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UNIVERSIDADE DA REGIÃO DE JOINVILLE – UNIVILLE

PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO

MESTRADO EM PATRIMÔNIO CULTURAL E SOCIEDADE

PATRIMÔNIO GENÉTICO E CONHECIMENTO TRADICIONAL:


DOIS VALORES NA BERLINDA

ANA CAROLINA MOURA CARDOSO


LUCIANO RAITER

Joinville
2017
ANA CAROLINA MOURA CARDOSO
LUCIANO RAITER

PATRIMÔNIO GENÉTICO E CONHECIMENTO TRADICIONAL:


DOIS VALORES NA BERLINDA

Artigo apresentado ao Programa de Pós


Graduação em Patrimônio Cultural e
Sociedade, como requisito avaliativo da
disciplina de Proteção Jurídica do
Conhecimento Tradicional e Patrimônio
Genético.
Professores: Patrícia de Oliveira Areas e
Paulo Ivo Koehntopp

Joinville
2017
PATRIMÔNIO GENÉTICO E CONHECIMENTO TRADICIONAL:
DOIS VALORES NA BERLINDA

RAITER, LUCIANO. (1), CARDOSO, ANA CAROLINA MOURA. (2).

1. Universidade da Região de Joinville (UNIVILLE). Mestrado em Patrimônio Cultural e


Sociedade. Campus Universitário
Rua Paulo Malschitzki, 10. Bloco A, sala 221 – Joinville-SC – CEP 89.219-710·
lucianoraiter@gmail.com

2. Universidade da Região de Joinville (UNIVILLE). Mestrado em Patrimônio Cultural e


Sociedade. Campus Universitário
Rua Paulo Malschitzki, 10. Bloco A, sala 221 – Joinville-SC – CEP 89.219-710
anacarol.arq@gmail.com

RESUMO

Patrimônio genético e conhecimento tradicional, dois valores na berlinda, este


artigo surgiu de uma provocação dos docentes da disciplina de Proteção Jurídica do
Conhecimento Tradicional e Patrimônio Genético, do programa de pós graduação em
Patrimônio Cultural e Sociedade da Univille, e busca discutir as relações deste
conhecimento aliados à experiência da comunidade de Manaquiri, localidade que
pertence à Região Metropolitana de Manaus, e que foi apresentada aos alunos do
curso nesta disciplina para suscitar as discussões sobre biopirataria, conhecimento
tradicional e a necessidade de proteção destes bens. Para tanto serão utilizados
conceitos próprios da área jurídica, mas também conceitos de patrimônio cultural e
outros, pois a interdisciplinaridade do tema necessita de imbricamentos de diversas
áreas. O Brasil é uma efervescência multicultural, neste contexto, culturas tradicionais,
tais como as indígenas, quilombolas e caiçaras, se destacam por conhecer
intimamente a mata, e por consequência a ‘farmácia natural’, que regiões do país,
como a Amazônia, fornece com suas plantas e ervas. O conhecimento tradicional do
uso destas ervas e plantas, é capaz de promover a cura para inúmeros males.
Verdadeiros repositórios de uma riqueza genética incalculável, as florestas ainda
guardam segredos, e muitos destes segredos são protegidos pelo conhecimento
tradicional, porém, não é incomum a tentativa de extrair este domínio para fins
comerciais e apropriação destes bens por empresas multinacionais e laboratórios
farmacêuticos pelo mundo afora, assim, a proteção jurídica deste patrimônio se faz
necessária para que a riqueza, ainda praticamente inexplorada, não deixe de
pertencer a estas comunidades, e por consequência não deixe de pertencer ao nosso
território.

Palavras chave: Patrimônio genético; Conhecimento tradicional; Proteção Jurídica.


Introdução

O Brasil é uma efervescência multicultural, neste contexto, culturas tradicionais,


