Você está na página 1de 12

Álgebra linear II

Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro


Professora: Loisi Carla
Motivação

Considere o subespaço do ℝ! gerado pelos vetores


u = 1,2,0 , 𝑣 = 3,0,1 𝑒 𝑤 = (2, −2,1). Note que esse subespaço é o plano
de equação 2𝑥 − 𝑦 − 6𝑧 = 0. Assim, {𝑢, 𝑣, 𝑤} geram o plano.
Por outro lado, os vetores 𝑢′ = 1,2,0 , 𝑤 " = (12, −6,5) juntos geram o
mesmo plano.
O que aconteceu?
Definição: Um conjunto de vetores {𝑣# , ⋯ , 𝑣$ }
em um espaço vetorial 𝑉 é chamado
Independência linearmente independente se a equação
vetorial 𝑐# 𝑣# + ⋯ 𝑐$ 𝑣$ = 0 admite apenas a
linear solução trivial, ou seja, 𝑐# = ⋯ = 𝑐$ = 0.
O conjunto vetores {𝑣# , ⋯ , 𝑣$ } em um espaço
vetorial 𝑉 é chamado linearmente
dependente quando a equação vetorial
𝑐# 𝑣# + ⋯ 𝑐$ 𝑣$ = 0 admite alguma solução
não trivial.
Ex1: O conjunto {𝑠𝑒𝑛2𝑡, 𝑠𝑒𝑛𝑡𝑐𝑜𝑠𝑡} é L.D. em 𝐶 0,1 .
De fato, note que
𝑠𝑒𝑛 2𝑡 = 2 ⋅ 𝑠𝑒𝑛𝑡𝑐𝑜𝑠𝑡, ou seja,
𝑠𝑒𝑛 2𝑡 − 2 ⋅ 𝑠𝑒𝑛𝑡𝑐𝑜𝑠𝑡 = 0
Portanto, {𝑠𝑒𝑛2𝑡, 𝑠𝑒𝑛𝑡𝑐𝑜𝑠𝑡} é L.D.
Ex2: Verifique se as matrizes
1 0 1 1 0 1
, , são linearmente
0 1 0 1 0 0
independente em 𝑀!×! ℝ .
Procuramos soluções de
1 0 1 1 0 1 0 0
𝛼 +𝛽 +𝛾 =
0 1 0 1 0 0 0 0
𝛼+𝛽 𝛽+𝛾 0 0
O que equivale a =
0 𝛼+𝛽 0 0
que possui como solução 𝛼 = −𝛽, 𝛾 = −𝛽,
para qualquer 𝛽 ∈ ℝ. Dessa forma, a
sequência de matrizes é linearmente
dependente, bastando tomar, por exemplo,
𝛽 = 1, 𝛼 = −1, 𝛾 = −1.
Proposição 1: Se 𝑢# , ⋯ 𝑢$ são linearmente dependente em um espaço
vetorial V então pelo menos um destes vetores se escreve como
combinação linear dos outros.
Proposição 2: Se 𝑢# , ⋯ 𝑢$ são linearmente dependente em um espaço
vetorial V então qualquer sequência finita de vetores de V que os contenha
será L.D.
Proposição 3: Se 𝑢# , ⋯ 𝑢$ são linearmente independente em um espaço
vetorial V então qualquer subsequência destes vetores também será L.I.
Base de um espaço vetorial

