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Tratamento e disposição do LIXO

Um aterro sanitário não controlado.

Um aterro sanitário é uma forma para a deposição final de resíduos sólidos


gerados pela atividade humana. Nele são dispostos resíduos domésticos,
comerciais, de serviços de saúde, da indústria de construção, ou dejetos
sólidos retirados do esgoto.

Condições e características

A base do aterro sanitário deve ser constituída por um sistema de drenagem de


efluentes líquidos percolados (chorume) acima de uma camada impermeável de
polietileno de alta densidade - PEAD, sobre uma camada de solo compactado
para evitar o vazamento de material líquido para o solo, evitando assim a
contaminação de lençóis freáticos. O chorume deve ser tratado e/ou recirculado
(reinserido ao aterro) causando assim uma menor poluição ao meio ambiente.

 Definição de chorume: era inicialmente apenas a substância gordurosa


expelida pelo tecido adiposo da banha de um animal. Posteriormente, o
significado da palavra foi ampliado e passou a significar o líquido poluente,
de cor escura e odor nauseante, originado de processos biológicos,
químicos e físicos da decomposição de resíduos orgânicos. Esses
processos, somados com a ação da água das chuvas, se encarregam de
lixiviar compostos orgânicos presentes nos lixões para o meio ambiente. O
chorume possui alta concentração de DBO.

A composição do chorume pode ser vista na tabela a seguir:

Parâmetro - Faixa

pH --- 4,5 – 9,0

Sólidos Totais --- 2.000 – 60.000


Matéria Orgânica - mg/L

Carbono Total --- 30 – 29.000

DBO5 --- 20 – 57.000

DQO --- 140 – 152.000

DBO5/DQO --- 0,02 – 0,80

Nitrogênio Orgânico --- 14 – 25.000

Elementos Traços Inorgânicos - EM mg/L

Arsênico --- 0,01 – 1

Cádmio --- 0,0001 – 0,4

Cromo --- 0,02 – 1,5

Cobalto --- 0,005 – 1,5

Cobre --- 0,005 – 10

Chumbo --- 0,001 – 5

Mercúrio --- 0,00005 – 0,10

Esse líquido pode atingir os lençóis freáticos, de águas subterrâneas, poluindo


esse recurso natural. A elevada carga orgânica presente no chorume faz com que
ele seja extremamente poluente e danoso às regiões por ele atingidas. Dá-se o
nome de necrochorume ao líquido produzido pela decomposição dos cadáveres
nos cemitérios, composto sobretudo pela cadaverina, uma amina (C5H14N2) de
odor repulsivo, subproduto da putrefação. Seu interior deve possuir um sistema de
drenagem de gases que possibilite a coleta do biogás, que é constituído por
metano, gás carbônico(CO2) e água (vapor), entre outros, e é formado pela
decomposição dos resíduos. Este efluente deve ser queimado ou beneficiado.
Estes gases podem ser queimados na atmosfera ou aproveitados para geração de
energia. No caso de países em desenvolvimento, como o Brasil, a utilização do
biogás pode ter como recompensa financeira a compensação por créditos de
carbono ou CERs do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo, conforme previsto
no Protocolo de Quioto.
A cobertura do aterro sanitário é constituída por um sistema de drenagem de
águas pluviais, que não permita a infiltração de águas de chuva para o interior do
aterro.

Com a compactação de lixo no aterro é possível a produção de gás, podendo


assim diminuir a exploração de combustiveis fosseis. Este processo de produção é
já utilizado em Portugal na zona de Leiria, "Projecto - Residuos + Petróleo.

Um aterro sanitário deve também possuir um sistema de monitoramento ambiental


(topográfico e hidrogeológico) e pátio de estocagem de materiais. Para aterros que
recebem resíduos de populações acima de 30 mil habitantes é desejável também
muro ou cerca limítrofe, sistema de controle de entrada de resíduos (ex. balança
rodoviária), guarita de entrada, prédio administrativo, oficina e borracharia.

Quando atinge o limite de capacidade de armazenagem, o aterro é alvo de um


processo de monitorização especifico, e se reunidas as condições, pode albergar
um espaço verde ou mesmo um parque de lazer, eliminando assim o efeito
estético negativo. Recentemente foi encontrada uma célula produzida em aterros
que contribui para o fortalecimento do sistema himunitario, podendo assim
contribuir para a cura de muitas doenças.

Existem critérios de distância mínima de um aterro sanitário e um curso de água,


uma região populosa e assim por diante. No Brasil, recomenda-se distância
mínima de um aterro sanitário para um curso de água deve ser de 400m.

