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Volume 13

Número 1
Fevereiro/Março de 2019

ISSN 1981-1659
Expediente
Expediente

Esta é uma publicação semestral do Fórum Brasileiro de Segurança Pública


ISSN 1981-1659

Rev. bras. segur. pública vol. 13 n.1 São Paulo fevereiro/março 2019

Comitê Editorial Assistentes Editoriais


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Jésus Trindade Barreto Jr.
214 Rev. bras. segur. pública São Paulo v. 13, n. 1, 193 - 214, fev/mar 2019
Sobre limites e possibilidades da par-
ticipação da sociedade civil na política
de segurança pública – Pacto pela Vida

Dossiê
Gilson Macedo Antunes
Doutor em Sociologia pela Universidade Federal de Pernambuco. Tem experiência na área de Sociologia, com ênfase em Socio-
logia da Violência, atuando principalmente nos seguintes temas: sociologia do crime e metodologias informacionais. Pós-Doutor
em Sociologia do Crime e da Violência pela UFPE. Atualmente é Professor do Departamento de Sociologia da UFPE.

Sobre limites e possibilidades da participação da sociedade civil na política


de segurança pública – Pacto pela Vida
Gilson Macedo Antunes
Data de recebimento: 04/11/2018
Data de aprovação: 08/02/2019

DOI: 10.31060/rbsp.2019.v13.n1.1034

Resumo
Este estudo se propõe a analisar – com recurso à metodologia qualitativa – algumas implicações da política pública de
segurança Pacto pela Vida (PPV) promovida pelo Governo do Estado de Pernambuco, entre os anos de 2007 e 2016, verifi-
cando como foi construída esta política com a participação social desde a formulação das estratégias até sua execução. O
que nos estimulou a refletir sobre esta temática foi a presença nos espaços de participação da sociedade civil organizada
durante a construção do PPV. Foram considerados os casos do Fórum Pernambucano de Segurança, o Plano Estadual de
Segurança Pública, Câmaras Técnicas e o Conselho Gestor. Neste trabalho, analisamos a forma de interação e negociação
dos atores da sociedade civil organizada com os atores institucionais encarregados pelo desenvolvimento desta política
de segurança e pela sustentabilidade social do plano. Os resultados desta pesquisa foram confrontados com quatro outras
pesquisas de natureza assemelhada realizadas em Recife (Ratton, 2014, 2016); no Rio de Janeiro (Paes, 2010) e, em São
Paulo (Sinhoretto, 2010). Os dados desta pesquisa foram coletados no âmbito de uma pesquisa nacional realizada em três
capitais brasileiras: Recife, Belo Horizonte e São Paulo (Antunes, Sinhoretto, Ratton, 2016).

Palavras -Chave
Participação; Pacto pela Vida; Pernambuco.

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215
Abstract
On limits and possibilities of civil society participation in public security policy – Pacto Pela Vida
This study proposes to analyze - with the use of the qualitative methodology - some implications of the public policy of se-
curity Pacto Pela Vida (PPV) promoted by the Government of the State of Pernambuco between 2007 and 2016, verifying
how this policy was constructed with the social participation from the formulation of the strategies to their execution. What
Dossiê

stimulated us to reflect on this theme was the presence in the spaces of participation of organized civil society during the
construction of the PPV. The cases of the Pernambuco Security Forum, the State Plan for Public Security, Technical Chambers
and the Management Council were considered. In this work, we analyze the interaction and negotiation of the actors
of organized civil society with the institutional actors in charge of the development of this security policy and the social
sustainability of the plan. The results of this research were confronted with four other similar studies that were carried out
in Recife (Ratton, 2014, 2016); in Rio de Janeiro (Paes, 2010) and in São Paulo (Sinhoretto, 2010). The data of this research
Sobre limites e possibilidades da participação da sociedade civil na política
de segurança pública – Pacto pela Vida
Gilson Macedo Antunes

were collected as part of a national survey carried out in three Brazilian capitals: Recife, Belo Horizonte and São Paulo
(Antunes, Sinhoretto, Ratton, 2016).

Keywords
Participation; Pacto pela Vida; Pernambuco.

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Dossiê
INTRODUÇÃO

Sobre limites e possibilidades da participação da sociedade civil na política


de segurança pública – Pacto pela Vida
Gilson Macedo Antunes
E
sociais e ONGs que pouco tinham sido
ntre 2007 e 2009, o governo Eduar- ouvidos nos anos anteriores e pouca afi-
do Campos iniciou um ambiente de nidade tinham com o governo anterior, se
diálogo e escuta com todos os setores da mostravam mais reconhecidos e tolerantes
sociedade civil, igrejas, associações de po- com as iniciativas do governo de centro-
liciais e movimentos sociais, buscando a -esquerda que se iniciava”. No decorrer
construção de uma política de segurança dos últimos anos, só para apontar algumas
pública no estado de Pernambuco (Rat- fragilidades, a estrutura organizacional
ton, 2015). Neste sentido, a discussão de de gestão e monitoramento do Pacto foi
problemas de segurança pública era neces- afastando a participação da sociedade civil
sária, especialmente para propor soluções da troca de informações e do acompanha-
para a alta taxa de homicídio pernambuca- mento da gestão, criando situações de falta
na, que em 2007 correspondia a 49 homi- de transparência entre gestão e sociedade
cídios por 100 mil habitantes, enquanto a civil. Contudo, foi a partir da morte do
taxa nacional era de 20 mortes por 100 mil governador Eduardo Campos em 2014
habitantes.1 Isso seria fundamental para que se criou um abismo entre a participa-
aproximar o Executivo dos movimentos ção da sociedade civil e a construção e o
sociais, organizações não governamentais, desenvolvimento da política de segurança
sindicatos e associações e, com tal finalida- pública chamada Pacto pela Vida (PPV).
de, foram realizados fóruns, conferências
regionais e estaduais. Atualmente, o estado de Pernambuco
já conta com mais de quatro mil vítimas
A partir desse movimento de articula- de homicídios em 2017, e pedidos de
ção entre sociedade civil e principalmente transparência e participação da socieda-
a secretaria de planejamento do governo de civil na referida política do governo e
do estado pôde ser desenhado um proje- principalmente a necessidade de criação de
to de segurança pública para Pernambuco um Conselho Estadual de Segurança para
– o Pacto pela Vida. Desta forma, segun- reduzir novamente essa taxa provocaram
do Ratton (2015: 15): “Os movimentos reações do Legislativo, de impedimento de

1 Informação disponível em: http://www.forumseguranca.org.br/estatisticas/tableau-ocorrencias/, acesso em 17 de maio de 2019.

