Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Norman Lieberman
Introdução: A Arte da Criação
Nota De Segurança
Vazamentos de hidrocarboneto em sistemas de resfriamento de água podem
gerar misturas explosivas abaixo da área coberta nas torres de resfriamento.
Especialmente quando resfriando correntes de butano, isto pode (e já causou
em Amaco Oil – Cidade do Texas) fazer com que as torres de resfriamento
entrem em ignição. Cheque as linhas de saída de água de resfriamento em
busca de vapores combustíveis pelo menos uma vez por mês. O instrumento
que operadores utilizam para entrar em espaços confinados permitem o
emprego para este propósito. Vapores tendem a ser acumular abaixo dos
deques de distribuição. Formação de lodo nestes deques é outro indício e
resultado de vazamentos de hidrocarboneto no retorno da água de
resfriamento.
Nota do Autor: Se você tem dúvidas com relação a este texto ou sobre seu
trabalho em geral, por favor mande me mande um e-mail para
norm@lieberman-eng.com.
02– Fatores Afetando Eficiência de Fracionamento
em Pratos
Onde:
DV = Densidade do vapor
DL = Densidade do líquido
K (pratos perfurados) = 0.3
K (pratos valvulados) = 0.9
K (pratos valvulados fixos) = 0.6
A perda de carga “seca” calculada pela expressão acima assume que a
bandeja está limpa. Certamente, em uma refinaria, esta é uma premissa ruim
de ser assumir. A maioria das bandejas estão incrustadas com:
Sulfetos de ferro
Cloretos de amônio
Sais de amônio
Coque
Polímeros e gomas
Finos de catalisadores
Silicatos e carbonatos
Ou talvez os pratos estejam apresentando perdas de carga “seca” menores
que o esperado devido à:
Chapéus das válvulas foram arrancados.
Presença de vãos na bandeja por mau encaixe da estrutura após
montagem.
A bandeja pode ter escorregado do painel de suportação.
Corrosão da bandeja.
Eu estava visitando Peru a alguns anos atrás. Na estrada para Machu Piccu, um
destino turista famoso, meu motorista sugeriu parar para uma visita em uma
destilaria que fazia Pisco, o ingrediente principal para “Pisco Sour”, a bebida
nacional do Peru.
Eu tinha bebido “Pisco Sour” no hotel em Lima. Eu normalmente escolheria
Whiskey mas pensei em experimentar algo local. Eu estava interessado em ver
esta destilaria, particularmente uma das mais antigas no remoto interior.
Eu fui apresentado ao supervisor, Juan Ramirez – um homem de meia idade que
parecia ser de descendência indiana, e com muito conhecimento sobre a
destilaria, que com certeza era bem antiga. Centenas do que pareciam ser
recipientes ou potes de barro foram pilhados em um canto do sítio. Grandes
pilhas de madeira em outra área. Muitos caminhões Ford antigos estavam
alinhados de frente para a planta. E ainda havia o Destilador.
O Destilador era um grande recipiente de cobre, com 8 ft de largura e 5 ft de
altura. Estava repousado em uma estrutura de tijolos vermelhos acima de uma
câmara alinhada de tijolos onde madeira para combustão estava sendo
alimentada. Um tubo de cobre em formato espiral condensava os vapores do
destilador, que drenava o condensado Pisco para dentro de recipiente de cobre
vertical do tamanho de um homem. Esse segundo recipiente estava localizado
16 ft acima do topo do Destilador (Fig. 3.2).
Pisco tinha entre 25 e 30% de álcool. Whiskey tem 50% de álcool. Em uma
destilaria, na rota para Machu Piccu, eles mediam o teor de álcool do Pisco com
um flutuador.
Conclusão
“Você certamente é um viajante nato, Sr. Norm. Imagine você circulando por todo
o Peru.” Bobby disse após ouvir a minha história.
“Sim, Bobby. Assim como a história do Jay, viajar tem seus pontos bons e não
tão bons. Mas a moral da história é que o REFLUXO VEM DO REBOILER. Se
você aumentar a vazão de refluxo de topo para reduzir o teor de C4 no seu GLP,
Bobby, o vaso de refluxo vai ficar vazio a menos que você o reencha com
vapores oriundos do reboiler. A bomba de refluxo vai começar a perder pressão
de sucção e irá cavitar, e você irá romper o selo da bomba novamente devido à
vibração.”
“Eu com certeza me lembrarei da sua história, e adicionarei vapor no reboiler na
próxima vez que eu aumentar o refluxo da coluna despropanizadora. Mas Sr.
Lieberman, não seria melhor colocar um controle de temperatura manipulando a
vazão de vapor para o reboiler, de forma a adicionar vapor automaticamente?
Isto não seria caro de se fazer,”
“ Uh Bobby. Nós teremos que discutir isso uma outra hora. Eu tenho uma reunião
importante às 9:30 esta manhã. É melhor eu ir.”
04– Como Pratos de Destilação Funcionam
A destilação foi inventada antes dos pratos. Ela se baseou em vasos flash (Fig.
4.1). Os vasos separavam líquido do vapor, sem nenhum arraste significativo.
Cada vaso era chamado “Estágio Teórico de Separação”. Se a separação entre
as fases líquido e vapor fosse perfeita, cada vaso teria uma eficiência de
separação igual a 100%. Quanto mais vasos em série, maior o grau de
separação que poderia ser alcançado entre produtos. Para evitar a
complexidade mecânica de muitos vasos, a coluna de destilação foi inventada.
Os pratos substituem os vasos. Se o prato estiver trabalhando tão bem quanto o
vaso, o prato terá eficiência de fracionamento igual a 100%. Se o prato estiver
trabalhando somente com metade do rendimento do vaso, é dito que o prato tem
50% de eficiência. A causa usual de baixa eficiência é o arraste devido à
velocidade excessiva de vapor.
Conforme a distância entre o nível de líquido na bandeja inferior e a superior fica
menor, é preciso menos velocidade de vapor para arrastar o líquido da bandeja
inferior para a superior.
Por exemplo, quando se está separando propano de butano, o produto propano
tem especificação de butano igual a 2%. Se a vazão de vapor ascendendo na
coluna aumentar, as gostas de líquido da bandeja inferior serão carreadas e
arrastadas para a bandeja superior. Como o líquido na bandeja inferior é mais
rico em butano, as gotas de líquido arrastadas irão aumentar o teor de butano
na bandeja superior. Quando essas gotas arrastadas atingirem a bandeja de
topo, o produto de topo (propano) estará contaminado com butano, reduzindo a
eficiência de separação.
Um prato tem como objetivo misturar vapor e líquido juntos. Quanto melhor a
mistura, mais eficiente o prato irá operar. A eficiência do prato também é função
de:
Quão bem as gotas arrastadas de líquido são separadas do vapor que
está ascendendo da bandeja.
Quão bem as bolhas de vapor estão sendo separadas do líquido
escoando pelo vertedouro em direção a bandeja inferior.
Efeito Da Espuma
O fluido em uma bandeja na coluna de destilação não é de fato um líquido,
mas sim uma mistura espumosa. As bolhas de vapor que passam pelos furos
se misturam com o líquido da bandeja superior, para formar esta mistura
espumosa na superfície da bandeja. A mistura espumosa escoa sobre a
chapa de saída (ver Fig, 4.2) no vertedor. Mas, se o vertedor for muito
pequeno, então esta mistura espumosa pode ser acumular no vertedor,
formando nível até atingir a bandeja superior. A partir daí, o nível de espuma
na bandeja aumenta. Conforme este nível aumenta, também aumenta a
altura de líquido arrastado, ou altura de spray.
Benefícios do Refluxo
Maior refluxo melhora a eficiência de fracionamento devido ao maior tráfico
de vapor e líquido pela bandeja. O problema é que o refluxo é oriundo do
vapor gerado no reboiler. Se houver muito vapor escoando pelos furos das
bandejas, então a velocidade do vapor pode ser tornar excessiva, e isto irá
causar excesso de altura de spray ou arraste.
Eficiência de Prato
Certamente, a eficiência de fracionamento do prato é reduzida devido ao
arraste, também chamado “Jet Flood”. No entanto, muitos problemas de
eficiência são causados por bandejas que estão desniveladas. O líquido na
bandeja pode vazar pelos furos na bandeja nas áreas mais baixas. A vazão
de vapor vai se canalizar pelas regiões mais altas. O resultado é a criação de
caminhos preferenciais que irão reduzir a eficiência efetiva de contato entre
as fases líquido e vapor.
O desnivelamento em uma bandeja que irá causar uma grande perda de
eficiência de fracionamento está relacionado com a perda de carga do vapor
ascendendo pelos furos da bandeja. Se as regiões mais baixas da bandeja
(isto é, as regiões abaixo do anel de suportação) são menores que a perda
de carga do vapor ascendendo por estes furos, então o líquido irá vazar pela
bandeja e falhar em entrar em contato efetivo com o vapor.
Para calcular a perda de carga do vapor ascendendo pelos furos:
Onde:
DV = Densidade do vapor
DL = Densidade do líquido
K (pratos perfurados) = 0.3
K (pratos valvulados) = 0.9
K (pratos valvulados tipo Venturi) = 0.5
K (pratos valvulados fixos) = 0.6
Chapéus de válvulas não retardam de forma satisfatória a tendência do
líquido em vazar pelos painéis da bandeja. Pratos “Bubble Cap” irão retardar
o vazamento pelas bandejas, mas não são mais utilizados em serviços
modernos de destilação. Não há valor padrão “K” para pratos “Bubble Cap”.
Separação Líquido-Líquido
Eu comecei a trabalhar como engenheiro de melhoria de processos na
American Oil em 1965. No manual de projeto da American Oil que me foi
concedido, eu notei que “A velocidade de sedimentação da água em
hidrocarbonetos líquidos é 25 ft/h.” Então aquele dia, depois de ter chegado
em casa, eu enchi uma garrafa longa de 1 ft com querosene. Então, com um
conta-gotas, cronometrei quanto tempo demorava para a gota de água cair
até o fundo. Cerca de 30 s – sendo equivalente a 120 ft/h, não os 25 ft/h que
estava reportado no manual de projeto da American Oil.
Então misturei poucas onças de querosene na garrafa e agitei violentamente.
Foram necessários 5 minutos para as duas fases se separarem
completamente.
Eu suponho que seja parecido com a tendência do vento de arrastar gotas
de chuva. Se as gotas forem largas, elas vão cair verticalmente para ventos
moderados. Mas, se as gotas forem bem finas, uma leve brisa vai fazer as
gotas de chuva serem arrastadas na minha cara.
Ano passado, eu coletei uma amostra de água do vaso de refluxo de uma
fracionadora da refinaria. A amostra estava rodeada por uma névoa de
hidrocarbonetos da nafta. Foram necessárias 2 horas para a nafta flutuar no
topo da proveta graduada. No entanto, quando eu adicionei poucas gotas de
ácido na minha amostra, de forma a reduzir o pH de 8 para 6, o tempo de
separação de fases caiu de 2 h para 30 min.
Uma vez, eu tinha uma corrente contendo 10% de nafta pesada e 90% de
água. Quando eu transferi a mistura com uma bomba de deslocamento
positivo, a mistura demorou 2 min para separar. Quando eu transferi usando
uma bomba centrífuga, foram necessários 2 h para separar a pequena
emulsão.
A separação de duas fases líquidas é um assunto complexo, como verá neste
capítulo.
Separação Líquido-Vapor
Quando eu calculo a taxa de sedimentação das gotas de líquido numa fase
vapor comum, eu assumo três premissas:
As gotas de líquido não se tratam de névoa.
A fase vapor possui baixa viscosidade (i.e. menor que 1.0 cSt)
A densidade da fase vapor é muito pequena quando comparada com
a densidade da fase líquida.
Com base nisso, eu uso a seguinte correlação:
C = V . (DV / DL) 0.5
Onde:
C = fator de arraste
V = Velocidade da fase vapor em ft/s
DV = densidade da fase vapor
DL = densidade da fase líquida
A relação acima é universal para a indústria de processos. No entanto, os
valores para o fator “C”, como mostrado abaixo, refletem a minha própria
experiência:
“C” menor que 0.1 = Gotas irão imediatamente se sedimentar por
gravidade.
“C” entre 0.10 e 0.15 = Se a velocidade de entrada é baixa (20 a 30
ft/s) e existe uma altura disponível de 4 a 6 ft até o bocal de saída do
vapor, pode-se esperar uma taxa razoavelmente boa de sedimentação
do líquido.
“C” entre 0.15 e 0.20 = Adição de uma chicana tangencial ou de um
freio de vapor (vapor horn), em adição ao segundo item, é necessária
(Fig. 5.1).
“C” entre 0.20 e 0.25 = Geralmente, um demister de 6 in é
recomendado. Porém, na minha experiência, esta se trata de uma má
prática na maioria das aplicações em refinarias. O problema são os
sais ou produtos de corrosão do sulfeto de ferro que incrustam no
demister. A perda de carga em volta do demister aumenta até este ser
rasgado da parede do vaso. Velocidades localizadas excessivas de
vapor serão geradas, promovendo arraste. É melhor não utilizar o
demister para serviços com alto potencial de incrustação ou corrosão,
mas para projetos onde o fator “C” for menor que 0.2 ft/s.
Distribuição De Vapor
Para um pequeno separador líquido-vapor, entre 3 e 4 ft de diâmetro, eu não
me preocupo muito sobre como o vapor está sendo distribuído no vaso. Mas,
uma vez que eu projetei um vaso de 26 ft de diâmetro para Chevron com um
orifício de entrada de 30 in. Neste caso, eu utilizei uma chicana para distribuir
o vapor por todo o diâmetro do vaso com baixa (i.e. 1 in de água) perda de
carga para o vapor escoando através de uma chicana de 6 in de diâmetro.
Uma velocidade de entrada para o vapor entre 20 e 30 ft/s pode ser ignorada.
Por outro lado, uma velocidade de entrada entre 100 e 120 ft/s requer algum
tipo de dispositivo de distribuição para dissipar o momento do vapor e
prevenir altas velocidades localizadas que causam arraste.
Coalescedores
Se a viscosidade do hidrocarboneto for maior do que 10 a 20 cSt, a
velocidade de sedimentação da água é comprometida. Talvez a água esteja
emulsificada nos hidrocarbonetos, talvez porque a mistura passou por uma
bomba centrífuga, ou por uma válvula de controle com alta perda de carga
(i.e. 20 a 30 psi). Com isso, a velocidade de sedimentação pode ser de fato
muito pequena. As vezes a água precisa ser deixada para sedimentar em um
tanque por um ou dois dias. Outra solução comum seria utilizar um
coalescedor tipo grade.
Usualmente, a grade é empacotada em tubos. Estes tendem a incrustar
rapidamente e eu não gosto deles em qualquer serviço a não ser aqueles
limpos e livres de sais, particulados e produtos de corrosão de sulfetos de
ferro.
Uma escolha melhor é mostrada na Fig. 5.3. Este se trata de um prato
coalescedor. Eu copiei meu último projeto da Internet. Os pratos são
dispostos em um ângulo de 10 a 15°, separados 1 in um do outro, e se
estendem por todo o diâmetro do vaso. Os pratos funcionam para encurtar a
distância que as gotas de água devem sedimentar (i.e. 1 in ao invés de vários
in). Uma vez que as gotas de água atingem os pratos metálicos deslocados,
estas coalescem e rapidamente escoam por estes pratos até a bota.
Espuma
A formação de espuma é tipicamente consequência da presença de particulados
em uma mistura líquido-vapor. A Fig. 5.4 mostra três níveis de líquido no visor
de vidro. Este é um indício claro da presença de mistura espumosa de baixa
densidade no vaso. O líquido observado no visor de vidro não representa o nível
de líquido no vaso. Eles medem a densidade da mistura espumosa no vaso,
quando comparado com a densidade de líquido não-aerado no visor de vidro.
Uma vez que o nível da mistura espumosa atinge o orifício de entrada, líquido
será arrastado para fora do vaso. Um jeito de minimizar este efeito é utilizar
antiespumantes a base de silício. Mas, esta ação geralmente causa problemas
mais a frente com o catalisador do reator. O melhor jeito de lidar com este
problema é remover a fonte de corrosão que está criando os particulados, que
causam a formação de espuma. Melhor curar o problema do que apenas tratar
o sintoma.
Resumo
Pode parecer que este capítulo é mistura desorganizada de:
Observações em campo
Experimentos para crianças
Regras Empíricas de Projeto
Principios de Engenharia Química
E este realmente é o caso. Eu continuo fascinado ao soprar bolhas de sabão
pois se trata de um experimento evidenciando a tensão superficial. Eu amo
assistir água fervendo em um pote quando partículas de amido são adicionadas.
Eu sempre fico emocionado com refrigeradores que convertem o calor sensível
do ar em calor de vaporização da água. Engenharia de Processos em refinarias
se trata da mesma coisa divertida, só que em escalas maiores e mais perigosas.
06– Leitos de Lavagem à Óleo em Fracionadoras
A sessão anual NPRA Q&A estava sendo sediada em Nova Orleans. Eu estava
participando na sessão da tarde. Eu moro em Nova Orleans, perto do centro de
convenção, e tinha acabado de encontrar Pierre Tarde, um dos formados no meu
curso Seminário de Resoluções de Problemas Industriais na Arábia Saudita.
Pierre tinha uma dúvida relacionada ao projeto de um leito de lavagem à óleo. A
função do leito é reprimir o arraste de asfaltenos da zona flash da fracionadora
à vácuo e, com isso, reduzir a contaminando de gasóleo pesado.
“Norm, qual é a altura ótima de um leito de lavagem à óleo para a coluna à
vácuo?” Pierre perguntou. “Além disso, tem algum critério similar que se aplica
a um fracionador de coqueamento retardado?”
“Pierre,” eu respondi, “a altura ótima do leito para lavagem à óleo é zero. Isto
vale para:
Fracionadoras à vácuo
Zonas de flash
Fracionadoras de coqueadores
Fracionadoras de visco-redutores
“Zero?!” Pierre respondeu com surpresa. “Mas como pode ser? Leitos de
lavagem à óleo são usados em fracionadoras à vácuo e fracionadoras de
coqueadores em refinarias de todo o mundo. Não, Norm. Não posso concordar.”
“Bem, Pierre. Deixe-me explicar. Vamos tomar uma bebida ou comer um prato
de camarão. Vou te contar duas histórias. A primeira se passou na antiga planta
Hevron em El Segundo, California. Já a segunda se passou na nova refinaria
Sosol na Arábia Saudita.”
“Isto não soa nada bem. Então o teor de coque no gasóleo pesado também
aumenta exponencialmente?”
“Exatamente, Pierre.” Concordei.
Oscar Wyatt foi o dono da Corporação Coastal. Eu me encontrei com o Sr. Wyatt
em diversas ocasiões, antes dele ser encarcerado na Prisão Federal por comprar
petróleo do Iraque depois da Guerra do Golfo. O Governo tinha proibido tais
compras, mas isso não inibiu Oscar Wyatt de fazer um acordo com Saddam
Hussein, o presidente do Iraque.
Sr. Wyatt era uma cara de refinaria, então interagíamos em um nível técnico.
“Lieberman! A nova coluna desbutanizadora está com as bandejas inundando!
Não foi seu projeto?’ Sr. Wyatt estava s referindo a unidade de refino em Aruba.
“Sr. Wyatt, como sabe que a coluna está inundando? Está operando apenas a
70% da capacidade de projeto.” Eu perguntei.
“Porque, Lieberman, nós estamos com muito pentano na corrente de C3-C4 e
muito butano na nafta. Quando o operador de painel aumenta a vazão de refluxo
para empurrar o pentano para baixo na coluna, nós ficamos com ainda maior
quantidade de pentanos no butano de topo. Isto é causado por arraste, ou “Jet
Flood”.”
“Você está certo, Sr. Wyatt. O fato de eu ter visto a temperatura de topo estar
aumentando, ao invés de caindo, conforme aumentamos a vazão de refluxo
praticamente prova que estamos de sofrendo de arraste por vapor, ou “Jet
Flood”. Além disto, senhor, a temperatura do topo da coluna estava aumentando
para maiores vazões de refluxo. Um sinal claro de inundação ou arraste
excessivo.”
“Bem, você ferrou todo o projeto de alguma forma. Eu devia ter pego algum
menino bom do Tekas para projetar esta nova coluna em Aruba. Não um maldito
engenheiro de Nova Iorque.”
“Okay, senhor! Eu irei para Aruba e investigarei.”
“Sim Lieberman! Vá descobrir o que você fez de errado. Não faz sentido você
ficar perambulando aqui na minha sala.”
Conclusão
Segunda-feira de manhã, eu bypassei o estabilizador de nafta, purgamos a
coluna com vapor, limpamos quimicamente para remover depósitos de sulfeto
de ferro pirofórico, e isolamos para tornar a entrada na coluna segura.
Eu fui a primeira pessoa a entrar na coluna. A placa defletora não estava em
nenhum lugar à vista. Eu pedi para instalar. Durante a partida, a fracionadora
operou na carga nominal, atendendo as especificações da nafta além de um
máximo de 2% de pentanos na corrente de topo.
Na semana seguinte, Sr. Wyatt me chamou na sala dele. Eu achava que para
me recompensar com uma medalha de ouro, ou uma carta de recomendação,
ou com um troféu de prata.
“Lieberman,” ele gritou enraivecido, “isto é totalmente culpa sua. Você me fez
perder milhões de dólares.”
“Mas Sr. Wyatt, eu...”
“Provavelmente perto de três milhões. É o que uma parada ocasiona.”
“Mas Sr. Wyatt, eu...”
“E todo o maldito GLP fora de especificação.”
“Mas Sr. Wyatt,” eu interpus, “eu fui aquele que descobriu o problema e definiu
a correta solução... a placa defletora que estava faltando.”
“Ah sim Lieberman. E o que impediu você de inspecionar a coluna logo após os
internos terem sido instalados? Eu não li um dos seus livros, Projeto de
Processos para Operações Confiáveis, aquele que diz que a inspeção final é
parte de cada projeto? Para se certificar que todos os internos foram instalados
seguindo as especificações do fabricante? E você não escreveu que a pessoa
mais qualificada para realizar a última inspeção é o engenheiro que projetou a
coluna?”
Coastal foi adquirida pela El Paso Natural Gas. Que foi adquirida pela Kinder-
Morgan, uma companhia de tubulações. A última vez que encontrei Oscar, no
Lago Charles, ele tinha quebrado o braço e tinha ficado um pouco senil, porém
continuava mais ranzinza do que eu.
Eu sempre conto esta história para jovens engenheiros que comparecem ao meu
Seminário de Resolução de Problemas. A moral da história foi que eu só fui
capaz de resolver o problema ao realizar eu mesmo um teste de pressão na
coluna, e ter ficado surpreso com a diferença entre os valores de pressão entre
os pontos “PT” e “LG”. Eu fiquei surpreso com a diferença e meu pensamento
inicial foi fazer uma média das duas leituras. Mas, então eu repeti os
experimentos e me convenci de que tinha feito tudo certo, e que tinha que haver
alguma explicação para a diferença entre as duas leituras. Se eu tivesse pedido
ao operador para fazer as medições no meu lugar, então eu provavelmente teria
feito a média das medições e perdido a oportunidade de resolver o problema.
08– Separação Água-Óleo
Eu estava preso em uma travessia rodoviária em River Road mês passado atrás
de uma fila enorme de vagões UTX. Muitos produtos da refinaria são entregues
por tubulações e caminhões, mas alguns – diesel, querosene. Gasolina – são
entregues em vagões.
Eu conheço muito sobre UTX, porque recebi uma ligação de Paul Reicter ano
passado. Paul estava no comando do sistema de disposição de resíduos trazidos
pelos vagões em Chicago.
“Sr. Lieberman, como pode ver no esquema que te enviei por e-mail, nós
realizamos a limpeza de vagões para remover diesel e outros resíduos de
hidrocarbonetos. Nós temos centenas de barris de uma mistura de óleo-água
que precisamos separar em um vaso de sedimentação horizontal. Nosso
problema é que ainda temos entre 3000 e 5000 ppm de resíduos de
hidrocarbonetos na água residual (ver Fig. 8.1).”
“Paul, qual é o tempo de residência do vaso?”
“Entre 4 e 6 minutos, metade cheio. Nós percebemos que é pequeno de certa
forma. A água residual escoa para nossa planta de tratamento de água residual
aerado, que também é subdimensionado. Como resultado, a saída do sistema
de tratamento de água contém DQO (demanda química de oxigênio) excessiva
e viola os padrões EPA para a água. Sr. Lieberman, nós queremos contratar
seus serviços como engenheiro consultor para reprojetar nosso sedimentador de
água-óleo. Você tem tempo para a realização deste projeto?” Paul perguntou.
“Como se diz em Nova Orleans, ‘Se você tem dinheiro meu querido, eu tenho
tempo.’ 2800 dólares por dia mais despesas de elaboração.”
Controle De pH
Um método que descobrir ser efetivo em quebrar emulsão água-óleo é controlar
o pH entre 6.5 e 7.0. Certamente um pH maior do que 9-10 aumenta o tempo de
separação entre duas fases. Tipicamente, eu simplesmente injetei ácido sulfúrico
controlado manualmente. Mas também cheguei a utilizar um sistema automático
de controle de pH com bons resultados.
Um pH menor que 5.5 é altamente corrosivo para o vaso de aço carbono. Além
disso, em vasos sem alívio de pressão, um pH baixo irá causar falha no casco e
gerar vazamentos em questão de dias. Você pode tirar suas próprias conclusões
ao:
Passo 01: Encha duas provetas de 1 L com amostra de água-óleo.
Passo 02: Permita que uma amostra sedimente pela gravidade, sem
correção de pH, por 10-20 min.
Passo 03: Repita o Passo 02 depois de ter acidificado para pH de 6.5.
Passo 04: A partir dos passos anteriores, descubra qual pH maximiza a
formação da camada de hidrocarbonetos na proveta para um
determinado intervalo de tempo.
Coalescedores
O jeito mais efetivo de atingir uma eficiência separação entre uma emulsão de
uma fase contendo hidrocarbonetos e uma fase aquosa é aplicar um campo
elétrico na mistura. Isto causa as gotas (polares) de água a se coagularem mais
rapidamente do que somente por pura ação da gravidade.
Para este projeto de limpeza de vagões, eu rejeitei esta opção por duas razões:
Um precipitador eletrostático normalmente é usado em misturas onde o
teor de hidrocarbonetos varia entre 90 e 99% do total. Neste caso em
particular, o teor de hidrocarbonetos era menor do que poucos %.
Reprojetar o vaso sedimentador existente com um precipitador
eletrostático seria um projeto longo, complicado e custoso, no qual meu
cliente não iria aprovar.
O tipo mais comum de coalescedor é passar uma mistura água-óleo por um leito
empacotado para acelerar a separação de fases.Tipicamente, os recheios que
já utilizei alguma vez foram:
Anéis Raschig
Anéis Pall
Fibra de vidro
Grades de aço inoxidável
Palha
Eu descobri que a palha é a melhor das cinco escolhas. No entanto, todos os
recheios tem uma falha fatal em serviços sujos; eles obstruem parcialmente.
Então, o líquido cria caminhos preferenciais com alta velocidade localizada por
meio das áreas abertas onde o escoamento é mais fácil. A alta velocidade
localizada retarda a separação por gravidade entre as duas fases.
Como a água residual (ver Fig. 8.1) dos vagões de lavagem estavam cheios de
material particulado negro, eu decidi descartar o uso de leito empacotado como
uma opção viável.
Nota De Segurança
Coalescedores são geralmente utilizados para separar hidrocarbonetos de água
residual. É comum a presença de H2S dissolvido na água. H2S irá reagir, em fase
aquosa, formando sulfeto de ferro pirofórico:
O sulfeto de ferro queima em uma chama azul pálida com liberação mínima de
calor. O problema não é o calor, mas o SO2 liberado, que é fatal em
concentrações superiores a 1000 ppm.
Uma vez, eu assisti na permissão de entrada em um vaso para dois reparadores
de tubo fazerem reparação em um sedimentador que havia sido lavado antes de
permitir o acesso de pessoal autorizado. O problema é que o sulfeto de ferro é
insolúvel em água, mas sofre ignição quando está seco. Poucas horas após a
entrada dos reparadores, o sulfeto de ferro pegou fogo (a 75°F) e liberou gases
do venenoso SO2.
Eu vividamente me lembro dos dois homens correndo até a saída do vaso –
muito furiosos, e olhando para mim, gritando que eu tinha tentado matar eles.
Sulfeto de ferro precisa ser removido com antecedência de vasos via tratamento
químico em preparação para tornar a entrada segura. Na cidade do Texas, nós
usamos uma solução “ZYME”. Ácido hidroclorídrico irá remover todo o sulfeto de
ferro, porém é corrosivo. Ácido cítrico talvez seja um solvente menos agressivo
utilizado para remoção de sulfeto de ferro.
Depósitos negros em vasos de processo em refinarias não se tratam tipicamente
de coque, mas do perigoso sulfeto de cobre que sofre autoignição formando
dióxido de enxofre.
09– Hidráulica – Head; Pressão; Velocidade
“Norman, a máquina de lavar está fazendo barulho de novo. Faça algo, você é
um engenheiro!” Minha esposa estava furiosa. Na verdade, o barulho alto não
estava vindo da nova máquina de lavar. Estava vindo do teto da sala de estar.
Estava acontecendo, sem dúvida, durante o ciclo de lavagem. “Essa droga de
máquina está quebrada. Ligue para o cara vir consertar, quero isto pronto hoje.”
“É martelo hidráulico.” Eu expliquei. “É causado por um pico de pressão na linha
de fornecimento de água fria no sótão. Quando a válvula de fornecimento de
água fria se fecha de repente, um rápido aumento na pressão da água escoando
resulta em um martelo hidráulico. Eu aprendi isso em Mecânica dos Fluidos na
universidade.”
“Apenas conserte isso. Eu vou ao shopping.”
Selo De Condensado
Esta história foi extraída da minha vasta experiência em manutenção de ar
condicionados caseiros. Meu problema era que uma linha de 1’’ para drenagem
de condensado embaixo das bobinas do evaporador não conseguia escoar este
condensado de forma eficiente (Fig. 10.3). Eu tentei derramar alvejante de cloro
linha abaixo, o que geralmente funciona, mas dessa vez não ajudou. Então, eu
percebi um problema. A linha de condensado passava por cima do topo de um
feixe de suporte 2’’ por 4’’ no sótão. A linha de drenagem de PVC fazia uma
pequena curva para cima conforme passava por cima desse feixe de suporte de
2’’ por 4’’. A altura do sistema de coleta era muito maior do que o topo da linha
de PVC quando esta passava por cima do suporte. Aparentemente, havia Head
de líquido suficiente para forçar o escoamento do fluido de forma a superar essa
pequena elevação. Mas então por que o ar condicionado desligava? Assim:
Todo o condensado era drenado pela linha de PVC de 1’’.
O loop em cima do suporte de 2’’ por 4’’ iria se encher de ar que recuava
da saída do dreno.
Ar enchia o loop onde a linha de PVC passava por cima do suporte.
O ar preso iria bloquear a drenagem de condensado do pote.
O pote iria transbordar de condensado. Repare que a altura do loop era
maior do que o diâmetro da linha.
Depois de pensar no problema, e rejeitar a opção de cortar fora a seção de 2’’
por 4’’ do feixe de suporte do sótão e substituí-lo por um trecho reto, eu
desenvolvi um dispositivo mostrado na Fig. 10.3B. Isto é, o loop de selagem que
prevenia o ar de retornar para a parte da linha de selagem antes desse novo
loop.
A loja de ferramentas local vendia exatamente a peça de loop de selagem que
eu precisava. Acho que deve se tratar de uma solução comum para um problema
igualmente comum.
Minha instalação funcionou bem por cerca de 20 anos. Eu fiquei tão satisfeito
com meu trabalho quanto fico com qualquer um que faço para uma refinaria.
