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Tribunal de Justiça do Piauí

PJe - Processo Judicial Eletrônico

19/09/2023

Número: 0751882-16.2022.8.18.0000
Classe: AGRAVO DE INSTRUMENTO
Órgão julgador colegiado: 2ª Câmara de Direito Público
Órgão julgador: Desembargador JOSÉ JAMES GOMES PEREIRA
Última distribuição : 15/03/2022
Valor da causa: R$ 0,00
Processo referência: 0843730-86.2021.8.18.0140
Assuntos: Expedição de Certidão Positiva de Débito com Efeito de Negativa
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? NÃO
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? SIM
Partes Procurador/Terceiro vinculado
MUNICIPIO DE TERESINA (AGRAVANTE)
EMGERPI - EMPRESA DE GESTÃO DE RECURSOS DO JACYLENNE COELHO BEZERRA FORTES (ADVOGADO)
ESTADO DO PIAUÍ (AGRAVADO) ADAUTO FORTES JUNIOR (ADVOGADO)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
12078 03/07/2023 16:17 Acórdão ACÓRDÃO SEGUNDO GRAU
037
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PIAUÍ

ÓRGÃO JULGADOR : 2ª Câmara de Direito Público

AGRAVO DE INSTRUMENTO (202) No 0751882-16.2022.8.18.0000

AGRAVANTE: MUNICIPIO DE TERESINA

AGRAVADO: EMGERPI - EMPRESA DE GESTÃO DE RECURSOS DO ESTADO DO PIAUÍ

Advogado(s) do reclamado: ADAUTO FORTES JUNIOR, JACYLENNE COELHO BEZERRA FORTES

RELATOR(A): Desembargador JOSÉ JAMES GOMES PEREIRA

EMENTA: AGRAVO DE
I N S T R U M E N T O .
AGRAVO INTERNO NOS
AUTOS. AÇÃO DE
OBRIGAÇÃO DE FAZER
COM PEDIDO DE
TUTELA DE URGÊNCIA.
EMISSÃO DE CERTIDÃO
POSITIVA COM EFEITO
DE NEGATIVA. DÉCITOS
EXIGÍVEIS E VENCIDOS.
No caso dos autos, não se
vislumbra o preenchimento
de nenhum dos
fundamentos apontados,
isso porque, conforme
fundamentado pela
decisão recorrida, a parte
agravada já enviou ao ente
tributante documentação
c o m r e l a ç ã o
individualizada dos
mutuários que adquiriram
os imóveis, tendo em vista
que o objeto da presente
ação tem repercussão na
regularização de imóveis
que fazem parte de
conjuntos habitacionais
construídos pela extinta

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Número do documento: 23070316175107500000011995631
Companhia de Habitação
do Piauí - COHAB/PI,
localizados no município
de Teresina, sendo a
empresa Agravada
sucessora de tal
Companhia. Dentro desse
contexto, importante
elucidar que o contribuinte
é quem fornece ao Fisco
as informações para que
apure o crédito tributário e
o notifique para poder
pagá-lo. Essa declaração
engloba os fatos
indispensáveis à
apuração, pelo Fisco,
do crédito tributário —
como dados contábeis,
documentos, livros e
registros. Assim, não
assiste razão o Município
Agravante quando
argumenta em sua peça
recursal que “Não há
dúvida de que a decisão
ora agravada gera lesão
grave ao Fisco Municipal,
eis que a decisão ora
questionada, apesar de
ausente fundamentação
apta (individualização dos
créditos foi devidamente
apresentada em anexo),
suspende a exigibilidade
de créditos tributários e
determina que o Município
se abstenha de criar
obstáculos à expedição de
Certidão Positiva com
Efeitos de Negativa em
relação aos mesmos.”
Dessa forma, verifica-se
que a disponibilização da
certidão de regularidade
fiscal é consectário natural
da medida pleiteada pela
empresa agravada, fator
este não realizado pelo
Fisco Municipal, o que
acarreta, inclusive,

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na violação ao princípio da
legalidade, ínsito da
administração pública. Dou
por prejudicado o Agravo
Interno acostado no ID
7189418. Ante o exposto,
e o que mais dos autos
constam, voto pelo
conhecimento e
improvimento do recurso,
para manter a decisão do
Juízo a quo em todos os
seus termos.

