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Atendimento ao paciente queimado

Dr Orlando Thome Neto


Dra Milena Valenti Thome
Departamento de Cirurgia Plástica Medina Unilago
O que são queimaduras?
Feridas traumáticas causadas por agentes
térmicos, químicos, elétricos ou
radioativos.
Destruição parcial ou total da pele e seus
anexos, podendo atingir camadas mais
profundas, como tecido celular
subcutâneo, músculos, tendões , ossos. e
vísceras.
São classificadas de acordo com a sua
profundidade e tamanho (SCQ %).
• 67 milhões de ferimentos em todo o mundo.
• 2,9 milhões de admissões hospitalares.

Epidemiologia • 176 000 mortes.


Brasil (Ministério da Saúde – 2017):
• 1.000.000 de incidentes por queimaduras/ano.
• 100.000 pacientes buscaram atendimento hospitalar.
• 2.500 óbitos, direta ou indiretamente por suas lesões.
 A maior parte das mortes por queimaduras ocorre nos países mais pobres.
 80% dos acidentes ocorre em casa.
 Mais comum nos extremos de idade:
• Crianças: Escaldadura.
• Idosos: Reações reflexas mais lentas.
 Na população adulta, mais comum em homens (trabalho).
Classificação:
Primeiro Grau:

Superficiais: envolvem apenas a epiderme.

Sintomas: dor e vermelhidão local, mas com palidez na pele quando se toca.

Lesão seca e não produz bolhas.

Não produzem alterações hemodinâmicas significativas.

Geralmente melhoram no intervalo de 3 a 6 dias, podendo descamar e não deixam sequelas.

Ex: Queimadura Solar.


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Classificação:

Segundo Grau:
Atinge epiderme e derme, poupando parte dos anexos cutâneos
responsáveis pela reepitelização. Formam bolhas ou flictenas.
As queimaduras de Segundo Grau podem ser divididas em:
Superficiais: Extremamente dolorosas, pois expõe diversas terminações
nervosas livres. Cicatrizam entre 10 a 14 dias, sem sequelas.
Profundas: Menor dor, pois sobram menos terminações nervosas livres.
Cicatrização lenta, entre 25 a 35 dias e deixam cicatrizes.
do
fun
Pro

l
ia
fr ic
pe
Su

Queimadura de  Superficial:
Segundo Grau  Até derme papilar.
 Mais Rosada
 Maior número de anexos
 Profundo:
 Até derme reticular
 Mais Pálida
 Menor número de anexos
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Classificação:
Terceiro Grau:
Destroem toda extensão da pele, impedindo a reepitelização.
Subcutâneo, Músculos, Tendões e Ossos.
Lesão seca, dura, inelástica, branca ou marrom.
Não doem (destruição das terminações nervosas).
Necessitam de desbride, enxertia ou retalhos.
Deixam sequelas deformantes.
Podem causar manifestações sistêmicas, como desequilíbrio eletrolíticos
e desidratação.
Classificação:
Espessura Espessura
Parcial: 1° e Total: 2ºP +
• Queimaduras de espessura parcial 2° S 3º

e total podem ser agrupadas cada


qual em um grupo de tratamento,
pela semelhança na condução e
evolução dos casos.
ATLS
OAtendimento ao queimado deve seguir as
diretrizes doATLS.
Considerar todo queimado grave um
Politraumatizado.
Medidas emergenciais simples minimizam a
morbidade e a mortalidade dessas lesões.
Interromper o processo de queimadura,
respeitando os princípios básicos doATLS.
Segurança do socorrista!
A: Airway

Via Aérea
+
Controle da Coluna Cervical
 Queimaduras podem causar edema das vias aéreas superiores:
risco iminente de obstrução!
INTUBAÇÃO PRECOCE
 História: confinamento em um ambiente em chamas.
 As manifestações clínicas costumam ser sutis e as alterações
radiológicas podem ser tardias (até 24h).
 Se o médico aguardar alterações no Rx/CT, na oximetria ou
gasometria, o edema das vias aéreas pode impedir a intubação e
uma via aérea cirúrgica pode ser necessária
(Cricostomia/Traqueostomia).
 Em caso de dúvida, examine a orofaringe para sinais de
inflamação, lesão de mucosa, fuligem e edema, tomando cuidado
para não piorar os danos.
A: Airway – Via Aérea + Controle da Coluna Cervical

