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Apostila 2022 Técnico Irrigação Parte 2
Apostila 2022 Técnico Irrigação Parte 2
APOSTILA DE IRRIGAÇÃO
Vol. 2
Santa Teresa
2022
1
3. Medição de água para a irrigação
2
Na Figura 3.3 observam-se algumas características de um vertedor.
3
Vertedor triangular
Na Figura 3.4 observa-se um esquema de construção do vertedor triangular. O ângulo
entre as duas paredes laterais vede ser de 90°. É o mais recomendado para medição de
pequenas vazões.
53.1
Em que,
Q = vazão (m3 s-1);
H = Altura da lâmina vertente (m).
Vertedor retangular
Na Figura 3.5 observa-se um esquema de construção do vertedor retangular.
53.2
Em que,
Q = vazão (m3 s-1);
L = largura da soleira (m);
H = Altura da lâmina vertente (m).
4
Vertedor trapezoidal
Na Figura 3.6 observa-se um esquema de construção do vertedor trapezoidal, também
conhecido como vertedor tipo Cipolletti. A inclinação recomendada das paredes laterais, para
este tipo de vertedor, é de 1:4.
1
4
53.3
Em que,
Q = vazão (m3 s-1);
L = largura da soleira (m);
H = Altura da lâmina vertente (m).
3Vertedor circular
Na Figura 3.7 observa-se um esquema de construção do vertedor circular.
53.4
Em que,
Q = vazão (m3 s-1);
D = diâmetro do vertedor (m);
H = Altura da lâmina vertente (m).
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3.3 Método do flutuador
De pouca precisão, sendo usado normalmente em cursos d'água onde é impraticável a
medição pelos métodos vistos anteriormente. Consiste em medir a velocidade média de
escoamento da água em um trecho do curso d'água previamente escolhido, com o auxílio de
um flutuador e determinar a seção média do referido trecho. A vazão é dada pela equação da
continuidade (Q = A x V).
a) Determinação da velocidade média (V)
Feita com o auxílio de uma garrafa parcialmente cheia de água (flutuador) de forma que
somente o gargalo fique fora da superfície livre de água. A tendência do flutuador é ser levado
pela região de escoamento de maior velocidade. Na Figura 3.8 observa-se um flutuador em um
canal.
Figura 3.9 - Esquema de montagem para medição de vazão em um canal pelo método do
flutuador.
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A velocidade média (V) é conseguida através dos seguintes coeficientes corretivos:
Natureza das paredes do canal Fator de correção ( f )
(adimensional)
Paredes lisas de cimento ou concreto 0,85 – 0,95
Paredes pouco lisas (canais de terra para irrigação) 0,75 – 0,85
Paredes rugosas ou irregulares (cursos naturais) 0,65 – 0,75
A
1 A A
2 A A A 7
A 5 6
3 4
Figura 3.10 - Subdivisão da seção transversal do curso d'água para determinação da área de
escoamento.
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Exercício:
Utilizando um flutuador, determinou-se a velocidade da água em um trecho de 12,0 m
de um curso d’água com paredes irregulares. Sabendo que a seção deste curso d’água
apresenta a forma abaixo (dimensões em metros), calcular a vazão que nele escoa, sabendo
que os tempos medidos para o deslocamento do flutuador foram de 10,5 s; 10,7 s; 11,0 s e 10,8
s.
A1 A2 A3 A4 A5
A6
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Outro uso comum de canais na agricultura é para sistemas de drenagem, que visam
recolher a água de escoamento superficial ou utilizada em alguma atividade, conduzindo-a até
os drenos naturais (rios, córregos etc.). Para que isso seja possível, é necessário que a cota do
nível d'água esteja abaixo do local de uso. Na Figura 3.1 observa-se canais trapezoidais não
revestidos usados para drenagem na agricultura.
A B C
Figura 4.2 - Canais trapezoidal (A), Circular (B) e Retangular (C), revestidos, para condução
de água.
A inclinação das paredes dos canais deve respeitar critérios de dimensionamento para que
se estabeleça limites seguros, de modo a garantir sua estabilidade e reduzir desmoronamentos.
Na Tabela 4.1 são apresentados os intervalos recomendados de inclinação das paredes dos
canais trapezoidais não revestidos, conforme o tipo de solo.
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Tabela 4.1 - Taludes recomendados para as paredes dos canais trapezoidais não revestidos.
Figura 4.3 - Representação da determinação dos taludes das paredes dos canais trapezoidais.
Tabela 4.2 - Velocidade média máxima recomendada para cada tipo de solo.
Tipo de solo Velocidade média máxima
recomendada (m s-1)
Arenoso 0,3 a 0,7
Barro-arenoso 0,5 a 0,7
Barro-argiloso 0,6 a 0,9
Argiloso 0,9 a 1,5
cascalho 0,9 a 1,5
Rocha 1,2 a 1,8
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centro do canal, um pouco abaixo da superfície (devido à resistência oferecida pelo ar na
superfície), a velocidade será máxima, como apresentado na Figura 4.4.
