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WEIR, WILLIAN.

WEIR, WILLIAN. 50 50 Batalhas


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Paulo, 2004
2004 —– DIU,
DIU, 1509
1509

RE DefCLT

Diu, 1509 dC.


k Francos na água

Quem lutou: Portugueses (Francisco de Almeida) versus Turcos e Egípcios (Husain Kurdi).
O que estava em jogo: O comércio com o extremo oriente e a Índia e a ascensão ou a queda
do Cristianismo ou do Dar es Islam.

6 6 ansuh al-Ghawri chegou ao poder como sultão do Egito”, escreveu o cro-


nista árabe Ba Fakhi al-Shihri. “Ele despachou uma poderosa frota, cujo
comandante era Husain Kurdi, para lutar com os francos. Ao entrar na
Índia, essa expedição parou em Diu.
A expedição ocorreu no ano 13 (1507-8 d.C.). Apesar de estar comprometida com os
francos, a expedição foi derrotada e voltou à costa árabe.

Esse foi o primeiro aparecimento dos francos, que Deus os amaldiçoe, nos domínios dos
Oceano Índico (frota muçulmana).”

Assim al-Shihri ignorou o que se mostrou ser não apenas a pior derrota sofrida pelas forças
do Islã, como também um momento decisivo no conflito que durou séculos entre a Cruz e O
Crescente!. Shanbal, outro cronista árabe contemporâneo, fornece mais alguns detalhes:

1. Crescente Fértil - Emblema islâmico. (N. do T.)


Batalha 6 - Diu, 1509 d.C.

“Naquele ano (1508-9 d. C.), os francos tomaram Dabul, pilhando-a e queimando-a, tam-
bém fizeram uma expedição contra Gujerat e atacaram Diu. O emir Husain, que estava, na-
quele momento, em Diu, lutando na guerra santa, foi adiante para encontrá-los. A batalha no
mar se deu além do porto. Muitos francos foram mortos, mas, finalmente, prevaleceram sobre
os muçulmanos, havendo uma carnificina entre os soldados do emir Husain. Foram aproxima-
à damente 600 mortos, e os sobreviventes fugiram para Diu. Os francos não partiram até que
; muito dinheiro lhes fosse pago.”

Os francos, na verdade, eram portugueses. A batalha em Diu, na qual “muitos francos


foram mortos”, deixou 32 mortos e 300 feridos. As mortes muçulmanas chegaram a, pelo
menos, 1.500 homens. Mas a perda islâmica foi muito maior do que a contagem do número de
vítimas. Para entender o que aconteceu, temos de voltar vários séculos.

O mundo do Islã
Um milênio e meio depois do nascimento de Cristo, o cristianismo.estava quase totalmen-
- te limitado à Europa. Mas, em meio a esse tempo, o Islã tinha-se expandido da Arábia para toda
a costa oriental do Mediterrâneo; depois para o leste, pela Mesopotâmia, Pérsia, Afeganistão,
* norte da Índia, Indonésia e Filipinas; e para oeste, para o Egito, África do Norte e Espanha. Os
É muçulmanos cruzaram o Saara e converteram os impérios negros da África ocidental. A religião
J do profeta tinha se espalhado para o sul ao longo da costa oriental da África, onde os árabes
estabeleceram colônias, bem antes de Maomé. Almuadens” muçulmanos chamavam os crentes
para a oração na Ásia central, onde tribos turcas e mongóis já praticavam o xamanismo.

As cruzadas, problemáticas como eram na época, acabaram se beneficiando de Dar es


Islam. Os cristãos tinham adquirido gosto pelos bens do oriente. Desejavam a seda da China e
as pérolas da Pérsia, os temperos da Indonésia e o ouro da Índia. Todas as rotas comerciais
estavam em mãos muçulmanas. Ocasionalmente, os europeus — tais como os poloneses —
podiam viajar por terra para a China, mas tais aventuras eram raras. As caravanas que marcha-
am ao longo da antiga estrada da Seda eram todas turcas muçulmanas.

