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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO..............................................................................................................1
2. ÍNDICES DE RISCO......................................................................................................3
3. RISCO INDIVIDUAL....................................................................................................7
4. RISCO SOCIAL............................................................................................................12
5. ESTIMATIVAS SIMPLIFICADAS.............................................................................17
6. TOLERABILIDADE DE RISCOS...............................................................................20
7. CONSIDERAÇÕES GERAIS......................................................................................28
8. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA...............................................................................29
1. INTRODUÇÃO
A idéia revolucionária que define a fronteira entre os tempos modernos e o
passado é o domínio do risco: a noção de que o futuro é mais do que um capricho dos
deuses e de que homens e mulheres não passivos ante a natureza. Até os seres humanos
descobrirem como transpor essa fronteira, o futuro era um espelho do passado ou o
domínio obscuro de oráculos e advinhos que detinham o monopólio sobre o conhecimento
dos eventos previstos (BERNSTEIN(1)).
Impactos ambientais.
índices de risco;
risco individual;
risco social.
Nos capítulos que seguem, estão apresentadas considerações sobre essas três
diferentes formas de expressão dos riscos, sendo dada ênfase aos riscos social e individual,
uma vez que esses expressam os danos às pessoas (público e externo) expostas aos
possíveis efeitos decorrentes de eventuais acidentes em instalações ou atividades perigosas,
além de serem amplamente utilizados como formas de gestão dos riscos nessas atividades
e, no Brasil em particular, como pré-requisitos para o licenciamento ambiental.
2. ÍNDICES DE RISCO
Os índices de risco são números que expressam a magnitude dos riscos. Alguns
desses índices são números puros, ou seja, sem unidades específicas e que só tem
representatividade no contexto da metodologia de cálculo, como, por exemplo, o Índice
Dow de Incêndio e Explosão e o Índice do Custo Social Equivalente.
Por outro lado, outros índices de risco são expressos em unidades específicas, de
forma a representar significados físicos reais, como a Taxa Média de Morte (Average Rate
of Death), Taxa de Acidente Fatal (Fatal Accident Rate – FAR) e o Índice Econômico de
Perdas (Economic Loss Index).
O Índice Dow de Incêndio e Explosão, como o próprio nome expressa, tem por
finalidade estimar o risco relativo a incêndios e explosões, a partir da magnitude provável
desses eventos.
a. Dividir a planta em estudo em unidades, para cada uma das quais se determinará
o seu respectivo Índice de Incêndio e Explosão;
b. Determinar o Fator de Material (FM) de cada uma das unidades; esse fator
estabelece uma medida para a intensidade da energia associada uma determinada
substância quando liberada no meio ambiente;
Onde:
Onde:
A diferença entre a taxa média de morte e o custo social equivalente pode ser
ilustrada por meio do seguinte exemplo:
Considere dois acidentes, um causando uma fatalidade a cada dez anos (Evento 1) e
outro, podendo gerar cem mortes a cada mil anos (Evento 2); assim, tem-se:
Pode-se observar que, com base no Custo Social Equivalente, a segunda ocorrência
é considerada de maior risco, em relação à primeira, uma vez que esse índice considera a
severidade dos efeitos associados aos acidentes (número de vítimas) e a aversão da
população aos riscos associados a essas ocorrências.
A definição da FAR se aplica a uma pessoa que permanece fixa num determinado
local onde o seu risco individual é constante ao longo do tempo, como é o caso de um
trabalhador que exerce uma determinada função em sua atividade que o exponha
permanentemente a esse tipo risco, daí a razão da FAR ter sido desenvolvida como um
índice para a avaliação dos riscos aos trabalhadores.
Caso a pessoa exposta se movimente na região de risco (zona sujeita aos impactos
decorrentes dos efeitos físicos do acidente), a FAR deverá ser calculada com base na média
das FARs, estimadas para cada um dos pontos onde a pessoa permaneça por um período de
tempo específico.
