Você está na página 1de 34

Prevenção de

Combate a Incêndios
e Explosões
Tipos de Explosões

Responsável pelo Conteúdo:


Profa. Esp. Erika Gambeti Viana de Santana

Revisão Textual:
Profa. Esp. Kelciane da Rocha Campos
Tipos de Explosões

Nesta unidade, trabalharemos os seguintes tópicos:


• Introdução ao Tema
• Orientações para leitura Obrigatória
• Material Complementar

Fonte: iStock/Getty Images


·· Apresentar os conceitos básicos de explosões e os tipos, além de princípios de proteção.
·· Apresentar os conceitos de UVCE e apresentar as causas, mecanismos, efeitos,
prevenção, proteção e exemplos de BLEVE’s.
·· Apresentar os conceitos de explosão de pós.

5
Unidade: Tipos de Explosões

Introdução ao Tema

Nesta unidade, falaremos sobre explosões e a diversidade de eventos que a elas estão
relacionados. Quando falamos de explosões, estamos tratando de situações acidentais
e intencionais.

Situações acidentais são aquelas que acontecem ao acaso, sem serem premeditadas,
como, por exemplo, quando uma bexiga de aniversário encosta-se a uma superfície aquecida
e estoura, ou até mesmo quando encosta-se a um prego ou alfinete. Podemos também
exemplificar com a roda de uma bicicleta, que ao encostar-se a um prego estoura, ou em
grande escala com um reator químico que por conta de uma reação que perdeu o controle
estoura e caldeiras que explodiram. Além disso, as explosões podem ser consideradas
químicas, físicas, nucleares e elétricas.

As explosões podem ter pequenos e grandes portes, isso dependerá das características
do que explodiu, independentemente de serem acidentais ou intencionais. Também pode se
mensurar esse tamanho considerando-se se o ambiente é fechado ou aberto e se tem também
instalações próximas, que podem conter substâncias químicas que podem não agravar a
explosão. Essas explosões são químicas e podem ser homogêneas e heterogêneas.

Algumas medidas de prevenção:


··limpeza e manutenção dos ambientes, extraindo elementos combustíveis, eliminando-se,
assim, os riscos de explosões;
··retirada de gases e vapores dos ambientes;
··controle e detecção dos vazamentos, principalmente dos líquidos;
··fiscalização e manutenção periódica das instalações e equipamentos;
··treinamento para as pessoas que estão ligadas ao assunto.

Uma das principais medidas a se tomar quando falamos de explosões é tentar minimizar
as fontes de calor, controlar a presença de oxigênio de um ambiente e também a retirada de
partículas de materiais no ambiente.

Um BLEVE (Boiling Liquid Expanding) é uma expansão explosiva do vapor. Esse fenômeno
é estudado em todo mundo. Em ocorrências de BLEVE, existem elementos comuns que estão
presentes nos cenários em que ocorrem.

Um UVCE (Unconfined Vapour Cloud Explosion) é a explosão de nuvem de vapor que


não está confinada. Esse UVCE pode ser causado por um vazamento de gás ou vapor, ou até
mesmo com a vaporização de material volátil. Esse gás pode vir de um excesso do sistema
de pressurização, ou da perda de controle de reações químicas ou até mesmo da falta de
estanqueidade de um sistema.

6
As explosões de pó se produzem frequentemente em série; muitas vezes
a deflagração inicial é muito pequena em quantidade, porém de suficiente
intensidade para colocar o pó das cercanias em suspensão, ou romper peças
de máquinas ou instalações dentro do edifício, como os coletores de pó, com
o que se cria uma nuvem maior através do qual pode se propagar explosões
secundárias. Não é raro produzir-se uma série de explosões que se propaguem
de um edifício a outro. (SÁ, 2010, p. 6)

Fatos reais podem demonstrar a importância de se preocupar com os risos de explosões:

2 Mortos e 5 Feridos

Em Assis Chateaubriand (PR) ocorreu uma explosão em um túnel onde era feita a expedição
de grãos. A explosão pode ter sido causada pela poeira em suspensão (Junior, 2008).

2 Mortos e 6 Feridos

Houve uma explosão seguida de incêndio na Mills. Segundo o relatório apresentado pelo
OSHA, a explosão ocorreu por conta do pó das fibras de nylon (Spencer 2009).

Orientações para Leitura Obrigatória

Tipos de explosões
Há uma ampla gama de eventos relacionados a explosões. A prenúncia de ocorrências
desse gênero é muito variada, envolvendo situações acidentais e intencionais.
Como acidentais, podemos dar o exemplo do caso de uma bexiga em uma festa comemorativa
que estoura encostando-se a uma superfície aquecida ou encostando-se a um alfinete.
Como eventos intencionais, temos, por exemplo, a remoção, utilizando-se explosivos, de
toneladas de material em uma frente de lavra de minério de ferro, ou a transformação de
energia química em mecânica dentro do cilindro de um motor a explosão, ou a demolição de
uma estrutura ou prédio utilizando-se de cargas explosivas, ou ainda a explosão de uma bomba
para extinguir um incêndio em um poço de petróleo. Percebemos, então, que, ao contrário do
que se supõe popularmente, a explosão por si não deve ser classificada como algo indesejável
ou ruim, podendo sim ser uma ocorrência desejável.
Explosões podem ser definidas como eventos onde há uma repentina liberação de energia,
que se efetiva em um aumento de pressão diretamente ligada à liberação de gases e que pode,
vez ou outra, ser seguida de emissão de calor. Assim sendo, podemos dizer com precisão que
em todas as explosões há um aumento repentino de pressão e que há explosões nas quais não
ocorre a liberação de calor.
Quando ocorre o aumento repentino de pressão, pode haver ou não a projeção de materiais,
como no caso da explosão da frente de lavra ou da que ocorre dentro do cilindro de um motor.