As rotas marítimas do leste, que controlavam muito mais comércios, também eram mono-
pólio muçulmano. As embarcações árabes da Arábia e da África cruzavam o oceano Índico. A
viagem de ida e volta era lenta porque as embarcações dependiam dos ventos sazonais, mas
volume de comércio era enorme — e imensamente valioso. Bens da China, Índia e Pérsia
terminavam no Egito, de onde eram transportados para a Europa em navios venezianos. A rota
o oceano Índico era protegida pelos europeus. Para alcançá-lo, os cristãos tinham de cruzar

. Almuadem — Mouro que anuncia, em voz alta, do alto das almádenas, a hora das preces. (N. do T.)
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- terras muçulmanas. O único caminho seria passar ao redor do continente inteiro da África —
uma viagem inconcebível.

Os governantes muçulmanos enriqueceram com o comércio — especialmente os mamelu-


cos do Egito. As riquezas egípcias despertaram a inveja dos otomanos, uma afluência mais
recente dos nômades turcos que fundaram um império baseado em Anatólia.

O Império Otomano estava se expandindo em todas as direções. No leste, lutou com os


persas, e, no oeste, derrotou o baluarte do cristianismo, Constantinopla, indo para os Bálcãs. No
norte, ele se dirigiu pelo Cáucaso e pela Rússia. No sul, reivindicou a Síria e a Mesopotâmia. Os
otomanos pareciam invencíveis. O coração do exército do império era sua cavalaria ligeira de
arqueiros, serviço que tinha provado ser tão efetivo nas cruzadas. Como em todas as terras do
oriente médio e da Ásia central, a cavalaria ligeira era a nobreza. A infantaria tinha servos ou
escravos. Os sultões otomanos, entretanto, tinham desenvolvido um novo tipo de infantaria de
escravos. Seus janíçaros” de pais cristãos tinham sido levados na infância, e foram criados como
muçulmanos e treinados nas artes militares até que estivessem maduros o bastante para serem
soldados. A maioria deles era composta de arqueiros, mas alguns usavam armas. Ao contrário
da maioria dos muçulmanos, os otomanos viram um uso para a pólvora. Os mosquetes de
carregar pela boca que os janíçaros usavam não tinham a gama nem a precisão do arco utiliza-
do, mas os turcos achavam que, em alguns casos, atirando de navios ou fortalezas, eles seriam .
mais úteis. Os turcos também tinham armas grandes, como canhões enormes que podiam
quebrar a maioria dos muros de pedra com um tiro, e perceberam que essas armas tinham
valor na guerra naval e também nos cercos. Dessa forma, eles montaram canhões nas proas de
suas galeras para completar os aríetes*. E, no início do século XVI, eles tiveram a oportunidade
de aprender o valor das armas feitas para os navios.

A terra da guerra
Os otomanos se referiam à Europa como “a terra da guerra” — o lugar onde apenas iriam
para lutar. O nome devia-se a várias passagens históricas. Durante cinco séculos antes da
primeira cruzada, os invasores tinham infestado a Europa. Góticos, hunos, ávaros, búlgaros,
magiares, vikings e mouros tinham atacado os reinos cristãos de todos os lados. Sob esses
ataques bárbaros, a civilização de Roma havia desaparecido. A vida urbana tinha sido quase
extinta, e a Europa tornara-se semi-selvagem. A primeira cruzada foi lançada em 1096. Apenas
82 anos antes, Brian Boru tinha esmagado a última grande expedição viking fora de Dublin, e

3, Janíçaro ou Janízaro — Soldado turco de infantaria da guarda do sultão.


4. Aríete — Antiga máquina de guerra usada para abater muralhas.

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Batalha 6 — Diu, 1509 d.C.

o imperador bizantino Basílio aniquilou os nômades em seu último ataque à Ásia central. Os
muçulmanos ainda mantinham a maior parte da Espanha e de Portugal.

Entre as poucas artes que se desenvolveram na Europa durante esse período estavam as
artes militares. Os europeus as praticavam, frequentemente uns contra os outros, quando o
papa Urbano II os incitou contra os muçulmanos. As técnicas desenvolvidas para a guerra na
Europa, porém, não funcionavam nos desertos do oriente próximo.

