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REVISÃO / REVIEW

Vigilância epidemiológica: conceitos e Maria Ilk Nunes de Albuquerque 1


institucionalização Eduardo M. Freese de Carvalho 2
Luci Praciano Lima 3

Epidemiological surveillance: concepts and 1 Departamento de Enfermagem. Centro de Ciências da Saúde.

institutionalization
Universidade Federal de Pernambuco.
Rua Prof. Moraes Rego, s/n. Hospital das Clínicas. Campus
Universitário. Cidade Universitária. Recife, Pernambuco, Brasil.
CEP: 50.670-901. Tel: (81) 327.18543
2 Pós-Graduação do Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães. Escola
Nacional de Saúde Coletiva da Fundação Oswaldo Cruz.
Departamento de Medicina Social. Centro de Ciências da Saúde.
Universidade Federal de Pernambuco.
3 Departamento de Medicina Social. Centro de Ciências da Saúde.
Universidade Federal de Pernambuco.

Abstract This article, based on literature review, Resumo O artigo expõe, com base em uma revisão
addresses relevant conceptual and institutional as- da literatura, aspectos relevantes da conceituação e
pects of Epidemiological Surveillance (ES) in public institucionalização da Vigilância Epidemiológica
health policies as well as the use of the term "surveil- (VE) enquanto prática de saúde pública e aborda
lance" and the incorporation of the term "epidemio- também, a utilização do termo “vigilância” e a incor-
logical". Epidemiological surveillance in the context poração do qualificativo “epidemiológica”. Apresen-
of sanitary legislation focuses on diseases of manda- ta-se a VE no contexto da legislação sanitária, com
tory notification to health authorities which in time ênfase nas doenças de notificação compulsória, que
has become one of the priorities of the National Sys- têm representado ao longo do tempo uma das priori-
tem for Epidemiological Surveillance. There is an ef- dades do Sistema Nacional de Vigilância Epidemio-
fort to describe factors impacting ES institutionaliza- lógica. Procuram-se descrever fatores que repercutem
tion where the difficulty of adoption and/or object re- na institucionalização da VE, onde se inclui a dificul-
definition, methods and proposals are focused. Due dade de adoção e/ou redefinição do objeto, métodos e
to its scope in the process of health decentralization, propósitos. Devido à abrangência das suas
principally at the municipal level, this represents an atribuições no processo de descentralização da
effective opportunity not only for the evaluation of ES saúde, principalmente na instância municipal, esta
policies, but for the understanding of mechanisms re- representa um espaço efetivo tanto para a avaliação
mitting to the use of the new terminology concerning da prática da VE, quanto para a compreensão dos
"Public Health Surveillance", internationally adopted mecanismos de abordagem que remetem à utilização
since the 90's. de novas terminologias à luz da ”Vigilância em Saúde
Key words Epidemiological surveillance, Diseases Pública” adotada internacionalmente desde a década
notification, Institutionalization de 90.
Palavras-chave Vigilância epidemiológica, Notifi-
cação de doenças, Institucionalização

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Albuquerque MIN et al.

