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CONHECIMENTOS

TRADICIONAIS
E
PATRIMÔNIO CULTURAL
IMATERIAL

FORMAS DE PROTEÇÃO

Nizete Lacerda Araújo


Alessandra Fonseca Leal
Dario Alves De Oliveira

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS


MONTES CLAROS – MINAS GERAIS
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS - UNIMONTES

NIZETE LACERDA ARAÚJO


Advogada e consultora em Propriedade Intelectual
Assessora em Propriedade Intelectual na FAPEMIG

ALESSANDRA FONSECA LEAL


Licenciada em Letras
Gestora em Ciência e Tecnologia no Núcleo de Propriedade
Intelectual e Inovação Tecnológica da UNIMONTES

DARIO ALVES DE OLIVEIRA


Professor do Departamento de Biologia Geral da UNIMONTES
Coordenador do Núcleo de Propriedade Intelectual
e Inovação Tecnológica da UNIMONTES

REVISÃO: Beatriz do Nascimento Gomes

PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO: Marcos Aurélio Maia

2006
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS

ÁGORA – Núcleo de Propriedade Intelectual


e Inovação Tecnológica

Campus Universitário Professor Darcy Ribeiro


agora@unimontes.br

Gestão 2006

REITOR
Professor Paulo César Gonçalves de Almeida

VICE-REITORA
Professora Tânia Marta Maia Fialho

PRÓ-REITOR DE PESQUISA
Professor Mário Rodrigues de Melo Filho

COORDENADOR DO NÚCLEO DE PROPRIEDADE


INTELECTUAL E INOVAÇÃO TECNOLÓGICA - ÁGORA
Professor Dario Alves de Oliveira
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS
ÁGORA – Núcleo de Propriedade Intelectual
e Inovação Tecnológica
agora@unimontes.br

Apoio:
SUMÁRIO

PREFÁCIO ........................................................................ 8

APRESENTAÇÃO ................................................................. 10

INTRODUÇÃO .................................................................... 11

CONHECIMENTOS TRADICIONAIS ............................................. 12

Relevância ....................................................................... 13

Recursos genéticos ............................................................ 14

Folclore .......................................................................... 20

BENS IMATERIAIS ............................................................... 21

Como proteger ................................................................. 22

Procedimentos para registro ................................................ 25

POSFÁCIO ........................................................................ 29

REFERÊNCIAS .................................................................... 30
PREFÁCIO

A
cartilha “Conhecimentos Tradicionais e
Patrimônio Cultural Imaterial: formas de
proteção”, vem ao encontro da cultura de
disseminação da proteção à propriedade
intelectual iniciada por muitas instituições de ensino e pesquisa no
Estado de Minas Gerais e apoiada pela FAPEMIG.

Sabe-se que os conhecimentos tradicionais têm sido desenvolvidos


ao longo de muitas gerações sem a necessidade de um sistema formal
de propriedade intelectual. Muitos dos conhecimentos tradicionais já
foram amplamente divulgados e, à luz das normas e legislações exis-
tentes de propriedade intelectual, já se constituem como de domínio
público. Percebe-se que a proteção dos conhecimentos tradicionais
é buscada em vários aspectos e tem sido tentada por diversas comu-
nidades em vários países, como Índia, Paquistão, Chile e o próprio
Brasil. Faz sentido, portanto, ser requerida pelas comunidades por vá-
rias razões, dentre elas, o fato de que a proteção dos conhecimentos
tradicionais preserva a identidade cultural de seus titulares e pode,
ainda, representar um benefício pecuniário, através da transforma-
ção deste conhecimento em bem material intangível. O conhecimento
tradicional, não tem valor só econômico ou jurídico, mas também um
valor social e cultural para estas comunidades, através do reconheci-
mento do desenvolvimento de diversas práticas que enriquecem seus
detentores.

A UNIMONTES, ao patrocinar e conduzir a discussão sobre as for-


mas de proteção dos conhecimentos tradicionais na região, revela o
seu comprometimento em relação à questão da propriedade intelec-
tual não só do conhecimento científico, mas também do tradicional.
Os autores e co-autores demonstram maestria e competência e real-
çam a importância dos temas abordados: conhecimentos tradicionais,
Núcleo de Propriedade Intelectual e Inovação Tecnológica - Ágora | 9

recursos genéticos, folclore, bens imateriais de comunidades indíge-


nas e o mais importante, como protegê-los e os instrumentos e proce-
dimentos para fazê-lo.

Por isso, a leitura desta Cartilha, que visa despertar o interesse


pelo tema é de grande importância. Ao reconhecer os direitos de
nossas comunidades, começamos a reconhecer os nossos próprios
direitos.