 Sinais de comprometimento respiratório: incapacidade


American Burn Life Support (ABLS)/ATLS 10 - indicações
para limpar secreções, fadiga respiratória, má
para IOT precoce inclui:
oxigenação ou ventilação.
 Sinais de obstrução das vias aéreas (rouquidão, estridor, uso
 Rebaixamento do nível de consciência (prejuízo aos
de musculatura acessória respiratória).
reflexos protetores).
 Extensão da queimadura (área total da superfície corporal
 Um nível de carboxihemoglobina superior a 10% em um
queimada > 40% a 50%).
paciente envolvido em um incêndio também sugere
 Queimaduras faciais extensas e profundas. lesão por inalação.
 Queimaduras no interior da boca.  Estridor pode ocorrer tardiamente e indica a necessidade
 Edema significativo ou risco de edema em vias aéreas de intubação endotraqueal imediata.
superiores/orofaringe.  Queimaduras circunferenciais do pescoço de espessura
 Dificuldade em deglutir. total.
VENTILAÇÃO

B: Breathing
Lesão direta da via aérea inferior é rara: inalação
de vapor superaquecido ou gases inflamáveis.
Preocupações com 3 situações: hipóxia,
intoxicação por CO e lesão por inalação de
fumaça.
A hipóxia pode estar relacionada a lesão NO ORGANISMO O CO TEM AFINIDADE 200-240X MAIOR COM A HB E
inalatória, ventilação inadequada por queimaduras FORMA A CARBOXI-HEMOGLOBINA (HBCO) E TEM SUA MEIA-VIDA EM
circunferenciais no tórax ou lesões torácicas não TORNO DE 250 MINUTOS (4 HORAS), EM AR AMBIENTE X 40 MINUTOS,
relacionadas à queimadura. EM OXIGÊNIO A 100%.
Deve-se administrar O2 suplementar com ou sem
intubação.
 Expor o pescoço e o tórax: manter a imobilização da cabeça e do pescoço.
 Determinar a frequência e a profundidade dos movimentos respiratórios.
 Inspecionar e palpar o pescoço e o tórax à procura de desvio da traqueia, de
movimentos torácicos anormais uni ou bilaterais, do uso de músculos acessórios

B: Breathing
e de qualquer sinal de lesão
 Percutir o tórax para avaliar presença de macicez ou timpanismo.

Ventilação  Administrar
Auscultar o concentrações
tórax bilateralmente.
elevadas de O2 (em máscara 10L/min).
 Ventilar com dispositivo de máscara com válvula e balão (se necessário).
 Descomprimir pneumotórax hipertensivo.
 Drenar Hemo e Pneumotórax.
 Ocluir pneumotórax aberto.
 Conectar um monitor de C02 ao tubo endotraqueal.
 Conectar um oxímetro de pulso ao doente.
 A hemorragia é a principal causa de mortes pós-
C: Circulation – traumáticas evitáveis
Circulação e Controle da
Hemorragia  Identificar fontes de hemorragia externa importante
(comprimir).
 Identificar fonte(s) potencial(is) de hemorragia interna
(FAST, RX)
 Avaliar pulso: qualidade, frequência, regularidade.
 Avaliar a cor da pele.
 Aferir a pressão arterial.
 O controle definitivo da hemorragia é essencial em
conjunto com a reposição apropriada do volume
intravascular.
REPOSIÇÃO VOLÊMICA DEVE SER INICIADA COM
SOLUÇÕES CRISTALOIDES AQUECIDAS ENTRE 37 E 40°C.