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participação de integrantes de movimen- Estado. Posteriormente, autores como To-
tos sociais em uma audiência pública que cqueville passam a opor a ideia de socieda-
debatia o tema.2 Desta forma, constata-se de civil à noção de Estado, de forma que
que a sociedade civil está ausente do Pacto aquela figuraria como um ente regulador
pela Vida, ou melhor, que os grupos que do poder deste (RAMOS, 2005).
deram legitimidade a esta política não fa-
Dossiê

zem mais parte dela. Neste sentido, per- Avritzer (2012) relaciona este conceito
gunta-se: quais são os limites e possibili- a países da Europa e aos Estados Unidos:
dades da participação social no âmbito do
Pacto pela Vida? Tal conceito surgiu no século XIX, por volta de
1820, como uma dimensão dualista capaz de ex-
Para aprofundar a discussão foi realiza- pressar duas mudanças trazidas pela modernida-
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de segurança pública – Pacto pela Vida
Gilson Macedo Antunes

da uma análise sobre o tema com recurso de ocidental: a diferenciação entre as esferas eco-
à metodologia qualitativa, abrangendo os nômica e familiar com a abolição da escravidão, e
anos de 2007 e 2016, desde a elaboração a diferenciação entre Estado e sociedade causada
do Plano Estadual de Segurança Pública
pela especialização sistêmica do Estado moderno.
(PESP-PE 2007) até o presente momento
[...] Assim, em sua primeira formulação, a socie-
do PPV. Neste intento, foram estudadas as
dade civil é um conceito dualista, que expressa o
formas de interação e negociação dos ato-
res da sociedade civil organizada com os início de um processo de diferenciação entre Es-
atores institucionais encarregados pelo de- tado e sociedade na Europa. (AVRITZER, 2012,
senvolvimento desta política de segurança. p. 73).

Sociedade civil e participação social No século XX, surge a concepção tri-


Embora seja um termo amplamen- partite de sociedade civil. Para tal noção,
te utilizado tanto na literatura acadêmica sociedade civil diferencia-se não apenas do
quanto na atuação política, não há con- Estado, mas também do mercado. Assim,
senso sobre o conceito de sociedade civil. além da ideia de sociedade civil não estar
De acordo com Ramos(2005), historica- atrelada ao Estado, tampouco diz respei-
mente, tal conceito vai de uma identifi- to às relações econômicas particulares da
cação com o Estado para uma oposição a esfera mercantil. Tal conceito passa a car-
este. Pensadores como Hobbes, Locke e regar o significado de interação social e
Rousseau realizavam uma oposição entre de atividades públicas no mundo da vida
“estado de natureza” e “estado de civiliza- (AVRITZER, 2012).
ção”, de forma que a sociedade civil era a
condição, a forma de organização huma- No Brasil, o surgimento da sociedade
na na qual escapava-se da vida “selvagem” civil dá-se a partir de alguns processos co-
e adentrava-se em uma forma contratual locados por Avritzer (2012). Em primeiro
de governo regida pela lei. Para essa con- lugar, ela surge na época de redemocrati-
cepção, sociedade civil era sinônimo de zação do país, mais especificamente no

2 Informação disponível em: https://www.diariodepernambuco.com.br/app/noticia/vida-urbana/2017/05/25/interna_vidaurba-


na,705625/frente-cobra-participacao-e-transparencia-na-politica-de-seguranca-em.shtml, acesso em 17 de maio de 2019.

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período da “liberalização”, quando o go- -se devido a uma busca pelo aprofunda-
verno ainda autoritário passou a liberar o mento democrático e pode ser entendida
controle sobre algumas regras relativas à na formulação, por exemplo, de conselhos
realização de reuniões públicas. O rápido nas áreas de saúde, educação, planejamen-
processo de urbanização pelo qual passa- to e segurança pública.
va o país, com a consequente organização

Dossiê
dos pobres na luta por serviços públicos, Assim, no Brasil, a sociedade civil tem
bem como o combate à tecnocracia gover- sua definição delimitada por uma espécie
namental nas áreas da saúde, educação e de não correspondência nem com o Es-
planejamento urbano e a oposição de seto- tado, nem com o mercado. Para este tra-
res liberais e de classe média à ausência de balho, portanto, são considerados como
regras nos processos políticos e civis foram sociedade civil movimentos sociais, orga-

Sobre limites e possibilidades da participação da sociedade civil na política


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outras dinâmicas essenciais no surgimento nizações não governamentais, integrantes
da sociedade civil no Brasil. Por fim, desta- da academia, civis no exercício democráti-
ca-se ainda o aprofundamento democráti- co, entre outras formas de agrupamento de
co advindo com o processo constituinte e cidadãos organizados no âmbito da socie-
com a Constituição Federal de 1988 e a re- dade. E, nesse sentido, o principal mate-
ação às posteriores reformas liberais como rial empírico utilizado foram as entrevistas
outros pontos importantes na história da realizadas com integrantes de movimentos
formação da sociedade civil no Brasil. sociais, integrantes de organizações não
governamentais, ativistas e estudiosos da
Avritzer (2012) aponta, ainda, um segurança pública. Portanto, conclui-se
ponto essencial ao entendimento da socie- que a história da sociedade civil no Bra-
dade civil no Brasil: a questão da autono- sil passa por dois momentos: um primeiro
mia. De acordo com o autor, a busca por momento de busca de autonomia perante
autonomia em três concepções distintas é o Estado e um segundo momento de par-
um traço marcante na formação e no de- ticipação em esferas estatais como tentati-
senvolvimento da sociedade civil brasileira. va de aprofundamento democrático.
Tais concepções são: a busca por ser uma
esfera independente das ingerências do Es- É nesse movimento de amadureci-
tado, a realização da organização interna a mento da democracia brasileira que aqui
seus próprios modos (sem tolhimento es- se analisa a participação da sociedade ci-
tatal) e a tentativa e a realização de formas vil pernambucana (a partir da ótica dela
de administração de políticas sem a parti- própria) na área de segurança pública com
cipação estatal. base na experiência do Pacto Pela Vida.
Em um contexto de construção da justiça
Nos anos 90 do século XX, a história cidadã, a segurança pública coloca-se não
da sociedade civil no Brasil passa de um mais como campo de construção exclusivo
momento de busca por total independên- de gabinetes estatais, mas como um espaço
cia do Estado para uma fase de estabeleci- de articulação ampla entre direitos huma-
mento de relações dentro do seio estatal, nos, sociedade e direito.
realizando, assim, certa interdependência
entre as duas esferas. Tal comunicação dá- Segundo Souza (2010), para que uma