O estudo tem como objetivo apresentar uma relação a esses fatos, Costa,3 acrescenta que a con-
evolução cronológica da “vigilância” e seus múlti- juntura sanitária do início do século XX, foi a etapa
plos conceitos, bem como, concepções, configu- mais importante das políticas de saúde pública no
rações e possibilidades de atuação, enquanto prática país, merecendo destaque na “historiografia
de saúde pública institucionalizada, em um processo brasileira”. Os estudos se concentravam na com-
dinâmico. O termo “vigilância” tem sido objeto de preensão da amplitude da resistência política e cul-
redefinições com significados internacionalmente re- tural da época que suscitaram ações de controle em
conhecidos, em que pese a relevante importância da saúde.
aplicabilidade das suas ações. Desde a Idade Média Outra consideração de Costa,3 expressa que: as
e até os séculos XVII e XVIII, o vocábulo “vigilân- três primeiras décadas do século XX, podem ser
cia” era vinculado aos conceitos de isolamento e referidas como um período de “hegemonia das políti-
quarentena. No entanto, a vigilância enquanto "ins- cas de saúde pública”, cujo modelo de atenção em
trumento de saúde pública" surgiu no final do século saúde era orientado, principalmente, para o controle
XIX, com o desenvolvimento da microbiologia. A de epidemias e para a adoção generalizada de ações
sua prática, em todo o mundo, pautava-se nas de imunização. Ancorado-se nesse referencial, sem
chamadas doenças pestilenciais, como a varíola e a absorver eventuais possibilidades de distorções que
febre amarela, e à execução de medidas "poli- pudessem existir, a vigilância configurava a sua atu-
cialescas".1 ação no país, pautada exclusivamente nas doenças
Uma designação ao termo vigilância, adotada na transmissíveis, como resultado da concepção da qual
Inglaterra no século XIX, por Farr, e citada por Wald- emergiu.
man (1998: 10)2 foi a de "inteligência epidemiológi- Retornando ao pólo de discussão das re-
ca", compreendida como sendo a "... faculdade ou definições do termo “vigilância”, verifica-se que, na
habilidade de aprender, apreender ou compreender", primeira metade da década de 60, consolidou-se, in-
bem como, num sentido mais restrito, de "...obter e ternacionalmente, uma maior abrangência de sua
dispor de informações particularmente secretas." O conceituação. Waldman,4 destaca que o conceito de
termo “inteligência”, pelo seu significado de caráter vigilância passou a ter um sentido mais amplo e foi
predominantemente militar foi substituído por “vi- desenvolvido, inicialmente, por Langmuir e por Ras-
gilância”, em 1955, e aplicado pela primeira vez em ka. O primeiro atuava, no Centers for Diseases Con-
saúde pública. trol (CDC) em Atlanta nos Estudos Unidos da
No Brasil, no início do século XX, (1902) quan- América (EUA) e o segundo, no Instituto de Micro-
do eclodiu a epidemia de peste no Rio de Janeiro, biologia e de Epidemiologia de Praga, na
uma lei do Congresso Nacional estabeleceu as bases Tchecoslováquia. Assim, em 1963 Langmuir, citado
para os serviços de defesa sanitária da então Capital por Waldman (1993: 46), 4 define vigilância como
Federal, e visando superar tal situação, impôs a noti- sendo: "A observação contínua da distribuição e
ficação obrigatória dos casos de tifo, cólera, febre tendências da incidência de doenças mediante cole-
amarela, peste, varíola, difteria, febre tifóide, tuber- ta sistemática, consolidação e avaliação de informes
culose aberta e lepra ulcerada. As pessoas que omi- de morbidade e mortalidade, assim como de outros
tissem a notificação de quaisquer dessas doenças es- dados relevantes e a regular disseminação dessas in-
tariam sujeitas aos rigores do Código Penal, e pode- formações a todos que necessitam conhecê-las."
riam sofrer penalidades que iam desde o pagamento A partir de 1964, Raska, conforme Waldman,4 se
de multas até a prisão, segundo Costa. 3 Este autor preocupou em diferenciar a “vigilância” da pesquisa
ressalta que em 1914, a legislação sanitária brasileira epidemiológica, agregando ao termo “vigilância” o
se expandiu para 19 inspetorias de saúde distribuídas qualificativo "epidemiológica", propondo inclusive,
pelo litoral brasileiro, extrapolando o eixo Rio - São a ampliação das suas ações para outras doenças,
Paulo. Essas inspetorias teriam como prioridade vi- além das doenças transmissíveis. No ano seguinte, a
gilância do cólera, da febre amarela e da peste, pau- designação foi consagrada internacionalmente, com
tando-se em medidas sanitárias permanentes. Excep- a criação da Unidade de Vigilância Epidemiológica
cionalmente outras doenças infecciosas teriam as da Divisão de Doenças Transmissíveis da Organiza-
medidas de prevenção definidas de acordo com a ção Mundial da Saúde (OMS). Desse modo, a vigilân-
“particularidade” de cada ocorrência. cia epidemiológica (VE) passou a ser interpretada
Nesse mesmo ano, foi definida outra relação de como o acompanhamento sistemático de doenças na
doenças de notificação compulsória, contendo as comunidade, com o propósito de aprimorar as medi-
seguintes doenças: febre amarela, peste, cólera, das de controle.
varíola, impaludismo, lepra, tifo e tuberculose. Em Nesse sentido, a Campanha de Erradicação da