Tenham todos uma boa leitura.

Professor Mario Neto Borges, PhD


Diretor Científico da FAPEMIG
APRESENTAÇÃO

O
Norte do Estado de Minas Gerais é rico
em manifestações culturais e tradicio-
nais. Comunidades tradicionais, indí-
genas, quilombolas entre outras fazem
parte do conjunto da diversidade cultural e dos conhecimentos tra-
dicionais. Os conhecimentos tradicionais são representados pelos
artesanatos, festas, grupos folclóricos e usos de recursos genéticos
que são componentes da estrutura familiar do s povos que habitam
a região. A cartilha “Conhecimentos Tradicionais e Patrimônio Cul-
tural Imaterial : Formas de Proteção” é uma pequena contribuição
para o grande desafio do Núcleo de Propriedade Intelectual e Ino-
vação Tecnológica da Universidade Estadual de Montes Claros de
desenvolver ações para valorização e preservação das riquezas do
Norte do Estado de Minas Gerais.

Dario Alves de Oliveira, DS


Coordenador do Núcleo de Propriedade Intelectual
e Inovação Tecnológica da Unimontes
Núcleo de Propriedade Intelectual e Inovação Tecnológica - Ágora | 11

INTRODUÇÃO

C
om o avanço da área da Propriedade Intelectual no mundo
globalizado, novas discussões e novos temas têm merecido
a atenção de especialistas, empresas, governo e sociedade
civil com maior freqüência.

A sociedade preocupou-se com a proteção àqueles conhecimen-


tos geradores de novas tecnologias e daqueles advindos das criações
do espírito humano pela legislação da Propriedade Intelectual.

Assim, atualmente existe legislação específica para proteção aos


direitos autorais, ao programa de computador, às cultivares e à pro-
priedade industrial (patentes, marcas, desenho industrial, indicações
geográficas).

Há determinados tipos de conhecimento igualmente importantes


que se caracterizam como manifestações do espírito humano, produ-
zidos de maneira coletiva, e de grande importância para manutenção
das referências culturais criadas por determinadas comunidades, que
circulam no mercado gerando bens econômicos.

Essas informações, denominadas “conhecimentos tradicionais”,


não foram recepcionados pela legislação da Propriedade Intelectual,
possuindo atualmente a chamada proteção sui generis , isto é, único
em seu gênero.

Essas Cartilha pretende abordar de forma sintetizada este tema,


esperando, modestamente, contribuir com a sua divulgação e assim
incentivar o debate sobre o mesmo.
12 | Conhecimentos Tradicionais e Patrimônio Cultural Imaterial

CONHECIMENTOS TRADICIONAIS

E
ntende-se por conhecimentos tradicionais todas as formas de
expressões, práticas, costumes, crenças e conhecimentos pro-
duzidos ao longo dos anos, passados de geração em geração,
por uma determinada comunidade. São formas de desenho,
celebrações, rituais e métodos para produção de alimentos, pratos e
medicamentos a partir de recursos naturais.

Nos conhecimentos tradicionais encontram-se aquelas criações


tradicionais e naturais ligadas aos recursos genéticos, ao folclore e
artesanato.

Segundo Santilli, as medidas norteadoras desse regime devem


reconhecer a titularidade coletiva, por se reportar às identidades e
referências culturais coletivas, sendo que tal coletividade pode se
referir a um único grupo ou a várias comunidades, até mesmo geo-
graficamente distantes uma da outra, incluindo também as gerações
anteriores. A legitimidade e reconhecimento dos conhecimentos tra-
dicionais devem ainda, ser estruturadas a partir dos critérios internos
desses povos.

A enorme sociodiversidade brasileira impede a adoção de


uma norma homogênea ou critério único de representação, afi-
nal são centenas de povos tradicionais, com enormes diferenças
étnicas e culturais vivendo em distintos ecossistemas. (SANTILLI,
2007)

É consenso que a criação de mecanismos para evitar a apropria-


ção indevida dos conhecimentos tradicionais seja institucionalizada e
posta em prática. Tais mecanismos além de oferecer uma proteção a
esse patrimônio popular permitem aos interessados que acessem de
forma respeitosa tais recursos, sem infringir os direitos das comuni-
dades e agredir o meio ambiente.
Núcleo de Propriedade Intelectual e Inovação Tecnológica - Ágora | 13

A discussão sobre os conhecimentos tradicionais tem sido liderada pe-


los países em desenvolvimento em contrapartida aos interesses dos países
desenvolvidos, sendo consolidada principalmente pelo Acordo TRIPS, que
trata dos aspectos econômicos relacionados à propriedade intelectual.