7
Unidade: Tipos de Explosões

Tipos de explosões
As explosões podem ser divididas em físicas, químicas, nucleares e elétricas. Essas duas
últimas, devido aos conhecimentos específicos necessários, não serão discutidas neste texto.
Os efeitos de uma explosão variam enormemente com as características do que explodiu,
suas características intrínsecas e quantidades envolvidas, o que é verdadeiro tanto para
eventos acidentais quanto intencionais, se o ambiente é aberto ou fechado e da existência e
características de instalações próximas.
Por exemplo, um botijão de gás cuja explosão ocorra em um campo aberto provavelmente
produzirá efeitos menos danosos do que se o mesmo botijão explodir dentro de uma instalação
de envasamento e armazenamento de gás liquefeito de petróleo. Da mesma maneira, se essa
instalação for vizinha a uma região densamente habitada, os efeitos da explosão poderão ser
ainda mais nefastos.
No caso dos eventos acidentais e de ocorrências não planejadas nos eventos intencionais, os
efeitos poderão ser materiais, com danos a instalações e equipamentos; ambientais, gerando
danos ambientais, com reflexos nos ecossistemas; além da possibilidade de ocorrências de
incêndios e das consequências sobre seres humanos, com feridos e mortos.

As explosões físicas e suas definições


As explosões físicas decorrem de uma incapacidade do vaso que contém a substância de
resistir à pressão dessa substância, sem que tenham ocorrido fenômenos químicos.
Ocorre quando da dilatação da substância ou à mudança de seu estado físico, como,
por exemplo, na transformação de líquido em vapor.
Assim, quando uma bexiga é cheia com a boca, ou um pneu de bicicleta é cheio com um
compressor de ar, em quantidade de ar além de um determinado limite, tanto a bexiga como
o pneu simplesmente arrebentam.
Da mesma maneira, um tanque que contenha uma determinada substância líquida ou gasosa
em seu interior e que seja exposto a uma elevação de temperatura terá um aumento em sua
pressão interna.
Caso a pressão nessas condições produza esforços maiores do que o vaso seja capaz de
resistir, ele romperá de forma explosiva.
Um exemplo desse tipo de situação é o que ocorre com tambores com produtos que ficam
expostos a altas temperaturas, como no caso de cargas expostas em caminhões. Caso se trate
de um produto volátil, por exemplo, haverá um equilíbrio entre a fase líquida e a fase gasosa.
O aumento da temperatura fará com que haja dilatação da fase líquida e consequente
diminuição do volume “vazio”. O aquecimento também provocará um aumento na geração de
vapor. A combinação desses dois fatores provocará um aumento de pressão neste, que poderá
resultar na ruptura do tambor.
A ruptura poderá ocorrer devido ao aumento da pressão ou a diminuição da resistência do
tanque ou reservatório.

8
A resistência mecânica poderá diminuir ou ser menor do que necessária devido a
diversos fatores.
A diminuição da resistência mecânica pode se dever:
··a um erro de projeto, seja no dimensionamento ou na especificação de materiais;
··à diminuição de espessura, decorrente de corrosão; ou
··ao impacto, como a queda ou colisão do tanque contra alguma superfície ou de alguma
ferramenta, equipamento, veículo ou material contra o tanque.
A diminuição da resistência do reservatório poderá se dever também a exposição do tanque
a uma fonte de calor concentrado, como a chama de maçarico, uma operação de solda
ou o uso de uma lixadeira, ou ainda a fragilização, o que ocorre quando o aço é exposto a
temperaturas negativas.
Explosões físicas também ocorrem nas chamadas vaporizações brutais.
Nesse caso, um líquido entra em contato com outro, sendo que o segundo tem densidade
menor e se encontra a uma temperatura superior à de ebulição do primeiro líquido.
Caso o primeiro seja despejado sobre o segundo, o que ocorreria, por exemplo, no caso
de um tanque aberto que contivesse um líquido em chamas e no qual se tentasse controlar o
fogo com a utilização de água, proveniente de um balde ou de uma mangueira, o líquido de
maior densidade, nesse caso a água, afundaria e, pelo fato da temperatura ser superior à sua
de ebulição, vaporizaria instantaneamente.
Como o vapor d’água ocupa um volume 1700 vezes superior ao equivalente em massa
de água líquida, ao ocorrer a vaporização o vapor emerge do interior do tanque de forma
explosiva, arrastando parte do líquido em chamas, podendo atingir pessoas, instalações e o
meio ambiente a distâncias consideráveis, tanto horizontal quanto verticalmente, do local da
ocorrência inicial.
Outro tipo de vaporização brutal é a explosão decorrente da expansão de vapor de líquidos
mantidos a temperaturas superiores às de ebulição nas condições do ambiente, o chamado
BLEVE, que veremos a seguir.
Há casos de explosões físicas decorrentes de má operação de equipamentos, como as
que podem ocorrer se a válvula de descarga de uma bomba de deslocamento positivo em
funcionamento for fechada.
Caso não exista nenhum dispositivo de proteção contra o fechamento da válvula ou de
limitação de pressão, esta última continuará subindo até que algo se rompa: talvez a tubulação,
ou uma válvula ou a própria bomba, sempre de forma explosiva, com lançamento de partes
do equipamento ou linha, além do material contido, com suas características intrínsecas
de temperatura, corrosividade e agressividade a pessoas, ao meio ambiente e a outros
equipamentos e instalações.
É importante frisar que os fenômenos descritos e suas eventuais consequências
catastróficas não são de maneira nenhuma restritos e exclusivos de ambientes industriais
ou situações que envolvam ambientes profissionais.

9
Unidade: Tipos de Explosões

Basta citar os casos de aquecedores de água de acumulação de uso tanto comercial quanto
residencial que, ao explodirem, feriram e mataram pessoas, ou das inúmeras ocorrências de
explosões de panelas de pressão, com graves consequências em termos de ferimentos e lesões
permanentes dos envolvidos e seus parentes, inclusive crianças, quanto a danos de instalações
e equipamentos.