Eu apliquei o mesmo princípio sobre a perda de selo de condensado em uma
aplicação para uma tomada lateral de retirada de uma stripper em uma refinaria
em Convent, Louisiana (Fig. 10.4A). Neste caso, querosene escoava, por
gravidade, para fora da coluna principal em direção a um stripper lateral com
uma pressão estática um pouco maior, porém de menor elevação. O sistema
funcionava bem, desde que a vazão de querosene para a stripper fosse
consistente. No entanto, se algum distúrbio interrompesse brevemente a vazão
para a stripper, então o vapor de arraste começaria a escoar pela linha de
alimentação de querosene. Com a linha totalmente preenchida de vapor, não
havia Head suficiente de líquido para forçar o querosene em direção à stripper.
Os operadores da Texaco então paravam a vazão de vapor manualmente por
alguns momentos para restaurar a alimentação de querosene para a stripper.
Relembrando do meu projeto de melhoria para o ar condicionado de casa, eu
pedi a instalação de um loop de selagem de 4 ft (ver Fig. 10.4B) na linha de
alimentação. Isto preservava o Head de líquido, e agora a stripper funcionava de
forma estável. Este é um bom exemplo de aplicação de um princípio técnico de
uma experiência do dia-a-dia para resolver problemas comuns em plantas
industriais. Este é o meu método.
Uma das conclusões que podem ser tiradas desses exemplos que é um sistema
hidráulico que funciona bem em condições de estado estacionário pode não
funcionar em condições intermitentes. Outra conclusão é que muitos desses
problemas só podem ser resolvidos via observação direta no campo.
Golpe De Vapor
Em maio de 1980, eu estava partindo um sistema de vapor 400 psi na Unidade
Recuperadora de Enxofre na Cidade do Texas. Era uma noite quente e úmida.
Eu nunca tinha feito isso antes e estava completamente sozinho. Quando eu
puxei a correia para abrir a válvula de 10’’ entre o header de vapor 400 psi e o
sistema de vapor da unidade de enxofre, um barulho horrível de golpe começou.
Golpe de vapor!
A causa do golpe de vapor não está relacionada com o martelo hidráulico.
Quando o vapor entra em sistema frio de tubulações, ou condensado frio está
escoando pela tubulação, o vapor vai começar a condensar rapidamente. A
massa de água criada pela condensação irá acelerar nas regiões mais frias da
tubulação. E estando mais frio, estará em uma pressão menor. Quando a massa
de água em alta velocidade atinge um joelho ou outra junção, uma alta
reverberação se resulta. Existem três métodos para lidar com o golpe de vapor:
Veja Fig. 10.5. Eu aprendi esta técnica de um colega na Índia.
Aqueça a tubulação devagar.
Ignore o barulho e torça para que a tubulação não ceda, sendo este o
procedimento que segui na Cidade do Texas em 1980, mas não é
recomendado.
Resumo
Pode parecer que eu confundi meus problemas em casa com meus problemas
no trabalho neste capítulo. Muito comumente, minha inspiração para resolver
problemas de processo em refinarias é alguma observação que fiz quando
estava andando sozinho pelos canais de drenagem em Nova Orleans, ou
olhando as peças serem vendidas na loja de ferramentas local.
Ela me reportou uma pressão de 12’’ Hg (i.e. –6 psig ou 7 psia – Fort McMurray
estando bem acima do nível do mar).
“Caroline, você está vivenciando restrição de escoamento por excesso de vapor.
Ar e outros vapores de hidrocarbonetos estão restringindo o escoamento no topo
da colina.”
“Mas Sr. Lieberman, o que devemos fazer para conseguir maior vazão?’
“Bem, vamos tentar fechar a válvula “B” em poucas voltas para reprimir a
restrição do escoamento por excesso de vapor.”
O que foi feito, e a vazão subiu em 3 mil barris. “Okay,” Caroline disse, “isto
ajudou um pouco. O que mais podemos fazer?”
“É melhor,” Eu sugeri, “minha querida, em tentar ser mais esperta e pensar
melhor sobre a hidráulica de um sistema, e como esta irá se comportar em
termos de equilíbrio líquido-vapor, antes de estender 20 milhas de tubulação.”
“Sr. Lieberman, eu não sou sua querida.”
Assim como já tinha notado, minhas habilidades interpessoais ainda precisavam
ser totalmente melhoradas.
A ideia de que um orifício mais largo gerasse menor perda de carga do que um
mais fino, eu acho ser contra-intuitivo. Mas foi desse jeito que expliquei a Larry
Durland, o gerente da unidade de El Dourado. Este se tratava de um problema
sério que estava tornando difícil para El Dourado produzir gasolina que
atendesse a especificação RVP (i.e. volatilidade).
Sr. Durland me olhou pasmo, “Lieberman,” ele disse, “eu não tenho ideia do que
você está falando. Suas habilidades de comunicação são muito ruins.”
Mas isso foi a muito, muito tempo. Estou muito melhor agora.
Perda de Carga Em Pratos Chimney
O coeficiente de orifício para um prato chimney, como comentei no começo deste
capítulo, varia entre 0.9 e 1.2. Em uma fracionadora à vácuo de uma refinaria
em Puertollano, Espanha, eu medi uma perda de carga de 4 mm Hg em um prato
chimney. Isto estava aumentando a pressão da zona de flash da fracionadora à
vácuo também em 4 mm Hg, suprimindo dessa forma a vaporização de gasóleo,
levando a perda desse produto com o alcatrão (baixo valor agregado) no fundo
da coluna.
A razão para esta alta perda de carga no prato (e a razão para um alto vapor
para coeficiente de orifício) foi mostrada na Fig. 11.4A. Como pode ser visto:
O vapor tem que entrar por um espaço bem restringido.
O vapor tem que fazer uma curva de 90° abaixo do chapéu.
O vapor tem que fazer uma segunda curva de 90° conforme escoa ao sair
do chapéu.
Todos esses três caminhos são feitos quando o vapor passa por orifícios
restritos. Um orifício redondo e liso tem tipicamente metade da perda de carga
quando comparado com esses orifícios restritos. Para minimizar esse efeito na
perda de carga da bandeja, eu solicitei a modificação dos orifícios e chapéus,
conforme mostrado na Fig. 11.4B, com aberturas arredondadas.
O efeito líquido foi reduzir a pressão da zona de flash da fracionadora de 28 para
26 mm Hg, o que achei incrível, porém falhei em tentar impressionar o Senhor
Perez, o gerente da unidade. Acho que as expectativas dele para um projeto de
sucesso incluíam algum tipo de presente, ou um jantar agradável, ou algo que
estava além das minhas habilidades técnicas.
12– Desvendando Circuitos de Água de
Resfriamento
Torres De Resfriamento
Água de resfriamento na maioria das indústrias é fornecido por uma torre central
de resfriamento (ver Fig. 12.1). Água é distribuída ou pulverizada sobre vigas de
madeira, ou leito empacotado com plástico, ou outros tipos de dispositivo de
contato. Ar é puxado para cima na vertical pelas vigas ou leito empacotado por
um ventilador, ou através de uma chaminé. Se o ventilador é usado, cria-se um
draft induzido. Se a chaminé é utilizada, cria-se um draft natural. A água é
resfriada por evaporação. Para isto acontecer, o ar necessita ter umidade relativa
menor que 100%, ou seja, estar abaixo do ponto de orvalho. Para resfriar 10 mil
lb de água (ou 20 GPM) de 100 para 80 °F, é preciso de:
(10000 lb) (100°F – 80°F) (1.0 BTU/°F/lb) / (1000 BTU/lb) = 200 lb de água
evaporada
Note que 1.0 BTU/°F/lb é o calor específico da água. O valor de 1000 BTU/lb é
o calor de vaporização da água.
Para a água evaporar em direção ao ar, o ar precisa estar abaixo da sua
“temperatura de bulbo úmido”.
Pressão De Água
As pressões tanto da linha de suprimento como da linha de retorno de água de
resfriamento parecem ser constantes para o operador. A pressão de suprimento
sendo a pressão de descarga da bomba da torre de resfriamento (60 psig). A
pressão de retorno sendo aquela necessária para levantar a água até o topo da
torre resfriamento (tipicamente, entre 15 psig ou 35 ft). A diferença entre 60 psig
e 15 psig (i.e. 45 psi) não é a perda de carga disponível para a água circular por
um trocador de calor. Nós devemos também contabilizar a perda de carga nas
linhas de circulação (suprimento e retorno) de água de resfriamento.
Tempo, Temperatura E pH
“Sr. Lieberman, nós precisamos de uma modelagem computacional, ‘Análise de
Pinch’ da nossa reformadora de nafta. Estaria interessado em providenciar uma
cotação para este projeto, de forma a não exceder 100 mil dólares? Nossa baixa
capacidade de resfriamento da corrente de saída do reator está sobrecarregando
nosso motor do compressor centrífugo para reciclo de gás, devido à alta massa
molecular do hidrogênio recirculado.” Katherine perguntou.
“Katie, se você tem dinheiro, eu tenho tempo.” Eu respondi.
Katherine era gerente de serviços técnicos da refinaria Great Northern em
Casper, Wyoming.
“Podemos então estabelecer o contrato de forma a não exceder 100 mil dólares?
Se sim, assumo o dia de entrega para 15 de novembro. Podemos concordar com
os termos de contrato, Sr. Lieberman?”
“Bem, sim, Katie. Mas nossas correlações computacionais são proprietárias, e
apesar do fato de que vamos reportar os resultados, não podemos dividir nossas
correlações com Great Northern. Concorda com essa condição?” Eu perguntei.
“Certamente, Norm. Eu concordo. Só a apresentação dos resultados em
planilhas será necessária.”
Controle De pH Da Água
Eu medi o pH da água circulando. Estava em 6.5.
“Sr. Norm. Nós temos um novo gerente. O antigo tentou reduzir custo com
químicos na torre de resfriamento. Então costumávamos operar com pH entre
7.5 e 8.0. Sr. Johnson, nosso novo gerente, nos mandou seguir as regras de
tratamento com químicos do fornecedor, que diz para manter o pH em 6.5
adicionado ácido sulfúrico. Parece que nossos trocadores nunca mais
incrustaram tão rápido desde então.” Travis disse.
É claro que a minha equação de perda de carga por atrito assumia uma
rugosidade normal para tubulação, e não considerava depósitos de sólidos.
Então, este também era um fator que contribuía para parte do problema da alta
perda de carga na linha de retorno. O valor alvo de 6.5 tem que ser seguido
cuidadosamente. Usar ácido sulfúrico a mais irá reduzir o pH (i.e. menor que 6.5)
e acelerar fortemente as taxas de corrosão das tubulações de aço carbono, como
descobri do jeito difícil na minha unidade de alquilação na Cidade do Texas em
1974.
Linhas de água de resfriamento podem ser quimicamente limpas com uma
“solução quelante”. Porém, trata-se de um procedimento caro e somente durante
período de parada.
Entradas De Ar Na Sucção
“Katie,” Eu observei. “Eu quero te mostrar algo.”
“O que houve, Norman? Por acaso decidiu compartilhar sua simulação
computacional de “Análise de Pinch” com a gente. Estou interessada.”
“Não Katie. Isto é proprietário. O que quero te mostrar é o que acontece quando
eu desligo a bomba reserva por um minuto”.
Eu deixei as bombas “A” e “B” operando e pressionei o botão de parada para a
bomba “C”. Alguns jatos pequenos de água jorraram do flange de sucção e de
diversos furos pequenos na linha de sucção da bomba “C”.
“Qual é o problema, Norman? É apenas água, E os vazamentos são pequenos.
Não vejo nenhum problema de segurança.” Katie disse.
“Bem, Katie. A sucção da bomba está levemente em vácuo porque a bomba está
elevada 6 ft acima do chão (ver Figs. 12.1 e 12.2). Ar é succionado por esses
furos para a sucção e rotor da bomba. As bolhas de ar reduzem a pressão de
descarga da bomba e a vazão de água”. Eu disse.
“Srta. Katie.” Travis comentou. “Acredito que o Sr. Lieberman está certo. Eu notei
que, quando chove forte, a pressão de descarga das bombas aumenta um
pouco. Acho que acontece porque a chuva substitui o ar por água. Deixe me
mostra-la, Srta. Katie.”
Quando Travis pulverizou uma torrente de água de incêndio em volta das linhas
de sucção das bombas “A” e “B”, a pressão de descarga de ambas aumentou
em 3 psi.
Nota De Segurança
Vazamentos de hidrocarbonetos em serviços de resfriamento de água podem
causar a formação de misturas explosivas abaixo dos deques de distribuição da
torre de resfriamento. Especialmente quando correntes de butano, isto pode, e
já (Amoco Oil – Cidade do Texas) causou ignição em torres de resfriamento.
Verifique as saídas de água de resfriamento por vapores combustíveis talvez
uma vez por mês. O instrumento que os operadores usam para permitir entradas
em espaços confinados pode ser usado com esse propósito. Vapores tendem a
se acumular na região abaixo dos deques de distribuição. Acúmulo de lodo
nestes deques podem ser outra indicação de vazamentos de hidrocarbonetos na
linha de retorno da água de resfriamento.
13– Circulação de Termossifões e Draft
“Ar Preso”
Eu sempre fico surpreso como um pequeno furo de propano ou butano em um
reboiler à vapor reduz significativamente a carga térmica. Quando trabalhei na
Cidade do Texas, uma baixa concentração do suprimento de vapor 30 psig com
butano no reboiler da fracionadora parecia reduzir a carga térmica do reboiler
pela metade. Eu sei pela minha experiência que contaminação do vapor com
CO2, que se origina de carbonatos na água de alimentação da caldeira (BFW),
mesmo em concentrações de apenas poucos ppm, tem um largo impacto
negativo na taxa de condensação de vapor em trocadores, a menos que o CO2
acumulado seja purgado periodicamente.
Em condensadores de superfície de turbinas à vapor em vácuo, pequenas
entradas de ar para os condensadores podem reduzir significativamente a
eficiência de transferência de calor em condensadores de superfície, mesmo que
razão entre a quantidade de ar e de vapor seja bem pequena.
Eu me lembro vividamente (ver Fig. 14.1) na minha unidade de alquilação na
Cidade do Texas, como abrir uma válvula de vent (0.5’’) na saída de um reboiler
com diâmetro interno de 60’’ aumentou a carga térmica do reboiler o suficiente
de forma a possibilitar o aumento do refluxo da coluna em 30%.
Se os vapores não-condensáveis forem ar, nitrogênio, CO2 ou hidrocarbonetos
leves, o efeito é o mesmo. O nome na literatura para este problema é “ar preso”.
Em uma refinaria, o problema mais comum que causa “ar preso” é furo em
tubulações de etano, propano ou butano do lado do casco contendo
hidrocarbonetos para o lado do tubo contendo vapor.
O jeito que visualizo o “ar preso” baseado na leitura de referências da literatura
é:
Dez mil moléculas de vapor e 10 de propano escoam para um tubo juntas.
O vapor condensa em água e sai do tubo.
As moléculas de vapor propano continuam dentro do tubo, porque o vapor
carreador (i.e. velocidade do vapor) desapareceu.
As moléculas de propano se acumulam dentro do tubo e reduzem
desproporcionalmente a pressão parcial do vapor.
A redução da pressão parcial do vapor reduz a temperatura de
condensação.
A força motriz de temperatura (“Delta T”) é reduzida.
A carga térmica do reboiler cai.
Expansão Do Hidrogênio
“Muito interessante. Isto explica por que a temperatura do vapor resfriou 80 °F
ao passar pela válvula de controle do reboiler. Você disse que isso é verdade
para todos os gases?”
“Na verdade, Gerry, isto não vale para o hidrogênio. Você lembra da produção
de hidrogênio em Aruba, onde mostrei que o hidrogênio, quando expande de
1000 para 860 psig, é aquecido em 100 °F. Hélio faz a mesma coisa. Eles atuam
ao contrário. Hidrogênio tem um “Coeficiente de Joule-Thompson Negativo”.”
“Sim, eu vejo a analogia entre Linda e o presente de Dia dos Namorados. Uma
reação inversa. Você vai explicar o coeficiente de Joule-Thompson negativo para
o hidrogênio, Norm?”
“Não, meu amigo. Eu mesmo não entendo.”
Evaporação
“Eu não acho que seja uma boa ideia, Gerry. Mas escute. Provavelmente, muito
da queda de temperatura em 80 °F do vapor ao se expandir é simplesmente
devido à evaporação da água. Vamos dizer que vapor 165 psig tem 2% de
umidade, ou água líquida. O calor específico do vapor é 0.56 BTU/lb/°F. Então,
os 2% de água irão evaporar, e resfriar a parcela restante do vapor:
880 BTU/lb . 2% / (0.56 BTU/lb/°F) = 30 °F
Acúmulo De Condensado
O problema mais comum com reboilers à vapor de baixa pressão é acúmulo de
condensado. Algo está restringindo a drenagem do condensado. Um problema
pode ser que a válvula de drenagem seja muito pequena. Isto é incomum. Mais
provavelmente, o problema é “restrição de escoamento por excesso de vapor”.
Quando condensado quente é drenado do reboiler, ele está perto do seu ponto
de ebulição. Conforme a água quente escoa pela linha de drenagem de
condensado, ela perde pressão devido à:
Perda de carga na linha de drenagem.
Perdas por aceleração, conforme o condensado escoa por acessórios e
pedaços de tubo pequenos.
Aumento da altura da linha em relação ao chão.
O condensado quente terá a tendência de vaporizar parcialmente. O vapor
formado poderá aumentar a vazão volumétrica por um fator de 100. Este volume
imenso de vapor formado restringe o escoamento e força o acúmulo de
condensado dentro do reboiler. O resultado é a ‘restrição do escoamento por
excesso de vapor” e perda de carga térmica no reboiler.
Não-Condensáveis No Vapor
Uma pequena quantidade de não-condensáveis contaminando o vapor pode
reduzir a carga térmica do reboiler pela metade. Os não-condensáveis são:
CO2 – Carbonatos residuais deixados na água de alimentação da caldeira
ao passar pela unidade de desmineralização. Os carbonatos, então, se
quebram formando CO2 na caldeira.
N2 – Na Cidade do Texas, eu uma vez achei nitrogênio presente no vapor
de baixa pressão que supria o reboiler da minha coluna deisobutanizadora
da unidade de alquilação. Alguém tinha conectado sem querer a linha de
nitrogênio com a de vapor em outra unidade.
Hidrocarbonetos Leves – Um pequeno furo em um tubo pode causar a
entrada de não-condensáveis como etano, propano ou butano nos tubos
de vapor.
O problema mais comum é o CO2, formado pela dissociação do carbonato.
Os não-condensáveis irão se acumular nos tubos e retardar a taxa de
condensação do vapor se não forem frequentemente purgados. Em uma planta
na Austrália, o acúmulo de CO2 estava reduzindo a carga térmica do reboiler de
uma coluna desbutanizadora em 20-30%, por um período de vários dias, antes
de serem purgados do reboiler.
O problema é descrito na literatura como “ar preso”. Eu sempre fiquei surpreso
como purgar um pouco de não-condensáveis pode ter um efeito dramático no
desempenho do reboiler – desde que a purga seja feita na saída do reboiler, e
não na entrada.
A Grande Resolução
Tad e eu só começamos a investigação no campo às 20h. Foram necessários
3h para minha orientação de segurança. “Tad,” eu expliquei, ”vamos primeiro
abrir a purga de não-condensáveis. O CO2 nunca vai se acumular na entrada do
reboiler, mas somente na saída de condensado.”
“Sim, Norm, entendi isso. A entrada do reboiler teria vapor continuamente
purgado. O CO2 só pode se acumular depois que o vapor condensou. Eu vou
abrir totalmente a válvula “B” (ver Fig. 15.1) e purgar continuamente o reboiler.”
A vazão de reboiler, como indicado pelo medidor de vazão, aumentou em 5-10%.
“Parece que estamos indo bem, Tad”. Eu observei.
“Sim! A purga ajudou. Mas não em 50%. Qual o próximo passo?”
“Precisamos determinar se estamos sofrendo com acúmulo de condensado ou
perda de selo de condensado.”
“Como fazemos isso?”
“Bem simples,” Eu expliquei. “Você monitora a temperatura do vapor na linha de
saída. Eu vou fechar parcialmente a válvula de bloqueio de saída da linha de
condensado. Ou a temperatura vai subir ou descer.”
“Se a temperatura cair, significa que perdendo carga térmica no reboiler por
acúmulo de condensado. Se a temperatura subir, estamos perdendo eficiência
por perda de selo do condensado”.
‘Hey Norm. A temperatura está caindo. Devemos estar acumulando condensado,
e não com perda de selo do condensado”.
Eu vi Tad checando o nível de água no vaso de condensado, que estava bem
abaixo da saída do reboiler (ver Fig. 15.1). “Mas Norm, estou confuso! Como
podemos estar perdendo carga térmica no reboiler por acúmulo de condensado,
se o nível de água no vaso de condensado está 1 ft abaixo da saída do reboiler?”
“Vou explicar, é complicado. Acontece por um erro comum de projeto:
Observe que a linha de conexão entre o vaso de condensado e o reboiler
está conectado acima da entrada do reboiler, na válvula de purga de topo
(válvula “A”).
Vamos assumir que a perda de pressão do vapor nos tubos seja 0.1 bar
ou 1 m de coluna de água.
Portanto, a pressão no final do reboiler será 0.1 bar menor que a pressão
no vaso de condensado.
Logo, o nível de água no reboiler será 3 ft, ou 1 m de coluna de água,
maior do que o nível de água no vaso de condensado.
O que significa que quase metade dos tubos estarão cheios de água.
“Ar Preso”
Geralmente, o lado do vapor nos reboilers e condensadores de superfície são
limpos. Um fato de incrustação de 0.001 para o lado do vapor é, normalmente,
um valor conservador para contabilizar a deposição de silicatos e carbonatos.
No entanto, existe um outro tipo de deposição temporária que inibe fortemente a
taxa de condensação. Isto é chamado “ar preso” e é consequência da presença
de não-condensáveis no vapor. Há quatro origens possíveis para os não-
condensados no vapor de refinarias:
Vazamento de tubos em reboilers, como aqueles acoplados em colunas
de fracionamento de etano, propano e butano.
Dióxido de carbono devido à decomposição térmica de carbonatos que
não foram removidos de forma eficiente na preparação da água que
alimenta a caldeira.
Nitrogênio introduzido sem querer na linha de alimentação de vapor.
Entradas de ar em turbinas à vapor, que são puxados pelo vácuo, devido
a um selo defeituoso do eixo da turbina ou vazamentos externos no
condensador de superfície.
Fig. 16.1 ilustra um problema comum de “ar preso”. O vapor entra em contato
com a superfície fria do metal dos tubos e condensa. O ar, CO 2, ou
hidrocarbonetos leves não se condensam. Como velocidades de vapor em
condensadores são inerentemente baixas – pelo menos na porção inferior do
reboiler – as moléculas de não-condensado permanecem próximas da superfície
dos tubos. Então, eles reduzem o contato efetivo entre o tubo e o vapor. Ou, em
termos mais convencionais, a resistência de troca térmica em filme do lado do
vapor aumenta.
Para o observador, parece que o trocador está incrustado. E de fato sim, com
“ar preso”.
Vazamento No Tubo Do Reboiler De Uma Coluna Despropanizadora
Uma vez, eu era responsável pela operação de uma coluna fracionadora de C3-
C4 em uma unidade de alquilação com capacidade de 23 mil barris por dia. O
reboiler com vapor 30 psig tinha desenvolvido um furo no tubo. A taxa de troca
térmica, mensurada pela redução na vazão de vapor 30 psig, reduziu
aproximadamente em 50%. No entanto, os operadores conseguiram facilmente
restaurar a taxa de transferência ao abrir a válvula de purga do reboiler. Purgar
(ver Fig. 16.2) a válvula do ponto A no lugar mais alto do reboiler foi inefetivo
em restaurar a carga térmica. Foi só quando a válvula no ponto B foi aberta que
a taxa de condensação foi restaurada. O ponto B estava localizado na parte de
baixo, logo no fim do reboiler. Purgar no ponto A servia somente para
desperdiçar vapor vivo. Purgar no ponto B, depois do vapor ter condensado,
purgou os vapores não-condensáveis de butano para fora dos tubos e ajudou a
eliminar o “ar preso”.
Dessuperaquecendo Vapores
A vazão de descarga de um compressor de propileno foi superaquecido devido
ao calor de compressão. Enquanto que 80-90% da capacidade do condensador
à jusante seja dedicado para serviços envolvendo calor latente, e somente 10-
20% da capacidade seja para serviços de remoção de calor sensível, uma
proporção muito maior do que 10-20% da área de troca térmica do condensador
será dedicada para dessuperaquecer o vapor, ao invés de condensar. Isto é
consequência do baixo coeficiente de troca térmica para remoção de calor
sensível quando comparado com calor latente.
Pulverizar produto propileno líquido na descarga do compressor, mesmo
reduzindo a força motriz de diferença de temperatura, irá na verdade aumentar
a capacidade do condensador ao eliminar a necessidade de dessuperaquecer a
corrente de descarga do compressor, pela troca térmica direta com os tubos do
condensador.
Esta é uma variação da prática de injetar condensado de vapor em uma corrente
de vapor superaquecido antes de alimentar um reboiler de forma a aumentar a
carga térmica. Isto foi tentado ao variar a vazão de injeção de condensado em
um vapor superaquecido 400 psig a 650°F, notando sempre o efeito na
capacidade de circulação de um reboiler termossifão vertical. A melhoria foi
pequena, mas notável. Provavelmente não valeria a pena para novas
instalações, mas se trata de um método útil para expandir a capacidade de um
reboiler existente que está usando vapor superaquecido ou de um condensador
existente, na descarga de um compressor de hidrocarbonetos leves.
17– Incrustação de Trocadores de Calor em
Unidades de Refino
“Só olhe o banco! Metade dos tubos estão obstruídos. E os tubos obstruídos
estão todos distorcidos. Olhe a chicana de partição! Está toda torta também.
Empurrada em direção ao bocal de saída. E a bosta da chicana de partição se
deslocou do cabeçote fixo do trocador (Fig. 17.1).”
Mike Greenly, o supervisor de linha primeira linha no Encanamento n°12 parecia
pensar que, de alguma forma, eu era culpado pelo banco de tubos distorcidos.
Era verdade que eu tinha calculado que o valor do “U” (coeficiente de
transferência de calor) era somente:
Entre 8 e 9 BTU/h/ft²/°F
vs o coeficiente de projeto de 45.
Além disso, eu tinha recomendado que o trocador que o trocador fosse tirado de
operação para limpeza. Mike teve trabalho para isolar o trocador, e isso o fez
ainda mais furioso. “Mike, por que está zangado comigo? Isto é uma
consequência inevitável de incrustação nos tubos. Não é culpa minha – mais do
que é culpa sua.”
“Olhe aqui, Lieberman! Foi você que nos disse para tirar o E-307 de operação
para limpeza. Foi sua ideia. Sem mencionar os tubos e a chicana de partição
torta. Eu vou ter que trocar todos os tubos do banco. Além disso, vou precisar de
uma chicana de partição nova. Como você acha que eu vou resfriar o reciclo de
diesel agora sem o E-307? Que bosta! E com certeza perderemos 20 graus no
pré-aquecimento do óleo.”
“Você quer que eu te explique, Mike, como isso aconteceu? E o que podemos
fazer para evitar algo similar com o novo banco de tubos no futuro?”
“Vocês engenheiros falam muito o tempo todo. Vá em frente, explique. Você fala
e eu tomo um café.”
“Na verdade, Mike, não é tão ruim assim. A maior velocidade do tubo irá
minimizar incrustação nos tubos. Boa parte da perda de carga no trem de
trocadores ocorre devido à incrustação. Especialmente se nós fizermos os tubos
de metal cromado 410, que ficarão mais lisos do que o aço carbono. A perda de
carga será maior do que antes. Mas, depois de um ano de operação, talvez a
perda de carga não ficará tão ruim quando comparado com a operação atual.”
“Olhe, Norm. Acho que você é bastante esperto. Não consegue descobrir um
jeito de manter esses tubos limpos e com baixa perda de carga?”
“Não, Mike. É como planejar ter uma namorada e continuar casado com Marge.
Isto também não iria funcionar.”
“Sim, Norm. Entendi seu ponto de vista. Você não pode ter as duas coisas.”
Limpeza Online
“Mas olhe aqui, Lieberman. Você tem alguma ideia de como posso limpar
parcialmente o trocador de pré-aquecimento de óleo sem tirá-lo completamente
de operação?”
“O que você tem em mente, Mike?” Eu perguntei.
“Tipo, injetar algum tipo de químico mágico no óleo que irá limpar o trocador,
sem ter que tirar o banco de tubos. Sem todo esse isolamento, desmontagem,
drenagem e hidrojateamento? Norm, não estou perguntando sobre o lado do
casco. O reciclo de diesel e outros produtos são limpos. Somente o lado do óleo
– os tubos estão incrustados.”
“Okay Mike. Mas somente nos trocadores a montante do dessalgador.”
“Sim, estes são os piores.”
“Você talvez queira anotar:
Passo 01: Abra a válvula de bloqueio para bypassar o lado do casco *ver
Fig. 17.3).
Passo 02: Bloqueie a válvula de entrada de óleo.
Passo 03: Espere 15 min, então abra a válvula de entrada de óleo e feche
a válvula de by-pass.
Durante esses 15 min, os tubos irão aquecer entre 100 e 200 °F mais perto da
temperatura do lado do casco. Os depósitos de sujeira dentro dos tubos irão se
soltar dos tubos. A restauração súbita da vazão de óleo irá flushear os depósitos
de sujeira para fora dos tubos, em direção ao dessalgador.”
“Como sabe se isso irá funcionar, Lieberman?”
“Porque, Sr. Greenly, eu testei essa manobra no Encanamento n°11 no mês
passado. As taxas de troca térmica dobraram, e a perda de carga reduziu pela
metade.”
“Parece bom, Norm. É como soltar coque para fora dos tubos da fornalha.
Mesma ideia. Não custa nada tentar. Mas por que você não me contou isso
antes? Seus engenheiros... Não sabem se comunicar com as pessoas comuns.
Vocês todos andam com a cabeça nas nuvens.”
Base De Projeto
Para ser consistente com a operação observada, eu selecionei a taxa de
vaporização observada para cálculos de projeto posteriores. A dificuldade então
veio à tona: como usar um modelo computacional de uma unidade existente para
cálculos de projeto, se o ponto de partida da simulação era inconsistente que o
percentual de vaporização para base da melhoria?
Isso exemplifica o problema discutido neste capítulo. Ou seja, a inconsistência
inerente entre valores observados e previstos via simulação computacional para:
Temperatura de retirada dos produtos de óleo.
Lacunas e sobreposições das curvas ASTM D-86.5-95%.
Perdas de carga
Variações de entalpia nos trocadores
O problema que acabei de escrever, eu já encontrei não só em colunas de
destilação, mas também em:
Unidades de alquilação
Fracionadoras de coqueadores
Fracionadoras de visco-redutores
Fracionadoras à vácuo de óleos lubrificantes
Fracionadoras de unidades de FCC.
A conclusão que consegui tirar de forma certa é que ignorar a inconsistência
entre os dados observados e resultados de simulação resultará em projetos que
não refletem a realidade.
Equação De Estado
A primeira decisão que o engenheiro deve fazer ao estabelecer a simulação de
uma coluna de destilação é selecionar a equação de estado de uma lista de,
talvez, 25 alternativas. A equação de estado é usada para calcular a volatilidade
relativa para cada componente. A volatilidade relativa é usada então para
calcular:
A vazão de refluxo
A carga térmica do reboiler
A carga térmica do condensador
As vazões de líquido e vapor
O número de estágios ou pratos teóricos
O diâmetro da coluna
baseado no grau de fracionamento especificado.
