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l. Delimitação do problema
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FA81ANA DH PADRE TOME RESTITUIÇÃO DO INOÉBITO TRIBUTÁRIO
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FASIANA OEL PADRE 1 IMt
mas s m que é o texto que a constitui. Por estranho que possa parect:r, o homi-
contraditórias do ambiente sobre o sistema jurídico. Essa imunização as-
cidio t amo ação jurídica só existe depois que o texto jurídico prescreve o que é
segura que as expectativas normativas sejam tratadas segundo o c~digo
que s< deve entender por homicídio. 7
lícito/ilícito, de modo que os fatores externos só influam na re~rodu~ao do
1
sistema jurídico se e quando submetidos a uma comutação d1scurs1va, de
Só ·ai essa ação ingressa no sistema do direito positivo.
acordo com aquela codificação e com os programas jurídicos. ~rogr~mas, ?s
Essa cl ausura operativa e abertura cognitiva, nos moldes expostos, só na qualidade de suplemento da codificação, servem para dar d1rec1onal1dade
são passiveis pela existência de códigos e programas especificos para cada à semântica condicionada por um código. Somente na presença de ambos
sistema parcia l. Esses sistemas parcia is, como é o caso de jurídico, qualifi-
é possível resolver problemas especificamente ju:ídicos, já q~e ~pen~s ne~sa
cam-se em razão da diferença com o ambiente, diferença t sta que é consti- hipótese tem-se uma contingência inerente ao sistema do d1re1to. Nao exis-
tuída e delimitada pelas operações internas ao próprio sistema, responsáveis te nenhum problema de fundamentação do direito que não ten~a que se
pela auto-reprodução de seus elementos, segundo seus pêrticulares código solucionar no próprio direito. Por isso, o direito positivo existe unicamente
e programa.ª
produzido no próprio sistema.
Éa existência de código binário específico que caracteriza um sistema
como auto- referencial mente fechado, com abertura cognii iva ao meio am-
biente. Por neio de código sistêmico próprio, estruturado t,inariamente en- 3. Segurança jurídica no sistema autopoiético: relacionamento entre
tre um valo · negativo e outro positivo, as unidades elemertares do sistema sistema jurídico e ambiente
são reproduzida s internamente e distinguidas claramente d1s comunicações
exteriores. ~1as os códigos se tornam form3s vazias caso nãc sejam combina- Lourival Vilanova 9 assevera que o direitos~ apresenta como uma "lin-
dos com pnigramas. Nesse sentido, a autopoiese importa t ma combinação guagem material, sempre aberta ao acresc~ntamen_to d~ enunciados_funda-
entre codifkação e programação, possibilitando, assim, a simultaneidade de dos na experiência, que é infinita no sentido kantiano. Tal ~firmaç~o _d~ve
fechamente e abertura.
ser entendida como referente à abertura cognoscitiva do sistema 1und1co,
O sist~ ma jurídico pode assimilar, de acordo com seus critérios (código pois este conquanto aberto em seu aspecto semântico, é sintaticamente fe-
e programô·, os fatores do ambiente, sem que seja diretamente influencia- chado, c~mo se depreende dos ensinamentos desse mesmo autor º: "~orno
1
do por eles. As expectativas normativas não são determi11adas imediata- 0 direito não é um sistema nomológico-dedutivo, em que seus enunciados
mente por i 1teresses económicos, política, ética, moral, etc.: dependem de derivem implicacionalmente de outros enunciados, um. sistema fechad~,
processos S( letivos de filtragem conceituai no interior do '. ;istema jur/dico, mas um sistema empírico aberto aos fatos, o~ fatos nele 1~gressam atraves
exigindo a eigitalização interna de informações provenientes do ambien te. de normas~ Nada ingressa no sistema do direito que não seJa pelo modo por
Desse modo, reproduzindo-se a pa rtir de um código binário (lici to/ilícito) e ele próprio definido: a forma normativa. .
de program is (normas jurídicas, tais como as veicu ladas na Constituição, É pela conjugação entre código e programa que se obte_m _e~se fe-
em leis, decfetos, decisões judiciais, etc.), o direito aparece como sistema nômeno autopoiético, garantindo , simultanea mente, segurança Jund1ca eo
operaciona l,nente autônomo. . .
relacionamento entre o direito posto e o am~_i.ente.