C: Circulation

Puncionar 2 acessos calibrosos em áreas


preferencialmente não queimadas (16G).
ATLS 10 : 1só 18G
Se não houver área livre, puncionar sobre a
queimadura., SE NÃO FOR POSSÍVEL,
conseguir outra forma de acesso. FÓRMULA DE PARKLAND: 2 A 4 ML X KG X %
Punções ósseas: preferíveis em crianças até 5 SCQ
anos, temporário. A fórmula de Parkland foi reconhecida como a fórmula de consenso porque é a diretriz de
Coleta de Exames. reposição mais amplamente utilizada no mundo.
 Somente queimaduras de 2º e 3º graus!
 Volume para 24h: 1/2 do fluido nas primeiras 8h e a outra 1/2 ao longo das 16h seguintes.
 Começando a partir do momento da queimadura.
 Não esquecer de descontar o volume já infundido até a chegada ao hospital.
 Manejo com débito urinário.
 CUIDADO com pacientes que tenham restrição de volume (ICC, IRC, CH).
ATLS 10
Regra dos 9 de Wallace

Circulação e Controle da Hemorragia

Perda da proteção cutânea, perde também


líquido para o terceiro espaço pela resposta ao
trauma/inflamatória, havendo hipoperfusão.

Reposição volêmica deve ser mais agressiva que


o politrauma convencional.

SVD precoce, para controle da diurese, que deve


ter como débito urinário entre 0,5 e 1,0mL/Kg/h
em adultos e 1mL/Kg/h em crianças com menos
de 30Kg. Regra da Palma da Mão
D: Disability

Disfunção e avaliação do
Estado Neurológico.
Escala de Glasgow.
Atenção: confusão mental pode
ser intoxicação por CO!
E: Exposure

Exposição
Controle do Ambiente
Prevenção da Hipotermia
RETIRAR AS ROUPAS, ANÉIS, RELÓGIOS, COLARES,
OU QUAISQUER OUTROS ADORNOS DO PACIENTE!

NA SALA DE URGÊNCIA

Resfriar o paciente com solução salina morna/fria e manter


compressas úmidas.

Gelo é CONTRAINDICADO pelo risco de queimadura e


hipotermia.

Despir o doente,cortando as roupas.

Limpeza com água e Clorexidina Degermante 2%, desbride


de bolhas e retirada de corpos estranhos.

Cobrir com lençóis limpos e aquecidos.


 Antimicrobianos Tópicos:
• Acetato de Mafenida 5%
• Nitrato de Prata 0,5%
Funções do Curativo Oclusivo:
• Sulfadiazina de Prata 1%
• Nitrato de Cério 0,4%
- Proteção do epitélio lesado.
- Redução da colonização bacteriana  NÃO FAZER ANTIBIÓTICO SISTÊMICO NA ADMISSÃO!
ou fúngica.  Lembrar da profilaxia contra o tétano!
- Imobilização do seguimento atingido
para manter na posição funcional  Curativo em 4 camadas:
desejada.
- Evitar a hipotermia e a perda hídrica /  atadura de tecido sintético + atb tópico / gaze ou chumaço de
calórica. algodão / algodão hidrófilo e atadura.
SD COMPARTIMENTAL
Queimaduras circunferenciais de 3° grau podem
interromper o fluxo sanguíneo em algum
membro ou restringir a movimentação do
tórax.

Lembrar dos 4 P: pain (dor


desproporcionada à lesão), paresthesias
(parestesias), pallor (palidez) e pulseless
(ausência de pulso).

Feita em posição anatômica.


 Escarotomia é um procedimento cirúrgico utilizado para remover
tecidos duros e desvitalizados (escaras).

 Fasciotomia: é um procedimento cirúrgico no qual a fáscia é cortada


para aliviar a pressão (e tratar a perda de circulação em uma área de
tecido ou músculo).
 Alterações Hemodinâmicas: perda de líquidos e proteínas para o
extravascular (pico 36-48h), com consequente hipotensão, redução da
Resposta Metabólica perfusão renal (IRA) e choque.
 Hematológicas: perda inicial de plasma, destruição de eritrócitos, por lesão
direta e pelo desvio do metabolismo proteico = Anemia.
 Endócrinas: inicialmente catabolismo, com elevação de glucagon, cortisol e
catecolaminas / diminuição de insulina e T3. Após hidratação = anabolismo.

 Gastrointestinais: Íleo paralítico, até o 3° ou 5° dia. Isquemia


da mucosa gastrointestinal com formação de úlceras (Curling).
 Imunológicas: Infecções são a principal causa de óbito. Além
da perda da barreira mecânica, o tecido necrótico e as
secreções do exsudato possui fatores (LPC), que causam
depressão celular e humoral do sistema imune.
 Antibioticoterapia tópica inicialmente;
 Não fazer ATB sistêmica no primeiro momento; apenas no caso de
TRATAMENTO infecções secundárias.