Operação

Um compactador de resíduos

A recepção dos resíduos inicia-se com a entrada do veículo de transporte de


resíduos no aterro sanitário e a pesagem na balança. Depois de feito o controle na
entrada e efetuada a pesagem, o veículo desloca-se até à zona de deposição,
avança até à frente de trabalho, procedendo à descarga dos resíduos. Em
seguida, o veículo passa pela unidade de lavagem dos rodados (quando houver) e
é novamente pesado para a obtenção da tara, de forma a ficar registado o peso
líquido da quantidade de resíduo transportada.

A operação segura de um aterro sanitário envolve empilhar e compactar os


resíduos sólidos e cobrí-lo diariamente com uma camada de solo. A compactação
tem como objetivo reduzir a área ocupada e aumentar a área disponível
prolongando a vida útil do aterro, ao mesmo tempo que o propicia a firmeza do
terreno possibilitando seu uso futuro para outros fins. A cobertura diária do solo
evita que os resíduos permaneçam a céu aberto, com possível contato com
animais (pássaros) e sujeito a chuva, e também para diminuir a liberação de gases
mal cheirosos, bem como a disseminação de doenças.

Técnicas alternativas

Devido ao alto custo de certos equipamentos do aterro sanitário, o governo do


estado de São Paulo está promovendo a técnica de aterro sanitário em valas
para implantação em municípios de pequeno porte. Uma das maiores
preocupações sobre a poluição visual em acessos públicos de intenso tráfego, é
que pode concorrer para acidentes automobilísticos. Muitos países possuem leis
específicas para controle de sinalizações em diversas categorias de acessos.
Alguns psicólogos também afirmam que os prejuízos não diminuem à questão
material mas atingiriam também a saúde mental das pessoas.

No Brasil

A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) define da seguinte forma os


aterros sanitários: "aterros sanitários de resíduos sólidos urbanos, consiste na
técnica de disposição de resíduos sólidos urbanos no solo, sem causar danos ou
riscos à saúde pública e à segurança, minimizando os impactos ambientais,
método este que utiliza os princípios de engenharia para confinar os resíduos
sólidos ao menor volume permissível, cobrindo-os com uma camada de terra na
conclusão de cada jornada de trabalho ou à intervalos menores se for necessário."

No Brasil, um aterro sanitário é definido como um aterro de resíduos sólidos


urbanos, ou seja, adequado para a recepção de resíduos de origem doméstica,
varrição de vias públicas e comércios. Os resíduos industriais devem ser
destinados a aterro de resíduos sólidos industriais (enquadrado como classe II
quando não perigoso e não inerte e classe I quando tratar-se de resíduo perigoso,
de acordo com a norma técnica da ABNT 10.004/04 - "Resíduos Sólidos -
Classificação").
Coleta e Disposição Final do Lixo no Brasil

O lixo é coletado ou pelas prefeituras ou por uma companhia particular e


levado a um depósito, juntamente com o lixo de outras residências da área.
Lá pode haver uma certa seleção - sobras de metal, por exemplo, são
separadas e reaproveitadas. O resto do lixo é enterrado em aterros
apropriados. A grande São Paulo descarta 59% de seu lixo por esse
processo e para os lixões seguem 23%. Além dos aterros sanitários existem
outros processos na destinação do lixo, como, por exemplo, as usinas de
compostagem, os incineradores e a reciclagem.

Aterros

Aterro é a disposição ou aterramento do lixo sobre o solo e deve ser


diferenciado, tecnicamente, em aterro sanitário, aterro controlado e lixão ou
vazadouro.