Como sistema autopoiético que é, o sistema jurídico comuta as res- A segurança jurídica pode ser consi9trada em duas variantes: (1) g~r~ n-
pectivas influências apenas mediante seus programas e códigos, os quais te que os assuntos sejam tratados exçlusivamen_te de acord_o co'll o cod1go
atuam come mecanismo de seleção, filtragem e imunização das influências do direito, sem interferência de qualquer outro interesse na~ ~ont~m_p~ado
pelo ordenamento; e (ii) confere certa previsibilidade às dec1soes Jund1cas,
rj 7. Idem, ibidem.
8 Sobre a au :opoíese do sistemD do direito positivo, seu código e programa, consulte- 9. As estruturas lógicas e o sistema do direito positivo. São Paulo :_ Noes~s, 2005. p. 55.
.
l
se nossa A prova no direito tributária. São Paulo: Noeses, 2005. p. 37-62 . 10. Causalidade e relação no direito. 4. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2000. p. 55.
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FABIANA DEL PAQRE TOM!
REST11\JIÇÁO DO lNO!sno lRISUlARIO
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FMIAIIA JEL FADRl TOM/
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FABIANA OE, PADRE TOM!
RESTll\JIÇÂO 00 INDt8110 11118\ITÀRIO
'•
vo e_ passivo, a determinação do objeto da prestação, formado pela b
diferindo do lançamento de oficio, A participação do administrado restrin-
de calc-Jlo e correspondente alíquota, bem como pelo estabelecimento do- ge-se ao cumprimento de deveres instrumentais, existentes, também, nos
termos espaço-temporais em que o crédito há de ser exigido''. Tal enunciaâ denominados lançamento de oficio, cm que o contribuinte tem de cumprir
definitcrio permite visualizar no lançamento o caráter de ato administrati- deveres dessa espécie, tais como escriturar livros, emitir notas fiscais, etc. Os
vo, corro norma individual e concreta, além dos critérios determinantes de r. deveres instrumentais são imprescindíveis à operacionalidade da tributação,
seu con :eúdo significativo. -1
pois é com base neles que o Fisco constitui o crédito tributário, introduzido
. . Si uação diversa é aquela em que a norma individual e concreta, cons~ ·:
I no ordenamento pelo ato de lançamento. O denominado lançamento por
~tu1dor.1 do fato jurí~ico tributário e do correspondente liame obrigacional, ;-
homologação, por sua vez, nada tem de lançamento. Não é exarado por au-
e exped,da pelo particular. Nesse caso, o ato de formalização não se en- ·•
toridade administrativa, mas pelo próprio particular: é o contribuinte quem,
qtiadra na definição do conceito de lançamento tribL tá rio por faltar-lhe ,1
cumprindo deveres instrumentais, constitui o crédito tributário.
n~ co~posição, a participação de agente público corr.petente. A despeit~ .~
Nessa segunda modalidade constitutiva, o contribuinte efetua o pa-
disso, e comumente denominado lançamento por homologação, como ex- gamento antes de qualquer manifestação do Fisco (pagamento antecipa-
plica Alberto Xavier 19 :
do). motivo pelo qual o CTN impõe, como condição ao desaparecimento do
, crédito tributário, a homologação pela Fazenda Pública (art. 150, § 4•). O
Entre nós generalizou-se uma classificação, prete ,sarnente baseada n~ sujeito passivo pratica uma série de atos, culminando com a antecipaç~o do
CTN, que atende ao grau de colaboração do contribuinte no procedimento ad- pagamento do tributo, enquanto a Fazenda Pública se li~ita a exer~1tar o
ministrativo do lançamento. Nuns casos, o Fisco toma ele próprio a iniciativa da controle, homologando expressa ou tacitamente os expedientes realizados
prâ, ica do lançamento, quer por razões atinentes â nature.:a do tributo, quer por pelo contribuinte. Com tal expediente, a autoridade administrativa certifica
incL mprimento, pelo contribuinte, dos seus deveres de cnoperação: ê o lança- a quitação, funcionando como espécie de "certidão de óbito" que faz desa-
mer to direto ou ex officio previsto no art. 149. Noutros ca:.os - situados no pólo párecer a obrigação tributária. . .
