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Urgências Traumáticas

Gestão para Educação Permanente dos


Profissionais da Rede de Atenção às Urgências

GEPPRAU

Urgências traumáticas

Módulo 3
Tema 1 - Queimaduras

1
Urgências Traumáticas

Este conteúdo foi elaborado por Thiago Rodrigues Araújo Calderan,


médico, cirurgião geral e do trauma, e mestre em ciências da cirurgia, e
seus direitos foram cedidos ao Hospital Alemão Oswaldo Cruz (HAOC),
que desenvolveu este material em parceria com o Ministério da Saúde
(MS) no âmbito do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional
do Sistema Único de Saúde (PROADI-SUS). A parceria entre o Ministério
da Saúde e as entidades de saúde portadoras do Certificado de Entidade
Beneficente de Assistência Social em Saúde (CEBAS-SAÚDE) e de
Reconhecida Excelência, a exemplo do HAOC, é regulamentada pela Lei
Federal nº 12.101, de 27 de novembro de 2009.

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Urgências Traumáticas

URGÊNCIAS TRAUMÁTICAS
Neste material, serão apresentadas as principais
emergências na área da cirurgia do trauma.
O profissional de saúde que atua na área terá
informações importantes sobre anatomia,
fisiologia, manejo e principais condutas a serem
tomadas no atendimento ao traumatizado.

Tema 1
Queimaduras

Objetivos de aprendizagem
• Entender a importância do conhecimento sobre
queimaduras.
• Saber classificar as queimaduras quanto à
causa.
• Saber classificar as queimaduras quanto à
profundidade.
• Saber determinar a extensão das queimaduras.
• Conhecer como proceder ao tratamento inicial
ao paciente queimado.
• Saber identificar queimaduras de vias aéreas e
lesões por inalação.
• Conhecer a intoxicação por monóxido de
carbono (CO).
• Saber como promover a reposição volêmica no
paciente queimado.
• Saber como realizar os cuidados com as feridas.
• Saber quando transferir um paciente para o
Centro de Queimados.
• Saber o que fazer com queimaduras químicas.
• Saber o que fazer com queimaduras elétricas.
• Conhecer mais sobre eventos com raios. 3
Urgências Traumáticas
Sumário

Queimaduras 5

1. Introdução.......................................................................................... 6
2. Classificação....................................................................................... 7
2.1. Classificação quanto à causa........................................................... 7
2.2. Classificação quanto à profundidade................................................ 8
2.3. Classificação quanto à extensão.................................................... 11
3. Tratamento inicial.............................................................................. 12
3.1. Vias aéreas................................................................................ 13
3.2. Respiração................................................................................. 14
3.3. Circulação.................................................................................. 16
3.4. Neurológico................................................................................ 16
3.5. Exposição.................................................................................. 17
3.6. Cuidados adicionais..................................................................... 17
4. Cuidado com as feridas....................................................................... 17
5. Transferência para centro de queimados............................................... 18
6. Queimaduras químicas....................................................................... 18
7. Queimaduras elétricas........................................................................ 20
8. Eventos com raios.............................................................................. 21

Síntese................................................................................................ 23
Referências bibliográficas....................................................................... 24

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Urgências Traumáticas

Queimaduras

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Urgências Traumáticas

1. Introdução

A s queimaduras agudas representam cerca de 1,2 milhões de atendimen-


to, com cerca de 3.900 mortes por ano nos Estados Unidos.
No Brasil, em 2011, houve mais de 66 mil atendimentos decorrentes de quei-
maduras, sendo a grande maioria por eventos acidentais (mais de 95% dos
casos).
A maioria dos casos (75%) ocorrem em eventos domiciliares, acometendo
principalmente crianças, adolescentes, adultos jovens e idosos.
Ao longo do tempo, a sobrevida desses pacientes tem aumentado por conta
de fatores relacionados à otimização da reposição hídrica, tratamento ade-
quado das feridas, melhor controle das infecções e progresso no tratamento
das lesões por inalação. A taxa de mortalidade é de cerca de 4,7%, princi-
palmente por disfunção múltipla de órgãos (38%), lesões inalatórias (26%)
e infecção (4,1%).

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2. Classificação
As queimaduras podem ser classificadas de diversas formas: quanto à causa, à
profundidade e à extensão.

2.1. Classificação quanto à causa


As queimaduras podem ser consequência de ar aquecido (chama), líqui-
dos quentes (escaldadura), materiais sólidos (contato), produtos quí-
micos ou eletricidade.
Nos quadros decorrentes de produtos químicos ou eletricidade, há lesão
direta das células e sua destruição. Nos demais quadros (chama, escalda-
dura e contato), a lesão decorre de isquemia tecidual, com necrose celular
por coagulação.
Lesões diretas Lesões com necrose por coagulação
às membranas celulares

Agentes Ar
Chama
químicos aquecido

Eletricidade Líquidos
Escaldadura
quentes

Materiais
Contato
sólidos

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2.2. Classificação quanto à profundidade


As queimaduras podem ser classificadas de acordo com a profundidade da pele
acometida. A camada mais externa da pele é a epiderme. Abaixo dessa está a
derme, dividida em superficial e profunda, onde estão localizados os vasos
sanguíneos. Abaixo da derme está uma camada de gordura denominada hipo-
derme. Abaixo da pele estão as estruturas musculares.

Pelo

Epiderme
Capilares

Nervos

Glândula Derme
sebácea

Glândula
sudorípara
Hipoderme

Artérias Folículo capilar

As queimaduras variam entre os graus 1 a 4.

Epiderme

Derme

Hipoderme

1º grau 2º grau 3º grau

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Urgências Traumáticas

Queimadura de 1º grau
Queimadura restrita à epiderme (camada mais externa da pele). Apresenta-se
como uma lesão seca, rósea e dolorosa, porém, por não acometer planos pro-
fundos, não apresenta risco de sequelas cicatriciais.
O exemplo mais frequente é a queimadura solar.

Epiderme

Derme

Hipoderme

1º grau

Queimadura de 2º grau
Queimadura que envolve a derme. Por afetar a região vascularizada, apresen-
ta-se úmida, vermelha, edemaciada, com bolhas e é bem dolorosa. Pode ser
dividida em superficial e profunda.

Epiderme

Derme

Hipoderme

2º grau

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Queimadura de 3º grau
Queimadura que envolve todas as camadas da pele. Apresenta-se branca,
com crostas, indolor (terminações nervosas destruídas), com aspecto de couro.

