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Cruzada

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Cruzada é um termo utilizado para


designar qualquer dos movimentos
militares de inspiração cristã que
partiram da Europa Ocidental em direção
à Terra Santa e à cidade de Jerusalém
com o intuito de conquistá-las, ocupá-las
e mantê-las sob domínio cristão. Estes
movimentos estenderam-se entre os
séculos XI e XIII, época em que a
Palestina estava sob controle do
Sultanato de Rum. No médio oriente, as
cruzadas foram chamadas de "invasões
francas", já que os povos locais viam
estes movimentos armados como
invasões e porque a maioria dos
cruzados vinha dos territórios do antigo
Império Carolíngio e se
autodenominavam francos.

Os ricos e poderosos cavaleiros da


Ordem de São João de Jerusalém
(Hospitalários) e dos Cavaleiros
Templários foram criados durante as
Cruzadas. O termo é também usado, por
extensão, para descrever, de forma
acrítica, qualquer guerra religiosa ou
mesmo um movimento político ou moral.
O termo cruzada não era conhecido no
tempo histórico em que ocorreu. Na
época eram usadas, entre outras, as
expressões "peregrinação" e "guerra
santa". O termo Cruzada surgiu porque
seus participantes se consideravam
soldados de Cristo, distinguidos pela
cruz presente em suas roupas. As
Cruzadas eram também uma
peregrinação, uma forma de pagamento
a alguma promessa, ou uma forma de
pedir alguma graça, e era considerada
uma penitência.[1][2]

Por volta do ano 1000, aumentou muito a


peregrinação de cristãos para Jerusalém,
pois corria a crença de que o fim dos
tempos estava próximo e, por isso,
valeria a pena qualquer sacrifício para
evitar o inferno. Incidentalmente, as
Cruzadas contribuíram muito para o
comércio com o Oriente.

Antecedentes
Depois da morte de Maomé (632), vagas
de exércitos árabes lançaram-se com
novo fervor à conquista dos seus antigos
dominadores, o Império Bizantino e
Império Sassânida, que vinham de
décadas de guerra. Os sassânidas, após
serem esmagadoramente derrotados em
algumas batalhas, levaram 30 anos para
ser destruídos, devido mais à extensão
do seu império do que à sua resistência
militar: o último xá Isdigerdes III
(r. 632–651) morreu em Merve em 651.
Os bizantinos resistiram bem menos:
cederam uma parte da Síria, a Palestina,
o Egito e o norte da África, mas ao fim
sobreviveram e mantiveram sua capital
Constantinopla.

Em novo impulso, os exércitos


conquistadores muçulmanos lançaram-
se então sobre a Índia, a Península
Ibérica, o sul de Itália, a França, e as ilhas
mediterrâneas. Tendo se tornado uma
civilização tolerante e brilhante sob o
ponto de vista intelectual e artístico, o
império muçulmano sofreu de
gigantismo e viu enfraquecer-se militar e
politicamente. Aos poucos, as zonas
mais longínquas tornaram-se
independentes ou então foram
recuperadas pelos seus inimigos,
bizantinos, francos, reinos neo-godos, os
quais guardavam na memória a época de
conquista.

No século X, essa desagregação


acentuou-se, em parte devido à
influência de grupos de mercenários
convertidos ao islão que tentaram criar
reinos separados. Os turcos seljúcidas
(não confundir com os turcos otomanos
antepassados dos criadores do actual
estado da Turquia), procuraram impedir
esse processo e conseguiram unificar
uma parte do território. Acentuaram a
guerra contra os cristãos, esmagaram as
forças bizantinas em Manziquerta em
1071 conquistando, assim, o leste e o
centro da Anatólia e Jerusalém em 1078.

Depois de um período de expansão nos


séculos X e XI o Império Bizantino viu-se
em sérias dificuldades: a braços com
revoltas de nómadas ao norte da
fronteira, e perda dos territórios da
península Itálica, conquistados pelos
normandos. Internamente, a expansão
dos grandes domínios em detrimento do
pequeno campesinato resultou numa
diminuição dos recursos financeiros e
humanos disponíveis ao estado. Como
solução, o imperador Aleixo I Comneno
decidiu pedir auxílio militar ao Ocidente
para fazer frente à ameaça seljúcida.

O domínio dos turcos seljúcidas sobre a


Palestina foi percebido pelos cristãos do
Ocidente como uma ameaça e uma
forma de repressão sobre os peregrinos
e os cristãos do Oriente. Em 27 de
janeiro de 1095, no concílio de Clermont,
o papa Urbano II exortou os nobres
franceses a libertar a Terra Santa e a
colocar Jerusalém de novo sob
soberania cristã,[3] apresentando a essa
expedição militar como uma forma de
penitência. A multidão presente aceitou
entusiasticamente o desafio e logo
partiu em direcção ao Oriente,
sobrepondo uma cruz vermelha sobre
suas roupas (daí terem recebido o nome
de "cruzados"). Assim começavam as
cruzadas.

Nove cruzadas (segundo a


tradição)

Rota das principais Cruzadas


Tradicionalmente fala-se em nove
Cruzadas, mas, na realidade, elas
constituíram um movimento quase
permanente.[carece de fontes

?
]

Cruzada Popular ou dos Mendigos


(1096)

A Cruzada Popular ou dos Mendigos


(1096) foi um acontecimento extraoficial
que consistiu em um movimento popular
que bem caracteriza o misticismo da
época e começou antes da Primeira
Cruzada oficial. O monge Pedro, o
Eremita, graças a suas pregações
comoventes, conseguiu reunir uma
multidão. Entre os guerreiros, havia uma
multidão de mulheres, velhos e crianças.

Na busca de recursos financeiros para o


longa viagem até a Palestina, estes
cruzados buscaram infiéis ricos mais
próximos de suas casas. Assim,
começaram a atacar judeus europeus.[3]
As primeiras vítimas foram os judeus da
Renânia.[3] Inspirado por Pedro o Eremita,
o conde Emich de Leisengen marcou a
própria testa com queimadura em forma
de cruz e liderou um grupo de peregrinos
para atacar os judeus da cidade de Spier.
Apesar da oposição do bispo católico da
cidade, os peregrinos mataram muitos
judeus que se recusaram a abraçar a fé
cristã.[3] O mesmo bando seguiu depois
até Worms, atacou a Judengasse e
matou mais de mil judeus.[3] O grupo
prosseguiu até Mogúncia, onde mais 990
judeus foram mortos.[3]

Ataques a judeus ocorreram também na


Colônia, Tréveris, Metz, Praga e
Ratisbona e o sentimento antijudeu
espalhou-se pela França e Inglaterra.[3]
Ante a impaciência da multidão, em
Edemburgo (atual Sopron), Pedro
despachou seu comandante militar
Walter o Impiedoso com cinco mil
cruzados. Ao chegar à cidade bizantina
de Belgrado, os cruzados começaram a
pilhar a área rural e 150 deles morreram
em confronto com a população local

Auxiliado por um cavaleiro, Guautério


Sem-Haveres, os peregrinos
atravessaram a Alemanha, Hungria e
Bulgária, causando desordens e
desacatos, sendo em parte aniquilados
pelos búlgaros.