Kletz (1992) estimou a FAR para diversos tipos de atividades no Reino Unido,
conforme apresentado na Tabela 1. O índice é normalmente comparado com riscos
derivados de exposições gerais do público.
Tabela 1 – FAR para Diferentes Atividades
(*)
3. RISCO INDIVIDUAL
Uma outra forma também bastante usual para a apresentação dos níveis de risco
individual, principalmente em empreendimentos lineares, como oleodutos e gasodutos, é o
gráfico de perfil de risco, conforme apresentado na Figura 2, onde se pode observar os
diferentes valores de risco, em função da distância a partir do eixo central do duto.
1,0E-02
1,0E-03
Risco Individual (ano )
-1
1,0E-04
1,0E-05
1,0E-06
1,0E-07
-120 -100 -80 -60 -40 -20 0 20 40 60 80 100 120
Distância (m)
1,0E-04
Risco Individual (ano )
-1
1,0E-05
1,0E-06
1,0E-07
0 100 200 300 400 500
Onde:
Para o cálculo dos riscos individuais nos pontos de interesse e para cada um dos
cenários acidentais, cujos efeitos físicos atinjam esses pontos, com o objetivo de se realizar
a somatória do risco individual total nesses pontos, conforme apresentado na equação
anterior, utiliza-se a equação abaixo:
Onde:
Por outro lado, a probabilidade do efeito gerado pelo evento i, nesse ponto x,y
resultar em fatalidade (pfi) é determinada pelo nível do efeito físico que atinge esse ponto;
por exemplo, para um nível de radiação térmica de 37,5 kW/m 2, no ponto x,y,
considerando um tempo de exposição de 20 segundos, esse valor será de 0,5, isto é,
probabilidade de fatalidade de 50 %.
Nessa área de interesse define-se uma “grade” de pontos, onde serão calculados
os riscos individuais;
Com esses valores do risco individual em cada célula, é feita uma interpolação
bidimensional para a determinação dos pontos onde se encontram níveis de risco
individual de interesse, normalmente de 10-9/ano a 10-4/ano; unindo-se esses
pontos de mesmo nível de risco individual foram obtidos os contornos (curvas) de
iso-risco.
4. RISCO SOCIAL
Com base na definição acima, pode-se observar que o risco social refere-se ao risco
para um determinado número ou agrupamento de pessoas expostas aos danos decorrentes
de um ou mais acidentes.
Nos anos 70 e 80 muitos outros avanços foram obtidos, em relação aos critérios
relacionados com a análise e avaliação de riscos, em instalações industriais, em especial
com relação ao desenvolvimento e aplicação de técnicas e metodologias para as Avaliações
Quantitativas de Riscos (AQRs), merecendo destaque os estudos de Canvey (Canvey
Reports, HSE, 1978 & 1981) e o COVO Study (Blokker et al, 1980), este último
contemplando um estudo de análise e avaliação de riscos, bastante detalhado, nas
instalações perigosas de Rotterdam.
Esses gráficos são conhecidos como do tipo f-N, uma vez que, normalmente, no
eixo das abscissas as conseqüências são representadas pelo número de vítimas fatais (N),
sendo as freqüências dos acidentes, em geral, expressas em eventos por ano.
Para melhor ilustrar a representação do risco social, por meio de gráficos f-N, está
apresentado, na seqüência, um exemplo hipotético, onde se supõe que os dados
apresentados na Tabela 2, que segue, representam, os resultados obtidos numa Avaliação
Quantitativa de Riscos (AQR).
1,0E-02
1,0E-03
Freqüência (ano )
-1
1,0E-04
1,0E-05
1,0E-06
1,0E-07
1 10 100 1000
Onde:
Onde:
Com base nos dados da Tabela 4 pode-se gerar a curva F-N, conforme apresentado
na Figura 6, que segue.