opo ;to - é o contribuinte que toma a iniciativa do proced,mento, apresentando Percebe-se que, apesar de o crédito tributário poder ser const1tu1do
a su1 declaração tributaria e colaborando ativamente, co no parte, no seu de- pelo contribuinte, sem qualquer participação da autoridade administrativa,
senr Jlar: é o lançamer.to misto ou por declaração, previsto no art. 147. Enfim, o legislador houve por bem exigir, para sua ext~nção, a interferência do Fisco.
em "ertas hipóteses, o Fisco só atua eventualmente:, a titulo de controle: a pos- A disciplina jurídica conferida ao "pagamento antecipado" é, portanto, dis-
tericri, cabendo ao contribuinte a principal tarefa de calc11lar o tributo devido, tinta daquela relativa ao pagamento puro e simples. Ao discorrer sobre esse
reali :ar o seu pagamento, sujeito, como se disse, a eventt ai homologação das 20
ponto, acentua Paulo de Barros Carvalho • qu~, ~ao ob~t_ante o ~a~ame_n~o
auto·idades: é o lançamento por homologação previsto no art. 150. antecipado seja uma forma de pagamento, o direito pos,t,vo brasileiro eng,u
certa peculiaridade no que diz respeito ao primeiro:
O c1 itério classificatório que leva à identificação c'essas três moda-
lidades d<: "lançamento" reside no grau de participação do contribuinte Ainda que o factum do pagamento tenh_a efeitos extintivos, requer a le-
no procec imento que culminará no ato constitutivo do crédito tributário. gislação aplicável que ele se conjugue ao ato homologatório a ser realizado
Entendido la_nçamento como ato, porém, chegamos à conclusão de que (comissiva ou omissivamente) pela AdministraIção Pública. Só assim dar-se-á por
lançameff o e um só: o chamado lançamento de ofício, pllis se trata de ato dissolvido o vinculo, diferentemente do que sucede nos casos de pagamento de
exarado por autoridade administrativa, nos exatos termos do art. 142 do CTN. divida tributária apurada pró lançamento, cm que a conduta prestacional do
No chama fo lançamento por declaração, a constituição do crédito também devedor tem o condão de pôr fim, desde logo, à obrigação tributária.
decorre de norma individual e concreta produzida pela Administração, não
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fABIANA DEL 'AORE TOM(
21. Op. cit., P; 26. 22. Introdução iJ lógica. Trad. de Álvaro Cabr;il. s·ão Paulo: Mestre Jou, 1974. p. 55.
23. Lógica de los normas. Madrid : Tecnos, 1971 . p. 28.
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RES111UIÇ~0 00 IN0!BIT0 TRISl/lÀAI0
FABIANA OEl PAOR[ • OM!
1
pretenda atribuir-lhe efeito intt:;rpretativo, tal de.te(minação não se coa-
1 Jâ a lii1guagem prescritiva presta-se à expedição de ordens, comandos·
l duna com o direito positivo brasileiro, o qual tém seu conteúdo alterado
i dirigidos ao :omportamento humano, intersubjetivo ou infra-subjetivQ. A essa-"°
a cada nova prescrição introduzida. Des~e'modo, ao redigir o art. 3°, ~ue
1 espécie de enunciados não se empregam os valores verdadeiro e falso, mar
dispõe que "para efeito de interpretação do inciso Ido art. 168 da Lei_ nº
í vâlido e não-•vâlido, inerentes à lógica deôntica. Éa função lingüística predo-·
5.172, de 25 de outubro de 1966 - Código Tributário Nacional, a extin-
i minante nas proposições jurídico-positivas, que se direcionam às condutas in~
ção do crédito tributário ocorre, no caso de tributo sujeito a lançamento
1 tersubjetivas para alterâ-las. Norberto Bobbio 24, esclarecendo a distinção entre:
por homologação, no momento do pagamento antecipado de que trata
forma gram, tical, entendida como o modo pelo qual a proposição é expressa, e.:.