Epiderme

Derme

Hipoderme

3º grau
Com isso, gera um tecido firme, rígido e difícil de expandir. Dependendo da loca-
lização acometida, não permitirá a movimentação por gerar um quadro de res-
trição, principalmente quando ocorrer em áreas circunferenciais. Nesses casos,
deve-se indicar escarotomia, procedimento médico em que incisões são feitas
em toda a espessura da pele, até o subcutâneo, o que permite vencer a restrição
ao movimento.

Queimadura de 4º grau
Queimadura que vai além da pele, acometendo estruturas como músculo, osso
ou órgãos internos.

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2.3. Classificação quanto à extensão

A maioria das queimaduras afetam me-


nos de 10% da área corporal. Para de-
terminar a porcentagem de acometi-
mento, utilizamos a “regra dos 9”.
Na “regra dos 9”, o corpo adulto é divi-
dido em 11 partes de 9%, totalizan-
do 99%, e o restante 1% é represen-
tado pela região perineal.

Na criança, a superfície corporal é dis-


tribuída de forma diferente, pois a ca-
beça representa maior superfície
corporal.

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1%

Outro critério para determinar a porcentagem de área


queimada é a utilização da mão do paciente. De
forma fechada, incluindo os dedos, a mão representa
cerca de 1% da área corporal.

3. Tratamento inicial
O paciente vítima de queimadura é, antes de tudo, um traumatizado. Pode pos-
suir lesões associadas em 10% dos casos, e o seu atendimento deve respei-
tar os princípios do “ABCDE”. Porém, deve-se ter atenção a alguns cuidados
adicionais, como:
• remover do cenário do trauma;
• interromper o processo lesivo;
• remover roupas e metais (eles podem manter o processo lesivo);
• usar água abundante para diminuir a extensão e a profundidade.

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Alguns aspectos importantes do atendimento inicial do queimado serão discuti-


dos a seguir.

3.1. Vias aéreas


O paciente queimado pode apresentar lesões por inalação. Devem ser suspei-
tadas em todos os pacientes, já que 6,5% dos casos apresentam sinais sutis e os
achados radiográficos e gasométricos só apresentam alterações após 24 horas.
Sinais de lesão por inalação:
• queimaduras faciais extensas ou cervicais;
• chamuscamento de cílios ou vibrissas nasais;
• escarro carbonáceo;
• rouquidão;
• confusão mental e/ou confinamento no local; Fonte: Centro de Simulação
da Faculdade de Ciências
Médicas da Unicamp - Acervo
• explosão acometendo cabeça e tronco; pessoal 2017

• lesões cervicais circunferenciais.

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Evolução das lesões por inalação


• Inicialmente, apresenta um quadro de insuficiência respiratória.
• Após 72 a 96 horas, apresenta alteração radiográfica com infiltrados
lobares difusos, podendo ter clínica similar ao quadro de síndrome da
angústia respiratória do adulto (SARA).
• Após 3 a 7 dias, apresenta quadro de broncopneumonia clínica, como
expectoração de tampões mucosos, que é difícil de diferenciar do qua-
dro de pneumonia infecciosa.

3.2. Respiração
No quadro respiratório, a avaliação do traumatizado queimado é a mesma, po-
rém não podemos deixar de pensar em alguns aspectos:
• a lesão térmica direta das vias aéreas por inalação de chama que pode ori-
ginar edema e/ou obstrução das vias aéreas;
• a inalação de produtos de combustão incompleta (carbono) e fumaça tóxica;
• a intoxicação por monóxido de carbono (CO).

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Em todos os casos, haverá necessidade de assistência ventilatória es-


pecífica, e pode ser necessária a determinação de via aérea definitiva.
O CO sérico pode ser dosado, e pacientes com níveis inferiores a 20% geralmen-
te não apresentam sintomas. A manifestação clínica é progressiva em relação ao
nível de CO, com alterações do sistema nervoso central.
A intoxicação por CO deve ser suspeitada em todos os pacientes com cefaleia,
tontura, náuseas, diminuição da acuidade visual, fraqueza, pele e/ou mucosas
na cor framboesa, e também nos pacientes em coma.

Nível de CO Sintomas
< 20% Assintomático
20-30% Cefaleia e náuseas
30-40% Confusão mental
40-60% Coma
> 60% Morte

Fisiopatologia da intoxicação por CO

A fisiopatologia da intoxicação por CO se deve ao fato de ele se ligar mais


fortemente à hemoglobina, deslocando o oxigênio da ligação.
Em ar ambiente, o CO é eliminado em cerca de 250 minutos. Ofertar oxigênio
a 100% é medida imprescindível para o melhor prognóstico, já que reduz o
tempo da eliminação de CO para 40-60 minutos.

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3.3. Circulação
A avaliação da circulação e os sinais de choque são os mesmos para um paciente
queimado, porém alguns aspectos da reposição volêmica devem ser conside-
rados.
O acesso venoso pode ser realizado na área queimada, e pode haver dificuldades
na fixação. Dependendo da profundidade da queimadura, pode haver trombose
dos vasos superficiais.
A reposição volêmica deve ser realizada com cristaloide aquecido, de
preferência ringer lactato a 39ºC. Deve-se utilizar o cálculo do volume baseado
na fórmula de Parkland:

4 mL x Peso (kg) x % área queimada

O volume determinado por esse cálculo deve ser ofertado ao paciente em 24 ho-
ras, sendo metade do volume nas primeiras 8 horas do horário do trauma
e o restante do volume nas 16 horas seguintes.
A diurese deve ser monitorizada e, se houver necessidade, deve-se realizar
mais aporte de volume além do cálculo, com o objetivo de manter um adequado
débito urinário.

Após as 24 horas iniciais, momento em que há restabelecimento da integrida-


de capilar, deve-se reavaliar a reposição volêmica de forma individualizada.

3.4. Neurológico
O paciente queimado deve receber o mesmo cuidado na avaliação neurológica.

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3.5. Exposição
O paciente queimado deve receber um cuidado especial com relação à
hipotermia, já que todas as roupas e os metais devem ter sido retirados para
cessar o processo lesivo, bem como pode ter sido usada água em grande quan-
tidade para cessar o processo de queimar. Além disso, a própria queimadura
origina perda de calor por transudação pela pele. Esses fatores geram aumento
da perda de calor, agravando a hipotermia.

3.6. Cuidados adicionais


• Analgesia endovenosa.
• Profilaxia de tétano para todos os pacientes com mais de 10% de porcenta-
gem de área queimada.
• Dieta precoce porque o grande queimado possui gliconeogênese com resis-
tência à insulina e catabolismo proteico.

