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HISTÓRIA DE AVIVAMENTOS E MISSÕES

“Ouvi, Senhor, a tua Palavra e temi. Aviva, ó Senhor, a tua obra


no meio dos anos e, no meio dos anos, faze-a conhecida...”
Habacuque 3:2

O QUE É AVIVAMENTO

Partindo do princípio de que, como cristãos, avivados já somos, na Bíblia, a


palavra que mais se aproxima de “avivamento” é “reavivamento”. A expressão de
Habacuque tem o significado de “tornar a fazer, realizar novamente”. A palavra em
hebraico é “napash”, que significa “tomar fôlego, reanimar” e provém de “nepesh” -
alma, vida, apetite. Sempre que a Bíblia cita reavivamento, procura indicar “tornar
à vida, o oposto de algo que esteja sem ânimo, parado, desmotivado”.

Avivamento ou Reavivamento, portanto, é quando o Espírito Santo renova,


reaviva e desperta a Igreja sonolenta, abatida e corrompida pelo pecado. É
revitalização onde já existiu vida. Como disse Robert Coleman, é "o retorno de algo
à sua verdadeira natureza e propósito".

Segundo Martin Loyd-Jones, “é uma experiência na vida da Igreja, quando o


Espírito Santo realiza uma obra incomum. Ele a realiza, primeiramente, entre os
membros da Igreja. É um reviver dos crentes. Não se pode reviver algo que nunca
teve vida. Assim, por definição, o avivamento é primeiramente uma vivificação, um
revigoramento, um despertamento de membros de Igreja, que se acham letárgicos,
dormentes, quase moribundos".

Em outras palavras, a Igreja amortecida e tristemente doente é a primeira a


ser beneficiada pelo avivamento.

Avivamento é querer mais Deus. É vida, ânimo, disposição, transformação. É


preciso que se produza frutos, vida. Caso contrário, não é avivamento. É
movimento.

O escritor J. Elwin Orr, em um de seus livros, comentou: “Estou convencido


que se faria mais trabalhos para Deus em seis meses de um avivamento do que
durante sessenta anos de qualquer outro tipo de esforço”.
O QUE NÃO É AVIVAMENTO

Avivamento não é emoção transitória, movimento sem transformação,


fanatismo religioso ou praticas farisaicas. Não são métodos e regras
denominacionais (legalismo), barulho, ou manifestação descontrolada dos dons
espirituais. Não é proselitismo, nem nova visão pra uma nova Igreja. Não gera
orgulho espiritual, nem prepotência teológica. Não é o afastamento da Palavra de
Deus por uma nova visão, nem gera intolerância ou confusão, nem cria um
caminho para os descontentes falarem mal. Como diz o apostolo Paulo em 2
Timóteo 3:5, não é a “aparência de piedade, sem a eficácia do poder”.

CAMINHO DO AVIVAMENTO

Atos 1:14 dá o primeiro sinal: todos perseveravam unanimemente em oração


e súplicas. Não existe avivamento sem intercessão. O texto, no grego, indica
“firmes em só pensamento, engajados por um só sentimento”. E aí encontramos o
segredo de um avivamento: não é orar por orar, mas orar com propósitos.

Eles estavam sentindo a ausência de Jesus. Havia um incômodo interior


pelo vazio circunstancial. Não queriam acomodar-se, ficar ali, voltar a pescar.
Talvez Pedro estivesse se lembrando de Jesus dizendo: “Apascenta as minhas
ovelhas”. Estava sem direção. A última orientação recebida foi apenas “fiquem
aqui”.

Falta avivamento porque não sabemos pelo que orar. Nos conformamos com
este século. Achamos que já cumprimos o nosso papel. Transformamos o
Evangelho de Jesus em uma religião. Bastam o carro novo, um emprego bom, um
casamento bem feito, templos glandes, pessoas importantes dentro dele. E tudo
está bem.

Entretanto, é como o exército de ossos secos de Ezequiel. Tudo está no


lugar, rótula, mandíbulas, veias, couro, cabelo, mas falta o principal, falta o espírito,
falta vida, falta avivamento. Se resolvermos começar a orar com o propósito de
querer a presença do Senhor e somente isso, veremos o vento do Espírito mover
este lugar e daqui começar um grande avivamento.

O máximo que o elemento humano pode fazer é orar por um reavivamento,


como fez o salmista: “Porventura, não tornarás a vivificar-nos, para que em ti se
regozije o teu povo?” (Salmo 85:6). Ou como o profeta: “Aviva a tua obra, ó
Senhor, no decorrer dos anos e, no decurso dos anos, faze-a conhecida”
(Habacuque 3:2). Outra providência possível, já sob a ação do Espírito, é a
passagem súbita ou gradativa da Igreja de uma esfera carnal para a esfera
espiritual, em que se colhe não as obras da carne, mas o fruto do Espírito.

Em geral, o reavivamento ocorre depois de um período de decadência moral


e espiritual; depois da perda gradual e total do primeiro amor (Apocalipse 2:4);
depois das concessões feitas perigosamente à doutrina e à ética; depois de um
vazio que se torna insuportável; depois de uma liturgia fria e repetitiva; depois de
um púlpito seco e não Cristocêntrico; e também depois de certas tragédias de
âmbito nacional ou internacional, provocadas por crises econômicas, epidemias,
guerras e flagelos naturais.

RESPONSABILIDADE DO AVIVAMENTO

Deus não derrama de seu poder de forma desordenada, apenas para trazer
momentos passageiros de êxtase aos homens, para satisfazer egos já inflados ou
ainda para que hajam experiências isoladas, que acabam por ser o fim em si
mesmo.

Ele faz tudo com um propósito. É inacreditável que alguns parecem pensar
que o sublime e precioso Espírito Santo seria derramado para que houvesse um
momento de "prazer" e pronto - voltemos cada um para nossas casas e vidas
cotidianas.

O Espírito é derramado para revestir os crentes contra tentações e contra o


próprio inimigo, renovando as forças dos cansados, levando a Igreja em ousadia e
intrepidez, nos capacitando, como convêm, como sal e luz, como embaixadores,
como raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de
Deus, declarando Jesus Cristo às nações.

RESULTADOS DO AVIVAMENTO

Quando há esse impacto da obra do Espírito Santo na vida da Igreja, os


resultados imediatos do avivamento são sentidos no povo de Deus:

 senso inequívoco da presença de Deus;


 oração fervorosa e louvor sincero;
 convicção de pecado na vida das pessoas;
 desejo profundo de santidade;
 e aumento perceptível no desejo de pregação do Evangelho.

Como sopro de Deus, o avivamento tira a poeira que foi acumulada no


decurso dos anos. Não importa a espessura nem o tipo de poeira. Trata-se de uma
obra divina, periódica e poderosa, que recoloca a Igreja em seu primeiro amor,
produz convicção e confissão de pecado, santifica e movimenta. Desperta o gosto
e a disciplina de práticas devocionais particulares, como a leitura e meditação da
Palavra de Deus, a oração, o desabafo, a auto-sondagem, a confissão espontânea
de fraquezas e fracassos, o sentimento de carência de Deus e a vigilância pessoal.
Leva a Igreja a redescobrir a pessoa e a obra do Espírito, para dEle se servir outra
vez, como nos dias dos apóstolos.

