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BIBLIOT FC í
Aelf nP '25 '1-4
2 oi / o1 / ~.µ C IP- Brasil. Catalogação - na - Fonte
Câmara Bra si leira do Livro. SP

Kalecki. Michal. 1899-1970.


K2 1 e Crescimento e ciclo das economias capita listas;
2.~<l. organização. introdução e tradução de Jorge Miglioli.
São Pa ulo, HUCITEC. 1977.
(Coleção economia e planejamento. Serie teoria
econômica)

1 . Capitalismo 2. Desenvolvimento econôm ico


3. Ciclos econômicos 1. Título.

17. CDD-330.15
18. -330.122
17. e 18. -338.09
17. e 18 . -338.54
.77- 1137

r ;
Indices para catálogo sistemático:
1. Ciclos econômicos 338.54 ( 17. e 18.)
2. Desenvolvimento econômico 338.09 ( 17.e 18.)
3. Econumia capitalista 330. 15 ( 17.) 330.122 ( 18.)
1ggg - tJ.'
BteLIOTEC~
l

AS EQliAÇÔES .\1ARXISTAS DE REPRODUÇÃO


E A ECO'IOMIA MODERNA

Antes de começar a tratar do tema específico deste trnbalho,


vamos modilicar um pouco a divisão marxista da economia em
departame nto:., corn o fim de simplificar nos>a argumentação e
concentrar-nos no problema básico dos esquemas de reprodução.
Em primeiro lugar, cm ve2. de incluir no Departamento 1 os
"bens de produção", suporemos que ele sup1·c o valor total do
invcslimcnto brulo. compreendendo aí as matéria~-pri11las respec-
tivas. E»e departamento representa assim a prnduç:lo total de
lodos os bens finais não ulilizados para consumo. (Como faz
Marx ao 1raiar dos esquemas de reprodução. cm nossa argumen-
tação vamos abstrair o comércio exterior assim como as receitas
e despesas governamentais.)
Em ..egundo lugar, 1rmaremos do me>mo modo º'
bens de con-
sumo. iMo é. vamos incluir no depanamenlo que produ7 esses
bens as ma1éria~-primas respectivas em Ioda> a:. fases do pro-
cesso produ1ivo. Além disso. man1endo-no> in1ciramcn1c de
acordo com Marx, dis1inguiremos os seguintes departamentos:
Dcpa1tarncnto li , que produz bens de consumo para os capitalis-
tas, e Dcpm1amcnto Ili , que produz bens de con,umo pan• os
trabalhadores.
Obteremos assim o seguinte "tab/('au <'co110111iq11<'" da re nda
nacional. onde/',, P,, e P , são os lucros brutos (isto é. antes de
dedu zir a depreciação) dos três depai1amentos, W1. Wi. e W1 são
os respectivos moman1cs de salários. P e W são os lucros brutos
totais C OS Salário~ totais, respectivamente. C \: O COl\4\UffiO dos
capitalistas. C w o consumo dos trabalhadores. e Y a renda nacio-
nal bruta (ante' de deduzir a depreciação):

1 n 1 Ill TOTAL
P, P, P, p
w, 111, 1 111, Ili
I Cc 1 e... y
II
Vamo\ \Upor. como o faz .\-larx, q ueº' lrahalhadorc\ não pou-
pam. Além d1>SO. não levaremos em conla o problema da possível
acumulaçào de estoques de bens não-vendido,. con,idcrando-o
um fenómeno passageiro. É fácil. en1ão. chegar <i fundamental
.. cquaç:io de 1roca .. de Marx entre o~ dcpanamcrllo' 1 e li. de um
lado. e o departamento III. de qmro.
Os lucro~ no terceiro departamento. P1 • 'e ma1criahn1m no>
ben' de con, umo !dos 1rabalhadore'l que rc,tam para º'
capita lis-
las desse departamento depois de pagos os sal:írio> W , - salários
estes que absorvem uma igual quantidade de bc11' de consumo
dos lrnbulhadores. Assim. os be ns de consumo dos trabalh adores
no valor de P, ~ão vend idos aos 1rabalhadorcs do~ derar1a mcn1os
1 e li . ou •cja:
P1 = w, + W1 (1)

