do is mu
ruptiveis, Ou seja, nio sofriam al

n esse
rm on iz av a- se be m co m a pe rs pe er va Crista. j
dos ha
Tal como Aristételes, Prolomeu sustentava gue os planetas moviam-se ao sy
de s un if or me s. Na ver- :
rc ul ar es pe rf ei ta s e a ve lo ci da
edor da Terra em @rbitas ci ipse, e eles
po ré m, a tr aj et ér ia do s pl an et as nê o é um ci rc ul o ma s uma el
dade ,
um a ve lo ci da de co ns ta nt e, ma s ac el er am 3 me di da gu e se apro-
nio se movem a
So l. Po rt an to , Pt ol om eu de pa ro u co m pr ob le ma s gu e o le varam a in-
“mam do s
em a ex pe di en te s en ge nh os os an te ri or me nt e em pr eg ad os pe lo
corporar a seu sist
om os gr eg os . Po r ex em pl o, pa ra sa lv ar a ap ar ên cl a de 6r bi ta s ci rc ul ares,
astrên
o r-
Ptolomeu fez uso de epiciclos. Um planeta girava em torno de um peguen ci
r.
culo, um epiciclo, gue por sua vez descrevia ao redor da Terra um circulo maio
Atribuindo-se um nimero suficiente de epiciclos a um planera, este poderia dar
2 impressio de mover-se em @rbitas circulares perfeiras.
O modelo cosmolégico aristotdlico-ptolemaico parecla estar de acordo com o
bom senso e com uma percepeao mais imediata: a Terra de fato parece e d4 a sen-
r re po us o. E a va li da de de ss e po nt o de vi st a er a ap ar en te me nte
sag&o de esta em
confirmada pelas evidências, pois tal modelo permitiu gue os pensadores previs-
sem, com considerdvel precisdo, o movimento e a posiGao dos corpos celestes e o
dos eo o tempo. O modelo geocêntrico ea divisao do universo em dois mun-
superior e um inferior, também harmonizava-se com passagens contidas
nas Escrituras. Os filésofos escoldsticos adeguaram a ciëncia aristorélica e prole-
o asassisim uma dedescscriricacao emociona
malca a teologia cristê, , prodprouzduzininddo intelectuual-
jolnal e€ tn
die sari
mente atisfaréria: do universo,
, na gual tudo estava ordenado segundo um plano

U Ma nova visaiso da nature


za

vors
ds
eo Conaibulu para Revolugto Ciendfies
see Pe wadgsldade durante a Renascenca
em vlrios
levou 3 aspects. O
redescoberta
ME Re antigos — inclusive as obras de Arguimedes (287-212
parecimento de novas idéias no campo da mecênica —
ta traducCaOes mel horadas dos escritos médico de Gale
s no, um contemporêneo d e
oM
; is 284 Givilizacdo ocidental

Cronologia 10.1 * A Revolug&o Cientificae o TNWEE.


um INISMmO
N
oE 1543 A publicagao de Das revolugbes das esferas celestes de Co P.E
RS t €TNI
o inicio da astronomia moderna. FFnieg, marca
is 1605 Publicagao de Progresso do saber, de Bacon.
ol 1610 Publicagao de O mensageiro estrelado, de Galileu,
F afirmando 2 .
id ' midade da natureza. Unifor-

' 1632 Os €nsinamentos de Galileu s&o condenados pela


lgreja e ele € man
do em prisio domiciliar. g
Publicacao dos Principia mathematica, de Newton.
|| 16% Publicagao dos Dois #ratados sobre o governo, de Locke.
HE 1733 Publicag&o das Cartas sobre a naco inglesa, de Voltaire.
j 1751-1765
EE Publicagao da Emciclopddia editada por Diderot.
EL.
f | 1776 Declaracao de independência dos Estados Unidos.
. 1789 Tem inicio a Revolucao Francesa.

Ptolomeu, gue deram impeto ao estudo da anatomia. A arte renascentista tam-


bém foi um dos fatores do surgimento da ciëncia moderna, pois assocjava a Ie
presentagao exata do corpo humano a proporc6es matemdticas € regueria a aten-
ta observacio dos fenêmenos naturais. Ao definir em termos matemdticos 0 6”
paco visual e a relag&o entre o objeto e o observador, e delineando o mundo na-
rural com uma precisio cienrifica sem precedentes, a arte da Renascenga ajudoe
a promover uma nova visao da natureza, gue mais tarde encontrou expressao na
astronomia de Copérnico e Kepler e na fisica de Galileu.
O resgate renascentista das idéias de Platao e Pitdgoras, gue destacavam * He
temd4rica como a chave para a compreensio da realidade, também contribuil
para a Revolug&o Cientifica. Estendendo a todo o universo a harmonia mar
rica encontrada na misica, Pitdgoras (c. 580-507 a.C.) e seus seguidores a”
tavam gue todas as coisas tém forma, a gual pode ser expressa por numeros,
gue a realidade consiste fundamentalmente em relacêes numéricas possivels sd
serem compreendidas pela mente. Platio afirmava gue além do mundo dos pd
tos cotidianos, percebido por nés através dos sentidos, existe uma real idade ei
rior, o mundo das Formas, o gual Sien ooms ede inerente N
sê pode ser apreendida pelo pensamento. Os grandes pensadores da Revo
is Ciendifica foram influenciados Por essas antigas idéias da natureza COM
9
nê matemdtico harmênico cognoscfvel pela mente.
285

ie
A ascensio da modernidade

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Fa
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ico: o destronamento da Terra

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Go pé rm
Nicolau

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(1473-1543), as-

Dad
pérnico

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1
u
A astronomia moderna tem inicio com Nicola Co
mo. matemdtico € cOnego polonês. Copérnico anunciou gue a Terra é um

AE
ve
1
IT
e n t e c o m os de ma is , or bi ta ao re do r do So l, gu e oc up a u m a po -

Ts
we ptam
rd Fssa teoria heliocêntrica tornou-se o cerne de uma nova descriao

aa
ar
Me
en te su pl an to u a co sm ol og ia me di ev al . Ma s a te or ia he li o-
ds gue finalm e o
se av a em no va s ob se rv ag 6e s e da do s; o d u
-êntrica de Copérnico nao se ba do
levou a retirara Terra do centro do universo foi o cardter complexo e intrinca
, en di a se u se ns o de o r d e m ma te md ti ca . Pa ra Co pér-
do sistema ptolemaico due of m e u, tor-
o s ic ic lo s (o nd im er o fo ra a u m e n t a d o de sd e P t o l o
“co, os numeros ep
tria
o nd a ma is in tr in ca do ) vi ol av am a vi si o pl at ên ic a da si me
ando o model ai
matemdtica do universo.
rsia, Copérnico re-
Temendo due suas teorias pudessem iniciar uma contrové
susou-se de intcio a publicar seu trabalho; no entanto, persuadido por seus ami-
g0s, acabou cedendo. Sua obra-prima, Das revolucbes das esferas celestes, surgiu em
1543. Como receara Copérnico, seus pontos de vista realmente provocaram con-
trovérsias, mas somente no inicio do século XVII, mas de 50 anos apés a publi-
cacao de sua obra, é gue a nova astronomia tornou-se tema de debate apalxona-
do. A teoria copernicana assustou as autoridades dlericais, gue vigiavam as uni-
versidades e os pdlpitos, pois ela parecia contrariar as Fscrituras. Por exemplo,
diz o Salmo 93: “O mundo foi estabelecido de tal forma gue nao se pode mo-
ver”; eo Salmo 103 diz gue Deus “fixou a Terra em seus alicerces para gue jamais
fosse movida”. Em 1616, a Igreja incluiu no Index de Livros Proibidos todas as
obras gue atribufam movimento & Terra, entre elas Das revoluges.

Galileu: uniformidade da naturesa e fsica experimental


Galileu Galilei (1564-1642) é a principal razo de se ter denominado o sécu-
lo XVII “século do gênio”. Nascido em Pisa, Galileu era miisico e artista talento-
un culco; conhecia e apreciava OS cldssicos larinos e a poesia ita-
Mere " astrênomo fisico € ajudou a destruir a concepgio medieval
ears ad a perspectiva cientifica moderna. Galieu recorreu a tradigao
mn Ed aa ae a harmonia matemdrica do universo, € a Argui-
métriea do espaee ie engenheiro helenistico gue buscara uma compreensao geo-
Glen re
Sa G N ee
ie '
eed
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NEIG.
do universo
as
em reinos superior e inferior e preconi-
“ode um ed derno de uniformidade da narureza. Inteirando-se da inven-
€$cOpio na Holanda, Galileu construiu um para si € o utilizou para
INvestiEE ar Os CéuS —as a prim
Ie . eira
. pessoa a fazê-A lo. A partir de suas observacêes
, da
Galileu concluiu

Tue
- a if
superie
fici da im ndoGod é lisa, uniforme e perfeitamente esférica como um grande nu-
” dcréaita gue seja (bem como outros corbos celestes), mas irregular, dspe
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286 Givilizacio ocidental

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As esferas armilares segundo Copérnico e Ptolomeu. As esferas refletem as visêes antagénicas da


natureza do cosmos com gue depararam os eruditos no século XVI e inicio do século XVII.
Gradualmente, o heliocentrismo de Copérnico, apoiado pelas descobertas de Kepler, Galileue
Newton, suplantou o sistema ptolemaico. Szmitbsonian Institution Libraries.

e cheia de cavidades e saliëncias, sendo semelbante & superficie terrestre, marcada por
deias de montanbhas € vales profundos.

A descoberra das crateras € montanhas lunares levou Galileu a romper Co”


nOESO aristotdlica de gue os corpos celestes eram puros, perfeitos e ;murdveis. Parë
A nar
Galileu, nao havia diferenga gualitativa entre os corpos celestes e cerrenos
tureza nao era uma ordem hierdrguica na gual as entidades fisicas eram dispost?*
de acordo com a presenga ou ausência nelas de certos atriburos; tratava-sé, ET ver
disso, de um sistema homogêneo, idêntico do principio ao fim.
Com seu telescépio, Galileu descobriu as guatro luas na 6rbira de Jap jter 7
observag&o gue venceu a principal obje€io ao sistema copernicano. Galileu !
monstrou gue um corpo celeste podia, com efeito, mover-se ao redor de me
centro gue nao a lerra; gue esta nio era o centro comum de todos os corpos.”
lestes; e gue um corpo celeste (a lua da Terra ou as Juas de Japiter) podia of
Ya planera ao mesmo tempo gue gtrava em torno de outro corpo (o Sol).
dd

A ascensêio da modernidade 287 j|

eu foi o pio net ro da ffsica experimenral e antecipou a idéia moderna de


Galil da obs erv aga o dire ta e da
onh eci men to do movimento dev eri a deri var
ue oC
rela tiva s ao mov ime nto , enf ari zou a apl ica gao
a ca. Ao lida r com guestêes
mat r e m
e s rud o dos cor pos em mov ime nto e, ao est uda r a acel eraga0,
a t e m d r ica AO
da m
due env olv iam cui dad oso s calc ulos mat emd tic os. Para os
alizou experimentos
caia por gue esta va emp enh ada em alcangar
escolAsticos aristotélicos, uma pedracum pri ndo assi m sua mat ure za; esta va agindo
o lugar gue le cabi a no uni ver so,
s Ihe atri buir a. Gali leu rejeirava comple ra-
de acordo com o prop6sito gue Deu
ente a opinido de gue o movimento devia-se a alguma gualidade inerente do
ele gue o mov ime nto é a rela gao dos cor pos com o tempo ea
objeto. Afirmava
gue€ Oo COr pos caf am seg und o leis uni for mes e guantific4-
distincia. Ao sustentar sis tem a
um sistem a con cei tua l tot alm enr te dife rent e. Esse
veis, Galileu postulou
est ude mos os Ang ulo s e as dist ênci as € bus gue mos raz6es matemdri-
reguer gue
o atri buro e o pro pos ito do obje to — o pape l gue Deu s Ihe
aas, evitando indagar
concedera num universo hierdrguico.
leu, o uni ver so era um “liv ro gra ndi oso (...) escr ito na lin gua gem da
Para Gali
mat emd tic a € Cujo s Cara cter es s3 trië ngul os, cfrc ulos e outr as figu ras geo mét ri-
cas, sem as guais é humanamente impossivel entender uma tinica palavra nele
contida”:. Seguindo a tradigao de Plario, Galileu buscou compreender os princi-
pios matemAticos gue governam a natureza e conferiu autoridade absolura a ma-
temdtica. Como Copérnico e Kepler, acreditava gue a maremdatica expressava a
harmonia e beleza da criaao de Deus.

A critica & autoridade


| Enfarizando gue a verdade fisica era alcangada mediante a observaGao, a expe-
rimentagso e a razao, Galileu censurava com veemência a confianga na autorida-
de. Para os pensadores escoldsticos, Aristêteles era a autoridade suprema em gues-
(Oes relativas 3 natureza, e a instrucio dentro das universidades baseava-se em
met obras. Esses aristorélicos doutrindrios irritavam Galileu, gue os acusava de
or os de os olhos para a natureza € o novo conhecimen-
de ee ee mi missa le em textos anrigos, Em Didlogo sobre os
WENE ie er Ps e mundo — prolemaico e copernicano (1632), Galileu exal-
edele pérnico e combateu a aceitagdo inguestionada dos ensinamen-

ld ee me as autoridades da Igreja carélica romana por renta-


bla To Gnkas er rs Argumentava gueas passagens conrtidas na Bi-
Odeta snoer Ee to em guestoes gue diziam respeiro a narureza.
para Desejava sieapleee ak tevea intengao de usar a nova cléncla para sola-
Woens ee Ee ente an a Ciéncia da religiao, de modo due a ra-
tureza. Ele nio podia acred Haieos atores decisivos nas guestoes relarivas a na-
inteligneies Po me gue “Deus, tendo nos dorado de senridos, razao e
due fizéssemos uso dessas faculdades para obter co-
288 Givilizacio ocidental

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Esbocos das fases da lua,
do Caderno d
notas de Galileu Galilei,
1609-1610 '
Guando olhava ao telescépio, Galleu
vla somente sombras. Mas tendo
aprendido, como artista, os principios
da colorac3o dlaro e escuro para
aumenrtar ou reduzir distêincias, sabia
gue aguilo gue observava era uma
representacao de objetos reais — no
caso, montanhas e vales. De modo um
ranto satirico, Galileu comparou a lua3
Boëmia. Biblioteca Nazionale Central,
Florenca

nhecimento. Para Galileu, o objetivo das Escrituras era ensinar As pessoas as ver
dades necessdrias para a salva€&o, nio instrui-las nas operagêes da natureza, pols
Isso era tarefa da ciëncia.
O apoio de Galileu a Copérnico despertou a ira tanto dos filésofos escoldsti-
cos guanto do clero, temerosos de gue o impetuoso cientista colocasse em risco
uma descrigao de mundo gue contava com o apoio de autoridades antigas resp
rAveis, da Biblia sagrada e da tradicao escoldstica. J4 traumatizados com a ame”
ga protestante, os oficiais carélicos fechavam-se a guaisguer idéias gu€ pudessem
minar a Crenca e a autoridade tradicionais.
Em 1616, a Congregag3o do Index, érg&o de censura da Igreja, condenou%
ensino das idéias de Copérnico. Em 1633, j& velho e enfermo, Galileu foi CONVO*
cado a Roma. Julgado e condenado pela Inguisic&o, foi obrigado a abjurar * eo
ria copernicana. Para evitar prejudicar-se e certo de gue a verdade finalment*
perpéruA”
prevaleceria, Galileu curvou-se 3 Inguisicao. Foi sentenciado & prisdo
cuja maior parte ele campriu como prisio domiciliar em sua prépria guint*
proximidades de Florenca —, o Didlogo foi banido e ele, proibido de escr
eve”
jc30 s
bre as idéias copernicanas. Somente em 1820 a Igreja suspendeu a proscrid
teoria de Copérnico.
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A ascensio da modernidade 289

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do mo vi me nt o

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Johannes ke pl er : le

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o al em ao , co mb inou a

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Hannes Kepler (1 57 1- 16 30 ), ma te md rt ic o e as tr on om

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mp re en de r a ha rm on ia ma te ma rc a dentro da

da ( OE. EE
ies rico-placênica de co

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of un do co mp ro mi ss o co m o cri sti ani smo lut era no. Ele susten-

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has Pe ha rm o-
i Mos ser es hu ma no s a ca pa ci da de de en te nd er as leis da
elke,

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ava gue Deus CE ai
!

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niaeda propoISa 9- cob rir a ha rm on ia ge om ét ri ca
Como legitimo pitagorico, Kepl er ans lav a des

ad!
“mu isi ca das esf era s”. 'Ta l co nh ec im en to , acr e-

AA Mel Leken
Janetas— o gue ele chamou de

EI ETE ES
re en sa o da me nt e de De us . Se m duvida , essa
levaria & suprema co mp
e nd eu o pot enc ial cri ari vo da im ag in a€ &o , mas para gue pu-
ac
gualidade mistica

fe
ha de ser disciplinada pelas faculdades racionals.

REIN
ciarin
desse ser dril 3 ciën pla ner dri o, gue pu se ra m
ica s do mo vi me nt o
Kepler descobriu as três leis bds

ma
Par a iss o, uti liz ou os da do s col igi dos por Ty cho
im 3 cosmologia ptolemaica. em ar ic am ente os
€s due por vin te ano s ob se rv ou si st
Brahe, astrênomo dinamardgu ais al ca ngada
ran do sua s pos ico es co m um a pre cis ao jam
astros e planetas, regist delo heliocën-
bu sc ou ad eg ua r as ob se rv ac êe s de Ty ch o ao mo
até entao. Kepler
trico de Copérnico.
lei de Ke pl er de mo ns tr ou due os pla net as se mo ve m em '6 rb itas
A primeira
pti cas — e nio cir cul are s, co mo Ari stê rel es, Pt ol om eu e me sm o Copérnico
eli
o — e gue o Sol é o cen tro da eli pse . Ess a de sc ob er ra de gue a
haviam acreditad
trajetéria de um planeta era uma oval simples eliminou todos os epiciclos uri-
de
lizados para preservar a aparência de movimento circular. A segunda lei
Kepler mostrou gue os planetas nao se movem a uma velocidade constante,
conforme se supunha até entio, mas aceleram ao se aproximarem do Sol; além
disso, Kepler também forneceu a regra para se determinar a velocidade de um
planeta em cada ponto de sua @rbita. A terceira lei estabeleceu uma relagao
matemdtica entre o tempo gue um planerta leva para completar sua 6rbita € sua
distência média em relac&o ao Sol. Com base nessas leis, era possivel calcular
com precisio a posicao e velocidade de um planera num dado periodo de tem-
Po— outra indicagao de gue os planetas ligavam-se entre si num sistema mate-
matico unificado.
je de s Cuidadosa observagio dos faros, as leis de Kepler do movimento
ram reforgo A teoria de Copérnico, pois somente faziam sentido num
Aniverso heliocëntrico. Mas por gue os planetas se moviam em @rbiras elipticas?
Por due po
Kepler en oeltavam
nao seooso no espago ou Fcoliid;diam com o So Sol? P Para essas guestoFes
grande Cientists e Me respostas sarisfarêrias. Foi Isaac Newton (1642-1727), o
emdrtico britênico, gue chegou a mecanica celeste, combi-
"
Nnando d
stronomia de Copérnico e Kepler a fisica de Galileu, e explicou o com-
2 s #

Amento dos planertas.


290 Givilizacéo ocidental

A sintese newtoniana

A publicagao, em 1687, dos Principios matemdticos da Flosofia


$. Newton, marca o apogeu da Revolucio Cientifica. Newton eel de Isaac
jy movimento gue reuniram todos os objetos terrestres€ celestes nu OU Erés leis
|| mecanico, cujas partes trabalhavam em perfeita harmonia e “1 VAStO sister,
' Cujas c s
diam Ser @xpressas em termos matemdticos. Dado gue a Me
er

0-
dr

pérnico era essencial a sua abrangente teoria do univ Mila de C


sa
ele
dr

re

erso. Newton of
idee

O-
bi
f

oge

matemartica do sistema heliocêntrico, dissipando a OPOSiCAO a ela ”Erecëu pro


ETE
,
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EF;

fe

af

A primeira lei de Newton é o principio da inércja:


” EF]
kel

um COrpo em n
del El ak

1
od. AE

nece em repouso a menos gue uma forga aja sobre ele, & um Corpo
Eie

re Ee
MT
EE

retilineo continua a mover-se em linha reta, 3 mesma velo


Er de
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ET.

cidade, a menos N
ree
sd
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forca aja sobre ele. Um corpo em mOovimento nio reguer uma


ek

forca para ye
al
EE
n

lo
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em movimento, tal como acreditavam os pensadores


Ys
AE
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'

antigos e medievais. Um; Ver


EE
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hierde
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ao

iniclado o MOVIMENLO, OS COFPOS CONTINUAaM 4 MOVer-se; O MoVi


rd Er

mento é uma cop.


OE
m

ad.
Ese

T .
od

digzo (ao natural guanto o repouso. A segunda lei de Newton


me
Eph

afirma gue uma de-


ia-

PER ER
use

terminada forga produz mudangas mensurdveis na velocidade de um


pl re
ageer. sekel

COrpo; a mu-
h.

N AE
ME

danga de velocidade de um corpo é proporcional & forca gue atua sobre ele. A
`

er
Amal Bal Par

ter-
Em

mr

ceira lei de Newton postula gue a cada ago ou forca corresponde uma reaco ou
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*

ER
“ra s1 wake ae er (ES NPEd ed

forga igual e oposta. O Sol atrai a'Terra com a mesma forga gue a Terra exerce sobre
Si
ALE
OE

ele. Uma mag, ao cair no chao, est sendo atraida pela Terra, mas a maci também
' ed mk. Pl

atra1a Terra na sua dire&o. (Contudo, como a massa da maci é muito peguena em
OE
TE

ae
oer

cOmparag&o com a da Terra, a forca gue a mac4 exerce sobre a Terra nio produ
.
MET

nenhuma alterag&o visivel no movimento terrestre.)


fe
ES
5
aoOP

Newton sustentava gue as mesmas leis de movimentoe gravitacio gue operam


je
as,

so ke
EE
ia

no mundo celeste também regem o movimento dos corpos terrenos. As leis me


aa
Ë
ER
-
7

CAnicas comuns explicam tanto por gue as macis caem no solo como por gu€ os
Pa

EL ET

F
Es RE,

planetas orbitam ao redor do Sol. A fisica newtoniana pês fim 3 divisdo medieval
MT;
MR PER

m
Ra

do cosmos em mundos superior e inferior, cada um dos guais governado por leis
el,

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id
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distintas. O universo é um sistema mecênico integrado e harmonioso, du *


EE
eg
LOT

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mantém intacto pela forga da gravidade. Ao demonstrar gue o universo apreser-


FEE

-
el '
se

ta uma ordem matemd4rica inerente, Newton compreendeu a visao de Pirigoras€


f
ad

Plat&o. Os contemporêneos de Newton acharam gue ele tinha desvendado dos


ME
71
Va
ie

os mistérios da natureza: o universo podia ser totalmente explicado. Era comoS*


Newton tivesse penetrado a mente de Deus.
Profundamente comprometido com o cristianismo anglicano, Newton se
servou em sua cosmologia uma posicio central para Deus. Para ele, Deus Fa :
arguiteto supremo, cuja sabedoria e engenho eram responsdveis pelo magn! sd
projeto da natureza. Ele também acreditava gue Deus podia intervir em SU? -
G&o e gue nao havia conflito entre os milagres divinos e um universo mecinie
No entanto, Os pensadores deistas das gerac6es seguintes (ver pp: 297-8) pass
I
291

re
A ascensio da modernidade

LR
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F
bertas newtonlanas sobre a composigao da luz também lancaram as

ER
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Newton era um experimentalista cauteloso gue valorizava os pro-

GE
AS desco

EenEN
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bases da OCICa- jicos, como extrair condlusêes pertinentes de dados compilados.


Ps mecênico de Newton como sua defesa do método experimen-
j

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| foram as pedras fundamentais da era do Iluminismo.

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c i a m o d e r n a

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Profeta s d a c i ë n

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ac6 es da Rev olu gao Cie nti fic a est end era m-s e alé m da cri aga o de um
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uni ver so. Ta mb ém inc lui ram a for mul aca o de um novo método
hovo modelo do

EE
g5o da nat ure za € o rec onh eci men to de gue a cië nci a pod ia servir a
de investiga
dad e. Doi s pen sad ore s con tri bui ram par a art icu lar os efei tos da Revolu-
humani
dade
dio Cienrifica: Francis Bacon e René Descartes. Ambos repudiavam a autori
de Aristêteles € outros antigos nas guestêes cienrificas e insistiam na adogio de
novos métodos de busca e avaliagio da verdade.

Francis Bacon: o método indutivo


Sir Francis Bacon (1561-1626), estadista e filésofo inglês, defendeu energica-
mente o avanco da ciëncia e do método cienrifico. Embora ele préprio nao pos-
suisse laboratério nem tivesse feito nenhuma descoberta, seu apoio ao método
cientifico |he valeu a reputa€ao de profeta da ciëncia moderna. Bacon atribuiu o
limitado progresso da ciëncia ao longo das eras 3 interferência dos filésofos esco-
lsticos, gue buscavam combinar as teorias da natureza com os reguisitos das Es-
crituras. Também acusou Os pensadores escoldsticos de aderirem servilmente as
doutrinas de Aristételes, gue impediam o pensamento independente e a aguisi-
Cao de novas informacêes sobre a natureza. Para obter novos conhecimentos e
melhorar a gualidade da vida humana, dizia Bacon, devemos deixar de nos apoiar
“M textos antigos; as velhas autoridades devem ser descartadas. Ê preciso encon-
'Tar uma nova forma de buscar e organizar o conhecimento.
O método advogado por Bacon como caminho para a verdade e o conheci-
“'€nto dril era a abordagem indutiva: a observacio cuidadosa da natureza e a
“Ompilagao sistemdrica de dados; extrair leis gerais com base no conhecimento de
PTOposigêes particulares; e testar essas leis mediante a experimentagao constante.
EE ee circulago sangiifnea, o médico bricênico William Harvey 1578-
amper Pe de Bacon, empregou com êxito a inducio baconiana.
Mee ' a ees essencial da ciéncia natural moderna, Bacon ataca-
escritos en; sr 4strologla, magia e alguimia por seus erros, seu encobrimeno
ie od ve om Insistindo energicamente na busca de uma pesguisa cienri-
de pie Persie due pudesse ser abertamente cricicada.
ae OD ale ee a apreciar o valor da nova ciëncla para a vida
0, dizia ele, deve ajudar-nos a utilizar a natureza em

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292 Givilizacdo ocidental

Gravura de René Descartes (1596.


1650) ensinando a rainha
Cristina, da
Suécia. Descartes destacava-se entre
OS
principais cientistas da época poraue
acreditava entusiasticamente na
inteligéncia das mulheres gue o seguiam
e se correspondiam com ele. Rejeitando
a autoridade, afirmou confianga na
capacidade da mente humana de
alcangar a verdade através de suas
préprias faculdades. Jeza-Loup Charmet

beneficio da humanidade; deve melhorar a gualidade da vida humana promoven-


do o comércio, a industria ea agricultura. Afirmando gue conhecimento é po
der, Bacon instigava o Estado a fundar instituic6es cientificas e exaltava o pro
gresso tecnolégico e as artes mecênicas.

René Descartes: o método dedutivo


O método cientifico compreende duas abordagens do conhecimento ra
te complementares entre si: a empfrica (indutiva) e a racional (dedutiva). Na j d
dagem indutiva, empregada em ciëncias descritivas como biologia, anatomla € ,
logia, extraem-se principios gerais a partir da andlise de dados coligidos ad ie
observagao e da experimentagëo. As principais caracterfsticas do método In ae
como vimos, foram defendidas por Bacon, gue considerava os dados pere
da experiëncia senséria como o alicerce do conhecimento. Na abordagem %
va, empregada na matemdrtica e na fisica tebrica, as verdades s30 derivadas, 2 i ii
sos sucessivos, de principios elementares, axiomas irrefutdveis. O método de ik
toi formulado no século XVII por René Descartes (1596-1650), matemAHco
sofo francês, considerado também o fundador da Blosofia moderna-
Em Discurso do método (1637), Descartes expressou seu desapon amen”
BA aar ER saber de sua época. Uma vez due grande parte daguilo em gu€ ele ac e snte
gom base na auroridade se revelara falso, Descartes resolveu buscar So”
Ed P

,
ase
ge ya a
# Ee , TEE lag 1 RA Z
BERE Se N Y ET ed 'N
A ascensio da modernidade 293

) ecimento due pudesse encontrar dentro de si mesmo ou na natureza. Re-


con do Como absolutamente falsa gualguer coisa sobre a gual pairasse alguma
EE
Je bra de divida, empenhou-se em encontrar uma verdade irrefutdvel gue ser-
m ta r do co nh ec im en to , a bas e de um si st ema filos6fi-
' e COMO principlo -lemen
vis
n t € a b r a n g e n t e .
co amplame a b a l d v e l : a d e g u e e r a e l e
m a t n i c a v e r dade cert e a i n
Para Desc a r t e s h a v i a u foi o po nt o
Su a fr as e 'P en so , lo go ex is to ”
guem produziaa ddvidaea reflex&o. id er ad o o fu nd ad or da lo ”
de partida do seu conhecimen to : De sc ar te s foi co ns
ia mo de rn a po r ter in ce nt iv ad o os in di vi du os a gu es ti on ar em e, se ne ce ss d-
sof
ga s tr ad ic io na is e po r ter pr oc la ma do a in vi ol dv el
Ho. destronarem todas as cren co mp re en de r a
ci a da me nt e, su a ha bi li da de e di re it o de
utonomia € importên oas
ag 6e s so br e o po de r da me nt e co ns ci en ti za ra m as pe ss
erdade. Suas declar
da de de en te nd er o mu nd o me di an te su as pr ép ri as faculdades
de sua capaci
mentais.
l
Descartes considerava o método matemdtico como o caminho mais confidve
eg ar a um co nh ec im en to se gu ro . Ap li ca nd o o ra ci oc in io ma te md ar ic o
para se ch
a0s problemas filoséficos, podemos alcangar a mesma certeza € clareza evidencia-
das na geometria. A matemdtica é a chave para entender tanto as verdades da na-
tureza guanto a ordem moral subjacente na existência humana. A abordagem ma-
temdtica ou dedutiva defendida por Descartes consiste em encontrar um princi-
pio evidente por si mesmo, tal como um axioma geométrico, e dele deduzir ou-
tras verdades através do raciocinio légico. O método dedurivo cartestano, com
sua énfase matemdrica, complementa com perfeigao a abordagem induriva de
Bacon, gue ressalta a observac&o e a experimentagao. As realizag6es cientificas dos
tempos modernos tiveram origem na habilidosa sincronizagio dos métodos in-
durivo e dedurivo.

O significado da Revolucio Cientifica

gade erodeer produzida pela Revolucio Cienrifica em nossa con-


do individue j me acabou por transtormar rtambém nossa COMPreensao
is. tor ade € do propé sito da vida. A Revo luci o Cient ifica foi,
portant.
Pr n na construcio do mundo moderno. Fla destruiu a
mais além das i ' d ga a Terra ocup ava a posig ao central, o céu si-
“Hava-se
hierrguica ede ee Ixase cada objeto rinha seu lugar numa ordem
“0 homogêneo, de es | Ee sticuindo-a pelo concelro moderno de um univer-
tes. Estavam, kode ms ma e com um nimero infinito de corpos celes-
NOG3o de ne Ee arreiras gue separavam os céus da Terra, bem comoa
ea toda vida animal € ve he” gie Proposieo definitivo a todos os objetos narurais
nham um papel ad , enfim, de gue no plano de Deus rodas as Coisas ti-
I ie olhos poele Deus guer DIE ver ADS e chove
Porgue Deus duer due as
plantag6es crescam. Descartando a idéia de propdsitos
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294 Givilizacio ocidental

Gltimos, a ciëncia moderna examina a natureza fis


ica pelas relacg
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e cComposigées guimicas. soes “atemdri,


Nos séculos seguintes, os efeitos ulteriores da nova co smo
dese ea

logia PTOVv
grande inguietagao. A convicg&o de gue Deus criara o UNI “E ocar
te
ir

TSO para el
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a Terra no se movia sob seus pés e de gue ela era o centro da es, d
criac3o divi
conferido aos povos medievais um profundo sentimento de S na he
Eguranca,
por gue estavam agui € nunca duvidavam de gue o céu era lugar der Sabiam
oet ala
ge GEE EE ME
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para os fiéis. A astronomia de Copérnico destronou a Terra,


*
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Pan me ie
1
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manos de sua posigao central e sugeriu um universo


al df

infinito. Nos ele is


XVIL, poucos pensadores foram capazes de entender totalm
a

ente o Pn
desse desalojamento. No entanto, nos séculos gue se
seguiram, essa die
formag&o cosmolégica revelou-se to traumdtica para a mente mod
erna EE
fora para a mente medieval a expulsio de Adzo
e Eva do Jardim do Fden ab
mos hoje gue a Terra é um entre muitos bilhêes de Corpos celestes, um
soog se
nisculo no infinito oceano césmico, e gue o universo tem cerca
de 12 bilhêes de
anos. Seria possivel gue tal universo tivesse sido criado apenas para os sere
s hu-
manos? Poderia ele conter um parafso gue garantisse vida eterna para os fiéisc
um inferno com chamas e tormentos eternos para os pecadores?
Poucas pessoas na época estavam cientes das profundas implicacêes da no
cosmologia. Uma delas foi o cientista € matemdtico francêés Blaise Pascal (1623-
1662). Catélico devoto, Pascal ficou amedrontado com o gue ele denominou '
silêncio eterno desses espagos infinitos” e percebeu gue a nova ciëncia poderia fo-
mentar ddvidas, incerteza e ansiedade, ameacando a Crenca.
A concepgëo de raz&o proposta por Galileu e outros pensadores do perlodo
divergia fundamentalmente daguela dos escoldsticos medievais. Para estes, a m-
zZa0 era um instrumento util na contemplacao da verdade divina; como al, el
tinha sempre de estar a servico da teologia. Influenciados pelo novo espirito cen
tifico, os pensadores agora vlam a investigacio da natureza como a pr incipal Ed
pa€ao da razëo. E nao sê isso; para eles essa era uma atividade auténoma, livre da
submissao & autoridade teolégica.
A Revolucio Cientifica estimulou o desenvolvimento de um espirito critico €
racional entre a elite intelectual. Os elementos cartesianos da divida mer6dlcs
da rej eicdo da autoridade e da ênfase na clareza, precisaoe exatidao de uma ser
bem como a insistência baconiana na verificacio, impregnarama perspecdY*
pensadores iluministas do século XVIIL eles consideravam a magia, OS encan”,
mentos, os demênios, a feiticaria, a alguimia e astrologia como superstigOes s
gares. Argumentavam gue os fenêmenos atribuidos a forcas ocultas podiaar”m
explicados recorrendo-se as forgas naturais. Abriu-se €nt3o uma grande
nas supel* d
entre a elite intelectual € as massas, gue continuavam mergulhadas
goes populares € comprometidas com o dogma cristêo tradicional. :
Os criadores da ciëncia moderna nio combateram as igrejas, pois pal” eles
EE avia nenhum sério conflito entre o Cristianismo tradicional e a NOV vi
an Ao

HIVErso fisico. Na verdade, acreditavam estar desvendando as leis natural


%
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A ascensio da modernidade 295

ee EE
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a mente humana era capaz de com-

ge ek eed
Deu s na Cri aga o — gue fin alm ent e
ruidas POT Deu s. Mas a nov a cos mol ogi a e a nov a per spe cti va

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Hum ini smo a duv

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O novo espirito critico levou os pen sad ore

NE
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ompativeis

plas!
EE
o inc
Jade literal contida na Biblia e a rejeitarem os milagres com eles
gue ens ina a cië nci a sob re a reg ula rid ade da nat ure za. Diz iam
P , uilo
Do fora tdo bri lha nte na ela bor aci o do uni ver so, e gue a narureza era um
ie
o, gue sua ope rag ëo dis pen sav a a int erv eng ao divi na.
mecanismo (AO reguintad
Nas gerag6 es gue se seg uir am a Rev olu gio Cie nri fic a, a teo log ia, por mui o tem -
ele vad a for ma de con tem pla gao , foi acu sad a de con sti tui r
po -onsiderada a mais
ens ao ou me sm o rej eit ada com o irr ele van te, € os clé rig os
uma barreira 3 compre
Para muitos
rapidamente perderam sua condicao de drbitros do conhecimento.
teo log ia par eci a esté ril e ine fic ien te, em com par aga o com a nov a
relectuais, a
Eng uan to a cië nci a pro met la a cer tez a da mat emd tic a, os teë log os pare-
céncia.
pior,
ciam estar infinitamente tergiversando sobre guestêes insonddveis e, ainda
inconsegiientes. E gue ranto sangue tenha sido derramado por causa dessas gues-
(Bes contribuiu para desacreditar ainda mais a teologia. Nas academias cientifi-
cas, nos salons € nos cafés, homens e mulheres letrados reuniam-se para discurtir
2s novas idéias, enguanto os periédicos divulgavam o novo conhecimento para
leitores 4vidos. A cultura européia passava por uma grande transformag&o, mar-
cada pelo triunfo de um espfrito secular e cientifico entre a elite intelecrual.
A Revolucëo Cientifica repudiou a confianga depositada em Aristéreles,
Ptolomeu e outras autoridades antigas em assuntos relativos & natureza, subsri-
tuindo-as pelo conhecimento derivado da observagio, da experimentagao e do
raclocinio matemdtico. A mengdo a uma autoridade antiga ja nio era mais sufi-
ciente para atestar um ponto de vista ou vencer um debate. O novo modelo de
conhecimento derivava da experiëncia com o mundo, nao de textos antigos ou
de opiniëes herdadas. Essa nova perspectiva teve efeitos de longo alcance para
2 era do Huminismo. Se a autoridade dos pensadores antigos com respeito ao
ee AE N he waa entao nao se poderlam guesrionar rambém
as em erdadas — tal como, por exemplo, o direito divino dos reis de
' Impressionados com as realizacêes da ciëncia, muitos intelectuais
Come saram a Ins istiir na aplijca
caca
INSist g&o do méto
: do cie
' ntifico a todos os campos do
conhecimento.

Pe rd e ger ada pela Rev olu cao Cie nti fic a serv iu de alicerce para o
mde
de Da a con fia nga dos pen sad ore s no pod er da men te — gue
desvendara as Fi
has oapaeidade sie —, a Revolucio Ciendifica forraleceu a confianga
SOP tor Oë as €xXpressas pelos humanistas renascentistas. Acreditava-
€MPO, o método cienddfico revelaria todos os segredos da nature-
da,e d hu Man! j
Ko dade, ei do all1 da
adguirin malsj conhecim
1 ento é controle sobr € aa na-
23, dvancCarla rapidamente.
296 Givilizacio ocidental

si
di A Era do Huminismo: afirmagio da razaoe d f
d berdad.
N O Iluminismo do século XVIII coroou o MOVimento em dire
rsa
se dade, iniciado na Renascenca. Os pensadores luministas oe Modern.
N n ERA,

aspiravam a €riar uma sociedade mais racjonal e humana. - e " PPilosophe


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TR TEE arie
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tivo, atacaram a idéia medieval de um outro mundo, N “SS obje.


Er MURE,”
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guanto caminho da verdade, criticaram o Conceito Cristao da de - 'eologia en-


ye-
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VAGAO Ineren.
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te dos seres humanos e buscaram cOompreender a natu Teza


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mente através da razao, sem o auxdlio da revelacao ou da auto


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ridade sacerdorsl
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Adotando o método cartesiano da divida sistemdtic a, due


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stionaram todas
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opinibes e tradigées herdadas. “Achamos gue o maio F SErVIGO a


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prestar aos ho.


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mens, disse Denis Diderot, “é ensind-los a usar a razëo, a SOmente


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aceitar
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verdade aguilo gue verificaram e comprovaram”4. Os filésofos


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Huministas ad.
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tavam estar inaugurando uma era de luz. Pelo poder da raz&o,


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a humanidade
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estava Hnalmente se libertando dos grilhêes da ignor&ncia, da Supersticëo e dy


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despotismo com os guais tiranos e sacerdotes a haviam aprisionado nas gerac6es


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passadas. Paris era a capital do Iuminismo, mas havia Philosophes e adeptos de


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seus pontos de vista em guase todas as principais cidades da Europa ocidentdle


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da América do Norte.
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Em muitos aspectos, o Iluminismo foi uma evolucio direta da Revoludo


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Cientifica. Os philosophes buscaram ampliar o conhecimento da natureza e apl


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car o método cientifico ao universo humano, afim de revelar as falhas da socie-


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dade e realizar assim as reformas apropriadas. Newton descobrira leis universais


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gue explicavam os fenêmenos fisicos. Os philosophes entêo indagavam: nio have-


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ria também regras gerais gue se aplicassem ao comportamento humano e as ins


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rituiges sociais? Seria posstvel criar uma “ciëncia do homem” gue correspondes
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se a ciëncia da natureza de Newton e a complementasse — gue fornecesse respos


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aos problemas do universo social, da mesma maneira du€ *


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tas claras e seguras


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Ciência newtoniana resolvera os mistérios do mundo fisico?


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mesma metodologia gue Newton empregara para estabe oo


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seguro do universo fisico, os philosophes esperavam chegar


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um conhecimento
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leis irrefutdveis gue operavam no Ambito da sociedade humana. Aspiravam coF


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formar a religiao, o governo, o direito, a moral e a economia a essas leis natural


Acreditavam gue todas as coisas deveriam ser reavaliadas para verificar $€ estavar"
de acordo com a natureza, isto é, se promoviam o bem-estar humano.
Ao defenderem a metodologia cienrifica, Os philosophes aftmaram 9 f.
pela capacidade da mente e pela autonomia humana. Os individuos Sa0 indep
dentes, insistiam eles. A mente é auto-suficiente; rejeitando a intervengao oos
ro ou da autoridade principesca, ela conta com sua prépria habilidade de R st
e confia nas evidências de sua prépria experiëncia. Negando a autoridade er
GE ie digao, os philosophes gueriam gue as pessoas tivessem coragem de romP erf bus
ore ” " EE ie , , nSo,

:renas € 1NsHEUIGDES JUE NO resIstissem ao exame da razio e do bo m se ie


@ando novos guias ortundos da raz&o. O; numerosos exemplos de injustige

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A ascensio da modernidade 297

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no sei o da soc ied ade ult raj ava m os phi los oph es. Porik trs de
j e e supersti€ao
dad ea
man
to mundano, existia uma veemente indigna-
zo 3 razaAo € ao conhecimen
instituicêes e crengas gue degradavam os seres humanos.

DAE PELSER
za ao cri sti ani smo : a Pus ca de uma religiëo natural

id AE
Acri
a m r a g u e i n c e s s a n t e ao c r i s t i a n i s m o

ed
Os Blésofos do Huminis m o inic i a r u m a
t i g d o , r o p a g a r a i n s e n s atez € pro-
!
radicio n a l , ac u s a n d o - o de a l i m e n t a r a s u p e r s p
e g u i g a o - A p o i a n d o - s e n o s f a r o s d a e x p e r i ë n c i a , con-
over o fana t i s m o e a p e r s
forme ensinar Baca o n , OS f i l 6 é s o f o s r e j e i t a r a m m i l a g r e s , a n j o s d e m @ n i o s cCOMO |
i s i a c ê e s d a i m a g i n a g 3 o , c u j a e x i s t ê n c j a er a i m p o s s ivel
violac6es das leis narura € cr i a s p i-

Pk
a d a a s n o r m a s d a e v i d é n c i a . A p l i c a n d o ao t e x t o d a B i b l o e
de ser verific pel

deu
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n i o t i c u l o s o , a s s i n a l a r a m d i s c r e p ê n c i a s f l a g r a n t e s en-
sto cartesiano de racioci mer
g e n s b l i c a s e c o n s i d e r a r a m a b s u r d a s as t e n t a t i v a s d o s t e ë l o g o s de
re vi rl as p a s s a b i
r e m s n t r a d i c 6 e s . T e n d o a c i ë n c i a c o m o a l i a d a , g u e s t i o n aram a pre-
esolve essa c o
m o d e r v e r d a d e s i n f a l i v e i s e r i d i c u l a r i zar am
tenso do cristia n i s de ter e m s e u p o
g o s b a t e r e m g u e s t ê e s s e m s e n r i d o e f o r g a r e m a o b e d i ë n c i a a dou-
os teëlo por de
trinas gue desaflavam a razao.
ar
Os Glésofos iluministas combateram também o cristianismo por consider a
a t u r e z a h u m a n a p e c a m i n o s a e os s e r e s h u m a n o s d e s a m p a r a d o s sem a ajuda de
n
Deus; por dirigir a aten€&o para os céus, ignorando a felicidade humana na Terra;
e por impedir a aguisico de conhecimentos trteis ao proclamar a auroridade su-
prema do dogma e da revelacio. Argumentavam os filésofos gue as pessoas, as-
sustadas e confusas por causa da religigo, haviam sido subjugadas pelo dlero e
pelos tiranos. Para estabelecer uma sociedade esclarecida, era preciso destruir o
poder clerical, repudiar os dogmas cristaos e purgar a alma européia do fanaris-
mo gue produzira os horrores das Cruzadas, a Inguisigio e as guerras da Refor-
ma. Os filésofos romperam com o passado cristêo, embora tenham preservado os
elementos essenciais da moralidade crista.
a n g o i s M a r i e A r o u e t ( 1 6 9 4 - 1 7 7 8 ) , c o n h e c i d o m u n d i a l m e nte como Volrai-
Pr
6, toi o lider reconhecido do Iluminismo francês. Poucos philosophes tiveram
ie ER ea 3 ee nenhum possuia espirito mas arguto. Vivendo exi-
admiragio pel N : T is da década de 1720, Volraire desenvolveu grande
dia teligiose, As ” ade ing ms bem como por seu comércio, léndla € rolerên-
Ee h o s o e p é r i c a s de V o l r a i r e f o r a m d i r i g i d a s c o n t r a o €r is -
e a l dl e a r r i b u f a m u i t o s d o s m a l e s d a s o c i e d a d e t r a n c e -
sa. Voltaire andr M
gue algum dia eri rs o €ristianismo como a superstigao do culto de Cristo
estruida “pelas armas da razao”'. Muitos dogmas cristaos
30 Incom AM
GuEroe preensiveis, dizia Voltaire, e no entanto os Cristaos massacraram uns aos
ë ` s
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dee
F para impor obediëncia a essas dourtrinas.
Gans ie ene”, ad fossem arefstas, a malioria deles era deista, in-

deistas
entandobuscaram
Ede Beeed! ma us.
religiëoo-LEYI,
natural due 8se dek RE Os
ajustasse a razao e a Clência,
$40 cCrista as exigências da nova ciëncia. Negaram a Bi-

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T !ki 'N,
298 Givilizacio ocidental

blia como revelagao de Deus, rejeitaram a aut


RE . Ë j SToridade do clero re
mistérios, profecias e milagres cristaos — a virgindade de Maria Pudiaram ê
sobre a dgua, a ressurreic€o eé outros — como violacées de uma Mi
.
tima. Entretanto, consideravam razodv$ el a AN
idéia de gue o unive
C

trutura magnifica e operando com a precisio de um


maguinis
tivesse sido planejado e criado por um Criador onNISciente, num si de rel6gi,
no tempo. Segundo eles, porém, depois de ter imprimido EE 9 MOment
so, Deus nao mais interferira em seu funcionamento. Os defs NO 30 Univer
Ee tas, ` POrtanto,
porta
giam de Newton, gue admitia a intervenca o divina no mundo diver.
Para os deistas, a essência da religiëo era a mo
ralidade —o COMProm;
justiga ea humanidade — e nêo a adesio aos rituais,
doutrinas sie sn
rical. Em seu livro A era da raz#o (1794-95), Pain
e declara- “Acredito na; Eis
de entre os homens; e acredito gue as obrigac6es rel
igiosas consistem 2 :
com justiga, amar a misericérdia e empenhar-se em faz
er feliz nosso pride
Os deistas achavam totalmente razo4vel gue, depois da mo
rte, os gue deeg,
cumprido a lei moral de Deus fossem recompensados, e agueles gue
a tivessem
ignorado fossem punidos.

Pensamento politico
Além da religiao estabelecida, os philosophes apontaram uma outra fonte dos
males gue atingiam a humanidade: o despotismo. Para alcancar a felicidade, os
seres humanos tinham de extirpar a religiZo revelada e refrear o poder de seus go”
vernantes. “Cada época tem sua idéia dominante”, escreveu Diderot; “a de nossa
€poca parece ser a Liberdade.”” O pensamento politico do século XVII caracte”
riza-se pelo secularismo radical; pela indiciac&o do despotismo, o direito divino
dos reis, e dos privilégios especiais da aristocracia e do clero; pelo respeiro 20
constitucionalismo inglês, gue reverenciava o regime da lei; e pela afirmagio di
teoria de John Locke de gue o governo tinha a obrigacio de salvaguardar os direl
tos naturais de seus cidaddos. A conviccao de gue era possivel encontrar solugoes
politicas para os males gue afligiam a sociedade era central & perspectiva poli
dos philosophes.
De modo geral, os iluministas eram favordveis ao governo constitucional di
protegesse os cidadaos contra o abuso de poder. A despeito de sua preocupas”'
com a liberdade, os ppilosophes, com a notdvel excecso de Rousseau, n40 me
ram a abragar a democracia, pois depositavam pouca confianga nas massas: -
rios deles, principalmente Voltaire, confiavam nos déspotas reformadores, com
Frederico 1 da Prissia, gue simpatizava com as idéias iluministas. OS Ph
so na verdade, nao se preocupavam tanto com a forma de governo — monargula
repiblica —, mas sobretudo com impedir gue as autoridades abusasser? de
poder
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A ascensio da modernidade 299

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O pensamento politico do

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bras de dois filésofos do século XVII: Thomas es (1588-1679) e John
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pd (1632-1704). Hobbes testemunhou os sofrimentos acarretados pela guer-

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ar inglesa, nclusive a execugëo de Carlos I em 1649. Esses acontecimentos

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du e o ab so lu ri sm o er aa me lh or e ma is l6g ica for -
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forcaleceram sua convicgao

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um so be ra no — es cr ev eu Ho bbes

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na de governo. some nt é 9 po de r irr est rit o de
pr in ci pa l ob ra — po de ri a ref rea r as pa ix oe s hu ma na s gue
sm Leviata (1651), sua mente o
m soc ial e am ea ga va m a vid a civ ili zad a; so
levavam & ruptura da orde te me nt e se gu ro pa ra gu e
regime absoluto poderia of er ec er um am bi en te su fi ci en
in te re ss es in di vi du ai s. |
2s pessoas perseguissem seu s
no vo pe ns am en to cie nti fic o, gu e co ns id er av a o co nh ec i-
ob a influência do
ti co co mo Oo ca mi nh o pa ra a ve rd ad e, Ho bb es bu sc ou formular
mento matemd
oso fia pol iti ca de ba se s ci en ti fi ca s e re je it ou a au ro ri dade da tradicao e da
uma fil
er en te co m a ci ën ci a pol iti ca. As si m, em bo ra ap oi as se o ab so -
religi#o como inco
o, Ho bb es re pu di av a a idé ia, de fe nd id a po r ou tr os teë ric os, de gu e o po-
Jutism
do
der do monarca €manava de Deus. Também descartou a idéia de gue o Esta
eri a ser ob ed ec id o gu an do vi ol as se a lei de De us . Co mo Ma au ia ve l,
nio dev
Hobbes nio fez nenhuma tentativa de adeguar sua cidade terrena aos ensina-
mentos cristios. O Leviati é uma declaragio polirica racional e secular, cuja im-
portincia reside em sua abordagem moderna, mais do gue na jusrificariva de
Hobbes ao absolutismo.
Hobbes tinha uma vis&o pessimista da narureza humana. Acredicando gue o
egoismo e a cobiga sao atriburos inatos, afirmava gue as relac6es humanas carac-
terizam-se pela competicio e discérdia, néo pela cooperagio. Sem uma autorida-
de severa para elaborar e fazer vigorar as leis, dizia ele, a vida seria miserdvel, uma
guerra de cada homem contra outro. Recomendava, porranto, um Estado com
poderes irrestritos, pois somente assim as pessoas poderiam estar a salvo umas
das outras ea vida civilizada seria preservada. Embora, de maneira geral, os pbf-
die tenham rejeitado a visio obscura de Hobbes acerca da natureza humana,
de si secular da politica, sobretudo a dentincia gue fez & teo-
o divino dos reis.
. ar ede por sua vez, vla as pessoas como boas € benevolentes em essência,
Hole Bi Ps oe de Estado fundamentalmente diferente da de
manos hascer “ os sobre 0 governo (1690), Locke afirmou gue os seres hu-
o Estado pars om ireito natural 3 vida, liberdade e propriedade, e estabelecem
olegslare. - - ger esses direicos. Consegiientemente, nem o execurlvo nem
Weer e vo dorp” rei nem a assembléia — tinham auroridade para pri-
Ratouie sbsolnea Te se em naturais. Enguanto Hobbes justificava a MoO-
gual o poder de she Pg explicicamente o governo constitucional, no
edo Esadoë is Dra sa o Consentimento dos governados ea aurorida-
inadaa le; j pelo consenso. A autoridade dos governantes esré subor-
; guando agem fora da lei, sio privados do direito de governar. Assim,
dd

300 Givilizacio ocidental

se o governo fracassa em cumprir o objetivo


var o direito individual 3 vida, liberdadee p
dissolvé-lo.
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O valor gue Locke atribuiu & raz&o ea liberdade,


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bem Como
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os direicos naturais e o direito de rebeliëo contra autoridades in;


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profundo efeito sobre o Iluminismo e as revolugê6es liberais


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XVI. Na Dedlaragao de Independência dos Estados Unidos TL i'nal do sé Culg


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reafirmou os principios de Locke para justificar a Revolugzo ke omas Jefferson


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A contribuicao de Charles Louis de Secondat —


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baron de la Brede er ds M,
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guieu (1689-1755) — 3 teoria politica repousa essencialm


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ente em seu O d
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das leis (1748), obra de imensa erudic&o, gue


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versa sobre v4rios temas


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sustentava gue o estudo do cCOmMPportamento


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politico e social ie be
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esse Prop6sito, Montes-


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guieu reuniu e dlassificou uma ampla diversidade de fatos, a partir


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dos guais ten-


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tou delinear as regras gerais gue governam a sociedade. Concluiu gue difere
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condigoes climdricas e geograficas, bem como diferentes costumes, h4b


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glOes e Instituigëes, conferem a cada nagio uma caracterfstica particular; cada


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sociedade reguer formas e leis constitucionais gue levem em consideracao o card-


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ter de seu povo. O esforco de Montesguieu em explicar empiricamente o com-


portamento sociopolitico —- em fundar uma ciëncia da sociedade baseada no mo-
delo da ciëncia natural — faz dele um dos precursores da sociologia moderna.
Montesguieu considerava o despotismo como uma forma de governo pen"
Cl0$a, Corrupta por natureza. Governando segundo sua prépria vontade e sem a
coercio da lei, o déspota desconhece a moderac&o e institucionalizaa crueldade
e violência. Sidicos gue sio como escravos, escreveu Montesguieu, conhecem So”
mente a servidao, o medo e a miséria. Movido por instintos predatérios, o gover
nante despérico envolve o Estado em guerras de conguista, totalmente indiferen
te ao sofrimento gue estas causam ao povo. Numa sociedade despêtica, a arivide
de econêmica estagna, pois os mercadores, receosos de gue suas mercadortas S”
jam confiscadas pelo Estado, perdem a iniciativa.
Para salvaguardar a liberdade contra o desporismo, Montesguieu defendia %
principio da separagao dos poderes. Em todo governo, dizia Montesguiew 6”
tem três tipos de poder: legislativo, executivo € judicidrio. Ouando umê ve
pessoa ou orgao exerce todos os três poderes — se o mesmo 6rgao gue instaur”
processo é o gue julga, por exemplo —, a liberdade nio pode ser preserY 2
Sempre gue a soberania concentra-se nas m3 rgan
hê abuso de poder ea liberdade politica é negada. Num bom gover
EE .eguilibrae fiscaliza o Outro — argu
me
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to gue influenciou os autores
680 norte-americana.
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A ascensio da modernidade

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Voltaare

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Ao contrdrio de Hobbes e Locke, Vol

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Voltaire despre zav a o pod

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apr ist ona ou execurta

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Par a ele, um pri nci pe gue
hoe nio em leis estabelecidas.

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sal tea dor de estr ada ao

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lega l “na o pass a de um
“eu stiditos sem o devido processo

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ade Seg und o Volt aire , a lib erd ade con sis tia em ser
gual se chama de 'Sua Majest igual-
céd igo de lei leg fti mo e est abe lec ido , gue se apli cass e
governado por um
gov ern o da lei, esc rev eu Volt aire , nio pod eri a haver liber-

ie
mente a todos. Sem o

Had apie me Lea nkeiedgeke egg


vidu al, de pen sam ent o ou de reli giëo , nem pro reg ao da pro priedade
dade indi
arbitrdrias.
privada, nem tribunais imparciais, nem protego contra detenges
A submis sio ao dom ini o da lei, def end ida por Volt aire , bas eav a-s e em sua

Pad GE Vert”
conviccio de gue o poder devia ser exercido de manelra racional e benéfica. Seu

E
apreco pelo governo da lei foi reforgado pelo periodo em gue viveu na Inglaterra,

-
entre 1726 e 1729, de gue resultou a publicas#io de suas Cartas inglesas, em
1733. Nessa obra, Voltaire apresenta um retrato idealizado e, As vezes, inexato da
politica e da sociedade inglesas. O fato mais importante, porém, € gue sua con-
vivência com a liberdade inglesa deu-lhe esperanga de gue uma sociedade justa e
tolerante nio era um sonho utépico, fortalecendo assim sua resolugao de comba-
ter os abusos da sociedade francesa.
Como observamos acima, Voltaire nio era um democrata; duvidava da capaci-
dade das pessoas comuns, gue segundo ele eram inclinadas & superstigao € ao fa-
natismo. Tampouco era um defensor da revolucio. Para ele, a sociedade devia ser
reformada mediante o progresso da raz&o e 0 incentivo & ciëncia e tecnologia. Ele
Préprio empenhou-se em introduzir diversas reformas na Franga, entre as guais
iberdade de imprensa, toler&ncia religiosa, um sistema imparcial de justiga €rimi-
nal, tributag&o proporcional e reduczo dos privilégios do clero e da nobreza.

Rousseau
a
dy ie we” é por toda parte est4 agrilhoado.* Com essas palavras
Rousseau (1712-1778), nascido em
enebra, nice D. or francës Jean-Jacgues o Fstado, tal como se
constitufa, era in contrato sociat (1762). Para Rousseau,
lizavam ele ae € COrrUpto. Dominado riIcos € poderosos, gue o uri-
pelos

Opressao€ Ee aal interesses — enguanro os fracos conheciam apenas


ie o privava os seres humanos de sua liberdade narural,
OMENtando o ndisd
ualismo egofsta gue minava os senrimentos de reciprocida-
€ € interesse me -
E m cComum.
amodieede oe MEER o Estado deveria ser uma aurênrica democracia, uma
gue unisse as pessoas na liberdade, igualdade e devog3o civi-

N
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TT,
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302 Givilizacio ocidental

1 Busto em mérmore de Voltaire, por


ia Jean Antoine Houdon, 1781. Francois
Marie Arouer (1694-1778), mais
conhecido como Voltaire, foio espirito
€ a inteligência mais célebres da Europa.
EE Critico incansdvel do dogmatismo e da
! intolerincia religiosa, denunciou a
censura e aconselhou com veemência
gue os déspotas esclarecidos da Russiae
da Pruissia usassem seu poder absoluto
EG para reformar a sociedade. Atacou as
' ' instituigêes de seu préprio paise elogiou
Ë as da Inglaterra. Seu talento literdrio foi
be reconhecido aré mesmo por seus
inimigos. Voltaire era o lider mais capaz
dos philosophes franceses. Musée Fabre,
Montpellier

ca. segundo ele, os individuos realizavam seu potencial moral vivendo aa


membros comprometidos da comunidade, e nio afastados uns dos more!
cardter humano era dignificado guando as pessoas cooperavam entre sie se od
CUpavam umas com as outras. Rousseau admirava a antiga Plus grega, se
comunidade orgênica em gue os cidadios deixavam de lado os interesses P cd
culares a fim de alcangar o bem comum. Em O contrato social ha aa
Oo espirito comunitdrio e a liberdade politica gue caracterizavam a cidade-
do grega,
n propunha gue cada individuo renunciasse incondicionalmente*
dos os seus direitos em beneficio de toda a comunidade € se submetesse 3 pe Ee
toridade. Para impedir gue os interesses particulares prevalecessem sobre MF
comum, Rosseau defendia gue o Estado fosse governado de acordo com? ai
de geral — um principio fundamental due expressava o gue era melhor para
0
munidade. Segundo sua concepgéo, porém, a vonrade geral néo significava cado
ë mi Es - . O vol

da maioria, nem mesmo o voo unênime vo


gue poderiam ambos ser €dt j bom
. dr at av a- se de um a ve rdade claramente v istvel, f&cil de ser
2 € ' elo
4 sémso;-pela razao e por nossos Coracêes. "ia
discernida P ustos*
Na visio de Rousseau
s - $ ' .
, cidados)
Eg
SIF ME

*
os

ETA E
'n Eier
maeka
OE
A ascensio da modernidade 303

ein Par EIE


“fat ROME gate
ER

du
rn.
2 mere EE
sciëncia
mbuidos do espirito publico, teriam o bom senso e a con

EER.
Jegislar conforme a vontade geral,

AT N norg
bra do por Rou sse au era uma demo-

va
ado vis lum

OE
, o Est

es
Ta] comoa antiga Ate nas

Cy Ta
formavam

Pd
cid adë os, e nao seu s rep res ent ant es,

is
, direta, na gual os pré pri os

EE

RE TT
gov ern ado s e gov ern o era m uma tni ca €

da
legislacivo. Consegtientemente,

N
ad.
Me

se

yy el
'
a mon arg uia des por ica e arbitrdria, a teorla
Rousseau con den ava

EE FR EF OPE dade FE ”
EG
' n
deviam ser govEr-
divino dos reis ea visao0 tradicional de due€ Es pEssOas

RE. Tm;
ee
vil égi os

N OE]
eo cler o, gue rin ham dir eir os a pri
nadas por S€us superiores, os senhores

re FI 2 LE
AA)
a rod os e enf ari zav a o pri nci pio de igualdade.

EET!
especials. Ele outorgava sob era nia

ase
Ad ve
pri nci pai s téo ric os do pen sam ent o dem o-
Rousseau continua sendo um dos

els
se ee
gru-

N.
seu pen sam ent o pol iti co, cuj a met a é um

Er
cratico. Seus crfticos afirmam gue

ea
EO
mo noc lvo

Er
igua l, dé ma rg em a um col eti vis

di
po de cidadaos pensando de man eir a
due Rou sse au nao est abe lec eu limites

Mad
nt am

R
Ar gu me

ar”
- mesmo ao totalitarismo. ind i-
er os dir eit os do

1!
constitucionais 3 sobera nia , nem eri giu def esa s par a pro teg

N
as con tra o dom ini o de uma mat orl a pot enc ial men te rirênica.
viduo e das minori

EE
tam bém gue Rou sse au rej eit ava tot alm ent e o pri nci pio de Loc ke de
Assinalam
do Fst ado , inc lus ive o direito

TE
gue os cid ada os pos sue m dir eir os gue ind epe nde m

EE
de opor-se a ele.

ErET
Pensamento social e econdmico

See SO. N, DE
Os philosophes rejeitavam a crenga crista de gue os seres humanos sao dorados

PEN
de uma natureza pecaminosa, consegiiëncia da desobediëncia de Adao e Eva a

WEST
Deus. Sabiam, por experiëncia, gue os seres humanos sem divida se comporram
de maneira vil e parecem irremediavelmente presos aos modos de pensar irracio-
nas. Embora cConservassem um Certo pessimismo guanto & natureza humana, OS
uministas de modo geral acreditavam na bondade essencial dos individuos e em
sua capacidade de aprimoramento moral. “A natureza nêo nos fez maus', escre-
veu Diderot, “é a educago ruim, os exemplos ruins e a legislagio ruins gue nos
Corrompem.”? E Voltaire declarou gue o individuo “no nasce bom nem mau; a
EI o exemplo, o governo no gual é langado — em resumo, circunstancias
ri wegle TE ? determinam nele a virtude ou o vicio A concepgao gue
mele " osophes pad da natureza humana apoiava-se tortemente na epis-
eke s.a me o conhecimento, de John Locke. Para eles, era como se
escoberto os principios fundamenrtais gue governam a mente hu-
uma realiza€&io compardvel 2 de Newton ao descobrir as leis gue regem os
R - "
Mana z weef

COrpos fisicos.

Epistemologia, psicologia e educacdo


Em; so
aak e u Ensaic sobre a compreensio bumana (1690), obra de enorme significa-
ist ora da filosofia, Locke argumentava gue os seres humanos nio nascem
304 Giviltzacio ocidental

com idéias inatas (o conceito de Deus, os principios de beme ho


légica, por exemplo), divinamente implantadas em SUas mentes tal `
3$ regra da
tara Descartes. A mente humana é uma lousa em branco, dizia LaddC SUSten.
imprimem as sensagées oriundas do contato com o mundo dos €
fe ) 13 gual se
conhecimento deriva da experiëncia. n Smenos,
)
A teoria do conhecimento de Locke teve
d 7 profundas CONSEgtiëncias. . S DE NI ,
tem idéias inatas, afirmavam os Pilosophes, ent&io os seres humano NO exis.
do gue prega a doutrina cristë, nio nascem com o pe j $, d0 COnt
cado original ` NE Tar1 Fi
rompidos por natureza. Tudo o gue os individu OS SA ad M $30 cop.s
O € resultante de sua ope
riéëncias particulares
. Ouando se oferecem 3s PESSOaS uma
educacëo & um ambi
te adeguados, elas ir&o se comportar de acor do com en
principios MOTaIS; serdo ci
dos inteligentes e produtivos. Usando cor €tame d..
nte sua razao, as P ESSOas podiam
conciliar suas crencas, conduta e instituig6es
com a lei natural. Assim OS Phil
pres de espirito reformador interpretaram Locke.
Preferiam acreditar gue o mal.
originava nêo de uma natureza humana impe
rfeita, mas de instituicëes falhase de
uma educagao ruim, gue podiam no entanto ser remediad
as.
A obra mais importante do pensamento educacional
do Huminismo foi Ent
lio (1762), de Rousseau, na gual ele sugeria reformas
educacionais gue incuti
riam nas criangas autoconfianca € seguranGa emocional —
gualidades necessiria
3 formag3o de adultos produtivos e cidadaos responsdveis. Se os jov
ens forem
ensinados a pensar por si mesmos, dizia Rousseau, aprenderao a
valorizar a liber-
dade pessoal. Sua filosofia educacional tinha por base uma fé intensa na bonda-
de essencial da natureza humana. Rousseau achava também gue todas as criangas
rinham a mesma capacidade de aprender, e gue as diferengas intelectuais deviam-
se em grande parte a fatores ambientais.
Rousseau compreendia gue as criancas nio deviam ser tratadas como adultos
e-

mirins, pois elas têm seus préprios modos de pensar e sentir. Censurava agueles
Ee
EET
oa

gue roubavam as criangas as alegrias e inocência da infincia, acorrentando-as ”


RA

ae Ta

carteiras, dando-lhes ordens e enchendo-lhes as cabecas com um aprendizado me”


n
Mereeed, Faf. oe

CAnico. Insistia, em vez disso, gue as criancas tivessem contato direto com ed
Ed Ok Ed
Oe
marge

do, a fim de desenvolverem seus corpos € sentidos, bem como sua curiosidade
ee inac&o. Rousse
IE

engenhosidade, desembarago e imag rians”*


mi

au se interessava pela crian


EER

em sua totalidade.
PEN

Liberdade de consciëncia € pensamento


Os philosophes consideravam a perseguic3o religiosa — cuja longa € Ee 2
histéria inclufia a execugso dos heregues na fogueira durante a Idade Me se
exterminio de judeus e muculmanos na primeira Cruzada e os massacres 0%
dos durante as guerras da Reforma — como a mais perversa ofensa perpet!
je do
pela humanidade contra a raz&o. Embora no século XKVIIT os piores €XCEP”. SOS
` fanatismo religioso rivessem se dissipado, a perseguic&o religio
si - - * ` . -

sa € ra aindaer MY.
uit9

'egliente, sobretudo nas terras catélicas. Em seus apelos em favor da tol€


ze flou em nome de todos os Philos
ophes:
A ascensdo da modernidade 305

gar a tol erd nci a pub lic ame nte (... ) até gue a per seg uig do deixe de
is essarei (.- ) de pre
O progresso da raado é lento, as ralzes do preconceij to sao muito profundas. afdeSem
se ”

Jan
# i
mi] #
1

set.
vere l OS fru tos dos meu s esf org os, mas eles si0 sem ent es gue um dia bio de
H
side , jamais
germinar H

pr ob le ma sêr lo € con sta nte par a Os Phi los oph es. Ap os a pub li-
A censura era um
Vol tai re, seu imp res sor foi pre so; o liv ro foi con fis -
cac3o das Cartas inglesas de
do € gueimado em piblico por ser considerado irreligioso. Em outra ocasio,
pelas autoridades, Voltaire comentou: “Ê mais fdcil
guando fo1 importunado
ré- los pub lic ado s.” ” O liv ro Sob re a men te (1758),
para mim escrever livros do gue aut ori dades minis-
ius (17 15- 177 1), de nu nc ia do pel as
de Claude-Adrien Helvet
co mo um a ame Eag a 3 rel igi so e 3 aut ori dad e con stiruida, foi
teriais e edlesidsticas
exe cut or pib lic o. Den is Did ero t (17 13- 178 4), o principal orga-
gueimado pelo in-
vol ume s, cuj os 129 ou mai s col abo rad ore s
izador da Enciclopédia de 38 auto-
nen tes pen sad ore s ilu min ist as, tev € de bri gar com as
cdufam os mais proemi
, gue de tem pos em tem pos su sp en di am a pub lic aga o. Apo s a
dades francesas
ag# o dos doi s pri mei ros vol ume s, as aut ori dad es acu sar am a obr a de conter
public
to de
“mdximas gue tendiam a destruir a autoridade real, fomentar um espiri
independência e revolta (...) e criar bases para a corrupGao da moral e da reli-
gië0'". Em 1759, o papa Clemente XI condenou a Enciclopédia por conter
“doutrinas infames [el incitar o desprezo pela religiëo”'*. Foi necessêrio empre-
gar cuidadosa diplomacia e artificios engenhosos para condluir o projeto € ainda
incorporar idéias consideradas perigosas pelas autoridades religiosas e governa-
mentais. A Enciclopédia foi levada a cabo em Paris, durante a década de 1740,
como um monumental esforco de reunir todo o conhecimento humano € di-
tundir as idéias do Tluminismo. Seus intimeros verbetes sobre ciëncia e tecnolo-
gl, eo limitado espaco gue concede As guestêes teolégicas, demonstram os no-
vos interesses dos intelectuais do século XVTII. Com a finalizagao do projeto em
1772, a opiniëo de Diderot e do Iluminismo triunfou sobre os censores dleri-
Cals, reals e aristocrdticos.
, ie dos verbetes da Enciclopédia, “A imprensa,, transmite o anselo dos philo-
opPes por liberdade de pensamento e expressio. Para eles, o termo imprensa de-
Slenav
gnava Ad;
mais do gue jornais e periéëdicos; '
englobava tudo o gue fosse impresso,
sobretudo livros.

nr EE RR * a libe rdad e de imp ren sa é bené fica ou prej udic ial ao Fstado.
” ss
e ma imp ort inc ia due se cons erve essa prdt ica em todos
os Estados gue ee mendetam supr
Hendele ep ie nda na liberdade. Diria mesmo gue as desvantagens dessa
espreziveis se comparadas com suas vantagens, gue isso deveria ser o
direit
do universo, €e sem divida é recomenddvel autorizar sua prdtica em todos
" Ee

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nos.
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LR TAT.
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st EP”,
306 Givilizacio ocidental

Huymanitarismo
A perspectiva dos pbilosophes foi permeada Por um espirito h
em parte se devia, sem divida, & compaixao crista. Es ie Diere
nos atagues a tortura — fregiientemente utilizada
em
como meio de se obterem confissêes —, as PUNIGOes cruéis
a gu
dos os criminosos, 3 escravidao e & guerra. O humanitari ne
em submer
apolava-se na convicc3o de gue a natureza humana era e
| e gue os seres humanos eram capazes de sentimentos b
| a0S OUTTOS.
"n reagt
Em Dos delitos e das penas (1764), Cesare Beccaria
(1738- 1794), crim;
IE ta € @conomista ita
f liano, , inspir adado em parte por Montesguieu, Pl
INSpir
Ogls-
conde
rura COmo uma norma [desumana] apropriada a Nou a tor-
um canibal'
trarava-se de uma forma irracional de se determinar a '- Segundo de
Culpa ou a nocëncia, pois
uma P pessoa inocente, ) iAEApas de SEER is si APO
ti e "
!
NIas da tOrtura, tra4 Confessar
id duaidguer co1$a, e um €riminoso com alto limite de toler&
ncia 3 dor ser tsentado
Influenciados pela obra de Beccaria, Os juristas, legisladores
e ministros de men.
j talidade reformista passaram a exigir gue se eliminasse a tortura dos cédigos pe-
E nais, e varios paises europeus a aboliram no século XVIIL.
j | Embora nao fossem pacifistas, os philosophes denunciaram a guerra como bar-
ii b4rie e uma afronta 3 raza0. Consideravam-na um flagelo promovido por monar-
j cas sedentos de poder e apoiado por dlérigos fandticos, militares cruéise plebeus
tgnorantes. Em GC4ndido (1759), sua obra-prima literdria, Voltaire ridiculariza os
rituais da guerra. O verbete “Paz” da Enciclopddia descrevia a guerra como

o fruto da depravagdo do bomem; uma enfermidade convulsiva e violenta do corpo poli


co (...) [Ela] despovoa a nagdo, leva ao reino da desordem (...) poe em divida a liberdade
e as proprieaades dos cidadaos (...) perturba € ocasiona o abandono do comércio; a HFM
# deixa de ser culivada e fica abandonada (...). Se a vazio governasse os homens € HU
1 sobre os chefes das nagies a influência gue merece, jamais os verlamos entregar-se incondf
cionalmente & firia da guerra; eles nio exibiriam tal ferocidade, gue é saracterlstica ds
di animais selvagens.V

Montesguieu, Voltaire, Hume, Benjamin Franklin, Thomas Paine € oUtIOS


pbilosophes condenaram a escravidio e o comércio de escravos. No Livro yd
O espirito das leis, Montesguieu repudia com desdém todas as justificarivas pe
escravidao. Afinal, dizia ele, d escravidao, gue viola O principio fundamen d '
justica subjacente no universo, deriva dos desejos vis dos seres humanos de Co
minar e explorar outros. Adam Smith (ver na préxima secao), o principal tore
econêmico do Iluminismo, demonstrou gue o trabalho escravo era ineficienr” '
dispendioso. Em 1780, Paine ajudou a esbogar a lei gue aboliu a escravid30 sd
PensilvAnia. O verbete “Comércio de escravoe” da Faciclopédia denunciava es
cravid&o como uma violac&o dos direitos naturais do individuo
:
A ascensio da modernidade 307

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1 j i H T jo MI n !
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Hy
di!
ri]

Gravura da prisZo de Newgate, século XVIII. As condig6es carcerarras durante a era do


lluminismo eram estarrecedoras, Agui, um homem agrilhoado lura com um carrinho de mao, e
dois outros s3o conduzidos ao cadafalso. Enguanto isso, um guarda vigia a masmorra, replera de
prisioneiros amarrados, gue incluiam ranto devedores guanto crtminosos.

Se um comércio dessa natureza pode ser justifscado por um principio moral, entdo ndo hd
“Time, por mais atroz gue seja, gue ndo possa ser legitimado (...) Nem os bomens nem sua
liberdade podem ser objetos de comércio; ndo podem ser vendidos nem comprados (...) Nao
hé Pportanto, nenbuma dessas infelizes pessoas consideradas unicamente como escravos gue
nio tenha o direito de ser declavada Gvre

Os philosophes, gue fregtientemente desfrutavam da companhia de mulheres


inteli is de gue elas
- 'Bentes e sofisticadas nos famosos salons, cConservavam a opiniao
am 'ntelectual e moralmente inferiores
e aos homens. Embora alguns deles de-
(end
he CS aa 4 €mancipagéo2 femini mi na — notada
mente Condorcet, gue escreveu Ape-
: m “vor da cidadania das mulberes (1791) —, era m, contudo, a exceao. A maio-
* COncordavaa co
com David H ume (1711-1776), cético escocés segundo o gual “a
natureza h si sujeitado” as mulhere
s aos homens, e sua “inferioridade e fragili-
dade Sao a solutamente incurdveis?i”. Rousseau
, gue também achava gue a natu-
'`
" i
di
k*k
Fil
RI
308 Civijzacio ocidental

reza dera aos homens poder sobre as mulheres, consideravaa tradi;


O '
méstica como uma fungao adeguada 3 mulher. nal vida ds.
Es — `

Preferiria mil vezes ter uma mora inculta, criada com simplieidade, dy
letrada e espirituosa gue fizesse de minba casa um circulg literdrio € nel se dg instalas
HE HUMa daa

presidente. Uma mulher perspicaz é um castigo para seu marido, seus Blbos alaste rg 10
1;
Geel, ate
Wy.

ef

seus criados, para todos. Da arrogante altitude de seu génio, elg despresa lodge “mige,
# ? y s
de

goes femininas € estd sempre tentando converter-se num bomem “ Obriga-


RT
HE
EL re
EE
IERE
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Nao obstante, ao articular claramente os ideais de liberdade


Prof”
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Pbitosophes possibilitaram o surgimento de um movimento feminis igualdade,


RA

OS
EA.ET.

sta A cre
te popularidade desses ideais nio poderia escapar as mulheres, gue K
ER EP AE
ee
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avaliar sua condigao por eles. Além disso, esses ideais eram, por natureza, ex 3
!
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sivos. Negd-los as mulheres seria, afinal de contas, uma contradico nde


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he
T
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Assim, a Reivindicaio dos direitos da mulher, escrito por Mary Wollstoneeraf,


di
ME

STE
RYE
er Ee

sob influência da Revolucio Francesa, protestava contra a subordinacio e sub-


mi
EO NERENS
gee

missao das mulheres e contra as limitadas oportunidades gue Ihes eram ofereei-
.
Re

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de WINE ee, vk
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das de cultivar suas mentes. A autora considerava um ato de tirania Contra as


,

mulheres gue elas “fossem excluidas de participarem dos direitos naturais da hu-
ge
TE
F

manidade”?'.
re
Tel

ei
TEER
ET
) EE
,

Eronomia do laissez-faire
Em A rigueza das nacêes (1776), Adam Smith (1732-1790), professor de lo
sofia moral na Escécia, atacou a teoria do mercantilismo, segundo a gual a 1
gueza de um Estado era determinada pela guantidade de ouro e prata du€ po*
N ea
E

suia. De acordo com essa teoria, para formar suas reservas de metais preciosos, %
F
ON
7

Estado devia promover as indistrias internas, estimular as exportagoes € desen-


ER
TT vd
, EE

corajar as importag6es. A teorla mercantilista exigia gue o governo regulamen-


di
s
ENS ie

tasse a economia de modo a permitir gue o Estado tivesse Êxiro ao comper”


EE
-
si
' sa

com outras nacêes por uma cota dos escassos recursos mundiais. Smith sd
Ee
FETA DM
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se
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mentava gue a verdadeira base da rigueza de um pais era medida pela guanr r
'
TT.
'

de e gualidade de seus bens e servicos, na0 por suas reservas de metal Er


EE
yd
Mo;

A interveng&o governamental, dizia ele, retarda o progresso econêmico;


valor real da produ&o anual proveniente da terra e do trabalho asselarlae
outro lado, guando as pessoas perseguem seus préprios interesses — dUA” d Ee
cam melhorar sua condicao —, favorecem a expansao econêmica, dU€ bené
toda a sociedade.
Smith restringia a autoridade do Estado & manutencao da lei € da o
administragdo da justia e 3 defesa da nacio. O conceito de ladssesfa —
intervir no mercado — tornou-se um principio essen ci
. '..po egoverno
nao deveria
nsamento liberal do século XIX.
“ ke Foy as Aa ae #

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A ascensio da modernidade 309

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e c i m e n t o o c k e , o s p b i l oes
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Primeiro ao adot a r e m a te o r 1 a d o c o n h d e L

ENE.
N , mal a um meio imperfeito mas remedidvel, nao a uma natureza hu-

Es SE N EER
. r i n d o s p e r a n g a d e g u e u m m e i o r e f o r m a d o
EE eD $ tona ionigguuae deNutmelhor ha aveia nas pessoas, ansiavam pelo dia em

ET
Me E

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ER | HE
o , c e l t o , t o l e r a n d i a e a t i r a-

RE
e c e r i a sob ar e s u p e r s t i g a o p r e c o n a i n
gue a razao preval - o s e n g a de gue o
a o u c r

EE
, r a g a o o s p h i l o s o p h e s p e l a c i ë n c i l e v a
nia. Segundo a vene d

iePi, wa
“N od
a r i v o o n h e c i m e n t o p r o m o v e r a o p r o g r e s s o m a t e r i a l e moral.
o
avanc grad do c

N
i ca do pro-

EER
r i t a o
n f i n a l d o s é c u l o — F s b o c r o d e u m a i m a g e m h i s t o r
Uma obra esc

s
Ps EE
t e u m a n a ( 1 7 9 4 ) , d e a u t o r i a d e M a r i e J e a n A n t o i ne Nicolas Ca-
gresso da me n h

ee
s d o r c e r 1 7 4 3 - 1 7 9 4 ) — s i n t e t i z o u a v i s a o g u e o s P h i l o s ophes
ritat, marguê de Con (

!
EE
d t i c o , t o r i a d o r a c i ë n c i a e u m d o s c o l a b o r a d o res da
inham do futuro. Matem his d

Ee
-
favor da rolerência religiosa e da abo-

ee
Enciclopédia, Condorcet fez campanha em

$
lico da escravatura. Durante a Revolugdo Francesa, atratu a inimizade do parti-

N
d
do jacobino dominante e, em 1793, foi forcado a se esconder. Refugiado em
a
Paris, escreveu seu Fsboco. Detido em 1794, morreu em sua primeir noite na

'
, u s t i o v e n e n a m e n t o a u t o - i n d u z i d o . Em #sboro, Condorcet
priso de exa ou en

N
n a l t e c i a o s r e c e n t e s a v a n c o s n o c a m p o d o c o n h e c i m e n t o, gue permitiram a ra-
e

EE

730 “remover seus grilhêes [e] libertar-se” da superstigao e da tirania. Asseve-
nte a confianca dos iluministas na razao e na ciëncia, Con-
rando entusiasticame

EN EE
e a m e n t o

NT
dor c e t ap r e s e n t o u a
um te o r i a s o b r e o c o n t i n u o e i n c e s s a n t a p r i m o r hu-
mano. Apontou para uma futura idade de ouro, caracterizada pelo triunfo da ra-

EEEE)
za0 e da liberdade.

EG
ORaa
ma
Nossas esperangas com relacio & fautura condicao da raa bumana podem ser agrupadas em
Hrés tdpicos importantes: a abolicio da desigualdade entre as nagoes, 0 Progresso da igual-
dade dentro de cada nacio e a verdadeira perfeiczo da bumanidade (..)
Epoca vird, portanto, em gue o sol brilhard apenas sobre os bomens livres gue ndo reco-
nbegam nenbum outo mestre além da raadi0; em dgue os Hranos e os escravos, os padrese
sus instrumentos estuipidos e hipdcritas existirio somente nos livros de bistéria € no palco;
ë pensaremos neles apenas para lamentar suas vitimas e seus crédulos; para nos manter
vigilantes ao lembrar de seus excessos; e para aprender a reconhecer e entdo destruir, pelo
Poder da razdo, as Primeiras sementes da tHrania e da supersti(do, caso ousem ressurgir
entre nos.”

" ee nio eram sonhado res de olhar vago. Sabiam gue o progres-
drie ee e reverstvel. Candido, de Voltaire, foi um protesto contra o
Andaed 'gENuo gue negligenciava o poder inexordvel da mesguinhez, da igno-
* da wractonalidade humanas. “Choremos e lamentemos a sorte da filoso-
' 1a”, ES ë di
oe -TEveu Diderot.
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Pregamos sabedoria aos surdos €e na verdade ainda esta-
: '
1
ë
'. * Muito longe da era da raz3o.”4
H
310 Civikzacio ocidental

Guerra, revolucao e politica


Os conflitos mais importantes do século XVIIT foram entre In |
Ga, gue dispuravam o controle de territérios no Novo Mundo k; “em Fran.
Prissia, gue lutavam pelo dominio da Europa central. No final ds EE Striace
década de 1709
irromperam as Revoluc6es Francesa e Americana, due contribuiram para forja
tradicao liberal-democrdrica. 2

Conflitos armados e revolucio


Em 1740, a Pruissia, governada pelo agressivo Frederico, o Gran
numa guerra bem-sucedida contra a Austria e recebeu como prêmide,o langou-se
a Silé; d,
gue aumentou em 50% a populag&o prussiana. Maria Teresa, a rainha austriaca
ii jamais perdoou Frederico; em 1756, fez uma alianca com a Franca para oporse
jy a Prussia. A Guerra dos Sete Anos (1756-1763) gue se seguiu ent&o, envolvend,
rodas as principais potências européias, nêo produziu mudancas significativas na
Europa, mas evidenciou o crescente poderio da Prussia.
Ao mesmo tempo, franceses e ingleses lutavam por suas pretensêes no Novo
ii Mundo. A vitéria da Jnglaterra no conflito privou a Franca de praticamente to-
8. das as suas possessêes no norte da América e detonou uma série de acontecimen-
tos gue culminaram na Revolugao Americana. A guerra esgotou o tesouro brid-
nico, e além disso a Inglaterra tinha agora uma despesa adicional: pagar as tropas
para protegerem os novos territérios due ganhara na guerra. Como os contl-
buintes ingleses j4 nio tinham mais dinheiro para arcar com todo o fardo, os
membros do Parlamento acharam bastante razodvel gue os colonos norte-ameri-
Canos ajudassem a pagar a conta; afinal, a Inglaterra os protegera dos franceses €
ainda continuava a protegé-los em seus conflitos com os nativos. Os novos Im
taxas de impor tagio decre tados pelo Parla mento aos colon os norte-ame"
postos e
ricanos produziram entre eles vigorosos protestos. aaebod
As gueixas converteram-se em derramamento de sangue em abril € jun '
1775; em 4 de julho de 1776, delegados de v4rias colênias adoraram a Dec rd
co da Independência, redigida principalmente por Thomas Jefferson. Apol ,
do-se na teoria dos direitos naturais de Locke, esse documento decdlarava ,
poder do governo emana do consentimento dos governados, ou seja, du€ je de
do governo proteger os direitos de seus cidadaos, e gue o povo tem o ee
“alterar ou abolir gualguer governo gue o prive de seus “direicos insien
Por gue os colonos norte-americanos estavam Ao prontos para Re oek
primeiro lugar, porgue haviam trazido com eles uma compreensa0 * Jo SU
idealizada das liberdades inglesas; muito antes de 1776, tinham amplië pe
instituicbes repre senta tivas de modo a inclui r os pegue nos propr ierêr ios. ME
nunca haviam votado na Inglaterra. Os colonos norte-ameP” so
vavelmente
€ 2 prot
chegaram a antecipar o governo representativo, o tribunal de jéri ele!”
bei ase 1 contra prisêes ilegitimas. Cada uma das treze colênias tinha uma assembleia no! (IE

ta, gue funcionava como um P€dueno parlamento. Nessas sssembléias: N


SE sd es Ft . Fe $

Es
A ascensio da modernidade 311

Assinatura da Declaragao de Independência, Filadélfia, 4 de julho de 1776, de John Trumbull


(detalhe). O éxito da Revolugio Americana foi saudado como uma vitoria da liberdade sobre : |
trania. O apoio militar e financeiro da Franga aos norte-americanos levou a monarguia francesa 3
bancarrota por volca de 1788, fator gue contribuiu para a Revolugdo Francesa. Os Fundadores
norte-americanos conheciam bem as idéias do Iluminismo, particularmente a teoria dos direiros
naturais de John Locke. Copyright Yale University Art Gallery

mericanos ganharam experiëncia politica e rapidamente aprenderam a se auto-


BOvernar.
A familiaridade com o pensamento iluminista e com os escritores republica-
nos da Revolucio Inglesa também contribuiram para a consciëncia
de liberdade
dos norte-americanos. As idéias dos philosophes cruzaram o Ardntico e influen-
” “Tam os colonos letrados, sobretudo Thomas Jefferson e Benjamin Franklin. A
Exemplo dos Philosophes, os pensadores norte-americanos demonstravam uma
““SSCEnte confianga na raz&0, valorizavam a liberdade de religiao e de pensamen-
0 € defendiam o principio dos direitos naturais.
Outro motivo da hostilidade dos colonos 8 autoridade estabelecida foram
tadicées religiosas, suas
particularmente as dos puritanos, gue consideravam
a Biblia
'nfalivel e acreditavam gue seus ensinamentos eram
uma lei superior & lei do
Estado. Como os seus cCorrespondentes
na Inglaterra, os puritanos norte-ameri-
312 Civilzacdo ocidental

canos contestavam as autoridades politicas e religiosas gue


ii vam a lei de Deus. Os puritanos desenvolveram assim dois hai eles, viol,.
' cjais para a evolug&o da liberdade politica: dissenszo
& resistên dm toram Cru-
' para o Ambito da politica, essas tendências puritanas levaram se sd ransferid
nos a se oporem 4 autoridade gue consideravam INjusta. Tte-americ,.
8 ! A vit6ria norte-americana veio em 1783, como resultado de diversos€
dy George Washington revelou-se um lider superior, capaz de o T$ANIZar $ Tatores
€ conseryg,
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a lealdade de suas tropas. A Franca, buscando desforrar


-se da derrota gue sof
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na Guerra dos Sete Anos, ajudou os colonos com dinheiroe Pro


visêese, em Te
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ingressou no conflito. A Inglaterra tinha dificuldades par


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através; das trêsidmil Gamilhas de oceano, estava lutando com 2 €NVlar Suprimentos
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a Franga nas Indias oe;


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dentais € em outros lugares ao mesmo tempo e, por dltimo, faltou-Ih


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no conflito.
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Em outras terras, os reformadores nio tardaram a interpretar a vitêria norte-


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americana como uma luta bem-sucedida da liberdade contra a tirania. Durantea


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revolugao, os vérios estados norte-americanos redigiram constituicëes baseadss


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no principio da soberania popular e inclufram nelas cartas de direito gue prote-


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glam a liberdade individual. Também manobraram, de modo um tanto hesitan-


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te, para forjar uma nagëo. Rejeitando a monarguia e a aristocracia hereditdria,a


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Constituigao dos Estados Unidos criou uma reptiblica na gual o poder emanava
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do povo. Como salvaguarda contra os abusos de poder, estabeleceu-se um siste-


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ma de separagio dos poderes e controle mtituo entre eles; a Carta de Direitos


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propiciou protegao aos direitos individuais. Decerto, os ideais de liberdade e


igualdade nio foram estendidos a todas as pessoas — Os escravos desconheclama
liberdade gue era tio cara aos brancos, e as mulheres continuavam sem direlto2
voto e3 igualdade de oportunidades. Para os europeus de espirito reformista, Po
rém, parecja gue os norte-americanos estavam cumprindo a promessa do Humi-
nISmO; estavam criando uma sociedade melhor e mais livre.

Despotismo esclarecido
Os philosophes usavam o termo despotismo esclarecido em referência a ma
compartilhado por muitos deles: o governo por um monarca forte dU€ ' -
mentasse reformas racionais € removesse os obstéculos & liberdade. Alguns
narcas do século XV1II — Frederico, o Grande, da Prussia; Catarina, :
Ruissia, Carlos 111 da Espanha; Maria Teresa e, numa extensêo maior
José TT, da Austria; e Luis XV da Franca —, auxiliados por seus mInIStrOS,
instituiram reformas educacionais, comerciais€ religiosas em sEuS paises. oa
As reformas implantadas pelos déspotas esclarecidos apoiavam-s€ -Did vel”
preensao de gue a disputa pelo poder na Europa exigia uma ad ministragdo oi al
eficiente € um ENOrme volume de FECUursos financeiros. Esses go. ee ,
BERK namental
Etes designaram funciondrios capazes para supervisionar seus reinos elim
si 'Gfierosa CoOrrupgao € coletar tributos. Fortaleceram a economia incent!
Dansde comercial mediante a redugao de taxas sobre as mercadorias * He
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A ascensdo da modernidade 313

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servidao ou, pelo menos, melhoraram a condicio de vida de seus ser-

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ocidental, a servidao tinha praticamente desaparecido.) Cria-

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as viu vas , os 6ri aos e os inv ali dos . A cen sur

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m-se recursos para ampara r

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der européia.
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popula r ao Fst ado , um fat or im po rt an te na

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O Iumi ni sm o ea me nt al id ad e mo de rn a

Os philosophres articularam os principios essenciais da perspectiva moderna.


Afirmando a capacidade dos seres humanos de pensar de maneira independente
da autoridade, insistiam numa interpretagio secular e totalmente racional da na-

de
turezae da sociedade. Examinaram criticamente a autoridade e a tradigao e valo-

Pd, Pe
EE
rizaram a Ciëncia e a tecnologia como meios de promover o aprimoramento da

Ee Ed EE
raca humana. Acima de tudo, buscaram libertar a mente das correntes da igno-

TA MENS rd oa
rência e da superstig#o e salvar as pessoas da intolerincia, crueldade e opressao.
Gracas a seus esforcos, a tortura (endossada e praticada pelos Estados e pelas igre-

RAT
jas cristas) foi finalmente abolida nas terras do Ocidente, e a tolerincia religiosa
ea liberdade de expressio e imprensa tornaram-se normas aceitas. OS argumen-

Ar
de EE
tos gue os philosophes reuniram contra a escravidao foram utilizados por agueles

rs
die
gue combateram o comércio de escravos e exigiram sua emancipagao. O pensa-

Te ward
mento econêmico do Iluminismo, sobretudo A rigueza das nagoes, de Adam

ru
Ed EES
Smith, deu apoio teérico a uma economia de mercado baseada na oferta e procu-
ra — perspectiva gue fomentou a expansio comercial e industrial. Além de de-
nunciarem o despotismo, os pilosophes também defenderam os direitos narurais,
ee
MR
a 1gualdade perante a lei e o governo constitucional, gue sio os principais alicer-
DE

ces do governo liberal moderno.


aa ke

. Os ideais do Tluminismo difundiram-se da Europa para a América e contri-


N ET N

Indeo ot forjar 0 pensamento politico dos colonizadores. A Declaragao de


ee

pen éncia articulou de modo claro os principios bésicos de John Locke: gue
ee

2 En deriva sua autoridade dos governados, gue os seres humanos possuem


wa ed ee se o governo tem a responsabilidade de proteger, e gue
S.A Constticie Pe fe a gualguer ge 11e Fi r ses direi-
ER ae rou " soberania do Povo: ) 6s, o Povo dos Esta os Uni-
dr Me gamos esta Constituigao para os Estados Unidos da
ae diver sas cldu sula s de prot egao cont ra o pode r des-
POtico, indlusive
ém fo; eene plo de Montesguieu da separagio dos poderes, due tam-
a Varlas constituicêes estarais. As cartas de direicos redigidas
ea Carta de Direitos federal reconheceram os direitos inerentes do
roibiram o governo de intervir neles — uma das principais preocu-
is | 314 Givilizacio ocidental

Os philosopbes romperam com a tradicio


nal visio Crista da
do propêsito da vida. segundo essa visao, homens ee mulheres. n human, :
1% do; o sofrimento e a pentria €ram seu guinhao na vida eo lie AM em peg,.
Hd vir de Deus; € muitos mereciam, como resultado final, a danacio Mer podi,
Ee losophes, ao contrdrio, éxpressaram confianga na capacidade do ser “ere Os pk;
cangar a felicidade melhorando as condicées de sua existên Cla ANO deal.
LEEREA,

terrena, e el
ram uma teoria do progresso humano due prescindia do a Wil abor,
io diving.
Sem divida, a promessa do Iluminismo nao se CUMPri u. Est
Pd.

endera educa
ONA,

para um nimero maior de pessoas e difundir o governo CONStItucional nag £; gig


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ciente para eliminar o fanatismo e a superstic&o, a violência ea guerra p. ER


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giidade e a injustiga. A luz dos acontecimentos do século XE, fica


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partilhar a crenga de Condorcet no progresso linear. Como observa


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O mundo nio se transformou da maneira como os philosophes desejavam


ee guase confi
vam gue acontecesse. Os antigos fanatismos revelaram-se mais intratdveis, as forcas ed
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nais, mais immventivas do gue os philosophes seriam capazes de imagin


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ar em seus momen-
tos maus negros. Os problemas de raga, de classes, nacionalismo, tédio e desespero em mei
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a fartura emergiram guase como em desafio a filosofsa dos philosophes. Presenciamos bar
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rores, € podemos ainda presenciar horrores, gue os bomens do Iluminismo néo conhecerm
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nem em pesadelos.”
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Nem por isso, contudo, a realizagio dos philosophes perde importência. Seus
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ideais tornaram-se um elemento intrinseco da tradicao liberal-democrdrica e ins


ed

piraram os reformadores dos séculos XIX e XX. O espirito do Iluminismo seré


sempre indispensdvel para todos agueles gue têm aprego pelas tradigêes da rat
e da liberdade.

Notas
Nova
1. Galileu Galilei. 7e Starry Messenger, in 6. Thomas Paine . The Age of Reason d
Discoveries and Opinions of Galileo. Trad. York, Eckler, 1892, p. 5. To?
e org. por Srillman Drake. Garden City, 7. Citado em Paul Hazard. European Ek
BE N.Y., Doubleday Anchor Books, 1957, in the Eighteenth Century je” ;
Hi p. 21. Yale University Press, 1954, p. | ) Cor
Bi. 2. Galileu Galilei. 7fe Assayer, in Discove- 8. Jean-Jacagues Rousseau. The di pk
ries and Opinions, pp. 237-38. act, in The Social Gpree H Cole:
3. Galileu Galilei. “Letter to the Grand Du- COUreES. Trad. é Org. por G. D. ! cap:
Nova York, Dutton, 1950. Livro 4:
chess Christina, in Discoveries and Opi-
nions, p. 183. 1 ma. ef
4. Cirado em Frank E. Manuel. Age of Rea- 9. EE em Peter Gay. The Bel j
son. Ttaca, N.Y., Cornell University Press, An Interpretation, vol. 2, The 96e

RE, 1951, p. em28. Ben Ray Redman Freedom. Nova York, Vintag€ Boo”
bi YS. Citado (org,). The p. 170. F yd

es ad Volsaire. Nova York, Viking Press,


F- ' BERK pi
10. Citado em Steven Seidman- : Thea
MEE: de and the Origins of European 50
oeN
I. E
dd od
AMEN As EE
Aires
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APA TE

si
n
!

j
yt ad

A ascensdo da modernidade lS

of C a l i f o r n i a Press, 17. Extrafdo de Gendzier, Diderots Encydo-


Berkeley, Univers i t y
N pedia Selections, pp.1 83-4.

ed
Can-

se
A 30 .
a n d , in 18. Extraido de 1Pid., pp. 229-30.

are
83,
to
etter Wyne. M . B e r t r
1 eeh d and “ Omber

NN
al Vera
Org. por Has- 19. Citado em Bonnie $. Anderson e Judich

Bi
ee
'
Li- P Zinsser. A History of Their Own. Nova

Eg De
Modern

ry. ee
Block. Nova York,

-
EE
vet York, Harper & Row, 1988, 2:1 13.
6, p. 925.

z
20. Jean-Jacgues Rousseau. File. Trad. por

d
Voltaires Politics.

EI
12 me er Gay.
Barbara Foxley. Londres, Dent, Every-

4 ers gek
House, Vintage
| Nova York, Random

TEE
mans Library, 1974, p. 370.

Pa
Books, 1965, p: 71.
t e p h e n J. G e n d z i e r ( o r g. € 21. Mary Wollstonecraft. Vindication of the
13. Citado em S
n i s D i d e r o t : T h e E n c y c lopedia Rights of Woman. Londres, Dent, 1929,
rad.) . D e
a Y o r k , H a r p e r T o r c h b o o k s, pp. 11-2.
Selections. Nov
22. Antoine Nicolas de Condorcet. Sketch

EE
1967, p- OV.
for a Historical Picture of the Progress of
14. Ibid. p. OV

ARE
tr ai do de Ge nd zi er . Di de ro ts En cy clo- the Human Mind. Trad. por June Barra-
15. Ex
pedia Selections, p. 199. clough. Londres, Weidenfeld & Nicho-
Cesare Beccaria. On Crimes and Punisb-
las, 1955, pp. 124.
dd EN N DA

16.
ments. 'Trad. por Henry Paolucci. In- 23. Ibid., pp. 173-79.
| my '|

dianapolis, Library of Liberal Arts, 1963, 24. Citado em Gay, The Enligbtenment, 1:20.
MY TE
E

25. Ibid., 2:567.


Tue

p. 32.

Sugestoes de leitura

er
Anchor, Robert. 7he Enlightenment Tradition Commager, Henry Steele. 7he Empire of Reason

IEEe
(1967). Um exame uil. (1977). O Huminismo nos Fstados Unidos.

EE
Andrade, da C. E. N. Sir Isaac Newton (1954). Drake, Stllman. Galileo (1980). Escrito por
Conciso e cdlaro. uma das principais autoridades no assunto.

EE
EET
Armitage, Angus. 7he World of Copernicus Gay, Peter. 7he Enlightenment: An Interpre-

N
#ation, 2 vols. (1966). Estudo exaustivo.

ia
(1951). Boa discuss&o sobre a anriga astro-

aa
nomla € o nascimento da nova. Hampson, Norman. 7he Enlightenment (1968).
Brumfit, |]. H. The French Enligbtenment Exame tril.
(1972). Exame tril. Rosen, Edward. Copernicus and the Scientific
Cohen, I. B. Tie Birth ofa New Phbysics (1960). Revolution (1984). Escrito por uma reco-
Estudo cldssico. nhecida autoridade no assunrto.

Ouestêes de revis&o

L Fi due maneira a Revoluc&o Cie' nrifica 5. Por gue os philosophes atacaram o €ristia-
ransformou a visio medieval do uni- NISMO?
verso?
2 Di ar 6.Em gue sentido Volraire exemplifica os
€reva as principai s realizacêes de Co- philosophes
: ee Kepler, Galileu e Newton. 7,Compare e estabelega distingêes entre o
U ais
'
foram as contri' buicêe
j
s da Revolu- pensamento politico de Hobbes e Locke.
s Cientifica para a formac5o da menta- Por gue Locke é considerado um precur-
. (dade moderna? sor do liberalismo?
- Por gue se di 2 gue o século XVIII é
a era 8. Por gue Rousseau é considerado um teë-
F
O

lluminismo?
rico da democracia? Ouais sao as criticas
" -

CJuais foram
-

os antece-
CNtes do Iluminismo?
a seu pensamento polirico?

i.e
MEEL E;
E E e,
316 Givikzacio ocidental

9. Oual o significado da teoria do conheci- EXPressêo durante


mento de Locke para o Tluminismo? 9 period
GaAO Americana?
? da Revol.
10. Em gue medida os ideais do Iluminismo 12. Ouais foram as
Contrib
contribuiram para o feminismo € o movi- NISMO para a formacs UIGGes do Hur:
mento pela abolizao dos escravos? moderna?
11.Oue idéias do Tluminismo encontraram
ms ae
or
ei

ms

eiode Gerald.
da familia
Jean-Loup
1789-1914

real francesa
-
PARTE OUATRO

Charmet
progre e rup
ss tur
oa
O Ocidente moderno:

ha

no salao da Assembléia apds o sague das Tulherias em 1792, dese-


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POLITICA E SOCIEDADE
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Inicio da Revolucio Francesa (1789)


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1790
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RS!

Kant, Critica da raad,


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Neri id,
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Declarac&o dos Direitos do Homem e do


1
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Burke, Reflexoes
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Cidadao (1789)
Gee GE TE

Franca (1790) svolugig ha


Re
le, iss

Reinado do Terror (1793-1794) Wollstoneeraf


EER
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eivindie
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Napoleao assume o poder (1799) direitos da mulhe


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r (1797) ”
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ersoe
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Wordsworth, B
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aladas lricas
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TERE
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Beethoven, Ouinta (1 79g)


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SiInNffoonn;ia
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EE

(1807.
es
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GT
DE - TPT
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EF AE

Goethe, Fzustg (1
808, 1832)
s
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Eed
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N

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1810 Napoleëo invade a Rissia (1812)


ok

Byron, Childe Harold


T

(1812)
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Napoleio é derrotado em Waterloo (1815) Shelley, Prometeu libe


Congresso de Viena (1814-1815) rtads (1820)
Hegel, A filosofia da bistér
Revolug6es na Espanha, Ir4lia, Ruissia e
ia (1822.
1831)
Grécia (1820-1829)

1830 Revolugées na Franca, Bélgica, Polênia Comte, Carso de flosofia positina


e Ir4lia (1830-1832) (1830-1842)
Lei da Reforma de 1832 na Gra-Bretanha
'' sd

De Tocgueville, A democracig na
dit
Er

Fome na Irlanda (1845-1849) América (1835-1840)


Revoluc6es na Franca, Alemanha, Marx, Manifesto comunista (1848)
Austria e Jrélia (1848)

1850 segundo Império na Franca (1852-1870) Dickens, 7empos dificeis (1854)


Comodoro Perry abre o Japio ao comércio Flaubert, Madame Bovary (1856)
(1853) Darwin, A origem das espécies (1859)
Unifticacao da Ir4lia (1859-1870) Mill, Sobre a liberdade (1859)
Guerra civil nos Estados Unidos (1861-1865) Marx, O capital (1867)
Unificagao da Alemanha (1866-1871) Dostoievski, O idiota (1868)
Inaugurag&o do canal de Suez (1869) ML, A subrmissao das mulheres (1863)
(187)
1870 Guerra franco-prussiana (1870-1871) Darwin, A evoludo do bomem
Terceira Repiblica na Franga (1870-1940) Nietzsche, O nascimento da gragldia
Conferência de Berlim sobre a Africa (1884) (1872)
Lei da Reforma de 1884 na Gra-Bretanha Ibsen, Casa de bonecas (1879) 3
Zola, O romance experimental (8
8)
Nietzsche, O Anticristo (188
Or altcerces do séeulo
1890 Caso Dreyfus na Franga (1894-1899) Chamberlain,
Guerra sino-japonesa (1894-1895) XIX (1899)
9)
Guerra dos bêeres na Africa do Sul Durkheim, O suicddio (189
(1899-1902)

1900 Guerra russo-japonesa (1904-1905) A in te rp re ta gd o do s sones


Freud,
Entente cordiale anglo-francesa (1904) (1900)
Alianga anglo-russa (1907) te cu bi st a: Pi ca ss o: B r d 700)
Ar
09 02)
Teoria guênrtica de Plan
ee
Lenin, What Js to Be D
Teoria da relatividade dé

od
., Reflexoes sobre a violên
, CAPITULO 11
A Era da Revolucao Francesa:
afirmacao de liberdade e If
igualdade
1 deflagragao da Revolugao Francesa, em 1789, estimulou a imaginagao
dos europeus. Tanto os participantes do movimento como seus observa-
dores sentiam gue estavam vivendo numa época crucial. Sobre as ruinas
da Velha Ordem, baseada no privilégio e no despotismo, formava-se uma
nova era gue prometia realizar os ideais do Iuminismo. Fsses ideais in-
cdlufiam a emancipacio do individuo da superstigao e tradigao, a viréria Ë
da liberdade sobre a tirania, a remodelacao das instituicêes de acordo
com a razio ea justica e o fim das barreiras & igualdade. Parecia gue os
direitos naturais do individuo, até entio um ideal remoto, passariam a
reinar sobre a terra, acabando com séculos de opressio e miséria. Nunca |
antes as pessoas haviam demonstrado tal confianga no poder da inteli-
géncia humana de criar as condicêes de existência. Nunca antes o furu-
ro parecera tio cheio de esperanas. “* ,

bard
Ka EER
O Antigo Regime
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A sociedade francesa do século XVIII estava dividida em três ordens, ou esta- pure,

dos du€ constituiam agrupamentos legalmente definidos. O dlero formava o pri-


MEro estado; a nobreza, o segundo; e todo o resto da popula€3o pertencia ao ter-
“€lro estado. O clero e a nobreza, totalizando cerca de 500
mil pessoas de uma
Populagio de 26 milhêes, desfrutavam de privilégios especiais. A estrurura social
do Antigo
Anti Regime, baseada em desigualdades sancionadas por lei, provocou ten-
“ due precipitaram a Revolucëo.

O primeiro estado
Os poderes€ privilégios da Igreja carélica francesa faziam dela um Estado den-
TO do E
stado. Como havia feito durante séculos, a Igreja registrava nascimenrtos,
“aSame “OS €e mortes; recolhia tributos (um imposto sobre os produtos do
solo);
CEnsur
eis ie ar die perigosos 3 religiso e 3 moral; administrava esco-
Be ae €Smolas aos. pobres. Embora suas terras gerassem. uma renda
`* *Breja nao pagava impostos. Em lugar deles, fazia uma “doagdo livre”

219
NN
|
Civiszacao ocidental

a0 Estado — cujo valor ela prépria determinava — ue


teriam sido os impostos diretos.
9 gue
O dlero refletia as divisêes sociais da Franca. O alto clero parr
des e do modo de vida da nobreza, da gual era Proveniente ia Hlhava das
de nascimento, viam com ressentimento o orgulho ea vida luxuosa $ PAarocos |
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Em 1789, guando comeGou a Revolucio, muitos padres - Fi

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idéias reformistas do terceiro estado.
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O segundo estado
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Como o clero, a nobreza era uma ordem privilegiada. Os


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mais alcos postos da Igreja, do exército e do governo. Estavam aat


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parte dos impostos (ou valiam-se de sua influência para fug


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tributos), recolhiam tributos senhoriais dos Camponeses e eram


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madamente um guarto a um tergo das terras. Além da renda gue bday


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suas propriedades, os nobres comegaram a envolver-se cada vez mais com ativi-
dades nao aristocrdticas, como negécios banc4rios e financeiros. Os nobres em
os principais patronos das artes. Muitos pbilosophes importantes — Montesguieu,
Condorcet, d'Holbach — eram nobres. A maioria dos membros da nobreza, po-
rém, nao via com bons olhos as idéias liberais dos iluministas.
Nem todos os nobres eram iguais. Havia graduacëes de dignidade entre os
350 mil membros da nobreza. Os nobres de espada — familias gue podiam re
montar suas origens aristocrdticas a muitos séculos antes — desfrutavam maior
prestigio. Os mais altos entre os nobres antigos ocupavam-se da atividade social
em Versalhes e Paris, recebiam pensêes e sinecuras do rei, desempenhavam pot
cos servicos titeis ao Estado. A maioria dos nobres de espada, incapaz de manter
a vida dourada da corte, vivia em suas propriedades na provincia, e os mals po”
bres entre eles mal se distinguiam dos camponeses mais présperos.
Ao lado dessa nobreza antiga havia surgido uma nobreza nova, criada pela yt
narguia. Para conseguir dinheiro, recompensar os favoritos € enfraguecer a ii
ga nobreza, os reis franceses haviam vendido titulos de nobreza a membros Me
burguesia e conferido a condicëo de nobre a certos cargos governamenta* !
prados pelos burgueses ricos. De particular significagao eram OS nobres an
cujas fileiras inclufam muitos ex-burgueses gue haviam comprado cargos JV
rios nos parlements, os tribunais superiores de justica. ss : libe
Os aristocratas tinham opiniëes divergentes. Influenciados pelos ideas gue”
rais dos philosoph es, alguns nobres tentaram implanta r reformas na Fear
riam pêr fim ao despotismo real e estabelecer um governo constituclon ms
ponto, os nobres liberais tinham muito em comum com a burguesië- vy ins”
dificuldades do rei em 1788 como uma oportunidade de recuperaf * na” realis
talando no poder uma lideranga esclarecida. Ouando resistiram 3S polidea
declararam estar se opondo ao despotismo real. Muitos nobres, porém:
- des em preservar seus privilégios e honrarias, mostraram-se hostis a0s !
s@opuseram-se 3 reforma.
O Ocidente moderno 32] ifi
HE

N
er Cronologia 11.1 * A Revolugao Francesa

788 (Convocacao dos Estados Gerais. $


ol |
N 89 O terceiro estado declara-se Assembléia Nacional.
| mde joke 17 Tomada da Bastilha.
| '
| 1 de julho, 1789

Final de julbo 1789 O Grande Medo.


| gdeagostos 1789 Os nobres renunciam a seus privilégios especiais.

70 de abril, 1792 A Assembléia Legislativa declara guerra a Austria.

| 21-22 de setembro, 1792 Abolicio da monarguia.

Janho, 1793 Os jacobinos substituem os girondinos como grupo


dominante na Convengio Nacional.
Robespierre morre na guilhotina. |
28 de julho, 1794

O terceiro estado

O terceiro estado era formado pela burguesia, pelo campesinato e pelos traba-
Ihadores urbanos. Embora a lideranca da Revolugo rivesse saido dos guadros da
burguesia, o éxito do movimento dependeu do apoio proporcionado pelo resto
do terceiro estado.

A burguesia A burguesia consistia em manufatureiros comercianrtes, comer-


dlantes atacadistas, bangueiros, mestres-artesaos, médicos, advogados, inrelecruais
€funciondrios governamentais dos escalêes inferiores. Embora os burgueses fos-
*€m ricos, nao tinham prestigio social. Um comerciante, apesar de seu éxito, sen-
Ha due sua OcUpagio negava-lhe o respeito desfrurado pela nobreza.
ed pelos valores aristocrdricos da €poca e invejosa do estilo de vida
es le ee procurava apagar o estigma da ascendência plebéia e ele-
ede ek isnie ese de terra. Por volta de 1789, a bur-
dws ie e vd de 20% das rerras francesas. Tradicionalmente, alguns
one se Mise elevado soclalmente pela compra de Cargos judicid-
no slto der due con gee um ritulo de nobreza, ou conseguindo ingressar
sberto du pe : oficiais do exército. O acesso a nobreza permaneceu
ase desejada de oo século XVIIL Contudo, uma vez gue as posigêes mais al-
Freglëne Ee pal reservadas aos nobres, os burgueses competentes com
ae an ui ss por vérias raz6es: o elevado prego de aaguisicao de
censio, ou ab o limitado de nOVoS Cargos, a resistEndla dos nobresa sua as-
a hostilidade dos nobres mais velhos aos recém-nobilitados. Sentindo-
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3A2 Givilizacio ocidental

se obviamente frustrados, esses homens COmMECaram ai id;


dispor-seAré “OM os
social vigente, gue valorizava a ascendência mais gueo talento.
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culo, no entanto, a burguesia na0 contestou a estrutu Ta Social
nem os p
especiais da nobreza. FI

Vilésies
1
Ha

Em 1789, os burgueses tinham muitas gueixas. Oueriam de


na lgreja, no exército e no Estado fossem acessfveis aos oe die *S POSiGGes
peito de suas origens. Desejavam um parlamento gue fizesse talente, ades
uma constituigdo gue limitasse o poder do rei e garantisse Me '* 8 nasio
mento, julgamentos justos e tolerêincia religiosa; e reformas admin; Ë de Pensa-
eliminassem o desperdicio, a ineficiëncia e a interferência na span gue

O campesinato A situacëo dos mais de 21 milhêes de cam Ponese


s franceses eg
um paradoxo. De um lado, desfrutavam de melhores cond; €OE
S due os Campone-
ses da Austria,Pruissia, Polênia e Ruissia, onde ainda predo minava
a servidio. N,
Franga, a servidio havia praticamente desaparecido, muitos Cam
poneses eram
donos da terra em gue trabalhavam e alguns chegaram até mesmo a prospera
r
De outro lado, a maioria dos camponeses franceses vivia na pobreza, gue se agra
vou nos tlcimos anos do Antigo Regime.
De modo geral, os camponeses mal conseguiam garantir sua subsisténcia. A
elevagao da taxa de natalidade (entre 1715 e 1789 a populacio deve ter aumen-
tado de 18 para 26 milhêes) levou 3 constante subdivisso das fazendas entre os
herdeiros. Além disso, muitos camponeses nio tinham terra prépria e arrendavam-
na de um nobre ou de um vizinho préspero. Outros trabalhavam como meeiros
entregando a seus credores parte considerdvel da colheita.
Um sistema fiscal injusto e corrupto pesava muito sobre os camponeses. Luis
AIV mantivera sua grandeza e financiara suas guerras arrancando triburos cada
vez maiores dos camponeses, prdrica gue continuou por todo o século XVIN
Um exército de coletores de impostos perseguia os camponeses. Alim dos tribur
tos reais, eles tinham de pagar o dfzimo & Igreja e os énus feudais aos senhores.
Embora a servidao tivesse terminado na maior parte da Franga, OS ed
continuavam a impor obrigacêes aos camponeses, como haviam feito na re
Média. Além de trabalhar na propriedade do senhor, os camponeses aI” ie
nham de moer o cereal no moinh o do senhor , cozer o pêo no forno do wê
prensar a vinha nas suas prensas e dar-lhe parte da produgso como pagame es
taxas eram chama das banali dades. Além disso, o senho r exerci a direito s ed
Essas
clusivos de caga nas terras trabalhadas pelos camponeses. Esses direitos me
ticularmente onerosos, pois as cagadas promovidas pelos senhores danilica
colheitas. Mas os senhores ESTAavam dispostos a defender esses privilegios g2
ido 2 ren da gue pro por cio nav am, mas tam bém por ser em sim bol os de au
dev
ridade e respeitabilidade social.
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Os trabalbadores urbanos A dlasse trabalhadora urbana nessa era PIE! DS de nd
Asistia em artesaos gue trabalhavam para um mestre-artes
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O Ocidente moderno 323

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diaristas, jardineiros, entregadores e ou-

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ndui stri as € assa lari ados com o os

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A miséria dos pobres urbanos,
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eram pagos pelas pessoas a guem serviam.

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em fins do século XVIII. De

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a do s cam pon ese s assa lari ados , se agr ava ra
-omo

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, o cust o de vida aum ent ou em 62%, enguanto os saldrios subiram
1785 a 17 8 9

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da Revolucao, os trabalhado-

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apenas 22%. Durante praticamente roda a década

kes
S€ man ter vivo s, dian te da esca ssez de ali men tos e do
es urbanos luraram para bdsi co, o pao. As
rme nte do prec o de seu ali men to
,umento dos pre€os, particula
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gue afer

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os pob res urb ano s a aros de viol ênci a
Aificuldades materials levaram

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am o curso da Revolugao.

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ef ic ie nt e € d e s o r d e m fi na nc ei ra
Administracdo in

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a e inef icie nte. A prdrica de

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adm ini str aca o da Fra nga era com ple xa, con fus

-
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ou em mui-
comprar Cargos do rei, adotada como meio de levantar dinheiro, result
as de uma
tos fanciondrios incompetentes. As tarifas sobre as mercadorias enviad
provincia para outra e Os diferentes sistemas de pesos e medidas dificultavam o co-
mércio. Nao havia um cédigo tinico de leis aplicivel a todas as provincias; pelo
contrério, os sistemas legais baseados no antigo Direito Romano ou no direito con-
suetudindrio feudal, se sobrepunham e conflitavam entre si, tornando a adminis-
tracio da justica lenta, arbitriria e injusta. Para os admiradores dos filésofos, o sis-
tema administrativo era um insulto 3 razao. A Revoluc#o acabaria com ele.
A desordem financeira contribuiu também para a debilidade do Antigo Re-
gime. Nos seus dltimos anos, o governo nio conseguia levantar fundos suficien-
tes para cobrir as despesas. Em 1787, ainda estava pagando a enorme divida pro-
vocada pelas guerras de Luis XIV. Os custos das guerras sucessivas durante o
século XVIII, particularmente a ajuda francesa aos revolrosos norte-americanos,
aumentaram consideravelmente o débito. Os presentes e as pensêes do rei aos no-
bres da corte e a extravagante vida cortesê contribuiram para esgotar ainda mais
0 tesouro.
As Hinangas estavam arruinadas ndo sê porgue a Franga se havia empobrecido,
ae iewe a um sistema fiscal ineficiente e injusto. A crise financeira,
buise eens po eria re resolvida se 0 clero, a nobreza € a burguesia contri-
guns minieeo , parcela justa de impostos. Com a Franga a beira da falência,
ede er Co rel propuseram guea nobreza € a Igreja abrissem mao de al-
'ëncia, Alguns PR fiscais, mas as ordens privilegiadas opuseram resis-
ogativas da Ge ak vee porgue eram defensores intransigentes das prer-
nidade de oonbor OS om (berais resistiam porgue viam enrao uma oportu-
oUperara naas o absolurismo e introduzir reformas fundamenrtais para re-
aG30.
ae ew Re ie forgou o governo, em julho de 1788, a COnvocar uma
ira pela Gina vere m EG uma assembléia representariva medieval due se reu-
ir nudo de 789. er para trarar da crise financeira. Fla deveria se reu-
““ndiam enfra - LErtos de gue dominariam os Fstados Gerais, os nobres pre-
duecer o poder do trono. Ouando tivessem o controle do governo,
F 7
l

324 Civilizacio ocidental

ET farijam as reformas financeiras. Mas a revolta da nobreza contraa C


4 AE ed . . ' O
segiiëncias inesperadas: abriu caminho para as revolug6es do terce; “9a teve go.
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destruiram o Antigo Regime e com ele a aristocracia e seus privilé % estado, Jue
g10s.
O papel do Ilaminismo e da Revolucio Americana
As revolugêes brotam do espirito. Os movimentos revoluc; Ond
rios, di Ge
Rudé, historiador da Revolugo Francesa, reguerem “um c orp orge
o de idéas gue
promova a unificag30, um vocabuldrio comum de esperanca e PIot
esto, EM r
mo, um tipo de 'psicologia revoluciondria! comum”!. Por ess 2 TAZA esu-
0, muitos his.
toriadores véem uma relacao entre o Jluminismo ea Revolucio Francesa
Es '
Os ph
losophes nao eram revoluciondrios, mas seu atague aos pilares da ordem
ge " ' F
estabele-
cida ajudou a criar uma psicologia revolucionéria. Como observa Henri Peyre

A filosofra do século XVIII ensinou os franceses a considerarem vil sua condiei, ou en


todo caso injusta e ildgica, e os fez indisporem-se com a resignacio paciente gue por tant
tempo caracterizara seus ancestrais (...). A propaganda dos philosophes, mais dy gue gual-
guer outro fator talvez, contribuiu para cumprir-se a condigdo preliminar da Revolugi
Francesa, ou seja, a insatisfacdo com a situacdo vigente”

A medida gue a Revoluc3o avancava, seus lideres recorriam as idéias e lingua-


gem dos phzlosophes para justificar seu préprio programa de reformas.
A Revolugio Americana, gue deu expressio pr4tica 3 filosofia liberal dos ilumt
nistas, também contribuiu para preparar o caminho & Revolugao Francesa A
Decdlarac3o da Independência, gue proclamava os direitos naturais do homem
sancionava a resistência contra gualguer governo gue privasse os seres humanos
desses direitos, influenciou os autores da Declaracao dos Direitos do Homem cdo
Cidadao (ver pp. 330-31). Os Estados Unidos provaram gue era possivel ie
uma nacio com base no principio de gue o poder soberano €mana do eer re
norte-americanos estabeleceram um exemplo de igualdade social due n rd ,
precedentes na Europa. Em seu pais nio havia aristocracia hereditêria, ne ao
igreja oficial. Os aristocratas liberais franceses gue haviam lutado wi”
dio, nem
volug&o Americana, tal como o marguës de [afayette, retornaram ) Franga
otimistas guanto As possibilidades de se reformar a sociedade francesa.

Uma revolucio burguesa?


Como os burgueses foram os principais lideres da Revoluga
como os gue mais se beneficiaram com ela, muitos historiadores
juntamente com as revolugêes inglesas do século XVII e o cresciment? ae
talismo, como “um episédio na ascensio geral da burguesi a””. Os dU€ es do
'.. volugo Francesa como uma “revolugao burguesa” argumentam duÉ. ”
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-hocou-se de (rente com as aspiracoes da burguesia abastada, ralentosa e progres-
sista. Barrados em sua ascensao na mobilidade e dignidade sociais, os burgueses,
impregnados com a perspecdlva racional do Iluminismo, passaram a ver os no-
causa
bres como um obstéculo a seu avanco e ao progresso da nagao. A principal
4a Revolucëo”, conclui o historiador francés Albert Soboul, “foi o poder de uma
burguesia gue, tendo chegado & maturidade, viu-se confrontada por uma aristo-
sacia decadente gue se agarrava tenazmente a seus privilégios.”' Assim, guando
epcontraram a oportunidade durante a Revolugio, os burgueses acabaram com a
divis3o legal da Franca em ordens separadas.
Recentemente, alguns historiadores contestaram essa interpretag&o. Esses revi-
sionistas alegam gue, antes de 1789, os nobres e a burguesia nao constituiam dlas-
ses antagénicas separadas por diferengas nitidas. Ao contririo, nao era possivel
tracar uma distincio clara entre eles. Os burgueses aspiravam & condigao de no-
bres, e muitos nobres estavam envolvidos em atividades tradicionalmente consi-
deradas como territério da burguesia — mineracëo, metalurglia, téxteis e compa-
nhias de comércio ultramarinas. Abandonando o tradicional desprezo aristocrd-
tico pelos negécios, muitos nobres haviam desenvolvido a mentalidade capiralista
associada 3 classe média. Alguns deles compartilhavam com a burguesia os valo-
res liberais dos ppilosophese o desejo de abolir o despotismo mondrguico e refor-
mar a Franga segundo padrêes racionais. Assim, os nobres franceses, sobrerudo
os gue viviam nos centros urbanos ou viajaram para a Gra-Bretanha e as colênias
norte-americanas, eram receptivos tanto aos novos meios de vida guanto as idéias
Progressistas.
| Além disso, a nobreza da Franca era constantemente revigorada com a admis-
“ao de novos membros vindos da fileira debaixo. Ao longo do século XVIII, mi-
hares de burgueses, mediante casamentos, aguisigao de cargos ou servicos como
de locais — prefeitos, por exemplo — haviam obrido titulo de nobreza.
eiser o historiador inglês William Doyle, “a nobreza era uma elite aber-
uma classe hereditdria reservada. Tampouco se pode afirmar agora gue
ESSa el; ;
ee elite COrNou-se menos aberta no decorrer do século XVIII gragas a alguma
4640 aristoerdtica' exclusiva”s.

ga ee pouco antes de 1789 ja nao era possivel distinguir


vlam separa va tes € burgueses prosperos; as tradicionais distincêes due as ha-

da, na verdade Ne “NLA0 ultrapassadas. A elite social da Franga era constitui-


duanto bur es 1a fm uma nobreza heredirdria, mas por nordveis — ranto nobres
Bleses aa v Ma — ferenciados mais pela rigueza gue pela linhagem. Os bur-
ristoerge ke eram essencialmente moderados; nio visavam a destruicio da
` “4 COMO acONtECEU NO estigio inicial da Revoluc&io. A supressao dos

TN
326 Civilizacio ocidental

privilégios aristocrdticos nao foi parte de um pro STama pre '


con CEDido. 4:
revisionistas, mas uma reacao subita aos violento s levantes g dizem os
zona rural em julho e agosto de 1789. Além disso, ee lugar Hi
guando irrompeu o confronto sobre a composicëo dos Pstadoe ie de 1789,
seguinte), a burguesia comegou de fato a tomar CONSCIËncia de Der era
uma classe cujos interesses chocavam-se com os da aristocracia. ke COmo
guesia e muitos aristocratas estavam unidos em torno de me €NLa9, a bur.
ma comum, de cardter moderado. VOgrama de ref,
Finalmente, os revisionistas argumentam gue a nobreza feudal Zoe
cadente ou reaciondria guanto fazem crer os relatos tradicionais. O: sed 30 de.
ra ta
- # *

tam as reformas dos ministros reais porgue duvidavam da Capaci" dade ES resjs-
de
tado despêtico e incompetente para solucionar a crise financeira. certooe
si
vla aristocratas interessados apenas em agarrar-se a seus privilégios, mas
ie
" rambém aspiravam a servir o bem comum, instituindo mudangas estruturai -
ie libertassem a nagao do dominio despêtico e ineficiente e introduzisse reformas
no sistema financeiro e administrativo. Foi o desejo de implantar mudangas es-
sencials na vida polirica da Franga, afirmam os revisionistas, gue levou os nobres
a Insistirem na convocacio dos Estados Gerais.

A fase moderada, 1789-1791


Uma vez gue um nimero significativo de nobres simpatizava com a reforma,
nao havia nenhum abismo insuperdvel entre o segundo e o terceiro estados guando
os Estados Gerais se dispuseram a reunir-se. No entanto, logo ficou claro due%
esperancas dos reformadores chocavam-se com as intengêes de muitos aristoerars
O ague havia comecado com uma luta entre a Coroa ea aristocracla di
transformando em algo muito mais significativo: um conilito entre duas or ie
privilegiadas, de um lado, e o terceiro estado, de outro. Um agirador o pé
sae
Sieyës (1748-1836), expressou o édio da burguesia a aristocracla:
vilegiada disse ao terceiro estado: “Ouaisguer gue sejam OS SCUS EV N
guer gue sejam Os seus talentos, vocês sê irao aré certo ponto, € pée ae. de-
convém gue recebam honrarias.” As mais altas posic6es do pal, ie Ee
viam ser a “recompensa pelo talento”, no a prerrogativa da descendénCië infinr
terceiro estado, “nao pode haver progresso”, sem a nobreza, “tudo of reri?
tamente melhor”*.

Formacdo da Assembléia Nacional


as Vic
Os Estados Gerais reuniram-se em Versalhes em 5 de maio de 1769, able
:
êes de proce dimen to. Busc ando contr olar 84%” se | je s
ram paralisados por guest
a nobreza insistia em gue os três estados seguissem a prarica tradiclo
a " * n
- * - A

EE n Pa 3 velmente
Teunirem separadame€nte e votarem por ordem. Visto gue, Prov
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he ee ER EE EER R.P
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s] N

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O Ocidente moderno 327

Formacao da Assembléia Nacional, por Jacgues Louis David (detalhe). Com a instalagao da
Assembléia Nacional em junho de 1789, o terceiro estado vitoriosamenre contestou a nobreza &
desafiou o rei. Nesta pintura celebrando o acontecimento, um aristocrara, um clérigo e um
plebeu se abracam diante da animada Assembléia. Versalbes/Cliche des Musëes NaHonaux

duas ordens privilegiadas juntariam forgas, o terceiro estado estarla sempre em


minoria, na proporcao de dois para um. Mas os delegados do terceiro estado, n4o
dguerendo permitir gue os representantes da nobreza e do alto dlero dominassem
3 TEUNIAO, propuseram gue os três estados se reunissem como um Orgao Unico e
due os voos fossem considerados individualmente. Havia cerca de 610 delega-
dos do terceiro estado, enguanto nobreza e dlero juntos tinham um ntimero egui-
valente. Como o terceiro estado podia contar com o apoio de pdrocos € nobres
liberais, due simpatizavam com suas posic6es, terla maioria se todas as ordens se
)UNtassem. Aumentando o antagonismo entre aristocraras e burgueses, a retorica
od oker conguUIStou um puiblico cada vez maior entre rodos os segmen-
rcetro estado. Muitos plebeus passaram a ver a aristocracla como o prin-
“Ipal obstdculo 3 reforma.
m A Mi Junho, o terceiro estado deu um passo revolucionêrio, declarando-
union, mi Nacional. Em 20 de junho, encontrando fechada a sala onde se
estado tr d ee (ao gue pareceu, por acidente), os deputados do terceiro
soleneg, anster Iram-se para uma guadra de rénis préxima e cCOmprometeram-se,
“nte, a nao debandar enguanto nio tivesse sido redigida uma constitui-
N BA N. “IE

4 dd M
u)

328 Givilizacio ocidental

ao para a Franga. Luis XV] ordenou gue a Assemblé a Naci


onal se d
orden
s, mas o terceiro estado resistiu. A firmeza dos seus del
ameagadora dos parisienses, gue os apoiavam, obrigaram o re; egadose
junho, ele ordenou a nobreza (alguns nobres jê o haviam ei ceder.
em sua maioria jé o flzera) gue se juntassem ao o) e ao dlero (
Nacional.
Mas a vitéria da burguesia nio estava ainda cConso
T sy lidada pois a maior
' nobres nao se resignou a uma Assembléia Nacional dominada ria dos
h)

) ” . - i Or b
io Luis XVI, influenciado aparentemente pelos aristocratas da corte ese Urgueses,
si
di 2
forga contra a Assembléia Nacional para conter a incipiente revolu VEU usara
7 ê

st altura, os levantes dos plebeus em Paris e dos CAMponeses na drea Re” Fi €Ssa
“ia “1 dades entre o terceiro estado ea ee
ii a Assembléia,' exacerbaram as hostili salv

N is seguraram a vit6ria das forcas reformistas. oi


ER

'E A tomada da Bastilha


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3 em Paris era grande, por trêsMe raz6es.
Em) julho de 1789, a tensio os
Primeiro,a
convocagao dos Estados Gerais havia despertado esperancas de reforma. Segun-
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do, o preco do pio subia assustadoramente: em agosto de 1788, um trabalhador


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parisiense gastava 50% de sua renda em pao; em julho de 1789, estava gastando
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80%. Um terceiro elemento na tensio era o medo de uma conspiragio dos aris
deed

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rocratas para esmagar a Assembléia. Temerosos de gue os soldados reais bombar-


T

Ti
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deassem e sagueassem a cidade, os parisienses comecaram a armar-se.


Em 14 de julho, entre 800 e 900 parisienses reuniram-se em frente 3 Bast-
ha, fortaleza usada como prisio e um stmbolo desprezado do despotismo rea
Seu objetivo principal era conseguir pélvora e retirar o canhio gue ameagavë
um bairro operdrio densamente povoado. Como a tens&o aumentasse, OS pat
sienses aracaram e tomaram a Bastilha. A gueda da Bastilha teve amplas Consé
giéncias: um simbolo do Antigo Regime caira; alguns nobres cortesaos, hostis
Revolucëo, resolveram fugir do pais; o rei, atemorizado, declarou a Aser.
Nacional gue retiraria as tropas due cercavam Paris. O ato revolucionêrio 4%
Ed parisienses salvou indiretamente a Assembléia Nacional e com ela a revoluft0
di burguesa.

O Grande Medo
A revolug&o no campo também serviu aos interesses dos reforma€adores. 1oë
ritados com a miséria econêmica e estimulados pelos levantes dos parisiensé
camponeses comegaram a atear fogo As casas senhoriais e destruir OS registiO*
guais se encontravam descritas suas obrigag6es para com os senhores en
das insurreicêes dos camponeses foram aticadas ainda mais pelos rumor ds
OS aristocratas estavam organizando bandos de salteadores para aracA-los
COIM9
posto exército de salteadores nunca se materializou, mas o Grande Medo”
eitan”
EE ees ficou conhecido esse episédio — levou mais Camponeses a se armarem. ousP
ead
O Ocidente moderno 329

Tomada da Bastilha, 14 de julho de 1789. Uma mulridao de parisienses assalrtou a aremorizada


fortaleza da Bastilha, por muito tempo identificada com os abusos do Antigo Regime. Brown
Brorbers

do de um complê entre os aristocratas para frustrar as tenrarivas de reforma e


dando vazao ao édio gue h4 anos alimentavam contra os nobres, os camponeses
“Tacaram os castelos dos senhores com grande
firia.
Os levantes camponeses em fins de julho e inicio de agosto, tal como a insur-
'EIGA0 em Paris, foram vantajosos para a burguesia, pois deram a Assembléia Na-
“lonal a oportunidade de aracar os privilégios dos nobres, tornando legal aguilo
oe haviam conguistado com o fogo —a destruicao dos resguicios
ei ie de 4 de agosto de 1789, os aristoeraras, buscando restabelecer a
ia Ger ER renunciaram a seus privilgios especiais: direitos de Caga exclu-
teito de et es de IMpostos, monopélio dos alros cargos, cortes senhoriais e o di-
N 8Ir prestagao de servicos dos camponeses.
Te ey de Se 11de agosto, a Assembléia Nacional implemenrou as re-
e agosto. Declarou também gue a constituigao planejada deveria
ser ref.
j Ë “taclada por uma dedlaracio de direitos. Em 26 de agosto, aprovou a De-
$30 dos Direitos do Homem e do Cidadao.
330 Civilizacio ocidental

Os dias de outubro
Luis XVI, vendo com frieza essas reformas, adiou a
agosto ea Dedlaragao dos Direitos. Foi necessrio um 4PTOVaG30 dos deeretg. .
sienses para obrigar o rei a concordar com as reforma S€gundo leva
S e oficializar 4 Vl
reformadores. t6ria dos
Em 5 de outubro de 1789, homens e mulheres
de Paris cam;
20 guilêmetros até Versalhes, para protestar pela falta de pio, di
bléia Nacional e do rei. Poucas horas depois, 20 mil guarda
s pa ie
zantes da Revolugio, marcharam sobre Versalhes em APOiO aos
O rei nao teve alternativa sendo prometer pao e voltar com os AU€ Protestavam.
manifestantes para
Paris. Ciente de gue n4o tinha o controle da Populagëo pa
risiense e temend,
mais violências, Luis XVI aprovou os decretos de 4 de agosto
e a Declaraciod
Direitos do Homem e do Cidadao. Os nobres gue haviam
pressionado o EE
cmpregar a forga contra a Assembléia e tentado impedir as ref
ormas abandona
ram o pais.

AE NL”.
Er
As reformas da Assembléia Nacional
Enfraguecida a resistência, a Assembléia Nacional continuou o trabalho de
reforma iniciado no verao de 1789. Suas reformas (resumidas abaixo) destruiram
o Antigo Regime.

1. Abolig4o dos privilégios especiais. Acabando com os privilégios especiais da


nobreza e do clero nos decretos de 4 de agosto, a Assembléia Nacional legalizou
a igualdade exigida pela burguesia. A estrutura aristocrdtica do Antigo Regime
um resguicio da Jdade Média gue havia prejudicado a burguesia progressista, fol
eliminada.
2. Declaragdo dos direitos bumanos. A Declaragso dos Direitos do Homem
Cidadao expressava as metas liberais e universais dos filésofos do século Ar
Ao proclamar o direito inaliendvel 3 liberdade pessoal, religiosa € de par
e 3 igualdade de tratamento perante a lei, a Declaracao afirmava a dignida $ i
individuo. Declarava gue o governo nio pertencia a nenhum governan” se i
povo como um todo, e gue seu objetivo era a preservagio dos direitos na". ie
individuo. Como a Declarago contrastava acentuadamente Com 05 ee
defendidos pelo dlero intolerante, pela aristocracia privilegiada e por UIT Ai
ca despêtico, foi considerada como a certido de ébito do Antigo Reg, seh
3. Subordinardo da Igreja ao Estado. A Assembléia Nacional tambéEm go'P
os privilégios da Igreja Catélica Romana. Os decretos de 4 de agoSto ded;
o fim dos dizimos. Para conseguir recursos de gue muito necessltavs ds
bléia confiscou, em novembro de 1789, as terras da Igreja, colocando-? das di?
Em 1790, aprovou a Constituicio Civil do clero, gue alterou os limit rosdo
aa 'CEses — geduzindo o numero de bispos e padres — transformou OS mem O
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anelondr ios do governo, eleitos pelo povo e pagos pelo Estad Oo.
des EE ha ”
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O Ocidente moderno

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itos padres se opuseram 3 Constituicao Civil, gue dividiu os

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os bispos € MY oi Ë uma guestio emocional para con-
dversérios da Revolu gio

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(ranceses € des:u a0s ?

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a a Fra nga . Em set emb ro de 179 1, a Ass
6 7 Uma Cons Hituicdo par

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ma Constituic&o limitando o poder do rei e garantindo a to-

BONT Peka
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jonal promulgou

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per ant e a lei. Os cid ada os gue pa ga va
dos os franceses jgualdade de tratamento

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rm in ad a gua nti a nio pod eri am vot ar. Pro va-
um total de impoStOS 'nferior a dete

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mai s de 25 ano s foram exclui-

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30% de tod os os ho me ns com
velmen te, cerca de ma s aba sta dos se gua lif ica vam para
dic io, e ape nas os cid ada os
dos por essa con

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lamento unilateral criado

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lug ar na Ass emb lér a Leg isl ati va, um par

Ed AA,
de God ae od
ocupar um

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a Nac ion al. Ape sar des sa res tri gao , as con dig 6es par a o
para substituir ` Assembléi

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n sti tui cëo de 179 1, mui to mai s gen ero sas do gue na Gra-

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sufrêgio eram, na C o

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B]
Bretanha. é i a c i o n a l s u b s t i t u iu a
r a t i v a s e j u d i c i d r i a s . A A s s e m b l N a
5, Reformas administ
os das uni dad es pro vin cia is por 83 nov as uni dad es administrati-
solcha de retalh ref orm as
ap ro xi ma da me nt e co m o me sm o ta ma nh o. As
vas, ou departamentos,
le me nt ar am as mod ifi cac êes adm ini str ati vas . Um sis tem a pa-
judicidrias comp
ado de tri bun ais sub sti tui u as int ime ras jur isd ig6 es do Ant igo Regime, ea
droniz
sem-
venda de cargos judiciais foi suspensa. No cédigo penal completado pela As
bléia Nacional a tortura e os castigos b4rbaros foram abolidos.
6. Ajuda & economia. A Assembléia Nacional aboliu todas as taxas e tarifas so-
bre mercadorias transportadas dentro do pas, estabeleceu um sistema uniforme
de pesos e medidas, eliminou as guildas (remanescentes da Idade Média, gue di-
ficultavam a expans&o econêmica) e proibiu os trabalhadores de formarem sindi-
catos ou fazerem greves.

Acabando com o absolutismo, revogando os privilégios dos nobres e impedin-


doa massa do povo de conseguir o controle do governo, a Assembléia Nacional
consolidou o dominio da burguesia. Com uma das maos, romp€eu o poder da
aristocracia e do trono; com a outra, conteve as pessoas cComuns. Embora as re-
formas beneficiassem a burguesia, seria um erro consider4-las apenas como a ex-
me ae om se de uma classe. A Declaragdo dos Direicos do Ho-
rr ry a0 dirigiu-sea rodos, proclamou a liberdade ea igualdade como
$ € concitou os cidad3os a tratarem uns a0os outros com respelto.