4. Cuidado com as feridas


A pele é a barreira à infecção e à perda de fluidos, de forma que o cuidado
das feridas é um dos pontos principais no tratamento do queimado e deve ser
individualizado de acordo com a profundidade.

Pomadas tópicas para dor + ume-


1º grau
decimento da pele

Desbridamento das lesões + cura-


2º grau tivo diário com antibiótico tópico
(bactericida)

3º grau Excisão e enxertia precoce

Algumas crendices populares devem cair em desuso, como: o uso de creme den-
tal, borra de café, açúcar, ervas medicinais, entre outros.

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5. Transferência para centro de quei-


mados
A maioria dos pacientes queimados (61%) necessita de transferência para um
centro de referência no tratamento ao queimado. Assim, devemos indicar a
transferência para os seguintes pacientes:
Acometimento de face, mãos, pés, genitália, grandes articulações
Mais de 5% da área corporal por queimadura de 3º grau
Mais de 20% da área corporal por queimadura de 2º grau
Mais de 10% da área corporal por queimadura de 2º grau em menores de 10 anos ou maio-
res de 50 anos
Grande queimadura elétrica ou química
Lesões por inalação
Presença de comorbidades (diabetes melito, imunossupressão, insuficiência cardíaca, etc.)
Presença de trauma associado

6. Queimaduras químicas
Os produtos químicos podem gerar queimadura por destruição direta
das membranas celulares. A queimadura é influenciada pela duração do
contato e pela concentração e quantidade do agente químico.
Independentemente da etiologia do produto químico, um dos princípios do
tratamento é a lavagem exaustiva com água corrente. Por mais que alguns
produtos reajam com a água, a limpeza deve ser feita com ela e em quantidade
suficiente para lavar o produto do paciente e não haver com o que reagir mais.
Se a substância for um pó, ele deve ser removido antes da irrigação com água.
Não se deve utilizar agentes neutralizantes, já que originam uma reação
química com produção de calor.

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Urgências Traumáticas

O atendimento deve ser feito com equipamentos de pro-


teção individual (EPIs) adequados para cada uma das
situações.
No atendimento de um paciente em ambiente pré-hos-
pitalar envolvendo veículos de transporte de produtos
químicos, pode-se utilizar informações contidas no códi-
go da Organização das Nações Unidas (ONU), que deve
estar presente nas placas sinalizadores dos veículos, e
checar orientações no Manual para Atendimento a Emer-
gência com Produtos Perigosos da Associação Brasileira
da Indústria Química (ABIQUIM).

Como usar o manual da ABIQUIM


1 – Procurar o número da ONU. Os núme- ONU CR GUIA PRODUTOS
ros de 0001 a 1000 não constam na
DIISOCIANATO
relação por se tratarem de explosivos 2078 6.1 156
DE TOLUENO
de classe 1.

2 – Através do número da ONU, determinar a classe de risco (CR), a página que


tem orientações sobre o produto (GUIA) e o nome do produto.
CR
1 Explosivos
2 Gases
3 Líquidos inflamáveis
4 Sólidos inflamáveis
5 Substâncias oxidantes
6 Substâncias tóxicas e infectantes
7 Materiais radioativos
8 Substâncias corrosivas
9 Outros

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3 – Ir até a GUIA e seguir as orientações apresentadas.

7. Queimaduras elétricas
As queimaduras elétricas originam lesões diretas nas membranas celulares atra-
vés da produção de calor. No paciente, podem ser observados ferimentos de
entrada e de saída, ou seja, por onde entrou e por onde saiu a corrente elétrica.

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A passagem da corrente elétrica pelo orga-


nismo origina lesões, sendo a mais frequen-
te a muscular, que apresenta manifestação
clínica similar à síndrome de esmagamento
decorrente da rabdomiólise (injúria muscu-
lar).
Arritmias são possíveis complicações, sendo mais frequente a fibrilação ventri-
cular.

Um cuidado inicial no atendimento é desligar a fonte causadora da corrente elé-


trica.

8. Eventos com raios

Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas


Espaciais (INPE), a Terra recebe a descar-
ga de mais de 3,15 bilhões de raios por
ano. O Brasil é atingido por cerca de 50
milhões, sendo que a cada 50 mortes por
raio no mundo, uma ocorre aqui.

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Os raios podem originar lesões diretas


ao paciente das seguintes formas: por
contato (raio atinge um objeto próximo
à pessoa, transferindo-se para ela), por
espalhamento ou splash (raio cai em al-
guma estrutura alta, como árvores, e
se espalha para as pessoas em volta);
e em onda (raio cai no solo e viaja em
círculos, como a queda de uma pedra
em um lago).
As lesões apresentadas pelo paciente
são similares às de uma queimadura por
choque elétrico e devem ser tratadas da
mesma forma.

Anotações:

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Síntese
Neste tema vimos que o paciente queimado é um paciente traumatizado. Além
dos cuidados no atendimento segundo o “ABCDE”, há algumas particularidades
que devem ser identificadas, como a presença de queimaduras inalatórias, a
classificação das queimaduras, os cuidados das feridas e a reposição volêmica.
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Urgências Traumáticas

Referências bibliográficas
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Mattox KL, Feliciano DV, Moore EE. Trauma. Revinter; 2012.

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tee on Trauma. (2014). PHTLS--Pre-Hospital Trauma Life Support. Emergency
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Townsend C, Beauchamp RD, Evers BM, Mattox KL. Sabiston Tratado de Cirur-
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Brasil; 2014.

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Urgências Traumáticas

Gestão para Educação Permanente dos


Profissionais da Rede de Atenção às Urgências

GEPPRAU

Urgências traumáticas

Módulo 3
Tema 2 - Hipotermia e lesões por frio

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Urgências Traumáticas

Este conteúdo foi elaborado por Thiago Rodrigues Araújo Calderan,


médico, cirurgião geral e do trauma, mestre em ciências da cirurgia e
seus direitos foram cedidos ao Hospital Alemão Oswaldo Cruz (HAOC)
que desenvolveu este material em parceria com o Ministério da Saúde
(MS) no âmbito do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional
do Sistema Único de Saúde (PROADI-SUS). A parceria entre o Ministério
da Saúde e as entidades de saúde portadoras do Certificado de Entidade
Beneficente de Assistência Social em Saúde (CEBAS-SAÚDE) e de
Reconhecida Excelência, a exemplo do HAOC, é regulamentada pela Lei
Federal nº 12.101, de 27 de novembro de 2009.

