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DADOS DE ODINRIGHT

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mais lutando por dinheiro e poder, então nossa sociedade poderá
enfim evoluir a um novo nível."

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"Para as pessoas que nunca irão se
contentar com menos do que podem ser,
fazer, compartilhar e servir."
– Tony Robbins
Sumário
Introdução
O show tem de continuar
Capítulo 01
Não julgue um livro pela capa
Capítulo 02
O que Hermione Granger e você tem em comum?
Capítulo 03
Por que a pressa?
Capítulo 04
Propósito, a Matrix da vida
Capítulo 05
Seja dono da sua história
Capítulo 06
O mundo é de quem faz
Capítulo 07
Barcelona é possível
Capítulo 08
O melhor ainda está por vir
Agradecimentos
odos que já subiram ao palco alguma vez na vida sabem que, em uma

T peça de teatro, show ou palestra, o começo e o fim são os dois


momentos mais importantes.
Não estou tirando o mérito de tudo que acontece entre esse hiato, muito pelo
contrário, o recheio é o que faz algo ter valido a pena. Mas, é que esses dois
momentos têm um charme a mais, eles trabalham com o inconsciente humano,
com gatilhos mentais, com a nossa atenção.
Um começo sensacional faz com que você queira continuar atento ao que está
fazendo. Se os primeiros cinco minutos não captarem a sua atenção, já era. Você
pegará o celular, conversará com a pessoa ao lado e ficará entediado. Isso vale
para um primeiro encontro, um novo seriado, sexo, aula, palestra, livro e
praticamente qualquer outro fato. Um começo eletrizante mantém-no “ligado”,
vira memória e lhe dá acesso a uma das atitudes mais importantes e escassas do
mundo – a atenção das pessoas. Agora, você acabou de ganhar mais tempo para
mostrar para o que veio.
Já um final sensacional tem uma outra importância. É dele que as pessoas se
lembrarão. Eu sei, não é justo com o começo eletrizante e muito menos com todo
o “recheio” embasado e de alta performance que foram entregues, mas a vida é
assim. Quantos seriados a que você assistiu e tiveram as primeiras temporadas
mais incríveis de todos os tempos, porém, no final, deixaram a desejar?...
Desculpe-me, Game of Thrones*, mas dava para ser melhor.
O final carrega uma responsabilidade e tanta. De nada adianta você caprichar
em tudo e, nos últimos cinco minutos, você “pisar na bola”, não ser marcante e
decepcionar. O final é responsável pela memória, pelo sorriso no rosto, pelo
gostinho de “quero mais”. Sem um final impactante, ninguém se lembrará das
outras coisas que você fez antes.
E são nessas duas partes que eu mais fiquei travado neste livro – o começo e o
final. Talvez seja por saber da responsabilidade que elas carregam, talvez apenas
por um bloqueio criativo, não sei... Contudo, as duas perguntas que ficaram na
minha cabeça foram: Como posso abrir este livro de maneira com que você
queira continuar aqui comigo? E como eu posso encerrá-lo com o intuito de que
você queira ler novamente e indicar para os amigos?
Bom, a segunda pergunta vou deixar para que você tire suas conclusões
quando terminar. Eu sei da minha responsabilidade e sei que elevei a régua da
sua expectativa. Mas saiba que uma das coisas que iremos abordar aqui é que um
dos segredos da felicidade é ter menos expectativas, pois expectativas demais é
um dos caminhos para frustração.
Retomando a primeira pergunta – um começo impactante – então, vamos lá.
“Alguma vez você já se sentiu sozinho?”
Eu já, inúmeras vezes. Sentir-se sozinho é diferente de estar sozinho. Hoje,
cada vez menos, estamos sozinhos! São milhares de seguidores nas redes sociais,
centenas de mensagens para responder no WhatsApp, incontáveis e-mails,
eventos sociais e inclusive reuniões que poderiam ser apenas e-mails. O que não
faltam são compromissos sociais.
E, no meio de tudo isso, cada vez mais, nós nos sentimos sozinhos... sentimo-
nos desconectados, anestesiados e perdidos. Seja deitado na cama, às duas da
manhã, sem saber o que estamos fazendo das nossas vidas. Seja num happy hour
da firma, rindo de uma piada sobre o novo coronavírus ou o assunto do
momento, sem saber ao certo por que estamos lá. Seria para agradarmos ao
chefe, para nos divertirmos ou porque não conseguimos ficar a sós com nós
mesmos?
O motivo não vem ao caso aqui. Podemos nos sentir sozinhos em meio a uma
multidão ou em nossos quartos. As obrigações do dia a dia são tantas que não
temos mais tempo de questionar o propósito dos fatos. A nova regra de nossas
vidas é correr. Pergunte para alguém como está a vida, e a resposta, de 10 em
cada 10 pessoas, será: corrida.
Estamos tentando nos destacar em nossas carreiras, manter uma vida social,
beber dois litros de água por dia, nos exercitar, responder todas as mensagens,
ser bons filhos, acompanhar as redes sociais, ler um livro, nos manter
atualizados, sãos e felizes. Apenas isso. Apenas.
Entramos no piloto automático. Pegamos os nossos sonhos e os
transformamos em metas; elaboramos um plano de ação e começamos a correr.
Porém, não paramos para revisitar esses sonhos. Não nos questionamos mais.
“Será que eu ainda quero um milhão antes dos trinta anos?” “Será que eu
ainda quero um corpo perfeito? Será que essa carreira é para mim?”
A criança que existia dentro de nós, questionadora, foi atropelada pelos
boletos.
A busca pela felicidade e pelo sucesso custa caro.
“Mas quem foi que disse que você, primeiro, precisa conquistar algo para
depois ser feliz?” Quem criou esse sistema estava completamente enganado. O
sucesso, isolado, não traz a felicidade. O êxtase da sua próxima promoção durará
o tempo de um jantar chique para comemorar. E novamente você estará
correndo. “Correndo para onde?”
E foi esse tipo de pergunta que eu comecei a me fazer. Perguntas difíceis, às
quais não existem respostas certas... nem existem respostas fixas. Perguntas que
doem.
Na busca por essas respostas, eu encontrei um buraco sem fim. Isso, porque
foi por meio da busca dessas respostas que eu comecei a repetir ainda mais os
mesmos comportamentos. Quando eu achava que entendia qual era meu
propósito, eu começava a trabalhar mais e mais, a correr em direção àquilo.
Quanto mais eu buscava o sucesso e a felicidade, mais distante parecia que eu
ficava. Eu comecei a me perguntar: “Será que é isso?” “Será que eu estou
sozinho?” “Será que só eu me sinto assim?”
Para alguém introvertido e com problemas de abrir seus sentimentos para as
pessoas, como eu, a escrita foi uma alternativa. Não a única, junto com ela
vieram novos hábitos, como: a corrida e a bebida. Mas juro que de forma
moderada, pode ficar tranquilo.
A resposta que eu encontrei foi a de que eu não estou sozinho. E é essa
resposta que eu quero compartilhar com você. Você pode se sentir sozinho, mas
você não está.
Neste exato momento, existe um jovem indiano que está passando pela mesma
coisa que você. Ele quer conquistar seus sonhos grandes, mas é ansioso demais,
acha que está ficando para trás, tem a impressão de que está todo mundo
avançando, menos ele. Mesmo dilema, diferente contexto.
Neste exato momento, existe uma jovem chilena que está passando pela
mesma situação que você, ela é rotulada, não pelo valor que agrega, mas por
padrões e percepções totalmente errados. Mesmo dilema, diferente contexto.
Neste exato momento, existe um jovem espanhol que se sente perdido, que
sente que todos já sabem o que querem fazer da vida, menos ele. Mesmo dilema,
diferente contexto.
Através das minhas experiências, pude ver que uma dor minha, poderia ser
uma dor sua, de um amigo seu, de uma pessoa de outra cidade, estado ou país.
As histórias e contextos mudam, mas a dor, muitas vezes não.
Eu quero, neste livro, mostrar-lhe que você não está sozinho. Que existem
pessoas próximas a você passando por desafios similares e que existem pessoas
do outro lado do mundo também passando pelos mesmos desafios.
Eu quero trazer histórias de pessoas reais, não apenas histórias daquelas que já
atingiram um ultra sucesso, são reconhecidas, milionárias e que estão na mídia o
tempo todo. É claro que elas têm seu mérito, mas isso não aproxima, não traz
empatia. “Quem disse que só quem já chegou lá, seja lá o que for “lá”, pode
compartilhar seus ensinamentos e suas histórias?” “E quem já subiu um, dois,
cinco, oito degraus?” “Eles não têm o que ensinar?” São essas histórias que eu
quero trazer.
No entanto, não são apenas histórias, senão seria apenas mais um livro
motivacional, piegas, sem nada para agregar de forma prática. Eu quero trazer
estudos científicos, dados e exercícios, a fim de que você olhe para dentro e
consiga se perder para se encontrar.
A jornada deste livro é sua, assim como a sua vida. Ele não é um seriado do
Netflix, você não precisa maratoná-lo. Leia no seu tempo, um capítulo por vez.
Talvez um capítulo faça mais sentido agora do que outro, então o releia.
Aprofunde-se. Divirta-se.
Tudo que você encontrará neste livro não é meu, eu sou apenas um canal,
transmitindo o que aprendi nessa minha curta jornada, tentando me encontrar e
ser bem-sucedido. O mérito é de todos os autores, pesquisadores, professores,
empreendedores e pessoas que tiveram coragem de colocar seus trabalhos no
mundo, para serem julgados, criticados e aplaudidos. O mundo pertence àqueles
que fazem, que arregaçam as mangas e dão voz ao que acreditam. E eu acredito
que você seja uma dessas pessoas. E espero que após ler este livro, você tenha
certeza disso.
NADA VAI ESTRAGAR MAIS SUA
VIDA DO QUE PENSAR QUE
VOCÊ JÁ DEVERIA TÊ-LA
RESOLVIDA.
* Disponível em:< https://www.hbo.com/game-of-thrones>. Acesso em: 29.07.20
ocê já deve ter ouvido alguma vez esta expressão em sua vida: “Não

V julgue um livro pela capa.” Eu sempre fiquei intrigado com ela.


Primeiro, já cansei de comprar livros com uma capa linda e um
conteúdo raso. Também já comprei livros com uma capa feia e um conteúdo
maravilhoso – e, é óbvio que existe o ápice, que são os livros com capas lindas e
um conteúdo ainda mais extraordinário.
Talvez você tenha comprado este livro, porque gostou da capa. Se esse foi o
caso, espero que goste do conteúdo. Talvez, porque alguém o recomendou. Se
esse foi o motivo, cuidado com o que lhe indicam, pois nem sempre o que é bom
para alguém, é bom para você. Aqui, a máxima da minha avó prevalece:
“Conselho, se fosse bom, a gente não dava, a gente vendia.” Ok, parei. Já usei
duas frases clichês no começo deste capítulo. Não existe motivo maior para
alguém largar algo do que os clichês.
Tá, na verdade, existem outros motivos. Mas, se existe algo que eu aprendi no
mundo dos negócios é: a primeira impressão é a que fica.
O meu ponto aqui é que, provavelmente, você está lendo este livro, porque
recebeu uma primeira impressão externa, seja a capa, o título, as redes sociais,
anúncios, indicação, entre outras inúmeras razões. E, devido a isso, resolveu
comprar.
O tempo todo, nós julgamos os livros pelas capas – e, não apenas no sentido
literário.
É a forma como ele se veste, o jeito que fala, o carro que dirige, a
universidade que estudou, a orientação sexual, os países que viajou, o corte de
cabelo, os idiomas que fala, as pessoas que conhece, o local que trabalha, e
assim por diante.
Basta um primeiro olhar, e já “sabemos” muito de uma pessoa. Ou pelo menos
achamos que sabemos.
Sem dúvida alguma, os rótulos facilitam as nossas vidas. Os rótulos são a
porta de entrada para o novo. Mas, assim como eles nos protegem, eles podem
nos prender e nos limitar.
Eu, particularmente, apenas comecei a me incomodar com os rótulos de
alguns anos para cá. Ok, foi vago. Mais especificamente em 2014.
Talvez eu nunca tenha me incomodado com eles, pois eu sempre tive rótulos
legais. Isso mesmo. Ou você achava que essa armadilha chamada “rótulos” só
acontece negativamente?
Sempre fui um ótimo aluno, dedicado, orgulho da família, bom nos esportes,
querido, magro – saudades – e estudioso. Esses rótulos reforçavam qualidades
em mim, as quais me faziam entrar em um ciclo vicioso, fazendo-me acreditar
que eu não somente era aquilo, como, cada vez mais, precisava batalhar para
manter aqueles selos. Isso me levou a me sentir pressionado, mas também me
levou a conquistar coisas boas na vida.
A gente precisa parar de achar que a vida é binária. Preto no branco – porque
ela não é. Existe uma infinidade de opções entre o preto e o branco. E, assim
como os rótulos, que podem ser ruins, eles também podem nos impulsionar. A
grande pergunta é: “Você sabe fazer a leitura correta dos rótulos ou apenas deixa
que eles ditem a sua vida?”
Eu confesso que é comum vivermos no piloto automático e deixarmos
concepções antigas virem à tona. Vou dar alguns exemplos. “Você alguma vez já
escutou alguma dessas expressões?”:

“Mulher não sabe dirigir.”


“Todo japonês é inteligente.”
“Não tem como ficar rico sem roubar.”
Provavelmente já. Toda vez que escutamos algum rótulo, já assumimos que
aquela pessoa possui várias outras características, de acordo com as nossas
experiências de vida e ambientes em que crescemos.
Desculpe-me pelos exemplos acima, eu sei que eles não fazem sentido.
Porém, existem inúmeros outros ainda piores que eu poderia ter trazido aqui, que
você escuta no dia a dia, e são replicados muitas vezes por pessoas que você
ama. “Pesado, né?” Eu sei, mas os rótulos carregam esse peso, e precisamos
falar mais abertamente sobre eles.
E foi um desses pesos que me fez começar a querer quebrar esses rótulos. Em
2014, estava no último ano da faculdade e tinha acabado de ser efetivado na
multinacional que eu trabalhava – o Grupo Boticário, uma empresa fantástica
em que todos gostariam de trabalhar. “Você pode imaginar como minha família
ficou, não é mesmo?” Muito feliz. Outro que ficou super feliz foi o meu ego.
Porém, o tempo foi passando e cada vez mais eu não me encontrava contente,
feliz e realizado. Talvez fosse o final da faculdade. Época em que parecia que
todos estavam bem resolvidos, seguindo um caminho de sucesso. Parecia que
todo mundo tinha certeza do que queria para a vida, menos eu.
Naquele momento, bateu a crise. Eu estava ganhando uma identidade no
mercado de trabalho, eu era conhecido como o Léo do Boticário. É claro que
isso abria muitas portas profissionais, afinal todos queriam fazer negócio
comigo, quero dizer, com a empresa que eu representava. E aquilo começou a
me incomodar. A cada dia que passava, parecia que esse rótulo me aprisionava
mais e mais. Eu comecei a perceber que eu não queria aquilo para mim. Não só o
rótulo, mas aquele estilo de vida.
Então me deparei com a falta de sentido. Isso alinhado à ridícula tendência de
me comparar com os outros, transformou-se em uma bola de neve de ansiedade e
dúvidas, a qual foi parar na minha região abdominal, pois a forma como eu
lidava com tudo era comendo.
Em busca de soluções, busquei conversar com muitas pessoas – familiares,
professores, amigos, mentores, chefes etc. Todos inflaram meus rótulos antigos,
falando que eu poderia seguir qualquer caminho que eu teria sucesso. Minha
família recomendava a opção mais segura, ficar no meu atual trabalho. Meus
professores recomendavam o mestrado. Meus amigos recomendavam várias
aventuras. Mas, no final das contas, todos ajudaram com opiniões, porém
ninguém ajudou em nada. Pois, no final do dia, a decisão era só minha.
Naquele momento, a única coisa que eu conseguia pensar era como a vida
parecia ser mais fácil no colégio. A gente tinha um caminho simples traçado:
estudar, tirar boas notas, passar no vestibular e arranjar um bom emprego. Esse
era o plano perfeito que os nossos pais queriam para nós. Até então, o nosso
maior desafio era passar no vestibular. Mas a vida é muito mais complexa do que
isso. Após a adolescência, começamos a receber uma avalanche de
possibilidades. Começamos a nos conhecer mais, a testar novos ambientes,
nossas habilidades... resumindo, começamos a experimentar a vida.
E, no meio dessa fase de tentativa e erro, vamos vendo que os rótulos os quais
nos definiam antes não fazem mais sentido. Talvez, nenhum rótulo sozinho
faça sentido.
Você já sabe um pouco da minha história, mas ainda não me apresentei. Rude
da minha parte, eu sei. Então vamos lá.
Meu nome é Leonardo Capel. Sou escritor de Moleskine, graduado em
Administração na Universidade Federal do Paraná (UFPR) e com cursos de
extensão em Business e Design Thinking, na Universidade de Stanford. Eterno
calouro, guardo sempre em meu coração as experiências vividas. Educação,
viagens, tecnologia, marketing, cinema, moda, esportes, livros, música e coisas
geeks – sem medo de dizer, Harry Potter** – são temas que sempre chamam
minha atenção.
Trabalhei durante três anos em movimentos estudantis e voluntários, como:
Movimento Empresa Júnior, AIESEC, CHOICE e TEDx e também em grandes
empresas, como a D.E Master Blenders e o Grupo Boticário.
Participei, como Embaixador, do primeiro programa de jovens lideranças
globais, responsáveis por disseminar os Objetivos do Desenvolvimento
Sustentável (ODS), da ONU.
Em 2015, fundei a A+ Educação, organização não governamental que tem
como missão dar voz, recursos e reconhecimento para os professores do mundo
todo por meio de capacitações, financiamento de projetos e prêmios.
Fui eleito Empreendedor Social do ano Brasil, pela International Youth
Foundation, em 2016, e Global, em 2018. Fundei a agência de marketing digital
focada em propósito, Thank You Marketing, em 2017, com o objetivo de escalar
o propósito de profissionais liberais e pequenas empresas. E sou o autor desta
belezura que está em suas mãos agora.
Ufa, pronto!
“Ao ler isso, qual é o primeiro pensamento que vem a sua cabeça?”
“Será que você realmente me conhece ao ler sobre as coisas das quais eu gosto
e que já fiz ou será que, para cada frase que eu trouxe, você gostou mais ou
menos de mim?”
Talvez você também goste de Harry Potter e se identificou comigo. Talvez
você odeie Harry Potter e tenha pensado que eu sou infantil. Talvez você tenha
participado de movimentos estudantis e tenha se identificado comigo. Talvez
você ache perda de tempo esse tipo de atividade e ache que eu sou um tolo por
ter ficado três anos da minha vida em coisas que não dão dinheiro.
Para cada um dos temas que eu listei acima, veio algum pensamento na sua
cabeça, bom ou ruim. Quanto maior o número de identificações, maiores as
chances de você gostar de mim. Quanto menor o número de identificações,
menores as chances de você ir com a minha cara.
A vida é assim e os rótulos estão aí para isso. Para trazer pré-conceitos e nos
ajudar a formular opiniões iniciais sobre as coisas.
De qualquer forma, peço que me dê uma chance, pois este livro é a forma que
eu tenho de compartilhar com você os desafios que eu vivi nesses últimos anos.
Eu quero mostrar que você não está sozinho nesta jornada e que o seu dilema
pode ser o mesmo de alguém que mora no seu bairro ou do outro lado do mundo.
Eu quero mostrar como eles superaram suas dúvidas e como existem infinitos
caminhos e possibilidades para você seguir.

O cérebro e os rótulos
O cérebro é um dos órgãos mais complexos e interessantes que temos em
nosso corpo, ao menos é o que ele tenta nos convencer.
Quando ele processa as informações, a maior parte desse processo acontece
em nosso subconsciente por meio dos rótulos. Eles funcionam basicamente
como atalhos que nos auxiliam a economizar tempo e energia. Esses rótulos em
frações de segundos se transformam naquela voz que você escuta dentro da sua
cabeça se deve ou não fazer algo relacionado à alguma situação.
Segundo o pesquisador e PhD Wouter Van Den Berg***, cofundador da
BrainCompass, os rótulos são criados em nossos cérebros em quatro fases
distintas.
A primeira fase é constituída da fusão das células do nosso pai com as da
nossa mãe, ou seja, segundo o pesquisador, 40% a 60% do nosso comportamento
está diretamente ligado à nossa genética. “Você já ouviu aquela frase que diz que
o fruto não cai longe do pé?” Basicamente é isso. Nós tendemos a ter
comportamentos similares aos dos nossos pais, devido, sobretudo, a possuirmos
um componente genético similar ao deles.
A segunda fase começa quando estamos sendo educados nos estágios iniciais
da vida, tendo uma grande importância na forma como vemos nós e os outros.
Na terceira fase, nós desenvolvemos a nossa personalidade em conjunto com
as interações que temos com os nossos amigos e familiares. É nela que
desenvolvemos a tendência de gostar de tais estilos musicais, esportes, livros,
campos de estudo etc.
Por fim, na quarta fase, já no começo de nossa vida adulta, desenvolvemos a
maneira como pensamos, conhecida como mindset. Isso acontece, pois, com o
amadurecimento e formação completa da estrutura do cérebro, o córtex pré-
frontal se torna forte o suficiente para elaborar raciocínios conscientes e de
tomada de decisão. Por exemplo, você decidiu que irá trabalhar nesta semana até
mais tarde, pois isso faz sentido para você chegar aonde deseja. Essa é a quarta
fase entrando em ação e criando uma narrativa que faça sentido para aquilo que
você acredita.
Se você sabe de onde os rótulos que você cria em sua cabeça vêm, você
consegue alterá-los e parar de reagir de forma passiva e inconsciente. Quando
nós nascemos, nós somos do jeito que somos. Porém, quando crescemos, nós
somos quem pensamos que somos.
Eu, particularmente, gosto de exemplificar a forma como nos vemos por meio
da icônica imagem de um iceberg.
Na camada acima da água, estão os rótulos superficiais, ou seja, aqueles que
são percebidos por primeiro pelas pessoas. É importante destacar que cada
pessoa nos vê de alguma forma, ou melhor, ela só vê um pedaço da ponta do
iceberg, a parte que, em determinada situação, mostramos para ela. Podemos ser
considerados queridos por algumas pessoas e diretos por outras. Tímidos para
algumas e extrovertidos para outras. Ou até mesmo empáticos para alguns e frios
para outros.
QUANDO NÓS NASCEMOS, NÓS
SOMOS DO JEITO QUE SOMOS.
PORÉM, QUANDO CRESCEMOS,
NÓS SOMOS QUEM PENSAMOS
QUE SOMOS.
A fórmula para alguém desenvolver um rótulo inicial sobre nós não é simples,
mas podemos simplificá-la, dizendo que é a soma das crenças da pessoa, com as
circunstâncias em que nos conheceu, com as características que mostramos para
ela nessas primeiras interações.
Rótulos Iniciais Superficiais = Crenças internas anteriores +
Circunstâncias do ambiente em que acontece as interações + Característica
que nós apresentamos a ela.
Como falei, essa é uma maneira simples de como podemos formular os
rótulos iniciais superficiais. As interações humanas e sociais são muito mais
complexas. Há informações prévias que podem ter chegado até você e feito com
que construísse uma pré-opinião sobre alguém, existem pessoas que podem ter
apresentado você... e isso já o faz ver o outro com novos olhos, e assim por
diante.
Mas uma coisa é certa, raramente alguém conseguirá ver a superfície completa
do “nosso iceberg”, muito menos enxergará com clareza o que está abaixo dela.
Ou seja, apenas nós somos capazes de conhecer todas as nossas facetas. Quando
se trata da forma como nós nos percebemos, somente nós conseguimos ver toda
a estrutura do iceberg. Nós nos definimos através de coisas que estão abaixo da
superfície, e que as pessoas não conseguem ver de fora.

“Pare um segundo e pense como você se define.” “Quais são os rótulos que
fazem você ser quem você é?” Talvez você venha de uma família com um
sobrenome importante, talvez não. Talvez você se veja como engraçado, talvez
como sem graça. Talvez você se ache bonito, talvez o oposto.
“Agora pense quem lhe deu esses rótulos?” “Você sempre se viu dessa
maneira ou a forma que você se vê é o retrato do que os outros afirmaram sobre
você durante a sua vida?”
O objetivo aqui não é fazer você ficar confuso e perdido sobre quem você é.
Afinal, já estamos todos um pouco perdidos naturalmente. A vida é uma eterna
busca por autoconhecimento e, quando começamos a achar que nos conhecemos,
acontecem experiências que mudam a forma como vemos a vida e nós mesmos.
E essa é a parte gostosa da vida – a nossa constante evolução.
TÁ TODO MUNDO UM POUCO
PERDIDO E TÁ TUDO BEM.
Quanto mais você usa os rótulos, mais você os incorpora, fazendo com que a
cada afirmação, você se identifique um pouco mais com aquilo, até você
acreditar que é realmente aquilo. Porém, se essas crenças continuam a existir, e
você não começa as questionar durante a sua vida, elas ficam tão fortes que
esquecemos de que há outras maneiras de nos vermos.
Comigo mesmo, isso já aconteceu inúmeras vezes. Eu adorava escrever
durante o colégio, minhas redações eram sempre bem avaliadas pelos
professores – o que reafirmava não somente que eu era bom nisso, mas o meu
gosto pela escrita. Durante a faculdade, essa crença continuou existindo. Porém,
em um determinado momento após a faculdade, algumas pessoas começaram a
questionar minha habilidade de escrita, o que fez com que eu não só parasse de
escrever, como também, toda vez que escrevia um simples e-mail, achava que
não estava bom o suficiente. Esse reforço constante dessa crença me fez começar
a duvidar de que eu era bom nisso e me fez perder o interesse pela escrita. Foi só
quando eu parei de ter interações com essas pessoas que eu comecei a entender
que aquilo não necessariamente era verdade, e que essas constantes afirmações
mexeram comigo.
“Quantas vezes, coisas parecidas como essa já aconteceram com você?” “O
quanto você é o que os outros dizem que você é?” “O que acha de começar a
olhar mais para dentro e menos para fora?” Não é fácil, não é gostoso e irá doer.
Mas, no final, garanto-lhe que valerá a pena.

O verbo to be e seus ensinamentos


Quando aprendemos inglês, já nos módulos básicos, aprendemos a como
utilizar o verbo to be. Começamos a entender as diferenças, porque, quando e
como utilizá-lo. Conforme vamos avançando na fluência do idioma, vemos a
importância de aprender esse fundamento e como ele é utilizado com frequência
no dia a dia.
Quando falamos de rótulos, não é diferente. Afinal, o verbo to be pode ser
utilizado como “ser” ou “estar”. Muitas vezes em nossas vidas, nós nos
confundimos se “somos” ou se “estamos”. Por exemplo, quando conhecemos
alguém, e nos pedem para nos apresentarmos, tendemos a falar o que fazemos e
onde estudamos. “Mas será que isso é quem somos ou são os selos que
demonstram onde estamos ou estivemos?”
Gostaria de trazer a história aqui de uma pessoa que admiro, que já foi
rotulada inúmeras vezes, e eu tive a oportunidade de conhecê-la em 2013, Bel
Pesce.
Bel é formada em Administração e em Engenharia Elétrica & Ciências da
Computação (EECC), pelo MIT (Massachusetts Institute of Technology), já
estagiou na Microsoft e na Google, escreveu quatro livros best-sellers, foi eleita,
pela Revista Época, uma das 100 brasileiras mais influentes de 2012, eleita, pela
Forbes, uma das trinta jovens mais promissoras do Brasil e eleita, pela BBC,
uma das 100 mulheres mais inspiradoras em todo o mundo, em 2015, entre
inúmeras outras conquistas. Atualmente, está à frente da FazInova, empresa com
o objetivo de manter as pessoas sempre atualizadas em um mundo em constante
mudança, democratizando o conhecimento sobre culturas, novas profissões e
temas comportamentais. “Na moral”, ela é sensacional.
No entanto, nada disso representa a sua essência. Nós temos a tendência de
nos apresentamos para as pessoas, falando das coisas que fazemos e
conquistamos – facetas diferentes do topo do “nosso iceberg”. Porém, somos
muito mais do que essas coisas.
Quem conhece a Bel, sabe que ela é uma pessoa empática, criativa, dedicada e
focada. Características essas que ela usa e abusa nas coisas que realiza.
Ou seja, ela não “é” influenciadora, ou empresária, ou escritora. Ela “está”
influenciadora, empresária e escritora. E aqui é que se encontra a grande
diferença. Nós precisamos quebrar essa concepção de que somos o que fazemos.
Nós somos muito mais do que isso.
Hoje a Bel está empresária e ela é criativa. Daqui a cinco anos, ela poderá
estar trabalhando na Nasa, estar com novas empresas ou poderá estar atriz.
Quem sabe? O futuro é maravilhoso e o melhor ainda está por vir.
Quando começamos a entender essa diferença entre “ser” e “estar”, fica muito
mais fácil quebrarmos a nossa autocrítica e os nossos próprios rótulos. Talvez
você não esteja onde deseja ainda, mas se você sabe quem é, quais são os seus
talentos e pontos de melhoria, é questão de arriscar, experimentar e tempo para
estar fazendo e externalizando quem você é em atividades extraordinárias.
Mas, talvez você não saiba ainda quem seja, quais são os seus talentos e
pontos de melhoria. E talvez você também não saiba direito nem aonde quer
chegar. E também está tudo bem.
O caminho se faz caminhando.
O mais importante é você entender que existe uma grande diferença entre
“ser” e “estar”. E quanto mais você entrar em movimento, mais próximo você
estará da sua essência. Lembre-se sempre de que você não é o seu trabalho, você
não é a sua universidade, você não é as roupas que veste, você não é nada disso.
Você é muito mais do que isso.
O CAMINHO SE FAZ
CAMINHANDO.
O duelo incansável entre gerações
Não existe como falar em rótulos sem falarmos sobre o conflito de gerações
que existe no mercado de trabalho e no mundo.
Chega a ser engraçado como as barreiras crescem ao rotularmos as pessoas
por faixa etária. E como é difícil esses rótulos relacionados à idade. “Dúvida?”
“Você em algum momento já encontrou uma criança de uns 10 anos e se viu
sendo chamado de “tio”?” Como isso dói. Com apenas uma frase inocente
começamos a nos perceber “velhos” e que ainda não chegamos aonde
desejamos. Vixe! Vem muita coisa em nossa cabeça. Que criança chata!...
acabou de estragar o meu dia.
Porém, esse sentimento de faixas etárias se estende para diversos ambientes, e
o principal deles é no mercado de trabalho. Pela primeira vez na história,
possuímos cinco gerações trabalhando em conjunto ao mesmo tempo.****
Os veteranos, nascidos entre 1925 e 1945, são conhecidos como a Grande
Geração. Viveram na época da 2ª Guerra Mundial e foram marcados pelas crises
econômicas. Eles são conhecidos por seu auto sacrifício, respeito pela autoridade
e valorização da família. Muitos já se encontram aposentados, mas os que ainda
estão ativos no mercado de trabalho acreditam na construção da carreira em uma
mesma empresa durante toda a sua vida.
Os Baby Boomers vieram logo após a 2ª Guerra Mundial, nascidos entre 1946
e 1960. Essa geração passou por uma transformação cultural devido à ascensão
da TV, sendo um influenciador na alteração do comportamento dos jovens da
época. É uma geração caracterizada pelo trabalho duro, tanto que, é nessa época
que acontece o surgimento do termo workaholic. Eles apreciam a concorrência e
uma comunicação direta e eficaz. Atualmente, muitos estão pensando em se
aposentar, se ainda não se aposentaram. Vale destacar que foi durante esse
período que surgiram e ganharam destaques movimentos como o Feminismo, os
ideais de Liberdade e movimentos a favor dos homossexuais e negros.
Em seguida, surgiu a Geração X, nascida entre 1961 e 1979. Essa geração é a
primeira a possuir uma formação acadêmica, o que era raro na época. Também é
a geração que teve mais divórcios do que qualquer outra anterior. Foi a primeira
geração que focou em produtos de maior qualidade e no início de uma busca por
equilíbrio entre a vida pessoal e profissional.
E, então, veio a minha geração, conhecida como Millennials, nascida entre
1980 e 2000. Essa geração é conhecida por nunca ter vivido em um mundo sem
que a tecnologia não estivesse presente em casa. Nós somos incrivelmente
pragmáticos, esperançosos e determinados. Nós achamos que vamos mudar o
mundo, e, na verdade, acredito que vamos fazer isso. Podemos ser um pouco
idealistas, às vezes, precisamos nos sentir motivados no ambiente de trabalho e
preferimos buscar experiências diferentes a construir a carreira em uma única
empresa. Nos últimos anos, essa geração ultrapassou a Geração X como a
geração com mais pessoas trabalhando no mundo corporativo.
E, por fim, a Geração Z, nascida a partir de 2000, e que está ingressando no
mercado de trabalho atualmente. Eles nasceram já com a internet disseminada no
mundo e fazem da tecnologia uma extensão deles mesmos, estando sempre
conectados e antenados nas novidades.
É interessante pensar que, pela primeira vez, essas cinco gerações estão
interagindo não só em suas vidas pessoais, mas também nas profissionais. O
interessante é ver como elas possuem dificuldades e preconceitos umas com as
outras. Basta uma busca rápida no Google e você verá uma enxurrada de artigos
e posts sobre “10 razões por que os Millennials são a pior geração de todos os
tempos.” ou “Por que os Baby Boomers e a Geração X acabaram com o
mundo?”.
Porém, se você resolver analisar, colocar as pessoas que nasceram em
determinado período de tempo e as rotular com tal característica é insano. Para
começar, existem várias divergências sobre qual é o ano que começa uma
geração e termina outra. Existem Millennials que se consideram da Geração Z e
Baby Boomers que se consideram da Geração X. O ponto é que tudo isso são
rótulos que nos dão a sensação de pertencimento e facilitam ou dificultam a
compreensão das pessoas de como somos. Em segundo lugar, na minha
concepção, é muito difícil entender que uma pessoa nascida em 1980 e outra em
1998 possuem as mesmas características e sejam agrupadas como similares.
Assim, basicamente, estamos afirmando que uma pessoa recém-nascida e uma
de 18 anos compartilham os mesmos valores, querem as mesmas coisas no
trabalho e possuem os mesmos estereótipos, trabalhando a favor e contra eles.
Se formos analisar o mercado de trabalho – “O que os Millennials, minha
geração, estão buscando?” – queremos flexibilidade, autonomia, valorização,
experiências enriquecedoras e um RedBull. Mas, com exceção do Redbull,
nenhuma dessas coisas estão ligadas exclusivamente aos Millennials. Todos
esses pontos podem ser procurados no mercado de trabalho por quem possui 24,
32, 46 ou 60 anos.
Talvez o que tenha acontecido é que as pessoas se acostumaram com os
rótulos e prefiram facilitar suas vidas, assumindo coisas baseadas em um
estereótipo. Sem dúvida alguma, esse é o caminho mais fácil. Esquecemos que
pessoas são pessoas. Que um jovem de 25 anos pode querer estabilidade e fazer
carreira em uma empresa e que outro jovem de 25 anos pode querer se aventurar
e experimentar diferentes oportunidades. Esquecemos que as pessoas buscam
estar em grupos, mas são indivíduos, cada um com sua história e sua essência.
Ou talvez não tenhamos esquecido, apenas nos acostumados com as nossas
zonas de conforto, pois é muito mais fácil assumirmos coisas do que nos
sentarmos para conversar e conhecermos realmente alguém.
Evidentemente, existem inúmeros desafios que precisamos aprender para
saber navegar neste mundo multigeracional, onde existem tantas pessoas únicas
trabalhando em conjunto, porém, colocá-las em caixas pré-definidas não é a
solução. Você pode me chamar de um daqueles Millennials idealistas, no
entanto, eu acredito que podemos juntos alcançar essa harmonia e não acho que
estejamos tão longe. Basta estarmos abertos para tirarmos nossos rótulos e nos
interessarmos genuinamente pelas pessoas.