A fase radical, 1792-179


4

tal ee ss realizagêes — igualdade perante a lei, carrelras abertas ao


par lam ent ar —, a bur gue sia nêo gue ria gue
2 Revolucio fosse DE Eie governo
RPaER ie el onge. Mas os periodos revoluciondrios sie imprevisiveis.
Po, o mov ime nto mar cha va num a dire c&o gue nao havi a sido pre-
V sta, ner d
esejada, pelos reformadores. Uma contra-revolugëo, liderada por
se
Ah

332 Givilizacdo ocidental

'. nobres irreconcilidveis e pelos religiosos


alienados &
ES fortemente catélicos, ameagou a Revolucio, obrigand
medidas extremas.

Os sans-Culottes
A Revolugio também foi impelida na diresëio do
radicalisme
tamento dos sans-culottes" — peguenos negociante S, artEsaOs e€ assalar;
ie desconten.
bora tivessem desempenhado Ke
um papel significativo no MOVimento aria dos. Em.
lar na tomada da Bastilha e nos Dias de Outubro, pouco havia
jdi Par
Ë
sans-culottes, dizzo o his
histtor
oriiador
francêsê Albert Soboul, 'COmecarama ” ao
N def
gue o privilégio da rigueza estava tomando o lugar mpree
eh di do privilégio do ds menpa
Previram gue a burguesia substituirja a aristocracia derrot to,
ada co MO classe dom;
nante 7. Inflamados pela pobreza e pelo édio aos
RT

T1COS, OS sazas-culottes insistiam


A Te "
Omar.

em gue o governo tinha o dever de |hes assegurar “o direito


de existir” politica
due contrariava o individualismo econêmico da burguesia.
- - ” ” - A

Também rejvindica-
-
Ë

vam dué o governo aumentasse os saldrios, controlasse os precos


dos alimentos
acabasse com a escassez de viveres e aprovasse leis para impedir extremos ,

de ri-
gueza e pobreza.
Enguanto os homens de 1789 buscavam a igualdade de direitos, liberdadese
oportunidades, os sazs-culottes ampliavam o principio de igualdade para gue in
cluisse um estreitamento da distincia entre os ricos € os pobres. Para reduzira
desigualdade econêmica, reivindicavam tributos mais elevados para Os ricose re-
distribuig#o da terra. Politicamente, defendiam uma republica democr&rica na
gual o homem comum tivesse participag&o.
Em 1789, os burgueses haviam exigido a igualdade com os aristocratas — 0
direito de ocupar as posic6es mais honrosas do pafs e o fim dos priviléglos espe
clais da nobreza. Ao final de 1792, os sams-culottes estavam exigindo a jigualdade
com a burguesia. Oueriam reformas politicas gue dessem aos pobres uma VO no
governo e reformas sociais gue melhorassem sua sorte.
Apesar das pressêes exercidas pelos nobres reaciondrios e pelo clero; de um
lado, e pelos sams-culottes descontentes, de outro, a Revolucio poderla n4% Ve
seguido um caminho radical se a Franga tivesse permanecido em pa A guer”
com a Austria e a Prdssia, em abril de 1792, exacerbou as disseng6es ingere
agravou as condic6es econêmicas e ameacou desfazer as reformas revoluer
rias. Foi nessas circunstências gue a Revoluc&o passou de uma fase moderê j0
i | U
para uma fase radical, gue os historiadores chamam de Segunda Revolu”
Francesa.

OE Sans-culortes significa,
literalmente, “sem Culotes” se As pessoas du€ nao
30 “ uU$d
am ale
pd em referência
BE Reg
vos; tais como as gue distingu
RE EE s
iam os aristocra tas antes da Revolucao.
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O Ocidente moderno 313

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Mi
A execucëio de Luis XVI. O rei morreu
com dignidade. Suas ulrimas palavras
foram: “Perdêo meus inimigos; confio
gue minha morte serd para a felicidade
do meu povo, mas lamento pela Franga,
e temo gue ela possa sofrer a ira do
Senhor.” GiraudonlArt Resource, NY

Invasdo estran get ra

Em junho de 1791, Luis XVl ea familia real, viajando disfargados, fugiram de


Varis para o nordeste da Franca, para se juntarem aos dmigrés (nobres gue haviam
deixado a Franga revoluciondria e estavam organizando um exército contra-revo-
luciondrio) e conseguir apoio externo contra a Revolug&o. Descobertos em Va-
'Ennes por um postilhio da aldeia, foram levados de volra a Paris praricamente
COMO prisioneiros. A fuga do rei fez voltarem-se contra ele muiros franceses, for
talecendo a posig3o dos radicais gue desejavam acabar totalmente com a monar-
dU1a e estabelecer a repiblica. Foi, porém, a invasio estrangeira gue acabou le-
vando 3 destruicëo da monarguia.
Em 20 de abril de 1792, temendo gue a Austria guisesse arruinar a Revolugao
. NSosa para disseminar os ideais revoluciondrios, a Franga declarou guerra a
Stria. Sob o comando do dugue de Brunswick, um exército formado de prus-
Si
“NOS € austrfacos invadiu a Franca. Numa atmosfera j4 carregada, o dugue de
“Unswick lancou um manifesto dizendo gue, se a familia real fosse molestada,
334 Giviljzacio ocidental

d uma vinganga terrivel recairia sobre os parisienses.


Ef 1
is. ses e as milicias de outras cidades, irritados, atac ATAM Oo paldcio
” ” “80Sto,
real, osma Paris Sien.
sy rias centenas de guardas suicos. 2

' , Em principios de setembro, guando as tro


HE damente na Franca, difundiram-se rumores de Jue os padrese pl, “AM profan
' estavam planejando fugir para apoiar o dugue de Brunswick O. PETaaS press
traram em pênico. Levados pelo medo, pelo patriotismo e por nie en-
NOS, atacaram as prisbes e massacraram cerca de 1100 a 1200 presos i aSSass
dos guais criminosos comuns, nio pristoneiros politicos.
'
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` * TRaloria
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Em 21-22 de setembro de 1792, a Convengao Na


cional
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tivo) aboliu a monarguia € estabeleceu a repiblica.


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submetido a julgamento; em janeiro de 1793. fo; executad


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a liberdade do povo francês. O levante de 10 de agOStO,


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OS massacres de setem.
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bro, a criagao de uma repiblica ea execucso de Luis XVI er


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a revolucao estava tomando um rumo radical.


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Enguanto isso, a guerra continuava. Sem suprimentos, pre


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judicado pelo mal


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tempo e dispondo de nimero insuficiente de soldados, o dugue


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de Brunswick
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nunca entrou em Paris. Vencidas em Valmy, em 20 de setembro de


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1792. as
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Gas estrangeiras retiraram-se para a fronteira, € os ExérCitos republicanos assumi-


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ram a ofensiva. Em principios de 1793, as forcas francesas haviam dominadoa


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Bélgica (entao parte do Império Austriaco), a Renênia germênica e as provincias


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sardas de Nice e Savéia. A Convencso Nacional anunciara solenemente a0s po-


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vos da Europa gue empreendia uma cruzada popular contra os privilégios ea


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Hrania, contra os aristocratas e os principes.


Atemorizados por essas idéias sociais revoluciondrias, pela execugio de Luis
XVle, o gue é mais importante, pela expansio francesa, gue ameagava 0 MR
brio de forcas, Os governantes da Europa, pressionados pela Gra-Bretanha, or
maram uma alianga antifrancesa, na primavera de 1793. As forcas aliadas mar
charam sobre as fronteiras da Franca, colocando a repdblica em risco. N
Insurreigêes contra-revoluciondrias enfragueceram ainda mais a RE
publica. Na Vendéia, no oeste da Franca, os camponeses gue protestavam 7
a tributagëo e o recrutamento militar, e ainda eram fiéis aos padres e as geeet
catélicas — gue haviam sido combatidas pela Revolucio —, pegaram Es is
contra a repdblica. Liderados pelos nobres locais, os camponeses da su O-
varam uma guerra de guerrilhas em favor da religiëo, da monarguia e dé si pro”
do de vida tradicional. Em outros cfrculos, os federalistas revoltaram se - Paris
vincias, opondo-se ao poder de gue dispunha o governo centralizado em
Grande parte do pafs estava fora do controle da repuiblica.

Os jacobinos
ë f-
# . a da jnsu

Enguanto a repiblica cambaleava sob o peso da invasio estrangelf2 ed d


* 3 ' -
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interna e da crise econêmica, a lideranga revoluciondria tornav”
sr Erik

is ta ical, Em junho de 1793, os jacobinos substituiram os glron dinos


com?
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O Ocidente moderno

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, dominante na Convencio Nacional. Os girondinos apoiavam um go-

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o gruP assuntos,
gual os departamentos exerciam controle sobre seus préprios

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s jacobinos gueriam um governo central forte, tendo Paris como

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se ee der. Tanto girondinos como jacobinos eram membros da burguesia,

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na econo mia, ao pas-

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ne eram contra a interf erênci a do gover
ve Mihd E aajacobinos apolavam controles governamentais no
s tempordrios para en-

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aa, WET,
“rm
foi
fentar a necessidades da guerra e da crise econêmica. Esse Glrimo ponto

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-rucial e conguistou para eles o apoio dos sams-culottes. Em 2 de junho de 1793,

aa
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am a prisao

- ' "n
serca de 80 mil sans-c ulotte s armad os cerca rama Conve ngdo e exigir

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-

j
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Jos delegados girondinos, o due permitiu aos jacobinos assumirem o controle

reid doel
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me ER EP

ed,
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do governo.

Fr
tar a

ASe
s am al ar ma nt es . T i n h a m de en fr en

N
Os problema dis an te do s ja co bi no er
ent e na Ven dél a, as dif icu lda des eco nêm ica s, o blo gue io
guerra civil, especialm
e a inv asê o ext ern a. Viv iam co m o me do ter riv el de gue , se fal hassem,
dos portos
Rev olu cëo pel a lib erd ade e pel a igu ald ade per ece sse . So me nt e um a lideranca
,
var a rep ibl ica . Ess a lid era nga foi pro por cio nad a pel o Co mi ré de
forte poderia sal
Seg ura nca Pdb lic a, gue org ani zou as def esa s nac ion ais , sup erv isi ono u os min is-
tros, ordenou prisêes € impês a autoridade do governo central em toda a naGao.
Os jacobinos continuaram o trabalho de reforma. Uma nova constituicio, em
1793, expressou seu entusiasmo pela democracia polirica. Ela encerrava uma
nova declaracëo de direitos gue afirmava e ampliava os principios de 1789. Con-
cedendo a todos os homens adultos o direito de voro, superou as objegoes dos
sans-culottes & Constituicio de 1791. Devido, porém, as ameagas de invasao e as
revoltas, a implementacio da nova constiuigio foi adiada e ela jamals entrou em
vigor. Abolindo a escravid3o nas colênias francesas € a prisao por dividas, e fazen-
do planos para a educacio piblica gratuita, os jacobinos revelaram seu humani-
arismo e sua divida para com os filésofos. Para conter a inflacio e conguistar o
apoio dos pobres — ambos necessérios ao esforco de guerra —, os jacobinos decre-
taram a lei do mdximo, gue fixou os precos do pio e outros artigos essenclals €
elevou os saldrios.

A nacio em armas
N n a invasio estrangeira, os jacobinos, numa decisao gue foi pre-
convoc aram os homens solteiro s entre 18 e
YS ahoe Nobliraesee ie moderno, nacionais, injeraram no exército Oo amor
bela ie - i mi todos os recursos
€monst ragio nordvel de capacid ade adminis trariva , prepara -
ram um si ps
Boe ito de mais de 800 mil homens. Ao criar a nagdo em armas, os jaco-
epdbliea Ee rambém da guerra moderna. Os cidadaos-soldados da
oficiais gue haviam demons trado sua capacid ade no
Campo de balk ndados por
pelos ideais de liberda de, igualda de e fratern idade,
COnseguiram v - Ry. de ados € junho de 1794, os frances es derrota-
"AM as tropas ea ecisivas . Em maio
frontei ra setentr ional; em fins de julho, a
ran€a se RE a$ na importante
a senhora triunfante da Bélgica.
GIBLIOTECA POBLICA MUNICIPAL
Pe. ARLINDO MARCON BDATNEFF * MEN YT.
336 Givilizacio ocidental

A Liberdade arm
ada C OM Oo
ee golpeiaa Cetro d;
'SNOrAncia eo
Em '$MO, gra
vura de Jean-Bap
PUY, €. 1793.
Usando o eet
zZa0 ( @ €Sguerda)
Ihe deu, alLib Ue3
aAtaca a Ignorê
nciae o fanatism
O, di

estorco “ONJUNTO
para substituir
€rISLHANISMO tradic
jonal T
Civica, o Culto da
Raz&o. Bibliothegu
Nationale, Paris £

Ao exigir dedicac&o integral a nagao, a fase


jacobina da Revolugëo também an.
teclipou o nascimento do naci onalismo moderno.
Nas escolas, jornais, discursos
€ poemas, nos palcos, nos comicios e reuniëes das so
ciedades patri6ticas, os fran-
ceses ouviam falar da gléria conguistada pelos soldados re
publicanos ia cCampos
is

de batalha e eram lembrados de seus deveres para com a p4tr


er did
e

1 er

ia. “O cidadzo ie
ce, vive € morre pela pdtria” — essas palavras estavam escritas em lugares
PR
EEEEE

rd

piblicos
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para serem lidas e meditadas por todos. Os soldados da Revolucso lutavam nio
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por dinheiro nem pelo rei, mas pela nacao. Poderia esse sentimento intenso de
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nacionalidade, gue se concentrava nos interesses especiais do povo francês, ser


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conciliado com a Declarac&o dos Direitos do Homem e do Cidadio Cujos prin-


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ciptos eram dirigidos a toda a humanidade? Os préprios revoluciondrios nao com-


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preendiam as implicac6es da nova forca gue haviam liberado.


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A Republica da Virtude e o Reinado do Terror


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Ao mesmo tempo gue criava um exército revoluciondrio para enfrentar os 7”


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migos externos, os jacobinos tratavam também uma guerra contra a opsie?”


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interna. A personalidade-chave dessa Juta foi Maximilién de Robespierre py



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1794), gue tinha uma fé fervorosa na justeza de suas convicgoes € dedicaao "9
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3 democracia republicana. Robespierre gueria criar uma sociedade melho5 sd


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damentada na razêo, nos bons cidadzos € no patriotismo. Em sua Repdblica $


Virtude nao haveria reis ou nobres; os homens seriam livres, iguais € educados
raz&o seria glorificada e a superstic3o, ridicularizada. Nio haveria exdremo,
rigueza ou pobreza; a bondade natural do homem prevaleceria sobre diep
cobiga; as leis preservariam os direitos inaliendveis, em lugar de iolenté-los is
bespierre perseguiu sua sociedade ideal com zelo religioso. Gabendo due *
pubhca da Virtude nao poderia ser criada enguanto a Pranga estivesseamess
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-pela guerra externa e interna, ;nimiEe da


advogou um trat amento duro para OS
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O Oridente moderno 337

“gue devem ser perseguidos por todos, na0 como inimigos comuns,
Repdblica
.
as COMO rebeldes, bandidos e assassinos
A lideranGa jacobina, com Robespierre desempenhando um papel-chave, in-
sestiu ConEra agueles due considerava inIMIgos da republica — girondinos gue
autoridade jacobina; federalistas contrdrios a um governo central
Jesafiavam a
Paris; padres e nobres contra-revoluciondrios e seus partiddrios campo-
forte em
gue escondiam alimenrtos. Os jacobinos buscaram até mes-
hesesse aproveitadores
ardor dos sans-culottes gue lhes haviam dado poder. Temendo
no disciplinar o
enfraguecesse a autoridade central e promovesse a anar-
gue sua espontaneidade
de Robespierre dissolveram suas sociedades. Também execu-
guia, OS partidArios
sams-culottes conhecidos como enragés (literalmente, loucos) gue
ram os lideres
insurgir-se contra o governo jacobino e pressionavam por mais retor-
ameacavam
do gue os jacobinos pretendiam. Os enragés guerlam estabelecer limi-
mas sociais
as rendas e para o tamanho das fazendas e dos negécios — politicas con-
tes para
sideradas demasiado extremistas pelos partid4rios de Robespierre.
Robespierre € seus companheiros jacobinos nao fizeram do terror uma politi-
ca deliberada porgue estivessem sedentos de sangue ou enlouguecidos pelo po-
der. Buscavam estabelecer uma ditadura tempordria na tentariva desesperada de
salvar a repdblica e a revolugëio. Profundamente dedicados a democracia republi-
cana, os jacobinos consideravam-se como defensores de uma fé superior. Como
todos os visiondrios, Robespierre estava convencido de gue conhecia o caminho
certo, gue a nova sociedade por ele imaginada beneficiaria roda a humanidade e
gue os adversdrios de sua implementagio nao eram opositores apenas, mas péca-
dores gue tinham de ser liguidados para o bem de todos
Para julgar os suspeitos, instalaram-se tribunais especiais em Paris e outras ci-
dades. Os procedimentos eram executados com rapidez, e a maior parte dos jul-
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gamentos terminava em absolvicZo ou execucso. Na Vendéia, onde assolava a


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guerra civil, muitos prisioneiros foram executados por pelorêes de fuzilamento,


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sem direito a julgamento; cerca de 5 mil foram colocados em grandes barcos €


depois afundados no meio do rio Loire. Ironicamente, a maioria das execugêes
are gue as tronteiras estavam asseguradas ea guerra civil j havia
oe " als do gue um meio de salvar a repdblica assediada, o Terror foi,
pele ae forma de moldar 2 Nova sociedade eo novo individuo
erg . acordo com a radical ideologia jacobina. Calcula-se gue 40 mil
D. Ee os segmentos da sociedade, pereceram sob o Terror.
realmente salvaram a repiblica. Os exércitos estrangeiros foram
“Xpulsos, os levantes federalistas foram esmagados, os contra-revoluciondrios da
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“ndéia foram contidos evitou-se a anar us s Sem a discipli


disclplina, a d
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unidade; n anarguia.
a Franca pelos partidrios de Robespierre, eeé provivel gue a re-
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' PUblica tivesse desmoronado sob os golpes conjuntos da invasio externa € da
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Re an reinado do 'Terror suscita guestêes fundamentais sobre o significa-
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olugao Francesa e a validade da concepgioE gue o Iluminismo tinha do
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3386 Givilzac&o ocidental

individuo. Até gue ponto o Terror foi uma inversie d


OS idea;
como formulados pela Declaragao dos Direitos do “US Are
da Revhiol UGa0, tal
Homem?
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C$ em Mass,

Oo Mais SOm.-

erueldad das humanidad,


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glosas gue tanta repulsa Causou aos filésofos?
Terio oe partiddrios de Rob
gue se consideravam os mais decididos defensores dos
ideais da Rey
, ”

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chado e subvertido esses ideais com seu zelo excess 1vo? Mo “140, mans
bilizand
nagao, criando a mistica da pdtria, impondo o governo ditatorial e s
st * # - # . ”
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liberdade e $da igualdade e legalizando € Just Ciesa 2


ificando o terror praticadg em
do povo, na0 estavam Os jacobinos, in no
voluntariamente, liberando novas£
gu€, em anos posteriores, seriam utilizadas po OrGas
r regimes totalitArios, consciens
mente dispostos a acabar com o legado liberal da Revoluczo?
"
,
* G-

A gueda de Robespierre
sentindo na propria nuca o frio da lAmina da guilhotina, os adversirios
de
Robespierre na convengio ordenaram sua prisio ea de alguns de seus partidi-
rios. Em 28 de julho de 1794, 9 do Termidor, segundo o novo calend&rio rep
blicano, Robespierre foi guilhotinado. Apés sua morte, a m4guina da repdblic
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jacobina foi desmantelada.


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A lideranga passou & burguesia proprieriria gue havia endossado as idéia


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constitucionais de 1789-1791, fase moderada da Revolucëo. A nova lideranga,


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conhecida como termidorianos até fins de 1795, nio guis mais saber dos jacobi-
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nos ou da sociedade de Robespierre. Este representara para eles uma ameaga 2


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seu poder politico — porgue teria permitido as pessoas comuns uma considerdvel
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participagio no governo — e & sua propriedade — porgue teria regulamentado


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economia em favor dos pobres.


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A reagao termidoriana foi uma contra-revolucëo. O novo governo purgo ë


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exército dos oficiais suspeitos de inclinag6es jacobinas, aboliu a lei do maximo€ ,


clarou invélida a constituigdo de 1793. Uma nova constituicio, aprovada €m is
restabeleceu as exigências de propriedade para votar. A contra-revolugao ram
produziu um contraterror, na medida em gue realistas e catélicos massacraram)
cobinos nas provincias. "
No final de 1795, o novo governo republicano, chamado de Direr6rio, ea.
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ponsével pela guerra, pela economia deficiente € pela inguietagao intern.
ret6rio esmagou os levantes dos mOnarguistas, gue procuravam restaurar a
(1797), e dos sams-culottes parisienses, enfurecidos pela fome é pelo édio aos
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1795-1796). Com o agravamento das pressêes militares internas, 0 pode
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ad governo em novembro de 1799, levando 2a Revolucio 3 uma nova fas
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N apoledo ea Franca: retorno ao regime autocrdtico

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Napoledo nasceu €M 15 de agosto de 1769, na ilha da Cérsega, filho

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E nobre. Depois de ter concluido a escola militar na Franca, tornou-se


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arilharia: as guerras da Revolug#o Francesa proporcionaram-lhe a opor-

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Se de de progredir na carreira. Em 1726, recebeu o comando do exército

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Francés na Irélia. Na Irdlia, contra os austriacos, Napoleëo demonstrou surpreen-

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e a lider anga milit ares, o gue

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ma imediata. Tendo provado a glêria, ele jamais pde passar sem ela;

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sonhecido somente o sucesso, nada lhe parecia impossivel. Napoleao senti

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estava destinado a grandeza.

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Fm 1799, enguanto liderava um exército francés no Egito, Napoleao decidiu

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'etornar & Franca € manobrar para chegar ao poder. Aliou-se a uma conspiragao

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para derrubar o Diretério e criou um gabinere execurivo composto por trés con-
sules. Como primeiro-cênsul, Napoleëo monopolizou o poder. Em 1802, foi
nomeado primeiro-cênsul vitalfcio, com direito a designar seu sucessor. Em 2 de
dezembro de 1804, numa pomposa cerimênia na catedral de Notre Dame, em
Paris, Napoleëo coroou-se imperador da Franga. General, primeiro-cênsul e de-
pois imperador — foi uma escalada sem félego ao cume do poder. Napoleao, gue
certa vez declarou amar o poder “tanto guanto um mrisico ama seu violino', es-
tava determinado a nunca perdé-lo.

Um déspota esclarecido
Napoleëo nao se identificava com o republicanismo e a democracia dos jaco-
binos; ele na verdade pertencia & tradicdo do desporismo esclarecido do século
XVIII. Da mesma maneira gue os déspotas reformadores, admirava a uniformi-
dade ea eficiëncia administrativas, era avesso ao feudalismo, & perseguicao reli-
Blosa ea desigualdade civil e defendia a regulamentagio governamental na indtis-
Ha e no comércio. Considerava o despotismo esclarecido como um meio de as-
““gurar a estabilidade polftica e fortalecer o Estado. Napoleëo preservou v4rias
“Onguistas da Revoluczo: igualdade perante a lei, carreiras abertas aos homens de
talento, incentivo & educac&o secular e enfraguecimento do poder clerical. Supri-
IU, no entanto, a liberdade polftica.
O Imperador foi bem-sucedido em dar & Franga um governo central forte e
administrativa. Um exército de funciondrios, submisso 4 vontade
Jormidade
N ador, chegou a todas as aldeias, ligando toda a nago. Esse Estado cen-
en erva ao desejo de Napoleëo de um governo ordenado e uma adminis-
NN Mere Prasa concentrar o poder em suas maos € proporcionou-
vies om e Os so dados necessdrios As suas guerras. Para eliminar adversd-
tlidveis, principalmente realistas€ republicanos intransigentes, Napo-
e
éao
“SOU os Instrumentos do Estado policial — agentes secreros, pris6es arbitrd-
T ss ma ` #

*S, Julgamentos sumdrios, execucêes.


340 Givikzacéo ocidental

Cronologia 11.2 * A carreir EE


| a de Napolezo
1796 Napole&o assume o comand O # "

| Trdlia. do exércitg trancês na


10 de novembro, 1799 Ajuda a derrubar o governo do Diretér;
| cendo um executivo forte na Franca. ? SSrabele,
" 2 de dezembro, 1804 (Coroa-se imperador da Franca.
j 21 de outubro, 1805 Datalha de Trafalgar — frotas francesase espanhol
P sao derrotadas pelos britêAnicos. -
| Outubro de 1806 Napoleao vence os prussianos em lena e
as forcas
francesas ocupam Berlim.
' | 1808-1813 Guerra peninsular — os hispênicos, ajudados pelos
N ingleses, lutam contra a ocupac3o francesa,
jé Outubro-dezembro, 1812 O Grande Exército retira-se da Russia.
# Outubro de 1813 As forgas aliadas derroram Napoleio em Leipzig,
j! | 1814 Paris é capturada e Napoleio é exilado em Elba.
' 20 de margo, 1815 Foge de Elba, entra em Paris e inicia o governo dos
j | 'cem dias”,
! || Junho de 1815 Derrotado em Waterloo, Napoleëo é esilado em an-
' ta Helena.
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Além disso, Napoleëo condicionou a opinido publica a fim de evitar Ns


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s ea sua pessoa. Nessas pa


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As suas poli tica


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s€u gove rno e obte r o apoi o popu lar


ele foi um precursor dos ditadores do século XX. A liberdade de imprensa
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bou. Os ripégrafos prestaram juramento de obediëncia ao imperador, € 0 Jor”


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toram transformados em porta-vozes do governo. ea Igreja Ca


Napoleao procurou fechar a brecha gue se abrira entre o Estado pot


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rélica durante a Revolug&o. Essa reconciliacio teria a aprovagao da massa de sa


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trancês, gue continuava dedicada a sua fé, e trangtilizaria os campones€? Ne


gueses gue haviam comprado terras confiscadas da [greja. Por essas ma ii
poleëo negociou um acordo com o papa. A Concordara de 1801 reco hees
tolicismo como a religiëo da grande maioria dos franceses, € nio COM? oP
oficial do Estado (gue era o gue o papa gueria). Napoleso havia alcancado'
jetivo. A Concordata tornou seu regime aceitdvel aos catélicos e aos dono
ras gue antes pertenciam 3 Igreja.
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O Ocidente moderno 34]

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Coroacio de Napoleëo e Josefina, por Jacgues Louis David. Napoleio coroou-se imperador em
magnifica cerimênia. Para os emigrados e nobres franceses de roda a Europa, ele era o `jacobino
coroado', gue ameagava os privilfgios aristocrdticos e a estabilidade europdia. Louvre @ R.M. N.

Politicas legais, educacionais e fnanceiras


| No Antigo Regime, a Franca estava as voltas com numerosos e contlicantes cé-
digos de leis. Refletindo interesses locais € rradicêes feudais, esses cédigos defi-
Cultavam a unidade nacional e a eficiëncia administrativa. As tentativas dos revo-
luciondrios de elaborar um cédigo unificado de leis falharam. Reconhecendo o
valor desse cOdigo para uma administracio eficiente de todo o pais, Napoleëo
“SIStiy na conclusao do projeto. O cédigo Napoleëo incorporou muitos princi-
he eri 'gualdade perante a lei, direico de escolher a profissao, liber-
ee ae, protecao dos direicos de propriedade, abolig&o da servidao e
er secular do Estado.
sensus ee teve um lado menos liberal, negando igualdade de trara-
suas telac Ge a#hadores em suas transagêes com OS empregados, as mulheres em
be OS maridos, a0s filhos em suas relacêes com os pais. Arribuindo
dukte ed condigao inferior a dos maridos em guestao de propriedade,
' Opiniko or om o cédigo retleria tanto a atitude pessoal de Napoleio como
s Wie ve s ed Com respeiro as mulheres ea estabilidade da familia.
Es dee ' principio da igualdade foi o restabelecimento da escravi-
rancesas, gue havia sido abolido pelos jacobinos.
342 Givilzacio ocidental

A politica educacional de Napoleëo foi, sob m Uuitos dASp


ect
mento das reformas escolares iniciadas na Revoluga0. Come OS, Um d
SSENnvol , -
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Napoleëo era favordvel a um sistema de educacëo publica ee tEvolucjongs
cular € um minimo de participacao religiosa. Para ele, a educac3
fo "oa "os Um CU # 1

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TICulo se.
nalidade: proporcionar funciondrios Capazes de aplicar suas leis , inha dup, d
dos para liderar seus exércitos e doutri nar OS jo
' vens na obedië * EClais treing.
de. Criou a Universidade da Franca,
cducagao sob control estatal. Até hoje, o sistema escola GO gue COlocavag
TE r francês é r;
te centralizado, com curriculos e padrêes fixados para todo o ak
POrosamer
As politicas econêmicas financeiras de Napoleëo
eo Ee“Se a tortalecer
Franga e aumentar a popularidade pessoal do imperador. ;
Para estimulara ECOno-
mia € conservar o apoio dos burgueses gue haviam colabora
do para gue el
masse o poder, Napoleëo auxiliou a industria, por me
io de tarifas € ae n
e estimulou o comércio (ao mesmo tEMPo gue intens
ificou os or ske
tro
pas), construindo ou reparando estradas, pontes e can
ais. Para proteger ii
da contra a inflacio fundou o Banco da Pranga, controlado
pelos princi si
financistas do pais. Abrindo as carreiras aos homens de tal
ento, endossou
das principais reivindicac6es da burguesia durante a Revolug3o. Temendo guea
falta de pao provocasse rebeliëes, proporcionou alimento a baixos precos e criou
€mpregos para os trabalhadores. Tornou-se simp4tico aos camponeses por ni
restabelecer privilégios feudais e por permitir gue conservassem as terras gue ha-
viam obtido durante a Revolugso.

Napoleao e a Europa: a difusao


das instituic6es revoluciondrias
Napoleëo, o aventureiro corso, realizZou o sonho de Luis XVI do dominio Iran
cés da Europa. Entre 1805 e 1807, impês derroras decisivas & Austria, Prussia€
Rissia, tornando-se na prdtica o senhor da Europa. Nessas campanhas, COM9
seus sucessos anteriores na Idlia, Napoleso demonstrou sua grandeza Com”
mandante militar. "
Por volta de 1810, Napoleio dominou a parte continental da Europa ge” is
a peninsula Balcinica. O Grande Império incluia terras anexadasa F ei
dos vassalos e aliados intimidados. A republica francesa j4 havlia anexado a ed
ca € a margem oriental alema do Reno. Napolego incorporou diversas *
&reas A Franga: as regiëes litorineas alemas aré o B4ltico ocidental € grande Es
da Irélia, incdluindo Roma, Gênova e arredores, 'Trieste e a costa d4lmata- "eio
tados vassalos compreendiam cinco reinos governados por parent€s de INaP
dois reinos na Irlia, e os reinos da Holanda, VestfZlia e Espanha- Es
Além dos cinco reinos satélites, o Grande Império incluia varlos out?
dos vassalos. Em 1806, Napoleëo criou a Confederaco do Reno. S€US me

e a 9so.: 1819
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344 Givilizacio ocidental

uma frouxa associacio de 16 Estados alemaes (posteriormen


te 18) Era
sos ao imperador, tal como os 19 cantêes da confederac3o s Uica. O Grande od
, ` m SUubm;

cado de Varsévia, formado em 1807 a partir dos territério da Prie 4


Polonese
foi colocado sob o dominio do rei alem&o da Saxênia, um
leao. Finalmente, o Grande Império Incorporou a Austri a, Prissia, e Na
Ruissia, se
# - ; O-

cia e Dinamarca, gue eram aliados forcados da Franca.


Com diferentes graus de determinago e sucesso, Napolezo estend
eu
mas da Revolugio a outras terras. Seus funciondrios institufram o Céd; ge
leao, organizaram um Servico civil efetivo, abriram Carreiras
ao si e og
ram os encargos tributdrios. Além de abolir a ser vid ao, os pag ame nto s e
e as cortes da nobreza, eliminaram os tribunais dlericais, fO
mentarama berdaf
religiosa, autorizZaram 0 casamento civil, exigiram gue
se concedessem Eer.
vis aos judeus e combateram a interferência do dlero na autoridade secular.
Tam-
bém aboliram as guildas, introduziram um sistema uniforme de pesos € medidas
acabaram com as tarifas internas € construiram estradas, pontes e canais, Incen-
rivaram a educagao secular e melhoraram a sadde piblica. Napoleëo dera into
uma revolucao social de amplitude européia, gue atacou os privilégios da aristo-
cracia e do clero — gue se referiam a ele como “o jacobino coroado” - e benefi-
ciou a burguesia. Essa difusao das instituicées revoluciondrias enfragueceu irre-
mediavelmente o Antigo Regime em grande parte da Europa e acelerou a moder-
nizacao da Europa no século XDX.
Satisfeitos com a revisao das préticas feudais e a redugo do poder clerical, mur-
tos europeus, sobretudo a burguesia progressista, receberam Napoledo como um
libertador. Mas seu dominio revelou um outro lado. Napoleëo, o tirano da Eu-
ropa, converteu as terras conguistadas em reinos sarélites e explorou-as em bene-
ficio da Franga — politica gue lhe valeu a inimizade de inumeros €urop€us.

A gueda de Napoleëo
$
Além da hostilidade dos pafses sujeitados, Napoleso teve de enfrencar , se
ged
c&o decidida da Gra-Bretanha, cujos subsidios e estimulo mantiveram vi
sistência ao imperador. Mas talvez o maior obsticulo de Napoleao fosse s do
bic&o sem limites, gue prejudicava seu discernimento. A carrelra do Ee
sofreu uma gueda gue foi da derrota ao destronamento e deste 3 deporta$

Incapacidade de dominar a Inglaterra


A TInglaterra foi o mais resoluto adversdrio de Napoleëo. E nao P9% jr
ao d
ser, Pols gualguer pot€ncla gue dominasse o continente europ€u Po dee afiar sel
zZar um poderio naval suficiente para ameagar o comérclo inglés com
.poder maritimo e invadir seu territêrio. A Inglaterra nao celebrava je ci0 BI
. nhum Estado gue buscasse a hegemonia européia, e a ambicio de Nap
aue isso.
se contentaria com nada menos
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de invadir a Inglaterra enguanto os navios de guerra ingleses domi-

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da Mancha, Napoleao resolveu sujeitar o gue ele chamava de

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ndo sua eco nom ia. S€u pla no, den omi nad o Blo-

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Franga com-
hrinental, foi proibir gue todos os paises controlados pela para

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oe o cont i-
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s inglesas. Mas o con tra ban do de mer cad ori as
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prassem m srcadoria
o Crescente comércio com o Novo Mundo permitiram &4 Gra-
nenté europeu €
r da rui na eco nêm ica . Alé m diss o, o Blo- Ë
Bretanha, embora combal ida , esc apa
pals es gue dep end iam de imp ort agê es da Ingl arer ra.
gueio Continental castigava vas de Napo-
a, due €m gera l apo iav a as ref orm as soc iai se adm ini str ari
A burguesi
pelo
eo, voltou-se contra ele devido aos problemas econêmicos provocados
o, seus esf orc os par a imp oro blog ueio o lev ara m a dois erro s
blogueio. Além diss |
Ruissia.
catastréficos: a ocupagao da Espanha e a invas3o da

A ulcera espanbola
Aliada da Franca desde 1796, a Espanha foi uma decepao para Napoleao.
No conseguiu impedir gue os portugueses comerciassem com a Gra-Bretanha e
pouco contribuiu, militar ou financeiramente, para o estorgo de guerra da Fran-
ca. Napoleëio resolveu anexar a Espanha ao seu império. Em 1808, depês o rei da
Espanha e colocou seu préprio irmao, José, no trono espanhol.
Napoleëo acreditava gue os espanhêis cerrariam as fileiras em torno do décil
José e se alegrariam com suas reformas liberais. Foi uma ilusio faral. Os nobres e
o clero espanhéis temiam o liberalismo francês; a populag&io — esmagadoramente
camponesa, analfabera e crédula, muito orgulhosa, fanaricamente religiosa e fa-
cilmente manobrada pelo cdlero — via Napoleio como um agente do diabo. Leais
3 monarguia espanhola e fiéis 3 Igreja, os espanhéis travaram uma “guerra de fa-
ca” contra os invasores.
Procurando manter viva a luta contra Napoleao, a Inglaterra foi em socorro
dos rebeldes espanhêis. A intervencio de tropas britênicas, comandadas por Sir
Arthur Wellesley, futuro dugue de Wellington, levou 3 derrora final de José, em
18 13. A “alcera espanhola” esgotou o tesouro de Napoleëo, manteve centenas de
milhares de soldados ocupados, permitiu 3 Inglaterra obter uma base no conti-
“€nte europeu para invadir o sul da Franga e inspirou os patriotas de outros pai-
“Sa resistirem ao imperador francês.

A guerra de libertacio alemd


" oe Ee antifrancês eclodiu também nos Estados alemaes. O 6dio aos
In
mies gus ia €vocou um sentimento de ultraje nacional entre alguns ale-
Mg Fm N, haviam pensado apenas em termos de Estados isolados, cada
cionalismie E por seu prêprio principe. Usando a linguagem emocional do na-
ee o om intelecruais concitaram a uma guerra de libertacao contra Na-
di ae Casos, 3 Criagao de uma Alemanha unificada. |
“osa error dee o desejo de independência e unidade nacional, a desas-
0 prusslanos em Iena (1806) e a dominac&o francesa da Alema-
346 Givilizacio oridental

nha estimularam um movimento de reforma entre OS me M


Dros da alta b
cia e do corpo de oficiais da Prissia. Para sobreviver nu uroe ra-
Mm mu
Revolucao Francesa, a Prussia teria de aprender as pri neip
als ie Does pel
— de gue cidadaos motivados gue combatem por um a
Ca
6 usa “40
s3 meie lhorRev
es olusolgg,
dos do gue mercendrios e servos oprimidos, e gue ofi Clals escolhidos pela oe .
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e inteligéncia comandam melhor do gue nobres gue tnham apenaso dreig i
cedido pelo berco. Os reformadores acreditavam gue a eli
minacëo d
clals superaria o derrotismo e a apatia, estimulando os SOS so.
Bon pe:
Estado voluntariamente e lutarem com bravura pela honra ITEm o
nacional. s
Entre as importantes reformas introduzidas na
Prussia, entre 1807
tavam a aboligao da servidao, a concessao de grande margem de au aa s
ao as cidades, a distribuicao de comissêes no exército
baseadas no is ae
nascimento, a eliminagdo dos castigos cruéis aos soldados
e gone k
recrutamento nacional. Em 1813, o grupo partidério das refo
rma forcou sis
n"5

Frederico Guilherme IN a decdlarar guerra a Franga. As ref


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ormas militares def *


"

melhoraram a gualidade do exército prussiano. Na guerra de libertagio (1815) os


-

soldados prussianos demonstraram muito mais entusiasmo € patriotismo


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do o
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em lena, em 1806, e os franceses foram expulsos da Alemanha. A guerra de liber-


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ragao alema veio na esteira da desastrosa campanha de Napoleso na Russia.


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Desastre na Rissia
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O agravamento das relag6es entre a Russia e a Franca levou Napoleio a deci-


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de

sao fatal de aracar o gigante oriental. A criag#o do gr&o-ducado de Varsêvia por


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Napole&o irritou o czar, gue temia um renascimento do poderio polonês e se res


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sentla da influência francesa na fronteira russa. Outra causa de atrito entre o Czaf
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e Napoleo era o comércio ilfcito da Rissia com a Inglaterra, violando o Blo-


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gueio Continental. Sem divida, a insacidvel sede de poder de Napoledo também


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o impeliu a atacar a Rissia.


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Em junho de 1812, o Grande Exército de Napoleso, reunindo 614 mil ho


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e penetrou na Ruissia. Travando apenas escaramu”


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mens, atravessou o rio Neman


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Gas de reraguarda e recuando de acordo com um plano, as forgas do caar ie


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Os Invasores 3 vastidao do territério russo, muito distante de suas linhas de ey 1


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cimento. Em 14 de setembro, o Grande Exército, com seus efetivos mulro * re


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dos por doenga, fome, esgotamento, desercio e combate, entrou €m Moscou. *


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estava praticamente abandonada. Para demonstrar seu desprezo a0s CO”


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res franceses e negar-lhes abrigo, os russos atearam fogo 3 cidade, du dué


por cinco dias. Instalando-se em Moscou, Napoleo esperou gue ME”. E-
mitisse a derrota e procurasse um acordo. Mas o czar permanecla intransig* se
Napoleao enfrentou um dilema: penetrar ainda mais na Russla €r2 mor”
ta; ficar em Moscou, com o inverno gue se aproximava, significava fome P
vel. Diante disso, resolveu retirar-se para o oeste. A 19 de outubro de
es KS m ul soldados e milhares de Carrocas carregadas com o sadgu€ delxara
EE ra a longa viagem de volta. Em principios de novembro comeGoU
O Ocidente moderno 347

Desastre na Ruissia. Sem provisêes para o inverno, o Grande Exércico de Napoleëio abandonou
Moscou €m outubro de 1812. Os franceses em rerirada foram dizimados pela fome, pelo rigor do
inverno e pelos aragues russos. Musde de | Armee

gear. Cossacos e camponeses russos dizimavam as tropas gue se perdiam. Em


meados de dezembro, perseguido pelos russos, o gue restava do Grande Fxercito
atravessou o rio Neman e penetrou na Prissia orienrtal.

Derrota fmmal
Depois da destruic&o do Grande Exército, o império desmoronou. Embora
Napoleëo tenha recrutado novo exército, nio pêde substituir o eguipamento, a
Cavalaria e os experientes soldados desperdicados na Russia. Tinha agora de re-
N a garotos de escola e a veteranos gue jé haviam passado da idade de servir.
E €Uropeus, em sua maloria, uniram-se numa coaliz4o final contra a Pranga.
Ra 1813, forgas aliadas da Austria, Prussia, Russia e Suécia derrota-
De He ps em novembro, forcas anglo-espanholas atravessaram
tomaae. ae ed a Pranga. Finalmente, na primavera de 1818, os altiados
San laere Ps - MA e foi exilado para a peguena ilha de Elba, ao
Peka de Lui ie 'nastia Bourbon toi recolocada no trone da Franca na
nhecido dose : , irmao mais novo do rei executado Luis XVI e lider reco-
grados.
Hb.Tend
E o re 44 anos, Napoleëos no acreditava gue seu destino era morrer em
m 1o9 de marco de 1815, desembarcou no litora : l francéësê com um milhar de
le
ET. EN
348 Civilizacdo ocidental

soldados; trés semanas depois, entr


ou em Paris para ser recebidg
ganizando um no vo exército, Napoleio manobrou contra MO he
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# *
mt
CO

gica. Ali os prussianos, liderados pelo marech ds torcas T herd Or.


al-de-campo Gebhard tadas na By).
- s os ingleses, comandados pelo dugue de
Wellington, Oo derrotaram, Von Bliche, ë
`N em junho de 181 - A tentativa desesperada de Napole
: z “n Water,
os famosos “cem dias” — falhara. Dessa vez, os al
lena, uma solit4ria ilha no Adêntico sul, a mil mi se Dra San He-
INesse rochedo dspero e triste, Napoleëo Bon apar
te, imperador da Fr
so conguistador da Europa, passou os seis Gl timo
s anos de sua vida.

O significado da Revolucao Francesa


A Revolugao Francesa foi um periodo deci
sivo na formag&o do Ocidente mo-
derno. Ela implementou o pensamento dos flés
ofos, destruiu a socjedade hierr-
guica e corporativa do Antigo Regime, promoveu
os interesses da burguesiae
acelerou o crescimento do Estado moderno.
Assim, a Revolucio Francesa enfragueceu a aris
tocracia. Eliminados seus di
reitos e privilégios feudais, os nobres tornaram-s si
e mplesmente cidad3os comuns
Ao longo do século XIX, a Franca seria governada pela aristo
cracia e pela burgue-
sla; as posses, e nao a ascendência nobre, determinavama COMPOSIGSo da nova elit
e
governante.
O principio das carreiras abertas aos homens de talento deu 3 burguesia aces-
SO as mais altas posic6es no Estado. Dotada de talento, rigueza, ambiGao é, agora,
de oportunidades, a burguesia desempenharia um papel ainda mais important€
na vida politica da Franca. Em todo o continente europeu as reformas da Revo-
lug3o Francesa serviram de modelo aos burgueses progressistas mais cedo ou mal
tarde, desafiaram o Antigo Regime em seus respectivos pafses.
Além disso, a Revolug&o Francesa transformou o Estado dindstico ee ae
Regime no Estado moderno: nacional, liberal, secular racional. Cuan dy
claragao dos Direitos do Homem e do Cidad3o afirmou gue “a fonte sd ie
soberania reside essencialmente na nagao”, o concelto de Fstado ar
dj provin”
nificado novo. O Estado j& no era apenas um
territério ou federagao Deus na
Clas; nao era apenas a posse privada de reis gue se diriam delegados de dk
Terra. De acordo com a nova concepcio, o Estado pertencia ao po vars go”
todo, e o indivfduo, antes sidito, era agora cidadao com direttos € si
vernado por leis gue nio estabelecjam distincées base
adas na are refor
O pensamento liberal do Tluminismo encontrou Expresso prarica - diados
mas da Revolugso. O absolutismo eo direito divino da mo
narduia EE uig6e
em teoria pelos flésofos do século XVIIL foram rejeitados pelas wand ie
gue impuseram limites aos poderes do governo e elegeram parlamenro* ed
presentavam os governados. Assegurando a igualdade perante a leie
ME RR) ai ap " AO
#
seg
dos direitos humanos — habeas corpus, Julgamento . Me ITelig! .
pelo juri, liber dade o
de palavra e de imprensa —, a Revolug&o acabou com os abusos do Anti# Ref!
O Ocidente moderno 349

as condui stas parec eram, por vezes, mais tebricas do gue reais, devido a
me. Ess
e interrupg6es, mas apeésar disso esses ideais liberais brilharam por toda
violaGoes |
, Europa- No século XIX, o ritmo da reforma se intensificaria.
Negando gualguer justificariva divina para o poder do monarca e privando a
a Revol ugëo aceler ou a secula rizaga o da vida poli-
greja de sua posiGao especial,
(ca européia Acabando com o caos administrativo do Antigo Regime, a Revo-
Jucio procurou impor normas racionais a9 Estado. A venda de cargos publicos,
dera origem a admin istra dores inefic ientes e corrup tos, foi elimin ada, e OS
gue
mais altos cargos no pais ficaram ao alcance de homens de ralento, guaisguer gue
fossem as suas origens. A RevolucZo aboliu as obrigac6es senhoriais dos campo-
neses, gue embaracavam a agricultura; e eliminou as barreiras 3 expansao da eco-
homia: baseou os impostos na renda e simplificou a sua colera. O fim dos rema-
nescentes feudais, das tarifas internas e das guildas acelerou a expansio de uma
competitiva economia de mercado. No século XIX, os reformadores no resto da
Europa seguiriam o exemplo dado pela Franga.
Ao disseminar os ideais e as instituicêes revoluciondrias, Napoleao impediu
gue os governantes tradicionais conseguissem restaurar integralmente o Antgo
Regime depois de sua gueda. A secularizacio da sociecdade, a transformagao do
Fstado dindstico no Estado nacional moderno e o predominio da burguesia esta-
vam assegurados.
A Revolugio Francesa também liberou duas forcas potencialmente destruti-
vas, identificadas com o Estado moderno: a guerra total € o nacionalismo. Elas
contrariavam os objetivos racionais e universais dos reformadores, tal como ex-
pressos pela Declarac&o dos Direitos do Homem. Enguanto as guerras do século
XVIIT foram travadas por soldados profissionais e com objetivos limitados, a Re-
volugao Francesa criou o recrutamento e a mobilizagio de todos os recursos do
Estado para o conflito armado. As guerras mundiais do século XX sio a realiza-
GA0 terrivel desse novo desenvolvimento da luta armada. A Revolucio Francesa
'ambém deu origem ao nacionalismo moderno. A lealdade era dirigida para toda
* Nagao, € nao a uma aldeia ou provincia, ou & pessoa do rei. Toda a Franga se
transformou na pêtria. Sob os jacobinos, os franceses se converteram & fé secular,
pregando a reverência total & nacao.
A Revolugao procurou reconstruir a sociedade tendo por base o pensamento
lu
ele ie ie dos Direitos do Homem, cujo espirio impregnou as
uw n ek UGO, sustentava a dignidade do individuo, exipia respeito a
io, his ad naturais a cada pessoa e proibia ao Estado negar-lhes tais di-
movera liberdade due a socledade eo Estado no tém dever maior do gue pro-
al est no Be a autonomia do individuo. A tragédia da experléncla ociden-
man; e ter enfraguecido, nas geragêes mais recentes, essa visio hu-
'*“% expressa de forma brilhante pelo Iluminismo e reconhecida pelas refor-
as da Revoluczo Er E, if ed Ë
Clonalismo, o ee osse ) ironi camen te, estim uland o a guerra roral, o na-
mo politica de governo e uma mentalidade revoluciondria
ae
due
u mudar o mundo pela coercio € pela violência, a prépria Revolucao
busco . # !

“Sa contribuiu para apagar essa vis&o.


' ) 350 Civilizacido ocidental

je Notas
SE s
RE 1. George Rudé. Revolutionary Europe, 1783-
Pik 5. Will; am D Doyle. O
1815. Nova York, Harper Torchbooks, lution nde sd : He French Reu,.
MES 1966, p. 74.
1980, p.21 Vniversigy Pr
AE'n
PER

2. Henri Peyre. ` The Influence of Eighteenth- 6. Extrafdo di


ir

John Hall St
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Century Ideas on the French Revolution”,
1

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Document
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ary Survey of He Be OE) A


Journal of the Flistory of Ideas, 10, 1949.73.
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SEA

*
lution.
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Nova York, Macm;l CA) Rey.


ky” -

j MT
RE
1
1 ii!

E
3. George Lefebvre. 7he French Revolution PP. 43-44. n, 1951,
I
from 1793 to 1799. Trad. para o inglês por
7. Albert Soboul. The Parisian
i.
EE be
John Hall Stewart e James Priguglietti. and the French Revo Sans-Cule 6
Nova York, Columbia University Press, lution, 1 F93-%
para o inglês por Gw
1964, 2:360. ynne Lewis. ie -
Oxfor d University Press,
4. Citado em T. C. W. Blanning. 7he French 1964, pp. 28 7
8. Extraido de Georg
Revolution: Aristocrats Versus Bourgeois? e Rudé (org). Ra
pierre. Englewood CLfS, N... Pres
Arlantic Highlands, N.]., Humanities Press, Hall, 1976, p. 57. ) Pen
1987 p.,9.

Sugestêes de leitura

Blanning, T. C. W. 7he French Revolution: Aris- As mudangas sociais, politicase ideolégi-


tocrats Versus Bourgeois? (1987). Resume o cas forjadas pela Revolucso.
recente estudo acadêmico sobre a guestio; Furet, Francois e Mona Ozouf (orgs.). A Gri-
é um dos volumes da série “Studies of Eu- tical Dictionary of the French Revolstia
ropean History” (Fstudos da histéria eu- (1989). Artigos sobre muitos tépicos; al
ropéia). tamente recomendado.
Chandler, David. 7he Campaigns of Napoleon Gershoy, Leo. 7he Era of the French Revolur
(1966). Andlise exaustiva da arte de guer- Hon (1957). Breve estudo contendo doc
ra de Napoleëo. mentos tuteis.
Connelley, Owen. Napoleon* Satellite King- Gottschalk, Louis e Donald Lach. Toward de
doms (1963). Evidencia os reinos de N4- French Revolution (1973). Estudo do ce
poles, Irdlia, Holanda, Espanha e Vestfs- n4rio da Revolucso Francesa no St
lia, criados por Napoleëo e governados por KVIII.
seus parentes. Herold, J. Christopher (org). The Mind d
Cronin, Vincent. Napoleon Bonaparte (1972). Napoleon (1955). Valiosa selego das pale
Biografia muito elogiada. vras escritas ë proferidas de Napoleio: N
Doyle, William. Origins of the French Revo- The Horizon Book of the Age 0
lution (1980). Nas &lrimas décadas, v4- Na po le & e sua época is
&o
ole on (19 63) .
rios historiadores contestaram a vis&0 tra- Hiagins E. L. (org.). The FrenchrêneRevosolu ft
dicional de gue a Revolucio Francesa foi em po ”, .
(1938). Trechos de co nt
uma tentativa da burguesia de eliminar Holtman, Robert B. 7e Napo or
Revo-
Os vestigios do poder e dos privilégios tion (1967). Retrato de Napo
aristocrdticos € uma vitéria da ordem ca- inovador revolucionério
pitalista burguesa sobre o feudalismo. Es- eo
todos os aspecros da vida euroP
se livro resume o novo debate acadêmico cularmente bom com respelto *
€ argumenta gue a nobreza e a burguesia
o propagandista. Revolutom 2
tinham muito em comum antes da Re.
Ee Lefebvre, Georges. The Fi rend! deralhada es”
'seesyolugao. vols. (1962, 1964). Andlise ars” E
Horres Alan. The French Revolution (1995).
crita por um historjador mag
O Ocidente moderno 351

F r e n c h R e volution Rudé, George. The Crowd in the French Re-


The Coming of H e
da e s t rurura So- volution (1959). Analise da composigao
t e an dl is e
ai 7). Bri lhan inaugural da multidao gue tomou a Bastilha, mar-
es An ti go R e g i m e € da fa se
chou para Versalhes e aracou o paldcio
da Revolugao. ( 1 9 6 3 ) . B r e v e e real.
Felix. Napol e o n
Markham | . Robespierre: Portrait of a Revolutonary
excelente bi og ra fi a.
A w a k e n i n g of E u r o p e Democrat (1976). Biografia do lider revo-
e
oo Napoleon and h uência de Napoleao luciondrio.
(1965). Fstudo da infl | Stewart, ]. H. A Documentary Survey of the
em outras terras. t ic Revo- French Revolution (1951). Valiosa colerê-
A g e o f th e D e m o c r a
Palmer, R. R. The Re vo lucao nea de documentos.
(1 95 9, 19 64 ). A
lution, 2 vols. Sutherland, D. M. G. France 1789-1815 (1986).
co mo pa rt € de u m m o v imento
Francesa A exemplo de Doyle, o autor diverge da
lu ci on dr io du e S€ di fu nd iu dos dois
revo reoria cldssica da revolug&o burguesa.
lados do Arlênrico.
we lv e Wh o Ru le d (1 96 3) . A b o rdagem
oo Tu
admir4vel do Terror.

(uestêes de revisao

1. Analise as causas da Revoluc&o Prancesa. Descreva a filosofia bdsica de Robespierre.


Napoleëo tanto preservou guanro destruiu
sd

2. Identifigue e expligue a importência dos


seguintes fatos: formacdo da Assembléia os ideais da Revolugio Francesa. Discura
Nacional, tomada da Bastilha, o Grande essa afirmagao.
Medo e os Dias de Ourubro. 8. Expligue a gueda de Napoleo. Ouais fo-
3. Analise a natureza e o significado das re- ram suas maiores realizag6es? F seus maio-
formas da Assembléia Nacional. res fracassos?
4. Ouais eram as gueixas dos sans-culottes? 9. Por gue a era da Revolugio Francesa toi de-
?. Ouais foram as realizag6es dos jacobinos? cisiva para a formagéo do Ocidente?
s CAPITULO 12
A Revolucao Industrial:
transtormacao da sociedade

N, final do século XVIIT, enguanto a revolucio pela liberdade e igu


sldad-
disseminava-se pela Franga e se propagava em ondas por tod
a a Europa
um tipo diferente de revolugëo, a revoluio na indvistria, tra
nsformavaa
vida dos britênicos. No século XIX, a Revolug3o Ind
ustrial difundiuse
pelos Estados Unidos e pelo continente €uropeu. Atualmente, englob
praticamente o mundo inteiro; em toda parte, o impulso de substi
tuiro
trabalho humano por m4guinas persiste em ritmo acelerado.
Apos 1760, na Inglaterra, ocorreram mudangas profundas nos mo-
dos de produgo e de organizag&o do trabalho. Novas formas de energia,
particularmente o vapor, substituiram a forca animal e os mvsculos hu-
manos. Descobriram-se maneiras melhores de obtengo e urilizagiode
matérlas-primas, € implantou-se uma nova forma de organizar a produ-
Go e os trabalhadores — a fébrica. No século XDC, a tecnologia avangou,
de triunfo em triunfo, com um fmpeto sem precedentes na histêria hu
mana. A explos&io resultante na produg#o e produrividade econ6micas |
transformou a sociedade com uma velocidade surpreendente. *

O inicio da era industrial

V&rias raz6es contribuiram para gue o processo de industrializagao ar


megado na Europa ocidental. O ocidente europeu era mais prospéro do sd
parte do resto do mundo, e essa prosperidade se espalhava entre malis € ee
pessoas. A rêpida expansio do comércio, tanto ultramarino guanto no ma
te, durante os séculos XV] e XVII (a revoluc&o comercial), favoreceu 2 ao ia
Gao de capital. Essa expans&o, gue resultou da busca agressiva por er vet
dos, permitiu as primeiras gerac6es acesso A rigueza de dreas mut see *doe
regiao mediterrênea. Assim, os recursos humanos e materiais do Novo
da Africa fomentaram o acdimulo de rigueza na Europa. . Estados
ë Envolvidos em ferozes disputas militares e comerciais, os primelros des
|:modernos, com diferentes graus de sucesso, promoveram ativamente # bém
EES
ties de manufatura de armas, uniformes € embarcac6es; incentivaram tam
y O Ocidente moderno 353

- mr m MEE RR. ER ar

dd s Cronologia 12.1 * A Revolugao Industrial

76 41767 Hargreaves inventa a spinning jenn)y.

| Watt inventa a mA4duina a vapor moderna. |

o Cartwright desenvolve o tear mecanico.

” Os operdrios obtêm autorizagio para reunir-se em sindicatos, mas


162 nio para fazer greve.
1830 Constréi-se na Inglaterra a primeira estrada de ferro.
| 1832 A Lei da Reforma de 1832 amplia o direito de voro na Gra- |
Bretanha.

comércio com a finalidade de aumentar a arrecadagao de impostos. O desenvol-


vimento comercial subsegtiente estimulou a grande expansao econbmica, due iN
beneficiou muitas camadas da sociedade: latifundi&rios, principes mercadores, E
empresdrios inovadores, colonos plantadores de cana-de-actcar, negociantes de
escravos, marinheiros € camponeses.
O crescimento demogr4fico e o aumento da produtividade agricola também
contribuiram para impulsionar a industrializag&o. O enorme crescimento popu-
lacional da Furopa no século XVIII forneceu & indistria mais consumidores e
trabalho. A ripida expansio da populacio deveu-se em parte & reducao de mor-
tes ocasionadas por guerras, fome e doencas. Além disso, com uma agriculrura
mais eficiente e uma melhor distribuicao de alimentos, os problemas de desnu-
Higao diminuiram, o gue significou sade melhor para todos e, portanto, mais
ende € menos mortes. Os progressos no setor agricola foram um dos gran-
ee pe $ advento da era industrial na Europa. Ao longo dos séculos, o
siener TT a0 e das obrigacêes senhoriais, aliado & crescente efteiéncia na
lo XVIN ' ae as pessoas para novas formas de trabalho. Por volta do sécu-
oe ed rie tradicionais de cultivo estavam desaparecendo na Europa
produgio bas ie am rormava-se cada vez mais uma empresa capitalista; a
ou da aldeia. a ser destinada ao mercado, e nio mais ao consumo da familia
se 'erras anteriormente compartilhadas pelos aldeëes para a criac&o de ani-
“IS toram declaradas iedadee priv
pri ada fpelos grandes ' larif
Proveitavam de ie iedad ifund idrios, gue se
un idri
terras comunai “u poder polfico. Esse processo de enclosure, isto é, de cercar
'etirad para uso particular, ocorreu em grande parte da Europa. Coma
d dos C , é .
MS dreas “MPoneses, os senhores de terra puderam introduzir o plantio nes-
“ra torn “ produzir
Produzi
excedentes para o mercado. Consegiientemente, o uso da
OUu-$ :
* mas produtivo. Através da agricultura conversivel — na gual se


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354 Civilizacio ocidental

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3 SOM Re. N sa vas Ed b Ese LAM ”
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Lu
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grande contingente de trabalhadores rurais para o trabalho nas


fibricas e cidades. A grande
emanda de mao-de-obra explica, em parte, a pesguisa e o invest
imento constantes em mAguinas
para as lavouras e Habricas nos Estados Unidos, gue sio ainda hoje um
dos principais exportadores
de alimentos. State Historical Society of Wisconsin

renovava o solo alternando-sea produëo de cereais com o plantio de legumino-


sas € depois com a pastagem —, os agricultores puderam continuar cultivando
todos os campos, em vez de deixar alguns de pousio, como era o costume du
rante séculos.
Finalmente, duas tradicêes culturais européias desempenharam papeis funda-
mentais no surgimento do industrialismo. Uma delas foi o individualismo, CJ?
origens remontavam A Renascenga e 3 Reforma e gue, durante a era da revolugi0
comercial, ganhou expressio com os mercadores e bangueiros ambiciosos € IM
sensiveis. Esse espirito individualista, combinado com a ampla Jiberdade gu€ %
Estados concederam & economia privada, estimulou o desenvolvimento de em”
presas capitalistas dinAmicas. A segunda tradicëo cultural a promovera lae
lizacao foi o alto aprego gue os ocidentais conferiam A compreensao racional
controle da natureza. Tanto o individualismo guanto a tradigao da razao cOnE "
o historiador David $. Landes, “deu 3 Europa uma Enorme vantagem n* n
GaAo e adogao da nova tecnologia. A vontade de dominar, a abordagem geo
t
dos problemas a gue chamamos método cientifico, a competigao POT ” mu
poder — tudo isso acabou com a resistência dos costumes herdados € fez da
danca um beneficio inegdvel”'
AA
O Ocidente moderno 255 s.

4 nglaterre PT” Ru | Hy
JE
. sleses dispunham de varias vantagens gue os colocaram na frente da rora
Os Ing o. Os grandes e facilmente desenvolvidos suprimentos de car- es
da indusrla ees” Asdé 3 Inglaterra uma longa tradic&o de metalurgia e minera- og

EPme
(ao e ferro ra e transporte fluvial foi complementado por canais e estradas

aa

die
i
os, financiadas € construidas por empreendimentos privados gue lu-

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para investir em novas industrias.

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bre os emp rés tim os cai ram no séc ulo XVI II, est imu lan do
dasse média em expansio propiciou um mercado interno para as recentes indvis-
trias inglesas, bem como as colênias britênicas de além-mar, gue Ihes forneciam
matéria-prima — sobretudo algodio, necessdrio ao desenvolvimento da indvistria
rdl. Um vigoroso espirito de iniciativa e a oportunidade gue se abriu aos ho-
mens capazes de ascenderem de sua origem plebéia & condigao de fama e fortuna,
também ajudam a explicar o desenvolvimento do industrialismo.

Mudangas na tecnologia
A indistria do algodao HA muito o centro de um importante comércio de la,
no século XVIII a Inglaterra deu um salto & frente na producio de algodao, a in-
distria gue primeiro demonstrou a possibilidade de indices de desenvolvimento
sem precedentes. A produgao inglesa de algodso cresceu dez vezes mais entre 1760
€ 1785, e outras dez vezes entre 1785 e 1825. Varias invencêes revolucionaram a
'ndvstria e alteraram drasticamente as condicêes sociais do trabalho.
ar oni ed do inicio dessa expansao, uma invengao simples — a
So A bysde ri nny Kay — possibilicou as recelêes duplicar sua produ-
dee ed ante permitiu aos recelêes produzir mais ripido do aue as
bele ag Te es gue a spinning jenny de James Hargreaves, aperfei-
ma sê ver Ee titou aos operadores trabalharem com varlos tusos de
Avis len 9 SOmenre energia humana. Cinco anos depois, Richard
VOU Uma maguina de fiar gue podia ser movida pela energia da
mdltiplos hand FR id a maguina de Samuel Crompton fazia funcionar
Ba animal ou h da Tr e intcio pela energia humana e, mais rarde, por ener-
60 gue eg E$Sas Inovag6es melhoraram tanto a produrividade da
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Cumulos na fase da tecelagem, aré gue em 1785 Edmund
rig td es e n volveu
um ' ”.
tear mecanico Perro do final do século, houve Uuma

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SCarOgadora de ds na América ajudaram a atender a crescente demanda de algod3o cru. A
o de Ek Whitney (1793) removia as sementes do algodao com
rapidez e baixo
356 Givilizacio ocidental

corrida para acelerar a etapa da fiacaoe, mas tarde, a


da tecelagem, en,
se energia hidrdulica para movimentar 9 TEarES OU NOVOS € ma
iora. PES 1 “Sand.
para as m4guinas de fiar. es didi sposityg,
Com a fiandeira hidrdulica de Arkwright,
a reuniëo de muitoso
Ihando em conjunto mostrou-se mais eficiente do Jue a prética d Perdriog traba.
ho para ser executado fora,
' to marcou o inicio do sistemana fabril,
casa de artesaos individuais.
gue uma geragio mais Esse
ii nar as condicêes de trabalho. Como essas tardedesen
ir Iy; vimen-
primeiras méguinas eram “Oue
ii agua, os moinhos ficavam localizados PrOximos aos rios. Assim, nos ese
is havia mdguinas, desenvolveram-se cidades;
Fe
1 e o sistema fabril concentrou OS Operd €
rios e suas familias perto das fAbricas.
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pera E -

A mdguina a vapor O engenheiro escocës


James Watt desenvol
a vapor na década de 1760. Como essas maguin VEL a maguina
as eram movid a$ pela ener
produzida por Carvao ou madeira, e n&o por 4dgua, gi
permitiram maior flexibilid
de na localiza3o dos moinhos têxteis. No mais de s.
pendendo d a energia forneci-
da pelos rios, e portanto sem a limitaco de terem de se
instalar no espago dispo-
nivel A margem de um curso de dgua, as f#bricas po
diam ser construidas em gual-
guer lugar. Com o vapor, alterou-se completamente o pa
drao de trabalho, poisos
operdrios mais fracos, mais jovens ou menos gualificad
os podiam aprender as
tarefas simples necessdrias para vigiara maguina ém funcioname
nto. A substitui-
sy 30 da mao-de-obra masculina pelo trabalho de Criancas € mulheres representou
j uma importante mudanca social.

A industria do ferro Se por um lado a méguinaa vapor permitiu aos empregs


dores contratarem pessoas mais fracas para o trabalho, por outro exigia maguinas
feicas de metal mais resistente, capaz de suportar as forcas geradas por uma font
ii de energia mais vigorosa. Na década de 1780, depois de vdrias tentativas, a EE
dugao de ferro batido foi aprimorada, e sua utilizacio tornou-se amplamenre '
j fundida aré a década de 1860, guando o aco passou a ser produzido a um CUS
is inferior.
“ Para alimentar suas fornalhas, a indudstria do ferro dema de produ
N
ndava grande Ee ë
Go das minas de carvio. Como as mAguinas a vapor pe
rmitiam a0sS ee veios
tirar 4gua das minas com mais eficiëncia e de nive
is mais profundos, os n ro
das minas existentes tornaram-se acessiveis pela primeira
vez. amsi
dutividade de carvao possibilitou melhorias constantes
na fundicao do -gusa EM
1856, Henry Bessemer desenvolveu um processo para converter oi eN
de
AGO, removendo-se rapidamente as impurezas contidas no ferro. INa

custo, o gue levou muiros agricultores e donos de plantagêes a destinar mais terras ao soe
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de Mi el
Uma gerago depois, os campos passaram a exigir um nimero maior de trabalhadores, end je
ziu a necessidade de mao-de-obra para o Processamento do algodao. O aumento da dema
Bi e Jho escravo teve repercussêes de longo alcance.
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O Ocidente moderno 3

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Mulher na m4guina de fiar de Hargreaves. A manufarura de rêxteis de algod3o foi uma das
primeiras a ser mecanizada. Nas induistrias domésticas, a familia inteira participava da produgao dos
fiose do tecido. Muitas das primeiras inveng6es foram feitas pelos préprios trabalhadores, ral como
0ajuste de Hargreaves 3 ferramenta de fiar urilizada por sua esposa. Mary Evans Picture Library

oge mis eoe pla anddde mu moe de Rea gig eke


1860, William Siemens e os irmaos Pierre e Emile Martin inventaram um pro-

ofte pa in jas ME de aco tOrnou-se to barara due ele logo substiruiu


Bragas a sua durabilidade e resistência & tracao.
Tra Orltes AO :
Ode Ar maguina A Vapor, o ferro eo AGO Inauguraram uma nova era nos
vam Os me; re gue se acelerava a produgao fabril, também se aperfeicoa-
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€Strada de fe : Tansporte. Em 1830, construiu-se na Inglaterra a primeira
dodo em ae 0, ligando Manchester a Liverpool; isso marcou o inicio de um pe-
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. “€ CONstruiram estradas de ferro em guase todo o mundo. A nave-


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“TA muito mai dicalmente com a utilizag&o de barcos sem velas, cuja tonelagem
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tra nstormacaoe da sociedade


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Ba tiveram Ge Pprodugao agricola, na organizagao "
dos negécios e na tecnolo-
Ca. As ie el ries revoluciondrias para a sociedade, a economia e a poli-
oram Impulsionadas do campo para as cidades,
e os modos de
358 Civilizacdo ocidental

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: de AFBaEIRAUSIAIE emergentes
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Mapa 12.1 Crescimento industrial no continente, meados da década de 1800

vida tradicionais se alteraram. No entanto, persistiam muitos elementos do ant!”


go modo de vida, sobretudo durante a primeira metade do século XI. A pro”
priedade de terras ainda era a principal forma de rigueza, e o poder pollcico el
rinuava nas maos dos grandes proprietrios. Desde a Inglaterra aré a Russa 4” j
te social ainda era constituida por familias cuja rigueza baseava-se na P ii T-
terras (fregientemente, antigas familias aristocrdricas). A sociedade européla F
manecia predominantemente rural; na metade do século, apenasa Inglaterr” ie
melio urbana. Contudo, as pessoas da Epoca estavam taAo oprimidas pela me
lizacao gue a consideravam uma ruptura total e repentina com 0 passado
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solucio da moral tradicional e dos padrêes sociais.
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As cidades cresceram 1 em niimero, tamanho € populagao. Por exemP jo” Ji
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sêo de Bir min gha m aum ent ou de 73 mil para


“801e 1831, a popula
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O Ocidente moderno 359 '

ol, de 77 mila 400 mil habitantes. As cidades industriais expandi- N


2de Let, ente, sem planejamento € nem muita regulamentagio por parte EE
ramse Hap al ou nacional. Tamanho crescimento com tio pouco planejamen- Et
do govermo, Oe erou diversos problemas para as cidades: instalac6es sanirdrias E
0 ede di jJuminacao, habitag6es miserdveis, transporte precdrio e fal- !
insuficientes
H oe es sofriam nesse ambiente de doengas, criminalidade e feitra, em-
sbres, obviamente, fossem os mais afetados por esses males. Viviam em
EN lizadas io préximas guanto possivel das fdbricas. Essas casas de virios
ar ed construidas to perto umas das outras gue somente os guintais as
EL vezes, uma familia inteira se amontoava num Hnico aposento, ou
dividia esse aposento com outra familia. Esgotos abertos, rios poluidos, fumaca
das fbricas e ruas imundas disseminavam as doengas. Na Gra-Bretanha, 26 de
sada 100 crian€as morriam antes dos cinco anos. Guase todos os gue escreveram
sobre as cidades industriais — Manchester, Leeds e Liverpool, na Inglaterra, e
Lyon na Franca — relataram o mau cheiro, a imundicie, a aglomeracio desuma-
na, a pobreza e a imoralidade.

Mudancas na estrutura social


A Revolugao Industrial destruiu para sempre a antiga divisio da sociedade em
dero, nobreza e plebeus. O desenvolvimento da industria e do comércio ocasio-
nou o desenvolvimento correspondente de uma burguesia: a classe média, gue
teunia pessoas de origem simples gue se haviam dedicado ao comércio € a OUtros
“mpreendimentos capitalistas. A burguesia mais abastada com preendia banguei-
'%S, proprietdrios de fibricas e minas e comerciantes, mas a dasse média também
induia lojistas, empresarios, advogados e médicos. As virtude
s do trabalho, da
ed d ambicao e da prudência caracterizavam a classe meédia de modo
bldade PP nosdle dessas virtudes em materialismo, egoismo, insensi-
7 ISMO rigido e presuncao.
ET EA Ee com o desenvolvimento da induistria e do comércio,
2 cla
uopa ode —- e tamanho, primeiro na Inglaterra e depois em todaa
BA dd d me dos séculos XVIII € XI, a classe media lurou
mica € social vir Te a par acabar com a discriminagao politica, econ6-
polities. Boaer o século XIX, em grande parte do ocidente curopeu, Os
os stoere ae pavam os Cargos mais alros c dividiam a auroridade
com
O.A me dd Jê origem j4 nio mais lhe garantia poder social e politico excdlu-
. 14€ a rigueza industrial ganhava mais importência, a classe
média
Seus abastados membros passaram também a imitar a
M toda
a Europa, era comum gue os burgueses ricos despendessem
mpra de grandes propriedades e copiassem os modos e os prazeres
-A dasse média valorizava igualmente a respeitabilidade. Dessas

a burguesia imitou a aristocracia durante a maior par-
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360 Givilizacio ocidental


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Urbanin zagao: Vista de Sheffield, de William Ibbit, 1815. Ao con


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trario de Manchester, aue era


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planejamento nem governo


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“Mierd era um antgo centro manufatureiro de cutelaria e conheceu enorme expansio coma
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introdugao da tecnologia para producio em grande escala, gue trouxe & cida
de uma nova leva de
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trabalhadores. Sheffield City Museum


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A industrializac#o pode ter reduzido algumas das barreiras entre a elite pro-
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prietêria de terras e a classe média, mas evidenciou as distinc6es entre a dasse


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média e a classe oper4ria. Como a dlasse média, o proletariado abrangia diferen-


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tes niveis econêmicos: trabalhadores rurais, mineiros e trabalhadores urbanos


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Havia muitas graduacêes entre os trabalhadores urbanos, dos artes&os aos operd-
rios das fbricas e criados. Os operdrios eram o mais recente grupo social € (Am
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bém o gue mais ripido crescia; na metade do século, porém, nao constituiama
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maioria da classe trabalhadora em nenhuma das principais cidades. Em 18%,


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por exemplo, compunham apenas um sexto da populagao londrina.


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Durante a primeira metade do século XIX, e em alguns lugares além ef


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riodo, os artes&os formavam o maior grupo entre os trabalhadores urbanos. d


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balhavam em construc6es, tipografias, peguenos estabelecimentos de alfalares 3


costura, na preparaGao e& processamento de alimentos e em oficios dU* EF
Zlam artigos de luxo, como mobilia, jéias, renda e veludo. Os artesaos S€ i
guiam dos operdrios; suas habilidades técnicas eram dificeis de aprender €*
Cionalmente, seus oficios eram adguiridos em guildas, gue ainda funclo””.,
COMO organizagbes sociais e econêmicas. De modo geral eram ler ados ham far
ler e escrever), viviam na mesma cidade ou vilarejo por geragoes € mandn ië

milias estaveis, com fregiiëncia assegurando a seus filhos colocag6es


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“etos. Com o avango da Revoluc&o Industrial, contudo, tornou-s€ dific


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éncla fo EP ee numerosos nas capitais. Na primeira metade

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do séeulo dos gue operarios. Os criados geralmente tinham alguma educa-

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nsarisfacdo social e a atividade polirica radical.

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A vida da classe tabalbadora

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A vida nio era f4cil para agueles cujo trabalho contribuiu para o processo de
hdustrializac&o. Geralmente, os operdrios eram trabalhadores agricolas recém-
dhegados, gue haviam sido expulsos da terra. Muitas vezes mudavam-se para a
cidade sem suas familias, gue deixavam para trés aré gue pudessem sustenrd-las
no novo lugar. Essas pessoas rapidamente ingressavam nas indistrias em cresci-
mento, onde muitas horas de trabalho — as vezes guinze por dia — nao eram inco-
muns. A agricultura também exigia muiras horas de dedicagio, ral como as vdrias
formas de trabalho por empreitada realizado em casa, mas o ritmo das mdguinas,
arorina enfadonha e as perigosas condicêes das fdbricas e minas tornavam o tra-
balho ainda mais opressivo. Os mineiros, por exemplo, trabalhavam sob a amea-
za de desmoronamentos, explosêes e emanacêes de gases lerais. Bem abaixo da
superficie do solo, a vida era escura, fria, Amida e débil. Com os corpos mirrados
* 0$ pulmêes arruinados, os mineiros laburavam a vida inteira “nos buracos”.
Algumas vezes, o padr&o de vida dos operdrios melhorava, se comparado com o
ve wife, ek se pertenciam a uma familia em due todos os
its is opreg - a remuneragio de uma tamilia podia ser melhor
ie gede R Ee trabalho agricola. Mas as condig6es de trabalho e de vida
pediee op ae, va escuras, guentes, pouco arejadas e com fregiiëncia
weed ae ' trabalhavam arduamente por muitas horas, eram multa-
e do empregud ras e até por acidentes, eram demiridos segundo a vonta-
Moravam else o oAparae € sofriam com a fal ra de seguranga no trabalho.
inham dale loee Lee ha iglies superlotadas e sujas. Se nio eram casados ou
o mesmo sexo. Se oe di no Campo, viviam em barracoes com OUTOS membros
osVilarjosgue o emprego, rambém perdiam o abrigo. |
ndonavam, também haviam sido pobres, mas tinham vin-
a Familia, a |greja e mesmo com os senhores de terra locais.
Nas
' DS Operarios trabalhavam em f4bricas com 20 a 100 trabalhado-
Vaa abalhar ra : ER s€us patroes. Em vez disso, o capataz os obriga-
ente Nes ar oe pri muitas horas, para manter as mdguinas em
Os d “Mais Operirig oi ' SObrava pouco tempo para a socializac&io com
AdOS por conversar uns com OS outros, por atrasos
362 Givilizacio ocidental

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7 Gravura do Illustrated Iimes, 1859. Como os trabalhadores desempregados aflufam nas grandes
cidades européias, a falca de moradia tornou-se um problema social premente. Agui, para se
ie manterem secos e aguecidos, homens sem teto dormem em ataddes num edificio semelhantea
Td uma fdbrica ou prisao. Essas instalag6es eram instituicëes de caridade — nio asilos de pobres
ke Criados por leis de assistência social —, mas refletiam também a moralidade corrente na época, de
ht gue a pobreza era culpa dos pobres e gue estes deviam aprender a ajudar a si mesmos. Mansell
Collection

e por vérias outras peguenas infracêes. Normalmente, competiam entre si a fim


de assegurar seus empregos. Falrando-lhes organizac&o, senso de camaradagem,
educagdo e experiëncia com a vida urbana, os operdrios n4o tinham com guem
contar nas épocas dificeis.
A vida dos trabalhadores muitas vezes girava em torno de bares, cafds ou al
gum outro lugar de reuniëo parecido, onde se entregavam a bebidas e jogos € 40
boatos e novidades do dia. Aos domingos, seu tnico dia de folga, se embebeda
vam e dangavam; as faltas ao trabalho eram tantas nas segundas-feiras due Es
dia passou a ser chamado de “segunda-feira santa”. Bebedeiras com gim rs
denunciadas em todos os lados; tanto os trabalhadores guanto os reforma "
na abstinência. Muitos operdrios praticavam esportes ”
comegaram a insistir
gumas organizag6es sociais desenvolveram-se ao redor desses JOgOS espor” ii
Dessa forma, e também de outras maneiras, os trabalhadores criaram Ds de
ra prépria — cultura gue foi mal interpretada e com fregiiëncia deplorada P
reformadores de classe média.
V&rlos contemporêneos perceberam gue os pobres — agueles gue €T
favorecidos gue necessitavam da ajuda de outros — cresciam em niimel0'
se condig&o de vida era miserdvel e gue esta na verdade tinha se deterlo!a
ss '.. melo ao aumento da rigueza. Se as méguinas eram capazes de gerar tanta
O Ocidente moderno 363

dutos, entao por du6é, indagavam os observadores sociais, havia tan-


nos s2 Os relatos parlamentares € as investigag6es dos cidadaos de
f pessoas PO | ocumeRtaram o sofrimento para gue todos pudessem ler.
spirto OV oes sinda discutem sobre a péssima condicao de vida dos traba-
Os historla ;meiros estAgios da industrializacao. A maioria dos operdrios atra-
Jhadores ei | de intensa miséria, mas OS historiadores concdluem, de modo ge-
vessou PET” in de vida lentamente melhorou durante os séculos XVlII e XDX.
otim ista dos hist oria dore s sobr e os ampl os efeit os da indus trial i-
ah oue OF. 30
Me ride das muda ncas impê s gran des priv ag6e s aos trab alha dore s de to-
74 ,
rt ar co nd ig êe s de vid a e tra bal ho cru éis , nas fd-
dos os os pafses, due Hveram de supo
bricas é COrHGOS.

O in ic io da re fo rm a na Gr a- Br et an ha

Fmbora fosse o mais livre de todos os Estados europeus, nas primeiras décadas
Joséculo XIX, a Gra-Bretanha estava longe de ser democrdrica. Apesar de ser uma
monarguia constitucional, gue estabelecja muitas restrig6es ao poder do rei e do
Fstado, a Gra-Bretanha ainda era dominada pela aristocracia. Os aristocratas pro-
priet&rios de terras controlavam tanto a CAmara dos Lordes como a Camara dos
Comuns — a primeira porgue eles constitu/jam a toalidade de seus membros, ea
segunda porgue apadrinhavam ou patrocinavam homens gue fossem favordveis a
seus interesses. A ampla maioria da populag&o, incluindo a cdlasse média bem
como a dlasse trabalhadora, nio podia votar. Muitas cidades continuavam a ser
governadas por grupos corruptos. As novas cidades industriais nio tinham direito
de eleger representantes para o Parlamento; guase sempre desprovidas de uma or-
BANIZaga0 municipal, nem seguer podiam governar-se efetivamente.
N EE social va nobres e plebeus nao era Tao rigida na Gra-Bretanha
use, er oondnena Os filhos mais novos dos aristocratas nao herdavam
Ge n ' rigadosa seguir carreira em direito, nos negécios, no
GE . classes alta e média misturavam-se mals livremente, e OS
sus Flhas Nu Me OS ir vezes compravam terras, titulos e maridos para
sins Ee o Parlamento, os tribunais, o governo local, a lgreja an-
minado pelos terme ge ee eram partes de um sistema social e politico do-
oeorridas na estru ` f V er aristoerdticos. A despeito das grandes mudangas
"a Segunda metade du eer aal e social durante o processo de industrializacao,
guns membros d Ro o UI, esse dominio persistiu.
o Parlamento Oe o Farlamento insistiam em reformas oportunas. Em 1828,
'NIStas (protes 6e. um decreto do século XVII gue impedia os no confor-
n , :
ds “Niversidad
4ntes nao anglicanos) de ocupar posigêes no governo e ingressar
“S; no ano seguinte, os catélicos ganharam o direito de sentarem-
; de Parlamen Ee sy TM foi abolida no Império Bricênico (o co-
MErcio de aie ae
o abolido antes). A Lei das Corporagêes Munici-
364 Givilizacio ocidental

pagao das novas cidades industriais. Os


trabalhadores esperavam obter o direito de voro.
Em virtude d
ii populacionais, algumas regiëes esparsamente povoadas — d Fe dslocaments
boroughs” — ENVvlavam representantes para a CAmara
N dos Comuns
tos municipios fabris densamente povoados tinham pouca
sentag&o. Era fregtiente gue um dnico proprietdrio ond
de terras
se muitas cadeiras na CAmara. A votacio era publica, 9 Jue
permitia a intimid,.
AO, e os candidatos muitas vezes tentavam influenci ar os eleitores
comida e até dinheiro. com bebidas 1

A campanha em favor da Lei de Reforma de 1832


suscitou reagoes intensase
rancorosas. A Camara dos Comuns aprovou a lei, estendendo o
direito de voroa
cerca de 200 mil pessoas, guase o dobro do nimero de eleito
res JA existentes. A
Camara dos Lordes, porém, recusou-se a sancionar a lei. Houve rebeliëes€ gre-
ves em muiras cidades, e em todo o pais as massas se reuniram, n&o sê entre os
trabalhadores mas também entre os homens da classe média. O rei Gulherme
IV (1830-1837), além de muitos outros polfticos, convenceu-se de gue a situa-
ao era potencialmente revoluciondria. Para aliviar a tensio, ameacou criar novos
pares na CAmara dos Lordes para aumentar o nimero de parlamentares favord-
veis a lei. Essa ameaga alinhou os lordes relutantes, ea lei foi aprovada. A Lei de
Reforma de 1832 estendeu o sufrigio & classe média e conferiu maior representa-
rividade 3 CAmara dos Comuns. Os rotten borougbs perderam seus assentos, due
foram concedidos as cidades. Os trabalhadores, no entanto, permaneceram sem
moe

direito de voto, por causa da exigéncia de propriedade.


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A classe trabalhadora obteve algum beneficio guando os humanitdrios press”


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naram o Parlamento a aprovar a Lei de Fabrica (1833), estabelecendo gue né”


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nhuma crianca menor de 13 anos poderia trabalhar mais gue nove horas por di
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e gue ninguém com idade entre 13 e 18 anos poderia trabalhar mas du?
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horas por semana. A lei também estipulou insperores para apurar as violag?e,
punir os infratores. No mesmo ano, o Parlamento proibiu criangas menores
10 anos de trabalharem nas minas. A Lei de F4brica de 1847 determinou ie
meninos com idade inferior a 18 anos e as mulheres nio poderlam tab oe
mas gue dez horas por dia nas fdbricas. A principio, os trabalhadores me "
contrariados com a proibicio do trabalho infantil, pois isso iria reduzir ed
ravelmente sua renda familiar; aos poucos, porém, comegaram a aprovar *

MNS. ” ;
dist”
" Literalmente, “distritos corruptos”. Antes da Lei de Reforma de 1832. o termo desiën T)
ienavd OS

so TOsEOM represenragao no Parlamento, a despeito de seu reduzido nimero de eleitores (N.


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O Ocidente moderno 365

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Cartum mostrando a controvérsia em torno da Lei de Reforma de Grey. Agui, os parridarios da


Lei de Reforma de 1832 so retratados ceifando o sistema corrupro. A direita, os oponentes da
relorma tentam preservar o status guo. Hulton Deutsch Collection

da. Somente em 1874 promulgou-se a lei gue estipulava a carga de dez horas did-
ras para os trabalhadores adulcos do sexo masculino.
O movimento de reforma cartista, Cujos adeptos provinham das fileiras da
lasse trabalhadora e dos radicais intelecruais, pressionou por reformas poliricas,
NA0 econbmicas. Durante as décadas de 1830 e 1840, os cartistas militaram em
favor de medidas democrdticas, como sufr4gio universal masculino; voto secre-
Ve Es da exigéncia de propriedade para os membros do Parlamento,
aa len anuais. A plaraforma cartista Conservou o programa
El reforma até o final do século, muito tempo depois da extingao
do Pro
PYHO Cartismo, em meados do século. Todas as reivindicac6es cartistas, eX-
Ceto ds el
ei $OES anuais para os membros do Parlamento, foram finalmente
aa

cum-
pridas.
O
me reen je ee realizado pelos cartistas foi liderado por Feargus
Daa apresente er Carlsmatico gue organizou uma manitestagao popular
I

BEncias, O era amento, em 1848, um imenso reguerimento de suas exi-


Ë
l '
de pel eg EE a grande “Carta do Povo”, gue conrinha assinaruras
evolucëes irrom pi es de nomes. O mOvimento €xtinguiu-se assim gue as
USmo hande
'
na maior parte da Europa. A lideranga trabalhista do car-
Atlvid. oS programasWK. politicos para voltar-se guase exclusivamenrte &
OS aos
ade EO da, E
OND
“MICa, COMO OS sindicaros, gue podiam
` £ ye .
trazer beneficios imedia-
rabalhadores.
366 Givilizacio ocidental

No inicio do século XIX, o ensino fundamental na Gra-B


lado pela iniciativa privada ou por organizagbes eclesiais i Tetanha erg
ciadas por contribuicêes, concessêese pagamentos siende
n
governo nao patrocinava nem promovia a educacëo. Co ot
criangas pobres fregiientavam a escola. Na verdade, muita
mentais temiam gue a educag&o dos pobres pudess
e incit . Boverna
Hy classes inferiores lessem publicacées atacando o Cristianis
ridade, iriam tornar-se insolentes com
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lhes cabia na vida, em vez de tornd-los bons SErvos na

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ocupagées laboriosas as guais os destinara sua POSIC30 e EM OUtras


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na sOctedade”. No
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to, muitos britinicos, herdando do Iluminismo sua Conflanca entan


na educas
tendiam a escolarizag&o para os pobres. Em 1833, 0 Parlamento se UCaGio, de-
n is da

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rinar peguenas somas de dinheiro para o énsino fun


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damental. Ma -
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ram insuficientes; em 1869, somente merade de


todas as Criancas em dade ”
lar tregtientavam a escola. A Lei da Educacio de 187
0 OUtOrgou aos gie
locais o poder de estabelecer escolas primdrias. Por
volta de 1891, essas escolas
€ram gratuitas e a fregiiëncia a elas, obrigatéria.
Muicos trabalhadores e radicais acreditavam gue a Gnica €speranga para sua
classe residia na ac3o unificada através de sindicatos. De infcio, o Parlament
o
combateu os sindicatos, aprovando as Leis de Associacio (1799-1800), gue tor-
D navam €ssas organizacoes ilegais. Em 1825, o Parlamento permitiu gue os traba-
. lhadores se sindicalizassem, mas proibiu as greves. Os sindicatos obtiveram algu-
je mas conguistas guanto a proteger seus membros do desemprego e das condig6es
de trabalho perigosas, mas as greves (gue permaneceram oficialmente ilegais aré
1875) eram raramente bem-sucedidas e, com fregiiëncia, reprimidas pela forga
Ao contrrio dos Estados continentais, a Inglaterra evitou a revolugao. Os po-
liticos britAnicos acreditavam gue isso se devia as reformas oportunas gue havian
implantado nas décadas de 1830 e 1840. Essa crenca tornou-se uma forga na vida
politica. Nos periodos dificeis, sempre havia lideres politicos prontosa dizer dus
o remédio era a reforma e gue esta evitaria a revolucao. A experiëncia polidica da
primeira metade do século XIX assentou os alicerces para as préricas pa
res britênicas, gue vieram a ser o modelo de politica liberal, progressista e esrhver
A Gra-Bretanha tornou-se um simbolo para todos agueles gue argumente,
em favor da reforma, em vez da revolucëo. Porém, em 1848, no restant”
Europa, esses argumentos tiveram pouco éxito.

Reacëes a industrializacao
8 Os problemas acarretados pela ripida industrializacao influenciaram
ë damente o pensamento politico e social. O liberalismo, gue tevé jini€
tima tenrativa de salvaguardar os direitos individuais da opressiva au

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O Ocidente moderno 367

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inha de enfrentar um problema gue nio fora previsto: os reveses

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agora in* dustrializagao € urbanizagio repentinas. Respondendo tambéma

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ode pensadores, chamados socialistas.

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do a te or ia do laissezs Gire, de Adam Smith, os liberais sustentavam gue
Adotan ia tiva privada nao fosse coibida por regula-
H V r e , na gu al a in ic
ma sconomia ta is , a (A O im po rt an te pa ra o be m- es ta r do in di vi du o e
| acêes go ve rn am en €r
id ed e gu an to a li be rd ad e po li ti ca . Ou an do as pe ss oa s ag ia m vi sando ao
T un iz a-
re ss e, di zi am OS li be ra is , tr ab al ha va m co m ma is af in co e re al
red inte
ss oa l e os im pu ls os na ru ra ls de co mp et ic &o es ti mu lavam
vam mais; o interess€ pe es ns , ao me-
ad e ec on êm ic a e ga ra nt ia m a pr od uc io de ma is e me lh or be
, ativid
St O po ss iv el , be ne fi ci an do to da a na c& o. Po r es sa ra za o, o governo nao de-
nor Cu
ir a li vr e co nc or rê nc ia , ne m pr iv ar os in di vi du os de su as pr oprieda-
veria obstru
ia.
des, gue eram Oo seu incentivo para trabalhar com diligéncia € eficiënc
Convencidos de gue os individuos eram responsdveis por seu prêprio inforti
nio. os liberais, de modo geral, eram insensiveis & misérla dos pobres. Na verda-
de, recorriam ao principio do laissez-faire— de gue o governo nio deveria interfe-
rr nas leis naturais de oferta e procura — para justificar sua oposigio a legislasio
humanitéria destinada a minorar a miséria dos operdrios. Para os liberais, €ssas
reformas sociais eram uma injustificada € perigosa intromissio na lei natural da
oferta e procura.
Apaziguavam-se na teoria apresentada por Thomas Malchus (1766-1834) em
seus Ezsaios sobre o principio da populagdo (1768), gue defendiam a teoria do lais-
seësfaite. Malchus afirmava gue a populagao sempre cresce a uma velocidade mais
rêpida gue o suprimento de alimentos; consegtientemente, os programas do go-
"ETRO para ajudar os pobres e aumentar os saldrios somente servirliam para enco-
is ale maiores e assim perperuar a pobreza Malchus parecia fornecer uma
Ee ' ae para sua oposig#o agdo estatal em favor dos pobres. A
vale, ee OS malrhusianos, nao era culpa dos donos de fébricas.
osobre os see : el implacdvel da narureza —o resultado da pressdo da popula-
do Male, OS —, gue nio podia ser eliminada por poliricas esrarals. Segun-
IUS , o Estado no podia aliviar a miséria dos pobres; “os meios de repa-
“0, dizia ele, “est&o em bi j 4 ix Es
neig de ker. ae m
suas préprias maos, € nas de ningu€ mals . Fsses
tos tardios eg ees RE a reducio da taxa de natalidade mediante casamen-
isciplina Bi $; por€m, de acordo com Malchus falrava ao pobre auto-
beter
Ed “se da atividade sexual. Ouando recebem saldrios maiores,
hos, perturbando assim o eguilibrio popupolapug&
lacëo-o-recursos e atraindo
d a

David Ricardo (1772-1823) deu apoio A obscura perspectiva


thus. Os saldrios, segundo ele, variam para permanecer no pa-
BEREA oe

Ver tambér, cap


itulo 13.

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IE 368 Civilizacio ocidental

“N tamar minimo necessdrio & manu


tencio dos trabalhadores.
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encorajavam os trabalhadores a ter mais filhos, Provocando um au ATI0S eleyg di
ta de mao-de-obra, e a competicio maior POT €mpregos forcariae “RO na ofs..
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dos saldrios. Os discipulos de Ricardo tornar


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ra. Muiros trabalhadores sentiam gue a


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nova Ciéncia econêm;


pouca espe ranga. Argumentavam gue os liberais €S
tavam Pprreo
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com $ua prépria gente e com os interesses naci eocupados apenas


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aos sofrimentos dos pobres. iveise apdticos
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Os liberais do inicio do século XIX consider


ava m a pobreza e o &of-
como pa rte da ordem natural e, portanto, fora do alcance
;
gue a intervengaso do ; do governo : Recea V
Estado na economia para reparar
com o livre mercado, males socjais Oe
ameacando a liberdade pessoal ei ' ”
social. Com o tempo, porém, os liberais mudaram de opiniëo. Primeito se.
ram a agao governamental de proporcionar
educago ou oportunidade para to-
dos, e depois aceitaram o principio da ajuda estatal aos
pobres. Passarama acre-
ditar gue a justica exigia gue se protegessem os mais fra
cos das pilhagens da eco-
nomia. Concluiram gue era posstvel implantar reformas
sem prejuizo das vanta-
gens do capitalismo nem sacrificio da liberdade individual.

Soc1alismo primitivo
Os socialistas foram além dos liberais. Argumentavam gue a preocupagio des
tes com a liberdade individual e a igualdade pouco efeito tinha sobrea pobreza,a
opressao e a flagrante desigualdade de rigueza gue infestava a sociedade moderna.
As idéias liberais, dizjam os socialistas, protegiam a pessoa e os bens dos ricos,
“nguanto a maioria chafurdava na pobreza e no abandono. Afirmando gue a dou
trina liberal do individualismo degenerara em egofsmo, prejudicando a vida da
comunidade, os socialistas exigiam a criac&o de uma nova sociedade, baseada na
cooperagëo e nao na competicio. Refletindo o espirito do Iluminismo e da Re
volug&o Prancesa, os socjalistas, tal como os liberais, censuravam 0 status gu0 P
perperuar a injustiga € sustentavam gue as pessoas podiam criar um rd, id
Ihor. Também como os liberais, atribuiam valor supremo & andlise dend d mi
ciedade e & transforma&o social segundo premissas cienrificamente vali s
verdade pudesse ser apreendida por individuos racionais. Os socialistas |
vam ter discernido um padrêo na sociedade humana gue, correrament* ja ass
do e aplicado, levaria homens e mulheres 3 salvacio terrena. Assim, OS ee pe
eram também romAnrticos, pois sonhavam com uma nova ordem social, um
pia futura, onde cada individuo pudesse encontrar felicidade e realizagao:

Saint-Simon Henri Comte de Saint-Simon (1760-1825) renunciou seu dtulo


ot

de nobreza durante a Revoluc&o Francesa e proclamou entusiasticame je rea OP of”
, socie”
'tunidade de uma nova sociedade. Acreditava gue sua missao era CO iglt * ham
ddstria VI
ade insuflando a compreensao d a Nova era gue a ciëncia e a industf
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rabilidade socias durante a Idade Média, assim também o conheci-


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U nidade is ria unir a sociedade de sua época. Os cientistas, industrialistas,
ment”
sy s rtistas € escritores substituiriam o dero e a aristocracia como elite
s
elariama tecnologia ao aprimoramento da humanidade. Os discipulo
social E on defenderam as tentativas de construir grandes ferrovias e siste-
de san” Et inclusive os canais de Suez e Panamd. Sua visio de uma sociedade
" ei bases cientificas e liderada por peritos treinados exerceu poderosa
entre
ds entre os intelectuais do século XI, e ainda hoje continua vivida
gue ac re '
di ta m nu ma s ociedade tecnocrdtica.
agueles

Fourier Outro socialista primitivo francês, Charles Fourier (1772-1837), acre-


Jitava, Como os romAnticos, gue a sociedade opunha-se as necessidades narurais
dos seres humanos, € essa tensio era responsdvel pela miséria humana. Somente
3 reorganizagio da sociedade visando atender aos desejos de prazer e satisfagao
das pessoas poria fim a essa miséria. Enguanto Saint-Simon € seus seguidores ha-
viam elaborado planos para reorganizar a sociedade a partir de empreendimentos
em larga escala, como a construc&o de ferrovias e sistemas de canais, Fourier bus-
cou criar peguenas comunidades em gue homens e mulheres pudessem desfrutar
os prazeres simples da vida.
Essas comunidades de cerca de 1600 pessoas, chamadas falanstérios, sertam
organizadas de acordo com as necessidades imurtdveis da natureza humana. To-
das as pessoas se dedicariam a tarefas de gue gostassem e produziriam coisas gue
TOUx€ssem prazer a elas e aos outros. Como Adam Smith, Fourier entendia gue
2 especializagao era fonte de tédio e alienac&o no trabalho e na vida. Ao contrd-
rio de Smich, porem, nao acreditava gue o aumento significativo da produtivi-
dade servisse de compensag3o para of males da especializagao. Nos falanstérios,
a disribuigzo de dinheiro e bens na0 seria igualirdria, mas de acordo com
as res-
Verg e habilidades especificas de cada um. Esse sistema de remunera-
RR he 4 natureza, pois as pessoas tinham um desejo natural de serem
as.
Fourier achava dué o casamento distorcia a natureza tanto dos homens guan-
(0 das mulher
aoëmbitg es, de R pois” a m PRE restriingi
ngia suas necessidades
idad sexuais' e Iilimira
' -
se parte da Bali jy rm a ae Em vez disso, as pessoas deverlam considerar-
toda sua energia € te Ee ade. Como as mulheres casadas rinham de devorar
Para desfrutar EE ee ; casa € as filhos, nio |hes sobrava vigor nem rempo
Mas esperava ede N a vida. Fourier nao proclamava a aboligao da familia,
Justando a suas ed vsaparegesse por si sê & medida due a sociedade fosse se
Atsfazerem set ae omens e mulheres encontrarlam NOVas tormas de se
“langas, As idée P si € a comunidade seria organizada de modo a cuidar das
onde na dude - eg €ncontraram alguma aceitagio nos Estados Unidos,
seus rinefpios 9 fundaram-se pelo menos 29 comunidades baseadas em
` Nenhuma, entretanto, durou mais do gue cinco ou seis anos.
370 Givilizacio ocidental

Comunidade de Saint-Simon em Ménilmontant. Os seguidores de Saint- Simon esta


dk essa comunidade num subdrbio de Paris. Era liderada pelo pa beleceram
s dre Enfantin , Cujas teorias
iconoclastas sobre o amor € o Casamento ultrajaram
muitas pessoas. Brblig H7gue Nationale,
Paris
ka

Owen Em 1799, Robert Owen (1771-1858) tornou-se sécio e administrador


das manufaturas de algodao de New Lanark, na Escécia. Desolado com os maus-
tratos a gue eram submetidos os trabalhadores em toda parte, Owen decidiu me-
Ihorar a vida de seus empregados e mostrar gue era posstvel fazê-lo sem prejuizo
dos lucros. Elevou os saldrios, ofereceu melhores condicêes de trabalho, recusou-
se a admitir criancas menores de dez anos, forneceu aos trabalhadores moradias
limpas, alimento e roupas a precos razoëveis e fundou escolas para criangas e adul-
tos. Owen demonstrou, de todas as formas, sua crenca de gue os trabalhadores
mais sauddveis e felizes produziam mais gue os menos favorecidos. Como Saint-
Simon, ele acreditava gue a indstria e a tecnologia podiam € iriam enrigueeer2
humanidade se organizadas segundo principios corretos. As f#bricas de Owen
recebiam visitantes de toda a Europa. ane
A exemplo de muitos philosophes, Owen estava convencido de gue o geed
biente era o principal fator de formacëo do cardter — guea ignorêncla, Mi pe de
mo € a criminalidade entre os pobres derivavam de suas pés
simas ad € obres
vida. A educag&o puiblica e a reforma nas f4bricas, dizia Owen, fariam els
cidad3os melhores. Owen passou entZo a acreditar gue toda a ordem €co wer
e social deverja ser substitufda por um novo sistema, fundado na od ma
harmoniosa e nio na competig&o. Estabeleceu em New Harmony, Indiana,
comunidade modelo, gue teve no entanto vida curta.

O industrialismo em perspectiva
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re Tad como a Revolugdo Francesa, a Revolucio Industrialha ajudou a roeodern zal
de P
. aByropa, transformando finalmente cada facera da sociedade. Na soC!
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mponeses formavama classe mais numerosa. A vida do camponéês

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girava em led espirito critico e racional associado ao Iluminismo teve pouca

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donava- o 2 Europa rural; al, a fé religiosa, a autoridade dlerical e as antigas su-

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bermaneciam firmemente arraigadas.

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bastada €e P poderosa era a aristocracia, cujaae rigueza prov inha da

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Os nobres dominavam o campo e gozavam de priviléglos resguardados pe-

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mes e pela lei. Os aristocratas do século XVIII, como seus precursores

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tura de poder: rei, aris tocr acla € clero . Proc lama ndo a pers pect iva

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res politicos e religiosos da sociedade tradicional. ay

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A sociedade tradicional era predominantemente rural. No inicio do século

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XIX, 20% da populagio da Gra-Bretanha, Franga e Holanda vivia nas cidades;

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na Russia, apenas 59%. Os alicerces da economia urbana eram a produgao dos ar-

Aasidiskeg-br
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tesaos, gue trabalhavam em peguenas oficinas, e o comércio para os mercados

Rd
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locais, embora algumas cidades produzissem artigos de luxo para mercados maio-
res. A manufatura têxtil empregava o sistema de empreitadas, no gual a la era
convertida em tecido em domicilios particulares, geralmente nas casas dos cam-
poneses.
A Revolug&o Industrial transformou todos os setores da sociedade. Os vilare-
Jos agricolas € a manufatura artesanal foram superados em importência pelas
cidades e f#bricas. Na sociedade forjada pela industrializa€io e urbanizagao, o
poder e os valores aristocrdticos decafram; ao mesmo tempo, a burguesia €resceu
“m ntimero, rigueza, importência e poder. Cada vez mais, as pessoas eram julga-
ap pela capacidade e nio pela linhagem, € as oportunidades para a mobilidade
sOclal ascendente ampliaram-se. A Revolucio Industrial tornou-se uma grande
forca em favor da democratizac&o: durante o século XIX, primeiro a classe média
“ambédepois os trabalhadore s ganhh aram
n are | direito to d de voro. 'A Revo
o direi evol ugdo
luca o Industrial
uie ie ” ee de secularizag3o da vida européia. Nas cidades, OS
ram se de Ee os vilarejos, longe dos laos comunais tradicionais, afasta-
teenologia nde Iglao ancestral. Num mundo due estava sendo remodelado pela
dis im, s EE e Clência os mistérios cristios perderam a forca, e para mui-
WO0 ocorrey no so tOFNou-se uma preocupagao longingua. A modernizacio
e modo gese se ritmo € com a mesma abrangéncia em rodos os lugares.
Pérman ece
4$ torma s socia is e inst ituc iona is anteriores ao periodo moderno
aind (Am profundamente arraigadas no sul e no leste europeus, persistindo
* No século XXY.
sé Emb t tenha acarretado indmeros problemas, alguns dos guais continuam
Ora t * # . "

Possbsoluc3o
ilie a Revolugso Industrial foi um grande êxito. Em tlrima instência,
9 mais elevado padrao de vida da histéria da humanidade e criou
ii 372 Civilizacdo ocidental
his

si novas oportunidades para o progresso social, a participacs


vimento cultural e educacional. Também
ampliou aa distência
o resto do mundo em termos de ciëncja € tec €ntreo
nologia. Por vol
dos ocidentais, auxiliados por sua Superio rida ta de 1900. am
de tecnol6gica, e
der por guase todo o globo, concluindoa “S Stenderan Ee
m a tendência gu
ca das exploracêes. e se inician Re i
po-

Nota

1. David $. Landes. 7he Unbound Prome-


to the Present. Cambridge
Heus: Technological Change and Industrial , Mass
University Press, 1969, p. 33
Development in Western Europe from 1750 . es

Sugestoes de leitura
Ashton, T. $. 7he Industrial Revolution, 1700-
1848 (1964). Estudo desse agitad
1830 (1962). Relato ainda proveitoso. o perfo-
do, enfatizando as relacêes entre revolu
Deane, Phyllis. 7he First Industrial Revolu- -
ao econêmica, social e politica.
Hon, 1750-1850 (1965). Excelente intro-
Landes, David S. 7he Uabound Prometheu-
ducao.
Tecbnological Change and Industrial De
Floud, Roderick e Donald McCloskey. 7he
velopment in Western Europe from 1750 u
Economic History of Britain Since 1900.2 the Present (1969). Abordagem cldssica de
vols. (1981). Inclui o mais recente debate
um tema complexo.
acadêmico sobre a industrializaco britê- Langer, William L. Political and Social Up-
nica.
Heilbroner, Robert. 7e Worldly Philosophers
heaval: 1832-1852 (1969). Excelente fon-
te, com boas referências e bibliografia.
(1953). Boas discussêes sobre os primeiros Thompson, E. P. 7e Making of te Engla)
pensadores econêmicos. Working Class (1966). Obra de ell leiwur
Himmelfarb, Gertrude. 7e ldea of Poverty: ra, dramdrica, muito influente € polémice
England in the Early Industrial Age (1983). Webb, R. K. Modern England from tbe Eigr
Excelente histéria do pensamento social teenth Century (1967 e 1980). Texto eur
inglês, focalizando a condicio dos pobres. librado, bem escrito e bem informado, em
Hobsbawn, Eric. 7e Age of Revolution: 1789- dia guanto as controvérsias histéricas

Ouestêes de revisao
- N. dica-
1. Ouais foram as causas da Revolucëio In- 4. Como o Parlamento reagiu aS rd
dustrial? Por gue teve inicio na Gra-Bre-
goes de reforma entre 1815 e Owen si0
tanha?
5. Por gue Saint-Simon, Fourier €
2. De gue maneira a Revolugio Industrial al-
considerados os primelros SO nc
s " " C

terou a estrurura social?


6. A Revolucso Industrial fot um dos P s
3. Oue problemas a Revalucio Industrial
ES acarretou para a classe trabalhadora? pais agentes na formagao do
derno. Discurta essa afirmagao-
, CAPITULO 13
Pe n s a m e n t o € C u l t u r a
c i o d o s é c u l o X I X

see,
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ps a derrota de Napoleao, os governantes tradicionais da Europa, al-
guns deles recém-instalados novamente no poder, estavam decididos a
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proteger a si préprios ea sociedade de futuras resolug6es. Como defen-


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sores do status duo, atacavam Oo espirito reformista dos philosophes, gue


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rinham produzido a Revolug#o Francesa. No conservadorismo, gue de-


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fendia a tradicëo sobre a raz&o, a hierarguia acima da igualdade e a co-


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munidade acima do individuo encontraram uma filosofia para justificar


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seu atague ao Iluminismo e & Revolug&o Francesa.


No entanto, as forcas desencadeadas pela Revolugio Francesa haviam
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penetrado tio profundamente na consciëncia européia gue j4 nao po-


mr
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diam ser erradicadas. Uma dessas forcas foi o liberalismo, gue visava a
assegurar a liberdade e a igualdade proclamadas pela Revolug&o. A outra
toi o nacjonalismo, gue pretendia libertar os povos submissos e unificar
as nacbes divididas.
O periodo pés-revoluciondrio também testemunhou o florescimento
de uma nova orienta€fo cultural. O romantismo, ao defender a libera-
630 das emoc6es humanas e livre expressio da personalidade, desafiavaa
énfase jluminista no racionalismo. Embora fosse a principio um movi-
mento literdrio e artistico, o romantismo também impregnou a filosofia
“9 pensamento politico, em especial o conservadorismo. “%

Ro Mantismo: uma nova orientacao


.
cultural
4 O movi RENLO romêntico, gue teve inicio nas dltimas décadas do século XVII
VI

T,
AA " - # - F - #

pineipad ae oulau al €uropéia na primeira metade do sêculo XIX. Muicos dos


9 romantisme E turais da Europa sofreram sua influência. Entre os expoentes
Byron; na Pers na Inglaterra, os poertas Shelley, Wordsworch, Kears e
Meaubrisnd ga AL ee Victor Hugo eo ensafsta e romancista carélico
“#maturgo Sc] emanha, os escritores A. Wie Friedrich Schlegel, Oo poeta e
€ John For er € o flésofo Schelling. Caspar David Friedrich, na Alemanha,
AI|S tard e, able,
B
na Inglaterra, deram ,eXpressao ao espirito romantico nadk arte e,
beerhoven, Schubert, Cho pin e Wagner traduziram-
no na muisica.

273
374 Givilizacio ocidental

Exaltario da imaginagdo e dos sentimentoe


A mensagem fundamental dos romAnticos
d talve tenha sid
nagao do in de
dividuo de via a fo eo co
terminar rma nteidu ade due a Imag
c u i-
tica. Essa vis30 contrasta com o ra los
cionalismo do Iuminism
O,

dad Média,

i! dos philosophes porgue este sufocava as €MOG


Oes € impedia a criatiu;
Os iluministas, diziam os romAanticos,
haviam ee hy mens de Carne
0$$O em maguinas pensantes desprovidos e
de alma. Para devolv €r a0s h
sua verdadeira natureza e tornd-los outra vez omensa
completos “Ta preciso
tirania da intelectualizacio EXCESSIVa; OS se libert£-los d;
ntimentos tinham de ENcCOn
mento e expressêo. Adotando uma das idéias de Rous trar al.
“au, OS rOMAnticos
vam redescobrir na alma humana a liberdade ea Cri ansia.
ati vidade primitivas gue ha-
vlam sido sufocadas pe los h4bitos, valores, regras e padrêes IMP
OStos pela cv
zaGa0. Os philosopbes haviam se concentrado nas pessoas
em geral — nagueles dle.
mentos da natureza humana partilhados por tod
as as pessoas. Os rominticos
por outro lado, enfatizavam a singularidade e a diversidade
humanas — agudes
rragos distintivos due separam um ser humano do outro. É anseio de
todo indi
viduo, Insistiam os romanticos, descobrir e Expressar o seu
verdadeiro eu; execu-
tar sua propria musica; escrever sua prépria poesia; pintar sua prépria visao da
natureza; viver, amar e sofrer ao seu préprio modo.
Enguanto os fil6sofos iluministas haviam afirmado a autonomia da mente
sua capacidade de pensar por si mesma, independente da autoridade —, os r0-
manticos atribuiam importência fundamental 3 autonomia da personalidade—a
necessidade e o direito do individuo de encontrar e satisfazer o eu interno. Para
os fil6ésofos, os sentimentos eram um obstdculo & dlareza do pensamento, én”
guanto para os romAnticos eles constituiam a essência do homem. As pessoas na0
podiam pautar sua vida unicamente pela razao, afirmavam OS romAnrticos. Gon-
cordavam com Rousseau, gue escreveu: “Para nés, existir é sentir, € a nossa SEN
bilidade é incontestavelmente mais importante do gue a nossa razao.”' Para
rOmanticos, a razdo era fria e ligubre, e o seu entendimento das pessoas€ a
vida, deficiente e inadeguado. A razio nio podia compreender nem eprimi as
complexidades da natureza humana nem a rigueza da experiëncia do homem: Ë
dissecar e analisar sempre, impor estruturas € formas insensiveis e €xlgl! 0 we
primento de regras rigorosas, a raza0 sufocava a inspiragao e a criatividae
impedia a verdadeira compreenso autêntica. “O Poder de Raciocinio de ma
mem”, escreveu William Blake, poeta, artista pldstico e mistico britênico, di
Incrustagao em meu Espirito Imortal”.*
Para os romAênticos, o caminho para a verdade nao era o intelecto, MA” as IM os
OS
seed ntimentos humanos espontêneos. Cultivando os instintos € a imagina*”
; , iros EUS: ys
individuos podiam experimentar a realidade e descobrir seus verdadeiro
O Ocidente moderno ,

; %
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O Inferno de Dante: o turbilhio dos amantes, de William Blake (1757-1827). Blake era um
pintor e poeta romênrtico radical, gue rejeitava toralmenre as convencgêes artisticas do passado.
SUas Crencas religiosas e politicas eram to singulares guanto sua arte; ele passou sua vida tentando
ansmitir atormenradas visêes interiores. lustrador prolifico, seu génio imaginarivo foi estimulado
por grandes obras da literatura, tais como A divina comédia de Dante. National Gallery of Art,
Wasbington, D.C. Doardo de W
G. Allen

nhassem nas Aguas da Vida”, dizia Blake?. Por essa razio, afirmavam gue os poe-
is| Maginti ativos tinham da vida um ' discernimento superior aod dos filésofos ana-
“cos. 'Estou certo apenas da santidade dos afetos do Coracio e da verdade da
Im
*6Inagao”, escreveu John Keats. “Oh! uma Vida de Sensacêes é muito melhor
m de
” mm # -

` due uma de Pensamentos.”4


o Pensament
o duminista fora dlaro, critico e controlado. Fixara-se a padrêes
ESteticos, t
idos co MO universais
esde 3 Rena , gue haviam dominado a vida cultural europdia
scen
Peram CO Ga. Os poetas, artistas plésticos e musicos do romantismo rom-
M OS es tilos tradi
Culturais cionais e as refras uniformes e criaram novas forma
s
mas ; e técni Cas. Nao gueremos Modelos gregos ou roman
si os', dizia Blake,
COes.”s “VEmOS ser] justos & verdadeiros para com as nossas
Victor Hugo (1802-1885), a figura mais proe préprias Imagina-
rancês, minente do romantismo
“oncdlama no prefcio de sua peca Cromwelk “Liberdade na arte! (...)
(Emos o
martelo contra as teorlas, a poëtica e os sistemas”*. levan-
Para os romAnticos, as

M
376 Givilizacio ocidental

sy pessoas nao aprendiam a escrever poesias ou


a pintar guadros Cguindo (egr
démicas; nao podiam compreender a intencio de um
poeta ou de up, .. PAS aca-
liando as obras segundo padrêes fixos. Os romênticos M artist d
m

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também
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interior da mente, gue mais tarde Freud
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chamaria de MEORsCiente Er
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3 Vida
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da da mente, misteriosa, primitiva, mais elemen


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tar e Mals poderosa d


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za0, a fonte de criatividade gue os r omantICOS ansiavam


por evil areo je a ra-
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Natureza, Deus, bistêria


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Os filésofos haviam considerado a natu


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um gigantesco relégio em gue todas as pegas tr


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v bertas pela metodologia da cioaëncia. Para os romAnticos 4 Na ““ % €r
tureza era am desco-
viva e im.
pregnada da presenca de Deus. Ela estimula as
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€A0; ensinava aos seres humanos uma forma mais elevada de


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conhecimento, como
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dd se

escreveu William Wordsworth:


Pardga
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A atmosfera de um bosgue primaveril


Pode ensinar-te mais sobre o bomem.
a dor moral e o bem
Do gue todos os sdbios juntos.”

Concebendo Deus como um grande relojoeiro, um observador impasstvel de


um universo mec&nico auto-operante, os iluministas tentaram reduzir a religiëo
a uma série de proposic6es cientificas. Muitos romênticos, ao contrdrio, conside-
ravam Deus como uma forca espiritual inspiradora e acusavam os filésofos de te-
rem enfraguecido o cristianismo ao submeterem seus dogmas ao crivo da razao.
Para os romAnticos, a religiZo nio era ciëncia e silogismo, mas uma €Xpress0
apaixonada e autêntica da natureza humana. Reivindicavam gue se reconheeesse
o individuo como um ser espiritual e gue se cultivasse o aspecto religloso da ri
tureza humana. Esse apelo correspondia a seu objerivo de restaurar a Pe
dade integral do individuo, gue, segundo acreditavam, fora fragmentada €
torcida pela énfase excessiva dos philosophes sobre o intelecto.
Para os filésofos, a Idade Média foi uma era de trevas, superstigao € ae
as instituic6es e as tradic6es medievais sobreviventes eram barreiras 20 me ed
Os romênticos, por sua vez, veneravam a Idade Média. Para a mae
mAntica, a Idade Média estava repleta de feitos herêicos, mistérios CristAo*
monia social. . hist brla-
Romênticos e filésofos também discordavam em sua concepgio da si
Para os dltimos, a histéria servia a um propésito diddrico ao fornecer ie par
ss da loucura humana. Tal conhecimento ajudava as pessoas a s€ preparalé os TO
“um futuro melhor e, portanto, era a Gnica disciplina digna de estudo- ik Gn
-mêntCOS, um perfodo histérico, assim como um individuo, era uma Ent!
" alisass . £ 4

@tada de alma prépria. Oueriam gue o historiador retratasse € aP


O Ocidente moderno Af

Um dos
[orde Byron (1788-1824).
ron
principais poetas rominticos, By
eiou o “heréi byroniano”, figura
solitiria € misteriosa. Em sua vida
breve, exaltou as emogêes e sensagoes.
Em 1824 viajou 3 Grécia para ajudar os
revoluciondrios e l4 morreu, devido a
problemas de satide. Szock Montage

variedade de nac6es, tradicêes e instituicêes gue constituiam a experiëncia histé-


rica, sempre reconhecendo as caracteristicas particulares e unicas de uma deter-
minada época e lugar. A ênfase romAêntica na compreenso dos deralhes especifi-
cos da histêria e da cultura no contexto das épocas é a base da moderna cultura
histêrica.
Ao buscar principios universais, os filésofos depreciaram as tradic6es folcléri-
si de UM POVO cComo supersticêes camponesas e entraves a0 progresso. Os ro-
aa je sua vez, rebelando-se contra a padronizagao da cultura, considera-
vo.a EE ode e lendas narivas como criag6es singulares de um po-
mites popular ” profunda do senrimento nacional. Para eles, as tradigoes e os
dade ia de : dl da poesia € da arte, a fonte espirirual da vira-
Yam essas iris TA ade culturais de um povo. Por essa razao, Investiga-
ismo contby: $ Culturals com reveréncla e respelto. Desse modo, o roman-
'buiu para a formag3o do nacionalismo moderno.
O; "ipacto do movim| ento ro
mAÊntico
A revolta rOmA
antica contra o |luminismo teve um impacto importante e dura-
OUro na h
IS, tOria euro péla. Ao se concentrarem nas
'6$ 35 emo capacidades criativas ineren-
ls pes ge Pa instinto, vontade, emparia 7 OS romanricos
angaram | nhar mr FO a natureza humana gue os filêsofos fregtiente-
ente nao
ta diversidad
o Ou valorizado. Ao estimularem a liberdade pessoal
* na arte, na muisica e na literatura, eles enrigueceram muito
a vida
378 Givilizacio ocidental

oo Cultural européia. Os futuros artistas, escritor


es € MUsicos
se) nho aberto pelos romAanticos. A arte moderna, p o SE@Uirja
r exemp C$se
sr do movimento romêntico sobre a legitimidade lo, mu;
exploragao do mundo oculto dos sonhos e das fan
do sentim
€NTo humang Sa“
tasias. Os TOMAnt
uns dos primeiros a atacarem o Capitalismo ind ust icos “ee
rial eme Tgente Por subo
os individuos as exigências da producëo industrial rd:
e tratd -los como mero
tos. Além disso, ao reconhecerem as gualidades $ obje.
distintivas de periodos
povos e culturas, ajudaram a criar a mode his tOr 1Cos,
rna Vvisao histé r1ica. Ao
passado nacional, o romantismo contribuiu t a valor;
mbém pa
conservadorismo modernos.
Contudo, o movimento romAntico tinha um
lado potencialmen
gue serviu de pano de fundo para o nacion te perigoso
alismo exacerbado do século XX Co !

mo assinala Erns t Cassirer, os romAnticos 'nunca pret


enderam politizar, mas 'Doe-
lizar o mundo”, e seu profundo respeito pe
la individualidade humana e pela
diversidade nacional no era compatfvel com
o naclonalismo racial de Hider. Ng
entanto, o fervor excessivo de seu arague a raza
o acabou por solapar o respeito
pela tradigo racional do Iluminismo, estabelece
ndo assim a base para o surgi-
mento e triunfo dos movimentos fascistas. Embora su
a intengo fosse cultural e
nao politica, ao idealizarem o passado e glorificarem os cost
umes€ lendas antigos,
a terra naral e a lingua nativa, os romênticos introduziram na vida pol
itica um
N. componente irracional altamente oneroso. Nas geracêes gue se seguiram 0
, ro-
mantismo, sobretudo na Alemanha, fundiu-se com o nacionalismo poli
tico para
produzir, nas palavras de Horst von Maltitz, “uma atmosfera geral de pensamen
to
inexato, um mundo intelectual (...) onfrico e uma abordagem emocional dos pro
blemas de agso politica aos guais se deveria aplicar um raciocinio sensato”.
A venerag3o dos romAnticos pela histéria e tradicëes de um povo € sua busea
de uma alma nacional numa cultura arcaica teriam parecido barbdrie aos Hl6so-
fos iluministas — uma regressao a supersticao e o triunfo do mito sobre a
Com efeito, a idealizacio do passado e o fascin
io pelos miros naciona!s
— tidos como fonte de sabedoria —, guando transferidos para o dominio ap OE
" aram um
tca, reaviv modo de pensar o mundo gue se apoiava adsjs $no sentimEn
olfti-
to gue na razao. No processo, as pessoas aderiram a idéias ee je
cas gue se revelaram perigosas. A glorificacio do mito e a comunidade
constituem o elo, ainda gue involunt4rio, entre o romantismo eo n
" ' " 2e " -
acionalism onalismo
exacerbado, gue culminou nas guerras mundiais do século XX.

O idealismo alemao
. . rm

A énfase dos romAnrticos sobre o individuo in expres”


terior também ee du
SAO na escola de filosofta alema chamada idealismo. Os idealistas
“. emundo nio é algo objetivo, gue existe indr
independentemente da consClé mundo
” vidual, Pa consciëncia humana, o sujeito consciente, gue constrol 9
ER ER AR Ha
REG Ë PR
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O Orcidente moderno 279

sua forma. O idealismo alemêo foi, em parte, uma reacio ao desafio


por David Hume, o grande cético e empirista escocês.

) dsafse do empirismo de Hume


Fm suas obras 7jatado da natureza bumana (1739-40) e Investigario da com-
ei humana (1748), Hume lanca dividas sobre a visio de gue era possivel
pree”ncar a CETTEZ ac jenrifica. A ciëncia apia-se na conviccao de gue as regularida-
” "A ” Fs a EE :

e Eise no passado e presente irdo se repetir no futuro: de gue existe uma


`Jidade objetiva gue as criaturas raclonals sao capazes de compreender. Hume,
ES O " , - m


etan to, arg ume nta va due a cién cla nao pod e dem ons tra r a exis ténc ia de uma
sptr
relagio mecessdria entre Causa € efeito. Por termos vdrias vezes experimentado a
sensacio de gueima guando nossos dedos rocaram o fogo, assumimos uma rela-
dio de causa € efeito. Isso nio é comprovado, dizia Hume. No m4ximo podemos
teconhecer gue h4 uma constante associagao entre o fogo e a sensagao de gueima.
Segundo Hume, nao podemos provar gue existe uma lei em acio na natureza
garantindo gue uma causa especifica ir produzir um efeito especifico. O gue
chamamos de causa e efeito é algo gue a mente, através do h4bito, impêe a nos-
sas percep6es sensoriais. Para fins prdticos, podemos dizer gue dois eventos es-
to associados um ao outro, mas n4o podemos concluir com certeza gue o segun-
do foi causado pelo primeiro — gue a lei natural est4 operando dentro do univer-
so fisico. Um empirismo to radical solapa os préprios alicerces da ciëncia, to
reverenciada pelos pensadores progressistas.

Immanuel Kant
Na Gritica da razio pura (1781), Immanuel Kant (1724-1804), o grande filé-
` alemao gue propês o newtonianismo e o método cientifico, assumiu o desa-
va om me En ea cléncia do empirismo de Hume. A mente —o sujelro
pressêes doe ' ee ant, nao é uma #abula rasa, gue passivamente recebe as im-
erge, ed - om um instrumento arivo, gue estrurura, organiza e inter-
IG Aa Ca e de sensag6es gue lhe chegam. A mente pode coordenar um
ME ieke porgue contém uma logica inerente gue lhe é prépria;
ole EV us Categorias de compreens&o, inclusive causa € efeito.
efito em tou eu “30 de nossa mente, pressupomos uma relacao de causa e
impGe estrurus, od €Xperlênclas com os objetos deste mundo. A mente
Como as demais n Na, €xperlências sensorials. Causa e efeito, bem
MENLO cientific den a mente, permitem-nos atribuir certeza ao conheci-
ndo fisico deve possuir certas caracteristicas definidas,
se ajJUstam as caregori
as da mente. O objeto, segundo Kant, deve “aco-
40 Sujeito”.
nt salvou IÊne; oe ë
MEnte valida 4 Cléncla dos aragues de Hume: as leis cientificas sio universal-
tgOria a pri Ek tazer isso, porém, subordinou a lei cientificaa mente € suas Ca-
T1. ` '
"0 mental a0 jar a natureza de determinada forma por causa do mecanis-
dual a submetemos. A mente impêe suas préprias leis & natureza —
380 Givilizacio ocidental

sobre as impressêes cruas recebidas pelos sentidos — '


e ordem ao mundo fisico. Sustentando gue os objet 'os Conferindo torma, est,
devem COnform.. UEUa
gras da mente humana — 0 sujeito consciente gue cria ordem dent SE As re.
za —, Kant deu mais primazia ao conhecedor gue aos objetos do Wie Nature.
. .
Via a meEntE cOMO Um agente arlvo, n4o como um receptor passivoCONde ErCIMento.
Fi

Esse “giro na filosofia”, gue Kant considerava to revoluciondrio ENSaGGes,


teoria de Copérnico no Ambito da astronomia, outo POU UuIina Im O
TUaNt
A
o" fora;
ta ao poder da mente — ao conhecedor ativo e criativo.
. -

POrCAnCia ined;.
IT # '

Um dos elementos fundamentais do pensamento


kantiano é“9 o princi
gue nao podemos conhecer a realidade Suprema. Nosso pio de
connhhecimento li
ao mundo dos fenêmenos, ao reino das ocorrências natur mita-s
als. Somente pode
conhecer as coisas gue experimentamos, ou seja, da maneira como mos
elas se apre-
sentam a nos mediante a intervencao ativa das cCategorias
mentais. No pod
vt obter nenhum conhecimento de uma coisa-em-si, isto é, da natureza
duime
real de um objeto — sua natureza tal como é, independentemente
do mod me
da

o experimentamos, a despeito de como nossos sentidos o rece


is

bem. A mente N
e
niel

mana sê pode adguirir conhecimento dessa porcio da realidade gue é revel


ad

ada
TE

pela experiëncia sensêria. Nada rodemos dizer sobre a verdadeira natureza do


Ee
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EE ee
EET.

Sol, mas apenas descrever o gue ele parece para nés: ou seja, nossa impressio do So]
nar —

N tormada pela ordenago mental das experiëncias gue nossos sentidos recebem dele.
NIEEE
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Assim, ao mesmo tempo gue reafirmou a validade da lei cientdifica, Kant também
* restringiu o alcance da ciëncia e da razêo.

G. WE Hegel
Kant enfarizava gue o conhecimento do gue se encontra além do mundo dos
fenêmenos — o conhecimento da realidade suprema ou absoluta — nos foi nega
do para sempre. Georg Wilhelm Friedrich Hegel (1770-1831), outro filésofo
alemao, recusou-se a aceitar isso. Desenvolveu um sistema metafisico abrangen”
te, tentando explicar a realidade como um todo e revelar a natureza € o significar
do fundamentais do universo e da histéria humana. |
Adotando o conceito kantiano de gue a mente impêe suas categoNHas " ed
Hegel enfatizou a importênci a do sujeito pensante na busca da verda s ii
do,
rém, segundo Kant, somente podemos conhecer uma coisa tal como rie oi
para n6s, € nao a coisa-em-si. Hegel, ao contr4rio, sustentava du€ * realida
prema, a verdade absoluta, é cognoscivel 3 mente humana: a men é sk
compreender as verdades subjacentes a toda a existência e entender o sign
essencial da experiëncia humana.
Kant afirmara a visio idealista essencial de gue o sujeito € onscientE organi”
dos fenêmenos. Indo muito além deep onto
nossas experiëncia s do mundo
vista, Hegel argumentava gue existe uma Mente universal —- o Espiriro
a Coisa-em-si —, Cuja natureza pode ser apreendida pelo pensamento: Jsindo
| Como para Hegel o Espirito Absoluto nao era fixo nem estêrico, ia n SU
' desenvolvendo-se constantemente, a histéria desempenha papel CENY” do
- vsistema filos6fico. A histéria é o desenvolvimento do Espirito no
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O Ocidente moderno 381


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Hegel em seu gabinete. Georg Wilhelm

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Friedrich Hegel (1770-1831) elaborou

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um abrangenre sistema filoséfico gue
buscava explicar toda a realidade. Sua

ge
flosofia da histéria, sobretudo as teorias
do conflito dialético e da evolucao
rumoa um fim supremo, teve grande
influência sobre Karl Marx. Bildarchiv
Preussischer Kulturbesitz, Berlim

tempo. No 4mbito da histéria mundial, a verdade se revela e faz-se conhecer pela


mente humana. Tal como os romênticos, Hegel dizia gue cada periodo histérico
'€m uma Caracteristica prépria, due o distingue de todas as épocas precedenrtes. A
arie, a cléncia, a filosofia, a religido, a polftica e todos os principais acontecimen-
(OS apresentam uma inter-relagao to estreita, gue se pode dizer gue periodo pos-
'U Uuma unidade orgênica, uma coerência histérica.
Hegel acreditava gue a histéria mundial revela um processo racional; h4 um
Pincipio de ordem interno na base da mudanca histérica. A histéria tem um
ik au fim: - desdobramento do Espirito Absoluro. No curso da histé-
se reperi, ees aa spirito imanente. Aos poucos, de maneira progressiva e sem
is ee price se concretiza € torna-se plenamenre ele mesmo. As nac6es
Menrd he ag eg ni os individuos Histéricos Mundiais — como
Dir eli sed ésar e ew — Sao os instrumentos através dos guais o
st@ria de He a $ ed idades e alcanga a autoconseiéncia. A ilosofia da
Para onde ik EN se significado, Propsito e diregdo aO0S Eventos histêricos.
Hegel, ede oria esta nos levando? Oual éo seu significado derradeiro? Para
'A Hi Griad dii €presenta o avango da humanidade rumoa uma liberdade maior:
bu) [Esta 2 undo nada mais € gue a evolugao da consciëncia da Liberdade
Ie, ey absolura da histéria.” |
“ICO entre idéias 0 Espirito se manifesta na histéria através do confronto dialé-
ou forgas opostas; a lura entre uma idéia (tese) e sua adversiria
ë 382 Givilizacdo ocidental

it (antitese) é evidente em todas as esferas da atividade


Opostos se intensifica e termina numa resolucso (si
de vista antagénicos. Pensamento e histéria ingre
e mais elevado, o da sintese, gue, absorvendo as ve
antitese, alcanga um nivel superior de verdade e ascend
e 2a UM @Stdgi“Se
o guapia: nto d;
Me: do da histêria. Logo essa sintese torna-se
uma tese € €ntra em
outro conjunto de idéias opostas; esse conflito é ent&o resolvido por mg me comid
ainda mais elevada. Dessa forma, a luta dinêAmica
entre tese € antitese mi
mas vezes se exprime nas guerras e revolu
c6es €, Outras VEzes, na arte li Mr
losofta — e sua resolugio numa sintese
explicam o movimento na hie
para usar a linguagem hegeliana, o Espirito fica mai
s Préximo da ie ied j
esséncla racional est4 progredindo da potencialidade
para a realidad oi
é€ a marcha do Espirito através dos assuntos
# # #

humanos Uma vez gue segundo


€. A dialétic

Hegel, a liberdad e é a essência do Espirito, é por meio


2

da histêria due OS seres


humanos avancam rumo & consciëncia de sua prop
ria liberdade. Eles se tornam
autoconscientes de sua autodeterminacio — sua Ca
pacidade de regular suas vida
racionalmente, de acordo com sua prépria consciëncia.
Mas para gue a liberdade individual seja alcancada, dizia Hegel, as
instituicëes
soclais e politicas devem ser estabelecidas e organizadas de maneira racional:
ou
seja, a vontade do individuo deve harmonizar-se com as necessidades da comuni
dade. Para Hegel, a liberdade no se trata de assegurar ao individuo direitos na-
rurais abstratos, gue foi o objetivo da Revolucëo Francesa. A verdadeira liberda-
de sê é atingida dentro do grupo social. Assim, na visdo hegeliana, somente como
cidadaos de uma comunidade polftica coesa os seres humanos podem descobrir |
seu carater essencial — seu potencial moral e espiritual. Essa visio remonta as ct
dades-estados da Grécia antiga, gue Hegel admirava. Nas leis € insticuigges do
Estado, gue sio manifestag6es da raz&o e a objetivacgo do Espirito, os individuos
encontram a base para determinar racionalmente suas vidas. Desse modo, os Im
teresses privados dos cidadaos unem-se aos interesses da comunidade. ;
Para Hegel, o Espirito Absoluto, gue é também a Raz&o Suprema, se Me
za no Estado, a mais elevada forma de associac&o humana. O Estado mi ra
duos fragmentados numa comunidade e substitui a regra dos instintos pel ' ”
da justiga. Permite gue os individuos vivam a vida ética e desenvolvam me
tencial humano. Um individuo no pode alcangar essas metas estando isolad0. gr
e latente ao estadism
Ao
tendência oa exalt i
pensamento hegeliano revela uma forte
GaAo do Estado e da subordinacio do individuo a ele. Segundo Hegel, id
nacional era a corporificacio da Raz&o Universal € a suprema realizad40
rito Absoluto.
as pisi
Os conservadores alemaes recorreram & idéia hegeliana da legicimidade
cional das instituigêes vigentes para sustentar sua oposicZo a mudan zo do
is das. A realidade arual, ainda gue pareca cruel e detestdvel, éa concrete
ERG Espirito Absoluto. Portanto, é inerentemente necessdria € racional € nê

ai ad
O Ocidente moderno 383

uidores de Hegel, conhecidos como Hegelianos Jovens, deram


guns dos gs radical a suas idéias. Rejeitaram sua visio de gue o Estado
um 2 inerpreras ier Estado alemao, fosse a meta da histéria mundial, a reali-
ssiano, oe Fi N Alemanha de sua época, diziam eles, nao tinha alcangado a
7acao da liberda fi dividuo e a sociedade: n&o era racionalmente organizada,
harmonia €NET€ iberdade. Viam na filosofia de Hegel um meio de mudar radi-
nem ee dk de modo a tornar a sociedade atual verdadeiramente racio-
RE el importante entre os Hegelianos Jovens foi Karl Marx, gue con-
ral.” RA b4sica de Hegel: a histéria é um processo inteligfvel, gue pos-
Me eien interna, € o conflito dialdtico impulsiona a histéria de um estégio

nferior a um estigio superior (ver capitulo 15).


sui 2 - #

Conservadorismo: o valor da tradigao


Para os governantes tradicionais da Europa — reis, aristocratas, clérigos —, a
Revolucio Francesa foi um grande mal gue abriu um ferimento guase faral na
civilizacio. Indignados e arerrorizados com a violência revoluciondria, o terror €
2s guerras, Os governantes tradicionais buscaram refutar a visio de mundo dos
pkilosopbes, gue dera origem & Revolugo. Para eles, os direitos narurais, a igual-
dade, a bondade do homem e o progresso permanente eram doutrinas perversas
gue haviam produzido os “assassinos” jacobinos. Encontraram, no conservado-
rismo, uma filosofia politica capaz de combarter a ideologia iluminista.
A obra de Edmund Burke, Reflexëes sobre a revolucio na Franga (1790), contri-
buiu paraa formag&o do pensamento conservador. Burke (1729-1797), estadista
é teërico politico britênico, guis advertir seus conterrineos dos perigos inerentes
j 'deologia dos revoluciondrios. Embora escrevendo em 1790, Burke vaticinou
EE
TE, ET N EEN MEET 'N TT FEE NE

*Stuclosamente gue a Revolucao levaria ao terror e 3 ditadura militar. Para ele,


“anticos armados com principios perniciosos — idéias abstratas divorciadas da
periéncia histérica — haviam arrastado a Franca ao atoleiro da Revolucgo. Bur-
EET
EE”, EN”

ke-de $ envolveu uma filosofia politica


E
coerente gue serviuE de contrapeso
N

3 ideolo-
ma

58 do luminismo e da Revolugao.

Hostilidade 4 Revolucio
Francesa
here me EE € os reformadores franceses, fascinados pelas desco-
formar as ae ai acreditado due a mente humana podia rambém trans-
nais. O OER Mi Ma e as tradigoes antigas de acordo com modelos racio-
'0Vo futuro, os sevolueier 4 3 raza0 tornou-se sua fé. Dedicados a construir um
* 3Utoridade tradicional vos Pe abrupramente com os velhos costumes,
“T3 OS conservador é os modos familiares de pensamento.
“Ta a *rrogan €$, due, como os romênrticos, veneraram o passado, essa
C1a € Oomal SUpremos, Consideravam
. os j
revoluciondrios
, como ho-
Givilizacio ocidental

mens presuncosos gue irrefletidamen


te rOMPlam os elos da socij
Ë
IgNOranNcia as
vener AVeis crepe,.
# . d$ l]

o nsagrados pelo te
a de lideranca mo
a anarguia € ao terror.
A "
Vocës tiveram um mau comeco”
T A e

peito dos revoluciondrios, “porgue comegGaram por


des prezar
pertence. (...). Guando as antigas opiniëes e as
velhae n
de lado, a perda talvez no possa ser estimada. A
parti
mos nenhuma bussola para nos guiar; nem podemo
porto nos dirigir”'”.
Os philosophes e os reformadores francese
s tinham manifestado u ma Conf
iimitada no poder da raz3o humana lanaa
de compreender e mudar a sociedade.
bora apreciassem as capacidades racionai E
s do homem, os conservadores uni
reconhecia m as limitac6es da razao. Consideravam a
Revolucio como um desen-
volvimento natural de uma filosofia jluminista ar
rogante, gue atribufa demasiads
valor & razao e buscava reformar a sociedade de acor
do com principios abstratos
Para os conservadores, os seres humanos nio eram natura
lmente bons. A mal.
dade dos homens nao se devia a um meio imperleito, como ha
viam proclamado
os fil6sofos, mas estava no intimo da natureza humana, cCo
mo ensinava o Cristia-
nismo. O mal era controlado nio pela raz&o, mas por instituic6es, tradigese
Crengas experimentadas e testadas. Sem esses h4bitos herdados dos ancestrais, afr.
mavam os conservadores, a ordem social era ameagada pela pecaminosa natureza
humana.
Em razao de terem durado séculos, afirmavam os conservadores, a monarguis,
a aristocracia e a Igreja tinham seu valor. Ao desprezar e erradicar essas antigas
instituig6es, os revoluciondrios tinham endurecido os corag6es das pessoas, per
vertido sua moral e instigado-as a cometer terriveis afrontas umas contra as Ou
tras e contra a sociedade. Para os conservadores, os revoluciondrios havlam ss
zido o povo e a sociedade a abstrac6es separadas de seus COntextOS histéricos; ve
viam elaborado constituicêes baseadas no inaceitdvel principio de gue o PO
do governo emana do consenso dos governados. ase
Para os conservadores, Deus e a histéria eram as dnicas fontes le ie
toridade politica. Os Estados nao eram cons
tituidos; eram apenas
da experiëncia moral, religiosa e histêrica de uma nagao. Nenhuma ”sitidsd
uige
legitima ou sélida podia ser elaborada por um grupo reunido or m produzi
Tiras de papel com terminologia legal e vis6es filoséficas nao po ms gra”
um governo efetivo; ao contrdrio, um sistema politico sélido desenv
dual e inexplicavelmente em reposta As circunstências.

