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QUEIMADOS

QUEIMADOS
• EPIDEMIOLOGIA
• As queimaduras constituem um importante problema de
saúde pública, representando a segunda causa de
morte na infância não só nos Estados Unidos como
também no Brasil.
• Porém, existem poucos dados e informações
disponíveis para orientar programas de prevenção.

Os acidentes geram enormes gastos financeiros e são


responsáveis por sequelas psicológicas e sociais ao
acidentado, bem como à sua família.
• A maioria deles ocorre em casa e são atribuídos a
lapsos na atenção aos perigos domésticos.
➢ Estudos desenvolvidos no Brasil, tanto em
hospitais gerais quanto em centros
especializados, demonstram:

➢ Gênero: sexo MASCULINO – mais atingido


➢ Faixa etária: independe do sexo, de 20 a 39
anos;

➢ Extremos de idade: meninos abaixo de 10


anos; e sexo feminino acima de 60 anos.
Definição

➢ Lesão causada por calor, substâncias


químicas ou radiação sobre o revestimento
do corpo, podendo destruir desde a pele
até tecidos mais profundos, como ossos e
órgãos.
QUEIMADURAS

Introdução
• Acidentes com queimaduras constituem
importante causa de morbi-mortalidade.
• Medidas simples de atendimento de
emergência e procedimentos de reanimação
podem alterar esse quadro.
• Todo queimado deve ser tratado com uma
vítima de trauma.
FISIOPATOLOGIA DA QUEIMADURA
Agente Térmico

Excitação das Vasodilatação e


terminações aumento da Redução do
Redução do
nervosas permeabilidade
capilar e volume plasmático
 débito
extravasamento
DOR do plasma no e volume
urinário
tecido (edema)
circulante
Causas
Físicos:
Agentes Secos: fogo, objetos quentes, fricção;

Líquidos ou Vapores: vapor, líquidos e gorduras quentes;

Eletricidade: raio, corrente de baixa ou alta voltagem;

Radiação: queimadura solar, exposição a fontes


radioativas;

Frio: contato com metais e vapores congelados (oxigênio e


nitrogênio).
Causas

Químicos:

➢ Substâncias químicas industriais, produtos e


agentes químicos de uso doméstico;

Biológicos:
➢ Seres vivos: caravelas, água viva, urtiga...
QUEIMADURAS: Classificação
A) Quanto a Profundidade
• Queimaduras de 1º Grau
• Queimaduras de 2º Grau
Superficial e Profundo
• Queimaduras de 3o Grau
B) Lesão de II grau:
Compromete a epiderme e parte da derme;
Hiperemia;
Formação de flictemas (bolhas);
Muito dolorosa
Dividi-se em:
Grau superficial: cicatrização em torno de 2
semanas e não deixa seqüelas
Grau profundo: cicatriz de má qualidade e
pode deixar seqüelas
Ex: líquidos hiperaquecidos
C) Lesão de III grau
Compromete:
Epiderme, derme, subcutâneo, músculo e
osso;
Aspecto esbranquiçado, marmóreo, rigidez
tecidual, áreas carbonizadas;
Evolui para enxertia, amputação de
membros, seqüelas inevitáveis;
Não dolorosa na fase aguda.
Ex: queimaduras por trauma elétricos ou
incêndios
CLASSIFICAÇÃO DO PACIENTE
QUEIMADO

Pequeno queimado:
I grau qualquer extensão
II grau < 10%
III grau < 20% sem sinais de mutilação
Sem indicação de internação, tratamento ambulatorial

Médio queimado
II grau entre 10% à 25%
III grau até 10%
Internação em enfermarias
Grande queimado

II grau > 25% espessura parcial


III grau > 10% espessura total

Internação em CTQ com indicação de UTI:


adultos com SCQ > 30% e
crianças com SCQ > 20%
TRATAMENTO

• A primeira prioridade é parar o processo de


queimadura
• Vias aéreas
• Intervenções conforme a necessidade
• Ventilação
• O2 para manter SaO2  95%
• Se necessário, ventilação assistida

SEMPRE TRATAR COMO TRAUMA


RESUMO

O atendimento adequado do doente com


trauma térmico deve incluir:

➢ Observar a segurança

➢Tratar as condições com risco de vida

➢ Proteger os tecidos lesados

➢Restaurar a temperatura corporal


normal
RESUMO

➢É fundamental cuidar das vias aéreas e da


ventilação ;
➢ Reposição volêmica conforme a situação
➢ Previna a hipotermia
➢ Transporte o paciente para o hospital apropriado
➢ Trate a dor
➢ Reposição volêmica conforme a situação
✓ NÃO se torne você também uma vítima
FATORES RELEVANTES