As explosões químicas e suas definições


Nas explosões químicas, ocorre algum tipo de reação entre as substâncias existentes, como,
por exemplo, uma oxidação, uma reação exotérmica ou uma polimerização.
As explosões químicas podem ser homogêneas e heterogêneas.
Nas explosões homogêneas, toda a massa de material reage simultaneamente, como no
caso de reações fotoquímicas ou de polimerizações. A velocidade da reação é em função da
temperatura do material.
Já nas explosões heterogêneas, a reação se inicia em uma parte da massa e se propaga
pelo restante do material.
É o que acontece nas explosões que envolvem gases, vapores ou poeiras em suspensão.
Quanto à velocidade de deslocamento da frente de reação, esta pode ser da ordem de
grandeza dos metros por segundo (deflagração) ou de quilômetros por segundo (detonação),
dependendo de características intrínsecas do material e outras relacionadas à sua concentração
no ambiente e homogeneização da mistura com o ar. No disparo de uma arma de fogo, como,
por exemplo, um revólver, as velocidades da frente de reação são da ordem de grandeza de
metros por segundo.
Nas detonações, as pressões geradas são maiores do que nas deflagrações: enquanto nas
deflagrações os valores estão na faixa de 4 a 10 bars, no caso das detonações os aumentos de
pressão encontram-se na faixa de 20 a 40 bars.
É importante observar que na faixa de 0,15 bar, em seres humanos, há a possibilidade de
ruptura de tímpano, e valores da ordem de 0,07 bar já provocam arrancamentos de telhas e
materiais semelhantes.
Para que se tenha uma ideia dos efeitos das sobrepressões, no acidente que ocorreu em
1974 em Flixborough e que está descrito em outro capítulo, as pressões geradas foram da
ordem de 2,5 bar no nível do solo no local da explosão, 1 bar a 150 m de distância e 0,5 bar
a 240 m, com destruição total das instalações.
Nas explosões heterogêneas, a combinação de elementos é a mesma que existe para
que ocorra uma combustão, ou seja, o encontro simultâneo de quantidades apropriadas de
combustível, comburente e calor.
O combustível pode ser um gás inflamável, o vapor de uma substância inflamável ou uma
poeira inflamável.
O comburente geralmente é o oxigênio existente no ar presente no ambiente.

10
O calor pode ser de fonte elétrica, química, mecânica ou solar.
Conforme citado, o calor, o comburente e o combustível devem se encontrar em proporções
adequadas.
A explosão só ocorrerá se a mistura entre comburente e combustível se encontrar dentro
da faixa de explosividade.
A faixa de explosividade ou de inflamabilidade é determinada por dois valores: o limite
inferior de explosividade ou de inflamabilidade e o limite superior de explosividade ou de
inflamabilidade (LSI e LSE).
Os dois limites anteriormente citados encontram-se respectivamente acima e abaixo
da relação estequiométrica, a condição na qual todas as moléculas de combustível têm
comburente suficiente para reagir.
Acima da proporção estequiométrica, quando houver mais combustível do que o
necessário, a mistura é dita rica. Quando o componente em excesso é o comburente, a
mistura é dita pobre.
Em proporções acima do limite superior de explosividade ou abaixo do limite inferior de
explosividade, a explosão não ocorre, respectivamente porque o comburente disponível não é
suficiente ou o combustível disponível não é suficiente.
Há fatores que influenciam e alteram os limites de explosividade e que, portanto, podem
ampliar ou restringir a amplitude da faixa de explosividade.
A concentração de oxigênio, por exemplo, à medida que aumenta, desloca o limite superior
de explosividade e amplia a faixa de explosividade. A pressão atmosférica, por sua vez, poderá
aumentar ou diminuir o limite superior de explosividade.

Como prevenir uma explosão?


Prevenir uma explosão é tomar medidas para impedir que o combustível, o comburente e
a fonte de calor se encontrem simultaneamente.
Com relação ao combustível, a prevenção de explosões se refere, entre outras medidas, a:
··extração do ambiente de gases ou vapores combustíveis;
··eliminação de vazamentos de materiais, sejam estes gases, vapores, líquidos ou sólidos.
··manutenção dos ambientes limpos com relação à presença de elementos combustíveis,
especialmente no caso de pós. A umectação dos materiais é uma alternativa, desde que
não degrade ou reaja com esses materiais ou com os componentes dos equipamentos;
··inspeção periódica de equipamentos e instalações;
··detecção de vazamentos;
··contenção de vazamentos (especificamente para líquidos);
··treinamento dos envolvidos na atividade.
O item treinamento é de fundamental importância, pois com o conhecimento e aplicação das

11
Unidade: Tipos de Explosões

necessidades relacionadas aos materiais, ao processo, à segurança do processo e à segurança


das pessoas e do meio ambiente, a possibilidade de criação de situações potencialmente
desastrosas é expressivamente diminuída.
Quanto ao comburente, a prevenção de explosões se refere aos procedimentos de
inertização, ou seja, tornar a atmosfera do ambiente inerte.
Isso pode significar reduzir a o teor de oxigênio ou adicionar um outro gás, como, por
exemplo, o gás carbônico ou o nitrogênio, em proporções tais que o oxigênio disponível não
seja suficiente para reagir com o combustível.
A inertização pode ainda ser utilizada como técnica de “varredura” de uma instalação,
removendo resquícios de materiais combustíveis em tubulações, tanques e equipamentos, ou
no preenchimento de espaços “vazios” de tanques, e também na transferência de materiais
líquidos ou na forma de pós.
No que se refere ao calor ou às fontes que podem produzir calor, deve-se ter em mente que
as fontes são bastante variadas e incluem:
··trabalhos a quente;
··atrito;
··eletricidade estática;
··faíscas;
··arcos elétricos;
··reações exotérmicas;
··equipamentos e instalações inadequados para o ambiente.
As medidas preventivas, da mesma forma, têm de abranger todas as possibilidades de
ocorrência ou presença dos fatores acima, o que incluiria:
1 - executar trabalhos a quente somente em ambientes, equipamentos e instalações
cujas atmosferas não sejam explosivas, após monitoramento. Observar que as
condições são dinâmicas, de forma que o que foi medido no início do trabalho poderá
não ser necessariamente verdadeiro durante ou ao final do mesmo. Lembrar que a
explosividade da atmosfera não é o único parâmetro a ser monitorado, sendo tão
importante quanto este o teor de oxigênio no ambiente e a presença de materiais
agressivos à saúde dos trabalhadores;
2 - manter equipamentos e instalações em bom estado de manutenção e de limpeza,
eliminando pontos de atrito como mancais danificados ou o atrito entre superfícies,
como no caso de um transportador de correia se atritando contra material no piso ou na
estrutura do transportador;
3 - manter em bom estado o aterramento elétrico da instalação e equipamentos;
4 - utilizar ferramentas, equipamentos e instalações apropriados para o ambiente, como
no caso de áreas classificadas. Observar que um simples martelo de aço, ao atingir a
cabeça de um prego, pode gerar uma faísca;
5 - segregrar materiais que reajam entre si exotermicamente;

12
6 - impedir a presença de condições favoráveis à reação, como no caso de luz em
reações fotoquímicas.