A busca da estabilidade social


A filosofia liberal do Iuminismo ea Revolucio Francesa omega mo Mm
`n gue %
EE oviduo. Os filêsofos e 6s revolucjondrios almejavam uma socieda jedade
, - * A . e d $
“individuo fosse livre e auténomo. Os conservadores acreditavam du
O Ocideute moderno 385

hacio de individuos desconexos, mas um organismo vivo gue


cos centendrios. O individualismo colocaria em risco a
dade socia l, dest ruir ia a obed iënc ia a lei e fragmentaria a sociedade em
astabil!
a
OMOS isolados e egolstas. f G
MO nservadores consideravam a igualdade como outra abstracao perniciosa
(OS CO
dizia toda a experiëncia histérica. Para eles, a sociedade era natural-
ue CON uica, e acreditavam gue alguns homens, em virtude de sua inteli-
mente es “ rigueza e nascimento, eram mais bem gualificados
para gover-
géndlas € mie EROE capazes. Afirmavam gue, ao negar a existência de uma
rd ie : erradicar uma classe governante hd muito estabelecida, gue apren-
- Ti arte através da experiëncia, os revoluciondrios haviam privado a socieda-
res efer ivos , tra zid o a des ord em int ern a € pre par ado o cam inh o para
de de lide
ma ditadura militar. i s m o . M o s t r ou gue os
ri sm o a p o n t o u u m a li mi ta ga o do I l u m i n
O conservado
seres humanos e as relag6es sociais sao muito mais complexos do gue haviam
imaginado os filésofos. As pessoas nem sempre aceitam a l6gica rigorosa do &il6é-
sofo e nio estao prontas a romper com os costumes antigos, por mas 1l6gicos
gue possam parecer. Muiras vezes, as pessoas julgam gue os costumes familiares e
as religiëes dos antepassados sio guias mais sarisfatérios do gue os programas dos
filésofos. O inflexivel poder da tradicio continua sendo um obstdculo para todas
as visêes de reformadores. Os teëricos conservadores advertiram gue a violência
revoluciondria, guando se perseguem sonhos utépicos, transforma os politicos
numa cruzada ideolégica gue termina em terror e despotismo. Essas advertências
deram frutos amargos no século XOC.
j

Liberalismo: o valor do individuo

gee Hani a 1815 assistiram a um Crescimento esperacular da bur-


pblieos Me eke industriais, profissionais liberais e funciondrios
ria —a elite tra Te du “ALOSOS duiseram pêr fim 20 dominio da nobreza agré-
naras testricoes Te - no poder politico e no prestigio social € rambém elimi-
a polftiea da bu n oen de lucros. De modo geral, o liberalismo foia Hioso-
Cerces da oodede. e- “nguanto os conservadores buscavam fortalecer os ali-
adicional seriamente abalados no periodo da Revolugzoe
lam; E eao OS liberais' desejavam alterar O status duo é cumprir a promessa do
MO e da Revoluc3o Francesa.
A; Origens do
liberalismo
Examinand am
lismo é u eke0a civiliza Sao ocidental de uma perspectiva mais ampla, o libera-
ensa Ar ase gs
@C!Onal ad nSao e um desenvolvimento das prdricas democrdtic da visio
er 2m por bergo sie antiga.
;
a Grécia Também pertence p ke Hy
& tradicao libe-
"om

ed RD i E
k
" N
pl) ai
Hek
ear,
386 Civilizacio ocidental
1,

ral o respeito judaico-cristao pelo valor e pela dig


nidade do '
de liberdade por Deus para fazer escolhas ndividug
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BETER
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morais No entant 0, a
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dotad,
cas imediatas do liberalismo do século XIX ene s r
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lo XVII. Nessa época, a lura dos dissidentes ing


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antes po : tolerêng ;
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religiosa estabeleceu o principio da liberdad ed


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transterido para a liberdade de opinizo e d


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Revoluczo Gloriosa de 1668 impês limites ao


EENS ER Ee AN

; oder d
ke LE.

ie P 4 MOonargui
Nesse mesmo século, a filosofia dos direitos naturais de Jo
Ad nle
PIE,

E hn Lo les |
EE
RR

gue o individuo era naturalmente apto a liberdade e just € edl


arava
si
sl
ans.

contra os governantes gue desp


ojavam os cidadaos de “uas vida
propriedades. s, liberdad 1

Os flésofos franceses ajudaram a dar forma eu


Montesguieu, os liberais criaram a teoria da separa
c3
mutuo entre eles — principios gue visavam prote S€
r contra governos d
Os filésofos defenderam a toler&ncia religi espêticos
osa e a liberdade de Pensamento, de-
monstraram confianga na capacidade da me
nte humana de reformar a sociedade
sustentaram dgue os seres humanos eram essenc
ialmente bons € acreditaram no
progresso futuro da humanidade — todos eles princi
pios essenciais do liberalismo.
As revolug6es americana e francesa marcaram Cpocas fu
ndamentais na histêria
do liberalismo. A Declaracëo de Independência deu expressio & teoria
de Locke
dos direitos naturais; a Constituicio dos Estados Unidos InCOrpor
ou os prind-
pios de Montesguieu e demonstrou gue as pessoas podiam criar um governo efe-
rivo; a Carta dos Direitos protegeu o individuo e os seus direitos. Ao eliminar
privilégios especiais da aristocracia e abrir caminho para o talento, a Assembléia
Nacional francesa de 1789 instituiu o ideal liberal de igualdade perante a lei. A
mesma Assembléia redigiu também a Declarac&o dos Direitos do Homeme do
Cidadao, afirmando a dignidade e os direitos do individuo, e uma constituigéo
gue limitou o poder real. As duas revolug6es exigiram explicitamente a protega0
dos direitos de propriedade, outra premissa b4sica dos liberais.

Liberdade individual
A principal preocupag3o dos liberais era o aumento da liberdade ad Peividual.
Concordavam com Kant em gue toda pessoa existe como um fim rd do go”
€ nao como um objeto a ser manipulado por outros. Sem ser Coag! ie ar-se
verno e pelas igrejas e adeguadamente educada, uma pessoa podia ak EF
num ser humano bom, criativo e autodirigido. Cada individuo podla pret je
préprias decisêes, basear suas ag6es nas leis universais da moral e resp
reitos alheios. sai ndividuo
Os liberais rejeitaram o legado da Idade Média, a classificagao j
como plebeu ou aristocrata com base no nascimento. Sustentavam du uma PES”f
SOa nio nascia num determinado nivel de vida, mas construia o S€U caminhoP .
exigla””
Pas
'

esforcos préprios. Seguindo o exemplo da Revolucëo Francesa, os lib


z
” - erals

Am fim para todos os privilégios da aristocracia.


Ee
O Ocidente moderno 387

na tradigdo dos filésofos, os liberais enfatizavam a preeminên-


De acordo CO oa base da vida politca. Liberta da ignorência e da tirania, a
dia da raza0 ear os males gue durante séculos sobrecarregaram as pessoas €
nte ee de instituicêes livrese de cidadëos responsdveis. Por essa razéo,
someGar UIT” vam O Progresso da educacao.
oslibera1is aPOsrais* atacavam O Fstado e as outras autoridades gue impediam o indi-
ra er o direito de livre escolha, gue interferiam no direito de livre
viduo Re criavam obstdculos & autodeterminagio e ao autodesenvolvi-
efa dividuais. C oncordavam com John Stuart Mill, filésofo britêAnico,
mento 1 prépria
se dedlarou: `o individuo é o soberano de seu préprio corpo e de sua
gualguer
EE (..) guea (inica £azao gue juscifica o exercicio do poder sobre
dad e civ ili zad a, con tra a sua von tad e, é imp edi r dan os
embro de uma comuni
n]

Pa Ee a sociedade da autoridade absoluta e arbitrdria dos reis, os libe-


nis reivindicavam constituig6es escritas, gue garantissem a liberdade de expres-
so, de imprensa e de religiëo, o fim da prisgo arbitrdria e a prorego dos direiros
de propriedade. Para coibir o abuso da autoridade politica, exigiam um parlamen-
to livremente eleito e a distribuicao de poder entre os v4rios érgaos do governo.
Sustentavam gue um governo due deriva sua autoridade do consentimento dos
seus governados, concedido por eleicées livres, era menos suscetivel de violar a
NT

liberdade individual. Um coroldrio desse principio era “governa melhor guem go-
EET
EE

verma menos” — isto é, o gue menos interfere nas atividades econêmicas de seus
EE | N
as

cidadaos e no se intromete em suas vidas particulares nem com suas crengas.

Liberalismo e democracia

| O credo democrdtico de gue todas as pessoas deviam participar do poder poli-


“C0 Inspirava horror a muitos burgueses liberais. Para estes, a participag&o das
PESSoas do povo na politica significava uma forma vulgar de despotismo e o fim
da liberdade individual. As massas — incultas, inexperientes, impacientes e sem
ha ee segundo eles, nem habilidade nem temperamento para
€ € proteger a propriedade.
ope, es orn sufocassea liberdade pessoal de maneira tio incle-
Prietirios pu dese duer monarca absoluto, os liberais exigiam gue somente pro-
“0 €Stivesse co aa do € ocupar cargos piblicos. Cuerlam gue o poder polici-
EG de o hi mAaos de uma dlasse média segura e confidvel — isto
Mals bajxas, DES aa Culra. 'Tal governo impediria uma revolugo das classes
certo gue TE ber d om produzia ansiedade entre os liberais burgueses. |
Mas seus obleiyes Ee als rm do século XIX tomaram parte nas revoluc6es,
MOnarguia abeolars Ee limirados. Logo gue tivessem derrubado uma
) ea de governo ee Hdo uma constituigdo e um parlamento ou uma mu-
`TEVolueio se e aI avam rapidamente pêr fim a revolugao. Ouando a febre
' “spalhava pelas massas, os liberais se retiravam Ou se tornavam
ra revoluciondrios
NEra-
ols temi jtacê
PO1$ temiam as agitacêes id3
da mulcidao.
388 Givilizacio ocidental

Embora o liberalismo fosse a filosofia politi


EE a . - ca da Classe méd;
tl a democracia), os ideais essenciais da democrac; Edi
2 (em geral
liberalismo. A democracia foi um estdgio
porgue as massas, tendo seu poder politico aumenta
trial, lutariam por uma igualdade social, polit

abandonaram as exigências de propriedades paraao


raram as condigêes de vida dos operdrios.
No entanto, ' tin
Hnhham
am. fundamento o $ temores dos ibera;
liberais do séCulo XIX. N
século XX, a participagao das pessoas do povo na vida politic `N
liberdade. impacientes com os procedimentos parlament
ares ” 4$ massas, €Special.
mente guando afligidas por problemas econêmicos, em al
8INS Casos deram apoig
a demagogos gue Ihes prometiam ago rêpida e decisiva. A
concessio de partici-
pa€&o politica as massas nem sempre tornou o POVo mai s li
vre. A Confianca do
democratas foi abalada, no século XOC, pela aparente disp Osiga
o das massas de ne.
gociarem a liberdade em troca da autoridade, ordem, seg
uranga politica e poder
nacional. O liberalismo baseia-se na suposigao de gue os seres hum
anos respon-
dem a argumentac#o racional € gue a raz&o prevalecerd sobre os sentim
entos hu-
manos inferiores. A histéria de nosso século mostra gue esta pode ser uma avalja-
Ga0 demasiado otimista da natureza humana.

Nacionalismo: o caréter sagrado da nacao


O nacionalismo é um vinculo consciente partilhado por um grupo de pessoas
gue se sente fortemente ligado a uma determinada terra e gue possui uma cultu-
ra € uma histéria comuns, marcadas por glêrias e sofrimentos vividos em conjun-
to. Os nacionalistas sustentavam gue o mais profundo sentimento de lealdade €
devogao de um individuo deve ser dirigido 3 nagao. Demonstram grande ord
Iho pela histéria e pelas tradic6es do seu povo e muitas vezes julgam due SU4” vi
630 foi especialmente escolhida por Deus ou pela histéria. Afirmam er
— sua histéria e cultura — confere significado & vida e as agoes de um in ME
'Tal como uma religiëo, o nacionalismo d4 ao individuo um senso de pere pers
de e uma causa digna de auto-sacrificio. A identificagao com as realizad0
rivas da nagio exalta os sentimentos de valor pessoal. do. o mar
Desse modo, numa época em due o cristianismo estava depar
cionalismo tornou-se a forca espiritual dominante na vida europtla do ra sok
Criou novos mitos, m4rtires e dias “sagrados” gue estimularam a lee dade pt
receu paticipagao numa comunidade gue sarisfez a compulsoria ee ma
colégica dos seres humanos de companheirismo e identidade. E ofer
EER ef
missêo, o progresso da nagao, 3 gual o povo podia dedicar-se-
O Ocidente moderno 389

dy nacionalismo modern
ere
A emergémpone E R
A

essenciais do nacionalismo moderno apareceram na época


Os co Jucëo Francesa, dué estabeleceu o principio de gue a soberania derivava
da Revo T ovo como um todo — o Estado nao era a propriedade particular do
Ja nagao, do F 3 incorporagao da vontade do povo. O Estado-nagao estava aci-
oen) reja, da classe social, da corporag&o, da provincia; era superior a
ma do reb as EE Os franceses deviam considerar-se nio como stiditos do
todas as ou j bretêes ou normandos, nio como nobres ou burgueses, mas como
re, nio oo” rerra unida, Ja patrie. Essas duas idéias — o povo dotado
se de so-

ddados de uma 3 formagio
berania ilimi tada € o povo unido numa nacio — foram fund amen tais
4a concepeao nacionalista. | | |
A medida gue a Revolugso saia do estagio moderado para o radical, o naciona-
smo francês intensificou-se. Em 1793-94, guando a repiblica foi ameagada por
uma invasio estrangeira, OS jacobinos criaram um exército nacional, apelaram a
ma lesldade ainda maior e ao sacrificio pela nagio, e exigiram a expansao das
fronteiras para os Alpes e o Reno. Com ëxito sem precedentes, os jacobinos urili-
zaram todos os meios — imprensa, tribuna e escola — para incutir o amor a patria.
O movimento romêntico também despertou sentimentos nacionalistas. Ao
eraminarem a linguagem, a literatura e os costumes do seu povo, os pensadores
romênticos instilaram o senso de orgulho nacional em seus conterrêneos. Johann
Gottfried Herder (1744-1803), famoso escritor alem3o, concebeu a idéia da
Volksgeist, alma do povo. Para ele, cada povo era tnico e criativo; cada um ex-
pressava seu génio na linguagem, literatura, monumentos e tradic6es populares.
Herder n&o saltou teoricamente do nacionalismo espiritual ou cultural para o
politico; n3o reivindicou a formacao de Estados com base na nacionalidade. No
“nranto, sua Ênfase na cultura singular de um povo estimulou uma consciëncia
nadonal €ntre os alem&es e os diversos povos eslavos gue viviam sob o dominio
“rangeiro. A Volksgeistlevou intelectuais a investigarem o passado do seu pré-
PTIO povo, redescobrirem suas tradices antigas e exalcarem sua linguagem e cul-
'ura histêricas, Desse nacionalismo Cultural ao nacionalismo polit
poliri ico, gue exi i-
ga a libertaca(AO, a unific
acao ea estatiigac
zac3ao da nacio,
3 houve apenas um m pedue-
10 passo,

be omie ri OS primeiros apstolos do nacionalismo alemao. Rea-


gualidades dee os alemêes as lembrangas do passado e enfarizaram as
2Alemanha medieval g er gente eo destino especial de sua nagao. Glori ficaram
% elos vitais do p eend valorizarama monarguia € a aristocracia heredicdria com
oomo enextricavelgen ed Consideravam a existência de cada individue
So almejada na ek gada ao povo ea pêrria e encontravam a auro-realiza-
MANticos, 2 COmuni J € s€us proprios egos com a alma nacional. Para esses ro-
dentidade Vs ade nacional era uma forca vital gue dava ao individuo
“lonal un; PrOpOsito na vida. A nagio estava acima do individuo; o espirito na-
1a al mas iso
ë ladas . ade
numa cCOmunid fraterna.
| it 390 Civilizacio ocidental

it Nacionalismo e liberalismo
ES No inicio do século XIX, os liberais eram os
i movimentos nacionalistas. Consideravam a |
'T

AR Es
T ay ik EA
Ti
F, ebe

povo livre do dominio estrangeiro — como u


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individuo. Nao podia haver liberdade, afr


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nao fossem livres para governar sua prépria


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Os liberais reivindicavam a unif Cagao da Al


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emanhae da Itélia
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da
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to da Polénia, a libertaco da Gréci a do dom


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Ma

inio TUfCO € a cCOnc


sm

mia aos huingaros pelo Império eesg


%
b

Austriaco. Os naclonalistas [il


sOA.
j]
s

uma Europa com Estados independente


rania popular. Livres do domini s, baseados na nacional
o estrangeiro ede principes ti
recém-criados protegeriam os direitos ranos
do individuo € se esforgariam por €riar
2

irmandade de nacionalidades na Europa.


ma
gos inerentes ao nacionalismo ou TAam OS perl-
compreenderam o conflito fundamen
liberalismo e nacionalis tal entre
mo. Para os liberais, a idéia doe direitos naturais uni
sals transcendia todas as fronteiras nacionais. ver
Herdando o Cosmopolitismo jlu-
minista, o liberalismo enfatizava o gue todos os homens tinham em
COmum, exi-
Bla gue todos os individuos fossem trarados igualmente perant
e a lei e pregavaa
tolerência. Ao manifestarem a atitude particularista do #z-group ou da tri
bo, os
nacionalistas consideravam a na€&o como o fato essencial da existência. Portanto,
regtientemente tinham prazer em sacrificar a liberdade individual A grandeza
nacional. Enguanto o liberal buscava proteger os direitos de todos os gue viviam
no Estado, o nacionalista muitas vezes ignorava ou espezinhava os direitos indi-
viduais e as minorias nacionais.
Enguanto o liberalismo nasceu da tradic&o racional do Ocidente, o naciona-
lismo teve origem no apego emocional aos costumes e vinculos antigos. Por satis-
fazer um anseio elementar de comunidade e parentesco, o nacionalismo met
um dominio poderoso sobre os coracêes humanos, muitas vezes levando as p
: P
soas ao extremis : ,
mo politico. O liberalismo exigiaie objeEdtividade na an aljseJoda mis$Oo
ciedade, da tradic3o e da histéria, mas o nacionalismo evocava um passa
tico e romaêntico gue fregiientemente distorciaa histéria. | 40 nadondis
Na ulrima parte do século XIX, a gualidade mitica e irracional ;
som deter
mo se intensificou. Ao enfatizar as gualidades singulares ea ui, ode
minado povo, o nacionalismo promoveu o édio entre as er glrias
pertar um amor profundo ao passado, inclusive a nostalgia por !r ansio. El€
e poder de outras épocas, o nacionalismo conduziu a guerras de destruiu %
vando as emoc6es a um estado anormal de excitac&o, o naciona sm ito e InUY”
pensamento racional, arrastou a mente a um mundo de fanrasia € ie dom
ina”"
duziu o radicalismo na polftica. O amor 3a nacdo torn
ou-se uma P ” aldade
te, due ameagou extinguir os ideais liberais de razo, liberdade e 1gU
O Ocidente moderno

Notas
S c h e n k . 7 h e M i n d of 7. De The Tables Turned”, in 7he Comple-
€ m H. G- te Poetical Works of Wordsworth, org. por
j Ci ta do
n t i e s . G a r d e n City,
san Rom a
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N EEN N” N” N EE EE EN

1969, p. 28.
EE
EE N TN VERTE,
TEE
,

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liberalismo, sua evolucio e caracteristicas. de o mundo antigo ao longo do século
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als britênicos, precedidos por um ensaio
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sobre a tradiczo liberal.
manha.
de Ruggiero, Guido. 7he History of
European Schapiro, ]. $. Liberalism: Is Meaning and
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History (1958). Exame uil com texto para
pstein, Klaus, The Genesis of Ger
man Con- leitura.
Ee (1966). Analise do pens
amen- Schenk, H. G. 7he Mind of the European Ro-
sr alemao como reacao ao Ilu-
Hi
mantics (1966). Andlise abrangente do mo-
ke €a Revolugio Francesa.
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Pe . oa and the Social Or- Shafer, B. C. Faces af Nationalism (1972). A
(1969). Sobre o envolvi- evolu€io do nacionalismo moderno na Eu-
ieMmeénto dos “Omantic. os singleses nas gu
politicas es- ropa e no resto do mundo; contém boa
€ sociais.
“yes, Carlton bibliografia.
J. H. Historical Evolution of Smith, A. D. 7heories of Nationalism (1972).
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. Obra Plo- A relag3o entre nacionalismo e moderni-
No estudo do nacio
0ng un, Hugh. Romanticismnalismo. ZACa0.
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a Influênc; "
Weiss, John. Conservantism in Furope, 1770-
1945 (1977). O conservadorismo como
Cl

a do FOmanrtsmo nas ar-
(es Vlsuais.
reacio 3 modernizacio social.

` E
EER n
Bi,
392 Givilizacio ocidental

Ouestoes de revisao
1. movimento romêntico foi uma reacao 6. Ouais foram
contra as idéias dominantes do Iluminis- 7.A principal
AS OrI
origens do
$

mo. Discuta essa afirmagao. PTEOCupacag


O aumento da liberdade nd
2. @ual foi a importência do movimento
B

ee
d
T |

CUta €ssa afirmaczig . Dis.


romantico?
3. De gue maneira Kant tentou resolver o
problema colocado pelo empirismo de
Hume? A gue se deve a importência de
seu pensamento?
4. Oual a visio de Hegel da histêria? Oue
influência teve a visao hegeliana?
5. Ouais foram as atitudes dos conservado-
res com relaco aos iluministas e 8 Revo-
lugao Francesa?
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7
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, CAP I T U L O 1 4
O despontar do liberalismo
e do n a c i o n a l i s m o : r e v o l u g a o ,
contra-revolucao e unificagao

'N, periodo de 1815 a 1848, as forcas desencadeadas pela Revolugao Fran-


cesa €ntraram em chogue com a concepgio tradicional do Antigo Regi-
me. O perfodo iniciou-se com o Congresso de Viena, gue preparou um
acordo de paz ap6s a derrota de Napoleëo, e terminou com as revolu-
c6es gue assolaram a maior parte da Europa em 1848. Grande parte do
Antigo Regime, fora da Franga, sobreviveu As décadas turbulentas da
Revoluco Francesa e de Napoleio. Os monarcas ainda detinham as ré-
deas do poder politico. Os aristocratas, particularmente da Europa cen-
tral e oriental, conservavam sua influência tradicional sobre o exército €
a administracdo, controlavam a classe camponesa e o governo local e
desfrutavam da isencao de tributos. As elites reinantes conservadoras,
dispostas a sufocar os ideais liberais e a impor o respeito pela autoridade
tradicional, recorreram A censura, & policia secreta e a forca armada. Os
liberais € os nacionalistas, porém, inspirados pelos principios revolucio-
nérios de liberdade, igualdade e fraternidade, continuaram a se engajar
no ativismo revoluciondrio. “*

O Congresso de Viena

gele rora de Napoleëo, reuniu-se em Viena (1814-1815) um congresso


jam es “uropélas para elaborar um acordo de paz. Os delegados preten-
bod “" NO CoOntinente a estabilidade abalada pela revolugio e pela guerra
“ér o eguilibrio de poder destruido pela Franca napoleënica.
Estadistas e duestoes

Sura59)cen ys Congresso de Viena foi o principe Klemens von Metternich


(773718
AN a es ablid.d ustria. Pertencente 3 velha ordem, Metternich acreditava gue
Mona $
“ Interna duanto a internacional dependiam do governo pela
TJuia ed o PA
(€Spelto a“Nar
. istocracjaj A errê
. nea crenca lij beral de gue a soci' eda-

s 393
394 Civilizacdo oridental

EF Cronologia 14.1 O despontar hoede



Hy
1821 s .
A Austria esmaga revoltas na ledlia.
je |
E
“ N 18273 As tropas
p francesas repPr
r; im em revolta na Espanha.
ie: || 1825 Levante na Ruiheen
ssia éé €smagado por NicolauI.
N.jy:si | 182 9 A Grréc
écla torna-a-se independente
ii do Impéri" o Otomano.
sod
1830 As Ordenac6es
ma
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de jul
T
ho na Pranga levam a uma
revolucs
EA.

gue forca Carlos X a abdicar.e

NEN 7
| 1831 Pracassa a revoluc#o na Polênia.
% Pe
ME
jy 1831-1832 As forcas austri,acas “Smagam
uma revolugso na Iralia.
si 1848 O ano da revolucëo.
Ee
$ 1862 Bismarck torna-se chanceler da Prissia.
é. 1864 Austria e Prissia derrotam a Dinamarca
ma numa guerra de dis-
puta sobre Schleswig-Holstein.
1866 Guerra das Sete Semanas entre Austria € Prissia
di a Prissia
€merge como a principal potência da Alemanha.
1870-1871 Guerra Franco-Prussiana: completa-se a unificacdo
alemi.
, 18 de janeiro, 1871 Guilherme l torna-se #aiseralem&o.

de poderia ser reformada de acordo


com os ideais de liberdade € igualdade,
Metternich, tinha levado a 25 anos de re ii
volucëo, terror € guerra. Para es
cer a estabilidade e a paz, a velha Europa precisava suprimir
as idéias libe
csmagar as primeiras manifestacêes revoluciondrias.
EE A Austria
Metternich também receava o novo espirito do nacionalismo. ad n
COmo império multinacional, era particularmente vulnerdvel ap ie
cionalista. Se seus grupos étnicos — polacos, tchecos,
magiares, ie an siemo
do sul, romenos — fossem contaminados pelo virus nacional
ista, N ovOS US
Império Habsburgo. Além disso, incitando as massas
€ colocando - dio euro
COntra os outros, o nacionalismo poderia solapar os alicerces da IVM
pێla gue ele amava.
Determinado a pêr um fim no caos do periodo na estaurar 4 6”
poleênico € a ) vernan”
tabilidade da Europa, Metternich gueria devolver
ao poder as fam Ps Peer |
“... tesdepostas por mais de duas décadas de luta revoluci
N gestabelecer o eguilibrio de poder na Europa, ondria. Tamb serve
para gue nenhum pals devia have
“pêsieso de dominar o continente, tal como fizera Napole
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O Ocidente moderno 395

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ees obliterando Estados, derrubando reis e sonhando com a hege-

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na inclufam a Gra-Bretanha, Ruissia, Fran-

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As outIaS
Rep res ent and o a Gra -Br eta nha estava Robert Stewart, visconde de
e Pruss1a-

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h (1769-1822), seererarlo dos Neg6cios Exteriores, homem de espiri o

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irist a. Emb ora tve sse sido um ini mig o imp lac 4ve l de Napoleao,
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nR R hab ili dad e de esta dist a exp eri ent e em sua atit ude de nao
ie i no
Cosl eres g” ra Fra nca sev era men té. O caar Ale xan dre 1 (1777-1825) partcipou
uerel punif se aa j
Be sJmente do Congresso. Impregnado do misticismo cristo, o czar russo dese
xan-
'java oiar uma comunidade européla baseada nos ensinamentos cristios. Ale
a-
jrese considerava o salvador da Europa, o gue levou os demais diplomaras a olh
rem para ele com desconfianca. Representando a Franga estava o principe Charles
Maurice de Talleyrand-Périgord (1754-1838). Patriota devotado, Talleyrand pro-
rou rem ove r da Fra nga o est igm a da Rev olu gzo e de Nap ole ëo. O pri nci pe Kar l
von Hardenberg (1750-1822) representou a Pruissia. Como Metternich, Castle-
reagh e Talleyrand, o estadista prusstano acreditava gue os virios Estados euro-
peus, aléim de perseguirem seus proprios interesses nacionais, deverlam se preocu-
par com o bem-estar da comunidade européia como um todo.
Duas guestêes inter-relacionadas ameagaram desintegrar a conferência e enre-
dar as grandes potências em uma nova guerra. Uma delas era a intengio da Prus-
sia de anexar o reino germAnico da Saxênia; a outra, a pretensao russa sobre ter-
ritérios poloneses. O czar desejava combinar os territérios poloneses da Russia,
Austria e Pruissia em um novo reino polonês, sob controle da Rissia. Tanto a
Gra-Bretanha como a Austria consideravam essa extensio do dominio russo na
Europa central como uma ameaca ao eguilfbrio de poder.
Talleyrand sugeriu gue Gra-Bretanha, Austria e Franca concluissem uma
alianga due se Opusesse & Prissia e A Russia. Essa engenhosa manobra trouxe a
ad ma 3 familia das nages. A Franga agora nao era mais o inimigo odia-
ra Rissiae Dee necessirio paraa Russia ea Prissia. Ameagadas pela guer-
Ussia moderaram suas exigências e a crise terminou.

O acordo
T ApéPOS s meses de discusszoET
, disputas e ameacas, os delegados concluiram seu tra-
hele ” ae da Pruissia de uma paz puniriva, os aliados nio
Paas par Ra j ae severa. Fles temiam gue a Franga, humilhada, se pre-
ales ele . ee e "nganea. Além disso, Metternich necessitava da Fran-
Brande indeniza in er da Prussia e da Ruissia. A Franga teve de pagar uma
dllada aré gue EE Uurante um perfodo de cinco anos e submeter-se a ocupagao
Embora la dale fosse cumprido.
UM pouco ale de a malor parte de suas conguistas, a Franga saiu com
da Franca ressur € terra do gue possuia antes da Revolucëo. Para se protegerem
honteing Ee 6enté, tanto Pruissia como Holanda receberam territérios na
“e$a. A Holanda obreve os Pafses Baixos do sul (Bélgica), enguanto

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i()

396 Civilizacio ocidental

i -ongresse de Viena, 1815, de Jean Baptiste Isabey (1767-1855). Os delegados do Congresso de


Viena buscaram restaurar muitas das Caracteristicas da Furopa gue existiam antes da Revolucio
Francesa e de Napoleëo. Eles podem ser acusados de falta de visZo; contudo, 6 eguilibrio de |
poder gue formularam preservou a paz internacional. Metternich est de pé, 3 esguerda, na frente
de uma cadeira. 7he New York Public Library

a Prussia ganhou a Renênia e parte da Saxênia, o gue era menos do gue os PIUS
sianos haviam desejado. N3o obstante, a Prissia emergiu do acordo signiticadva
mente maior e mais forte. A Ruissia obteve a Finlêindia e uma parte considerdvel
dos territérios poloneses, mas nao tanto guanto o czar tinha previsto. O Com
gresso Impediu uma expansio maior da Ruissia sobre a Europa central. A provi"”
cia italiana setentrional da Lombardia foi devolvida 3 Austria, gue recebeu red
bém a adjacente Venécia. A Inglaterra obteve bases navais estrar€gicas: Helgo ; Jo
dia, no mar do Norte, Malta e as ilhas Jênicas, no Medirerrêneo, a Provinda
Cabo, na Africa do Sul, e o Ceilgo, no oceano Indico. A Alemanha ué-
em uma confederacao de 38 Estados (mais tarde 39). A Noruega foi da [as
Jugdo € Pe
guerras napoleênicas, foram restitufdos a seus tronos na Franga, ,
gal, Reino das Duas Sicilias, Estados Pontificais e muitos Estados ger" es CF
Os delegados conservadores do Congresso de Viena foram muitas Elise
ticados por seu pouco caso com relacio As aspirac6es liberais € N? ,
dos diferentes povos e por fazer voltar o relégio ao Anrigo Regime'
adel”
mik,
*

ae
se
a
e

s
O Ocidente moderno 397

' duramente 0 Congresso por tratar somente dos direitos dos tronos
` direitos dos povoS. Mas apés a experiëncia de duas guerras mundiais, Hi
e na0 re” ,lguns historiadores estao impressionados com o sucesso dos me- ed
no darie, af do eguilibrio de poder gue estabilizou efetivamente as EE
diadores A ae Nenhum pais era suficientemente forte para dominar o
relacoes OE enhuma grande potência estava tio insatisfeita a ponto de recorrer
Renee desfazer o acordo. O eguilibrio de poder nao foi perturbado aré a
ef da Alemanha em 1870-71; a Europa nao teve outra guerra geral, da
ma ude das guerras napoleên icas, até a 1 Guerra Mundial , em 1914.
magnit

Revolucêes, 1820-1829
Ruissia, Austria, Prissia e Gra-Bretanha concordaram em atuar conjuntamen-
te de forma a preservar o ajuste territorial do Congresso de Viena e o eguilibrio
de poder. Apds o pagamento de sua indenizagao, a Franga foi admirida nessa
Ou4drupla Alianca, também conhecida como Concerto da Europa. Metternich
pretendia utilizar o Concerto da Europa para manter a harmonia entre as nag6es
ea estabilidade interna dentro delas. Para a realizagao desse propd6sito, os conser-
vadores em seus respectivos paises censuraram livros e jornais e prenderam ativis-
tas liberais e nacionalistas.
Mas a repressio nio poderia conter os ideais liberais e nacionalistas desenca-
deados pela Revolucso Francesa, A primeira revolug&o ap6s a restaurag&o dos go-
vernantes legitimos ocorreu na Espanha em 1820. Temendo gue o levante espa-
nhol, com suas conotacêes guase liberais, inspirasse revolug6es em ourras terras,
0 Concerto da Europa deu poderes 4 Franca para intervir. Em 1823, 100 mil sol-
dados franceses esmagaram a revolucao.
Hy sade revolueiondria na Trêlia também assustou o Concerto da Europa.
ee ” Re i men em vêrlos Estados separados. No sul, um rei Bourbon
ldlia ene. i sl uas oietlia; Oo papa governava OS Fstados Ponrificais na
is. De ar M Ai ag austriacos governavam a Lombardia e Venécia no
deToseang RE " ` urgo subservientes 3 Austria governavam os ducados
governado. reed ” ena.O Piemonte, a noroeste, ea ilhade Sardenha eram
Aolad a dinastia traliana, a Casa de Savo6ia. "
o dessas divisêes politicas, a Ir4lia se achava dividida econêmica e Cultu-
“mente, Em todaa Beiusala se N
oogto 3 unid. Ee, r apego a regido local era mais forte do gueRe a
Co; 05 habitapre. f pe Os elos econbmicos entre o norte eo sul eram fra-
ades setentrionais tinham pouca simparia pelos campo-
Com €XCEGAO da dlasse média, a maioria dos italianos apegava-se
ntigo Regime.
Atravde de rO
mances, poestas e obras de histéria, uma elite intelecrual em ex-
VANSO" des re
d -

ae pe glorioso passado da Irdlia. Essa elite enfatizava


due
oo Império Romano e produzido a Renascen-
orBey
OULBIEJ OBOUFLIRTPAN AEIN
d1IIS SYNA
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aluoid
oBINGsJeled `S d GLBL 'eualA ep ossesBuo9D o sode sell
RR EER EE RE EE AT ET RA Sy Ee ede
O Ocidente moderno 399

. bermanecer fraco e dividido, com sua terra ocupada pelos austria-


' nio der” ei atrafram especialmente os estudantes universitdrios ea clas-
cos TA re as massas rurals, iletradas e preocupadas com as fadigas da vida co-
pou co inte ress e por essa luta de ren ova cao naci onal .
e mee eek
etas man tiv era m aces as as esp era nga s de lib erd ade e inde -
ee, ds secr ke.
ini o est ran gei ro ap6s 181 5. A mais imp ort ant e dessas socieda-
do dom
os car bon dri os, gue tinh a sede s em tod os os Est ados da Irdlia e cujos si F;
des era 4 d
rov inh am em gra nde part e da classe média e do exército. Em 1820, os SIE
membros P
tar am de alg uns mes es de triu nto no Rei no das Duas Sicilias.
carbon4rios desfru
Apoiados pelo exército e a milicia, forgaram o rei Fernando | a assegurar uma
ger-
constitui€o € um governo parlamentar. Mas Metternich, temendo gue os
mes da revolu3o se espraiassem para Outros paises, nao permitiria isso. Apoiada

Ra
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al em N-
pela Prdssia e pela Russia, a Austria extinguliu o governo constitucion

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poles e uma nova revoluco gue irrompera no Piemonte. Nos dois casos, a Aus-

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ia instalou um governante absoluto no trono.

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Uma revoluc&o também fracassou na Russia. Durante as guerras napoleënicas

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ea ocupagëio da Franca, os oficiais russos foram introduzidos as idéias francesas.

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Alguns oficiais, contrastando as atitudes liberais com a aurocracia russa, resolve-

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ram mudar as condicêes da Russia. Como seus congêneres ocidenrtais, organiza-

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ram sociedades secretas e disseminaram idéias liberais dentro da Russia. Ouando

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Alexandre 1 morreu, esses oficiais liberais entraram em greve. O levante foi facil-

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mente esmagado, em dezembro de 1825, pelo novo czar, Nicolau 1, e seus lideres

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loram severamente punidos.

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As revolug6es na Espanha, IrAlia e Ruissia fracassaram, mas o Concerto da Eu-

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ropa também sofreu reveses. Os gregos, estimulados pelos ideais da Revolug&o

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Francesa, se revoltaram contra seus soberanos turcos em 1821. Embora o sultao

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TR % governante legitimo, Franga, Inglaterra e Russia ajudaram os revo-
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Bregos, pols estes eram cristaos, ao passo due os turcos eram mucGul-
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Gear es es gue tinham estudado a literatura e a histêria
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dade de sen ss da o eles, os gregos estavam lutando para recuperar a liber-


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DEM o teeeie je antepassados. No sê a pressio da opiniëo publica mas tam


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ia mêo de seg de & Ed de ajudar os Bregos, sem duvida, jamais abri-


“0 russo no Med; ee “M nglaterra nao poderia permitir essa ertensan do pode-
ra X Pra neo oriental. Apesar das objegêes de Metternich, Inglater-
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US$$1a empreenderam ac30
sf
contra os turcos, e em 1829 a Grécla
ge
con-
“U $ua independên
cia.

Ma Pa 14.
1 A era das revolucê
es na Europa

BIBLIOTECA PUBLICA MUNICIPAL


ER Pe. ARLIMNDO MARCON
1. AM Or BAD SOT” or oo)
400 Givilizacio ocidental

i A Liberdade liderando o povo, 1830, de Eugene Delacroix (1799-1863). Os reformadores do


ii Inicio do século XIX encontraram seu grito de guerra na liberdade, uma heranga da Revoluë
o
| Francesa. Nesta pintura, Delacroix, o lider dos artistas rom3nticos na Franca, glorifica a liberdade.
LouvrelClicbe des Musdes Nationaux

' Revolucëes, 1830-1832


Ap6s a derrota de Napoleëo, um rei Bourbon, Luis XVIII (1814), ga |
trono da Franca. Reconhecendo gue o povo francés
nao aceitarla um me
velha ordem, Luis XVIII adotou um rumo moderado.
Embora sua ee |
rituig&o, a Carta, declarasse gue o poder do rei se baseava no direiro ae i
bém estipulou gue os cidadaos possuiam direitos fundamentais — Ie
pensamento e de religiao e tratamento igual perantea lei
—- e criou um Pê maior
to com duas cimaras. Mas os camponeses, os trabalhadores
urbanos € soskd
par te da burguesia n&o tinham direito a voto, uma vez gue
este €Stav4 ' infle
30 reguisito de propriedade. Luis XVIII fo; com
batido por ee da
vels, chamados tas, gue desejavam apagar os
ultimos 25 anos ” n lider
Franca e restabelecer o poder e os privilégios
da Igreja e da ar med Luis
EO €ra o irmao mais novo do rei, o conde d/'A
Pe rtois, gue apés a mor "
1824, ascendeu ao trono como Carlos X (1824-
1830).
O Ocidente moderno 401

Vi
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spertoua hostilidade da burguesia ao mandar indenizar os ke j

ER
no de
imprensa e He

ESE
” ados pela perda de seus bens durante a Revolugio, censurar a
der 8 Igreja um controle maior sobre a educagio. Na eleicio de 1830, a ES
e. df “al a Carlos X conguistou uma vitéria decisiva. Carlos respondeu
oposieso De de Julho, gue dissolveram a cimara recém-eleita: as Ordena-
béde
as Or
C om am esaram do voto a maior parte da burguesia
goiv
m napr abastada e cercearam
ges
en te a m prensa.
everam
A burguesia, OS estudantes € os trabalhadores se rebelaram. Esperavam estabe-
Jecer uma republica, mas a burguesia rica gue tomou as rédeas da revolug&io temia
, radicalismo republicano. Ofereceram o trono 20 dugue de Orleans: Carlos X
ja-
abdicou e foi para o exilio na Inglaterra. O novo rei, Luis Filipe (1830-1848),
mais se esgueceu gue devla seu trono aos burgueses présperos. E os trabalhado-
res parisienses, gue rinham lutado por uma republica e por reformas econbmicas
gue diminuissem sua pobreza, sentiram-se traidos com o resultado — e assim tam-
bém a peguena burguesia, gue continuava sem direito a vOLo.
A revolucao de 1830 na Franca provocou ondas de chogue na Bélgica, Po-
[nia e Ir4lia. O Congresso de Viena destinara a Bélgica carélica a Holanda pro-
testante; desde o inicio os belgas protestaram. Instigados pelos eventos em Paris,
os patriotas belgas proclamaram sua independência da Holanda e estabeleceram
um governo liberal. Inspirados pelos levantes na Franga e na Bélgica, os estu-
dantes e intelectuais poloneses, bem como os oficiais do exército, levantaram
armas contra seu soberano russo. Os revoluciondrios desejavam restaurar a inde-
pendéncia polonesa, um sonho gue poetas, musicos e intelectuais tinham man-
ido vivo. A coragem polonesa, entretanto, nao era parelha para o poderio russo,
€ Varsêvia calu em 1831. O czar empreendeu selvagem represdlia contra Os
revoluciondrios. Em 1831-32, as forcas austriacas debelaram uma nova insurrei-
40 dos carbondrios nos Estados Pontificais. Durante esses levantes, Os campone-
ses POUCO apoloj deram aos Insu
- rgenrtes; pareclam
, , na verdade, I
ter aderido aos
BOvernantes tradicionais.

As revolucëes de 184
8: Franca

. Ha an & eken chamado de ano da revolucdo, pois em rtoda


Crise €CONOMica dos Aa “n favor da liberdade politica e da nacionalidade. A
CXistentes mas, le he anteriores agravou a insarisfagao com OS regimes
due (. ) o historiador Jacgues Droz, “foi da ausência de liberdade
ma;
“*) Mais profund amente se resse .
Pegar em ar et essentiram os povos da Europa, levando-os: a

Are Volucdo d
e fevereirg
Um |
Cvante
da Eur
Em i ,
Paris pês em movimento a torrente gue tragaria grande parte
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Opa
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1848. A revolugao de 1830 tinha tirado a torga dos ultras
na
402 Givilizacio ocidental

Franga. Nao haveria nenhum retorno ao Antigo Reg;


s€us ministros, moderados por temperamento e £ os ay Mas O re
intengao de avangar para a democracia.
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O governo de Luis Filipe foi gerido por uma pegue


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bangueiros da burguesia, cComerciantes e advoga om, na elite, Jue Consis;


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tinham abandonado a €speranga de restaurar o Ant


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nante defendia as idéias revoluciondrias


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recidos, Luis Filipe abdicou. A Franca se tornou uma


repiblicaeo
estava jubilante. Povo de

Os dias de junbo: revolacio dos oprimidos

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dees dk ' eram tavordveis as reformas sociais exigi-


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P adores pobres. A insuficiente colheita de 1846 ea crise financei-


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ra internacional, gue reduziram drasticamente a producao fabril francesa,


El ! MA

agrava-
ram a miséria da dlasse trabalhadora. Os operdrios gue conseguiam trabalho la-
Ela
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buravam de doze a catorze horas por dia, sob condic6es brutais. Em alguns dis-
tritos, uma em cada três crian€as morria antes de cinco anos, € por toda a parte,
na Pranga, mendigos, indigentes, prostitutas € criminosos eram evidência da luta
pela sobrevivência. Impedidos por lei de fazer greve, incapazes de preencher os
reguisitos financeiros para votar e sofrendo com o desemprego, os trabalhadores
urbanos gueriam alfvio.
Porém, os lideres de classe média da nova republica pouco compreendiam ”
aflic&o dos trabalhadorese pouca solidariedade demonstravam por sua condigio.
A classe média considerava-se, por ocupacso e rigueza, separada da dlasse trae
Ihadora. Para a burguesia, os trabalhadores eram criaturas perigosas, OS selve
gens, “a turba de vilêes”. Mas os habitantes das favelas nio mais podiam
ignorados. Eles sentiam, segundo afirmou Alexis de Tocgueville— estadista€ rd
e o politico perspicaz —, “gue tudo gue se encontra acima deles é incapa” ' )
digno de govern4-los; due a distribuicio dos bens [predominant€ aré agora 2
é Injusta; gue a propriedade se assenta em um fundamento gue nao € oo
de
Embora os novos lideres tenham concedido direito de voo a todos o”
ero
do sexo masculino e abolido a censura, suas tentativas para mitigar 9 ae
dos pobres urbanos eram insinceras€ indiferentes. O governo limicou 4 r nas
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legaljzou os sindicatos operdrios € implantou ofic ps
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- € & trabalho a dez horas,
A#sionais gue proporcionaram alimento, beneficios médicos, emPreë% oof
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s piblicas. Para os trabalhadores, porém, essa tentativa de lidar com

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-oros de obra ,dversidades Foi insignificante. Para os camponeses e burgueses do-

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uas EnOpropr iedades, as oficinas nacionais eram uma odiosa concessio ao socia-

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osde
desperdicio dos fundos do governo. Guando o governo fechou as ofi-

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ad in lidade eo desespero da classe operdria transformaram-se em rebeliëo

s
soe Ee levantaram-se barricadas nas ruas de Paris.
grito
ge see de junho em Paris foi uma revolra contra a pobreza e um
f ierbedie da propriedade. Os trabalhadores estavam sozinhos. Para o
aa da nacdo, eles eram brbaros aracando a sociedade civilizada. Os aristocratas,
, burguesia € os Camponeses temiam due nenhuma propriedade estivesse a salvo
mas ocorresse uma revoluao. De centenas de guilêmetros de distêincia afluiram
.
franceses a Paris para esmagar o gue consideravam ser a loucura no meio deles
Apés três dias de terriveis lutas de rua e atrocidades de ambos OS lados, o exérci-
to sufocou a revolta. Cerca de 1460 pessoas morreram, incluindo guatro gene-
rais. Os Dias de Junho deixaram cicatrizes profundas na sociedade francesa. Por
muitos anos, os trabalhadores nao se esgueceriam de gue o resto da Franga se
unira contra eles; o resto da Franga permaneceria aterrorizado do radicalismo da
dlasse operdria.
Em dezembro de 1848, os franceses elegeram, em esmagadora maioria, Luis
Napole&o — sobrinho do grande imperador —, como presidente da Segunda Re-
piblica. Estavam seduzidos pela mégica do nome de Luis Napoleëo e esperavam
gue ele prevenisse futuras desordens da classe operdria. A eleic3o, na gual todos
os adultos do sexo masculino puderam votar, demonstrou gue a maior parte dos
ranceses era socialmente conservadora; estava indiferente & pobreza dos traba-
Ihadorese profundamente desconfiada dos programas socialistas.

As revolugëes de 1848: Alemanha, Austria e Irdlia

aa la are explodiu em Paris, espalhou-se como uma epidemia


ram por parle ei $ iberais, exclufdos da participagdo na vida politica, lu-
as gue dese; “AE & CONSHEUIGOES muitos liberais eram também nacionalis-
“S€javam unidade ou independência para suas nacoes.
Estados alemd
es: 0 liberalismo desacreditado
Apés o Coes er Viena, a Alemanha Cconsistia numa desconexa confedera-
(ao de
Poderosos. Close epen dentes, dos guais a Austria e a Priissia eram os mais
$ da independência dos Estados e determinados a preservar sua
“Utoridade 2 bsoluta, os principes governantes detestavam os
“lonalistas.
ideais liberais € na-
ie onaestlis
O nasACl 5
U-se du ra nte MO alemao gue emergira durante a ocupacao francesa intensifi-
a re
staurac&o (o periodo pés-napoleënicjo). Infl
F
uencia
I dos em par-
A04 Givilizacio ocidental

' intelectuais insistiam em


partilhavam uma lingua e uma cultura c
politicamente. Durantea restauragao, a lu
mas liberais foi travada principalmente
advogados e€ outras pessoas instruidas
somente a lealdade a seu principe local
uma unidade nacional.
DE

A bem-sucedida revolta contra


, M G Luis Filipe, a hostilida de
LeedRR

absolutistas e a crise econêmica gen cont ra fo


N ie e r a lizada combinara
para ` Prlneipes
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vantes nas principai s cidades dos Estados germanicos, eM-se


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toda a Alemanha, os liberais clamavam Por constituicëes, gOVerno de
de 18
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Por
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liberdade de pensamento e pe entar


oe

lo fim da ntimidac&o policial


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criago de uma Alemanha unif . Alguns ese:


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icada governada por um gele


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presidida por um monarca e oe , Rory


constitucional. Oe pobres da cidade e
do sere
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miséria se agravara com a grande de


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pressio da década de 1840, sem


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Aterrorizados de gue esses distirbios pude i ii


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ssem levar 3
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fizeram concessêes aos liberais, aos guais tinham


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do c exilado. Durante os meses de marco e abr


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il de 1848, os governantes tradi


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—Lys

C1onais na Prussia e outros Estados germanicos


substituiram ministros reaciop£-
rios por liberais, atenuaram a censura, estabeleceram
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sistemas de juri, elaboraram


as FT
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constituic6es, formaram parlamentos € acabaram Com as ob


rigac6es dos campo-
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neses aos senhores.


af
ees

is
Os liberais se aproveitaram de seus @xitos para formarem uma assembléia na-
clonal encarregada da tarefa de criar uma Alemanha unificada e liberal. Repres
en-
tantes de todos os Estados alemaes participaram da assembléia, gue se reuniu em
Frankfurt. Apds v4rios longos debates, a Assembléia de Frankfurt aprovou uma
tederagao dos Estados alemaes. A unigo alema teria um parlamento e ser
la geer:
nada pelo rei da Prussia. A Austria, com suas muitas
nacionalidades nao pere
nicas, estaria excluida da uniao federal. Os deputados escolheram Frederico Gur
Iherme como imperador da nova Alemanha, mas 0 rei da Pruissia se recusou; ja
'
mais colocaria uma coroa dada a ele por gente comum durante um perlojodo de.
agitagéo revoluciondria. Enguanto os delegados debatiam, os principes
nantes se recuperaram do primeiro chogue da revolugdo e ordenaram d* j
rOpas esmagassem os revoluciondrios um a um; os governos libera
is aged
O liberalismo alemao tinha fracassado em unir a
Alemanha ou criar um EF
no constitucional dominado pela classe média. O libera
lismo, nunCê
te enraizado na Alemanha, ficou desacreditado. Nas déca
das seguinte% ber
alemaes, identificando liberalismo com fracasso, aban
donaram OS mies uni
e voltaram-se para a Prdssia autoritdria, em busca de
lideranga na lura pt verno
Caga o, O fato de os partiddrios do autoritarismo, hostis ao espiriro do
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parlamentarista, terem finalmente unido a Alemanha, teve profundas uP '
ara'a histéria futura da Alemanha e da Europa.
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O Ocidente moderno 405

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Austrid: dominio Hats Purgo )'
. sério Habsburgo (austriaco), produto de casamentos e sucessêes di- #
O imp so tinha nacionalidades nem linguas cComuns; conservou-se inteiro EA
ie ede 3 dinastia reinante dos Habsburgo, seu exército e sua buro-
soment OM. EE ; RE

cracld.
AA composigao €tnica do império era enormemente complexa. Os ale-
. aue se concENTTAVAM principalmente na Austria e constituiam cerca de
eis
N opul agao do impé rio eram a nacionalidade dominante. Os magiares
OE nas terras hungaras do império. A grande massa da populagao
Ëconsistl 4 em eslavos — tchecEeos, polo nese s, eslov acos, eslovenos, croatas, sérvios
yo ee
: rutenos. Além disso, existiam italianos na Irdlia setentrional e romenos na
i-
Transilvênia. A dinastia dos Habsburgo, auxiliada pelo exército e pela adm
nistracdo publica dominada pelos alemêes, evitou gue o império multinacional
ruisse em anarguia. Ë
'

Metternich, como se diz fregientemente, sofria de um “complexo de dissolu-


” se

co”: julgava gue as novas forgas do nacionalismo e do liberalismo podiam fazer


ruir o império austriaco. As idéias liberais poderiam levar os stiditos dos Habs-
burgo a desafiarem a autoridade do imperador, e os sentimentos nacionalistas
poderiam fazer com aue diferentes povos do império se rebelassem contra a
dominagao alemé e o governo dos Habsburgo. A fim de impedir gue essas idéias
contaglassem os stidiros austriacos, a policia de Metrernich impês rigida censura,
passou a espionar os professores e expulsou das universidades estudantes gue
foram flagrados lendo livros proibidos. Apesar da politica de Metternich, as uni-
versidades ainda permaneceram como focos de liberalismo.
Em 1848, revolucëes se espalharam por todo o império austriaco, a partir de
Viena. Estimulados pela abdicacao de Luis Filipe, os liberais vienenses denun-
Claram o absolutismo Habsburgo e exigiram uma constitui€4o, o abrandamen-
ai “CnSura € restrig6es para o campo de ag&o da policia. Inrimidado pelos re-
iN Me governo permitiu a uberdade de Imprensa, aceltou a rentincia
sr af s prometeu uma constituig&o. A Assembléia Constituinte foi
ee Me, Fee a aboligao da servidao. Enguanto os insurgentes
ski RE ine rlante vinho da reforma, revolras em ourtras partes do
mende Hungria, lrdlia setentrional — aumentaram o desespero da

de er geed foi somente tempordria, ea derrora da Velha


guilibrie. A Ee ee f os Habsburgo logo comegou a recuperar seu
aBoëmia En De téria do ee veio como esmagamento dos tchecos
“9 austriaco, jun dees naclonalistas tchecos guerlam a reconstrudio do impé-
Pé de; é com diretrizes federais gue colocariam os tchecos em
deou (aga,
dade com
;
os alemaes.
As
O general Alfred Zu Windischgrarz bombar-
:
dos H 5%, a capital da Boëmia, submetendo-a € restabelecendo a autoridade
absburgo.
2 Er
m e, i o de 1848, as autoridades da dinastia dos Habsburgo ordenaram
Outubr
ue bombardeasse Viena. Os estuda
ntes e trabalhadores — corajosos
406 Civilizacio ocidental

.E porém desorganizados e di
vididos — tIveram pouca ch
s fissional. Em marco de ance cContr
1849, os lideres Habsburgo Substitu
liberal esbocada pela Assembléia Co ira 30 Exércit Pro.
nstituinte, eleita pe
lo ME StIEUiez,
mais conservadora, elaborada por seus PrOprios mi
A mais séria ameaca ao domi
nistros ' POT uma OUtra
H nio Habsburgo veio dos magi
Cerca de 12 milhêes de pessoas viviam are
na Hungria, 5 milhêes d. na Hungria
if magiares As
. outras nacionalidades CONSISHam em eslavos de sal Ge
ii ram
vios) é romenos. Lajos Kossurh (1802-1894), meEmbro da nob
rez mde " ;
reivindicava tanto a reforma social “OMO UM apro
fundamento da co diere Daixa
N cional. Conduzidos por Kossuch, os maglares exigiram autonomia lo ee na-
4 Hungria. A Hungria permaneceria dentro do império Habsburg ma E
|
o, e
prépria constituigdoee exército naci
' onal € controlaria as Proprias financ
ranga hungara introduziu reformas li as. A ide
FT , berais — sufr4gio para todos o
falassem o idioma magiar e Poss : s homens gue
uissem alguma propriedade,
-
Ee

liberdade de rel;
1

giëo, liberdade de imprensa, abolis


Ne ie d
EE te, H FTag

&o da servidao e fim dos privilégios


glad MT he ad

za € da Igreja. Dentro de poucas s€mana da nobre.


m-

s, o parlamento hingaro transformoua


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Hungria de um Estado feudal em um Estado


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LysEd re
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liberal moderno.
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aa Fi # rm] T

Mas os sonhos nacionalistas dos lideres ht


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ingaros erguiam-se acima de seu


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ideais liberais. Os magiares pretendiam incorp


ar N n

orar ao seu Estado as terras habi


rek
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tadas pelos croatas, eslovacos € romenos Cujos terr


dad
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itêrios eles consideravam como


parte integrante da histérica Hungria e transformar €sses Po
d n” d, ve EEee Pd
EE Pe ss EE

vos em hingaros.
Na primavera de 1849, os htingaros renunciaram & sua fideli
RE ETELE si Hen

dade aos Habsbur


N ni.

go e proclamaram a Hungria um Estado independente, tendo Kossut co


ETE

h mo
.

presidente.
EE

Os governantes Habsburgo se aproveitaram das animosidades érnicas dentroe


tora da Hungria. Encorajaram os romenos € croatas a resistirem ao novo governo
j hungaro. Ouando as forcas dos Habsburgo mobilizaram-se contra os maglares
receberam a adeso de um exército de croatas Cujas aspi
rag6es nacionalistas i
nham sido escarnecidas pelos magiares. O imperador Francisco José, gue as
eDA
ra recentemente ao trono Habsburgo, tamb Nicolau 1.
de Temendo gue uma revolta bem-sucedida dos ém pediu ajuda ao czar
hingaros pudesse levar os po Joneie ses
si a se levantarem contra seus senhores
russos, o czar concordou. Os hu
ram com extr aordindria coragem, mas foram subjugados pelo poderio suP ak

lidlia: fragmentario continuada


Os nacionalistas italianos, ansiosos para acabar com a humilh
- 7
aGao €
? anif”
” ]

ant oCUuP r]

dominacio dos Habsburgo e para unir os distintos Estados em uma pe ay


cada e liberal, também se rebelaram em 1848. A revolugo
irrompe" exigëndiës
sels semanas antes da revolucdo de fevereiro em Paris. Curvando-se ruig
dos revoluciondrios, o rei Fernando II de N4poles outorgou Mm . denha,
6%
liberal. O grao-dugue da Toscana, rei Carlos Alberto de Piemonte- compelf
EED pa Pio DS, governante dos Estados Pontificais, também se sendrai
dose introduzir reformas liberais.
O Ocidente moderno A07

Jucao se estendeu, entfio, para as terras dos Habsburgo, no norte. Apds


haar Gloriosos” (18 a 22 de marco) de lura de rua, os cidadaos de Milao
sustriacos a se retirarem. O povo milanês tinha liberrado sua cidade.
forsare”, df marco, os cidadaos de Veneza declararam sua cidade livre da Aus-
Noda 27 f uma repiblica. O rei Carlos Alberto, gue esperava adguirir Lom-
mae goal declarou guerra contra a Austria. Os principes governantes dos
tri a dos Hab sbu rgo , int imi dad os pela s ins urr eig oes ,
ME lines e da Aus
deram 0 primelro pwated ad ; - .
lralia, as torgas da reagao recuperaram € cd le
Em breve, pof€Mm, por roda a
m sua aut ori dad e. Os aus tri aco s der rot ara m os sard os e reo cup ara m Mil ao,
ara
ago u OS rev olu cio ndr ios no sul. Os tum ult os rev olu ciondrios
: Fernando II esm
reiro de
#m Roma forgaram o papa Pio IX a fugir em novembro de 1848; em feve
, os rev olu cio ndr ios pro cda mar am Rom a “um a dem ocr aci a pura com o glo-
1849
a,
oso dtulo da Repiblica romana. Atendendo ao chamado de auxdlio do pap
Luis Napoleëo, recém-eleito presidente da Franga, aracou Roma, destruiu a re-
piblica incipiente e permitiu gue o papa retornasse. A ulrima cidade a cair nas
maos dos reaciondrios foi Veneza, submetida pelos austriacos a um bombardea-
mento impiedoso. A Itdlia permanecia uma nagao fragmentada.

As revoluc6es de 1848: uma avaliagao


As revolug6es de 1848 tiveram um intfcio promissor, mas todas acabaram em
derrora. O sucesso inicial dos revoluciondrios deveu-se menos & sua forga do gue
3 hesitacao dos governos em utilizar seu poder superior. Os lideres reaciondrios da
Europa, €ntretanto, superaram sua paralisia e moveram-se decididamente para es-
magar as revolug6es. A coragem dos revoluciondrios nao foi p4reo para as tropas
'egulares. Milhares foram mortos e presos, e muitos fugiram para a América.
is de oe ae enfragueceram os revoluciondrios. A uniëo entre Os libe-
as 3 la e os trabalhadores, gue trouxe sucesso nos estigios iniclais
les air ' AE oe, Os liberais burgueses a favor de reformas
Aram se Gada ve. rs parlamento e proteg&o dos direitos fundamenrtais — tor-
mas Social. ee aI temerosos do trabalhador pobre, gue clamava por refor-
del es ao € pao. Para a burguesia, os trabalhadores eram uma turba
java na so Me ge sombrios. Guando a classe operdria se enga-
unia ds velhae Pe on la, a dasse média aterrorizada desertava a causa Ou se
Animosidadee ee dos trabalhadores.
“OS revoluciondrios co Ee ajudaram a destruir todos os movimen-
diferentes nacionalidades id solutismo na Europa central. Em muitos Casos, as
““Voluciondrios hun es se odiavam mais gue aos governantes reaciondrios. Os
` due viviam ma $4TOS IgnOraram os anseios nacionalistas dos croatas e rome-
aeringuiro Hungria
No ' 1

Urgo deel
; er por sua ver ajudaram a dinastia dos Habs-
tado hiingaro. Os alemêes da Boëmia se opuse-
Givilizacdo ocidental

furt, as fronteiras da Alemanha unific


ada. SUrglu o problema d
neses da Prissia. Em 1848, guando os Oost
patriotas poloneses Juiser il
ao polonesa, os delegados alemae
s Opuseram-se em grande ler
das terras polonesas tomadas pela Prissi @r0 .2aEla ana
a no final do sésêcul
Antes de 1848, os democratas idealistas antew;
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Europa, de pessoas livres e nacêes emancipada


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mostraram due o nacionalismo e o li


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beralismo nio eram aliados


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nacionalistas eram fregtientemente


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rentes aos direitos de OUtros


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sencorajado por esses Antagonismos nacionalistas, John Stuart MGlL Ada sag
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preponderado sobre o amor pela libe Mm


rdade, de tal forma gue as pessoas estaté agui


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postas a auxiliar seus governantes no “$Smagamento da liberdade e da


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déncia de gualguer POVO gue nêo seja de su


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Os propésitos liberais e nacionalistas


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dos revoluciondrios nio foram realiza-


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dos, mas os ganhos liberais nio foram insignific


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antes. Todos os homens franceses


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obtiveram o direito de voto; os servigos prestados
pelos camponeses aos senhores
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foram abol idos na Austria e nos Estados alemaes: e parlam


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entos, dominados,é
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certo, por principes e aristocratas, foram estabele


cidos na Prissia e em outros
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Estados alemies. Nas dédcadas seguintes, as reformas liberais se


er
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tornariam mais
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difundidas. Essas reformas foram introduzidas pacificamente, pois o fra


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casso das
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revolug6es de 1848 convenceu a muitos, inclusive os liberais, de gue levantes po-


rd) Ar
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pulares eram caminhos ineficazes para a modificaco da sociedade. A era das re


DE
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Ga
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volug6es, iniciada pela Revolugio Francesa de 1789, tinha terminado.


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A unificacao da It4lia
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Em 1848, os liberais fracassaram na tentativa de expulsar os see;r d a |ra-
lia e unificar sua nacdo. Por volta de 1870, porém, a unificacao
E T sr - st E
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vase
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sumada, gragas principalmente aos esforcos de três homens: Mazzini,


a .
A . T d

Garibald;.

Maszzini: a alma dp Risorgimento

Giuseppe Mazzini (1805-1872) dedicou sua vida a criag3o d


da e republicana — meta gue ele perseguiu com extraordindria intens! Comolt
terminagao morais. Mazzini foi tanto um romêntico como um liberal.
beral, lutou em prol do governo republicano e constitucional € susten" diva
unidade nacional acentuaria a liberdade individual. Como romAntico, 477
'.gye uma Irdlia desperta conduziria A regeneracao da humanidade- Ta] COMO
ma tinha proporcionado lei e unidade ao mundo antigo, e o PaP 2a romaD”
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randade latina durante a Idade Média, Mazzini estava convenci-

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onduzira 2 Fa terceira Roma, uma lt4lia novamente unida, inauguraria uma

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do de du * es livres, liberdade pessoal e igualdade.

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nova era de ar um grande carisma, determinag&o, coragem e elodgiiëncia, e era

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Mara jtor prolifico. Seu idealismo atraiu a imtelligentsia e a juventude
ambém um ES” eepirito de unidade nacional. Ele infundiu intensidade espiri-
VIVO 9 P o movimento em favor da unificacio italiana. Ap6s ter se
: manteve sorgimento
O Risorgimeé , N : oo
. de da prisio, para a gual fora mandado por participar da insurreigao de
m Mazzini exilou-se € fundou uma nova organizagao — a Jovem lrdlia. Reu-
)

s, mu it os del es es tu da nt es , a Jo ve m Ird lia pre-


do revoluciondrios dedicado ma gao da
di ser vir de in st ru me nt o par a o des per tar da Ird lia e a tr an sf or
nd ad e de po vo s liv res . Maz zin i acr edi tav a gue um a re volucdo
ow huma irma
dev eri a vir de ba ix o — do POV o, mo vi do por um pr of undo amor pela
riunfante
eri a de st ro na r os pri ncl pes Ha bs bu rg o e cri ar um a re pi bl ic a
nacio. Ele dev
democrdtica.

Cavour € a vitêria sobre a Austria


O fracasso das revolucêes de 1848 encerrava uma ligëo evidente: a abordagem
de Mazzini — uma rebeliëo armada pelas massas despertas — nao funcionava. As
massas nio estavam profundamente comprometidas com a causa nacionalista, €
os revoluciondrios nio eram adversdrios para o exército austrjaco. Os nacionalis-
ras italianos esperavam agora gue o reino de Piemonte-Sardenha, governado por
uma dinastia italiana, banisse os austriacos e liderasse o impulso pré-unidade. O
conde Camillo Benso de Cavour (1810-1861), primeiro-ministro de Piemonte-
Sardenha, tornou-se o arguiteto da unidade iraliana.
Ao contrdrio de Mazzini, Cavour n&o era um sonhador e nem um orador, mas
um adepto realista da realpoliti, “a politica da realidade”. Olhando o mundo tal
“omo realmente era, Cavour repudiava os ideais como ilusêes. Politico cauteloso
* Prêtico, ele compreendeu gue os levantes das massas nio poderiam ter suces-
`* COntra o poderio austriaco. Além disso, desconfiando das pessoas do povo, nao
Ts o objetivo de Mazzini de criar uma repiblica democrêrica. Cavour nao ti-
nenhum plano definido para unificar a It4lia. Seu objetivo imediato era ex-
eene ie de Piemonte desalojando os austriacos do norre italiano e
EER e ombardia € Veneza ao reino de Piemonte-Sardenha.
ar a Imagem do Piemonte nos assuntos exteriores, Cavour lancou
Um
ea sformas para fortalecer a economia. Reorganizou a moeda cir-
Cula
ape, Doe osea ivida nacional; além disso, fez CONstruir ferrovias ee navios
Em pouco, ae oe meétodos agricolas aperfeicoados e estimulou novos negécios.
Em 1Bés Ee NN convertera num Estado moderno progressista.
, Ba R uniu-se a Inglaterra e 3 Franga na Guerra da Criméia,
aa amizade d. n oe nao rs nenhuma desavenga coma Ruissia, mas busca-
MOS assuntoe eke Pi e da Pranga e uma oportunidade de merecer atencao
- Na conferência de paz, foi assegurada a Cavour uma opor-

Mo
410 Givilizacio ocidental

tunidade de denunciar a Austria Por Oc


upar terras italianas
defensor em Napoleëo TII (anteriorm
ente, Luis Napoleëo). o;
due csperava gue o norte da Trdlia, un
ificado, viesse a Se COnve
cliente da Franca. rt “E €in a
Em 1858, Cavour e Napoleëo II che $ara
m a um acord
atacasse o Piemonte, a Franca ajudaria o Estado
, O SECreto :
italiano. O Piem de 3 Austria
entao a Lombardia, Venezae partes dos Estados
m *

Pontif Cals.
On

da, a Franca obteria Nice e Savéia do Em troca “€d anexaria


Piemonte. Com esse e
vour astutamente levou acordo no bo
a Austria a declarar guer ra a It4
exército do Piemonte e lia. Para IS$O,
encorajou voluntirioe d a Lomba fort
austriacos — a juntar-se rdia — contro
a ele, pois tinha gue pa rECET ao lada pelos
Oo agressor. mundo guea Aus
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Apoiado pelas forgas francesas e aprove
itando-se do deficiente planejamento
austriaco, Piemonte conguistou a
Lombardiae SCUpou Mil&o. Mas Na
pensou duas vezes. Se Piemonte se polezo TT
apossasse de algum territério papal, os caréli
cos franceses censurariam seu propri -
o lider. Ainda mais sério era o temor
a Prussia, suspeitando do de gue
auxilio francês, ajudasse a Austria. P Or €sses
sem consultar Cavour, Napoleëo IN ass motivos, e
inou um armisticio Com a Austria. Pie-
d| monte ganharia a Lombardia, e nada mais. Ultrajado,
Cavour exigiu gue seu Es.
| tado continuasse a guerrear até gue todo o norte italiano
fosse libertado. Mas o
rei Vitor Emanuel de Piemonte aceitou as condicêes de paz austri
acas. Contudo,
3 a vit6ria de Piemonte-Sardenha revelou-se maior do gue Cavo
ur calculara. Du-
|j rante o contlito, patriotas de Parma, Médena, Toscana € Romanha (um dos Este
Ee dos Pontificais) tinham-se apossado do poder. Esses novos governos revolucioné-
T rios votaram pela uniëo com Piemonte.

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' Garibaldi e a vitéria no Sul


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O sucesso do Piemonte incentivou a atividade revoluciondria no Rein
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Duas Sicjlias. Na primavera de 1860, cerca de mil aventureiros € ies "


camisas-vermelhas, liderados por Giuseppe Garibaldi (1807-1882) mag n
si ram na Sicilia, determinados a liberar o territêrio do dominio ae
. libertacao, Garibaldi, no mesmo ano, invadiu o continente. Ocup
ii sem luta e preparou-se para avancar sobre Roma.
do por Ge
Cavour, no entanto, receava gue um atague contra Roma efetua stido de
ribaldi conduzisse 3 intervencio da Franca. Napoleëo III tinha
Ë em Roma
tender as terras papais, e uma guarnicio francesa achava-se sedia d voere
desde 1849. Além disso, Cavour considerava Garibaldi muito an para
merario, atraido em demasia pelos ideais republicanos, popular ee epciond
liderar a luta pela unificac&o. Garibaldi sustentava pontos de vistê ries gadas 2
para sua época. Apoiava a libertacio de todas as nacionalidades su . ige dar
emancipagao feminina, o direito dos trabalhadores a se organisa ss
de racial e a abolig&o da pena capital. Mas a causa da unidade iralian
verdadeiro credo.
O Ocidente moderno 41]


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Vitor Emanuel e Garibaldi na ponte de Teano, 1860. A unificagao da Iralia toi obra do liberal

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Giuseppe Mazzini, do politico pragmdrico conde de Cavour e do experiente

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'evoluciondrio Giuseppe Garibaldi. De modo abnegado, Garibaldi transferiu suas conguistas

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no Sul a Vitor Emanuel, em 1861. Scala/Art Resource, NY

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persuadiu Napoleao IT a aprovar uma invasao dos Esta-
geo pes lemonte, a fim de conter Garibaldi. A forga militar papal
SEM ' oposiedo penas simbolica, e os Fstados Ponrificais da Um-
eSielia Re 8 AE pela uniao com Piemonte, como fizeram N4poles
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goclar seu prestigio junto As massas para consumar uma
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Emanuel. “soa, Garibaldi transferiu suas conguistas para o rei piemontês Vitcor
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da pela Miere jies papa é protegida por soldados franceses, e Veneza, ocupa-
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eBuiu. Duane avour faleceu em 1861, mas a marcha rumo 3 unificago pros-
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9 conflito entre a Prissia e a Austria, em 1866, a Irdlia ficou do


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PYUs$lanos vitoriosos e foi recom pensada com Veneza.


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A12 Civilizacio ocidental

Franco-Prussiana, em 1870, a Franca retir


italianos, para maior desagrado do papa, ma
rcharam Para a cidad Soldad,,
dedlarada a capital da Trdlia.
“C6, € Roma Go

A uniticacao da Alemanha
Em 1848, os liberais e nacionalista
s alemaes, acreditando na
tinham ingenuamente su forcadesensi
bestimado o poder da antiga orde Cus ideais
a fracassada revolug3o alguns revolucion
&rios desentngsdee ee n
promisso com o liberalismo ou abra
caram o conservadorismo. Oes
do pais, enfraguecendo a lideranca liberal. Todo "e;
s os |ibera Po
da eficdcia da revoluc&io em converter a Al
emanha n
ganharam um novo respeito pelas realidades
do po der. Abandonando
mo pelo realismo, os liberais agora achavam guea o idealis-
u nidade alema seria CONSUMa-
da mediante as armas prussiana: € nio pelos idea
is liberais.

Prussia: agente da unificacio


Durante os séculos XVII e XVIIL, os reis prussianos tinham
formado um exér-
cIto rigorosamente disciplinado e treinado. A burocracia estatal, fre
giientemente
exercida por ex-soldados, perpetuou a mentalidade militar. A exemplo das prin-
cipais organizag6es do Estado, o exército e a burocracia implantaram no povo
prusstano um respeito pela disciplina e autoridade.
O trono prussiano era apoiado pelos junkers. Esses poderosos aristoeratas
proprietdrios de imensas fazendas cultivadas por servos, eram isentos da maloria
dos tributos e dominavam o governo local em seus territérios. A posigëo de co”
mando dos jumters fazia deles oficiais do exército real, diploma ase altos oa
nérios na burocracia estatal. Os junkers sabiam gue o enfraguecimento do po
do rei conduziria & perda de suas prerrogativas aristocrdticas. '
No final da década de 1700, na Franca, uma classe média poderosa € po tica-
mente consciente tinha desafiado os privildgios aristocerdricos. A monar se - ak
slana e os junkers nao enfrentaram nenhum desses desafios, vistO " is 0
dia prussiana era peguena e sem influência. A noc&o dos direitos in ee aa
chegou a penetrar profundamente a consciëncia dos prussianos, nem so Brou
tradigao de obediëncia 3 autoridade militar e estaral. O liberalismo n
raizes na Alemanha. ordvel Ex
Em 1834, sob a lideranca prussiana, os Estados alemaes, Em " fandegkrie
ga0 da Austria, estabeleceram o Zollverein, uma uniso de direitos 8 de ECO”
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due abolia as rarifas entre os Estados. Essa iniciativa estimulou a
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nêmica e promoveu o desejo de uma unidade maior. O Zollverein . EDE


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a considerarem a Prissia, €e nao a Austria, como lider d


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O Ocidente moderno 413

Bmj ardk 0 saminbo para a unidade


2 princ ipal barre ira a ampl iaga o do pode r prus sian o na Alem a-
A Austria era drdst ica
raZAO Guilherm e 1 (186 1-18 88) exigi u uma reor gani zagi o
Por VOL essa
nha .
ér cl to pr us -iano . Mas os liber ais, na CAma ra Baixa do parl amen to pruss ia-
do ex
a rami taci o das refo rmas milit ares, pois temi am gue essas refor-
Joguearam
ntas sem gran deme nte o pode r da mona rgui a e da insti tuiga o militar.
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o das refor mas, Guil herm e I revo gou a lei da reforma
is obter ra
a apro vag&
gedu , CAma Baixa verbas adicionais para cobrir os gastos do governo. Gua n-
para insi-
Joo parlamento autorizou €$ses fundos, Guilherme T usou o dinheiro
a s n o EX ércit o. Reti rand o uma licio de seu erro, a Cima ra Baixa so
tuir as reform s e p e c i t i c a g a o por itens. Se
, o nov o o r c a m e n t o d e 1
' 8 6 2 se h o u v e s GR GuE m a e s ”
aprovarl
ra is venc esse m esse conf lito entr e a malo rla liber al na Camara Baixa e a
os libe

-0r02, Conseguiriam, com efeito, estabelecer o controle parlamentar sobre o rei
0 exérclto.
Nesse momento critico, o rei Guilherme pediu a Otto von Bismarck (1815-
1898) gue liderasse a baralha contra o parlamento. Descendendo, pelo lado pa-
terno, de uma antiga familia aristocrdrica, Bismarck era um patriota devotado,
um defensor obstinado da monarguia prussiana e da classe dos junkers. Aspirava
aumentar 0 territério e o prestigio de sua amada Pruissia e proteger a autoridade
do rei, gue, conforme acreditava, governava pela graga de Deus. Tal como Ca-
vour, Bismarck era um adepto perspicaz da realpolitik.
Os liberais sentiam-se ultrajados com o modo autoritdrio e dominador de Bis-
marck e sua determinag&o de preservar o poder mondrguico e a ordem aristocrd-
ca. Decidido a dar prosseguimento & reorganizagao do exército e a nio se curvar
diante da pressZo do parlamento, Bismarck ordenou o recolhimento de impostos
m a aprovag&o do parlamento — um ato gue teria sido inimagindvel na In-
Blaterra ou nos Estados Unidos. Ele destituiu a CAmara Baixa, impês rigorosa
Ry ie Ee, age prender OS liberais mais declaradose demitiu OS OU-
Dirsrase ee public. Os liberais protestaram contra essas medidas ar-
sit ee O gue encaminhou uma soluc&o do conflito foi o
e Bismarck nos assuntos exteriores.

ë n he ede jy Austria. Para Bismarck, a guerra entre a Austria


negéeios alemas. Ee Ps somente com o afastamento da Austria dos
demies O ae Ussia po erla ampliar seu dominio sobre os outros Estados
stra, mas si AE fe de Bismarck, contudo, enderegou-se naio contra a
dchleswig s Elsies ak 'namarca — €m 1864, pela disputa dos ducados de
Sa anGasse Os ie de ei aliou-se 3a Priissia, esperando assim impedir gue
“a brigaram ao ad “os. epos da derrora da Dinamarca, a Austria ea Prus-
ea dispura - ie epodie a disposigso final do territério. Bismarck utilizou
vam gar a Austria a guerrear. Os austriacos, por $ua vez, esta-
“ONvencid
SErVasse su; gee a Prussia deveria ser derrotada para gue a Austria con-
l # * . *

'Nituëncia sobre os assuntos alemies.

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414 Givilizacio ocidental

Otto von Bismarck. Bismarck (1815-


1698), o Chanceler de Ferro, foi peca
fundamental na unificacio da Alemanha.
Homem de espirito conservador, opês-se
a todos os esforgos do parlamento para
enfraguecer o poder do monarca. Agui,
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Bismarck é retratado na juventude,


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antes de se tornar chanceler. Photo


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Em 1866, com uma rapidez espantosa, a Prissia reuniu suas tropas e invadiu 0
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rerrit6rio austriaco. Na batalha de Sadowa (ou Kêniggritz), a Prissia derrotou de-


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cisivamente as principais forgas militares austriacas, € a Guerra das Sete Semanas


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terminou. A Pruissia nio tomou nenhum territrio da Austria, € esta concordou


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com a anexagao de Schleswig e Holstein, bem como de vérios peguenos Estados


alemaes, 3 Prussia. A Pruissia organizou uma confederacio dos Estados alemaes do
Norte, da gual a Austria foi excluida. De fato, a Austria foi afastada dos assuntos
alemaes, e a Priissia se converteu no poder dominante na Alemanha.

O triunfo do nacionalismo e do conservadorismo sobre o liberalismo. A vir6ria


prussiana teve um profundo impacto sobre a vida polftica na Prdssia. Mierer
era o homem do dia, o grande herëêi gue ampliara o poder da Prissia. A Pe
dos liberais perdoou Bismarck por seu manejo autoritdrio do parlameneo. -
prensa liberal gue anteriormente denunciara Bismarck por tratar com w ' F
Constituigdo, saudava-o agora como um herdi. Os prussianos eram INST” or
concentrarem nas gloriosas tarefas vindouras e a deixar de lado a peleja COP”
clonal, gue por contraste parecia insignificante, Es ra
Reconhecendo o grande apelo do nacionalismo, Bismarck urilizou-o gticl”
P”.
ampliar o poder da Prussia sobre outros Estados alemêes e fort
pagao da Pruissia nos assuntos €uropeus. Ao saudar proclamar s€uU sistas
paladino da unificag3o, Bismarck conguistou o apoio dos naclo” | di
toda a Alemanha. No passado, a causa nacionalista pertencera a0* libera””
O Ocidente moderno 415

para promover a expansdo da Prussia e do governo


pismalC
COnSerV ve, Prissia sobre a Austria foi, portanto, um triunfo do conservado-
R derrota do liberalismo. A luta dos liberais por um governo constitu- ”
Ale
af else fracassou. O monarca prussiano conservou o direito de anular
donal ,dlamentar e de agir por sua prépria iniclatlva. Em 1848, o poder yy .
2 ee atalhado uma revolucao liberal; em 1866, muitos liberais iludi- ME
Re os triunfos milicares de Bismarck renunciaram aura por um governo par- ig
Tinham trocado a liberdade politica pela glêria e ” po-
pelo N
Jamentar responsdvel.

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m i l i t a r p r u s s t a n o s .
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s t r o u as f r a g u e z a s e s s e n ciais da
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dos liberals prusslano d

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capiculas2o
radicio liberal germênica. Os liberais alemaes deram mostras de um compromis-

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pri nci pto s do go ve rn o pa rl am en ta r e de um cre sce nte fas-
so decrescente com os
a for ea, pel o tri unf o mil ita r e pel a ex pa ns ao ter rit ori al. Fa sc inados pelo
dnio pel
Bis mar ck, mu it os lib era is ab an do na ra m o lib era lis mo e de ra m apoio dis-
tito de
olveram
ereto ao Estado autoritarista prussiano. Alemaes de todas as classes desenv
uma adoracio pelo militarismo prussiano e pelo poder estaral, com sua diretriz
maguiavelista de gue todos os meios eram justificdveis se deles resultasse a expan-
io do poder alem#o. Em 1848, os liberais alemêes tinham exigido “Unidade e
Liberdade”. E o gue Bismarck Ihes deu foi unidade e autoritarismo.

A guerra com a Franca. A Pruissia emergiu da guerra com a Austria na Confede-


rag30 da Alemanha do Norte; o rei prussiano controlava os exércitos € os assun-
tos exteriores dos Estados no seio da confederac&o. Para completar a unificagao
da Alemanha, Bismarck teria gue conduzir os Estados do sul para a nova confe-
der 630. Mas os Estados do sul, catélicos e hostis ao autoritarismo prusstano, te-
mam ser absorvidos pela Prissia.
| Bismark esperava gue uma guerra entre a Prussia e a Franga inflamasse os sen-
“mMENLOS nacionalistas dos alemaes do sul, levando-os a deixar de lado as diferen-
elle Par da Prissia. Se a guerra com Franca servia aOs propêsiros
dorfanche i N Vd ae fora das cogiragoes de Napoleso TN, o impera-
raos fanceses . ' oda po spe Confederacio da Alemanha do Norte assusta-
um dia soen oi Porspeeda e gue os Estados sulistas da Alemanha pudessem
aPrissia Ephn “ms a nova Alemanha era arerrorizante. Tanto a Franga como
Ais GEE GOes gue advogavam aguerra.
O re Guilher n. am surgiu em torno da sUCESSAO 20 FTONO espanhol vago.
gAMa a Bismarck ne a ee com o embaixador francês e enviou um rele-
Bentes milita ntormando-lhe o gue sucedera. Com o apolo dos alcos diri-
Mpressig d tes, Bismarck tez publicar o telegrama. A versao revisada dava a
tos, Bate de rel prussiano eo embaixador francés tinham trocado insul-
despertar Ee ent os sentimentos dos franceses contra.a Prussia e
COMO em Berlin, di” hop alema contra a Franca. E teve €xXlrO. Tanto em Paris
mulridêes acometidas da febre da guerra exigiram sarisfac6es.

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416 Givilizacio oridental

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Mapa 14.2 Unificacao da Alemanha, 1866-1871

se as Bismardé
Ouando a Franca procdlamou a mobilizacso geral, a Pruissia 1MICOU”?
teve a sua guerra. aa
Os Estados do sul da Alemanha, como Bismarck tinha previsto,
ajuda da Prissia. RApida e decisivamente, os prussianos esmagaram #% gd
cesas e, tendo capturado Napole&o III, marcharam para sitiar Part
pela fome, Paris rendeu-se em janeiro de 1871. A Franca viu-se obri 5 d Alsdcië
uma grande indenizagao e ceder a Alemanha as provincias frontel ricas d€
@dorena — uma perda gue os patriotas franceses nunca aceitaram.
O Ocidente moderno 417

Franc o-Pru sstan a completou a unificagao da Alemanha. A 18 de Ja-


A Guerra
1871, no paldclo de Versalhes, os principes alemêes outorgaram a Gui-
heiro de 197, lo de kaiser (imperador) alemao. Uma poderosa nagao surgira na
herme Jo ia Geu povo era educado, disciplinado e eftciente; suas industrias €
Buropa en n enparrdieds rapidamente, e seu exército era o melhor da
comérdio am so. confiante e intensamente nacionalista, o novo império alemao
Furopa- VIgorose
r desempenhar um papel mais relevante nos assuntos mundiais.
va , ansloso
na nac3oPo na Europa podia rivalizara E com a nova Alemanha. Os receios de
enDnu a pe rt ur
tiz ado : a Al em an ha do mi na da pel a Pru ssi
Meterternich inham-se concre EE d
A uni fic agd o da Al em an ha ger ou rec eio s, ten sêe s e ri-
a o eguilibrio de poder.
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da de s gu e cu lm in ar ia m nu ma gu er ra mundial.
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Problemas de nacionalidade no império Habsburgo


Na lralia e na Alemanha, o nacionalismo conduzira & criagao de Estados uni-
fcados: na Austria, o nacionalismo finalmente causou a destruigao da secular di-
nastia dos Habsburgo. Um mosaico de diferentes povos, cada gual com sua pro-
pria histêria e tradig6es, o império austriaco nio conseguiu unir e reconciliar as
nacionalidades antagênicas guando a consciéncia nacionalista cresceu. O colap-
so do império nas etapas derradeiras da | Guerra Mundial assinalou o fim de
anos de hostilidade entre seus diferentes stidicos.
Na primeira metade do século XIX, os alemies, constituindo menos de um
guarto da populag&o, eram o grupo nacional predominante no império. Mas os
maglares, poloneses, tchecos, eslovacos, Croatas, rumenos, rutenos e italjanos esta-
vam experimentando a autoconsciëncia nacional. Poetas e€ escritores, gue tinham
recebido instrugio em latim, francés e alemao, comecaram a escrever em suas lin-
51a$ maternas e enalrecer seu esplendor. Pesguisando o passado, em busca de an-
“estrals e feitos gloriosos, os escritores inflamaram-se de orgulho com sua histéria
* seu folclore nativose despertaram a ira contra injusticas passadas e presentes.
Em 1848-1849, a monarguia dos Habsburgo calara a tentariva de indepen-
lee gee n revolucao tcheca em Praga e os levantes nas provincias
ee ardia € Veneza. derlamenre preocupada com essas revolras, a
eforeando Vs austriaco resolveu resistir as pressoes pelos direicos poliricos,
mies € ger ee e enrijecendo a burocradla central. Funciondrios ale-
rlOrmente ged m We or er das fungêes administraivas e judiciais ante-
BGesliberas ee aa ocal. Uma policia secrera ampliada sufocou as manifes-
AS tentativas de Eon ds As vêrias nacionalidades se ressentiram, é dlaro, des-
ë Fees sep IZAacao e rEpressao. o
“UStaram 3 ke , vi co Piemonte em 1899 e para a Prussia em 1886
“3 tambér, for ad € ie duas provincias italianas. A derrora paraa Drus-
3 Mais forte FR EE os Habsburgo a fazer concessêes aos magiares,
tOnalidades nio germênicas; sem a lealdade da Hungria, a
418 Givilizacdo ocidental

O Partido Tcheco Jovem se manifestando no parlamento austriaco, 1900


. O império
Habsburgo foi consumido por conflitos entre suas diferentes nacionalidades. Na Boëm
is
ia, os
tchecos e alemaes com fregtiëncia se envolviam em violentos confrontos guando
os primeiros
it pressionavam para obter reconhecimento de sua lingua e de seus direitos. Osterreicbische
E Nationalbibliotbek
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monarguia dos Habsburgo sofreria outras humilhacêes. O acordo de 1867 dv


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diu os territérios dos Habsburgo em Austria e Hungria. Os dois palses oe


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ram um governante comum, Francisco José (1848-1916), gue era impedoro)


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Austria e rei da Hungria. A Hungria obreve o controle completo sobre os sm


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suntos internos — a administracfo da justica e da educagao. Assuntos EX(EHOT


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militares e interesses financeiros comuns eram conduzidos por um


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constituido de delegados de ambas as partes.


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Com o Acordo de 1867, magiares e alem&es tornaram-se as macionalidades


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dominantes no império. Os outros grupos nacionais sentiram dué 0 domin!i0 po”


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Diracoe
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litico, econêmico e cultural alem&o-hiingaro blogueara suas proprid " uiram


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nacionais. Em meados do século, os conflitos de nacionalidades He es Em


si

ao Acordo de 1867 consumiram as energias dos austriacos e dos ae


ambos os pafses, porém, os dirigentes fracassaram em solucionar o P ério du”
das minorias — fracasso gue em tlrima andlise levou 3 dissolucao do 1mP
rante as derradeiras semanas da | Guerra Mundial.
oo `n Re N
Pe rINm
O Ocidente moderno 419

Cleveland, Ohio, Meridian Books, 1969,


pp. 11-12.
3. Citado em Hans Kohn. Matonalism: It
de at ME. Me

Meaning and History. Princeton, N.]., Van


Nostrand, 1965, pp. 51-52

tura
Sugestoes de lei
rie The Rise of Modern Europe, escrico
Beales, Derek. 7he Risorgimento and the Unifs-
971). Um panorama abran-
por seu organizador. Rico em dados e in-
cation of ltaly
de documentos. | terpretag6es, contém um valioso ensaio bi-
genre, acompanhado
Droz, Jacgues. Furope Between Revolutions, bliografico.
815-1848 (1967). Excelente estudo do Pauley, B. F Zhe Habsburg Legacy 1867-
1939 (1972). Uma boa sintese de um te-
periodo.
Fasel, George. Europe in Upheaval: The Re- ma complexo.
volutions of 1848 (1970). Boa introducio. Robertson, Priscilla. #evolutions of 1848 (1960).
Fejcë, Francois (org.). The Opening of an Era: Relato vivido dos acontecimentos € perso-
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1848 (1973). Colaboragêes de 19 emi- nalidades envolvidas.


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Hibbert, Christopher. Garibaldi and His Fne- Germany 1848-1970 (1971). Uma boa
mies (1965). Vivido retrato do heréi ita- pesguisa da histéria alema.
liano. Sperber, Jonathan. 7he European Revolutons,
Holborn, Hajo. A History of Modern Germa- 1848-1851 (1994). Panorama recenrte e€
ny 1840-1945 (1969). Obra de referência abrangente.
padrio. Srearns, Peter N. 1848: The Revolutionary Tide
Kohn, Hans. Nationalism: Is Meaning and in Europe (1974). Sua importência reside
History (1965). Uma histéria concisa do na- no enfogue sobre os Farores sociais.
Aonalismo moderno escrita por um proe- Talmon, J. L. Bomanticism and Revolz (1967).
minente estudioso do tema. As forgas gue forjaram a histéria européia
Langer, W. L. Political and Social Upheaval, desde 1815 a 1848.
1832-1852 (1969). Outro volume da sé-

Ouestêes de revisao

: ` we S€ntido o Gongresso de Viena vio- 4. Por gue as revolugêes de 1848 fracassaram


. ee do nacionalismo? Oual foi nos Estados alemies, no Império Austria-
2 Onde ' realizagao do Congresso? co e na Irdlia?
el * de gue maneira, foram debeladas as 5. Ouais foram os beneficios obridos pelos
' Ope do periodo entre 1820 e 1832? liberais nas revolucêes de 1848? Por gue
Ee Om 4$ guenxas dos pobres urba- os liberais e nacionalistas ficaram desa-
ver, Ovo governo francês, apés
a revo- pontados com os resulcados dessas revo-
e fevereiro, em 1848? Oual a im-
lucëes?
POrtência dos D; as de Junho para a histé- 6. Mazzini foi a alma, Cavour, o cérebro, e
la Francesa?
Garibaldi, a espada na lura pela unificacao
ld ca Oo ocidental
Giviliza

da Tedilia.
lia. Discuta a p d rticipa€ao e contri-' 8 - O Cual foio Stgnificado
jcao de c
" - "
di

sis da adPa huosm DeA laluurtaa. ER Prussiana par Guerra Fra


7.A vi
r ê s e i a A u s tria foi
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9. No imp
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a a hiIsStêrriia a eueyro Pééiiaa? nco.
m o era um f io HabsburgËo, |
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triunfo d o s ervado rism
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, CAPITULO 15

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Pensamento e cultura em
meados do século XI:
realismo e critica social

segunda metade do século XIX foi marcada por grande progresso na


ciëncia, pelo impulso no industrialismo e pela continua secularizagao
da vida e do pensamento. As principais correntes intelectuais desse pe-
riodo refletiram essas tendências. O realismo, o positivismo, o darwi-
nismo, o marxismo e o liberalismo, com seu enfogue no mundo empi-
rico, foram reag6es contra as interpretag6es romêntica, religiosa e me-
tafisica da natureza e da sociedade. Os adeptos desses movimentos
apoiavam-se na observag#io cuidadosa e empenhavam-se na precisao
cientifica. Essa énfase na realidade objetiva contribuiu para estimular
uma critica crescente dos males sociais: Pols, apesar do progresso ma-
terial sem precedentes, a realidade muitas vezes era sérdida, sombria e
desumanizante. di

Realismo e naturalismo

j 1 oe eN dominante na arte e na licerarura em meados do sécu-


ae ase ” Ed ee e& veneracio da vida interior gue carac-
sege ier ismo. Os romênticos exaltavam a paixao e a intuigao, deixa-
is baard Pe Imaginag&o a um passado medieval pretensamente idi-
N goe 3 so tdao interna em meio As maravilhas da narureza. Os realis-
eds Ee CEntravam-se no mundo real nas condig6es sociais, no modo
d; IStancia Poraneo e nos detalhes conhecidos da vida cotidiana. Com um
, m TE ico e um zelo meticul
nto clin oso, analisavam a visio, o trabalho e o
G
- " " dl

Portamento das pess


oas.
i “OMO os
me cientistas, OS €scrirores e artistas realistas inves
té 0 mundo e tigavam minuciosa-
se ntan mpiric Gustave Courber (1819-1877), por exemplo, repre-
te do real
te viva” Me
ismo naa pintura, buscou pêr em prérica o gue ele denominava
` ASSIM, dedicou-se a pintar pessoas comuns e cenas corrigueiras:
balhad re tra-
$ duGueb
ebra
r ndo pedras, cCAaAmponenes lavrando o solo ou
voltando de uma

- 421
422 Civilizacio ocidental

Interior, de Edgar Degas, 1868-1869. Desenrolando-se num


mundo de lojistas e vendedores
pobres, 7hérëse Raguin (1867) foi o primeiro grande sucesso de Emil e Zola como romancista
naturalista. Esta pintura de Degas retrata a tensio sexual € as violentas emog6es gue Zola buscou
' desvendar em sua obra. / htiladelphia Museum of Art, Henry P Mcllbenny Collection em memdria de
vn; Francis P Mcllbenny

feira, um funeral no campo, lutadores, banhistas, grupos familiares. Em estil


prosaico, sem nenhuma tentariva de glorificac&o, os artistas do realismo tambem
representaram limpadores de chao, trapeiros, prostitutas e mendigos.
Procurando retratar a vida tal como ela é, os escritores realistas fregiienteme””
se de
te abordam os ultrajes sociais e os aspectos sérdidos do comporramento humanode
e da sociedade. Em seus romances, Honoré de Balzac (1799-1850) desereve”
gue maneira os fatores econêmicos e sociais afetavam o comporcamento ae ê
soas. Fsbocos (1852), de Ivan Turguéniev, retratou as condig6es rurals nê sen
€Xpressou compaixo pela vida brutalmente dificil dos servos. Em se Un”
(1863-1869), Leon Tolstéi descreveu com detalhes os costumes Ed VO Rds
do da nobreza russa, bem como as tragédias gue se seguiram & invasdo eise |
por Napoleio. Em Ana Karenina (1873-1877), abordou a realidade das len
de classe e a complexidade das relacëes conjugais. Os romances de Charles Jeza da
— Bleak House (1853), Hard Times (1 854) e varios outros — descrevlam 3 des IN”
vida, a hipocrisia da sociedade € a massacrante rotina de trabalho nas CC?
dustriais inglesas.

R ES KEN, Ef Mid ef dd
Ë

O Ocidente moderno 423

n s i d sram Mad ame Bova ry (1857 ), de Gust ave Flaub ert, o romance
Muiros co
lê hcia: narra a histéria de uma esposa egocêntrica gue, mostran-
vealista POT EE marido —- um homem devotado e diligente, mas fraco —, come-
Ao comentar o realismo da obra, um critico observou gue ela “refle-
te adultérlo so com a descricao. Os dertalhes sao relarados um a um, dando-se a
dy , mesma importência, cada rua, cada casa, cada livro, cada folha de grama,
é descrito em pormen
or *. |
id
l i t e r d r i o evolu iu para o natu rali smo guan do os es€ri tores tent aram
O realismo
s t ê n c i a d e u m a r e l a g & o l ntre o cardter humano e o am-
c a u s a e
dbient
EMmO rar * exi
emoenstsocia l: de gue certas condicêes de vida produziam traGos de cardter previ-
veis nos seres humanos. A crenga de gue a le de causa € efeiro regla o compor-
amento humano refletia o enorme prestigto atribuido a ciëncia nas ultimas
na-
décadas do século XIX. Emile Zola (1840-1902), o principal romancista do
uralismo, sondou corticos, bordéis, vilas de mineradores e cabarés da Franga, exa-
minando de gue maneira as pessoas eram condicionadas pela sordidez do am-
biente em gue viviam. O norueguéës Henrik Ibsen (1828-1906), o mais destaca-
do dramaturgo naruralista, estudou com precis&o dlinica as classes comerciais €
profissionais, suas ambicées pessoais e relac6es familiares. Em Pilares da socieada-
de (1877), vasculhou as pretensêes sociais e a hipocrisia burguesas. O tema de
sua Casa de bonecas (1879) chocou a platéia burguesa do final do século XIX: a
mulher gue deixa seu marido em busca de uma vida mais gratificante.
No estorco de oferecer um retrato real do comportamento humano e do am-
biente social, o realismo e o naruralismo reproduziram as atitudes moldadas pela
ciéncia, pelo industrialismo e€ pelo secularismo, gue enfarizavam a imporrincia
do mundo externo. A mesma perspectiva também deu origem, na filosofia, ao
POSIEIViSMO.

Positivismo

ee a geer we a mais alta realizagao da mente, os positivistas


itavam ei Ë Di de vi ha, uma abordagem empirica rigorosa. Acre-
cando cuida ee id ” ré proceder como um cientisca, juntando e classifi-
“Ma regularidade na EE formulando regras gerais gue demonstrassem
“OS COnCretos EE SES social. Tal conhecimento, fundamencado em fa
vam a m ese a oe dreis ao planejador social. Os positlvistas rejeira-
ASCOS arravés ae o a tradigdo plarênica, tentava descobrir principios
Pirico, Para ee te da razao e nao por meio da observacao do mundo em-
i POSIEIVIstas, gualguer esforgo no sentido de passar do reino da ex-
Ugusto Con ma oe profunda serla um erro € um esforco indril.
* SoCiedade fossem dr pai do positivismo, insistia em gue a histéria e
RO
sms eg

diante Uuma erg vi um enfogue puramente cientitico: somente me-


adeguada das leis gue regem os negécios humanos,
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N rp rd or Ek
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Ra-f OE
Es MA
A , ADA Givilizacao ocidental

afirmava ele, a sociedade, gue se encontrava num est


HE ) . . ado de aNarguia Int
Mk :
podia ser reorganizada racionalmente. Comte deu o nome de poitiu eleetual,
AN , g , mm
EE sistema, pois acreditava gue este se fundamentava no conhecimento me 030 sey
is de fatos observados, podendo portanto ser constatad oveniEniente
ourtros de sua geraga!o, achava gue as leiE dntific er ” EMPiricamente Co
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as am a base dos assun


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manos e gue podiam ser descobertas pelos métodos


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do CIEntista empir
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é, registrando-se e sistematizando-se os dados observ


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ados. *
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Comte, gue o nimero de leis gue presidem ao de


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senvolvim
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na € igual ao nimero de leis gue regulam a gueda de


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uma pedra”2.
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Uma das leis gue Comte pensou ter de


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scoberto foia “lei dos três estadog”


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Pe

Sustentava gue a mente humana evoluf


ri

ra através de três amplos estados


cos — 0 teolêgico, o metafisico e o cientifi ei
co. No estado teolêgico, o mais prim
sito das coisas, e a sociedade era governada por
sacerdotes. No estado metafisico,
gue incluia o Huminismo, a mente tentou explic
ar as coisas através de abstracêes
— “natureza”, “igualdade”, “direitos naturais”, “sob
erania Popular'— gue se basea-
“Am ma espera nga é na Erenga, nao na investigagio empirica. O esta
do metafisico
foi o perfodo de transic&o entre o ainda incipiente estado
teolégico e o mais ele-
vado estado da sociedade, o cientifico ou positivo. Ness
e estado Superior, a men-
te rompe com todas as ilusêes herdadas do passado, formula lei
s fundamentadas
na observaio cuidadosa do mundo empirico e reconstréi a sociedade de acordo
com essas leis. As pessoas eliminam todo o mistério da natureza € assentam sua
legislagao social em leis da sociedade semelhantes 3s leis da natureza descobertas
por Newton.
Embora Comte censurasse os philosophes por investigarem abstrag6es em vez
de formularem leis fundamentadas no conhecimento empirico, também se del
xou influenciar pelo espirito da filosofia do século XVIII. Tal como os iluminis-
tas, valorizou a ciëncia, criticou a religiëo sobrenatural e acreditou no oa
Nesse sentido, aceitou o legado do Iuminismo, indluindo o espirito empirico $
anticeolégico da Faciclopédia de Diderot, a busca de Montesguieu pelas leis his
tOricas gue governam a sociedade, e a visio de Condorcet de gue o progresso In”
relectual e social é uma condigëo inevitdvel da humanidade. Por defender o estu-
do cientifico da sociedade, Comte é considerado o principal fundador da socio”
logia moderna.
ER
WE
Tr EL]

Darwinismo

Num século gue se destacou pelas descobertas da ciëncia, talvez mas razd
tante gue o progresso cientifico tenha sido a teoria da evoluc&o, formula od ,
naturalista inglês Charles Darwin (1809-1882). Darwin fez por sua discip ' i
Pe gue Newton . fizera pela fisica, transformou a biologia numa ciëncia objeriv*
'rseada em principios gerais. A revoluciGo cien
Ë :
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ca do século XVII dera aS P e$$OaS
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O Orcidente moderno

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ncepsa das origens humanas.

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uma forma acabada e definiti-

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ve ge ra is —

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ra ap . an e e es pé ci es an im al s €
ra du e pu de ss em voa r; os ol ho s do s pel-
as asas dos p4ssaros pa

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E ps ere pa ra gu e as pe ss oa s
as pe rn as hu ma na s

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- pudessem ver sob a dgua; €

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e, ter ia oc or ri do h4 ce rc a de sei s mil anos.
o, acreditava-s

E?
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me
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pudessem an da r. T s m u s

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17 94 , E r a


es sa c o ncep e i o fo i se nd o gu es ti on ad a. E m
Pouc o a P O U C O , v i d a o r gini-
i c o u o Z o o 9 n o m i a , ou as le is da
Darwin, avé de Charles Darwin, publ de an os ant es do
a Te rr a exi sti ra mi lh êe s
4 em gue oferecia evidências de gue ge s a ca da
ai s ha vi am so fr id o mo di fi ca
parecimento dos homens € du€ OS anim pu bl ic ou Pr iz ci pz os da
de po is , Sir Ch ar le s Lye ll
geracso. uase guarenta anos
trê s vo lu me s em gu e ele de mo ns tr ou gu € o plane-
geologia (1830-1833), obra em
2 evolutra lentamente ao longo de muitas eras.
ro de 18 31 , Ch ar le s Da rw in em ba rc ou co mo na tu ra li st a no na vi o
Em deiemb
Bea gle , nu ma ex pe di g& o gu e pe sg ui so u a cos ta da Am ér ic a do Sul e al gu mas
real
lhas do Pacifico. Durante os cinco anos de expedigao, Darwin colecionou e exa-
minou espécies de vida animal e vegetal. Concluiu entao gue muitas espécies
animais tinham se extinguido, gue outras novas haviam surgido e due havia elos
entre as espécies extintas e as vivas. Em A origem das espécies (1859) e Descent of
Man [A ascendência do homem] (1871), Darwin utilizou evidências empiricas
mer a pa variedade de espécies animais devia-se a um processo
verse ad e se milênios, e apresentou uma convincente teorla
Darw inadads ee Peana (ver p. 367) de gue a populagao cresce
wik le 2 die malc si
hu
da Nem to da se voe ! su p r e e ge ra nd o um a lur a pel a ex is tê n-
viosadultos ie ke mos Te antis chegam a maruridade; nem rodos os orga
Embros da espéi e a vel OR O principio da selegdo narural derermina guals
um ; ma is ch an ce de so br ev iv én ci a. As cri as de um lea o, de
“Ma ga ou de
ter u ns et o na o so du pl ic ag oe s exa ras de sei s pai s. O filhote
ole&0 pode
pai s od e um m: W e e s li ge ir am en te ma is ri pi do ou ma is for te do gue os
dos
om a po de de se nv ol ve r um pe sc og o ma is co mp ri do gu e o dos
PS, UM inset
“Sas peguen ter a cor levemente modificada.
sj
GANtisSS1Ima as varlagOes aleatérias dao ao organismo uma vantagem IMPOT-
os inimigos naturais. O organismo fa-
E

alimento, e contra
N

por
-

VOreci do
" 1
-
” na lura

n de se
pela naru
“Produzir e tr reza tem mais probabilidade de alcangar a maturidade, .

0 n
aNSMI itir essas gualidades superiores aos filhores; alguns destes vi-
, - .

4 PoSsuir
im | da mais aprimorados do gue os dos pasj. Ap6s muitas
CL eres ain '
BETASes
eristica favordvel torna-se mais pronunciada € mas difundida
n
`n”
426 Civilizado ocidental

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Caricatura de Darwin. A teoria


evolucionista de Darwin provocou
muita controvérsia e mordacidade.
Nesta caricatura, um Darwin de
aparéncia simiesca segura um espelho e
explica sua teoria a um companheiro
macaco. Flulton Picture
Company/Bettmann Archive

nas especies. Com o passar dos séculos, a selecio natural elimina as espécies anti
gas, menos adapt4veis, produz outras novas. Das espécies gue habitavam a Terra
h4 dez milhêes de anos poucas ainda sobrevivem, mas apareceram muitas OUTAS,
inclusive os seres humanos. Os préprios homens sio produtos da selegio natural,
evoluindo de formas de vida nao humanas, mais primitivas e inferiores.

Darwinismo € CrisHanismo

Como a lei da gravitag4o universal de Newton, a teoria da evolug30 tevé con-


segiiëncias revoluciondrias também fora da drea cientifica. A evolucio desafiou 2
tradicjonal crenga crista. Para alguns, ela destruiu a infalibilidade das Escritur2 d
a convicgao de gue a Biblia era de fato a Palavra de Deus.
A teoria de Darwin gerou uma grande controvérsia entre Os fundamentaliste
gue defendiam uma interpretagso literal do Gênese, e os defensores da no? sd
logia. Uma publicasio metodista declarou: “Consideramos essa teoria. dU€ ene”
do univers o a a€&o imediata, onipresente, e gue a tudo permelas e um
ES AT
| elimina
ie
r
OE
vivo e pessoal, gue exclui a possibilidade do sobrenatural e do milag!
EE
Deus
i OSO
O Ocidente moderno

a
Atica, destrutiva da autoridade da revelac&o divina e subversiv
os da religido € da moral.” Com o tempo, a maioria dos pensado-
1 P

L) COM
a concepgao crista de gue houvera
# en as

nciliar a evolugao com


Pa] ” -

dos fun dam


Propos' . Esses pensador es do cristiani smo
. f
um
.
Boe de gue esta dvera
| jOSOS tentou CO ë 7.

res I€
uma ii jaGao
te ri or das es pé ci es er am fei tas po r um cri a-
gue as modificag6es no in o.
e De us cr ia ra € or ie nt ar a o pr oc es so ev ol uc iondri
gu
Jor inteJr 7
ligenT€ and aj ud ou a ac ab ar co m a pr dt ic a de to ma r a
ima lise, o darwinismo to a um a
es to es cie nti fic as, da nd o pr os se gu im en
me s eferência em gu
Ga li le u. O da rw in is mo co nt ri bu iu pa ra o de cl in io da cr en-
Bible ee por
Ee para 0 €rescimento de uma atitude secular, gue menosprezava ou
o 3 co nc ep ea o cri sta de um un iv er so pl an ej ad o po r Deus e
ET pouca aten€a
um a al ma du € a s c e n d e ao paraiso.
de o n t i n h a n e n h um
a ev it dv el : a n a t u r e z a ni o c
Para muitos, a conclusio pareci in to
ito div ino s, ea pré pri a esp €Ec ie hu ma na era um produr
planejamento ou pro pês
oai s. O pri nci pio cen tra l do cri sti ani smo — de gue os ho-
usual de forcas impess am en to u-
s, par tic ipa nte s do dr am a da sal vag ao — fu nd
ens eram flhos de Deu
nc a na fé e nio na raz ao. Al gu ns inc lus ive fa la va m ab er ta me n-
se mais do gue nu
na mor te de Deu s. A idé ia de gue os ser es hu ma no s er am me ro s aci den tes da
natureza era terrfvel. Copérnico privara as pessoas da confortante crenga de gue
1Terra havia sido colocada no centro do universo especialmente para elas; Dar-
win tirou-lhes o priviléeio de serem a criagio especial de Deus, contribuindo des-
se modo para o sentimento de ansiedade gue caracteriza o século XA.

Darwinismo social
; As teorias de Darwin estenderam-se a outros campos de estudo. Alguns pensa-
my RE imprudentemente aplicaram as condusêes darwinianas 3 ordem
0. darriniseg Ora gue tiveram consegtiënclas perigosas para a sociedade.
— os gue transfer iram as teorias cienific as de Darwin para
os problemas ee
ev de ME € conÊmicos — usaram OS rermos luca pela existência e so”
oonservadotiste EG para apoiar o brutal individualismo econêmico e o
emonstrado su dn er s $ Reg bem-sucedidos, afirmavam eles, haviam
Bio estava er, EP ade de viréria no mundo competitivo dos negédios. Seu
SE Face ona ses as leis narurais € era, portanto, benéfico 3 socieda-
'acass0, gue Ba me uta socioeconémica demonstravam. sua incapacidade.
designio de Deus icionalmente havia sido atribuidoa inigdidade humana ou ao
“MO Usarem o ra ee 3 assoclado 4 Um dom hereditdrio inferior.
"STOS, arravé de de 9 darwihista da evolucao e transformacao lentas dos orga-
duea SOciedade d lezenas de milhares de anos, os conserv adores insistia m em
diatistas C ontra € - devia também transfor mar-se em ritmo lento. As reformas ime-
(od ee ravam as leis
'
naturais
"
ea sabedori a
.
e resultav am numa deterior
z
a-
TPO social.
Plic
n; aca de
harmo 1Zava$30 da biologia de Darwin ao 8. mun do socia l, com o gual ela nao se
também fortaleceu o imperialismo, o racismo, o nacionalismo
s ae . ,
e o
OE “eg
PEERlere
EE RR
RE T

ET,PERE
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428 Givilizacêo ocidental
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Re

militarismo: doutrinas gue preconizavam o confli


--

to INEXOr avel. Os
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sociais Insistiam em gue as nagbes e as racas estavam CMmpenhadas nu darwin;In IStas


Aa ME
pd

sobrevivência, em gue apenas o mais Capaz sobrevi


m

Ma luta pela
Par

Pearson, professor de matemdtica britênico, €screv


Standpoint of Science (1900): “A histéria MoStra-
caminho apenas, em gue se produziu um estado mais elevado de Clvili ) € um
é, a luta entre racas e a sobrevivência da
'Somos uma raga conguistadora”, afirmouragao fis ica e mentalmente mais €
senador NOrte-americang ee
Beveridge. “Devemos obedecer a nosso “angue é OCupar novos merca doe - ].
cessdrlo, novas terras.” “A guerra é uma necessid
ade biolêg de
portancia *, declarou o general prussiano Friedr
A NAG
.
ich von Bern
. ” ia de primeira IM-
hardi, em
and the Nex War (1911). G,
“Tata
A biologia darwiniana foi usada para promov
er a
crenca na SUperioridade das
raas anglo-saxênicas (britênica e norte-am
ericana) e teutênica (alem3). O cres.
cimento do Império BritêAnico, a €xpans
ao dos Estados Unidos para o Pacificoe
a extensao do poderio alemio foram
atribuidos 3s gualidades raciais desses po-
vos. A dominagio de outros — indios norte-amerlcanos, africanos,
i loneses — foi considerada como o direito natural da asidticos, po-
N raca superior.
A teoria da evolugso foi a grande realizagio da me
nte racional, mas, nas m&os
dos darwinistas sociais, serviu para enfraguecer a tradic
io iluminista. Enguanto
os phrilosophes enfatizaram a igualdade humana, os darwinis
tas sociais dividiama
' humanidade em superiores e inferiores racjais. Para os luminist
as, os Estados de-
'| verlam submeter-se cada vez mais ao dominio da lei para reduzir os confli
tos vio-
lentos: os darwinistas soclais, por sua vez, consideravam o conflito nacion €
al ra-
cional como uma necessidade biolégica, uma lei da histéria, um cami
nho para 0
Progress. Ao propagarem a versio “unhas e dentes” das relacêes internacionals€
humanas, os darwinistas sociais descartaram a vis&o humanitA
ria€ cosmopolia
dos philosophes e distorceram a imagem de progress. Seus pontos de vista pro”
j mOoveram o engrandecimento territorial e a formacio militar e levaram rm
) pessoas a acolherem bem a | Guerra Mundial. A nocëo darwinista social da n
das ragas pela sobrevivência tornou-se a doutrina fundamental do pros
ra apos a 1 Guerra e forneceu a justificativa cientifica e ética para
o genocidio.

Marsismo

O fracasso das revolucêes de 1848 e o medo crescente da violência da dasse


trabalhadora levaram os liberais a abandonar a revolug&o or refor”
e pressionar p: slistase
mas mediante o processo politico. Na 4ltima parte do século XIX,
os soei ed
anarguistas tornaram-se os principais Proponentes da revolucio. Tanro d Jo lu
oi
) lismo
lisme guanto o marxismo compartilhavam principios comuns derivados
` minismo. Seus adeptos acreditavam na bondade essencia € pe -hilidade
af
. l rfeedbilid tos li

te humana e afirmavam due suas doutrinas baseavam-se em funda meé


O Orcidente moderno 429

os individuos da superstig&o, ignorincia e preconce-


e
(8e
um a sociedade mas harmoniosa e racional. | Os s liberais
al e valorizavam a plena realizag&o dos ta-
d e moldar
ProgrEsso SOCI

di fe re nc as en tr e o ma rx is mo e€ o
essas -emelhancas, havia profundas ra ao poder ea des-
A meta de Marx — a ascensao da classe trabalhado
st il ao s li be ra is bu rg ue se s. Ig ua lm en te hoscil 23
. so do capicalismo era ho
rx is ta de gu e a Ju ta ea vi ol ên ci a er am a es sê nc ia da his-
e r a 4 * renca ma
burgue s i a
me nt os do pr og re ss o € o ve ic ul o pa ra um est dgio superior de hu-
. os instru su st en ta vam
ia m su pr em o val or ao in di vi du o,
dade Os liberais, gue atribu s po de ri am su pe ra r a desi-
ee neio da ed uc ag zo e au to di sc ip li na , as pe ss oa
is ta s, no en ra nt o, in si st la m em gue , se m um a tra ns”
gudldade ea pobreza. Os ma rx
0 es fo rc o in di vi du al dos op ri mi do s sig nif ica ria
frmacso do sistema econêmico,
ItO POUCO.
es
Ms (1818-1883) era filho de pais judeus-alemaes (ambos descendent
ne nt es rab ino s). A fim de pr og re di r em sua car rei ra de advogado, o pal
de proemi
ra estu-
Je Marx converteu-se ao protestantismo. Matriculado na universidade pa
e
dar direito, Marx optou pela filosofia. Em 1842, passou a editar um jornal gu
logo seria extinto pelas autoridades prusstanas, €m virtude de suas idéias muito
fancas. Deixando sua Renênia nativa, Marx foi para Paris, onde conheceu outro
alemio, Friedrich Engels (1820-1895), gue era filho de um prospero fabricante
de produrtos têxteis. Marx e Engels iniciaram uma colaborag3o gue duraria a vida
toda e tornaram-se membros de grupos socialistas. Em fevereiro de 1848, publi
caram o Manifesto comunista, gue conclamava as classes trabalhadoras a uma re-
volugëo para a derrubada do sistema capitalista. Forgado a deixar a Franga em
1849, por causa de suas opinies politicas, Marx foi para Londres, onde passou o
ke ik, Ali dedicou os anos a escrever O capital — um estudo e critica
sistema econêmico capitalista, gue, segundo Marx, seria destruido
Por uma evolugzo socialista.

Uma ciëneia da bistêr


ia

ie EE ens pensadores influenciados pelo Tluminismo, Marx acreditava


“toria humanuma, como mareriaaslisea opera g6es da natureza, sa era governada peladslei
Cient
'ndfia , Marx era estrito; tee
'B10Sa$ € merafisi materialista estrito; rejeitando rodas as interpretagêes re-
Cléncia empirica ie vr da natureza como da histéria, buscou forjar uma
da in sooie ade. Encar ava a religi ao como uma criag& o human a —
Produto
'S Oprimido By ry dos sentimentos do povo, uma forma de consolo para
"ria, dizia Mars ale icidade por ela trazida, como uma ilusdo. A felicidade real
Perfeigoamen ee nao pela transcendência do mundo natural, mas sim pelo seu
' Ee Em vez de iludirem a si mesmas procurando um refdgio dos
es da dade ra imagindrio, as pEssOaS deverlam enfrentar os
nas interpretas orrigi-los. Este Glrimo ponto era crucial: “Os filésofos ape-
“no mundo de diferentes maneiras; a guestio é zudd-lo.””
430 Givilizacéo ocidental

Karl Marx com sua filha. Interpretando


oeore

a histéria em termos econêmicos, Marx


Rl Dade

predisse gue o socialismo iria substituir


re
MEE Ge

o capitalismo. Exortou o proletariado a


je de s Med

derrubar o capitalismo e estabelecer


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uma sociedade sem classes. Culver
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begundo Marx, o mundo podia ser racionalmente entendido


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e mudado. As
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pessoas tém liberdade de fazer sua prépria histéria, mas para isso devem com-
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preender o significado intimo da histéria: as leis gue governaram os assuntos hu-


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manos no passado e gue operam no presente. Marx adotou o ponto de vista he-
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geliano de gue a histéria nao era uma colecao de acontecimentos nio relaciona-
ei
ai

dd!

dos e desconexos, mas, a exemplo do crescimento de uma planta, processava-se



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Tm
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segundo suas préprias leis interiores (ver pp. 380-83). Para Hegel e Marx, o pro-
ge ee
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EEer — sr!

cesso histérico era governado por principios objetivos e racionais. Marx adorou
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também o conceito de Hegel de gue a histéria progredia de maneira dialética: de


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due era o embate de forcas antagonicas gue impulsionava a histéria a estglos


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mais elevados.
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No entanto, Marx discordava de Hegel em aspectos fundamenrais. Para He-


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gel, por exemplo, era o confronto dialético de idéias opostas gue impeliam a his”
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vokade
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réria para o estigio seguinte; para Marx, amudanca eo progresso histéricos eram
sa

resultado do confronto de classes gue representam interesses econêmicos condli-


tantes — o chamado marerialismo dialético. Na visao de Hegel, a histêria ea.”
desdobramento do Espirito metafisico, ea sintese de iddias antagênicas produ
aaF ME

um est4gio superior de desenvolvimento. Segundo Marx, o sistema de Hegel id


EE.
miaal

decia de mistificagao. Transcendia as realidades do mundo conhecido: rebanta”


o mundo real, gue se tornava um simples atributo do Espirito. Para Marx ? io
sofia abstrata de Hegel desviava a atencio do mundo real & seus problemass Ye
clamavam por compreensio e solucëo; era uma negacao da vida.
De acordo com Marx, a histéria somente p odia:i ser explicad
,
a em termo s
$ de
*
. processos naturais — desenvolvimentos empiricamente verificdveis. Mar valoe

o
O Ocidente moderno 431

de du e a his tér ia é um pr oc es so gr ad at iv o € pr op osita-


so hegeliana e
en vo lv er sua s pe rc ep c6 es em fan tas ias te ol bgicas
proef " si el por
co nv er te ra o te ma rea l da his tér ia e do pensa-
DA Ee Marx,
Na ve rd ad e, po ré m, o ce nt ro da his tér ia é o “ho-
afisieës ede jo mistico. id ad e ve rd a-
du gue vive no mu nd o ob je ti vo —a dn ic a re al
ae PS
do . A his tér ia na o € o Es pi ri to as pi ra nd o & au to -
memes l : condiciona ndo seu po-
s to rn an do -s e pl en am en te hu ma na s, cu mp ri
deira - po pessoa
realizag AO”

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a his tér ia er am os fat ore s eC ON OM IC OS e tec -
dal bum forcas gue moviam

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ol og ia ma te ri al — os mé to do s
ae da troca*. Marx dizia gue a tecn

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Conflito de classes
Através de toda a histéria, dizia Marx, tem havido uma lura de classes entre os
donos dos meios de producëo e agueles cujo trabalho é explorado para fornecer
rigueza A classe alta. Essa tensa oposigo entre as classes tem impulsionado a his-
tria para seus estdgios mais elevados. No mundo antigo, guando a rigueza estava
baseada na terra, a luta ocorria entre patrdo e escravo, patriclo é plebeu; durante a
dade Média, guando a terra ainda era o modo de produg&o predominante, a lura
ra entre senhor e servo. No mundo industrial moderno, duas classes agudamen-
'€ opostas confrontavam-se — os capitalistas proprierdrios de fdbricas, minas, ban-
“OS € sistemas de transporte e os assalariados explorados (o proletariado).
A lasse dotada de poder econêmico também controla o Estado, diziam Marx
Engels. Psa classe usava o poder politico para proteger e incrementar sua pro-
se” ë de a classe trabalhadora. “Assim sendo, o antigo Estado coloca-
di Easel é todas as propriedades dos escravocraras para oprimir OS esCravos”,
io doe F y aS$IM COMO um Estado feudal era Oo 6rgao dos nobres se a “
aeio do i me, eo Estado EpreserariD moderno é o instrumento da explo-
ha dies o assalarjado pelo capital”. ia ”
@Ambém confsol Ge eles, a classe due controlava a produgdo matErl
MAVam-se 2 dor a produgao mental, istO é, as idéias da classe aa
Matureza ou P " ominantes na socjedade. Essas idéias, apresentadas como leis
opressor ee od morais e religiosos, eram tidas como verdade, tanto pe o
Er EE EE EEN od MUN”

“JAM og ese * ope imido. Na realidade, porém, essas idéias meramente relle-
deëlogos bu. $ EConGMIcOs especiais da dlasse governante. Assim, dizia Marx, OS
EE” ET id, ” “ET” EN” N N

BUueses insistiam em gue os direitos naturais e o laissez-faire eram


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rdl Ep E
N 432 Givilieacao ocidental
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N' leis da natureza, gue tinham validade universal. Mas essas leis nasciam d
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sidades dos burgueses em sua lura para arrancar o poder de um ad A$ Neces.
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obsoleto e proteger sua propriedade
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do Estado. De modo semelhanes 1 me feuda]
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res de escravos do século XIX estavam convictos de gue a CSCrav OS senho.


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idao era Moral


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mente correta — contava com a provacao de Deus e era bo 4 par .


a o escravo. Em
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bora os donos de escravos e os empresdrios Capitalistas defe nde -


ssem seus Siste
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de trabalho com base em princfpios universais gue conside rava


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realidade esses sistemas repousavam numa simples consideracio


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econêmic d. O
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trabalho escravo era bom para o bolso do propriet&rio


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, assim como o trabalh


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assalariado era bom, no mesmo sentido, para o capitalista.


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A destruido do capitalismo
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Job o regime capitalista, dizia Marx, o trabalhador conhecia somente a pobreza


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Trabalhavam longas horas em troca de baixos saldrios, padeciam com o desempre-


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go peri6dico e viviam em moradias miserdveis e superlotadas. E, o mais monstruo-


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so de tudo, eram forgados a Enviar seus filhos peguenos para trabalhar nas fibricas
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O capitalismo, na visio de Marx, também produzia um outro tipo de pobre-


za: a pobreza do espirito humano. Sob o capitalismo, o trabalhador fabril via-se
reduzido a uma besta de carga, executando tarefas monétonas € repetitivas numa
caverna escura, assustadora € suja — um ambiente desumano gue privava as pes-
1) soas de sua sensibilidade humana. Ao contrrio dos artesios em suas préprias ofi
cinas, os trabalhadores fabris nio encontravam prazer algum e nio tinham ne-
' nhum orgulho de seu trabalho; nao sentiam a satisfac&o de criar um produto aca-
N bado gue expressasse seu talento. O trabalho, dizia Marx, deveria ser uma fonte
de realizagao para as pessoas. Deveria capacir4-las a afirmarem suas personalida-
N des e desenvolverem seu potencial. O capitalismo, ao tratar as pessoas nio como
seres humanos, mas como engrenagens do processo de produgao, as aliena de seu
trabalho, de si mesmas e umas das ourtras.
Segundo Marx, o controle capitalista da economia e do governo nio duraria
para sempre. O sistema capitalista pereceria, tal como sucedera com a sociedade
feudal da Idade Média e a sociedade escravagista do mundo antigo. Das 1 uinas
de uma sociedade capitalista extinta emergia um novo sistema socioeconbmico
o socialismo. aa
. Marx predisse como o capitalismo seria destruido. O desemprego peT iédico
aumentaria a miséria dos trabalhadores e intensificaria seu édio pelos capiralistes
neg oci antes e loji stas , inca paze s de com pet ir com os gran des capl t is
Peguenos
tas, mergulhariam nas fileiras da classe trabalhadora, expandindo em mult?
membros. A sociedade se tornaria polarizada em um pegueno grupo de capiralis
tas imensamente ricos é um vasto proletarjado, pobre, amargurado € desespo
es do. Esse monopélio de capital por parte de poucos se converterla Num freio
' EE processo produrivo.
kol he
O Ocidente moderno 433

Marx: “A revolugao é necessiria nio somente porgue a classe


revolt s
ode ser destronada de outra maneira gualguer, mas também
er elke 2a revolucio pode a classe gu€ a destrona livrar-se do entu-
sado e tornar-se capaz de reconstruir a sociedade.”'” Os re-
ho ac"' irios da lasse trabalhadora esmagariam o governo gue ajuda os capita-
volucionar! -m seu dominio. Confiscariam ent&o as propriedades dos capitalis-

ze
|istasa neer ropriedade privada, colocariam os meios de producio nas maos

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: organizariam uma nova sociedade. O Manifesto comunista con-

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do P ad um apelo ressonante ) revolucdo: “Os comunistas (...) declaram aberta-

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si,
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ee gue seus fins podem ser atingidos unicamente pela forcosa derrubada de

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governan tes estreme-

es Se
das as condig6es soclals vigentes. Deixemos gue as classes
uma rev olu c&o com uni sta . Os pro let dri os nad a tém a per der senêo
cam diante de
gr il hê es . Fle s tém um mu nd o a gan har . Tra bal had ore s de todos os paises,
os seus
unam-sel”
o di ss e mu it a co is a ac er ca da no va so ci ed ad e gu e de ve ri a se r in tr odu-
Marx ni
1ida pela revolugao socialista. Com a destruicao do capitalismo, a distin€ao entre
capitalista e trabalhador cessaria, e com ela o conflico de classes. A sociedade nao
se dividiria mais entre possuidores e carentes, opressores e oprimidos. JA gue essa
sociedade sem classes n3o conteria exploradores, nao haveria necessidade de um
Estado, gue era meramente um instrumento para manter e defender o poder
contra a classe explorada. Assim, o Estado finalmente definharia de vez. A pro-
dugë ea distribuicao de bens seriam levadas a efeito através do planejamento da
comunidade e da partilha comunal, substituindo o sistema capitalista de compe-
HIG30. As pessoas trabalhariam em tarefas variadas, tal como defendera Fourrier
(ver p. 369), em vez de ficarem restritas a um tinico tipo de trabalho. Nao have-
“la mais escravos fabris; as pessoas seriam livres para consumar seu potencial hu-
Er seu relacionamento numa base de igualdade umas com as outras
Juntas para o bem comum.

A influêneia de Marx

ee Aan ae atragao tanto sobre os oprimidos como sobre os


maa a Certesa Neer ar ar com as injusticas da sociedade industrial; procla-
“3 garantido pela histéri ae a0s seus adepros gue o triunfo de sua Causa
“ar — @ proletariado 1a. Em muitos aspectos, o marxismo era uma religiao se-
“Mpreender a salvac3 convertendo-se numa classe escolhida, com a missio de
A inuënei, T terrena para a humanidade. | "
nas dltimas dle ae expandiu-se durante a segunda onda de industrializagao,
BUESia parecen, Ë século XDG, guando o rancor entre o proletariado ea bur-
Vad Ores ram "
*dmentar. Muitos trabalhadores achavam gue os liberais e conser-
"
* T FT " ” "

9 Unico Cam €TENtes a sua penosa situaco e gue os partidos socialistas eram
# ' iIndif

ie para melhorar sua condicao.


i A Enfase ada
va0 d % hi por Marx as forgas econêmAmi
icas alargou im
imeer
n isamente a percep-
st oriado T
OTI ES, gue agora €xami1 nam as causas econDmicéa nos desenvo
s lvi-
434 Givilizacio ocidental

mentos histéricos. Essa abordagem ampliou muito nossa


COMPreens
ncesa, a Suerra civil norte. *0 do de.
nio de Roma, a eclosêo da Revolucao Fra
outros eventos imporrantes. A teoria marxis
it ta do conflito de classes mun;
soci6logos com um instrumento dril para a andlise do Processo socjal “
Eg da alienagao foi adaptada por sociéëlog (Ou os
ose psicélogos. Ê de especial v
clentistas soclais a 6tica marxista de gue i
as idéias dU€ O pOVOo mantém co
dadeiras e os valores gue considera
v4lidos fregtiientemente ENncobrem
econémicos. No nivel politico, tanto os partid ie Ee
os soclalistas da Eur re
gue pressionaram em favor de reformas através de

os regimes comunistas da Russia e da China, gue chegar
am ao p
630, reivindicavam ser herdeiros de Marx.

Criticos de Marx
Os criticos apontam sérias deficiëncias no m arxismo.
O marxista rigido, due
tenta condensar todos os eventos
histêricos numa €strutura econbmica, acha-se
em condigio desvantajosa. As forcas EcONOMICas
EE
LH

, por si sês, nio explicam o

ME” EE
triunto do cristianismo no Império Romano, a gueda
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de Roma, as Cruzadas,a
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Revolugio Francesa, o imperialismo moderno, a 1 Guerra

MEE *. EE”
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Mundial Ou a ascen-
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Re
s.

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sao de Hier. As explicac6es econêmicas malogram partic

"Ee
-

ularmente na tentati-
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i va de esdlarecer o surgimento do nacionalismo moderno, cujo apelo, rep

mad
da PS Ur
oe dei ETE

ousan-
EF
ed Pere

do sobre necessidades emocionais profundamente enraizadas, extrapola os


skans

limi-
N RT
og

tes das classes. As grandes lutas do século XX nio foram travadas entre classes,
N
n
eed
mr
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mas entre nacdes.


ET
OPEN

al

Muitas das previsêes ou expectativas de Marx n30 se concretizaram. Os traba-


ar

Ihadores dos paises ocidentais nio se tornaram a dlasse oprimida e empobrecida


gue Marx descreveu nos meados do século XIX. Os trabalhadores ocidentais con”
temporaneos, por causa do aumento da produtividade e dos esforcos de sindica-
tos e governos de mentalidade reformista, melhoraram consideravelmente sua
condigao, desfrutando o mais alto padrao de vida da histéria. O imenso ee.
volvimento de uma classe média constituida de profissionais, funcionêrios pdb d
COS € peguenos negociantes desmente o vaticinio de Marx de guea sociedade -
pitalista seria polarizada num pegueno grupo de capitalistas muito ricos € U
grande massa de trabalhadores carentes. En
Marx acreditava gue as revolucêes socialistas se expandiriam nos paises de g ed
de progresso industrial. Mas as revolucëes socialistas do século XX gare
Estados subdesenvolvidos e predominantemente agricolas. O Estado em Pr
comunistas, longe de definhar, tornou-se mais centralizado, poderoso e OP! N
vo. Em nenhum patfs onde os revoluciondrios comunistas tenham tomado p N
der, o povo alcangou a liberdade gue Marx desejava. Tampouco os Mo '
foram capazes de manter um sistema ECOnÊmico vidvel. O extraordinino OS
so dos regimes comunistas na antiga Unigo Soviética € na Europa GE E
oGltimos anos, testemunha o malogro do marxismo. Todas essas predigoes €
| rangas fracassadas parecem contradizer a af rmac#o de Marx de gue suas TE?
“sesapoiavam em uma base cienrifica inatacdvel.
EER ea ER
O Ocidente moderno 435

j s m o e m t r ansicao
o liberal p ados
ia pa rt e do sé cu lo XI X, os li be ra is eu ro pe us es ta va m p r e o c u
Na press / sitos do individuo contra as exigéncias do Estado. Defende-
gue a interferênci
miam a do Estado na economia
re P ord Us E dag si E
0 lai sse zfa ivi dua is e o liv re me rc ad o,
os males soclais ameagass e OS dir eit os ind
de ito s de pro-
3 liberdade pes soa l. Ap oi ar am os reg uis
ge CONS! Rm essenciaidos direito de votar e ocupar cargos piblicos porgue acre-
dade paraa concesso
oas incultas € sem posses careciam de sabedoria e experiëncla
- AA "

| '
ex er ce r re sp on sa bi li da de po li ti ca .
ara c o m e g a r a m a ap oi ar — ma s na o se m
Na segunda metade do século, OS li be ra is
fr êg io e a ag o go ve rn am en ta l vi sa nd o
tessalvas € restrigoes — a ampliagao do su es ce nt e pr eo cu pa gao
al iz ac ao de so rd en ad a. Es sa Cr
emediar os abusos da industri
do s op er dr io s po br es co in ci di u e fo i in fl uenciada por uma pro-
com o bem-estar Adên-
ed en te s de mo vi me nt os hu ma ni td ri os do s do is la do s do
lferacio sem prec
Ins pir and o-s e nos idea is ilu min ist as € nos ens ina men tos cristaos, os movi-
tico.
ref orm a exi gir am a int erd igd o do tra bal ho infa ndil , ins tru gao par a as
mentos de
massas, tratamento humano para prisioneiros e doentes mentais, igualdade para
1s mulheres, abolic4o da escravidao e fim das guerras. No inicio do século JOS, o
beralismo evoluiu para uma democracia liberal, e o laissezsfaire foi substituido
por uma aceitacio relurante da legislaggo social e da regulamentagao governa-
mental. Do comeco ao fim, porém, a principal preocupagio dos liberais conti-
nuou sendo a protegao dos direitos individuais.

Jobn Stuart MGll


N Prep liberalismo do Jaissez-faire para um liberalismo democrérico e
1873) BIG da es sm no pensamento de John Stuart MG (1 806-
rog Ee n ng Sua obra Sobre a liberdade (1 859) éa afirmacao
diode ere rie ! : de gue o governo ea maioria nao tém nenhum
due oEG na liberdade de gualguer ser humano cujas agoes nao preju-
es utros.
Ciaa ae ë iberdade de pensamento € expressio, bem Comoa rolerên-
Paraa formacso de oe e impopulares, como precondic6es necessdrias
uma Opiniëo, dia es ë civilizado, racional e moral. Ouando silenciamos
é correta, “somos ie o - €mos as gerag6es presentes € futuras. Sea opinido
PINISO é errada h d; os da oportunidade de trocar o erro pela verdade . Sea
Mos ap Groepe va ee nunca podemos estar completamente certos —, “perde-
'!COnftonto com Ee es ea impressao mais vivida da verdade, resultantes de
dividug a sUsteDar erro ', Portanto, o governo nio tem direito de obrigar o in-
s POrgue o far ee ponto de vista 'porgue assim serd melhor para ele,
'0 ou meme aa e ou pordue, na opinido dos outros, isso serla mals s-
Mee “em , sses so bons argumentos para adverti-lo, provar-lhe,
plicar-lhe, mas no para forsd-lo nem puni-lo com algum dano,
436 Givilizacdo ocidental

Mill colocou limites ao poder do governo, Pol


is num Estado
dadaos nao podem desenvolver seu potencial mora
l € inteleetual. EO
se o Estado como uma ameaga 3 liberdade individual, Ml] omké mboraji temes.
necessidade da intervencao estatal para promover o autode
sEnvol eo) “ECOnhecia,
dual: a ampliago das capacidades estéricas, intelectuais € mor ie indivi.
sustentava, por exemplo, ser admissfvel gue o Estado exigis als do 'ndividug,
gtientassem a escola, mesmo contra a vontade dos Da;
hordria de trabalho, incentivasse a satide e oferec
esse j
Ihice aos trabalhadores.
| Em Comsideragêes sobre o governo representativo (1861), MG
endossou a part
cipagao ariva de todos os cidad3os, inclusive das classes mais baixa i-
rica do Estado. Propês também, no €NTANtO, UM sistema de vora - ee poli-
gue a educag&o e o cardter determinariam o numero de
voros veleede
estaria aurorizada. Democrata cauteloso, Mill procurou assim oa
proteger o indivi
duo da tirania de uma maioria politicamente desprepar
ada "n
Thomas Hill Green

dd No final da década
rder
Hill Green (1836-1882), professor na Universidad d
e de Oxfordoni; D.
ee
D. GG. Rit
es chie
(1853-1903), gue ensinava filosofia em Oxford e Saint Andrews; J. A. Hobson
(1858-1940), tedrico social; e L. T. Hobhouse (1864-1929), acadêmico gue tam-
bém cscrevia para o Manchester Guardian. De modo geral, argumentavam gue 0
laissez-faire protegia os interesses da classe economicamente poderosa e ignorava
o bem-estar da nac&o. Por exemplo, Green valorizava a propriedade privada mas
nao consegula ver como esse principio ajudava os pobres. “Um homem gue na0
Possui nada além de sua forga de trabalho e tem de vendé-la a um capitalista para
Sua manutengao didria b4sica, poderia também (...) ser totalmente privado dos
direitos de propriedade.”':
Green alegava gue o Estado ocioso preconizado pelo liberalismo tradicional
do Jaissez-faire condenava muitos cidadsos a privagio, ignorAncia e desespero: ë
Estado deve preservar a liberdade individual e, ao mesmo tempo, asseguraf 9
bem comum, promovendo condicêes favordveis para o autodesenvolvimento da
maioria da populacao. F
Para Green, o liberalismo englobava mais gue a protegao dos direiros ind ivi
duais contra um governo opressivo. Uma sociedade verdadeiramente liberal, 4
zia ele, dé oportunidade para gue as pessoas realizem suas capacidades human?
e seu potencial moral. E as reformas socjais inicjadas pelo Estado awxiliavam n
realizagao dessa concepcio mais ampla de liberdade. Green € outros parmor
tidalario*de
ee da intervencao do Estado sustentavam gue o governo tem a obrigagao
|*. Eriar condigêes sociais gue permitam aos individuos aprimorarem-se. Tendo em
ie Vista esse objetivo, o Estado deveria Promover a sauide publica, assegura! mol”
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AS decentes € oferecer educagao. Pessoas carentes & sem instrucao, argument”


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[berde oe XX, os liberais ingleses, de maneira geral, reconheceram
- mei " weer de uma legislagio social; comegavam a ser assentados
tar soci al na Ingl ater ra. Tam bém no con tin ent e foram pro-
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para o bem -es tar gera l. Dec erc o, OS mOr IVO S por tris de tal legi sla-
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rent es e, com freg iiën cla, pou co tin ham a ver com os sentl-
Ca0 era `n muito dife se par a
N4o obs tan te, | em vér ios pai ses o lib era lis mo exp and ia-
mentos li berais. ia ao lon go
e m o c r a c i a p o l i t i c a e s o c i a l — ten dên cia gue con tin uar
ornar-se uma d
do século.

