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Pacientes grave

Queimaduras: classificações e
cuidados de enfermagem!
Definição:

• Lesão na pele que pode ser causada por calor,


frio ou substâncias químicas ou radiação sobre
o revestimento do corpo, podendo destruir
desde a pele até os tecidos até os tecidos mais
profundos como órgãos e ossos.
Quanto calor é necessário para causar
temperatura por contato?
A gravidade da lesão térmica por contato está
relacionada a temperatura e ao tempo de
exposição;
A pele humana pode tolerar sem prejuízo
temperaturas de até 40°C (depende do tempo
de exposição ao agente causal). Acima deste
valor, são produzidas diferentes lesões.
Causas

• Agentes secos: fogo, objetos quentes, fricção;


• Líquidos, vapores e gorduras quentes;
• Eletricidade: raio, corrente de baixa ou alta voltagem;
• Radiação: queimadura solar, exposição a fontes radioativas;
• Frio: contato com metais e vapores congelados (oxigênio e
nitrogênio).
• Químicos: Substâncias químicas industriais, produtos e
agentes químicos de uso doméstico;
• Álcalis e ácidos.
• Biológicos: Seres vivos: taturana, caravelas, água viva,
urtiga…
Diagnóstico Etiológico:

• Queimaduras térmicas (atrito);


• Queimaduras químicas;
• Queimaduras elétricas;
• Queimaduras por radiação;
Classificação das Queimaduras:
Quanto à Profundidade:
Quanto à extensão:
Profundidade
1º Grau

• Também chamada de queimadura superficial, são


aquelas que envolvem apenas a epiderme, a
camada mais superficial da pele.

• Os sintomas da queimadura de primeiro grau são


intensa dor e vermelhidão local, mas com palidez
na pele quando se toca. A lesão da queimadura
de 1º grau é seca e não produz bolhas.
Geralmente melhoram após 3 a 6 dias, podendo
descamar e não deixam sequelas.
2º Grau:
Atualmente é dividida em 2º grau superficial e 2º grau profundo.

A queimadura de 2º grau superficial é aquela que envolve a epiderme e a


porção mais superficial da derme.

Os sintomas são os mesmos da queimadura de 1º grau incluindo ainda o


aparecimento de bolhas e uma aparência úmida da lesão. A cura é mais
demorada podendo levar até 3 semanas; não costuma deixar cicatriz mas o
local da lesão pode ser mais claro.

As queimaduras de 2º grau profundas são aquelas que acometem toda a


derme, sendo semelhantes às queimaduras de 3º grau. Como há risco de
destruição das terminações nervosas da pele, este tipo de queimadura, que é
bem mais grave, pode até ser menos doloroso que as queimaduras mais
superficiais. As glândulas sudoríparas e os folículos capilares também podem
ser destruídos, fazendo com a pele fique seca e perca seus pelos.
A cicatrização demora mais que 3
semanas e costuma deixas cicatrizes
3º Grau:
• são as queimaduras profundas que acometem
toda a derme e atinge tecidos subcutâneos, com
destruição total de nervos, folículos pilosos,
glândulas sudoríparas e capilares sanguíneos,
podendo inclusive atingir músculos e estruturas
ósseas.

• São lesões esbranquiçadas/acinzentadas, secas,


indolores e deformantes que não curam sem
apoio cirúrgico, necessitando de enxertos.
4º Grau:
• São aquelas que não só acometem as
camadas da pele, mas também o tecido
adiposo subjacente, músculos, ossos e os
órgãos internos.
Extensão:
As queimaduras são classificadas de acordo com
a sua extensão:

• Pequeno queimado: até 10% da superfície


corporal queimada;
• Médio queimado: acima de 10% à 20% da
superfície corporal queimada;
• Grande queimado: acima de 20% da superfície
corporal queimada;
REGRA DOS NOVE
É uma ferramenta que fornece a estratificação
da lesão e triagem. Todo paciente com lesões de
2º ou 3º grau devem ser avaliados em relação ao
percentual da área corporal atingida, de acordo
com o diagrama. Quanto maior a extensão das
queimaduras, maiores os riscos de complicações
e morte.
ATENÇÃO!
• A gravidade da queimadura será determinada
pela profundidade, extensão e localização.
• As queimaduras de mãos, pés, face, períneo,
pescoço e olhos, qualquer que seja a
profundidade e extensão são consideradas
graves.
Condutas para cada tipo de
queimadura:
Queimaduras térmicas:
• Afastar a vítima da origem da queimadura;
• Se a vítima estiver com fogo nas vestes, role-a no chão ou envolva-a em um
cobertor ou similar.
• Ao utilizar extintores, verifique se é indicado para o tipo de material em
combustão
• Abordagem primária (ABCDE):
• Verificar as vias aéreas, observar sinais de queimaduras na face (fuligem no nariz,
cílios chamuscados, edema nos olhos e boca), podem indicar obstrução
respiratória – queimaduras ‘internas’;
• Retirar as partes da roupa que não estejam grudadas na área queimada cortando;
• Retirar pulseiras, colares, relógios e anéis devido ao risco de interrupção da
circulação pelo edema;
• Proteger os locais queimados com curativos estéreis próprios para queimaduras.
• Transportar para hospital especializado.
Queimadura química:
• Equipe que atende deve utilizar proteção universal para
não ter contato com o agente químico;
• Identificação do agente (ácido, base, composto orgânico);
• Avaliar concentração, volume e duração de contato;
• A lesão é progressiva. Remover roupas úmidas com o
produto, cortando-as com tesoura;
• Substância em pó, remover previamente excesso com
escova ou panos;
• Diluição da substância pela água corrente por no mínimo
de 30 minutos.
Pós (cimento, cal, soda cáustica):

• Remover o conteúdo sólido da pele;


• Lavar com água corrente.
• Atenção: Nunca faca fricção no local;
• Empregar água sobre pressão na lavagem.
Queimaduras químicas:
Queimaduras nos olhos:

• Lavar os olhos com


água corrente
• Cobrir ambos os olhos
da vítima com
compressa macia
úmida;
• Encaminhar a um
hospital especializado.
Queimadura elétrica:
• Definir se foi alta tensão, corrente alternada
ou contínua, se houve passagem de corrente
com ponto de entrada e saída;
• Avaliar traumas associados (queda de altura e
outros);
• Avaliar se ocorreu perda de consciência ou
PCR no momento do acidente;
Podem causar:
• Parada cardíaca > lesão de grupos musculares > liberação de potássio:
arritmias
• Liberação de mioglobina na corrente sanguínea > tóxica aos rins.
• Queimaduras locais de limites bem definidos ou de grande extensão.
• Elevados índices de mortalidade;
• Geralmente são de pequenas extensões, porém de grande profundidade;
• A intensidade da queimadura dependerá do tipo de corrente, da voltagem
e da resistência;
• Afastar a vítima da fonte antes de iniciar o atendimento e desligar a fonte
de energia;
• Obs: Caso não seja possível separar a vítima do contato com o fio: NÃO
PRESTAR SOCORRO! Acionar a companhia elétrica.
• Interromper o contato da vítima com o agente agressor usando um
pedaço de madeira seca, cinto de couro, borracha grossa ou luva de
borrach
Avaliar extensão da lesão e passagem
da corrente;

Fazer avaliação primária;


Estar atento aos sinais de PCR, aplicar manobras de
compressão torácica, se
necessário;
Identificar o local de entrada e saída
da corrente elétrica;

• Proteger os pontos de entrada e saída da corrente elétrica.


Queimaduras circunferênciais:
• Podem contrair a parede torácica a ponto da
vítima ser incapaz de respirar;
• Nos membros superiores e inferiores, criam um
efeito de compressão, que pode fazer com que
haja ausência de pulsos em braços e pernas.
• As ESCARATOMIAS, são incisões cirúrgicas, feitas
através da escara da queimadura, que permitem
a expansão dos tecidos mais profundos e a
descompressão de estruturas vasculares
previamente comprimidas e, geralmente,
ocluídas.
Cálculo da Hidratação:
• Fórmula de Parkland=2 a 4ml x %SCQ x Peso(kg)

• 2ml para idosos, insuficiência renal e ICC;


• 4ml para crianças e adultos jovens;
• Soluções Cristalóides (Ringer com lactato);

