JUDÁ: A trajetória até a promessa (Gn 37.26-27; 49.8-11; Ap 5.

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• Judá começou a ter certo destaque no capítulo 37 de Gênesis, mesmo capítulo que
começa a apresentar de forma mais detalhada a história de José. José é o nome que
nos vem a mente quando se trata da reta final do livro de Gênesis, e não é a toa, já que
a sua história possui grande importância para o próprio povo de Israel, além de ser
uma história que trata sobre confiança e obediência a Deus, mesmo diante de
adversidades, injustiças e tribulações.
• Todavia, nota-se que entre o capítulo 37 e o capítulo 39, o capítulo 38, ao invés de dar
um esperado prosseguimento linear à história de José, se concentra em uma paralela
história de Judá. Sabemos que no texto original não há a presença de capítulos e
versículos, então o texto era contínuo. Logo, qual o sentido em Deus revelar um
história que aparentemente se concentra em determinado personagem da escritura,
mas subitamente muda o foco para outro que até então era um dos “vilões”?
• Vamos passar pela história de Judá para tirarmos algumas conclusões;

>Em Gn 37.26-27, é citado que Judá foi aquele que sugeriu a ideia de José ser vendido;

>Em Gn 38 ocorre a história paralela de Judá que, dependendo de como se a lê, não terá
facilidade para entender certas particularidades. Deve-se notar que essa história de Judá
ocorre em consonância com a de José, já que José ficou muito tempo sem ver sua família.

1. Em Gn 38.1-11, Judá constrói uma família, tendo 3 filhos. Todavia, acaba perdendo 2
filhos por conta da desobediência destes ao Senhor. Detalhe: Jacó também “perdeu” 2
filhos, só que temporariamente;
2. Em Gn 38.12, Judá perde a sua amada esposa e fica de luto. Detalhe: seu pai Jacó
perdeu Raquel, com quem teve 2 filhos;
3. Em Gn 38.13-19, Judá não reconhece Tamar por conta das suas roupas e, depois de
uma negociação, acaba tendo relações com ela, a sua nora, a qual os seus falecidos
filhos também tinham casado antes de serem mortos pelo Senhor. Todavia, Judá não
sabia que era Tamar, pois ela estava vestida com roupas que remetiam a prostituição.
4. Em Gn 38.20-23, Judá tenta pagar a sua parte da negociação com Tamar, mas não
consegue;
5. Em Gn 24-26, Judá ouve que Tamar estava grávida, mas não sabia que era filho seu. Ele
diz que ela deve ser queimada, mas então Tamar mostra para Judá que ela era a
prostituta com a qual ele teve relações. Judá demonstra arrependimento, e cita que
não cumpriu com a promessa que fez a seu filho.
6. Em Gn 38.27-30 os filhos que Judá teve com Tamar nascem. Após isso, damos
continuidade à história de José;
• Alguns pontos a se ressaltar sobre essas passagens é que Judá passou por momentos
difíceis após a venda de José no capítulo anterior. Judá até tenta ter uma vida normal
após o ocorrido com o seu irmão mais novo, mas percebemos que Judá precisou
passar por um processo;
• Judá teve que experimentar algumas coisas que o seu próprio pai experimentou para
que ele percebesse o que havia feito, até porque a dor é um instrumento de Deus para
moldar o nosso caráter:
 1. Judá não se importou com o fato de que seu pai perdera alguém que ele
amava, mas também chegou momento onde ele precisou passar pelo luto,
inclusive por conta da ira de Deus em relação aos seus filhos (Gn 38.7-10);
2. Judá não teve empatia por José, mas sentiu empatia pelo seu filho quando
notou que não cumpriu uma promessa a ele (Gn 38.26);
3. Judá tentava encobrir o que fazia de errado, achando que não daria em
nada, tentando viver inconsequentemente (Gn 37.31-32), mas chegou um
momento no qual ele não pôde deixar de contemplar o que fez (Gn 38.25).
É reflexivo notarmos que Judá tentou ocultar um erro junto aos seus
irmãos, mesmo que seu pai sofresse por seu filho. Mas posteriormente,
por alguém ocultar informações necessárias, agora é ele que lamenta o
mal que fez a um filho seu.
4. Judá era materialista e interesseiro (Gn 37.26) e achou que os seus
perversos interesses não ocasionariam dano. Agora, por conta de se
interessar por uma prostituta, ele acabou não honrando o seu filho e isso o
marca profundamente, a ponto dele nunca mais se deitar com Tamar (Gn
38.26);
• Em tese, o capítulo 38 traz a tona o processo que Judá passou após cometer os seus
erros. Judá teve uma tratativa profunda em seu caráter, que o fez mudar
drasticamente.
• Judá, que passou pela dor, se compromete em levar e trazer Benjamim em segurança
após o primeiro reencontro com José (Gn 43.9). É interessante notar que ele se
compromete justamente pela sua família (Gn 43.8);
• Depois que José arquiteta uma situação, todos os seus irmão voltaram com lamentos.
Mas Judá, ao falar com José, demonstra toda a mudança que houve nele (Gn 44.16-
34). Nota-se que Judá foi bastante franco e altruísta, ao ponto de se oferecer por
Benjamim, atitude totalmente diferente da que ele teve com José (Gn 37.26-27);
• Das vezes que José poderia ter chorado na frente de seus irmãos, ele se revela
justamente quando Judá, aquele que quis vendê-lo, se humilha diante dele para
proteger seu irmão mais novo.
• Muito se fala da tribo de Judá, mas creio que antes dessa tribo ter destaque, Judá teve
que se humilhar o bastante.
• A narrativa progride até Israel abençoar seus filhos (Gn 49).

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• Judá merecia ter sido amaldiçoado pela sua atitude para com José, mas recebeu
justamente as maiores bênçãos (Gn 49.8-11);
• Ao passo que José passa por uma trajetória até ser governador, Judá passa por uma
trajetória até seu caráter mudar. Todos passamos por processos, que não são os
mesmos. E todos têm a sua relevância.
• Judá é mencionado como Leão (Gn 49.9). Nas tribos, haviam símbolos, e o símbolo da
tribo de Judá é justamente um leão. Uma curiosidade é que ainda hoje, o que está
presente na bandeira da cidade de Jerusalém é um leão.
• Reis vieram da descendência de Judá, inclusive o Rei dos Reis.
• É interessante notar que Davi, Salomão, os reis de Judá e Jesus vieram do fruto da
relação entre Judá e Tamar narrada justamente no capítulo 38 de Gênesis (Mt 1.3).
• Só Deus para extrair uma linda história de uma trama que envolve, de certa forma, algo
que é motivo de vergonha para alguém.
• Jesus é o Leão da Tribo de Judá (Ap 5.5). Nota-se que Ele é mencionado como Leão da
Tribo de Judá, mas aparece como o Cordeiro (Ap 5.6);