Maior
Figura 4.4 - Representação das zonas de velocidade da água na seção transversal ao fluxo.
a b
11
Figura 4.6 - Representação da "pressão" exercida em uma superfície.
12
Figura 4.8 - Representação da rugosidade das paredes de uma tubulação e do deslocamento
das partículas do fluido em seu interior.
1,85
Q 1
J = 10,641 (4.1)
C D 4,87
Em que:
J = perda de carga unitária (m m-1);
Q = vazão (m3 s-1);
C = coeficiente de rugosidade (adimensional);
D = diâmetro da tubulação (m).
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A perda de carga ao longo da tubulação (m) pode ser calculada pela Equação 4.2.
Hf = J L (4.2)
Em que:
Hf = perda de carga ao longo da tubulação (m);
J = perda de carga unitária (m m-1);
L = comprimento da tubulação (m).
Para se estimar a perda de carga localizada, ou seja, aquela que ocorre nas peças
especiais, é comum se utilizar o método dos comprimentos equivalentes, em que se atribui um
comprimento equivalente para cada tipo de peça, material e determinado diâmetro, conforme
apresentado na Tabela 4.4.
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Tabela 4.4 - Comprimentos equivalentes de peças especiais de aço e PVC.
Para o cálculo, faz-se uma lista de todas as peças e conexões existentes na canalização,
atribui-se o comprimento equivalente para cada uma e soma-se todos os valores. Ao final,
multiplica-se o comprimento equivalente total (m) pela perda de carga unitária (m m -1).
Em instalações de recalque comuns, para elevação de água da fonte até um reservatório,
com poucas peças especiais e longos trechos de tubulações retilíneas, pode-se considerar um
adicional de 10% das perdas ao longo da canalização, em substituição às perdas localizadas.
Para projetos de irrigação por aspersão e localizada, valores em torno de 15 e 20%,
respectivamente, representam adequadamente as perdas localizadas.
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5. Bombas Hidráulicas
Figura 5.1 - Corte de uma bomba centrífuga de eixo horizontal apresentando o rotor e o difusor.
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Figura 5.2 - Esquema de bombas com rotores radial (a) e axial (b).
a b
Figura 5.3 - Deslocamento de água em bomba axial (a) e vista de uma bomba axial (b).
a b
Figura 5.4 - Bombas monoestágio (a) e multiestágio (b).
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5.1.3. Quanto ao posicionamento do eixo
a) Bomba de eixo horizontal: O eixo da bomba se encontra posicionado
horizontalmente à superfície do solo. É a concepção construtiva mais comum.
b) Bomba de eixo vertical: O eixo da bomba se encontra posicionado verticalmente à
superfície do solo. Usada na extração de água de poços profundos.
Na Figura 4.5 observa-se as bombas de eixo horizontal (a) e vertical (b).
a b
a b c
Figura 5.6 - Rotores fechado (a), semi-fechado (b) e aberto (c).
Em que:
Hman = Altura Manométrica (mca);
DNR = Diferença de nível do recalque (m);
DNS = Diferença de nível da sucção (m);
Hf = Perda de carga da tubulação (mca);
Hf loc = perda de carga localizada (mca);
Pressão = Pressão requerida para o funcionamento do sistema (mca).
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Exemplo 5.1: Seleção de uma bomba
Selecione uma bomba para atender a uma vazão de 104,4 m 3 h-1 e uma altura
manométrica de 65 m.
Pelo Catálogo da Mark-Peerless, para a rotação de 3.500 rpm, tem-se os modelos
apresentados na Figura 5.8. Observa-se que, para os dados fornecidos, os modelos GN e GM
atendem ao projeto. Para decidir qual o modelo deverá ser usado, consulta-se as curvas
características de cada modelo, como apresentado nas Figuras 5.9 (GM) e 5.10 (GN).
Na Figura 5.9 (Modelo GM), observa-se que o ponto de projeto, está situado pouco acima
da curva do rotor de 174 mm e entre as curvas de rendimento 78% e 80%. Caso seja este o
modelo selecionado, será necessário usar o rotor de 185 mm, que é o diâmetro imediatamente
superior ao ponto e projeto. Considera-se que o rendimento seja de 79%. Para o modelo GN
(Figura 5.10), seria usado o rotor de 239 mm, com eficiência de 64%.
Como o modelo GM apresenta maior eficiência, será o selecionado. Recomenda-se que
se observem outros modelos, de diferentes fabricantes. É importante também, observar o valor
de aquisição da bomba, pois, em curto prazo, torna-se mais econômica. O modelo mais
eficiente é mais econômico em longo prazo.
20
Figura 5.9 - Curva característica da bomba Mark-Peerless, modelo GM.