Marx considerava essa equação no con1ex10 da reprodução


ampliada. que 'e dá a uma dada taxa cons1antc r. Todavia. é fácil
ob,crvar que c-.,sa equação é \1.;íli<la cm <1ualq11er circun\lância.
sob a condiç•io de que não se acumulem c,1oquc' de bens não
vendidos - como mencionado acima.
Considerada nesse contexto geral. a equaçao CI) permile alir-
mnr q ue - dada a distribuição da renda e111rc lucros e sal:\rios
nos 1rês depar1ame ntos - o investimento I e o con~umo C< dos
capilalistas de1erminam os lucros e a re nda nacional. De fato.
adic ionando P, + P, a ambos os lados da cquaçi10 ( 1):

P, +P, +P3 = P, + w, +P, + 1111

rcsulw:
P = l + Cc (2)

.
...\1cm d 1\\0. \C
d w, w, w, .
cnotamos- , - e - por, respec11vamcnte,
l Cc C~

... ,. '" · e w,. da equação (1) ob1emos:


(l - w3) Cw =w, I + w, Cc
Como re~u ll ado. lemos para o consumo dos 11i1balhadores:

\\/'1 1 +w1 Cc
Cw-- - -- - (3)
J-w,
e para a renda nacional:

w, /+w Ci:
2
Y =I + Cc + Cw = !+ Cc + -'----'--'-
J-w,
(4)

Assim , a rc11da (ou produto) nacional Y que se pode vender e os


lucro> P que i.e podem re;iliiar são determinados, em qualq uer
circunstâncin (e mío somente no caso da rcproduçáo ampliada
uniforme), pelo nível de investimento l e pelo consumo Cc dos
capitalistas (dada a distribuição da renda entre s:1 l:írio~ e lucros).
Poderia ser levantada a questão de por queª' equações (2) e (4)
têm de ser 1nterprerndas desse modo e não ao inverso. isto é. no
sentido de o investimento e o consumo dos capitalistas serem de-
terminado~ pelos lucros e pela renda nacional. A rcspo>ta a essa
que>t:io fundamental é a seguinte.
O invcMimcnto e o consumo dos capitalista•. no curto período
considerado, resultam de decisões tomadas no passudo e devem,
portanto, ser considen1dos como dados. No que se refere ao in-
vestimento, is>O é conseq(iência direta do lapso de tempo depen-
dente do pcrlodo de construção do equipamen 10 de capital. Mas
as alteraçócs no consumo dos capitalistas também acompanham
as mudança~ nos lucros com algum atraso. Ora, ru> vendas e os
lucros num dado período não podem ser um resu ltado direto de
decisóes pa~sadas: os capitalistas podem decidir quanto investirão
e consumir:io no próximo ano, mas não podem decidir a respeito
de quanto ~er:io suas vendas e seus lucros. As variávei~ indepen-
dentes num dado período são o investimento e o consumo dos
capitali:.tas. São essas duas magnitudes que, através das equações
(2) e (4), determinam os níveis da renda nacional e dos lucros que
se podem rcaliw r.