Desde as últimas décadas do século passado vem se desenvolven-


do um esforço no âmbito internacional, visando garantir uma proteção
adequada aos conhecimentos tradicionais. Alguns resultados têm sido
obtidos em algumas dessas áreas e em outras o assunto foi entregue à
legislação nacional de cada país.

Porém, se ainda não há o que comemorar em relação a esse tema,


há disposição e necessidade de avançar.

Nos dizeres de Denis Barbosa,


por mais desiguais que sejam os pesos da proprieda-
de intelectual de mercado, e o dessa proteção das
criações tradicionais e naturais, o fato de que exis-
tam direitos a ambas pretensões reduz resistências,
aumenta o bem estar ideológico, e justifica algumas
das práticas mais ferozes do darwinismo econômico.
(BARBOSA, 2003)

RELEVÂNCIA

A importância e relevância dos conhecimentos tradicionais têm


merecido a atenção não só de países como de organismos e órgãos
nacionais e internacionais.

O Seminário Internacional sobre Conhecimentos Tradicionais e


Artesanato, realizado em São Luís do Maranhão, em 2002, por exem-
plo, aprovou uma Declaração em que se reconhece a importância da
função dos conhecimentos tradicionais e do folclore como fonte de
riqueza e de promoção da dignidade humana.
14 | Conhecimentos Tradicionais e Patrimônio Cultural Imaterial

Por reconhecer tal importância e para que os titulares de conhe-


cimentos tradicionais, do folclore e do artesanato possam se benefi-
ciar da proteção intelectual a esses bens, a mencionada Declaração
fez 03 (três) recomendações a seguir sintetizadas:

a) que se procure promover estudos para sensibilização e divul-


gação desse tema com a colaboração da OMPI , dos Estados e
dos representantes dos titulares desses direitos, inclusive pro-
cedendo a consultas regionais, com atenção especial a África
e América Latina;

b) realização de estudos avançados sobre esses bens imateriais


pela OMPI com vistas a delinear a proteção jurídica mais con-
veniente a esses conhecimentos;

c) apoio ao trabalho do Comitê Intergovernamental da OMPI so-


bre propriedade intelectual, recursos genéticos, conhecimen-
tos tradicionais e folclore enquanto foro apropriado para tal
debate, visando alcançar a salvaguarda desses diversificados
patrimônios no interesse dos povos a que pertencem, assim
como de toda a humanidade.

E como essa, outras iniciativas têm sido adotadas tanto no âmbito


nacional, quanto internacional com o objetivo de aproximar o tema
da população, especialmente daquelas detentoras desses conheci-
mentos como as comunidades ribeirinhas e as populações indígenas,
para exemplificar.

RECURSOS GENÉTICOS

Alguns conhecimentos tradicionais são relacionados com o patri-


mônio biológico do país e não são tutelados pela legislação da proprie-
dade intelectual.

Especialmente os países em desenvolvimento são detentores de


Núcleo de Propriedade Intelectual e Inovação Tecnológica - Ágora | 15

uma diversidade biológica de grande importância tanto para si mes-


mos quanto para o globo terrestre.

Boa parte dessa biodiversidade é recolhida em forma de semen-


tes, tubérculos, espécimes e outras amostras para estudos e pesquisas
científicas, muitas das vezes de maneira ilícita, e transportadas para
outros países onde são armazenadas em bancos de germoplasma, re-
produzidas, modificadas, o que resulta com freqüência em patentes
de valor internacional.

Tal situação leva a uma perda sistemática da megadiversidade biológi-


ca dos países dela detentores, sobremaneira daqueles em desenvolvimen-
to, que reconhecidamente são os mais ricos nessa questão. E pela maneira
como esses recursos são apropriados por terceiros, às vezes de maneira
predatória, perde-se também o controle da diversidade biológica do pró-
prio país, além de se perder a possibilidade de qualquer ganho econômico
advindo da exploração desses recursos biológicos perdendo, portanto, o
país, além da sua diversidade biológica, o ganho em divisas econômicas.

Em contrapartida para aqueles que se apropriam indevidamente


do material biodiverso, geralmente os países desenvolvidos, os ganhos
são de grande proporção quer pela disponibilidade da variedade de
recursos biodiversos para as suas pesquisas a custo perto de zero, quer
pelo potencial dos resultados que poderão advir das pesquisas em for-
ma de novas soluções tecnológicas e de patentes bastante valorizadas
no mercado mundial.

