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ANATOMIA DA PELE

A pele é composta de duas camadas, a epiderme e a derme. A epiderme é a camada


externa, mais fina, a derme é a camada mais grossa e profunda. A derme contém folículos
pilosos, glândulas sudoríparas, glândulas sebáceas, fibras sensoriais para dor, tato,
pressão e temperatura. O tecido subcutâneo fica embaixo da derme é uma camada de
tecido conjuntivo e gordura.
Função:
• Proteção contra infecção e lesão
• Prevenção de perda de líquidos corporais
• Ajuste da temperatura corporal
• Contato sensorial com o meio-ambiente
Na queimadura o principal órgão afetado é a pele.
Entre a epiderme e a derme tem terminal nervoso.
A dor vai ser proporcional ao nível de profundidade, quanto mais profunda menos dor o
vai paciente sentir.
CONCEITO:
É uma lesão no tecido resultante da exposição a chamas, líquidos quentes ou contato com
objetos quentes, exposição a atrito ou fricção, corrosivo químicos ou radiação, ou contato
com uma corrente elétrica.
FISIOPATOLOGIA DA QUEIMADURA

Se dá pela destruição da integridade capilar e vascular, em razão de seus efeitos serem


locais e sistêmicos.

O comprometimento do tecido vai depender da intensidade da exposição térmica, das


características da área queimada e das reações locais e sistêmicas.
Assim, a queimadura irá comprometer a integridade funcional da pele, responsável pela
homeostase hidroeletrolítica, controle da temperatura interna, flexibilidade e lubrificação
da superfície corporal. Portando, a magnitude do comprometimento dessas funções
depende da extensão e profundidade da queimadura.

A injúria térmica provoca no organismo uma resposta local, traduzida por necrose de
coagulação tecidual e progressiva trombose dos vasos adjacentes em um período de 12 a
48 horas.

A ferida da queimadura a princípio é estéril, porém o tecido necrótico rapidamente se


torna colonizado por bactérias endógenas e exógenas, produtoras de proteases, que levam
a liquefação e separação da escara, dando lugar ao tecido de granulação responsável pela
cicatrização da ferida, que se caracteriza por alta capacidade de retração e fibrose nas
queimaduras de terceiro grau.

Na queimadura há a desnaturação de proteínas e vai fazer com que o liquido migre do


compartimento intravascular para o extravascular (relacionado as bolhas).
Na fisiopatologia da queimadura, a fase inicial é caracterizada por redução do débito
cardíaco, edema e perda de líquidos e eletrólitos. A fase intermediária é
caracterizada por hipermetabolismo, hiperglicemia e infecção secundária.
ZONAS DE LESÃO
1. Necrose (Tecidos mortos)

2. Coagulação

3. Extase (Zona mais periférica que os vasos sanguíneos podem ficar parcialmente
obstruídos, por isso a importância de hidratar aquele paciente para que aquela zona
fique circunscrita e não se estenda)
CLASSIFICAÇÃO
• Quanto a profundidade
- Queimadura de 1º grau (superficial, afeta a epiderme, geralmente não forma
bolhas, a pele descasca)

- Queimadura de 2º grau (pode ser superficial e profunda)


. Superficial (apresenta muita dor, aparecimento de flictenas)
. Profunda (dor amena, não tem flictenas)

- Queimadura de 3º grau (indolor, aparecimento de placas esbranquiçadas ou


enegrecidas)

- Queimadura de 4º grau (destrói musculo e osso)

• Quanto a extensão
Para isto é utilizado a “regra dos 9”
EXTENSÃO DE SUPERFICIE CORPORAL QUEIMADA

FORMULA DE PARKLAND:
FP= 2. SCQ. Kg
SCQ- superfície corporal queimada
OBS: Paciente vítima de choque elétrico não faz essa formula
Exemplo: Paciente do sexo feminino, 35 anos, 80 kg, ½ membro superior direito, ½
tronco anterior, perna direita anterior, ½ cabeça. Chegou às 15 hrs.
½ MSD- 4,5 %
½ tronco anterior- 9%
Perna direita anterior- 4,5%

½ cabeça- 4,5%

FP= 2.23.80

FP= 3680/2

FP= 1840

O paciente receberá 1840 nas primeiras 8 horas até as 23hrs e mais 1840 das 23
horas até 8 horas

Maior que 1 hora


V/T.3= 1840/8.3

= 1840/24

= 77 gotas/min

V/T.3= 1840//16.3

= 1840/48

=38 gotas/min

ASSISTÊNCIA: EXAME PRIMÁRIO


O paciente com queimadura é atendido através do protocolo ABCDEF.

A e B- Vias aéreas e Respiração


As vias respiratórias e a respiração devem ser avaliadas imediatamente.
A via respiratória comprometida pode ser controlada por medidas simples, incluindo:
• Puxar o queixo
• Elevação do maxilar
• Uma via respiratória faringiana oral no paciente inconsciente
• Auscultar o peito e verificar os sons da respiração em cada campo
• Verificar a qualidade e profundidade da respiração
• Fluxo alto de oxigênio deve ser iniciado em cada paciente, com 15L (100%), usando
máscara.
• Queimaduras circunferenciais de espessura total do tronco superior podem prejudicar
a ventilação e devem ser rigorosamente monitoradas.
• Lesão da coluna cervical: é importante estabilizar a espinha antes de se fazer qualquer
movimento que a flexione ou a estenda.

