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publicado pela primeira vez em 1966 e reeditado para a presente versão de 1990. Estas
datas são importantes para que possamos compreender a mente do autor dentro do
seu contexto original e assim façamos nossa avaliação, interpretação e aplicação para
os dias atuais.
da experiência pentecostal e que esta trouxe resultados nítidos para igreja dos seus
dias: “… não pode haver dúvidas de que Deus usou este movimento para trazer
apresenta alguns problemas resultantes deste movimento, segundo o autor, por falta de
“debate teológico”2 sobre o tema. É importante notar que quando o autor fala que o
“debate teológico sério apenas começou” 3 isto foi uma avaliação feita em 1966, há meio
século. Acredito que hoje ainda enfrentamos o dilema do exagero no que diz respeito a
este tema, mas devemos igualmente reconhecer que meio século depois, temos
instituições pentecostais muito bem alicerçadas e com uma teologia pentecostal e/ou
existirão como desafio para que a igreja possa perceber a necessidade de uma teologia
John Stott, Batismo e Plenitude Do Espírito Santo, 4th ed. (São Paulo: Edições Vida
1
Nova, 1990), 7.
2 Idem, 7.
3 Ibidem, 7.
pentecostal e/ou carismática. No entanto, nos últimos cinquenta anos uma teologia
pentecostal bíblica tem sido desenvolvida por teólogos extremamente capazes como,
experiência edificante dos crentes quando os livros eram lidos em comunidade servia
que assim como diz John Stott: “… todas as nossas tradições, todas as nossas opiniões
deixar de lado a formação da própria Escritura, que não surgiu meramente como um
manual sobre como a experiência com o Espirito Santo deveria acontecer, mas, acima
de tudo, ela surge como testemunha de que aquilo que se passava na igreja primitiva
tratava-se de uma experiência real e verdadeira. De certa forma podemos dizer que a
para avaliar cada experiência dentro da perspectiva divina. A Escritura não veio para
sufocar a experiência viva do cristão, mas para avaliá-la e a fortalecer. Vejamos o que
escreveu o evangelísta Lucas em seu evangelho: “Visto que muitos houve que
empreenderam uma narração coordenada dos fatos que entre nós se realizaram,
Macmillan, 2016).
5 Ibidem, 8.
conforme nos transmitiram os que desde o princípio foram deles testemunhas oculares
investigação de tudo desde sua origem, dar-te por escrito, excelentíssimo Teófilo, uma
exposição em ordem, para que tenhas plena certeza das verdades em que foste
John Stott realça muito bem aquilo que muitas vezes acontece nas igrejas que as
embora o autor tenha razão neste aspecto, é bom ressaltar que mesmo nas igrejas
históricas e tradicionais estas rivalidades e divisões são uma realidade perene no seio
das igrejas. E assim como no pentecostalismo surgem heresias, o mesmo acontece nas
igrejas históricas. Sendo esta a realidade, devemos nos aproximar cada vez mais da
Palavra de Deus e do Espirito Santo para que possamos ultrapassar esta dificuldades
John Stott diz com toda autoridade: “A experiência nunca deve ser o critério da
num processo espiral onde a experiência serviu de base para a Escritura e a Escritura
da vida da igreja, pois apenas a letra mata como escreveu Paulo em sua carta à igreja
de de Corinto: “… o qual nos habilitou para sermos ministros de uma nova aliança, não
da letra, mas do espírito; porque a letra mata, mas o espírito vivifica” (2 Coríntios 3:6). A
6 Ibidem, 11.
7 Ibidem, 12.
mas também do seu Santo Espírito. Ao comentar sobre Atos 2:4: “Todos ficaram cheios
que estes problemas são antigos, podendo ser encontrados inclusive na igreja primitiva.
8Spurgeon Charles, “Voltemos Ao Evangelho,” June 19, 2016, accessed November 14,
2016, http://voltemosaoevangelho.com/blog/2016/06/19-de-junho-devocional-diario-charles-
spurgeon/.