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Vigilância epidemiológica

Varíola (CEV) (1966-1973), tomando como referên- sáveis para conhecer em todo momento o comporta-
cia as experiências do programa de erradicação da mento ou história natural das doenças, detectar ou
malária, na década de 50, auxiliou no aprimoramen- prever qualquer mudança que possa ocorrer por al-
to e incorporação das atividades da vigilância epi- terações dos fatores condicionantes, com o fim de
demiológica aos programas de controle de doenças recomendar oportunamente, sobre bases firmes, as
transmissíveis no mundo. No Brasil, notadamente, a medidas indicadas à prevenção e controle da
CEV motivou a ampliação da vigilância epidemio- doença" (Fossaert et al.; 1974: 522).8 Partindo desse
lógica às doenças imunopreveníveis, e subsidiou a enfoque, Paim,9 aponta para o fato de que, em meio
elaboração, em 1969, do sistema nacional de notifi- a uma grave crise sanitária no país, na década de 70,
cação semanal de doenças.5 Vale registrar, que a con- as discussões sobre vigilância epidemiológica ga-
cepção de vigilância epidemiológica enquanto "in- nhavam continuidade e consistência.
formação para a ação", aplicável à rede de serviços Em 1975, por recomendação da V Conferência
de saúde, no país, foi introduzida oficialmente no iní- Nacional de Saúde, a “vigilância epidemiológica”
cio da década de 70, ainda durante a CEV.1 passou a ser, institucionalmente, definida no país em
Em 1968, realizou-se a XXI Assembléia Mundial bases legais, através da Lei Federal 6.259 de 1975,
de Saúde, na qual ocorreram discussões técnicas so- assim: "A vigilância epidemiológica compreende as
bre a vigilância epidemiológica. Na ocasião, foi aceita informações, investigações e levantamentos
a incorporação, como objeto do seu interesse, de ou- necessários à programação e à avaliação das medi-
tras doenças e agravos, além das doenças transmis- das de controle de doenças e de situações de
síveis. A vigilância foi adquirindo, assim, um sentido agravos à saúde" (Brasil. Lei ...; 1975: 4433), 10 a
amplo e mais estratégico.1 Contudo, a ampliação da ênfase é na atuação sobre as doenças transmissíveis,
abrangência do objeto da VE para outras doenças, tendo sido incluídas na relação das doenças de noti-
além das doenças transmissíveis sugeria uma cons- ficação compulsória, algumas doenças imunopre-
trução extremamente complexa na produção de co- veníveis. A lei foi regulamentada pelo Decreto
nhecimentos, exigindo uma dinâmica institucional de 78.321 de 1976,11 que instituiu o Sistema Nacional
produção contínua e sistemática de informações in- de Vigilância Epidemiológica (SNVE) e o conceitua
