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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO........................................................................................................ 101
2. MODELOS DE CONSEQUÊNCIAS........................................................................101
2.5.1 Incêndios...............................................................................................114
2.5.2 Explosões..............................................................................................122
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SUMÁRIO
3. VULNERABILIDADE...............................................................................................128
3.1.2 Sobrepressão..........................................................................................132
4. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA..............................................................................135
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1. INTRODUÇÃO
Para tal estimativa, deve-se conhecer as condições nas quais o evento pode
ocorrer, ou seja:
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De posse de tais informações podem ser avaliados os danos gerados ao homem e
às estruturas em termos de radiação térmica, sobrepressão e concentração tóxica, através
de modelos de vulnerabilidade.
Liberação de
substância quím ica
I NS TA NT Â N E O C O NT ÍN UO
G Á S / VA P O R LÍ Q UI DO + G Á S / VA P O R
LÍ Q UI DO
ALTA BAI X A
VELO CI DADE VELO CI DADE
F O RM A ÇÃ O DE NU V E M E VA P O R A Ç Ã O
IG N IÇ ÃO
IM E D IA TA ?
NÃO
SIM
IG N IÇ ÃO ? IG N IÇ ÃO ?
NÃO SIM
NÃO SIM
JATO D E
FOG O
S U ST. UV CE
TÓ XIC A ? Fla s h
IN C Ê N D IO
S U ST.
E M P OÇ A
TÓ XIC A ?
NÃO
SIM
SIM
NÃO
D IS PE R S ÃO SE M
C ON S EQ U ÊN C IA S C O N CE NT R A Ç Õ ES
N O E SPAÇ O E
NO T EM PO
D IS PE R S ÃO SE M
C O N CE NT R A Ç Õ ES C ON S EQ U ÊN C IA S
N O E SPAÇ O E
NO T EM PO
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onde:
g - gravidade (m/s2)
FF - fração “flasheada”
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T1 - temperatura do produto no sistema (K)
Para efeito prático, pode-se considerar que se a pressão no sistema (P1) for duas ou
mais vezes a pressão atmosférica (Pa), o escoamento é do tipo crítico; caso contrário é
subcrítico. Uma vez determinado o tipo de escoamento deve-se então determinar a vazão
de saída do produto, cuja equação é:
onde:
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Na grande maioria dos casos envolvendo o armazenamento de produtos gasosos
os escoamentos permanecem longo tempo em condições críticas. Neste período ocorre
uma fortíssima diluição do produto, provocada pelo arraste de ar. Um momento
especialmente crítico ocorre no final do vazamento quando a pressão no reservatório é
pequena resultando em baixa velocidade de saída do material e, portanto, numa menor
diluição do produto.
Porém vale ressaltar que para produtos em que a fração “flasheada” é muito
pequena, é mais simples e conservativo utilizar o modelo para vazamento líquido.
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A evaporação do líquido pode ocorrer de três formas distintas:
Quanto maior a taxa de vazamento maior será a dimensão da poça formada, desde
que não haja dique ou obstáculo que impeça o espalhamento do produto. Outro fator que
influencia a formação de uma poça é o tipo de solo. Solos porosos permitem a infiltração
do produto dificultando assim o seu espalhamento.
Para áreas sem dique de contenção a dimensão da poça é dinâmica até o instante
onde a taxa de alimentação for igual a sua taxa de evaporação. No caso de líquidos
superaquecidos, esta situação de equilibrio ocorre em diversos momentos, uma vez que o
líquido ao entrar em contato com a pressão atmosférica irá resfriar-se até a sua
temperatura de ebulição.
Para evaporar o líquido deve trocar calor com o ar e o solo (calor de evaporação).
Desta maneira ocorrerá o resfriamento do solo, não permitindo a troca térmica e, portanto,
reduzindo a taxa de evaporação. No entanto, se a taxa de alimentação da poça ainda
existir haverá um aumento na sua dimensão até que um novo equilíbrio ocorra.
Quanto maior a área ocupada pela poça maior será a taxa de evaporação. Assim
torna-se fundamental conter o produto vazado, caso contrário haverá a formação de uma
poça com dimensões muito elevadas propiciando uma altíssima taxa de evaporação. Desta
forma, pode-se constatar a importância dos diques de contenção. Tais diques não devem
possuir um piso perfeitamente horizontal, pois o produto irá se espalhar por toda a área. O
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dique deve, então, ser um pouco inclinado (2 ou 3 graus) de modo a diminuir a área de
contato e construído com material de baixo coeficiente de transmissão térmica.