DECISÃO: Acordam os componentes da 2ª Câmara de Direito Público, do Tribunal de Justiça do Estado do Piauí, à
unanimidade, em conhecer e negar provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator.

RELATÓRIO
Trata-se de Agravo de Instrumento interposto pelo Município de Teresina contra decisão nos autos da Ação
de obrigação de fazer com pedido de tutela de urgência (processo nº 0843730-86.2021.8.18.0140) e que tem como
parte Agravada a EMPRESA DE GESTÃO DE RECURSOS DO ESTADO DO PIAUÍ S/A – EMGERPI.
Na fundamentação do Agravo aponta o Município Agravante que a parte autora requer a emissão da
Certidão Positiva com Efeito de Negativa em seu favor nos moldes em que foi determinado pela decisão do Agravo de
Instrumento n° 2016.0001.009484-1. A referida certidão foi solicitada pela empresa por meio do processo SEI/PMT n°
00043.004407/2021-63 0. Desse modo, foi esclarecida a impossibilidade de emissão da Certidão Positiva com Efeito de
Negativa solicitada devido à existência de débitos exigíveis e vencidos de tributos diversos daqueles elencados no
dispositivo da decisão judicial, quais sejam, Taxa de Lixo e COSIP.
Defende que em 04/08/2021 a empresa solicitou todos os débitos, mobiliários e imobiliários, da EMGERPI
e guia de pagamento à vista dos débitos não elencados no dispositivo judicial, nas condições da Lei n° 5.578 de
28/04/2021, que beneficiaria a empresa com descontos nos juros e na mora. Após a informação dos débitos, em
setembro de 2021 e a realização do pagamento de R$ 386.561,49, foi emitida pela Prefeitura Municipal de Teresina -
PMT a Certidão Conjunta Positiva com Efeito Negativa e da Dívida Ativa do Município de Teresina - PI, válida até
29/12/2021. Ocorre que, ainda irresignada, a requerente alegou que o Município de Teresina apenas teria enviado o
valor dos débitos, sem individualizá-los, o que a deixou sem ter conhecimento do que foi efetivamente pago, bem como
a impediu de renovar a mencionada certidão.
Destaca ainda que não há dúvida de que a decisão ora agravada gera lesão grave ao Fisco Municipal, eis
que a decisão ora questionada, apesar de ausente fundamentação apta (individualização dos créditos foi devidamente
apresentada em anexo), suspende a exigibilidade de créditos tributários e determina que o Município se abstenha de
criar obstáculos à expedição de Certidão Positiva com Efeitos de Negativa em relação aos mesmos.
Defende também que a Secretaria Municipal De Finanças elaborou planilha atualizada com a relação dos
débitos lançados em aberto (em anexo). Portanto, houve perda do objeto relativamente ao pedido de tutela de urgência.
Narra, que é importante ressaltar que o Município de Teresina, em obediência ao comando judicial exarado
no presente processo, apresentou a completa individualização dos referidos créditos tributários, mediante planilhas
anexas (detalhamento de parcelas de origem e relatório de débitos). No entanto, vem requerer a reforma da decisão no
tocante a determinação de que o Município se abstenha de criar obstáculos à expedição de Certidão Positiva com
Efeitos de Negativa sobre os referidos créditos, pois comprovada documentalmente a existência de débitos exigíveis e

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vencidos diversos daqueles elencados no dispositivo da decisão judicial (ITBI, foros e laudêmio) de responsabilidade da
EMGERPI.
Ao final, requer que seja conferido efeito suspensivo a este agravo de instrumento para sustar a decisão
concessiva de liminar proferida pela primeira instância; que seja recebido e provido do presente recurso de Agravo de
Instrumento, para reformar a decisão.
Agravo Interno (Id 7189418), requer a reforma da decisão monocrática que indeferiu o efeito suspensivo
pleiteado, alega inexistência de débito em aberto – impossibilidade de fornecimento de certidão positiva com efeito de
negativa, perda do objeto; inexequibilidade da decisão; atributo da presunção de veracidade e de legitimidade dos atos
administrativos.
Requer a reconsideração da decisão, caso contrário, seja levando ao colegiado.
Contrarrazões ao Agravo de Instrumento (Id 7379144), rechaça os argumentos expendidos pelo agravante.
Requer o improvimento do recurso.
Notificado o Ministério Público Superior, disse não haver interesse.