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política seja considerada como participati- Estadual de Segurança Pública, que reu-
va, é necessário que haja quatro elementos: niu gestores, trabalhadores da segurança
1) a previsão de ocorrência de fóruns ou pública, especialistas e a sociedade civil
momentos deliberativos; 2) o incentivo à organizada. Daí, surgiu o I Plano Estadu-
realização de discussões públicas e à reso- al de Segurança Pública de Pernambuco,
lução coletiva de problemas; 3) a congre- que, entre várias medidas, previu a I Con-
Dossiê

gação de atores estatais, sociais e profissio- ferência Estadual de Segurança Pública.


nais da segurança pública; 4) a existência Esta, por sua vez, ocorreu em 2009, sendo
de paridade entre os integrantes. Continua antecedida por etapas regionais, e possuiu
a autora: caráter deliberativo. Seu tema central foi
“Construindo o Sistema Estadual de Segu-
Seguindo a seu modo uma tendência já incorpo- rança Pública” e foi dividida em três eixos
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de segurança pública – Pacto pela Vida
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rada e estabilizada em outros âmbitos das políticas temáticos: direitos humanos e repressão
públicas, esses novos formatos institucionais vêm qualificada da violência, prevenção social
adquirindo relevância no âmbito da segurança do crime e da violência e gestão democrá-
pública, principalmente a partir dos anos 2000. tica e controle social da política pública de
A participação torna-se elemento central do novo
segurança. Teve como participantes repre-
sentantes da sociedade civil, dos governos
paradigma que se consolida desde então no cam-
municipal e estadual e de trabalhadores da
po da segurança, da “segurança cidadã”. (SOU-
área de segurança pública, obedecendo à
ZA, 2016, p. 98).
proporção de 50%, 25% e 25%, respecti-
vamente, na distribuição de vagas.
O surgimento das iniciativas participa-
tivas no Brasil possui íntima ligação com a Aspectos metodológicos empreendidos
formação da sociedade civil, sendo a déca- na pesquisa
da de 1980 um período importante para Os resultados apresentados neste arti-
ambos. Como exemplos de instrumentos go dizem respeito à dimensão qualitativa
de participação popular nas políticas pú- da pesquisa de avaliação das articulações,
blicas, têm-se os conselhos, os fóruns e as tensões e correlações entre a política públi-
conferências. Embora criados já na Cons- ca de segurança de Pernambuco, o Pacto
tituição Federal de 1988, esses instrumen- Pela Vida, e o tratamento que foi dado por
tos são ainda pouco utilizados no Brasil. esta política aos assuntos penitenciários e
Em Pernambuco, apenas com a criação de segurança pública neste estado.3 Entre
do Pacto Pela Vida (PPV), em 2007, sob os meses de abril e junho de 2016, foram
a liderança do governador à época, é que a elaborados os roteiros de entrevistas, bem
participação da sociedade civil na seguran- como o planejamento e a realização da
ça pública começou a se delinear. pesquisa de campo.

Uma das primeiras medidas do Pac- Os aspectos importantes para a cons-


to Pela Vida foi a instituição do I Fórum trução deste artigo e que foram recupe-

3 Segurança Pública e encarceramento no Brasil: articulações e tensões entre políticas e práticas. Pensando a segurança pública – 5ª
edição – Ministério da Justiça/SENASP/PNUD, setembro de 2016.

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rados das entrevistas tratam dos atores da de atuação ligada direta ou indiretamente
sociedade civil e as narrativas sobre ex- à segurança pública; 4 operadores do sis-
periências profissionais ligadas ao Pacto tema de justiça criminal (2 defensores, 1
Pela Vida, em seu eixo repressivo ou pre- juíza, 1 promotor), 1 agente penitenciário,
ventivo. Neste sentido, buscou-se captar 2 gestores (um secretário estadual e outro
as diversas percepções destes sujeitos que secretário executivo municipal), 2 policiais

Dossiê
pudessem dar conta da interconexão entre (uma delegada da polícia civil, e um poli-
as ações da segurança pública e do sistema cial militar) e 5 atores da sociedade civil.
penitenciário, do início do Pacto Pela Vida As entrevistas aconteceram nos locais de
até 2017. Procurou-se compreender, no trabalho dos entrevistados e na universida-
âmbito do PPV, o percurso dos entrevista- de federal.
dos em suas distintas atividades profissio-

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nais, ligadas à esfera da segurança pública, Não houve dificuldades para a orga-
direta ou indiretamente, em Pernambuco. nização da pesquisa de campo. A equipe
A análise versa sobre as suas atuais percep- de pesquisadoras afirmou ter sido bem
ções e avaliações (pontos positivos e críti- recebida em secretarias, gabinetes e na
cas) do desenho e da construção do PPV universidade federal, as quais ofereceram
e a possível integração com a questão pe- condições adequadas para a realização de
nitenciária. entrevistas. Também não houve proble-
mas na interação entre pesquisadoras e en-
As entrevistas com os gestores de se- trevistados, os quais demonstraram dispo-
gurança pública exploraram o desenho e nibilidade real em participar da pesquisa e
a construção do Plano Estadual de Segu- satisfação em apresentar as suas percepções
rança Pública, seus pontos fortes e suas fra- e ter a sua opinião levada em consideração.
gilidades, bem como os principais efeitos
inesperados ou perversos que podem ser Os informantes foram selecionados
considerados consequências deste desenho pela coordenação da pesquisa e, por conta
e deste processo de construção. Essas en- desse tipo de seleção, houve uma tendên-
trevistas também acentuaram as possíveis cia à realização de entrevistas com pessoas
estratégias de integração das instituições li- que participaram diretamente e indireta-
gadas à segurança pública, no desenvolver mente nas diferentes fases do Pacto pela
da referida política de segurança. Vida: a sua construção; o seu apogeu, com
a redução dos índices de criminalidade;
As entrevistas com os atores da socieda- e o seu declínio, com a retomada do in-
de civil buscaram as suas percepções sobre cremento desses índices no estado de Per-
o Pacto pela Vida e sobre os efeitos desta nambuco. A exceção foi um entrevistado
política na redução da criminalidade, bem que foi indicado por outro, porque aquele
como a possível existência de programas respondia mais claramente aos objetivos
voltados ao sistema prisional e se estes fo- do projeto.
ram executados no âmbito do PPV.
Considerando o eixo analítico partici-
Ao todo, foram realizadas 14 entrevis- pação social, que emergiu a partir dos pri-
tas com profissionais que têm a sua área meiros achados da pesquisa, seguiram-se