Nunca é demais registrar que o Brasil é um dos países mais ricos em


biodiversidade no planeta, entendendo-se aí não só as espécies que se
encontram na Amazônia, mas todas as que estão pelo território nacio-
nal, como, apenas para exemplificar, aquelas que se encontram no pan-
tanal mato-grossense, cerrado, caatinga e mata atlântica brasileira.

Atualmente os métodos para produção de medicamentos a partir


da biodiversidade têm sido a espécie mais cobiçada e pirateada dos
conhecimentos tradicionais.
16 | Conhecimentos Tradicionais e Patrimônio Cultural Imaterial

Com o objetivo de combater tais práticas, medidas governamentais


em todo o mundo estão sendo elaboradas e pragmatizadas. Uma delas é a
Recomendação sobre a Salvaguarda da Cultura Tradicional e Popular,
de 1989, em que a Organização das Nações Unidas para a Educação,
a Ciência e a Cultura – UNESCO incentiva e ratifica a importância da
proteção de tais bens intelectuais para “desenvolver, manter e difun-
dir em larga escala este patrimônio, tanto no país de origem quanto
no exterior, sem atentar contra interesses legítimos.” (RECOMENDA-
ÇÃO DE PARIS, 1989:05)

No Brasil, há uma preocupação especial com os conhecimentos


das comunidades indígenas e dos “mateiros” . Tramitaram no Congres-
so Nacional três projetos de lei que propuseram a regulamentação
para a situação: o Projeto de Lei nº 306/95 da senadora Marina Silva;
uma Emenda Constitucional, de 1998, encaminhada pelo poder exe-
cutivo, e o Projeto de Lei Nº 4579/1998 do deputado Jaques Wagner.

Há ainda a Medida Provisória 2126-11 de 2001, homologada pelo


Decreto 3.945/01, que foi elaborada a partir dos projetos menciona-
dos acima.

A regulamentação brasileira sobre os conhecimentos tradicionais


referentes aos recursos genéticos encontra-se em várias normas legais
que têm auxiliado na manutenção de algum controle da apropriação
indevida sobre os mesmos.

Em primeiro lugar encontra-se na Constituição Federal de 1988


que assegura a “todos” o direito ao meio ambiente ecologicamente
equilibrado, considerado um bem comum do povo e portanto essen-
cial a uma qualidade de vida sadia, cabendo ao Poder Público e à
coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as gerações
do presente e futuras. E para tanto, entre outras providências, deve
o Poder Público preservar a diversidade e a integridade do patrimô-
nio genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e
manipulação de material genético e aplicar sanções às condutas e
Núcleo de Propriedade Intelectual e Inovação Tecnológica - Ágora | 17

atividades consideradas lesivas ao meio ambiente, sejam os infratores


pessoas físicas ou jurídicas .

De especial importância na proteção dos recursos genéticos,


aliados aos conhecimentos tradicionais, é a Convenção da Diver-
sidade Biológica – CDB, aprovada em 1992 na Conferência das Na-
ções Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada
no Rio de Janeiro com a participação de 178 países, contando
atualmente com 187 países signatários.

Essa Convenção teve a importância, dentre outras, de chamar a


atenção do mundo para o valor da diversidade biológica e de garantir a
soberania de cada Estado sobre a biodiversidade de seus territórios.

No que se refere aos recursos genéticos, é de especial relevância


na sua proteção o artigo 8º, inciso “j”, que estabelece que cada Parte
Contratante da Convenção na medida do possível deverá de acordo
com a sua legislação, respeitar, preservar e manter o conhecimento,
as inovações e as práticas das comunidades indígenas e locais que
envolvam estilos tradicionais de vida relevantes para a conservação
e utilização sustentável da diversidade biológica e promover a sua
aplicação mais ampla, com a aprovação e participação dos detentores
desse conhecimento, inovações e práticas, e encorajar para que os
benefícios derivados da utilização desse conhecimento, inovações e
práticas sejam eqüitativamente partilhados (CONVENÇÃO DA DIVERSI-
DADE BIOLÓGICA, 1992.)

Observa-se, portanto, que a CDB ao estabelecer pela primeira


vez a relação entre a conservação da biodiversidade e o desenvol-
vimento da biotecnologia estabelece as condições de “aprovação e
participação” dos detentores do conhecimento tradicional relacio-
nado com os recursos genéticos e o compartilhamento dos “benefí-
cios derivados da utilização desses conhecimentos”.