É o relatório.
Passo ao voto.

O recurso interposto é cabível e preenche os requisitos exigidos pela legislação processual pertinente.
Inicialmente, é importante destacar que a tutela provisória é uma ferramenta que o julgador utiliza em
caráter provisório para assegurar ou proteger um direito em situações de urgência ou casos de evidência, antes da
decisão final, baseado em sua compreensão ainda não concluída dos fatos, e nesse caso, sua função é dar maior
efetividade ao processo.
A tutela provisória tem caráter provisório porque ela pode ser revogada ou modificada a qualquer tempo,
conforme determina o artigo 296 do CPC (Art. 296. A tutela provisória conserva sua eficácia na pendência do
processo, mas pode, a qualquer tempo, ser revogada ou modificada.). Assim, para tornar-se permanente, deve ser
substituída por um provimento definitivo, e neste caso são classificadas em tutela de urgência e tutela de evidência.
Assim determina o artigo 300 do CPC:
“Art. 300 A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a
probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo”
Assim, verifica-se que há dois fundamentos indissociáveis: probabilidade do direito (fumus boni juris) e o
perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo (periculum in mora).
No caso dos presentes autos, não se vislumbra o preenchimento de nenhum dos fundamentos acima
apontados, isso porque, conforme fundamentado pela decisão recorrida, a parte agravada já enviou ao ente tributante
documentação com relação individualizada dos mutuários que adquiriram os imóveis, tendo em vista que o objeto da
presente ação tem repercussão na regularização de imóveis que fazem parte de conjuntos habitacionais construídos
pela extinta Companhia de Habitação do Piauí - COHAB/PI, localizados no município de Teresina, sendo a empresa
Agravada sucessora de tal Companhia.
Além disso, conforme se destacou na decisão recorrida, os requisitos para concessão da liminar pleiteada
restaram devidamente preenchidos para a sua concessão. Isso porque em razão do que fora decidido no Acórdão do
Agravo de Instrumento nº 2016.0001.009484-1/PI, restou demonstrado naquela ocasião a realização dos pagamentos
dos créditos tributários pela contribuinte, ora Agravada, e além disso, observou-se a ausência de resposta, por parte do
Fisco Municipal, ao requerimento administrativo formulado pela Agravada, sendo que cabe a este Ente público informar
ao contribuinte a origem e extensão do débito tributário.
Dentro desse contexto, importante elucidar que o contribuinte é quem fornece ao Fisco as informações
para que apure o crédito tributário e o notifique para poder pagá-lo. Essa declaração engloba os fatos indispensáveis à
apuração, pelo Fisco, do crédito tributário — como dados contábeis, documentos, livros e registros.