Em 1 de agosto de 1096, chegaram em


péssimas condições a Constantinopla.[3]
Mal equipada e mal alimentada, essa
cruzada massacrou, pilhou e destruiu.
Ainda assim, o imperador bizantino
Aleixo I Comneno recebeu os seguidores
do eremita em Constantinopla.
Prudentemente, Aleixo aconselhou o
grupo a aguardar a chegada de tropas
mais bem equipadas. Mas a turba
começou a saquear a cidade.

O imperador bizantino, desejando afastar


esse "bando turbulento" de sua capital,
obrigou-os a se alojar fora de
Constantinopla, perto da fronteira
muçulmana, e procurou incentivá-los a
atacar os infiéis. Foi um desastre, pois a
Cruzada dos Mendigos chegou muito
enfraquecida à Ásia Menor, onde foi
arrasada pelos turcos. Somente um
reduzido grupo de integrantes conseguiu
juntar-se à cruzada dos cavaleiros.
Pedro, o Eremita mostra o caminho de Jerusalém aos cruzados (iluminura francesa, c.1270)

Durante um mês, mais ou menos, tudo o


que os cavaleiros turcos fizeram foi
observar a movimentação dos invasores,
que se ocupavam apenas de saquear as
regiões próximas do acampamento onde
foram alojados. Até que, em agosto de
1096, o bando inquieto cansou-se de
esperar e partiu para a ofensiva.

Quando parte dos europeus resolveu


partir em direção às muralhas de Niceia
(atual İznik), cidade dominada pelos
muçulmanos, uma primeira patrulha de
soldados do sultão turco Quilije Arslã I
foi enviada, sem sucesso, para barrá-los.
Animado pela primeira vitória, o exército
do Eremita continuou o ataque a Niceia,
tomou uma fortaleza da região e
comemorou se embriagando, sem saber
que estava caindo numa emboscada. O
sultão mandou seus cavaleiros cercarem
a fortaleza e cortarem os canais que
levavam água aos invasores. Foi só
esperar que a sede se encarregasse de
aniquilá-los e derrotá-los, o que levou
cerca de uma semana.

Quanto ao restante dos cruzados


maltrapilhos, foi ainda mais fácil
exterminá-los. Tão logo os francos
tentaram uma ofensiva, marchando
lentamente e levantando uma nuvem de
poeira, foram recebidos por um ataque
de flechas. A maioria morreu ali mesmo,
já que não dispunha de nenhuma
proteção. Os que sobreviveram fugiram
em pânico.

O sultão, que havia ouvido histórias


temíveis sobre os francos, respirou
aliviado. Mal imaginava ele que aquela
era apenas a primeira invasão e que
cavaleiros bem mais preparados ainda
estavam por vir.

Primeira Cruzada (1096-1099)


Rota dos líderes da primeira cruzada, por William Shepherd, Atlas Histórico, 1911

Foi chamada também de Cruzada dos


Nobres ou dos Cavaleiros. Ao pregar e
prometer a salvação a todos os que
morressem em combate contra os
pagãos (neste caso, se referia aos
muçulmanos) em 1095, o papa Urbano II
estava a criar um novo ciclo. É certo que
a ideia não era totalmente nova: parece
que já no século IX se declarara que os
guerreiros mortos em combate contra os
muçulmanos na Sicília mereciam a
salvação.

As várias versões que nos restam do seu


apelo mostram que Urbano relatou
também os infortúnios dos cristãos do
oriente, e sublinhou que se até então os
cavaleiros do ocidente habitualmente
combatiam entre si perturbando a paz,
poderiam agora lutar contra os
verdadeiros inimigos da fé, colocando-se
ao serviço de uma boa causa. O apelo foi
feito a todos sem distinção, pobres ou
ricos. E foi, de facto, o que sucedeu. Mas
os ricos e pobres rapidamente formaram
cruzadas separadas.
Por volta de 1097, um exército de 30 mil
homens, dentre eles muitos peregrinos,
cruzou a Ásia Menor, partindo de
Constantinopla. A cruzada dos
cavaleiros, possuindo recursos, embora
progredindo devagar, fizera um acordo
com o imperador bizantino de lhe
devolver os territórios conquistados aos
turcos. Liderada por grandes senhores,
levava quer proprietários, quer filhos
segundos da nobreza. Esse acordo seria
desrespeitado, à medida que o mal-
entendido entre as duas partes cresceria.
A tomada de Jerusalém durante a Primeira Cruzada em 1099, de um manuscrito medieval

Os bizantinos pretendiam um grupo de


mercenários solidamente enquadrados
ao qual se pagasse o soldo e que
obedecesse às ordens - não aquelas
turbas indisciplinadas; os cruzados não
estavam dispostos, depois de tantos
sacrifícios a entregar o que obtinham.
Apesar da animosidade entre os líderes e
das promessas quebradas entre os
cruzados e os bizantinos que os
ajudavam, a Cruzada prosseguiu. Os
turcos estavam simplesmente
desorganizados. A cavalaria pesada e a
infantaria francas não tinham
experiência em lutar contra a cavalaria
leve e arqueiros turcos, e vice-versa. A
resistência e a força dos cavaleiros
venceram a campanha em uma série de
vitórias, a maioria muito difíceis.

Em 19 de junho de 1097, os cruzados


cercaram e tomaram Niceia (atual İznik),
devolvendo-a aos bizantinos, e logo
tomaram o rumo de Antioquia. Em julho,
foram atacados pelos turcos em Dorileia,
mas conseguiram vencê-los e, após
penosa marcha, chegaram aos arredores
de Antioquia em 20 de outubro. A cidade
de Antioquia somente cairia, após longo
cerco, a 3 de junho de 1098, com a ajuda
de um sentinela armênio que facilitou a
entrada dos cruzados nas muralhas da
cidade. Seguiu-se um saque terrível da
população muçulmana da cidade, que
ficou na posse de Boemundo de Taranto,
o chefe dos normandos.