Mesmo tendo um teor místico muito acentuado, o avivamento é muito mais


do que isso. É o motor de coisas novas, de realizações extraordinárias e de certa
duração, na área da educação religiosa, evangelização, missões, socorro ao
sofrimento humano. Forçosamente, sempre gera preocupação com os não-salvos
e com os moralmente marginalizados. A história mostra que esse sopro do Espírito
induz os crentes a fazerem obras de caridade e a levantar a sua voz contra a
injustiça social, seja ela qual for e custe o preço que custar.

PECULIARIDADES DO AVIVAMENTO

O avivamento autêntico tem algumas peculiaridades. O livro de Atos


descreve uma igreja que vive sob o mover do Espírito Santo:

 Perseverança na Palavra - Todo avivamento autêntico está centrado em Cristo


e em sua Palavra. O surgimento de doutrinas antibíblicas é um sinal de que não há
pureza no movimento;

 Perseverança na comunhão - Uma Igreja avivada vive como um corpo bem


ajustado. O Espírito gera unidade. As discórdias e facções são obra da carne;

 Perseverança na oração - Sem isso, não há avivamento. É a comunhão com


Deus que desencadeia todo o processo de renovação espiritual.

 Dedicação a missões - Não existe avivamento autêntico se a Igreja não está


fazendo missões. De acordo com Atos 1: 8, o poder do Espírito habilita o crente
para pregar o Evangelho, para ser testemunha;

 Ação social - É interessante observar que todos os avivamentos trouxeram


consigo a ação social, como fundação de orfanatos, preocupação com idosos, com
os marginalizados. Isso é bíblico. Veja Atos 9: 36;

 Salvação de almas – Ocorrem, em grande número e em um determinado


espaço de tempo, conversões;

 Compromisso com a obra - Ocorrem mudanças nos corações da Igreja,


surgem assim espíritos voluntários, maior dinamismo, senso de trabalho;

 Manifestações de poder e sinais - Curas, libertações, verdadeiras revelações


pelo Espírito de Deus, onde o objetivo é a edificação do Corpo de Cristo.

PROPÓSITOS DO AVIVAMENTO

Todo avivamento espiritual promovido por Deus, tem o objetivo final de


transformar a sociedade não-cristã. Isso acontece porque, além da atuação
soberana do Espírito Santo no mundo, na Igreja passa a existir uma
conscientização profunda de sua missão, isso é, a missão integral de servir o
mundo, evangelística e socialmente. No avivamento, a Igreja vive a missão para a
qual foi chamada.

A sociedade não-cristã, por sua vez, volta-se para Deus, em resposta ao


Evangelho. Acertadamente, Héber de Campos comentou que "o reavivamento
começa na Igreja e termina na comunidade maior onde ela vive. Os efeitos do
reavivamento são muito mais perceptíveis nas mudanças morais que acontecem
na região ou num país. Não se limitam simplesmente aos membros das Igrejas.
Causa impacto em toda a comunidade onde elas estão inseridas".

AVIVAMENTO E SALVAÇÃO DE ALMAS

Um avivamento produz almas, vidas. Atos 2:41 diz “Os que de bom grado
receberam a sua palavra... naquele dia foram quase três mil pessoas”. Mas não se
está falando as atuais almas pela internet, aquelas que nem se conhece, ou pela
TV, que não se tornam membros e, sim, colaboradores, associados, amigos da
Igreja.
A salvação produzida por um avivamento tem características diferentes. Leia
Atos dos apóstolos e veja se eles estavam preocupados em construir uma Igreja,
em eleger um senador, se queriam criar um novo conceito de vida religiosa.
Apenas queriam que as pessoas conhecessem o dom gratuito da vida, Jesus. Mais
nada. Só isso bastava, porque acreditavam que quem provasse desse amor teria
de fato sua vida transformada.

AVIVAMENTO E INTERESSE MISSIONÁRIO

O que produz um avivamento? Consciência de que não está fazendo nada.


Arrependa-se e se coloque nas mãos do Senhor.

Porque a consciência social e a consciência missionária tomam conta dos


crentes, surgem novas e muitas vocações para o ministério pastoral, para os
campos missionários e para a filantropia. Como resultado prático, abrem-se novos
seminários, agências missionárias, escolas evangélicas, ministérios e obras
assistenciais, como orfanatos, creches e hospitais. As Igrejas crescem em
quantidade e em qualidade.

Embora o avivamento conduza ao evangelismo, este é uma coisa e aquele é


outra. “O evangelismo é boa nova e o reavivamento é vida nova. No evangelismo,
é o homem que trabalha para Deus. No reavivamento, é Deus que trabalha de
forma soberana em favor do homem... Toda a vida espiritual, seja no indivíduo ou
na comunidade, na Igreja ou na nação, é obra do Espírito Santo. Nenhum homem
pode programar um reavivamento, porque só Deus é doador de vida” (Carlton
Booth).

HISTÓRIA DO AVIVAMENTO

Destacam-se pelo menos 12 movimentos de avivamento só no Antigo


Testamento, isso sem contar cada um dos reis que lideraram o reino do norte
(Israel) e reino do sul (Judá). No Novo Testamento, a Igreja Primitiva apresenta-se
avivada, mas, ainda em Atos, Deus precisou despertá-la espiritualmente. Os pais
da Igreja, ao longo dos séculos seguintes, nos deixaram inúmeros relatos de
avivamentos espirituais que vieram sobre cada geração de cristãos. Infelizmente, a
história também nos mostra que ocorreram negros períodos de falta de
avivamento, em especial na Idade Média.
O livro de Atos registra a dimensão do avivamento: em Jerusalém, em
Samaria, em Antioquia da Síria e em Éfeso. E de lá para cá, são muitos os relatos
da obra vivificadora do Espírito Santo na história da Igreja.

O AVIVAMENTO EM PENTECOSTE

O derramamento do Espírito Santo no dia de Pentecoste (Atos 2:1-47)


inaugurou o avivamento, aquilo que Jesus havia predito em Lucas 24:49-53.
Marcou-se, assim, o início de uma nova era na história da redenção. Por três anos,
Ele trabalhara na preparação desse dia, o dia em que a Igreja, discipulada por
intermédio de seu exemplo, redimida por seu sangue, garantida por sua
ressurreição, sairia em seu nome a proclamar o Evangelho "até os confins da terra"
(Atos 1:8).

O Pentecoste, dentre todas as festas judaicas, era o evento mais


frequentado e acontecia sob clima de reencontros, já que judeus que moravam em
terras distantes empreendiam longas jornadas para ali estar no quinquagésimo dia
após a Páscoa.

Fenômenos estranhos aos de fora e incomuns à Igreja aconteceram nesse


momento. A Palavra os resume falando sobre um som como "vento impetuoso" (no
grego “echos”, usado para o estrondo do mar); "línguas como de fogo", que
pousavam sobre cada um; "ficaram cheios do Espírito Santo"; e começaram a falar
"em outras línguas". Lucas fecha a descrição do cenário com a expressão no verso
4: "segundo o Espírito lhes concedia".

CARÁTER MISSIOLÓGICO DO AVIVAMENTO

Em meio a esse momento atordoante (vento, fogo, som, línguas), o


improvável aconteceu. Aquilo que seria apenas uma festa espiritual interna para
120 pessoas chegou até as ruas. O caráter missiológico do Evangelho era
exposto. O Senhor já queria demonstrar, desde os primeiros minutos da chegada
definitiva do Espírito sobre a Igreja, que este poder - dinamus de Deus - não havia
sido derramado apenas para um culto cristão restrito, alegria íntima dos salvos ou
confirmação da fé dos mártires.

