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COMBUSTÃO

Para que possamos ter a perfeita


compreensão dos efeitos e do
desenvolvimento da combustão é preciso
entender primeiramente a constituição física e
química da matéria que é formada por
partículas de tamanho extremamente
reduzido, chamadas de átomos.
ÁTOMO
O átomo é constituído por três tipos de
partículas basicamente – os elétrons que
possuem carga negativa têm uma massa
muito pequena se comparado aos outros tipos
de partículas do átomo, eles se localizam em
uma camada que se situa ao redor do átomo,
chamada eletrosfera. O átomo ainda possui
um núcleo, onde se localizam os prótons que
são partículas de carga positiva e os nêutrons
que não possuem carga.
ÁTOMO
MOLÉCULAS
Normalmente para formar a matéria, os
átomos buscam cominar-se entre si ou com
outros átomos, buscando uma estabilidade
maior, quanto estes elementos se combinam,
são formadas as moléculas.
MOLÉCULAS
OS ESTADOS FÍSICOS DA MATÉRIA
- A matéria pode se apresentar em três estados
físicos: sólido, líquido e gasoso. Neste momento
faremos uma breve análise de cada um deles
levando em conta três aspectos: a força de
ligação entre as moléculas, a forma e a
compressibilidade.
- É de vital importância o entendimento destes
fatores já que os mesmos influenciam
diretamente no desenvolvimento do fenômeno
da combustão.
ESTADO FÍSICO DAS MATÉRIAS
ESTADO SÓLIDO
• No estado sólido existe uma força de interação
relativamente muito forte entre as moléculas,
de forma que a compressibilidade torna-se
quase inexistente e, por conseguinte, quando
a matéria encontra-se neste estado, sua forma
é fixa.
• Temos como exemplo: o carvão, o papel e a
madeira.
ESTADO LÍQUIDO
- No caso do estado líquido a força de interação,
se comparada com os sólidos, é menor e em
função disso a sua forma é variável e apresenta
um pequeno grau de compressibilidade, estas
características fazem com que possamos fazer o
transbordo de entre recipientes de volumes e
estrutura diferentes, já que o material irá
adaptar-se a este novo receptáculo.
- Temos como exemplo: a água, a gasolina e o
diesel.
ESTADO GASOSO
- Já no estado gasoso, a força de interação entre
as moléculas é relativamente muito pequena, de
forma que o gás é um material que ocupa todo o
volume de seu receptáculo e é altamente
compressível, temos o exemplo do Gás Natural
Veicula (GNV) onde se comprime vários metros
cúbicos de gás em um cilindro de dimensões
muito reduzidas.
- Como exemplo, temos: GNV, oxigênio e
hidrogênio.
FOGO X COMBUSTÃO
• O fogo pode ser definido com o resultado de
uma reação química entre combustível e
comburente.
• A reação de combustão pode ser entendida
como uma reação oxidante exotérmica:
oxidante por ser uma reação química que
consome oxigênio (O2) e, exotérmica porque
libera calor durante a reação (DRYSDALE,
1998).
FOGO X INCÊNDIO
• O conceito de incêndio está relacionado ao
fogo que foge ao controle do homem e, uma
vez que haja esta perda do controle este
incêndio provoca danos ao patrimônio e aos
seres humanos, este tipo de evento recebe
também a denominação de sinistro.
QUAL É A DIFERENÇA ENTRE?

Reação química (combustão) Indesejado


Desejado Destruidor
Utilizado Começa fora de controle
Sob Controle
EXEMPLO DE FOGO.
EXEMPLO DE INCÊNDIO.
1- QUAL DAS ALTERNATIVAS ABAIXO NÃO É INCÊNDIO?