 Profilaxia para Tétano.


 Passar SNG para descompressão e SNE para nutrição em pacientes c
20% SCQ ou mais.

 Úlceras Gástricas pelo Estresse: Curling (usar protetor Gástrico).


 Profilaxia para TVP/TEP em pacientes acamados.
 Nutrição: preferencialmente enteral.
Curreri e Luterman: (25Kcal X Peso) + (40Kcal x SCQ%) e crianças:
40 a 60Kcal x Peso.

 Encaminhar ao Centro de Queimados para avaliação do especialista:


programar a excisão da área queimada, com cobertura da ferida por
enxertos temporários ou permanentes (pele, matriz dérmica...) ou
retalhos.
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Complicações
Sepse de foco pulmonar é a causa mais comum de óbito em queimados. Outros
focos: ITU, Sítio da Queimadura.
Sinais de sepse: Hiperventilação, Febre ou Hipotermia, Hiperglicemia,
Obnubilação, Íleo, Hipotensão e Oligúria.
Úlceras em trato gastrointestinal (Curling) e Íleo Paralítico.

IRA: NTA e hipoperfusão.


Choque: perfusão inadequada dos órgãos.

Óbito
Queimadura Elétrica

Acomete tecidos mais profundos.


Portas de “Entrada” e “saída”.
Resistência em ordem decrescente: osso > gordura >
tendão > pele > músculo > vaso sanguíneo > nervo.
Queimaduras por baixa voltagem (110 e 220V).
Queimaduras por alta voltagem (>1000V).
Acorrente alternada (Farádica) é pior que a contínua
(Galvânica), pois prende a vítima à fonte de eletricidade,
enquanto a contínua “arremessa” a pessoa longe da fonte.
FIBRILAÇÃO VENTRICULAR / ASSISTOLIA

Queimaduras Elétricas
-Arritmias cardíacas podem ocorrer mesmo depois
de um ritmo estável ser estabelecido.
- Monitorização por 24h
- Fraturas de vértebras e arcos pelo espasmo
muscular e lesões de Cabeça e pescoço pelas
quedas.
- Síndrome Compartimental: Lesão muscular +
edema agravado pela reposição volêmica.
- Lesão RenalAguda: NTApor mioglobinúria. SINAIS DE QUEIMADURAS ELÉTRICAS
Ideal manter débito urinário alto, entre 75 e 100ml/h
ou 1 a 1,5ml/Kg/h, até a urina clarear.Alcalinização
urinária pode ser feita.

Sinal de Jellineck Sinal de Lichtenberg


Consequências
Morte cerebral > 1200 volts
(hemorragia nas meninges, hiperemia
dos centros nervosos e edema cerebral).

Morte por asfixia : de 120 a 1200 volts  Catarata (30%) até 2 anos após o acidente.
(tetanização dos músculos pulmonares).  Alterações Neurológicas Centrais e Periféricas ocorrem em até 9 meses após
o trauma:
Morte por parada cardíaca < 120 volts
(fibrilação do ventrículo). • Encefalopatia Cortical
• Hemiplegia
• Mielite Transversa
• Afasia
• Disfunção Tronco-Cerebral
• Manifestações Motoras
Queimadura Química

Causa dano progressivo e contínuo aos tecidos.


Mais comuns: acidentes comdesinfetantes domiciliares.
Aremoção das roupas e a lavagemdeve serabundante e
precoce!
Gravidade determinada pelo tempo de contato e tipo de
substância.
Álcalis pior que ácidos.  Corrosão, redução e saponificação: Fenol, Fósforo Branco e cimento.
Não tentar Neutralizar: Ácido + Base = Sal + Água Reação
Exotérmica!  Oxidação: ác. Crômico, hipoclorito de sódio e permanganato de potássio.
Monitorizardistúrbios metabólicos e eletrolíticos do paciente!
 Dessecação: Ác. Sulfúrico e Muriático.
 Formação de Sais: TCA, ác. Fórmico, ác. Acético, ác. Clorídrico e
fluorídrico.
OBS:
 Ácido oxálico e hidrofluorídrico: hipocalcemia e hipomagnesemia.
 Ácidos tânico, fórmico e pícrico: lesões renais e/ou hepáticas.
Lavagem exaustiva com água para maioria, exceto em
situações especiais:
1. Hipoclorito de Sódio: Deve ser tratado com uso de substâncias emolientes
TRATAMENTO
(leite, leite de magnésia, clara de ovo, pasta de amido, hidróxido de alumínio ou
trisilicato de magnésio).