T ax a de T ax a de
v az am ent o ev apor aç ão
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produto possui densidade próxima à do ar;
Se o produto for mais pesado que o ar, tenderá a se acumular no topo do jato para,
posteriormente, iniciar a dispersão através de uma pluma de difusão com eixo inclinado na
direção do terreno. Na maioria dos casos o produto no topo do jato apresenta uma
densidade próxima à do ar (neutro) e a sua dispersão é através de uma pluma de difusão
com eixo paralelo ao solo. Se o produto apresentar uma densidade menor que a do ar ele
continuará a subir sofrendo, também, a influência do vento.
Estes valores estão próximos aos limites de inflamabilidade, que são os valores de
referência utilizados para as substâncias inflamáveis, com o intuito de se obter a massa de
produto e a distância atingida pelo jato em condições de ignição. No entanto, os valores
de referência para as substâncias tóxicas encontram-se bem abaixo destes números, razão
pela qual deve-se estudar o comportamento do produto após o término do jato.
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Uma vez formada a nuvem esta se deslocará com o vento e se diluirá à medida em
que se misturar com o ar, até o instante em que a concentração do produto, inflamável ou
tóxico, não represente mais um risco potencial.
Onde:
Categoria B – instável
Categoria D – neutra
Categoria E – estável
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Se um vazamento ocorrer na categoria F de Pasquill (muito estável), a forma da
pluma será horizontal, com uma largura muito reduzida e atingirá longas distâncias antes
de atingir o terreno. Neste caso a área atingida é pequena, porém com altas
concentrações do produto.
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Centro da
Origem emissão t=t2
da emissão
Z Centro da
emissão t=t1
X
H
X
h
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Figura 4 - Emissão Contínua
A seguir são listados alguns efeitos que poderão ocorrer a partir da liberação de
uma substância química.
2.5.1 Incêndios
O calor liberado pelo incêndio é conhecido por calor radiante ou radiação térmica
(infra vermelho). Pessoas e materiais expostos a um incêndio podem ser seriamente
afetados pela radiação térmica. Se o nível da radiação for suficientemente alto, outros
objetos inflamáveis/combustíveis poderão ignizar (queimar).
Os danos provocados pela radiação térmica podem ser calculados através da dose
da radiação recebida. Uma medida da dose recebida é a energia por unidade de área da
superfície exposta à radiação durante o tempo de exposição.
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No caso de incêndios confinados, o tamanho do incêndio está determinado pelas
dimensões do tanque ou do dique de contenção. No caso de incêndios não confinados,
pode produzir-se uma variação importante das dimensões do incêndio a medida que o
produto derramado se espalhe.
Logo, o calor recebido pode ser calculado através da seguinte equação proposta
por HOTTEL:
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Um jato de fogo pode atingir distâncias bastante significativas, da ordem de
dezenas de metros, quando provenientes de orifícios com diâmetro inferior a trinta
centímetros. O jato de fogo apresenta os mesmos riscos que o incêndio em poça, ou seja,
a radiação térmica emitida pelo jato é capaz de provocar danos às pessoas e estruturas
próximas.
A definição acima de BLEVE permite concluir que tal evento pode ocorrer com
qualquer substância, seja ela inflamável ou não. Se a substância envolvida for inflamável,
poderá ocorrer a sua ignição (se uma fonte estiver presente), com a consequente formação
de uma bola de fogo.
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As bolas de fogo geradas por um BLEVE podem alcançar 300 - 400
metros de diâmetro e apresentar uma duração de 30 a 60 segundos.
Bola de fogo
Colapso
Figura 5 – BLEVE/Fireball
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pressão não é suficiente para impedir que um BLEVE ocorra. Além da ignição imediata da
mistrua em expansão se está for inflamável.
durante algum tempo, o calor das chamas aquece o costado do tanque que, por
sua vez, transfere esta energia para o líquido evaporar, reduzindo o nível do
líquido no interior do tanque;
em dado momento a chama externa atinge a parede do tanque que está agora,
em contato com o vapor e, portanto, não consegue transferir o calor recebido;
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sendo o produto inflamável, o contato deste com as chamas acarretará na
formação de uma "bola de fogo" ("fireball").
direcionamento das válvulas de alívio para cima (90 º) diminuindo o fluxo térmico
do jato de fogo sobre o tanque/esfera;
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tensões que podem causar deformações que continuam até que a falha ocorra, mesmo
sem o aumento da pressão interna.