·1 o§ 1° do art. 150 da referida Lei", o legislador introduziu no ordenamen-
; sua função, e onsistente no fim a que se propõe alcançar aquele que a pronun- ·:
to nova regra, alterardo os requisitos necessários à extinção do vinculo
1
eia, conclui s~r a função prescritiva própri~ da linguagem normativa, que con- •~-
i
o, obrigacional tributário e, por conseqüência, impondo novo termo inicial
i siste em "dar comandos, conselhos, recomendações, advertências, influenciar
para contagem do prazo prescriciona l do direito do contribuinte. •
ii comporta me 1to alheio e modificá-lo': Lourival Vilanova 2s, enfatizando essa fi-
• • Vale lembrar que o direito, como sistema autopoiético, produz sua
1 nalidade, leci )na: "Altera-se o mundo físico mediante o trabalho ea tecnologia,
1 própria organização e mantém, assim, sua identidade: o sistema jurídico
que o potenl"ia em resultados. E altera-se o mundo social mediante a lingua-
diferencia-se do ambiente em que se ,encontra inserto, determinando, ele
1
1 gem d)ls normas, uma çlasse da qual é a linguagem das normas do direito':
i próprio, aqu llo que o integra e o que não faz parte dele. De tal proprieda-
Firmadas essas premissas, é passivei concluir, desde leigo, que nenhu~
l ma norma jurídica pode ser consideraea meramente interpretativa. Todo
preceito legal introduz modificações no sistema do direitc positivo, ainda
de não escapam os fatos extintivos dos liames jurídicos. e, mu ito m_e~os,
os institutos que se volt~m à estabilização das relações entre os suJe1tos
de direito, como é o caso' da decadência e da prescrição. Assim, tendo em
que exteriorizado na forma descritiva. Uma norma não diz como as coisas
vista que nada ingressa no sistema do direito que não seja pela fo_r~a
"são", mas como "devem ser·: Dito de outro modo, ou a nor na é prescritiva
normativa, somente a p~rtir da ediçã,o da LC nº 118/05 é que o requ1s1to
ou não é norma. Mesmo quando o conteúdo significativo da nova regra seja extintivo da obrigação tributária constituída mediante norma individual
ou pareça idêntico ao de prescrição já existente, tem-se 11odificação no
e concreta do contribuinte (lançamento por homologasão) passa a ser o
sistema do c'ireito positivo: trata-se de novo enunciado, decorrente de ato
fato do "pagamento antecipado".
de fala (enunciação). diverso daquele antes existente.
Posto isso, e considerando a expressão "sistema do direito positivo"
como refere He ao conjunto das normas jurídicas estatica nente conside- 8. Segurança jurídica, irretroatividade da lei tributária e o art. 3º da
radas, pode• se afirmar que a cada alteração legislativa t~ m-se um novo
sistema do direito posto. 26 É o que acontece na situação ora examinada: LC n• 118/05 ,
'
no mamente, T1, anterior à edição da LC n° 118/05, existia i; m determinado As normas jurídicas são editadas para proJ~tar efeitos para o futuro.
sistema jurídico brasileiro; no instante subseqüente T2, apés o advento da Nesse sentido, tem-se expresso na Constituição da República o prestigiado
referida Lei, o sistema passou a ser outro, diferente do anterior, tendo em principio da irretroatividade das leis, segundo o qual "a lei não prejudicará
vista as nov;,s regras criadas.
o direito adquirido, o ato jurídico per feito e'a coisa julgada" (art. 5º, XXXVI).