2. Fósforo Branco: Imersão em água + desbridamento + irrigação com solução


com sulfato de cobre 1 a 3% (facilita sua identificação e evita sua oxidação).

3. Fenol: Causa uma lesão indolor que deve ser tratada com álcool etílico e óleos
(vegetais, rícino etc.).

4. Asfalto e plástico quente: Compressa gelada até a solidificação do mesmo,


seguido de sua retirada ou Dermacerium até o dia seguinte.

5. Ácido Fluorídrico: Aplicação tópica e massagem com gluconato de cálcio a


10% e injeção de gluconato de cálcio a 10%.

6. Ácido Crômico: Compressa de ácido ascórbico a 10% 4x ao dia / ressecção


cirúrgica.

7. Alcatrão: Esfriar a zona afetada e aplicar vaselina ou óleo de girassol.


FENOL

É um agente corrosivo (causa extensa


desnaturação de proteínas).

Hidrocarboneto aromático derivado do


alcatrão do carvão mineral.

Possui propriedades antissépticas e é


utilizado em peelings faciais químicos,  Rápida absorção cardíaca e pulmonar.
anestésicos tópicos e injeções nervosas.
 Disfunção cardíaca e SNC.
 Neutralização com álcool etílico 30%, polietilenoglicol ou glicerol.
 Irrigação da queimadura após tratamento inicial.
 Tratamento em ambiente aberto/ventilado.
Congelamento de 1º ao 4º grau:
• 1º hiperemia e edema sem necrose da pele.
• 2º: Vesículas grandes de conteúdo claro acompanha a
hiperemia, edema e há necrose de espessura parcial
GELADURA da pele.
• 3º: Ocorre necrose de espessura total de pele e
necrose do tecido subcutâneo, acompanhadas pela
formação de vesículas de conteúdo hemorrágico.
GeladuraouÚceradeFrioé alesãodapeleoudeoutrostecidos
causadapelaexposiçãoabaixastemperaturas. • 4º: Necrose de espessura total da pele, incluindo
Possíveiscomplicações:a hipotermia e síndromecompartimental. necrose muscular e óssea, com gangrena.
OTratamentoéoreaquecimentodaparteacometida,comágua
correntea40°C(melhorembanheira),porcercade30min,ingesta
delíquidosquentes,evitarafricçãoseca,analgesiaemonitorização
cardíaca.UsodeIbuprofenoeAloeVeraéindicado,comoinibidores
detromboxano(inflamação).Aspiraçãodebolhas.
E A ÁGUA-VIVA?
Aágua-viva provoca uma queimadura química.
JAMAIS lave o local da queimadura com água doce, pois ela aumenta a liberação de
veneno dos tentáculos e piora a queimação e a dor.
Lave com ÁGUADO MAR em abundância.
Se você observar algum tentáculo grudado, pegue um objeto para retirá-lo.
COLOQUE VINAGRE PURO NAQUEIMADURA: é o melhor produto para
diminuir o efeito do veneno na pele e atenuar a dor. Faça compressas por uns 30 minutos.
NÃO adianta colocar xixi na queimadura. O efeito ácido não é suficiente para atenuar o
veneno nem para diminuir a dor. É mito.
Procure um PRONTO SOCORRO se a área queimada for extensa, se a dor estiver
muito forte ou se você observar sinais de alergia.
Fonte SBQ
Lesão por EXTRAVASAMENTO

Este é um tipo especial de lesão química.

Mau posicionamento de dispositivos de acesso


intravenoso, fazendo que os agentes
quimioterápicos ou medicações com potencial
para causar necrose tecidual se infiltrem no
tecido subcutâneo.

+ em Crianças, idosos e pacientes em uso de


quimioterápicos.

 Agentes osmoticamente ativos: cálcio, potássio, NPP, contrastes.


