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ANCINE divulga investimentos de mais de R$ 1 bilhão para o setor audiovisual e

anuncia novas ações para 2023

Em evento realizado no dia 23 de março, no Theatro Municipal, no Rio de Janeiro, para


o lançamento do novo decreto de fomento à cultura, a Ministra da Cultura, Margareth
Menezes anunciou investimentos no setor audiovisual brasileiro: "O campo cultural é
muito diverso, abrigando desde dinâmicas comunitárias até empreendimentos
econômicos de alta complexidade como o setor audiovisual. E hoje aqui, com o Presidente
Lula, nós anunciamos R$ 1 bilhão para o audiovisual brasileiro e suas produções".

A Ministra se referia a um conjunto de recursos do Fundo Setorial do Audiovisual - FSA,


gerenciados pela ANCINE, que estão prestes a ser aplicados no mercado audiovisual nos
próximos meses, na forma de investimentos em projetos de filmes e em infraestrutura
para as empresas brasileiras do setor.

A ANCINE deu início à contratação de mais de 250 projetos cinematográficos, de todas


as regiões do Brasil, que chegarão às telas de cinema por conta de investimentos públicos
superiores a R$ 450 milhões na atividade audiovisual brasileira. Ao todo foram avaliados
mais de 1.400 projetos, apresentados nas seis Chamadas Públicas voltadas ao mercado de
salas de cinema do FSA.
Com o objetivo de contemplar uma grande diversidade de projetos audiovisuais, empresas
produtoras, e arranjos de negócio entre produtoras e distribuidoras, as seleções das
Chamadas Públicas foram realizadas com objetivos específicos:

 Complementação: seleção de propostas de longas-metragens para complementação do


orçamento do projeto de produção e investimento na sua comercialização. O principal
objetivo foi contemplar projetos que já estavam em processo avançado de captação, mas
que ainda careciam de recursos para serem concluídos. As propostas contempladas irão
receber recursos também para cobertura das despesas de comercialização, e com essa
iniciativa espera-se acelerar a conclusão de filmes brasileiros para ocupação das salas de
cinema num contexto pós pandemia.

 Produção: seleção ampla de propostas para produção de longas-metragens, destacando a


concorrência específica para projetos regionais. O principal objetivo foi acolher novos
projetos voltados para cinema. Uma primeira etapa de avaliação envolveu os currículos
(gerencial e desempenho comercial) das produtoras, diretores e distribuidoras envolvidos
no projeto. Em seguida, a Comissão de Seleção avaliou os roteiros, o plano de negócios
e o potencial para participação em mostras e festivais.

 Coprodução Internacional: seleção de propostas para produção de longas-metragens


que envolvam acordos de coprodução com diversos Países, estimulando parcerias
internacionais e contribuindo para a difusão do filme brasileiro no exterior.

 Via Distribuidora: seleção de propostas para produção de longas-metragens cujas


proponentes são empresas distribuidoras brasileiras, com destinação de recursos
específicos para produção e comercialização de filmes. Essa Chamada Pública objetiva
ampliar a distribuição de filmes brasileiros a partir do fortalecimento das empresas
distribuidoras, que podem utilizar os recursos recebidos para investir e adquirir direitos
de distribuição de filmes brasileiros de produção independente, aumentando sua
competitividade.

 Novos Realizadores: seleção de propostas de longas-metragens que sejam produzidos


por novos realizadores: diretores que tenham até uma obra de longa-metragem em seu
currículo, e produtoras classificadas como nível 1 (um) ou 2 (dois) na ANCINE. Como
resultado, espera-se estimular o surgimento e o desenvolvimento de novos profissionais
na cadeia produtiva do audiovisual.

 Desempenho Comercial: concessão de aporte financeiro às empresas distribuidoras


brasileiras independentes, a partir do desempenho comercial de filmes nacionais lançados
no período de 2019 a 2021. Nesse sentido, objetiva-se fortalecer as empresas
distribuidoras, prestigiando sua performance comercial, e garantindo recursos para a
produção e distribuição de novos filmes brasileiros. As empresas distribuidoras
contempladas têm o prazo de 12 meses para destinar os recursos a projetos de produção
de longas-metragens.