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Urgências Traumáticas

URGÊNCIAS
TRAUMÁTICAS
Neste material, serão apresentadas as
principais emergências na área da cirurgia
do trauma. O profissional de saúde que atua
na área terá informações importantes sobre
anatomia, fisiologia, manejo e principais
condutas a serem tomadas no atendimento
ao traumatizado.

Tema 2
Hipotermia e lesões por frio

Objetivos de
aprendizagem
• Conhecer a fisiologia da hipotermia.
• Conhecer a fisiologia das lesões por frio.
• Conhecer os tipos de lesões por frio.
• Saber reconhecer os sinais de hipotermia.
• Saber como tratar as lesões por frio.
• Saber como tratar a hipotermia. 3
Urgências Traumáticas
Sumário

Hipotermia e lesões por frio 5

1. Introdução.......................................................................................... 6
2. Fisiologia............................................................................................ 7
2.1. Hipotermia................................................................................... 7
2.2. Lesões por frio.............................................................................. 8
3. Tipos de lesões por frio......................................................................... 9
3.1. Crestadura (frostnip)..................................................................... 9
3.2. Congelamento (frostbite)............................................................... 9
3.3. Lesão não congelante.................................................................. 10
3.4. Frieira ou pérnio......................................................................... 11
4. Classificação da hipotermia................................................................. 11
5. Tratamento....................................................................................... 13
5.1. Das lesões por frio...................................................................... 13
5.2. Da hipotermia............................................................................. 14

Síntese................................................................................................ 16
Referências bibliográficas....................................................................... 17

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Urgências Traumáticas

Hipotermia e lesões
por frio

5
Urgências Traumáticas

1. Introdução

A s lesões causadas por frio aparentemente são pouco frequentes em um


país tropical como o Brasil, porém a hipotermia pode ocorrer em qual-
quer situação de trauma, quando o paciente apresenta temperatura abaixo
de 35ºC.
Há poucas informações epidemiológicas relacionadas às lesões por frio. His-
toricamente, houve diversos relatos de morte por hipotermia em situações
de guerra, desde o período antes de Cristo em batalhas romanas na traves-
sia dos Alpes, passando pela época de Napoleão, motivo registrado da sua
derrota na União Soviética, até as Grandes Guerras do século passado. Já na
Guerra do Vietnã, não foram registrados óbitos, porém houve lesões e seque-
las pelo frio. Nos EUA, há informações de uma média de 699 óbitos por ano
entre os anos de 1978 e 1998.
No Brasil, vemos frequentemente relatos na mídia de óbitos por frio, princi-
palmente de moradores de rua e idosos, com frequência nas regiões Sul e
Sudeste.

6
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Urgências Traumáticas

2. Fisiologia
2.1. Hipotermia
A hipotermia é definida como temperatura abaixo de 35ºC. As funções vitais
de nosso corpo ocorrem em temperatura corporal ideal, por volta de 36 a 37ºC,
em que as proteínas e enzimas funcionam normalmente.
Na situação de hipotermia, as proteínas do nosso corpo não funcionam
adequadamente. Encontram-se inativadas, principalmente aquelas que têm
correlação direta no contexto de trauma: a hemoglobina e os fatores de coa-
gulação (enzimas).
Com a hemoglobina inativada, não há como levar oxigênio às células, o que
agrava a situação de hipóxia. Sem os fatores de coagulação ativos, há um qua-
dro de coagulopatia com consequente persistência de sangramento (quando
presente).
A associação entre coagulopatia, hipotermia e acidose forma um ciclo
vicioso conhecido como tríade letal.
O trauma pode envolver algumas situações que originam a hipotermia: exposi-
ção do paciente com perda de calor para o ambiente, principalmente em caso de
roupas úmidas; sangramento (quando presente) que leva calor com a perda; em
situações iatrogênicas, erroneamente, pela reposição de fluidos não aquecidos e
por não promover proteção externa na exposição do paciente.

7
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Urgências Traumáticas

Há dois sistemas presentes nos seres humanos para regular e manter


a temperatura corporal: sistema comportamental (relacionado à sensa-
ção do indivíduo) e termorregulação fisiológica (em que o hipotálamo é
o centro regulador).

2.2. Lesões por frio


A ação direta do frio pode originar lesões no paciente vítima de trauma. A gra-
vidade da lesão depende de alguns fatores, com maior gravidade em tempera-
turas mais baixas, com exposição prolongada ao frio, em ambiente úmido, com
pouca proteção conferida pelas roupas do traumatizado e em pacientes com
doença vascular periférica e com feridas abertas.

Anotações:

8
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Urgências Traumáticas

3. Tipos de lesões por frio


3.1. Crestadura (frostnip)
Frostnip A crestadura é uma lesão cutânea da pele por ex-
posição ao frio, com quadro clínico de dor, palidez e
Frostbite
diminuição da sensibilidade. Ocorre mais frequen-
temente em áreas da face, nariz e orelhas.
É revertida com o aquecimento, exceto em casos de
exposição recorrente.
Saudável

3.2. Congelamento (frostbite)


As lesões por congelamento decorrem de lesão celular direta por formação
de cristais de gelo dentro das células, com consequente hipóxia teci-
dual. Pode haver lesão de reperfusão no reaquecimento. Ocorrem mais fre-
quentemente nas áreas periféricas: nariz, orelha, mãos e pés.
São clinicamente similares às queimaduras e apresentam quatro graus de
classificação:
Grau Achados clínicos Foto

1º grau Hiperemia e edema

Hiperemia, edema e grandes vesículas. Há


2º grau
necrose parcial da pele.

Vesículas de conteúdo hemorrágico. Há


3º grau necrose total da pele e do tecido subcutâ-
neo.

4º grau Associação de necrose muscular e óssea.

9
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Urgências Traumáticas

3.3. Lesão não congelante


As lesões não congelan-
tes são conhecidas como
“pé de trincheira” ou “pé
de imersão” e decorrem de
lesão microvascular, com
estase e oclusão vascular,
alternando entre vasoes-
pasmo e vasodilatação.
Resultam da exposição contí-
nua a temperaturas acima do
ponto de congelamento, entre
1,6°C e 10ºC, e são mais en-
contradas entre marinheiros,
soldados e pescadores.

