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INTRODUÇÃO
Segundo descrição prevista no sítio eletrônico do Ministério do Trabalho e
Emprego, especificamente na CBO, instituída pela portaria ministerial nº 397, de 9
de outubro de 2002, que tem por finalidade identificar as ocupações no mercado de
trabalho, a categorial profissional Gari (código 5142) é definida como:
Outro fator que pode ser sugerido a escassez de produções científicas sobre
os profissionais garis, pode estar relacionada a invisibilidade pública, encontrada
não somente entre os garis mas em outras profissões, esse conceito é encontrado
em Costa (2008) referindo a um fenômeno psicossocial de desaparecimento de um
homem no meio dos outros, automaticamente tornando-o uma peça integrante do
meio em que se encontra, descaracterizando-o como pessoa.
Durante a jornada de trabalho dos garis, os mesmo estão expostos a variados
riscos (físicos, químicos, biológicos, ergonômicos, acidentes e sociais) e as
consequências para sua saúde são incalculáveis. No estudo de Santos (1994) os
garis apontam dez grandes distúrbios aos quais estão sujeitos: problemas de pele,
problemas auditivos, de trato urinário ou de necessidades, leptospirose, tétano,
AIDS, problemas respiratórios e pulmonares, problemas nos músculos esqueléticos,
nervosismo e preocupação, e distúrbios do aparelho digestivo.
O trabalho com o “lixo” expõe os trabalhadores à periculosidade, ao
preconceito, à exclusão de alguns ambientes sociais, o que poderá comprometer
suas condições de saúde. Nesse sentido, se faz necessário conhecer as condições
de trabalho que desenvolvem e a falta de acesso a políticas públicas de proteção
social.
Reconhecendo a necessidade de chamar a atenção para essa profissão tão
importante para a sociedade, o descuido da população e o poder público e
necessidade de ações enérgicas sobre os cuidados no que diz respeito aos riscos
que estes profissionais estão expostos durante sua jornada de trabalho, quais ações
podem ser proposta para amenizar as consequências que estes agentes possam
causar na saúde e segurança desses profissionais?
1.2 JUSTIFICATIVA
Uma característica da concentração populacional dos grandes centros
urbanos, é a estimulado consumo exagerado de bens descartáveis, o que aumenta
demasiadamente a quantidade de resíduos sólidos depositados no meio ambiente
pelo homem. Segundo Robazzi et al. (1992) uma cidade limpa é um dos indicativos
para analisar o estado de saúde de sua população.
Para a Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT (1987), lixo é
definido como os restos das atividades humanas, consideradas pelos geradores
como inúteis, indesejáveis ou descartáveis. O tempo de decomposição de cada
material que vai para o lixo está diretamente relacionados à composição dos
mesmos.
A produção e o tratamento desses resíduos sólidos, compõe um dos
problemas para a sociedade moderna, pois a demanda de produção é de grande
escala e com uma diversidade na composição desses rejeitos, tornando-se motivo
de preocupação para a sociedade. A coleta do lixo é fundamental para o estilo de
vida da sociedade atual, tanto para manter a saúde quanto a preservação do meio
ambiente.
É comprovado a existência da insalubridade nessas condições de trabalho. E
junto com tudo isso vem a deficiência por parte dos garis no que diz respeito a
capacitação, treinamento, acompanhamento e utilização de EPI’s adequados a
atividade. Acompanhado a falta de uma gestão que preocupe-se com a valorização
a saúde e segurança desses trabalhadores o que torna a atividade cada vez mais
carente de recursos e atenção.
No meio de tudo encontra-se o gari, eles são figuras de fundamental
importância embora seja cercado pelo preconceito e a desvalorização de sua
profissão. Esses profissionais realizam atividades árduas, e estão expostos
constantemente a variados tipos de riscos, por trabalharem em condições mínimas.
Estudos realizados com os garis revelam a importância do trabalho
desenvolvido por esses profissionais tanto para a saúde da sociedade, como
também a organização e bem estar da mesma. É de conhecimento de todos a
desvalorização dessa profissão. Segundo Bandeira e Almeida (2015) o exercício da
função do gari está ligado socialmente a sujeira, o que faz surgir a sensação de
desordem e perigo e que contamina a quem com ele convive.
Leals & Cols (2013) apontam que “atitudes negativas, caracterizações
estereotipadas e preconceitos são lançados e atribuído às profissões sem status
social vistas como inferiores, ainda que façam parte do mercado formal, como é o
caso dos garis”.
A invisibilidade a que estes profissionais estão sujeitos, cria dentro deles uma
condição de desmerecimento de sua profissão. Segundo Costa (2008) a
invisibilidade do individuo quanto a sociedade é resultado de um longo processo
histórico, vinculada a percepção de uma pessoa que exerce função em um trabalho
que não exige qualquer tipo de qualificação.