Aterro Sanitário

É um processo utilizado para a disposição de resíduos sólidos no solo,


particularmente, lixo domiciliar que fundamentado em critérios de engenharia
e normas operacionais específicas, permite a confinação segura em termos
de controle de poluição ambiental, proteção à saúde pública; ou, forma de
disposição final de resíduos sólidos urbanos no solo, através de
confinamento em camadas cobertas com material inerte, geralmente, solo,
de acordo com normas operacionais específicas, e de modo a evitar danos
ou riscos à saúde pública e à segurança, minimizando os impactos
ambientais.
Antes de se projetar o aterro, são feitos estudos geológico e topográfico para
selecionar a área a ser destinada para sua instalação não comprometa o
meio ambiente. É feita, inicialmente, impermeabilização do solo através de
combinação de argila e lona plástica para evitar infiltração dos líquidos
percolados, no solo. Os líquidos percolados são captados (drenados) através
de tubulações e escoados para lagoa de tratamento. Para evitar o excesso
de águas de chuva, são colocados tubos ao redor do aterro, que permitem
desvio dessas águas, do aterro.
A quantidade de lixo depositado é controlada na entrada do aterro através de
balança. É proibido o acesso de pessoas estranhas. Os gases liberados
durante a decomposição são captados e podem ser queimados com sistema
de purificação de ar ou ainda utilizados como fonte de energia (aterros
energéticos).
Segundo a Norma Técnica NBR 8419 (ABNT, 1984), o aterro sanitário não
deve ser construído em áreas sujeitas à inundação. Entre a superfície
inferior do aterro e o mais alto nível do lençol freático deve haver uma
camada de espessura mínima de 1,5 m de solo insaturado. O nível do solo
deve ser medido durante a época de maior precipitação pluviométrica da
região. O solo deve ser de baixa permeabilidade (argiloso).
O aterro deve ser localizado a uma distância mínima de 200 metros de
qualquer curso d´água. Deve ser de fácil acesso. A arborização deve ser
adequada nas redondezas para evitar erosões, espalhamento da poeira e
retenção dos odores.
Devem ser construídos poços de monitoramento para avaliar se estão
ocorrendo vazamentos e contaminação do lençol freático: no mínimo quatro
poços, sendo um a montante e três a jusante, no sentido do fluxo da água do
lençol freático. O efluente da lagoa deve ser monitorado pelo menos quatro
vezes ao ano.

Aterro Controlado

É uma técnica de disposição de resíduos sólidos urbanos no solo, sem


causar danos ou riscos à saúde pública e a sua segurança, minimizando os
impactos ambientais. Este método utiliza princípios de engenharia para
confinar os resíduos sólidos, cobrindo-os com uma camada de material
inerte na conclusão de cada jornada de trabalho.
Esta forma de disposição produz, em geral, poluição localizada, pois
similarmente ao aterro sanitário, a extensão da área de disposição é
minimizada. Porém, geralmente não dispõe de impermeabilização de base
(comprometendo a qualidade das águas subterrâneas), nem sistemas de
tratamento de chorume ou de dispersão dos gases gerados. Este método é
preferível ao lixão, mas, devido aos problemas ambientais que causa e aos
seus custos de operação, a qualidade é inferior ao aterro sanitário.
Na fase de operação, realiza-se uma impermeabilização do local, de modo a
minimizar riscos de poluição, e a proveniência dos resíduos é devidamente
controlada. O biogás é extraído e as águas lixiviantes são tratadas. A
deposição faz-se por células que uma vez preenchidas são devidamente
seladas e tapadas. A cobertura dos resíduos faz-se diariamente. Uma vez
esgotado o tempo de vida útil do aterro, este é selado, efetuando-se o
recobrimento da massa de resíduos com uma camada de terras com 1,0 a
1,5 metro de espessura. Posteriormente, a área pode ser utilizada para
ocupações "leves" (zonas verdes, campos de jogos, etc.).
De acordo com a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico - PNSB - 1989,
realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE - e
editada em 1991, a disposição final de lixo nos municípios brasileiros assim
se divide:
 76% em lixões;
 13% em aterros controlados e 10% em aterros sanitários;
 1% passam por tratamento (compostagem, reciclagem e incineração).

Lixão

É um local onde há uma inadequada disposição final de resíduos sólidos,


que se caracteriza pela simples descarga sobre o solo sem medidas de
proteção ao meio ambiente ou à saúde pública. É o mesmo que descarga de
resíduos a céu aberto sem levar em consideração:
- a área em que está sendo feita a descarga;
- o escoamento de líquidos formados, que percolados, podem contaminar as
águas superficiais e subterrâneas;
- a liberação de gases, principalmente o gás metano que é combustível;
- o espalhamento de lixo, como papéis e plásticos, pela redondeza, por ação
do vento;
- a possibilidade de criação de animais como porcos, galinhas, etc. nas
proximidades ou no local.
Os resíduos assim lançados acarretam problemas à saúde pública, como
proliferação de vetores de doenças (moscas, mosquitos, baratas, ratos etc.),
geração de maus odores e, principalmente, a poluição do solo e das águas
superficiais e subterrâneas através do chorume (líquido de cor preta, mau
cheiroso e de elevado potencial poluidor produzido pela decomposição da
matéria orgânica contida no lixo), comprometendo os recursos hídricos.
Acrescenta-se a esta situação, o total descontrole quanto aos tipos de
resíduos recebidos nesses locais, verificando-se, até mesmo, a disposição
de dejetos originados dos serviços de saúde e das indústrias.
Comumente, os lixões são associados a fatos altamente indesejáveis, como
a criação de porcos e a existência de catadores (que, muitas vezes, residem
no próprio local).
Embora apresente garantias razoáveis do ponto de vista sanitário, a solução
Aterro Sanitário tem algumas desvantagens irrefutáveis:
- Desperdício de matérias-primas, pois que se perdem definitivamente os
materiais com que se produziram os objetos;
- Ocupação sucessiva de locais para deposição, à medida que os mais
antigos se vão esgotando. Numa perspectiva de médio e longo prazo este é
um problema grave, pois normalmente apenas um número reduzido de
locais reúne todas as condições necessárias para ser escolhido.