A B

C
D
CAUSAS DE INCÊNDIO
• É de enorme interesse saber a origem dos
incêndios quer para fins legais, quer para fins
estatísticos e prevencionistas.
• Daí a importância de se preservar o local do
incêndio, procurando não destruir possíveis
provas nas operações de combate e rescaldo.
• Dessa forma, os peritos poderão determinar
com maior facilidade a causa do incêndio.
CAUSAS DE INCÊNDIO
• Causas naturais: Quando o incêndio é originado
em razão dos fenômenos da natureza, que agem
por si só, completamente independentes da
vontade humana.
• Causas artificiais: Quando o incêndio ocorre pela
ação direta do homem, ou poderia por ele ser
evitado, tomando-se as devidas medidas de
precaução (atos inseguros ou condições de
insegurança). Esses atos ou condições são:
Acidentais ou propositais.
TRIANGULO DO FOGO
Na busca do entendimento dos fatores
necessários para que houvesse a combustão,
durante muito tempo acreditou-se que apenas
três elementos seriam necessários: combustível,
comburente e energia de ativação.
Para tanto se buscou uma forma didática para
disseminar este conceito, daí foi criado o
triângulo do fogo, aproveitando a forma
geométrica para a associação dos três elementos
básicos para a combustão.
TETRAEDRO DO FOGO
Com o decorrer dos avanços científicos observou-
se que além dos três fatores anteriormente expostos,
para a ocorrência da combustão era necessária a
presença de um quarto elemento: a reação em cadeia.
Com a reação química da combustão ocorre a
formação de radicais livres que contém uma elevada
quantidade de energia e, desta forma, estes elementos
reagem com outras moléculas formando mais radicais
livres e assim sucessivamente, de forma a expandir a
combustão.
TETRAEDRO DO FOGO
Com a constatação da existência da reação
em cadeia obtemos, portanto, mais uma face
em nossa representação didática do fogo e a
esta figura denominamos de tetraedro do
fogo.
TETRAEDRO DO FOGO
TETRAEDRO DO FOGO
É importante observarmos que independente
da representação que haja em relação ao
fenômeno da combustão, o que deve ficar claro é
que se for retirado do processo qualquer um dos
elementos que a compõe (combustível,
comburente, energia de ativação e reação em
cadeia) a mesma será interrompida, na verdade
os métodos de extinção de incêndio baseiam-se
exatamente na supressão destes componentes da
combustão, a seguir faremos uma análise de cada
um destes elementos.
COMBUSTÍVEL
Podemos entender combustível como
sendo toda substância capaz de queimar,
servindo de campo de propagação do fogo.

Os combustíveis podem estar nos estados


sólido, líquido e gasoso e cada um destes
estados apresenta propriedades físico-
químicas bastante diferentes
COMBUSTÍVEL
Queimam em superfície e profundidade.
. Queimam somente em
superfície.

. Quando derramados,
queimam por toda
superfície.
Espalha-se por todo o ambiente disponível.

Queima de forma instantânea.