A proteção contra explosões – definições e procedimentos


Proteger um local contra uma explosão significa adotar medidas para que, caso a explosão
ocorra, as consequências sejam minimizadas.
Uma das alternativas de proteção é dispor de tanques e instalações que resistam às
sobrepressões geradas no momento da explosão.
É o caso também de discos de ruptura em tanques ou a utilização de janelas ou portas que,
com um pequeno aumento de pressão, liberam a energia da explosão sem que o vaso ou
instalação sejam prejudicados.
Outra alternativa se refere aos projetos de instalações que prevejam espaços abertos, de
forma que a explosão se propague sem atingir pessoas, instalações e equipamentos.

BLEVE - Boiling Liquid Expanding Vapour Explosion e UVCE - Unconfined Vapour


Cloud Explosion
A ocorrência de BLEVE’s ao longo da história tem se materializado no grande número
de pessoas atingidas, entre mortos e feridos ou pessoas que perderam suas residências ou
empresas que perderam suas instalações, e na magnitude da destruição que provocam, direta
ou indiretamente.
Diretamente, pela liberação brutal de energia quando da ocorrência de um BLEVE, que pode
vir acompanhada de incêndios, e indiretamente pelos efeitos da destruição que um BLEVE
pode provocar, incluindo-se aí a explosão de outros equipamentos e materiais presentes no
local e a ocorrência de incêndios.
Um BLEVE geralmente é uma ocorrência catastrófica e, apesar de ser um tipo de vaporização
brutal, e como tal uma explosão física, é apresentado como um item destacado, devido à sua
intensidade, tanto da ocorrência em si, quanto da gravidade de suas consequências.

O que significa um BLEVE?


BLEVE é a abreviatura das palavras inglesas Boiling Liquid Expanding Vapour Explosion,
ou, em português, expansão explosiva do vapor de um líquido em ebulição. É um fenômeno
mundialmente estudado e a sua denominação é internacionalmente conhecida, razão pela qual
será mantida dessa forma neste texto.
Os cenários são bastante variados, mas há elementos comuns que estão presentes em todas
as ocorrências de BLEVE.
Um gás liquefeito ou um líquido armazenado encontra-se em um recipiente ou tanque
fechado e recebe calor.

13
Unidade: Tipos de Explosões

Como os acidentes mais frequentes que se convertem em BLEVE’s envolvem gases


liquefeitos, é em uma ocorrência que envolve esse tipo de material que a descrição a seguir
se baseia.
O calor pode ser proveniente de um incêndio, chama aberta ou da ignição de alguma fonte
nas proximidades do tanque (ver figura 1).
A fase líquida do produto liquefeito é aquecida até o ponto no qual a temperatura do
líquido seja superior à temperatura de ebulição nas condições ambientais externas ao tanque
(ver figura 2).
A fase gasosa ao ser aquecida aumenta de pressão.
Por causa do calor ou de algum impacto externo, eventualmente resultante de outra
explosão, acontece a diminuição da resistência mecânica do recipiente e, na presença do
aumento de pressão citado, ocorre a ruptura do vaso.
Nesse mesmo instante, o líquido aquecido ou a fase líquida aquecida, em contato com o
ambiente externo se vaporiza instantaneamente (ver figura 3).
Para a mesma massa, o vapor ocupa um volume muitas vezes superior ao do líquido
correspondente, transformando essa vaporização em uma vaporização brutal e explosiva,
destruindo o recipiente e lançando suas partes, como se fossem mísseis, por vezes a centenas
de metros de distância.
Partes de vagões ferroviários de grande capacidade foram encontradas a mais de 700 metros
do local de ocorrência do BLEVE.
Dependendo das características do material, caso se trate de material inflamável, o BLEVE
poderá ser acompanhado de uma bola de fogo (fire ball, em inglês).

Material não inflamável

14
Gás t1 T0<T1

Líquido T1<Teb

Gás
t0 T0
Líquido

A bola de fogo, por sua vez, poderá provocar outros incêndios e eventualmente contribuir
para a ocorrência de novos BLEVE’s em tanques e recipientes vizinhos, configurando um
cenário verdadeiramente catastrófico.

15
Unidade: Tipos de Explosões

Fireball

Material inflamável

É importante observar, no entanto, que BLEVE’s podem ocorrer tanto com materiais
inflamáveis quanto com materiais não inflamáveis. Materiais não inflamáveis como cloro, ou
inflamáveis como GLP, estireno ou cloreto de vinila.
Um dos acidentes mais conhecidos relacionados a BLEVE’s foi a explosão de um depósito
de botijões de GLP, na Cidade do México em 1984.
Após um início de incêndio na instalação, botijões superaquecidos explodiram em sequência
na forma de BLEVE.
Essas explosões e o calor gerado, por sua vez, produziram novos BLEVE’s, produzindo
novas explosões, que terminaram por atingir e destruir residências vizinhas.
Terminadas as explosões e controlado o incêndio, constatou-se que 500 pessoas haviam
morrido, além da destruição das instalações e das casas vizinhas.

UVCE
Os cenários já foram retratados em filmes de ação: o vazamento de uma substância em
estado gasoso e que se espalha pelo ambiente.
A nuvem de gás se desloca pelo ambiente e a quantidade de material que vaza no ambiente
vai se tornando cada vez maior, até que ocorre o encontro da nuvem de gás uma fonte de
calor. Aí ocorre a explosão.

16
O que significa um UVCE?
UVCE é a abreviatura das palavras inglesas Unconfined Vapour Cloud Explosion, ou,
em português, explosão de nuvem de vapor não confinada.
O material que dá origem a uma UVCE pode ser proveniente tanto do vazamento de um
gás ou vapor, quanto da vaporização de um material líquido volátil.
No caso do gás ou do vapor, a origem da liberação desses materiais pode se dever ao
excesso de pressurização do sistema ou à perda de controle de alguma reação química ou
parâmetro de processo (aumento excessivo de temperatura ou pressão, por exemplo) ou à
falta de estanqueidade de algum elemento do sistema.
A origem da liberação de gás ou vapor se deve a quais fenômenos?
··ao excesso de pressurização do sistema;
··à perda de controle de alguma reação química ou parâmetro de processo (aumento
excessivo de temperatura ou pressão, por exemplo);
··à falta de estanqueidade de algum elemento do sistema.
No que se refere aos elementos não estanques, podem ser citados:
1) equipamentos
··bombas;
··tanques;
··compressores;
··trocadores de calor, etc.;
2) tubulações
··flanges mal apertadas;
··juntas deterioradas;
··corrosão em soldas ou tubulações, etc.;
3) equipamentos de segurança (válvulas de segurança e seus componentes);
4) componentes de controle do processo, como, entre outros:
··vazamentos em válvulas e conexões;
··vazamentos em pontos de instrumentação (manômetros e termômetros);
··fechamento incorreto de pontos de amostragem.
Para que a explosão ocorra, é necessário que a nuvem se encontre dentro da faixa de
explosividade, além da existência de uma fonte de calor com energia suficiente para desencadear
a reação explosiva, entre combustível e comburente.
Misturas muito ricas ou excessivamente pobres não explodem, devido, respectivamente,
ao excesso de combustível e ao excesso de comburente.