tais como as indígenas, quilombolas e caiçaras, se destacam por conhecer
intimamente a mata, e por consequência a ‘farmácia natural’, que regiões do país,
como a Amazônia, fornece com suas plantas e ervas. O conhecimento tradicional do
uso destas ervas e plantas, é capaz de promover a cura para inúmeros males.
Verdadeiros repositórios de uma riqueza genética incalculável, as florestas ainda
guardam segredos, e muitos destes segredos são protegidos pelo conhecimento
tradicional, porém, não é incomum a tentativa de extrair este domínio para fins
comerciais e apropriação destes bens por empresas multinacionais e laboratórios
farmacêuticos pelo mundo afora.
A proteção jurídica deste patrimônio se faz necessária para que a riqueza,
ainda praticamente inexplorada, não deixe de pertencer a estas comunidades, e por
consequência não deixe de pertencer ao nosso território. Os instrumentos jurídicos,
no entanto, ainda apresentam falhas na eficácia de salvaguardar os conhecimentos
tradicionais e os direitos que estas comunidades tem sobre o uso destes
conhecimentos associados ao patrimônio genético.
O presente artigo procura contribuir com a discussão recente acerca da
patrimonialização (ou não) de bens imateriais, na perspectiva da proteção jurídica
para com as comunidades tradicionais, transcendendo a questão do saber fazer
apenas como um bem imaterial a ser salvaguardado, mas ampliando seu foco através
do registro de bens imateriais como forma de proteção dos conhecimentos tradicionais
associados ao patrimônio genético. Para tanto utilizou-se o estudo de caso da cidade
de Manaquiri, na região metropolitana da Manaus, cujo conhecimento tradicional tem
suscitado pesquisas na utilização de ervas medicinais deste 2005. A cidade procura
crescer através do manejo e utilização das ervas, com políticas públicas associadas
e medicina alternativa no atendimento de doenças regionais. Cabe, no entanto, a
análise do ponto de vista patrimonial e jurídico, no que suscita a biopirataria oriunda
da curiosidade acerca das divulgações das pesquisas já realizadas na região
amazônica, inferindo sobre os modos de proteção dos conhecimentos tradicionais
associados ao valor da biodiversidade regional.
O conhecimento tradicional como patrimônio cultural

Ao falar a respeito do Patrimônio Cultural, é impossível dissociar todas as


relações, sensações, a forma como se dá o aprender e o apreender este patrimônio.
Definir patrimônio passa, entre outros, por conceitos advindos da ciência do Direito,
que conceitua, bem e patrimônio, através do conhecimento, notadamente aquele
afeito ao ramo de Direito Civil, “os quais por sua vez são estribados no conceito de
coisa”, Telles (2011, p.87), e para o autor, “é a partir dessa clássica teoria que são
formuladas as reflexões para o conceito de patrimônio cultural”.
‘Coisa’, segundo Heidegger (1987), teria duas acepções, dentro de uma
perspectiva filosófica, uma delas seria mais abrangente e outra mais restrita, que diria
respeito ao que possui um corpo, uma dimensão física, enquanto que coisa num
sentido amplo, seria tudo aquilo que “pode ser aprendido ou conhecido pelo
pensamento humano, quer real ou imaginário”.
O conceito de ‘coisa’ de Heidegger, primeiro define um algo que pode ser
tocado, enquanto que num segundo momento, define algo que pode ser sentido, mas
é preciso compreender que tanto para uma, quanto para outra das abordagens, há
que se conferir valor, para só então esta ‘coisa’ poder ser apreendida como patrimônio
cultural. Sobre isto convém destacar as palavras de Rolla apud Rodrigues (2008, p.
46):
A definição de bens culturais não pode perder de vista que o elemento
indispensável a sua construção é a compreensão de que o valor da
coisa como forma de traduzir a memória de um povo é o seu ponto de
diferenciação para com as demais classificações referentes a bens e,
ainda, que o objeto da tutela relativa aos bens culturais reside muito
mais no valor que o bem expressa do que o objeto material que lhe
serve de suporte.

De fato, a sociedade é constituída pelo conjunto das relações sociais e culturais