De acordo com Denis Borges Barbosa, a Convenção sobre Diver-


sidade Biológica, de 1992, trouxe uma nova consideração ao sistema
18 | Conhecimentos Tradicionais e Patrimônio Cultural Imaterial

jurídico, a da preservação de conhecimentos tradicionais como patri-


mônio de caráter intelectual, assim como a pretensão do controle de
cada Estado sobre seu patrimônio genético próprio. (BARBOSA, 2003)

Não é pretensão deste trabalho trazer uma análise detalhada


da CDB, mas é importante lembrar que dentre os seus objetivos
encontram-se:

- a conservação da diversidade biológica;

- a utilização sustentável dos componentes da diversidade bioló-


gica e a repartição justa e eqüitativa dos benefícios advindos
da utilização dos recursos genéticos;

- o acesso adequado aos recursos genéticos e a transferência


adequada das respectivas tecnologias.

A norma brasileira que regulamenta a proteção dos bens men-


cionados na CDB entende conhecimento tradicional associado como
informação ou prática individual ou coletiva de comunidade indígena
ou de comunidade local, com valor real ou potencial, associada ao
patrimônio genético e a comunidade local, incluindo remanescentes
de comunidades de quilombos, distinto por suas condições culturais,
que se organiza, tradicionalmente, por gerações sucessivas e costu-
mes próprios e que conserva suas instituições sociais e econômicas.

O acesso e uso da biodiversidade e do conhecimento tradicional


associado aos recursos genéticos, tardiamente, iniciou a sua regula-
mentação no Brasil a partir da Medida Provisória - 2.186-16, de 2001.

Esta Medida Provisória tem como princípios básicos norteadores a


conservação da biodiversidade, a utilização sustentável de seus com-
ponentes e a repartição justa e eqüitativa dos benefícios oriundos da
utilização dos recursos genéticos associados aos conhecimentos tra-
dicionais e cria no âmbito federal, no Ministério do Meio Ambiente, o
Conselho de Gestão do Patrimônio Genético - CGEN.
Núcleo de Propriedade Intelectual e Inovação Tecnológica - Ágora | 19

Algumas sanções administrativas são previstas na Medida


Provisória para aquelas ações ou omissões violadoras das suas
normas, tais como advertência, multa e apreensão das amostras
do patrimônio genético extraído de forma ilícita.

Portanto, o conhecimento tradicional relacionado ao patrimônio


genético no Brasil não tem a sua proteção acolhida pela propriedade
industrial por meio de patente, por exemplo, mas pela legislação aci-
ma mencionada.

As comunidades indígenas e locais têm o direito assegurado pela


CDB e pela MP 2186-16/01 de decidirem se repassam, ou não, seus
conhecimentos tradicionais de uso da biodiversidade para terceiros
que não pertençam a essas comunidades.

Esses terceiros necessitam de autorização das comunidades para


acessar os seus conhecimentos e para conceder tal autorização essas co-
munidades devem entender o destino das informações que serão repas-
sadas, a geração ou não de benefícios econômicos em decorrência do uso
das mesmas e como será o compartilhamento desses benefícios.

Só a partir desse entendimento é que a comunidade dará auto-


rização para o acesso ao conhecimento. Tal autorização será forma-
lizada em um Contrato de Repartição de Benefícios firmado entre a
comunidade e a Instituição de Pesquisa ou empresa.

Os benefícios mencionados na legislação não precisam neces-


sariamente referir-se a ganhos financeiros, podendo o terceiro in-
teressado e a comunidade acordarem sobre uma outra forma de
benefício, como por exemplo recuperação de áreas degradadas,
apoio a projetos da comunidade, capacitação de recursos huma-
nos ou outras formas que atendam aos interesses das comunidades
cedentes do conhecimento tradicional.

Porém, a legislação, no que se refere aos recursos genéticos


associados ao conhecimento tradicional, não está totalmente regu-
20 | Conhecimentos Tradicionais e Patrimônio Cultural Imaterial

lamentado. Alguns grupos sociais, empresariais, acadêmicos e go-


vernamentais continuam se mobilizando para aperfeiçoamento da
legislação em vigor.

FOLCLORE

Desde os anos oitenta ao final dos anos noventa foi adotada como
definição de folclore a que se segue:
Folclore é o conjunto das criações culturais de uma
comunidade, baseado nas suas tradições expressas
individual ou coletivamente, representativo de sua
identidade social. Constituem-se fatores de identifi-
cação da manifestação folclórica: aceitação coletiva,
tradicionalidade, dinamicidade, funcionalidade. Res-
saltamos que entendemos folclore e cultura popular
como equivalentes, em sintonia com o que preconiza
a UNESCO. A expressão cultura popular manter-se-á no
singular, embora entendendo-se que existem tantas
culturas quantos sejam os grupos que as produzem em
contextos naturais e econômicos específicos. (CARTA
DO FOLCLORE, 1951:01)

Segundo Nuno Thomas (apud BARBOSA, 2003), nas três últimas


décadas houve uma revalorização de esforços internacionais para
garantir às expressões de folclore um regime jurídico de proteção
adequada, cujas dificuldades técnico-jurídicas ainda não foram so-
lucionadas.