Como lidar com os rótulos


A palavra resiliência vem do latim: Resilire, que significa “voltar atrás”. Está
associada à habilidade que cada pessoa tem de lidar com seus próprios
problemas diante de situações adversas, como: traumas, tragédias, ameaças e
grandes mudanças. O termo veio da física para designar a capacidade de que
alguns materiais têm de absorver o impacto e retornar a forma original.
Imagine uma esponja de lavar louça – esse é um bom exemplo de um material
resiliente. A esponja, mesmo após ser utilizada, apertada, passar por água quente,
fria, resíduos, ao final, ela retorna ao seu formato original.
A resiliência***** é algo que trabalhamos durante toda a nossa vida. Eu,
particularmente, vejo que existem dois caminhos comuns ao lidarmos com
situações adversas e rótulos que não nos sentimos à vontade. Podemos ou tentar
mudar a situação ou aprendermos a nos proteger.
Quando se trata de mudar a situação, uma das primeiras e mais importantes
coisas a se fazer é transformar a dor daquele problema em algo menor. Quando
você se depara com alguém o rotulando, primeiro, pare um segundo e respire
fundo. Você não é capaz de controlar o que os outros pensam sobre você e,
quanto mais você tentar, mais você sofrerá e reforçará aqueles rótulos. Após essa
pausa, “Como você se sente sendo rotulado?” “É algo que apenas o irrita ou é
algo que fere a sua autoestima?” Às vezes, o nosso cérebro tende a nos
influenciar a pensar que as coisas são mais dramáticas e importantes do que são.
Um exemplo claro aqui é quando você estava na faculdade e resolvia fazer
uma pergunta para o professor. Pelo simples ato de levantar a mão, você já podia
sentir os olhares de julgamento dos seus colegas caírem sobre você.
Pensamentos como: “Nossa que pergunta idiota!”, “Lá vai ele perguntar
novamente...”, “Eu querendo ir embora, e ele perguntando!” vinham a sua
cabeça. O que acontecia a seguir era que você ficava com dificuldade de prestar
atenção na resposta do professor, com uma sensação de estupidez e vergonha.
Porém, o que realmente acontecia era que, no final da aula, alguém o procurava
para dizer que também estava com a mesma dúvida, mas estava sem coragem
para perguntar. A sensação de alívio era instantânea, e talvez você realmente
deveria ter relaxado e prestado atenção ao que o professor tinha a dizer.
Já, quando se trata de nos protegermos, o desafio está totalmente em nossas
mãos. Uma das principais formas de fazermos isso é buscarmos coisas em
comum com quem está nos rotulando. Olhar para o topo do iceberg por
diferentes ângulos e ver como podemos encontrar semelhanças com aquela
pessoa. A teoria sempre é mais fácil do que a prática. Encontrar esses pontos em
comum é difícil, pois envolve você desafiar as suas suposições sobre o outro e
sobre você. Ao fazer isso, irá ser desconfortável, mas você conseguirá ver que
existem mais coisas que nos unem do que nos dividem - um time de futebol, pais
separados, mesmo colégio que estudou e assim por diante.
Tendo isso em mente, existem várias maneiras comprovadas para melhorar a
forma como lidamos com os rótulos. Cada atividade a seguir não apenas nos
proporciona emoções positivas como também nos auxilia a superar os desafios
do dia a dia. Perceba:
• Tenha pessoas que lhe permitam ser quem você realmente é. “Sabe aquele
amigo ou familiar que está sempre disponível para escutá-lo sem
julgamentos, que conhece a sua luz e a sua escuridão?” Então, é muito
difícil termos mais do que uma ou duas pessoas com esse grau de conexão,
mas é importante termos, pois ele estará lá para ouvi-lo e fazer você
enxergar a sua essência.
• Evite ver crises como problemas insuperáveis. Você não pode mudar o fato
de que eventos altamente estressantes acontecem, e que os rótulos surgirão,
mas você pode mudar a forma como interpreta e responde a esses eventos.
Tente olhar além do presente para como as circunstâncias futuras podem ser
um pouco melhores. Observe quaisquer maneiras sutis pelas quais você já
possa se sentir um pouco melhor ao lidar com situações difíceis.
• Aceite que, no mundo, existem pessoas do bem e pessoas FDP. Existem
pessoas que irão querer ver o seu bem e existem pessoas que não irão gostar
de você. E está tudo bem. O mundo não é um conto de fadas e é impossível
agradar a todos.
• Procure oportunidades de autodescoberta. As pessoas frequentemente
aprendem algo sobre si mesmas ao fazer coisas diferentes.
• Cultive uma visão positiva de si mesmo. Desenvolver confiança em sua
capacidade de resolver problemas e confiar em sua intuição ajudam a
construir resiliência.
• Cuide-se. Preste atenção às suas próprias necessidades e sentimentos.
Envolva-se em atividades de que você goste e encontre momentos
relaxantes. Exercite-se regularmente. Cuidar de si ajuda a manter a sua
mente e corpo preparados para lidar com situações que exijam resiliência.
• Evite rotular os outros. Quanto mais buscamos estar conscientes sobre os
nossos pensamentos em relação aos outros, mais aprendemos a lidar com
nós mesmos. É um exercício que faz bem para o outro e para você.
Aqui não existe certo ou errado. O grande problema das pessoas é que elas
gostam de ler, mas não gostam de colocar em prática. Em toda situação que você
se sentir rotulado, pare, respire e tente lidar de uma forma diferente. A chave é
colocar em prática e identificar quais formas funcionam bem para você.

Uma pessoa livre


O problema com rótulos é que eles levam a estereótipos. E estereótipos levam
a generalizações. E generalizações levam a suposições. E suposições nos afastam
e nos levam novamente aos rótulos.
“Alguma vez você já rotulou alguém?” “Alguma vez você já foi rotulado?”
“Algum rótulo o bloqueia até hoje e o impede de fazer as coisas que deseja?”
Os rótulos são apenas uma camada superficial que nos ajudam em um
primeiro momento a formar pré-conceitos sobre as coisas. Deveria ser assim,
apenas em um primeiro momento. Não para o resto da vida. Não para definir
quem você é. Você é muito mais do que apenas um rótulo.
A próxima vez que você estiver se auto rotulando e não conseguir se livrar
dessas amarras ou se sentir pressionado, para baixo ou sem energia, pois alguém
o rotulou, lembre-se de que rótulos servem para comidas e não para pessoas. E
mesmo para comidas, existe muita comida ruim com rótulos incríveis. E muita
comida boa, sem rótulo algum.
Espero que você se lembre de que você é muito maior do que apenas uma
característica, e que ninguém conhece você com a profundidade que você se
conhece. Se nem nós entendemos algumas coisas que fazemos, por que
deixaremos com que os rótulos que as outras pessoas colocam em nós interfiram
em nossas vidas, em nossos sonhos e em nossas rotinas?
Mas, espero que você não aplique isso somente a você. Lembre-se disso
também ao se relacionar com as pessoas. Isso abrirá portas, e você se colocará
em situações incríveis de empatia. Você ganha, a pessoa ganha e o mundo
também.
Então, hoje, finalizo este capítulo, como uma pessoa criativa, empática e
sonhadora que está empreendedora, está blogueirinha e está escritora. Mas, mais
importante do que isso, finalizo este primeiro capítulo como uma pessoa sem
rótulos e querendo conhecer melhor você. “E você, como finaliza esse capítulo?”

** Disponível em:< https://www.amazon.com.br/Cole%C3%A7%C3%A3o-Harry-Potter-7-


volumes/dp/8532512941> . Acesso em: 29.07.20
*** Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=Fw_g6sOoIng>. Acesso em:29.07.20
**** Disponível em:<
https://www.ted.com/talks/leah_georges_how_generational_stereotypes_hold_us_back_at_work>.
Acesso em: 28.07.20
***** Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=ViS4tT5yGTU>. Acesso em: 29.07.20
Se tivéssemos dois minutos de perguntas francas, em que máscaras e

“ mentiras não fizessem parte, você estaria preparado para revelar tudo?”
Foi assim que o assunto sobre a Síndrome do Impostor me pegou.
Era o final do verão americano, estava pela primeira vez em Washington DC,
capital dos Estados Unidos. E o melhor, estava lá com tudo pago. Isso mesmo,
não tive que desembolsar R$1,00.
Havia sido selecionado, junto a outros dezessete jovens empreendedores
sociais ao redor do mundo, como Empreendedor Social do ano de 2018, pela
International Youth Foundation.
Você pode imaginar como eu me sentia... Era um mix de sentimentos desde
que recebi a notícia de que havia sido escolhido. Para falar a verdade, nos
primeiros meses que antecederam a viagem, eu ainda não acreditava. Parecia
algo muito bom para ser verdade. Até que os meses foram passando, e faltavam
apenas 30 dias para a viagem. Existiram algumas ligações para alinharmos
detalhes técnicos e começarmos a conhecer os outros vencedores ao redor do
mundo.
E foi aí que dois sentimentos chegaram fortemente em mim.
O primeiro foi o de que eu era bem inferior aos outros escolhidos. Dezessete
jovens que estavam mudando a realidade de seus países e continentes com
negócios sociais incríveis. Tinha o Alberto Cabanes, da Espanha, fundador do
Adopta Un Abuelo, que conecta jovens com idosos, fazendo com que os idosos
se sintam ouvidos, acompanhados e amados, e, ao mesmo tempo, que os jovens
aprendam com suas experiências e sabedoria. Tinha a Elisa Muñoz, do Equador,
fundadora da D’Cuero, uma marca de sapatos de couro artesanal, eticamente
feitos por artesãos rurais no Equador. A D’Cuero conecta esses pequenos
produtores com os mercados globais e expande suas vendas por meio de lojas
on-line e físicas. Tinha o Alparslan Demir, da Turquia, fundador da
Biryudumkitap, que tem como objetivo fazer as pessoas lerem mais livros e
aumentar a taxa de alfabetização na Turquia. Atualmente, eles possuem uma
plataforma on-line em que as pessoas podem se inscrever gratuitamente e
receber histórias diárias por e-mail.
Como é que eu poderia estar no meio dessas pessoas?
Clássico complexo de vira-lata. Essa não é a primeira vez que eu sentia isso. E
sendo bem sincero, todas as vezes que tive esse sentimento, eu me senti muito
mal e impotente. O complexo de vira-lata é um termo criado pelo escritor Nelson
Rodrigues, que o descreve como a inferioridade em que o brasileiro se coloca,
voluntariamente, em face do resto do mundo. Esse é um sentimento muito
comum, o qual já notei em mim e em vários amigos e colegas de profissão.
Mas, para ser bem sincero, essa é a maior mentira que existe. Se tem algum
povo f***, somos nós, brasileiros.
Havia dito para mim mesmo que nessa viagem eu não sentiria isso. Deixaria
minhas dúvidas, o medo de falar inglês e a vergonha no aeroporto. E por mais
que tenha sido difícil ter feito 100% isso, vejo que a missão foi cumprida.
Cheguei aos Estados Unidos e fui recepcionado no aeroporto com um carro
exclusivo e motorista. Coisa chique, cena de cinema, nunca tinha vivido nada
igual. Ao chegar no hotel, tive um tempo para organizar as coisas antes do jantar
de abertura. Tomei banho, li um pouco mais sobre as pessoas que estariam
presentes no jantar e me arrumei.
Ao descer para jantar, o segundo sentimento começou a bater. Naquela sala,
havia pessoas que eram referências em suas áreas e em posições de influência
que eu nunca imaginei conhecer. Eram líderes de empresas como Hilton Hotéis,
MasterCard, Governo Americano, entre outros. A animação se misturava com o
nervosismo e apenas uma pergunta vinha na minha cabeça: “O que eu estou
fazendo aqui?” Para passar esse sentimento, só havia uma solução: beber.
Moderadamente, é claro. Ao final da noite, tudo havia saído perfeitamente,
conheci os outros vencedores do prêmio, os quais passariam uma semana
comigo entre eventos e capacitações até a chegada do grande dia da premiação.
Durante a semana de imersão com essas pessoas extraordinárias, havia me
prometido que buscaria aproveitar ao máximo essa experiência. O que envolvia
não apenas me ater à programação oficial, como participar da não oficial.
Portanto, nada mais justo do que sair confraternizar com o pessoal para conhecer
a cidade.
Um dos erros que normalmente as pessoas cometem, e eu já havia cometido,
era o de não me permitir fazer coisas fora do escopo programado. Experiências
únicas como essa devem ser vividas intensamente. Ou seja, a programação
oficial deve ser feita com atenção, assim como as suas atividades profissionais e
responsabilidades que ficaram em seu país. Porém, você deve tirar um tempo
para os acontecimentos de extraprogramação, pois são neles que os vínculos de
amizade e parcerias se desenvolvem. A escolha em um primeiro momento pode
não fazer sentido. “Será que eu descanso para mandar bem amanhã nas
atividades ou saio com o pessoal?” Em minha experiência, sair com o pessoal
valeu a pena 100% das vezes. E olha que eu adoro descansar.
E foi em uma dessas noites, faltando dois dias para essa experiência terminar,
que a Síndrome do Impostor surgiu novamente. Mas, dessa vez não como um
sentimento, e sim como uma conversa aberta, franca, entre amigos.
Estávamos comemorando o aniversário do Allister Fa Chang, um dos
vencedores do prêmio, fundador da Wash & Learn Initiative, com sede nos
Estados Unidos, que leva os serviços de bibliotecas públicas para as áreas de
espera das lavanderias. O objetivo dessa empresa é proporcionar serviços de
informação e educação às famílias durante os mais de 90 minutos que esperam
as roupas delas serem lavadas e secadas. Era um dos momentos mais incríveis
daquela semana. Estávamos quase todos os dezoito vencedores em um terraço,
no centro de Washington, bebendo, comendo e aproveitando a vista da cidade.
Então, resolvemos fazer uma brincadeira com um jogo em que uma pessoa é
selecionada por vez para responder perguntas de forma totalmente franca, sem
filtros. As demais pessoas têm 2 minutos para perguntarem o que quiserem. É
uma espécie de metralhadora da verdade. É óbvio que esse jogo nunca daria
certo se não tivéssemos desenvolvido um vínculo de confiança nos dias
anteriores e se não tivesse álcool, é claro.
Nessa altura, você deve estar achando que eu sou uma espécie de bêbado, sem
problemas, não ligo para os rótulos. Mas de fato não sou, longe disso, pode ficar
tranquilo.
O jogo começou, rodada vai, rodada vem, várias risadas surgiram, assim como
perguntas profundas e complexas. E foi uma dessas que fizeram na minha vez.
Nunca vou esquecer! O Allister perguntou diretamente: “Você já se sentiu
alguma vez um impostor?” Eu apenas pensei... “Como responder isso de forma
rápida?” ... “Será que eu realmente falo a verdade ou não?” ... Eu segui as regras
do jogo e respondi que sim, várias vezes. E ele complementou que também, o
tempo todo.
Buuuuum! Não estava sozinho. Deixe-me colocar isso em um contexto para
vocês: um dos jovens vencedores, que tinha um dos negócios mais interessantes
voltados para educação do mundo, com faturamento de milhões de dólares e que
já havia ganhado inúmeros prêmios, sentia-se assim também.
O jogo acabou e começamos a falar mais abertamente sobre isso. A verdade é
que todos ali presentes, naquele exato momento, não se sentiam dignos em
algum momento de suas conquistas. Um sentimento de alívio e conforto não
apenas me encontrou, como dava também para perceber, naquela noite estrelada
e agradável em Washington DC, que tinha encontrado a todos. Alguns nunca
haviam falado sobre aquilo, apenas sentido. E, agora, com sentimentos
compartilhados, todos conseguiram perceber que muitas vezes um dilema seu,
pode ajudar o outro também. Basta nos colocarmos em uma posição vulnerável
de querer aprender e compartilhar.

Suas conquistas importam


“Alguma vez você já teve a sensação de que as suas conquistas são
pequenas?” “Ou que você só conseguiu algo, porque estava no lugar certo, na
hora certa?” “Ou se sentiu como não qualificado o suficiente para fazer algo que
lhe recomendaram?” “Ou teve dificuldade de aceitar o reconhecimento de
alguém, quando disseram que você fez um bom trabalho?” “Ou se preocupou
demais em atingir as expectativas de alguém?”
Se a sua resposta foi “sim” para alguma dessas perguntas, provavelmente você
já teve a Síndrome do Impostor em algum momento da sua vida. Se a sua
resposta foi “sim” para várias das perguntas, bem-vindo ao clube. Mas não se
preocupe, você não está sozinho, mesmo que você nunca tenha ouvido falar
disso.
A Síndrome do Impostor foi descrita, pela primeira vez, no final dos anos
1970, por duas psicólogas clínicas, a Dra. Pauline Rose Clance e a Dra. Suzanne
Imes.****** Elas notaram um padrão em mais de 150 mulheres altamente bem-
sucedidas, de estudantes universitárias e professoras a profissionais e executivas.
Essas mulheres, frequentemente, descreviam se sentir como uma fraude e
atribuíam seu sucesso a coisas como: sorte ou erro. As psicólogas escreveram, na
época, um artigo para documentar esse padrão psicológico, chamando-o de
Síndrome do Impostor – que é a sensação de que suas conquistas não são tão
importantes. Você sente uma profunda insegurança em relação ao seu trabalho e
realizações, preocupando-se sempre se ficará bom e se irão descobrir que você
realmente não é capaz, sendo uma fraude.*******
Eu mesmo passei por isso ao escrever este livro. Espero que ao vê-lo
impresso, eu possa dar boas risadas e ver como esse sentimento não era
verdadeiro. Mas, enquanto escrevia aqui para vocês, o medo de descobrirem que
eu não sou ninguém, de que tudo o que eu vivi não me habilita a estar aqui
compartilhando minhas histórias e de que eu não sou capaz de escrever algo útil
e sincero, atormentava-me a cada palavra.
É impressionante como nós, seres humanos, temos o poder e a capacidade de
nos convencermos de que algo é verdade quando de fato não é. Segundo um
estudo publicado em 2007, na Chronicle of Higher Education,******** estima-se
que 70% das pessoas já experimentaram ou irão experimentar a Síndrome do
Impostor pelo menos uma vez na vida.
Uma das minhas escritoras favoritas, Maya Angelou, ganhadora de cinco
Grammys e indicada para o Prêmio Pulitzer de literatura, afirmou uma vez:
“Escrevi onze livros, mas toda vez penso, é agora, eles vão descobrir. Eu estava
jogando com todos, mas agora serei desmascarada”.
Outra profissional que admiro muito, a atriz e ativista, Emma Watson, estrela
dos filmes da saga Harry Potter, protagonista do filme A Bela e a Fera e
Embaixadora da ONU, disse uma vez em entrevista: “Parece que quanto melhor
eu me saio, maior é o meu sentimento de inadequação, porque penso que em
algum momento vão descobrir que eu sou uma fraude e que eu não mereço nada
do que conquistei”.
Se você leu até aqui e pensou algo como: “Tá, esse capítulo não é pra mim, eu
não fiz nem atingi nada demais em minha vida”, talvez, eu digo, talvez, você
esteja passando pela Síndrome do Impostor neste exato momento.
Peço que pare um pouco e liste todas as coisas que teve orgulho de ter
conquistado na sua vida. “Tá com dificuldade?” Eu o ajudo. Provavelmente, ao
menos uma destas conquistas você já deve ter atingido: passar no vestibular,
formar-se, não pegar DP, ser efetivado no estágio, ser promovido, aprender um
idioma, pagar as contas em dia, ajudar em casa, ir morar sozinho, conquistar a
pessoa que ama, comprar um carro, fazer uma viagem para um lugar dos seus
sonhos, entre outras coisas.
Após listar suas conquistas, peço que feche os olhos e lembre-se por um
momento como foi atingi-las e, principalmente, como você se sentiu ao
conquistá-las. “Você estava sozinho ou acompanhado?” “Estava em um lugar
aberto ou fechado?” “Como estava vestido?” “Era dia ou noite?”
Muitas vezes, na correria do dia a dia, nós nos esquecemos de comemorar e
principalmente sentir. Conquistamos, marcamos um check em nossa lista,
postamos nas redes sociais e partimos para o próximo objetivo. Isso traz uma
sensação de que nunca nada está bom. Sugiro que, de tempos em tempos, você
comece a criar o hábito de celebrar as pequenas conquistas, isso mudará a forma
como você vê a vida e o trará para o presente.
O Everest dos outros
Em junho de 2019, enquanto estava no processo de querer escrever este livro,
mas não me achar capaz o suficiente para isso, convidei um amigo, Guilherme
Kazuo, para fazer algo inusitado: escalar o Morro do Anhangava, uma das
montanhas mais populares do estado do Paraná, no Brasil. Particularmente,
sempre gostei de esportes, em especial os coletivos, porém, de uns tempos para
cá, venho buscando atividades novas, que me desafiem e que trabalhem o meu
corpo e concentração de formas diferentes.
Até então nunca havia escalado, e, quando contei para algumas pessoas que
iria fazer isso no final de semana, quase ninguém acreditou. Sendo bem sincero,
depois de fazer o convite, eu esperava que chovesse ou o meu amigo desistisse,
mas nenhuma das coisas aconteceram, pelo contrário, acho que foi o dia mais
ensolarado do ano.
Ao chegarmos no local da escalada e estacionarmos o carro, perguntamos ao
senhor que cuidava do estacionamento quanto tempo levaria para fazer a
escalada. O senhor nos contou que a escalada demoraria em torno de 1h30 e que
a pessoa que fez o melhor tempo fez em 21 minutos a subida e em 15 minutos a
descida.
Essa foi a pior e a melhor coisa que esse senhor fez por nós.
A pior, porque o tempo todo eu ficava pensando que tínhamos que fazer em
menos de 1h30 a subida, senão seria uma vergonha. Durante a subida,
encontramos crianças de 10 anos e até mesmo um cachorro, isso só reforçava o
quanto era possível. Resumo: após muito suor, água, paradas e quase 2h,
chegamos a um dos cumes.
A melhor, pois esse foi um dos motivos que nos levou a ficar algumas horas lá
no topo, conversando sobre a vida, sobre a Síndrome do Impostor e sobre nos
compararmos constantemente.
Essa escalada me fez refletir que eu preciso cuidar mais da minha saúde e de
que a vida pode ser comparada a subir uma montanha. Ao analisarmos a vida
como um todo, sempre haverá alguém fazendo algo melhor do que nós, seja um
tempo melhor, seja uma montanha mais alta, seja com mais facilidade.
O problema é quando olhamos essas conquistas sem termos o contexto do que
a pessoa fez e viveu para conseguir aquilo e estipulamos aquilo como um
objetivo para nós.

Mais tarde, ao atingirmos esse objetivo, olhamos ao redor e vemos que existe
algo ainda maior para ser conquistado, fazendo com o que alcançamos pareça
trivial aos nossos olhos.
Um exemplo é quando eu comecei a aprender inglês. Eu queria aprender a
conversar e me comunicar de forma clara com as pessoas. Porém, quando eu
atingi esse objetivo e mudei de escola de idiomas, essa conquista já não parecia
mais especial. Então, o meu sentimento passou a ser de ansiedade e de que meu
nível de inglês talvez não fosse bom o suficiente. Eu via os outros alunos e sentia
que o meu inglês não era tão bom assim, que eu precisava ter um vocabulário
ainda mais vasto, entender tudo perfeitamente e falar sem erros.
Esse padrão de estipular um objetivo, alcançá-lo e, em seguida, esquecê-lo
imediatamente, trazendo o sentimento de que essa conquista não era tão
importante, é algo que eu comecei a notar em várias áreas da minha vida. Talvez,
isso seja um padrão que você perceba em sua vida também. Não há nada de
errado em estabelecer metas mais difíceis. O problema da Síndrome do Impostor
é que você, ao alcançar algo, apaga o progresso realizado, alterando seus padrões
para colocá-lo “abaixo” do que considera atualmente bem-sucedido.

A escada da vida
Minha namorada diz que toda vez que eu vou explicar algo, eu preciso trazer
algum exemplo para ilustrar. E ela não poderia estar mais certa. É como meu
cérebro funciona. Uma das frases de que eu gosto muito e que representa um
pouco sobre conquistas é:
“Não existe elevador para o sucesso, você tem de ir pelas escadas”.
Ao pensarmos em qualquer área da vida, sempre existem degraus a serem
escalados para o topo do que é considerado sucesso. Scott Young, autor do livro
best-seller Ultralearning,******** retrata muito bem esse conceito, traz a ideia de
que, Qas empresas, existem os estagiários, analistas, coordenadores, gerentes e
diretores. No mundo acadêmico, existem os bacharéis, mestres, doutores,
professores titulares e pesquisadores premiados. Nos esportes, existem os
juvenis, juniores, atletas profissionais, atletas olímpicos e os recordistas
mundiais.
NÃO EXISTE ELEVADOR PARA O
SUCESSO, VOCÊ TEM DE IR
PELAS ESCADAS.
Essa subida tende a acontecer de forma mais rápida nos primeiros degraus.
Além disso, temos dificuldade de enxergarmos os degraus que se encontram
muito acima ou muito abaixo de nós, fazendo com que apenas possamos ver em
detalhes os que estão em uma posição acima e abaixo.
Todos os degraus de realizações muito acima estão longe o suficiente para que
possamos basicamente ignorá-los: autores que são mundialmente famosos;
atletas que possuem recordes ou empresários que abriram o capital de suas
empresas na Bolsa de Valores. Essas conquistas estão tão além do que já
experimentamos, que elas não causam ansiedade.
No entanto, estamos mais conscientes das pessoas que estão um pouco acima
de nós no ranking. Quando se trata de escrever um livro, eu me comparo a
autores que venderam mais de três mil livros em seus países. Quando se trata de
escalar montanhas, eu me comparo com pessoas que já subiram montanhas de
mais de dois mil metros. Quando se trata de construir empresas, eu me comparo
com empresários que possuem mais de cinquenta funcionários.
O problema é que, quando subimos um degrau em nossas escadas, o degrau
logo acima aparece imediatamente. Quando eu passei de um profissional
autônomo para ter uma equipe, imediatamente essa nova conquista se tornou a
minha base e minha comparação aumentou. O sentimento de insegurança vem da
ênfase excessiva no degrau acima, ao invés de reconhecermos os degraus que já
subimos e os sucessos que já alcançamos.
A Síndrome do Impostor aparece aqui nos fazendo sentir que até mesmo o
nível atual pareça insustentável. A posição que alcançamos foi por sorte,
circunstância ou porque os outros perceberam incorretamente que fizemos algo
impressionante. Portanto, há um medo constante de que possamos voltar aos
degraus anteriores ou cairmos completamente da escada. Não deixe esse
sentimento abalá-lo, se você está onde está, foi devido a múltiplos fatores e
méritos seus, assuma e contemple o quão incrível você é.

Os cinco tipos de impostor


Ninguém sabe o que você está passando e nunca saberão. Apenas você tem
consciência do quão pesado são seus desafios. Talvez você tenha se identificado
com alguns exemplos que eu trouxe anteriormente, mas saiba que existem
infinitas possibilidades em que você pode se sentir desse jeito e, provavelmente,
as pessoas não irão entender quando você tentar explicar.
A fim de facilitar e compreender melhor esse sentimento, gostaria de listar
cinco formas diferentes que a Síndrome do Impostor pode se apresentar. Essas
categorias foram descritas pela escritora Valerie Young******** em seu livro Os
pensamentos secretos das mulheres de sucesso. Vamos a elas.

1. O perfeccionista
O perfeccionismo e a Síndrome do Impostor, normalmente, andam lado a
lado. As pessoas que possuem esse perfil estabelecem metas
excessivamente altas e quando não conseguem atingi-las, sentem uma
frustração enorme. Elas buscam controlar cada etapa do processo e
possuem dificuldade em delegar, pois ninguém fará tão bem feito quanto
elas.
Abaixo, algumas perguntas para analisar se isso se aplica a você:
• “Você tem necessidade de micro gerenciar as atividades, buscando
saber os mínimos detalhes de tudo?”
• “Você possui dificuldade em delegar, e mesmo quando você pode fazer
isso, não se sente à vontade?”
• “Você sente a necessidade de fazer tudo bem feito o tempo todo?”
Esse perfil acredita que sempre poderia ter feito melhor,
independentemente de ter atingindo seus objetivos ou não. Porém, esse
questionamento constante não é produtivo e nem saudável. É preciso
aprender a ver os erros como parte natural do processo. Tente parar de
planejar tanto e comece a tirar suas ideias do papel. A verdade é que nunca
haverá um momento perfeito para começar. Quanto mais cedo você for
capaz de aceitar isso, melhor será.

2. O super-herói
O super-herói possui um alto nível de insegurança e, para compensar
isso, ele busca trabalhar muito mais do que a maioria das pessoas, assim ele
irá garantir que consegue entregar as coisas com a qualidade esperada.
Porém, essa sobrecarga pode prejudicar não apenas a sua saúde mental
como também as suas relações com os outros.
Abaixo algumas perguntas para analisar se isso se aplica a você:
• “Você normalmente é um dos últimos a ir embora do escritório?”
• “Você acha que ficar sem fazer nada é um desperdício de tempo?”
• “Você deixou seus hobbies de lado para focar no trabalho?”
As pessoas com esse perfil são viciadas na validação que vem do
trabalho, não necessariamente no trabalho em si. Comece a tentar evitar aos
poucos a busca por validação externa. Ninguém deve ter mais poder para
lhe dizer que algo ficou bom, do que você mesmo. À medida que você se
torna mais à vontade com a validação interna, você poderá aliviar a pressão
e começar a viver melhor.

3. A criança prodígio
Young afirma que as pessoas com esse perfil sentem a necessidade de
fazer as coisas de forma rápida, eficiente e de primeira. Esses tipos de
impostores, assim como os perfeccionistas, colocam seus níveis internos de
validação lá em cima.
Abaixo algumas perguntas para analisar se isso se aplica a você:
• “Você está acostumado a se destacar nas atividades sem muito
esforço?”
• “Você tirava notas boas em tudo o que fazia no colégio?”
• “As pessoas diziam para você quando era criança que você era muito
inteligente?”
Para superar isso, tente se ver como uma pessoa sempre em progresso.
Realizar grandes coisas envolve aprendizagem ao longo da vida e
construção de habilidades.

4. O individualista
“Sabe aquela pessoa que tem uma enorme dificuldade em pedir ajuda?”
Esse é o individualista. Assim como a criança prodígio, ele precisa
conseguir fazer tudo sozinho. Porém, não para ser o melhor, mas porque
tem medo que sua capacidade seja questionada caso peça ajuda para outras
pessoas. Não há problema em ser independente, mas não na medida em que
você recusa assistência para que possa provar seu valor.
Abaixo algumas perguntas para analisar se isso se aplica a você:
• “Você busca sempre dar um jeito com os prazos, mesmo que isso
signifique abrir mão do seu sono?”
• “Você sente que precisa realizar as coisas sozinho?”
• “Você se sente desconfortável pedindo ajuda?”
Procure descobrir quais são seus pontos fortes e fracos. Saiba que nem
mesmo o Michael Jordan, melhor jogador de basquete de todos os tempos,
era bom em tudo. Foque naquilo em que você é realmente bom a ponto de
se tornar extraordinário e delegue as outras coisas ou aprenda o básico.
Confie nas outras pessoas, elas também possuem talentos e, se elas estão
trabalhando ou interagindo com você, é porque elas também se mostraram
capazes de estar nesse ambiente.

5. O expert
Os experts medem suas habilidades com base em “o que” e “quanto” sabem.
Eles acreditam que nunca sabem o suficiente e temem serem expostos como
inexperientes.
Abaixo algumas perguntas para analisar se isso se aplica a você:
• “Você está constantemente buscando cursos ou certificações, porque acha
que precisa melhorar suas habilidades para ter sucesso?”
• “Mesmo se você estiver na sua função há algum tempo, você tem a sensação
de que ainda não sabe ‘o suficiente’?”
• “Você não gosta quando alguém diz que você é muito bom em uma
determinada área?”
É verdade que sempre há mais para aprender. Esforçar-se para aumentar seus
conhecimentos certamente pode ajudá-lo a crescer na carreira. Mas essa busca
incansável por conhecimento pode, na verdade, ser uma forma de medo e
procrastinação. Comece a praticar a aprendizagem just-in-time. Isso significa
adquirir uma habilidade quando você precisar dela. Também busque
compartilhar com seus colegas o que você sabe, pois assim os estará ajudando,
trabalhando o seu marketing pessoal e aliviando esse sentimento de impostor.
“E aí, se identificou com algum tipo de impostor?” Quando eu os analisei,
descobri que já me encaixei em vários deles em diferentes momentos da minha
vida. É natural possuir esse sentimento, mas saiba que, se você está com essa
sensação, é porque você está cada vez mais se desafiando e alcançando
resultados melhores.

Você está no caminho certo


É interessante como nesta vida as coisas podem mudar rapidamente. Às vezes,
no mesmo dia eu vou do sentimento de me achar incrivelmente capaz a me sentir
um nada.
Acredito que isso é uma das belezas do ser humano e um dos benefícios da
Síndrome do Impostor, pois ela faz você quebrar um pouco o seu ego, ou às
vezes muito, e o leva para uma espécie de abismo, fazendo você acreditar de que
não é merecedor das coisas. Normalmente, quando o nosso ego******** assume o
controle, tendemos a nos sentirmos confortáveis e a evitar novos desafios, pois
queremos manter as coisas como estão. Dessa forma, quando o sentimento de
impostor bate na nossa porta, nós nos abrimos para coisas novas, para que
possamos aprimorar nossas habilidades, experimentar e conquistar novas
oportunidades.
Como tudo na vida, é mais fácil falar do que viver, por isso abaixo listei cinco
formas para que esse sentimento seja menos frequente e intenso:
• Leia biografias — A leitura é uma excelente forma para trazê-lo para o
momento presente, limpar sua mente e aprender algo. Ao ler biografias,
você aprenderá com os erros e acertos de pessoas extraordinárias em seus
campos de atuação e se surpreenderá com o número de pessoas bem-
sucedidas que passaram a vida inteira lutando com dúvidas e inseguranças
intensas.
• Crie uma caixa de conquistas — Separe um momento para coletar fotos,
objetos e documentos que reforçam as suas conquistas. Ao fazer isso, dê
uma olhada em tudo que você conquistou e reflita sobre todo o trabalho que
você fez para chegar aonde está agora. Abrace o fato de que você se
colocou onde está. Você conquistou seu lugar e suas conquistas são provas
disso. Verá também que, como já viveu experiências ricas nesta vida, você
irá relembrar os sentimentos e desafios que sentiu durante aqueles
momentos e terá um gás novo para impulsioná-lo ao futuro.
• Tenha um mentor — Um mentor é alguém que já chegou aonde você
gostaria de chegar. As pessoas de sucesso possuem mentores em diversas
áreas de suas vidas, seja profissional, relacionamento ou saúde. O mentor é
alguém que o ajudará a atingir os resultados de forma mais eficiente e
poderá lhe mostrar que esse sentimento é comum, além de lhe apresentar
possíveis formas que ele utilizou para superar esses desafios.
• Pare de se comparar com os outros — Temos a tendência de nos
compararmos com os outros o tempo todo, desde que o mundo é mundo, e
as redes sociais vieram para escancarar isso ainda mais. Tente resistir a esse
desejo e, em vez disso, reconheça que ninguém é perfeito. Confie no seu
desempenho e comemore suas conquistas. Não deixe as redes sociais lhe
fazerem mal, ninguém está postando seus fracassos.
• Não evite esse sentimento — Uma das principais formas para superar suas
próprias inseguranças é perceber o quão normal elas realmente são.
Permita-se senti-las e entender como elas chegaram até você. Não as evite.
Grande parte da forma de superar essa situação é compreender as suas
inseguranças e após isso, sair da inércia e fazer as coisas acontecerem.
A ironia é que, quanto mais você progride em sua carreira, mais oportunidades
surgirão para a Síndrome do Impostor aparecer em sua vida. Atores, artistas,
escritores, atletas, CEOs******** – as pessoas mais bem-sucedidas são aquelas com
maior probabilidade de terem essa síndrome. Se você está se sentindo como uma
fraude, acredite ou não, você está fazendo algo certo.
O segredo é começar a entender o porquê você está sentindo isso, entender
que as suas conquistas são verdadeiras e começar a experimentar qual a forma de
lidar funciona mais para você. Não deixe esse sentimento paralisá-lo. É melhor
ter um sentimento de impostor do que uma vida de impostor. Você não está
sozinho nessa e, provavelmente, cada vez mais você esteja perto de novos e
grandes objetivos. Keep going.
NÃO DEIXE AS REDES SOCIAIS
LHE FAZEREM MAL, NINGUÉM
ESTÁ POSTANDO SEUS
FRACASSOS.
****** Disponível em<https://www.youtube.com/watch?v=pOIM0i6PbOE> . Acesso em: 10.08.20
******* Disponível em: <https://www.scotthyoung.com/blog/2019/05/06/imposter-syndrome/ > Acesso
em: 12.08.20
******** Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=pOIM0i6PbOE >. Acesso em: 10.08.20
******** Disponível em: <https://www.scotthyoung.com/blog/2019/05/06/imposter-syndrome/ >. Acesso
em: 10.08.20
******** Disponível em:< https://www.fastcompany.com/40421352/the-five-types-of-impostor-syndrome-
and-how-to-beat-them>
<https://www.themuse.com/advice/5-different-types-of-imposter-syndrome-and-5-ways-to-battle-each-one>
<https://time.com/5312483/how-to-deal-with-impostor-syndrome/ >. Acesso em: 10.08.20
******** Disponível em:< https://www.forbes.com/sites/carolinecastrillon/2019/01/27/why-imposter-
syndrome-is-a-good-thing/#3124a7f3472a > . Acesso em: 10.08.20
******** Disponível em: <https://www.themuse.com/advice/how-to-banish-imposter-syndrome-and-
embrace-everything-you-deserve > . Acesso em: 12.08.20
ocê já deve ter escutado em algum momento que a vida não é uma

V corrida de 100 metros, mas, sim, uma maratona.


