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R R R P
Capitulo 5
135
ÓIS
NACIONALISMOS ESPANH
poder
palavra, não lhes tendo sido atribuído qualquer
meramente cultural da amentos polí.
be ra no . De not ar que o legislador constituinte, fruto dos alinh
so
ticos da época, nem equas ciono
u seriamentetsa instituição de um Estado federa)
er unitário de Espanha.
sublinhando explicitamente o caráct
da política esta-
Os sistemas político e eleitoral ditaram a bipartidarização
eita, o PP (depois da queda
tal espanhola, com um grande partido de centro-dir , o
e partido de centro-esquerda
da UCD e da refundação da AP), e um grand
cas de Espanha em cada
PSOE. O domínio das duas maiores formações politi
conjunto, tém
legislatura fica patente pela percentagem de lugares que, em
o de deputa-
ocupado no parlamento. O momento em que o peso, em nimer
var no Grá-
dos, das duas principais forgas foi mais baixo, como se pode obser
fico 3, registou-se na legislatura que teve infcio em 1989, com uns expressivos
de
80.6% do total. J4 o valor mais elevado foi produto das eleigdes legislativas
2008, quando os deputados do PSOE e do PP constituiram 92,3% de todos os
parlamentares eleitos.
GrAFICO 3
Deputados eleitos pelos dois partidos/coligações mais votados
em eleições legislativas espanholas (em percentagem)
:
95
80 12 TEAA
75 '
ST EfEE i E R B R A AAN
e
Ano
f im ttA
N o i lo
capitu anterior,
.
Ll
foram destacadas as principais linh condutoras do
136
NACIONALISMO ESPANHOL CONTEMPORÂNEO
———————
137
PANHÓIS
NACIONALISMOS ES
1. Nacionalismo de Estado
vistfd‘:)u.se98 . vízºãap;º&ssºm
9
universitários, investigadores e jornalistas entre”
alham para meios préximos dos nacionalismos basco º
138
NACIONALISMO ESPANHOL CONTEMPORÂNEO
aqueles
que © nacionfllls“_“’ ”?‘“h"l é uma realidade com peso político. Já
RN EN Anacion lisimg
AN anhsol quei vá ealém doglradicali
ocalismo
qu ap od o esp smo
pegaram à existência de um
ção fazer qualquer extra-
de extrema-direita. N'º_ - _pmtende com esta considera vante a indicação de
polação de base quantitativa, mas não delxa de ser rele
“mmmchobservadawlongodx leiture ada andl
do is e de campo
trabalho
que p;uidiu a este texto.
s com a maioria e
poderiam ser destacadas três posições menos alinhadaUria
. Edurne rte, académica
que vão mais ao encontro do modelo proposto
ta em afirmar a existência de um
posicionada no conservadorismo, não hesi -
a reserva gene
nacionalismo espanhol.(2) A explicação dada pela própria para sa
alismo ao falar da defe
ralizada em relação à utilização do conceito de nacion
o de vista
de Espanha prende-se com o facto de o termo ser utilizado, do pont
alismos étnicos. Uriarte assume a
político, sobretudo, para qualificar os nacion
, mas caracteriza-o como sendo
utilização do conceito de nacionalismo espanhol
ce óbvia a remissão para a contra-
político, por oposição ao étnico. Aqui, pare
meiro capítulo, entre nação cívica e
posição, mencionada no princípio do pri
nação étnica.
r de Sociologia na Univer-
No campo socialista, Tmanol Zubero, professo
08 a 2011), reconhece que existe
sidade do País Basco e senador pelo PSE (20
stão mais importante está na sua
um nacionalismo de Estado, mas que a que
smo moderno pode ser compatível
actuação.(?) Considera que um nacionali e do
nacional cultural, mas que boa part
com o reconhecimento da pluralidade
em relação à dimensão plural de Espa-
nacionalismo espanhol é muito reactivo utor do
to pelas listas do PSC e co-a
nha. Já Daniel Fernández, parlamentar elei existéncia de
ensaio A favor de Esparia y del catalanismo, também admite a
com o
ion ali smo esp anh ol ass umi do através do Estado, 2 semelhanga
um nac sifica-0 como
Portugal, mas, no essenc ial, clas
que acontece com Franga ou com ais
do cataldo, salvo casos individu
de direita e conservador.(*) Para este deputa
o PSO E ndo sust enta pos i¢o es naci onalistas espanholas. A esquerda
pontuais, espanhol, mas por
ao de coesdo do território
também contempla uma dimens
aldade dos cidadaos.
via do Estado social, que garante a igu
——n
, 16 de Novembro de 2010.