Definição: Seja 𝑉 ≠ {0} um espaço vetorial finitamente gerado. Uma base


de 𝑉 é uma sequência de vetores linearmente independente 𝐵 de 𝑉 que
também gera 𝑉.
Ex4: 𝐵 = { 1,0,0 , 0,1,0 , 0,0,1 } é uma base de ℝ! .
1 0 0 1 0 0 0 0
Ex5: As matrizes 𝐵 = , , , formam uma base
0 0 0 0 1 0 0 1
para 𝑀%×% ℝ .
Ex6: Verifique se os elementos de 𝐵 = {1 + 𝑥, 1 − 𝑥, 1 − 𝑥 % } formam uma
base para ℘% ℝ .
Teorema: Todo espaço vetorial 𝑽 ≠ {𝟎}
finitamente gerado admite uma base.
Demonstração:
Como 𝑉 ≠ {0} é finitamente gerado existem
𝑢# , ⋯ 𝑢$ ∈ 𝑉 tais que 𝑉 = 𝑢# , ⋯ , 𝑢$ .
Se 𝑢# , ⋯ 𝑢$ forem L.I., então esta sequência
é uma base de V e não há mais nada a fazer.
Suponhamos que 𝑢# , ⋯ 𝑢$ são L.D. Podemos
supor que 𝑢% ≠ 0, 𝑗 = 1, ⋯ 𝑛.
Como 𝑢# ≠ 0, 𝑢# é L.I.
Se todo 𝑢% 𝑗 = 2, ⋯ 𝑛 puder se escrever
como combinação linear de 𝑢# então 𝑉 =
[𝑢# ] e 𝑢# é uma base de V.
Caso isso não ocorra é porque existe algum 𝑢! , 𝑐𝑜𝑚 2 ≤ 𝑗 ≤ 𝑛
tal que 𝑢" , 𝑢! são L.I..
Por simplicidade, suponhamos que seja o 𝑢# , isto é , 𝑢" , 𝑢# são
L.I.
Se todos os vetores 𝑢$ , ⋯ , 𝑢% forem combinações lineares de
𝑢" 𝑒 𝑢# então 𝑉 = [𝑢" , 𝑢# ] e 𝑢" , 𝑢# formam uma base de V.
Podemos repetir esse processo e como o número de
elementos de L = {𝑢" , ⋯ , 𝑢% } é finito, ele irá parar.
Desse modo,, existe uma sequência de vetores L.I. dentre os
vetores de L que gera V.
Esta sequência forma uma base de V.
Teorema: Em um espaço vetorial 𝑉 ≠ {0}
finitamente gerado toda base possui o mesmo
número de elementos.
Definição: Seja 𝑉 um espaço vetorial finitamente
gerado. Se 𝑉 = {0} definimos a dimensão de 𝑉
como sendo 0. Se 𝑉 ≠ {0} definimos a dimensão
de 𝑉 como sendo o número de elementos de
uma base qualquer de 𝑉.
Notação: dimV
Definição: Se um espaço vetorial não é
finitamente gerado dizemos que é de dimensão é
infinita.
Ex7: dim ℝ! = n
Ex8: dim ℘! ℝ = 𝑛 + 1
Ex9: dim 𝑀"×! = 𝑚 ⋅ 𝑛
Ex10: A dimensão de ℘(ℝ) é infinita.
Proposição: Em um espaço vetorial de dimensão m qualquer
sequência de vetores com mais de m elementos é
linearmente dependente.
Teorema: (Completamento) Seja 𝑉 um espaço vetorial de
dimensão n. Se os vetores 𝑢" , ⋯ , 𝑢& são L.I. em V com 𝑟 < 𝑛
então existem 𝑢&'" , ⋯ , 𝑢_𝑛, tais que 𝑢" , ⋯ , 𝑢& , 𝑢&'" , ⋯ , 𝑢%
formam uma base de V.
(Em outras palavras, podemos completar um conjunto de
vetores L.I, de tal maneira que forme uma base para o
espaço).
Ex11: Encontre uma base do ℝ! que
contenha o vetor 1,1, −1 .
Como a dimensão de ℝ! é três,
precisamos encontrar dois vetores
𝑎, 𝑏, 𝑐 , 𝑥, 𝑦, 𝑧 , que juntamente com
(1,1, −1) sejam linearmente
independente. Sabemos que isto é
equivalente ao determinante de
1 𝑎 𝑥
1 𝑏 𝑦 seja diferente de zero.
−1 𝑐 𝑧
Existe uma infinidade de possibilidades
para que isso aconteça. Tome por
exemplo, (𝑎, 𝑏, 𝑐) = (0,1,1) e 𝑥, 𝑦, 𝑧 =
0,0,1 .

Você também pode gostar