Feminismo: estendendo o principio da igualdade


Um outro exemplo da expansio do liberalismo foi o surgimento dos movi-
mentos feministas na Europa ocidental e nos Estados Unidos. As feministas in-
sistiam em gue os principios de liberdade e igualdade expressos pelos pbilosophes,
e incorporados & Declaracio dos Direitos do Homem e do Cidadao na Franga e
3 Declaracso de Independência dos Estados Unidos, fossem aplicados as mulhe-
tes. Assim, a Derlaragio dos Direitos das Mulberes (1791), de Olympe de Gouges,
ormulada com base na Declaracëo dos Direitos do Homem e do Cidadao — tri-
buro da Revolugso Francesa aos ideais iluministas —, afirmava: “A mulher
nasce
lye * permanece igual ao homem em direitos (...) o objerivo de toda associagao
Pe ee ta preservagao dos [direitos] naturais (...) do homem e da mulher.“ Em
ga eende e economista inglesa Harriet Marcineau observou: Um dos
se EE . 2menrais anunciados na Declaragio de Independência é de gue
Mana eds seu justo poder do consentimento dos EeELDAADE, De gue
Nos Es opel das mulheres pode conciliar-se com isso? |
em piblie, " nidos, na década de 1830, Angelina e Sarah Grimké falaram
iteitoe ER as mulheres raramente faziam. — contra a escraviddo e pelos
do ses ee ae Em 1838, Sarah Grimké publicou Caritas sobre a igualdade
“Homens ' Mes das mulheres, em gue declarava enfaricamente o seguinte:
“is, €o gue for ie res Criados Iguais: sao ambos seres morais € responsd-
MONStruosa e Pi “da homem fazer, é também direito das mulheres (...) Guao
em H€rista é a doutrina de gue a mulher deve ser dependente do ho-
“EnGao SVimento pelo Sufrdgio Feminino, gue realizou sua primeira con-
`n 1848, em Seneca Falls, Nova York, redigiu uma Dedlaragao de Afir-

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Trabalho infantil nas minas, relatério de


uma comissio parlamentar de inguérito,
1842, o Parlamento britênico aprovou 1842. E
leis de minera&o proibindo a admissa0
carvao, de meninos € meninas com idade inferior , nas minas Es de
a 10 anos. Esse relatério, deta
sendo forgadas a arrastar vagonetes atravé lhando Criancas
s de tineis €Strelros, Entre outros abusos
parlamento a legislar. Apés 1850, seguiram-s , Convenceu o
e ourtras leis regulamentando as prêticas de
e trabalho na indistria de carvio. Hulon Deutsch Col seguranga
lection

magoes e Principios gue ampliou a Declaracso de Independência: “Sustentamos


gue estas verdades so evidentes por si mesmas: gue todos os homens e mulheres
toram criados iguais”. O documento protestava “gue a mulher por muito tempo
se acomodou aos restritos limites gue he foram tragados por costumes corruptos
j € por uma aplicagao deturpada das Escrituras” € exortava ao esforco incansdvel,
N por parte de homens e mulheres, para assegurar a €stas “uma participagdo igual3
' dos homens nas vérias ocupagêes, profissêes e comércio”'s,
Em sua luta pela igualdade, as feministas tiveram de vencer premissas profun-
sy damente arraigadas sobre a inferioridade e deficiëncias da mulher. Os oponentes
s dos direitos femininos argumentavam gue as exigéncias feministas ameagarlama
y sociedade, por minarem o casamento € a familia. Um artigo na Saturday Review,
' peri6dico inglês, declarou: “No é do interesse dos Fstados (...) encorajara Me
1 téncia de mulheres gue nao sejam dependentes do homem, tanto para sua su '
' sistência duanto para protegao e amor (...) O casamento é a profissio da mu
lher.”” Em 1870, um membro da CAmara dos Comuns indagou “o
gue ED
no apenas da influência da mulher, mas de suas obrigacêes no
lar, de seu EE d
do com os assuntos domédsticos, sua superviso de todas aguelas rarefas e am R
tes gue fazem um lar feliz (...) se comecissemos a ver as mulheres ae la
frente e participando do governo do pafs”?2. Essa preocupago com a iN
ajustava-se 3 vis&o tradicional e enviesada da natureza da mulher, conforme
lou um dos escritores da Saturday Review:

A capacidade de racioclnio é 10 reduzida nas mulberes gue elas mecessitam de T s


adventicia, € se nio Hm a Orienta(do € Supervisao de uma consciëncia religiosa, ë see ie
ME mr gue tenham autocontrole guanto a Principios abstratos. No avaliam as consed erf
os OR sdo megligentes guando se Fransige com elas uma vez, de modo
le gue sê se mantém me
ei de suas afeicGes, do sentimento religioso e de
um senso moral de boa formagdo-
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Ap pe al of On e Ha lf of He Hu ma n Race
William Thompson, d* escreveu . Jo hn St ua rt Mi ll ac ha va gue as
de uma mertade da raga hu ma na l (1 82 5)
oe e is 3 ed uc ag &o gu e a de-
Ap ae entre os se xo s (e en tr e as cl as se s) de vi am -s ma
di ta nd o gu e to da s as pe ss oa s — ho me ns s € mu lh er es —
redades her dadas. Acre
siwgueal te
ol ve r se us ta le nt os e in te le ct os ta o pl en am en
deeyveriam ser Capazes de desenv ak ad e da s mu lh er es ,
do s pr im ei ro s a de fe nd er a ig ua ld
vanto possivel, Mill foi um
ndusive o sufrégio feminino. Em 1867, Mill propês, como membro do Parla-
end ess e o dir eit o de vot o As mul her es; a pro pos ta foi rej eit ada
ento, gue se est
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por 194 votos contra 74. fic ara
cas ou- se co m Har rie t Tay lor , am ig a de lon ga dat a gue
Em 1851, Mill to
a rec ent eme nte . Fem ini sta ard oro sa, Har rie t Mil l inf lue nciou o pensamen
“itv
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jo marido. Em A sujeicdo das mulheres (1869), Mill argumentou gue a domina
0 mas cul ina sob re as mu lh er es con sti tui a um fla gra nte abu so de pod er. Des cre -
veu a desigualdade feminina como a tinica relfguia da antiga visao, gue jê se de-
sintegrara em todos os outros aspectos. Fla violava o principio dos direitos indi-
viduais e era um empecilho ao progresso da humanidade:

(..) o principio gue regula as relagGes sociais vigentes entre os dois sexos — a subordina-
ro legal de um sexo a outro — é em si mesmo errado, e atualmente um dos principais estor-
vos ao aprimoramento humano (...) ele deveria ser substituido por um principio de igual-
dade perfeita, gue nio reconhecesse nenbum poder ou privilégio em um lado, nem incapa-
cidade no outro.”
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ra Mil l era si mp le sm en te um a gu es ti o de jus tic a gu e as mu lheres fossem
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para assumir todas as funcêes e ingressar em todas as ocupac6es até entao


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ëreservad
ee r homens. No final do século XIX e inicio Ee do século XX, a luta pe-
5 FEmini nos tornou-se uma das princi pais guestêEses em varlos paises.
ini ` ` ` 2 es #
l

Notas

Li
Fi GR J- Davis. “Gustave ce as Metapbor. Belmont, Calif., Wads-
7 de Ee mere Century, vol. worth, 1971, p. 124.
Barzun e Geo ) oi Org. por Jacgues 4. Karl Pearson. National Life from the Stand-
les Scribners S rade. Nova York, Char- point of Science. Londres, Adam &c Char-
2. Citado em E ee ED p. 62, les Black, 1905, p. 21.
of Knowled Gassirer. The Pro6lem 5. Citado em H. W. Koch. “Social Darwi-
oglom Mo dee por Wiliam H. nism in the 'New Imperialim”, in 7he
“Sn, Conn,, Yal . Hendel. New Ha- Origins of the First World War. Org. por
pg ” “EF Vniverstgy Press, 1950, H. W. Koch. Nova York, Taplinger, 1972,
d Extraid . | p. 345,
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York, International Publishers, 1939. minism: The Esse r (org). &
. 18, ntial Historical W
Nova York, Vintage i, '
Books, 1972, pp jol
9. Friedrich Engels. 7he Origins of the Fa- 18. Ibid, pp. 76, 85.
mily Private Property ér the State. In A 19. Citado em ]. A.
e Olive Blanks. Be;
a d
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Burns. Nova York, Random House, 1935, ann; Hg in Victoreiarn
England. Liverpool, Liverp
p. 330. ool Universigy
Press, 1965, p. 43.
10. Marx, German ldeology, p. 69. 20. Ibid. p. 46.
1. Karl Marx. Communist Manifesto. Trad. 21. JPid., p. 47.
por Samuel Moore. Chicago, Henry 22. Percy Bysshe Shelley. “The Revolt
Regnery, 1954, pp. 81-82. of Is
lam”, canto 2, stanza 43. In The Com-
12. John Stuart Mill. On Liberm. Boston, plete Poetical Works of Percy Bysshe Shelley,
Ticknor & Fields, 1863. p. 36. org. por Thomas Hutchinson. Londres,
13. Jbid., p. 22. Oxford University Press, 1929, p. 63.
14. Thomas Hill Green. Lectures on the Prin- 23. John Stuart Mill. 7he Subjection ofWomen
ciples of Political Obligation. Ann Arbor, In Oz Liberty Etc. Londres, Oxford Uni-
University of Michigan Press, 1967, p. 219. versity Press, 1924, p. 427.

Sugestêes de leitura
Andreski, Sctanislav (org). 7he Essential Com- Hofstadter, Richard. Social Darwinism in Ame-
te (1974). Excelente coletinea de trechos rican Thought (1955). Abordagem déssica
das obras de Comte. do impacto da evolug3o sobre o conserva
Becker, George J. Master European Realists of dorismo, O imperialismo eo racismo nol”
the Nineteenth Century (1982). Discus- te-americanos. aa
soes de Flaubert, Zola, Tchecov e outros MeclLellan, David. Karl Mare His Le -
realistas. Thougbr (1977). Biografia muio aclamada.
Bullock, Alan e Maurice Shock (orgs.). The Li- ——, (org) Karl Marc Selected oe
es€T!
beral Tradition (1956). Boa selecëo de escri- (1977). Seclecso eguilibrada dos
tos dos liberais ingleses; a introdugio é um de Marx. |
excelente exame do pensamento liberal. Manuel, Frank E. 7he Prophets of Fars ed
Farrington, Benjamin. What Darwin Really Contém valioso capitulo sobre sie . ia
Said (1966). Breve estudo da obra de Tucker, Robert. 7e Marxism Revo Ë Josof
Darwin. ldea (1969). O marxismo COM9
Grant, Damian. Rezlism (1970). Pesguisa mui- social radical.
to boa e concisa. Philosophy
Greene, ]. C. The Deatk of Adam (1961). O nro mar”si
(1972). Relagao entre o ere
impacto da evolug&o sobre o pensamento xista e a filosofia alem3; bom
ocidental. dos primeiros escritos de Marx
ae od Hemmings, FB W. ]. (org). (1972)
The Age of Rea-
. (org) 7he Marx-Engels Rea ed vi de
isn. (1978). Série de ensaios abordando o
oi

salistao em varios palses. Uma antologia dos principals


Marx.
O Ocidente moderno 44]

smo: 10. Oue relagio estabeleceu Marx entre a eco-


)

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e r e d o r o m a n t
o realismo dif
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e f l e t i a m . as nomia € as idéias?
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realismo € 9 nat e l o in- 11. Por gue o marxismo atraiu seguidores?


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`Dy a c i € n c l a p
bi ldadas pel Discura 12. Discura a influência histérica de Marx.
e c u l a r i s m o .
pe lo s
13. Por gue Marx estava convencido do fim
do capitalismo? Como se daria sua des-
truicao?
iëncla: 14, Oue deficiëncias os criticos apontaram no
4. Oual era ad “Je dos erés estados” de Comtes? marxKismo?
l u g d o t e v é c o n s egiiëncia
5, A reorla da evo s a r e a s a lém da 15. Relacione as teorias de Mill e Green com
o u t r a
` revoluciondrias em
a g a o . | a evolucio do liberalismo. Fsrabelega as
D i s c u r a es sa a f i r m
Géncia. n i s m o social semelhancas e diferengas relevantes com
te or la s do d a r w i
6. Por gue as respeito a suas teorlas.
sram to populares? OS 16. O movimento feminista foi fruro de cer-
omum com
7.0 gue Marx rinha em c tos ideais gue surgiram ao longo da his-
philosopbes do Tuminismo? téria ocidental. Discura essa afirmagao.
deve
8. O guea filosofta da histêria de Marx 17. Oue argumentos urilizavam os oponen-
3 Hegel? Em gue ela difere de Hegel? res da igualdade de direicos para as mu-
9. Oue relagso estabeleceu Marx entre a eco-
Iheres?
nomia € a polirica?

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s CAPITULO 16
Furopa no final do século XIx.
modernizagao, nacionalismo,
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imperialismo
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N. ulcima parte do século XIX, o ritmo acel


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erado da industrializagso e
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urbanizagao deu continuidade ao processo de mode


rnizag&o, gue tive-
ra inicio com a Revolucëo Industrial € transf
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ormara as sociedades euro-


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péla e norte-americana. Ao mesmo tempo, as nacêes ocidenta


sd

is desen-
volveram uma maguina governamental para incluir e
controlar grandes
nimeros de cidadaos. Esse processo de fortalecimento € centraliz
acio —
comstrugdo do Estade, na terminologia moderna — tornou-se a principal
atividade dos governos ocidentais. A construcëo do Estado significou
nao apenas forralecer a autoridade central, mas também incorporar
comunidade as classes até entio excluidas, sobretudo por meio da forca
do nacionalismo, fomentado pelos governos. O poder do Estado au-
mentava incrivelmente guando o governo interferia na vida dos cida-
dos comuns mediante o recrutamento militar, a educac#o piblica ea
tributacio irrestrita.
A industrializa€io facilitou o caminho rumo & centraliza€#io, na me-
dida em gue concentrou os operdrios fabris nas cidades, enfraguecendo
os tradicionais vinculos rurais. Além disso, afetou amplamente as rela-
GOes Internacionais. A producao de carvio e ferro, a milhagem € ronela-
gem de ferrovias € navios, a mecanizacdo da induistria e a especializag20
da massa de trabalhadores tornaram-se componentes importantes do po-
derio nacional.
O nacionalismo, gue se intensificou na dlrima parte do século is
estava prestes a se converter na forca espiritual dominante da vida eurO
péia. Tornou-se cada vez mais beligerante, intolerante € irracional, ameEa-
cando a paz da Europa ea tradicao humanista liberal do Huminismo:
nacionalismo é a industrializacio foram Os principais alicerces do ei
rialismo, levando as nag6es européias e os Estados Unidosa estenderé
seu poder sobre os territérios asidtico, africano e latino-americano-
O Ocidente moderno 443

Cronologia 16.1 * Expansio do poder ocidental

rra do Opi o: os ing les es der rot am os chi nes es, ane xan do e
Gue
abrindo os portos da China ao comércio ocidental.
tor-
Luis Napoleao Bonaparte derruba a Segunda Repdblica,
1851-1892 nando-se imperador Napoleao HI.
do ro Per ry, lid era ndo as for as nav as nor te- ame ric ana s,
O co mo
1853
abre o Japao ao comércio.
dos Sip aio s; a Ing lat err a res tit ui a Co mp an hi a das In-
Rebeliëo
1857-1858 vice-rel.
dias Orientais e comega a governar a India através de um

1867 A segunda Lei da Reforma duplica o eleitorado inglês.


1869 Inaugura€3o do canal de Suez.
1870 É instituida a Terceira Republica na Franga.
1870-1871 Guerra Franco-Prussiana; Comuna de Paris; criac3o do império ale-
m3o, com Guilherme 1 como kaisere Bismarck como chanceler.
1876 Stanley estabelece postos comerciais no Congo para Leopoldo
IT da Bélgica.
1682 A Inglaterra ocupa o Egito.
1884 Conferência de Berlim sobre a Africa; a Lei da Reforma conce-
de o direito de voto 3 maioria dos homens ingleses.
1894-1906 Caso Dreyfus na Pranca.
1898 Guerra Hispano-Americana: Estados Unidos obrêm as Filipinas
e Porto Rico e ocupa Cuba; baralha de Omdurman.
1899-1902 Guerra dos Boëres entre Inglaterra é-os africinderes.
1900
Os boxers se rebelam contra a presenga estrangeira na China.
1904-1905 Guerra Russo-Japonesa: o Japêo derrota a Russia.
1911
A Lei do Parlamento limita o poder da Camara dos Lordes.
1919
A Gr#-Bretanha admite uma assembléia legislariva na fndia: o
movimento de resistência passiva de Gandhi amplia-se com o
massacre de Amritsar.
be

h..
Givikaacio ocidental

O avanco industrial
Os historiadores referem-se & segunda metade do séeu lo
XIX COmo
Revolugao Industrial, devido ao grande aumento na vel Oc
idade e EXtEnsio d
transformagao social e econêmica. Essa mudanca no m undo
foi
avangos tecnol6gicos e por novas formas de negdciose OrganIiz definida pe
acao de traba
Caracterizou-se também a ascensao da dlasse média ao po der po lho
liticoe Social egui -
valente a seu poder €CONOMICO; pelo decl
inio dos STUPOS ou classes tradicionaie
e por mudangas significativas no papel das mulheres € Crlan€as no seio da mde
Em meados do século, a agricultura era
ainda a principal OCUPac3o em idee
os lugares. Mesmo a Inglaterra, onde a indu
strializagao encontrava-se mais avan-
gada, rinha mais criados domésticos gue operar
ios fabris, e duas vezes mai traba-
Ihadores rurais gue operdrios têxteis e tecel6es. Havia
poucas fdbricas grandese
tr abalho artesanal ainda prosperava. Os barcos a vela uitrapassa
vam em ndmero
as embarcag6es a motor e os cavalos transportavam mais carga gu
e os trens. Essa
S1tUaGA0, no €ntanto, mudou radicalmente em dois impeto
s: o primeiro entre
18
50 e 1870, e o segundo a partir da década de 1890 atéa 1 (z
uerra Mundial.
No primeiro impeto, a mudanga da producio manual para a mecinica ace
le-
rou-se na Europa e nos Fstados Unidos, levando & concentracso de operdrios fa-
bris nas cidades industriais e ao crescimento dos sindicatos. O padrdo de vida da
maioria dos trabalhadores elevou-se. As novas mdguinas e processos, a legislacio
e as negociag6es do sindicato minoraram as péssimas condicêes do estégjo inicial
da industrializag&o. Ao mesmo tempo, as primeiras regulamentacêes do desenvol-
vimento urbano e de saneamento comecaram a melhorar as condicêes de vida.
Nas dreas industriais mais avancadas, alterou-se a organizacao social dos locais de
trabalho: a introduc&o de eguipamentos pesados resultou na substituicao da mao-
de-obra feminina e infancil nas fébricas pelo trabalho masculino. Os saldrios um
pouco mais altos para os operdrios masculinos gualificados significou gue as mU-
Iheres com familias j4 no eram mais obrigadas, pela terrivel necessidade, a traba-
lhar nas fbricas. Contudo, as mulheres demitidas das fébricas (elas rerornariam
durante a | Guerra Mundial) nêo ficavam livres para uma vida de 6co. Flas ad
ranjavam trabalho como domésticas, tarefeiras, costureiras ou lavadeiras. Ns el
Gas comeGaram a estudar guando o Estado e a economia passaram a €xigl!
elas obtivessem uma formacao minima. dj
A escala do desenvolvimento sofreu acentuada mudanca durante 0 ee
impeto. Firmas enormes dirigidas por juntas de diretores, inclusive AA ge
geriam vastas empresas de imensas fdbricas mecanizadas, guarnecidas por s d
lhadores no especializados, mal remunerados € muitas vezes tempordrios distrir
gigantes industriais tinham condigêes de controlar a producio, o prego € 2 em”
buig&o das mercadorias. Eles sobrepujaram as empresas menores, finan€i*
controlaram a pesguisa ' e o desenvolvimento e expandiram-se muito jto al além he
frenteiras nacionais. Os “capitaes da induistria” — proprietdrios ou gET Es
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mo perlodo pés-18

od
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aaracterlzard
so dos homens de negocios, bem como dos criticos socialistas.
vou a imaginas l6ég icas rev olu cio ndr ias fom ent ara m o €rescimento da indus-
Mudaneas tecno
Na met ade do século, em toda a Europa espalhou-se a mesma mania de
ta. Ingl ater ra na déc ada de 1840 . Essa exp ans ao
ir ferr ovia s gue aco met era &
constT
tam bém na frot a mer can te. Em 1850 , os barc os
, ca das ferrovias reproduziamu-se
de dos a vapor constitui apenas 5% da tonelagem mundial; em 1895, esse
toda a ton ela gem . Na vira da do século, dois
TR crescera para a metade de para aperfei-
Dai mle r e Karl Benz , ass ocl ara m-s e
engenheiros alemaes, Gotdieb Hen ry Ford , em-
rna. Ent do o nor te- ame ric ano
soar 0 Motor de combustio inte duc io em mass a, lan gou seu
pregando écnicas de linha de montag em para pro
dan do infc io & era do aut om@ vel . A inve n-
Modelo T para “o homem comum”,

dt
1897 , per mit iu a urti liza gao de um

og
dio do motor a diesel por outr o ale m&o , em
os mo-

Ee
e efic ient e. Os mor ore s a dies el logo sub sti tui ram
combustivel mais barato

,
giga ntes cos navi os de carg a, vaso s de guer ra e emb arc aG6es de

Fr”
tores a vapor nos

EE
do teld graf o, do telefone e, mais tar-

ad
Juxo. No seto r das com uni cag êes , o adv ent o

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de, do réidio também revolucionou a vida das pessoas.

EE
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Contudo, o desenvolvimento econêmico foi extremamente irregular. A Eu-

Pe
ropa central, meridional e oriental permaneceu atrasada em muiros aspectos € as-

EE
sim se manteve até depois da 1 Guerra Mundial. Nessas sociedades predominan-

PT
temente agricolas, a maior parte da manufatura consistia na producao, em pe-
guena escala e voltada para o consumo, de têxteis e alimentos industrializados,
na gual os artes&os ainda tinham lugar.

Urbanizario acelerada
Nos Estados Unidos e na parte noroeste da Europa, a industrializagaAo mais rd-
pida aum€ntou o contingente de pessoas gue viviam nas cidades; estas se torna-
Wes Da maiores e mais densamente povoadas. Embora nao fosse uma
habitantes, ae 1880 Londres (Ornou-se uma megalêpole de 5 milhêes de
Mundial & j ie Soe geo 7 milhêes de pessoas. Entre 1850 ea l Guerra
ME . es pu AR e Paris cresceu de 2 para 3 milhêes de habicantes.- Berlim,
Gere Ma N a sr 500 mil habirantes, chegou a 2 milhêes na época da
nd del0 al. A vésperas da unificagao, apenas trés cidades alemas tinham
00 mil habitantes; em 1903, j4 somavam guinze.
ge, ties a classe média alcancou proeminéncla politica, econdmica e
Wil he - is ie sua recente imporrêncla e prosperidade median-
dasse do. ee se ida gue as m4guinas substituiram a produgao manual, a
ras foram en * reu um acentuado declinio. Os operdrios fabris, cujas filei-
ante grupo 'ë “ as oe ape e artesaos, emergiram Como um imPor-
neses social nas cidades. tados de seus locais de nascimento, os campo-
artesios gue trabalhavam nas f#bricas abandonaram suas antigas lealda-
446 Givilizacêe ocidental

sk Ef el
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eetl |

'N Pintura do Bowery, de Louis Sontag, 1895. Cena de rua da cidade de Nova York fervilhando de
h atividadee energlas comerciais, durante a noite iluminada por eletricidade incandescente.
| A pintura mostra carrocas, bondes, tilburis e trens lado a lado, bem como a arguiterura cldssica
do teatro ao lado de cdificios de guatro andares gue abrigam lojas e familias no Bowery. A vida
' urbana palpita com a energia da tecnologia moderna. Museu da Cidade de Nova York #32.275.2.
si Doardo de William B. Miles

des; nas cidades


'
, enauanto alguns éncontravam lugar na prépria
, ”
vizinha
8 Ee
nga 9 Uu
em atividades sindicais e partid4rias, outros ficavam totalmente & margéEm*
industrializagao criou também um novo grupo de funciondrios “engravatados
gue tentavam diferenciar-se dos trabalhadores fabris.

A ascensiio dos partidos socialistas |


Entre 1850 e 1914, a .
vida dos trabalhadores melhorou gragasa organizagio
e s d Ë
Es
ii Sindicatos, & intervengio do governo na economia € ao aumento geral na prod
O Ocidente moderno 447

nd us tr ia li za ci o. Co nt ud o, en fr en ta nd o ain da proble-
onado pela
mb ro s da cla sse tr ab al ha do ra fo ra m atr aid os par a os partl-
me
o co nt ro le da ind ust ria pel o go ve rn o e o co nt role
defendiam
pel os tr ab al ha do re s. A ma lo rt a dos ope rdr ios
vcais de trabalho
tri ste s e su pe rl ot ad as , se m ag uecimento
as familias em moradias ocupa-
Tr ab al ha va m mu it as hor as — 55 por se mana nas
igua corrente- oc up ag oe s
&ri a sem ana l, ed e 70 a7 5 nas
governo limitava a Carga hor ém dis so, pa-
exa ust iva s € mo né to na s. Al
N regulamentadas. Cuas tarefas eram ao €xa-
ing les es gue se ap re se nt ar am

-
desnutricao. Os ho me ns € rap aze s
do s fisi -

Er
es re ve la ra m- se tio in ca pa ci ta
me médico para servir na Guerra dos Bêer

s
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melhorar a saide e a edu-

ae
visando

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es ti mu lo u re fo rm as

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camente du€ Sua co nd ic &o

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do re s sof ria m de doencas,

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tod os os tr ab al ha

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cacio do operariado. De modo ger al,

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principalmenre tuberculose, e careciam

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morriam no parto devido a tratamento

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gue Causavam mutilaco ou morte. Os

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am tesultantes do sistema de luc ro cap ira lis ta,

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abalhadores e enriguecia os proprierêrios.

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Os partidos socialistas rivera m

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ripido em grande parte do res to da Eu ro pa . Aré

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mar xis ta. A ex pa ns io do social is- hi
poucas induistri as, tin ha um par tid o soc ial ist a

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necessidades especiais gue os demais partidos poliicos nao sarisfaziam. No en-

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tanto, os socialistas divergiam guanto as tricas. Os marxistas “ortodoxos” acredi-

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tavam gue a revolucao liderada pelos socialistas era o primeiro pas$o necessdrio

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paraa mud anc a; esse gru po incl uia Wil hel m Lie

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manha, e Jules Guesde, na Franga. Os marxistas “revisionistas” — influenciados

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pelo teërico alemao Eduard Bernstein — sustentavam gue os socialistas deverlam

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OS sistemas politico e econÊmico para construir uma sociedade socialista
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ee co m as leis de 183 2 pro sse gul u na #po ca da Se-


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de 186 7,
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Reform a
MENLO fo habl ndustrial. A Lei de
EGHi
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(1804-188 1), estendeu


werf

E E por Be nj am in Dis rae l


Odireito de sis
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s urb ano s, du pl ic an do ass im O el ei to ra do britani-


0. Alguns cole s a r ore
no par tid o co ns er va do r rem iam gue a am pl ia ga o do
sufrdgio ds ae ! ve
mas Disraeli sustentava due ess e
aVanco alma s R arruinasse a nago,
ta ee OS lag os ent re o pov o eo Es ta do . Fle acredicava
também EG ed JOr
a pol iti ca ext ern a imp eri ali sta dos co ns er va do res
Banhariarg programa social €
apo io dos pob res re cé m- au to ri za do s a vot ar.
para o partido o
448 Givilizacio ocidental

A reforma eleitoral foi continuada pelo partido liberal,


soba
William Gladstone (1809-1898), gue CUumpr
iu guatro mandatos
ro-ministro. Em 1872, foi promulgada uma lei est
abelecendo & voL
| assim os eleitores da dlasse trabalhadora livraram-se da intimidaczo di
los patrêes. A Lei de Reforma de 1884 estend
eu os direitos Politicos as s
dores rurais e, a partir de ent
ao, a maioria dos ingleses do sexo maseulins
[am vorar. Ude-

E Reforma social
j Ao tere de seus irmaos do continente, os
j geral nunca se sentiram atrafdos pelo social tr abalhadores britênicos em,
ismo, na
o particularmente pelo m
xismo. Porém, na década de 1880,
a disseminac&o da pobreza e as nova
j cia
s na indtistria — em especial os mOnopoél s eed
Ji ios, os cartéis ea COMpeticio esterma
— levaram alguns lideres trabalhistas a insist
ir numa militência malor. Essas con-
' dig6es deram ensejo & cria€so do partido trabalhista.
E O partido trabalhista britênico poderia nunca ter
existido se Nao fosse a deci-
sao Taff Vale (1901), gue ressarciu dos Prejuizos um
patrao gue foi alvo de um
JE piguete organizado pelo sindicato. Se os trabalhadore po
s diam ser multados por
| ! fazerem piguetes ou outras acêes visando influenciar as nego
ciagBes, os sindica-
' tos serlam derrubados e eles perderiam os ganhos econêmicos obtido ao
s longo
' de meio século. Alarmados com a decisao Taff Vale € desejand re
o formas para sua
classe, os trabalhadores recorreram 3 politica. Nas eleicées de 1906, o novo par-
j tido trabalhista conguistou 29 membros na CAmara dos Comuns, formando uma
H faccao gue se tornaria importante na politica britênica.
' Entre 1906 e 1911, os liberais, liderados por David Lloyd George (1863-
' 1945) e pelo entëo liberal Winston Churchill (1874-1965), introduziram uma
” série de importantes medidas sociais. Com o auxtlio do partido trabalhista, puse-
N ram em vigor um programa de pensêes para idosos, bolsas de emprego para aju”
“ dar os desempregados a encontrar trabalho, seguros de satide e desemprego od
1 grama profundamente influenciado pela legislac&o social de Bismarck) e saldrios
minimos para certas industrias. O Parlamento também revogou a decisio -m
Vale. No processo, porém, desencadeou-se uma crise constitucional entre 0 Hi d
ras, gue tinham o apoio do partido trabalhista, e os conservadores, dué geer
vam a Cimara dos Lordes. A crise terminou com a Lei do Parlamento de D i
gue decretou gue a CAmara dos Lordes podia somente retardar, mas na0 UP
dir, a sangao de uma lei aprovada pela CAmara dos Comuns.

Agitario feminista
Com respeito a guestio do sufrigio feminino, a democracia britênica foi ”
ta. Influenciadas pelos ideais das revoluc6es francesa €e norte-americana ' e
comegaram a rprotestar contra sua condicao desigual. Em 1867, John rs
Iherespropês
`. . MG estende o direito de voro &s mulheres, mas seus colegas do Va
O Oridente moderno 449

ae dos
Cartaz publicado pela Liga
pr oj et ad o po r Em il y Harding
Artistas, ra o faro
s, C. 19 08 . O ca rt az du st
Andrew
o podiam
de gue as mulheres britênicas ni
toga da
tour no intcio do século EO. A
te para
mulher graduada nao é suficien
rtard
ajudd-la a encontrar a chave gue a libe
da classificacêo gue a coloca na mesma
prisio gue os €riminosos € mentalmente
doentes, gue tampouco podiam vorar no
Parlamento. As mulheres
desempenhavam importante papel no
governo local, sendo encarregadas de
escolas, orfanatos e hospitais, mas até
depois da 1 Guerra Mundial n&o rinham
direito a votar para eleger membros da
Cimara dos Comuns. Biblioteca do
Congresso

mento rejeitaram a proposta. No ano seguinte, Lydia Becker tornou-se a primel-


ra inglesa a defender em piblico o sufrdgio feminino. Para muiras pessoas, de
ambOS Os sexos, o sufrdgio feminino significava uma ruptura extremamente radi-
cal com a tradicao. Diziam alguns gue as mulheres eram representadas por seus
maridos ou parentes do sexo masculino e, portanto, nao necessitavam vorar. Ou-
“OS protestavam gue as mulheres nio eram capazes de uma participagao respon-
“tvel na vida polftica. A rainha Vitéria, gue apoiou outras reformas, referiu-se ao
ulrdgio feminino como um “louco€ perigoso disparate..
Embora muitos membros do partido liberal e alguns trabalhistas fossem favo-
“dvels ao sufr4gio feminino, o lider dos liberais aconselhou as mulheres 'a cont-
““arem importunando (...) mas exercerem a virtude da paciëncia”. As mulheres
4E COnsideravam complacente esse conselho e cuja paciëncia estava se esgotan-
aa 'ecomendadas, por uma familia de feministas, a tomar um od de
EE ae militante. Emmeline Pankhurst e suas filhas Sylvia e Chrisca el exor-
manifestac6es, invasêes A CAmara dos Comuns, destruigio de proprie-
em greves de fome. Flas nao 'ncltaram todas essas agoes extremas a um sê
` Mas toda vez gue suas peticêes e exigéncias eram ignoradas, partiam para

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450 Givilizacdo ocidental


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atos cada vez mais perturbadores. As sufragistas iniciara


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guebrar janelas, atear fogo em caixas de correio e acorrent


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Panha d.
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Parlamento. Em 1913, num gesto de Protesto, uma milit an


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te atirou-s Portêes do
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tas do cavalo do rei Eduardo VII, numa corrida. € sob as pa-


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de

Cuando eram presas por violar a lei, as feministas faziam


greves de fom
sencadeavam-se entio situacêes hediondas: os policiais e. De.
forc avam AS mani
tes a se alimentarem e as submetiam ao ridiculo ea tratame festan.
LO aspero. Co
giëncia, a policia libertava as mulheres subnutridas e, depo m fre-
IS gue elas CSti
recuperadas, voltava
a prendê-las. Ridicularizadas, humilk adas € p vessem
unidas — mas

E
ap
sobretudo ignoradas pela lei —, as feministas recusavam-se
3 aCel
tar o papel passi-
vo gue lhes fora atribuido por uma sociedade dominada p el
os homens. Graca
Importante papel gue as mulheres desempenharam s ap
no fronte civil durante
1 Guerra Mundial, muitas pessoas da elite mudaram
de Opinido e, em 1918
mulheres britêAnicas com mais de 30 anos ganharam
o direito de voo. Em 1928
o Parlamento reduziu a idade eleitoral das mulheres para 21
anos — a mesma
idade gue gualificava ao voto os eleitores masculinos.
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A guestio irlandesa
HI] '

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Além da agitagio feminista, a Gra-Bretanha teve de enfrentar outro problema


Ma rrroad

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explosivo antes da guerra: a guestao irlandesa. Enguanto os nacionalistas irlande-


ses moderados, apoiados por muitos membros do Parlamento, pediam por um
governo local auténomo (dentro do império britênico), os extremistas catélicos,
LET

sl rais como a Irmandade Republicana Irlandesa e a Liga Gadlica, pressionavam


je pela independência total. Temendo a dominacao carélica, os irlandeses protes
' tantes dos condados setentrionais de Ulster opunham-se vigorosamente & inde-
' pendência da Irlanda. |
Os Voluntdrios de Ulster recrutaram um grande exército particular e 0 treina-
; ram abertamente para uma revolug&o, caso o governo local autênomo fosse apro”
' vado. Bandos contrabandeavam armas, soldados atiravam nos manifestantes, a
) violência trouxe mais violência, ea guerra civil parecia préxima. Em 1916, a Re-
belizo da P4scoa, uma insurreicëo irlandesa, foi reprimida e seus lideres executa-
dos. Mas o gabinete inglês continuava disposto a prosseguir com o governolo
autênomo. A revolta irlandesa de 1919-20 levou a guestio a um ponto wa j
a Irlanda foi dividida: o sul, predominantemente catélico, obtevea indepen or
cia, e os seis condados protestantes de Uister permaneceram como parté do
no Unido. ie
No intcio do século XX, a militência do operariado, dos irlandeses € das ei
lheres danificou a imagem da Gra-Bretanha enguanto regime estivel, Pa
parl brit énic sobr eviv eu 2 das
democrdtico. N4o obst ante , o gove rno amen tar o
as crises e revelou-se capaz de conduzir com êxito a nac3o através da exausHY”
OE periëncia de uma guerra mundial.
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NapoleëoBonaparte (1808-1873), gue ora eleito presidente

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Re iblica francesa em 1848, adotou o titulo de imperador, seguin-
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da Segund s : seu ilustre to. Napoleëo III governou com autoritarismo, proi-

Bo

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da mele? censurando a imprensa e conferindo pouco poder a legislarura.
vindo 3 OPO, geo porém, numa dréstica mudanca, introduziu reformas libe-
Na década ' risioneiros politicos, retirou a censura sobre a imprensa, conce-
o direito de formar sindicatos e aprovou uma nova consti-
ral$,
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deu aos ta
da s a li be rd ad e in di vi du al . Sua s re fo rm as ai nd a hoj e int ri-
tuicA0, COM S
alvaguar
ore s. Se r gu e Na po le ëo IT ac re di ta va si nc er am en te nos ide ais
: historiad
BT u aré gu e seu po de r estivesse firmemente estabelecido paraamim-
liberais, e €spero por te me r re agoes de
plemenr4-los, ou ser d gu e in tr od uz iu ess as re fo rm as ap en as
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insarisfacao?

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h derrota na Guerra Franco-Prussiana derrubou o império de Napoleao HI.

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amarga frus trag ao com a der rot a ee o 6di o a0s inva sore s pru ssi ano s

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isêrio
pulagio de Paris a erguer-se contra o armisticlo assinado pelo governo prov

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— politicos gue substituiram Napoleao. A Comuna de Paris (1871) reve iniclo

aa
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como uma recusa patriética a aceitar a derrota € como uma rejelgao ao regime de

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Napoleëo, mas acabou se tornando também um repuidio ao governo provisêrio.

si
Ao final, os communards (Ccomo eram chamados agueles gue resistiram aos prus-
sianos € ao governo provisêrio) desafiaram também os donos de propriedades.
Os communards incluiam seguidores do anarguista Joseph Proudhon e grupos
de veteranos republicanos e socialistas da revoluc3o de 1848, recolhidos nas pri-
soes, esconderijos e no exilio. Na primavera de 1871, esses revoluciondrios gover-
naram Paris por dois meses. Aré gue Adolphe Thiers, lider do governo provisêrio
gue ainda governava o restante da Franca, ordenou um atague a Paris. A lurta foi
éncarnigada e desesperada, com muitos aros de terrorismo e violência. Nessa guer-
ra civil, os dois lados destruiram com fogo grandes dreas da cidade gue amavam.
Ds communards foram derrotados e tratados como traidores: 20 mil deles foram
“eCurados sem julgamento, e os gue foram julgados receberam sentengas severas
tmorte, prisao perpétua e deportacio para as colênias penais). Para as classes diri-
$entes de toda a Furopa, a Comuna de Paris foi um sinal de gue o povo deveria
'“" governado com punho de ferro.
Me a ie, due o império de Napoleëo JIT seria sucedido por uma
Pr " asa desuniëo €ntre os monarguistas levou a Franga a cornar-se uma
sua revelia. Ao contririo da Gra-Bretanha, com seuu sistema biparti-
di gu e co n-
eibu 8
*
Ter cei ra Re pu ib li ca fr an ce sa ti nh a mu it os pa rt id os pol iti cos , o
“4 para gerar instabilidade. Nenhum partido tinha peso suficiente no parla-
Men
se o para constituir uma lideranca forte. Os primeiros-ministros renunciavam
gié. Vcediam rapidamente; ministérios formavam-se e desfaziam-se com fre-
sn dando a impressio de um Estado sem direcëo. A vida politica parecia
CONsi
“ir em negocjatas. Nesse processo, contudo, foram promulgadas leis gue
“TaAm Oo ensino fundamental gratuito € obrigatério e legalizaram os sindica-
EE . MI

) ' 4572 Givilizacdo ocidental


3
N ) Wy

ii tos. A Terceira Republica sobreviveu, mas atravessou Crises


E delas foi o caso Dreyfus. dificeis.
ii di; “MElpal
Em 1894, o capitao Alfred Dreyfus, oficial
de artilharia alsac;
if judaica, foi acusado veementemente de ter vendido Cgredos aos alemaes
Hê rE '
Oo de or;Pn
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uma corte marcial, Dreyfus foi condenado 3 Prisao perpétua na;


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Anri-semitas aliaram-se aos Oponentes da reptiblica — mee lm do Diabe.


Tm
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exército, clérigos e nacionalistas — para denunciar€ impedir


ma es NT EET

Ee lideres do
ERGE
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livrar Dreyfus das acusacêes contra ele. De inicio, Eg HET tentativa de


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Dreyfus; a vasta maioria sentia gue a honra da Franca € ri pe defenderam


",
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jogo. Ent&o os cidadaos, sobretudo os republicanos radicai ae en va em


Fa
k.-

inclusive os escritores Anatole France e Êmile Zola & Oo


se AE n 4

re lid ie defesa,
el
le

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Georges Clemenceau, juntamente com os estudantes


ae — N
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vise
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pitte

ii EN ee
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ram e fizeram manifestag6es, insistindo em um novo julgamento é "Pols


al

ell]
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veredito. Apés muitas humilhacêes, Dreyfus finalmente fo; sbsolvido, el


GAT

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LA
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O resultado da vitéria dos republicanos radicais,


Me
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no entanto oi Vine,
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campanha para erradicar os opositores da repiblica. Os


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radicaie Ese le
BL

Ja, expulsaram ordens religiosas, confiscaram suas propriedades


or
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ee vee
sé numa vigorosa campanha para substituir a influência do pêro
co pela do Es
EE

tre-escola districal. Ordenou-se a completa separac3o entre o


Estado ea Tgreja; os
IMPOStOS nao mais sustentavam as paréguias e as escolas religiosas.
|
A despeito do progresso de meados do século XIX, o desenvolvimento
da eco-
nomia francesa foi lento. A Franca tinha menos € menores indistrias gue a Grê-
Brecanha ou a Alemanha, e também um nvimero maior de pessoas vivendo em
areas rurais € peguenas comunidades. Na década de 1880, os sindicatos e os par-
tidos politicos de programa socialista comecaram a expandir-ser e pressionar por
reformas sociais através das instituig6es democrdticas parlamentares da Repdbli-
ca. A Pranca, contudo, demorou para pêr em vigor medidas sociais como pen
soes e leis gue regulamentassem as condic6es de trabalho, os saldrios e a carga ho-
raria. Fssas medidas, gue poderiam ter melhorado a vida das pessoas COMUNS,
eram consideradas pela elite governante como socialismo e, pelos socialistas, cComo
brindes para comprar os trabalhadores.
Al Franga era uma nag&o inguieta, e a Terceira Repdblica no era um regim€
popular. A Igreja, o Exército, o socialismo e mesmo as lembrancas da monargulë
e do império inspiravam paix6es mais intensas gue a Repdblica, gue sobrevive”
apenas gragas a dissensêo entre seus inimigos. A Franca chegou & I Guerra Mun-
dial como um pais profundamente dividido. Ainda assim, guando irrompEv
guerra, o povo francês reuniu-se para defender a nacao.

Alemanha: o poder do Estado


A vitria da Prussia sobre a Franga na guerra de 1870-71
condluiu a je Fm
''.unificagdo alemê. O novo governo, o Reich (império) alemao, era liderado pe
|| ren da Prissia. Embora o Reichstag (cimara baixa) fosse eleico por sufraglo uni”
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sriticos, e ele considerava os partidos incapazes de tracarem diretrizes para
Na opinido de Bismarck, os catélicos e os socialistas eram internacionalistas gue $
nio priorizavam os interesses da Alemanha. Ele comegou a perseguir os carélicos, )
gue constituiam cerca de 40% da populagëo. A Kulturkampf (ura pela culcura)
consistiu numa série de leis promulgadas em 1873 para submeter a Igreja ao
Estado. As leis discriminavam Os jesuitas e exigiam gue o Estado supervisionasse
algreja € gue os sacerdotes fossem treinados em escolas estatais. Os carélicos t-
nham de se casar perante o Estado. Os cdlérigos gue se recusavam a aceitar essas
leis eram aprisionados ou exilados. Os liberais alemaes nao defenderam as liber-
dades civis dos catélicos contra essas leis. No entanto, a perseguig&o apenas refor-
sou a lealdade dos carélicos alemêes a sua igreja, € o partido carélico ganhou
adeptos. Os conservadores prussianos, embora protestantes, ressentiram-se da
politica anticlerical de Bismarck, gue atingia também os luteranos. Com a suces-
Sao de Leëo XIII ao papado, em 1878, Bismarck iniciou negoctag6es de paz com
d lgreja.

i. AA contra a vida de Guilherme |, em 1878, levaram Bismarck a


gies pressio dos socialistas. Na verdade, os socialistas, POUCO numerosoS,
se demoer ameaga; seu programa prdtico imediato reivindicava liberdades
nhas teriar, di - Alemanha. somente as opinies conservadoras mais caca-
Hera Ge An ado os soclalistas de perigosos, mas muiros alemaes, principal-
iberais nio. ers prussianos, sustentavam tal ponto de vista. Mais uma vez, os
nage vee a legislagao especial de Bismarck proscrevendo as orga
0 sotial der. rsivas e ed a policia a proibir reuniëes e jornals. O parei-
perseguicio ocrata, tal como o partido car6lico anteriormente, sobreviveu 2
liberais Ba se ie, Fa forte e mais bem disciplinada a medida gue os
pole Fa od ae ree por sua relutêncla em agir. |
dis d ismarck nio foi simplesmente repressiva. Ele rentou conguistar
dos trab alha dores mediante uma legislacio social paternalista. Como
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COnservadores, ele estava incomodado com os efeitos da industrializacio
- . - - - sm

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454 Givilizacio ocidental

gue avanara a um ritmo acelerado nas décadas de 1850 e 1860. AAI


: o primeiro Estado a fazer vigorar um programa de leis sociais Para o "n ha fo;
incluindo seguro contra doenas, incapacidade, acidentese elke n eta rlado,
tado e trabalhadores, todos contribuiam com peguenas guantias pa atr6 es,
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de seguro. Muitas pessoas chamaram essa legislac&o de sOcialis ae
MO de esta
Apesar das tentativas de Bismarck de afastar os trabalha d dg,
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classe operdria alema continuou a apoiar o partido social. lalismy
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As vésperas da I Guerra Mundial, havia cerca de 3 milhê


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Por volta de 1900, a Alemanha tinha alca


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ncado, e em alguns setores aré supe-


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rado, a Gra-Bretanha em termos de cresciment


o €conÊmico. Gracas 3 Capacida-
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de de seus cientistas e inventores, a Alemanha torn


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mica e eldtrica. Entre as grandes potências, era


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tor capitalista de grande escala, com intensa concEntragao de in


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dades empresariais. Num curto periodo de tempo, a Alemanha se


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Estado forte e industrializado, pronto e dvido para desempenhar um im


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te papel nos assuntos mundiais. Seu crescente poderio industrial e militar, asso-
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ciado com um agressivo nacionalismo, alarmava os outros paises. Essa combi-


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nagio da vitalidade e da agressividade germAnicas com os temores de seus rivais


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ajudou a levar 3 I Guerra Mundial.


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ltdlia: expectativas frustradas


Os nacionalistas italianos esperavam gue a unificacio de seu pafs — por go
tempo subjugado, espoliado, dividido e governado por principes absolutos
trouxesse grandeza. Mas a Jdlia recém-unificada enfrentava sérios ea, f
NaGao, predominantemente catélica romana, estava separada pela Controv e
religiosa. Liberais e republicanos gueriam um Estado secular, com casamento
vil e educagao piblica, condenados pela Igreja. mr
Outro fator de divisao era a longa tradicio
na Icdlia de Estados sepalë iga
rivais. Muitos italianos duvidavam gue o governo central irja tratar com Pa
cada regiao. Além disso, poucas pessoas podiam participar da monargula CO str
tucional. Dos 27 milhêes de cidadaos, somente cerca de 2 milhêes PER
— mesmo depois das reformas de 1881, gue triplicaram o eleicorado. Os ed
podiam salientar gue guase todos os homens alfabetizados tinham Mee ER
"Ui mas essa conguista representava um pegueno consolo para agueles du€ ei se
es lura
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Xpassado no teste de alfabetiza viam priva dos do privi légio de votar por "
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uroridade e rêticas de terrorismo, assassinato e greves gerais. O des-

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periente nagao politica: nacionalismo

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am as am bi go es da Ir4 lia de se tor nar um a Gr an de Po-
bre, os politicos apregoar os afr ica nos
a pa rt ic ip ag o ita lia na na dis pur ta pel os ter rit 6ri
ncia. Apresentaram lucros
neo s co mo a so lu ci o par a tod os os mal es soc iai s do paf s. Os
. mediterra
ult ant es da ex pl or ag ao dos out ros pa ga ri am as tao nec ess dri as re formas soclais,
res
pr im a obt ida fo me nt ar ia a ind ust ria liz aga 0. Ne nh um a des sas pro -
ea maréria-
se rea liz ou, o gue ac en tu ou ain da mai s o ci ni sm o do po vo des ilu did o. A
messas
busca de glêrias, tanto como politica externa guanto interna, foi extremamente
onerosa para a frégil nacao.
Antes da 1 Guerra Mundial, a Ir4lia estava profundamente dividida em termos
politicos. Uma onda de greves e o descontentamento entre os campon€s€s serviram
de alerta aos lideres politicos, gue dedlararam neutralidade e decidiram, ao contrd-
rio da Rissia, nio arriscar o abalado regime entrando na guerra. Mas os atrativos
do expansionismo eram fortes demais para gue mantivessem €ssa polirica.

Estados Unidos, 1865-1914

sua san gre nta Gue rra Civ il (18 61- 186 5), tra vad a par a im-
at ie os py
we ref uni do, os Fst ado s Uni dos cam inh ara m par a as hile iras das gi-
Fanie Men
erdie industriais, depois para a condigio de Grande Potência e, ao
O inteig da ae oe a lideranga mundial. |
1Za CAO nos Est ado s Uni dos ass eme lho u-s e, em mui ros
speetos, ag da Fi Ee
ad si dag Eur ope us nao gua lif ica dos e tra bal had ore s rurais
Constitufram
oma gué os " e-obra dos moinhos réxteis da Nova Inglaterra, da mesma
ofereoeu ui van eses € " ee haviam feito na Inglarerra. O governo
“ompeticio sa oa para o comércio, manteve rarifas para afastar a
Ee (so retudo inglesa) e, a exemplo da Gra-Bretanha, nao
Pretende Gra -Br eta nha , o
u regularizar a iniciativa pri vad a. Ta mb ém com o na
ET o ke |

ER 456 Givilizacio ocidental

gue estimulou os empresdrios a assumirem Os riscos de


: ducio em larga escala foi o crescimento de um grande mercado -
N 3 pro.
i mercadorias baratas e padronizadas. O's MoTte- e
americanos, ainda ma; Pan
'a tinicos — talvez por causa do mercado muito maior —
Se dedicarama AUd os bri.
ver maguinas, com pegas padronizadas e permutdveis, due pudess
em, ESENvol.
1

mercadorias de baixo custo. (Eli Whitney, gue


inventou a descarocador
dio, iniciou sua carreira na producëo de a de algo-
pe gas de reposicio para armas
i Porém, ao contrério da Gra-Bretanha, os Estado de Mao)
' s Unidos dependiam de
xo de capital (a maior parte do gual provinha Um aflu-
da Gra-Bretanha) . Esse afluxo
si rinuou mesmo apés a Guerra Civil, guando gr COn-
andes setores d 4 €CONOMIA
americana abandonaram o trabalho artesanal € se v norte-
dustrial moderna.
Ap6s a Guerra Civil, a industrializa 680 norte-
americana ganhou impeto. O
poder da industri nos
a Estados Unidos apoiou-se na explorago dos recursos do |
continente e na expansio da agricultura e do transporte por tod
o o territérig
nacional. Outros fatores fundamentais forama mao-de
-obra barata e os substan-
clais investimentos estrangeiros nas grandes cCorporagbes da
indistria pesada, tais
como mineragio de carvo e fabricag3o de ferro e aco. O gov
erno incentivou a
construgao de estradas de ferro, a regulamentacdo das tarifas e a livre imigra
cëo,
gue contribuiram para a formagao de um gigante industrial na parte nordeste do
pais. For outro lado, porém, o governo adotou uma postura Jzissez-fujre
A urbaniza€&o, com seus concomitantes problemas sociais, acompanhou a in-
dustrializagao. Os politicos norte-americanos eram muito menos indlinados gue
OS €uropeus a apoiar leis sociais, inclusive pensêes e saldrios minimos. No entan-
to, os Estados tiveram menos dispurtas trabalhistas até o final do século. Por um
lado, seus operdrios compartilhavam o sonho do sucesso empresarial muito mals
gue os trabalhadores europeus. Por outro, era dificil desenvolver-se solidariedade
de classe entre os v4rios grupos étnicos, de culturas e linguagens diferentes. Cada
nova leva de imigrantes (e mais tarde de negros rurais) comecava de baixo, ofere-
cendo mao-de-obra barata e compertitiva e sofrendo violentas reagoes de re
colegas de trabalho de outras etnias. Os trabalhadores estabelecidos, jé assim! s
dos, conseguiram proibir a imigra€fo asidtica no final do século, depois dué
oper&rios chineses construiram a ferrovia transcontinental. dope
Na década anterior aA 1 Guerra Mundial, porém, afloraram Os conflicos mi
rariado. De modo geral, os trabalhadores votavam
em um dos dois ae
partidos, mas na eleigao de 1912 mais de 1 milhio deles votaram no cand! ss
socialista. Nem todos esses eleitores eram “forasteiros” ou imigrantes recent ”
gue os contemporêneos supunham formar as fileiras dagueles gue ee
poder monet4rio dos cartéis e monopélios gigantescos. O republicano ee
Roosevelt e o democrata Woodrow Wilson exigiram o controle dos monof ase
Ou trustes. A competic&o desenfreada, gue tornava algumas pessoas ae ;
`@mpobrecia outras, também incomodava Mmuitos norte-americanos, assim €
as réstric6es As organizag6es sindicais.
O Ocidente moderno 457

Em 1914, 0 mercad o norte-americano era o maior, mais homogêneo e o gue


"do crescia em todo o mundo. Os Estados Unidos eram a maior de todas
mais TAP dustriais, produzindo mas ago € carvao due gualguer outro pais.
3s aGoEs Te o lider mundial na fabricagao de automêveis, na tecnologia agri-

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Fram tam ducëo de eletricidade e petréleo. Sua classe trabalhadora era a mas

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RE inha o mais elevado padr3o de vida. Os Estados Unidos haviam con-

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Na pri mei ra met ade do séc ulo XI X, o nac ion ali smo e o lib era lis mo
s lut ara m tan to pel os dir eit os do ind ivi - i

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mao s dad as. Os libe rali

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minharam de
epe ndê nci a e uni fic ag4 o nac ion ais . Os nac ion ali sta s liberais
duo guanto pela ind jy
tav am gue um Est ado uni fic ado , livr e do jug o est ran gei ro, har mon izava-se
scredi
condu-
com o principio dos direitos naturais, e insisdam em gue o amor ao pais
ad
tornou
za a0 amor pela humanidade. A medida, porém, gue o nacionalismo se
mais extremado, sua profunda diferenga com relagio ao liberalismo ficou mais
EE
evidente. O nacionalismo radical do final do século XIX e inicio do século XX
contribuiu para a ] Guerra Mundial e para a ascensao do fascismo apos a guerra;
ele foia sementeira do nacionalismo totalitdrio.
Preocupados exclusivamente com a grandeza do pais, os nacionalistas radicais
rejeitavam a Ênfase liberal na liberdade politica. Censuravam o governo parla-
mentar como um obstdculo ao poder da nagao e defendiam a lideranca autorird-
ria COomo necessdria para atender as emergências nacionais. As necessidades da
nagio, diziam eles, ultrapassavam os direitos individuais.
Esses nacionalistas repudiavam também o ideal liberal de igualdade. Colo-
cando a nagio acima de tudo, acusavam as minorias de corromperem o espiriro
naclonal e glorificavam a guerra como simbolo da determinagao e do arbitrio da
Magao. Em nome do poder e da unidade nacionais, perseguiam as minorias inter-
Ee die Contra as outras nacêes, abragando cada vez mais doutrinas
Mia er ge Fm racistas. Na fundagio da Assoclagao Nacionalista na
proletariade G RA s ideres declarou: Assim como 9 soclalismo ensina ao
ia ase er ge a Me de classes, assim devemos ensinar & [edlia o valor da
pd Oo ie ura internacional significa guerra? Bem, enrao, gue seja
Gnico camink 1on Me desperrard a vonaAe de uma guerra vitoriosa (...) o
emee para encio nacional. | mad
dos insistiam sd polidca com a lêgica das emocêes, OS nacionalistas extrema-
ke em gue tinham a missio sagrada de recuperar os terricorios due

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am na Jda de Méd ia, de uni r-s e a seu s pare ntes de out ras terr as ou
d € domina r sui
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de a0 Fst ado -na s
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locadaa ER j
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as outras elidades. O Estado étnico rornou-se objeto de
gl0sa; as energlas espirituais antes dedicadas ao cristlanismo eram
canali- zadas para o culto do Estado-nac
o.
o
Givilizacdo ocidental

Celebragao da inauguragao da estétua de Hermann (Arminio) no sitio de Teutober


ger Wald.
A Guerra Franco-Prussiana (1870-1871) trouxe unidade para a Alemanha e intensificou os
sentimeEntos nacionalistas. Os nacionalistas alemaes exaltavam as tradicêes e proezas de seus
antIgos ancestrais gue devastaram o Império Romano. Agui se retrata a inauguracso da estftua
erigida em 1875 em homenagem a Arminio, chefe de uma tribo germênica gue derrotou uma
'Topa romana no ano 9 d.C. O nacionalismo alemao, gue se tornou mais intenso nas décadas
seguintes, contribuiu para dar origem 3s guerras mundiais do século XX. Bildarchiv Preussischer
Kulturbesitz

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No inicio do século XX, os conservadores haviam se convertido nos mal$ té”


nazes defensores do nacionalismo, e€ o nacionalismo pregado pelos extremistas
conservadores fora despido dos ideais de Mazzini de liberdade, igualdade e Camé”
radagem entre as nacêes. Os aristocratas proprierdrios de terra, OS generais € 9
clero, apoiados muitas vezes por grandes industriais, viram no nacionalismo UI”
instrumento conveniente para conguistar a adesio das massas 3 sua luta CONU? a
democracia e o socialismo. Defendendo os mitos & sonhos nacionalistas POP ula-
res, a direita radical esperava tirar proveito das energias instintivas das massa em
particular dos camponeses e da classe média baixa — lojistas, funciondrios YS F
de escritério — para as Causas conservadoras. Os camponeses consideravam 9
beralismo e o marxismo como uma ameaga aos valores tradicionais, €nduan” as
camadas inferiores da burguesia temiam o proletariado. Essas pessoas foram TE”
N Eeptivas A rerérica dos ultranacionalistas, aue denunciavam a de mocracia € 0
(

O Ocidente moderno 459

meacas a unidade nacional e os judeus como forasteiros gue


marXD co a nac&o . O nacio nalis mo foi apres entad o como uma vit6ria dd
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vam a €M “oTbirse o materiasalismo € como a SujDeElgao dos interesses pessoais e de
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dasse a0 bem gerl Ada,
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O pensamento Volkish
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ecl almente perigoso na Alemanha.| Os triunfos de Bismarck atr
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alemaes para um mundo de sonhos. Muitos comecaram a ansiar pela am-
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pod er ale mao pelo mun do inte iro. O pas sad o, diz iam eles , per ten cia a

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Franca ea Inglarer

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A expr essi o mai s OmI NOS a do nac ion ali smo ale mao , e um nit ido

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o miti co, foi o con cei to Volk ish ( Volk sign ific a gen te ou povo ). Os pen-
pensam ent
s pro cur ara m agl uri nar o pov o ale mao med ian te um pro-
sadores Volkish alemae
por sua ling ua, suas tra dic êes e sua pdtr ia. Esse s pen sad ore s ach ava m
findo amor
outros
gue os alemaes eram animados por um espirito mais elevado do gue o de
povos. Para tais pensadores, o Huminismo ea democracia parlamentar eram idéias
estranhas gue corrompiam o puro espirito germênico. Com uma devogao fandti-
ca, os pensadores Volkish abarcaram todas as coisas alem4s—o passado medieval,
3 paisagem alem4, o camponês simples, a aldeia — e denunciaram a tradigdo libe-
ral humanista do Ocidente como alheia 4 alma germênica.
O pensamento Volkish atraiu os alemaes assustados com todas as complexida-
des da era moderna: industrializa€ao, urbanizagao, materialismo, lura de classes,
alienag3o. Ao verem sua amada Alemanha transformada pelas forgas da moderni-
dade, os pensadores Volkish ansiaram por restabelecer o sentido de comunidade
gue eles atribufam & era pré-industrial. Apenas pela identificagao com seu solo
sagrado e com as tradig6es sagradas poderiam os alemêes contemporêneos esca-
par dos males da sociedade industrial. Somente entao as diferentes dlasses pode-
“lam juntar-se numa unidade org&nica.
O movimento Volkish teve pouco apoio da classe trabalhadora, gue estava #
e Pd principalmente com a melhoria de seu padr&o de vida- Teve um ape- di '
Eis vo entre os agriculrores e aldeëos, due €ncaravam a cidade industrial cCOmo aid
tee €aGa aos valores narivos e um vefculo para disseminar idéias estranhas;
idee PERE artesaos e lojistas ameacados pelas grandes empresas; entre OS
EE PR de Critores, professores e estudantes, gue viram no nacionalismo Volkish
adifaete AE lems de seu idealismo. As escolas foram agentes destacados para
O as idéias Volkisk.
.. lees Voikish exaltavam as antigas tribos germanicas gue rinham de-
germano ae Romano; contrastavam seus corajosos € vigorosos ancestrals
ANtigas tra EE ie € degenerados romanos. Alguns rentaram harmonizar as
OS alemses "ea re ii germanicas com o crisdanismo. Tais atitudes levaram
rente dosis '- considerarem como um povo heréico, fundamentalmente dife-
gleses e franceses e melhor gue estes, e a encararem a cultura alemê

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como singular, inatamente superior & visio humanista do


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oposta. Os pensadores Volkish, como seus predecessore


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gue o povo e a cultura germanicos tinham um


destino especi al, um
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ca. Acirraram a alma alema contra a intelectuali a MISSE0 dn;


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pirito contra um insipido racionalismo. A tradicéo


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mente possuia ainda seus defensores na Alemanha,


da. 1 DE
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mas a “Ontra-i
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deologia da pen
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samento Vo/kish tornava-se cada vez mais difundida


N
rd.

Os pensadores Vo/kisk sentiram-se especi


VaE
mag kl

almente atraidos pelas d


g

clais. Segundo estas, a raga era a chave-mestra da his outrina ra-


téria, € NO apenas
id

fisicos, mas as gualidades morais, estéticas e int os tracos


rape rand

electuais di `NSUIAM
outra. Para os pensadores racistas, uma UMa raga de
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raca demonstrava seu vigor € cConsum


oe:

grandeza guando preservava sua Pure


za; o casamento entre pessoas de rac
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rentes era uma contaminacao gue


resultaria em decadência genética,

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kl

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militar. 'Tal como seus sucessores nazistas, Os
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pensadores Volkisk declaravam gue


1

a raga alema era mais pura e, portanto, su


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perior a todas as outras. Sua SUperiori-


Tr
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dade revelava-se através de caracteristicas fisi


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cas como cabelos louros, olhos azuis


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e pele clara - indici


os de gualidades interiores ausentes em Outras racas.
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Os nacionalistas raciais alemaes reiteravam due, na gu


1

alidade de raca superior,


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os alemaes tinham direito nacional de dominar outros


POVOS, particularmente os
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eslavos do leste — “racjalmente inferiores” —, de elevar ao nivel de


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verdade objeti-
E?

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va idéias sem nenhuma base real mas gue oferecem explicagêe ab


dr
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s rangentes, e
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€mocionalmente sarisfarérias, da vida e da histêria. Ao fabricar o mito do ju


id
den
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deu
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ki drss

perverso, a direita radical confirmoua percepgao alcangada pelo filéso Ge


dm sg kn

fo orges
N da

Sorel (ver p. 488): de gue as pessoas sao movidas € unidas por mitos gue apresen-
F

de
Oo d
]

tam solug6es simples, claras e emocionalmente gratificantes As complexidades do


mundo moderno.

O antHi-semitismo
Os nacionalistas raciais alemaes selecionaram Os judeus como uma raga pard-
cularmente perniciosa €e uma inimiga moral do povo alem&o. O and-sernirirae,
gue se difundira em fins do século XIX na Europa, fornece um exemplo SR
da perene atragao, poder e perigo do pensamento mitico: 'A ideologia Hoe
racial nos diz gue existem ragas gue lideram e racas gue seguem. A histéria po
dca nada mais é gue a luta entre as ragas gue lideram. As conguistas, sobretu j
sempre sao obras das racas lideres. Seus homens sio capazes de conduistan P
dem conguistar e devem conguistar.”? |
As organizagêes e partidos politicos anti-semitas procuraram privaf OS “De
de seus direitos civis, e as publicacêes anti-semitas proliferaram. Edouar se
mont, um jornalista francês, argumentava gue os judeus, racialmente inte
Crentes de uma religiao primitiva, haviam dominado a Franca. Tal como OS ie
semitas da Idade Média, Drumont acusava os judeus de deicidio e de usar EE
gue cristio para finalidades rituais. O jornal de Drumont (fundado com re€
.jesui
io exsufteptas
jeAE ) culpava os jude
j us por todos os males gue atingiame a Franga, EX jgja SU2
ulso do pafs e predizia gue
e. TÉ,
eles seriam massacrados
EG
TE
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O Ocidente moderno 461

Protocolos dos sdbios de $iao. Essa

GM
infame falsificacéo, encomendada pela

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policia secreta russa, tornou-se um

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VERTE
best-seller internacional, fomentando as

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ofensas praticadas contra os judeus. As

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RESDr
AS
Fe

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organizac6es anti-semitas ainda hoje $

ae
continuam a public4-la e distribui-la.
A figura é a capa de uma edicio francesa
dos Protocolos de c. 1934. The Wiener
Library Londres

A Romênia impediu a maioria dos judeus de ocupar cargos piblicos e de vo-


ar, impondo-lhes virias restricêes econêmicas, e restringiu sua admissao nas es-
colas secund4rias e universidades. O governo romeno chegou inclusive a patroci-
nar um congresso internacional de anti-semitas, gue se reuniu em Bucareste, em
1886. Na Austria de lingua alem, Karl Lueger, um dos lideres do Parrido Socia-
sta Cristao, fundado pelos conservadores nacionalistas alemaes, explorou o
“nti-semitismo para vencer as eleicëes em Viena, predominantemente carélica.
Georg von Schênerer, fundador do Partido Nacional Alemao na Austria, guis
“DIT OS judeus de todos os setores da vida publica.
; A Rissia estabeleceu uma cota sobre o nimero de estudantes judeus admici-
” nas escolas secunddrias e nas instituicêes educacionais de nivel superior, con-
EE T Judeus a certas regiëes do pas &, para purificar a sagrada capital histé-
' Xpulsou de Moscou cerca de 20 mil judeus. Algumas auroridades governa-
€ntais €ncorajaram e inclusive organizaram pogroms (violência praticada pelas
"Mas$as) contra Os judeus. Entre 1903 e 1906, irromperam pogroms em 690 cida-
eie sobretudo na Vcrania, tradicional reduto do anri-semirismo (As
ed va endas folcléricas ucranianas glorificavam os massacres de judeus prati-
ongo dos séculos.) Os agressores pilhavam, gueimavam, estupravam €
,
RE
EER

462 Civilizacio ocidental


Ee E me krEE
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assassinavam, geralmente com impunidade. Na


STAR eri

Ruissiae Vêrios
judeus eram levados a julgamento por sacrificarem, ro
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Crian €4S CrIstas


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um ritual da P4scoa judaica — acusac&o infundada gue
Brei F pr as Eg s,

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de dia.
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O anti-semitismo teve uma longa e


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sangrenta histêria na E
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m letiva e eternamente amaldigoados por rejeitarem EE povo, es-
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cncaravam Os judeus como os assassinos de Cristo — im ales


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indignagio e um édio terriveis, Period


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vam € massacravam judeus,


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guarteiroes tsolados da cidade. c es E


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dieval, gue retratava Os judeus |


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tilizou o solo para o anti-semitismo mode lsiv fer-


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No século KI, sob a égide dos ideais


liberais do Iluminismo e da Revolucëo
Francesa, os Jude
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us COnguistaram igualdade legal em muitos


fe da
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territêrios euro.
BE

peus. Podiam deixar os guetos e participar de mu


itas atividades a gue até entio
nao podiam ter acesso. Sendo por tradig4o um povo urbano, Os
judeus, concen-
trados nas principais cidades da Europa, aprove
itaram essa nova liberdade e
oportunidade.
Motivados pelo intenso desejo gue têm os estrangeiros de prov
ar seu valor, €
apoiados por tradic6es profundamente arraigadas gue valori
zavam a educac#o ea
vi
da familiar, muitos judeus alcangaram impressionan
te sucesso como empres-
rios, bangueiros, advogados, jornalistas, médicos, cientistas, eruditos, atores €
musicos. Em 1880, por exemplo, os judeus, gue constitufam cerca de 10% da
populacio de Viena, contavam com 38,6% dos alunos de medicina e 23,3 do
% s
estudantes de direito naguela cidade. A vida cultural vienense antes da 1 Guerra
Mundial era, em grande parte, configurada por escritores, artistas em geral, mu-
slcos, Criticos e patronos judeus. Com apenas uma excec3o, todas as maiores C&
sas bancirias eram de judeus. No entanto, a maioria dos judeus europeus — Can
poneses, mascates e operdrios —- eram decididamente pobres. Talvez 5 mi
l ou :
mil judeus da Galicia morriam de fome anualmente em solo austro-hunga
ro: *
Muitos judeus fugiam para os Estados Unidos a fim de escapare da mi
m séria de”
sesperadora.
Como outros burgueses, os judeus due eram membros da classe comercial €
profissional gravitaram rumo ao liberalismo. Além disso, sendo vitimas de pe
ls”?
guicêes, eles eram, naturalmente, a favor de sociedades gue fossem co mpromé
Si das com os ideais liberais de igualdade legal, tolerência, regime daleie OpoT runi”
RED LE ss
$ Iguais para todos. Apoiando deciMy:didamente o governo parlamentar 0
€ ro
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O Ocidente moderno

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eram encarados como intrusos

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sao sec ula rizada e atuali-

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cristandade.

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da do mito medieval de gue os judeus estarlam tramando destruir a

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k sustenta-
Numa extraordindria exibig3o de irracionalidade, os pensadores Volkis

Ta

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eus est ava m ass umi ndo o con tro le dos par ridos

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vam gue em tod o o mu nd o os jud

ear
politicos, da imprensa e da economia a fim de dominar o planeta.

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O mito de uma conspirac&o judaica mundial encontrou sua expressio culmi-

ae
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nante na famosa falsificac&o Protocolos dos sdbios de Sido. Os Protocolos toram es-

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critos na Franca, na década de 1890, por um autor desconhecido a servigo da

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polfcia secreta russa, gue buscava justificar as politicas anti-semiricas do regime

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czarista. O falsificador concebeu a histêria de uma reuniëo de anciaos judeus no

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cemitério judaico de Praga. Nesse ambiente ligubre, os anciëos tramavam do-

od
io

TT]

T
minar o mundo. Publicado pela primeira vez na Ruissia, em 1903, os Protocolos
foram amplamente distribuidos apés a | Guerra Mundial e receberam muito
crédito.
Os anti-semitas alemaes viram os Protocolos como uma prova convincente de
due os judeus foram os respons4veis pela eclosso da 1 Guerra Mundial, pela der-
rota da Alemanha e pela revolugio gue derrubou a monarguia no final da guer-
ra. Os propagandistas nazistas exploraram os Protocolos para justificar sua busca
poder. Mesmo depois de comprovado gue os Protocolos eram uma flagrante fal-
ficagio, eles continuaram a ser traduzidos e distribuidos. Para os anti-semitas, o
or " em conspiragio judaica mundial rornara-se um principio integrador;
Spostas sarisfatérias as guestêes essenciais da existéncla.
en ldade Média, os judeus tinham sido perseguidos e humilhados principal-
deed as religiosos. No século XI, consideragoes de narureza nacio-
den dae oi oe a tradicional e enviesada percepgao due os cristaos d-
ra-
vam gue ” de e do judafsmo. Mas €nguanto os Cristaos onheemies acredi
Bio, oe al lante a conversêo, os judeus podiam escapar a maldigao de sua reli-
pp. 4728). afr raclais, due usavam a linguagem do darwinismo social (ver
eternamente 4 ende due OS Judeus estavam indelevelmente conspurcados e
el Mei Toe enados por sua constituiggo biolégica. Sua maldade e falta de
tam de caracteristicas raciais herdadas, gue nio podiam ser alteradas
Givilizacio ocidental

pela conversao. Tal como um deputado anti- semita de


clarou
nunciado ante o Reichstag alemao em 1895: Num dis CUrso
p TO.

Se alguém tenciona designar os judeus em


seu todo, deve fizé-lo com
gue as gualid
#

ades raciais desse PoVo $aE 0 tas gue, com


' -
— "
Pecimen
o passar d 0
Tempo je
0 to de
harmonizar-se com as gualidades raciais dos Pov E
os germdnicos e€hie Hs ie Podem
a
JUK gue ag

AA populagio judaica da Alemanha era mu


ito PEduena: em 1900 era id
da de apenas cerca de 497 mil Ppesso
as, ou 0,95% do total da po Eer
DO626000. Os judeus sentiam orgulho de suas muitas
éconbmica e intelectual alema (n ganedbulde ë
a década de 1930, 30% dos e
mo Nobel na Alemanha eram Judeus), le do "en
consideravam-s e alemêes patrië Ee
achavam a Alemanha um lugar ag tic os
raddvel de se viver — um lugar de re
COMp aragao com a Russia, onde os ju figio em
deus viviam em terrivel pobreza
atagues violentos. e sofriam
As organizag6es e partidos polfticos alemae
s anti-semitas nio conseguiam gue
o Estado aprovasse leis anti-semitas, € por
volta do inicio de 1900 esses grupos
declinaram em poder e Importência politica. Ma
s o dano fora consumado. Na
mente de muitos alemaes, a imagem do judeu como
uma Criatura perversa e pe-
rigosa tinha sido plantada firmemente, mesmo em crculo
s respeitdveis. Foi per-
peruada por escolas, grupos de jovens, pela Associag&o Pang
ermanica e por uma
série de panfletos e livros racistas. No final do séeulo XIX, os rac
istas anti-semi-
tas tinham construido uma fundamentacio ideolégica sobre a gual, mai
s tar-
de, Hirler erigiria seu movimento nazista. Em palavras gue pressagia
vam a figu-
ra de Hitler, Paul de Lagarde disse sobre os judeus: “Nao se deve ter relac6
es com
Criaturas nocivas e parasitas; nio se devem educd-los
e estim4-los: cumpre des-
trui-los t&o depressa e tio completamente guanto possivel.”*
F absurdo, naturalmente, acreditar gue uma naco de 50 milhêes de habican-
tes fosse ameacada por meio milhao de judeus de nascimento, ou gue os 11 mi
Ihêes de judeus existentes no mundo tivessem deliberado governar o planera. O
indice de judeus nascidos na Alemanha era reduzido e o indice de casamentos
com alemaes, elevado, e grande o desejo de uma assimilacio complera na vida
alema. Em algumas gerac6es, a comunidade judaica na Alemanha poderi
a perfel-
tamente ter desaparecido. j
Ao contrêrio das afirmagêes paranêicas dos anti-semitas, os judeus alema€s
bem como os gue viviam em outras partes da Europa, nio tinham na verda "
guase nenhum poder. Raramente se encontrava algum judeu nas esferas dirige'”
tes do governo, do exército, da administraga0 civil ou da indvistria pesada oe i
RAT
irlam provar os acontecimentos, os judeus — sem exército, sem Estado e VYE”
smAE lu ga
d
re s o n d e m u i t o s os d e s p r e z a v am — eram o mais fraco dos povoS: Me,
Een,
ai
ispicos raciais, convencidos de gue estavam travando uma guerra de aur0
TR , -
Aarde
h.
O Ocidente moderno 465

sat &ni co, er am ref rat dri os a ar gu me nt ag ao rac ional. Os anti-


imigo
Mo mm se n, o gra nde his tor iad or al em ao do século
declarou Theodor
“a rg um en to s lég ico s e dti cos (... ) Da o ouv ido s ape-
Y. nao davam ouvidos aos a para
XI, io édio e inveja, aos instintos mas vis. Nada mais import
dir eit o ea mor al. Ni o se pod e inf lue nci d-l os (... ) [O
dos 3 razëo, ao
des. 930 UIE
.
horrfvel epidemia, como a célera — nio se pode explicd-la
emitismo] é uma

O nac ion ali smo raci al, um dos prin cipa is ele men tos da vida inte lecr ual do sé-
a trad icso ilum inis ta. Os naci onal ista s raci ais nega -
culo XIX, aracou
e solapou
tole rênc ia, rep udi ara m a idéi a da uni dad e entr e
ama isualdade, desprezaram a
fize ram do mit o e da supe rsti gao forc as vita is na vida polirica.
os seres humanos e
cia para con den ar € conv erte r em dem @ên io o
um pov
Distorceram a raza o € a ciën
e pers egui c6es . Apr ese nta ram uma ideo logi a ra-
nteiro € justificar humilhag6es lis-
de 6dio irra cion alid ade, com o algo virt uoso e idea
dal perigosa, impregnada
as pess oas, entr e elas a elite e os letr ados , ten ham acei tado
a.O fato de gue tant
s raci onai s, foi um sina l ago ure nto para a civi liza gao ocid enra l.
sesas doutrina
enci ou a debi lida de da trad ic&o raci onal do Ilu min ism o € dem ons tro u gua o
Eyid
suscerfvel é a mente a mitos nocivos e com gue facilidade o comportamento hu-
mano pode degenerar em desumanidade.

i
#!
A emergência do novo imperialismo

TE
d.
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A Segunda Revolucëo Industrial coincidiu com uma era de imperialismo,

ET]
guando os Estados europeus (e os Estados Unidos) estenderam sua hegemonia

MT
sobre grande parte do globo. Por gue os ocidentais se empenharam em reivindi-

RA AE
car € controlar guase o mundo inteiro?

AE
EA AR
Causas
ala

lessies sugerem gue o 20v0 imperialismo (para diferencid-lo do


LOT] GE

ol
N

XVID & ' ee Pere e comércio due Aloresceu entre os séculos XVI e
e

ase resulctado direro da industrializagao. A medida gue se intensifica-


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prinnes, Me s ea competic&o econêmicas, os europeus dispuraram maté€rias-


'
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capital. No £ aa Ese produros manufaturados e lugares onde investir seu


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o século XDS, muitos poliricos e industriais acreditavam guea


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garantir as necessidades econêmicas de suas nages era a adgul-


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si€i0 de ere
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OS uitramarinos.
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ad.

. EL OAR NG ie SUas ads Es nao conseguissem assegu-


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novos impéries nos mercados mundiais, os capirfies da industria defenderam os


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ha.”
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vezes relurantes.
OE OR

€ compatrioras, mulras
EET

Was EXDeerarE perante sEus BERIG


D

pectativas, porém, com fregiiëncia nio se materializaram. Os historiado-


Tes 1OFi das regiëes
“Pontam p para o fato de gue gue a maioria jê recdlamadas pelos europeus
EE

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BLIOTECA POBLICA MUNICIPAL


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SE ER Pe. ARLINDO MARCON |


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Di 466 Giviltzacio ocidental

e norte-americanos nao possuia fontes lucrativas


de de matéria-prima
ciente rigueza para constituir bons mercados. Para os CUrOpeuse eie suf.
ig nos, as principais dreas de investimento e comérci er
ie | Unidos, no a Asia ou a Africa. Algumas empresas individua;
coloniais, mas a maioria das colênias revelou -se desvan
tajosa
tes ocidentais.
As motivag6es econêmicas do im
perialismo so INsepardveis de Um
fundamente nacionalista: o dese a razê O Dro.
jo de CONg uIstar glérias Para a nagëio.
manha e na 'Ir4lia re
# i
,

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' cém-unificadas, os nacionalistas exig
-
-
-
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!

14m colênias em reco-


d Gr

nhecimento 3 condicso de seus pais


es como Grandes Potências. Conven
gue a posicio da Gra-Bretanha depe
Moe — cidosd
ndia das colênias e do poderio nava
. A .
ë
`
i l gue ”

'.Apêsa inglêria de
-

rro.
tENGAO para além-mar
esperando recuperar algum prestiglo € au
mentar sua rigueza e forca de trabalho
para as futuras luras européias. Durante
algum tempo, a COMPetiE3o entre os
europeus levou-os a estender suas lutas de poder até
a Africa ea Asia.
Com sua imagem de vitalidade nacional e de COMp
etigdo entre os capazes e os
incapazes, o darwinismo social foi a mais €xtrema €Xpr
essao ideoldgica do nacio-
nalismo. Os darwinistas sociais defendiam vigorosame
nte a aguisicio de impé-
rios, argumentando gue as nag6es fortes — por defi
nicëo, aguelas gue eram bem-
sucedidas na e€xpanséo industrial e imperial — sobreviveriam, e as out
ras nio. Para
esses elitistas, todos os homens brancos eram mas Capazes gue os nao-branco de
s
vencer a luta pela dominagao, mas entre as nac6es européias algumas eram con-
sideradas mais aptas gue outras 3 competicdo. Os darwinistas sociais na0 se sen-
ram embaragados pelo fato de seus argumentos serem flagrantemente racistas.
Na mentalidade popular, os conceitos evolucionistas justificavam a exploragio
sem lei das espécies menores” pelas racas superiores. Essa linguagem de raga€
conflito, de povos superiores e inferiores, foi amplamente utilizada, sobretudo na
Alemanha, na Gra-Bretanha e nos Estados Unidos. o
Contudo, nem todos os defensores do império eram darwinistas soclals. Al-
guns acreditavam gue a extensio do império, da lei, da ordem e da elvilizagi
dustrial aos “povos atrasados” iria fazê-los galgar os degraus da evolugdo € yo
lizag3o. Muitos ocidentais consideravam gue era seu dever, como Crista0$, F
exemplo e educar os outros. Os missiondrios foram Os primeirosa nood
rios povos € aprender sobre eles, e também os primeiros a desenvolver uma € d
ta para agueles gue nao tinham linguagem escrita. Os missiondrios ie -
seram-se com veemência A escravidao, e ao longo do século andaram eed
gies inexploradas da Africa pregando contra a escravidao, gue ainda era P
da por mercadores drabes e africanos. Muitos deles, porém, achavam RR
pêr fim 3 escravidao, os europeus tinham de prover lei, ordeme esablid?
A paix3o pelo imperialismo foi inflamada, em parte, pelo interesse por
s ot red ex6ticos. No fim do século XVIII e intcio do século XIX, as expedigoes do €XP 3
, Ed ac Or. escoCcés Mungo Park pelo T1O Niger, na Africa ocidenral, estimul
oer EF ARE AG EE NG EedAE
1

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O Ocidente moderno AG67

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ac zo romAantica. As explorag6es de David Livingstone, na bacia do Con-

ser

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jmaginRichard Burton € John Speke (gue competiram entre si e com Livi
ngs-

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fasc ina-

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Nilo ), no fina l da déc ada de 180 0,

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see a epcontrar a nas cen te do rio
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gual o dirigente local continuava a governar, mas era dirigido, ou proregido ,
por uma Grande Poréncia, Foi assim gue os ingleses controlaram o Egio ap6s
1882 e conservaram a autoridade sobre seus subordinados principes indianos, e
assim gue a Franga preservou a Tunisia. Havia também esferas de influência, nas
guais, sem controle polftico nem militar, uma nagso europdia tinha privilégios
legais e comerciais negados a outros europeus. Na virada do século, os russos € OS
britënicos dividiram a Pérsia (Ir3), reconhecendo cada um a esfera de influência
do outro —a da Russia no norte e a da Gri-Bretanha no sul.
Em algumas nac6es nêo ocidentais, as autoridades governantes concederam
extrarerritorialidade aos europeus, ou seja, o direito dos estrangeiros de serem jul-
gados segundo suas préprias leis em outros paises. Com fregtiëncia, também, os
“uropeus viviam uma vida privilegiada e segregada, em guartéis, clubes e serores
'nteiros de territérios ou cidades estrangeiros, nos guais nao se permiria gue os
nativos se instalassem.
Muitos nao europeus resistiram, de v4rias maneiras, & penetragao econêmica €
20 controle politico dos norte-americanose europeus, € o préprio processo de re-
Isténcia forjou sua histéria € sua autoconsciëncia. Essa resistência tornou-se uma
declaragao de identidade tanto nacional guanto individual, e as vezes podia ser
ad, Entre os muitos exemplos de resistência violenra incluem-se a guerra
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# oe ee sudaneses — liderada pelo madi Mohammed Ahmed re


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Ch ons Mi os agentes dos incrédulos europeus —, a rebeliao os boxers


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um came ” eg ta dos sipaios na India. Alguns opositores, parle, ma


mega do erente. Imbuidos também de forces senrimentos ge
povo, ch # gm ocidental lutando para fortalecer o nacionalismo de seu
oë dente o Ps ie a fregtientar universidades, escolas militares e€ tabricas
arlal Neh ” e dominar sua avancada tecnologia. Mohandas Gandhi, Jawa-
, sun Zho ngs han (Su n Yar -se n), Jia ng Jies hi (Chiang Kai-shek) e
Muis st 2pha Kemal Ararirk
Mi ,
foram os lideres mais famosos da resistéência naciona-
4 a0 Ocidente.
468 Givihzacio ocidental

A dominacao européia da Asia


A influência ocidental na Asia expandiu-se durante as déca
das de meEados dy
século XIX. O crescente contato com as idéiase Instituicëes
do
um profundo impacto sobre as sociedades asidticas.

Jndia
Na dlrima parte do século XV, a Companhia das fndias Orien tals britênicg
rornou-se um poder territorial na India. Obteve o controle faz
endo aliancas Com
principes rivais, @xercendo o comércio e coletando IMP
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exércitos de sipaios (soldados nativos). O Parlamento regulamen


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sipalos, em 185/-98. (Os indianos chamam de Grande


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de resisténcia.) Esse importante levante popular aljou sol


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a ajuda das tropas fiéis do Punjab, os britênicos sufocaram a rebeliëo. A tevolg
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levou o Parlamento a abolir a Companhia das fndias Orientais€ iIncorporar a


India ao império britênico. Os brit&nicos governavam alguns estados através de
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principes subordinados, mas cerca de dois tercos do subcontinente eram dirigi-


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dos diretamente por cerca de mil autoridades britênicas do servico civil.


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A principio, o servigo civil era composto inteiramente por funciondrios brid-


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nicos, convencidos da superioridade de seu povo, lei e sociedade. Mais tarde,


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uma elite de indianos com formagao inglesa e treinados em administragio pas-


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Punjabis—, executavam as leis britênicas, acrescentando a elas suas interpreragoes


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costumes e tradicêes. Por volta de 1900, um servico civil de 4 mil europeus €


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meio milhao de indianos governava cerca de 300 milhêes de narivos, represen-


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rando guase 200 grupos lingtifsticos e diversas religiëes, racas e culturas. Sob o 1m-
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perialismo brirênico, o subcontinente ganhou certa unidade politica, uma elite


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de formag&o inglesa e um foco para sua insarisfacao: o ressentimento COMUI


contra os britAnicos.
Os britênicos construiram um moderno sistema ferrovidrio e de comuni”
GOes e desenvolveram a agricultura e a indudstria de modo a atender as necessida
des do mercado mundial. Ligando as 4reas de excedentes alimentares, as estradas
de ferro reduziram a incidência eo impacto das crises locais de escass€Z, guc har
viam assolado a histéria da fndia. O dominio britênico também pês fim ge”
ra e aos disturbios internos. A populagao cresceu, pois menos pessos made
de fom e e mui ras vid as era m sal vas pel as pri tic as méd ica s oci den tai s. Con tud?:

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470 Givilizacio oridental

muitos estudiosos da histéria acreditam gue as massas


Indianas n
ram do progresso econêmico, pois nio cONSEgUIam AO
pagar as se benefie,.
pelos senhores de terra. Além disso, os britênicos Uantias Exigida.
inundaram o :meErc
com as baratas mercad orias inglesas, produzidas por méguinas ado in
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tesaos nativos dos negécios ou afundando-os ainda ma Exdluind,
i em di vidas .
OS ar-
O racismo gue excluia a elite indiana dos clubes,
horéis € rEUNI
tanicos, bem como das altas POoSic6es governam Ges so; als bri-
ent als, alienou o
dominio britênico havia criado. Muitos membroe d s lideres gue
a antiga elite de
senhores de terra, gue se beneficiaram talvez das re lac6e Prinepes
s com os britêni
sentlam-se da falta de respeito pelas tradicëes ee c ul cos, reg.
tura indi
anas. Na déeada d
1880, os indianos instruidos, exigin e
do igualdade e AUtONOMIa, Criaram
gresso Nac o C On-
ional Indiano. O partido do Congresso acabou organizando as Ee
indianas para trabalhar em favor da independência. sas
Em 1219, em Pparté como resposta a agitag&o
e em parte como recompensa
pelo lea l servico indiano durante a | Guerra Mundial, os britênicos concederam
2 India uma assembléia legislativa, representa
ndo guase 1 milhio das 300 mi-
Ihêes de pessoas do subcontinente. Mas
a Gra-Bretanha outorgou poderes limi-
tados a €ssa assembléia, retendo ela prépria a maior parte
deles. Enguanto isso, a
aBlraG40 € a Inguietag&o tornavam-se cada vez mais inte
nsas. No mesmo ano de
1919, em Amritsar, no Punjab, um oficial britênico ordenou du
e suas tropas gur-
kras atirassem contra uma manifestaco pacifica aré gue se esgotass
e toda a mu-
nIGA0; 379 indianos morreram e 1200 ficaram feridos. Entre as vitimas hava
mulheres e também criangas. O governo puniu o oficial, mas a comunidade bri-
rênica na India ofereceu-lhe um dote, honrando-o pelo gue tinha feito. O mas-
sacre € o comportamento dos ingleses incitaram os indianos & acio — indusive
agueles gue haviam apoiado o dominio britênico e defendido a autonomia den-
tro do império.
Foi nesse perfodo de efervescëncia gue surgiu o moderado, mas resoluro lider
revoluciondrio Mohandas K. Gandhi (1869-1948). Liderando a resisténcla a9
odioso sistema de discriminaco racial enfrentado pela comunidade indian ie
Africa do Sul, Gandhi desenvolveu, no processo, uma doutrina de desobediëncia
civil e resistência pacifica. Acreditava gue o poder do amor ea pureza espiricual
finalmente destronariam o domifnio britênico na fndia. Sua mensagem de eleva
CAo espiritual foi também uma inteligente tirica politica. Gandhi exortou # die
tindiana a abrir mao dos privilégios distribufdos pelos britênicos e renunclar ?
Cargos, d boicotar ds escolas britênicas e todas 2s mercadorias estrangeiras. Reun lé
o apoio das massas com a “marcha para o mar”, uma recusa macicaa pagar d
tos sobre o sal. Ouando aprisionados, Gandhi e seus seguidores faziam j
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ganhar disciplina espiritual. Essa tAtica também ameacava os britênicos, pot md
lideres presos morressem de fome, mais distirbios civis poderiam eclodir M
enfatizar o boicote aos produtos €strangeiros, Gandhi fiava algodao e tedl? rouP ë
nativas simples. Pela independência, ele estava disposto a sacrificar inclusivé
padréo de vida superior gue a economia industrial poderia tra
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OS Gra-Bretanha e a fndia — realizagio gue muitos creditam & forga da

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o 6pio indiano gue estava sendo negociado pela Companhia das ndias Orien-

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tis, os britênicos afirmaram agressivamente seu direito ao livre comérclo e exigi-

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am indenizacao. Na guerra gue se seguiu, a Gra-Bretanha ocupou vdrias cidades

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comerciais ao longo da costa, inclusive Hong Kong, e os chineses se renderam.

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No tratado de Nanguim (1842), os britênicos insistiram em estipular as rarifas

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gue os chineses poderjam cobrar deles. Além disso, os stiditos britênicos na Chi-

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na teriam o direito de serem julgados segundo sua prépria lei (direito de extrater-
ritorialidade). As duas determinacêes minaram o controle do imperador sobre os

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estrangeiros em seu pais.

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A derrota na guerra também forcou o imperador a mudar de aritude. Ele esti-

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mulou os mandarins chineses a revitalizarem a burocracia manchu, eliminando
grande parte da corrupco oficial, gue onerava pesadamente os contribuintes
mais pobres, e fortalecendo a China contra os ocidenrtais, as vezes contrarando
€stes para treinarem os exércitos chineses. Contudo, o descontentamento econo-
mico disseminado, o édio aos manchus (gue muitos chineses consideravam como
“Onguistadores estrangeiros, embora a conguista tivesse acontecido cerca de 200
“NOS antes) e o misticismo religioso levaram & rebeliso Taiping de 1850-1864.
Esse levante ameagou seriamente a dinastia, gue com a ajuda dos ocidentais con-
'“Bulu reprimir os rebeldes. Por essa ajuda, Franga e Gra-Bretanha extorguiram
“ONcessêes adicionais do imperador.
oe ic tempo, os €uropeus pareceram sarisfeitos com seus dd
Wi e cidades licorêneas e com o tratamento preferencial dado a seus d
EE k uerra Sino-Japonesa de 1 894-95, gue os japoneses venceram facll-
Brug in adueza Chinesa, esrimulou OS €uropeus a murilarem a China.
'Oradose Ee di Russia € Alemanha dispuaram entre si concessêes, ee
mas ada eras oe A China poderia ter sido retalhada como : rica,

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polidca de “Portas Abertas”, ou seja, gue o comércio deveria ser aberto a

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472 Givilizacio ocidental

todas as nagOes e gue as Grandes Potências deveriam


TESpeitar a inte
ritorial da China. A acao norte-americana pode ter restringid
oa part Sridade ter.
na entre as poréncias ocidentais, mas foi também uma fo 1lha da Os.
rma de N
reresses dos Estados Unidos naguele pais. “BUTar os in.
Os tradicionalistas chineses organizaram sociedade $ SE
CTEtas para
estrangeiros e punir os chineses gue aceitassem o CrI “X
Stjanismo ou gual pulsar os
forma de ocidentalizacao. Em 1900, cncorajados pela imperatriz Th OUtra
ciedade dos Punhos Justos e Harmoniosos (gue os €uropeus chamavam Et a So-
j atacou OS estrangeiros instalados no norte da China. Um exército ee
f de europeus, japoneses e norte-americanos sufocou a rebeliëo, apo Re
tesouros chineses e obrigou a China a pagar uma inden
1Zagao. Aldm disso, a Chi.%
na teve de concordar com a presen
ga de tropas estrangeiras estacionad
territério. as em se
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dui€tagao € a Oposigao nacional , bem como a in.
ista aos estrangeiros. Ouando os Japone
(Aram OS russos em 1205, muitos chineses argument ses derro-
aram gue o tinico modo de
proteger seu pais era imitar o Ocidente,
tal como fizeram OS japoneses. Houve
muitos indicios de crescimento do nacional
ismo. Em 1911, revoluciondrios na-
cionalistas, numerosos entre os soldados, trabalha
dorese estudantes, destronaram
a dinastia manchu e proclamaram uma republica. Sun Zhon
gshan (Sun Yat-sen,
1866-1925), gue se encontrava nos Estados Unidos guando a revolu
g&o irrom-
He peu, retornou a China para tornar-se o primeiro presidente da repiblica
e chefe
Hd] do partido nacionalista.
Abracando as idéias ocidentais de democracia, nacionalismo e bem-estar $o-
's cial (os trés principios dos povos, como Sun os chamava), a repiblica lutou para '
h estabelecer sua autoridade sobre uma China dilacerada pela guerra civil e devas-
| rada pelos estrangeiros. A Russia tinha pretensêes sobre a Mongolia, ea Gra-Bre,
Vg tanha reclamava o Tibete. Os chefes guerreiros do norte, gue eram lideres regio-
ii nals com exércitos privados, resistiram a todas as tentativas de fortalecer o skies
R to republicano, pois isso poderia diminuir seu poder. No sul, porém, a art
Vi manteve um certo controle. Apés a morte de Sun, o Guomindong Ee
ss sob a lideranca autoritdria de Jiang Jieshi (Chiang Kai-shek, 1887-1975), ten s
' ocidentalizar o pais, usando a forca militar do Estado e introduzindo ao ;
de um sistema econêmico moderno. De
frontado, porém, com a guerra N Go
sofrendo atagues tanto da direita guanto da esguerda comunista ea,
Mao Zedong (Mao Tse-tung), 1893-1976), bem como dos japoneses apos ma
o Kuomintang pouco avangou. A China, dividida, continuou & mercé dos!
resses estrangeiros aré depois da IT Guerra Mundial.

Japdo

A exemplo da China, z abriu-se AR. ao Ocidente a CONLragosto. sy século
o Japao ee
EA XVII, os japoneses haviam expulsado os €uropeus, permanecendo isola " i 2
er IE duzentos anos seguintes. Na década de 1850, porém,
tal como aconte€
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O Ocidente moderno 473

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Comodoro Perry e a esguadra norte-americana encontrando membros da comissao imperial

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japonesa em Yokohama, 1854. No ano anterior, o comodoro Matthew Perry abrira o comeércio

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do Japao ao Ocidente, contrariando a vontade dos japoneses. Com a Restauragio Meiji de 1867,

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um forte governo central impulsionou o Japao a tornar-se, por volra de 1900, uma das dez nacoes

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industriais. A expansao imperialista do Japao acarretou conflitos com a China, Russia e as

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poréncias imperialistas ocidentais. Culver Pictures

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India e na China, a dissensao social dentro do Japio e a pressao estrangeira com-

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binaram-se para forcar o pais a admitir o comércio externo. Os norte-america-

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“OS, em particular, recusaram-se a aceitar as proibicoes japonesas aos contaros EE Ee

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“omerciais € religiosos. Como a China, o Japao sucumbiu ao poderio tecnolégi- T

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“2 Superior. Em 1853, o comodoro Matthew C. Perry desembarcou na baia de


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%du10, fazendo uma demonstracio da forca norte-americana e obrigando os ja-


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es a assinarem intimeros tratados garantindo aos ocidentais extraterritorta-


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dade e controle sobre as tarifas.


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de “n onda de violência varreu o Japao. Decidido a preservar a independência


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Wees Pd de samurais — a nobreza guerreira — romou o governo. A Res-


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" Mer e 1867, como ficou conhecido esse episédio, devolveu o poder
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ee or (ou Meiji), retirando-o da aristoeraca feudal, gue governara em


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duase 700 anos. O novo governo pês em vigor uma série de refor-
se

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da
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ss ie De o Japao num poderoso Estado unitdrio moderno. Os gran-


toes de n le form persuadidos a ceder suas propriedades ao imperador, em
ig " enizagoes alcos Cargos no governo. Todas as classes passaram a ser
Ore P ante a lei. Como na Franga e na Alemanha, o servigo militar universal
U-se obrigarério, diminuindo os privilégios sociais e contribuindo para
474 Givilizacio oridental

incutir o nacionalismo nos japoneses de to


das as classes. O Japao elaborou
constituig&o tendo como modelo a de Bism
arck- havia u m
imperador retinha amaior parte da autoridade, gue ele par! *MENto,
P ua
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para governarem em seu nome, sem muito co delegava aos MInistro
ntrol parla mentar.
O regime Meiji introduziu a COmMpetica
o industrial ee
Japoneses visitaram fébricas em todo
o Ocidente e COntrataram
cnsinar-lhes técnicas industriais. O governo,
a ex€mplo da Europa oeldentais para
CENtral e ou; &
tal, construiu industrias de defesa,
apolou a indistria pesada e
desenvolveu um moderno sistema
de cOmunicacêes de ferrovias,
3 MINEragso
grafos. Adotando valores naclonais CStradas e tels.
tradicionais, a induistria japon
COOperagao mas gue a competicio; as rel €Sa Enfatizava,
ag6es entre o patrio
eram pat
ernalistas, nio individualistas, e res CO “Mmpregado
peitosas, em vez de h OStis. Em pouco
mais de uma gerac&o, a Restauracio Meij
i tirou o Japao do atras 0 ECONÊMico
colocou entre as dez primeiras nac6es industriais. Para eg
dos, o Jap&o tornou-se um modelo de os paises subdesenvoly.
nagao gue emprestava do Ocidente mas
preservava seus valores tradicionais e sua
estrutura social.
Por volta de 1900, o Japao se livrar
a dos humilhantes tratados com
te e se tornara ele préprio uma potência o Ociden-
imperialista. Depois de cOnguistar Taiwan
e Coréia em suas guerras contra a China, em
1894-95, os japoneses foram forca-
dos, gragas & intervencso das Grandes Potëncias,
a devolver alguns espélios da
vitéria, enguanto elas préprias aumentavam suae
esferas de influência na desam-
parada China. Essa manobra interesseira das nagbes oc
identais deixou os japone-
ses furiosos. Finalmente, em 1904, o conflito de influência na
Manchuria levou
Japao e Russia a guerra, € os Japoneses venceram. A vitéria de um
a porência asié-
tica sobre uma potência ocidental teve um tremendo impacto sobre os nac
iona-
listas asidticos. Se o Japao conseguira unir seu povo com naci
onalismo é Urna li
deranca forte, outros seriam Capazes de fazer o mesmo. O triunf
o japonés 1nspi-
rou movimentos nacionalistas e antiocidentais em toda a China, Indochina, In-
dia e Oriente Médio.
De gue maneira o Japao exerceria seu poder duramente conguistado ge
duestao sem resposta, no periodo gue se seguiu & | Guerra Mundial. Na Me
de 1920, a prosperidade econêmica fortaleceu a classe média € aumentou , ET
portancia da classe trabalhadora, reforcando as instituicêes ewesiee er
Japao dependia do comércio externo, de modo gu
ea Grande Depressao ' de
represen tou um duro golpe para a nagao, pois todos os
principais Estados pe vi
seram tarifas ao seu comércio. A depressao enfragueceu os elementos du€ € ed
bufam para a paz, a estabilidade e a democracia no Japao e deu forga aos d Ta
fascistas € milicaristas, gue estavam aferrados ao impe
rialismo na Man
China. Para os asidticos da década de 1930, o Japao pa
recia defe
racial na Asia e opor-se ao imperialismo ocidental. Muitos liderends erde a mo1guV' ER
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tos nacionalistas na Birmania, India, Indochina & Indonésia sendiram-sé P os
gum tempo atraidos pela postura do Japêo. Mas, na HI Guerra Mundial, od
Japoneses trouxeram aos asidticos foi OCUPaGao e exploragao, nao lib
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476 Givilizacdo ocidental

A disputa pela Africa


A expansao européia mais ripida acon
teceu na Africa. Aré a déaa
o interesse das Grandes Potências na Afri
ca parecia secund4rio e 'NclAda de 187g
minuir ainda mais. Em 1880, as nac6es €urop€élas domi inadg 2 di
navam
mo do continente. Somente três décadas depois, por
volta de 19“A
14p€na s Um dér.
reivindicaram toda a Africa, exceto a Libéri , OS €Uropeus
a (um PEAUueNO territér;
libertos provenientes dos Estados Unid ode ESCravos
ET o i : os) ea Abissinia (Etiépia), dué COnsegu;
ra repelir os invasores italjanos em Adua, em 1896. Sepui-
“Bul
As atividades de Leopoldo IT, rei da Bélgica,
estimularam a eXpansio. E
1876, num empreendimento privado, ele
formou a Associacëo Internacions
para Exploragao e Civilizaco da Africa Ce
ntral. Leopoldo enviou Henry Stanle
(1841-1904) 2 bacia do rio Congo para esta
belecer Posto $ COMETCIais, as ”
tratados com os chefes e recdlamar o sinar
territério para a assoclagao. Aventu
pêrrer de jornal, Stanle reiroe re-
y lutara nos dois lados da guerra civil nort
liderara uma expedicso 4 Africa central em busca e-americana
de David Livingstone, o fimo-
so explorador missiondrio, gue se acreditava est
ar em perigo. Para homens como
Stanley, os esforcos privados de desenvolvi
mento de Leopoldo prometiam lucro
e aventura; para os africanos, prometiam cruel explorac
ao. Os franceses reagiram
as agbes de |eopoldo estabelecendo imediatamente um protetora
do na margem
norte do Congo. Tinha inicio a dispurta.

A conferência de Berlim
Em 1884, Bismarck e Jules Ferry, primeiro-ministro da Fran€a, convocaram
uma conferência internacional das Grandes Potências em Berlim, a fim de esti-
pular algumas regras b4sicas para o desenvolvimento do sul do Saara. A confe-
réncia de Berlim determinou gue, para reclamar um territério, um pas europeu
rinha de ocupd-lo. Isso desencadeou uma louca corrida para o interior da os
da gual muito se beneficiaram os exploradores e soldados. Na pressa de relvin ri
Car terricorios, os europeus ignoraram as fronteiras culturais € narurais. ie
hoje, o mapa da Africa exibe muitas linhas retas (e portanto artificiais), em lug
das linhas irregulares de fronteiras naturais tais como rios € montanhas. di
A conferência decdlarou gue Leopoldo (como individuo, e nio como ae
Bélgica) era o governador pessoal do Estado Livre do Congo. Desde od om
po antes, a Associagao do Congo de Leopoldo estava tentando obrer Ve ,
atividades corruptas como as dos mercadores de escravos africanos. Na vir
m fre”
século, o humanitarista inglês Edward D. Morel reuniu
provas de gue EI” a fim
giientes as praricas de escravizar, mutilar, brutalizar € assassinar os negro$:
de obrigé-los a trabalhar nas plantacêes de borracha do Congo. Em Ee erité-
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20
osra

cdamor da opiniëo piblica, em 1908 o parlamento belga declarou es


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rio como colênia da Bélgica, pondo fim 8 iniciativa privada de Leopoldo:


O) Ocidente moderno 477

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Batalha de Omdurma, 1898. Essa pintura a éleo romantizada retrata os lanceiros britanicos
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baulha de Omdurma de maneira heréica. Os fundamenralistas islêamicos gue seguiam o madi em

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suas tentarivas de expulsar os egipcios e britênicos do Sudao foram massacrados em 1898 pelo

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general Kitchener. Onze mil dervixes foram mortos, enguanto os britinicos sofreram poucas

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baixas. Pinturas como esta sacjavam a fome de heroismo das pessoas e a sede pelos lugares exoricos.

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Eileen Tweedy/F. T. Archive

Os ingleses na A frica
Durante grande parte do século XI, o interesse britênico na Africa foi muito
reduzido. A inaugurac&o, em 1869, do canal de Suez, gue a Gra-Bretanha conside-
rava um caminho vital para a fndia, aumentou incrivelmente o valor estratégico do
Egito. Sendo oficialmente parte do Império Otomano, o Egito na verdade se tor-
nara independente do sult&o otomano desde a década de 1830. Ouando o pais, a
eina da falência, nao conseguiu pagar suas dividas externas e foi ameagado por re-
beliëes internas, a Gr-Bretanha interveio como “protetor”, em 1882. O primeiro-
“Unistro Gladstone, um “inglesinho” (aguele gue se opunha ao império), prome-
aam

'Cu retirar as tropas britinicas assim gue a situa€3o estivesse estabilizada. AE |


Os brit8nicos nao sê permaneceram no Egito, como avangaram mas para o se
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di si dirego 20 Sudao, para subjugar uma guerra sanra mugulmana contra a


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"dade egipcia e a influência britênica. Em 1885, os sudaneses, liderados


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“EI0 elo madi,mad; gue viam como o sucessor de Maomé, tomaram Cartum e mataram o
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ie Ed Charles Gordon, gue fora recentemente nomeado governador-


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os mucu udao, Em 1898, os britênicos, armados com metralhadoras, dizimaram


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nee ee a cavalo, em Omdurma. As baixas registradas foram de 11 mil


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oda, no Sudao. Na crise diplomdtica gue se seguiu entao, Gra-Bretanha


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478 Givilszacio ocidental

# ' e Franga estiveram prestes a guerrear, e as paix


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porém, a Franga estava muito dividida internam “nt por ca nflamar
usa de C Am. Comg
para arriscar-se a uma Juta final com a Gra- Bretanha,
Oo gabinete tr “or Cyfus
a retirada. an

Os britanicos também buscaram territêrio na Africa do


Sul. Cegs
(1853-1902), gue em 1870 fora para a Africa do Sul de
vidoa p ” Rhode
de e lé fizera fortuna em diamantes e ouro,
de sad.
britênico. “Os britênicos”, declarou ele, “so
a melhor raca do
j mais partes do mundo habitarmos, melhor serd pa
jo raa raca hu
o responsével pela aguisicëo da Rodésia (Zimba
bue), territério rela
Vi grande e rico, para a Gr&-Bretanha. Também tivamente
tramou Pp ara Envolver a
nha numa guerra com os boëres, agricultores Gr#-Breta.
€ pecuari stas holandeses Ju
viam estabelecido na Africa do Sul no século XVIL e se ha-

sak
Durante as guerras napoleênicas, os
britênicos CONguistaram a Cidade do

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Cabo, na extremidade meridional da Africa

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, um valioso lugar de abastecimento

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para os navios mercadores com destino

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3 fndia. Desprezando o dominio britêni-
co € recusando-se a aceitar a abolicio da escravid&o pe
los ingleses em 1833, os

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boëres deslocaram-se para o norte, numa migragio

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conhecida como Grande Jor-

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nada (1835-37), guerreando com tribos africanas ao long
o do caminho. Funda-
ram duas repiblicas — o Transvaal e o Estado Livre de Oran
ge —, cuja indepen-
dência a Inglaterra reconheceu na década de 1850. As préticas demo
crdticas das
reptiblicas no se estendiam aos africanos negros, privados de direitos politi
cos.
Em 1877, os britênicos anexaram o Transvaal, mas a resistência dos bêeres for-
€OU-OS a noVamenrte reconhecer a independência do Estado em 1881
. |
A descoberta de ricos depêsitos de ouro e diamante nas terras bêeres intensif
cou o sonho de Rhodes de construir um grande império britênico na Africa. Em
1895, seu amigo fntimo Leander Jameson liderou cerca de 600 homens armados
no Transvaal, esperando obter um pretexto para uma invasio britênica. Apesar
do fracasso da investida e de Jameson e Rhodes terem cafdo em descrédito, as ten”
soes entre a Gra-Bretanha e as repiblicas bêeres se agravaram, levando 4 guerra
em 1899. aid
Os bêeres foram adversdrios formidsveis — agricultores durante o dia € O "
dos & noite, usando os mais novos rifles franceses e alemaes. Para ener sie
naz inimigo, os britênicos “concentraram” milhares de bêeres, inclusive m je 25
e criangas, em campos cercados por arame farpado, onde pereceram Eerea se
mil pessoas. Essa guerra sérdida terminou em 1902. Esperando geer éEe
com os bêeres, os ingleses redigiram um tratado de conciliacao. Ba Afia
rigas republicas foram incorporadas aos territérios britAnicos da Uniëo briebo
do Sul. A autonomia dentro do Império britênico para os odlaniwlores sujein
cos e para os bêeres em nada ajudou a populacio de maioria negra, ain
As atitudes racistas profundamente arratgadas dos bêeres.
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ismo na Africa foi alto nio somente para os britanicos
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ra OS OUtrOS imperialistas. A derrora dos italianos em Adua (1896)

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rd mo mantelou os sonhos de império e glêria nacional alimentados
gue eles tinh am um enorme

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zom bou dos itali anos, dize ndo

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s ea muit o fraco s.) Os alem ies nao cons egui ram tirar muito pro-
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afri cana s — sudo este da Afri ca (Nam ibia ), Afri ca orien tal
er ai aguisicêes
, gue era britênica), Camarbes e Togo (pertencente
velt
(Tanes” es nio Zanz ibar
nias alem as eram as gue rinh am um gove rno mais eficiente
hojea Gana). AS colê
rno mas impi edos o), mas, afor a o orgu lho, ren-
(segundo os criticos, as de gove muiro
prop rier ria, polis sua admi nist raga o era
deram POUucoS beneficios a sua com os
E os belga s, natu ralm ente , nao cond guis tara m nen hum prestigio
onerosa.
prat icad os no Cong o. Exa min and o as prof unde zas em gue mergulharam
horrores

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sério s come gara m a suge rir

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os europeus em busca de fama e fort una, pens ador es

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rie era uma cara cter isti ca mais euro péla due afri cana . Os euro peus

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nala ram o roma ncis a Jose ph Conr

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parec iam bérb aros mora is, conf orme assi

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outros. Para guase todos, a honra foi fugaz e os lucros ilusrios, nos novos mpé-

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rios africanos.

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O legado do imperialismo

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A 1 Guerra Mundial foi um ponto decisivo na histéria do imperialismo, em-
bora nem as metrépoles nem as colênias parecessem ter consciëncia disso na
época. O principio de autonomia, defendido pelas nacionalidades europélas na
conferência de paz, foi adotado pelos intelectuais asidricos € africanos, gue in-
tensificaram seus esforcos antiimperialistas. Ap6s a 1 Guerra Mundial, as exau-
ridas potências coloniais hesitaram em combater as colênias rebeldes. Além
disso, depois de guerrearem para destruir o imperalismo e racismo nazistas, as
Poténcias coloniais européias tinham pouca justificativa moral para negar auro-
“Omla a outros povos.
Ouase um século ap6s a riApida divisio do mundo entre as potências europélas
0$ Estados Unidos, e décadas depois da descolonizag3o guase total, as conse-
*dUéncias
do imperialismo ainda persistem. O imperialismo deixou uma heranga
de Profundas animosidades nos pafses da Asia, Africa e América Larina. Embora
ge das nag6es tenha independência polftica, os nacionalistas se ressentem
* influências culturais € econêmicas do Ocidente. Grande parte do mundo ain-
ee padece de insuficiëncia de capital, lideres incapacirados e governos
- Muitas pessoas nessas regiëes pobres acreditam gue a $tuagao de seu
Pas deve-se aos anos de exploracio ocidenral.
Ls dT antigos povos coloniais, o imperialismo foi causa de grande ressenti-
' Nao somenrte devido & explorac&o econêmica, mas também por ter enco-
Civilizacido ocidental

rajado o racismo e pelo insensivel desrespeit


o As Outrae Culcuras,
nalismo néo ocidental incdluiu muitas vezes elementoe a ; ` , SIM, , on. na
RAOEidentais, An .p
te, as nagoes europdias e os Estados Unidos tém de lidar,
no Ambito de
e da politica, com nagées profundamente consciente de
s sua nacional; da OROmia
tas a condenar gualguer politica gue Ihes parega imperialista. * € pron-
O imperialismo acelerou o crescimento de uma ec
opom.
concluindo a tendência gue teve inicio com a revolu
ca Bloba
AV1 e XVIL No comego do século
XX, em muitas partes da Europa, t
classes trabalhadoras guanto os CAMPon
eses tinham condicëes de Mee NTO as
cadorias de lugares distantes — mercadorias gu “RPrar mer
e antes €ram acessivei -
pessoas muito abastadas. As regiëes subdes s apenas ds
envolvidas do mundo, PO
€ncontraram mercado para suas colheitase pu T sua ver,
deram co "prar mercadori
pélas — os ricos pelo menos puderam. as euro.
O imperialismo também foment
ou a difus3o da cCiviliza€&o ociden
o globo. A influência das idéias, Instit tal em todo
uic6es, técnicas, idioma e Cultura ociden-
rais é manifesta em todos os lugares. O ingl
ês €, até certo ponto, o francês si lin-
guas internacionais. Os pafses africanos € as
idtico adotaram, muitas vezes com |.
mitado sucesso, o governo parlamentar e a demo
cracia do Ocidente. O socialis-
mo, uma ideologia ocidental, foi transplantad no
o s paises do Terceiro Mundo. O
indust rialismo ea ciëncia moderna, ambos realizac6es do
Ocidente, tornaram-se
globalizados, como também as técnicas agricola
s, as priticas comerciais, a medi-
cina, os procedimentos legais, os curriculos escolares, a arguitetura, a musica € as
roupas. A mulher turca j4 nio é mais obrigada a usar véu; a mulher chinesa nio
precisa mais amarrar os pés; os indianos proscreveram a intocabilidade; os drabes,
africanos e indianos j4 no praticam mais a escravidzo — todas essas mudangas
ocorreram sob a influência das idéias ocidenrtais. (Certament
e, as formas Culeur
rais nao se deslocaram apenas numa tnica direcio: os modos africanose asiêti
cos
também influenciaram os ocidentais.) O impacto das maneiras ocidentais sobre
se
o Terceiro Mundo constitui um dos desenvolvimentos maisse importantes de nos-
sa Epoca.

Notas

1. Citado em Edward R. Tannenbaum. 1900: “Adolph Ja”


heim, Martin Broszar e Hans T
The Generation Before the Great War. Gar- cobsen, Anatomy of the $5 ge Col
den City, N.Y., Doubleday, 1976, p. 337. Richard Barry er al. Londres,
2. Citado em Horst von Maltitz. 7he Euva- lins Sons, 1968, p. 9. Te Rise of
lution of Hitlers Germany. Nova York, 5. Citado em Peter G.J. Preg” many and
McGraw-Hill, 1973, p. 33. Political Anti-Semirism. in German E
3. Citado em Raul Hilberg. 7he Destruction
of the European Jews. Chicago, Ouadran-
Austria. Nova York, Wiley,
6. Joseph E. Flint. Cecil Rhodes. bos
[ide
Brown, 1974, p. 248.
O Ocidente moderno

“Ges de leitura
alisalm:ism: 1871 i facil leitura, incorporando conhecimentos
” Hi. French Co lonini
al Rralities (wrad. de 1964). recentes.
Branschwig
francés. Mack Smith, Denis. /1aly: A Modern History,
r livro sobre imperialismo ed. rev. (1969). Excelente pesguisa, enfa-
De Politics of te Prusstan Army
va li os o, com impor- tizando o tema do fracasso da Irélia em de-
ir 955 ). Fs tu do mu it o
a hi st ér ia germa- senvolver instituicêes liberais ou solugoes
ea im pl ic ag be s pa ra
econbmicas vidvels.
ca e européla. Mosse, George L. Toward the Final Solution
a
Colin fi Brian Harrison. d Hunare
(1978). Analise do racismo europeu.
Years Age (1983). Fxcelente histéria social
com belas forograftas.
oo, The Crisis of German ldeology (1964).
da Gra-Bretanha, Explora o lado sombrio do nacionalismo
bs ba wn , Eri c. 7h é Ag e of Ca pi tal (1988).
Ho alem&o; um excelente estudo do pensa-
in te rp re ta di o ma rx is ta da Eu ro pa de
Uma mento Volkisk.
meados do século XI. R. E., John Gallagher e Alice
lb om , Ha jo . A Hi st or y of Mo de rn Germa- Robinson,
Ho Denny. Africa and tre Victoriams The
ny 1840-1945, vol. 3 (1969). Trabalho
OfBecial Mind of Imperialism (1961). Obra !

-
F

conclusivo.
Pes- essencial sobre esse tema fascinante; bem |
Jol, James. Europe Since 1870 (1973).
'
,

guisa geral valiosa, especialmente boa com escrito e polêmico. |

respeito ao socialismo nas nag6es indivi- Thornton, A. P. 7ke Imperial ldea and lis
duals. Enemies: A Study in British Power, 22 ed.
Katz, Jacob. From Prejudice to Destruction (1985). Estudo interessante das idéias e
(1980). Um estudo do anti-semitismo mo- politicas do imperialismo britênico.
derno; vé o anti-semirismo como con- Webb, R. K. Modern England from the Figh-
segiiëncia do tradicional anti-semitismo teenth Century to the Present (1968). Obra
cristao. de fécil leitura, bem informada e pon-
Kemp, Tom. Jndustrialization in Nineteenth- derada com respeiro a guestoes contro-
Century Europe (1985). Pesguisa geral, de versas.

Ouestêes de revisZo

l. Por gue a dltima parte do século XIX é 7. O anti-semitismo demonstra o imenso po-
, rd de Segunda Revolugao Industrial der e perigo do pensamento mirico. Dis-
aa diferenga entre os marxistas cura essa afirmagao.
ortodoxos e os revisionistas? 8. Expligue a ascens&o do novo imperialis-
?. Caraeterize as histérias internas de cada mo na dlrima parte do século XIX.
um dos seguintes pafses na dlrima parte do 9. Por gue e de gue maneira os europeus
século XIX: Gr&-Bretanha, Franga, Ale- conseguiram dominar as rerras africanas
manha e Trélja. e asidricas?
A Auem atraiu o pensamento Volkisk? Ex- 10. Oue papel desempenhou cada um dos
pligue, personagens a seguir na histéria do impe-
. Por gue % naclonalismo racial é um repi- rialismo: Cecil Rhodes, Sun Zhongshan,
Pe tradi&o do Iluminismo e uma re- Matthew C. Perry, Henry Stanley, rei Leo-
as 40 pensamento mitico? poldo ID?
6. S ANtI-semiras atribufam aos judeus tu- 11. Oual foi o legado do imperialismo para o
9 0 gue consideravam repulsivo no mun- mundo contemporêneo?
9 moderno. Discura essa afirmacëo.
j # CAPITULO 17
A consciëncia moderna:
novas formas de ver a natureza
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o ser humano e as artes


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moderna passou por duas grandes fas


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rante a era da Revolucio Cientifica eo
lHuminismo, o infcio da moder.
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nidade ressalrtou a confianca na raz&o, na ci


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i ëncia, na bondade humanae


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na capacidade do sen humano de melhorar a soc


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iedade. Ent&o, no final


Hi do século XIX e principios do século XX, ganhou forma uma nov
a pers-
pectiva. Os pensadores e cientistas modernos mai
s recentes alcancaram
conhecimentos revoluciondrios sobre a natureza humana, o mun
do so-
cial e o universo fisico; e os escritores € artistas inauguraram possibilida-
des de express3o artfstica até ent&o inusitadas.
Esses desenvolvimentos acarretaram mudancas na consciëncia euro-
péia. O modelo mec&nico do universo, gue desde Newton dominaraa
perspectiva ocidental, foi alterado. A visao iluminista da racionalidadee
bondade humanas foi guestionada, ea crenca nos direitos naturais€ nos
padrêes objetivos gue governavam a moralidade tornou-se alvo de criti-
cas. As normas estéticas gue desde a Renascenca haviam predominado
nas artes, foram descartadas. Ao desmantelar as velhas crengas, a si ;
si] nidade rardia deixou os europeus sem referências — sem os padrêes rel
) turais geralmente aceitos e sem as concepcêes de consenso acerca da na
tureza humana e do significado da vida. Jindria
O perfodo moderno tardio foi assinalado por uma extra om
criatividade no pensamento e nas artes. No entanto, apesar de nd d
tivas e fruriferas, as mudancas na vida cultural e intelectual do OC! .
contribuiram também para Criar toda a desorientacao, fragmentas?
turbulência gue caracterizaram o século KO. d

Irracionalismo
$ . ae bAsica*
premis$as
“ia m Alguns pensadores do final do século XIX contestaram as bi
s philosophes e seus herdeiros. Repudiar sa da ra ciona”
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enfatizando em vez disso o lado irracional da natureza humana.

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humando raz&o como soberana, OS Philosophes haviam definido os seres

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logia e politica nas maos de demagogos inescrupulosos, gue buscavam mobilizar

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e manipular as massas. A popularidade dos movimentos fascistas, gue denegri-

,
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ram abertamente a raza0 e exaltaram a raca, O sangue, a ago e a vontade, de-

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monstrou a ingenuidade dos liberais do século XIX, gue acreditavam gue a razao

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havia triunfado nos assuntos humanos.

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Nietzsche

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A principal figura no “destronamento da raz&o” e na glorificag&o do irracional

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oi o flésofo alem&o Friedrich Nietzsche (1844-1900). Os escritos de Nietzsche

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nio sao tratados sistemdticos, mas colec6es de aforismos, contando muitas vezes
contradig6es internas. Consegtiientemente, sua filosofia presta-se a interpreragoes

N
é aplicag6es errêneas, tal como sucedem nas mêos dos rericos nazistas, gue dis-
'

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'orceram Nietzsche para justificar sua teoria da superioridade racial alema.
p.Ea

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Be aracou as concepgêes e convicgoes aceltas em sua época como um
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.

uma existência mais plena e mais rica. Denunciou a reforma social, o EE


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ae eer he sufrdgio universal, ridicularizou a visio do Progresso


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da ee so, a moralidade crista e zombou da crenga liberal na


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ed eg
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entender gue a vi ol * : ” ee, i homem. O homem, di d precisa


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governada por prin repleta de crue dade, Injustiga, inoertess e absurdo, nao €
P

oa verdale s “pros racionais. No existem padroes absoluros de bem e mal


rd

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nu, vivendo P sa ser rede pela raz&o reflexiva. H4 somente o homem


RR mm mundo ig e absurdo. |
cida — vin ee - erna, segundo Nietzsche, era decadente e enfrague-
vontade e de deer oeredin das faculdades racionais a Custa da
eeto, Nietzsche Le Mi a ie T e gue os liberais-racionalistas deram ao inte-
sejosinsae €conhecimento do obscuro mundo misterioso dos
ble as s vida. Abafara vontade com uma inte-
verdadelras forgada
7aga0 excessiva significa destruir aguela espontaneidade gue ilumina a
484 Givilizacio ocidental

Friedrich Nietzsche (1844-1900


). Possuindo
gENIO Intuitivo de um grande
poeta, Nietzsche
percebeu o problema crucial gue
afligiaa
moderna alma Européia:
Oue caminho deve
trilhar o individuo num mundo
em gue Deus
esta morto? A resposta de Nietzsche
a essa
pergunta — o super-homem gue cria se
us
proprios valores — prestou-se a intimeras
distorg6es e interpretagêes errêneas € teve pouco
valor social construtivo. Potg AKG London
At
Is

crlatividade cultural e inflama o entusiasmo pela vida. A perspectiva critica e teë-


AA
ELE

rica destruiu os instintos criativos. Para realizar seu potencial multifacetado, o


EE
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homem deve parar de confiar no intelecto e nutrir de novo as rafzes instintivas da


i existência humana.
1 O cristianismo, com todas as suas proibig6es, restricêes e exigências ao con-
) formismo, também sufoca o timpulso humano pela vida, dizia Nietzsche. A mo-
$ ralidade crista deve ser destruida, pois serve apenas ao mais fraco, ao escravo. Para
Fi Nietzsche, o triunfo do cristianismo no mundo antigo foi uma tentativa dos es”
.
Cravos ressentidos e dos plebeus escravizados de impedir seus superiores aristo”
Tm

craticos de expressarem sua natureza heréica e de revidar nesses espiritos nobres,


j| a guem invejavam. Sua forma de revidar era condenar como nocivos OS Ee
atributos de gue eles préprios careciam — forga, poder, firmeza € gosto pela vi
— € estabelecer cgmo modelo para tudo seus valores vis, mesguinhos, € de ed
680 da vida. Depois carregaram de culpa as pessoas gue se desviavam desses V j
res despreziveis. Essa transvalorac&o de valores engendrada pelo cristianismO,
zia Nietzsche, levou & deterioracao da vida e da cultura. |
Embora houvessem rejeitado as doutrinas cristas, os iluministas tinham s
servado em grande parte a ética crista, Ao contrdrio dos philosophes ae
Nietzsche atacou o cristianismo nao porgue este fosse contrdrioa raza0, mas 1
gue concedia ao homem uma alma doente. Era a negac3o da vida; mpe de
.@xercicio livre e espontêneo dos instintos humanos e transformava a humilda
de
8 atMorabnegac em virtudes e o stianismY
ao orgulho em vicio; em suma, 0 crisdar
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O Ocidente moderno

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entelha da vida no homem. Essa centelha da vida, esse anseio intimo

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arruinou 4 € ra essência do homem, precisa arder outra vez.

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ye éa verdade orto”, procdlamou Nietzsche. Deus é uma criagao do homem. Nao

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“)eus estê M

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`n mundos superiores, nem verdades metafisicas ou transcendentais, nem

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exist€ da natureza, nem direitos naturais, socialismo

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de Deus ou

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. Hfico ou PrOSresso inevirdvel. Todos os antigos valores e verdades perderam
moral

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ene bilidade. Mas a morte de Deus e dos valores cristaos pode significar a

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hd rarr Nietzsche insistia em gue o homem pode criar novos valo-

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" autodominio; pode vencer a uniformidade e mediocridade debili-

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Te da cviizasso moderna. Ele pode desfazer a democracia e o socialismo, gue

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a rebanh o, e elevar- se acima

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ene em senhor es as massas semelh antes

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gue tor nou o ho me m fra co e degenerado.

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to do loji sta,

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espi ra s heroicas; to
'A so ci ed ad e eu ro pé ia , tal eo mo Ni et zs ch e a via , ca re ci a de Hi gu
dos fazem parte de um grande rebanho sem pastores. A Furopa somente poderia

d dr — Pi
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ser salva com o aparecimento de um tipo de homem superior — 0 super-homem

ur
ou além de bomem— gue resistiria ao lixo da igualdade pregada pelos cristaos, de-

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de
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mocratas e socialistas. “Ë preciso gue o homem superior dedlare guerra as mas-

vr aake
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sa”, afitmava Nietzsche, para acabar com “o dominio dos homens #aferiores. A

ke
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Bl
Furopa exige “o aniguilamento do sufrdgio universal, isto é, do sistema pelo gual
2s naturezas inferiores se impêem como leis para as naturezas superiores*. A Eu-
ropa precisava de uma nova raca de governantes, uma verdadeira aristocracia de
homens fortes.
Nietzsche concebia o super-homem como um novo tipo de homem, gue rom- Sit

pe com a moralidade aceita e impêe seus préprios modelos. Em vez de reprimir


seus Instintos, ele os afirma. Destréi os valores antigos € assevera sua prerrogariva
como senhor. Livre da culpa crista, afirma orgulhosamente seu préprio ser; rejei-
tando as negativas biblicas, afirma instintivamente sua vontade. Ousa ser ele mes-
mo. Como nio é igual As outras pessoas, as definicêes tradicionais do bem e do
mal nada significam para ele. Nao permite gue sua individualidade seja sufocada.
Cria seus proprios valores, os gue nascem de seu préprio ser. Sabe gue a vida é
`m sentido, mas leva uma vida feliz, instintiva e plena.
Em sua afirmagso herica € jovial da vontade, o super-homem resgata a vida
da inutilidade. Ele compreende gue “o desejo mais temivel e fundamental no ho-
mem (é) seu impulso pelo poder”2; gue os seres humanos anseiam e lurtam pelo
poder de maneira incessante e inflexivel. Essa vontade de potência governa a vida
“otidiana e é o faror determinante nos assuntos internacionais. O aumento
ide traz supremo deleite: “O amor pelo poder é o demênio dos homens.
Podem ter — sad j jver, entretenimento —,
“4S sag € rele EE ae desbee espera, espera e
er satisf eito, 'Tire tudo
$ deles
les e€ sarissarisfaca
faga iso.ar, e€ ed
serao gu ase felizeess —— rao felizes
Wens eb
de omens e demênios podem ser.”? As massas, covardes e nvejosas, con-
Ai Super-homem como um mal, ral como sempre fizeram. |
€ncia
turas ` NieNietz da filos ofia de Nietzsche ainda é tema de controvérsias e conje-
sche compreendeu, talvez melhor do gue gualguer um, 6 problema

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486 Givilizacio ocidental

crucial da sociedade e da cultura modernas: com a “mor


te de Deus”
morais tradicionais perdem a autoridade e o poder de Coerc&o. Nu
m Mundo ond
nada é verdadeiro, tudo é permitido. Nietzsch e
e anteviu due o future, y
destituida de valores, seria violento e sérdid
o, e exortou os individue dek T
tarem-se consigo mesmos e libertarem-se das ilusêes,
do tingimentoe d
sia. Ele também faz parte da tendência geral do século XIX gue, em Ee IPocri-,
alcangar Deus e a salvago, buscava afirmar o ser humano e€ as Dia as tentar
nas. Além disso, sua rejeicao a Deus e3 metafisica, bem como as due
rias da histéria (como por exemplo o hegelianismo e o marxismo), gue one
impor padrêes raclonals ao passado e ao presente, foi
fundamental parao dese,
volvimento do existencialismo (ver Pp- 598-600) e para o MOVvimento pês-
modernista gue ocorreu no pensamento Contem
poraneo (ver pp. 651-52).
Entretanto, nio é possfvel extrair nenhuma
politica social do individualismo
her6ico de Nietzsche, segundo o dual “existem
homens Superlores e inferiores,
um Unico individuo pode (...) justificar a existê
ncia de todos os milênios”. O
pensamento de Nietzsche voltava-se exdlusivamen
te para os grandes individuos,
os espécimes mais nobres da humanidade, gue se
elevam acima da mediocridade
e da artificialidade de todos os valores herdados; a comunida
de ea injustica so-
clais nio lhe interessavam. “Os fracos € mal constituidos io
perecer: esse é o
primeiro principio de nossa filantropia. E devemos ajud4-los nisso”*. Decert
o, es-
sas palavras nio oferecem nenhuma diretriz construtiva para se lidar com os pro
-
blemas da moderna civilizacio industrial.
Da mesma forma, Nietzsche no tinha nenhuma Proposta construtiva para
lidar com a desintegragao das conviccëes racionais e cristas. Na verdade, seu ata-
gue caustico as instituicêes e valores europeus contribuiu para solapar os alicer-
ces da civilizacao ocidental. Esse atague teve um imenso apelo entre os intelec-
tuais da Europa central, para os guais a filosofia nietzschiana liberava uma enér-
gla interior. Além disso, muitos jovens, atraidos por Nietzsche, acolheram bema
ecloso da 1 Guerra Mundial; consideravam-na uma experiëncia estética e ee
ravam gue ela abriria caminho para uma nova época herdica. Interpreraram HE
ralmente as palavras de Nietzsche: “Uma sociedade gue definitivamente, € ##/
Hvamente, desiste da guerra e da conguista, estd em declinio.”*
j!

# 11 is
Os teëricos nazistas tentaram fazer de Nietzsche o precursor de seu me di
" to. Buscavam encontrar nele uma sangio filoséfica para sua propria % Tam-
!
)
poder, seu desprezo pelos fracos, sua crueldade e sua glorificago da ds
|
j

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bém desejavam obter aprovag4o para seu culto do heréico e seu repiidio di
nista social pela igualdade entre os homens. Remodelando Nierzsche MT
sua prépria imagem, os nazistas viam a si mesmos como super-homens dr
chianos: membros de uma raga superior gue, por forca de sua vontade, V eriër
riam todos os obstdculos e reconstruiriam o mundo de acordo com valores m0
dos por eles préprios. Alguns intelectuais alem&es foram atraidos pelo na? Mi
'porgue este lhes parecia uma sauddvel afirmacio da vida, a vida com UIT
pésito, 3 gual Nietzsche exortava.
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O Ocidente moderno 487

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-jonalismo e militarismo alemêes, o préprio Nietzsche zombava

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Avesso 20 na oridade racial germênica, desdenhava o anti-semitismo (a des-

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déia da sap observac6es infelizes) e censurava a devocë3o ao estado. Ele

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peito de algum Hitler e ficaria consternado ao ver sua idéia da vontade de po-

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. dividuos arrebatados mas controlados, gue, dominando suas

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enfrentariam a vida e a morte de maneira corajosa, positiva

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en violenta dentincia de Nietzsche contra os princpios democraricos

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ald ade , seu elo gio ao pod er, seu ape lo 3 lib era gio dos
scidentais, inclusive a igu

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za gua lgu er vid a hu ma na gue nao

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. etintos, seueli tis mo — gue den igr e e des val ori
iar am um mr

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seja fort e e nob re — e seu des dém pel os val ore s hu ma no s pro pic

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En) mites, ae ag
nt os vio len tos , ant i-r aci ona is, ant ili ber ais e des uma nos . Sua : i-
ftrtil para movime

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ind luf a um dis cur so imp rec iso sob re as vir tud es dos gue rre iro s imp ie-
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dosos, a criacëo de uma raga superior e a aniguilago dos fracos e mal consti

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dos, conduz a uma politica de extremos, gue desconhece limites morais.

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Bergson
Outro pensador gue refletiu o crescente irracionalismo da €poca. toi Henn
Bergson (1859-1941), filésofo francês de origem judaica. Atraido de inicio pelo
positivismo, Bergson se opês ê afirmagao positivista de gue a ciëncla podia expli-
car tudo e satisfazer todas as necessidades humanas. Tal ênfase sobre o intelecto,
dizia Bergson, sacrifica os impulsos espirituais, a imaginag#o ea intuicdo e reduz
aalma a um mero mecanismo.
Os métodos da ciëncia n&o podem revelar a realidade essencial, insistia Bergson.
A civilizag30 européia precisa reconhecer as limitagêes do racionalismo cientifi-
co. Nossa capacidade intuitiva, através da gual a mente alcanga uma relag#o ima-
nente com o objeto, tornando-se uma com ele, nos diz mais sobre a realidade do
due o método de andlise empregado pela ciëncia. A experiëncia intuitiva — algo
“OMO a percepcio instantênea do artista de uma cena natural — é um caminho di-
'“t0 para a verdade, vedado aos célculos e medig6es cientificos. A flosofia de
“T8SON, afastando-se da ciëncia, tendia ao misticismo religioso.
Para seus admiradores, a filosofia de Bergson liberava o individuo das restri-
oes do Positivismo, do mecanicismo e do materialismo. Demonstrava o poten-
“al criativo da intuic#o, da experiëncia mistica e da imaginagao poërica: essas
ae - da vida gue resistem A categorizag&o por parte da mente cientffica. Protes-
da ER je a tecnologia e burocracja modernas, e contra todas as EN
ade de massas gue pareclam sufocar a singularidade e espontaneida e
ual, buscava reafirmar a primazia do individuo num mundo cada vez mais
Mecanizado e burocrdtico. A popularidade do intuicionismo e do vitalismo de

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468 Givilizacio ocidental

| Bergson, com sua depreciac&o da raz&o, foi um in di


di cio da torca e de
perados do irracional: outro sinal de gue as pess
o 28 €stavam buscand apePELlo; ings.
ternativas para a visao de mundo do Iluminismo.
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di;
ss Sorel
N Nietzsche procdamava gue as forgas
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Hy reza humana; Bergson sustentava gue a irr acjonais CONStituem a essência da
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Ntu AE O irr
Hadacional fornecia conheeine
natu-
tos gue a mentalidade cientifica nio podia alcancar. Georges
ss Sorel (1847 BT
TO
tebrico social francês, Tes 1 |

reconheceu o potencial politico do trra cional. Com Nie ),
; ,
Fo che, desj iludiu-se com a vasoc
;
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e ade burguesa contemporpo s nea, gue Julgava deca.
ra
7 dente, indulgente e pusilinime. Enguanto
Nietzsch € pretendia gue
mem sa lvasse a sociedade da decadênci o Super-ho-
a e da mediocridade, Sorel cColocav
“Sperangas no proletariado, cuja si a suas
tuacëo tornava seus homens corajoso
decididos. Sorel desejava gue o prolet s, Virise
ariado destruisse a ordem existente. ]ss
serla alcangado, dizia ele, através de um o
a greve geral — uma parada universal de
' operdrios.
Para Sorel, a greve geral tinha o apelo de
um grande mito. O IMportante nio
era a realizacao de tal greve, mas due sua Imag
em agitasse os ressentimentos anti
Capitalistas dos operdrios € os Inspirasse as suas re
sponsabilidades revolucion#rias
Sorel compreendera a extraordindria poténcia do mito
em despertar um compro-
mIsso total e estimular a ac&o heréica. Por apelar 4 imag
vi inacao e aos sentimentos,
o mito é um método eficaz de levar as massas 3 revolta. Os tr
abalhadores, acredi-
i tando no mito da greve geral, se colocariam acima da de
cadência moral dos bur-
N Bu€ses € suportariam os imensos sacrificios gue sua Juta exigia So
. rel acreditava
due o Unico recurso para os trabalhadores era a acio direta e a viol
ência, gue ele
considerava heréicas e sublimes — um meio de estabelecer a grandeza num mun-
1 do debilitado.
A exaltagao pseudo-religiosa de Sorel & violência e3 ac&o da massa, sua conde-
nagao da democracia liberal e do racionalismo e seu reconhecimento da forga €
4 da utilidade de mitos fabricados encontrariam expressio concreta nos ei
ë tos fascistas posteriores a 1 Guerra Mundial. Sorel introduziua era dos WET
polfticos de massa comprometidos com a violência revoluciondria € dos m
forjados pelos técnicos de propaganda decididos a destruir a democracla.

Freud: uma nova visao da natureza humana


| GER
Sigmund Freud (1856-1939), médico judeu austriac
te de sua vida adulta em Viena, pode ser Considerado, o.sobgumu
e viveu a me id
iros aspeo? oa 3
filho do Tluminismo. Como os Philosophes, Freud identficava a civilizadio mer
razao e considerava a ciëncia como o cami
nho para o conhecimento. Pa
EE ag contr4rio dos philosophes, focalizou-se no poder e in
Ee osi ' pulsos trracionais. Enguanto Nietzsche glorif
fluências prepon ve a
icava o irra cional € 0
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gmund
Freud e sua filha Anna, 1912. Si
dlise,
Freud (1856-1939), pai da psican
ente de
penetrou o mundo do inconsci
os
maneira ciencifica. Concluiu gue impuls
poderosos governam o comportamento
humano mais do gue a raz&o. Suas
investigag6es do inconsciente produziram
uma imagem do ser humano gue rompeu
com a vis&o iluminista da bondade e
racionalidade essenciais do individuo.
Mary Evans Picture Library

va com uma sensibilidade poëdtica, Freud reconhecia seu perigo potencial. Bus-
cou compreendê-lo cientificamente e duis orden4-lo em beneficio da civilizagao.
Ao contr4rio de Nietzsche, nio menosprezava o racional, esforcando-se sempre
para recuperar o respeito pela razao.
Freud afirmava gue as pessoas nao eram findamentalmente racionais; o com-
portamento humano é governado essencialmente por poderosas forgas interiores,
due sao ocultas do consciente. Esses impulsos instintivos, € nao as faculdades ra-
C10nais, constituem a maior parte da mente. O grande feito de Freud foi explorar
re inconsciente com as armas € a sensibilidade de um cientisea. Ele le-
Veer N apenas Os atos exterlores de uma pessoa, mas também a reali-
Deel z ed gue éa base do comporramento humano.
ME ” ormar-se em medicina, Freud especializo u-se no traramento de
ae ae investigag6es levaram-noa condluir gue os medos e exX-
ra Er com fregiëncia de natureza sexual, sio responsavels pelas
Bi fer ie jos r em sentimenro € comportamento gue interferem
star, ener ae da vida pessoal e social. As neuroses podem assumir diversas
ed as histeria, ansiedade, depressio, obsessoes etc. Tao dolorosas e
ram da ds essas €MOGBES e Experiëncias intanris, gue os pacientes as ba-
Par, ria consciente para o reino do inconsciente. |
olha ee s arar o portamento neurêtico, dizia Freud, era necessdrio
omas manifestos e trazer ê tona as experiëncias € medos carre-
ee ee
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BIBLIOTECA POBLICA MUNICIPAL ,
SR. Pe. ARLINDO MARCON
CARLOS BAPFOEN — BR l
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' me he ann.
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do

490 Givilizacéo ocidental

te, na visio de Freud, era a interpretacao


dos sonhos. Os s
duo, segundo ele, revelam seus desejos
se€retos — geralmente dese;
Inaceitdveis e memêrias aterradoras gue, doloro
sos demais
trancados nas masmorras mais profundas
do nosso Inconsci
em gaiolas, os demênios permanecem at
ivos, assombrando-
tos. Nossa angtistia € real e até torturante,
embora ignorem
O zd, a sede subconsciente dos
instintos, dizia Freud, € um 'Calde
excitagêes tervilhantes”, gue exige grauificagao ir&o che
constante, O id é pri. 0 de
cional, desconhece valores € nio te
m conscIência do bem e
suportar a tensao, exige sarisfagso sexual
, gue se eliminea d
Ouando se nega ao id uma saida para sua
energia instintiva, as PESSO3S tOrn
trustradas, zangadas e infelizes. Sua am-se
gratificagio é o nosso maior Pprazer.
ranto, a plena gratificacio das exigénci No en-
as instintivas é incompatfvel com a vid,
civilizada.
Freud postulou a existência de um conflito
terrivel entre os impulsos incessan-
tes de nossa natureza instintiva € as exigén
cias da civilizac&o. Esta, segundo ele,
cxige a rentincia da gratificagfo instintivae o do
mfnio dos instintos animais, tese
por ele desenvolvida em O mal-estar na civilizagi
o (1930). Embora nessa obra os
pensamentos de Freud tenham sido indubitavelm
ente influenciados pela grande
tragédia da 1 Guerra Mundial, o tema central J& estava pres
ente em seus primei-
ros trabalhos. O maior prazer dos seres humanos provém da
satisfacao sexual,
afirmou ele, mas a sexualidade irreprimida esgota a energia psiguica nece
, ssdriaA
vida criativa artfstica e intelecrual, e também desvia as energias do trabalho ne-
,
cessêrlo 3 preservagao da vida em comunidade. Por isso, a sociedade, através da
tamilia, do sacerdote, do professor e da policia, impêe regras e restrig6es & nossa
natureza animal.
No entanto, isso é extremamente doloroso. As pessoas vêem-se diante de 1
impasse. A negag3o da plena gratificagdo dos instintos, exigida pela socieda .
gera uma terrivel frustragdo; igualmente angustiante, a violag
&o das regras .
sob a presso das necessidades instintivas evoca tremendos sen rimenrtos de c E
Sofre-se dos dois modos; a vida civilizada certamente traz muiro salige
pessoas. Parece gue o preGo due pagamos pela civilizacio éa neurose. Ee T
SOaS Nao conseguem suportar o volume de rendncia dos inst
intos da pe
Ao exige. H4 ocasiëes em due nossa natureza humana elementar se rebel? Pr
todas as restricêes e “mandamentos negativos”, impostos pela sociedade,
todos os tormentos e misérias criados pela civilizacao.
, mas
'A civilizacao impêe grandes sacrificios n3o apenas & sexualidade ee
também 3 agressividade”*, afirmou Freud. As pessoas no possuem uma né ad
e”
boa, como haviam pregado os Philosophes, ao contrdrio, sa0o “cri
os dons 'instintiv
is os possue
m uma poderosa parcela de agress GE atur”as dUO rime

ividade . sua P l”
ER inclinacao nao é amar o PrOximo, mas “satisfazer essa agressividade contra de
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rar sua capacidade


j de trabalho sem COMpensac&o, usd-lo sexualmen te $
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reender os maiores esforgos para impor limites aos ins-

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do homem”, mas “apesar de todos os estorGos, aré agora, m essa

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homem como um an imal se lv ag em gu
um co nt ro le or ig in al de au to pr es er vagao no ho-
Freud, “2 tendência 3 agressao €
r obstdculoa civilizagao “. Os impulsos agres-

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mem (..) gue (s) constitui o maio

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si nt eg ra ga o. Pa ra Freud, a

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vos separam as pesSOaS, am

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na op oe -s e ir re si st iv el me nr te 3 vi da ci vi li za -
sssëncia inalterdvel da natureza huma ci vi lizag&o.
ca da pe ss oa € um in im ig o em po te nc ia l da

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da. Até certo ponto,

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ro la re m em be ne fi ci o da ci vi li za €a o, Fr eu d na o ro mp eu
dade das pessoas de o cont

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irracjonal. Ele tinha plena cons-

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para assim proceder. Na verdade,

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considerando-a uma ilus&o piedosa, um conto de fadas em conflito com a razao.