() Entrevista a Edurne Uriarte. Madrid
16 de Setembro de 2010.
(j) Entrevista a Imanol Zubero. Bilbau, 1.
Madrid, 10 de Fevereiro de 201
() Entreyista a Daniel Fernndez.
NACIONALISMOS ESPANHÓIS
140
NACIONALISMO ESPANHOL CONTEMPORÂNEO
por p:evalºººf nos úl.nmos al.los e, mesmo com o PP na oposição durante duas
Jegislaturas, conseguiu arregimentar uma base de apoio política e social muito
;eleVªl“ª-
(O Ver Eduard Bonet, Santiago Pérez-Nievas e Maria José Hierro, “Espaãia en 125
umas: territorialización del voto e identida d nacional en las elecciones de 2008” in José
Ramon Monterto e Ignacio Lago (eds.), Elecciones Generales 2008, Madrid, Centro &
Investigaciones Sociológicas, 2010, p. 343.
(') Tradução do autor. Ver Sebastian Balfour e Alejandro Quiroga, Espaa reinventada.
Nación e identidad desde la Transición..., p. 222.
() Ver Eduard Bonet, Santiago Pérez-Nievas e Maria José Hierro, “Espafia
en 135
umas: territorialización del voto e identidad nacional en las elecciones
de 2008”..., P 340
142
NACIONALISMO ESPANHOL CONTEMPORÂNEO
” 000 militantes, um número que não s(_)fria grande contestação e que quase
quplicava 05 eflt.zn'ce‘rca de .360.000 filiados de um PSOE que acabara de
revalidar à sua mamm.i relativa no pfirlamento.(") Mais importante, a base
eleitoral continuou muito forte e consistente, com o PP a voltar a subir, em
acima dos 10 milhões de votos, algo inédito, na histéria das eleigoes
3
icas espanholas, para a segunda forga mais votada.
Como é visivel nos Gréficos 4 e 5, desde a reinstituigéo do sistema demo-
crático, 0 PP tem vindo a ganhar peso eleitoral, sendo particularmente relevan-
tes dois momentos desubida acentuada: o do colapso da UCD, que permitiu à
AP ocupar 0 lugar de principal forga do centro-direita, a partir das eleições de
1982; e 0 da consolidagdo da lideranga interna de José Maria Aznar, a partir
das eleigdes de 1993, ano em que finda a série de trés maiorias absolutas do
PSOE de Felipe Gonzdlez (1982, 1986 e 1989).
GrAFICO4
Evolução da AP/PP e do PSOE
em eleicdes legislativas espanholas (em percentagem)
60
50
h
A A . & 2 : N Iy °
30— —g— U o A|
20
0 E g
) —— —— — - —
58885888888 REREE
Ano
®APPP APSOE
Fonte: Elaborado com base nos dados de Ministerio del Interior — Gobierno de Esparia,
2012
afiliacion para
(') Ver Cristina de la Hoz, “El PP pone en marcha una campafa de
4Pt 25,000 militantes más”, ABC, 21 de Novembro de 2008, p. 21.
143
NACIONALISMOS ESPANHÓIS
GRAFICO 5
Evolução da AP/PP e do PSOE
(em milhares de votos)
em eleições legislativas espanholas
(S
12000 a ET c
10000 ARy 7
E
8000
4000
2000 E F
i8R BBERRE
g—'m‘vx)hylm—-"m.,,',\o'_’;
besssess
ºr—o«-—m'm
Ano
OAP/PP APSOE
Fonte: Elaborado com base nos dados de Ministerio del Interior — Gobierno de Espaiia,
2012
144
NACIONALISMO ESPANHOL CONTEMPORÂNEO
3. Rede de apoios
os
0 programa reformista de Rodriguez Zapatero não se limitava a arranj
m
territoriais ou A mera revisão conceptual da identidade espanhola. També
a
procurou actuar no campo social. As suas tentativas de reforma permitirdo
quase todas estas
oposição conservadora revelar-se firme e determinada em
trouxe de volta,
vertentes, numa quebra clara dos consensos da Transição, o que
a’. A acção
em alguns sectores, a dialéctica de confronto entre as “duas Espanh
a concepção de
governamental e as resisténcias suscitadas deixam patente que
da organização
uma identidade pode não se limitar aos pontos de vista acerca
territorial ou das politicas linguistica e cultural. As diferengas a respeito dos
uma iden-
valores e das politicas que se pretendem como caracterizadoras de
tidade também podem ser muito importantes. Por exemplo, a vontade manifesta
entre pessoas do
de Zapatero em fazer aprovar a legalizagao dos casamentos
mesmo sexo pode ser interpretada como uma vontade de colocar Espanha entre
145
ÓIS
NACIONALISMOS ESPANH
: J
lfour e Alejand
() Ver Sebastian Ba.,
*
Quiroga, Esp aii a rei nventada. Nación
tidad desde la Transición..p. 225. ejandro —
Zapatero 2004-. : x
(') Ver Antonio Papell, de la crispo.