Por muito tempo, eu vivi minha vida pulando de provas de 100
metros em provas de 100 metros. E deu certo. Passei no vestibular em uma
Universidade Federal aos 18 anos, fui efetivado em uma multinacional aos 20
anos, fiz um curso de extensão fora do Brasil aos 22 anos, e assim por diante.
Minha atenção sempre estava no próximo obstáculo.
Algumas dessas provas eu ganhei, outras eu perdi. Para algumas eu me
preparei, outras fui na confiança. – “Vai dizer que você nunca fez uma prova sem
estudar nada, apenas na confiança de que iria cair o conteúdo que você já sabia?”
– No entanto, todas essas experiências me trouxeram alguma forma de
conquista: dinheiro, reconhecimento, aprendizado, inteligência emocional – você
escolhe.
Contudo, em um certo momento, eu comecei a me cansar. Os resultados já não
me satisfaziam. Os treinos já não eram mais interessantes. Foi então que eu me
deparei com algumas perguntas: “Será que estou correndo a prova certa na
vida?” “Aonde eu quero chegar com todas essas conquistas?” “Será que esse tipo
de prova vai me levar para voos maiores?”
Na vida, para atingirmos resultados consistentes e grandiosos, precisamos de
dedicação, persistência, entender as etapas e compreender que os resultados não
vêm da noite para o dia.
Foi então que comecei a me preparar para mudar de prova. No começo é
muito difícil. Pergunte a qualquer corredor se existe diferença entre uma corrida
de 100 metros e uma maratona que são 42.195 metros, e eles irão afirmar que
são esportes completamente diferentes. É um outro jogo, com outras regras,
outros competidores e outro pensamento.
No começo você acha que dá conta, afinal, era um vitorioso nas provas de 100
metros. Sempre tirou notas boas, deu um jeitinho de última hora e estava indo
bem na vida até então. Mas, daí você começa a treinar e vê que o que funcionava
antes, não funciona mais. Vê que quem começou lentamente a prova, está
ultrapassando-o. Você sente dores, o seu cérebro pede para parar, você insiste e
se machuca. O seu corpo não lhe responde. O cérebro também não. Você começa
a entender que precisa mudar algo. Vai lá e tenta novamente. E o ciclo se
repete... Dói.
Você está focado no resultado, em vencer. Foi assim que você cresceu e
aprendeu. Resultados e gratificações instantâneas. Foi bem na prova, recebe uma
boa nota e elogios. Esforçou-se no trabalho, recebe um aumento. Assistiu a um
vídeo do TED Talks (modelo de palestras curtas e eficazes), já sente que
aprendeu algo novo.
O QUE O TROUXE ATÉ AQUI
NÃO É O QUE O LEVARÁ PARA O
PRÓXIMO NÍVEL.
Porém, o que o trouxe até aqui não é o que o levará para o próximo nível. O
imediatismo da adolescência e do começo da vida adulta não funciona mais.
Você começa a entender que a vida não é igual aos aplicativos de entrega, em
que basta alguns cliques e, em questão de pouquíssimo tempo, o que se quer
chegará até você. Começa, então, a ver que as coisas boas e que valem a pena
não acontecem em um estalar de dedos.
Com isso, o primeiro sentimento que chega é a frustração. Você se pega
infeliz, afinal 42km são 420 provas de 100 metros. Percebe o quão frustrante é se
preparar para uma prova tão longa, sem saber se vai ganhar, sem se quer saber se
vai aguentar, sem conseguir “curtir”.
Agora você está pensando: “Eu preciso mudar algo.” “Eu preciso melhorar,
fazer diferente.” “Eu preciso voltar a sentir prazer pelo jogo, pelo treino, pela
jornada.” Concordo, e, para aprendermos a participar desse novo jogo,
precisamos ter macro paciência e micro velocidade.******** Esse conceito foi
desenvolvido por um dos empresários mais bem-sucedidos do Século XXI, Gary
Vaynerchuck, @garyvee. Se você não o conhece, recomendo segui-lo em suas
redes sociais e aprender todos os dias.
Precisamos parar de nos preocuparmos com os anos, enquanto
desperdiçamos os dias. A principal razão que faz com que muitas pessoas não
atinjam os seus objetivos é a falta de paciência. Estamos focados em metas
insanas que nem sabemos o porquê as criamos. Queremos atingir o primeiro
milhão antes dos 30 anos. Queremos ser gerentes antes dos 25 anos. Queremos,
queremos, queremos. Essa falta de paciência gera ansiedade. E isso nos consome
todos os dias.
Precisamos entender que as coisas, normalmente, demoram mais do que
imaginamos. Precisamos parar de sermos imediatistas e começarmos a pensar a
longo prazo. Isso é macro paciência. É termos foco em nossos sonhos e
sabermos que precisamos plantar para colher.
Porém, não é porque sonhos grandes levam tempo, que podemos ficar
sentados no sofá, esperando que as coisas aconteçam. Micro velocidade é
entendermos que o que nos fará atingir os nossos sonhos é a ação. Precisamos
parar de procrastinar. Tentar coisas novas. Errar. Aprender. Ajustar a rota. Fazer
10x mais, pois acreditamos naquilo.
Alinhar ambos os conceitos é fundamental, porém, nada fácil. É como Tony
Robbins – escritor, coach e palestrante internacional –, uma vez, disse: “As
pessoas superestimam o que podem fazer em um ano e subestimam o que podem
fazer em uma década.”
Na vida, precisamos da paciência de uma maratona e da velocidade dos 100
metros. Paciência para saber que os resultados bons demoram – mas também não
é por isso que podemos ficar parados. Velocidade para nos adaptarmos, fazermos
as coisas acontecerem e ajustarmos a nossa rota.
Independemente de qual for a sua prova, ela é apenas sua. Você não precisa
prová-la para mais ninguém. Faça no seu ritmo: acelere... desacelere...
comemore... chore... pare... continue... e, o mais importante, divirta-se!

Vai um marshmallow aí?


Você, provavelmente, tem um primo pequeno em sua família ou até mesmo
algum outro parente. Aquela criança adorável que todos acham fofinho até
começar a ficar com fome ou sono. “Quer saber se ele irá ser bem-sucedido?”
Então, eu sugiro que faça um pequeno teste. Dê algum doce de que ele goste
muito e fale que se ele não o comer até você voltar, ele ganhará mais um. Porém,
se comer, só terá aquele mesmo.
Esse desafio pode parecer estranho em um primeiro momento, porém foi
através dessa linha de raciocínio, mas de forma mais estruturada e avançada, que
o professor Walter Mischel, da Universidade de Stanford, fez uma das principais
descobertas da psicologia comportamental, no final da década de 1960.
Durante seus estudos, Mischel e sua equipe******** realizaram centenas de
testes em crianças, a maioria com idade entre 4 e 5 anos, e revelaram o que hoje
se acredita ser uma das características mais importantes para o sucesso em áreas
como: saúde, trabalho e a vida como um todo.
Durante o experimento, uma criança por vez era levada para uma sala privada
e sentava-se em uma cadeira. Os entrevistadores colocavam na frente da criança
um marshmallow e faziam uma proposta para elas. A proposta era simples: o
pesquisador iria sair da sala, e se a criança não comesse o marshmallow durante
o período que ele estivesse fora, ela seria recompensada com um segundo
marshmallow. Porém, caso a criança decidisse comer antes do pesquisador
voltar, ela ficaria apenas com o primeiro.
Ou seja, comer um marshmallow agora ou dois depois.
Todo o teste foi filmado, e, como você pode imaginar, foi uma cena melhor do
que a outra. Houve crianças que não conseguiam parar quietas na cadeira; umas
olhavam fixamente para o marshmallow; já outras não paravam de brincar com o
alimento, buscando uma forma de se distraírem. Algumas crianças comeram o
primeiro marshmallow assim que o pesquisador saiu; outras aguentaram alguns
minutos, mas cederam à tentação; e, por fim, um certo grupo de crianças
conseguiu esperar o tempo todo.
Talvez, eu contando não tenha tanta graça, por isso, sugiro que veja o vídeo e
se divirta com esse experimento super fofo.
O estudo The Marshmallow Experiment******** foi publicado
em 1972 e ficou famoso, porém não pelo experimento em si. A
parte interessante da pesquisa aconteceu ao longo dos anos que
se passaram, com o acompanhamento e progresso das crianças
em diferentes áreas de suas vidas, como: estudos, vida social,
relacionamentos e profissão, tendo resultados surpreendentes.
Os pesquisadores acompanharam essas crianças por mais de 40 anos, e as que
estavam dispostas a adiar a gratificação e esperaram para receber o segundo
marshmallow acabaram tendo, repetidas vezes, maiores notas no colégio, menor
probabilidade de obesidade, melhores respostas ao estresse, melhores
habilidades sociais e melhores desempenhos em uma série de outras áreas.
Em outras palavras, essa série de experimentos provou que a capacidade de
adiar a gratificação foi um componente fundamental para o sucesso na vida
daquelas crianças.
Portanto, se pararmos para pensar, veremos que isso acontece em todos os
lugares com nós mesmos. Se você adiar a gratificação de comer aquela
sobremesa super calórica, você será mais saudável. Se você adiar a gratificação
de assistir a Netflix e for estudar, você será mais inteligente. Se você adiar a
gratificação de comprar mais um sapato, você irá economizar e poderá realizar a
viagem dos seus sonhos.
Exemplos é o que não faltam. O sucesso geralmente se resume em escolher
a dor da disciplina sobre o prazer imediato.
Isso nos leva a uma questão interessante: “Será que algumas crianças
naturalmente tinham mais autocontrole e, portanto, estavam destinadas ao
sucesso ou podemos aprender a desenvolver essa característica?”
Pesquisadores da Universidade de Rochester decidiram replicar o experimento
do marshmallow, mas com uma nova variável em jogo: antes de oferecer à
criança o marshmallow, os pesquisadores as dividiram em dois grupos.
O primeiro grupo foi exposto a uma série de experiências não confiáveis. Por
exemplo, os pesquisadores deram uma caixa de giz de cera e prometeram trazer
uma ainda maior, mas não trouxeram. Depois, deram várias figurinhas e adesivos
para as crianças e prometeram trazer uma coleção ainda maior, e também, nunca
trouxeram.
Já o segundo grupo teve experiências confiáveis. Prometeram a elas mais giz
de cera, e trouxeram. Prometeram mais figurinhas e adesivos, e as crianças
ganharam.
O impacto que essas experiências prévias tiveram no teste do marshmallow
foi gigante. As crianças do grupo em que as promessas foram quebradas não
tinham motivos para confiar nos pesquisadores que trariam um segundo
marshmallow e, assim, não esperaram muito tempo para comer. Já as crianças do
segundo grupo que tiveram seus cérebros treinados para entender que postergar a
gratificação era algo bom, esperaram uma média de quatro vezes mais que o
primeiro grupo.
Em outras palavras, a capacidade da criança de postergar a gratificação e
demonstrar autocontrole não era um traço predeterminado, pois foi influenciada
pelas experiências e pelo ambiente que as rodeava. De fato, os efeitos do
ambiente foram quase instantâneos. Apenas alguns minutos de experiência
foram suficientes para impulsionar as ações de cada criança em uma direção ou
outra.
A primeira coisa que podemos aprender com esse estudo é que não adianta
você pegar um marshmallow e dar para o seu primo e ver se ele será bem-
sucedido ou não. O comportamento humano é muito mais complexo e uma
simples escolha feita por uma criança não determinará o resto de sua vida.
A segunda é, mesmo que você tenha dificuldade em ser disciplinado e adiar a
gratificação, você pode desenvolver e treinar essa habilidade. No caso das
crianças no estudo, isso significava estar exposto a um ambiente confiável em
que o pesquisador prometia algo e depois cumpria.
Por fim, a terceira é que se você quer ter sucesso em alguma área da vida, em
algum momento terá que ser disciplinado o suficiente para escolher o caminho
mais difícil ao invés do prazer imediato.
Isso tem tudo a ver com os dilemas que enfrentamos. Todos os dias podemos
escolher se iremos focar no curto ou no longo prazo. “Sabe aquelas metas de
final de ano?” “Aqueles seus sonhos?” Eles só irão acontecer se você tiver
disciplina para fazê-los acontecerem. De nada adianta chegar mais um dia 31 de
dezembro, e você colocar como meta emagrecer, se não estiver disposto a parar
de comer um monte de alimentos com açúcar. De nada adianta falar que irá
aprender um novo idioma, se não tiver disciplina para estudar 30 minutos por
dia. De nada adianta estipular como meta que irá economizar dinheiro, se você
não sabe o quanto gasta em diferentes categorias, como: alimentação, educação,
lazer etc.
De boas intenções, a virada de ano está cheia. Desculpas e sonhos não faltam.
Agora, pessoas com disciplina para fazer acontecer, já não é tão simples assim.
“E você, em qual categoria vai estar, na da desculpa ou na da disciplina?”
A DIFERENÇA ENTRE O SEU
SONHO E A REALIDADE É O
PREÇO QUE VOCÊ PAGA TODOS
OS DIAS SENDO CONSISTENTE
NAS COISAS QUE VOCÊ SE
PROPÕE A FAZER.
Cada coisa no seu tempo
Para ser bem sincero, eu achei que seria mais fácil escrever este capítulo. Eu
demorei cerca de 10 meses entre ter a ideia de transformar meus pensamentos e
dilemas, que escrevia no meu bloco de notas do celular, e escrever o primeiro
capítulo. De outubro de 2018 a julho de 2019, eu apenas sonhei como seria o
livro, com quem faria colaborações especiais e até mesmo as cidades em que
lançaria. “Na moral”, eu sou muito bom em sonhar... e também em procrastinar.
Eu comecei a ver que esse sonho era muito bom e, na minha cabeça, vários
cenários incríveis foram criados. Porém, só faltava uma coisa, escrever. A
diferença entre o seu sonho e a realidade é o preço que você paga todos os dias
sendo consistente nas coisas que você se propõe a fazer.
Conforme os dias iam passando, eu via que a inspiração não vinha. Então
vinha constantemente na minha cabeça aquela frase de sucesso que é postada
todos os dias no Instagram: “O segredo do sucesso é 99% transpiração e 1%
inspiração.”
Verdade. Então, sentei na frente do meu computador e tentei escrever. Pensei
comigo, uma página no Word por dia, eu consigo. Mas tudo que eu escrevia eu
achava ruim. Passaram-se alguns dias, e o flow que eu estava em escrever os dois
primeiros capítulos foi sumindo. O sentimento de incapacidade foi batendo, e,
junto a ele foi somando-se uma ansiedade.
Ansiedade é uma palavra que tem origem no latim – anxietas, que significa
“angústia”, “pouco à vontade”, “apertar”, “sufocar”.
Porém, na verdade, para mim, ansiedade significa viver no futuro – antecipá-
lo na cabeça, criar cenários, e querer controlá-lo para que aconteça da forma
como imaginamos.
Após esses pensamentos, você começa a acreditar que é possível, começa a
ficar em êxtase e, logo em seguida, começa a sentir um nervosismo, o qual é
externalizado – no meu caso, através do ato de roer as unhas. Após esses sinais,
a energia começa a baixar e junto com ela vem um sentimento de tristeza e
incapacidade.
É aí que as coisas começam a dar errado, pois todo esse desejo de alcançar
algo maior é apagado por sentimentos negativos. É nesse momento que você
resolve tomar decisões precipitadas e que não condizem com seus sonhos.
Então, lá se vai a macro paciência de que tanto falamos... Lá se vai a vontade
de ter um corpo definido em troca de uma batatinha do McDonalds... Lá se vai a
vontade de criar o seu projeto paralelo em troca de achar que já tem muita gente
fazendo, de que você não tem tempo ou de que não vai dar certo.
A ansiedade está diretamente relacionada com a nossa falta de paciência.
Queremos antecipar conquistas que demoram para acontecer. Queremos o
objetivo, mas não queremos a jornada, e esse é o nosso problema. Não nos
apaixonarmos pela jornada. Não estarmos conectados com o real motivo que
queremos.
Afinal, quem tem um “porquê” forte, aguenta qualquer “como”. Se você
sabe o porquê deseja algo, você estará disposto a pagar o preço da jornada, da
gratificação demorada e de um possível não sucesso.
PARE DE SER IMPACIENTE,
COISAS INCRÍVEIS NÃO SÃO
CONSTRUÍDAS DO DIA PARA
NOITE.
Contudo, mesmo tendo um porquê forte, as dúvidas vão bater na sua porta
diariamente, por isso gostaria de trazer oito dicas de como você pode trabalhar
melhor sua macro paciência e micro velocidade.
Essas dicas, algumas eu mesmo coloquei em prática, outras, alguns amigos.
Por isso, convidei-os para relatarem brevemente como esses exercícios
funcionam para eles. São elas:

1. Escrever sem pensar


A escrita, para mim, funcionou como uma espécie de um diário de
adolescente. Toda vez que eu estava ansioso, impaciente ou com algum
pensamento sabotador, eu abria o bloco de notas do celular e despejava
meus pensamentos de forma totalmente desestruturada. Apenas escrevia até
parar de vir as coisas na minha cabeça. Algumas vezes, eu relia, outras não.
Essa prática fez com que eu esvaziasse minha cabeça e meu coração e fosse
dormir mais tranquilo a fim de acordar mais consciente e conectado com
tudo que estava fazendo.

2. Diário da Gratidão
Ser impaciente, muitas vezes, faz com que a gente seja ingrato com as
coisas que temos a nossa volta. Eu me sinto dessa forma várias vezes na
semana. Frequentemente me questiono de como eu posso me sentir mal por
não estar onde eu quero, sendo que tenho inúmeras oportunidades, saúde e
coisas boas acontecendo comigo.
“Não caia nessa cilada, por favor.” Primeiro, não é porque você tem um
teto, o que comer e vestir que você não pode se sentir ansioso, frustrado ou
nervoso. Existem, sim, muitas pessoas sofrendo no mundo e é importante
você ter isso em mente, mas cada jornada é única, evite comparações.
Apenas tente, todos os dias antes de dormir, listar dez coisas pelas quais
você é grato por terem acontecido com você no dia. Esse exercício é muito
bacana, pois as primeiras três ou quatro coisas vêm fácil na cabeça..., mas,
quando você começa a pensar, percebe que existem coisas simples, mas
maravilhosas, que aconteceram no seu dia. “Tente fazer esse exercício toda
noite por 21 dias e me diga o que achou.”

3. Celebrar as pequenas conquistas


Talvez as pequenas coisas sejam as grandes coisas. O ser humano vive de
grandes marcos. O título da Copa do Mundo, o primeiro aniversário ou a
primeira vez. Esperamos a formatura, o casamento ou a capa da revista. A
virada de ano, o primeiro milhão ou o certificado do curso.
Mas, talvez, esse não seja o segredo da vida. É importante termos marcos
para perseguir, e, mais importante do que os perseguirmos é os celebrarmos.
Não apenas o grande momento, pois ele passa muito rápido.
Precisamos celebrar também as nossas pequenas conquistas. As pequenas
coisas do dia a dia. Isso, porque são elas que nos levarão a crescermos e
conquistarmos nossos sonhos. Sem estudar, quando se está cansado, não
vem a formatura. Sem uma mensagem de bom dia, não vem o casamento.
Sem as vendas, não vem a capa da revista.
As pequenas conquistas são esquecidas na correria do dia a dia. Tire um
tempo do seu dia para apreciá-las, saia para jantar, compre um mimo ou
simplesmente envie uma mensagem, contando a novidade para quem você
ama. Todo mundo está correndo para algum lugar, em direção ao grande
objetivo. Mas, talvez, não seja ele o grande segredo, e, sim, as pequenas
coisas.

4. Meditação, a respiração limpando seus


pensamentos
Sonal Jain, da Índia, é fundadora da Boondh Cups, empresa que
disponibiliza copos menstruais, na Índia, a preços acessíveis, com grande
qualidade, conforto e suporte às usuárias. Ela possui o hábito de meditar
para colocar seus pensamentos em perspectiva.
Toda vez que se encontra ansiosa, Sonal utiliza-se da meditação para
esvaziar sua mente. Ela geralmente começa observando sua respiração –
sem grandes segredos, apenas prestando atenção no ar entrando e saindo,
gradativamente, até a respiração ir se tornando mais lenta e calma. Porém,
essa tarefa não é fácil, especialmente nos primeiros minutos, pois toda vez
que a mente oscila e recai sobre pensamentos cotidianos, como
relacionamentos ou medos, a respiração acelera. É nesse momento que ela
se lembra que não deve pensar em nada e apenas estar presente, voltando
assim a observar sua respiração. Com o tempo, a frequência de oscilação
diminui e sua capacidade de foco se fortalece.
Sonal indica, para quem está começando, iniciar com 10 minutos de
meditação, sem exigir tanto de si mesmo na atividade. Apenas escolha um
lugar calmo e que não exista interrupções. Ao decorrer dos dias, você irá
conseguindo se conectar mais e mais consigo mesmo e aumentar o tempo
da prática.
Em dias difíceis, Sonal, normalmente, faz 30 minutos de meditação,
quando após aproximadamente o décimo minuto, conscientemente
consegue começar a direcionar seu foco para algum pensamento singular,
sendo um problema comercial, pessoal ou existencial. Segundo ela, as
respostas que encontrou sempre a surpreenderam e lhe deram confiança
para executar, com maior determinação, coragem e compaixão suas
atividades.
Existem inúmeros aplicativos que você pode baixar para ajudá-lo nesse
processo, entre eles, um dos mais famosos é o Headspace. Caso não queira
baixar nenhum aplicativo, a sugestão é colocar uma música calma e
instrumental, pois pode ajudar muito no processo.
5. Esportes, a endorfina a seu favor
Guilherme Martins, do Brasil, é administrador e trabalha na área de R.H.
da Nissan. Ele busca sempre colocar seus pensamentos em perspectiva
através da prática de atividades físicas.
Guilherme sempre gostou de fazer exercícios, mas na correria do dia a
dia, às vezes, era algo que acabava deixando de lado. Porém, foi em um
momento de extrema ansiedade e procurando cuidar da sua saúde que ele
começou a praticar Muay Thai para liberar o estresse e relaxar. Uma aula
após a outra, foi tomando gosto pelo esporte e pela forma como se sentia. O
esporte permitia que ele estivesse em estado de aprendizado constante, além
de sempre se desafiar a melhorar, trabalhar a sua disciplina e ter como
bônus um pico de endorfina liberado.
A prática de artes marciais foi o estalo inicial para a entrada de outras
atividades físicas em sua vida, como aulas de funcional, desafios de esforço
físico e pedalar de bicicleta pela cidade.
A vantagem dos esportes é que eles são únicos para cada pessoa e para o
momento da sua vida, enquanto que para alguns o prazer se encontra em ir
à academia e puxar ferro, para outros a alegria se encontra na corrida de
rua. Os esportes têm muitas nuances e peculiaridades, eles podem ser
individuais ou coletivos, em lugares abertos ou fechados, no período da
manhã ou da noite, entre outras inúmeras características, o importante é
você testar qual funciona melhor para você.
Às vezes, você estará com uma rotina muito turbulenta em que só terá
espaço para uma aula de funcional por 30 minutos, outras vezes, você
poderá fazer academia e corrida. Independentemente de qual esporte
escolha, não foque em cumprir uma rotina perfeita, pois isso lhe trará mais
ansiedade. Duas a três vezes na semana bem feitos já trazem ótimos
resultados para sua saúde física e mental.
Outra dica é baixar aplicativos, como o Strava, em que você pode ver
seus amigos realizando atividades físicas e monitorar o seu desempenho,
como: calorias gastas, distância percorrida e várias outras estatísticas.

6. Procrastinar e produzir, é possível?


Matheus Cardoso, do Brasil, é fundador do Moradigna, negócio social na
área da habitação, sócio consultor da Fábrica de Criatividade e foi
reconhecido pela Forbes como um dos jovens mais influentes do Brasil, em
2018, na lista dos 30under30.
Ele conseguiu usar a procrastinação, um dos principais vilões da
produtividade, a seu favor. Fez isso por meio do conceito do ócio criativo.
Momentos de ócio são importantes para, literalmente, descansarmos a
mente e, consequentemente, estarmos mais preparados para os desafios e
tarefas do nosso dia a dia. A armadilha acontece quando alongamos muito
esses períodos ou quando não temos controle e os usamos como fuga das
nossas obrigações – a famosa procrastinação.
Para subverter essa lógica a seu favor, Matheus começou a fazer um
exercício de ócio produtivo, ou seja, nos momentos de procrastinação,
tentou mesclar atividades que poderiam ser realizadas para relaxar com
atividades que agregariam para seu repertório de alguma forma.
Foi assim que ele começou a ganhar micro velocidade nas pequenas
coisas do seu dia a dia. Desde descansar, assistindo a uma série que tivesse
alguma relação com o seu mercado de trabalho, até lendo uma revista de
entretenimento, estando atento às oportunidades de conexão com temas da
sua vida, como: economia doméstica, tecnologia e negócios sociais.
Então, de forma prática, ele desenvolveu uma lista de tarefas em seu
bloco de notas do celular com tudo que poderia produzir quando a
procrastinação batesse. Tá aí uma coisa que ele nunca havia pensado em ver
na mesma frase: produzir e procrastinar.
Lógico que o método não é perfeito, às vezes, nós literalmente
precisamos ficar de pernas para o ar, olhando para o nada, acompanhando o
movimento de uma mosca que passou na nossa frente. Mas, agora, toda vez
que você estiver entrando nesse ciclo de procrastinação, pense quais
atividades você pode fazer para desligar a mente e ao mesmo tempo
aumentar seu repertório, porque, sim, é possível.

7. Disciplina para viver o presente


Lucas Schweitzer, do Brasil, é empreendedor e fundador da LUSCH
Agência, empresa focada em eventos corporativos em todo o país e
organizadora do Empreende Brazil Conference, maior imersão em
empreendedorismo da América Latina.
Lucas teve uma infância normal e uma adolescência com muitos
desafios. Perdeu sua mãe, doente de câncer, quando tinha 15 anos, e, logo
depois, seu pai em depressão, acabou se suicidando. Ele conta mais da sua
história no seu livro: Tinha tudo pra dar errado.
Para conseguir viver o presente e encarar a vida com otimismo e fé,
Lucas entendeu que eram necessárias duas coisas: disciplina e consistência.
Focar no hoje, melhorou muito sua performance e trouxe a paciência
necessária para alcançar suas metas de longo prazo. Para Lucas, é
importante termos planos de longo, médio e curto prazo, mas o mais
importante, é ter a consciência de que as coisas não acontecem por acaso,
que tudo é consequência das nossas ações e que não existe atalho.
Um grande exemplo, foi o impacto que a COVID-19 teve em seus
negócios, sendo o setor de eventos o mais afetado, tendo todos os planos e
contratos do ano adiados ou suspensos, restou-lhe apenas uma única opção:
reinventar-se.
Quando momentos de dificuldade acontecem, existem sempre duas
opções: nos lamentarmos ou aprendermos com isso e seguirmos em frente.
Uma não exclui a outra. Mas, o foco precisa estar em seguir em frente, e a
única coisa que pode ser feita é dar um passo de cada vez, com consistência
e disciplina.
Lucas acredita que a disciplina é o que nos permite fazer o que precisa
ser feito diariamente. Segundo ele, é como ir para a academia e dizer: “Tá
pago.” Não está pago, porque não é dívida, está feito, porque você decidiu
fazer. Já a consistência é a soma de pequenos esforços repetidos dia a dia,
que fará com que tenhamos sucesso. Lucas acredita que o sucesso se
encontra na rotina, nas coisas que fazemos constantemente. Há dias que
iremos acordar sem vontade de fazer as coisas. A consistência, o hábito e a
disciplina é o que nos fará seguir em frente.
Lucas recomenda que, para desenvolver mais a sua disciplina e conseguir
viver no presente, uma atividade muito simples, mas transformadora, é
planejar o seu dia na noite anterior e focar no seu sucesso hoje.

8. Dançando com a vida


Marina Melero, da Espanha, é dançarina e engenheira. Estudou Engenharia
Biomédica e Machine Learning e trabalhou em projetos que combinavam dança
e tecnologia.
Marina acredita que dançar é uma maneira bonita e imediata de criar espaço
para sentirmos e nos conectarmos com nossos corpos. No final de cada dia,
especialmente quando se sente ansiosa, desconectada ou inquieta, ela para tudo o
que está fazendo, coloca uma música que gosta para tocar e começa a dançar
livremente.
Marina recomenda que você dance sem se importar com a aparência ou os
movimentos que está fazendo. Apenas concentre sua atenção em se mover da
maneira que seu corpo quiser. Isso pode ser feito em sua cozinha, sala de estar
ou quarto. Apenas uma música de três a quatro minutos é suficiente para liberar
as emoções que você não precisa mais carregar.
Outra dica que ela dá é que, se você está pensando demais e não sabe como
começar a dançar, concentre-se em uma parte do seu corpo, por exemplo, nos
quadris ou pulsos, e comece a explorar maneiras diferentes de mover essa parte
do corpo em conjunto com a música. Se você ficar entediado, sempre poderá
mudar para outra parte do corpo ou tentar descobrir novos caminhos através da
mesma parte.
Dançar livremente é uma ótima maneira de deixar o corpo falar sem o
julgamento da mente. Dançando, criamos espaço para ouvir como estamos nos
sentindo, sem ter que rotular a emoção ou inventar uma explicação.
Simplesmente, permitimos que as emoções existam, para que possam se mover
através de nós e, eventualmente, saírem da mesma maneira que vieram.
Marina criou o hábito de dançar diariamente, o qual começou quando passava
por um período muito estressante enquanto trabalhava e concluía seus estudos de
mestrado. Ela sempre tinha a sensação de que não estava fazendo o suficiente e
que, por mais que se dedicasse muito, sempre havia mais a alcançar. Isso estava
gerando ansiedade e a impedindo de sentir paz e felicidade em suas atividades
diárias. Dançar todos os dias a ajudou a diminuir seus níveis de estresse e
ansiedade, melhorando seu desempenho e a tornando mais criativa no trabalho.
Ainda hoje, mesmo quando ela não se sente estressada ou ansiosa, ela
continua dançando regularmente, pois isso a conecta com seus sentimentos,
permitindo expressá-los, não importando se é alegria, gratidão, raiva, nostalgia,
tristeza, admiração, felicidade, amor ou uma mistura de tudo.
Cada pessoa possui uma forma de lidar com a ansiedade, falta de paciência e
dilemas. O que funciona para a Marina da Espanha não necessariamente
funcionará para você. Teste uma, duas, três vezes. Se ao invés de ajudar,
atrapalhar, vá para a próxima. Aos poucos, você irá se conhecendo e entendendo
o que funciona na sua rotina.

Você está vivendo uma vida corrida ou


uma vida importante?
A falta de tempo é uma das maiores desculpas do Século XXI. A regra é ter
uma vida corrida. Qualquer pessoa que você encontra ou manda mensagem,
perguntando como está, a resposta é sempre a mesma: corrido. Se você não está
na correria, parece que você está ficando para trás.
O problema é quando o corrido lhe suga mais as energias do que lhe fornece.
Eu mesmo vivo essa cilada diariamente. As obrigações do curto prazo, matando
meus sonhos e energia. Quando eu vejo, os meses se passaram e parece que eu
estou mais mantendo a minha vida atual do que criando a vida que eu quero.
Eu brinco que 80% do sucesso não é dedicação e, sim, energia, pois de nada
adianta você gastar horas e horas em algo e fazer mais ou menos. “O quanto
você está colocando de energia e coração em suas atividades?” É melhor uma
hora bem gasta, repleta de atenção plena do que dez horas mais ou menos,
pensando em outras coisas.
Precisamos aprender a monitorar nossa energia. Observar quais as situações,
pessoas e locais que a revigoram ou que fazem com que ela suma. Pensando
nisso, encontrei no Instagram da Amber Rae (@heyamber), artista e autora do
livro Choose Wonder Over Worry********, essa matriz de energia que poderá
ajudá-lo a diferenciar o que é fonte e o que é bloqueio de energia. No que você
deve focar e do que você deve se livrar. Veja a seguir como funciona.
Essa matriz é importante, pois há momentos ao longo de nossas vidas – e eles
ocorrem quase todos os dias – quando vislumbramos o que somos capazes, uma
faísca do que estamos destinados a ser, ou uma sugestão do que desejamos nos
tornar. Eles são sutis e, muitas vezes, nem percebemos. Mas, eles estão lá.
Poderia ser uma explosão de inspiração para o livro que sempre quis escrever. A
vontade de, finalmente, perder os quilinhos extras. Ou o sentimento de
insatisfação com o trabalho atual seguido do desejo de construir algo seu.
Esses são desejos importantes e que nos chamam a atenção o tempo todo.
Mas, antes de respondermos à sua chamada, a urgência da vida tende a aparecer.
O telefone toca, o carro está com pouca gasolina, ou o chefe solicita uma nova
apresentação com um prazo apertado. Assim, postergamos nossos sonhos mais
um dia porque precisamos apagar mais um incêndio.
“Como podemos superar isso?” “Como podemos fazer para começarmos a
viver a vida, que é importante para nós, ao invés de apenas respondermos às
emergências cotidianas?”
Saber quais são as atividades que lhe fornecem energia e o colocam em um
estado de ação em que você não vê o tempo passar é importante para conseguir
conquistar mais coisas na vida. Ao saber quais são esses momentos, você pode
criar espaços na sua agenda para realizá-los. O mesmo ocorre também para as
atividades e momentos que drenam sua energia, não tem como evitá-los
completamente, mas você pode fazer com que eles não sejam tão onerosos. Por
exemplo, normalmente, entre as 16h30 e 17h30 eu tenho uma baixa de energia,
fazendo com que seja difícil me concentrar, então eu tento marcar reuniões
nesses horários, pois o ato de conversar exige menos da minha concentração, e
eu consigo passar por essa fase do dia de maneira mais otimizada e fluida. Ao
refletir sobre isso, vem em minha mente a frase de Peter Drucker: “Não há nada
mais inútil que fazer bem feito algo que não deveria ser feito.”
Sendo assim, a Matriz de Energia poderá ajudá-lo a descobrir quais atividades
são fonte ou bloqueio de energia. Vamos observar:
• Quadrante 1 — “Sacrifício” — Essas são as atividades que não são agradáveis de serem feitas, que
estão fora da sua zona de conforto, mas que, ao serem executadas, irão lhe trazer inúmeros benefícios.
• Quadrante 2 — “Alegria” — Essas são as atividades que lhe dão prazer e que, quando você as
executa, entra em estado de flow, sem perceber o tempo passar. Ao realizá-las, você sai revigorado.
• Quadrante 3 — “Vontades do Mal” — Essas são as atividades que você tem prazer em realizar, mas
não agregam positivamente em sua vida. Muitas vezes, estão relacionadas a maus hábitos, vícios e
fraquezas.
• Quadrante 4 — “Obrigação” — Essas são as atividades que não agregam em nada ou muitas vezes
lhe fazem mal, mas são necessárias. “Sabe aquela tia chata que você precisa tolerar ou aquela reunião
de que precisa participar?” Então, esses são exemplos clássicos de atividades desse quadrante.
Nada que valha a pena para nós parecerá urgente e estará apenas no quadrante
das coisas que nos dão alegria. Essa é a natureza dos objetivos importantes. Eles
não exigem atenção agora. Eles exigem um senso de propósito, uma direção
clara e consistência a longo prazo.
Escolha uma coisa que é importante para você, defina um objetivo específico
e comece hoje mesmo. Nunca deixe seus sonhos parados. Pare de pensar demais.
Pare de ponderar. Pare de criar planos. Pare de debater. Ninguém está pronto
para fazer nada. Não existe quase nada pronto. Só existe o agora. Dê o primeiro
passo. Agora é tão bom quanto qualquer outro momento. E nunca esqueça:
macro paciência e micro velocidade – esse é o segredo do jogo.
******** Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=hUFPdADL8g4&t=1s > . Acesso em:
11.08.20
******** Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=hUFPdADL8g4&t=1s >. Acesso
em:10.08.20
******** Disponível em:< https://www.youtube.com/watch?v=QX_oy9614HQ> . Acesso em:10.08.20
******** Disponível em:< https://www.amazon.com.br/Choose-Wonder-Over-Worry-
Potential/dp/1250175259>. Acesso em: 11.08.20
ropósito é a palavra da moda. Parece que todo mundo tem um. Se você

P
olhos.
não tem, está fora do grupinho. É questionado por que faz as coisas que
faz, sobre o que o faz levantar da cama e que falta um brilho nos seus

Não fazer parte desse grupinho das pessoas que sabem o porquê vieram ao
mundo, custa caro. Não é como no colégio, que você quer fazer parte do grupo
dos populares, ou dos nerds, ou dos atletas, ou seja, você quer se encaixar e ter o
sentimento de pertencimento. É um outro tipo de pertencimento, um que custa a
sua sanidade, o pertencimento ao universo.
Quanto mais você começa a ouvir das pessoas que você tem de ter um porquê,
tem de ter um sonho grande, e assim por diante, mais você começa a ficar
inquieto, questionar-se e se sentir perdido.
Eu mesmo sinto isso todos os dias.
Dos últimos anos para cá, eu comecei a notar que todos ao meu redor
pareciam que já sabiam os seus propósitos, um amigo que quer ser presidente do
Brasil, outro que quer viajar os 196 países do mundo, ajudando a construir
escolas, outra que quer abrir o capital da empresa e ser uma das empresárias
mais bem-sucedidas.
Quanto mais o assunto vinha à tona, mais eu reparava nisso. “Sabe quando
você está andando de carro e começa a focar em encontrar um determinado
modelo, e quando percebe, nota que existe um em cada esquina?” É tipo isso.
Quanto mais eu focava em encontrar meu propósito, mais parecia que todos já
tinham encontrado os seus. O problema era: o que surgia em minha frente era o
assunto e não o meu propósito.
Não espere que neste capítulo eu traga uma bela história, de como depois de
muito tempo, buscando o meu chamado, eu, enfim, parei de procurá-lo e o
encontrei. Não, não é nada disso. Muito pelo contrário. Eu quero trazer uma
nova abordagem sobre o tema. Assuntos que eu andei buscando e me trouxeram
mais calma e menos urgência nessa busca desenfreada do meu porquê.
Os três equívocos do propósito
“Os dois dias mais importantes da sua vida são: o dia em que você nasceu, e o
dia em que você descobriu o porquê.” – Mark Twain.
Você provavelmente já ouviu ou leu em alguma rede social essa frase. Mark
Twain é um dos escritores mais aclamados de todos os tempos, e eu,
particularmente, gosto muito de várias de suas publicações. Mas desculpe,
Twain, nessa eu vou ter que discordar.
Essa frase, para mim, soa como uma versão de Hollywood do propósito.
É como se você estivesse no filme Matrix e tivesse que escolher entre a pílula
azul ou vermelha. A azul fará com que você volte para a sua vida superficial,
dolorosa e chata. Já a vermelha é a escolha que irá fazer com que você descubra
o seu propósito.
Sinto informar-lhe, na maioria dos casos, não é assim que funciona. É claro
que isso acontece. Mas, normalmente, esses tipos de despertar estão relacionados
a grandes choques. Para a maioria das pessoas, não é assim. Pare de ser
enganado, de confiar em tudo que falam e de procurar a bala de prata. Para um
jovem de 20 anos, na faculdade, ou um gerente de 32 anos, em um emprego que
não faz mais os olhos brilharem, esse tipo de busca por uma resposta
instantânea, provavelmente os levará à frustração ao invés de significado.
John Coleman, autor do livro Passion & Purpose, em artigo para a Revista
Harvard Business Review********, trouxe dois equívocos que as pessoas,
normalmente, têm em relação ao tema “encontrar seu propósito”. Eu aproveitei
para acrescentar um terceiro que também acho pertinente. Ei-los:

Equívoco #1: Propósito é algo que você encontra


Propósito não é algo que você se esforça em procurar, encontra e depois
começa a viver a sua vida de forma diferente. Todas as coisas que você faz hoje
têm um motivo. Às vezes, o motivo é besta, às vezes, é ultrapassado e, às vezes,
ele é nebuloso. Mas pode ter certeza de que ele existe.
No entanto, eu não quero aqui discutir sobre o grau de relevância do motivo –
até porque, o que é importante para mim, talvez não seja para você. Conseguir
enxergar isso é extremamente relevante. É por meio do ato de enxergar que nos
aproximamos do nosso propósito.
PRECISAMOS PARAR DE
PROCURAR PROPÓSITO NAS
COISAS E COMEÇAR A
COLOCAR PROPÓSITO NELAS.
PROPÓSITO É ALGO QUE SE
CONSTRÓI, NÃO ALGO QUE SE
ENCONTRA.
Precisamos parar de procurar propósito nas coisas e começar a colocar
propósito nelas. Propósito é algo que se constrói, não algo que se encontra. É um
trabalho de olhar para dentro, estar presente e enxergar a diferença que você está
fazendo hoje.
Praticamente, todas as profissões ou coisas que você faz possuem um
propósito. Algumas delas parecem ter um ar mais nobre que outras, mas não se
engane, só você pode dizer o que faz o seu coração pulsar. Não compare o seu
propósito com o de outras pessoas. Não tenha medo de assumir o seu propósito.
Um motorista de aplicativo tem uma enorme responsabilidade de cuidar de
dezenas de pessoas e garantir que elas cheguem a seus destinos e alcancem seus
objetivos. Uma enfermeira desempenha um trabalho essencial não apenas no
tratamento do paciente, mas também em auxiliá-lo nos momentos mais difíceis
da sua vida. Um vendedor pode ser a pessoa que vai animar e transformar o dia
de alguém, muitas vezes, sendo gentil e atencioso. “Vai dizer que você nunca foi
atendido por alguém com uma energia lá em cima e saiu com um sorriso de
orelha a orelha?”
É claro que algumas profissões e atividades, naturalmente, levam as pessoas
mais facilmente a encontrarem um significado. Mas, muitas exigem apenas que
nos esforcemos um pouco mais para construir uma razão maior de estarmos
fazendo o que fazemos.
Essa sua busca desenfreada para encontrar algo que faça você pular da cama
todos os dias, feliz, cantando e desejando “bom dia” para todo mundo, não vem
de uma hora para outra. E, mesmo depois, ela não se mantém todos os dias.
“Pare, observe, sinta, reflita e contemple.” “O que, hoje, no seu dia, fez seu
coração pulsar mais forte?” “O que, hoje, no seu dia, você fez bem feito?” “O
que, hoje, no seu dia, fez com que outra pessoa se sentisse bem?”
Faça mais disso amanhã, e então depois de amanhã e depois.
Se você não encontrou ainda o motivo de estar aqui neste planeta, coloque
propósito nas coisas que você faz, quem sabe aos poucos ele não comece a
encontrá-lo também.