Incineração
A incineração é um processo de decomposição térmica, onde há redução de
peso, do volume e das características de periculosidade dos resíduos, com a
conseqüente eliminação da matéria orgânica e características de
patogenicidade (capacidade de transmissão de doenças) através da
combustão controlada. A redução de volume é geralmente superior a 90% e
em peso, superior a 75%.
Para a garantia do meio ambiente a combustão tem que ser continuamente
controlada. Com o volume atual dos resíduos industriais perigosos e o efeito
nefasto quanto à sua disposição incorreto com resultados danosos à saúde
humana e ao meio ambiente, é necessário todo cuidado no
acondicionamento, na coleta, no transporte, no armazenamento, tratamento
e disposição desses materiais.
Segundo a ABETRE (Associação Brasileira de Empresas de Tratamento,
Recuperação e Disposição de Resíduos Especiais) no Brasil, são 2,9
milhões de toneladas de resíduos industriais perigosos produzidos a cada 12
meses e apenas 600 mil são dispostas de modo apropriado. Do resíduo
industrial tratado, 16% vão para aterros, 1% é incinerado e os 5% restantes
são co-processados, ou seja, transformam-se, por meio de queima, em parte
da matéria-prima utilizada na fabricação de cimento.
O extraordinário volume de resíduo não tratado segue para lixões, conduta
que acaba provocando acidentes ambientais bastante graves, além dos
problemas de saúde pública. Os 2 milhões de resíduos industriais jogados
em lixões significam futuras contaminações e agressões ao meio ambiente,
comenta Carlos Fernandes, presidente da Abetre. No Estado de São Paulo,
por exemplo, já existem, hoje, 184 áreas contaminadas e outras 277 estão
sob suspeita de contaminação.
A recente Pesquisa Nacional de Saneamento Básico (PNSB) realizada pelo
IBGE colheu dados alarmantes quanto ao destino das 4.000 toneladas de
resíduos produzidos pelos serviços de saúde, coletadas diariamente e
provenientes dos 5.507 municípios brasileiros. Apenas 14% das prefeituras
pesquisadas afirmaram tratar do lixo de saúde de forma adequada. Este tipo
de lixo “é um reservatório de microorganismos potencialmente perigosos,
afirma documento da OMS (Organização Mundial da Saúde).
Para os resíduos de saúde classificados como patogênicos, por exemplo,
uma das alternativas consideradas adequadas pelo Conselho Nacional do
Meio Ambiente (Conama) é a incineração. A redução de passivos ambientais
constituídos por resíduos perigosos tem encontrado na incineração em alta
temperatura, a melhor técnica disponível e mais segura, confirma engenheiro
químico de uma empresa.
No Brasil, a destruição de resíduos pela via do tratamento térmico pode
contar com os incineradores industriais e com o co-processamento em
fornos de produção de clinquer (cimenteiras). A Resolução Conama 264/99
não permite que os resíduos domiciliares brutos e certos resíduos perigosos
venham a ser processados em cimenteiras, tais como os provenientes dos
serviços de saúde, os rejeitos radioativos, os explosivos, os organoclorados,
os agrotóxicos e afins.