O plano de Deus incluía o mundo de perto e de longe em todas as gerações


vindouras e nada melhor do que aquele momento do Pentecoste, quando havia 14
nações presentes. No meio desta balbúrdia da manifestação de Deus, cada uma -
miraculosamente - passou a ouvir o Evangelho em sua própria língua.

Era o Espírito Santo mostrando, já na sua chegada, para o que viria:


conduzir a Igreja a fazer Cristo conhecido na terra. Em um só momento, Deus fez
cumprir não apenas o "recebereis poder", mas também o "sereis minhas
testemunhas". A Igreja revestida nasceu com uma missão: testemunhar de Jesus.

Daí, muitos se converteram e a Igreja passou de 120 crentes para 3 mil e,


depois, 5 mil. Não sabemos o resultado daqueles representantes de 14 povos
voltando para suas terras com o Evangelho vivo e claro, em sua própria língua,
mas podemos imaginar o quanto esse se espalhou pelo mundo a partir de tal
episódio. Certamente, foi o primeiro grande movimento de impacto transcultural da
Igreja revestida.

CARÁTER EXTERNO DO AVIVAMENTO

Podemos retirar daqui algumas conclusões bem claras. Uma delas é que a
presença do Espírito Santo leva a mensagem para as ruas, para fora do salão e
alcança aqueles pelos quais o sangue de Cristo foi derramado. Dessa forma, é
questionável a maturidade espiritual de qualquer comunidade cristã que se
contente tão somente em contemplar a presença do Senhor.

A presença do Espírito, de forma genuína, incomoda a Igreja a sair de seus


templos e bancos. A não se contentar tão somente com uma experiência aos
domingos. A procurar, com testemunho santo e uso da Palavra de Deus, fazer
Cristo conhecido aos que estão ao seu redor.

Uma Igreja revestida da Espírito deve abrir seus olhos também para os que
estão longe, além das barreiras, além das fronteiras, nos lugares improváveis,
onde Cristo gostaria que fôssemos.

AVIVAMENTO E TRANSFORMAÇÃO DA IGREJA

Que efeitos objetivos na construção do caráter da Igreja produziu a presença


marcante e transformadora do Espírito?
 A ação do Espírito Santo não produz uma Igreja enclausurada
A Igreja cheia do Espírito Santo passa a crescer onde está. Em Atos 8, o
Senhor a dispersa por todos os cantos da terra. Diz a Bíblia que "os que eram
dispersos iam por toda parte pregando a Palavra". Vicedon nos ensina que uma
Igreja cheia do Espírito é uma igreja missionária, proclamadora do Evangelho,
conduzida para as ruas.

 A ação do Espírito Santo não produz uma Igreja segmentada


Após a ação do Espírito sobre os 120, depois 3 mil, depois 5 mil, não houve
segmentação, divisão, grupos na comunidade. Certamente, eles eram diferentes.
Alguns preferiam adorar a Deus no templo, outros de casa em casa. Alguns mais
formais, judeus e judaizantes, outros bem informais, gentios. Alguns haviam
caminhado com Jesus. Outros não o conheceram tão de perto. Mas a Igreja
possuía um só coração e alma, como resultado direto do Espírito Santo.

 A ação do Espírito Santo não produz uma Igreja autocentrada


Certamente, uma Igreja que havia experimentado o poder de Deus, de forma
tão próxima e visível, seria impactada pelo sobrenatural. Porém, quando a ação
sobrenatural é conduzida pelo Espírito Santo, a única pessoa que se destaca é
Jesus, a única pessoa exaltada é Jesus, a única que aparece com louvores é
Jesus. A Igreja que experimentou o Espírito no Pentecoste passou, de forma
paradoxal, a falar menos de sua própria experiência e mais da pessoa de Cristo. O
egocentrismo eclesiástico não é compatível com as marcas do Espírito.

A nossa herança provinda do Pentecoste precisa nos levar a sermos uma


Igreja nas ruas (não enclausurada), uma Igreja Cristocêntrica, com amor e
tolerância entre os irmãos (não segmentada ou partidária), uma Igreja cuja
bandeira é Cristo, não ela mesma (não egocêntrica) e, por fim, uma Igreja
proclamadora, que fala de Cristo perto e longe.

AVIVAMENTO E PRÁTICA DE MISSÕES

Se olharmos o panorama mundial da Igreja, perceberemos que o Evangelho


já alcançou 22 mil povos nos últimos 2 milênios. Temos a Bíblia traduzida hoje em
mais de 2,2 mil idiomas. As grandes nações que resistiam ao Cristianismo estão
sendo fortemente atingidas pela Palavra, como é o caso da Índia e China, que em
breve deverão hospedar a maior Igreja nacional sobre a terra.

No Brasil menos evangelizado, como o sertão nordestino, o norte ribeirinho e


indígena e o sul católico e espírita, vemos grandes mudanças na última década,
com nascimento de novas Igrejas, crescimento da liderança local e um contínuo
despertar pela evangelização. Na área urbana, a Igreja cresceu 267% nos últimos
10 anos. Apesar dos diversos problemas relativos ao crescimento, vemos que o
Evangelho tem entrado nos condomínios de luxo de São Paulo e nos vilarejos mais
distantes do sertão, colocando a Palavra frente a frente com aquele que jamais a
ouvira antes. Há um forte e crescente processo de evangelização no país.

Duas perguntas poderiam surgir perante esse quadro: qual a relação entre a
expansão do Evangelho e a pessoa do Espírito Santo? E quais os critérios para
uma Igreja, cheia do Espírito, envolver-se com a expansão do Evangelho do
Reino?

Em uma macro-visão, essa relação poderia ser observada em três áreas


distintas, porém, interrelacionadas: a essência da pessoa do Espírito e sua função
na Igreja de Cristo; a essência da pessoa do Espírito e sua função na conversão
dos perdidos; e, por fim, a clara ligação entre os avivamentos históricos e o avanço
missionário.

 A essência da pessoa do Espírito e sua função na Igreja de Cristo


Em Lucas 24, Jesus prometeu enviar-nos um consolador, que é o Espírito
Santo, e que viria sobre a Igreja em Atos 2, de forma mais permanente. Ali, a Igreja
seria revestida de poder. O termo grego utilizado para “consolador” é “parakletos” e
literalmente significa “estar ao lado”. Vemos aqui a pessoa do Espírito cumprindo
da promessa, habitando a Igreja, estando ao seu lado para o propósito de Deus.
Segundo John Knox, a essência da função do Espírito Santo é estar ao lado da
Igreja de Cristo, fazê-la possuir a face de Cristo e espalhar o nome de Cristo.
Nessa percepção, O Espírito Santo trabalha para fazer a Igreja mais parecida com
seu Senhor e fazer o nome do Senhor da Igreja conhecido na terra.

 A essência da pessoa do Espírito e sua função na conversão dos perdidos


É o Espírito Santo quem convence o homem do seu pecado. O homem
natural sabe que é pecador, porém, apenas com a intervenção do Espírito, passa a
se sentir perdido. Há uma clara e funcional diferença entre sentir-se pecador e
sentir-se perdido. Nem todo homem convicto de seu pecado possui consciência de
que está perdido e, portanto, necessitado de redenção. Se o Espírito Santo não
convencer o homem do pecado e do juízo, a evangelização não passa de apologia
humana, de explicações espirituais, de palavras lançadas ao vento, sem público,
sem conversões, sem transformação.