Não rc :stam dúvidas, portanto, de que o art. 3° d;1 LC n° 118/05
Não bastasse esse dispositivo, o constituinte inscreveu, entre as "limitações
apresenta c irá ter modificativo. Conquanto o art. 4° dess•'. diploma legal ao poder de tributar", o art. 150, Ili, a, consagrando ali o principio da irretro-
24. Teoria do ,orma juridica. Trad. Fernando Pavan Baptista e Ariani Eueno Sudatti. São atividade das leis tributárias.
Paulo/Bau ·u: Edipro, 2001. p. 77-8. o art. 106 do CTN, porém, pretendendo excepciona! tal regra, relacio-
25. As estrutiras lógicos e o sistema do direito positivo, p. 3-4. na situações em que a legislação tributária encontra aplicação para fatos
26. Nesse sen ido, leciona MOUSSALLEM, Tárek Moysés. Revogação em matéria tributá- passados: '
ria. São Pé ulo: Noeses, 2005. p. 129 e ss.
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RESTITUIÇÃO c,o INOteno TRIBUTARIO
fABIA~A OEL PADRE TOM(
or ordinário, a
Art. 1J6. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito: falar-se em lei interpretativa. Admiti-la seria permitir aó legislad
o de fornecer a
1- en1 qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa,
excluída pretexto de estabelecer regra de interpretaçã() d~ lei, a pretext
tados; • interpretação autêntica da lei, fazê-la retroagir.
a aplicação le penalidade à infração dos dispositivos interpre
11 - tr itando-se de ato não definitivamente julgado:
tati-
a) qL·~ndo deixe de defini-lo como infração; Como anotado, a função do direito positivo é estabiliz3r as expec
que apresente
b) quando deixe de tratá-lo como contrário a qualquer exigênc
ia de ação vas normativas. Sua linguagem é, portanto, prescritiva. Ainda
as condutas
ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha
implicado em a forma descritiva, seu conteúdo é sempre prescritivo: orienta
. Em conse-
falta de pag.1mento de tributo; intersubjetivas. Logo, não há que falar em norma interpretativa
inicio da vigênc ia da lei (ainda que por
c) qu, ndo lhe comine penalidade menos severa que a prevista
na lei vi- qüência, não pode o legislador fixar o
de sua publica ção, pois com
gente ao ten1po de sua prática. ele considerada interpretativa) em data anterior à
destru indo
isso estar-se-ia violando o princípio da irretroatividade, bem como
nos lembramos
O inciso li cecorre de interpretação sistemática do Texto Consti
tucional, -~ segurança jurídica. Tal atitude é ainda mais absurda quando
icacional,
estendendo às infrações tributárias o disposto no art. 5°, XL, da
CF: "a lei penal que o direito se realiza no contexto de um grandioso processo comun
ra a possibili- to das norma s jurídic as pelas
não retroagirá, salvo para beneficiar o réu''. O art. 106, li, consag impondo a necessidade premente de conhecimen
marco preciso do
dade de retroação das normas de direito tributário-penal quandê
i a inovação pessoas a que se dirigem, sendo o momento dessa ciência o
posto.