Equívoco #2: Propósito é imutável


O segundo equívoco que ouço com frequência é que cada pessoa só possui um
propósito e precisa morrer com ele. Só de escrever essa frase acima já me sinto
mal. “Você consegue sentir o peso que ela carrega?”
O peso de não poder mais ter a possibilidade de ter uma nova chama pulsando
dentro de você. De ter que continuar na mesma rota para sempre. Para mim, isso
não faz o menor sentido.
A cada experiência que vamos somando em nossas vidas, nós vamos nos
transformando. O “você” de hoje já não é mais o “você” de um mês atrás. E essa
é a magia da vida.
“Se nós mudamos, por que o nosso propósito não pode mudar também?”
Como já falei aqui, eu até hoje não sei dizer em uma frase de impacto,
bonitona, que eu possa pôr na biografia do meu Instagram, qual é o meu
propósito.
Porém, uma coisa eu posso lhe afirmar: quanto mais eu testo coisas novas e
ponho intenção no que eu faço, mais eu começo a entender quais são as coisas de
que eu gosto e não gosto. E, esse é um dos caminhos que eu realmente acredito
ser o de encontrar o que nos faz brilhar os olhos.
Eu posso hoje não ter um propósito claro, mas eu tenho várias paixões, como:
educação, escrever, autoconhecimento, marketing, esportes, moda, tecnologia,
falar em público, entre outros. Então, eu lhe pergunto: “Por que eu não posso
viver várias dessas paixões nesta vida?”
Aquele papinho que a sociedade, nossos pais e, muitas vezes, até nós mesmos
insistimos em ter antes do vestibular, de que precisamos escolher o curso muito
bem, pois é com isso que vamos trabalhar para o resto da vida, precisa parar.
“Quem foi que falou que eu preciso escolher uma coisa e ficar nela para
sempre?” Já se foi o tempo em que o certo era você escolher um caminho a
seguir e se dedicar por toda a vida.
Hoje eu estou motivado pela escrita. Eu já estive assim, trabalhando com
educação. Em breve, eu posso estar assim com tecnologia. Quando eu tiver um
filho, eu posso voltar para a educação... e, assim por diante. O mundo mudou.
Não se pressione em encontrar o seu propósito, até porque talvez quando você o
encontrar, ele não seja mais seu.
“Teste, experimente e descubra suas paixões.” “O que você faz que não vê o
tempo passar?” “O que você quer fazer de diferente neste mundo?”
Se alguma resposta veio a sua cabeça, comece a fazer, e vá fazendo um pouco
mais com o passar do tempo, mas vá com calma, você não precisa acelerar as
coisas. Já, se nada veio a sua cabeça, comece a procurar coisas novas para
experimentar, trabalhar e se descobrir.
O importante é estar ciente de que a única constante na vida é a mudança. E
não há nada de errado você mudar e o seu propósito também.

Equívoco #3: Ter um propósito significa só fazer


coisas que a gente gosta
Ter um propósito claro, amar o que você faz e ser bom em algo são coisas
completamente diferentes de fazer apenas coisas de que gostamos.
Não apenas completamente diferentes, como também, em determinados
momentos, as pessoas e o mundo vão bater tão forte em você que farão você
questionar se é realmente isso que você deseja e se você realmente é bom nisso.
Quando começamos esse trabalho de descoberta, normalmente, caímos no
romance que tudo será mil maravilhas, vamos fazer o que gostamos e estaremos
felizes boa parte do tempo.
Ou pior, que no final do dia, mesmo tendo um dia ruim, deitaremos com a
consciência tranquila, sabendo que tudo valerá a pena.
Sinto dizer, mas isso não existe.
Primeiro, haverá dias de “merda”. The dog’s day aren’t over. Isso mesmo,
você ainda terá dias que a negociação não dará certo, o seu cachorro estará
doente e do nada começará a chover. Isso é inevitável. A boa notícia é que dias
assim passam e depois da tempestade, vem o sol.
Segundo, mesmo após ter um dia ruim, você não se deitará na cama e ficará
tranquilo, sabendo que você está no caminho certo, pois seu propósito é maior
que seus problemas. Esqueça isso. Você, provavelmente, se deitará na cama em
posição fetal, com mil pensamentos e questionamentos sobre se esse realmente é
o caminho certo que você deveria estar seguindo, e não conseguirá dormir tão
cedo. Eu lhe garanto que, nesse momento, você irá se comparar, duvidar de si
mesmo e até sonhar com outro tipo de vida. Não existe nada de errado nisso. As
dúvidas irão sempre surgir, não importa a fase que você esteja. Deixe que elas
surjam, aprenda a lidar com elas, saiba separar o que é insegurança do que é
verdade e lembre-se de: macro paciência e micro velocidade.
Terceiro, mesmo que os seus dias estejam indo bem, e as coisas estejam se
encaixando, você nunca fará apenas coisas de que gosta. Mesmo assim, você
precisa se acostumar com isso e, mais do que se acostumar, você precisa
entender que fazer o que não gosta, muitas vezes, é o que o deixará ainda mais
perto do seu propósito.
Ou você acredita que o Usain Bolt, maior velocista de todos os tempos,
adorava acordar cedo todos os dias e treinar? Em entrevista, uma vez, ele
afirmou que inclusive começou a correr provas de 100 metros, pois odiava os
treinos longos das provas de 400 metros. E por esse motivo, migrou de prova.
Simplesmente é impossível você gostar de todas as etapas e processos que
envolvam viver o seu propósito. Por exemplo, a Bruna Karas, uma fotógrafa
talentosa que ama viajar e tirar fotos de pessoas, ama estar atrás da lente e captar
momentos únicos, mas odeia ter de negociar, prospectar clientes e se expor.
Ou o João Pedro Novochadlo, um empreendedor social que ama criar soluções
que deixam o mundo melhor por meio da tecnologia, mas odeia ter de vender
seus projetos.
Ou a Bibiele Teixeira, cofundadora da 49 educação, que ama mentorar
startups para que possam decolar seus resultados, mas odeia ter de se expor e
captar novos alunos.
Conforme você for construindo o seu propósito, descobrindo seus pontos
fortes e crescendo seus projetos, você pode até buscar pessoas para
complementarem suas habilidades e fazerem coisas que você não tem tanto
prazer em fazer. Mas para cada novo degrau que você escalar em sua história,
surgirão novas atividades que demandarão um novo você, e com elas, novas
coisas prazerosas e outras nem tanto. Se acostume a isso. Faça com que cada vez
mais você esteja próximo do que gosta de fazer, mas entenda a importância das
coisas de que não gosta. Isso facilitará muito a sua jornada.

O caminho do propósito tem um nome


estranho: Ikigai
Você deve estar se perguntando: “Como alguém que ainda não encontrou o
seu propósito pode falar sobre isso?” Eu sei que parece esquisito. Mas,
precisamos quebrar a nossa crença limitante de que só quem já chegou ao topo
pode falar da jornada. Isso é muito restritivo e pouco empático, pois afasta todas
as pessoas que estão no meio do caminho, tentando.
É muito comum, atualmente, com as redes sociais, seguirmos pessoas que
possuem o estilo de vida que desejamos e que alcançaram coisas similares às que
queremos. Porém, ao olhar a história delas, nos inspiramos em um primeiro
momento, porém, logo em seguida, nos frustramos, pois elas estão tão distantes
da fase que estamos, que não sentimos estarmos indo para o mesmo caminho.
Outro ponto é que, muitas vezes, essas pessoas não focam em contar como
foram as suas trajetórias até lá e, sim, mostrar as suas vidas no auge, e isso faz
total sentido, pois a trajetória quase nunca é gostosa ou possui fatos
interessantes. Majoritariamente, ela é composta de muito trabalho duro, suor e
pouco glamour. É óbvio que essas pessoas possuem autoridade para falar sobre o
assunto, pois elas já subiram os degraus até o sucesso. Porém, e quem já subiu
um? Ou sete? Ou quinze? Não podem falar como foram suas experiências até
esse momento?
Eu não só acho que podem, como devem, pois cada história é única e
podemos aprender o tempo todo com os desafios dos outros. Eu talvez ainda não
tenha encontrado meu propósito, mas acho válido compartilhar um pouco da
minha busca e construção dele.
Essa busca começou com um olhar para trás, me perguntando quando foi a
primeira vez que eu ouvi falar sobre propósito. E a resposta me surpreendeu,
pois não foi nos últimos anos em que o assunto ficou cada vez mais em voga. A
primeira vez que ouvi falar a palavra propósito foi quando eu tinha em torno de
8 anos de idade e estava brincando com a minha irmã. Ela, em seu papel de mais
nova, no auge dos seus 3 anos, não parava de me irritar, foi quando eu resolvi
grudar meu chiclete no cabelo dela. Evidentemente, ela foi chorando para o meu
pai e disse que eu tinha feito aquilo de propósito. O que de fato, eu tinha. E isso
resume muito bem o que seria propósito, não grudar um chiclete, é claro, mas
fazer as coisas, porque você simplesmente quer.
Nesse caso, foi algo impulsivo e voltado pela irritação. Mas, ao lembrar desse
fato, a pergunta continuou na minha cabeça. “Por que eu faço as coisas que eu
faço?” “O que me move?” “O que eu quero?” “Qual é o meu porquê?” Eu
precisava entender isso. Então, como um bom pesquisador, resolvi utilizar a
melhor forma de pesquisa que existe atualmente: o Google.
Em minhas pesquisas, encontrei inúmeras metodologias, escritores, livros,
filmes, produtos e outras coisas inusitadas. A procura pelo propósito realmente
se tornou um nicho de mercado lucrativo. Dentre todas as definições sobre
propósito que encontrei, acredito que a filosofia Ikigai foi a que mais fez sentido
para mim.
Ikigai é um termo japonês que não possui nenhuma tradução literal para o
português, mas significa, em grosso modo, “a razão pela qual você acorda todas
as manhãs”. Em poucas palavras, abrange a ideia de que a felicidade na vida é
muito mais do que dinheiro ou um cargo chique.
A filosofia Ikigai surgiu na ilha de Okinawa, no sudoeste do Japão, uma
pequena ilha japonesa que, mesmo após ser devastada na segunda Guerra
Mundial, hoje, abriga a maior população de idosos centenários do mundo. De
acordo com os moradores da ilha, todos nós temos um Ikigai, ou seja, uma razão
para acordarmos todos os dias com energia. Para eles, Ikigai é muito mais do que
um conceito, é um estilo de vida – algo natural – afinal, eles cresceram nessa
cultura. Mas, para nós ocidentais, não.
Nós, ao termos contato com algo tão natural e fascinante, precisávamos
conseguir materializar, entender e extrair esse segredo de uma vida com
propósito, então o que fizemos: criamos um modelo para tentar explicar como
conseguir viver nosso Ikigai. O conceito de Ikigai foi adaptado para o ocidente
pela International Ikigai Methodology (IIM)******** com o objetivo de torná-lo
mais próximo e aplicável em nossas vidas.
Os escritores Hector Garcia e Francesc Miralles viajaram até Okinawa para
compreenderem melhor toda a filosofia Ikigai. A viagem e os aprendizados se
transforam no livro Ikigai - Os Segredos dos Japoneses Para Uma Vida Longa e
Feliz, no qual eles descrevem os dez princípios que podem ajudar qualquer
pessoa a encontrar seu Ikigai. São eles:
1. Mantenha-se ativo
2. Deixe a urgência para trás e vá com calma
3. Coma apenas até que esteja 80% cheio
4. Cerque-se de bons amigos
5. Pratique atividades físicas
6. Sorria
7. Reconecte-se com a natureza
8. Seja grato
9. Viva o momento
10. Seja resiliente
É mais fácil pensarmos no Ikigai como nosso propósito. Segundo a filosofia
japonesa, conectar-nos com o nosso Ikigai depende de nos encontrarmos na
intersecção de quatro elementos presentes na Mandala Ikigai.

O que você ama fazer?


“All you need is love, love is all you need.” – The Beatles
Como já diria a música dos Beatles: tudo de que você precisa é amor. E de
fato, para a filosofia do Ikigai esse é o primeiro passo. Sem amor, não há motivo
para ação. O amor é representado por tudo que faz o seu coração bater mais
forte, por tudo que você faz e não vê o tempo passar, por tudo que você pode
ficar horas e horas falando sem perceber. Sem o amor é impossível atingir a
excelência, pois não há comprometimento no longo prazo.

0 que você é bom em fazer?


“O trabalho duro supera o talento quando o talento não trabalha duro.” –
Kevin Durant.
Nossas habilidades e talentos são únicos. Talvez você não consiga enxergar
hoje qual é o seu diferencial. Mas pode ter certeza de que cada pessoa possui um
conjunto de talentos, habilidades, personalidade e vivências únicas. Sem falsa
modéstia, o que você consegue bater no peito e falar: “Deixa comigo que isso eu
resolvo.” Esses são seus pontos fortes. É importante reconhecermos as atividades
que fazemos sem muito esforço e entramos em estado de fluxo.
“Não sabe ainda quais são seus pontos fortes?” Então eu sugiro dois caminhos
para você se conhecer mais:
• Primeiro — anote as suas três principais competências, aquelas que você
acredita que realmente são seus diferenciais. Logo em seguida, escolha
cinco pessoas que o conheçam bem e que sejam de diferentes círculos
sociais. Peça para elas escreverem quais são as suas três principais
qualidades e explicarem por que elas acham isso. Caso essas características
sejam similares, você já tem uma boa noção no que é bom. Caso elas não
sejam convergentes, existem duas possíveis explicações: ou você realmente
não é bom naquilo ou você é bom, mas não sabe comunicar. Em ambos os
cenários, você precisa parar, olhar para dentro e entender se faz sentido e
como desenvolver um maior autoconhecimento.
• Segundo — procure testes de personalidade e competência. Existem
inúmeros testes sérios e com resultados científicos no mercado. Eu,
particularmente, recomendo o Teste de Myers–Briggs (MBTI) e o Teste de
Clifton StrengthsFinder.
O MBTI ou Tipologia de Myers-Briggs, é um instrumento utilizado para
identificar características de personalidade e preferências pessoais. Trata-se
de um indicador desenvolvido por Katharine Cook Briggs e sua filha Isabel
Briggs Myers, durante a Segunda Guerra Mundial, baseado nas teorias de
Carl Gustav Jung sobre os Tipos Psicológicos. O propósito das autoras foi
mostrar que as diferenças entre os seres humanos eram positivas e
complementares, ao invés de conflitantes. Com isso, elas pretendiam ajudar
as pessoas comuns a compreenderem melhor a si próprias, reconhecendo os
elementos psíquicos que orientavam suas escolhas.
Já o teste Clifton StrengthsFinder é uma ferramenta ideal para identificar as
áreas de talentos nas quais alguém se destaca, mostrando um caminho para
a melhoria constante. Trata-se de uma metodologia concebida pelo
psicólogo educacional norte-americano Donald Clifton, nos anos 90. Seu
objetivo era mapear as habilidades pessoais e profissionais de seus
funcionários e aproveitá-las da melhor maneira possível. A ideia virou um
teste consolidado e relevante no meio empresarial. Além disso, também
inspirou a publicação do livro Descubra Seus Pontos Fortes, que virou best-
seller.
Ambos os testes são complementares e trazem uma visão diferente sobre a
sua individualidade. Apenas amar o que você faz não é o suficiente para
você viver daquilo. Um exemplo que eu gosto de trazer é o de uma pessoa
que ama jogar futebol. Ela pode amar o esporte, mas não possuir talento.
Outra pessoa pode também amar e possuir talento, porém não ter a
dedicação e inteligência emocional para lapidar esse talento. Por fim, uma
terceira pessoa, pode possuir os três pontos – paixão, talento e dedicação – e
é isso que a fará conseguir ser excelente no que faz.
O primeiro passo é descobrir a paixão, o segundo são seus pontos fortes e o
terceiro é se dedicar a melhorar sempre. Porém, se não houver retorno
financeiro, não existe como essa sua atividade existir por muito tempo.

O que você pode ser pago para fazer?


“Uma pessoa sábia deve ter dinheiro em sua cabeça, mas não em seu
coração.” – Jonathan Swift.
Eu sou completamente contra o discurso de largar tudo e ir fazer o que se ama.
Esse discurso é imprudente e contém muitos riscos, entre eles o de você não
conseguir viver e, muitas vezes, nem sobreviver de sua paixão. Isso fará você
começar a perder o brilho nos olhos pelo que faz o seu coração pulsar e se
questionar sobre se, realmente, é bom naquilo. Se você ama algo e faz muito
bem, porém não ganha dinheiro com isso, você possui um hobby e não um
trabalho.
Dinheiro é algo muito importante no mundo. As pessoas costumam confundir
dinheiro com ganância, como um mal necessário ou com algo impossível de se
conseguir, fazendo o que se ama. De fato, o tópico “dinheiro” daria um outro
livro, eu, no entanto, gosto de ver o dinheiro de uma forma positiva.
Para mim, quando temos um propósito, quanto mais dinheiro ganhamos,
maior será nosso impacto no mundo. Gosto muito de dizer que o dinheiro não
serve para construirmos muros maiores e nos isolarmos, mas, sim, para
construirmos mesas maiores para que mais pessoas se sentem conosco, se juntem
a nossa causa e façam o bem.
Para a maioria das pessoas, esse é o pilar mais delicado da Mandala Ikigai.
Existem pessoas que tem vergonha de cobrar, outras que não sabem cobrar, e
outras que não valorizam o que fazem e aceitam cobrar menos ou até trabalhar
de graça, desvalorizando o seu próprio trabalho.
“Se você não dá valor para o seu trabalho, para o seu tempo e para as coisas
que faz, quem dará?” A falta de recursos pode enfraquecer o seu propósito.
Entender o valor do que faz é fundamental para você conseguir viver uma vida
de propósito e, cada vez mais, aumentar o seu impacto positivo no mundo.

O que é bom para o mundo?


“À medida que você envelhecer, você descobrirá que tem duas mãos – uma
para ajudar a si mesmo, e outra para ajudar aos outros.” – Audrey Hepburn
Muitas pessoas amam o que fazem, são boas naquilo e conseguem ganhar
dinheiro, porém, em um determinado momento, começam a sentir falta de algo.
Começam a sentir um vazio e a terem questionamentos de por que fizeram tudo
isso até aqui.
Esse é o momento de entendermos quais são as nossas inquietações, quais são
as causas que nos chamam atenção e quais são as situações que, ao ouvirmos ou
vermos, nos sensibilizam.
Quando conseguimos alinhar nossas paixões, talentos e remuneração com algo
que realmente importa para nós e para outras pessoas, a nossa vida começa a
ganhar um sentido ainda maior.
Contudo, não se deixe persuadir de que o que as pessoas precisam são apenas
causas gigantes e nobres, como a cura da AIDS, a erradicação da pobreza ou o
acesso à água potável para todos. Do que se precisa não está ligado apenas a
causas sociais e ambientais, está ligado ao que queremos colaborar
genuinamente, de forma altruísta e que faça o bem.
Com certeza, precisamos que as pessoas tenham uma vida com significado a
qual traga impacto positivo para as pessoas com quem interagimos, e não
importa o tamanho desse impacto.
Após conhecermos esses quatro aspectos da Mandala Ikigai, é importante
entendermos que cada um dos pilares varia em diferentes estágios de nossas
vidas. Existem momentos que vamos ter de abrir mão um pouco da parte
financeira para desenvolver uma nova habilidade. Existem momentos em que
vamos ter de abrir mão um pouco da paixão para que possamos crescer na
carreira. O nosso Ikigai, assim como a vida, não é estático, ele muda conforme
vivemos novas experiências. Ele não apenas muda na intensidade de cada um
dos pilares, mas também ele como um todo. Nós somos pessoas repletas de
paixões, causas e talentos – e podemos viver de várias delas.
Doze perguntas difíceis para você se
aproximar do seu Ikigai
Logo abaixo, resolvi trazer doze perguntas******** – desenvolvidas e inspiradas
pelos autores Kiko Kislansky e Lucas Cahet, do Instituto Próspera – três para
cada um dos pilares da Mandala Ikigai, a fim de fazer com que você se questione
e saia da sua zona de conforto.
Não responda a essas perguntas com a primeira coisa que vier a sua cabeça.
Provavelmente, essas respostas iniciais são mentiras socialmente aceitas que
você conta para si mesmo e para as pessoas. Evite clichês também, eu sei que a
sua família e amigos são muito importantes e você faria de tudo por aqueles que
ama. Por fim, revisite essas perguntas de tempos em tempos, pois elas não são
comuns em nosso dia a dia, e as respostas, provavelmente, mudarão conforme
você as amadurecerá em sua cabeça. Então, vamos conhecer as perguntas dentro
de cada pilar da Mandala Ikigai:

I. O que você ama fazer


• O que você faria, se o dinheiro não existisse?
• Onde você estaria agora, se não estivesse aqui?
• Se você pudesse começar de novo, que caminho seguiria?
II. O que você é bom em fazer
• Se seu nome fosse uma única habilidade, qual seria?
• Quais foram os seus três principais reconhecimentos até hoje?
• Qual o elogio mais inesquecível que você já recebeu?
III. O que você pode ser pago para fazer
• Qual o significado do dinheiro para você?
• De quanto você precisa para viver bem?
• Quais os caminhos que você pode seguir para ganhar dinheiro?
IV. O que é bom para o mundo
• Se você não tivesse nascido, o que o mundo perderia?
• Como você gostaria de que as pessoas se lembrassem de você?
• Por que você tem medo de viver o seu potencial?

Uma vida com propósito é construída dia após dia e possui três elementos
sempre alinhados, que são os 3H’s - head, heart e hands********, ou seja, a
cabeça, o coração e as mãos.
A cabeça é a clareza da sua visão – é saber o que você quer e como navegar
até lá. O coração faz com que você entenda além da visão – é a sua intuição – é
ele quem o guia nos momentos difíceis quando a razão não traz respostas. Você
pode conseguir o que quiser da vida, mas raramente será da maneira que deseja.
Você pode ter uma cabeça brilhante, um plano bem elaborado e uma visão de
futuro incrível. Porém, se o coração não tiver resiliência o suficiente para
aguentar as subidas e descidas da vida, você não conseguirá tomar decisões
complicadas e muito menos viver uma vida com propósito. Já, a mão é servir –
pegar o que você tem e passar a diante – ajudar.
A sua paixão é para você, e o seu propósito é para os outros. A sua paixão
o faz feliz, mas quando você a usa para fazer a diferença na vida de outra
pessoa, você está servindo a algo maior, ao seu chamado, e essa é a mão.
Seja fazer o que você ama, aquilo no que você é bom, o que dá dinheiro e o
que faz o bem para o mundo; seja ter a cabeça, o coração e a mão alinhados, o
propósito sempre será algo único e exclusivamente seu. Ele poderá mudar de
tempos em tempos, não será sempre mil maravilhas, e assim como tudo na vida
que vale a pena, você não poderá comprá-lo e muito menos encontrá-lo, você
terá que construí-lo.

******** Disponível em:< https://hbr.org/2017/10/you-dont-find-your-purpose-you-build-it>. Acesso


em:11.08.20
******** Disponível em:< https://www.linkedin.com/company/instituto-prospera/ >Acesso em 11.08.20
******** Disponível em:< https://www.linkedin.com/company/instituto-prospera/ >. Acesso em 11.08.20
******** Disponível em:< https://www.youtube.com/watch?v=GXoErccq0vw>. Acesso em:11.08.20
TUDO QUE DEU ERRADO EM
SUA VIDA, TEM TUDO A VER
COM TUDO QUE DEU CERTO EM
SUA VIDA.
Quando passamos a entender isso, nos tornamos mais gratos pelas portas
fechadas e coisas que não estão em nosso controle.
Não estou falando que é gostoso quando algo não acontece como desejamos.
Muito pelo contrário. Na hora, é uma “merda”. Depois, ainda é uma “merda”.
Nos questionamos onde erramos, não entendemos o porquê daquilo e até
pensamos em desistir. Mas, somos resilientes.
Quando as coisas começam a se acalmar, vemos uma nova oportunidade. Algo
melhor, que nunca nem imaginamos. Planeje, tenha metas e as faça acontecerem.
Mas, se algo não sair como o esperado, esteja aberto ao novo.
Eu poderia trazer inúmeras histórias aqui de coisas que não deram certo e me
levaram para caminhos incríveis que eu nem imaginava. Porém, existe uma em
especial que me abriu muitas portas, e sou muito grato por ter acontecido.
Em 2014, como contei no capítulo sobre rótulos, eu estava no ápice dos meus
questionamentos de final de faculdade, com os rótulos acontecendo, dúvidas em
minha mente e os boletos chegando. Porém, eu continuava inquieto e em
movimento.
Durante o primeiro semestre de 2014, eu estava focado em três coisas: não
pegar nenhuma final na faculdade; ser efetivado no Grupo Boticário e ser aceito
em um programa global de jovens lideranças, realizado pelo World Merit – que
iria acontecer em Londres, no Parlamento do Reino Unido –, e contaria com a
presença de inúmeras pessoas que eram referências em suas áreas de atuações,
entre elas, Malala Yousafzai, ativista paquistanesa e a pessoa mais nova a ser
laureada com o Prêmio Nobel da Paz.
Três focos que demandariam muita energia, mas eram possíveis.
O primeiro deles foi o mais fácil, a faculdade no penúltimo semestre já não
exigia tanto como antigamente.
O segundo já foi o oposto, muito difícil. O ano 2014 foi quando o Brasil
estava entrando em crise, e a política da empresa era segurar os custos e não
efetivar nenhum estagiário. Por meio de muita dedicação, com uma chefe que
acreditava em mim e um pouco de sorte, consegui ser efetivado naquele mesmo
semestre. Até hoje não entendo muito bem como isso aconteceu.
Por fim, o terceiro era tão desafiador quanto o segundo, pois eram apenas 24
vagas para participar do programa, entre milhares de pessoas indicadas. Passei
por várias etapas, entrevistas e cheguei à última fase, entre os 48 selecionados.
Nunca esqueço o dia da última entrevista: eram seis horas da manhã no Brasil e
nove horas da manhã na Inglaterra. Acordei cedo, tomei banho, fiz a barba,
liguei o computador, verifiquei a câmera e o áudio, tudo funcionando. Esperei
me ligarem. Estava nervoso. Com cinco minutos de conversa, eu comecei a me
soltar, estava progredindo... acabou a luz. A internet é sensacional, mas sem luz e
wi-fi, não tem como. Então, só me restou tentar pelo 3G da época. Obviamente
não funcionou. Aceitaram reagendar a reunião. Realizamos a entrevista, e
esperei o resultado. Resultado esse que eles dariam duas semanas depois.
Resultado esse que saiu um dia depois de eu ser efetivado. Resultado esse que
veio com uma negativa de que havia sido aprovado.
O baque naquele momento foi grande. Era uma oportunidade única, com tudo
pago para aprender, evoluir e conhecer referências globais em seus campos de
atuação. Junto com o retorno, veio uma devolutiva de que como eu fiquei entre
os 48 selecionados, eu teria uma vaga no próximo programa que eles
organizariam. O famoso prêmio de consolação.
Não liguei muito na época e achei que não iria dar em nada. O tempo passou,
segui minha vida, mantive contato com algumas pessoas da organização do
evento e continuei meus planos. No ano seguinte, em 2015, um pouco mais de
um ano depois do acontecido, a Organização das Nações Unidas (ONU) lançou
os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) – uma agenda mundial
adotada pelos países integrantes da ONU, composta por 17 objetivos a serem
atingidos até 2030. Nessa agenda, estão previstas ações mundiais nas áreas de
erradicação da pobreza, segurança alimentar, agricultura, saúde, educação,
igualdade de gênero, redução das desigualdades, energia, água e saneamento,
entre outras.
Um pouco após o lançamento das ODS pela ONU, recebi um e-mail do World
Merit, informando que, em parceria com a ONU, eles haviam remodelado o
programa de jovens lideranças e que a partir daquele momento o mesmo
aconteceria em Nova York, em agosto de 2016, na sede das Nações Unidas. O
programa teria a duração de duas semanas, contaria com palestrantes,
consultores, empresários, ativistas, músicos e pessoas influentes internacionais e
teria como objetivo formar novos líderes alinhados com os objetivos da ONU,
para que eles aumentassem assim seus impactos locais em seus respectivos
países.
“E, quem estaria nesse programa?” Eu. Na hora, eu nem acreditei. Já estava
cético sobre esse tipo de coisa. Ia esperar para ver se realmente isso iria
acontecer mesmo.
Para minha surpresa, as coisas avançaram. Mais um ano se passou e, em
agosto de 2016, desembarquei em NY para participar do primeiro programa de
jovens lideranças em parceria com a ONU. “Na moral”, existem coisas que não
fazem sentido. Por meio de uma porta fechada nos meus dedos – que doeu
muito, diga-se de passagem – dois anos depois, outra porta ainda maior se abriu.
O Merit 360, nome dado ao programa, consistia em conectar 360 jovens
lideranças de 85 países diferentes para trabalharem em conjunto nas soluções
para os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável. Ao final das duas semanas,
os grupos apresentariam seus projetos em NY para a equipe da ONU e seus
parceiros. Esses 360 jovens foram divididos em grupos de atuação, de acordo
com suas experiências e expertises. Fui selecionado para representar o Brasil no
Objetivo 4 – Educação de Qualidade.
Durante duas semanas, a nossa rotina foi intensa, sem muito contato com o
que acontecia fora daquele ambiente imersivo, os nossos dias basicamente
começavam às seis da manhã e iam até a meia noite, entre palestras, sessões de
team building, workshops e consultorias. Na minha equipe, havia 22 pessoas de
15 países diferentes. “Você deve imaginar a confusão que foi nos primeiros
dias.” Porém, o que é certo para você, dentro do contexto da sua cultura, talvez
não seja para a outra pessoa. Após muito trabalho de empatia e construção de
time, as ideias foram tomando forma, assim como a nossa equipe foi ganhando
uma identidade.
Durante esse evento, tive a oportunidade de fazer amizades inimagináveis
com jovens referências em seus países. Ficar em imersão, vinte e quatro horas
todos os dias, com as pessoas, faz você criar um vínculo único. Hoje posso
agradecer por ter um sofá para dormir ao redor do mundo, basta mandar uma
mensagem, e as portas estarão abertas. Dentre essas amizades, duas pessoas se
tornaram muito minhas amigas – Marina Melero, engenheira e bailarina, da
Espanha – já mencionada anteriormente – e Deepak Ramola, empreendedor
social e palestrante, da Índia. Fizemos um pacto de que, em todos os anos,
iríamos pelo menos um de nós nos encontrarmos e, desde então, aconteceu todas
as vezes.
Deepak foi inspirado por sua mãe, que dava conselhos valiosos a ele, embora
nunca tivesse frequentado uma escola. A maneira como ela gerenciava as tarefas
domésticas, as finanças e as economias da família sempre o surpreenderam.
Quando ele lhe perguntava como ela conseguia fazer tudo isso, ela sempre dizia
que foi a vida que havia ensinado tudo a ela.
Isso intrigou Deepak, fazendo com que ele começasse a perguntar a todos que
encontrava, qual era a lição que a vida os havia ensinado. Ele perguntava e
escrevia em seu diário e, sempre que precisava, consultava esses valiosos
ensinamentos, os quais os ajudaram em diversos momentos de dificuldade. Foi
então que Deepak percebeu a necessidade de documentar de maneira mais
estruturada essas lições de vida, pois continham muita sabedoria.
Seu negócio social, o Project FUEL, é uma plataforma para que todos
contribuam com suas preciosas lições de vida para a sociedade, onde alguém em
necessidade possa se beneficiar. Até hoje, mais de cinquenta mil lições de vida já
foram coletadas.
Deepak possui uma metodologia própria para coletá-las, e foi em um dos
intervalos que tivemos durante a ONU que pude aprender algo único. Era em
torno das dezessete horas, já estávamos na metade do programa e tivemos trinta
minutos, após uma sessão de várias palestras, para irmos fazer um lanche.
Evidentemente, eu, a Marina e o Deepak fomos conversar com uma das
palestrantes que havia acabado de se apresentar.
Lisa Kristine, fotógrafa humanitária, ativista e palestrante. Por mais de trinta
anos, ela vem documentando culturas e causas sociais em mais de 150 países.
Lisa já fotografou a escravidão nos tempos modernos em mineradoras ilegais de
ouro, em Gana, e tintureiros de seda, escravizados em vilas Indianas para a
indústria fashion. Suas fotos retratam e dão luz a situações inimagináveis.
Após conversarmos sobre coisas superficiais e relacionadas a trabalho, nós
nos direcionamos para um gramado, pegamos um suco, nos sentamos e
continuamos o bate-papo. Foi nesse momento que conseguimos quebrar o gelo,
nos aproximar e aprofundar a conversa. Lisa mostrou várias fotos e compartilhou
as histórias por trás da lente. Após alguns minutos, Deepak propôs fazer algumas
perguntas da sua metodologia para coletar a lição de vida da Lisa. Nesse
momento me senti no filme do Harry Potter, quando Alvo Dumbledore usa um
feitiço para remover uma lembrança de sua mente e guardar dentro de um frasco.
Felizmente, o nosso frasco no momento foi o gravador do celular, o qual eu trago
um dos trechos traduzidos abaixo.
“Existem mais de mil maneiras de vivermos, mas é muito mais fácil
pensarmos que nossos caminhos são limitados e definidos. Porém, as
possibilidades são infinitas.”
– Lisa Kristine.
Até hoje, em alguns momentos da minha vida, quando me sinto perdido ou
tomando decisões que eu não sei se são para mim, eu paro e escuto o áudio desse
dia.
Essa lição de vida para mim, para quem eu era naquele momento, ressoou
profundamente dentro do meu coração. A conversa avançou e falamos um pouco
mais sobre os caminhos que normalmente escolhemos e como eles vão nos
mudando. Falamos que, normalmente, as pessoas acreditam que existem em
torno de cinco ou seis caminhos para seguirem, pois elas não se permitem se
conhecerem e conhecerem o novo. Elas precisam se encaixar. Falamos também
sobre por que escolhemos os caminhos mais convencionais, e que eles
dificilmente fazem sentido, pois são baseados em premissas e expectativas
externas e de outras pessoas.
A mensagem que eu levei dessa conversa é que precisamos olhar para dentro,
assumirmos o protagonismo de nossas vidas e sermos donos da nossa história.

