Você está na página 1de 23

NEGOCIAÇÃO E FORMAÇÃO DE CONTRATO

O tempo em que vivemos é marcado pela fluidez, pela universalização da


informação e, principalmente, pela incrível velocidade com que os cenários se
modificam e são reinventados.
A atividade econômica, como a compreendemos hoje, enfrenta o desafio da
incerteza em um nível nunca antes experimentado, e isso aumenta em
importância o papel do Direito Contratual e do profissional que necessita desse
conhecimento para bem desenvolver as suas atribuições.
O contrato é e continuará sendo o principal instrumento de realização dos
propósitos econômicos das partes e de circulação dos bens e serviços nas
sociedades, especialmente as capitalistas de consumo.
Entretanto, esse contrato já não cabe nas molduras cunhadas durante o século
XIX, sob a ótica do liberalismo pós-Revolução Francesa, que o concebiam
como uma estrutura estática, imutável e intangível, cuja força obrigatória era
um dogma fundamental do sistema. O contrato contemporâneo, ao contrário, é
dinâmico, colaborativo, mutável, incompleto, exigindo uma análise concreta de
todo o processo, da gestação ao post mortem.
Preparemo-nos, então, para esse desafio diário que o Direito Contratual nos
propõe, para que sejamos protagonistas das transformações, e não objetos
obsoletos no ambiente de negócios.

APRESENTAÇÃO
Nesta disciplina, abordaremos os conceitos básicos de Direito Contratual,
evidenciando a importância do contrato no desenvolvimento das relações
sociais e econômicas. Inicie o seu estudo assistindo à videoaula de
apresentação.
Vídeo
COMPETÊNCIAS
Conheça as competências que você deverá desenvolver ao longo desta
disciplina:
compreender o ambiente contratual contemporâneo;
distinguir contratos empresariais, contratos civis e contratos de consumo;
identificar os princípios contratuais que norteiam a interpretação dos negócios e
a sua aplicação concreta;
avaliar os propósitos das partes na formação do contrato;
identificar a função e a utilidade dos instrumentos pré-contratuais e contratuais;
avaliar cláusulas penais de reforço e compensação de danos, e
reconhecer as diversas formas de extinção de um contrato e as suas principais
consequências.

seguir, você pode acessar a apostila da disciplina Negociação e formação de contrato


Clique aqui para acessar o material didático em formato .pdf.

BIBLIOGRAFIA
A seguir, você pode acessar a bibliografia recomendada pelo professor da
disciplina.
BIBLIOGRAFIA
FORGIONI, Paula. Contratos empresariais: teoria geral e aplicação. 2. ed.
São Paulo: RT, 2016.
Nesta obra, a autora aborda, de forma teórica e prática, a formação dos
contratos empresariais, apontando diversas questões relevantes para a análise
de um contrato entre empresários.
SCHREIBER, Anderson. Proibição ao comportamento contraditório. Rio
de Janeiro: Renovar, 2017.
Em uma linguagem acessível e permeada por citações de obras literárias e
casos concretos, nesta obra, o autor aborda, de forma profunda, as figuras
parcelares da boa-fé e o modo como são aplicadas no Brasil e no exterior.
SCHVARTZMAN, Felipe. Desconto de pontualidade e cláusula penal:
como o direito das obrigações pode promover a adimplência? Revista
Brasileira de Direito Civil (RBDCivil), Belo Horizonte, v. 14, p. 229-244,
out./dez. 2017.
O texto em referência apresenta a polêmica cláusula de desconto pelo
pagamento pontual, também conhecida como sanção premial. Tal polêmica
reside, justamente, no confronto entre a eficiência da cláusula no cumprimento
do contrato e a possível burla aos limites legais da multa moratória.
THEODORO NETO, Humberto. Efeitos externos do contrato. Rio de
Janeiro: Forense, 2007.
As implicações dos conflitos entre contratantes e terceiros são abordadas nesta
obra, que nos apresenta um conjunto de formulações de vínculos possíveis
entre contratantes e terceiros tanto à luz das regras legais quanto em razão
dos princípios.