ipatero 2004-2008: La legislatura
p. 263.
146
NACIONALISMO ESPANHOL CONTEMPORA|
NEO
de
() A quarta disposição transitória da Constituição de 1978 prevê a possibilidade
Navarra integrar a comunidade autónoma do País Basco. Esta decisão deverá ser tomada
referendo regional.
pelo órgão foral competente (parlamento de Navarra) e ratificada em
Ver Constitución Espafíola..., p. 37.
aspira a entrar en el Par-
(%) Ver Francesc Bracero, “Ciutadans nace como partido y
lament”, La Vanguardia, 10 de Julho de 2006, p. 23.
te de Ciutadans con
(%) Ver Jaume Bauzà, “Albert Rivera logra salir reelegido presiden
.com/diario/2007/07/02/
una oposición del 40%”, El País, 2 de Julho de 2007, http://elpa.is
catalunya/1183338443 850215.html [25 de Março de 2012].
cions Institucionals — Generalitat de Cata-
(%) Ver Departamentde Governacid i Rela
lunya, s/data
147
NACIONALISMOS ESPANHÓIS
(") Manuel Altozano, “El partido de Díez y Savater pide la devolución al Estado %º
las competéncias de educacién”, El Pais, 30
1i0/2007/09/30/espan de Setembro de 2007, hm//dp,;s.com/d"'
a/1191103210_850215
htm [25 de Mar gode 2012):
(") Ver Ministerio del Interior
— Gobierno de Espaiia, 2012.
('*) : Ver José i
Ignacio We t, Eleccioi - Análisis inar,
preliminar: Madrid:
A
Fundacién Ciudadania y Valores, 201; ":-;Genemkx e —
148
NACIONALISMO ESPANHOL CONTEMPORÂNEO
149
NACIONALISMOS ESPANHÓIS
et
i Mi i P, oo
05 medios y el poder politico
y corporativo”, Viento Sur, 05
103 =
(fª) Ver Fernando Jáureg
ui, La decepcién: crénica amarga y secreta de cuatro ãos
de cn;pación..., pp- 319-321.
(*) Tradução do autor, 1
É Ver Charo
:;n nbler t;m22 /(;'t;;;as E
; El Mundo.es, Marco s, “El Gobierno permite
Ã. .
undo 31 de Julho de 2005
9leomunicacion/1122640389 html [25 hW”."““'ºmunwg
de Margo de 2012)-
150
NACIONALISMO ESPANHOL CONTEMPORÂNEO
151
ESPANHÓIS
NACIONALISMOS
e pol iti caa larg a esc ala com o objectivo de levarº pSOE
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Amagnimdedaviolenciaverbaleaem&mãoqa
que ocu pou os car gos de dir ect -’d‘
or-adjpubliunto do A EI País e de"” directormás.dºfmfl
ção do canal de noticias CNN+, insul
la derecha de la caverna , em que est
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e ão com centenmas de frases
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() Ver RosarioG. Gó TOT i 0.
- Gómez, “Los ultras conqui dnASºª;;ªl# |
aguiexio, “El oménginelgo/1L280634754_8502o15htm! p25de
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http:/e pai s.c om/ dia ri
2 0/2010/08/01/d E
NACIONALISMO ESPANHOL CONTEMPORA
ANEO
,
(') Ver José Marfa Izquierdo, Las mil frases mds ferozes de la derecha de la caverna
Madrid, Editorial Aguilar, 2011. pp. 49-52.
(%) Ver Xosé M. Niifiez Seixas, Patriotas y Democralas...
reinventa da. Nación e iden-
: an Balfour e Alejandro Quiroga, Espafia
(*) Ver Sebasti
lidad desde la Transicion..., pp. 76-77 € 239-
nacionalismos
(*) Ver Xosé Manoel Núfiez Seixas, “La nac ión contra sf misma:
Nacionalismo espaiol,
espaiioles durante la Guerra Civil (1936-39)” in Carlos Taibo (ed.),
Madrid, Catarata, 2007, pp. 102-103.