dividuais e/ou coletivas, que pudessem configurar a como o conjunto de informações e investigações
“nova demanda”, focalizada na reorganização da sua necessárias à programação e a avaliação das ações
prática. de controle de doenças e de agravos à saúde. No arti-
A percepção crescente da importância da prática go 13 (I) do referido decreto, ficou definido que fos-
da VE, levou a Organização Mundial da Saúde e a sem consideradas como informações básicas para o
Organização Panamericana da Saúde (OPAS), na dé- funcionamento do SNVE a notificação compulsória
cada de 70, a incentivarem a criação de sistemas de de doenças, as declarações e/ou atestados de óbito
vigilância epidemiológica nos países em desenvolvi- os estudos epidemiológicos realizados por autori-
mento, ampliando as ações para um conjunto maior dades sanitárias e a notificação de agravos inusita-
de doenças transmissíveis. Esses sistemas visavam, dos e outras doenças, cuja ocorrência de casos jul-
principalmente, a redução da morbimortalidade en- gada anormal, fossem plausíveis para a adoção de
tre crianças e jovens. Nesse enfoque, a vigilância medidas de controle de âmbito coletivo.
epidemiológica surge conjugada às diversas ações de O conjunto de doenças, então consideradas de
controle de doenças e de agravos.6 maior relevância para o país, regulamentado pelo
Em 1973, no I Seminário Regional dos Sistemas Decreto 78.321 de 1976, 11 foi o apresentado a
de Vigilância Epidemiológica de Enfermidades seguir:
Transmissíveis e Zoonoses das Américas, realizado Doenças sujeitas ao Regulamento Sanitário In-
no Rio de Janeiro, que ocorreu em plena epidemia de ternacional: varíola, febre amarela, peste e cólera;
meningite meningocócica no Brasil, a discussão so- Doenças vinculadas ao Programa Nacional de
bre a vigilância epidemiológica sofreu um grande Imunização: poliomielite, sarampo, tétano, difteria,
impulso. 7 Baseados nesse evento, Fossaert et al. 8 coqueluche, raiva, febre tifóide e doença meningocó-
publicaram em 1974, um artigo fazendo uma revisão cica;
conceitual da “vigilância epidemiológica”, estabele- Doenças controláveis através de ações coorde-
cendo uma definição abrangente, contemplando o nadas por órgãos específicos do Ministério da Saúde:
propósito, as funções, as atividades e as modalidades malária, hanseníase, tuberculose e meningites em
operacionais. Assim, definiram a “vigilância epi- geral.
demiológica” como sendo: "... o conjunto de ativi- Isso posto, passou a predominar a idéia de que,
dades que permite reunir informações indispen- partindo de programas específicos e de resultados