Até o momento ainda não existe um instrumento jurídico de âm-


bito internacional que estabeleça princípios mínimos e regras aplicá-
veis ao folclore que vincule os Estados, constituindo-se em parâme-
tros de referência, a exemplo do que acontece com a Convenção de
Paris, para a propriedade industrial e da Convenção de Berna, para
direitos autorais.
Núcleo de Propriedade Intelectual e Inovação Tecnológica - Ágora | 21

De maneira geral, as regras de proteção a essa criação estética


é aplicada pela legislação nacional, tendo como conseqüência trata-
mentos variados ao assunto ao redor do mundo.

O impacto sociocultural e econômico das variadas expressões do


folclore é predominantemente acentuado nos países em desenvolvi-
mento que atualmente lideram o debate sobre o tema, com o objetivo
de obter a adequada proteção a essas expressões, o que não recebe a
mesma atenção dos países desenvolvidos.

Atualmente questiona-se o emprego da expressão “folclore” en-


tendendo alguns que o mesmo é limitante dos conhecimentos que se
pretende proteger. Há também aqueles que levantam a questão se
o folclore seria protegido pelo direito de autor. Contudo, a doutrina
mais atualizada respalda a não-proteção por essa área da propriedade
intelectual, ou seja, a não-proteção do folclore pelo direito autoral e,
sim, por uma modalidade de proteção sui generis.

BENS IMATERIAIS

Bens Imateriais são as expressões culturais tradicionais, de cria-


ção coletiva e transmissão oral de uma geração para outras perten-
centes a comunidades locais e às comunidades indígenas.

No entender de Santos (1991), cultura é o comportamento da


sociedade, é a busca para se entender o percurso que trouxe os seres
humanos até o presente e que os levará a seu futuro.

A cultura é, então, a forma como os seres vivos se organizam e os


meios que eles utilizam para sobreviver biológica e historicamente.

Gilberto Velho reconhece tanto a importância da atuação de


órgãos institucionais para garantir e dignificar a memória da cultu-
22 | Conhecimentos Tradicionais e Patrimônio Cultural Imaterial

ra popular, reagindo a preconceitos de todas as ordens, quanto da


relevância do trabalho dos pesquisadores de cultura popular para
poder conhecer melhor o país e promover uma ação social de apoio
aos setores mais carentes. (VELHO, 1994:69)

A Constituição Federal no mencionado parágrafo primeiro do ar-


tigo 215 expressamente estabelece:
- § 1º O Estado protegerá as manifestações das culturas
populares, indígenas e afro-brasileiras, e das de outros
grupos participantes do processo civilizatório nacional.

Se por um lado, esses bens não recebem a proteção do direito de


autor, por outro o constituinte brasileiro deixou, como se depreende
do texto constitucional, a possibilidade de criação de alternativas le-
gislativas para a proteção dos mesmos, havendo assim as bases cons-
titucionais para o desenvolvimento de formas de proteção.

Para a UNESCO, a cultura adquire formas diversas através dos


tempos e é uma fonte de intercâmbio, de inovação e de criatividade
tão importante para o gênero humano quanto o é a diversidade bioló-
gica para a natureza (DECLARAÇÃO UNIVERSAL SOBRE A DIVERSIDADE
CULTURAL , 2001).

O registro dos bens imateriais é o reconhecimento da representa-


tividade e da importância da arte como identidade e distinção de uma
coletividade para a sociedade. É o comprometimento do Estado em
salvaguardar, preservar e promover a cultura registrada.

COMO PROTEGER

Por não terem sido recepcionados pela legislação específica da


propriedade intelectual recebendo uma proteção “sui generis”, os co-
nhecimentos tradicionais, bens imateriais que são, têm merecido a
Núcleo de Propriedade Intelectual e Inovação Tecnológica - Ágora | 23

atenção das discussões nos fóruns internacionais e aos poucos alguns


avanços resultantes dessas discussões são registrados.

Enquanto no nível internacional as discussões continuam, no Bra-


sil já podemos indicar algumas formas de proteção desses conheci-
mentos tradicionais.