ANDRÉ ROBERTO DE SOUZA MACHADO


FORMAÇÃO ACADÊMICA
Mestre em Direito das Relações Econômicas pela Universidade Gama Filho
(Rio de Janeiro, Brasil).
EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL
Sócio sênior e fundador do escritório SMGA Advogados, que atua,
principalmente, na área de Direito Civil, com ênfase em contratos e em Direito
Patrimonial.
Coordenador do Núcleo de Direito Civil do Instituto Brasileiro de Direito dos
Negócios (IBDN).
Membro do Comitê Brasileiro de Arbitragem (CBAr).
Professor de Direito Contratual dos programas de pós-graduação da Fundação
Getulio Vargas (LLM e MBA).
Expositor da Escola Nacional da Magistratura (ENM) e da Escola da
Magistratura do Estado do Rio de Janeiro (Emerj).

MAPA DE ESTUDOS
O mapa de estudos representa a correspondência entre os módulos da disciplina on-line,
os capítulos do e-book ou da apostila e o programa do curso.
Utilize-o como um guia para auxiliá-lo nos seus estudos!

Para navegar pelo mapa, clique nos números que representam os módulos da
disciplina on-line.
1234
MÓDULO 1 – FUNDAMENTOS DO DIREITO CONTRATUAL*

APOSTILA

MÓDULO 1 – FUNDAMENTOS DO DIREITO CONTRATUAL

PROGRAMA
 NEGÓCIO DENOMINADO CONTRATO
 AUTONOMIA PRIVADA
 LIMITES À LIBERDADE CONTRATUAL
 FUNÇÃO SOCIAL DO CONTRATO
 BOA-FÉ OBJETIVA

*NÃO DISPONÍVEL NESTA VERSÃO

MÓDULO 2 – NEGOCIAÇÃO E FORMAÇÃO DO CONTRATO


APOSTILA
MÓDULO 2 – NEGOCIAÇÃO E FORMAÇÃO DO CONTRATO
PROGRAMA
 PROCESSO CONTRATUAL
 FASE PRÉ-CONTRATUAL
 FORMAÇÃO MASSIFICADA DOS CONTRATOS
 CONTRATO PRELIMINAR OU PRÉ-CONTRATO
 CONTEÚDO DO CONTRATO
 CONTRATOS ELETRÔNICOS
MÓDULO 3 – GESTÃO E DESENVOLVIMENTO DO CONTRATO*
APOSTILA
MÓDULO 3 – GESTÃO E DESENVOLVIMENTO DO CONTRATO
PROGRAMA
 FASE CONTRATUAL
 EFICÁCIA DO CONTRATO EM RELAÇÃO A TERCEIROS
 DESEQUILÍBRIO ECONÔMICO DO CONTRATO
 INADIMPLEMENTO CONTRATUAL

*NÃO DISPONÍVEL NESTA VERSÃO

MÓDULO 4 – EXTINÇÃO DO CONTRATO*


APOSTILA
MÓDULO 4 – EXTINÇÃO DO CONTRATO
PROGRAMA
 FIM DA RELAÇÃO CONTRATUAL
 DISTRATO
 CLÁUSULAS RESOLUTIVAS
 PRINCÍPIO DA CONSERVAÇÃO DO CONTRATO
 FASE PÓS-CONTRATUAL

*NÃO DISPONÍVEL NESTA VERSÃO


NEGOCIAÇÃO E FORMAÇÃO
DO CONTRATO
Neste curso, trabalharemos a formação do contrato,
ou seja, o nascimento do vínculo entre as partes,
que irá obrigá-las ao cumprimento de prestações ao
longo do período de execução daquilo que foi
programado entre elas.
Durante a formação do contrato, espera-se que as partes consigam transportar as suas
expectativas para o acordo que está sendo feito, de modo que a utilidade dele advinda
seja a maior possível.

OBJETIVOS
Ao final deste curso, esperamos que você seja capaz de:

 reconhecer o processo contratual e as suas diversas fases;


 identificar os cuidados necessários à formação do contrato;
 distinguir os documentos pré-contratuais dos contratos preliminares e
 analisar os riscos de eventual responsabilidade antes e depois da formação do contrato.