A escada rolante da vida


Seth Godin, empreendedor e autor de mais de 17 bestseller, trouxe em seu
livro What To Do When It’s Your Turn******** a história de dois executivos que
estão em uma escada rolante quando de repente ela trava. Quando isso acontece,
os dois executivos se veem presos na escada rolante quebrada, se sentindo
incapazes de chegar até o próximo andar. O primeiro executivo suspira frustrado,
enquanto a segunda começa a gritar por ajuda. Aqui estão pessoas importantes,
executivos, com dificuldade de chegar aonde precisam, porque a escada rolante
quebrou e não há ninguém para consertá-la ou resgatá-los.
Tim Piper, escritor e diretor australiano, transformou essa história em um
comercial, em 2006, para uma empresa chamada Becel. O vídeo******** viralizou,
provando a visão de Piper. Muitos de nós somos incapazes de seguirmos nossa
vida sem ser no piloto automático. As escadas estão lá, elas fazem parte da nossa
vida. Passar no vestibular, fazer faculdade, entrar no mercado de trabalho, ser
promovido, pagar boletos, casar, ter filhos, pagar mais boletos, ser promovido
novamente e assim por diante.
Isso, até que ocorre um problema em nossa escada rolante e
ficamos sem saber o que fazer. Esse problema, normalmente,
faz com que fiquemos travado em um primeiro momento. Em
seguida, comecemos a negar tudo, a pedir por ajuda e até
mesmo culpar os outros... até que passemos a questionar o porquê de isso ter
acontecido. O porquê de tudo que fizemos até hoje. O porquê das nossas
escolhas.
Você começa a perceber que, muitas vezes, as escolhas que fez não foram
feitas por você. E o pior, na maioria das vezes, nem percebeu. Pais, amigos,
familiares, professores, mídia e outras coisas mais estão sempre nos
bombardeando com padrões e expectativas, as quais começamos a acreditar que
são nossas, mas não são.
O quanto antes a nossa escada rolante travar, mais cedo poderemos entender
que não precisamos ficar lá parados, esperando alguém vir concertá-la. Podemos
simplesmente olhar para cima e andar.
Porém, não se engane, mais cedo ou mais tarde, todas as escadas rolantes
pararão, cabe a nós escolhermos o que faremos quando isso acontecer.
Trata-se de nós percebermos que somos os donos das nossas histórias. E que
ninguém é culpado pelas coisas que aconteceram. Precisamos assumir a
responsabilidade por tudo que acontece conosco, mesmo não estando em nosso
controle, nós podemos controlar a forma como reagimos às coisas.
Então, fale quando sentir vontade de falar; levante-se e vá embora quando
estiver em um ambiente que não fizer sentido; lance um produto no mercado;
faça diferente********; desenvolva conexões; resolva um problema interessante;
escreva; crie; cante; faça perguntas; abra a porta para alguém; seja gentil;
questione as autoridades; quebre as regras; produza um vídeo; produza um
podcast; produza alguma coisa de que se orgulhe; aprenda uma nova habilidade;
aprenda um novo idioma; aprenda a cozinhar; ajude alguém que precisa de você.
Faça com que as pessoas sintam sua falta quando você for embora. Esta vida
como você conhece, só existe uma. E é a sua vez de fazê-la valer a pena.
Então, pare de se importar com a opinião dos outros. Assuma o controle da
sua vida e escolha qual dos mais de mil caminhos você deseja seguir... e, se
nenhum deles o agradar, crie um novo.
A vida é sobre oportunidades:******** a oportunidade de você fazer a diferença
em sua vida... a oportunidade de contribuir, servir e realmente viver. O ponto é
que não há uma maneira fácil de fazer isso. Até onde eu sei, não existe como
silenciar essa voz que fica dentro da sua cabeça, não há nenhum método
comprovado para ganhar a confiança da sua família, de amigos e do mercado –
nenhuma abordagem garantida que evite as frustrações. Isso pode não funcionar
e pode não ser divertido, mas espero que você faça mesmo assim.
Essa sua nova vida lhe custará a antiga. Para atrair coisas melhores em nossas
vidas, precisamos ser melhores. Você não pode continuar fazendo as mesmas
coisas e esperar resultados diferentes.
Pare de culpar os outros ou o ambiente em que você está. Claro, esses fatores
podem jogar a favor ou contra. Mas não podem determinar até onde você vai. Já
está na hora de você assumir a responsabilidade pela sua jornada. Comece a
mudar pequenas coisas, a questionar seus pensamentos, suas palavras e seus
comportamentos. Comece a mudar seus hábitos, a queimar a ponte entre quem
você é e quem você deseja ser.
ESSA SUA NOVA VIDA LHE
CUSTARÁ A ANTIGA.
Qual é a sua música?
“Você já se pegou com uma vontade tremenda de fazer algo, mas por
vergonha, nunca fez?” Existe um vídeo******** que representa muito bem o que é
ser dono da sua história.
Nesse vídeo, existe um homem no meio de um parque em um final de semana,
ele começa a dançar sozinho, no meio de várias pessoas, simplesmente pelo fato
de que ele gostou da música e quis fazer aquilo que o seu coração mandou. Os
primeiros segundos são hilários, você pensa: “O que que esse maluco está
fazendo?” Até que mais uma pessoa se junta a ele, mais alguns segundos se
passam, e outra pessoa se junta à dupla. Em questão de poucos minutos, todos
estão dançando.
Ser dono da sua história é exatamente isso. É fazer o que é
certo para você, mesmo que ninguém mais acredite.
Você precisa parar de ficar triste quando as pessoas não o
apoiarem, metade delas não apoiam nem seus próprios sonhos.
Apenas entre em movimento e, aos poucos, você começará a
atrair as pessoas certas para próximo de você. Não fique muito fixado na sua
ideia inicial ou com medo de mudar de direção, como já falamos anteriormente,
o mundo mudou e, nesta vida, podemos viver várias das nossas paixões.
Muitas vezes não começamos algo, porque temos medo de nos sentirmos
bobos. Ninguém gosta de ser visto começando. É difícil mesmo. Mas todo
mundo em algum momento teve de dar o primeiro passo, ajustar rotas e persistir.
Veja alguns exemplos:
VOCÊ PRECISA PARAR DE FICAR
TRISTE QUANDO AS PESSOAS
NÃO O APOIAREM, METADE
DELAS NÃO APOIAM NEM SEUS
PRÓPRIOS SONHOS.
Laila Purim, @lailapurim, brasileira, formou-se em administração e moda,
trabalhou em uma das maiores consultorias de negócios do mundo e resolveu
mudar. Hoje ela trabalha como consultora técnica-comportamental, especialista
nas áreas de vendas e marketing e é fundadora do Vibe Holística, consultoria
integrada focada na expansão da consciência, Reiki e Saúde.
A Daniela Retamales, @daniretamalesg, chilena, formou-se em engenharia
industrial, em uma das melhores Universidades do Chile, e então começou a
trabalhar em uma empresa de transações financeiras. Apesar de ter um ótimo
desempenho e relacionamento com seus chefes e colegas de trabalho, ela
começou a sentir que faltava algo, ela queria que seu trabalho tivesse um
significado diferente e que pulsasse seu coração. Então, deixou o seu emprego e
iniciou sua jornada no terceiro setor, criando a Fundación Prótesis 3D, uma
organização sem fins lucrativos que auxilia pessoas com deficiência através do
desenvolvimento de mãos protéticas, fabricadas com impressoras 3D, com a
ajuda de jovens no sistema prisional, por meio de um programa de inovação
social.
Já o Tony Bernardini, @tonybernardini, aos 23 anos estava tentando montar
uma startup para produzir games para mobile em Porto Alegre/RS, quando teve
seu pai assassinado e precisou voltar às pressas para o interior a fim de tocar a
empresa que seu pai deixou e garantir o sustento dele e de sua família. Durante
os primeiros anos, foi muito difícil aprender sobre o negócio de transportes,
sozinho, com pouco apoio em um mercado extremamente competitivo e,
principalmente, sem a presença de seu mentor. No entanto, passados sete anos,
Tony “fez do limão uma limonada” e transformou a pequena empresa de
transportes em um grupo de logística que fatura 12 milhões por ano. Ele se
tornou também um dos líderes do setor de transportes no Rio Grande do Sul por
meio da atividade sindical e associativista, além de participar como voluntário de
iniciativas, como a Fundação Estudar.
Temos também a Bruna Brito, @brunabto, que desde criança idealizou uma
carreira de funcionária pública, visando à estabilidade financeira e se deparou
com um caminho totalmente diferente. Após se formar, percebeu que possuía um
perfil extremamente comunicativo e resolveu fundar seu escritório de advocacia.
Num primeiro momento, foi criticada por todas as pessoas ao seu redor, que
defendiam que a advocacia já estava saturada e que era impossível se destacar
sem ter algum familiar no ramo. Após alguns meses de estudo para elaboração
de uma tese jurídica na área do direito desportivo, que visava assegurar o direito
dos atletas, conseguiu, juntamente com seu sócio, abordar uma controvérsia
jurídica de grande magnitude, porém pouco explorada e que há tempos
demandava solução. Com isso, logo no início da carreira, obteve destaque e
sucesso na área jurídica, atendendo clientes em todo Brasil e tornando-se
referência no direito desportivo, como também para outros estudantes de direito
e colegas de profissão.
E, finalizando os exemplos, temos a Ester Athanásio, @esterathanasio, que é
jornalista, mestra em comunicação, doutoranda em políticas públicas e insiste
em não ser uma coisa só. Ester não quer um rótulo, porque ela quer passear por
várias estantes, aprender e contribuir com vários ambientes. Entrou para
faculdade de jornalismo com aquele desejo enorme de colaborar com a
construção de um mundo maior. Pensou que poderia fazer isso nos jornais, nas
revistas e na TV, mas jamais em uma assessoria de imprensa ou empreendendo.
No entanto, como a vida não é linear, o seu propósito foi se encaminhando de
uma forma que ela percebeu que o melhor caminho para unir jornalismo e
impacto social seria empreender e prestar serviços de assessoria de imprensa
especializada em impacto social. Tornou-se uma jornalista empreendedora. Daí
vieram as palestras, os treinamentos, os projetos educativos, as parcerias
internacionais e muito mais. A Ester é aquela pessoa que sabe reter o que há de
melhor em cada ambiente. Já atuou como professora universitária e é
pesquisadora de humanas e, ao mesmo tempo, empreendedora ativa no mercado.
É cristã e faz questão de manter sua fé ativa, sempre atuante em sua comunidade
religiosa, mas isso não impede que seja ativista na defesa do direito de todas as
pessoas. É feminista, casou aos vinte e dois anos e aos vinte e nove ficou
grávida. Para muita gente, conter tudo isso dentro de uma só personalidade é
uma afronta. Afrontemos, então.
Todas essas pessoas abraçaram a oportunidade de estarem errados, de viverem
as suas paixões, de tentarem descobrir seus propósitos.
O custo de estar errado é menor do que o custo de não fazer nada.********
Porém, quando assumimos o protagonismo de nossas vidas, as coisas podem
não sair da forma como desejamos, provavelmente vão demorar mais do que
esperamos e talvez não deem certo.
Então, o que tendemos a fazer? Normalmente, tendemos a ficar parados onde
estamos, pois é muito mais confortável e seguro. Isso acontece, porque levamos
a vida de forma binária, ou deu certo ou não deu, ou eu largo tudo e foco nisso
ou nem faço. Precisamos entender que existe uma terceira opção, a opção de
estar em movimento.
A pessoa que mais erra, vence.

A arena da vida
Em maio de 2017, eu resolvi desativar todas as minhas redes sociais. Havia
passado por uma grande rasteira em minha vida profissional a qual me fez
perceber que, por mais que você tente ser gente boa com todo mundo, sempre
existirão pessoas que irão tentar passar você para trás. E, isso para mim foi um
grande choque. Eu acreditava que todo mundo era meu amigo e queria meu bem.
Bom, não é bem assim.
Aquilo mexeu tanto comigo que eu não somente desativei as minhas redes
sociais, como também não queria sair de casa para não ter a chance de encontrar
essas pessoas, além de evitar passar próximo a locais que eu sabia que elas
frequentavam. A minha autoconfiança foi lá para baixo, eu já não me reconhecia
mais e duvidava se eu era de fato bom em alguma coisa.
“7.6 Bilhões de pessoas no mundo e você deixa a opinião de 1 atrapalhar seus
sonhos?” Você é melhor que isso!
Nove meses se passaram, e eu resolvi reativar as minhas redes sociais. Estava
no processo de recuperar minha essência e voltar para o meu eixo central. Voltei
pouco a pouco, apenas consumindo conteúdo, sem mostrar minha cara ou postar
qualquer coisa.
Aos poucos, fui ganhando confiança e voltando a postar momentos do meu
dia a dia. Até que resolvi começar a compartilhar um pouco dos meus medos,
inseguranças e dilemas publicamente. Os primeiros conteúdos deram um boom
de adrenalina e serotonina – postei e recebi inúmeros likes, comentários e
mensagens privadas de pessoas se identificando com o que eu havia postado.
Comecei a tomar gosto por compartilhar. Foi então que começaram a surgir
novos julgamentos, pessoas que eu tinha uma boa proximidade começaram a me
chamar de blogueirinho, youtuber, entre outras coisas.
7.6 BILHÕES DE PESSOAS NO
MUNDO E VOCÊ DEIXA A
OPINIÃO DE 1 ATRAPALHAR
SEUS SONHOS? VOCÊ É
MELHOR QUE ISSO!
A minha primeira reação foi de ficar triste com as brincadeiras sem graça e
pensar que não havia estudado tanto e construído minha empresa para me
chamarem de blogueirinho. “Quem gostaria de ser chamado assim?”
Novamente, rótulos. Mas sinto informá-lo, segundo um estudo realizado em
2018, pela Lego, com três mil crianças com idades entre oito e doze anos********,
dos Estados Unidos, Reino Unido e China, ao serem questionadas sobre qual
profissão gostariam de seguir, três em cada dez crianças norte-americanas e
britânicas afirmaram que queriam ser “youtubers ou vlogueiros”, sendo essa a
principal resposta das crianças entrevistadas. E, não para por aí, em outro estudo
realizado em 2019, a empresa de consultoria Morning Consult apontou que 86%
dos americanos entre 13 e 38 anos gostariam de ser influenciadores********.
Foi só nesse momento que eu comecei a entender que o mundo está mudando,
mas as pessoas preferem julgar a aceitar e entender essas mudanças.
Foi após a esses acontecimentos que – ao assistir à palestra da Brené Brown,
professora pesquisadora na Universidade de Houston e autora de inúmeros best-
sellers, como A Coragem de Ser Imperfeito e Dare to Lead e, para mim, uma das
mulheres mais fabulosas que tive a oportunidade de assistir ao vivo palestrar –
eu me deparei com um texto o qual ela citou em sua palestra que a havia
marcado muito e que, consequentemente, quando eu a ouvi, me marcou também.
Vamos a ele.
“Não é o crítico que importa, nem aquele que mostra como o homem forte
tropeça, ou onde o realizador das proezas poderia ter feito melhor. Todo o crédito
pertence ao homem que está de fato na arena, cuja face está arruinada pela poeira
e pelo suor e pelo sangue; aquele que luta com valentia; aquele que erra e tenta
de novo e de novo; aquele que conhece o grande entusiasmo, a grande devoção e
se consome em uma causa justa; aquele que ao menos conhece, ao fim, o triunfo
de sua realização, e aquele que na pior das hipóteses, se falhar, ao menos falhará
agindo excepcionalmente, de modo que seu lugar não seja nunca junto àquelas
almas frias e tímidas que não conhecem nem a vitória e nem a derrota.” –
Theodore Roosevelt, em 23 de abril de 1910.
Quando eu ouvi essa citação em sua palestra – no maior evento de inovação
do mundo, o SXSW de 2019, que acontece em Austin no Texas – para mim, foi
quando a minha insegurança de fazer tudo que eu estava fazendo, foi embora.
Esse texto resume bem, segundo a Brené Brown, a sua pesquisa sobre a
importância da vulnerabilidade.
Vulnerabilidade não é sobre vencer, não é sobre perder, é sobre fazer o que
tem que ser feito, dar a sua cara à tapa e ser visto sem medo.
E, é isso que eu desejo em minha vida. Eu quero criar, fazer coisas que não
existiam antes, ser um vendedor, um escritor, um empresário. No jogo da vida,
eu quero ter várias cartas nas mãos em diferentes mesas. Eu quero construir um
mundo melhor. E, se você, assim como eu, quer buscar ser dono da sua história,
só existe uma garantia: você será muito criticado. Porém, a maior parte das
críticas não importam, e eu digo isso como alguém que realmente gosta de
receber feedbacks e melhorar, pois, se você não está na arena, assim como eu,
construindo coisas, dando a sua cara à tapa, sendo criticado e fazendo acontecer,
me desculpa, mas eu não estou interessado no seu feedback. Especialmente se
vier das pessoas que estão sentadas nas cadeiras baratas da arena, longe da ação,
sem colocar seus pescoços na reta.
Brené Brown, em outra palestra – desta vez em um evento da Adobe, o
99U******** –mostrou como lidar com os críticos e com a nossa própria dúvida,
destrinchando como funciona a arena da nossa vida, e quem sempre estará lá
presente.
Imagine uma arena de batalha, estilo o imponente Coliseu de Roma. Antes de
pisarmos propriamente na arena, normalmente existem alguns degraus nos
separando dela, é aquela escada que liga os bastidores com o palco. Esses
bastidores são os momentos que estamos estudando, treinando e nos preparando.
Esse momento, antes de pisarmos lá e irmos atrás do que desejamos, às vezes,
duram anos e é uma forma que buscamos de nos escondermos. Ficamos lá,
sonhando de como será incrível quando as coisas que queremos acontecerem,
quando tivermos coragem de subir aquela escada e irmos para a luta, atrás de
nossos sonhos. Porém, conforme começamos a subir os primeiros degraus, dá
aquele frio na barriga e nos questionamos se tudo dará certo.
Segundo a autora, quando estamos prestes a entrar na arena, sentimentos
como o medo, a dúvida, a comparação, a ansiedade e a incerteza, normalmente,
aparecem. E, nesses momentos, o que a maioria das pessoas fazem é pegar suas
armaduras e se protegerem. Mas, essa armadura é pesada e sufocante... e o
problema é que quando nos protegemos, nós nos fechamos para os sentimentos
negativos, mas também para os positivos. Isso porque vulnerabilidade tem tudo a
ver com os sentimentos negativos, mas também tem a ver com amor, empatia,
criatividade, felicidade, confiança e inovação, sentir-se parte de algo.
Sem vulnerabilidade, você não pode ser dono da sua história. Na vida, não
tem como ter apenas os sentimentos bons e bloquear os ruins. Então, o que
devemos fazer é respirar fundo, subir as escadas da arena e sermos vistos. E,
quando isso acontece e avançamos para o centro da arena, nós vemos a arena
lotada e ficamos nervosos, pois sempre focamos em alguns assentos exclusivos –
os dos críticos.
A autora diz que costumava pensar que a melhor maneira de você criar a sua
história era garantindo que os críticos não estivessem na arena. Porém, os
ingressos são abertos ao público, e nós não temos controle de quem estará lá.
Então, a melhor forma de lidar com essa situação é sabendo que eles estarão lá e
o que irão dizer.
Segundo a pesquisadora, existem algumas cadeiras que sempre estarão
ocupadas. As três primeiras são a vergonha, a escassez e a comparação.
Vergonha, sentimento universal, aquela voz que nos diz que não somos bons o
suficiente. Escassez, aquele pensamento de que já existem milhares de pessoas
mais capacitadas, preparadas e com diploma, fazendo isso, e quem sou para
seguir esse caminho. Comparação, sentimento de olhar para o lado e se sentir
inferior, para trás, atrasado.
O quarto assento é destinado para convidados críticos, exclusivamente seus.
Eles podem ser seus pais, um professor, um colega de trabalho. Você sabe quem
irá ocupar esse lugar, e, com certeza, alguém veio à sua cabeça neste exato
momento. Então, ao invés de tentar evitar, inutilmente, que esses assentos sejam
preenchidos na arena, o melhor a fazer é reservá-los antecipadamente. Olhar
para quem os ocupa e dizer, eu sei que vocês estão aí, eu consigo vê-los, eu
consigo escutá-los, mas eu vou fazer acontecer mesmo assim.
Além desses assentos, existem outros três que precisam sempre estar
preenchidos e, ao contrário dos primeiros assentos, esses não estarão lá se você
não os convidar. O primeiro convidado são seus valores. Você precisa ter clareza
deles, do porquê você está fazendo o que está fazendo e o que é fundamental
para que você seja sempre fiel a si mesmo.
O segundo convite deve ir para, no mínimo, uma pessoa em sua vida que você
possa olhar quando tudo der errado e se sentir seguro. Essa pessoa não passará a
mão na sua cabeça. Pelo contrário, ela olhará para você e dirá que, realmente,
você falhou e o que você fez não ficou bom, mas você foi corajoso. Ela falará
que agora você precisa aprender com tudo o que aconteceu, pois ela tem certeza
de que você voltará para a arena em breve. Essa pessoa, segundo a palestrante, é
alguém que não o ama independentemente das suas imperfeições, mas que o ama
por causa delas. Normalmente, nós esquecemos de convidá-las, pois nós sempre
achamos que elas estarão lá, mas se não as convidarmos, elas nunca poderão
ajudar. Reserve excelentes cadeiras na arena para elas.
O terceiro e último convite, que se sentará na melhor e mais cara cadeira que
existe na arena, deve ser reservado para o crítico que mora dentro de você. Não
existe maior crítico dentro da arena do que nós mesmos. Nesse assento
reservado, está toda a sua bagagem, de onde você veio, sua família, como você
foi educado, as suas amizades, os seus hobbies e, principalmente, a pessoa que
mais o julga, mas que também, acredita no que você está fazendo. A pessoa que
lhe diz que sim, é assustador tudo que está por vir, porém mais assustador ainda
é chegar ao final da vida e pensar: “E se eu tivesse feito o que meu coração dizia
para fazer?” “E se eu tivesse seguido o que minha intuição mandava?” “E se eu
tivesse tido a coragem de ser eu mesmo?”
“E se?” ... Espero que ele não viva na sua vida para contar a sua história.

A sua luz te dá medo


É impressionante como nós somos os nossos maiores críticos. Falo por
experiência própria. Vivo tenso, me cobrando resultados, hábitos e entregas
melhores. Normalmente, crio metas e padrões mirabolantes, mas que são
totalmente possíveis de serem atingidos na minha cabeça. O tempo passa, e, se o
resultado não vem, me culpo como ninguém, uma espécie de castigo, de falta de
amor próprio e carinho pela dedicação colocada no que havia me proposto a
fazer.
Também existe o cenário contrário, aquele em que o resultado é alcançado,
porém, o êxtase dura apenas poucos segundos, acompanhado de um cansaço e
uma meta ainda maior. Afinal, não fiz mais do que minha obrigação e não há
tempo para relaxar.
Quando as pessoas passam por algum momento difícil em suas vidas, é
comum responderem de duas maneiras: ou tendemos a nos tornar defensivos e
culparmos os outros; ou nos repreendemos. Infelizmente, nenhuma das respostas
é eficiente. Terceirizar a responsabilidade e ficar na defensiva pode aliviar o
sentimento de fracasso no momento, mas isso acontece às custas do aprendizado.
Já, ser crítico consigo mesmo, pode fazer sentido no momento, mas pode levar a
uma avaliação imprecisa de nós mesmos e dos nossos erros, prejudicando nosso
desenvolvimento pessoal.
E se, ao invés disso, nos tratássemos como se fôssemos um amigo em uma
situação semelhante? Muito provavelmente, seríamos gentis, compreensivos e
encorajadores. Ter esse tipo de resposta internamente, em relação a nós mesmos,
segundo Serena Chen, Professora e Pesquisadora de Psicologia na Universidade
da Califórnia, é conhecido como autocompaixão e tem sido o foco de muitas
pesquisas nos últimos anos.
Segundo a professora, em artigo para a Revista Harvard Business
Review********, os psicólogos estão descobrindo que a autocompaixão é uma
ferramenta útil para melhorar o desempenho em uma variedade de contextos,
indo do envelhecimento saudável à atividade física. Além disso, a
autocompaixão também possui relação direta com nosso crescimento
profissional.
Segundo Chen, a autocompaixão é um conceito menos familiar do que a
autoestima ou autoconfiança. Embora seja verdade que as pessoas que possuem
autocompaixão tendem a ter maior autoestima, os dois conceitos são distintos. A
autoestima tende a envolver a avaliação de si mesmo em comparação com os
outros. A autocompaixão, por outro lado, não envolve julgar a si ou aos outros,
ela tem relação com o nosso valor próprio e bem-estar.
Pessoas com altos níveis de autocompaixão demonstram três comportamentos:
primeiro, são mais gentis sobre suas próprias falhas e erros; segundo, elas
reconhecem que falhas são uma experiência humana compartilhada; e terceiro,
adotam uma abordagem mais equilibrada sobre suas emoções negativas, quando
falham ou algo não sai como o esperado, permitindo se sentirem mal, sem
deixarem que as emoções negativas assumam o controle.
As pessoas que são muito críticas consigo mesmas, normalmente, costumam
justificar seus comportamentos com argumentos que fazem sentido para elas,
mas dificilmente aplicariam a outras pessoas. É uma régua com duas medidas,
sendo a medida inalcançável, sempre atrelada a elas mesmas.
Abaixo, separei cinco situações em que, normalmente, carregamos um fardo
desnecessário e como podemos fazer para superar essas situações. Vamos a elas:

1. Você se culpa demais por erros que no final das contas têm
consequências mínimas.
Na grande maioria das vezes, quando cometemos erros, são pequenos e
não possuem consequências drásticas como: o final da nossa carreira,
relacionamento ou até mesmo vida. É comum nos esquecermos de
enviar um e-mail, comprar algo no mercado ou até mesmo nos
esquecermos de ligar no aniversário de um primo. Porém, essas ações
dificilmente irão trazer consequências sérias para você. Talvez alguém
o repreenda, mas tente ser mais leve com o que aconteceu e seguir a
sua vida normalmente.
Dica: Pense se esse erro irá comprometer a sua vida em algum aspecto
daqui a um ano. Caso não comprometa, desculpe-se com quem errou, e
principalmente consigo mesmo, e siga a sua vida.
2. Você continua se criticando após corrigir um erro.
Muitas vezes quando algo dá errado, ficamos pensando naquilo o dia
inteiro... “O que eu poderia ter feito de diferente?” “Como eu pude
fazer isso?” “Como eu não vi isso antes?”
Quem aqui nunca enviou um e-mail para alguém com o nome errado
atire a primeira pedra. As pessoas, constantemente, me chamam de
Leandro. Confesso que eu já fiquei muito incomodado com isso, afinal,
como alguém pode errar algo tão básico, o nome de quem ela está
conversando.
O fato é que coisas assim acontecem. Caímos na rotina, no piloto
automático e tentamos fazer milhares de coisas ao mesmo tempo. Não
que isso seja desculpa, mas também não é motivo para se culpar
demasiadamente.
Eu já escrevi e-mails errados e inclusive enviei uma carta, convidando
dois professores para palestrarem em um evento com os nomes
trocados. Durante todo o dia, após perceber o que havia feito, fiquei
me criticando, como eu pude ser tão rude e desrespeitoso a ponto de
errar o nome de alguém. Embora isso seja verdade, eu tinha feito o
possível para arrumar a situação, então minha autocrítica
provavelmente deveria ter parado por aí.
Resumo da história, pedi desculpas para os professores, eles aceitaram
vir para o evento e demos boas risadas no Happy Hour de
confraternização.
Depois que algo aconteceu, não tem mais como voltar atrás. Aprenda
com o erro, se for possível, corrija imediatamente e avance para a
próxima etapa.
Dica: Reconheça o papel saudável da culpa, sinta-a, fique irritado e logo
em seguida a utilize para aprender e evitar com que aconteça
novamente. Permita-se seguir em frente depois de fazer o seu melhor
para corrigi-lo.
3. Seu autocuidado é excluído frequentemente da sua lista de tarefas
a favor de outras prioridades.
Normalmente, quem costuma se culpar muito tende a se cobrar demais e
querer agradar aos outros, deixando a sua própria saúde física e
emocional de lado. Pare de fazer com que tudo e todos sejam
prioridade e comece a ser mais egoísta com o seu tempo.
O trabalho sempre estará lá para você no dia seguinte. Somente você
estando bem, conseguirá desempenhar suas atividades em sua máxima
capacidade.
É mais fácil falar do que fazer, é claro. Eu tive de aprender da pior
maneira que cuidar de nós deve ser a nossa prioridade número um. É a
famosa mensagem que as aeromoças nos passam em todos os voos que
embarcamos: “Em caso de despressurização da cabine, máscaras de
oxigênio cairão automaticamente. Puxe uma das máscaras, coloque-a
sobre o nariz e a boca ajustando o elástico em volta da cabeça e respire
normalmente, depois auxilie a criança ou pessoa ao seu lado.”
Nós só conseguimos ajudar os outros se estamos bens. Cuide da sua
saúde física, mental e emocional.
Dica: Abra a sua agenda e analise seu último mês. “Quantas reuniões e
compromissos você teve?” “E quantos desses foram relacionados a sua
saúde?” Se a resposta for próxima a zero, comece a tratar a sua saúde
como se fosse uma reunião importante, impossível de ser desmarcada.
4. Você sempre vai além e busca entregar mais do que necessário.
Eu sou totalmente a favor de sempre buscarmos surpreender e entregar
mais do que o esperado, mas fazer isso constantemente é exaustivo. Se
você se esgotar, fazendo isso, provavelmente haverá consequências
negativas como resultado. Por exemplo, você está tão ocupado sendo
perfeito em áreas relativamente sem importância que deixa coisas
importantes sem atenção.
Dica: Esse padrão está totalmente relacionado à Síndrome do Impostor,
em que você teme não ser bom o suficiente, o que resultará na
revelação de suas falhas e não aceitação das outras pessoas. A maneira
mais fácil de quebrar esse padrão é trabalhar esse sentimento de
impostor e entender que existem atividades que não precisam de um
esforço extra e, principalmente, que existem atividades que sequer
deveriam ser feitas.
5. Você se sente um fracasso, mesmo tendo um histórico positivo na
sua vida.
As pessoas autocríticas olham para a própria vida e veem que ainda não
estão onde desejam e, se não aumentarem o nível de cobrança e
dedicação, não chegarão nunca aonde querem.
Elas se cobram e afirmam que foi essa dedicação e padrões que as
trouxeram até aqui e que precisam continuar trabalhando dessa forma.
Porém, talvez seja justamente isso que o esteja bloqueando de avançar
para o próximo nível. Cada fase de nossa vida requer uma nova versão
de nós. Aprecie tudo o que conquistou e entenda o que você precisa
fazer de diferente para dar mais um passo em direção ao seu sonho.
Dica: Liste cinco coisas que aconteceram de forma diferente de como
você esperava. Após listá-las, descreva como esses acontecimentos
abriram novas oportunidades e o trouxeram aonde você se encontra
hoje.

Para tentar essas estratégias, você precisa entender primeiro de onde vem essa
cobrança desproporcional. Após isso, compreenda até que ponto ela é benéfica e
a partir de que momento ela começa a se tornar um fardo. Não se trata apenas de
se sentir melhor, ser menos autocrítico também pode ajudá-lo a tomar decisões
melhores e perder menos tempo e energia emocional, o que, por sua vez, o
tornará mais produtivo.
Promover a autocompaixão não é complicado ou difícil. É uma habilidade que
pode ser aprendida e aprimorada. Sempre que se sentir crítico demais, pergunte-
se: “Estou sendo gentil e compreensivo comigo mesmo?” “Reconheço
deficiências e fracassos como experiências compartilhadas por todos?” “Estou
mantendo meus sentimentos negativos em perspectiva?” — Se isso não
funcionar, sente-se e escreva uma mensagem para si na terceira pessoa, como se
você fosse um amigo ou ente querido. Muitos de nós somos melhores em ser
bons amigos para outras pessoas do que para nós mesmos, de modo que isso
pode ajudar a evitar espirais de autoflagelação.
As palavras mais poderosas do universo são as que você diz para si mesmo. É
isso que irá direcionar o seu comportamento, que direcionará o seu destino e que
moldará a sua realidade.
Ao entrar na arena e olhar para todos os assentos preenchidos, você saberá
exatamente quais são os pontos que o incomodam. Você poderá encarar todos
eles e assim chegar à última etapa para alcançar o que deseja: perder o medo de
se tornar tudo que você pode ser.
Marianne Williamson, escritora e ex-candidata à presidência dos Estados
Unidos, retratou muito bem em seu livro Um Retorno ao Amor********, o medo do
nosso potencial. Leia um trecho dessa belíssima obra:
AS PALAVRAS MAIS PODEROSAS
DO UNIVERSO SÃO AS QUE
VOCÊ DIZ PARA SI MESMO.
Nosso medo mais profundo não é o de sermos inadequados.
Nosso maior medo é não saber que nós somos poderosos, além do que podemos imaginar.
É a nossa luz, não a nossa escuridão, o que mais nos apavora.
Nós nos perguntamos:
Quem sou eu para ser brilhante, maravilhoso, talentoso e fabuloso?
Na realidade, quem é você para não ser?
Você é filho de Deus.
Você se fazer de pequeno não ajuda o mundo.
Não há nenhuma bondade em você se diminuir, recuar para que os outros não se sintam inseguros ao seu
redor.
Todos nós fomos feitos para brilhar, como as crianças brilham.
Nascemos para manifestar a glória de Deus que está dentro de nós.
Ela não está apenas em um de nós, está em todos nós.
E conforme permitimos nossa própria luz brilhar, inconscientemente damos às outras pessoas, permissão
para fazerem o mesmo.
E conforme nos libertamos do nosso medo, nossa presença, automaticamente, liberta os outros.
É a nossa luz, não a nossa escuridão, o que mais nos apavora. Esse trecho para
mim é muito forte, pois, no fundo, você sabe exatamente do que é capaz, mas
você está preso no medo de entrar na arena. Porém, você sabe que pode chegar
aonde deseja. Você sabe que deve chegar lá. Você deve isso a si mesmo. Você
apenas tem de estar disposto a sacrificar os hábitos, coisas e situações que o
estão segurando para o caminho do sucesso.
Comprometa-se em ser quem você sabe que pode ser. Pare de se sabotar e de
escolher o caminho mais fácil. Por isso, eu lhe pergunto: “Por que você tem
medo do seu potencial?”

******** Disponível em:< https://www.amazon.com.br/What-When-Your-Turn-Always/dp/1936719320>.


Acesso em: 11.08.20
******** Disponível em:< https://www.youtube.com/watch?v=VrSUe_m19FY>. Acesso em 12.08.20
******** Disponível em:< https://www.amazon.com.br/What-When-Your-Turn-Always/dp/1936719320>.
Acesso em: 12.08.20
******** Disponível em:< https://www.amazon.com.br/What-When-Your-Turn-Always/dp/1936719320>.
Acesso em: 12.08.20
******** Disponível em:< https://www.youtube.com/watch?v=hO8MwBZl-Vc>. Acesso em: 14.08.20
******** Disponível em:< https://www.amazon.com.br/What-When-Your-Turn-Always/dp/1936719320>.
Acesso em: 12.08.20
******** Disponível em:< https://olhardigital.com.br/ciencia-e-espaco/noticia/criancas-preferem-se-tornar-
youtubers-a-astronautas-diz-estudo/88233>. Acesso em:11.08.20
******** Disponível em:< https://www.bloomberg.com/news/articles/2019-11-05/becoming-an-influencer-
embraced-by-86-of-young-americans> Acesso em 11.08.20
******** Disponível em:< https://www.youtube.com/watch?v=8-JXOnFOXQk&t=1173s>. Acesso
em:11.08.20
******** Disponível em:> https://hbr.org/2018/09/give-yourself-a-break-the-power-of-self-compassion>.
Acesso em:11.08.20
******** Disponível em:< https://www.amazon.com.br/Um-Retorno-Ao-Amor/dp/8589362094> .
Disponível em:20.08.20
Disciplina é a ponte entre seus sonhos e realizações.” – Jim Rohn.

“ Não importa qual seja seu sonho, a disciplina fará parte da sua rotina
caso você queira alcançá-lo.
Normalmente, quando pensamos em disciplina, imaginamos uma vida chata,
regrada e sem diversão. Chega de sair com os amigos. Chega de redes sociais.
Chega de assistir a seriados. Agora eu vou focar nos meus objetivos e em ser a
minha melhor versão.
O único problema é que, após três meses nesse ritmo, ou você irá alcançar os
seus objetivos ou ficará esgotado. E minha aposta é na última opção, nada contra
você, foi mal. A razão disso é que o caminho que você estava trilhando para
alcançar seus objetivos não é sustentável.
Quem gostaria de ter uma vida onde você não é livre para fazer o que quer? A
disciplina não é o fim da liberdade. É o caminho para a liberdade.
Para mim, disciplina significa você ter o controle, em vez de deixar o
“destino” controlar suas ações. Significa pagar o preço hoje para colher as
recompensas amanhã. Ser disciplinado é o que fará você chegar cada vez mais
perto do seu sonho e de se tornar quem deseja ser.
A DISCIPLINA NÃO É O FIM DA
LIBERDADE. É O CAMINHO
PARA A LIBERDADE.
Porém, ser disciplinado não é fácil, pois são necessárias duas coisas que o ser
humano é péssimo: consistência e paciência. Ninguém quer ficar um ano
malhando para emagrecer, as pessoas querem a dieta da lua cheia, que em 21
dias fará com que percam oito quilos e arrasem no verão.
Os atalhos são sempre mais atrativos. E está equivocado quem acha que eles
não funcionam. Às vezes, funcionam sim. Porém, eles não são sustentáveis. E
nada que não é construído de forma sólida dura muito tempo. E eu tenho certeza
de que você não quer chegar aonde deseja para ver tudo desabar em questão de
poucos segundos.
“Nós somos o que fazemos repetidamente. Excelência, então, não é um ato,
mas um hábito.” – Will Durant.
Ninguém é excelente ou medíocre em tudo que faz. Onde você se encontra em
sua vida é resultado dos seus hábitos. O sucesso e a mediocridade são resultados
dos nossos hábitos. A boa notícia é que podemos ir da mediocridade à excelência
– mudando nossos hábitos.
Mas como fazemos isso?
Antes de começarmos a falar sobre hábitos, produtividade, procrastinação e
outras coisas, gostaria de deixar claro um ponto que vejo com frequência ser
difundido muito, hoje, nas redes sociais.
Acordar às cinco da manhã, não fará você ser bem-sucedido. Os hábitos
mudam sua vida, mas não garantem o seu sucesso. O que isso significa?
Significa que eu preciso que você pare de ler artigos como Os 9 hábitos dos
milionários e queira seguir tudo que eles fazem e está escrito lá. Está tudo bem o
Elon Musk, fundador da SpaceX, dormir apenas duas horas por dia. Está tudo
bem existir pessoas que façam parte do 5am Clube. Está tudo bem existir
pessoas que meditam vinte minutos por dia. Isso não quer dizer que se você fizer
também, será bem-sucedido.
Esses artigos não mencionam que correlação não é causalidade. Acordar cedo,
dormir pouco e tomar banho frio não é a causa do sucesso. Embora alguns
desses hábitos possam ser encontrados em pessoas de sucesso, somente você
pode decidir o que é um bom hábito para você.
Então, quando eu falar aqui sobre hábitos, não estou falando sobre resultados.
Estou falando sobre mudar nosso comportamento para melhorar a qualidade de
nossas vidas. É tudo questão de tentativa e erro. O que funciona melhor para
você não necessariamente funciona para outra pessoa.
Hábitos são pequenas decisões que você toma e ações que realiza todos os
dias. Segundo pesquisadores da Universidade Duke********, os hábitos
representam cerca de 40% de nossos comportamentos em um determinado dia.
Sua vida hoje é essencialmente a soma de seus hábitos. “Você está em forma
ou fora de forma?” Resultado de seus hábitos. “Quão feliz ou infeliz você é?”
Resultado de seus hábitos. “Quão bem-sucedido ou malsucedido você é?”
Resultado de seus hábitos.
O que você faz repetidamente, ou seja, o que você gasta tempo, pensando e
fazendo todos os dias, acaba por formar a pessoa que você é.
Você já deve ter lido por aí sobre algum número mágico da formação de
hábitos. De uma nova dieta até um novo caminho para o trabalho, muitos textos
de lifehacks e livros de especialistas no assunto falam em 21 dias. Já o psicólogo
Jeremy Dean, autor do livro Making Habits, Breaking Habits: Why We Do
Things, Why We Don’t, and How to Make Any Change Stick, apresenta estudos
os quais mostram que se leva em média 66 dias para que alguém adquira um
novo hábito, ou seja, começar a fazer algo que antes não era costume de maneira
automática.
Na minha experiência, porém, o número não é a parte mais importante – você
pode tentar fazer algo por vinte e um dias, sessenta e seis ou duzentos, mas
nunca mudará se não tiver um bom motivo. Uma das coisas que mais nos
impulsionam a mudar é a dor. É, em algum momento, você simplesmente não
conseguir suportar seu comportamento ou situação atual e precisar fazer algo a
respeito.
Ao longo dos anos, eu me encontrei nessa posição várias vezes. Durante o
processo de escrever esse livro eu estava tentando incorporar três atividades em
minha rotina com o objetivo de fazer com que elas se tornassem hábitos –
escrever quinhentas palavras por dia para que eu pudesse concluir e lançar esse
livro, correr ou malhar por trinta minutos por dia para que eu melhorasse a
minha saúde e atingisse oitenta e quatro quilos e publicar todos os dias no
Instagram para criar uma comunidade para o lançamento deste livro.
Embora eu não tenha seguido à risca e feito as atividades todos os dias
conforme desejado, eu consegui no período de dez meses em que me
comprometi de fato com esses objetivos, mesmo falhando inúmeras vezes em
minha rotina, finalizar e lançar este livro que você está lendo neste exato
momento. Também consegui perder oito quilos, pesando oitenta e quatro quilos,
diminuir meu percentual de gordura para 16% e alcançar mais de 20 mil
seguidores no Instagram.
Sonhar grande e sonhar pequeno dá o mesmo trabalho. Quando você lê essa
frase, pode ter certeza que é verdade. O esforço necessário para você sonhar
grande e sonhar pequeno é o mesmo. Mas não para realizar.
Para realizar coisas grandes, é necessário muito mais esforço, dedicação,
recursos e trabalho... e um dos principais fatores para você realizar seus sonhos
grandes é a disciplina e seus hábitos.