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o desenvolvimento e o aprofundamento entre o governo recém-iniciado e diversos
da análise dos dados conjuntamente a um setores da sociedade civil (movimentos
maior embasamento teórico, partindo-se sociais, organizações não governamentais,
da perspectiva da grounded theory, que afir- igrejas, associações de policiais, entre ou-
ma que as teorias devem ser empiricamen- tros), o que teve como principais resulta-
te fundamentadas a partir de fenômenos dos o Plano Estadual de Segurança Pública
Dossiê

sociais a propósito dos quais as análises até e o Pacto Pela Vida (PPV). Já em seu iní-
então não tenham sido suficientemente ar- cio, o Plano estabeleceu os principais valo-
ticuladas (LAPERRIÈRE, 2008). Assim, res a orientar a construção da política de
ao contrário de pesquisas que vão a campo segurança: articulação entre segurança pú-
para verificar a aplicabilidade (ou não) das blica e direitos humanos; compatibilização
teorias, este estudo procurou, de maneira da repressão qualificada com a prevenção
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de segurança pública – Pacto pela Vida
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contrária, fundamentar suas teorias a par- específica do crime e da violência; trans-


tir dos resultados que foram emergindo ao versalidade e integralidade das ações de
longo da pesquisa. segurança pública; incorporação em todos
os níveis da política de segurança de meca-
A participação da sociedade civil na po- nismos de gestão, monitoramento e ava-
lítica de segurança pública no estado de liação; participação e controle social desde
pernambuco a formulação das estratégias à execução da
Os entrevistados argumentaram sobre política. Estabeleceu-se como prioridade o
os espaços de participação da sociedade combate aos crimes violentos letais inten-
civil organizada durante a construção do cionais (CVLI), com a meta de redução de
Pacto pela Vida (PPV), e neste sentido foi 12% ao ano (RATTON, 2015).
necessário descrever e explicar os mecanis-
mos de formulação e gestão desta política Entretanto, só participavam do Comi-
de segurança pública. Pode-se dizer que tê Gestor do Pacto Pela Vida, coordenado
tanto gestores quanto atores da socieda- pelo governador e pelo secretário de Pla-
de civil organizada reconheceram aspec- nejamento e Gestão, os seguintes atores
tos positivos no PPV, entretanto, a pouca institucionais: secretários de Defesa Social,
dedicação do governo – por meio de seus Administração Prisional (Ressocialização),
gestores – para desenvolver uma política Desenvolvimento Social e Direitos Huma-
penitenciária foi importante aspecto nega- nos; comandantes das polícias civil e mili-
tivo. tar e do corpo de bombeiros; superinten-
dência de polícia científica; representantes
No estado de Pernambuco, analisar os do Poder Judiciário, do Ministério Públi-
espaços de efetiva participação social, espe- co, da Defensoria Pública e dirigentes das
cialmente no que diz respeito à formulação unidades especializadas das polícias, bem
de políticas públicas de segurança, envolve como coordenadores de programas de
entender o modelo existente de integração prevenção social da criminalidade. Como
entre política de segurança e política pe- desdobramento da atuação do Comitê
nitenciária. No início de 2007, o Fórum Gestor do Pacto pela Vida foram defini-
Pernambucano de Segurança Pública pro- dos os focos prioritários de investimento e
moveu um amplo e sistemático diálogo atuação, tanto no plano coercitivo, quanto

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no plano preventivo, na busca pela redu- seja, ocorreu em momentos de formulação
ção dos crimes violentos letais intencionais e elaboração, em um plano mais consulti-
(CVLI) no estado. Tais focos eram regiões, vo, e não em momentos de monitoramen-
dentro das áreas integradas, que apresenta- to e avaliação, com características mais de-
vam taxas de homicídio mais elevadas. A liberativas.
identificação das prioridades do PPV nos

Dossiê
seus primeiros sete anos permitiu consta- O fato de o PPV ter contado com a
tar o seu êxito, expresso pela redução dos participação social no momento de cons-
crimes contra a vida e a consequente re- trução resultou em avaliações positivas dos
dução da taxa de CVLI em Pernambuco. entrevistados, principalmente de represen-
Porém, em 2016 e 2017, a taxa cresceu no tantes de organizações da sociedade civil.
estado, evidenciando sinais de fragilidade. Em seus relatos foi muito comum a com-

Sobre limites e possibilidades da participação da sociedade civil na política


de segurança pública – Pacto pela Vida
Gilson Macedo Antunes
preensão de que o PPV foi desenhado com
O Comitê passou a monitorar o PPV a sociedade, com o Estado reconhecendo a
por procedimentos de gestão e análise de importância dos capitais político e teórico
indicadores, sob a tutela da Secretaria Es- da sociedade civil, com vistas à amplia-
tadual de Planejamento e Gestão (Seplag), ção da participação social. Desta forma,
e com participação importante da Secreta- processos participativos que envolveram
ria de Defesa Social. Cabe destacar que a representantes da sociedade de diversos
coordenação, o monitoramento e a gestão setores (universidade, ONGs, associações,
do PPV eram processuais e dinâmicos, e sindicatos, entre outros) e mecanismos de
sofreram modificações e aperfeiçoamentos gestão foram compartilhados pelo Estado,
ao longo dos anos. O modelo de gestão do como é relatado por um ator da sociedade
PPV, portanto, trouxe em seu bojo uma civil:
dimensão de governança – elemento de
poder e liderança política – e de gestão. O Nesse processo, houve participação da universida-
Comitê Gestor, atualmente, desdobra-se de, a defesa do planejamento em segurança públi-
em cinco câmaras técnicas: 1) defesa so- ca com dados, metas etc. Com isso, estabeleceu-se
cial; 2) administração prisional; 3) articu- a necessidade de avaliações permanentes, de inte-
lação com o Poder Judiciário, Ministério gração dos crimes com apurações de denúncias
Público e Defensoria; 4) prevenção social de grupos de extermínio, crimes de pistolagem,
e 5) enfrentamento ao crack. Cada uma
tráfico de armas, crimes graves apontados como
dessas câmaras reúne-se entre segunda
críticos no estado de Pernambuco (Sociedade
e quarta-feira para deliberar sobre ques-
Civil).
tões a serem tratadas na reunião semanal
do Comitê Gestor, que acontece todas as
quintas-feiras e, uma vez ao mês é presi- Além de gestores e organizações da so-
dida pelo próprio governador, algo que se ciedade civil, durante sua formulação, o
manteve até o fim da pesquisa em 2017. PPV colocou em diálogo diversos atores
dos poderes Executivo, Legislativo e Judi-
A participação da sociedade civil só foi ciário, do Ministério Público, da Defenso-
considerada pelo Executivo no momento ria Pública e das polícias . Esse momen-
da construção da política de segurança, ou to de escuta e participação foi lembrado

