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Fundamentos da Assistência de

Enfermagem ao Grande
Queimado

Profº Me. Rafael Carvalho


QUEIMADURA
Lesão causada por agentes físicos (térmicos, elétricos
e radiantes), químicos ou biológicos que agem no tecido
de revestimento do corpo humano, podendo destruir
parcial ou totalmente a pele e seus anexos e até atingir
camadas mais profundas, como tecidos subcutâneos,
músculos, tendões e ossos.
CLASSIFICAÇÕES
 1. CAUSAS
 2. GRAUS
 3. Superfície Corporal Queimada - SCQ
 4. GRAVIDADE
CAUSAS DE QUEIMADURAS
 FÍSICOS:
 Temperatura: vapor, objetos aquecidos, água quente,
chama, etc.
 - Eletricidade: corrente elétrica, raio, etc.
 - Radiação: sol, aparelhos de raios X, raios ultra-
violetas, nucleares, etc.
QUÍMICOS
 ácidos, bases, álcool, gasolina, etc.
BIOLÓGICOS
 - Animais: lagarta-de-fogo, água-viva, medusa, etc.
 - Vegetais: o látex de certas plantas, urtiga, etc.
CAUSAS DE QUEIMADURAS
As queimaduras por gás, em razão da grande
extensão que acometem a elétrica e a química, pela
agressividade desses agentes, são menos frequentes,
mas sempre mais graves.
GRAUS DE QUEIMADURAS
Para entender o processo de queimadura, se faz
necessário entender as funções da pele. A pele é o órgão
mais extenso do corpo, que se divide em epiderme -
camada mais externa e que serve como proteção ao meio
ambiente e é avascularizada;
E a derme camada mais interna onde se encontram
vasos sanguíneos, glândulas sebáceas e nervos.
Localiza-se, também, o tecido subcutâneo, formado por
tecidos fibrosos, elásticos e gordurosos.
Determinar o grau da queimadura significa
determinar a profundidade do trauma térmico na pele.
Queimadura de 1º Grau
É aquela que atinge a camada mais externa da pele, a
epiderme. Clinicamente a lesão é hiperemiada, úmida,
dolorosa e duram de 48 72 horas. Não provoca alterações
hemodinâmicas, nem tão pouco é acompanhada de
alterações clínicas significativas. Ex: lesão por raios
solares.
1º Grau
 Não sangra , geralmente seca
 Rosa e toda inervada
 Não passam da Epiderme
 Queimadura de Sol(exemplo)
 Hiperemia(Vermelhidão)
 Dolorosa
 Cicatrização em geral rápida e sem fibrose Obs:
Normalmente não chega na emergência
2º Grau
Atinge tanto a epiderme como parte da derme. A
característica clínica mais marcante é a formação das
bolhas ou flictenas. Podem ser superficiais ou profundas
conforme atinjam apenas a epiderme e o terço superior da
derme, evoluindo geralmente de forma benigna, com
formação de bolhas dolorosas e resolução em torno de 14
dias. Exemplo: lesão térmica causada por líquido
superaquecido.
 Atinge epiderme e derme
 Úmida
 Presença de Flictenas(Bolhas) Retirar ou não? Rosa,
Hiperemia(Vermelhidão) e exsuda líquido.
 Dolorosa
 Cura espontânea mais lenta, com possibilidade de
formação de cicatriz hipertrófica.
3º Grau
É aquela que acomete a totalidade das camadas da
pele (epiderme e derme) e, em muitos casos, outros
tecidos, tais como tecido celular subcutâneo, músculo e
tecido ósseo. Clinicamente apresenta um aspecto
esbranquiçado ou marmóreo; há redução da elasticidade
tecidual. Ex: queimadura elétrica, térmica.
 Atinge todos os apêndices da pele: Ossos , músculos, nervos ,
vasos
 Pouca ou nenhuma dor
 Úmida
 Cor Branca, Amarela ou Marrom, não clareiam quando
pressionadas.
 Não cicatriza espontaneamente, necessita de enxerto cutâneos.
 Ocorre maior de desequilíbrio hidreletrolítico.
GRAVIDADE DA LESÃO
Vários são os fatores que vão influenciar o prognóstico
e determinar a maior ou menor gravidade de uma
queimadura. Forma indireta — doença de base, agente
causal, traumas associados a queimadura e a idade do
paciente, em que crianças menores de 2,5 anos e adultos
com idade superior a 65 anos apresentam um pior
prognóstico.
Um outro fator indireto de prognóstico e de morbidade
é a lesão de vias aéreas por queimaduras. Mesmo em
pacientes com superfície corporal queimada de pequena
ou média intensidade o índice de mortalidade é de 90 a
100%. Devemos investigar a presença de queimadura de
vias aéreas superiores quando houver a menor suspeita.
Na lesão térmica, dois fatores irão influenciar
diretamente o prognóstico: a profundidade da lesão e a
extensão de superfície corporal queimada. Quanto mais
profunda e mais extensa, pior será o prognóstico de
sobrevida deste paciente.
Pequeno queimado
Considera-se como queimado de pequena gravidade o
paciente com:
• Queimaduras de primeiro grau em qualquer extensão,
em qualquer idade.
• Queimaduras de segundo grau com área corporal
atingida até 5% em crianças < de 12 anos.
• Queimaduras de segundo grau com área corporal
atingida até 10% em > de 12 anos.
Médio queimado
Considera-se como queimado de média gravidade o paciente
com:
• Queimaduras de segundo grau com área corporal atingida entre
5% a 15% em < de 12 anos.
• Queimaduras de segundo grau com área corporal atingida entre
10% a 20% e > de 12 anos. • Qualquer queimadura de segundo
grau envolvendo mão ou pé ou face ou pescoço ou axila ou
grande articulação (axila ou cotovelo ou punho ou coxofemoral ou
joelho ou tornozelo), em qualquer idade.
 Queimaduras que não envolvam face ou mão ou
períneo ou pé, de terceiro grau com até 5% da área
corporal atingida em crianças até 12 anos.
 Queimaduras que não envolvam face ou mão ou
períneo ou pé, de terceiro grau com até 10% da área
corporal atingida em > de 12 anos.
Grande queimado
Considera-se como queimado de grande gravidade o
paciente com:
• Queimaduras de 2º grau com área corporal atingida > do
que 15% em < de 12 anos.
• Queimaduras de 2º grau com área corporal atingida >
do que 20% em > de 12 anos.
 Queimaduras de 3º grau com área corporal atingida > do que 5%
em < de 12 anos.
 • Queimaduras de 3º grau com área corporal atingida > do que
10% em > de 12 anos.
 • Queimaduras de 2º ou 3º grau atingindo o períneo, em qualquer
idade.
 • Queimaduras de 3º grau atingindo mão ou pé ou face ou
pescoço ou axila, em qualquer idade.
 • Queimaduras por corrente elétrica.
RISCOS DO GRANDE QUEIMADO