A primeira proteção recebida pelo assunto na lei brasileira encon-


tra-se na Constituição Federal. Além do artigo 215 supramencionado,
e no artigo 216 que estabelece:
Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os
bens de natureza material e imaterial, tomados indivi-
dualmente ou em conjunto, portadores de referência à
identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos for-
madores da sociedade brasileira, nos quais se incluem:

I – as formas de expressão;

II – os modos de criar, fazer e viver;

III – as criações científicas, artísticas e tecnológicas;

IV - as obras, objetos, documentos, edificações e de-


mais espaços destinados às manifestações artístico-
culturais;

V – os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico,


paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico,
ecológico e científico.

Uma das maneiras utilizadas para proteção dos bens culturais


de natureza imaterial não recepcionados pela propriedade intelec-
tual encontra-se regulamentada pelo Decreto Federal Nº 3.551, de
04/08/2000. Por sua vez os estados da federação também dispõem
de normas regulamentadoras desses bens. No estado de Minas Gerais
existe o Decreto Nº 42.505, de 15 de abril de 2002.

Tal proteção se dá por meio de registro do bem imaterial no


Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional - IPHAN.
24 | Conhecimentos Tradicionais e Patrimônio Cultural Imaterial

O Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional - IPHAN de-


fine como “Patrimônio Cultural Imaterial” os bens culturais imateriais
tais como “práticas, representações, expressões, conhecimentos e
técnicas - junto com os instrumentos, objetos, artefatos e lugares
culturais que lhes são associados - que as comunidades, os grupos
reconhecem como parte integrante de seu patrimônio cultural”.

No Brasil a preocupação com bens culturais imateriais teve


início em 1936, com o escritor Mário de Andrade. No entanto, só
em 1997 o assunto foi objeto de atenção mais específica, com a
Carta de Fortaleza. Essa carta foi elaborada a partir do Seminário
do Patrimônio Imaterial, que sugere estratégias e formas de identi-
ficação, proteção e preservação dos bens imateriais não protegidos
pela propriedade intelectual.

Há um decreto-lei de 1937 de nº 25, que normatiza algumas ques-


tões quanto ao Patrimônio Cultural, no entanto, ele é mais voltado
para os Bens Materiais.

Em 1998, o então Presidente da República Fernando Henrique


Cardoso sancionou a Lei nº 9.649, de 27/05/1998 que delega ao Minis-
tério da Cultura a responsabilidade do Patrimônio Histórico Cultural.

Em 4 de agosto de 2000, o mesmo Presidente, baixa o Decreto-Lei


3.551 que estabelece procedimentos para o registro dos Bens Cultu-
rais Imateriais.

Esse decreto cria quatro livros básicos, nos quais os bens imate-
riais deverão ser inscritos, conforme apreciação e critérios do IPHAN.
São eles:
I - Livro de Registro dos Saberes, onde serão inscritos
conhecimentos e modos de fazer enraizados no coti-
diano das comunidades;

II - Livro de Registro das Celebrações, onde serão ins-


critos rituais e festas que marcam a vivência coletiva
Núcleo de Propriedade Intelectual e Inovação Tecnológica - Ágora | 25

do trabalho, da religiosidade, do entretenimento e


de outras práticas da vida social;

III - Livro de Registro das Formas de Expressão, onde


serão inscritas manifestações literárias, musicais,
plásticas, cênicas e lúdicas;

IV - Livro de Registro dos Lugares, onde serão ins-


critos mercados, feiras, santuários, praças e demais
espaços onde se concentram e reproduzem práticas
culturais coletivas.

Dentre os vários documentos disponíveis no sítio do IPHAN, há


a Convenção para Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial, de
17 de outubro de 2003, que é resultado da 32º reunião da UNES-
CO, na mesma data. Esse documento é um Acordo entre os países
membros da UNESCO que preconiza medidas para a salvaguarda dos
bens imateriais.

PROCEDIMENTOS PARA REGISTRO


DE BENS IMATERIAIS NO IPHAN

1 - Apresentação de requerimento, em documento original, datado e


assinado, acompanhado obrigatoriamente das seguintes informações
e documentos:

I - identificação do proponente;

II - denominação e descrição do bem proposto para registro,


com indicação do que consiste, da participação e atuação
dos grupos sociais envolvidos (os criadores do bem), do lo-
cal onde ocorre ou se situa, do período e da forma em que
ocorre;
26 | Conhecimentos Tradicionais e Patrimônio Cultural Imaterial

III - documentação iconográfica disponível, adequada à na-


tureza do bem, tais como fotografias, desenhos, vídeos, fil-
mes, gravações sonoras, partituras, e similares;

IV - declaração formal de representante da comunidade pro-


dutora do bem, ou de seus membros, demonstrando o interes-
se e a anuência com a instauração do processo de registro.