UNIDADE 1
O PROCESSO CONTRATUAL

Nesta unidade, enfocaremos o contrato como processo dinâmico, desenvolvido ao longo


de três fases distintas: pré-contratual, contratual e pós-contratual. Com isso,
perceberemos que o contrato não surge do nada, mas é elaborado a partir de um
conjunto de condutas sucessivas das partes envolvidas, que vão conferindo corpo à
operação econômica que pretendem desenvolver.

Destacaremos ainda a importância da divisão desse processo em fases, cuja transição


pode ser bem demarcada ou sutil, de modo que a atenção sobre cada passo é
fundamental se não quisermos ultrapassar os limites da negociação sem a certeza de
querermos contratar.

A confiança no comportamento probo e de boa-fé é


elemento fundamental para a análise desta unidade.
O fluxograma a seguir foi construído de modo a auxiliar-nos a visualizar as fases que
integram o contrato e os seus respectivos elementos. Vejamos:

AS FASES DO PROCESSO CONTRATUAL


Assista à videoaula a seguir, em que identificaremos as diversas fases do
processo contratual, demonstrando como e quando se iniciam e encerram.
Vídeo

Leia a apostila Negociação e formação do contrato com especial atenção


para a adequada compreensão do fenômeno do contrato e da sua importância.

VAMOS PRATICAR?
Parte superior do formulário
Considerando todo o conteúdo estudado até o momento, responda à questão a
seguir.
As partes devem ser livres para decidir ou não celebrar um contrato sem terem
de preocupar-se em ser responsabilizadas por essa decisão, ou o
comportamento pré-contratual também deve ser fonte de responsabilidade?

Parte inferior do formulário

A resposta a essa indagação não é absoluta. Na verdade, se observarmos os


sistemas jurídicos mais alinhados com o pensamento liberal e de mercado,
como o dos EUA, a tendência é que se conclua pela não responsabilização civil
na fase das tratativas. Já em sistemas que elegem a boa-fé como paradigma a
ser observado antes mesmo de contratar, como defende boa parcela da
doutrina brasileira, essa liberdade pode ser mitigada pela noção de abuso de
direito e gerar eventual responsabilidade pré-contratual.
UNIDADE 2

FASE PRÉ-CONTRATUAL

A primeira fase do processo contratual é denominada pré-contratual. Nela as


partes interessadas em um possível contrato ainda não decidiram se irão
realmente celebrá-lo.

Nesse caso, as partes irão buscar uma aproximação, avaliar o custo e o


benefício de uma contratação e formular propostas e contrapropostas, que
podem vir ou não a ser aceitas. Dependendo da complexidade da operação
econômica que se quer levar a termo, é normal que as partes troquem várias
minutas antes de chegar a um consenso.

Não raro, as partes se valem de documentos para registrar o modo como vão
conduzir as negociações, os pontos já discutidos, o tratamento das
informações trocadas, bem como se haverá ou não exclusividade de
negociação ou eventual direito de preferência.

Alguns instrumentos podem ser produzidos pelas partes ainda na fase pré-
contratual, antes que, efetivamente e em consenso, decidam contratar.
Podemos citar como exemplos documentos pré-contratuais como:

1. carta de intenções;
2. memorando de entendimentos (MoU);
3. acordo de confidencialidade (NDA);
4. termo de exclusividade;
5. termo de preferência;
6. proposta;
7. contraproposta e
8. aceitação.

O atual sistema jurídico brasileiro exige que os agentes atuem já nessa fase
com probidade e boa-fé. Isso significa que a negociação deve ser desenvolvida
de modo transparente quanto aos próximos passos, para que a outra parte não
realize investimentos na confiança de que o negócio caminha para a sua
conclusão quando, na verdade, ainda haveria premissas consideráveis não
definidas.

Por essa razão, em sistemas jurídicos como o brasileiro, é possível encontrar


decisões judiciais condenando um dos agentes pelos danos originados ainda
nas tratativas – a denominada responsabilidade civil pré-contratual ou in
contrahendo.