Godofredo de Bulhão, após longo cerco,


conquistou Jerusalém atacando uma
guarnição fraca em 1099. A repressão foi
violenta. Segundo o arcebispo Guilherme
de Tiro, a cidade oferecia tal espetáculo,
tal carnificina de inimigos, tal
derramamento de sangue que os
próprios vencedores ficaram
impressionados de horror e
descontentamento. Godofredo de Bulhão
ficou só com o título de protector e, à sua
morte, Balduíno, seu irmão, proclamou-
se rei. Os cristãos humilharam-se após
as duas conquistas massacrando muito
dos residentes, indiferentemente da
idade, fé ou sexo. Após a vitória, era
preciso organizar a conquista. Surgiram
quatro estados cruzados, conhecidos
coletivamente como Ultramar, do norte
para o sul: o Condado de Edessa, o
Principado de Antioquia, o Condado de
Trípoli, e o Reino de Jerusalém.

O sucesso da primeira cruzada pelas


indisciplinadas tropas foi até certo ponto
uma surpresa e ocorreu porque os
cruzados chegaram num momento de
desordem naquela periferia do mundo
islâmico. Uma vez conquistado o
território ao inimigo, os cruzados, cujos
desentendimentos com os bizantinos
começaram ainda durante a campanha,
não mais quiseram devolver as terras
aos seus irmãos de fé cristã do Império
Bizantino.

A Máquina de Guerra dos Cruzados, Gustave Doré (1832-1883)


Muitos dos combatentes retiraram-se
uma vez conquistada Jerusalém
(incluindo os grandes senhores), mas um
núcleo ficou (cálculos chegam a falar de
algumas centenas de cavaleiros e um
milhar de homens a pé). As cidades
principais (como Antioquia, Edessa)
tornarem-se capitais de principados e
reinos (embora Jerusalém fosse de certo
modo o centro político e religioso), com
outras marcas a protegê-los.

O sistema feudal foi transplantado para


oriente com algumas alterações: muitas
vezes, em vez de receber feudos, os
cavaleiros eram pagos com direitos ou
rendas (modalidade que existia também
na Europa). As cidades mercantis
italianas tornaram-se fundamentais para
a sobrevivência desses estados:
permitiram a chegada de reforços e
interceptar os movimentos das
esquadras muçulmanas, tornando o
Mediterrâneo novamente um mar
navegável pelos ocidentais. Mas
rapidamente os muçulmanos iriam
reagir.

De qualquer modo, nos anos seguintes,


com a euforia da vitória, mais voluntários
seguiram para o Oriente. Os
contingentes seguiam por
nacionalidades, continuando pouco
organizados. As motivações eram
variáveis: se alguns pretendiam obter
novos feudos, ou redimir-se das suas
faltas, havia também aqueles que
"apenas" pretendiam ganhar batalhas,
cobrir-se de glória, bênçãos espirituais, e
voltar para a sua terra.

Os governantes cruzados encontravam-


se em grande desvantagem numérica em
relação às populações muçulmanas que
eles tentavam controlar. Assim,
construíram castelos e contrataram
tropas mercenárias para mantê-los sob
controle. A cultura e a religião dos
francos era muito estranha para cativar
os residentes da região. Dos seguros
castelos, os cruzados interceptavam
cavaleiros árabes.

Por aproximadamente um século, os


dois lados mantiveram um clássico
conflito de guerrilha. Os cavaleiros
francos eram muito fortes, mas lentos.
Os árabes não aguentavam um ataque
da cavalaria pesada, mas podiam
cavalgar em círculo em volta dela, na
esperança de incapacitar as unidades
dos francos e fazer emboscadas no
deserto. Os reinos cruzados localizavam-
se, em sua maioria, no litoral, pelo qual
eles podiam receber suprimentos e
reforços, mas as constantes incursões e
o infeliz populacho mostravam que eles
não eram um sucesso econômico.

Cruzados (Larousse, 1922)

Por volta do ano 1100, uma nova


expedição partiu. Chegados a
Constantinopla, levantaram-se
discussões com os bizantinos que
estavam fartos de ter aqueles vizinhos
incómodos que pilhavam a terra,
portavam-se de uma forma muito mais
brutal em guerra, e ficavam com o que
conquistavam (para além das diferenças
culturais e religiosas).

Entretanto, os turcos estavam a unificar-


se para tentar fazer face a estas ameaça.
Evitando combates directos até ao
último momento contra a cavalaria
pesada cristã, usaram tácticas de
emboscadas. Em Mersivan, esmagaram
um dos exércitos cristãos (o dos
lombardos e francos) que fora
abandonado pelos seus líderes e
cavaleiros (que fugiram). Estes foram
severamente criticados pela fuga, assim
como Aleixo, imperador bizantino, por
não ter dado apoio.
Outro grupo, o exército de Nivernais,
também foi destruído de forma similar
(com fuga de líderes incluída). A
expedição da Aquitânia portou-se
melhor: ao menos os cavaleiros ficaram
a combater e morrer juntamente com o
povo. Alguns poucos conseguiram
fugiram para Constantinopla. Três
exércitos aniquilados em dois meses,
enquanto que o pequeno exército de
Jerusalém (com o membros da Primeira
Cruzada) derrotava um exército egípcio.

Por alguns anos, não foram pregadas


mais cruzadas, e os territórios cristãos
no oriente tiveram de se aguentar por
conta própria. Assumiram como
padroeiro São Jorge da Capadócia,
exemplo de cavaleiro cristão, e seu
brasão de armas, a cruz vermelha num
escudo branco.

Entretanto ordens de monges cavaleiros


foram formadas para lutar pelas terras
sagradas e cuidar dos peregrinos. Os
cavaleiros templários e hospitalários
eram, em sua maioria, francos ou seus
vassalos. Os cavaleiros teutônicos
(Teutonicorum) eram germânicos. Esses
eram os mais organizados, bravos e
determinados do que os cruzados, mas
nunca eram suficientes para fazer a
região ficar segura. Os reinos cruzados
sobreviveram por um tempo, em parte
porque aprenderam a negociar, conciliar
e jogar os diferentes grupos árabes uns
contra os outros.