Mas, como alguém sabe qual equação de estado selecionar?
Eu tenho longa experiência neste assunto. Em uma planta, uma nova
fracionadora de propileno-propano estava sendo projetada para substituir uma
torre existente que não conseguia atender a especificação exigida para novas e
maiores vazões de alimentação. Este fato foi verificado por simulação
computacional da fracionadora, que mostrou que a coluna era limitada ao operar,
nas vazões requeridas de alimentação e refluxo, em cerca de 105% do ponto de
inundação.
Eu descobri que o fator histórico limitante não era inundação, mas a carga
térmica do reboiler. O reboiler era limitado pela baixa vazão de drenagem de
condensado. Direcionar o condensado para o chão era uma demonstração que
as novas cargas de processo conseguiam ser atingidas. A vazão de refluxo era,
anteriormente, limitada pela carga térmica do reboiler. A carga térmica do
reboiler era limitada pela vazão de vapor para o próprio reboiler. A vazão de
vapor tinha sido limitada pelo acúmulo de condensado. A única restrição era que
a linha de drenagem condensado, de 3’’, relativamente pequena não tinha sido
projetada para permitir revaporização de parte do condensado. Tinha sido
projetado para água quente. Um erro comum de projeto de tubulação.
O que estava errado com o modelo computacional da fracionadora? Nada.
Dependendo da equação de estado selecionada, a simulação poderia ser usada
para prever que a fracionadora existente era muito pequena ou que era
adequada para as novas cargas de projeto. A seleção de valores baixos de
eficiência de fracionamento reduzia ainda mais a capacidade teórica da
fracionadora.
Incidentalmente, a nova coluna foi construída, apesar das minhas observações
baseadas em testes de campo, porque a simulação computacional implicou que
a torre existente era muito pequena.
A eficiência do prato é somente um chute. Mas, como alguém sabe qual equação
de estado se deve escolher para uma simulação computacional? A equação de
estado é usada para determinar a volatilidade relativa de componentes. Isto é
usado para calcular:
Vazão de refluxo
Carga térmica do reboiler
Carga térmica do condensador
Diâmetro da coluna
Número de estágios
Vazões dos produtos
Purezas dos produtos
Como a seleção da equação de estado é normalmente um chute da mesma
forma que a eficiência de prato, a saída do modelo computacional também se
trata de um chute que geralmente está errado.
Limitações de Fornalhas
A maioria das fornalhas de draft natural são geralmente limitados por ar de
combustão e/ou draft. Tanto draft como ar são funções de (Fig. 19.4):
Altura da chaminé
Temperatura do gás de exaustão
Temperatura e altura da câmara de combustão
Perda de carga do gás de exaustão na seção de convecção
Vento
Temperatura ambiente
Entradas de ar na seção convectiva
Nota De Segurança
Perigos do Nitrogênio
Em 1982, eu tive uma grande ideia para melhorar a confiabilidade do nosso
“Sistema de Ar para Instrumentação” na refinaria Good Hope em Louisiana. Eu
conectei a linha de suprimento de nitrogênio no ar de instrumentação. A válvula
de controle, que permitia o escoamento de nitrogênio para o header de ar de
instrumentação, abria quando a pressão do ar de instrumentação caia abaixo de
30 psig.
Naquele tempo, a instrumentação da sala de controle funcionava com base no
ar de instrumentação. Cada instrumento usava entre 5 e 10 SCFM de ar.
Uma tarde, enquanto observava a operação da refinaria na sala de controle, um
alarme estranho soou, seguido de um flash de luz vermelha. Todos olharam em
volta sem entender nada. Era o alarme de “baixo nível de oxigênio” que estava
programado para 18% O2. Minha manobra de nitrogênio reserva tinha sido
ativada devido à baixa pressão de ar.
O efeito da diluição de nitrogênio no ar não causa falta de ar ou qualquer
desconforto físico. Três operadores morreram na Cidade do Texas quando eles
entraram em um reator que tinha sido purgado com N2. O efeito de excesso de
nitrogênio e baixo oxigênio é a morte.
Eu advoguei desde aquele incidente na Cidade do Texas que N 2 deveria ter um
percentual baixo adicionado de CO2 quando for usado para purgar o vaso. O
CO2 irá causar falta de ar e alertar a equipe da falta de oxigênio.
20– Simulações Computacionais refletem a
Realidade? – Ponto de Congelamento do Diesel
Esta é uma história real. Palavra por palavra. Número por número. Tudo que fiz
foi trocar os nomes exceto por Kathy. Acredito que essa seja a seção mais
importante do livro.
O leitor pode ficar desapontado ao perceber no fim do capítulo que não consegui
resolver a alta discrepância entre os dados de laboratório e o modelo
computacional. Políticos, advogados e banqueiros podem funcionar no mundo
teórico. Operadores de processo e engenheiros estão limitados à realidade.
O ponto de congelamento é geralmente o fator limitante na produção de diesel
de certo óleos, dependendo também da localização onde o diesel é
comercializado, e da época do ano. Em uma refinaria americana, o objetivo
primário é maximizar a produção de diesel, que está limitada pelo ponto de
congelamento. Uma firma de consultoria de engenharia em Houston foi
contratada para estuda as possibilidades de forma a melhorar a produção de
diesel do óleo.
Um certo número de casos foi desenvolvido usando modelos via simulação
computacional Aspen do trem de destilação da unidade. 17 casos foram
simulados, que mostraram que a vazão de diesel poderia ser aumentada entre
3 mil e 12 mil barrís por dia. O investimento de capital necessário para os
cenários variavam entre 4 e 20 milhões dependendo da recuperação incremental
de diesel dos produtos mais pesados.
O gerente técnico, Ed, me contratou para rever os 17 casos e recomendar a
opção com melhor custo-benefício. Nas minhas discussões preliminares com Ed,
eu cheguei à conclusão que ele não tinha entendido os vários cenários, e me
contratou para auxiliá-lo em sua avaliação.
O volume de material que a companhia consultora tinha gerado no último ano
era imenso. Montanhas de resultados de simulação e dezenas de fluxogramas
de processo preliminares com modificações apontadas em vermelho. Cada caso
era acompanhado pela produção incremental de diesel e estimativa do
investimento de capital requerido.
Eu concluí que o caso economicamente mais viável era o que resultava no
incremento de produção de diesel em 11 mil barris por dia.
Se alguma das soluções era fácil de ser implementada, eu não pude determinar.
A maioria das propostas de modificação do processo envolviam alterar o
propósito das fracionadoras existentes de um jeito que me pareceu bem
complexo e, possivelmente, mecanicamente improvável.
A Análise Laboratorial
Neste momento, Kathy, a jovem engenharia da unidade de refino, decidiu levar
amostras da unidade para análise laboratorial. Ele coletou oito amostras. Dois
pares de cada unidade paralela para:
Gasóleo atmosférico.
Gasóleo leve de vácuo
Gasóleo pesado de vácuo
Resíduo de vácuo
Cada amostra foi destilada no laboratório usando o aparato de destilação ASTM
D-1160 para recuperar o componente diesel, com limitação do ponto de
congelamento. D-1160 sendo um teste comparável com Destilação TBP (Ponto
de Ebulição Real).
O condensado da coluna à vácuo estava sendo reciclado de volta para a unidade
dessalgadora. Então, Kathy, de forma correta, ignorou essa corrente em sua
análise como potencial para aumentar a produção incremental de diesel, com
limitação pelo ponto de congelamento. Ela me enviou, por e-mail, o valor
percentual de diesel recuperado para cada uma das oito amostras listadas
acima. Meus cálculos mostraram que, baseado nas análises laboratoriais dela e
nas vazões da planta, existia 800 barris de diesel recuperável, não 11 mil barrís!
Quando eu reportei esses resultados para Ed, o gerente técnico, ele não ficou
feliz. Afinal, Ed tinha gastado 500 mil dólares durante o último ano com a
empresa consultora de Houston para realização dos estudos de caso,
simulações, estimativas de custo, preparação de relatórios e reuniões.
“Sr. Lieberman, por favor dedique outro dia para reconciliar os 800 barris com os
11 mil barris de incremento na produção de diesel. Eu estava prevendo que o
programa de análises laboratoriais que sugeri a Kathy no mês passado iria
validar as simulações e estudos de casos, não os refutar.”
Eu revi os resultados de simulação e métodos usados pelos consultantes. Os
cálculos e premissas me pareceram consistentes com os princípios de
engenharia. Eu finalmente concluí que os estudos teóricos e resultados de
simulação de fato suportavam a projeção de incremento de 11 mil barris de
diesel.
Kathy tinha baseado sua análise em 180 mil barris de óleo por dia, ao invés da
capacidade máxima de 210 mil barris de óleo. Portanto, eu aumentei a produção
incremental dela de 800 para 1000 barris de diesel por dia.
Com isso, Ed marcou uma chamada de conferência comigo para discutir as
minhas conclusões, que estão a seguir:
Ambos os métodos parecem corretos.
Não consegui resolver a diferença de produção equivalente a 10 mil barris
por dia entre os métodos.
O método laboratorial de Kathy representava a realidade.
O modelo de simulação computacional representava a teoria.
Como a refinaria estava comercializando diesel real com limite de
especificação do ponto de congelamento, ao invés de diesel teórico, os
resultados de laboratório deveriam ser utilizados como guia para qualquer
investimento de capital atual ou real.
“Mas Norm, não podemos justificar nenhum dos 17 cenários de investimento
alternativo em produção de diesel de 1000 barris ao dia. Eu gastei 500 mil
dólares para o desenvolvimento dessas simulações da unidade de refino,
estimativas de custo e estudos de caso.”
“Sim, Ed, problemas em refinarias geralmente são assim. Eles raramente se
reconciliam com modelagens computacionais teóricas, a menos que os modelos
sejam baseados em dados reais da planta, incluindo análise de composição dos
produtos." Eu respondi.
Esta é uma história verídica. Qualquer um quiser determinar as identidades dos
participantes terá que me ligar. Use sua linha direta. Não vou responder por e-
mail, ser hackeado por WikiLeafs, e acabar parando no canal de notícias CNN.
Post Script
Conforme comentei, esta é uma histórica verifica. Brent, um engenheiro de
planta mais experiente, refez as análises de Kathy. Ele concluiu que parte da
produção de diesel com alto ponto de ebulição poderia ser misturada ao produto
original para reduzir a limitação do ponto de congelamento, permitindo o
aumento de produção de diesel em potencial de 1000 para 1800 barris ao dia.
Nós estamos planejando modificar as bandejas da stripper à vapor para atingir
esse objetivo no próximo ano.
“Não! Eu sou um homem ocupado. Eu tenho toda a Amoco para pilotar – err,
para gerenciar! Eu me juntarei com o grupo de projeto hoje e iniciar a instalação
do pré-aquecedor de ar de combustão assim que possível. Com uma receita
adicional de 15 a 20 dólares por barril, serão 7 milhões de dólares por ano de
lucro. Acredito que o projeto do pré-aquecedor de ar custará somente 1 ou 2
milhões de dólares. Investimento bem atrativo, não acha Lieberman?”
Onde:
TR = Temperatura da fonte radiante, °R (i.e. Rankine)
TA = Temperatura da superfície de absorção, °R (°R = °F + 459)
Efeito do Pré-Aquecedor de Ar
Por acaso a fornalha foi modificada com a instalação do pré-aquecedor de ar?
Sim!
Por acaso a unidade operou, após instalação, com vazão de óleo 10% maior?
Sim.
Mas somente por um ano. Depois, os resultados de danos nos tubos de choque na
seção radiante levaram a necessidade de substituir esses tubos de 12% cromo da seção
radiante, que estavam flácidos e distorcidos, com custo de 1 milhão de dólares.
No entanto, Dr. Homer, o vice-presidente da refinaria Amoco, se recusou a fazer
aquisição de novos tubos que designei a ele.
“Não,” ele disse para seu assistente, o gerente de planejamento da Amoco, “nós
podemos fechar a refinaria Sugar Creeek, e rodar o óleo incremental nas nossas plantas
da Cidade do Texas e Whiting, Indiana. Elas estão todas conectadas pelos sistemas de
tubulação. Sugar Creek é, de qualquer forma somente uma planta velha e ultrapassada.”
E todos os operadores, manutenção, e todos os homens e mulheres do clero foram
desligados. E coronel Noraguard, piloto líder de bombeamento, foi promovido a gerente
de planta na gigante Amoco Whiting, refinaria em Indiana, nas margens cênicas do Lago
Michigan.
Ele se aposentou em 1980. Eu o encontrei junto com sua esposa, por acaso, uma
semana depois no aeroporto de Chicago. Era um casal sênior adorável. A caminho da
sua casa de aposentadoria em Casper, Wyoming.
Kathrine estava rindo. A pequena sala de espera ecoou com sua risada histérica.
Gary Adams repousava sedado e inconsciente atrás do vidro de partição.
Queimaduras de terceiro grau cobriam seu resto, braços e peito, onde o uniforme
de poliéster tinha derretido sobre a pele.
Gary e Katie eram meus amigos e colegas de trabalho na refinaria Good Hope
no sul de Louisiana. Gary era meu assistente no complexo de FCC-
viscorredução. Sua esposa, Katherine, estava à beira da histeria, e sua risada
era enervante. “Graças a Deus,” eu pensei, “Gary estava usando calças de
algodão, não de poliéster.” Este sendo nos dias antes do macacão “Nomex” na
refinaria (i.e. 1982).
Soprando Vapor
Gary deveria ter soprado vapor para dentro da câmara de combustão essa hora.
Isto teria retardado a vazão de ar para dentro da câmara e permitido que a
câmara se resfriasse no ambiente deficiente em ar. Isto é, o vapor teria
aumentando levemente a pressão acima da atmosférica na câmara de
combustão e temporariamente impedido a entrada de ar na câmara de
combustão por causa do draft.
Mas eu sabia com toda a certeza que Gary não faria isso. Porque, alguns meses
antes, eu tinha bloqueado as quatro linhas de 6’’ de vapor da fornalha da
unidade.
Mas por que?
Porque as linhas de vapor estavam cheias de condensado (água). Então, o uso
dessas linhas teria jorrado água em uma câmara de tijolos à 1600 °F, e criado
um grande choque de pressão, que teria jorrado alcatrão em combustão por toda
a planta (ver Fig. 22.1).
Eu tinha sugerido a Gary Adams que, em caso de falha no tubo, ele instruísse
os operadores a fechar os registros de ar embaixo da fornalha e fechado o
damper da chaminé. Isto teria prevenido que uma mistura explosiva de ar e
combustível se formasse dentro da câmara de combustão.
“Okay, Sr. Lieberman. Em algum evento de tubo furado, eu te chamarei para
fechar o damper e os registros de ar secundário. Eu não vou pedir aos meus
rapazes para arriscarem suas vidas. Eles são espertos demais para isso. Esse
é um trabalho para nova-iorquino como você.”
Portanto a ligação do Gary!
Assim que Gary Adams terminou de fechar as válvulas de alimentação, houve
uma explosão leve na unidade. Gary e 20 operadores e rapazes da manutenção
foram arremessados pelo deque com suas camisas de poliéster em chamas. A
fornalha em si, e o resto da unidade, não tinham sofrido muitos danos.
Somente mais tarde eu soube sobre os macacões à prova de fogo “Nomex”.
Mais tarde, seis pares foram providenciados a toda a equipe de operação e
manutenção. Não vista roupa de poliéster por baixo do macacão “Nomex”. “Antes
seguro do que perdoado.”
Resolvendo O Problema
Para corrigir o problema, eu alinhei o ejetor secundário reserva para rodar em
paralelo com o ejetor secundário titular. Isso não fez bem. Então, eu bloqueei o
vapor de trabalho para o ejetor secundário titular, que estava rodando por anos.
Esta ação também não teve nenhum efeito positivo. Somente quando me lembrei
de fechar a válvula de sucção do ejetor titular, foi que a pressão de descarga do
condensador secundário subiu de 76 para 140 mm Hg. Além disso, o aumento
de temperatura ao longo do corpo do ejetor secundário subiu de 10 para 90°F.
Uma lição para se aprender desse exercício é que você não pode rodar um ejetor
fraco em paralelo com um ejetor forte. Não-condensáveis da descarga do ejetor
forte irá recircular de volta através do ejetor fraco.
O resultado dessa mudança foi que variações pequenas na pressão vaso não
afetaram mais a pressão de descarga do ejetor primário, não causando perda
periódica do “boost sônico” no ejetor primário. Logo, essa modificação levou a
manutenção mais estável da pressão (que antes dobrava) da coluna à vácuo.
No entanto, aumentos muito largos na contrapressão do sistema ainda tinham o
mesmo efeito.
A umidade arrastada poderia ter 10 mil ppm de TSD (sólidos totais dissolvidos),
principalmente sílica, que precipita no bocal de vapor. Na parte de trás do ejetor,
há um furo que pode ser usado para limpar o bocal de vapor com uma escova.
Isso não pode ser feito se o ejetor ainda estiver operando. Mas uma vez que o
novo ejetor esteja operando, podemos limpar o antigo. O furo foi feito para checar
o diâmetro interno do bocal. Mas também pode ser usado como acesso para
limpeza. Note que ejetores mais largos talvez não precisem vir com essa
conexão. Neste caso, a caixa do vapor de trabalho precisaria ser removida para
avaliação e limpeza do bocal.
Vapor Úmido
Água no vapor degrada a performance do ejetor e danifica sua performance. Um
“separador de vapor” irá prevenir o problema e pode ser solicitado das empresas:
Anderson Company
Clark Reliance
O condensado drena através de um balde coletor. Eles funcionam como um
separador centrífugo.
Nós podemos observar o efeito de vapor úmido em um ejetor. A temperatura na
linha de descarga do ejetor cai em 15-30 °F dentro de poucos pés da descarga
do ejetor. Se o vapor sendo soprado de uma purga estiver invisível por uma
polegada ou mais, o vapor está seco. Se o vapor que está sendo soprado for
branco, este ainda pode ser relativamente seco (i.e. pouco percentual de
umidade). Se água se acumular no ponto mais baixo do dreno a cada poucos
minutos, o vapor provavelmente ficará úmido o suficiente para comprometer o
vácuo. Uma vez, nós envolvemos 30 ft de uma linha de 2’’ de diâmetro com
trapos e isolamentos, melhorando o vácuo em vários mm Hg.
Resumo
Em conclusão, nós descobrimos que o conteúdo leve (< 1050 °F) do nosso
resíduo de vácuo tinha caído de 18 para 10%. Isso reduziu a nossa vazão de
produção de resíduo de vácuo em cerca de 2 mil barris ao dia, com consequente
aumento de produção de gasóleo em 2 mil barris ao dia. Essa variação gerou
ganho de 40 mil dólares por dia.
25– Ejetores à Vácuo como Compressores de
Cabeça de Poço
Sul de Laredo, Texas, no vaso espaço vazio de “Zapata Country”, é a terra que
amo. Superficialmente, não tem uma paisagem convidativa. Ravinas profundas,
encostas dissecadas e erodidas, grama murcha e árvores desesperadas.
Mas por baixo daquela superfície de argila e cascalho, repousava um tesouro
vasto. A formação de Wilcox. Gás natural. Quase metano puro. Livre de sulfeto
de hidrogênio e dióxido de carbono. Na profundeza de 9500 ft, o gás tem estado
descansando e esperando por mim na pressão de 2800 psig por 100 milhões de
anos.
Isso não é totalmente verdade. O gás de alta pressão tem sido recuperado pela
divisão de produção da GHR Energy. Minha divisão, que consiste de Juan
Hernando e de mim, está no comando da recuperação secundária do Campo de
Gás de Zapata. Depois de 1 ou anos, quando cerca de 90% do gás natural havia
sido produzido, a pressão de cabeça do poço tinha caído de 2800 para 200 psig.
Eu fui posto no comando dos poços quase esgotados. Eu sou o cara que cuida
de centenas desses poços que produzem somente 5% do gás escoando para a
Estação de Compressão de Laredo.
Em uma tarde quente, Juan e eu dirigimos para o poço depreciado, com uma
pressão de cabeça de 200 psig. Como o sistema de tubulação de recebimento
era de 600 psig, Juan sugeriu que instalássemos um compressor de cabeça de
poço Ingersoll-Rand, de descolamento positivo com dois estágios e movido a
gás natural. Assim como nos outros 100 poços, este iria comprimir o gás de baixa
pressão de cabeça do poço para entregar a nossa Estação de Compressão de
Laredo, cerca de 40 milhas de distância.
Conforme discutíamos a rentabilidade e custos operacionais do compressor de
cabeça de poço, de forma a decidir se o valor do gás natural recuperado
compensava esses custos, eu notei que perto do nosso poço depreciado, havia
um poço novo, escoando um volume maior de gás, com pressão de cabeça de
poço de 2500 psig.
“Juan, tive uma ideia. Não vamos alugar um compressor e usar muito
combustível para operá-lo. Vamos usar a pressão do poço novo para comprimir
o gás do poço antigo.”
“Senhor Norm, como isso funciona?”
“Nós usaremos um ejetor. Mas, ao invés de vapor de trabalho, usaremos gás
natural 2500 psig do novo poço”.
“Não compreendo, senhor Norm. O que é “ejetor”? Como isso funciona?”
“Okay Juan. Você escuta e eu falo. É uma longa história.”
“Sim! Sim! Norm. Mas nós temos muito tempo.”
Nos Estados Unidos, nós usamos sistema em in Hg. O resto mundo usa mm Hg
para medir vácuo, onde:
Vácuo Total = 0.0 mm Hg
Pressão atmosférica no nível do mar = 760 mm Hg
Condensadores À Vácuo
James Watt não inventou a máquina a vapor, conforme somos ensinados no
ensino médio. Watt inventou o condensador barométrico, que aumentou o
trabalho extraído do vapor em 300%. O projeto de Watt permitiu a exaustão de
vapor de uma máquina a vapor em vácuo. Especialmente se o vapor de trabalho
estiver em baixa pressão, como 30 psig, a pressão de exaustão da máquina a
vapor é muito importante para maximizar a quantidade de trabalho extraído para
cada lb de vapor.
Na planta de regeneração de ácido sulfúrico na Cidade do Texas, que operei em
1974, a energia para operar o ventilador era fornecida por uma turbina à vapor
cuja exaustão era direcionada para um condensador barométrico. Eu mostrei o
esquemático na Fig.26.1. Era um equipamento que não dava problemas, ao
contrário de outros equipamentos que ainda me lembro com repugnância após
43 anos.
Na planta de regeneração de ácido sulfúrico na Cidade do Texas, que operei em
1974, a energia para operar o ventilador era fornecida por uma turbina à vapor
cuja exaustão era direcionada para um condensador barométrico. Eu mostrei o
esquemático na Fig.26.1. Era um equipamento que não dava problemas, ao
contrário de outros equipamentos que ainda me lembro com aversão após 43
anos.
O vapor de exaustão escoava para uma câmara elevada, onde água fria era
pulverizada para condensar o vapor. A água quente e o condensado eram
drenados por gravidade para um reservatório. O ar que entrava no sistema por
vazamentos era removido por um ejetor à vapor. A pressão do condensador de
superfície era levemente superior a pressão de vapor da água na temperatura
de saída do vapor.
Se a o condensador barométrico operava com pressão de 100 mm Hg, a pressão
atmosférica na Cidade do Texas era 760 mm Hg, então o condensador precisaria
ser elevado em:
(760 – 100) / 760 . 34’ = 30 ft
Eu assumi que a pressão atmosférica no nível do mar é equivalente à 34 ft de
água (14.7 psia ou 29.97 in Hg, ou 760 mm Hg). A linha de dreno é chamada
linha barométrica, oriundo do nome “condensador barométrico”.
Condensador de Superfície
Cada vez mais, sistemas antigos de ejetores de colunas à vácuo em refinarias
estão sendo redesenhados para converter condensadores barométricos nos
mais modernos condensadores de superfície, que geralmente não trabalham tão
bem.
A origem do termo “condensador de superfície” vem do fato de que
“condensadores barométricos” não possuem nenhuma área de troca térmica,
mas condensadores de superfície possuem área interna de troca térmica.
Todos os trocadores de calor casco e tubo possuem área interna de troca
térmica. Então, o real significado do termo condensador de superfície é que este
possui duas saídas conforme mostrado na Fig. 26.2:
Uma drenagem de líquido, tipicamente uma bota no fundo do casco.
Uma saída de vapor para não-condensáveis, localizada no topo ou na
lateral do casco, mas dentro deste uma chicana de ar é usada para coletar
vapores não-condensáveis.
Problemas com projeto, instalação e manutenção da chicana de ar interna
resulta em uma das maiores perdas de energia na história da humanidade.
Se a pressão do vapor de trabalho em uma turbina de condensação for muito
alta, talvez 1500 psig, o vácuo desenvolvido no condensador de superfície só irá
melhorar a quantidade de eletricidade, ou potência, ou trabalho extraído do vapor
em apenas alguns porcentos.
Se a pressão do vapor de trabalho for baixa, talvez 100 psig (como era no caso
da unidade FCC da refinaria Good Hope discutido abaixo), o vácuo desenvolvido
em um condensador de superfície pode melhorar o trabalho extraído do vapor
em 30%. Para este caso, a redução da pressão de entrada no condensador de
superfície em 2 ou 3 in Hg (50 ou 75 mm Hg) (ou 0.1 – 0.2 bar) é um grande
negócio.
Aprimoramento De Carreira
O tom do Sr. Stanley durante a ligação telefônica me deixou chateado. Pareceu
hostil. Eu tinha trabalhado na planta por apenas poucos dias e me senti incerto
da minha posição.
Confrontado com o perfil de temperatura acima, que contradizia meu
entendimento de como condensadores de superfície em vácuo funcionavam.
“Será que,” Eu pensei, “há uma grande perda de carga através da chicana de ar
que está causando a saída de vapor ficar 30 °F mais fria que a saída de líquido?”
Então, decidi checar a pressão na água com meu manômetro de vácuo.
Eu sempre tento realizar eu mesmo medições em campo para garantir acurácia.
Eu decidi conectar meu manômetro de vácuo no visor de topo da bota. Eu me
lembro de ter colocado minha chave inglesa de 6’’ no plugue de 0.75’’, para
remover o plugue da válvula de purga do visor de topo.
No entanto, eu não precisava ter usado a chave inglesa porque a o plugue de
0.75’’ estava FROUXO!
Então, eu apertei o plugue com meus dedos, e:
O vazamento de ar para dentro do visor de vidro (e o refreamento no
controle de nível – ver Fig. 26.2) parou.
A pressão de ar no topo do visor CAIU.
O nível de líquido no visor subiu.
A válvula de controle da bota abriu rapidamente.
A temperatura da água na bota subiu (devido à redução no acúmulo de
condensado).
A temperatura da saída do vapor caiu (i.e. o condensador estava
sofrendo de acúmulo de condensado).
O vácuo condensador de superfície melhorou de 90 para 50 mm Hg.
A velocidade da turbina subiu.
A pressão de descarga do soprador de ar da unidade FCC aumentou.
Os operadores alinharam o soprador de ar K-805 para o regenerador de
catalisador da unidade FCC.
A carga da unidade FCC foi restaurada.
Se eu tivesse realizado esta melhoria na American Oil, minha antiga empresa,
eu teria recebido um caloroso aperto de mão dos operadores. Mas essa seria
toda a minha recompensa.
Na refinaria Good Hope, onde trabalhei diretamente para o dono, este foi um
grande evento. Sr. Stanley me agradeceu pessoalmente pelo meu trabalho. Nós
nos tornamos amigos e permanecemos assim até hoje.
Bem, isso foi a 38 anos atrás. Mas é parecido com seu primeiro encontro com
Gloria no ensino médio. Há algumas coisas que nunca se esquece.
“Terráqueo! Você foi escolhido para ser transportado para Og, nosso planeta
natal.”
“Por que eu? Você deveria ter escolhido um humano mais jovem. Eu tenho 77
anos de idade.”
“Sua seleção não foi baseada na sua extrema longevidade. O algoritmo de
seleção te escolheu pelo seu conhecimento técnico. Especialmente, seu
conhecimento acumulado relativo ao emprego de vapor para processar
depósitos residuais de hidrocarbonetos liquefeitos, extraídos de formações
sedimentares abaixo da superfície do seu planeta natal – Terra.”
“Bom! Eu passei 57 anos estudando vapor. O que você gostaria de saber?”
“Em Og, nós selecionamos uma variedade de diferentes fluidos para
providenciar funções de processo – amônia, metano, dióxido de carbono, e água.
Mas no seu planeta, terráqueo, você usa água no estado vapor, ao contrário de
outros fluidos. Explique sua preferência pela água no estado vapor.”
“É uma longa história. Está com tempo?”
“A distância para Og é 12 milhões de anos luz. Você estará viajando a 93 mil
milhas terrestres por segundo.”
“Então serão 24 anos. Nós temos tempo de sobra.” Eu disse.
“Desculpa, mas você está 98% errado. Água é um fluido incompressível. Vapor
é um fluido compressível. Para fluidos compressíveis como vapor ou ar, a
maioria do aumento da energia cinética ou velocidade não vem da pressão do
vapor, mas sim da entalpia, ou capacidade térmica do próprio vapor. Para o
vapor, a capacidade térmica providencia 98% da energia para acelerar o vapor.
O resto vem da pressão do vapor.”
“É bem óbvio. Se eu quiser gerar energia elétrica para uma cidade usando vapor
de uma caldeira, eu irei suprir BFW (água de alimentação da caldeira) por uma
linha de 12’’. Se eu quiser gerar eletricidade para uma cidade usando uma usina
hidrelétrica, eu preciso de um rio inteiro. É por isso que usamos carvão, óleo,
gás e U-235 para gerar vapor de modo a rodar turbinas no campo magnético.
Desse jeito, calor é convertido em energia elétrica.”
“Os problemas em gerar eletricidade do vapor são:
Para converter a maior parte da energia térmica do vapor em energia
elétrica, o vapor precisa ser condensado em um bom vácuo. Por exemplo,
condensar vapor 400 psig em um bom vácuo, quando comparado com
somente liberar esse vapor para atmosfera, aumenta a produção de
energia elétrica em 40%.
Segundo, para atingir um bom vácuo, entradas de ar e gases não-
condensáveis residuais, como CO2, precisam ser extraídos do
condensador de exaustão de vapor usando um sistema de ejetores (ver
Fig. 27.2).
Finalmente, se o vapor de trabalho estiver úmido, se contiver umidade, a
habilidade do vapor em desenvolver um bom vácuo no ejetor é reduzida.”
“Eis o problema. É a energia cinética do vapor que comprime as entradas de ar.
Quanto mais rápido o vapor escoar através do bocal de vapor, maior será o
trabalho de compressão que ele poderá fazer sobre as entradas de ar e não-
condensáveis. Conforme o vapor reduz sua velocidade através do difusor (ver
Fig. 27.1), sua velocidade, ou energia cinética ou momento, é convertida em
pressão em concordância com o princípio de Bernoulli. Mas a energia cinética
do vapor é derivada da sua capacidade térmica. Se o vapor estiver muito úmido,
então a água evapora conforme escoa pelo bocal de vapor. Isso rouba um pouco
da capacidade térmica ou entalpia do vapor, que em outro caso seria convertida
em energia cinética adicional.”
“Isso é, a umidade reduz a velocidade do vapor conforme este deixa o bocal de
vapor. Vapor mais lento não consegue comprimir os gases não-condensáveis de
forma tão eficiente quanto vapor em alta velocidade. Essa razão de compressão
dentro do difusor (ver Fig. 27.1) é reduzida. Como a pressão de descarga do
ejetor é fixada pela pressão de condensação no condensador a jusante, a
pressão de sucção do ejetor deve aumentar.”