A DISSONÂNCIA E O OPORTUNISMO

Nesta videoaula, veremos os riscos da dissonância entre o objetivo comercial


das partes, o conteúdo efetivo do contrato e a sua forma efetiva de execução.

Vídeo.

LEITURA

Em caso julgado pelo Superior Tribunal de Justiça em 2017, a IBM foi


solidariamente condenada a indenizar os prejuízos de uma sociedade limitada
fornecedora de conectores que seriam adquiridos por outra empresa (PCI),
mas cuja destinação era atender a um projeto da IBM. A leitura da íntegra
desse caso oferece uma visão extremamente atual do estágio da
responsabilidade civil durante as tratativas.

Clique para acessar o Recurso Especial n. 1.309.972 – SP

(2012/0020945-1) .

https://ww2.stj.jus.br/processo/revista/documento/mediado/?
componente=ATC&sequencial=71237527&num_registro=201200209451&data=20170608&tip
o=91&formato=PDF
VAMOS PRATICAR?
Parte superior do formulário
Durante as tratativas da possível compra e venda de um terreno para a
promoção de uma incorporação imobiliária com vistas à construção de um
empreendimento residencial, as partes celebraram um Memorando de
Entendimentos em que ficou prevista cláusula de exclusividade de negociação
entre elas pelo prazo de 180 dias.
Passados 120 dias e já realizados estudos prévios de viabilidade, de qualidade
e resistência de solo, e de meio ambiente, a compradora se deparou com uma
certidão informando que a empresa pertencente ao vendedor teve os seus
bens decretados indisponíveis, com extensão dos efeitos aos sócios, em Ação
Civil Pública não mencionada anteriormente pelo vendedor. Por tal razão, a
compradora decide não prosseguir com a negociação, além de querer ser
ressarcida pelos custos realizados até o momento.
A compradora pode desistir do negócio sem ter de indenizar a outra parte?
Teria a própria compradora direito ao ressarcimento pretendido?
Os agentes devem-se comportar com probidade e boa-fé desde as tratativas.
Desse modo, se já era do conhecimento do vendedor a existência de óbice
capaz de comprometer substancialmente o negócio, deveria ter informado o
quanto antes, a fim de possibilitar à outra parte mitigar os seus danos. Por esse
motivo, a desistência é motivada por fato atribuível à outra parte, não se
podendo cogitar a responsabilidade da compradora por desistir do negócio. Por
outro lado, a omissão do vendedor justifica a sua condenação ao ressarcimento
dos danos sofridos pela compradora.
UNIDADE 3

FORMAÇÃO MASSIFICADA DOS CONTRATOS

Esta unidade é dedicada aos contratos ofertados de forma massificada. Essa


realidade surgiu após a Segunda Revolução Industrial, a partir da necessidade
de se otimizar a contratação, tanto em velocidade quanto em custo, para dar
conta da agilidade de absorção dos produtos em série.

Os contratos de adesão não são um mal em si mesmos; ao contrário, tornam


mais acessíveis os bens produzidos na nossa sociedade de consumo.
Entretanto, é inegável que o modo unilateral como são redigidos, sem
possibilidade substancial de modificação, exigem um tratamento diferenciado
pelo ordenamento jurídico, diferente daquele até então dispensado aos
contratos paritários.

O Código Civil de 1916, por exemplo, não trazia qualquer previsão a respeito,
exigindo uma construção jurisprudencial lenta e gradual no sentido de se
reconhecer a vulnerabilidade concreta do aderente e de conferir-lhe alguma
proteção, especialmente no que diz respeito às denominadas
cláusulas leoninas, cujo conteúdo manifestamente abusivo expunha o aderente
a uma situação jurídica indesejada.
Com o advento do Código de Defesa do Consumidor (CDC) em 1990 e do
Código Civil em 2002, o contrato de adesão passou a ter tratamento expresso
nos arts. 423 e 424 do CC e no art. 54 do CDC. Além disso, o CDC trouxe um
rol exemplificativo de práticas e cláusulas reconhecidamente abusivas,
fulminando-as de nulidade.
Nas relações interempresariais, todavia, há diversos casos em que são
utilizados contratos de adesão – relações com bancos, contratos de
distribuição ou contratos de franquia – cujas cláusulas nem sempre são
consideradas abusivas à luz do CDC e também do CC.