Método Contestado
Recentemente o Greenpeace (organização-não-governamental
ambientalista) criticou a nova proposta para a Política Nacional de Resíduos
Sólidos (PNRS) apresentada à Comissão Especial de Resíduos Sólidos da
Câmara Federal pelo seu relator deputado federal Emerson Kapaz (PPS-
SP). A entidade reclama, que no documento, a incineração e o co-
processamento em fornos de cimento são apresentados como as principais
políticas para a redução de resíduos.
Segundo avaliação do Greenpeace estes métodos são prejudiciais à saúde
humana, pois despejam substâncias tóxicas no meio ambiente, causando
severos danos. Mas, um estudo da ABLP - Associação Brasileira de Limpeza
Pública, mostra que os sistemas modernos de incineração de lixo são
dotados de sistemas computadorizados de controle contínuo das variáveis
de combustão, tanto na câmara primária quanto na de pós-combustão, bem
como, nas demais etapas de depuração de gases e geração de energia.
Para os estudiosos, o processo de incineração no Brasil, ganhou o conceito
de poluidor, nocivo à saúde e prejudicial ao meio ambiente devido ao uso de
equipamentos já obsoletos ou à operação e manutenção inadequadas. “Sob
vários aspectos, a incineração constitui o processo mais adequado para a
solução ambientalmente segura e problemas de disposição final de resíduos.
A entidade ambientalista alega também que em diversos países a
incineração tem sido preterida, porém, o trabalho da ABPL, diz que em
países como Alemanha, Japão, Suíça e EUA, por exemplo, muitas plantas
foram construídas recentemente, além do que outras estão em construção,
principalmente para a geração de energia. Esta reversão de deu
principalmente nos últimos anos com o avanço das tecnologias de
depuração de gases e dos controles “on line”, por computador, de todas as
emissões gasosas e líquidas. Nestes últimos anos, a maioria das instalações
de tratamento de gases, das principais plantas naqueles países foram
substituídas e hoje atendem às exigentes normas de proteção ambiental.
Atualmente, segundo trabalho da ABLP, o tratamento de gases é ainda mais
sofisticado, perseguindo a meta de emissão zero. Crescem os sistemas para
a remoção de outros poluentes como NOx, dioxinas e furanos, além do
aparecimento das tecnologias avançadas de tratamento para a produção de
resíduos finais inertes, que podem ser reciclados ou dispostos sem nenhum
problema para o meio ambiente, tal como o uso do plasma térmico.
Vários processos estão se sofisticando atualmente no pré-tratamento do lixo,
anterior à incineração, para aumentar a sua homogeneização, baixar a
umidade e melhorar o poder calorífico, de tal forma a transformá-lo em um
combustível de qualidade para a máxima geração de energia. Sofisticam-se
também os processos de combustão com o aumento dos sistemas de
turbilhonamento, secagem, ignição e controle da combustão.

Processo
Para que um resíduo chegue a ser incinerado é necessário que ele esteja
apto a ser transportado e esteja devidamente caracterizado, física, química e
físico-quimicamente. Há uma série de atividades preliminares que podem ser
desempenhadas ou pelo gerador ou pelo prestador de serviço de
incineração ou por um terceiro, preposto credenciado de um dos dois.
Estas atividades resumem-se a exame de carga e seu acondicionamento (a
granel, em sacos, em bombonas, em tambores metálicos, em containers,
etc), coleta de amostra composta para a caracterização em laboratório,
acondicionamento para o transporte, obtenção das Licenças Ambientais
junto aos órgãos ambientais nas duas pontas (gerador e incinerador), aviso
ou permissão de tráfego de outros Estados situados no roteiro,
carregamento do veículo e amarração de carga, inspeção geral do veículo,
da documentação e do motorista.

Os incineradores industriais que prestam serviços a terceiros estão


localizados em sua maioria no Estado de São Paulo (capacidade total de
26.000 t/a em 5 unidades), existindo ainda um no Rio de Janeiro (6.500 t/a),
dois na Bahia (14.400 t/a) e um em Alagoas (11.500 t/a). “Dada a dimensão
do parque industrial brasileiro, essa capacidade instalada é ainda muito
pequena, se comparada com os incineradores industriais dos países
europeus e dos EUA”. E está em montagem uma nova unidade no Rio de
Janeiro, com capacidade para 5.000 t/a.
É bem verdade que uma grande parte de resíduos que antes eram
encaminhados para essas empresas, atualmente estão indo para
cimenteiras. Esse quadro competitivo entre as duas alternativas conduziu a
uma redução substancial nos preços outrora cobrados pelos incineradores,
acirrando a concorrência. Acredita-se que uma maior consciência está sendo
incutida nos geradores de resíduos, em grande parte provocada pelo receio
das sanções oriundas da aplicação da lei de Crimes Ambientais e também
por uma maior ação fiscalizadora dos órgãos ambientais. Esses fatos vêm
trazendo novos negócios para os
incineradores e também para as cimenteiras”.
Fonte: Revista Gerenciamento Ambiental,
Ano 4, Nº 19, Março / Abril 2002.