 A clara ligação entre os avivamentos históricos e os movimentos


missionários
Se observarmos os ciclos de avivamentos, perceberemos que a
proclamação da Palavra torna-se consequência natural da ação do Espírito.
Vejamos a seguir alguns exemplos.

RELAÇÃO ENTRE AVIVAMENTO E MISSÕES

O Grande Avivamento - Aconteceu nos Estados Unidos, a partir de 1734.


Havia uma consciência da necessidade de alcançar os não-crentes e fortalecer os
já convertidos. Jonathan Edwards (1703-1758), com sua simplicidade de vida e
muita oração, exerceu grande impacto sobre as pessoas. O resultado do trabalho
de homens como esse foram milhares de conversões e o nascimento de muitas
igrejas. Na Nova Inglaterra (EUA), numa população de 300 mil pessoas, houve
entre 30 mil e 40 mil conversões. Houve fortalecimento moral nos lares, fundação
de cursos teológicos e de obras sociais.

O Grande Avivamento produziu tremendos resultados. O número de pessoas


nas Igrejas multiplicou e a vida dos convertidos manifestava a verdadeira piedade
cristã. As barreiras denominacionais foram quebradas e os crentes trabalham
juntos para a causa do Evangelho. Houve renovação pelo interesse missionário e o
trabalho entre os índios aumentou. Jovens foram aos seminários e a universidades
em busca de mais educação. Houve uma intensa renovação na Igreja e
transformação da sociedade americana, embora não tenha sido profunda. Tal
avivamento teve uma duração de aproximadamente 75 anos.

Além de muitas conversões e santificação de vidas, o Grande Avivamento


também aprofundou uma divisão entre os líderes que eram favoráveis ao
avivamento e aqueles que não eram. Nesse contexto, Jonathan Edwards propôs-
se a defender o avivamento como obra do Espírito de Deus, ao mesmo tempo que
combateu os excessos e desvios que muitas vezes ocorriam.

O Segundo Grande Avivamento - Aconteceu entre os anos de 1800-1837.


Resultou no estabelecimento de numerosas sociedades para a propagação do
Evangelho, incluindo a Sociedade Bíblica Americana (1816), a Junta Americana de
Missões Estrangeiras (1810), a União Americana das Escolas Dominicais (1817), a
Sociedade Americana de Folhetos (1826) e a Sociedade Americana de Missões
Nacionais (1826). Um grande número de cristãos trabalhou em prol de reformas
sociais. Esse avivamento teve mais efeito na sociedade do que qualquer outro nos
Estados Unidos.
Adoniram Judson - Fruto de um avivamento, em 1806, teve uma forte
experiência com Deus e se propôs a servir a Cristo, indo depois para a Birmânia,
onde foi encarcerado e perseguido durante décadas. Entretanto, deixou aquele
país com 300 Igrejas plantadas e mais de 70 pastores. Hoje, Myanmar, a antiga
Birmânia, possui mais de 2 milhões de cristãos.

Adoniram Judson foi o primeiro missionário estrangeiro batista dos Estados


Unidos. Em 1812, casou-se com Ann Hasseltine e os dois viajaram para Índia
como missionários da Igreja Congregacional. Na longa viagem pelo mar, Judson
estudou a doutrina do batismo no Novo Testamento. Logo após chegar na Índia,
convenceu-se de que o batismo infantil não é bíblico, doutrina aceita pelos
congregacionais e, por sua vez, convenceu também sua esposa. Os dois foram
rebatizados em Calcutá por William Carey, missionário batista inglês.

Renunciando a ajuda dos congregacionais, Judson escreveu cartas aos


batistas dos Estados Unidos, oferecendo-se como missionário, caso eles se
organizassem para o seu sustento, no que foi atendido. Forçados para fora da
Índia pela Companhia Britânica das Índias Orientais, o casal Judson estabeleceu-
se na Birmânia em 1813. Judson e sua mulher, ambos com dons de línguas e de
sabedoria, começaram imediatamente a traduzir a Bíblia para o birmanês. Depois
de muitas tentativas, o trabalho batista foi estabelecido. A igreja cresceu de 10 para
18 nativos convertidos e batizados.

Nesse momento, começou a guerra entre a Birmânia e a Grã-Bretanha.


Como os Judson recebiam sustento dos batistas americanos através dos ingleses,
as autoridades birmanesas pensaram que Adoniram fosse um agente. Por
consequência, ele foi feito prisioneiro por 21 meses e sofreu tortura física e mental.
Sua esposa batalhou arduamente por sua causa e conseguiu libertá-lo. Com a
prisão, apenas quatro nativos permaneceram na Igreja. A batalha abalou
seriamente a saúde de Ann, que acabou morrendo em 1826.

Judson terminou a tradução da Bíblia para o birmanês em 1834. Casou-se


outras duas vezes. Na sua maior dor, após a morte de sua primeira esposa e
principal colaboradora, trabalhou com o povo Karen. Apesar de parecer não ter tido
resultado algum até a sua morte, um integrante dos Karen, Ko Tha Byu,
testemunhou Jesus Cristo ao seu povo. Ko, com seu testemunho e pregação com
a Bíblia em birmanês (que os Judson traduziram), conseguiu alcançar para o
Cristianismo quase todo o seu povo.

Os Karen foram o estopim do grande crescimento da Igreja Evangélica


birmanesa. Até os nossos dias, essa Igreja ainda está presente e é a principal
força numérica na região - 4% de cristãos na população de maioria budista. Hoje,
os Karens representam 7% da população de Myanmar e também estão presentes
em países vizinhos. Adoniram Judson não viu isso acontecer. O que ele viu foram
poucas conversões e mortes entre os seus familiares. Mas combateu o bom
combate, acabou a sua carreira e guardou a fé. Podemos chegar a não ver os
frutos do nosso trabalho. Contudo, não podemos nos preocupar com isso. A obra é
do Senhor. É Ele o dono da videira. Nós somos apenas os ramos....

Dwight L. Moody - Fruto de um avivamento, em 1882, Moody pregou na


Universidade de Cambridge. Sete homens se dispuseram ao Senhor para a obra
missionária e impactaram o mundo da época. Foram chamados "Os Sete de
Cambridge", que incluía Charles Studd. Foi para a África, percorreu 17 países e
pregou a mais de meio milhão de pessoas. Fundou a Missão de Evangelização
Mundial, que conta hoje com mais de 2 mil missionários.

Moody viveu de 1837 a 1899, nos Estados Unidos. Calcula-se que cerca de
500 mil pessoas entregaram-se a Cristo por seu intermédio. Dedicou-se à Escola
Bíblica Dominical. Começou com 12 crianças e, em poucos anos, esse número
chegou a 12 mil.

Quando olhamos para a vida de D. L. Moody, vemos algumas características


que podem levar alguém a experimentar um verdadeiro avivamento:

 Uma vida totalmente comprometida com Deus – “Ainda está para ser visto o
que Deus pode fazer através de uma pessoa totalmente comprometida com ele”.

 Era melhor orador do que pregador. Disse a R. A. Torrey: “Vamos deixar que os
homens falem e critiquem. Nós faremos o trabalho que Deus nos deu e deixemos
que Ele cuide das dificuldades e responda aos criticismos”. Enfrentava os
problemas com oração.

 Profundo e prático estudante da Bíblia. Para isso, levantava todas as manhãs


às 4 horas.