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pe ss oa s se li be rt as se m da mu le ra re li gi os a, se af as ta ssem da de-
Ele gueria gue as
pendência infantil e andassem sozinhas.
Ainda como os philosophes, Freud foi um humanitdrio, gue buscou aliviar o sofTi-
o hu ma no , to rn an do as pe ss oa s co ns ci en te s de su a ve rd ad ei ra na ru re za , especial-
ment
mente de sua sexualidade. Desejou gue a sociedade arenuasse seus padr6es sexuais
ss tv am en te re st ri ti vo s, po r se re m pr ej ud ic ia is A sa dd e me nt al . Uma das conse-
“Kce
di €n ci as du ra do ur as da re vo lu ci o fr eu di an a é o re co nh ec im en to da en or me im po r-
“incia da infincia na formacio da personalidade do adulto. Os distirbios neur6ricos
Red os adultos se originam na primeira infancla. Freud inistiu em gue se
rasse uma preocupa€iio maior com as necessidades emoclonais das criancas.
Embora fosse indubitavelmente um filho do Iuminismo, Freud e os p/filose-
! em diferengas fundamentais. Considerando a dourtrina crista do pecado
es Ee um mito, os ppilosophes acreditaram gue a natureza dos iaar
Me EI el boa. Se as pessoas tomassem por gula a raza0, 9 mal Pe eria
su a ve z, ex pr es so u, em te rm os se cu la re s e ci en d 1Cos,
uma Vis&o Freud, por
essência h pes da natureza humana. Para ele o mal. estava arraigado na
“r a Kp en da si e pr od ur o de um am bi en te im pe rf ei to . A ed u-
cacSoe we “MAN
de elhores condigGes de vida nio eliminaram o mal, Como €spera Os ram
phile-
phes, nem aboliram a propriedade privada, como afirmara Marx. Os
ë
ss
492 Givilizacio ocidental

sophes veneraram a razao; esta levara Newton a desvend


AT OS mistéri ad
za € permitira gue os homens alcancassem a virtude & ia * nature.
Freud, gue gueria o dominio da razao, compreendeu due sua fr4gjl oedade
competir com os rugidos ensurdecedores do; 72 tinha de
Philosophes. Seu conhecimento das imensas pressêes
gue a Ctvilizacao
nossos débeis egos levou-o a um pessimismo geral Com
relacio ao fu
Ao contrdrio de Marx, Freud n&o tinha nephu
as tendências rudes e destrutivas da natureza hu
manente a relag6es sociais harmoniosas. O fato de
Freud ter sido
de Viena pelos nazistas, e de suas guatro irmas terem
sido assassi
por serem judias, é uma explicagao reveladora de sua vis
&o
do poder do irracional e da fragilidade da civilizacao.

Pensamento social: confronto entre o irraci


onal
e as complexidades da sociedade moderna
s A época durea do pensamento sociolégico situou-se entre o
fim do século XIX
s € o inicio do século XX. Os grandes pensadores sociolégicos do
perfodo julga-
% vam due a ciéncia era o Gnico modelo v4lido para se chegar ao conhec
imentoe
fi afirmavam gue seu pensamento tinha fundamentos cientificos. Lutaram cont
ra
alguns dos principais problemas da sociedade moderna. Como a sociedade pode
alcancar coerência e estabilidade se as associag6es e ligacêes costumeiras gue ha-
vlam caracterizado a vida aldeë tinham sido impiedosamente dissolvidas pelo
rêpido desenvolvimento da ordem capitalista urbano-industrial, € se a religiëo j#
nao une as pessoas? Ouais ao as im plicac6es do irracional na vida politica? Como
as pessoas podem preservar sua individualidade numa sociedade gue se eu
cada vez mais arregimentada? Em muitos aspectos, as ditaduras do século KA 0”
Hy ram reag6es aos dilemas da sociedade moderna analisados por esses teëricos d
j clais. E os ditadores do século XX empregariam os conhecimentos desses veërieo
s
ETE

sobre psicologia de massas e de grupo com a finalidade de obter e preservar $


Hd

poder.

Durkheim
Emile Durkheim (1858-1917), erudito francês de origem judaica e wa
do positivismo de Comte, foi um importante fundador da sociologia Ok .
A exemplo de Comte, ele aplicou o método cientffico ao estudo da so
Durkheim tentou mostrar gue os elementos essenciais do periodo mede
Cularismo, racionalismo e individualismo — ameacavam fragmentar a aard de
Na sociedade tradicional, a ordem social derivava de Deus, e o lugar € em
N Ederuma pessoa eram determinados
pela linhagem e pelos costumes. Aé
Mmodernas, entretan cé
to, ticase 'ndividualistas, nao aceitam tais restrigoes
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O entrad uEC Durkheim, a €rise da sociedade moderna. Sem os valores coletivos

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sopstirubs 2 muns, a sociedade vive sob a ameaga da desintegracëio, e o indivi- j j
, as CIENGAS pes i d desorientagao. O homem moderno, disse ele, sofre de azo- sd
duo, OD mr de ansiedade cansado pelo colapso dos valores. Ele nio se sente EL
mie. UI 6” dade coletiva e nio vé nenhum propêsito na vida. Em jie
D suicsuieldio (1897), Durkheim sustentava gue “o nimero excepcionalmente elevado
integra

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est ado de pro fun das des ord ens de gue pad ece m as

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soc ied ade mod ern a ao sui cid io. Est es dev em lim ita r suas asp ira goes e dis-
bros da

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par ar de gue rer sem pre

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ciplinar seus des ejo s e pai xêe s, dizi a Dur khe
o. virtudes a

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giao out ror a enc ora jav a as pes soa s a con sid era rem

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contencio e a rentincia dos desejos, mas agora ja nao conseguia fazer isso.

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Embora aprovasse a modernidade, Durkheim observou gue os melos moder-

ai
hos néo traziam felicidade ou satisfacio ao individuo. A moderna sociedade cien-

ak n oe
ja”
dfica e industrial exige um novo conjunto de principios gue una as vrlas classes
numa ordem social coesa € ajude a vencer os sentimentos de inguieragio e des-

E
contentamento gue afligem as pessoas. Durkheim clamava por um sistema racio-
nale secular de preceitos morais gue substituissem o dogma cristao e preenches-

F
MF
sem essa necessidade.
Durkheim concentrou-se num dilema crucial da vida moderna. Por um lado, a
civilizac&o urbana moderna ofereceu ao individuo oporrunidades inusiradas de
autodesenvolvimento e progresso material; por outro, porém, a ruprura dos tradi
Cionais lacos comunit4rios, decorrente da difus&o do racionalismo e do individua-
lismo, produziu um sentimento de isolamento e aliena€#o. Os movimentos tota-
litaristas do século XX buscaram integrar essas almas desarraigadas e alienadas em

'
novas colerividades: um Estado prolet&rio baseado na solidariedade dos trabalha-
dores, ou um Estado racial fandado na “pureza” étnica € no nacionalismo.

|
Pareto
Como Comte, Vilfredo Pareto (1848-1923), economista e sociélogo irtaliano,
buscou construir um sistema de sociologia baseado no modelo das ciëncias fisi-
“as. Seus estudos levaram-no a concluir gue o comportamento social nao se fir-
vit
Ha basicamente na razao, e sim nos instintos e sentimenros irracionais. Esses

h
em arraigados e essencialmente imutdveis sao os elementos fundamen-
9 COmportamento humano. Embora a sociedade possa mudar, a natureza
“Mana permanece a mesma em essência. Ouem guiser governar € influenciar as
'
PEssoas deve apelar nao para os sentimentos légicos mas os elementares. A maior
barte do COmportamento humano é irracional: as consideracêes ilégicas também
“términam a crenca das pessoas. Tal como Marx e Freud, Pareto acreditava gue

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494 Givilizacio ocidental


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nao podemos aceitar a palavra de um individuo pelo seu valg


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tintos e nos sentimentos humanos estd a verdade ira causa do CO* MP


apar ente NOS ins.
orta
N mano. Os individuos nao agem segundo teorias Cuidadosamente e] . MENLO hy.
primeiro impulso é obedecer a motivacëes ilêgicas, e sê es ““ADoradas, seg
racionalizac&o para justificar seu ComMportamento. Grande part Pa Uma
reto foi dedicada ao estudo dos elementos irracjonais da el ia
P OPra de Pe
vêrlas crengas inventadas para dar uma aparência racional Mi humanae das
proveniente dos sentimentos e dos instintos. “omp rramento
Pareto dividiu a sociedade em duas classes —a
elite e as massas. S
dicao de Maguiavel, sustentava gue uma elite governante vitoriosa ' Suindoa tra-
co i
e, se necessêrio, com violência — explora os sentimentos € OS ImDuls TE
em seu proprio interesse. Os Estados democrdticos, afirmou
de Jud an
acreditar due as massas s&o realmente influenciadas por AFEEDLOS re 40
Pareto previu o aparecimento de novos lideres polfticos,
gue Ere
por meio da propaganda e da forca, apelando sEMPre para os sentimentos Fo
do gue a razao. Nessa medida Pareto foio precursor inte
lectual do may
pregava o elitismo autocrdtico. Mussolini elogiava Pareto
€ orgulhosamente men-
cIonava-o como fonte de inspirac&o.

Weber

O erudito Max Weber (1864-1920), provavelmente o mais destacado pensa-


dor social da época, foi uma das principais figuras na formacio da sociologia
moderna. Weber acreditava gue a civilizacao ocidental, ao contr4rio das outras
civilizagoes do mundo, praticamente havia eliminado o mito, o mistério ea ma-
gia de sua concepgao da natureza e da sociedade. Esse processo de racionalizagio
— 0 desencanto do mundo”, como Weber o denominou — era mais vistvel na
ciéncia ocidental, mas também se evidenciava na politica e na economia. Para
Weber, a ciëncia ocidental era uma tentativa de com preender e dominar a natu-
reza através da razao, e o capitalismo ocidental, uma tentativa de organizar o ta”
balho e a produgëo de modo racjonal. O Estado ocidental tinha uma constitur
60 racional escrita, um direito racionalmente formulado e uma burocracia de
funcion4rios piblicos treinados gue administrava Os negécios estatais Pof mel0
de regras e leis racionais.
' Weber compreendeu o terrivel paradoxo da razao. Esta é a responsdvel pelas
brilhantes realizag6es na ciëncia e na vida econêmica, mas também desespiriee
liza a vida, eliminando cruelmente tradicêes de muitos séculos, denunciando
Como superstig6es crengas religiosas profundamente arraigadas € considerando
os sentimentos e paixêes humanas como obstéculos ao raciocinio claro: O pro”
cesso de desencanto propiciou conhecimento aos homens, mas cirou-lhesa alma
eo sentido de viver. Esse é o dilema dos indivfduos modernos, afirmava Weber
| e o flores dir
DE pode conceder aos homens um propésito para a vida,
'A ciënciaDE nio
*.mento da burocracia no governo, nos neg6cios e na educacao sufoca a autonY
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Tal como Freud, Weber est ava cie nte
ana lis ou em con sid erd vel pro fun did ade - o

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Uma expressio do irraci ona l gue ele

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for ga de sua per son ali dad e. Os lide-

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ider carismético gue atra i as pes soa s gra gas a

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s pod em ser pro fet as rel igi oso

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res carismdat ico
dom ina os dem ais . As pes soa s ans elam

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outros cuja per son ali dad e sin gul ar atra i

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pela lideranga carism4rtica, principalmente nas épocas de crise. O lider afi

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3 missio — um dev er sag rad o — de con duz ir as pes soa s dur ant e a ris e; a aut ori da-

EF
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de do lide r bas eia -se na cre nca das pes soa s nes sa mis sao e em sua fé nas ext rao r-
dindrias capacidades dele. Uma fidelidade compartilhada ao lider carismdtico un€
a comunidade. A andlise desse fenêmeno por Weber elucida a popularidade dos
ditadores e demagogos do século OX.

O movimento modernista

Enguanto Freud e os teëricos sociais rompiam com a vis3o iluminista acerca


da natureza e da sociedade humanas, os artistas e escritores se rebelavam contra
as formas tradicionais de expressio artfstica e literdria, gue dominara a vida cul-
tural da Europa desde a Renascenca. Suas experiëncias resulcaram numa grande
revolug#o cultural, denominada modernisme, gue ainda hoje tem profunda in-
Hluência nas artes. Em alguns aspectos, o modernismo foi uma continuacio do
MOVImento romAntico, gue caracterizara a cultura européia no inicio do século
id Os dois movimentos submereram a uma crftica penetrante os estilos cultu-
rais Formulados durante a Renascenca e cujas rafzes remontavam 2 Grécia antiga.

Ruptura Com a estética convencional


Ainda mais gue o romantismo, o modernismo aspirava a uma intensa intros-
Ma — a uma consciëncia elevada do eu — e considerava o intelecto como uma
“Treira a livre expressio das emocëes humanas elementares. Os artistas e escrito-
496 Givilizacido ocidental )

| res modernistas abandonaram os modelos artisticos e [tes


experimentaram novas formas
de express&o. A COnsegliëncia
de sua ate
of tura, escreveu o critico e historiador da literatura Irwing Howe, Jada dVen.
fo
ie n gue a' ruptura da unidade e continuidade tradicjonais da
Como Freud, os artistas e escrit Cultura
ores do modernismo Nvest OCidentalic
igaram lê
aparéncias superficiais em busca de uma realidade Mals profunda sae m das
gue humana. Escritores como Thomas Mann, Marcel
Pro ha
August Strindberg, D. H. Lawrence e Franz Kafka
individuo e a psicopatologia das relac6es huma
nas. Descreveram a d:

internos e impelidas por um impulso interno de


autodestruiczo. Alé
trar o poder avassalador do irracional ea torga
sedutora do prim itivo,
guebraram o silêncio sobre o tema do sexo. ausen também
te na literatura VitOri
ana.
Da Renascenga até o século XIX, passando
pelo Tluminismo, os padrêes esté.
ticos ocidentais haviam sido moldados pela conv
icc&o de due o universo incor-
' porava uma ordem matemdtica inerente. Um coroldri
o dessa Concepéao de gueo
mundo exterior era ordenadoe inteligivel foi a visio de gu
e a arte deveria imitar
j a realidade, gue deveria espelhar a natureza. Desde a Rena
scenca, os artistas ti-
. nham deliberadamente usado as leis da perspectiva e da prop
orcio; os misicos
s| haviam utilizado acordes harmênicos, gue conferiam ritmo e melo
dia a um todo
N unificado; os escritores produziram obras segundo um modelo definido, gue
in-
i clufa comeco, meio e fim.
A cultura modernista, no entanto, nio reconhecia nenhuma realidade objeti-
| va de espaco, movimento € tempo gue tivesse o mesmo signiticado para todos OS
observadores. Na verdade, a realidade pode ser apreendida de muitas maneiras
F
Fr
RT.

uma multiplicidade de estruturas de referência aplica-se 3 natureza € & experiën-


ei

- ERG ma
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cia humana. Consegtientemente, a realidade é adguilo gue o observador percebe


-

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ser através do prisma da imaginacio. “No h4 realidade externa”, disse o poeta


ar]
mg”
N

alemao Gottfried Benn, “h4 somente a consciëncia humana, constant


emeén€
EE-

construindo, modificando e reconstruindo novos mundosa partir de sua PP


criatividade””. O modernismo preocupava-se menos com o objeto em si et s
is ET aa ele aerie. Fles TEE

com o modo como o artista o experimenta — com as sensac6es gue um o


f

€voca no pr6prio ser do artista e com o significado gue a imaginagdo do si


jy
impêe a realidade. O sociëlogo Daniel Bell faz a seguinte observag&o com resp
i
to a pintura:

O modernismo (...) nega a primazia


$ : de uma realidade
. externa, tal como se suplt.
Busca rearranjar essa realidade ou retirar-se
f ; nia fni-
para o interior do eu, para a expert
ma enguanto fonte de seus interesses € preocupagdes esté | ; #ufase NO
ticas (..) Hd uma ii we mot
enguanto pedra de togue do entendimento e na ativ
idade do conhecedor, ma! G intengld
atributo
s do objeto, enguanto fonte do conberimento (..) Percebe-se entdo dué
es Ada pintura moderna (...) é ro
mper com o esparo ordenado.'
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Descartando as formas estéricas conv en ci

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mo de rn is mo im pu ls io no u as art es par a ma re s de sc on he ci do s. Re-
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, coerêndlas € lo ri za va o ra ci on al is mo, a or-

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dhagan a €! € val ore s de fi ni do s, os esc rit ore s e ar-

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Jareza, a es ta bi li da de e no

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o mi st er io so , o im pr ev is iv el , o

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ados pelo biz arr o,

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ristas modernistas eram fascin


fo . Os esc rit ore s, por ex em pl o, ex pe ri me nt aram

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lut a ent re o co ns cl en te eo in

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novas téCnicas de transm it ir a in te ns a

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ma no . Em par tic ula r, co nc eb

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2 :racionalidade do comp or ta me

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nova forma, o fluxo

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flex&o consciente guanto OS im pu

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do de ir ru pc êe s es po nt an ea s, ass ert iva

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ra o pensamento é en tr em ea
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s, de se jo s oc ul to s e tan tas tas per sis ten tes . Ar no ld Sc ho
oemêrias aleatêria

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si ca , e Igo r St ra vi ns ky com ritmos

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fez experi ën ci as co m a to na li da de em sua mu

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primitivos. Ouan do o bal é A

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em Paris, em 19 13 , a pla réi a do tea tro ag it

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onalidade na composi€o, o uso do primitivo, os ritmos semelhantes ao jazz

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tema do sacrificio ritual.

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Arte moderna
O movimento modernista, gue teve inicio guase no final do século XIA, esta-
va em pleno vigor antes da 1 Guerra Mundial e continuaria a florescer no mundo
pés-guerra. A expressio mais evidente da perspecriva modernista encontra-se,
provavelmente, nas artes. No final do século XIX, os artistas comegaram a afas-
tar-se dos padrêes gue haviam caracterizado a arte desde a Renascenga. Livres do
compromisso de retratar o objeto tal como se apresenta ao olhar, buscaram novas
formas de representacio.
A pintura moderna inicia com o impressionismo, um movimenrto sediado em
Paris e gue abarcou o perlodo de 1860 a 1886. Impressionistas como Fdouard
Manet, Claude Monet, Camille Pissaro, Edgar Degas e Pierre Auguste Renoir
TR sua prépria impressio pessoal e imediata de um objeto ou aconrte-
ER ar parecia ao olhar num instante fugaz. No final das décadas de
eed s s pOs- (Press ontse revoluclonaram ainda mals a nOGAo de espa-
sod. O pin r ei afim de fazer da arte uma vfvida experiëncia emocional e pes-
EWE om pa oe Cézanne (1839-1906), tentando retratar sua propria
te distorcis € umo “- e nio uma cépia fotogréfica dele, deliberadamen-
Bneias do de perspeesiva e Ee a aparência do objeto isolado As exi-
volucio no. enho como um todo. Os pêés-impressionistas produziram uma re-
(1853-1690) Rek ER og também no uso da cor. Vincent Van Gogh
emdes nn ae s estabelecido na Franga, usavaa prépria cor como lingua-
Dene para €xpressar os senrimenros do artista.
an ee VEE arts deixou cada vez mais de buscar a seme-
produzir objetos fisicos e seres humanos. Os artistas procura-
498 Civilizacio ocidental

Noite estrelada, de Vincent van Gogh (1853-1890).


Filho de um pastor holandês, Van Gogh
serviu por algum tEMPO como pregador leigo, antes de
se dedicar inteiramente & arte. Indlinadoa
profundas variagêes de humor — desde intensa apitagao até mel
ancolia —, seu temperamento
“CMPESLUOSO ENCONTrAVa ExPressio em suas pinturas. Noite estrelada transmit
e a impressao pessoal
de Van Gogh de um céu noturno. Colerdo The Museum of Modern Art,
Nova York. Adguirido par
heranga de Lillie P Bliss

Vam penetrar os recessos mais profundos do inconsciente, gue consideravam


COMO O manancial da criatividade ea morada de uma verdade superior. Paul rt
(1879-1940), um destacado pintor suico, assim descreveu a arte moderna: oe
[artista] deveria seguir para onde leva o pulso de seu préprio COracao (.)- M
bater do nosso corag&o nos conduz profundamente para a fonte de rtudo. O vs
brota dessa fonte, guer se possa chamd4-lo de sonho, idéia ou fantasia — deve $
levado a sério.”
Na Franca, um grupo de artistas de vanguarda, os fzuves (bestas ele ens),
usava a cor com grande liberdade para expressar sentimentos intensos se
exaltada. Entre 1909 e 1914, um novo estilo, o cubismo, foi desenvolvi
Pablo Picasso (1881-1973) e Georges Brague (1882-1963). Explorando ie
relagao entre o mundo plano da telae o mundo tridimensional da perceP$*
.
sual, esses pintores buscaram pintar a realidade mais profunda gue o olhar o bsel”
va a primeira vista. Um historiador da arte
assim descreve o cubismo:
os “O cublis”
O Ocidente moderno 499

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Harmonia em vermelho (1908), de Henri Matisse. Neste exemplo do inicio do fauvismo

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francés, Matisse (1869-1954) rompeu com a pintura represenrtattva de seus predecessores e

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'naugurou o estilo gue caracterizou grande parte da pintura expressiva do século NA. S€u uso

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econêmico de linhas, cores € motivos ritmicos transforma a superficie visual em desenhos vividos,

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estabelecendo uma nova linguagem picrérica. Museu Hermirage, S. Perersburgo
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volta do objeto gue est4 analisando, tal como alguém é livre para andar & volra de
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*ma pega de escultura a fim de obter sucessivos pontos de vista. Ele, porém, deve
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'Presentar todos esses pontos de vista de uma sê vez.”*


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No periodo de 1890 a 1914, os artistas foram retirando a nfase do tema e res-


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cor e o espago.
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saltando o poder expressivo de gualidades formais como a linha, a


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Naoé de surpreender gue alguns artistas, como o pintor holandés Pier Mondrian
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1872-1944) e 0 russo Wassily Kandinsky (1866-1944), gue vivia


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na Alemanha,
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Hinalmente criado a arte abstrara, uma arte subjetiva rotalmente despro-


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€ referências ao mundo objetivo. Ao romper com a visao renascEntista do


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MuUndo como algo inerentemente ordenado e racional, os artistas modernos inau-


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SUraram novas possibilidades de expressao arrfstica. Eles cambém constituiram


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“X€mplos do crescente apelo e forca do irracional na vida européia.


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500 Givikzacio ocidental

Fisica moderna
Até os ultimos anos do século XIX, a visio do univ e
— SUStentad
ralidade ocidental baseava-se em grande parte na fisic a a pela me
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Cldssica de
vis&o incluia os seguintes principios: (1) o tEMPO, O ESpaco €a N EWton F
mar. ; "
Sa

lidades objetivas cuja existência independia do observador oe Eram reg.


uma m4guina gIgantesca, Cujas partes obedecjam a iEGrGSss les i UNIVerso en,
to; (3) o 4tomo, indivisivel e sélido, era a unidade b4sic
a da maté ie” Rd
pos aguecidos emitiam radiac&o em ondas continuas; e (5) medi
vestigagbes, serla possivel obter um conhecimento total da univers ve Horus in-
Entre as décadas de 1890 e 1920, essa visio do UNiverso foi de om
segunda Revolugio Cientifica. A descoberta dos raios X por IE 3 POF uma
Roentgen, em 1895, da radioatividade por Henri Beguerel
em EE ; ei
tron por ]. ]. Thomson, em 1897, levou os
cientistas a abandonarem a conce
C30 do &tomo como uma particula sélida e indivisfvel.
Em ver de lembrar wi
bola de bilhar, o dtomo consistia em um nticleo de
midos, separados dos elétrons em érbita por espacos ke a
d es
! Em 1900, o fisico alemao Max Planck (1858-1947) Propês a teoria guin
tica
) segundo a gual um corpo aguecido irradia energla em jatos ou saltos
iptergjien
i tes — chamados guanta —, € nio, conforme se acreditava, num fluxo continuoe
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ininterrupto. A teoria de Plan: k da descontinuidade da radiaG&o energética desa-


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Hou um principio fundamental da fisica cl4ssica: de gue a ac&o, por natureza, era
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€stritamente continua. Em 1913, o cientista dinamarguës Niels Bohr aplicoua


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teoria dos guanta de cnergla ao interior do 4tomo e descobriu gue as leis do mo-
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vimento de Newton nio explicavam completamente o gue acontecia aos elétrons


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gue orbitavam o nicleo atêmico. Estudos posteriores do comportamento do 4to-


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mo revelaram aos fisicos gue sua natureza era fundamentalmente imprevisivel €


dificil de definir.
A tisica newtoniana diz gue, dadas certas condic6es, podemos predizer o du
acontecerd a seguir. Por exemplo, se um aviZo estd voando para o norte a 640 gul
of
Fi

lêmetros por hora, é possfvel prever sua posicZo exara dagui duas horas, admirin-
- !

do-se gue ele no altere seu curso nem sua velocidade. A mecênica guêntica EN"
na gue, no reino subatêmico, nao se pode prever com certeza o du€ ird suceder
podemos somente dizer gue, dadas certas condicêes, é provdvel gue certo event
acontega. Esse principio da incerteza foi desenvolvido em 1927 pelo ciendst”
alemao Werner Heisenberg, gue demonstrou ser impossivel determinar, NU s
Unico e mesmo tempo, a posicao e velocidade precisa de um eldtron. No ml '
mintsculo do elétron, entramos num universo de incerteza, probabilidade e s d
GOes estatisticas. Nenhum progresso nas técnicas de medico ird afastar ess€
mento do acaso e fornecer um conhecimento completo do universo-
879-1955), f(sico
A teoria da relatividade, desenvolvida por Albert Einstein (1
ii. rsuigo-alemao de origem judaica, teve importante papel na formaco da se
fisica
'.moderna, alterando as concepgêes cldssicas de tempo e espaco. Para a fisica N
ae
sa
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O Ocidente moderno 501

9-1955). Einstein foi


Alber t Einstein (187
um dos prin€i pais arguireros da fisica
Fo rg ad o a tu gi r da A l e m anha
oderna.
a po r ca us a de su a or ig em judaica,
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-s e um ci da do no rt e- am er icano.
rornou
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Foidesignado para o Institute
va
Advanced Study em Princeton, No
Jersey. Wide World Photos

atrav€s
toniana, o €spago era uma realidade fisica distinra, um meio estaciondrio
luz viaj ava e a mat éri a se des loc ava O tem po era con sid era do uma es-
do gual a id
trutura fixa e rigida, gue era igual para todos os observadores e existia indepen- di

dentemente da experiëncia humana. Para Einstein, no entanro, ném Oo €Spaso


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nem o tempo tinham existência independente; nem tampouco podiam ser disso-
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ciados da experiëncia humana. Ouando lhe pediram cerra vez due explicasse os
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fundamentos da relatividade, Einstein respondeu: `Anteriormente se acredirava


gue se todas as coisas materiais desaparecessem do universo, o tempo € o €Spao EE
permaneceriam. De acordo com a teoria da relatividade, porem, o tempo € o €s-
pago desaparecem juntamente com as coisas.*”'
Contrariando totalmente o anterior modo de pensar, a teoria da relarividade
sustenta gue o tempo difere para dois observadores gue viajam a velocidades dis-
tintas, Imagine irmaos gémeos envolvidos na explorag&o espacial, um como as-
onauta € outro como um projetista de foguetes gue nunca sai da terra. O astro-
Ee na, mas avangada espagonave j4 construida, capaz de aringir uma
dle | ses do mdximo due se pode alcangar neste universo —a velocida-
. etoE j dt e ok vêrlos trilhêes de guilêmetros, a espagonavé da a volta
durou ee is vm egundo a experiëncia do ocupante da nave, a viagem roda
bome se " Mas guando ele pousa na rerra, encontra condicêes to-
end ri icadas. Seu irmao morreu h4 muito tempo, pois de acordo com
dial inicou s Ee Ee cerca de 200 anos desde gue a nave €spa-
do boe r jor nad a. Emb ora essa oco rrê nci a par ece sse desa fiar roda a expe-
iëncia
Oualdis RE os Re ie aa Ee ede as afirmagoes de Einstein.
movimento ad i see am €m o movimento, a marérla ea energla.
de
UM Corpo € ooDa relativo: o Unico modo de descrever o movimento
existe perk para-lo com outro COrpo em movimento. Isso significa gue nao
enhuma estrutura de referência absolura, fixa e imével em todo o univer-

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502 Givilizacio ocidental


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so. Em sua famosa eguag4o F - md, Einstein demonstr ou Fi


gia nao s&o categorias separadas, mas expr 1dé a matériae WE
essêes bastante diferentes I-
entidade fisica. A fonte da energia é a matéria, e
a fonte da m atéria
Mintsculas guantidades de maté é
ria podiam ser conve rtidas em CStOnte d “Nergia,

ridades de energia. Estava despontando a era atOmica. “ntes Juan-


As descobertas da fisica moderna
transformaram o mundo da
Enguanto a natureza era vista como algo ffsica dies
externo ao individuo Te Ssica
objeriva cuja existência independe da nossa, a fisica moderna
PosIG&0 no espago e no tempo determina o gue cntend “NSINa gue nos
emos POr realidad
e e af.
ma gue nossa presenga afeta a prépria realidad
e. Ouando observamos Uma par
cula com nossos instrumentos de medicëo, estamos interfer
pendo seu Curso; estamos participando
indo nela, ae
da realidade. Tampoucoé Possivel conhe-
cer plenamente a natureza, tal como presumira
a fisica de Newton; a incerteza 4
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probabilidade e mesmo o mistério si0 inerentes ao universo.


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N&o sentimos ainda todo o impacto da fisica


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moderna, mas nio hê divida de


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gue ela faz parte de uma revolucio nas percepgêes


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humanas. Jacob Bronowski


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estudioso da ciëncia e da cultura, condlui


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Uma das metas das ciëncias fsicas fi dar um duadro exato do


mundo material. Uma
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realizagio da flsica da século XX foi provar due essa meta é inatingtvel (...)
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Nio hê conhe-
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cimento absoluto (...) Toda informacdo é imperfeita. Temos de tra


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td-la com bumildade


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Essa é a condicdo humana; € é isso 0 gue aiz a fsica guAntica (..) O Princlpio da In-
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certeea (...) estabeleceu de uma vee por todas a compreensio de gue todo conhecimento é
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ereit SR

limitado.”
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Tal como a teoria da origem humana de Darwin, a teoria da natureza humana


de Freud e a transformag&o do espaco cldssico pelos artistas modernos, as modi
ficag6es introduzidas pelos fisicos modernos na descri€io newtoniana ampliaram
NOosso entendimento. Ao mesmo tempo, contribuiram para o sentimento de im-
certeza e desorientaGio gue caracteriza o século XX.

O desmantelamento da tradicgo iluminista


A maioria dos pensadores do século XIX deu prosseguimento ao reeto do
Huminismo, particularmente no gue dizia respeito & @nfase na ci€ncla apie
resse pela liberdade individual e pela reforma social. Na tradigao e p it
esses pensadores consideravam a ciëncia como a maior realizag&o da Fo
e acreditavam gue, através da raz&o, a sociedade poderia ser reformada. 4 es
do governo parlamentar e a extensao da educacso, juntamente com OS 1”
avangos na ciéncla e tecnologia, parecjam confirmar as esperangas dos? hle soplres
SR , :

no progresso futuro da humanidade. No


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ts A0 mesmo tempo, porém, a tradicëo iluminista estava sendo solaP j


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século XIX, os romAnt


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minismo e da Re vo lu ci

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ta da pel os da rw in is ta s soc lal s, du € ex al ta va
jo, a tradigao Juminista foi contes

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re in di vi du os e ent re na c6 es co mo um a lei da na-
"d olência e viam o conflito ent . . .
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eit o na tu ra l de do mi na r. Re pe ti
f vreza. Para eles, OS poderosos tinham o dir
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controvérsias sociais €
Gorel, varios pensadores alardeavam Oo uso da forca nas
MAHy

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polidca o as pes-
rejeitando a visa0 jluminista de gue
Além disso, intumeros pensadores, ên ci as e im pul-
ion ais , su st en ta va m gu e as te nd
soas eram Fundamentalmenté rac gu e a razao.
o co mp or ta me En to hu ma no ma is do
sos subconscientes governam gu e con si-
va m & ce le br ag io e gl or if ic ag io do irr aci ona l,
Vrios dentre eles exorta re ciam a
ad ei ra es sê nc ia dos ser es hu ma no s e da vid a. En al
deravam como a verd
aci ona l, gu e tr an sc en di a co ns id er ag êe s ace rca do be m e do mal.
iealidade irr a
um a vo z do du e ac re di to ser um re na sc im en to ai nd
“Sempre me considerei
al ma co nt ra o int ele cto - in ic ia nd o ag or a no mu nd o” , esc re-
maior—a revolta da
ta irl and ês Wi ll ia m Bu tl er Yea rs” . Os de fe ns or es al em ae s da “fi los ofta
veu o poe
da vida” explicitamente se referjam & mente como `a inimiga da alma.
Mesmo os teëricos gue estudavam a socicdade e o individuo de maneira cien-
ufica assinalavam gue, sob a superficie da racionalidade, encontra-se um substra-
to de irracionalidade, ague constitui a realidade mais profunda. Era crescente a
conviceio de gue a raz&o era um instrumento fraco guando comparado com a
forca vulcénica dos impulsos irracionais; de gue esses impulsos impeliam as pes-
soas a0 comportamento destrutivo e tornavam a vida polirica instdvel; e de gue o
irracional nio se curvava muito A educaco. A imagem iluminista do individuo
autênomo gue toma decisêes racionais apds avaliar as escolhas (uma premissa
-
fundamental do liberalismo e da democracia) j# nao parecia mais sustentdvel. O
hkm
individue com fregiiëncia nao é senhor de si mesmo; a liberdade humana é res- rt
rs

tringida pela natureza humana.


Outros te6ricos argumentavam gue as idéias de direito, verdade e justi€a nao
E
ad

va valor independente; nao passam, na verdade, de meras ferramentas utiliza-


as pela elite em seus esforcos para conguistar € manter o poder. Os antagonistas
do liberalismo e da d emocracia empregavam a teorla das das eliel ces proposta por Pa. Pa
me sm
eed oe a win: ênfase na irracionalidade humana, para provar gue as
n ree Orpa e MEE e precisavam, portanto, ser lideradas por
ht ode uitos intelecruais da direica recorriam as novas teorlas soclals
r as bases racionais e individualistas da democracia liberal legadas
Pel Huminismo.
a ad ae es ' estado de inimo predominante ainda eraa confian-
ranto, ja sa ED ei Wopa.€ nos valores da civilizac3o européia. No en-
encjavam algumas tendências inguierantes, gue ao longo das dé-

' Ta

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504 Givilizacio ocidental

) co; gue a lei natural e os direitos naturais operavam no


mu
jetivas gue davam forma e estrutura &s producêes
artisticas ) Em eis of.
bondade essenciais do individuo; e na ciëncia e te
do progresso. Essa visio de mundo coerente, gue re
itude d
teza, seguranga € otimismo, estava em vias de dissoluas
inic; de
A imagem newtoniana do universo, com suas leis;
j foi alcerada; a cren€a nos direitos naturais€ padr6e
moral enfragueceu-se; as regras € formas de CXpressao SOVernavama
ER

gu € CONStItufam
cerne da estérica ocidental foram abandonadas. o PrOprio
A confianca na racionalidade e
s
LI

bondade humanas perdeu a forca. Al


EEN

ém disso, a ciëncia ea tecnologia for


sadas de forjar um mundo mecnico, bur am aCu-
Ps

oerdtico € materialista, gue sufocavaa


N

Intuigao e os sentimentos, aviltando assim


1
ee

o eu. Para redimi o eu, alguns pensa-


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dores damavam por uma luta herêica, due pêde facilmente ser
canalizada num
ad

nacionalismo primitivo e em cruzadas marciais.


Ed
MO ae
F

Esse arague radical aos valores morais e intelectuais


do Huminismo —a dentin-
AA Et

cia da razao, a exaltac3o da forca, a busca do herêico eo


anselo por uma nova au-
2
"AE

toridade — constitui o antecedente intelectual dos moviment


de

os fascistas gue sur-


AR

) giram depois da 1 Guerra Mundial. Menosprezando a tradico ilu


minista € fasci-
j nadas pelo poder e pela violência, muitas pessoas, inclusive intelectuais
, enaltece-
rram as idéias fascistas e tratariam seus lideres como celebridades.
Assim, no inicio do século XX, o universo jé nao mais parecia um sistema
ordenado, um todo inteligivel, mas algo fundamentalmente inexplicdvel. A na-
tureza humana também parecia intrinsecamente insonddvel e problemdtica.
Os filésofos gregos, os escoldsticos medievais, os humanistas da Renascenga €
os philosophes do século XVTII haviam oferecido uma resposta coerente e ine-
guivoca para a guestio “Ouem é o homem?”. No inicio do século JO, os inte-
lectuais do Ocidente nio tinham mais uma idéia dara do gue era o ser huma-
! no, € a vida parecia destituida de gualguer propésito dominante, como obser-
. vou Nietzsche:

A desintegrag&o caracteriza esta dpoca, € dal a incerteza: nada permanete Prme id es


pés, nem conserva uma fÊ inabaldvel em si mesmo: vive-se para o amanbe, ja d pe
depois de amanha é incerto. Tudo em nosso caminbo é escorregadio € perigoso, ” 0 # ee
ainda nos sustenta tornou-se fino: todos sentimos o bdlito morno e nefasto
degelo; logo ninguém serd capasz de caminbar onde agora caminhamos.”

Essa total desorientacao levou alguns intelectuais a sentirem-se alienados d


2
civilizag&o ocidental, e mesmo hostis a ea. ao
AE Ouando Oo novo século COMECOU, 4 Maioria dos eu ropeus Estava om” so j-
| 'toao future, e alguns chegavam a afirmar gue a civiliza€ao européla eers jet
miande uma idade de ouro. Poucos suspeitavam de gue a civilizagao €uroP
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O Ocidente moderno

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olada por uma crise gue ameagou sua prépria sobrevivência. As for-

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breve Sef jasaasss Jo irracionalismo, acdlamadas por Nietzsche, analisadas por Freud e

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Notas

BR
1. Friedrich Nietzsche. 7he Will to Power. ciology. Trad. por John Spaulding e George
Trad. por Walter Kaufmann e R. ]. Holling- Simpson. Nova York, The Free Press, 1951,

aa
dale; org. por Walter Kaufmann. Nova p.291.
York, Vintage Books, 1968, pp. 458-59. 16. Irving Howe (org.). The ldea of the Mo-
2. Ibid., pp. 383-84. dern in Literature and the Arts. Nova York,
3. Citado em R. ]. Hollingdale. Nietasche. Horizon Press, 1967, p. 16.
Londres, Rourledge & Kegan Paul, 1973, 1%. Ibia., p. 15.
p. 82. 18. Daniel Bell. 7he Cultural Contradictions
4. Nietzsche. The Will 10 Power, p.S18. of Capitalism. Nova York, Basic Books,
). Friedrich Nietzsche, Tuilighe of the Idols 1976, pp. 110, 112.
and The Ant-Chris. 'Trad. por R. ]. 19. Paul Klee. On Modern Art. Trad. por Paul
Hollingdale. Nova York, Penguin, 1972, Findlay. Londres, Faber &c Faber, 1948,
p. 116. ps.
6. Nietzsche, The Will to Power, p. 386. 20. John Canaday. Mainstream of Modern
7. Janko Lavrin. Nietasche. Nova York, Char- Art Nova York, Holr, 1961, p. 458.
les Scribner's Sons, 1971, p. 113. 21. Citado em A. E. E. McKenzie. 7he Major
. Sigmund. Freud. Cvilizaion and las Dis- Achievements of Science. Nova York, Cam-
Contents Nova York, Norton, 1961, p. 62. bridge University Press, 1960, 1510.
?. Ibid, p. s8. 22. Jacob Bronowski. 7heAscent of Man. Bos-
10. leid. ton, Litrle, Brown, 1973, p. 323.
H. Ibid, p. S9. 23. Citado em Roland N. Stromberg, #e-
Ibid, p. 61. demption by War. Lawrence, Regents Press
leid, p. 59. of Kansas, 1982, p. 65.
dbid, p. 69. 24. Nietzsche. The Will to Power, p. 40.
15. Emile Durkheim. Suicide: A Study in So-
506 Givilizacio ocidental

Sugestoes de leitura

Baumer, Franklin. Modern European Tbougbi Masur, Gerhard. Proph


et
(1977). Estudo bem informado do pensa-
ltu Taof Yesterday£* (1961)
Fstudos sobre a Cu
mento moderno. riodo 1890-1914. “UFOPéia no pe-
Bradbury, Malcolm e James MacFarlane (orgs.). Nelson, Benjamin
(org). Freud and H
Modernism, 1890-1930 (1974). Ensaios tieth Century (19 Twen-
sobre varias fases do modernismo: valiosa
57). Valiosa Rd
ENSAIOS.
bibliografia. Roazen, Paul. Freud)
Gay, Peter. Freud: A Life for Our Times (198 8). Tbought (1968). As im
Fstudo altamente recomendado. plas da psicologia de Freud.
Hamilcon, G. H. Painting and Sculpture in strombDerEg,, Roland N. Er
Europe, 1880-1940 (1967). Obra de peso. 'bean Intell
History Sznce 1789 (198
Hollingdale, R. ]. Nietzscke (1973). Obra pe- 6). Texto dl
Zeitlin, 1. M. ldeology and the
netrante e de fdcil compreensao. Sociological Theory (1968). ExDevelopmen: of
Hughes, H. Stuart. Consciousness and Society amina em de-
ta
lhe o pensamento dos Principais cons-
(1958). Bom no tocante aos pensadores trurores da teoria sociolégica.
soclals.

Ouestêes de revisao
1. A gue se refere o termo irracionalismo? 9. Segundo Durkheim, em gue consistia a
2. Discura a atitude de Nietzsche com res- crise da sociedade moderna? De gue ma-
peito a razao, ao cristianismo e 3 demo- neira ele tentava lidar com essa crise?
cracia. 10. O gue você acha da opiniëo de Pareto de
2. Por gue os nazistas se sentiram atraidos gue as massas, num Estado democrdtico,
pela obra de Nietzsche? nao sio realmente influenciadas pela ar-
4. Na sua opiniëo, h4 algo positivo no pen- gumentagio racional?
samento de Nietzsche? 11. Para Weber, gual era o terrfivel paradoxo
). Em gue aspectos Bergson refletiu o cres- da razao?
cente irracionalismo da época? 12. Descreva a visio do universo defendida
6. De gue maneira Sorel demonstrou o po- pelos ocidentais por volra de 1880.
tencial politico do irracional? gue aspectos essa visdo foi alrerada VR
7. Em gue medida Freud foi um filho do fisica moderna? Oual foio significado des-
Huminismo? Em gue ele diferia dos pbi- sa revolucio em nossa percepgo do un
losophes? verso? mg
8. (Jue padrêes estéticos predominavam na 13. Em gue aspecros a tradigo um! nista CO”
literatura e na arte ocidentais desde a Re- mecou a se desmantelar no NIC! o do sê-
nascenga? Como o movimento moder- culo KO
nista rompeu com esses padrêes?
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POLITICA E SOCIEDADE

1910 | Guerra Mundial (1914-1918)


Fstados Unidos declaram guerra
3 Alemanha (1917) otravinsky, A sagracdo da pr;
Revolugao Bolchevigue na Russia Pareto, ZTjatado de socioloo;
(1917) Spengler, A decadência dalaOz;geral
rd sd
Wilson anuncia seus 14 Pontos (1918) 1922)
'Tratado de Versalhes (1919) O dadaismo na arte (
1915-1924)
Barch, Epitola aos rom
anos (1919)
1920 Mussolini toma o poder na Irdlia (1922) Wittgenstein, 7actatus Lo
gico “Philosopbicus
O primeiro Plano Oiingienal iniciaa (1921-1 922)
rapida industrializacio na Uniëo Eliot, Zerra devastada (1922)
Soviética (1928) Mann, A montanba mdgica (1924)
Colerivizagao forgada da agricultura na (Cassirer, Filosofsa das formas si
Uniao Soviética (1929) mbékeas
(1923-1929)
Inicio da Grande Depressio (1929) O surrealismo na arte (c. 1925)
Hitler, Mein Kampf (1925-1926)
Kafka, O processo (1925)
Heidegger, O ser e o tempo (1927)
Lawrence, O amante de Lady Chatterley (1928)
Remargue, Nada de novo no fronte ocidental
(1929)

1930 Stalin ordena expurgos em massa na Freud, O mal-estar da civilizafdo (1930)


Uniao Soviética (1936-1938) Ortega y Gasset, A rebeliëo das massas (1930)
Hirler torna-se chanceler da Alemanha Jaspers, O homem na idade moderna (1930)
(1933) Jung, O homem moderno em busca de uma
Eixo Roma-Berlim (1936) alma (1933)
Guerra Civil espanhola (1936-1939) Toynbee, Um estudo da histéria (1934-1961)
Franco estabelece uma ditadura na Keynes, 7zoria geral do emprego, lucro € moeda
Espanha (1939) (1936)
Pacto de nao-agressio nazi-soviético (1939) Picasso, Guernica (1937)
Tropas alemas invadem a Polênia: Steinbeck, As vinbas da ira (1939)
eclode a IT Guerra Mundial (1939)

1940 Alemanha invade a Bélgica, Holandsa, Hemingway, Por guem os sinos dobram (1940)
Luxemburgo e Franca (1940) Koestler, Darkness at Noon (194 1)
Japao ataca Pearl Harbor: Estados Fromm, Fuga da liberdade (1941)
Unidos entram na guerra contra o Camus, O estrangeiro (1942)
Japao ea Alemanha (1941) Sartre, O ser e o nada (1943)
Termina a guerra na Europa (1945) Orwell, /984 (1949)
Estados Unidos lancam bombas arémicas
no Japao; o Japio se rende (1945)
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Por volta de 1914, os Estados nacionais, respondendo a nenhum po-

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der superior, foram alimentados por um nacionalismo explosivo e se
agruparam em aliangas gue desafiaram umas as outras com uma hosti-
lidade sempre crescente. Paixêes nacionalistas, superaguecidas pela im-
prensa popular e pelas sociedades expanstonistas, énvenenaram a$ rela-
g6es internacionais. Pensadores nacionalistas propagavam doutrinas ra-
Ciais e darwinistas sociais pseudocientificas, gue glorificavam o conflito
e justificavam a subjugacëo de outros povos. Compromeridos com o
aumento do poder nacional, os estadistas perderam de vista a Europa
como uma comunidade de nac6es compartilhando uma civilizacio co-
mum. Cautela € contenco deram lugar 3 beligerência nas relag6es
€xterlores.
O fracasso do sistema estatal europeu foi igualado por uma crise cul-
rural. Alguns intelectuais europeus criticaram a tradigo racional do
Iluminismo e enalteceram o primitivo, o instintivo € 6 irracional. Os
jovens foram cada vez mais atrafdos por filosofias de a€&o, gue ridicula-
rizavam os valores burgueses liberais e viam a guerra cComo uma expé-
riëncia purificadora e honrosa. As guerras coloniais, retratadas em cores
vivas na imprensa popular, acendiam a imaginagao dos operdrios fabris
entediados e estudantes gue sonhavam acordados, reforcando entre os
soldados e aristocratas um senso de dever e o anseio por atos de bravura.
509
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si 510 Givilizacio ocidental

Essas peguenas `esplêndidas” guerras coloniais ajudaram


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atitude gue tornava a guerra aceitdvel, se no louvvel. Ad
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per as amarras de suas vidas comunse abracar val Or POr ro
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€urop€us €ncaravam o conflito violento como a mai alta eXbrees os


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vida individual e nacional. “Ouem dera houvesse UMa guerra ee da


injusta, escreveu George Heyn, um jovem escritor alemêo e da gue
“Esta paz cheira mal.” Embora a tecnologia estivesse tornan
f panhas bélicas mais brutais € perigosas, "Pa
a Europa mantinha oe N
jy romantica acerca do combate.
Enguanto a Europa aparentemente ae
progredia na arte da Civilizaco
# poder mitico do nacionalismo e o
apelo primitivo do conflito ek
arrastando a civilizacao européia para
o abismo. Poucas PESSOas percebe-
% ram a €rise potencial — nem mesmo os estadistas, Cujas ages
impruden-
tes permitiram gue o continente €SCOrregasse para a guerra. *

'f Agravamento das tensêes


i nacionalistas na Austria-Hungria
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Em 28 de junho de 1914, um jovem terrorista, com o apoio de uma socieda-


da

de secreta nacionalista sérvia — chamada Uniëo ou Morte (mais conhecida popu-


sa aa

larmente como Mao Negra) —, assassinou o arguiduague Francisco Fernando,


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herdeiro do trono austro-hingaro. Seis semanas depois, os exércitos da Europa


estavam em marcha; um incidente nos B4lcas tinha acendido o estopim de uma
guerra mundial. Uma andlise do motivo por gue a Austria-Hungria se dispêsa
atacar a Sérvia, e por gue as outras potências se envolveram no conflito, revela 0
guanto a Europa era explosiva em 1914. E em nenhuma parte as condic6es eram
mais voldteis do gue na Austria-Hungria, o cendrio do assassinato.
N Composta de v4rias nacionalidades, cada gual com sua prépria histori a eoetra-

N dic6es e, fregtientemente, aspiracêes conflitantes, a Austria-Hungria OPpun! E


ao nacionalismo, a forga espiritual mais poderosa da época. O Re
império austro-huingaro talvez estivesse obsoleto num mundo de Estados ee
do no principio da nacionalidade. Dominado pelos alemaes € hungaro5 aiseas
pério no conseguia atender as gueixas e nem conter os objetivos me OP
de suas minorias, particularmente os tchecos e eslavos do sul (croaras, €S!O"
sérvios).
A agitacao aum
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entada entre as v4rias nacionalidades, gue pi
. ,
década
. O temor
. Oorou na

anterior a 1914, criou ansiedades terrfveis entre Os dirigentes austriacos ER


de gue o império fosse destrogado pela rebelizZo fez com gue a Austria , ac”
Uma politica vigorosa CONtra gualguer nacao gue aticasse OS sentiment gra

is nalistas de suas eminorlas eslavas. Em particular, tal polftica significou deMM Impérle
Pi;
mento das tens6es entre a Austriaea peguena Sérvia, independente
EP”

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Cronologia 18.1 * 1 Guerra Mundial

Formacio da Triplice Entente entre Alemanha, Austria-


1882 Hungria e Irdlia.
Alianca entre Ruissia e Franca.
1894
Entente anglo-francesa.
| 904
Entente anglo-russa.
| 1907
Crise na Bésnia.
1908
78 de junho, 1914
O arguidugue Francisco Fernando da Austria € assassina-
do em Sarajevo.
4 de agosto, 19 14 Alemanha invade a Bélgica.
Setembro, 1914 Primeira batalha do Marne salva Paris.
Maio, 1915 Ir4lia entra na guerra do lado dos Aliados.
Primavera, 1915 Alemanha forca a Russia a abandonar a Galicia e a maior
parte da Polênia.
Fevereiro, 1916 O general Pétain lidera as forcas francesas em Verdun; os
alemdes fracassam ao tentar capturar a cidade-fortaleza.
Julho-novembro, 1916 Batalha do Somme: os Aliados sofrem 600 mil baixas.
Janeiro, 1917 Alemanha lanca-se 3 guerra submarina irrestrita.
6 de abril, 1917 Estados Unidos declaram guerraa Alemanha.
| Novembro, 1917 Os bolchevigues tomam o poder na Russia.
Margo, 1918 A Rissia assina o tratado de Brest-Litovsk, perdendo terri-
trio para Alemanha e retirando-se da guerra.
| 21 de marge, 1918 Alemanha lanca uma grande ofensiva para terminar a guerra.
) de junho, 1918 Os alem&es avancam até 46 guilêmetros de Paris.
S de agosto, 1918 Vitéria britêinica em Amiens.
Outubro, 1918 A Turguia é forcada a retirar-se da guerra depois de conse-
cutivas vitérias britênicas.
de novembro, 1918 A Austria-Hungria assina armisticio com os Aliados.

lde novembro, 1918 A Alemanha assina armistfcio com os Aliados; termina a


I Guerra Mundial.
| Janeiro, 1919
Conferência de paz em Paris.
“8 de junhe, 1919 Alemanha assina tratado de Versalhes.

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oe maior através da uniao com seus parentes raciais, os eslavos do sul, gue
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umd em solo austro-hingaro. J4 gue cerca de sete milhées de eslavos do sul vi- '
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user a. Temendo gue o prosse -
sérvi s, Provocou pesadelos na Austri
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diJos nacionalista Hos ' |
sérvia encora jasse os eslavo s do sul a press ionar em a favor da 1% |
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de aliados, um pais pode perseguir um rumo mais provocativo € temerario e ser
menos conciliatério durante uma crise. Além disso, um conflito entre dois esta-
dos pode gerar uma reacio em cadeia, arrastando outras potências e convertendo
uma guerra restrita numa guerra geral. Foi o gue aconteceu apds o assassinaro do
arguidugue. As origens desse perigoso sistema de alianga remontam a Bismarck e
a Guerra Franco-Prussiana.

O novo império alemdo


A unificacio da Alemanha, em 1870-71, converteu o novo estado numa
Poténcia internacional de primeira linha, perturbando o eguilibrio de poder na
Europa. Pela primeira vez, desde as guerras da Revolugio Francesa, uma nagao
“Stava em posicio de dominar o continente europeu. Para os nacionalistas ale-
"aes, a unificagio da Alemanha era tanto a consumagio de um sonho nacional
“OMO Oo ponto de partida para uma meta ainda mais ambiciosa: a extensio do
Poder alemao na Europa € no mundo.
medida gue o século XIX se aproximava do fim, o nacionalismo alem4o tor-
?Ou-se mais extremado. Acredicando gue a Alemanha devia crescer ou morrer, os
“AClonalistas presstonaram o governo para construir uma marinha poderosa, ad-
Uirir colênias, ganhar uma cota muito maior dos mercados mundiais e expandir
`S Interesses e influências alemêes na Europa. As vezes esses objetivos eram

i Mapa 18.1 Grupos étnicos na Alemanha, Austria e B4lcas antes da | Guerra Mundial

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Projeto de um cruzador de batalha. O imperador Guilherme 1] estava resolvido a construif
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grande armada, gue desafiasse a supremacia naval brit&nica. Acima” seu esbogo para um CF”
de batalha. Bildarcbiv Militirarcbiu, Freiburg

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ss na linguagem do darwinismo social — as nag6es estio engajadas numa


epre sela sobrevivência e pelo dominio. As vitérias decisivas contra a
lura . (1866) ea Franga (1871), a formacio do Reich alemao, a industrializa-
ks da € os impressionantes feitos da ciëncia e da erudicao alemas tinham
N ma nacio poderosa e dinêmica. Imbuidos de grandes esperangas guan-
vi futuro, os alemaes ficaram cada vez mais impacientes para ver a terra natal
' o ” lugar no mund o dos negécios — uma atitude gue assus-
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marck era manter a Franca isolada e sem amigos. Profundamente humilhada em


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consegiéncia de sua derrota na Guerra Franco-Prussiana e da perda da Alsdcia €

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da Lorena, a Franca encontrou seus nacionalistas ansiosos por uma guerra de

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desforra contra a Alemanha. Embora o governo francês, ciente da forga da Ale-
manha, nao estivesse disposto a iniciar um conflico dessa natureza, a guestao da
Als&cia-Lorena aumentou as tensêes entre os dois paises.
Bismarck também esperava impedir uma guerra entre a Russia e a Austria-
Hungria, pois tal conflito poderia levar a um envolvimento alem4o, ao desmoro-
namento do império austro-hiingaro e & expans&o russa na Furopa oriental. A
Him de manter a paz e as fronteiras alemas existentes, Bismarck forjou aliancas
complicadas. Na década de 1880, criou a Triplice Alianga — compreendendo a
Alemanha, a Austria-Hungria e a Irlia - € uma alianga com a Russia.
Bismarck conduziu a politica externa com contengao. Formou aliancas nao
para conguistar novas terras, mas para proteger a Alemanha da agressao france-
sa Ou russa; n4o para iniciar a guerra, mas para preservar a ordem ea estabilida-
de na Europa. Em 1888 porém, um novo imperador ascendeu ao trono alemao.
@uando o jovem aiser Guilherme II (1888-1918) entrou em chogue com seu
'doso. primeiro-ministro, em 1890, Bismarck foi forgado a renunciar. Care-
cendo do talento diplomd4tico de Bismarck, de sua fria contengio e de sua derer-
MInagao de manter a paz na Europa, os novos dirigentes, nas décadas seguintes,
somar uma politica externa beligerante e imperialista, gue assustaria Outros
stados, particularmente a Inglaterra. Enguanto Bismarck considerava a Ale- AE
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manha uma porência sacjada, esses lideres insistiam em gue a Alemanha devia
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ato da nova lideranca foi deixar gue o trarado coma Russia cadu-
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516 Givilizacéo ocidental


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A 'Triplice Entente
O medo da Alemanba
Cuando a Alemanha rompeu com a Russia, em
1890, a Franc
para turar vantagem da situag&o. Assustada com o Crescente a estav
poderi. . PIOnta
Alemanha, suas indistrias em expanso, o desenvolviment n “TIO militar d,
alianca com a Austria e a Itdlia, a Franca seguiosamente ob OP wacional ea
como aliada. Em 1894, Franca e Rvssia ingressaram numa al SOU ter a Ryssig
imposto a Franca por Bismarck terminara. “4; 9 solament
A Gra-Bretanha também estava INguieta com
o poderio militar
Alemanha. Além do mais, devido ao seu espetacula Crescente d,
r desenvolvimen
a Alemanha se convertera numa forte rival co to industrial
mercial da Inglaterra. Oe bis:
2

também se afligiram com Os esforcos cresce


ntes da Alematha ie Dis
grande potência colonial — gue era o objetivo dos
nacionalistas ei rd ri
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Importante gue fez a Inglaterra se aproxima
r primeiro da Franca e, depois, da
Russia. A construcdo naval da Alemanha, n30 nece
ssiria realmente 3 seguranca do
pas mas destinada a torné-lo uma potência ainda maior, era um
a indicaco de
due os lideres alemaes tinham abandonadoa politica do bom sen
so de Bismarck.
/nsiosa por acrescentar a Inglaterra ao rol de seus aljados. a Franga, demonstran-
do soberbo talento diplomdtico, agiu no sentido de terminar as dispurtas coloniais
s
h4 longo tempo mantidas com a Inglaterra. Isso foi levado a termo pela Entente
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Cordiale de 1904. A Inglaterra emergia assim de seu isolamento auto-impos


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Ansiosos para erigir uma sélida alianca para contrapor 3 Triplice Alianga da
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Alemanha, os diplomatas franceses agora buscavam acalmar as tensêes entre seu


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aliado russo e seu novo amigo inglês. Dois fatos convenceram a Rissia a adorar
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uma atitude mais conciliaréria para com a Inglaterra: uma derrota desastrosa €
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inesperada na Guerra Russo-Japonesa de 1904-1905 e uma revolugzo da classe


operêria em 1905. Traumatizada pela derrota, com seu exército & beira da desin-
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tegragao e seus trabalhadores inguietos, a Ruissia estava agora dispostaa Ed


n.
eg skree mei - leduae Jisanes made iek

nar suas disputas imperiais com a Inglaterra acerca da Pérsia, do 'Tibete e d9


Afeganistio — uma decisao encorajada pela Franca. Na emtemte anglo-russa de
|
j F 1907, como na Entente Cordiale anglo-francesa de 1904, os ex-rivais conduz
ram-se de maneira conciliatéria, se nio amistosa. Em ambos os casos, o dU€ “7”
gendrou esse espirito de cooperacio foi o temor 3 Alemanha. dy
A Europa estava agora dividida em dois campos hostis: a Triplice Ententé
Fe da Alemanha, .
Auseria-Hungr” ja €
Franca, Rissia e Inglaterra €a Triplice Alianca
Jrélia. Servindo para incrementar o med ea desconfianca entre as allanas' Est”
vam a onerosa corrida armamentista ea manutencio de grandes exércltos efed-

ves por parte de todos os Estados, €Xceto a Inglaterra.


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A Alemanha denunciou a Triplice Entente como uma coalizio antigermanica

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hostil, destinadaa envolver e esmagara Alemanha. se esta desejava sobre

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a Austria-Hungria COMO seu tnico aliado con-

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r o poder e a dignidade do império Habsbur-

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ncias, a Ale-

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deu exce ssiv a nfa se A nat ure za host il da Trip lice Ent ent e. Na real idad e, a
nanha
ca, a Russ ia e a Ingl ater ra rin ham -se uni do nao para trav ar uma gue rra agre s-
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siva contra a Alemanha, mas para se protegerem da germinacëio do poderio mili-
ar, industrial e diplomdtico alem&o. Segundo, ao vincular a seguranga alema com
2 seguranga da Austria, a Alemanha aumentou em muito as probabilidades da
guerra. Cada vez mais temerosa do panservismo, a Austria poderia muito bem
decidir gue somente uma guerra impediria seu império de se desintegrar. Con-
fiando no apoio alem&o, era mas provdvel guea Austria apelasse para a forga; re-
ceando gualguer diminui3o do poder austriaco, era mais provdvel gue a Ale-
manha desse & Austria esse apoio.

A marcha para a guerra


A partir de 1908, v4rias crises testaram as aliangas rivais, colocando a Europa
mais préxima da guerra. Particularmente significativa foi a guestao envolvendo
Ruissia, Austria-Hungria e Sérvia. Esse incidente bosniano reuniu muitos dos in-
gredientes gue finalmente deflagraram a guerra, em 1914.

A crise na Bésnia
A humilhante derrota frente ao Jap&o, em 1905, fizera a Russia enfraguecer
“Omo potência. O novo ministro do Exterior russo, Alexander lzvolsky, esperava
oe triunfo milicas forcando os turcos a permitir gue OS vasos de guerra
id P ee através dos Dardanelos, consumando um sonho de vérios sécu-
mpliar o poder russo no Mediterrêneo.
N ve ie um traro com a Austria; se esta apoiasse a iniclativa russa de abrir
Hardanelos, a Rissia permitiria gue os austriacos anexassem as provincias de
Oo ede Te bed gue oficialmente pertenclam ao Império
ee vo am sendo a se pela Austria-Hungria desde 1878. Sua
s. os F onsistia principa mente em primos étnicos dos sérvios. Uma anexa-
reik ae certeza enfureceria os sérvios, gue esperavam um dia incluir essa

med es eg
a Sérvia maior.

por parte da Inglaterra e da Pranga, guando


518 Givilizacio ocidental

dee sua proposigao de abrir os Dardanelos aos nav


ios de guerr
ustria tinha obtido uma a Tussos. A
vitéria diplomdtica, “hduanto a Russia
si] nova humilhagao. Ainda mais indignada gu ri
e a Russia CStava a Sérvia
Gou invadir a Bésnia para libertar seus primos G a uma
étnicos da Opressê
imprensa $érvia declarou abertamente due o império aust 9 austriacg. A
ro-hiingaro dee;
cer para gue os eslavos do sul conguistassem a liberdad
e e a unidade Ui. dad
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de belicosa também prevaleceu em Viena: a Austri


a-Hungria nao si aa
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vlver, a menos gue a Sérvia fosse destruida.


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Durante esse periodo de intensa hostilidade entr


e Austria- Hungriae
Alemanha apoiou seu aliado austriaco. Para manter Sérvia a
a Austri a forte, a Alem
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chegaria até a concordar com o desmembramento anha


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da Sérvi ae sua INCOrpo


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a0 império Habsburgo. Ao contrdrio de Bismarck, gu


e ten rara manter a Aus
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sob controle, a nova lideranca alema agora planejava fria m tria


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ente um atague aus-


triaco a Sérvia e, friamente, oferec ia o apoio alem&o caso a Rissia interviesse
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As guerras balcAnicas
A crise bosniana aproximou ainda mais a Alemanha ea
Austria, levou as rela-
gGes entre a Austria e a Sérvia a um ponrto critico e infligiu um
a nova humilha-
Ga0 a Russia. A primeira Guerra Balcnica (1912) deu prosse
guimento a essas
tendências. Os Estados balcAnicos de Montenegro, Sérvia, Bulgdria e Grécja ata-
caram o agonizante Império Otomano. Numa curta campanha, os exércitos bal.
cAnicos capturaram o territério europeu do Império turco, com excegio de
Constantinopla. Por estar no lado vencedor, a Sérvia, cercada de terras, ganhoua
costa maritima albanesa, gue he proporcionou a safda para o mar hé longo tem
po desejada. A Austria estava decidida a evitar gue sua inimiga tirasse provelto
dessa recompensa, e a Alemanha, como ocorrera durante a crise bosniana, apolou
sua aliada. Incapaz de assegurar o apoio russo, a Sérvia viu-se forcada a renunciar
aguele territ6rio, gue se converteu no Estado da Albênia.
Inflamados, os nacionalistas sérvios aceleraram sua campanha de propaganda
e terrorismo contra a Austria. Acreditando gue uma nova humilhagao seria um
dano irrepardvel para o seu prestigio, a Russia prometeu apoiar a Sérvia em su
préximo confronto com a Austria, E a Austria, por sua vez, tinha ree ,
paciëncia com a Sérvia. Incentivada pelos alemses, a Austria guerla po! " :
ameaga sérvia de uma vez por todas. Assim, os ingredientes para a guerTê eN
| Austria ea Sérvia, uma guerra gue poderia facilmente envolver a Russia € ER
manha, estavam presentes. Um novo incidente poderia muito bem iniclar
guerra, e ele veio a acontecer em 1914.

O assassinato de Francisco Fernandp


Em 28 de junho de 1914, Francisco Fernando foi assassin

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ee Mma visita de estado a Sarajevo, Capital da Bé


ie grupo de terroristas bo snia. Gavrilo Princip, Oe ak a
snianos ligado 3 Mao Negra,
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A civilizacio ocidental ém crise 519

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., contra o carro do arguidugue. Francisco Fernando e sua esposa

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guinze minutos. Assassinando o arguidugue, os terroristas espera-

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tensêes no império Habsburgo e assim preparar o caminho

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4 Alemanba encoraja a Austria

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Confia ndo na cob ert ura

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um ultimato e exigiu uma resposta dentro de 48 horas. Os termos desse ulrima-

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to eram to 4speros gue se tornava guase impossivel para a Sérvia aceitA-los. Fssa
reacio era justamente a gue a Austria pretendia, j4 gue procurava para a €rise

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uma solucso militar e n4o diplomdtica. Mas a Russta nao permaneceria indife-

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rente ao esforco austro-alem#o de ligiiidar com a Sérvia. A Russta temia gue uma

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conguista austriaca da Sérvia fosse apenas o primeiro passo de um plano austro-

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alemêo para dominar os B4lcas. Tal ampliagio do poder alemao e austriaco numa

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regiëo fronteirica da Russia era impensdvel para o governo do czar. Além disso,

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ap6s ter sofrido repetidos reveses em assuntos exteriores, a Russia nao toleraria

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uma nova humilhacëo. E como a Alemanha tinha decidido apoiar sua aliada aus-

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triaca, a Riissia resolveu nao abandonar a Sérvia.
A Sérvia respondeu ao ultimato da Austria de maneira conciliatéria, concor-
dando praticamente com todas as exigências austriacas. Porém, n4o permitiria a
presenga de autoridades austrfacas em seu solo para investigar o assassinato do
arguidugue. J4 tendo decidido contra uma solucio pacifica, a Austria insistiu em
due o fato de a Sérvia nao aceitar uma das condicêes significava gue o ultimato,
“m seu todo, fora rejeitado, e assim ordenou a mobilizagao do exército austriaco.
Esse foi um momento crucial para a Alemanha. Deveria continuar apoiandoa
ustria, sabendo gue um arague austriaco & Sérvia muito provavelmente traria a
Ruissia para o conflito? Decidida a n3o abandonar a Austria e acreditando gue
Um confronto final com a Rissia era inevitdvel, os alemaes partiddrios da guerra
COntinuaram a insistir na a€3o austrfaca contra a Sérvia. Argumentavam gue seria
melhor combater a Rissia agora do gue alguns anos depois, guando o império
do czar estivesse mais forte. Confiante na superioridade do exército alem&o, os
partid4rios da guerra sustentavam gue a Alemanha poderia derrotar a Russia ea
Franga, gue o exército britênico era fraco demais para fazer alguma diferenga.
Em 28 de julho de 1914, a Austria declarou guerra a Sérvia. A Russia, com a
Certeza do apoio francês, procdlamou a mobilizacio parcial, visando apenas a Aus-
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520 Givilizacio ocidental

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WITH HIS WIFE BY A BOSNIAN YOUTH
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tria. Mas os militares advertiram gue a mobilizacso parcial precipitaria a lenta


mOoVimenta&io da m4guina bélica russa em total confus&o, se a ordem tivesse de
ser mudada de repente para uma mobilizac&o total. Além disso, os “nicos planos
gue o estado-maior russo tinha tracado exigiam a plena mobilizag&o, isto é, guer-
rear contra a Austria e a Alemanha. Pressionado por seus generais, o czar orde-
nou a mobilizacao total em 30 de julho. As tropas russas combateriam tanto a
Alemanha guanto a Austria.
J& gue o pafs gue aracasse primeiro desfrutaria da vantagem de combater sé
gundo seus préprios planos, em vez de ter gue improvisar uma resposta a0 ata-
gue do inimigo, os generais encararam a mobilizacao feita pelo inimigo COMO
um ato de guerra. Por esse motivo, guando a Ruissia rejeitou uma adverténdla
alema para suspender a mobilizacio, a Alemanha. em le de agosto, ordenou UIT”
mobilizacao geral e declarou guerra 3 Russia. Dois dias mais tarde, a Alemanha
também declarou guerra 3 Franca, acreditando gue esta, muito provavelmente
apolarla sua aliada, a Ruissia. Além disso, os planos de batalha alem#es exiglam
uma guerra tanto contra a Russia como contra a Franca. Assim, uma guerra ent
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a Alemanha e a Rissia significaria automaticamente um arague alemao A Frangé-
Eg Cuando a Bélgica se recusou a permitir gue as tropas alemas marchassem AK”?
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Inglaterra a entrar na guerra, a fim de assegurar E eurralidade

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belga Al retamente pé€ lo canal da Mancha, nem tolerar gue a Alemanha domi-
ropa ocidental.

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Pare cia gue o pov o des eja va a viol ênci a pela viol ênci a. Era como se a guer-
Jutar.
fuga da roti na mon éto na da sala de aula , do emp reg o e
ra proporcionasse uma
pide z e da med ioc rid ade da soc ied ade bur gue sa — “um
do lar, do vazio, da insi
frio e exau sto' , diss e Rup ert Bro oke , um jov em poeta in-
undo envelhecido,

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ns, a gue rra era um “mo men to belo (...) e sagr ado, gue sati sfazia
slês*. Para algu

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Im anseio étic o”*. Por ém, de mod o mais sign ific ariv o, a

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u o ime nso pod er gue o nac ion ali smo exer cia sobr e a men -
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de pess oas num a col eri vid ade pro nta a ded

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cialmente em sua hora de necessidade.

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Em Pari s, os hom ens mar cha ram pelo s bule vare s ent oan do as pala vras vibr an-

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tes do hino nacional francês, a Marselhesa, enguanto as mulheres faziam chover

an
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flores sobre os jovens soldados. Um participante dagueles dias recorda: “Jovens e
velhos, civis € militares inflamados com o mesmo entusiasmo (...) milhares de
homens, ansiosos por lutar, acotovelavam-se nos parios dos centros de recruta-
mento, aguardando para se alistarem (...) A palavra “dever tinha um significado
para eles, e a palavra pas tinha recuperado seu esplendor.”* Cenas semelhantes
ocorreram em Berlim. “Ê uma alegria estar vivo”, lia-se no editorial de um jornal.
Ansiamos tanto por este momento (...) A espada gue (oi colocada em nossa mao
nê serd embainhada até gue nossos objetivos sejam consumados € o nosso terri-
“érlo ampliado tanto guanto a necessidade exige.”” Escrevendo sobre agueles dias
“do Importantes, o filésofo e matemdtico Bertrand Russel relembrou seu horror e
assombro com o fato de gue homens e mulheres comuns sé deliciassem com a
perspectiva da guerra (...) A antecipago da carnificina era um deleite para cerca
de 90% da populacio. Tive de rever minhas opiniëes sobre a natureza humana'*.
Os soldados destinados 3 batalha agiam como se estivessem partindo para
uma grande aventura. “Meus gueridos, orgulhem-se de viverem em ral dpoca e
je fe e de (ee) terem o privilégio de enviar agueles due amam para uma
oa o gloriosa”, escreveu a seus familiares um jovem alemao estudante de
conguistar a
“elto'. Os jovens guerreiros desejavam fazer algo nobre e altruista,
glêria e experimenrtar a vida em sua m4xima intensidade.
lem - TE ad eek curopeus também foram carivados pela
dee rcial. Eles compartilhavam os sentimentos de Rupert Brooke: Agra-
Camos agora a Deus/Oue nos colocou em harmonia com Sua hora,/É carivou
N
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ea MET Pin! oyede d ee
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22 Civilizacio ocidental
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nossa juventude, e nos despertou do sono.”$ Para o Hlustr


e h IStOriador ale
Friedrich Meinecke, agosto de 1914 foi “um dos grandes Momentos d mêo
vida, gue subitamente encheu minha alma com a mais Profunda ed sy Minha
NOSSO POVo € a mais intensa alegria”. Em novembro de 1914, Thom ee em
ok
(ver p4gina 590), o proeminente escritor alem&o. via a guerra como “ d$ Mann
ë . Es

liberagao (...) uma enorme esperanca;


; inflama o COragao dos poetas
poderia o artista, o soldado gue h4 # no
.
4a
artista”, Perguntou ele, “no louvar
id.
a Dey s
- alguns intelectuais saudaram a gu
erra porgue ela unificavaa Nac3o0
RE
de fraternidade e auto-sacrificio. nu M espiritg
Era um retorno, sentiam alguns,
nica
s da existência humana, um meio as rafzes od
de Superar um sentimento de tsol
individual. amento
Assim, uma geraco de jovens Curope
us marchou alegremente para a guerra,
incentivados por seus professores € encoraja
dos por suas declinantes nac6es. De-
ve-se enfatizar, porém, gue os soldados gue foram
para a guerra cantando e os es-
tadistas € generais gue saudaram a gu€rra, ou
nao se empenharam em evitd-la,
contavam com um conflito curto, decisivo e galante.
Poucos intufam o gue a
1 Guerra Mundial virja a ser: guatro anos de matanga b4rbar
a e sem sentido. Os
gritos dos chauvinistas, dos tolos e de idealistas jludidos sufocara as
m palavras
dagueles gue perceberam gue a Europa estava tropegando na escuridao. “As luz
es
€stao se apagando em toda a Europa”, disse o secret4rio do Exterior britênico
Edward Grey. “Nunca em nossas vidas voltaremos a vé-las acesas.”

O impasse no Ocidente
Em 4 de agosto de 1914, as tropas alemês invadiram a Bélgica. Os planos de
guerra alemaes, tracados anos atris, principalmente pelo general Alfred von
Schlieffen, exigiam gue o exército alemao efetuasse uma volta pela Bélgica, p
flanguear as defesas francesas da fronteira, cercar as forcas francesas ë ee
Inimigo atacando-o pela retaguarda. Com Paris isolada e o exércico francés e
gado, as ferrovias alemas conduziram as tropas vitoriosas para a rente eien
Him de aumentar a peguena forga gue tinha sido destinada a manter OS am
distncia. Tudo dependia da rapidez das manobras. A Franga deveria ser s oa
antes gue os russos pudessem mobilizar contingentes suficientes
pars j meses
Alemanha. Os alemaes estavam confiantes de gue tomariam Paris em dois
ou menos. | Pe
Mas as coisas nêo safram do modo como os militares alemzes haviam F al
Deslocando-se com mais rapidez do gue fora esperado, os russo 1NY? de
Pruissia oriental, obrigando o general Helmut von Moltke a transferir red
“fronte francês, o gue dificultou o avanco alemao. Por volta do comego
bresosalemaes tinham alcancado o rio Marne, a 64 km de Paris. Com
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se podia mandar auxflio. Entre os exércitos oponentes jazia. a terra de ninguém,,

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ma vasta superficie de lama, 4rvores despedagadas, terra revolvida e troncos par-

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idos. A guerra de trincheiras era uma batalha de nervos, resisténcla e coragem,

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tavada ao som estrondoso da artilharia pesada. Era também uma carnificina.

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Ouando os soldados atacantes escalavam suas trincheiras e€ avangavam corajosa-

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mente ao longo da terra de ninguém, eram dizimados pelo fogo da arrilharia pe-

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sada e cagados pelas metralhadoras. Se penetravam na linha de rente das trin-

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cheiras inimigas, logo eram rechacados por um contra-atague.

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Apesar das baixas assustadoras, pouco terreno mudava de maos. Assim, gran-

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de parte do heroismo, sacrificio e mortes redundava em nada. Os generais orde-

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navam atagues ainda maiores para terminar com o impasse; Isso apenas aumen-

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possuia metralhadoras, rifles de repetic3o e arame farpado. Os tangues podiam re-

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fazer o eguilibrio, mas os generais, comprometidos com velhos conceitos, nio fa-
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ziam uso efetivo deles. Al£m disso, a tecnologia das metralhadoras fora aperfei-
goada, mas os tangues motorizados fregtientemente apresentavam defeicos. Ga- ey

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nhos e perdas de terra eram medidos em metros, mas as vidas da mocidade euro- TE
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péla eram aferidas em centenas de milhares. Contra a artilharia, o arame farpado


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€ as metralhadoras, a coragem humana nio tinha nenhuma chance; mas os gene-


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AIS, incompreensivelmente insensfveis e incompetentes, persistiam em seus ata- ee


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dues em massa. Esse esforco f&ril de romper as linhas inimigas ceifou incontaveis
se

vidas sem nenhum propésito.


Em 1915, nenhum lado poderia romper o impasse. Esperando sangrar o exér-
CIT francês e forcé-lo a se render, os alemêes, em fevereiro de 1916, aracaram a
cidade de Verdun, gue era protegida por um anel de fortes. Sabendo gue os fran-
“ES€$ nunca permitirijam uma rerirada dessa antiga fortaleza, esperavam gue a
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Pranga sofresse uma tal perda de homens gue ficasse impossibilitada de permane-
Cer na guerra. A Franca e a Alemanha sofreram mais de um milhio de baixas em
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Verdun, considerada por um historiador militar como “a maior batalha mundial”".


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“0 €ntanto, guando os britênicos partiram para uma ofensiva maior, em 19 de


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Julho, os alemaes tiveram de deslocar suas reservas para o novo fronte, aliviando
4 pressao sobre Verdun.
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524 Givilizacdo ocidental
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Guerra de trincheiras, tropas britênicas indo “por cima” durante a batalha do


Somme. Os
soldados ainda tinham de cruzar a “terra de ninguém ` € atravessar os arames farpados no
fronte
das trincheiras inimigas. Popperfo1o

No fim de junho de 1916, os ingleses, assistidos pelos franceses, tentaram uma


ruptura no rio Somme. Apés cinco dias de bombardeio intenso, destinado a des-
truir as defesas alemas, os ingleses, em 19 de julho, deixaram suas trincheiras e sê
aventuraram na terra de ninguém. Mas as posic6es alemas nio tinham sido des-
truidas. Emergindo de seus profundos abrigos, os soldados alemaes dispararam
suas metralhadoras repetidas vezes contra Os ingleses, gue tinham ordens de avan-
gar em fileiras. Marchando em meio ao fogo concentrado das metralhadoras, os
' soldados ingleses nao chegaram a atravessar a terra de ninguém. Dos 110 mil ho-
mens gue atacaram, 60 mil foram mortos ou feridos, “a maior perda sofrida num
tinico dia por um exército britênico ou por gualguer outro exército na I Guerra
Mundial”'*. Ouando a batalha do Somme terminou, em meados de novembro, '
Inglaterra e a Franga tinham perdido mais de 600 mil homens, e a situaga0 mili”
ar permanecia essencialmente inalterada. A tnica vitoriosa era a prêpria BE!”
gue estava devorando a juventude européia a uma velocidade incrivel.
Em dezembro de 1916, o general Robert Nivelle foi nomeado comandanC
em-chefe das forgas francesas. Tendo aprendido pouco com OS passados mees.
franceses em consumar uma ruptura das defesas inimigas, Nivelle ordenou rs
NOVO atague em massa para abril de 1917. Os alemses descobriram OS planos

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526 Givilizacdo ocidental

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Cartaz da propaganda britênica.


Cruz
KEER Vermelha ou cruz de ferro? Ferido e
prisioneiro, nosso soldado pede dgua. A
irma' alema a despeja no solo, diante do
olhos dele. Nenhuma mulher
britênica faria isso. Nenhuma mulher
WHO j Mt britinica ird esguecer isso.” Os paises em
VEE . Mt i PITFA IR guerra utilizavama propaganda para
THERE IS NO! f ANY IN fortalecer a resolugo de soldados e civis
WHO WILL FO no “fronte interno”. Stock Montage

batalha no caddver de um oficial francês e retiraram-se pata uma linha mais curta
sobre terreno elevado, construindo ali a mais forte rede de defesa da guerra.
Sabendo gue tinha perdido o elemento surpresa e descartando as advertências de
estadistas e militares de destague, Nivelle foi em frente com o arague. “Somente
a ofensiva concede a vitéria; a defensiva somente outorgaa derrota ea vergonha,,
disse ele ao presidente e ao ministro da Guerra's.
A ofensiva de Nivelle, aue comegou em 16 de abril, foi um novo banho de
sangue. As vezes, o fogo era t&o intenso gue os franceses nio podiam salr de suas
préprias trincheiras. Embora os soldados franceses lutassem com corag€m,
tuagao era desesperadora. Nivelle insistiu ainda assim com o atagu6; apos Fi je
dias, as baixas francesas chegaram a 187 mil. Nivelle caiu em descrédito e logo
demitido do comando.

Outras frentes
..... Enguanto a frente ocidental estava presa num impasse, na frente riental OS
' # aeontecimentos caminhavam de maneira mais decidida. Em agosto de 1914, OS
'Fussos, insuficientemente preparados, invadiram a Préssia oriental. Ap6 s algun*
foram
os os iniciais, gue abriram uma ferida no estado-maior alemao, OS FUSSOS
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gado a abdicar. O novo governo, de 19 17 , um a segunda
po pu la g# o. Em no ve mb ro
guerra, apesar do desgaste da - pr om et ia
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ss ia en tr eg ou a Po lê ni a, a Uc rê ni
de Brest-Litovsk, no gual a Ru
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Viêrios paises gue em de 19
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o — ent rar am na gue rra mai s tar de. No ou to no
a lrdlia e o Império Otoman a-
an os ing res sar am no con fli to co mo ali ado s da Al em
guele ano, os turcos otom ério Otoma-
da gue rra , a Al em an ha rti nha cul tiv ado a ami zad e do Imp
nha. Antes
ao tre ina r O exé rci to tur co; OS tur cos , por sua VEZ , des eja vam a aju da alema
no
a Rui ssi a ten tar apo ssa r-s e dos Dar dan elo s. Es pe ra nd o sup rir a Rus-
para o caso de
s decidiram tomar
sia e, em troca, obter os cereais russos tao necessêrios, os aliado
il de 191 5, um a for ca co mb in ad a ing les a, fra nce sa, aus tra -
os Dardanelos. Em abr
neo -ze lan des a ir ro mp eu na pen ins ula de Gel ibo lu, no lad o eur ope u dos
liana e
dan elo s. A ign orê nci a gua nto & gue rra anf ibi a, a fra ca int eli gén cia e a feroz
Dar
resistência dos turcos impediram os Aliados de chegarem as praias e tomarem as
colinas. Essa campanha custou aos Aliados 252 mil baixas, € eles nada ganharam.
Embora sendo membro da Triplice Alianga, a Ir4lia manteve-se neutra guando
4 guerra comegou. Em 1915, sob a promessa de receber o territério austriaco, a
lralia Entrou na guerra ao lado dos Aliados. Os austriacos repeliram numerosas
ofensivas italianas ao longo da fronteira e, em 1916, assumiram a ofensiva contra
a (rélia. Uma forca combinada alemé e austriaca finalmente rompeu 45 linhas ica-
nas no ou to no de 191 7, em Cap ore tto , e os ita lia nos ret ira ram -se desordena-
lia
damente, deixando para tris enormes guantidades de armas. A Alemanha e a
Austria fzeram cerca de 275 mil prisioneiros.
SE 528 Givilizacio ocidental

O colapso das potências centrais


O ano de 1917 parecia desastroso para os Alia
dos A ofensi
cassara, o Exército francés tinha-se su
blevado, o atague britAnico em P
daele nao acarretara oesperado rompimento das li
centara cerca de 300 mil baixas nkas INimigase eende,T
3 lista da Carnificina, e os TUSSOS, e acres.
revolugio e acometidos pela exaustao da guer dilacera dos pe
ra
, @stavam 3 beira de faze ls
” separada. Mas ocorreu um fato encorajador r uma paz
para os Aljados: em abril
Estados Unidos declararam guerra & Alemanha. de 1917, os

d Os Estados Unuidos entram na guerra


Fi Desde o inicio da guerra, a simpatia do
s Estados Unidos pendia para os Alia-
dos. Para a maioria dos norte-americanos
, a Inglaterra ea Franga eram dem.
craclas, 'ameagadas por uma Alemanha
autocrdtica e militarista. Esses sep.
mentos foram fortalecidos pela propaganda
inglesa, gue descrevia os alemêes
como ` hunos” cruéis. J4 gue a maior parte do no
ticidrio sobre a guerra chega-
va aos Estados Unidos via Inglaterra, os sentimen
tos antigermAanicos ganharam
impulso. O gue precipitou a entrada dos norte-amer
icanos na guerra foia de-
cIsao alema, em janeiro de 1917, de desfechar uma campan
ha de irrestrita guer-
i ra submarina, num esforco destinado a privar a Inglarerra de su
primentos de
, guerra e forg4-la & rendico pela fome. Isto significava gue submar
inos alemies
U torpedeariam tanto os navios INIMIgOS COMO OS neutros, na zona de guerra
€m torno das Ilhas Britênicas. J4 gue os Estados Unidos eram o principal for-
necedor da Inglaterra, os navios norte-americanos tornaram-se alvo dos sub-
marinos alemaes.
Revolcado com as perdas humanas e materiais norte-americanas € Gom a WO
lagao da doutrina de liberdade dos mares, € temeroso de uma diminuigio de
prestigio caso os Estados Unidos nio tomassem nenhuma atitude, o pe
Woodrow Wilson (1856-1924) pressionou em favor da soma apies
na guerra. Estava também em jogo a seguranca do pas, gue seria posta em wi
pelo dominio alem3&o da Europa ocidental. Estadistas € dipl
omaras Dat oe det
canos de destague temiam gue uma tal mudanca radical no egui
librio EE ma
ameaGasse os interesses nacionais, Como os submarinos alemaes AE ras
aracar frotas neutras, o presidente Wilson, em 2 de abril de 1917, exIg” 1
Congresso declarasse guerra 3 Alemanha, o gue foi feito em 6 de abril,

A dltima ofensiva alemda


Com a Ruissia fora da guerra, o general Erich von Ludendorff Pe -se
para uma ofensiva decisiva, antes due os norte-americanos pudessem dos
ear tropas suficientes na Franga. Uma guerra de atrito agora favorecla
e poderiam contar COm suprimentos e soldados
norte-amerlcanos. we
téria imediara e decisiva, a Alemanha nao poderia esperar vencer a BUT”
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1918), os norte-americanos contiveram OS alemaes.

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ici ent e. Os ali ado s ti nh am se cu rv ad o, mas , re fo rg ad os
vero, mas isso nao foi suf
do s pel as ar ma s no rt e- am er ic an as , na o se ab at er am . E ag or a co mega-
e encoraja
vam a contra-atacar, com grande sucesso.
gu an to iss o, os ali ado s al em Ze s, se m po de re m co nt ar co m o apoio da sobre-
Fn
reg ada Al em an ha , ni o ti nh am co nd ig 6e s de co mb at er . Um exé rci to ali ado
car
formado por franceses, britênicos, sérvios e italianos forcou a Bulg4ria a assinar
as dos bri-
um armisticio em 29 de setembro. Pouco depois, as consecutivas vitéri
tanicos no Oriente Médio obrigaram os rurcos a sé retirarem da guerra. Nas ruas
tro-
de Viena, o povo gritava “Viva a paz! Abaixo a monarguia!. O império aus
hingaro estava rapidamente se fragmentando em Estados separados, baseados na
nacionalidade.
.
No inicio de outubro, a dlrima posicio defensiva dos alemaes desmoronou
g&o do
Com receio de gue os Aliados invadissem sua patria € destruissem a reputa
Exército alemao, Ludendorff gueria um armisticio imediaro. Conrtudo, ele preci-
rë encontrar um meio de obter rermos de armisticio mais favordvels da parte
presidente Wilson e de transferir a culpa da guerra perdida pelos militares e
pelo kaiser para a lideranga civil. Assim, cinicamente, Ludendorff insistiu na cria-
- os eie ee ae popular na Alemanha. Mas os acontecimentos

gegee aI gek oe, o impacto da derrota e da fome de-

Repiblica Alema ie cion ence


tio
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as hostilri idal .
530 Civilizacio ocidental

A conferência de paz
Em janeiro de 1919, representantes das potências
aliada rEUNiram-s
para delinear os termos da paz; o presidente Wilson també j Em Paris
multides exaustas pela guerra voltaram-se para Wilson
profera gue faria o mundo trocar suas espadas por relhas
de arados.

A esperanca de Wilson de um mundo novo


Para Wilson, a guerra fora travada contra
a aurtocracia. Ele esperava gu
acordo de paz baseado nos ideais liberais-dem
ocrdticos varresse as fe
guerra, € EXpressou essas esperangas em
vdrios discursos, inclusive os famosos 14
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pontos, de janeiro de 1918. Nenhum


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dos principios de Wilson parecia mais


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justo do gue a idéia de autodeterminac30


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— o direito de um povo de ter seu pré-


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prio Estado, livre do dominio estrangeir


o. Em particular, isso stgnificava (ou fo;
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interpretado nesse sentido) o retorno da Al


sdcia € da Lorena para a Franca, a
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criag&o de uma Polênia independente, um reajustame


nto das fronteiras da
are

” lrlia, a fim de incorporar as terras austriacas habitada


s por italianos, e uma
( oportunidade para os eslavos do império austro-htingaro de formarem seus
pré-
prios Estados.
| Cienrte de gue os alemaes, se trarados com dureza, poderiam pensar em vin-
ganga, mergulhando o mundo, desse modo, em um novo cataclismo, Wilson
' insistiu em gue deveria haver uma “paz sem vitéria”. Um acordo justo encoraja-
riaa Alemanha derrotada a trabalhar junto com os Aliados vitoriosos na constru-
Ao de uma nova Europa. Para preservar a paz e ajudar a refazer o mundo,
Wilson instou a formac3o da Sociedade das Nac6es, um parlamento internacio-
nal para solucionar disputas e desencorajar a agressio. Wilson desejava uma paz
feira de justica, a fim de preservar a civiliza€ao ocidenrtal em sua forma democra-
tica e crista.

Obstdculos 4 paz
A posigao de negociador de Wilson foi solapada pela vitêria do Partido d
publicano nas eleicz6es para o Congresso de novembro de 1918. Anrtes da Fi
Wilson apelara para o povo norte-americano
gue votasse nos democratas Ee
um voto de confianga em sua diplomacia. Mas os norte-americanos eleger ri es
republicanos e 15 democratas para o Senado. Ouaisguer gue tenham S! oe
MOLIVOS dué€ levaram o POVO norteé-americano a votar nos republicanos ge vi
temente essa decisao se apoiava em guestêes locais € nacionais, € nao ee ie
nais—, Oo resultado abalou o prestigio de Wilson na mesa de conferências. esse
s€us companheiros de negociacio, Wilson estava tentando pregar para
* gies
guando nêo podia comandar ;
o apoio de seu préprio pais. Jé gue o Genado dEV'
ratificar o tratado, os diplomaras europeus receavam gue o Senado pudess e rejel
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' .taraguilo com gue Wilson concordara — e fo Exatamente o dué acontecEU:
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A civilizacdo ocidental em crise 531

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Wilson e Clemenceau chegam a Versalhes, 28 de junho de 1919. O idealismo do presidente


(esguerda) de
Wilson (centro) conflitou com a determinagao do primeiro-ministro Clemenceau
aumentar a seguranca da Franga. Hulton Deutsch Collection

Um outro obsticulo ao programa de paz de Wilson foi a exigéncla francesa de


seguranca e desforra. A guerra guase roda fora travada em territêrio francés.
Muitas indGstrias e fazendas francesas ficaram arruinadas; o povo francés pran-
he

teavaa perda da metade de seus homens jovens. Representando a Franga na mesa


Ee.Es
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de conferência estava Georges Clemenceau (1841-1929), apelidado `o Tigre..


fia-
Ninguém amava mais a Franca nem odiava mais a Alemanha. Cético, descon
fee.
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do do idealismo e ndo compartilhando da esperanca de Wilson em um mundo


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NOvo, ou de sua confianga na futura Sociedade das Nacêes, Clemenceau exigia


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due a Alemanha fosse severamente punida, e gue se destruisse a capacidade


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alema de travar guerras.


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Receoso do potencial humano e do poderio industrial superiores da Alema-


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nha, e duvidando de gue sua tradigdo militar a deixasse resignar-se com a derro-
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532 Givilizacio ocidental
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ra, Clemenceau desejava garantias de gue as guerra


s de 1870-71e 1
se repetiriam. A guerra tinha mostrado gue, sem a ajuda
tados Unidos, a Franca teria ficado & mercéê da Alemanh
nhuma certeza de gue esses paises voltariam a ajudar a
Fr anga, Clemenc
Java usar a presente vantagem da Franga para incap acltar a Alemanha tau dese.
A mesdlagem de nacionalidades européias foi outra barreira
ao
Wilson. Por haver em tantas regiëes da Europa
central uma mistur PTOgrama de
' lidades, ninguém podia criar uma Europa inteir
amente livre
a de NAClona-
minorias; algumas nacionalidades sempre se sentirjam como se de problemasde
5 tIvessem sido tra-
tadas mesguinhamente. E as v4rias nacionalidades nio
estava Mm dispostas a Mmo-
again

derar suas exigéncias ou reduzir su


ad.

as aspiracêes. Por exemplo, a dout


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ir.

14 Pontos de Wilson exigia a rina dos


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cria€3o de uma Polênia mdependente com aCesso


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seguro ao mar. Mas entre a Polênia e o mar havia


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o territéri habitado pelos ale.


maes. Conceder essa terra 3 Polênia violaria a au
todetermina€3o alem&. negd-la
significaria gue o novo pais teria pouca chance de desenv
Es peer

olver UMa ECONOMIa sau-


d4vel. Oualguer gue fosse a decisio tomada, uma Po
pulag&o a julgaria injusta.
De modo semelhante, para munir a nova Tcheco
ae EE

slovdguia de fronteiras defensd-


veis, seria necessdrio dar-lhe o territério habitado princi
palmente por alemses.
Isso também poderia ser encarado como uma negativa da autode
terminacëo ale-
ma, mas nao garantir esse territério para a Tchecoslov4guia significar gu
ia e o
novo Estado nao seria capaz de se defender contra a Alemanha.
: Servindo também de barreira ao programa de Wilson estavam os tratados se-
cretos esbocados pelos Aliados durante a guerra. Tais acordos, dividindo o terri-
tOrio alemao, austriaco e otomano, nio se enguadravam no principio de autode-
terminagao. Assim, por exemplo, para induzir a Idlia a entrar na guerra, os Alia-
dos tinham-lhe prometido terras austrfacas gue eram habitadas predominante-
mente por alemaes e eslavos. A Trdlia nao estava disposta a repudiar seu prémio
por causa dos principios de Wilson. ma
Finalmente, a guerra tinha despertado uma grande amargura, gue persistia apos
as armas terem sido silenciadas. Tanto as massas guano seus lideres exiglam o
tribuigao e mantinham esperancas exageradas de territérios e reparagoes. Emt
atmosfera de inimizade pês-guerra, o espirito de acordo e moderagso nao con$é
gulu suplantar o desejo de espélios de guerra e puni€ao.

O acordo
Ap6s meses de negociagêes, marcados fregtiientemente pela mr gas
motores da paz forjaram um acordo. Cinco tratados compuseram a paz 4% Dos
cada um deles com a Alemanha, a Austria, a Hungria, a Bulgéria ea Re #
cinco, o tratado de Versalhes, gue a Alemanha assinou a 28 de junho de 121;
o mais significativo.
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534 Givilizacio ocidental

A Franga recuperou a Alsdcia e a Lorena perdid


as para a Alem
Franco-Prussiana de 1870-71 e a Alem
anha fo proibida de er
na Renênia. Os militares franceses tinham desejado tomara Ed
nha e dividi-la em uma ou mais republ
icas sob a suseranjia kuns.
era uma fronteira defensiva natural: era
Preciso somente destryir 2.
impedir uma invasio alema da Franca.
Com a Alemanha priva
lim para a invas&io, a seguranca francesa seria en
cendo gue o povo alem&o nio se
submeteria P€fmanentemente 3 am
Renênia gue era habitada por mais de 5 milhêes de alem tagag da
essenciars Wilson e o primeiro-ministro br ae se so pie Indistria
itênico David Lloyd George
s€ Opuseram a essas exigéências dos franceses. (1863-1945)
j Defrontando-se com a Oposicao de Wi
lson e Lloyd George, Clemen
T Cuou € concordou entio ceau re.
com a OCUPpagao aliada da Renênia du
com a desmilitarizag&o da regiëo e com rante 15 anos
f
uma Promessa anglo-americana de ajuda,
caso a Alemanha atacasse a Fran€a no
futuro. Esse Gltimo PONto, considerado
: tal pela Fran€a, revelou-se indal. A alianga somente ganharia
Estados Unidos guanto a Inglaterra a ratificassem efeito se tantg os
. J4 gue o Tratado de Segurana
nao obtivera aprova€&o do Senado dos Estados Un
! idos, a Inglaterra também se
recusou a assind-lo. O povo francês sentiu gue tinha sid
o enganado e ludibriado.
Uma guestio correlara dizia respelto as exigências france
! sas de anexacio da
bacia de Saar, gue ficava préxima da Lorena € era rica em car
vao. Obtendo essa
reglao, a Franca enfragueceria o potencial militar alemao e fortalecerja o
seu, A
Franga argumentava gue isso seria uma justa compensag&o pela destruic3o deli-
berada das minas de carvao francesas pelo exército alemao em retirada no fim da
guerra. Mas ai também a Franga ficou desapontada. O acordo final exigiu uma
cCOmissao da Sociedade das Nacées para governar a bacia de Saar durante 12
aNOS, apos o gue os habitantes decidirjam se o territério deveria ser cedido a Fran-
Ga ou restituido 4 Alemanha.
No leste da Alemanha, em certos distritos da Silésia gue tinham uma grande
populag#o polonesa, um plebiscito determinou o futuro da regiëo. Em consé-
giéncia, parte da Alra Silésia foi cedida & Polênia. O acordo também deu , T
lénia um corredor gue atravessava a Polênia ocidental € terminava no ir d
dco de Dantzig; Dantzig foi declarada uma cidade internacional a seradminise
da por uma comissio da Sociedade das Nac6es. Os alemaes se resignariam com
perda desse territério, gue separava a Prissia oriental do resto da Alemanha- d
As nag6es vitoriosas receberam o controle das colênias alemas € reed
Contudo, essas nacées nio conduziram essas colênias diretamente, mas SUT e%
vés de mandatos supervisionados pela Sociedade, gue protegeria os wes
povos nativos. O sistema de mandato implicava o fm definitivo do co ee 2
mo, pois daramente se opunha 8 exp lorag&o dos povos coloniais € assev€
4 dindependência como a mera justa par
a as nac6es submertidas.
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Ourtras guestêes giraram em torno das forcas militares alemase das rep EN doa
ta impedir um ressurgimento do militarismo, o exército alemao foi limie
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#rios e privado de artilharia pesada, tangues e aviëes de guerra. A

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100 lunea foi reduzida a uma forca simbélica, gue nio incluia submarinos.
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das reparagoes (compensag6es) suscitou terriveis ressentimentos

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us adversdrios franceses e ingleses. A delegagao norte-americana de-

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es ' rratado fixasse uma soma razodvel a ser paga pela Alemanha e espe-

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ho trat ado; fora m deix ados de lado para cons ider ages furu ras.
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assi nou o trat ado de Vers alhe s, abra gou uma divi
ona , Alemanha
e levar ia viria s gera g6es para ser sald ada. Além disso , o arti go 231,
provavelment
as cldu sula s de inde niza gao, impu rava a resp onsa bili dade exclusi-
gue ntec edia
e seus alia dos. Os ale mes reag iram com desp rezo a
va da guerra a Alemanha mad
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es$a ACUSAGAO.
ci a li do u co m a di ss ol uc ao do império Habs-

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ra do s, a co nf er ên

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Fm tr at ad os se pa
burgo. Nas semanas finais da guerra, o império austro-hingaro rinha se ie

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proclamaram sua independência Oo go-

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gado, guando as varias nacionalidades

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promorores da paz rarificaram com trara-

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verno Habsburgo. Em muitos casos, os

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dos o gue as nacionalidades j4 rinham consumado de fato. A Sérvia foi unida as

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terras austriacas habitadas pelos croatas e eslovenos, convertendo-se na Tug

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via. A Tchecoslov4guia surgiu das regiëes da Austria predominantemente tchecas

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eeslovacas. A Hungria, gue se libertara da Austria para tornar-se um pas separa-

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do, teve de conceder terras considerdveis 3 Romênia ea lugosldvia. A Austria reve

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de transferir para a Irdlia o sul do Tirol, gue era habirado por 200 mil alemaes

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austriacos — uma violac#o manifesta do principio de autodeterminaao gue cho-

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cou bastante a opiniëo liberal. Privada de seus vastos territérios € proibida de unir-

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se3 Alemanha, a nova Austria era agora uma porência de tercelra categorla.

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Avaliado e problemas
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Os alemies unanimemente denunciaram o tratado de Versalhes, pols em seu -
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modo de pensar a guerra terminara n4o na derrota alemê, mas num impasse. En-
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cararam o armisticjo como o prelddio de um acordo negociado entre iguais, ba-


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seado no apelo de Wilson para uma paz justa. Em vez disso, os alemaes foram
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impedidos de participar das negociac6es. E consideraram os termos do tratado


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como humilhantes e vingativos, destinados a manter a Alemanha enfraguecida


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militar e economicamente.
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COuando os Estados Unidos ingressaram na guerra, argumentaram OS alemies,


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Wilson tinha declarado gue o inimigo no era o povo alem&o mas seu governo. lt
SEguramente, argurhentavam agora os alemaes, a nova democracia alema nao de- died
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vla ser punida pelos pecados da monarguia e dos milirares. Para os alemaes, o tra- FI

tado de Versalhes nio era a aurora do mundo novo gue Wilson tinha promerido,
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Mas sim um crime abomindvel e vil.
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Criticos de outros paises também condenaram o tratado como uma solug&o


Punitiva em flagrante violag#o do idealismo wilsoniano. Os fazedores da paz, ar-
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$umentavam, deviam ter posto de lado os rancores passados e, em cooperagdo


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BIBLIGTECA POBLICA MUNICIPAL
Pe. ARLINDO MARCON
CARLOS PANPORA —. R8
Givilizacio ocidental

com a nova Repuiblica Democrdrica Alem


s, forjado um Acordo just
de alicerce para um novo mundo. Em vez disso, Oneraram a Eed Servisse
cracia alema com indenizac6es impossiveis de serem pagas, bul demg.
acusagao de culpa pela guerra € privaram-na de territ6rios, violando s na COm 2
da autodeterminagao. 'Todas essas cldusulas,
diziam oe CrItICOS, some P T EIpi
bariam velhos ressentimentos e abanariam as chamae do
naclonalismo` * ales@acer
Esse era um inicio infeliz para a democracja na Alemanha e para o mad Mao.
- # - - "
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de Wilson. o novo
Os defensores do acordo insistiam em due se a
Alemanha tivesse
ra, terla imposto aos Aliados um tratado muito ganhoa guer-
mais duro. Assin
rivos bélicos alemêes, gue exiglam a anexacao alaram OS obje-
de partes da Franc ae da
redugao da Bélgica e da Romênia 3 Polênia, 7
PoSicaAo de satdlites ea €XPaNSAo alem
Africa central. Mencionaram também s na
o tratado de Brest-Litovsk, gue a Alem
nha compelira a Ru a-
ssia a assinar em 1918, como um ex€mplo
racidade alemas. A insacidvel Alemanha ganhara de crueldade e vo
34% da populagso russa, 32%
de suas terras férteis, 54% de suas indids
trias e 80% de suas minas de carvig.
Além disso, insistiam em gue o acordo de paz nao
era um repuidio dos principios
de Wilson. O novo mapa CUropeu era a aproximag3o ma
is estreita gue a Europa
J& conhecera da distribuico étnica de seus Povos.
O fato mais significativo acerca do tratado de Versalhes € gue ele nio
resolveu
Ë o problema alem&o. A Alemanha ficou enfraguecida mas no falida; seu pod
*

- erio
Es
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industrial e militar conteve-se apenas temporariamente, e seu fervor nacionalista
em nada diminuiu. O perigo real na Europa era a relutência alem3 em aceitara
derrota ou renunciar ao sonho de expansao.
A Franga, a Inglaterra e os Estados Unidos deveriam impor o tratado contra
uma Alemanha ressurgente? A guerra demonstrara gue uma vitéria aliada depen-
dera da interven3o norte-americana. Mas em 1920, o Senado dos Estados Uni
dos, irritado porgue Wilson no tinha levado com ele republicanos para Paris, €
temendo gue os membros da Sociedade das Nac6es envolvessem a América em
futuras guerras, recusou-se a rarificar o tratado de Versalhes. A Inglaterra, viri
do-se culpada pelo tratamento dado & Alemanha, perdeu a disposigao de ap id
o tratado e chegou mesmo a defender sua revis&o. A responsabilidade pela pres ”
vag&o do acordo ficou, portanto, principalmente com a Franga, gue nao sé d
va encorajada. O acordo de paz de Paris deixou a Alemanha ressentida me P
tencialmente poderosa, e no leste situayam-se Estados peguenose fracos —alg sr
deles com minorias alemas relativamente considerdveis — gue nao podiam
frear uma Alemanha rearmada.

A guerra e a consciëncia européia


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us Haverd guerras como nunca antes no planeta”, anunciara Nietzsche. A (Guer”
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Ta Mundial comprovou sua previsio. A tecnologia moderna capacitou 0% Ë
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'&matarem com uma eficiëncia sem precedentes; o nacionalismo TM

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gie pilizou seus recursos humanos, materiais e espirituais para deflagrar

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total. Ouando a guerra recrudesceu numa luta selvagem e exaustiva,

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gresso continuo. A civ ili zag io

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om imref der n TA
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A guerra deixou mui tas pes soa s com o sen tim ent o ing uie tan

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zacio ocidental tinha perdido a vitalidade e fora colhida num ritmo de colaps

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povo ocidental, apesar de seus feitos extraordindrios, achava-se a nao mas

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ent e, gua lgu er civ

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um passo ou doi s da bar bér ie. Cer tam

ei vir.
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aguela carnificina sem sentido por guatro anos, tinha entrado em declinio e so

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poderia antever o mais negro dos futuros.
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Os intelectuais europeus estavam desmoralizados e desiludidos. O mund


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denado, pacifico e racional de sua juventude fora destruido. A visao de mundo


Ls
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do Huminismo, enfraguecida no século XIX pelo assédio de romAinticos, misticos


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raciais, nacionalistas extremados, darwinistas sociais e glorificadores do irracio-


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nal, estava agora desintegrando. A enormidade da guerra rinha destruido a fé na


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stê es soc iai s € pol iri cas cru cia is. Par eci a
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Capacidade da raz ao par a lid ar com as gue


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gue a civilizacio estava travando uma batalha sem fim e sem esperangas contra. 5
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elementos irracjonais da natureza humana.


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fic a pro duz ira arm as mai s efi cie nte s par a mat ar
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Juventude européia. As realizac6es da ciëncia e da tecnologla ocidenrtais, gue ha-


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Vlam sido consideradas como uma didiva para a humanidade e o mais claro tes-
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tmunho da superioridade da civilizag&o européia, foram guestionadas. A con-


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Hanga no futuro deu lugara duvida. As antigas crengas na perfectibili
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manidade, nas bêngaos da ciëncia e no progresso linear pareciam agora uma €x-
ap.
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Pressao de ingênuo otimismo. A. |. P Taylor conclui:


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V

538 Civilizacao ocidental

Os sobreviventes (1922), de Kithe Kollwitz. Com a estimativa de 10 milhêes de mortos e 21


milhêes de feridos, a | Guerra Mundial destruiu a esperanga de gue a Europa ocidental vinha
, progredindo continuamente rumo a uma civilizacao racional e esclarecida. National Gallery of Art,
Wasbington, D. C., Rosenwald Collection @ Patrimênio de Kathe Kolitz, VAGA, Nova York, 19

Foi difcil afustar a 1 Guerra Mundial ag guadro de uma civilizacio racional avangam”
do por etapas ordenadas. Os bomens civilicados do sérulo XX tnbam excedido em age
ria os bdrbaros de todas as dpocas anteriores, € suas virtudes civiliaadas — orgamEaf”
habilidade mecênica, auto-sacrificio — tornaram ainda mais terrlvel a selvageria da 4,
ra. O homem moderno tinha desenvolvido Poderes gue ndo estava preparado para usar
civilizario européia fora avaliada em seu eguilibrio e se revelara carente.”

EFssa desilusao acarretou uma perda de f€ nos valores liberais-democraico* o


gue contribuiu para a difundida popularidade das ideologias fasci stas no mUP
do pês-guerra. Tendo perdido a confianca no pod Jucionar %
EDE
Poste; er da razao para SO
A civilizardo ocidental em crise 239

s ê muni dade huma na, nas doutr inas liberais da liberdade individual
problemas d a
o e s da demo crac ia parla menta r, muita s pesso as volta ram-s e para o
e nas instituiG dora. Longe de torna r o mund o seguro para a
U I T a simpl es fé salva
fascismo Como Wils on e outro s libera is tinha m esper ado, a 1 Guerra Mundial
OM O .
democracla, C ment os total itdri os gue guase destr uiram a democ racia .
M O V I N
deu lugar aos gerag io de joven s gue tinh am aring ido a maturidade
A guerra pr o d u z i u uma
. A v i o l ê hcia cConv erter a-se num modo de vida para milhêes de sol-
sm combate s po r gu at ro anos
lh a e par a mi lh êe s de civ is in ci ta do
dados endurecidos pela bata êe s de mortos e 21 mi-
an da . As ba ix as as tr on êm ic as — cer ca de 10 mi lh
de propag
tve ram um efe ito bru tal iza nte . A vio lên cia , a cru eld ade , o so-
Jhêes de feridos —
a mo re ind isc rim ina da, par eci am ser com pon ent es nar urals
fimento, € mesmo
a hu ma na : a san tid ade do ind ivi duo par eci a ser um artifi-
eaceitdveis da existêncl

Ep
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cio liberal e cri sta

Pr
lên cia e o des pre zo pel a vid a per sis tir am no mu nd o do

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Esse fascinio pela vio

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vet era nos , ao ret orn are m, an si av am pel o ex ci ta me nt o da bar
pés-guerra. Muitos
ra da ge m das tri nch eir as — a gue se ref eri u um sol dad o francês
lha € a cama
o “a mai s ter na exp eri ënc ia hu ma na ”. De po is da gue rra , um jovem ofcial in-
com
av ia um a exa lra g&o , nag uel es dia s de ca ma ra da ge m ee ded ica gao ,
glês recordou: “H
coi sas po de ri am tra zer .” '* Um lag o fra ter no uni a OS ho me ns nas trin-
gue pou cas 1
os vet era nos , po ré m, co mp ar ti lh av am um a atr aga o pri mit iva pel a
cheiras. Muit HT
firia da guerra. Assim se expressou um ex-combatente belga:
j
A verdade inegulvoca é gue se eu fosse obedecer a meus instintos animais inatos — €
havia pouca esperanca de gualguer ourra coisa énguanto estive nas trincheiras —, voltaria “IE
a me alistar em gualguer guerra futura, ou tomaria parte em algum tipo de combate, ape- jy
nas para experimentar de novo aguela voluptuosa excuagdo do animal bumano ao reco-
nhecer seu poder de trar a vida de outros seres bumanos gue tentam fazer o mesmo a ele.
O gue a principio era aceito como um dever moral tornou-se um hdbito (...) tornara-se

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uma necessidade.V
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Tanto Hidler como Mussolini, ambos ex-soldados imbuidos da ferocidade do


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fronte, sabiam como atrair os vereranos da guerra. Os amantes da violência e os


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arautos do édio, gue se converteram nos lideres de parridos fascistas, chegariam


ed.
et
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n!

guase a destruir a civilizacio ocidenrtal. Os édios nacionalistas intensificados logo


1.

Apés a 1 Guerra Mundial também ajudaram a alimentar as chamas da II Guerra


RE
ky
-

Mundial. Os alemaes juraram recuperar as terras perdidas para os poloneses; alguns s


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N

sonhavam com uma guerra de desforra. A Irdlia rambém sentia-se prejudicada por Id
EORA

na0 ter recebido mais territérios do desmembrado império austro-hingaro. sl


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vereranos a
No entanto, enguanto a experiëncia das trincheiras levou alguns
adotarem um militarismo agressivo, outros estavam seguros de gue esse horror ja- DE
mais deveria repetir-se. Torturados pela memdéria da Grande Guerra, os intelec- TB
tuais europeus escreveram pegas € romances pacifistas e assinaram declarac6es em
favor da paz. Na década de 1930, uma atitude de “paz a gualguer preco” desenco-
rajou a resistência As manobras da Alemanha nazista para dominar a Europa.

3 # N

F " ' mm - d.
da io yd

Givilizacdo ocidental

A | Guerra Mundial foi uma guerra total — abarcou a na -


limites. Os Estados exigiram a vitéria total e o COMPrOMISSO total de see AO teye
Regulamentaram a produgao industrial, desenvolveram técn lCasde propa s dadags
fisticadas para fortalecer o moral e exerceram um controle cada aganda sy.
Ver Malor SObre 2s
vidas de seu povo, organizando-o e disciplinando-o como a soldados.
1 zacio total dos recursos humanos e materiais das nacoes fornec Essa mobi.
$: fururos ditadores. Com eficiëncia e crueldade sempre maiores, “4 Um model para
sd OS ditadores CEntra-
lizariam o poder e manipulariam o pensamento. O primeiro indicio de
syoe do nunca mais seria o mesmo, e talvez a mais Importante consegiiën dué o mun-
AL
Ek

| toi a Revolugao Russa de 1917 ea tomada do poder pelos bolchevig Cla da guerra,
ues.

Notas

1. Citado em Roland N. Stromberg. Ae- World War, org. por H. W. Koch. Nova
demption by War. Lawrence, The Regents York, 'Taplinger, 1972, p. 318.
N Press of Kansas, 1982, p. 24. 10. Citado em Peter Gay. Freud: A Lif for
# 2. Rupert Brooke. “Peace”, in Collected Poems Our Time. Nova York, Norton, p. 348.
of Rupert Brooke. Nova York, Dodd, Mead, 11. S.L.A. Marshall. 7he American Heritage
1941, p. MI. Flistory of World War 1. Nova York, Dell,
3. Citado em Joachim C. Fest. Hier. Nova 196p.6, 215.
York, Harcourt Brace Jovanovich, 1973, 12.A.]. P Taylor. A History of the First World
p. 66. War. Nova York, Berkeley, 1966, p. 84.
4. Roland Dorgelês. “After Fifty Years”, ex- 13. Citado em Richard M. Watt. Dare Call
traido de Promise of Greatness, org. por J Treason. Nova York, Simon 8 Schuster,
George A. Panichas. Nova York, John Day, 169.
196p.3,
1968, pp. 14-15. 14. Citado em Alistair Horne. The Price df
5. Citado em Barbara Tuchman. 7he Guns Glory. Nova York, Harper, 1967, p. 240.
of August. Nova York, Macmillan, 1962, 15.A.]. P Taylor. From Sarajevo to Potsdam.
. 145. Nova York, Harcourt, Brace & World,
6. Bertrand Russell. 7he Autobiography of 1966, p . 55-56.
Bertrand Russell, 1914-1944. Boston, Lite 16. Cimdo em Modris Eksteins. /ites of Prn£
Brown, 1951, 1956, 2:4-6. The Great War and the Birth of te -
7. Citado em Robert G. L. Waite. Vanguard dern Age. Nova York, Doubleday Ancho
of Nazism. Nova York, Norton, 1969, Books, 1989, p. 232.
p. 22. 17. Citado em Eric ]. Leed. No Mans Land
8. Brooke, “Peace”, p. 111. at an d Id en ti ty in Wo rl d Wa r sed
Comb
9. Citado em James Joll. “The Unspoken Yo rk , Ca mb ri dg e Universtty
va
Assumprions”, in 7he Origins of the First 1979 ,.
p. 201

Sugestoes de leitura

Fay, Sidney. 7he Origins of He


vols. (1966). Estudo abrange? oe P
imediatas e subjacentes da 8
cado pela primeira vez em 1946.
AS FA £A LT RA in
EL VY Si AR
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ET SE 1Vet 'R
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A civilizaio ocidental em crise 541

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in th e First Marshall, S. L. A. The American Heritage His-

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Fritz: Ger m a n y ) A i m

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. O b r a p o l ê m i c a, enfati- tory ofWorld War 1 (1966). Provavelmente
( 1 9 6 7 )

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Re Ver

ee IE ERGR
o melhor relato disponivel.

LERE.
da A l e m a n h a na

MT ged df AE
i l i d a d e
zandoa responsab Panichas, George A. (org.). Promise of Greatness

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- h e Fi rs t World War (1994). (1968). Lembrangas da guerra por pessoas
GilbSert,
N M a r u n T

EE se
; c o n t é m e s c l a r e c e dor ma- proeminentes.
Pesguisa rece n t
Stromberg, Roland 'N. Redemption by War:

RA
"AE
, i
rerial aned6tico. 1). Um The Intellectuals and 1914 (1982). Exce-

oe ES
ER
(1 97

PERE asE.
en ee . Th e Lo ng Fu se

hel Pat br
Lafore, Laur lente andlise das raz6es gue levaram tantos

sy da
to.
estudo bem es€rito das causas do confli
intelectuais a acolherem a guerra.

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Combat and

PEER,
nd:
Leed, Eric ] No Mant La

e”
Williams, John. 7he Other Batleground (1972).

ER
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r Ji (1979). O iImpac-
Identity in World Wa
Uma comparagao das frentes civis na Gra-

AS
partici-
to da guerra sobre os homens gue

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Bretanha, Franga e Alemanha.

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param dela.

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Ouestêes de revisao

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5, Identifigue e expligue a importência his-

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1. De gue maneira os problemas de naciona-

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rérica das baralhas de Verdun, do Somme

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dade na Austria-Hungria contribuiram

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para deflagrar a 1 Guerra Mundial? ede Gelibolu.

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2. Oue condic6es levaram A formagao da 6. Por gue os Estados Unidos entraram na

ra
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Triplice Entente? Como a Alemanha rea- guerra?

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giu a ela? 7. Descreva o programa de paz de Wilson.

he

ay
3. Ap6s o assassinato de Francisco Fernan- Oue obsticulos ele enfrentou?
do, guais foram as politicas adotadas por 8. Ouais foram as cldusulas do tratado de
Austria-Hungria, Alemanha e Ruissia? Versalhes com respeiro 3 Alemanha?
4. Oue planos de baralha Alemanha e Franga 9. Por gue a 1 Guerra Mundial representou
implementaram em 1914? O gue impediu um ponto critico na histéria do Ocidente?
a Alemanha de chegar a Paris, em 1914?
' # CAPITULO 19
A Uniao Soviética:
j modernizacdo e totalitarismo

dd consegiiëncia fatidica da | Guerra


Mundial, antes mesmo de serem
travadas suas batalhas finais, foia Revolu
gdo Russa de 1917. A revolu-
€30 ocorreu em duas etapas. Em marco,
o regime czarista fo; derrubado
dando lugar a um periodo de governo li
beral € liberdade, gue logo lo
ram a um rompimento total da lei e da ordem.
& Aproveitando-se do caos,
OS bolche
vigues, numa segunda etapa da revolucao,
tomaram o poder
em novembro de 1917 e estabeleceram uma ditadu
RA

— ra COMUNIsta.* As raf-
zes da Revolug&o Russa estio no fracasso da autocracia Czaris
j

ta, '%
1

j
A autocracia Czarista

Em meados do século XIX, a Russia diferia fundamentalmente da Europa oi


dental. Os grandes movimentos gue haviam moldado a perspectiva do Ocidente
moderno — Renascenca, Reforma, Revolucao Cientifica, Huminismo e Revolugio
Industrial — pouca influência tiveram na Rissia. A autocracia, apoiada pela igre-
Ja ortodoxa, reinava absoluta; a peguena e inexpressiva classe média nao possuia
o mesmo espirito critico, dinimico e individualista da burguesia ocidental, ea
vasta maioria da populacio era formada por servos analfabetos. ME
De volta para casa apés a derrota de Napoleëio em 1814, muios oge T d
SOS, perguntando-se por gue a Rissia nao poderia desfrutar a vida ope” : ”
haviam conhecido na Europa ocidental, tornaram-se revoluciondrios. O F d
do levante de dezembro de 1825, durante o breve intervalo entrea morte C€ f
xandre ] (1801-1825) e a ascensio de Nicolau 1 (1825-1855), foi ie .
um pegueno grupo de conspiradores gue exigiam uma constituigao- A Pr de
entao, o reinado de Nicolau 1 e dos governos czaristas posteriores foi m
pelo medo da revolugëo. du VIDA
Ciente da influência subversiva das idéias estrangeiras, Nicolau decret ei
ideologia da superioridade russa, denominada macionalidade ofscial. O Po

se N Aré margo de 1918, os acontecimentos na Rissia eram datados pelo calendirloio iuljano, gue é He
Ju”, o.a prime”
diasatrasado em relagso ao calendério Bregoriano usado no Ocidente. Pelo calend&rio jullano”
iGEO ocorreu em fevereiro, € a segunda, em outubro.
EA oa ed
A civilizardo oridental em crisé 543

| Cronologia 19.1 * Surgimento da Uniao Soviética

Marco, 1917 Derrubada do regime czarista.


bo lc he vi gu es , li de ra do s po r Le ni n, to ma m o po der.
Novembro, 1917 Os
1918-1920 Guerra civil e intervengio estrangeira.
vi gu es di ss ol ve m a As se mb lé ia Co nstituinte.
Janeiro 1918 Os bolche
do Ex ér ci to Br an co sao re ti ra do s da peninsula
Novembro, 1920 Os remanescentes
da Criméla.

1921-1928 Nova Polftica Econêmica (NPE).


to rn a- se se cr et ri o- ge ra l do pa rt id o co mu ni sta.
1922 Stalin
Janeiro, 1924 Morre Lenin.
Pl an o Ou in gt ie na l ini cia a rip ida in du st ri al iz aa o.
1928 O primeiro
er; te m ini cio a col eti viz agi o da agr icu lru ra. |
1929 Stalin sozinh o no pod

1936-1938 Expurgos do terror de Stalin.

edi tar gue o cre do ort odo xo da igre ja russ a, o reg ime aut ocr dti -
foi ensinado a acr
€ a Cul tur a esl ava tor nav am Oo imp éri o rus so sup eri or ao Ocidente.
co do czar
imp or essa inv enc ibi lid ade mag uin ada , Nic ola u 1 cri ou a Ter cei ra $e6ao, um
Para
sec ret o de esp iëe s poli ciai s, e con tro lou o ace sso eur ope u 4 Se? pais. Com
6rgio
est end ido sob re a Rus sia uma esp éci e de
]

efeito, no fina l de seu rei nad o, ele tin ha


um
cortina de ferro, para manter afastadas as influëncias nocivas. Seu ideal era
pais monolftico comandado, como um exército, por uma administragao enérgi- '

ca centrada no monarca; todos os russos deveriam obedecer a suas ordens sdbias


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'

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or de Nic ola u, Ale xan dre IT (18 55- 188 1), est ava res olv ido a
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s. O suc ess
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e pare rnai
"al
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al

preservar o regime autocrdtico, mas desejava gue a Riissia alcancasse aguilo mes-
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o apo io vig oro so ea livr e ini cia riv a de


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MO gue fortalecera a Eur opa oci den tal :


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seus cidad3os. O principal enigma, para ele e seus sucessor€s até o fim do reg
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Czarista, foi saber se era possfvel estimular a iniciariva popular sem arruinar a
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autocracia.
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a emancipagio dos servos


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As reformas mais arrojadas de Alexandre incluiram


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€m 1861, gue foram libertados da servidëo 3 nobreza e receberam rerra prêpria —


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mas nio liberdade individual. Permaneceram ligados a seus vilarejos e familiares,


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s-

transformou os campone-
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due possufam a terra coletivamente. A emancipac&o nio


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ses em cidadaos empreendedores e leais. Para a minoria nio campon€$sa, um paco-


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te de outras reformas trouxe novas oportunidades: autonomia limitada para certas


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Givilizacio ocidental
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4reas rurais e povoados urbanos, um judicidrio independente julgam


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ea introdugao de uma nova profissio


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od n T gek

entre os russos — a Pratica do d; “0 por Jr;


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Enguanto isso, Alexandre reabriu as fronteiras, permitindo| ir e I(O,
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de] oe Fle
1. Ti
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Ocidente, a classe dos homens de negécios 3 do os ol


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e dos peritos prefiesien Para o


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1

se e adotou modelos da dlasse média ocidental.


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As MINOrias nio russas “XPandiu.


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ram um certo relaxamento na repressao. Construiram-se ferrovias gue d de


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as exportag6es agricolas e possibilitaram a Impo


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rtagio de mercadoria e Cap“Ai


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taram
vena

ital Re
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dentais. Durante alguns anos, a economia Cresceu.


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Pital oci,
Ed

O faro mais significativo, a longo


prazo, foio florescimento do pens
da literatura russa entre os intelectuais. Embora ame ntoe
suas m €Ntes tivessem
das pela educag&o ocidental e por viagens ao Ocidente sido forja-
, €SSES rUSSOS Cultos
eram instigados pela “alma russa”. Discutiam co ainda
m acalorada sinceridade se a Rus.
sia deveria buscar a superioridade imitando o
Ocidente ou Cultivando seu pré-
prio génio eslavo, possivelmente através de um mo
vimento pan-eslavo. O pan-
eslavi
dn

smo, gue exaltava a solidariedade entre OS


russos e os demais povos eslavos
aerie

da Europa oriental, era uma causa Popular. Ai nda mais gue os Czares, os intelec-
tuais russos ansiavam por uma Ruissia gloriosa gue ofuscari
a o Ocidente,
Contudo, a autocracia czarista minou suas €sperangas. O) cza
r nao permitiria
debates abertos gue pudessem incitar a uma rebeliso. Os liberais gue
defendiam
mudangas graduais eram tolhidos pela censura € pela policia. A década de 186
0
presenciou o surgimento de fandticos hipécritas prontos a imitar os ardis da polf-
cia e fomentar a revolugao social. No final da década de 1870, eles formaram
uma organizag&o terrorista secreta e, em 1881, assassinaram o caar. Terminava as-
sim a era das reformas.
O czar seguinte, Alexandre IN (1881-1894), um governante firme mas de men-
talidade tacanha, retornou aos principios de Nicolau 1. Em defesa contra os revolu-
ciondrios, ele aperfeicoou o Estado policial, chegando a incluir o anti-semitismo
em sua causa. Pês a autocracia em dia e eliminou as dissidências, mas promoveuo
desenvolvimento econêmico. A Rissia passara a depender excessivamente dos em-
préstimos e mercadorias estrangeiras; precisava agora fabricar seus préprios reld
sos. Além disso, necessitava também de mais ferrovias para unir seu imenso MP
"

rio. Assim, em 1891, o czar ordenou a construcso da ferrovia Transibertana: ie


EE ELE

em seguida, o ministro Sergei Witte, das Financas, urilizou a expansao ferroviar


para fomentar a indistria pesada ea industrializacao de maneira geral. sok
Em 1900, o ministro encaminhou um cauteloso memorando a Nicolau 1 di
1917), gue, despreparado e fora de sintonia Com sua época, sucedera su Pa”
o |
A Raissia, mais gue gualguer outro pas, necessita de um ad gnbrmeo
eguado eer F deasine
para sua politica € cultura | nacionais (...) Se nao adotarmos medidas se N As meets”
para gue as
, no curso da préxima dérada, nossa induistria tenba co
ndicoes de aten j er
sinaaes da Rissia (...) entio as industrias estrangeiras, em rdpido cresciment0, ma rul
OE ;
tabelecer-se em nossa pdtria.(..) Nosso atrasg eronbmico pode levar também “0 *
A ”
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A civilizardo ocidental em crisé 545

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TE a
sy
di
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impulsio- HI]
Contudo, a ndustrializacio forgada também acarretou riscos, pois criou uma ES
oo pafs para modos de vida estranhos e muitas vezes repudiad os,
ju dasse de srabalhadore
0 s desc onte ntes e empo brec eu a agri .
cult ura. AlémF
dis-
Ed
#
ad

EE —
a Eu ro pa oci den tal , contribuiu

BE
so. 30 promover a alfabe
n
ti za ci o e o co nt at o co m ir

SE AO
Vd
ctuais, os

EE. RE
pro fis sio nai s, os int ele

Er dd ESE
cla sse s

k
io pol iti ca ent re as

!
a agi tag

,
para au mentar

N
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EER
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di sp en sê vel


es € as na ci on al id ad es su bj ug ad as . Em bo ra in
operdrios, os Campones

ri

Yi

omdie
rializagao forcou demais

7
ên ci a nac ion ais , a in du st

ale
ma ca o e so br ev iv

LEEF
EP 4
paraa auto-afir

aa
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IF
r]
d o p a s .

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d e

is!
, frigil u n i d a
o c o r r e u a p d s a d e r r o r a d a R u ssta na
i m e l r o s b a l o . a r e v o l u c ë o d e 1905,
O pr Felizmente par a o cza r, seu s so ld ad os pe rm an ec er am leai s.
guerra contra O Japao. ra
A autocracla sobreviveu, embora, numa concessao 3 revolucao, estivesse ago
mi na do Du ma Imp eri al. O no vo reg ime , gu e
atrelada a um parlamento, deno sua s lib erd a-
eit ava , tev e um co me Go aus pic ios o. So b
Nicolau II! intimamente rej
a rus sas fl or es ce ra m e€ a ec on om ia pr og re di u. As reformas
des, a arte e a literatur
uz ir am nos vil are jos os in ce nt iv os da pr op ri ed ad e pr iv ad a e da ini
agrêrias introd
ivi dua l. Os par tid 4ri os da no va ex pe ri ën ci a co ns ti tu ci on al sonharam
jativa ind
com uma Riissia liberal, finalmente, mas em vaO0.

A Revolucao Russa de 1917


Entre todas as classes, ampliou-se o contato com “o Oeste' — como OS russos
se referiam A Europa —, Cresceram as expectativas € aprofundou-se a insatisfago
com a pobreza e€ o atraso do pafs. O medo da revolugdo arormenrava OS russoS
previdentes. Durante a 1 Guerra Mundial, o vulcao entrou em atividade. As tro-
pas russas, mal eguipadas e mal lideradas, sofreram enormes perdas, e por volra
de 1916 o servico civil comegou a desfazer-se. As lojas estavam vazias, a moeda
perd era o valor e a fome e o frio espr eita vam os aloj amen tos de trab alha dore s nas
cidades. Mas o car Nicolau II, decidido a preservar a aurocracia, resistia a gual-
guer sugesto de liberalizar o regime em nome do esforgo de guerra.

O colapso da autocracia
| O povo russo reagira ê guerra, de intcio, com demonstracoes de fervor patrië-
HCo. Mas, em janeiro de 1917, praricamente todos os russos, € sobrerudo os sol-
dados, haviam perdido a confianga na autocracia: ela nao soubera proteger o pais
contra o inimigo, e as condigêes econdmicas se haviam deteriorado. A aurocracia
“Stava por um fio. No intcio de margo (23 de fevereiro pelo calend4rio juliano
€ntao em uso), uma greve, agitagbes nas Glas de alimentos € manifestacêes de rua
em Petrogrado, como era entao chamada a capital, transformaram-se numa sibi-
ta revolugëio, nio premedirada. Os soldados, gue em 1905 estavam do lado do
CZar, agora apoiavam os trabalhadores em greve. A dinastia Romanov, depois de
300 anos de governo (1613-1917), chegava ao fim. Instituiu-se um governo pro-
546 Civilizacio ocidental

s'
"

O czar no exilio. Nicolau IT e seus flhos. vivendo agora em circunstinci


as mais simples, roma
sol em cima de um telhado em 'Tobolsk, na Sibéria. Transferida para Ekaterin
burg, a familia
Imperial foi assassinada em 1918. Hulton Deutsch Collection

vISOr1o, até gue uma Assembléia Constituinte representativa (a ser eleita logo gue
possivel) pudesse estabelecer um regime permanente.

Os problemas do governo provisêrio


O colapso da autocracia foi seguido por um regime cujos partiddrios, na Rus-
sla e no Ocidente, esperavam gue fosse liberal-democrdtico, empenhado em dar
a0 pais uma constituigao. Na realidade, porém, o desenrolar dos acontecimentos,
de margo a novembro de 1917, assemelhou-se a uma luta sem tréguas pela SUCES”
sao da autocracia, na gual sê os mais fortes sobreviviam. Os faros também de-
monstraram, em condigêes de excepcional agitacso popular, a situagao desespe”
rada do império russo, sua desunio interna e a fdria dos ressentimentos Ed
lados. Tanto a Alemanha guanto as minorias nacionais na Russia aproveitaram”
se da anarguia para dividir o pas.
Entre os possiveis sucessores do czar, os liberais de vrios matizes eram % Ar
pareciam ter as melhores chances. Representando os elementos educados € od
gressistas da sociedade russa gue haviam ascendido depois das reforma$ da dee
da de 1860 — advogados, médicos, profissionais liberais de todos os UPO5 in
A civilizacio oeidental em crise 547

Manifestacao de mulheres em Petrogrado, 1917. Ao colapso do regime czarista seguiu-se um


periodo de fermentacio e associa6es politicas e preocupago com a escassez de alimenros. As
mulheres foram as ruas pedir mais pao. No cartaz, lê-se: “Camaradas, trabalhadores e soldados,
ap6iem nossas exigéncias!” VA/Sovfoto

lectuais, homens de negécios e industriais, muitos latifundidrios e, aré mesmo,


alguns burocratas —, todos se opuseram A autocracia € conguistaram uma repura-
Ga0 de lideranca. EF

Os liberais haviam telutado em aderir 3 revolucio de margo, pois tinham me-


af,

do das massas e da violência de rua, bem como da revolug&o social, gue poderia
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resultar na tomada das f#bricas, na desapropriagio dos larifdndios e na interfe-


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'ncia nos direitos de propriedade. Embora os lideres do governo provisério nao


tossem, de maneira geral, homens abastados, eram “capitalistas' gue acrediravam od
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na empresa privada como meio de promover o progresso econêmico. eu ideal


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“Ta uma monarguia constitucional, liderada pela elite educada e proprietdria, sE


lamiliarizada com Os principios da arte de governar. HE |
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Infelizmente, os liberais interpretaram mal o estado de espirito do povo. Vol-
'ando-se para as democracias ocidentais — inclusive, depois de abril de 1917, para Ë
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0 Estados Unidos — em busca de apoio politico e financeiro, decidiram conti-


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“uar na guerra ao lado dos Aliados. Essa decisio contrariou as massas cansadas '
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da guerra € também os soldados russos — dois milhêes dos guais, aproximada-


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mente, haviam desertado. OS camponeses também estavam contrariados com os


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548 Givilizacio ocidental

liberais, pois esperavam gue estes tivessem confiscado e redist


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latifundidrios gratuitamente. Como nacionalistas, os libe raldis dos
dueëriam Oue o
permanecesse individido e se opuseram 3 autodetermin a pals
cao relvindicad, pela
minorras nacionais, perdendo assim o apoio destas. s
Os camponeses comegaram a dividir as terras dos
senhores entre si, o du
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mulou outros soldados a desertarem para recdlamar um


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e ESti-
a parcela da diviszo. O
colapso das ferrovias deteve a producëo industrial: trabalhadore
s 1rados EXPulsa-
ram gerentes e donos de f4bricas. Como os bens de cCon
sumo “SCassEaram € OS pre
cos subiram muito, os camponeses no viam raz
ao para vender suas colheitas
nada podiam comprar com o dinheiro. Surgju , Pois
assim o Cspectro da fome nas cida-
des. As dificuldades cresceram e os Animos se exaltaram
. Contribuindo aind a para
a desordem estavam as reivindicacêes de autodete
rminagio, e até mesmo SeCessio
das nacionalidades nio russas — finlandeses, ucr
anianos, gEOrglanos e Outros.
A liberdade na Ruissia estava levando 3 dissolug&o
e ao caos. As massas campo-
nesas iletradas nio tinham experiëncia nem COMpreensa
o do gue era uma socje.
dade livre. Sem sua cooperagdo, o liberalismo russo ent
rou em colapso. Esse fato
demonstrou a dificuldade de estabelecer formas de govern
o liberais democrdticas
em palses carentes de um sentimento de unidade, de uma classe média
forte € uma
tradigao de participag&o responsdvel nos assuntos piblicos.
Em julho de 1917, guando Alexandre Kerenski ( 1881-1970), um advogado
radical de grande elogtiëncia, assumiu a lideranca do governo provisêrio, torna-
ra-se dlaro gue alei e a ordem sé poderiam ser mantidas pela forca bruta. Em fins
de agosto e principios de setembro, uma conspiracio chefiada por um jovemee
enérgico general, Lavr Kornilov, pretendeu instalar uma ditadura militar. Korni-
lov tinha o apoio dos oficiais e das autoridades czaristas, bem como de muios
liberais cansados da anarguia. O gue deteve o general no foi o governo de Ke-
renski (gue nio tinha tropas), mas os trabalhadores de Petrogrado. Seus agitado-
res desmoralizaram os soldados de Kornilov provando com isso gue uma ditadu-
ra de direita n&o contava com apoio da massa. Os trabalhadores rambém ar
diaram Kerenski e o governo provisêrio, bem como seus préprios lideres mode
rados. A partir de ent&o, passaram a apoiar os bolchevigues.

A Revolugao Bolchevigue
Os movimentos revolucion4rios tinham uma longa histéria na Ruassa, aa
tandoa principios do século XDS guando russos educados comecaram d dn
rar seu pais, desfavoravelmente, com os da Europa ocidenral. Também , els
liberdade constitucional e liberdade de palavra, a fim de modernizar S€ bere
Proibidos de falar em piblico, passaram 3 legalidade, abrindo mao de pes ad
lismo original por ser ineficaz. O sOcialismo revoluciondario, com $ua visd ol -
'lissta
e e compaix&oPs pelo povo, era uma ideologia map
ae dar Be AR RE Ve Eet g ds melhor na dura we m revo”
eladocar. Na década de 1870, muitos Ë
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A civilizacdo ocidental em crise 549

V 1. Lenin. Lenin dirigindo-se aos


soldados do Exército Vermelho antes de

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partirem para a batalha, Moscou, maio

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de 1920. Soufoto

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luciondrios profissionais, austeros e abnegados, gue, a servigo da causa, nao tinham

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escrdpulos — tal como a policia nio tinha escrépulos morais na defesa dos czares.