17
Unidade: Tipos de Explosões

A UVCE, pelo mecanismo descrito acima, ou seja, a presença simultânea de combustível,


comburente (dentro da faixa de explosividade) e calor, é uma explosão química.
Quando se trata de um líquido, a existência do material que possa ser vaporizado no ambiente
geralmente se deve ao derramamento do material, o que pode ocorrer, por exemplo, no caso
de enchimento excessivo de reservatório ou do fechamento parcial de pontos de coleta de
amostra, além dos pontos já citados no caso de vazamentos de gases.
A nuvem pode ser introduzida em ambientes nos quais a pressão seja menor à do ambiente
externo, ou devido à existência de equipamentos que aspirem ar externo ao ambiente, por
exemplo, para refrigeração ou mesmo compressão de ar.
É o que acontece em ambientes nos quais haja ventiladores ou compressores ou máquinas
que se utilizem desses tipos de equipamentos para seu funcionamento. Nessa situação, a
nuvem de gás penetra no ambiente, encontra uma fonte de calor e ocorre a explosão.
A energia e o calor liberados na explosão do ambiente interno farão com que a nuvem
externa, de massa maior, venha a explodir, com efeitos geralmente devastadores.
Situações semelhantes ocorrem quando o gás ou vapor é mais denso do que o ar.
Em situações desse tipo, a nuvem se desloca junto ao piso e, se por ventura encontrar uma
depressão no piso, nela penetrará. Depressões como valas, ralos, condutores de águas pluviais
(“bocas de lobo”).
Esse tipo de situação pode ocorrer, por exemplo, quando ocorre um vazamento de gás
liquefeito de petróleo (GLP).
O gás, mais pesado que o ar, desloca-se pelas partes baixas do ambiente.
Caso o GLP penetre em uma tubulação de esgoto, esteja dentro da faixa de explosividade
e venha a encontrar uma fonte de calor com energia suficiente, a explosão ou a combustão
ocorrerá, e a chama retrocederá por dentro da linha até encontrar a nuvem maior ou talvez a
própria fonte do vazamento.
A fonte de calor poderá ser um trabalho a quente (soldagem, uso de maçarico, ou até a
faísca proveniente do impacto de um martelo contra um prego) ou o acendimento de um
fósforo ou de uma lâmpada.
É possível perceber no exemplo do GLP que:
1 - a fonte de calor pode estar bastante distante da fonte do vazamento e mesmo assim a
explosão ocorrerá;
2 - a possibilidade desse tipo de acidente não é exclusivo de situações industriais, sendo
possível de ocorrer também em ambientes domésticos.
Situações “não industriais” podem ser encontradas em galerias de acesso a instalações de
esgoto, telefonia ou energia, pela infiltração de gases inflamáveis, como, por exemplo, o metano,
presente em redes de esgoto e em locais onde ocorra a decomposição de materiais orgânicos.
Uma vez mais é necessário frisar que as situações que podem levar a explosões podem se
dar em ambientes outros que não os exclusivamente industriais.

18
Como ilustração, será descrito um dos casos mais conhecidos de UVCE, que ocorreu em
Flixborough, na Inglaterra, em 1974.
Naquela oportunidade, ocorreu um vazamento de ciclohexano.
O material é altamente inflamável e explosivo.
O ciclohexano que vazou formou uma nuvem.
Essa nuvem se deslocou por algumas centenas de metros pelas instalações até que encontrou
uma fonte de calor com energia suficiente para que a explosão ocorresse.
A instalação industrial foi completamente destruída e 28 pessoas faleceram.
Foram necessários 10 dias para que o incêndio resultante pudesse ser controlado.
Os danos se estenderam a cerca de 1800 imóveis, alguns dos quais localizados a 1500 metros
do local do vazamento.
Estimativas feitas após o acidente indicaram que o diâmetro da nuvem formada era de
aproximadamente 150 metros e que correspondia a cerca de 40 toneladas de gás.
O vazamento ocorreu em função do rompimento de uma tubulação, que havia sido
incorretamente montada.
O acidente ocorreu num sábado, dia no qual a instalação contava com efetivo reduzido.
Estimou-se que o número de mortos poderia ter sido muito maior (cerca de 500 pessoas) caso
o rompimento da tubulação tivesse ocorrido durante um dia de semana.
Pela magnitude das consequências citadas, o acidente de Flixborough é tido como um
marco no estudo dos chamados acidentes industriais ampliados.

Explosão de pós – conceitos


Explosões em minas subterrâneas são relatadas com alguma frequência.
As situações geralmente ocorrem em minas de carvão e as notícias divulgadas pelos órgãos
de imprensa sempre dão conta de um elevado número de pessoas mortas e desaparecidas.
Situações desse tipo já aconteceram em diversos países, como, por exemplo, a China,
Inglaterra, Estados Unidos e Brasil.
Explosões em instalações de industrialização, armazenagem e movimentação de alimentos,
como grãos, rações e biscoitos, entre muitos exemplos, já foram relatadas, geralmente
associados à ocorrência de mortes e a um elevado número de feridos e de danos materiais de
monta. Acidentes desse tipo acontecem em silos, tanques, túneis, transportadores e em áreas
de carga e descarga de materiais.
Situações desse tipo também já aconteceram em diversos países, como, por exemplo,
Brasil, Alemanha, França e Estados Unidos.
Neste texto buscar-se-á responder, entre outros pontos:

19
Unidade: Tipos de Explosões

1 - Qual a semelhança, além das mortes e destruição, entre as situações dos


parágrafos anteriores?
2 - Como materiais aparentemente inofensivos podem se transformar em
poderosos explosivos?
3 - Será que um quilograma de madeira pode explodir?

