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APRESENTAÇÃO ROTEIRO GTD – 09

(SEMESTRE DE 2023-2)

LINHA TRIFÁSICA SIMPLES, SEM CABOS PARA-RAIOS


 Consideremos inicialmente uma linha trifásica, a circuito simples, sem cabos para-
raios, cujos condutores das fases A, B e C são percorridos pelas correntes a, b, c de
um sistema trifásico. A equação de fluxos do sistema assim formado será:

a   faa fab fac  I a 


    fba fbb fbc. I b  [Wb/km] (1)
 b 
c   fca fcb cc   I c 
 Admitindo-se o sistema equilibrado, podemos escrever: a + b + c = 0. Neste
caso, como indicado na Fig. 1, quando o fluxo a na fase A é máximo (no instante
em que a = máx) , coincidentemente, nas fases B e C teremos : 1
I b  I c   I máx
2

1
Fig. 1 Ondas de tensão senoidais
LINHA TRIFÁSICA SIMPLES, SEM CABOS PARA-RAIOS (continuação)

 Dessa forma, na Eq. (1), fazendo-se a multiplicação da 1ª linha de [F ] pela


matriz coluna [] com os valores a e b iguais a  1 I máx , podemos escrever:
2
  1  1 
a máx  faa.I máx  fab.  I máx   fac.  I máx  
  2  2 
 
a máx  I máx  faa   fab  fac [Wb / km]
1
(2)
 2 
 Aplicando o mesmo raciocínio às fases b e c, obteremos:

b máx  I máx  fbb 
1
 fba  fbc  [Wb / km] (3)

c máx  I máx  fcc 
1
 fca  fcb  [Wb / km] (4)
 2   2 

La  faa 
1
 fab  fac [ H / km] (5)
2
Lb  fbb   fba  fbc [ H / km]
1
 Pela definição de indutância, teremos: (6)
2
Lc  fcc   fca  fcb [ H / km]
1
(7)
2
2
LINHA TRIFÁSICA SIMPLES, SEM CABOS PARA-RAIOS (continuação)
 As indutâncias das Eq. (5), (6) e (7) são denominadas indutâncias aparentes
das três fases da LT;

 As indutâncias aparentes não possuem um significado físico, porém são aquelas


que são sentidas pela fonte que alimenta a LT. A Fig. 2 abaixo ilustra didaticamente
esse fato:

Fig. 2 Indutâncias das linhas trifásicas – 2a: Acoplamento indutivo entre as fases;
2b: Indutâncias aparentes da linha 3
LINHA TRIFÁSICA SIMPLES, SEM CABOS PARA-RAIOS (continuação)

 Consideremos um trecho de comprimento unitário de uma LT, cujo início


aplicamos um sistema de três tensões equilibradas, conforme indicado na Fig. 3

As correntes que


fluirão no sistema
mostrado ao lado serão
a, b, e c, que
provocarão em cada uma
das fases as seguintes
quedas de tensão:
Ua = a j  La (8)
Ub = b j  Lb (9)
Fig. 3 Queda de tensão nas linhas trifásicas Uc = c j  Lc (10)

 O sistema mostrado acima somente se manterá equilibrado se ocorrer:


La = Lb = Lc. Isso será possível se os coeficientes de campo próprios e mútuos
forem iguais. Nessas condições, temos que considerar:
 
faa  fbb  fcc  faa e fab  fbc  fca  fab 4
LINHA TRIFÁSICA SIMPLES, SEM CABOS PARA-RAIOS (continuação)
 
 Portanto, se faa  fbb  fcc  faa e fab  fbc  fca  fab
e La  faa 
1
 fab  fac , fazendo as devidas substituições, obtemos:
2
_ _
La  Lb  Lc  f aa  f ab [ H / km]
_ _
 Resultando: Ls  f aa  f ab [ H / km] (11)