de comunidades humanas, as quais constroem sua identidade coletiva por meio de
valores tangíveis e intangíveis que se expressam na construção do simbólico como
elemento de estabilidade social. O patrimônio cultural tangível, material é a
objetivação de todos estes complexos e mútuos processos da convivência humana
que se expressa na cidadania e na sustentabilidade (WESTPHAL, 2010).
Quanto ao patrimônio, pertinente o pensamento de Telles (2011, p.85), “Sabe-
se que o campo do patrimônio é multidisciplinar. Nesse contexto, é cada vez mais
comum a utilização do termo patrimônio cultural, sobretudo nas áreas envolvidas com
o campo do patrimônio, mormente nas ciências humanas”, e diante disto, ainda
segundo o autor, pode se perceber indefinição ou impropriedades na apropriação
deste conceito, o que não significa “dizer que deverá existir, necessariamente, um
conceito único de patrimônio cultural, exarado exclusivamente por um ramo do
conhecimento”.
Pode-se afirmar que o conhecimento tradicional é patrimônio cultural, e este
patrimônio está intrinsecamente ligado à localidade à qual os detentores deste bem
estão ligados, assim, percebe-se que em sentido lato, não há somente a influência
antropogênica sobre o ambiente, mas há também a influência do meio sobre o
elemento humano, e este meio pode ser compreendido como paisagem na qual os
habitantes estão imersos. Sobre esta influência em duas vias, Ribeiro (2007, p.24)
aduz que “A paisagem é introjetada no sistema de valores humanos, definindo
relacionamentos complexos entre as atitudes e a percepção sobre o meio. Nessa
visão, a estética da paisagem é uma criação simbólica, desenhada com cuidado, onde
as formas refletem um conjunto de atitudes humanas”. Mosquera (2005, P. 403),
destaca “En este sentido se há dicho que paisaje es cualquer parte del território, tal
como es percebida por las poblaciones, cuyo caráter resulta de la accíon de factores
naturales y/o humanos y de sus interrelaciones”, portanto para o autor é clara esta
questão de que as relações se dão de um e de outro, meio ambiente ou paisagem e
o elemento humano, não estando cada um de um lado, mas sim, homogeneizados
como apenas um conjunto, não há um sem o outro.
Em mesmo sentido SOUZA (2007, p. 74) apresenta que “todo objeto se
relaciona de forma ativa com seu interlocutor, pois se ele consegue extrapolar suas
fronteiras materiais é porque despertou no expectador uma elaboração de sentidos
dos quais ele é o representante”. Deste modo, Ferrara (1993, p. 240) afirma que “cada
signo tem um lado passivo e outro ativo, todo signo interpreta e solicita interpretação
e é, simultaneamente, sujeito e objeto no infinito processo dialético do pensamento”.
Assim a paisagem, o objeto, o signo, só terá significação quando observado, “aferindo
sistemas mentais da época em que foram criados e, ou, transformados e solicitam,
não raro, uma relação não apenas perspectiva, mas também efabuladora que
misturam tempos passados e presente, as histórias individuais às coletivas” (FREIRE,
1997, p.55).
E é na dinâmica destas histórias individuais e coletivas que o conhecimento
tradicional se desenvolve, se altera e sobrevive. O saber sobre ervas e plantas, as
rezas e benzimentos, os ritos e as práticas, neste ‘consciente’ coletivo está o
conhecimento perpetuado pelas comunidades tradicionais, e estas comunidades
estão interligadas ao ambiente de tal forma, que “Nenhuma identidade cultural surge
do nada. Todas são construídas, de modo coletivo, sobre as bases da experiência, da
memória, da tradição e de uma enorme diversidade de práticas e expressões culturais,
políticas e sociais.” (SAID, 2005, p. 39). Ao perscrutar sobre este conhecimento
tradicional, Kamau (2009, p. 162) apresenta a seguinte definição:

A propriedade intelectual coletiva de uma sociedade, baseada em um


estoque ou corpo sistemático e coerente de conhecimentos
culturalmente específicos de comunidades indígenas e locais,
ocupando um território geográfico específico, estoque este condizente
ao relacionamento dos seres vivos entre si e com seus ambientes. Ele
também inclui as inovações e criações resultantes das atividades
intelectuais no campo artístico, científico, literário e industrial, e
também suas práticas e crenças baseadas em observações e
experiências passadas de gerações, preservadas oralmente, e que
são mantidas, e constantemente ampliadas e em evolução no tempo,
através de sua utilização e adaptação para novas demandas, e
transmitidas culturalmente através de gerações pelas comunidades
locais e indígenas.

De acordo com o IPHAN - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional,


estas comunidades são reconhecidas e descritas de tal forma, pois estão amparadas
em “formas próprias de organização social, ocupam e usam territórios e recursos
naturais como condição para sua reprodução cultural, social, religiosa, ancestral e
econômica, utilizando conhecimentos, inovações e práticas geradas e transmitidas
pela tradição”, e de acordo com o Instituto, tal definição remete àquele estabelecido
pela Convenção 169, da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e o Decreto
nº 6.040, de 7 de fevereiro de 2007, que instituiu a Política Nacional de
Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais (PNPCT).
Pode-se inferir portanto, que o conhecimento tradicional é diretamente ligado
ao ambiente em que este conhecimento é produzido, também está entrelaçado ao rol
da flora e fauna, dentro do território reconhecido pela comunidade como de sua
influência, derivado das experiências de seus integrantes anteriores e da geração
atual, assim também percebe-se que este conhecimento não é imutável e também
não está congelado no tempo dos ‘avós’, mas que se cria, se recria e se molda à
medida que as demandas surgem, e as gerações se sobrepõem.
A busca pela riqueza do conhecimento tradicional é fator que se explica, pela
economia em processos de pesquisa, pois o saber do poder de cura de uma planta a
uma doença determinada ou demais patologias, permite que pesquisadores e
laboratórios procurem nas ervas diretamente por determinado princípio ativo. O
conhecimento tradicional desta forma afunila as possibilidades de pesquisa,
transformando a busca por princípios ativos em milhares de espécies, em apenas
algumas dezenas, economizando tempo e, consequentemente, dinheiro. E quando se
fala em dinheiro, em razão da produção de medicamentos, estamos falando em
milhões de dólares de investimento.