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Exemplo 5.2: Dimensionamento de uma tubulação e seleção de uma bomba
Dimensionar uma tubulação e conjunto motobomba, conforme esquema apresentado na
Figura 5.11, para elevar água até um reservatório, localizado a um altura de 60 m, em relação
à motobomba, com capacidade para 80.000 litros. A bomba somente poderá funcionar à noite,
durante 8 horas, para se utilizar a tarifa reduzida de energia elétrica.
Dados para o dimensionamento:
Altura geométrica de recalque: 60 m
Altura geométrica de sucção: 2 m
Comprimento da tubulação de recalque: 135 m
Comprimento da tubulação de sucção: 4 m
Tipo de tubos: PVC soldável
Peças especiais: adicionar 10% da perda de carga
Reservatório
60 m
2m
Motobomba
Figura 5.11 - Esquema de montagem do projeto de bombeamento.
a) Cálculo da vazão:
Volume (m3 ) 80
Q= = = 10m3h −1 = 0,00278m3 s −1
Tempo (h) 8
22
Testando o diâmetro de 75 mm (0,075 m)
0,00278
v= = 0,63 m / s A velocidade continua baixa
0,075 2
4
Testando o diâmetro de 50 mm (0,050 m)
0,00278
v= = 1,42 m / s OK, velocidade dentro do intervalo (entre 1,0 e 2,0 m/s)
0,050 2
4
Será adotado o diâmetro de 50 mm (2 polegadas) para o recalque. Recomenda-se que o
diâmetro de sucção seja superior ao de recalque, com isso, pode-se adotar o de 75 mm.
4 0,00278
D= D = 0,0486 m.
1,5
1,85
J = 0,00641m / m 0,00278 1 Hf = 0,00641 x 4 = 0,026 mca
J = 10,641
140 0,0754,87
23
f) seleção da bomba
Q = 10 m3/h Hm = 75 mca
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Nenhum modelo atende
Figura 5.14 - Curvas características do Modelo: 25-200, Fabricante: KSB (3.500 rpm)
25
Modelo selecionado:
ME-2 pot: 7,5 cv (verde)
Rend.: 58%
Figura 5.15 - Curvas características do Modelo: ME-2 CP-27, Fabricante: Schneider (3.500
rpm)
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Modelo selecionado:
VME-9 pot: 5 cv (verde)
Rend.: 62%
Figura 5.16 - Curvas características do Modelo VME-9: Fabricante: Schneider (3.500 rpm)
O último modelo (Schneider VME-9) foi o selecionado, por apresentar o melhor rendimento.
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5.3. Instalação de bombeamento
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As bombas centrífugas, quando corretamente instaladas e manejadas, possuem uma
vida útil relativamente longa. É importante observar os seguintes pontos na instalação e no
manejo dos conjuntos motobombas:
- A altura de sucção deve ser a mínima possível. Devem-se evitar peças especiais ou
curvas desnecessárias na tubulação de sucção, para diminuir as perdas de carga.
- A tubulação de sucção deve ser isenta de entrada de ar e deve apresentar uma
inclinação ascendente para a bomba, sem pontos altos. Deve-se instalar válvula de pé e crivo,
no seu início, para facilitar o escorvamento e evitar a entrada de corpos estranhos.
- O conjunto deve ser protegido contra inundação e chuva.
- A fundação sobre a qual se apoiará o conjunto deve ser bem firme e nivelada, de modo
que permita um correto alinhamento e evite as trepidações.
- As tubulações de sucção e recalque devem ter suportes próprios e próximos à bomba.
Não devem apoiar sobre a bomba.
- Devem-se instalar na tubulação de recalque uma válvula de retenção e um registro de
fechamento lento (registro de gaveta). É necessário fechar o registro, antes de parar e de ligar
o motor.
- A motobomba somente deve ser ligada após verificar se ela está escorvada. Os
principais defeitos que ocorrem em uma bomba centrífuga e as suas prováveis causas são:
Sem vazão: bomba não escorvada; velocidade de rotação muito baixa; altura de sucção
ou de recalque muito elevada; rotor completamente entupido; sentido de rotação errado; crivo
e válvula de pé enterrados no fundo do poço, ou registro fechado.
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Com pouca vazão: bolsa de ar na tubulação de sucção; altura de sucção ou de
recalque elevada; rotor parcialmente entupido ou danificado; válvula de pé agarra-
da, de crivos pequenos ou pouco submersos; sentido de rotação do rotor errado.
Com pouca pressão: velocidade de rotação muito baixa; rotor danificado ou
com sentido de rotação errado ou com diâmetro muito pequeno.
Com decréscimo de vazão num período de funcionamento: entrada de ar na
tubulação de sucção; entupimento do crivo; altura de sucção muito elevada.
Consumo exagerado de energia: altura manométrica inferior à prevista, o que
aumenta a vazão bombeada; eixo não alinhado ou empenado; mancais muito apertados.
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