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como um momento de grande importân- dobramentos institucionais da vontade
cia para a construção da política (RAT- política do governador refletiu-se no papel
TON, 2015). Contudo, ficou claro que desempenhado pela Secretaria Estadual de
a forma de integração e de diálogo entre Planejamento e Gestão (Seplag) no PPV.
governo e atores da sociedade civil cons- Este papel é apontado como fator funda-
truída no âmbito do PPV estabeleceu uma mental para garantir o sucesso e a susten-
Dossiê

relação hierárquica e assimétrica entre re- tabilidade do PPV ao longo dos anos, ten-
presentantes da sociedade civil e os atores do sido o governador o centro da gestão
institucionais, de modo que organizações do governo, e a secretaria mencionada, a
sociais foram excluídas dos momentos de responsável por coordenar a execução dos
monitoramento e avaliação do PPV. projetos e das ações prioritárias do gover-
no. Desse modo, a Secretaria de Planeja-
Sobre limites e possibilidades da participação da sociedade civil na política
de segurança pública – Pacto pela Vida
Gilson Macedo Antunes

Uma entrevistada, representante da so- mento esteve presente desde o momento


ciedade civil, destacou a ausência de uma inicial de formulação do PPV, e assumiu
política pública de segurança no estado de maior protagonismo na sua coordenação,
Pernambuco, havendo somente um pla- com a instauração do Comitê Gestor, ins-
no de segurança pública, o PPV, na sua tância de monitoramento do PPV.
percepção. Ela reportou que, por ter feito
parte da construção desse plano, pode di- Outra semelhança nas falas dos en-
zer que hoje, nessa lógica de intersetoriali- trevistados é de que foi exatamente um
dade e interinstitucionalidade, ficou “algo problema de gestão que fragilizou o PPV
de Estado, de governo” sem a participação como uma política pública de segurança.
efetiva da sociedade civil. Nessa ótica, “a Neste sentido, a política liderada por mui-
gestão seria apenas institucional e não par- to tempo pelo governador teria sofrido
ticipativa” (Sociedade Civil). Outro ponto um efeito de “desmantelamento” com a
de destaque pelos entrevistados tratava do morte desse ator em 2014. Desta forma,
papel desempenhado pelo governador no não houve previsão considerando sistemas
desenvolvimento da política pública de intermediários e a transferência de respon-
segurança. Análises apontam que esta dis- sabilidade na ausência do governador. Na
posição do governador no período trouxe prática, “não havia o modelo de gestão,
implicações no plano simbólico e prático pois o modelo de gestão era o governador”
(RATTON et al., 2014). No plano sim- (Sociedade Civil).
bólico, evidenciou um compromisso com
a questão, que se tornou prioridade de go- Outro ponto negativo relatado pelos
verno, e isso repercutiu nas instituições e entrevistados apontou a necessidade de
nas práticas dos atores implicados na seara sustentabilidade social do plano, que nos
da segurança pública. Portanto, a vontade dias atuais careceria de participação social.
política do governador disparou mudan- Com o desenvolvimento da política de se-
ças no arranjo institucional que conduzi- gurança, o estado teria reduzido a partici-
ram os processos de formulação e imple- pação da sociedade civil no PPV, fazendo
mentação do PPV. com que ele perdesse a sua legitimidade,
ficando somente na legalidade. O Comitê
Assim, um dos mais importantes des- Gestor do PPV reconheceu as queixas re-

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lativas à interrupção de mecanismos mais O atual secretário é muito técnico, sem qualquer
diretos de diálogo com a sociedade civil diálogo com a sociedade, ele escondeu o que não
organizada (RATTON, 2015). dava certo, a política de monitoramento não dá
resultado, e não houve nenhuma articulação para
Contudo, para os atores da socieda- que o sistema de justiça aconteça. O que prevale-
de civil, a falta de participação social en-

Dossiê
ce é a lógica do encarceramento e da redução de
fraqueceu o PPV, pois para se estabilizar homicídios a qualquer custo, sem a participação
como política pública, precisaria aprofun- da política de prevenção. (Sociedade Civil).
dar a sua dimensão intersetorial, o que en-
volveria abranger também a sociedade civil Contudo, percebeu-se em diversas fa-
na implementação e avaliação da política, las dos entrevistados que, no desenho da
não somente em sua formulação. Este política de segurança pública, houve um

Sobre limites e possibilidades da participação da sociedade civil na política


de segurança pública – Pacto pela Vida
Gilson Macedo Antunes
ponto foi ressaltado nas falas de entrevista- pacto com a sociedade que teve como pro-
dos: “Foi preciso que o PPV existisse, mas duto o plano estadual, mas nos tempos
é uma falha não existir Conselho Estadual atuais, discutir segurança com a comuni-
de Segurança Pública ou Defesa Social” dade estaria cada vez mais difícil, porque
(Sociedade Civil). Ainda nas palavras de o PPV estaria distante da população. As
pessoas consultadas: avaliações sobre o PPV apontam que os
gestores públicos, quando provocados a
O Estado foi desarticulado. Não criaram um esse respeito, negam a interrupção desse
Conselho Estadual de Segurança Pública, não diálogo. Afirmam que as reuniões do Co-
existe controle social. Assim, o PPV deixa de ser mitê são abertas, que o alto escalão negocia
política, esvazia-se para ser programa, agenda. O e recebe a sociedade civil sempre que soli-
pacto foi traído pelo estado (Sociedade Civil). citado e que todo o planejamento de ações
governamentais tem levado em considera-
Outro aspecto salientado na fala da ção as demandas da população através dos
maioria dos entrevistados indicou que seminários Todos por Pernambuco.4
quando da formulação do PPV como po-
lítica de segurança pública havia a promes- No que se trata da compreensão dos
sa de interface com a sociedade civil, que entrevistados sobre a concepção da inte-
previa articular e monitorar a segurança, gração entre a política de segurança pú-
mas este monitoramento restringiu-se às blica e a política penitenciária, pode-se
câmaras de monitoramento, ligadas dire- dizer que desde o início do PPV houve
tamente ao Conselho Gestor e ao próprio a participação da Secretaria de Adminis-
governador. Segundo uma representante tração Penitenciária. No entanto, o PPV
da sociedade civil, atualmente esta política não avançou significativamente em rela-
de monitoramento é ineficaz na redução ção ao sistema prisional. Houve descaso,
da criminalidade, o que acaba por afetar principalmente, em relação à estrutura do
diretamente a política carcerária, a saber: sistema penitenciário, “tudo o que vai pro
preso se faz ruim” (Agente Penitenciário).
E ainda, para alguns entrevistados o pre-