COMBURENTE
O comburente, também conhecido como
agente oxidante, é a substância que reage
com os gases emitidos durante a combustão.
Na maior parte das combustões ocorridas
o oxigênio será o comburente, até mesmo
pelo fato do mesmo estar disponível em
abundância na atmosfera terrestre.
OXIGÊNIO
A concentração de oxigênio encontrada no ar é
próxima a 21%, nestas condições teremos uma
combustão plena dos materiais, porém, como já visto
anteriormente, o processo de queima consome
oxigênio, desta forma, especialmente em locais
fechados, o fogo faz com que a concentração do
comburente vá diminuindo e esta redução afeta
diretamente a combustão.
Pois quanto maior for a concentração de oxigênio mais
rápida será a combustão, o contrário também é
verdadeiro pois na medida que a concentração de O2
diminui, a combustão fica mais lenta.
OXIGÊNIO
Normalmente para uma atmosfera que possua
menos de 15% de oxigênio, não mais haverá chamas
no local já que estas não perduram abaixo desta
concentração.
Importante frisar que esta ausência de chamas se
dá em função da diminuição do oxigênio e que o
ambiente, mesmo sem chamas, permanece
extremamente aquecido, o que exige muita cautela no
acesso a esses locais para prevenir a entrada de ar e,
por conseguinte de O2, o que poderia permitir que os
materiais se inflamem novamente ou até mesmo
ocasionar alguns fenômenos que estudaremos mais
adiante (Backdraft).
ENERGIA DE ATIVAÇÃO
Quando falamos em energia de ativação
da combustão, nos referimos ao componente
energético capaz de fazer com que a
temperatura do combustível aumente para
que haja então a liberação dos gases que
sofrerão a queima, a esta energia
denominamos calor.
ENERGIA DE ATIVAÇÃO
• Durante muito tempo associou-se o calor
diretamente ao conceito de agente ígneo
(chama), com o avanço nos estudos a este
respeito, verificou-se que esta associação nem
sempre ocorre na prática. A energia de
ativação pode ser qualquer elemento que faça
com que o combustível, independentemente
de seu estado físico, desprenda gases
combustíveis (fonte elétrica, mecânica,
térmica ou química).
CALOR
Em resumo, podemos dizer que o Calor em uma
reação de combustão é:
– O elemento que causa a vaporização do combustível
líquido e a termólise do combustível sólido;
– O elemento que serve para dar início a uma
combustão, promovendo o crescimento e
aumentando a propagação das chamas;
– Componente energético que eleva a temperatura,
gerada da transformação de outra energia, através de
processo físico ou químico.
MÉTODOS DE EXTINÇÃO DE
INCÊNDIOS
• A extinção de um incêndio corresponde
sempre em extinguir a combustão pela
eliminação ou neutralização de pelo menos
um dos elementos essenciais da combustão,
representados pelo tetraedro do fogo.
• Para tanto faremos a abordagem de quatro
métodos teóricos de extinção do incêndio:
Isolamento; Abafamento; Resfriamento e
Inibição da reação em cadeia.
ISOLAMENTO
• Este método de extinção de incêndio consiste na
separação entre o combustível e a fonte de energia
(calor) ou entre aquele e o ambiente incendiado.
• É um método muito eficaz, porém complexo de ser
executado, devido a vários fatores, como: o tamanho e
peso do material combustível e ainda a via de escape
desse material.
• É também muito utilizado no combate indireto a
incêndios florestais por meio da construção de aceiros,
que se processa removendo-se a vegetação em torno
do fogo.
ISOLAMENTO
ABAFAMENTO
Método de extinção de incêndio que
consiste na redução da concentração do
comburente (Oxigênio) para valores próximos
a 14% na maior parte dos casos e 6% se
houver brasas, tornando a mistura pobre, ou a
eliminação total do contato do combustível
com o comburente (Oxigênio).
ABAFAMENTO
RESFRIAMENTO
• Método de extinção de incêndio que consiste no
arrefecimento do combustível, ou seja, na
diminuição da temperatura deste, de forma que a
mesma se torne inferior ao ponto de combustão.
• Este é o método mais utilizado para o combate
ao incêndio, sendo necessário um agente extintor
com grande capacidade de absorção de calor e
elevado ponto de combustão.
• Como exemplo temos a água que é o agente
extintor mais utilizado.
RESFRIAMENTO
INIBIÇÃO
• A inibição ou ruptura da reação em cadeia
consiste em impedir a transmissão de energia
(calor) de uma partícula do combustível para
outra limitando, assim, a formação de radicais
livres e/ou consumindo-os à medida que se
formam (ENB, 2006).
• O pó químico é um exemplo de agente extintor
que atua desta forma, ele se decompõe em
radicais livres que, ao combinarem-se com
aqueles produzidos no processo de combustão,
os elimina e inibe a reação em cadeia.
INIBIÇÃO
INIBIÇÃO
Importante salientar o fato de que este
método de extinção deve sempre ser
acompanhado de um dos anteriores, já que
caso façamos a ruptura da reação em cadeia e
ainda haja a presença dos três lados do
triângulo do fogo, muito provavelmente
teremos uma reignição.
ESTUDO DO INCÊNDIO
Classe A - Sólidos Comuns

São incêndios que envolvem combustíveis sólidos comuns (geralmente de natureza


orgânica), como madeira, papel, borracha, plástico, dentre outros. Têm como
características queimar em razão do seu volume (queimam em superfície e
profundidade) e deixar resíduos fibrosos (cinzas).
Classe B – Líquidos Inflamáveis

São incêndios envolvendo líquidos inflamáveis, graxas e gases combustíveis.


Caracterizam-se por não deixarem resíduos e queimarem apenas na superfície exposta
(queimam só em superfície ).
Classe C – Equipamentos Elétricos e Energizados

Qualquer incêndio envolvendo combustíveis energizados. Alguns combustíveis


energizados (aqueles que não possuem algum tipo de armazenador de energia) podem
se tornar classe A ou B, se forem desligados da rede elétrica. Caso não seja possível
cortar a energia, deve ser usado preferencialmente um agente extintor que não
seja condutor elétrico.
Classe D – Metais Combustíveis