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Assaltos a bancos, assassinatos, traicées e terror nao eram imorais se servissem a

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causa revoluciond4ria.
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Lenin € a ascensio do bolebevismo


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Nas décadas de 1880 e 1890, os revoluciondrios aprenderam sobre economia


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industrial e sociologia lendo Marx; o marxismo proporcionou-lhes também a vi-


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40 de uma progressio universal e inevitAvel rumo ao socialismo € comunismo,


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M satisfazja aO0S s€us anselos semi-religiosos de salvagao neste mundo, e nao no


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P'Oximo. O marxismo também aliou-se aos movimenrtos socialistas em outras ter-


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3$, dando-Ihes um aspecto internacionalista. Acreditavam gue a histêria estivesse


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% seu lado, pois era a favor de todos os proletdrios e povos oprimidos do mundo.
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Em 1900, alguns talentosos jovens russos haviam aderido ao marxismo revo-


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““londrio, guase todos eles provenientes de familias privilegiadas ou favorecidos


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pela educacio. O mais promissor era Vladimir Ilitch Ulianov, conhecido como
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nin (1870-1924), flho de um professor e diretor de escola aue havia alcanga-


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Givilizacio ocidental

do a condic3o de nobre. Lenin formou-se em direito, mas em lugar de


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praticou a revolugao. Sua primeira contribuico para ela foia adapraein Oeari
xismo as condig6es russas, para o gue tomou considerdveis liberdades Oo mar-
ensinamentos de Marx. A segunda contribuicao seguiu-se 3 primeirasa com Os
G3o de um partido ilegal capaz de sobreviver contra a policia Ee Ee
uma elite conspiratéria coesa de revolucion4rios profissionais, n eise ser
segura no €xterlor e lagos estreitos com as massas, isto €, os trabalhadores €o sede
clementos potencialmente revoluciondrios. UITOS
Dois destacados marxistas gu
e colaboraram de Pérto co
Trotski (1879-19| 40) e Tosif Stalin (1879-1953). m Lenin foram Levy
Tr ostki, Cujo
era Lev Bronstein, era filho de um nome verdadeiro
Prospero agricultor judeu do sul da
tornou-se logo conhecido po Rvissia e
r sua brilhante pena. Stalin (o homem de 260
verdadeiro nome era osif Djugatchivili, era ), cujo
natural da Georgia, além das monta.
nhas do C4ucaso. Bastante inteligente, foi ma
ndado para a melhor escola da 4rea.
gue abandonou em favor de uma carreira revo
luciondria. Ouando ainda jovens,
todos os três conheceram a deteng&o, longos pe
rfodos de Prisao e o exdlio na
Sibéria. Lenin e Trotski viveram no exterior. enguan
to Stalin, seguindo uma vida
mais dura, permaneceu na Rvssia. Antes de 1917. fo; ba
nido, durante guatro
anos, para o norte gelado da Sibéria, onde, para sobreviver
, condicionou-se 3
crueldade.

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Em 1903, os marxistas russos se haviam dividido em duas facc6es: os mode

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dos menchevigues, assim chamados por se terem colocado em minoria (en-
shinstvo) numa votag&o pouco representativa no Segundo Congresso do Partido,
€ os €xtremistas bolchevigues, gue estavam, naguele momento, em maioria (bol
shinstuo). Poderiam ter sido chamados, com mais exatidao, de “moderados' €
'duros”. Os “moderados” (menchevigues) preservavam os escripulos morais
b4sicos; n&o cediam ao crime nem aos métodos nio democrdticos para consegulr
o sucesso politico. Por isso eram ridicularizados pelos “duros” (bolchevigues),
para os guais um revoluciondrio morto, preso ou fracassado pouco valla. |
Enguanto isso, Lenin aperfeicoava a teoria revoluciondria bolchevigue. Ne
a tradic&o marxista dedicando grande atencio ao potencial revolucionêrio
Camponeses (antecipando assim Mao-Tsé-tung). Lenin também examinou "
perto os numerosos povos da Asia gue haviam cafdo recentemente sob o a
imperialista ocidental. Esses povos constituiam, na sua opiniëo, uma forga e -
luciondria potencial. Aliados ao proletariado ocidental — € russo poder Ta ra
rubar a ordem capitalista mundial. Os bolchevigues, os mas militantes EP
os socialistas revoluciondrios, estavam prontos a ajudar nessa lura BRA ;
Lenin foi um nacionalista russo, bem como um internacionalista SOC! di
gue vislumbrava um Estado russo moderno e poderoso, destinado a ser ok
delo no mundo. O comunismo russo fo, portanto, um comunismo nadlo
ta, Para os bolchevigues, aabolicio da propriedade produrora de renda P ela dita-

dure doproletariado era a maneira mais eficiente de mobiizar Os recursos do pal


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bolchevigue
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era também internacionalista.
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| deverlê Me. do o mundo, € realizando assim um estdgio superior de civilizagao.
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A gporunidaae de Lenin
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bril de 1917, Lenin, com a ajuda dos alemaes,

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vindo ER egracso da Russia. A grande massa dos soldados, trabalhadorese
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sses repudiaria o lib era lis mo cau tel oso do gov ern
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MR e due expressass€ sEU desejo de paz e terra. Nada impediria gue
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a a seg und a rev olu gzo de 19 17 :3 ro ma da do

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Lenin prepar ou seu par tid o par
bol che vig ues . As con dig 6es lhe era m fav ord vei s, co mo hav ia pre vis -
poder pelos

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to. Os bol che vig ues era m a mai ori a nos sov iet es. Os ca mp
revolta ativa, tomando terras por conta prépria. O governo provisorio perdera

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todo controle do curso dos acontecimentos. Em 6 de novembro (24 de outubro

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pelo antigo calend4rio), Lenin convocou a ag&o imediata: O governo estd cam-

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baleante. Ê preciso, a todo custo, desfechar-lhe o golpe mortal.” No dia seguinte,

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encontrando pouca resistência, os bolchevigues tomaram o poder. Lenin permi-

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tu gue se realizassem as eleic6es para a Assembléia Constituinte, gue ja tinham

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sido programadas pelo governo provisêrio. Numa eleigao livre, os bolchevigues

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receberam 24% dos votos. No entanto, apés reunir-se pela primeira vez, em ja-

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neiro de 1918, a Assembléia foi dissolvida pelos bolchevigues.

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Os bolchevigues
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Lenin afirmava gue estava conduzindo o proletariado russo e toda a humani-
dade no sentido de uma ordem social superior, simbolizando — na Russia e em ad
Brande parte do mundo — a rebelizo dos desprivilegiados contra o dominio oci- E)
dental (ou “Capitalista”). É por isso gue em 1918 mudou o nome de seu parrido #p
de Bolchevigue para Comunista, denotando com isso um interesse pela comuni- d
dade humana. Para Lenin, como para Marx, um mundo sem exploragio era o
“als nobre ideal.
Mas Lenin enfrentou uma terrivel adversidade ap6s a tomada do poder. Na
“Narguia ent&o predominante, a Rissia ficou & mercê dos exércitos alemies. De
“orde Com o tratado de Brest-Litovsk, firmado em maio de 1918 — o ponto
"als baixo da histéria russa em mais de 200 anos —, a Russia perdeu a Finlêndia,
* olênia eas provincias blricas — regiGes habitadas principalmente por nio rus- E
s — € mais a rebelde Ucrênia, sua principal base industrial e tornecedora de
80. Mas Lenin ndo teve escolha sen&o aceitar as condicoes humilhantes.
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52 Civilizacio oridental

Guerra civil
Depois da assinatura do tratado de
Brest-Litovsk
germinando desde o verao de 1917
, rrompeu com forca total.
1917-1918, os ofic iais czaristas haviam reunido as nha
trOpas no sul nd
fidelidade dos cossacos*; outros CEnt
ros anticomun; ma
outros ainda no extremo norte e ag
longo do litoral baltico
ca desses grupos anticomunistas, ge
ralmente chamados de Brancos

novembro de 1918, ocuparam


grande parte do sul da Ryssia.
e Estados Unidos mandaram trop Inglaterra, PFranca
as para pontos da Rissia eur
e meridional; Inglaterra, Japao
e Estados Unidos tambén man
para a Sibéria. Esperavam, a prin daram tropas
cipio, eguilibrar a €XPansao alem
tarde, derrubar o regime comunist i e, mais
a. Em maio€ jJunho de 1918, Pris
guerra tchecos, na iminência de sere ioneiros de
m evacuados, precipitaram levantes an
munistas ao longo da ferrovia Transiberiana, acende tico-
civil.
ndo os Animos da guerra
Em julho de 1918, Nicolau II e toda
a sua familia foram assassinados pelos
comunistas. Em agosto, um socjalista nio comunista gu
ase assassinou Lenin, e
os Brancos no sul avancaram para isolar a Russia
central de suas fontes de ali-
mentos. Em resposta, os comunistas aceleraram a formac
ëo de seu Exército Ver-
melho. Recrutando entre os remanescentes do exérci
to Czarista e seu corpo de
oficiais, o Exército Vermelho fo; reforcado pelo servico mili
tar obrigatério e pela !
rigida disciplina; Irotski reintroduziu a pena de morte, gue havi
a sido revogada
pelo governo provisêrio. Muitos oficiais czaristas serviram no Exér

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cico Vermelho,

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sob a ameaga de morte. Eram vigtados de perto pelos impiedosos
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comissirios
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polfticos de Trotski, respons4veis também pela fidelidade polftica e pelo moral
das tropas. A guerra civil foi brutal; os dois lados massacraram Civis € seus pro-
ET Id.

prios camaradas.
Em 1919, gracas & vitéria dos Aljadose 3 contribuicao norte-americana para
ela, a ameaga alema teve fim. Mas a intervenGio estrangeira foi intensificada
reagao 3 formaco da International Comunista (Comintern), organizaga TE ae
o
da por Lenin para dirigir o movimento revoluciondrio internaciona due, El oo
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perava, resulraria da | Guerra Mundial. Lenin buscou apolo era ee
€xterlor para fortalecer sua posi€#o
interna: seus inimigos invadiram ,
para derrotar, na fonte, a revolucso gue temiam em seus préprios pais es
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MO tempo, a guerra civil chegou ao auge.

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7% Provenientes do sul e leste da Rissia, os COSSacOS tornaram-se uma


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unidade de elit e nos exérdros


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Gates eram usados para sufocar levantes.
A civilizacio oridental em crisé 553 Ps

sob intensa pressao, o partido de Lenin prevaleceu sobre seus inimi-


Mesmo sto de 1920. Os Brancos se dividiram e cafram em descrédito por sua
ree Ds o regime czarista; os bolchevigues contavam com maior apoio
assoelas” ma vantagem das comunicagées internas e com habilidades politicas
popular ” Os intervencionistas estrangeiros, exaustos pela guerra, desistiram de
BE de derrubar o regime bolchevigue pela fora.
sr Ek dos comunistas na guerra civil teve um preco exorbitante. Vermelhos

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. Brancos haviam levado a tradig&o Czarista da violência politicaa um novo pata-

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ar de horror (parte do gual foi registrado nos romances de Boris Pasternak e

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deres, sofreu com a guerra; além disso, a fome gue se seguiu em 1921-22 ceifou

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inda milhares de outras vidas.

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Comunismo de guerra e a nova politica econbmica

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Além da extrema miséria acarretada pelas guerras mundial e civil, o povo russo

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teve de enfrentar ainda os rigores da politica conhecida como comunismo de guer-

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ra, introduzida em 1918 para lidar com o declinio da producao agricola e econê-

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mica, com a alta excessiva da inflacio e com a fome renhida nas cidades. Sob o

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comunismo de guerra, o Estado passou a controlar os meios de produgao e limi-

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tou consideravelmente o Ambito da propriedade privada; recrutou maêo-de-obra

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&, com efeito, confiscou graos dos camponeses. O comunismo de guerra devas-

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tou ainda mais a economia e alienou trabalhadores e camponeses. As fdbricas

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eram mal administradas, os trabalhadores afastaram-se de suas funcêes, Ou as

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€X€cutavam sem empenho, e os camponeses resistiram aos destacamentos gue vi-
nham tomar seus cereais.
Houve aré mesmo uma rebeliso aberta. Em marco de 1921, os marinheiros da
base naval de Kronstadt e os trabalhadores dos arredores de Petrogrado — gue em
317 mostraram-se dispostos a dar suas vidas pela revolug&o — levantaram-se con-
“Ta a represso gue fora introduzida durantea guerra civil, exigindo o estabeleci-
"MENLO de uma democracia socialista. 'Trotski impiedosamente suprimiu esse le-
"ante, mas a lic3o estava dlara: o regime comunista precisava revogar o comunis-
mo de guerra € implantar medidas para devolver estabilidade ao pais.
Em 1921, o Partido Comunista adotou a Nova Polftica Econêmica, geral-
une Perde COmO NEP (New Economic Policy), gue vigorou até 1928. Sob
ate Lenin caracterlzou de “socialismo de Estado , 0 governo reteve o
ea as financas, da indistria e do transporte — “os setores dominantes” da
1a —, mas permitiu gu€ 0 resto da economia retornasse 3 iniciativa priva-
Wie AMPoneses, ap6s entregar parte de suas colheiras ao governo, estavam
. le vender o restante no oa livre; os cComerclantes puderam comprar
use vontade. Com a retomada do capitalismo em peguena escala, reco-
ma atmosfera de normalidade.

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554 Civilizacéo ocidental


Pt
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Ditadura “nipartiddria
Enguanto os comunistas travavam uma
acirrada |
dirigida por seu partid.o. “oRe
tuiram uma ditadura militante nmra ps Brancos, Insti
mil membros em 1921, 0 partid unindo Cerca
o comunista era controlado de 500
coeso nucdleo de lideres politicos POr um pe
profissionais — os melhores de Jueno
cionalmente
disciplinados na dedicago pe ntre ele
ss oa
nova elite lhes permitiu preservar seu IMpulso l.revoA luCa
S, €Xcep-
pacidade de OrgANIzZacSo d
ciondrio, perante ee '
cesso guanto o fracasso. De
sde o inicio, os due nao
eram e€xpurgados. se dedicavam totalmente
Segundo seus estatutos, o “Partido
Comunista Russo (Bolchevigue)”, co
formalmente se chamav mo
a, era uma Organizacao de
stam delegados a mocrdrtica, Cujos membros el
congressos peri e-
ddicos; estes. POor Sua vez, elegiam
tral, gue segurava as rédeas da liderang o comitê cen.
a. Porém, o poder desviou-se logo para um
grupo interno cada vez me nor, o Politburo (escritério polftico), gue
papel ditatorial. Al, os principais li assumiu um
deres — Lenin, Tro tski, Stalin e alguns
determinavam as politicas a serem adot outros—
adas, distribufam tarefas€ NOMEaVam Os
principais funciondrios. O partido d
ominou todos os Grgaos piblicos, e se
clpais lideres ocupavam as posicëes Import us prin-
antes no governo. Nio eram tolerados
outros partidos politicos, e os sindicatos tran
sformaramse em agentes do regime.
Nunca, antes, o povo da Rvssia dependera de form
a tio abjeta de seu governo.
Impaciente com as intermindveis disputas entre velh
os revoluciondrios inflexd-
veis, Lenin, com o consenso dos outros altos lideres, ex
igiu submissio incondi-
cional a suas decisêes. Ordenou inclusive gue os dissidente foss
s em disciplinados
€ os Inimigos politicos, aterrorizados. Nenhum preco era alco dema pa
is ra se al-
cangar a unidade partiddria monolitica. Como vitimas anteri
ores da repressao
Czarista, OS COmunistas nio sentiam nenhuma objegao moral ao uso da
forca ou
do terror. Lenin advertiu seus seguidores: “Limpemos a terra da Ru
ssia de todo
Hipo de insetos nocivos, de pulgas € percevejos, referindo-se com isso a0s ' rico,
desonestos e OCjosos”. Sugeriu até mesmo gue “um a cada dez oCIOSOS seja fuzila
-
do imediatamente”2. Os gue nio foram fuzilados viram-se transferid
os, ear "
Aprovagao de Lenin, aos campos de trabalho forcado, dirigido por um
s ii j
SO 6rgao de seguranga, a temida Cheka. Formada por revoluci
ondrios linha- ie
a Cheka €mpregou o terror extremo, nio somente contra os inimigos do e ho
mas também contra a popula€&o como um todo, e criou os ca
mpos de ta se
torgado gue se tornaram notérios durante o governo de Stalin. Os metos emP
gados por Lenin para dirigir seu atrasado pafs negavam os valores ea
Marx adotara do Huminismo para inserir em sua visio da sociedad ma
e
Os comunistas aboliram o poder da igreja ortodoxa, tradicional aliada do
'
E.
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TISMO € avessa a12 inovagêes. Eram militantes atefstas gue, como Mars,
- “Ne

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acredira-
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Ee vam gue a religido era o “6épio do povo”; nao havia lugar para Deus em
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es '..CEpEaio de uma sociedade melhor. Mesmo assim, a igreja ortodoxa e out
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gies sobreviveram, apesar de submertidas a estreita


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vigilência € de sua inf!
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se agors muito reduzida — um alvo Permanente


Ed mn
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ER da propaganda ateista.
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A civilizacio ocidental em Crisé 555

Forjando o socialismo. Homens €


mulheres trabalham igualmente neste
cartaz realista de 1921. Do Art of dhe
October Revolution, Mikail Guerman
[Aurora Publishers, Leningrado].
Reproduzido com a permissao de V/O
Vnesbtorgizdat.

Além disso, os comunistas simplificaram o alfabeto, modificaram o calenddrio


para o sistema gregoriano predominante no Ocidente capiralista € levaram o tea-
toe todas as artes, até entio reservados ê elite, para as massas. Acima de rudo, eli-
minaram — pela expropria€&o, discriminag&o, expuls&o e execugao —a classe edu-
dos buroc ratas , latif undid rios, profi ssion ais libera is e industriais.
cada superior
O Partido Comunista prometeu “libertar as mulheres de todos os fardos dos
2ntiguados métodos da vida doméstica, substituindo-os por casas-comunas, co-
zinhas piblicas, lavanderias centrais, creches etc.”3. Mas os valores tradicionais,
sobretudo nas regiëes asidticas da Uniëo Soviética, pouco favoreclam a igualdade
“nte os sexos, especialmente nas atividades polfticas. Além disso, a necessidade
Pratica de combinar o trabalho com a responsabilidade familiar tendia a manter
*$ mulheres afastadas das posicêes administrativas dentro do partido e das orga-
NIZAaGGes estatais: mas o ideal continuava vivo.
Os bolchevigues nunca cessaram de ressaltar gue trabalhavam exaustivamente
Para o bem-estar da ampla maioria da popula€so. Foram muito adamados por
“1a Cnfase na distribuicio de habitac3o, alimentos e roupas, e por terem coloca-
do a educac&o ao alcance das massas. No se opuseram a rodas as formas de pro-
Priedade privada, permitindo artigos de uso pessoal, desde gue estivessem de acor-
do com os padrêes populares. Mas proibiram a propriedade privada produtora
556 Civilizacio ocidental

de rendimentos, gue permitia aos Capitali


stas €mpregarem (
dizjam os comunistas) Outros em seu Prop
rio proveito. Co
da empresa privada — Stalin
logo eliminaria a reduzida liv
durante a NEP —, o Estado tornou-se ao POUC r '
OS o tnico em PEmitida
mente integrando o individuo na recons
trugao do pafs.
Para Lenin, o socialismo significavaa
reeducacao das m
pertor de conduta individual € prod
utividade econêmica
mesmo a do capitalismo. Na primavera
de 191 8
res russos ainda nio haviam alcancado
o desem
russo é um mau trabalhador
em “OMParagao com os trab
adiantados, isto é, ocidentais alhadores dos pafse
”. Para superar essa desvan
tIVava a competicëo —a COMpet tagem fatal, Lenin incen.
icao socialista —€ repetla inca
cessidade de “disciplina férr nsavelmente a ne-
ea no tr
abalho” e “obediëncia indisc
unica vontade, a do partido Co urivel”
munista. Nio havia alternativa:
em grande escala exige a absoluta e * A maguinaria
r1gOrosa unidade da vontade, gue di
balhos conjuntos de centenas, rige os tra-
milhares € dezenas de milhares
lhao de vontades estio subordinadas a de pessoas. Um mi-
upa vontade...”*
Nessas palavras est a essêncja da subs
egtiiente industrializacio soviëtica Toda
a €CONOMIa teria de ser monolitica, pl
anejada racionalmente em sua complexa
interdependência e perseguindo uma meta
Unica: a superagdo das debilidades da
Ruissia, demonstradas de maneira to desastro
sa na guerra. Deixar os trabalhado-
r€$ €ntregues a sua prépria espontaneidade seri
a, segundo Lenin, apenas perpe-
ruar o atraso russo. Por isso, ele concitava a um
a “Nova” consciëncia, uma ética de
trabalho 4rduo expressa no vocabuldrio marxista re
voluciondrio russo.
Ao tentar transformar a Rrissia soviética num moderno Esta
do industrializado
gue servisse de modelo para o mundo, os bolche
vigues impuseram uma nova
autocracla, ainda mais autoritdria gue a anterior. A Russia prec
isava ser recons-
truida mesmo contra a vontade do Povo, se necessdrio. Na vis3o dos li
deres do
partido, as massas sempre necessitavam de uma conducao firme. As
sim, a P*
do povo foi submetida a um controle sem precedentes por parte do
eer” a
educagao, desde o jardim de infincia aré a universidade, na impren
sa € no ra ie
na literatura e nas artes, o Partido Comunista tentou moldar o pensamen
to das
PESSOaS para criar a “consciëncia” corr
eta. asse
O partid o fez do marxismo-leninismo a dnica fonte da
tanto guanto possivel todos os credos antagbni verdade, me liei-
cos, fossem eles religiosos, Es
cos ou filoséficos. A mentalidade do povo deveria ser to seguramente un! T se
134NTO OS processos mecnicos € totalmente compro
metida com o par rido. A
disso,deveria ser protegida contra todas as
subversivas influências cap ee
Rissia soviérica, vangloriava-se o partido, tinh
a ascendido a um plano EE
de existêncja social, gue atrairia outros Estados revoluci
ondrios para sua fe
“do, aré finalmente englobar o mundo inteiro. Para gue os cidadaos ee
'. nio duvidassem de sua nova Superioridade, o pa
@'semcontrole com outros rtido proibia gualguer comP
paifses.
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de uma forga revoluciondria interna- j
n deu 3 Uniao Soviética a imagem
anticapitalismo e da libertagao dos povos coloniais. A Re- d
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0 Russa inspirou as ambicoes nacionalistas de autodeterminacio politica e


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Como instrumento politico para a revolugao mundial, Lenin criou a Interna-

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sonal Comunista (Comintern) — ou Terceira Internacional —, a sucessora mal

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radical das assoc1agoes socialistas internacionais anteriores. y udou a criar pegue-

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nos partidos comunistas na Europa ocidental, gue, no devido tempo, rornaram-

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se agentes de confianga, embora de pouco poder, da Ruissia soviérica. Na Asia,

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ram a admiracio e a lealdade instintiva dos povos coloniais e semicoloniais das

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regiëes gue, mais tarde, serlam conhecidas como Terceiro Mundo.

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A revoluco mundial, porém, nunca foi uma expectativa realista. A onda da

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ascendência ocidental continuava forte. Além disso, o Comintern nunca foi uma

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forca realmente internacional, mas apenas um instrumento do Partido Comu-

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nista russo. Ainda assim, o medo gue despertou serviu bem a Lenin: a Uniao So-

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viética conseguiu aparentar forca guando, na verdade, estava totalmente esgora-
da. A um custo muito baixo, o Comintern colocou a Ruissia novamente no mapa
da politica mundial. Tendo atraido a atencao do mundo, a Russia soviética agora
se destacava como a alternativa comunista ao Ocidente capitalista.

A revolug3o de Stalin
Lenin morreu em 1924, ea tarefa de cumprir a meta gue ele estabelecera ficou
4 Cargo de Stalin. O “homem de ago” era rude e inculto, endurecido pela clan-
destinidade revoluciondria, pelas prisêes dos czares e pelos aspectos mais dsperos
da vida na Russia. Enérgico e inflexivel, mas relativamente pouco destacado
“ntre os principais bolchevigues, Stalin recebeu, em 1922, a funcao indesejada, e
“Parentemente rotineira, de secretdrio-geral do partido. Tirando proveito dessa
POS1ao, formou um guadro partid4rio fiel e dominou o partido como nem
ESmo Lenin fizera. Ouando, na prolongada luta pela sucessio de Lenin, ele foi
desafiado, principalmente por Trotski e seus companheiros, era tarde demais
Para derrub4-lo. Nenhum dos rivais de Stalin pêde reunir as maiorias necessdrias
ge ie do partido; nenhum deles conseguiu igualar sua habilidade no
ee 4, corpo dentro do partido ou em converter pessoas grosselras € andrguicas
Cels membros da m4guina partiddria.
558 Givilizacio ocidental

A modernizacio da Russia: industrializacio e COletivizacio


Para Stalin, a necessidade mais premente da Ruissia nao
eraa revolucig
dial, mas a imediata consolida&o do poder soviético m edi Mun
ante a 'ndustr
O pais no podia mais se arriscar &A guase aniguila€ 40, ializaeze,
COMO fizera
mundial e depois na guerra civil. O orgulho bolch evi na BUerra
gue determinav
Russia se tornasse tao forte guanto possfvel. Em um di a gue j
scurso PTOnunc
1951, trés anos depois de lancar um programa de mac i iado em
ca mdustrializa
apresentou uma avaliacio da histéria russa- c io, Stalin

Agueles gue ficam para tds sêo derrotados.


Mas no dueremos ser derrotados. Nag
recusamos a ser derrotados. Uma caract
erlstica da histéria da an Figa Russia fo
Hnuas derrotas gue ela sofreu por ficar para trds, ram “ COR-
por seu atraso. Tudo a derrotava — Po
atraso, pelo atraso militar, o atraso cultural, 0 atraso pol r seu
itico, pelo atrasg industrial, pe
atraso agricola. Ela era derrotada porgue iss era lucrativo lo
e po dia ser feito com impunida-
de (...) Vocês estao atrasados, so fracos — Portanto estao erra
dos e, assim, Podem ser derro-
tados e escravizados. Vocés sêo poderosos, Porianto estao ce
rtos €, assim, Precisamos ter cui-
dado com vocës. Essa é a lei dos explora dores (..) E por iss
dué ndo devemos mais fcar
para trds.

Stalin resolveu concentrar todos os esforgos na industrializacso,


3s custas das
massas trabalhadoras. Camponeses e trabalhadores, jê pobres, ter
iam de fazer sa-
crificios tremendos, de corpo e espirito, para superar as debilidades da nacio. A
Revolugao Bolchevigue abrita o caminho para a acaAo decisiva. Dependendo mais
do gue nunca de seu governo, o povo russo nio podia oferecer maior resistência.
Abandonando a NEP, Stalin decretou uma série de Planos Oiingtienais, dos
duals o primeiro, e mais experimental, teve inicio em 1928. O impulso de indus-
trializa€3o foi saudado como uma ampla revoluc3o econêmica e social, empreen-
dida pelo Estado segundo um plano racional. A énfase estava na indistria pesada:
na construgao de ferrovias, usinas de energia, siderurgias e eguipamento milica
COmO tangues e aviëes de guerra. A producao de bens de consumo foi reduzida
a0 minimo essencial, e todo o comércio privado em peguena escala, revivido
durante a NEP, acabou, com desastrosas consegiiëncias para a economia TUSSE.
Os russos, gue se haviam reaproximado de seu padrao de vida anterior a 1914,
viram suas esperangas adiadas por v4rias décadas. is
Teve inicio, assim, uma nova era sombria, com drdsticas dificuldades marerlaD
e profunda angistia. Muitas pessoas, porém, em particular os jovens, eastre
tadas a esforcos her6icos. Orgulhavam-se de seu sacrificio pela oonstroe j
uma sociedade superior. Ouando a Grande Depressao nos paises capiralistas yd
xou milhêes de desempregados, nenhum cidadao soviético sofreu pela falra
trabalho. O pessimismo dominou o Ocidente, mas a confianca e a esperan6?
tificialmente fomentadas pelo partido, cresceram na Russia soviética. O PrIM ed
ro Plano G@tiingtienal teve de ser posto de lado antes de decorrido seu PraZ0- da
Planos Otingtienais subsegtientes, porém, melhoraram gradualmenrte a gual '
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e do planejamento, bem como da produgëo. Em nenhum momento, CORE” "
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A civilizacdo ocidental em crise 559

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Construco de indistria na Russia. As Fundagées do imenso complexo industrial de


Magnitogorsk foram escavadas com ferramentas manuais, em 1934. Isso tazla parte do plano de
Stalin de transformar a Ruissia num pais avangado e industrializado. Os kulaks, camponeses
abastados gue tinham sido condenados ao trabalho forgado, execuravam a parte mas dificil do
trabalho. TASS/Sovfoto

o planejamento produziu a eficiëncia industrial gue se via no ocidenrte. Mesmo


assim, a Riissia soviética se industrializou a uma velocidade incrivelmente rêpida.
Enguanto isso, uma segunda revolucao, ainda mais brural, se fez sentir na N
2gricultura soviérica, pois os camponeses forcosamente tiveram de se integrar na EE
“Conomia planejada através da colerivizag&o. A agricultura — os camponeses, seus
4nimais e seus campos — teve de submeter-se ao mesmo controle racional ague a
Indtistria. A coletivizacio significava a fusio de fazendas, rebanhos e eguipamen-
“OS para uma producëo em larga escala mais eficiente. A solugao bolchevigue
Para o atraso da agriculrura russa era, de h4 muito, a transformagao dos campo-
ESes em oper4rios. Conhecendo, porém, a aversio dos camponeses pela f4dbrica,
`“U apego a prépria terra e sua teimosia, o partido hesitara em colocar em prdti-
“3 Sua solu€so. Em 1929, porém, Stalin achou gue para realizar a industrializa-
“40 ele nao tinha escolha. Para gue o Plano Oëingtiienal rivesse #xito, o governo
'€ria de receber as colheitas planejadas, nas proporcêes, na gualidade e na época
Planejadas. Com a coletivizagio, a ascendência do partido sobre o povo da Rus-
“3 tornou-se guase rotal.
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560 Givilizacdo ocidental


sa
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Os camponeses pagaram um preco assustador. Stalin decl


rural russa. Ordenou gue os #ulaks, os camponeses mais ab
astados e
fossem “liguidados como classe”. Muitos foram MOrtos imed; ATrOjados
“amente,
deles acabaram sendo deportados para os campos de trabal e milhse.
ho forcad
mo norte do pais. Os camponeses mais pobres e menos efic; 9 NO extre.
ENtes fora
em fazendas coletivas, sob a ponta de baionetas. m TEun idos
Os camponeses revidaram, algumas vezes em ba
da coletivizag&o forgada guebrantou o An
imo até mesmo dos oficjais
passageiro num trem; “atuei na cdlandes
tinidade contra o czar e depoi
guerra civil. Serd gue fiz tudo isso pa
ra ter agora de cercar as aldeias com
Ihadoras e ordenar a meus homens gue atirem metra
indiscriminadament € em multi-
dêes de camponeses? Oh, nêo, n3o!”* De
maneira geral, porém, as autoridade lo-
s
avam em bus-
ca de cereais escondidos, Consider
avam-se como idealistas construindo uma no
sociedade; ac va
rescentavam sua prépria crueldade 3s orden oficia
is. Sua dedicacso
a0 triunfo do comunismo superava todas as duividas susc
itada pela vis&o de pes-
soas famintas e pelos sons de mulherese Criancas se lamuriando
.
Derrotados mas relutando em entregar seus animais, Os campon
eses preferjam
abarê-los, fartando-se em orgias com bebidas contra os dias de fome ine
virdvel. Os
rebanhos de gado do pafs foram reduzidos 3 merade, infligindo perdas secundéri
as
irrepardveis. O nimero de cavalos, essenciais para o transporte rural e o trabalho
na lavoura, diminuiu em um terco. As lavouras no eram plantadas nem colhidas,
o Plano Oiingtienal se desfez, e de 1931 a 1933 milhêes morreram de fome. |
O sofrimento mais cruel foi na Ucrinia, onde a fome matou cerca de 7 mi-
Ihêes de pessoas, muitas delas apés intenso abusoe perseguicao. A fim de com-
prar €guipamentos industriais no exterior, para gue a industrializagio pudesse
atingir sua meta, a Uniëo Soviética teve de exportar alimentos a precos desastro-
samente baixos, devido 4 Grande Depressio. No importava gue os camponeses
ucranianos perecessem, desde gue o pais pudesse se fortalecer! Além disso, Stalin
apreciou a oportunidade de punir os ucranianos por sua deslealdade durante a
guerra civil e sua resistência 3 coletivizac&o. Ee
Por volta de 1935, praticamente toda a agricultura na Ruissia estava rape
da. A classe dos #ulaks havia desaparecido, e os Camponeses, sempre rebeldes
rante o governo dos czares, haviam sido colocados sob permanente dese
teorla, as fazendas coletivas eram administradas democraticamente por UM die ;
dente eleito; na prdtica, seguiam da melhor maneira possivel as diretrizes €n E
nhadas pelo mais préximo escritério do partido. O POVvo resmungava oaP
recimento de uma nova servidao. O desenvolvimento agricola fora sufocado.

Control total
EE .
“afa esmagar a resisténcia e moldar um novo tipo de cidadao, devidam enté
BEEK RT , jtaris”
RE
dd
vd
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io e disciplinado, Stalin langou uma terceira revolugso, a do roral


A civiliacdo ocidental em crise 561 ë
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ele, pod eri a livr ar a Ruissia de F
nte a Organizagao com uni sta , acr edi tav a
dis so, o Est ado tot ali t4r io har mon iza va- se com Ee
mo- SO.” dad e his tor ica . Alé m
died controle total sobre o partido ea nagio. O totalitarismo de id
sud oie os
seu desejo oe ma reconstrug3o completa do Estado e da sociedade, aré os reces- EE
Sralin is ineimos da consciëncia humana. Exigia um “homem novo', adeguado E
By
di dle do industrialismo soviético.
cul tur al. Tod os os meios vit
eng lob ou tod aa ati vid ade
| ermslode do totalitarismo am forgados a HE
era rur a, as arte s, a mus ica , O tea tro — for
de comunicagoes — a lit Na lit era tur a, co mo em !j
olo gia sov iét ica .
submeter-se ao Plano Oëingtienal ea ide cial, chamado realismo socialista, gue
odas as artes, foi promulgado um estilo ofi va mold4-lo. Os

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das cor tin as, tod os os art ist as er am di sc ip
tido, ou entio eram esmagados.
A educacëo, desde o jardim de infincia aré a universidade, foi igualmente utili-
zada para treinar cidadaos leais e obedientes, e a propaganda sovierica fez um culto

Ee
de Stalin gue chegou guase 3 deificag#o. Assim declarou um escritor €m 1935:

Séculos passario € as geragëes vindouras irdo nos considerar como os mats felizes dos
mortais, os mais afortunados dos homens, pois (...) Hvemos privilfgio de ver Stalin, nosso
inspirado lider. Sim, e nds mesmos nos consideramos os mais felizes dos mortis, porgue so
mos contempordneos de um bomem gue nunca teve igual na histéria de mundo. Os ho-
mens de todas as dpocas chamardio teu nome, gue é forte, belo, sdbio e maravilhoso. Teu no-
coragdo de
me estd gravado em cada fdbrica, cada mdaguina, cada lugar da terra, € no
todos os bomens'.

As massas russas, porém, continuavam a resistir As mudangas impostas para


atender 3 rigida arregimentag#o em grande escala do industrialismo moderno.
ontra essa teimosa resistência, Stalin lancou o terror puro e simples, a fim de
duebrar vontades férreas e forcar a conformidade. O terror fora usado como ins-
Humento de governo desde a Revolucio (e os caares também haviam recorrido a
id de maneira moderada e intermitente). Depois do infcio do primeiro Plano
Otiingienal, foram encenados julgamentos forjados, denunciando como sabota-
“Tes os engenheiros gue julgavam contraproducente o ritmo de Stalin. O terror
Utilizado para reunir os camponeses em fazendas coletivas foi ainda maior. Stalin

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562 Givilizacio ocidental

também usou o terror para esmagar a Oposi€&o; e instilar um medo abieto


nas fileiras do partido mas também na sociedade russa em geral. Nag s6

Os expurgos vinham sendo usados h4 muito tEMPO para afastar do


Partido os
menos decididos. Depois de 1934, porém, os expurgos passaram a se
mentos da ambigao de Stalin de poder pessoal absoluto. Em 1936, se T OS Instru-
Uu terror Vin-
gativo veio a piblico. O primeiro grupo de vitimas, incluindo muit
res do partido Comunista, foi acusado de conspirar com o exilado OS fundado.
Trotski paraa
criagao de um `centro terrorista” e de planejar uma onda de terror
CONtra o par
tido. Condenado a morte, o primeiro grupo foi imediatamente
executado
1937, o grupo seguinte, gue incluia destacados comunistas da

dese
Epoca de ie nin,
foi acusado de cooperar com agÊncias de espionagem estrangeiras
e sabotar a
reconstrugo socialista” — expressio usada para a revolugao de Stalin.
Também
eles foram executados. Pouco depois, um expurgo seereto eliminou o alto coman-

ER
do militar e o pais teve de pagar um alto prego por isso guando os alemies ataca-
ram, em 1941.
Em 1938, o ditimo julgamento forjado, e também o maior, apresentou a mais
monstruosa das acusag6es: sabotagem, espionagem e tentativa de desmembrara
Uni&o Soviérica € matar todos os seus lideres (inclusive Lenin, em 1918). Nas au-
diëncias publicas, alguns dos acusados refutaram o promotor, mas ao final todos
confessaram antes de serem executados. Os observadores ocidentais espantaram-
se com as acusagbes cinicas € as torturas fisicas e mentais utilizada para arrancar
as confissêes.
Os grandes julgamentos, porém, envolveram apenas uma peguena minoria
das vitimas de Stalin; muitas outras pereceram em silêncio. O terror golpeou, em
primeiro lugar, os membros do partido, especialmente os Velhos Bolchevigues,
gue haviam se associado desde antes da revolugdo; eram os mais independentese,
portanto, os mais perigosos para Stalin. Mas ele reduziu também a elite cultural
gue sobrevivera 3 revolucio de Lenin. Milhares de engenheiros, cientistas, admi-
nistradores industriais, estudiosos e artistas desapareceram; foram fuzilados ou
mandados para campos de trabalho forcado, onde a maioria pereceu. Ninguém
estava seguro. Para atemorizar as pessoas de todas as camadas, homens, ie
e aré mesmo criancas foram arrastados na rede da policia secrera de Stalin, Eie
xando aos sobreviventes uma advertência desanimadora: submetam-se, Mr
As baixas provocadas pelos expurgos foram da ordem de milhêes; entre 25 "” de
mas estava Trotski, gue em 1940 foi assassinado no México. O uan
sangue foi medonho, e os prêprios agentes do expurgo, um ap6s o OUD; EE
vitimas da ignominia e da morte. Gina da gUe
Tendo cafdo nas maos da polfcia do czar € participado da carnificina 4 6 dy
se sensibil izava com o desperdi cio de vidas. Acredira va gu '
ra civil, Stalin no
ES. economia soviética nao poderia ser mobilizada com rapidez e efici€ncla EA
total obediëncia do povo, e gue o terror era necessdrio para forgar a subm
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ran sie aOS oficiais do partido e ads MAassas FUSSas O gua nto eram vulnerd No
ates da vontade dele, Stalin amedrontava-os para manrtê-los servis-
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563

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A civilizacdo ocidental em crise

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Notas

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in Lenin Anthology,

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Soviet Government”,

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H. Vo n La ue . Se rg ei Witte and

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pp. 448 ss.

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3. ]. V. Stalin. “Speech ro Business Execuri-

R
she la

of.

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si ty Pr es s, 19 63 , p. 3.

,
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ves” (1931), in A Documentary History of

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Violence

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Le ni n. “O n Re vo lu io na ry
) V L Communism from Lenin to Mao, org. por

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and Terror”, in The Lenin Anthology, or Robert V. Daniels. Nova York, Random
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EE
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p. HI.
4, V. 1. Lenin. “The Immediate Tasks of che

sis
TE
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Sugestoes de leitura

ps
vd
Ee MM
1

E
Russia (1985). Andlise cuidadosa de auto-

fm]
Antonov Ovseenko, Anton. 7he Time of Stalin:

ae
Portrait of a Dyranny (1981). Uma aborda- ria de um eminente erudito.
-
EEEE
Mandelstam, Nadezhda. Hope Against Hope:
Ge
MR
gem anti-stalinista de autoria de um escri- N
SR

Memoir (1976). Relato penetrante da vida ad


ne

tOr soviético,
OE
Tt

na Russia durante os expurgos, escrito pela


Ee BR

Carr, E. H. 7he Russian Revolution from Le-



i

viva de uma das vitimas.


ET
Ee

min to Stalin (1970). Breve resumo basea-


Scott, John. Behind the Urals: An American
FT

Em

do no estudo em vêrios volumes do autor


Worker in Russiat City of Steel (1942,
vr MA
ed

Mi sobre os anos 1917-1929.


OER RShr
ae

onguest, Robert. 7e Harvest of Sorrow: So- reimp., 1973). Relato em primeira mao da
ske?'

viet Collectivization and the Terror Famine vida na Ruissia durante o primeiro Plano
asse ak
H.

Oiinatienal.
F

d 286). As consegiiëncias humanas da co- ;


letivizac3o. Sholokhov. Mikhail. And @uiet Flows the Don
Ginzburg, Eugenia. Journey into #be Whirl- The Don Flows Home to the Sea, 2 vols.
s
winde(1967). As experiëncias de uma mu- (1934, 1940). Romance sobre os efeiro
er
ok brutalizantes da guerra, da revolugio e da
Kers Er
ur. Darkness ar Noon (1941). Ro- guerra civil; ganhador do prêmio Nobel.
ie
ee sobre o destino de um Solzhenitsyn, Aleksandr 1. One Day in the
Life of Ivan Denisovich (1963). Primeiro
PM ii NT `n no EXxpurgo do terror.
end oshe. The Making of the Sovier Sys- relato a chegar ao piblico sobre a vida num
em: Essays in the Social History of Interwar dos campos de trabalho forcado de Stalin.
564 Givilizacdo ocidental

Tucker, Robert C. (org.). Stalinism: Essays


COMRMURISM in Russia (1965)
in Historical Interpretation (1977). En- pleto sobre Lenin.
saios sobre Stalin escritos por acadêmicos Von Laue, Theodore H. Why Lens
jlustres. Stalin? Why Gorbaches s ir es
Ulam, Adam B. 7e Bolsbeviks; The Intellec- guisa de ficil leitura, enfat
tual and Political History of de Triumph of textos globais.

(uestoes de revisao

1. Oual foia raz&o do colapso do regime cza-


5. Como os lideres SOVIéticOS viam a POSi€So
rista em marco de 1917? da Rissia no mundo? Cuais eram suas me.
2. Por gue o governo provisério e a democra- tas e ambig6es? Em gue sentido seus obje-
cia liberal fracassaram em 1917?
tIVOS assemelhavam-se aos de
3. Por gue, ao contrdrio, os bolchevigues cCon-
OUtros Es-
seguiram tados?
tomar € manter o poder de 1917
6. Ouais os morivos€ Justificativas
a 1921? de Stalin
para os expurgos do terror?
4. Gual a finalidade dos Planos Otingtienais
e gue efeitos tiveram?
é
ey? CA P I T U L O 2 0
A Era do Fascismo:
ata g u e a r a z a o e 3 l i b e r d a d e

rra , par eci a gue o lib era lis mo iria con tin uar a ava nga r
fase depois da gue
fei to no séc ulo XIX . O col aps o dos aur ocr ati cos imp éri os
como havia
€ aus tri aco hav ia lev ado & for mag ao de gov ern os par lam entares
Mlem&o
tod a a Eur opa cen tra l e ori ent al. Den tro de dua s déc ada s, porém,
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rao rdi ndr ia de aco nte cim ent os, a dem ocr acl a par ece u
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ado s da Eur opa cen tra l e ori ent al, com €xc eGa o da Tch e-

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dos rec ém- cri
mas de

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coslov4guia, a democracia desmoronou, dando lugar a vêrtas for
poverno autoritdrio. O recuo da democracla € o avan€o do autoritaris-
mo sio mais bem exemplificados pelo triunfo dos movimentos fascistas
na It4lia e na Alemanha.
O aparecimento desses movimentos ém mais de vinte paises euro-
li-
peus, depois da 1 Guerra Mundial, foi um indicio de gue a sociedade
beral estava em estado de desorientacso e dissolugao. O pessimismo cul-
tural, o desprezo pela razo e o desdém pelos valores liberais, manifesta-
dos por muitos intelectuais e nacionalistas antes da guerra, encontraram
express&o nas irracionais e antidemocrdricas ideologias fascistas do pés-
guerra, gue transformaram a vida politica européia. O fascismo assina-
lou o apogeu das perigosas tendências inerentes ao nacionalismo extre-
mo € ao conservadorismo radical do final do século XIX. Enguanto
fenêmeno europeu, o fascismo foi uma reagso a uma sociedade de pos-
guerra afligida pela desintegrag&o espiritual, pelo deslocamento econé-
mico, pela instabilidade politica e pelas esperangas nacionalistas frustra-
das. Foi uma expressio do medo de gue a revolugao bolchevigue se
estendesse para o oeste. Foi também uma expressao da hostilidade aos
valores democr4ticos e uma reac&o ao fracasso das instituic6es liberais
em resolver os problemas da moderna sociedade industrial. Para os fas-
cistas € seus simpatizantes, a democracia parecia um enfraguecido e ve-
Iho regime, pronto para ser derrubado.
Em sua luta para derrubar o Estado liberal, os lfderes fascistas desper-
taram os impulsos primitivos, ressuscitaram velhas fidelidades tribais e
usaram mitose rituais para mobilizar e manipular as massas. Organizan-
do campanhas de propaganda com o rigor de uma operagio militar, os

TR s6S
66 Givilizacio ocidental

fascistas incitaram € dominaram as massas € confu ndiram e minaram


oposig&o democrdtica, desencorajando sua vontade
de rEsistir. O
mo teve maior xito nos pafses com fraca tradicio democrdu ei Fascis.
o governo parlamentar titubeava, encontrava poucos def. Iande
para apoid-lo, e€ muitas pessoas eram ent&o atrafdas por dema res leais
rismaticos gue prometiam aco direrta. oBos ca-
A proliferagao dos movimentos fascistas demonstrou
gue os hab;
da democracia nio $&o aprendidos com rapidez
nem as ed
peEsso ese daag
as ee
tacilidade. Parti cularmente duran te época s de crise,
clientam com as discussêes parlamentares e os procedimentos
ER:
cionais, mergulham em estados de espirito e de COMP
ortamento ms
nais eSao passiveis de manipulagio por politicos inescrupulosos,
Em
nome da segurana €conêmica ou emocional e da grandeza nacion
al. as
pessoas muitas vezes sacrificam espontaneamente a liberdade
polftiea. O
fascismo deu destague ao imenso poder do irracjonal; humilhou
os be.
rais, dando-lhes uma consciëncia permanente das limitagées da razio€
da fragilidade da liberdade.
O objetivo fascista de centralizacao m4xima do poder foi favorecido
pelos desdobramentos ocorridos durante a II] Guerra Mundial: a expan-
sao da burocracia, a concentragio da indvstria em monopdlios gigantes
e a estreita cooperacao entre industria e Estado. Os instrumentos da
moderna tecnologia — ridio, filmes cinematogr4ficos, discursos pdbli-
cos, telefone e teletipo — possibilitaram ao Estado doutrinar, manipular
e dominar seus stiditos numa escala até entao inimagindvel. *”

A natureza do fascismo
Os movimentos fascistas foram marcados por um nacionalismo extremado €
pela determinacio de acabar com o liberalismo e o marxismo — de desfazer o
legado da Revolugio Francesa de 1789 e da Revolugio Bolchevigue de 1? 17. ”
fascistas acreditavam gue a sua revolug&o era espiritual, gue estavam RE
uma nova era na histéria e construindo uma nova civilizagao sobre as ar '
democracia liberal. “Somos por um novo principio no mundo, disse Musso )
“Somos pela antitese total, categdrica, definitiva do mundo da ae g
do mundo gue ainda segue os principios fundamentais estabelecidos em 1/ de
i
Os fascistas consideravam o marxismo como outro inimigo, Pols 9 conflito
classes dividia e enfraguecia o Estado. Para eles, a uniëo dos trabalhadores do verd
do, tal como convocavam os marxistas, significava a morte da oomunida & dy
Es cional. O fascismo, ao contrério, reintegraria o proletariado na naga0, 8? se.
Er COM as hostilidades de classe due dividem e enfraguecem o Estado € s€u P ci
os n do ide com due as pessoas de todas as classes se sentissem partes peer sO-
ioward
i@fascis mo oferecia uma solugso para o problema da inseguran6a €
moderna sociedade industrial.
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A civilizario ocidental em crise 567

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e pri mit ivo s, e lev ava m par a a pol iri ca o espirito
nipulavam impulsos brutais air am vere-

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Org ani zar am exé rci ros par tic ula res gue arr
sombarivo das trincheiras.

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buscavam

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vio len tos e des aju sta dos , gue

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HanoS, MUITOS deles homens sem raiz es,

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dag em e a vio lên cia da fren te de com bate.
preservar a Gdelidade, a cam ara

Ka!
O fascismo exaltava o lider — due, intuitivamente, perceberia o gue era melhor
elit e de mem bro s ded ica dos do part i-
para a nagao — € chamava a governar uma nec ess ida de de tom ar dec isê es.
do. O lider e o partido sliviariam o ind ivi duo da

ds
na lib erd ade ind ivi dua l pro mov ia a com per iga o
oustentando gue a ênfase liberal

pe
fasc ista s era m a favo r da unidade

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: o conflito, prejudiciais 3 uni dad e nac ion al, os

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um par tid o e uma von tad e nacional.

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monolftica —- um lide r,
uen os comer

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na dlas se méd ia infe rior — peg

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O BsGsmo tin ha seu apo io de mas sa

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s de escr itor io, cam pon ese $ com

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santes, arteszos, Funciondrios pib lic os emp reg ado

NE ad. Meg Me
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rece ava. tan to o gra nde cap ita lis mo com o o soc ial ism o. Es-
alguns recursos —, gue

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emp res as e impe-

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peravam gue o fas cis mo os pro teg ess e da com pet ici o das gra nde s

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mar xds ta gue ame agasse Sua

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disse a odi ada clas se ope rér ia de est abe lec er um Est ado
A las se méd ia infe rior via no fas cis mo um mod o nio com uni sta de
propriedade.
3 fami lia, ao solo

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tra dic ion al

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superar as Cris es eco nêm ica s e res tab ele cer o res pei to

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ent are s nem

Re
nara l € 3 nac3 o. N3o ten do pac iën cia par a os pro ced ime nto s par lam
simpatia pelos principios democrdticos, seus membros eram atraidos pelos dema-
gogos gue demonstravam confianga € prometjam resultados imediaros.

ea, da,
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` Embora apoiados por uma classe média radicalizada, os fascistas nao pode-

es
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ram ter assumido o controle do Fstado sem a ajuda das elites governantes — aris-

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tocratas latifundidrios, industriais e lfderes milicares. Na Russia, os bolchevigues
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“veram de lutar para alcangar o poder; na Ir4lia e na Alemanha, e velha ordem
2 me bes
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dominante praticamente entregara o poder aos fascistas. Nesses dois paises, os li- TE)
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deres fascistas conseguiram convencer os conservadores de gue nio instituiram


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reformas sociais generalizadas nem interfeririam com a propriedade privada, e de


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ger alm enr e rep udiasse a


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de Ee a nag ao con tra o com uni smo . Emb ora


ema gog ia do fas cis mo, 2a vel ha elit e est abe lec eu uma ali ang a com os
ie je
m de proteger seus interesses.

A ascensdo do fascismo na It4lia

Inguieracio do pos-guerra
ss. mbora estivesse entre os vencedores da 1 Guerra Mundial, a Irélia mais pare-
” Uuma na€3o derrotada. A escassez de alimentos, a elevagso dos pregos, o desem-
“go em grande escala, as greves violentas, a ocupagio de fébricas pelos operd-
d '

a Rad Ps
S68 Givilizacdo ocidental

rios e a invasao da periferia n3o cultivada das grande


s Propriedades
j neses criaram um clima de crise. A Irdlia precisava de pelos CaMpo-
uma lideran
; um programa de reforma, mas o governo liberal estava paralisado ca efetiva E de
pelas 4:
partiddrias. Com vdrios partidos concorrentes, os liberais nz e F dispuas
nizar uma maioria sélida capaz de enfrentar a crise intern
a.
A classe média tinha sido gravemente atingida. Para
se Hy LE Re fe mg hd

atender X.
centes, o governo aumentara os impostos, mas ess desp CSaS Creg-
e PEso recaira de maneira
gual sobre os peguenos proprietdrios, os peguenos nego des.
ciantes, OS funciondrios
aai TE

publicos e os profissionais liberais. Os grandes latifundidrios e


o $ Industriais te.
miam gue sua na cio estivesse 3 beira de uma revolugao ao estilo bol
mm

chey;aeue. N
ma

verdade, os socialistas italianos n&o tinham nenhum plano para tomaro


camponeses due ocupavam terras e Os grevistas
urbanos estavam reagindoA ei
ria de suas préprias regiëes e nio coordenaram seu
s esforcos, de maneira significa-
tiva, com os movi mentos em outras localidades. Além disso, guando os tra
balha-
dores compreenderam gue n4o podiam manter as f#bricas
em funcionamento
seu zelo revoluciondrio diminuiu e eles comecaram a abando
nd-las Essas [utas
mal lideradas e intteis dos trabalhadores e Camponeses nao prenun
ciavam uma
revolugao vermelha. Nao obstante, os industriaise latifundidrios, tendo ain
da viva
na lembranga a Revolugo Bolchevigue, no gueriam correr riscos.
O descontentamento agravou-se com a vergonha nacional pelos termos do acor-
do de paz da guerra. Os italianos sentiam gue, apesar de seus sacrificios — 500 mil
mortos e um milhio de feridos —, os frutos da vitéria Ihes haviam sido roubados. A
lrélia nao conseguiu o litoral délmata, o porto de Fiéme no Adridtico e os territé-
rios na Africa e Oriente Médio. Os nacjonalistas culparam o governo liberal pelo
gue chamaram de “vitéria mutilada”. Em 1919, uma forca de veteranos de guerra
comandada pelo poeta e aventureiro Gabriele D'Annunzio (1863-1938) tomou
Fitime, para a alegria delirante dos nacionalistas italianos e constrangimento do
governo. A ocupa€io do porto por D`Annunzio durou mais de um ano, langando
combustfvel as chamas do nacionalismo italiano e demonstrando a fragueza do
| regime liberal em impor sua autoridade aos adversdrios direiristas.

Mussolini toma o poder


Benito Mussolini (1883-1945), antigo socialista e veterano da | Guerra ar
dial, explorou a insatisfag3o, na lr4lia do pés-guerra para obter o wande " ui
tado. Em 1919, organizou o partido Fascista, gue atraiu adeptos entre o$ 4? oë
tentes, os desiludidos e os desajustados. Muitos italianos viram
Mussolin li
o lider gue conguistaria Fiime, a Dalm4cia e colênias, e conseguir la para * ed
um lugar de honra nos assuntos internacionais. Veteranos da guerra Ee
no movimento fascista para fugir & monoronia e ociosidade da vida CIVI
ERA lheram com sarisfag&o a oportunidade de usar os uniformes da milicla eu s
ee
EE EER H(Camisa s Negras), desfilar nas ruas€ brigar com os adversdrios socialistas
'eslistas, Esguadras (sguadristi) dos Camisas oe
Negras Fiets atacavam escrIt Er

eialiste se sindicais, destruindo propriedadese aplicando surras. Guando 0


A civilizacio ocidental em crise 569

Mussolini com suas tropas. O ditador


italiano tentou deliberadamente manter a
imagem de um guerreiro viril. Embora Ee
tenha estabelecido um Estado EERS RE ss RE
unipartid4rio, Mussolini teve menos éxito
gue Hidler ou Stalin na criag&o de um
regime totalitdrio. Wide World Photos

misas Vermelhas socialistas responderam na mesma moeda, tornou-se logo evi-


dente gue a Itdlia caminhava para a guerra civil.
Industriais e latifundidrios, esperando gue Mussolini salvasse a Trdlia do bol-
chevismo, contribufram com grandes somas para o parrido Fascista. A classe mé-
dia inferior, temerosa de gue a crescente forga dos sindicatos e do partido Socia-
lista ameaGasse suas propriedades e prestigio social, via Mussolini como um pro-
tor. Estudantes universitdrios de dlasse média, em busca de avenrura € de um
ideal, e oficjais do exército, gue sonhavam com um império italiano e hostiliza-
oi 0 governo parlamentar, também foram receprivos ao partido de Mussolini.
sloer decepcionados com a democracia parlamentar sentiram-se interessa-
oo Be Me de acio de Mussolini: Seu nacionalismo, arivismo € anticomu-
de ualmente foram seduzindo OS elementos da estruura de poder: capi-
AS, aristocratas, oficiais do exército, a familia real, a lgreja. Considerando o li-

por uma ditadura militar.


ke 1922, Mussolini fez sua tentativa de tomar o poder. Falando num comi-
gante de seguidores seus, em fins de outubro, declarou: “Ou nos éntregam o
570 Givilizacio ocidental

governo ou nés o tomaremos marchando sobre Roma. É


dpenas Uma
dias, talvez de horas”. Poucos dias depois, os fascistas Iniciaram sua m dUEstag d
Roma. Teria sido relativamente simples esmagar os 20 mil fascistas ne SObre
nas com pistolas e fuzis, mas o rei Vitor Emanuel TII (1869-1947) Mados ape.
agir. Os conselheiros reais, alguns deles simpatizantes d
e Mussolini, exTECUSOU-se 4
forga dos fascistas. Acreditando estar salvando a Ir4lia de terrfvel
viol BErarama

ak.
aa.
nomeou Mussolini primeiro-ministro. “NCIa, o rej

"a r
Mussolini havia blefado para ganhar o poder. O fascismo
triunfara nio dev;
3 sua propria forga — os fascistas tinham apenas 35 das 535 Cadeiras do Pa vo
to —, mas porgue o regime liberal, indeciso e temendoa violên
cia, n3o o ie
3 forga. No passado, o Estado liberal nio contestara

Va,
Oe atos de ee
agora, rendia-se covardemente As ameacas e fanfarronadas fascistas. Sem ee

Fm
SE
re

LT
os liberais esperavam gue, uma vez no poder, os fascistas

TEN
se €sduecessem do ,

N TE,
ror, adotassem objetivos moderados e agissem dentro da CONStItui

EP LT N
cao. Mas sa
vam errados: haviam julgado mal o cardter antidemocrdtico do fas
cismo.
O Estado fascista na hdlia
Aos poucos, Mussolini manobrou no sentido de estabelecer uma ditadura. Em
1223-1926, eliminou os nao fascistas de seu gabinete, dissolveu os partidos da
Oposic30, esmagou os sindicatos independentes, fechou os jornais de oposicio,
substituiu prefeitos municipais por funciondrios fascistas € organizou uma polf
cla secreta para prender os agitadores. Muitos antifascistas fugiram do pafs ou fo-
ram deportados.
Mussolini teve menos éxito do gue Hitler e Stalin na formacëo de um Estado
totalitdrio. Os industriais, Os grandes latifundiërios, a Igreja e, até certo ponto,
mesmo o exército nunca se submeteram totalmente ao partido. Nem o regime
dominou a mente de seus stiditos com a mesma totalidade gue a Alemanha na-

Kind
zista. A vida na Irélia era menos militarizada e o individuo tinha menos medo do
Aa EE GAAR
gue na Alemanha nazista ou na Ruissia comunista. ka im

Como a Rissia comunista € a Alemanha nazista, entretanto, a Irdlia fascisa


aa

USOu as organizac6es de massa e os meios de comunicag&o de massa para Conto”


END EESGE ” AA

lar as mentes e regular o comportamento. Como na Uniëo Soviérica € no Tercet-


N NE
TY EE.

ro Reich, o regime fascista criou um culto do lider. “Mussolini avanga


CO ie
EE” ET

Hanga, num halo de mito, guase escolhido por Deus, infatigdvel e infalivel, os
ve EA. “ag”

trumento empregado pela providência para a criaco de uma nova drie,


escreveu o filésofo Giovanni Genrtile2. Para transmitir a imagem de um lider eo”
Mussolini fazia-se fotografar de peito nu ou usando uniforme com capao€l*
ago. Os manuais das escolas prim4rias o retratavam como o salvador da nag40)
um Jdlio César moderno. - ei
A propaganda fascista inculcou h4bitos de disciplina € obediëncla: Ma
` fem sempre razdo. Acredite! Obedega! Lute!” A propaganda tambéEm gloriti sdA
2guerra: “Um minuto no campo de batalha vale uma vida inteira de Pe” -
oicinema e o ridio idealizavam a vida sob o fascismo, deixando MF
A civilizacio ocidental em Crisé pYd!

o crime, a pobreza e as tensêes sociais. Professores prima-


eram obri gado s a jurar fide lida de a0 governo
cundérios € universitrios os
SEUS ideai s, €ngu anto os alun os eram esti mula dos a criti car
ra € propagar
m atitudes liberais. Milhêes de jovens pertenceram as orga-

GE
sd Hi
guais participavam de ceriménias patriëticas e de fungoesj

y?
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nos fascistas e usavam uniformes fascistas, fundindo sua pro-

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ria dentidade no grupo:

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Os fascistas denunciavam o libera

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os con fli tos ent re tr ab al ha do re s e ca-

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sssoal, e também o socialism o, por ins tig ar

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O governo fascista também nao resolveu os velhos problemas econêmicos

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l4lia. Para reduzir a exportac5o de capital e a dependéncia das imporrag6es em

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caso de guerra, Mussolini procurou tornar a Irdlia auto-suficiente. Para ganhar `a

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batalha do trigo”, o regime fascista colocou em uso terras marginals € instou OS
agricultores a se concentrarem no cultivo de trigo. Embora a produgao deste

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aumentasse substancialmente, a produgso agricola geral diminuiu, pois se plan-

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tara em terras mais adeguadas & pecudria e ao cultivo de fruras. A Him de tornara
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dutos estrangeiros; consegiientemente, OS consumidores italtanos pagaram pré- ae,
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GOS mais altos pelos mesmos produtos feitos na Ttalia. Mussolini posava de prote-
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tor dos peguenos, mas em seu regime o poder e os lucros das grandes empresas
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amentaram substancialmente, enguanto o padro de vida dos peguenos agri-


Cultores e trabalhadores urbanos dedlinou.
Embora antidlerical desde sua juventude, Mussolini rambém era oportunisra.
Reconheceu gue um entendimento com a Igreja melhoraria sua imagem junto a
Pin1a0 publica catélica. O Vaticano considerava o seu regime como uma barrei-
NT
T
EEN

Ke o COmunismo, sendo menos hostil aos interesses da Igreja e mais susce-


N

1939 ser influenciado por ela do gue um governo liberal. O papa Pio XT (1922-
EE

era um ultraconservador, cujo édio ao liberalismo e ao secularismo levou-o


* a€reditar gue os fascistas aumentariam a influência da Igreja sobre a nacio.
ke 1929, 0 trarado de Latrio reconheceu a independência da Cidade do Va-
, revogou muitas das leis anticlericais aprovadas no governo liberal e tor-
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“Ou compulséria a instrugao religiosa em todas as escolas secundd4rias. As rela-


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BIBLIOTECA POBLICA MUNICIPAL


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572 Givilizacio ocidental

Oes entre o Vaticano e o governo fascista foram bastante bo as d


urante a dé
de 1930. A Igreja apoiou a invasio da Etiépia pela Tdljaea; nte ead,
rven cag Na guer.
ra civil espanhola. Embora criticasse Mussolini por se ter ap rO
Xximado de H
ter adotado leis antijudaicas, o papado nunca rompeu com itler
O TEgime fascista.

A nova repuiblica alema


Nos dlrimos dias da I Guerra Mundial, uma rev
oluc&o derrubou o
imperial alemao e levou & criacëo de uma repiblica
democrdtica. O ae ae
no, cheftado pelo chanceler Friedrich Ebert (1871-19
25), um EF ed Ri
assinou o armisticio gue pês fim a& guerra. Aos olhos de
muitos alemses a or
lideranga democrdtica fora responsdvel pela derrota — uma aCUSaCAo
sei ande
mento, alids, pois os generais alemaes, sabendo gue a guerra estava
perdida, ti-
nham buscado o acordo de paz. Em fevereiro de 1919, a Assembléi
a Naconal
recentemente eleita, reuniu-se em Weimar para preparar a constituicio do se
Estado. A Repdblica de Weimar — nascida da revolucëo, gue era detestada pela
maioria dos alemaes, e da derrota militar, gue muitos atribufam ao novo governo
— enfrentava um futuro incerto.

Ameacas de esguerda e direita


A jovem republica, dominada pelos socialistas moderados, enfrentou ameagas
internas tanto da esguerda guanto da direita, ambas radicais. Em janeiro de 1919,
o recém-criado partido Comunista Alem&o, ou espartaguistas, ignorando as reco-
mendagées de seus lideres, Rosa Luxemburgo e Karl Liebknecht, saiu as ruas de
Berlim e declarou deposto o governo de Ebert. Para esmagar a revolug3o, Eber
recorreu aos Corpos Livres - brigadas voluntdrias de ex-soldados e aventureiros,
comandadas por oficiais fiéis ao imperador, gue vinham lutando para proreger
fronteiras orientais das invasêes dos novos Estados da Polênia, Estênia € Letonia.
Os homens dos Corpos Livres gostavam da ag#o e desprezavam o bolchevismo.
Sufocaram a rebeliëo e assassinaram Rosa Luxemburgo e Liebknecht a 15 de jar
neiro. Em maio de 1919, também marcharam sobre Munigue para derrubar a
Repiblica Soviérica, ali instalada pelos comunistas algumas semanas ante. d
A revolta espartaguista e a breve repiblica “soviética” em Munigu€ (e Oe
em Baden e Brunswick) tiveram efeitos profundos sobre a psigue alemê. Os Com
nistas haviam sido facilmente dominados, mas o medo de uma insurreicao
munista continuava intenso nas classes média e superior — medo gue levou ar
tos de seus membros as fileiras dos adversdrios direitistas da repdblica de aar i
d
es Recusando-se a dissolver, como o governo ordenara, destacamentoS dos
as) “pos Livres direitistas marcharam sobre Berlim€ proclamaram um Nov? gover” ,
a hefiado por Wolfgang von Kapp, um nacionalista extremado. Insistindo em d
*podia disparar contra seus cCompanheiros soldados, o exército alem*”
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A civilizacio ocidental em crise 273

um mo vi me nt o par a def end er a Rep ubl ica . Um a gre ve


hao fez nenh
golpe
di u gue Von Kapp governasse, eo
s convocada pelos sindicatos impe de do ex ér ci to a re-
en ta nt o, gu e a fi de li da
BP O epis6dio demonstrou, no ult
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duvidosa. NE
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Crise econbmica
r d a d i r e i t a , a r e p i b l i c a fo i a f e t a d a t a m b ém pela
Além dos Jlevantes de esgue e
e n t a r o d é f i c i t d o o r c a m e n t o n a c i o n a l , o g o v e r-
se econêmica. 1ncapaz de enf r
i r o , f a z e n d o c o m g u e o v a l o r d o m a r c o a l e -
ho simplesmente emitiu mais dinhe a r e s ; e m n o v e m b r o de
te. Em 1? 19. um m a r c o va li a 8, 9 d é l
ma , cafsse rapidamen s . o u p a n g a s b a n c ê r i as,
d o p o r 4 b i l h ê e s de m a r c o P
1923, um délar podia ser toca b a lho e economia —
ê e s — d u e r e p r e s e n t a v a m a n o s de t r a
ap6lices de guerra, pens re, a cla sse mé di a ar-
o o go ve rn o pel o des ast
perderam o valor. Responsabilizand gu er li am de rru-
mo vi me nt os de dir eit a gu e
ruinada tornou-se ma s receptiva aos
bara repiblica. u p a g a o fr an ce sa do
la ps o da e c o n o m i a al em a fo i a o c
Um fator critico no co con se-
Co m a ec on om la em rui nas , a rep udb lic a nao
Ruhr em janeiro de 1923. o fra ncés
o pa ga me nt o das ind eni zac êes . O pr im ei ro -m in is tr
guia honrar com no
nca ré (1 86 0- 19 34 ) or de no u gue as tro pas fra nce sas en tr as se m
Raymond Poi
6 cen tro ner vos o da ind vis tri a ale ma. Re sp on de nd o ao ape lo de res istén-
Rubr —
recu-
cia passiva da repdblica, os operdrios fabris, mineiros € ferrovidrios do Ruhr
tra bal har par a os fra nce ses . O pa ga me nt o de sal dri os aos tra bal had ore s
saram-se a
e funciondrios em greve contribuiu para gue o marco caissé ainda mais.
ocou ha-
| Gustav Stresemann, gue se tornou chanceler em agosto de 1923, col
bilmente a repéblica no caminho da recuperagao. Declarou a intencao da Ale-
manha de fazer os pagamentos das indenizagêes € criou uma moeda nova, apoia-
da numa hipoteca imobilidria alema. Para proteger o valor da nova moeda o go-
verno no fez novas emissêes. A inflacio diminuiu e a confianga oi restabelecida.
Um novo acordo sobre as indenizacêes de guerra também contribuiu para a
rag io ec on êm ic a. Em 192 4, as par tes int ere ssa das ace ita ram o Plano Dawes,
recupe
red uzi u as ind eni zac êes e bas eou -as na cap aci dad e ec on êm ic a da Al em an ha .
due
am, as negocragdes, a Franga concordou em retirar suas tropas do Ruhr — ou-
ida gue diminuiu as tensêes da republica.
dn a ets as condig6es econémicas melhoraram. Atraidos pelas alcas
ME Jur os e pel o bai xo cus to da ma o- de -o br a, cap ira lis tas est ran gel ros , par ti-
' norte-americanos, investiram na Alemanha, estimulando a econo-

ee ee ge
AE gee ka, carvao e Fe guimica Eg niveis de

melhor aos desempregados também “n ie okiele os Paid


due a Alemanha dek chegadoa sstabilid deD I ie ab al eN
de partidos extremistas da esguerda da direie Ee - aa bilidade
memes
nd s Y. fic
“COnêmica, a democracia poderia ter deitado e- zes mai veioo
ais. M Mass vei
d no pai

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574 Givilizacio ocidental

entao a Grande Depress&o. A crise econéêmica global, inicjada e


1929, colocou em nitido relevo a debilidade da Republica de Wen ?UFubro de

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mar.

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Debilidades fundamentais da Republica de Weimar

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A experiëncia politica alema oferecia um solo pobre Para a

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transposicëo de
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sistema parlamentar democrdtico anelo-saxêo.
Aloe havia sido um Estado mier andere ig ee j ve Mandi -
BOVEr nado por
gue comandava as forcas armadas, controlava a politica externa, nomum imper ad Or

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chanceler e convocava e dissolvia parlamentos. Esse siste
ma autoritdrio j ie

haa
o povo alemao de adguirir hAbitos e atitudes democrdticos.

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Ainda res

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ser governado de cima, ainda adorando o poder do Estado,

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muitos alema oo
riam destruir a Repdblica de Weimar. ” dae
Os conservadores tradicionais — os escalêes superiores do servico
pdblico, juf-
zes, industriais, grandes latifundidrios, comandantes do exército
desprezavama
democracia e eram avessos & repiblica. A classe média também
nio sentia ne-
nhum apego aos principios liberais-democrdticos gue serviam de base
& repdbli-

ha
ca. Tradicionalmente nacionalista, ela identificava a repiblica com a derrota na

Bm
aa ma. ml
guerra e a humilhacio do tratado de Versalhes. Violentamente anti-socialista,

aa
essa classe via os lideres da repblica como marxistas gue imporiam & Alemanha

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um Estado da classe operdria. Os intelectuais da direita atacavam a democracia

aa Ar
aas. aai ak
como uma barreira a verdadeira unidade da nacao alema. Na tradigio dos pensa-

ma
dores Voltish do século XIX, desdenhavam a raz&o e a liberdade polftica, glorifi-
Cando a raga, os instintos e a a€&o. Com isso, colocaram muitos alemZes contraa
republica, enfraguecendo o apoio popular de gue depende a democracia.
A Republica de Weimar também mostrou a debilidade do sistema multiparti-
d4rio. Com a vota€3o distribuida por v4rios partidos, nenhum deles tinha maio-
ria no Reichstag, de modo gue a repiblica era governada por uma coalizio. De-
vido as diferengas ideoldgicas, essa coalizio era sempre instdvel e corria o risco de
nao funcionar. Foi exatamente o gue aconteceu durante a Grande Depressao.
Ouando a lideranga efetiva era imperativa, o governo n4o pêde agir. O lmpassé
politico fez com gue os alemtes perdessem a pouca confianga gue rinham no SS”
tema democrdtico. O apoio aos partidos gue desejavam preservar a ane
diminuiu, e os partidos extremistas gue visavam A derrubada da repdblica gan ”
ram forca. Entre estes estavam os comunistas, na esguerda, e dois par ridos dire
ali sta s € o Par tid o Nac ion al Soc ial ist a dos Tra bal had ore s Ale-
ristas — os nacion
|

maes, chefiado por Adolf Hidler.


|

A ascensao de Hitler

lf Hid er (18 89- 194 5) nas ceu na Aus tri a a 20 de abri l de 188? sendo 9
Ado . PS”
aete filho
Here H n de de u um funcion4rio pibl; sem importência.
&rio piblico Ad Mau es rudante dade
na
sééundAria, embora inteligente, Hitler deixou a escola € viveu em ocl0
se Ee ê
A civilizacio ocidental em crisé 575

19 07 , e de no vo em 19 08 , a Ac ad em ia de Artes
te mai s
' de dois anos. Em
duran
. reie itou seu ped ido de ing res so. Hid er no pro cur ou apr end er um ofi-

IE
rme nte : em vez diss o, gan hav a alg um din hei ro pin tan do

EG
ook balhar regula
ds Tia muito, especialmente sobre arte, histêria e assuntos militares.

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do Me

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mad s. “i s
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ali sta , ant i-s emi ra € panger-

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ot am bé m pela lit era tur a raci al, nac ion

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na Viena multinacional. Os tratados racistas prega-

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We se era abu nda nte

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ae N. representado pelas ragas mistas; Exortavam ao exterminio das raGas

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nferiores e apontavam 9 jud eu

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Georg von Schênerer. Par a este

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raci ais ne-

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, mas por gue pos sui am gua lid ade s
giio, na pordue rejeitassem Cristo

kr”.
Sch éne rer usa vam cor ren tes de relê gio com ima gen s
gativas. Os partiddrios de
Hit ler fic ou par tic ula rme nte imp res sio nad o com Kar l
de judeus enforcados.
na, um int eli gen te dem ago go gue hab ilm ent e man ipu lav a
Lueger, prefeito de Vie
ant i-s emi tas dos vie nen ses em pro vei to pol iti co pré pri o. Em Vie-
os sentimentos
tam bém pas sou a odi ar o mar xis mo ea dem ocr aci a e tor nou -se con-
m. Hidler
o de gue a luta pela exi stê nci a e a sob rev ivé ndi a dos mai s cap aze s sio os fatos
vict
essenciais do mundo social.
Ouando comecou a 1 Guerra Mundial Hiler estava em Munigue. Saudou a
guerra como um lenitivo para sua vida cotidiana, gue carecla de prop6sito e en-

Er
tusiasmo. Apresentando-se como voluntrio para o exército alemao, Hider achou

ME
3 batalha estimulante e lutou com bravura, recebendo por duas vezes a Cruz de

ae AD er Ee
Ferro. A experiëncia do combate ensinou-lhe o valor da disciplina, da organiza-
d30, da lideranca, da autoridade, da luta e da impiedade — valores gue levou para

bed
a politica, depois da guerra.
O chogue da derrota da Alemanha e da revolugso intensificou sua dedicag&o
20 nacionalismo racial. Levar a Alemanha A vit6ria total sobre seus inimigos ra-
dlais passou a ser a sua obsessio. A vergonha da Alemanha, dizia ele, devia-se aos
criadores da repdblica, aos “criminosos de novembro”, atr4s dos guais estava uma
CONSpirago mundial judaico-bolchevigue.

O partide nazista
Em 1919, Hitler ingressou num pegueno grupo de extrema direica. Mostran-
do uma fanristica energia e uma extraordindria capacidade como orador dema-
gogico, propagandista e organizador, tornou-se rapidamente o lider do parrido,
“Wo nome foi mudado para Partido Nacjonal Socialista dos Trabalhadores Ale-
Mes (comumente conhecido como Nazista). Como lfder, Hider insistiu na
N

2Utoridade absoluta e toral fidelidade, exigência gue coincidia com o anseio de pês-
NE
er Ee eN

Buerra de um lider forte gue consertasse a na€io em ruinas.


Como Mussolini, Hidler levou atitudes e técnicas militares para a polftica. Uni-
n

Mes, saudacêes, emblemas, bandeiras e outros stmbolos davam aos membros


]
ae

do partido uma sensacdo de solidariedade e camaradagem. Nos comtcios de mas-


EE

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ME

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| Si |

576 Civilizacio ocidental

O elogiiente orador. Hitler era um orador


extraordindrio, gue sabia como tocar o
coracëo dos ouvintes. As massas, dizia ele,
Sao incitadas pela palavra falada, nao pela
Rys r escrita. Roger-Viollet

sa, Hitler era um orador fascinante, com desempenhos espantosos. Com os pu-
nhos cerrados, o corpo trêmulo, gestos agressivos, olhos hipnéticos, rosto con-
turbado pelo édio, denunciava repetida e furiosamente o tratado de Versalhes, o
marxismo, a republica e os judeus, inflamando e hipnotizando o piblico. Hider
percebia instintivamenrte os sentimentos mais intimos da multiddo, seus ressenti-
mentos e anseios. `A intensa vontade do homem, a paix&o de sua sinceridade pa-
reciam fluir dele para mim. Senti uma exaltacio gue sê poderia ser comparadaa
cConversao religiosa”, disse um dos primeiros admiradores*. )
Em novembro de 1923, Hitler tentou tomar o poder em Munigue, no Estado
da Baviera, como prelidio 3 derrubada da repiblica. A tentativa, due ficou Eo
nhecida como o “golpe da cervejaria”, fracassou. Ironicamente, porém, o PrES””
glo de Hitler aumentou, pois guando foi submetido a julgamento, aprovelrou i
oportunidade para denunciar a repiblica e o tratado de Versalhes c ged,
Pe | sua filosofia do nacionalismo racial. Seus discursos apaixonados, divulgados pe
imprensa, conguistaram-lhe reputagao nacional e uma sentenca leve — CINCO
se
de prisao com a promessa de ripida liberdade condicional. Na prisio, Hider i
HouKERReyAMeire Kampf, um livro pomposo e cheio de divagac6es, gue continha a €S$€
ER ys EEN ier Mes ge ms 5 jnou

io eadesuavisio de mundo. A fracassada tentativa de golpe em Munigu€ ond


sal
RR :

" 1
OE k ai
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NE EE EP EA ` RS
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Ee Ad dak Wen
EA. ' i
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A civiliaacio ocidental em crise

Hider uma licio valiosa: a insurreicio armada contra uma forga superior falha.
j
- onguistaria o poder nao pela forga, mas explorando os instrumentos da de-
ei acia — eleicoes € polftica partidria. Usaria melos aparentemente legais para
moC de W e i m a r e i mpor uma ditadura.
deesstruir 2 Re pd bl ic a

d e m u n d o d e H i e r
4 visio
sé-
racial SUE O pensamento de Hitler era uma colcha de retalhos ge do
Nac ion ali s ant i-s emi tas , Volk ish, dar win ist as soclals, antidemo-
sulo XDS, eunindo idéias
tir des sas idé ias , mu it as das gu ai s ti nh am gr ande
.Aticas € antimarxistas- A par to e no rir ual. O
um a vis ao de mu nd o en ra iz ad a no mi
popularidade, construiu Iu mi ni smo, €
nt o as tr ad ic 6e s ju da ic o- cr is ti s co mo as do
nazismo rejeitava ta ial. Para
no va or de m mu nd ia l ba se ad a no na ci on al is mo rac
procurou Fndar uma re di cava gue
e pa ra a co mp re en sa o da his tér ia mu nd ia l. Ac
Hider, araca era a chav me m de vo nt a-
nt e un id a, li de ra da po r um ho
uma Alemanha desperra, racialme
império europeu e daria o golpe mortal na decadente
de [érrea, criaria um vasto
ng ui st ar ia a Ru ss ia , ac ab ar ia co m o co mu ni sm o e re du zi ri a
dvilizacëo liberal. Co ne-
esl avo s su bu ma no s, 'u ma ma ss a de es cr av os nat os, du e sente a
) servidio os
cessidade de um senhor*.
er dividiu
Na tradicdo dos nacionalistas Volkisb e dos darwinistas sociais, Hitl
o mundo em racas superiores e inferiores, e colocou-as umas contra as outras na
a pel a so br ev iv ên ci a. Pa ra ele , a lut a pel a vid a era um a lei da na tu re za , €e da his-
lut
téria. Como raca superior, os alem#es tinham o direito de conguistar € subjugar
as outras racas. A Alemanha devia conguistar um ebensraum (espago vital) ex-
pandindo-se para o leste, As custas dos eslavos racialmente inferiores.

O judeu como demênio Um anti-semitismo obsessivo € virulento dominava a


perspectiva mental de Hier. Ao travar a guerra contra os judeus, Hier acredi-
tava estar defendendo a Alemanha contra seu pior inimigo. Na sua interpretagao
mitica do mundo, o arjano era o criador e portador da civilizag&o. Como descen-
dentes dos arianos, os alemaes representavam a criatividade, a coragem e a lealda-
de. Como contrapartida do ariano, o judeu personificava as gualidades mais vis.
Dois mundos se enfrentam”, dizia Hider, “os homens de Deus e os homens de
ars! O judeu é o anti-homem, criatura de outro deus. Ele deve ter vindo de
Ee raiz da raca humana. O ariano eu contraponho e coloco acima do judeu ”.
eed Hider desprezava — liberalismo, intelectualismo, pacifismo, parla-
' o, internacionalismo, marxismo, arte moderna e individualismo — ele
atribuia aos judeus.
O anti-semitismo de Hier servia também a um propésito funcional. Con-
ode todo o mal num tnico inimigo, o judeu “conspirador e demonfaco',
he
ii rd tOoda a sua miséria. ETININAdO-SE COMO OS contrarios
ik ee raclalis € ESpiEi

judeus, os alemaes de todas as classes sentiam-se ligados numa unido


Volkisk,
578 Givilizacdo oridental

A utilizagao do mito contribuiu também para desorientar O intelect al ,


unificar a nagao. Guando a mente aceita uma imagem coma ane Hie “mêoe
dos judeus — de vermes, micrébios, conspiradores satêAnicos ay berdenad er tinha
de eguilibrio e objetividade. Essa mente desorientada est pronta a ie ” oen
obedecer, a ser manipulada e dirigida, a brutalizar e tolerar a brutal; hi are
pronta para absorver-se na vontade da comunidade coletiva. O fato de ou e. Est
pessoas, inclusive intelectuais e membros da elite, aceitassem Essas dia
revela o poder duradouro do pensamento mitico ea vulnerabilidade A. ld
Em 1933, ano em gue Hider tomou o poder, Felix Goldmann,
escritor dee
de origem judaica, comentou com perspicdcia @ Cardter irracional do ME ae
rismo nazista: “O politizado anti-semitismo racial
da artualidade éa personifies.
ao do mito (...) nada é discutido (...) tudo é sentido
(...) sobre nada se pondera
de maneira critica, |égica ou sensata (...) tudo é percebido
internamente, conjec-
turado (...) Somos aparentemente os Gltimos [herdeiros] do Iumini
smo.ӎ

A importdncia da propaganda Hitler compreendeu due numa


época de parti-
dos politicos, sufrigio universal e uma imprensa popular — legados das
Revolu-
Oes Francesa e Industrial —, o lider bem-sucedido deve cONguistar o apo
io das
massas, € para isso nada melhor gue a propaganda efetiva, dizia Hitler, a propa-
ganda deve visar principalmente As emoc6es. As massas no sio movidas por
idéias cientificas ou por conhecimentos objetivos e abstratos mas por sentimen-
tOS primirivos, terror, forga e disciplina. A propaganda deve reduzir tudo a slo-
gans sitmples, incessantemente repetidos, € concentrar-se sobre um tnico inimi-
go. As massas sao despertadas pela palavra falada, nio pela escrita — por uma on-
da de paixio c4lida proveniente do orador “gue como golpes de arfete pode abrir
os portées do coracio do povo””.

Hitler sobe ao poder


Depois de cumprir apenas nove meses de sentenca, Hitler deixou a prisao, em
dezembro de 1924, e continuou a construir seu partido, & espera de am id
gue abalasse a Republica e fizesse do seu movimento uma forga na politica ea
nal. A Grande Depressio, gue comecou nos Estados Unidos em fins de , ;
trouxe essa crise. Com o agravamento da situagao econdmica na Aleman " hi
POVO tornou-se mais receptivo ao radicalismo de Hitler. Suas tecnicas s ProP
ganda funcionaram. O partido Nazista passou de 810 mil votos em 192 ” 12
milhêes e 400 mil em 1930, e sua representagio no Reichstag elevou-s€
para 107 deputados. solu-
A baixa classe média os nazistas prometiam uma lideranga efetiva € uiDA oi
G80 para a crise econêmica. Mas o nazismo foi mais do gue um movime”
.. dlasse, pois atraiu os descontentes e desiludidos de todas as camadas gs sis,
io — veteranos amargurados, nacionalistas romênticos, intelecruais i red
ndy striais e grandes latifundidrios temerosos do comunismo e da social-
pes soas desajustadas e ressentidas gue nao encontravam lugar na $
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A civilizardo ocidental em crise 3/A

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os na zi st as re ce be ra m 37 ,3 % do s voros e
,
Na eleigao de 31 de julho de 1932

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— mu it o ma is do guOuUtro
e gu alguer

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conguistaram 230 cade tr as no pa rl am en to

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ma lo ri a, Fr an z vo n Pa pe n, gu e ha vi a re nu nc ia do ao car -
partido, mas ainda nio a

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es id en te Pa ul vo n Hi nd en bu rg (1 84 7- 19 34 )
gode chanceler, persuadiu o idoso pr ol o do s indus-
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Ne ss a de ci sd o, Pa pe n tev e o
, nomear Hitler como chanceler.

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atas al em êe s, gu e co ns id er av am Hi de r um
iais e dos latifundidrios aristocr

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ni sm o, im pe di r a re fo rm a soc ial , ac ab ar
rumento vtil para combater o comu ma me nr to s.
ga ni za do e re co ns tr ui r a in di st ri a de ar
som o trabalho or tu ia o, Hit ler,
do go ve rn ar de nt ro do esp iri to da co ns ti
Sem ter jamals pretendi
de ja ne ir o de 19 33 , ag iu ra pi da me nt e pa ra co ns eg ui r
gue assumiu o Cargo em 50
ro ve it an do -s e de um in cë nd io at ea do no Re ic hs ta g em fe-
sderes ditatoriais. Ap
po r um va ga bu nd o ho la nd ês de te nd én ci as co mu ni st as , Hi rl er
vereiro de 1933
nd en bu rg a as si na r um de cr et o de em er gê nc ia su sp en de nd o os di-
pressionou Hi
is, sob pr et ex to de gu e o Es ta do est ava am ea ca do pel a su bv er sa o int er-
reitos civ
na. Hit ler us ou en ti o ess es po de re s de em er gé nc ia pa ra pr en de r, se m pr oc es so le-
gal, os deputados comunistas e social-democratas.
Nas eleicêes de margo de 1933, o povo alemao elegeu 288 deputados nazistas
para um Reichstag de 647 cadeiras. Com o apoio de 52 deputados do Partido
Nacionalista e a ausência dos deputados comunistas, gue estavam presos, os na-
zistas passaram a ter uma trangtila maioria. No mesmo més, Hidler forcou o
Reichstag a aprovar uma lei gue permitia ao chanceler legislar independente-
mente do parlamento. Com espantosa passividade, os partidos politicos permiei-
ram aos nazistas demonstrar o governo e fazer de Hider um ditador com poderes
-
1
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limitados. Hitler usara os instramentos da democracia para destruir a repiblica ET
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€ criar um Estado totalitdrio.


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A Alemanha nazista
Os lideres toralit4rios guerem mais do gue o poder pelo poder. Em tldima
andlise, buscam transformar o mundo de acordo com uma ideologia, uma visao
“oralmente abrangente, gue constitui uma verdade superior € exclusiva. Tal como
3 religiëo, a ideologia totalirdria oferece a seus seguidores crengas due Ihes permi-
em compreender a histéria e a sociedade e gue dio & existência uma explicagao
“Moclonalmente gratificante. A ideologia satisfaz o anseio humano por absolutos
* Cria adeptos fiéis, gue sentem estar participando de uma grande causa. Também
COMO a religido, o partido totalit4rio d4 a indivfduos isolados e alienados um
“enso de pertencer a algo, um sentimento de comunidade; permite a uma pessoa
580 Givilizacio ocidental

perder-se no abrago confortante e estimulante de um MOVImento de


anarguista russo Mikhail Bakunin, do século XIX, reconheceu o pode ok O
co da comunidade ao dedlarar: “Nao guero ser eu, Juero ser ds”s " Te sedu-
Os nazistas procuraram submeter todas as iInstituicées politic
ase €CONÊBM
e toda a cultura 4 vontade do partido. No poderia haver SCPAaraGao icas
entre a vida
privada ea politica. A ideologia devia impr egnar todas as fases da vida
Cotidiana:
todas as organizac6es deviam estar sob o controle do partido; *

nao Hons
poderia h
direitos individuais gue o Estado tives se de respe itar. O parti do
no Estado; seus énsinamentos converteram-se na alma da nacao
alema. mm
Ao contrério dos regimes autocraticos anteriores, a ditadura totali
tdria AO se
sarisfaz com a obediëncia externa de seus siditos. Exigindo lealdade
incondicio-
nal € apoio entusidstico das massas, empenha-se em controlar o fntimo das pes-
soas: moldar pensamentos, sentimentos e atitudes segundo a ideologia partid4-
ria, gue se torna o credo oficial. O objetivo é criar um “novo homem?, gue se
dedigue de corpo e alma ao partido e suas doutrinas, um adepto fiel estimulado
por uma missao. Joseph Goebbels (ver p. 582) assim resumiu essa meta do tota-
litarismo: “Nao basta harmonizar mais ou menos as pessoas a nosso regime, lev4-
las a uma posi€ao de neutralidade com relag&o a nés; gueremos influencid-las até
gue se tornem devotadas a nés.”” Um poeta nazista anênimo expressou o credo
totalitdrio com estas palavras:

Conguistamos todas as posicoes,


e 0 alto colocamos
as bandeiras de nossa revolugdo.
Podia-se imaginar ser isso tudo o gue guerlamos,
Mas gueremos mais,
Oueremos tudo
Seus corac6es sio0 a nossa meta,
So suas almas gue desejamos.'*

O Estado-lider
O 'Ter ceir o Rei ch foi org ani zad o com o um Esta do-l ider , no gual Hid er, *
(de r), rep res ent ava e exp res sav a a von tad e real do pov o ale mêo , de
Fiibrer
va a lealdade suprema da nagao e detinha poder absoluto. Como disse um Pa
co politico nazista: “A autoridade do Fihrer é total e abrangente (.)
sujeita a controles ou reservas; no é circunscrita por nenhum (...) direlto
dual; é sobrepujante e livre de grilhêes.”" dentro
Em junho de 1933, o Partido Social Democrara foi declarado ilegal, € de
de poucas semanas os outros partidos sim plesmente se dissolveram. Em m4
s .
1933, os nazistas confiscaram as propriedades dos sindicde atos, prenderam seus li
Prente Ale"
'derese suspenderam as negociac6es coletivase greves. A recém-criada
18 do Trabalho, instrumento do partido, tornou-se a organizagdo ofidi
ad ET

Rd.
e " " st ! da clas”
A civilizacio ocidental em crise 581

o de st ru i ra m as cl as se s su pe ri or es
co nt ré ri o do s bo lc he vi gu es , os na zistas na
Ao
gu er ra ao s in du st ri ai s, po is gu er ia de les
jo antigo regime. Hider nao declarou al em ae s pr os pe -
ma gu in a de po erra. Os ne go ci an te s
lealdade, ob ed ié nc la e Um a
um a in fl ué nc a na s de ci sê es politicas. Cresceram
raram, mas nio exerciam ne nh na o te ve
o re al do s tr ab al ha do re s al em ae s
sslucros do setof industrial, mas o saldri br av a o re gi me po r ter po st o
hado ra ce le
sumento. Mesmo aSSIOs a classe trabal
Fm crise do desemprego. cr is ti an is mo. “O
ue co m os va lo re s es se nc ia is do
O nazismo entrou em chog is ti an is mo ”, di ss e
ni da de foi o ad ve nt o do cr
ja so fr id o pe la hu ma
pior golpe
er ra Mu nd ia l' . O na zi sm o no po di a to-
Hider a alguns intimos, Jurantea II Gu nh ec en do gu e o cr is ti an is mo era
ou tr a fé. Re co
lerara coexistência com enhuma as ig re ja s pr or es ta ntes
37 os na zi st as re pr im ir am
um pretendente val 3 alma alem zi da e os ca te ci smos
st ru ci o re li gi os a foi re du
. carélica. Nas escolas piblicas, a in mo . Cr is to er a re tr at ado
ju da ic a do cr is ti an is
modificados para omitir a origem no te is mo he br eu , mas
tr ad ig ao pr of ét ic a do mo
`#o como um judeu, herdeiro da do ) ce ns ur av a os jor-
ap o (p ol ic ia se cr et a do Es ta
-omo um heréi ariano. A Gest , pr oi bi u alguns reli-
rm êe s e as at iv id ad es re li gi os as
nais da Igreja, examinava Os se pren-
es co la s te ol dg ic as os ad ve rs dr io s do na zi sm o e
giosos de pregar, afastou das
deu os padres gue criticaram o regime.
m re pr es en ta do en tr e os al em ae s gu e resistiam ao nazismo;
O cl er o es ta va be
mb ro s fo ra m ma nd ad os pa ra os Ca mp os de co nc en tr agio ou
alguns de seus me as gu e,
. s es se cl er o co ra jo so na o foi re pr es en ta ri vo da s ig re ja s al em
executados Ma
it ui c6 es or ga ni za da s, Ca pi tu la ra m e co op er ar am Co m o re gi me . Tanto a
como inst
an gé li ca co mo a ca té li ca pe di ra m a se us fié is gu e fo ss em le ai s a Hitler;
igreja ev -
ho s 3 pe rs eg ui g3 o ao s ju de us ; am ba s co nd en ar am a re si st ên
ambas fecharam os ol
ca e admiraram muita coisa no 'Terceiro Reich; ambas apoiaram a guerra de
Hider. O destacado teëlogo luterano gue “saudou a modificacio ocorrida na Ale-
manha €m 1933 como um dom e um milagre divinos”, expressou os senrimen-
tos de muitos membros do dlero".
ormar
Os nazistas instituiram mauitas medidas anti-semitas, destinadas a transf
de
ak

de us em p4 ri as . Mi lh ar es de mé di co s, ad vo ga do s, mu si co s, artistas e profes-
OS Ju
do s de pr ar ic ar su a pr of is sa o, e os du e er am fa nc io nd -
der eg foram impedi
m de mi ti do s. Um a sé ri e de lei s re fo rg ou ai nd a ma is as hu mi lh a-
' os fora
s. sa me nt o ou re la co se xu al en tr e al em êe s € ju de us fo ra m
vOES € perseguige Ca
Universidades, escolas, restaurantes, farmdcias, hospirals, teatros, mu-
re
pos de arletismo foram gradualmente fechados aos judeus.
sl es s ro ma nd o Co mo pr et ex to o as sa ss in ar o de um di plo-
de
w ar is po r um jo ve m ju de u de 17 an os cu ja fa mi li a fora maltra-
ada pelo e zi st as
e w N E G u m am pl o po gr om . Gr up os de na
ese oe OS
€ — o e e pi lh ar am mi lh ar es de re si dê nc ia s,
skeie ee ee e judeus
, a : em an ha — ep is éd io ag ue fi co u co nh eci-
doeane HE N € EE s
P S RA G 2). Vi nt e mi l ju de us fo ra m ar ir ad os no
camposdec Pe AE
lta de um bilhio de mar-
oncentracao. O Reich impês entdo uma mu
582 Givilizacio ocidental

cos 3 comunidade judaica. Essas medidas foram, no entanto


ao exterminio fisico dos judeus europeus, gue se tornou um o be “ETO prelidis
N] # .

'

! Jetivo Fundam
tal dos nazistas durante a || Guerra Mundial. en-

A criacdo do `bomem novo”


O Ministério do Fsclarecimento Popular, dirigido por Joseph Goebb els (189
1945), controlava a imprensa, a publicacio de livros
, o radio, o teatro eo -
ma. A propaganda nazista buscava condicionar a mente a reverencia
r o Fa
obedecer ao regime. Seu objetivo era privar os individuos da capac idade E rere
sar por si préprios. Concentrando-se no mito da raca € na
infliblidade de
Fiibrer, a propaganda nazista tentava desorientar a mente racional
e dar a0 Indi-1
viduo novos modelos nos guais acreditar e obedecer. A Prop
aganda visava mol-
dar toda a nagao a pensar e responder de acordo com os comandos do Fstado lider
O regime empenhou-se em falar aos jovens. Todos os Jovens entre
10 e 18 anos
eram convocados a juntar-se 3 Juventude Hiderista, e todas as outras Organizacêes
de jovens foram dissolvidas. Em campos e encontros, os jovens desfilavam, faziam
a saudagio e cantavam “ÉÊramos escravos, éramos estranhos em nosso préprio
pais. Assim éramos antes gue Hider nos unisse. Agora, lutarfamos contra o pré-
prio Inferno por nosso lider.”'* As escolas, terrenos tradicionais do nacionalismo,
do militarismo, do antiliberalismo e do anti-semitismo, passaram a ensinar as
jovens a ideologia nazista. Os nazistas explicavam aos professores Como ensinar
certas matérias, e para assegurar a obediëncia estimulavam os membros da Juven-
tude Hidlerista a denunciar os mestres gue n4o se submetiam.
Em maio de 1933, professores e alunos gueimavam orgulhosamente livros
considerados como uma ameaga & ideologia nazista. Muitos académicos elogia-
ram Hirler e o novo regime. Cerca de 10% dos professores universitdrios, princr-
palmente judeus, social-democratas e liberais, foram demitidos, muitas vEzes
com a aprovagao de seus colegas. “A partir de agora, vossa tarefa nao é determi-
nar se alguma coisa é verdadeira ou nao, mas sim se esd dentro do espirito da re”
volug&o nacional-socialista”, disse o novo ministro da Culrura aos professores
universitdrios”. Numerosos cursos sobre a “ciëncia racial” e a ideologa nazista fo-
ram introduzidos no curriculo. Ri
Simbélicos do regime nazista foram os comicios grandiosos realizados em ING
. . avam
rembergue. Dezenas de milhares de pessoas gritavam, marchavam € ador ie
aos pés de seu lider. Esses fiéis adeptos, produto final da doutrinagao j ei
# 7 #* 7 7 27 )

celebravam as realizacêes de Hirler e demonstravam fidelidade a seu $ alvador.d


Tudo era orguestrado de modo brilhante, para impressionar OS alemaes eo n .
do com o poder, a determinac3o ea unidade irresistiveis do movimeEnto we
a grandeza do Fiibrer. Exércitos de jovens sacudindo bandeiras, tropas de chod
com suas armas, e trabalhadores trazendo ao ombro compridas pas desfilavam
*
frente de Hitler, gue ficava em posicao de sentido, com o braco estendido naJgant
' AGE é
bee ei
ole
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pa di
NE ar F
FI dac35o nazis. ta. As intermin4veis colunas de pessoas em marcha, a eMPO nd
TE EF Re ES
T1
miisica marcial tocada por bandas enormes, a floresta de bandeiras, OS
A civilizacio ocidental em crise 583

FT) N ee]

ima ndo livr os em Sal zbu rgo , Aus tri a, 193 8. Heinrich Heine, o grande poees
Jovens nazistas gue do
due gueimam livros acabam gueman
judeu-alemao do século XIX, disse cerra vez gue as pessoas
pessoas. @ Tophaml The Image Works

aclamacêes dos espectadores, as tochas e os holofotes uniam OS parricipantes nu-


ma comunidade racial. “Iremos para onde Hirler nos levar, gritavam milhares
de alemaes num coro gigantesco. |
terro r foi outr o meio de asse gura r agui escê ncia € obed iënc ia. O inst rumen-
O
Vr
ET

es do
to do terror foi a SS, organizada em 1925 para proteger Hitler e outros lider
N,
RT
ak PAIN

partido e policiar as reuniëes do partido. Sob a lideranca de Heinrich Himmler


rTFri om
K.

de seu chefe , a SS
aa

gue acre dita va fana tica ment e nas teori as racia is


IG E

(1900-1945),
transformou-se numa forca de elite, de homens disciplinados, dedicados e total-
ERERR
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mente impiedosos.
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O apo10 das massas


pri sêe s em
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-se um Est ado pol ici al, car act eri zad o pel as
O regime nazista tornou
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re aai
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centracao gue institu-


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Massa, pela perseguiGao aos judeus e pelos campos de con


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Cionalizaram o terror. No entanto, rolaram menos cabecas do dgu€ as pessoas


ti

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eSperavam, € em muitos aspectos a vida parecia normal. Os nazistas estabelece-


EER

584 Givilizaco ocidental


RE
ANENE

ram habilmente o Estado totalitdrio sem perturbar


a
maioria da populago. Além disso, Hitler, como M vida Cotidiana d 4 gran
ussolini, teve de
manter uma aparéncia de legalidade. Sem dissolver 9 Cuidad, de
EE o
constItuIao, podia afirmar gue seu governo era legiti, mo.
;
NEm Tevo
Sara
Para as pessoas preocupadas soment
e com familia, trabalho e am;
sao a malorla em gualguer pais —, a vida nos primeiros BOS rk Oue
recia bastante satisfatêria. As pessoas acredita
anos do Tercei
vam gue 9 NOVO govern
ro Reic has
tando resolver os problemas da Alemanha de ma o estav d ten-
neira VIgOroSa € sensa
traste com a ineficiëncia da Repiblica de Weim ta, em COn-
ar. Po r volta de 1936
mento da €conomia, estimulado em parte 0 fortaleci-
pelo rear RameEnto, pra
minara o desemprego, gue deixara cerca de 6 mi ticamente ef.
lhêes sem trabalho guan
do Hidler

ra um sentimento de sacrificio pessoal e dedicac&


o nacional ent re O povo desani-
mado pela derrota e pela depressio.
Houve alguma OPoSiGA0 ao regime de
Hitler. Os social-democratas € os Comu-
nistas, em part
icular, organizaram peguenos ndcleos. Alguns
o consideravam uma ameaga aos valores tradiciona co nservadores, gue
is alemaes, e alguns clérigos,
due vlam o nazismo como uma religiso paga em conflito
com a moral cristë, tam-
bém formaram peguenos grupos de Oposigao. Mas soment
e o exército poderia
ter derrubado Hidler. Alguns generais, antes mesmo da II Guerra
Mundial, pre-
garam a resisténcia, mas a esmagadora maioria dos oficiais alem&es ou pre
feria o
NOVO regime, ou estava preocupada demais com suas carreiras, Ou considerava
uma desonra romper o juramento de fidelidade a Hider. Esses oficiais permane-
cerlam leais aré o amargo fim. Poucos alemzes compreenderam gue seu re
d
vessava uma longa noite de barb4rie, € menos ainda consideraram a possibilida-
de de uma resistência.

Liberalismo e autoritarismo em outros paises


. . . . #

Depois da 1 Guerra Mundial, a democracia parlamenrar fracassou em ms


VOS palses, e lideres autoritdrios subiram ao poder. Na maioria desses VER ie
ideais liberais nio haviam penetrado profiundamente, encontrando resisténcia P
parte das elites conservadoras.

A difusio do autoritarismo
Espanha e Portugal “Tanto na Espanha como em Porrugal, os regimes par .
, T1-

'.. tares enfrentaram forte oposicio da igreja, do exército e dos grandes lart med
ss rios. Em 1926, oficiais do exército derrubarama republica portuguesa cria ae
1910 e,Es gradualmente, Antênio
mie, surgiu como de Oliveira Salazar (1889-1970), um
ditador. Na Espanha, depois ed
gue as forcas antim
dy oa
De,
ME
A civilizario ocidental em crise

m as eleicées de 1931, o rei Afonso XI11 (1902-1931) deixou o


prod lama da. Mas o nOvo gove rno, lide rado pelos socialistas
sea repdblica foi rmas intro-
, [iberais enfrentou a decidida Oposigao da elite dominante. As refo
Jazidas pela republica — €xpropriagao das grandes fazendas, reducëo do nimero
m dos jesui tas e o fech amen to das esco-
de oficiais do exército, dissolugao da orde o édio da velh a ordem.
Jas relig iosas — apen as inte nsif icar am
da repu blic a espa nhol a aume ntar am: os trab alha dore s guas e
As dificuldades
e real izar am grev es viol enta s: os mili tare s tentaram um
famintos s€ amotinaram ou esta bele cer
com sua long a trad igao de sepa rati smo, tent
golpe; a Catalunha,
Imit ando o exem plo da Fran ga (ver na p. 587) , os parr idos da es-
sta autonomia.
os comu nist as, unir am-s e na Fren te Popu lar, gue subi u ao po-
guerda, inclusive
de 1936 . Em julh o do mes mo ano, o gene ral Francisco Franco
der em fevereiro
2-19 75), gue servi a no Marr ocos espa nhol , lide rou uma revol ra contra a
(189
Fran co teve o apoi o de lider es do exérc ito, da igrej a, dos monarduis-
repiblica.
uas, dos latifundidrios, dos industriais e da Falange, um partido fascista recém-
formado. A Espa nha foi cind ida por uma sang rent a guer ra civil. Ajud ado pela
Iralia fascista e pela Alemanha nazista, Franco venceu em 1939 € estabeleceu
uma ditadura.

Europa central € oriental O governo parlamentar na Europa oriental tinha ali-


cerces frégeis. Predominantemente rurais, os paises dessa reglao nao tinham uma
classe profissional e comercial numerosa, como as gue promoveram 6 liberalismo
na Europa ocidental. Sé a Tchecoslov4guia tinha uma classe média sélida, com
forte tradicao liberal. As massas rurais da Europa oriental, tradicionalmente su-
jeitas3 autoridade mondrguica e aristocrdtica, nêo estavam habituadas ao pensa-
mento politico ou & responsabilidade civil. Fstudantes e intelecruais, muitas ve-
zes dominados pelo nacionalismo romanrtico, foram atraidos para movimentos
antidemocrdticos. Os lideres de direita também tiraram proveito do medo do co-
munismo. Ouando o governo parlamentar fracassou em resolver os problemas
Internos, os oponentes do Estado liberal tomaram o poder. Os movimentos fas-
Cistas, porém, tiveram pouco sucesso na Europa oriental. Foram os regimes auto-
ritarios cheftados pelas elites dominantes tradicionais — lideres do exército ou reis
— due acabaram com a democracia ali.

As democracias ocidentais
Enguanto os governos liberais cafam por toda parte, as grandes democracias
ocidentais — Estados Unidos, Inglaterra e Franca — continuavam a preservar as
ri riges democrdticas. Na Inglaterra e nos Estados Unidos, os movimentos
dSClIStas nao passaram de um estorvo. Na Franca, porém, o fascismo foi mais do
due uma ameaga, pois explorou certa hostilidade, profundamente arraigada, aos
ideais liberais da Revoluۑo Francesa.

Estados Unidos O problema central enfrentado pelas democracias ocidentais foi


a Grande Depressao, iniciada nos Fstados Unidos. Na década de 1920, centenas
hy Aai
ee P1
dT |
” , ” F s d # 1 ir
Civilizacdo ocidental

de milhares de norte-americanos haviam co


mprado tjtulos a Crédit
de aguisic6es provocou um aumento nos precos das ac6 o; €5$3 o
es TMUILO super nd,
valor real. Em fins de outubro de 1929, ior 30 seu
o mercado de acoes foi atingido
onda de vendas por pênico, e os precos baix
aram violentamente. Be
cas semanas, o valor das ages relacionadas na Bolsa de Nova York caiu ET Aa Pou-
de 26 bilhêes de délares. Uma terrivel r€a
Ga0 em cadeia seguiu-se noe
segiientes. As empresas reduziram a producio eo desemprego aumentou e'y
cultores incapazes de resgatar suas
hipotecas perderam suas terras; banc
haviam feito maus investimentos og oe
tiveram de cerrar as portas.
norte-americanos retiraram o capital gue ha Os MT
viam empregado na Europa, ae
cando falências de empresas e bancos curopeus
. Em todo o mundo, o MOVimen-
ro comercial diminuiu eo desemprego aumentou.
Cuando o presidente Franklin Delano Ro
osevelt (1882-1945) assumiu em
1933, mais de 13 milhêes de norte-american
os — um guarto da forca de trabalho
— €stavam desempregados. A fome e o desesper
o evidenciavam-se na face do
norte-americanos. Deixando de lado o laissez-f
aire, Roosevelt adotou um progra-
ma abrangente de planejamento nacional, €Xxperimen
rtago econêmica € reforma,
conhecido como New Deal. Embora o sistema politico
e econémico dos Estados
Unidos enfrentasse uma prova dificil, POoucos norte-american
os voltaram-se para
o fascismo ou comunismo, € o governo, embora empenhado no plan
ejamento
nacional, nao rompeu com os valores e processos democrdticos.

Inglaterra Antes mesmo da Grande Depressio, a Inglaterra enfrentava graves


problemas econéêmicos. A perda de mercados para competidores estrangeiros atin-
Blu a indvstria, a minerag3o e a construcio naval do pais; o ripido desenvolvi-
mento da energia hidrelétrica e do petréleo reduziu a procura do carvao bridëni-
CO, € um eguipamento de minerag#o antiguado colocou a Inglaterra em mas
condig6es de competic&o. Para reduzir os custos, os donos de minas pediram, em
1926, uma redugio dos saldrios: os mineiros responderam com uma greve, a gual
aderiram os trabalhadores de outras indidstrias. Para muitos ingleses, os trabalha-
dores eram radicais esguerdistas gue tentavam derrubar o governo. Muira genre
guis gue o Fstado sufocasse a greve. Depois de nove dias, os RA Re T
penderam o movimento, mas os mineiros resistiram por mais seis meses
ram ao trabalho com uma jornada mais longa e saldrios menores. A grevé gET .
fracassou, mas como os trabalhadores nio exortaram 3 revolucso e ea
de violência, o medo de gue os trabalhadores ingleses seguissem o caminho bo
chevigue diminuiu. oa
A Grande Depressio lancou uma sombra sobre a Inglaterra. Para estimu j
€Xportages e estimular a indvistria, a lideranca do partido Conservador desv
'r izou a libra e oferec& eu empréstimos a juros mais baixos, mas em geral de n
- a `
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jxou d
oa ed
“tarefa da recuperag#o & prépria industria. O desemprego somente mOStT O
Miie signi
es .
ficativo
, *
guando os ingles
.
es comegaram a se rearmar. Apesar da eedE-
iD ecopêmica da década de 1920 e da Grande Depresso, a Inglarerra
ms ir 7 IE le, ' rd

Adsi Ee Ere
8) AL
ia Td

Aknee ir

ed de
A civilizacdo ocidental em crisé 8/

mo ns tr an do o vig or de sua tra dig &o pa rl am en ta r.


|iticamente estavel, de
inuou P9 eras , nem Oo rec ém- fun dad o par tid o Fas cis ta con seg uiram apolo
H
Nem OS comun

os
.
ia"
das massas.

Ed
ae na AE EPEG
sd di io WE
da de 19 20 , a Fr an ga es ta va pr eo cu pa da em recu-
Em principios da dé ca

ad
Franca.

alad
sid o ar ru in ad as pela

Da RR
mi na s e flo res tas gu e ha vi am
perar aldeias, estradas de ferro, perlda-
ra ve ss ou um pe rf od o de re la ti va pr os
guerra. De 1926 a 1929,a Franga at

Kg NG
du st ri al e ag ri co la , a in te ns if ic ac ao do tur is-
de. com o aumento da produ€io in

A
ra a Gr an de De pr es sa o ni o te nh a at in gi do a

ES ER
hoeaestabilidade da moeda. Em bo

Fa SS
an to os Es ta do s Un id os e a Al em an ha , a na ga o
Franca de manelra (ao penosa gu go . A
e na pr od ug o e a el ev ag ao do de se mp re
sofreu com o dedlinio no comércio desde
ti ca gu e ha vi a as so la do a Te rc ei ra Re pu bl ic a, gu as e gue
nstabilidade poli ce u. Como
il id ad e co nt ra o re gi me re pu bl ic an o cr es
seu inicio, conrinuou, €a host
eg ui am re so lv er os pr ob le ma s da na ga o, va ri os gru-
os grandes partidos nao cons
pos fascistas ganharam forca. e
a €r es ce nt e do fa sc is mo em seu pai s, be m co mo na Trd lia
Receando a forc
os da esg uer da for mar am a Fre nte Pop ula r. Em 193 6, Léo n
Alemanha, os partid
195 0), soc ial ist a € jud eu, tor nou -se pri mei ro- min ist ro. O governo
Blum (1872-
Pop ula r de Blu m real izZo u mai s ref orm as do gue gua lgu er out ro na his-
da Frente
a da 'Ter ceir a Rep ubl ica . Par a aca bar com a ond a de gre ves gue pre jud ica va a
téri
as
producëo, Blum concedeu aos trabalhadores uma semana de 40 horas e féri
idas
remuneradas, assegurando-lhes o direito & negociagao coletiva. Tomou med
a
para nacionalizar as indvstrias de armamentos e avi6es. Para reduzir a influénci
das familias mais ricas, colocou o Banco da Franga sob controle do governo. Ele-
vando os precos e comprando trigo, ajudou os agriculrores. Os conservadores €
fascistas denunciaram Blum como um judeu socialista gue estava transformando
a pétria num Estado comunista. “Melhor Hirler do gue Blum, murmuravam OS
direitistas franceses.
Apesar das reformas significativas, a Frente Popular nio conseguiu revitalizara
€conomia. Perdendo apoio polftico, Blum renunciou em 1937, e a Frente Po-
pular gue sempre fora uma alianga frégil, desmoronou. Através de meios demo-
crêticos, o governo Blum havia tentado dar & Franga um New Deal, mas as refor-
mas sociais aprovadas pela Frente Popular apenas intensificaram o 6dio entre as
classes trabalhadoras € o resto da nacio. A Franca tinha preservado a democracia
e dividi-
contra o atague dos fascistas internos, mas foi uma nacao desmoralizada
da gue enfrentou a unida e dinAmica Alemanha nazista.

Intelectuais e artistas em épocas conturbadas


Os pressupostos do Iluminismo, jé erodindo nas décadas anteriores 3 T Guerra
Mundial, pareciam 3 beira do colapso apés 1918 — outra baixa provocada pela
Buerra de trincheiras. A diftcil situacio econêmica, sobretudo duranrte a depres-
588 Civilizacio ocidental

so, também causou profunda desorientacio


na mente euro Péia. O
nao possuiam uma estrutura de referência, uma s OCidentai
perspect va “OMUM s j2
preender a si mesmos, sua época ou o passado. Os para Ee
valores € SSENClais da Cl
ocidental — a auro-suficiëncia da raz&o, a inviol vilizaegg
abilidad c do indivi
téncia de padr6es objetivos — nao parecjam mais duo & a Exis-
servir de inspirac
de ligagao. io nem de eg
A crise de consciëncia evocou diversas
reagoes. Alguns intelectuais
a fé no significado essencial da civili ) perdend
zagao ocidental, voltaram “lhe
procuraram refdgio em sua arte. Outros buscar as costas ou
am uma nova es

mento filoséfico denominado existencialismo, due ganhou destague


HI Guerra Mundial, aspirava a uma vida autênt ap6s a
ica num mundo destituido de va-
lores universais.

O pessimismo do pds-guerra
Apês a ] Guerra Mundial, os europeus passaram a olhar de man
eira diferente
para si mesmos e sua civilizac&o. Parecia gue na ciëncia e na
tecnologia haviam
desencadeado forcas gue nio podiam controlar, ea crenca na estabilid
ade e segu-
ranca da civilizac&o européla revelou-se como uma ilusio. Também iluséria eraa
€xpectativa de gue a razio baniria os indicios remanescentes de escurido, igno
-
rência e injustica, e anunciaria uma era de progresso incessante. Os intelectuais
€uropeus sentiam gue estavam vivendo num “mundo falido”. Numa era de extre-
ma brutalidade e irracionalidade ativa, os valores da velha Furopa pareciam irre-
Cuperaveis. Iodas as grandes palavras”, escreveu D. H. Lawrence, “foram inval-
dadas para esta geragso.”'e As fissuras gue se discerniam na civilizagao européla
antes de 1914 haviam se tornado maiores e mais profundas. É evidente gue havla
também os otimistas — agueles gue encontraram motivo para esperanga na so”
ciedade das Nac6es, no abrandamento das tensêes internacionais e na melhoria
das condic6es econêmicas em meados da década de 1920. Entretanto, a Grande
Depress&o eo triunfo do totalitarismo intensificaram os sentimentos de dvividae
desilusao.
Depois da I Guerra Mundial, as manifestacëes de pessimismo tornaram-$€
abundantes. Em 1919, Paul Valéry dedlarou: “Ns, as civilizac6es derd,
aprendemos a reconhecer gue somos to mortais guanto as outras. Beer
gue uma civilizacao é to fr4gil guanto a vida.”” “Vivemos hoje sob o esugma Ge
.. colapso da civilizag8o”'s, afirmou o humanitarista Albert Schweitzer em oe
se Bdésofo alemao Karl Jaspers observou em 1932 gue “h4 uma waas re
`verim
uh g |
aior da rufna iminente, semelhante a um medo do Sm préximo
Z MS de
N

de

Ao
is iS Ft BETER vr

He
y
A civiizacdo ocidental em Crisé 589

#
ra devastada (1922) de T. $. Eliot também transmite um sentimento agou-
&o eu ro pé ia ag on iz an te , Eli ot cri a um ce- '|
ho. Em sua imagem de um a civ ili za€
rento. bro. Hordas en ca pu za da s de br ba ro s mo de rn os en xa me la m as pla ni-
narlo maca
, Ale xan dri a, Vie na e Lon dre s — cad a
usalém, Atenas
diese devastam 25 cidades. Jeriri rres
| vm dos grandes centros esp tuais ou culturais de outrora — sio agora 'to
ouv e-s e “al to no ar/ O mu rm ur io do la-
desabando.. Fm meio a essa destruig4 o,
nento materno”. mod ern o em bus ca
o Car l Gus tav Jun g dec lar ou em O hom em
O psicélogo suic
je uma abma (1933):
ger and o gua ndo dig o gue 0 bo me m mod ern o sof reu , psi col ogica-
Aeredito nêo estar exa ert eza (..)
faz al, em raz do do gua l cat u em pro fun da inc
mente falando, um chogue guase s catastréficos da
sa per spe cti va con sci ent e, pro dua ida pel os res ult ado
A revolacio em mos de nos sa fé em nos
evi den cia -se em nos sa vid a int eri or pel a des tru icd o
Cuerra Mundsal, den do a fé
pri o val or (... ) Per ceb o per fei tam ent e bem gue est ou per
mesmos € em nosso pré mil êni o, no
org ani zac ao aci ona l do mun do; o vel bo son bo do
na possibilidade de uma
gual reinariam a paz € a harmonia, ofsuscou-se.”!

6, o his tor iad or hol and ês Joh an Hui zin ga esc rev eu num cap itu lo inti -
Fm 193
tulado “Apprehension of Doom” (Medo do Juizo):
guanto
Vivemos num mundo demente. E sabemos disso (..) Em todo lugar hd dividas
imen-
3 solidea de nossa estruura social, temores vagos guanto ao futuro iminente, um sent
to de gue nossa civilizagio estd a caminho da ruina (...) guase todas as coisas gue outrora
pareciam sagradas € imutdveis tornaram-se agora incertas, verdade e bumanidade, justiga
e raado (..) A sensario de viver em meio a uma violenta crise da civilizacio, ameagando
ao colapso completo, difundiu-se por toda parte.”

A mais influente expressao desse pessimismo foi 4 decadência do Ocidente, de


Oswald Spengler. O primeiro volume foi publicado em julho de 1918, guandoa
Grande Guerra aproximava-se do fim, € o segundo em 1922. A obra conguistou
notoriedade imediata, particularmente na Alemanha, terra natal de Spengler, ar-
'uinada pela derrota. Spengler via a histéria como um conjunto de muitas cultu-
ras diferentes gue, como organismos vivos, experimentavam nascimento, juven-
rade, maturidade e morte. O gue mais preocupava os contemporêneos era a in-
sisténcia de Spengler em gue a civilizagao ocidental ingressara em seu estgio fi-
nal € sua morte néo poderia ser evitada.
Para o jé conturbado mundo ocidental, Spengler no oferecia nenhum con-
orto. O Ocidente, como outras culturas e gualguer ser vivo, esta destinado a mor-
er; seu declinio é irreverstvel, sua morte inevitdvel, e os sintomas de degeneragao
jA so evidentes. O sombrio prognéstico de Spengler deu forga aos fascistas, gue
afirmavam estar criando uma nova civilizacio sobre as ruinas da agonizante civi-
lizaga0 européia.
Ed
FA aar
n n
590 Civilizacio ocidental

Literatura e arte: inovagdo, desencanto € orltiz


a social
O pessimismo do pês-guerra n3o
impediu escritores€ artstas de da
de as inovac6es culturais iniciadas antes da guerra. Nas obras de D. r co
H. tapt 'nuida-
Marcel Proust, André Gide, James Joyce, Franz Kafka, T. $. Eliore Th ea
o movimento modernista alcancou magn
ifico florescimento. De maneina n
esses €scritores deram expressio 3s aflic6es e incert
ezas do perfodo POs geral,
Franz Kafka (1883-1924 -
), um judeu tcheco, COMpre
moderna melhor talvez gue gualguer endeu o dem era
outro romancista de sua gErag3o. No
do kafkiano, os seres humanos esto mun
PYESO$ numa teia burocrdtica gue ngg
dem controlar. Vivem numa soci "
edade de pesadelo, dominada po
sIVOS, Cruéis € corruptos e r oficiais Me aai
algozes amorais: Um mundo onde a cr
Justiga sao fatos aceitos da existêncja, em ueldade ea in-
due o poder é exercido se
m restric6es, e
as vitimas cooperam com sua prépria
destruicdo. Os valores tradicionaisea
ca costumeira nao funcionam em tal mund légi-
o. Em O Processo (1925), por exem-
plo, o herdi é preso sem saber por gué e ac
aba sendo executado, vftima do mal
institucjonal gue o arruina e destréi “como a um
cachorro”. Com essas observa-
soes, Kafka revelou-se um profeta do emergente
Estado totalitdrio. (Trés irmis
do autor pereceram no Holocausto.)
Kafka expressou os sentimentos de alienag3o e isolamen
to gue caracterizam o
individuo moderno; explorou os temores e absurdos da vi
da, sem oferecer ne-
nhuma solu€4o nem consolo. Nas palavras de Kafka, as pessoa
s so derrotadase
nao conseguem compreender as forcas irracionais gue contribuem para
sua des-
truigao. A mente anseia por coerência mas, segundo Kafka, é a incertez
a, para
nao dizer o caos, gue governa os relacionamentos humanos. N&o podemo ter
s
certeza nem de nossa prépria identidade, nem do mundo com gue nos depara-
MOS, pols os seres humanos s&o bringuedos nas maos de forcas insond4veis, irra-
clonais demais para serem dominadas.
Antes da | Guerra Mundial, o escritor alem&o Thomas Mann (1875-1955 ga-
)
nhou reputagso com suas histérias e romances Curtos, especialmente Of mr
brooks (1901), gue retrata o declinio de uma préspera familia burguesa, i
A montanha mdgica (1924), Mann refletiu sobre a decomposicio da ed)
burguesa européia. O cendrio em gue se desenrola a histéria é um sanarorlo N
Cujos pacientes, provenientes de v4rios lugares da Europa, sofrem de eg ma
O sanarério simboliza a Europa, eéa psigue européia gue estd enferma. Va
Fanha mdgica Suscitou, mas n30 resolveu, guestêes. cruciais. Serd gu
e a €po se
cultura racjonal humanista estava chegando ao fim? Serd gue es id
lhiam sua enfermidade espiritual da mesma forma gue algu
ns pacientes 40 * e da
tOrio tHinham uma inclinagio para a doenca? Como a
Europa poderia salvar-s
decadência?
Ee
Em 1931, dois anos antes de Hitler tomar o poder, Mann, num ar Br
- dade “Um apelo & raz&o”, descreveu o nazismo e seu nacional
'. Wmare eigao da tradigao racional do Ocidente e uma regressa isamo radica me
o modos dec SP
ri simepto. primirivos e bérbaros. O nazismo, escreveu ele, “disting
ues€ P
A civilizacdo ocidental em Crise 39]

Fi

Franz Kafka (1883-1924). O atormentado


ad ei
ad

ii

judeu-tcheco expressou os s.daERd


ritE or
esc
sentimentos de alienacio e isolamento gue
ns. 4 Bal
* -

oprimem as pessoas da era moderna. 7e `N


Ee
Bertmann Archive
d
aa

-
(.) sua absolura falta de restricAo, por seu cardter orgidstico, radicalmente anti
humano € freneticamente dinAmico (...) Tudo é posstvel, tudo é permirido en-
guanto arma contra a decência humana (...) O fanatismo converte-se num meio
de salvag#io (...) a politica torna-se um 6pio para as massas (...) ea razao encobre
seu rosto”?:.
Abalados com a 1 Guerra Mundial, descontentes com a forga cada vez malor
do fascismo. € comovidos com o sofrimento ocasionado pela depressao, muiros
escritores aderiram a causas sociais e politicas. O livro Nada de novo no fronte oci-
dental (1929), de Erich Maria Remargue, foi um dos muitos romances antiguer-
ra. The Road to Wigan Pier (1937), de George Orwell, relatou a vida melancélica
dos mineiros de carvio ingleses. Em As vin/uas da ira (1939), John Steinbeck cap-
tou a angistia dos fazendeiros norte-americanos expulsos de sua terra por causa
do dust bowl* e da execuc5o de hipotecas durante a depressao. Poucas guestêes
agitaram a consciëncia dos intelectuais guanto & Guerra Civil espanhola, e mui-
tos deles apresentaram-se como voluntérios para lutar ao lado dos republicanos
“spanhêis contra os fascistas. A obra Por guem os sinos dobram (1 940), de Ernest
Hemingway, expressou os sentimentos desses pensadores.
As novas tendéncias seguidas pela arte antes da 1 Guerra Mundial — o abstra-
CIONISMO € o expressionismo — prosseguiram nas décadas pOs-guerra. Picasso,
EE

certa drea nos estados de pradaria norte-america-


"ar oe a " " - -

ou improdutiva, especificamente
*

Regiëo seca, drida


nos, gue na década de 30, apés um perlodo de estiagem, combinado com excesso de pastagem e cuidados
'nsuficientes com o solo, sofreu erosio, forgando milhares de pessoas a abandonar suas terras. (N. do T.)

-
LA

ad G a
392 Civilizacio oridental

N Mondrian, Kandinsky, Matisse, Rouault, Brague, Modiglias:


continuaram a aperfeicoar seus estilos. Além disso SUrgiram
* tisticas, espelhando o trauma de uma gEracao gue tinha passado noVvas c
hek oie ar-
vi da guerra e perdido a fé nos valores morais € intelectuais
' da Europa Perlêneig
Em 1915, na cidade de Zurigue, artistase escritores tes
dadafsta, para manifestar seu repidio a Buerra € a civilizagso gue oviments
Partindo da neutra Suica, o movimento difundiu-se para a Alemanhan Da

minante no pés-guerra. Os dadafsta


s consideravam a vida essencialmente
da (Dada é um termo absurdo) ah
e cultivavam a indiferenca, “O;
tém comeco nem fim. Tudo aconte atos da od ee
ce de maneira completamente est
afirmou o poeta Tristan Tzara, um do ru
s fundadores do movimento e seu B
porta-voz. Os dadaistas demonstrav k a
am desprezo pelos padrêes artistic
rios e rejeitavam tanto a Deus duanto ose eers
a razio. “Através da razao, o homem, to
se uma figura tr4gica e hedionda rna-
”, disse um dadaifsta; “a beleza esté
outro. Tzara dedlarou: MOrta”, disse

De gue nos serviram as teorias dos fuldsofos? Acaso nos


ajudaram a dar um pass seguer
para frente ou para trds? (..) Jd tvemos o bas
tante dos FOVimeEntos inteligentes, due se
estenderam para alédm dos limites de nossa credulidade em ben
eficio da ciëncia. O gue gue-
rEmos agora é espontaneidade (...) porgue tudo gue escapa livrem
ente de nds, sem a inter-
vengdo de idéias especulativas, representa-nos.?

Para os dadafstas, o mundo era despropositado, e a realidade, cadtica; assi


m,
nao ofereciam solugao para coisa alguma. “Como tudo na vida, o dadafsmo é int-
ril 26, disse Tzara. Porém, a despeito de seus objetivos niilistas e sua “irracionali-
dade calculada”, os artistas dadaistas — entre eles Marcel Duchamp — eram inova-
dores e criativos.
O dadafsmo terminou como movimento formal em 1924, sendo sucedido
pelo surrealismo. Os surrealistas herdaram dos dadafstas o desprezo pela razao; res-
saltavam a fantasia e em sua arte recorreram aos insights e simbolos freudianos
para reproduzir o estado bruto do inconsciente e chegar a verdades gue a razao
nao pode apreender. Em sua tentativa de romper com os impedimentos da me
nalidade a fim de alcancar uma realidade superior — ou seja, uma mass
de” —, os principais surrealistas, tais como Max Ernst (1891-1976), Sal
va?
Dali (1904-1989) e Joan Miré (1893-1 983), produziram obras de inegével méT
to artistico,
Como os escritores, os artistas demonstravam uma consciëncia social. George
Grosz combinou o sentimento dadafsta da ausência de significado da vida rd
Um novo realismo, para retratar a degeneracio moral da sociedade classe "
dodas Ale
Uniman ha. Em Affe r be (ue sti oni ng (193
dos, dramatizou a brutalidade nazista; 5), Grosz, vivendo entio ai
em O fm do mundo (193 rm
Er

DiFssou ist
seuaalmed
emoo, de outra guerra mundial iminente. Karhe Kollwitz, am
de)
Es

revelou profunda co mPaixêo pelos sofredores: Os des empreë


PoFe!
Fe
Pel f

A civilizacio ocidental em crise 993

ri mi do s. Mi gr ag do (1 93 2) , de Wi ll ia m
famintoS doentes e politicamente op
os de sc ri -

GE
ou o so fr im en to do s me sm os fa ze nd ei ro s ex pr op ri ad
dramatiz
As vinbas da ira, de Steinbeck. Philip Evergood, em Dom? C7y

SERE
(1938-1944), retrarou a aparia das criangas esfomeadas e o terrivel deses-

e
at
ES Pa
dk RA
de so ld ad os mu ti la do s, ag on iz an te s € mor tos , o artista ale-
Fm suas gravuras
a po de ro sa den tin cia vis ual da cr ue ld ad e e do so frimento
mo Otto Di fez um
vir no exé rci to al em Zo du ra nt e a ] Gu er ra Mundial,
da Grande Guerra. Apd6s ser da
nv ol ve u um a ag ud a pe rc ep ga o da vio lén cla e
o pintor Max Beckmann dese ontado
pr es so u em 4 mo e (1 91 8- 19 ) e out ras pin tur as. Ap
) ruralidade, gue ele ex exi lad o. Em Gu er -
ta de ge ne ra do ”, Be ck ma nn foi
sJos nazistas como um “artis
ass o im or ta li zo u o vil are jo es pa nh ol di zi ma do por bo mb ardeios
via (1937), Pic
civ il. Em Ws it e Cru cif ixi on (19 38) , Ma rc Cha gal l, pin tor russo
durante a guerra
aic a gue se est abe lec era em Par is, ret rat ou 0 ter ror e a fuga dos
de origem jud
judeus na Alemanha nazista.

Comunismo: “o deus gue fracassou”


aram
A miséria econêmica da depressio e a ascensio da barbdrie fascista lev
muitos intelectuais a buscar uma nova esperana, até mesmo uma fé secular, no
comunismo. Exaltavam a Unifo Soviética por suplantar a cobiga capitalista com
a cooperac&o socialista, por substituir um sistema econêmico fortuito, arruinado
por repetidas depressêes, por outro baseado na produgao planejada, e por ofere-
cer trabalho a todos guando o desemprego era endêmico nos paises capiralistas.
O critico liter&rio norte-americano Edmund Wilson disse gue, na Unido Sovié-
tica, uma pessoa sentia-se “no topo moral do mundo, onde a luz realmente nun-
ca se extingue””. Parecia, a esses intelectuais, gue uma vigorosa € saudavel civili-
ZAG30 estava surgindo na Uniao Soviérica, e gue somente o cCoOmMUNISMO poderia
deter a maré do fascismo. Para muitos, no entanto, essa atragdo durou pouco. Eno-
jados com os expurgos € o terror de Stalin, a negagdo das liberdades individuais ee
a Supressao da verdade, passaram a ver a Unido Soviética como mais um Fstado
rotalitdrio, e o comunismo, como outro “deus gue fracassou..
Um desses intelectuais foi Arthur Koesler (1905-1983). De origem judaica,
nascido em Budapeste e educado em Viena, Koestler trabalhou como correspon-
dente para uma importante rede de jornais de Berlim. No final de 1931, ingres-
Sou no partido Comunista, porgue “vivia numa sociedade em desintegragao
sedenta de fé”, ficou sensibilizado com a miséria causada pela depressio e vla o
COmunismo como “a tinica forga capaz de resistir A investida das hordas primiti-
be [Nazistas]”2. Koestler visitou a Uniëo Sovidrica em 1933, testemunhando
diretamente a fome ocasionada pela coletivizacao forcada e a propaganda gue
grotescamente veiculava informac6es falsas sobre a vida no Ocidente. Embora
sua fé tenha sido abalada, ele sê rompeu com o partido em 1938, em reaGao as
eliminacêes ordenadas por Stalin.

' i 7
594 Givilizacio ocidental

Anjo da familia e do lar, de Max Ernst (1891-1976). Ernst fez parte da transic&o
do dadaismo
para o surrealismo. Suas pinturas expressam uma profunda ansiedade. Andr
é Breton referija-sea
ele como “a mente mais magnificamente mal-assombrada da Europa. @ 1995 Artis
ts Rights
Society (ARS), Nova York SPADEM/ADA GP Paris

Em Darkness at Noon (1941), Koester investigou as atitudes dos velhos bol-


chevigues gue foram apristonados, torturados e executados por Stalin. Esses dedica-
dos comunistas tinham servido fielmente ao partido, mas Stalin, com recelo da
OPoSic30, odiando intelecruais € movido por sua megalomania, denunciou-os
como inimigos do povo. Em Darkness at Noon, a personagem principal, o prisio”
neiro Rubashov, sem ser submerido a torturas fisicas, confessa publicamente cri-
mes politicos gue nunca cometeu.
Rubashov est4 ciente do sofrimento gue o partido impês ao povo FUsSO'

[No] interesse de uma justa distribuicio de terra, deliberadamente deixamos gue Ger
de 5 milhoes de agricultores com suas familias morressem de fome em um adno. (2 (Para
libertar] os seres bumanos das algemas da exploragio industrial (..) mandamos cerca
10 milhoes de pessoas para o trabalbo forcado nas regiëes driicas (...) soo rondicoes semé”
lhantes Aguelas dos antigos condenados 3s galés.”
A civilizacio ocidental em crisé 995

ele
ubordinar-se €, S€ necessdrio, sacrificar-se ao regime. Mesmo assim,
devé * , sendo um Servo leal do partido; os adeptos fiéis nio rompem facilmen-
Rub ash ov real iza seu ult imo ser vic o par a a revolugao.
RE ad fé. Ao confessar,
(
eir o ade pto , tud o — a ver dad e, a just ica e a san tid ade do indivi-
die
Para 0 ver dad
duo — é corretameEn te sacrificado ao partido.

Re af sr ma gd o da vi si o de mu nd o cr is ti
a as Cre nga s lib era is fu nd am en ta is —a bo nd ad e ess enc ial
Colocando em dvdvid
pri maz ia da raz ao, a efi cêc ia da cië nci a e a ine vit abi lid a-
da natureza humana, a €ri s-
a | Gue rra Mu nd ia l lev ou os pen sad ore s a enc ont rar no
de do progresso —,
ati va da exp eri ënc ia hu ma na e da cri se do séc ulo X.
janismo uma visio alt ern
sta os, ent re ele s Kar l Bar th, Pau l Til lic h, Re in ho ld Nie buhr,
Os pensadores cri
, Jac gue s Mar ita in e T. $. Eli ot, af ir ma ra m a rea lid ade do
Christopher Dawson
za hu ma na . Ac us ar am os lib era is e'm arx ist as de sus ten tar em uma
al na nature
ess iva men te oti mis ta da nat ure za e da raz io hu ma na s e de pos tularem
eo exc
s, a
ma flosofia da histéria meramente racional e secular. Para esses pensadore
concepcao crista da histéria como um embate entre o arbitrio humano e OS
mandamentos de Deus oferecia uma explicagio inteligente para as tragédias do
século KOL.
Karl Barth (1886-1968), teëlogo protestante suico-alemao, exortou a reafir-
mac3o da fé crista, da singularidade do cristianismo e do poder espiritual da reve-
lacio divina. O verdadeiro significado da histêria, dizia ele, nao val ser encontra-

DER eE mn
do na visio liberal de liberdade e progresso da raz&o, nem na concepgio marxis-

HE GT GE ELE
ra de determinismo €conêmico; ele deriva, na verdade, do fato de gue a histêria
éa arena na gual a fé do individuo é posta 4 prova.

OE DERE
ET BES
O francês Jacgues Maritain (1882-1973), jlustre pensador catélico, denun-
clou os elementos centrais da perspectiva moderna: a auto-suficiëncia do indivi-

' EL FEE EP ar NEE ME PR


EER
Pe
duo, a autonomia da mente e o humanismo irreligioso. Insistia em due a filoso-
MA RE
“me EE
km
fia crista de Tomds de Aguino devia ser revivida, pols acreditava gue ela harmo-
nizava perfeitamente bem a razëo e a fé. Forte defensor da liberdade polirica,
EE E”
N erk

Maritain enfatizava a ligacao entre a democracia moderna e os evangelhos cris-


ma N

tA0s, gue proclamavam “a igualdade natural de rodos os homens, fGilhos do mes-


FA

mo Deus e redimidos pelo mesmo Cristo (...) [e] a dignidade inaliendvel de cada
ET
WET

alma modelada 3 imagem de Deus”. Para sobreviver, a democracia secular pre-


TR APE IE
rige

ci$a imbuir-se da compaix&o e do amor cristaos.


PERE AE

| O pensador catélico inglês Christopher Dawson (1889-1970) reiterou os lacos


histéricos entre o cristianismo e a civilizac3o ocidental. Em 1933, ele escreveu:
aa
Ee

Para recobrar sua vitalidade, ou mesmo sobreviver, nossa civilizaedo precisa parar de
negligenciar suas ralzes espirituais e compreender gue a religido ndo é uma guestio de sen-
EEdo
AF T

timento pessoal gue nada tem a ver com as realidades objetivas da sociedade, mas, a0 con-
ER de

ed le
nl el

trdrio, o préprio coragdo da vida social € a raiz de toda culrura viva.”


AE EE
mi -
1
596 Givilizacio ocidental

Reafrmagdo dos ideais da razio e da liberdade


Virlos pensadores tentaram reafirmar os ideais de racionalidade
e liberdad
haviam sido pisoteados pelos movimentos totalitdrios. Em 4 Fraicao do ee
tuais (1927), Julien Benda (1867-1956), critico cultural
trancés de origem
ca, Castigou os intelectuais por intensificarem
o 6dio entre as nac6es, ee j
facc6es politicas. “Nossa época é, de fato, a época da OrgARLEA
EO inteleetua] f
aversies politicas', escreveu ele . Esses intelectu
ais, dizia Benda, nio Procuram
Justiga nem a verdade; em vez disso proclama
m gue “mesmo due nosso pafs ste
ja errado, devemos pensar gue esté certo”. Zombam dos
€strangeiros, exaltama
rispidez e a ago e apregoam a superioridade do instin
to € da von tade 3 inteligën-
cia; ou “afirmam gue a inteligência a ser venerada
€ aguela gue limita suas ativi-
dades ao Ambito do interesse nacional”. O fim l6gico dessa xen
ofobia, segundo
Benda, “é o massacre organizado de nacëes e classes”.
José Ortega y Gasset (1883-1955), descendente de nobre famili
a espanholae
professor de filosofia, ganhou reconhecimento internacional
com a publicacio
de A rebelido das massas (1930). De acordo com Ortega
, a civilizac&o européia,
produto de uma elite criativa, estava degenerando em barbdrie por causa
do cres-
cente poder das massas — gue carecjam da disciplina mental e do COMpromisso
Com a razao necessêrios para preservar as tradicêes culturais € intelectuais da Eu-
ropa. Nao é gue Ortega eguiparasse as massas & classe trabalhadora ea elite 3 no-
breza; o gue distinguia o “homem das massas” da elite era uma atitude mental, €
nao o fato de pertencer a uma classe ou outra.
O homem das massas, dizia Ortega, tem uma mente prosaica e nio estabelece
padroes elevados para si mesmo. Defrontado com um problema, ele “se satisfaz
com pensar sobre a primeira coisa gue |he vem & cabeca”, e “esmaga (...) tudo gue
seja diferente, tudo gue seja excelente, individual, gualificado e seleto. COualguer
um gue n3o seja como todos, gue nio pense como todos, corre o risco de ser eli-
minado'%, Essas pessoas intelectualmente pobres, declarou Ortega, nêo podem
cntender nem preservar os processos da civilizacao. Para ele, os fascistas ilustra
vam essa rebeliëo das massas:

Sob o fascismo, surge pela primeira ves na Europa um Hpo de homem due nio '
apresentar razbes ou estar certo, mas gue estd simplesmente resolvido a gere
mides. Esta é a novidade: o direito de nio ser razodvel, a “vazdo da falra de razdo. ! !
sidero portanto gue a manifestario mais palpdvel da nova mentalidade das massas
fato de terem decidido governar a sociedade sem capacidade para faaé-lo”

” Como no respeita a tradig3o da razo, o homem das massas nio estabe ee


bo um didlogo racional com OS outros nem defende logicamente
Ee vista. Rejeitando sus Po
a razao, ele glorifica a violência —a expressao dldma

da bareieu-
do
N Fa
dd
Ar
#.
n lgie
ralki
Ps
rie, Na visio de Ortega, para salvar a clvilizaga0 européia do fascismo
DIS 2a elite deve conservar os valores civilizados € propiciar lideranga parë
Fo

MEES Ed T F;
A civiliza(io ocidental em crise 37

Prnst Cassirer (1874-1945), ilésofo alemio de origem judaica e vigoroso de-

AE OE op RS eye
fensor da tradicao duminisa, emigrou ap6s Hider subir ao poder, fixando-se fi-

er
ads ed
ie
nalmente nos Estados Unidos. Pouco antes do triunfo de Hitler, em 1932, Cas-

EES
WEN
de preservar € revigorar essa tradigao: “A meu
siter escreveu sobre a necessidade

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GE NR
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ver, mais do gue nunea, este é momento oportuno de aplicar (...) a autocritica

GE DE EE De ee
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) época ,tual, de exibir-lhe o espelho limpido e dlaro criado pelo Iluminismo (...)