❖ Crianças menores que 2 anos


❖ Idosos
❖ Doenças de bases
❖ Traumas associados
❖ Agente causal
❖Lesão de vias aéreas (mortalidade de
90% à 100%)
QUEIMADURAS: Atendimento Inicial

•Extinguir as chamas
•Resfriar a área queimada
QUEIMADURAS: Atendimento Inicial no
local
SEGURANÇA – CENA - SITUAÇÃO
QUEIMADURAS: Atendimento Inicial no local
Segue a Sistematização do ABCDE
A- Abordagem das Vias Aéreas + Preservação da
coluna cervical

Mecanismo de trauma: sinais e


sintomas
Queimadura das vias aéreas
Oxigenioterapia segura
Manipulação pelo membro mais
experiente da equipe
QUEIMADURAS:
A- Abordagem das Vias Aéreas
• Sinais de Lesão por Inalação
• Queimaduras faciais
• Escarro carbonado
• História de permanência em
local em chamas
Intoxicação Por Monóxido De Carbono:
SINAIS: Confusão mental, Cefaléia Náuseas e
Vômitos
Oferecer O2 em alta concentração por máscara
quando em segurança
Atenção: Risco de edema de glote
QUEIMADURA : VIAS AÉREAS
Temperatura máxima: o corpo no limite Temperatura máxima: o corpo no limite

APH AS VÍTIMAS DE QUEIMADURAS APH AS VÍTIMAS DE QUEIMADURAS

Temperatura máxima: o corpo no limite


Temperatura máxima: o corpo no limite
APH AS VÍTIMAS DE QUEIMADURAS
APH AS VÍTIMAS DE QUEIMADURAS
Atendimento Inicial no local
B- Ventilação:

• Considerar que vítimas de explosão ou


queda após descarga elétrica podem ter
lesões torácicas que comprometem a
ventilação/respiração

• Procedimentos invasivos
QUEIMADURAS:
C- Abordagem Hemodinâmica

• Acessos Venosos Periféricos Calibrosos

• Coleta de Amostras Sanguíneas


• Reposição Volêmica Agressiva no Grande
Queimado
Reposição Volêmica Agressiva no Grande
Queimado

Reposição Volêmica Inicial: 2 a 4 ml de Ringer


lactato x Peso corporal x % de Superfície Corporal
Queimada (SCQ)
1/2 do volume total: administrado nas primeiras 8h
1/2 restante: administrado nas 16h seguintes
Débito urinário: bebês - 2ml/kg/h
crianças - 1 ml/kg/h
adultos - 30 a 50 ml/kg/h
• Monitorização
• Sondagens: Vesical / Gástrica
QUEIMADURAS: Atendimento Inicial
D- Abordagem Neurológica:
ECG + Avaliação Pupilar
E- Exposição + Prevenção Hipotermia

•Retirar apenas as vestes soltas e


adereços
•Não perfurar bolhas ou retirar
tecidos desvitalizados (no APH)
• Não passar pomadas
• Cuidado com a contaminação
• Retirar as roupas úmidas
•Mantenha a vítima quente, seca e
protegida
QUEIMADURAS Elétricas
Fatores de gravidade do acidente
• Amperagem e Voltagem
• Resistência da pele e tecidos
• Umidade do ambiente e da pele
• Trajeto da corrente
Atendimento : Desligar rede elétrica
• Segue a Sistematização do ABCs
• Atentar sinais de PCR
Considerar:
A história do acidente
Não subestimar a gravidade do acidente
Lesões não visíveis à inspeção visual
QUEIMADURAS Elétricas
Lesões musculares com necrose : liberação maciça de
produtos de degradação da mioglobina , evidenciada pela
hemoglobinúria ( urina cor de vinho de porto).
Conduta Inicial
• Reposição Volêmica Agressiva: prevenir a necrose tubular
aguda.
• Manter débito urinário  100 ml/hora
ESCAROTOMIAS
QUEIMADURAS: Lesões pelo Frio Gravidade

de exposição e condições ambientais.