 Agentes vasoconstritores: noradrenalina, adrenalina,
dobutamina, dopamina.
 Agentes citotóxicos: QTx.
Armas de Guerra

A Convenção deArmas Químicas (CWC)


é consequência do Protocolo de Genebra
de 1925, que proíbe o uso de gases tóxicos
e métodos biológicos para fins bélicos.

A OPCW (1997), supervisiona e destrói


armas químicas, exceto o Gás
Lacrimogênio.
NAPALM
 Foi desenvolvido durante a 2ª Guerra Mundial nos EUA por uma
equipe de químicos da Univerdade de Harvard.
 O nome napalm: sais de alumínio dos ácidos naftênico e palmítico.
Estes sais eram adicionados à substâncias inflamáveis (gasolina)
para serem gelificadas.
 A energia da radiação ionizante produz danos imediatos nos tecidos através da
produção de elétrons secundários e espécies reativas de oxigênio. Cada fração
subsequente de radiação gera maior recrutamento de células inflamatórias, e o
dano à derme interrompe o processo normal de regeneração cutânea.
 Podem não se tornar clinicamente aparentes durante meses ou anos após a
RADIAÇÃO exposição, especialmente em tecidos com renovação celular lenta, como o osso.
Reação cutânea induzida por radiação (RCIR) :  Mecanismo precariamente compreendido; sabe-se que a radiação leva a um
edema, hiperemia, fibrose, ulceração, dor e prurido
na pele. aumento da produção de citocinas, deposição de colágeno e cicatrização dentro
dos tecidos acometidos, bem como lesão vascular que leva a hipoxia relativa.
Interrompe o processo normal de divisão e
regeneração celular.  A gravidade da necrose está relacionada à dose total, dose por fração, frequência
de administração e se é combinada com outros fatores, como por ex. a
Dano na função das células endoteliais, inflamação e quimioterapia.
até morte celular.

Radiossensibilidade: tecido linfóide > medula óssea


> pele > peritônio e pleura > músculo estriado.
ACIDENTE EM USINAS NUCLEARES
 Se ocorrer o derretimento, três tipos de radiação serão liberadas no
Acidentes Radioativos ambiente: alfa, beta e gama.
• Alfa: causa queimaduras cutâneas. Não penetra no organismo.
Nesse tipo de exposição, as células começam a
morrer e a se decompor. • Beta: Ultrapassa a pele, mas não penetra tão profundamente. Braquiterapia.
O organismo pode entrar em colapso e falhar.
A morte do indivíduo ocorre em horas, dias ou, no • Gama: penetra no organismo e causa deformações celulares. RTX
máximo, algumas semanas.
Os sintomas que podemos observar é o vômito,
 Pessoas fora da zona de segurança não correm riscos.
secreções, sangramentos, diarreia, tontura,
sudorese, fortes enjoos, marcas de queimadura
na pele e posteriormente o surgimento de BOMBA NUCLEAR
feridas, perda de cabelos, escurecimento de
tecidos, falência do sistema imunológico, da  Morte não é causada unicamente pela radiação:
medula óssea e, por fim, a morte.
• Onda de choque
• Onda de calor
• Radiação
 A intensidade de material radioativo em uma bomba nuclear é muito maior,
porque a energia dispendida é muito grande e não tem nenhuma barreira. Já um
reator tem quatro barreiras contra a liberação de material nuclear no ambiente.
1. Queimadura de espessura parcial (2º grau) maior que 10%.
2. Queimaduras envolvendo face, mãos, pés, olhos, ouvidos, genitália,
períneo ou grandes articulações.
ATENÇÃO 3. Queimadura de espessura total (3º) grau, de qualquer tamanho e faixa
etária.
4. Queimaduras Elétricas.
Critérios de 5. Queimaduras Químicas.
encaminhamento ao 6. Lesão de via aérea / Inalação.
CTQ/UTQ segundo o 7. Pacientes com comorbidades importantes.
ATLS.
8. Politraumatizados (se o trauma oferecer maior risco à vida, levar
primeiro a um centro de trauma).
9. Crianças vítimas de queimadura atendidas em centro sem equipe
médica especializada.
10.Pacientes que necessitem intervenções sociais, emocionais ou
reabilitação prolongada.
 A tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus) é o peixe mais cultivado do Brasil (1971) e
o 4º mais cultivado do mundo.
• 2011: Dr Marcelo Borges: Apenas 1% usado em artesanato, sendo o restante
descartado. Teve a idéia de usá-la no tto de pacientes queimados.
PELE DE TILÁPIA • 2014: Dr Edmar Maciel, Odorico Moraes (NPDM) e Dr Nelson Picollo (Goiás):
estudo clínico para criação de novo curativo biológico oclusivo.
• Pele com boa quantidade de colágeno tipo I (2x superior em qualidade), boa
No SUS: tratamento para pacientes queimados é mais resistência à tração, boa umidade, melhor que a pele de porco e rã.
comumente feito com Sulfadiazina de Prata 10mG/G ou
1%. • Ótima aderência ao leito, evita contaminação externa, desidratação, não sendo
Na Europa, EUAe outros países daAmérica do SUL: pele
humana ou animal. necessária sua remoção, menor dor e desconforto para o paciente, menor trabalho
97% dos queimados não tem plano de saúde. para a equipe médica e de enfermagem, com menor custo.
Ministério da Saúde preconiza 13 bancos de pele.
Existem apenas 3 em funcionamento: SP, PR e RS. • Patente Brasileira!
Brasil tem apenas 46 centros especializados em queimados.
Pele de Tilápia do Nilo