A biopirataria e a necessidade de proteção legal do patrimônio cultural e


genético

O termo pode ser novo, mas a atitude não: a chamada biopirataria é praticada
desde a época das grandes navegações. Introduzir elementos ‘exóticos’ nos biomas
das colônias era algo comum, assim, sem qualquer critério, recolhiam-se sementes e
animais que eram disseminadas por outros lugares. Um dos casos mais expressivos,
ocorreu no início do século passado, trata-se da “Seringueira (Hevea brasiliensis), que
foi um dos principais produtos da economia nacional entre 1870 e 1920, quando era
responsável por 25% das exportações (...), perdendo apenas para o café. (...) um
produto que deixou de ser exclusivo do Brasil quando sementes contrabandeadas
permitiram a outros países explorarem a espécie”, foi o botânico inglês Henry
Wickman, quem levou sementes de seringueira para serem cultivadas na Ásia e
Malásia (PENSAMENTO VERDE, 2014).
O caso ilustra o quanto o descaso, o desconhecimento e ineficácia
governamental prejudicam o desenvolvimento nacional e o meio ambiente. É possível
dizer que as sementes das seringueiras, plantadas fora do Brasil, levaram consigo
também a possibilidade de uma vida melhor para as comunidades daquela região,
Araújo et al (2006, p.15), afirma que:

Em contrapartida para aqueles que se apropriam indevidamente do


material biodiverso, geralmente os países desenvolvidos, os ganhos
são de grande proporção quer pela disponibilidade da variedade de
recursos biodiversos para as suas pesquisas a custo perto de zero,
quer pelo potencial dos resultados que poderão advir das pesquisas
em forma de novas soluções tecnológicas e de patentes bastante
valorizadas no mercado mundial.
A biopirataria moderna vai muito mais além do que transportar sementes e
mudas, e como todo crime, possui agentes que se esmeram em burlar a vigilância e
a proteção dos bens genéticos. Desde 2007 a Câmara dos Deputados é provocada
para que aprofunde a legislação no sentido de controlar as ações de organizações
não governamentais, as ONGs. Estima-se que só na Amazônia haja um universo de
100 mil destas organizações, muito embora, até o citado ano, apenas 320 estivessem
regularmente registradas, segundo informações do relatório elaborado pelo Grupo de
Trabalho da Amazônia (Gtam), este, “indica que a atuação de instituições religiosas
e organizações não-governamentais (ONGs) estrangeiras - a pretexto de ajudar os
nativos - resulta em espionagem, apropriação indevida de recursos naturais e
pesquisas clandestinas para fins de biopirataria” (Câmara dos Deputados, 2007).
Sob este aspecto convém destacar a problemática que envolve a Amazônia,
extensão territorial, fronteira com outros países: o Estado brasileiro é incapaz de
fiscalizar de forma eficaz as fronteiras, falta infraestrutura e investimento para
fiscalização, além disto, possui em seu Congresso representantes que em grande
maioria não são afeitos às questões ambientais e culturais, por este motivo não há
legislação suficiente para frear o ímpeto dos biopiratas. Falta aos congressistas
entender o valor da riqueza existente na biodiversidade.
Em 2015, a Lei nº 13.123, que dispõe sobre o acesso ao patrimônio genético,
sobre a proteção e o acesso ao conhecimento tradicional associado e sobre a
repartição de benefícios para conservação e uso sustentável da biodiversidade,
revogou, entre outras providências a Medida Provisória no 2.186-16, de 23 de agosto
de 2001, ou seja, já demonstra a falta de interesse em legislar sobre o tema, pois por
14 anos, tema tão importante, estava pautado somente por Medida Provisória.
Por se tratar de inovação no campo jurídico, com relação à proteção do
conhecimento tradicional e contra a biopirataria, e considerando que se passaram
tantos anos entre a MP 2.186-16 e a Lei 13.123, era de se esperar que os problemas,
mais que conhecidos, tivessem sido eliminados ou minorados, porém, não é o que
ocorreu, uma das mais graves críticas, provém do descumprimento do preceito
incutido na Convenção 169 da OIT, A Convenção nº 169 da Organização Internacional
do Trabalho (OIT) sobre Povos Indígenas e Tribais, promulgada no Brasil pelo Decreto
nº 5.051, de 19 de abril de 2004, garante aos índios o direito de ser previamente
consultados e de se manifestar tempestivamente sobre quaisquer leis ou
regulamentos que possam afetar seus direitos. Segundo Távora et al (2015, p. 45), ao
tratar de parecer sobre a lei, apresenta que não fora identificado “no histórico da
tramitação das proposições que resultaram na Lei nº 13.123, de 2015, consultas nesse
sentido ou manifestações que possam ser interpretadas como anuência dos povos
indígenas ou do órgão indigenista federal ao conteúdo da proposição”.
Além disso, Távora et al (2015, p. 30) destaca outro problema, que trata do uso
da expressão “populações indígenas”, afirmando que muito embora tal expressão seja
recorrente na Constituição Federal de 1988,