3
III

As deci'óc' dos capitalistas quanto a seu investimento e con-


sumo são tomada~ não em termos nominais. ma' "rcah~ ... isto é./
e C, devem ,cr calculados a preços constante\. Se w 1• e w, w,
são estáveis e as ta•as nominais de salário em todos os três de-
partamentos variam na mesma proporção. a rnc,ma \1 ariação
ocorrerá no caso do'> preços da produção desses departamentos.
Além di~'º· como se pode observar. as equações (2) e (3) <ão
também va1idas em termos .. reais''. Todo aumento "real .. no
consumo d'" capitalistas ou no investimento dá como resultado,
nessas cil'cunstiu1cias. uma expans<iO do produto e" do Dcparta-
n1ento 111, a fi1n de prover um excedente 1,, 1 11cssc dcpartan1ento
sulicicntc para cobrir a demanda gerada pelos mniorcs salários
touoi '> W, e W 1 dos Dcpanamentos 1 e TI. ·
Mas C\\as repercussões de um aumento de I ou de Cc apenas
sao po~'ívei ' 'e existir capacidade ociosa no Departamento Ili.
Suponhamo'l que isso não ocorra. C ~ :;erá cntào constante em
termo~ reai~. ou 'eja. igual a uma constante ll. ~C\'\C ca'io, o
acré~cimo no valor nominal de W, + lV2 cau~arU uma elevação
dos preço'> e mio da produção dos ben> de consumo do\ trabalha-
dores. Como resultado. o valor ··real .. de IV 1• IV,, e IV, se redu·
,i.-J cm comparaçiio com o nível que atingiria se houve;sc capaci-
dade ociosa no Departamento Til. Logo. as razôc'> "'• - W, //, "'i
= w ,;c, e"" w,ICw = W;IB. em que todasª' grandezas se
cxprc~~:un agorn e rn tern1os "reais... declinar~o proporcionnhnente ao
aumento dos preços dos bens de consumo dos trabalhadores . A
equ~1·ào (3) pode nesse caso ser escrita como:
w1_/ +_:._:.
__: w1 Cc = B
l - ~V3
Nc"c caso. quando I e/ou C0 crescem. w,.
w1 e "" devem
declinar cm uma proporção tal que faça com que o IHdo c•qucrdo
da equação se iguale a B.(1)
As seçõe., 1 e 11 deste trabalho representam na realidade o nú-
cleo da moderna teoria da demanda efetiva. Como ,e verá. essa

(ll Nwna cconomu11 ~·~•• 0$ preços dos bem de consumo~ "Cmptt fi•tdc.Y5 dn reb·
ção aos salAn~. ck 1al modo • asscgtnr a plt.na utiliz.açào d& ca~ p<oduti...,. 8; ou
l\'1 1
~J•, c-umprc·'CI \emprc a cquaçio .w,
- -
1
= 8
(v1s10 que("" obvi.amencc t igua1 a zero no uso da economia ~mli~11) .

4
teoria pode ser inteiramente derivada da equação marxista (1) que
representa a troca entre os Departamentos J e li, de um lado, e o
Departamento III, de outro , se essa equação de troca for conside-
rada dentro do contexto gernl, antes que no contexto da reprodu-
ção ampliada uniforme.

IV
Vejamos agora o significado das equações (2) e (4) exatamente
nesse último contexto, isto é, no processo de uma acumulação
uniforme de capital. Denote mos por K o estoque "real"' de capi-
tal, por r a taxa de acumulaçfo líq uida, e por ô a taxa de depre-
ciação. Nesse caso, e recordando que I representa q investimento
bruto (antes de deduzir a depreciação), podemos escrever a
"equação da acumulação" como:
I=(r+ô)K (5)
V isto eslannos considerando o processo de cresci1nento a longo
prazo, postulemos que o consumo Cc dos capitali stas seja pro·
porcional aos lucros P. Posto q ue. segundo a fórmula (2) , estes
últimos SàO iguais a f + C,..: , co nclui-se que C<: mantém Ullla reJa-
ÇãO constante com/. Temos ass im:
Cc = mi
Portanto, podemos escrever a equação (4) do seguintis modo:
J(w 1 +mw,) ( w +mw
Y =( J + m)/ + ) - \V3
1
- - - - = I J + m +- - 2
--
J - ~\13
)
(6)

e substituindo I por se u valo r dado na equação (S), temos:


\Vi + 111 \V2
Y = K (r + 5)( 1 + m + -- -) (7)
J - w3
i\ renda nacional. portanto, n1antém u1na 1·cJação conslante
con1 o estoque de capital K (Sen1pre que l v 1 . tv.,, e ~i1 3 n<iO se alle-
rem). (') Com uma dada relação e ntre a capacÍtlade produtiva e o
estoque de capital. o grau de utiliz.açcio do equipamento é cons-

(2) Se~ cap.1<;id~de pr<>eh11iv;.\ dos 1tês de1>art:unel'ltOS se cx1>andc à mcsmn l.nxa. não haverá
a c..'>cassct. de bens de consLLmo dos traba1hadorcs discutida na seção ànlerior.