Observações De Campo
“Às vezes, apesar da minha idade avançada, pessoas mais jovens não acreditam
em mim, quando digo que a velocidade do vapor que movimenta uma turbina,
ou faz um ejetor desenvolver vácuo, não vem da pressão, mas da temperatura,
ou da capacidade térmica, ou da entalpia do vapor. Então, para provar isso, eu
peço a eles para:
Cheque a temperatura do tubo na linha de fornecimento do vapor para o
ejetor, e compare com a temperatura na entrada do difusor do ejetor (Fig.
27.1).
Cheque a temperatura da linha de fornecimento de vapor para uma
turbina à vapor, e compare com a temperatura no corpo da turbina.”
“Nos dois casos, a redução observada da temperatura é causada pela conversão
de energia térmica em velocidade. Um livro famoso, “Calor: Um modo de
movimento”, foi escrito sobre esse assunto a 150 anos atrás. É o meu livro
favorito.”
“Visitante de Og, se quiser quantificar as relações entre energia térmica, energia
cinética e trabalho, é melhor estudar o “Diagrama de Mollier” e rever o significado
de expansão isentrópica que aprendi em Termodinâmica.”
“Ah sim, terráqueo! Você devia ter dito que você estava descrevendo um
processo que ocorre à entropia constante. No nosso planeta natal, Og, eu te
levarei para visitar nosso “Templo de Entropia”. Totalmente construído de
pelotas de brometo de lítio.”
Turbinas À Vapor
“Eu consigo relacionar a uma história sobre como turbinas à vapor operar de
forma mais eficiente ao explorar os conceitos de entropia e entalpia.”
“Eu decidi que eu poderia corrigir um balanço de vapor de uma planta ao
melhorar a eficiência de uma turbina à vapor. A planta tinha um grande número
de turbinas à vapor que usavam vapor de trabalho a 400 psig e o vapor de
exaustão era de 100 psig. O vapor excedente de 100 psig era purgado para
atmosfera. Para parar com essa purga sem sentido, eu precisava extrair 30%
mais trabalho para lb de vapor de trabalho 400 psig explorando a diferença entre
expansão isentrópica e expansão isentálpica. Eu tinha sido treinado nessa
técnica na minha juventude, 57 anos atrás, quando estudei Termodinâmica na
Universidade.”
“Fig. 27.4 mostra um sistema de turbina à vapor. Note que eu mostrei a válvula
governadora e dois bocais de vapor nesta figura.”
“Sim, terráqueo. Eu entendi claramente.”
“Há dois modos de controlar a velocidade de uma turbina à vapor:
O jeito ruim: Que mantém a energia térmica ou entalpia do vapor
constante.
O jeito bom: Que mantém a entalpia, ou potencial do vapor em realizar
trabalho, constante, mas reduz sua energia térmica.”
“O jeito ruim é baseado na restrição da vazão de vapor usando uma válvula
governadora e o jeito bom usa bocais de vapor. (Eu anexei o Diagrama de Mollier
para referência – Fig. 27.5).”
“Sim, terráqueo! O jeito bom usa bocais de vapor no bocal de bloqueio da turbina
para controlar a vazão de vapor de uma maneira isentrópica, e evita a expansão
isentálpica do vapor de trabalho. Nós sabemos disso tudo em Og. Mas nós
usamos amônia ou metano como fluido de trabalho, pois temos pouquíssima
quantidade de água em Og.”
“Por acaso, terráqueo, o seu corpo consegue extrair energia diretamente da luz
de uma estrela? Nós não temos oxigênio livre em Og. Talvez você poderia usar
íons metálicos ou vapores de sulfeto de hidrogênio para sustentar seu
metabolismo?”
28– Como Vapor trabalha em Máquinas, Turbinas e
Ejetores em Vácuo
Creole Queen
Ano passado, eu fui passear no Creole Queen, uma excursão em um barco à
vapor no Rio Mississipi em Nova Orleans. Meu amigo Bob e eu visitamos a sala
de máquinas, que estava aberta para visitantes. Durante a visita, Bob me
perguntou: “Norm, o vapor certamente está realizando trabalho no pistão.
Trabalho é uma forma de energia. Como as pressões e temperaturas do vapor
de trabalho e do vapor de exaustão são as mesmas (400 psig e 450 °F), de onde
essa energia vem?”
“Bob, vem da diferença de pressão entre os dois lados do cilindro. Entre o “head
end” e o “crack end”. Eu expliquei. Eu tinha aprendido isso no ensino médio.
“Mas Norm, a diferença de pressão, por si só, não é uma fonte de energia. Acho
que você pode dizer que o vapor 400 psig está empurrando o lado de alta
pressão do pistão, e levando o pistão a se mover. Mas de onde o vapor está
tirando energia para empurrar o pistão?”
“Eu posso ver”, Bob continuou, “que a haste do pistão está movendo a
engrenagem da hélice, que está empurrando o Creole Queen contra a corrente
do Rio Mississipi. Isso demanda energia que deve estar vindo do vapor de
trabalho.”
‘Você está certo, Bob.”
“Sim. Mas com certeza não está vindo da pressão e temperatura do vapor.”
Termodinâmica
A energia do vapor pode ter várias formas diferentes:
Temperatura: calor sensível
Pressão: energia potencial
Velocidade: energia cinética
Calor latente: vaporização ou condensação
Eu notei com a idade que havia coisas que, embora achava que sabia, eu nunca
tinha entendido de verdade. Quanto mais velho fico, mais as coisas antes
misteriosas se tornam simples. Talvez seja uma consequência de examinar o
mundo físico mais de perto. E a pergunta do Bob abriu um novo mundo de
incertezas sobre o meu assunto favorito – termodinâmica.
Claramente, Bob estava certo. Nenhuma da energia produzida na máquina da
Creole Queen era extraída da temperatura ou pressão do vapor de trabalho.
“Bob,” Eu observei. “Em uma turbina à vapor, é a velocidade ou energia cinética
do vapor que faz a roda da turbina girar.”
“Norm, nós não estamos falando sobre turbinas à vapor. Nós estamos discutindo
uma máquina à vapor alternativa em um barco de rio e a origem da energia que
o faz operar.”
“Bem, Bob, essa energia é o último item da minha lista. Item n°4 – calor latente.”
Diagrama De Mollier
Quando nós retornamos para casa em Nova Orleans, eu extraí dos meus
arquivos um antiga Diagrama de Mollier (Fig. 28.2). “Bob, conforme o vapor
escoa para dentro do cilindro, entre o pistão e a cabeça do cilindro (Fig. 28.1),
ele exerce uma força de expansão contra a cabeça do pistão. O trabalho de
expansão do vapor empurra a haste do pistão, que faz a engrenagem da hélice
girar.”
“Ok. Mas de onde vem a energia para exercer essa força de expansão ou
trabalho?”
“Bob. Conforme o vapor expande à PRESSÃO CONSTANTE, este irá começar
a condensar parcialmente. O vapor continua a 450 °F, mas sua energia térmica,
ou entalpia, é reduzida porque este está realizando trabalho enquanto empurra
o pistão. Parte do vapor se condensou em água líquida.”
“Ou, se aplicando uma força sobre uma distância conforme o vapor expande e
empurra o pistão. E:”
Força . Distância = Trabalho
“Norm, quanto trabalho o vapor está realizando?”
“Bem, Bob. Vamos olhar o diagrama de Mollier. Você pode ver que 14% da
massa de vapor saturado 400 psig condensou. A energia térmica do vapor
reduziu de:
1205 BTU/lb
Para
1095 BUT/lb
“Cerca de 110 BTU/lb de vapor de trabalho se perdeu.”
“Entendi, Norm. O calor perdido foi convertido em TRABALHO. Mas quanto
trabalho?”
“Bem, Bob. Cada hp equivale a 2500 BTU. Então:
110 / 2500 = 0.044 hp / (lb STM)
“Eu perguntei ao engenheiro chefe no Creole Queen – você viu, aquele rapaz
com cara de bêbado – quanto vapor eles produziam na caldeira. Ele disse 12 mil
lb/h.”
“O que significa que eles estavam gerando:
0.044 . 12000 = 528 hp
“Somente 14% do vapor condensa, Norm?”
“Não, Bob. Provavelmente muito mais do que isso, devido a perdas para o
ambiente, atrito, perdas na válvula e outras ineficiências mecânicas.”
“Você sabe, Norm, acho que nunca tinha entendido antes como antigas
máquinas à vapor, inventadas no século XVI, realmente funcionavam.”
“Eu também. Achava que sabia, mas eu não entendia até o ano passado.”
‘Eu me pergunto... Por que eles não nos explicavam direito no ensino médio, em
Nova Iorque?”
“Provavelmente, Bob, porque o Sr. Steinback, o professor de ciências, também
não entendia.”
“Bem, Norm. Nunca se está velho demais para aprender.”
Turbinas À Vapor
Eu aprendi em 1980 como turbinas à vapor funcionavam durante uma greve de
5 meses na Cidade do Texas, enquanto furava a greve. Eu sabia que furava a
greve, pois quando os operadores voltaram a trabalhar, eles me deram uma
camisa que dizia “Fura Greve”.
Turbinas à vapor trabalham de forma diferente em relação à máquina à vapor
que descrevi anteriormente. Uma máquina à vapor alternativa converte energia
térmica do vapor diretamente em trabalho ao empurrar o pistão.
Em uma turbina à vapor, a energia térmica do vapor é convertida inicialmente
em energia cinética ou momento. É a energia cinética do vapor, derivado da sua
entalpia ou energia térmica, que faz a roda da turbina girar. Eu costumava pensar
que era pressão do vapor que roda a turbina. Vamos calcular quanto da potência
de saída da turbina é oriunda da pressão do vapor.
Momento Do Vapor
A pressão de água na minha casa em Nova Orleans é 40 psig. Depois que essa
escoa através do bocal de saída da mangueira do meu jardim, sua pressão é
convertida em velocidade por volta de 70 ft/s (esse é um valor calculado, não
incluindo perdas por atrito). Se eu direcionar a água contra uma roda na traseira
da minha bicicleta, eu irei converter o momento da água, derivado da pressão,
em energia rotativa.
Se eu realizasse o mesmo experimento com vapor 40 psig, a velocidade
atingindo minha roda da bicicleta seria cerca de 700 ft/s. Essa velocidade extra
é oriunda da entalpia do vapor.
Uma turbina à vapor trabalha do mesmo jeito. O vapor escoa para fora da caixa
da turbina e através dos bocais de vapor. Dependendo da pressão de exaustão
do vapor deixando a turbina, a velocidade do vapor escoando para fora dos
bocais pode atingir 1000 ou 10000 ft/s. Se o vapor da caixa da turbina escoar
para um sistema de vapor de baixa pressão (30 psig), este pode sair do bocal de
vapor a 1000 ft/s.
Se o vapor do corpo da turbina for direcionado para um condensador de
superfície em vácuo, operando a 27 in Hg (75 mm Hg), ele pode atingir 10000
ft/s na saída do bocal.
De qualquer forma, 98+% da energia usada para acelerar o vapor de trabalho é
oriunda da energia térmica do vapor – não da pressão.
Válvulas De Mão
As válvulas de mão são usadas para economizar vapor:
Passo 01: Fechar uma válvula de mão irá reduzir a vazão de vapor de trabalho
impactando no rotor da turbina.
Passo 02: A turbina freia, o que faz a válvula governadora se abrir.
Passo 03: O efeito combinado dos Passos 01 e 02 é aumentar a pressão na
caixa da turbina.
Passo 04: A quantidade de vapor, e com isso a velocidade do vapor, escoando
através dos bocais abertos remanescentes aumenta. Isso restaura a velocidade
da turbina com menos vapor.
O operador deve continuar fechando as válvulas de mão até que a válvula
governadora fique totalmente aberta. Uma regra geral é que, para cada válvula
de mão fechada, 10% do uso de vapor na turbina é economizado.
Outro jeito de economizar vapor é reduzir a velocidade da turbina. Cada redução
de 10% na velocidade da turbina irá salvar cerca de 25% do fornecimento de
vapor de trabalho.
Na Cidade do Texas, enquanto trabalhava na Amoco, eu gastei 12 h em uma
noite em 1980 ajustando turbinas à vapor. Eu economizei 20 mil lb/h de vapor
400 psig. Eu pensei que Larry Durland, o gerente da unidade, iria me
recompensar com uma estrela dourada, ou certificado de mérito, ou algo...
Mas tudo que recebi foi uma carta de advertência para nunca alterar a operação
de uma turbina à vapor sem a permissão do gerente de manutenção.
Expansão Isentrópica
A alta velocidade do vapor que impacta o rotor faz a turbina girar. Essa
velocidade é oriunda da energia térmica ou entalpia do vapor de trabalho,
conforme mostrado na Fig. 28.2, o Diagrama de Mollier. Se você estiver usando
vapor de trabalho saturado a 400 psig com exaustão para atmosfera, nós iriamos
cair na vertical no Diagrama de Mollier (i.e. ao longo da linha de entropia
constante) e ler:
Vapor de trabalho: 1205 BTU/lb
Vapor de Exaustão: 965 BTU/lb
Calor convertido em energia cinética = 240 BTU/lb
Como cada hp é equivalente a 2500 BTU, isso significa que cada lb de vapor
produz:
240 / 2500 = 0.096 hp
Eficiência De Turbina
Na verdade, o cálculo acima não está totalmente correto. Ele assume 100% de
eficiência. Provavelmente, baseado em poucas medições que realizei na planta
de fertilizantes em Enid, Oklahoma ano passado, uma eficiência de 70-80% deve
ser assumida.
Por outro lado, a quantidade de trabalho extraída por lb de vapor pode ser
melhorada ao:
Efetuar a exaustão do vapor para um condensador sob vácuo.
Operar com a válvula governadora mais aberta.
Superaquecer o vapor de trabalho.
Aumentar a pressão do vapor de trabalho.
Eu sugiro ao leitor calcular usando o Diagrama de Mollier (Fig. 28.2), o trabalho
incremental que pode ser recuperado ao efetuar a exaustão do vapor para um
bom vácuo (26’’ Hg).
Ejetor Em Vácuo
A maior parte do meu trabalho com consultor de processo envolve projetar e
solucionar problemas relacionados à ejetores em vácuo. Um ejetor à vapor em
vácuo é parecido com um compressor de dois estágios, porém sem partes
móveis. O que então comprime o gás purgado da coluna à vácuo ou entrada de
ar do condensador de superfície de uma turbina?
É a velocidade do vapor de trabalho.
O valor escoa para o bocal de vapor a 100-200 ft/s. Ele sai do bocal de vapor a
10 mil – 12 mil ft/s. Dez vezes a velocidade do som. Um ou dois por cento da
energia para acelerar o vapor é oriundo da redução da pressão do vapor de 150
psig para 26 in Hg (vácuo). A maior parte da energia para acelerar o vapor é
oriundo da temperatura do vapor.
Em 1965, quando eu era o novo engenheiro de processos em uma unidade de
refino, trabalhando para American Oil, eu notei que a temperatura do suprimento
de vapor para os ejetores de uma coluna à vácuo era 380 °F. Ainda assim,
apenas poucas polegadas depois da entrada de vapor no ejetor, o vapor tinha
resfriado 100°F. O vapor perdeu subitamente:
(380 °F – 100 °F) . 0.55 = 154 BTU/lb
Onde 0.55 é a capacidade calorífica do vapor.
O vapor não perdeu nenhuma energia. Os 154 BTU/lb tinham sido convertidos
em velocidade de vapor.
Resumo
Independente de como o vapor realiza trabalho em uma variedade de máquinas,
não é a pressão do vapor que supre a maior parte da energia. É a entalpia ou
energia térmica do vapor que irá rodar a turbina, ou comprimir gás em um ejetor
em vácuo, ou empurrar um pistão em uma máquina à vapor. O texto original,
publicado por Dr. Tyndall na década de 1830, que descrevia como uma máquina
a vapor funciona, era chamado “Calor: Um Modo de Movimento”. No século XX,
o assunto foi renomeado “Termodinâmica”. Este livro maravilhoso ainda é
impresso – em papel ainda mais! Eu tenho uma cópia da terceira edição
guardada na minha mesa enquanto escreve essas palavras.
29– Bombas Centrífugas
“Eu já te falei para não usar 100 psi na linha de selagem. 20 psi é suficiente.”
“Mas isso é muito baixo. A pressão de descarga é 80 psi. A pressão de selagem
precisa estar acima da pressão de descarga em cerca de 20 psi.”
“Isso está completamente errado. A pressão de selagem da bomba precisa um
pouco maior que a pressão de sucção. Não a descarga. Especialmente se a
bomba está operando em carga reduzida e o fluido de selagem é diesel. Você
está perdendo muito produto diesel valioso neste serviço reduzido.”
“Sério, Lieberman? Quanto? Não pode ser muito!”
“Depende em grande parte do projeto do selo mecânico. Para bombas mais
antigas de selos com componentes antigos:
3-4 GPM por in de diâmetro do eixo, quando a bomba está operando.
Metade dessa quantidade se a bomba está ociosa.
Duas vezes esse valor se existir tanto um selo interno como externo.
Para bombas mais modernas com selos de cartucho, use um terço desse
valor.
Se a pressão de selagem exceder o valor de projeto por muito, porque
está operando acima da pressão de descarga, ao invés de somente acima
da pressão de sucção, a quantidade de fluido de selagem pode ficar muito
alta de acordo com:”
Vazão de Selagem = k . (Pselagem – Psucção) 0.5
Onde:
Pselagem = Pressão do óleo a jusante da válvula de ajuste de vazão
de selagem, psi.
Psucção = Pressão de sucção da bomba a jusante do filtro de sucção,
psi.
k = Constante de proporcionalidade
“Sr. Lieberman, o que você disse faz sentido para mim, se a pressão em todo o
compartimento da bomba é a pressão de sucção, ao invés da pressão de
descarga. Mas a pressão no interior da bomba certamente é igual a pressão de
descarga. Isso ocorre porque o líquido foi pressurizado pelo impelidor da bomba
(ver Fig. 29.1).”
“Isso não está correto para bombas centrífugas. O que você está pensando se
aplica para bombas de deslocamento positivo. No entanto, 95% das bombas em
nossa planta são bombas centrífugas simples, onde a função do impelidor não é
aumentar a pressão do líquido, mas acelerar o fluido.”
“Senhor! Poderia me explicar? Eu pensava que entendia como bombas
funcionavam. Mas agora, estou confuso.”
Velocidade, Head e Pressão
“Uma vez, eu realizei um experimento quando tinha 12 anos de idade. Tinham
me dito que a pressão da água no banheiro era 40 psig e eu queria medir isso.
Então, eu peguei a balança do banheiro e levei para o jardim. Então, conectei
uma mangueira na saída de água e ajustei o bocal de modo a conseguir a maior
pressão possível. Então, direcionei o jato de água direto na balança.
Para o meu desapontamento, a leitura da balança não indicava 40 lb, mas
somente 6 lb. Mas então notei que o jato de água estava concentrado em um
círculo de somente 0.5’’ de diâmetro.
0.5 in equivale a uma área de:
(0.5) ² . pi/4 = 0.2 in²
Então, dividi a leitura de 6 lb da balança por 0.2 in²:
6 lb / 0.2 in² = 30 psi
Eu descobri que os 10 psi que estavam faltando (40 – 30 = 10) devia ser devido
a perdas, já que a água tinha que escoar uma milha da torre de água, na
Veteran’s Blvd. até a minha casa.
Eu podia entender uma perda de 10 psi. Mas, o que achei confuso foi que a água
escoando pelo bocal de saída da mangueira não estava pressurizada a 30 ou
40, mas a 0 psig, ou pressão atmosférica. Então, de onde a pressão de 30 psi
que medi na balança do banheiro estava vindo?
Curva Da Bomba
“Vamos observar a Fig. 29.2. O eixo horizontal do gráfico é vazão em GPM. O
eixo vertical do lado esquerdo do gráfico é Head, em ft de líquido. O eixo vertical
do lado direito é potência requerida. Não importa se a bomba está bombeando
água com SG de 1.00 ou gasolina com SG de 0.75. A bomba irá sempre produzir
o mesmo Head, em ft de líquido, enquanto a vazão (em GPM) for constante.”
“Okay. Mas, e com relação a curva de potência? Também será a mesma para a
água e gasolina?”
“Não.” Eu respondi. “A potência do motor, ou a quantidade de amperagem que
o motor irá demandar, é uma função linear da densidade relativa (SG). Se a SG
aumentar em 20%, também irá a amperagem do motor. As curvas das bombas
são desenvolvidas utilizando água. Mesmo se a bomba foi projetada para diesel
com SG de 0.85, a potência mostrada eixo vertical do lado direito do gráfico da
curva da bomba provavelmente se refere a água.”
“Cara, isso é realmente bem confuso.”
“Sim, é sim.”
“Mas mesmo assim, Sr. Lieberman. Estou agradecido por ter me explicado. Isso
explica porque minha bomba P-403 sai de operação por corrente alta quando eu
mudo de água para soda cáustica, a menos que eu primeiro restrinja um pouco
a válvula de descarga da bomba.”
“Certo, Donald. A SG da água é 1.00. A SG da soda cáustica é 1.20. Quanto
maior for a SG, mais você será limitado por potência do motor. Não pela
capacidade da bomba.”
Bombas De Deslocamento Positivo
“Sr. Norm, está perto do fim do meu turno e irei para o portão em breve. Mas
tenho somente mais uma pergunta. Na área de armazenamento, nós temos uma
bomba que me disseram que é diferente de todas as nossas bombas centrífugas
que temos na nossa unidade. Eu a observei um tempo atrás. Parece a mesma
coisa que uma bomba centrífuga. Qual é a diferença?”
“Eu também fico confuso com isso, Donald. Ambos os tipos de bombas parecem
o mesmo. Mas essa bomba na área de armazenamento aparenta ser uma
bomba de deslocamento positivo. A diferença fundamental é:
Bombas centrífugas desenvolvem o mesmo Head para uma vazão em
particular.
Bombas de deslocamento positivo não operam na curva. Elas dão o Head
ou pressão de descarga que precisarem para superar a pressão do
sistema para onde estão bombeando. Se a bomba precisar bombear 100
mil barris de óleo por dia para um tanque, a pressão de descarga pode
ser somente 25 psig. Se a bomba precisar bombear 100 mil barris de óleo
por dia para a unidade de refino, a pressão de descarga poderia ser 150
psig.”
Nota De Segurança
Quanto mais pesado for o material menor será a temperatura de autoignição.
Gasolina tem uma temperatura de autoignição de 480 °F. Asfalto, quando
espalhado em uma superfície porosa, como suas roupas, entra em autoignição
a 300 °F.
É por isso que um vazamento no selo de bombas de gasóleo de vácuo pesado
é tão perigoso. É muito mais seguro coletar uma amostra de nafta a 350 °F do
que resíduo de vácuo na mesma temperatura.
Problemas De Partida
Eu estava discutindo o problema com um amigo jovem, Howard.
“Sr. Norm, nós aprendemos sobre NPSH (Head positivo líquido de sucção) hoje
na universidade. Primeiro, você tem seu NPSH requerido. Você lê a curva da
bomba (Fig. 30.2). Conforme a vazão aumenta, o valor de NPSH requerido
aumenta.”
“Para o NPSH disponível:
NPSH disponível = (P1 + PA) – VP . 2.31 / SG
Onde:
NPSH em ft.
P1 = Pressão de sucção da bomba em psig.
PA = Pressão atmosférica.
VP = Pressão de vapor do líquido na sucção da bomba em psi.
SG = Densidade relativa do fluido.”
“Tudo que você faz é disponibilizar NPSH suficiente para igualar o NPSH
requerido para a máxima vazão de projeto da bomba”. Howard disse. “Você pode
disponibilizar NPSH adicional ao elevar um vaso acima da bomba a jusante ou
resfriando o líquido que está sendo bombeado. Talvez pulverizando água gelada
na linha de sucção da bomba. Isso irá reduzir a temperatura do líquido abaixo da
sua temperatura de saturação.”
Perdas Em Bocais E Tubulações
“Existem três fatores que aumentam o valor de NPSH requerido além do
especificado pela curva do fabricante.” Howard disse.
“Um desses fatores é perda em bocais, e outro é perda por atrito em tubulações.
Para viscosidades baixas, menores que 20-30 cSt, a perda na saída do bocal é:
DH = 0.3 V 2 / 12
Onde:
DH = Perda de NPSH devido à aceleração através do bocal, em ft.
V = Velocidade de saída do bocal, em ft/s.
“O coeficiente com valor 0.3 assume sem quebra de vortex no topo dos bocais.”
(ver Fig. 30.1)
“Se houver quebra de vortex, você pode aumentar o valor do coeficiente de 0.3
para 0.5 na equação acima.”
“Também há perdas na tubulação de sucção devido ao atrito. Você pode calcular
as perdas na tubulação usando a equação:’
DH = 4 . DL . V 2 / (ID . 62.3 . 27.7)
Onde:
DH = Perda na tubulação para cada 100 ft equivalentes, psi.
DL = Densidade do fluido, em lb/ft³
V = Velocidade da linha, em ft/s
ID = Diâmetro interno, in.
Você pode converter perda de pressão de psi para ft usando:
DH . 2.31 / Densidade Relativa
“Eu assumi um fator de rugosidade comum dentro do tubo neste cálculo;”
“Mas, como eu descubro qual é o comprimento equivalente de tubulação antes
da planta ser projetada?” Howard perguntou.
“Não sabemos como. Como um chute, eu uso as distâncias reais entre a bomba
e o vaso, e dobro.” Eu respondi.
“Mas você também assumiu o fator de rugosidade dentro da tubulação. Eu acho
que esse fator de rugosidade é utilizado no cálculo de fator de atrito. Mas se você
chutou o fator de atrito, você acabou chutando a perda de carga na tubulação de
sucção. Não me parece profissional. Engenheiros não deveriam chutar.” Howard
disse.
O Fator Bhopal
“Você está certo, Howard. Pessoas morrem quando não somos cuidadosos.
Você já ouviu falar do desastre em Bhopal, Índia, em 1984?” Eu perguntei.
“Cerca de 10 mil pessoas morreram.”
“A causa das pessoas terem morrido... foi por causa da bomba não ter
funcionado... cavitado? Como se não tivesse NPSH disponível suficiente?”
Howard perguntou.
“Bem, sim, mas somente indiretamente. Primeiro, eu terei que te contar um
pouco mais sobre cavitação. Não é de todo simples.”
Sintomas De Cavitação
“Howard, o que você tem aprendido sobre sinais de cavitação em bombas
centrífugas?”
“A pressão de descarga da bomba fica errática e baixa. A vazão da bomba
também fica erraticamente baixa. Principalmente, a bomba fará um som
barulhento, como se tivesse sacudindo um monte de parafusos em um pote.
Além disso, operar a bomba em modo de cavitação irá danificá-la. O impelidor
ou compartimento serão danificados? Mas, desde que o NPSH requerido seja
um pouco menor que o NPSH disponível, cavitação será totalmente evitada.”
“Howard, a maioria das bombas que encontro cavitando não possuem pressão
de descarga errática, a menos que a linha de sucção ou o bocal de retirada
estejam parcialmente restringidos. Certamente, a pressão de descarga pode ser
somente 50-70% do Head na curva de performance. Mas a pressão de descarga
é estável, e a bomba opera silenciosa.”
“Eu chamo isso de “cavitação marginal” no sentido que, se eu aumentar o Head
de sucção da bomba em somente alguns ft (i.e em um ou dois psi), a pressão de
descarga pode aumentar de 120 para 180 psig. Na cavitação marginal, a bomba
parece estar operando em uma curva de performance inferior. Um pouco mais
de NPSH disponível restaura a curva de performance adequada.”
“O problema é que mesmo quando o NPSH disponível calculado para a bomba
supera a curva de NPSH requerido em poucos ft, o fluido conforme escoa através
do impelidor da bomba pode ainda assim vaporizar parcialmente. As bolhas do
vapor formado podem danificar o selo mecânico da bomba. Isso, com tempo, irá
ocasionar vazamento no selo.” Eu adicionei.
“Entendo. Mas como isso pode ser prevenido?” Howard perguntou.
“Bem, Howard, você precisa projetar a sucção da bomba para NPSH adicional,
além do mínimo especificado pela curva de operação da bomba.”
“Mas, Norm, quanto NPSH adicional é necessário para garantir que o selo não
seja danificado por cavitação?”
“O selo da bomba na planta de pesticida de Bhopal vazava repetidamente.
Então, a bomba foi by-passada, e eles usaram nitrogênio pressurizado para
empurrar o reagente tóxico para o reator de pesticida. Mas, ao bypassar a
bomba, eles também bypassaram o alarme de alta temperatura do tanque de
alimentação. Então, quando acidentalmente adicionaram água no tanque de
alimentação, esta reagiu com um dos químicos pesticidas e formou um gás
mortal. Mas, sem o alarme de alta temperatura, os operadores não perceberam
que havia um problema. Se a bomba tivesse sido projetada com NPSH
disponível adicional, isso não teria acontecido.”
“Mas essa é a única razão para NPSH disponível adicional ao projetar uma nova
bomba centrífuga?” Howard perguntou.
Requerimentos De NPSH De Partida
“Existe mais uma razão fundamental para suprir NPSH disponível em excesso
com relação ao NPSH tabulado pelo fabricante na curva de operação da bomba.
Vamos observar a Fig. 30.3. Inicialmente, quando o operador parte uma bomba
centrífuga, dotada de motor elétrico, ele:
Abre totalmente a válvula de sucção.
Abre parcialmente a purga no topo do compartimento da bomba.
Abre a válvula de descarga somente um pouco. Ou seja, abrir a válvula
(sentido anti-horário) de descarga cerca de 1/6 de volta.
Apertar o botão de partida da bomba.
Então, abre o restante da válvula de descarga o mais rápido possível, mas
limitado de forma a não perder pressão de sucção da bomba (P 2 – Fig.
30.3).”
Resumo
Práticas comuns de projetos de engenharia de processos geralmente não levam
em conta a necessidade de acelerar o líquido na linha de sucção. Para
tubulações de sucção curtas, isto não traz grandes consequências. Além disso,
o problema de cavitação da bomba pode ser significativamente minimizado ao
abrir devagar a válvula de descarga. No entanto, para a maioria das aplicações,
suprir NPSH disponível adicional facilita a partida de bombas centrífugas. E, de
qual importância, o NPSH disponível adicional irá aumentar a confiabilidade do
selo mecânico da bomba e reduzir os custos de manutenção de bombas
centrífugas da planta. Provavelmente, o custo de investimento adicional por
elevar o vaso de suprimento de forma a fornecer o NPSH requerido na partida
irá contrabalancear as economias de manutenção no selo mecânico.
Exemplos De Cálculos De NPSH
Os cálculos a seguir foram originalmente apresentados como um seminário na
refinaria Monroe, na Pensilvânia, por Elizabeth Lieberman.
Resposta
Massa na linha é 2170 lb (ver Fig. 30.5)
Variação do momento na linha = 2170 lb . (10 – 0) ft/s = 22170 ft.lb/s
Se o operador aumentar a vazão uniformemente em 100 s, a mudança no
momento será:
22170 ft.lb/s / 100 s = 222 ft.lb/s²
Uma lb equivale a 1 lbf vezes s²/ft. Portanto, a força necessária para acelerar a
água na sucção da bomba será:
222 lbf
A área transversal da linha de sucção (8’’) é igual a 50 in². Portanto, a pressão
de partida será:
222 lbf / 50 in² = 4.4 psi
ou
4.4 psi . 2.31 = 10.1 ft de água
Fluido a ser bombeado é água com densidade igual a 62 lb/ft³.
Velocidade inicial é zero.
A linha de sucção da bomba possui 100 ft de comprimento e 8 in de diâmetro.
Velocidade final é 10 ft/s.
Assuma que a linha está cheia de água quando não há vazão.
O primeiro passo é calcular a massa de água na linha.