Clinicamente, essas lesões apresentam pé preto, frio e anestesiado, mas pode


haver integridade dos tecidos profundos. Após 24 a 48 horas, há hiperemia as-
sociada a dor intensa, às vezes com lesões bolhosas, equimoses e ulcerações.
São classificadas conforme a gravidade:
Gravidade Clínica Sintomas após a fase aguda
Hiperemia pelo aumento do fluxo san-
Alteração sensitiva - 2 a 3 dias após
Mínima guíneo. Alteração sensitiva presente por
quadro inicial
2 a 3 dias após o quadro inicial.
Anestesia ao toque – 1 semana
Hiperemia e edema e alterações sensiti-
Leve Edema – 2 a 3 semanas
vas leves.
Hiperemia – 14 semanas
Anestesia ao toque – 1 semana
Hiperemia e edema. Bolhas e mosque-
Edema – 2 a 3 semanas
Moderada amento presentes 2 a 3 dias após o
Hiperemia – 14 semanas
quadro inicial.
Lesões permanentes em alguns
Edema intenso. Extravasamento de san-
Anestesia de todo o pé – 1 semana
Grave gue para tecidos ao redor e gangrena
Paralisia e hipotrofia muscular
ocorrem 2 a 3 dias após o quadro inicial.

Campanha norte-americana de preven-


ção na 2ª Guerra Mundial

10
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Urgências Traumáticas

3.4. Frieira ou pérnio


Lesão dermatológica decorrente da exposição crônica e repetida ao frio
úmido (entre pescadores) ou ao frio seco (entre alpinistas) em áreas
desprotegidas.

Clínica de lesões cutâneas purpúreas e


pruriginosas que podem ulcerar e san-
grar com a cronificação.
A prevenção das lesões deve ser feita
com proteção adequada. Deve-se se-
car bem o local após a exposição ao
frio e pode ser indicado por médico o
uso de antiadrenérgico e bloqueadores
de canal de cálcio.

4. Classificação da hipotermia
A hipotermia é classificada de acordo com a temperatura central do pa-
ciente.
Porém, em situações de trauma, a hipotermia é considerada grave sempre que
a temperatura estiver abaixo de 32ºC.

Temperatura (ºC) Classificação

32-35 Leve

30-32 Moderada

30 Grave

A demanda de oxigênio cerebral cai de 6 a 10% a cada 1ºC de queda da


temperatura corporal.

11
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Urgências Traumáticas

Temperatura
Características
(ºC)
35 Máximo de termogênese pelo tremor
Amnésia, desorientação. Taquicardia seguida por bradicardia progressiva (a
34 bradicardia decorre do efeito direto do frio na despolarização das células de
marcapasso e progressão mais lenta no sistema de condução)
33 Ataxia e apatia. Taquipneia seguida da diminuição da ventilação
32 Torpor. Diminuição de 25% no consumo de oxigênio
30 Arritmias, débito cardíaco reduzido, insulina ineficaz
29 Pupilas dilatadas
Diminuição do limiar para fibrilação ventricular. Diminuição de 50% no consu-
28
mo de oxigênio e pulso
27 Perda de reflexos
26 Importantes distúrbios ácido-base. Ausência de reflexos e respostas à dor
Fluxo cerebral a 1/3 do normal. Perda da autorregulação cerebral. Pode haver
25
edema pulmonar
24 Hipotensão e bradicardia intensas
23 Ausência de reflexo corneopalpebral. Arreflexia
Risco máximo de fibrilação ventricular. Diminuição de 75% no consumo de
22
oxigênio
Menor nível possível de recuperação da atividade eletromecânica cardíaca.
20
Pulso a 20% do normal
19 Sem manifestação no eletrocardiograma (ECG)
18 Assistolia

12
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Urgências Traumáticas

5. Tratamento
5.1. Das lesões por frio
Alguns princípios importantes do tratamento das lesões por frio (crestadura,
congelamento e lesão não congelante):
• retirar roupas úmidas e apertadas;
• aquecimento úmido com água corrente a 40ºC;
• evitar calor seco e esfregar e massagear a região;
• analgesia – reaquecimento é doloroso;
• manter feridas limpas e secas;
• manter as bolhas por 7 a 10 dias;
• evitar agentes vasoconstritores;
• evitar atividades físicas até a resolução do edema.

13
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Urgências Traumáticas

5.2. Da hipotermia
A hipotermia deve ser tratada externamente com aquecimento do paciente (co-
bertor, manta aquecida, manta aluminizada, etc.) e internamente com adminis-
tração de fluidos endovenosos aquecidos.
Em situações de hipotermia grave (abaixo de 32ºC), podem ser necessárias téc-
nicas invasivas para reaquecimento do paciente, como lavado peritoneal aque-
cido, lavado torácico aquecido, bypass cardiopulmonar e reaquecimento arterio-
venoso.
O paciente deve estar monitorizado desde o início, já que podem ocorrer arrit-
mias. A mais frequente é a fibrilação ventricular, principalmente em temperatu-
ras abaixo de 28ºC.
Em situações de parada cardiorrespiratória (PCR), deve-se iniciar medidas ime-
diatas para a reanimação. Deve-se promover o reaquecimento do paciente e só
encerrar os recursos ou as compressões quando ele estiver reaquecido e persis-
tir em PCR.

Algumas medicações não funcionam em baixa temperatura, como a lidocaína.


A única droga vasoativa que funciona um pouco em situações de hipotermia é a
dopamina. Um antiarrítmico de escolha para a situação de hipotermia é o tosi-
lato de bretílio.

14
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Urgências Traumáticas

Anotações:

15
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Urgências Traumáticas

Síntese
Neste tema refletimos que as lesões por frio podem ser frequentes em nosso meio
e o trauma pode gerar hipotermia pela perda de calor decorrente de um sangra-
mento e pela exposição. A presença de hipotermia agrava o quadro do paciente por
não ativar os recursos fisiológicos que dependem do funcionamento das proteínas.
É preciso reconhecer a situação de hipotermia e promover a sua
prevenção e tratamento, bem como das demais lesões causa-
das pelo frio, possibilitando um cuidado integrado ao traumatizado.
16
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Urgências Traumáticas

Referências bibliográficas
American College of Surgeons. Committee on Trauma. (2016). ATLS, advanced
trauma life support program for doctors. American college of surgeons.

Dirubbo NE. Wilderness medicine: management of wilderness and environmen-


tal emergencies, 4th edition. Nurse Practitioner 2002;27(2):38-42.

Freire E. Trauma: a doença dos séculos. In Trauma: a doença dos séculos:


Atheneu; 2001.

García AR, García AM. Manejo inicial del casi ahogamiento e hipotermia por in-
mersión. Ene 2014;8(1).