153
NACIONALISMOS ESPANHÓIS
actual
circunstâncias contribuíram para que, durante os primeiros anos do
pelos
regime democrático, o nacionalismo espanhol tenha vivido condicionado
.xCIlS vínculos políticos e conceptuais à ditadura que dirigiu o país entre 1939
e 1975/76.
O perdurar da associação entre nacionalismo espanhol e franquismo poderá
ter sido ainda potenciado pela ausência de uma ruptura formal no processo
evolutivo que conduziu à democracia. Ao ter partido dos quadros mais liberais
do próprio sistema autoritário e não de uma revolução ou de um golpe militar
(como no caso português), a Transição impediu uma separação clara das águas
políticas e colocou sérios entraves à livre renovação daquela que constituíra
uma das bases conceptuais do discurso e da forma como o anterior regime se
definia. Xosé Manoel Niifiez Seixas considera que o nacionalismo espanhol, a
partir de 1975, entra num período de invisibilidade em função de três factores:
quebra de legitimidade por ter sido apropriado pelo franquismo; legitimação
paralela dos nacionalismos centrífugos pela sua oposição à ditadura; e ausência
do anti-fascismo (que protagonizou o fim de outras ditaduras de extrema-
-direita, em 1945) como elemento legitimador.(**)
Apesar dos contratempos e das dificuldades, o nacionalismo espanhol não
se diluiu e acabou por fazer um percurso que, embora lento, lhe permitiu à
plena incorporação no sistema democrático. A discussão, redacção e aprova
ção da Constituição de 1978 terá marcado o inicio do recuo de uma pote""
cial deriva autoritária. A Constituição assume sem hesitações a nação espt
nhola como titular da soberania do Estado, o que faz de Espanha um Estado-
-nagdo sem paliativos, apesar do reconhecimento de elementos de diversidade
interna . També m parece inegável que a sua elaboragdo não terd primado P
::icslãâl;ld;de-do elemento democrático, sendo muito pmvável.que ‘e'c‘::‘
154
NACIONALISMO ESPA
NHOL CONTEMPORÂNE
O
156
NACIONALISMO ESPANHOL CONTEMPORÂNEO
Cºnclusãº
Agora, como nos séculos xmx e XX, 0 motor da identidade nacion al espanhola
ontinua à Ser © .E,stado, ou a actuação a partir deste. Obviamente, o quadro
é muito diferente df! de períodos anteriores, sobretudo em função da
maior soãstid_lçãlº dos mf*ºª empregues, dª democracia política, da descen-
* territorial e da integração europeia, o que também explica o enorme
Fºmgonismº que a ºPf)SÍç⺠pode ªdqmnr .0 nacionalismo espanhol mudou
e no período defnocráfwº, conseguiu actualizar-se e demonstrar agilidade, ao
actuar em três dimensões — acção, discurso e autodefinição. Para isso, teve o
contributo de um Estado que, -= de.mocratim—se política e territorialmente,
deixou de ser um bloco monolítico e inquestionável e contribuiu para a própria
democratização do nacionalismo. Com a democracia, surgiram partidos que,
20 disputar o poder e ao demonstrar que tinham um projecto, adquiriam posi-
ções de grande destaque.
O principal desafio do nacionalismo espanhol contemporâneo acaba por
ser a ‘concorréncia interna’ em relação à identidade nacional que preconiza.
Se, no final do século x1x, estes debates ficavam limitados aos meios intelec-
tuais, a identidade nacional €, actualmente, em Espanha, no País Basco e na
Catalunha, um tema recorrente e sobre o qual a cidadania parece estar infor-
mada. No próximo capítulo, procurar-se-á demonstrar que o Estado autonó-
mico, ao contrário do inicialmente previsto, acabou por dinamizar a pluralidade
identitária no território espanhol, fomentando, inclusivamente, o desenvolvi-
mento de novas identidades e provocando uma autêntica revolução territorial
eidentitária em Espanha. O papel dos nacionalismos basco e catalão foi parti-
cularmente activo, funcionando como locomotiva do Estado autonémico (ou
dapluralidade identitdria) e favorecendo uma situação de auténtica concorrén-
cia (conflito) com o nacionalismo centripeto espanhol.
157