2 - A instrução técnica do processo:


(que significa produção e/ou sistematização de conhecimento sobre o bem)

I - elaboração de descrição pormenorizada do bem que con-


temple todos os seus elementos culturalmente relevantes -
identificação dos produtores, formas de produção, contexto
cultural específico, significados atribuídos no processo de
produção, circulação e consumo - sua origem e evolução
histórica, dados etnográficos e sociológicos (essa descrição
pode ser elaborada por meio da aplicação da metodologia
do Inventário Nacional de Referências Culturais -INRC, sob
supervisão do DID/Iphan);

II - referências documentais e bibliográficas;

III - reunião e apresentação de todo o material bibliográfico


e audiovisual produzido sobre o bem e/ou que lhe seja perti-
nente;

IV - complementação ou produção de documentação audiovi-


sual que dê conta do bem cultural.

Esta etapa tem um prazo de execução previsto de até 18


(dezoito) meses.

Ressalta-se que todo o procedimento é acompanhado pelo IPHAN,


cabendo a ele o treinamento e orientação de todo o processo de re-
gistro, desde a coleta do material até o parecer sobre se o bem é ou
não passível de registro.
Núcleo de Propriedade Intelectual e Inovação Tecnológica - Ágora | 27

O endereço eletrônico do IPHAN dispõe de uma série de docu-


mentos que informam todo o histórico da salvaguarda dos bens ima-
teriais no país. Assim como há alguns decretos disponíveis na internet
(http://www.iphan.gov.br), que também indicam o suporte legal,
tais como:

• Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Cul-


turais, de 1966;

• Recomendação da UNESCO sobre salvaguarda da cultura po-


pular, de 1989;

• Convenção para a Proteção do Patrimônio Mundial Cultural


e Natural, de 1972;

• Declaração da UNESCO sobre diversidade cultural, de 2001;

• Declaração de Istambul, de 2002;

• Programa de Proclamação de Obras-Primas do Patrimônio


Oral e Imaterial da Humanidade.

No sítio do Instituto estão disponíveis ainda alguns registros de


Patrimônio Cultural Imaterial já realizados no Brasil, como o Ofício das
Paneleiras de Goiabeiras no Espírito Santo; a Arte Gráfica dos Índios
Wajãpi, do Amapá; do Círio de Nazaré, do Pará; do Samba de Roda do
Recôncavo Baiano; da Feria de Caruaru e do Frevo de Pernambuco,
dentre outros.

Para os Bens Materiais, como tombamento de prédios e praças


históricos o procedimento é diferente e foge ao objetivo desta
Cartilha.

De acordo com a Constituição Federal, cabe simultaneamente às


três esferas do governo a proteção dos bens culturais. De acordo com
a importância e representatividade de um bem, este pode ser tombado
no âmbito nacional, estadual ou municipal.
28 | Conhecimentos Tradicionais e Patrimônio Cultural Imaterial

O reconhecimento da importância e do valor cultural de um bem


por essas instituições depende de suas características, sua história e
do valor que representa para a região e seu povo.

Em Minas Gerais, os tombamentos de sítios históricos e do patri-


mônio arquitetônico fica a cargo do Instituto Estadual do Patrimônio
Histórico e Artístico de Minas Gerais, e é regido pela lei Nº 13.464, de
12 de janeiro de 2000.
Núcleo de Propriedade Intelectual e Inovação Tecnológica - Ágora | 29

POSFÁCIO

N
a introdução a esta Cartilha foram apresentados como seus
objetivos a abordagem sintetizada dos conhecimentos tra-
dicionais e das suas formas de proteção, assim como incen-
tivar a divulgação e discussão sobre o tema.

É difícil avaliar o quanto a nossa pretensão será alcançada, mas


temos a certeza de que o leitor a partir de agora terá uma nova visão
sobre o patrimônio imaterial brasileiro. É necessário que assim o seja
para preservação e proteção da pluralidade cultural da qual somos
detentores.

A preservação desses conhecimentos trará benefícios tanto para o


país quanto para a humanidade porque nos dizeres de Hanna Arendt.

“Quem habita este planeta não é o Homem, mas os homens. A


pluralidade é a lei da Terra.” Hanna Arendt – 1906-1975

Nizete Lacerda Araújo


Alessandra Fonseca Leal
Dario Alves de Oliveira

UNIMONTES/FAPEMIG – 2006.
30 | Conhecimentos Tradicionais e Patrimônio Cultural Imaterial

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