• Congelamento ( raro em nosso meio )
Condutas: Retirar roupas, aquecer o paciente.
Colocar a parte lesada em contato com água a
40ºC ( 20 a 30 minutos).
• Hipotermia: T. corporal < 35ºC Idosos e
crianças são mais susceptíveis.
Classificação: Leve: T = 32 a 35ºC
Moderada: T = 30 a 32ºC
Grave: T = abaixo de 30ºC
Constatação de óbito: após tentativa de
reaquecimento corporal
QUEIMADURA: Critérios para Transferência

• Grande Queimado
• Queimaduras de 2º e 3º grau envolvendo a face, olhos,
ouvidos, mãos, pés, genitália, períneo ou articulações
• Queimaduras elétricas e químicas importantes
• Lesões por inalação
• Queimaduras em pacientes com trauma e doenças
prévias
• Crianças cujo atendimento esteja sendo feito em hospital
sem pessoal treinado
• Pacientes que irão necessitar de suporte emocional,
social incluindo suspeita de negligência ou abuso em
crianças
Critérios relevantes para
internação em UTI:

Concomitância de doenças
sistêmicas

❖ Etiologia (elétrica, química)

❖ Traumas associados

❖ Crianças com SCQ > 15%

❖ Lesão inalatória e VAS, face


O paciente queimado apresenta:

Comprometimentos sistêmicos graves


❖ Desequilibro hemodinâmico
❖ Imunossupressão
Complicações
❖ Infecção
sistemáticas
❖ Perdas nutricionais

SOFRIMENTO ❖ Fisico
❖ Emocional
Seqüelas perpetuadas ❖ Psíquico

Morte Social
Físicas Motoras Funcionais Estéticas
• A gravidade da queimadura será determinada
pela profundidade, extensão, idade e
localização.

• As queimaduras de mãos, pés, face, períneo,


pescoço e olhos, qualquer que seja a
profundidade e extensão, necessitam de
tratamento hospitalar.
Avaliação
Primária

A – Avaliar sinais de obstrução

B – Avaliar expansibilidade torácica

C – Determinar Área Corpórea Queimada (ACQ) e


identificar sinais de choque

D – Avaliar nível de consciência

E – Identificar o tipo de ACQ


Lesão de Via Aérea

• Queimaduras na face e região cervical

• Chamuscamento dos cílios e víbrissas nasais

• Deposição de carbono na orofaringe

• Expectoração carbonácea

• Rouquidão

• Confusão mental após confinamento em incêndio


• Níveis de carboxi-hemoglobina > 10% se exposto a
incêndio
Tratamento Inicial

❖ Reconhecer a necessidade de VA definitiva


❖ Ofertar O2 em grande concentração,
❖ Avaliar necessidade de Escarotomia
❖ Acesso calibroso e reposição volêmica
❖ Limpeza das lesões e cobertura
Fórmula de Parkland
• 4 ml/kg de peso corporal/percentagem ACQ, de Ringer
com Lactato.

• Sendo que, para fins de cálculo inicial, a metade (50%)


deste volume deve ser infundida nas primeiras 8 horas
após a queimadura e o restante dividido nas 16hs
seguintes.

• Exemplo:
Homem 70kg com 30% ACQ
Volume de Ringer = (4ml/kg x 70kg) x 30 = 8400ml
Dorso
Anterior

Dorso

Anterior
Avaliação Secundária

• Exame físico completo, buscar por outras lesões associadas.

• Identificar lesões circunferenciais

• História (ambiente e imunização)

• Exames complementares (RX, Tomo, laboratoriais)

• Cateterização gástrica e vesical

• Tratamento da dor

• Debridamento de tecidos necróticos

• Antibióticoterapia (?)
Escarotomia:
• É um procedimento de emergência realizado pelo
Médico

• O edema tecidual pode causar compressão de


estruturas em membros e predispor à necrose de
extremidades.

• Necessária a realização qdo Queimaduras de


espessura total (3º grau) circunferênciais de membros
ou do tronco
➢ O aspecto duro e inelástico da pele
➢ Restringe os movimentos respiratórios e pode levar a
insuficiência respiratória

➢ Este procedimento deve ser realizado na sala de


emergência ou mesmo no leito do paciente.

➢ Realizada incisão da pele em toda a sua espessura,


atingindo-se o subcutâneo.

➢ Analgesia proporcional à dor – EV


Fasciotomia

• Procedimento realizado na emergência


quando se suspeita de Síndrome de
Compartimento em Membro Superior ou
Membro Inferior, geralmente em lesões
decorrentes da passagem de corrente de
alta voltagem.
Fasciotomia
OBRIGADA!

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