9 Ibidem, 11.
explica que: “Há pessoas que desaprovam a ideia de avivamento. Há pessoas assim
tanto dentro da Igreja Cristã como fora dela”10. O avivamento incomoda aqueles que
querem apenas manter o status quo, e por incomodar tentam impedí-lo. A Igreja da
Inglaterra, ou Igreja Anglicana, ou Igreja Episcopal, a igreja de John Stott, desde a sua
fundação buscou meios de manter a igreja sob um mesmo jugo que a Igreja Católica
Apostólica Romana utilizou antes da Reforma Protestante, para mencionar apenas dois
avivamentos que foram resistidos pela Igreja Anglicana estão os avivamentos que
envolveram John Smith e John Wesley. John Smith, no século XVII, viu-se obrigado a
fugir com um grupo de cristãos da Inglaterra para a Holanda e depois para os Estados
Igreja Batista. John Wesley nunca foi bem aceito, na verdade era evitado ao máximo
nas congregações anglicanas, por seus métodos evangelísticos e vida separada para
A Igreja Anglicana resistiu aos avivamentos que surgiram dentro dela, expeliu
estes avivamentos, encarcerou homens como John Bunyon e com o passar do tempo a
Mesmo diante destas atitudes da Igreja Anglicana, John Stott, não condenou
publicamente estas coisas e durante toda a sua vida foi um ministro anglicano. Ao
contrário disto, John Stott deixa a entender em seu livro Same Sex Partnership,
Lloyd-Jones David Martyn, Avivamento, 2nd ed. (São Paulo: Publicações Evangélicas
10
basicamente para a nossa humanidade ... Além disso, não só somos todos seres
sexuais, mas todos nós temos uma orientação sexual particular”11. Não tenciono
desacreditar John Stott, aliás sou apreciador de algumas de suas obras, mas me causa
Santo vai além da mera resistência teológica. E mais estranho ainda é a sua dualidade
pentecostalismo.
deve ser o critério da verdade; a verdade deve ser sempre o critério para a
experiência” 12. Estou em concordância com o autor, entretanto, não podemos nos
esquecer que a Escritura é resultado de uma experiência do homem com Deus. Isto
Escritura, mas negar a experiência é declarar o óbito da igreja. O grande teólogo norte
por parte da presente geração, leva-a diretamente a Cristo, porque todo o seu
deve ser buscada “preferencialmente nas suas passagens didáticas, e não nas
descritivas”14, o autor não levou em consideração que mais de quarenta porcento das
Escrituras é composto de narrativa. Jesus fez uso varias passagens bíblicas descritivas
para enfatizar um ponto didático. Alguns exemplos são: Mateus 19:4-6 e Marcos 10:6-8
João 3:14 em referência a Números 21:9. É interessante observar também que Deus se
apresenta como o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó (Êxodo 4:5),
isto nos mostra que Deus é o Deus da história e das narrativas, pois a vida dos
seus livros, bem como o género de cada unidade bíblica, entretanto, nada disto impede
proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça” (2 Timóteo
3:16). A palavra grega utilizada por Paulo para “toda” é “πάς”, inclui todas as formas de
autor pressupõe que a doutrina do batismo com o Espírito Santo estaria relacionada
com a salvação. Vejamos o que diz a declaração de fé dos Batistas Nacionais15 como
Cremos que o Espírito Santo é o Espírito de Deus. Ele inspirou homens santos
da antiguidade para escrever as Escrituras. Capacita homens através de
14 Ibidem, 12.
15 Manual Básico Batista Nacional.
Santo não tem qualquer relação com a salvação e nem mesmo o termo segunda
que seja uma experiência que deva ser buscada de forma isolada daquela que deve ser
John Stott diz ainda que o perdão dos pecados e o dom do Espirito Santo são
dados gratuitamente aos que são batizados16, entretanto, o texto não aparece nesta
disposição proposta pelo autor, mas sim: “Arrependei-vos, e cada um de vós seja
batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos vossos pecados, e recebereis o
16 Ibidem, 19.
dom do Espírito Santo” (Atos 2:38). O texto está disposto em ordem de eventos, ou
o terceiro evento e o dom do Espírito Santo é o quarto evento. John Stott não atentou
para uma pequena palavra que aparece no original, “καὶ” ou “e” em português. A
palavra καὶ define o efeito das causas anteriores a ela, ou seja, o “dom do Espírito” e o
efeito causado pelo arrependimento, batismo e perdão. Outro equivoco de John Stott é
relacionar a salvação com o batismo, o que faz com que seu texto misture batismo com
o Espírito Santo com o batismo nas águas. É evidente que Pedro está falando do
batismo nas águas em Atos 2:38. Mas por que o autor cria esta confusão? Simples, o
salvífica de Deus”.