(...) ao longo de mais de vinte anos de discussão sobre a condição dos


indígenas no Brasil e no mundo, foi estabelecido um forte consenso
técnico e acadêmico de que o mais correto é designá-los como povos,
expressando o reconhecimento de sua identidade étnica e cultural e
de sua autonomia como sujeitos de direitos coletivos, bem como sua
relevância, no nosso caso, por serem eles uma das três principais
matrizes (a ameríndia, a europeia e a africana) dos povos formadores
da nacionalidade brasileira.

O uso impróprio chama a atenção ao demonstrar o despreparo dos legisladores


e o desconhecimento do avanço acadêmico com relação às designações
consolidadas pelas ciências, mas, além disso, “o uso da expressão ‘populações
indígenas’ (...), é reflexo de um embate que vem sendo travado há décadas sobre a
identidade cultural e a autonomia dos índios. (...), a prevalência do termo ‘populações’
é um aspecto sintomático da exclusão dos índios na elaboração da nova Lei” Távora
et al (2015, p. 56).
É certo que, apesar de falhas e contrariedades pode-se afirmar que a citada
lei trouxe em seu bojo alguns benefícios, tais como aqueles elencados nos artigos 8º
ao 10, nesta esteira, Távora et al (2015, p. 16) salienta que:

A Lei garante aos detentores de conhecimento tradicional associado


ao patrimônio genético os direitos de: reconhecimento à sua
contribuição; indicação da origem do acesso a esse conhecimento;
perceber benefícios pela exploração econômica do seu conhecimento;
participar do processo de tomada de decisão sobre o acesso ao seu
conhecimento e sobre a repartição de benefícios decorrentes; usar,
vender, conservar, manejar, guardar, produzir, trocar, desenvolver,
melhorar livremente produtos e material reprodutivo que contenham
patrimônio genético ou conhecimento tradicional associado.
Resguarda, portanto, as trocas e o uso tradicionais e espontâneos
entre os detentores originais desse conhecimento, enquanto prevê a
sua inclusão nos processos de tomada de decisão e no recebimento
de benefícios relativos ao uso desse seu patrimônio e de produtos
decorrentes do acesso por agentes externos às suas comunidades.
Porém, “as lacunas apontadas nos dispositivos pertinentes ao acesso ao
conhecimento tradicional associado e à repartição de benefícios dão margem à burla
dos mecanismos previstos” (TÁVORA et al 2015, p. 56), além disto, tanto na Lei
13.123/2015, quanto no Decreto nº 8.772, de 11 de maio de 2016, verifica-se que
estabelecem apenas sanções administrativas àqueles que descumprirem os
comandos legais supracitados, o que, com certeza, diminui e muito a eficácia da lei,
ainda mais se considerando todo o inócuo aparato estatal de fiscalização. A grave
crítica que se faz pertinente, é consubstanciada no fato das penas criminais serem
cominadas pela legislação ambiental, considerada muito branda para que seja
eficiente na desarticulação dos sistemas e quadrilhas que faturam bilhões com a
biopirataria. Quanto a isto, Fogaça e Corrêa Neto (2015) chamam a atenção para o
fato de que “pessoas que cometem infrações contra o meio ambiente, ou até mesmo
os crimes já tipificados em legislação, facilmente livram-se de maiores consequências
de seus atos pela forma branda que o tema é tratado juridicamente”.
Por toda a importância do patrimônio e dos saberes, já em 1936 Mário de
Andrade propunha que “também fossem incluídos no patrimônio brasileiro, os falares,
os cantos, as lendas, as magias, a medicina e a culinária indígenas” Oliven (2009, p.
80). Passados oitenta anos, verifica-se que por falta de fiscalização, controle,
reconhecimento da importância estratégica dos conhecimentos tradicionais e da
biodiversidade, corremos o risco de sequer descobrirmos quais plantas e quais
princípios ativos são extraídos do nosso território, quem pode afirmar, a exemplo do
que já ocorreu, quantas ‘seringueiras’ já foram levadas para outras terras e
laboratórios?