 Era humilde. Torrey: “Ele foi o homem mais humilde que eu conheci”.

 Não possuía nenhum amor ao dinheiro. Poderia ter sido um homem rico, mas o
dinheiro não o encantava. Poderia ter recebido mais de um milhão de dólares pela
publicação de um hinário, mas recusou.

 Tinha uma avassaladora paixão pelos perdidos. Logo após a conversão,


assumiu o compromisso de não deixar passar 24 horas em falar para alguém a
respeito de Jesus.

 Definitivamente, possuía um poder do Alto.

Simonton - Fruto de um avivamento, em 1855, Deus falou ao coração de


um jovem franzino e não muito saudável para se dispor ao trabalho transcultural
em um país idólatra e selvagem. Vários irmãos de sua Igreja tentavam dissuadi-lo,
dizendo: "Para que ir tão longe se aqui na América do Norte há tanto o que fazer?".
Ele preferiu ouvir a Deus e foi. Seu nome é Simonton (1833-1867), que veio ao
nosso país e fundou a Igreja Presbiteriana do Brasil.

Charles Finney - Foi poderoso na Palavra, na oração e no testemunho.


Viveu nos Estados Unidos, no século XIX. Sob a influência de sua pregação,
Igrejas foram renovadas, novas comunidades nasceram, pessoas deixaram vícios,
etc.

John Wesley - Fruto de um avivamento, durante 50 anos, ele pregou cerca


de três sermões por dia, a maior parte ao ar livre, tendo percorrido 175 mil
quilômetros a cavalo. Foram pregados 40 mil sermões ao longo de sua vida.

Na Inglaterra, John Wesley foi o instrumento de Deus para mudar a história


da Igreja. Homem de oração deu ênfase ao estudo bíblico. Opôs-se ao álcool, à
guerra, à escravidão. Houve muitas conversões.

Em outubro de 1735, os irmãos ingleses John e Charles Wesley, membros


da Igreja Anglicana, viajaram para a América, como missionários. Porém, depois
de pouco mais de dois anos, John voltou à Inglaterra, preocupado com sua própria
salvação. "Fui para a América converter os índios. Mas, oh, quem vai me
converter?", lamentou. Poucos meses depois, em 1738, teve uma experiência na
qual obteve a certeza da sua salvação pela fé. Em 1739, no dia do Ano Novo,
John e Charles Wesley, o amigo George Whitefield e mais quatro outros parceiros
de oração fizeram uma Santa Ceia em Londres e foram tomados pelo poder do
Espírito Santo.

A partir desse dia, um grande avivamento começou. Em um mês e meio,


George Whitefield estava pregando para multidões de milhares, com John Wesley
fazendo o mesmo dentro de três meses. O ministério de evangelismo do Wesley
continuou a crescer e ele começou a criar "sociedades de avivamento" nos lugares
onde ministrava. Esse grupos pequenos se reuniam para oração, encorajamento e
estudo bíblico. No início, ele encorajava os grupos a permanecer na Igreja na
Inglaterra, mas diferenças teológicas a respeito do seu estilo de pregação ao ar
livre, sua mensagem de salvação pela fé e a utilização de leigos como pregadores
e líderes das sociedades, levou ao estabelecimento da Igreja Metodista.

John Wesley viajou, extensivamente, na Inglaterra e na Ámerica e o fogo de


avivamento se espalhou rapidamente. Em agosto de 1770, havia 29 mil membros,
121 pregadores e 50 zonas na Inglaterra, além de quatro pregadores e 100
capelas nos Estados Unidos. Quando Wesley morreu, no dia 2 de março de 1791,
havia mais de 120 mil metodistas nas suas sociedades.

Wiliam Carey - Fruto de um avivamento, em 1784, após ler a biografia do


missionário David Brainard, o estudante Wiliam Carey foi chamado por Deus para
alcançar os indianos. Após uma vida de trabalho, conseguiu traduzir a Palavra para
mais de 20 línguas locais e sua influência permanece ainda hoje.

O inglês Carey, logo cedo, entendeu que o mundo era bem maior do que as
Ilhas Britânicas e sentiu, como todo crente verdadeiro deve sentir, a perdição de
uma humanidade sem um Salvador. Em 1775, foi atingido pelo avivamento trazido
pelas mensagens de John Wesley e George Whitefield. Em 1787, começou a
pregar sobre a necessidade missionária no mundo, e não só na Inglaterra. Como
os membros de sua congregação eram pobres, Carey teve por necessidade
continuar trabalhando para ganhar o seu sustento.

Na sua pequena oficina, pendurou um mapa mundial feito pelas suas


próprias mãos, onde incluíra todas as informações disponíveis: população, flora,
fauna, características dos indígenas, etc. Enquanto trabalhava, olhava para ele,
orava, sonhava e agia! Foi assim que sentiu mais e mais o chamado de Deus em
sua vida. A denominação que Carey pertencia achava-se em grande decadência
espiritual. Quando pensou introduzir o assunto de missões numa sessão de
ministros, foi repreendido pelo presidente John Ryland, que lhe disse: "Quando
Deus resolver converter os pagãos, fá-lo-á sem a sua e a minha ajuda".

Mas Carey continuou a sua propaganda pró-missões estrangeiras. O


resultado foi que um grupo de 12 pastores formaram a Sociedade Missionária
Batista, em 1792. E ele se ofereceu para ser o primeiro missionário. Em 1793,
deixou a Inglaterra e nunca mais voltou, partindo para a Índia com a sua família,
onde, em condições dificílimas e de oposição, trabalhou por 41 anos. Durante a
viagem, aprendeu suficiente o Bengali e, ao desembarcar, já se comunicava com o
povo.
William Carey não foi dotado de inteligência superior e nem de qualquer dom
que deslumbrasse os homens. Entretanto, em seu caráter de persistir, com espírito
inconquistável, até completar tudo quanto inciava, é que vemos o segredo do
maravilhoso êxito da sua vida. Dois missionários se juntaram a ele, em 1799,
William Ward e Joshua Marshman. Juntos, fundaram 26 igrejas, 126 escolas, com
10 mil alunos, traduziram as Escrituras em 44 línguas, produziram gramáticas e
dicionários, organizaram a primeira missão médica na Índia, seminários e um
jornal.

Além disso, Carey foi responsável pela erradicação do costume "suttee", o


qual queimava a viúva juntamente com o corpo do defunto numa fogueira; vários
experimentos agriculturais; fundação da Sociedade de Agricultura e Horticultura na
Índia, em 1820; primeira imprensa; fábrica de papel e motor à vapor no país; e a
tradução da Bíblia em Sânscrito, Bengali, Marati, Telegu e nos idiomas dos Siques.

Calcula-se que William Carey traduziu a Bíblia para a terça parte dos
habitantes do mundo. Alguns missionários, em 1855, ao apresentarem o
Evangelho no Afeganistão, acharam que a única versão que esse povo entendia
era o Pushtoo, feita em Sarampore por Carey.

Charles Haddon Spurgeon – Tendo vivido entre 1834 e 1892, foi professor
de crianças na Escola Bíblica Dominical e viu muitos pais se converterem com o
testemunho dos filhos. Spurgeon foi poderoso na pregação. Sinais e prodígios
eram comuns em suas reuniões. Esse avivamento iniciou-se na Inglaterra e
alcançou outros países.