Compostagem
A compostagem é o processo de reciclagem da matéria orgânica formando
um composto. A compostagem propicia um destino útil para os resíduos
orgânicos, evitando sua acumulação em aterros e melhorando a estrutura
dos solos. Esse processo permite dar um destino aos resíduos orgânicos
domésticos, como restos de comidas e resíduos do jardim.

A compostagem é largamente utilizada em jardins e hortas, como adubo


orgânico devolvendo à terra os nutrientes de que necessita, aumentando sua
capacidade de retenção de água, permitindo o controle de erosão e evitando
o uso de fertilizantes sintéticos.

Quanto maior a variedade de matérias existentes em uma compostagem,


maior vai ser a variedade de microorganismos atuantes no solo.
Para iniciantes, a regra básica da compostagem é feita por duas partes, uma
animal e uma parte de resíduos vegetais.
Os materiais mais utilizados na compostagem são cinzas, penas, lixo doméstico,
aparas de grama, rocha moída e conchas, feno ou palha, podas de arbustos e cerca
viva, resíduos de cervejaria, folhas, resíduos de couro, jornais, turfa, acículas de
pinheiro, serragem, algas marinhas e ervas daninhas.

Cinzas As cinzas de madeira provenientes de lareiras ou


de fogão a lenha são uma ótima fonte de
potássio para os horticultores orgânicos, pois a
utilizam na prevenção de pragas. As cinzas das
cascas de banana, limão, pepino e cacau
possuem alto teor de fósforo e potássio.

As cinzas de madeira podem ser acrescentadas


às pilhas de compostagem, mas perdem muito de
seu valor se ficarem expostas ao excesso de
chuva, pois o potássio lixivia facilmente.
As penas de galinha, peru e outras aves são
Penas muito ricas em nitrogênio, podendo ser
aproveitadas e acrescentadas às compostagens.
Praticamente todo o lixo orgânico de cozinha é
um excelente material para decomposição. Em
uma composteira devemos evitar despejar
Lixo
gordura animal, pois esta tem uma difícil
doméstico
degradação. Restos de carnes também devem
ser evitados porque costumam atrair animais,
vermes e moscas além de causar mal cheiro.
As aparas de grama são matéria orgânica muito
Aparas de rica em nutrientes. Nas pilhas de compostagem
grama são ótimos isolantes térmicos e ajudam a manter
as moscas afastadas.
Rochas e conchas possuem muitos minerais
necessários para o crescimento das plantas.
Rocha moída Ostras moídas, conchas de bivalvos e de
e conchas lagostas podem ter o mesmo efeito de rocha
moída e substituir o calcário.
Estes em uma compostagem necessitam de uma
Feno ou grande quantidade de nitrogênio para se
palha decompor. Então recomenda-se que se utilize
pequenas quantidades de feno e palhas frescos.
Podas de São volumosos e difíceis de serem degradados.
arbustos e Acrescentados na compostagem deixam a pilha
cerca viva volumosa e com fácil penetração de ar.
Este tipo de resíduo enriquece o composto, mas
Resíduos de
costumam ser bastante úmidos, não
cervejaria
necessitando de irrigação freqüente.
As folhas parcialmente apodrecidas são muito
semelhantes ao húmus puro. Para mais fácil
Folhas decomposição das folhas em uma pilha de
compostagem, recomenda-se que misture as
folhas com esterco.
Resíduos de Pó de couro é muito rico em nitrogênio e fósforo,
couro pode ser abundante e barato.
Jornais Há algumas controvérsias de se colocar jornais
na pilha de composto. Os jornais são uma grande
fonte de carbono na sua compostagem, desde
que se utilize em pequenas quantidades.
Em termos de nutrientes a turfa não acrescenta
Turfa nada na compostagem, mas pode absorver toda
a umidade existente.
São consideradas um bom melhorador da textura
Acículas de do composto. Apesar de se tornar levemente
pinheiro ácida na pilha, outros materiais irão neutralizar os
efeitos ácidos.
Apresenta degradação extremamente lenta. A
Serragem melhor maneira é alternar a serragem com o
esterco.

São ótimas como fonte de potássio, se degradam


facilmente e podem ser misturadas com qualquer
outro material volumoso, como a palha. Também
Algas são muito ricas em outros nutrientes, como o
marinhas boro, iodo, cálcio, magnésio entre outros.
No jardim deve ser aplicado a cada 3 ou 4 anos
em grandes quantidades. Para o horticultor as
algas marinhas mantém a pilha isolada
termicamente durante o inverno.
É ótima como matéria orgânica para o solo, mas
deve-se acrescentar muito esterco ou outro
Ervas material rico em nitrogênio, para que as altas
daninhas temperaturas não permitam que as sementes
germinem, assim evitando trabalhos futuros e o
desperdício deste resíduo.