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Assim, não assiste razão o Município Agravante quando argumenta em sua peça recursal que “Não há
dúvida de que a decisão ora agravada gera lesão grave ao Fisco Municipal, eis que a decisão ora questionada, apesar
de ausente fundamentação apta (individualização dos créditos foi devidamente apresentada em anexo), suspende a
exigibilidade de créditos tributários e determina que o Município se abstenha de criar obstáculos à expedição de
Certidão Positiva com Efeitos de Negativa em relação aos mesmos.”
Dessa forma, verifica-se que a disponibilização da certidão de regularidade fiscal é consectário natural da
medida pleiteada pela empresa agravada, fator este não realizado pelo Fisco Municipal, o que acarreta, inclusive,
na violação ao princípio da legalidade, ínsito da administração pública.
Somado a isto, temos que restou também acertada a decisão recorrida no sentido de que “há fundado
receio da ocorrência de dano irreparável à autora, uma vez que a constituição de crédito tributário obsta a obtenção de
certidão de regularidade fiscal, situação que poderá, em tese, dificultar o desenvolvimento de suas atividades, por isso
resta configurado o pressuposto do periculum in mora.” Vejamos a jurisprudência deste ETJPI neste sentido:
EMENTA AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO REVISIONAL DE LANÇAMENTO
TRIBUTÁRIO. SUSPENSÃO DA EXIBILIDADE DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO DOS TRIBUTOS
DE IPTU. EXPEDIÇÃO DE CERTIDÃO POSITIVA COM EFEITOS DE NEGATIVA.
REQUISITOS PARA A ANTECIPAÇÃO DA TUTELA. PREENCHIMENTO. I- Na hipótese
examinada, como bem observado pelo o Juiz a quo na origem, o Agravado não requer, a título
de tutela provisória, a revisão do lançamento tributário (efeito principal da tutela) mas, tão
somente, a suspensão da exigibilidade do crédito tributário (efeito secundário), objeto
plenamente reversível durante o curso da lide. II- Os argumentos elencados pelo Agravado,
em sua peça inicial, de que houve um aumento no valor cobrado pelo IPTU entre os anos de
2013 e 2014, variando na ordem de 700% (setecentos por cento) a 1.000% (hum mil por
cento), não foram repudiados pelo Agravante que resumiu a sua defesa a tratar sobre a
legalidade da cobrança do imposto do ano de 2014. III- Nesse sentir, sob uma análise
perfunctória dos fatos alegados, anexados às provas juntadas pelo Agravado na exordial,
como apontado pelo Juízo a quo, é possível se autorizar a concessão do pedido antecipatório
que, conforme dito linhas alhures, trata-se de efeito reflexo (secundário), e não principal, da
tutela antecipatória. IV- Sobre o perigo de dano, o Agravado aduz que há processo de
inventário em tramitação (processo nº 18923/2010), ajuizado na Comarca de São Luís/MA, na
Vara de Interdição, Sucessão e Alvará, que se encontra dependente de expedição de certidão
negativa de débito tributário para seu desfecho. V- Recurso conhecido e improvido. (TJPI |
Agravo de Instrumento Nº 0710342-27.2018.8.18.0000 | Relator: Raimundo Eufrásio Alves
Filho | 1ª CÂMARA DE DIREITO PÚBLICO | Data de Julgamento: 24/04/2020 )
AGRAVO DE INSTRUMENTO EM AÇÃO DECLARATÓRIA- ADMINISTRADORA DE
CARTÃO DE CRÉDITO- ISS- NÃO-INCIDÊNCIA- AGRAVO CONHECIDO E PROVIDO PARA
SUSPENDER A EXIGIBILIDADE CRÉDITO TRIBUTÁRIO ADVINDO DA NOTIFICAÇÃO DE
LANÇAMENTO DE DÉBITO. (TJPI | Agravo de Instrumento Nº 0701467-68.2018.8.18.0000 |
Relator: Haroldo Oliveira Rehem | 1ª CÂMARA DE DIREITO PÚBLICO | Data de Julgamento:
09/07/2021 )
Dou por prejudicado o Agravo Interno acostado no ID 7189418.
Ante o exposto, e o que mais dos autos constam, voto pelo conhecimento e improvimento do recurso, para
manter a decisão do Juízo a quo em todos os seus termos.
O Ministério Público Superior, disse não ter interesse.
É o voto.

Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Des. José James Gomes Pereira – Relator, Des. Manoel de Sousa Dourado
e Des. José Wilson Ferreira de Araújo Júnior.

Impedimento/Suspeição: Não houve.

Presente o Exmo. Sr. Dr. Antônio de Pádua Ferreira Linhares, Procurador de Justiça.

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Número do documento: 23070316175107500000011995631
O referido é verdade; dou fé

SALA DAS SESSÕES VIRTUAIS DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO, em Teresina, 23 a 30 de


junho de 2023.

DILIGÊNCIAS PARA A COORDENADORIA CUMPRIR: Esgotados os prazos recursais, sem que


as partes recorram deste acórdão, certifique-se o trânsito em julgado, arquive-se os autos, dê-se
baixa na distribuição e remeta-os à origem para os fins legais.

Cumpra-se.

Teresina – PI, data de assinatura do sistema.

Des. José James Gomes Pereira

Relator

Assinado eletronicamente por: JOSE JAMES GOMES PEREIRA - 03/07/2023 16:17:51 Num. 12078037 - Pág. 6
https://tjpi.pje.jus.br:443/2g/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=23070316175107500000011995631
Número do documento: 23070316175107500000011995631

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