Tal distinção existe porque, enquanto a vulnerabilidade do consumidor é


determinada por presunção (vulnerabilidade principiológica), a vulnerabilidade
de um empresário em relação ao outro dependerá da situação em concreto, na
qual fica caracterizado o efetivo e demasiado prejuízo que a cláusula poderá
trazer.

QUER PAGAR QUANTO?

Nesta videoaula, veremos algumas hipóteses em que a prática comercial é


considerada abusiva.

Vídeo

UNIDADE 4

CONTRATO PRELIMINAR OU PRÉ-CONTRATO

O contrato preliminar não é uma etapa obrigatória do processo contratual, pois


as partes podem partir para a imediata conclusão do acordo definitivo. Muitas
vezes, no entanto, há condições suspensivas que ainda precisam ser
implementadas antes da assinatura do definitivo, justificando a existência de
um contrato preliminar.
O contrato preliminar é também chamado de promessa de contratar,
compromisso de contratar ou, simplesmente, pré-contrato. É nessa última
expressão que pode residir maior confusão, uma vez que o preliminar, quando
existente, inaugura a fase contratual e é desenvolvido ao longo desta.

O pré-contrato, como expressão sinônima de contrato preliminar, não se


confunde com os já mencionados documentos pré-contratuais, pois, enquanto
aquele já é um contrato, em que está presente o consenso sobre todos os
elementos essenciais do definitivo, exceto o elemento formal, havendo a
obrigação de celebrar o definitivo, os documentos pré-contratuais apenas
registram frações da futura contratação ou definem padrões de negociação,
sem obrigar as partes a concluírem o negócio.

O contrato preliminar recebe da legislação atual um tratamento destacado,


revelando a sua importância como instrumento apto a propiciar a execução
forçada do ajuste e a obtenção do contrato principal.

CONTRATO PRELIMINAR OU MERA TRATATIVA?

Nesta videoaula, abordaremos a formação do contrato preliminar a partir da


análise de um leading case envolvendo uma operação entre o Grupo Pão de
Açúcar e os Supermercados Disco. Esse caso chegou ao STF, que discutiu a
existência ou não de um contrato preliminar entre as partes.

VAMOS PRATICAR?
A ABC Comércio Varejista de Alimentos S.A. negociou com José Maria Dil um
pré-contrato de venda da totalidade das suas ações na sociedade DIL
Comércio de Alimentos S.A., correspondente a 51% do capital votante. Os
respectivos estatutos sociais não continham nenhuma restrição ao negócio.
Após a realização de due diligence, as partes realizaram o pré-contrato e foi
pago um sinal de R$ 10.000.000,00, sendo convencionado que, ao final de 90
dias, seria pago o saldo remanescente, no valor de R$ 90.000.000,00, e
celebrado o respectivo contrato de venda.
No entanto, durante o período de 90 dias, José Maria notifica
a ABC informando a sua decisão de desistir da negociação, colocando-se à
disposição para devolver o sinal. A ABC, contudo, ainda mantém interesse no
negócio e precisa saber quais medidas deve adotar nesse caso.
Oriente a empresa ABC de forma fundamentada.
Uma vez presentes os elementos essenciais de compra e venda, preço, coisa e
consenso, e não havendo cláusula expressa de arrependimento, o sinal pago
deve ser entendido como confirmação do negócio (art. 462, do CC), sendo
possível pleitear a execução forçada do contrato preliminar para adjudicação
das ações (art. 463, do CC), valendo o sinal pago como mínimo indenizatório
pela mora do vendedor em transferir as ações (art. 419, do Código Civil).

UNIDADE 5

CONTEÚDO DO CONTRATO

Como todo negócio jurídico, o contrato requer partes capazes e legitimadas


para o ato de contratar. Afinal, esse documento em particular exige pluralidade
de partes, uma vez que é fruto do consenso entre agentes que possuem
distintos interesses.