Pó x poeira
Um material que seja suficientemente triturado, moído, ralado, lixado ou cortado tende a se
transformar em um pó.
Como ordem de grandeza, pós têm dimensões inferiores a 500μm. Segundo a Associação
Nacional de Proteção contra Incêndios dos Estados Unidos (NFPA), pós têm dimensão inferior
a 420 μm.
Um pó é, portanto, do ponto de vista químico, o mesmo material do sólido que o gerou.
Assim, pode-se a partir de um pedaço de madeira que pese 1 Kgf produzir 1 Kgf de pó de
madeira, por exemplo, a partir do lixamento ou da trituração da peça original.
É importante ressaltar que o pedaço original de madeira não tem a capacidade de explodir.
O pó pode ser acondicionado dentro de um recipiente e ocupará um volume correspondente.
A poeira, por sua vez, é o pó em suspensão em um ambiente.
O volume ocupado pela poeira varia de acordo as dimensões do ambiente, com a geometria
e existência de obstáculos, além da quantidade de pó originalmente existente no material e da
turbulência existente no ambiente.
A composição química da poeira não será necessariamente a do material que gerou o pó,
pois dependerá de gases e outros materiais que poderão estar presentes no ambiente.
A capacidade de um material reagir quando na forma de uma poeira é extraordinariamente
maior do que a do material que gerou o pó. Isso se explica pelo aumento exponencial das superfícies
existentes para que o material reaja. A relação entre área e massa é a superfície específica.

Como se explica o aumento da capacidade de reagir da poeira, em relação ao


material que o originou?
O aumento da capacidade de reagir da poeira se explica pelo aumento
exponencial das superfícies existentes para que o material reaja.

Dessa forma, se imaginarmos um material, um sólido, que possui uma massa M e


que seja, por simplificação, de forma cúbica, de lado “l”, a área será 6*l2 e a superfície
específica 6*l²/M.
Caso esse cubo seja dividido pela metade, a massa total permanecerá a mesma, porém a
área 2* (2*l² + 4*l*l/2) = 8*l² e a superfície específica será 8*l²/M.
Se os dois “cubos” forem divididos pela metade, teremos como área total
4*(2*l² + 4*l*l/4)= 12*l² e a superfície específica será 12*l²/M.

20
Caso os quatro sólidos sejam divididos pela metade, teremos como área total
8*(2*l²² + 4*l*l/8)= 20*l² e a superfície específica será 20*l²²/M.
Nessas quatro situações, observa-se o aumento da superfície específica à medida que o
material é fracionado.
A partir do momento em que a ”superfície específica” aumenta, a possibilidade de partículas
de um material entrar em contato com o oxigênio também aumenta.
Com esse material estando em suspensão, o contato será altamente possível e muito
intrínseco. Entenda-se por intrínseco, nesse caso, o fato de cada partícula do material estar
envolta por ar e o fato do ar estar intervalado entre todas as partículas do material.
Se a concentração do material estiver dentro da faixa de explosividade e tendo uma fonte
de calor com energia que seja capaz de começar, teremos uma probabilidade considerável de
uma explosão.

1kg de madeira explode?

Ar Tempo para combustão T1

1kg de madeira explode?

Ar Tempo para combustão T2


T2<T1

21
Unidade: Tipos de Explosões

1kg de madeira explode?

Ar

1kg de madeira explode?

Ar Tempo para combustão Tn


Tn<T3

Os fatores necessários para que a probabilidade de explosão seja grande é a


concentração do material, que precisa estar dentro da faixa de explosividade, e existir
uma fonte de calor com energia capaz de iniciar. Assim, haverá grande probabilidade
de ocorrência de explosão.

22
Ambiente sujo 5
Aumento na concentração e turbulência

Explosão Primária

Ambiente sujo 4

Temperatura de ignição

Ambiente sujo 3

Aumento de temperatura na camada depositada

23
Unidade: Tipos de Explosões

Ambiente sujo 2

Ambiente sujo 1

Ambiente sujo 6

Explosão Secundária

Estudos realizados nos Estados Unidos indicaram que em cerca de 33% dos acidentes
envolvendo poeiras, a fonte de calor foi de origem mecânica, e 12% de situações que
envolvessem chama aberta (soldagem, oxicorte, etc).
É importante salientar, no caso dos trabalhos envolvendo chamas abertas, que
provavelmente uma parte dos envolvidos desconhecia (ou esqueceu) as características
potencialmente explosivas do ambiente no qual realizariam suas tarefas.

24
Dados de estudos alemães de 2004 indicavam em média a ocorrência de uma explosão de
poeiras por dia, ocorrendo em 25% dos casos em indústrias de alimentos e de rações.

Explosão primária e explosão secundária


A explosão que ocorre em um ambiente que contém poeiras combustíveis ocorre
geralmente em duas fases.
Em um primeiro momento, ocorre a explosão de uma pequena quantidade de material.
Essa explosão, de pequeno poder destrutivo, é denominada explosão primária.
A explosão primária faz com que uma quantidade de pó depositado nas superfícies do
ambiente entre em suspensão, aumentando a quantidade de poeira existente no ambiente.
A quantidade total de poeira em suspensão, na presença do calor da primeira explosão,
possibilita uma segunda explosão, denominada de explosão secundária.
É importante observar que a explosão primária pode se dar pela presença e explosão de
outros materiais. Por exemplo, o vazamento e a explosão de um gás ou líquido, proveniente
de alguma infiltração, escape ou o derramamento desses materiais.
A explosão secundária gera como regra geral pressões e temperaturas elevadas e costuma
ser devastadora. O número de pessoas mortas e feridas costuma ser elevado e os danos e
prejuízos vultosos.
Independentemente do fato da explosão ser primária (envolvendo o material em suspensão)
ou a explosão de outros materiais (explosões mistas ou combinadas, conforme citado
anteriormente), a explosão secundária ocorre da mesma forma, seja pelos aumentos de
turbulência e consequente quantidade de poeira no ambiente, seja pelos efeitos devastadores
que produz.
Os relatos de explosões envolvendo poeiras sempre se referem a uma primeira “pequena”
explosão, em alguns casos lembrando um estampido, seguida então pela “grande” explosão,
que pode se alastrar pela instalação como um todo, em grande velocidade, e da qual, por
vezes, nada resta nem ninguém sobrevive.
Silos de concreto e metálicos, utilizados para o armazenamento de grãos, já foram
completamente destruídos por explosões desse tipo.
O mesmo ocorreu em minas de carvão e instalações nas quais se manuseava pó de alumínio.
Da mesma maneira, explosões já ocorreram em instalações de manufatura de farinhas,
biscoitos, açúcares, assim como outros materiais, como celulose e policloreto de vinila e
várias outras.