Mattox KL, Feliciano DV, Moore EE. Trauma. Revinter; 2012.

Ministério da Saúde. Suporte Básico de Vida - Protocolo SAMU 192. Brasília,


DF: Ministério da Saúde; 2014.

National Association of Emergency Medical Technicians (US). Pre-Hospital


Trauma Life Support Committee, & American College of Surgeons. Commit-
tee on Trauma. (2014). PHTLS--Pre-Hospital Trauma Life Support. Emergency
Training.

17
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Urgências Traumáticas

Gestão para Educação Permanente dos


Profissionais da Rede de Atenção às Urgências

GEPPRAU

Urgências traumáticas

Módulo 3
Tema 3 - Afogamento

1
Urgências Traumáticas

Este conteúdo foi elaborado por Thiago Rodrigues Araújo Calderan,


médico, cirurgião geral e do trauma, mestre em ciências da cirurgia e
seus direitos foram cedidos ao Hospital Alemão Oswaldo Cruz (HAOC)
que desenvolveu este material em parceria com o Ministério da Saúde
(MS) no âmbito do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional
do Sistema Único de Saúde (PROADI-SUS). A parceria entre o Ministério
da Saúde e as entidades de saúde portadoras do Certificado de Entidade
Beneficente de Assistência Social em Saúde (CEBAS-SAÚDE) e de
Reconhecida Excelência, a exemplo do HAOC, é regulamentada pela Lei
Federal nº 12.101, de 27 de novembro de 2009.

2
Urgências Traumáticas

URGÊNCIAS
TRAUMÁTICAS
Neste material, serão apresentadas as
principais emergências na área da cirurgia
do trauma. O profissional de saúde que
atua na área terá informações importantes
sobre anatomia, fisiologia, manejo e
principais condutas a serem tomadas no
atendimento ao traumatizado.

Tema 3
Afogamento

Objetivos de
aprendizagem
• Conhecer a importância dos afogamentos
no contexto do Brasil.
• Entender a fisiopatologia do afogamento.
• Conhecer outros eventos relacionados à
água.
• Saber classificar o afogamento.
• Conhecer a cadeia de sobrevivência do
afogado.
• Saber como realizar a prevenção do
afogamento.
• Saber como reconhecer um afogamento
• Conhecer o que fazer quando um
afogamento foi constatado.
• Saber mais sobre o suporte básico de
vida na água.
3
Urgências Traumáticas
Sumário

Afogamento 5

1. Introdução.......................................................................................... 6
2. Fisiopatologia do afogamento................................................................ 7
3. Eventos relacionados à água................................................................. 8
3.1. Síndrome da imersão..................................................................... 8
3.2. Hipotermia................................................................................... 9
3.3. Afogamento............................................................................... 10
4. Classificação do afogamento................................................................ 10
4.1. Quanto ao tipo de líquido............................................................. 10
4.2. Quanto à causa........................................................................... 11
4.3. Quanto à gravidade..................................................................... 11
5. Cadeia de sobrevivência do afogado..................................................... 12
6. Prevenção......................................................................................... 12
7. Reconhecimento de um afogamento..................................................... 15
8. Afogamento constatado...................................................................... 17
9. Suporte básico de vida na água........................................................... 18

Síntese................................................................................................ 24
Referências bibliográficas....................................................................... 25

4
Urgências Traumáticas

Afogamento

5
Urgências Traumáticas

1. Introdução

S egundo dados de 2017 da Sociedade Brasileira de Salvamento Aquático


(SOBRASA), 17 brasileiros morrem diariamente vítimas de afogamento,
sendo que 49% têm até 29 anos de idade, com incidência seis vezes maior
entre homens.
O local de maior mortalidade é a região Norte, com 75% dos casos em rios e
represas.
Na faixa pediátrica de 1 a 9 anos, 51% dos óbitos ocorrem em piscinas e re-
sidências.
É considerado um problema de saúde pública por ser a segunda maior causa
de óbito de 1 a 9 anos, a terceira maior causa de 10 a 14 anos e a quarta
maior causa de 15 a 24 anos.

6
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Urgências Traumáticas

2. Fisiopatologia do afogamento
No quadro de afogamento, a presen- parada respiratória seguida de pa-
ça de água no sistema respirató- rada cardíaca.
rio dificulta ou impede a troca gasosa,
impossibilitando a entrada de oxigênio O quadro clínico é igual, independen-
e a saída de gás carbônico. A conse- temente do tipo de água: salgada,
quente hipóxia gera um quadro de doce, salobra.

7
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Urgências Traumáticas

3. Eventos relacionados à água


Existem alguns eventos relacionados à água no estado líquido, que você verá a
seguir.

3.1. Síndrome da imersão


A síndrome da imersão ou hidrocussão é conhecida popularmente como
“choque térmico”, e decorre da arritmia cardíaca pela entrada súbita em
água mais fria que o corpo.

8
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Urgências Traumáticas

3.2. Hipotermia
A hipotermia decorre do esfriamento do corpo ao contato com água mais
fria, com consequente alteração neurológica progressiva, com rebaixa-
mento do nível de consciência até a morte.

9
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Urgências Traumáticas

3.3. Afogamento
O afogamento é definido como aspiração de líquido causada por submer-
são ou imersão, ou seja, entrada de água nas vias aéreas (traqueia, brôn-
quios e pulmões).

4. Classificação do afogamento
O afogamento pode ser classificado de três formas, conforme você verá a seguir.

4.1. Quanto ao tipo de líquido

Água doce Piscinas, rios, lagos ou tanques

Água salgada Mar

Água salobra Encontro da água doce com o mar

Outros líquidos Óleo, outros materiais

10
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Urgências Traumáticas

4.2. Quanto à causa


Afogamento primário Sem evidências de causa do afogamento.
Decorre de alguma causa que impediu o indivíduo de ficar na
Afogamento secundário superfície da água.
Exemplos: drogas, convulsão, traumatismo, arritmias, etc.

A principal causa de afogamento secundário é o uso de drogas (cerca de 36%


dos casos), e o álcool é o principal agente.

4.3. Quanto à gravidade


Grau Sinais e sintomas

Resgate Ausentes.
Tosse.
1
Sem espuma na boca e/ou no nariz.
2 Pouca espuma na boca e/ou no nariz.
Muita espuma na boca e/ou no nariz.
3
Pulso radial presente.
Muita espuma na boca e/ou no nariz.
4
Pulso radial ausente.
Parada respiratória.
5
Pulso central presente (carotídeo) ou sinais de circulação presente.
6 Parada cardiorrespiratória (PCR).
PCR com submersão > 1 hora.
Óbito Rigidez cadavérica.
Decomposição corporal e/ou livores.