O condado de Edessa caiu em 1144, sob


Zengui, governante de Alepo e Moçul.
Caíram mais tarde Antioquia em 1268,
Trípoli em 1289 e o último posto dos
Cruzados, Acre, durou até 1291.

Segunda Cruzada (1147-1149)

Em 1145, foi pregada uma nova cruzada


por Eugénio III e São Bernardo. A perda
do Condado de Edessa provocou a
organização dessa cruzada. Desta vez
foram reis que responderam ao apelo:
Luís VII da França e Conrado III do Sacro
Império, para nomear os mais
importantes. Curiosamente, os
contingentes flamengos e ingleses
acabaram por conquistar Lisboa e voltar
para as suas terras na sua maioria, uma
vez que eram concedidas indulgências
para quem combatia na Península
Ibérica.

O exército de Conrado acabou esmagado


pelos turcos num momento de repouso.
O que sobrou juntou-se aos franceses,
com o apoio dos templários. Com
algumas dificuldades de transporte, mais
uma vez uma parte do exército teve de
ser abandonada para trás (sobretudo os
plebeus a pé), e estes tiveram de abrir
caminho contra os turcos.

Luís VII e Conrado em Jerusalém, depois


de algumas discussões, acabaram por
ser convencidos a atacar Damasco, mas
ao fim de poucos dias tiveram que se
retirar perante a ameaça de uma parte
dos nobres fazê-lo por conta própria. O
resultado desta cruzada foi miserável (se
excetuarmos a conquista de Lisboa),
tendo sucesso apenas em azedar as
relações entre os reinos cruzados, os
bizantinos e os governantes
muçulmanos amigáveis. Nenhuma nova
cruzada foi lançada até a um novo
acontecimento: a conquista de
Jerusalém pelos muçulmanos em 1187.
Os cristãos enfrentavam um adversário
decidido, Saladino.

A morte de Frederico Barbarossa, por Gustave Doré (1832-1883)

Terceira Cruzada (1189-1192)

A Terceira Cruzada, pregada pelo papa


Gregório VIII após a tomada de
Jerusalém pelo sultão Saladino em 1187,
foi denominada Cruzada dos Reis. É
assim denominada pela participação dos
três principais soberanos europeus da
época: Filipe Augusto (França), Frederico
Barba-Ruiva (Sacro Império Romano-
Germânico) e Ricardo Coração de Leão
(Inglaterra).

O imperador Frederico Barba-Ruiva,


atendendo os apelos do papa, partiu
com um contingente alemão de
Ratisbona e tomou o itinerário danubiano
atravessando com sucesso a Ásia
Menor, porém afogou-se na Cilícia ao
atravessar o Sélef (atual rio Göksu). A
sua morte representou o fim prático
desse núcleo. Os reis de França e
Inglaterra passaram o tempo todo a
querelar-se, até que aquele se retirou.

Se Ricardo Coração de Leão conseguiu


alguns actos notáveis (a conquista de
Chipre, Acre, Jafa e uma série de vitórias
contra efectivos superiores) também não
teve pejo em massacrar prisioneiros
(incluindo mulheres e crianças). Com
Saladino, teve um adversário à altura,
combatendo e travando um subtil
táctico. Em 1192, acabou-se por chegar
a um acordo: os cristãos mantinham o
que tinham conquistado e obtinham o
direito de peregrinação, desde que
desarmados, a Jerusalém (que ficava em
mãos muçulmanas).
Se esse objectivo principal falhara,
alguns resultados tinham sido obtidos:
Saladino vira a sua carreira de vitórias
iniciais entrar num certo impasse e o
território de Ultramar (o nome que era
dado aos reinos cruzados no oriente)
sobrevivera.

Quarta Cruzada (1202-1204)

O doge Dandolo, de Veneza, pregando a cruzada (Gustave Doré)


A Quarta Cruzada foi denominada
também de Cruzada Comercial, por ter
sido desviada de seu intuito original pelo
doge (duque) Enrico Dandolo, de Veneza,
que levou os cristãos a saquear Zara e
Constantinopla, onde foi fundado o Reino
Latino de Constantinopla, fazendo com
que o abismo entre as igrejas Ocidental e
Oriental se estabelecesse
definitivamente.

O papa Inocêncio III apelou a uma


cruzada em 1198 para conquistar
Jerusalém (o objectivo falhado da
Terceira Cruzada), mas os preparativos
começariam dois anos depois. Vários
grandes senhores trouxeram exércitos e
estipularam um acordo com Veneza que
transportaria essas tropas na sua frota
em troca de uma quantia. O problema é
que muitos dos senhores acabaram por
não ir, e os que foram não tinham
condições para pagar o valor estipulado
(que era fixo).

A entrada dos cruzados em Constantinopla, Eugène Delacroix

Foi criado um novo acordo então: os


cruzados conquistariam Zara, uma
cidade veneziana na Dalmácia que se
revoltara, em troca de um adiamento do
pagamento. Entretanto chegaram
notícias do Império Bizantino. O
imperador Isaac II Ângelo fora derrubado
pelo seu irmão Aleixo III Ângelo e fora
cegado. O filho de Isaac II, de nome
Aleixo IV Ângelo, conseguira fugir e
apelara aos cruzados para o ajudarem:
em troca de o colocarem no trono
prometia-lhes dinheiro e os recursos do
império para a conquista de Jerusalém.
Ainda hoje os historiadores discutem se
as coisas se passaram assim ou se foi
uma justificação para o que se iria
suceder.
Os cruzados aceitaram imediatamente
uma vez que isso parecia resolver os
seus problemas. Partiram em 1202. O
papa considerou que se atacassem
território cristão (nomeadamente Zara)
ficariam excomungados. A cidade foi
conquistada e depois de deixarem
passar o inverno atacaram
Constantinopla. A cidade resistiu, mas o
imperador Aleixo III acabou por fugir com
o tesouro da cidade.
 