Como o NPSH requerido da bomba era 12 ft, eu decidi fixar a pressão de sucção
para prover 6 ft adicionais de Head adicional. Isso é, Head de 18 ft. 1 in Hg
equivale a cerca de 1.2 ft de água quente. Logo:
18’ / 1.2 = 15’’ Hg
O vácuo da coluna de degasagem era 25’’ Hg, então meu valor fixado para
pressão seria:
25’’ Hg – 15’’ Hg = 10’’ Hg
Na verdade, eu menti sobre o cálculo acima. O que eu realmente fiz foi
manualmente reduzir a pressão de sucção até que a bomba cavitasse um pouco.
Então, fixei a pressão de sucção cerca de 5’’ Hg acima. Tudo isso foi feito sem
nenhum conhecimento do nível de líquido na coluna, que estava abaixo da
tomada inferior de nível e, portanto, não estava visível.
Eu chequei a temperatura ambiente – 102 °F. Nenhuma nuvem no céu. Eu
lembro de ter pensado: “Estou ficando muito velho para essas coisas. Mas, eu
amo isso.”
Isso significa que controle de nível para sucção de bombas é um erro de
engenharia? Sim! Use controle da pressão de sucção – pelo menos para
serviços em colunas à vácuo (ver Fig. 30.6).
Em adição ao calor opressivo, eu me deparei com outro problema neste trabalho.
A tela de sucção da bomba estava localizada a jusante do transmissor de
pressão. Então, quando a tela de sucção obstruiu durante a noite, a bomba
começou a cavitar devido à perda de pressão de sucção.
Na manhã seguinte, eu modifiquei a tela de sucção com aberturas maiores. A
lição é, quando modificar o sistema de controle para pressão de sucção de uma
bomba, o transmissor de pressão deve ficar localizado a jusante na tela de
sucção, e nunca a montante.
Mesma coisa com surge. Você precisa fazer algo bem rápido, antes que os
rotores do compressor toquem os elementos estacionários e destruam a
máquina. Você também pode ter somente 8 minutos.
Parando Surge
Eu me tornei um especialista neste assunto ao lidar com meu compressor de
refrigerante na minha unidade de alquilação na Cidade do Texas em agosto de
1975. Minhas opções eram:
Reduzir a pressão de descarga.
Aumentar a pressão de sucção.
Reduzir a temperatura de sucção.
Aumentar a massa molecular do gás.
Aumentar vazão.
O que puder ser feito para aumentar a densidade do vapor na sucção da
máquina deve ser feito. O que puder ser feito para reduzir a pressão de descarga
deve ser feito. Na Cidade do Texas, eu imediatamente abri a válvula de retorno
da descarga para sucção (ver Fig. 31.3) para aumentar a vazão.
Mas, como não havia trocador na linha de retorno para resfriar o fluido, a
temperatura de sucção foi ficando cada vez mais quente, fazendo o surge ficar
cada vez pior conforme a densidade do vapor caia.
Frank Citek, meu gerente da planta, deu a seguinte orientação: “Lieberman! Pare
esse maldito surge! Se você quebrar essa máquina, você está despedido!”
Então, eu desliguei o compressor e também a maior unidade de alquilação (26
mil barris ao dia) do mundo (metade da gasolina produzida nos Estados Unidos).
No Capítulo 32, eu discutirei esse incidente de surge na minha unidade de
alquilação na Cidade do Texas com maiores detalhes.
A Válvula Anti-Surge
Se você olhar a forma da curva do compressor, você irá ver que restringir a
sucção para reduzir amperagem do motor leva o compressor cada vez mais
perto do surge. O que não é nada demais, desde que o compressor não entre
em surge e se autodestrua.
Para proteger contra o surge destrutivo, nós programamos a válvula de retorno
da descarga para sucção, mostrada na Fig. 31.4, para não fechar demais, para
manter uma vazão mínima para o compressor.
É por isso que a válvula de retorno da descarga para sucção é referida
normalmente como válvula anti-surge.
Não seria mais simples evitar toda essa complexidade? Não seria melhor não
ter essas válvulas de restrição da sucção e de retorno da descarga para sucção?
Não seria melhor variar a velocidade do compressor para manter a pressão de
sucção P1? Certamente, sim!
É por isso que temos inversores de frequência e turbinas à vapor. Eu imagino
que, em 2059, alguns engenheiros que estiverem lendo meu livro irão rir de nós.
Rir da válvula de sucção e da válvula de retorno de descarga para sucção. Mas,
por agora, eu te deixarei com seguinte pensamento de partida.
Fechar a válvula de sucção economiza energia, mas leva o compressor cada vez
mais perto do surge. É parecido com se casar. Você desiste de parte da
liberdade para evitar se sentir sozinho ao chegar em casa em um apartamento
vazio.
Compressores Alternativos
Compressores alternativos são bem fáceis de entender. Eu mostrei um esquema
na Fig. 31.5, junto com sua curva de operação. A curva é um gráfico pressão vs.
volume. O volume não é vazão através do compressor. É o volume de gás dentro
do cilindro do compressor, entre o pistão e a cabeça do cilindro. O que me
confundiu quando estudei Ciclo de Carnot na escola foi que eu pensava que o
eixo horizontal da curva era vazão volumétrica através do compressor. Não é
verdade! É o volume de gás dentro do pistão que muda conforme o pistão se
move.
Ciclo De Carnot
A imagem representada na Fig. 31.5 é um ciclo de Carnot. A área dentro da
curva Pressão x Volume que mostrei é variavelmente chamado de:
Trabalho de Compressão PV
Trabalho de Compressão Ideal
Trabalho de Ciclo de Carnot
Ao medir continuamente a pressão no cilindro e o volume de gás dentro do
cilindro, baseado na posição do eixo da engrenagem, é possível desenhar a
curva mostrada na Fig. 31.5. Este gráfico é chamado de:
Carta Indicadora
Beta Scan
Perfil De Temperatura
Independente de como o gás é comprimido, ele aquece. Quanto maior for a
razão de compressão (i.e. pressão de descarga dividida pela pressão de sucção)
e maior for a ineficiência do compressor, maior será o aquecimento do gás.
Comprimir gás de 30 para 150 psig pode aquecer o ar de 60 para 120 °F. Isso
seria típico. Uma razão de compressão normal para um único pistão seria 3 ou
4:1.
Carga Da Haste
Hastes do pistão empurram e puxam o pistão. A carga da haste é:
Área do Pistão . (Pressão de Descarga – Pressão de Sucção)
Onde:
Carga da Haste = lb
Área do Pistão = in²
Pressões = psi
O aumento de temperatura ao longo da máquina é uma medição direta da carga
da haste. Conforme o aumento de temperatura se eleva, a carga da haste pode
exceder a força dessa haste e causar sua quebra.
É claro que um aumento da temperatura na descarga do compressor alternativo,
devido ao aumento de temperatura de alimentação por causa de maior
temperatura ambiente ou maior temperatura da água de resfriamento no
condensador a montante, não é uma medição do aumento de carga da haste.
Falta de entendimento deste princípio custou 1,2 milhões de dólares americanos
por ano a um dos meus clientes entre 1930 e 2017.
Nota De Segurança
Um compressor centrífugo em surge pode se tornar um perigo à segurança em
questão de minutos ou horas, dependendo de:
Máquinas antigas construídas na década de 50 são mais tolerantes ao
surge.
Máquinas com velocidades mais lentas (4 mil – 5 mil rpm) são mais
tolerantes ao surge.
Máquinas com menor quantidade de rotores (3 ou 4) são mais tolerantes
ao surge.
Uma válvula de retenção na descarga do compressor reduz a força do
surge.
Uma máquina de velocidade variável pode ocasionalmente levar ao surge ao
aumentar a velocidade. Isto é, ao desenvolver maior Head.
32– Por que Compressores Centrífugos entram em
Surge?
Vincent Cappidono emigrou da Sicília quando era apenas uma pequena criança,
como parte do plano do Criador para deixar meu caminho na vida difícil. Cappy
era o supervisor de operação na segunda unidade de alquilação na gigante
refinaria American Oil na Cidade do Texas. Em 1974, quando tinha 32 anos de
idade, eu fui colocado no comando dessa segunda unidade que, com taxa de
produção de 24 mil barris ao dia, era a maior unidade de alquilação com ácido
sulfúrico do mundo.
“Cappy,” Eu instruí um dia, 4 meses após ter se tornado superintendente da
unidade, “nosso nível do tanque de alimentação está muito baixo. Nós teremos
que reduzir a alimentação de olefinas C4 de volta para o mínimo.”
Nenhuma resposta e nenhuma ação se seguiu.
“Desculpa, Cappy. Você ouviu o que eu acabei de dizer?”
“Sim! Eu ouvi você bem, Lieberman.”
Vinte minutos se passaram sem que Vincent Cappidono se mexesse atrás da
mesa de cozinha da sala de controle.
“Olhe, Cappy. Nós precisamos...!”
“Okay, okay, Lieberman. Bobby,” Cappy chamou nosso jovem operador
consultor, “corte a vazão de C4 de volta para 9 mil, e também reduza a vazão de
isobutano para duas centenas de barris.” E então, Cappy complementou com um
traço de tensão na voz, “Bobby, você precisa ficar de olho na válvula de reciclo
da descarga para sucção do compressor de refrigeração. Não a deixe abrir
demais.”
Cappy apontou nervosamente para o relógio da parede. “Ainda faltam 2 horas
para mudança de turno, Bobby.”
“Sim, Sr. Cappidono, mas a válvula de retorno do compressor já está começando
a se abrir. E a pressão de sucção do compressor já caiu 0.5 psi. Talvez eu
pudesse deixar como está por um tempo? Deixar que o turno “B” lide com isso?”
“Não, Bobby. Você ouviu o que o Sr. Lieberman acabou de dizer? Tem que fazer
o que o chefe manda! Entendeu?”
O que ocasionou toda essa hostilidade e resistência? Não era como se Bobby e
Cappy fossem pegar uma porção da receita de vendas do produto alquilado.
Mas, eu estava prestes a descobrir!
“Lá se vai. Você está ouvindo isso?” Cappy disse com entusiasmo. “Agora vamos
ver.” Eu podia ver a tensão na cara dele.
Um som profundo e alto, durando vários segundos, seguido por um barulho
poderoso, vindo da direção do nosso compressor de refrigeração gigante de
reciclo de isobutano (ver Fig. 32.1) ressonou pela porta da sala de controle.
“O que é esse som?” Eu perguntei. “O que está errado? O que está
acontecendo?”
O Head é proporcional:
À velocidade da máquina.
Ao número de rotores.
Ao diâmetro dos rotores.
A densidade do gás é proporcional:
À massa molecular do gás.
Ao fator de compressibilidade.
À pressão.
Á temperatura absoluta (°R ou °K)
Fatores que promovem surge são:
Alta pressão de descarga.
Baixa pressão de sucção.
Baixa massa molecular.
Alta temperatura de sucção.
Baixa vazão.
Se a vazão de vapor for reduzida, uma válvula de reciclo anti-surge para manter
vazão mínima (ver Fig. 32.1) irá abrir para manter a vazão de sucção acima do
ponto de surge. Mas a vazão de reciclo irá aumentar a temperatura de sucção
(T1) se não for previamente resfriada. Isso irá piorar a situação ao reduzir a
densidade do gás. Similar ao Donald forçando a atenção de Linda, quando ela
estava fingindo dormir.
Head Politrópico
Hp denota Head politrópico, que é função dos estágios e rotores do compressor.
Como não estamos determinando a atual razão de compressão, mas somente
considerando efeitos direcionais, eu não diferenciei Head de Head politrópico. O
Head desenvolvido em um compressor centrífugo a velocidade e vazão
volumétrica constantes é constante independente de mudanças na massa
molecular ou temperatura do gás.
Efeito De Surge
Se a pressão diferencial desenvolvida pelo compressor (DP) for menor que a
pressão entre a descarga e a sucção (Fig. 32.1), então a vazão de gás irá parar
e começar a reverter seu sentido através dos rotores. É isso que faz o som
profundo.
A direção revertida da vazão de gás irá forçar o rotor para trás. O eixo irá
impactar a haste de suporte (que restringe o movimento axial do eixo). Portanto,
cada surge deforma levemente a haste de suporte. Isso faz com que os rotores
cheguem cada vez mais perto das partes estacionárias da caixa de compressão
(Fig. 32.3). Quando os rotores girantes tocam a parte estacionária, uma parte do
rotor quebra e se solta, sai da caixa de compressão e possivelmente me acerta
na cabeça.
Limite De Refrigeração
Jack Horner, vice-presidente das 12 refinarias da American Oil, decidiu
abandonar a planta El Dorado e construir uma nova unidade de polipropileno
viscoso na refinaria Sugar Creek Missouri, a menos que a capacidade de
produção em El Dorado aumentasse em 50%. Sr. Durland pediu ajuda ao grupo
de engenharia da American Oil em Chicago. Essa tarefa caiu sobre mim, um
engenheiro de processos júnior.
“Lieberman,” meu supervisor, Bill Duvall, instruiu, “vá para El Dorado. Faça uma
revisão rápida. Volte prontamente. É uma perda de tempo. Dr. Horner nos disse
que não podemos gastar mais do que 40 mil dólares na expansão. A última vez
que estimamos uma expansão para a planta, saiu em torno de 6 milhões de
dólares. Com toda certeza, não conseguiremos uma expansão de 50% com
somente 40 mil dólares. Voe na classe econômica e pegue o ônibus para O’hare.
Taxis são caros. Lembre-se de que o vale-alimentação é de 20 dólares por dia.”
A Refinaria El Dorado
Eu cheguei na planta, e encontrei o portão vazio. O portão, que estava caindo
aos pedaços, estava fechado com um pedaço de corda. Eu abri o portão e segui
o caminho de cascalho através da unidade de óleo cru, FCC, a rústica unidade
de alquilação e, finalmente, para uma construção de concreto chamada “Sala de
Controle de Polipropileno”. Eu me apresentei a Les Raiford, o único operador.
“Sr. Norm, estamos limitados pela capacidade de refrigeração. Nós mantemos
nosso reator a 40 °F. Se ficar mais quente, a viscosidade do propileno fica muito
baixa e fora da especificação da Texaco. “
“Les, você não consegue rodar o compressor mais rápido e circular mais
refrigerante?”
“Não. O compressor é soft-start. Roda a 3600 rpm. Está com carga máxima. A
válvula de retorno da descarga para sucção está bloqueada. Eu desenharei um
esquemático do circuito de refrigerante (ver Fig. 33.1). Não há mais nada a ser
feito.”
Nós andamos pela unidade. Les mostrou o reator refrigerado, o vaso de sucção
do compressor, o compressor centrífugo, o condensador resfriado à ar e o vaso
de refrigerante. “Sr. Norm, esse vaso de refrigerante veio de Krupp. Dos alemães
após a Primeira Guerra Mundial. Parte dos pagamentos de reparação em 1919.
Meu pai me contou sobre isso.”
“Les, o que você usa como refrigerante?”
“Propano. Nós o coletamos da saída do efluente do reator da despropanizadora.
Apenas GLP comum como esses que vem em containers de 5 galões que você
compra para acampar.”
“Já pensou alguma vez em usar outra coisa?”
“Não! O compressor de refrigeração foi projetado para propano, com pequena
quantidade de butano e etano.”
A Cidade De El Dorado
O letreiro acima da mesa de check-in era definitivo:
Sem check-in à distância.
Sem cartões de crédito.
O restaurante ao lado tinha um letreiro pintado à mão: “Jantar do Carl – Onde
gente de cor se encontram para comer.” Na própria refinaria, a divisão de
manutenção da planta era divida em:
Caldeireiros.
Mecânicos.
Eletricistas.
Trabalhadores de cor.
American Oil, em 1968, de fato designou um grupo distinto de trabalhadores
nomeado “trabalhadores de cor”. Havia dois tipos de escola fundamental – uma
para negros e outra para brancos. Ambas existiam próximas umas das outras,
mas isoladas em seus próprios ambientes. O restaurante chinês local servia
brancos, negros e eu. Mas, não aceitavam pagamentos com cartão de crédito.
Composição Do Refrigerante
Durante minha inspeção inicial com Les Raiford, eu notei que o motor do
compressor estava operando bem abaixo do “limite máximo de amperagem”. Em
casa, os motores desligam porque eles aquecem devido á carga excessiva. Na
planta, motores desligam quando eles atingem o “limite máximo de amperagem”.
O motor do compressor era superdimensionado. Isso não levava à perda de
energia. Dobrar o tamanho do motor de 100 para 200 CV aumenta a potência
em somente 3%, se a carga do equipamento não for alterada. Além disso, custos
adicionais dos motores são pequenos.
Eu aprendi quando era um jovem engenheiro (em 1968, eu tinha 25 anos de
idade) que compressores são limitados por:
Potência do motor.
Volume de sucção.
Pressão máxima de descarga.
A válvula de alívio do vaso de refrigerante (ver Fig. 33.1) estava ajustada para
260 psig ou 100 psi acima da pressão de descarga atual do compressor. E a
amperagem do motor estava bem abaixo do limite máximo. Eu tinha certeza que
eu estava somente limitado pelo volume de sucção.
A temperatura de sucção do compressor estava fixada em 20 °F, de forma a
conseguir manter o reator à 40 °F. Volume de vapor é proporcional a:
Número de mols.
Temperatura (°R ou °K).
Pressão (psia ou bara).
Como o número de mols precisava aumentar, e a temperatura de sucção estava
fixa em 20 °F, eu tinha que aumentar a pressão de sucção.
Eu finalizei minha porção gigante de arroz frito com porco, paguei minha conta
de 6 dólares, e andei pelas ruas quietas de volta para o meu hotel.
Limitações No Condensador
“Les. Você sabe o que é um resfriador com água pulverizada?”
“Claro. É quando você pulveriza água limpa no ar seco. A água evapora e resfria
o ar em cerca de 10 °F;
“Certo. Nós podemos comprar alguns pulverizadores no Walmart (ver Fig. 33.3)
e posicioná-los cerca de 3 ft atrás das hélices do condensador resfriado à ar.
Não para deixar as aletas dos tubos úmidas, mas para umedecer e resfriar o ar.”
“Eu não sei. Nós vamos precisar de duas dezenas desses pulverizadores. E,
com isso, todos aqueles tubos de PVC e válvulas, e contratar alguns caras para
instalar – deve sair fácil em torno de 500 dólares.”
“Ei. Não se preocupe. Eu tenho 40 mil dólares disponíveis para esse trabalho.
Dr. Horner, o vice-presidente, já aprovou esse orçamento.”
Arraste De Refrigerante
“Um dos nossos problemas, Norm, é arraste de refrigerante líquido do
evaporador. Líquido acaba sendo carreado para o vaso de sucção do
compressor, que acaba sendo drenado para a queima. Em altas vazões, que é
o que você está planejando, isso pode se tornar um problema.”
“Bem, como o vaso de sucção do compressor está levemente acima do reator,
será que poderíamos drenar de volta para o evaporador?”
“Não. Não é elevado o suficiente para realizar este trabalho.”
“Okay, então instalaremos uma pequena bomba. Não esqueça que eu tenho 40
mil dólares para trabalhar (Isso foi em 1968. O custo de bombas aumentou em
10x desde então)”.
Incrustação
“Outro problema que temos, Norm, é incrustação na parte externa dos tubos do
evaporador e na parte interna dos tubos do condensador. Eu aposto que isso é
ruim para a troca térmica nos dois trocadores.”
“Incrustação?” Eu perguntei. “Não pode ser. O refrigerante é completamente
limpo.”
“Bem, Sr. Norm, é o óleo lubrificante do compressor que vaza no GLP circulante
que causa a incrustação. Cobre a superfície dos tubos com óleo.”
“Eu já vi esse problema antes. Apenas instale uns dois pontos de dreno na parte
baixa do vaso de sucção do compressor e na parte baixa do vaso de refrigerante
na saída do condensador (Fig. 33.3). Apenas drene ambos os pontos uma vez
por semana, ou uma vez por dia, para manter o refrigerante isento de óleo
lubrificante. É isso que os filtros fazem na linha de saída do condensador de
circulação de freon no ar condicionado da sua casa.”
Refrigerante Forçado
Cerca de quatro meses após a implementação das mudanças mostradas na Fig.
33.3, o engenheiro da unidade FCC, Noel, sugeriu que a bomba instalada para
transferir refrigerante líquido para fora do vaso de sucção do compressor rodasse
continuamente para converter o resfriamento do reator de circulação natural para
circulação forçada.
Eu retornei a El Dorado para testar a ideia de Norm. Ao invés de vaporizar 99+%
do refrigerante, eu ajustei a taxa de circulação para que somente metade do
refrigerante fosse vaporizado.
Eu calculei que o coeficiente de troca térmica (i.e. “U”) do banco de resfriamento
do trocador tinha aumentado de 60 para 90 BTU/h/ft²/°F. Isso resultou em um
aumento adicional de 20% da produção de propileno viscoso.
Eu não dei crédito a Noel por esta ideia. Eu continuo fã de circulação forçada
para reduzir percentual vaporizado em evaporadores e reboilers. E ainda
continuo roubando crédito das ideias de outras pessoas desde que elas
funcionem.
Conclusão
Durante os 3 meses posteriores, as mudanças que descrevi foram feitas. A
produção de propileno viscoso aumentou em 40%. O filho de Les Raiford, que
estava estudando engenharia química na LSU, ligou para me parabenizar pelo
sucesso no projeto.
Um ano depois, Dr. Horner, vice-presidente da refinaria, decidiu fechar mesmo
assim a refinaria El Dorado. Todos os operadores foram demitidos – pretos e
brancos, sem discriminação.
Larry Durland, gerente da planta El Dorado, foi promovido para refinaria de 360
mil barris ao dia da Cidade do Texas, como gerente da planta. Ele se aposentou
em 1978.
Uma nova unidade de polipropileno viscoso foi construída na refinaria da
American Oil em Sugar Creek, Missouri. Mas Texaco parou de usar esse aditivo
na gasolina poucos meses depois. A refinaria Sugar Creek também foi
abandonada pouco tempo depois.
E eu, autor dessa história verídica, trabalhei na American Oil até 1980. Eu não
fui promovido ou recompensado pela minha ideia de otimizar a composição do
refrigerante polipropileno. Mas talvez eu tenha sido recompensado, só não pela
American Oil.
Os nomes dessa história não foram modificados para proteger os culpados.
34– Compressores Alternativos
Eu estava trabalhando nos campos de gás em Laredo, Texas, para Good Hope
Energy, a segunda maior produtora de gás natural na década de 80, atrás da
Exxon. Eu me reportava ao dono da Good Hope, Jack Stanley. Jack era
pessoalmente o dono da Good Hope Energy. Não havia acionistas ou diretores.
Somente Jack.
“Norman. Desça lá na nossa estação de compressão em Laredo. A vazão de gás
para Aqua Dulce está baixa. Gás está saindo a 6 dólares por milhão de BTU.
Está frio lá no Norte, e a demanda e preços estão em pico. Vamos faturar. Vá
com Juan Hernandez. Ele irá te pegar no aeroporto. Dirija ao redor dos condados
de Zapata e Webb. Acelere aqueles compressores para bombear mais gás. Vá
indo, Lieberman.”
“Sr. Stanley. Não é tão simples. Compressores alternativos possuem várias
partes complexas e sofrem uma grande variedade de mal funcionamento. Eu
escrevi um livro publicado pela PennWell sobre esse assunto. Gostaria que eu
explicasse?”
“Não. Me avise quando voltar.”
Volume De Partida
“Juan,” Eu observei enquanto pegava o caminhão da companhia no aeroporto,
“está bem frio hoje.”
“Sim, senhor Norm. O frio desligou vários dos nossos compressores alternativos
nos campos de gás. O gás úmido congelou as linhas de suprimento de gás
combustível. Péssimo! As linhas de combustível estão cheias de gelo.”
“Não exatamente. As linhas estão obstruídas com hidratos de gás natural. Eles
se formam em temperaturas bem acima do ponto de congelamento da água. Nós
iremos soprar e limpar as linhas. Mas minha preocupação são válvulas
quebradas e, mais importante, “volume de partida” excessivo entre o pistão e a
cabeça do cilindro no “centro morto de topo”.
“Ah. Meu amigo. O que você quer dizer com “volume de partida”? Não entendi.”
“Juan, vamos dirigir até a estação de compressão Hebronville e eu te explicarei
como compressores alternativos funcionam. Você dirige e eu falo. Para entender
o significado crítico de volume de partida em compressores alternativos, eu terei
que primeiro te explicar “Ciclo de Carnot”.
“Sim! Sim! Professor Carnot. Muito importante.”
Ciclo De Carnot
Fig. 34.1 é a curva de ciclo de Carnot para trabalho teórico de compressão. O
eixo vertical é a pressão do gás dentro do cilindro. O eixo horizontal é o volume
de gás dentro do cilindro. A área dentro da curva é chamada trabalho PV ou
trabalho teórico de compressão.
Volume De Partida
Este é o meu ponto. O pistão para de se mover antes de passar pelo bocal de
saída do cilindro.
O pistão é bem longo. Tipicamente, 6’’–8’’. Se este se movesse mais do que
metade do diâmetro da abertura de descarga, este boquearia o bocal de
descarga. Portanto, o pistão para se mover quando atinge cerca de metade do
diâmetro do bocal de saída. Este é o ponto “B” na curva do ciclo de Carnot (Fig.
34.1). É chamado de “centro morto de topo”.
O volume do gás preso entre a cabeça do cilindro e o pistão no “centro morto de
topo” é chamado de “volume de partida”. O volume de gás determina a “eficiência
de compressão volumétrica” no compressor alternativo. É por isso que é tão
importante. A eficiência volumétrica é uma medida de quanto gás pode ser
comprimido para cada curso do pistão.
Durante a parte de compressão do ciclo de Carnot, ambas as válvulas de entrada
e saída mostradas na Fig. 34.2 ficam fechadas.
Quando a pressão no interior no cilindro P1 atinge a pressão de descarga P3, as
molas da válvula de saída se abrem (ver Fig. 34.2). O pistão continua se
movendo em direção a cabeça do cilindro assim como antes. Mas agora, a
pressão no interior do cilindro P1 permanece constante. Gás é empurrado pelo
pistão para fora do cilindro, através a válvula de saída, em direção a linha de
descarga.
Isso é chamado etapa de descarga do ciclo de Carnot. Durante esta etapa:
A válvula de alimentação está fechada.
As pressões P1 e P3 são idênticas.
Na verdade, o pistão se move do “centro morto de fundo” para o “centro morto
de topo” em apenas uma fração de segundo.
Expansão Do Gás
O gás natural preso entre a cabeça do cilindro e o pistão no ponto “B” está na
pressão do gás na linha de descarga. Quando o pistão reverte seu movimento e
começa a se mover em direção ao ponto “A” (“centro morto de fundo”), a pressão
dentro do cilindro irá começar a cair e a válvula de descarga (Fig. 34.2) irá fechar.
A válvula de entrada permanece fechada.”
“Sim! Sim, senhor Norm. Ambas as válvulas estão fechadas porque o gás preso
no volume de partida expande, a pressão P1 é maior do que P2 (linha de entrada)
e menor que P3 (linha de descarga).”
“Certo. O gás continua a expandir conforme o pistão recua, até que a pressão
dentro do cilindro caia até atingir a pressão da linha de alimentação. Essa é a
parte de expansão do Ciclo de Carnot (Fig. 34.1). Neste momento, a pressão P1
é igual a pressão P2.”
“Juan, note que quanto maior for o volume de partida, mais o gás precisa
expandir antes que a pressão dentro do cilindro se iguale a da linha de
alimentação. Certamente, o novo gás não pode escoar para dentro do cilindro
até que a pressão P1 caia até atingir a pressão P2. Portanto, aumentar o volume
de partida dentro da cabeça do cilindro (Fig. 34.4) irá reduzir a taxa de gás
comprimido pelo compressor alternativo.”
Alimentação
“Com a pressão de gás dentro do cilindro caindo abaixo da pressão da linha de
alimentação, a válvula de alimentação do compressor, mostrada na Fig. 34.3,
agora se abre. Gás novo escoa da cabeça do poço para o compressor. O
escoamento de gás permanece até que o pistão recuo para seu ponto de partida
no “centro morto de fundo” (pt. A, Fig. 34.1).
“Conforme o pistão começa a voltar para a cabeça do cilindro, a válvula de
alimentação se fecha. É claro que a válvula de saída continua fechada.”
“Norm, a área em cinza tem algum nome especial?”
“Sim, Juan. É chamada de:
Trabalho Ideal de Compressão
Trabalho PV
Trabalho do Ciclo de Carnot
“Mas tenho uma dúvida, Norm. Como alguns dos nossos compressores da
cabeça do poço possuem motores elétricos, e rodam em velocidade constante,
como podemos reduzir a capacidade do compressor se estivermos enviando
muito gás?”
“Juan. Na parte de trás da cabeça do cilindro, ontem há um manômetro, apenas
remova esse manômetro. Então, pegue a garrafa metálica de 1L que está no
caminhão. Encaixe esta garrafa na conexão de 1,5’’ na cabeça do cilindro. Isso
irá aumentar o volume de partida em 1L adicional de gás. Aumentar o volume de
partida em 1L irá reduzir a capacidade de compressão.”
“Então, Norm, para aumentar a capacidade de compressão e bombear mais gás
para o senhor Stanley, o dono, eu devo fechar todos os “dispositivos ajustáveis
no fim do cabeçote” girando o volante da válvula no sentido anti-horário. Isso irá
reduzir o volume de partida e aumentar a eficiência volumétrica do compressor.”
“Tudo isso está correto, meu amigo.”
Fontes De Ineficiência De Compressão
“Juan. Eu devia ter te avisado. Há muitos problemas com as válvulas que irão
reduzir sua performance, como:
Perdas de velocidade nas válvulas (atrito).
Problemas de pulsação das válvulas.
Vazamento das válvulas.
Pratos de válvulas quebrados.
Tensão excessiva nas molas.
Má condição dos anéis do pistão.
A purga de gás, eu calculei, por ser mais rica em hidrogênio, seria uma
alimentação mais adequada para a planta de hidrogênio, já que era composta
principalmente por hidrogênio.
A corrente de alimentação da planta de hidrogênio era comprimida de 50 para
400 psig por compressores alternativos gigantes de dupla-ação e dois estágios.
A vazão total de gás era 100 M SCFD de gás combustível de refinaria.
Quando o dia de substituir gás combustível por gás de purga chegou, eu estava
me aprontando para ir para casa em Nova Orleans. Sr. French, o gerente da
planta, veio na minha sala com uma reclamação: “Lieberman. Você ferrou tudo.”
“O que houve, senhor?”
“Estes dois compressores alternativos não foram projetados para comprimir gás
de purga. Eles foram projetados para comprimir gás combustível. Assim que nós
alinhamos gás de purga para compressão na planta de hidrogênio, a vazão de
gás caiu de 100 para 50 M SCFC. Você ferrou tudo, Lieberman.”
“Sr. French. Por acaso está falando comigo? Eu não cometo erros!”
“Sim, Lieberman. Estou falando com você. Acabei de falar por telefone com o
fornecedor de válvulas para esses compressores alternativos. Ele me falou que
essas válvulas foram projetadas para um gás combustível com massa molecular
média de 32, não para gás de purga com massa molecular de 8.”
“E qual sua proposta de solução, senhor?”
“O vendedor disse que pode substituir essas válvulas para serviço de gás de
purga durante uma parada de 3 dias.”
“E o custo?”
“Razoável. 950 mil dólares.”
Eu ainda me lembro de sentar na minha mesa e ficar progressivamente mais
zangado. Eu queria defender meu projeto. Mas antes que pudesse falar qualquer
coisa, Sr. French continuou: “Lieberman, você não percebeu que se reduzir a
massa molecular do gás por um fator de 4, de 32 para 8, então a pressão de
descarga desenvolvida pelo compressor irá cair drasticamente, então a
quantidade comprimida de gás também irá cair drasticamente?”