Spurgeon, o homem que se tornaria um dos maiores pregadores de todo o


Reino Unido, obteve tão bom resultado em seu ministério evangelístico que, além
de influenciar gerações de pastores e missionários com seus sermões e livros, até
hoje é chamado de Príncipe dos Pregadores.

Ele era filho e neto de pastores que haviam fugido da perseguição. No


entanto, somente aos 15 anos, ocorreu seu verdadeiro encontro com Jesus.
Segundo os livros que contam a história de sua vida, orou durante seis meses para
que, "se houvesse um Deus", Este pudesse falar-lhe ao coração, uma vez que se
sentia o maior dos pecadores. Spurgeon visitou diversas Igrejas sem, contudo,
tomar uma decisão por Cristo.

Certa noite, porém, uma tempestade de neve impediu que o pastor de uma
Igreja local pudesse assumir o púlpito. Um dos membros da congregação - um
humilde sapateiro - tomou a palavra e pregou de maneira bem simples uma
mensagem com base em Isaías 45:22: “Olhai para mim e sereis salvos, vós, todos
os termos da terra”. Desprovido de qualquer experiência, o pregador repetiu o
versículo várias vezes antes de direcionar o apelo final. Spurgeon não conteve as
lágrimas, tamanho o impacto causado pela Palavra.

Após a conversão, começou a distribuir folhetos nas ruas e a ensinar a Bíblia


na Escola Dominical para Crianças, em Newmarkete, Cambridge. Embora fosse
jovem, tinha rara habilidade no manejo da Palavra e demonstrava possuir algumas
características fundamentais para um pregador do Evangelho. Suas pregações
eram tão eletrizantes e intensas que, dois anos depois de seu primeiro sermão,
então aos 20 anos, foi convidado a assumir o púlpito da Igreja Batista de Park
Street Chapel, em Londres.

Localizada em uma área metropolitana, Park Street Chapel havia sido uma
das maiores igrejas da Inglaterra. No entanto, naquele momento, o edifício contava
com uma platéia de pouco mais de cem pessoas.

O sermão inaugural de Spurgeon, naquela enorme Igreja, ocorreu em


dezembro de 1853. Ele relatou: “Havia ali um grupo de fiéis que nunca cessou de
rogar a Deus por um glorioso avivamento. No início, eu pregava somente a um
punhado de ouvintes. Contudo, não me esqueço da insistência das suas orações.
Às vezes, parecia que eles rogavam até verem a presença de Jesus ali, para
abençoá-los. Assim, desceu a bênção, a casa começou a se encher de ouvintes e
foram salvas dezenas de almas”.

Nos anos que se seguiram, o templo, antes vazio, não suportava a


audiência, que chegou a 10 mil pessoas, somada a assistência de todos os cultos
da semana. O número de pessoas era tão grande que as ruas próximas à Igreja se
tomaram intransitáveis. Logo, as instalações do templo ficaram inadequadas e, por
isso, foi construído o Tabernáculo Metropolitano, com capacidade para 12 mil
ouvintes. Mesmo assim, de três em três meses, Spurgeon pedia às pessoas que
tivessem assistido aos cultos naquele período que se ausentassem, a fim de que
outros pudessem estar no local, para conhecer a Palavra.

Muitas congregações, um seminário e um orfanato foram estabelecidos.


Com o passar do tempo, Charles Spurgeon se tornou uma celebridade mundial.
Recebia convites para pregar em outras cidades da Inglaterra, bem como em
outros países, como França, Escócia, Irlanda, País de Gales e Holanda. Ele levava
as boas novas não só para as reuniões ao ar livre, mas também aos maiores
edifícios, de oito a 12 vezes por semana.
Para o famoso teólogo americano Ernest Toucinho, autor de uma biografia
sobre Spurgeon, os fatores que atraíam as multidões eram estritamente espirituais:
o poder do Espírito Santo, a pregação da doutrina sã, uma experiência de religioso
de primeira-mão, paixão pelas almas, devoção para a Bíblia e oração a Cristo,
muita oração. Além disso, vale lembrar que todas as biografias, mesmo as mais
conservadoras, narram as curas milagrosas feitas por Jesus nos cultos dirigidos
pelo pregador inglês. Spurgeon escreveu 135 livros durante 27 anos (1865-1892) e
editou uma revista mensal.

Philip Spener - Em 1670, na Alemanha, o pastor organizou reuniões para


estudo bíblico e oração nas casas. Surgiram obras sociais e um novo vigor
espiritual veio sobre a Igreja Luterana. Fundaram-se campos missionários.

Igreja Moraviana - Fruto de um avivamento, a Igreja Moraviana passou a


enviar missionários para todo o mundo conhecido da época. Ao longo de 100 anos,
chegou a enviar mais de 3,6 mil missionários para diversos países.

O avivamento dos morávios iniciou-se em 1727. Eles começaram a buscar


ao Senhor em oração e, de repente, houve um derramar do Espírito Santo sobre a
Igreja. Havia choro, quebrantamento e manifestações até entre crianças. Os
morávios iniciaram um ministério de oração contínua que durou mais de 100 anos,
24 horas de oração diária e ininterrupta.

Um grupo de discípulos rixentos, contenciosos, discutidores e opiniosos,


seguidores de Huss, Lutero, Calvino e outros reformadores, fugindo das
perseguições mortíferas daquela época, achou asilo em Herrnhut, no patrimônio do
Conde Zinzendorf, na Alemanha Oriental. Esse grupo tornar-se-ia conhecido como
os "morávios", em consequência do fato de uma parte deles ter saído da província
de Morávia, na antiga Tchecoslováquia.

Embora fossem protegidos ali do mundo exterior, quem haveria de protegê-


los das suas próprias paixões religiosas que ameaçavam destruí-los? Como
poderiam se unir em fé e amor esses cristãos contenciosos que acabavam de
achar um esconderijo no patrimônio do Conde Zinzendorf? Aparentemente, era
uma tarefa completamente impossível.

Contudo, oraram. No dia 5 de agosto de 1727, alguns desses irmãos


passaram a noite toda em oração. A oração os levou a elaborar uma Aliança
Fraternal, a fim de "procurar e enfatizar os pontos em que concordassem" e não
salientar as suas diferenças. O amor fraternal e a unidade em Cristo seriam as
correntes douradas que os ligariam uns aos outros. Todos os membros da
comunidade apertaram as mãos uns dos outros e se comprometeram a obedecer
os estatutos da Aliança. Aquele dia foi o princípio de uma nova vida para eles.

Depois de adotarem os estatutos e todos terem se comprometido à uma vida


de obediência e amor, o Espírito de comunhão e oração foi grandemente
fortalecido. Desentendimentos, preconceitos, alienações secretas eram
confessados e postos de lado. A oração muitas vezes tinha tanto poder que
aqueles que haviam apenas confessado sua disposição ou aderido da boca para
fora eram convencidos do pecado e compelidos interiormente a mudar de vida ou a
irem embora.

No domingo, 13 de agosto de 1727, mais ou menos ao meio-dia, numa


reunião onde se celebrava a ceia do Senhor, o poder e a bênção de Deus vieram
de forma tão poderosa sobre o grupo inteiro que tanto o pastor como o povo
caíram juntos no pó diante de Deus e "nesse estado de mente, continuaram até a
meia-noite, tomados em oração e cântico, choro e súplicas".