Depois da Quarta Cruzada: Império Latino, Império de Niceia, Império de Trebizonda e o Despotado do Epiro. As
fronteiras são incertas

Com novos impostos a ser lançados


para pagar as promessas feitas aos
cruzados, rapidamente a população ficou
à beira da revolta. Aleixo V Ducas, um
parente afastado fez um golpe matando
Aleixo IV e colocando novamente na
prisão Isaac II que fora libertado pelos
cruzados e governara com o filho.
Os cruzados decidiram então conquistar
em proveito próprio o império, nomear
um imperador latino e dividir os
territórios. Aleixo fugiu com algum
tesouro e a cidade foi saqueada pelos
latinos durante três dias. Estátuas,
mosaicos, relíquias, riquezas
acumuladas durante quase um milénio
foram pilhadas ou destruídas durante os
incêndios. A cidade sofreu um golpe tão
terrível que nunca mais conseguiu se
recompor, mesmo depois de voltar a ser
grega em 1261. E assim terminou a
Quarta Cruzada, pois ninguém pensou
mais em dirigir-se para Jerusalém: a
maioria regressou com o que roubara,
alguns ficaram com feudos no oriente.
Cruzada Albigense

Geralmente é aceito pela maioria dos


estudiosos que o catarismo surgiu em
meados de 1143, quando surgiram os
primeiros relatos de um grupo
defendendo crenças similares em
Colônia (Alemanha) pela clérigo Eberwin
de Steinfeld,[nota 1] o catarismo
acreditava no dualismo, professando a
existência de um deus do Bem e outro do
Mal, Cristo seria o deus do bem enviado
para salvar as almas humanas, após a
morte as almas boas iriam para o céu,
enquanto as más iriam praticar
metempsicose.[4] Os cátaros eram
especialmente numerosos em Occitânia
(sul da atual França),[5] e sua liderança
era protegida por nobres poderosos,[6] e
também por alguns bispos, que se
ressentiam da autoridade papal em suas
dioceses. Em 1178, Henri de Marcy,
legado do papa, qualificou as
populações de implantação cátara com a
alcunha em latim de sedes Satanae,
sedes de Satã.[7]

Quando as tentativas diplomáticas do


papa Inocêncio III para reverter o
catarismo falharam,[8] mais
proeminentemente o suposto
assassinato do legado papal Pierre de
Castelnau, Inocêncio III declarou uma
cruzada contra o Languedoque em 1208.
A Inquisição foi criada em 1229 para
erradicar os cátaros remanescentes,
operando no sul de Toulouse, Albi,
Carcassona e outras cidades durante
todo o século XIII, e uma grande parte do
XIV. Os cátaros serão novamente
perseguidos nas inquisições espanholas
e portuguesa.[9]

Cruzada das Crianças (1212)

A Cruzada das Crianças, por Gustave Doré (1832-1883)


A Cruzada das Crianças, é um misto de
fantasia e fatos. A lenda baseia-se em
duas movimentações separadas com
origem na França e na Alemanha, no ano
de 1212. Esta cruzada teria ocorrido
entre a Terceira e a Quarta Cruzada e
seria um movimento extraoficial,
baseado na crença que apenas as almas
puras (no caso as crianças) poderiam
libertar Jerusalém. A ideia teria surgido
após a notícia de que Constantinopla,
uma cidade cristã, tinha sido saqueada
pelos cruzados, fazendo cristãos crerem
que não se poderia confiar em adultos.
50 mil crianças teriam sido colocadas
em navios, saindo do porto de Marselha
(França) rumo a Jerusalém. O resultado
foi um desastre, pois a maioria das
crianças morreu no caminho, de fome ou
de frio. As que sobreviveram foram
vendidas como escravas pelos turcos no
Norte da África. Alguns chegaram
somente até a Itália, outros se
dispersaram, e houve aqueles que foram
sequestrados e escravizados pelos
muçulmanos.

Quinta Cruzada (1217-1221)

Também pregada por Inocêncio III, partiu


em 1217 e foi liderada por André II, rei da
Hungria, e por Leopoldo VI, duque da
Áustria. Decidiu-se que para se
conquistar Jerusalém era necessário
conquistar o Egito primeiro, uma vez que
este controlava esse território.

Desembarcados em São João D'Acre,


decidiram atacar Damieta, cidade que
servia de acesso ao Cairo, a capital.
Depois de conquistar uma pequena
fortaleza de acesso aguardaram reforços
e se colocaram a caminho. Depois de
alguns combates, e quando tudo parecia
perdido, uma série de crises na liderança
egípcia permitiram aos cruzados ocupar
o campo inimigo. O sultão acabou por
oferecer o reino de Jerusalém e uma
enorme quantia se os cristãos
retirassem; o cardeal Pelágio, que se
tornara num dos chefes da expedição,
acabou por convencer os restantes a
recusar.

Começaram a cercar Damieta e depois


de algumas batalhas sofreram uma
derrota. O sultão renovou a proposta,
mas foi novamente recusada. Depois de
um longo cerco, que durou de fevereiro a
novembro, a cidade caiu. Os conflitos
entre os cruzados agudizaram-se e
perdeu-se tanto tempo que os egípcios
recuperaram forças. Reforços até 1221
chegaram aos cristãos. Lançaram-se
numa ofensiva, mas os muçulmanos
foram retirando-se e levaram os
cruzados a uma armadilha; sem comida
e cercados acabaram por ter de chegar a
um acordo: retiravam-se do Egito e
tinham suas vidas salvas.

Sexta Cruzada (1228-1229)

Foi liderada pelo imperador do Sacro


Império Frederico II de Hohenstauffen,
que tinha sido excomungado pelo papa.
Ele partiu com um exército que foi
diminuindo com as deserções, e uma
semi-hostilidade das forças cristãs
locais devido à sua excomunhão.
Aproveitando-se das discórdias entre os
muçulmanos, Frederico II conseguiu, por
intermédio da diplomacia, um tratado
com o sultão aiúbida Camil que lhe
concedia a posse de Jerusalém, Belém e
Nazaré por dez anos. Mas a derrota dos
cristãos em Gaza fê-los perder os Santos
Lugares em 1244.

Sétima Cruzada (1248-1254)

Dirrã cunhado por cristãos com legendas em árabe entre 1216-1241

Foi liderada pelo rei da França Luís IX,


posteriormente canonizado como São
Luís. Ele desembarcou diretamente no
Egito e, depois de alguns combates,
conquistou Damieta. Novamente o
sultão ofereceu Jerusalém e novamente
foi recusado. Em Almançora, depois de
quase terem vencido, os cruzados são
derrotados pela imprudência do irmão do
rei, Roberto de Artois. Depois de uma
retirada desastrosa, o exército rendeu-se.
Luís IX caiu prisioneiro e os cristãos
tiveram de pagar um pesado resgate
pela sua libertação. Somente a
resistência da rainha francesa em
Damieta permitiu que se conseguisse
negociar com os egípcios. Luís ficou
mais algum tempo e conseguiu salvar o
território de Ultramar (indiretamente, as
invasões mongóis deram o seu
contributo).