Mudando de hábitos
Charles Duhigg, autor do livro best-seller O Poder do Hábito********, explica
em seu livro que os hábitos surgem, porque o cérebro está o tempo todo
procurando maneiras de poupar esforço. Um cérebro eficiente nos permite parar
de pensar constantemente em comportamentos básicos, tais como andar e
escolher o que comer, de modo que podemos dedicar nossa energia mental para
atividades mais complexas.
Em seu livro, o autor apresenta como funciona o loop do hábito, mostrando a
importância desse processo, o qual faz com que, quando um hábito surja, o
cérebro pare de participar totalmente da tomada de decisão. Esse processo,
dentro do nosso cérebro, é um loop composto por três estágios.
O primeiro estágio é denominado por Duhigg como “deixa”, ou seja, é um
estímulo que manda seu cérebro entrar em modo automático, e indica qual
hábito ele deve usar. O segundo estágio é a “rotina”, que pode ser física, mental
ou emocional. Finalmente, existe o estágio da “recompensa”, que ajuda seu
cérebro a saber se vale a pena memorizar este loop específico para o futuro. Ao
longo do tempo, se este loop — “deixa”, “rotina”, “recompensa”; “deixa”,
“rotina”, “recompensa” — fizer sentido para o seu cérebro, ele se tornará cada
vez mais automático.
Os pesquisadores descobriram que as deixas podem ser praticamente qualquer
coisa: desde um estímulo visual, como um doce ou um comercial de TV, até um
certo lugar, uma hora do dia, uma emoção ou a companhia de pessoas
específicas.
Aprendendo a observar as “deixas” e “recompensas” podemos mudar as
nossas rotinas e, consequentemente, nossos hábitos.
É importante notar que eu utilizei o verbo “mudar”. Isso, porque não é
possível fazer com que os hábitos desapareçam de fato, pois eles estão
codificados nas estruturas do nosso cérebro, e essa é uma enorme vantagem para
nós, porque seria terrível se tivéssemos de reaprender a dirigir depois de cada
viagem de férias, por exemplo.
O problema é que nosso cérebro não sabe a diferença entre os hábitos ruins e
os bons, e por isso, se você tem um hábito ruim, ele estará sempre ali à espreita,
esperando as “deixas” e “recompensas” certas aparecerem. A boa notícia é que
podemos criar novos hábitos e substituir os indesejáveis, fazendo com que o
ciclo “deixa”, “rotina” e “recompensa” seja alterado.

Sir Isaac Newton, o rei da produtividade


Para algumas pessoas, a dificuldade encontra-se em começar algo, para outras
encontra-se em finalizar. Eu, definitivamente, estou no segundo grupo. A maior
prova disso é este livro. Do último capítulo para este, demorei dois meses para
começar a escrever. A procrastinação bateu novamente, somada ao medo do
julgamento, novas ideias e projetos.
A procrastinação é algo comum tanto para aqueles que têm dificuldade de
começar como àqueles que têm dificuldade de encerrar. Porém, para ambos os
grupos, é o hábito e a disciplina que farão chegar aonde desejam.
“Você quer assumir o controle da sua vida e ser dono da sua história, mas não
sabe por onde começar?” Talvez o Sir Isaac Newton possa ajudá-lo.
“Você, provavelmente, já ouviu falar em algum momento das Leis de Newton,
correto?” Talvez não lembre, mas durante o seu ensino médio, você já teve
contato com o assunto em suas aulas de física.
Em 1687, Sir Isaac Newton******** publicou seu livro Princípios Matemáticos
da Filosofia Natural que descreveu suas três leis do movimento. Nesse livro,
Newton criou as bases para a mecânica clássica e redefiniu a maneira como o
mundo encarava a física e a ciência.
No entanto, o que a maioria das pessoas não sabe é que a 1ª Lei de Newton
pode ser usada como analogia para aumentarmos nossa produtividade. Relembre
essa lei.
“Todo corpo continua em seu estado de repouso ou de movimento uniforme
em uma linha reta, a menos que seja forçado a mudar aquele estado por forças
aplicadas sobre ele.” – Sir Isaac Newton.
Ou seja, objetos em movimento tendem a permanecer em movimento. Objetos
parados tendem a permanecer parados.
Essa lei de Newton, quando aplicada aos nossos objetivos, metas e sonhos faz
todo sentido.
Vai dizer que você nunca quis ir à academia, mas ao chegar à casa, sentou no
sofá, ligou a tv e, quando viu, já eram dez horas da noite... Ou que você sempre
quis empreender, mas tem tanta coisa para fazer que nunca conseguiu parar e dar
o primeiro passo... Ou que você nunca deixou para estudar para a prova apenas
um dia antes.
Essa ideia é reforçada também pelo jornalista e escritor norte-americano,
James Clear: “De muitas maneiras, a procrastinação é uma lei fundamental do
universo. É a primeira lei de Newton aplicada à produtividade. Objetos em
repouso tendem a permanecer em repouso.”
Todo mundo, em algum momento, tem dificuldade de começar algo. Nós até
sabemos o que devemos fazer, mas dar o primeiro passo é muito difícil. Isso
nada mais é do que a primeira lei de Newton aplicada à produtividade.
A boa notícia é que a lei de Newton funciona para o oposto também. Objetos
em movimento tendem a permanecer em movimento. Quando se trata de
produtividade, a ação mais difícil, muitas vezes, é conseguir começar. Depois de
começar, é muito mais fácil se manter em movimento.
“Então, qual é a melhor maneira de começar quando você está paralisado?”
Na minha experiência, a melhor coisa a se fazer é romper o mais rápido
possível a barreira da inércia. Ou seja, encontre algo que leve menos de um
minuto para ser feito e faça com que isso seja a primeira coisa a ser feita. Não
pense demais na linha de chegada ou no prazo. Concentre-se em iniciar sua ação.
Comece e aja rápido. Pense na sua próxima ação e então a faça.
Observe que você não precisa concluir sua tarefa. Na verdade, você nem
precisa trabalhar na tarefa principal. No entanto, graças à primeira lei de
Newton, muitas vezes, você descobrirá que depois de iniciar é muito mais fácil
seguir em frente.

O poder dos ambientes


O ambiente que nos encontramos influencia nossas vidas mais do que
imaginamos.
Eu cresci em uma cidade que é conhecida como um ovo. Todo mundo
conhece todo mundo. Sabe aquela máxima de que estamos a cinco conexões de
qualquer pessoa do mundo. Na minha cidade estamos a uma, pode ter certeza.
É praticamente impossível você sair e não encontrar um conhecido. Vai ao
shopping, alguém conhecido. Vai ao restaurante, alguém conhecido. Vai à igreja,
alguém conhecido.
Em cidades assim, os seus rótulos, muitas vezes, vêm antes de você. É o
sobrenome da família, onde estudou, o bairro que mora, onde trabalha, com
quem já “ficou”, tudo isso conta. Parece que todo mundo sabe um pouco de
você.
Realmente, o filósofo Rousseau estava certo: “a reputação precede o homem”.
Pelo menos é assim que eu me sentia... e, talvez, isso seja tão verdade, que
muitas vezes precisamos de mudanças drásticas de ambiente para podermos ser
nós mesmos. Sem carregar um histórico ou um fardo. Precisamos começar uma
história nova.
Talvez, esse seja um dos motivos que me fizeram mudar tanto de colégio. Não
porque eu era um mau aluno, aprontava... nem nada disso. Era porque aquele
ambiente já estava pequeno para mim. Não me entenda como arrogante. Não
quero dizer que somos maiores ou menores que nada. Apenas quero dizer que
nós mudamos e, com essa transformação, precisamos buscar novos horizontes.
Talvez você esteja se perguntando em qual cidade eu morava. Isso é
indiferente. Esse relato tenho certeza de que faz sentido para quem mora em uma
cidade de cinquenta mil habitantes, quinhentos mil ou cinco milhões.
Isso, porque não importa quão grande é onde você está. O mundo é gigante,
mas o seu mundo é reduzido, por isso precisamos fazê-lo girar e conhecer novos
horizontes. Você vive em uma bolha, onde o seu círculo social tem vários pontos
de intersecção, por isso sempre vai parecer que onde você está é um ovo –
porque, dentro do seu universo, ele realmente é... até você mudar de universo e o
ciclo se repetir.
E isso é muito louco.
Existem ambientes que já fizeram muito sentido para você e, hoje, não fazem
mais. Existem também ambientes que só de você entrar, você já sabe que tem
algo de errado e que aquilo não é para você. “Você já entrou em algum lugar e
sentiu um clima meio pesado?” Logo, você começa a se sentir sufocado e precisa
sair dali. Então, é isso. O ambiente pode fazer isto com você: ou sufocá-lo ou
jogá-lo para cima.
Mas, não sejamos inocentes. É claro que você também pode fazer isso com o
ambiente. É uma via de mão dupla. Você pode ser a pessoa que vai estragar o
ambiente ou deixá-lo melhor.
Porém, mudar o ambiente requer muita energia... e isso é desgastante.
Contudo, não existem muitos caminhos para seguirmos... Ou você pode deixar o
ambiente sufocá-lo e ir morrendo aos poucos com ele... Ou você pode não
aceitar o ambiente e sair dele... Ou você pode não aceitar o ambiente, mas não
ter opção de sair dele nesse momento e, então, tentar mudá-lo.
As pessoas do primeiro cenário morrem aos poucos e, quanto mais sufocadas
ficam, menos têm forças para agir, até elas se tornarem aquilo que mais temiam:
as suas piores versões.
As pessoas do segundo grupo são as que eu considero as mais privilegiadas ou
corajosas. Elas não têm problemas de largar tudo e se mudar.
Já as pessoas da terceira opção são as mais guerreiras, pois é necessária uma
dose tremenda de esforço para você tentar deixar o ambiente melhor. Afinal, não
conseguimos mudar as pessoas, apenas nós mesmos. Então, o primeiro passo
nessa situação é conseguir deixar o ambiente tolerável. Ganhar tempo...
oxigênio. Apenas após isso, será possível fazer mudanças mais significativas.
Quando eu falo de ambiente, considere não apenas ambientes como sua
cidade, casa ou trabalho. Todos os ambientes influenciam diretamente na sua
ambição, produtividade, confiança e identidade.
Antes de falarmos sobre mudar de ambiente, quero falar sobre transformar o
seu ambiente.
Não queira conquistar o mundo antes de arrumar a sua cama. Essa eu aprendi
com a minha vó. Nunca havia entendido o porquê de sempre me obrigarem a
arrumar a cama. Para mim, era muito simples, à noite vou me deitar nela
novamente, para que ter que arrumar para depois desarrumar? Mas, aqui está um
princípio muito importante: ao arrumarmos a cama como uma das primeiras
coisas do dia, concluímos uma tarefa e temos a sensação de dever cumprido, de
sermos úteis e assim já começamos o dia com uma pequena conquista.
Isso pode parecer papo de coaching motivacional, mas não é. Segundo um
estudo realizado pela Best Mattress Brand******** sobre se Arrumar a Cama de
Manhã Pode te Tornar Mais Feliz, 82% dos entrevistados dizem que têm um dia
mais produtivo depois de arrumar a cama. Outro número que chamou atenção é
que 74% das pessoas que arrumam a cama sentem que seus dias são bons contra
apenas 50% dos que deixam suas camas bagunçadas. Além disso, o estudo
mostrou que aqueles que arrumam a cama todas as manhãs também tendem a ter
hábitos mais saudáveis, como organização, alimentação e normalmente dormem
melhor.
Em um discurso de formatura, na Universidade do Texas, William H.
McRaven, autor do livro Arrume sua cama: pequenas atitudes que podem mudar
sua vida... e talvez o mundo, disse aos alunos que a importância de arrumar a
cama todos os dias era uma das lições mais poderosas que ele aprendeu durante
seu tempo como Navy SEAL.
Ele disse: “Se você arrumar sua cama todas as manhãs, terá cumprido a
primeira tarefa do dia. Isso lhe dará um pequeno sentimento de orgulho e o
encorajará a realizar outra tarefa, e outra e outra. E até o final do dia em que uma
tarefa concluída terá se transformado em muitas tarefas concluídas.”
Ou seja, se você não possui um ambiente próprio para conseguir fazer o que
tem de ser feito, você não conseguirá iniciar sua atividade ou performá-la bem.
Você não conseguirá escrever seu livro, com a sua mesa bagunçada e cheia de
papéis; você não conseguirá emagrecer se deixar bolachas recheadas e
salgadinhos em uma altura fácil de pegar a qualquer momento e você não irá
beber dois litros de água por dia se tiver que levantar a cada hora para pegar um
copo.
James Clear, novamente, autor do livro Atomic Habits, traz um outro estudo
de caso que mostra a importância do ambiente em nossas escolhas. A
pesquisa******** foi realizada pela Anne Thorndike, médica de cuidados primários
do Hospital Geral de Massachusetts, em Boston, na qual acreditava que poderia
melhorar os hábitos alimentares de milhares de funcionários e visitantes do
hospital sem falar com eles. Para isso, ela e seus colegas realizaram um estudo
de seis meses para alterar a “arquitetura de escolha” da cafeteria do hospital.
A primeira ação que eles fizeram foi alterar a forma como as bebidas eram
distribuídas na cafeteria. Inicialmente, as geladeiras encontravam-se ao lado das
caixas registradoras da cafeteria, tendo apenas refrigerantes. Como parte do
experimento, os pesquisadores adicionaram água como uma nova opção nas
geladeiras. Além disso, eles espalharam cestas com água ao redor de toda sala,
fazendo assim com que refrigerantes ainda estivessem nas geladeiras primárias,
mas agora havendo água disponível em vários outros locais.
A imagem abaixo mostra como era a sala antes das mudanças (Figura A) e
depois das mudanças (Figura B). As caixas escuras indicam áreas onde garrafas
de água estão disponíveis.

Nos três meses seguintes, após o início do experimento, o número de vendas


de refrigerantes no hospital caiu 11,4%. Enquanto isso, as vendas de água
aumentaram 25,8%.
Em termos de produtividade e conquistarmos nossos objetivos, mais do que
tentarmos mudar as pessoas, precisamos mudar o ambiente. Se conseguirmos
fazer isso, começamos a ganhar mais oxigênio, produtividade e, assim, novas
mudanças começarão a surgir para você. Em seguida, talvez, apenas talvez, se as
pessoas ao seu redor virem as mudanças pelo seu exemplo e tiverem um
ambiente favorável, elas desejarão mudar. Mas, isso é um problema delas. Você
nunca conseguirá fazer com que as pessoas queiram trocar o refrigerante pela
água, mesmo você sendo um exemplo e criando um ambiente propício para isso,
são elas que têm de querer.
Isso nos leva ao segundo ponto: existem momentos que, mesmo com as
mudanças, você conseguindo aceitar o ambiente que está e até mesmo gostar,
você precisará mudar de ambiente.
Essa decisão não só pode ser difícil, como será. Afinal, foi difícil conquistar
tudo que você conquistou até aqui para simplesmente mudar. Mas nós mudamos,
e conosco vêm novos sonhos, projetos e desejos. E você precisa andar com
pessoas que se encaixam no seu futuro, não na sua história. Essa diferença pode
parecer sutil, mas não é.
Você saberá quando precisar mudar. Preste atenção na sua intuição,
pensamentos, humor e corpo. Eles mandarão sinais, não deixe de ouvi-los, pois o
tempo passará, e se você não mudar de ambiente, esse que você construiu e está
agradável agora, começará a sufocá-lo.
O ambiente influencia-o e você influência o ambiente. Quem ganhará esse
cabo de guerra?
VOCÊ PRECISA ANDAR COM
PESSOAS QUE SE ENCAIXAM NO
SEU FUTURO, NÃO NA SUA
HISTÓRIA. ESSA DIFERENÇA
PODE PARECER SUTIL, MAS NÃO
É.
O presidente mais produtivo
de todos os tempos
Até hoje, não entendi por que a palavra “prioridade” tem plural –
“prioridades”. Para mim, isso não faz sentido. Se você tem duas ou mais
prioridades, uma tem de vir primeiro, ou seja, essa é prioridade.
Papo de doido, eu sei. Mas a verdade é que a palavra “prioridade” surgiu por
volta dos anos 1400, e apenas por volta de 1900 passou a existir no plural, mas
isso nunca deveria ter acontecido.
As pessoas, ao quererem ser mais produtivas, começaram a definir diversas
prioridades, mas na verdade deixaram de lado a essência do conceito.
“Prioridade” é singular, vem de priori, de primeira coisa.
A prioridade é sempre aquilo que é mais importante, ou seja, se você tem duas
ou mais prioridades e, em algum momento tiver de escolher, essa sim é a sua
única prioridade. Reflita sobre o pensamento abaixo:
“A excelência não é sobre fazer mais, mas sim sobre reduzir o que não é
essencial” – Bruce Lee.
No entanto, na prática, a vida não é assim. No dia a dia, nós temos cinquenta
e-mails na nossa caixa de entrada ainda não lidos, mais de trinta mensagens no
WhatsApp, esperando uma resposta, inúmeros projetos sendo executados, além
de precisarmos nos manter atualizados, aprender um novo idioma, cuidar da
saúde, beber dois litros de água e ver nossos amigos. A nossa vida requer
prioridades, cada uma em seu momento, o grande segredo é saber diferenciar
quando é a vez de cada uma entrar em ação.
Então, se você, assim como eu, possui inúmeras prioridades na vida, tendo
muitas coisas para fazer, o ex-presidente americano, Dwight D. Eisenhower,
poderá ajudá-lo.
Eisenhower foi o 34º presidente dos Estados Unidos********, cumpriu dois
mandatos, de 1953 a 1961. Durante os seus mandatos, desenvolveu programas
que criaram diretamente a internet (DARPA), a exploração do espaço (NASA) e
o uso pacífico de fontes alternativas de energia (Lei de Energia Atômica).
Antes de se tornar uma das pessoas na posição mais poderosa do mundo, ele
já havia sido general de cinco estrelas do Exército Americano, tendo comandado
as Forças Aliadas na Europa, durante a Segunda Guerra Mundial. Ele também
foi presidente da Universidade de Columbia e primeiro-comandante supremo da
Organização do Tratado do Atlântico Norte – OTAN, principal aliança militar
ocidental.
Ter esses níveis de resultados provam que o ex-presidente era uma pessoa fora
de série e muito produtiva, o que deveria exigir uma dose incrível de disciplina e
um sistema de como organizar sua rotina.
Diz a lenda******** que a matriz abaixo foi atribuída a Dwight D. Eisenhower,
que uma vez disse: “O que é importante, raramente é urgente, e o que é urgente,
raramente é importante.”
Apesar de não sabermos ao certo se a matriz foi realmente desenvolvida pelo
ex-presidente, não há muitos questionamentos sobre a habilidade dele em
gerenciar o tempo... e, esse é o motivo pelo qual o sistema da Matriz de
Eisenhower existe até hoje.
A Matiz de Eisenhower é um jeito fácil de definir como priorizar suas tarefas
de modo que as mais importantes não sejam deixadas de lado pelas que
aparecem de repente ou que são urgentes.
A ideia é que todas as suas tarefas possam ser distribuídas em quatro
quadrantes, com dois eixos: um de Importância e outro de Urgência.
Pense em todas as coisas que você precisa fazer hoje. “Como você
normalmente decide por qual começar?” “Você tende a deixar a mais difícil por
último ou prefere começar por ela?” “Ou você é o tipo de pessoa que começa por
algo fácil para já riscar da sua lista e ter a sensação de que está avançando?”
“Será que essa tarefa rápida deveria ter sido feita por você ou você a fez como
motivo de evitar fazer o que realmente deveria ser feito?”
A Matriz de Eisenhower poderá ajudá-lo a descobrir quais atividades você
deve gastar energia e quais você deve até mesmo não fazer. Perceba:
Quadrante 1 – “Deve ser feito imediatamente”
Tipo: Urgente e importante
Essas são as tarefas que precisam de atenção imediata. Elas possuem prazos
curtos e um nível de importância alto. Normalmente, esse tipo de tarefa existe
por dois motivos:

A primeira razão de ela existir é porque essa atividade sempre foi


importante, mas, devido a você ficar se enrolando, o tempo foi
passando e chegou ao momento em que: ou você fazia ou iria
acontecer algum problema.
Já a segunda razão de ela existir é devido a fatores externos que não
temos controle, tais como: é o nosso chefe pedindo um relatório em
cima da hora; um acidente com algum familiar ou uma nova
oportunidade que acabou de surgir.

Quadrante 2 – “Decidir quando será feito”


Tipo: Importante, mas não urgente
Essa é uma seção estratégica da matriz, perfeita para o desenvolvimento a
longo prazo. Itens que se enquadram aqui são importantes, mas não necessitam
da sua atenção nesse exato momento.
Mas, aqui é onde ocorre o maior risco e precisamos estar sempre atentos.
Normalmente, tudo que é importante em nossas vidas, tendemos a pensar e a
procrastinar demais, fazendo com que uma coisa importante, com o passar do
tempo, torne-se: ou urgente ou um fardo.
Liste todos os seus projetos importantes, quebre-os em pequenas atividades e
reserve um tempo na sua agenda para realizar todas essas tarefas. Não espere até
o último instante para ter de fazê-las. Se algo é importante para você, comece
hoje mesmo.
Quadrante 3 – “Delegar para outra pessoa”
Tipo: Urgente, mas não importante
Ligações, e-mails e reuniões de última hora ficam nesse quadrante. Esses tipos
de tarefas, normalmente, são as que mais aparecem no dia a dia. Muitas vezes
elas surgem como demanda dos outros e, quanto mais as fazemos, mais novas
tarefas urgentes surgem.
Para quase todo e-mail que você envia, você receberá um novo e-mail, o qual
precisará ser respondido, exigindo de você uma nova tarefa. O mesmo é válido
para mensagens, telefonemas e reuniões.
É neste quadrante que muitas vezes nos enganamos, achando que estamos
sendo produtivos. Ficamos a manhã inteira entre reuniões, e-mails e mensagens,
que temos a sensação que já realizamos muitas coisas. E, talvez, em termos de
volume, isso seja verdade. Mas o ponto é que, provavelmente, essas várias coisas
feitas, não nos levarão a alcançar os objetivos que realmente importam.
A sua prioridade neste quadrante é reduzir o maior número possível de
atividades, sem ter de fazê-las. É claro que é impossível não ter nenhuma
atividade neste quadrante, mas quanto mais você conseguir delegar, melhor será
para a eficiência do seu dia.
Quadrante 4 – “Pode ser feita mais tarde ou não deve ser feita”
Tipo: Não é importante, nem urgente
Atividades que entram neste quadrante são as que acabam com o nosso tempo
e não agregam nenhum valor. Eu sei que é legal ficar vendo os stories e posts de
nossos amigos no Instagram ou ficar enviando figurinhas e memes no
WhatsApp, mas o que você está fazendo é simplesmente procrastinar e evitar o
que deve ser feito.
Gastamos muito tempo com essas atividades. Basta abrir seu celular agora
mesmo, ir até as configurações e ver quanto tempo você passa mexendo no
celular. Depois disso, veja quanto tempo você gasta em cada aplicativo. Tenho
certeza de que você irá se surpreender. A boa notícia é que, hoje, os celulares
têm a opção de você bloquear os aplicativos depois de quantos minutos você
estipular que seria o ideal. A má notícia é que mesmo o celular bloqueando, com
poucos cliques você consegue burlar o sistema e estar mexendo novamente. Não
que eu faça isso.
As tarefas que se encontram neste quadrante nos impedem de realizarmos as
tarefas mais urgentes e importantes dos primeiros dois blocos. Aqui, quanto mais
você conseguir evitar e retirar esse tipo de atividade do seu dia a dia, melhor.
Não se iluda, achando que todos os dias você irá desenhar os quatro
quadrantes em um papel e dividir suas atividades certinho em prioridades. Isso é
utópico. Você dificilmente conseguirá fazer isso. Saiba que tudo que é grande e
importante, você irá procrastinar até virar urgente ou dar “merda”. O que é inútil,
você vai querer fazer porque lhe dará a falsa sensação de estar avançando. E, o
que precisa ser delegado, você vai puxar para você, ou porque você acha que
ninguém conseguirá fazer tão bem quanto você ou porque você pensará “é bem
rapidinho, deixa que eu mesmo faço”.
A Matriz de Einsehower tem a sua importância, mas o fundamental é você
conseguir dividir sua rotina entre o que é importante e urgente, só assim você
conseguirá estar mais perto de atingir seus sonhos.

Warren Buffett, muito além de um


investidor
Se você nunca tinha ouvido falar do ex-presidente norte americano Dwight D.
Eisenhower, muito provável, você já tenha escutado em algum momento o nome
de Warren Buffett.
Constantemente presente nas listas das pessoas mais ricas do mundo e com
um patrimônio avaliado em mais de 80 bilhões de dólares, um dos investidores
mais importantes do mercado financeiro global, Buffett, com certeza, tem muito
a ensinar sobre como gerir nosso dinheiro e, principalmente, tempo.
Uma das estratégias de produtividade mais efetivas que já coloquei em prática
é a desenvolvida pelo investidor, conhecida como A Estratégia das 2
Listas********. A estratégia ficou conhecida mundialmente depois que o
empresário e fundador da organização Live Your Legend, Scott Dinsmore, bateu
um papo com Mike Flint, piloto particular de Warren Buffett por 10 anos, e
divulgou os aprendizados em seu blog.
Segundo Flint, ele estava falando sobre suas prioridades de carreira com
Buffett quando ele pediu que fizesse um exercício composto por três etapas. São
elas:

1ª Etapa: Buffett começou pedindo a Flint que escrevesse em uma


folha seus 25 principais objetivos de carreira. Então, Flint levou
alguns minutos e anotou todos os itens que considerava importante.
2ª Etapa: Então, Buffett pediu a Flint que analisasse sua lista e
circulasse seus 05 principais objetivos. Mais uma vez, Flint analisou a
lista e depois de alguns minutos decidiu seus cinco objetivos mais
importantes.
3ª Etapa: Com isso, Flint ficou com duas listas. Uma lista com os 05
principais objetivos, vamos chamá-la de Lista A, e uma lista com os
20 itens restantes, vamos chamá-la de Lista B.

Buffett aconselhou que Flint começasse a trabalhar nos cinco principais


objetivos. Logo em seguida, o investidor perguntou: “O que você vai fazer com a
sua Lista B? Quais são os seus planos para essas metas?”
Flint respondeu: “Bem, os 05 principais são o meu foco, mas os outros 20 vêm
logo em seguida. Eles ainda são importantes, por isso vou trabalhá-los conforme
for conseguindo. Eles não são urgentes, mas vou investir algum tempo neles”.
Foi então que Buffet deu um conselho muito valioso: “Você entendeu errado,
Flint. Tudo que você não circulou se tornou uma lista para ser evitada a todo
custo. Não importa o que aconteça, a tua Lista B jamais deve começar a ser
trabalhada enquanto a tua Lista A não estiver concluída”.
A estratégia do Warren Buffet é brilhante, pois é muito fácil para nós
ignorarmos coisas que não queremos ou que tiram nossa atenção, o que é difícil
mesmo é ignorar coisas que são importantes para nós, mas não tanto quanto
outras coisas.
Os itens seis a vinte e cinco da sua lista são importantes para você. É muito
fácil justificarmos o tempo que gastamos com eles. Mas, quando comparamos
aos nossos cinco principais objetivos, esses itens são distrações. Gastar tempo
com prioridades secundárias é o motivo pelo qual você tem vinte projetos
semiacabados, em vez de cinco concluídos.
Precisamos ter coragem de eliminarmos ou deixarmos de lado coisas que
queremos para focarmos nas coisas que queremos muito.
Então, pare um tempo, liste todas as coisas que você quer alcançar nos
próximos anos, ou neste ano ou até mesmo neste mês. Faça duas listas... e, só
comece a buscar a alcançar suas novas metas, quando atingir as cinco primeiras.

Ações valem mais do que ouro


Você deve conhecer pessoas menos inteligentes, com menos recursos e mais
limitadas que estão conquistando tudo o que você sempre sonhou. O que as
diferencia de você não são seus talentos, sorte ou dinheiro, são suas ações.
Pare de procrastinar, entenda quais são os seus gatilhos para os maus hábitos e
mude-os. Lembre-se de que corpos parados tendem a permanecer parados e
elimine a primeira barreira que está evitando você de começar algo. Trabalhe
duro, mas de forma inteligente. Saiba o que é importante e o que é urgente para
você e para as outras pessoas. Priorize projetos, você não dará conta de tudo. Ser
multitarefa é um mito. Uma atividade por vez, tenha paciência. Na dúvida entre
aprender mais um pouco e fazer – faça. Seu problema não é a falta de
conhecimento, é a falta de confiança, você já sabe o suficiente, só falta arregaçar
as mangas e começar a pôr a mão na massa.
VOCÊ NÃO CHEGOU ATÉ AQUI
PARA DESISTIR.
******** Disponível em<https://patrikedblad.com/habits/>. Acesso em:12.08.20
******** Disponível em:< https://www.amazon.com.br/poder-do-h%C3%A1bito-Charles-
Duhigg/dp/8539004119>. Acesso em: 20.08.20
******** Disponível em:< https://jamesclear.com/physics-productivity>. Acesso em:12.08.20
******** Disponível em:< https://bestmattress-brand.org/making-the-bed/>. Acesso em:11.08.20
******** Disponível em:< https://jamesclear.com/choice-architecture>. Acesso em:11.08.20
******** Disponível em:< https://jamesclear.com/eisenhower-box>. Acesso em:18.08.20
******** Disponível em:< https://evernote.com/blog/pt-br/trabalhe-melhor-com-a-matriz-de-
eisenhower/#:~:text=Diz%20a%20lenda%20que%20a,Eisenhower%20no%20gerenciamento%20de%20tempo.
Acesso em:18.08.20
******** Disponível em<https://jamesclear.com/buffett-focus>. Acesso em:11.08.20
enha metas tão grandes que façam você se sentir desconfortável ao ter

T de contar para algumas pessoas.


Antigamente, eu me sentia um peixe fora do aquário. Quando eu era
criança, meu sonho era viver do que eu mais amava: jogar futebol. Sonho bem
típico de nove em cada dez meninos brasileiros. Eu passava todos os dias
jogando futebol. Se não fosse antes da aula, chutando a bola na parede da casa
da minha vó e driblando o meu cachorro, era nos intervalos da aula com uma
bola improvisada com folhas de papel, ou, então, após a aula na escolinha de
futebol. Isso sem contar quando eu não ia jogar na casa dos meus amigos, no
parque aos finais de semana e nos campeonatos da escola. Honestamente, não
me lembro de algo que eu quisesse tanto ser e que me dedicasse tanto quanto
jogar futebol. Mas, não era apenas isso. Desde criança, eu sonhava não apenas
com o futebol, mas também em jogar em grandes clubes, como o Barcelona e
defender a Seleção Brasileira.
Sonho esse que talvez tenha sido estimulado por crescer, assistindo a Ronaldo,
Rivaldo, Kaká e Ronaldinho Gaúcho, ou talvez pela busca de aprovação externa
que uma criança, constantemente, busca por meio de seus atos ou talvez pela
inocência de simplesmente ser uma criança e ter sonhos audaciosos.
Acredito que uma das coisas mais puras de ser criança é sonhar. As crianças
não aceitam serem medíocres nem se contentam com pouco. Você nunca ouvirá
uma criança dizendo que quer ser o coadjuvante de um filme de super-heróis,
todos querem ser o herói. E o melhor de tudo, sempre há espaço para mais de
uma criança ser o herói. A prova disso: apenas as observe, brincando. Para elas,
não tem problema existirem dois Homens de Ferro, três Mulheres-Maravilhas ou
cinco Batmans. O protagonismo faz parte de ser criança e cada uma sabe que
tem dentro de si o potencial necessário para salvar o mundo.
O problema é que, quanto mais vamos crescendo, mais vamos aceitando o
ordinário. A vida começa a mostrar que ser jogador de futebol não é tão fácil
assim... e, jogar no Barcelona é algo muito improvável. Aquele desejo de querer
buscar ser o melhor e querer coisas grandes começa a sumir a cada aniversário
que fazemos. Você começa a se contentar em fazer a sua obrigação, tirar boas
notas na escola, ajudar em casa e ser uma boa pessoa. E é isso.
Muitos deixam o desejo de fazer e conquistar coisas incríveis morrerem.
Alguns o deixam ali parado, anestesiado. Já outros, bem poucos, continuam com
aquela chama acessa, mas eles a querem só para eles, não existindo outra pessoa
que possa ser o super-herói com ela e, assim, acabam se queimando com a
ganância. Por fim, existem aqueles que também não deixam a chama apagar,
mas que a transformam em uma fogueira, e começam a trazer cada vez mais e
mais pessoas para se esquentar, pois a vontade de fazer algo grande começa
pequena, porém vai ganhando forma com o passar do tempo.
As pessoas do primeiro grupo estão atualmente vivendo no piloto automático.
Por algum motivo, e aqui podem existir milhares de razões, elas pararam de
acreditar nelas mesmas. Elas se contentaram em acordar, ir trabalhar e voltar
para casa. Pagar boletos, “curtir” o final de semana e tirar férias por 30 dias. Ano
após ano. Quando questionadas se a vida está boa, a reclamação é a primeira
coisa que surge. Elas não conseguem ver alternativas para mudar isso. Os seus
horizontes estão limitados. Elas perderam a capacidade de ver além daquilo que
vivem. Quando alguém com sonhos e projetos ambiciosos compartilha com elas,
as reações são sempre negativas. Elas questionam com um “Para que querer tudo
isso?”, ou com um comentário para diminuir seu sonho ou com alguma história
de alguém que não conseguiu. A maior parte dessas pessoas não fazem isso por
mal, elas simplesmente estão descrentes da vida. A última vez que elas
conseguiram imaginar uma vida tão excitante foi quando eram crianças. Depois
disso, elas foram atropeladas por deveres, responsabilidades e boletos. E não se
engane que pessoas assim têm uma idade específica, eu conheço pessoas de
quinze a oitenta e dois anos que têm esse exato comportamento.
As pessoas do segundo grupo têm os mesmos comportamentos das do
primeiro. Porém, a diferença é que elas têm lapsos de quererem mudar.
Normalmente esses lapsos acontecem quando elas têm contato com algo de fora
das suas rotinas, algo estimulante. Isso pode ser um filme, uma conversa com
alguém no trabalho ou uma palestra. Mas, esses lapsos geralmente são seguidos
de uma voz interna em suas cabeças de que elas não são boas o suficiente, que a
vida é uma “merda”, e que isso não é para elas. Pensamentos como: “Quem sou
eu para querer algo assim? Preciso focar na minha realidade”, acontecem com
frequência. E, quando essa voz não é seu próprio julgamento, é a voz de alguém
ao seu redor – um amigo, um parente ou alguém do seu círculo social. Essas
pessoas estão em um limbo entre serem ambiciosas, acreditarem nelas, saírem de
suas zonas de conforto e aceitarem suas circunstâncias, viverem uma vida
frustrada e deixarem suas luzes apagarem. Ainda há esperança aqui. Mas, para
mudar, haverá inúmeras batalhas... consigo mesmo, com o ambiente em que está
inserido, com as circunstâncias que a vida apresentará, com as pessoas ao redor e
muito mais.
As pessoas do terceiro grupo são aquelas que não deixaram a chama apagar.
Elas a cultivaram e fomentaram. Essas pessoas possuem sonhos grandes e,
possivelmente, estão no caminho para alcançá-los, porém seus motivos não são
genuínos. O ego tomou conta completamente. Não existe nada de errado em
querer coisas grandes. Porém, a linha entre a ganância e a ambição é muito
tênue, sendo o propósito o que rege a principal diferença aqui. Talvez, tanto os
gananciosos quanto os ambiciosos possam ter resultados extraordinários e
mudarem o mundo. Mas, um fará por si próprio, e o outro fará por si e pelos
outros, sendo os outros a parte mais importante da equação.
Por fim, o último grupo são aquelas pessoas que querem mudar o mundo,
querem descobrir a cura do câncer, querem ser presidentes, querem voos cada
vez mais altos. Esse grupo tem medo da sua luz, mas entende que está aqui para
servir e buscar algo maior. São aquelas pessoas que são chamadas de loucas, mas
não desistem, pois sabem que loucura mesmo é não escutarem seus propósitos.
Eu quero viver e passar a maior parte do meu tempo com as pessoas do último
grupo, as que têm ambição e vontade de fazer coisas diferentes, coisas grandes.
É claro que você pode transitar entre os grupos. Existem pessoas brilhantes,
ambiciosas e cativantes que ficaram com depressão e estão na situação do
primeiro grupo. Assim como existem pessoas que saíram de situações assim e
estão no quarto grupo.
Outra coisa que ficou bem evidente para mim em relação à ambição é
referente à cultura em que você está inserido.
Em janeiro de 2015, eu tive a oportunidade de fazer a minha primeira viagem
internacional. Sempre tive o sonho de viajar e conhecer o mundo. E, no dia 04 de
janeiro daquele ano, desembarquei pela primeira vez em um novo país. A cidade
que me recebeu e abriu a minha cabeça para o mundo foi São Francisco, na
Califórnia, coração do Vale do Silício, onde ficam as principais empresas de
tecnologia do mundo.
Desembarquei nessa cidade de clima ameno, que raramente chove, e fui
recebido por uma cultura totalmente diferente da que eu cresci no Brasil. Os
primeiros dias foram destinados a desbravar a cidade, fazia tudo a pé, para
conseguir ver e apreciar tudo aquilo que estava vivendo. Após 4 dias de passeio,
peguei um trem e me mudei para Palo Alto, cidade próxima de São Francisco,
para estudar. Eu havia acabado de pedir demissão do Grupo Boticário e me
mudado para o Vale do Silício a fim de fazer dois cursos na Universidade de
Stanford.
Se der medo, vai com medo mesmo.
Todos os meus dias em Palo Alto foram muito marcantes. Já no meu primeiro
dia tive um tapa na cara sobre ambição. Eu havia alugado uma cama em uma
Hacker house pelo Airbnb. Hacker house nada mais é do que um nome chique
para uma casa compartilhada por várias pessoas. No meu caso, eu tinha uma
cama em um quarto dividido com mais três pessoas. Ao todo, eram em média
umas 14 pessoas que viviam na casa. Mas, o mais interessante é que,
semanalmente, mudavam praticamente todos os moradores, pois eles estavam lá
com algum objetivo específico e pontual.
SE DER MEDO, VAI COM MEDO
MESMO.
No meu primeiro dia, o Airbnb ia fazer algumas fotos oficiais da casa, e os
moradores que estavam lá tinham de ficar das 17h às 19h fora de casa. Como eu
havia chegado à casa com as minhas malas fazia apenas uma hora, aceitei o
convite do pessoal para ir jantar e fui a um restaurante italiano com eles.
Conversa vai, conversa vem, eu me apresentei e contei o porquê de estar lá, disse
que iria estudar em Stanford... todos foram se apresentando para mim e contando
também o motivo de estarem lá. E, foi naquele momento que o primeiro choque
de realidade aconteceu. Nesse jantar, eu conheci uma jovem do Reino Unido que
estava lá para fazer uma entrevista de emprego no Facebook, porém não sabia se
aceitava o emprego ou se seguia para seu doutorado em Cambridge; tinha um
rapaz que foi buscar investimento para sua startup, sediada em Lyon; tinha
também um PhD em física que estava lá para entrevistas, a fim de ser professor
nas principais Universidades do mundo... e assim por diante. O nível de
conquistas dessas pessoas e objetivos futuros era algo que eu nunca tinha visto
em minha vida. De verdade, depois daquele jantar, eu saí realmente me sentindo
um “bosta” e vendo que eu tinha muito para aprender.
No dia seguinte, eu resolvi conhecer o campus, fazer minha carteirinha da
biblioteca e comprar alguns materiais antes de começarem as aulas. Então, mais
alguns dias se passaram, as aulas começaram e um novo grande choque
aconteceu. Nas primeiras semanas de aula, havia uma espécie de feira de
recrutamento de algumas das principais empresas do mundo. Google, LinkedIn,
Twitter e diversas outras empresas globais estavam lá, buscando recrutar os
alunos. Em uma das conversas com os recrutadores, ficou clara a dificuldade
deles com o recrutamento. Para mim, aquilo era muito estranho, afinal, quem
não gostaria de trabalhar no Google, em Mountain View. Mas, para a minha
surpresa, muito dos alunos não queriam. Todos tinham objetivos e ambições
aparentemente maiores do que trabalhar nas principais empresas globais. Eles
queriam fundar suas próprias empresas, encontrar a cura do câncer e serem
presidentes. E, foi assim que, mais uma vez, eu percebi o quão o nível da régua
lá era muito mais elevado do que qualquer nível já vivido por mim.
Uma das coisas que me chamou muito a atenção foi que lá eles não têm
nenhuma dificuldade de contar abertamente quais são suas ideias, objetivos e
planos. Lá eles acreditam que quanto maior o número de pessoas souber sobre o
que você quer fazer, maior o número de pessoas alinhadas com aquilo que você
acredita irá atrair. Eles não têm vergonha de contar suas ideias mirabolantes, e,
embora talvez não faça sentido para aquela pessoa, não é a ideia ou o tamanho
dela que assusta. Simplesmente só não faz sentido, porque essa pessoa está
focada em outra área de atuação. A ambição lá é algo natural. Não intimida. É a
regra. Talvez, lá, eu me sentisse à vontade em dizer que meu sonho era jogar no
Barcelona.