O Senhor Jesus lhes apareceu como Cordeiro... levado ao matadouro;


traspassado pelas suas transgressões e moído pelas suas iniquidades (Isaías
53:5-7). Na presença divina do seu ensanguentado Senhor, eles se sentiam
inundados na consciência do seu pecado e da graça dEle, ainda mais abundante.
Suas controvérsias e rixas foram silenciadas. Suas paixões e orgulho foram
crucificados - enquanto fitavam atentamente as agonias do seu Deus.

A oração os uniu. A oração trouxe-lhes um novo derramamento do Espírito


Santo. Depois daquele 13 de agosto em que o Espírito de graça e súplicas havia
sido derramado sobre a congregação, surgiu o pensamento em alguns irmãos e
irmãs de que seria bom separar horas determinadas para o propósito de oração,
tempos em que todos pudessem ser relembrados do seu grande valor e incitados
pelas promessas que acompanham a oração fervorosa a derramar os seus
corações diante do Senhor.

Além disso, consideraram importante que, assim como nos dias da Velha
Aliança nunca se permitiu que o fogo sagrado se apagasse no altar (Levítico 6:12,
13), da mesma forma numa congregação que é o templo do Deus vivo, na qual Ele
tem Seu altar e Seu fogo, a intercessão dos Seus santos deveria subir
incessantemente a Ele como um incenso santo.

Em 26 de agosto, 24 irmãos e o mesmo número de irmãs se reuniram e


fizeram entre si uma aliança de continuar em oração a partir da meia-noite até na
outra meia-noite, para isso repartindo as 24 horas do dia por sorte entre eles. No
dia 27 de agosto, o novo regulamento entrou em vigor. Outros foram
acrescentados a esse número de intercessores, passando a contar com 77
pessoas. Até mesmo as crianças iniciaram um plano semelhante a esse entre elas.
Os intercessores tinham uma reunião semanal na qual se lhes fazia uma lista
daquelas coisas que deveriam considerar como assuntos especiais para a oração
e para levar constantemente diante do Senhor.

As crianças todas sentiam um impulso sobremodo forte para a oração e era


impossível ouvir suas súplicas infantis sem ser profundamente comovido e tocado.
Uma testemunha ocular disse: "Não posso explicar a causa do grande
despertamento das crianças em Herrnhut de outra maneira que não seja um
maravilhoso derramamento do Espírito de Deus sobre a congregação reunida
naquela ocasião". O sopro do Espírito atingia naquele tempo jovens e velhos
igualmente.

Os quatro anos seguintes foram tempos de avivamento constante. A


vigilância cuidadosa mantida pelos presbíteros e superintendentes, o tratamento
fiel de almas individuais de acordo com suas necessidades pessoais, a
manutenção zelosa do Espírito de amor fraternal, a contínua vigilância em oração
fizeram das reuniões dos irmãos tempos de grande alegria e benção. Eram tempos
de preparação para a obra de evangelização mundial que estava para iniciar.

O bispo Hasse escreveu o seguinte: "Houve já em toda a história da Igreja


alguma reunião de oração tão extraordinária como essa que, começando em 1727,
continuou 24 horas por dia, durante 100 anos?". Oração desse calibre leva à ação.
Nesse caso, acendeu um desejo ardente de tornar a salvação de Cristo conhecida
aos pagãos. Produziu o início do movimento missionário atual. Daquela pequena
comunidade rural, mais de 100 missionários foram enviados num período de 25
anos.

Esse era o fruto de oração e união de coração sem precedentes. Não era de
se admirar os resultados espirituais sem precedentes também que sucederam.
Daquela pequena aldeia de cristãos morávios saíram missionários a todo canto do
mundo, levando consigo o fogo do Espírito.

Qual era seu incentivo para o trabalho missionário no exterior? Embora


sempre reconhecessem a autoridade suprema da Grande Comissão (Mateus
28:19), os irmãos morávios enfatizavam como seu maior incentivo a verdade
inspiradora encontrada em Isaías 53:3-12, fazendo assim do sofrimento do Senhor
o impulso e fonte de toda a sua atividade. Dessa profecia, tiraram seu brado da
guerra missionária: "Conquistar para o Cordeiro que foi morto a recompensa dos
seus sofrimentos".
Eles sentiam que deviam compensar o Senhor de alguma maneira pelos
terríveis sofrimentos que suportou quando efetuou a salvação deles. A única
maneira de retribuí-lo seria trazer-lhe almas. Quando lhes entregamos as almas
perdidas, essa é a recompensa ou fruto do seu penoso trabalho (Isaías 3:11).

Há de se observar que John Wesley foi uma das pessoas impactadas com o
trabalho dos morávios, após conhecê-los em uma viagem. Foi a partir daí que, de
fato, se converteu.

SÉCULO XX

Nos Estados Unidos – Rua Azusa - As primeiras manifestações


pentecostais no período moderno deram-se em 1900, nos Estados Unidos. A rua
Azusa, 312, em Los Angeles, era um dos mais famosos endereços da história
pentecostal moderna. Ali, houve grande despertamento espiritual. Surgiram alguns
missionários impelidos pelo despertamento espiritual do começo do século. Entre
eles, estavam Daniel Berg e Gunnar Vingren, fundadores da obra pentecostal no
Brasil, em 1910, que deu origem à Assembléia de Deus.

Em 1905, um pequeno grupo de crentes afro-americanos, famintos por


avivamento, foram expulsos da Segunda Igreja Batista de Los Angeles.
Eventualmente, eles começaram a se reunir em uma casa na rua Bonnie Brae,
onde os sinais de avivamento e manifestações espirituais começaram a juntar um
crescente número de participantes. O improvável líder desse grupo foi um humilde,
não muito estudado filho de ex-escravos, chamado William Joseph Seymour. Para
ele, a mensagem da hora era o renovo de Pentecoste, evidenciado pelo
enchimento do Espírito Santo.

O pastor Seymour e mais sete pessoas reuniram-se para orar e buscar a


plenitude do Espírito Santo, na noite de 6 de abril de 1906. Os sete foram
batizados no Espírito Santo, com a evidência de falar em outras línguas. Três dias
depois, Seymour recebeu o mesmo batismo de poder. Como a mensagem do fogo
do avivamento começou a se espalhar pela cidade de Los Angeles, os crescentes
ajuntamentos superlotaram a casa da rua Bonnie Brae. A necessidade de um lugar
maior tornou-se evidente.

Finalmente, um prédio desocupado e em mau estado na rua Azusa foi


localizado e alugado. Ainda que o local tenha sediado, anteriormente, a Igreja
Metodista Episcopal Africana, a estrutura de dois andares, já bem desgastada,
estava sendo usada por um construtor como depósito de materiais de construção,
estábulo para animais e feno. Mas, em questão de alguns dias, com serragem no
chão, forro de palha ao redor do altar e duas caixas de sapato como púlpito, o
primeiro culto na Missão da Rua Azusa aconteceu no dia 14 de abril de 1906.

Desde o começo, o toque soberano de Deus estava sobre Seymour e os que


com ele estavam. Por três anos, o avivamento continuou essencialmente 24 horas
por dia, sete dias por semana, com uma participação de, às vezes, até mil
pessoas. Cristãos do mundo todo vieram para receber seu “Pentecost”, muitos
sendo enchidos espiritualmente antes de chegarem ao prédio. O que tem sido
chamado de “maior avivamento mundial” resultou, em nossos dias, em um vasto
exército de mais de 600 milhões de crentes cheios do Espírito, tocando cada
nação da terra. Um dos fenômenos do Avivamento da Rua Azusa foi seu incrível
poder de aproximar crentes de todo o mundo.