“Bem,” Eu pensei, “todos têm que aprender.” Então, decidi não discutir e fui para
casa em Nova Orleans.
Conforme essa fase aquosa se choca com um joelho, ocorre um som barulhento,
que causa a vibração da tubulação. Eu já me assustei várias vezes com golpe
de vapor ou martelo hidráulico, mas nunca observei pessoalmente qualquer
dano em tubulações como consequência destes fenômenos.
Suportação De Tubulações
Geralmente, as vibrações em tubulações de processos ocorrem devido à
suportação imprópria. O exemplo anterior da fornalha não era, obviamente,
relacionado com um problema de suportação, e ocorria somente quando
processava cargas de óleo pesado, com baixo percentual de vaporização. As
vibrações desapareciam com cargas de óleo mais leves, que tinham um maior
percentual de vaporização.
Para problemas de vibração em suportação de tubulações, eu direciono meus
clientes para “Engenharia de Estresse” – Metairie, Louisiana, uma empresa
consultora que lida principalmente com falhas de tubulações de processo na
indústria de processamento de hidrocarbonetos.
Vibrações De Válvulas De Controle
Em diversas ocasiões, eu senti e ouvi válvulas de controle fazendo uma vibração
um tanto barulhenta. Ao investigar, verifiquei que o pino da válvula de controle
(onde a troca é possível) tinha ficado frouxo. A válvula de controle foi by-passada
e o problema foi rapidamente e facilmente corrigido pelo técnico de
instrumentação. O pino frouxo da válvula de controle ocasionou, além do barulho
estranho, uma vazão errática.
Você precisará ficar bem perto da válvula de controle para escutar o barulho, já
que este não é particularmente tão alto.
Pressões
A casa que eu vivo, que tem sete banheiros, a BMW da minha esposa e nossa
piscina de 44 mil galões foram pagos por meio da realização de medições de
perda de carga. A fonte mais comum de erro é tomada de pressão obstruída.
Uma leitura de um medidor de pressão que aumenta vagarosamente reflete uma
tomada parcialmente obstruída. Se você tiver que esperar 15 s para que a leitura
do manômetro se estabilize, então está tudo certo. Se demorar 5 min, então a
conexão está parcialmente obstruída e o valor lido é baixo.
Fig. 36.1 mostra algumas ferramentas que podem estar disponíveis na sua
planta para desobstruir drenos em serviços perigosos. Toda refinaria que
trabalhei possui um dispositivo disponível para limpar drenos obstruídos.
Desobstruir um dreno em serviços de gasóleo quente com um bastão curvado,
não raramente, resulta em morte prematura. Para serviços envolvendo H 2S
acima de 100 ppm, uma máscara de ar é requerida. Desobstruir drenos em
serviços envolvendo hidrocarbonetos e vapor de alta pressão é potencialmente
bem perigoso.
Sempre direcione seu medidor de pressão na posição vertical. Medidores de
pressão não lerão corretamente quando não estão nesta posição. Não firme o
medidor de pressão torcendo com a mão. Isso altera a calibração. Use uma
chave de fenda para firmar. Quando medir pressões em serviços envolvendo
alcatrão ou asfalto, não coloque o medidor em contato direto com o alcatrão. Use
um dispositivo no formato de “U” preenchido com diesel como uma barreira entre
o alcatrão e o medidor.
Como o objetivo de conduzir uma medição de pressão é determinar perdas de
carga devido ao atrito, leituras de pressão devem ser corrigidas pela elevação:
DP = DH . SG / 2.31
Onde:
DP = psi
DH = Elevação acima do chão, ft
SG = Densidade relativa
Efeito Da Desaceleração
Eu me deparei com este problema na refinaria Coastal 20 anos atrás. Isso é, a
pressão de descarga de um trocador de calor pode ser maior do que a pressão
de entrada. Naquele caso, mesmo que as tomadas de entrada e saída
estivessem na mesma elevação, a pressão de saída era, de alguma forma,
maior. Mas como isso pode ser verdade?
Vamos dizer que a velocidade de entrada da água fosse 16 ft/s no bocal de
entrada de 3’’. Se o bocal de saída tivesse 6’’, então a velocidade seria bem
menor (i.e. 4 ft/s). Para converter a velocidade (negligenciando perdas por atrito)
em pressão:
IP = 0.18 (V12 – V22) . SG / 28
Onde:
V1, V2, velocidade de entrada e saída, em ft/s.
SG = Densidade relativa
IP = Aumento da pressão do fluido devido à desaceleração.
Para a velocidade da água, reduzindo de 16 para 4 ft/s, isso igualava um
aumento de pressão de 8 psi.
No exemplo acima de Aruba, o serviço foi um trocador de calor para resfriar e
condensar parcialmente o óleo diesel que deixava o reator de hidrotratamento.
A redução na velocidade, devido ao escoamento e condensação parcial do
efluente do reator, era muito maior que os 12 ft/s citado acima. O aumento real
de pressão que observei na unidade foi de 680 para 688 psig. Subtraindo os
efeitos de desaceleração deste aumento de 8 psi resultou em uma perda de
carga de 18 psi devido a perdas por atrito. Finos de catalisador haviam
parcialmente obstruído os tubos do trocador.
Temperatura
Para a maioria das medições de temperatura que faço, eu utilizo minha pistola
infravermelha que comprei no Walmart por 85 dólares. É claro que se tratam de
temperaturas superficiais em lugares onde não há termopares. Mas, assumindo
uma correta junção e que os fios dos termopares estão propriamente instalados,
alguém poderia pensar que a temperatura gerada pela junção elétrica do
termopar estaria invariavelmente correta. E, neste sentido, ela está. Mas os dois
problemas que observei, ainda assim, foram causados por valores medidos de
temperatura 40-60 °F abaixo da temperatura real de processo.
O primeiro problema foi em uma fornalha à vácuo de refinaria em Louisiana. Eu
estava certo que a temperatura registrada do efluente da fornalha estava muito
baixa, pois a temperatura de entrada da coluna à vácuo localizada a jusante
estava 20 °F mais quente. O efluente da fornalha resfria antes de entrar na
coluna à vácuo devido à:
Vaporização
Perda de calor para o ambiente
Craqueamento térmico
Eu extraí o termopar do bocal (ver Fig. 36.2), planejando em inserir um
termômetro de vidro para checar localmente a temperatura. No entanto, eu
imediatamente vi o problema. O bocal, e é claro, o termopar eram muito
pequenos. 4 in em uma linha de saída da fornalha de 30 in. Como esta área da
linha era pobremente isolada, a temperatura indicada era menor que a média da
temperatura de escoamento. Durante a próxima parada, um bocal mais longo foi
instalado para substituir o existente.
Eu observei um problema similar em um vaso de embebição da unidade de
viscorredução na refinaria Coastal (agora pertencente a Citgo) em Aruba. Eu
tinha certeza que a temperatura registrada de 810°F era muito fria. Essa
temperatura era medida na metade de cima do lado do vaso. A saída do vapor
estava entre 830 e 840 °F. Devido ao calor do craqueamento, a parte mais baixa
do vaso estava de alguma maneira mais quente. Além disso, a saída da fornalha
da unidade de viscorredução estava entre 860 e 870 °F. Certamente, o ponto
médio do vaso devia estar entre 840 e 870 °F, não 810 °F.
Nível
Antigamente, nós mediamos níveis diretamente com uma boia interna. Eu só vi
essas instalações arcaicas por duas vezes nos últimos 20 anos. Em uma
refinaria moderna, nós não medimos o nível de líquidos de forma direta. Nós
inferimos o nível baseado na medição da diferença de pressão. Normalmente, a
medida da pressão diferencial está correta. O problema é que a diferença de
pressão é proporcional tanto ao nível como a densidade do fluido. No mundo
real, onde os operadores e engenheiros tem que trabalhar, a densidade relativa
ou a densidade de um líquido em um vaso é largamente desconhecida e
irreconhecível por quatro razões:
Densidade varia com a temperatura. Para cada aumento de 100 °F na
temperatura, a densidade relativa na nafta é reduzida em 5%. Para água,
em 2%.
Densidade varia muito com a composição. Por exemplo, nafta pesada
pode ficar 10% mais densa que a nafta leve. Esse fato foi a causa
fundamental das mortes e desastre ocorrido na explosão na fracionadora
de rafinado da BP na minha antiga cidade, Cidade do Texas, em 2006.
3 ft de água irá criar a mesma pressão que 4,5 ft de nafta. Portanto, um
nível de 3 ft de água em um visor de vidro pode representar um nível de
4,5 ft em um vaso.
Quase todos os vasos de processo em serviços envolvendo
hidrocarbonetos possuem uma camada de espuma flutuando em cima do
líquido em uma coluna. Eu observei densidades de espuma (usando
radiação) em vasos de processo em refinarias variar entre 10 e 45 lb/ft³.
O indicador de nível (que na verdade se trata somente de um transmissor
de diferença de pressão) é calibrado pelo técnico de instrumentação
baseado na densidade do hidrocarboneto livre de espuma.
Uma coisa é certa. Assim que o nível real de líquido em um vaso, comportando
espuma ou nafta quente, subir acima da tomada superior de nível, não haverá
mais nenhuma indicação incremental de aumento de nível de líquido pelo
instrumento. Os operadores da BP na Cidade do Texas não sabiam deste fato,
de acordo com seus testemunhos, quando eles processaram a BP por término
errôneo de contrato depois da horrenda explosão e incêndio na fracionadora de
rafinado da BP.
Vazões
Eu acabei de voltar, neste exato momento em que escrevo estas palavras, de
uma visita na refinaria Repsol em Puertollano, Espanha. Eu trabalhei com um
grupo de engenheiros bem competentes. O líder do grupo deles, Jose Soto,
disse: “Norm, nosso medidor de vazão de gás de purga do nosso vaso de selo
não funciona. Ele nos indica vazões erráticas, que variam por aparentemente
nenhuma razão, por um fator de 2 ou 3. Isso torna bastante difícil a resolução do
problema de baixo vácuo que está reduzindo a margem de lucro da nossa
refinaria. Bem ruim!”
Eu tenho ouvido essa reclamação sobre mal funcionamento de medidores de
vazão de gás de purga de colunas à vácuo nos últimos 50 anos. Mas dessa vez,
eu decidi investigar.
Me referindo a Fig. 36.3, eu observei que a instalação estava correta. O orifício
de restrição estava corretamente instalado (i.e. o tamanho do orifício de restrição
estava direcionado para cima). Os potes de glicol estavam corretamente cheios
e as tomadas do orifício estavam limpas. Normalmente, é melhor instalar um
medidor em uma linha horizontal, mas em vazões de gás, esse fator não é
particularmente importante.
A primeira coisa que observei era que a válvula “A” estava fechada. A válvula
“C” também estava fechada, o que é correto. A válvula “B” estava aberta, o que
também é correto. Mas, por que a válvula “A” estava fechada?
Então, eu a abri. Os técnicos de instrumentação limparam as tomadas e
reencheram os potes de glicol – só para ter certeza que tudo estava do jeito que
deveria. A vazão indicada continuava totalmente errática e muito alta.
Jose disse: “Bem ruim, Sr. Norm. Sempre está desse jeito. Não faz sentido.”
“Mas Jose,” eu perguntei, “qual é o teor de nafta na água do vaso de selo?”
“Zero!”
“Mas Jose,” eu perguntei, “qual é a taxa de produção de nafta?”
“Zero. Nós não temos tomada de retirada de nafta.”
“Mas Jose,” eu perguntei, “para onde então a nafta que entra no vaso de selo
com a água das linhas de selo está indo?”
“Ah Norman. Deve estar saindo junto com o gás de purga. Isso aumenta a
densidade e diferença de pressão do gás passando pelo medidor de vazão. É
por isso que nosso medidor tem uma leitura muito errática e tão alta o tempo
todo. Não é problema do medidor de vazão. É porque não temos indicação do
nível de interface entre as fases de nafta e água no vaso de selo. E, nenhum
jeito de drenar a fase líquida de nafta do vaso. É um erro de projeto. Essas coisas
acontecem na América também?”
“Com certeza. Como você acha que consegui dinheiro suficiente para uma casa
com sete banheiros e uma piscina?”
Nenhum medidor de vazão pode tolerar uma vazão de líquido-vapor variável e
produzir um valor de saída aceitável. Não é a velocidade que varia, mas a
densidade é muito variável.
Orifícios (ao contrário da Fig. 36.3) estão 99% das vezes localizado em uma
tubulação horizontal. As tomadas de orifício devem ser localizadas acima dos
flanges do orifício, para retardar incrustação e acúmulo de água nas linhas
preenchidas com glicol. Não por baixo dos flanges do orifício – como em várias
unidades de processo.
Amostras
Meu amigo Steve finalmente conseguiu seu grau de advogado. Ele agora está
cursando direito em Beaumont e deixou a engenharia. Aqui estão três erros que
Steve cometeu quando coletava amostras:
Erro 01: Steve precisava de uma amostra de nafta da unidade de óleo cru
para projetar uma nova coluna desbutanizadora de nafta. O vaso de
refluxo da coluna de óleo cru operava a 10 psig e 130°F. Ele coletou uma
amostra em quarto de frasco. Quando ele chegou no laboratório, a maior
parte do etanol e propano presentes na nafta já tinham evaporado. Sua
simulação computacional indicou uma pressão requerida de 80 psig para
a desbutanizadora. Na realidade, ele precisava cerca de 130 psig para
condensar os compostos leves. Steve deveria ter pego uma amostra em
um frasco, com esse frasco totalmente preenchido de líquido.
Erro 02: Steve precisava de uma amostra de gás do mesmo vaso para
dimensionar um novo compressor centrífugo. Ele obteve uma amostra em
um frasco. Quando ele chegou no laboratório, a maior parte dos pentanos
e hexanos já tinham condensado. Ele calculou uma massa molecular de
38 para o projeto. Se tivesse incluído os componentes da nafta que
condensaram, a massa molecular teria sido 52. Como resultado, o motor
do novo compressor ficou subdimensionado e se auto desligava por
corrente alta. Steve deveria ter sua amostra aquecida no laboratório antes
de submetê-la a uma análise por cromatografia gasosa.
Erro 03: Steve pediu a um operador para coletar uma amostra de resíduo
de uma coluna à vácuo a 450 °F em um pote de amostra. O operador
deixou cair o pote e o resíduo entrou em autoignição. A temperatura de
autoignição do alcatrão é 320 °F, ou até menos. Nós não temos permissão
para coletar amostras acima de sua temperatura de autoignição em
compartimentos abertos. Aliás, a temperatura de autoignição da gasolina
é 450 °F.
Steve será um excelente advogado. Ele provavelmente ficará rico,
especialmente tendo sua bagagem de engenharia de processos. Eu tenho
certeza que muitos dos meus clientes poderiam se beneficiar de seus serviços
legais. Ele já está ganhando mais dinheiro por hora do que eu. Ele
provavelmente irá adquirir uma casa com oito banheiros e comprar uma
Mercedes para sua esposa.
37– Limpando Equipamentos de Processo
Resfriadores À Ar
Tendo limpado eu mesmo três resfriadores por convecção forçada de ar, eu
tenho um sentimento muito bom de como melhor limpar os tubos aletados
externos para restaurar a vazão de ar de resfriamento. Lavar de cima para baixo
é altamente ineficiente. Isso acontece toda vez que chove. De qualquer forma, a
maior parte da sujeira se deposita entre as aletas das duas fileiras mais baixas.
Eu sugiro que se proceda da seguinte forma:
Passo 01: Retire a tela protetora de fundo e, com uma vassoura, varra o
lado de baixo das aletas.
Passo 02: Assumindo que o ventilador é dotado de um motor de corrente
alternada trifásico (240 V), reverta a polaridade do motor, e o ventilador
irá girar em modo reverso e soprar parte das mariposas mortas e das
sementes de salgueiro para fora dos tubos aletados.
Passo 03: Embebide as aletas em detergente por poucas horas. Em
seguida, direcione uma fonte de água limpa com pressão de 30-40 psig
na altura do ventilador. Usando um tubo de 0,5’’, jateie água de uma
distância de 12-18’’ entre a fileira inferior de tubos. Cuidado: A maioria das
aletas são de alumínio e facilmente deformáveis.
Eu mesmo sempre bloqueio eletricamente o motor do ventilador e fico com a
chave. Além disso, eu amarro as hélices do ventilador com uma corda. Lavar um
único banco de tubos requer pelo menos 1 ou 2 horas. Note que limpar a parte
externa do banco de tubos não irá reduzir a amperagem do motor do ventilador.
Para isso, se requer reduzir o ângulo entre as hélices do ventilador. Máximo
sendo 23°, e o mínimo sendo 10°.
Lavando Tubos De Resfriadores À Ar
Em uma unidade de coqueamento retardado, com capacidade de 80 mil barris
ao dia, em Los Angeles, eu tive que melhorar a performance dos condensadores
à ar de topo da fracionadora. Haviam 32 destes resfriadores dispostos em
paralelo. Eu decidi levar com água os oito bancos de tubos com pior
performance. Eu só podia fazer isso para um de cada vez (sem parar a vazão de
processo para os resfriadores sendo lavados) devido à limitada capacidade de
dispor a água residual da lavagem. Além disso, eu somente tinha um dia
disponível antes de voar de volta para casa. Cada resfriador demorava 1 hora
para ser lavado, incluindo o tempo de realizar conexões com a mangueira. O
truque era selecionar os bancos de tubos que estavam com maior quantidade de
incrustação ou obstruídos no lado dos tubos.
Para identificar estes resfriadores, eu buscava aqueles com a menor
temperatura de saída do processo, que era uma possível indicação de baixa
vazão. Destes, eu então observava a temperatura de saída do ar. Aqueles
trocadores que tinham tanto uma baixa temperatura de saída do ar e uma baixa
temperatura de saída do processo eram aqueles com maior índice de
incrustação no banco de tubos, necessitando de maior lavagem.
Cada vez que um banco era lavado, tanto as temperaturas de saída do ar e do
processo aumentavam devido à restauração da vazão de processo e troca
térmica.
Estilhaçando E Hidrojateando
Entre as décadas de 1930 e 1960, coque era removido pelo desacoplamento dos
tubos em cada ponta. Os tubos eram então hidrojateados para remover o coque.
Poucas fornalhas ainda possuem esse projeto caro, que foi substituído por
bancos em formato de “U”, que são solados na posição e sem possibilidade de
remoção.
Hidrojateamento foi substituído por estilhaçamento na década de 1960. Tubos
quentes eram expostos a vazões e temperaturas variáveis de vapor, que faziam
o coque se estilhaçar da superfície interna do tubo devido à mudança do
diâmetro interno com a temperatura. O vapor então soprava o coque para fora
do tubo. Uma pequena quantidade de ar era periodicamente adicionada no vapor
para queimar o coque residual. 90% ou mais do coque era estilhaçado com
apenas um baixo percentual queimado. Eu sempre considerei este método
antigo superior ao “enrosque” moderno.
Limpando Exterior De Tubos De Fornalhas
Quando estiver queimando gás, não há depósitos para limpar da superfície
externa de tubos. Quando estiver queimando óleo combustível industrial, uma
camada de 0,25’’ de espessura de depósito esbranquiçado irá acumular na
superfície externa dos tubos. Este depósito é uma mistura eutética de mais de
90% de vanádio e um baixo percentual de sódio. O vanádio por si só não inibe
transferência de calor em qualquer extensão apreciável e não prejudica o
desempenho. Somente faz o tubo brilhar e parecer estar superaquecido.
No entanto, a presença de uma quantidade percentual mais elevada de sódio
promove a formação de uma mistura eutética corrosiva com vanádio. A cerca de
1250 °F, esta mistura se liquefaz e escorre bem, bem lentamente para baixo nos
tubos, e causa ranhuras externas a serem cortadas dos tubos. Quando a
fornalha é aberta, estes depósitos devem ser hidrojateados da superfície externa
dos tubos.
Rotor Do Compressor
Eu fiquei perito em limpar compressores centrífugos de múltiplos estágios de 10
mil CV e velocidade de rotor variável em 1987 em Laredo, Texas. O material
incrustado era um depósito duro e cinza escuro que consistia principalmente de:
Sais
Lama de perfuração
Produtos de corrosão de tubulações
Estes sólidos iam vagarosamente reduzindo a capacidade do meu compressor
(Solar-Centar de 10 mil CV via turbinas a gás) pela incrustação do rotor. Pela
minha experiência, eu aprendi que se eu esperasse muito tempo, estes
depósitos quebrariam o rotor. O rotor iria ficando desbalanceado e a máquina
começaria a experimentar vibrações excessivas. Então, meu método de limpeza
durante a operação, que dependia de operar a máquina em rotações moderadas
não poderia ser utilizado.
Meu método era chamado de “Bombeamento com Casca de Noz”. Uma porta de
inspeção de 18 por 36’’ era removida e a velocidade da máquina era reduzida
em cerca de 25-50% da sua rotação nominal. Usando uma colher de açúcar, eu
vagarosamente ia adicionando casca grossa de noz par a entrada da primeira
hélice do compressor. Depois de um tempo (20 min), eu ia mudando
progressivamente para cascas de noz mais finas. Este método de tratamento,
que requeria várias horas, era altamente efetivo e divertido. O truque era não
esperar até que os depósitos ficassem mais grossos, quebrassem e
desbalanceassem as hélices do rotor.
Resumo
Eu limitei minha descrição a limpeza de equipamentos de processo e
procedimentos que eu mesmo já fiz ou supervisionei pessoalmente. Até que eu
tivesse realizado pessoalmente algum procedimento no campo, eu realmente
não entendo ou me lembro exatamente o que faço. Mas, uma vez que eu
participei pessoalmente de alguma atividade, eu lembro os detalhes pelo resto
da minha vida. É como aprender a andar de bicicleta. Fora esta razão, eu sempre
tento fazer coisas como limpar equipamentos de processo com minhas próprias
mãos pelo menos uma vez. Eu tentei doutrinar os jovens engenheiros que
trabalhavam para mim na refinaria Good Hope com esta filosofia, a qual eles
respondiam com entusiasmo.
38– Aprendendo Princípios de Engenharia de
Processos
A maior parte do que precisei para aprender de forma a atingir meu objetivo de
me tornar um engenheiro de processos efetivo, eu não adquiri na universidade
ou no ensino médio. Eu não aprendi muito sobre engenharia de processos
quando estava empregado como engenheiro de projetos em Chicago por 16
anos. Minha base de conhecimento de processos foi construída nos tempos que
trabalhei como operador durante duas grandes greves na refinaria American Oil
na Cidade do Texas em 1974 e 1980. As greves duraram entre 4 e 5 meses,
Como um emprego de carteira assinada, eu trabalhei como um fura greve. Doze
horas por dia. Sete dias por semana. Em 1974, na minha unidade de alquilação
com ácido sulfúrico. Em 1980, na unidade de recuperação de enxofre que eu
anteriormente havia projetado. Se não tivesse sido a oportunidade de observar,
operar e consertar bombas, turbinas, reatores, trocadores de calor e colunas de
destilação, eu não teria desenvolvido minha percepção de processos para os
problemas que tenho atualmente.
A outra maior fonte de conhecimento de processos é derivada das minhas
experiências na infância. Eu gostava de ser criança. Continuo a negar e resistir
em crescer e me tornar um adulto. Como criança, eu tinha uma fascinação
desordenada em alguns fenômenos, como:
Como a bomba de ar do filtro circulava água no meu aquário?
Qual era a função da pequena purga cônica no topo do nosso radiador de
vapor que aquecia nosso apartamento no quinto andar?
Quando minha mãe derramava refrigerante sobre a ferrugem na pia do
banheiro, por que a ferrugem dissolvia?
Por que uma gota de água em uma frigideira quente e lisa dançava em
volta da superfície e não evaporava, enquanto que, em uma panela mais
fria e toda arranhada, a gota rapidamente evaporava?
Quando estava ventando lá fora, por que o nível de água na privada
oscilava?
Por que a água saia espumosa da torneira da cozinha, mas fica
transparente após 5 min?
Por que, quando meu pai abria a lata de cerveja muito rápido, esta
explodia violentamente para fora da garrafa?
Agora eu consigo correlacionar estas observações de infância com minha
tecnologia de processos em uma refinaria:
Bomba de ar do filtro: Similar à circulação de termossifão em reboilers e
geradores de vapor.
Purga do radiador: Uma purga de não condensáveis instalada na parte
inferior de trocadores casco e tubo para vapor.
Remoção de ferrugem com refrigerante: É um exemplo da corrosão com
ácido carbônico do ferro devido à contaminação do vapor com CO 2,
devido á decomposição de carbonatos na água de alimentação da
caldeira.
Água em uma frigideira: A mesma coisa que limitação de troca térmica em
um reboiler com tubos lisos e vapor de alta pressão.
Nível de água errático na privada: Causado pelo draft que o vento
desenvolve conforme escoa através da chaminé de uma fornalha.
Tipicamente, entre 0,1 e 0,2 in de água.
Água de torneira espumosa: Ar dissolvido na água em maiores pressões
ou menores temperaturas.
Formação de espuma na lata de cerveja: Súbita redução na pressão de
uma coluna de destilação causa a inundação e arraste nesta coluna.
Como Aprender
Eu não aprendi a dirigir sentado numa mesa no ensino médio. Meu pai me
ensinou no nosso Oldsmobile 1959 marrom. Os operadores na nossa planta
eram realmente “treinados para o serviço”. Eles começavam a trabalhar junto
com rapazes mais experientes. Eles os seguiam por poucas semanas. Então, o
operador mais experiente seguia e observava o operador novato por mais uma
semana para corrigir algum dos seus erros.
Não é realmente diferente de aprender qualquer outra habilidade. A maioria das
pessoas é como eu. Eu só consigo aprender enquanto faço. É um conceito de
aprendizagem bem antigo.
Quando um novo engenheiro de processos começava a trabalhar na refinaria
Good Hope no meu grupo, eu lhe dava sua primeira tarefa.
“Reid, nós estamos com baixa troca térmica do reboiler na nossa
desbutanizadora de gasolina na unidade de óleo cru. Peça ao Sr. Walker,
supervisor da área, para lhe explicar o problema como ele entende. Ele irá lhe
mostrar onde o reboiler está localizado.”
Reid Burt voltou de volta ao meu escritório na manhã seguinte. “Sr. Lieberman,
Sr. Walker me mostrou o reboiler. Ele disse que o problema é que ele não
consegue vazão suficiente de vapor 150 psig para o reboiler. Ele costumava
conseguir 14 mil lb/h, mas agora só consegue 9 mil lb/h. Ele mostrou que a
válvula de entrada de vapor está 100% aberta. Eu fiz um esquemático do
reboiler, mas não sei mais o que fazer. Nós não estudamos reboilers à vapor na
LSU. Você acha que eu deveria modelar a coluna desbutanizadora no programa
de simulação Aspen?”
E eu lhe dizia: “Reid. Deixe me pegar minhas ferramentas e minha mochila com
acessórios de tubulações. Nós vamos lá juntos e olhar o trabalho no campo. Vá
pegar suas luvas e capacete.”
Reid e eu iríamos então medir as pressões e temperaturas de superfície na linha
de drenagem de condensado de 3’’ e no Header de coleta de condensado de 6’’.
E eu lhe explicaria, depois terminarmos juntos as medições, a causa da baixa
vazão de vapor.
“Reid, condensado está se acumulando nos tubos do reboiler. O problema é
restrição de escoamento por acúmulo de vapor. A perda de pressão excessiva
na linha de drenagem de condensado está levando água a parcialmente
revaporizar. O vapor formado restringe o escoamento de água, o que leva seu
acúmulo nos tubos do reboiler. Isso reduz a área de transferência de calor e a
carga térmica do reboiler.”
Deste exercício, Reid iria aprender como fazer medições de pressão e
temperatura no campo. Ele também aprenderia o conceito técnico do efeito de
acúmulo de condensado. Eu iria explicar o erro de projeto. Isso é, a omissão de
uma bomba de condensado para prevenir formação excessiva de vapor no
escoamento de condensado pela linha de 3’’.
Interface Com Operadores
Até o século 20, a maioria do conhecimento técnico era transmitida não por
instituições ou livros, mas pelo sistema de aprendiz. Meu exemplo anterior,
quando disse: “Me deixe pegar minhas ferramentas e iremos lá fora olhar o
reboiler juntos”, foi um exemplo desta técnica instrucional anciã.
Outra técnica de valor comparável é a interface com operadores da planta.
Especialmente quando se relaciona com controles (nível, vazão, temperatura,
pressão). Trabalhar com equipe da operação é o melhor jeito de entender como
controlar loops e como válvulas de controle funcionam, e seu vaso tipo de mal
funcionamento. Especialmente, como projetos de loops de controle interagem
com problemas de processo e ocasionalmente cria o “Loop Positivamente
Retroalimentado.”
Por exemplo, eu não tinha ideia de como ar de instrumentação está conectado
em um diafragma de válvula, até que um operador mais velho me explicou na
minha unidade de alquilação na Cidade do Texas em 1975.
Outro exemplo de aprendizado com os operadores é a necessidade de “NPSH
de partida” para bombas centrífugas. Um conceito que discuti detalhadamente
neste texto. Todos os operadores entendem a necessidade de aumentar
devagar a vazão na descarga de uma bomba centrífuga para evitar cavitação.
Desta observação em campo, eu desenvolvi, para fins de projeto, um método
numérico para calcular o NPSH requerido de partida de bombas centrífugas. Se
trata da elevação adicional do vaso necessária para acelerar o líquido na linha
de sucção da bomba durante a partida desta.
Conclusão
Engenharia de Processos é mais uma arte do que ciência. Portanto, instrutores
que escrevem livros e ensinam aulas de engenharia, com deficiência de
experiência de campo em solucionar problemas de processo, estão pouco
equipados para cumprir seus objetivos. Esse objetivo sendo preparar homens e
mulheres jovens para entender e resolver problemas de processo em plantas. A
menos que um engenheiro entenda mal funcionamento de equipamentos de
processo, especialmente problemas de controle de processo, ele ou ela não
estará pronto para projetar novos equipamentos ou trabalhar como supervisor
de planta industrial.
O uso moderno de tecnologia computacional não é perigoso nem benéfico. É
altamente irrelevante para as experiências de aprendizado que eu e você
precisamos ter para operar e projetar trocadores de calor e colunas de destilação
de forma eficiente.
Embora eu esteja ficando velho, minha taxa de aprendizado da arte de
engenharia de processos não diminuiu ao longo dos anos. Eu aprendo algo novo,
algo excitante e interessante com toda solução de problemas e reprojeto de
equipamentos. Como gerente da divisão de engenharia de processos, eu
também aprendi algo de grande importância e de relevância crescente. Isso
sendo, dizer ao engenheiro jovem que se reportava a mim: “Me deixe pegar
minhas ferramentas, e iremos sair juntos no campo e trabalhar na solução do
problema. Pegue aquela mochila com os acessórios de 0,75’’ que deixei na sala
do Tommy e o novo medidor à vácuo digital com Bobby.”
39– Métodos Aproximados de Cálculos de Processos
Unidades
V = Velocidade, em ft/s
DV = Densidade do vapor, em lb/ft³
DL = Densidade do líquido, em lb/ft³
DP = Perda de carga, em psi
DH = Perda de carga, em in de líquido
PA = Pressão absoluta, psia
TA = °F + 460 (i.e. Rankine) (°C + 273 (i.e. Kelvin))
L = Calor latente, BTU/lb
SP = Calor específico, BTU/lb/°F
DT = Diferença de temperatura, °F
A = Área, ft²
ID = Diâmetro interno, in
H = Variação de altura, ft
(GPM/in) = Galões americanos por in
BTU = Unidade Térmica Britânica
MW = lb por lbmol
Eu não uso “°C”. Isso é padrão para Graus de Comunismo. Eu sempre uso “°F,
que se relaciona com Graus de Liberdade. Para aqueles que esqueceram:
0 °C = 273 K (Kelvin)
0 °F = 459 °R (Rankine)
Além disso, de interesse geral:
Temperatura no espaço = 3 K
Temperatura adiabática de chama para gás com pouco excesso de ar =
3400 °F
Água atinge sua densidade máxima a 4 °C e fica mais leve depois que
congela.