As duas faces da mesma moeda


Sem dúvida alguma, ambição é um conceito que divide as pessoas.
As origens dessa palavra e como isso ajudou as pessoas a subirem ao topo é
algo que as pessoas vêm se perguntando há séculos. Há referências à ambição
nas peças de Shakespeare, nos textos filosóficos gregos e até na Bíblia.
Algumas pessoas acreditam que ela é responsável pelo progresso.********
Aqueles que possuem esse forte desejo estabelecem metas, agem e constroem
coisas significativas. Sem esse sentimento, nada seria possível. Nesse sentido,
ambição é sinônimo de visão.
Outras pessoas acreditam que ela é responsável pela corrupção. Sendo assim,
pessoas ambiciosas tiram proveito dos outros, enganam e fazem de tudo para
conseguir o que querem. Sem ela, o mundo seria um lugar muito melhor. Nesse
sentido, ambição é sinônimo de ganância.
A ambição como chave para o sucesso no mundo dos negócios é normalmente
vista como uma característica ocidental********, sendo cultivada em sua melhor
forma nos Estados Unidos. Já em algumas culturas asiáticas, é comumente
reprimida, e é através dela que surgiu um dos mais famosos provérbios chineses:
“o prego que se destaca é martelado primeiro”. Porém, a ambição é a chave do
sucesso em todos os lugares, embora de formas ligeiramente diferentes.
Eu, realmente, acredito que a ambição pode estar envolvida tanto para o bem
como para o mal. As duas faces da mesma moeda. No entanto, vejo que o grande
problema relacionado à ambição está diretamente ligado ao nosso ego.
Scott Young cita em seu artigo, A ambição é uma coisa boa? Reflexões sobre
o esforço sem egoísmo, que pessoas ambiciosas podem possuir algumas
características – umas boas, outras mais questionáveis – sendo as características
que mais predominam são as responsáveis sobre o tipo de ambição que a pessoa
possui, ou seja, se isso irá beneficiar somente a ela ou o mudo ao seu redor.
A primeira característica é a confiança – ingrediente comum em pessoas
ambiciosas. Acreditar que é possível fazer coisas grandes e difíceis é o primeiro
passo para qualquer tipo de ambição.
A segunda característica é ter uma visão do que deseja criar ou de onde deseja
chegar. Ser capaz de imaginar algo novo ou você naquela situação é fundamental
para conseguir alcançar.
A terceira característica é a persistência. Nenhuma pessoa que possui
objetivos ambiciosos terá sucesso sem lidar com inúmeros problemas, brigas e
desafios. Esses desafios ficam mais difíceis a cada nova etapa e, caso você pare
em qualquer obstáculo, não alcançará o que deseja.
Essas três qualidades parecem bastante positivas em qualquer pessoa, ou pelo
menos não obviamente negativas. No entanto, a ambição também pode estar
ligada a algumas outras características.
A quarta característica é a ganância. Pessoas ambiciosas geralmente querem
mais que as outras, e isso pode ser bom e ruim. Esse desejo de buscar cada vez
mais pode levar a boas ações, mas também pode corroer por dentro, fazendo
com que as pessoas fiquem insatisfeitas facilmente com o que agradaria pessoas
normais, levando à ganância.
A quinta característica é a imoralidade. A ambição também pode ser vista em
pessoas que estão dispostas a causar danos aos outros ou a sacrificar outros
valores para alcançar seus objetivos. Em casos moderados, é a pessoa que
trabalha sem parar e negligência sua família. Em casos extremos, é a pessoa que
trairá um amigo ou prejudicará pessoas inocentes para alcançar seu objetivo.
Meu sentimento é que a ambição do bem tende a promover as três primeiras
características, enquanto minimiza as duas últimas.
Confesso que não sei se é possível obter uma motivação 100% genuína, que
só pense no bem dos outros. Se pararmos para analisar, muitos comportamentos
que consideramos virtuosos escondem um interior egoísta. Ser gentil com as
pessoas, fazer doações e ajudar as pessoas podem se resumir a um motivo
egoísta bem profundo da nossa consciência. Afinal, quando fazemos isso, nos
sentimos muito bem.
Independentemente de ser esse o caso, acho que definitivamente existem
diferentes motivações. E, mesmo que todas elas tenham algum fundamento
egoísta, quer nós percebamos ou não, existe uma grande diferença entre fazer
caridade no desejo inconsciente de parecer generoso e de passar por cima dos
outros para enriquecer a si mesmo.
Neel Burton,******** psiquiatra e autor do Livro Heaven and Hell: The
Psychology of the Emotions, comenta: “Em média, pessoas ambiciosas alcançam
níveis mais altos de educação e renda, constroem carreiras de maior prestígio e
relatam níveis gerais mais altos de satisfação com a vida. Sendo muitas das
maiores realizações do homem produtos ou acidentes de sua ambição.”
A chave é perseguir uma ambição do bem e saudável. Burton afirma que
“Pessoas com um alto grau de ambição saudável são aquelas com resiliência e
força para controlar as forças cegas da ambição, moldando-a para que ela
corresponda aos seus interesses e ideais. Essas pessoas utilizam-se da ambição
como uma chama para fazê-las alcançarem o que desejam sem queimá-las e
também aos que as rodeiam”.
Nessa altura, você já deve ter notado que eu sou a favor de que você tenha
ambição na vida, certo? Confesso que sempre senti muita falta de encontrar um
ambiente aberto em que eu pudesse falar sobre isso sem medo de ser julgado ou
mal interpretado, como: arrogante, metido ou sonhador. Nunca tive essa
oportunidade em casa, na escola nem mesmo nas multinacionais que passei. E,
por mais difícil que possa ser, encontrar pessoas que compartilhem visões de
mundo similares as suas é muito instigante. Por isso queria listar seis
características das pessoas ambiciosas que encontrei na minha vida e que as acho
fundamentais para ser uma pessoa do quarto grupo – aquele que cultiva a chama
de quando criança dentro de si e consegue alcançar seus planos de conquistar o
mundo. Vamos entender que seis características são essas:
1ª — Pessoas ambiciosas estabelecem metas e as compartilham.
Evidentemente, não tem como saber se alguém é ambicioso sem que a pessoa
demonstre de alguma forma quais são seus planos. Mas, todas as pessoas
ambiciosas que eu conheci tinham um objetivo e um propósito maior, alinhados
com metas claras no curto prazo... e entenda “curto prazo” aqui como pelo
menos um ano. Ou seja, elas sabiam aonde queriam chegar nessa fase de suas
vidas e como mensurar se estavam avançando. Além disso, todas elas não
tinham nenhuma dificuldade de compartilhar seus objetivos e planos de ação
com as pessoas. Elas tinham claro que, ao compartilhar, receberiam feedbacks e
poderiam surgir conexões e sinergias, fazendo com que seus objetivos fossem
atingidos de maneira mais rápida e eficiente.
2ª — Pessoas ambiciosas estão dispostas a assumir riscos.
“Você já ouviu aquele ditado Go Big or Go Home?” Em uma tradução para o
português seria algo como “Tente Algo Ousado ou Vá Para Casa”. Basicamente,
pessoas ambiciosas sabem que para alcançar suas visões de mundo é necessário
assumirem riscos. E, aqui, não estou falando sobre vender seu carro, se endividar
ou hipotecar a sua casa. Cada pessoa sabe até aonde pode ir. Mas, para você
alcançar o que deseja, você sempre irá precisar estudar muito e tomar decisões
muitas vezes consideradas arriscadas. O fato é que não concordo 100% com essa
expressão. Eu acho que se você arriscar tudo em algo a ponto de que caso não dê
certo e você saia completamente do jogo, não vale a pena arriscar. Quando eu
digo arriscar, é um risco calculado, aquele risco em que se você ganhar – você
ganha muito, mas se você perder – você continua no jogo.
3ª — Pessoas ambiciosas se expõem a novas formas de pensar.
Olhe ao seu redor, abra seu WhatsApp, veja seu Instagram, olhe os últimos
livros que você leu, seriados a que assistiu e locais que frequentou. “Você vive e
consome sempre o mesmo tipo de experiência ou está buscando novas
referências?” Steve Jobs uma vez disse: “Criatividade é a arte de conectar
ideias.” Ou seja, quanto mais diferentes experiências e interações você tiver,
mais criativo você será no seu dia a dia, tanto para coisas grandes como
transformar a educação do seu país, como para coisas do dia a dia, como
surpreender quem você ama com um café da manhã inusitado.
4ª — Pessoas ambiciosas estão focadas na execução.
Sonhar é bom, mas não é o que paga as contas e muito menos não é o que traz
os resultados. O mundo é dos executores. De quem arregaça a manga e faz. O
seu primeiro trabalho comparado com o seu milésimo vai parecer uma piada.
Mas se você esperar ter os recursos necessários para começar, porque você
deseja começar já no nível do milésimo, você nunca sairá do lugar. Comece, de o
primeiro passo, ele tem que ser pequeno, mas ele tem que existir.
5ª — Pessoas ambiciosas competem apenas com elas mesmas.
Colaboração é o nome do jogo. A única competição que deve existir é com
você mesmo. Procure pessoas para colaborar, agregue valor para elas. Pense
mais em servir e se doar, o resultado virá para todos. Mas não foque apenas em
pessoas que já são referência, o princípio da colaboração é a criação e troca de
autoridade. Existem pessoas que estão em etapas antes da sua que podem
colaborar com você, e ambos ganharem. Assim como existem pessoas que estão
na mesma etapa que você se encontra, e outras que estão mais na frente.
Colaborar é unir forças, é crescer.
6ª — Pessoas ambiciosas cercam-se de outras pessoas ambiciosas.
Uma vez eu ouvi uma história do Rafa Prado, gênio do marketing e
networking, que diz que se você está em uma festa que só tem milionário, você
corre a chance de em breve também ser um. Ou seja, se você já foi aceito
naquele meio social, ou em qualquer outro grupo de pessoas, as pessoas por
algum motivo veem valor em você. Talvez só você não tenha ainda percebido.
“Você é a média das cinco pessoas com quem mais convive”. Com certeza
você já deve ter ouvido essa frase. Ela é do grande empreendedor e palestrante
Jim Rohn. O ambiente em que vivemos afeta diretamente quem somos. O
conjunto de características do grupo em que estamos inseridos influencia na
maneira em que nos comportamos como pessoas e em quem nos tornamos.
Então, faça uma auditoria interna e veja quem são as cinco pessoas que você
passou mais tempo nos últimos meses. “Elas o elevam ou o prendem?” Essa
resposta pode doer, mas no final das contas você sabe o que tem que fazer.
Águias andam com águias.

“Você sabe com quem está falando?”


Essa é a pergunta mais arrogante que existe. E se não for, está entre o top
cinco, com toda certeza. Felizmente, não me recordo de tê-la feito em nenhum
momento de minha vida. Não que eu seja um santo, sem ego ou nunca tenha sido
um completo babaca. Isso não existe. Mas, como já passei por situações em que
fui abordado dessa forma, sei no mínimo que não desejo a sensação que senti
para ninguém.
O fato de querer ser lembrado, de querer chegar ao topo ou garantir o melhor
para si e para sua família não faz de você uma pessoa ruim, desde que não afete
negativamente as outras pessoas. Isso é o que nos move. Porém, precisamos
equilibrar a nossa ambição com o nosso ego.
O ex-jogador de futebol, Tony Adams, que jogou durante toda a sua carreira
no Arsenal, possui uma frase que expressa muito bem o equilíbrio do nosso ego,
“Jogue pelo nome da frente da camisa e as pessoas irão se lembrar para sempre
do nome que está atrás”.
Para mim, isso é o que representa o que é a ambição com o ego controlado.
Você quer fazer a diferença, buscar o melhor, mas não somente por você, e sim,
por algo maior. Existe um propósito para isso e você é apenas o canal, o meio,
um dos responsáveis por alcançar esse propósito.
Talvez você esteja transbordando ambição. Talvez tenha acabado de se formar.
Talvez tenha conseguido o emprego dos seus sonhos. Talvez tenha assinado um
contrato importante. Talvez tenha sido promovido. Talvez tenha ganhado seu
primeiro milhão. Talvez até já tenha conquistado o suficiente para não precisar
se preocupar pelo resto da vida. Talvez esteja em dificuldade. Talvez tenha
acabado de ser demitido. Talvez tenha chegado ao fundo do poço.
Seja qual for sua situação, o que quer que esteja fazendo, seu pior inimigo já
mora dentro de você. E ele é o seu ego.********
O ego é uma daquelas coisas que é muito difícil de definir, mas é fácil de
identificar quando você o vê nos outros.
O autor Ryan Holiday, em seu livro O Ego É Seu Inimigo, afirma que, em
qualquer momento da vida, as pessoas encontram-se em um de três estágios: ou
estamos aspirando a algo, ou estamos vivendo o sucesso ou estamos fracassando.
Segundo o escritor, estamos em fluxo nesses três estágios, aspiramos até
alcançarmos o sucesso, temos sucesso até fracassarmos ou até aspirarmos mais,
e, depois que fracassamos, podemos começar a aspirar mais ou alcançar o
sucesso outra vez. E, o ego é o inimigo de cada passo do caminho.********
O autor define o ego como a necessidade de ser “melhor do que”, “mais do
que”, “reconhecido por”, muito além de qualquer utilidade plausível. O ego é o
senso de superioridade e de certeza que ultrapassa os limites de autoconfiança e
talento. E ele existe desde que o mundo é mundo.********
Porém, ele nunca foi tão estimulado como é hoje, com a tecnologia, internet e
as redes sociais. Atualmente, alimentamos nosso ego com microdoses diárias.
Seja através do número de seguidores que temos, da quantidade de likes que
recebemos ou do cargo que colocamos no LinkedIn. Se seguimos mais pessoas
do que nos seguem, achamos que algo está errado. Se a nossa foto não atingiu o
número de likes que esperávamos, achamos que algo está errado. Se não temos
um cargo chique e em inglês no LinkedIn, achamos que algo está errado. E,
talvez você esteja pensando... “eu não sou assim, eu tenho um perfil fechado, eu
não utilizo as redes sociais ou eu não gosto de me expor...” A verdade é que
todos alimentam de alguma forma o ego e, talvez, você não fazer nada do
descrito anteriormente, seja simplesmente o seu ego dizendo que você é tão
importante que não precisa disso. O fato é que, seja on-line ou off-line, alguns
fazem isso mais do que outros. Mas é apenas uma questão de intensidade.
Holiday também afirma em seu livro que precisamos ser humildes em nossas
aspirações, generosos em nossos sucessos e resilientes em nossos
fracassos.******** Porém, existem algumas coisas que podemos fazer para
diminuirmos o ego e nos colocarmos no caminho das virtudes.
Seja sempre um aprendiz.******** É impossível aprendermos o que pensamos
que já sabemos. Quando deixamos o ego nos dizer que já sabemos tudo, nós nos
fechamos ao novo e paramos de crescer como indivíduos. A melhor forma de
lidar com o ego aqui é aplicar a brilhante sabedoria de Sócrates: “Só sei que
nada sei”. Tenha sempre a curiosidade de uma criança que está aprendendo, e
assim você sempre estará em um estágio inicial, em que o ego está controlado.
Foque no esforço, não no resultado. Todo mundo gosta de ser promovido, de
passar com a nota mais alta e conquistar algo muito difícil. Porém, o resultado
não está em suas mãos, apenas a dedicação que você coloca em tudo o que faz.
Fazer o seu melhor é o que importa. Concentre-se nisso e a sua satisfação interna
virá, mesmo que o resultado não venha.
Pare de ficar imaginando como será e comece a fazer. Passamos horas e
horas imaginando como será quando alcançarmos aquilo que desejamos.
Contamos para nossos amigos dos nossos planos, realizamos postagens nas redes
sociais e temos a falsa sensação que estamos caminhando. Porém tudo isso é um
vazio. Criar coisas do zero, começar e ir atrás dos nossos sonhos não acontece na
mente, acontece no mundo real. O nosso ego tende a fazer com que a gente ache
que somos bons demais para fazer aquilo e que as coisas já deveriam estar
acontecendo como imaginamos. Mas, quando vamos ver, o que foi de fato
trabalhado não chega nem perto do que foi sonhado.
Não busque reconhecimento. O que eu mais vejo são profissionais
escolhendo suas profissões e caminhos devido ao reconhecimento que terão.
Sabe aquela famosa escolha de fazer medicina porque é uma profissão com
prestígio e que paga bem. Faça o trabalho, porque você acredita naquilo e não
por causa dos títulos e reconhecimentos que terá.
Pare de querer controlar tudo. O pensamento de que ninguém fará tão bem
quanto você não é nada mais do que o seu ego falando em voz alta através das
suas atitudes. Dê espaço para que as outras pessoas criem e modifiquem
atividades que antes você fazia. Ao querer controlar todas as coisas, você
alimenta o seu ego e evita o seu crescimento e o das outras pessoas.
Elimine suas credenciais. Para cada conquista que vamos tendo em nossa
vida, vamos ganhando credenciais – as famosas estrelinhas que ganhávamos no
jardim de infância. Quanto mais estrelinhas, mais nos sentimos especiais e mais
difícil será para conquistarmos a nova etapa, pois temos medo de perder o status
que já alcançamos e achamos que o sucesso é só uma questão de tempo.
Ao escrever e pesquisar um pouco mais sobre o ego, foi inevitável ver traços
do mesmo em mim. Hoje eu vejo que muitas das coisas que eu conquistei são
por causa da ambição, sim. Mas também são por causa do ego. Ninguém gosta
de admitir que busca mais e mais e mais. Às vezes, buscamos sem saber. Às
vezes, buscamos o nosso sucesso na validação externa. Às vezes, buscamos por
estarmos perdidos. Tentamos preencher o vazio com likes, dinheiro, viagens,
aprovações, diplomas e várias outras coisas. Mas, após conseguirmos essas
coisas, naquele exato um segundo depois, o vazio já voltou.
“Então, talvez, a solução seja suprimir o ego, fazendo com que ele não
exista?” Infelizmente, isso também não é possível. Por mais humilde, aberto e
dedicado que você seja, o ego sempre irá existir. Ele faz parte de você.
O importante aqui é entendermos que na vida não é um ou outro. Nós temos
ambos dentro de nós: o ego e a humildade... o ódio e o amor... – A vida é uma
dualidade.

A dualidade que nos move


“O que seria do mundo sem mim?” “Como seria a vida das pessoas ao meu
redor se eu não tivesse nascido?”
Essas são perguntas que não nos fazemos normalmente. Muitas vezes,
achamos que somos as pessoas mais importantes do mundo. Títulos, cargos,
conta bancária. Puramente ego. Outras vezes, achamos que não somos nada.
Sem importância, um peso, um fardo. Puramente falta de amor.
“Mas, e se formos ambos?” “E se formos tudo e nada ao mesmo tempo?” Eu
realmente acredito nisso.
Se eu morresse hoje, o mundo continuaria sem mim. Fato doloroso
acompanhado por três batidas na madeira para isolar a má sorte. Porém, se eu
não tivesse nascido, o mundo não seria dessa forma.
Cada pequena interação nossa com o mundo e com as pessoas torna tudo
diferente. Sem o seu abraço, sem a sua palavra, sem o seu olhar, eu não seria
quem eu sou. Mas, sem você, eu continuarei aqui crescendo. Somos tudo e
somos nada.
Sim... é essa dualidade que nos move.
Estava navegando no Netflix em uma terça-feira à noite chuvosa, procurando
um bom filme para assistir, quando me deparei com o filme It’s a Wonderful Life
(“A Felicidade não se compra”, no Brasil). Minhas duas primeiras impressões
foram que nome clichê e a data do filme – gravado em 1946. Fazia tempo que
não assistia a um filme em preto e branco, então resolvi dar uma chance.
E... se tem algo que mexeu comigo foi esse filme. Quem me conhece sabe que
sou sentimental... o filme me emocionou e me fez refletir inúmeras vezes.
O enredo do filme gira em torno do personagem George Bailey, homem
admirado por todos na cidade, que abdica dos seus sonhos durante toda a vida
para ajudar as pessoas próximas a ele. Perdido e desesperado em meio aos
golpes da vida, George acaba pensando em um ato extremo, e é aqui que a
grande mensagem acontece.
Não darei spoilers, fique tranquilo. Mas se você quer colocar sua vida em
perspectiva novamente e ser grato por tudo o que você é e possui, inclusive os
problemas, assista ao filme. Ele retrata claramente a dualidade das nossas vidas,
o quão muitas vezes não percebemos como o mundo é grande, tal qual nós
somos.
Um exemplo que eu gosto muito de trazer e explica um pouco do motivo de
eu ter começado a minha vida empreendedora, por meio da educação, é o da
Professora Tânia.
Eu, realmente, acredito que todo mundo teve em algum momento um
professor que mudou a sua vida. Eu mesmo tive vários, como a professora Tânia,
minha professora de história, na quinta série, quando eu tinha 10 anos.
Na época, eu era bem nerds, e houve uma prova sobre as civilizações Inca,
Asteca e Maia. A prova valia 30 pontos, e eu fui o único aluno de toda a quinta
série que tirou 30. Nunca me esqueço desse dia. A professora Tânia pediu para
eu ficar de pé, divulgou minha nota para a sala inteira como o único a gabaritar a
prova e todos me aplaudiram. Na época, fiquei um pimentão, morrendo de
vergonha. Porém, talvez a professora Tânia não saiba, mas essa simples atitude,
fez com que eu cogitasse até o último ano do ensino médio prestar vestibular
para História e Jornalismo, pois eu queria trabalhar no History Channel.
Essa história representa muito bem a dualidade de nossas vidas. A professora
Tânia, ao fazer algo simples e me reconhecer na frente de toda a turma, fez com
que eu começasse a gostar de História, me fazendo cogitar a seguir essa
profissão anos depois do fato ocorrido. A professora Tânia talvez nem saiba
como impactou minha vida e a de milhares de outros alunos, assim como todos
os professores que escolheram essa profissão tão linda. “Mas, a dualidade se
encontra em quê?” Se a professora Tânia não tivesse existido ou não me dado
aula, eu continuaria tendo aula de história com algum outro professor e minha
vida continuaria normalmente. Não exatamente a mesma, mas continuaria.
Isso é que é a dualidade de nossas vidas. A professora Tânia, assim como eu e
você, somos tudo neste mundo. Cada pequena interação que existe, e que nem
imaginamos, tem um efeito no mundo e na vida das pessoas. Porém, ao mesmo
tempo, se não estivéssemos aqui, a vida dessas mesmas pessoas, seguiria
normalmente.
Contudo, é muitas vezes essa dualidade que nos falta entender e conseguir
lidar em nossas vidas. A dualidade é totalmente diferente da polaridade.********
Vivemos em um mundo de polaridade constante e crescente. É tudo tão preto
no branco, nós versus eles, esquerda versus direita, certo versus errado, que nos
esquecemos de perceber que existem infinitas opções no meio do caminho.
A polaridade é um estado em que duas ideias ou opiniões são completamente
opostas uma à outra. E você precisa escolher de que lado você está. É tudo ou
nada. Ou você está conosco ou contra nós. Isso é polaridade.
O problema da polaridade e absolutos é que ela elimina a nossa
individualidade e isso torna contraditória à nossa natureza humana.
Do lado oposto da polaridade, eu acredito que exista a dualidade. A dualidade
não faz com que você escolha um em detrimento do outro. A dualidade consiste
na existência simultânea das opções.
“Você não acha que isso seja possível?” Eu conheço cristãos que são a favor
do casamento gay. Eu conheço pessoas do exército que são contra guerras. Essas
são pessoas que eu conheço – amigos e familiares. Essa é a maioria da
sociedade. Esse é você, esse sou eu.
A questão é: “Podemos aceitar e viver nossa dualidade?” Eu creio que sim. Eu
acredito que nós somos unidos por nossas semelhanças muito mais do que somos
separados por nossas diferenças.
Podemos ter milhares de coisas que nos diferenciam, mas basta uma que nos
aproxima para nos unirmos. O problema é que nos esquecemos disso. Paramos
de sentir. Alimentamos mais um lado do que o outro e evitamos o diálogo.
Precisamos olhar mais para dentro e entendermos que não precisamos escolher
entre a ambição ou a humildade. Entre nós ou os outros. Entre sermos tudo ou
nada. Podemos escolher sermos nós mesmos e optar por vivermos a nossa
história com toda a dualidade que ela traz consigo própria.

******** Disponível em:< https://www.scotthyoung.com/blog/2019/02/19/ambition-without-ego/>. Acesso


em:12.08.20
******** Disponível em:< https://www.bbc.com/worklife/article/20140805-ambition-born-or-bred>.
Acesso em:12.08.20
******** Disponível em:< https://www.fastcompany.com/3048722/six-habits-of-ambitious-people>.
Acesso em:11.08.20
******** (Página 17 do Livro O Ego É Seu Inimigo)- Disponível em:<
https://www.amazon.com.br/Inimigo-Como-Dominar-Pior-Advers%C3%A1rio/dp/8551002422>.
Acesso em:19.08.20
******** (Página 22 do Livro O Ego É Seu Inimigo)- Disponível em:<
https://www.amazon.com.br/Inimigo-Como-Dominar-Pior-Advers%C3%A1rio/dp/8551002422>.
Acesso em:19.08.20
******** (Página 18 do Livro O Ego É Seu Inimigo)- Disponível em:<
https://www.amazon.com.br/Inimigo-Como-Dominar-Pior-Advers%C3%A1rio/dp/8551002422>.
Acesso em:19.08.20
******** (Página 23 do Livro O Ego É Seu Inimigo)- Disponível em:<
https://www.amazon.com.br/Inimigo-Como-Dominar-Pior-Advers%C3%A1rio/dp/8551002422>.
Acesso em:19.08.20
******** Disponível em:< https://ryanholiday.net/25-ways-to-kill-the-toxic-ego-that-will-ruin-your-life/>.
Acesso em:19.08.20
******** Disponível em:< >. Acesso em:12.08.20
Em algum momento, sua mãe já falou para você pegar um guarda-chuva

“ por que iria chover?” “Ou você teve aquele pressentimento que deveria
fazer um caminho diferente para o trabalho?” “Ou que deveria seguir em
uma determinada direção, mesmo os números apontando para o outro lado?”
“Ou aquela sensação incômoda de que algo está errado?”
Então, talvez seja a sua intuição sussurrando em seu ouvido.
No começo de 2011, eu havia acabado de ingressar em Administração de
Empresas, na Universidade Federal do Paraná. Entrar em uma universidade
pública era um sonho para mim. Sonho esse que acompanhava uma obrigação
velada por parte da minha família.
Escolher um curso aos 17 anos é uma pressão enorme, afinal, ele definirá com
o que você trabalhará para o resto da vida. Ao menos é o que imaginamos antes
do vestibular. Mas vale a pena dar um desconto, somos muito jovens e ingênuos.
Nunca que um curso irá definir o que você fará para o resto da vida – não nos
dias de hoje.
Durante a minha primeira semana de aula, tive uma avalanche de palestras.
Era com o coordenador do curso, falando sobre a nota máxima na avaliação do
MEC; era a Atlética tentando recrutar espíritos festivos; eram ex-alunos, falando
de como a universidade impactou suas vidas, entre muitas outras.
Entre essas, tinha a palestra de um negócio que nunca havia ouvido falar:
Empresa Júnior. O conceito no papel era bacana, uma empresa gerida por alunos
de forma voluntária com o suporte técnico dos professores. Além disso, as
pessoas que já haviam passado por lá estavam em posições de destaque no
mercado de trabalho. Ou seja, eu teria a oportunidade de aprender na prática, me
aproximar dos professores e me conectar com veteranos e ex-alunos. Só havia
um porém, eu precisava estagiar para pagar minhas contas.
Após essa semana de palestras, as aulas começaram, junto com os trotes e
muita integração. Conversei com alguns veteranos sobre as oportunidades na
Universidade, e vários deles me recomendaram a Empresa Júnior do meu curso:
a JR Consultoria. Resolvi então me inscrever no processo seletivo para ver no
que daria.
Durante o processo seletivo da EJ, abreviação carinhosa para Empresa Júnior,
fui me inscrevendo em outros processos seletivos de empresas.
Além disso, meu pai conversou com um amigo que trabalhava no mercado
farmacêutico, como representante comercial, para ver se havia a oportunidade de
estágio. Havia. Passei dois dias inteiros com ele, acompanhando visitas em
médicos, preenchimento de relatórios, técnicas de persuasão e oratória. Tudo
aquilo era muito novo para mim, e eu achei interessante. E... o melhor: o salário
como estagiário era muito atrativo. O emprego perfeito para quem quer entrar no
mercado de trabalho.
Porém, na semana que eu tinha que dizer se eu aceitaria estagiar na empresa
farmacêutica foi a mesma semana que saiu o resultado do processo seletivo da
Empresa Júnior.
Tinha que escolher entre um salário bom, benefícios e um plano de carreira ou
uma aposta de um futuro incerto, acompanhado de muito aprendizado e
desenvolvimento.
Vale dizer que, na época, as Empresas Juniores não tinham tanta visibilidade
nem sequer informações sobre elas como se tem hoje.
Peguei uma caneta e um papel e dividi em prós e contras de cada uma das
iniciativas. Ganhou o estágio remunerado. Mas existia uma voz na minha cabeça
dizendo que eu deveria ficar com a Empresa Júnior. Foi o que eu fiz.
Vamos relembrar o que Steve Jobs disse em seu discurso notório de formatura
na Universidade de Stanford — “Você não consegue ligar os pontos, olhando
para frente, você só consegue ligá-los, olhando para trás. Então você tem que
confiar que os pontos se ligarão algum dia no futuro. Você tem que confiar em
algo – seu instinto, destino, vida, carma, o que for. Essa abordagem nunca me
desapontou, e fez toda diferença na minha vida.” — Se eu não tivesse entrado na
JR Consultoria, eu não teria vivido nenhuma das infinitas experiências que vivi.
Talvez eu não tivesse tanto contato com empreendedorismo, talvez não tivesse
conhecido o conceito de negócios sociais e talvez não tivesse entrado no Grupo
Boticário.
A minha intuição falou mais alto e fez com que eu decidisse pela opção menos
óbvia, mas certa para mim, naquele momento. E talvez a sua esteja falando com
você neste exato momento. “E você, a está escutando?”

