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Jejum, macacos e
longevidade!
• 4 minutos atrás ) 0 *3

+ jejum intermitente

Está na moda falar de jejum intermitente, dieta


paleolítica, zero glúten e sem lactose. Mas o que tudo
isso tem a ver realmente com a vida e sua longevidade?

Provavelmente bem menos do que restrição calórica,


sem que haja a desnutrição.

Como assim, restringir calorias sem ficar desnutrido?

Bem vamos para as explicações:

Restrição calórica sem desnutrição significa consumir


20-65% a menos de calorias por dia sem que haja
perda de nutrientes importantes, como vitaminas e
minerais
(https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/3958810).

Mas o que isso tem a ver com a vida e sua


longevidade?

As pesquisas realizadas com animais, ratinhos, tem


mostrado que restringir calorias é uma forma ótima de
se aumentar a longevidade e se manter saudável.

O primeiro relato de estudo relacionado o efeito da


restrição calórica com a longevidade encontramos em
um estudo de 1935 citado por Melo em 2013. Esse
estudo realizado em 1935 por McCay et al, foi aplicado
em roedores que foram restringidos caloricamente
depois da puberdade alcançando maior tempo de vida
e menos doenças que seus pares não restringidos
(http://genesdev.cshlp.org/content/17/3/313.long) Após
essa data mais estudos vieram em outras espécies
relatando a possível relação em comer menos e viver
mais (https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/3958810).

Os grandes interesses por esses estudos de


longevidade começaram na década de 1980 e vieram
como uma promissora linha de pesquisa sobre
envelhecimento. O que se concretizou e gerou estudos
maiores com outras espécies de animais. Sabemos que
a maioria desses estudos é realizada em categorias de
animais e insetos que deixam pouca margem de
extrapolação de seus resultados para espécie humana.
Sabendo disso, encontramos três grandes e
importantes estudos que foram aplicados em primatas
para verificar os efeitos da restrição calórica sobre a
longevidade e saúde dos animais. Sem dúvida alguma
algo que tem maior transferência fisiológica devido
nossa relação de espécie com tais animais.

O primeiro estudo realizado com macacos Rhesus, para


verificar os efeitos da restrição calórica, foi na
Universidade de Maryland, e mostrou haver uma
possível relação entre restrição calórica e longevidade
(https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/12634286).
Nesse estudo foi mostrado que há uma redução de 2,6
vezes de morte quando foi comparado o grupo
restrição calórica versus o grupo controle, ou seja,
comer menos parece reduzir a chance de morte por
todas as causas nesses animais. Mas este primeiro
estudo apresentou um viés muito grande, o objetivo
principal não era a restrição calórica. Além disso, o
controle da seleção da amostra foi muito precário. Os
grupos contaram com animais de diversas idades e
com diferente estado de saúde. Foram comparados os
macho e fêmeas do grupo controle com apenas 8
machos do grupo restrição calórica. Sendo assim, esse
estudo abriu margem para novas investigações com
critérios mais rígidos de seleção e controle de amostra.

Impulsionados pelo primeiro trabalho em primatas a


investigar a restrição calórica, mais dois outros estudos
foram desenhados para verificar os efeitos da restrição
dietética. Nesses estudos agora foram usados macacos
Rhesus, machos e fêmeas, porém saudáveis.

Um dos estudos foi realizado na Universidade de


Wisconsin Madison (UW), com 76 macacos e o outro no
Instituto Nacional do Envelhecimento (NIA) envolvendo
121 macacos. Ambos os resultados foram analisados
pela mesma equipe estatística, da Universidade do
Alabama em Birmingham.

O primeiro estudo a ser publicado foi o realizado na


Universidade do Wisconsin, liderado pelo professor de
medicina Richard Wendruch foi capaz de demonstrar
que reduzir a ingesta calórica diminui doenças como
câncer, atrofia cerebral e diabetes, sendo publicado em
2009
(https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/19590001).
Conforme os pesquisadores restrição calórica reduz a
velocidade do envelhecimento. Além disso, a restrição
calórica reduziu por três o risco de desenvolver
doenças ligadas à idade e aumentou a longevidade dos
animais. Quando a pesquisa terminou, a metade dos
animais que tinham a alimentação livre haviam morrido.
Já no grupo que foi restringida em 30% a ingesta de
calorias, 80% dos animais estavam vivos e saudáveis. A
incidência de câncer no grupo restrição calórica foi de
50% menor quando comparada ao grupo de
alimentação livre. Além disso, a incidência de diabetes
foi completamente ausente no grupo de animais com
restrição calórica.

Participaram do estudo 76 macacos Rhesus adultos de


7 a 14 anos. Ainda restam vivos 33 animais, que em
média tem 27 anos de expectativa de vida. O animal
mais velho do grupo restrição calórica tem 29 anos, e o
estudo com esse relato foi publicado em 2014
(https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24691430).

O segundo estudo foi publicado em 2012 e teve como


base a dieta com 30% a menos de calorias, mas
mostrou resultados conflitantes. O estudo traz a não
garantia de que restringir calorias pode trazer uma
longevidade maior como sugerido pelo estudo anterior
(https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/22932268).