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Albuquerque MIN et al.

concretos em relação ao controle de doenças, se or- um seminário sobre: "As Perspectivas da Epidemi-
ganizassem estruturas nos níveis nacional, estadual e ologia frente à Reorganização dos Serviços de
regional que pudessem apoiar tecnicamente, os Saúde".16 Nesse evento, evidenciou-se que as limi-
serviços de saúde na utilização do método epidemio- tações da vigilância epidemiológica poderiam ser en-
lógico. Vale salientar que, o decreto antes referido, frentadas em duas dimensões. A primeira partiria da
não inclui o município como uma das instâncias res- necessidade de constituir-se em parte do sistema de
ponsáveis pelo SNVE.12 informação em saúde interinstitucional que não dis-
O SNVE, não se resume, pelo menos ao consi- crimine a informação epidemiológica da operacional
derar os dispositivos legais existentes, às doenças - o que prejudica a análise, tanto das condições de
transmissíveis, cabendo inclusive distintas interpre- saúde como dos serviços; a segunda dimensão refe-
tações à leitura de sua definição. Embora a prática e ria-se à ampliação do seu objeto de trabalho com a
as experiências disponíveis de sua aplicação demons- introdução de métodos inovadores de vigilância de
trem a heterogeneidade com que veio a ser implanta- grupos populacionais de alto risco e monitoramento
do, continua-se privilegiando o grupo das doenças de exposição a fatores de risco.
transmissíveis. E essa não é uma característica ape- No contexto da redemocratização do país, e no
nas do sistema de vigilância epidemiológica do âmbito dos paradoxos existentes no próprio proces-
Brasil. Goodman et al.13 destacam que, durante a dé- so, ocorreu em 1986, o evento mais importante das
cada de 70, a vigilância de saúde pública dos EUA, últimas décadas do século passado, do ponto de vista
se concentrava, quase que exclusivamente, na de- político-sanitário, a VIII Conferência Nacional de
tecção e no seguimento de casos de determinadas Saúde.17 O destaque é dado, principalmente, por seu
doenças transmissíveis. caráter democrático, imprimindo uma dinâmica de
A retomada da discussão sobre o emprego do intercâmbio entre diferentes atores sociais envolvi-
método epidemiológico para outras doenças e dos no setor saúde, na construção da proposta de re-
agravos, que não as doenças transmissíveis, foi tema forma sanitária brasileira. O seu relatório final influ-
do "Seminário sobre Usos y Perspectivas de la Epi- enciou de forma significativa a elaboração e con-
demiologia", realizado em Buenos Aires, na Argenti- cretização das propostas relativas à saúde, na Consti-
na em 1983, 14 sob a coordenação da OPAS. Desse tuição Federal de 1988,18 que instituiu o Sistema Úni-
evento, surgiu a indicação de que as atividades da co de Saúde (SUS).
VE fossem ampliadas, passando a incluir as doenças Mais adiante, após vários debates para regula-
crônicas, as "causas externas", as doenças rela- mentar a implantação do SUS, foi elaborada a Lei
cionadas ao processo de trabalho, e outros agravos à Orgânica da Saúde (LOS), Lei Federal 8.080 de
saúde. 1990, 19 que dispõe sobre as condições para a pro-
Entretanto, algumas observações são feitas em moção, proteção e recuperação da saúde, implemen-
relação à ampliação do objeto e das atividades da tando-se em seguida, as constituições estaduais e as
vigilância epidemiológica, com a inclusão de outros leis orgânicas municipais. Em relação ao objeto es-
agravos no seu campo de abrangência. Goldbaum pecífico deste estudo observa-se, como parte das
(1992: 61), 15 destaca que: "O modelo criado para transformações ocorridas, que a Lei 8.080 de 1990
um conjunto de doenças passíveis de controle ou considera o município como instância privilegiada
prevenção coletivas passa “acriticamente” a ser para o desenvolvimento das ações de saúde, e reco-
aplicado para outras tantas situações, nas quais sua nhece a importância da descentralização da vigilân-
eficácia ou pertinência é duvidosa." O autor citado, cia epidemiológica ampliando a sua definição para:
deixa evidente a necessidade de se aprofundarem as "O conjunto de ações que proporcionam o conheci-
discussões, com vistas à construção de um modelo mento, a detecção ou prevenção de qualquer mu-
capaz de situar a “nova proposta”. dança nos fatores determinantes e condicionantes de
No Brasil, a década de 80 foi marcada por uma saúde individual ou coletiva, com a finalidade de
conjuntura política de transição democrática, recomendar e adotar as medidas de prevenção e
alargando os espaços para inúmeras discussões acer- controle das doenças e agravos". (Brasil. Lei ...;
ca de toda a estrutura do sistema de saúde, com ên- 1990: 18055).19
fase nas formas de organização das ações e serviços, Todavia, mantém-se o SNVE, conforme estabele-
bem como, na melhoria das condições de vida e de cido na Lei n.º 6.259 de 1975, 10 o que passou a ser
saúde da população. considerado como um "convívio contraditório" para
Assim, em 1986, a Associação Brasileira de Pós- a legislação do SUS, conforme enfatiza Paim.9 En-
Graduação em Saúde Coletiva (ABRASCO) e a Uni- tretanto, o Ministério da Saúde expôs através do
versidade Federal da Bahia (UFBA), promoveram Guia de Vigilância Epidemiológica,5 que a definição