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A era gue venerou a razao ea ciëncia como a mais elevada faculdade humana nio

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TE SEPIE MAS
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pode e nem deve perder-se para NOS.

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Fm sua Gltima obra, O mitg do Fstado (1946), Cassirer descreveu o nazismo

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n Di AEERT
como o triunfo do pensamento mitico sobre a razio. Os nazistas, escreveu ele,

WER Eg DE EO
GEE
inteligentemente fabricaram mitos — da raga, do lider, do partido, do Estado —

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gue desorientaram o intelecto. Os alemies gue acataram esses mitos abriram
mo da capacidade de julgar por si mesmos, tornando-se vulnerdveis a manipu-

Er
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Jaco pela lideranga nazista. Para refrear o poder destrurivo dos miros politicos,

ANNE
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Cassirer pregava o fortalecimento da tradig&o racional humanista e exortava ao

LE RD EDE EDE sd!


ri
exame critico desses mitos, pois “para combater um inimigo é preciso conhecê-lo

Ee” TT Er
Ed ie ae
(..) Devemos estudar minuciosamente a origem, a estrutura, os métodos e a téc-

h-
da
nica dos mitos politicos. Devemos olhar o adversdrio cara a cara para saber como 1

Ed
1
derrotd-lo”%.
George Orwell (1903-1950), romancista e jornalista politico britênico, escre- ds
veu duas poderosas dentincias contra o totalitarismo: @evolugdo dos bichos (1945) j:
e 1984 (1949). Em Revolucdo dos bichos, baseado em parte em suas €xperiëncias
com comunistas durante a Guerra Civil espanhola, Orwell satiriza o regime tota-
litdrio erigido por Lenin e Stalin na Russia. Em 1984, Orwell, gue era profunda-
mente comprometido com a dignidade e liberdade do ser humano, adverte gue
esses grandes principios estavam agora permanentemente ameagados pela con-
centragao e o abuso do poder politico. `Se guer um guadro do futuro, imagine
uma bota pisando um rosto humano para sempre”, diz um membro da elite go-
| vernante enguanto tortura uma vitima nos cérceres da Policia do Pensamento”.
A sociedade de 1984 dirigida pelo Partido Interno, gue constitui cerca de
2% da populac&o. Liderando o partido estd o Grande Irmao — provavelmente
uma figura mitica criada pela elite governante para satisfazer o anseio gue rêm as
Pessoas por um lider. O partido dourrina o povo a adorar o Grande Irmao, cuja
Magem est por toda parte. O Ministério da Verdade uriliza o controle do pen-
Samento para dominar € manipular as massas € manter os membros do partido
leais € subservientes. O raciocinio independente é eliminado; nio existe mais
verdade objetiva. A verdade é aguilo gue o partido decrera no momento; se ele
“stabelecer gue dois mais dois é igual a cinco, é nisso due se deve acreditar.
Oualguer um gue tenha pensame€ntos proibidos, é acusado de criminoso do
PEnsamento e pode ser punido com a morte. Os agentes da Policia do Pensa-
MENLO estio em todo lugar, usando cameras € microfones ocultos para vigiar se
%$ membros do partido estao de alguma maneira se afastando das regras e da ideo-
logia partid4ria. Os cartazes com a imagem do Grande Irmao trazem os seguin-
298 Civilizacio oridental

tes dizeres: “O GRANDE IRMAO ESTA DE OLHO EM VOCË


do de gue “guem controla o passado controla
o futuro”,o Ministério da ONVvendi-
altera os jornais antigos para adeg Verdade
.
uar o passado a doutrina vigente d
Nessa sociedade futurista totalitria, nio exis
ë

Partido.
8 . , os PL #

tem direitos humanos


O

sao presas pelo simples fato de pens , d$


PESSOas
arem, € as Crlan€as espionam seus
paaii $.

Existencialismo
O movimento filoséfico gue mais bem ilustrou
a ansiedade e incerteza da Eu-
ropa numa época de guerras mundiais foi
o ex istencialismo. Como os eser;
e artistas, os fil6ésofos existencialistas $u
rgiram como uma reacao 3a EE
sao gue parecia cstar a beira da dissolucëo. Embo
ra o reine iste!
tundido depois da N Guerra Mundial, expressand
o a ansiedade e o desespero de
muiros in telectuais gue haviam perdido a confianca na
razo € no progresso, vd-
rlas de suas principais obras foram escritas antes ou dura
nte a guerra. |
Cdue caminho deveriam seguir as pessoas num mundo
em gue as conviccêese
os valores antigos tinham desaparecido, onde se rejeitava a
verdade universal € se
negava a existência de Deus? Como as pessoas poderiam conv
iver numa socieda-
de cm due eram ameagadas pela tecnologia, manipuladas por burocrac
ias impes-
soais € sufocadas por sentimentos de ansiedade? Se o universo carecia de um sig-
nifticado superior, gue significado alguém poderia atribuir & prépria vida? Essas
€ram as guestoes crucias da filosofia existencialista.
o €xistencialismo no se enguadra numa definico Wnica, pois seus princi-
pals teoricos nao compartilhavam um corpo de doutrinas comum. Por exemplo,
alguns eram areistas, como Jean-Paul Sartre, ou omitiam Deus de seu pensamen-
to, como Martin Heidegger; outros, como Karl Jaspers, acreditavam em Deus
mas nao nas doutrinas cristas; outros ainda, como Gabriel Marcel e Nikolai
Berdyaev, eram cristios; e Martin Buber era um judeu convicto. Os pr inci
piosa
seguir contêm talvez a essência do existencialismo, embora nem todos os exis-
tencialistas endossariam cada um deles ou concordariam com a forma como $a9
EXpressos.

1. A realidade desafia a compreenso elementar; nio existem verdades atem-


porais gue sejam independentes e anteriores ao ser humano individual. Nos$a
existência precede e ganha precedência sobre gualguer suposto valor absoluo. Os
valores morais e espirituais gue a sociedade tenta impor nêo podem definir a €X”
téncia do individuo. -
2. A razZao, por SI SO, é um gula inadeguado para a vida, pos as pessoas sa

mais do gue sujeitos pensantes gue abordam o mundo mediante a andlise €ridC*
Sao também seres dotados de sentimento € vontade, gue precisam participaf ple-
Ë ek.
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te Ere vd
s
ER EA ATEe
ed F namente da vida e experimentar a existência de maneira direta, ativa € apalXxons”
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EERa, Somente assim o individuo pode viver uma vida integra e auréntica-
rk - Rd Eg
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OP sr Ed ee ERK ES ed od EA 1
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A civilizardo ocidental em Crise 393

Fi f]
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Jean-Paul Sartre e Simone de Beauvoir. O existencialismo é um dos mas imporcantes


movimentos filoséficos do século XX. Sartre e Simone de Beauvoir foram dois de seus principal
expoentes. B/W Sygma-G. Pierre

3. O pensamento nêo deve ser meramente uma especulagfio abstrata, mas


deve ter um propésito na vida; deve ser traduzido em ag6es.
4. A natureza humana é problemdrica e paradoxal; nao é fixa nem constante.
Nenhuma pessoa é igual a outra. A auro-realizagio sê acontece guando o indivi-
duo afirma sua prépria singularidade. Ouando alguém permite gue sua vida seja
determinada por uma perspectiva mental — conjunto de regras e valores — impos-
ra por outros, torna-se menos gue humano.
5. Estamos sozinhos. O universo é indiferente a nossas expecrarivas é necessi-
dades, e a morte est sempre 3 nossa espreita. A consciëncia desse fato elementar
da existência evoca um sentimento avassalador de ansiedade e depressio.
6. A existência é essencialmente absurda. No hi nenhum proposito para
10$$a presenca no universo. Simplesmente estamos agui; nao sabemos nem nun-
Ca saberemos por gué. Comparada com a eternidade do tempo gue precedeu a
OSSO nascimento e due se seguird a nossa morte, a curta duracao de nossa exis-
téncia parece trivial e inexplicdvel. E a morte, gue é o fim irrevogdvel de nossa
existência, confirma o cardter fundamentalmente absurdo da vida.
7. Somos livres. Devemos encarar diretamente o faro de gue a existência é
despropositada e absurda. Assim podemos dar significado a nossa vida. É pelo
ato de escolher livremente entre as diversas possibilidades gue o individuo con-
de N PG alge
"N n `n

600 Givilizacio oridental

figura uma existência autêntica. A existência humana tem uma natu


mica;
1
o individu
! rd
o tem o potenciali de tornar-se mais` do gueé
re
za dina.AA

O transe moderno
O processo de fragmentag#o gue teve inicio nas artes € no PENSamento
EUro-
peus no final do século XIX acelerou apés a 1 Guerra Mundial.
mai des com a Fil
tra êso
dicfos
o , Pe esr;
res e arri stas mos tra ram -se cad a vez s ilu did os
humanista do IHuminismo; perderam a confianca na Cap
acidade da razig oe
bondade humana, € passaram a ver o progresso continuo como uma
ilusio.
Para alguns pensadores, o principal problema estava na grande mudanc
a gue
ocorrera na forma de se entender a verdade. Desde o Surgimento da filo
sofia na
Grécia antiga, os pensadores ocidentais haviam acreditado na existênci
a de ver-
dades objetivas e universais: verdades gue eram inerentes por natureza e gue
se
aplicavam a todos os povos, em todas as épocas. (O cristianismo, é dlaro, tam-
bém pregou a realidade da verdade revelada por Deus.) Afirmava-se gue essas
verdades — como por exemplo os direitos naturais do individuo — podiam ser
compreendidas pelo intelecto e servir de critério para as aspiracêes individuaise
a vida social. O reconhecimento desses principios universais, segundo se acredi-
tava, forgava as pessoas a avaliarem o mundo do agui-agora 3 luz de normas ra-
cionais € universais e assim instituirem as reformas apropriadas. Era tarefa da fi-
losofia conciliar a existência humana com a ordem objetiva.
No decorrer do século XIX, a existência da verdade universal foi guestionada.
Uma crescente consciëncia histérica levou alguns pensadores a afirmarem dgue
aguilo gue as pessoas consideravam como verdade nio passava, de fato, de um
simples reflexo de sua cultura num certo estégio da histéria — de sua percepsao
das coisas num momento especifico da evolucao da consciëncia humana. Diziam
esses pensadores gue as verdades universais nio faziam parte da natureza. O indi
viduo nêo tinha, de nascimento, o direito natural & vida, liberdade e proprieda-
de; nio havia critérios de justica ou igualdade gue fossem inerentes por nature?
e passiveis de serem comprovados pela raz&o. Eram as préprias pessoas du€ ie
vam as crengas e valores de uma época & condigao de verdade objeriva ar
Essa ruptura radical com a tradicional concepgio de verdade contribuiu SIEN"
ficativamente para a crise da consciëncia européia gue caracterizou a PT FR
metade do século XX. Os valores € crencas tradicionais, tanto agueles herda a
do Tuminismo como os gue foram ensinados pelo cristianismo, delxaram d n
recer seguranGa e certeza aos €uropeus. As pessoas ficaram sem uma ordem n
martiva gue lhes servisse de direg&o para viver.
te verda-
Essa perspectiva favorece o niilismo. Poi s se nad a é fu nd amentalmen
SE
“ssdeiro — se nao EG
s hê principios de moral e justica gue emanam de Deus OU gue P OS”
ms j 2 1etzs”
imser deduzidos pelaord raz&0 —, pode-se concluir entso, como entendeu Ni ifes-
tudo é permitido. Alguns Intérpretes viram o nazismo como 4maf'
Ad ba
A civilizacio oridental em crisé 601

cul min ant € de uma ati tud e niil ista a cam inh o de se torn ar cad a vez mais
so
radi
ee de do século XX, a aritude dos ocidentais com respeito & razio havia
nsf orm aga o radi cal. Alg uns pen sad ore s, gue tin ham dep osi tad o
ofrido uma tra
tra dic do rac ion al do Hlu min ism o, fic ara m des ola dos com a
aas esperangas na
o de reso lver as tens oes € cont lico s da mod ern a sociedade
ncapacidade da raza
Alé m diss o, o Cre sce nte rec onh eci men to do irra cion al —- dos imp uls os
- dustrial. do pa- i
ana s — levo u as pes soa s a duv ida rem
ocultos dué€ determinam as ag6es hum en- $
ano. Outros pensadores
pel predominante da razao no comportamento hum ki
sob uma per spe cti va dife rent e. Com bar iam a pos-
aaravam o problema da razao nao
ao cri sti ani smo por gue seus €ns ina men tos
ura mental gue negava €spaco
no test € da raz3 o e da ciën cia, ou cen sur ava m a raza o por criar uma
passavam
e tec nol égi ca e bur ocr dti ca, due sub est ima va e rep rim ia as paixêes hu-
sociedad
os seres
manas € sufocava a individualidade. Esses pensadores enfatizavam gue

T
n
ente, se seus

ss Me ee T Pa BAG ie

Ed ER Wes
hum ano s nao pod em real izar seu pot enc ial , n4o pod em vive r ple nam

G

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de D. H.
sentimentos sio negados. Concordavam nesse aspecto com a critica

E
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ma
,
Tawrence ao racionalismo: “A atribuigao de racionalidade 3 natureza humana

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eef HE ea
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em vez de enriguecê-la, parece agora té-la empobrecido. Pois ignorou certas fon-

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j ae Be , REF s IR
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tes de sen tim ent o vali osas e pod ero sas . Alg uma s das exp los 6es esp

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donais da natureza humana podem ter uma espécie de valor gue foi amputado

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de nosso esguematismo.
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Fnguanto muitos pensadores concentraram sua atengao nas limitac6es da ra-

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Zi0, outros, particularmente os existencialistas, assinalavam gue a razao era uma

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RR Veeegi PAETER
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| faca de dois gumes; podia tanto aviltar guanto digniticar individuo. Esses pen-

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sadores criticavam todas as teorias gue subordinavam o individuo a um sistema

EG ER

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rigido. Denunciaram o positivismo por reduzir a personalidade humana a leis

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psicolégicas, e o marxismo por tornar a classe social uma realidade superior ao

EE
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individuo. Rebelaram-se contra a coletivizacio polirica, gue regulava vidas indi-

Lone

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viduais segundo as necessidades do Estado corporativo. Censuraram também a
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.
tecnologia e a burocracia modernas, criag6es da mente racional, por moldar uma ,
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ordem social gue rebaixava € despersonalizava o individuo, negando-lhe a opor-


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tunidade de desenvolvimento independente e de uma existência mais rica. Para


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“S$€s pensadores, a sociedade industrial moderna, com sua tendência para a efl-
self
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CIËncja e uniformidade, privava as pessoas de sua singularidade e reduzia seres


drie
ende
.
se

| humanos de carne € osso a meras engrenagens de um sistema mecnico.


RAEER LERE

| Em resposta aos criticos da raza0, seus defensores insistlam em gue era neces-
ERA

“trio reafirmar a tradigso racional proclamada primeiro pelos gregos e configura-


WA
oEmr EYE EE

da, em sua expressao moderna, pelo Hluminismo. A raz4o, diziam eles, é indis-
EF
mad
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pensêvel 3 civilizacao. Esses pensadores postulavam um alargamento do Ambito


— ig

da raz&0 a fim de incluir os conhecimentos sobre a natureza humana apresenta-


dos pelos romAnticos, por Nietzsche e Freud, pelos escritores e artistas modernis-
as OERE .

“AS, € por todos os outros gue invesdigavam o mundo dos sentimentos, da vonta-
ER NARE

dee do subconsciente. Enfatizavam também a necessidade de humanizar a razao


ss
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de

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—y
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(ad
1
602 Civilizacio oridental

para gue ela jamais ameacasse reduzir o ser humano


instrumento utilizado para realizar algum Projeto
socioeco
Nas décadas marcadas pelas guerras mundiaise pel
o totalitarismo,
tuais suscitaram guestêes gue foram di
reto ao centro do dilema da OS Intelec
na. Como se pode proteger a vida civilizada cop tr vida Moder.
a a irracional; dade
particularmente guando esta é canalizada para i humana,
deologias politicas
o Estado, o lider, o partido ou a raca? Comoa pers due idolatram
onalidade hum ana indi
Ed

vidual
GE EN N ke id.

pode ser salva de um racionalismo implacdvel due orga


EE

niza o ind;
ele fosse um objeto gualguer? Serd due os valores associados ao
viduo
COMO se
T| UMINISMO for.
Ee

necem uma base sélida para integrar a sociedade? Pode o in d


signiticado num universo gue ividuo ENCONt
muitos hoje consideram s rar
Mundial deu a essas guestêes em sentido? A II Guerra
uma pun géNcIa especial.
N N
TE
TE

Notas

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por Richard e Clara Winston. Nova York, 12. Hieler$ Secret Conversatons, p. 6.
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4. Hier Secret Conversations, 1941-1944. man Kesistance to Hitler. Berkeley, Univer-
com um ensalo introdutério de H. R. Tre- sity of California Press, 1970, p. 206.
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-Citado em Lucy $. Dawidowicz. The University Press, 1956, p. 182.
War Against the Jews 1933-1945. Nova 15. Citado em Karl Dietrich Bracher. The
York, Holt, Rinehart & Winston, 1975, German Dictatorskip, vrad. por Jean Stein-
p.21. berg. Nova York, Praeger, 1970, p. 268.
6. Citado em Uri Tal. “Consecration of Po- 16. Citado em Barbara Tachman. 7he Guns
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EE N im
ep d
A civilizacio ocidental em crise

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T. S. Eliot. “The Wa k Harcourt, craoy. Nova York, Charles Scribner's Sons,
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194p.
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31. Citado em C.T. MclInure (org.). God, His
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pp 231, 234-395.
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77. Johan Huizinga - In th e es no
9 3 6 , pp. 1-3. ton, Beacon, 1955, p. 21. As cirac6
n e m a n n , 1
restante do parigrafo foram extraidas das
|on d r e s , H e i
to R e ason,

ene ai dele3 hen


a n n . “ A n A p p e a l
53. Thomas M e rn Tra- pp. 38, 122 e 162, respecrivamenrte.
o u r c e s o f th e W e s t
extrafdo de S of the
33. José Ortega y Gasser. The Revolt

ane
p o r M a r v i n P e r r y ef . al , 23
dion, org. Masses. Nova York, Norton, 1927, PP:

ye
, 1 991. v. 2,

NO ENE
o n , H o u g h t o n M i f i l i n
ed. Bost 63, 18.

pk
pp. 351-92.
34. Ibid., p. 73.

RE, F OP OER eimna


n T z a r a . ` L e c t u r e o n D a d a ( 1 9 22),
24 Trista 36. Ernst Cassirer. 7e Philosophy of “re Enligh-
. p o r R a l p h M a n n h e i m , in T h e Daaa
tr ad
enmenk wad. por Fritz C. A. Koelln e Ja-

Ng
-
Painters and Poets, org. por Robert Mo mes P. Pettegrove. Boston, Beacon, 1995,
herwell. Nova York, Witterborn, Schultz,

Eed BE
pp. Xi-xil.

RI N
195p.125 ,0.

dr EF EES
36. Ernst Cassirer. The Mytb of the State. New
Ak

EE
25. Ibid., p. 248.
Haven, Conn., Yale University Press, 1946,
26. Ibid., p. 251.
p. 296.

E n
27. Citado em David Caute. The Fellow Tra-

OE ELE
37. George Orwell. 7984. Nova York, Har-

mde ORE KIE


vellors. Nova York, Macmillan, 1973, p. 64.
28. Richard Crossman (org.). The God That
court, Brace, 1949; brochura, The New
Eailed. Nova York, Bantam Books, 1951, American Library, 1961, p. 220.
38. Citado em Anthony Arblaster. The Rise

maer
pp. 15, 21.
and Decline ofWestern Liberalism. Oxdord,

arm ak
29. Arthur Koestler. Darkness at Noon. Nova
York, Macmillan, 1941, pp. 158-59. Basil Blackwell, 1984, p. 81.

aa
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ma reagiu ao nazismo durante os anos de The Racial State: Germany 1933-1945
1930-1935. (1991). Perseguic3o dos judeus, ciganos,
Bissel, Richard (org). Life in the Third Reich deficientes mentais e homossexuais; andlise
(1987). Ensaios abordando virios aspec- das politicas sociais de inspiragao racial do
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Blackham, H. J. Six Existentialist Thinkers troducëo bem eserita.
(1952). Andlises Greis de Kierkegaard, Fest, Joachim C. Hier (1974). Excelente bio-
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Meme mer

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"da ig
604 Givilizacêo ocidental

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crito por um dos principais historiadores Nazi Germa
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da Ic4lia moderna. cidadaos OPE
reagiram ao regime nazista.
Macguarrie, John. Fxistentialism (1972). Dis- Spielvogel, Jackson J. Hitl
er and Nas; Ger
cussao licida do existencialismo. any (1988). Pesguisa arual e
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Wagar, W. Warren (org). EuropeanThougbe
Century (1975). Texto de primeira catego- Since 1914 (1968). Valiosa
ria, com uma excelente bibliografia. coleg&o de fontes.

(uestoes de revisio

1. Em gue sentido os principios fascistas “re- terra e Franga tentaram lidar com a
presentam a antitese categérica, cabal e Gran
de Depressao?
definitiva do mundo da democracia (...) 9. Oue fatores contribuiram para o senti-
do mundo gue ainda sustenta os princi- mento de pessimismo no periodo poste-
pios fundamentais afirmados em 1789”? rior a 1 Guerra Mundial?
2. Por due alguns italianos apoiaram Mus- 10. Franz Kafka compreendeu o dilema da
solini? Em gue aspectos Mussolini teve idade moderna como nenhum Outro ro-
menos éxito gue Hidler em estabelecer um mancista de sua época. Discuta essa afir-
Estado totalit4rio? magao. Na sua opiniëo, seus jmusights ain-
3.Em gue medida a perspecriva de Hitler da hoje sio validos?
foi fruto de suas experiëncias em Viena? 11.Em A montanha mdgica, Thomas Mann
Ouais eram suas posicêes com respeito refleriu sobre a dissoluc3o da civilizacëo
democracia, as massas, 3 guerra, aos ju- burguesa européia. Discuta essa afirmacio.
deus e 3 propaganda? 12.Em gue aspectos o dadafsmo e o surrea-
4. Como os nazistas estenderam seu Contro- lismo foram uma expressio de sua época?
le sobre a Alemanha? 13. Por gue tantos intelectuais foram atrafdos
J.Em gue aspectos o nazismo entrou em pelo comunismo na década de 1930?
chogue com os valores essenciais do cris- 14.O gue Ortega y Gasset guis dizer com
tianismo? Oual a politica geral dos nazis- “homem da massa”? Oue perigos repre-
ras com relagao as igrejas? Por gue as igre- sentava esse homem da massa?
jas alemas deixaram de se opor ao regime 15. Por gue Julien Benda deu a seu livro o
nazista? titulo de 7he Treason of the Intellectuals (A
6. Por volta de 1939, a maioria dos alemaes traigao dos intelectuais)?
€stava entusiasmada com o regime nazis- 16. ual a posicëo de Ernst Cassirer com
ta. Discuta essa afirmacao. relag&o ao Iluminismo? Como ele inter-
7.Apés a 1 Guerra Mundial, a democracia pretou o nazismo?
parlamentar fracassou em diversos pafses 17. Cite algumas das condicêes gue deram
e lideres autoritdrios tomaram o poder. origem ao existencialismo. CJuais sa0 OS
Expligue. principios bdsicos do existencialismo?
8. De gue maneira Estados Unidos, Ingla-
, C A P I T U L O 2 1
TT G u e r r a M u n d i a l :
, civiliza c i o o c i d e n t a l n a b a l a n g a

im ei ro s di as de su a ca rr ei ra po li ti ca , Hider sonhava em Criar


Oesde os pr
im pé ri o al em 4o na Eu ro pa ce nt ra l oriental. Acreditava gue
um vasto
a contra a Rissia a nagao
somente através de uma guerra de conguist
a seguranga gue exigla 6,
alem3 poderia conguistar o €SpaGo vital € en te es sencial da
re ci a. A gu er ra era um co mp on
como raca superior, me eramento de
na ci on al -s oc ia li st a, € es ta va de ac or do co m o temp
ideologia a ha vi a te rmina-
bo da s tr in ch ei ra s, a gu er ra nu nC
Hitler. Para o antigo ca r os re cu rsos ma-
po de r po li ti co a fi m de mo bi li za
do. Hitler aspirava ao ng ui st a.
na gi o al em a pa ra a gu er ra € a co
teriais e humanos da re sp on sa bi li da de
de ba te r a gu es ta o da
Fmbora os bistoriadores possam a po r Hi rl er :
ga ri am gu e a IT foi pr ov oc ad
pela1 Guerra Mundial, poucos ne Gu er ra Mu nd ia l
an to ao fat o de gu ea IT
“PD, rece n&o haver controvérsia gu s fo ra m ex pr es sa o
o de Hi tl er , gu e ess es ato
foi provocada por atos do govern Ka mp f, e gu e ess a
an te ci pa da me nt e no Me in
de uma polftica estabelecida o go ve rn o al em ao
até o dl ti mo mo me nt o, s€
guerra poderia ter sido evitada ad ve rt ên ci as suf i-
di st as oc id en ta is re ce be ra m
assim Oo desejasse.”! Os esta es se nc ia is da clvi-
um a am e€ ag a M pa z e aos va lo re s
cientes de gue Hitler era posicao

TE
ni o pr ep ar ar am S€ US PO vo ne m to ma ra m
izacio ocidental, mas
mi)
au me nt ad o su bs ta nc ia lm en te su a ca pa -
alguma, até guea Alemanha tivesse
si da de de tr av ar um a gu er ra ag re ss iv a. ** EE
EE

O caminho para a guerra


EED EEEN Ge PA ET

bi li za r a nag ao, Hid ler pa ss ou a imple-


EA MOR

Depois de consol ida r seu po de r e mo


ca ext ern a: a des tru ic& o do tra tad o de Ver sal hes ,
mentar os objetivos de sua politi acë o das
na go € exp lor
EL

a conguista e colonizagao da Eu ro pa ori ent al e a do mi


EE

di ca ex t ern a, Hit ler de mo ns tr ou a me sm a co mb in ag ao de


racas inferiores. Na poli
mid

m ao po der. Também nesse


-

pr op 6s it o gu e o le va ra
oportunismo € unicidade de
eke

a pro pag and a par a enf rag uec er a von tad e de res ist ênc ia de seu s adver-
caso usou
ana

a de pro pag and a naz ist a, gue hav ia con gui sta do com eficiëncia
sêrios. A mAguin
ale mao , COr RO SE um in st ru me nt o da pol iti ca externa. Para
a mente do povo
605
606 Givilizacio ocidental

promover a desorientagao social e politica em Outras terras, OS nazistas Propaga


ram o anti-semitismo em todo mundo. A propaganda nazista também eind
granjear internacional apoio a Hitler como a melhor defesa da Europa contra a
Unido Soviética e o bolchevismo.

As polfticas externas in glesa e francesa


Como Hider previra, Inglaterra e Franca recuaram guando depararam com
suas violag6es do tratado de Versalhes e ameacas de guerra. Perseguidos pelas lem-
brangas da 1 Guerra Mundial, os dois paises empenharam-se em evitar outra ca.
ristrofe — no gue, ali4s, tiveram amplo apoio da Opiniao piblica. Acreditando gue
a Alemanha tivesse sido tratada com demasiada severidade em Versalhes € saben-
do gue suas tropas estavam despreparadas para a guerra, entre 1933 e 1938, a In-
glaterra foi receptiva a fazer concessêes a Hirler. Embora a Franga possuisse 0 exér-
cito mais forte da Europa continental, estava preparada apenas para uma guerra
defensiva — o contrério da estrarégia gue utilizara na I Guerra Mundial. A Franca
construiu fortifica6es imensas, chamadas de Linha Maginot, para proteger suas
fronteiras de uma invasao alema. Falcava-lhe, porém, uma forca mével de atague
gue pudesse punir uma Alemanha agressiva. Os Estados Unidos, preocupados
com os problemas da Grande Depressao e distanciados das guestêes européias,
nada fizeram para fortalecer a decisao da Franga e da Inglaterra. Como estas duas
temiam a Uniao Soviética e dela desconfiavam, a grande alianca da | Guerra Mun-
dial nao se repetiu. Havia ainda um outro fator: sofrendo de uma incapacidade de
lideranca e de uma insatisfacao politica e econêmica gue enfraguecia a unidade
nacional, a Franca atravessava um perfodo de decadência moral e perda de con-
fianca. Fregientemente voltava-se para a Inglaterra em busca de orientagao.
Os estadistas britênicos defendiam uma politica de apaziguamento — ceder 3
Alemanha na esperanga de gue Hitler, estando satisfeito, nao arrastasse a Europa
para outra guerra mundial. A polftica britênica baseava-se na desastrosa ilusio de
gue Hitler, como seus predecessores de Weimar, buscava a revisao pacifica do tra-
tado de Versalhes e gue poderia ser contido por meio de concessêes. Alguns apa-
ziguadores ingleses também o consideravam como defensor da civilizaga0 euro-
péia e da ordem econêmica capitalista contra o comunismo soviético — uma idéia
gue a propaganda nazista divulgava e explorava com inteligência. O apazigua”
mento, gue acabou sendo uma capitulagao 3 chantagem, fracassou. A Alemanha
tornou-se mais forte e o povo alemao, mais dedicado ao Fjihrer. Hitler nao mo-
derou suas ambigêes, e os apaziguadores nio evitaram a guerra.

O rompimento da paz
Para realizar os objetivos de sua politica externa Hitler necessitava de uma for-
mid4vel m4guina militar. A Alemanha precisava rearmar-se. O tratado de Versa-
Ihes limitara o tamanho do exército alemëo a 100 mil voluntdrios, restringira a$
A civilizacio ocidental em crisé 607

Ee
Cronologia 21.1 *& IT Guerra Mundial

Japao invade a Manchuria.


1931
Marco, 1935 Hitler anuncia o rearmamento da Alemanha.

Outubro, 1935
Itdlia invade a Eri6pia.
Guerra Civil espanhola.
1936-1939
7 de marGo, 1936 A Alemanha remilitariza a Renênia.

Julho, 1937
Japao invade a China.

13 de margo, 1938 Amschluss com a Austria, gue se torna provincia alema.

Setembro, 1938 Acordo de Munigue: a anexagio dos Sudetos pela


Alemanha é aprovada por Inglaterra e Franga.
Marco, 1939 Alemanha invade a Tchecosloviguia.
Abril, 1939 TrAlia invade a Albênia.

23 de agosto, 1939 Pacto de nio-agresso entre Alemanha e Russia.


1e3 de setembro, 1939 Alemanha invade a Polênia; Inglaterra e Franga de-
claram guerra.
27 de setembro, 1939 Polênia se rende.
Abril, 1940 Alemanha ataca Dinamarca e Noruega.
10 de maio, 1940 Alemanha invade Bélgica, Holanda e Luxemburgo.
22 de junho, 1940 Franca se rende.
Agosto-setembro, 1940 Batalha da Inglaterra.
22 de junho, 1941 Alemanha lanca ofensiva contra a Ruissia.
7 de dezembro, 1941 Japdo ataca Pearl Harbor: Estados Unidos entram
na guerra contra Japao e Alemanha.
1942 O refluxo da maré favorece os Aliados: Midway
(oceano Pacifico), Stalingrado (Unigo Soviérica) e
El-Alamein (norte da Africa).

Setembro, 1943 Icdlia se rende aos Aliados ap6s a invasao.


6 de junho, 1944 Dia D: Aliados desembarcam na Normandia, Franca.
A Alemanha se rende incondicionalmente.
7 de maio, 1945
Estados Unidos lancam bomba arémica sobre Hi-
Agosto, 1945
roshima e Nagasaki; Uniëo Soviética invade a Man-
chiria; Japêo se rende.
608 Givilizacio ocidental

e tangues e dissolvera o estado-maior. Em marco de 1935, Hider declarou gue


Alemanha no se julgava mais obrigada pelo tratado de Versalhe
s. Ela ee
cerja o recrutamento militar, construiria uma forca aérea (0 gue
j4 vinha fazendo
secretamente) e fortaleceria sua marinha. Franca e€ Inglaterra nao
ofereceram
resistência.
Um acontecimento decisivo para o colapso da paz foi a invasio da Etiépia pela
[rélia, em outubro de 1935. A Sociedade das Nacêes Impês sancêes nee.
3 Irdlia, e a maioria de seus membros restringiu o comércio com o agressor. Mas a
lr4lia continuou recebendo petréleo, particularmente de fornecedores NOrte-ame-
ricanos, e nem Inglaterra nem Franga procuraram contê-la. A Sujeicio
da Etiépia
por Mussolini desacreditou a Sociedade, gue j4 havia se enfraguecido pela inca-
pacidade de resolver de maneira eficiente o problema da invasao da provinci
a
chinesa da Manchiria — rica em minerais — pelo Japao, em 1931. A gueda da
Etiépia, como da Manchtiria, mostrou gue a Sociedade relutava em usara forca
para resistir a agressao.

Remilitarizagio da Rendnia A7 de marso de 1936, Hider enviou tropas paraa


Renania, violando o tratado de Versalhes, gue exigia a desmilitarizacao dessas re-
gioes de fronteira alemas. Os generais alemaes advertiram Hitler de gue tal medi-
da poderia provocar uma invasao francesa da Alemanha, gue o exército alemzo
ainda nao poderia rechacar. Mas Hitler correu o risco, certo de gue a Franca ea
Inglaterra, sem disposic&o para a luta, nio tomariam nenhuma ac&o.
Hidler avaliara corretamente o estado de espirito dos dois paises. A Inglaterra
nao ficou muito alarmada com a remilitarizacao da Reninia. Hirler, afinal de con-
tas, no estava expandindo as fronteiras da Alemanha, mas apenas mandando sol-
dados para sua fronteira. Essa medida, raciocinaram as autoridades britinicas, nio
justificava o risco de uma guerra, a Franca nêo agiria sozinha. Além disso, o estado-
maior francês, superestimando a forca militar alemê, pensava apenas em defender
o solo francês de um atague alemao, e n&o em iniciar um atague 4 Alemanha.

Guerra civil espanhola A Guerra Civil espanhola de 1936-1939 foi outra viré-
ria para o fascismo. A Alemanha nazista e a Irdlia fascista ajudaram Franco (ver
p. 585); a Uniëo Soviética abasteceu a repiblica espanhola. Em outubro de 1937,
cerca de 60 mil “voluntérios” italianos lutavam na Espanha. Hirler enviou de 5
mil a 6 mil homens e centenas de aviëes — ajuda gue se revelou decisiva. Com-
parativamente, a assistência prestada pela Uniao Soviética foi peguena.
sem considerdvel ajuda da Franca a repdblica espanhola estava condenada,
mas o primeiro-ministro Léon Blum temia gue a intervencao francesa levasse a-
guerra com a Alemanha. Além disso, ajudar a republica traria sérias consegu€n-”
Clas internas, j4 gue os direitistas franceses simpatizavam com o autoritarismo
conservador e clerical de Franco. Em 1939, a repiblica caiu, e Franco estabele-
ceu uma diradura. A guerra civil espanhola ofereceu 4 Alemanha uma oportun!
dade de testar armas e pilotos, e demonstrou mais uma vez gue falrava a Franga €
3 Inglaterra a disposigëo de combater o fascismo.
A civilizario ocidental em crise 609

ob je ti vo s de Hi de r er a a in co rp or ag o da Aus-
plus com 4 ustria Um dos nt e a un ië o
o de Ve rs alhes pr oi bi ra ex pr es sa me
, 30 Terceiro Re ic h, ma s o tr at ad
) dos dois palses- Em marco de 1938, a pretexto de prevenir a violên-
a Au st ri a. C o m o en tu st as ti co ap ol o . “

di ssem
4

in va
A

as tr op as
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va, Hie r
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o r d e n o ic h al
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a p r o v
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i n c a do
stria tornou-se entao um
A -

de seu POVOs 4 Au
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a Au st ri a pe la si mp le s am ea ga da
Munigue, Praga Hidler conseguira
s da Tc he co sl ov gu ia . Do s 3, 5 milhêes
tr a am ea ga Ihe daria os Sudeto lados
forca. O lh êe s er am al em êe s ét ni co s. Es ti mu
da regiao, cerca de 2.8 mi nr ad
es do s Su de to s, li de ra do s po r Ko
pe la Al em an ha , os al em
, orientados se gu ir ” a mi no ri a ge rm ên ic a €
de nu nc la ra m o gO V€ Er no por “per
tcheco
He nl ei n, am ag it ac oe s em fa vo r da au-
au to de te rm in aio e pr om ov er
priva- la do di re it o de At ré s de s-
ideolo gi a
sana
r ci on
a al -s oc ia li st a.
'onomia lo ca l e do di re it o de pr of es
em so de an ex ar a re gi ëo do s Su de ro s.
as reivindicag6es estava o objetivo sl os al em ae s do s Su de to s e o gover-
6e s en tr e
Fnguanto prossegulam as negociag av a os tc he co s de cr im es he-
de Hi de r ac us
ho tcheco, a m4guina de propaganda CO T! re ta li ac êe s. Hi tl er ta mb ém
eaga va -o $
Aiondos contra a minoria alemê e am sZ o da Tc he co sl ov 4g ui a. Lu ta s
m UI ma in va
ordenou a seus generais gue preparasse ic ar am as te ns êe s. Pr oc ur an do
co s e os al em ae s do s Su de tos - te ns if
sn tr e os tc he 86 9- 19 40 ) da In -
im ei ro -m in is tr o Ne vi lle Ch am be rl ai n (1
ma nt er a pa z, o pr o um co nv it e
fe re nc ia r co m Hitl er , gu e lh e fe z en ta
gl at er ra of er ec eu -s e pa ra on
nesse sentido. in ic a de mo cr ac ia da
3 Tc he co sl ov ig ui a, a
A posicio da Inglaterra com relacao Fr an ga . Em 19 24 , a Pr anga
re nt e da gu el a da
Europa oriental, era um pouco dife na hi pt es e de um ata-
as si st ên cl a mu it ua
frmara com os tchecos um acordo de ov ig ui a ti nh a ac or do se me-
dos dois pafses . A Tc he co sl
gue alemao a gualguer um a ru ss a de pe nd er ia de a
com a re ss al va de au e a aj ud
Ihante com a Russia, mas er ra na o ti nha ne-
OS termos de se u ac or do . A In gl at
Franca cumprir primeiro ic as , ac reditan-
ma s au to ri da de s br it ên
nhum compromisso com o$ tchecos. Algu
al em ae s do s Su de to s er am re al me n-
na pr op ag an da de Hi tl er , ac ha va m gue os
do to de te rm in ag do ; al ém di ss o, ac ha-
o de au
te uma minoria perseguida com direit a um a gu er ra gu e po di a
Au st ri a, ni o va li
vam gue a regiëo dos Sudetos, como 4 enas incorporar OS
a ci vi li za ca o oc id en ta l. Hi dl er , di zi am el es, gueria ap
destruir ci pi o de
; es ta va ap en as le va nd o o pr in
alemaes gue viviam fora da Alemanha al em ae s vi ve ss em so b a
ic a. Ou an do es se s
autodeterminacio a sua conclusio l6ég ca ri a sa ri sf ei -
€S $a S autorida de s in gl es as , Hi dl er Hi
ba nd ei ra al em 4, ar gu me nt av am
se re ar ma r en tr e 19 33 e 19 38 , a In-
gu al gu er m o do , se m ter conseguido
to. De ic ao fr ég il . Os ch ef es do es ta do -m ai or br it ên ic o
se en co nt ra va n u m a P os
glater ra
P reparado para a guerra e gue era necessdrio sacri-
achavam gue o pas nao estava r t e m po.
g u i a a F m de g a n h a
ficar a'Tchecoslovi i d o na C o n f e r ê n c i a de M u n i g u e (s e-
c i d
O destino da Tchecosloviguia foi de e o pri mei ro-ministro
tembro de 1938), ent re Ch am be rl ai n, Hid er, Mus sol ini
84- 197 0). O aco rdo de Mu ni gu e deu os Sud etos a
francês Edouard Daladier (18

# Pi ff”
610 Givilizacado ocidental

Conferência de Munigue. Hider e o primeiro-ministro inglês Neville Chamberlain num


momento faridico da histêria. Logo apés a Conferência de Munigue, Chamberlain foi saudado
como o guardiao da paz. Hier, no entanto, aproveitou-se dos meses seguintes para minara
integridade rerritorial da Tchecoslov&iguia. Com o fim da independência tcheca, a 1ntengao de
Hitler de dominar a Europa tornou-se evidente. Hulton Deutsch Collection

Alemanha. 'Tanto Chamberlain guanto Daladier foram muito elogiados pelo povo
da Inglaterra e da Franca por terem mantido a paz.
Os criticos de Chamberlain insistiram em gue o acordo de Munigue foi um
erro gigantesco e uma tragédia. Chamberlain, dizem eles, foi um tolo em acredi-
tar gue Hier, gue procurava dominar a Europa, pudesse ser comprado apéna$
com os Sudetos. Para Hidler, as concessêes feitas pela Inglaterra e pela Franga fo-
ram um indicio de fragueza e apenas aumentaram seu apetite por mais rerrito-
rios. Além disso, argumentam os criticos, teria sido melhor lutar contra Hitler
em 1938 do gue um ano depois, guando a guerra realmente foi deflagrada. É
A civilizacio ocidental em crise 611

Jade gue no ano seg uin te ao aco rdo de Mun igu e, a Ing lat err a aum ent ou seu
mas a Ale man ha tam bém fez o mes mo, con str uin do submarinos
ve 2] militar,
tal ece ndo as defe sas da fron teir a oci den tal e tre ina ndo mais
Me ues pesados, for
el nim ero de bon s tan gue s € 0 povo
ges Os tchecos dispunham de raz o4v
luta r para pre ser var a int egr ida de terr itor ial do seu pais. En-
pysstava disposto a
incipais elementos do exército alemao ads estivessem ee combatendo os
po de ri am
i

co nd ic 6e s de mo bi li za r ce m div isê es,


'

checos, os franceses, dué tinham


pr s
guanto

— de fe nd id a ap en as por cin co div is6 es


er rompido a uralha ocidental alems va st ad o os centros indus-
res erv a —, in va di do a Re nê ni a e de
regulares e guatro de
uhr.
triais alemaes do R j o u c a b a r c o m a T c h e c o s lov4-
s , Hit l e r p l a n e a
Depois da anexacao dos Sudeto
ova ca do pai s, lid era da pel o pad re fas cis ta Jos ef
guië, -stimulando a minoria esl esl ovaco
al. A pre tex to de pro teg er os dir eit os do po vo
Tiso, a exigir separagio tot m em Praga. Em
au to de te rm in a6 ao , Hit ler or de no u gue sua s tro pas entrasse
de
9, a in de pe nd ên ci a tch eca ch eg av a ao fim .
marco de 193 ili tar iza gao
co sl ov ig ui a tev e um car ête r dif ere nte da rem
A destruicio da Tche
m a Aus tri a € da an ex ac &o dos Sud ero s. Em tod os es-
da Renênia, do Azschluss co
ore s, Hit ler po di a ale gar o dir eit o de au to de te rm in ag ao , due era o
ses Casos anteri
nci pio de Wo od ro w Wi ls on . A oc up ag io de Pra ga e o fim da indepen-
grande pri
mo st ra ra m, po ré m, gue Hit ler re al me nt e gue rla a he ge mo ni a eu-
dência tcheca
sta s in di gn ad os ex ig ia m ago ra due o Fii bre r fos se im pe di do de no-
ropéia. Estadi
vas agressoes.

A ?2 de mai o de 1939 , Hitl er e Mus sol ini cel ebr am o pacr o de Ago, pro-
Polênia
metendo ajud a mii tua no caso de guer ra. No dia segu inte , Hirl er diss e aos seus
oficiais gue a ver dad eir a met a da Ale man ha era a dest ruig ao da Polê nia. ` Dan tzi g
nio é o obje tivo . É uma gue std o de exp and ir noss o espa 6o vita l no leste , de asse -
gurar nosso abastecimento de alimentos (..). No podemos portanto poupar a
Polênia, ea decisio € a de aracé-la no primeiro momento adeguado.*
Inglaterra, Franga e Unido Soviérica vinham realizando negociac6es desde
abril. A Uniso Soviética gueria um pacto de assistência murua, gue incluisse um
planejamento militar conjunto, € exigia bases na Polênia e Romênia, para se pre-
para contra um atague alemao. A Inglaterra relutava para endossar €ssas exigên-
Hi-
cias, temendo gue um pacto de assistência mitua com a Russia pudesse levar
der a iniciar uma aventura louca gue arrastasse os ingleses para a guerra. Além
EIE LN * Im

as em
disso, a Polênia, receosa da expansêo soviérica, nio permitiria tropas russ
mr

seu solo.
EI

Ao mesmo tempo, a Rissia realizava conversagêes secretas com a Alemanha


GE

nazista. Ao contrério dos Aliados, a Alemanha conseguiu atrair Stalin com o ter-
RE

ritério polonês, gue serviria de tampao entre a Alemanha e a Ruissia. Além disso,
RE

o tratado com os alem&es daria tempo 2 Russia de fortalecer suas forcas armadas.
EER

um pact o de nao-
EE

Em 23 de agosto de 193? , os dois Est ado s tota lit& rios ass ina ram
Polênia
agresso gue surpreendeu o mundo. Um anexo secreto previa a divisao da
- Rat
id . s AE,
Ho,
ha
' dd IR
`N EN

612 Givilizacie oridental

entre as duas partes e o controle russo da Li


tuênia, Letêniae Estênia. Assinand
esse ac ordo com seu inimigo, Hitler deu um extr
aordindrio golpe diplom&tie.
impediu gue a Uniao Sovidtica, a Inglaterra
e a Franca repetissem sua grande
alianga da 1 Guerra Mundial contraa Alemanha
. O PaCtO nazi-soviético foio sinal
verde para a invas&
o da Polênia, e, no amanhecer de 1.0
de setembro de 1939. as
tropas alemas atravessaram a fronteira.
Como a Alemanha nio respondeu 3 ss
géncia de parar com a invasao, Inglaterrae Franca he
declararam guerra.

A blitzkrieg nazista
A Alemanha atacou a Polênia com forca e rapidez.
A aviagio alema, a Luf-
watte, destruiu os aviëes poloneses no solo, atacou
tangues, destruiu redes de de.
fesa €e bombardeou Varsêvia, aterrorizando a Populag&
o. Tangues abriram bre.
chas nas defesas polonesas, e colunas motorizadas atrope
laram 0 exército polonês,
due marchava a pé, capturando intimeros soldados. O alto
comando polonês nio
conseguiu enfrentar a incrivel velocidade e coordenagëio dos
atagues aéreos € ter-
restres alemaes. A 8 de setembro, os alemzes avanGaram até
as proximidades de
Varsêvia. A 17, as tropas soviéticas invadiram a Polênia vindo do
leste. A 27.a
Polênia rendeu-se. Em menos de um mês, a blitakrieg (guerra relAmp
ago) nazis-
ta havia vencido a Polênia.

A gueda da Franca
Para Hider, a conguista da Polênia foi apenas o prelédio de um império ale-
mao gue se estenderia do AdlAntico aos Urais. Ouando as condicëes dlimdticas
fossem propicias, ele lancaria uma grande ofensiva no oeste. Em principios de
abril de 1940, os alem&es aracaram a Dinamarca ea Noruega. A Dinamarca ren-
deu-se em guesto de horas. Uma forca anglo-francesa prestou ajuda aos norue-
gueses, mas os desembargues, mal coordenados e sem apoio aéreo, falharam.
A 10 de maio de 1940, Hitler langou sua ofensiva no oeste, invadindo a Bél-
gica, a Holanda e Luxemburgo, gue eram neutros. A 14 de maio, depois do
bombardeio de Rotterdam pela Luftwaffe, gue destruiu o centro da cidade e
matou virlas pessoas, os holandeses renderam-se. Praticamente sem encontrar
resistncia, as divisêes panzer haviam atravessado as estreitas passagens das mon-
tanhas de Luxemburgo e a densa floresta de Ardenas, no sul da Bélgica. Acre-
ditando gue a floresta de Ardenas nao podia ser penetrada por uma grande
forca alema, os franceses fortificaram pouco a extens&o ocidental da Linha Ma-
ginot. A 12 de maio, porém, as unidades alemas estavam em solo francês, nas
proximidades de Sedan. Ent&o os alemêes avancaram pelo norte da Franca em

Mapa 21.1 II Guerra Mundial: o teatro europeu P


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614 Civilizacio ocidental

diregao ao mar, gue alcancaram a 20 de maio, di


vidindo as forcas anglo-france-
sas em duas.
Os alemêes procuraram €ntio cercar e aniguilar
as tropas aliadas gue conver.
glam para o porto francés de Dunguergue, a Gnica saida due restava. Mas,
mendo provavelmente gue os alemaes perdessem a mobi te.
lidade NOS rios€ el
ao redor de Dunguergue, Hitler mandou os rAnduES
recuarem no momento em
du€ sé preparavam para tomar o porto. Em vez dis
so, mandou gue a Luftwaffe
acabasse com as tropas aliadas, mas a Cerracio ea chuva im
pediram due os aviëes
alemaes operassem com toda a sua capacidade. Enguan
to a Luftwaffe bombar-
deava as praias, cerca de 338 mil soldados ingleses e fra
nceses foram transporta-
dos pelo canal da Mancha por destréieres, navios mer
cantes, barcos de pesca,
chatas e jatesparticulares. A decis3o pessoal de Hier de parar
os tangues possi-
bilitou o milagre de Dunguergue.
Enguanto isso, a batalha da Franca transformava-se num
desastre. Com o des-
moro namento da autoridade, a desmoralizacio generalizada
e o fim da resistên-
cia, o gabinete francês apelou para um armisticio, gue foi assinado
a 22 de ju-
nho, no mesmo vagao ferrovidrio em gue a Alemanha firmara o arm
isticio gue
pês fim & 1 Guerra Mundial.
Como explicar o colapso da Franga? Os franceses tinham tantos aviëes € tan.
gues guanto os alemaes, mas seus lideres militares, ao contririo do comando ale-
Mao, nio haviam dominado a psicologia e a tecnologia da guerra motorizada.
Fala-se rambém numa perda de vontade entre o povo francês — resultante das dis-
putas politicas internas, da m4 lideranga, dos anos de apaziguamento € oportuni-
dades perdidas, e da propaganda alemi, gue retratava o nazismo como irresistivel
eo Fihrer como o homem do destino. Foi a hora mais negra da Franca.
De acordo com os termos do armisticio, a Alemanha ocupou o norte do pafs
eo litoral. O exército francês foi desmobilizado, e o governo, agora sediado em
Vichy, no sul, colaboraria com as autoridades alem&s na zZona ocupada. Recusan-
do-se a aceitar a derrota, o general Charles de Gaulle (1890-1970) fugiu para
Londres e organizou as forgas dos Franceses livres. Os alemzes exultaram com a
vinganga; os franceses choraram de humilhacio; e os ingleses reuniram toda sua
coragem, polis €stavam agora sozinhos na luta.

A batalha da Inglaterra
Hitler esperava gue, depois de sua espantosa vitéria no oeste, a Inglaterra Éi-
zesse a paz. Os ingleses, porém, continuaram a rejeitar as sondagens alemas de
Paz, pois sê podiam imaginar um futuro sombrio se Hitler dominasse o conri-
nente europeu. Ap6s a vit6ria alema na Noruega, o apoio de Chamberlain na
CAmara dos Comuns decaiu, e ele foi substituido por Winston Churchill, gue se
Opunha 3 paz. Dinêmico, corajoso e elogiiente, Churchill tinha capacidade
para
encorajar e liderar seu povo na luta contra o nazismo. “A batalha da Inglarerra val
comear', disse Churchill aos britnicos. “Dela depende a sobrevivência da Cv
lizag3o crista (...) se falharmos, entio (..) tudo o gue conhecemos e respeitamos
iré afundar no abismo de uma nova Idade das 'Trevas
?
615
.

A civilizacido ocidental em crise

res ist iss e, Hi de r pr ep ar ou ap re ss ad am en te os pl an os de


Como a Inglaterra e o est abe lec i-
sla be m- su ce di da do can al da Ma nc ha
. vasiO. Mas uma traves céu s. O
l ing lês de pe nd ia m do co nt ro le dos
hento de cabegas-de-ponte no litora po di a destruir a
ro u a Hi de r gue a Lu ft wa ff e
aarechal Hermann Goering assegu ini cio de ago sto de 19 40 , a Lu ft wafte
Real Forga Aérea Britênica (RAP), e no
ais e aér eas da Ing lat err a. Cu as e to do s os dias,
-omegou seu atadue ss bases nav gue Go er in g
Ing lat err a. Co nv en ci do de
travavam-s€ batalhas aéreas nos céus da esa s aér eas bri tên ica s, Hit ler
de destru ir as def
n30 conseguirla cumprir a promessa s bri tin ico s, a ha bi li da de e
pel os cie nti sta
adiou a invasa0. A descoberta do radar as pe sa da s pe rdas de
al em a de co mp en sa r
, coragem dos pilotos ea incapacidade a. Ad ia da a invasao das
lut a pel a so br ev iv ên ci
vies salvaram a Inglaterra em sua cid ade s, os centros
-s e em bo mb ar de ar as
has britênicas, a Luftwaffe concentrou mes es, os ha bi ta nt es de
as noi tes , du ra nt e
industriais e os portos ingleses. Todas ca pa r is bo mb as al em as,
€ po r6 es par a es
Londres buscavam refdgio nos metrês ag ue s da Lufrwaffe.
ic os de co la va m par a ret ali ar os at
enguanto os avi6es britên
ing lês nu nc a se ab at eu du ra nt e a “bl icz .
Mas o moral

A invasdo da Russia
co ng ui st a, ex pl or ag io e co lo ni za ao da Ru s-
A destruicdo do bolchevismo e a id eo lo gi a de Hi de r.
OS el em en to s b4 si co s da
sia pela raca superior germanica eram ssi a, o fl an co ba lcê-
na : mi ne nt e in va sa o da Rui
Para evitar gualguer interferência ac ar am a Gr écla
6 de abr il de 19 41 , os al em êe s at
nico tinha de ser controlado. A gue contava
A Tu go sl dv ia foi ra pi da me nt e do mi na da e a Gr éc ia ,
ea Jugosldvia. os , re nd eu -s e
ing les es, ne oz el an de se s e au st ra li an
com a ajuda de 50 mil soldados
em fins de abril. rc a
, Hi tl er ha vi a pr ep ar ad o um a fo rg a ma ci ga — ce
Paraa guerra contra a Russia im ei ra s horas de 22
30 0 ta ng ue s, 5 (0 0 avi ëes . Na s pr
de 4 milhêes de homens, 3
em ae s la nc ar am sua of en si va nu ma fr en te am pl a. Aracan-
de junho de 1941, os al dia . Os
os rus sos , a Lu ft wa ff e de st ru iu 12 00 av ië es no pr im ei ro
do os aerédrom rg an iz a-
, is ol an do e ce rc an do as fo rc as rus sas , de so
alem&es avancaram pela Rissia
pa ra da s. Os ru ss os so fr er am pe rd as ter riv eis . Em po uc o mais de trés
das e despre ur a-
os ru ss os ha vi am sid o mo rt os , fe ri do s ou ca pt
meses, 2,5 milhêes de soldad cr uza-
de st ru id os . De sc re ve nd o a gu er ra cC om o um a
dos, e 14 mil tangues foram
da para salvar a Europa do “bolchev ismo judaico”, a propaganda alema afirmava
gue a vit6ria estava assegurada. , gu e ti-
ais in gu ie ta nt es pa ra os in va so re s. Os rus sos
Mas havia também sin m com obsti-
er bi al ca pa ci da de de su po rt ar di fi cu ld ad es , lu ta va
nham uma prov
ge m, € Oo BO VE TN Y ni o pe ns av a em Ca pi tu la r. As re se rv as russas ram
nac3o e cora e
va m. A We hr ma ch c (o ex ér ci to al em &o ), lo ng
maiores do gue os alemaes espera ve l, e os ca-
nt o, co me ga va a sof rer fal ta de co mb us ti
de suas linhas de abastecime or ma ra m
de en fr en ta r es tr ad as pr im it iv as gu e se tr an sf
minhêes € carros tinham
an do ch eg ar am as ch uv as de ou to no . Um in ve rn o an tecipa-
num mar de lama gu
nt at iv a al em 3 de oc up ar Mo sc ou . Os al em ae s chega-
do e rigoroso prej udicou a te

Ta;
616 (ivilizacio ocideutal

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Frente russa. Cerca de 25 milhêes de russos pereceram na I] Guerra Mundial, muitos deles
vitimas das atrocidades nazistas. Souforo/Vida sovidtica

ram a 30 guilêmetros de Moscou, mas, a 6 de dezembro, o Exército Vermelho


contra-atacou, forcando um adiamento do atague & capital russa.
Em fins de 1941, a Alemanha havia conguistado vastas regiëes da Rrissta, sem
conseguir porém domind-la. No haveria repetigao do colapso da Franga. A cam-
panha russa demonstrou gue o povo soviético faria sacrificios incrfveis pela patria
e gu€ os nazistas nao eram invenciveis.

A Nova Ordem
Em 1942, a Alemanha governava praticamente toda a Europa, do ArlAnrco
aré os confins da Russia. Parte do territério conguistado foi simplesmente aneX?”
do; outras terras eram administradas por oficiais alemaes; e ainda em outros pa"
ses, os alemaes governavam por meio de auroridades locais gue simparizavam
com o nazismo, ou estavam dispostos a colaborar com os alemaes. Sobre SS
vasto império, Hitler e seus seguidores impuseram uma Nova Ordem.
A civilizacdo ocidental em crise 617

Exploragdo e terror
Os alemaes saducaram sistematicamente as terras conguistadas, levando ouro,
tesouros de arte, mAguinas e alimentos de volta para a Alemanha, e utilizando o
potencial industrial e agricola das terras nao germanicas para ajudar a economia
de guerra alema. Os nazistas também transformaram em trabalhadores escravos
0 POVOS conguistados. Cerca de sete milhêes de pessoas de toda a Europa foram
srrancadas de seus lares e levadas para a Alemanha. Esses trabalhadores forgados,
parti cular mente russos € polon eses, a guem a ideol ogia nazist a classi ficava de
subumanos, viviam em Casernas deplordveis e frias, eram mal alimentados e tra-
balhavam demais. Muitos pereceram de fome, enfermidades e exaustao.
Os nazistas governavam usando a forga e o terror. A cela da prisao, a cêAmara
de tortur as, o pelot do de fuzil ament o e o camp o de conce ntrag ao simbo lizav am a
Nova Ordem. Na provincia polonesa anexada & Alemanha, os nazistas prende-
am € executaram intelectuais e padres, fecharam todas as escolas e a maioria das
igrejas e proibiram os poloneses de exercer profissêes liberais. Na regido da Pol6-
nia administrada pelos oficiais alemaes, a maiorja das escolas nao-elementares
foram fechadas. Os alemses foram particularmente impiedosos com os russos.
Os funciondrios politicos soviéticos eram imediatamente fuzilados; muiros pri-
sioneiros de guerra foram amontoados em campos e deixados a fome até morre-
rem. Os alemaes fizeram cerca de 5,5 milhêes de prisioneiros russos, dos guais mas
de 3,5 milhêes pereceram.

Exterminio

Os alem&es travaram uma guerra de exterminio contra os judeus da Europa. A


tarefa de impor a “Solugao Final ao Problema Judaico” coube as $$ comandadas
por Himmler, gue cumpriu esse sombrio dever com fanatismo e eficiëncia buro-
crética. Himmler e as SS acreditavam gue tinham a missio sagrada de livrar o
mundo de uma forma de vida indigna — um inimigo sarênico gue conspirava para
destruir a Alemanha. Considerando-se idealistas gue escreviam um capitulo glo-
rioso na histéria de seu pas, as S$ rorturavam e matavam com imensa dedicacao.
Grupos especials das SS, os Finsatzgruppen, treinados para assassinatos em mas-
sa, acompanhavam OS exércitos alemaes na Russia. Entrando nas cidades e aldeias
ocupadas, prendiam judeus — homens, mulheres e criangas —, amontoavam-nos
em campos de execugao € OS dizimavam com metralhadoras e fuzis. Com a cola-
boracao de auxiliares uCranIanos, lictuanos e letêes, esses grupos massacraram cer-
ca de dois milhêes de judeus rusSoS. Para apressar a Solug&o Final, os campos de
-
concentracao, due originalmente sé destinavam a presos politicos, foram trans
formados em centros de €X€cu$A9) * NOVOS campos foram construidos com esse
objetivo. Judeus de toda a Europa eram presos, amontoados em vagées fechados
de transportar g ado, e enviados para Ireblinka, Auschwitz e outros campos de
ond e ent rav am em outro mundo:
exe cug 3o,
618 Givilizacio ocidental

Havia caddveres por toda a estrada: corpos estavam pendurados na CerCa


de “rame far-
pado; 9 ruido dos tros soava incessantemente. Chamas gigantescas subiam AOS Céus; “ma
enorme nuvem de fumaga as envolvia. Fsgueletos bumanos emaciados e fa RinRtos Hropera-
vam caminhando em nossa direpio, murmurando sons incoerentes, Cal
n a nossa fen te,
exalando o ultimo suspiro.
Agui e alr elevava-se uma mi, mas guando isso acontecia o SS
imediatamente vinh
pisava nela. Os gue estavam apenas exaustos eram simplesmente lancados n
é pa a pilha de oi
mor-
tos. (..J Todas as noites vinba um caminbao e levava todos, mortos
ou 140, Para o forng
crematorio.'

Os médicos da $$ rapidamente inspecionavam Os recém-chegados — “a carga”,


como diziam. Agueles incapacitados para o trabalho, inclusive as Crian
cas, eram
imediatamente exterminados nas cimaras de g4s. Os gue nio eram asfixiados en.
frentavam a morte em vida nos campos, gue também tinham prisioneiros nio
judeus. Os $5 experimentavam um prazer sddico em humilhar e brutalizar sua
viddimas judias. @uando, devido a exaustio, fome, doengas e maus-tratos, os pri-
sioneiros ficavam inaptos para o trabalho, o gue geralmente acontecia em poucos
meses, eram mandados para a cimara de gds.
Muitos dos SS eram devotos fiéis, comprometidos com as fantasias racistase
darwinistas sociais. Para realizar sua visio de bem supremo, precisavam destruir os
judeus, considerados pela ideologia nazista como a fonte de todos os males. Ou-
tros SS, bem como seu exército de colaboradores, no passavam de pessoas co-
muns cumprindo seu dever da forma como haviam sido treinados para fazer, se-
guindo as ordens da melhor maneira gue sabiam. Eram burocratas moralmente
indiferentes, preocupados com as técnicas ea eficiëncia, e arrivistas e funciondrios
buscando impressionar os superiores com sua capacidade de levar a cabo o traba-
lho. Essas pessoas rapidamente se adaptaram & rotina dos assassinaros em massa.
Assim, como observa Konnilyn G. Feig, milhares de ferrovidrios alemaes
'consideravam o transporte dos judeus em vagêes de gado como um problema
especial do oficio gue eles tinham orgulho em resolver tao bem”*. Os médicos
alemaes gue selecionavam os judeus para as cAmaras de gds preocupavam-se €X-
clusivamente com guestêes técnicas, e agueles gue realizavam inomindveis expe-
riëncias médicas com os judeus viam seus pacientes como cobaias. Os industriais
alemaes gue fazjam os judeus trabalharem como escravos até a morte considera-
vam apenas a rela€&o custo-beneficio em suas operac6es. Assim também faziam
as €mpresas gue construijam as cAmaras de gds e os fornos, cuja durabilidade e
desempenho elas garantiam.
Uma testemunha ocular relata gue os engenheiros da firma Topf & Sons fa
zZlam experimentos com diferentes combinac6es de cad4veres, decidindo gue %
procedimento mais econêmico para poupar combustfvel seria gueimar os COFPO*
de um homem bem nutrido e uma mulher emaciada, ou vice-versa, juntament€
com o de uma crianga, pois, como haviam demonstrado os experimentos, nessa
combinago, guando tvessem pegado fogo, os mortos continuariam a gueimar
sem a necessidade de carvio extra”e. Rudolf Hoess, comandante de Auschwitz €
A civilizacdo ocidental em crise 619

de con cen tra gao . Mil har es de pris ione iros ema cia dos e enf ermos dos
Sobreviventes de campos
tra g&o ale mêe s mor rer am nas $em ana s seg uin tes 3 liberragio pelos Alrados.
campos de concen dad e hum ana para a
ece r&o para sem pre com o um mon dme nto 3 cap aci
Esses campos perman
desumanidade. @ Topham/ The Image Works

EE
,
des sa men tal ida de bur ocr dti ca, obs erv ou gue sua s cAm aras de gas
um exemplo om o-
nte s do gue agu ela s uri liz ada s em Tre bli nka , poi s po di am ac
eram mais eficie
mai or de pes soa s. Os ale mae s era m to pr eo cu pa dos com
dar um némero muito
cus to gue — par a eco nom iza r mu ni ca o ou gs e nio des ace lerar o
2 eficiëncia € o
mo dos pro ced ime nto s, des de o mo me nt o gue as vit ima s rec ebiam ordens de se
rit
em pre cip ita das nas cam ara s de gds — tir ava m os beb ês de sua s
despirem até ser
os nos bur aco s em cha mas ou nas cov as rep ler as.
maes € os atiravam viv
gue rra rer min ou, os ass ass ino s da SS e seu s aux ili are s ret orn aram a
Ouando a
s fam ili as € tra bal hos , rea ssu min do um a vid a nor mal , liv res de rem orsos ou
sua
“A cap aci dad e hu ma na de nor mal iza r o ano rma l é, co m efe ito , ate rrado-
culpa.
tem assassinaros
ra”, assinala o soci6logo Rainer C. Baum'. As pessoas gue come
so nec ess ari ame nte psi cop ara s. Ira ta- se de um a “ve rda de psi col é-
em massa AO
êmo da, , dec lar a Rob ert Jay Lif ton , o fat o de gue `ge nte co mu m possa
gica inc
ato s de mo nf ac os *. |
praticar
Ao longo da histéria mundial, muitos massacres ocorreram. E os nazistas as-
represdlia aos
sassinaram intimeros nao judeus nos campos de concentragio e em
620 Givilizacio ocidental

atos de resistência. O fato singular com respeito ao


Holocausto — o EXtErminio sis.
temdtico dos judeus europeus — foi a determinacio nazista
de Matar, sem excecsg
cada judeu gue caisse em suas maos, € o fanatismo, o engenho
ea Crueldade com
gue perseguiram seu objetivo. A despeito dos protestos do exé
rcito, a SS ASSaSsinou
judeus cujo trabalho era necessdrio ao esforco de gu€fra
, € mesmo guando a Ale.
manha se encontrou numa grave situacio militar os SS ainda
desviaram miljtares e
vagbes ferrovidrios para deportar judeus aos campos de exterminio.
O Holocausto foi a terrivel realizacio das teorias raciai
s nazistas. Acreditando
gue estivessem limpando a Europa de uma raca inferior € perigosa,
gue ameaca-
va o povo alemêo, os Carrascos nazistas realizaram seu
trabalho infame com dedi-
cagao e eficiëncia, com precisio e indiferenca moral — um atesta
do €Spantoso da
irracionalidade e perfidia humanas. Uilizando a tecnologia e a bur
ocracja de um
Estado moderno, os alem&es mataram cerca de 6 milhêes de judeus
, dois tercos
da populagao judaica da Europa. Cerca de 1,5 milhio dos ass
assinados eram
criangas; guase 90% das criangas judias em terras ocupadas pelos ale
maes perece-
ram. Dezenas de milhares de familias inteiras desapareceram sem
deixar traco.
Comunidades judaicas com centenas de anos desapareceram para nunca, jamais
serem restabelecidas. Abriu-se na alma do povo judeu uma ferida gue jamais
ci-
catrizaria totalmente. Fscreveu-se na histéria da civilizacio ocidental um episd-
dio gue langaria para sempre uma sombra na concepcao iluminista da bondadee
da racionalidade humanas e do progresso da civilizac3o.

Resistência
Cada pais ocupado teve seus colaboradores, gue viam com satisfacZo o desapa-
recimento da democracia e consideravam Hirler como a melhor defesa gue a Eu-
ropa tinha contra o comunismo, e gue lucravam com a venda de material de
guerra. Cada pais teve também um movimento de resistência, gue cresceu & me-
dida gue a barbdrie nazista se tornou mais evidente e as perspectivas da derrota
alema revelavam-se mais prov4veis. Os nazistas retaliavam, torturando e execu-
tando os combatentes da resistência capturados e matando refdns, em geral na
proporgao de 50 para cada alem&o morto. -
Na Europa ocidental, a resistência salvava pilotos aliados, enviava informag6es
militares para a Inglaterra € sabotava instalacêes alemas. Os noruegueses Hzeram
explodir o estogue alemao de 4gua pesada, necessdrio & pesguisa atémica. A resis-
téncia dinamarguesa sabotou as ferrovias e contrabandeou para a Suécia neutra
guase todos os 8 mil judeus do pas, antes gue fossem deportados para os campos
de morte. Depois do desembargue aliado no litoral francês, em junho de 1944, a
resistência francesa retardou o movimento dos reforcos alemaes e libertou vartas
dreas da Franca.
Na Europa oriental, a resistência tomou a forma de guerra de guerrilhas € de
sabotagem. Em agosto de 1944, guando as forcas soviéticas se aproximavam de
Varsévia, os poloneses realizaram uma revolta de grandes proporg6es contra OS
oEUpantes nazistas. Apelaram entio para a ajuda dos soviéticos, gue €stavamm
A civilizacio ocidental em crise 621

Pe ns an do nu ma fut ura Pol êni a do mi na da pel a


,campados a 15 guilêmetros. s, o gué€
De po is de 63 dia s de lut a nas rua
Rissia, OS soviéticos nao se mexeram. s de st ruiram
pol onê s ren deu -se , € os al em ae
restava do movimento de resistência ias ce nt en as de mil hares
OS res ist ent es so ma va m vér
Varsêvia. Na Uniao Goviética, ra m as est rad as
an do atr 4s das lin has ale mas , sa bo ta
de homens € mulheres. Oper em ata-
ra m dez ena s de so ld ad os ini mig os,
de Ferro, destruiram caminhêes e mata um terreno €X-
As mo nt an ha s e flo res tas da Tug osl évi a co ns tituiram
gues rApidos. de res ist ênc ia toi
exé rci co jug osl avo
celente para a guerra de guerrilha. O principal co mo Tit o. Treinado
80 ), mai s co nh ec id o
comandado por Josip Broz (1892-19 os res ist ent es nu ma forga de
cor ajo so, 'Ti co or ga ni zo u
em Moscou, inteligente e al em ao e aca-
ev e oc up ad o um en or me exé rci to
-ombare disciplinada gue mant
bou libertando o pais do jugo germênico. ist ênc ia. De po is do de-
era m mo vi me nt os de res
T4lia e Alemanha também tiv ita lia nos aju da-
194 3, gr up os de res ist ent es
sembargue dos Aljados na Irdlia em Al em an ha , ofi cia is do
e da oc up ag ao ale ma. Na
am a libertar o pafs do fascismo 4, o cor one l Cla us
Fii hre r. A 20 de jul ho de 194
..ército tramaram o assassinato do ava um a co nt er én -
mb a na sal a em gue se rea liz
von Stauffenberg colocou uma bo fe ri me nt os sér los .
ga de Hi er , gue nao sof reu
sa do estado-maior, com a presen ur ad os € exe cur a-
zis tas sus pei tos fo ra m to rt
Em represdlia, cerca de 5 mil antina
dos de maneira excepcionalmente cruel.

O refluxo da maré
na va a Eu ro pa , seu ali ado , o Ja pi o, es te nd ia seu
Enguanto a Alemanha domi me rc ad os segu-
Asi a. Bu sc an do ma té ri as -p ri ma s e
dominio sobre virias dreas da xe né fo bo , o Ja-
ne se s, € mo ti va do por um na ci on al is mo
ros para os produtos japo pi da men-
Ma nc hi ri a, no no rt e da Ch in a. Oc up an do ra
pa0 atacara, em 1931, a o, em 19 32 . De -
o Es ta do -t te re do Ma nc hu cu
tea provincia, os japonEs€S criaram 1937. O
gua , a gu er ra co nt ra a Ch in a foi re no va da em ju lh o de
pois de uma tré
rt an te s, in cl us iv e os pr in ci pa is po rt os ch ineses, € 1m-
Japao ocupou cidades impo o go verno de
l or ga ni za da s for gas ch in es as , ob ri ga nd o
pês pesadas baixas a ma erior.
sh ek a rer ira r-s e par a Tc ho ng -K in g no int
Chang Ka i-

A guerra no Pacifico
e es ta nd o a In gl at er ra lu ta nd o sozinha
Franca
Em 1940, depois da derrota da Asia — In-
Al em an ha na zi st a, 9 Ja pi o vo lt ou os ol ho s pa ra o sudeste da
contra a nt ai s ho la nd es as .
it ên ic as e as In di as Or ie
dochina francesa, Birmênta € Maldsia br e es ta nh o, vi ta lm en te ne ce ss êr io s a
ac ha
Esperava obter dessas dreas petréleo, borr ha va gu e um
fi ci en te pa ra al im en ta r a na gë o. O Ja pa o ac
sua industria, € afrOZ su o ra
golpe rapido contra a frora norte-americana no Pacifico lhe daria temp pa
ia r € co ns ol id ar s€ u im pé ri o. A 7 de de ze mb ro de 19 41 , os ja po ne ses ataca-
ampl
Ki

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OCEANO PA£TFICO
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Paiwan
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I * Midway 1942
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Okinawa
ys : lihas Ha valanas
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Guadalcanal
1942
OCEANO INDICO
M . -]

Brisbane

—— — EE

II Guerra Mundial: o teatro do Pacifi


co
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io]
eh hy

Fa t vat
623
bre

A eiviliaacio ocidental em crise

po rt a- av i6 es . T o m a d o s de
Ha va l, c o m av ië es la nc ad os de
am Pearl Harbor, no u m a de rr ot a to ta l: 17 na vi os fo ra m af un -
am er ic an os so fr er am
surpresas OS norte- guerra ; 18 8 av ië es fo ra m de st ru id os e ou-
se te do s o1 co na vl os de

,
dadoS, : nc lu si ve rderam ape”
ja po ne se s p e
s fo ra m mo rt os . OS

Es
vos 159 danificados; e 2 403 hom e n
gu er ra aos

ET Er
or , a A l e m a n h a de cl ar ou
is do at ag ue a Pearl Harb

MR TE DRR
nas 29 av ië es . De po ic an a po de ri a
ca pa ci da de in du st ri al no rt e- am er
Fstados Un id os . Ag or a a im en sa
Ja pao.

AAS
— A l e m a n h a , It dl ia e
ra OS pa fs es do Éixo po né s in -

EE
se r us ad a co nt nc en do . O im pé ri o ja
a de 19 42 , es se s pa ls es es ta vam ve
av er

WEERDE N oe RNENSE GV ef EE a
Na prim Bi rm ên ia , a Ma ld si a e as fn di as
Ch in a, a In do ch in a, ,' Ta il ên dia, a
dufa a costa da has do Pa ci fi co . A A l e m a n h a co nt ro -
nd es as , as Fi li pi na s e ou tr as il
Orientais hola o o an o te rm in ou , Po ré m, OS Al ia-
du as e du e at é M o s c o u . Ouand
lava a Europa si va s — M i d w a y , St al in gr ado e€
am ce rt os da vi té ri a. Tr és batalhas deci
dos pareci
a vo lt a da ma ré .

T
o v o c a r a m

& ROELF
El-Alamein — p r ra M i d w a y ,

MEE
ci pa l da frota ja po ne sa di ri gi u- se pa
Em junh o de 19 42 , o co rp o pr in u m o u
l Ha rbor ; a ou tr a pa rt e da fr ot a r
17 00 k m a no ro es té de Pe ar
, cerca de r a fror a no rt e- am er ic an a. M a s os no rt e-
eu ta s, n u m a ve nt at iv a de di vi di
para as Al po nê s e ti nh am c o n h e c i m e n t o do
n o s ha vi am de ci fr ad o o cé di go na val ja
. perica ma ri nh as tr av ar am U m a ba ta lh a na va l
4 de ju nh o de 19 42 , as du as
plano. A de av ië es ba se ad os em po rt a- av i6es,
dio

Ts
ex dl us iv am en te po r n t e r m é

Mei
guase gu e ar em S€ us gr an de s ca nh êes.
it o di st an te s u m a da outr a pa ra us
pois es ta va m mu ca rr eg ad os de av ië es. A
er ic an os de st ru irtam 4 po rr a- av i6 es
Os pi lo to s no rt e- am m o ac el er am en to
ao Ja pa o a in ic iativa da gu er ra . C o
batalha de M i d w a y ro ub ou i t é r i a ja po -
ic an a, a oportu ni da de pa ra u m a v
da produc ao in du st ri al no rt e- am er
nesa havia passado.

xo
A derrota das potêncus do Fi
sc ou , €m de ze mb ro de 19 41 ,
is de se re m de ti do s na s vi zi nh an ga s de Mo
Depo a e ve ra o de 19 42 . O ob je ti vo de
primav er
os alemaes renovaram sua ofensiva na za do As ma rg en s do ri o
o, o gr an de ce nt ro indust ri al lo ca li
Hi de r er a St al in gr ad um a re de fe r-
ad o da ri a 3 Al em an ha o co ma nd o de
Volga; o co nt ro le de St al in gr gu al so ld a-
alingr ad o foi um a lu ta ép ic a, na
rovikria fundamental. A baralha de St fc io e rua da cidade. Os remanescentes do
ru ss os di sp ut ar am ca da ed if
dos e civis . Ce rc a de 26 0 mil sol-
em fe ve re ir o de 19 43
Sexto Exército alemao renderam-se in gr ad o, e ou tr os 11 0 mi l fo ra m fe i-
dados alemZes pereceram na bata lh a de St al
tos prisioneiros. ot an do os it al ia no s no no rte da
Em janeiro de 1941, os in gl es es es ta va m de rr
wi n Ro mm el (1 89 1- 19 44 ) a ta re fa de de te r o avan-
Africa. Hider deu ao general Er ss e bo ns re fo rc os ,
gl es es da Li bi a e, se ti ve
co britanico. Rommel expulsou os in m,
de ri a te r oc up ad o o Eg it o eo ca na l de Su ez . A pr eo cu pa gi o de Hitler, poré
po os de
era tomar a Jugoslévla €2 Gréc ia € preparar a invas3o da Russia. Em principi
co , pr et en de nd o co ng ui st ar o Eg it o. O Oi tavo
1942, Rommel retomou 9 avan go me ry , o de teve
ge ne ra l Be rn ar d L. Mo nt
Exército briténico comandado pelo lu -se a inva-
br o de 19 42 . A es sa vi té ri a se gu
na baralha de El-Alamein, €m outu

EP
624 Givilizacio ocidental

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Hiroshima apés a bomba atêmica. A total destruic&o de Hiroshima prenunciou uma nova
Cpoca. As armas nucleares deram & humanidade a capacidade de destruir a civilizacao.
The Bettmann Archive

sao anglo-americana do noroeste da Africa, em novembro de 1942. Em maio de


1943, os alemaes e italianos foram derrotados no norte da Africa.
Depois de garantir o norte da Africa, os Aliados procuraram completar o con-
trole do Mediterrineo, invadindo a Sicilia, em junho de 1943, e conguistando
rapidamente a ilha. Os lideres fascistas italianos voltaram-se contra Mussolini, €
o rei o demitiu do cargo de primeiro-ministro. Em setembro, o novo governo
rendeu-se aos Aliados e, no mês seguinte, a Irdlia declarou guerra & Alemanha.
Os anrtifascistas italianos, cujo nimero havia-se elevado para 300 mil, resistiram
as tropas de ocupagao alemas, gue estavam dispostas a manter-se na Ir4lia central
e setentrional. Ao mesmo tempo, os Aliados avancaram para a peninsula. Apri-
sionado pelos resistentes, Mussolini foi executado (28 de abril de 1945) e seu
corpo, pendurado de cabega para baixo, foi exibido publicamente.
A 6 de junho de 1944 — o Dia D —, os Aliados desembarcaram na Normandia,
na Franga. Haviam reunido forca macica para a invasao: 2 milh6es de homens €
) mil navios. O sucesso do Dia D dependia da conguista das praias e da marcha
para o interior, o gue os Aliados fizeram apesar da grande resistência alema em
certos pontos. Em ins de julho, os Aljados haviam consolidado sua posigio na
Fran€a com 1,5 milhao de homens. Em meados de agosto, Paris levantou-se Con-
tra a ocupagao alema, libertando-se logo em seguida.

. EE i et ;
A civilizacio ocidental em crise 625

€a o do inv ern o, a sit ua€ ëo par eci a des esp era dor a par a os ale-
Com a aproxi ma
uér pia for am to ma da s pel os Ali ados; aviëes aliados bombar-
maes. Bru xel as e Ant
liz ava m bo mb ar de io s em mas sa nas cid ade s ale -
deavam as fébricas alemas e rea Hir ler ten -
gue cus tou nu me ro sa s vid as. Des esp era do,
mas, numa tarica de terror
br a. Em me ad os de de ze mb ro de 194 4, lancou uma ofen-
rou uma Glima mano uérpia. Os
siva para dividir as forcas aliadas e reconguistar o porto vital de Ant
s de sur pre sa, mas a her 6ic a res ist énc ia dos nor te- ame ric a-
Aljados foram tomado
tog ne con tev e a ofe nsi va ale ma. En gu an to os Ali ado s av an ga va m no
hos em Bas
Va m $Ua ma rc ha no lest e, ap ro xi ma nd o- se dos Est ado s
oeste, OS TUSSOS CONtINUA
a € da Hun gri a. Em fev ere iro de 194 5, ch eg ar am a 150 guilê-
balticos, da Polêni
metros de Berlim.
de 194 5, tro pas nor te- ame ric ana s, ing les as € rus sas en tr av am na Ale-
Em abril
nh a pel o les te e oes te. Em seu abr igo sub ter rin eo, pr éx im o da chancelaria em
ma
men te esg ota do e ama rgu rad o, ent reg ava -se a fan ras ias alu ci-
Berlim, Hitler, fisica
vit éri as ale mas . A 30 de abr il de 194 5, co m OS rus sos a um a
vadas sobre novas
gua rte irê es, o Fii hre r sui cid ou- se. A 7 de mai o de 194 5, a
distência de alguns
.
Alemanha, abatida e devastada, rendeu-se incondicionalmente
Pac ifi co, dep ois da vit éri a de Mi dw ay , em jun ho de 194 2, as forgas norte-
No
as ilh as est rat égi cas ocu pad as pel o Jap ao. Sol dad os nor te- ame -
,mericanas atacaram

EURO
de abr ir ca mi nh o nas pra ias e sel vas te na zm en te def end ida s pel os

EE OE N
Hicanos tiveram

MERE
gue ac ha va m a mor t€ pre fer ive l 3 des gra ga da ren dig &o. Em ma rgo de
japoneses,
21 mil jap one ses per ece ram em Iwo Jim a; out ros 100 mil morreram em
1945,

RT
in aw a, em abr il de 194 5, dis pur and o cad a pal mo de ter ra da ilha.
Ok

AE
de 194 5, os Est ado s Uni dos lan gar am um a bo mb a atémica $O-
A 6 de agosto

a E
ima , ma ta nd o mai s de 78 mil pes soa s € des tru ind o 60 % da cidade. O

al BE GEEREER. ' o
bre Hir osh
ou due é ord eno u o ata gue a fim de evi tar um a inv asa o
presidente Truman dedlar

oge
tad o cen ten as de mil har es de vid as. A dec is& o de Tr um an

rg
do Japzo, o gue teria cus bom-
enorme polêmica. Alguns analistas afirmam aue o langamento da

EL EEN
suscitou

ge. “Rg he.


Diz em eles due o Jap ao, pri vad o de pet rél eo, arr oz € outros
ba era desnecessêrio.

om om des
s por um blo gue io nav al nor te- ame ric ano , e ind efe so contra os
produtos essenciai
OE
bom bar dei os aére os, esta va pres tes a s€ ren der e jd dem ons trava isso.
incessantes AR

ëo Sov iét ica esta va para €nt raf no con fli to con tra o Jap ao, sugeriu-se
EE

Como a Uni
gue rra ime dia tam ent e, pri van do ass im a URS S da
EE

gue Truman desejo u ter min ar a


er sua inf luê nci a no lest e da Asia . A 8 de ago sto , a Rus sia
oportunidade de estend
. Depois do langamento
entrou na guerra contra Oo Japao, invadindoa Manchiria
seg und a bom ba aré mic a em Nag asa ki, a 9 de ago sto , os japoneses pedi-
de uma
ram a paz.

G u e r r a M u n d i a l
O legado da II
dia l foi a mai s des tru tiv a da his tér ia. As est imartivas do ni-
A IT Guerra Mun
bem a 50 milhêes, indEsluindo 20 milhêes de russos, gue sacri-
mero de mortos SO
co € recuIrsos mareriais, mas do gue os outros participantes
ficaram, em popula
626 Givilizacio oridental

A guerra provocou uma Enorme migragao de povos, sem paralelo na histéria eu.
ropéia moderna. A Uniao Soviética anexou as
terras bélticas da Leténia, LituAn;
e Esténia, deport
ando pela forca muitos dos habitantes para a Riss
maior parte da Pruissia oriental foi ocupada pela ia central A
Polênia, ea Rissia anexou
par te leste. Milh6es de alemaes fugiram, ou foram ex
pulsos, da Prissia, de ie
giëes da Tchecosloviguia, Romênia, Tugosldvia e
Hungria, onde seus ancestrais
haviam vivido durante séculos. Os custos materiais fora
m €Spanrtosos. Por tod;
parte, cidades estavam em ruinas; pontes, sistemas ferrov
idrios, vias Huviais e por-
tos destruidos; terras agricolas devastadas, gado morto
e minas de Carvio desaba-
das. Pessoas sem lar e famintas vagavam pelas ruas e estrad
as. A Europa enfrentou
uma gl gantesca tarefa de reconstrug&o. Recuperou-se, porém, é com su
rpreenden-
te rapidez, de sua desgraca material.
A guerra provocou uma modificacio nas estruturas de pode
r. Os Estados Uni-
dos ea Unido Soviética surgiram como os dois mais pode
rosos Estados do mun-
do. As grandes potências tradicionais — Inglaterra, Franga e Aleman
ha — foram
obscurecidas por essas superpotëncias. Os Estados Unidos tinham a bo
mba atê-
mica € um imenso poderio industrial; a Uniëo Soviética tinha o ma
ior exército
do mundo e estendia seu dominio & Europa oriental. Com a Alemanha der
rota-
da, o principal incentivo para a cooperacio soviético-americana desaparecera
.
Enguanto a 1 Guerra Mundial foi seguida de uma intensificacad das paixêes
nacionalistas, depois da II Guerra os europeus ocidentais tenderam para a coope-
ragao ea unidade. O perfodo hiderista convencera muitos europeus dos perigos
inerentes ao nacionalismo extremado, e o medo da Uniëo Soviética fortificou a
necessidade de maior cooperacao.
A Guerra Mundial acelerou a desintegragao dos impérios europeus de além-
mar. Os Estados europeus nao poderiam justificar o dominio de africanos e asid-
ricos depois de terem lutado para libertar as terras européias do imperialismo ale-
mao. Nem poderiam pedir a seus povos, esgotados pelo periodo de Hitler e em-
penhados com todas as forgas na reconstrug#o, gue travassem novas guerras con-
tra os africanos e asidticos gue desejavam a independência. Imediatamente de-
pois da guerra, a Gra-Bretanha abriu mao da fndia, a Franca deixou o Libano ea
Sfria e os holandeses partiram da Indonésia. Nas décadas de 1950 e 1960, prati-
camente todos os territérios coloniais conguistaram a independência. Nos Casos
em due a potência colonial resistiu 3 independência desejada pela colênia, o
prego foi o derramamento de sangue.
A consciëncia da Europa, profundamente atingida pela 1 Guerra Mundial, foi,
mais uma vez, gravemente ferida. As teorias racjais nazistas mostraram gue numa
era de ciëncia sofisticada, a mente continua atrafda por Crenas irracionais € ima-
gens miticas. As atrocidades nazistas revelaram gue o homem torturara e marard
com zelo religioso e uma indiferenca maguinal. O atague nazista 4 razao € 3 li-
berdade demonstrou novamente a precariedade da civilizaco ocidenrtal.
Fsse arague para sempre langaria dividas sobrea concepcio iluminista da bon-
ie dade e da racionalidade secular humanas€ do progresso da civilizagio mediante
Ee O$ avangos cientdficos e tecnolégicos. Ele corrobora o ponto de vista sustentado
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A civilizario ocidental em crise 627

or Walter Lippmann de gue “os homens foram b4rbaros por mais tempo do gue
foram civilizados. Sao apenas precariamente civilizados, e dentro de nés existe a
persi stent e como a forca da gravi dade, a retor nar, guan do sob pressao
propensao,
tenta gao, 3 nossa natur eza prim itiv ”.
a 'Tant o a tradi gao crista guan-
é tensio, Ou
to a iluminista fracassaram no Ocidente.
Alguns intelectuais, chocados com a irracionalidade e os horrores da era hitle-
deses pero. Para esses pensa dores , a vida era absur da, sem signift-
rista, Cairam em
cado; os seres humanos nao eram capazes de compreendê-la nem controld-la. Em
1945, somente os ingênuos consegulam ter fé no progresso continuo ou acredi-
ade essen cial do indiv iduo. O futur o visl umbr ado pelos philo sophe s
ar na bond
mais dista nte do gue nunca . Cont udo, essa prof unda desil usao foi tem-
parecia
o tota-
perada pela esperanga. A democracia tinha, com efeito, prevalecido sobre
ismo e o terro r nazis tas. 'Talve z entao as insti tuicê es e os valor es democrdticos
|itar
se espalhassem pelo globo , ea recé m-fu ndad a Orga niza g3o das Nag6 es Unid as
conseguisse promover a paz mundial.

Notas

]. Pierre Renouvin. World War IT and ls Ori- 6. Citado em Steven T. Katz. “Technology
gins. Nova York, Harper &c Row, 1969, and Genocide: Technology as a Form of
p. 167. Life”, in Echoes from the Holocaust, org.
2. Documents on German Foreign Policy 1918- por Alan Rosenberg e Gerald E. Meyers.
1945, vol. 6. Londres, Her Majesty's Sta- Filadelfia, Temple University Press, 1988,
tionery Office, 1956, série D. n* 433. p. 281.
3. Winston S. Churchill. 7he Second World 7. Rainer C. Baum. “Holocaust: Moral In-
War: Their Finest Hour. Boston, Hough- difference as the Form of Modern Evil”, in
ton Mifflin, 1949, v. 2, pp. 225-26. Echoes from the Holocaust, org. por Ro-
4. Judith Sternberg Newman. In the Hell of senberg e Meyers, p. 83.
Auscbuwite. Nova York, Exposition, 1964, 8. Robert Jay Lifton. 7he Nazi Doctors. No-
p. 18. va York, Basic Books, 1968, p. 5.
S. Konnilyn G. Feig. Hitters Death Camps. 9. Walcer Lippmann. 7he Public Philosophy.
Nova York, Holmes &c Meier, 1979, p. 37. Boston, Lite Brown, 1955, p. 86.

Sugestêes de leitura
Adams, R. ]. O. Brits Politics and Foreign Bauer, Yehuda. A History of he Holocaust
Policy in the Age of Appeasement, 1935- (1982). Estudo de peso.
1939 (1993). A natureza, 9 prop6sito eo Baumont, Maurice. 7he Origins of the Second
significado do apaziguamenro: Wor ld War (1978). Obra concisa de auto-
Ambrose, Stephen E. D-Day (1994). Basea- ria de um ilustre erudito francês.
do em histérias contadas por pessoas due Bell, P M.H. 7e Origins of the Second World
, War in Europe (1986). Pesguisa inteligente.
Hitler Army (1992). Exce- (Calvocoressi, Peter, e€ Guy Wint. Zotal War
Bartow, Omer.
egio dos sol-
doutrina
lente material soa br (1972). Bom relato sobre a II Guerra
dados alemaes. Mundial.
628 Givilizacio ocidental

Hildebrand, Klaus. 7he Foreign Policy of the Michel, Henri. The Second World War, 2 vol
Third Reich (1973). Breve avaliacso da (1975). Traducëo de u
m IMportante EStu-
politica externa nazista. do re alizado Por um proemi
Keegan, John. 7e Second World War (1989). nente histo-
riador francês.
Pesguisa recente realizada por um impor- Remak, Joachim. The Or; NS
0
tante historiador militar. World War (1976). ik ie ACOMPa-
ed
Marrus, Michael R. 7e Holocaust in History nhado de documentos.
dril,

(1987). Excelente resumo das principais Wiesel, Elie. Night (1960). C


guestêes € problemas. omovente rela-
to pessoal do Holocausto.

(uestoes de revisao

1. Cuais eram os objetivos da polftica externa 5. Descreva a Nova Ordem gu€ OS


nazistas es-
de Hier? tabeleceram na Europa.
2. Por gue Inglaterra e Franga praticaram uma 6. Na sua opiniao, o gue represento
u o Ho.
politica de apaziguamento? locausto para a civilizac&o ocidentap E para
3. Discuta o significado de cada um dos se- os judeus, cristaos e alemies?
guintes episédios: invasio da Eriëpia pela 7. Discuta o significado de cada uma das se-
Ic4lia (1935); remilitarizacaio da Renênia guintes baralhas: Midway (1942): Stalin-
pela Alemanha (1936): Guerra Civil espa- grado (1942-43); El-Alamein (1942) eo
nhola (1936-1939); uniso da Alemanha Dia D (1944).
com a Austria (1938); ocupagao de Praga 8. Cual foi o legado da IT Guerra Mundial?
(1939); pacto nazi-soviético (1939).
4. Oue fatores possibilitaram a ripida capitu-
lagao da Franca?
# PARTE SEIS
O mundo contempordineo

ad e na pra ga Tiananmen, 1989 AP/Wide World Photos


Estirua da Li be rd
POLITICA E SOCIEDADE PENSAMENTOE (CUITURA

1940 Acordo de lalta (1945) Wiener, Cibernética (1948)


Fundam-se as Nacêes Unidas (1945) Orwell, 19841 (1949)
Plano Marshall para a recuperag3o De Beauvoir, O segundo sexo (] 949)
européia (1947)
Nasce o Estado de Israel (1948)
Cria-se a Organizac3o do Tratado
do Atlêntico Norte - OTAN (1949)
Divisao da Alemanha (1949)
Triunfo do comunismo na China (1949)

1950 Guerra da Coréia (1950-1953) Camus, 7he Rebel (1951)


Derrota francesa na Indochina (1954) Descoberta do DNA por Crick
Funda-se a Comunidade Econêmica e Watson (1951-1953)
Européia - CEE (1957) Ellul, A sociedade tecnoldgica (1954)
É lancado o Sputnik: comeca a era Chomsky, Estruiuras sintdticas (1957)
espacial (1957) Snow, As duas culturas € a Revolucio
Gientifica (1959)
Foucault, Loucura e civilizario (1961)

1960 Construcio do muro de Berlim (1961) Fanon, 7he Wretched of te Earth


Crise dos misseis em Cuba (1962) (1961)
Guerra do Vietna (1963-1973) Papa Joao JOXTIT, Pacem Terris
Revolucio Cultural do Grande Proletariado (Paz na Terra, 1963)
na China (1966-76) MclLuhan, Understanding Media
(1964)
Levi-Strauss, O pesamento selvagem
(1966)

1970 Dérentenas relac6es entre Oriente Rawls, Uma teoria da justiga (1971)
e Ocidente (década de 70) Soljenftsin, Arguiplélago Gulag
Acordos de Helsingue (1975) (1974-1978)
Uniëo Soviética invade Afeganistao (1979)

1980 Guerra Ira-Irague (1980-1988) Gorbachev, Perestroika (1987)


Gorbachev torna-se lider da Uniio
Soviérica (1985)
Explosio da usina nuclear em Chernobyl
(1986)
Uniao Soviética retira-se do Afeganistao
(1988)
Derrota pacifica dos governos comunistas
da Europa oriental (1989)
Cai o muro de Berlim

1990 Reunificagso da Alemanha (1990)


dia
Carta de Paris para uma Nova Europa (1990)
Guerra do Golfo (1991)
Golpe fracassado contra Gorbachev pêe
fim ao Partido Comunista Soviético (1991)

-
EA AE
s CAPITULO 22
O Ocidente numa era global

Mu nd ia l, Wi ns to n Ch ur ch il l de sc re ve u a Eu ro pa

FR ER
o final da TT Guerra io par a a
um ter ren o pr op ic

wed h Re
um oss u4r io,

eg NE
como “uma pilha de ent ulh o,
6d io`. Mi lh êe s de pes soa s ha vi am mo rr id o. A ind dstria,
pestilência e 6

vieoe DR Er EE
es es ta va m pr at ic am en te par ali sad os; po n-
o transporte e as comunicag6 Pes soa s em a-
fér tei s ha vi am sid o ar ru in ad os .
tes, canais, digues e terras

eek ER RE, Mma


n ed
sc ul ha va m ent re os es co mb ro s e tr oc av am seu s ob-
ciadas e maltrapilhas va
jetos de valor por comida. ao pe rs eguirem
ao me io , poi s,

vink N
A Europa estava po li ti ca me nt e div idi da

| Ga Ed as EE
sov iét ica s ha vi am at ra ve ss ad o a Eu ro pa
os exércitos de Hitler, as tropas pa de-
agd o da Al em an ha . O fut uro da Eu ro
oriental € penetrado no cor

sk EE,
ses — Es ta do s Un id os e Un ië o So vi éd ca —, due
pendia agora de dois pai exaurida

LE
ma pe no sa gue rra fri a. A Un ia o Sov iér ica ,
logo se envolveram nu

ENORME
nd ia l e ans ios a gu an to & se gu ra ng a, im pê s sua rigida
pela TT Guerra Mu Unidos, prati-
os Es ta do s

am
tradicao ditatoria l ao les te eu ro pe u, €n du an to
rra , es te nd er am o ben efi cio de sua ri gu ez a e
camente intocados pela gue
rec ons tru ir a Eu ro pa oci den tal . Da f em diante, os
poder para ajudar a
her dei ros e gu ar di ëe s da tra dig ao oci -
Fstados Unidos emergiram cComo ri o dir eit o. *
pol iti co gue co ng ui st ar a seu pr ép
dental, um gigante

A guerra fria
pe lo fi na nc is ta no rt e- am er ic an o Be rn ar d
A guerra fria (expressêo cunhada rg en te s e da s in co mp at i-
Baruch em 1947) derivo u de ex pe ri ën ci as hi st ér ic as di ve
e da Un ië o So vi ér ic a, gu e se ch oc ar am
os
veis ambicées polidcas dos Estados Unid fo rm a. Du ra nt e a gu er -
co u a to ma r
de frente guando a noV2 ordem global come fo ra m of us ca da s,
en tr e o Oc id en te e a UR SS
ra, as disparidades fundamentais u, as diferencas entre as instituicêes e
o comu m desap arece
mas, guando o perig
pol iri cas om ar e” de no vo a frente.
ideologias da Eu ro pa ori ent al, o de st ino
rcito Vermelho avangou atr avé s
Ouando o Fyéiso pendeu na balanga. O acordo de alta, em fevereiro de 1945,
dos povos da reg
e Sta lin no sol o nar al des te ul ti mo , na pe ni n-
assinado por Roosevelt, Churchill ili bri o de pod er mili tar pre-
sula da Criméi as con ver teu em arra njo poli tico o egu
631
632 Givilizatdo ocidental

sedes | 2 C ———
: f Territério perdido pela Alemanha ET Rd l Ms
||
lm EE
Paises comunistas
Cortina de ferro ap6s 1950
SUËCIA i rd AR
|| Membros da OTAN
Me SE
EStocolmo ,.—T
Paises ocidentais nao aliados
Membros do Mercado |
Comum original )
Lu Membros do Mercado F #
Comum m p posterior : Incorporado 3
URSS, 1948
Gdansk

Be
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9 200 40 nd JAlemanha Oridgeal ye
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400 Mi ; GEN
f tabelecidaem 1949
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ee Mar Mediterréneo
Gibraltar (Gr.Br.)
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)
7
Mapa 22.1 Europa ocidental apés 1945

dominante. A posigéo dos norte-americanos nas negociag6es de Ialta foi enfrague-


cida pela suposigëo de gue a vitéria sobre o Japao dependeria da aj uda soviética.
As promessas de eleig6es livres na Europa oriental sob dominio soviérico nao fo-
ram mantidas. |
Sempre preocupado com a seguranga das fronteiras ocidentais da Rissia, Stalin
tentou reunir os pafses do leste europeu numa zona-tampio gue servisse de pro”
Ë
|
t
Es
ig contra atagues vindos do Ocidente. Os aliados ocidentais, avancando do Adên-
O mundo contempordneo 633

Cronologia 22.1 * A Europa apêés 1945

1945 Criagao da Organizacio das Nacêes Unidas; o leste europeu é


ocupado pelo Exército Vermelho.
1947 Comega a guerra fria; tem intcio o Plano Marshall.

1948 Stalinizacio do leste europeu; a Tugoslévia de Tito rompe com a


Uniëo Soviética.
1949 Forma-se a OTAN.

1953 Morre Stalin.

1956 Discurso secreto de Kruschev sobre os crimes de Stalin; outubro


polonês; o levante na Hungria é esmagado.
1957 É lancado o Sputnik: tem intcio a era espacial; forma-se a CEE.
1961 É construido o muro de Berlim, dividindo a cidade.

1962 (Crise dos misseis cubanos.

1963-1973 Guerra do Vietna.

1964 Kruschev é deposto; Brejnev e Kossiguin sio empossados como


lideres na URSS.
1968 “Primavera de Praga” na Tchecoslovéguia: o “socialismo com fei-
c6es humanas” de Dubcek.
1971 Détente nas relac6es entre Ocidente e Oriente.
1979 A Uniëo Soviética invade o Afeganistao.
1980 É fundado na Polênia o sindicato Solidariedade.

1982 Brejnev morre e é sucedido por Andropov (m. 1984) e Chernenko


(m. 1985).
1985 Gorbachev torna-se lider da URSS.
A Uniëo Soviética retira-se do Afeganistao.
1988
Ano de libertac&o na Europa oriental.
1989
1990
Reunificagio da Alemanha; Carta de Paris para uma Nova
Europa: fim oficial da guerra fria.
Colapso da URSS.
1991
634 Givilizacio ocidental

tico contra os exércitos de Hitler, nao estavam em posicio de im


pedir Stalin de
agir como desejasse. GJuando o Exército Vermelho abriu caminh o na batalha
em
direcëo ao oeste, em 1944-45, os comunistas do leste “Uropeu, treinados na Unige
Soviética, aderiram. Os Estados b4lticos (Lituênia, Letênia
€ Estênia), domina-
dos ap6s o pacto nazi-soviético de 1939 e mais tarde tomados por
Hitler, foram
reincorporados & Uniao Soviética como “republicas socjialistas SOviéticas”., Em
outros lugares, Stalin respeitou, pelo menos aparentemente, a soberania dos pal-
ses ocupados, governando através dos comunistas locais reempossados
e de
gualsguer Outros simpatizantes gue pudesse encontrar. Na zona alema
Ocupada
pelos soviéticos, Stalin manobrou para estabelecer um SOVerno comunista.
Essa
4rea tornou-se a Republica Democr4tica Alema, enguanto as trés outras ZOnas
se
reuniram para formar a democrdtica Republica Federal da Alemanha. Para
as
populagées locais e seus simpatizantes nas nacêes da Europa ocidental € nos Es-
tados Unidos, a ocupag&o soviética do leste europeu foi uma calamidade. Mas,
sem condig6es de iniciar outra guerra, os pafses do Ocidente estavam impotentes
para intervir. Durante os 45 anos gue se seguiram, as duas partes do continente
— Europa oriental e Europa ocidental — irjam constituir dois campos de ideolo-
glas antagOnicas, a cComunista e a anticomunista.
Por volra de 1948, as terras do leste europeu tornaram-se satélites soviëticos.
Os regimes titeres nivelaram as classes anteriormente privilegiadas, socializarama
economia e implementaram planos r4pidos para a industrializacio e a coletiviza-
630 da agricultura. A religiso e as igrejas foram reprimidas, e extinguiu-se a liber-
dade politica e de expressio. Nem mesmo as “massas proletdrias” obtiveram mui-
tos beneficios da revoluc&o artificial engendrada por Moscou, pois Stalin drenou
os recursos da Europa oriental a fim de reconstruir a Unido Soviética. O contato
com a Europa ocidental ou com os Estados Unidos foi proibido. Cada pais saté-
lite existia isoladamenrte; suas fronteiras foram fortificadas por arames farpadose
a paisagem foi cortada por torres de vigias instaladas ao longo de corredores mi-
nados. O medo invadiu todas as casas e individuos, enguanto peguenos Salins
imitavam o estilo de seu mentor em Berlim oriental, Varsévia, Praga, Budapeste,
Séfla e Bucareste. Todos os partidos comunistas (guaisguer gue fossem seus no-
mes) eram orientados por Moscou, e tropas soviéticas foram estrategicamente e$-
tacionadas na drea.
Uma exceg3o a essa tendência foi a lugosldvia, liderada pelo combarivo mare-
chal 'Tito, gue se tornou um simbolo de desafio a Stalin. Durante a I] Guerra
Mundial, ele liderara o movimento de resistência jugoslavo contra a ocupaGao
nazista. Comunista convicto, Tito era também um patriota jugoslavo compro-
metido com a reconstrugëo e unificacso de seu pais. Assim, a Jugosldvia escapoU
3 OCUpagao soviérica. Apoiado por seu partido e pelo povo, o marechal conduziu
seu pais rumo & independência.

Mapa 22.2 Europa orienral ap0s 1945


635
O mundo contempordneo

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636 Civilizacio ocidental

Agravamento das tensbes


Mais além, no Mediterrêneo oriental, suspeitou-se gue Stalin estivesse ajudan-
do as guerrilhas comunistas na guerra civil grega de 1946-47. As guerrilhas foram
apoiadas pelos paises vizinhos sob regime soviético, como Albênia e Bulgdria, e
pela Jugosl#via. A influência de Stalin sobre o curso da guerra foi minima. na VER
dade; no entanto, ele reivindicou o estreito de Constantinopla e prolongou inde-
vidamente a ocupa€ao soviética do norte do Ir3 durante a guerra.
Em margo de 1947, temendo a penetrac&o soviética no MediterrêAneo Oriental
e ciente da fragilidade da Inglaterra nessa regiëo, o presidente Harry $. Truman
promulgou a Doutrina Truman: “Os Estados Unidos devem ter como politica
apoiar os povos livres gue estejam resistindo as tentativas de subjugagëo por parte
de minorias armadas ou de pressêes externas”. A Doutrina Truman foia peca
central da nova politica de coztengio — de manter o poder soviético dentro de
suas fronteiras entao atuais. Os Estados Unidos logo forneceram apoio militare
econêmico & Grécia e Turdguia, e a politica externa norte-americana sofreu uma
profunda inversao: o isolamento anterior & guerra deu lugar a uma vigilência
mundial contra gualguer esforgo soviético de expanso. Em junho de 1947, os
Estados Unidos deram outro passo rumo ao fortalecimento do Ocidente. O se-
cretdrio de Estado George C. Marshall anunciou um formidével programa de au-
xilio econêmico & Europa. O programa, formalmente denominado Programa de
Recuperac&o Européia, ficou mundialmente conhecido como Plano Marshall.
Entre 1947 e 1951, a Europa recebeu uma ajuda de mais de 12 bilhêes de déla-
res — um modesto investimento se comparado com o indice subsegiiente de au-
mento da prosperidade nos Estados Unidos, no ocidente europeu e mesmo no
mundo. A Europa ocidental recuperou-se, e os Estados Unidos ganharam aliados
e parceiros comerciais economicamente fortes.
Essas medidas foram acompanhadas por uma maciga mobilizagao ideol6gica
da opiniëo piblica norte-americana contra o comunismo e por uma nova apreen-
so guanto 3 seguranca nacional. Como resultado, as forgas armadas e as indus-
trias de defesa gue as sustentavam — 0 “complexo militar-industrial, nas palavras
do presidente Dwight D. Eisenhower — ganharam um poder politco sem prece-
dentes nos Estados Unidos.
Entre junho de 1948 e maio de 1949, teve lugar uma prova espetacular entre
as duas superpotências, depois gue as autoridades soviéticas fecharam todos os aces-
sOS terrestres aos setores ocidentais de Berlim. O objetivo dos soviéticos era sub-
jugar pela fome aguela metade da cidade habitada por cerca de 2 milhêes de pes-
soas gue, por causa de sua liberdade, eram “um espinho na garganta Comunisté
(como dedlarou mais tarde Nikita Kruschev). Berlim Ocidental foi salva por UI?
extraordindria ponte aérea: sob a direcio dos Estados Unidos, piloros francese$
ingleses e norte-americanos transportaram suprimentos dia € noite, jgnorando as
condig6es clim4ricas. Em resposta a essa situacëo, foi criada a Organizagao do
'Tratado do Adëntico Norte (OTAN) — ver adiante.

MF .
LEER E: ia ;
m
k
PEL Pl EE Ah ks AT TAT
EE F Ed - ' ' d
O mundo contempordneo 637

O ano de 1949 marcou um momento critico na guerra fria, gue se difundiu


desde a Europa por todo o mundo, intensificando-se durante esse processo. A
sob a lide ranc a de Mao Tsé -tu ng pare ceu aos Es-
Git6ria dos comunistas chineses um Ooutro
mas ame aca dor a do gue o blog ueio de Berl im. Agora,
rados Unidos
faro de
gigante comunista se aliara & Unido Soviética. Ainda mais alarmante foio
gue se espe rava , a Uni ëo Sovi étic a expl odiu sua prim eira bom-
gue, mals cedo do
o mon opd éli o dos Esta dos Uni dos sobr e essa pod ero sa ar-
ba atémica, guebrando
gue havi a insp irad o a aut oco nfi ang a nor te- ame ric ana nos anos imediatamen-
ma,
res 3 guer ra. Os nor te- ame ric ano s sent iam agor a gue também nas ar-
te posterio
mas nucleares precisavam manter-se a frente dos soviéticos.

O cerescimento das aliancas militares


s Uni dos e os pafs es da Eur opa oci den tal fun dar am a Org ani zag ao do
Os Estado
ico Nor te em 194 9 par a imp edi r a tem ida exp ans ao do com u-
Trarado do Ardlnt
no Oci den te. A OT AN reu nia as for gas arm ada s dos Est ado s Uni-
hismo soviético
Por tug al, Nor ueg a, Islê Andi a, Din ama rca , Irdl ia, Ing lat err a, Franga €
dos, Canad4,
Ben elu x (ac rên imo par a Bél gic a, Hol and a* e Lux emb urg o). Log o
dos paises do
a org ani zag o rec ebe u a ade sêo da Gré cia e da Tur gui a; a Ale manha
em seguida,
inc lui da em 195 5, e a Esp anh a, em 198 2. A rec ons tru gao da Eur o-
ocidental foi
no pês -gu err a pro sse gul u sob a pro teg 3o do pod eri o mil ita r nor te-
pa ocidental
americano.
Sov iét ica tin ha seu pré pri o sis tem a de ali ang as: o pac to de Varsévia,
A Uniëo
do Tra tad o de Var sév ia (OT V), cri ado em 195 5. Coo rde nan do
ou Organizag io
dos pals es saté lite s com o Exé rci to Ver mel ho, essa ali anG a tinha como
os exércitos
eti vo serv ir de ins tru men to mil ita r par a pre ser var a uni dad e pol irico-ideolêgi-
obj
ca do bloco comunista e contrabalangar a OTAN.

Confrontos
em
Guerra da Coréia Em junho de 1950, eclodiu a guerra na Coréla, pais gue
5 se div idi ra ent re um reg ime co mu ni st a pré -so vié tic o, no norte, e um regl-
194
e nacio-
me favordvel aos Estados Unidos, no sul. Ansiosa para restaurar a unidad
nal coreana € supondo, eguivocadamente, gue os norte-americanos nao intervi-
riam, a Cor éia do Nor té inv adi u a Cor éia do Sul , pos siv elm ent e co m a apr ova Gao
Est ado s Uni dos im ed ia ta me nt e ad ot ar am med ida s def ens ivas, ob-
de Stalin. Os
io das Nac êes Uni das par a um a gue rra con tra a Cor éia do Nor te. Sob
tendo apo
s sul-co-
o comando do general Douglas McArthur, as tropas norte-americana e
reanas, auxiliadas por uma peducna forca adicional enviada pelos outros mem-
bros das Nacêes Unidas, abriram caminho para o norte em diregio 3 fronteira da
o por Su4 pré pri a seg ura nga , Ma o Tsé -tu ng env iou “vo lun tdr ios”
China. Temend

e r l a n d s . (N . do T.)
* Em ingléês, Ne t h
638 Civilizacio ocidental

chineses para rechagar o inimigo gue se aproximava num atague-surpresa. Forca


das a recuar, as tropas do general McArthur finalmente se retiraram da Coréia d
Norte. A paz foi restabelecida em 1953, com a reafirmacao da divisio do pafs. A
Coréia do Sul tornou-se um posto avangado do poder norte-americana. |
O medo da ambigao global soviética fortaleceu a decisio de Washington de
conter o poder soviético. Sob o governo de Eisenhower (1952-1960), os Estado
Unidos estenderam suas aliancas militares aos paises da Asia central e Orlental
pelas raz6es gue o presidente declarou ao assumir o cargo: “A liberdade gue esti-
mamos e defendemos na Europa e na América nio é diferente da liberdade gue
se encontra em perigo na Asia. Ainda mais préximo de casa, no hemisfério oci-
denrtal, os Estados Unidos asseguraram — mediante pressêes econêmicas, subver-
sa0 ou intervengao militar, se necessdrio — gue nao se estabelecesse nenhum regi-
me pré6-soviético nem marxista.

Crise dos misseis em Cuba O confronto entre as superpotências atingiu um dli-


max assustador em 1962, durante a crise dos misseis em Cuba. Em 1959, a infa-
me ditadura de Fulgêncio Batista fora derrubada por Fidel Castro (n. 1927),
revolucion4rio de esguerda gue transformara Cuba numa ditadura ao estilo
comunista. Ap6s uma tentativa norte-americana de depê-lo — a frustrada opera-
cao da Baia dos Porcos —, Castro estava determinado a fazer de seu pafs um posto
avancado do poder soviético. Planejando explorar essa base no hemisfério oci-
dental, Kruschev instalou misseis nucleares soviéticos em Cuba. Embora os Esta-
dos Unidos j4 h4 algum tempo tivessem estacionado armas nucleares na Turguia,
numa posicio de fdcil acesso aos alvos soviéticos, a situagdo inversa — permitir
uma ameaca soviética to préximo de casa — alarmou o pais. O presidente John
F. Kennedy exigiu gue Kruschev retirasse os misseis de Cuba. A guerra fria amea-
cava tornar-se uma guerra nuclear bastante guente. Mas Kruschev recuou — ma-
nobra gue contribuiu para sua gueda dois anos mais tarde — € nenhum missil
soviético foi instalado em Cuba.

Guerra do Vietna Os novos paises gue emergiram do dominio colonial naAsia


e na Africa ofereciam atraentes oportunidades para as ambig6es globais soviétt-
cas. Da perspectiva norte-americana, o maior desafio surgiu no Vietna, onde o re-
gime comunista no norte ameagava dominar também o Vietna do Sul. A ameaga
comegara com a divis&o do pais em 1954. Do norte, o governo autoritArio de Ho
apoiado pelo nacional ismo nativo € pela ajuda sovi€rica,
Chi Minh (1890-1969),
langava sua sombra sobre o sul, gue se encontrava desorganizado. Para obrer a
estabilidade e a forga necessirias para resistir 3 infiltragao comunista, 0 Vietni do
Sul precisou cada vez mais da ajuda norte-americana — inclusive tropas pard
combater as guerrilhas cComunistas, os vietcongues. Se os comunistas prevaleces-
sem, argumentava-se, todos os demais pafses no leste e sudeste da Asia Calla”
como domin6s ao regime comunista. Sob o presidente Lyndon B. Johnson, dué
assumiu o cargo em 1963, a intervencio no Vietna do Sul converteu-se na na”
declarada Guerra do Vietna.

ole sd ET he

bdk MERK
O mundo contempordneo (639

di

tan o, no Viet na. Os nor te- ame ric ano s def end era m o Vietna do Sul contra a
Afundado no pên
de dom ini o pelo Vie tna do Nor te, de reg ime com unista. Entre 1964 e 1973, o
ameaca es
dos Est ado s Uni dos na mal fad ada Gue rra do Vie tna cus tou dez enas de milhar
envolvimento
vida s vie rna mit as € nor te- ame ric ana s, arr uin ou o Vie tna do Sul e dividiu a opiniao publica
de
to
guanto 3 moralidade da guerra. Wide World Pho

o dos Fst ado s Uni dos man dou par a o Vie rna cer ca de mei o milhao
O govern
egu ipa dos com as mai s ava nca das arm as gui mic as e eguipamenrtos
de soldados,
ive ls- Con tud o, a vit éri a fug ia As for cas nor te- ame ric a-
eletrênicos entao dispon
O gov ern o hor te- vie tna mit a e seu pov o sup ort ara m a mai s €ru el pun igao jé
nas.
lig ida a sere s hum ano s: o ata gue de bom bas e arm as gui micas. Nem mesmo o
inf
es serem
Vietna do Sul foi poupado; praticamente todas as familias viram parent
arruinados.
mortos ou mutilados, € Suas fazendas e meios de subsistência,
aum ent ass € 4 Opo sic ao int ern a a gue rra e a res ist ênc la vietcongue nao
Como
pudesse ser vencida, 0 presidente Richard M. Nixon, eleito em 1968, percebeu
rer min ada com uma “pa z hon ros a'. Eng uan to ele ini-
gue a guerra precisava ser
es Com * Vie tna do Nor te, as for gas nor te- ame ric ana s pressiona-
ciava negociagê
vam o inimigo atacando bases coOmunistas e rotas de suprimentos em Laos e Cam-
boja, palses “iainhos. Os civis foram bombardeados com mais violência gue na
Mun dia l. Em 197 3, por aco rdo com o Vie tna 4 do Nor te, os Estados
IT Guerra
640 Givilizacio ocidental

Unidos reriraram suas tropas da regiao. Em 1975, os norte-vietnamitas liguida


ram Oo inepto exército sul-vietnamita e unificaram o pais sob
uma ditadura med
munista. Ho Chi Minh triunfara contra a mais poderosa nacao do mundo.
Na esteira da retirada norte-americana, os cComunistas cambojanos tOmaram o
poder sob a lideranca de Pol Pot. Conduzindo mais de 2 milhêes
de pessoas des-
de a capital, Pnom Penh, Pot tentou fundar uma nova ordem baseada em copau.
nidades rurais ideologicamente organizadas. Centenas de milhares MOrreram na
evacuagdo, € outros tantos sucumbiram mais tarde no campo. Em 1979, @ pas
faminto e manchado de sangue foi ocupado, juntamente com o Laos, pela
s tro-
pas vietnamitas, impondo ainda mais catdstrofes ao povo cambojano.

Descolonizacao
Enguanto isso, a guerra fria entre as duas superpotências espalhou-se para Asia
eAfrica— para o chamado Terceiro Mundo. O imperialismo ocidental introduzi-
ra em toda parte as instituicées, mercadorias e ideais do Ocidente. A II Guerra
Mundial tinha insuflado entre os povos n&o-ocidentais gue viviam sob o regime
colonial o anseio de se emanciparem. Ouando a guerra terminou, a militéncia dos
movimentos anticoloniais intensificou-se. A agitacio politica da guerra, na gual
muitos soldados coloniais combateram lealmente por seus senhores, acendeu o
desejo de independência politica. Afinal de contas, liberdade e autodeterminagio
haviam sido os principais slogans de guerra dos Aliados. Exauridas pelo conflito,
as potências coloniais européias tinham pouca energia para sustentar o dominio
colonial.
Nesse cendrio, uma poderosa onda de descolonizagao, apoiada pelas superpo-
tências e pelos ideais das Nac6es Unidas, aboliu finalmente todos os impérios ul-
tramarinos e impulsionou seus antigos stiditos & condig&o de Estados indepen-
dentes. A descolonizac&o rapidamente tornou-se uma guestao importante na
guerra fria, jA gue as duas superpotëncias competiam entre si pela influência nos
emergentes Estados da Africa e Asia. A Unigo Soviética, proclamando uma ideo-
logia gue apelava para a libertac&o de todos os povos oprimidos, tentou conduzir
os movimentos de independência para dentro de sua esfera de ago, apoiando-os
com mentores e armas. As potências ocidentais, com seus recursos superiores, bus”
caram obter de seus antigos stiditos coloniais uma fidelidade favordvel ao Oci-
dente, oferecendo-lhes igualmente ajuda militar, politica e financeira. Ignorando
as Culturas locais, os dois lados viram-se enredados nas complexidades das lutas
de poder locais, sobretudo na Africa tropical, fregiientemente envolvida em Pro”
longadas guerras civis gue beiravam 2a anargulia.
A descoloniza@ao teve inicio em 1946, na Asia, guando os Estados Unidos con”
cederam a independência as Filipinas. Em 1947, a India e o Paguistio conguis”
taram a condigao de Estados soberanos; em 1948, a Holanda foi forgada a con-
ceder a independência 3 Indonésia. No mesmo ano, a China tornou-se comunis”
O mundo contempordneo 641

na Asi a e na Afr ica . Ap és em an ci pa r o Lao s


aa, estimulando o anticolonialismo de ix an do gue os Es ta dos
sm 1954, a Franca ret iro u-s e do Ca mb oj a e do Vie tn3 ,
se m. o Vi et na do Sul con tra os re vo lu ci on dr io s co mu ni stas do
UJnidos defendes
norte até 1975. ro pe us co me ga ra m 0 pro c€s -
Ap6s meados da dé ca da de 50, os go ve rn an te s eu
da Afr ica , de vo lv en do o po de r aos lid ere s nar ivo s. Em
so de descolonizagio ni sia —
s col êni as do nor te da Afr ica — Ma rr oc os e Tu
1956, a Franca libertou sua sê
na Afr ica oci den tal . A Arg éli a, no en ta nt o,
e, guatro anos depois, o Senegal,
pe nd ên cl a em 196 2, apé s um a gue rra impiedosa.
obteve sua in de Co ng o,
ca, a Bél gic a em 19 60 ret iro u-s e do
Impelida pelas tendéncias da épo do Congo,
civ il no de sp re pa ra do paf s. O pr im ei ro lid er
precipitando uma guerra o por Moburu
eu & aju da sov iér ica , aré gue foi de po st
Patrice Lumumba, recorr ko pe rmaneceu
zou o pai s co m o no m€ de Zai re. Se
Sese Seko, gue em 1971 rebari as par a explor ar as va-
o pel as nag ées oci den tai s, ans ios
no poder até o fim, apoiad
|iosas matérias-primas daguele pas. go ve rn ad as pela In-
eu -s e por tod as as ter ras afr ica nas
A descolonizacio estend nome de Gana,
do Ou ro bri tên ica , re ba ti za da co m o
glaterra. Em 1957, a Costa obr ê-l a. Seu li-
ro pa s aba ixo do Sa ar aa
conguistou a independêncla — o primei cas , gue também
hav ia nd ic ad o sua s dir etr ize s pol iti
der, Kwame Nkrumah, jé em a co m pli cado de-
afr ica nos : “O ca pi ta li sm o é um si st
inspiraram outros lideres de um a so ci ed ad e
. Dai a ne ce ss id ad e
mais para uma nag&o recém-independente o to ta li td rio.* Em
e, de “m ed id as de em er gê nc ia de tip
socialista” e, possivelment nganic a tornou-se
ito u o blo co sov iét ico . No me sm o ano , Ta
1961, Nkrumah vis , sob a
ar em 19 64 par a fo rm ar a Ta nz ên ia
independente, juntando-se a Zanzib vi me nt o soc la-
do um pr og ra ma de de se nv ol
lideranca de Julius Nyerere. Adotan co mu ni st a. Em
de 80, aux ili ado pel a Ch in a
lista, Nyerere governou aréa década ist a unipar-
to rn ou -s e ent ao um Es ta do soc ial
1962, a Uganda foi descolonizada; Id: Amin
ido por Mi lt on Ob ot e aré 197 1, gu an do o cru el ditador
tid4rio, presid do ernica-
an ec eu at€ 19 80 . A Nig éri a, um Es ta
tomou o poder, no gual perm o en re do u-se
sua in de pe nd ên ci a em 19 60 , ma s log
mente dividido, conguistou a gue rra, In-
tou um mi lh êo de vid as. Du ra nt e ess
numa guerra civil gue Ihe cus er ir am entre
iét ica , nu m al in ha me nt o in co mu m, co mp
glaterra, Irlia € Uniao Gov ris tas. Em
eri ano , en gu an to a Fr an ga ap ol ou os sep ara
si na ajuda ao gOverno nig mo u- se numa
ido a in de pe nd ên ci a, o Ou ên ia tr an sf or
1964, um ano apos ter obt pr esidente
era nga de Jo mo Ke ny at ta , gue go ve rn ou co mo um
repiblica sob a lid ëo para o Ocidente. No ano
ri tr io nu m Es ta do un ip ar ti dé ri o co m inclinae
auto
bri tAn ica da Ro dé si a, um par tid o gue ad vo ga va a su prema-
seguinte, na colêtia ci a uni lat era l do pais.
cia branca desafi ou a Ing lat err a de cl ar an do a in de pe nd ên
ni o afr ica no, em 19 80 , a Ro dé si a to rn ou -s e o
Entregando-s€ fnalmente ao domi
novo Estado do Zimbêbue.
Os portugueses conservaram suas colênias africanas tanto guanto possivel.
la , de ix an do -a em me io a um a gue rra civ il ent re o go-
Em 1975 libercaram Ango e-
e- am er ic an os , e um mo vi me nt o de lib ert ag& o gu e rec
verno, apoiado pelos nort
642 Civilizacdo ocidental

bia apoio da Uniëo Soviética e auxdlio cubano.


Durante esse periodo, somente a
Republica da Africa do Sul, independente
desde 1910, permaneceu sob o repres-
$IVO regime da minoria branca,
Em todos os lugares, a descolonizacio desenc
adeou esforcos prolongados, e
muitas vezes brutais, por parte dos governantes, para co
nstruir Estados moder.
nos entre povos gue, além de totalmente desprepara
dos, estavam divididos
antigas animosidades e pela cCOMpeticao entre as SUup
erpotências. Devido a essa
(alta de preparo, préticas ocidentais como o capitalism
o ea democracia revela-
ram-se complexas demais para se alcancar efetivamente a co
ndig&o de Estado. O
modelo soviético parecia mais conveniente; além dis
so. oferecia a0s novos lideres
o atrativo do poder absoluto. No entanto, por guanto temp
o esse modelo pode-
ria sustentar-se contra o rival capitalista, Cujas riguezas ex
ercjam uma atrac3o
cada vez mais forte? A descolonizacio inevitavel
mente expandiu a influência dos
modos de vida ocidentais nas nacêes recém-emancipa
das, embora em virios pal-
ses as ditaduras e governos unipartid4rios tenham permanecido no poder.

A construgao de uma nova Europa


Embora os europeus compartilhassem a mesma heranca cultural, a diversida-
de de sua histéria e seus temperamentos nacionais sobrecarregara-os no passado
com guerras constantes. Apês duas desastrosas guerras mundiais, muitos povos
comeGaram a perceber gue o preco do conflito violento tornara-se excessivo: a
guerra nao mais servia a nenhum interesse nacional. A expanso do poder sovié-
rico chamou a atengdo do ocidente europeu para a necessidade, talvez imperati-
va, de alguma forma de unidade entre suas nac6es.

A unidade europtia
Em 1951, os principais consumidores € produtores continentais de carvao e
AGO, os dois itens mais essenciais para a reconstrucio da Europa ocidenrtal, cria-
ram a Comunidade Européia do Carvao e do Aco (CECA). Seus seis membros —
Fran€a, Alemanha Ocidental, Holanda, Bélgica, Luxemburgo e Irdlia — preten-
diam colocar sob controle internacional o complexo industrial do Ruhr, sede do
poderio industrial alemao, promovendo assim a cooperacdo ea reconciliacao,
bem como o fortalecimento econêmico.
Encorajados pelo sucesso da CECA, os seis paises fundaram em 1957 a Co-
munidade Econêmica Européia (CEB), também conhecida como Mercado Co-
mum: um acordo aduaneiro gue criou um mercado livre entre os Estados mem-
bros e buscou melhorar as condicêes de vida em cada um deles. Em 1973, Gra-
Bretanha, Irlanda e Dinamarca juntaram-se aos membros originais para formara
entdo chamada Comunidade Européia (CE); em 1986, Espanha, Portugale Gré-
cla também passaram a integrar 0 grupo. A CE constitui o maior bloco comeI-
O mundo contempordneo 643

cial isolado, conduzindo mais de um guinto do comércio mundial. Alguns ana-


gue a Com uni dad e Euro péia ird criar o maio r trust e mund ial de
[istas prevéem
bens, ServiGoS € pessoas citculando livremente.

Recuperacio e novos problemas e tensies


Um dos fatos mais notdveis da recente histéria ocidental foi o progresso econê-
sem prec eden tes. Entre princ ipios da déca da de 1950 e final da déca da de
ico
1970, a produgao no ocidente europeu e nos Estados Unidos ultrapassou todos os
jidices anteriores. No entanto, o rdpido crescimento econêmico do ps-guerra
io estava destinado a perdurar. O suprimento abundante e excepcionalmente
a
barato de petréleo fomentou esse desenvolvimento até 1973, guando entio
Organizagao dos Paises Exportadores de Petréleo (OPEP) elevou drasticamente os
prego dessa fonte essencial de energia. A agao da OPEP agravou as adversas ten-
econ êmic as mund iais , gue se evid enci avam desd e o final da déca da de
dências
1960 (oca sion adas em parte pela guerr a nort e-am eric ana no Vietn a). Os Esta dos
os e todas as nacêe s da Euro pa ocide ntal fora m assol ados por infla cio, de-
Unid
semprego, gueda na produrtividade, concorrénda (sobretudo japonesa) no setor
utomobilistico e de eletrênicos, e por uma recesso econêmica mundial. Apos
nova crise do petréleo em 1979, a economia recuperou-se ea prosperidade conri-
nuou ao longo da década de 1980. Contudo, o desemprego na Europa ocidental
permanecia elevado, inclusive na Alemanha, o pafs de economia mais forte.
Estimula das pela expa nsio das empr esas mult inac iona is nort e-am eric anas no
ente euro peu e pelas opor tuni dade s ofere cidas pela Comu nida de Euro péia ,
ocid
do
muitas companhias europélas tornaram-se multinacionais € cresceram mais
gue gualguer indvistria nacionalizada. A economia da Europa ocidental passou a
ser domi nada por gigan tesca s empr esas pibli cas e priva das ligad as a outra s parte s
do mundo.
lsio nada pela cresc ente eleva c3o do padr io de vida e pelo pode rio norte -
Impu
festou
americano, a vida polftica no Ocidente, desde a II Guerra Mundial, mani
tend ênci a globa l rumo & demo crac ia cons titu cion al. Embo ra Espa nha e
uma
seus regi mes ditar oriai s do pré- guer ra até meados
Portugal tenham conservado
da década de 1970, e a Grécla tenha hesitado entre a democracia e a ditadura, no
final daguela década mesmo esses paises haviam se adeguado ao modelo comum.
Mas a Europa ocidental nao se livrou de graves problemas e tensêes apds a
guerra. Com o €rescimento do setor puiblico e dos servicos sociais, a m4guina go-
vern amen tal e buroc réric a inch ou e torn ou-s e mais impe ssoa l. Os indi vidu os sen-
os pelo Esta do e perd idos numa soci edad e comp lexa e inter de-
rjam-se diminuid
pendente. O afluxo macigo de rigueza teve efeitos desestabilizadores sobre a Cul-
tura européla. Embora a prosperidade tenha propiciado mais bens materiais,
também estimulou ma auto-indulgência hedonista, contr4ria ao cardter purita-
d a t r a d i g s o o c i d e n t al.
no e
n t e e r v e s c ê n c i a , p a s s a n d o a i n t e r e s s a r - s
A juventude especialme entrou em ef
pelos problemas da sociedade moderna, sobretudo pela grande desigualdade e
644 Givilizacio ocidental

pela dissolugao da intimidade e da comunidade humana


s. Em seu Protesto, al
guns jovens aderiram a uma Contracultura romênt
ica, desdenhando as tadicio.
nais coibicées da classe média, principalmente com respeito ao
SEX
mando sua solidariedade a todos os povos oprimidos do mundo.
O, E procla-

Em 1968, a frustracao dos jovens invadiu a politica


— de maneira tempestuo-
sa € muitas vezes destrutiva —, particularmente na Franca e, de forma Um
pouco
menos radical, em toda a Europa ocidental. (Manif
estou-se também, embora
com menos intensidade, nos protestos contra a Guerra
do Vietnê gue tiveram
lugar nos Estados Unidos.) Em maio de 1968, estudantese
trabalhadores envol-
veram-se manifestac6es e brigas de rua em Paris, exigindo ref
orma educacjonal
justiga social. Essas ag6es, porém, nao desencadearam ne
nhuma revolucao, nem
subitas mudangas soclals — Somente uma forte reacao dos con
servadores nas elei-
GOes naclonais seguintes.
Alguns jovens impacientes, contudo, voltaram-se para o terror
ismo, especial-
mente na Alemanha ocidental e Irlia. A seu ver, todo o sistema
estatal € social
era desumano e merecia ser destruido; e, para isso, gualguer meio era valido. Os
alvos de seus atagues foram os principais representantes do “sistema”: politicos,
industriais, juizes e a polfcia. Terroristas de todas as facc6es estabeleceram liga-
goes com seus eguivalentes em outras regiëes do mundo due também se encon-
travam tumultuadas, criando-se assim uma espécie de movimento terrorista
internacional. A violência bruta ofereceu aos jovens idealistas a oportunidade de
um heroismo politicamente consciente e abnegado, mas nio trouxe nenhuma
resposta aos intrincados problemas da sociedade moderna. Apés alguns assassi-
natos gue causaram sensagao, a opiniao piblica passou a apoiar contramedidas
mais eficazes, o gue reduziu a violência terrorista.
A juventude protestou também contra os problemas ambientais e o desarma-
mento nuclear. 'Tanto jovens guanto velhos reuniram-se em manifestacêes de
massa, denunciando a poluicio da 4gua e do ar, dramatizando a péssima condi-
ao das florestas em extin€4o, opondo-se as usinas nucleares e chamando a aten-
Go para a ameaga da guerra nuclear.

Os principais Estados da Furopa ocidental


Empobrecida pela guerra e vulnerdvel por depender de alimentos e marérias-
primas importados, a Gra-Bretanha perdeu seu papel de lideranga na polidca
mundial apés a IT Guerra. Seu império colonial foi pacificamente desmantelado,
enguanto seu poderio naval foi substituido pela forga aérea e maritima norte”
americana. O governo trabalhista do pés-guerra, aliado com poderosos sindica-
tos, ofereceu aos britê&nicos uma certa seguranca econêmica através de programas
sociais e do extensivo controle governamental sobre importantes setores da eco-
nomia. Ésses controles, porém, colocaram a Gra-Bretanha em desvantagem
perante seus concorrentes europeus.
Em 1979, num momento de baixa na economia, os eleitores elegeram um
governo conservador, liderado por Margaret Thatcher, a Dama de Ferro, due foi

1E
dy
Ta atTt '

N i vk SS d ER,
O mundo contempordnaeo 645

ist ra bri tên ica Mar gar et Tha tch er des per tou o patriorismo
A Dama de Ferro. A primeira-min
o gua ndo , em 198 2, as for cas bri rên ica s exp uls aram os invasores argenrinos
adormecido de seu pov to da capacidade
o €st ava co mp ro me ti do com 6 for tal eci men
das ilhas Falkland. Seu govern
on
nuclear € militar do pais. Jeter Jordan/Liais

ar o Car 8* de pr im ei ro -m in is tr o. Du ra nt e a
a primeira mulher britênica a oc up
no u a pol iti ca ing les a, co mb at en do a inf lag ao e
década seguinte, Thatcher domi es a. Du ra nt e seu
me En te 2 ini cia tiv a pr iv ad a e a liv re em pr
encorajando vigorosa
bri tên ica me lh or ou , e Lo nd re s re cu pe ro u seu an ti go desta-
governo, a €conomia
eir o. Me sm o ass im, as in ds tr ia s de ca fr am , au mentando
gue como centro Financ o ÉEx érc ito Re pu -
o desemprego. As ten soe s clv ica s — 0 te rr or is mo pr at ic ad o pel
és co m o obj eti vo de ex pu ls ar os br it ên ic os da Ir la nd a do Norte ea
blicano Irland
gn ac ao co m a ,fl uën cia de ind ian os, pa gu is ta ne se s e ou tr os po vo s or iundos
indi
— ta mb ém co br ar am seu tri but o. Al ém dis so, em bo ra fo ssem
das antigas colênias ento insular
me mb ro s da CE , os ing les es co ns er va va m seu tr ad ic io na l di st an ci am
de seus vizinhos do conrinente. up ag ao al em a, foi
Do out ro lad o do can al da Ma nc ha , a Fr an ga , liv re da oc
ar ic am en te sob a Ou ar ta Re pu bl ic a e log o al ca ng ou um con-
reorganizada democr
me nt o EC OD Y MR , de sp ei to das fre gii ent es mu da ng as de gover-
siderdvel eresci
no (26 em doze anos). A derrota na Indochina e uma guerra civil na Argélia,
646 Givilizacdo ocidental

entre os colonizadores franceses e os nacionalistas argelinos, produziram Uma gra-


ve crise politica em 1958. Essa crise levou 3 presidência o general Charles de
Gaulle, lider das forcas francesas na IT] Guerra Mundial e presidente por um bre.
ve periodo apés a guerra. Exercendo uma forte autoridade executiva, De Gaulle
estabeleceu a Ouinta Republica e buscou colocar novamente o pais em POSic&o
de destague, construindo seu poderio nuclear, tornando a Franga independente
da OTAN e renovando a influência francesa na Africa. Em 1962, negociou um
cessar-fogo na Argélia, concedendo-lhe a independência. As manifestacêes de es.
tudantes e trabalhadores em 1968, apoiadas pelo partido comunista, alarmaram
De Gaulle. Imediatamente ele convocou uma eleicio geral, na gual o eleitorado
assustado deu-lhe uma vitéria esmagadora. No entanto, incapaz de revisar a
constituic3o a seu favor, De Gaulle renunciou em 1969.
A Ouinta Repuiblica continuou com um governo firmemente baseado numa
estdvel maioria de centro, ladeada por dois partidos radicais. A esguerda, o parti-
do comunista gradualmente perdeu credibilidade, por causa de sua lealdade a
Moscou. A extrema direita, a perigosa Frente Nacional ganhou influência, fo-
mentando o 6dio contra o crescente nimero de imigrantes vindos da Africa do
Norte. Sob a pressao dos recém-chegados, os franceses, ainda mais gue os ingle-
ses, temeram por sua identidade nacional.
Em meio &s incertezas econêmicas e politicas da época, Francois Mitterand,
socialista moderado e presidente desde 1981, manteve a tradicëo de De Gaulle.
Seu pafs era a terceira maior potência nuclear e a guarta maior economia do
mundo, obtendo 70% de sua energia de usinas nucleares. A Franca foi o princi-
pal arguitero da unidade européia, sem abrir mao de seu cardter nacional.
A Ir4lia, com metade do tamanho da Franga mas com uma populagio de al-
guns milhêes de habitantes a mais, tornou-se uma repuiblica democrdtica em 1946.
Seu governo, no entanto, tem sido fraco e instavel. A duragio média de um gabi-
nete italiano até o presente é inferior a um ano. Uma comprida peninsula inva-
dindo o Mediterrêneo, o pais revelou um contraste profundo entre o norte € o
sul. Enguanto o norte era eficiente e préspero, o sul era atrasado e influenciado
pela Mafia. Com sede na Sicilia, a Mafia foi a origem da corrupgao polidca € de
atos de terror praticados contra o governo.
A divis&io também caracterizou os partidos politicos, desde comunistas a demo-
crata-cristaos. Os comunistas italianos, relativamente isentos de corrupao, bem
organizados e seguindo uma orientago mais européia gue soviérica, conduIsTa-
ram em geral um guarto dos eleitores. Por outro lado, os democrata-crista0s —
apojiados pelo Vaticano e constituindo o partido majorit&rio — eram mal discipli-
nados, como os demais partidos néo cComunistas, e cindidos pela corrupgao
No entanto, a economia italiana revelou-se um sucesso surpreendente, embo-
ra Oo governo estivesse permanentemente em débito e o desemprego continuasse
elevado, especialmente no sul. Ainda mais gue a Franga, a Irdlia foi invadida por
levas de imigrantes legais e ilegais da Asia e da Africa, exaurindo OS reCcursoS do
pais. Mesmo sendo o mais ingoverndvel dos principais paises europeus, 4 Irélia
nio cria problemas para seus vizinhos.