Apesar de seu fracasso, as cruzadas não foram um desastre total para a Europa. Elas colo-
caram os ocidentais semi-selvagens em contato com o império romano oriental e também
com a civilização das terras islâmicas. O aprendizado em várias áreas teve um rápido cresci-
mento. Universidades foram fundadas e cresceram em número. Antigos filósofos, que estavam
quase esquecidos, voltaram a ser estudados, o que também ocorreu com antigos matemáticos
e engenheiros. A engenhosidade mecânica com que a besta tinha sido construída (que tanto
espantou Anna Comnena) aplicou-se também às artes pacíficas. Os moleiros começaram a
triturar grãos com água ou em moinhos de vento. Os mineiros cavavam profundamente em
busca de carvão, ferro, cobre e metais preciosos. Os pedreiros construífam catedrais góticas
com torres. Fundadores de metal aprenderam a moldar sinos de bronze enormes para essas
catedrais.

A sociedade também começou a mudar. O cavaleiro armado não era mais supremo. Os
lanceiros escoceses derrotaram os cavaleiros ingleses; a infantaria flamenga, os cavaleiros fran-
ceses; e os alabardeiros (arqueiros) suíços, os cavaleiros de Borgonha. Em Crecy, Poitiers e
Agincourt, arqueiros ingleses ceifaram a cavalaria francesa aos milhares. À medida que o poder
da nobreza declinava, o poder dos comerciantes e dos artesãos crescia.

O comércio se alastrou por terra e mar. A produção de alimentos aumentou. Os fazendei-


ros adotaram arados melhores, e os pescadores foram ainda mais longe com a expansão. Os
marinheiros do Mediterrâneo conheceram os do Atlântico, e um grupo aprendeu com o outro.
O projeto de navios e apetrechos marítimos avançou mais nos séculos XIV e XV do que nos
dois milênios anteriores.

As duas maiores forças do Altântico, Inglaterra e França, se enredaram na guerra dos Cem
Anos. A França ganhou a guerra, mas foi saqueada e levou muito tempo para se recuperar. A
guerra mal tinha terminado quando a Inglaterra mergulhou nas Guerras das Rosas. Assim, Os
poderes menores do Atlântico assumiram a liderança na explosão do oceano. Os espanhóis e
os portugueses descobriram os Açores e as ilhas Canárias.

Essas viagens de descoberta não foram feitas com o objetivo de buscar conhecimentos
para o crescimento dos reinos. Os turcos-otomanos ainda estavam avançando na Europa. Ha-

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K

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via uma lenda de que na Ásia central ou África existia um padre-rei cristão, o Preste João, que
podia ser induzido a atacar os muçulmanos a partir da retaguarda. O Preste João não era puro
mito. Monges cristãos cópticos” da Abissínia (a moderna Etiópia) tinham visitado Portugal, e o
papa enviara mensageiros para ver o grande Cã — alguns de seus súditos eram cristãos. Talvez
navios pudessem achar uma rota marítima para a terra do Preste João. Para os cristãos ibéricos,
que lutavam com os muçulmanos ibéricos, as cruzadas não eram somente guerras que dura-
vam anos. “Aqui estamos sempre em cruzadas”, contou um cavaleiro espanhol a um visitante
inglês.

Os venezianos, os genoveses e os turcos controlavam o Mediterrâneo, mas nunca conse-


guiam adentrar o Atlântico. O principal navio de guerra mediterrâneo era a galera que tinha
velas; mas, em combate, usava apenas remos para a propulsão. As galeras eram longas,
estreitas, baixas, rápidas e manobráveis em águas calmas, mas incontroláveis e perigosas em
“águas revoltas. Por precisar de remadores para as impulsionar, as galeras tinham tripulações
enormes. Nenhuma galera conseguia levar comida suficiente para uma viagem longa. Milha-
res de anos antes, marinheiros fenícios, a serviço do Egito, navegaram ao redor da África, mas
levaram três anos. A cada outono, eles desembarcavam para plantar trigo e ficavam no local
até que Os grãos estivessem prontos para a colheita. Somente depois da colheita e da arma-
zenagem dos grãos é que partiam.

Os marinheiros do litoral atlântico da Europa desenvolveram embarcações que podiam


fazer longas viagens em alto-mar. Essas eram muito mais largas e mais altas que as galeras, e
eram impulsionadas apenas por velas, podendo, assim, navegar contra o vento. Suas tripulações
eram pequenas, e somente uma delas não teria chances contra a tripulação de uma galera.

