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M. G. G. GODOY6; G. S. de MOURA7
E-mail: guilhermesoaresmoura.4@hotmail.com
UniÍtalo em Pesquisa, São Paulo SP, v.12, n.2, abr/2022.
RESUMO
This work aims to analyze the cultural expressions of the female world, in
the work A Hora da Estrela, by Clarice Lispector. It is possible to reflect
the senses of identity that permeate the narratives, pointing out the
characters' belongings and enabling an analysis of their values. The
discussions continue reproducing the Brazilian cultural reality marked by
contrasts, diversities and their projections in the urban environment of
Rio de Janeiro. Female identities reproduce understandings of feminist
movements, directed to a decolonial conception of genders.
– Eu era pobre, comia mal, não tinha roupas boas. Então cai na
vida. E gostei porque sou uma pessoa muito carinhosa, tinha
carinho por todos os homens. [...] Eu era mais tolerante do que
as outras porque sou bondosa e afinal estava dando o que era
meu. Eu tinha um homem de quem eu gostava de verdade e
que eu sustentava porque ele era fino e não queria se gastar
em trabalho nenhum. Ele era o meu luxo e eu até apanhava
dele. Quando ele me dava uma surra eu via que ele gostava de
mim, eu gostava de apanhar. [...] Depois que ele desapareceu,
eu, para não sofrer, me divertia amando mulher. O carinho de
mulher é muito bom mesmo, eu até lhe aconselho porque você
é delicada demais para suportar a brutalidade dos homnes e se
você conseguir uma mulher vai ver como é gostoso, entre
mulheres o carinho é muito mais fino (LISPECTOR, 1998, p.
74).
SCOTT, Joan w. História das mulheres. In: BURKE, Peter. São Paulo:
UNESP, 1995.