Em termos de prevenção para este tipo de causa é sugerido que as fontes fixas
sejam mantidas afastadas de áreas com movimentação de guindastes e outros
equipamentos de construção enquanto que para as fontes móveis, vagões/caminhões,
recomenda-se proteção através da construção de recipientes duplos com isolamento entre
eles.
Deve-se lembrar que nos dois casos acima, poderão ocorrer sérios danos às
estruturas localizadas próximas ao acidente. Estudos realizados mostram que 80% dos
fragmentos atingem distâncias inferior a 300 metros, sendo que alguns já foram
encontrados a mais de 1000 metros do local do BLEVE.
A diferença básica entre estes eventos é que no caso do flashfire não há massa em
quantidade suficiente para gerar sobrepressões caracterizando uma explosão. O flashfire
é, na realidade, um fogo extremamente rápido (dura poucos milisegundos) pois não é
alimentado.
Como não há modelagem confiável sobre este fenômeno, considera-se que todas
as pessoas dentro da nuvem receberão radiação térmica a níveis letais. Os efeitos de
radiação térmica fora da área ocupada pela nuvem são negligenciáveis devido à curtíssima
duração do evento.
2.5.2 Explosões
A detonação é caracterizada por ser uma transformação química muito rápida onde
a velocidade da frente de chama é muito superior a velocidade do som no ambiente,
atingindo a ordem de km/s. Já a deflagração apresenta uma velocidade da frente de chama
que é, no máximo, a velocidade do som no ambiente, ou seja, 340 m/s. Neste caso, como
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nem todo o oxigênio é removido das imediações da explosão, é possível o surgimento da
combustão, o que não ocorre no caso da detonação.
Substâncias com uma tripla ligação em sua estrutura química ou com uma ampla
faixa de inflamabilidade apresentam maior tendência em gerar detonações; entre estas
pode-se citar: acetileno, benzeno, clorofórmio, ciclohexano, dietiléter, etileno, hidrogênio,
tricloroetileno e outros.
A energia (E) existente numa nuvem de vapor inflamável pode ser calculada em
Joules pela expressão:
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E = m . Hc
onde:
Neste caso somente uma parte da energia total disponível na massa de vapor irá se
desenvolver sobre a forma de ondas de choque, sendo que a maior parte é liberada na
forma de radiação térmica. O valor máximo de sobrepressão que pode ser atingido neste
tipo de explosão é de 1 bar e não ocorre projeção de mísseis ou fragmentos.
O cálculo das distâncias características dos danos provocados por uma UVCE pode
ser efetuado de dois modos distintos: modelo TNO e modelo TNT equivalente.
Modelo TNT
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O método se baseia na hipótese da equivalência em efeitos explosivos entre uma
massa determinada de matéria inflamável e outra de TNT, ou seja, o método consiste em
transformar numericamente a massa de explosivo na massa equivalente de TNT
(quantidade de TNT que produziria os mesmos efeitos que a substância explosiva) e
posteriormente concluir as estimativas a partir de dados obtidos de explosões reais de
TNT.
MeqTNT = . m . Hd / HTNT
Onde:
eficiência da explosão
z = R / (MTNT)1/3
Onde:
z : distância reduzida;
R : distância real;
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Esta relação supõe que para distâncias reduzidas iguais as sobrepressões
produzidas são iguais, conforme curvas de sobrepressão apresentadas na Figura 6. As
explosões esférics correspondem as elevadas e as semi-esféricas que ocorrem ao nível do
solo.
100
10
SOBREPRESSÃO (bar)
0.1
0.01
1 10 100
Modelo TNO
Onde:
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dano catastrófico ....................0,03
Estas explosões podem ser divididas em três tipos: gases, pós e reações instáveis
(run-away). Cada uma delas apresenta um comportamento próprio e, portanto, a
modelagem é específica para cada caso.