FEE--CEDOC s
61 8LiOíECA
tMte . Assim, se o equipamento de capital é utilizado satisfatoria-
mente na posição inicial, essa s ituação se mantém no decorrer da
reprodução ampliada e não ~urge o problema de demanda efetiva.
Essa é a abordagem inerente a muitas teorias contemporâneas
do crescimento econômico. Em particular, se difere nciamos a
equação (7). obtemos:
dY Y Y
_ ;;; _ =r -
dK K rK
Com uma satisfatória utilização constante do equipamento de
capital, dK/dY é a chamada relação capital-produto, que denota-
remos por R . Além disso. rK é o in vestimento líquido. e, por-
tanto. rK/Y é a p.1nicipação relativa da acumulação na renda na-
cional, que denomremos por a . Temos assim:
1 ,
- ~ - ou
R o
que é a f6rmula bt(sica da teoria de 1-farrod e Domar (na qual.
todavia. o coeficiente a representa a ""prope nsão da popu lação a
poupar"" e não a razão entre a acumulação líquida proveniente
dos lucros e a renda nacional. que depende da distribuição da
renda entre os capitalistas e os rrabalhadores).
Na realidade. muitas das teorias contemporâneas do cresci-
mento são apenas variações ~obre o tema dos esquema~ marxistas
de reprodução ampliada, que no presente rrabalho são represen-
tados pelas equações
w, + W2 = P, (1)
1 m(r +6)K (5)

V
As repercussões das muda nças no investimento e no cons umo
dos capitalistas, descritas na seção Ili. não geram - acho eu -
maiores apreensões. Diferentemente disso. o equilíbrio m6vcl
descrito na seção IV depende da ext rema suposição de que os
capitalistas estão dispostos a efetuarem investimento que aumente
seu capital a uma taxa constante r ao ano. O que acontece, entre-
tanto, se e les se tornam mais cautelosos (talvez sob a influência
de uma a lteração na estrutura social de sua c lasse) e decidem re -
duzir o investimento de (r + f>)K para (r' + 6)K, onde r' < r?
6
Conclui -se dire1amente da fórmula <7> quer !e ass,im o grau de
utilização do equipamento! declina na rropvrçrio -;.:;-}como re·
sultado da queda da den1anda efeli va . É claro que ncs~a situação
os .. cautelosos" capitalistas não n1ais estanio contentes com uma
taxa 1ncnor de acU1nulação ,.·e a redu zi rão ainda mais. ar' ·<,.·. e
isso po1· sua vez afetará co1·rcspondcntcmcn 1c o grau de utilização
do e.quipamcn to.
Alguns economistas tendem a considerar esse fenômeno como
a fa,e declinante do ciclo econômico, a qual se processa cm torno
da l rajct6ria inicial de crcsci1ncnto. Tal proposição. todavia. n<io
esia bern fundamentada: n<:io h(Í raztiO par<) que, tendo deixado a
instável trajetória in ic ial, o investimento deva flutuar en1 torno
dela em vez de em torno do nivel de depreciação óK ( no qual r =
0). Ou. para <l izC-lo cn1 tc1·1nos 1narxistas: por que não pode un1
sistc1na capital is1a, urna vez. c 1n que se lenha desviado para baixo
a partir (.i(i trajetória da reproduçcio ampliada. enconl ra r~se nurna
posição de reprod uçúo simples a longo prazo'?
Esla mo~ in teirarnenl e no escuro quanto ao que acontecerá de
verdade em tal sil tH\Ç<io . na medida em que náo soluc iona1nos o
problema dos determinantes das decisões de investimento. ~farx
não dese nvolve u tal teoria, mas isso tampouco foi realizado pela
Econo1nia 1nodcrna. T ên1 sido feitas algumas tentat ivas no desen·
volvimento da leoria dias f1111uações cíclic<'s. Mas os problc n1as da ·
detern1ina<,;<i o das deci sões de investimento envo l vendo elernento$
ligados com a tendência de lo ngo prazo são muito mai~ difíceis do
que no caso do "cic lo econômico puro" (isto é. num siste ma que
a lo ngo prazo está suje ito à reprodução simples). Eu mesmo tentei
fazer algum a coisa nesse sent ido. mas c.o nsidero meu tn.thalho
nesse C<;mpo como sendo. de natureza evidente1nente pioneira. (J)
U1na coisa. poré1n . está clara para mim: o c rescin1ento a longo
prazo da renda nac ional. que im~plique un1a uti'li zaç~io satisfatória
do equlpan1ento . nu1na econo 1nia capitalista . está lo nge de ser ób-
vio.