C- Circulação
A avaliação da circulação inclui a avaliação da cor da pele, sensação, pulsos periféricos e
preenchimento capilar.
A circulação do membro com queimaduras circunferenciais de espessura total podem ser
prejudicadas em conseqüência da formação de edema.
Queimaduras Circunferenciais de Terceiro Grau: grau são aquelas que circundam
completamente determinada área do corpo em região que apresenta queimadura. Nesta
situação,muito freqüentemente é necessário se proceder a uma escarotomia com a
finalidade de permitir o restabelecimento da circulação sanguínea

D- Dificuldades/Disfunções
Tipicamente, o paciente queimado deve estar inicialmente atento e orientado. Se não,
considere a possibilidade de lesão combinada, abuso de substâncias de qualquer origem,
hipoxia ou condições clínicas preexistentes.
Comece a avaliação determinando o nível de consciência do paciente considerando as
seguintes variáveis:
• Atento?
• Responde a estímulos verbais?
• Responde somente a estímulos de dor?
• Insensível?

E- Expor e examinar
Remover toda a roupa e jóias para completar a avaliação primária e secundária. Roupas
que aderiram à queimadura neste momento devem ser deixadas desse modo.

F- Fluidos/ Fornecer reposição hídrica


Comece a infusão intravenosa com Solução de Ringer com lactato.
OBS: O atendimento a pessoa queimada é sempre iniciado pela letra C, que é o grande
problema de um paciente queimado a circulação.
Paciente com 20% de superfície corporal queimada já é considerado um paciente grande
queimado
ASSISTÊNCIA: EXAME SECUNDÁRIO
• Circunstâncias da lesão
- Causa da queimadura
- A lesão ocorreu em ambiente fechado?
- Existe a possibilidade de inalação de fumaça?
- Substancias químicas estavam envolvidas?
- Houve trauma associado?
• História clínica pregressa (anamnese)
- Doença preexistente ou enfermidade combinada (diabetes, hipertensão, doença cardíaca
ou renal).
- Medicação/álcool/drogas
- Alergias
- Situação da imunização de tétano
A – Alergia
R - Remédios que usa
D - Doenças pré-existentes
E - Eventos que precederam a lesão
U - Última refeição ou bebida.
MEDIDAS GERAIS E TRATAMENTO DE FERIDAS

Tratamento Inicial

• Reposição Volêmica

É fundamental a reposição volêmica, porque grande quantidade de líquidos e


eletrólitos são perdidos da circulação.

Parâmetros para avaliar reposição volêmica:

1. Pressão arterial
2. Frequência cardíaca
3. Perfusão periférica
4. Débito urinário (30 a 70 ml por hora).

OBS: Vale ressaltar que a dor pode levar ao aumento da frequência cardíaca, e estados de
hiperglicemia podem aumentar o débito urinário e desta forma ocasionar avaliação
incorreta quanto ao real estado de hidratação do paciente.

A oligúria (débito urinário inferior a 30 ml por hora), durante este período, indica
hipovolemia secundária a ressuscitação insatisfatória, devendo-se instituir prontamente
a administração de cristaloide (soro fisiológico ou ringer lactato).

A queimadura por corrente elétrica pode determinar lesão muscular, levando ao


aparecimento de pigmentos de hemoglobina e mioglobina com precipitação proteica
intratubular e consequentemente à insuficiência renal.

Tratamento de dor

A necessidade de analgesia é proporcional à profundidade da área queimada. A maior


parte dos sedativos deprime a função cardiorrespiratória, por esta razão, deve ser
administrada de forma judiciosa, principalmente na fase de ressuscitação. Os derivados
da morfina podem ser usados por via endovenosa, em doses diluídas e fracionadas. Por
outro lado, a utilização de analgésicos diminui o estresse e o gasto energético.

Lesões Inalatórias

O paciente vítima de queimadura pode apresentar lesão pulmonar associada a inalação de


fumaça e produtos de combustão.

Há habitualmente lesão química alveolar com edema pulmonar e que pode evoluir com
infecção bacteriana secundária. Assim, deve-se sempre avaliar os principais sinais
clínicos associados, como pelos intranasais queimados, partículas de carbono na faringe,
rouquidão e conjuntivite. Nestes pacientes, deve-se obrigatoriamente realizar a
monitoração da função respiratória e, se houver insuficiência respiratória, realizar a
entubação traqueal (indicada quando PO2 < 60 mm Hg com oxigênio a 10 L/min ou
máscara a 40%). Ademais, na situação de insuficiência respiratória imediata, deve-se
avaliar queimadura rígida envolvendo tórax, fato este que é indicação cirúrgica com
escarotomia. Na situação de intoxicação por monóxido de carbono, a insuficiência
respiratória pode ser imediata ou tardia e é diagnosticada por dosagem de carboxi-
hemoglobina e medidas na gasometria arterial.

Suporte Nutricional

O aumento do gasto energético do queimado excede o de qualquer outro tipo de trauma.


A magnitude desse hipermetabolismo depende principalmente da extensão da superfície
corpórea queimada e, secundariamente, da presença ou não de febre, sepse, cirurgia,
atividade física, nutrição, e temperatura ambiental. O suporte nutricional deve ser
iniciado, de preferência, até 4 horas após o trauma, e deve utilizar o trato gastrointestinal
sempre que possível, por via oral ou através de sondas, ou pela combinação de ambas.

EXAMES LABORATORIAIS

• Hemograma
• Eletrólitos
• Uréia
• Urina tipo I
• Radiografia do tórax
Condições especiais: Gasometria arterial, ECG, Carboxihemoglobina, Glicemia
(crianças e diabéticos)
INFORMAÇÕES ADICIONAIS:

Uma das principais condutas ao paciente queimado é resfriar a região queimada, pois
quanto mais tempo aquela temperatura permanecer naquela região maior vai ser a
gravidade da queimadura.
Microalbuminúrica- bicarbonato de sódio

30 a 50 ml/hora (em caso de choque)

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