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Vigilância epidemiológica

de Vigilância Epidemiológica da Lei 8.080 de diferentes municípios e, principalmente em algumas


1990, 19 não altera o que há de substancial na con- capitais brasileiras, as ações da vigilância epidemio-
cepção atribuída pelo SNVE, em 1976. lógica vêm sendo ampliadas para outras doenças e
Nessa perspectiva, realizou-se em Brasília, em agravos a saúde, além da listagem oficial de doenças
1992, o "I Seminário Nacional de Vigilância Epi- de notificação compulsória nacional.
demiológica", que propôs a reorganização do SNVE Contudo, a relação de doenças de notificação
a partir de um "pacto governamental", entendido co- compulsória nacional tem sofrido revisões periódi-
mo a estratégia para viabilização de uma prática de cas. Em 1998, o Ministério da Saúde 23 publicou a
descentralização, que incluísse a mudança imediata Portaria 4.052, atualizando a listagem de doenças de
de procedimentos que caracterizam a excessiva cen- notificação compulsória, contemplando as doenças
tralização dos programas e a fragmentação de roti- anteriores, exceto as hepatites virais, lato sensu, pas-
nas da vigilância epidemiológica. O evento sando à notificação apenas da hepatite do tipo B.
ressaltou, também, que um dos maiores entraves no Acrescenta-se à lista, a meningite por Haemophilus
desenvolvimento do Sistema Nacional de Vigilância influenzae e as paralisias flácidas agudas. No artigo
Epidemiológica, é a desorganização dos serviços de 2º da referida portaria se recomenda que "...todo e
saúde.20 qualquer surto ou epidemia, assim como a ocorrên-
Mais precisamente, a necessidade da reorganiza- cia de agravo inusitado, independentemente de cons-
ção dos serviços de saúde é absolutamente indisso- tar na lista de doenças de notificação compulsória,
ciável do processo de descentralização da VE, con- deve ser notificado imediatamente" (Ministério da
siderando que as aplicações de suas ações não são Saúde; 1998: 19).23
fatos isolados em si mesmos, mas, um conjunto de Um certo entendimento da “vigilância”, atual-
fatos que decorrem da dinâmica institucional do se- mente, implica em lançar-se um duplo olhar, a saber:
tor saúde. de um lado, o modelo tradicional vigente da vigilân-
Cabe destacar ainda, que dentro dos preceitos cia epidemiológica, referindo-se ao seu eixo central
legais, em maio de 1996, o Ministério da Saúde que já se tornou clássico, à ênfase no processo infor-
(MS)21 publicou a Portaria 1.100, que pela primeira mação-decisão-ação, preservando características es-
vez, após a implantação do SUS e a reforma adminis- pecíficas e considerando como objeto de sua prática
trativa do MS, explicitou uma relação contendo to- os problemas de saúde, que por sua magnitude, trans-
das as doenças de notificação compulsória, antes dis- cendência, susceptibilidade, gravidade e vulnerabili-
persas em várias portarias, publicadas ao longo do dade,6 e disponibilidade de tecnologias, mostrem-se
tempo. Nessa nova listagem ocorreu a inclusão das adequados à sua intervenção no âmbito coletivo; de
hepatites virais. outro lado, as propostas de discussão da “vigilância
Ainda dentro das prerrogativas legais vigentes, a à saúde”, na busca de uma concepção mais
sustentabilidade financeira da proposta de descen- abrangente, enquanto instrumento de saúde pública.4
tralização da vigilância epidemiológica foi assegura- Thacker e Berkelman,24 em 1988, discutem entre
da pela Norma Operacional Básica do Sistema Úni- outros pontos, se o termo "epidemiológica" é apro-
co de Saúde, n.º 1 de 1996 (NOB-SUS, 1996), do priado para qualificar a "vigilância", justificando,
Ministério da Saúde,22 que faz alusão à transferência que as atividades da vigilância, enquanto prática de
de recursos financeiros fundo a fundo, para que esta- saúde pública, situam-se em um momento anterior à
dos e municípios possam assumir atribuições e res- implementação de pesquisas e à elaboração de pro-
ponsabilidades, antes exclusivas da instância federal, gramas de controle de eventos adversos à saúde. A
cabendo a cada um custear as ações de epidemiologia propósito dessa discussão os autores propuseram a
e de controle das doenças e dos agravos, formalizan- substituição sob a denominação de “vigilância em
do a criação e operacionalização de sistemas locais saúde pública”. E, no ano de 1989, o terminologia
de vigilância epidemiológica. vigilância epidemiológica foi substituída interna-
A importância do processo de descentralização cionalmente, pela denominação de vigilância em
da vigilância pode revelar-se na melhoria da capaci- saúde pública, enfatizando que a alteração na de-
dade de resposta aos problemas de saúde, na instân- nominação não implicava na adoção de novos aspec-
cia municipal do SUS, onde a vigilância epidemioló- tos conceituais ou operacionais da vigilância epi-
gica se constitui e atua diretamente, pois se trata do demiológica.
contexto a partir do qual emerge e se define uma Assim, Waldman (1998: 11)2 enfatiza que: "... o
situação epidêmica, e consequentemente, há uma uso do termo 'epidemiológica' para qualificar vigilân-
maior oportunidade para que as ações de controle se- cia é equivocado, uma vez que epidemiologia é uma
jam desencadeadas com rapidez e agilidade. Em disciplina abrangente, que incorpora a pesquisa e