Cada parte deve possuir a capacidade de adquirir direitos e contrair obrigações


em nome próprio. Caso contrário, será necessária a presença do representante
legal para falar em nome do incapaz ou para assisti-lo na manifestação de
vontade.

Além disso, a parte deve ser especialmente legitimada para o ato negocial, o
que nem sempre ocorre, não sendo suficiente tratar-se de pessoa capaz.
Conforme o art. 1.647 do CC, uma pessoa casada, por exemplo, dependendo
do regime de bens, pode necessitar da outorga do outro cônjuge para certos
atos da vida civil.
Além das partes, o contrato deverá conter objeto lícito, possível, determinado
ou determinável, a fim de que seja viável exigir o seu cumprimento forçado no
futuro.
A forma é uma questão excepcionalmente exigida. É necessário adotar forma
solene apenas nos casos em que a lei determinar. O consenso dos
contratantes deve existir para que haja contrato ainda quando esse consenso
se manifestar sob a forma de adesão a um acordo previamente estipulado pela
outra parte.

Além dos elementos essenciais e indispensáveis, um contrato pode conter


outras cláusulas e condições especiais a serem ajustadas no âmbito da
autonomia privada, como condições suspensivas ou resolutivas, cláusulas de
garantia, etc.

Por fim, conforme a natureza do contrato, podem existir elementos naturais,


tais como a garantia legal quanto à ocorrência de vício oculto e a
responsabilidade pela futura ocorrência de evicção.

COMO FUNCIONA A GARANTIA ENTRE EMPRESAS?

Nesta videoaula, abordaremos a garantia quanto à existência de vícios ocultos


no bem adquirido.

LEITURA
Como deve ser o conteúdo de um contrato? Técnica e clareza são
inconciliáveis? Leia o artigo A vantagem de contratos com linguagem clara,
de Shawn Burton, para refletir um pouco mais sobre essas questões.

SHAWN BURTON
Doutor em Direito pela University of Toledo College of Law (EUA) e mestre em
Ciências políticas pela Miami University (EUA).
Atuou como diretor jurídico da General Electric Aviation e General Electric
Integrated Systems.

VAMOS PRATICAR?
Parte superior do formulário
A Alfa & Beta, sociedade empresária do ramo de mídia eletrônica, adquiriu, em
23 de julho de 2017, componentes eletrônicos para serem utilizados na
fabricação de painéis de publicidade. Após serem instalados, tais componentes
logo apresentaram defeito. Constatado o defeito, a adquirente comunicou o fato
à vendedora por carta registrada datada de 19 de agosto de 2017. Como não
houve solução por parte da vendedora, a Alfa & Beta propôs ação em 20 de
outubro de 2017.
Ao julgar a causa, o juiz proferiu sentença declarando o decaimento do direito
redibitório, pois a ação foi ajuizada somente dois meses após a referida
notificação. Para a Alfa & Beta, a sentença está errada, pois o prazo para
ajuizamento da ação seria de 180 dias, como previsto no artigo 445, parágrafo
1º, do Código Civil.
Analise a questão.

Em se tratando de vícios ou defeitos do objeto adquirido onerosamente, existe


uma garantia implícita de que este objeto corresponda ao seu estado aparente
de qualidade. Porém, essa garantia não é eterna, sendo necessário observar
dois prazos importantes:

1. O prazo de garantia, consistente no prazo máximo dentro do qual os vícios


descobertos poderão ser reclamados;

2. O prazo decadencial para o exercício do direito através da ação própria, que


é contado a partir da descoberta do vício.

No caso concreto, temos a aplicação do sistema do Código Civil que determina


o prazo de garantia legal de 180 dias, contados da entrega da coisa móvel,
como prazo máximo para a constatação de um vício. Todavia, uma vez
descoberto o vício, a ação deverá ser proposta até no máximo 30 dias
contados da descoberta, sob pena de não se poder mais reclamar este vício
respectivo. Nesse sentido, vejamos o que diz o texto do Recurso Especial
1095882/SP:

RECURSO ESPECIAL. VÍCIO REDIBITÓRIO. BEM MÓVEL. PRAZO


DECADENCIAL. ART. 445 DO CÓDIGO CIVIL.