legislativa beneficiar o contribuinte infrator. Seu conteú do é perfeit amente instante em que a norma ingressa no ordenamento do direito
nça e a estabilidade das relações ju-
compatível com as demais regras do sistema. Procurando resguardar a segura
ecend o o caráte r mo-
O inciso 1, no entanto, parece-nos não ter aplicabilidade algum
a, visto rídicas, o STJ pronunciou-se sobre o assunto, reconh
de de sua
que toda norma jurídica acaba inovando, de algum a forma, o orc1en amento . dificativo do art. 3° da LC nº 118/05, bem como a impossibilida
reta1 ivas", estas aplicação a fatos pretéritos:
Ainda que o legislador denomine algumas regras de "interp
se sujeitar ao
produzem alterações no sistema, motivo· pelo qual hão de MEN-
primado da irret:·oatividade. Esse é o posicionamento adotad
o por Carlos TRIBUTÁRIO. REPETIÇÃO DE INDÊBITO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇA
enanada do FIRMADA PELA 11
1
Maximiliano , pé ra quem a chamada interpretação
21
autênt ica, TO POR HOMOLOGAÇÃO. PRESCRIÇÃO. NOVA ORIENTAÇÃO
l próprio poder qt·e produziu o ato interpretado, pretendendo
3clarar seu
coutrinador
SEÇÃO DO STJ NA APRECIAÇÃO DO ERESP N° 435.835/SC. LC
RETATI
N• 118/2005: NA-
VA) DO SEU ARTI-
1
r sentido e alcanc1, só se aplica aos casos futuros. Rejeita esse TUREZA MODIFICATIVA (E NÃO SIMPLESMENTE INTERP
DETERMINA A
a atribuição de c iráter retroativo às leis interpr etativa s, as quai~, a seu ver, GO 3°. INCONSTITUCIONALIDADE DO SEU ART. 4°, NA PARTE QUE
direitos DO ERESP N•
não vigoram desce a data do ato interpretado, devendo respeit
ar os APLICAÇÃO RETROATIVA. ENTENDIMENTO CONSIGNADO NO VOTO
1 adquiridos em cc,nseqüência do entendimento conferido, até
então, pelo 327.043/DF. COMPENSAÇÃO. TRIBUTOS DE DIFERE ~TES ESPÉCI ES. SUCESSIVOS
DA CAUSA À
tivo). Semel hante é o posicio namento REGIMES DE COMPENSAÇÃO APLICAÇÃO RETROAllVA OU EXAME
órgão aplicador (Judiciário ou Execu
do Min. Carlos M.irio da Silva Velloso ,18 manife stando : LUZ DO DIREITO SUPERVENIENTE. INVIABILIDADE. JUROS.
p/ o acórdão
1. A 1• Seção do STJ, no julgamento do ERESP n• 435.835/SC, Rei.
imento segund o o qual
Nos si, temas constitucionais como o nosso, em que a regra e
a irretroati- Min. José Delgado, sessão de 24.3.2004, consagrou o entend
a lançamento por
vidade situa- ;e em nível constituciona l e não apenas de lei ordinária, impossível o prazo prescridonal para pleitear a restituição de tributos sujeitos
do lançamento,
homologação é de cinco anos, contados da data da homologação
do fato gerador - sendo irre-
que, se for tácita, ocorre após cinco anos da realização
Forense, 197:l p. 87.
27. Hermenêutico e aplicação da direita. 9. ed. Rio de Janeiro: levante, para fins d~ cômputo do prazo prescricional, a causa do
indébito. [... ]
ia - lrretroativirlade e ante-
28. VELLOSO, Mário da Silva. Irretroatividade da lei tributár 2. O art. 3° da LC n• 118{2005, a pretexto de interpretar os arts.
150, § 1°,
Revisto de Di,eito Tributá-
,ioridade - lmpc sto de renda e empréstimo compulsório. 168, 1, do CTN, conferiu-lhes, na verrlade, um sentido e um alcance diferen te da-
rio, São Paulo, Revista dos Tribunais, n. 45. p. 85.
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'1
fAJllANA O[l PADRE TOM(
1
ITUIÇÃO
retação" d,1da, não há PRESCRIÇÃO DO DIREITO DO SUJEITO PASSIVO À REST
1 quele dado p{ lo Judiciârio. Ainda que defensável a "interp A" DO
como negar eue a Lei inovou no plano normativo, pois retirou das disposições DO INDÉBITO TRIBUTÁRIO EA NORMA "INTERPRETATIV
ESTRUTURA E
interpretadas Jm dos seus sentidos possíveis, justamente
aquele tido como correto ART. 3° DA LC 118/2005: FUNÇÃO OPERACION_AL,
to, o art. 3° da LC n• VALIDADE'
pelo STJ, inté, prete e guardião da legislação federal. Portan
do apenas sobre situações que
118/2005 só pode ter eficácia prospectiva, incidin
Thiago Buschinelli Sorrentino ,
venham a occ rrer a partir da sua vigência.