• 50% infundido nas primeiras 8h


• 50% entre a 8ª e 24ª horas.
• Considere sempre a hora da queimadura!!
Hidratação:
• Na lesão elétrica por fios de alta tensão, a
vítima apresenta mioglobinúria após extensa
destruição muscular.
• Observar glicemia nas crianças, diabéticos e
sempre que necessário (jejum);
• Na fase de hidratação (24h iniciais) não se usa
diurético, drogas vasoativas.
Tratamento da dor
Uso da via Intravenosa:
Adultos:

Dipirona – EV
Morfina- diluída em 9 ml SF 0,9%.
Crianças:

Dipirona – EV
Morfina – (solução diluída).
Medidas Gerais e Tratamentos da Ferida:

Posicionamento: cabeceira elevada; pescoço em hiperextensão; membros superiores elevados e


abduzidos, se lesão axilas; •
Administração da profilaxia do Tétano (Toxóide tetânico), da úlcera do stress (bloqueador
receptor H2) e do tromboembolismo (heparina SC);
Limpeza da ferida com Clorexedina degermante e SF0,9%. Na falta deste, água e sabão neutro;
Usar antimicrobiano tópico (De acordo com protocolo institucional): pomada Dermacerium
Fisiopatologia:
Tratamento Imediato de Emergência:
• Interromper o processo de queimadura;
• Remover roupas, jóias, anéis, piercing,
próteses;
• Cobrir as lesões com curativo estéril.
Tratamento na sala de Emergência:
Vias aéreas- Avaliação:
Avaliar presença de corpos estranhos, verificar e retirar qualquer tipo
de obstrução.
Respiração:
Aspirar vias aéreas superiores, se necessário;
Administração de O2 conforme prescrição médica se necessário;
Observar suspeita de lesão inalatória: queimadura em ambiente
fechado, face acometida, rouquidão, estridor, escarro carbonáceo,
dispnéia, queimadura nas vibrissas, insuficiência respiratória;
Cabeceira elevada (30°);
Intubação endotraqueal = Escala de coma Glasgow<8, PaO2 <60,
PaCO2>55 na gasometria, saturação <90% na oximetria, edema
importante de face e orofaringe.
Acesso venosos:
• Obter preferencialmente acesso venoso
periférico calibroso mesmo em área
queimada;
• Somente na impossibilidade desta, utilizar
Acesso Venoso Central
• Passagem de Sonda Vesical de Demora para
controle de diurese para queimaduras acima
de 20% em adultos e 10% em crianças.
Tratamento adequado
Fase aguda: pode salvar vidas e evitar sequelas;

• Remover as vestimentas e protegê-lo com


campos estéreis (intra hospitalar);
• Observar padrão respiratório;
• Providenciar acesso venoso de grande calibre;
• Realizar procedimento de cateterismo vesical e
controle do balanço hídrico;
• Administrar vacina antitetânica em pacientes não
vacinados;
Reposição Volêmica:
• Deve ser instituída precocemente;
• Receber fluídos por via parenteral compensar
a perda através das lesões;
• Atentar-se para o fluxo urinário e às medidas
hemodinâmicas;
Cuidados gerais:
• Necessidade de analgesia é proporcional à
profundidade da área queimada;
• Suporte Nutricional: Deve ser iniciado, de
preferência, até 4 horas após a internação
• hospitalar;
• Prevenir desidratação e perda de calor com
utilização de plástico estéril sobre a área
queimada;
• Realização de curativo diário (cobertura de
acordo com a prescrição de enfermagem);
Complicações:
• Infecções locais ou sistêmica;
• Distúrbios eletrolíticos;
• Sangramentos intestinais por úlceras agudas;
• Deformidades;
• Choque hipovolêmico;
• Problemas no sistema renal e respiratórios.
Cuidados de Enfermagem
• Observar o padrão respiratório;
• Manter a via aérea permeável;
• Administrar oxigenoterapia conforme solicitação médica;
• Monitorizar os sinais vitais;
• Preparar material para passagem de cateter venoso central se
necessário;
• Controle rigoroso do Balanço Hídrico.
• Manter o paciente aquecido e a área corpórea queimada protegida
com a utilização de plástico estéril;
• Realizar procedimento de cateterismo vesical;
• Controle rigoroso de diurese, bem como a cor e o aspecto da urina;
• Pesar o paciente diariamente (conforme solicitação e estabilidade
hemodinâmica do
• paciente).
Duvidas ?

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