O poder da dor de estômago


Sou formado em Administração de Empresas e estou empreendedor desde que
saí da faculdade. Hoje, o mundo está focado cada vez mais na análise de dados,
isso é tão verdade que existe um jargão no meio corporativo que afirma que os
dados são o novo petróleo.
Nos negócios, muitas vezes, aprendemos que todas as decisões que tomamos
devem ser baseadas em números, no entanto, algumas das principais mentes do
mundo confiam tanto na intuição quanto em fatos concretos.
Henry Ford, Walt Disney, Elon Musk, Steve Jobs, para citar apenas alguns dos
principais nomes do mundo dos negócios, acreditavam não apenas nos números
que estavam em suas frentes, mas também tinham um sentimento profundo de
que aquilo que estavam criando iria fazer a diferença na vida das pessoas e quem
sabe mudar o mundo. Eles tinham uma intuição forte lhes dizendo que estavam
no caminho certo, mesmo sem nenhuma evidência concreta.
Henry Ford tem uma frase icônica: “Se eu perguntasse a meus compradores o
que eles queriam, teriam dito que era um cavalo mais rápido.”
Steve Jobs acreditava profundamente na intuição, famoso por dizer que sua
regra número um dos negócios era confiar em seu coração e intuição.
“Mas, o que exatamente é esse sentimento?” “Realmente, ele tem alguma
utilidade e comprovação?”
Alguns atletas******** chamam de “instinto”. Os mais “descolados” chamam de
vibe. Os cientistas chamam de “intuição”. Você e eu, provavelmente, nos
referimos a isso como um “pressentimento”. E, os mais espirituais entre nós
podem pensar nisso como um “sexto sentido”.
Segundo Osho, líder espiritual Indiano, a intuição é o mais alto degrau da
escada da consciência, que pode ser dividida em três níveis. O primeiro nível, o
mais básico, é o instinto. O segundo, o do meio, é o intelecto. E o terceiro, o
mais alto, é a intuição. Osho também apontou que o prefixo “in-” é utilizado nas
três palavras, demonstrando que a resposta da consciência está totalmente dentro
de nós.
Existe uma expressão americana, conhecida como gut felling, que em tradução
seria como aquele sentimento que começa no estômago. “Sabe quando você
precisa tomar uma decisão importante e embrulha a barriga?” Então, é daí que
vem a expressão.
O intestino é como se fosse o nosso segundo cérebro. Pesquisadores
descobriram uma vasta rede neural de 100 milhões de neurônios******** que
revestem todo o trato digestivo. São mais neurônios do que na medula espinhal.
Assim como nosso cérebro, o intestino está repleto de informações. Todo mundo
em algum momento já sentiu aquele aperto no estômago enquanto avaliava uma
decisão. Esse é o intestino falando alto e claro por meio do estômago.
Como empresário, confio no meu gut feeling o tempo todo. Seja ao falar em
público e fazer uma “leitura” das pessoas que estão me assistindo, me ajudando a
adaptar o discurso e a energia da sala. Seja para lançar um projeto piloto
rapidamente no mercado e entender de forma rápida se ele está performando
bem ou não. Seja para fechar uma negociação e entender quais são os pontos que
devo prestar mais atenção.
Você pode se surpreender ao saber que a intuição é uma habilidade deliberada
que pode ser desenvolvida. Uma vez aperfeiçoada, é aplicável em muitas
situações, desde ajudá-lo a escolher uma carreira até fazer julgamentos rápidos
sob pressão e muito mais. Se você tem uma pergunta a ser respondida ou uma
decisão a ser tomada, a intuição definitivamente deve ser levada em
consideração.
Um palpite a qualquer hora
Muitas vezes, já me peguei confundindo intuição com medo.******** Pode ser
confuso em um primeiro momento, mas é importante saber diferenciá-los.
Afinal, não quero que você perca uma boa oportunidade por medo,
simplesmente porque você, erroneamente, sentiu que havia um aviso intuitivo de
que não deveria seguir em determinada direção.
A intuição pode ser reconhecida como uma voz interior, uma bússola interna.
Usamos termos como “palpite”, “pressentimento”, “sensação” e “instinto” para
descrever a maneira como a intuição influencia nosso comportamento. A
intuição leva a um caminho que nos faz sentirmos confortáveis, mesmo que não
tenhamos certeza.
Por outro lado, o medo ou a emoção negativa podem se expressar através de
uma resposta física, como: agressividade, sudorese, adrenalina ou coração
acelerado. O medo pode nos fazer fugir, nos esconder, querer evitar algo.
Normalmente, ele está relacionado a decisões que nos fazem sentir aliviados,
como se tivéssemos sobrevivido a uma ameaça à nossa própria existência.
A intuição também pode nos fazer sentir acelerados, mas precisamos sempre
buscar olhar para dentro e entender qual é a razão real desse sentimento.
Geralmente, a intuição é uma ferramenta subestimada, porém essencial, que
você pode usar quando estiver namorando, escapando de uma situação perigosa
ou até mesmo para construir sua carreira. Segundo a Associação Internacional
de Profissionais Administrativos (IAAP), em pesquisa realizada com 3.500
profissionais administrativos e 1.300 gerentes seniores, foi constatado que 88%
das pessoas******** tomam decisões com base em sentimentos intuitivos.
Acontece que a intuição pode se apresentar de inúmeras maneiras para as
pessoas. Em artigo publicado por Samantha Cole, na Revista FastCompany, a
autora afirma que existem cinco tipos de intuição. Ei-las:
1ª — A intuição analítica envolve intensas pesquisas e coleta de dados antes
de tomar uma decisão. As pessoas identificadas como analíticas preferem
explorar todos os cenários em potencial antes de fazer um julgamento.
Características como pressa, impulso e imprudência são comumente evitados por
elas.
2ª — Em seguida, temos a intuição observadora, a qual envolve coletar
pistas sobre pessoas e cenários. As pessoas que se identificam como
observadoras, geralmente, são muito visuais. Elas são especialistas em encontrar
padrões e perceber diferenças sutis no ambiente. “Sabe aquela pessoa que só de
olhar para você já sabe se está tudo bem ou não?” Então, as pessoas com uma
intuição mais observadora são assim.
3ª — Depois, há a intuição questionadora, que envolve fazer julgamentos
com base em evidências da vida real. As pessoas que se identificam como
questionadoras preferem fazer inúmeras perguntas ao invés de procurarem
estatísticas antes de tomar uma decisão. Por exemplo, antes de lançar um novo
vídeo, os questionadores preferem perguntar diretamente aos espectadores o que
eles querem ver a seguir, em vez de pesquisar o que está bombando no momento.
4ª —Também temos a intuição empática, que envolve a habilidade de escuta
ativa para entender onde está a fonte do problema. As pessoas que se identificam
como empáticas retêm julgamento e permitem que seus colegas e clientes
desabafem. Isso os ajuda a descobrir o que funciona melhor a seu favor antes de
tomar uma decisão. Elas geralmente trabalham bem em equipe e são
cooperativas.
5ª — E, finalmente, existe a intuição adaptativa, que é a forma mais comum
de intuição. Ela é baseada unicamente em um sentimento de que algo deveria ser
de determinada forma. Ela é usada para nos ajudar a pensar e reagir rapidamente
em situações que exigem ação imediata.
Todos podemos utilizar, em determinado momento, algum desses formatos de
intuição, porém existem pessoas que possuem uma pré-disposição maior para
algumas do que outras. Conhecer o seu estilo predominante de intuição faz com
que você tome consciência e pare de deixá-lo funcionar apenas de maneira
passiva, podendo fazer com que seja um forte aliado na sua tomada de decisão.
O turbo da vida
Em um estudo publicado em 2012, no Journal of Organizational Behavior e
Human Decision Processes, pela Boston College, Rice******** University e
George Mason University, descobriu-se que a intuição é eficaz quando utilizada
na tomada de decisão em uma área em que o tomador possui conhecimento
profundo.
Micahel Pratt, especialista em psicologia organizacional e pesquisador desse
estudo, afirmou que “A intuição é como nitroglicerina – é melhor usada apenas
em determinadas circunstâncias”.
David Brooks,******** em seu livro intitulado O Animal Social: A História de
Como o Sucesso Acontece, apresenta como os soldados que estiveram no Iraque
e no Afeganistão, em várias missões, chegaram a um ponto em que podiam olhar
uma rua e prever com uma precisão incrível se havia um dispositivo explosivo.
E, a parte mais interessante é que, quando questionados como eles sabiam disso,
eles não conseguiam responder com argumentos concretos, apenas disseram que
sentiam que algo estava errado ou um calafrio.
Malcolm Gladwell, em seu livro Blink – A Decisão Num Piscar de Olhos,
trouxe a história de Vic Braden, famoso jogador e treinador de tênis, que apenas
assistindo a uma partida de tênis na televisão era capaz de prever com quase
100% de precisão se o jogador faria uma dupla falta ou não, mesmo antes de
tocar na bola. Quando questionado de como fazia isso, ele assistiu novamente
aos lances em busca de algum padrão que pudesse fazer sentido e não conseguiu
encontrar.
Ambos os exemplos citados são apresentados por Patrick Schwerdtfeger, em
sua palestra para o TEDxSacramentoSalon.******** O palestrante finaliza sua
palestra, afirmando que a intuição é a combinação da experiência com o
conhecimento.
Ou seja, se você trabalha com marketing, evite confiar 100% na sua intuição
em relação a finanças. Se você trabalha com tecnologia, evite confiar sua
intuição 100% em medicina. Não é que a sua intuição não o irá auxiliar nessas
áreas de atuação que não domina, mas é que as chances são muito menores.
Na sua vida e carreira, comece a prestar mais atenção na sua intuição em
assuntos que domina, não seja extremamente racional, os dados acima mostram
que não temos acesso a todas as informações, e, muitas vezes, o melhor caminho
seja o que a nossa intuição está apontando. Comece a escutá-la com mais
frequência e veja os seus resultados e a sua felicidade aumentar.

O maior assassinato da sua felicidade


A civilização nunca foi tão rica como nos dias de hoje e também nunca tão
infeliz. Nunca tão próspera, mas também nunca tão deprimida. A tecnologia
nunca rompeu tantas barreiras, mas também nunca isolou tanto.
Em muitos países, o número de suicídios é maior do que o de homicídios.
“Por que estamos infelizes?” Essa não é uma pergunta simples.
QUER SER FELIZ? TENHA ZERO
EXPECTATIVAS DOS OUTROS.
“Você lembra daquele romance de colégio, aquela menina ou menino que
você sempre quis ficar?” Após muito tempo, noites em claro e expectativas
criadas, enfim “rolou” o primeiro beijo e foi uma “porcaria”.
Isso não aconteceu apenas com você e não foi também apenas no primeiro
beijo. A culpa não é sua e muito menos da outra pessoa. Na verdade, a culpa é
um pouco sua, sim... no caso, das suas expectativas. As expectativas podem já
ter pregado uma peça em você com uma viagem, a primeira vez, em ser
promovido, em comprar um carro, em ganhar um prêmio, com a estreia de
algum filme, com o jantar em um restaurante, e assim por diante.
Se tem uma coisa que o ser humano é bom é em criar expectativas.
Idealizamos tanto aquele momento que qualquer coisa que seja inferior àquilo,
gera frustrações. Ficamos infelizes quando nossas expectativas sobre a realidade
superam nossa experiência com a realidade.
Quer ser feliz? Tenha zero expectativas dos outros.
“Quantas vezes você já deixou de “curtir” algo pelo simples fato de não ter
sido como você imaginava?” E isso vale para metas, como: ter R$1.000.000,00
em sua conta bancária, como também assistir ao lançamento do último Star
Wars.
Falar de felicidade é falar de expectativas. Não tem como alcançar uma sem
entender a outra. Nat Were,******** em sua palestra no TEDxKlagenfurt, traz três
explicações diferentes sobre como criamos nossas expectativas. Segundo o
palestrante, geramos expectativas com base em nossa imaginação, nas pessoas
ao nosso redor e em nossas experiências passadas.
Os três tipos de expectativas são horríveis e as utilizamos o tempo todo.
O primeiro tipo são as expectativas com base em nossa imaginação que, para
mim, são as mais cruéis. Em todas as nossas escolhas, levamos em consideração
todas as opções que temos à disposição. Quando escolhemos aonde vamos
jantar, temos inúmeras opções. Quando escolhemos para onde vamos viajar,
temos inúmeras opções. Quando escolhemos qual roupa comprar, temos
inúmeras opções. E, como tomamos a nossa decisão? Normalmente, escolhemos
a opção que acreditamos ser a melhor entre todas as outras. Porém, nosso
cérebro não sabe o que é melhor. Ele simplesmente projeta desejos e cenários em
nossa mente em cima dos fatos que tem disponíveis e em cima do que queremos
que seja verdade ou aconteça.
Ao escolhermos um restaurante, já criamos expectativas de que não terá fila,
de que conseguiremos uma mesa boa... de que a pessoa que jantará conosco irá
amar o lugar... de que ela não mexerá no celular... de que a comida será
perfeita... de que o preço será justo e assim por diante. Porém, qualquer coisa
que saia fora desse script que o seu cérebro criou nos últimos dez segundos
sobre o restaurante o deixará infeliz.
Ao escolhermos para onde vamos viajar, já imaginamos as fotos perfeitas que
iremos tirar, os passeios interessantes que faremos, que o clima estará como
desejamos, os locais que visitaremos serão iguais aos que vimos na internet e
assim por diante. Porém, qualquer coisa que saia fora desse script que o seu
cérebro criou nos últimos dez segundos sobre a viagem o deixará infeliz.
Ao escolhermos qual roupa comprar, já imaginamos se as outras pessoas irão
gostar, se ficará boa nas fotos, se combina com o ambiente em que vamos usar,
se passa a imagem que queremos e assim por diante. Porém, qualquer coisa que
saia fora desse script que o seu cérebro criou nos últimos dez segundos sobre a
roupa o deixará infeliz.
“Acho que você já entendeu o meu ponto, não é mesmo?”
Praticamente, para todas as coisas em nossas vidas, criamos expectativas. E, a
tecnologia, muitas vezes, piora ainda mais a situação, pois ela faz o impossível
parecer real. Usamos Photoshop, editamos imagens e rescrevemos histórias. O
algoritmo faz questão de nos mostrar o que há de mais belo. Essa mensagem
constante em nosso cérebro faz com que a gente crie padrões que não são reais.
A tecnologia deturpa nossa visão, distorce a realidade e faz o inexistente parecer
real.
Repare que muitos dos momentos mais incríveis que você já viveu
aconteceram quando você tinha uma baixa expectativa do que iria acontecer ou
quando você estava aberto ao novo.
Quando o potencial ilimitado de nossa mente se depara com a natureza restrita
do mundo, ficamos desapontados e infelizes. Expectativas e decepções,
inevitavelmente, andam lado a lado.
Essa é a lacuna da imaginação. Por causa dela, nossa imaginação supera a
realidade, ela é o primeiro grande motivo de nossa infelicidade.
O segundo tipo de expectativa que criamos, segundo Nat Were, ocorre quando
comparamos nossa realidade com a dos outros.
Julgamo-nos, constantemente, com base no que existe ao nosso redor. Se você
ganha R$3.000 por mês e mora em um bairro simples, você se sente rico. Se
você ganha R$30.000 por mês e mora em um bairro chique, você se sente pobre.
Infelizmente, nosso cérebro ainda insiste em nos comparar com as outras
pessoas. Colocar a felicidade em um indicador de sucesso de outra pessoa não é
algo inteligente, embora façamos muito.
Esse tipo de expectativa sempre irá nos fazer sentirmos inferiores. É
praticamente como se tivéssemos correndo em uma esteira sem fim, pois toda
vez que alcançamos um marco, olhamos para a esteira do lado e vemos que o
nosso marco não é tão bom assim.
Já a terceira e última forma de expectativa é baseada em nossas experiências
passadas. É o que o autor chama de lacuna intertemporal.
Ficamos felizes quando nossa realidade presente é melhor que a passada.
O palestrante Were traz o exemplo de duas pessoas que tiveram a mesma
renda média durante a vida. Porém, a renda da pessoa A diminuiu no decorrer de
sua vida, e a renda da pessoa B aumentou. As pesquisas mostram que a pessoa B
tende, normalmente, a ser mais feliz, apesar de a média ser a mesma.
Por que isso acontece? É devido a algo que os psicólogos chamam de
ancoragem. Nós nos comparamos com o passado e, se estamos progredindo,
excedendo nossas expectativas e avançando, geralmente, ficamos felizes.
Nossas expectativas são influenciadas pelo que consideramos normal. E o que
consideramos normal tem base em nossa imaginação, nos outros à nossa volta e
em nosso passado.
Muitas vezes, para entendermos o que nos faz feliz, precisamos entender o
que nos faz infeliz. E sem dúvida alguma, expectativas demais só podem nos
levar a um caminho: o da frustração.
CERTIFIQUE-SE QUE VOCÊ É
FELIZ NA VIDA REAL E NÃO
APENAS NA INTERNET.
Will Smith estava errado
Certifique-se que você é feliz na vida real e não apenas na internet.

Nenhuma quantidade de “curtidas” pode nos fazer feliz se não gostarmos de


nós mesmos. Nenhuma quantidade de “comentários” pode nos fazer feliz se não
valorizarmos nossa opinião. Nenhuma quantidade de “compartilhamentos” pode
nos fazer feliz se não tivermos pessoas com quem compartilhar nossas vidas.
Felicidade na vida real vem de relacionamentos, gratidão, experiências, tempo
com nós mesmos. Quando reconhecemos isso e começamos a investir nosso
tempo na criação de oportunidades, nossa vida começa a mudar. Nós sentimos a
diferença.
Se você perguntar a qualquer pessoa o que ela deseja da vida, provavelmente,
uma das primeiras respostas será: ser feliz. Esse sentimento é um dos desejos
mais profundos do ser humano. É uma busca constante. “Mas, será que tem que
ser realmente uma busca?”
Eu sou completamente fascinado pelo filme À Procura da Felicidade,********
filme inspirado na história real de Chris Gardener. O filme conta com uma
atuação fenomenal de Will Smith, o qual atua como um vendedor em
dificuldades que assume a custódia de seu filho após a separação. Em busca de
soluções, embarca em uma oportunidade profissional que muda sua vida.
Toda vez que assisto a esse filme, aprendo algo novo e saio com as energias
renovadas. Porém, existe uma coisa que eu não concordo com o filme: seu título.
Eu sei que um bom título é diretamente responsável pelo sucesso de um filme, e
que existem inúmeros outros interesses relacionados à escolha do nome. Mas eu
acho que a felicidade está mais para algo a ser construído do que buscado.
Ao invés de À Procura da Felicidade, eu acredito que o título deveria ser algo
como A Construção da Felicidade. Porém, Hollywood estava certa, depois de
escrever aqui, ficou claro que o primeiro título é bem melhor que o segundo. O
que não muda a minha opinião de que a felicidade não é algo que devemos
procurar, mas, sim, construir.
Se você começar a observar as pessoas ao seu redor, perceberá que a maioria
age da mesma forma, acreditando que ao se empenhar e se dedicar, o sucesso
virá. E só então, após alcançar o tão suado sucesso, poderá ser feliz.
Vivemos dessa forma vinte e quatro horas por dia. Se eu perder mais cinco
quilos, serei feliz. Se eu for promovido, serei feliz. Se eu começar a namorar,
serei feliz. Sucesso antes, felicidade depois. O único problema é que quem criou
essa fórmula, que repetimos incansavelmente sem nos questionar, estava
equivocado.
Para Platão, por exemplo, a felicidade estava profundamente ligada à
moralidade e, para alcançá-la, ele acreditava que teríamos de defender quatro
virtudes diferentes: sabedoria, coragem, moderação e justiça.
Para Aristóteles, moralidade e felicidade realmente se conectaram, mas ele
deu um passo adiante. Ele via a felicidade como um produto do hábito e da
prática e argumentava que ela era adquirida ao longo do tempo, como qualquer
outra coisa.
Para Marco Aurélio, o grande estoico, era um pouco mais simples. Nas suas
próprias palavras: “A felicidade da sua vida depende da qualidade dos seus
pensamentos”.
A definição moderna está mais próxima ao prazer. Talvez seja a influência da
publicidade, ou talvez seja apenas um mundo mais interconectado, mas parece
que migramos da associação da felicidade ao crescimento pessoal para uma que
é mais fortemente influenciada por fatores externos.
E, os fatores externos estão intimamente ligados ao dinheiro. Que atire a
primeira pedra quem não gostaria de ganhar mais dinheiro. Inclusive, a ideia de
que dinheiro não compra felicidade foi refutada pela ciência, pelo menos até
certo ponto.
Daniel Kahneman e Angus Deaton, ambos ganhadores do Prêmio Nobel de
Economia por contribuições diferentes, estudaram a dinâmica do dinheiro e
felicidade e publicaram seus estudos em um artigo em 2010, chamado High
income improves evaluation of life, but not emotional well-being. A principal
conclusão objetiva do estudo foi a de que, se você tem uma renda anual em torno
de 75 mil dólares, sua felicidade não aumentará caso você passe a ganhar acima
disso.
Os níveis de felicidade das pessoas só aumentam à medida que a renda
aumenta até certo ponto, por exemplo, imagine que você esteja ganhando apenas
US$ 8.000 por ano. Você dificilmente poderá comprar comida, muito menos
pagar aluguel e, provavelmente, ficará muito estressado ou viverá com ajuda de
outras pessoas.
Agora, imagine que você esteja ganhando US$ 80.000 por ano.******** Você
pode comprar uma casa, um carro, sair, ter bons jantares e economizar para
viajar. Mas, agora, imagine que você ganhe US$ 800.000 por ano. Sua casa pode
ser maior e você pode voar de primeira classe em vez de econômica, mas você
está fazendo basicamente as mesmas coisas de antes, porém está trabalhando
muito mais e não tem tanto tempo para amigos e familiares.
É claro que os números estão em dólares e a realidade no Brasil é diferente.
Mas o ponto principal do estudo é que a busca pelo dinheiro só faz sentido e traz
felicidade até certo ponto. A partir daí, se você já tem uma espécie de kit básico,
aumentos de renda ou riqueza não levarão ao aumento da felicidade e bem-estar.
Felicidade está mais associada à qualidade das relações, permeadas por
intimidade e conexão, aquelas em que você pode confidenciar sem se sentir
constrangido por isso. As pessoas com as quais você se preocupa lá no fundo, e
aquelas que se preocupam com você.

O segredo da felicidade
A vida é uma eterna montanha-russa. Com altos e baixos. Alegrias e tristezas.
Medo e adrenalina.
Cada pessoa possui suas próprias montanhas-russas, as quais ao longo da vida
vão ganhando complexidade e novos desafios. Quanto mais crescemos, mais
desafiadoras as montanhas-russas parecem. E, sozinhos, seria impossível de as
encararmos. Por isso existem os “vagões”, os quais preenchemos com diferentes
pessoas de acordo com as fases de nossas vidas. Algumas pessoas que estavam
nos níveis mais fáceis, voltam de tempos em tempos. Várias outras apenas
participam de uma volta. E, alguns poucos o acompanham em todas as voltas e
desafios.
Nossas vidas dependem de nossos relacionamentos. Desde o momento em que
nascemos, contamos com os outros para nos ajudar a criar e nutrir. Não importa
quão independentes ou autoconfiantes nos tornemos, sempre realizaremos mais
com a ajuda de outras pessoas.
Robert Waldinger******** é psiquiatra e atualmente dirige o Harvard Study of
Adult Development, possivelmente o estudo mais longo sobre a vida adulta que
já foi feito na história. O estudo começou em 1938, durante a Grande Depressão
Americana. Durante setenta e cinco anos, os pesquisadores acompanharam as
vidas de 724 homens, ano após ano, perguntando sobre seus trabalhos, vidas
domésticas, saúde, sem saber como as histórias de suas vidas seriam.
De acordo com Waldinger, em seu famoso TED Talk, intitulado “O que faz
uma vida ser boa? Lições do estudo mais longo sobre felicidade”,******** estudos
assim são extremamente raros devido à duração, pois, normalmente, as pessoas
abandonam o estudo, ou acaba o dinheiro para a pesquisa, ou os pesquisadores
perdem o foco, ou simplesmente morrem, e ninguém mais da sequência ao
projeto. Mas por meio de uma combinação de sorte e persistência de várias
gerações de pesquisadores esse estudo sobreviveu.
O psiquiatra explica que os participantes do estudo foram selecionados por
meio de dois grupos. O primeiro grupo era composto por alunos do segundo ano
da Universidade de Harvard, e o segundo grupo era composto por jovens dos
bairros mais pobres de Boston – escolhidos especialmente, porque eram de
algumas das famílias mais problemáticas e desfavorecidas da cidade da década
de 30.
Quando eles entraram no estudo, todos esses jovens adultos foram
entrevistados, fizeram exames médicos e tiveram seus pais entrevistados. Então,
esses homens se tornaram adultos e seguiram diversos caminhos na vida, um
deles virou presidente dos Estados Unidos, outro um famoso editor do
Washington Post e muitos outros seguiram suas vidas normalmente. A cada dois
anos, a equipe de pesquisadores se reunia com os homens do estudo para dar
sequência na pesquisa. O resultado é uma abundância de dados sobre saúde
física, mental e emocional.
“Então, quais são as lições que extraímos desse estudo liderado atualmente
por Waldinger?” Bem, as lições não são sobre riqueza, ou fama, ou trabalhar
mais e mais. O pesquisador afirma com convicção que o principal ensinamento
desse estudo é que “Bons relacionamentos nos mantêm mais felizes e saudáveis.
Ponto final.”
“Bons relacionamentos não apenas protegem nossos corpos, eles protegem
nossos cérebros”, continuou Waldinger.
Independentemente de qual seja a montanha-russa que você esteja enfrentando
no momento, se você está de cabeça para baixo nela ou não, se você está
assustado ou se divertindo, dê valor às pessoas que estão no vagão com você,
pois a forma como você se relaciona com elas é um dos principais fatores
responsáveis pela sua felicidade.

O otimismo sempre vence


O melhor ainda está por vir. É uma declaração para o futuro. É minha
convicção de que mesmo o desconhecido pode conter o maior potencial. É o que
eu repito para mim mesmo em momentos difíceis, de incerteza e que trazem
algum tipo de ansiedade.
Independentemente se você acredita em algo maior, da sua crença, fé ou
religião... O melhor está por vir. Essa frase, lema ou como quiser chamar, é
uma das coisas mais poderosas que podem guiar a sua vida.
Se você parar de acreditar nisso, conseguirão lhe tirar tudo... pois, o que todas
as pessoas têm em comum, o que une todos nós, o que nos faz seguir em frente é
acreditar que o futuro pode ser melhor.
Eu sei que, às vezes, essa crença desaparece... às vezes, a vida bate muito
forte. Como já diria Sylvester Stallone, atuando como Rocky Balboa, ao seu
filho em seu épico filme Rocky, lançado em 2007: “Ninguém baterá tão forte
quanto a vida. Porém, não se trata de quão forte você pode bater, trata-se de quão
forte você pode ser atingido e continuar seguindo em frente. É assim que a
vitória é conquistada.”********
Ele estava certo. No exato momento em que escrevia o final deste livro, em
março de 2020, a vida estava dando uma surra em mim, em você, nos seus
amigos, familiares, empresas, cidades, nosso país e em quase todos os países do
globo.
Desta vez, a vida resolveu pegar pesado. Ela veio quieta, silenciosa e nos
derrubou rapidamente. E, o pior, nós até tentamos nos proteger, mas não era
possível vê-la se aproximando para nos derrubar.
Nesta batalha, assim como em todas, ela se mostrou um oponente complicado
de derrotar, mas não invencível. E, isso trouxe esperança. Como todos os
desafios, no começo, nos sentimentos impotentes, sem força, sem sabermos o
que fazer. Mas, aos poucos, vamos nos reerguendo, aprendendo, dando nome aos
problemas, lidando de frente. Esse problema que estava tentando nos derrubar,
tinha nome: Corona Vírus.
Como já diria Charles Darwin: “Não é o mais forte que sobrevive, nem o mais
inteligente, mas o que melhor se adapta às mudanças”. Tá aí outra coisa que
você pensou que não utilizaria do colégio e estamos retomando. A vida é isso,
resiliência.
Esse vírus trouxe consigo um pouco de todos os nossos dilemas. Ele pegou
tudo e intensificou.
Ele nos fez entender, mais do que nunca, o significado de macro paciência e
micro velocidade. Mostrou que precisamos entender que as coisas boas, às
vezes, demoram, mas que precisamos todos os dias ajustar a rota, buscar novas
soluções e nos reinventar, pois o que realmente vale a pena, está guardado,
esperando por nós, desde que nós ajamos.
Ele também nos fez entender que é importante fazermos o que amamos, o que
somos bons, sermos pagos por isso e fazermos o bem para o mundo. Mas que,
em alguns momentos, vamos ter de abrir mão de um pilar em detrimento de
outro. E não será fácil. Às vezes, podemos escolher, às vezes, não precisamos
abrir mão, mas às vezes, somos forçados e, quando isso acontece, sempre
existirá uma mensagem maior por trás. E, a mensagem da vez foi a de que de
nada adianta sermos bem-sucedidos, estarmos ganhando o mundo, se não existir
mais mundo em breve, se não existir com quem compartilhar tudo isso.
Ele nos fez entender que agir rápido é importante... e que a solução se
encontra em ser dono da sua história, fazer a sua parte e ter a disciplina para
escolher entre o que é fácil e o que é certo.
Ele nos fez entender que, se continuarmos com esses hábitos nocivos para nós
e para o planeta, não existirá muita coisa em breve.
Ele nos fez entender que a vida é uma montanha russa... que, às vezes, o
carrinho vai travar, e nós estaremos virados de cabeça para baixo. Mas, que se
não tivermos com quem dividir o carrinho, nada valerá a pena. E, desta vez,
estamos todos na mesma montanha russa e no mesmo vagão.
Ele nos fez sermos obrigados a parar e olharmos para dentro. E como isso é
difícil, pois não estamos acostumados a fazê-lo. Estamos acostumados a uma
vida corrida. A fazer a roda girar, a dar mais um check em nossas metas, a
fazer... e não ser.
Desta vez, a vida tentou nos derrubar silenciosamente. O golpe, com certeza,
doeu mais em uns do que em outros. Infelizmente, a vida não é justa, não é
meritocrática. Aceitar isso não tornará as coisas mais fáceis, mas as colocará em
perspectiva.
E, ninguém falou que seria fácil. Cada um sabe aonde o calo aperta mais.
Porém, não é por isso que você não poderá mudar a sua realidade. Isso exige
maturidade, protagonismo e otimismo.
Precisamos viver o hoje com a certeza de que o amanhã será ainda melhor,
mesmo se ele não existir.
Não sabemos qual será o nosso próximo grande desafio. Talvez, ele seja
global, e todos teremos de passar por ele juntos, novamente. Talvez, ele seja só
seu, e você tenha de passar por isso sozinho.
Minto, sozinho não, pois sozinho não tem como conquistarmos nada e, muito
menos, sermos felizes. Isso já foi comprovado, seja pelo Corona Vírus na prática
ou por Harvard em seu estudo lendário. Vimos que juntos somos mais fortes.
VOCÊ SOBREVIVEU A TODOS OS
PIORES DIAS DA SUA VIDA.
LEMBRE-SE DE COMO SAIU
DELES MAIS FORTE.
O que eu quero dizer é que nós passamos por esta pandemia, algo nunca visto
antes na história do nosso planeta. E, esse não foi o primeiro nem o último
grande desafio que nós passaremos. E... muitos deles serão silenciosos, chegarão
pedindo espaço aos poucos e, quando nós menos virmos, travarão novamente o
nosso carrinho de cabeça para baixo.
Quando isso acontecer, lembre-se de que você sobreviveu a todos os piores
dias da sua vida. Lembre-se de como saiu deles mais forte.
Como o famoso escritor José Ortega uma vez disse, “Eu sou eu e minha
circunstância”. Lembre-se de que são os desafios pelos quais você passou, as
alegrias e tristezas, que o trouxeram até aqui. Eles são responsáveis por quem
você é hoje.
Ser otimista é mais do que um papo motivacional. Eu sei que o otimismo não
paga os boletos... não põe comida na mesa... nem nada prático. Mas o
pessimismo também não.
Seja na próxima pandemia, ou se você falir, ou se for mandado embora, ou se
tomar um “pé na bunda”, ou qualquer outra coisa que o machuque, lembre-se
sempre de que você é forte. Lembre-se de que o otimismo sempre vence.
Lembre-se de que você é merecedor de tudo que já conquistou até aqui. Lembre-
se de que você é único. Lembre-se de que o mundo ainda continuaria sem você,
e, mesmo assim, você é importante. Lembre-se de que uma batida de asas na
China pode mudar a sua vida, assim como você pode mudar a sua vida e a de
várias pessoas. Lembre-se de que, embora, às vezes, pareça que você esteja
sozinho, você não está.
Não guarde tudo para você. Conte comigo, com este livro, com seus amigos e
familiares. Nunca tenha medo de cair e se levantar, pois o mundo pertence
àqueles que têm coragem de entrar na arena e lutar. O mundo pertence àqueles
que acreditam que o melhor ainda está por vir. O mundo pertence a você!
A QUEM EU FIZ MAL,PEÇO
PERDÃO. A QUEM EU AJUDEI,
QUERIA TER FEITO MAIS. A
QUEM ME AJUDOU, AGRADEÇO
DE CORAÇÃO.
AGRADECIMENTOS
ada grandioso se constrói sozinho. Podemos até irmos mais rápido,

N mas longe, só, juntos. Por isso eu gostaria de fechar esse livro
agradecendo a todas as pessoas que me ajudaram de alguma forma em
sua construção. São eles que me apoiaram durante esses meses e me fizeram
acreditar que eu tinha algo de valor a compartilhar.
Além disso, para mim, é extremamente importante deixar claro a dívida que
tenho com os muitos autores, empreendedores e pensadores que me inspiraram
ao longo dos anos. A realização deste livro não teria sido possível sem essas
pessoas importantes e significativas em minha vida. Todo pensamento de valor
que você encontrar aqui veio deles... não de mim.
Sou grato ao meu amor, Veridiana Stange Nichel, por sempre acreditar nas
minhas loucuras, me fazer enxergar os caminhos obscuros e dar luz para a minha
vida. Aos meus pais, Adriana Green e Marcos Capel, por sempre apoiarem
incondicionalmente minhas ideias. Às minhas irmãs, Julianna Green e Amanda
Capel, por sempre me lembrarem de que a vida pode ser mais leve, alegre e
divertida e por resgatarem o que há de mais puro em mim. Aos meus avós, Leoni
Tarastchuck Cordeiro e Luis Roberto Gonçalves Cordeiro, que sempre fizeram
de tudo para eu ser quem sou. Aos meus sogros, Rosane Stange Nichel e Paulo
Cesar Nichel, por sempre serem generosos comigo e fazerem muito mais do que
eu mereço.
Sou grato também aos meus amigos e sócios, Fábio Friedrich, Arthur Santos e
Caio Quincozes, por me permitirem viver meus talentos, me complementarem e
darem espaço para eu focar neste projeto.
Sou grato ao Deepak Ramola e Apoorva Bakshi, por serem amigos incríveis e
a faísca necessária para uma ideia se tornar o meu primeiro livro. Ao João Pedro
Novochadlo, por acreditar no meu trabalho, me apoiar e contribuir com inúmeras
ideias. Ao Kiko Kislansky e Viviane Araújo, por incentivarem a escrita deste
livro e abrirem muitas portas com indicações e dicas. Ao Leandro Piazza, por me
mentorar não apenas no livro como também em minha carreira.
Sou grato às minhas queridas amigas: Alana Serrano, Carinna Corso, Danielli
Yumi e Pâmela Albertini, por inúmeras vezes lerem, revisarem e se colocarem à
disposição para auxiliar o projeto no que fosse necessário.
Sou grato a Alberto Cabanes, Allister Fa Chang, Alparslan Demir, Bibiele
Natalie, Bruna Brito, Bruna Karas, Daniela Retamales, Elisa Muñoz, Ester
Athanásio, Guilherme Kazuo, Guilherme Neves, Laila Purim, Lucas Schweitzer,
Marina Melero, Matheus Cardoso, Sonal Jain e Tony Bernardini, por
compartilharem um pouco de suas lindas histórias, tropeços e conquistas. Vocês
me inspiram todos os dias.
Sou grato a toda equipe técnica que se envolveu com o livro. Marisa Barreto,
sem você o projeto não teria tomado forma. Sua atenção, disposição e paciência
sempre me fizeram acreditar que tudo daria certo. Elisabete Bórmio, obrigado
por me ajudar a cortar os superlativos desnecessários (parte deles, pelo menos) e
a me manter em uma linha narrativa coesa. Guilherme Xavier e Julia Mantovani,
obrigado pelas ilustrações, projeto gráfico e capa, seus olhares sensíveis
ajudaram a captar visualmente o que está em palavras neste livro.
Sou grato a Cynthia dos Reis, sem você, não existiria o livro físico, e ao Pedro
Borba, sem você, o livro não teria o alcance que tem.
Sou grato a você, que me segue, que compartilha minhas ideias e que está com
este livro em mãos. Acredito fortemente que nada é por acaso. Se você chegou
até aqui, é porque há uma razão muito forte. Sem você, não existiria sentido em
compartilhar. E, quanto mais compartilharmos, mais crescemos. Obrigado por
me fazer um escritor, empresário e, principalmente, uma pessoa melhor!
Por fim... “Seria errado agradecer aos meus cachorros?” Se não for...
obrigado, Cacau, Cookie e Filó, por sempre deixarem tudo mais divertido.
Se você nunca escreveu um texto de agradecimento, tente reservar uma manhã
para fazer isso. Acabei de descobrir a alegria e o privilégio de lembrar que
somos amados e que não fazemos nada sozinhos.
Não hesite em me mandar uma mensagem nas minhas redes sociais e deixar
sua avaliação na Amazon.
Receber feedback é importante para eu saber se estou no caminho certo. As
pessoas tendem a falar mais mal do que bem. Você também. É só parar por um
segundo e observar o seu dia a dia. Basta uma pequena reclamação para gerar
empatia e uma roda de conversa começar. O mal sempre vence. Mentira. O mal
sempre chega primeiro, mas não necessariamente vence. Ele só vencerá se você
o deixar vencer ou deixar que ele destrua seus sonhos.
As pessoas quando não gostam, saem contando para todos. Não gostaram
daquele restaurante, contam para todos e avaliam com uma estrela. Não
gostaram daquele passeio, contam para todos e avaliam com uma estrela. Não
gostaram daquele hotel, contam para todos e avaliam com uma estrela.
E, se gostou? Dificilmente tiramos um tempo para avaliar bem e deixar cinco
estrelas.
Caso não goste, fale. Caso goste, acho difícil que fale, mas mesmo assim, se
esforce para falar.
Para mim, independentemente, se você gostou ou não do livro, você destinou
o seu maior ativo nele: o seu tempo. Não tem como voltar, e eu sou grato por
isso.
Por isso, reforço meus agradecimentos a você que leu este meu primeiro livro.
Muito obrigado.
É SÓ O COMEÇO.
VAMOS QUE VAMOS!
******** Disponível em:< https://medium.com/swlh/entrepreneurial-sixth-sense-how-intuition-drives-
stronger-decision-making-fc906624641c>. Acesso em:20.08.20
******** Disponível em:< https://medium.com/better-humans/how-to-make-better-decisions-by-
improving-your-intuition-a5ede405d7af>. Acesso em:12.08.20
******** Disponível em:< https://medium.com/swlh/your-intuition-will-whisper-to-you-told-you-so-
67db8b206eda>. Acesso em:12.08.20
******** Disponível em:< https://www.fastcompany.com/3034677/the-5-different-types-of-intuition-and-
how-to-hone-yours>. Acesso em:12.08.20
******** Disponível:< https://medium.com/swlh/entrepreneurial-sixth-sense-how-intuition-drives-
stronger-decision-making-fc906624641c>. Acesso em:12.08.20
******** Disponível em:< https://www.youtube.com/watch?v=_FfypyFsGhk>. Acesso em:12.08.20
******** Disponível em:< https://www.youtube.com/watch?v=_FfypyFsGhk>. Acessoem:12.08.20
******** Disponível em:< https://www.youtube.com/watch?v=9KiUq8i9pbE>. Acesso em:12.08.20
******** Disponível:< https://www.netflix.com/br/title/70044605>. Acesso em:20.10.20
******** Disponível em:< https://www.inc.com/quora/money-wont-make-you-happy-heres-what-will-
accordin.html>. Acesso em:12.08.20
******** Disponível em:<
https://www.ted.com/talks/robert_waldinger_what_makes_a_good_life_lessons_from_the_longest_study_on_happiness
Acesso em:12.08.20
******** Disponível em:<
https://www.ted.com/talks/robert_waldinger_what_makes_a_good_life_lessons_from_the_longest_study_on_happiness/tr
share=1fca5bb762&language=pt>. Acesso em:20.08.20
******** Disponível em:< https://filmow.com/rocky-balboa-t6146/>. Acesso em:20.10.20

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