Classes de explosões de pó
A classificação das intensidades das explosões se dá baseada na chamada lei cúbica.
A lei cúbica indica que, de acordo com o material, há uma relação entre a velocidade de
aumento da pressão e a raiz cúbica do volume no qual a explosão ocorre e essa relação é
uma constante.

25
Unidade: Tipos de Explosões

( dp/dt )max  V1/3 = K st = cte.


A unidade de medida de Kst é bar.m/s
Assim há 3 classes de explosão de pó, de acordo com a faixa de Kst:
a) St1, para 0 < Kst < 200 bar.m/s
b) St2, para 200 < Kst < 300 bar.m/s
c) St3, para Kst > 300 bar.m/s
Os fatores necessários para que ocorra uma explosão de poeira se referem ao material, à
concentração e à dispersão no ambiente, à concentração de oxigênio existente no ambiente e
à presença de fontes de calor.

Material
Para que a explosão ocorra, o material deverá ser explosivo, além de encontrar-se em
dimensões apropriadas.
Materiais diferentes, mesmo que explosivos, têm comportamentos distintos relacionados
às explosões, seja no que tange à concentração, à energia mínima para ignição, ou pela
energia liberada (caracterizada simultaneamente pela máxima pressão gerada e pela máxima
velocidade de aumento de pressão).
O comportamento do material é influenciado, por sua vez, pelo teor de umidade do mesmo
e pela presença de materiais inertes (quanto maior a umidade ou a presença de materiais
inertes, mantidas as demais características, menor a probabilidade de explosão).
De uma maneira geral, quanto mais finamente particulado o material estiver, maior será a
probabilidade de que venha a explodir, e caso venha a explodir, maiores serão os danos quanto
menor for o tamanho das partículas, pela facilidade com que a explosão irá se propagar ao
longo do material e do ambiente.

Concentração no ambiente
Quanto maiores forem as concentrações do material no ambiente, maior a probabilidade de
que a faixa de explosividade venha a ser atingida.
O limite inferior de explosividade é experimentalmente determinado e utilizado como valor
de referência, observando-se que pequenas alterações no ambiente, por exemplo a turbulência,
mantidas as demais constantes, podem reduzi-lo substancialmente.
Deve-se observar que, apesar de existir um limite superior de explosividade para cada
material, este é experimentalmente determinado e não é de frequente aplicação prática, pelo
que se apresenta a seguir.
Devido às características construtivas e arquitetônicas dos ambientes, estas podem influenciar
e modificar outros parâmetros envolvidos, como a dispersão e a turbulência.
Quanto maior for a turbulência no ambiente, mais perfeita e íntima é a mistura do material
particulado com a atmosfera existente.

26
A existência de obstáculos pode favorecer tanto a dispersão quanto o aumento da turbulência.
A presença de gases inflamáveis, por sua vez, pode alterar radicalmente a probabilidade de
ocorrência de explosão e do comportamento e desenvolvimento da reação explosiva em si.

Dispersão no ambiente
A dispersão se refere à maneira como o ambiente se “espalha” pelo ambiente.
Quanto mais disperso o material estiver no ambiente, maior é a probabilidade de que a
explosão se propague ao longo do material em suspensão e ao longo do ambiente.

Concentração de O2
Quanto maior for o teor de oxigênio no ambiente, menor o limite inferior de explosividade
e melhores e mais prováveis são as condições para que o material venha a explodir e que a
explosão se propague pelo material em suspensão.

Calor
Quanto maior for a energia da fonte de calor, maior a probabilidade de ocorrência de
explosão.
É importante observar que, para um determinado conjunto de parâmetros existentes no
ambiente, se a energia for inferior a um certo valor, a explosão não ocorrerá.
Por analogia com o “triângulo do fogo”, o conjunto dos cinco componentes acima é
conhecido como o “pentágono das explosões”.

Pentágono da explosão de poeiras

Ignição

Dispersão das Concentração


partículas no ambiente

Oxigênio Poeira
combustível

27
Unidade: Tipos de Explosões

Medidas de prevenção contra explosão de poeiras


As principais medidas de prevenção podem se referir às fontes de calor, à presença de
oxigênio no ambiente e à existência do material particulado no ambiente.
Quanto às fontes de calor, as medidas se referem à eliminação dessas fontes, ou à utilização
de fontes de calor com energias menores do que as mínimas necessárias para a ignição da
poeira em suspensão, ou ainda a equipamentos especiais para áreas classificadas (à prova
de explosão).
No que se refere ao oxigênio, pode se inertizar o ambiente, introduzindo gases como o
nitrogênio, por exemplo.
A existência do material no ambiente pode ser controlada pelas condições de manutenção
e operação da instalação, evitando pontos de escape de materiais, e aprimoramento das
operações de limpeza, limpeza esta que não deverá ser feita por meios mecânicos (vassouras)
por aumentar ainda mais a quantidade de poeira em suspensão.
O controle de umectação do ambiente e do material, sem prejudicar o material e os
equipamentos, é outra medida preventiva possível.

Medidas de proteção contra explosão de poeiras


As medidas de proteção se referem a minimizar os efeitos da explosão.
Podem se referir à injeção de agentes inertes no ambiente no qual se detectou o início da
explosão, detendo a evolução do processo.
Outra alternativa se refere à construção de equipamentos capazes de resistir à explosão
propriamente dita. Ou, dentro da mesma linha de raciocínio, a instalação de barreiras que
impeçam o avanço da onda de choque e da projeção de materiais.
É possível também a liberação da energia da explosão, sem comprometer a integridade
da instalação, o que se obtém, por exemplo, com a instalação de janelas, portas e discos de
ruptura. Esses elementos “abrem” e liberam a energia da explosão que se inicia no interior,
sem comprometer a integridade do equipamento e da instalação. Antigamente, as janelas
eram de vidro, o que se converte em um risco adicional, quando da abertura das mesmas, pela
transformação dos pedaços de vidro em projéteis cortantes e perfurantes.
Pode-se também, mediante a utilização de sensores e dispositivos automáticos, isolar a área
na qual a explosão ocorre, impedindo que se alastre para outras instalações ou equipamentos.