Manaquiri e as plantas amazônicas: patrimonialização e proteção dos


conhecimentos tradicionais

Para entrarmos nas discussões sobre a proteção jurídica e a patrimonialização


(ou não) dos conhecimentos tradicionais, cabe, primeiramente a conceituação do
termo. Araújo et al (2006, p. 12) conceitua:
Entende-se por conhecimentos tradicionais todas as formas de
expressões, práticas, costumes, crenças e conhecimentos
produzidos ao longo dos anos, passados de geração em
geração, por uma determinada comunidade. São formas de
desenho, celebrações, rituais e métodos para produção de
alimentos, pratos e medicamentos a partir de recursos naturais.
Nos conhecimentos tradicionais encontram-se aquelas criações
tradicionais e naturais ligadas aos recursos genéticos, ao
folclore e artesanato.

As comunidades tradicionais são detentoras de boa parte da sabedoria popular


sobre os recursos genéticos provenientes da biodiversidade existente no seu território.
Espécies endêmicas ou exóticas encontram na sabedoria popular usos, cultivos,
cuidados de manejo, que muitas vezes são desconhecidas de cientistas, biólogos,
farmacêuticos, e que detém desde um poder de cura de diversos males até aplicações
cosméticas e alimentícias. A indústria, ávida por novidades, está sempre à procura de
princípios ativos diferenciados para o lançamento de novos produtos, à medida que a
ciência prospera em encontrar em plantas medicinais princípios ativos que aliviem
sintomas ou curem doenças.
No Brasil, comunidades amazônicas como a comunidade de Manaquiri,
município localizado na região metropolitana de Manaus, trabalham com a
possibilidade de crescimento através dos conhecimentos tradicionais em plantas
medicinais e extração de óleos vegetais para a indústria cosmética e alimentícia. A
Amazônia é a região de maior diversidade de doenças tropicais, e por isso mesmo a
região com maior potencial de pesquisa sobre suas curas. Aliado ao fato de possuir
cerca de um quinto da biodiversidade existente no planeta, não é incomum a visita de
pesquisadores à floresta a procura de plantas e animais para pesquisa.
No entanto, muito antes de biólogos e botânicos se aventurarem pelas matas,
os caboclos já tinham suas receitas, nascidas da necessidade de viver nas margens
dos rios e da floresta. Remédios para malária, leishmaniose, febre, dores de todos os
tipos, cicatrizantes de feridas graves, reguladores para pressão arterial; todo tipo de
enfermidade sempre foi tratado pelas comunidades ribeirinhas através do uso de
ervas e cascas, maceradas, transformadas em chás ou pastas. Desde de 2005 o INPA
(Instituto Nacional de Pesquisas Amazônicas), através do pesquisador Doutor em
medicina tradicional Juan Revilla, realiza um trabalho de pesquisa em plantas
medicinais no município de Manaquiri, aliando o conhecimento tradicional aos
conhecimentos científicos, possibilitando a descoberta de princípios ativos para a cura
de diversas doenças crônicas como diabetes, colesterol alto, hipertensão, asma,
problemas gastrointestinais entre outros. O pesquisador afirma que muitos pacientes
optam pelo tratamento alternativo e na maioria dos casos ficam curados. Uma das
pesquisas mais importantes ao longo destes anos é a do uso do Uxi-Amarelo
(Endopleura uchi (Huber) Cuatrec) para o tratamento de doenças no útero e
infertilidade feminina.
Que pesquisas como essas trazem um ganho do ponto de vista
socioeconômico para a região não restam dúvidas. Em 2013 o INPA reuniu
representantes de indústrias, comunidades rurais, pesquisadores, e órgãos públicos
para debater um projeto integrado de desenvolvimento econômico com base em
pesquisa científica e qualificação de produtores, através do 1º Encontro de
Desenvolvimento Sustentável e Tecnologias Sociais. Iniciativas como estas
possibilitam a formulação de políticas públicas locais no setor primário, fomentam a
produção através de cooperativas, gerando emprego e renda. A capacitação nas
técnicas de manejo e extração de componentes bioativos das plantas medicinais
possibilitam um ganho econômico para as comunidades locais. No entanto, toda a
produção científica brasileira baseia-se também no princípio da publicação. De nada
adiantaria aos pesquisadores trabalharem com as comunidades locais, interpretarem
seus conhecimentos tradicionais e não publicarem as conclusões de suas pesquisas.