-
H Ps
O mundo contemporineo 647

Fm 1945, com suas cidades em ruinas, a Alemanha foi derrotada, ocupada €


Divi dida entr e as guat ro potê ncia s — Esta dos Unidos, In-
rotulada de pêria moral.
étic a —, a nag3 o alem a foi pol iti cam ent e exti nta. AS
glaterra, Franca e Unido Sovi parte
perd idas para a Polê nia e a Uni ao Sovi étic a;
extensas terras orientais foram
foi devo lvid a & Fran ga. Em 1949 , surg iram duas nova s Alemanhas,
do territêrio
A Ale man ha ocid enta l (Rep ibli ca Fede ral da Ale manha), for-
ambas castigadas.
pela s três zona s ocid enta is de ocup acëo , opu nha -se a host il Ale manha
mada
ocr dti ca Alem 2), dom ina da pelo s sovi éico s. A antiga
oriental (Repiblica Dem
situ ada dent ro da Ale man ha orie ntal , tam bém foi divi dida em
capital, Berlim,
e ocid enta l. A part ilha da Ale man ha sign ific ou a des-
onmas de ocupagso oriental naci onal
e amb ig# o trad iclo nals da Ale man ha. O tra uma
truicso da identidade ntal
1961 , gua ndo o gove rno da Ale man ha orie
atingiu o 4pice em agosto de sela ndo fir-
mur o entr e Berl im orie ntal e ocid enta l,
inesperadamente ergueu um ou-s e en-
duas Ale man has . A Ale man ha ocid enta l torn
memente a separago das -
guer ra fria, irra dian do para o bloc o sovi étco a supe
go a principal fronteira da
rioridade do Ocidente.
fria repr esen tou um bene fici o para os alem aes ocid enta is; contribuiu
A guerra Si-
opa e para a redu gao de velh os ress enti ment os.
para sua integragio a nova Eur as
Ver mel ho, os alem #es ocid enta is, jun tam ent e com
muados ao lado do Exército
ocid enta is esta cion adas em seu terr itér io, est ava m numa posigao
forcas armada s
ocid ente euro peu, Alé m diss o, a com per ênc ia indu s-
estratégica para defender o
foi indi spen sdve l para a reco nstr ugao da eco nom ia da Europa
trial dos alemzes gue sua
s, a Ale man ha Ocid enta l (mui to mai or
ocidental. A partir dessas base is)
€ o mais pop ulo so de todo s os pais es ocid enta
contraparte comunista a leste
comecou a construir uma noVva identidade politica. pou o
ha ocid enta l foi Kon rad Ade nau er, gue ocu
O arguiteto da nova Aleman r o
odo de 1949 a 1963 . Ade nau er pro cur ou rest aura
cargo de chanceler no peri oci-
coo per and o com os prin cipa is Fsta dos da Eur opa
respeito pela Alemanha elos a con-
os Esta dos Unid os. Com o patr iota , rest abel eceu uma caut
dental € com
pass ado germ anic o. Alé m diss o, acei tou a res pon sab ili dad e da
“nuidade com o
come tido s dura nte o regi me nazi sta € ass umi u o paga-
Alemanha pelos crimes era nazista,
mento de indenizag6es € pensoes is vitimas e sobreviventes judeus da
.
bem como o pagamento de reparagêes ao Estado de Israel, instituido em 1948
Aden auer , OS alem aes ocid enta is tam bém se lan car am na
Sob a lideranca de
de sua econ omia ; o mun do inte iro logo adm iro u o `mil agre econê-
reconstrucao povo ger-
ltad o, a dem ocr aci a asse ntou raiz es entr e o
mico” alem&o. Como resu A Ale-
sua soli dari edad e com os anti gos inim igos euro peus .
manico, fortalecendo
Fo admi tida na OTA N em 1957 e, jun tam ent e com a Alema-
manha Ocidental
esso u ns Nac êes Uni das em 1972 ; tam bém alio u-se & Franga
nha oriental, ingr
ov é -a Com uni dad e Européia.
para prom
os elei tore s ale mae s des loc ara m-s e da cent ro-d irei ta
Ap6s a era de Adenauer,
rda- O cha neel er Will y Bra ndt (19 69- 197 4) tom ou a inicia-
para a centro-esgue
para 9 Lest e , o gue cont ribu iu para um rel axa men to tempord-
riva de “abrir-se
648 Givilizacio ocidental

rio das tensêes entre as superpotências. No decorrer desses anos, a prosperida


de
da Alemanha Ocidental e uma generosa politica de admissio atrafram imigrantes
ambiciosos, muitos deles vindos da Turguia; a economia em EXPANSAO Necessita-
va de mais trabalhadores. Os extremistas nio ameacavam a estabilidade politica
exceto um partido, os Verdes, gue chamavam a aten€3o para a destruicao do meio
ambiente, a poluig#o industrial e os riscos da energia nuclear. Mal Organizados
os Verdes expressavam uma alienagao romêntica da politica e da sociedade fe,
tempor&neas, e nêo alcangaram nenhum #xito duradouro. Em 1982, os eleitores
voltaram-se para os conservadores, elegendo como chanceler o lider do Sindicato
Democrata-Cristio, Helmut Kohl.

A Uniao Soviética

Na experiëncia soviética, a II Guerra Mundial foi mais um marco cruel na


longa sucessao de guerras, revolug6es e crises gue afligiam a economia desde
1914. Ap6s a guerra, nenhuma mudana fundamental ocorreu. O fim do terror
e da ditadura, pelo gual muitos soldados ansiavam como recompensa por seu he-
roismo, nunca aconteceu.

Os altimos anos de Stalin


Corrompido pelo poder ilimitado e pela adulacëo irrestrita, Stalin demons-
trou, em seus dltimos anos, uma crueldade implacdvel e uma desconfianca gue se
transformou em parandia. Para ele nio havia nenhuma razio para relaxar o con-
trole. O pais ainda tinha problemas imensos: as grandes populag6es anti-soviéri-
cas da Europa oriental; a destruicdo ocasionada pela guerra; a infidelidade politi-
ca dos soldados e prisioneiros gue voltaram da guerra; e o poderio esmagador dos
Estados Unidos: A irrefredvel ambicso de Stalin, gue a idade nio diminuira (ele
tinha 66 anos em 1945), era erigir o poder soviético ainda em vida, gualguer gue
fosse o custo humano. Para isso foram necessdrios mais Planos @tiingiienais €
mais terror.
Seguindo nesse tom gue j4 lhe era familiar, a Uniëo Soviética deslizou da guer-
ra para a paz cambaleando através da miséria e da fome trazidas pela guerra, la-
mentando seus mortos e carecendo desesperadamente de homens. Planejamen-
to, muito trabalho duro e abnegado, mao-de-obra recrutada dentro do exército €
recursos reunidos em todos os territérios ocupados trouxeram, num prazo de rrés
anos, a produg&o industrial de volta aos nfveis anteriores A guerra — um feito
nada desprezivel.
O retorno dos Planos Otiingiienais trouxe um estreitamento deliberado do
controle ideolégico. O chefe do partido de Leningrado, Andrei Zhdanov (1896-
1948), combateu energicamente todas as formas de influência ocidental. Os mi”
EE -. lhares de soldados e prisioneiros gue voltaram da guerra, tendo assimilado dema-
O mundo contempordneo 649

imp res soe s do Oci den te, for am env iad os par a cam pos de tra bal ho forcado.
siadas
sov iét ico s for am nov ame nte ate rro riz ado s par a se eng uad rar em
Os intelectuais
o. E em 194 8 os pri nci pai s lide res da her éic a luta de Len in-
vas fleiras do partid
a for am apr isi ona dos e fuz ila dos . No mes mo ano ,
grado contra o cerco nazist
Gralin estreitou o controle sobre a Europa oriental.
str uir o pod eri o sov iét ico . Em 194 9, mal s ced o do gue
Gtalin continuou a con
Uni ao Sov iét ica j4 tin ha a bom ba até mic a. Em 195 3, ao me sm o
se esperava, a
Est ado s Uni dos , pos sui a tam bém a bom ba de hid rog êni o. Sta lin
tempo gue os
as bas es par a a con str ugi o do Spu tni k 1 (gu e sig nif ica
ambém ajudou a langar na 6rb i-
de via gem ” da Ter ra) , o pri mei ro saré lite arti fici al a ent rar
“tompanheiro
ta terrestre. o por uns pou -
Fm seus dltimo s ano s, Stal in viv eu pra tic ame nte iso lad o, rod ead
serv is e ame dro nta dos , e sua par ané ia pio rou . Anr es de morrer,
oos subordinados
com plê ent re os méd ico s gue tra tav am del e e, pes soa lmente,
“dentificou” um Ouando,
par a gue fos sem ror tur ado s (um dos méd ico s mor reu ).
expediu ordens
de 195 3, o deb ili tad o dic ado r fal ece u, vit ima de der rame cerebral,
em 5 de marco Par a elas ,
ali via dos , mas mui tas pes soa s cho rar am.
seus conselheiros suspiraram
Stalin era o lider e salvador divino da nagéo.

Os sucessores de Stalin
eis her dei ros de Sta lin era Lav ren ti Ber ia, che fe
O mais odiado entre os posstv Em
sec ret a e do vas to imp éri o dos ca mp os de tra bal ho forcado.
da policia pri nci pais
foi su bi ca me nt e exe cut ado , jun to co m seu s
dezembro de 1953, Beria oes cinicase
sob a acu sag a9o de ser um “es pië o es tr an ge ir o. Essas acusag
capangas, os rivais na
am o dlt imo sus pir o do sta lin ism o; des de ent ao,
mortes violentas for s poucos, a
lid era nga su pr em a mo rr er am de cau sas nat ura is. Ao
competicdo pela 954-
foi as su mi da por um gr up o en ca be ca do por Nik ita Kruschev (1
lideranca iz
vo ale nto & vid a sov iét ica . Kr us ch ev foi a for ca mo tr
1964), gue insuflou um noV o e pe rmiriu &
“de gel o” gue esv azi ou os ca mp os de tra bal ho for cad
por tris do
ali dad es obr iga das ao re as se nt am en to du ra nt e a gue rra retor-
maioria das nacion Par tid o em
gem . Nu m dis cur so no 20* Co ng re ss o do
narem a suas regi6es de ori A audiëncia
so u inc lus ive ata car o pré pri o Sta lin .
fevereiro de 1956, Kruschev ou e can-
hor ror ao ouv i-l o rec ita r os fat os: “D os 139 me mbros
ficou boguiaberta de ss o (19 34) , 98 pes-
tid o ele ito s no 17* Co ng re
didatos do Comirê Central do Par a me sm a dis pos i-
€ fuz ila das . `4 Pr os se gu in do co m
soas, isto é, 70%, foram presas do ter Stalin. Sem
ror de
Kr us ch ev cit ou co ns ec ut iv os ex em pl os
c&o de espirito,
cri tic ar o sis tem a SOV IÉd Co, ele re co nh ec eu e rej eit ou os exc ess os do sta lin ism o.
nd o, a$ rev ela c6e s de Kr us ch ev ca us ar am um a pr of un da agita-
Em todo o mu
5 dimularama deserio entre as fileiras comunistas. Entre os pafses sarélites
T” 3 bei ra de um a re be li o em 195 6; um lev ant e da clas-
soviéticos, a Polênia “SE mo ano , tod o o
cou a troc a de lid era nga . Na Hun gri a, no mes
se trabalhadora for j ar su-
sta foi ; des dest rona do, , m mas O exé rci to sov iti co re oc up ou o pai s e
regime Comuni
focou a revolra-
650 Civiliaacio ocidental

Com respeito 4 politica externa, embora dedlarasse a intencio de Promover a


paz e tenha tentado diminuir o papel do exército, Kruschev fez também algumas
manobras provocativas, como ameagar o acesso ocidental 3 Berlim ocidenta
l e
instalar misseis em Cuba. Em ambos os casos, a pressio norte-american a fOrcou-o
a recuar. Em 1960, guerendo evitar gue a China comunista Constru isse armas
nucleares, ele demitiu, apés recriminag6es mituas, todos os consel heiros soviéti-
cos, Causando assim uma ruptura entre as duas nac6es comunistas. Mao acusou-o
de “revisionismo'” e imperialismo.
Ansioso para impulsionar o pafis a um nivel superior da ideologia marxista-
leninista, Kruschev apresentou um novo programa partid4rio e iImpacientemen-
te pressionou por reformas na indtistria, na agricultura e na Organizagao do par-
tido. Suas incessantes reorganizagées e impaciëncia geraram antagonismos entre
amplos setores do Estado e da administragio partid4ria. Em outubro de 1964,
enguanto estava de férias, seus camaradas do Politburo afastaram-no, sem ne.
nhuma cerimênia, por “problemas de satide” ou, como acrescentaram mais tar-
de, por seus 'projetos estouvados”. Kruschev foi aposentado e teve permissio de
viver o resto de sua vida em paz.
Como Stalin, Kruschev foi sucedido por um grupo de lideres gue agiam em
conjunto. Entre esses homens, sobressaiu-se aos poucos Leonid Brejnev (1906-
1982), sob cuja lideranga o governo da URSS deixou de ser uma ditadura pessoal
para transformar-se numa oligarguia: o regime coletivo de uma minoria privile-
glada. O estilo de Brejnev caracterizou-se mais pelo consenso ponderado gue
pelo comando. Os oficiais soviéticos passaram a respirar mais trangiiilamente ea
sociedade, por sua vez, tornou-se menos autoritdria.
Nunca antes na histéria soviética o pais desfrurara de tanta seguranga externa.
Como resultado, o rigor do regime autoritério pêde ser relaxado, e o pais come-
Gou entio a abrir-se, cautelosamente, ao mundo de fora —- por exemplo, os jovens
puderam ter acesso aos estilos de miisica e roupa ocidentais. @uanto mais as gues-
toes da polftica estatal se apresentavam ao debate piblico, mais se concedia espa-
CO 3 expressio artistica, e o interesse pela religizo renasceu. |
O destino dos dissidentes russos, no entanto, permanecia incerto. O Ésico
Andrei Sakharov, por exemplo, gue ajudara a desenvolver a bomba de hidrogénio
soviética e mais passou a defender os direitos humanos, foi exilado de Moscou €
colocado sob prisao domiciliar*. Os criticos mais inflexfveis, como o romancista
Aleksandr Soljenitsin e Andrei Amalrik, foram expulsos (ou autorizados a emli-
grar). Outros crfticos gue permaneceram no pafs foram declarados loucos € con-
finados em manicêmios, seguindo uma prd4tica iniciada sob o governo de Nico-
lau 1. A polfcia secreta (KGB) continuou to poderosa guanto sempre fora.

LR ki
BE kas
` j di *— aa
]
.*O exdlio internio de seis anos de Sakharov terminou em 1986, e em 1989 ele ganhou uma cadeira na
- 7 Ve, He

'nova legislatura soviérica. Ele morreu mais tarde, No mESMO ano.


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ss ie aiSeEF Fee ri ' , N "ER
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O mundo contempordneo 651

A Europa oriental
a con tin ua rep res sio sob re os pai ses sar éli tes aca bar ia provo-
Percebendo gue
tum ult os, os suc ess ore s de Sta lin co me ga ra m a rel axa r seu controle. Uma
cando
pon tav a par a a Fur opa Ori ent al. Os sar éli tes sov iét ico s passaram a
nova era des
se em dir eGa o a um a au to de te rm in a€ io mai or, ten tan do enc ont rar formas
mover-
de ind ust ria liz aci o, col eti viz aga o da agr icu lru ra e dit adu ra com unista. A
préprias
, des de 195 5, foi por tan to um a sér ie de exp eri men tos para de-
histéria do regime a e gue
de afa sta men to da prê ric a sov i€d ica na pol iti ca int ern
erminar gue tipos o Kr em li n iria tol era r.
nedidas de auto-afirmag&o, no Amb iro da pol iti ca ext ern a,
ci me nt o rev elo u-s e to cru cia l gua nto o ara gue de Kr us ch ev a
Nenhum aconte -
séd io des enc ade ou um ter rem oto pol iti co em tod o o blo
Gulin, em 1956. O epi tidos, rea-
lin ist as e enc ora jan do os mo de ra do s nos par
co, desacreditando os sta
sêe s cau tel osa s ent re OS int ele ctu ais e des per tando, inclusive,
cendendo discus
sonhos de autodeterminag&o nacional. na Po lê ni a— o
de pro tes to soa ram em jun ho de 195 6,
Os primeiros estrondos dec isi vo
dos paf ses sar éli tes . A cri se che gou a um Pon to
naior € mais turbulento Exé rci co Ver-
a se reb ela ria , exp ond o-s e a um a Inv asa o pel o
em outubro: a Polêni cedeu em
abr and ari a o con tro le sov iér ico ? O lid er sov iér ico
melho. ou Kruschev tir de ent ao,
man ter -sé leal 3 Uni ao Sov iét ica . A par
troca da garantia polonesa de mo co mo a pe-
liv rem ent e, aga rra ndo -se ao cat oli cis
a Polênia pêde respirar mais
dra angular de sua identidade nacional. e, os ac on te cl -
re nh a te rm in ad o pa ci fi ca me nt
Fmbora o “outubro polonés” Du ra nt e mu i-
ar am -s € par a um a re so lu ca o bru tal .
mentos na Hungria encaminh o. Em 20 de
am re pr im id o o or gu lh o na ci on al hi ng ar
tos anos, os stalinistas havi le vante em Bu-
se nt im en to an ti -s ov ié ti co ir ro mp eu nu m
outubro de 1956, o
s a se retirarem do pais. Um governo comu-
dapeste, forgando as tropas soviética
o o co nt ro le . An si os o po r co ng ui st ar a si mp at ia
nista moderado assumiu enti do Oc id ente, €
giu um a de mo cr ac ia pol iri ca ao est ilo
popular, o novo governo exi ar ma do s, e co nt an -
to de Va rs
Pac év ia . Co mp le ta me nt e al
a Hungria retirou-sé do
sm o Tir o, OS lid ere s so vi ét ic os re vi da ra m. Em 4 de
do com o apolio de Mao e me
tO Pa S sov iét ica s en tr ar am no va me nt e na Hu ng ria e
novembro daguele ano, as
sufocaram totalmente a Oposi€&0.
as . O no vo lid er co mu ni st a da Hu ng ria, Td-
Mas o ousado levante detxou marc
nos K4dar, era um moderado. Com a aprovagëo de Kruschev, ele erigiu um prag-
sm o go ul as k” or ie nt ad o par a o co ns um o, of er ecendo
mdtico regime de “omuni K4dar também
op or ru ni da de s par a a em pr es a pr iv ad a. O re gi me de
assim boas ass unr cos pii bli -
ip as se m ex te ns am en te dos
permitiu due OS p30-comunistas partic ar am , na dé-
nt o € 4 de sc en tr al iz ac &o do pl an ej am en to po ss ib il it
cos. O relaxame
dve l au me nt o na pr os pe ri da de do po vo hi in ga ro e na liber-
cada de 1970, um nor
ënd la da Hu ng ri a foi mo ti vo de inv eja ent re todos os
dade individual. A experl o
do blo co IE HE R
demais palses sp ec to s ao lid a-
vi ét ic os to rn ar am -s e ma is Ci rc un
Depois de 1956, os lideres so pe rm it in do um a di ve rs id ad e
OS as SU NT OS in te rn os do s pa is es satélices,
rem com
652 Giviliaacio ocidental

crescente de desenvolvimento politico. No entanto, a permissividade Pés-Stalin


nunca esteve livre de riscos, mesmo sob o regime mais moderado de Brejney
como se observou na Tchecoslovdguia em 1968. Um novo grupo de comunista
tchecos, liderados por Alexander Dubcek, tentou liberalizar o regime a fim de
incluir o$ n&0-comunistas, permitir maior liberdade de expressio e livrar a eCO-
nomia dos rigores gue por tanto tempo haviam impedido a prosperidade. Seu
objetivo era um “socialismo democrdticos humanista” ou um “socjalismo com
feicées humanas : um partido comunista apoiado pelo consentimento publicoe
nao pela policia secreta.
Esse programa assustou os governos da Alemanha oriental, Polênia e€ Uniao
Soviética. Em 21 de agosto, tropas de alemaes orientais, poloneses, hingaros e
soviéticos, sob as estipulacêes do Pacto de Varsévia, realizaram uma rêipida e bem
preparada ocupacao da 'Tchecoslov4guia, sem conseguir no entanto guebrar a
refratdria vontade de seus reformadores. Enguanto os tangues soviéticos marcha-
vam com estrondo por Praga, um congresso extraordindrio do partido tcheco
reunia-se secretamente com ftiria contida. Nunca os lideres soviéticos haviam
deparado com uma resistência tio unida por parte de um partido comunista.
Mesmo assim, a revolra fracassou. O partido sofreu expurgos; todas as reformas
foram canceladas; e o pais foi reduzido ao mais profundo desespero. Mas a Uniëo
Soviético pagou por isso um alto prego. Um brado de ofensa moral ressoou em
todo o mundo; os protestos foram ouvidos até em Moscou.
Acontecimentos extraordindrios aconteceram na Polênia. Os operdrios indus-
triais, teoricamente os verdadeiros senhores nos regimes comunistas, Criaram em-
baracos para o governo ao tomarem a frente nas pressêes em favor de liberdade e
de um padr&o de vida melhor. Ouando, em 1978, um cardeal polonês tornou-se
o papa Joëo Paulo IT, o patriotismo despontou. Em 1980, os trabalhadores, sob
a lideranca de um eletricista chamado Lech Walesa, conseguiu, com as béngaos
da Igreja, formar um sindicato trabalhista independente. Denominado Solidarie-
dade, o sindicato envolveu-se em intimeras greves. Em 1981, os problemas che-
garam a um ponto critico: alguns dos membros mais radicais do Solidariedade
falavam em trazer eleic6es livres para a Polênia. Em dezembro, uma ditadura mi”
litar, constituida repentinamente sob o general Wojciech Jaruzelski, pês em vigor
a lei marcial. Walesa e outros lideres do Solidariedade foram presos, e os traba-
lhadores gue protestavam foram dispersos pela forga.
A Republica Democrdtica Alema (Alemanha Oriental) compartilhou, a prin-
cipio, o mesmo destino de todos os satélites soviéticos. Sob a lideranga dos co”
munistas alemêes gue haviam passado os anos nazistas na Uniao Goviética, a IN-
duistria foi nacionalizada, a agricultura coletivizada, e o povo arregimentado sob
o partido (denominado Partido da Unidade Socialista). Mas os protestos contra
o stalinismo surgiram ali mais cedo gue em outros lugares. Em junho de 19593,
os trabalhadores de Berlim se sublevaram, obtendo assim algumas concessoes. se
guiu-se entdo um éxodo constante de mao-de-obra gualificada para a Alemanha
@cidental, principalmente através de Berlim ocidental. Mais de 3 milhêes de pes”

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O mundo contempordneo 653

ant es due o gov ern o da Ale man ha ori ent al con str uis se, em agos-
soas escaparam
ame mur o de Ber lim , alé m de bar rei ras igu alm ent e mor tais ao
to de 1961, o inf
a fro nte ira com a Ale man ha oci den tal . Dur ant e alg um tempo, ces-
longo de toda
“ou todo contato entre as duas Alemanhas. pri meliro
le sob re seu pov o, os lid ere s com uni sta s —
Com renovado contro
, a par tir da déc ada de 197 0, Eri ch Hon eck er — con se-
alter Ulbricht e depois
nom ia. Os ale mae s ori ent ais des fru tar am do mai s ele-
guiram fazer avancar a €co
iét ico . Em 197 2, a dét ent e abr iu rel ag6 es dip lo-
vado padr8o de vida do bloco sov dos lao s eco -
tal e pro mov eu um est rei tam ent o
éticas com a Alemanha ociden ref orm as
ent ais sau dar am o and ame nto das
oêmicos. Apês 1985, os alemaes ori o “ma rch a par a a
Hon eck er, den unc iou com
`a Uniëo Soviética — gue seu lider, em seu pas .
anarguia” — € pas sar am a ans lar por ben efi cio s sem elh ant es

Détente-— e mais guerra fria


os Es ta do s Un id os co nc or da ra m em lim ita r Os
Fm 1972. a Uniso Soviëtica e Ess e ac or do
par a des tru ir mis sei s inv aso res .
isseis antibalfsticos projetados e log o fic ou co-
rel ac6 es ent re os doi s pai ses , du
representou uma nova fase nas das ten sêe s. A
s raz oes par a um a re la xa me nt o
nhecida como d#tente. Havia boa Se nt in do -se mas
no rt e- am er ic an os ma is rea lis tas .
Guerra do Vietn3 tornara os ss iv o de sua polf-
por Sua VEZ , su av iz ar am o to m ag re
seguros, os lideres soviéticos,
tica externa. gue , em 197 5,
am os Aco rdo s de Hel sin
De significado ainda mais amplo for do s os go ve rn os
a gr an de po mp a, po r to
assinados na neutra Finlêndia, em meio ss es ac or do s leg iti -
Un id os . O pr im ei ro de
europeus, além de Canad4 e Estados guerra; os acordos
tr ac ad as na Eu ro pa ce nt ra l no fin al da
mou todas as fronteiras en rt e. Um outro
du e nu nc a sé co nc lu ir a of ic ia lm
foram um substituto para a paz o liv re inter-
par a a Un ia o So vi ér ic a, es ti pu lo u
acordo, especialmente importante
cAmbio de dados técnicos e cienrificos. O acordo final, e gue em seguida se reve-
exi gia o liv re mo vi me nt o de po vo s e idé las pe lo gue
lou o mais problem4rico ,
de fer ro” . Ma s o go ve rn o so vi ér ic o dificilmente
Churchill chamara de “-ortina de ix as se m a Un 1a o
m es ca pa r da op re ss ao
iria permirir gu€ todos os gue desejava
Soviética ou seus satélices- ec id as co mo Str a-
s mis sei s, as ne go ci ag êe s co nh
Juntamente com 9 tratado do est rat égi -
'Ta lks (Co nve rsa g6e s par a a red uca o de arm as
tegic Arms | imitations
UIT nov o aco rdo , o SA LT |, lim ita ndo a pr od ugao de arma-
cas) deram origem a
huc lea res . Au me nt ar am ent io as esp era nga s de gue redu6es
mentos € ogivas
ser neg oci ada s. No ent ant o, o SA LT 11, gue formu-
ainda mais estritas poderiam ima do col aps o da dét ent e em
lou essas esperangas “IT der alh es esp eci fic os, foi vit
nio te nh am rat ifi cad o o SA LT II, os termos do
1979. Embora OS Estados Unidos
mratado foram voluntariamente aceitos pelos dois lados, mesmo apés o fim da
détente.
654 Givilizacdo ocidental

V&rios fatores contribuiram para o fracasso da détente: a continua violacio dos


direitos humanos e Civis pelo governo soviético; o estabelecimento de um regime
pré-soviético na Etiépia; o envio de soldados e peritos cubanos a Angola; ea
invasio do Afeganistao pela Uniao Soviética em 1979. Em 1978, os COMUNIstas
haviam tomado o poder no Afeganistao. A nova lideranga aprisionou € exECUtOU
os oponentes e se encaminhava para instituir uma sociedade marxista. Incert
guanto & capacidade dos comunistas de reprimir uma rebeliëo subsegiiente por
parte dos tradicionalistas islimicos e grupos tribais, a URSS, sob o governo de
Leonid Brejnev, enviou tropas ao Afeganistio em 1979 e instalou uma nova lide-
ranga, de cardter mais acentuadamente pré-soviético. Os afeganes resistiram 3 in-
vasa0, iniciando uma encarnicada guerra civil. Para os norte-americanos, a inva-
sao soviética do Afeganistio constituiu uma prova irrefut4vel do expansionismo
soviético. Reforcando sua hostilidade contra o gue o presidente Ronald Reagan
chamou de `império do mal, o governo norte-americano enviou ajuda militar
aos rebeldes afeganes, dificultando para o governo soviético livrar-se com honra
dessa aventura semelhante 4 do Vietna. O confronto entre Estados Unidos e
Uniëo Soviérica estendia-se agora a uma regiëo incrivelmente delicada, na fron-
teira meridional soviética.
A retomada da guerra fria também ressuscitou a corrida armamenrtista. Em
1981, os Estados Unidos surgiram com a bomba de nêutrons, uma arma Capaz
de martar as pessoas com doses macigas de radiagao letal sem destruir as cidades.
Em 1983, o presidente Reagan anunciou a Iniciativa de Defesa Estratégica (SD]),
cognominada “guerra nas estrelas”, destinada a construir sobre os Estados Uni-
dos um escudo espacial de eguipamentos eletrênicos, capaz de destruir as armas
invasoras. Os criticos denunciaram o custo exorbitante, bem como a inefic4cia
do projeto. Em todo caso, a SDI impeliu a corrida armamentista ainda mais lon-
ge, até o espaco.

A transformacdo da Uniao Soviética e do Leste europeu


Brejnev morreu em 1982; seus sucessores imediatos, escolhidos por consenso
entre os mais altos funciondrios do partido, eram homens idosos gue ocuparam
o Cargo por pouco tempo. O ex-chefe da KGB, Yuri Andropov (68 anos), desde
oinfcio apresentando problemas de sadde, faleceu no comego de 1984. Fo1 €nrao
substituido por Konstantin Chernenko, homem da geragio de Brejnev e igual-
mente doente, gue morreu no inicio de 1985. Nesse ano, Mikhail Gorbachev (n.
1931) assumiu o poder, representando um grupo etdrio mais jovem e mas sof1s-
ticado, cujos membros haviam iniciado suas carreiras no periodo mas trangdilo
gue se sucedeu & morte de Stalin.

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O mundo contempordneo 655

Mikhail Gorbachev. O lider soviétco €


sua esposa visitam Vilna, capiral da
| jtuênia, apds a declarag3o de
independência do Partido Comunista
lituano. Gorbachev advertiu os
manifestantes: “Se tivermos de nos
separar, serd o fim da perestroika.”
Alain NogueslSygma

O: anos de Gorbachev
rb ac he v ti nh a pe rf ei ta co ns ci ën ci a
Go
Autoconfiante, enérgico e€ articulado, s. gue a Uniao
Sa bi a
ta va an sl os o pa ra co mb ar ê- lo
dos problemas de seu pals € es e in du st ri al € ag ri co la se gu is es se
id ad
Soviética precisava renoVvar SU” produriv da Eu ro pa oc id enrtal€
do Su l, Ta iw an , os pa is es
competir com o Japao, 2 Coréia pa rt ic ul ar me nt e at ra sa da no de se n-
os EstadosUnidos; a (UJniëo Soviét ic a es ta va
ao de co mp ut ad or es . Um a gr av e de mo ns tr ag ao de inefi-
volvimento e€ na produg gu an do, devido a
no fin al de ab ri l de 19 86 ,
ciëncia e m4 administragdo ocorreu ina nuclear
ta do -m al or , ex pl od iu um do s re at or es da us
um erro de célculo do es ac ad o. As pa rt ic ul as téxicas
era a no ci va ra di
de Chernobyl, cuspindo na atmosf e Gorbachev olhasse, a m4
cobriram grande part da Europa. Para onde guer gu
rag o ocas ! nada pelo pla nej ame nto rigi do e cent rali zado suf oca va as
Ad minist
inovacoes. sed,
no s gu e u m a re or ga ni za ci o fu nd am en tal do siste-
Gorbachev exiglu n? me
co —a perestroika —, com o partido no comando mas atendendo mais
656 Givilizacéo ocidental

prontamente aos projetos e esperangas dos cidadaos soviéticos. Ainda mais gue
seus predecessores, ele advogava “a democratizacao da sociedade”, esperando as-
sim estimular a participagéo dos cidadaos comuns, sobretudo em seus locais de
trabalho e na administracio local. Defendeu candidatos muilriplos para os Cargos
eleitos, uma experiëncia inédita para os eleitores soviéticos, Para abrandara rigi-
dez administrativa, também concedeu maior liberdade aos empresdrios locais doe
setores industrial, agricola e de servicos, exigindo uma estreita coordenacëo de
oferta e procura, tal como num mercado livre.
Na discussao dos assuntos piblicos, Gorbachev promoveu uma nova politica,a
glasnost (abertura). Oue todos os problemas da sociedade soviética, até ent&o man-
tidos em segredo, fossem abertamente debatidos: corrupg&o, abuso de poder, des-
respeito 3 lei e repressio da critica. Os noticidrios internos cCoOmeECaram entao a
retratar a realidade soviética de maneira mais exata. O passado soviético passou
também a ser examinado com mais honestidade. Durante o 709 aniversêrio da
Revolugio Bolchevigue, Gorbachev declarou gue “a culpa de Stalin (...) pelas
indiscriminadas medidas repressivas e atos de ilegalidade é enorme e imperdo4-
vel”. Gorbachev assegurou entao aos cidadaos soviéticos gue nao hesitassem em
pronunciar-se livremente. Acadêmicos, escritores e artistas responderam a isso
com entusiasmo. A medida gue aumentavam os contatos com o mundo externo,
os ideais do Ocidente, bem como sua cultura e o respeito pelos direitos humanos,
entraram na mentalidade soviética como nunca antes. As reformas politicas foram
acompanhadas por mudangas econêmicas abrangentes, destinadas a afrouxar as
restricêes do planejamento central e promover a economia de mercado.

O fim da guerra fria


Gorbachev também procurou aliviar as tensêes internacionais. A seguranga
nacional na era nuclear, enfatizava ele, exigla a cooperagao entre as superpotên-
cias em nome da sobrevivência comum. Além disso, o alto custo da guerra fria
impedia as reformas gue ele promovia com tanta urgéncia. No espirito da glas-
nost, Gorbachev admitiu francamente gue as perspectivas adversas da economia
de seu pafs forcavam-no a defender nao apenas “relag6es intermacionais nor
mais”, mas também o fim da corrida armamentista. Para dar o exemplo, fez via-
gens pelo exterior, com um togue de eleg&ncia das roupas masculinas ocidentals,
e suspendeu as restric6es gue impediam o acesso ao mundo externo. A €migragao
foi facilita da; empres as estrang eiras foram convid adas a ajudar no in-
dos judeus
econom ia soviétic a: e discuss êes entre os altos escalêe s russo é nofté-
centivo &
americano tornaram-se triviais.
No final de 1988, Gorbachev retirou o exército soviético do Afeganistao, reco-
nhecendo gue a invasao de 1979 fora um erro. Libertou a Europa oriental do
dominio soviético, permitindo a dissolucso do Pacto de Varsévia, a alianga mili
tar soviética naguela 4rea, e deu aprovacëo A reunificacio da Alemanha. Desistiu
da pretens&o leninista guanto & superioridade do comunismo soviético e retrod
o-apolo aos regimes marxistas do 'Terceiro Mundo. Desmobilizando unilateral-
O mundo contempordneo 657

rci to Ve rm el ho em 198 8, su sp en de u ta mb ém os
mente grandes anidades do Exé tarde,
es de ci pu la - co m o pre sid ent e Re ag an e, mais
testes nucleares. Fm reunië
Go rb ac he v pr es si on ou em fav or da reducao
com O presidente George Bush —, s Un id os gu an to a Uniao
de 199 1, tan to os Fst ado
das armas estratégicas. No final de seu s ars ena ls
er- se de um a par te sig nif ica tiv a
Soviética concordaram €m desfaz
nucleares.

O colapso do comunismo
N pe re st ro ik a e a gl as no st es pa lh ar am -s e €n tr e 0S po”
1989: o ano da libertagdo pr eo cu pa do s co m as
da do mi na ga o so vi ét ic a e
vos do Leste europeu, ressentidos 19 90 , os eu ro pe us or ientais
Du ra nt e 19 89 e
erescentes dificuldades econêmicas. mu ni st a € ex ig ir am reformas
co m a id er an ca co
demonstraram sua insatisfagdo da de de sc on te nt am en to po -
ce nt € on
democrdticas. Defrontados com uma cres ra m co m as re fo rm as . Em
ou co nc or da
pular, os lideres comunistas renunciaram no va era na Eu ro pa or ie nt al .
o de um a
odo o mundo, as pessoas saudaram o inid ru ze ls ki a pê r fi m a sua dit a-
o ge ne ra l Ja
Na Polênia, a presso piblica torgara ec on om ia em de te ri or a-
an do co nt ra um a
dura e designar um governo civil. 1 ut li da ri ed ad e, ex tr em am en té po-
si nd ic at o So
co, Jaruzelski legalizou, em 1989, o do pa rt id o co mu ni st a numa
98 ca nd id at os
pular. Autorizado a concorrer Com ma ga do ra vit éri a. Os membros
st ou um a es
eleic&o livre, o Solidariedade congui ag or a 7 pa rl am en to po lo -
ed ad e, ou tr or a pr is io ne ir os , sentav am -s e
do So li da ri
do s gu e ha vi am ma nd ad o pr en dê -l os. Em dezembro de 1990, Lech
nês ao lado
Walesa foi eleito presidente. Hu ng ri a ab ol iu sua burocracia
Po lê ni a, a
Estimulada pelos acontecimentos na lrpar-
comunista em maio de 1989. No Pa l do ano, foi instituido um sistema mu
Fo ru m De mo cr êt ic o ea Al ia ng a do s
io , co m doi s pa rt id os HB o- co mu ni st as — 0
ridr Os hi ng ar os li vr ar am -s e as si m da
ra nc a.
Democratas Livres — disputando a lide da liv re em pr es a.
ais da de mo cr ac ia e
dominacao soviética e abragaram OS ide e an o oc or re u na Al em an ha orien-
ante ne ss
Uma sublevacso ainda mais import e e pel a pr os pe ri da de co m seu s
li be rd ad
al. Mais de 340 mil pessoas votaram pela ab er ta s fr on te ir as da
at ra vé s das re cé m-
pés, fugindo para a Alemanha ocidental io r to mo u as rua s em pro-
nd me ro ai nd a ma
Hungria e da Tchecosloviguia. Um a ca lm a, os co le ga s de Ho necker
re st ab el ec er
testo Contra 0 regime. Esperando
o € in ha -d ur a, ma s as de mo ns tr ac êe s contra-
depuseram seu chefe idoso, enferm , gu an do gu as e um milhao de
continuaram. Em 6 de no ve mb ro
rias ao governo ni st a re nu n-
im ori ent al, o go ve rn o co mu
'anifestantes encheram as TUS de Berl ti co , o Mu ro de Be rlim
pl os ao de fe rv or pa tr ié
ciou. Em 9 de novembro, numa ex
mi lh ar es de al em ae s or ie nt ai s af lu iram para Berlim oci-
oi guebrado; dezenas de
bi do s co m flo res e ch am pa nh e. Ap és a li be rt ag so, a Ale-
dental, onde foram rece ap ro va gë io fin al de
ee oriental log o re un lu -s € 3 Al em an ha oc id en ta l, co m a

Gorbachev:
de Be rl im le va ra m & re nt nc ia de
Na Bulgérias OS dramdricos acontecimentos so vi ét ic o e um op o-
mu ni st a do bl oc o
Tedor Zhivkov. 9 mais antigo ditador co
658 Givilizacio ocidental

em
O muro prestes a cair. O muro de Berlim, simbolo da divisao da Alemanha, foi destruido
nto
novembro de 1989. Jovens entusiasmados escalavam a muralha parcialmente demolida, engua
berlinenses do leste e do oeste invadiam as ruas. Regis Bossu/sygma

nente da reforma. A Bulgéria aderiu 3 busca pelos ideais de governo democrdtico


e livre empresa.
Enaguanto as reformas democrdticas triunfavam em toda parte, Nicolae Ceau-
sescu da Romênia, h4 muito tempo inclinado a seguir seu préprio caminho dita-
torial e hostil as reformas de Gorbachev, impês cruelmente seu regime, ordenan-
do aos soldados gue atirassem numa multidao de manifestantes antigovernistas.
Mas o ressentimento popular era intenso demais para ser refreado, e até mesmo
o exército voltou-se contra o ditador. Em 25 de dezembro de 1989, Ceausescu €
sua esposa foram julgados e executados. O simbolo mais renittente do regime co-
munista, desafiando até o fim a tendência comum ê liberdade democrarica, caira
de maneira ignominiosa.
Enfrentando manifestagées de massa em Praga e pressionados pelo préprio Gor-
bachev a instituir reformas democrdticas, os lfderes comunistas da Tchecoslova-

' 1%
O mundo contempordneo 659

guia renunciaram em 24 de novembro de 1989. V4clav Havel, um importante


sscritor dissidente e defensor declarado da democracia, gue fora preso por suas
opini6es, foi escolhido presidente no dia 25 de dezembro.
Chocado com as noticias da execug3o de Ceausescu e a eleigio de Havel, o
partido comunista jugoslavo rendeu-se, Seu comitê central propês a formagao de
um sistema multipartiddrio, gue foi plenamente adorado em janeiro de 1990.
Com excecio da Albnia, onde o partido comunista se manteve aré as eleigêes
|ivres de fevereiro de 1991, toda a Europa oriental se libertara do jugo soviético —
uma impressionante mudanca gue se realizara, inesperadamente, no curso de um
énico ano. Vistos em conjunto, os acontecimentos na Europa oriental tomaram
um rumo surpreendentemente pacifico, gragas a uma série de fatores favordveis.
Em primeiro lugar, Gorbachev se dispusera a deixar gue os palses satélices seguis-
sem seu préprio caminho. Em segundo, o povo, liderado pelos intelecruais€ pelo
dero, uniu-se contra a domina€3o estrangeira e a miséria econbmica, gu€ con-
mrastava (80 vividamente com a prosperidade da Europa ocidental. Em terceiro
Jugar, os gover nante s comun istas , tal como Gorba chev, havia m perdi do a con-
fanca na ideol ogia marxi sta-l enini sta; sabia m gue havia m perdi do sua legir imi-
dade. Por ultimo, a evidência de gue a liberdade e a democracia ocidenrais leva-
vam ao progr esso havia impre gnado as terras orient ais € in tensi ficad o as expec ta-
popul ares. As revol ucion drias muda ncas de 1989 const ituir am uma vir6ria
rivas
esmagadora das formas de governo e modos de vida ocidentais.
do, jé em 1990, a eufori a do ano anter ior come cou a enfra guece r. No-
Contu
emas assom avam a frente : como se poder iam adapt ar os gover nos de-
vos probl
As tradic ëes de persis tente tensi o nague la regiëo tumul tuada , a gual,
mocrticos
excec &o da Tchec oslov iguia , tinha muito pouca exper iënci a com a demo-
com
reaparece-
cracia? Imediatamente, os antigos rancores € dissensêes entre as etnias
na Jugosl dvia. Em vérlos paises surgi ram grupo s neofascistas, e o
ram, sobretudo
anti-semitismo, profundamente arraigado na Furopa orienral, veio de novo A
tona. Em toda parte, os politicos tiveram dificuldade de estabelecer um consen-
para lidar com a deter iorac ao econê mica: inflag io em alta, prod uao
so efetivo
em baixa, desemprego, €SCass€z de alimenrtos b4sicos. O caos na Unido Soviérica,
a Cuja ,balada economia os €uropeus ori€ntais estavam alnda estreitamente atre-
lados, veio somar-s€ 40 problema da reconstrucao econêmica. Sob tais circuns-
rAncias, as perspeCrlvas de uma democracia parlamentar e de uma eficiente eco-
p e r m a n e c e in ce rt as.
nomia de mercad o
6es for am ain da pior es na lug osl dvi a. For mad a apd s a 1 Gue rra Mun-
As condic
arti fici al, com pos to de gru pos étn ico s ace ntu ada men te
dial como um Fstado
dos pel a Sér vla , a lug osl évi a foi dil ace rad a pel as amb icê es na-
diferentes domina adeadas pelo colapso da Uniao Soviérica. Em julho de 1991, a
4cia votaram a favor da independência; em abril de 1992, a
Bésnia separou-se pondo fim ao controle sérvlo. Explodiu entio o édio étnico,
tendo como CEnTA ” Bésnia, Mr egte montanhosa e fragmenrada. Sua popu-
32% de croatas carélico s e 11% de sérvios orto-
lacao — 44% de mugulmanos,
660 Givilizacio ocidental

Gerco de Mostar. Fugindo dos aragues sérvios na Bésnia, os muculmanos encheram a cidade de
Mostar, na Crod4cia. Os croatas, alarmados, tentaram expulsd-los bombardeando a drea gue
ocupavam na cidade. Os muculmanos amontoavam-se em porêes sem 4gua, luz, nem instalac6es
sanitdrias. Agui, um habitante, tentando escapar as bombas, carrega dgua e provisêes. O cerco
durou nove meses e destruiu a 4drea muculmana de Mostar. Jaurent van der Stock/Liaison

doxos — dividiu-se em comunidades multiétnicas, com poucas 4reas etnicamen-


te consolidadas.
Os três grupos étnicos combateram impiedosamente uns aos outros, com OS
sérvios bosnianos tentando juntar-se 3 Sérvia para formar uma “Sérvia maior..
Conguistaram 70% da Bésnia, comandaram um brutal “expurgo étnido' de mu-
culmanos, ao mesmo tempo gue submetiam Sarajevo, capital da B6snia, a um
sangrento bombardeio. Todos os lados, mas sobretudo os sérvios, praticaram atro-
cidades hediondas, provocando um ultraje moral, mas limitada intervengao es-
trangeira. Enguanto as Nagêes Unidas enviavam para a regiëo peguenas forcas de
paz e impunham sang6es 8 Sérvia, a Comunidade Européia e os Fstados Unidos
toram incapazes de negociar um acordo de paz.
Entao, em novembro de 1995, os encarnigados inimigos, pressionados pelos
Fstados Unidos, gue estavam indignados com a violência ea perda de repuraGao
da OTAN, fizeram um acordo numa conferência realizada em Dayton, Ohio.
Ainda no se sabe se o acordo, gue exige o aguartelamento de 60 mil tropas da
OTAN, entre as guais 20 mil norte-americanas, ird sobreviver 3s animosidades
érnicas e religiosas exacerbadas pela cruel guerra civil.
, Ki .

, ' ot TY A

i & VARS Y ! Vak .


Ad
O mundo contempordneo 661

4 desintegragio da Unido Soviética A transtormagao e o renascimento espirl-


bro
rual gue Gorbachev esperava para a Uniëo Soviética nao ocorreram. Em outu
de 1990, Gorbachev admitiu gue “infelizmente, nossa sociedade n4o esta prepa-
para um Esta do base ado na lei. Nio temo s esse nivel de cult ura politica,
rada
trad icëe s. Tud o isso vird no futu ro”$ , Eng uan to isso, a Unid o Sovi ëtic a e€x-
sesas

perimentava uma ruptura do governo efetivo, o colapso econémico, corrupgao
da crim inal idad e. Em resp osta & crise cada vez malo r, Os liber ais, mais
,umento
te repr esen tado s em Mos cou e Leni ngra do entr e a jove m gera gao rece p-
fortemen
mod os ocid enta is, pres sion avam , sob a lide rang a de Bori s Yelt sin, em
diva aos
répi da ocid enta liza g&o, incl usiv e um sist ema mult ipar tidd rio € uma eco-
favor da
`omia de mercado. Do lado oposto, os comunistas linha-dura preparavam-se
para revi ver o anti go sist ema, con tan do com o exér cito e as forg as de segu ran-
para rest aura r a orde m € mant er o pals unid o. Em agos to de 1991 , inic iaram
ca
golp e, apri sion ando Gor bac hev e dep ond o-o com o pres iden te da Unid o So-
um
viética. Seu objetivo era estabelecer uma nova ditadura comunista.
Os conspiradores, no entanto, todos eles alros oficiais nomeados por Gorba-
m mal a reje icio do povo ao part ido comu nist a. AS forc as de van-
chev. avaliara
rava
guarda da KGB voltaram-se para Yeltsin, gue, arriscando a prépria vida, lide
prot esto popu lar. A expl os&o emoc iona l em favo r da dem ocr aci a
um vigoroso
espa lhou -se de Mos cou para outr as cida des, e o golp e frac asso u em
rapidamente
dias. A prin cipa l viim a do golp e, além de seus lider es, foi o part ido comu-
três
, agor a repu diad o aré mes mo por Gor bac hev e reje itad o pela firia publica.
nista
pela dete rior agao eco nêm ica € os Cres cent es sent imen tos nacionalistas
Asso lada
es bdlricas
entre os varios grupos écnicos, a Unido Soviética dissolveu-se. As nag6
e Estê nia — esta bele cera m sua inde pend ênci a logo ap6s o
`. LituAnia, Letê nia
nova Unis o de Esta dos Inde pend ente s, cons isti ndo em 11 ex-repu-
golpe, e uma
da exti nta Unis o Sovi éric a, oi proc lama da em dez emb ro de 1991. No fi-
blicas
dagu ele mês, Gorb ache v, o dlri mo lider da Unia o Sovi étic a, renu ncio u a pre-
nal
sidência do agora falecido pafs. Boris Yeltsin, presidente da Russia, o mais pode-
s Esta dos inde pend ente s, torn ou-s e o lider info rmal da unië o. Com
roeo dos novo
sformado
sua ideologia em descrédito, a economia arruinada e o governo tran
uanto
numa confederagio de Estados soberanos, a Unido Soviética fracassara eng
prin cipa ls forca s nos assu ntos mund iais . Rest ava agor a uma tinica su-
uma das
perpo réncia.

m o r t e d e u m i deal?
A
O repentino € inesperado colapso do comunismo na Europa oriental em 1989
para semp reo marxi smo. Os refor mador es dos paises do les-
pareceu desacreditar
NN ie
N: BeRae

te EUropeu agora livres da opressao comunista, manifestaram repuidio ao passa-


EE

UIT desejo de regen erar seus Estad os infun dindo -lhes os ideais li-
do socialista €
uigoes dié ae ente. Havel , o recém -elei to presi dente da Tchecoslo-
beraise instit
sedm @des sdu DAE OEI N EA N passa do e a esper anga de um novo
vAguia, :
d e m o c r ê r lco
futuro
662 Givilizacio ocidental

O pior de tuao é gue vivemos num ambiente moral estragado. Tornamo-nos morabmen.
te doentes porgue estamos acostumados a dizer uma coisa e pensar outa. Aprendemos a nig
acreditar em nada, a ndo nos interessar us pelos outros, a preocupar-nos somente com nos
mesmos (..J O regime anterior, munido de uma ideologia arrogante e intolerante reduziu
as pessoas a meios de producdo (...) Muitos de nossos cidad&os morreram na Prisdo na déca-
da de 1950. Muitos foram executados. Milhares de vidas bumanas foram destruidas.
Vocés talvez estejam indagando com gue tipo de republica eu sonbo. Eu Ihes direi: uma
republica gue seja independente, livre € democrdtica, uma republica com Prosperidade eco-
némica € também justica social.

Serd o marxismo uma ideologia fracassada gue sê pela forca se mantém nos
poucos paises em gue os regimes comunistas ainda subsistem? Serd gue o “socialis-
mo cientifico”, gue alegava ter decifrado o significado essencial e o curso da his-
toria, nao é nem cienrtifico nem relevante para as necessidades atuais? Serd mera-
mente outra idéia & gual se deu demasiado crédito e gue agora est prestes a ser
varrida para a lata de lixo da histéria? O teërico politico Francis Fukuyama suge-
re gue o declinio do comunismo e o fim da guerra fria revelam um processo mais
amplo em andamento, `o triunfo supremo da democracia liberal do Ocidente”:

O século XX viu o mundo desenvolvido descer a um paroxismo de violência ideoldgica,


guando o liberalismo combateu primeiro os remanescentes do absolutismo, depois o bolche-
vismo e o fascismo e, finalmente, um marxismo renovado gue ameagava levar ao derradei-
ro apocalipse da guerva nuclear. Mas o século gue iniciou cheio de autoconfianca no triun-
fo supremo da democracia liberal do Ocidente parece, ao seu final, estar retornando, depois
de uma volta completa, ao ponto no gual comegou (..) a uma vitéria inabaldvel do libe-
ralismo econêmico e politico. O triunfo do Ocidente, da idéia ocidental, evidencia-se so-
bretudo na total exaustio das alternativas sistemdticas vidvets ao liberalismo ocidental (...)
O gue podemos estar testemunbando (...) é o ponto de saturagio da evolugdo ideoldgica aa
bumanidade e a universalizagio da democracia liberal ocidental como a forma de governo
definitiva."

O mundo pos-guerra fria


O fim da guerra fria assinalou uma profunda ruptura com o passado. A com-
pericio entre as duas superpotências e suas ideologias antagénicas, gu€ polariza-
ra a politica mundial, dava lugar agora a uma nova afirmagao da diversidade
politica mundial, estimulada pelos ideais vitoriosos da liberdade democrdrica e
da autodeterminag&o. As minorias étnicas e religiosas comegaram a lurar por re”
conhecimento e independência; as tensêes politicas dentro e entre os Estados, até
entio amenizadas pela rivalidade das superpotências, subitamente edlodiram. Ao
colapso das ditaduras comunistas seguiram-se as agonias da libertagao entre os

Mapa 22.3 Europa ea antiga Uniao Soviérica ap6s a guerra fria P

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664 Givilizacio ocidental

povos da Europa central e oriental e da antiga Uniao Sovidtica. De um MOmen-


to para outro, o mundo tornara-se mais incontroldvel e complexo. No
entanto,
uma nova constelacio politica veio oferecer um elemento de estabilidade.
O poder global concentra-se agora em três dreas geogrdficas, dotadas
de forca
politica e econêmica eguivalente, em intensa cCOMpeticao entre si mas compeli-
das a manter relacêes pacificas por causa de sua estreita inte
rdependência. Elas
compartilham a visio Comum de uma modernidade ocidentalizada,
bem como
as incertezas da nova abertura global.
O papel principal pertence aos Estados Unidos, o mais forte € rico
pais. Com
seus 260 milhêes e 800 mil habitantes, tem a terceira maior populacio do
mun-
do, depois da China e da India, e é ainda uma superpotência, graa
s a suas armas
nucleares e bases militares na Europa e Asia. Seu poderio ficou demo
nstrado na
Guerra do Golfo, em 1991, guando facilmente derrotou Saddam Hussein, com
reduzida ajuda dos pafses aliados. O agressivo ditador iraguiano tinha invadido o
Kuwaic a Him de controlar o Oriente Médio, rico em petréleo. Por meio do
Acordo para o Livre Comércio Norte-Americano (NAFTA), os Estados Unidos
expandiram as relag6es comerciais com seus vizinhos Canad4 e Méico. Sua
expectativa é de estender esse acordo por todo o hemisfério ocidental. “A rea de
livre comércio das Américas se estenderd do Alasca até a Argentina (...) esse
hemistério serd o maior mercado do mundo”, dedlarou o presidente Bill Clinton
em 1994. Os Estados Unidos também se beneficiam de seus inimeros lacos eco-
nOmicos ao redor do mundo, o gue amplia seu alcance cultural. Seus ideais atuam
como guia para o futuro global; seu estilo de vida é objeto de inveja entre todos
OS POVOS.
No leste asidtico, um grupo de Estados com poder econêmico e influência po-
litica, gue têm entre si relac6es menos estreitas, ganhou proeminência, tendo o
Japao a frente. Embora tenha uma limitada esfera de acao politica, nio possua
armas nucleares nem uma cadeira no Conselho de Seguranca das Nac6es Unidas,
e ainda esteja ressentido por causa de suas vitimas de guerra, o Japio conguistou
uma enorme influência econêmica na Asia, nas Américas e na Europa, além de
manter-se firme contra seu vizinho chinês. A China, uma potência nuclear com
cadeira no Conselho de Seguranga, é sobrecarregada por sua imensa populaio
de 1 bilhao e 200 mil habitantes. Sua sociedade, caracterizada em 1923 por seu
viajado estadista Sun Zong-shan como “um lencol de areia solta”, carece da uni-
dade civica necessiria para uma democracia efetiva. Seu governo mantém o pals
unido pelo poder ditatorial, baseado numa ultrapassada ideologia comunista,
mas concede suficiente liberdade 3 iniciativa privada para fomentar o desenvolvi-
mento econéêmico. No entanto, o porencial econêmico da China é limitado pelo
persistente subdesenvolvimento de sua infra-estrutura.
Préximos a esses dois gigantes, os “peguenos drag6es” orla do Pacifico — Taiwan,
Hong Kong, Cingapura e Coréia do Sul — sio suas préprias fontes de energia eco-
Ee nêmica, inspirando vizinhos como a Malésia ea Indondsiaa seguirem seu exem-
plo. Habitado por povos cheios de energia e aptidêes, movidos pela influência
ip Ad ee
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Pia de EER rd]
' 5 ie E oe F EG F 1 i j
drr, OE TA
B El s out ere dd N
i Fi ar TERE,
O mundo contempordneo 665

ado
ocidental, o leste asiético esté desempenhando um papel cada vez mais destac
no mundo. g u l o b a l . e r c o d a
A Eur o p a o c i d e n t a l s i t u a - s e n o t e r c e i r o v é r t i c e d o t r i ë n g l o B
a l s c e n d o m u n i d a d e p o l i t i c a e e c o n ê m i c a , e l a c o n s t i t ui
o
civilizac& ociden t € cre e
a s u n t o s m u n d i a i s . S e n d o a m a i o r e n t i d a d e d e c o m é r -
uma preseng de peso nos as
a , p o n s é v e l p o r u m g u i n t o d a e c o n o m i a m u n d i a l , o ocidente euro-
cio isolad res
m s o t ê n c i a s n u c l e a r e s , F r a n c a e I n g l a t e r r a , a m b a s m e m -
peu abriga també dua p a a r m e n t e aos
g a das Nac6 e s Un i d a s . V i n c u l a d m i l i t
bros do Conselho de Seguran
T A N , a E u r o p a o c i d e n t a l é u m c e n t r o d e p o d e r
Fstados Unidos por meio da O
ranto polftico guanto militar. n tal ainda é visi-
r s i d a d e h i s t ê r i c a a l t a m e n t e i n t e r a t i v a d a E u r o p a o c i d e
A dive m e -
s , n d e s g u a n t o p e g u e n o s — t o d o s c o m p r o
o
vel. Seus Estados membro tant gra servar
s o m o g o v e r n o d e m o c r d t i c o e m s u a s v a r t a s f o r m a s — , l u t am para con
do c a d es internas. O
a d e s i c i o n a i s e n g u a n t o l i d a m c o m as d i f i c u l d
suas identid trad
r e g o , d o d e r e f u g i a d o s e i m i g r a n t e s , a crescen divi te da
alto indice de dese m p o m e
s f a g s o i a l , a s i n c o n s t a n t e s m a i res
o r i a s p a r l a m e n t a e a n e -
dos governos, a insati so c
p e t i t i v i d a d e e c o n ê m i c a c o n s t i t u e m i m p o r t a n tes desa-
oessidade de manter a com s , l o c a r a m - s e
o s s r o b l e m a s i n t e r n o d e s
Pos. Os eleitores receosos, absorvid em seu p s o p é i a . r e u n i f i-
l e r a n d o e n d ê n c i a r u m o 3 i n t e g r a g e u r o A
para a direita, desace a t
m r o u e g u i l i -
a , gue imp p ê s e s a d o s é n u s a o p a i s , r a m b é a l t e o
cac&o da Alemanh n h o s r e o c u p a -
a n h a , d e i x a n d o s e u s v i z i p
brio de poder europeu em favor da Alem s , a n h a d e l o n g e o
o p u l a c i o d e 8 1 m i l h é e s d e h a b i t a n t e a A l e m é
dos. Com uma p - s e m i s s a & c o m u n i-
. d u e c o n t i n u a r d a i n t e g r a r s u b
maior Estado da Europa Ser g - l a ?
a i d e n t a l , o u t e n t a r d d o m i n d
dade de nacëes da Europ oc aram unidade Européia
t o , r o j e t o s a m b i c i o s o s t r a n s f o r m a C o m
Engua n o
iss p
d o r a t a d o d e M a a s t r i c h t , e s b o c a d o em 1991, a
na Uniëo Européia. Segu n o " T
u m o f i n a l d o s é c u l o e i r d c o m p a r -
a om n
Uniëo Européia deverd ter uma moed c r - se da coesao de um
r n a . i n a l m e n t e , i r d a p r o x i m a
tilhar a mesma polftica exte F
s onais ntre os
e
o f i c a d o . D a d a , p o r é m , a p e r s i s t ê n c ia das ambicêe naci
Fstad uni z e m e m p o . O p r o j e -
, o v 4 v e l u e e s s e s p l a n o s s e r e a l i e m t
Fetados membros é impr g
o s o -
r - s e a e s t e c o l o c a a i n d a o b s t d c u l a d i c i
to da Uniso Européia de expandi par o l
s s o s r o s p e r o s € d e m o c r é t i c o s p a i s e s e s c a n d i n avos d o-
nao ser pr
nais. A inc l u d o p
a , p d b l i c a T c h e c a , a F s l o v é g u i a e a H u n g r ia, cuja
blema. Mas comoa Polêni a Re
r n o de-
d a , m p r i r o s r e g u i s i t o s d e u m g o v e
admissio est4 sendo considera ir4o cu
s , e s s é r i o s p a r a s u a a d e s a o? Ain-
n o m i a e m e r c a d o e s t é v e i n e c
mocrtico € Uma eco d
lco pês-
a i s i n g u i e t a n t e , d e g u e m a n e i r a a n o v a F u r o p a i r d l i d a r c o m o t u m u
da m
a l c a s e, a c i m a d e t u d o , n a R u s s i a e o u t ros paises
sOviético NOS paises além — nos B r i c a n os olham para o
ais e seus ali a d o s n o r t e - a m e
da Eurdsia? Os europ€ ocident
t i f i c a d a p r e o c u p a g a o .
este com jus
6O6 Givilizacdo ocidental

O novo globalismo: problemas e perspectivas


A IT Guerra Mundial impeliu os habitantes da Terra a uma inevitdvel
e estrei-
ta interdependência. O globo esd se tornando um tnico sistema econêmico e fi-
nanceiro. As empresas multinacionais tém escritérios e f#bricas em todo o mun-
do. Os ideais de direitos humanos e igualdade perante a lei, bem comoa Clência,
a medicina, a tecnologia e as técnicas comerciais ocidentais foram ex portadas para
todos os continentes.
O novo globalismo reflete-se nas Nacêes Unidas, Orgao criado em abril de
1945 pela coalizao vltoriosa na guerra, com a finalidade de manter a paze DIO-
mover os direitos humanos. Porém, na dltima década deste século, a comunida-
de global tornou-se uma associac&o ingoverndvel de cerca de 160 Estados sobera-
nos. As Nagêes Unidas no conseguiram evitar os muitos peguenos conflitos gue
eclodiram na Asia, no Oriente Médio, na Africa e na América Central.
Sob a superficie da politica global, desenrola-se um profundo e ainda incon-
cluso processo de transformagio cultural. Nenhuma outra civilizac&o na histêria
conseguiu universalizar-se a ponto de impor suas realizacêes e seu espirito a todas
as demais, tal como o fez a civilizag&o ocidental. Bem ou mal, ou europeus e os
povos de ascendência européia tomaram a iniciativa na criacio do mundo irre-
versivelmente interdependente do gual devem encarregar-se as gerag6es presen-
tes e futuras. Ao tentarem ajustar-se, em nome da modernizacio, As instituicêes,
mAguinas e atitudes humanas desenvolvidas pela civiliza3o ocidental, os povos
nao ocidentais muiras vezes se véem em permanente conflito com suas tradic6es
narivas.
A penosa tarefa de fundir os modos de vida ocidental e nao-ocidental, afim de
construir um Estado e uma economia modernos, teve inicio com o processo de
descolonizagao, apés o final da II Guerra Mundial. Os Estados recém-indepen-
dentes elaboraram constituicêes democrdticas baseadas em principios iluminis-
tas. Os elementos mais ocidentalizados e cosmopolitas da populag&o alcangaram
as cadeiras do poder. Mas a frustracio nao demorou a chegar, Os novos paises,
em geral miseravelmente pobres, compostos de grupos dtnicos rivais gue nêo
sentiam nenhum apego & nova nacio, e povoados por camponeses iletrados, tei
mosos e afligidos por doengas, entraram na corrida por poder e prestigio com sé-
rias desvantagens.
O “atraso”, gualguer gue seja a forma e o nome gue apresente, representa hu-
milhagdo da gual se deve esguivar o mais rApido possivel pelo “desenvolvimento”
— aproximando-se dos pafses “avancados”. O desenvolvimento visa elevar o pa-
drao de vida e alcangar a industrializac&o, a participa€8o no progresso tecnol6gi-
co e cientitico €, acima de tudo, prestfigio mundial. Nesse sentido, a lura pelo de-
senvolvimento entre os povos n&o-ocidentais significa o m4ximo de ocidenrtaliza-
Cao. Toda a humanidade empenha-se na modernizacio —- em dominar as institul-

Mapa 22.4 (Os três principais blocos comerciais


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668 Givilizario ocidental

Oes e tecnologias desenvolvidas pelo Ocidente. Mas como? Infelizmente,


com
algumas notdveis excecêes, os recém-chegados &A moderna con
dicio de Estado
estavam despreparados para lidar com as organizacêes em grande esca
la, necess-
rias 3 sua nova condigao, € com a competig&o global. Cada pais n&o-ocidenta
l fe;
suas proprias experiëncias de modernizagao, segundo os limites
IMPOSLOS por sua
historia e seus recursos. Variando desde o suceseo extraordi
ndrio até o fracasso
completo, esses esforGos oferecem um panorama de um mundo em
dolorosa tran-
sigaAo. As tentativas de ocidentalizacso e modernizagao, de ajustamento
a um
mundo interdependente e competitivo, cobraram um oneros
o tributo humano
das sociedades culturalmente despreparadas para mudangas dr4s
ticas — hesitantes
e incapazes de romper com sua heran€a cultural, embora ansiosas
por colher os
beneficios da modernidade.
O mundo é habitado por mais de 5 bilhêes de seres humanos — nimero gue
se espera estar por volta de 6 milh6es no ano 2000, e daf para mais. Ajudando a
sustentd-los, existe uma vasto conjunto de realizacêes originalmente ocidenta
is:
o Estado nacional, o industrialismo, a ciëncia e tecnologia, organizac6es de Am-
bito mundial para a cooperag&o comercial e internacional. Alguns povos n&o-
ocidentais estao agora alcancando os feitos ocidentais. Entre todos os Povos, nao
Importa gu&o apegados se sintam a seu passado, tornou-se um desejo ardente —
se nao uma necessidade absolura — estar a par das tltimas inovacêes. A sobrevi-
véncia depende do dominio das técnicas modernas — técnicas originalmente oci-
dentais — na produtividade econêmica, no progresso cienrifico € tecnol6gico, e
no desenvolvimento de armas mais avangadas. Essas capacidades sio as chaves
para obter poder e prestigio no mundo. Assim, através da ocidentalizacio e da
interdependência econêmica, o novo globalismo tornou-se uma irresistivel reali-
dade mundial, gue acelerou assustadoramente o ritmo das mudancas. Essa trans-
formagio tem sido para melhor ou pior?
Muitas pessoas discorrem sobre os aspectos positivos. A interdependência glo-
bal, dizem elas, aumentou em muito a cooperacio mundial. Veja gue resultados
impressionantes. O volume dos negécios mundiais cresceu enormemente, ofere-
cendo nova seguranga material para a vida humana. Pessoas aré entao isoladas ti-
veram acesso a novas oportunidades de desenvolvimento pessoal; ganharam mo-
bilidade em sua busca de um destino melhor. Além disso, a interdependência glo-
bal estimulou as mentes do mundo inteiro, recrurando talentos em diversos pal
ses. Os avangos em todos os campos de erudig&o foram estarrecedores. A ciëncia
e a tecnologia, mais préximas do gue nunca, aumentaram o controle humano
sobre a natureza, superando os mais loucos sonhos das eras anteriores. Os fisicos
exploraram o 4tomo até os menores componentes da martéria, e os biélogos des-
nudaram as estruturas genéticas da matéria animada. Os seres humanos coloca-
ram os pés na Lua. Foguetes com sofisticados eguipamentos foram enviados as
mais longinguas dist&ncias do sistema solar. Os avancos na eletrênica levaram 0
mundo inteiro as remotas aldeias da Asia e da Africa, através do ridio e da televi-
sa0. Os compurtadores, indispensdveis a0s Cientistas € engenheiros, invadiram 0
cotidiano das finangas e do comércio, € aré mesmo as casas das pessoas.

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O mundo contempordneo 669

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Mudanca na Africa do Sul. O ex-presidenre da Africa do Sul, EF. W. de Klerk, conversando com
seu sucessor, Nelson Mandela. A eleigio em 1994 de um governo muldirraial, chefiado pelo |
presidente Mandela, encerrou o amargo capitulo do repressivo dominio branco na Africa do Sul.
Todos os pafses africanos rém agora governos narivos ou multirraciais. Meuters/Bettmann

s as par-
Nas artes e na literatura, a interag&o das influências culturais de roda
mun do for am um esti mulo cria tivo . Ain da mais imp ort ant e, dif und iu-sea
tes do
pag o com a dig nid ade hum ana . Emb ora des pre zad a na prdt ica, a Ded la-
preocu
ce um padrao
rac&o Universal dos Direitos Humanos das Nagoes Unidas estabele
mundial gue serve de guia para o fururo. Orgaos como a Anistia Internacional
as viol ac6e s dos dire itos hum ano s; outr os pro cur am aliv iar a fom ee
est&o atentos
em assi stên cia dura nte as epi dem ias e apés as ocor rénc ias de card strofes na-
oferec
rurais. Esses avanGos criaram um sentimenrto de otimismo entre algumas pessoas,
em uma opo rtu nid ade de mud ang a para o cont role esdl arecido do
gue perceb
destino humano em todo o mundo. A prosperidade do pés-guerra encorajou um
in te r naci onal de coo per agd o para traz er os recursos naturais € a popula-
esforco
cons tant e, prop icia r uma igu ald ade mai or ao redo r
GAo mundial a UM eguilibrio
do mundo e evitar U€TT2S mundiais devastadoras. Esse estado de espirito ainda
subsiste em alguns guadrantes. | mad |

apoi ar tal ori mis mo, um obs erv ado r can ade nse cita evid ênci as esta tisticas
Para
ora s. Nos dlri mos 30 anos , a pro duc ao de ali men tos per capi ta no mundo
animad
670 Givilizacao ocidental

aumentou em 20%; vivemos num mundo mais bem alimentado, a despeito do


crescimento populacional de 1,8 bilhao. Nos paises em desenvolvimento, a ex.
pectativa de vida média elevou-se de 53 para 65 anos, e as mulheres passaram a
ter guatro filhos, em vez de seis. Os negécios mundiais cresceram em 6%. E nos
nove anos anteriores a 1993, o nimero de paises democrdticos subiu de 99 para
107. Em resumo, `para a maioria dos cidadaos do mundo, a vida est ficando
cada vez melhor, em guase todos os setores”!,
Ao mesmo tempo, porém, existe um sentimento contririo de pessimismo. A
despeito de todo o progresso, a maior parte da humanidade ainda continua na
miséria. No guadro historicamente diminuto dos dltimos 100 anos, o mundo
sofreu um desconcertante crescimento demogr4fico. Em 1900, a populac&o
mundial estava em 1,6 milhao de seres humanos. Cingtienta anos depois, essa
mulrido elevou-se para 2,5 bilhêes; e em 1994, disparou para 5,5 bilhêes. As
projeg6es para 2025 indicam gue a populagio mundial estard em algum ponto
entre 7,6 bilhêes e 9,4 bilhêes. Na segunda metade do século XXI, de acordo
com o Banco Mundial, a populag&o total pode estabilizar-se entre 10 e 11 bi-
Ihêes; outras projegêes chegam a 14,5 bilhêes'!. Esse estarrecedor aumento de-
mogrdfico ameaga a capacidade do meio ambiente terrestre de sustentar a vida hu-
mana. Os individuos tém de encontrar seu caminho entre massas cada vez maio-
res de pessoas, € as massas oprimem seus governos com problemas cada vez maiores,
tanto domésticos guanto nas relac6es internacionais. O fardo é especialmente
pesado para as nag6es nao-ocidenrtais, cujas populagêes crescem mais r4pido. Na
Africa sub-saariana, por exemplo, afligida pela pobreza, a taxa anual de cresci-
mento demogrdfico é de 3,2%, a mais elevada do mundo. Se essa taxa nao for
controlada, a populacio atual da regiëo, de 600 milhêes de pessoas, poderia mais
do aue dobrar num periodo de 35 anos, chegando a 1,6 bilhao'.
A medida gue aumenta a populagao mundial — na década de 1990 esse cresci-
mento foi estimado em 88 milhêes de pessoas por ano —, os recursos naturais do
planeta, j4 empobrecidos pela explosio populacional do século passado, tornam-
se proporcionalmente mais escassos, € o meio ambiente fica prejudicado. Estima-
se gue, desde 1950, o mundo perdeu guase um guinto de seu solo ardvel, por cau-
sa da eros&o; e um guinto de suas florestas tropicais, reserva vital de especies ant
mais e vegetais, foi desmartado. Na Africa, o aumento populacional excessivamen-
te rApido provocou uma extensa deteriorag&o do solo. S€us povos, tradicional-
mente auto-suficientes em alimentos, agora dependem da imporragao de graos.
Al, como também na América Latina, as pessoas comem menos. Na Africa, bem
como na fndia, os pastos sofrem excessivas pastagens, e o gado morre de fome. O
deserto do Saara est se estendendo para o sul, numa velocidade alarmanrte.
Os pafses desenvolvidos também sofrem com a degradagao ambiental. Os re-
stduos guimicos poluem os suprimentos de 4gua subrerrêneos, os lagos, rios e até
mesmo os oceanos. As praias do Mediterrineo sio notoriamente sujas. A 4gua
| u 'estê se tornando escassa, tanto para beber guanto para irrigagao. A radiag&o do
“ likonuclear expelido pelas usinas de energia e fdbricas de armamentos apresenta
s” RE
O mundo contempordneo G71

s vis tve l, os es ca pa me nt os de mi lh êe s de car ros €


riscos especiais. De maneira mai pio r nas
io ri a das cid ade s; a po lu ig ao do ar é
caminhêes escurecem OS céus da ma
pai ses pob res , pio r ain da tal vez na Ci da de do Mé xi co . A
grandes cidades dos
ei ma m ca rv o pr od uz a ch uv a dci da, gue des tré i flores-
fumaca das usinas du€ gu
as em mu it as par tes da Eu ro pa e da Am ér ic a do Nor te. Outra conse-
ras valios
sé obs erv a de per to, do uso das co mo di da de s mo de rn as € a destrui-
guéncia, gue
de oz 6n lo na at mo sf er a sup eri or, oc as io na da pel os clo rof luo rca r-
c50 da camada
nos aer oss êis e ref rig era dor es. A ca ma da de oz én io red uz a pe-
bonos utilizados
iol eta do Sol na sup erf ici e ter res tre ; sua des tru ica o poe €
hetrac3o dos raios ultrav
em risco toda a vida orgênica.
im en to s ins ufi cie nte s de ali men to, agu a lim pa e ass ist ênc ia mé di ca red u-
Su pr
tu ni da de s de gua se me ta de da po pu la so do glo bo. Po vo s su bnurri-
em as opor
sp re pa ra do s pe rp et ua m ou me sm o au me nt am a j4 di ss em inada
dos, doentes e de
dis so, a ele vag 8o nos pad rêe s de vid a ex pe ri me nt ad a por alg uns
pobreza. Além
er ra est a re tr oc ed en do em mu it os pai ses . De sd e a II Gu er ra
pOVOS no pês-gu
ra m tod os os esf orc os par a ven cer a dis tan cla ent re as nac oes
Mundial, fracassa
dad e, ess a dis tan cla fic ou ain da mai or. As co mu ni ca go es
ricas e pobres; na ver
sce r as exp ect ati vas dos pov os pob res do glo bo, ma s sua s
modernas fizeram €re
riv eis dif icu lda des gue im pe de m o de se nv ol vi me nr to : po pu -
sociedades sofrem ter
s, an al fa be ti sm o gen era liz ado , de sn ut ri co , do en ga s, inclu-
lac6es cada vez maiore
od ef ic ië nc ia adg uir ida (A ID S) , e div ida s en or me s. Al ém
sve a sindrome da imun
glo bai s ex ce de ra m a so ma dos pr od ur os int ern os bru ros
disso, os gastos milicares -
ica sub -sa ari ana . As des pes as mil ita res dos pai ses do Ter
da China, fndia e Afr
ain da mai s rêp ido , en gu an to po rc en ta ge m do seu PIB , gue
ceiro Mundo crescem no
ido s. Gas ta- se mai s din hei ro no co mé rc io de ar ma s
as dos pafses desenvolv
mercado internacional gue no comércio de graos. ren tar a
rez a, os paf ses na o- oc id en ta is rém ain da gue enf
Incapacitadas pela pob u as
Na ma io r par te del es, a inf luê nci a oci den tal su bv er te
desorientacio cultural. l e
eli te, de mo do ger al, rec ebe um a ed uc ag ao oci denrta
culturas tradicionais. A
a oci den tal — As vez es co m irr esp ons dve l ex tr av ag ência —,
segue um estilo de vid
a tra dic &o nar iva . O gro sso da po pu la ga o est d preso entre a
embora ainda ligada
oci den tai s. As vel has for mas , co m sua s ob ri ga g6es morais
tradicao e os modos
das pel a tra dig io- e pel a rel igi ëo, sêo des acr edi tad as pel o afl uxo de moder-
justif ica
gue che ga do Oc id en te . O vaz io mor al, co mb in ad o co m as provacêes da
nidade
a cor rup €3o , a vio lên cia e, co m de ma si ad a fre gtiiëncia, a
modernizac3o, incentiva
roal falta de humanidade.
con dic êes , h4 po uc as cha nce s de su rg ir em go ve rn os democrdticos es-
Sob essas
de ini cia tiv a efe tiv o par ece imp oss ive l. O reg ist ro
raveis, Sem OS guais o espirito
histérico dos Ulrimos 30 anos mostra um crescente nivel de violência dentro dos
ado s ap6 s a I1 Gu er ra Mu nd ia l. Os cru éis reg ime s co munistas e
novos Estados cri
tas gue pr ec ed er am a gue rra tém imi tad ore s em v4r ias par tes do mundo
fascis
o do des esp ero e do fa na ti sm o con sti tui um a am eaca
atual. O terrorismo nascid
em todos OS lugares.
672 Givilizacio oridental

Todos os problemas mencionados acima — explosio populacional, deteriora-


caAo do meio ambiente, animosidade étnica, desorientacao cultural e o frac
asso
em manter a democracia — $io mais sérios na Africa ocidental, com
o descreve um
observador:

A Africa ocidental estd se tornando ge


o simbolo da tensêo demogrdfica, ambiental e social
gue afeta o mundo, na gual a anarguia criminosa emerge como o verdadeirg perigo “stra-
Fa. 27

tgico'. Doenga, superpopulagio, crime despropositado, escassez de recursos migragdes de


—— . *

refugiados, a erosao crescente dos Estados nacionais € das fronteiras internacionais, € 0 for-
talecimento dos exércitos privados, das empresas de seguranga e dos cartéis internacionais
de drogas sio agora demonstrados, de maneira mais mmeguivoca, através do pris
ma do oci-
dente africano. A Africa oeidental constitui uma introducio apropriada aos problemas
(..) gue logo irio confrontar nossa civilizacio.”

Em resumo, 'a escassez, a criminalidade, a superpopulacëo, o tribalismo € as


Ti ” ” ” ë F

doengas estéo rapidamente destruindo o tecido de nosso planeta”'* Tudo contri-


bui para a tendência universal rumo 3 violência como o instrumento letal da aUtO-
afirmaco coletiva ou mesmo individual.

A tradigao ocidental numa era global


Nos ulimos anos, a moderna civilizacio ocidental sofreu severas criticas vin-
das de varios lados, inclusive de pensadores religiosos, intelectuais livremente cha-
mados de pés-modernistas e defensores dos povos do Terceiro Mundo.
Alguns pensadores religiosos rejeitam a era moderna por ter abragado a racio-
nalidade secular, o legado essencial do Hluminismo. Argumentam eles gue a razio
sem Deus degenera numa preocupacio sobrepujante com a eficiëncia técnica —
um tipo de atitude mental gue produz Auschwitz, os campos de trabalho forga-
do de Stalin, as armas de destruicio em massa, e a espoliacio e poluic&o do meio
ambiente. O ser sem Deus degenera na competigio, dominagëo e exploragao
egofstas e no hedonismo irrefreado. Ao conceber a dignidade humana em termos
puramente seculares, somos incapazes de reconhecer o #4 de outro ser humano,
de ver nosso préximo como alguém ague foi dignificado por Deus; e ao afastar
Deus da vida, terminamos no vazio espiritual e numa corrosiva aflig3o espiritual.
Fsses criticos da tradicio iluminista exortam & reorientagio do pensamento €m
torno de Deus e dos absolutos morais transcendentes. Sem tal reorientac4o, afir-
mam eles, a democracia liberal nio poderd resistir 3 tentac#o do totalitarismo,
nem vencer a maldade humana.
Os pés-modernistas argumentam gue a modernidade gue se fundou sobre a
heranga iluminista, vista outrora como uma forta progressiva gue emanciparla 0
individuo de dogmas e tradic6es irracionais e da autoridade, tornou-se uma fon-
“tede repressio através de suas préprias criac6es: tecnologia, burocracia, consu-
'mismo, materialismo, o Estado nacional, ideologias e uma variedade de outras
O mundo contempordneo 673

instituicêes, procedimentos e normas. Uma aversio & cultura tecno-cientifica e


sua metodologia légico-racional leva os pés-modernistas a rejeitarem o principio
da objetividade nas ciëncias sociais e atribuirem grande importência ao subjetivo
`. aos sentimentos, intuigao, fantasia, & poesia da vida. Sustentam eles gue a ava-
liacso de dados e argumentos racionais, nio importa gu&o légicos parecem, reve-
la unicamente preferências e inclinag6es pessoais. Em seu ponto de vista, a pre-
tensio da ciëncia 3 verdade nao é maior gue a da religiëo, do mito ou da bruxa-
ria. Num mundo caracterizado pela diversidade cultural e por idiossincrasias
individuais, nê existem respostas corretas, nem regras gue se apliguem a todos e
em gualguer lugar. A exemplo dagueles gue assinalam os riscos de se desvincular
a razao dos valores espirituais, os pés-modernistas argumentam ainda gue a razao
favorece governos opressivos, complexos militares e burocracias asfixiantes. Além
disso, ela nio resolveu nossos problemas.
Exprimindo desdém pelo humanismo ocidental, gue atribui uma dignidade
inerente aos seres humanos, proclama o pleno desenvolvimento do potencial do
individuo e coloca no centro da existência o ser humano racional e autênomo, os
pés-modernistas afirmam gue o humanismo fracassou. A visdo humanista do
socialismo terminou no stalinismo, e o humanismo liberal provou n&o ser mais
eficaz gue o cristianismo como impedimento ao nazismo. Acaso a tradigao hu-
manista racional, indagam eles, foi capaz de resolver os problemas de superpopu-
lacao, poluic&o disseminada, fome mundial e pobreza, gue assolam hoje nosso
planeta? Num Ambito menor, conseguiu a razao enfrentar com sucesso a pentiria,
a falta de moradia, a violência, as tensêes raciais ou o abuso de drogas gue estio
destruindo nossas cidades? Os pés-modernistas afirmam, além disso, gue a tradi-
c30 ocidental, considerada como um dos grandes feitos criativos da humanidade,
esté impregnada de vieses classistas, raciais e de género. Em sua opiniao, ela no
passa de uma interpretagio masculina, branca e eurocéntrica das coisas; os ideais
de gue o Ocidente se vangloria sêo, na verdade, apenas um manto de hipocrisia,
destinado a ocultar, racionalizar e legitimar o poder, os privilégios e as preferên-
cias das elites masculinas, brancas e europélias.
Os pés-modernistas € outros criticos da civilizagao ocidental, sobretudo os gue
se identificam com as populac6es nio-brancas do globo, guestionam o valor in-
trinseco de toda a tradico da cultura e erudig&o humanistas. E apontam os abu-
sos histéricos do Ocidente moderno: escravidao, imperialismo, racismo, etnocen-
trismo, sexismMO, exploragio de classe e devastagao do meio ambiente. Acusam os
ocidentais de marginalizarem os pobres, as mulheres e os nao-brancos, olhando
para eles como OS “OUutros.. Condenam o Ocidente pela exalrag&o arrogante dos
valores e realizagoes ocidentais e pelo menosprezo, e mesmo a destruic&o, aos po-
vos € culturas indigenas do mundo. Considerando a civilizacio ocidental intrin-
secamente deficiente, alguns criticos buscam uma sabedoria mais elevada nas tra-
dic6es n3o-ocidentais — €ntré j africanos, aslaticos € norte-americanos nativos.
Os defensores da heranga 1 GESE, por OR EA lado, dfgumentam gue esse

legado, a despelro de rodas as suas deficiëncias, ainda tem uma mensagem pode-

di
674 Civilizado ocidental

rosa para nos. Advertem contra a desvalorizac&o e ruina de rea


lizag6es gue so
tinicas do Ocidente moderno: a tradigao da racionalidade, gue possib
ilita uma
compreensao cientifica do universo fisico, a utilizacio do nature
za em beneficio
do aprimoramento humano, ea identificacio e reforma das Instit
uig6es e crencas
irracionais e abusivas; a tradicao da jiberdade politica, gue
constitui o aljcerce das
instituiges democrdticas; a tradic&o da Jiberdade interna, gue afi
rma a capacida-
de do individuo de alcancar autonomia ética:a tradicëo do bumanismo
, gue con-
sidera os individuos como sujeitos ativos, com direito e Capacidad
e de realizar
seu pleno potencial humano; a tradicso da igualdade, gue €xige tratam
ento igual
perante a lei; e a tradigao da dignidade bumana, gue afirma a
integridade e o
valor invioldveis da personalidade humana e é a forca gue hoje imp
ulsiona a
busca global por justica social e pelos direitos humanos.
A luta moderna pelos direitos humanos — iniciada durante o Humini
smo,
levada adiante pela Revolucëo Francesa e incorporada no liberalismo — ainda
continua na era cContemporênea. Dois desdobramentos cruciais nessa luta io o
movimento pelos direitos civis nos Estados Unidos e o movimento feminista. Os
porta-vozes desses movimentos utilizaram idéias formuladas pelos pensadores
ocidentais nas primeiras batalhas em favor da liberdade e igualdade. Assim, uma
das raz6es para o sucesso da politica de acëo direta de Martin Luther King foi
gue, ao fazer a América branca envergonhar-se de n&o viver de acordo com seus
principios democrdticos e judaico-cristaos, ele a inspirou a isso. Em sua famosa
“Carta da Cadeia de Birmingham”, King expressou o elo imanente entre seu
movimento e a tradicao ocidental:

Um dia o Sul saberd gue, guando esses flhos deserdados de Deus sentaram-se nos bal-
coes de almogo, estavam na verdade defendendo o gue hd de melbor no sonko americano €
as leis mais sagradas de nossa beranga judaico-crist4, e, dessa forma, levande toda a nagdo
de volta aos grandes poros da democracia, gue os Patriarcas Fundadores cavaram bem
fundo ao formularem a Constituirio e a Declarario de Independência.V

As organizac6es feministas, gue surgiram primeiramente nos paises avancados


do Ocidente, no século XIX, continuam sua agitagao em prol da igualdade total,
e nos dltimos anos proliferaram em todo o mundo.
O teërico social francês Jacgues Ellul assim responde aos intelecruais gue ma-
nifestam desdém pelo Ocidente e exalram as outras civilizagées do mundo:

Nao estou criticando nem rejeitando outras civiliaacoes e sociedades (...) A coisa (.
contra a gual eu protesto é a atitude tola dos intelectuais ocidentais em odiar seu préprio
mundo e entdo, ilogicamente, exaltar todas as outras civiliaabes. Faga a si mesmo esta per”
gunta: Se os chineses acabatam com a prdtica de amarrar os pés das mulheres, e se os mar-
roguinos, turcos e argelinos comegaram a libertar suas mulberes, de onde veio 0 impalso
para essas mudangas? Do Ocidente, e de nenhum outro lugar! Guem inventou os dirertos
do homem”?
i ee (Jo fato essencial, central e inegdvel é gue o Ocidente foi a primetra civilizacio da
EE ehistéria a concentrar a atentio no individug € na liberdade (..) O Ocidente, € somente 0
O mundo contempordneo 675

Ocidente, é responsdvel pelo movimento gue conduziu ao desejo de liberdade (..) Hoje os
homens acusam de ultraje a escravidao e a tortura. Onde se originou esse tHpo de indigna-
rio? Gue civilizaio ou cultura gritou gue a escravidiio era inaceitdvel e a tortura escanda-
losa? Nio o lslao, nem 0 budismo, nem Confsicio, nem o Zen, nem os cédigos religiosos €
morais da Africa e da India! Somente o Ocidente defendeu os direitos inaliendveis da pes-
oa bumana, a dignidade do individuo (...) O Ocidente tentou aplicar, de maneira cons-
rente €e metbdica, as implicagêes da liberdade.
(..) o Ocidente descobriu o gue ninguém havia descoberto: a liberdade e o individu
(..) Nio vejio nenbum outro modelo satigfatdrio gue possa substituir aguilo gue o Ocidente
produziu.”

As rafzes desses ideais encontram-se, em dlrima andlise, na heranga grega ou


judaico-cristé do Ocidente, mas foram os pfilosophes do Iluminismo gue os arti-
cularam claramente para a era moderna. Decerto, esses ideais sao uma meta, nao
um feito acabado, e nada fard os ocidentais apreciarem a preciosidade desses
ideais e ficarem mais atentos a sua precariedade gue examinar sua violagao e dis-
torcao ao longo dos séculos. Também é verdade gue cada dpoca precisa repensar
e revitalizar essa tradic3o a fim de atender 3s suas préprias necessidades.
Nessa era de globalismo, com seu elevado senso de diversidade dtnica e culcu-
ral, é fundamental, portanto, gue os ocidentais se tornem sensiveis as histêrias e
tradicêes de todas as culturas e extirpem para sempre todas as idélas racistas, se-
xistas e irracionais gue envenenaram gravemente as percepgêes e a histéria do
Ocidente. Mas é igualmente fundamental, numa era de interdependência e ten-
sao globais, gue os ocidentais continuem a afirmar os valores essenciais de sua
heranca € néo permitam gue esse legado inestimdvel seja negada ou descartado.
Como demonstra a histêria de nosso século, sempre gue perdemos a confianga
nessa heranga, nos arriscamos a perder nossa humanidade, e a vida civilizada é
ameacada pela barb4rie organizada.

Notas

1. Citado em Walter Lagueur, Europe Since anotado por Boris 1. Nicolaevsky. Nova
Hitler. Baltimore, Penguin Books, 1970, York, The New Leader, 1956, p. 20.
118. S. Discurso de Gorbachev no 70 aniversd-
2 “The Truman Doctrine”, in Major Pro- rio da Revolucio Bolchevigue, citado no
blems in American Foreign Policy: Docru- New York Times, 3 nov. 1987, p. A3.
mens and Essays, org. por Thomas G. Pa- 6. Citado em Anthony Lewis, “Er Tu
rerson. Lexington, Mass, Hearh, 1978, Eduard", New York Times, 21 dez. 1990,
vol. 2, p. 290. p- A39.
3. Kwame Nkrumah. The Autobiograpby of 7. New York Times, 2 jan. 1990, p. A13.
Kwame Nkrumab. Edimburgo, Thomas 8. Francis Fukuyama, “The End of His-
Nelson, 1957, p- * tory', The National Interest (verso de
4. Nikica S. Kruschev in 7he Crimes of Stalin 1989): 3-4.
Era Special Report to the 20 Confress of 9. James Brooke. “U.S. and 33 Hemisphere
she Comrmunist Party of the Sovier Union, Narions Agree to Create Pree-Trade Zo-
676 Givilizacdo ocidental

ne", New York Times, 11 dez. 1994, sec. . 13. Robert D. Kaplan, “The Co
pl. ming Anar-
Chy”, AHantic Montbly, 273
10. Marcus Gee. “Surprisel The World Gers (fevereiro de
1994): 46.
Better, World Press Review, 41 (julho de 14. Jeid, p. dd.
1994): 18-20. 15. Extrafdo de James M. Washin
11. Paul Kennedy. Preparing for the Twenty- gton (org)
The Essential Writing and Sp
First Century. Nova York, Random House, eeches sf
Martin Lutber King, Jr. Nova
1993, p. 23. York, Har-
per Collins, 1991, p. 302.
12. John Darnton. “Lost Decade'Drains Afri- 16. Jacgues Ellul. 7e Betrayal of
as Vitality”, New York Times, 19 jun. the Woes:
Trad. de Matthew J. O'Connell.
1994, sec. 1, p. 10. Nova
York, Seabury, 1978, pp. 16-19,
29, 49.

Sugestoes de leitura

Beschloss, Michael, e Strobe, Talbott. Af she Gorbachev, Mikhail $. Perestroika: New


Highest Lavels (1993). Relato bem infor- Tbin-
king for Our Country and the World ( 987).
mado dos, tumultuados acontecimentos
Relato oficial escrito pelo lider soviético,
de 1989-6993 e do fim da guerra fria. cobrindo os assuntos internos e externos.
Buchan, David. Europe: The Stange Saper- Gwertzman, Bernard, e Michael T. Kaufman
power (1993). Exame critico da diploma-
(orgs.). The Collapse of Communism (1990).
cla e da defesa na Comunidade Européia.
Relatos do Mew York Times.
Colchester, Nicholas, e David Buchan. Euro-
Kaiser, Robert ]. Why Gorbachev Happened:
power: The Essential Guide to Europet Eco-
His Triumpbs and His Failures (1991). O
nomic Transformation in 1992 (1990). destacado jornalista oferece seus jmusights
Como surgiu o conceito da Comunidade
sobre as dificuldades de reformar o siste-
Européia e aré gue ponto ele provavel-
ma soviético.
mente serd realizado.
Marsh, David. 7he Germans: Rich, Botbered
Craig, Gordon. 7he Germans (1982). Aspec-
tos fundamentais da Alemanha pés-I ana Divided (1990). Excelente fonte de
Guerra Mundial em perspectiva histérica. informag6es relevantes e andlise percep-
Dahrendorf, Ralf. Reflections on the Revolu- tIva.
Hon in Europe (1990). As perspectivas da Pond, Elizabech. Beyozd #he Wall: Germany:
reforma econêmica e da democracia na Road to Unifscation (1993). Relato da nova
Europa oriental. Vale a pena uma leitura Alemanha, escrito por uma jornalista
cuidadosa. veterana com uma visio otimista do futu-
Doder, Dusko, e Louise Branson. Gorbachev: ro da Europa.
The Heretic in the Kremlin (1990). Exce- Remnick, David. Lenins Tomb (1993). Relato
lente relato
da revolugio de Gorbachev. magnifico, ganhador do prêmio Puliczer,
Ellul, Jacgues.7e Betrayal of the West (1978). dos dltimos anos da Unido Sovidtica.
Uma defesa da tradic&o ocidental. Rosenau, Pauline, M. Post-Modernism and
Garton-Ash, Timothy. 7he Magic Lantern: the Social Sciences (1992). Excelente dis-
The Revolution of 89 Wimnessed in Wirsau, cussao das ultimas tendências no pensa-
Budapest, Berlin and Prague (1990). Re- meEntoO.
lato vivido do fim do comunismo na Eu- Smich, Hedrick. 7he New Russians (1990). Jor-
ropa oriental, transmitindo o entusiasmo nalista norte-americano analisa os efeitos da
da época. glasnost na vida cotidiana da U.R.S.S.
O mundo contempordneo 677

Ouest6es de revisao
iores Furopa oriental em 1989. Por gue a “revo-
]. Na sua opiniëo, duais foram as ma
mu da n€ as gu e oc or re ra m na Eu ro pa oci- lucao de 1989” foi relativamente pacifica?
dental ap6s a I] Guerra Mundial? .O gue você pensa a respeito do contlico
r- entre a modernizacio e a preservag#o das
7 Discuta os principais problemas do gove
ho na Franca e Inglaterra desde 1945. culturas tradicionais?
3, Oue problemas Stalin enfrentou na Uniao . Ouais sio os principais problemas globais
Soviética apés a II Guerra Mundial? Como gue afetam sua geragio? Você se considera
ele tentou lidar com eles? um pessimista ou um orimista?
4, O gue aconteceu ao stalinismo apés a mo
r- . Por gue alguns pensadores criticam a ci-
te de Stalin? E durante os governos de vilizac&o ocidental? Como os defensores
Kruschev e Gorbachev? da tradicdo ocidental respondem a esses
5. Relacione os principais acontecimentos na atagues?
FEE 1 “mud he sd FEEDe N ui

TE EEN EG
Marvin Perry faz com gue o leitor possa abordar
' Pi das idêias e a histêria dos aconteci- Braudel, F. Givilizacio Material, Fconomia € Capitalis
mentos'com a mesma facilidade. Braudel, F. Gramdtica das Civilizagdes
' id conciso e conceitualmente unificado, Braudel, F. O #spaco e a Fistéria no Mediterrdnueo
destaca as relacoes entre o cdlima intelectual dos TEI IETS sobie a Historia

principais periodos da histêria e o desenvolvi- Bronowski, J. A Fscalada do Homem

mento politico, cultural, social e econêmico des- Commelin, P. Mizo/ogia Grega € Roma
sas épocas. Cerca de cingienta mapas ilvstram e Coulanges, F. de A Cidade Antiga
servem de apoio didatico as narrativas dos even- Dalarum, 4. Amor e Celibato na lgreja Medreval
tos histêricos. Daumard, A. Os Burgueses e a Burguesia na Franga

0 autor mostra a continvidade e as mudancas na DT G. A Europa na ldade FI

tradicao ocidental, estudando a evolucao das Ferro, M. A Histéria Vigiada

principais instituicoes, como a lgreja, o Estado, a Finley, M. I. Flistéria Antga

DLEEEEST EG TT Finley, M. I. Uso e Abuso da Historia

ETN TERE ET ET Tr Jaeger, W. Paidéia

reformulacao do capitulo final “O Ocidente numa Jones, P. V. O Mundo de Atenas

era glcbal”. Foram revistos e ampliados os en- Mumford, L. A Cidade na Historia

Toynbee, A. Ui ATE E ET
saios de condusêo dos capitulos, expandidos os
capitulos sobre a histêria intelectual e dado vm
destague maior e vma nova organizacio aos
ensaics,sobre arte.

(oen
4AT y dd. TAP TA
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d TE TA MEET iN MT FEIT OT TT KEESA
Givilizacio Ocidental
Uma histéria concisa
SEGUNDA EDICAO

MARVIN PERRY

Traducao
WALTENSIR DUTRA
SILVANA VIEIRA

Martins Fontes
SZo Paulo 999
ma edge
DE
EE
ED
EN n mE RA
EFF EP
! vra abra tou publiada orngimalmente em mrelés com o Hule
MESTERN CMVILIGATION A BRIEF HISTORY,
por Houghton Miflin Companv. Boston. Massachurers,
Unaimed States of America
Copvrighr € 1997 hy Houghton Miflin Company
Copvrighr € Livraria Maruns Fontes Eduora Lida.
Sac Paulo. I98S. para a presente edicdo

1! edicaa
setembro de |YAS
2' edicao. revista e atualizada
Junho de Iy

Traducio
WALTENSIR DUTRA
SILVANA VIEIRA

Revisao da traducio
Silvana Vieira
Revisao grafica
Ana Luiza Franca
lvanv Picasso Batsta
Producao grifica
Geraldo Alves
Paginacao/Fotolitos
Studie 3 Desenvolvimento Fduorual (6957-7653)

Dados lnternarionais de Catalogario na Publicacio (CIP)


(Cimara Brasileira do Livro, SP, Brasi!)
Perry. Marvin
Cvilizario ocidental ` uma histéna conc
/ Marvin
isa Perry ;
traducio Waltiensu Duira, Silvana Vieira. — 2% ed. — Sao Paulo
Martuns Fontes. 1999.

Tiuuo onginal: Western civilization.


Bibliografie.
ISEN B5-136-1064-5
1. Cmvilizagio ocidental - Histêria 1. 'Titulo.

99223) CDD-S09 0982]


Hndices para catlogo sistemdtico:
1. Cwilizagio oridental : Hisiria 909,09821

Todas as direitos para a lingua portuguesa reservados d


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es
s Sumario

IR
d MY, dd P dy

(ronologias
XAE
Prefdcio
(. reografia da Europa

PARTE UM
O mundo antigo: da fundacio do Ocidente
a 500 d.C.
CaplTULO 1
O Oriente Préximo antigo: as primeiras civilizagoes
Pré-histéria 4
Ascensêo 3 civilizacao 8
A civilizagao mesoporimica 9
Religido: base da civilizagdo mesopotdmica 10
O governo, a lei ea economia 12
Matemdtica, astronomia e medicina 13
A civilizagao egipcia 14
Do Antugo bnpério ao Médio Império I4
Religiëo: base da civilizagdo egipeia 15
A realeza divina 16
Ciëncia e matemdtica 17
O Novo bnpério e o derlinio da civilizacdo egipcia 18
Construtores de impérios 20
Hititas 20
Peguenas nagoes 20
Assiria 21
Pérsia: unificadora do Oriente Préximo 22
A orientagao religiosa do Oriente Préximo antigo 3
Uma visdo mitica do mundo 24
Realizacies do Oriente Préximo 25
Notas Sugestêes de leitura Ouestêes de revisao 26

GAPITULO 2
Os hebreus: uma nova concepcio de Deus e do individuo 28
Primérdios da histéria hebraica 28
vl Civilicacéo ocidental

, Deus: uno, soberano, transcendente, bom 31


Autonomia moral € individual
$ 33
Aaliancaealei 34
O conceito hebraico de histéria 36
| Os proferas 38
O legado dos antigos judeus 39
| Notas Sugestêes de leitura Ouestoes de revisao 40

CAPITULO 3
Os gregos: do mito 3 fazao 42
As primeiras civilizag6es egéias 42
A evolug3o das cidades-estados 44 |
| Homero, o modelador do espirito grego 45
O rompimento com a politica teocrdtica 47
| Esparta: um Estaao fortificado 48
Atenas: 9 despontar da democracia 48
As Guerras Persas - 51
O amadurecimento da democracia ateniense 52
O dedlinio das cidades-estados 55
A Guerra do Peloponeso 55
O sérulo IV 56
O ailema da politica grega 57
A tilosofia na idade helênica 58 |
Cosmologistas: a andlise racional da natureza 58
Softstas: a investigacio racional da cultura bumana 61
Sdcrates: o individuo racional 62
Plato: a sociedade racional 64
Aristoteles: sintese do pensamento grego 67
| Arte 69
i Poesia e teatro 70
Histéria 72
Herédoto 73
Tucdides 73
A idade helenfstica: o segundo estégio da civilizacao grega 74
Alexandre Magno 75
Dinastias rivais 76
Cosmopolitismo 77
A culcura e o pensamento helenisticos 78
Histêria 78 o
Are 79
Ciëncia 79 |
Filosofid "80 VEER eu
As realizag6es gregas: razao, liberdade, hu
manismo. . 83...
ras. Sugestoes de leitura Ouestêes de reviszo 85
Sumdrio Vil

CAPITULO 4
Roma: de cidade-estado a império mundial 87
A evolucio da constituigaio romana 87
A expansêo romana até 146 a.C. 91
A unificardo da ltdlia 92
A conguista do mundo mediterrêneo 92
As consegtiëncias da expansdo 96
A cultura na Repiblica 97
O colapso da Repuiblica 98
A revolucio dos Graco 99
A rivalidade entre os generais I01
fdlio César 101
Os dltimos anos da Republica 102
Augusto e os alicerces do Império Romano 103
A pax romana 104
Os sucessores de Augusto 104
A era da felcidade” 107
A cultura € o direito romanos durante a pax romana 109
Sinais de agitac3o 114
Debilidades sociais e econêmicas 114
Estagnagio cultural e transformacdo 115
O declinio de Roma 117
A crise do século HT II17
Diocleciano e Constantino: o Fstado arregimentado 119
Invasoes €e migracbes tribais 120
As raz6es do declfinio 120
O legado romano 123
Notas Sugestêes de leitura Ouestêes de revisao 123

CAPITULO 5
Primérdios do cristianismo: uma religio mundial 125
Origens do cristianismo 125
O judafsmo no século Ia.C. 126
Jesus: a transformagdo moral do individuo l126
SZo Paulo: de seita judaica a religiëo mundial 129
Difusao e triunfo do cristianismo 131
A atracio do cristianismo 13
O cristanismo e Roma 132
O cristianismo e a filosofsa grega 133
Desenvolvimento da organiza€ao, doutrina e atitude cristas 134
O primado do bispo de Roma 134
O surgimento do monasticismo 135
A tradicio das escrituras € as disputas doutrindrias 136
viil Givilizacio oeidental

O cristianismo e a sociedade 137


O cristianismo e os judeus 137
Santo Agostinho: a perspectiva €rista 139
Cristianismo e humanismo cldssico: visêes de mundo alternativas 141
Notas Sugestoes de leitura Ouestêes de revisio 143

PARTE DOIS
A Idade Média: os séculos cristios — 500-1400 144
CAPITULO 6
O despontar da Europa: fusio das tradices
cléssica, crista e germanica 146
O Oriente medieval 146
Bizdncio 146
ll l48
A cristandade latina na Alta Idade Média 151
Transformagio politica, econêmica € intelectual 151
A lgreja: modeladora da civilizacio medieval 153
O reino dos francos 155
A era de Carlos Magno 155
A fragmentacio do império de Carlos Magno 158
A sociedade feudal 159
Vassalagem 159
Os guerreiros feudais 160
As mulheres da nobreza l6I1
A sociedade agriria 162
Expansao econêmica no apogeu da Idade Média 163
Uma revolagio agricola 164
! O renascimento do comércio 165
A ascensio das cidades 166
A ascensio dos Estados 168
Inglaterra 168
Frangca 170
Germênia I7I
O crescimento do poder pontifical 173
A reforma gregoriana 173
As CGruzadas 176
Dissidentes e reformadgres 178 .
es Jnocéncio III: o auge do poder pontifical. 160

'ugestoes de leitura.... Ouestêesde revisao. .. 183


Sumdrio IX

CAPITULO 7 185
Florescimento e dissolucao da civilizaco medieval
Renascimento do conhecimento 185
A visio de mundo medieval 187
O universo: os mundos superior e inferior l68
O individuo: pecador mas redimivel 18?
Filosofta, ciëncia e direito 190
Santo Anselmo e Abelardo 191
Santo Tomds de Aguino: a stntese da fé e da razio 192
Ciëncia 194
Recuperacio do direito romano 1 95
Literatura 196
Araguitetura 198
O século XIV: uma época de adversidades 199
O declinio do papado 203
Conflito com a Franga 203
O Grande Cisma € o movimento conciliar 204
Heresias do século XIV 205
A dissolucao da sintese tomista 206
A Idade Média e o mundo moderno: continuidade
e descontinuidade 207
Notas Sugestêes de leitura Ouestêes de revisao 212

PARTE TRÊS
A ascensio da modernidade: da Renascenga
ao lluminismo — 1350-1789 214

CAPITULO 8
Transicdo para a Idade Moderna: Renascenga e Reforma 216

Jcdlia: berco da Renascenga 217


A perspectiva renascentista 220
Humanismo 221
Uma revolucio no pensamento politico 223
A arte renascentista 224
A difusio da Renascenga 227
O humanismo erasmiano 228
O humanismo inglês e francés 228
A Renascenca e a ldade Moderna 229
Antecedentes da Reforma: a Igreja medieval em crise 231
A revoltaluterana 232
O rompimento com o catolicismo 233
Givilizacio ocidental

Atracio e difiusdo do luteranisimo 235


A difusio da Reforma 236
O calvinismo 236
Franca 238
Inglaterra 239
A Reforma radical 241
A reac3o cat6lica 242
A Reforma ea Idade Moderna 244
Noras Sugestoes de leitura uestées de revisio 246

CAPITULO 9
Transformacao politica e econbdmica: Estados nacionais,
expans&o ultramarina, revolugao comercial 248
A caminho do Estado moderno 248
A Espanha dos Habsburgo 251
Fernando e Isabel 252
O reinado de Carlos V: rei da Espanha
e Santo Imperador Romano 253
| Filip 254
O fm dos Habsburgo espanhdis 255
O crescimento do poderio francês 256
| A religiio e o Estado francés 256
A consokidagio do poder mondrguico francês 258
Ef)

O crescimento da monarguia limitada e o constitucionalismo


-
ee

na Inglaterra 261
EE

! As realizacoes dos Tudor 262


A Revolugio Inglesa, 1640-1660 e 1688-1689 263
O Santo Império Romano: a incapacidade
EEN

de unificara Alemanha 265


A expans3o européia 267
As forras gue levaram ê expansdo 267
O império português 269
O império espanbol 270
A escravid3o negra e o comércio de escravos 272
A revolugio dos precos 273
A expansio da agricultura 274
A expansio do comércio e da induistria 276
InovagGes nos negdrios 276
oo Diferentes padroes de desenvolvimento comercial 277
A criag#o do capitalismo mercanril 278
EA caminho de uma economia global 280
as Sugestêes de lejtura Ouestêes de revisio 281
BE
as EES re er
Sumdrio x

CAPfTULO 10
'Transformaco intelectual: a Revolugio
282
Cientifica e a Era do Iluminismo
A vis3o medieval do universo 282
Uma nova visaio da natureza 283
Nicolau Copérnico: o destronamento da Terra 285
Galileu: uniformidade da natureza e fisica experimental 285
A critica & autoridade 287
Johannes Kepler: leis do movimento planetdrio 2689
A sintese newtoniana 290
Profetas da ciëncia moderna 291
Francis Bacon: o método indutivo 291
René Descartes: o método dedutivo 292
O significado da Revolug&o Cientifica 293
do Ium ini smo : afi rma cio da raz& o e da lib erd ade 296
A Era
A ertfica ao eristianismo: a busca de uma religido natural 297
Pensamento politico 298
Antecedentes do século XVII: Hobbes e Locke 299
Montesguieu 300
Voltaire 301
Rousseau 301
Pensamento social e econêmico 303
Epistemologia, psicologia € educacdo 303
Liberdade de consciëncia e pensamento 304
Humanitarismo 306
Economia do laissez-faire 306
A idéia de progresso 309
Guerra, revolug&o e politica 310
Conflitos armados e revolugdo 310
Despotismo esclarecido 312
O Iluminismo e a mentalidade moderna 313
Notas Sugestêesdeleitura Ouestoes de revisao 314

PARTE OUATRO
O Ocidente moderno: progresso e ruptura
— 1789-1914 317
CAPfTULO 11
A Era da Revolug&o Francesa: afirmacdo
de liberdade e igualdade 319
O Antigo Regime 319
O primeiro estado 319
XI Civiliaario ocidental

O segundo estado 320


O terceiro estado j32l
Administragio inefciente e desordem financeira 323
O papel do Jluminismo e da Revolucio Americana 324
Uma revoludo burguesa? 324
A fase moderada, 1789-1791 326
Formacio da Assembléia Nacional 326
A tomada da Bastilha 328
O Grande Medo 328
Os dias de outubro 330
N EN

As reformas da Assembléia Nacional 330


EE”

A fase radical, 1792-1794 331


EE” “EET

Os sans-culottes 332
N EN
EEN” vs”

Invasdo estrangeira 333


Os jacobinos 334
A nardo em armas 335
A Republica da Virtude e o Reinado do Terror 336
A gueda de Robespierre 338
Napoleëo e a FranGa: retorno ao regime autocrdtico 339
Um déspota esclarecido 339
Polfticas legais, educacionais e financeiras 341
Napoleao e a Europa: a difusao das instituicêes revoluciondrias 342
A gueda de Napoleao 344
Incapacidade de dominar a Inglaterra 344
A akera espanhola 345
A guerra de libertario alema 345
Desastre na Russia 346
Derrota final 347
O significado da Revolugio Francesa 348
Notas Sugestêes de leitura uestêes de revisao 350
|
CAPITULO 12
A Revolugio Industrial: transformagao da sociedade 352
O inicio da era industrial 352
A Inglaterra primeiro 355
Mudangas na tecnologia 355
A transformacao da sociedade 357.
Mudancas na estrutura social 359
A vida da classe trabalhadora 361
O inicio da reforma na Gra-Bretanha 363
Reag6es ê industrializacio 366
Liberalismo 367 |
He Socialismo primitivo 368
nd ustrialismo ém perspectjiva 370
ta. Bugestoes deleitura
Ee my Ee hi df ad,
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Ouestêes de reviso. . 872
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Sumdrio Xill

CAPITULO 13
XIDX 3/7)
Pensamento e cultura no inicio do século
Romantismo: uma nova orientagio cultural 213
Exaltacio da imaginagdo e dos sentimentos 374
Narureza, Deus, bistêria 376
O impacto do movimento romdntico 37 7
O idealismo alemao 378
O desafso do empirismo de Hume 37?
Immanuel Kant 379
G. WE Hegel 380
Conservadorismo: o valor da tradigao 383
Hostulidade 4 Revolucdo Francesa 363
A busca da estabilidade social 384
Liberalismo: o valor do individuo 385
As origens do liberalismo 385
Liberdade individual 386
Liberalismo e democracia 387
Nacionalismo: o cardter sagrado da naGao 388
A emergéncia do nacionalismo moderno 38”
Nacionalismo e liberalismo . 390
Notas Sugestêes de leitura Ouestoes de revisao 391

CAPfTULO 14
O despontar do liberalismo e do nacionalismo:
revolucëo, contra-revolucio e unificago 393

O Congresso de Viena 393


Estadistas e guestoes 393
O acordo 395
Revolucëes, 1820-1829 397
Revolucëes, 1830-1832 A00
As revolucêes de 1848: Pranga 401
A revolucdo de fevereiro 401
Os dias de junho: revoluio dos oprimidos 402
As revolucëes de 1848: Alemanha, Austria e Irélia 403
Estados alemdes: o liberalismo desacreditado 403
Austria: o dominio Habsburgo 405
Jrdla: fragmentagio continuada 406
As revolucêes de 1848: uma avaliagao A07
A unificacao da Trdlia 408
Mazzini: a alma do Risorgimento 408
Cavour € a vitdria sobre a Austria 409
Garibaldi e a vitéria no Sul 410
Conclusio da unificacdo italiana 411
A unificaco da Alemanha 412
XlV Civiliaario ocidental

Priissia: agente da unificagio 412


Bismarck e o caminbo para a unidade 413
Problemas de nacionalidade no império Habsburgo A17
Notas Sugestêes de leitura Ouestoes de revisao 419

CAPITULO 15
Pensamento e cultura em meados do século XD:
realismo e critica social 421
Realismo e naruralismo 421
Positivismo 423
Darwinismo 424
Selerio natural 425
Darwinismo e cristianismo 426
Darwinismo social 427
Marxismo 428
Uma ciëncia da histêria 429
Conflito de classes 43l1
A destruicdo do capitalismo 432
A influência de Marx 433
Criticos de Marx 434
O liberalismo em transicao 435
John Stuart Mill 435
Thomas Hill Green 436
Feminismo: estendendo o principio da igualdade 437
Notas Sugestêesde leitura Ouestêes de revisao 439

CAPITULO 16
Europa no final do século XIX: modernizacao,
nacionalismo, imperialismo 442)
O avanco industrial Add
Urbanizagio acelerada 445
A ascensdo dos partidos socialistas 446
Gra-Bretanha: reforma e inguietacso 447
Reforma social 448
Agitardo feminista 448
A guestiio irlandesa 450
Franga: uma nagdo agitada 45
Alemanha: o poder do Estado 452
Ttélia: expectativas frustradas 454
Fstados Unidos, 1865-1914 4ss
sd ss A ascensao do nacionalismo racial 457
EO
Kn
N je

pensamento Volkish 459


OO anti-semitismo 460
#Fneia do novo imperialimo 465.
herEs
Sumdrio

Causas 465
Controle e resistência 467
A dominacao européia da Asia 468
fndia 468
China d47l
Japdo 472
A disputa pela Africa 476
A conferência de Berlim 476
Os ingleses na Africa 477
Outros paises europeus na Africa 479
O legado do imperialismo 479
Notas Sugestêes de leitura Ouestoes de revisao 480

CAPITULO 17
A consciëncia moderna: novas formas de ver
A82
a natureza, o ser humano e as artes

Trracionalismo 482
Nietasche 483
Bergson 487
Sorel 488
Freud: uma nova visio da natureza humana 488
Pensamento social: confronto entre o irracional e as complexidades
da sociedade moderna 492
Durkheim d92
Pareto 493
Weber 494
O movimento modernista 495
Ruptura com a estética convencional 495
Arte moderna 497
Fisica moderna 500
O desmantelamento da tradig&o iluminista 502
Notas Sugestoes de leitura Ouestêes de revisao 505

PARTE CINCO
A civilizacdo ocidental em crise: as guerras
mundiais e o totalitarismo — 1914-1945 507
CApfTULO 18
I Guerra Mundial: o Ocidente em desespero 509
Agravamento das tensêes nacionalistas na Austria-Hungria 510
O sistema alem&o de aliancas $13
O novo império alemdo 513
As metas de Bismarck 515
I
STER Eko

Civikzacio ocidental
N

A Triplice Entente 516


O mede da Alemanba 516
As reacoes da Alemanha 517
A marcha para a guerra s1
A crise na Bésnia S17
As guerras balcinicas 518
O assassinato de Francisco Fernando 518
A Alemanbha encoraja a Austria 519
A guerra como celebragao 521
O impasse no Ocidente 522
Outras frentes 526
O colapso das potências centrais 528
Os Estados Unidos entram na guerra 528
A ultima ofensiva alemda 528
A conferência de paz 530
A esperanca de Wilson de um mundo novo 530
Obstdculos 4 paz 530
O acordo 532
Avaliagio e problemas 535
A guerra e a consciëncia européia 536
Notas Sugestêesdeleitura (Ouestêes de revisao 540

CAPITULO 19
A Uniao Soviética: modernizacio e totalitarismo 542,
A autocracia Czarista 542
A Revoluczo Russa de 1917 545
O colapso da autocracia 545
E
ir]
Os problemas do governo provisrio 546
|
Ii
A Revolugso Bolchevigue 548
Lenin e a ascensdo do bolrhevismo 549
Ys
8
|
by
A oportunidade de Lenin 551
Ek
ER
Os bolchevigues sobrevivem DI
Guerra civil 552
bg

Comunismo de guerra e a nova politica econêbmica 553


Ditadura unipartiddria 554
A revoluc3o de Stalin DY7
A modernizagio da Rissia: industrializado e coletivizario 558
Controle total 560
Notas Sugestêesdeleitura (Ouestêes de reviszo 563
CAPTULO 20
EA Era do Pascismo: atague 4 razao ed liberdade
AAS
: dy deu
565
Sumdrio XVII

Inguietacdo do pos-guerra 567


Mussolini toma o poder 568
O Estado fascista na ltdlia 570
A nova repblica alema 572
Ameacas de esguerda e direita 572
Crise ecronbmica 573
574
Debilidades fundamentais da Repuiblica de Weimar
A ascensao de Hier 574
O partido Nazista 55
A visdo de mundo de Hitler 577
Hier sobe ao poder 578
A Alemanha nazista 579
O Estado-lider 580
A criacio do “homem novo” 582
O apoio das massas 963
|iberalismo € autoritarismo em outros paises 584
A difusio do autoritarismo 584
As democracias ocidentais 585
Intelecruais € artistas em épocas conturbadas 587
O pessimismo do pos-guerra 3 88
Literatura € arte: inovacao, desencanto e critica social 590
Comunismo: “n deus gue fracassou 593
Reafsrmacio da visdo de mundo cristd 595
Reafsrmagdo dos ideais da raado e da liberdade 596
Existencialismo 598
O transe moderno 600 |
Notas Sugestêes de leitura Ouestêes de revisao 602

CAPITULO 21
II Guerra Mundial: a civiliza€ao ocidental na balanga 605
O caminho para a guerra 605
As politicas externas inglesa e francesa 606
O rompimento da paz 606
A blitzkrieg nazista 612
A gueda da Franca 612
A batalha da Inglaterra 614
A invasdo da Russia 615
A Nova Ordem 616
Exploracio e terror 617
Exterminio 617
Resistência 620
O refluxo da maré 621
A guerra no Pacifico 621
A derrota das potências do Eixo 623
XVlll Civilizacio ocidental
e
EE
er
Se

O Legado da JI Guerra Mundial 625


ET DE RE

Notas Sugestoes de leitura Ouestêes de revisio 627


ER GR
EA
AA TN

PARTE SEIS
va EE

O mundo contemporineo 629


ld ed oer ei me ape de nde die. varke
mi eg

CAPITULO 22
O Ocidente numa era global 631
aET

A guerra fria 631


PA.dania da

Agravamento das tensoes 636


O crescimento das aliancas militares 637
'
TEEL

Confrontos 637
Descolonizac3o 640
A construgao de uma nova Europa 642
A unidade européia 642
Recuperafdo e novos problemas e tensêes 643
Os principais Estados da Europa ocidental 644
A Uniëio Soviética 648
Ë Os altimos anos de Stalin 648
Ë Os sucessores de Stalin 649
A Europa oriental 651
) Détente— e mais guerra fria 653
A transformagao da Uniëo Soviética e do Leste europeu
|
654
Os anos de Gorbachev 655
O fm da guerafria 656
O colapso do comunismo 657
E A morte de um ideal? 661
Ë O mundo pés-guerra fria 662
O novo globalismo: problemas e perspectivas
-

$| 666
A tradig3o ocidental numa era global
F

672
Notas
ak ries

Sugestêesdeleitura
FI

s (uestêes de revisao 675


——
-
TE
# Mapas

15
dd Civilizac6es mesoporAmica e egipcia
23
1.2 Impérios assirlo e persa
A9
sd A bacia do Egeu
o 76
32 A divisio do império de Alexandre e a difusao do helenism
95
4.1 A expansêo de Roma: da Republica ao Império
118
4.2 Migrag6es e incursêes, c. 300-500
130
1 A difusao do cristianismo
156
6.1 O mundo carolingio
177
6.2 O Santo Império Romano, c. 1200
240
8.1 As Reformas protestante e catélica
257
9.1 Europa, 1648
268
9.2 Explorag#o e conguista ultramarina, €. 1400-1600
343
11.1 A Europa de Napoleio, 1810
12.1 Crescimento industrial no continente, meados da década
de 1800 358
14.1 A era das revolugêes na Europa 398
14.2 Unificacio da Alemanha, 1866-1871 AG9
16.1 Asia em 1914 AG69
16.2 Africa em 1914 475
18.1 Grupos étnicos na Alemanha, Austria e Bélcas antes da
I Guerra Mundial gli2
18.2 I Guerra Mundial, 1914-1918 525
18.3 O mundo apés a 1 Guerra: impérios destruidos e fronteiras
alteradas 533
21.1 T Guerra Mundial: o teatro europeu 613
21.2 II Guerra Mundial: o teatro do Pacifico 622
22. Europa ocidental apés 1945 632
22 Europa oriental apés 1945 635
22.3 Europa e a antiga Uniëo Soviética apés a guerra £ria 663
22.4 Os três principais blocos comerciais 667
# Cronologias

Cronologia Comparativa Parte Um O mundo antigo


Cronologia 1.1 O Oriente Préximo 5
Cronologia 2.1 Os hebreus 30
Cronologia 3.1 Os gregos 43
Cronologia 4.1 Roma 88
Cronologia 5.1 Primérdios do cristianismo 128

Cronologia Comparativa Parte Dois A lIdade Média 145


Cronologia 6.1 Inicio e apogeu da Idade Média 147
Cronologia 7.1 Apogeu e fim da Idade Média 186

Cronologta Comparativa Parte 'Trés Inicio da Europa moderna 215


Cronologia 8.1 A Renascenca e a Reforma 218
Cronologia 9.1 Transformag6es politicas e econêmicas 249
Cronologia 10.1 A Revolucio Cientifica eo Iuminismo 284
Cronologia Comparativa Parte Ouatro Progresso e ruptura 318
Cronologia 11.1 A Revolucio Francesa 321
Cronologia 11.2 A carreira de Napoleëo 340
Cronologia 12.1 A Revolucao Industrial 353
TT

Cronologia 14.1 O despontar do nacionalismo 394


Cronologia 16.1 Expansao do poder ocidental 443
Cronologia Comparativa Parte Cinco Guerras mundiais € totalitarismo DO08
Cronologia 18.1 1 Guerra Mundial 511
Cronologia 19.1 Surgimento da Unido Soviética 543
Cronologia 21.1 1 Guerra Mundial 607
Cronologia Comparativa Parte Seis O mundo contemporêneo 630
Cronologia 22.1 A Europa apds 1945 633
s Prefdcio

zac ao oci den tal é um dr am a maj est oso , ma s tri gic o. O Ocr-
A civili
me nt os da raz ao gue pos sib ili tar am a co mp re en-
dente forjou os instru
ure za fis ica e da cul tur a hu ma na , co nc eb eu a idéia de
&o racional da nat
iti ca e re co nh ec eu o val or int rin sec o do ind ivi duo . Ma s o
liberdade pol
no de rn o, em bo ra ten ha pe ne tr ad o os mis tér ios da natureza,
Ocidente
ca de sol ug6 es rac ion ais par a os mal es soc iai s €
teve menos êxito na bus -
nac êes . A cië nci a, a gr an de rea liz aga o do int ele cto oci
os conflitos entre
ra ten ha me lh or ad o as co nd ig 6e s de vid a, ta mb ém pr od u-
dental, embo
s de des tru ici o em mas sa. O Oc id en te foi pio net ro na pr otecao
ju arma
ios due
dos direitos humanos, mas também produziu regimes toralitêr
lib erd ade ind ivi dua l ea di gn id ad e hu ma na . E ape sar de ter
pisotearam a
ns tr ad o de di ca ci o 3 igu ald ade hu ma na , pra tic ou ta mb ém o rac is-
demo
mo brutal.
cei ra edi c&o de Civ ili zag io oci den tal : um a bis tér ia con cis a Ë
Esta ter
ver sio abr evi ada de Civ ili zac io oci den tal : idé ias , pol iti ca € soc ied ade,
ma
a a
5a edicio. Da mesma forma gue o texto malor, este volume examin
tradiczo ocidental — esses padrêes tinicos de pensamento € sistemas de
valores gue constituem a heranga do Ocidente. Além de focalizar as
idéias-chave e as guestêes importantes, 0 texto oferece também um tra-
tamento eguilibrado da histéria econêmica, politica e social para os alu-
nos dos cursos de civilizacio ocidenral.
O texto foi escrito na convicc#o de gue a histéria nio é um conto ab-
surdo. Sem o conhecimento da histéria, homens e mulheres nao podem
conhecer-se perfeitamente, pois todos os seres humanos foram modela-
dos pelas instituic6es e valores herdados do passado. Sem a consciëncia
da evolucio histêrica da razo e da liberdade, idéias predominantes da
civilizac&o ocidental, a dedicacao a esses ideais diminuird. Sem o conhe-
cimento da histéria, o Ocidente nao pode compreender perfeitamente,
ou enfrentar de maneira adeguada, os problemas gue pesam sobre sua
civilizacao e sobre o mundo.
Ao procurar dar um sentido ao passado, o autor teve o cuidado de
evitar as generalizag6es superficiais gue simplificam demais os aconteci-
mentos e as forcas histéricas e organizam a histéria numa estrutura de-
masiado ordenada. Procuramos, porém, interpretar e sintetizar para pro-
porcionar aos alunos um guadro referencial para a compreensao dos
principais acontecimentos e épocas da histéria ocidental.
EET
Civiljaacio ocidental
Ë

Mudancas na 3 edigao americana


Para esta edico, a maior parte dos capitulos sofreu alguma modifica-
co. Os acrdscimos e alreraoes, criteriosamente selecionados, aumenta-
ram significativamente Oo texto. Algumas das mudancas aprofundam o
cardter conceitual do livro; outras fornecem detalhes histéricos tteis e
lustrativos. Os ensaios conclusivos em v4rios capitulos foram amplia-
ai
ee Pe 2.

dos e enriguecidos. Os diversos capitulos gue abordam a histéria inte-


,
EIE AEEELERSE PG

lectual sofreram acréscimos, e os ensaios sobre arte foram reorganizados.


As mudancas especificas incluem a revisao do ensaio `A orientac&io
religiosa do Oriente Préximo antigo', gue encerra o capitulo 1, “O
Oriente Préximo antigo” e o acréscimo do ensaio “O legado dos antigos
i judeus”, finalizando o capitulo 2, “Os hebreus'. No capitulo 3, “Os gre-
gos”, lancamos mais luz ao génio de Homero, Tucidides e Euripides. O
capitulo 4, “Roma”, traz material novo sobre (Cicero, a escravidëo e o
Ë imperialismo romano. As discussêes sobre Jesus e Paulo foram enrigueci-
| das no capitulo 5, “Primérdios do cristianismo'. No capitulo 6, “O des-
i pontar da Europa”, foram incluidas informagêes adicionais sobre a vida
nas cidades e as relac6es entre judeus e cristaos. Foi refeito o ensaio de
i conclusio do capitulo 7, “Florescimento e dissolugo da civilizacao me-
E dieval”. Uma secio separada sobre escravidao foi acrescentada ao capitu-
lo 9, “Transformac3o politica e econêmica”. O capftulo 10, “'Transfor-
mac3o intelectual”, foi totalmente reescrito.
Nos dlrimos anos, os historiadores tém repensado a guestao de se a
$ Revolucio Francesa foi uma revolucio burguesa. No capitulo 11, 'A era
Ë da Revolucao Francesa”, estendemos a discussao sobre esse assunto. A
' relacao entre o romantismo e o nacionalismo foi delineada de maneira
| mais cuidadosa no capitulo 13, “Pensamento e cultura no inicio do sé-
culo XIX”. Uma nova se€io, “Feminismo: estendendo o principio da
TED

igualdade”, foi acrescentada ao capitulo 15, “Pensamento e cultura no


infcio do século XTX”. No capitulo 17, “A consciëncia moderna, am-
pliou-se o tratamento dado ao irracionalismo. O ensaio “A guerra ea
consciëncia européia”, gue conclui o capitulo 18, “A I Guerra Mun-
dial”, foi ampliado e aprofundado. A discussio sobre o Holocausto, no
capitulo 21, “A II Guerra Mundial”, também foi ampliada. O capitulo
final, “O Ocidente numa era global”, sofreu significativa restruturagso e
atualizacao.

Aspectos distintivos
R ie cdigdo resumida foi preparada para os cursos de civiliza€&o oci-
denral com durag3o de apenas um ano, para professores gu€ gostam de
` esEomplementar o texto principal com intérpretes das fontes primdrias,
AE EE DE
Prefdcio xx

s, € pa ra Cu rs os de ci ën ci as hu ma na s no s guais
romances ou monografia
icionais sobre literatura e arte. Ao abreviar
estarBo prescritos trabalhos ad
ro de ca pf tu lo s foi re du zi do de 32 pa ra 22. Man-
o texto maior, o ni me
idé ias e da cu lt ur a, ma s a gu an ti da de de
teve-se a nfase na histéria das
detalhes foi necessariamente diminuida. tr od ug oe s
ias ca ra ct er is ti ca s pe da g6 gi ca s. As in
O texto apresenta vdr nf er em
um a vis io ger al do s te ma s pr in ci pa is e co
a0s Capitulos oferecem og ia s, no
e co er ên ci a ao fl ux o da his tor ia. As cr on ol
um senso de direcio ci me n-
s ca pi tu lo s, mo st ra m a se gi én cl a do s ac on te
'nfcio da maioria do en salos
ut id os no ca pi tu lo . Mu it os ca pi tu lo s tr az em
tos importantes disc
di sc or re m so br e o si gn if ic ad o ma is am pl o do material.
conclusivos gue os con-
cu id ad os am en te se le cj on ad os de mo do a ilu str ar
Os fatos foram op ri mi -
rt an te s e evi tar du e OS al un os se ja m
ceitos e relac6es mais impo co m
um a li ga ga o en tr e si. Ca da ca pi tu lo fin ali za
dos por dados sem nenh te m
nt ad a e gu es tê es de rev isa o. As gu es t6 es re me
uma bibliografia come
os pr in ci pa is € vi sa m su sc it ar re sp os ta s ref ler ida s.
os alunos aos pont
en co nt ra -s e pu bl ic ad o em ed is 6e s de um e doi s vo lu me s. O
Este texto
ra ng e o pe rf od o gu e vai de sd e as pr im ei ra s ci vi li za g6 es no
volume 1 ab
nt e Pr éx im o até a era do IH um in is mo , no sé cu lo XV IN (c apitulos 1a
Orie
. O vo lu me II co mp re en de o pe ri od o gu e se es te nd e de sde a Renas-
10)
rm a aré a ép oc a co nt em po ra ne a (c ap ir ul os 8 a 22) , in co rp o-
cenca ea Refo
trê s ca pi tu lo s fin ais do vo lu me 1: “' Tr an si ca o pa ra a da de Mo -
rando os
a: Re na sc en ca e Re fo rm a” , “T ra ns fo rm ag ao pol iti ca e ec on êm ic a: Es-
de rn
-
rados nacionais, €xpanso ultramarina, Revolugao Comercial” e `Trans
formac3o intelectual: a revolug#o ciendfica ea Era do Iluminismo'. O vo-
la me 2 ap re se nt a ta mb ém um a in tr od ug ëo am pl a gu e ex am in a o mu nd o
antigo e a Idade Média; essa introdugao destina-se particularmente aos es-
rtudantes gue nio participaram da primeira metade do curso.

Material de apoio
Também contribuem para a urilidade do texto os mareriais de apoio
de ensino e aprendizagem, gue incluem um Gaia de estudo, um Manual
do professor com tépicos para exame, Tpicos para exame por computaaor e
Transparências de mapas. O Guia de estudo foi preparado pelo professor
Lyle E. Linville, do Prince George's Community College. Para cada ca-
pitulo, o guia traz uma introdug3o, objerivos da aprendizagem, vocabu-
|rio, identificacêes, um exercicio de estudo de mapa, exercicios crono-
légicos/relacionais, guestêes dissertarivas ou de mulripla escolha e uma
“transicao”, gue faz uma reflex&o sobre o capitulo e antecipa o assunto
do capftulo seguinte. No estudo de mapas, os alunos sio solicitados a
examinar contornos de mapas e localizar neles os aspectos geogr4ficos.
XV Givilizagao geidental

' No final do livro h4 um conjunto de mapas duplicados gue podem ser


retirados para uso em testes de sala de aula. Nos exercicios cronolégi-
er

cos/relacionais, pede-se aos alunos gue cologuem em ordem cronolégi-


d
gie

ca uma determinada lista de itens; depois, em um exercicio gue desen-


SE
AN E an
Pieer

volve o raciocinio critico, os alunos escrevem um pardgrafo assinalando


EA
s

a relac&o entre os itens, juntamente com sua importência histérica.


Ë O Manual do Professor para a edigao resumida foi elaborado pela pro-
j fessora Diane Moczar, do Northern Virginia Community College.
. Contém esbogos do capitulo, objetivos da aprendizagem, tOpicos para
) dissertagio, uma bibliografia de filmes e videos, guestêes dissertativas €
; para discussao, identificagêes e perguntas € respostas de multipla esco-
Iha. As guestêes para exame encontram-se também disponiveis em dis-
, guete (para computadores Macintosh, IBM e compativeis com IBM).
Além disso, um jogo de transparências de mapas é oferecido na adocëo
( do livro.
NEE R Er
TER
Hy PET

# Geogratfia da Europa

O map a das pdg ina s a segu ir mos tra o con tin ent e €ur ope u € OS pais es
20 red or do mar Med ite rr& neo . Nel e esta o ass ina lad os os nom es dos pal-
cComo
ses € suas Capitais, bem como os aspectos fisicos do territério, tals
os principais rios e outras massas de 4gua, as montanhas € as mudangas
de altitude. O conhecimento da geografia dessa drea ajudard a compreen-
der a relacao entre geografia e histêria: de gue maneira as caracteristicas
do terreno e o acesso a rios e outras massas de 4gua influenciaram o mo-
vimento dos povos e o seu relacionamento com o meio ambiente ao lon-
go da histéria.
A Europa é o menor continente do mundo, 3 excegao da Australia.
do
Os demais continentes sio Africa, Asia, América do Norte, América
Sul e Antdrtida. O continente europeu, gue pode ser considerado como
3 extensio ocidental do territêrio asidtico, apresenta uma conflguragao
caracteristica. Uma porgao significariva de sua drea terrestre é constitui-
da de peninsulas. Esse aspecro confere A Europa uma linha costeira in-
comumente longa, igual em distêincia a uma volta e meia na linha do
eguador (cerca de 61 000 km). O limite ocidental da Europa é o ocea-
no Arlêntico; os montes Urais, o rio Ural e o mar Céspio — na Federagao
Russa e Cazaguistio — formam sua fronteira oriental. O continente eu-
ropeu estende-se ao sul até as montanhas do C4ucaso, o mar Negro eo
mar Mediterrêineo, e ao norte até o oceano Artico. Afastadas do conti-
nente, mas consideradas pelos geégrafos como parte da Europa, estao
milhares de ilhas, notadamente as Ilhas BritêAnicas, a noroeste.
O pegueno tamanho do continente europeu com fregtiëncia sur-
preende os norte-americanos. A Franga, por exemplo, ocupa uma drea
geogr4fica menor gue o Texas, e a Inglaterra assemelha-se em tamanho
ao Alabama. A distêincia de Londres a Paris é guase a mesma gue de Nova
York a Boston; a distência de Berlim a Moscou é compardvel & de Chi-
cago a Denver. E o continente inteiro é guase do tamanho do Canadd.

Principais peninsulas e ilhas Hê cinco peninsulas importantes na Eu-


ropa: a Ibérica (Portugal e Espanha), a Apenina (Icdlia), a Balcênica
(Albania, Bulgdria, Grécia e partes das antigas repuiblicas iugoslavas e
da Turguia), a EFscandinava (Noruega e Suécia) e a da Jurlêndia (Dina-
marca). A Irlanda e o Reino Unido da Inglaterra, o Pafs de Gales ea Es-
cécia constituem as Ilhas Britênicas. Entre as principais ilhas do mar
Mediterrineo incluem-se as ilhas Baleares, Cérsega, Sardenha, Sicilia,
Creta e Chipre.
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ARABIA SAUDITA
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Civilizapio ocidental
RE

xvii

Mares, lagos e vios A costa irregular da Europa divide as grandes dreas


de 4gua gue rodeiam o continente em bafas, golfos e mares. Situados no
mar Mediterrineo estao, de oeste a leste, os mares Tirreno (limitado pela
Irélia, Sicflia, Sardenha e Cérsega), Adridtico (entre a Ir4lia e as antigas
aa

reptiblicas iugoslavas), Jênico (entre a Irdlia e a Grécia) e Egeu (entre a


Red TR

Grécia e a Turguia).
EET

O mar Béltico, no norte, é limitado pela Finlêndia, Estênia, Letênia,


E EET
HE EE

Lituênia, Polênia, Alemanha e Suécja. Estreitos canais ligam o B4ltico


ao mar do Norte, localizado entre a Gra-Bretanha e os paises do noroes-
i te da Europa. O canal da Mancha separa a Inglaterra da Franca, eo
golfo de Biscaia é cercado pela costa ocidental da Franca e pela costa
Ë norte da Espanha. O mar Negro, na fronteira meridional da Federac&o
Russa e da Ucrênia, liga-se ao mar Egeu por corredores de 4dgua. O mar
C4spio, limitado pela Federacao Russa e pelo Cazaguistêo, de um lado,
e pelo continente asidtico, de outro, é o maior lago de 4gua salgada do
mundo. Situado aproximadamente a 28 metros abaixo do nivel do mar,
? é também o ponto mais baixo da Europa.
i Muitos rios da Europa serviram por milhares de anos como rotas de
transporte. V4rios dos principais rios, inclusive o mais longo deles, fluem
i através da planicie russa. O Volga, o rio mais comprido da Europa 3
531 km), nasce a oeste de Moscou e desemboca no mar C4spio; canais€
Outros sistemas fluviais ligam-no ao oceano Artico e ao mar B4ltico. O
Ë Dnieper corre para o sul através da principal regido agricola da Ucrênia,
i desaguando no mar Negro.
IÊ O segundo rio mais longo, o Dandbio (2 858 km), é a mais impor-
Ë tante via navegdvel do sudeste da Europa. Originando-se na Alemanha,
atravessa a Austria, a Esloviguia, a Hungria, as antigas repiiblicas iugos-
lavas, a Bulgdria e a Romênia, em diregëo ao mar Negro. O Reno nasce
nos Alpes e corre para o norte, através da Alemanha ocidental e dos Paf-
ses Baixos, para desaguar no mar do Norte, gue é também o destino do
rio Flba, na Alemanha oriental. Na Franga, o Rédano flui para o sul em
busca do Mediterrêneo, enguanto o Sena e o Loire correm para oeste,
na diregao do canal da Mancha e do golfo de Biscaia. Outras importan-
tes vlas navegdveis sio o rio Pé, na Irdlia setentrional, o Vistula, na Po-
lênia, e o TAmisa, na Inglaterra.
O fato de gue a maior parte das terras do continente europeu situa-se
proxima 3 costa ou aos principais sistemas fluviais € Importante para gue
sé compreenda o desenvolvimento histérico da civilizacio européia. As
rotas de comércio e as principais cidades se desenvolveram ao longo des-
sas vlas de navegaGio, e os rios serviram de fronteiras naturais
.
ia Broes re
KELI d se
A despeito de seu pegueno tamanho, a Europa apre-
ik of RA um rele'vo bast
ATA- ; ante dive
7
rsifë icado, incl
`
uind
`
o desde montanhas es-
AE
Geografia da Faropa OEIX

Es sa s fo rm as de re le vo po de m ser se pa ra -
carpadas a extensas planicies. es te , a gr ande
ci pa l: as mo nt an ha s do no ro
das em guatro regiëes prin ho so alp i-
al co s ce nt ra is € o co mp le xo mo nt an
planfcie européia, os plan ss a re gido, atra-
no ro es te co br em a ma io r pa rt e de
Do. As montanhas do a, a Su éc 1a ,
a Ir la nd a, a Es cc ia , a No ru eg
vessando o noroeste da Franga, a.
di a e a re gi fo no ro es te da Fe de ra sa o Ru ss
o norte da Finlan a po rg ao €u ro -
la es te nd e- se po r gu as e to da
A grande planicie europé as mo nt an has
vi €r ic a, de sd e o oc ea no Ar ti co até
péia da antiga Unido So ni a, Alemanha,
em di re gi o a oe st e at ra v€ s da Po lê
do C4ucaso. Avanca
Bé lg ic a, oe st e da Fr an ga € su de st e da In gl at er ra .
ns ti tu em um ci nt ur do de alt os pla rêé s, co li nas
Os planaltos centrais co ce nt ra l de
ci nt ur ao es te nd e- se de sd e o pl an al ro
- montes baixos. Esse ce nt ra l da Fr an -
e as ter ras alt as da re gi so
Portugal, cruzando a Espanha bl ic a Tc he ca e
do sul da Al em an ha , da Re pd
ca, até as colinas e montes
da Eslov4guia. la s de mon-
mo nt an ho so al pi no co mp re en de vé ri as ca de
O complexo no su-
, en tr e a Es pa nh a e a Fr an ga ; os Al pe s,
vanhas. Inclui os Pireneus Ap eninos ,
e da Tr4 lia , Su ic a e oe st e da Au st ri a; os
deste da Franca, nort
ém pe rt en ce m a ess e co mp le xo as co rd il he ir as da penin-
na Ir4lia. Tamb Ro mê ni a,
es CA rp at os , na Es lo v4 gu ia , Po lê ni a e
sula Balcênica, os mont
C4 uc as o, en tr e os ma re s Ne gr o e C4 sp io . Ao longo
e as montanhas do
ess as ca de ia s co ns ti tu ir am ba rr ei ra s e fr on te ir as formiddveis,
da histéria,
me nt o do s po vo s e o re la ci on am en to del es en tr e si
hfluenciando o movi
e com o territorio.
es tu da r o ma pa da Eu ro pa , € im po rr an te ob se rv ar a pr ox imidade das
Ao
ta is da As ia — es pe ci al me nt e ag ue la s da ex tr em id ad e or ie nt al
regiëes ociden
r Me di te rr ên eo — co m pa rt es da Af ri ca do No rt e. As cu lr ur as de ssas
do ma
e-
Areas n30 apenas interagiram com as da Europa, cComo também desemp
nharam papel significarivo na histéria da civilizaGo ocidental.
je

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