 Ls recebe o nome de indutância de serviço e é a indutância de sequência


positiva

 Para que os coeficientes de campo próprios (fii) sejam iguais é preciso que:

 os raios médios geométricos dos condutores (Ds) sejam iguais, isto é, os


cabos das três fases devem ser iguais;

 as alturas hi dos três condutores sejam iguais. Essa condição é atingida


quando os cabos estão instalados horizontalmente
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LINHA TRIFÁSICA SIMPLES, SEM CABOS PARA-RAIOS (continuação)
 Quanto aos coeficientes de campo mútuos, estes só serão iguais se dij = Dij;
 É possível de se conseguir que as distâncias entre condutores (dij) sejam iguais
dispondo os condutores em um triângulo equilátero. Contudo, essa disposição, como
qualquer outra, não satisfaz à condição de igualdade entre as distâncias Dij
(distância entre um condutor e a imagem do outro). Essa situação está ilustrada na
Fig. 4:
 Conclui-se, portanto, que ao se
considerar o efeito do solo haverá
sempre um certo grau de
desequilíbrio;

 Exceto para o cálculo das


impedâncias de sequência nula, na
maioria dos casos de LT operando à
frequência industrial, o efeito do solo
pode ser desprezado. Nesse caso, a
disposição em triângulo equilátero
satisfaz a igualdade dos coeficientes
de campo próprios e mútuos

Fig. 4 Disposição triangular dos condutores 6


LINHA TRIFÁSICA SIMPLES, SEM CABOS PARA-RAIOS (continuação)

 A disposição triangular simétrica é muito empregada nas linhas de transmissão


em geral;
 A indutância de sequência positiva, ou de serviço, para essas linhas será:

_ _
Ls  faa  fab [ver Eq. (11), página 5]

_ _
 Introduzindo-se as expressões de faa fab das Equações (14) e (15) mostradas
na Apresentação Roteiro GTD – 08, ou seja:

2hi 4
Dij
f ii  4,6052.10 4
log [ H / km] f ij  4,6052.10 log [ H / km]
Ds d ij

 1 1 
e, considerando 2hi  Dij = 1 , obtemos: Ls  4,6052.10  log
4
 log 
 Ds d ij 
 

d 4
d = dij = distância entre condutores, que no
 Ls  L11  4,6052 .10 log (12) caso da disposição em um triângulo
Ds equilátero, dab = dbc =d ca = d
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LINHA TRIFÁSICA SIMPLES, SEM CABOS PARA-RAIOS (continuação)
 Uma simetria elétrica
média entre as extremidades
de uma LT pode ser obtida
através de uma rotação
cíclica de seus condutores;
 essa rotação consiste em
dividir a LT, ou trechos da LT,
em três lances de igual
comprimento, transpondo-se
os condutores no final de
cada lance, de forma que a
corrente de uma fase seja
transportada ao longo de 1/3
do comprimento da LT em
cada uma das posições nas
estruturas, como indicado na
Figura 5 ;

 Tal construção equilibra as


linhas eletromagneticamente,
considerando-se ou não a
Fig. 5 Esquemas de transposição nas LTs trifásicas a circuito presença do solo ou de cabos
simples para-raios
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LINHA TRIFÁSICA SIMPLES, SEM CABOS PARA-RAIOS (continuação)

 Para cada um dos lances da LT podemos escrever uma equação válida para um
terço de seu comprimento;
 Por exemplo, observando uma parte da Fig. 5, mostrada abaixo, para cada um
dos lances da LT, podemos escrever uma equação, válida para 1/3 de seu
comprimento. A queda de tensão total será:

U   U1   U 2   U 3 


  
 U1   j F1  . I ; U 2   j F2  . I ; U 3   j F3  . I 
3 3 3

 Assim: U   j  {[F1 ]  [ F2 ]  [ F3 ]}.I  (13)


3

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LINHA TRIFÁSICA SIMPLES, SEM CABOS PARA-RAIOS (continuação)

 Desenvolvendo a Eq. (13), teremos:

 faa fab fac   fcc fca fcb   fbb fbc fba    Ia 


U   j   fba fbb fbc    fac faa fab    fcb fcc

fca  . Ib 
3
 fca fcb fcc   fbc fba fbb   fab fac faa    Ic 
Efetuando a operação de soma das matrizes, e lembrando que: fab = fba; fac =
fca; fbc = fcb, resulta, de forma ordenada:

 faa  fbb  fcc  fab  fac  fbc  fab  fac  fbc  Ia
U   j   fab  fac  fbc  faa  fbb  fcc  fab  fac  fbc. Ib (14)
3
 fab  fac  fbc  fab  fac  fbc  faa  fbb  fcc  Ic
 Na matriz da Eq. (14) todos os termos da diagonal principal são iguais, como
também os termos fora da diagonal. Isso nos permite definir coeficientes de
campo médios, como será visto no slide seguinte: 10
LINHA TRIFÁSICA SIMPLES, SEM CABOS PARA-RAIOS (continuação)