Incêndios resultantes da combustão de metais pirofóricos. Esses combustíveis são


caracterizados pela queima em altas temperaturas e por reagirem com alguns agentes
extintores (principalmente a água). O combate deste tipo de combustível requer uma
análise das características específicas do material que está em combustão.
Aparelhos Extintores de Incêndio
Aparelhos extintores são aparelhos que
contêm um agente extintor que pode ser
projetado e dirigido sobre um incêndio pela
ação de uma pressão interna, pressão essa,
que pode ser fornecida por compressão prévia
(sistema pressurizado) ou pelo auxílio de um
gás auxiliar, chamado de gás propelente
(sistema a pressurizar, entrando em desuso).
Aparelhos Extintores de Incêndio
Esses equipamentos foram concebidos
para serem utilizados no estágio inicial das
ações de combate a incêndio (princípios de
incêndio).
Normalmente, esses aparelhos extintores
são chamados pelo nome do agente extintor
neles contido e apresentam características
próprias, apesar de possuírem detalhes de
acordo com cada fabricante.
Classificação quanto a
Mobilidade do extintor
• Portáteis – esta classificação refere-se a
todos os aparelhos extintores que podem ser
transportados manualmente, sua massa total
não deve ultrapassar 20 kg.
• Não portáteis (Sobre rodas) – são os
aparelhos extintores com massa superior a 20
kg, não permitem o transporte manual e por
isso são montados sobre rodas para que
possam ser deslocados por uma única pessoa.
Classificação quanto a
Mobilidade do extintor
Classificação quanto a
Pressurização do extintor
Direta (pressurizados) – são os extintores que
estão permanentemente pressurizados,
caracterizam-se pelo emprego de somente um
recipiente para o agente extintor e o gás
propelente.
Indireta (a pressurizar) – são os extintores que
são pressurizados na ocasião do uso,
caracterizam-se pelo emprego de um recipiente
para o agente extintor e um cilindro com gás
propelente.
Classificação quanto a
Pressurização do extintor
Principais aparelhos extintores
Existem vário tipos de aparelhos extintores
de incêndio, porém, neste material, iremos
privilegiar as informações relacionadas aos
tipos mais comuns encontrados em locais
públicos, de reunião de público e em
edificações em geral.
Aparelho extintor portátil de água
pressurizado
Com capacidade variável dependendo do
fabricante, sendo o mais comum o de 10L,
alcance médio do jato de 10 m, utilização em
incêndios classe A, tempo de descarga
aproximada de 60 segundos e cilindro de baixa
pressão.
Tem como princípio de funcionamento a
pressão interna maior que externa, sendo assim
ao se acionar o gatilho a água é expelida.
Extintor de incêndio portátil de pó
químico seco (PQS)
Com capacidade variável dependendo do
fabricante, sendo o mais comum o de 8kg,
alcance médio do jato de 5 m, utilização em
incêndios Classes B e C, e também da Classe D,
quando utilizado pó químico especial.
O tempo de descarga é de,
aproximadamente, 20 segundos e o cilindro de
baixa pressão.
O seu funcionamento baseia-se no pó que
está sob pressão, que expelido, quando
acionamos o gatilho.
Extintor de incêndio portátil de gás
carbônico (CO2)
Com capacidade variável dependendo do
fabricante, sendo o mais comum o de 10kg,
alcance médio do jato de 2,5 m, utilização em
incêndios classe B e C.
O tempo de descarga aproximada de 30
segundos e cilindro de alta pressão. O seu
funcionamento é devido ao gás que está
armazenado sob alta pressão, que é liberado
quando acionado o gatilho.
1- Pelo rótulo;
2- Visualmente (CO2) e
3- Pelo tato e pelo som (AP e PQS).
Sistemas de Segurança
Todo extintor possui dois sistemas de
segurança, o lacre, que tem a finalidade de
demonstrar que o extintor ainda não foi
utilizado, e o pino de segurança, que trava o
gatilho do extintor, impossibilitando que o
extintor seja utilizado acidentalmente.
Referências
• A segurança contra incêndio e o projeto
arquitetônico - Prof. Dr. Macksuel Soares de
Azevedo - UFES – 2013;

• FLORES, Bráulio Cançado; ORNELAS, Éliton


Ataíde; DIAS, Leônidas Eduardo. Fundamentos de
Combate a Incêndio – Manual de Bombeiros.
Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás.
Goiânia-GO, 1ªed: 2016, 150p.

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