A medida que as pesquisas tornam-se públicas, o conhecimento tradicional das
comunidades ribeirinhas deixa de ser algo passado de geração em geração e passa
a ser interpretado como algo de valor econômico.
A partir deste ponto a comunidade fica à mercê dos biopiratas. Não apenas no
caso de Manaquiri, mas de toda a região amazônica, que por possuir uma extensa
área de floresta e pouca fiscalização recebe muitos visitantes estrangeiros, à procura
de princípios bioativos já estudados, ou ainda em estudo. A floresta, como uma
biblioteca, guarda infinitas possibilidades na sua natureza. Tudo à espera de que
alguém desvende seus mistérios e compreenda sua complexidade. Uma conversa
rápida com as comunidades locais possibilita a captação do conhecimento necessário
para se obter as plantas, seja aqui na floresta nativa, ou em qualquer herbário
estrangeiro. Encontra-se aí a contraditória contrapartida das publicações científicas
brasileiras: a medida que a pesquisa é revelada, porém não patenteada, abre-se a
brecha para a busca de princípios ativos de plantas medicinais, que, patenteados fora
do Brasil, nem sempre contemplam as divisões de lucros com as comunidades
tradicionais.
O processo de patenteamento das pesquisas no Brasil é moroso e burocrático.
O INPI (Instituto Nacional de Propriedade Intelectual) trabalha em defasagem de
equipe técnica e tem processos para análise que já foram inscritos há cerca de uma
década. O prazo de patenteamento, por menor que seja, é suficientemente dilatado a
ponto de um princípio ativo ser patenteado no exterior. As bases de dados não
integradas dificultam o processo de pesquisa e a falta de clareza proposital dos
pedidos de patente nacionais e estrangeiros potencializam a perda das comunidades
tradicionais sobre seus conhecimentos, doados, de bom grado, a supostos turistas em
visita guiada. Outro ponto falho no registro de patentes, é que o conhecimento,
pesquisa ou produto é registrado de forma individual e não coletiva. O conhecimento
tradicional relacionado ao patrimônio genético no Brasil, não tem, portanto, sua
proteção acolhida por meio de patente.
Com um processo falho de registro de patentes no Brasil, caberia ao patrimônio
cultural fazer uma tentativa de proteção aos conhecimentos tradicionais associados
ao patrimônio genético? Poderia ser esta uma forma de combate à biopirataria, no
sentido das compensações financeiras do uso do conhecimento tradicional, por
exemplo, em princípios ativos medicinais?
A Convenção da Diversidade Biológica – CDB, aprovada em 1992 na
Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada
no Rio de Janeiro com a participação de 178 países, contando atualmente com 187
países signatários, foi a primeira iniciativa de proteção jurídica de conhecimentos
tradicionais associados ao patrimônio genético. Essa Convenção teve a importância,
dentre outras, de chamar a atenção do mundo para o valor da diversidade biológica e
de garantir a soberania de cada Estado sobre a biodiversidade de seus territórios
(Araújo et al, 2006).
A partir da Medida Provisória - 2.186-16, de 2001, já anteriormente citada, e
tardiamente formulada, iniciou-se a regulamentação, no Brasil, do acesso e uso da
biodiversidade e do conhecimento tradicional associado aos recursos genéticos.
As comunidades indígenas e locais têm o direito assegurado pela CDB
e pela MP 2186-16/01 de decidirem se repassam, ou não, seus
conhecimentos tradicionais de uso da biodiversidade para terceiros
que não pertençam a essas comunidades. Esses terceiros necessitam
de autorização das comunidades para acessar os seus conhecimentos
e para conceder tal autorização essas comunidades devem entender
o destino das informações que serão repassadas, a geração ou não
de benefícios econômicos em decorrência do uso das mesmas e como
será o compartilhamento desses benefícios. Só a partir desse
entendimento é que a comunidade dará autorização para o acesso ao
conhecimento. Tal autorização será formalizada em um Contrato de
Repartição de Benefícios firmado entre a comunidade e a Instituição
de Pesquisa ou empresa. (ARAÚJO et al, 2005, p.18)

A legislação, no entanto, era frágil, posto que ainda não estava totalmente
regulamentada. No dia 17 de novembro de 2015, entrou em vigor a Lei da
Biodiversidade (Lei nº 13.123, de 5 de maio de 2015, já citada).