Temperatura de exaustão na turbina a gás é tipicamente 1000 °F e fica
menor conforme a eficiência aumenta.
Perda De Carga
(Veja acima para definições dos termos.)
Através de um orifício = DH = 0.6 (V)²
Através de um bocal = DH = 0.3 (V)²
100 ft de tubulação (vazão de vapor) = DP = DV (V)² / (ID . 400)
100 ft de tubulação (vazão de líquido) = DL = DL (V)² / (ID . 400)
Variação de ALTURA = DP = DH DL / 1800
Altura da Crosta = DH = 0.4 (GPM/in)0.67
(Isso é, a altura de líquido sobre o topo da chapa de saída ou sobre uma
barragem).
Calor
(L em pressão atmosférica – Vapor) = 1000 – Calor Latente por lb
(500 psig (L) – Vapor) = 800 - Calor Latente por lb
Álcool (L) = 400
Nafta (L) = 120 - Calor Latente por lb
Gasóleo (L) = 90 - Calor Latente por lb
SP Vapor Hidrocarboneto = 0.6 BTU/lb/°F
SP Líquido Hidrocarboneto (100 °F) = 0.5 BTU/lb/°F
SP Líquido Hidrocarboneto (600 °F) = 0.7 BTU/lb/°F
SP Vapor = 0.5 BTU/lb/°F
SP Água = 1.0 BTU/lb/°F
1 CV = 2500 BTU
1 kWh = 3100 BTU
770 ft-lb = 1.0 BTU
Combustão 1.0 lb Hidrocarboneto = 18 mil BTU
Combustão 1.0 lb Hidrogênio = 40 mil BTU
Volume e Massas
+100 °F = +5% (Hidrocarboneto Líquido) – Aumento em Volume
+100 °F = +2% (Água) – Aumento em Volume
DV varia proporcionalmente com (TA1 / TA2) = Volume do Vapor vs
Temperatura
DV varia proporcionalmente com (PA1 / PA2) = Volume do Vapor vs Pressão
1 lbmol gás = 379 ft³ @ 60 °F e 1 atm
Converter barris ao dia (BSD) para lb/h
BDS GLP = 8 lb/h
BDS Nafta = 10 lb/h
BDS Óleo Combustível = 11 lb/h
BDS Diesel = 12 lb/h
BDS Gasóleo = 13 lb/h
BDS Asfalto = 15 lb/h
BDS Água Quente = 14 lb/h
Meu campo principal de atividade é resolver problemas de processo em
refinarias no campo. Eu não posso me apoiar em cálculos com papel e caneta,
enquanto tento resolver um problema subindo escadas ou rastejando embaixo
de um resfriador à ar. Portanto, eu tenho que manter essas relações acima
disponíveis prontamente para apoiar meus cálculos enquanto estiver no campo.
40– Como Fazer uma Apresentação Técnica
Você pode não gostar de Donald Trump, mas quando ele fala, provavelmente
você irá escutar. Por outro lado, pense sobre todas as vezes que você cochilou
enquanto Professor Peterson estava lecionando sobre energia livre de Gibbs,
entropia e entalpia.
O objetivo principal de fazer uma apresentação técnica é fazer com que sua
audiência escute. Os que atendem não compram ingressos para ouvir você falar.
Eles estão sendo pagos para estar lá e possivelmente não estarão tão
interessados. Ouvir uma apresentação técnica complexa é mentalmente mais
exaustivo do que conduzir a apresentação. Eu devo saber, tendo tanto
apresentado como atendido centenas de apresentações nos últimos 58 anos
desde que tinha 18 anos.
Aqui estão algumas dicas que irão te ajudar a não ser uma “cabeça falante”.
Regras Do Norm
Nunca leia sua apresentação.
Nunca fale enquanto estiver sentado.
Não fale atrás de um balcão. Se mova pela sala.
Interaja com sua audiência. Se ninguém fizer perguntas, peça a alguém
no grupo de questões.
Não olhe esboços. Se você precisasse de um esboço, você não está
pronto para apresentar.
Nunca projete colunas de dados na sua apresentação de Power Point.
Antes da sua apresentação, verifique se suas dicas visuais podem ser
vistas facilmente de trás da sala.
Antes da sua apresentação, determine se você pode ser ouvido
facilmente de todas as partes da sala. Aprenda a falar ALTO.
Apresentação consiste em: 30% de brincadeiras bobas, histórias
interessantes, e lembranças pessoais, como problemas com ex-
namoradas; 70% de material técnico.
Apresente dicas visuais enquanto fala. Impelidores de bombas e
alimentadores de queimadores, por exemplo.
Tenha uma placa de nomes com o primeiro nome em frente de todo
espectador.
A regra mais importante é que toda dica visual que você apresentar deve
ter uma – e somente uma – ideia.
Dicas Visuais
Eu atendi a uma apresentação em Power Point relacionado à Fragilização por
Corrosão sob Tensão, apresentado por um especialista do campo, ano passado
em Nova Orleans. Mesmo que eu tenha bastante interesse neste tema, eu me
senti inclinado e matar o palestrante depois de 20 min. Cada um dos slides da
sua apresentação tinha colunas de dados, com esquemáticos complexos, ou
gráficos com multiplicidade de curvas. Ele leu a apresentação de forma
monótona e nem perguntou ou respondeu perguntas. Felizmente, eu cochilei
após 30 min, mas acordei e descobri que o palestrante ainda estava zumbindo.
A figura abaixo representa um exemplo de uma dica visual adequada, que ilustra
como a separação entre isopentanos e n-pentanos é facilitada pelo refluxo. É um
esquema desenhado a mão em um espaço de 24 por 36’’ em vermelho brilhante,
azul e verde. A letra deve ser sempre em preto. Cores são difíceis de discernir
de qualquer distância.
Preparação do Anexo
“Olá. Eu sou Norm Lierberman, seu palestrante.” Eu saúdo cada pessoa
individualmente, conforme ele ou ela vai pegando seu lugar, e lhes dou meu
anexo do seminário, que consiste de:
Todas as dicas visuais que estarei apresentando. (i.e. Figura “41”).
Informação técnica relevante como gráficos de equilíbrio vapor-líquido,
tabelas de entalpia de vapor, curvas de pressão de vapor de
hidrocarbonetos, as quais terão muitos dados para apresentar enquanto
falo.
A propaganda da minha empresa.
Artigos relevantes que publiquei em jornais técnicos.
Eu sempre entrego o material formatado como um livro com espiral e uma capa
clara de plástico para desencorajar espectadores a descartar meu anexo. Tudo
isso é caro, mas eu cobro dos meus clientes.
Introduzindo Sua Apresentação
Não comece a apresentação se apresentando ou com uma piada. Um típico
começo do meu seminário é:
“Eu sou alcoólico. Daí vem meu interesse em fazer uísque. Se trata de 60% de
álcool e 40% de água. Se eu começar com vinho (13% álcool e 87% água) e
vaporizar o vinho, o vapor resultante terá 28% de álcool e 72% de água. Julie,
por que a concentração de álcool na fase vapor aumenta em comparação com
o vinho?”
“Porque, senhor, o álcool exerce uma maior pressão de vapor do que a água. É
mais volátil e possui um ponto de ebulição mais baixo.”
“Na verdade, Julie, nós podemos quantificar a resposta correta ao avaliar a Pag.
9 do nosso anexo – a pressão de vapor vs temperatura para o álcool e para a
água. Vamos todos fazer esse cálculo juntos. No entanto, Julie, eu não aprecio
o fato de você me referir como “senhor”. Faz parecer que sou velho. O que não
sou. Por favor, me chame de “Norm”.
Cálculos Ilustrativos
Nós todos temos visões terríveis do Professor Peterson fazendo cálculos
complexos no quadro negro com giz branco em uma sala mal iluminada. A
primeira coisa que faço quando entro em uma sala onde estarei palestrado é
checar a luminosidade. Eu quero uma sala bem iluminada para manter todos
alertas e poder ver prontamente meus cálculos técnicos. É claro, você precisa
chegar uma hora antes dos espectadores para pedir para trocar as lâmpadas.
“Julie,” eu direi. “por favor ilustre seus cálculos de pressão de vapor da água-
álcool para a turma.” Eu lhe darei um marcador negro (nunca vermelho ou roxo).
“Julie, sem pressa. Escreva grande e explique seus cálculos enquanto procede.”
Os espectadores irão provavelmente conhecer uns aos outros e ter um colega
explicando o problema irá ajudar em manter seu interesse.
A Configuração Física
Como apresentador, você está no comando. Chegue cedo na sala. Se você está
apresentando para um grupo de operadores sênior, tenha certeza que tem café
disponível em abundância. Há assentos disponíveis em quantidade suficiente
para que todos se sintam confortáveis? Todos conseguem ver seus desenhos
de onde estão sentados?
A temperatura da sala está adequada? Há algum som de fundo do ar
condicionado, cortadores de gramas, sítios de construção, reuniões em salas
adjacentes? Melhor adiar sua apresentação do que ser atrapalhado por fatores
além do controle de alguém.
Você consegue ver o nome de todos (item 10 acima) de onde você está falando?
De novo, cheque a iluminação. Escuridão é bom para sua audiência, mas
claridade é o que você quer para o lugar onde apresentará. Para uma grande
sala, eu perguntaria a alguém que acabou de chegar: “Julie, consegue me ouvir
bem daí?”
Premissas
Para operadores experientes de plantas, eu assumirei que eles sabem como
uma bomba, um trocador de calor ou uma coluna de destilação se parece, mas
não os princípios técnicos envolvidos. Para engenheiros, eu assumirei que eles
estão levemente familiarizados com princípios técnicos básicos, mas não
necessariamente sabem do que os componentes de processo se consistem.
Para a gerência da planta, eu assumirei que eles não sabem nada e tem uma
janela bem limitada de atenção.
Em geral, fazer uma apresentação técnica para um grupo de operadores
experientes sobre a unidade de processo que eles operam é relativamente bem
fácil.
O nível de competência técnica dos engenheiros de processo, gerência de
operação e operadores de planta não é tão diferente. Eu tendo a ignorar as
diferenças e tratar todo mundo da mesma forma em relação à minha expectativa
dos seus entendimentos de porções técnicas da minha apresentação.
Apresentando Equações
Para um palestrante, apresentar equações é difícil. Muitos espectadores, de
forma rotineira, “desligam” quando uma equação aparece. É uma resposta às
suas experiências na universidade.
Eu também tenho que apresentar equações. Mas, eu tento explicar cada termo
ao pintar um quadro verbal de seu significado. Por exemplo:
% Inundação = (DP) . 28 . 100 / (SG) . (NT) . (TS)
DP é a perda de carga em psi, que você mede no topo e no fundo da
coluna usando manômetros.
TS é o espaço entre os pratos, mostrado no esquemático do equipamento.
Tipicamente, 18’’ ou 24’’ ou 30’’.
NT é o número de pratos.
SG é densidade relativa do líquido quente. Tipicamente 1.00 para água
ou 0.72 para gasolina.
O fator “28” é um fator de conversão de psi para in de água.
Definir cada termo verbalmente, seguido por um exemplo ilustrativo, permite que
os espectadores visualizem o que a equação representa no mundo real, ao invés
de ser somente uma abstração. Conforme eu falo, eu irei referenciar um desenho
grande de um prato de destilação mostrando, por exemplo, o espaçamento entre
pratos.
Fazendo Perguntas
Nunca se desvie de uma pergunta. Se eu sei a resposta, eu irei interromper
minha apresentação para responder com grandes detalhes. Questões são a
melhor indicação que sua apresentação está indo bem. Se eu não souber a
resposta, eu formularei minha resposta durante um intervalo, e na volta, darei
minha resposta. Ou você pode sempre dizer o que eu faço as vezes: “Julie, boa
pergunta. Eu tive essa mesma dúvida por 45 anos, e ainda não entendo.”
Fazer perguntas aos seus espectadores servem a dois propósitos:
Os mantém alertas e interessados.
Permite ao palestrante medir o nível de entendimento dos seus
espectadores.
Fazer perguntas é perigoso. 5% dos seus espectadores irão reagir com
hostilidade ou ressentimento se eles não souberem a resposta. Eu vi isso nos
formulários de avaliação da classe que recebo como feedback dos meus
clientes. Não parece se correlacionar com idade, gênero, raça, ou origem
nacional. Eu descobri que é muito menos provável iniciar ressentimento de um
operador muito esperto, gerente, ou engenheiro, do que de um espectador
normalmente competente. Então, se conhecer sua plateia, eu sugiro que
direcione suas perguntas para as pessoas com maior conhecimento técnico.
Comentários Sexistas
Eu tenho um termômetro infravermelho para medir a temperatura da superfície
de um vaso. Para ilustrar isso, eu selecionarei um homem e uma mulher
sentados um do lado do outro. A temperatura superficial do homem deve estar
por volta de 97 °F e a da mulher deve estar em 96 °F.
Então explicarei que mulheres, em geral, usam creme facial que age como uma
barreira para transferência de calor e reprime a temperatura superficial. Que
teríamos que levar incrustação externa em vasos em conta ao conduzir uma
avaliação de temperatura usando dados de temperatura superficiais. Isso está
bom.
Mas meu comentário para um jovem e casado casal, mostrando que a
discrepância de 1 °F era uma indicação de que eles eram termicamente
incompatíveis não seria apreciada.
Celulares
Eu sempre peço aos espectadores para colocar seus celulares fora do campo
de visão. Se o celular de alguém estiver a mão, a tentação de checar e-mails e
responder uma mensagem é muito grande. O melhor jeito de lidar com esse
problema é começar o dia segurando seu próprio celular e dizendo: “Olhe
rapazes! Estou colocando dentro da mochila. Eu checarei minhas mensagens
durante o primeiro intervalo. Por favor, façam o mesmo.”
41– Fundamentos de Segurança Industrial
Indicação De Nível
Níveis de líquido não são medidos diretamente. Eles são indiretamente medidos
por um dispositivo de nível (ver Fig. 41.2). A diferença de pressão (DP) entre P1
e P2 (psi) é medida e convertida em polegadas de líquido (D H) e usado na
equação a seguir:
DH = (DP) . 28 / SG
Onde SG = Densidade relativa do líquido
O SG é chamado de “densidade relativa de calibração”. Não é tipicamente
ajustada por meses ou anos. Isso é, até que o técnico de instrumentação
recalibre o dispositivo. Se o nível de líquido no dispositivo ficar menos denso que
o normal, o nível indicado no painel irá declinar em relação ao nível real de líquido
no vaso, conforme discuti.
Medição De Vazão
Vazões são indiretamente medidas pelo uso de um orifício de restrição. O DP
através de um orifício de restrição é medido e convertido em vazão usando a
equação abaixo (ver Fig. 41.2).
Vazão = K . (DP) 0.5
Onde K = Coeficiente do Orifício
O fator que muitos operadores não conhecem é como corrigir a vazão para um
medidor fora de zero.
Vamos dizer que o medidor está lendo uma vazão “A”. O medidor então é
bypassado, de forma que a vazão observada deveria cair para zero, mas
somente cai para “B”. Para calcular a vazão correta, use a equação abaixo:
Vazão correta = (A² - B²) 0.5
Na década de 1960, quando vazões eram indicadas por meio de gráficos, nós
fazíamos essa correção usando lápis, já que o gráfico já estava ajustado para
função raiz quadrada. Com uma tela digital, a correção deve ser feita usando a
equação anterior.
Plano De Fundo
Eu trabalhava com supervisor de operação na Cidade do Texas, e como
engenheiro de processos em Chicago para Amoco Oil entre 1965 e 1981. Eu
projetei 7% dos equipamentos na Cidade do Texas (coqueadores, recuperação
de enxofre, fracionamento de leves, sistema de amina, tratamento de gás
combustível). Para as colunas de destilação que supervisionei (desbutanizadora,
fracionadora de butanos, despropanizadora, fracionadora de butanos e
pentanos), todas as válvulas de alívio estavam conectadas no topo das colunas.
Todas elas aliviavam diretamente para atmosfera. A razão na qual eu não criei
objeção para este projeto foi porque era desse jeito quando tinha assumido a
supervisão do processo. Além disso, as colunas haviam sido comissionadas em
1958 e nada havia acontecido AINDA. O que resultaria se uma coluna inundasse
por alto nível de líquido não era uma pergunta que eu havia considerado.
Selo Em Loop
O selo em loop da câmara de purga foi mostrado na Fig. 41.3. O líquido da purga
escava em direção a um sistema de coleta de hidrocarboneto líquido levemente
pressurizado (i.e. 3 psig), ao invés de canal aberto. Para prevenir que vapores
de hidrocarbonetos escoassem em reverso no sistema de coleta e se
acumulassem na câmara de purga, havia para intervir um selo em loop.
Infelizmente, conforme o líquido da câmara de purga escoava no sentido
ascendente na porção vertical do loop, a pressão estática do líquido reduzia
devido ao aumento de elevação. Como a nafta estava no ponto de bolha (líquido
saturado), ela parcialmente vaporizada. O vapor formado se expandia e
restringia o escoamento do líquido. O resultado – restrição de escoamento por
acúmulo de vapor.
A restrição do escoamento por acúmulo de vapor interrompeu a vazão de
drenagem de nafta da câmara de combustão. O nível de líquido na câmara subiu
até atingir o bocal de entrada. O vapor escoando através desse bocal jorrou a
nafta chaminé acima. A nafta entrou em ignição.
Provavelmente, um ponto de purga no topo selo em loop – um dispositivo comum
presente em selos em loop para sistemas de bombeamento de água – poderia
ter prevenido essa restrição de escoamento por excesso de vapor.
A Pergunta Mais Importante
Nós podemos torcer para que BP e Marathon (operador atual da refinaria) terem
aprendido a lição deste incidente. Mas essa não é a questão. Teria eu cometido
o mesmo erro se eu estivesse presente? Com sorte, teria notado que a vazão de
alimentação excedia a vazão de saída. Então, calcularia que o nível de fundo da
fracionadora deveria estar aumentando. Se o(a) engenheiro(a) de serviços
técnicos da unidade tivesse participado da partida, ele ou ela deveria ter
intercedido com o pessoal de operação baseado no balanço de massa.
Mas há outra, e fundamental, ação que eu certamente teria tomada para evitar
essa explosão. Em 1984, eu estava envolvido na a partida da despropanizadora
da unidade de alquilação na refinaria Good Hope. Ninguém estava certo de qual
era o nível de líquido. Os visores de vidro estavam largamente inutilizáveis pois
o fluido de processo era água clara (não amarela) e os vidros estavam bem
velhos e arranhados.
Eu coloquei meu medidor de pressão (Fig. 41.3) no topo do medidor de nível
(P2) e depois chequei a pressão de topo (P1). Essa é a diferença de pressão
entre a linha de vapor de topo e o topo do medidor de nível. Para converte esse
DP em altura:
Altura (ft) = DP . 2.3 / SG
Na refinaria Good Hope, a medição indicou que tínhamos 40 ft de líquido acima
do topo do medidor de nível. Esse medidor estava em fim de escala. O nível de
líquido foi reduzido até que o nível indicado no painel caísse de um valor estável
de 80% até um valor errático de 70%.
Em 1974, eu demonstrei este método de descobrir nível na partida aos meus
operadores na Cidade do Texas. Mas, em 2006, esse procedimento simples foi
deixado de lado em prol do avanço tecnológico, para o detrimento da segurança
em refinarias.
42– Perigos de H2S, Vapor, Nitrogênio e Água Quente
Coastal – Aruba
Um supervisor de manutenção (também um oficial aposentado da Marinha)
estava direcionando uma equipe de caldeireiros para trocar uma peça spool de
uma linha de amina rica em uma plataforma elevada. Era um trabalho com uso
de máscara de ar. Por alguma razão, ele removeu sua máscara de ar. A amina
rica vaporizou. Ele morreu por inalação de H2S.
Ação de Remediação: Lidar com equipamentos de amina rica é idêntico
a serviços de H2S, o que requer uso de máscara de ar.
Unocal - Chicago
O Header de fundo do vaso de coque caiu em cima da rampa de corte de coque
durante descarregamento, e matou o operador que removia o coque da rampa.
O cone de fundo de 6 ft de diâmetro interno estava obstruído, e 100 ft de água
provavelmente se acumulou em cima da obstrução, que cedeu subitamente.
Ação de Remediação: Carregadores nunca devem ser permitidos nos
pátios de armazenamento de coque ou nas rampas quando coque está
sendo cortado. Obstrução e desprendimento do Header de fundo não
podem sempre ser evitados. Primeiro, corte o coque. Em seguida,
remova-o com o carregador.
Unocal – Chicago
Vinte e seis pessoas da refinaria em uma equipe de resposta de incêndio foram
mortas uma coluna de extração de GLP com amina (MEA) falhou em um reparo
por solda. O reparo por solda não tinha sido submetido à liberação de tensão,
mesmo sabendo que a coluna estava sendo usada em serviços de amina rica
com H2S. A razão para que o reparo de solda não foi submetido à liberação de
tensão foi porque originalmente o vaso não tinha sido submetido a tratamento de
pós-soldagem à quente.
Ação de Remediação: Todos os vasos em serviços de amina rica devem
ser submetidos a tratamento de pós-soldagem à quente. Além disso, o
uso de MEA em refinarias com unidades FCC é inerentemente perigoso
devido à formação de sais termicamente estáveis, a menos que o
recuperador de amina seja operado de forma consistente, o que não era
o caso da planta Unocal.
Um Erro De Projeto
A unidade de alquilação não havia sido projetada para partir a despropanizadora
separadamente enquanto que o resto da unidade estivesse em operação.
Embora fosse possível operar a unidade sem utilizar a despropanizadora, isso
deveria ter sido considerado durante a fase de desenvolvimento do projeto.
Como consequência dessa omissão, na prática, refrigerante isobutano, que
continha ésteres ácidos era reintroduzido na despropanizadora enquanto que o
refluxo da torre estava saturado com água. A água ácida circulava com o refluxo.
Uma rápida taxa de corrosão, devido ao ácido sulfúrico diluído, levou a falha do
joelho de 4’’ na sucção da bomba de refluxo. Eu subi para inspecionar o joelho
uma semana depois da falha. Parecia que uma pessoa do mal havia pego um
abridor de latas e descascado o joelho, que não era mais grosso que a tampa de
uma lata de sopa.
Todo o conteúdo do vaso de refluxo de 4’ de diâmetro interno e 15’ de altura
havia sido drenado. Uma nuvem branca gigante de vapores GLP se moveu
acima da unidade de alquilação n° 2 em direção à unidade de FCC n° 3. A nuvem
entrou em ignição na caldeira de CO da unidade FCC e detonou, arrancando o
telhado da sala de controle da unidade FCC. Todo a planta leste da maior
refinaria do mundo foi fechada por vários meses.
Resumo
O erro do projeto original foi ter assumido que que alguém usaria algum grau de
conhecimento de engenharia para perceber que a despropanizadora deve estar
completamente desidratada antes do reciclo de refrigerante ser reintroduzido na
coluna. Isso, eu acredito, é uma expectativa irracional. Especialmente, porque
este requerimento nunca tinha sido especificado nas instruções operacionais
originais da unidade.
A decisão da gerência de instalar uma coluna de lavagem com soda cáustica
10% na alimentação da coluna despropanizadora, que eu não tinha
necessariamente considerado nesta época, era, agora acredito em retrospectiva,
a decisão correta de engenharia. Enquanto a unidade de alquilação fosse
operada em operação normal e em estado estacionário, a despropanizadora
permaneceria seca e, portanto, em estado não corrosivo. No entanto, havia na
prática um número de circunstâncias que poderiam introduzir, sem aviso prévio,
umidade da coluna. A lavagem com soda cáustica era uma opção relativamente
cara para operar a unidade de forma segura ao extrair ésteres ácidos da carga
da despropanizadora.
Minha própria atitude em direção ao projeto de segurança da planta foi
fortemente influenciada por este incidente. Eu agora tento incluir considerações
nos meus projetos para garantir uma operação segura durante procedimentos
de parada, partida e resposta a falhas e danos em equipamentos.
Especialmente, se água pode se misturar componentes ácidos.
Basicamente, estou mais esperto agora.
44– Perigos de Controles de Processo Impróprios
Eu tenho medo de cobras. Mas as duas coisas de que tenho mais medo são:
Ácido hidrofluorídrico (HF) usado nas unidades de alquilação em
refinarias como catalisador para produzir isoctano para gasolina.
Uma nuvem de GLP (propano).
Ácido HF irá penetrar na pele e destruir ossos. Nuvens de GLP (propano ou
butano) formam uma nuvem branca, sendo mais pesado que o ar, e se
movimentam procurando uma fonte de ignição. Neste momento, estas irão
detonar com um raio destrutivo de 0.25 a 0.5 milhas. Eu já fui pessoalmente
responsável por gerar quatro nuvens gigantes de GLP na Cidade do Texas
durante a década de 1970.
Um dreno quebrado enquanto se puxava uma tampa do contator da
unidade de alquilação por um operador usando uma chave de fenda de
16’’.
Um dreno de 2’’ soprou vapor de hidrocarbonetos em grande quantidade
devido a um operador ter aberto demais quando este estava parcialmente
obstruído com hidratos (i.e. gelo sólido composto de hidrocarbonetos e
água).
Uma solda tensionada se soltou de uma tubulação de aço carbono de 8’’
que havia sido exposta à ácido sulfúrico diluído.
Um joelho de 4’’ em serviço de propano líquido soprou massivamente. O
joelho estava embaixo de um vaso refluxo enorme de uma
despropanizadora, que esvaziou para atmosfera.
Somente no último incidente a nuvem de vapor encontrou uma fonte de ignição.
Na detonação que se seguiu, a planta leste gigante da refinaria American Oil foi
devastada. Além disso, minha carreira na American Oil foi seriamente impactada.
Projeto De Correção
Para corrigir essa situação, eu propus duas alternativas para a refinaria. As duas
opções eliminariam a prática perigosa de drenar condensado para o chão.
O principal custo a longo prazo de operar uma refinaria, ou espero que seja, em
qualquer planta de processo, é segurança. Não o ocasional ferimento ou
ocasional fatalidade. Estou me referindo a incidentes como:
A explosão da fracionadora de rafinado da BP na Cidade do Texas – 15
mortos.
A absorvedora LPG-Amina da Unocal – 20 mortos
A explosão e incêndio do oxidante de asfalto da Amoco – 3 mortos
Deep Water Horizon da BP – 11 mortos
Bhopal – Union Carbide – 10 mil mortos
Esses foram incidentes multibilionários, todos dos quais eu estou pessoalmente
famializado foram resultados de operadores e engenheiros de processos
cometendo erros operacionais ou de projeto totalmente evitáveis.
O incidente em Bhopal foi resultado de um esforço para evitar perda de produção
devido a projeto marginal de um selo mecânico de uma bomba. Isso destruiu a
Union Carbide Corporation e matou 10 mil pessoas.
O incidente perto da minha casa em Nova Orleans custou 20 bilhões de dólares
americanos à BP, matou 11 pessoas e derramou 5 milhões de barris de óleo cru
no Golfo do México.
Geralmente, eu sou retido como uma testemunha especialista nestes tipos de
catástrofes. O único tópico em comum me parece ser que, em algum momento
crítico de tomada de decisão de processo, alguma pessoa de nível médio de
gerência escolhe o caminho errado, porque ele ou ela não entendia como o
equipamento funcionava e, portanto, não podia entender as consequências da
sua decisão.
Eu cometi esse tipo de erro quatro vezes na minha unidade de alquilação na
Cidade do Texas. Acabei me safando nas três primeiras vezes. Mas, na quarta
vez, a lei das médias prevaleceu resultando em uma detonação de uma nuvem
de vapor butano. Mas isso foi em 1976. Estou bem mais esperto agora.
O Primeiro Incidente
Um dia, eu fiquei preocupado que o dreno do reboiler da coluna estava obstruído.
Eu instruí meu caldeireiro (Little Mac) a limpar o dreno de 0.75’’ da linha de
alimentação do reboiler, poucos pés acima do chão. Para fazer isso, uma tampa
de 0.75’’ tinha que ser removida de um dreno de 0.75’’. A tampa era difícil de
remover, e o caldeireiro determinado usou uma chave de fenda de 16’’ para criar
uma alavanca e acabou quebrando o dreno de 0.75’’ da conexão soldada com a
tubulação de 8’’.
Uma grande nuvem de vapor de isobutano rapidamente envolveu toda a
unidade. O ar ficou resfriado na névoa de hidrocarbonetos que se espalhava.
Felizmente, na unidade de alquilação de ácido sulfúrico, não haviam fornalhas
ou turbinas a gás. Além disso, dessa vez, não havia nenhum serviço a quente
(solda, corte) em andamento no bocal. Um caldeireiro mais velho (Big Mac)
esculpiu um pequeno pedaço de madeira no formato da tampa e marretou a
tampa de madeira no dreno quebrado de 0.75’’. Dentro de 30 minutos, a névoa
gelada esbranquiçada de isobutano se dispersou, e o incidente terminou sem
repercussões. Eu tive a tampa de madeira coberta com resina epóxi e capa de
fibra de vidro, o que eu vi como um método razoável de reparo.
O Segundo Incidente
O condensador de topo da minha despropanizadora consistia de um trocador
horizontal. Água no lado dos tubos e vapores de propano no lado do casco. O
banco de tubos tinha sido originalmente de latão de almirantado. Mas o novo
banco de tubos era muito caro, foi vazamentos em tubos eram comuns. Uma vez
que cerca de 15% dos tubos estavam obstruídos, os padrões da companhia
eram troca de tubos ou substituição. Então, optei pelo banco de tubos de aço
carbono menos caro, ao invés do latão de almirantado caro.
A água de resfriamento dos condensadores da despropanizadora vinha da célula
12 da coluna de destilação da unidade de alquilação. Um dia, eu estava
observando a torre de resfriamento de longe, quando vi o que parecia ser vários
gêisers jorrando dos deques de distribuição da torre de resfriamento. Eu subi até
o topo da torre com Fuzzy Griffith, meu operador de campo do turno. Olhando
através da torre, nós podíamos uma névoa branca e densa subindo dos deques
de distribuição;
Uma nuvem gigante de isobutano explosivo se misturou com ar!
Fuzzy, apesar dos seus 60 anos, correu de volta para a sala de controle, parou
a unidade e despressurizou a coluna despropanizadora. Uma inspeção mostrou
que:
Somente um tubo de aço carbono tinha furado no condensador de
propano.
Vapor propano de alta pressão (270 psig) (contaminado com SO 3) tinha
vazado na água de resfriamento que escoava pelo lado dos tubos.
Os jatos de água ácida, mais vapor propano, tinham violentamente
colidido com a cabeça flutuante do condensador.
Um furo, do tamanho do meu punho, tinha erodido através da cabeça
flutuante de aço carbono, permitindo que o fluido do lado do casco
(propano a 270 psig) escoasse para dentro da linha de retorno de água
de resfriamento (a 30 psig).
Depois de ter parado a unidade de forma segura, eu percebi o porquê da
demanda de make-up de isobutano tinha recentemente aumentado em quase 4
mil barris ao dia ao longo dos últimos meses. Além disso, o porquê da produção
de propano ter caído a essencialmente zero no mesmo período.
O Terceiro Incidente
A corrosão que vivenciei na despropanizadora da unidade de alquilação foi
consequência da água residual presente no vaso de refluxo da coluna. Baseado
nessa premissa, eu instruí Randy Ramirez, um jovem operador, a verificar a bota
de dreno do vaso de refluxo da despropanizadora em busca de água. O dreno
era 2’’ e localizado diretamente acima da canaleta e apontado diretamente para
a grade da canaleta.