Durante 25 anos, os pesquisadores do Instituto


Americano de Envelhecimento (National Institute on
Aging – NIA) estudaram 121 macacos Rhesus sem
obesidade, com idade de 1 a 14 anos e outros já mais
velhos, que foram divididos em um grupo de restrição
calórica 30% menos e um grupo controle que comiam
normalmente. A maior descoberta foi que não houve
aumento ou redução da longevidade dos animais e sim
uma vida livre de doenças no grupo com restrição
calórica. Esse estudo contradiz os resultados
encontrados pelo grupo de pesquisadores da
Universidade do Wisconsin que estabeleceram uma
relação entre restrição calórica e longevidade. Mas em
uma coisa os estudos concordam, a restrição calórica
reduziu as chances de doenças metabólicas, câncer e
cardiovasculares.

Esse resultado contraditório entre os estudos foi


explicado pela dieta dada ao grupo controle dos
estudos. O estudo do National Institute on Aging (NIA)
tinha uma deita com vitaminas e sai mineiras maior para
o grupo controle quando comparada a dieta do grupo
controle do estudo da Universidade do Wisconsin, que
podiam comer igual a humanos, conforme o que
gostam de consumir.

Para esclarecer os resultados contraditórios um estudo


publicado em 2017 fez a comparação dos desenhos
experimentais desses dois últimos estudos e trouxe
questões importantes
(https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC524758
3/#b21).

Estudos prévios a respeito de longevidade e restrição


calórica, realizados em roedores já haviam mostrado
que, aplicação de restrição calórica em idades
diferentes da amostra geravam resultados diferentes na
longevidade. A restrição calórica quando aplicada em
roedores mais velhos mostrava-se eficiente, mas em
menor grau quando comparada a restrição aplicada em
amostras mais jovens
(https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/7063854). O
estudo publicado em 2009 foi realizado em macacos
adultos, já o estudo publicado em 2012 foi feito com
fêmeas e machos de diferentes idades.

A origem na amostra que compôs os estudos também


foi um ponto interessante de se verificar e discutir. Os
macacos que compuseram os resultados dos artigos de
2009 e 2014 nasceram no Centro Nacional de Pesquisa
de Primatas de Wisconsin e tinham a origem
exclusivamente indiana. Os animais que compuseram o
estudo que originou o artigo de 2012 tinham origens
diferentes, incluindo indianos e chineses. Os machos de
origem chinesa são geralmente mais pesados e mais
compridos que os de outros lugares, já as fêmeas são
menores quando comparadas a seus pares de outros
lugares. Mais tarde, em estudo publicado em 2014, foi
mostrado que macacos de origem diferente apresentam
variações genéticas importantes e polimorfismos
(https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24953496/).
Assim como os humanos, os macacos Rhesus
apresentam variações que podem influenciar
fortemente nos resultados encontrados usando a
mesma intervenção.

Outro fator importante nesses estudos é o desenho


experimental com dieta ad libitum (livre) ou organizada
pelos pesquisadores. Os defensores do primeiro
desenho dizem que seu modelo descreve melhor o
modelo real realizado por humanos. Já o segundo
modelo existe um controle baseado em uma diretriz de
dieta saudável e controlada, o que muda é o grupo
restrição que passa a comer a mesma composição,
porém com restrição de 30% da quantidade calórica do
grupo controle. Essa foi uma das grandes diferenças
encontradas nos dois maiores estudos sobre a restrição
calórica. No estudo publicado em 2009 os autores
usaram dieta com restrição e ad libitum. No estudo que
deu origem a publicação de 2012 os autores usaram
controle da qualidade da dieta em ambos os grupos. Do
ponto de vista de desenho experimentar o estudo que
deu origem as publicações de 2009 e 2014, são mais
próximos a realidade humana do ponto de vista
comportamental de consumo de alimentos e com
controle melhor da amostra do ponto de vista de idade
dos animais.

A composição da dieta era parecida do ponto de vista


de calorias (3,9kcal/kg), mas não de micro e
macronutrientes; O estudo que mostrou haver uma
longevidade maior, publicado em 2009, usou uma dieta
equalizando as deficiências em micronutrientes e
minerais. Já o estudo publicado em 2012, que mostrou
não haver diferença na longevidade aplicou uma dieta
mais natural com diferenças nutricionais devido a
sazonalidade dos alimentos. Mas o mais interessante foi
a comparação entre os macronutrientes. O estudo
publicado em 2009 que mostrou haver longevidade
com restrição calórica aplicou uma dieta com menos
proteína (13,1%) e mais gordura (10,6%). O estudo
publicado em 2012 que mostrou não haver essa relação
de longevidade aplicou uma dieta com proteína (17,3%)
e mais fibras (6,5-9,0%)

Ao comparar os dados do centro de coleta de dados


sobre primatas não humanos dos EUA foi capaz
verificar que os animais do estudo publicado em 2009
apresentaram o grupo controle com 18% e 19% a mais
de massa corporal em, machos e fêmeas
respectivamente, já o grupo restrição calórica foi 12% e
11% mais leve que a média nacional de massa corporal
de primatas não humanos. Já o estudo publicado em
2012 os macacos do grupo controle apresentavam 5-
10% a mais de massa corporal e a restrição calórica
20% a menos que a média nacional. Sendo assim, a
média de massa corporal dos macacos não era
equalizada, o que dificulta a relação de comparação
visto que a massa corporal tem se mostrado fator
importante para mortalidade.

Os resultados de longevidade não se mostraram


paralelos entre os estudos, mas a restrição calórica foi
capaz de reduzir o risco de aparecimento de doenças e
por fim, havendo a redução de mortalidade em ambos
os estudos.

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