4 Disponível em: https://igarape.org.br/wp-content/uploads/2014/07/artigo-8-p2.pdf, acesso em 17 de maio de 2019.

Rev. bras. segur. pública São Paulo v. 13, n. 1, 215 - 233, fev/mar 2019
225
so deveria sofrer – pensamento atrelado à ma prisional foram mínimas. Para eles, a
lógica punitivista e à ideia de que justiça sociedade civil participava, mas de manei-
apenas se faz com encarceramento. Com ra crítica e não adesista. No desenho do
isto, percebe-se que são poucas as pessoas PPV, existiu a inserção de valores na po-
da sociedade civil que reivindicam melho- lítica e do diálogo entre sociedade civil e
rias no sistema prisional. Ainda devem ser gestão, mas por falta de monitoramento
Dossiê

ressaltadas as semelhanças na maioria das da sociedade, perderam-se transparência e


falas dos entrevistados da sociedade civil credibilidade, evidenciando que a “prisão
que abordaram o tema da segurança pú- se aprofundou como um depósito de pes-
blica como dever do Estado e responsabi- soas, trapos de seres humanos” (Sociedade
lidade de todos. Por exemplo, “os agentes Civil).
públicos deveriam ser sensibilizados para
Sobre limites e possibilidades da participação da sociedade civil na política
de segurança pública – Pacto pela Vida
Gilson Macedo Antunes

uma segurança ‘humana’, procurando res- Para os entrevistados, a participação


saltar a importância da participação da so- social constituiu um possível gargalo para
ciedade civil” (Sociedade Civil). o atual fracasso de objetivos do PPV, prin-
cipalmente por essa participação ter se res-
Já para os gestores um mecanismo no tringido ao momento de construção do
desenho do PPV teria favorecido resulta- Pacto. Sinteticamente, os atores da socie-
dos positivos, como a redução da taxa de dade civil reivindicaram: a ampliação de
homicídio: o avanço no diálogo entre os sua participação no Conselho Gestor e nas
diversos atores das polícias e do Executivo, câmaras técnicas do PPV; mais prevenção,
em que o princípio do PPV seria colocar menos repressão; transparência nas ações
todos para conversar, analisar o problema e do Conselho Gestor e da Seplag; mais
conseguir uma solução em conjunto. Des- ações e investimentos voltados ao sistema
ta forma, o sistema de interligação pode- penitenciário, inclusive mais “humaniza-
ria funcionar para todo tipo de crime em ção no tratamento aos presos” (Sociedade
qualquer cidade, com alta ou baixa taxa de Civil).
violência. Além disso, houve avanços pri-
mordiais no trabalho da polícia militar, em Nitidamente, a linha estratégica gover-
relação à mobilidade interna na institui- namental procurou privilegiar a repressão,
ção e às estruturas física e de pessoal, bem contrapondo-a à prevenção, principal-
como na atuação da polícia civil. mente no que diz respeito a investimen-
tos. Mesmo durante o período exitoso
Outros pontos de avanço foram o do PPV, a prevenção social, que pode ser
fortalecimento dos meios garantidores de organizada e articulada nas comunidades,
transparência nas informações sobre cri- foi tratada com descaso. Segundo a fala de
mes em Pernambuco e a diminuição nos uma entrevistada, “não houve sustentação
níveis de letalidade policial, com a desar- na prevenção e participação social, como
ticulação de diversos grupos de extermí- também [houve] falta de investimentos”
nio – que contavam, em sua maioria, com (Polícia Civil).
participação policial. Todavia, as falas de
representantes da sociedade civil apontan- A maioria das falas dos atores da socie-
do efeitos positivos do PPV sobre o siste- dade civil sugere que quando houve a par-

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ticipação popular por meio de conselhos o PPV contemplou este novo paradigma
e conferências foram produzidas propostas de segurança cidadã. Contudo, o seu de-
para acompanhar o desenvolvimento das senvolvimento não avançou para além da
ações governamentais relacionadas à segu- produção de documentos oficiais, como o
rança pública, entretanto, tais propostas Plano Estadual de Segurança Pública, ou
não foram realizadas pelo governo. Ou a sua inclusão em reuniões do Conselho

Dossiê
seja, “as propostas foram para as gavetas” Gestor do PPV.
(Sociedade Civil).
Percebe-se que o PPV atendeu a uma
Na compreensão destes atores, os go- série de itens necessários em um projeto
vernos do PSB não tiveram, no decorrer democrático para incrementar a participa-
de suas gestões, o hábito de ouvir a po- ção da sociedade civil organizada na cons-

Sobre limites e possibilidades da participação da sociedade civil na política


de segurança pública – Pacto pela Vida
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pulação, não houve e não há participação trução de sua política de segurança pú-
efetiva. O papel que o Conselho Gestor e blica. As universidades, organizações não
a Seplag destinaram às instituições sociais governamentais, associações, sindicatos,
ligadas à promoção dos direitos humanos entre outros órgãos, pressionaram o go-
diz respeito a um tipo de coautoria de uma verno estadual e se engajaram na constru-
proposta pronta. Contudo, segundo boa ção deste projeto que visou, entre outros
parte dos representantes da sociedade ci- objetivos, ampliar o controle social por
vil que foram entrevistados, hoje em dia, parte dos cidadãos organizados e especia-
a sociedade não desistiu de participar, mas lizados em problemas como: aumento da
o Estado não admite a possibilidade de es- criminalidade em geral, excesso de violên-
tar equivocado na forma de condução do cia policial, péssimas condições de saúde
PPV. dos presos, inexistência de vagas no siste-
ma carcerário, necessidade de melhorar as
Neste sentido, os atores da sociedade condições de trabalho para os policiais e de
civil não visualizavam a possibilidade de aperfeiçoar as tecnologias de informação
gestores mudarem a sua percepção, a sua criminais, entre outras carências no campo
maneira de agir, referente ao cotidiano re- da segurança pública.
chaço do ponto de vista das organizações
sociais diante dos problemas de segurança Contudo, foi manifestada a falta de
pública e do sistema penitenciário. Segun- sustentação política dos gestores do go-
do um representante da sociedade civil, verno estadual para as metas que foram
“eles podem ser bem intencionados, mas acordadas entre governo e sociedade civil
estão com uma concepção diferente de organizada. Isso explicitou a fragilidade
segurança, diferente da que se construiu institucional em integrar as organizações
na universidade e [que é] respaldada pela sociais que participaram da construção do
sociedade civil no desenho do PPV” (So- PPV para debater e planejar soluções de
ciedade Civil). problemas do campo da segurança públi-
ca, bem como de questões do sistema pe-
Para Souza (2016), a participação tor- nitenciário (SOUZA, 2016).
na-se elemento central no âmbito das polí-
ticas públicas de segurança e desta maneira Apesar disso, os entrevistados manifes-