_  
faa 
1
 faa  fbb  fcc  k  Ln 2ha  Ln 2hb  Ln 2hc  (15)
3 3  Dsa Dsb Dsc 
 Sendo Dsa = Dsb = Dsc = Ds = RMG dos cabos das fases A, B e C, resulta:

_
4 2hm
faa  2.10 Ln (16)
Ds
 Em que hm = altura média geométrica entre os condutores

 Da mesma forma, sendo fab = fbc = fca, teremos como resultado:


_
k  Dab Dca 
fab   fab  fbc  fca    Ln
k Dbc
 Ln  Ln
3 3  dab dbc dca 
 Considerando os valores médios geométricos das distâncias entre cada
condutor e a imagem do seguinte, e a distância entre eles, teremos:
_
4 Dmi
fab  2.10 .Ln (17)
Dm
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LINHA TRIFÁSICA SIMPLES, SEM CABOS PARA-RAIOS (continuação)

 Os termos do numerador e denominador da Equação (17), são:

Dmi  3 DAB' .DBC' .DCA' Distância média geométrica entre condutores e as


imagens de seus vizinhos

Dm  3 d AB .d BC .dCA Distância média geométrica entre condutores (DMG)

 Por fim, a matriz das indutâncias da linha transposta será:


 _ _ _

 faa fab fac
 fba fbc
_ _ _
(18)
[F] =  fbb
_ _ _ 
 fca fcb fcc
 

_ _
 De acordo com a Eq. (11), Ls  f aa  f ab [ H / km] . Assim, a reatância
indutiva de sequência positiva, ou de serviço, poderá ser escrita da seguinte forma:

 _ _

X LS   . faa  fab  (19)
 
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LINHA TRIFÁSICA SIMPLES, SEM CABOS PARA-RAIOS (continuação)
 Substituindo as Equações (16) e (17) na Eq. (19), teremos:
 2hm Dmi    2hm Dm 
X LS  2.10 .  Ln
4
 Ln  X LS  2.10 .  Ln
4
. 
 Ds Dm    Ds Dmi 
 Dm 2hm 
 Finalmente: X LS  2.10   Ln
4
 Ln  (20)
 Ds Dmi 
 Nas construções normais da LTs, o valor da relação 2hm / Dmi é bastante
próximo da unidade, enquanto a relação Dm / Ds tem valores bastante
expressivos, superiores a uma centena. Isso nos permite desprezar o segundo
termo do segundo membro da Eq. (20), sem incorrer em erro de maior relevância;
 Assim, podemos determinar a reatância de sequência positiva, da seguinte
forma: Dm Dm
X Ls  2.10 .2. . f .Ln
4 4
 X Ls  12 ,566371 .10 . f .Ln [ / km]
DS Ds
 Visto que Dm = DMG e Ds =RMG, resulta:
DMG
X Ls  12,566371.104. f .Ln [ / km] (21)
RMG
DMG
Ou: X Ls  28,935138.104. f . log [ / km] (22)
RMG 13
ANEXO
Propriedade dos logaritmos: Mudança de base
• É possível converter logaritmos de diferentes bases para uma base conveniente. Aqui,
nosso propósito é mudar a base do logaritmo neperiano* (Ln), para o logaritmo na base
10 (log10); b
log c
• A conversão de uma base para outra é feita através da seguinte fórmula: log 
b
a
log ca
log 10 x
• Portanto: log e x  . Lembrando que Lnx  log e x e que e = 2,718282, teremos:
log 10 e
log 10 e  0,434294
log 10 x 4 DMG
• Assim: log e x  X
. Sendo: Ls  12,566371.10 . f .Ln [ / km] , podemos
0,434294 RMG
escrever:
log 10 x
X Ls  12 ,566371 .10  4. f .  28,935138 .10  4. f . log 10 x
0,434294

DMG
• Uma vez que x = DMG / RMG, resulta: X Ls  28,935138.104. f . log
RMG

* O nome neperiano lembra John Neper (1550-1617) autor de um dos primeiros trabalhos desenvolvendo a teoria dos
logaritmos naturais, uma vez que no estudo de fenômenos naturais surge, muitas vezes, uma lei exponencial de base e 14

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