Oitava Cruzada (1270)

Os egípcios da dinastia mameluca

em 1265, tomaram Cesareia, Haifa e


Arçufe;
em 1266, ocuparam a Galileia e parte
da Armênia;
em 1268, conquistaram Antioquia.

O Oriente Médio vivia uma época de


anarquia entre as ordens religiosas que
deveriam defendê-lo, bem como entre
comerciantes genoveses e venezianos.
O rei francês Luís IX retomou então o
espírito das cruzadas e lançou novo
empreendimento armado, a Oitava
Cruzada, em 1270, embora sem grande
percussão na Europa. Os objetivos eram
agora diferentes dos projetos anteriores:
geograficamente, o teatro de operações
não era o Levante mas antes Túnis, e o
propósito, mais que militar, era a
conversão do emir da mesma cidade
norte-africana.

Luís IX partiu inicialmente para o Egito,


que estava sendo devastado pelo sultão
Baibars. Dirigiu-se depois para Túnis, na
esperança de converter o emir da cidade
e o sultão ao cristianismo. O sultão
Maomé recebeu-o de armas nas mãos. A
expedição de São Luís redundou como
quase todas as outras expedições, numa
tragédia. Não chegaram sequer a ter
oportunidade de combater: mal
desembarcaram as forças francesas em
Túnis, logo foram acometidas por uma
peste que assolava a região, ceifando
inúmeras vidas entre os cristãos,
nomeadamente São Luís e um dos seus
filhos. O outro filho do rei, Filipe, o Audaz,
ainda em 1270, firmou um tratado de paz
com o sultão e voltou à Europa. Chegou
a Paris em maio de 1271 e foi coroado
rei, em Reims, em agosto do mesmo ano.

Nona Cruzada (1271-1272)


A Nona Cruzada é, muitas vezes,
considerada como parte da Oitava.

Em 1268, Baibars, sultão mameluco de


Egito, havia reduzido o Reino Latino de
Jerusalém, o mais importante Estado
cristão estabelecido pelos cruzados, a
uma pequena faixa de terra entre Sídon e
Acre.

Alguns meses após a morte de Luís IX,


na Oitava Cruzada, o príncipe Eduardo da
Inglaterra, depois Eduardo I, comandou
os seus seguidores até Acre. Em 1271 e
inícios de 1272, conseguiu combater
Baibars, após firmar alianças com alguns
governantes da região adversários dele.
Em 1272, estabeleceu contatos para
firmar uma trégua, mas Baibars tentou
assassiná-lo, enviando homens que
fingiram buscar o batismo como
cristãos. Eduardo, então, começou
preparativos para atacar Jerusalém,
quando chegaram notícias da morte de
seu pai, Henrique III. Eduardo, como
herdeiro ao trono, decidiu retornar à
Inglaterra e assinou um tratado com
Baibars, que possibilitou seu retorno e,
assim, terminou a Nona Cruzada.

Movimento das cruzadas

Origens
A Primeira Cruzada foi um evento
inesperado para os cronistas
contemporâneos, mas a análise histórica
demonstra que teve suas raízes em
desenvolvimentos no início do século XI.
Clérigos e leigos cada vez mais
reconheciam Jerusalém como digna de
peregrinação penitencial. O desejo dos
cristãos por uma igreja mais eficaz era
evidente no aumento da piedade. A
peregrinação à Terra Santa expandiu-se
após o desenvolvimento de rotas mais
seguras pela Hungria a partir de 1000.
Havia uma piedade cada vez mais
articulada dentro da cavalaria e as
práticas devocionais e penitenciais em
desenvolvimento da aristocracia criaram
um terreno fértil para apelos de
cruzadas.[10] O declínio do papado em
poder e influência o deixou pouco mais
que um bispado localizado, mas sua
afirmação cresceu sob a influência da
Reforma Gregoriana no período de 1050
a 1080. A doutrina da supremacia papal
conflitava com a visão da igreja oriental
que considerava o papa apenas um dos
cinco patriarcas da Igreja Cristã, ao lado
dos Patriarcados de Alexandria,
Antioquia, Constantinopla e Jerusalém.
Em 1054, diferenças de costume, credo e
prática estimularam o Papa Leão IX a
enviar uma delegação ao Patriarca de
Constantinopla, que terminou em
excomunhão mútua e um Cisma Oriente-
Ocidente.[11]

Ordens militares

Miniatura do século XIII de Balduíno II de Jerusalém concedendo a Mesquita de Al Aqsa capturada a Hugo de
Payens

As ordens militares eram formas de uma


ordem religiosa estabelecida pela
primeira vez no início do século XII com
a função de defender os cristãos, além
de observar os votos monásticos. Os
Cavaleiros Hospitalários tinham uma
missão médica em Jerusalém desde
antes da Primeira Cruzada, tornando-se
mais tarde uma formidável força militar
de apoio às cruzadas na Terra Santa e no
Mediterrâneo. Os Cavaleiros Templários
foram fundados em 1119 por um bando
de cavaleiros que se dedicaram a
proteger os peregrinos a caminho de
Jerusalém.[12]

Os Hospitalários e os Templários
tornaram-se organizações
supranacionais à medida que o apoio
papal levou a ricas doações de terras e
receitas em toda a Europa. Isso, por sua
vez, levou a um fluxo constante de novos
recrutas e à riqueza para manter várias
fortificações nos estados cruzados. Com
o tempo, eles se tornaram poderes
autônomos na região.[13]

Envolvimento feminino

Até que o requisito fosse abolido por


Inocêncio III, os homens casados
precisavam obter o consentimento de
suas esposas antes de tomar a cruz, o
que nem sempre era fácil. Observadores
muçulmanos e bizantinos viam com
desdém as muitas mulheres que se
juntaram às peregrinações armadas,
incluindo mulheres combatentes. Os
cronistas ocidentais indicaram que as
cruzadas eram esposas, comerciantes,
servas e profissionais do sexo.
Tentativas foram feitas para controlar o
comportamento das mulheres nas
ordenanças de 1147 e 1190. As
mulheres aristocráticas tiveram um
impacto significativo: Ida de Formbach-
Ratelnberg liderou sua própria força em
1101; Leonor da Aquitânia conduziu sua
própria estratégia política; e Margarida
da Provença negociou o resgate de seu
marido Luís IX com uma mulher
adversária — a sultana egípcia Shajar al-
Durr. Misoginia significava que havia
desaprovação masculina; cronistas
falam de imoralidade e Jerônimo de
Praga culpou o fracasso da Segunda
Cruzada à presença de mulheres.
Mesmo que elas frequentemente
promovessem cruzadas, os pregadores
as classificavam como obstruindo o
recrutamento, apesar de suas doações,
legados e resgates de votos. As esposas
dos cruzados compartilhavam suas
indulgências plenárias.[14][15]