Rev. bras. segur. pública São Paulo v. 13, n. 1, 215 - 233, fev/mar 2019
227
taram a sua adesão e capacidade de reto- minantes, neste caso, não são puramente demo-
mar as discussões sobre estratégias e mo- cráticas nem puramente autoritárias. Podemos,
dos de lidar com os principais problemas portanto, supor a existência de duas culturas po-
no campo da segurança pública, desde líticas e apontar a disputa entre elas no interior do
que os gestores do governo estadual este- sistema político.
jam dispostos a retomar a construção do
Dossiê

PPV com a participação da sociedade civil Nas formulações de Avritzer (1995),


organizada. Neste sentido, estas organiza- para que haja uma efetiva democracia,
ções têm dado sinais de que estão dispostas não basta a supressão do veto à livre coor-
a enfrentar seus próprios obstáculos, em denação política (ou seja, a existência do
busca de maior capacidade de participação formalismo democrático). Ao lado da livre
com o propósito de engajar cada vez mais coordenação política, é necessário que haja
Sobre limites e possibilidades da participação da sociedade civil na política
de segurança pública – Pacto pela Vida
Gilson Macedo Antunes

protagonistas sociais. o compartilhamento de um conjunto de


valores, crenças e normas fundamentados
Conclusões preliminares sobre os limites numa cultura política efetivamente demo-
e possibilidades da participação da so-
crática.
ciedade civil no Pacto Pela Vida
Os problemas e gargalos expostos pe-
Assim, não havendo uma “cultura po-
los entrevistados com relação à ausência de
lítica” efetivamente democrática, é plausí-
canais de participação para a sociedade ci-
vel que coexistam (o que, de fato, ocorre)
vil no Pacto Pela Vida são abrangidos pelo
o formalismo democrático e uma cultura
diagnóstico de Souza (2016: 11):
política de cunho autoritário ou quase
isso. Contudo, a execução do que estava
A participação torna-se elemento central do
previsto no desenho do Pacto, ou seja, as
novo paradigma que se consolida desde então no realizações das conferências regionais, a
campo da segurança, da “segurança cidadã”. Não realização da conferência estadual, a im-
obstante, quando cotejamos as diferentes experi- plementação tanto das câmaras temáticas
ências estaduais, municipais e federais, sua traje- quanto das câmaras de monitoramento,
tória de desenvolvimento não se apresenta linear, foram momentos de marcante participa-
tampouco homogênea; ademais de sua criação, ção da sociedade civil na formulação e no
em um volume expressivo de casos, não avança início do Pacto Pela Vida, e este foi um
para além dos discursos e documentos oficiais. ponto bastante abordado nas falas dos en-
trevistados. De acordo com o entrevistado
Avritzer (1995: 9) interpreta a distân- 4, o PPV:
cia entre os documentos oficiais e a prática
governamental e entre esta e a prática da [...] é uma pactuação porque ele partiu do conhe-
sociedade civil a partir da ideia de “cultura cimento do capital político e teórico da socieda-
política”: de civil. [...] Pela primeira vez, a academia pôde
contribuir de uma forma mais operativa. Eu acho
Trata-se de compreender que existe uma cultura que surgiu um planejamento de segurança públi-
política não democrática que se entrelaça com a ca – metas, definição de dados, transparência nes-
institucionalidade democrática. As práticas do- ses dados – que não havia. [...] O Pacto Pela Vida,

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ele foi um programa pensado pela sociedade civil social da atividade policial, você não pode falar
dialogando com o aparato de polícia, dialogando em direitos humanos e segurança pública. Você
com os sistemas de gestão da segurança e ao mes- vai ter política, você vai ter metas, você pode até
mo tempo foi dado um golpe, o golpe, a meu ter horizontes importantes de cumprimento de
ver, um tiro mortal, por que o Pacto deixou de diretrizes, formação, tudo bem, você pode até ter

Dossiê
ser um diálogo com a sociedade e se tornou eficaz vários elementos, mas a atividade policial precisa
na agenda interna dos atores da polícia, do Judi- ser controlada pela sociedade, a sociedade precisa
ciário, do Ministério Público. (Sociedade Civil). entender o que é segurança pública, precisa co-
brar resultados e a polícia precisa se render a esse
Para uma entrevistada 1, o PPV “sur- controle. E isso eu acho que, ao longo do tempo,
giu com uma participação muito grande o Pacto foi se afastando desse pressuposto e foi se
da sociedade civil institucionalizada”, com