Randly me explicou mais tarde que o dreno de 2’’ estava particularmente
obstruído e que ele precisava abrir 3 ou 4 voltas antes que pudesse iniciar vazão.
Mas, o dreno jorrou com força tremenda conforme propano líquido 270 psig
escoava pela válvula meio aberta de 2’’, e ricocheteou no chão. Randy admitiu
que ele ficou apavorado e correu.
A primeira coisa que sabia sobre esse desastre em potencial foi que toda a
unidade de alquilação.foi engolfada em uma nuvem branca e densa. A nuvem
de isobutano tinha refrigerado e resfriado a área em torno da sala de controle, e
estava se espalhando em direção a uma área residencial.
Eu liguei o sistema de alarme de incêndio da planta. Mas, naquela hora o
caminhão de incêndio já tinha chegado. Fuzzy Griffith tinha falado com Randy e
estava no processo de chegar a válvula de dreno de 2’’ da bota da
despropanizadora. A brisa da Baía de Galveston rapidamente dispersou a
nuvem branca de vapores frios de isobutano.
A Lição Aprendida
O padrão de repetidos vazamentos de butano deveria ter me alertado que havia
algo fundamentalmente errado com minha operação na unidade de alquilação.
Em retrospecto, eram os meus operadores que não estavam sendo cuidadosos
em drenar a água de todos os pontos baixos da despropanizadora durante a
partida.
Em um senso mais geral, eu tratei cada um dos incidentes como eventos
isolados, que uma vez controlados, deviam ser esquecidos. É claro, cada
incidente estava apenas a uma fagulha da catástrofe.
Depois desse incidente, American Oil modificou o processo para lavar a corrente
de alimentação da despropanizadora com soda para remover todos os traços de
ésteres ácidos. A refinaria é agora operada pela Marathon Oil, e unidade de
alquilação n°2 foi desmobilizada. Mas a lição de “Reze pelo melhor, se prepare
para o pior” permanece comigo como o pilar básico de Segurança de Processos
Industriais.
Um Tempo Depois
Eu visitei minha antiga sala de controle na semana passada (i.e. 2018). A
unidade se foi. Mas o banheiro privado que construí em 1974 para Julia
Tienaman, a primeira operadora da refinaria da Cidade do Texas, continua
operacional.
Nota De Segurança
Quanto mais pesado o material, menor será sua temperatura de autoignição.
Gasolina tem uma temperatura de autoignição de 480 °F. Asfalto, quando
espalhado em uma superfície porosa, como suas roupas, entra em autoignição
a 300 °F.
É por isso que vazamentos de selo de bombas de gasóleo pesado são tão
perigosos. É muito mais seguro coletar uma amostra de nafta a 350 °F do que
resíduo de vácuo na mesma temperatura.
Nota De Segurança
Um selo mecânico duplo usado em bombas centrífugas é um dispositivo de
segurança. Não é para redução de emissões ambientais. Se os alarmes de
pressão ou nível alto no reservatório externo do selo não estiverem funcionando,
os benefícios de segurança do selo mecânico duplo são largamente perdidos.
Um alarme ou desligamento por segurança que não for testado rotineiramente
nunca irá funcionar em uma emergência.
46– Evitando Morte e Desastre
Eu contei essa história para meu a filha de 12 anos do meu sobrinho. “Tio Norm,”
ela disse, “se ambas as linhas começavam e terminavam no mesmo lugar, e a
linha grande estava jorrando gás, e a linha pequena não estava, não significaria
apenas que a linha pequena estava obstruída com algo do poço, mas a linha
grande era muito larga para estar obstruída?”
E isso de uma garota que pensa que Bulgária é um bairro de Houston.
Nós, no ramo de óleo e gás, precisamos tomar decisões com a informação
disponível. No momento de tomada de decisão, eu sempre me pergunto: “Qual
é a pior coisa que poderá acontecer se minha decisão for a errada?” Geralmente,
critério é a melhor parte da valentia.
Mas a causa real do problema foi que os operadores não entendiam como
indicadores de nível funcionava. Alguns dos operadores pensaram que eles
podiam estar com nível muito alto, e que a coluna estava cheia. Mas, quando
eles aumentaram a temperatura da alimentação, eles notaram uma redução na
indicação do nível de fundo no painel de controle. Eles, então, concluíram que a
indicação de nível estava correta e continuaram a alimentar a fracionadora. A
coluna, então, inundou e pressurizou a válvula de alívio devido ao peso de
gasolina escorrendo por cima da fracionadora e pressionando a válvula de alívio.
Os dois fatores que os operadores não perceberam foram:
Gasolina mais quente é menos densa.
O indicador de nível irá ler um nível reduzido quando a densidade da
gasolina é reduzida, mesmo que o nível real esteja acima de 100%.
Eu aprendi sobre esse tema quando meu pai me ensinou a avaliar o óleo de
motor do meu carro. O nível de óleo ficava 1-2’’ mais alto na vareta quando o
motor estava quente.
Mas, uma causa fundamental da falha foi uma má decisão que ocorreu antes do
vaso ser fabricado. O projetista falhou em especificar no esquemático de projeto
do vaso que a coluna de extração deveria ser “pós-soldada termicamente para
aliviar estresse nas zonas de solda termicamente afetadas”.
Portanto, quando uma solda de reparo foi feita muitos anos depois, essa solda
não foi pós-soldada a quente. O que a empresa de engenheira contratada não
percebeu é que:
Tratamento de remoção de H2S com amônia é um serviço potencialmente
corrosivo.
MEA é mais corrosivo que DEA ou MDEA.
Quando aço corrói, um produto de corrosão é sulfeto de ferro (HS-).
O outro produto de corrosão é íon de hidrogênio (H+).
Íon de hidrogênio irá penetrar nas soldas e irá se acumular como hidrogênio
molecular nas juntas sem alívio e irá leva-las a falhar. Nem a Unocal, nem a
empresa contratada, foram consideradas responsáveis pela explosão. Mas meu
cliente, Engenharia Nooter, que fez a solda de reparo, foi considerada, bem
injustamente, responsável pelo evento.
Água de lavagem injetada na linha de vapor de topo (8’’) fez um furo no raio
externo do joelho. É verdade que o bocal de água de lavagem não deveria ter
sido direcionado bem na direção do joelho, 2 ft abaixo. É verdade que o bocal
deveria ter sido um dispersor, ou um bocal pulverizador, não uma seção de
tubulação de 0.75’’ em um ângulo de 45°. É também verdade que a vazão de
água de lavagem deveria ter sido direcionada em uma seção horizontal da
tubulação 10-20’’ a montante do primeiro joelho.
Mas o problema principal era que a água de lavagem era oriunda do Rio
Mississipi, não tendo sido desaerada. Isso causou cavitação conforme a alta
velocidade de água liberou bolhas de oxigênio no ponto de impacto. Shell deveria
ter usado água desaerada do desaerador da caldeira como água de lavagem.
Aparentemente, a instalação de uma injeção de 0.75’’ de água de lavagem era
um projeto de correção que não havia sido revisto pelo departamento de
engenharia da Shell. Era considerado apenas um projeto menor de tubulação a
ser implementado pela empresa de caldeiraria local.
Eu fui uma testemunha especialista dos advogados processando a Shell em
nome dos donos das casas que tinham sofrido danos bem pequenos de
propriedade. Esse caso custou 300 milhões de dólares à Shell. As famílias dos
operadores falecidos não participaram do sepultamento. Eles foram cobertos
pela empresa seguradora de trabalhadores, que proíbe tais ações legais por
parte de seus funcionários. Mas os advogados representando os donos das
casas receberam 120 milhões de dólares pelos seus “trabalhos”.
Resumo
“Lieberman,” Harvey disse, “qual é a moral das duas histórias? Elas são
certamente trágicas, mas me parecem sem conexão. Acidentes acontecem! O
melhor jeito de minimizar acidentes é que todos os empregados tenham uma
atitude positiva com relação ao conhecimento de segurança.”
“Não, Harvey. O melhor jeito de evitar acidentes é entender quando:
Aliviar estresse térmico de vasos e soldas de tubulações.
Saber quando equipamentos ou tubulações foram corretamente
despressurizados.
Entender como medições de nível variam com a densidade do líquido.
Não usar água de lavagem saturada com ar sem um bocal pulverizador
que colide com a tubulação.
Quais alarmes nunca devem ser desativados.
Isso é, Harvey, entender como equipamentos de processo realmente funcionam
e a experiência para antecipar o que pode dar errado, quando lições aprendidas
de uma experiência passada são ignoradas.”
“Aqueles que não estudam história, estão condenados a repeti-la.”
47– Nossa Função de Engenharia em uma Era de
Aquecimento Global
Começo Da Vida
Assim que a Terra resfriou o suficiente para forma água livre, a vida se formou.
Naturalmente a partir de substâncias moleculares formadas no espaço
interestelar, aparentemente formaram prontamente estruturas complexas que
podem espontaneamente se reproduzir. Tudo que é requerido é água líquida,
carbono, enxofre, nitrogênio, fósforo, cálcio e outros elementos. Como fontes de
energia, ferro, metano, sulfeto de hidrogênio e outros elementos comuns podem
ser utilizados em reações exotérmicas. Outra fonte relativamente pequena de
energia é oxidação usando peróxido de hidrogênio produzido pela radiação solar
colidindo com uma molécula de água. As bactérias que usavam essas fontes
menores de energia se reproduziram e popularam nosso planeta, sem alterar as
composições da atmosfera em grande extensão. Foi dessa maneira que a vida
evoluiu na Terra for cerca de 2 bilhões de anos.
Fotossíntese
O que pode fazer a Terra única, no nosso universo particular, não é vida, que
aparentemente começa de forma relativamente rápida e espontânea quando as
condições ambientais químicas apropriadas são dadas, mas sim fotossíntese.
Embora a vida tenha evoluído quase instantaneamente no nosso planeta
conforme ele resfriava, fotossíntese:
CO2 + H2O + fóton O2 + glicose
Necessitou de vários bilhões de anos para se desenvolver. Fotossíntese evoluiu
da capacidade de certas bactérias usarem peróxido de hidrogênio como fonte de
energia para converter CO2 em glicose. O catalisador que promovia a reação
química anterior era clorofila. Bactérias que usam clorofila para produzir glicose
em um ambiente de CO2 tinham uma tremenda vantagem ambiental sobre
bactérias dependentes dos relativamente escassos ferro, vanádio, níquel e
sulfetos de ferro como fonte de energia.
O Que Aconteceu Com Oxigênio?
Bactérias daquela época tratavam o oxigênio livre como um produto residual
perigoso e mortal. Assim era, e assim continua sendo. Oxigênio livre não existe
em grandes concentrações no universo. É muito reativo. Antes do advento da
fotossíntese, a concentração de oxigênio na atmosfera terrestre era 3 mil ppm
(i.e. pressão parcial de 2 mm Hg) quando comparado com o nível atual de 210
mil ppm (i.e. pressão parcial de 160 mm Hg). A concentração inicial de 3 mil ppm
de oxigênio era consequência da radiação solar interagindo com moléculas de
água formando peróxidos e hidrogênio na atmosfera.
Oxigênio é um veneno perigoso para a vida. Ele reage com cadeias de DNA.
Oxidação do DNA é a causa de morte mais comum (às vezes referido como
velhice). No início, bactérias eram protegidas da morte pela oxidação dos seus
próprios resíduos metabólicos. O oxigênio excessivo se dissolveu na água do
mar onde reagiu com sais de ferro no mar e precipitou como o vermelho óxido
de ferro. Por isso, a cor vermelha de muitos solos hoje. Mas, após 1 bilhão de
anos ou algo desse tipo, o conteúdo de ferro do oceano quase totalmente se
precipitou em óxidos e, com isso, oxigênio livre começou a se acumular no ar.
Distribuição De CO2
O CO2 liberado pela combustão de gás natural, carvão e óleo não se acumula
totalmente no ar. Cerca de 40% se dissolve no oceano. O incremento de CO 2
nos oceanos devido à atividade humana é muito pequeno para afetar o oceano
como um todo. Mas, o oceano não é bem misturado. As primeiras centenas de
pés se misturam vagarosamente com os 95% das águas oceânicas mais
profundas. Então, o incremento de CO2 liberado pela combustão de combustíveis
fósseis se acumula nas camadas superiores do oceano. Conforme o CO 2 se
dissolve na água, ácido carbônico (H2CO3) é produzido. O ácido carbônico
reduziu o pH oceânico (de 8.0 para 7.8). A solubilidade de componentes ácidos
como CO2 em água é reduzida conforme o pH da água é reduzido. Então, a taxa
de absorção de CO2 da atmosfera no oceano irá vagarosamente reduzir com o
passar do tempo.
A atmosfera está claramente aquecendo devido aos efeitos combinados de CO 2,
CH4 e fréon. Cerca de 80% do aquecimento está relacionado com CO2. A
redução de emissões de SO2 (SO2 reflete a luz do sol) para atmosfera, devido a
construção e plantas de recuperação de enxofre em refinarias de petróleo
aceleraram o aquecimento global. Até, as temperaturas ambientes cresceram
cerca de 2 °F na metade do último século. As temperaturas da água do mar
também estão aumentando. A água expande conforme é aquecida (1% para
cada aumento de 40 °F), logo o aumento dos níveis da água do mar, como
notado durante a passagem do furação Sandy na minha cidade natal de Nova
Iorque.
Projetos De Conservação De Energia
Um largo componente do meu trabalho como consultor de engenharia de
projetos foi baseado em projetos de conservação de energia. Este foi
formalmente um “tópico quente” em refino de petróleo. Nos Estados Unidos, os
custos incrementais de energia são funções do preço de gás natural. Isso define
o custo, não somente do combustível em fornalhas, mas também o custo do
vapor, e menos diretamente, o custo de energia elétrica. Gás natural tem ficado
tão barato e abundante nos Estados Unidos (seu preço declinou em 66% nos
últimos anos), que meus clientes não consideram mais preços de conservação
de energia como objetivos válidos.
Este é o efeito real do “faturamento hidráulico”. Isto aumenta a taxa de produção
tanto do gás natural como do petróleo. Há um equívoco generalizado com
relação ao fator que de fato controla as taxas de emissão de CO 2. Não é uma
função do consumo de combustíveis fósseis, mas uma função da taxa de
produção de combustíveis fósseis. Todo o óleo e gás natural que são produzidos
irão eventualmente ser oxidados para CO2 e H2O.
O Problema Do Tempo
As águas oceânicas de superfície mais quentes e menor pH irão eventualmente
se misturar com os 90% das águas oceânicas não afetadas pelas atividades de
queima dos combustíveis fósseis pela humanidade. As plantas irão sequestrar
CO2 excessivo para atmosfera. Hidratos irão novamente se formar, e nossa
Terra irá retomar seus ciclos graduais e naturais de aquecimento e resfriamento.
Eu pude observar que uma operação em estado estacionário e desejável tinha
sido restaurada. O loop positivamente retroalimentado irá suspender e equilíbrio
será restabelecido. Provavelmente, só irá demorar algumas centenas de anos.
Será que a humanidade conseguirá esperar a passagem desse período
inconsequente de instabilidade no ambiente do nosso planeta? Como qualquer
distúrbio em uma planta de processo, estabilidade irá ser restaurada, ou a
unidade irá sair de controle, com consequências desastrosas e, talvez, fatais.
Mas uma coisa posso dizer com certeza. O tempo não está do nosso lado. Os
resultados destrutivos da procrastinação contínua no desenvolvimento de fontes
de energia sustentáveis e alternativas está agora aparente. Os efeitos de
aumentar concentração de CO2 na atmosfera são uma questão de cálculos, não
somente observação.
48– Reprimindo Emissões de CO2
Minha ideia da energia sustentável se originou de uma discussão que tive com
minha mãe.
“Mãe, eu preciso de dólares para comprar um tênis novo.”
Minha mãe examinou os tênis gastos: “Norman, toma 80 centavos. Leve esse
tênis para o Sr. Federiko, o sapateiro.”
“Mas mãe, eu quero um tênis novo.”
“Norman,” minha mãe explicou, “nós somos pessoas pobres. Não podemos
comprar tênis novos. Temos que nos segurar com o que temos.”
É a mesma coisa com prover energia para nosso planeta. Nós residimos em uma
pequena partícula de poeira no vasto Cosmos. Se minha mãe tivesse governado
a Terra, ela teria comandado:
“Povo da Terra! Nós vivemos em um planeta pobre. Não podemos nos dar o luxo
de proporcionar tecnologias novas, complicadas e caras. Nós precisamos prover
energia com a tecnologia e equipamentos de processo que temos hoje. Crianças
da Terra! O tempo não está do nosso lado.”
Até agora, nós aumentamos a temperatura terrestre em 1 °C desde 1975. Dentro
de 20 anos, nós aumentaremos em mais 1 °C. 2 °C é muito. O calor adicional irá
promover rápido crescimento de plantas e melhorar as condições para muitas
espécies do nosso planeta. Aquecimento global também irá promover
tempestades mais violentas, desertificação de grandes massas de terra do
interior e aumento no nível dos oceanos.
A maioria dos hidrocarbonetos consumidos são utilizados para transporte,
plantas de processo, geração de eletricidade e aquecimento. O escopo de
melhoria é pequeno nessas áreas. O aumento no número de veículos ofusca o
aumento de eficiência. As produções de fertilizantes e plásticos são improváveis
de serem reduzidas.
A grande oportunidade envolve geração de energia elétrica. Um terço do
consumo de carbono no mundo é usado com esse objetivo. Quais, então, são
as alternativas para plantas termoelétricas à base de carvão?
Nuclear: O problema com energia nuclear não é técnico. Segurança,
armazenamento de resíduo de combustível gasto e toxicidade do plutônio
são todos problemas com soluções conhecidas. O perigo são as pessoas.
Engenheiros, operadores e gerentes cometem erros. Esses erros, quando
se manifestaram em uma usina nuclear, criaram consequências
inaceitáveis no Japão, Rússia e Estados Unidos. A expansão da energia
nuclear nos próximos 20 anos será difícil.
Eólica e solar: Eletricidade gerada nos moinhos de vento e nas células
solares em áreas selecionadas dos Estados Unidos são cerca de 20 a
30% mais caras que a eletricidade gerada por uma planta termelétrica a
base de carvão projetada para remover componentes perigosos (mas não
CO2) do gás efluente. O problema é que as energias eólica e solar
precisam ter de reserva energética de 100% em usinas elétricas em
períodos noturnos ou sem vento. Como a maioria do custo associado ao
gerar energia usando carvão é investimento de capital, e não combustível,
esse problema dobra o custo de energia elétrica de ventos na costa e
painéis solares.
Armazenamento de energia: Energia pode ser armazenada na geração
de hidrogênio, ar comprimido, armazenamento de água, rodas inerciais,
baterias, entre outros. No entanto, nenhum desses possíveis métodos é
viável em larga escala.
Gás natural: Emissões de CO2 estão caindo nos Estados Unidos
conforme gás natural se torna mais barato. Em base de BTU, gás natural
custa hoje cerca de 25 a 30% do óleo cru. Conforme o gás natural emite
somente 50% de CO2 em relação ao carvão, por kWh de energia
produzida, o aumento de seu uso nos Estados Unidos reduziu emissões
de CO2 em um baixo percentual. Note que quando o gás natural é usado
para gerar eletricidade em um ciclo combinado:
o Gás é queimado em um turbo gerador.
o O gás efluente quente (1100 °F) é usado para gerar vapor, que por
sua vez é enviado para uma turbina a vapor para gerar energia
elétrica.
O custo da energia elétrica em um ciclo combinado é somente cerca de 60%
quando comparado com uma usina termoelétrica a base de carvão. Fora dos
Estados Unidos – na Europa, China e Japão, o custo do gás natural se encontra
perto do óleo cru.
Hidroelétrica e geotérmica: Esses são métodos excelentes de geração de
energia elétrica isenta de emissões de CO2. Porém, tais métodos estão
somente disponíveis em pequenas localizadas, como Islândia e certas
regiões costeiras.
Etanol, biodiesel, hidrogênio, algas, grama, ondas oceânicas, fusão:
Nenhum desses são de qualquer aplicabilidade a curto prazo. Etanol do
milho, em particular, é uma terrível fraude.
Qual então é a solução? Felizmente, há um fator que tem mitigado este
problema. Árvores! A taxa de crescimento de árvores tem acelerado em cerca
de 20% - sobretudo devido ao CO2 adicional acumulado na atmosfera (de 280
para 410 ppm) no último século. Se nós pudermos somente moderar nossas
emissões de CO2 e dar uma chance para as florestas do mundo se atualizarem,
talvez em outros 50-100 anos, a atmosfera da Terra irá estabilizar em 500-800
ppm, o que é uma concentração de CO2 desesperadamente alta, mas não é fatal.
Então, vamos sair dos nossos escritórios, faltar nossas reuniões, e usar os
princípios descritos a seguir para operar nossas unidades de forma mais
eficiente. Aqui estão algumas ideias que extraí das minhas experiências de
operação e solução de problemas em refinarias. Eu tenho seguido a Regra de
Ouro em reunir essas sugestões.
“Se eu mesmo não tiver feito, eu não recomendaria.”
Bombas operadas por turbinas à vapor
o Reduza a velocidade da turbina pela válvula governadora até que
a válvula de controle a jusante da bomba esteja bem totalmente
aberta, mas continue em uma posição controlável (referência a Fig.
48.1).
o Feche válvulas manuais até a válvula governadora esteja operando
essencialmente bem aberta.
o Ajuste conexões da válvula governadora de controle de velocidade
até que a perda de carga entre as pressões de fornecimento de
vapor e da caixa da turbina seja um baixo percentual da pressão
do vapor de trabalho.
Sistemas Em Vácuo
Uma vez, eu estava apresentando em uma refinaria na Califórnia. Eu estava
tentando vender meus serviços como consultor especialista em energia. Na
metade do meu discurso, eu notei que ninguém estava prestando atenção.
Então, eu disse: “Olhem, rapazes. Me levem a qualquer parte da planta, e eu
economizarei energia em menos de 20 minutos.”
O gerente em treinamento, Sr. Henry, me escoltou até a coluna à vácuo de óleo
lubrificante. Eu perguntei ao operador de painel na sala de controle se ele tinha
tido algum problema no controle de vácuo da coluna (Fig. 48.7).
“Sim, Lieberman. O controle de pressão da coluna à vácuo está operando muito
aberto. A válvula de controle spill-back não consegue controlar a pressão da
coluna quando está muito aberta. Precisa estar 50% aberta, não 90%, para ter
bom controle.”
Então, eu subi até chegar nos três ejetores primários, e bloqueei os lados do
processo e vapor do ejetor central do sistema. O consumo de vapor caiu em 33%
(12 mil lb/h de vapor 150 psig) e a válvula de controle spill-back fechou para o
valor ótimo de 30%.
“Viu, Sr. Henry? Acabei de economizar 12 mil lb/h de vapor para vocês.”
Mas Sr. Henry não estava impressionado. “E daí, Lieberman? Qualquer um podia
ter feito isso. Nós não precisávamos de um especialista em conservação de
energia para bloquear um ejetor de vapor.”
E essa, senhoras e senhores, é a moral da história. Qualquer um pode fazer
essas mudanças para economizar energia, se eles saírem do escritório, escapar
de uma terra de computadores, e trabalhar com os operadores no campo.
O jeito mais simples de economizar 10-30% de energia de ejetores é reduzir a
pressão do vapor de trabalho. Excesso de pressão nesse vapor, acima do
projeto, reduz a razão de compressor que o ejetor consegue desenvolver. Além
disso, uma redução na pressão do vapor de trabalho será linear com a redução
de vazão de vapor de trabalho. Isso é, se você reduzir a pressão do vapor de
150 psia (135 psig) para 120 psia (105 psig), você irá economizar 20% do vapor
consumido no ejetor. A maioria dos ejetores que trabalhei sofriam de
condensadores a jusante incrustados e bocais de vapor desgastados. Para
esses ejetores, a pressão ótima do vapor é tipicamente 10-50% menor que a
pressão nominal de trabalho descrita pelo fabricante.
Resfriadores À Ar
Resfriadores aletados e ventilados com ar devem ser dimensionados para
operações de pico de verão. Então, para a maior parte do ano, a maioria das
plantas possuem capacidade excessiva de resfriamento com ar. Para reduzir
esse excesso de capacidade, muitos resfriadores à ar possuem persianas no
topo do banco de tubos. As persianas são fechadas para restringir vazão
excessiva de ar de resfriamento. No entanto, há um jeito mais eficiente de reduzir
vazão de ar. Isso é, reduzir o ângulo entre as hélices. Eu só fiz isso uma vez. Na
planta Sasol na África do Sul, eu reduzi o ângulo de 20-25° para 10-15°. Eu só
pude fazer esses ajustes para incrementar o mais perto de 5°. O resultado foi
pequeno. Uma redução de 12% na corrente medida do motor de corrente
alternada. Mas demorou somente 1 hora.
Compressores Centrífugos
Conforme a massa molecular do gás escoando para o compressor centrífugo
aumenta, a densidade do gás também aumenta. Isso não irá afetar o Head
politrópico produzido pelo compressor. No entanto:
Delta P = Head . Densidade
Logo, a razão de compressão da máquina irá aumentar com o aumento da
massa molecular do gás alimentado. Como consequência, ou a pressão de
descarga do compressor irá aumentar ou a pressão de sucção irá cair. De
qualquer jeito, o compressor será forçado a reduzir a velocidade do compressor
para evitar um aumento indesejável na razão de compressor.
Suponha que a máquina seja dotada de um motor trifásico de corrente alternada,
com velocidade constante. E aí?
A resposta operacional usual é abrir a válvula spill-back de controle de pressão
de sucção (Fig. 48.8). O que funciona bem. Mas o gás reciclado precisa ser
recomprimido, o que desperdiça energia. Uma resposta energeticamente mais
eficiente para massa molecular excessivo é restrição da sucção. Pode parecer
estranho, mas restringir a sucção é uma resposta mais energeticamente eficiente
para controlar o diferencial de pressão por um compressor centrífugo com
velocidade fixa do que retornar gás comprimido para a sucção. Tente você
mesmo. Restrinja a válvula de controle de pressão na sucção em poucos psi no
seu compressor de velocidade constante. Veja a válvula spill-back se fechar.
Você verá que a corrente do motor irá cair. Mas, não faça a válvula spill-back se
fechar muito. Você levar o compressor ao ponto de surge e potencialmente
danificar o rotor.
A relação entre o requerimento de energia para operar um compressor com
velocidade constante, a operação de restrição da válvula de sucção, a válvula
spill-back e surge é um assunto complexo. Eu expliquei essas relações em
detalhes no meu livro: Solucionado Operações de Processo, Quarta Edição –
PennWell Publications.
Compressores Alternativos
O método mais energeticamente eficiente para controlar a vazão através de um
compressor alternativo é abrir o pacote descarregador no cabeçote. Esse é um
volante grande no cabeçote de cada cilindro de compressão. Tipicamente, esse
volante não se encontra operacional pela falta de uso, então precisará de uma
grande chave de fenda. Abra o descarregador do cabeçote até o final para
reduzir a vazão de gás em, no máximo, 25% (Fig. 48.9). Reduzir a vazão líquida
de gás que passa pelo seu compressor alternativo, ao abrir a válvula spill-back
de retorno da descarga para sucção, é uma perda direta de energia de
compressão. O uso de descarregadores (na verdade desabilitadores das
válvulas do cilindro do compressor) não é tão eficiente quanto usar o pacote
descarregador do cabeçote. Abrir esse pacote pode levar vários minutos, e
salvar até 25% da energia de compressão que está sendo perdida pelo uso da
válvula de reciclo de gás da descarga para sucção.
Expandindo O Futuro Da Humanidade No Planeta Terra
Eu imagino que todos meus leitores agora acreditam em Aquecimento Global. O
problema é rapidamente sair do controle. Em resumo, listei ideias que você pode
usar para reduzir emissões de CO2:
Nivelamento das bandejas em colunas fracionadoras.
Uso de chapas de saída picadas.
Otimizar pressão em colunas de destilação.
Trocadores de calor – casco
Trocadores de calor – tubos
Fornalhas
Turbinas à Vapor – Contrapressão
Turbinas à Vapor – Condensação
Bombas centrífugas com motor elétrico
Compressores centrífugos com velocidade fixa
Compressores alternativos com velocidade fixa
Recuperação de condensado
Nivelamento de Bandejas
Pratos valvulados, em tabuleiro e perfurados irão vazar nos pontos mais baixos
das bandejas. O vapor, por outro lado, irá percorrer o caminho de menor
resistência e escoar pelos pontos mais altos das bandejas. O resultado é
caminho preferencial do líquido e vapor e, portanto, baixa eficiência de
fracionamento.
Para melhorar o fracionamento, o operador precisa aumentar a vazão de refluxo,
o que demanda maior carga térmica do reboiler. O calor adicional demandado é
oriundo do vapor da planta, o que gera perda de energia.
Nivelar as bandejas faz os pratos trabalharem de forma mais eficiente e
economiza energia, especialmente quando a coluna não está fortemente
carregada e o caminho de escoamento pela bandeja é longo.
Uso de Chapas de Saída Picadas
Chapas de saída picadas não são necessárias se:
As chapas de saída estão niveladas.
A carga da chapa é maior que 4-6 GPM por in de comprimento da chapa.
Caso contrário, o uso de chapas de saída picadas para aumentar a carga da
chapa para 4-10 GPM por in irá aumentar a eficiência de fracionamento.
Mas por quê?
Se a altura do transbordo (i.e. a altura de líquido acima do topo da chapa de
saída) for zero ou muito pequena, no lado esquerdo da bandeja, então todo o
líquido irá escoar para o lado direito da bandeja. O líquido no lado esquerdo
ficará estagnado.
Líquido que está estagnado não consegue alterar a composição do vapor
ascendente. Portanto, a eficiência de fracionamento é perdida e pode ser
recuperada ao aumentar tanto as taxas de refluxo e carga térmica do reboiler. O
que gera perda de energia.
Fornalhas
Usar analisadores de excesso de O2 por si só é uma perda de tempo e dinheiro.
Exxon agora usa uma combinação de:
Analisadores de O2 na seção radiante (não na chaminé)
Analisadores de combustível (i.e. CO, CH4, metanol, etc.) na seção
radiante.
Esses dois analisadores estão conectados em um computador para controlar ar
de combustão. Eu não tenho experiência em utilizar esse sistema relativamente
novo, mas é reportado de forma bastante positiva pelos estudantes da Exxon.
Sempre minimize entradas de ar na seção de convecção. Seja pela minimização
do draft (0.05’’-0,10’’) acima dos tubos superiores da seção de radiação, ou pela
procura das entradas de ar na parte externa da seção de convecção.
Todas as caixas de convecção vazam depois da primeira parada. Um aumento
razoável em O2 entre a saída da seção de radiação e a entrada da seção de
convecção é 0.5%. Um aumento de 2% de O2 é excessivo e gera perda de
energia. Isso é, ar frio resfria o gás de exaustão da seção de convecção.
Recuperação de Condensado
Em muitas plantas, condensado é direcionado para efluente. Uma tremenda
perda de energia. A razão é restrição de escoamento por excesso de vapor. O
condensado vaporiza em 5% de vapor, que se expande e restringe o
escoamento de líquido. Para evitar esse problema, bombeie o condensado, ao
invés de pressurizá-lo para dentro do sistema de coleta de condensado.
Outra alternativa é injetar água fria no condensado quente para reprimir
formação de vapor e restrição do escoamento por excesso de vapor. É claro que
a água fria deve ter os sais que propiciam dureza removidos antes de misturar
com o condensado quente, que se pretende reutilizar.
Eu usei essa ideia para reprimir a restrição de escoamento por excesso de vapor
de um regenerador de amina, vazão de amina recuperada, em Aruba muitos
anos atrás, com resultados excelentes.