O autor diz que a “… norma para hoje …”17 é que o batismo nas águas é o
mesmo que o batismo do Espírito Santo. Mas em que está estabelecida esta “norma”?
ao interpretar; Atos 8:13; Atos 11:14 e Atos 19:17. Outro ponto a salientar é que aquilo
que o próprio autor condena, que é o uso de passagens descritivas como didáticas, e é
E para concluir esta primeira parte, cito uma frase de John Stott que encontra-se
no mesmo livro: “… não existe um única passagem na qual eles os exortam a recebê-
lo” 18. Descritivamente não, mas didaticamente sim: “E não vos embriagueis com vinho,
17 Ibidem, 21.
18 Ibidem, 28.
batismo e dom são a mesma coisa19. Não o são nem gramaticalmente e nem na prática
cristã. O texto evocado pelo autor para determinar sua premissa está em Atos 2:38,
mais uma vez utiliza-se de passagens descritivas para marcar um ponto teológico, algo
significados e uso em nada tem a ver um com o outro. Entretanto, John Stott usa esta
pseudo semântica para justificar uma prática teológica da sua denominação como já
discutimos anteriormente. Ler este livro de John Stott sem ter em mente de que ele se
baptizados com o Espírito Santo, a maioria não parece ter sido” 20. O fato realmente é
este, não é uma mera aparência ou uma suposição. Vivemos numa época em que está
cada vez mais difícil encontrar pessoas, inclusive ministros do evangelho, cheios do
A grande tragédia de nossos dias é que existem muitos pregadores sem vida, no
púlpito, entregando sermões sem vida, a ouvintes sem vida. Que lástima! Tenho
constatado um fato muito estranho que ocorre até mesmo em igrejas
fundamentalistas: a pregação sem unção. E o que é unção? Não sei. Mas sei
muito bem o que é não ter unção (ou pelo menos sei quando não estou ungido).
Uma pregação sem unção mata a alma do ouvinte, em vez de vivificá-la. Se o
pregador não estiver ungido, a Palavra não tem vida. Pregador, com tudo que
possuis, adquire unção21 .
19 Ibidem, 35.
20 Ibidem, 46.
Leonard Havenrill, Por Que Tarda o Pleno Avivamento? (Belo Horizonte: Editora Betâ -
21
Confesso que o afastamento do cristão de uma experiência real com Deus e com
Chega dessa pregação estéril, espiritualmente vazia, que é ineficaz, porque foi
gerada num túmulo e não num ventre, e se desenvolveu numa alma sem
oração, sem fogo espiritual! É possível alguém pregar e ainda assim se perder;
mas é impossível orar e perecer. Se Deus nos chamou para o seu ministério,
então, prezados irmãos, insisto em que precisamos de unção. Com tudo que
possuis, adquire a unção, senão os altares vazios de nossas igrejas serão
exemplos vivos de nosso intelectualismo ressequido22 .
por estarem fora daquilo que consigo associar ao tema do livro e por dizerem coisas
batismo com o Espírito Santo ou Plenitude do Espírito, mas sim com aquilo que
poderíamos chamar de a Doutrina do Espírito Santo, mais propriamente dita, ainda que
autor, mas esclarecer apologeticamente alguns pontos que acredito serem importantes,
salvação daqueles que são eleitos de Deus, na confiabilidade das Escrituras, na sua
22 Ibidem, 15.
Deus, que é o mesmo ontem, hoje e o será para Sempre. Creio no revestimento de
poder do cristão com o Espírito Santo de Deus, que o capacita para a obra do Senhor e
que esta experiência tenha o nome que for, batismo com o Espírito Santo, Plenitude do
Espírito Santo, Revestimento de Poder, entre outros nomes nada mais são do que a
vida do cristão rendida a Deus, interessado e disponível para a sua obra. Acredito que
esta não é uma primeira, nem segunda bênção, mas um enchimento constante e
crescente para aqueles que desejam viver para Deus. Creio na continuidade dos dons,
sem excessão, e que estes servem para a edificação da igreja e devem ser usados com
tempo difícil e que sem a graça e poder do Espírito Santo seremos agentes ineficazes
do Reino de Deus,
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