Sobre limites e possibilidades da participação da sociedade civil na política


de segurança pública – Pacto pela Vida
Gilson Macedo Antunes
tornando um programa do Estado. Quando ele
uma “promessa de interface com a socieda- deixa de ser uma política e passa a ser um pro-
de”. Para ela, um aspecto positivo do PPV grama, eu acho que ele se esvaziou, porque ele é
foi a verificação de que é possível articular
hoje uma agenda, uma agenda importante, uma
a sociedade em torno de uma política de
agenda que garante compromissos, uma agenda
segurança pública, algo que é muito difícil
que garante atuações dentro das metas policiais
no Brasil. Assim, “o Pacto Pela Vida conse-
guiu mostrar que, sim, é possível colocar a que são colocadas, mas a sociedade fica totalmen-
sociedade pra dentro, é possível essa cons- te à margem desse resultado. (Sociedade Civil).
trução, que no Brasil é difícil mesmo com
a redemocratização” (Sociedade Civil). Para a entrevistada 1, na gestão do Pac-
to Pela Vida, um dos secretários possuía
Assim, no seu início, o PPV se mate- uma postura muito técnica, que desfavo-
rializou como uma política de segurança recia o diálogo com setores da sociedade
pública efetivamente democrática, que civil e terminava por “encastelar” o PPV. Já
possuiu abertura para a participação da para a entrevistada 3, houve um problema
sociedade civil na sua formulação. Entre- de gestão no PPV, uma vez que a gestão
tanto, conforme esboçado na fala do en- dependia fundamentalmente da liderança
trevistado 4, durante o desenvolvimento do governador à época. Enquanto o gover-
do Pacto, o mesmo não ocorreu: nador liderava, a implementação do Pacto
ocorria bem. Contudo, com o seu afasta-
Eu acho, assim, que o Pacto Pela Vida foi esse mento do governo, não houve “sistemas
passo decisivo, a meu ver, mas, infelizmente, eu
intermediários ou transferência de respon-
sabilidade”.
acho que ele foi traído pelo próprio Estado. O Es-
tado, a meu ver, ele foi se afastando de seus pres-
A questão do monitoramento do PPV
supostos. E eu digo isso de uma forma flagrante
também foi levantada por todos os entre-
na questão do Conselho Estadual de Segurança vistados. Para a entrevistada 1, “o monito-
Pública, que até hoje não existe, que, para nós, é ramento do Pacto ficou fechado na câmara
um órgão fundamental para que existisse no Es- de monitoramento, que é só governamen-
tado um controle social da atividade policial, que tal”. Neste sentido, não havia controle
pra mim isso é um princípio: se não tiver controle sobre o que estava e o que não estava a

Rev. bras. segur. pública São Paulo v. 13, n. 1, 215 - 233, fev/mar 2019
229
ser feito pelo governo, sendo necessária, pública. Já para o entrevistado 4, a falta de
muitas vezes, a realização de pedidos de canais de diálogo entre o Estado e a socie-
informação perante o Executivo. A entre- dade civil na implementação do Pacto Pela
vistada afirmou, ainda, que a deficiência Vida prejudicou os defensores de direitos
na transparência da política pública afetou humanos, na medida em que estes, não
o seu trabalho com a sociedade civil. Para possuindo fontes diretas de interpelação
Dossiê

ela, em 2007, período do surgimento do no Executivo, sentiam-se vulneráveis em


PPV, as comunidades acreditavam na po- seu trabalho. Esse cenário, para ele, dá-se
lítica pública. Contudo, com o passar do pela falta de reconhecimento do Estado
tempo, a falta de informação e de canais com relação aos defensores de direitos hu-
de participação fez com que a população manos, ao lado do fortalecimento de uma
se tornasse descrente. Assim: democracia policial.
Sobre limites e possibilidades da participação da sociedade civil na política
de segurança pública – Pacto pela Vida
Gilson Macedo Antunes

Discutir segurança com as comunidades fica mais Pela fala dos entrevistados, foi possível
difícil porque o Pacto tomou um rumo diferente perceber que, embora na formulação o
do que foi proposto. A sociedade civil não acredi- Pacto Pela Vida tenha se pautado por um
ta mais na política de segurança. A sociedade civil processo democrático com forte partici-
começa a entender que não tem mais jeito, que pação popular, durante o seu desenvolvi-
não adianta fazer outra política de segurança que
mento, as instituições de implementação
não mostraram uma efetiva internalização
não vai dar certo. [...] Não é só a ausência da par-
de uma normatividade democrática. Neste
ticipação, mas também a falta de legitimidade. A
sentido, a liderança política do governador
política de segurança se enfraquece, ocorrem mais
como marca central do Pacto e a dificulda-
crimes, a sociedade desacredita ainda mais na po- de de diálogo do Secretário à época com a
lítica de segurança. (Sociedade Civil). sociedade civil consistiram em marcas da
falta de compartilhamento da mesma cul-
Para o entrevistado 2, havia discrepân- tura política entre agentes do Estado e a
cia entre a concepção de segurança pública sociedade civil.
da sociedade civil e a concepção do gover-
no. Ele afirmou que o governo gestor do De maneira geral, as análises empre-
Pacto Pela Vida: endidas pelos entrevistados giraram em
torno da percepção de que existe, em Per-
[...] não possui o hábito de ouvir a sociedade civil, nambuco, uma política pública voltada à
há um teatro, mas não há participação política segurança chamada Pacto Pela Vida. Al-
efetiva. Os conselhos estão esvaziados e desvalo- guns setores da sociedade civil, entretanto,
rizados. A sociedade civil quer participar, mas o questionaram a existência desta política,
Estado faz de conta que não há essa demanda por asseverando que, na verdade, trata-se de
participação. (Sociedade Civil). um “programa” ou “agenda”. Tal assertiva
dá-se pela concepção de que, embora a so-
Ele afirmou ainda que não conseguia ciedade civil tenha participado da concep-
ver mudança por parte do governo na no- ção do PPV, não foi dada a ela, por parte
ção e na postura acerca da importância da do governo do estado de Pernambuco, a
participação social na política de segurança oportunidade de participar amplamente
de sua implementação e de seu monitora-

230 Rev. bras. segur. pública São Paulo v. 13, n. 1, 215 - 233, fev/mar 2019
mento. lítica na área de segurança pública formal e
consistentemente elaborada, sua aplicação
Assim, teria ocorrido uma “traição” do é recorrentemente atrelada à força política
Pacto por parte do poder estatal. Obser- da pessoa do governador no período; ten-
va-se que, no plano formal, foi pensada do sido constatado que, posteriormente,
a segurança pública de forma a contem- nenhum outro gestor deu prioridade ao

Dossiê
plar as perspectivas preventiva e repressiva, PPV.
sendo tal complementariedade um fator
de destaque. Entretanto, na prática, ob- Destacou-se também a necessidade de
servou-se o privilégio da repressão, tendo maior abertura para a participação da so-
sido deixada de lado, consideravelmente, ciedade civil tanto na formulação quanto
a prevenção. Tal postura fez aumentar em na implementação, no monitoramento e

Sobre limites e possibilidades da participação da sociedade civil na política


de segurança pública – Pacto pela Vida
Gilson Macedo Antunes
proporções alarmantes o número de pes- na avaliação das políticas públicas, inclu-
soas custodiadas no sistema prisional. Ou- sive tendo sido apontada a indispensabili-
tro fator levantado diz respeito a ser o Pac- dade do Conselho Estadual de Segurança
to uma política de estado ou de governo, Pública.
pois, embora o PPV figure como uma po-

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