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Episódio Tempestade e chegada à Índia

1ª parte - A tempestade - est.70 a 79;


2ª parte – Súplica de Vasco da Gama – est. 80 a 83;
3ª parte – Descrição da tempestade – est. 84;
4ª parte – Intervenção de Vénus – est. 85 a 91;
5ª parte – Chegada à Índia – est. 92 a 93.

Nota bem- Súplica de Vasco da Gama

3 pontos essenciais:

- a omnipotência divina;
- o facto desta viagem se fazer ao serviço de Deus;
- o lamento por não lhe ser dado morrer em combate pela Fé.

Ele, Vasco da Gama, não pode entender a aparente passividade divina e o abandono em que se encontra.

Vénus ouve a súplica e intervém junto dos ventos, e a tempestade termina. Os portugueses chegam à
Índia.

Vasco da Gama agradece a Deus. O narrador considera que Vasco da Gama atuou bem ao agradecer a
Deus, uma vez que o levou à terra que “buscando vinha” e que o livrou da morte.

Presença do Maravilhoso:

- cristão: est. 75, v.4; est. 81 a 83; est. 93.


- pagão: Baco desencadeia a tempestade; Vénus é quem vem socorrer os portugueses.

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A Ilha dos Amores – preparativos

A deusa Vénus, defensora dos portugueses, pretende oferecer-lhes um prémio para o corpo, uma
recompensa que lhes dê alegria, satisfação e descanso.

Argumento de Vénus: o descanso merecido pelos portugueses, após os longos trabalhos por que
passaram.

Vénus vais ter adjuvantes: Cupido (filho) e as ninfas do mar (breve caracterização das ninfas – est.22).
Preparam uma ilha, no meio do Oceano, cheia de coisas belas para os sentidos, onde os marinheiros
poderão descansar e saciar-se.

Cupido está nos montes Idálios, a juntar frecheiros para lançarem o amor ao mundo, com o objetivo de
emendarem “erros grandes” (est. 25). Cupido vê uma sociedade sem amor, sem caridade, onde a adulação
e a corrupção são mais importantes. O amor é o único sentimento que poderá salvar o mundo (est. 27 a
29).
Vénus convence o filho a orientar diferentemente o seu combate: ajudando-a a recompensar devidamente
os Lusitanos, ferindo de amor as ninfas que os aguardavam numa ilha por si preparada no Oceano. À
medida que dela se vão aproximando, ela vai-lhes surgindo em contornos odoríferos e coloridos. Não é
esquecida a presença da água e do verde, bem como a dos animais, nomeadamente de caça.
Desembarcação na Ilha (estrofe 64), outras maravilhas aguardam os navegadores: as belas ninfas, os
prazeres da música.

Episódio - A Ilha dos Amores – a (a)ventura de Lionardo

Lionardo é um dos tripulantes da armada de Vasco da Gama. Embora fosse um soldado cheio de
qualidades, não tinha sorte aos amores, facto que é evidenciado ao longo do episódio pela repetição da
palavra “ventura” (est. 76, 77, 78, 79, 80), com sentido de má sorte. Efire era uma ninfa pela qual Lionardo
se sentia atraído. Efire mostrava-se mais esquiva do que as outras ninfas, obrigando Lionardo a correr
durante mais tempo atrás dela, o que confirma a má sorte do marinheiro. A estrofe 83 resume
brilhantemente a atmosfera amorosa vivida na Ilha de Vénus: são os “famintos beijos”, o “mimoso choro”,
os “afagos tão suaves”, a “ira honesta”, os “risinhos alegres” que pontuam as relações amorosas entre
humanos e deusas.

Esta Ilha é o prémio, as “deleitosas honras/que a vida fazem sublimada”. A imortalidade que os Antigos
atribuíam aos heróis era isso mesmo: a merecida recompensa de quantos haviam sabido seguir o
“Caminho da virtude, alto e fragoso,/Mas, no fim, doce, alegre e deleitoso”

Saciados os sentidos, é servido aos navegadores um magnífico banquete. Durante o banquete, uma Ninfa,
tocando e cantando, dá a conhecer aos Portugueses os acontecimentos futuros, relacionados com a
conquista e domínio da Índia recém-descoberta. Trata-se da mais longa profecia existente no Poema e o
seu sentido geral é sintetizado pela Ninfa deste modo: “Por mais que da Fortuna andem as rodas [...]/Não
vos hão de faltar, gente famosa,/Honra, valor e fama gloriosa.”

A Glorificação dos heróis: os deuses não existem, o que existe, isso sim, é a possibilidade de “bichos da
terra tão pequenos” se tornarem imortais.
É-lhes reconhecido um estatuto de excecionalidade. Pelo seu esforço continuado, pela sua persistência,
pela sua fidelidade à tarefa de expansão da fé cristã, os portugueses como que se divinizam.
Tornam-se assim dignos de ombrear com os deuses, adquirindo um estatuto de imortalidade que é afinal o
prémio máximo a que pode aspirar o ser humano.

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