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cuja aplicação nos serviços de saúde vai além do ins- das ações e aptos a realizar permanentemente, tare-
trumento de saúde pública que denominamos vigilân- fas capazes de garantir as atividades de prevenção e
cia." O autor citado, expõe uma série de questões controle das doenças e agravos mais importantes, de
discutidas em relação à incorporação da vigilância acordo com a estrutura epidemiológica de cada instân-
epidemiológica ao sistema de saúde do país, que se cia.
caracteriza, notadamente, mais como um sistema de A proposta do VIGISUS se orienta no sentido de
informação que apoia os programas e/ou medidas de uma nova disposição, na qual cada instância do SUS
controle de doenças transmissíveis, do que enquanto passa a ser responsável pelo monitoramento global
recursos de apoio técnico-gerencial aos serviços de da saúde de sua comunidade e pela vigilância de fa-
saúde. Esse fato é apontado, pelo autor, como críti- tores condicionantes e determinantes dos agravos,
cas que de alguma forma, constituíram as origens de além de propostas de intervenção que se mostrem
propostas que receberam a denominação de “vigilân- necessárias. Após importantes e intensivos debates
cia à saúde”. Essa terminologia, vem atraindo entre técnicos das três esferas de governo, decidiu-se
polêmicas na construção da sua funcionalidade insti- por uma divisão de atribuições da vigilância, que
tucional, no que se refere à definição concreta do seu deixa de ter como eixo doenças, privilegiando pes-
objeto. soas e territórios. A vigilância, nessa perspectiva,
Segundo Barradas,6 as discussões sobre vigilân- denominada de vigilância em saúde, apontaria na di-
cia à saúde, desdobram-se em pelo menos duas reção da superação da discrepância entre as “práticas
tendências: uma, que defende a necessidade de su- coletivas” de vigilância epidemiológica e sanitária e
perar a dicotomia entre a prática da vigilância epi- as “práticas individuais” da assistência.
demiológica e da vigilância sanitária, diluindo-as em O projeto VIGISUS prioriza quatro áreas pro-
um único bloco - as chamadas ações coletivas de gramáticas: a da estruturação "sistêmica" da Vigilân-
saúde; e outra, que defende uma certa especificidade cia Ambiental, a da Vigilância Epidemiológica, a da
dos objetos e métodos de intervenção, suficientes estruturação das ações de prevenção e controle de
para caracterizar dois conjuntos de atividades sepa- doenças na Amazônia legal e a das ações voltadas
radas, porém, integradas. A autora mencionada con- para atenção à saúde das populações indígenas. Há
sidera que essas trajetórias compõem-se de duas con- registros no VIGISUS de que a proteção à saúde é
cepções, "generalidade versus especificidade" as compreendida como vigilância em saúde, incluindo
quais se desdobram em três possibilidades organiza- a Vigilância Sanitária, a Vigilância Epidemiológica e
cionais: a primeira reúne um conjunto indiferencia- a Vigilância Ambiental.
do de práticas de saúde, a segunda um conjunto par- Pelo exposto até aqui, percebe-se que a vigilân-
ticular de práticas de vigilância e a terceira um con- cia epidemiológica, institucionalizada ao longo do
junto singular de práticas de vigilância epidemiológi- tempo, tem assumido contornos mais definidos, prin-
ca.6 cipalmente, através dos preceitos legais. A opera-
Teixeira et al. 25 propõem que a concepção de cionalização da VE compreende um ciclo completo
“vigilância da saúde” incorpore novos sujeitos, e não de funções específicas e complementares, desen-
só o conjunto de trabalhadores de saúde. Portanto, volvidas continuamente, permitindo conhecer o
deverá buscar formas efetivas de envolvimento da comportamento e as características epidemiológicas
população organizada, compondo, assim, um mode- das doenças e dos agravos, a qualquer momento.5
lo assistencial que supere os modelos vigentes, e O "Guia de vigilância epidemiológica" do Minis-
provoque a redefinição do objeto, do processo de tra- tério da Saúde5 destaca que o Sistema de Vigilância
balho, das relações técnicas e sociais e da "cultura Epidemiológica tem as suas atividades e atribuições
sanitária". definidas para os três níveis de atuação do SUS ten-
Atualmente, encontra-se em discussão/implan- do por finalidade apresentar orientações técnicas,
tação, o projeto Vigilância em Saúde no Sistema para as instâncias que têm a responsabilidade de de-
Único de Saúde (VIGISUS) 26 do Ministério da cidir e executar ações de controle de doenças e de
Saúde, que propõe através de financiamento especí- agravos, com a disponibilização de informações atua-
fico, com recursos extra-orçamentários, a estrutu- lizadas sobre a ocorrência de doenças ou de agravos à
ração de sistemas de vigilância em saúde adequados saúde.
ao princípio da descentralização do SUS. O objetivo A partir da NOB-SUS, de 1996, 22 quando se
do projeto é a construção de um Sistema Nacional de definiram requisitos e atividades mínimas a serem
Vigilância em Saúde (SNVS), hierarquizado, no qual desenvolvidas pelos municípios, de acordo com o
os sistemas municipais e estaduais e federal de vigi- nível de gestão no qual estivessem habilitados,
lância em saúde estarão estruturados para o exercício foram sugeridas através do "Guia de vigilância epi-