A partir desta data, as pesquisas com o patrimônio genético e o


desenvolvimento de produtos com a biodiversidade brasileira não
necessitam de permissão prévia do Conselho de Gestão do
Patrimônio Genético (CGEN) para o seu desenvolvimento. No lugar da
autorização fornecida por vários órgãos federais - CGEN, Iphan,
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
(CNPq) e Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) - passou a ser
exigido, apenas, o registro das atividades de acesso em um cadastro
eletrônico, o Sistema Nacional de Gestão do Patrimônio Genético
(SISGen), que deverá ser feito antes da divulgação dos resultados
parciais ou finais das pesquisas. (IPHAN, 2017)

Embora, além da Lei da Biodiversidade, a Constituição Federal no parágrafo


primeiro do artigo 215 expressamente estabeleça que “o Estado protegerá as
manifestações das culturas populares, indígenas e afro-brasileiras, e das de outros
grupos participantes do processo civilizatório nacional”, ainda há uma defasagem do
ponto de vista regulatório de práticas de biopirataria, principalmente no que tange os
conhecimentos tradicionais associados.
Uma possibilidade de proteção aos conhecimentos tradicionais associados,
seja no caso de Manaquiri, nas comunidades ribeirinhas amazônicas, ou pantaneiras
mato-grossenses, seja de caboclos, indígenas, quilombolas ou qualquer comunidade
tradicional do território nacional, poderia ser a proteção pelo patrimônio imaterial. Além
do artigo 215 da Constituição Federal, supracitado, o artigo 216, complementa a
formatação do que define o patrimônio cultural, abrangendo o patrimônio imaterial com
um bem a ser protegido:
Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza
material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto,
portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos
diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se
incluem:
I – as formas de expressão;
II – os modos de criar, fazer e viver;
III – as criações científicas, artísticas e tecnológicas;
IV - as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços
destinados às manifestações artístico-culturais;
V – os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico,
artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico.
§ 1º - O Poder Público, com a colaboração da comunidade,
promoverá e protegerá o patrimônio cultural brasileiro, por meio de
inventários, registros,vigilância, tombamento e desapropriação, e de
outras formas de acautelamento e preservação.

O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN define como


Patrimônio Cultural Imaterial as “práticas, representações, expressões,
conhecimentos e técnicas - junto com os instrumentos, objetos, artefatos e lugares
culturais que lhes são associados - que as comunidades, os grupos reconhecem como
parte integrante de seu patrimônio cultural”. No Decreto-Lei 3.551, de 4 de agosto de
2000 estão estabelecidas as formas de registro dos Bens Culturais Imateriais, em um
dos quatro livros básicos do IPHAN, sendo o livro I, o Livro de Registro dos Saberes
“onde serão inscritos conhecimentos e modos de fazer enraizados no cotidiano das
comunidades”.
Desta forma, considerando os conhecimentos tradicionais como bens culturais
imateriais, podemos inferir que é possível fazer do registro de tais conhecimentos
como bens imateriais uma forma de proteção jurídica aos conhecimentos tradicionais
associados ao patrimônio genético. Através do registro junto ao IPHAN, garantir-se-ia
a comprovação de tais conhecimentos no manejo e uso de plantas medicinais, por
exemplo, como no caso de Manaquiri, de tal forma que um princípio ativo patenteado
fora do Brasil que fosse comprovadamente associado à essas comunidades teria mais
chance de ter a patente revogada, ou ter seus lucros repartidos com as comunidades
e o país de origem.

Considerações finais

“As plantas realmente curam, porque elas são medicamentos. Isso não é
crendice” (Revilla, 2014). Esta afirmativa, baseada em inúmeras pesquisas realizadas,
não apenas na região amazônica, mas em outros biomas existentes na fauna e flora
brasileiras, por si só, já exigiria um sistema de proteção da biodiversidade mais eficaz.
A biopirataria é fato consumado no extenso território nacional e a morosidade nas
ações do legislativo perante a questão (notadamente a demora de 14 anos em relação
à regulamentação da Lei da Biodiversidade), tornam a fiscalização e aplicação de
sanções e multas ainda mais difícil. O conhecimento tradicional, no entanto, encontra
ainda menos amparo jurídico, visto que muitas comunidades tradicionais sequer
fazem o registro de seus conhecimentos por escrito, o conhecimento tradicional é
passado por gerações através da oralidade, das práticas culturais, do conhecimento
ancestral.
O reconhecimento destas práticas através do registro do patrimônio imaterial
parece poder contribuir na salvaguarda de direitos das comunidades tradicionais. Por
tratar-se de um registro formal, que relata as práticas coletivas do patrimônio cultural,
a patrimonialização não legitima mais ou menos esta prática, mas pode garantir
comprovação de que a mesma está relacionada aos conhecimentos tradicionais
associados ao patrimônio genético. Caberia, nesta inferência, aos agentes
relacionados ao Patrimônio Cultural, difundir as relações interdisciplinares do
patrimônio imaterial com as práticas, manejos e usos da biodiversidade, ampliando o
debate acerca dos registros das comunidades, no intuito de proteger os
conhecimentos tradicionais e as reservas biológicas nacionais da biopirataria.

Referências

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