11
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Urgências Traumáticas

5. Cadeia de sobrevivência do afogado


Assim como a proposta para o atendimento das emergências cardíacas na situa-
ção de infarto, há uma cadeia de sobrevivência que deve ser do conhecimento
de todos que promovem o cuidado desses pacientes em todas as esferas de
atendimento.

6. Prevenção
A prevenção envolve um conjunto de ações voltadas à
orientação do melhor uso dos ambientes relacionados
à água.
A SOBRASA possui campanhas contínuas, e diversas delas
podem ser obtidas no site oficial da instituição, voltadas es-
pecificamente para cada situação envolvendo risco de afoga-
mento: inundações, rios, pesca, mergulho, praias, navega-
ção com barcos, casas, surfe e piscinas.
Além disso, há uma campanha geral de prevenção chamada “Águas Seguras”.
Atenção 100% no seu filho a distância de um braço, mesmo em locais com
Á Atenção
guarda-vidas.
Use locais protegidos. Respeite as sinalizações e NUNCA entre na água em
G Guarda-vidas
locais proibidos ou sinalizados como perigosos ou se estiver alcoolizado.
U Use Use coletes salva-vidas em barcos, pescas e rios.
Em rios calmos, lagos e represas, mantenha a água na altura do joelho ou
A Altura
use colete salva-vidas.

Piscina com dois ralos, bomba com desligamento automático ou desligada.


S Sucção
Use tampas de ralo antissucção de cabelo e corpo.
Encostas, costões, pedras e barrancos têm alto risco de morte. Não se
E Encostas
aproxime.
Grades, cercas ou portas em área de serviço, banheiros, quintais com pis-
G Grades cinas para limitar o acesso. Esvazie ou tampe caixas d´água, poços, cister-
nas, máquinas de lavar e outros.
Não entre na água para salvar alguém. Peça para ligarem para 193. Jogue
U Urgência
material flutuante e aguarde um profissional chegar.
R Rios Rios e praias com correntes e inundados. Não entre.
Caso seja pego por uma corrente, fique calmo. Não lute contra. Flutue e
A Ajuda
acene para pedir ajuda.

12
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Urgências Traumáticas

Algumas dicas de prevenção adicionais em determinadas situações são


importantes:

Embarcações
• Levar rádio para comunicação.
• Checar meteorologia, estado
do barco, combustível e água
antes de sair.
• Saber como funciona ade-
quadamente o meio de trans-
porte que está sendo usado.

Rios e represas
• Usar colete salva-vidas e ca-
pacete se for praticar espor-
tes de aventura.
• Cuidado com buracos e limo
nas pedras.

Anotações:

13
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Urgências Traumáticas

Praias
A maioria dos afogamentos em praia (90%) ocorrem em correntes de retorno,
por isso é importante conhecer a localidade.
As correntes de retorno são formadas entre dois bancos de areia ou perto de
pedras, com água mais escura e menor número de ondas, porém com maior
correnteza.

Pescadores
• Conhecer o local que vai pescar.
• Ter cuidado com ondas em pedras.

14
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Urgências Traumáticas

Alagamentos ou enchentes
• Não enfrentar a zona de alagamento, pois pode haver buracos ou corrente-
za puxando a pessoa.
• Conhecer zonas propícias pelas vias que percorre.

7. Reconhecimento de um afogamento
Reconhecer um paciente de risco ou em situação de
afogamento é importante na prevenção ou na promo-
ção de medidas rápidas que possam aumentar a chance
de sucesso.
Alguns pacientes de risco:
• extremos de idade (crianças e idosos);
• obesos ou com aparência cansada;
• alcoolizados;
• com objetos flutuantes;
• turistas, imigrantes ou estranhos ao ambiente.

15
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Urgências Traumáticas

Tabela subjetiva de risco de afogamento

Riscos
Níveis Definição
Represas Rios e
Piscina
e lagos praias
Domina os quatros nados e possui treinamento
I Baixo Baixo Baixo
em análise de risco e resgate aquático.
II Domina os quatros nados. Baixo Médio Médio
Domina mais de um nado e possui flutuação
III Baixo Médio Alto
avançada (vertical, dorsal e controle respiratório).
IV Possui flutuação básica (vertical). Médio Alto Alto

V NÃO possui flutuação básica. Alto Alto Alto

Fonte: SOBRASA, versão 3. Dezembro 2016.

Alguns sinais da vítima de afogamento são importantes para solicitar o apoio


necessário:
• expressão assustada ou desesperada;
• perdendo o pé na água – afunda e volta a flutuar;
• onda recobre o rosto, que olha para a areia;
• nada, mas não sai do lugar;
• nada contra a correnteza;
• nada em pé, sem bater as pernas;
• cabelo caindo na face;
• batendo os braços na água sem deslocamento.

16
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Urgências Traumáticas

8. Afogamento constatado

Ao reconhecer um quadro de afogamento ou de iminência de afogamen-


to, é necessário tomar algumas medidas essenciais para o sucesso do
tratamento da vítima.
O primeiro passo é chamar ajuda ligando para o 193 (Corpo de Bombei-
ros). Os bombeiros são mais capacitados no atendimento a esse tipo de ocor-
rência.
Após chamar ajuda, tente promover a flutuação da vítima sem entrar na
água.

Posição da vítima

<4m Cabo, galho, cabo de vassoura

4 a 10 m Boia (qualquer objeto flutuante) ou corda amarrada

Rios e enchentes Corda amarrada ou de um lado a outro

17
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Urgências Traumáticas

Com relação às vítimas, identifique a prioridade de socorro utilizando o método


de triagem denominado start aquático:
Tempo
Característica da Grau de afoga-
Prioridade para so- Conduta na água
vítima mento possível
correr
Desesperada. Não Conforme grau de afo-
1 – Vermelho < 1 min Resgate a grau 4
colabora e submerge. gamento.
Ansiosa ao extremo, Resgate ou
2 – Amarelo 1 a 5 min Orientação e liberação.
mas colabora. grau 1
Tranquila e colabora-
3 – Verde > 5 min Resgate Orientação e liberação.
tiva.
Reanimação dentro da
água. Avaliar neces-
4 – Preto Sem movimentos. Zero Grau 5 ou 6
sidade de reanimação
em área seca.