Para se protegerem, havia fileiras de armas ao longo da lateral das embarcações; e não três
ou quatro somente viradas para a frente, como as de uma galera. Havia dois, às vezes três,
passadiços de armas, com espécies de casulos de canhões com portas que podiam ser fecha-
das em alto-mar.

Os turcos-otomanos também possuíam armas, claro, mas sua tecnologia de artilharia


estava distante se comparada a dos europeus. Séculos de fundição de sinos de bronze para
igrejas transformaram os europeus nos melhores fabricantes de grandes fundições do mun-
do. Assim, eles pensaram não ser muito difícil adaptar suas habilidades para fazer armas de
ferro fundido. A guerra de choque européia, entre massas de homens fortemente protegidos
por armaduras, também promoveu o desenvolvimento de armas manuais que penetrassem
as armaduras pesadas.

5. Cóptico — Cristão jacobita do Egito. (N. do T.)

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Passagem para a Índia


Para Os portugueses, a viagem ao redor da África era outra parte de sua interminável
cruzada. Em 1415, tomaram o porto mouro de Ceuta, terminal das caravanas transaarianos que
traziam ouro e marfim da África central. Os portugueses aprenderam que havia riquezas a
serem colhidas por todo o caminho até a Índia. Sua exploração era metódica: exploravam 650
km por ano, estabelecendo postos de comércio e fazendo tratados com governantes nativos,
à medida que se moviam para o sul. E quanto mais se encaminhavam para essa direção, mais
distantes da civilização ficavam, culminando na área camponesa no extremo sul da África.

“Os habitantes deste país são marrons”, escreveu um marinheiro conhecido como Velho
Álvaro, que acompanhou Bartolomeu Dias na primeira expedição portuguesa em redor do
cabo, ao qual denominaram cabo das Tormentas, até a Índia. “Tudo o que eles comem são
carnes de focas, baleias, gazelas e raízes de ervas. Vestem-se com peles e usam panos sobre
suas partes íntimas.”

Mas a costa oriental da África provou ser completamente diferente da costa ocidental, pois
os portugueses não viram nenhum membro empobrecido de tribo que morasse em cabanas
de capim. Eles encontravam cidades portuárias, com cais de pedra e edifícios de vários anda-
res, nos quais havia pessoas de muitas raças: negros, índios, persas e árabes. A maioria dos
habitantes dos portos descendia de uma mistura de raças. Quase todos eram muçulmanos,
com exceção de alguns hindus. Eles nunca tinham visto os cristãos. A princípio, pensavam que
os portugueses brancos eram turcos ou árabes.

Bartolomeu havia lutado com os emires de Moçambique e Mombassa, mas fez do emir de
Malindi um aliado. Então, ele cruzou o oceano Índico e desembarcou em Calicute, onde os
comerciantes muçulmanos induziram seu governante hindu a se voltar contra os portugueses.
Dias teve sorte de escapar e velejar de volta para Portugal.

Pedro Álvares Cabral conduziu uma segunda expedição portuguesa a Calicute.


A caminho da Índia, descobriu o Brasil acidentalmente. Em Calicute, os portugueses tiveram .
mais dificuldades com o governante local e, depois de ajudarem o rajá de Cochim, que estava
em guerra com Calicute, voltaram para Portugal. O rei Manoel, então, enviou Vasco da Gama,
que primeiro tinha alcançado o Cabo da Boa Esperança, contra Calicute — cujas tropas estavam
sitiando Cochim quando Vasco da Gama chegou. A potência de fogo da frota portuguesa
derrotou os sitiadores e seguiu vencedora, sitiando pontos-chave ao longo da costa do oceano
Índico e destruindo todas as remessas muçulmanas que pôde encontrar.

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-A conquista do mar
Em 1505, o rei de Portugal e seus conselheiros decidiram consolidar todos os seus empre-
endimentos nas “Índias”. Manoel designou Francisco de Almeida como vice-rei e lhe deu o
comando da maior frota de Portugal já enviada a uma expedição.