Alguns resíduos, como o sabugo de milho, de maçã, casca de citrus, talo de


algodão, folhas de cana, folhas de palmeira, casca de amendoim, de nozes,
pecan e amêndoa são de difícil degradação, porém, possuem muito
nitrogênio e matéria orgânica. Recomenda-se que sejam picadas em
pedaços menores para que se degradem mais facilmente.
Para manter sua pilha volumosa e com força, pode-se acrescentar terra,
calcário ou húmus, já areia, lama e cascalho adicionam poucos nutrientes.
Para a boa degradação dos componentes de uma pilha é necessário evitar alguns
resíduos, como o carvão mineral e vegetal, papel colorido, plantas doentes, materiais
não biodegradáveis, fezes de animais de estimação, lodo de esgoto, produtos
químicos tóxicos entre outros.
As cinzas de carvão mineral possuem uma
quantidade excessiva de enxofre e ferro que
Carvão mineral e são tóxicos para as plantas, além de
vegetal apresentarem muita resistência a
decomposição.
Recomenda-se não adicionar nenhum tipo
de papel colorido na compostagem, devido
Papel colorido as tintas tóxicas e não biodegradáveis. Além
disso, atualmente há muitas campanhas
para a reciclagem de papéis.
Para adiconar plantas doentes na composto
é preciso um processo de compostagem
Plantas doentes ideal para garantir a completa destruição de
organismos patogênicos que causam
doenças.
Resíduos de plásticos, vidros, alumínios e
roupas possuem material sintético que não
Resíduos não
são biodegradáveis, que poderão prejudicar
biodegradáveis
o solo. Borracha natural é biodegradável,
mas tem lenta degradação.
Deve evitar a adição de fezes de animais,
Fezes de animais
pois podem conter organismos perigosos
de estimação
que podem transmitir doenças.
Este resíduo merece um cuidado especial
com altas temperaturas para a eliminação
Lodo de esgoto
de metais tóxicos e de organismos
patogênicos.
Deve-se evitar colocar inseticidas, pesticidas
Produtos e venenos na pilha. Estes produtos são
químicos tóxicos nocivos aos microorganismos que ajudam
na degradação e aeração do solo.

Etapas da Decomposição

Primeira fase
- Normalmente denominada decomposição: ocorre a decomposição da
matéria orgânica facilmente degradável, como por exemplo, carboidratos.
- A temperatura pode chegar a 65-70ºC. Nesta temperatura, durante um
período de cerca de 15 dias, é possível eliminar as bactérias patogênicas,
como por exemplo, as salmonelas, ervas - inclusive as daninhas, ovos de
parasitas, larvas de insetos, etc.
- Esta fase demora de 10 a 15 dias. É comum colocar sobre o material uma
camada de cerca de 10-30 cm de composto maduro para manter o euilíbrio
interno do material (sem perda de calor e umidade).
- Nesta faze, proteínas, aminoácidos, lipídios e carboidratos são rapidamente
decompostos em água, gás carbônico e nutrientes (compostos de nitrogênio,
fósforo, etc.) pelos microorganismos, liberando calor.
- Temperaturas acima de 75º indicam condições inadequadas e podem
causar a produção de odores, devendo ser evitadas. Nesta temperatura,
ocorrem reações químicas no processo e não mais ação biológica por
microorganismos termófilo.

Segunda fase
- A fase de semimaturação: os participantes freqüentes desta fase são as
bactérias, actinomicetos e fungos. A temperatura fica na faixa de 45 - 30ºC e
o tempo pode variar de 2 a 4 meses.

Terceira fase
- A fase de maturação/humificação: nesta fase, celulose e lignina são
transformados em substâncias húmicas, que caracterizam o composto, pelos
pequenos animais do solo como por exemplo às minhocas. A temperatura
cai na faixa de 25-30ºC.
- O húmus (composto) é um tipo de matéria orgânica mais resistente à
decomposição pelos microorganismos. No solo, as substâncias húmicas vão
sendo lentamente decompostas pelos microorganismos e liberando
nutrientes que são utilizados pelas raízes das plantas.