Finanças das Cruzadas

O financiamento e a tributação das


cruzadas deixaram um legado de
instituições sociais, financeiras e
jurídicas. A propriedade tornou-se
disponível enquanto moedas e materiais
preciosos circulavam mais facilmente na
Europa. As expedições cruzadas criaram
imensas demandas por suprimentos de
alimentos, armas e transporte que
beneficiaram comerciantes e artesãos.
As taxas para cruzadas contribuíram
para o desenvolvimento de
administrações financeiras centralizadas
e o crescimento da tributação papal e
real. Isso ajudou no desenvolvimento de
órgãos representativos cujo
consentimento era necessário para
muitas formas de tributação.[16] As
Cruzadas fortaleceram os intercâmbios
entre as esferas econômicas orientais e
ocidentais. O transporte de peregrinos e
cruzados beneficiou notavelmente as
cidades marítimas italianas, como o trio
de Veneza, Pisa e Gênova. Tendo obtido
privilégios comerciais nos lugares
fortificados da Síria, tornaram-se os
intermediários privilegiados para o
comércio de bens como seda,
especiarias, bem como outros bens
alimentares brutos e produtos minerais.
O comércio com o mundo muçulmano
foi assim estendido para além dos
limites existentes. Os comerciantes
foram ainda mais favorecidos por
melhorias tecnológicas e o comércio de
longa distância como um todo se
expandiu.[17]

Legado
As Cruzadas criaram mitologias
nacionais, contos de heroísmo e alguns
nomes de lugares.[18] O paralelismo
histórico e a tradição de inspirar-se na
Idade Média tornaram-se pedras
angulares do Islã político, encorajando
ideias de uma jihad moderna e uma luta
secular contra os estados cristãos,
enquanto o nacionalismo árabe secular
destaca o papel do imperialismo
ocidental.[19] Pensadores, políticos e
historiadores muçulmanos modernos
traçaram paralelos entre as cruzadas e
os desenvolvimentos políticos, como o
estabelecimento de Israel em 1948.[20]
Os círculos de direita no mundo
ocidental traçaram paralelos opostos,
considerando o cristianismo sob uma
ameaça religiosa e demográfica islâmica
análoga à situação da época das
cruzadas. Símbolos cruzados e retórica
anti-islâmica são apresentados como
uma resposta apropriada. Esses
símbolos e retórica são usados para
fornecer uma justificativa religiosa e
inspiração para uma luta contra um
inimigo religioso.[21]

A jiade
No início do século XII, o mundo
muçulmano tinha praticamente
esquecido a jiade, a guerra religiosa
travada contra os inimigos do Islão. A
explosiva expansão da sua religião
durante o século VIII tinha-se reduzido às
memórias de grandeza dessa época.
Após a queda de Jerusalém, muitos
proeminentes líderes religiosos, como o
qadi Abu Sa’ ad al-Harawi, tentaram
convencer o califa abássida a preparar a
Jihad contra os firanjes (de francos, que
era como os muçulmanos se referiam
aos europeus). No entanto, somente
perto de duas décadas depois é que o
sultão turco designou um proeminente
militar, um atabegue chamado Zengui,
para resolver o problema firanje.
Inimigos dos Cruzados, por Gustave Doré

Após a primeira cruzada, a moral dos


muçulmanos estava de rastos. Os
firanjes detinham uma reputação de
ferocidade entre os turcos e os árabes.
Com os espectaculares sucessos em
Antioquia e Jerusalém, os firanjes
pareciam quase imparáveis. Eles
humilhavam o poderoso califado egípcio
anualmente e faziam investidas em
terras inimigas impunemente.
Exceptuando os vassalos do Egito, a
maioria dos aterrorizados líderes
muçulmanos dos territórios mais
próximos pagavam um pesado tributo
para assegurar a paz. Zengui iniciou o
longo e lento processo de modificar a
imagem que os muçulmanos tinham dos
firanjes.

Tendo recebido o domínio das terras à


volta de Moçul e Alepo, Zengui começou
uma campanha contra os firanjes em
1132 com a ajuda do seu lugar-tenente
Sauar. Em cinco anos, conseguiu reduzir
o número dos castelos importantes ao
longo da fronteira do Condado de Edessa
e derrotou o exército firanje em batalha.
Em 1144, capturou a cidade de Edessa e
neutralizou de forma efectiva o primeiro
domínio estabelecido pelos Cruzados.

Zengui foi o primeiro líder muçulmano a


enfrentar os firanjes e que não só
sobreviveu, como triunfou. Ele provou
que os firanjes podiam ser bloqueados.
Os líderes de Bagdá aprovaram os
sucessos de Zengui, e cedo um grande
número de títulos precediam o seu
nome: O Emir, o General, o Grande, o
Justo, o Ajudante de Deus, o Triunfante,
o Único, o Pilar da Religião, a Pedra de
Base do Islão, …Honra de Reis, Apoiante
de Sultões … o Sol dos Merecedores, …
Protector do Príncipe dos Fiéis. Zengui
gostou tanto da enchente de elogios, que
insistiu que os seus arautos e escrivães
utilizassem todos os títulos na sua
correspondência.

Embora Zengui fosse um grande herói


militar, ele foi simplesmente muito
implacável e cruel nas suas campanhas
contra Damasco para motivar os
muçulmanos para uma guerra religiosa.
Uma noite do ano 1146, encontrando-se
ele alcoolizado, ao ter presenciado a um
erro do seu eunuco particular, Lulu
(pérola), e prometeu mandá-lo executar
por incompetência. Mais tarde, enquanto
Zengui dormia, Lulu pegou na adaga do
seu dono e apunhalou-o repetidamente e
fugiu, coberto pela escuridão da noite.