1º Risco – Choque Hipovolêmico (perda imediata de


líquidos resultando em perfusão e aporte de O2
diminuídos) = DC diminuído.
2º Risco – Perda de Eletrólitos e anormalidades da
coagulação – Redução do Volume sanguíneo
(evaporação) / Hiponatremia / Hipercalemia /
Hipocalemia / Destruição de glóbulos vermelhos /
Anemia / Aumento do hematócrito.
3º Risco – Sepse / Choque Séptico - Perda da barreira
mecânica / Alterações do Sistema Imune / Invasão de
bactérias.
4º Risco – Acidose metabólica – Aumento do catabolismo
e uso das reservas energéticas / liberação de citocinas
pró-inflamatórias.
Superfície Corporal Queimada (SCQ )

Importância:
 Prognóstico
 Hidratação
Regra dos nove
EXEMPLO
Face posterior MSD (4,5%) + face posterior do
tórax (9%) + todo o MIE (18%)

Logo SCQ = 31,5%


CALCULE A SCQ DE UM PACIENTE
QUE QUEIMOU

Face posterior do MSE (4,5%) + face posterior


do tórax (9%) + face posterior do abdome (9%)
+ todo o MIE (18%).

Logo SCQ = 40,5%


Hidratação
Fórmula de Baxter e Parkland

2 ml de Lactato de Ringer ou Soro Fisiológico x kg x Área


queimada

A solução deverá ser administrada nas primeiras 24 horas


½ nas 8 h após trauma
Composição do Ringer
 Sódio
 Cloro
 Potássio
 Cálcio
 Lactato
EXEMPLO
Paciente 70kg com a face anterior da cabeça e pescoço
queimada + face posterior do tórax + todo o abdome. Qual
a SCQ?
4,5% + 9% + 18% = 31,5% SCQ
2 x 31,5 x 70 = 4.410ml
2.205ml/8h = 276ml/h
2.205ml/16h = 138ml/h
PRINCIPAIS CUIDADOS DE
ENFERMAGEM SUGERIDOS
Avaliar a permeabilidade das vias aéreas.
•Instalar sonda gástrica para esvaziamento conforme necessidade.
•Realizar aspiração de tudo orotraqueal quando necessário.
•Avaliar frequência respiratória e saturação de oxigênio em
intervalos regulares.
•Instalar cateter vesical de demora e avaliar débito urinário a cada
hora.
•Administrar analgesia endovenosa.
Verificar e controlar a temperatura corporal com intervalos
de horários conforme o quadro clínico do paciente
(hora/hora nas primeiras seis horas).
Realizar limpeza inicial e curativos evitando a exposição
do paciente por tempo maior que o necessário.
Manter o paciente no leito com a cabeceira elevada (30º),
com os membros superiores e inferiores queimados
também elevados, evitando agravar a progressão do
edema.
Investigar o status vacinal para tétano.

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