Jim Elliot - Fruto de um avivamento, em 1950, no Wheaton College, cerca


de 500 jovens foram chamados para a obra missionária ao redor do mundo. E
obedeceram. Dentre eles, estava Jim Elliot, que foi morto tentando alcançar a tribo
Auca, na Amazônia, em 1956. A partir de seu martírio, houve um grande avanço
missionário em todo o mundo indígena, sobretudo no Equador.

Jim nasceu em 1927, nos Estados Unidos. Orava constantemente:


"Consuma minha vida, Senhor. Eu não quero uma vida longa, mas sim cheio de Ti,
Senhor Jesus. Satura-me com o óleo do teu Espírito...". Para alguns líderes, ele
tinha um futuro bastante promissor no ministério pastoral nas igrejas dos Estados
Unidos. Por essa razão, foi criticado quando insistia em sua decisão de levar o
Evangelho de seu Salvador aos índios na Amazônia. Convenceu dois de seus
amigos (Ed mcCully e Peter Fleming), que trabalhavam com ele numa rádio cristã
a participarem da escola linguística.

Mais tarde, os três amigos e suas esposas partiram ao Equador, para


trabalharem com os índios Quechua. Lá, um piloto missionário, Nate Saint, e sua
esposa juntaram-se ao grupo. Conseguiram estabelecer uma estação da missão
entre os índios. Jim e Elizabeth, sua esposa, trabalharam na tradução do Novo
Testamento para a língua dos Quechua. Nesse tempo, ele se lembrou dos índios
Aucas (hoje conhecidos como Huaoranis), que tinham a fama de violentos e que
não possuíam nenhum contato com o mundo exterior. Com o propósito de levar o
Evangelho a eles, o grupo começou a elaborar um plano, que ficou conhecido
como Operação Auca.

Roger Youderian, um novo missionário, e sua esposa pediram para se juntar


ao grupo. Nate Saint conseguiu avistar alguns índios, ao sobrevoar áreas que
foram demarcadas no mapa da operação. A partir de então, começaram,
sistematicamente e por quatro meses, a voar sobre as áreas dos Huaoranis,
levando presentes. Amarrado por uma corda, um balde cheio de roupas,
bugicangas, cereais e fotografias dos missionários era levado pelo avião, que, em
voos baixos, os deixava cair. Os Aucas chegaram a colocar no balde um papagaio
e alguns enfeites de suas vestimentas.

Diante do progresso, os cinco jovens missionários resolvem montar um


acampamento às margens do rio Curray. Pouco tempo depois, quatro índios os
visitaram. Outros contatos foram feitos por mais algumas vezes, até que decidiram
ir até a aldeia. Foram mortos pelos Aucas naquele 8 de janeiro de 1956.
Angustiadas pela demora do contato dos maridos, as esposas solicitaram ajuda.
Helicópteros e forças do Exército equatoriano, sobrevoando o rio Curray,
encontraram os corpos de quatro missionários (Ed McCully não foi encontrado).
Estavam brutalmente perfurados por lanças e machados.

As esposas, agora viúvas, apesar da grande dor, decidiram continuar com a


missão e, algum tempo depois, foram sucedidas na evangelização dos Aucas.
Anos mais tarde, o assassino de Jim Elliot - convertido ao Senhor e líder da Igreja
na aldeia - batizou a filha dele no mesmo rio onde o matou. A célebre frase de Jim,
encontrada em seu diário, nos inspira a entregar, sem reservas, as nossas vidas
nas mãos do Mestre: "Aquele que dá o que não pode manter, para ganhar o que
não pode perder, não é um tolo".

Na Inglaterra - O avivamento de Gales se deu em 1905, mas teve início


quando um homem chamado Evan Roberts começou a orar, em 28 de outubro de
1904, e teve uma visão uma mão estendida, segurando um papel que tinha o
número 100 mil. Então, na sua oração, pediu 100 mil almas. Começou a sentir um
calor, uma chama que invadia sua vida e o desejo de convidar as pessoas para
orar de norte a sul da Inglaterra.

Ele dizia que a sua oração tinha um propósito e, durante um ano, suplicou a
mesma coisa: “Dai-me 100 mil almas”. Quando o avivamento começou, em Rhos,
na Inglaterra, em culto publico, 2.267 pessoas renderam-se a Cristo. O comentário
daquele culto despertou outras pessoas para ouvirem Evan Roberts e para
saberem mais sobre Cristo. As livrarias venderam todo seu estoque de Bíblias -
faltou Bíblia na Inglaterra. Minas de carvão foram transformadas em locais onde os
mineiros trabalhavam louvando e orando.

As diferenças denominacionais caíram por terra, havia grandes cruzadas


reunindo todas as Igrejas. Boates eram fechadas por falta de clientes. A historia
relata que os vagões dos trens lotados era um verdadeiro Pentecoste, com louvor,
cânticos, oração, testemunhos, até a parada. Ao chegar ao trabalho, ninguém
começava a trabalhar sem que antes houvesse um culto.

O que mais impressionava nesse avivamento, que deu inicio aos


pentecostais da Inglaterra, era que os que se convertiam desejam se batizar nas
águas imediatamente. Mais de 20 anos depois, eles foram ainda contados nos rol
de membros das suas Igrejas. O que levou Evan Roberts a buscar um avivamento
foi o mesmo que levou Jonathan Edwards, George Whitefield, John Wesley,
Charles Finney e tantos outros: orar com propósito, estar insatisfeito com a
ausência de Deus, não aceitar o mundanismo, o pecado, a frieza e querer mudar.

No Brasil - Durante a década de 60, várias Igrejas Batistas,


Congregacionais, Metodistas e Presbiterianas experimentaram um reavivamento
espiritual. Como consequência desse movimento, surgiram novas denominações
sob a bandeira da renovação espiritual.

Consideração Final - Reforma Protestante - O protagonista da Reforma


Protestante, Martinho Lutero (1483-1546), foi um dos monges agostinianos mais
disciplinados e competentes de seu tempo. Após estudar acuradamente a Bíblia e
depois de certificar-se que nela não havia nada sobre purgatório e muito menos
pagamento como condição para alguém salvar-se, formulou 95 teses, nas quais
expunha os pontos básicos da Reforma condenando a venda de indulgências e
enfatizando a temática da justificação pela fé, essência do protestantismo.

A publicação da Reforma deu-se em 31 de outubro de 1517, quando Lutero


a afixou na porta da Igreja de Witemberg. Por essa causa, foi excomungado pelo
papa. E não seria demais reafirmar que esse revolucionário movimento fora
deflagrado em seu coração através do estudo da Palavra, em especial o texto de
Romanos 1:17, que diz: “Porque nele se descobre a justiça de Deus de fé em fé,
como está escrito: Mas o justo viverá da fé”.

Entretanto, apesar da contribuição ímpar e inestimável para a propagação da


verdade e da Palavra, autores consideram que a consciência missionária de Lutero
era algo praticamente inexistente. Aliás, levando-se em conta o crítico momento de
degradação da Igreja à época, o seu foco era que o Evangelho fosse, dali em
diante, pregado novamente, sob uma nova ótica.

Compilação de artigos e estudos de Ronaldo Lidório, Jelson Becker, Paul David,


Luciano Hérbert, Alexandre Luiz, José Nogueira, alguns dos quais pastores.

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