Fatores que influenciam na Compostagem

* Aeração
- O fornecimento de oxigênio é um fator importante durante a decomposição,
principalmente, na primeira fase. A falta de oxigênio pode liberar odores
desagradáveis, provenientes de produtos de decomposição anaeróbia como
gás sulfídrico.
- A aeração pode ser natural ou forçada para sistema estático de
compostagem.
- Neste caso a aeração natural pode ser feita através da difusão, de
revolvimento ou introdução de tubos curtos e perfurados no interior da leira
ou pilha. A aeração forçada é feita por introcução ou sucção de ar no interior
da leira ou pilha.
- Para sistema dinâmico, é comum aeração forçada com introdução de ar.

* Matéria-prima
- A compostagem é realizada com material orgânico putrescível.
- O lixo doméstico é uma boa fonte de matéria orgânica e que corresponde a
mais de 50% de sua composição.
- Relação carbono/nitrogênio (C/N): 30 - 40/l, ideal para o desenvolvimento
dos microorganismos.
- Umidade: 45% a 70%. Abaixo pode inibir o desenvolvimento da atividade
bacteriana e acima pode ocasionar deterioração.
- Materiais com tamanhos menores se decompõem mais rapidamente.
- Material indesejável do ponto de vista estético e de segurança de
manuseio: pedaços de vidro, metal, plástico, etc.

* Microorganismos
- Normalmente, o material orgânico putrescível usado contém os
microorganismos necessários durante o processo. Quando necessário, se
adiciona composto maturado.

Características do Composto Húmico

- O composto é biologicamente estável e pouco agressivo aos organismos


do solo e plantas, e é utilizado para melhorar as características do solo e
aumentar a produção de vegetais, por exemplo em hortas.
- O composto maturado tem aspecto marrom, com pouca umidade e cheiro
de terra mofada.
- Ao esfregá-lo com as mãos, elas se sujam, porém o composto se solta
facilmente.
- O composto deixa o solo mais "fofo" e leve, possibilitando que as raízes
utilizem água e nutrientes mais facilmente.
- As substâncias húmicas existentes no composto têm a capacidade de reter
água e nutrientes, agindo assim, como uma esponja. Desta forma, as plantas
podem utilizar a água e nutrientes, favorecendo o seu desenvolvimento. Por
isso o composto é chamado também de fertilizante do solo.
- A água e os nutrientes retidos tornam o solo melhor estruturado,
necessitnado de menos irrigação, economizando energia e tornando-se mais
resistente a erosão.
- Aumenta a capacidade de troca de cátions (nutrientes).
- Ajuda na fertilidade do solo devido à presença de nutrientes minerais (N, K,
Ca, Mg, S e micronutrientes). Para o nitrogênio, potássio e fósforo (NKP)
encontram-se valores médios de 1%, 0,8% e 0,5%, respectivamente.

Uso do Composto

O composto é usado em solo como corretivo orgânico, principalmente de


solos argilosos e arenosos, pobres em matéria orgânica. A matéria orgânica
deixa o solo mais fofo e leve, possibilitando que as raízes utilizem a água e
os nutrientes mais facilmente. Aplicando o composto uma ou duas vezes por
ano, a produtividade do solo aumenta.

Usinas de Compostagem de Lixo no Brasil


Segundo dados do IBGE referente a 1989, publicados em 1992, existem 80
usinas de compostagem no Brasil, mas infelizmente a maioria delas está
desativada por falta de uma política mais séria, além da falta de preparo
técnico no setor. Inclusive, na maioria dessas usinas, as condições de
trabalho são precárias, o aspecto do local é muito sujo e desorganizado e
não existe controle de qualidade do sistema de compostagem e nem do
composto a ser utilizado em solo destinado à agricultura.
Muitas usinas de compostagem estão acopladas ao sistema de triagem de
material reciclável. Por isso é comum as usinas possuírem espaços
destacados para esteiras de catação, onde materiais como papel, vidro,
metal, plástico são retirados, armazenados e depois vendidos.
A qualidade do composto produzido na maioria das vezes é ruim tato no
grau de maturação, quanto na presença de material que compromete o
aspecto estético e material poluente como metais pesados.
A compostagem no Brasil vem sendo tratada apenas sob perspectiva de
"eliminar o lixo doméstico" e não como um processo industrial que gera
produto, necessitando de cuidados ambientais, ocupacionais, marketing,
qualidade do produto, etc. Tanto isso é verdade que quando as usinas são
terceirizadas, as empreiteiras pagam por lixo que entra na usina e não por
composto que é vendido e o preço, que muitas usinas cobram, é simbólico.
A compostagem no Brasil precisa ser encarada mais seriamente.

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