Freqüência de N ou mais Fatalidades
1,0E-02
1,0E-03
1,0E-04
1,0E-05
(/ano)
1,0E-06
1,0E-07
1,0E-08
1,0E-09
1 10 100 1000 10000
Número de Fatalidades
5. ESTIMATIVAS SIMPLIFICADAS
Região 1 Região 2
Aplicar Aplicar
probabilidade probabilidade
0,75 0,25
Fonte do Vazamento
Curva de 50% de Curva de 1% de
probabilidade de probabilidade de
fatalidade fatalidade
Onde:
Nik = Nek
Onde:
Para cada um dos eventos considerados deve ser estimada a freqüência final de
ocorrência, considerando as probabilidades correspondentes, como por exemplo incidência
do vento no quadrante, probabilidade de ignição e fator de proteção, entre outras; assim,
tomando como o exemplo a liberação de uma substância inflamável, a freqüência de
ocorrência do evento final i poderá ser calculada da seguinte forma:
Fi = f i . p p . p k . p i
Onde:
Fi = freqüência de ocorrência do evento final i;
pi = probabilidade de ignição.
O número de pessoas afetadas por todos os eventos finais deve ser determinado,
resultando numa lista do número de fatalidades, com as respectivas frequências de
ocorrência. Esses dados devem então ser trabalhados em termos de frequência acumulada,
possibilitando, assim, a construção da curva F-N seja construída; assim, tem-se:
Onde:
6. TOLERABILIDADE DE RISCOS
Canadá, Holanda, Reino Unido e Hong Kong são exemplos de países que
estabeleceram regulamentações com critérios quantitativos para a “aceitabilidade”
(tolerabilidade) de riscos associados a instalações perigosas.
Os limites dos níveis de risco individual considerados para a definição dessas zonas
são os seguintes:
Essa curva foi revista em 1993(3), quando foi incorporada a Região ALARP sendo
mantido no entanto o número máximo de vítimas considerado aceitável (Figura 10).
A Curva F-N da Figura 11, que segue, apresenta o critério de tolerabilidade para o
Risco Social da CETESB.
1,0E-02
Freqüência de N ou mais
Fatalidades (/ano) 1,0E-03
1,0E-04 INTOLERÁVEL
1,0E-05
1,0E-06
ALARP
1,0E-07
1,0E-08 NEGLIGENCIÁVEL
1,0E-09
1 10 100 1000 10000
Entretanto, nos casos em que o risco social for considerado atendido mas o risco
individual for maior que o risco máximo tolerável, a CETESB, após avaliação específica,
poderá considerar o empreendimento aprovado, uma vez que o enfoque principal na
avaliação dos riscos está voltado aos impactos decorrentes de acidentes maiores, afetando
portanto agrupamentos de pessoas, sendo portanto o risco social o índice prioritário nesta
avaliação.
Nos estudos de análise de riscos em dutos, os riscos deverão ser avaliados somente
a partir do risco individual, de acordo com os seguintes critérios:
7. CONSIDERAÇÕES GERAIS
A avaliação dos riscos impostos a uma determinada comunidade por uma instalação
industrial depende de uma série de variáveis, muitas vezes pouco conhecidas, e cujo
resultado normalmente apresenta um nível razoável de incerteza. Esse fato decorre
principalmente em função das dificuldades para a determinação, com exatidão, de todos os
riscos de uma instalação, dada a escassez de dados disponíveis para a realização desses
estudos.
voluntariedade;
benefícios;
possibilidade de reconhecer e compreender os riscos;
8. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
(2) LEES, Frank P. Loss Prevention in the Process Industries. 2nd Ed. Vol. 1,
Butterworth Heinemann, London, 1996.
(3) BALL, David J. & FLOYD, Peter J. Societal Risks, Final Report. HSE, UK,
1998.
(5) AIChE/CCPS. Guidelines for Chemical Process Quantitative Risk Analysis. 2nd,
New York, 2000.
(6) OKSTAD, E. & HOKSTAD, P. Risk Assessment and Use of Risk Acceptance
Criteria for the Regulation of Dangerous Substances. Noruega, 2001.