“Tratamento de queimaduras de
segundo grau
profundo em abdômen, coxas e
genitália: uso da pele
de tilápia como um xenoenxerto.”
Dr EDMAR MACIEL LIMA JÚNIOR, Rev.Bras.Cir.Plást.
2020;35(2):243-248
USP-SP 2023 – Acesso direto

Homem, 28 anos de idade, pesando aproximadamente 70 Kg, vem encaminhado ao Pronto


Atendimento com história de queimadura térmica por explosão de frasco de álcool líquido em casa,
enquanto fazia churrasco. O exame clínico de entrada mostrou queimaduras de segundo grau em
face, membros superiores e tórax anterior, totalizando 10% da superfície corporal. Assinale a
alternativa com as condutas adequadas.
(A) internação, flictenas intactas e curativos expostos em face.
(B) internação, desbridamento das flictenas e curativos.
(C) tratamento ambulatorial, flictenas intactas e curativos expostos em face.
(D) tratamento ambulatorial, desbridamento das flictenas e curativos.
Residência Médica 2017 – USP-RP

O método de acesso para nutrição em um paciente queimado em estado crítico é:


A) Nasogástrica.
B) Nasojejunal.
C) Parenteral.
D) Gastrostomia Percutânea.
E) Jejunostomia de Witzel.
Residência Médica 2015 – Hospital Universitário Antônio Pedro – RJ

A gastrite relacionada com o estresse é caracterizada pelo aparecimento de erosões superficiais múltiplas
em todo o estômago, mais comumente na região do corpo gástrico. Quando a ulceração por estresse é
associada a queimaduras importantes, essas lesões são denominadas Úlceras de:
A) Cushing.
B) Mallory-Weiss.
C) Dieulafoy.
D) Curling.
E) Boerhaave.
Residência Médica 2016 – Hospital Alvorada – SP

Paciente masculino, 42 anos, vítima de queimadura por álcool, de TERCEIRO grau em


tronco anterior e posterior, há 2 horas. Demais áreas corporais sem sinais de trauma ou
queimaduras. Para esse caso, marque a alternativa CORRETA:
A) A área queimada deverá ser desbridada no primeiro atendimento.
B) Precisa-se fazer o quanto antes a escarotomia para evitar problemas respiratórios.
C) Antibioticoterapia deverá ser iniciada ainda na sala do pronto atendimento.
D) A área queimada calculada é de 32%.
Prefeitura Municipal de Porto Alegre - Médico Especialista - Emergencista (2021)

Qual o melhor indicador de adequada reposição de fluidos em um paciente gravemente


queimado?

A) Pressão venosa central normal.

B) Normalização da frequência cardíaca e da pressão arterial.

C) Débito urinário entre 0,5 e 1,0 mL/Kg/h.

D) Fórmula de Parkland.

E) Ecografia pulmonar.

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