Enquanto isso, os governantes muçulmanos na África oriental, no sul da Arábia e na Índia


tinham reclamado com o sultão do Egito sobre os ataques dos “francos”. Os venezianos tam-
bém insistiram para que seu aliado egípcio tomasse alguma atitude. O sultão egípcio, sentindo
a pressão, enviou uma mensagem a seu rival, o sultão otomano, e os dois poderes muçulma-
nos concordaram em cooperar. Eles concentraram uma enorme frota em Jedá, na costa ociden-
tal da Arábia, e velejaram mar Vermelho abaixo. O almirante muçulmano, Husain Kurdi, rumou
para o porto muçulmano Diu.

A frota de Almeida tinha chegado em Cochim. Sabendo que havia uma concentração de
navios muçulmanos em Diu, enviou seu filho, Lourenço, com alguns navios leves para inves-
tigar a área. A frota turco-egípcia apanhou Lourenço e o matou. Os turcos esfolaram seu corpo,
encheram-no com palha e o enviaram ao sultão em Constantinopla. Antes que Almeida pudes-
se concentrar suas forças, os muçulmanos velejaram de volta para a Arábia.

Dois anos depois, Husain retornou ainda com mais embarcações. A grande maioria era
formada de galeras, com três canhões montados na proa sobre o grande bico de bronze usado
como aríete. Havia 200 navios, milhares de remadores e 1.500 soldados para subir a bordo da
embarcação inimiga. Além de espadas e lanças, eles levavam arcos ou mosquetes. Tinham
garatéias de ferro para cercar navios e potes de fogo para serem lançados em seus tombadi-
lhos. Husain acabaria com os “francos” de uma vez por todas.

Quando os muçulmanos retornaram, Almeida estava pronto. Queimando pelo desejo de


vingança, conduziu seus navios até Diu. Havia apenas 17 navios, mas todos eram maiores e
mais bem armados que as galeras de Husain. Assim que as embarcações muçulmanas de
reconhecimento informaram ter visto velas portuguesas, elas deixaram o porto e remaram em
direção a eles. O oceano era mais revolto que o mar Vermelho ou o Mediterrâneo, e as galeras
não podiam desenvolver tanta velocidade como os muçulmanos esperavam; além disso, era
mais difícil se manter em linha.

Em vez de um ataque frontal, tão comum em combates entre galeras, os portugueses se


viraram para a lateral e abriram fogo. Atiravam salvas estrondosas, abafando o som das (compa-
rativamente) poucas armas muçulmanas. Poucos navios muçulmanos chegaram perto o sufi-
ciente para atacar com aríetes ou subir a bordo. O fogo português atingiu as galeras. As balas
de canhão abriram caminho pelos grupos de remadores, deixando massas de corpos mutilados

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e suas frágeis embarcações foram abatidas em grupo”. Ao anoitecer, a capitânia muçulmana
tinha sido afundada, junto com a maioria das outras galeras. Os egípcios e turcos sobreviventes
correram de seus navios encalhados e fugiram para a cidade.

Os mamelucos egípcios, debilitados pela perda do comércio oriental, foram os primeiros a


sofrer. Os otomanos os conquistaram oito anos depois da batalha de Diu. No século seguinte,
os turcos fizeram mais três tentativas de disputar o domínio do oceano Índico com os portu-
gueses, mas todas terminaram do mesmo modo. Posteriormente, os portugueses perderam o
controle do oceano para os holandeses, seguidos pelos ingleses e franceses. Assim o Islã
p erdeu, para sempre, , o comércio das “Índias”, sua grande fonte de riqueza.

Um marinheiro genovês, Cristóvão Colombo, inspirado pelo feito de Vasco da Gama, que
atingiu o Cabo da Boa Esperança, tentou vender seus planos de velejar para o oeste a fim de
atingir o oriente. Os portugueses disseram que seu plano baseava-se em cálculos errados. (O
que era real.) Mas os espanhóis compraram a idéia. Colombo velejou em 1492, logo depois
que os espanhóis expulsaram os últimos muçulmanos da Espanha.

Quando o século XV começou, o Islã parecia quase pronto para dominar o mundo. Porém,
essa possibilidade afundou no oceano Índico, perto de Diu.

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