1. O prazo decadencial para o exercício da pretensão redibitória ou de


abatimento do preço de bem móvel é de 30 dias (art. 445 do CC). Caso o vício,
pela sua natureza, somente possa ser conhecido mais tarde, o § 1º do art. 445
estabelece, em se tratando de coisa móvel, o prazo máximo de 180 dias para
que se revele, correndo o prazo decadencial de 30 dias a partir da sua ciência.

2. Recurso especial a que se nega provimento.

Fonte: REsp 1095882/SP, Rel. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, QUARTA


TURMA, julgado em 09/12/2014, DJe 19/12/2014.
FILME

Assista ao filme Fome de poder para melhor compreender a questão dos


riscos de contratar sem que os objetivos estejam claramente alinhados.
Fome de poder (The Founder) é um filme biográfico de drama de 2016,
dirigido por John Lee Hancock e escrito por Robert Siegel. O filme é estrelado
por Michael Keaton, que interpreta o empresário Ray Kroc, e retrata a história
da criação da rede de fast-food McDonald's. Nick Offerman e John Carroll
Lynch são coestrelas e atuam como os fundadores do McDonald's, Richard e
Maurice McDonald.

Ficha técnica: The Founder = Fome de Poder. Direção: John Lee Hancock.
Elenco: Michael Keaton, Laura Dern, Patrick Wilson, Linda Cardellini. EUA.
2016. 115 min., 10 anos., drama/romance.
UNIDADE 6
CONTRATOS ELETRÔNICOS

Genericamente, denomina-se contrato eletrônico aquele celebrado por meio de


redes, equipamentos e programas que possibilitem o encontro das vontades na
formação de um negócio jurídico de conteúdo patrimonial. Os contratos
eletrônicos podem-se formar entre:

presentes, quando existe comunicação em tempo real entre as partes;

ausentes, quando se dão em tempo diferido;

dois sistemas digitais;


duas pessoas naturais, por meio de uma plataforma digita ou

uma pessoa natural e um sistema digital.


Os contratos eletrônicos subordinam-se aos princípios normativos do Direito
Contratual em geral e também aos princípios que lhes são próprios.
São princípios inerentes aos contratos eletrônicos:
princípio da equivalência funcional entre os atos jurídicos produzidos por meios
eletrônicos e os atos jurídicos produzidos por meios tradicionais;
princípio da inalterabilidade do direito existente sobre obrigações e contratos;
princípio da identificação, que diz respeito à devida identificação das partes
celebrantes um contrato por meio das redes de computadores, e
princípio da verificação, segundo o qual todos os documentos eletrônicos
relacionados devem ser armazenados para possibilitar a sua verificação futura.

Uma vez presentes os elementos essenciais de compra e venda, preço, coisa e


consenso, e não havendo cláusula expressa de arrependimento, o sinal pago
deve ser entendido como confirmação do negócio (art. 462, do CC), sendo
possível pleitear a execução forçada do contrato preliminar para adjudicação
das ações (art. 463, do CC), valendo o sinal pago como mínimo indenizatório
pela mora do vendedor em transferir as ações (art. 419, do Código Civil).Parte
inferior do formulário

CLIQUEI EM UMA OFERTA ELETRÔNICA. POSSO DESISTIR DO


NEGÓCIO?

Nesta videoaula, veremos como se verifica o direito de arrependimento no


âmbito dos contratos eletrônicos.
CASE VÍDEO
Assista ao vídeo Reclame Aqui / The Canceller – case video, que apresenta
uma operação de cancelamento de contrato por meio de robô. Nesse tipo de
contrato, quem dá o comando para o robô operar é responsável pelos atos que
forem praticados no seu nome.
https://www.youtube.com/watch?time_continue=21&v=OeNevm-U6ko&feature=emb_title

CONCLUSÃO

Ao longo deste módulo, vimos as etapas que compõem as várias fases do


processo contratual. Dessa forma, pudemos analisar a negociação, a tomada
de decisão, a formação do contrato e o conteúdo contratual, assim como os
seus elementos essenciais e aqueles que as partes podem vir a, livremente,
nele inserir.

Você também pode gostar