28
Material Complementar
Perguntas Frequentes

Qual é a definição de explosões?


Resposta: Explosões são ocorrências nas quais há uma súbita liberação de energia que se
materializa em um aumento de pressão associada à liberação de gases e que pode eventualmente
ser acompanhada de liberação de calor.

Como ocorre um BLEVE (expansão explosiva do vapor de um líquido em ebulição)?


R: Um gás liquefeito ou um líquido armazenado encontra-se em um recipiente ou tanque
fechado e recebe calor.

Como ocorre uma UVCE (expansão explosão de nuvem de vapor não confinada)?
R: Ocorre o vazamento de uma substância em estado gasoso ou vapor proveniente de um
material líquido volátil e que se espalha pelo ambiente. A nuvem de gás se desloca pelo
ambiente e a quantidade de material que vaza no ambiente vai se tornando cada vez maior, até
que ocorre o encontro da nuvem de gás com uma fonte de calor. Aí ocorre a explosão.

Quais são as principais medidas de prevenção contra explosões de poeiras?


R: As principais medidas de prevenção podem se referir às fontes de calor, à presença de
oxigênio no ambiente e à existência do material particulado no ambiente.

Vídeos:
ANDUTAM. Explosão de gás em fábrica. IT-27 - Corpo de Bombeiros.
https://www.youtube.com/watch?v=TnoGGRDRpDU

CAT CONSULTORIA. 01 BLEVE


https://www.youtube.com/watch?v=96WSfB9O-Pg

Hezzy, C. Bleve compilation


https://www.youtube.com/watch?v=gI0qU4EZbS8

PLANTÃO DE POLÍCIA. Trabalhador morre na explosão de tanque de combustível


https://www.youtube.com/watch?v=9MSGZi5gIEU

RED BUTTON STUDIO. Mexico rafinery first & second explosions - slow motion (Reynosa, Tamaulipas, Dec. 2012)
https://www.youtube.com/watch?v=KBF0LMxHuo4

SCILABUS. Explosion de poussiere! Scilabus 37


https://www.youtube.com/watch?v=ks4-qTnlIXM

SILVEIRA, Jean. MOOP – caminhão tanque explodindo


https://www.youtube.com/watch?v=x-sIbjUrWYs

TORREZ FIRE. Explicacion BLEVE


https://www.youtube.com/watch?v=XAFMX8-ur7U

29
Unidade: Tipos de Explosões

Leituras:
WEG. Atmosferas explosivas
http://goo.gl/VPKB4I

SILVA, Janaína de Andrade. Modelagem CFD de explosões de pós em silos. Lavras: UFLA, 2012. Dissertação de mestrado.
Orientador: Francisco Carlos Gomes.
http://goo.gl/xhLRsy

PINHASI, G. A.; DAHAN, Y.; DAYAN, A.; ULLMANN, A. BLEVE - Boiling Liquid Expanding Vapor Explosion: simulation and risk
analysis. Ariel University Center of Samaria. Tel Aviv, 2010
https://goo.gl/g11qN3

JORDÃO, Dácio de Miranda. Curso de formação de operadores de refinaria: prevenção contra explosões e outros riscos. / Dácio
de Miranda Jordão, Luciano Rubim Franco. – Curitiba: PETROBRAS: UnicemP, 2002
http://goo.gl/TzRIHt

ELATABANI, Enar Gasim Motwali. Boiling Liquid Expanded Vapor Explosion (BLEVE) of petroleum storage and transportation
facilities. Case Study: Khartoum State. Thesis submitted to the Sudan Academy Of Science in partial fulfillment of requirements
for master degree in Cleaner Production. Supervisor: D. Kamal Eldin Eltayb Yassin. 2010.
http://goo.gl/sm43Oh

ALPHA EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS LTDA. Informativo técnico


http://goo.gl/fwWMws

Sites:
SOBERANIA. Amuay: unconfined vapor cloud explosion (UVCE)
http://www.soberania.org/Articulos/articulo_7636.htm

30
Referências

ABHILASH S. My college UVCE. Disponível em: <https://www.youtube.com/


watch?v=KUDmK30v4W0>. Acesso em: 19 abr. 2016.

CARTWRIGTH, P.; PASCON, P. E. Explosões (parte 1). Disponível em: <http://www.


processos.eng.br/Portugues/PDFs/explosoesI.pdf>. Acesso em: 19 abr. 2016.

COMO TUDO FUNCIONA. Açúcar: uma explosão natural. Disponível em: <http://ciencia.
hsw.uol.com.br/explosao-de-acucar1.htm>. Acesso em: 19 abr. 2016.

PASCON, P. E. Sistemas de proteção contra explosão. Disponível em: <http://www.


processos.eng.br/Portugues/PDFs/sistemas_de_protecaoo.pdf>. Acesso em: 19 abr. 216.

SÁ, Ary de. Prevenção e controle dos riscos com poeiras explosivas. Disponível em:
<http://www.segurancaetrabalho.com.br/download/poeiras-explosivas.pdf>. Acesso em: 19
abr. 2016.

SÁ, Ary de. Prevenção e controle dos riscos com poeiras explosivas R4. Disponível
em: <http://www.ares.org.br/uploads/pdf/explosoes_com_poeiras.pdf>. Acesso em: 19 abr.
2016.

NBR 15662 - Gerenciando os riscos de explosões.

NBR 16385 - Proteção contra explosão de partículas sólidas.

NBR 5418 - Instalações elétricas em atmosferas explosivas.

IT-27 - Corpo de Bombeiros.

RANGEL JÚNIOR, Estellito. Os Pós: Lobo em Pele de Cordeiro. O Setor Elétrico, São
Paulo, p.63-132, jun. 2008.

SPENCER, Amy Beasley. Explosão de pó – Artigo de capa. Revista NFPA Journal


Latinoamericano, n.03, março de 2009

31
Unidade: Tipos de Explosões

Anotações
.

32

Você também pode gostar