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Vigilância epidemiológica

demiológica",5 as atividades a serem desenvolvidas Portaria 1.461 de 1999.27


pelas três instâncias do sistema de saúde. A seguir, A despeito da relevância do que foi descrito, é
serão destacadas algumas das atribuições do nível importante enfatizar, no que concerne ao processo de
municipal: descentralização, que uma concepção mais ampliada
§ análise e acompanhamento do comportamento da vigilância deverá fundamentar-se, à luz da reali-
epidemiológico de doenças e agravos de interesse dade local, pois: "Os sistemas de vigilância variam
municipal e dos âmbitos federal e estadual, respeita- consideravelmente em metodologia, abrangência e
da a hierarquia entre as instâncias; objetivos, características que são importantes num
§ participação na formulação de políticas, sistema podem ser menos importantes num outro
planos, programas de saúde e na organização dos (...), o êxito de um dado sistema de vigilância depen-
serviços; derá do equilíbrio adequado de suas características
§ implantação, gerenciamento e operacionaliza- que são: simplicidade, aceitabilidade, sensibilidade,
ção dos sistemas de informações de base epidemio- valor preditivo positivo, representatividade e opor-
lógica para a análise da situação de saúde e a realiza- tunidade" (CDC; 1988: 1-2).29
ção das investigações epidemiológicas com a solici- Portanto, a Vigilância Epidemiológica e/ou
tação de apoio a outras instâncias do SUS, nos casos “Vigilância em Saúde Pública”, esta última termi-
de necessidades técnicas e/ou administrativas; nologia já utilizada pela OMS e pela OPAS em suas
§ participação, junto às instâncias responsáveis publicações, requerem uma institucionalização crite-
pela gestão da rede assistencial, na definição de riosa, no país, com atualizações continuadas que
padrões de qualidade de assistência; possibilitem a compreensão do seu objeto e das suas
§ promoção de educação continuada dos recur- atividades à realidade do processo de descentraliza-
sos humanos e o intercâmbio técnico-científico com ção e da reorganização dos serviços de saúde, nas
instituições de ensino, pesquisa e outras. diferentes instâncias do SUS. Uma grande con-
Um ponto de localização, no plano da vigilância, tribuição relacionada a esse aspecto está descrita no
em meio às questões acima abordadas, destaca que a III Plano Diretor para o Desenvolvimento da Epi-
alteração na sua terminologia está fortemente assen- demiologia no Brasil,30 que utiliza a terminologia
tada nas discussões teóricas. Porém, a sua opera- “Vigilância em Saúde” enquanto prática epidemioló-
cionalização está sob a ação pública, institucionaliza- gica nos programas e serviços de saúde, trazendo à
da até o momento no Brasil, sob as denominações de tona problemas e proposições na sua institucionaliza-
Vigilância Sanitária, Vigilância Epidemiológica e de ção. Porém, o mais importante é a referência à in-
Vigilância Ambiental. Portanto, ocorre que as termi- serção na agenda das várias instâncias da saúde, de
nologias “vigilância a saúde”', “vigilância em saúde” discussões do III Plano Diretor da Epidemiologia, ra-
e “vigilância da saúde” vêm sendo amplamente tificando a idéia de se definir, conjuntamente, priori-
citadas na literatura, no país, sem contudo haver uma dades e intervenções.
definição “instituída” dos seus objetos ou de uma O fato é que não se pode perder de vista que não
conceituação que seja remetida à prática.12 Consta- basta apenas discussão e articulação para alterações
ta-se, que as três práticas de vigilância, citadas ante- de terminologias. É necessário também, um esforço
riormente, ainda remetem as suas atividades a for- sistemático e articulado capaz de promover um certo
mas de atuação pouco integradas, valendo-se de ca- equilíbrio entre a configuração de uma terminologia
da terminologia para a regulamentação/institucional- e as potencialidades em provocar mudanças institu-
ização de objetivos específicos. cionais e/ou a construção de uma viabilidade técni-
É importante assinalar, que continuando o co-cientifica que se traduza numa prática de saúde
processo periódico de revisão da listagem das pública, sobremodo na VE, em face de suas pecu-
doenças de notificação compulsória, através de liaridades.
critérios técnico-científico e/ou operacionais, em
1999, o Ministério da Saúde publicou a Portaria
1.461,27 modificando a lista nacional, acrescentando
os seguintes agravos: hepatite do tipo C, hantavirose
e leptospirose. Destaca-se no ano 2000, a Portaria
993, do Ministério da Saúde28 que altera mais uma
vez a lista nacional das doenças de notificação,
acrescentando a infecção pelo Vírus da Imunodefi-
ciência Humana (HIV) em gestantes e crianças ex-
postas ao risco de transmissão vertical e, revoga a

Rev. bras. saúde matern. infant., Recife, 2 (1): 7-14, jan. - abril, 2002 13
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