ina a aplicação Mestrando em direito tributário na PUC-SP
3. O art. 4º, segunda parte, da LC nº 118/2005, que determ
fatos passados, ofende o prin-
retroativa do seu art. 3°, para alcançar inclusive
poderes (CF, art. 2°) e o
cipio constitl'cional da autonomia e independência dos
o e da coisa julgada (CF, 1. Introdução
da garantia do direito adquirido, do ato jurídico perfeit
art. 5°, XXXVI . [... ] do disposto no
13. Recurso especial adesivo não conhecido. Este ensaio deverá investigar a estrutura e o alcance
29
art. 3° da LC 118, de 09.2.2005 , respondend
2 o às seguintes indagações: '
14. Re, ursos especiais a que se nega provimento. '
ta no art. 3° da
Até mesmo Eurico Marcos Oiniz de Santi, cujo posici
onamento é no a) Qual é o tipo de operação realizado pela norma previs
nientes da
sentido de que é:1 extinção do crédito tributário dá-se
com o pagamento, LC 118/2005 no sistema jurídico? Como os influxcs prove
inação do
não ficando condicionado à homologação, reconhece
que a jurisprudên- comunicação jurisdicional e doutrinária afetam a determ
dos contribuintes quanto à alcance do dispositivo?
cia do STJ legitimou as expectativas normativas viola a divisão de
contagem do prazo prescricional para repetir o i_ndébito
tributário. Por esse b) A norma que se auto-refira como "interpretativa"
de Poderes"?
motivo, conclui o autor, "a LC nº 118/05 não pode voltar
ao passado. Seus competência constitucional conhecida como "separação
'fatos gf:radores' do c) Para um "fato jurídico do indébito" que tenha ocorri
do antes da exis-
dispositivos com novos prazos só se aplicam para novos que será colhid o por ato de
direito à repetição do indébito do contribuinte que surgire m a ~artir da sua tência do enunciado "interpretativo", mas
, há proibição
vigência (dia 09.6.2005)". º
3 aplicação de direito durante a vigência da nova norma
antigos enun-·
A norma jurídica veiculada pelo art. 3° da LC nº 118/05
, conquanto para que o órgão jurisdicional aplique tão-somente os
alterações no sisterr a do direito ciados?
se autodenomin '. "interpretativa", introduz passivo à apli-
posto . Logo, seu'. efeitos hão de ser projetados para o futuro
, sen jo inaceitá- d) Para a mesma situação, há direito subjetivo do sujeito
redação dos
vel sua aplicaçãc a fatos passados. Esses "fatos futuros"
a que se faz referên- cação de orientação mais benéfica, fundada na antiga
consister.1 nas "ações
cia, sujeitos ao ornando do dispositivo em exame, não enunciados?
abran gem O'. pedidos de
ajuizadas após ~· de junho de 2005", ou seja, não
que altera o prazo
restituição reali;ados após a entrada em vigor da norma 'gentis e valiosos comentários
prescricional pa ·a a restituição do indébito tributário.
Tendo enI vista que o 1. O autor agradece ao amigo Aldo de Paula Jr. pelos
de base a este artigo. O
o o crédito tributário realizados por ocasião da produção do texto que serviu
art. 3° disciplina o instante em que se considera extint sso de Direito Tributário,
buinté), apenas os autor agradece também à Mesa Examinadora do XIX Congre
(termo inicial d,J prazo prescricional do direito do contri pelas instigantes indagações e exames realizados sobre
a argumentação do texto
a ele suje:tos.
pagamentos inc evidos realizados sob sua égide estão que precedeu ao artigo. Agradecimentos são ainda devido
s a Rodrigo Forcenette
mais cinco" sobre a tese
pelas considerações sobre a prevalência da tese dos "cinco
ce ao gentil convite feito pela Dra.
i, j. 14.6.200!i. "dos cinco anos~ Por fim, o autor também agrade
29. 1' Turma, REsp 672.962-CE, Rei. Min. Teori Albino Zavask Aurora Carvalho para participação em obra coletiva.
o LC n• 118: entre: regras e prin-
30. Decadência e orescrição do direito do contribuinte e 2. DOU de 09.2.2005, ed. extra.
cípios, p.177.
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