Para Bandeira e Almeida (2015) ser homem e gari tem se figurado algo
pejorativo, no sentido de que imaginam-se que aquele homem que apenas “restou a
condição” de gari, estaria ligado ao seu valor, impossibilitando que haja uma
equivalência entre os demais da sociedade.
Especificamente no que diz respeito ao trabalho dos garis, Soares (2011)
destaca a carência no que tange estudos com essa profissão: “É surpreendente o
pequeno número de análises sociológicas dedicadas à obra de coletores de lixo”.
A Fundacentro em sua pesquisa ATUALIZAÇÃO DE PESQUISA
BIBLIOGRÁFICA SOBRE COLETORES DE LIXO – 1996 A 2014 analisou a
produção do país ligada direta e indiretamente a coleta de resíduos sólidos do ano
de 1996 até o ano de 2014, onde foram detectadas somente 42 comunicações
científicas: artigos científicos e publicações de anais, ficando de fora trabalhos de
conclusão de curso, dissertações de mestrado e teses de doutorado.
A importância do trabalho está ligada ao papel e dever que se pretende
alcançar, abrangendo diversas áreas: socioambiental, econômica, administrativa e
de saúde e segurança dos profissionais. Sendo de múltiplo interesse os resultados
encontrados e as soluções apontadas durante a pesquisa, serve para que mudanças
imediatas sejam adotas por parte de gestores e suas competências no que relaciona
os direitos de trabalho digno e reconhecimento dos profissionais responsáveis pela
limpeza, saúde e organização da sociedade.
1.3 OBJETIVOS
1.3.1 OBJETIVO GERAL
Identificar os riscos físicos: calor e radiação ionizante, aos quais estão
expostos os coletores de resíduos sólidos (garis) no município de Parelhas - Rio
Grande do Norte. Sugerindo melhorias a serem adotadas nas condições de trabalho
dos mesmos.
1.3.2 OBETIVOS ESPECÍFICOS
Identificar os riscos físicos: calor e radiação ionizante e seus agentes
causadores;
Observar as deficiências e dificuldades na atividade dos garis;
Propor medidas e práticas para a eliminação e redução de danos e riscos
visando à integridade física e psicossocial do trabalhador.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1. SEGURANÇA NO TRABALHO
O interesse do homem com relação a sua segurança surge juntamente com a
fabricação de instrumentos utilizados para trabalhar. Ao longo da sua evolução, o
homem foi se adaptando ao meio, de forma contínua. E com a evolução o homem
começou a criar necessidades.
Um ponto marcante para a humanidade no que se refere o uso da inteligência
é levantado por estudiosos, foi o trabalho do homem com a pedra. Nela o homem
esculpia objetos que serviriam pra caçar quanto para sua segurança.
Desde a fabricação de velas para os barcos poderia ser observado o cuidado
com a segurança, utilizavam-se luvas para proteção das mãos, até os dedais, feitos
de uma concha ou osso côncavo. Vários são os exemplos do cuidado com o bem
estar e segurança dos mesmos.
Em 1792 a 1750 a. C. foi elaborado o Código Hammurabi, nele havia
estabelecidas medidas penais aplicadas aos responsáveis por qualquer tipo de
acidente.
Há também evidências da preocupação com a segurança em diversos papiros
egípcios, no qual eram descritos sintomas encontrados em trabalhadores envolvidos
com a construção das pirâmides.
Hipócrates (460- 377 a.C.) foi provavelmente a enfocar o papel do trabalho.
Foi o primeiro a definir o saturnismo como envenenamento por chumbo.
Na Idade Média, ficaram conhecidos os trabalhos feitos por Georgio Agricola
(1494-1555) e Paracelsus (1493-1541) onde eram relacionados com as doenças
advindas das indústrias extrativistas.
Bernardino Ramazzini um professor italiano, foi considerado o pai da
medicina do trabalho, quando em 1770 publicou o livro De Morbis Artificum Diatria.
Nessa obra, o autor faz uma relação entre pobreza e doença, e apresenta a
existência de riscos provenientes de produtos químicos. Tudo isso baseado na
observação de trabalhadores de 52 profissões distintas. Os seus estudos e trabalhos
ligados a sistematização das doenças profissionais, estabeleciam a sua natureza e o
grau de relação com o trabalho, como também as medidas preventivas para cada
um deles, impulsionou a criação de leis para a proteção dos trabalhadores e
indenizações para os mesmos.
Robert Peel consegue aprovar em 1802, a Lei de Saúde e Moral dos
Aprendizes, no qual ficou estabelecida a carga horária limite de 12 horas de trabalho
diários, proibindo a maioria dos trabalhos noturnos, e a ventilar as instalações.