Mais R$ 163 milhões para filmes brasileiros independentes


Em reunião realizada no dia 24 de março, a Diretoria Colegiada da ANCINE aprovou o
lançamento de duas novas Chamadas Públicas que, juntas, disponibilizam mais R$ 163
milhões em investimentos. A Chamada Pública Cinema - Produção vai destinar R$ 88
milhões para a seleção de propostas divididas em duas categorias (Nacional e Regional).
Em paralelo, a Chamada Pública Cinema - Via Distribuidora, que recebe propostas de
empresas do setor de distribuição, terá o montante de R$ 75 milhões, sendo R$ 55 milhões
para investimento na produção das obras e R$ 20 milhões para investimentos na fase de
comercialização.
A formulação das Chamadas levou em conta a experiência adquirida na execução das
últimas Chamadas Públicas e contribuições apresentadas pelas entidades representativas
da produção brasileira independente e pelos membros da Câmara Técnica de Produção.
As duas novas Chamadas trazem aperfeiçoamentos, como a dispensa da exigência de
aprovação para captação dos projetos inscritos, bastando o ato de solicitação no início do
procedimento de contratação; a exclusão da nota mínima para classificação e da
quantidade máxima de projetos classificados; e uma salvaguarda da classificação de
projetos por região geográfica, de forma a garantir a ampla participação de interessados
e o efetivo acesso à política pública de financiamento da atividade audiovisual.

Novos estúdios, infraestrutura técnica e salas de cinema, além da preservação dos


pequenos exibidores
Estão em fase de análise diversos projetos de impacto na infraestrutura do setor
audiovisual. São resultado das linhas de crédito do Fundo Setorial do Audiovisual, no
valor total de R$ 387 milhões, lançadas para estimular o crescimento da atividade
audiovisual brasileira.
A iniciativa faz parte da estratégia do FSA, cujo foco são investimentos na cadeia
produtiva do audiovisual, para geração de emprego, renda e inclusão, especialmente no
momento de retomada das atividades após a pandemia de COVID-19. São investimentos
em produções independentes para cinema, televisão e plataformas de streaming e, de
forma inovadora, o financiamento de novas tecnologias, infraestrutura e capital de giro
das empresas.
O objetivo é estimular o empreendedorismo e o desenvolvimento das atividades
audiovisuais, ampliando as possibilidades de criação e produção de conteúdo. Os novos
investimentos ainda previnem a escassez de equipamentos e de mão-de-obra
especializada, garantindo um ambiente favorável à produção brasileira.

As linhas estão estruturadas em três modalidades, cada uma com diferentes condições de
enquadramento, custos financeiros e limites de aporte, conforme resumido abaixo.

 Infraestrutura: Esta modalidade tem como itens financiáveis a implementação,


modernização e expansão de ativos necessários à produção, pós-produção, distribuição,
programação, exibição e comercialização de conteúdo audiovisual no Brasil. Serão
concedidos aportes no valor mínimo de R$ 500 mil, com custo financeiro equivalente à
Taxa Referencial acrescido de 4% ao ano, e prazo para pagamento de até 10 anos, com
carência de até 24 meses.

 Novas Tecnologias, Inovação e Acessibilidade: Nesta modalidade são itens


financiáveis os investimentos necessários para a implementação de projetos de
modernização e expansão de ativos que representem desenvolvimento e atualização
tecnológica, podendo incluir a aquisição de equipamentos importados e a contratação de
serviços. Também são financiáveis os investimentos para o desenvolvimento de soluções
de acessibilidade. Serão concedidos aportes em valores entre R$ 1 milhão e R$ 5 milhões,
com custo financeiro equivalente à Taxa Referencial acrescido de 0,5% ao ano, e prazo
para pagamento de até 10 anos, com carência de até 24 meses.

 Capital de Giro: Esta modalidade considera como itens financiáveis as despesas com
folha de pagamento, fornecedores e demais despesas operacionais para a manutenção da
atividade fim das empresas, bem como o desenvolvimento e a produção de conteúdo
audiovisual brasileiro; a adaptação de obras audiovisuais brasileiras a novos formatos; o
desenvolvimento de jogos eletrônicos; a comercialização de obras audiovisuais em salas
de exibição e canais de distribuição; a programação, inclusive o licenciamento de
conteúdo, e o empacotamento de conteúdo audiovisual. Serão efetuados aportes no valor
mínimo de R$ 500 mil, com custo financeiro equivalente à Taxa Referencial acrescido de
8% ao ano, e prazo para pagamento de até 5 anos, com carência de até 12 meses.