O herdeiro de Zengui, Noradine, e o seu


sucessor Saladino, eram extremamente
piedosos, observando rigidamente a
Suna e os Pilares do Islão na sua vida
pública e particular. Ambos rodearam-se
de religiosos e teólogos e sábios em
geral. Para além disso fizeram uma
activa campanha para espalhar o fervor
religioso e propaganda entre os seus
súbditos muçulmanos. Com os seus
exemplos de religiosidade, Noradine
iniciou – e o seu sucessor Saladino
cultivou – uma guerra religiosa, uma
jihad, contra os firanjes. Enquanto que
Zengui apenas podia contar com os seus
soldados, o apelo à jiade atraiu os
soldados muçulmanos de toda a Arábia,
Egito e Pérsia. Este massivo exército
permitiu Saladino esmagar os firanjes na
Batalha de Hatim e enfraquecer as
forças da Terceira Cruzada de Ricardo
Coração de Leão.

A chama da jiade de Saladino deixou de


arder em 1193, quando morreu. O irmão
do sultão, Safadino, não pretendia entrar
em mais guerras, e quando Ricardo
Coração de Leão foi para a Europa, o
poderio militar dos firanjes estava
praticamente neutralizado e não mais
necessidade de derramamento de
sangue. A partir desta altura Safadino
acreditava que a coexistência pacífica
com firanjes ainda era possível. Várias
décadas mais tarde, uma jiade iria
finalmente purgar os firanjes da Síria e
Palestina, embora até 1291, os
muçulmanos ainda partilhassem uma
pequena parte desse território com os
firanjes.

As cruzadas na reconquista
de Portugal
Quando surgiu o reino de Portugal, a
cristandade agitava-se no fervor das
Cruzadas do Oriente. Os portos de
Galiza, que davam acesso a Santiago de
Compostela, a barra do rio Douro e a
vasta baía de Lisboa, eram pontos de
escala das frotas de cruzados que do
Norte da Europa seguiam para a Terra
Santa. Quando, em 1140, Afonso I tentou
a conquista de Lisboa, fê-lo com o auxílio
de estrangeiros: setenta navios
franceses que tinham entrado a barra do
Douro e aportado a Gaia. Mas a
conquista não foi possível devido às
poderosas defesas que rodeavam
Lisboa.

Em 1147, entra na barra do Douro, vinda


de Dartmouth, uma frota de 200 velas,
transportando cruzados de várias
nações: alemães, flamengos, normandos
e ingleses num total de 13 000 homens.
Aproveitando este facto, Afonso I
escreveu ao bispo do Porto D. Pedro,
pedindo-lhe que persuadisse os
cruzados a ajudarem-no na empresa,
prometendo-lhes o saque da cidade. No
dia seguinte desembarcaram os
cruzados em Lisboa, que tiveram as
últimas negociações com D. Afonso,
firmando o pacto. Depois da tomada da
cidade, muitos cruzados ficaram por lá.
Um capitão de cruzados, Jourdan, foi
senhor e parece que o primeiro povoador
da Lourinhã. Ao francês Allardo foi
doada Vila Verde dos Francos, no distrito
de Lisboa e concelho de Alenquer (perto
da Serra do Montejunto).
Alguns anos depois, em 1152, partiu de
Bergen uma esquadra de peregrinos do
Norte da Europa, comandados por
Rognvaldo III, rei das Órcades, com 15
navios e 2 000 homens. No inverno do
ano seguinte, esta esquadra estava nas
costas de Galiza onde pilhou algumas
povoações. No verão de 1154 desce a
costa portuguesa e ajuda o monarca na
conquista de Alcácer do Sal. A empresa
era rendosa, pois a cidade era o mais
importante porto do Sado, cercada de
pinhais, cujas madeiras eram utilizadas
na construção de navios. A empresa
falhou e o mesmo se deu anos mais
tarde desta vez com a ajuda da frota do
conde da Flandres composta de
franceses e flamengos, e partiu para a
Síria em 1157, aportando à barra do Tejo.

Em 1189, D. Sancho I entra em


negociações com outra esquadra, que
acabou por entrar na baía de Lagos e
ocuparam o Castelo de Albur (Alvor), um
dos mais fortes da região. Meses depois
entra no Tejo outra frota alemã que
tocara em Dartmouth recebendo muitos
peregrinos e que ajudou a conquistar
Silves. Capital de província, populosa,
grande centro de comércio e de cultura, a
cidade estava bem fortificada. A notícia
destas vitórias chegou ao Norte de
África e a resposta não se fez esperar.
Os mouros põem cerco a Silves, que não
conseguiram tomar, partindo o califa em
direcção a Santarém, tomando Torres
Novas no caminho e pondo o cerco a
Tomar. Perante esta situação, D. Sancho
I pediu auxílio aos cruzados vassalos de
Ricardo Coração de Leão, que se tinham
reunido no Tejo, e foram ter a Santarém,
que não chegou a ser atacada por causa
da peste que vitimou a maior parte dos
mouros.

No ano seguinte, os mouros regressam


reconquistando Silves, a província de
Alcácer, com excepção de Évora. Anos
depois outra armada de cruzados,
mesmo sem terem chegado a acordo
com D. Sancho I, tomam Silves e
saqueiam a cidade, prosseguindo para a
Síria. Em 1212, com a derrota na Batalha
de Navas de Tolosa, o reino mouro entra
em decadência. Em 1217, entra nova
frota alemã, e D. Soeiro, bispo de Lisboa,
convenceu-os a conquistar Alcácer do
Sal, navegando a esquadra por Setúbal,
com os seus 100 navios. Alcácer resistiu
durante dois meses até capitular. No
princípio do Inverno regressa a frota ao
Tejo, passando aí o resto do inverno.

Ver também
Cruzadas do Norte

Notas
1. Veja especialmente The Origins of
European Dissent de R.I. Moore, e a
coleção de ensaios Heresy and the
Persecuting Society in the Middle
Ages: Essays on the Work of R.I.
Moore para uma consideração sobre
a origem dos cátaros, e prova contra
a identificação anterior de heréticos
no Ocidente, tal como aqueles
identificados em 1025 em Monforte
d'Alba, próximo a Turim, como
cátaros. Ver também Heresies of the
High Middle Ages, uma coleção de
documentos pertinentess às
heresias ocidentais na Alta Idade
Média, editada por Walter Wakefield
e Austin P. Evans.
Este artigo foi inicialmente traduzido,
total ou parcialmente, do artigo da
Wikipédia em inglês cujo título é
«Crusades», especificamente desta
versão (https://en.wikipedia.org/w/inde
x.php?title=Crusades&oldid=10801348
52) .

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