Em 1833 é aprovada a lei que ficou conhecida por sua eficácia com relação a
proteção dos trabalhadores: a Factor Act (Lei das Fábricas), em que foi dada maior
atenção ao trabalho de crianças nas fábricas, proibindo o trabalho noturno por
crianças de 9 a 12 anos. É nela que encontra-se a origem da saúde no trabalho.
Por meio da portaria nº. 3.214, em 08 de junho de 1978, em que foi aprovada
as Normas Regulamentadoras - NR, relativas à Segurança e Medicina do Trabalho,
que obriga as empresas o seu cumprimento abordando vários problemas, direitos e
deveres relacionados ao ambiente de trabalho e a saúde do trabalhador, que
constantemente sofrem atualizações e modificações. As Normas Regulamentadoras
tornaram-se o meio mais eficiente para aplicação de medidas de segurança do
trabalho.
Onde:
tg = temperatura de globo
Os aparelhos que podem ser utilizados para essa medição são: termômetro
de bulbo úmido natural, termômetro de globo e termômetro de mercúrio comum. E
as medições devem ser feitas no local onde o trabalhador permanece, e na área da
região do corpo mais atingida.
Fonte:
http://www.ccb.usp.br/arquivos/arqpessoal/1360237303_nr15atualizada2011ii.pdf
Para o regime de trabalho intermitente, com períodos de descanso em outro
local (local de descanso), o Limite de Tolerância (LT) em função do índice obtido,
será definido no Quadro n.º 2 do anexo III, da NR 15.
QUADRO N.º 2
Fonte:
http://www.ccb.usp.br/arquivos/arqpessoal/1360237303_nr15atualizada2011ii.pdf
M = Mt x Tt + Md x Td/ 60.
Sendo:
Sendo:
QUADRO N.º 3
Fonte: http://www.ccb.usp.br/arquivos/arqpessoal/1360237303_nr15atualizada2011ii.pdf
2.2.2 NR 6 E NR 9
Velloso et al. (1997) explica que a visão social desse grupo de trabalhadores
e sua própria autoimagem são problemáticas do ponto de vista de nossa sociedade,
pois ocorre que há um menosprezo pela referida ocupação que se origina dos
próprios garis, de suas condições econômicas e de trabalho adversas, que
dinamicamente interagem com a imagem social da própria profissão.
Essa relação que estrutura uma relação mútua entre homens e natureza
expressa na ação transformadora do trabalho, foi no século XIX, assim falava Max:
3.1. METODOLOGIA
Este estudo tem por finalidade realizar uma pesquisa sobre as condições de
trabalho dos garis, será feito uma observação e avaliação pelas ruas da cidade, por
ser este o local onde os garis realizam seu trabalho, analisando qual o valor dos
índices com relação ao calor, os tipos de equipamentos de proteção utilizados pelos
mesmos.
Para Jung (2004) pesquisa pode ser definida como, uma etapa
integrante em um processo em que as pessoas absorvem um novo
conhecimento ou então descontrói uma visão formada sobre si mesmo ou
sobre o que ambiente em que interage com os demais, tendo por objetivo
encontrar respostas para questionamentos, resolver problemas e também
satisfazer necessidades. Os métodos que utilizados no presente estudo o que
se refere ao tipo, natureza, modalidade e abordagem são: Pesquisa
Bibliográfica e Estudo De Campo.
3.2.2. NATUREZA
3.2.2. ABORDAGEM
O estudo será realizado com uma abordagem qualitativa, pois será descrito
através da percepção do observador. Godoy (1995) qualifica algumas características
básicas para a identificação dos estudos denominados qualitativos, seguindo esta
visão, uma amostra pode ser mais bem compreendida no seu contexto completo,
analisando-o numa perspectiva integrada. Para que ocorra da melhor forma, o
pesquisador deve ir atrás, buscando estudar o fenômeno de acordo com o que ele
mesmo detectou, buscando ouvir e compreender as pessoas envolvidas, e
considerando relevantes os diferentes pontos de vista sobre tal fenômeno.
2ª etapa: com os dados anteriores em mão, será montado um roteiro das atividades.
Medidas de controle são para uma situação de risco já existente que não
possa ser eliminada e sim controlada, em um nível de segurança que não
possa causar danos e medida preventiva é antecipação de situações de riscos
ou problemáticas que possam ocorrer, tomando precauções e medidas antes
que ocorram. Porto (2000) define prevenção como, o conjunto de medidas
objetivas que buscam evitar a ocorrência de danos à saúde dos trabalhadores,
através da eliminação e controle dos riscos nos processos e ambientes de
trabalho.
4. CRONOGRAMA
Atividade/Período M A M J J A S
Levantamento Bibliográfico X X X
Análise Bibliográfica X X
Escrita do TCC X X X
Revisão do TCC X
Defesa do TCC X
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PATOS - PB
2017
FERNANDA KELLY AZEVEDO OLIVEIRA
PATOS - PB
2017