9. Suporte básico de vida na água


Para o atendimento de uma vítima de trauma, deve-
mos pensar na segurança da cena, de forma que se o
socorrista não estiver capacitado ou não houver se-
gurança, deve-se solicitar e aguardar recursos ade-
quados.
Para socorristas capacitados e em ambiente de segurança,
o primeiro passo no atendimento de uma vítima de afoga-
mento após solicitar apoio de recursos é a avaliação da
consciência.
• Consciente: não há necessidade de suporte de
vida dentro da água, somente quando chegar à
área seca.
• Inconsciente: avaliar se a vítima está respi-
rando. Colocar a face da vítima fora da água e
promover abertura das vias aéreas. Atentar para
a proteção da coluna cervical. Avaliar a conduta
Fonte: Treinamento de Salvamen-
to Aquático - Liga do Trauma da
frente à profundidade da água e o número de so-
Unicamp - 2016 corristas.

• Água profunda com um socorrista sem equipamento: levar a vítima o


mais breve possível até uma área seca para promover medidas de reanima-
ção cardiopulmonar (RCP).
• Água rasa, água profunda com um socorrista com equipamento ou
água profunda com dois socorristas: checar a respiração e, caso ausen-
te, promover 10 ventilações e deslocar para área seca.

18
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Urgências Traumáticas

Não promover massagem cardíaca dentro da água, pois a profundidade das


compressões do tórax é ineficaz, além de ser um risco adicional ao socorrista.
O próximo passo no atendimento deverá ser realizado em área seca e consiste
na reavaliação do paciente conforme atendimento ao traumatizado por
“ABCDE”.

A – Avaliar a resposta do paciente


Avaliar a resposta do paciente com proteção de coluna cervical se hou-
ver suspeita de trauma cervical. Se não houver resposta, deve-se deso-
bstruir as vias aéreas.
Não tentar tirar a água do pulmão, porque poderá retardar a ventilação e a
oxigenação. Não realizar a manobra de Heimlich (utilizada para obstrução de
vias aéreas por corpo estranho), porque ela é ineficaz na retirada da água dos
pulmões e aumenta o risco de induzir o vômito e agravar a situação com bron-
coaspiração.
A suspeita do trauma cervical deve ocorrer em:
• todas as vítimas se afogando em local raso;
• trauma que ocorreu na água (queda de barco, jet-ski, prancha, entre ou-
tros);
• mergulho em água rasa.

19
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Urgências Traumáticas

B – Checar a respiração.
• No paciente que não respira, deverão ser realizadas cinco ventilações
e prosseguir para avaliação da circulação.
• No paciente que respira, deve ser avaliada a presença de tosse e es-
puma na boca e no nariz. Se houver grande quantidade, avaliar a cir-
culação.
Presença de tosse Grau de
Medidas
e espuma no nariz afogamento
Ausente Resgate Avaliar e liberar no local.
Tosse e ausência de • Repouso, aquecimento e tranquilização da vítima.
Grau 1
espuma • Sem necessidade de oferta de O2.
• Repouso, aquecimento e tranquilização da vítima.
Pequena quantidade
Grau 2 • Ofertar O2 a 10-15 L/min.
de espuma
• Observação hospitalar por 6 a 48 horas.
Avaliar a circulação (pulso radial) – pulso presente:
grau 3
• Ofertar O2 a 10-15 L/min.
Grande quantidade
Grau 3 ou 4 • Se possível, posição lateral do paciente com ca-
de espuma
beça acima do tronco.
• UTI para avaliação avançada e encaminhar ao
hospital.

C – Avaliação da circulação.
Avaliar a presença de circulação periférica em pacientes que responderam
através do pulso radial e em pacientes que não responderam através do pulso
carotídeo.
Grau de
Circulação Medidas
afogamento
• Ofertar O2 a 15 L/min.
• Fazer reavaliação, pois pode evoluir para parada
Pulso radial ausente respiratória.
e grande quantidade Grau 4 • Se possível, posição lateral do paciente com ca-
de espuma beça acima do tronco.
• Solicitar avaliação avançada e encaminhar ao
hospital para UTI.
• Ofertar O2 a 15 L/min.
• Manter ventilação 10 vezes/min até respiração
normal.
Presente após venti-
Grau 5 • Se possível, posição lateral do paciente com ca-
lações
beça acima do tronco.
• Solicitar avaliação avançada e encaminhar ao
hospital para UTI.

20
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Urgências Traumáticas

• Pacientes sem sinais de circulação: avaliar tempo de submersão e si-


nais de morte evidente (rigidez cadavérica, decomposição corporal e/ou
livores).
Tempo de Grau de
Medidas
submersão afogamento
< 1 hora Grau 6 Iniciar RCP conforme suporte básico de vida.
> 1 hora ou sinais de
Óbito Sem medidas.
morte evidente

Anotações:

21
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Urgências Traumáticas

Confira o fluxo de atendimento que deve ser adotado, sendo que a parte em
azul representa o atendimento que é feito na água, a parte laranja representa
o atendimento que é feito no seco, e as cores verde, amarelo, vermelho e cinza
representam o grau de prioridade do atendimento.

+ -
Nível de consciência

Levar até Ver profundidade


área seca e recursos

Água funda e Água rasa


1 socorrista sem OU
equipamento Água funda com 1 socorrista
com equipamento
OU
Água funda e 2 socorristas

Levar até Checar respiração


área seca Caso ausente, promover
10 ventilações e
deslocar para área seca

- Avaliar se +
está ouvindo GRAU
Ausente
RESGATE

Respiração + Checar tosse e


Tosse
presente presença de espuma GRAU 1
sem espuma
na boca e nariz
-
Fazer 5 Pouca
GRAU 2
ventilações Muita espuma
espuma

Avaliar +
circulação Avaliar +
GRAU 3
pulso radial
- GRAU 5
-
Tempo de submersão -
> 1 hora ou GRAU 4
sinais de morte

+
Óbito GRAU 6

22
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Urgências Traumáticas

Anotações:

23
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Urgências Traumáticas

Síntese
Neste tema refletimos que há um número alto de afogamentos no Brasil, en-
volvendo principalmente crianças e adultos jovens. A prevenção é o principal
meio de aumentar a sobrevivência desse tipo de trauma, porém cabe também
reconhecer as situações de risco e saber promover as medidas adequadas para
esse grupo de pacientes. 24
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Urgências Traumáticas

Referências bibliográficas
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Heart Association – John Field, 2008. Drowning Chapter 14, p. 301-17.

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tee on Trauma. (2014). PHTLS--Pre-Hospital Trauma Life Support. Emergency
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25
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