C3l Um novo artigo meu sobre esse a.ssuoto foi publicado no l::n N1c>mic- .l1mrnal, mlmero de
l.
junh(I de 1968 ( Esse aniso corrt$pOnde <'<> c:.1pitulo 10 do presen1e IP»ru

7
V1

Que Marx estava profundamente consciente do impacto da de-


manda efetiva ~obre a dinâmica do sistema capitalista pode-se ver
claramente no \Cguinte trecho do terceiro volume de O Capital:
"As condições da exploração direta e as condiçóes da realização
da mais-valia não são idênticas. Elas estão separadas não apenas
pelo tempo e espaço mas também logicamente. A' primeiras
estão limitadas meramente pela capacidade produtiva da socie·
dade. e as segundas pelas r>roporçócs dos diversos ramos de pro-
dução e pelo poder de con,umo da sociedade.··
Marx. contudo, não investigou sistematicamente o processo
descrito por seus esquema~ de reprodução. do ponto de vista das
contradições inerentes ao capitalismo resultantes do problema da
demanda efetiva.
Foi um de seus mais proeminentes seguidores. Rosa Luxem-
burgo. quem expressou concepções muito clara~ e mesmo extre-
mas acerca do assunto: ela rejeitou inteiramente a possibilidade
de reprodução ampliada a longo prazo se não houvesse "merca-
dos externos··. Por .. mercados externos ... ela entendia os que es·
tavam fora do sistema capitalista mundial. englobando não apenas
os palses subde~envolvidos mas também os seiores não capitalis-
tas das economias capiialistas desenvolvidas - por exemplo. a
agriculmra camponesa assim como as compras do governo.
O argumento de Rosa Luxemburgo peca pelo fato de consi-
derar que as decisões de investimento são tomadas pela classe
capit:ilista como um lodo e que essa classe se frustra pelo reco-
nhecimento final da não existência de mercado para o exc<..'dente
econômico. Todavia, o ceticismo de Rosa Luxemburgo quanto à
possibilidade da reproduçiio ampliada a longo praLO é válido.
porque, na verdade, não se pode tomar por suposto o crescimento
auto-sustentado da economia capitafüta. Se essa economia ~e ex-
pande realmente sem a <\juda dos "mercados externos", isso.
para mim. deve-se a cenos aspectos do progresso técnico. os
quais, porém, não necessariamente asseguram uma satisfatória
utili;mção do equipamento a longo prazo.
1"<1mbém não deveria ser descartada a imponância dos "merca-
do:> externos" no desenvolvimento do capitalismo. Parlicu lar·
mente no capi1ahsmo de hoje. os "mercados externos", wb a
forma de despesa governamental - especialmente com arma-
mcnios - exercem um imp0rtan1c papel no funcionamento das
economia\. Essa despesa. na medida em que é financiada por
cmpré,1imo\. ou mesmo por tributos sobre os capi1ali\las. coniri-
bui para a \oluç;io do problema da demanda efetiva. porque seu
efeito nao e con1r.1halançado por um dcchnio do investimento e
do con,umo. (0 que aconieceria se c"a dc'J>C'ª fo,-,c financiada
por 1nt>u1:1çilo direta ou indireta dos trabalhadore\.) A"im. hoje
o; "mercado' externos .. sob essa forma e\pccifica \ÚO mesmo de
maior 1mpur1úncia p<1ra a reproduç:io ampliada do que no tempo
cm que Ro~a l.uxcn1burgo propôs sua teoria.
O allo grm1 de u1 ili1açáo de recurso, rcsul1an1e de fato desses
" merendo' externo ~ .. criados pelo governo cau'a um il'n pacto pa-
radoxal •obre a teoria econômica do Ocidente. Ele gern uma ai·
mosfcra fovonivel ú construção de mode los de c rescimento das
economia, capi1aJi,1as de lai.vsez:faire que não é 1>cr1urbado pelo
rrohlcma de longo pr.uo da demanda cfciiva.

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