Regulação para ampliação da participação do conteúdo brasileiro


Anunciados os investimentos na produção independente e na infraestrutura do setor,
tornam-se imprescindíveis os instrumentos regulatórios para garantia da circulação das
obras audiovisuais independentes, e para que haja um aumento do Market Share das
produções brasileiras no mercado.

De acordo com Informe divulgado pela ANCINE em 2022, o market share do cinema
nacional foi abaixo da média histórica. Sem lançamentos com mais de um milhão de
público, a participação relativa dos filmes brasileiros total foi de 4,2% do público e 3,9%
da renda, com o mercado mais uma vez dominado pelos blockbusters internacionais.
Em 75% das semanas de 2018 e 2019 o percentual de sessões nacionais era de cerca de
20%. Em 2022, esse mesmo percentual de semanas não teve mais de 14% das sessões
dedicadas a filmes nacionais. Paralelamente, ainda em 2022, 25% das semanas contaram
com mais de 98% das sessões dedicadas a filmes estrangeiros e em metade das semanas
do ano essa ocupação foi de mais de 90% das sessões. Se em 2018 e 2019 as 20 obras
estrangeiras de maior público responderam por 42,6% e 46,4% das sessões programadas,
em 2021 e 2022 esses patamares saltaram para próximo de 60%.
De outro lado, de 2021 para 2022 registrou-se um aumento significativo de 263% no total
de sessões realizadas com obras brasileiras, que responderam por 8,6% do total, ficando
evidente o potencial de recuperação do cinema brasileiro.

Monitorando esse cenário, a ANCINE estabeleceu como uma das iniciativas prioritárias,
na Agenda Regulatória 2023/2024, a renovação da Cota de Tela para filmes brasileiros
nas salas de cinema.

A partir de estudos que mostram os bons resultados do instrumento regulatório, e pelo


reconhecimento de sua constitucionalidade pelo Supremo Tribunal Federal, a Agência
propõe que as questões relativas à Cota de Tela sejam tratadas por meio da formulação
de nova propositura legislativa.

A proposta da ANCINE, elaborada a partir de debates com o setor e avaliações técnicas,


foi apresentada pela Secretaria de Regulação e discutida pelos membros da Câmara
Técnica de Exibição na reunião de fevereiro deste ano.
Na apresentação a ANCINE resumiu os argumentos e as proposições de melhorias para
o instrumento regulatório, que incluiriam ainda o estabelecimento de instrumentos
adicionais que inibam a concentração e a ocupação predatória de salas, garantindo a
diversidade de títulos e a exposição de obras nacionais.

A expectativa da Agência é que a renovação da Cota de Tela seja também uma


oportunidade de reiterar a importância do instrumento, aperfeiçoando-o e atualizando-o
em consonância com as mudanças vivenciadas no setor audiovisual.

A ANCINE defende a previsão do cumprimento da obrigação por sessões


cinematográficas e não por dias, adaptando-se ao modelo de multiprogramação, legado
do processo de digitalização do parque exibidor brasileiro, como apontado por Análise de
Impacto Regulatório - AIR realizada pela Agência em 2017. Com esta alteração, a
Agência espera que lançamentos menores conquistem mais espaço nas salas de exibição,
alcançando mais espectadores, e elevando o market share dos filmes brasileiros.
Também avaliados positivamente na AIR, a ANCINE entende como necessário o
tratamento regulatório dos estímulos à programação de filmes brasileiros nas sessões de
horário nobre; de possíveis limitações no número de sessões que podem ser ocupadas por
uma mesma obra audiovisual num dado complexo; da possibilidade da fixação de um
número mínimo de títulos diferentes por complexos para cumprimento da obrigação; e da
regra da dobra.

A ANCINE defende ainda uma maior autonomia para a definição dos parâmetros anuais
para o cumprimento das obrigações, com base na experiência acumulada desde a sua
criação.

Leia matéria completa em: https://www.gov.br/ancine/pt-br/assuntos/noticias/ancine-


divulga-investimentos-de-mais-de-r-1-bilhao-para-o-setor-audiovisual-e-anuncia-novas-
acoes-para-2023

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