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portanto, provocam o súbito aumento da pressão no interior do recipiente. Os processos
por batelada são susceptíveis a este tipo de explosão.
Alguns fatores são importantes para determinar se uma nuvem de vapor confinado
produzirá uma explosão ou não:
estrutura molecular;
fonte de ignição;
dimensões da nuvem;
grau de confinamento.
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3. VULNERABILIDADE
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Tabela 2 – PROBIT e Probabilidade de Morte
% 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
0 - 2,67 2,95 3,12 3,25 3,36 3,45 3,52 3,59 3,66
10 3,72 3,77 3,82 3,87 3,92 3,96 4,01 4,05 4,08 4,12
20 4,16 4,19 4,23 4,26 4,29 4,33 4,36 4,39 4,42 4,45
30 4,48 4,50 4,53 4,56 4,59 4,61 4,64 4,67 4,69 4,72
40 4,75 4,77 4,80 4,82 4,85 4,87 4,90 4,92 4,95 4,97
50 5,00 5,03 5,05 5,08 5,10 5,13 5,15 5,18 5,20 5,23
60 5,25 5,28 5,31 5,33 5,36 5,39 5,41 5,44 5,47 5,50
70 5,52 5,55 5,58 5,61 5,64 5,67 5,71 5,74 5,77 5,81
80 5,84 5,88 5,92 5,95 5,99 6,04 6,08 6,13 6,18 6,23
90 6,28 6,34 6,41 6,48 6,55 6,64 6,75 6,88 7,05 7,33
% 0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9
99 7,33 7,37 7,41 7,46 7,51 7,58 7,65 7,75 7,88 8,09
Fonte: AICHE, TNO .
onde:
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Tabela 3 – Níveis de Radiação Térmica x Tempo de Exposição
para Diferentes Probabilidades de Fatalidade
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3.1.2 Sobrepressão
Pr = 2,45
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Tabela 5 – Níveis de Sobrepressão e Efeitos Observados
T abela 6- P er c ent agem de m or t e por hem or r agia pulm onar dev ido s obr epr ess ão
T abela 7 - P er c ent agem de r upt ur a de t í m pano dev ido a sobr epr es são
Conforme pode ser observado nas tabelas anteriores, o ser humano apresenta uma
maior resistência a sobrepressões do que as estruturas. Isto ocorre devido ao fato do ser
humano não se comportar como uma estrutura rígida, permitindo, desta forma, a absorção
do impacto.
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Normalmente nas explosões, a grande maioria das vítimas é devida ao colapso de
estruturas (prédios e residências) ou projeção de fragmentos. Em muitos casos, as
chances de ocorrerem danos a um indivíduo serão menores se ele estiver numa área
aberta. Somente se estiver muito próximo ao epicentro de uma explosão é que poderá
sofrer algum tipo de dano mais significativo. Desta forma, a estimativa de vítimas devido à
ocorrência de explosões deve ser elaborada baseada nos valores de danos para as
estruturas.
3.1.3 Tóxicos
Pr = a + b . ln (cn . t)
onde:
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Tabela 8 - Constantes para Toxicidade Letal da Equação de PROBIT
a b n
SUBSTÂNCIA
(ppm) (ppm) (min)
Acroleína -9,931 2,049 1,0
Acrilonitrila -29,42 3,008 1,43
Amônia -35,9 1,85 2,0
Benzeno -109,78 5,3 2,0
Brometo de metila -56,81 5,27 1,0
Bromo -9,04 0,92 2,0
Cianeto de hidrogênio -29,42 3,008 1,43
Cloreto de hidrogênio -16,85 2,0 1,0
Cloro -8,29 0,92 2,0
Dióxido de enxofre -15,67 2,1 1,0
Dióxido de nitrogênio -13,79 1,4 2,0
Fluoreto de hidrogênio -35,87 3,354 1,0
Formaldeído -12,24 1,3 2,0
Fosgênio -19,27 3,686 1,0
Isocianato de metila -5,642 1,637 0,653
Monóxido de carbono -37,98 3,7 1,0
Óxido de propileno -7,415 0,509 2,0
Sulfeto de hidrogênio -31,42 3,008 1,43
Tetracloreto de carbono -6,29 0,408 2,5
Tolueno -6,794 0,408 2,5
4. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
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